T16 - Janeiro 2017

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VIRGÍNIA ABREU CEO Crispim Abreu

“HORAS EXTRA DEVIAM SER ISENTAS DE IMPOSTOS”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

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FASHION FROM PORTUGAL

PERGUNTA DO MÊS

THERE’S SOMETHING IN THE AIR

O QUE É QUE VAI ESTAR A DAR NOS TÊXTEIS-LAR?

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P4E5 EMERGENTE

A PAIXÂO DE MICAELA PELO BALLET P 25

DOIS CAFÉS E A CONTA

PAULO NEVES UM HOMEM COM SUPERPODERES P6

TÊXTEIS TÉCNICOS

OITO EMPRESAS ARRECADAM 43 PRÉMIOS ISPO P 22

A MINHA EMPRESA

A REINVENÇÂO DO BUREL POR ISABEL COSTA P 12



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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Cláudia Nair Oliveira 38 anos Uma das quatro mentoras do projeto Marias Paperdolls, que há cinco anos identificaram na reciclagem de bonecas de papel de jornais e de revistas uma forma de extravasarem a sua veia artística, Cláudia é de Valongo e acrescentou ao curso do Citex uma dezena de formações em áreas como a tinturaria natural, vitrinismo, pintura de azulejos, modelagem, marketing de moda, estamparia, etc. Vê-se ao espelho numa frase de Florbela Espanca: “sou uma exaltada, com uma alma intensa e violenta, atormentada”.

A FORÇA DA NATUREZA A Natureza, o natural ou aquilo a que muitos agora gostam de chamar ecologia, tem vindo a ganhar uma força crescente no mundo em geral e no mundo dos têxteis em particular. Nesta edição, que chega aos leitores em plena Heimtextil, dedicamos a habitual Pergunta do Mês às tendências emergentes nos têxteis para o lar. Ficamos a saber que esta relação entre os produtos, a sua produção e a Natureza, vai ser uma constante da vida, na exposição, nas conversas e nos negócios que preencherão os dias cheios de Frankfurt. Como não há coincidências, também não há que estranhar que a nossa capa seja a de uma outra força da Natureza, Virgínia Abreu, de seu nome próprio. Na verdade e para sermos justos, o T tem tido o privilégio de apresentar nas suas capas várias forças da Natureza, num conjunto de mulheres empresárias e empreendedoras que têm constituído argumentos de peso nesta nova fase de sucesso da ITV. Ana Paula Rafael, Isabel Furtado, Ana Sousa, Joana Ribeiro da Silva e Conceição Dias enriqueceram os nossos leitores com as suas opiniões e relatos das suas experiências de vida - e ajudaram-nos a ter consciência que a Têxtil há muito que deixou de ser uma indústria só para homens de barba rija. Ganhamos todos com isso!t

Como é viver num mundo de bonecas, muito para lá da infância? É viver num mundo doce, especial e único. Não me lembro em criança de brincar com bonecas. Ao entrar neste mundo de fantasia sinto-me feliz, entre outras coisas, por saber que consigo desenhar sorrisos em cada uma das pessoas que tem uma Maria.

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alguém fale com paixão de algum tema que eu vou logo tentar perceber o porquê de tanto fascínio e depois da pesquisa também eu fico contagiada e entusiasmada. A coabitação com os têxteis-lar é assim uma espécie de também somos lá de casa? Claro que sim. Os têxteis-lar e as Marias coabitam em harmonia perfeita. São como a cereja no topo do bolo.

A participação em feiras como a Maison & Object tem-vos ajudado a crescer? A Maison & Objet era um sonho, desde que tirei o curso de Design Têxtil de Estamparia. Durante anos frequentei-a como visitante. Até que um dia acreditei que as minhas Marias tinham tanto valor como os trabalhos que lá via. Assim, decidi investir tudo que tinha no sonho de expôr a minha obra neste grande evento de arte.

Qual foi a sua obra mais perfeita? E qual é hoje a sua boneca preferida? Não tenho uma obra perfeita, pois ainda ando à procura da perfeição. Perguntarem-me qual a minha boneca preferida é a mesma coisa que perguntarem a uma mãe qual é o seu filho preferido... Cada uma tem a sua história, alma, identidade - e tem, sobretudo, um pouco de mim, por isso torna-se impossível escolher.

Quais são as suas principais fontes de inspiração? São a paixão das pessoas, as histórias de vida e personagens com história, as tradições... Tudo isto me inspira e tem a vantagem de ter uma tela bastante versátil. Há tantas coisas interessantes neste mundo que, por vezes, é-me difícil conter a inspiração. Tomara eu que o meu tempo se limitasse a criar e a pintar. Basta que

Para quando uma coleção dedicada aos novos valores da moda portuguesa? As Marias adoram a moda e vestir-se de novas "roupas". Já se inspiraram em alguns padrões de estilistas internacionais. Ainda não se inspiraram em designers portugueses, mas com certeza que este será um dos desafios a realizar neste novo ano.t

- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto

PROMOTOR

CO-FINANCIADO


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n PERGUNTA DO MÊS Texto de Raposo Antunes

O QUE É QUE VAI ESTAR A DAR NOS TÊXTEISLAR? Sustentabilidade é a palavra chave, o alfa e o ómega nas tendências de moda, não só para os têxteis-lar mas também para todo o setor. “É a sustentabilidade, estádio!”, como dirigia James Carville, o estratego que elegeu Bill Clinton presidente dos Estados Unidos. Terra só há uma, temos de a cuidar com carinho - e parar de abusar dela. O que está a dar é ser verde, amigo do ambiente, economizar nos recursos, exaltar a harmoniosa relação do Homem com a Natureza e ser hábil na integração do virtual no real

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milhões de euros foi o valor das vendas dos têxteislar no mercado externo, em 2015, bastante mais que o dobro das exportações de vinho do Porto, que no mesmo ano foram de 285 milhões de euros

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ustentabilidade é a palavra de ordem nos têxteis-lar para 2017 - e muito provavelmente também nos anos seguintes. Não há ninguém neste importante segmento da têxtil que não valorize, de uma forma mais ou menos enfatizada, essa ideia - que passa pelo fabrico de artigos eco-friendly, atravessa a reciclagem, os produtos naturais (lã e algodão), as fibras amigas do ambiente, e contempla ainda a redução dos gastos energéticos e do consumo de água na produção industrial. Dolores Gouveia, consultora de tendências, design e marketing de moda, lembra que “o importante mercado nórdico foi o pioneiro da sustentabilidade - e hoje já é uma exigência para todos”. Todos, neste caso, significa não só os fabricantes de têxteis-lar portugueses, mas também toda a ITV. “Todo o têxtil começa a ter como palavra de ordem a sustentabilidade. No entanto, acho que no vestuário estão a ser dados

mais passos”, precisa Dolores Gouveia que, a convite da Associação Selectiva Moda, é responsável pelo Fórum dos Produtos Portugueses na mais importante feira europeia de têxteis-lar – a Heimtextil, que decorre em Frankfurt, entre 10 e 13 deste mês, e na qual estarão representadas mais de 70 empresas portuguesas. Esta especialista em tendências enfatiza a importância dos têxteis, designadamente os do lar, privilegiarem nos seus produtos “as relações entre o homem e a natureza e a convergência entre o espaço urbano e o natural”. No fundo, diz, é necessário “fazer coisas anti-stress, mais calmas, mais silenciosas, de cores e materiais que tenham uma maior ligação à Terra”. Administradora da Mundotêxtil, Ana Vaz Pinheiro dá ainda mais lastro à ideia da sustentabilidade. “Essa é a nossa aposta comercial nos produtos - toalhas, roupões e outros artigos para casa de banho) que vamos ter na Heimtextil e que são feitos com algodão orgânico e fibras de ori-

gem natural, todas eco-friendly”, diz. E explica que essa aposta não é apenas uma questão de tendências ou moda, mas sim, sobretudo, “é uma exigência dos nossos clientes e consumidores”. “Eles querem isso”, enfatiza. Há mesmo quem exija que o algodão utilizado nos artigos de lar tenha um certificado de que foi cultivado tendo em consideração os parâmetros da agricultura biológica. E há também quem peça artigos em lã orgânica ou em eco-lã. Obviamente as apostas da Mundotêxtil em Frankfurt passam também por “novos produtos, novas cores e novas estruturas”. “Na mesma feira, o ano passado apresentamos a toalha Candy, que é a toalha mais leve do mundo, com uma gramagem baixa e um toque macio”, recorda, prometendo ao mesmo tempo que este ano “haverá ainda uma surpresa maior do que a do ano passado”. Rui Azevedo, responsável pela imagem e comunicação da MoreTextile, ergue mais um pilar no edifício da sustentabilida-


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“É necessário fazer coisas anti-stress, mais calmas, mais silenciosas, de cores e materiais que tenham uma maior ligação à Terra” Dolores Gouveia Responsável pelo Fórum de Tendências português na Heimtextil

“Apostamos em produtos feitos com algodão orgânico e fibras de origem natural, todas eco-friendly. A sustentabilidade é uma exigência dos nossos clientes e dos consumidores” Ana Vaz Pinheiro Administradora da Mundotêxtil

de. “Focado em criar o melhor, em desenvolver tecidos confortáveis, de alta qualidade e respeitando a natureza, o grupo aposta e promete surpreender com um novo produto – o Eco Heather – que alia a excelência à sustentabilidade”. O Eco Heather é produzido a partir da reciclagem dos desperdícios da fiação do grupo. Ao reciclar é obtida uma mistura de várias fibras utilizadas na produção standard, e através de um processo industrial eficiente é produzido um novo fio que permite a criação de tecidos resistentes, com durabilidade e textura suave. A Lasa já há muito que tem uma matéria-prima natural para o fabrico dos seus artigos para a casa de banho e roupa de cama. “Só utilizamos fios biológicos nos nossos produtos”, adianta a administradora Isabel Antunes. Daí que na Heimtextil as apostas sejam sobretudo ao nível de “novos conceitos em termos visuais”, diz Carina Ferreira, uma das designers da empresa. A tendência, acrescenta Isabel Antu-

nes, “é ter artigos mais naturais”. “Entre outros, vamos abordar o branco na sua plenitude numa tentativa de extrair de toda a sua luz as mais diversas formas e texturas”, acrescenta. Outro dos temas que a Lasa leva para Frankfurt nos seus artigos intitula-se Mineral Blue. “Este tem como inspiração base os minerais, como os mármores, as ondas do mar o gelo, os cristais e pedras de uma forma geral”. Os temas escolhidos pela Lasa remetem de novo para as novas tendências de que falava Dolores Gouveia: a relação entre o Homem e a Natureza; e a forma como o real e o virtual são integrados. Agostinho Afonso, administrador da Têxteis Penedo, garante que terá “uma aposta forte nas áreas da cama, mesa e decoração. Sobre as novas tendências remete para “uma coleção luxuosa com uma oferta completa para a decoração da casa, destacando-se o requinte do jacquard”. “Hoje, os têxteis-lar, que sempre foram importantes no universo do têxtil português,

deixaram de ser um mero produto. Além da qualidade que já oferecíamos, passamos a ser mais criativos, com artigos em que o design é muito valorizado”, diz a também responsável pelo Fórum dos Produtos Portugueses. E considera mesmo que nos têxteis-lar, tanto em termos criativos como na qualidade, estamos em linha com “ingleses, franceses e italianos”. Prova disso são os artigos selecionados para o Fórum. Dolores Gouveia recebeu mais de 150 produtos, que foram organizados por temas. “Todas as empresas trabalharam muito o conceito de convergência de culturas. O lado étnico, modernizado e com uma linguagem mais gráfica”, resume. Além do algodão orgânico, em termos de matérias-primas “sobressaem produtos com brilho através da inserção de viscose”. “Quanto às estruturas e efeitos texturados, destacam-se os ninhos de abelha”. É assim que os têxteis-lar portugueses querem conquistar o mundo, a partir da Heimtextil, em Frankfurt. T

“Focados no desenvolvimento de tecidos confortáveis, de alta qualidade e respeitando a Natureza, vamos surpreender na Heimtextil com um produto, o Eco Heather, que alia a excelência à sustentabilidade” Rui Azevedo Responsável pela Comunicação e Imagem do grupo MoreTextile

“Só usamos fios biológicos nos nossos produtos. A tendência é ter artigos mais naturais. Vamos abordar o branco na sua plenitude, numa tentativa de extrair de toda a sua luz as mais diversas formas e texturas” Isabel Antunes Administradora da Lasa

“Na Heimtextil vamos fazer uma aposta forte nas áreas da cama, mesa e decoração. Uma coleção luxuosa com uma oferta completa para a decoração da casa, destacando-se o requinte do jacquard” Agostinho Afonso Administrador da Têxteis Penedo


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Torres

Avenida D. Afonso Henriques 4760-400 Vila Nova de Famalicão

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Entradas: Pataniscas de bacalhau, presunto pata negra e amêijoas à Bulhão Pato Pratos: Cabrito assado e costeletão Bebidas: Pássaro (trajadura e alvarinho), água e cafés

O HOMEM COM SUPERPODERES A kriptonite anula os poderes ao Super Homem. Paulo Neves e sua Coltec têm precisamente o efeito contrário ao da kriptonite, pois conferem superpoderes aos tecidos em que trabalham na sua fábrica em Guimarães, aplicando-lhes membranas e revestimentos, para benefício de clientes de áreas tão diversas como a têxtil, confeção, saúde, proteção ou automóvel. O fato do Super Homem é invulnerável, mas o pijama que a Coltec apresentou na Techtextil não lhe fica nada a dever, pois com o tratamento hidratante e antibacteriano a que foi sujeito torna muito mais confortável

o dia-a-dia dos acamados de longa duração. O Super Homem tem uma capacidade inaudita de inspirar e expirar enormes quantidades de ar e emite energia solar com os olhos, mas a Coltec, na sua qualidade de líder nacional no fornecimento de serviços de laminação têxtil em diversas técnicas (incluinda a trilayer, em que foi pioneira), garante aos tecidos superpoderes não menos significativos, como a regulação térmica, impermeabilidade e a respirabilidade, bem como a capacidade de repelir mosquitos ou óleos, cortar o vento

