MÁRIO JORGE MACHADO
T
N Ú M E RO 1 7 F EV E R E I RO 2 01 7
CEO Estamparia Adalberto
“EM QUALIDADE E DESIGN SOMOS OS MELHORES DO MUNDO” P 20 A 22
FOTO: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
DOIS CAFÉS E A CONTA
FÁTIMA, O PAI A EMPRESA E A FAMÍLIA P6
TÊXTIL LAR S.JOSÉ
PERGUNTA DO MÊS
A FÉ DE SUSANA MOVE MONTANHAS
QUAIS OS PRÓS E OS CONTRAS DA PARIDADE EURO/DÓLAR?
P 24
P4E5
ACABAMENTOS
CR7 DESVESTIDO PARA O DIA DOS NAMORADOS P 37
A MINHA EMPRESA
EMERGENTE
MODITISSIMO 49
SOREMA: TAPETES VOAM PARA TODO O MUNDO
ANA PINHO VIVE MUITO DEPRESSA
CRIANÇAS LEVANTAM VOO NO MINI-MI
P 12
P 32
P 28
02
T
Fevereiro 2017
Fevereiro 2017
T
03
3
n
CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Paulo Cravo 42 anos O novo coordenador do projecto Bloom nasceu em Paris (25 janeiro 1975) e fez no Porto o curso de Design de Moda do CITEX, dando nas vistas, ainda estudante, ao receber diversos prémios e distinções (Bienal Jovens Criadores da Europa e do Mediterrâneo, Sangue Novo e Máxima Novos Talentos). Em 1997, iniciou uma parceria com Nuno Baltazar desenvolvendo a etiqueta Cravo.Baltazar. Desde 2004, trabalha como freelancer colaborando com várias empresas e como professor de Design de Moda.
25 ANOS Neste ano da graça de 2017 completa 25 anos de existência a Associação Selectiva Moda, que tem cumprido com afinco o papel de "braço armado" da ITV na grande batalha da internacionalização e da promoção dos seus produtos e marcas worldwide. Promotor fiel e ininterrupto dos chamados projectos conjuntos que têm vindo a ser acarinhados pelos vários concursos e programas que o Compete lançou nos últimos anos a partir dos Fundos Comunitários, são já mais de 600 as empresas portuguesas que beneficiaram destas acções e destes apoios. Só em 2016 foram 236, que originaram mais de 1 000 presenças em quase 90 participações em feiras e salões de 35 países. Em 2017 tudo indica que estes números ainda poderão aumentar . Concomitantemente, o volume das exportações têxteis atingiu em 2016 a meta prometida para 2020 , o que acaba por ser um resultado que premeia o esforço titânico de um sector que se habituou a nunca baixar os braços perante a maior das adversidades. Para compor o ramalhete das comemorações, que decorrerão durante este ano, a ASM também festejará em 3 e 4 de outubro a edição 50 da Modtissimo, âncora principal daquela que será a 10ª edição da Porto Fashion Week. Como se pode constatar, não vão faltar motivos de festa em 2017. O T, irmão mais novo desta família, não podia ficar indiferente e preparou uma edição de 40 páginas onde continua a destacar e a noticiar o que de mais relevante acontece à nossa ITV por cá e um pouco por toda a parte. t É importante para um criador, mesmo já consagrado, conseguir uma boa relação com uma indústria? É fundamental! Caso contrário, os criadores não terão meios nem parceiros para fortalecer as suas marcas e dar resposta à industrialização dos produtos. Para evoluir, o apoio da indústria é imprescindível. Como novo responsável pelo Bloom, qual vai ser o principal conselho que vais dar aos jovens criadores? A minha principal preocupação vai ser consciencializá-los de que estão a entrar num universo muito competitivo e de muito trabalho. O meu papel é fazer-lhes entender que terão de se esforçar para estruturarem a sua marca da melhor maneira e a todos os níveis. Qual foi a marca que mais gozo te deu trabalhar ao longo da tua carreira? Vou eleger duas marcas em dois universos distintos. A primeira foi a marca que construí, como criador, com o meu amigo Nuno Baltazar. Cravo.Baltazar foi uma experiência muito enriquecedora a nível pessoal. Noutro universo, escolho a Deeply. Consegui fazer crescer, ao nível de vendas e de notoriedade. Esta insígnia da SportZone. Isso é o melhor que um designer pode conseguir como resultado do seu trabalho.
Está previsto o lançamento em breve da marca Paulo Cravo ou tens hoje outras prioridades? Neste momento, a minha primeira prioridade é ser coordenador do Bloom. O meu foco vai para este desafio que começou agora. No entanto, existem alguns projectos na gaveta no segmento masculino que estão em fase de amadurecimento. Talvez os coloque em prática quando sentir que chegou o melhor momento para os tirar da gaveta. Sentes que a ITV portuguesa é uma indústria do futuro? E também por isso, com futuro? Sim. É uma indústria que no futuro vai ter bons resultados a vários níveis. Nas diferentes áreas há boas empresas que estão a demonstrar ter visão estratégica, apostando na sua renovação tecnológica e na apresentação de produtos inovadores. Não quero deixar de apelar à indústria para não esquecer os jovens designers. As parcerias entre empresas industriais e jovens criadores serão uma mais valia no futuro de um Portugal Criativo. O que é que ainda te falta fazer no mundo da moda? Trabalhar na Prada. Sempre foi uma vontade que me acompanhou. t
T
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena PROMOTOR
APOIOS
04
T
Fevereiro 2017
n PERGUNTA DO MÊS Por: Raposo Antunes
QUAIS OS PRÓS E OS CONTRAS DA PARIDADE EURO/DÓLAR? É a história do copo meio cheio ou meio vazio. Os empresários do setor têxtil encaram com um optimismo moderado a paridade entre o euro e o dólar. Todos conhecem as regras deste jogo: exportam mais, mas a matéria-prima fica mais cara. Na origem das reticências estão dois factores incontroláveis: as eventuais medidas proteccionistas que Donald Trump venha a tomar e a caixa de Pandora que o Brexit poderá abrir…
Taxa de câmbio Euro/Dolar (03/02/2017)
1.0783
USD
0.0024 0.22%
Fonte: Blomberg
1.085
1.075
1.065
1.055
1.045 Jan 9
Jan 16
Jan 23
Jan 30
A
paridade cambial entre o euro e o dólar é “grosso modo” como a história do copo meio cheio e meio vazio. A desvalorização da moeda europeia face à norte-americana (nos últimos meses, a cotação mais baixa do euro foi até agora de 1,03 dólares, em Dezembro) favorece as exportações. Ao tempo do escudo, a desvalorização da moeda era, de resto, uma prática recorrente do Governo português para aumentar as exportações. Então, como agora, havia também o lado do copo meio vazio: as matérias-primas ficavam mais caras. No caso da têxtil, a questão não se coloca só com a aquisição directa nos EUA de algodão, lã ou matérias-primas sintéticas. Todos estes produtos são cotados em dólares no mercado internacional. Os protagonistas da ITV ouvidos pelo jornal T sobre os prós e contras da paridade euro/dólar também encaixam este problema na história do copo, mas, naturalmente, com várias “nuances”. Algumas suscitadas pela experiência das suas próprias
empresas, outras, mais complexas, por ser impossível prever como vai ficar o mundo após o Brexit e as medidas proteccionistas de Donald Trump. José Robalo, presidente da Associação Nacional da Indústria de Lanifícios (ANIL), não tem dúvidas: “Por um lado, a desvalorização do euro relativamente ao dólar dá-nos uma vantagem nas exportações para os EUA. Por outro, dado que as matérias-primas são todas cotadas em dólares torna-as mais caras. Qualquer que seja o tipo de matéria-prima, designadamente o algodão e a lã é sempre pago em dólares. É como o petróleo. E mesmo as matérias-primas sintéticas, como estão indexadas ao petróleo, também ficam mais caras”. O presidente da ANIL está, no entanto, confiante por entender que “as economias dos dois blocos (euro/dólar) vão chegar a um equilíbrio, o que vai representar a pujança das duas economias”. Enquanto a primeira-ministra britânica, Theresa May, e os responsáveis da Comissão Europeia ainda estão nos exercícios de aquecimento para o braço-de-ferro do Brexit, Paulo Melo, presidente da ATP, levan-
ta esta nova reticência: “Tenho algumas reservas sobre a libra, que está muito volátil, devido à escassez da informação sobre como é que vai ser o Brexit. E o mercado britânico é muito importante para Portugal, já que compra muita qualidade”. O responsável máximo da ATP enfatiza esta questão, dado que “o Reino Unido tem um nicho de mercado com poder de compra que adquire muito o produto português com valor acrescentado e materiais nobres como as sedas e as caxemiras". E avança com números: nos primeiros dez meses de 2016, nos têxteis-lar, “exportamos 98 milhões para os EUA e 67 milhões para o Reino Unido”. Paulo Melo fala mesmo numa paridade ainda mais alargada, entre o euro, o dólar e a libra. Como país exportador, o presidente da ATP diz que, à partida, haverá “uma vantagem competitiva acrescida e um saldo positivo”. Mas, “suplementarmente”, manifesta alguma apreensão pelo facto de se estar a assistir “a uma escalada do preço das matérias-primas que se verifica em simultâneo com a valorização do dólar”. “Teremos um problema muito grande se
Fevereiro 2017
as nossas exportadoras não conseguirem reflectir no preço final estes aumentos”, alerta. Inês Branco fala na perspectiva da sua empresa (a Têxtil Nortenha), considerando que se está perante “um movimento do dólar pouco significativo”. “As nossas vendas nesta divisa representaram, em 2016, cerca de 3,5% do volume de negócios”, diz. “A paridade só poderá trazer benefícios, isto é, ganho cambial e preço de venda mais competitivo”, até porque “o dólar forte beneficia as exportadoras europeias, pois torna-as mais competitivas e atractivas”. Artur Soutinho, CEO do grupo MoreTextile, sublinha que o mais importante para os negócios é a estabilidade cambial. “Atendendo a que os EUA são um mercado gigantesco, a paridade euro/dólar pode ser uma boa notícia para a nossa ITV”. Entende, porém, que essa boa notícia só se confirmará com a citada estabilidade cambial: “Será muito mau se, quando fizermos as contas, o dólar estiver a 1,05 e quando entregarmos o produto já tiver estiver a 1,20”. David Schneider, vice-presidente executivo da LFSourcing, não tem dúvidas: “O euro e o
dólar vão entrar em paridade se a economia americana reagir bem a Trump e o FED aumentar as taxas de juro, e se o Banco Central Europeu continuar a imprimir moeda, como tem sido anunciado, desvalorizando o euro”. Se isto acontecer, diz Schneider, “a ITV terá mais facilidade em exportar para os EUA, pois o euro está relativamente mais barato, o que também torna o valor dessas exportações mais favorável após o câmbio para euros”. “Por outro lado, salvo variações nos mercados das commodities, fica-nos mais caro comprar matérias-primas denominadas em dólares. De resto, um dólar mais forte também pode aumentar o preço da energia, através do petróleo, e da electricidade através do gás e carvão”, diz, concluindo que o resultado final será “favorável para as têxteis portuguesas”. Honorato Sousa, director comercial da Carjor, introduz a nuance asiática: “Os nossos competidores asiáticos vendem em dólares, pelo que a valorização do dólar torna-os menos competitivos com deslocalização das compras dos grandes clientes para quem vende em euros, como é o nosso caso. Pa-
T
05
OITO VOZES, UMA OPINIÃO “Teremos um problema muito grande se as nossas exportadoras não conseguirem reflectir no preço final os aumentos das matérias-primas” PAULO MELO PRESIDENTE DA ATP “As economias dos dois blocos, euro e dólar, vão chegar a um equilíbrio” JOSÉ ROBALO PRESIDENTE DA ANIL “Não podemos cair na ratoeira de criar demasiadas expectativas” ALBERTINO OLIVEIRA DIRETOR COMERCIAL DA SEDACOR “A paridade só poderá trazer benefícios, isto é, ganho cambial e preço de venda mais competitivo” INÊS BRANCO ADMINISTRADORA DA TÊXTIL NORTENHA “O importante é a estabilidade cambial. Será muito mau se, quando fizermos as contas, o dólar estiver a 1,05 e quando entregarmos o produto já estiver a 1,20” ARTUR SOUTINHO CEO DO GRUPO MORETEXTILE “Um dólar mais forte aumenta o preço da energia, através do petróleo, e da electricidade através do gás e carvão” DAVID SCHNEIDER ,VICE-PRESIDENTE DA LF SOURCING “Os nossos competidores asiáticos vendem em dólares, pelo que a valorização do dólar torna-os menos competitivos” HONORATO DE SOUSA DIRETOR COMERCIAL DA CARJOR “A desvalorização do euro é positiva para quem tem a maioria dos custos na zona euro e muitas vendas fora dela” ANTÓNIO CUNHA SALES MANAGER DA ORFAMA
ralelamente compramos a matéria-prima em dólares pelo que a sua valorização também nos causa aumento dos custos”. Em resumo, valorizando estas duas situações, “no médio-longo prazo um dólar alto relativamente ao euro será benéfico para as exportações da nossa empresa”. “A paridade euro/dólar proporciona às exportadoras portuguesas a vantagem de serem mais competitivas”, afirma Albertino Oliveira, da Sedacor, acrescentando que não podemos cair na ratoeira “de criar demasiadas expectativas e investimentos que possam não ser sustentáveis a médio/longo prazo”. No entender de António Cunha, da Orfama, “a desvalorização do euro será positiva para as empresas que têm a maioria dos seus custos na zona euro, mas têm um grande volume de vendas fora dela”. E lança um alerta: “A queda do euro pode impedir as empresas de aproveitar completamente este ganho de competitividade, por não terem a capacidade para aumentar a produção num curto intervalo de tempo para aproveitar o previsível aumento da procura internacional”. t
T
06
Fevereiro 2017
A
DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
S.Gião
Avenida Comendador Joaquim de Almeida Freitas 56 4815 Moreira de Cónegos
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Queijo grelhado, ovos mexidos com espinafres, cogumelos e gambas, e espargos grelhados Pratos: Pescada grelhada e linguini com carpaccio de boi e trufas Bebidas: Vinho verde S. Gião, água e cafés
EM NOME DO PAI, DA FAMÍLIA E DA EMPRESA No início foram as colchas. Os fantásticos anos 60, que deram ao mundo a mini-saia, os Beatles, a pílula e o “make love not war”, estavam a começar quando o tecelão Domingos se estabeleceu por conta própria. Os primeiros tempos são sempre muito difíceis, mas a fábrica lá foi crescendo, tal como a família Sousa que chegou à meia dúzia de filhos ainda antes do homem andar na Lua e de a década se esgotar. A Domingos Sousa & Filhos começou por fabricar colchas. Ao primeiro tear ma-
nual somou-se um segundo, um terceiro e um quarto, instalados em casa dos colaboradores das primeiras horas. Era uma produção quase artesanal, que se escoava no mercado doméstico e das ex-colónias, e tinha o centro de gravidade junto à casa onde ainda vive o fundador - do outro lado da estrada do local onde trabalham agora 200 pessoas numa fábrica moderna com mais de 30 mil metros quadrados de área coberta. “Quando chegávamos da escola, todos dávamos uma mão. Uns enchiam as
FÁTIMA SOUSA
62 ANOS ADMINISTRADORA DOMINGOS SOUSA & FILHOS Nasceu e cresceu em Gandarela, sendo a mais velha dos seis filhos (quatro raparigas e dois rapazes) do matrimónio entre Carolina e Domingos, dois operários têxteis que não se conformaram com essa vida e arriscaram empreender e tornaremse industriais. Debutava na escola, a aprender a juntar letras e a fazer contas, quando os pais começaram a fazer colchas no seu primeiro tear manual. Acabada a primária, fez o curso de Comércio, na Escola Industrial Francisco de Holanda, em Guimarães, a que acrescentou um curso de Contabilidade, concluído à noite, porque os dias eram consagrados ao trabalho na fábrica dos pais, onde fazia um pouco de tudo: atendia clientes, dobrava e embrulhava toalhas, fazia faturas, carregava camiões. Tem três filhos (dois rapazes e uma rapariga) e duas netas.
