PEDRO SILVA
N Ú M E RO 1 9 A B R I L 2 01 7
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CEO Grupo Ricon
“É NA INDÚSTRIA QUE TEMOS DE CRESCER” P 22 A 24
FOTO: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
EMERGENTE
FOI EM LONDRES A EFIPANIA DE ALEXANDRA P 37
NEGÓCIOS
ANA PAULA RAFAEL DIELMAR
CARLA PIMENTA TEXSER
SANDRA MORAIS CUSTOITEX
PERGUNTA DO MÊS
100 MILHÕES É O OBJETIVO DA MUNDIFIOS P 12 FÁTIMA SOUSA DOMINGOS SOUSA
É DIFÍCIL SER A FILHA DO PATRÃO?
A MINHA EMPRESA
PIUBELLE: DA LINGERIE PARA A CAMA P 16 JOANA MARINHO FMODA
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FERNANDA VALENTE FERNANDO VALENTE
RITA FERNANDES MUNDIFIOS
TÊXTEIS TÉCNICOS
DOIS CAFÉS E A CONTA
P&R TÊXTEIS VESTE AMARELA A MINISTRO
NOEL FERREIRA PENSA PRIMEIRO E SÓ AGE DEPOIS
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OEKO-TEX®
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Matilde Vasconcellos 50 anos A empresária de Trotinete nasceu em Moçambique. Já em Portugal, fez Design de Moda e Calçado (1985) e licenciou-se em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (2007). Em Julho de 1992 lançou a Trotinete. No ano seguinte, um colégio desafiou-a a comercializar uniformes escolares. Face ao sucesso, orientou as suas colecções para a área dos fardamentos. Em 2007, criou a Trot, uma nova marca de corporate wear.
OUT OF AFRICA
Há quem chegue à moda de carrinho. Como foi chegar de Trotinete? Devagar mas com sustentabilidade. Nascemos em 1992 como um projecto/sonho de criar uma marca de roupa de criança. Dois anos volvidos estávamos a actuar na área escolar onde nos destacamos pelo design e qualidade do produto. Na altura, esta vertente do mercado era praticamente inexistente em Portugal. Chegar de Trotinete foi muito positivo porque crescemos de forma saudável, pela diversidade da oferta e pela qualidade da inovação. Nos colégios começou a facilitar-se nos estudos e a exigir cada vez mais na imagem? Não diria que se facilitou mais nos estudos, mas não podemos negar a crescente valorização da imagem. Nós repensamos o uniforme convencional e criamos um conceito inovador e personalizado em que ele é pensado ao pormenor como uma colecção de roupa, com design e um look contemporâneos, coerente com a identidade e imagem corporativa de cada cliente. Nos últimos 25 anos, quais foram os principais altos e baixos que teve de enfrentar? Recordo-me da primeira vez que me rejeitaram encomendas por não conseguir responder aos prazos pretendidos. Só tinha experiência no design e dependia de terceiros
para a produção. Foi este incidente que me levou a abandonar o projecto de roupa infantil para me dedicar exclusivamente aos uniformes. Aqui está a prova de que podemos sempre extrair algo de positivo das nossas falhas.