Paulo Neves

60 ANOS CEO DA COLTEC Nasceu e cresceu em Vizela, filho de uma mãe doméstica e um pai vendedor de borrachas. Mal acabou o liceu, em Guimarães, partiu para Inglaterra, onde estudou Marketing na London Technical School. “Sentia que tinha feitio para comercial”, explica. Quatro anos depois, no dealbar dos anos 80, regressou ao Minho fluente em inglês, com mais mundo e a cabeça aberta a novos projetos, o que ajuda a compreender porque logo se aventurou a criar a Neves & Cia, hoje mais conhecida pela sua marca (Coltec). 1981 foi um ano de viragem - fundou a empresa em abril e casou em outubro. Mas o momento decisivo na sua vida só aconteceria cinco anos depois, quando se tornou industrial. A partir daí nunca mais parou de investir em equipamento e tecnologia. Portista e caçador, vive em Santo Tirso, é casado e tem dois filhos (Paulo, 34 anos, e José Eduardo, 31) que já trabalham com ele

ou retardar a propagação do fogo. Apesar de dispor de visão raio X, o Super Homem experimentaria enormes dificuldades em distinguir o couro velho e as peles de crocodilo e cobra das suas imitações em tecidos tratados pelas máquinas da Coltec. Substituir o couro pela cortiça é o mais recente e sexy projeto da Coltec, desenvolvido pelo seu departamento de inovação, onde trabalham quatro engenheiros (dois de Química Têxtil, um de Polímeros e outro de Produção). “A cortiça tem as mesmas características que o couro. Além disso, é mais leve, à prova de água, um produto sustentável e 100% ecológico. Só nos falta um parceiro para levar para a frente este projeto, que tanto pode ser utilizado na indústria de confeções como na de calçado”, explica o CEO da Coltec, que emprega 40 trabalhadores e faz um volume de negócios de cinco milhões de euros, dos quais 40% correspondem a exportação direta (valor que sobe para 95% se lhe acrescentarmos a exportação indireta). Paulo Neves escolheu almoçarmos no Torres, onde petiscou um dos seus pratos favoritos (Amêijoas à Bulhão Pato), antes de comer o cabrito acompanhado apenas por verduras e empurrado por um dos seus brancos preferidos - um blend de Alvarinho e Trajadura, da região de Monção e Melgaço, assinado por Anselmo Mendes. A Coltec está a apostar na tecnomoda (o cruzamento da tecnologia com a moda, segmento onde surpreendeu com a apresentação de um vestido de cortiça dourada) e da saúde, onde tem tido bastante sucesso com os seus protetores de colchão esterilizados, impermeáveis, antibacterianos ou com retardamento de fogo, destinados a hospitais, residências geriátricas ou hotelaria. “O caminho para o futuro é cada vez mais técnico. Não podemos nunca parar de investir em inovação, desenvolvimento de novos produtos e em máquinas mais modernas e com maiores larguras. Parar é morrer”, conclui o CEO da Coltec que está a investir dois milhões de euros em equipamento e na mudança para novas instalações, com uma área coberta de seis mil m2 (mais do dobro das atuais), operação que estará concluída até ao Verão.t



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1. A 9 DE SETEMBRO, O DIA D DA PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA, O CÉU DO PORTO ESTAVA TÃO AZUL QUE ATÉ PARECIA TER ACABADO DE SAIR DA MÁQUINA DE LAVAR. “TIVEMOS SORTE COM O TEMPO, MAS EU TERIA PREFERIDO QUE ESTIVESSE UM POUCO MAIS CARREGADO DE NUVENS”, CONFESSA CASSIANO

THERE’S SOMETHING IN THE AIR O que andou pelo ar, no coração do Porto, foi a moda Made in Portugal, assinada por cinco designers - Katty Xiomara, Micaela Oliveira, Luís Buchinho, Júlio Torcato e Ricardo Andrez - e vestida por Francisca Miguel e Francisca Perez, duas modelos corajosas que desafiaram a força da gravidade e levantaram voo numa vertiginosa produção de moda concebida e fotografada por Cassiano Ferraz para a revista da campanha de imagem internacional Fashion From Portugal 7. O CARRO DE APOIO À EQUIPA DE CICLISMO W52-FC PORTO-PORTO CANAL (VENCEDORA DA VOLTA A PORTUGAL) FUNCIONOU COMO QUARTEL GENERAL PARA UMA VASTA EQUIPA QUE INCLUIU UM ADVOGADO, DOIS ESPECIALISTAS EM CIRCO E ACROBACIA, DOIS STYLISTS, UM MOTORISTA, TRÊS AJUDANTES, CABELEIREIRO E MAQUILHADORA

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8. DEPOIS DA SÉ, FOI A VEZ DO EDIFÍCIO DOS PAÇOS DO CONCELHO SERVIR COMO CENÁRIO PARA A PRODUÇÃO DE MODA


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2. NO DESENHO E CONCEÇÃO DESTE TRABALHO, CASSIANO INSPIROU-SE NA CÉLEBRE PRODUÇÃO “THE BUBBLE GIRL IN PARIS” (1963) DO FOTÓGRAFO NORTE-AMERICANO MELVIN SOKOLSKY E RECORREU AO MAIOR GUINDASTE DOS SAPADORES BOMBEIROS

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3. A ESPETACULARIDADE DA PRODUÇÃO FEZ PARAR O TRÂNSITO E ATRAIU A ATENÇÃO DE CENTENAS DE MIRONES E TURISTAS

5. SOB O OLHAR ATENTO DE ANA TAVARES (ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA E PRODUÇÃO) E TÂNIA DIOSPIRRO (STYLIST), FRANCISCA PEREZ COMEÇA A LEVANTAR VOO

4. APERTEM OS CINTOS! FRANCISCA PEREZ, 22 ANOS, MODELO DA BEST, COM LOOK MICAELA OLIVEIRA E KATTY XIOMARA, PREPARA-SE PARA DESCOLAR

9. LICENCIADA EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO E MODELO DA BEST, FRANCISCA MIGUEL, 22 ANOS, PREPARA-SE PARA ENTRAR EM AÇÃO COM LOOK DE MICAELA OLIVEIRA E KATTY XIOMARA

6. FRANCISCA PEREZ SOBE, SOBE, TENDO O GRANITO DA SÉ CATEDRAL COMO CENÁRIO DE FUNDO 10. FRANCISCA MIGUEL, COM LOOK MICAELA OLIVEIRA E RICARDO ANDREZ

11. FOTÓGRAFO PROFISSIONAL HÁ 30 ANOS, CASSIANO , 55 ANOS, É VIDRADO EM FOTOGRAFIA DESDE MIÚDO, MAS A CANON FTB QUE O PAI LHE DEU, QUANDO ELE FEZ 16 ANOS, FOI DECISIVA QUANTO AO SEU FUTURO


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COTEC PREMEIA ERT E TMG AUTOMOTIVE ERT e TMG Automotive foram distinguidas com os Prémios Inovação atribuídos pela COTEC. “Hoje o sistema científico português já consegue dar respostas aos problemas das empresas. É algo que há 30 anos seria impossível, até porque algumas áreas de estudo não existiam antes” afirma Jorge Portugal, o diretor-geral da COTEC Portugal. t

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"A ITV está a aumentar o volume de negócios produzindo menos, o que quer dizer que está a incorporar mais valor acrescentado nos produtos que vende João Rafael Koehler presidente da ANJE

KOEHLER COMPRA 40% DA ROSA COM CANELA Marta D’Orey, criadora da marca Rosa com Canela, vendeu 40% da sua empresa por 75 mil euros, a João Koehler, presidente da ANJE, no decorrer do programa televisivo Shark Tank. A Rosa com Canela é uma marca de produtos de escritório, viagem e escolares que usam materiais têxteis na sua elaboração, e começou por ser um hobby para a Marta.t

A Câmara de Castelo Branco está a promover um concurso nacional aberto a todos os alunos das cinco escolas superiores de Design e de designers diplomados há menos de seis anos, em que os participantes têm de aplicar nos seus produtos (vestuário, calçado e acessórios) os bordados desta região. Os vencedores do Concurso “O Bordado de Castelo Branco e a Moda” irão ver os seus trabalhos no desfile Castelo Branco Moda 17, que ocorrerá em junho e contará ainda com as coleções de dois estilistas nacionais de referência que apresentarão peças confecionadas com os materiais que são a essência dos bordados de Castelo Branco: o linho, a seda e os pontos do próprio bordado. “O concurso tem como objetivo promover a aplicação do nosso bordado na moda, a promoção da inovação no bordado, bem como contribuir para a consciencialização sobre a importância dos produtos endógenos na afirmação da identidade dos territórios”, afirmou Luís Correia, presidente da Câmara de Castelo Branco, que promove o concurso em parceria com a Associação para o Bordado de Castelo Branco e a ADRACES (Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul). Os projetos candidatos devem ser apresentados até ao final do mês de janeiro. Depois, os concorrentes têm um prazo que acaba a 20 de março para juntarem à proposta inicial a documentação e materiais previstos no regulamento. Os vencedores, anunciados a 15 de abril, receberão ainda um prémio em dinheiro: 1 500 euros para o primeiro, mil euros para o segundo e 500 para o terceiro. Presidido por um representante da Câmara, o júri integra a estilista Alexandra Moura, representantes da ADRACES e da Associação para o Bordado de Castelo Branco, Manuel Serrão (Porto Fashion Week), Catarina Cunha (ANJE) e Jorge Fiel (T). Os trabalhos apresentados a concurso passam a integrar o

FOTO: Alexandra Cruchinho

CASTELO BRANCO: MODA VAI CASAR COM OS BORDADOS

A estilista Alexandra Moura utilizou bordados de Castelo Branco neste casaco do desfile de 2016 património da autarquia e serão integrados no espólio do Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco, a inaugurar no Verão. No ano passado, os estilistas convidados para apresentar coleções foram Luís Buchinho e Alexandra Moura. Buchinho, de resto, apresentaria posteriormente noutros desfiles dois vestidos com a matriz dos bordados de Castelo Branco. Este iniciativa da câmara, que há sete anos apoia a Associação de Bordadeiras de

Castelo Branco, destina-se precisamente não só a valorizar este produto, mas sobretudo a não o deixar morrer. Da dita associação fazem atualmente parte apenas seis bordadeiras. Durante vários anos, o Museu Francisco Tavares Proença Júnior, também de Castelo Branco, tinha uma oficina com bordadeiras, mas o número reduziu-se com os anos, o que levou a câmara local a criar esta nova associação de bordadeiras. Enquanto aguarda pela certificação deste produto,

tanto a autarquia local como a Escola Superior de Arte Aplicadas de Castelo Branco (ESART) têm tentado manter acesa a chama. Daí a realização dos desfiles de estilistas e agora este concurso a nível nacional. O ex-libris dos bordados desta região é a colcha, uma peça em que o linho é o suporte e os desenhos são feitos com fio de seda natural. Uma colcha custa entre 20 mil a 25 mil euros. Não! O valor não está errado. É que uma colcha ocupa cinco bordadeiras a tempo inteiro durante seis a sete meses. t

FARFETCH APRESENTA LOJA DO FUTURO A Farfetch vai apresentar a 12 de abril, no Museu do Design, em Londres, a Loja do Futuro, onde o negócio é focado em tudo, desde conhecer as interações do cliente nas lojas físicas até perceber os interesses destes nos diversos canais de vendas online. José Neves considera que "o modelo de e-commerce que a maioria das empresas adotou até agora precisa de mudar para se tornar muito mais centrado no cliente”. Ainda de acordo com fundador da Farfetch “o futuro da moda de luxo envolverá, em grande parte, a loja física, mas será também estendido por plataformas digitais”. Nesta interseção do retalho físico e digital, “muitas novas experiências centradas no cliente, de repente, tornam-se possíveis”. São precisamente essa série de experiências em parceria “com algumas das super marcas" que a Farfetch, a plataforma online de vendas com a maior seleção de luxo do mundo, irá revelar em Londres o conceito da Store of the Future, um espaço único de tecnologias emergentes para revolucionar a moda de luxo. De acordo com a companhia, o conceito Store of the Future vai mudar a forma como as marcas e retalhistas interagem com os seus clientes em linha e fora de linha. A agenda incluirá grandes revelações e um painel de discussão com figuras da indústria a fim de explorar as maneiras com as quais a inovação disruptiva está a influenciar e moldar a indústria, e de compartilhar pensamentos sobre novos conhecimentos atraentes no que diz respeito aos comportamentos emergentes do consumidor millennial. José Neves criou a primeira empresa de software quando tinha 19 anos, enquanto estudava Economia na Universidade do Porto e hoje gere um negócio que já acumulou investimentos na ordem dos 305 milhões de dólares, estando atualmente avaliado em cerca de 1,5 mil milhões de dólares. Fundada em 2008, a Farfetch coloca os consumidores em contacto com 1.500 designers à volta do globo e agrega hoje mais de 500 boutiques de luxo, incluindo a L’Eclaireur em Paris, a Maxfield em Los Angeles e a Fivestory em Nova Iorque. t



