T N Ú M E R O 1 5 D E Z E M B R O 2 01 6
"A desindustrialização
atingiu mais o interior do ANA PAULA RAFAEL que o litoral”, afirma o CEO da Dielmar
presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios
P 12 A 14
"NO FUTURO SÓ ERRAMOS SE FORMOS TOLOS"
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
EMERGENTE
SANDRA PONTES: UMA MULHER ESPEVITADA P 25
PERGUNTA DO MÊS
55 ESPERANÇAS E DESEJOS PARA 2017
JOSÉ ALBERTO ROBALO Presidente da ANIL
“PREÇO DA ENERGIA É O MAIOR COVEIRO DA INDÚSTRIA”
P4A7 DOIS CAFÉS E A CONTA
JOSÉ ARMINDO NUNCA DESPEDIU UM TRABALHADOR P8
HO, HO, HO!
FOTOSÍNTESE
FELIZ NATAL É (TAMBÉM) COM O PORTO CANAL
UM DIA NA VIDA DA TÊXTIL NORTENHA
P 16 E 17
P 10 E 11
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FOTO: RUI APOLINÁRIO
Dezembro 2016
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Alexandra Macedo 46 anos Diretora da Agência Best Models, vive no Porto com o marido, Nuno Eusébio, e dois filhos. Andava no 3º ano de Direito, na Católica, quando começou a trabalhar na produção e organização de desfiles na Eusébio & Rodrigues. Tem três livros publicados: “Manequins, Agências & Companhia”, “De Corpo e Alma - O Livro da Super Mulher” e ”12 Passos para Seres Modelo”
VÁ PELOS SEUS DEDOS Vá pelos seus dedos ... era a frase promocional mais conhecida das listas telefónicas nacionais. Antes do advento da Net, era usando os dedos para folhear as Páginas Amarelas que íamos à descoberta do que precisávamos ou queríamos saber. Nos dias de hoje é também usando os dedos que trazemos até nós as informações de um mundo que ficou à distância de um clique. Durante um ano inteiro concentramos todos os nossos esforços para fazer este T como deve ser, na esperança de podermos ser os melhores a levar até si as pessoas, as notícias e as empresas do nosso universo da ITV. Um ano volvido, reforçamos a equipa e sem descurar um segundo as nossas preocupações impressas, estamos agora também focados em sermos os primeiros a levarlhe as boas novas do nosso sector. Com este T no bom do papel queremos continuar a agradar-lhe todos os meses, mas agora também queremos impressioná-lo com as novidades sempre fresquinhas do T Digital (jornal-t.pt ) e da sua newsletter Today. Sem nunca deixar de se guiar pelos seus dedos... t
No teu guarda-roupa, quais são os modelos best sellers que ainda guardas? Os clássicos intemporais como a mala Chanel, o trench coat Burberry, os sapatos Miu Miu, os mocassins Tod’s e um casaco vintage que herdei da minha tia há muitos anos e que ainda visto. Há quem diga que os manequins são os melhores cabides ambulantes da roupa. Os manequins da Best enquadram-se nesta definição? A generalidade das pessoas acredita que bom modelo é o que desfila como se fosse um cabide, limitando-se a mostrar a roupa. Ora eu não concordo nada com isso. Os bons modelos transmitem o que lhes é pedido pelo estilista ou a marca - porque conseguem. Nos últimos 25 anos tudo mudou na moda portuguesa. Os manequins colaboraram nessa mudança? Vivi de perto essa mudança e contribuí para ela, pois trabalho em moda há mais de 30 anos. Os manequins foram uma peça fundamental nesta evolução. No princípio, como ainda não havia agências, tinham de tratar de tudo sozinhos, desde a sua promoção, à organização da agenda, à realização do trabalho e à boa-cobrança do cachet, etc. No mundo dos modelos não falta alguma ambição em
termos de internacionalização? Já faltou mais! A mentalidade está a mudar. Há uns anos eram raras as modelos que queriam viajar - e ainda mais raras as que o faziam com sucesso. Hoje em dia há cada vez mais modelos com boas carreiras internacionais. Os rapazes sempre foram mais desprendidos. Temos, na Best, o caso do Nuno Lopes que acabou por ficar a viver em Los Angeles e constituir lá família. Como é que vês a evolução da moda nacional? De uma maneira geral, a moda portuguesa evoluiu de forma muito positiva a todos os níveis. Temos profissionais de talento equiparável ao melhor que há nos outros países. Os nossos criadores, marcas, cabeleireiros, maquilhadores, modelos, stylists, fotógrafos, produtores, etc, etc, estão ao mesmo nível – alguns até acima – dos concorrentes internacionais. Ser manequim em Portugal já é uma profissão ou ainda só pode ser um part-time? É uma profissão pois é uma carreira totalmente profissionalizada. No entanto, continua a ser um part-time para a maioria dos modelos, por diversas razões: ou porque têm outros objetivos de vida, ou porque não conseguem viver apenas disto, ou porque não querem entregar-se à moda a 100%. Ao contrário do que muita gente pensa, não é de todo fácil viver apenas de e para a moda. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto
PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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Dezembro 2016
n PERGUNTA DO MÊS Por: Carolina Guimarães e Juliana Duque
1.
ALEXANDRA ARAÚJO
ADMINISTRADORA DA LMA
O QUE TRARÁ 2017 NA MANGA?
Espero um maior crescimento não só para a LMA, mas para o país em 2017. Sou otimista e acredito que a recessão seja menos intensa do que o projetado. Iremos continuar com o nosso projeto de internacionalização e a promover a etiqueta "Made in Portugal", dando a conhecer o que de melhor se faz por cá em termos de I&D, do qual nos orgulhamos de ter o reconhecimento a nível internacional. Foi para isso que sempre trabalhamos e será o caminho a continuar.
Em 2017, espero que a ITV portuguesa prossiga a sua trajetória de afirmação e reconhecimento, traduzida num aumento do volume de negócios, maior valor acrescentado e mais prosperidade para todos os que trabalham no setor.
8.
ANTÓNIO SOUZA-CARDOSO
DIRETOR-GERAL DA HOP
5.
ANA SOUSA
VANDOMA
Espero que as exportações portuguesas continuem a crescer com um maior número de empresas a exportarem.
2. E assim acaba mais um ano: a têxtil portuguesa continua a crescer e a remar contra a maré da crise, fruto do engenho e da arte de todos os agentes do setor. Muitos deles fizeram parte das nossas entrevistas, notícias e rubricas, preenchendo as páginas das 11 edições do T Jornal em 2016. Nesta última edição do ano, perguntamos o que esperam para o ano que se avizinha. A esperança de um futuro melhor é praticamente uma constante em todas as respostas. Porque no fundo, e citando Anabela Baldaque, “o que todos queremos é que o têxtil dê pano para mangas!”
ALEXANDRA MACEDO
DIRETORA DA BEST MODELS
Para a Best Models, desejo que 2017 traga sucesso, novos (e bons!) clientes e modelos, alegria e boa-disposição!
sendo que há investimentos nestes dois países que poderão substituir importações. Os custos elevados da energia e outros custos de contexto retiram competitividade às empresas o que, perante uma pressão sobre os preços, pode levar a um esmagamento das margens e até a uma perda de negócios.
6.
Espero que 2017 traga estabilidade política para que seja possível que o país se reconcilie num novo ciclo de investimento, emprego e crescimento económico. Espero ainda que as políticas públicas saibam discriminar positivamente as indústrias de bens transacionáveis, num esforço de reforçar as suas competências, em conhecimento, inovação tecnológica e penetração nos mercados internacionais. Espero, finalmente que Portugal saiba aproveitar o capital simbólico que detém – a sua história, a sua cultura, a sua língua, a sua vocação atlântica e a sua universalidade, para poder afirmar, no Mundo global, uma nova centralidade geopolítica e uma nova relevância socioeconómica.
ANABELA BALDAQUE
CRIADORA DE MODA
Em 2017 espero que o têxtil dê pano para mangas :) Isto é: exporte, aposte em design português, e que continue a fazer bem feito.
9.
3.
ARMINDA DEUSDADO
ALEXANDRE LEITÃO
DIRETORA-GERAL DA FAROL
MARKETING MANAGER
DE IDEIAS
DA SANMARTIN
A Sanmartin irá trabalhar com o rigor de sempre, de forma a continuar a ser uma referência do setor têxtil. A constante inovação, artigos de qualidade e serviço ao cliente de excelência são as chaves para o sucesso.
4.
ANA PAULA DINIS
DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA ATP
7.
ANTÓNIO AMORIM
PRESIDENTE DO CITEVE
Para 2017 antevejo um abrandamento da atividade com uma grande pressão sobre os preços. Quer o mercado inglês quer o americano, muito importantes, podem vir a diminuir o volume de compras dos nossos produtos,
O meu desejo para 2017 é acordar num mundo que vai inverter a tendência para o populismo. Quero visitar e acompanhar de perto regiões, povos e países que dão mais valor à mulher na sociedade. E que tenhamos alternativas fortes à economia carbónica. Um feliz 2017 para o mundo ;).
10.
ARTUR SOUTINHO
CEO DA MORETEXTILE
Dezembro 2016
A consolidação do projeto Moretextile, como o grupo europeu de referência do setor de têxteis-lar.
14.
CARLOS TROCADO
CEO DA COACH TROUBLED FACTOR
A disputa por quotas de mercado exige EBITDA’s positivos. Em 2017, temos de conseguir, também, essa melhoria: melhores margens, melhores processos, clientes exigentes, mais categorias e produtos e mais inovação.
11.
BRAZ COSTA
DIRETOR-GERAL DO CITEVE
Os meus votos para 2017 são que o Brexit e a eleição do Donald Trump só tenham efeitos positivos nas exportações têxteis de Portugal. Depois de 2016 caminhar para o record absoluto das exportações do setor, desejo que 2017 contribua para atingir um novo objetivo, ultrapassar o volume de negócios atingidos em 2001.
12.
CARLA LOBO
ADMINISTRADORA R. LOBO
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Sendo coerente com as ideias que expressei nas macrotendências do Plano Estratégico Nacional da ATP, está longe de se esgotar a variável mais importante para que a ITV cresça: é o peso cada vez maior do B2C na Europa, que exige que parte da produção seja realizada em proximidade. Relativamente ao retalho, estou pouco otimista: os modelos de negócio estão desatualizados, há pouca inovação e baixa vocação internacional. Vejo um 2017 interessante para a indústria portuguesa. Muito menos para as marcas.
20.
ESTELA REBELO
DIRETORA-EXECUTIVA DO FASHION FILM FESTIVAL
Espero que os diretores das marcas descubram o potencial dos Fashion Films, como uma poderosa ferramenta de comunicação. E aumentem a notoriedade concorrendo, com o seu Filme de Moda, ao Porto Fashion Film Festival que se realizará Setembro 2017.
24.
15.
JOANA RIBEIRO DA SILVA
CATARINA SANTOS CUNHA
ADMINISTRADORA SONAE SR
RESPONSÁVEL PORTUGAL FASHION
21.
INTERNACIONAL
Relativamente às minhas resoluções para 2017, no que diz respeito ao plano profissional, este confunde-se com aquilo que desejo para a moda portuguesa. Estando eu a coordenar a área Internacional do Portugal Fashion, desejo efetivamente que em 2017 os criadores portugueses consigam "dar o salto", e que no mínimo um par deles consiga ver o seu nome nas principais lojas mundiais! Gostaria efetivamente de celebrar com eles esse sucesso e partilhar desse triunfo!
Para a têxtil em 2017, esperamos crescimento do volume de negócios, investimentos em equipamentos e infra estruturas e melhorar ainda mais o nosso know-how.
Para 2017 espero um ano de grande esforço comercial e uma grande imaginação de toda a organização para reduzir os custos produtivos . O aumento previsto de salários, energia e outros não será possível de repercutir nos preços de venda dos nossos produtos. O sucesso deste esforço vai condicionar a nossa performance nos próximos anos.
FERNANDA VALENTE
18.
GERENTE DA FERNANDO VALENTE
MARKETING & SALES MANAGER
Para 2017 espero que o têxtil português mantenha o atual ritmo de crescimento. Que esse crescimento seja sustentado e inovador para que as empresas possam ter proveitos que lhes permitam voltar a investir no setor. Espero ainda que o reconhecimento da indústria têxtil seja cada vez reconhecido, tendo em conta a sua importância na economia do nosso país.
E DA ISLAND COSMOS
DANIEL SIMÕES
DA MAD DRAGON
Considerando o feedback das últimas campanhas a nível nacional e internacional, espero para 2017 uma maior consolidação da MAD DRAGON SEEKER nos mercados em que já está implementada (Portugal, França e Espanha) e uma boa reação dos novos. mercados em que a marca vai estar representada nas próximas campanhas (Rússia, Polónia, Holanda e Andorra).
2017 deverá ser um ano de continuidade, sem mudanças drásticas esperadas, mas com alguma instabilidade em mercados mais complicados. Na Zippy, continuaremos o ciclo de crescimento internacional, com abertura de um número significativo de lojas fora da Península Ibérica, em regime de franchising. Temos ainda previstas algumas aberturas para Portugal e Espanha.
25.
JOÃO COSTA
VICE-PRESIDENTE DA ATP
22.
16.
CRISTINA DA MOTTA
MESSE FRANKFURT
13.