Out of Africa, que em português ficou África Minha, é dos meus filmes preferidos de sempre. Out of Europe foi o "filme" desta semana dedicado à nossa indústria têxtil e vestuário, que viu as estatísticas oficiais confirmarem que no quadro de um aumento geral das exportações têxteis, estão a crescer mais as vendas para fora da Europa, do que as vendas para a Europa. É evidente que se Roma e Pavia não se fizeram num dia, também não vai ser num ano ou em dois que o destino maior da nossas exportações há-de sair da Europa para o resto do mundo. Mas o que interessa é salientar esta tendência, que não só é muito interessante como até é crucial num mundo em globalização acelerada. Uma das vantagens de continuarmos vivos é podermos assistir de pé à derrota dos nossos inimigos, mas também podermos constatar, contentes, quem teve razão no tempo certo. Recordo hoje aqui a estratégia do apoio às exportações desenhada pela Associação Selectiva Moda e pelas suas partes integrantes a ATP (na altura APIM+ANITAF e a ANIL). Não foi por graça nem por acaso ,que as duas primeiras ações externas organizadas e apoiadas pela Selectiva Moda, há quase 15 anos , se realizaram na China, em Xangai, e nos Estados Unidos, em Las Vegas. Já agora vale a pena recordar que nesses mercados, como em outros fora do conforto europeu, foram as grandes empresas que deram os primeiros passos e acarinharam e alavancaram posteriormente a presença de centenas de PME’s. Para que conste. t
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Sem preocupações clubísticas, qual é a cor mais requisitada para as fardas e uniformes escolares? Eu diria o azul marinho, não só usado com frequência no fardamento escolar, assim como nas demais áreas com que trabalhamos. Quem é mais interventivo na escolha dos seus produtos: o aluno, a mãe do aluno, a professora do aluno ou o colégio? Todos. Mas é claro que as direcções das escolas preocupam-se muito em que eles agradem aos alunos e eles se sintam confortáveis e identificados com os uniformes que vestem. E o peso das exportações no seu volume de negócios e os objetivos neste capitulo? Exportamos cerca de 20% da produção para Europa e África. Angola, Suíça e Espanha são os principais mercados. Nos próximos dois anos, esperamos um crescimento de 30%, com a expansão para países como a França, Bélgica e Holanda. t
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Por: Carolina Guimarães, Jorge Fiel e Raposo Antunes
É DIFÍCIL SER FILHA DO PATRÃO? A ITV já não é mais um clube masculino. A presença activa de mulheres na indústria não está mais circunscrita às máquinas de costura ou aos gabinetes de design. Alargou-se a todas as profissões que a compõem, de alto a baixo, desde o posto de soldado raso até ao generalato. Ser mulher deixou de ser cadastro. Passou a ser curriculum. Ser filha do patrão deixou de ser um estigma. Passou a ser um sinal de esperança. Por detrás do milagre económico da ressurreição da têxtil não há uma só mulher mas dezenas de milhares delas. E também uma revolução na cultura, mentalidade e costumes, no sentido da modernidade, que ajuda muito a explicar o sucesso.
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ão sete histórias de mulheres que ocupam postos de comando em fábricas dos diversos sectores que integram a nossa indústria. São sete histórias diferentes, mas com um denominador comum. O milagre que permitiu à ITV sobreviver e prosperar - apesar da banca lhe ter administrado a extrema unção e de sucessivos governos lhe terem passado a certidão de óbito - não foi só económico. O investimento em modernização e reconversão foi a par de uma fantástica revolução na cultura e mentalidades. Para mandar numa fábrica, ser mulher deixou de ser cadastro para passar a ser curriculum. E ser filha do patrão não é mais um estigma. Até começa a ser um sintoma de mérito - e a não implicar a pergunta “Como é o marido?’”