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X A MINHA EMPRESA

MARCELO INAUGURA ALFAIATARIA DA DIELMAR

Por: Jorge Fiel

Burel Factory

Amieiros Verdes 6260-200 Manteigas

Produtos Mantas, cachecóis, écharpes, revestimentos, tapetes, mochilas, sacos, bancos, fundos de cama, capas iPad, etc. Tecidos Lanifícios Império by Burel Factory Tecidos em Burel, Tweed, Príncipe de Gales, Flanela, Pied de Poul, Melton, Trabalhadores 37 Volume de negócios 1,5 milhões de euros (2015) Principais mercados Estados Unidos, Japão, Bélgica Primeira grande encomenda Revestimento das paredes da sede da Microsoft em Lisboa (aviada num prazo recorde de um mês) Marca Burel Mountain Originals Lojas Lisboa (Chiado) e Porto (Mouzinho da Silveira)

A alfaiataria Mestre Hélder Rafael foi inaugurada em Alcains pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. No espaço que leva o nome do fundador da Dielmar e pai de Ana Paula Rafael (a CEO da empresa) começará a ser lecionado, o mais tardar na próxima Primavera, um curso profissional de Alfaiataria, com a duração de três anos, que resulta de uma parceria com o Modatex e contará com a participação de um alfaiate italiano.T

LANTAL COMPRA GIERLINGS-VELPOR Os suíços da Lantal Textiles compraram a Gierlings-Velpor, um dos maiores produtores europeus de veludos e peles sintéticas, ao grupo Amorim. Nos últimos cinco anos, as duas empresas têm trabalhado em parceria, com a empresa de Santo Tirso a fornecer 40% do veludo que os suíços usam no fornecimento de têxteis para os interiores de escritórios, aviões, comboios e autocarros. A Gierlings-Velpor emprega 120 trabalhadores, em 2015 faturou oito milhões de euros (mais 5,2% que no anterior), e teve um prejuízo de 295 mil euros - muito menos que os 7,6 milhões de euros registados em 2014.T

A reinterpretação do burel Na Pré-História da Burel Factory está o sonho de uma administradora da Sonae Distribuição (Isabel Dias Costa) e do seu marido (João Tomás), diretor jurídico do Millennium BCP, de encontrarem um refúgio na montanha e se fixarem na Serra da Estrala, em clara contramão com o êxodo do interior para o litoral. Foi há cerca de dez anos que o sonho de Isabel e do João se começou a tornar realidade, com a transformação das ruínas de um edifício ardido na Casa das Penhas Douradas Design Hotel e Spa, uma estância com 17 quartos e uma suite, que está de excelente saúde (como não podia deixar de ser, já que beneficia dos ares da Serra) e recomenda-se. Católica praticante, foi a partir da missa de domingo que Isabel se integrou na comunidade local e não demorou a aperceber-se dos dramáticos estilhaços no tecido social de Manteigas, provocados pela crise que levou ao encerramento sucessivo das onze fábricas de lanifícios que eram as fundações em que assentava a economia da região. Isabel mudou de vida, mas não de personalidade, pelo que não podia ficar indiferente ao ambiente depressivo que a rodeava, marcado pelo desânimo e desemprego, pelo que, algures entre o Natal de 2008 e o início do ano de 2009, organizou um workshop sobre o que podia ser feito para reanimar Manteigas, em que foram apresentados 21 projetos concretos e sustentáveis de empresas aproveitando os recursos da região - dossiers completos e bem feitos, com business plan e tudo. Engenheira (é licenciada pela Escola Superior de Biotecnologia da Católica), irrequieta e empreendedora, Isabel resolveu ficar com dois dos 21 projetos, o do burel e um alimentar, que deu origem à empresa PDF-Penhas Douradas Foods, que produz e comer-

cializa 54 diferentes produtos gourmet (desde vinagrete de maçã com gengibre a ketchup de abóbora, passando por pesto de urtigas, geleia de carqueja ou chutney de beringela), desenhados pelo chef Luís Baena. A PDF foi no entretanto vendida, para João se poder concentrar no negócio hoteleiro (onde a oferta vai ser aumentada com uma nova peça, a Pousada de S. Lourenço adquirida há dois anos à Enatur) e Isabel por toda a sua energia e criatividade ao serviço do desenvolvimento do projeto burel, que está a cumprir plenamente o objetivo de manter e reinventar o mais antigo tecido português, produzido artesanalmente desde o século XI a partir de lã, e que estava em vias de extinção. A aventura começou em 2010, na Sala das Linhas da Lanifícios Império, com o salvamento de um parque industrial que incluía máquinas do século XIX e teares Porto (na altura eram fabricados no nosso país) que tinham como destino a sucata e serem derretidos em ferro. Isabel não só evitou a destruição dessa parcela da nossa história industrial como ainda criou uma espécie de Universidade dos Lanifícios, ao juntar, na Burel Factory, reformados, engenheiros e doutores em lanifícios, tios e sobrinhos, avós, filhos e netos, que fizeram a sua formação na Império ou na Sotave, e agora, numa empresa com ADN do século XXI, trabalham e ensinam as novas gerações. “Estamos a valorizar o que é nosso, reinterpretando o burel à medida do presente, combinando a arte e o saber dos tecelões de Manteigas com o Design mais moderno, criando peças, produtos e soluções originais, de traço contemporâneo, em áreas como a arquitetura, decoração, moda e assessórios”, conclui Isabel Dias Costa, 49 anos, a alma do burel. T

"A Riopele tenta sempre diversificar, criar novos produtos" José Alexandre Oliveira CEO da Riopele

FRANCESES NÃO QUEREM ENTREGAS AO DOMICÍLIO Mais de 2/3 dos franceses que compram online preferem que as entregas não sejam feitas em sua casa. 68% escolhem um ponto de recolha, 30% a loja, 19% um posto dos correios e 10% o domicílio de um amigo ou familiar - de acordo com um estudo de mercado da FEVAD, a federação francesa de e.comércio e venda à distância.T

DECATHLON ESTÁ A IR DA PERIFERIA PARA O CENTRO A Decathlon está a testar novos formatos, no centro das cidades, como a Decathlon Mobility, especializada em mobilidade (bicicletas, trotinetas, calçado de marcha) que abriu um loja na Gare du Nord, em Paris; o Décat, um mini Décathlon no centro de Lille: e o Décathlon City, um formato dedicado ao fitness e running que vai abrir no Fórum des Halles, na capital francesa.T


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EXAME DIZ: TIFFOSI É A MELHOR DO ANO A Cofemel/Tiffosi, foi considerada a melhor empresa do setor têxtil, vestuário e couro em Portugal pela revista Exame. No grupo das cinco melhores estão ainda mais duas empresas sediadas em Famalicão: a TMG Automotive (2º) e a Continental ITA (5º). O ranking foi elaborado com base na análise de diversos indicadores financeiros e operacionais relativos ao exercício de 2015. “Somos culturalmente uma empresa orientada para os resultados, mas com objetivos ambiciosos”, explica Sérgio Oliveira, diretor geral da Cofemel.T

3,24

euros

é o lucro que vai parar ao bolso de Cristiano Ronaldo por cada par de cuecas vendido com a sua marca, de acordo com as contas do diário El Mundo, que estima uma margem de 13% no preço de venda ao público de 24,95 de cada peça.T

CAMLO INSPIRA-SE NO MEIO AMBIENTE A Camlo, uma marca de vestuário com produção 100% portuguesa, acabou de estrear uma loja online . O vestuário da Camlo é inspirado na capacidade dos seres humanos se adaptarem à mudança do meio ambiente em que vivemos. “A vida é mudança. E a mudança é a evolução”, referem, prometendo “um estilo de vida em forma de peça de vestuário”. T

"Vamos deixar de fazer duas coleções por ano e passar a apresentar coleções mensais, com cerca de 30 artigos, nas instalações dos clientes - e não em feiras" Pablo Isla CEO da Inditex

TIAJO MUDA DE CASA E INVESTE 2,2 MILHÕES A Tiajo vai investir 2,2 milhões de euros em novas instalações (que terão mais 3.400 m2), mas mantém-se em Famalicão limitando-se a mudar de Esmeriz para Cambães, em Famalicão. A Tiajo reivindica ser a líder no fornecimento de fardas em Portugal, faz um volume de negócios de cerca de oito milhões de euros e da sua carteira de clientes fazem parte o Exército português, a Sonae e a Jerónimo Martins.T

PURECO INVESTE 1,9 MILHÕES E GARANTE OS PÉS FRESCOS As meias desportivas Pureco, marca do grupo Peúgas Carlos Maia, já chegaram aos cinco continentes. Depois da Europa, a empresa conquistou nos dois últimos anos clientes em mais de uma dezena de países fora do Velho Continente, entrando nos mercados asiático, americano, africano e na Oceania (Austrália). E o crescimento do grupo não irá ficar por aqui. “Todas as nossas máquinas estão tomadas para produção até Junho deste ano”, conta Carlos Maia. Este empresário, que a Câmara de Famalicão homenageou recentemente, atribui esse crescimento ao investimento que fez com a aquisição em Itália de máquinas totalmente robotizadas e que “fazem um produto de grande qualidade”. “Este ano investimos nessas novas máquinas 1,3 milhões de euros. E no próximo, provavelmente a muito curto prazo, vamos investir mais 600 mil euros”, explica Carlos Maia. Mas este não foi o único investimento do grupo. Criada em 1995, em Carreiras (Famalicão), esta empresa familiar emprega nesta unidade 82 pessoas. O sucesso comercial da Pureco (o nome da marca é a soma das três primeiras iniciais das palavras purificação e ecologia) levou o empresário a adquirir em 2013 uma outra unidade produtiva em Landim (Famalicão). No início de 2015 nessa mesma freguesia comprou novas instalações com cerca de

quatro mil metros quadrados, onde trabalham 50 pessoas, mas “a breve prazo vão ser 60”, diz Carlos Maia. O grupo possui uma área total de 34 mil metros quadrados, tendo uma área coberta de 9600 m2. A formação dos trabalhadores é feita pela própria empresa. “Formamos os nossos trabalhadores pensando sempre na qualidade do produto”, sublinha. É que as meias desportivas Pureco têm um tratamento antibacteriano que, segundo Carlos Maia, mais ninguém faz em Portugal. “Mantêm sempre os pés frescos, dão um bom andamento e não irritam a pele”, explica, acrescentando que a marca Pureco está registada para toda a Europa e para outros países não europeus. As meias topo de gama são feitas na unidade de Carreiras, enquanto as peúgas de desporto mais usuais são produzidas em Landim. Em 2015, a fábrica de Carreiras repre-

sentou um volume de negócios de 6,5 milhões de euros, enquanto a de Landim fez 1,5 milhões. “Este ano, a faturação de Carreiras vai chegar aos 7 milhões e em Landim a dois milhões”, adianta Carlos Maia. Além de vender para praticamente todos os países europeus, o grupo entrou já no Dubai, Indonésia, Tailândia, Panamá, Perú, Equador, África do Sul, Uruguai, Chile e Austrália. Na Europa conquistou o que faltava conquistar: Rússia, Ucrânia e Sérvia. Carlos Maia vende quase para tantos países como produz meias para as mais diferentes modalidades desportivas: futebol, esqui, alpinismo, montanhismo, corrida e muitas outras atividades físicas. Faz também meias técnicas, que são usadas por trabalhadores de artes muito específicas. Resumindo: “Somos produtores de meias e peúgas de desporto, para homem, senhora e criança, com uma capacidade produtiva de 26 milhões de pares por ano. Estamos preparados para o fabrico de meias e peúgas clássicas com calcanhar e biqueira verdadeira, bem como, para o fabrico de peúgas de calcanhar e biqueira simulada, utilizando fios 100% algodão convencionais, algodão biológico, Coolmax, Outlast, Thermolite, lãs, lambs-wool, acrílicos, lycras, nylons, elastanos, poliésteres e fios algodão regenerados de boa qualidade". T


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“NÃO SAIO DO MEU PAÍS POR NADA DESTE MUNDO”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel

Virgínia Abreu 58 anos, licenciada em Direito, é a CEO da Crispim Abreu. Tem dois filhos, Crispim José (Pimzé), 30 anos, que estudou Design e Multimedia, e João, 27 anos, economista. Ambos trabalham (desempenhando múltiplas funções, como é hábito da casa), com os pais, num grupo que fatura 30 milhões de euros, 100% exportados, e emprega 330 trabalhadores

A

burocracia em Portugal continua a ser um drama. É impressionante a quantidade de papelada que é preciso para licenciar uma fábrica. Criar uma empresa implica sempre uma perda de tempo e paciência absolutamente desnecessárias”, afirma Virgínia Abreu, a CEO da Crispim Abreu. Qual foi o momento mais duro da sua vida como empresária, em que esteve quase a atirar a toalha ao chão?

Nunca estive quase a desanimar. Galvanizo-me para a ação e fico mais forte sempre que tenho um problema grande para enfrentar. A invasão de produtos asiáticos não a assustou?

Não. Assustava-me se os asiáticos viessem com produtos melhores que os nossos em qualidade, design e moda. Só o preço não era suficiente para me assustar... Para nós, o negócio foi sempre o mesmo: comprar, acrescentar, vender, ganhar e investir. Mas fizeram mossa...

Fizeram. Até a nível ambiental! Com a abertura da OMC sabíamos que íamos sofrer uma concorrência muito competitiva em termos de preço e preparamo-nos para isso. Como?

Desmontando os preços. Passamos a fazer as contas ao contrário, partindo do preço que o cliente estava disposto

a pagar por um determinado produto. Foi fácil?

Tivemos de repensar todos os nossos conceitos. Fomos desmontando os preços e começamos por chegar à conclusão de que para sermos competitivos ficávamos sem margem, não sobrava nada para nós... Não podia ser assim. O que fizeram a seguir?

Passámos a pente fino toda a cadeia de produção, para apurar onde podíamos ganhar dinheiro. Não podia ser no fio, que nos custa o mesmo que aos nossos concorrentes asiáticos. Fomos por aí adiante, analisando o processo de fabrico, renegociamos com os nossos parceiros, eliminamos defeitos, apertamos o controlo de qualidade, investimos em máquinas mais modernas e fomos sensibilizando os trabalhadores para este desafio. O desmontar dos preços foi suficiente?