CARLA PIMENTA
CEO DA TEXSER
Como sou de certo modo otimista, espero um ano igual ou semelhante ao ano de 2016, embora a situação económica internacional esteja um pouco ilógica.
A têxtil não pára. É sabido que há sempre alguns reveses aqui e ali, mas nada que o setor não esteja preparado para enfrentar. O investimento em I&D vai ser sem dúvida o grande tema em 2017.
17.
DANIEL AGIS
CONSULTOR MARKETING DE MODA
FERNANDO MERINO
19.
DOLORES GOUVEIA
TENDÊNCIAS, DESIGN E MARKETING DE MODA
Desejo continuar a contribuir para o sucesso e notoriedade internacional dos projetos no contexto da Indústria da Moda em que estou envolvida, bem como, prosseguir a minha missão de formar jovens designers.
DIRETOR DE INOVAÇÃO DA ERT
Tenho a convicção de que esta indústria tem um grande futuro e eu espero que 2017 seja um ano ainda melhor para vencer mais desafios.
23.
HONORATO SOUSA
DIRETOR COMERCIAL DA CARJOR
Espero que, se forem mantidas e aperfeiçoadas as condições de competitividade das empresas, e melhoradas as condições de confiança, o setor mantenha uma dinâmica de crescimento, com mais investimento, mais inovação e criatividade, conquista de novos clientes e de novos mercados, e aumento das exportações.
26.
JOÃO FERREIRA
SALES MANAGER DA GIESTAL
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Espero que 2017 seja mais um ano de consolidação dos têxteis portugueses no mundo. Para a Giestal em particular, que seja mais um ano de afirmação e que consigamos atingir as metas a que nos propomos.
marca 100% FROM PORTUGAL, “CRISTINABARROS” , consegue que 90% das suas vendas sejam feitas nos mercados internacionais.
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Dezembro 2016
32.
Espero em 2017 continuar de uma forma positiva o trabalho de internacionalização da minha marca em termos de imagem e conquista de novos clientes, para poder contribuir em algo que acredito incondicionalmente - a afirmação de Portugal no panorama de moda mundial.
JOSÉ ARMINDO FERRAZ
39.
CEO DA INARBEL
MARITA FERRO
Em 2017 quero continuar a crescer e consolidar os clientes existentes, crescendo com eles também! BOM ANO PARA TODOS.
GERENTE E DESIGNER DA MARITA MORENO
36.
MÁRCIA NAZARETH
30.
DESIGNER DE MODA
JOAQUIM PINHEIRO
27.
JOÃO PERES GUIMARÃES
CONSELHO CONSULTIVO DA ATP
Espero que em 2017 a conjuntura económica e política internacional permita a manutenção do crescimento das exportações da ITV. Em particular anseio pela concretização da nova convenção Pan-Euro-Med que deverá substituir dezenas de acordos de comércio e abrir novas possibilidades para a nossa indústria.
DIRETOR CONTEXTILE - BIENAL ARTE TÊXTIL CONTEMPORÂNEA
Espero que 2017 seja um ano de afirmação do têxtil (português) no panorama internacional, e que a qualidade e a evolução tecnológica sejam uma forte alavanca para o seu crescimento. Espero, também, que a arte e a criatividade possam dar um forte contributo para o seu prestígio, e inovação.
33.
JOSÉ MORGADO
DIRETOR DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA DO CITEVE
Que 2017 seja um ano mobilizador da transformação continuada da ITV: TexBoost - Less Commodities more Specialities. Feliz 2017.
que 2017 seja um ano feliz e saudável.
Espero que 2017 seja um ano de algumas concretizações planeadas desde o ano de 2016. Quero acima de tudo continuar a fazer bem o que faço, concebendo coleções entusiasmantes, que já estão definidas e serão apresentadas muito brevemente, manter um atendimento correto com cada cliente, e criar bases mais sólidas na nossa presença de comunicação online.
Espero que seja um ano de muito trabalho! Que 2017 traga os frutos do investimento que temos estado a desenvolver quer no mercado nacional quer internacional, especialmente na Europa. Espero também que seja dada mais atenção às marcas portuguesas de designers , como alavancas de tendências e que de alguma forma podem posicionar Portugal como um líder de mercado a nível do design , dado que já o somos a nível de produção e qualidade.
40.
MIGUEL SARAIVA VARANDA
CEO DA QVINTO
31.
34.
37.
GESTOR DE MERCADO EXTERNO
DESIGNER DE MODA
DESIGNER DE MODA E COORDENA-
JOSÉ ANTÓNIO FERREIRA
28.
JOÃO VASCONCELOS
SECRETÁRIO DE ESTADO DA INDÚSTRIA
2017 vai ser um ano de revolução digital no têxtil português, continuando o bom trabalho que este setor tem vindo a fazer. Vamos certamente assistir a grandes saltos qualitativos na presença digital e no e-commerce , que permitirão ao mundo descobrir o que de muito bom já se produz em Portugal neste setor.
29.
JOAQUIM CUNHA
CEO E GENERAL MANAGER DA BLACKSPIDER
O ano 2017, é o ano em que a
KATTY XIOMARA
DA TEXSER
O Têxtil é, por natureza, uma indústria em constante mutação. A metamorfose das tendências implica uma adaptabilidade constante às exigências dos mercados. No entanto, verifica-se que os consumidores atuais questionam com maior frequência o valor das suas prioridades originando novos padrões de exigência. Nesse sentido, a sustentabilidade, a individualidade do cliente, a partilha, a diferenciação, são parâmetros que farão cada vez mais parte da logística relacional em 2017. Por outro lado, a mundialização da concorrência implicará modelos de negócio em formatos práticos onde as abordagens aos mercados terão de ser necessariamente “por medida”.
MARIA GAMBINA
DORA DA LICENCIATURA EM DESIGN
Espero um ano melhor! A chama mantém-se acesa graças a essa esperança, porque trabalhamos sempre para o melhor, não para pior. Mas nesta área, o próximo ano é especialmente difícil de prever, isto porque o mercado da moda atravessa grandes mudanças e elas trazem consigo sempre uma incógnita.
DE MODA DA ESAD
Em termos profissionais espero abraçar novos desafios que estimulem a minha criatividade.
A Qvinto espera dar mais um passo para a implementação da sua visão, a conquista de mercados internacionais. Vamos continuar a trabalhar para melhorar os nossos produtos e dignificar a imagem têxtil nacional. Iremos continuar a trabalhar somente com fornecedores nacionais nas mais diversas áreas que compõem o negócio. O nosso objetivo é consolidar a Qvinto como marca nacional e sedimentar o posicionamento idealizado para que possamos atingir os objetivos a que nos propomos no futuro.
38.
MARIA JOSÉ CARVALHO
DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
35.
LUÍS BUCHINHO
DESIGNER DE MODA
DO CITEVE
Desejo ao setor têxtil e do vestuário o que costumo desejar aos meus amigos:
41.
NOEL FERREIRA
Dezembro 2016
DEPARTAMENTO COMERCIAL DA A. FERREIRA & FILHOS
O setor têxtil vai continuar a mostrar o que é exportação e crescimento aos portugueses. No entanto, nem todos os subsetores vão evoluir da mesma forma. Os têxteis técnicos têm muita margem de progressão e cada vez mais vão aparecer mais empresas com essa valência.
Espero que em 2017 a pesquisa de novas soluções para uma cada vez maior funcionalidade dos têxteis, atinja patamares cada vez mais assertivos para o bem estar cada vez maior de todos nós. Nomeadamente ao nível da sustentabilidade, como a produção de energia através da própria fibra, ou no recurso a soluções de produção que ajudem a preservação do meio ambiente.
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AEP que reforce o seu importante papel de apoio ao tecido empresarial, com uma voz credível e respeitada junto da opinião pública e do poder político.
47.
PEDRO GARCIA
MARKETING MANAGER DA TROFICOLOR
42.
45.
PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICI-
PRESIDENTE DA ATP
PAULO CUNHA
PAULO MELO
PAL DE VILA NOVA DE FAMALICÃO
Para 2017 desejo que o país dê passos seguros para um efetivo crescimento e que o município de Vila Nova de Famalicão reforce o já substancial contributo que dá para a saúde das contas nacionais, solidificando a sua posição no pódio nacional das exportações.
43.
PAULO FARIA
PRODUCTION DEVELOPMENT MANAGER DA PAULA BORGES
Consolidação cada vez mais sustentada do melhor que se faz no mundo a nível têxtil é o que desejo. Portugal deve incansavelmente continuar. a apostar na sua qualidade premium . Não haverá dúvidas que, a par do turismo, serão estes dois setores que irão alavancar a economia deste país.
Como sempre o negócio têxtil é um negócio que se vai fazendo ao longo do ano com muita pressão e paixão. Temos um setor dinâmico, flexível, motivado, e por isso espero que seja mais um ano de crescimento, de aumento das exportações, de capitalizar, todo o trabalho que tem sido feito pelos empresários e empresas, aproveitando todas as oportunidades que vão surgindo. O setor industrial têxtil está preparado para responder a este desafio constante. Preocupa-me o constante aumento de taxas e impostos diretos e indiretos, que são imputados continuamente às empresas, que nada têm a ver com o negócio têxtil, mas que vão retirando competitividade às empresas e prejudicando o seu futuro. Convém não esquecer e relembrar aos nossos governantes que estamos inseridos e operamos num mercado à escala global.
DA MANIFESTO MODA
SONIA PINTO
DIRECTORA DO MODATEX
Esperamos que o ano de 2017 seja marcado por uma forte aposta nas qualificações no setor têxtil e vestuário e que o Modatex continue a ser um parceiro privilegiado no desenvolvimento estratégico do setor empresarial.
54.
TERESA M. PEREIRA
48.
RICARDO CONCEIÇÃO
51.
RITA RIBEIRO
SÓCIA DA VIOLET&GINGER
ATELIER DES CREATEURS
Em 2017 aguardo a manutenção do crescimento, consolidação e aperfeiçoamento constante da nossa produção, bem como a efetivação dos projetos de expansão e diversificação da atividade, com subidas na cadeia de valor.
Estamos muito otimistas em relação a 2017! O turismo está em grande crescimento, a baixa do Porto está cada vez mais bonita e os próprios portugueses estão encantados com uma cidade cada vez mais trendy que lhes oferece bons restaurantes, muita simpatia e cada vez mais, lojas diferentes e cheias de pinta.
BRAND DEVELOPER DA VALÉRIUS
O meu desejo é que em 2017 consiga finalmente conciliar mundos e tempos para que o meu sonho de culinária vire realidade profissional. E consiga colocar a CONCRETO nas grandes montras internacionais dos nossos principais parceiros!
CEO DO GRUPO ENDUTEX
49. PRESIDENTE DA AEP
DIRECTOR CRIATIVO
53.
VÍTOR ABREU
PAULO NUNES DE ALMEIDA
PAULO GOMES
daram-me que o ano que se aproxima será bastante positivo, a crescer na direção do infinito com a força da nossa história. Os têxteis irão fazer novas conquistas, expandir-se em novas áreas, em novos recantos do mundo, encantando com tudo o que de maravilhoso Portugal transporta consigo. O passado sábio se misturará numa pincelada harmoniosa com as ideias das novas gerações guerreiras, com tecnologia, tradição, qualidade, alma e poesia. No caminho para arrepiar o universo um barco avisto... Carrega conhecimento, criatividade, inovação em cada cruzar de tear, estampado, em cada cravado de sorriso suado, em cada tom de tinto pensado.
55. 46.
44.
Acima de tudo esperamos grandes e novos desafios. Importa em 2017 continuar a fortalecer a cadeia de valor da Troficolor: atuando uma vez mais junto das grandes marcas nacionais e internacionais com soluções e produtos inovadores que tanto caracterizam a nossa empresa.
com criação de valor acrescentado, principalmente da nossa empresa e do setor em geral.
Para o país desejo que 2017 seja um ano em que, finalmente, possa ter taxa de crescimento que lhe permita convergir com a UE, puxado pelas exportações (com a têxtil em lugar de destaque), pelo investimento e pelas receitas do turismo. Para a
RICARDO FERNANDES
CEO DA TÊXTEIS CÃES DE PEDRA
Que 2017 continue a exaltar Portugal como um país de excelência da moda internacional.
50.
RITA BONAPARTE
DESIGNER DE MODA
Os ventos do futuro segre-
52.