. A igualdade dos géneros começa a ser uma feliz realidade na indústria têxtil e de vestuário portuguesa. A educação de Rita. “Nunca me senti diminuída por ser a única mulher numa reunião de trabalho. Nunca vivi qualquer tipo de situação em que experimentasse o mínimo desconforto. Nunca senti problemas por ser a filha do patrão”, resume Rita Fernandes, 37 anos, administradora do grupo Mundifios. Filha mais velha do fundador da maior trading ibérica de fios, Rita partilha com o irmão mais novo (Joaquim, tal como o pai) a gestão de um poderoso grupo familiar nascido no comércio dos fios e que tem investido a montante da produção. “O que interessa é o método e o rigor. Se tivermos mérito e formos competentes e dedicados, seremos reconhecidos e respeitados, independentemente do nosso sexo, idade ou de quem somos filhos”, afirma Rita, que sonhou ser advogada e foi professora de Português e Inglês antes de reconhecer que o seu futuro passava pelos fios. Rita não esconde que “ser filha do patrão acarreta mais responsabilidades”, mas estava
1 2 Não acho que o facto de ser mulher me tenha algum dia prejudicado – pelo contrário!” FÁTIMA SOUSA ADMINISTRADORA DA DOMINGOS SOUSA & FILHOS
preparada para isso. “O meu pai é um pessoa paciente, bom comunicador, muito inteligente e um empresário bem sucedido, que soube educar-nos muito bem. Ensinou-nos a sermos humildes, a lutar pelas coisas, a dar a toda a gente as mesmas oportunidades. A educação é a maior das riquezas que recebemos”. Joana, filha da patroa. “Não só não é difícil, como até tem os seus benefícios. Não tem de se ir ao mercado de trabalho”, graceja Joana Marinho, 29 anos, directora geral da F Moda, empresa fundada pela mãe, Fernanda Oliveira - ou seja não é filha do patrão, mas da patroa... Cresceu no meio dos trapos. “Era bebé de duas semanas e já ia com a minha mãe para a empresa. E, adolescente, passava os verões no meio das embalagens”, recorda Joana, que ao ver quão stressante era o negócio têxtil ainda tentou escapar-lhe, iniciando em Paredes estudos de Farmácia, que acabou por interromper para ir ajudar a mãe. Debutou com o salário mínimo, foi aprendendo (“Mandar sem saber fazer não é mandar
“As expectativas do meu pai em relação a mim eram baixas, talvez porque esperasse que um dos meus irmãos continuasse com a empresa” FERNANDA VALENTE ADMINISTRADORA DA FERNANDO VALENTE
direito, ensinou-me a minha mãe”), ocupou-se da gestão comercial e de clientes e agora é a directora-geral. “Ser filha da patroa implica corresponder a exigências e expectativas muito altas. Mas o nível acrescido de exigência é bom porque ajuda a crescer”, explica Joana. Mas reconhece que ser mulher ainda comporta limitações a nível social: “Um homem tem uma relação bem mais fácil com um cliente do mesmo sexo. Pode convidá-lo a beber um copo ou para irem juntos ao futebol, sem que surjam qualquer espécie de mal-entendidos”. Fernanda, a aluna atenta. Há 16 anos que Fernanda Valente comanda a empresa criada pelo pai, Fernando, em finais dos anos 70. Apesar da sintonia entre pai e filha ser grande, admite que “as expectativas dele em relação a mim eram baixas, porque esperava que fosse um dos meus irmãos a continuar com a empresa”. As baixas expectativas deram-lhe uma enorme margem e capacidade para brilhar. “Aprendi com todos: os mestres, os técnicos... com o meu pai. Andava ali como
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34567 “Penso que o meu pai estava à espera de um homem para lhe suceder. Como só teve filhas, talvez pensasse que fosse um dos nossos maridos. Fiquei eu!” CARLA PIMENTA ADMINISTRADORA DA TEXSER
“Nunca senti o ferrete de ser a filha do patrão. Já tinha a minha carreira fora da empresa. Eu comporto-me como uma profissional em qualquer sítio e seja com quem for, mesmo na fábrica onde o meu pai esteve”
“Somos duas mulheres na frente de combate. Nalguns casos, sinto que a presença de um homem seria importante” SANDRA MORAIS ADMINISTRADORA DA CUSTOITEX