canelas, outros ajudavam nos teares ou embrulhavam as colchas”, conta Fátima, recordando os gloriosos e duros tempos em que desciam a pé até à Estrada Nacional, carregando enormes e pesados embrulhos de colchas para deixar no recoveiro. “Trabalharmos até à uma, duas ou três da manhã não era a excepção, mas a regra”, acrescenta. Em 1968, o ano do Maio francês, a Domingos de Sousa & Filhos trocou os velhos teares manuais por teares mecânicos, no que foi o primeiro marco de uma permanente evolução tecnológica que lhe permitiu sobreviver às crises e armadilhas em que o século XXI tem sido fértil. Em 1974, o ano da Revolução de Abril, a Domingos Sousa trocou as colchas pelos atoalhados de felpos e descobriu a sua vocação exportadora. Primeiro para França, depois para Inglaterra, que chegou a ser o principal mercado. Agora Espanha e a hotelaria (que pesa cerca de 40% nos 19 milhões de euros do volume de negócios) são os maiores principais clientes dos felpos desta empresa, que exporta mais de 90% da produção. A preocupação de investir em equipamentos é permanente, principalmente desde que, em meados dos anos 90, a Domingos Sousa se tornou vertical, acrescentando à tecelagem uma fiação e a tinturaria, para poder controlar todas as fases do fabrico. “Nos últimos três anos, investimos cerca de seis milhões de euros na fiação, tecelagem e acabamentos, em máquinas mais modernas, com maior produtividade e na redução de custos e recursos. Este ano temos em curso mais um investimento de dois milhões de euros em novos teares, novas máquinas para a tinturaria de fios e na área informática, com um novo software de gestão. Com estes investimentos, elevamos a capacidade mensal de produção de 150 para 220 toneladas”, explica Fátima, que escolheu almoçarmos no S. Gião, onde apenas petiscou as entradas e escolheu a pescada grelhada, que empurrou com um copo de vinho verde da casa. “Nunca me foi perguntado se queria continuar a estudar ou fazer outra coisa”, respondeu, quando lhe perguntamos se, na adolescência, não lhe passou pela cabeça fazer fora dos trapos uma vida dedicada à empresa fundada pelo pai (que continua a ir lá todos os dias - “Quando chego às 8h30 o carro dele já está estacionado”) e à família que lá trabalha (Fátima, os seus cinco irmãos, uma cunhada, um cunhado, um filho e três sobrinhos). t
Fevereiro 2017
T
07
atomsales
pos ponto de venda
gestao de forca de vendas Potencie o esforço dos seus vendedores
Gerir as suas lojas nunca foi tão fácil
atomgest
protextil
software gestão comercial
software gestão de produção
BACKOFFICE Plataforma Integradora
b2c vendas online A sua loja online sem custo de manutenção
Esta Plataforma integradora funciona como elo de ligação entre vários ERP’s , PROTextil, ATOMGest, PHC e Primavera e sincroniza toda a informação com as diversas soluções de apoio às vendas que disponibilizamos, quer seja um tablet para o vendedor apresentar o catálogo e registar encomendas (ATOMSales), um site de venda ao público (B2C), um portal colaborativo para os clientes (B2B) ou mesmo Pontos de Venda ao público (POS).
b2b portal colaborativo Estreite as suas percerias
Apresentamos desta forma uma plataforma que possibilita que as diversas soluções funcionem autonomamente, sem estar sempre ligadas, via internet e quando é necessário temos toda a informação agregada no ERP onde pode gerir centralmente o seu catálogo, as suas promoções, as encomenda e vendas.
Growing together
08
T
Fevereiro 2017
6
2. À HORA DE ABERTURA, A ENCHENTE NAS PORTAS DA MESSE FRANKFURT DAVA UMA IDEIA DO ESTÁDIO DO DRAGÃO EM DIA DE PORTO-BENFICA
FOTOSINTESE
HEIMTEXTIL: GENTE FELIZ EM FRANKFURT
1. A NEVE QUE COBRIA FRANKFURT NO DIA DE ABERTURA HEIMTEXTIL NÃO DESMOBILIZOU NEM EXPOSITORES NEM VISITANTES
5. A CAMPANHA DE IMAGEM FASHION FROM PORTUGAL NÃO PODIA DEIXAR DE SE ASSOCIAR AO PAVILHÃO, ONDE ESTAVA A NATA DOS EXPOSITORES - E METADE DA EMBAIXADA PORTUGUESA
6. NO STAND DO FORUM DE TENDÊNCIAS, ONDE ESTAVA A NATA DOS PRODUTOS PORTUGUESES (E O T) NÃO PODIAM FALTAR OS PASTÉIS DE NATA
O ano entrou com o pé direito para os 81 expositores portugueses presentes na Heimtextil que ocuparam um espaço recorde de 54 200 m2 na Messe Frankfurt. Com 2 800 expositores e 70 mil visitantes, a edição 2017 da mais importante feira mundial de têxteis-lar decorreu sob o signo dos recordes. Apesar da neve e do frio (providenciados por S. Pedro) e da incerteza (gentileza de Trump e do Brexit) toda a gente andava com um sorriso na cara que ia de orelha a orelha. E o que importa mesmo é ser feliz 11. DÉCIO COSTA (PISCATEXTIL), AO CENTRO, APRESENTA AO MINISTRO O FILHO, QUE ESTUDA BIOMÉDICAS
O CONTINGENTE PORTUGUÊS PRESENTE DA HEIMTEXTIL (10 a 13 Janeiro 2017) Inup, J. Pereira Fernandes II, MoreTextile, Lasa Home, Lameirinho, Mi Casa es Tu Casa, Têxteis J.F. Almeida, Mundotextil, Selectiva Moda, Lumatex, Home Flavours, Felpinter, Pereira da Cunha, Domingos de Sousa & Filhos, BOMDIA - Fábrica de Tecidos de Viúva de Carlos da Silva Areias, Piscatextil, Pereira & Freitas,, ACL Impex, Guimarães Marca, Comfort and Innovations, Alda Têxteis, Têxteis Penedo, AMR, Docofil, Estamparia Têxtil Adalberto Pinto da Silva, B. Sousa Dias & Filhos, Francisco Vaz da Costa Marques Filhos & Ca, Sampedro, Sorema,, Villafelpos, NeiperHome, Fateba, Hero, Fábrica Tecidos Carvalho, Piubelle, Miguel Muns PY-Textil, Sedacor, Arruma Trapos, Monteiro Ribas - Revestimentos, Endutex, Gierlings Velpor, Elastron, Pinto Antunes, Teceland, Tela's Design, Marçal & Filhos, Ocitex Textil Ocidente, Bealead- Automação Industrial, Foot by Foot, Crishome Tex, Gipanolar, PBP & Ferreira, Nosdil, Jobitex, Têxteis Massal, António Salgado. Dolcecasa, ParallelCotton Hometextiles, Sociedade Têxtil Vital Marques Rodrigues, Crispim Abreu, Têxteis Giestal, Irmãos M Marques, Sotegui, Mário & António, Ribial, Newplaids, Pinkwave, Divayne, Têxteis Leiper, Antonio Pereira, Castros & Marques, Teia de Linho, Têxteis Colmaco, Ricardo Milton, Adreta Plásticos, JPS Home Textil, Susana Leite da Cunha & Filhas, Padrão Xadrez e Associação Textiles Selection Home From Portugal
10. FÁTIMA ANTUNES (LASA) NUM RARO MOMENTO DE PAUSA E INTROSPEÇÃO
Fevereiro 2017
T
09
4. HELENA E ALBANO COELHO LIMA (QUE JÁ LEVA MAIS DE 30 HEIMTEXTIL NO PAPO) JUNTO À PAREDE DECORADA COM FOTOS DE TODOS OS 700 TRABALHADORES DA LAMEIRINHO. EM PRIMEIRO PLANO, OLINDA COELHO LIMA (À ESQUERDA) E A COMERCIAL SALETE FERNANDES
3. COMO NÃO PODIA DEIXAR DE SER, O FÓRUM DE TENDÊNCIAS DA SELECTIVA MODA, PREPARADO POR DOLORES GOUVEIA, FOI MUITO PROCURADO
8. O PRESIDENTE DA ATP, PAULO MELO, CONVIDOU O MINISTRO CALDEIRA CABRAL PARA VISITAR A HEIMTEXTIL E SÓ PEDIU AO GOVERNO PARA NÃO ATRAPALHAR OS EMPRESÁRIOS COM MAIS IMPOSTOS, TAXAS E TAXINHAS
7. O SECRETÁRIO DE ESTADO JOÃO VASCONCELOS (NA FOTO COM SUSANA LEITE DA CUNHA, DA TÊXTEIS LAR S. JOSÉ, QUE AOS 73 ANOS SE ESTREOU NA HEIMTEXTIL) VISITOU OS STANDS PORTUGUESES NO 2º DIA DA FEIRA
9. ARTUR SOUTINHO MOSTRA AS MARAVILHAS DO PRODUTO DYNAMIC COLORS (UMA DAS NOVIDADES QUE A MORETEXTILE LEVOU À HEIMTEXTIL) A DIOGO GOMES DE ARAÚJO, ADJUNTO DO MINISTRO DA ECONOMIA 13. CARLOS CARVALHO (COTTON COLOURS) RI COM VONTADE ENQUANTO EXPLICA AO MINISTRO: “EM QUATRO ANOS JÁ FACTURO 12 MILHÕES DE EUROS, EM 2015 CRESCI 60%. E NO ANO PASSADO MAIS 30%”
12. NO STAND DA VILLAFELPOS, TODOS OS CENTÍMETROS QUADRADOS ERAM APROVEITADOS PARA TRABALHAR
14. MINISTRO CHEGOU A FRANKFURT SATISFEITO COM AS EXPORTAÇÕES TÊXTEIS E SAIU DA ALEMANHA “FELIZ E ORGULHOSO POR SER PORTUGUÊS”
10
T
Fevereiro2017
SUSANA BETTENCOURT VENCE OPEMMYMED PRIZE Susana Bettencourt foi uma das 20 laureadas com o OpenMyMed Prize, beneficiando de uma tutoria no valor de 30 mil euros. A justificar a candidatura, a estilista açoriana argumentou com a necessidade de mudar a estratégia e investir na comunicação, com preços mais competitivos e distribuição com agentes e representantes. O júri deu-lhe razão.
TORCATO & TORCATA COM LOJA NO PORTO Era uma velha aspiração de Júlio Torcato, que acaba de abrir atelier, loja e showroom no centro do Porto. O novo espaço, que partilha com as criações da filha, Inês, fica na zona da igreja de Cedofeita (Rua Sacadura Cabral, 118). Amigos e muita gente do mundo da moda fizeram a festa de inauguração, que foi a 21 de Janeiro.
"Em Portugal ainda é na loja que se toma a maioria das decisões de compra"
ALDA CRESCE À CUSTA DO LINHO O linho voltou a estar o mais possível na moda e foi o principal culpado pelo crescimento de 15% que as vendas da Alda Têxteis registaram em 2016. “A procura foi imensa. Teríamos vendido o dobro se tivéssemos matéria-prima e capacidade. As tecelagens de linho estão a renascer”, conta Manuel Barroso, 62 anos, o principal responsável pela têxtil-lar da Póvoa de Lanhoso. Barroso não tem dúvidas de que o linho vai continuar o best seller neste ano de 2017, em que perspetiva um crescimento de 15 a 20% no volume de negócios da empresa que fundou. “Há muita procura. Podíamos crescer muito mais. Mas queremos crescer com segurança, de uma forma sustentável, e não a todo o custo”, explica o CEO da Alda, lamentando a
15 %
foi o crescimento das vendas da Alda Têxteis no exercício de 2016
falta de apoio aos exportadores: “Fazemos no mercado externo 97% das nossas vendas, mas só conseguimos fazer seguro para 60% desse volume. O risco é tremendo”. Os linhos lavados (e por isso mais macios), com um ar de usado e até com bainhas esfiapadas não podiam estar mais na moda e já pesam quase um terço no volume de negócios da empresa da Póvoa de Lanhoso.
No stand da Alda na Heimtextil, a cama integralmente vestida com malhas jersey despertava a curiosidade de todos os visitantes, que fartavam-se de mexer e remexer nela, para sentir com as mãos o conforto que os seus olhos adivinhavam. Mas na hora de comprarem, viravam-se mais para as duas camas de linho. A roupa de cama em jersey produzida tem uma clientela específica. É do particular agrado dos americanos, o que ajuda a perceber por que é que todos os anos a Alda marca presença na Market Week. “É mais difícil trabalhar em malha do que em tecido. É preciso ter muito mais cuidado na confecção e acabamentos. E é mais caro que o algodão. Por isso a nossa oferta de cama em malhas jersey é dirigida ao segmento mais alto”, afirma Barroso. t
FIOS BRANCAL NAS FARDAS DA KLM A Guardia Civil e o exército espanhóis, a GNR e o pessoal de bordo da KLM vestem fardas confeccionadas com fios de lã produzidos na Covilhã pela Antero Brancal & Filhos, que após a crise de 2008 reforçou a aposta em fios técnicos. “O negócio da lã era grande, mas hoje em dia passou a ser um nicho de mercado”, explica José Pedro Brancal, CEO da Antero Brancal, empresa que emprega 40 trabalhadores e fechou 2016 com um volume de negócios de cerca de quatro milhões de euros, dos
quais 40% correspondem a exportação direta. Fios com tratamento antifogo e que absorvem a transpiração (só para citar dois exemplos), desenvolvidos em parceria com o CITEVE e os clientes, são alguns dos exemplos dos fios especiais da Brancal. A grande aposta actual da empresa é na produção de fios que substituam o couro e alcântara nos assentos e revestimentos dos carros, para fornecer a indústria automóvel. “O futuro passa por aí”, conclui Brancal. t
Fernando Ribeiro, presidente da POPAI (Associação Portuguesa de Marketing At-Retail)
PLATFORME AO SERVIÇO DO LUXO
AMORIM CORK TECE TAPETE EM CORTIÇA
Chama-se Platforme e está a trabalhar com grandes ícones da moda como Karl Lagerfeld e a preparar projectos com empresas do grupo Louis Vuitton. A empresa, com escritórios no Porto, Guimarães e Londres, já faz a customização de sapatos e malas e vai avançar em Março com uma solução para produtos de pronto-a-vestir das grandes marcas de luxo.