De início não foi suficiente. Mas com o passar do tempo os resultados positivos começaram a surgir. Até porque houve um ajustamento na oferta e procura que nos foi favorável. Enquanto nós nos adaptávamos a uma nova realidade de preços, os clientes passaram a estar dispostos a pagar um pouco mais por produtos com maior qualidade e design e entregues com rapidez. O esforço acabou por compensar?

Foi um esforço terrível mas claro que compensou. Ganhámos uma enorme eficiência pois sabíamos que ou tínhamos preço ou não vendíamos.

Inditex?

Há quem distribua bem. Eu quero ser a que faz bem

Filha de um fotógrafo (António Abreu), com lojas em Riba d’Ave e Vila das Aves, Virgínia fez a primária e o liceu em Stº Tirso. Nas férias e fim de semana, dava uma mão no negócio fazendo reportagens de casamentos e batizados - ou atendendo ao balcão. Como não via o seu futuro a passar pela fotografia, mal acabou o secundário, fez um estágio no tribunal de Famalicão e pôs-se à procura de emprego, para ganhar dinheiro para pagar os estudos e cumprir o sonho de ser jornalista ou advogada. Mas a vida nem sempre corre como queremos. Empregou-se durante dois anos como secretária numa têxtil. Reencontrou Crispim, um antigo vizinho que era vendedor de fios. Apaixonaram-se, casaramse e tornaram-se empresários. Bem mais tarde, em 2007, matriculou-se na Católica, onde foi colega dos filhos (como eram três conseguiram desconto nas propinas). Em 2012, concluiu Direito. “Se um dia me reformar, vou exercer pro bono em causas sociais”, promete.

lhores. O sucesso só é possível quando se faz uma aposta clara na qualidade, imagem e conforto. A Zara foi um dos vossos primeiros clientes...

Ou seja, tiveram sucesso?

Tivemos muitos outros clientes antes, que ainda mantemos. Mas sim, somos o mais antigo fornecedor da Zara, em atividade. Só temos pena não sermos os que vendem mais para eles :-)

Estamos sempre a dar passos no sentido de sermos os me-

Como é que chegaram à

Foi logo em 1985. Tínhamos ouvido falar de uma empresa espanhola com um conceito novo e interessante. Fomos à Corunha, eu e o meu marido, e levamos uma coleção. Eles estavam a começar com o sportswear e ao fim de uma ou duas visitas já estávamos a trabalhar juntos. Foi amor à primeira vista?

Eles gostaram. Pediram-nos para fazer uma réplica e dar preço. Acabaram por pedir-nos para fazermos 400 peças. Agora, cada encomenda é de 50 mil ou 100 mil... Ainda há encomendas grandes?

Nos básicos, as encomendas podem chegar até um milhão de peças. Mas são consideravelmente mais baixas nas peças de moda, de nicho e de grande qualidade, que é o segmento onde estamos preferencialmente. Temos de estar preparados para responder a todo o tipo de encomendas. Têm uma grande exposição à Inditex?

Sim. Pesam cerca de 60% na nossa faturação. Gostamos de trabalhar com a Inditex. Não têm medo de uma tão grande dependência de um só cliente?

Quem sabe o que quer e para onde vai não tem de ter medo da dependência de clientes. O importante é sermos organizados - e não querermos fazer tudo e acabarmos por não fazer nada. Há quem defenda que o modelo de negócio inventado por Amancio Ortega foi um fator decisivo para a recuperação na nossa ITV...

Estou bastante de acordo. Se não fosse a Zara - ou outra Zara que aparecesse com o mesmo modelo de negócio a nossa indústria não tinha

atingido o atual nível de desenvolvimento, ou estaria mesmo apagada. Quais são os pontos fortes da nossa ITV?

Acima de tudo a cultura e know-how que existem nesta região - Pevidém, Riba d´' Ave, etc... - desde os tempos da Revolução Industrial e que tem sido transmitido de geração em geração. A minha bisavó e a minha avó foram operárias fabris na indústria têxtil. As mulheres tiveram sempre um papel importante...

As mulheres têm uma aptidão especial para trabalhar com tecidos, são muito criativas, intuitivas e perspicazes em identificar defeitos de produção. Desde miúdas que nas férias da escola se habituaram a dar uma mão na pequena confeção de vão de escada da vizinha ou na fabriqueta da tia. As mulheres são muito trabalhadoras, muito capazes e muito produtivas. E o maior ponto forte da Crispim Abreu?

A flexibilidade e polivalência. Aqui na fábrica toda a gente sabe fazer tudo e acode onde for necessário - a pôr uns transfers , fazer uns remates ou na estamparia. Esta elasticidade na produção é essencial. A que correspondeu a aquisição, em 1986, da Polo, em Fafe?

Sentimos a necessidade de ter confeção e controlar todo o processo para sermos capazes de responder tanto a uma encomenda de um milhão de peças como a um pedido de 100 peças de uma marca da alta-costura. O investimento em Moçambique, com a Mundifios e a Mundotextil, foi pensado para estender esse controlo até a montante, ao algodão


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DESMONTAMOS OS PREÇOS, PARA FAZER FRENTE AOS ASIÁTICOS, PASSAMOS A FAZER AS CONTAS AO CONTRÁRIO, PARTINDO DO PREÇO QUE O CLIENTE ESTAVA DISPOSTO A PAGAR.

e fio?

Moçambique é um projeto de longo prazo, com uma grande componente emocional, e é um projeto pessoal do meu marido. É muito pesado em termos de investimento mas está a correr bem. Todo o fio que produzem está vendido. Gostávamos de lhes comprar mais, mas não têm para entrega. Nunca encararam a hipótese de deslocalizar produção?

Nunca fiz produção fora de Portugal. Não saio do meu país por nada deste mundo. Nunca me passou pela cabeça virar as costas aos meus funcionários, dizer-lhes vocês vão para casa que eu vou para o estrangeiro ganhar mais dinheiro. Isso é uma coisa que nunca farei. Mas nós não vendemos produção, vendemos moda, que é muito mais - exige muita atenção, muita qualidade, muito acompanhamento, muito design e muita rapidez. E quais são as desvantagens competitivas de estar em Portugal?

A burocracia continua a ser um drama. É impressionante a quantidade de papelada que é preciso para licenciar uma fábrica. Criar uma empresa implica sempre uma perda de tempo e paciência absolutamente desnecessárias. E ainda há o problema das coisas que me irritam nas leis laborais.. O que é que a irrita?

Irrita-me que haja trabalho para fazer horas extra, que as minhas funcionárias queiram fazer horas extra para levarem mais dinheiro para casa e que depois não as façam porque não lhes compensa. E não lhes compensa porquê, se eu lhes pago a dobrar para trabalharem aos sábados? Não lhes compensa por causa dos impostos, dos descontos para Segurança Social, da subida no escalão do IRS, que lhes le-

Fazemos os melhores lençóis em malha jersey do mundo

vam o dinheiro todo. As horas extra deviam estar isentas de impostos e descontos. O custo e o acesso ao dinheiro no nosso país não a preocupam?

Se o projeto e a vontade forem sólidas, o dinheiro aparece. E para algumas empresas dinheiro fácil -, aquele dinheiro que ninguém sabe de quem é - até pode ser prejudicial... Tinham muitos capitais próprios quando arrancaram?

Não. Começamos com poucas máquinas, uma novas outras nem tanto. E fomos investindo em novos equipamentos à medida que vamos libertando verbas para os adquirir.. Hoje felizmente temos fundo de maneio para adquirir as melhores máquinas. Mas a regra de ouro é manter baixos níveis de endividamento. Porque é que só têm marca própria nos têxteis-lar?

No vestuário não sentimos essa necessidade. O mundo mudou. Há tão boas marcas, tão bons distribuidores, o que é que nós iríamos acrescentar? Nada?

Uns sabem produzir. Outros sabem vender. Eu estou satisfeita por saber produzir bem. Qual é a importância que os têxteis-lar têm?

Pesam uns 10% na nossa faturação. Fazemos as melhores mantas polares e os melhores lençóis em malha jersey do mundo. Não há nada mais

confortável que um jogo de cama em jersey. É como dormir numa t-shirt. Uma pessoa entra na cama e nunca mais quer sair de lá.

As perguntas de

O que vou levou a optar por uma marca própria?

Criamos a CasaSoft nos têxteis-lar para satisfazermos os clientes que apareciam a pedir-nos jogos de cama com a nossa etiqueta. Nos têxteis-lar também fabricam marcas sob licença e estão no retalho?

Sim, também fabricamos marcas sob licença. Ainda não estamos no retalho com a nossa marca, mas em breve podemos fazer distribuição. Quais são as tendências para a moda em 2017?

Roupas mais simples e confortáveis. Um look mais clean, com jeans, ténis e básicos que toda a gente tem em casa. Ou seja uma moda que não estimula a grandes mudanças no guarda-roupa... O que espera deste ano novo?

Na empresa espero que tudo corra na normalidade. Desde que nascemos que tem sido sempre a subir. Nos anos de crise ficamos iguais. Em 2016, crescemos 13%. Para o setor, sinto que 2017 não vai ser um ano muito forte. Estamos a assistir a mudanças incríveis nos hábitos dos consumidores, que estão a comprar menos roupa e mais viagens e gadgets informáticos. Essas mudanças de hábito não vos vão afetar?

Quando a moda cai e os consumidores deixam de se interessar tanto pela roupa, os têxteis-lar ficam em alta pois as pessoas voltam a comprar em força coisas para a casa. Ora nós, que também estamos nos têxteis-lar, vamos pensar que a tradição ainda é o que era :-).t

Ana Vaz Pinheiro Administradora da Mundotextil Nos dia de hoje, quais são os principais desafios na gestão de uma empresa?

O principal desafio é o de ter sempre encomendas em carteira. Não consigo dormir bem, nem sequer nos nossos ultra-confortáveis lençóis de malha jersey, se não tiver encomendas que garantam a produção durante pelo menos dois ou três meses. O que mais a motiva para continuar a fazer o seu trabalho?

Gosto imenso do que faço e motiva-me a adrenalina que surge todos os dias com os problemas inerentes ao processo de produção. Esta profissão foi um acaso da vida, não foi propriamente a minha escolha de juventude, mas depois fiquei viciada. Já vi muita gente a sair de outras profissões para entrar na têxtil, mas ao contrário é difícil. Quais são os seus desejos e projectos para 2017?

Gostava de ter uma ideia para um produto novo, uma peça de roupa completamente diferente - ou um processo de fabrico inovador. Gostava de inventar uma coisa.t

Mário Jorge Machado CEO da Estamparia Adalberto O que devia ser feito para a têxtil ganhar ainda mais peso no conjunto da nossa indústria?

Na minha opinião, o foco principal não será ganhar peso em relação aos outros setores mas sim em crescer. A nossa indústria tem de enfrentar alguns desafios a nível nacional e internacional. Estes problemas estão identificados já há muito tempo por outras pessoas e relacionam-se sobretudo com uma maior flexibilidade da legislação laboral e com os acordos bilaterais com outros países e blocos aduaneiros fora da União Europeia. Que oportunidades vê para a têxtil portuguesa?

A têxtil nacional tem condições para continuar o bom trabalho que tem sido feito e afirmar-se ainda mais no contexto internacional. Portugal é neste momento reconhecido internacionalmente não só pela qualidade mas também pela competitividade no preço. Além disso temos a capacidade para entender muito bem o que cliente nos pede e até acrescentar valor ao produto – e isso muitas vezes vale mais que o fator preço.t



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EVARISTO SAMPAIO PROCURA PARCEIRO NOS TÊXTEIS-LAR A Têxteis Evaristo Sampaio está à procura de uma empresa de têxteis-lar interessada no estabelecimento de uma parceria estratégica que contemple a inclusão no seu portefólio de lençóis e atoalhados, dos cobertores e das mantas que ela fabrica em Trinta, Guarda. “Estamos disponíveis para avaliar todas as alternativas que permitam a proteção do nosso património”, explica João Paulo Sampaio, administrador da Evaristo Sampaio, acrescentando que encara todas as possibilidades, desde uma parceria pura e simples até uma fusão, passando pela alienação de parte do capital da sua empresa. Acumular as atividades de fiação e tecelagem foi um dos segredos que permitiu à Evaristo Sampaio atravessar incólume as crises que ciclicamente abalam a indústria de lanifícios. O aparecimento de produtos concorrentes asiáticos, grandes produções de penteados de menor qualidade e mais baixo preço, fez tremer a Evaristo Sampaio, mas não fez ruir as fundações da empresa, que flanqueou a concorrência apostando nos cardados tradicionais. A popularização do edredon, aliada à concorrência asiática, afetou as vendas de cobertores, perdas que a empresa de lanifícios compensou com o reforço no segmento de mantas. E as consequências de crise no mercado interno, que se seguiu ao resgate da República, foram mi-