ANA PAULA RAFAEL CEO DIELMAR
se fosse uma esponja, aprendi imenso”. E o facto de ser mulher não a atrapalhou: “Aprendi cedo a fazer tudo o que era trabalho masculino”. Passada a questão das expectativas, a relação de simbiose entre pai e filha foi-se estreitando ao longo dos anos, independentemente da diferença de gerações. “Ele ouvia-me – e o facto de me ouvir mostra que ele não era tão velho quanto isso. O meu pai foi jovem até morrer”. “Tenho vários projectos em carteira, mas onde quer que eles sejam e para onde quer que eu vá, terei sempre muito orgulho em afirmar que fui a filha do patrão Fernando Valente”, conclui. Fátima é prata da casa. “Desde que comecei a trabalhar aqui sempre fui muito bem aceite e acolhida. Não acho que o facto de ser mulher me tenha algum dia prejudicado – pelo contrário!”, garante Fátima Sousa, 62 anos, administradora da Domingos Sousa e a mais velha dos seis filhos (quatro raparigas e dois rapazes) do fundador desta têxtil-lar. Dentro da fábrica que gere, Fátima sente-se como fazendo
parte da prata da casa, após os sete anos que se habituou a dar uma mãozinha na empresa. “Sempre cá estive!”, responde quando questionada sobre se sentiu algum atrito aquando da sua entrada para a administração. O pai ainda é vivo e continua a ser presença assídua na empresa (“Quando chego às 8h30 o carro dele já está estacionado”), por isso a passagem de testemunho para Fátima é feita de forma gradual e sem grandes solavancos. A fábrica de atoalhados é, literalmente, uma fábrica familiar onde trabalham todos os filhos de Domingos (mais uma nora, um genro e quatro netos dele). “Damo-nos todos muito bem!”, assegura Fátima. Comandante Carla. “Penso que o meu pai estava à espera de um homem para lhe suceder. Como não teve filhos rapazes, talvez pensasse que fosse um dos nossos maridos. Fiquei eu!”, afirma Carla Pimenta, que há três anos lidera a Têxtil do Serzedelo (Texser). Fundada em 1932 por José de Abreu Pimenta, avô de Carla, a Texser passou depois para o seu
pai, Abílio, que teve três filhas as duas mais novas, Maria João e Maria Paula, ocupam-se da componente agrícola do negócio da família. “Na geração do meu pai, não era culturalmente aceitável ver uma mulher à frente de uma fábrica. Mas os tempos mudaram, as mentalidades também, e o meu pai soube acompanhar essa evolução. Agora até está sempre a incentivar-me”, conta Carla. Agora com 78 anos, o pai ainda continua a frequentar a fábrica. O truque para evitar choques é trabalharem em conjunto. Com mais idade e experiência, é natural que ele imponha mais respeito. Mas ela acha isso natural. “ O importante é que nunca senti qualquer discriminação de género. E toda a gente, clientes, fornecedores e trabalhadores, foram-se habituando a ver uma mulher no posto de comando”. Ana Paula, a conquistadora. “Os cargos de chefia exigem às mulheres um esforço adicional por causa do tempo que é necessário dedicar à família”, afirma Ana Paula Rafael, 55 anos, CEO da Dielmar. No início da carreira
“Nunca me senti diminuída por ser a única mulher numa reunião de trabalho. Nunca vivi qualquer tipo de situação em que sentisse desconforto. Nunca senti problemas por ser a filha do patrão”
“Ser a filha da patroa implica corresponder a exigências e expectativas muito altas” JOANA MARINHO ADMINISTRADORA DA F MODA
RITA FERNANDES ADMINISTRADORA DA MUNDIFIOS