SANDRA VENTURA
DIRETORA DE INOVAÇÃO DA TÊXTEIS PENEDO
Espero contribuir em conjunto com toda a equipa de trabalho, para fortalecer a atividade de IDI da Têxteis Penedo, se possível com sucesso nos vários projetos em curso e nos novos que possam surgir. Espero também que a têxtil se mantenha forte
Tudo indica que teremos uma conjuntura internacional complicada e turbulenta no próximo ano, que exigirá das nossas empresas redobrados esforços para mantermos o bom desempenho da têxtil portuguesa. Por isso espero e desejo que a nível interno possamos ter em contrapartida um ambiente de estabilidade (fiscal, laboral e política), não prejudicando assim a nossa competitividade neste próximo ano que antevejo muito exigente. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
O Engaço
Avenida de Recesinhos 4 667 S.Mamede de Recesinhos 4560-800 Penafiel
Entradas: Senhorinhas (cebolas em vinho, azeite e vinagre), arancinis e paté de atum Pratos: Bacalhau com uma papa de caldo de nabo com farinha de milho, vão da javali e lombinho de boi com esparregado Sobremesa: Castanhas Bebidas: Pecado Capital, água e café
O EMPRESÁRIO SOCIAL As coisas mudam. “Isto agora anda tudo muito rápido - a mil. A Páscoa foi ontem e já estamos a chegar ao Natal. Há 15 anos, em Fevereiro/Março tinha a produção vendida para o ano todo. Trabalhava metade e ganhava o dobro”, analisa Zé Armindo. As coisas mudam. Nos anos 90, quando Zé Armindo jogava a avançado, os adversários marcavam-no a meio metro de distância. Hoje, quando Rafael, 13 anos - o seu filho mais velho (Gabriel, nove anos, o mais novo, também lhe herdou o jeito para a bola) -, joga a ponta de lança, nos iniciados do
Penafiel, os defesas centrais marcam-no a cinco centímetros de distância, encostados a ele. As coisas mudam, os tempos estão mais difíceis, mas ter sido futebolista preparou-o para contornar as esquinas da vida. Antes de receber a bola já tinha de saber o que ia fazer a seguir, habituou-se a sofrer as entradas maldosas dos adversários e a acatar as decisões, mesmo que injustas, dos árbitros. “Para mim, o futebol foi a faculdade da vida. Deu-me mundo. Quando era miúdo, ir ao Porto era uma aventura maior do que ir agora a Nova Iorque.
José Armindo Ferraz
45 ANOS CEO DA INARBEL O ar (Armindo) de Inarbel (a bel era a irmã Anabela) andou e anda pelo mundo, mas cresceu, vive e trabalha em Vila Boa de Quires, Marco de Canaveses, onde os pais singraram na vida. A mãe, Maria das Dores, era chapeleira. A família do pai, Armindo Ferraz, tinha um armazém de adubos. Juntos, Maria das Dores e Armindo estabeleceram-se com uma mercearia, mas às 2ª e 3ª feiras levantavam-se às duas da manhã e iam para a feira em Tondela vender meias, fraldas e cobertores. Ambiciosos, deram o salto de feirantes para industriais, criando a Inarbel, que começou por fabricar calças de bombazina antes de se focar na roupa de criança. O filho, Zé Armindo, foi futebolista profissional. Após escalas no Marco, Boavista, Penafiel, Leça, Campomaiorense foi parar ao Bolton onde pendurou as botas. Tinha 28 anos quando regressou a casa e cumpriu o seu destino de assumir a gestão da Inarbel
No futebol aprendi a conviver com pessoas diferentes, a ser humilde mas também competitivo. Nunca gostei de perder - nem a feijões”, conta o CEO da Inarbel. Zé Armindo escolheu jantarmos no Engaço, onde ele ceia com a família todas as sextas (após o treino do Rafael), restaurante de que é dono e chef o seu amigo Hélder Rocha, um aficionado do todo-o-terreno. “É sempre assim. Ele é que escolhe”, explica Zé Armindo enquanto, depois de aviadas as entradas (que já por si eram uma refeição), começaram a desembarcar na mesa o bacalhau, o javali e o lombinho de boi, regados por Pecado Capital, o vinho verde que ele produz e se farta de ganhar medalhas, cá dentro e lá fora. Foi em 1998 que trocou a bola pelos trapos. Antes de começar a rematar ao golo, demorou um ano a estudar a empresa e o negócio, a inventariar pontos fracos e fortes. No final, reuniu com os pais e quantificou as suas condições para assumir o comando: reduzir os custos em 30% e crescer 50%. Disseram-lhe que sim, mas no íntimo devem ter pensado que ele estava sonhar acordado. Não estava. Quando assumiu a empresa, a Inarbel tinha oito máquinas, 70 pessoas, só fazia private label, e apenas exportava fardas para colégios ingleses. Hoje, tem 54 máquinas, 230 pessoas, um volume de negócios de 6,8 milhões de euros, dos quais 35% feitos com a marca própria Dr. Kid, exporta 90% da produção para 25 países - e está a construir uma rede de retalho da sua segunda marca (A&J). “Criar uma marca própria é difícil e caro. Mas se não tivesse investido na Dr. Kid não tinha chegado onde cheguei”, afirma o CEO da Inarbel, reconhecendo que será mais fácil trabalhar uma marca de criança do que de adulto. “O Made in Portugal já é uma marca. Na etiqueta é um fator positivo, sinónimo de bom serviço. Sabem que somos sérios, temos bom preço e um nível de design idêntico, ou até melhor, ao dos mais prestigiados criadores internacionais”, garante Zé Armindo, um empresário com preocupações sociais: “Deito-me a pensar nos meus colaboradores. Acordo a pensar neles. Eles fazem tudo por mim. Eu faço tudo por eles. Nunca despedi um colaborador direto”. t
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2. NESTA ESTAÇÃO, O SHOWROOM ESTÁ VESTIDO DE PRETO E CASTANHO COM A COLEÇÃO OUTONO/INVERNO 2017/18 TANTO PARA HOMEM COMO MULHER. OS DETALHES SOFISTICADOS MARCAM A MAIORIA DAS PEÇAS
FOTOSINTESE Textos e fotos por: Carolina Guimarães e Raposo Antunes
UM DIA NA VIDA DA TÊXTIL NORTENHA 100% é a percentagem chave para a Nortenha. Exporta 100% do seu volume de negócios, que ronda os dez milhões de euros. E está 100% empenhada em que o nível de satisfação dos clientes atinja os 100%. Benvindo a bordo de uma viagem por uma fábrica histórica de confeções, feita através de 14 fotografias e ciceroneada por Inês e Paulo, os filhos de Carlos Branco, o empresário que era filho e neto de ourives e conduziu a Têxtil Nortenha aos seus anos de ouro.
1. FUNDADA EM 1954, EM FAMALICÃO, NOS SEUS TEMPOS ÁUREOS A TÊXTIL NORTENHA CHEGOU A EMPREGAR 1 100 PESSOAS. SOUBE ADAPTAR-SE AOS NOVOS TEMPOS E AGORA, GERIDA POR INÊS E PAULO, PROSPERA COM APENAS 100 TRABALHADORES
5. “CORTAMOS COM A TRADIÇÃO. NO TEMPO DO MEU PAI, ELE GERIA TUDO A PARTIR DA SALA DE PLANEAMENTO”, CONTA A FILHA DE CARLOS BRANCO
6. "AS NOSSAS MALHAS TÊM 100% DE QUALIDADE”, SUBLINHA INÊS, ENQUANTO PAULO ACRESCENTA QUE DURANTE TODO O PROCESSO SÃO FEITOS VÁRIOS CONTROLOS DE QUALIDADE
10. O GROSSO DAS 20 COSTUREIRAS DA UNIDADE DE CONFEÇÃO JÁ TRABALHA NA TÊXTIL NORTENHA HÁ MAIS DE DUAS DÉCADAS. CERCA DE 1 500 PEÇAS SÃO FEITAS POR SEMANA. “NA CONFEÇÃO PRIMAMOS PELA QUALIDADE. AS MÁQUINAS TRABALHAM A UM RITMO LENTO E BAIXO”, GARANTE PAULO
11. MAS COSTUREIRAS MAIS VERSÁTEIS EXECUTAM OS PEDIDOS DE AMOSTRA DOS CLIENTES. NESTA SECÇÃO TRABALHAM APENAS QUATRO MULHERES. INÊS MOSTRA UM DOS TOPS DE SENHORA ALI DESENVOLVIDO
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4. OS IRMÃOS BRANCO PARTILHAM COM DOIS DESIGNERS O GABINETE ONDE FUNCIONA A DIREÇÃO. “ISTO É O CORAÇÃO DA TÊXTIL NORTENHA”, DIZ INÊS
3. TRÊS GRUPOS DE CINCO PESSOAS CADA CONSTITUEM O DEPARTAMENTO COMERCIAL. ESPALHADOS POR TRÊS SALAS, CADA GRUPO TRATA DE UMA CARTEIRA DE CLIENTES PRÓPRIA
8. NA SALA DE TESTEMUNHOS DE PRODUÇÃO ESTÃO GUARDADAS UMA PEÇA DE CADA MODELO QUE FOI CONFECIONADO NA TÊXTIL NORTENHA NA ÚLTIMA ESTAÇÃO. ISTO RESULTA NUMA SALA RECHEADA DE CORES E PRODUTOS DIFERENTES
7. CINCO PESSOAS TRABALHAM A TEMPO INTEIRO NO DEPARTAMENTO DE MOLDES. “DESENVOLVEMOS TODOS OS MODELOS QUE OS CLIENTES QUEREM”, EXPLICA INÊS
9. DUAS DEZENAS DE PESSOAS TRABALHAM NO DEPARTAMENTO DE CORTE. ENTRE 100 MIL A 150 MIL PEÇAS POR MÊS PASSAM PELAS MÃOS DESTAS MULHERES
13. PRONTAS PARA SEGUIR PARA A SUÉCIA ESTÃO ESTAS EMBALAGENS NO ARMAZÉM DE SAÍDA. NESTE CASO, O CLIENTE ESCANDINAVO É A MARCA ACNE JEANS
12. NO ARMAZÉM DE MATÉRIAS-PRIMAS, AS MALHAS “RELAXAM” ENTRE 24 A 48 HORAS. O TEMPO DE REPOUSO EVITA QUE ELAS ENCOLHAM DURANTE A CONFEÇÃO
14. TODOS OS TRABALHADORES DOS DIFERENTES DEPARTAMENTOS FAZEM FREQUENTEMENTE FORMAÇÃO NESTA SALA, UMA APOSTA DE INÊS E PAULO NA MELHORIA E APERFEIÇOAMENTO DOS SEUS COLABORADORES
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PRECISAMOS DE REINDUSTRIALIZAR PORTUGAL
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel
José Alberto Robalo 63 anos, presidente da ANIL, nasceu em Unhais da Serra, sendo o mais novo de seis filhos de um gerente da Penteadora. “O padre Alfredo foi padrinho de casamento dos meus pais. Na passagem de ano, a família reunia-se toda na capela da fábrica a rezar”, recorda. Tem uma sociedade chamada Alberto & Bernardo e dedica-se à produção e comercialização de fios
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ão saímos da cepa torta enquanto chamarem ladrão a um empresário por ganhar dinheiro”, afirma José Alberto Robalo, 63 anos, presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL).
nuar a fechar os olhos à exploração de mão-de-obra escrava dos refugiados na Turquia. Tem de impor regras. Nenhum acordo comercial se pode esgotar nos quilos por quilos e metros por metros. Tem de haver reciprocidade, e todas as partes se obrigarem a cumprir as mesmas regras laborais, sociais e ambientais.
Além da incógnita europeia, o que o preocupa mais?
O que se está a passar na Turquia é absolutamente surreal. Os turcos recebem montanhas de dinheiro da União Europeia para ficarem com os refugiados e depois usam-nos como mão-de-obra escrava, que trabalha a troco de uma malga de arroz e um catre para dormir. A Síria tinha uma indústria têxtil e a Turquia está a aproveitar essa mão-de-obra especializada barata para nos fazer concorrência desleal. O principal problema já não é a concorrência asiática?
Nos lanifícios, os turcos são o nosso maior concorrente. Além das práticas abusivas com os refugiados, beneficiam de um intolerável estatuto de exceção. Exportam para a União Europeia com todas as regalias de um Estado membro, mas para defenderem a sua indústria são livres de imporem barreiras e taxas às importações - e se isso não chegar ainda desvalorizam a lira em 50%... Como se resolve o assunto?
A União Europeia não pode conti-
Num acordo comercial tem de haver reciprocidade
Tem de ser possível. Não adianta muito nós, os europeus, estarmos muito preocupados com as questões ambientais e cumprirmos regras ecológicas draconianas, se o resto do mundo continuar a poluir alegremente. Um dos pressupostos da abertura dos mercados europeus foi o de ajudar os países pobres a desenvolverem-se...
Alguma coisa está muito errada nesse pressuposto. Vejamos o caso do Bangladesh. Escancaramos os nossos mercados aos seus produtos para induzir progresso e desenvolvimento. Uma dúzia de anos volvidos, o Bangladesh continua a ser um dos países mais miseráveis do mundo. A caridade não funciona?
Claro que não. O princípio base tem de ser a reciprocidade. Se eles podem vender livremente na Europa, nós também temos de poder vender nas mesmas condições nos seus mercados. Não podemos pactuar com as práticas protecionistas de países como o Brasil, que recorre a manobras baixas, como a de reter nas alfândegas artigos de alta moda durante três, quatro e cinco meses, sabendo que passado esse tempo os produtos perderam valor e são para deitar fora! Podia ter sido evitada a hecatombe que dizimou parte do setor de lanifícios?
Da maneira como se fez a abertura aos produtos asiáticos, creio que seria impossível evitar essa hecatombe. Certo que algumas empresas se puseram a jeito, ao não investirem para se manterem tecnologicamente competitivas. Mas a mudança das condições de
As empresas que resistiram fizeram verdadeiros milagres. Outras, por várias razões, não tiveram essa capacidade. O que eu queria enfatizar, é que a maioria das empresas quebraram não por situações de mercado mas porque foram sujeitas a práticas de concorrência desleal. Qual é o principal estrangulamento à competitividade dos lanifícios?
Acha isso possível?
A crise já passou?
Não estou muito certo disso. O nosso principal cliente é a Europa - e a Europa não descola. Vivemos ao sabor dos humores da economia europeia, que ninguém sabe para onde vai. É evidente que estamos melhor do que há cinco anos, mas não vejo motivo para euforias.