Lordelo é a marca própria das mantas da Evaristo Sampaio tigadas pelo esforço para aumentar as exportações. O grande problema ainda estava para vir e dava pelo nome de malhas polares. “Foi a grande machadada. As malhas polares são um produto alternativo, de substituição das nossas mantas, comercializado a um preço tal que era impossível fazer-lhes concorrência”, explica João Paulo. O volume de negócios caiu dos quatro milhões de euros para os atuais 1,4 milhões de euros, obrigando a empresa a um violento esforço de ajustamento que não foi suficientemente rápido mas, apesar de tudo,

permitiu-lhe evitar o afogamento. “Clientes que num ano nos compravam 500 mil euros, no ano seguinte reduziram a suas encomendas para 50 mil”, conta o gestor da Evaristo Sampaio, que foi obrigado a minguar de 130 para 60 o efetivo de trabalhadores. “Demoramos tempo demais a adequar o número de trabalhadores às novas circunstâncias. Um dos defeitos que nós, os beirões, temos é o de nos convencermos que com muita vontade e trabalho conseguimos superar as dificuldades e fazer melhor que os outros. Mas

este problema não era suscetível de se resolver só com a energia...“, diz. Para a Evaristo Sampaio foi claro que as grandes séries tinham acabado, que os tempos em que fabricavam três mil cobertores e mantas por dia (70% comercializados com a marca própria Lordelo e os restantes vendidos em regime de private label para a Ralph Lauren, Corte Inglês, Eroski, etc.) já não voltavam e que teriam de se ajustar a uma produção diária mais modesta, na ordem dos 400 a 500 mantas e cobertores. “Vivemos um dia de cada vez. A fiação está a produzir fios para peúgas e tapeçarias. Temo-nos apresentado em concursos para o fornecimento de forças armadas em França e Itália. Estamos a aproveitar tudo quanto os nossos equipamentos nos permitem fazer e tem mercado. Temos um património de conhecimento que seria um crime de lesa pátria perder. Vemos as coisas a andar para a frente, mas não com a velocidade e o grau de segurança necessário para nos tranquilizar”, explica João Paulo Sampaio. A Têxteis Evaristo Sampaio aguentou a tempestade sem naufragar. Está com a cabeça fora de água, mas sente-se um pouco à deriva e carente de um rumo, para chegar a bom porto. Mas sabe que esse rumo passa por um acordo com uma empresa de têxteis-lar que inclua as suas mantas e cobertores no seu portefólio de produtos... t

ATP PROMOVE CRIAÇÃO DE EMPRESAS A ATP vai realizar no primeiro trimestre deste ano mais dois workshops com o objectivo de facilitar e impulsionar a criação e desenvolvimento de empresas inovadoras e com potencial de internacionalização, em atividades qualificadas e criativas. Subordinado ao tema “Oportunidade para empreender na fileira têxtil e de vestuário”, os workshops inserem-se no âmbito do Projecto Regeneração ITV (R’ITV) que corporiza uma ação coletiva de dinamização do ecossistema empreendedor da fileira têxtil e vestuário. E é orientada para facilitar a criação e o desenvolvimento de empresas. Depois da realização de dois workshops a 13 e 14 de dezembro, em Famalicão e na Co-

vilhã, a ATP deverá decidir proximamente as cidades que irão acolher estas iniciativas no início do próximo ano. Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, adiantou que a escolha deverá recair em duas destas três cidades: Porto, Braga ou Famalicão. Os destinatários desta iniciativa são empreendedores atuais e potenciais em atividades qualificadas e criativas no contexto de fileira têxtil e vestuário, nomeadamente: criação, moda e design; tecnologias de informação e comunicação; serviços especializados (engenharia, consultoria, etc.); e ambiente, ecoeficiência e sustentabilidade. De uma forma mais específica é prestada informação relevante para os interessados,

identificando e partilhando boas práticas. Ao mesmo tempo, os participantes têem a oportunidade de perceber as melhores formas de articular e integrar entidades, projetos e ações. Mas também as formas de terem acesso a mecanismos de financiamento. E de facilitar o acesso a estruturas e entidades facilitadoras de processos de capacitação, prototipagem e testes de mercado. Ao mesmo tempo é também dado conhecimento do Plano Estratégico Têxtil 2020 – Projetar o desenvolvimento da fileira têxtil e vestuário até 2020 que é dividido em cinco grandes quadros de tendências.t

LIDL REFORÇA OFERTA DE ROUPA O Lidl decidiu reforçar a oferta de vestuário nas suas lojas. Há 21 anos em Portugal, a rede alemã de discount tem 244 supermercados no nosso país, onde vende cinco marcas de roupa – Esmara (mulher, incluindo lingerie), Crivit (desporto para mulher e homem), Crivit Pro (equipamentos desportivos de alta qualidade), Pepperts (criança 6-12 anos), Lupilu (bebé) e Livergy (homem). t

O CALCANHAR DE AQUILES É A COMERCIALIZAÇÃO “Na produção, as empresas portuguesas nada ficam a dever às italianas, tidas como o topo mundial. Então o que nos separa de Itália? É sobretudo a área da comercialização, onde não há quadros com preparação suficiente e conhecimentos para agir no mercado global. Infelizmente continua a ser esta a grande pecha nacional”, escreve o economista João Abel Freitas num artigo intitulado “A fileira têxtil” , publicado no Jornal Económico. t

130

milhões de euros é o valor do programa de financiamento extraordinário aprovado pelo Governo italiano e destinado a apoiar a indústria têxtil e de vestuário do seu país. t

CAMISOLA BENETTON FEITA DE UM ÚNICO FIO A Benetton lançou uma camisola sem costuras que demora uma hora a ser feita a partir de um único fio. A marca italiana investiu dois milhões de euros em 36 máquinas japonesas da marca Shima Seiki. t

CALÇAS DE COURO PÕEM THERESA MAY EM APUROS Usar umas calças de couro de Amanda Wakeley, que custam mais de 1 100 euros, e umas sapatilhas Burberrys (de 350 euros) numa produção fotográfica publicada pelo Sunday Times, não fez nada bem à imagem da primeira-ministro britânica Theresa May, que está a ser alvo de uma onda de críticas, que vêm de todo o lado, mesmo do interior do seu próprio partido. t


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FEIRAS

A AGENDA DAS FEIRAS

PITTI BIMBO ABRE ESPAÇO PARA LIFESTYLE E EMERGENTES

O Fancy Room, um espaço dedicado ao lifestyle de crianças - que incluirá pequenos acessórios, brinquedos, gadgets e tecnologia - é uma das novidades da próxima edição de Pitti Bimbo, que se realiza de 19 a 21 deste mês em Florença e contará com a participação da Dr. Kid, Natura Pura, Cherrypapaya e Phiclothing. Outra novidade é o The Neste, um espaço e que acolherá pequenas marcas de moda independentes e emergentes. t

ETHICAL FASHION SHOW É O MAIS VERDE QUE HÁ O Ethical Fashion Show, integrado na Berlim Fashion Week, é o sítio certo para as empresas que já têm boas práticas no capítulo da sustentabilidade e respeito pelo ambiente. Aberto às marcas de casualwear e acessórios que preencham os critérios de sustentabilidade definidos pela organização, o certame realiza-se de 17 a 19 deste mês, na antiga estação dos Correios da capital alemã. t

"É difícil resistir a um bom negócio, mas o fast fashion significa que nós consumimos e deitamos fora a roupa mais rápido que o planeta suporta" Kirsten Brodde responsável da Greenpeace pela campanha Detox my Fashion

BELLA HADID ALINHA PELA NIKE Bella Hadid, de 20 anos, soma e segue na sua carreira de modelo. Depois do grande anúncio de que seria um dos novos anjos da Victoria’s Secret, é a nova cara da Nike. “Estou tão entusiasmada por anunciar que faço oficialmente parte da família Nike! Mais notícias em breve”, anunciou Bella no Instagram . Esta será a primeira campanha que Hadid fará para uma marca desportiva. Serena Williams e Simone Biles são outras das personalidades que, nos últimos tempos, deram a cara pela Nike. t

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Flavours, INUP, J. Pereira Fernandes II, Lameirinho, Lasa, Moretextile, Mundotêxtil,

TOP DRAWER

Neiper Home, Pereira da Cunha, Piubelle,

15 a 17 Janeiro – Londres

Sampedro, Sorema, Têxteis J. F. Almeida,

Armazém dos Linhos, Carapau Portuguese

Têxteis Penedo, Valenrini Bianco by Pereira &

Products, Castelbel,

Freitas, Villafelpos

Smart Lunch

ARRASO PORTUGUÊS NOS PRÉMIOS ISPO 17 Oito empresas portuguesas arrecadaram um total de 43 distinções no ISPO Trend Fórum 2017 e terão os produtos premiados em exposição na próxima edição da maior feira de artigos de desporto do mundo que se realiza em Munique, de 5 a 8 de fevereiro próximos. Cinco das empresas distinguidas (Sidónios, Tintex, LMA, Joaps Malhas e A.Sampaio & Filhos) são repetentes nestas andanças, mas há três estreantes; Heliotextil, Inovafil e IslandCosmos. Esta festa de prémios é um justo motivo de orgulho para a a ITV portuguesa, que mais uma vez demonstrou estar na vanguarda da inovação tecnológica a nível mundial. Os prémios são atribuídos por um exigente júri de 12 especialistas, constituído por repre-

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prémios, entre os quais um Best Product e dois Top 10, foram ganhos pela Tintex no ISPO Textrends Fórum de 2016

sentantes de marcas, Comunicação Social e instituições do sistema científico, entre as quais se conta o CITEVE. A Tintex viu oito produtos premiados (dois Top 10 e seis seleções), após na última edição do ISPO Trend Fórum ter tido uma estreia de sonho ao conseguir oito prémios (1 Best Product, dois Top 10 e cinco seleções) com oito amostras a

concurso. Com oito distinções (dois Top 10 e seis seleções), a LMA conseguiu mais uma do que na última edição, em que levou para casa sete prémios (um Best Product e seis seleções). A Sampaio & Filhos ganhou cinco prémios (três Top 10 e duas seleções), tantos como as estreantes Inovafil (dois Top 10 e três seleções) e a IslandCosmos (cinco seleções). A Sidónios arrecadou quatro distinções (dois Top 10 e duas seleções). O ano passado teve duas amostras no Top 10. E em 2014 um dos seus produtos além de figurar no Top 10 ainda foi destacado como prémio Inovação. O único Top 5 português foi para a Heliotextil, que recebeu ainda um Top 10 e uma seleção. t

A ROUPA QUE PENSA, POR RUI ZINK “Já imaginou como será o futuro? Irmos andar de barco vestirmos um blusão que, se cairmos ao mar, serve também de colete salva vidas? Ou uma roupa desportiva que, além de nos ajudar a treinar, faça também exercício por nós – por exemplo, ajude a reduzir a celulite? Ou umas meias-polainas que impeçam ramos, gravilha e terra de se enfiaram no calçado quando corremos? e que tal uma camisola, autorregulada, que identifique quando temos frio ou calor? Ou roupa que, em zonas onde haja riscos de dengue ou malária – ou simplesmente no Verão – possa repelir com eficácia o chato do mosquito?” Este é o primeiro parágrafo da reportagem intitulada “Roupa que pensa”, escrita por Rui

Zink e publicada no domingo dia 18 de dezembro, na Notícias Magazine. Rui Zink foi a Munique, e além de beber uma caneca de cerveja na famosa Hofbrauhaus e de passear na Alstadt e visitar a sede da BMW, também foi à ISPO, viu o futuro – e trouxe boas notícias a todos os portugueses que lêem a revista dominical que é distribuída com os diários Jornal de Notícias e Diário de Notícias. “Por termos três boas notícias. Esses produtos futuristas já existem. Foram todos concebidos e patenteados por empresas portuguesas. E foram premiados”, anuncia Zink, que acrescenta: “O têxtil hoje faz coisas. A roupa já não é só para vestir, agora espera-se que trabalhe para nós e, sobretudo, que trabalhe connosco”. t


Janeiro 2017

PREMIÈRE VISION

Augusta Fontes Sá, Teamstone

17 a 18 janeiro – Nova Iorque

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AMR Portugal Home, Burel Mountain Origi-

BUBBLE

nals, Byfly, Carapau Portuguese Products,

29 a 30 janeiro – Londres

Albano Morgado, Lemar, NGS, Orfama, Paulo

FIMI

Castelbel, Ditto, Laboratório d'Estórias, Mèze

Bo-Bell, Chua, Dot, Dr. Kid, Phiclothing,

de Oliveira, Sidónios Malhas, Texser, Tintex

21 a 23 janeiro – Madrid

Mediterraneum, Têxteis Íris, TM Collection

RAP

Bevip Gold, Planitoi, Ponto por Ponto COLOMBIATEX

MUNICH FABRIC START

19 a 21 janeiro – Florença

PITTI BIMBO WHO'S NEXT

24 a 26 janeiro – Medellin

31 Janeiro a 02 Fevereiro – Munique

Dr. Kid, Natura Pura, Phiclothing, Cherry

22 a 23 janeiro – Paris

Lemar, Ribera, Vilamoura, Natcal

A. Sampaio & Filhos, Albano Morgado,

Papaya

Faroma, Givec, Luís Buchinho, Pé de Chumbo, Valerius

SALON INTERNATIONAL DE LA LINGERIE

Familitex, J. Areal, João & Feliciano, Lemar, PLAYTIME PARIS

MMRA, Paulo de Oliveira, Penteadora,

28 a 30 janeiro – Paris

Riopele Têxteis, Sanmartin, Sidónio Malhas,

21 a 23 janeiro – Paris

MAISON & OBJET

Cherry Papaya, Knot, Lopes Carvalho, Natura

Somelos Tecidos, Tessimax Lanifício, Texser,

Double, João Manuel da Costa Flores, Maria

22 a 24 janeiro – Paris

Pura, Piupiuchick, Rocket & Pear, Sissone

TMG Textiles

MESSE FRANKFURT É UM MUNDO A Messe Frankfurt prevê fechar o exercício de 2016 com vendas de 640 milhões de euros, um resultado que rondará os 60 milhões de euros. Em 2017, dentro e fora da Alemanha, organizou 138 feiras e exposições, que contaram com um número recorde de 92 300 expositores e 3,5 milhões de visitantes. No estrangeiro, promoveu 87 eventos, com 49 mil expositores e 1,9 milhões de visitantes, sendo de assinalar a extensão da sua atividade ao Vietname e Etiópia.