A empresa TD Cork – Tapetes Decorativos com Cortiça entregou no Instituto Nacional de Propriedade Industrial o pedido de patente de um tapete feito em cortiça recorrendo a técnicas de tecelagem. O tapete, que pode custar entre 220 e 500 euros, recupera técnicas tradicionais de tecelagem para criar os primeiros tapetes em cortiça produzidos utilizando aquele método antigo.
ZIPPY REVOLUCIONA TOTSEAT A Zippy, marca de vestuário e artigos de puericultura da Sonae, lançou no mercado o totseat, um têxtil inovador que resolve o problema dos pais levarem as suas crianças mais novas a comer fora. Adapta-se a qualquer cadeira de adulto facilitando a sua utilização, é facilmente transportado, muito compacto e garante a segurança e o conforto do bebé durante as refeições.
Fevereiro 2017
T
11
12
T
Fevereiro 2017
X
A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel
Sorema
580 mil
pessoas trabalham na indústria têxtil norte-americana, menos de 1/3 dos 1,8 milhões que tinha no final dos anos 90, quando a produção começou a ser transferida para a Ásia
Rua os Limites 145, Silvalde 4500-480 Espinho
Trabalhadores 130 Volume de negócios 10 milhões de euros (2015) Principais mercados Espanha (tem corners em 50 armazéns da cadeia El Corte Inglés), Estados Unidos (Macys e ABC Carpet NY, entre outros), Reino Unido, Japão, China e países árabes (estão nas Galerias Lafayette no Dubai e em Marrocos) Private label Vale 45% da facturação. Faz as marcas de cadeias de department stores como John Lewis e Takashimaya Marca Graccioza, My cotton cloud
PIRES DE LIMA ADMINISTRA PARFOIS
ADELINO MATOS SUCEDE A KOEHLER
O antigo ministro da Economia António Pires de Lima passou a integrar a administração da Parfois, com o objectivo de “consolidar o seu notável crescimento e processo de internacionalização”, da marca que está presente em mais de 50 países. No ano passado, as vendas da Parfois cresceram 18% para 210 milhões de euros.
Adelino Costa Matos, CEO do Grupo ASM Industries, é o novo presidente da ANJE, sucedendo a João Rafael Koehler. Marco Belo Galinha (Grupo Bel), José Pedro Sampaio de Freitas (Mota-Engil, SGPS) e Bruno de Carvalho (Active Aerogels) são os vice-presidentes que o acompanham nos próximos três anos.
LOCAMA ATENTA AO QUE DIZ E FAZ TRUMP
Caíram na poção mágica Apostar na exportação, em marcas próprias, na diversificação de produtos e inovação tecnológica são os ingredientes da poção mágica que fez a Sorema quase duplicar as vendas desde o início do século. Os números, que não costumam mentir, são a prova dos nove da justeza da estratégia definida na viragem do milénio pela 3ª geração de Relvas: dos mais de dez milhões de euros do volume de negócios, 95% são feitos no mercado externo e 65% com as marcas próprias da empresa de Espinho, que começou a fabricar tapetes e agora oferece toda a gama para casa de banho. A Sorema nasceu no ano da Revolução de Abril, por vontade de Ramiro Relvas e do seu filho Duarte, com o projecto de fornecer a indústria automóvel, ideia inicial que apesar de nunca concretizada ficou para todo o sempre tatuada na sua razão social, que agrupa as iniciais de Sociedade de Revestimentos e Materiais para Automóveis. Após dois anos de contratempos, a Sorema começou finalmente a laborar em 1976, fabricando tapetes para casas de banho, produto alternativo a que chegaram pela mais pragmática das razões: “Era a única outra coisa que as máquinas que tínhamos à época davam para fabricar, para além dos revestimentos para automóveis”, esclarece Ricardo Relvas, 36 anos, licenciado em Gestão pela FEP, e o mais novo dos três netos do fundador Ramiro - os outros são Duarte, 43 anos, engenheiro têxtil, eAndré, 41 anos, licenciado em Gestão. Estes três irmãos, que constituem a 3a geração de Relvas empreendedores, são os responsáveis pelo novo fôlego estratégico que a Sorema conheceu a partir de 2000, ano em que vendia seis milhões de eu-
ros e, no seu essencial, vivia do mercado doméstico e fabricava exclusivamente com a marca dos clientes. “Percebemos que não iríamos conseguir sobreviver só no mercado nacional”, diz Ricardo, recordando o diagnóstico que serviu de base à estratégia da Sorema para o século XXI, e consistiu em subir na cadeia de valor - e fazer com que os tapetes made in Espinho voassem para todo o mundo. O tom da viragem foi dado logo no ano 2000, com a apresentação da Sorema Bath Fashion, colecção mais moda, jovem, colorida e de gama média, a que se seguiu, dois anos volvidos, o lançamento da Graccioza, marca premium para o segmento alto, ao mesmo tempo que diversificavam a oferta alargando-a dos tapetes para toalhas, roupões, linha de praia, etc. “Começamos a entrar nas toalhas, cortinas de casas de banho, acessórios, coordenados”, conta o mais novo dos três irmãos Relvas, descrevendo a trajectória de diversificação que foi a par de um investimento em inovação que enriqueceu a oferta da Sorema com produtos mais tecnológicos como saídas de banho mais finas ou tapetes mais fofos, recheados e almofadados, comercializados com a marca My cotton cloud, by Gracioza, que já valem 5% o volume de negócios, e usam o sugestivo slogan “it’s heaven at your feet”. O solavanco do casamento falhado com a Welspun - desfeito num divórcio amigável celebrado dois anos volvidos sobre a compra de 60% do grupo pelo gigante indiano - não foi suficiente para atrapalhar a bem sucedida escalada na cadeia de valor que a Sorema iniciou no ano 2000. t
Com 55% do negócio feito nos EUA (onde fornece a Macy’s e a Restoration Hardware, entre outros) a Locama está atenta ao que diz e faz Donald Trump antes de avançar com a 2ª fase do investimento na renovação do equipamento. “As perspectivas para 2017 são boas, mas temos de ver como evolui a situação nos EUA”, explica Pedro Lobo, sales manager da Locama, empresa que emprega 35 trabalhadores e facturou 2,8 milhões de euros (crescimento de 12%) em 2016 - ano em que investiu 170 mil euros na renovação de dois teares.
“Não me canso de dizer que quem deve trabalhar é a cabeça. As mãos e os pés só executam. Quem pensa é a cabeça” Ana Paula Rafael CEO da Dielmar
FRANCISCA PEREZ GRANDE PROMESSA Francisca Von Hafe Perez, 22 anos, é a aposta de Manuel Serrão para o mundo da moda em 2017. O director do T foi um dos 12 especialistas convidados pela Notícias Magazine para eleger uma promessa portuguesa para 2017. Modelo há oito anos, Francisca (70-63-89) é portuense, foi embaixadora da Intimissimi, desfilou no Portugal Fashion, ModaLisboa e nas semanas de moda de Milão e Paris.
Fevereiro 2017
Visite-nos na ModtĂssimo dias 15 e 16 de fevereiro!
Rua dos Estoleiros 304, Polvoreira 4835-163 GuimarĂŁes Portugal
T/ 00351 253 424 570 F/ 00351 253 514 704
geral@vimaponto.pt www.vimaponto.pt
T
13
14
T
Fevereiro 2017
CRISPIM ABREU MODERNIZA TINTURARIA A tinturaria é um dos sectores da Crispim Abreu que será modernizado e reequipado, no âmbito do investimento que tem em curso. Orçado em dois milhões de euros, o investimento contempla ainda a instalação de painéis solares e alterações no lay out produtivo, para obter ganhos de eficiência. “Estamos também num processo de certificação do laboratório”, diz Virgínia Abreu, CEO da empresa, acrescentando que o objectivo é tornar a fábrica “mais bonita e mais eficiente”.
A têxtil-lar de Pevidém fornece várias cadeias hoteleiras como a Intercontinental, Porto Bay, Marriot, Tivoli e Douro Azul
LAMEIRINHO VESTE HOTEL PLAZA ATHÉNÉE Os hóspedes do luxuoso Plaza Athénée - um hotel cinco estrelas, localizado na avenue Montaigne, que tem cinco restaurantes, bem como um spa gerido pela Dior - dormem em lençóis Lameirinho e, após o banho, enxugam-se em felpos fornecidos pela têxtil-lar portuguesa. A Lameirinho está a investir no aumento da sua quota de mercado na hotelaria, tendo criado uma marca própria (Lameirinho Hotel) para este segmento de mercado e constituído uma equipa comercial totalmente focada no crescimento desta área de negócio. No mercado interno, a têxtillar de Pevidém já fornece impor-
tantes cadeias hoteleiras como a Intercontinental, Porto Bay, Marriot, Tivoli e Douro Azul. Nesta área de negócio, a Lameirinho privilegia conceitos integrados de cama, banho e mesa, com design pensado para diferentes estilos e ambientes, e tem uma oferta alargada que vai desde os produtos standard até aos taylor made - ou seja criações personalizadas e feitas à medida do hotel, restaurante ou spa... “As especificações necessárias para o sector de hotelaria são garantidas pelo nosso laboratório especializado e acreditado internacionalmente. Os nossos clientes profissionais desta área podem contar também com o
apoio do nosso departamento de investigação e desenvolvimento que dedica parte importante do seu tempo à pesquisa de técnicas de acabamento que tornem o produto não só mais suave e macio ao toque mas também mais resistente e durável, mantendo o seu bom aspecto após sucessiva lavagens”, declara uma porta-voz da Lameirinho. Fundada há 69 anos por Joaquim Coelho Lima (pai de Albano e avô de Paulo, os actuais presidente e CEO da empresa), a Lameirinho tem um volume de negócios de cerca de 52 milhões de euros, exporta 90% da sua produção e emprega 700 trabalhadores na sua fábrica em Pevidém, Guimarães. t
JOCOLOR ESTÁ MAIS MODERNA A Jocolor vai investir 800 mil euros em expansão e modernização, construindo um novo pavilhão industrial com 1200 metros quadrados, que duplica a área das actuais instalações, em Joane, Famalicão, e adquirindo nova maquinaria que permitirá a reestruturação de todo o processo produtivo. Com o incremento e modernização da produção, a empresa prevê criar mais 25 postos de trabalho, a juntar ao plantel actual de 75 colaboradores. Também por este motivo o investimento
800 mil euros é quanto a Jocolor está a investir na duplicação da área das suas instalações em Joane
obteve o reconhecimento de interesse municipal por parte da Câmara. Uma das empresas de maior
sucesso do país no sector de estamparia, a Jocolor foi criada em 1988 e tem capacidade para produzir cerca de 24 milhões de peças estampadas por ano. A produção atinge as 16 cores e é direccionada para clientes nacionais e internacionais, sendo reconhecida pelos elevados níveis de qualidade. No âmbito deste projecto de investimento, a Jocolor foi contemplada com incentivos fiscais ao abrigo do Regulamento de Projectos de Investimento de Interesse Municipal – Made 2IN. t
FALTA MÃO DE OBRA EM PAÇOS DE FERREIRA
DESEMPREGO CAI 44% EM FAMALICÃO
O presidente da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) alertou para a falta de mão-de-obra nos sectores têxtil e mobiliário. “Começamos a ter um problema que é a da falta de pessoas para trabalhar”, lamentou Rui Carneiro, que deu como exemplo uma formação a decorrer, com 20 costureiras, quando há 30 vagas a preencher.
Nos últimos três anos a taxa de desemprego em Famalicão caiu 44% (de 15,13% para 8,52%), ou seja cerca de cinco mil famalicenses arranjaram emprego no terceiro concelho mais exportador do país - que em 2016 registou a segunda balança comercial mais favorável do país, com um saldo positivo de 901 milhões de euros.
"Colocar as pessoas em primeiro lugar e no centro da organização é um aspeto fundamental para o futuro e a sustentabilidade do negócio" Miguel Pedrosa Rodrigues, administrador da Pedrosa & Rodrigues
PARIS VIVE À CUSTA DA MODA As seis semanas de moda que se realizam anualmente em Paris são um dos principais motores da economia da capital francesa, gerando receitas de 1,2 mil milhões de euros na hotelaria, restauração e transportes - de acordo com um estudo do Institut Français de la Mode.
CHANEL MELHOR QUE RENAULT OU AIRBUS O volume de negócios da fileira da moda francesa atinge os 150 mil milhões de euros/ano e é largamente superior ao das indústrias aeronáutica (102 mil milhões) e automóvel (39 mil milhões). “Os poderes públicos não têm consciência de que quando vamos ao estrangeiro, não nos falam da Airbus ou da Renault, mas sim da Chanel, Dior ou Cartier”, explicou Ralph Toledano, presidente da Féderation Française de la Couture.
Fevereiro 2017
T
15
16
ANGOLA JÁ TEM TRÊS FÁBRICAS GRANDES Angola conta com três grandes fábricas de tecidos em laboração, na sequência de um programa de reabilitação da indústria têxtil financiado através de uma linha de crédito do Japão. A Textang II (Luanda) está mais virada para o fabrico de tecidos para confecção de fardas militares. A SATEC (Cuanza Norte) produz malhas para confecção. Já a Alassola (antiga África Têxtil), em Benguela, fabrica tecidos para o lar.
T
Fevereiro 2017
"A ITV está a aumentar o volume de negócios produzindo menos, o que quer dizer que está a incorporar mais valor acrescentado nos produtos que vende" Nicolau Santos, director adjunto do Expresso
ERMENEGILDO ZEGNA COMPRA BONOTTO A Ermenegildo Zegna, líder italiana do vestuário masculino de alta gama, comprou 60% do capital do fabricante de tecidos veneziano Bonotto. Os restantes 40% mantêm-se nas mãos da família homónima. A Bonotto, é famosa pelo seu conceito de fabrico lento e da preservação dos métodos artesanais de produção, fatura cerca de 30 milhões de euros/ano.