Houve quem sobrevivesse…
Tinha 12 anos quando ficou órfão de pai, um empresário de lanifícios que morreu novo (45 anos). Até entrar no Técnico, onde se licenciou em Engenharia Mecânica, José Alberto estudou em colégios internos entre a Guarda, Covilhã e Abrantes (Lasalle). A paixão pelos automóveis (“Levei uma grande sova quando tinha sete anos e o meu pai me apanhou a conduzir uma camioneta da fábrica”) determinou a escolha do curso. Chegou a ser sondado para piloto de competição devido às suas habilidades ao volante do Lotus Elan de um irmão, mas não chegou a desembraiar a carreira de acelera com que sonhava desde miúdo. Em outubro de 1983, já casado e licenciado, regressou à Covilhã e teve o seu primeiro emprego como técnico industrial, contratado a prazo, na Fiação S. Pedro, de que o pai fora um dos sócios fundadores. Não demorou dois anos a tornar-se gerente.
O preço da energia é o maior coveiro da indústria no nosso país. Na fatura, o custo efetivo da energia consumida é inferior a um terço da conta final. O resto são impostos e taxas:7% para a RTP e RDP, 3% para harmonização tarifária dos Açores e Madeira, 10% para as autarquias, 30% de taxa de compensação dos operadores, 50% para as renováveis, 7% para a ERSE e Autoridade da Concorrência, 23% de IVA. Um abuso! Não há volta a dar?
Tem de haver. Eu não posso chegar junto de um cliente estrangeiro e dizer-lhe que tenho de subir o preço devido ao aumento dos custos energéticos. Se lhe digo isso, ele ri-se de mim, responde-me que o preço do petróleo baixou - e pensa que o estou a enganar, até porque os turcos baixaram os preços.…Infelizmente a nossa indústria não está a aproveitar a baixa do preço do petróleo. Os apoios do Portugal 2020 não compensam esse custo de contexto?
concorrência no mercado mundial foi tão grande, que a maioria das empresas não podia resistir. Não houve tempo para as empresas se prepararem?
Dou-lhe só um exemplo da dimensão do problema. No 1o semestre de 2001, os chineses exportaram 40 milhões de pares de calças para a Europa. Após um ano na OMC, no final do 1o semestre de 2002, venderam 700 milhões de pares de calças para o mercado europeu. Pergunto como é que se pode sobreviver a uma invasão destas proporções?
No 2020 o incentivo é pequeno e obriga quem o recebe a comprometer-se com metas irrealistas - e se não cumprir tem de devolver o dinheiro. Quem é que neste clima de incerteza a nível mundial se pode comprometer a faturar mais 10% no ano que vem? Além de que não faz o mínimo sentido vedar o acesso ao programa a grandes empresas como a Paulo Oliveira. Não havia o risco das grandes empresas esgotarem o dinheiro disponível?
Isso resolvia-se estabelecendo uma quota máxima de fundos para gran-
des empresas. Além de que o que nós por cá consideramos grandes empresas, não passam de empresas médias a nível internacional... O que é que nos faz falta?
Precisamos, como de pão para a boca, de reindustrializar o país. Há 20 anos que não investimos a sério na indústria. Precisamos de um novo PEDIP. Há dinheiro para isso?
Não precisamos que nos dêem dinheiro. Basta porem a energia ao preço justo, para as empresas libertarem o dinheiro necessário para investir. Andam a dar energia aos espanhóis à noite, quando o que devia fazer era vendê-la às empresas a um preço competitivo. O que falta não é o dinheiro, mas sim políticas?
O que faz falta são boas ideias e a vontade de arranjar soluções. Baixar o IRC de 25% para 18% só é bom para os grandes grupos distribuírem dividendos. A boa solução era uma taxa de IRC muito baixa para as empresas que reinvestissem integralmente os resultados e se recapitalizassem. Já se começa a fazer sentir a falta de quadros e de mão-de-obra qualificada?
A têxtil foi muito maltratada. Os governantes diziam que era para acabar. E sempre que fechava uma fábrica apareciam logo as televisões todas. O resultado foi que aos olhos dos jovens a ITV deixou de ser considerada um setor de futuro. A falta de engenheiros têxteis e pessoal especializado é o preço que estamos a pagar por essa campanha. É dramático?
Com o mundo em mudança, como está, a formação é essencial para sermos competitivos. A formação e a mentalidade. A ITV precisa de gente de cabeça aberta e sem a mentalidade do patrão/empregado. É preciso exterminar o complexo de esquerda que vê no empresário um explorador e não um agente criador de riqueza. O país não sai da cepa torta enquanto chamarem ladrão a um empresário por ganhar
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A Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios tem sede na Covilhã e foi fundada após o 25 de Abril, na sequência da extinção do edificado corporativo construído pelo Estado Novo. Paulo Nina de Oliveira foi o primeiro e histórico presidente da ANIL, à qual mantém uma ligação intima e empenhada - preside ao Conselho Geral e à mesa da Assembleia Geral. Eleito pela primeira vez para a direção em 2003, José Robalo é também administrador do Modatex e do CITEVE
dinheiro. Estar no interior tem mais vantagens ou inconvenientes?
Não é por acaso que a desindustrialização atingiu mais fortemente o interior do que o litoral. Quer exemplos? O fuel é mais caro, porque pagamos o custo do transporte. Quando avaria uma peça, o mais certo é termos de a ir buscar ao Porto ou a Lisboa - pois hoje em dia ninguém quer ter stocks, que são caros - o que implica ter a máquina parada um dia, além de suportarmos os custos extra dos transportes. O que diz das 164 medidas do Governo para valorizar o Interior?
Reconheço a bondade de muitas delas, mas tenho de dizer que não me entusiasmam. A tendência para desertificação só é invertida e o interior só sai do marasmo se tiver uma economia pujante. Trazer serviços e pagar mais aos médicos para virem para cá não produz o crescimento económico indispensável à criação sustentável de emprego. Então o que é preciso?
Não mudar a legislação com tanta facilidade, por exemplo. Uma multinacional têxtil estava a encarar investir cá, mas acabou por ir para a Polónia, devido à instabilidade legislativa que reina em Portugal. Nos últimos seis anos mexemos nove vezes nas leis laborais. As empresas querem reduzir ao mínimo as variáveis - já lhes basta os imponderáveis decorrentes de uma conjuntura internacional volátil. A proximidade da matéria prima não é uma vantagem?
Já não é. Portugal produz anualmente oito mil toneladas de lã, mas no geral é de má qualidade, quase ninguém a quer. Só é boa para malhas exteriores, porque tem nervo e arma melhor a peça. Mas para fatos não serve. Zero. Não é possível melhorar a qualidade?
No âmbito da ANIL fiz um pro-
Parece que toda a gente tem medo de enfrentar a EDP
jeto para recuperar a qualidade da nossa lã. A raça das nossas ovelhas é merino, a mesma raça das australianas. Só que eles apuraram a raça e nós deixamo-la degradar, fundamentalmente devido à política salazarista da agricultura de subsistência, em que a ovelha dava uma lãzinha, um queijo e no final ainda se comia. Ora tirar o leite à ovelha equivale a tirar-lhe proteína e a prejudicar a qualidade da lã. Como é que ANIL se propunha apurar a raça ovelha merino da Beira Baixa?
Era um projeto ambicioso e de interesse nacional. Numa quinta da Beira Baixa desenvolvia-se um núcleo reprodutor de ovelhas, que depois eram postas em rebanhos no Alentejo de agricultores com quem estabelecíamos um contrato. Contra a garantia do cumprimento de boas práticas, garantíamos a compra da lã a um preço pré-estabelecido. É o modelo de negócio australiano. O que falhou?
Precisávamos nesta região de uma quinta de alguma dimensão para desenvolver o núcleo reprodutor. A única disponível era de uma autarquia que preferiu retalhá-la para fins eleitoralistas, a alugá-la a nós e assim a ajudar a pôr de pé um projeto de aproveitamento e valorização de uma matéria-prima autóctone. Ganância?
Pior que isso. Vistas curtas, pois, além de ir ser a maior empresa desse concelho, tratava-se de um investimento estratégico para um país como o nosso que tem poucas
matérias-primas para abastecer a sua indústria transformadora. O turismo está a correr muito bem, mas é um setor muito volátil. Quem pensa que vai continuar a crescer sempre a este ritmo está muito enganado.
As perguntas de
Que balanço faz de um ano de Governo Costa?
Há coisas positivas como tentativa de reanimar o mercado interno pondo mais dinheiro no bolso das pessoas através de um desagravamento fiscal. E registo com muito agrado a proposta do PCP de acabar com o Pagamento Especial por Conta. Mas o Governo também tomou medidas muito demagógicas como a redução para 35 horas do horário numa Função Pública pouco eficiente, cara e com uma dimensão exagerada. O pior foram as 35 horas?
O pior é a incapacidade para acabar com o forrobodó na energia, parece que toda a gente tem medo de enfrentar a EDP. Não é aceitável que tenham de ser os contribuintes a pagar os maus negócios dos outros. O pior é isso e a ditadura fiscal de uma administração pública que põe e dispõe, nos obriga a pagar primeiro e contestar depois. As empresas não podem continuar a ser a Santa Casa da Misericórdia do Orçamento. O custo da energia e a ditadura fiscal são os grandes nós…
... e a ausência de medidas de fomento à economia. Sabe qual é a estratégia do Governo para o país? Não sabe, pois não? Não é boa, nem é má. Simplesmente não existe. O que espera de 2017?
A continuação de incerteza, com a Europa num impasse político agravado pela eleição de Trump. A UE tem de pôr termo a situações em que uns são mais iguais que outros, em que, por exemplo, a França não tem de cumprir a regra do défice. A globalização é uma coisa muito bonita mas tem de haver regras iguais para todos - não é tolerável que quem as cumpra saia altamente penalizado. t
Paulo Melo Presidente da ATP Como perspetiva a evolução do setor nos próximos três anos?
A manter-se estável a conjuntura, perspetivo três anos de um crescimento lento, mas seguro. Já estamos no segmento de mercado médio/ alto, onde já não sofremos tanto a concorrência asiática. Subimos na cadeia de valor e a nossa relação qualidade/preço/design atingiu um patamar muito competitivo. Diria que estamos no nível em que a Itália estava há dez anos. Não acha que a fileira ficaria mais forte se falasse a uma só voz e a sua representação estivesse concentrada numa só associação?
Sempre disse que num setor como o nosso, onde convivem sub-setores com tantas diferenças - a lã não é igual ao algodão - e problemas específicos muito complexos, se justifica a existência de várias associações. O que não me impede de estar completamente de acordo com a ideia de que o setor precisa de estar unido e falar a uma só voz para ter mais força. Estamos disponíveis para criar uma federação que represente todo o setor, um órgão de cúpula que nos dê mais força.t
António Amorim Presidente do CITEVE Como vê a situação da Inglaterra, que está a investir na têxtil, depois de há 50 anos a ter abandonado, e pode passar de mercado importante para nosso concorrente?
Vejo com muita preocupação. Na Inglaterra estão a coexistir dois tipos de indústria na têxtil: tecelagem de altíssima categoria e tecnologia, por exemplo no fabrico de airbags , e pequenas fábricas de paquistaneses e indianos. O Brexit deverá implicar medidas restritivas às importações, o que só pode ser prejudicial não só para os nossos lanifícios mas também para o resto do setor. Acredita que se vai concretizar o acordo de parceria transatlântica entre a UE e os Estados Unidos?