profissional, quando era dirigente do NERCAB, Ana Paula sentiu reservas pelo facto de ser mulher - que atribui a uma época em que o mais natural era serem os homens a tomar decisões. “Considerava-se que a mulher não estava preparada para ter cargos de liderança”. No seu caso, essas resistências foram rapidamente ultrapassadas talvez pela sua atitude, aquela espécie de dom natural, normalmente definido por liderança inata. “O espaço é uma coisa que se conquista", avisa! Na Dielmar, que dirige há nove anos nunca sentiu a mínima resistência dos trabalhadores - “Temos uma boa relação profissional, muitas delas foram minhas colegas de escola” - diz, nem o “ferrete” de ser filha do patrão. “Nunca tive esse problema. Já tinha a minha carreira fora da empresa. Eu comporto-me como uma profissional em qualquer sítio e seja com quem for, mesmo na fábrica onde o meu pai esteve”, sublinha. A menina Sandra. No princípio, quando aos 34 anos começou a assumir funções executivas na Custoitex, era normal que nos
primeiros contactos com fornecedores ou clientes fosse acompanhada por funcionários mais velhos, que respeitosamente eram tratados por “senhor doutor” - enquanto a ela se dirigiam com um carinhoso “menina”. Licenciada em Marketing (IPAM) e com um MBA em Gestão (EGP), Sandra Morais, 43 anos, desdramatiza esse tratamento por “menina”, explicando-o pela forma informal com que se continua a apresentar nas reuniões de negócios. “Não identifico nada na minha condição de mulher e filha do patrão que constitua um problema para os negócios. Nunca senti qualquer reserva por parte dos funcionários e funcionárias da Custoitex. O processo de sucessão do meu pai foi natural e decorreu sem sobressaltos”, afirma, levantando um pequeno e último senão: “Desde que a minha irmã se dedicou à Custoitex somos duas mulheres na frente de combate. Nalguns casos, nomeadamente em feiras no estrangeiro, sinto que a presença de um homem seria importante”. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
Casa do Baixinho Rua do Baixinho 4580-002 Paredes
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Presunto, chouriço, pataniscas de bacalhau, rojões, entrecosto, feijoada e croquetes Pratos: Folhado de bacalhau com molho béchamel e grelos Sobremesas queijos com marmelada e maçã assada em massa folhada Bebidas: Maduro branco Aluzé (Douro), água e cafés
PENSAR PRIMEIRO E SÓ AGIR DEPOIS Apesar da ameaça das baratas mantas polares, as mantas de lambswool ou 100% algodão ainda são o pão com manteiga da A.Ferreira & Filhos (AFF), pesando mais de 60% nos quatro milhões de euros/ano que a empresa de Vizela factura. Noel Ferreira explica porquê: “Ambas aquecem. A diferença entre uma manta das nossas e uma polar é a mesma que beber este vinho num copo de vidro ou de plástico. O vinho é o mesmo, mas a sensação sensorial não é”. Este vinho era o Aluzé (a luz é), da
Quinta do Pessegueiro, em S. João da Pesqueira, de Roger Zannier, o líder do maior grupo mundial de moda infantil, dono de marcas como a Tartine au Chocolate - e um dos clientes da AFF. O vinho (magnífico!) esteve à altura da parada de entradas e do folhado de bacalhau que Paula Magalhães (a dona da Casa do Baixinho e mulher de Fernando Valente, treinador de futebol emigrado na China) nos apresentou na Casa do Baixinho, que fica à distância de um tiro da casa de Noel.
NOEL FERREIRA
52 ANOS ADMINISTRADOR DA A.FERREIRA & FILHOS Nasceu na Bélgica, terceiro dos quatro filhos de António Ferreira, um serralheiro mecânico que andou emigrado até que, em 1973, problemas de saúde o obrigaram a regressar à Vizela natal, onde foi encarregado de manutenção na Garça Real antes de se estabelecer. Noel tinha 11 anos quando, nas férias, feriados e fins-de-semana, começou a ajudar o pai nas entretelas. Retornou à Bélgica para fazer em Tournai um curso de Engenharia Têxtil, com especialização em malhas (“Na U. Minho as malhas eram uma cadeira semestral. Eu tive cinco anuais, uma por cada família de malhas”), a que se seguiu um estágio na alemã Universal, à época a maior fabricante do Mundo de máquinas de malhas. Completou a formação com uma licenciatura em Engenharia Industrial, na Lusíada, Casado, vive em Paredes e tem três filhos - Sofia, 24 anos, que está a acabar Direito, Miguel, 19 anos, e David, 18, ambos apaixonados por informática