JOURNAL DU TEXTILE SEDUZIDO POR PORTUGAL
Com a bebé do ano ao colo, o pai babado vestia uma t-shirt criada pela designer Joana Dias, com a singular inscrição: The Boss
COMO A BENEDITA SE TORNOU O ÍCONE DA RUST AND MAY Raposo Antunes
Logo ao nascer, Benedita foi notícia em todas as televisões e jornais portugueses. Trata-se da primeira bebé do ano 2017 nascida no Porto, no Centro-Materno Infantil do Norte. Além da felicidade proporcionada aos pais, Benedita não imaginava que estava também a transformar-se num ícone da marca Rust and May. Com Benedita ao colo, o babado pai vestia uma t-shirt, criada pela designer Joana Dias, com a singular inscrição The Boss. “Olhe, começaram a chover mensagens nas redes sociais de clientes e amigos meus”, conta a fundadora da Rust and May, dando conta assim do feedback que teve do primeiro nascimento do ano. Licenciada pela Escola Superior de Design do Porto, Joana Dias começou o seu percurso profissional na Eureka em 2007, dois anos depois de ter tirado o curso e com mais alguma
formação e experiência em Barcelona durante esse período pré-profissional. Da Eureka, saltou para a Parfois, passou pela Uterque (da Inditex) e aterrou na Tiffosi em 2011, onde permaneceu até 2015. No final desse ano, uma viagem ao Bali mudaria a vida desta designer. Joana Dias apaixonou-se pela estética e artesanato locais e viu ali uma oportunidade de negócio. “Comprei um contentor de artigos de decoração do Bali”, lembra. O contentor só chegaria alguns meses depois, ou seja em Abril de 2016. Foi então que nasceu a Rust and May. “Sempre quis que a marca tivesse dois nomes, de forma a dividir as famílias. Rust, focada em artigos de decoração, e May para vestuário”, explica. A Rust é totalmente produzida em Bali, por artesãos qualificados, “cada peça é única porque é feita manualmente”, revela. Já a linha
May é “100% made in Portugal e teve uma excelente adesão por ter desenho próprio (o caso da t-shirt do pai da famosa Benedita), com tecidos de qualidade”. A Rust and May está disponível nas redes sociais, com uma média de 50 encomendas por mês, e num showroom, que é também o atelier de Joana Dias, na Rua do Lidador, no Porto. “O showroom surge exatamente por sentir uma necessidade por parte do cliente de poder sentir as peças, de ver e tocar”, explica. Em termos de vestuário, o must são naturalmente as t-shirts, mas Joana Dias adianta que faz também sweats, calças e outras peças – “tudo sportschic”. Os clientes da Rust and May são, sobretudo, “mulheres numa faixa etária dos 25 aos 35 anos”, e o leque de preços é tão diverso como a oferta da marca. t
A notícia do excelente desempenho das nossas exportações já atravessou os Pirinéus e chegou ao francês Journal du Textile, que dedica uma página ao bom momento da nossa ITV, em que também chama a atenção para o crescimento de 20% no número de visitantes estrangeiros que estiveram no último Modtissimo. “Por ocasião do Modtissimo, a fileira portuguesa da moda mede o interesse cada vez mais acentuado dos compradores estrangeiros pelo seu savoir-faire”, escreve o jornal francês, que salienta como “uma boa surpresa” as mais recentes estatísticas divulgadas pelo INE, não só no particular da ITV mas também nas que revelam uma descida do desemprego e redução do défice. “Desde há algum tempo que estamos a beneficiar do regresso dos compradores ao Velho Continente, um fenómeno que não cessa de aumentar devido aos problemas que afetam os países emergentes”, declara o diretor-geral da ATP, Paulo Vaz, ao jornal francês, que ouve uma opinião colaborante de Elsa Parente, directora comercial da Tintex: “A França, Alemanha e Japão têm reforçado as encomendas”. t
Fevereiro 2017
T
17
18
T
Fevereiro 2017
MORETEXTILE DIVERTE AS CRIANÇAS Sustentabilidade e divertimento – ambos de mãos dadas com a inovação – são os trunfos que o grupo MoreTextile apresentou na última edição da Heimtextil. Farto de saber que se quiser ganhar ao Boris Becker não o deve desafiar para jogar ténis, Artur Soutinho, CEO do maior grupo português de têxteis-lar, percebeu há já muito tempo que tentar concorrer pelo preço com os fabricantes asiáticos é uma estratégia suicida. “A nossa vantagem competitiva está na qualidade, serviço e na apresentação de produtos diferentes e inovadores, fabricados na mais rigorosa observância do respeito que é devido aos direitos dos trabalhadores e ao futuro do planeta em que vivemos”, explica Soutinho. O Eco Heather, uma das novidades que a MoreTextile levou a Frankfurt, resulta de um processo inovador, desenvolvido no âmbito da sua participada Tearfil, e que consiste em reaproveitar as sobras da fiação para fabricar um novo fio. “Através de um processo industrial eficiente produzimos um novo fio com características únicas, que nos permite criar flanelas, mantas e lençóis duráveis e macios, com um toque
GOOGLE HOMENAGEIA INVENTOR DA GABARDINA No 250º aniversário do nascimento do químico Charles Macintosh, a Google homenageou o escocês inventor do impermeável com um google doodle. Nascido em Glasgow, em 1776, Macintosh começou por ser empregado de escritório, dedicando-se nas horas vagas à sua paixão pela química, fazendo experiências com derivados de petróleo, alcatrão e nafta, até que inventou um material têxtil resistente à água.
A criançada diverte-se à grande com o novo produto Dynamic Colors
ímpar, boa aparência e um excelente comportamento após lavagem”, garante Jorge Oliveira, um dos designers do grupo. No fabrico de um jogo de lençóis com fibras renascidas Eco Heather poupa-se em média 5,4 quilos de algodão, que para serem produzidos implicariam um gasto de 58 300 litros de água. O divertimento é a outra novidade, que dá pelo nome de Dynamic Colors, uma linha completa de roupa de cama e homewear produzida com tecidos que mudam de cor em contacto com o calor.
Se pressionar durante algum tempo uma almofada, a silhueta da sua mão ficará provisoriamente marcada no tecido, devido à pioneira aplicação aos têxteis-lar de um processo de tingimento que faz com que os tecidos fiquem termo-sensíveis. O grupo MoreTextile – que nos últimos cinco anos pagou 40 milhões de euros em impostos ao Estado e 25 milhões de euros de juros à banca – deverá fechar o exercício de 2016 com um volume de negócios na ordem dos 80 milhões de euros e um EBITDA positivo de 1,8 milhões. t
PÚBLICO FOI AO CITEVE E GOSTOU MUITO DO QUE VIU “Em Famalicão, o presente tece-se com têxteis inteligentes” é o título de um plano especial de duas páginas dedicado ao CITEVE pelo diário Público na secção Ciência, da sua edição de 30 de Dezembro. Da autoria da jornalista Teresa Serafim, o trabalho descreve as diferentes actividades de inovação dentro do CITEVE, concluindo: “Tudo o que se faz lá dentro vai estar um dia na nossa roupa”. Sublinha que “o CITEVE é um intermediário entre a universidade e as empresas” e, cita António Braz Costa, director-geral do Centro, para o definir: “É um centro de interface tecnológica que articula o sistema da universidade e das empresas.”
O texto aborda ainda outras actividades na área do têxtil desenvolvidas em Famalicão, como a do Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI). Criado pelo CITEVE, o CeNTI dedica-se às nanotecnologias e materiais inteligentes em áreas como a cortiça, a cerâmica e também os têxteis. Ambos os centros pretendem transferir tecnologia para a indústria. “Servem para desbravar caminho”, diz Braz Costa. Além disso, “funcionam como centros de estágios para muitos mestrandos e doutorandos e fizeram frente à crise no sector têxtil”, escreve ainda o diário dirigido por David Dinis. t
80 %
é a taxa de empregabilidade dos desempregados que frequentam as acções de formação da Modatex
CERRUTI REJUVENESCE AOS 50 ANOS
FRANCESES OFFLINE NA LEGALIDADE
A Cerruti vai aproveitar as comemorações do 50º aniversário para imprimir um novo fôlego à sua actividade e rejuvenescer a imagem. “A nossa marca foi muito forte e é conhecida por toda a gente. Agora temos de a reconstruir e reconquistar os mercados”, afirma Laurent Grosgogeart, que assumiu o comando da marca italiana em meados do ano passado.
Os trabalhadores franceses têm, desde 1 de janeiro, o direito a estar offline, ignorando mails e SMS relacionados com trabalho que cheguem aos seus smartphones fora das horas normais de expediente. “Usar o smartphone a toda a hora do dia pode causar esgotamentos, insónias e problemas sérios nas relações familiares”, explica Thiebart Patrick Jeantet, advogado especializado em legislação laboral.
"Em 2016, crescemos 15% nos Estados Unidos, que são o nosso principal mercado. Muitos compradores estão a voltar, cansados de serem enganados pelos chineses" António Leite, administrador da Lumatex
18 MIL LOJAS FECHARAM EM 2016 NOS SHOPPINGS DO BRASIL Mais de 18 mil lojas fecharam as portas em 2016 nos centros comerciais brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping. No ano passado, abriram 19 novos centros comerciais no Brasil, mas baixou não só o volume de negócios global (-3,2%) como também o número de empregados - 36 659 postos de trabalho foram destruídos, caindo o volume de emprego nas lojas de centros comerciais para 1,253 milhões de pessoas.
Fevereiro 2017 AF_REVISTA T.pdf
1
08/01/16
12:36
T
19
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.
20
T
Fevereiro 2017
FOTO: RUI APOLINÁRIO
“PARAR DE INVESTIR É UMA SENTENÇA DE MORTE”
Fevereiro 2017
T
21
n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel
Mário Jorge Carvalho 54 anos, nasceu e cresceu em Braga, onde os pais tinham um negócio de mobiliário, com fábrica e rede de lojas (Móveis Machado). Engenheiro de Polímeros pela Universidade do Minho (1985), mal acabou o curso deitou mãos à tarefa de evitar que a Estamparia Adalberto morresse asfixiada por um passivo sufocante, acumulado por um motivo virtuoso: a compra de equipamento moderno
A
legislação que regula a actividade económica é fundamental. Em cerca de 40 anos, e usando a mesma matéria-prima humana, o melhor que a RDA conseguiu fabricar foi o Trabant, o pior carro do mundo, enquanto a RFA produzia os Porsches, Mercedes e BMW - afirma Mário Jorge Carvalho, 54 anos, o engenheiro que há 23 anos dirige a Estamparia Adalberto. O que foi mais difícil? Dar a volta à Adalberto ou aguentar a concorrência asiática?
As duas coisas foram difíceis. Em 1985, a Adalberto tinha dívidas fiscais, salários em atraso e um passivo asfixiante, mas estava bem equipada e a conjuntura era favorável: íamos entrar na CEE e havia crescimento económico. Quando o vento sopra a favor a navegação fica muito facilitada... A invasão de produtos asiáticos criou mais problemas?
Neste século, os ventos têm sido quase sempre contrários. É difícil ser industrial quando os nossos concorrentes dispõem de muitas vantagens competitivas em termos de contexto. Enfrentamos um player empenhado em conquistar quota de mercado a qualquer preço e apoiado por empresas estatais. Foi um plano de Estado?
Tratou-se de uma estratégia a prazo, delineada pelo PC Chinês - que pode planear a 10 ou 15 anos, pois não tem de se preocupar com os ciclos eleitorais... -, para eliminar a concorrência a nível mundial, que não afectou só a têxtil, mas também outras indústrias, como a química,
plásticos, aço, etc. O combate foi demasiado desigual?
É como jogar cartas usando apenas as cartas do baralho enquanto o adversário tem trunfos escondidas na manga. O Estado chinês investiu fortemente na industrialização e suportou grandes prejuízos para eliminar concorrentes e ganhar mercados. Foi uma estratégia vencedora mas com elevados custos: ainda há muito mal parado por digerir nas contas deles... O balanço da globalização é desfavorável à indústria europeia?
Em termos de planeta, o balanço é positivo. Dezenas de milhões de europeus e americanos a viverem pior foi o preço que pagamos para centenas de milhões de chineses saírem da pobreza extrema. Mas em termos dos interesses do Ocidente o balanço não é tão risonho - e é isso que explica a eleição de Trump e a vaga de populismo que varre a Europa. Qual o segredo para a ITV sobreviver numa conjuntura tão agreste?
Uma enorme capacidade de adaptação. As nossas empresas têm um know-how único, sabem lidar com produtos complexos, ganharam muita flexibilidade, souberam inovar e subir na cadeia de valor. É por isso que ainda somos atractivos?
Ninguém nos compra por sermos portugueses. Perdemos os clientes de volume mas ganhamos outros com necessidades mais sofisticadas. Mas para continuarmos a ser atractivos temos de ter vantagens competitivas, o que começa a ficar complicado... Porquê?
Há um equilíbrio que está a ser distorcido, pois as empresas
"A OCDE explica como é que as nossas leis laborais afugentam o investimento"
Em jovem jogou xadrez a nível federado, o que tem ajudado a ser melhor gestor. “Normalmente nós somos bons a interpretar o passado. No xadrez, habituei-me a prever o futuro e antecipar o que vai acontecer três ou quatro jogadas à frente se eu mover uma peça numa determinada direcção”, conta Mário Jorge. Já não joga xadrez (“Fartei-me de perder contra o computador”) e também deixou o ténis (“Mas tenho saudades. Estou tentado a experimentar o padel”). Agora, limita-se a fazer jogging e Pilates, para manter a forma e a flexibilidade. Casado com Ana Paula (filha de Noémia e Adalberto Pinto da Silva, fundadores da Estamparia Adalberto), têm três filhos: Jorge Adalberto, 31 anos, que já é empresário têxtil (AD Style) e está a fazer em Harvard um curso de Owner Management; Ana Rita, 27, que se dedica à Psicologia na área de formação parental; e Maria Isabel, 15 anos, que está a fazer o secundário no CLIP e planeia ir para a área de Economia.
estão a ser obrigadas a suportar custos acrescidos e desajustados face à evolução da inflação e da produtividade. Quando há uma pressão nos custos que não se consegue repercutir no preço final, só nos mantemos competitivos à custa da diminuição das
margens e dos resultados - o que leva a curto prazo ao definhamento das empresas. Refere-se à envolvência política?
Repor feriados e decretar aumentos salariais prejudica a indústria, pois introduz factores de risco suplementares num equilíbrio demasiado instável. O Governo esquece-se que as exportadoras estão a competir no mercado global - é muito diferente do negócio dos hipermercados... O Governo está a criar dificuldades a quem exporta?
Está a dar tiros no pé ao aumentar de forma desproporcionada os custos das empresas. O débil crescimento da economia é um garrote. Se não crescemos, não temos como pagar a dívida e o cenário de um novo resgate começa a não ser desprezível. Quais são os principais constrangimentos à competitividade?
O relatório da OCDE explica como é que as nossas leis laborais afugentam o investimento. Fiquei arrepiado ao ouvir o ministro Vieira da Silva desvalorizar o assunto afirmando que as práticas nas relações laborais não são assim tão restritivas como a legislação. É incrível ouvir um governante dizer que a lei não serve para nada. A legislação laboral é mesmo o maior obstáculo?
O pior cego é o que não quer ver. Este país não cresce há cerca de 20 anos. As leis laborais não são amigas do investimento. Imagine que ganha dez milhões de euros no Euromilhões. A última coisa que lhe vai passar pela cabeça é pegar nesse dinheiro e investi-lo numa fábrica e contratar 500 pessoas. O acesso e o custo do dinheiro também são desvantagens competitivas?
Se apresentarmos bons pro-
jectos e garantias, a questão do acesso não se coloca. Mas o custo é um problema real. O spread está relacionado com o risco do país. Sofremos por sermos portugueses, porque pagamos taxas na ordem dos 5 a 6%, enquanto os espanhóis se financiam a 2 ou a 3%. Como se resolve a descapitalização das empresas?
A nossa indústria transformadora está a trabalhar com margens muitíssimo reduzidas. A Pordata fala em margens de cerca de 1%. Isso torna-as demasiado sensíveis a alterações nos custos de contexto e impede-as de se capitalizarem. As 131 medidas do José António Barros são suficientes?
Todas elas são muito positivas. Mas têm de ser implementadas. Já tive a oportunidade de desafiar o ministro da Economia e o secretário de Estado da Indústria a comprometerem-se com um calendário para a sua aplicação. Que foi a resposta deles?
Que iam avaliar... É fundamental apressar o processo, até porque a maior parte dessas medidas têm um reduzido impacto orçamental e facilitariam muito a vida às empresas. Em que pé estão as renegociações do Contrato Coletivo de Trabalho (CCT)?