TECNOTÊXTIL BRASIL ABRE NO 25 DE ABRIL

OS QUATRO NA TOP DRAWER

Armazém dos Linhos, Carapau Portuguese Products, Smart Lunch e Castelbel são as quatro representantes portuguesas na Top Drawer, feira de artigos para a casa, gifts, moda e artesanato que decorre no mítico Olympia, em Londres, de 15 a 17 deste mês. “Aumentar as exportações, captando a atenção de clientes de nicho que procuram produtos diferenciados” é, nas palavras de Filipa Pinto Basto, manager da Armazéns dos Linhos, o objetivo da empresa, que tem como forte os artigos de cozinha e acessórios para cão. Segundo Filipa, as peças apresentadas “são especiais e marcantes pelos padrões fortes e cores vivas, indo ao encontro deste público-alvo”. t

DUAS MÃOS CHEIAS NA LONDON TEXTILE FAIR São vinte as empresas que vão viajar até Londres para expôr na The London Textile Fair. 6Dias, Albano Morgado, Eurobotónia, Fitecom, Idepa, J&F - João & Feliciano, Lemar, M.M.R.A, NGS Malhas, Sanmartin, Texser, Troficolor e Vilarinho são as 13 empresas que voam até Inglaterra no âmbito do projeto “From Portugal”, promovido pela Selectiva Moda, a par da Gierlings Velpor, Luís Andrade, Quickcode, Riopele, Teias de Lona, TMG Knittings e TMG Textiles que também integram a comitiva portuguesa. O certame, que acontece a 11 e 12 deste mês no Design Business Center, está com lotação esgotada, contando com mais de 400 expositores que estarão espalhados pelos seus quatro halls: têxteis, acessórios, estúdios de estampados e vestuário vintage. Espera-se que o salão seja visitado por cerca de cinco mil pessoas. A J&F – João Feliciano participa pela terceira vez no

certame, na expectativa de “cativar o maior número de clientes possível e assim aumentar o volume de negócios”, como disse Elisabete Pereira, comercial da empresa. Especialista na conceção e comercialização de tecidos de camisaria de alta qualidade e em fios tintos, a J&F dará nesta coleção Primavera-Verão 18 “especial ênfase nos acabamentos, procurando assim obter um melhor produto, com um melhor toque”. A Texser – A Têxtil Serzedelo leva na bagagem texturas frescas e coloridas e tecidos lavados para um efeito vintage e espera que os efeitos do Brexit não se comecem a sentir nos negócios. “Este é um mercado tradicional da Têxtil Serzedelo”, afirma José António Ferreira, gestor do mercado externo, que conta manter a sua quota o mercado britânico.t

A Tecnotêxtil Brasil realiza-se de 25 a 28 de abril na Arena Anhembi, em São Paulo. A alteração nas datas deve-se, de acordo com o presidente da FCEM/Febratex Group, à necessidade de adaptar o evento ao calendário das feiras têxteis internacionais. O certame brasileiro de tecnologias têxtil passa a ser de quatro em quatro anos - ou seja, após 2017, o seguinte será em 2021.t

55%

das compras online terão, a partir de 2013, o telemóvel como origem, de acordo com o estudo Euromonitor sobre o futuro do comércio mundial. t

CAROLINA HERRERA PREMIADA EM NY A estilista venezuelana Carolina Herrera, 77 anos, recebeu o prémio Women’s Leadership na gala anual da Fundação do Lincoln Center, onde o seu trabalho na na indústria da moda foi realçado. Carolina Herrera fundou a marca (avaliada em mais de mil milhões de USD) com o seu nome em 1981, altura em que se mudou para os EUA.t


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Janeiro 2017

TÊXTIL JÁ ENTROU NA CONSTRUÇÃO CIVIL Raposo Antunes

Já está em fase de transferência para produção industrial o comumente designado betão reforçado por têxteis. Na verdade, estamos a falar do BCR (iniciais de Braided Composite Rods) que foi patenteado em 2011 e é um projeto desenvolvido pela Plataforma Internacional Fibrenamics da Universidade do Minho. Em termos práticos são varões de compósitos entrançados e reforçados por fibras têxteis que podem ser utilizados em substituição dos varões de aço na produção de betão armado. Este novo material é pioneiro a nível mundial e tem a capacidade de monitorização, de forma a perceber se existem oscilações nas vigas e pilares produzidas com betão e o BCR. Essa possibilidade de monitorização com utilização de nanopartículas é também inédita a nível mundial. “Estamos a tornar o sistema inteligente, de forma a podermos saber, por exemplo através de uma aplicação num telemóvel, se há alguma modificação ou problema numa dessas estruturas”, garante Raul Fangueiro, professor da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (UM) e investigador do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da UM. O betão reforçado por têxteis despertou desde logo a atenção de uma grande empresa de construção que adquiriu já os terrenos e tem já projeto aprovado para lançar a primeira unidade industrial para a produção deste novo cimento armado. “Essa unidade será instalada no Minho e deverá estar a produzir dentro de um ano. O know-how será nosso”, conta este investigador. “Em vez de aço, utilizamos fibras de carbono e de vidro, sendo o varão depois entrançado com fibra têxtil”, descreveu, desmontando para leigos o que é o BCR. Uma das vantagens deste novo material em relação ao aço é que o problema da corrosão deixa de existir. De resto, a primeira utilização destes varões de BCR foi precisamente num edifício de quatro andares localizado junto ao mar em Vila do Conde. “O aço dos pilares começou a corroer e a intervenção que ali foi feita utilizou pela primeira vez esses varões”, conta Raul Fangueiro. De facto, de forma a analisar a aplicação dos BCR em condições reais de utilização, a empresa Dr. Building, de Esposende, desafiou a Fibrenamics para uma parceria. Paulo Lages, da Dr. Building, assegura que "este projeto é pioneiro”.

MINISSAIAS NÃO ENTRAM NO PARLAMENTO ISRAELITA Dezenas de mulheres usando saias e vestidos acima do joelho manifestaram-se à porta do Parlamento israelita (Knesset) em protesto contra as regras de vestuário impostas aos funcionários. Uma assessora de uma deputada foi, durante mais de uma hora, impedida pelos seguranças de entrar no parlamento sob o pretexto que usava uma saia demasiado curta. O presidente do Knesset proibiu o uso de calções, calças rasgadas, minissaia e camisolas com mensagens políticas.t

“A Hugo Boss foi um dos nossos primeiros clientes dos tecidos com riscas” Manuela Araújo CEO da Lemar

Um edifício de quatro andares em Vila do Conde que ameaçava ruir foi recuperado graças à utilização de varões feitos com fibras têxteis

Um grande grupo construtor vai produzir industrialmente o betão reforçado com têxteis Além disso, “este tipo de varões é sem dúvida uma mais-valia na reabilitação e construção de estruturas". Mas as vantagens do BCR não passam só por evitar os problemas da corrosão. O tempo médio de “vida saudável” do aço é variável, podendo atingir 20 anos. Junto ao mar, a tendência é para esse espaço temporal diminuir. Ora, o material compósito não sofre corrosão. Também o peso destes varões de BCR é muito inferior ao do aço, oscilando entre quatro e seis vezes menos. Ao peso e à corrosão, acrescentam-se ainda outras vantagens: flexibilidade (o que dá mais garantias nas construções anti-sísmicas), manuseabilidade e maior facilidade de transporte. “Estamos a pôr em prática uma tendência da própria União Europeia que é a utilização de materiais mais leves na construção”, acrescenta este investigador. Uma desvantagem é que um varão de BCR é 15 a 20% mais

caro do que um de aço. “Mas isso é uma leitura no imediato, porque a médio prazo há ganhos com a durabilidade do BCR e até com o tipo de construção que permite - uma arquitetura de formas mais arrojadas e mais flexíveis”, diz Raul Fangueiro. Fernando Cunha, investigador da Fibrenamics, acrescenta outra: “Os BCR são pré-fabricados, produzidos em fábrica ou em estaleiro, facilitando a sua aplicação e reduzindo o custo com mão-de-obra”. Na componente da reabilitação já estão a ser utilizados laminados de fibra de carbono. “Uma empresa sueca utilizou a colagem de laminados para reforçar as vigas que ameaçavam colapsar nos armazéns dos Cafés Delta, em Campo Maior. Também em Ponte de Lima, a mesma empresa fez o reforço de uma ponte sobre o rio Lima, usando uma técnica semelhante”, conta Raul Fangueiro. Estes são dois exemplos de aplicação dos têxteis na reabilitação, estando a porta aberta para a solução de outro dos grandes problemas da construção. “A utilização de fibras dispersas pelo betão evita a fissuração”, explica este investigador. E entre essas fibras contam-se fibras naturais como o linho, o cânhamo ou o sisal. Ou seja, os têxteis entraram definitivamente na construção. t

FARFETCH COTADA MAS SÓ EM 2019 A Farfetch estuda a cotação das suas ações em bolsa, mas sublinha que o IPO só acontecerá num prazo de entre dois a três anos, quando tiver concluído a atual fase de investimentos intensivos. José Neves, fundador e CEO da empresa, disse à Reuters, em Nova Iorque, que o projeto para uma oferta pública de capital é assumido como o próximo grande passo da Farfetch e teria como preferências as praças de Londres, Nova Iorque ou Hong Kong. t

INDITEX ABRIU 227 NOVAS LOJAS Entre fevereiro e outubro de 2016, a Inditex abriu 227 novas lojas em cerca de 50 países, entre os quais se contam cinco novos mercados: Nova Zelândia. Vietname, Aruba, Paraguai e Nicarágua. No mesmo período, o gigante espanhol faturou 14,4 mil milhões de euros (crescimento de 11%) e lucrou 2,2 mil milhões de euros (+9%). t

TRANSFUSÃO DE SANGUE NAS MARCAS TRADICIONAIS Novos diretores criativos estão a dar um novo fôlego às marcas tradicionais de moda. A primeira coleção de Bouchra Jarrar para a Lanvin foi romântica, refinada e ultra-feminina. Maria Grazia Chiuri imprimiu uma orientação muito moderna à Dior. Na Balenciaga, Demma Gavsalia pisca o olho aos millenials ávidos de luxo. E Alessandro Michele (na foto) pôs a Gucci a ser sinónimo de moda audaciosa, hipercriativa, rica em cores, fantasias e misturas surpreendentes.t


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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Micaela Larisch Designer de moda e empresária Família Casada com um empresário de sinalética (Lectratec), tem dois filhos, o Filipe, 26 anos, especialista em multimédia, Bernardo, 23, músico e compositor Formação Curso de Estilismo do CITEM (1986) Casa Apartamento em Leça da Palmeira Carro VW Golf Portátil Lenovo Telemóvel iPhone Hóbis “Ser workaholic não me deixa muito tempo livre, mas adoro conviver com a família e os amigos à volta de uma boa mesa de refeição” Férias Há muito tempo que não iam ao Algarve, mas no ano passado estiveram lá uma semana, sem pressão, a desfrutar do tempo Regra de ouro “Não me chega fazer bem, tenho sempre de fazer de maneira diferente”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Um dínamo humano Os olhos de Micaela brilham de orgulho quando mostra o tutu que Filipa Castro, a primeira bailarina da Companhia Nacional de Bailado, usou para dançar o D. Quixote no Teatro del Canal em Madrid. É uma peça assombrosa, ao mesmo tempo exuberante, confortável, simples e prática, que lhe exigiu uma semana de trabalho. “Em palco, os bailarinos só têm de pensar na coreografia e na dança. Não podem preocupar-se com um fato que pica, lhe tolhe os movimentos ou não deixa o corpo respirar”, explica Micaela Larisch, 49 anos, que se especializou na conceção e produção de vestuário para ballet e outras artes. A paixão de Micaela pelo ballet tem quase a mesma idade que ela, mas hibernou durante um quarto de século. Um problema nos rins, detetado quando ela tinha cinco anos, liquidou-lhe o sonho de ser bailarina. “Foram muitas as noites em que sonhei que estava a dançar em pontas”, confessa. A paixão viria a ressuscitar, não nos palcos mas nos bastidores, quando em meados dos anos 90 a desafiaram a fazer o guarda-roupa para um espetáculo de ballet. Micaela nasceu em Coimbra, onde cresceu numa quinta com cavalos, galinhas e vacas, sendo a mais nova dos sete filhos do matrimónio entre Branca, professora licenciada em Germânicas, e o alemão Helmut Gaston Larisch, um farmacêutico industrial de Hamburgo que estava de férias em Espanha quando foi surpreendido pelo deflagrar da 2ª Guerra Mundial e tomou a sábia decisão de se refugiar em Portugal, onde fez carreira como professor de alemão na Faculdade de Direito. Uma óbvia preferência pelas manualidades, levou-a, no final do liceu, a trocar Coimbra pelo Porto, onde fez o curso de Estilismo no CITEM, concluído em 1986, o ano da CEE e de uma primeira arrumação da vida de Micaela, que casou três dias depois do desfile de final de ano. Durante um ano, andou entre Coimbra e o Porto, onde foi assistente da professora do primeiro curso de Estamparia no Cenatex, o primeiro emprego, mas não o primeiro trabalho, pois, elétrica como sempre foi, atravessou a adolescência a fazer biscates - com 12 anos vendia pelo telefone assinaturas do Diário de Coimbra (de que o avô materno tinha sido fundador) e aos 15 vamos encontrá-la como hôtesse a receber sozinha o PR Ramalho Eanes no stand da Silbelco na feira comercial e industrial de Coimbra. Para estar mais próxima da têxtil, deitou âncora no Porto onde foi navegando à deriva, entre biscates diversos (uma firma de material informático, a empresa de sinalética do marido), até se abalançar a fazer uma coleção de roupa para criança, com marca própria (Reguilas). “Não me encontrava comigo. Não estava verdadeiramente feliz”, recorda. A Reguilas não teve um sucesso estrondoso mas foi o Abracadabra que lhe proporcionou o reacender da velha paixão. No final do desfile, uma professora de ballet perguntou-lhe se não podia fazer o guarda-roupa para um espetáculo, e a partir daí as encomendas começaram a surgir, umas atrás das outras, como as cerejas. “Senti que estava a trilhar um caminho meu”, conta. Vinte anos depois, Micaela Larisch é não só um nome no Cartão do Cidadão mas também uma prestigiada marca de roupa para ballet e uma empresa, que “tem o carinho do atelier mas é realmente industrial”, emprega dez pessoas, é vertical (“começa no desenho e sai caixote”) e tem uma flexibilidade que lhe permite fazer desde peças únicas (como o maravilhoso tutu que Filipa Castro usou em Madrid) até básicos em grande quantidade. “Temos capacidade para grandes produções. Executamos encomendas em 15 dias. Trabalhamos para espetáculos com dia e horas marcados, em que meia hora de atraso é tarde de mais. Sabemos as necessidades dos bailarinos, que têm de mudar de figurino em três minutos”, conclui Micaela, uma espécie de dínamo humano, que se sente com a idade dos filhos e garante que aos 90 anos ainda vai andar por aí a trabalhar.t