Não acredito que o acordo vá para a frente com a nova administração norte-americana. Se a administração Obama receava que a Europa fosse uma plataforma enviesada para os produtos chineses entrarem no mercado americano, não vejo qualquer hipótese da administração Trump correr esse risco.t
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FELIZ NATAL É COM O PORTO CANAL
No Porto Canal, Natal é sempre que um homem (o diretor…) e cinco mulheres querem. E quiseram. Associando-se ao Jornal T numa pequena performance, com o Jingle Bell como música de fundo… e não só. Foi uma noite divertida, com o diretor do Porto Canal e alguns dos rostos mais conhecidos desta estação televisiva
Alexandra Costa, 29 anos Menos preocupada com a doçaria natalícia, estava Alexandra, a apresentadora do Jornal Diário ao fim-de-semana, vestida pela Borsini, quando ouve falar em Natal só pensa em animais: “Eu gosto muito de animais… e de pão-de-ló também”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Júlio Magalhães, 52 anos direcor-geral do Porto Canal Impecável, com os seus 1,89 metros harmoniosamente arrumados num fato da Decénio, fez as honras da casa. O autor da rubrica Corte e Costura da página 3 do nosso jornal, foi um verdadeiro diretor também na animação das suas jornalistas nesta antecipação natalícia Debora Sá, 31 anos Apresentadora das Grandes Manhãs, escolheu um tom natalício para o seu vestido da Marques Soares. Calçou os seus sapatos da Helsar e compôs o conjunto com os acessórios da Sopro. Mas no que ela estava mesmo a pensar era no pão-de-ló com queijo da Serra que irá comer na consoada
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Ana Guedes Rodrigues, 34 anos Como diz a diretora de informação do Porto Canal: “Natal? Natal é compras”. Ana apresenta o Jornal Diário e conduz o programa Sexo à Moda do Porto. Tinha um vestido da Hot Pink, sapatos Agostini e acessórios Eugénio Campos
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Mariana D’Orey, 29 anos Mais tradicional, Maria conta: “Para mim, Natal é os filhos (ainda pequenos) e a família”. A pivot do Mundo Local, um programa diário de noticiário local, vestia Lanidor e usava acessórios da Jaybee
Maria Cerqueira Gomes, 33 anos A preparar-se já para dar o salto à casa da avózinha na noite de Natal, o que também fazem mais 30 familiares, Maria, apresentadora do programa Olá Maria (a própria), vestiu-se com rigor natalício na Ali Jo Stores, calçou os sapatos Ana Rita N, e o seu espírito voou logo para as rabanadas da avó
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FARIA DA COSTA DECLARA GUERRA AO PÉ FRIO A Faria da Costa está a passar à fase de industrialização a Wyfeet, uma meia com aquecimento ativo e inteligente, desenvolvida em parceria com o CITEVE e que representa um investimento de 350 mil euros. A Wyfeet é uma meia de valor acrescentado com um sensor que controla a temperatura do pé e uma bateria elétrica - o que não a impede de ir à máquina de lavar. Fabricada com uma mistura de lã acrílico e coolmax, permite programar três níveis diferentes de temperatura e mantê-los durante um período de oito a 16 horas. “Com a Wyfeet estamos a responder às necessidades dos mercados que conhecemos melhor - os nórdicos - e a fugir à concorrência feroz nos artigos básicos”, explica Nuno Costa, 34 anos, um dos três filhos de Álvaro Faria da Costa, que fundou a empresa em 1988. As pessoas trabalham em ambientes com temperaturas negativas e os idosos que têm os pés frios devido a problemas de circulação sanguínea, são os segmentos alvo do novo produto da Faria da Costa, que já manteve contactos para o eventual fornecimento de meias Wyfeet aos exércitos alemão e indiano. Na fábrica da Faria da Costa em Ucha, Barcelos, trabalham 95 pessoas, 24 horas por dia, em três turnos (só param na manhã de sábado), produzindo 25 mil pares de meias/dia num parque de máquinas. “Temos mais 50 preparadas para entrar imediatamente em produção no caso de chegar uma encomenda grande”, conta Nuno, acrescentando que a empresa investiu 250 mil euros na compra de dez novas máquinas, com capacidade para produzir entre 75 a 150 pares/dia. Em 2015, a Faria da Costa teve um volume de negócios de três milhões de euros, dos quais 90% correspondem a exportação direta, fazendo as marcas próprias de uma clientela onde figuram os gigantes H&M e Inditex, bem como cadeias de supermercados, como a Netto, Aldi ou Best Seller. O centro e norte da Europa (Escandinávia, Alemanha e Holanda) são os principais destinos. “Cada cliente pesa um máximo de 10 a 15% no con-
junto da faturação. A nossa regra é nunca ter um grande cliente, mas sim muitos e bons”, diz Nuno, que estudou Turismo em Viana do Castelo (“Queria ter um horizonte mais alargado”), enquanto a irmã fez Psicologia e o irmão Gestão. A faturação da Faria da Costa está muito exposta aos humores do S. Pedro, ou seja varia muito consoante o clima. O inverno rigoroso de 2011 proporcionou à empresa o seu melhor ano, com um volume de negócios de cinco milhões de euros. “A nossa concorrência é climatérica. Se nas duas primeiras semanas de outubro não há frio a sério, é certo e sabido que o ano não vai ser grande coisa”, explica Nuno Costa, acrescentando que os clientes compram para o imediato - não fazem stock. A Wyfeet (bem como outros produtos mais técnicos que saiam das cabeças do gabinete técnico da empresa) é uma poderosa arma para combater a sazonalidade do negócio das meias. Portugal dava os primeiros passos na CEE, quando Álvaro Faria da Costa, que tinha um negócio de aviários em Ucha, sentiu que o têxtil era o que estava a dar e resolveu investir na compra de algumas máquinas de fabricar meias que estavam encostadas. Começou por fabricar meias de desporto para toda a gente e ao ver aparecer-lhe logo um agente a propor-lhe exportar para a Noruega confirmou que estava certo o seu instinto sobre quão auspicioso podia ser o negócio têxtil. Depois alargou a oferta às meias de homem clássicas, para fato, e especializou-se na lã, que exige mais know-how e especialização. O passo seguinte na subida na cadeia de valor foi dado no final do século, com a diversificação das meias de uso diário para meias de lã mais especializadas, para caça, pesca e escalada - e também para um produto de nicho, as home socks antiderrapantes. Ainda no âmbito do combate à sazonalidade, a Faria da Costa está a voltar a fabricar meias de algodão. t
PENSOS SEM COLA PROCURAM NOIVO Sónia Ferreira, uma engenheira biomédica que inventou um adesivo sem cola nem produtos químicos, está à procura de parceiros a nível internacional para a produção deste novo produto na área da saúde, que foi o vencedor do Shark Tank, organizado pelo CITEVE. Antes da apresentação pública promovida em Famalicão, Sónia já dedicara os dois últimos anos da sua atividade ao desenvolvimento destes novos pensos que aderem ao corpo utilizando apenas materiais fibrosos e as nanotecnologias. Foi a partir dos problemas com que um familiar era confrontado diariamente ao utilizar adesivos (“eram 365 dias por ano e 24 horas por dia”), que esta engenheira biomédica se envolveu nos estudos das alergias às colas
Sónia Ferreira, engenheira Biomédica, inventou um adesivo sem cola nem produtos químicos e está à procura de um parceiro internacional com que vivem muitos doentes. “É um problema (alergia às colas) mais generalizado do que se imagina e que provoca diversas mazelas na pele”, conta. Assim, por conta própria, Sónia Ferreira
foi desenvolvendo o produto. E quando teve conhecimento que o Citeve estava a promover um programa de aceleração de ideias em negócios têxteis com o objetivo de apoiar novos empreendedores, que se traduziu no NETT (Novas Empresas Tecnológicas Têxteis), candidatou-se. Desde Maio passou a contar com a colaboração do CeNTI no desenvolvimento do adesivo. Em Outubro, Sónia Ferreira acabaria por ser a vencedora do Shark Tank do CITEVE, ganhando um prémio de dois mil euros, e viu também um dos “tubarões” (a Portugal Ventures) manifestar interesse em participar no negócio. Nesta altura, o avanço deste novo produto aguarda pelo desfecho dos pedidos de patente e pela autorização do Infarmed. t
CASILLAS DEFENDE IMPETUS EM ESPANHA
O Telejornal da TVE fez referência ao video de 7m15s “Heroes Terrenales”, protagonizado por Iker Casillas, que a Impetus lançou nas redes sociais e destinado ao mercado espanhol. O vídeo é o pontapé de saída de uma campanha de marketing, orçada em um milhão de euros, que a empresa tem em curso em Espanha. “Nos próximos cinco anos vamos concentrar meios e esforços em cinco mercados: Espanha, França, Bélgica, Alemanha e EUA. É preferível sermos fortes em poucos mercados do que estarmos em todo o lado e não ser forte em nenhum”, explica Alberto Figueiredo, CEO da Impetus. t
DAMEL COMEÇA NOS EUA A CONQUISTA DO MUNDO A próxima conquista é o mundo, começando pelo mercado americano, reforçando o mercado europeu e entrando em breve no mercado asiático por via do Dubai, afirmou à UP, a revista de bordo da TAP, Vítor Paiva, o CEO da Damel, acrescentando que 2017 será, na pior das hipóteses, “um ano muito interessante”. t
83%
das garrafas PET são recicladas na China. Nos Estados Unidos apenas 31% são reaproveitadas
DICIONÁRIO DA MODA EM PORTUGUÊS DO BRASIL O “Dicionário da Moda”, de Emily Angus, Macushla Audis e Philippa Woodcock, já está disponível em português (com sotaque do Brasil…), numa edição da Publifolha. Obra de referência para estudantes e profissionais do universo fashion , o dicionário cobre toda a indústria de vestuário nas suas 800 entradas. Cada capítulo trata de uma área específica: movimentos artísticos, sociais e políticos que deram origem a estilos e tendências; peças de vestuário históricas e modernas; a construção e costura das roupas; as fibras e os tecidos, assim como os adornos que podem transformá-los. O dicionário aborda ainda padres, fibras naturais, sintéticas, não tecidos, acabamentos especiais e estamparia. t
iTechStyle summit
International Conference on Textiles & Clothing
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FAMALICÃO MADE IN INCUBA EM REDE A Incubadora Famalicão Made IN foi acreditada para a prestação de serviços no âmbito da estratégia nacional para o empreendedorismo, a Startup Portugal, passando a integrar a Rede Nacional de Incubadoras. A incubadora famalicense tem dois polos (Riopele e Edifício Globus). Nas instalações da Riopele, histórica empresa têxtil, em Pousada de Saramagos, seis startups com ideias de negócio inovadoras e valor acrescentado beneficiam de um ambiente empresarial forte e propício à inovação. t
OLBO & MEHLER INVESTE QUATRO MILHÕES EM FAMALICÃO A Olbo & Mehler vai investir quatro milhões de euros, até ao final do próximo ano, na otimização da sua fábrica de Famalicão, um programa que contempla melhorias do processo produtivo, novas tecnologias de tratamento de tecidos e a construção de uma nova unidade logística - noticia o Expresso na sua última edição. A pensar no mercado norte-americano, a Olbo & Mehler (controlada pelo grupo alemão KAP) vai produzir correias de distribuição para motores, usando um tecido técnico específico. “Com este investimento, deixamos de subcontratar uma das fases da produção na Alemanha, criamos mais valor acrescentado e abrimos uma porta no mercado americano, onde os clientes valorizam o controlo de todo o processo de produção”, explicou ao Expresso Alberto Tavares, presidente da Olbo & Mehler. “A nossa unidade de tratamento de tecidos vai receber novas tecnologias para ganhar em qualidade e no controlo de processos”, acrescentou o presidente desta empresa que emprega 300 trabalhadores em Famalicão e exporta 100% da sua produção. A parceria na investigação e desenvolvimento, com CITEVE, CeNTI e Universidade do Minho, é um dos trunfos da unidade portuguesa da Olbo, o que levou os alemães a investimento anterior de dez milhões de euros na concentração em Famalicão de todas as competências do grupo na produção de telas para correias de transporte e a desenvolver outros têxteis técnicos. t
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“A Petratex vê com bons olhos todas as parcerias que possam acrescentar valor e o que pretende é criar uma plataforma de desenvolvimento onde os intervenientes, cliente e empresa, trabalhem juntos na criação de um produto” Sérgio Neto CEO da Petratex
MISS PIGGY INSPIRA COLEÇÂO DE KATE SPADE Malas, porta-moedas, colares, brincos, capas de iPhone e outros acessórios fazem parte da coleção da Kate Spade, inspirada na Miss Piggy. Depois da separação do sapo Kermit, a porca mais famosa do mundo volta em grande na campanha de Natal da marca americana. A imagem de Miss Piggy aparece em vários produtos, assim como algumas das suas frases mais populares (“Who, moi?”). t
PAULO MELO: É UM ERRO FECHAR A CAIXA EM NY
Paulo Melo, presidente da ATP, alertou os deputados para os problemas com que a indústria portuguesa seria confrontada se a Caixa Geral de Depósitos fechasse a sua agência em Nova Iorque. “Tem sido avançada essa possibilidade no âmbito do processo de reestruturação da CGD. É um erro. Todos os setores precisam de ter lá alguém não só pelos negócios que são efetuados como também por os Estados Unidos serem para Portugal um mercado alvo”, sublinhou Paulo Melo numa audição realizada na Comissão Parlamentar de Economia. Os avisos do presidente da ATP não se
ficaram por aqui. Paulo Melo solicitou mesmo aos deputados para perceberem o que se estava a passar com os pedidos da Autoridade Tributária (AT) de pagamento de taxas pelos acessos das empresas às estradas nacionais. E deu o exemplo de uma empresa têxtil localizada junto à EN 206 que tem três acessos a essa via e recebeu uma carta da AT solicitando o pagamento anual de 55 mil euros. “É uma barbaridade. Se isto é verdade e não é nenhum lapso, estão a retirar competitividade às empresas”, sublinhou. Fez ainda um apelo no sentido
de os feriados a meio da semana serem ajustados. E considerou mesmo que, ao serem repostos quatro feriados, foi retirada competitividade às empresas. Na mesma linha, defendeu que a lei laboral deve ser ajustada a uma nova realidade. “Não é com contratos coletivos negociados ano a ano. É preciso uma maior flexibilidade de forma a que as coisas sejam feitas a pensar no futuro. Hoje as empresas já não trabalham para o dia seguinte, já têm contratos a sete ou 10 anos”, sublinhou. Deu também conta da necessidade de apostar novamente em cursos técnicos. t
FILEIRA ITALIANA UNIDA NA SEMANA DE MODA DE MILÃO A fileira da moda italiana resolveu unir-se numa frente comum, uma iniciativa apoiada pelo Governo de Roma, para promover o Made in Italy. Uma consequência desta iniciativa é que, a partir de setembro de 2017, haverá um único momento de moda feminina em Milão, dez dias seguidos de salões e desfiles, cuja primeira edição decorre de 17 a 26 de setembro.