O CCT impunha regras prejudiciais para a competitividade, como a obrigatoriedade dos três dias de férias suplementares. Deve ser dada liberdade às empresas e trabalhadores para negociarem o que podem e devem ter ou dar. Na Adalberto, o prémio de assiduidade era em dinheiro. Quando o CCT impôs que fosse em dias de férias, os trabalhadores ficaram desmotivados - preferiam ser compensados em dinheiro. Qual é o problema?
O problema está na tradição de
22
T
Fevereiro 2017
A melhor máquina do mundo. O mais recente e vistoso investimento da Adalberto foi a aquisição, por 2,5 milhões de euros, de uma máquina de impressão digital, que está a laborar desde Junho e já atraiu à empresa novos clientes e novas oportunidades de negócio. “Pela sua qualidade, resolução e produtividade, é a coisa mais sofisticada que há no planeta em termos de impressão digital. Trata-se de um salto disruptivo, um equipamento que cria um novo paradigma”, explica Mário Jorge, acrescentando que só há duas destas máquinas em funcionamento em todo o mundo: a sua e uma outra na Alemanha.
um Estado super-legislador e centralista, que se intromete demais na vida das empresas, e numa mentalidade antiquada de alguns partidos e sindicalistas que ainda não perceberam que a luta de classes já não existe e que no seu essencial os interesses dos trabalhadores são coincidentes com os dos empregadores.
"O modelo inventado pelo Amancio Ortega ajudou a salvar a nossa ITV, pois a velocidade obriga à proximidade"
Sente a falta de quadros e de mão-de-obra qualificada?
Estamos a pagar a má publicidade que a têxtil teve. A nossa indústria investiu muitas centenas de milhões de euros em equipamentos, fez-se ao mundo e o resultado é que em 2016 foi o sector que mais cresceu nas exportações. Isso aconteceu porque estamos habituados a concorrer em campo aberto. Não tínhamos trincheiras onde nos esconder. Ou damos da perna ou somos arrasados. Não receou falhar quando, com 23 anos, assumiu a liderança da Adalberto?
Ser jovem e pensar que se pode conquistar o mundo ajudou muito :-). E a conjuntura também. Após um período muito complicado, em que fomos intervencionados pelo FMI e sofremos com os choques petrolíferos e as desvalorizações do escudo, estávamos a entrar numa fase de crescimento acelerado com a entrada na CEE. Quais foram os factores decisivos para o sucesso?
Tínhamos bons recursos humanos e uma boa capacidade de produção. Faltavam as vendas. Os factores críticos foram conseguir identificar os clientes e ter o conhecimento correto dos custos de produção, para saber fixar os preços certos. Há 22 anos era mais fácil gerir do que agora?
Muitíssimo mais fácil. O mercado reconhece a Estamparia Adalberto como uma empresa de referência e um player im-
portante no mercado mundial. Mas o nível de exigência dos clientes é muito maior e as margens muito menores. O que é que pedem hoje os clientes?
Produtos com mais funcionalidades, mais durabilidade e mais confortáveis, fabricados através de processos que respeitem o ambiente e os trabalhadores. Querem também novas combinações e materiais, aspectos e toques diferentes. Temos de estar sempre a inovar. É a inovação permanente...
A têxtil é a mais exigente e complexa de todas as indústrias. É a que tem mais variáveis. Um estudo de Harvard recomenda que quem quer aprender a inovar deve olhar para a têxtil. Além de inovar têm de investir...
Parar de investir é a crónica da morte anunciada. Mas investir não é sinónimo de sucesso garantido. A única coisa que garante é que vamos a jogo. Quem não é empreendedor não percebe o que é tomar a decisão de investir sem ter a certeza se vai ou não ter sucesso pois há uma data de factores de contexto que não domina. É por isso que há pouca indústria em Portugal?
Não é fácil ter de assumir riscos e enfrentar o desconhecido.
Para haver indústria é preciso ter gente que arrisca investir, mas esse risco tem de poder ser calculado - não pode ser como apostar na roleta. Temos uma das mais elevadas taxas de mortalidade de empresas da Europa. 60% das empresas que estão agora a nascer não vão existir dentro de três anos.
30 milhões é o volume de negócios da Estamparia Adalberto, dos quais 45% feitos nos têxteis-lar. A empresa emprega 380 trabalhadores (mais 60 do que quando Mário Jorge Machado assumiu a sua liderança, em 1985) e exporta directamente 70% da sua produção.
As perguntas de
A que se deve isso?
Não é por sermos piores que os outros. Há muitos exemplos que demonstram o contrário. Essa elevada mortalidade deve-se ao ambiente político e à legislação que regula a actividade económica. Não é por acaso que usando a mesma matéria-prima humana - alemães -, a RDA tenha fabricado o Trabant, o pior carro do mundo, enquanto a RFA produzia os Porsches, Mercedes, BMW, Volkswagen e Audis. Não o preocupa a excessiva exposição a Espanha, das nossas exportações?
Nem por isso. A Espanha é sem dúvida um grande vizinho e o grupo Inditex é um grande cliente. Uma das coisas que ajudou a salvar a nossa ITV foi o modelo inventado pelo Amancio Ortega, pois a velocidade obriga à proximidade. Como pôr a fileira têxtil a falar a uma só voz?
O melhor cenário seria continuar o processo de consolidação até toda a fileira estar representada numa única associação. Se isso não for possível, seria aceitável, como plano B, a constituição de uma cúpula que fale por todo o sector. O que é preciso para que isso aconteça?
Haver vontade de todas as partes, designadamente daqueles que aceitaram diminuir a competitividade dos seus associados ao assinarem um contrato colectivo que os obriga a dar regalias bastante bem acima das concedidas pela lei geral. t
Artur Soutinho CEO da MoreTextile
Cristina Galvão Directora Comercial da Villafelpos
Como vê o futuro dos nossos têxteis-lar num ambiente de concorrência global com novos paradigmas de isolamento comercial nos USA e UK?
Quais os factores críticos para o processo de industrialização do país?
Atendendo à boa qualidade dos nossos produtos e aos investimentos das empresas em design e inovação, creio que vão continuar a existir boas oportunidades. O caminho vai ser complicado e o crescimento pode ser mais reduzido, mas estou optimista quanto ao futuro de quem souber fazer os seus trabalhos de casa. Como se resolve a eterna competitividade, muitas vezes desleal, entre as têxteis-lar portuguesas, em detrimento da complementaridade?
Quem vende abaixo do custo acaba por ser eliminado. As empresas ou têm resultados ou tendem a desaparecer. Acho que todos temos de perceber que o inimigo está lá fora, e não cá dentro, e que os diferentes segmentos do sector - decoração, banho, cama, cozinha - devem unir esforços e tirarem partido da sua complementaridade para que os clientes nos vejam como um cluster. t
O relatório da OCDE aponta o dedo a todos os factores que afectam a nossa competitividade. Para reindustrializar o país precisamos de ter legislação - não só a laboral mas também ao nível do licenciamento industrial - que seja amiga do investimento e de uma justiça que resolva rapidamente os conflitos. Num mundo globalizado em rápida mudança, como vê a sua empresa daqui a dez anos?
Dentro de dez anos, vejo a Adalberto como líder europeia na área da estamparia. É esse o meu objectivo. E ao ser líder na Europa seremos naturalmente líderes mundiais, pois o gosto e o saber fazer europeu, na era da moda e dos têxteis-lar, são admirados em todo o mundo. Em qualidade e design não há quem nos iguale. Somos os melhores do mundo. t
Feira líder internacional de têxteis técnicos e não tecidos
techtextil.com
CONNECTING THE FUTURE de 9 a 12. 5. 2017, Frankfurt no Meno Descubra os têxteis técnicos do futuro! Quais são os materiais utilizados no espaço? Podem-se construir fachadas de arranha céus a partir de fibras? Quais são as inovações que vão mudar o sector? A Techtextil liga as fascinantes soluções têxteis de hoje às visões de amanhã. Descubra novos mercados e novos negócios. Estabeleça contactos preciosos na maior rede internacional de especialistas.
info@portugal.messefrankfurt.com Tel. 21 793 91 40
em paralelo:
Portugal
23
DU: 04.01.2017
T
64147-005_TT_allg_JornalT_270x350 • FOGRA 39 • CMYK • bs: 23.12.2016
Fevereiro 2017
24
T
Fevereiro 2017
LOUIS VUITTON EM VERSÃO URSINHO DE PATCHWORK A Louis Vuitton lançou uma linha de presentes intitulada "The art of gifting”, Composta por 30 objetcos variados, que vão desde dados e baralhos de cartas até canecas para lápis e canetas passando por molduras em plexiglas para fotografias, blocos de notas, almofadas de tinta adornadas em couro e espelhos de bolso. Os presentes que têm preços que oscilam entre os 90 e os 900 euros estarão à venda nas lojas Louis Vuitton em todo o mundo. A primeira colecção compreende um ioiô e um ursinho de patchwork apelidado de “Louis, o urso”.
A semana começa na Têxtil-Lar S. José com o terço rezado por Susana Leite Cunha, 73 anos, e os seus 41 colaboradores
A FÉ DE SUSANA Raposo Antunes
A Têxteis-Lar S. José faz jus ao seu nome. Logo à entrada da sala de clientes desta empresa de Figueiró, Amarante, há uma espécie de altar improvisado com um figura de S. José em cerâmica, uma outra de Nossa Senhora e uma vela permanentemente acesa. Susana Leite da Cunha, 73 anos, proprietária desta unidade industrial juntamente com as suas três filhas (Celeste, Alzira e Sandra), colocou neste espaço privilegiado de negócios, além do pequeno altar, muitos outros ícones religiosos. Mais: a própria proprietária não só diz, como tem escrito, num pequeno quadro também colocado naquela sala de visitas da fábrica que “os corações de Jesus e Maria são os donos desta empresa”. A fé de Susana Leite da Cunha marca o próprio ritmo de trabalho desta empresa que faz roupa de cama, cozinha e banho (com a marca própria Têxteis-Lar S. José) e fechou 2016 com um volume de negócios de 1,6 milhões de euros. A primeira coisa que Susana faz quando chega à fábrica na manhã de 2ª feira é rezar o terço com os 41 trabalhadores, na maioria mulheres, algumas que estão com ela desde a fundação, em 1986, e outras que são filhas delas ou de antigas funcionárias. A afável Susana não o verbaliza desta forma, mas a sua história de vida é a prova de que “a fé move montanhas” e, no caso, também têxteis. Casou com 18 anos e pouco tempo depois o marido foi para a tropa. Estávamos em 1961, no início da guerra colonial, à qual este escapou.
Sozinha, “e muitas vezes descalça”, começou a vender toalhas com bordados da Lixa, calcorreando diversas localidades serranas do concelho de Amarante. “Era uma espécie de intermediária. Comprava às bordadeiras e vendia por aí”, recorda. O negócio foi crescendo e já com o marido de volta da tropa passou a ir, numa carrinha, para o Algarve vender as toalhas bordadas e lençóis de flanela. Essa parceria seria desfeita quando ela se divorciou. Tinha 41 anos, mas genica e fé não lhe faltavam, tal como não lhe faltam hoje. As deslocações ao Algarve passaram a ser feitas numa Peugeot na companhia da filha mais velha (Celeste) que então tinha 21 anos. As outras duas (Alzira e Sandra) tinham nessa altura apenas 16 e seis anos. É com um sorriso do tamanho do Mundo que Susana lembra uma das suas primeiras aventuras como condutora numa altura em que não havia um único quilóme-
tro de auto-estrada a ligar Amarante ao Algarve “Num acidente, dei cabo da carrinha Peugeot”. A fé (diz ela) e a sua força de vontade (dizemos nós), levaram-na a mudar o rumo da sua vida. Em 1986, num salão da sua casa em Figueiró instalou-se e criou a empresa. “Ensinei quatro raparigas a costurar e assim começamos isto”, diz. A esse salão juntou mais um noutra casa, que entretanto construíra, e de quatro funcionárias passou para 15. O passo seguinte foi adquirir uns terrenos contíguos às duas casas e edificar os pavilhões onde funciona hoje a unidade industrial Têxteis-Lar S. José, na qual trabalham os 41 funcionários. Nas paredes de todos os pavilhões há sinais da crença de Susana: reproduções de Jesus Cristo, de Nossa Senhora e, naturalmente, de S. José. O sucesso dos artigos ali fabricados, mas sobretudo a bondade de Susana chegou aos ouvidos de Isabel de Bragança. “Veio aqui comprar lençóis para dar aos pobres porque sabia que eu partilhava também os mesmos valores”, conta enquanto aponta para uma fotografia de D. Duarte, Isabel e dos três filhos, com um texto de agradecimento à proprietária, também colocada na sala de clientes da fábrica. Ao lado da foto da família real, Susana tem uns versos que a caracterizam: “O sorriso não engana, a boa disposição transmite bem sem palavras o que lhe vai no coração/O amor é transmitido de uma forma delicada, uns conseguem e dão provas, outros não conseguem nada”. A Têxteis -Lar S. José vende 65% da produção no mercado interno. Mas a aposta é no aumento das exportações. t
A C&A ABRE DUAS MAS FECHA QUATRO A C&A vai abrir duas novas lojas no nosso país, em Telheiras (Lisboa), e Loulé, mas vai fechar quatro - MarShopping, Spacio Olivais, Allegro de Alfragide e Fórum do Barreiro. Há 26 anos em Portugal, a C&A tem na Europa uma rede 1 575 lojas, em 19 diferentes países, onde trabalham 35 mil pessoas.
FARFETCH DÁ 37 MILHÕES A Farfetch vai distribuir ações no valor de 36,99 milhões de euros pelos 1300 colaboradores da empresa, no âmbito dO plano de incentivos “Farfetch para todos”. “Faz parte da política da casa investir nas pessoas. Estamos muito orgulhosos das nossas conquistas e queremos premiar os colaboradores que nos ajudaram a chegar até aqui”, explicou José Neves, CEO da Farfetch..
"Criar a marca é muito importante, mas ainda mais importante é definir produtos e criar espaços e conceitos" João Sousa, presidente da Flor da Moda
LVMH METE RIMOWA NA MALA POR 640 MILHÕES A LVMH, número um mundial do luxo, comprou, por 640 milhões de euros, 80% do capital da Rimowa, fabricante alemão de malas metálicas de alta gama, que tem um volume de negócios de 400 milhões de euros, dos quais 70% feitos na exportação, e desenvolveu um conceito de bagagem ultra-sólida com modelos futuristas, que agrada muito aos cineastas, fotógrafos e jornalistas.
BEYONCÉ VAI SER MARCA DE ROUPA Aos 34 anos, a texana Beyoncé decidiu alargar a suas actividades da música à moda e vai lançar este ano uma colecção com o seu nome, desenvolvida em parceria com a marca britânica de vestuário TopShop.
Fevereiro 2017
T
25
Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...