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X O MEU PRODUTO Por: Raposo Antunes

ItechInovCar

Uma parceria entre a Simoldes Plásticos, o CITEVE e o CeNTI

O que é? Integração de electrónica impressa (sensorização/iluminação) aquando do processo de injeção Patente Na fase de Patent Pending. Aplicações Deteção de ângulo morto, entre outras. Prémios Venceu o People’s Choice Award, na categoria Miscellaneous, dos FESPA Awards 2015 (a maior feira mundial focada em tecnologias de estamparia têxtil e digital de grande formato) e o TechTextile 2015 na categoria Produtos

PARLAMENTO HOLANDÊS PROÍBE BURQA E NIQAB O parlamento holandês proibiu o uso nas escolas, hospitais, transportes públicos e edifícios governamentais de burqa, niqab ou qualquer outra peça de vestuário que cubra o rosto das pessoas. A proibição estende-se a todos os momentos em que é “essencial as pessoas verem-se umas às outras, para garantir bom serviço e segurança”.t

GREENERY É A COR DA PANTONE PARA 2017 “Greenery” é a cor escolhida pela Pantone para pintar 2017. Esta mistura de verde musgo com amarelo intenso foi uma cor já muito vista nas passarelas para as propostas do próximo verão Leatrice Eiseman, especialista em cor, diz que o tom esverdeado deste “greenery” tem uma ligação com a “esperança e com a nossa ligação com a natureza”, num mundo cada vez mais stressante.t

O ângulo morto vai morrer O chamado “ângulo morto” continua a ser uma dor de cabeça para muitos automobilistas. Aquela fração de segundo em que o retrovisor do lado do condutor não lhe permite ver um pequeno momento de uma ultrapassagem tem sido responsável por muitos acidentes. O projeto ItechInovCar, uma parceria da empresa Simoldes Plásticos, CITEVE e CeNTI, desenvolveu um protótipo que dá um alerta de perigo (de forma luminosa) precisamente no chamado momento do “ângulo morto”. Esse protótipo é apenas uma das aplicações de um conceito e de uma tecnologia que foi desenvolvida pela Simoldes Plásticos, uma empresa de Oliveira de Azeméis do grupo Simoldes, e que pode ser utilizada em diferentes funções. Resumidamente trata-se da integração de eletrónica impressa (para sensorização/ iluminação) aquando do processo de injeção de uma peça plástica revestida por têxtil. Essa peça tanto pode ser algo com o objetivo do que se vê na foto (neste caso o efeito é meramente decorativo e esteve patente na última Web Summit realizada em Lisboa, entre 7 e 10 de Novembro passado) como noutros

componentes de automóveis. A Simoldes Plásticos desenvolveu também protótipos que permitem a abertura e fecho de vidros de portas que funcionam por aproximação ou toque do dedo do condutor, com esta tecnologia. Outros estão já desenvolvidos ou vias de o ser. “Neste momento estamos na fase do processo de potenciais aplicações industriais no setor automóvel dessas novas tecnologias”, refere um porta-voz da empresa. O projeto iTechInovCar pretende responder às tendências de evolução do setor automóvel, nomeadamente quanto à redução do número de componentes injetados, peso, tempo/custo do processo de integração e aumento da flexibilidade em termos de aplicação de funcionalidades e design. Com um montante de investimento de cerca de 595 mil euros, o projeto foi financiado pelo QREN, no âmbito do Programa Operacional Fatores de Competitividade, no montante de 399 mil euros, provenientes do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. A Simoldes Plásticos é uma empresa da divisão Plásticos do

grupo Simoldes que teve início em 1959 com a constituição da empresa Simoldes Aços. Foi constituída em 1980 e dedica-se quase exclusivamente ao desenvolvimento de funções para a indústria automóvel e respetiva produção a partir da sua tecnologia principal, injeção de peças plásticas visando aproveitar as sinergias existentes com o fabrico de moldes e fornecer diretamente aos principais construtores automóveis, componentes plásticos injetados. Atualmente a Simoldes é o maior fabricante europeu de moldes e um dos maiores produtores de peças para o setor automóvel. Na unidade de Oliveira de Azeméis são produzidos componentes para o tablier, consolas, peças da mala e painéis de portas, peças estruturais, entre outros componentes. Rui Paulo Rodrigues, vice-presidente do Grupo Simoldes, anunciou em meados de 2015 que iam ser investidos na unidade de Oliveira de Azeméis 33 milhões de euros até 2018 na implementação faseada de 11 novas tecnologias. Em 2014, o grupo faturou cerca de 600 milhões de euros.t

“A Zara tem medo de não tomar uma decisão rápida. A Gap tem mais medo de tomar uma decisão errada” Executivo de uma empresa que fornece ambas as cadeias

IMAGEM DA ZARA É CADA VEZ MELHOR A Zara foi a 7ª marca do mundo com maior crescimento (19%) da sua imagem e notoriedade, de acordo com a ranking Interbrand. No Top 100 da Interbrand, encabeçado por Apple, Google, Coca-Cola, Microsoft e Toyota, contam-se sete marcas de vestuário: Nike (18º lugar), Zara (27ª), Gucci (53º), Adidas (60º), Burberry (83º) e Dior (89º) e Ralph Lauren (98º). O ranking fecha com a entrada da Tesla para a 100ª e última posição.t

PRIMARK ABRE 13 LOJAS ESTE ANO A Primark planeia abrir 13 novas lojas em 2017, das quais cinco na Alemanha, três na costa leste dos Estados Unidos, duas em Itália (Florença e Brescia) bem como no centro de Amesterdão, com 8.300 m2. O retalhista britânico (grupo Associated British Foods) tem 315 estabelecimentos em todo o mundo, dos quais 22 abertos o ano passado - entre os quais se encontra a loja de 12 500 m2 aberta na Gran Via, em Madrid, a única inauguração feita em 2016 em Espanha, mas que elevou para 140 mil m2 o espaço de venda da Primark na pátria da Zara.t


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OPINIÃO 2001

Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

A INCERTEZA É A ÚNICA COISA CERTA

VESTINDO O FUTURO NA EXPONOR “Vestindo o Futuro” um exercício de prospeção da autoria de Daniel Agis, Daniel Bessa, João Gouveia e Paulo Vaz, foi apresentado a 16 de maio de 2001, durante o 4º Fórum da Indústria Têxtil, que reuniu cerca de 500 pessoas no grande auditório da Exponor, em Matosinhos. Tratava-se de um pioneiro primeiro trabalho de fundo sobre macrotendências na Indústria Têxtil e Vestuário, à escala global, e que teve um remake atualizado 10 anos depois. Carlos Bravo era o presidente da APIM, a entidade que, à época, organizava a conferência. Nelson de Souza, o secretário Estado da Indústria, presidiu ao encerramento desta edição do Fórum.t

O ano de 2017 inicia-se num quadro de incerteza acrescida, que nos obriga a um exercício de maior prudência e de gestão de expectativas, com que não contávamos há um ano atrás. O fenómeno da globalização, que vimos desenvolver-se de forma imparável desde os anos 80, chega à sua primeira crise, produto da insatisfação de extensas franjas da população mundial que se sentiram excluídas dos seus benefícios. Nos países ricos mais do que nos países em desenvolvimento. O principal efeito desta reação está na emergência de movimentos extremistas, de esquerda e de direita, na Europa e nos Estados Unidos, em que, em alguns casos, se puderam alcandorar ao poder, como foi o caso da Grécia, da Hungria e da Polónia, assim como o “Brexit”, no Reino Unido, ou a eleição de Trump para a presidência dos Estados Unidos. E até Portugal também teve a sua particularidade, que não vale a pena desenvolver nestas linhas. Nada disto era previsível ou desejável, mas também convém não simplificar ou dramatizar a situação, comparando esta vaga de desfechos anti-sistema com o que sucedeu com a Europa antes da II Grande Guerra. São fenómenos diversos e determinados por causas diversas, pelo que as suas consequências não podem sequer ser similares. Também aqueles que esperam que a globalização possa ser interrompida ou se produza um processo de retrocesso estão igualmente enganados. A globalização é o resultado combinado do desenvolvimento das tecnologias de informação, com a liberdade de circulação de pessoas, capitais e mercadorias, mas, mais importante que isso, de ideias. Os povos de uma maneira geral, independentemente dos regimes políticos a que se acham submetidos, beneficiaram efetivamente com a liberdade e facilidade de acesso a bens e serviços como nunca dantes na História, numa lógica de metademocracia, pelo que a ordem geopolítica, social e económica mundial, entraria em colapso imediato se tal se precipitasse numa reversão. A globalização impôs-se contra a vontade política dos Estados e assim permanecerá, pois escapa à sua lógica e controlo, por muito que a retórica moderna de alguns líderes assim pareça apontar, esgotando-se esta nos efeitos eleitoralistas e no exercício populista da política, que, nos tempos atuais, encontra audiências mais disponíveis, mas pouco mais do que isto. E ainda bem! Para uma Indústria Têxtil e Vestuário, como a portuguesa, que exporta 75% do que produz, sendo que os restantes estão na cadeia de valor que igualmente vende ao exterior, qualquer notícia que venha a implicar protecionismo por parte dos mercados de destino dos nossos produtos e serviços será sempre uma tragédia, pelo que se percebe mal quem ainda, entre nós, exija o fecho das nossas fronteiras a produtos estrangeiros, já que se esquecem que a reação óbvia e imediata seria o bloqueio dos respetivos mercados também aos nossos. 2017 afigura-se, portanto, difícil, instável e imprevisível. Mais do que foi 2016. Para esta indústria que lida com a incerteza como a única coisa que é certa, trata-se apenas de estar pronta a enfrentar um quadro mais desafiante, mas ainda assim capaz de ser superado. Como é habitual dizer-se: estarmos à espera do melhor e preparados para o pior, pois quando se tem este estado de prevenção, os resultados são invariavelmente melhores do que os aguardados. É nisso que confio! Bom ano! t


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Janeiro 2017

Artur Soutinho CEO do grupo MoreTextile

A IMPREVISÍVEL PREVISIBILIDADE O processo mais difícil na gestão é o de entender o que poderá acontecer na economia que influenciará positivamente ou negativamente os negócios. Todas as decisões, como as mais simples de comprar ou vender, são tomadas com base em pressupostos de que no futuro próximo venderia ou compraria melhor ou pior. Esta simples decisão final, é composta por milhares de interações prévias, nas quais procuramos controlar as variáveis que afectam a decisão, sendo elas endógenas ou exógenas. Se é obrigação controlarmos as variáveis endógenas, já as exógenas estão fora do nosso controlo. No entanto, todos sabemos que uma boa previsão vai determinar os resultados, o crescimento e o sucesso de um negócio. O sector têxtil é um bom exemplo da importância de uma boa previsão, sendo uma actividade em concorrência global, dependente do valor de commodities como o algodão e a energia, da relação cambial e de medidas mais ou menos protecionistas de alguns países. É um sem número de variáveis que no final poderão ser favoráveis ou desfavoráveis e, que por isso, vale bem a pena discutirmos um pouco as impressões que temos sobre o que vai acontecer em 2017. 1. Algodão. Sendo uma commodity com elevada volatilidade, não parecem existir condições para variações extremas. A área de plantio está estável, outras fibras têm taxas de crescimento superiores ao algodão e a actual volatilidade do dólar tenderá a corrigir o preço do algodão. 2. Energia. Não há falta de combustíveis fósseis. As reservas de petróleo são excedentárias e é este excesso de oferta que fará com que o preço do petróleo não suba. Algum movimento de subida, será de imediato corrigido pela reactivação de explorações relativamente mais caras. Dificilmente haverá algum acordo estável sobre preços dos produtores de petróleo que hoje têm interesses muito divergentes. 3. Cambial - a relação dólar/euro e dólar/yuan. A valorização do dólar é hoje algo de estrutural. Estamos perante um novo patamar do dólar que veio para ficar. Uma política americana com mais estímulos à economia, aumentando a liquidez, levará a uma subida das taxas de juro, pelo que o dólar atingir a paridade com o euro, é algo possível mas não sustentável. Quanto ao yuan, a relação cambial será mais de natureza política e do maior ou menor grau de entendimento com os EUA. 4. Estabilidade política. Sem dúvida que as convulsões sociais e políticas no norte de África e Médio Oriente tem favorecido a posição competitiva

de Portugal. A recente instabilidade na Turquia veio para ficar, sendo previsível que se assista a um crescendo de atentados e congelamento da democracia. Sendo a Turquia membro da NATO e estando às portas da Europa, sem dúvida que a estabilidade desta região será a principal preocupação do Ocidente. 5. Refugiados. A crise dos refugiados e um crescimento económico débil, levam ao crescimento das vozes que propõem o fecho ou a uma maior regulação das fronteiras. O Brexit veio mostrar que é possível regredir substancialmente nas políticas de abertura, de espaços de comércio livre e numa globalização acelerada. Um pequeno país como Portugal, poderá beneficiar no curto-prazo se nos mantivemos na UE e no euro. Somos um país competitivo quando nos comparamos com os parceiros europeus, pelo que o interesse de investidores pelas capacidades industriais existentes será uma realidade expectável. No médio prazo, medidas protecionistas serão sem dúvida, limitadoras do crescimento económico global, um factor de atraso tecnológico e uma diminuição das medidas que promovem a sustentabilidade. 6. Trump, Putin e Merkel. Um Putin a ganhar influência no mundo, deverá ver reduzidas as sanções económicas do Ocidente e melhorará o desempenho de uma economia russa baseada em commodities e estruturalmente frágil. Trump terá no curto-prazo um efeito positivo, pelas políticas de redução do peso fiscal, aumento do crédito e investimento público. Com tanto estímulo a uma economia em pleno emprego, as restrições à imigração levarão a tensões inflacionistas dos salários, com a correspondente perda de competividade da economia americana. Merkel terá um papel determinante na coesão da UE, num momento em que se assiste ao crescimento de movimentos anti-Europa. Uma Europa sem coesão, sem uma estratégia e liderança clara (Merkel), será preocupante, pelo que as eleições alemãs se apresentam como o factor chave das previsões para 2017. 7. Tweets. Tudo o que se disse nos pontos anteriores, mostram que o ano de 2017 é bastante previsível e pode ser um ano bom para a ITV portuguesa. Há, no entanto, uma nova arma que pela facilidade de uso, pelo baixíssimo custo e alcance global, poderá ser extremamente letal - o tweet. Uma medida importante na defesa da democracia, comércio internacional e crescimento económico, será desinstalar a app do smartphone do presidente eleito dos EUA, de forma a que as previsões não sejam imprevisíveis. t