O objetivo é fazer de Milão "o local onde será preciso estar", concentrando no mesmo local, durante um período curto de tempo, o melhor do Made in Italy. O protocolo de entendimento foi assinado em Roma, no Ministério do Desenvolvimento Económico, no decorrer de uma reunião do Comité Moda, instituído nos fins de 2015 sob a égide deste ministério com o objetivo de unir numa es-
tratégia de ação comum os representantes de todos os órgãos e associações da moda e dos acessórios Made in Italy. Nesta ótica, os salões do calçado theMicam e o salão internacional dos artigos de couro e de marroquinaria Mipel mudaram as suas datas, para se posicionarem três dias antes do início da Fashion Week milanesa do pronto-a-vestir feminino com a qual eles se sobreporão no seu dia de encerra-
mento. Outros salões estão envolvidos, como o dos óculos (Mido). "O setor da moda, em todas as suas facetas, representa 14% das nossas exportações e o seu crescimento foi de 3% em 2015. Itália é o único país no mundo a ter a fileira, dos fios aos tecidos, da confeção aos acessórios", declarou a propósito Ivan Scalfarotto, subsecretário italiano do Desenvolvimento Económico. t
DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.
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OS CINCO EM LILLE Cinco empresas portuguesas foram até Lille, à Tissu Premier, que aconteceu a 23 e 24 de Novembro. A 6Dias, a One Way Tex, a Sanmartin e a Teias de Lona foram na comitiva “From Portugal” e a Quick-Code também se juntou à trupe portuguesa. Embora a sua especialidade sejam as gangas, a OneWayTex, deu grande destaque aos tecidos para camisaria nesta sua segunda presença em Lille. O objetivo, para Sebastião Nogueira, manager da empresa, foi criar “um mix de produtos que vai de encontro às novas tendências e às necessidades do mercado”.t
SOUTIENS DA BARCELCOM BRILHAM NA MEDICA Barcelcom, Custoitex, Fitor e MagicPharma foram as quatro empresas que viajaram com o apoio da Selectiva Moda até à maior feira de produtos médicos do mundo, a Medica, que decorreu entre 14 a 17 de Novembro, na Alemanha. Num certame com mais de cinco mil expositores e 130 mil visitantes, a embaixada From Portugal voltou a casa com resultados positivos. É o caso da Barcelcom que levou até Düsseldorf os seus novos soutiens pós-cirúrgicos e as meias para diabéticos feitas a partir de bambu.t
“O crédito tem de chegar às empresas de uma forma natural e normal. O preço do dinheiro tem que ser internacional” Paulo Melo presidente da ATP, na Comissão Parlamentar de Economia
FANTASIA DE TONY ESTÁ NO 3O ANDAR
SER FELIZ NA JITAC
Burel Factory, Eurobotónia, Lemar, Tintex Textiles, Texser/Têxtil Serzedelo, Riopele, Somelos Tecidos e Troficolor Denim Makers viajaram até Tóquio e aproveitaram a sua passagem pela JITAC para consolidarem a sua presença no mercado japonês. Para a Tintex, que já tem clientes e um agente no local, o certame “correu melhor que o esperado”, embora a feira seja muito calma e esteja desfasada em termos de tempo, de acordo com Elsa Parente, responsável comercial da empresa.t
NA FASHION SVP O QUE IMPORTA É A QUALIDADE NÃO A QUANTIDADE Dez empresas nacionais rumaram até à capital inglesa para exporem no emblemático Olympia, onde decorreu a Fashion SVP. Bergand by Gulbena, Confenix, Faria da Costa, Lispaulo Cork, Marfel, Nordstark, Orchid Woman, Orfama, Vandoma (estas nove com o apoio da Associação Selectiva Moda) e a Lightwear representaram as cores nacionais na feira londrina. A feira de sourcing, feita especialmente para empresas que vendem para private label, é pequena mas rica em compradores interessados, que não arredaram pé dos stands dos expositores
portugueses. Foi o caso da Orquid Woman, estreante no mundo das feiras internacionais, que faz um balanço positivo da experiência. Sandra Pontes, sócia gerente da empresa que vende roupa e acessórios para mulher, diz que “fizemos imensos contactos, trabalhamos imenso nesse sentido; tivemos muita recetividade e interesse por parte dos clientes”. O reencontro fica agora marcado para 27 e 28 de Junho, na edição de verão do certame, onde muitos expositores tencionam voltar para conquistar – ainda mais – o mercado britânico.t
COMO A MÁQUINA DE COSTURA AJUDOU A MULHER A EMANCIPAR-SE O criador Tony Miranda inaugurou o espaço Men’s Fantasy, inteiramente dedicado ao universo masculino, no 3º piso do seu edifício em Lisboa. Adquirido em 1997 pelo criador, o 92-100 da avenida da Liberdade manteve apenas a fachada por exigência da Câmara de Lisboa e passou de três pisos para seis. Em 2013, o rés-do-chão foi alugado ao grupo Prada. “Humor e fantasia, sensibilidade e equilíbrio, conceitos-chave que emergem em todas as coleções Tony Miranda, onde a simplicidade e elegância urbana emergem em cada modelo, para o dia-a-dia de trabalho, sem nunca esquecer a noite”, refere a diretora criativa Ana Fidalgo.t
O papel determinante da máquina de costura na emancipação da mulher é a ideia central de uma exposição que está patente no centro comercial Atrium Solum, em Coimbra, até ao próximo dia 26 de Dezembro. As 48 máquinas de costura, desde meados do século XIX até finais do século XX, da coleção particular de Manuel Louzã Henriques, etnólogo e médico psiquiatra. “À descoberta da máquina de costura, devemos uma democratização do vestuário e também um fortíssimo impulso na emancipação da mulher, quer da cidade, trabalhando em fábricas de tecelagem e manufatura, quer nas zonas rurais”, explica o colecionador.
A atividade de costura era integrada na economia familiar ("a mulher do povo fazia muito do que lhe era necessário em casa, podia vender este trabalho aos seus vizinhos”) e muitas vezes abriu a porta à profissionalização das utilizadoras, que se tornaram costureiras e modistas um pouco por todo o mundo. "Isto permitiu-lhe uma confortável independência económica, assegurando-lhe sobrevivência, independência e até estatuto social", refere Louzã Henriques no catálogo da Exposição de Máquinas de Costura: Meados do século XIX - Fins do século XX”. Na sessão, organizada pela editora Lápis de Memória, que marcou a inauguração
da exposição, Louzã Henriques afirmou que a história da máquina de costura teve início em 1830, quando o alfaiate Barthélemy Thimonnier concebeu o primeiro modelo, em França. “Deve-se a Thimonnier a primeira destas máquinas bem conseguida, para dar resposta a uma encomenda de fardamento do exército francês. Temendo perder o trabalho, os outros alfaiates, seus concorrentes, destruíram-lhe as máquinas, obrigando-o a fugir para Inglaterra, para não ser morto. Mais tarde, ele regressou a França, bastante pobre, e acabou por morrer na miséria”, conclui o colecionador.t
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X DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
Mr. Mood
Rua das Carmelitas nº151 Passeio dos Clérigos Loja 1J Porto
Produtos Camisas, roupa de praia, calças, acessórios, calçado, gravatas, velas, gabardinas Proprietário Duarte Cunha Objetivo Internacionalizar a marca Camisas vendidas em 2015 1 300
PRESOS E FAMILIARES TÊM MARCA DE ROUPA Gladys Dantas, uma empreendedora brasileira casada com um ex-presidiário, lançou uma coleção de roupas adequadas para presos e seus visitantes, com a marca Liberta. Durante os cinco anos em que visitou o marido na prisão, Gladys fartou-se de ouvir queixas sobre a má qualidade das fardas prisionais e teve de contornar as limitações impostas ao vestuário dos visitantes, proibidos de usar roupas com fechos éclair, cordões ou botões com ferro. “A gente sempre passou por isso de querer ir bonita no dia da visita e não conseguia por causa das regras”, explica a empreendedora.t
“Houve uma revolução no têxtil e vestuário - e o futuro parece ser muito promissor” Nicolau Santos diretor adjunto do Expresso
Uma loja que pensa nos homens picuinhas A Mr. Mood nasceu para ser uma loja de verão – daí o nome, porque todo o “mood” da loja, feita 100% para “misters”, chama até si a alegria e a boa disposição dos dias solarengos da época quente. Mas dado o sucesso da marca o conceito alargou-se às quatro estações do ano: a roupa de banho e as camisas de linho deram agora lugar às camisas de flanela e às gabardinas, sempre com o mote “classic but cool” presente em cada peça. Numa altura em que os homens se preocupam cada vez mais com a imagem, a Mr. Mood vem ajudar com roupas clássicas caracterizadas com pequenos detalhes que marcam a diferença, onde a qualidade premium nunca fica esquecida. Duarte Cunha, proprietário, explica que “os homens estão a ficar cada vez mais picuinhas e cuidadosos. Procuram muito mais o detalhe – um pormenor numa linha ou num botão – e aqui, na Mr. Mood, encontram”. Foi dele que partiu a ideia de criar esta loja – a mulher já trabalhava no ramo, em roupa de senhora, e deparado com a dificuldade em arranjar roupa que fosse do seu agrado – principalmente camisas de linho, que adora -, decidiu criar a sua própria marca. As camisas de linho são, também por isso, o ex-libris da marca – só no ano passado venderam 1300 nas duas lojas, sendo que 80% das vendas são feitas a estrangeiros. Foram eles, aliás, os
grandes impulsionadores para o crescimento e evolução da marca: o primeiro espaço da Mr. Mood abriu em Abril de 2015, na Foz, com apenas 12 metros quadrados. Mesmo sendo uma loja pequenina fez sucesso por entre os turistas, o que levou Duarte a repensar a localização da loja e mudar-se para uma das ruas mais frequentadas da cidade do Porto: o Passeio dos Clérigos, onde a Mr. Mood se estabeleceu onze meses depois da abertura do espaço inicial. Para além disso, ainda têm mais uma loja em Lisboa, na zona do Príncipe Real. Dada a esmagadora aceitação por parte dos estrangeiros o plano é internacionalizar através da participação de feiras e levar a marca além-fronteiras. O conceito da Mr. Mood não passa só pela roupa de excelência (totalmente feita em Portugal, incluindo o calçado “feito no norte do país, em pele, todo cosido à mão”), mas sim por todos os detalhes, tanto nas peças de roupa como fora delas. Esta loja vive precisamente de um estado de espírito positivo, independentemente do tempo que faça lá fora. Duarte afirma que “o cheiro da loja, o facto de haver sempre boa música e boa disposição” é também um fator diferenciador, assim como o cafezinho que oferece sempre aos seus clientes.t
FIO DENTÁRIO INOVADOR À ESPERA DE PATENTE Eduardo Pinheiro, o gestor de 40 anos que ganhou o 2º prémio no Shark Tank organizado pelo CITEVE, já entregou o pedido de patente provisório do fio dentário que além de um escovilhão para limpar os restos dos alimentos alojados nos dentes também assinala cáries e o tártaro. “Tudo começou por uma necessidade pessoal. Procurei no mercado mas não havia nada eficiente. Fiz então uns nós no fio dentário para que estes funcionassem como escovilhão. A partir daqui surgiu a ideia deste projeto, desenvolvido com o CeNTI”, conta Eduardo. t
ROUPA ESCANDALOSA EXPOSTA EM PARIS As transgressões cometidas, desde o século XIV até à atualidade, aos códigos de vestuário estabelecidos são documentadas pelas 400 peças de roupa e acessórios que integram a exposição “Tenue correcte exigée, quando le vêtement fait scandale”, que está patente no Museu des Arts Décoratifs, na rue de Rivoli, em Paris, até 23 de abril de 2017. As propostas femininas inspiradas pelos clássicos masculinos apresentadas por Chanel, nos anos 20 do século XX, são algumas das infrações que fizeram escândalo à época e constam da exposição. t
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Sandra Pontes Empresária da Orchid Woman Família Tem uma filha, a Miriam, 15 anos, três cães rafeiros (Noddy, Mada e Kika) e uma gata (Nina) Formação 12º ano Casa Vivenda em Creixomil, Guimarães Carro Peugeot 508 preto Portátil Não tem Telemóvel iPhone Hóbis Adora viajar, praia (Vila do Conde) e rio (Gerês), ir ao cinema e ficar em casa sossegada a ler ou a ver televisão Férias Este ano foi à Madeira e deu uma saltada a Porto Santo (“Uma praia maravilhosa”) Regra de ouro Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti - porque colhemos sempre o que semeamos
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Uma mulher espevitada Sandra, 43 anos, não pode ver um cão ou um gato abandonados na rua, porque o seu impulso é levá-los para casa. Desde miúda que adora os animais, por isso não espanta que tenha sonhado ser médica veterinária quando fosse grande - sonho que ficou em águas de bacalhau por culpa de um namoro de adolescente que a desfocou dos estudos. Mal acabou o 12o ano, na Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, tratou logo de arranjar um emprego, como empregada de escritório numa fábrica de calçado, onde se demorou um par de anos. Atendia telefones, tratava da faturação, fazia recados, um pouco de tudo afinal, porque o escritório se resumia a ela. ”Habituei-me a aprender sozinha e com a vida”, conta Sandra, que desde cedo percebeu que não devia fazer grandes planos para a vida, para não atrapalhar os planos que a vida tem para ela. Ser empregada de escritório não era um emprego muito motivador, pelo que não hesitou um segundo antes de dizer sim, quando a mãe, Maria José Oliveira, a desafiou a ir ajudá-la na Paloma, uma pequena fábrica de confeções que pusera de pé em Creixomil, atingindo assim o generalato no mundo dos trapos, onde subiu a pulso, pelo caminho das escadas e não o do elevador, debutando como costureira, especializando-se no corte e sendo promovida a encarregada antes de se aventurar como empresária. Sandra tinha 22 anos e começou por baixo na fábrica da mãe, onde o pai (mecânico de máquinas de costura) também dava uma mão. Ocupava-se sozinha do escritório (“Já sabia um bocado de escrita”), mas o seu trabalho não se esgotava no manuseamento da papelada - também passava a ferro, pregava botões e embalava. “Fazia tudo o que era preciso”, resume. Até que aqui há coisa de três anos, a vida revelou-lhe finalmente os planos que tinha para ela. O negócio de trabalhar a feitio não estava a correr bem e a mãe, cansada, fechou as portas da Paloma. “A vida obrigou-me a tomar uma decisão”, explica Sandra, que face ao encerramento da Paloma resolveu ativar a Orchid Woman, empresa que criara em 2011 e estava adormecida à espera de vento favorável ao lançamento de uma marca própria de roupa para mulher. Começou do zero. Arranjou um pavilhão no Parque Industrial de Sezim, candidatou-se a uma linha de financiamento da Câmara de Guimarães e a Orchid Woman saiu do papel para o terreno, como fábrica de confeções para senhora, com o projeto de ir mais atém que a Paloma e do trabalho a feitio - para já a aposta é no private label, mas o sonho de uma marca própria continua vivo na cabeça e coração de Sandra. “A ideia é fazer roupa jovem para uma mulher moderna, que gosta de se sentir confortável, mas também elegante e de estar na moda”, conta, acrescentando que ainda não encontrou a pessoa certa para desenhar a sua coleção. “Eu ocupo-me da parte comercial, gosto de gerir a produção e organizar a empresa. A criação não é para mim”, explica. Há dias melhores e outros que nem tanto, mas ela nunca desanima. “Tudo se há-de resolver. Amanhã é outro dia. O que é preciso é arregaçar as mangas e trabalhar”, diz Sandra, filha de Maria José (que a ajuda nesta empresa; “a minha mãe sabe trabalhar muito bem”) e mãe de Miriam, a filha de15 anos que a acompanhou à London SVP (“ficou encantada com a feira e até atendeu clientes”). “A experiência até está a ser muito interessante e motivadora. Estou sempre a aprender com as pessoas com quem trabalho. Quando não tenho a certeza deixo-me guiar pelo instinto. Penso que consegui fazer uma boa equipa de trabalho. Precisamos todas umas das outras”, confessa Sandra, olhando com orgulho para o chão de fábrica, onde trabalham umas duas dúzias de costureiras, e acrescentando: “Ligo o ar condicionado uma hora antes, para já estar quentinho quando elas chegarem”.t