Verificação de ficheiros grátis Entrega grátis em Portugal Continental Linha de apoio ao Cliente
visite-nos em www.multitemaonline.pt
26
T
Fevereiro 2017
6
FEIRAS
A
AGENDA DAS FEIRAS CPM 20 a 23 de Fevereiro - Moscovo Ada Gatti, CristinaBarros, Blackspider by CristinaBarros MAGIC LAS VEGAS 21 a 23 de Fevereiro - Las Vegas Babash Design, Inimigo Clothing, Lagofra, Manmood, Planitoi S.A., Prata & Borges, Xisocho BSTIM 22 a 23 de Fevereiro - Barcelona Dr. Kid, Malhas Carjor, Xisocho ALBERTA GIFT FAIR 26 de Fevereiro a 01 de Março - Alberta Burel Mountain Originals/Trend Burel, Carapau Portuguese Products/Tiago Couto, Mariaspaperdolls Cláudia Nair Oliveira NEXT SEASON 27 de Fevereiro a 01 de Março - Póznan Blackspider, Dinamic, Givec, Têxteis Texdia
NA MOMAD, em Madrid, Portugal estava por todo o lado: no chão, nos cartazes, nos stands e, acima de tudo, nos corredores
ATÉ PARECIA PORTUGAL Mais e melhor são as palavras de ordem da primeira edição de 2017 da MOMAD, em Madrid. Nos 18 stands com a marca From Portugal o sentimento era o mesmo: muito movimento, muitos compradores, mais dinamismo, melhores clientes e muitos portugueses. Acima de tudo, Portugal estava por todo o lado: no chão, nos cartazes, nas janelas, nos stands e, acima de tudo, pelos corredores. Blackspider, Buig, Crafil, Collove, Concreto, CristinaBarros, Kalisson/Bagoraz/Le Cabestan, La
Mamounia, Loco Luxo, Maloka, Missimini, MLC Modern Lining, MRolo, SOuth Fashion Brands, Street Wear 2017, Teen Spirit, Troficolor Denim Makers, Vandoma e WLRod foi a comitiva que foi com a Selectiva Moda até à feira madrilena de onde ninguém saiu insatisfeito. Distribuídos por três pavilhões, houve pouco tempo para paragens – e o mesmo se pôde dizer para o corner do Fashion From Portugal e o stand de tendências Denim. O primeiro dia contou tam-
bém com um cocktail para os expositores portugueses, onde o director-geral da ATP, Paulo Vaz, explicou a importância do mercado espanhol para a têxtil portuguesa e como o futuro é encarado com esperança, de olhos postos no crescimento. Tudo isto sem nunca esquecer o marco histórico de 5 mil milhões em exportações. Porque como aconteceu na MOMAD, o que se quer é isto: que no futuro, que venha sempre mais e melhor. t
TINTEX VENCE HIGHTEX AWARD O Cork Coating da Tintex, uma malha que inclui uma componente de cortiça, foi distinguido com o HighTex Award da Munich Fabric Start, em reconhecimento pela alta qualidade, sustentabilidade, inovação, visão de futuro, eficiência e funcionalidade” do novo produto apresentado pela têxtil portuguesa. “É respirável, repelente à água, mais confortável e maleável”, explica o administrador Mário Jorge Silva, destacando que é também “tecnologicamente avançado e eco-responsável”. “Temos investido bastante em inovação e temos uma linha de coating que
é das mais avançadas. Em 2015 encontramos um parceiro construtor com quem temos vindo a desenvolver este produto”, adianta, explicando que a grande novidade consiste “na incorporação da cortiça na textura da própria malha”. O coating em tecido ou em malhas de polyester já se fazia, mas tudo muda quando se trata de malhas de fibras naturais. E é, precisamente, neste aspecto que se distingue a actividade da Tintex, “que tem a linha mais moderna de coating para malhas naturais e ambientalmente sustentáveis”, como assegura o administrador. t
PORTUGAL FASHION NÃO PÁRA Londres, Paris, Roma, Milão e Nova Iorque - o Portugal Fashion não pára de viajar e divulgar as últimas novidades dos criadores portugueses nas capitais da moda. A estilista Alexandra Moura apresenta a colecção outono/inverno 2017-18 na London Fashion Week (17 a 21 deste mês ), no que será mais uma etapa que o Portugal Fashion International vai cumprir no primeiro semestre. O programa levou já Miguel Vieira a Milão e Hugo Costa a Paris em meados
de Janeiro. No final do mês passado, os desfiles da Pé de Chumbo e das designers Susana Bettencourt e Estelita Mendonça marcaram a AltaRoma. O projecto da moda nacional partiu depois para a New York Fashion Week (que decorreu entre 9 a 16 deste mês), com os criadores Katty Xiomara e Miguel Vieira. Ainda este mês (22 a 28), promove-se a terceira acção deste roteiro em solo italiano,
com a apresentação das colecções para a próxima estação fria de Carlos Gil e Pedro Pedro na Milano Moda Donna (22 a 28 de Fevereiro). O itinerário internacional do primeiro semestre de 2017 encerra com nova visita à cidade luz, no âmbito da Paris Fashion Week (28 de Fevereiro a 8 de Março), certame onde serão reveladas as propostas outono/inverno 17-18 do criador Luís Buchinho. t
www.bstim.eu
Fevereiro 2017
T
27
22nd | 23rd February’17 Igualada (Barcelona)
The Europe n Knitwe r F ir
Organizers
NEW PROJECTS
In agreements with
Media partner
28
T
Fevereiro 2017
TECHTEXTIL E TEXPROCESS VIVEM EM UNIÃO DE FACTO A consagração da união de facto entre a Techtextil e a Texprocess, que passam a decorrer em simultâneo a partir da próxima edição que abre as portas a 12 de Maio, é apenas uma das muitas novidades da Messe Frankfurt para o sector têxtil. A partir deste ano, a Techtextil Russia passa a realizar-se anualmente (e não apenas de dois em dois anos). Fora da Europa, a Texprocess vai ter um pavilhão na Techtextile India (13 a 15 de Setembro) e a Texworld, Apparel Sourcing e Texprocess vão estrear-se na Africa Sourcing & Fashion Week da Etiópia (3 a 6 de Outubro).
MODALISBOA VAI TER POP-UP STORE
ANOTHERLIFE APAIXONA EVASÕES
A ModaLisboa vai ter uma pop-up store de marcas portuguesas de moda, design e lifestyle. A Wonder Room estará aberta ao público entre 10 e 12 de Março, durante a Lisboa Fashion Week.
A revista Evasões foi a Famalicão e ficou apaixonada pela AnotherLife, uma loja de artigos vintage, com peças de roupa, calçado, acessórios e mobiliário em segunda mão. Dar um nova vida aos artigos que vende é a origem do nome desta loja, que nasceu por iniciativa de Juliana Brito (quando esta engenheira alimentar ficou desempregada) e de Nuno Gomes.
"O consumidor de luxo mudou os seus hábitos de compra. Tem uma expectativa de entrega instantânea, sintomática em relação ao nosso clima social actual" Kristina Blahnik, diretora executiva da Manolo Blahnik
DIOGO MIRANDA À DISTÂNCIA DE UM CLIQUE Diogo Miranda lançou uma nova plataforma online para vender as suas roupas e acessórios de mulher (com uma escala de preços que varia entre os 62 e os 950 euros), aproximando-se assim do consumidor final. Até agora, as peças de Diogo Miranda só estavam disponíveis na sua loja e atelier, em Felgueiras, onde também tem um serviço de personal tailoring.
ESTÉTICA DOS ANOS 80 VAI ESTAR NA MODA EM 2017 A estética dos anos 80 vai estar de volta e em força na moda para 2017 - garante o site Edited, baseado numa pesquisa que envolveu mais de 520 milhões de produtos. “Os anos 80, marcados pelo Thriller de Michael Jackson e a MTV, vão estar de volta em força, com as calças baggy, os ombros à mostra, folhos e roupas desportivas”, afirma o site.
DOT FOI FELIZ NA BUBBLE
A comitiva portuguesa que rumou a Londres até à Bubble foi composta pela Bo Bell, Chua, Dot, Dr. Kid, Phi Clothing e RAP. Na mala para casa trouxeram-se bons negócios e novos clientes – e a Dot que o diga. Segundo Sónia Santos, sócia da empresa, “a feira correu muito bem, melhor que a edição de Inverno”. Dos dois dias de negócio resultaram “17 encomendas efectivas, quatro delas de novos clientes, fora os contactos que também se fizeram”, consolidando o Reino Unido como o melhor mercado da Dot. t
MINI-MI LEVANTA VOO As crianças vão levantar voo no Moditissimo 49, que decorre a 15 e 16 Fevereiro no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, já que pela primeira vez, no quarto de século de vida deste salão, vão ter um espaço próprio no piso de Chegadas. Além das 19 marcas que ali vão ter stands de vendas de vestuário para as crianças, estão previstos desfiles de moda de crianças, momentos de dança protagonizados por alunos das escolas de bailado sediadas no Grande Porto, e actuações de grupos de música consti-
tuídos por jovens. Todas estas iniciativas têm promoção da TVI que vai produzir e emitir diversos conteúdos relacionados com as actividades culturais do Mini-Mi. A lista de passageiros do voo inaugural da Mini-Mi Airlines é a seguinte: Baby GI, Bevip Gold, Carjor, CherryPapaya Kids, Chua, Dr Kid, FS Baby, Minhon, Phi Clothing, Pikitri, Piupiuchick, Play Up, Ponto por Ponto, Risca de Giz, Sun City, The Cotton Baby Company, DOT, Sissonne e a Sofisofi. t
PLAYTIME BOA PARA A SISSONNE Das 500 marcas que expuseram na Playtime, quinze eram portuguesas e sete viajaram com a Selectiva Moda, uma das maiores comitivas levadas até à data ao certame. CherryPapaya, Knot, Natura Pura, Piupia, piupiuchic, Rocket Pear e Sissonne – do projecto From Portugal - apresentaram-se em Paris numa feira onde se mostrou a nata das marcas para criança. “Notamos que alguns compradores procuravam o Made in Portugal em específico e que ter a chancela “From Portugal” da Selectiva Moda os fazia entrar no stand”, diz Marta Carvalho, funda-
dora e designer da Piupia, que esteve pela 3ª vez na Playtime. “Ter uma marca de design londrino aliada à qualidade da indústria têxtil portuguesa é uma forma de nos destacarmos dos restantes concorrentes”, acrescenta Marta, que considera a Playtime muito relevante porque “proporciona a oportunidade de estar em contacto com os clientes já conhecidos e angariar novos”. Para a Sissonne o certame fez com que o volume de vendas aumentasse em cerca de 30%. Segundo Ana Magalhães, sócia-gerente, “a Playtime é uma feira com um
público-alvo variado, não só a nível europeu mas também mundial”, preenchendo assim o objectivo actual da Sissonne, que passa expandir para lojas multimarca e crescer para os mercados asiáticos. Também para a Patachou, os resultados foram bons. “Recebemos visitas de clientes de todo o mundo, principalmente asiáticos, que gostam imenso da marca, devido à elevada qualidade e ao detalhe das nossas peças”, diz Marta Sousa, acrescentando que a Playtime não só promove a troca de contactos mas também a venda directa de muitos produtos. t
T
30
T
Fevereiro 2017
X
DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
TM Collection
Rua das Padarias, 11, C Alvide, Alcabideche
Produtos Roupa de mulher, decoração e acessórios Percentagem de produtos exportados 90% Proprietária Teresa Martins Produtos mais procurados Malhas tricotadas Representações em lojas internacionais Mais de 120
BOMBER JACKET FOI O BEST SELLER DE 2016 O bomber jacket foi o artigo de moda mais procurado em 2016, de acordo com o site Edi-ted, baseando-se em dados do Google. No ano passado, apenas nos Estados Unidos da América e no Reino Unido, foram vendidos mais de 61 mil modelos de bomber jacket para homem, mulher e criança.
XINJIANG CRIA MAIS 100 MIL EMPREGOS TÊXTEIS EM 2017 A região autónoma chinesa de Xinjiang tem como objectivo criar mais 100 mil postos de trabalho no sector têxtil em 2017. No ano passado, foram criados 112 mil novos empregos têxteis nesta região, onde é produzido cerca de 60% do algodão bruto da China e o investimento total no sector foi de 65 biliões de euros (cerca de nove mil milhões de euros).
"Vamos deixar de fazer duas colecções por ano e passar a apresentar colecções mensais, com cerca de 30 artigos, nas instalações dos clientes - e não em feiras" Paulo Loureiro, diretor comercial da Teviz
Passagem pela Índia Teresa Martins, criadora da TM Collection, já tinha experiência no mundo da decoração quando foi desafiada a ir à Índia e criar a sua própria colecção têxtil na área da moda e da decoração. Com nada a perder e muito para aprender, Teresa abraçou o desafio e em 2006 abriu a primeira loja. Ainda hoje a ligação com a Índia se mantém, pois dá a Teresa a “capacidade de explorar e desenvolver quase sem limites”. Recentemente começou a trabalhar também com o Nepal, onde desenvolve artigos de tecelagem manual e tricotados em yak, caxemira, linho e seda. Em Portugal produz lanifícios na recuperada fábrica do Burel, que importa para a Índia, onde os materiais regressam posteriormente já na sua versão final. As matérias-primas usadas pela TMCollecion são na sua maioria naturais – para Teresa é essa qualidade que faz a diferença e que compensa a longo prazo, porque acredita que os materiais que usamos “têm de ter a mesma vibração que a nossa pele, que no fundo é o nosso maior órgão”. Também por isso é que os preços das peças são elevados, mas Teresa prefere que os clientes “comprem peças boas, que lhes durem uma vida e sejam intemporais”. A intemporalidade e a qualidade das matérias-primas são por isso alguns dos pontos que definem as colecções que Teresa produz. Todas elas são feitas de forma a ser possível conjugar todas as peças, havendo sempre um fio condutor de umas colecções para as outras. “As tendências não são o nosso mote, o que nós nunca devemos perder é a nos-
sa identidade própria – porque se a roupa é a nossa segunda pele, ela deve recriar aquilo que nós somos”. Para além das colecções de roupa e decoração, a TM Collection tem também um projecto dedicado às noivas, que começou com inúmeros pedidos que amigas e familiares de Teresa faziam para ela desenhar os seus vestidos de noiva. “É um projecto muito afectivo e emocional. Há um contacto direto com as pessoas”, conta a designer. Apesar de serem sempre peças que exigem muito tempo e trabalho, Teresa confessa que é algo que lhe dá imenso prazer tentando fazer, “com muito amor”, daquelas peças algo especial, que conte a história de vida das noivas. Com duas lojas próprias em Portugal (em Cascais e na Comporta) e outras quatro parcerias locais, a TM Collection está também representada em mais de 120 lojas espalhadas pelo globo, passando pelas capitais europeias e também pelos Estados Unidos, África do Sul, Canadá e Kuwait. Num projeto recente a TM abriu também uma loja online, de forma a chegar a todos os seus clientes. Para além de todas as preocupações relativamente à proveniência das matérias-primas, a sustentabilidade ambiental também é um dos motes da marca: “temos o cuidado de não ter desperdício – recolhemos tudo e usamos para desenvolver acessórios”. Estas sobras transformam-se em colares e carteiras, maioritariamente têxteis e leves, que para além de espelharem os conceitos e preocupações da marca, espelham também a beleza e a criatividade das colecções de Teresa Martins. t
BREXIT E CHINESES BONS PARA A BURBERRY A enorme afluência de turistas que aproveitam a desvalorização da libra para comprarem artigos de luxo é uma das razões apontadas para o aumento de 40% nas vendas da Burberry no Reino Unido, registado no último trimestre de 2016. De acordo com os funcionários da loja em Regent’s Street, cerca de 70% da clientela tem nacionalidade chinesa.