Mas foi mais pela qualidade da comida do que pela proximidade e amizade com os donos, que Noel elegeu este restaurante para um jantar tardio - era quinta e todas as 3ª e 5ª, entre as 20h e 21h, ele joga ténis em Lousado (o domingo e a segunda são os dias reservados ao ginásio). “Nesta idade temos de ter muito cuidado para não nos deixarmos engordar...”, diz. As mantas e a roupa de bebé, que comercializa com a marca própria Wedoble, são os produtos estrela da AFF, escolhidos a dedo na sequência de uma reflexão profunda feita no início do século, com a ajuda da Kurt Salman, quando os sinais de alarme soaram com a fuga massiva dos clientes. “O fio e as máquinas custam mais ou menos o mesmo na China e em Vizela. Uma camisola leva 500 gramas de fio e incorpora muita mão-de-obra. Uma manta leva um quilo de fio e muito menos mão-de-obra”, conta. As mantas foram uma das duas peças chave no novo fôlego estratégico que permitiu à AFF manter a cabeça fora de água durante os anos de chumbo - que começaram com a invasão asiática e continuaram com o subprime e a crise das dívidas soberanas. A outra foi o lançamento, em 2005, da primeira coleção da Wedoble, a marca própria de roupa para bebé. Nada foi deixada ao acaso. A começar pelo segmento escolhido (0-2 anos), com foco especial nos doze primeiros meses de vida (o período em que o bebé está deitado), e a acabar na filosofia da marca. “A Wedoble é uma marca tranquila, nada exuberante, sem bordados nem estampados. Não temos gangas. Apostamos essencialmente na qualidade, suavidade e funcionalidade. A nossa preocupação é o conforto do bebé. O nosso alvo é a mãe”, conta Noel, acrescentando que um dos indicadores do sucesso do conceito é o facto da Itália ser, a par de Portugal, o melhor mercado da marca. “É como estar a exportar bananas para a Madeira”, graceja. O crescimento da Wedoble (que já vale 20% do volume de negócios da AFF) tem sido espectacular. “Vendemos 57 mil peças para o Inverno 17/18, um crescimento de 62%. Já no Verão, as vendas tinham subido 50%. O nosso objectivo é crescer a 50% ao ano até 2019, ano em que esperamos vender 200 mil peças”, conclui Noel, um engenheiro que não tem medo do trabalho e tem como regra de ouro pensar primeiro e só agir depois. t
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análisesdinâmicas O principal objetivo dos sistemas informáticos é permitir gerar e organizar a informação mais atualizada possível, de forma a facilitar a tomada de decisão estratégica e operacional de uma organização.
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6 FOTOSINTESE Por: Carolina Guimarães
PORTUGAL FASHION: ATÉ PARECE QUE TEM MEL
1. O FASHION MAL TINHA COMEÇADO E JÁ RECEBIA VISITAS DE HONRA: ANTÓNIO COSTA E CALDEIRA CABRAL FORAM ATÉ À CORDOARIA NACIONAL, AQUI ACOMPANHADOS POR MARCO GALINHA (ESQUERDA) E ADELINO MATOS (CENTRO).
5. A ANTIGA CADEIA DA RELAÇÃO FOI O GRANDIOSO PALCO PARA KATTY APRESENTAR UMA COLECÇÃO TANTO ROMÂNTICA COMO MÍSTICA
6. NA COLECÇÃO DE SUSANA BETTENCOURT REINARAM OS DETALHES EM PEÇAS COLORIDAS E FEITAS EM MALHA, UM CLÁSSICO DA ESTILISTA
11. SE O FASHION NÃO VAI À MONTANHA, VAI A MONTANHA AO FASHION COM A LION OF PORCHES
O bom filho a casa torna: depois de viajar por Milão, Nova Iorque, Paris e Londres, o Portugal Fashion voltou a casa. Com 31 desfiles e vários poisos à mistura, dividido entre a capital e a Invicta, o Fashion recebeu uma enchente de cerca de 25 mil pessoas durante os seus quatro dias de festa - e convidados especiais como o presidente Marcelo, o primeiro-ministro António Costa, o ministro Caldeira Cabral e o secretário de Estado João Vasconcelos. Porque por muitas viagens que se façam, não há nada como o doce sabor a casa
10. TRÊS PRESIDENTES E UM SECRETÁRIO DE ESTADO NA FILA DA FRENTE DO DESFILE DE NUNO BALTAZAR: PAULO MELO (ATP), JOÃO VASCONCELOS (SEC. EST. INDÚSTRIA), ADELINO MATOS (ANJE) E MARCELO
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2. A DUPLA ALVES/GONÇALVES APRESENTOU UMA "MISCELÂNEA EMOTIVA”.