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EYEFITU FACILITA VIDA DE QUEM COMPRA ONLINE A vida dos clientes de lojas de roupa online está facilitada com a aplicação EyeFitU que junta mais de 45 lojas online e centenas de marcas (como a Asos, Forever 21, Net-A-Porter ou Puma) e faz corresponder as suas tabelas de tamanhos com as medidas e os perfis dos utilizadores. A EyeFitU usa um algoritmo que combina dados estatísticos, tamanhos do corpo, preferências e o feedbacks de outros utilizadores. As marcas também são beneficiadas pois quase dois terços das mulheres que compram roupa online devolvem pelo menos uma das peças que adquiriram.t
LANIDOR INVESTE 1,8 MILHÕES PARA CRESCER
THERE’S SOMETHING IN THE AIR
“There is something in the air” é o titulo da produção de moda que é o prato principal da revista Fashion From Portugal, um dos instrumentos da campanha homónima em curso de promoção internacional da imagem da ITV portuguesa. Duas Franciscas (Miguel e Perez), ambas modelos da Best, vestindo roupas de Katty Xiomara, Micaela Oliveira, Luís Buchinho e Júlio Torcato, andaram pelos céus do Porto, com o auxílio do maior guindaste dos Bombeiros Sapadores. Uma produção épica, concebida, montada e fotografada por Cassiano Ferraz, o comandante chefe desta operação.t
EURATEX NO PORTO COM O MODTISSIMO A 6ª convenção da Euratex (European Apparel and Textile Confederation) será realizada no Porto, a 3 e 4 de Outubro do próximo ano. O conjunto de conferências, que trará a Portugal os principais representantes da indústria têxtil de toda a Europa, coincidirá com a edição de Inverno do MODtíssimo. João Peres Guimarães, representante da ATP no board da Euratex, afirma que este “é o reconhecimento da importância da indústria têxtil portuguesa numa perspetiva europeia”. Depois de se ter realizado em Istambul, Brugge, Berlim, Milão e agora em Lyon, a convenção vem até ao Porto, onde João Guimarães espera “poder dar-lhe uma certa alegria”, algo que, diz,
não tem sido comum. “Queremos mostrar a todos os conferencistas uma têxtil em movimento, com todo o seu colorido e vivacidade”, acrescenta. A convenção anual da Euratex acontece desde 2012 e reúne os representantes das associações da indústria têxtil de toda a Europa, discutindo-se assuntos da atualidade. A última ocorreu em Lyon, e contou não só com a presença do representante da ATP como também do presidente da associação, Paulo Melo, e do diretor-geral, Paulo Vaz . Em Lyon discutiram-se temas como a importância da criatividade para a indústria têxtil e a proteção intelectual, o financiamento das pequenas e médias
empresas do setor e o problema da mão-de-obra especializada. João Guimarães conclui, dizendo que “chegamos à conclusão que, desde os países mais ricos aos menos ricos, o problema da indústria têxtil é muito similar: a má imagem que a nossa sociedade tem da indústria e daí a dificuldade em obter a atenção, quer de eventuais candidatos a trabalhar no setor, quer das entidades financeiras que acabam muitas vezes por não acreditar no setor.” A Euratex tem como principal ação servir como lobby junto do poder em Bruxelas e representar em uníssono a têxtil europeia, ouvindo os interesses de todos os países e associações envolvidas t
MUSEU TÊXTIL EM CASTELO BRANCO A Câmara de Castelo Branco está a investir 800 mil euros na criação de um Museu Têxtil , que está a ser instalado na antiga Fábrica da Corga, na União das Freguesias de Cebolais de Cima e Retaxo, e deverá abrir as portas no início da próxima Primavera. “Vai ser um museu vivo, que preservará a memória da indústria e onde será possível revisitar a sua história. É também um projeto com uma com-
ponente social, pois permitirá reviver o passado às pessoas que trabalhavam nos laníficios”, explica o presidente da câmara, Luís Correia. A Fábrica da Corga, que tinha uma fiação e tecelagem de lãs escocesas, estava fechada quando foi adquirida em 2014 pela autarquia, que contratou uma empresa especializada na recuperação dos equipamentos industrias, pois a ideia é que os visitantes do museu vejam as máquinas a funcionar.t
A Lanidor está a investir 1,8 milhões de euros no aumento em 40% da capacidade produtiva da sua fábrica de Valongo do Vouga, um sinal de que já estão para trás das costas os tempos de crise, que obrigaram a empresa a fechar 38 lojas e despedir 200 trabalhadores. A Lanidor chegou a ter 189 lojas. Agora tem 151 lojas e mudou os critérios de expansão da rede, privilegiando nas novas aberturas cidades mais pequenas, como Mirandela, Pombal, Cantanhede e Elvas. t
“Estamos a desenvolver tecidos para vestuário, calçado e acessórios, como sacos, que não têm nada a ver com banho, o que ilustra a nossa capacidade de chegar a outros segmentos com igual sucesso, desde o golfe ao fitness, passando pela forte tendência do athleisure. Os clientes estão a adorar estes tecidos” Manuela Araújo CEO da Lemar
GRÁVIDAS ALEGRES É O QUE QUER A MAG A MAG (Maman Avant Garde), está a lançar peças de vestuário para as festas de Natal e Ano Novo destinadas a grávidas. As principais apostas são dois vestidos (um vermelho para as festas natalícias e outro para a passagem de ano) e uma t-shirt também para o Natal. Criada há ano e meio por Adriana Andrade, a MAG tem sede na Maia e vende exclusivamente vestuário para grávidas em lojas multimarca de puericultura em Portugal, Espanha e Andorra.t
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OPINIÃO 2005
Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
O MUNDO MUDOU ...OUTRA VEZ
MAIS UM PASSO EM FRENTE NA CONSOLIDAÇÃO ASSOCIATIVA Os estados maiores da ANET (Associação Nacional das Empresas Têxteis) e da ATP reúnem em Março de 2005 para acordarem os termos da fusão entre as duas associações, que se tornaria efetiva a partir de 1 de Julho desse ano. Na reunião, que tem lugar na sede da associação dos grossistas têxteis (que funcionava no antigo escritório de advocacia de Francisco Sá Carneiro, na rua da Picaria, Porto), participam: do lado da ANET (à esquerda na foto), Carlos Alberto Martins (Fernando Pinto Moreira), presidente da direção, Luís Aureliano Martins da Silva (Santos, Irmão & Marques), presidente da mesa da assembleia geral e Jorge Manuel Queiroz (Manuel Queiroz), vice-presidente; e, do lado da ATP, João Costa (Romatex), vice-presidente, Fernando Barroso (Nova Alvorada, SA.), presidente da assembleia geral, e Paulo Nunes de Almeida (TRL), presidente da direção.t
O mundo mudou...outra vez! E há um sentimento generalizado de que não é para melhor. A geopolítica e a geoeconomia estão em processo de ajustamento, como placas tectónicas depois de sismos consecutivos, prometendo mais movimentos telúricos e destruição da ordem conhecida. Aquilo que parecia impossível há escassos meses atrás realizou-se para a nossa completa estupefação: a saída do Reino Unido da União Europeia (o “Brexit”) e a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, permitindo pensar que a possibilidade de outros candidatos populistas e de extrema-direita possam vir a ganhar eleições em países da União Europeia, como pode ser o caso da Áustria ou da França, é cada vez mais certa. É um terreno desconhecido e extremamente desconfortável, pois o passado já nos revelou o que de pior da natureza humana pode trazer, cavalgando o desespero e inconsciência dos cidadãos, acabando sempre em indizível sofrimento e em massiva destruição de vidas e bens. O que está a suceder não é bom para o negócio, para qualquer negócio, incluindo o da Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa. Depois de anos a recuperar, apostando numa estratégia certa, abandonando a competitividade perdida pelo custo para agarrar a diferenciação pelo valor, fazendo crescer volume de negócios, exportações e emprego, a ITV nacional está perante o desafio de uma retração da globalização e pelo regresso ao protecionismo em muitos mercados de grande expressão e potencial para as iniciativas de internacionalização das nossas empresas. Não sei o que aí vem, como, provavelmente, ninguém sabe. Como em tudo que é determinante na vida, devemos estar sempre à espera do melhor e preparados para o pior dos cenários. A ITV portuguesa é um exemplo global de resiliência e tenacidade, porque esta sabe adaptar-se como poucas outras. O segredo dessa capacidade única de ajustamento tem a ver a qualidade das pessoas, dos empresários e dos trabalhadores, os quais, mais que tudo, acreditam no que fazem porque acreditam na sua própria vontade e no que esta produz. Em tempos de incerteza, que estão irreversivelmente abertos, é esta cristalina constatação que nos faz crer, venha o que vier, que acabaremos por sair vencedores. t
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João Peres Guimarães Membro do Conselho Consultivo da ATP
Vitor Rego Direção Criativa do grupo Goucam
APONTAR AO COURAÇADO
THE TIMES THEY ARE A-CHANGIN'
A vida, das empresas ou das pessoas, é uma sucessão de lutas contra as adversidades. Ter sucesso não implica vencer exaustivamente todas as batalhas. Mas algumas, as mais importantes, não se podem perder. O dia a dia das empresas têxteis portuguesas está repleto de dificuldades: concorrência desmedida e muitas vezes desleal, custos energéticos elevados, carência de profissionais habilitados, falta de apoios financeiros adequados à dimensão das empresas, surdez dos agentes políticos às reais necessidades da indústria, legislação laboral e ambiental desajustada às necessidades e ao tempo que se vive... e por aí fora. Após muito sofrimento a ITV foi capaz de ultrapassar várias adversidades e neste momento é necessário apostar na continuação do crescimento verificado nos últimos anos. Para tal é preciso concentrar-mo-nos no essencial: liberdade e igualdade de oportunidades nas trocas comerciais, o que significa incrementar o número de acordos comerciais (Free Trade Agreements), acelerar os que estão em curso e simplificar os que já existem. Foi com agrado que finalmente assisti à assinatura do CETA (acordo comercial com o Canadá) e com apreensão que acompanho o andamento do TTIP. Mas independentemente da relevância que estes acordos terão para a têxtil portuguesa há um que me parece ainda mais importante e cuja discussão se arrasta há anos: o acordo entre a U.E. e os estados mediterrânicos. A assinatura do PanEuroMed Agreement é essencial para manter o ritmo de crescimento das nossas exportações têxteis. E paralelamente poderia ajudar a fixar no norte de África, em condições humanamente aceitáveis e vantajosas para todas as partes, os migrantes que se aventuram em travessias para a Europa. Nesta convenção, crucial para a ITV, é a questão das Regras de Origem. A nível europeu cada país tem uma industria têxtil com diferentes interesses no que diz respeito à melhor defesa dos seus objectivos o que se refletiu na dificuldade em obter uma posição comum nesta matéria. Após meses de acesa discussão entre os membros que constituem a nossa Federação Europeia – a Euratex – e na qual os interesses da ITV nacional são defendidos apenas e só pela ATP, foi possível , em 2011, chegar a um acordo interno. São regras complicadas sobretudo porque a ITV europeia precisa de se proteger de práticas desonestas e porque as tabelas alfandegárias não refletem as diferentes fases de produção da indústria de um modo adaptado à realidade e necessidade atuais. Penso que é esta uma das mais importantes batalhas que neste momento temos que vencer. E decide-se em Bruxelas. É para lá que devemos apontar as nossas baterias.t
Os estilistas e a indústria devem repensar o mercado, mudar formas de apresentar as suas coleções e os tempos de espera. Vivemos tempos de profundas mudanças na moda, em parte influenciada pelas alterações no clima mundial. As estações do ano deixaram de ser regulares e isso tem contribuído seriamente para maus resultados no negócio da moda. Também os meios de comunicação são um fator de imposição para que algo seja alterado. Durante muitos anos, homens e mulheres esperavam pacientemente pelo período de saldos e promoções. Hoje, todos os dias recebem propostas de descontos e promoções e isso retira, na minha opinião, a força à indústria e ao retalho que deixam de ter margens de rentabilidade. Indústria e criadores devem concentrar esforços para que estações e temporadas sejam reprogramadas. As coleções devem ser pensadas com as tendências mais atualizadas, com propostas mais adequadas ao clima e às necessidades dos compradores. Deixa por isso de fazer sentido pensar em coleções apenas duas vezes ao ano como se fazia antigamente, Verão e Inverno. Hoje os meios de comunicação através de plataformas digitais colocam-nos à distância de um simples clique para oferecer propostas e criar emoções aos clientes. Por outro lado, criadores e indústria têm hoje o seu foco na apresentação e preparação de novas propostas e coleções que asfixiam as linhas de produção com amostras e muitas das vezes os resultados quase não justificam o esforço e o desenvolvimento de tanto trabalho. Hoje temos em qualquer marca excelentes propostas, designs mais atrativos, mais irreverentes, apenas com um objetivo de inovar e pensar em algo que por ser diferente atrai o cliente. Quanto ao futuro, seria importante ter processos de produção mais rápidos, coleções mais reduzidas, coleções menos espaçadas no tempo ajustadas às tendências e ao clima. Perante isto, os criadores terão mais tempo para pensar o desenho e o produto, o esforço financeiro das empresa será mais repartido e os resultados serão talvez com menor esforço mais rentáveis. Em resumo, hoje o comprador deixou de pensar em temporadas e em estações e fundamenta as suas opções de compra em função do gosto e da sua necessidade. Estamos no fim de uma era e no início de outra.t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Coração de ouro, no T de Natal, que celebra o nascimento do menino Jesus, Katty resolveu vestir o outro Jesus (o Jorge) para ele passar, quentinho e na moda, as festas em Alvalade - feito que não está ao alcance de todos os treinadores do Sporting. Para evitar que o sexagenário (mas eternamente jovial) Jesus sofra com o frio a nossa Katty desenhou um macacão de underwear, todo fashion e high tech, para ele usar em vez das tradicionais ceroulas e t-shirt térmica. Amiga!