KLAUS HUNEKE PRESIDE AO EURATEX O alemão Klaus Huneke vai presidir à Euratex (European Apparel and Textile Confederation) nos próximos dois anos, sucedendo ao francês Serge Piolat. Ex-CEO da Heimbach, Huneke pretende focar-se “em algumas prioridades estratégicas, como uma melhor comunicação em direcção aos políticos e às partes interessadas relativamente à excelência da nossa inovação e sustentabilidade”.
35% do têxtil e vestuário produzido em 2016 no nosso país era de alta tecnicidade, de acordo com as estimativas da ATP que prevê que essa percentagem suba este ano para 40
Outubro 2015
T
03
32
T
Fevereiro 2017
M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Ana Pinho Gestora de marca Família Vive com um microbiólogo, de quem tem um filho (Afonso, quatro anos), e uma cadela rafeira chamada Chanel Formação Licenciada em Criminologia Casa Apartamento em Espinho Carro VW Passat G Portátil HP Telemóvel iPhone 6 Hóbis “Apanhar sol nas esplanadas em Espinho, ir às compras com o filho e os jantares de sábado à noite em casa da minha comadre” Férias Este ano, por altura do Carnaval, vai estar no Brasil, Regra de ouro “Love what you do and you will not work a day in your life"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Uma mulher que vive depressa Ainda não tem 30 anos e já serviu à mesa em esplanadas de Espinho, fez um curso de Criminologia, deu aulas de Vitimologia e Comportamento Desviante, tentou (sem sucesso) ressuscitar a marca de malhas Jotex, e abriu (com sucesso) dois salões de cabeleireiro, no Porto. Deste breve resumo é legítimo concluir que Ana Regina Tavares Pinho, 29 anos, é uma mulher que gosta de aprender, não vira a cara a desafios e tem pressa de viver. Ana nasceu em Espinho, no ano em que o FC Porto ganhou a sua primeira Champions, neta de Joaquim Tavares, o industrial que em 1961 fundara a J.Tavares & irmãos, que fabricava as malhas Jotex, marca resultante da contração das iniciais de Joaquim (Jo) com as de têxtil (tex). “Cresci no meio de caixotes, fios, malhas e desperdício. Tenho imensas recordações da fábrica, que ficava quase colada à nossa casa e trabalhava 24 horas por dia. Nos primeiros tempos depois dela ter fechado, lembro-me de à noite sentir a falta de barulho de fundo das máquinas”, conta Ana, com nostalgia na voz. Após ter deixado de ser analfabeta na Escola de Nossa Senhora da Conceição, atravessou a adolescência torturada pela dúvida sobre que caminho seguir quando terminasse o secundário, feito na Gomes de Almeida. O pai e o avô pressionavam-na para ela se preparar para, no futuro, assumir liderança da fábrica, mas, num acto de rebeldia adolescente, Ana decidiu cortar com os trapos e matriculou-se no curso de Criminologia da Faculdade de Direito do Porto. “A minha ideia era fazer Psicologia Clínica. Mas, acima de tudo, queria investir em algo completamente diferentes dos têxteis”, explica Ana, que enquanto estudava Criminologia assistia, à distância, à derrocada da fábrica do avô. Já fez o luto do doloroso e prolongado processo de falência da Jotex, que era a menina dos olhos do seu avô Joaquim, com quem janta todas as quintas-feiras. “O meu avô gostava mais daquilo do que devia. E após um percurso marcado pela excelência, não conseguiu adaptar-se às novas condições do mercado, que exigiam que ele cortasse custos e reduzisse pessoal, deixasse de estar completamente dependurado na marca própria e no mercado interno - e apostasse em fazer private label e na exportação”, afirma a neta do fundador da Jotex, lamentando ainda o facto de o ambiente em Portugal ser demasiado punitivo para um empreendedor que falha. No final do curso, após um estágio na APAV, foi professora na Lusíada, mas detestou a experiência (“Não tenho jeito nenhum para dar aulas”) e resolveu fazer marcha atrás na resolução de não fazer vida na têxtil. Voltou a Espinho e começou por dar uma mão à mãe na Essência Atlântica, a empresa comercial que tinha ficado com a marca Jotex. “Comecei, aos poucos, a entrar no mundo dos trapos e gostei. Tive de dar a mão à palmatória”, confessa Ana, que deu livre curso à sua costela empreendedora, abrindo dois salões de cabeleireiro, um na Damião de Góis (que no entretanto trespassou) e outro na zona do Bessa. Mas se o negócio dos salões de cabeleireiro seguia de vento em popa, o mesmo não se podia dizer da tentativa de manter a Jotex viva. Cansada de um exercício demasiado solitário de gestão e com um diagnóstico bastante negro sobre o futuro, optou por um estratégia de controlo dos danos: fechou a Essência Atlântica e partiu para outra aventura. “Não podia continuar só no mercado interno e amarrada à imagem demasiado clássica da marca. E não tinha fundo de maneio para dar a volta à situação”, esclarece. Mas manteve-se nos trapos. Nos últimos sete meses tem andado numa roda viva, a desempenhar o papel de parteira na criação da CLO, uma nova marca de vestuário para senhora, para o segmento médio e médio/ alto, ready to wear e look complete, trabalho para que foi contratada por duas empresas industriais portuguesas. “Lido mal com o fracasso e o não cumprimento dos objectivos. Mas sou perseverante, não tenho medo de iniciar novos projectos e gosto de aprender”, conclui esta jovem mulher que tem pressa de viver e está aí para as curvas, pronta para aceitar novos desafios. t
Fevereiro 2017
T
33
s
34
T
Fevereiro 2017
O BICHINHO NASCEU NO PORTUGAL FASHION A Minty Square, uma plataforma de vendas online de vestuário e calçado criada em 2014, tem uma origem singular – foi numa edição do Portugal Fashion que Ana Cravo e João Figueiredo decidiram avançar para este modelo de negócio. “O bichinho nasceu aí”, conta esta designer de 29 anos, licenciada pela ESAD, de Matosinhos. “Percebemos (e o plural engloba, para além da Ana, o João, um engenheiro informático de 31 anos) no Portugal Fashion que muitas colecções de estilistas só estavam disponíveis no atelier deles. Alguns deles nem lojas têm. E muitos deles não têm sites para vender online”, explica Ana Cravo. Foi assim que Ana e João decidiram criar “um ponto de convergência da moda nacional que fosse ao mesmo tempo um espaço de referência dessa mesma moda”. E o passo para a criação da empresa não demorou muito, tanto mais que as conversas que os dois tiveram com vários criadores reforçaram essa ideia: “Vários desses estilistas confessaram a dificuldades em divulgar os seus trabalhos”. João Figueiredo dá mesmo o exemplo de um hipotético estilista de Leiria que “se surge sozinho, as pessoas não sabem que ele existe”. Debaixo do chapéu do Cleber Group, uma empresa de referência na publicidade online sediada no Porto, criada há oito anos e que tem 500 milhões de acessos mensais, surgiu a Minty Square. O dono do Cleber Group, Luís Rodrigues, é aliás sócio de Ana e João. Esta plataforma de venda on-
DOMINADOR GREY VESTE AREAL & TORRES O irlandês James Dornan, que fez o papel do dominador sexual Christian Grey em As 50 Sombras de Grey, tornou-se numa espécie de ícone da Areal & Torres, ao ser fotografado com roupa que a empresa da Trofa fabrica para marcas como Alfred Dunhill, Margaret Howell, Nigel Cabourn e Aquascutum. Fundada em 1979, a Areal & Torres, emprega 70 pessoas e produz parkas, casacos, blusões, vestidos e saias. Luís Carvalho, Katty Xiomara e Pedro Pedro usam a plataforma Minty Square
line conta já com nomes como Katy Xiomara, Pedro Pedro, Luís Carvalho, Ricardo Andrez, Carla Pontes, Valentim Quaresma, Daniela Barros, J.J. Heitor (calçado) e Nobrand (marca de calçado), entre outros. No total são 50 marcas e criadores. Por cada venda de trabalhos destes criadores a Minty Square recebe uma comissão. A aposta agora desta plataforma é alargar as vendas a mais
"Percebemos no Portugal Fashion que muitas coleções de estilistas só estavam disponíveis o atelier deles. Alguns deles nem lojas têm." Ana Cravo, Co-fundadora da Minty Square
marcas de vestuário e à internacionalização. “Divulgar à escala mundial é uma tarefa árdua e espinhosa”, diz João Figueiredo, que aposta nas redes sociais, Google e bloggers para divulgar a plataforma. No que diz respeito à internacionalização, este engenheiro informático licenciado na Universidade de Aveiro aponta as baterias para o Chipre, Roménia, França, Reino Unido, Espanha e Canadá. Com uma equipa de nove pessoas, a Minty Square, que pretende chegar a um consumidor de “médio luxo”, faz no seu dia-a-dia selecção das colecções dos criadores, fotografa esses trabalhos que vai pôr na plataforma online de vendas, recebe as encomendas dos clientes e faz o envio para estes. Nas primeiras três semanas deste ano, a Minty Square superou a barreira das 200 encomendas, o que significa um aumento de 254% comparativamente com todo o mês de Janeiro do ano passado. t
WHICHPLM ELOGIA LECTRA A mais recente versão do Lectra FashionPLM recebeu a mais alta pontuação até agora dada pela WhichPLM, uma revista digital independente especializada no desenvolvimento de produtos para a indústria da moda. Um âmbito alargado e grandes avanços em funcionalidades chaves, incluindo a previsão de material, garantiram o primeiro lugar no ranking da indústria (bem como uma pontuação superior à média em todas as 43 áreas funcionais que foram alvo de escrutínio) à solução fashion PLM (Pro-
duct Lifecycle Management) da Lectra no estudo de benchmark da WhichPLM. "Com a criação de ferramentas que apoiam o negócio real da moda e a extensão da presença da solução da Lectra, estamos a reforçar a nossa recomendação para que ela seja escolhida por qualquer marca de moda e vestuário, retalhista ou fabricante, de qualquer tamanho e extensão geográfica," declara Mark Harrop, CEO e fundador da WhichPLM. A avaliação efectuou a medição em relação à média da indús-
tria (uma classificação combinada de mais de dez recursos de soluções PLM modernas), as funções chave do ciclo de vida do produto que um potencial cliente deve procurar. O estudo analisa também os recursos do fornecedor, o conhecimento da indústria, as perceções do cliente, os serviços e as instalações de apoio. Para a WhichPLM, a tecnologia da Lectra, que conquistou quatro classificações de quatro estrelas, "está entre o melhor que a indústria tem para oferecer”. t
30 anos é a idade média no mercado islâmico de vestuário, bastante inferior aos 44 anos de idade média do consumidor ocidental (europeu e norte-americano) de roupa
ILT LOVES BEACH TOWELS A I Love Textile (ILT) é um projecto de marca própria 100% português, de produção e comercialização de toalhas de praia, para o segmento superior, que encontra nas viagens e tendências da moda a inspiração para os seus surpreendentes padrões. A ILT nasceu há três anos em Famalicão e um novo conceito de produto em impressão digital têxtil de luxo. “Estamos localizados no coração da ITV e concebemos um produto de qualidade superior em 100% algodão”, diz Miguel Ferreira, director de vendas.
BLANCO ATIRA TOALHA AO CHÃO A Blanco entrou pela segunda vez em dois anos em processo de liquidação total. A companhia tem um passivo de 133 milhões de euros, planeia fechar as suas 102 lojas e despedir 835 trabalhadores. Conta com sete lojas em Portugal: duas em Braga, duas no Grande Porto (Mar Shopping e Baixa, na Rua de Santa Catarina), duas na Grande Lisboa (uma no Dolce Vita Tejo e outra na Rua Garett) e uma em Leiria.
“US COSTUMERS ONLY” JÁ ERA A vida daqueles que gostam de fazer compras online está agora facilitada com o novo serviço dos CTT, o Express2Me, que deixa fora de moda a temida frase “US costumers only”, utilizada nos muitos sites que não podem expedir encomendas para fora dos EUA. Depois de registado no Express2Me, os clientes recebem uma morada internacional personalizada que pode ser utilizada para fazer encomendas nos Estados Unidos.