4. O PALÁCIO DOS CTT FOI, PELA SEGUNDA VEZ, A CASA DO BLOOM QUE FOI UM GRANDE SUCESSO, SOB A NOVA DIRECÇÃO DE PAULO CRAVO
3. ANTÓNIO COSTA TROCA IMPRESSÕES COM ALEXANDRA MOURA, SOB O OLHAR ATENTO DE UMA DAS MANEQUINS
7. LUÍS ONOFRE PÔS A ALFÂNDEGA A OLHAR PARA O CHÃO, COM SAPATOS PARA O MENINO E PARA A MENINA
8. O “GANGUE” DE LUÍS BUCHINHO ENFRENTOU O FRIO DO SILO AUTO E FEZ LITERALMENTE PARAR O TRÂNSITO.
9. MARCELO REBELO DE SOUSA TAMBÉM NÃO QUIS FALTAR À FESTA E HONROU O SEU NOME DE “PRESIDENTE DAS SELFIES”
13. A DIELMAR APRESENTOU UMA COLECÇÃO CLÁSSICA E REQUINTADA, REPLETA DE TONS ESCUROS
12. ANA SOUSA E ANDREIA RODRIGUES ABRAÇAM-SE NO FINAL DO DESFILE MAIS AGITADO, COM BANDA SONORA AO VIVO
14. UMA ESTREIA EM BELEZA PARA MICAELA OLIVEIRA, COM UMA COLECÇÃO HÍPER FEMININA, NUMA ODE À BELEZA DA MULHER
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H&M RACIONALIZA RETALHO O grupo H&M vai proceder a uma racionalização das suas redes de retalho, o que contempla relocalizações, ampliações e encerramento de lojas, pondo assim um ponto final no modelo de expansão contínua e permanente até agora adoptado. A rede global de retalho de marcas da H&M (que inclui as insígnias Cos, Cheap Monday, & Other Stories, Monky e Weekday) compreende 4 300 lojas. Este ano, o grupo sueco vai abrir 430 lojas e entrar em cinco novos mercados: Cazaquistão, Colômbia, Islândia, Vietname e Georgia.
"Estamos sempre a juntar a sustentabilidade com a inovação, porque é uma tendência de mercado que vem do consumidor. É o consumidor quem dita as tendências e tem a ver com movimento de preocupação ambiental" Elsa Parente directora comercial da Tintex
CARBONERO MARAVILHA COM JEANS PUSH UP DA SALSA
A Salsa apostou em Sara Carbonero para promover os seus jeans push up wonder, que estão a celebrar o 10.º aniversário. “Há dias em que não passo em casa, por isso escolho roupa que sirva tanto para o dia como para a noite, no caso de ter algum jantar. Gosto muito das cores básicas, neutras, que combinam com tudo. Não sou de arriscar demasiado com estampados e por isso não complico. Os push up wonder são uma segunda pele. Adaptam-se perfeitamente às nossas curvas, formas e ao nosso corpo. Têm tudo e são muito fáceis de combinar”, explica a mulher de Iker Casillas que surge na campanha com o novo modelo push up wonder de cintura subida. t
FITECOM INVESTE MAIS UM MILHÃO EM MÁQUINAS A Fitecom vai investir mais um milhão de euros na renovação de máquinas no sector da ultimação. Já no ano passado, esta empresa de lanifícios de Tortosendo tinha investido um milhão de euros em dois contínuos para a fiação e numa nova râmula na últimação. “Quase todos os anos investimos entre meio milhão e um milhão de euros na renovação dos nossos equipamentos”, diz João Carvalho, administrador da empresa, acrescentando ainda que para a Fitecom a tecnologia é fundamental. “Não temos máquinas com mais de dez a quinze anos”, explica. A este investimento contínuo na renovação das máquinas soma-se uma aposta contínua no melhoramento em termos ambientais e de saúde, designadamente nos tratamentos hidrofóbicos e oleofóbicos (respectivamente repelência da água e do óleo). “Investimos também na sus-
"Não temos máquinas com mais de 10 a 15 anos" João Carvalho CEO da Fitecom
tentabilidade ambiental e social não só na nossa produção como nos artigos que fazemos”, adianta este engenheiro têxtil licenciado na UBI, universidade onde leccionou durante 20 anos. Paralelamente a estas apostas, a Fitecom lançou um novo conceito na colecção que apresentou em Janeiro na Première Vision, em Paris, (o “Five to seven”) que cruza a produção e o marketing. “Na construção dessas propostas utilizamos cinco a sete fios, cinco a sete cores por cada fio, cinco a sete padrões por cada desenho, cinco a sete cores por cada cartaz, a um preço de cinco a sete euros,