José Morgado Diretor do Departamento de Engenharia e Tecnologia do CITEVE

A DEMOCRACIA DAS CORES Ao longo da nossa história muitos foram os que estudaram a cor e analisaram a sua influência na nossa vida, com destaque para Aristóteles, Isaac Newton, Goethe ou Albert H. Munsell. De uma forma geral todos concluíram que a cor é um fenómeno fisiológico, de caráter subjetivo e individual. De facto, a cor é um dos elementos que está sempre presente no nosso quotidiano, manifestando-se no ambiente que nos rodeia, naquilo que comemos e, sobretudo, no que vestimos. Nas ações de formação que vou ministrando costumo dizer que a cor é a primeira coisa que impulsiona a compra e nos faz entrar ou não na loja para então analisar o toque ou o cair de determinada peça de roupa. Alguns dos formandos reagem a esta provocação e dizem-me que a priorização das etapas não é bem esta e que muitas vezes olham logo para o preço e esquecem as restantes fases. No entanto, todos concordam que a cor é mesmo uma caraterística importantíssima no vestuário, que nos diferencia e distingue dos demais. Podemos dizer, ou dizerem-nos, que não temos gosto e que não ligamos ao que vestimos ou ao que os outros vestem, mas uma coisa é certa: todos temos as nossas cores preferidas e todos reagimos positivamente ou negativamente à cor do vestuário. Apesar de existirem determinados rituais e usos que por vezes tentam limitar o uso da cor, sejam eles religiosos, políticos ou simples preferências clubísticas, o certo é que a cor é ainda um fenómeno individual e também por isso “democrático”. As marcas de vestuário, conhecedoras destes fenómenos, tentam explorar ao máximo a influência da cor e a sua estratégia passa muitas vezes por induzir os seus clientes a uma associação a determinados padrões de cor esquecendo outras caraterísticas importantes como a resistência, durabilidade e usabilidade das peças por si lançadas. Esta necessidade de lançamento de novas e “sensacionais” cores, de forma sistemática e diferenciadora, traz novos desafios ao processo industrial de tingimento e obriga à investigação permanente por parte de todos os atores que participam na coloração dos substratos têxteis. Os fabricantes de corantes e pigmentos, além dos habituais corantes sintéticos, procuram já alternativas sustentáveis e industrializáveis nos corantes naturais. Os fabricantes de equipamentos, a par da preocupação constante de apresentar tecnologias que permitam elevada qualidade de tingimento e redução de custos, são hoje obrigados a investigar outras formas de tingimento que podem passar pela utilização de novas e inovadoras tecnologias de preparação e acabamentos, pela utilização de tecnologias ultrassónicas para aceleração do processo, pela utilização de fluídos supercríticos em substituição dos solventes usualmente utilizados, ou ainda pela incorporação real dos conceitos da indústria 4.0 nos seus equipamentos. As empresas de tinturaria deverão ser capazes de absorver estes novos conhecimentos e adaptar-se a esta realidade, sabendo que é nova mas que ficará “fora de moda” assim que os investigadores encontrem outras formas de incorporar ou induzir cor nos substratos têxteis sem recurso aos processos convencionais. A estas questões tecnológicas temos necessariamente de acrescentar as novas imposições e realidades incontornáveis da moda, da sustentabilidade e da economia circular. Por tudo isto, penso que a cor, a sua compreensão e principalmente a sua incorporação em substratos têxteis, continua a ser hoje o maior desafio que se apresenta à indústria têxtil. Vale a pena pensar se estamos preparados e conscientes das mudanças que o futuro nos reserva de forma a que a nossa indústria continue na linha da frente da democratização das cores.t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Em mais um exercício de generosidade patriótica, Katty veste Paulo Macedo para tratar da saúde à Caixa (que bem anda precisada dela, bem como de montanhas de dinheiro, mas isso já é outra história). Não há a mínima dúvida. Envergando roupas tão elegantes, o garboso comandante Macedo triunfará onde falhou Domingues - e vai pôr a Caixa a toque de caixa!

Comandante Macedo põe Caixa a toque de caixa Neste novo ano os Reis Magos depositam os seus presentes numa conta da nossa nova Caixa! Paulo Macedo entrará na Caixa Geral de Depósitos com a equipa a meio gás, muito por causa da sua paciente e cuidadosa preparação da lista de soldados. Mais cuidadoso ainda é o escrutínio do Banco Central Europeu a essa mesma lista, que é estudada a pente fino, deixando a rapaziada em alvoroço. Por forma a conquistar a aprovação de Frankfurt, Paulo Macedo decidiu apostar num novo visual, bem mais pomposo e sobranceiro. A ideia é deixar um rasto de admiração à sua passagem. Um fato de três peças, laço gravata, lenço de bolso, cartola e bengala, serão a assinatura de Macedo neste seu novo cargo. Contudo, os nossos informantes sabem que esta será só a imagem que Macedo passará para o exterior. Existe a possibilidade de vir a erguer-se um quartel general dentro da própria CGD, onde Macedo será o Real comandante e o espírito militar reinará. Os soldados terão de subir de categoria, mostrando serviço. A guerra será cortante, ganhará o mais audaz, não mais forte... No quartel general, Macedo poderá vestir um fato camuflado de espírito militar, com boina revolucionária, mas fora deste forte o banqueiro surgirá imponente e majestoso.t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Antigo Nora do Zé da Curva Viela das Traseiras, Rua de Stº António Guimarães

CASAVA COM ESTA NORA O Antigo Nora do Zé da Curva é uma das instituições de Guimarães, a dois passos do centro histórico e do estádio do Vitória. Não foi propositado, mas uma das últimas vezes que lá fui aconteciam as Festas Afonsinas. Se há quem goste de juntar o útil ao agradável, imaginem só o prazer que existe em juntar o agradável... ao muito agradável! As festas medievais, que ficaram famosas a partir do castelo da Feira, são hoje um produto turístico muito em voga e até já a roçar a saturação. Mas a estas afonsinas só as confundirá com essas festas medievais quem nunca lá pôs os pés. Depois de todas as recupe-

rações, temos de dizer que o Centro Histórico de Guimarães estava mesmo a pedi-las, as Afonsinas, que voltam este ano. Não perdemos por esperar. Guimarães tem características próprias, das quais a autenticidade dos seus nados e criados é talvez a minha preferida. Até ao futebol, o serem do Vitória muito antes de qualquer simpatia por um dos três grandes habituais, ajuda a perceber como o ser vimaranense é ser diferente. Ainda no mês passado tive a honra de ser convidado para a Gala do Vitória e fui testemunha privilegiada desse sentir único por este clube. Que só não percebe quem nunca teve a sor-

te de passar umas horas em Guimarães. Quando digo que este restaurante tem a marca afonsina é isso que quero dizer: tudo o que lá nos espera, da comida ao espaço, passando pelo serviço e pela hospitalidade bem disposta da dona da casa, é de uma autenticidade comovente! Sempre me senti em casa no berço da nação, mas não tendo eu noras, até porque só tenho uma filha e ainda nova, sinto também esta Nora como parte da família. Como é normal em casas destas, o dono recebe-nos à porta, diz-nos o que tem e o melhor a fazer é seguir os seus conselhos. Embora fosse ouga-

do com o coelho, logo que ele mo tirou da ideia e entre as pataniscas de bacalhau e o cabrito assado com arroz de miúdos e grelos salteados, saí de lá no ponto rebuçado para atacar a noite afonsina sem medo de desfalecer. Para quem gosta de inovar nas rabanadas, também recomendo que as peçam. Quando amo um restaurante de uma terra pela qual estou apaixonado, tento sempre sair de lá com uma certeza do que lá vou provar da próxima vez que lá for. Foi assim também no Antigo Nora do Zé da Curva: se desougar de vez do coelho, há uma massa à lavrador que ficou a olhar para mim... e eu a sonhar com ela.t


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SOUVENIRS

MALMEQUER Por: Carolina Guimarães

Cristina Terra da Motta, 53 anos, representante da Messe Frankfurt em Portugal desde 1998, é filha de mãe alemã e pai português. Cursar Engenharia foi a ideia inicial, quando estudava na Escola Alemã, mas a paixão pelas letras falou mais alto, e acabou por se licenciar em Literatura na Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora no Secundário e trabalhou no Sintra Museu de Arte Moderna. Tem dois filhos, ambos dedicados às Artes, e uma gata siamês

Gosta

Não gosta

História com H grande azáfama das feiras

Trapalhadas chico espertices desigualdade

cozinhar pessoas generosas conversas como

injustiças multidões tatuagens insónias

cerejas coincidências felizes ouvir rádio artigos

mensagens instantâneas murros passividade

de opinião queijo livrarias arte contemporânea

gritaria enxaquecas frio fotos mal

syrah lagos no Sul da Alemanha romances

enquadradas bagaço arame farpado cidades

históricos Babel minorias oportunidades pintura

dormitório literatura light pipocas no

“Cozinha Tradicional Portuguesa” da Maria de

cinema melgas surpresas desagradáveis

Lourdes Modesto coragem festivais de cinema

pobreza má vontade baratas burocracias

torradas com manteiga tomar banho no mar

perfumes adocicados desorganização

chocolate preto conduzir heróis improváveis

comida processada orelhas moucas

passar horas a ler cozido à Portuguesa epifanias

lírios cheiros penetrantes tratamento

rosas Antena 2 Moby Dick o último Nobel da

diferenciado desastres ambientais

Literatura Chet Baker ideias descabeladas mapas

alforrecas ressentimentos poluição falta

boa companhia ovos com trufas gatos Ilha do

de civismo amigos do alheio culto da

Pico uma brisa ao fim da tarde diversidade

personalidade música pimba banha da

tecidos confortáveis artesãos museus de História

cobra sabor a queimado falar de boca cheia

Natural sorrisos cúmplices Governo Sombra

ciprestes chantagens reality shows ruído

passar pelas brasas raridades fruta da época

subserviência ostentação pit bulls

O SOBRETUDO COM AS LUVAS A CONDIZER... Nuns saldos de fim de Inverno, os meus pais compraram-me um sobretudo de lã bem quente, que tinha umas luvas a condizer! Um luxo que eu mal podia esperar por usar.O sobretudo ficou durante alguns meses esquecido no armário, até ao dia de agosto em que os meus olhos chocaram com o sobretudo novinho que tinha as luvas iguais. Foi num domingo de muito calor, eu devia ter à volta de sete anos, e a minha família preparava-se para ir à missa. Enquanto a minha mãe se empenhava em vestir-me de acordo com a estação, eu estava empenhado em apresentar-me na igreja com o melhor aspecto possível para impressionar as meninas da minha idade. Objectivos diferentes, estava-se mesmo a ver. Foi um acontecimento, lá em minha casa! Eu teimava em levar o sobretudo com as luvinhas, a minha mãe já não sabia o que me fazer, o meu pai andava em casa às voltas nervoso com o atraso e a minha avó só dizia num tom aflito e preocupado: "se calhar o menino tem é febre!!" Por fim, vencido pela criança determinada que eu era, o meu pai bradou em desespero: "Deixem lá o rapaz levar o sobretudo e as luvinhas". Embora em 1970 as igrejas estivessem longe de ter ar condicionado, eu estava tão vaidoso e convencido do meu bom aspecto que nem me recordo de ter sentido calor em algum momento. A minha confiança era tanta, que até me senti com coragem para piscar o olho à menina mais bonita da igreja. Desde de cedo entendi o poder que a roupa exerce na minha auto-estima, e ainda hoje agradeço a paciência dos meus país por terem permitido ser quem eu queria ser naquele dia quente de agosto. t

Eurico Castro Alves,

Diretor do Serviço de Cirurgia do Hospital de Santo António


A inforcávado deseja-lhe um feliz 2017

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Software de gestão de produção têxtil

Setores de atividade: Confeção de Vestuário Tecelagem de Malhas Texturização de Fios Meias e Collants Tinturaria e Acabamentos Têxteis Laboratório de Análises

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Tel: 253 826 030


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