T
Fevereiro 2017
35
-
OPINIÃO 2011
Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
BARÓMETRO POSITIVO
PAULO NUNES DE ALMEIDA RECEBE FASHION AWARD A Fashion TV Portugal distingue Paulo Nunes de Almeida (ex-presidente da ATP e à época vice-presidente da ATP), com um prémio especial, pela sua inestimável contribuição para a indústria da moda no nosso país, designadamente como fundador do Portugal Fashion. O galardão foi entregue durante a 2ª edição dos Fashion Awards, que decorreu em Novembro de 2011 no Teatro Tivoli, em Lisboa. Na mesma cerimónia, Sara Sampaio recebeu o Fashion Awards por ter sido eleita a melhor modelo feminino, e Nuno Baltazar, considerado o melhor criador do ano. t
A Heimtextil, a feira plataforma de têxteis-lar, em Frankfurt, correu melhor do que as expectativas e o ano arranca, por isso, mais optimista. Desde há muito que a primeira feira do calendário de mostras do têxtil, do vestuário e da moda, funciona como barómetro dos negócios relativamente ao ano que se seguirá. Ora a Heimtextil de 2017 teve um balanço particularmente positivo, sentimento partilhado pela generalidade das empresas expositoras, que, desta forma, querem repetir o bom desempenho de 2016, e até ultrapassá-lo. Tudo isto vai em linha com os últimos dados sobre a exportação têxtil e vestuário nacional que, nos números fechados de Novembro último, voltou a recuperar uma forte dinâmica de crescimento, o que permite antecipar que, no ano transacto, os cinco mil milhões de euros de vendas ao exterior foram ultrapassados, cumprindo quatro anos antes um desígnio estratégico que estava apenas apontado para o final da década. Há, pois, motivos para regozijo e para celebração. Está consolidado um sector diferente, mais moderno, mais tecnológico, mais assente no serviço e mais internacionalizado, portanto menos dependente das contingências do preço no mercado, pois o valor é algo sempre mais difícil em que concorrer. Importa, contudo, não embandeirar em arco, pois o ano que aí vem – e mal começou – está repleto de incerteza, riscos e ameaças. O consulado Trump , o Brexit, a Turquia e Rússia, vão dominar a geopolítica e a geoeconomia mundial, assim como as eleições em França e na Alemanha determinarão o futuro da União Europeia: tudo forças movimentadas e circunstâncias geradas, relativamente às quais Portugal pouco ou nada pode fazer, apenas deixar-se levar pelo vento da tormenta e defender-se o melhor que pode da sua fúria. Além disso, a situação política e económica nacional não apresenta sinais de alívio para 2017, pois a coligação governamental já não consegue esconder sinais de desentendimento interno, a que não são alheias as eleições autárquicas de Outubro próximo; o disparo dos juros da dívida pode produzir dificuldades acrescidas no crédito, se não mesmo, no limite, exigir novo resgate financeiro (com renovada austeridade), o que colocaria em causa todos os esforços realizados pelas empresas ao longo dos últimos anos. Como é apanágio dizer-se, há que esperar o melhor e estar preparado para o pior. Pelo menos a Heimtextil deu-nos a clara mensagem que o melhor afinal pode estar para vir. t
36
T
Fevereiro 2017
Daniel Bessa Economista e professor universitário
O PIOR SERÁ A SUBIDA DAS TAXAS DE JURO O Euro tem face ao USD uma taxa de câmbio de mercado. Usando as chamadas taxas de câmbio de referência, para operações entre bancos centrais, no dia em que viu fixadas as taxas de câmbio irrevogáveis entre as moedas que vieram a constituí-lo (dia 31 de Dezembro de 1998), valia 1,16675 USD. No primeiro dia em que se viu efectivamente cotado (segunda-feira, dia 4 de Janeiro de 1999), valeu 1,17789 USD. A partir de então, o seu valor variou em cada segundo de cada um dos quase 6.600 dias decorridos, entre um mínimo de 0,8252 USD (no dia 26 de Outubro de 2000) e um máximo de 1,599 USD (no dia 15 de Julho de 2008). A partir deste dia, a tendência longa tem sido de baixa, acentuada nos últimos tempos, tendo atingido um mínimo local de 1,0385 USD no dia 3 de Janeiro último. Apesar da recuperação dos últimos dias, a generalidade dos analistas acredita que a tendência continue a ser de baixa, não faltando previsões que o atiram, de novo, para valores próximos dos mínimos de Outubro de 2000. A tendência parece continuar a ser, portanto, de baixa. Um resultado para que contribui o melhor desempenho da economia dos Estados Unidos, potenciado, agora, a curto prazo, pela eleição de Donald Trump. O resultado final esperado das trumpeconomics não parece ser nada de que os Estados Unidos possam vir a orgulhar-se e de que o Mundo se possa regozijar: uma economia mundial menos aberta, de menor crescimento, com uns Estados Unidos mais fechados sobre si próprios e, portanto, mais pequenos – atolados em dívida pública e num défice das transacções correntes com o exterior que não deixará de crescer. Os efeitos de curto prazo afiguram-se, no entanto, mais lisonjeiros, para os Estados Unidos: um programa de obras públicas em larga escala; redução dos impostos directos, nomeadamente sobre os ricos e sobre as empresas; intensificação do crescimento; aumento do défice público e da inflação; subida das taxas de juro, nos prazos mais longos, puxada tanto pelo défice público como pela inflação; afluxo de capitais aos Estados Uni-
dos, estimulado pelo aumento das taxas de juro e pelo desempenho esperado do Dow Jones e dos demais índices de cotação da NYSE. Um USD em alta, auto-alimentando a tendência de afluxo de capitais, a partir de todo o Mundo. Em termos económicos estritos, a coisa parece não correr muito mal para a Zona Euro e para a União Europeia (embora, vendo um pouco mais longe, mesmo em termos económicos, sem chegar ainda à política, mensagens como a de felicitações ao Reino Unido por ter abandonado a União Europeia, estimulando outros países a seguirem-lhe o exemplo, não augurem nada de bom). Com o Euro em baixa (já perdeu cerca de 30% do seu valor, por comparação com o máximo de Julho de 2008), a Zona Euro está mais competitiva, por comparação tanto com os Estados Unidos como com as áreas do Mundo que, de um modo ou de outro, continuam a indexar as suas moedas ao USD. É bom, tanto em termos de crescimento como de emprego – tanto quanto o proteccionismo anunciado pelas trumpeconomics o venha a permitir (se tinha alguma esperança no TTIP – Transtlantic Trade and Investment Partnership, perca-as, de vez). O nível de vida dos europeus da Zona Euro vai regredir um pouco (pelo aumento de preço dos produtos importados, com efeitos esperados também na taxa de inflação interna, que deverá subir), mas não parece nada de grave (a Zona Euro é ainda “uma grande economia fechada ao exterior”, com um conteúdo de importações relativamente reduzido), acrescendo que, também aqui, não há almoços grátis: maior competitividade pelo preço paga-se sempre com redução de nível de vida. Para além do aperto esperado das condições de acesso ao mercado americano, a pior notícia para Portugal deverá vir do aumento esperado das taxas de juro, também na Europa (por todas as razões já aduzidas, a que poderá acrescentar a inversão esperada da política de easy money adoptada pelo BCE nos últimos anos). t
Braz Costa Diretor-Geral do CITEVE
WELCOME TO THE ITECHSTYLE SUMMIT Durante dez anos, o CITEVE e a Associação Selectiva Moda insistiram determinada, e por vezes teimosamente, na ideia de trazer um espaço dedicado aos quase desconhecidos têxteis técnicos a uma feira essencialmente orientada à moda. Ao fim de dez anos, considerou-se cumprida a missão do Fórum Têxteis do Futuro. Ao fim de 20 edições, ninguém mais no nosso sector teria dúvidas sobre a importância dos têxteis de elevada tecnicidade no futuro do negócio têxtil em Portugal. Cumprida esta missão, o CITEVE desenvolveu o conceito, dando mais palco às empresas que naqueles dez anos tinham dado passos de gigante na inovação têxtil. Nasceu o iTechStyle Innovation Business Forum, também ele integrado nas edições do Modtissimo. Este Fevereiro vê nascer o iTechStyle Summitt uma nova iniciativa, também ela coordenada com o Modtissimo e o iTechStyle Forum, fazendo de Portugal, merecidamente, palco para uma conferência internacional de grande dimensão, com a dupla missão de permitir à comunidade T&V portuguesa o acesso a conhecimento fresco e de classe mundial, mas também valorizar justamente a imagem de Portugal como um país de tecnologia têxtil de ponta, não apenas como early adopter de tecnologia desenvolvida em outros países, mas como um cada vez mais consolidado e considerado ator em ciência e em tecnologia de produtos têxteis e de materiais avançados de base têxtil. A ciência, a tecnologia, a inovação, a moda e os modelos de negócio estão na base da organização do iTechStyle Summit, mas nesta 1ª edição em particular, são envolvidas entidades públicas e privadas, portuguesas e de outros países da União Europeia, geralmente chamadas a definir políticas públicas para, nesta conferência, colocarem um olhar focado na importância de um T&V moderno e avançado para o êxito das estratégias de especialização inteligente de muitas regiões e países. A verdade é que também ao nível das políticas sabemos que temos de ser competitivos e, digo eu, com boas possibilidades de partida para liderar processos à escala europeia. Vamos a isso! t
Fevereiro 2017
T
37
U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Intuição + suposição de nova namorada = grande celebração no dia de São Valentim. Brilhante dedução da nossa genial criadora! Sabedora de como o nosso Ronaldo adora marcar golos só para arranjar um bom pretexto para despir a camisola e mostrar os seus fantásticos abdominais, a Katty resolveu “desvesti-lo”! Mais nada! Esta Katty nunca há-de deixa de nos surpreender - e o resultado da sua genialidade está aí, quase a nu, à vista de todos. Mais nada!
CR7 desvestido a rigor para o Dia dos Namorados Hoje “desvisto” o melhor jogador do mundo. Não que seja uma novidade, todos conhecemos o “6pack” do Ronaldo, uma embalagem bem servida de músculos estrategicamente esculpidos na zona abdominal mais invejada e desejada do planeta. Dá para ver pelos resultados que obtém em cada jogo, que o Cristiano leva o treino muito a sério, por isso deixou em modo de espera a celebração dos seus tetra-prémios. Os meus informantes são mais ágeis nos corredores políticos, digamos que por lá se sentem em casa, mas no futebol é diferente. Por isso, neste caso em particular, a minha intuição será o meu guia. Intuição + suposição de nova namorada = grande celebração no dia de São Valentim. Sabemos que a timidez não é a característica mais forte do Ronaldo, e como a programação é para o grande dia que celebra o amor, vou arriscar numa indumentária leve, com acessórios estrategicamente pensados para destacar o melhor do nosso génio da bola. Nos dois looks que o T adivinha, teremos calças justas com padrões clássicos. A calça de riscas é acompanhada por uma, pouco prática mas deslumbrante micro capa felpuda e para intelectualizar um pouco uns óculos de massa. A calça com padrão xadrez é segura por suspensórios e acompanhada por um colete feito simplesmente pela junção de tiras, explorando as sólidas dunas do bem conhecido “pack”, enquanto o largo pescoço é decorado com um lenço dos namorados bordado à mão nas terras da Lixa. Aqui temos o nosso orgulho do futebol “desvestido” a rigor para o dia de São Valentim! t
T
38
Fevereiro 2017
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
O Gaveto Rua Roberto Ivens 826 4450-250 Matosinhos
Se está em Matosinhos ou no Porto ou anda por perto e quer lampreia, todos os caminhos vão dar ao Gaveto. A lampreia é oficialmente um ciclóstomo, mas poderia ser um têxtil, porque também ela, quando se prova e gostamos, provoca uma paixão, um "bichinho", que nunca mais nos larga e até se renova em cada ano que nasce. A paixão, nenhuma paixão, admite meias tintas. Se não a deixamos ou trocamos por nada, é porque o amor existe. E resiste. Se aceitamos abrir excepções, por muito honrosas que sejam, então o que existe pode ser terno, mas não é eterno, não é amor. Não resiste. A lampreia, de arroz ou à bordaleza, enfia-se bem nesta categoria de paixão assolapada. Também com ela não se usam meias tintas. Ou se ama …ou se deixa na beira do prato. Como paixão, a lampreia tem uma característica particular que se calhar até calharia bem noutros tipos de paixões. O viço só dura três a quatro meses, mas volta ciclicamente, ano após ano.
A LAMPREIA TÊXTIL Estou-me já a lembrar de várias paixões, que se só me tivessem consumido durante três meses, talvez pudessem ter voltado com a força do início, em cada novo ano. Nesta altura da prosa convém dizer que o Gaveto é o rei da "bicha", mas não serve só lampreia, até porque está aberto todo o ano e isso seria impossível. Nesta época, mesmo meio escondido por umas obras à porta que têm desesperado o meu amigo Pinheiro, não falta quem entre no Gaveto à hora do almoço, sendo logo conduzido à mesa com o cheirinho da
lampreia a enfunar-lhe as narinas e só se atreve a pedir outra coisa, se pertencer ao grupo dos que a deixam... porque não são capazes de a amar. Ir ao Gaveto nos dias que correm e não provar sequer a lampreia, é como ir a Roma e não ver o papa. O restaurante do meu velho amigo Manuel Pinheiro (a quem podemos chamar sem medo, o papa da lampreia no Porto) é o local ideal para iniciar o leigo no consumo da bicha. Quem duvidar da sua proveniência ou
frescura, pode ir vê-las ao autêntico aquário artesanal que monta a tenda no Gaveto por estes dias. Um ciclóstomo não é uma coisa bonita de se ver. Mas, lá está , quem ama o feio, bonito lhe parece. Quem tem medo que a lampreia só tenha pele, membranas e cartilagem, pode deliciar-se com umas postas carnudas que dão quase tanto prazer a abrir como a comer. Quem se zangou com a lampreia "porque só sabia a vinagre" também pode mudar de ideias porque o team do sr. Pinheiro nunca carrega no vinagre. Porque sabe que não precisa disso para esconder outras misérias. Quem tem medo de não poder beber no Porto o verde tinto que a lampreia recomenda, pode ir também descansado que não falta no Gaveto nestes dias aquele vinho tinto (em jarros como se estivesse a sair da pipa, diria eu, não fora a ASAE) que nos pintam a todos de vermelho por dentro. O que vale é que a cor sai depressa. t
Fevereiro 2017
T
39
c MALMEQUER Por: Carolina Guimarães
Tânia Mutert de Barros, 49 anos, representante oficial da Feira de Munique em Portugal. Nasceu no norte da Alemanha e estudou Gestão (com especialização em Turismo) em Munique. Conheceu o marido, português, enquanto ele trabalhava na Alemanha. Em 1993, mudaram-se para o Porto. Têm dois filhos, um rapaz de 18 anos e uma rapariga de 14
A MINHA PEÇA DE ROUPA INESQUECÍVEL
AS PRIMEIRAS CALÇAS À BOCA DE SINO
Gosta
Não gosta
Cor azul Ribeira famílias grandes mostrar o
Choramingas salto de helicóptero teimosia
Porto a estrangeiros adrenalina pré-feira ver os filhos crescer comunicar pão alemão festas em família optimismo São João os meus 12 sobrinhos ter visitas em casa passar o Natal em família gentlemen ser prática aletria viajar com o meu marido clientes simpáticos persistência Toscana boas conversas cinema vinho tinto passeios de mota slow food patinagem no gelo passear neve e céu azul em Munique lanchar Meryl Streep sopas portuguesas trabalhar por conta própria petiscos portugueses trabalhos manuais com crianças aromaterapia flores do campo dar prendas Escandinávia tomar pequeno almoço Minho andar de eléctrico empatia sorrisos fazer malha iluminação de natal desafios o jardim de Serralves ler cinco vezes o mesmo livro honestidade
tripas pessoas quadradas discutir aos berros ostentação pipocas pés frios cor preta séries policiais burocracia carne mal passada shots gabarolas filmes de terror intolerância pessoas sem horizontes críticas destrutivas altas temperaturas no verão jantar com tv ligada exércitos pessoas convencidas caras tristes livros policiais bungee jumping suspense correntes de ar Vladimir Putin pessoas arrogantes restaurantes barulhentos Donald Trump filas de trânsito praias com 40ºC saladas de conservas gente mal educada pessimismo ovos moles passividade desertos alturas falta de generosidade fantasmas multidões políticas de extremos pretensiosos pessoas pedantes intrigas negócios de seguradoras nutella
Uma boa parte da minha adolescência e infância foi passada entre trapos. O meu pai era sócio e gerente de uma loja de fazendas que, a dada altura, passou a ter alfaiataria e, com o avançar do tempo, uma secção de pronto-a-vestir. Enquanto os meus amigos iam jogar à bola (de trapos, obviamente) ou andar de carrinho de rolamentos, eu posso dizer, com a distância que o muito tempo já decorrido permite, que tive a felicidade de aprender com o meu pai as regras básicas do comércio (de facto comuns a toda a actividade profissional). Poderiam os meus amigos pensar que, por força de tudo isto, eu e os meus quatro irmãos andávamos sempre vestidos à última moda. Não era assim. Naquele tempo não era fácil criar cinco filhos e roupa nova apenas em ocasiões especiais. As ocasiões especiais eram tradicionalmente a Páscoa e o Natal. Como esperávamos ansiosamente por essas alturas para ter uma fatiota nova. Mas à medida que íamos ficando mais espigadotes já pouco importava a roupa para a Páscoa ou para o Natal. O que queríamos era andar “à última moda”. Fosse na roupa, fosse no cabelo. Quem não se lembra do cabelo “à Beatle”? Por tudo isso não posso esquecer aquele dia de extrema felicidade em que pude vestir as minhas primeiras calças... à boca de sino. t Fernando Costa Lima Diretor Central do Banco BPI
T
Pssst...
Já ouviu falar do segredo da moda mais bem guardado?
Adivinhe quem nunca se queixa de ser deixado para trás. Os que estão à frente. Descubra o segredo para ficar à frente em lectrafashionplm.lectra.com/pt-br/fashionsbestkeptsecret