Jesus renasce crescido e de cabelos brancos Dezembro é um mês em CHEIO – no conceito global da palavra. Cheio de frio, cheio de luzes e adornos coloridos, cheio de festas e jantares, cheio de doces e boa comida, cheio de prendas, cheio de promoções e “black days”, cheio de consumo descontrolado, cheio de boas ações, cheio de momentos de humanidade que esquecemos de praticar no resto do ano… e claro, cheio de Pais Natais! Não podíamos deixar passar esta oportunidade, para encher esta ultima edição do ano, com a personagem que consideramos ser o melhor candidato para Pai Natal 2016. A história conta, que o Pai Natal é uma forte e resistente figura publicitária que ficou registada no universo infantil, e não só, um pouco por todo o mundo. Algumas crianças o consideram uma espécie de avô do Menino Jesus, pelo menos aquelas que sabem o porquê do Natal. O menino Jesus renasce dia 25 de Dezembro de cada ano, mas, estamos na era do Ex-Machina, do Westworld, do Strange Things…. Por isso, este ano, o Menino já não renasce menino, renasce crescido e de cabelos brancos. Não é difícil portanto, ser ele próprio o nosso Pai Natal 2016. Sim, Jesus é o candidato vencedor. Sim, o Jesus do futebol…! O Jesus com diploma da Real Academia espanhola, o Jesus que joga com 14 jogadores compostos pela interessante soma de 11+ 4. Esse Jesus! Um Jesus tão especial, tem de ter um fato de Pai Natal especial. O primeiro a fazer é mudar a cor, será verdinho em vez de vermelhinho e em vez do tradicional roupão com pelo farfalhudo nas bordas, será num fato macaco Super TEC. Comecemos pelo underwear. Em vez das ceroulas e a t-shirt térmica, optamos antes por um macacão inteligente. Este medirá o ritmo cardíaco e respiratório, permitindo ao Pai Natal controlar a sua performance na noite mais atarefada do ano. O macacão é interior, mas capricha na cor, com um padrão inspirado nos duendes de Alvalade, todo às riscas brancas e verdes. Para aquecer um pouco mais, umas meias de lã com padrões natalícios que calculará a quantidade de passos e a distância percorrida pelo nosso Jesus. Para a cobertura sugerimos outro macacão, todo ele verde decorado com farfalhudo pêlo branco, não só nas bordas, mas também nos ombros, camuflando uma zona coberta com espuma memory, que ajudará a minimizar o peso do grande saco de presentes que o Jesus carregará nesta noite memorável. Este macacão terá um sistema integrado de aquecimento e um bolso especial para manter o telemóvel constantemente ativo. Mas as melhores surpresas foram reservadas para os acessórios. Umas luvas brancas equipadas com díodos orgânicos que projetam luz por forma a iluminar as investidas perigosas que terá de fazer na escuridão das casas. Umas botas, a que chamamos carinhosamente de Rudolfas, munidas de um especial sistema de navegação que equilibrará toda a informação dada pelas meias, fazendo o melhor aproveitamento destes dados em benéfico das crianças. Por último, em vez do icónico gorro pontiagudo pensamos num head set divice com sensores ligados diretamente ao pensamento do nosso Pai Natal, permitindo uma tradução fiável e rápida de cada Oh Oh Oh! Feliz Natal!!t
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Dezembro 2016
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Pavilhão de Caça Rua Gonçalves Zarco 2516 4455-821 Santa Cruz do Bispo Matosinhos
CAÇAR EM LINHA COM A ITV No restaurante Pavilhão de Caça, a dois minutos do Ikea e do Marshopping em Matosinhos, o forte são os pratos de caça, mas também lá se fazem umas tripas de comer e chorar por mais. Quem não tem cão, caça com gato? Como não sou caçador (nem sequer de dotes, que os há aos potes) não posso afiançar a verosimilhança do dito, mas passando o assunto para a mesa, aí já a conversa fia muito mais fino. Ninguém come gato por lebre! No caso do Pavilhão de Caça, aqui está uma afirmação que posso fazer sem qualquer medo de ser desmentido. Mas se recuássemos no tempo alguns anos também poderia dizer com a mesma se-
gurança, que lá também ninguém comia jacaré por crocodilo, búfalo por bisonte ou cavalo por avestruz. Foi também assim que a nossa ITV se impôs no mundo, nunca vendendo gato por lebre . Houve tempos em que o Pavilhão de Caça era quase um jardim zoológico à mesa, mas a procura corrigiu o tiro e hoje a caça que lá se come, é a caça que cá se faz. A perdiz à caçador é a minha perdição, com a castanha como deve ser, as cebolinhas a desfazerem-se e até as batatas "marcham", apesar de não ser nada "batateiro". Na minha hierarquia cinegética entra a seguir o lombinho de veado grelhado, que vem para a mesa com
uma pedra quente, para que o possamos comer no ponto de assadura desejado. Para além de um molho delicioso que é um dos segredos destes caçadores de arromba, o veado faz-se acompanhar a preceito com uma cebola caramelizada e um puré de maçã que não desmerecem. Este ano ainda não provei o arroz de lebre, mas sei que também o posso recomendar "à confiança" e o mesmo posso dizer do javali estufado ainda que eu o prefira grelhado. E a preferência assim continuará, enquanto os meus dentes se mantiverem firmes e hirtos como até ao momento em que vos dou conta destas minhas caçadas, que já me estão a inundar a boca de saliva.
Dizem-me os caçadores amigos que pela paixão da caça ficam em qualquer pardieiro e que os tascos em que amanham a fome são sempre escolhidos pelo que lá comem e não pelo visual ou excelência das instalações. Será talvez esta a razão que tem levado o Pavilhão de Caça a adiar uma remodelação necessária, mas a verdade é que mal aparecem na mesa os rissóis de caça, os pimentinhos de Padron e a alheira, com o vinho da casa, já ninguém tem olhos para o "embrulho". Para os mais sensíveis, fica a notícia de que podem encomendar a perdiz e levá-la para comer em casa que ela ainda ganha com a viagem.t
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SOUVENIRS
MALMEQUER Por: Carolina Guimarães
Miguel Vieira, 50 anos, nascido em São João da Madeira. Presença habitual em todas as passarelas de Portugal, também causa furor nas várias fashions weeks do estrangeiro. Com o Natal a aproximar-se, gosta da noite de consoada e dos famosos bilharacos de abóbora
A MINHA VELHA GABARDINA!
Gosta
Não gosta
Música gospel banda desenhada da Disney
Mosquitos frio e chuva arroz de cabidela
dia Instagram calor praia Tailândia cozido à
cerveja motas perder o avião em escala
portuguesa pudim Abade Priscos da minha
sandálias com meias para homem ginásios
família abacate espumante Mercedes camisas
(musculação) tomate cru campismo
brancas noite de consoada FCP humildade cor
televisão no quarto cheiro a suor jogo de
preta do meu país escapulários rir positivismo
casino drogas pessoas chatas vedetismo
preparar a mesa tulipas gatos (tenho quatro)
homofóbicos dores pessoas derrotistas
arquitectura rodovalho da minha equipa
cozinhar cravos vermelhos dizer não
hotéis design Obama Papa Francisco lençóis
pipocas no cinema desarrumação dormir no
brancos tecnologia dizer bom dia no elevador
hospital música muito alta computadores
a desconhecidos Hotel Ritz de Paris bilharacos
lentos Donald Trump Kim Jong –Un lençóis
de abóbora Cristiano Ronaldo viajar lareira no
de flanela mulheres com buço pijamas
Inverno minimalismo pessoas com garra fábricas
filmes de terror after shave perder
Professor Pardal da Disney praia e mar ver os
coisas ficar sem bateria no telemóvel que
amigos felizes dormir massagens estar com
maltratem animais comida sem sal falta de
pessoas que me fazem rir backstage dos desfiles
pontualidade trânsito ser traído tédio ver carros funerários carpideiras radares
Lembram-se da mítica série policial dos anos 70 sobre um detective incrível que dava pelo nome de Columbo? O detective Columbo, interpretado brilhantemente por Peter Falk, tinha três ou quatro particularidades que o tornavam bizarro, mas carinhosamente “nosso”: tinha um ar completamente estrábico, confrangedoramente insignificante, exuberantemente inteligente e, também tinha, uma gabardina que parecia ser a sua única peça de vestuário. Um dia, estava eu em Londres e uma querida amiga que lá vivia desafiou-me a visitar uma feira de criadores independentes, que expunham roupa em antigos armazéns abandonados. Na figura de um manequim tive a inusitada sensação de ver o meu saudoso Columbo, sem que a cara de Peter Falk aparecesse em lado nenhum. Era, claro, a força da gabardina! Ela lá estava com as abas para cima, no mesmo tom branco sujo, com o mesmo cativante ar de uma peça elegantemente amarfanhada. Desde esse dia passei a gostar do Inverno e até a esperar por ele com algum nervosismo. É o tempo do reencontro com a minha querida gabardina que na altura das chuvas se aconchega em mim e eu nela. Passamos muito tempo juntos, tempos saborosos como quando nos refugiamos no café de sempre, a beber juntos um chocolate quente a ver a chuva ameaçar-se nas vidraças!t António de Souza-Cardoso, Presidente da Causa Real
Telling Textile Stories PALCO Frankfurt no Meno, Parque de Exposições. Mais de 2.850 expositores de todo o mundo com novidades em têxteis para a casa. ACÇÃO Uma ocasião única para descobrir têxteis para o lar e para hotelaria, para senti-los, para colocar encomendas e para observar de perto as tendências do sector. O SEU PAPEL Escrever a sua própria história de sucesso na Heimtextil: Troque informações sobre temas actuais com outros especialistas. Vá à descoberta das tendências no Parque Temático EXPLORATIONS e descubra texturas e amostras fascinantes. Deixe-se inspirar pelos nossos expositores e pelas Tendências 2017/2018. Mais informações e bilhetes em heimtextil.messefrankfurt.com info@portugal.messefrankfurt.com, Tel. 21 793 91 40
de 10 a 13. 1. 2017 de Terça a Sexta-Feira