para entregar produção de cinco a sete semanas e entregar cartazes de cinco a sete dias”, descreveu João Carvalho. No fundo, um conceito que pode ser resumido à máxima “just in time” ou, nas palavras do administrador da Fitecom, “ter o mínimo de stocks e estar pronto a responder às encomendas a qualquer momento”. João Carvalho e mais dois sócios adquiriram em 1993 em hasta pública os activos da Sofal, uma empresa de lanifícios da Covilhã, onde este engenheiro têxtil trabalhou anteriormente. Foi nesse ano que nasceu a Fitecom (iniciais de Fiação, Tecelagem e Comercialização) que actualmente dispõe de 185 trabalhadores, tem tido nos últimos anos um volume de negócios anual de 15 milhões de euros (“com ligeiras oscilações”, diz João Carvalho), exporta mais de 90% da sua produção e tem clientes de referência mundial na sua vasta carteira (mais de 400 clientes). t
CLARE WAIGHT-KELLER TROCA CHLOÉ PELA GIVENCHY… A criadora britânica Clare Waight-Keller trocou a direcção artística da Chloé (grupo Richmont) pela direcção criativa da Givenchy (grupo LVMH), depois de ter explicado que a necessidade de ter mais tempo para dedicar à família era a razão que a levava a interromper a ligação de seis anos à marca do conglomerado suíço do luxo.
… E RICCARDO TISCI TROCA GIVENCHY PELA VERSACE?
O grupo Versace deve ser o próximo pouso de Riccardo Tisci, que durante os últimos 12 anos foi o director criativo da casa parisiense de luxo Givenchy. Rumores não confirmados garantem que Riccardo vai voltar para Itália e assumir o comando da Versace. Há dois anos, o criador italiano chocou o mundo da moda ao usar a sua amiga Donatella Versace como modelo de uma campanha de publicidade da Givenchy (na foto).
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das empresas portuguesas revelam ter dificuldades em recrutar talento de acordo com o Guia do Mercado Laboral do Hays Group
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da facturação da Olbo & Mehler é reinvestida em inovação e desenvolvimento
ABERCROMBIE & FITCH FECHA 60 LOJAS
VICTORIA BECKHAM LOW COST
A Abercrombie & Fitch vai fechar 60 lojas, ainda em 2017. A decisão resulta da queda de quase 10% das vendas no ano passado, em que já encerrara 54 lojas. A marca está a apostar no mercado online em detrimento das velhas lojas físicas.
Victoria Beckham aliou-se à Target numa colecção low cost com cerca de 200 peças a preços que oscilam entre os 5,50 e os 65 euros. A Posh Spice aventura-se pela primeira vez nas roupas de criança. “Spice up your life” é a banda sonora da campanha publicitária desta colecção.
ENCHER O DEPÓSITO E RECOLHER ENCOMENDAS DA AMAZON
MUNDIFIOS QUER 100 MILHÕES Atingir no final do ano um volume de negócios de 100 milhões de euros é o objectivo fixado pela Mundifios, depois de ter fechado o exercício de 2016 com uma facturação de 82 milhões de euros. Com centro de gravidade no parque industrial de S. João da Ponte, em Guimarães, a Mundifios é a maior trading ibérica de fios e foi fundada em 1986 por Joaquim Fernandes, um empresário que estava nos têxteis-lar e detectou uma oportunidade de negócio quando em meados dos anos 80 a ITV portuguesa se debatia com um problema de abastecimento de fios.
“Adoptamos para este ano uma estratégia de crescimento baseada numa atitude comercial muito agressiva”, explica Maria Goretti Fernandes, administradora da Mundifios. O mercado externo, onde a empresa faz actualmente cerca de 30% da sua facturação, é o alvo preferencial desta ofensiva, que pretende dilatar, já este ano, para 40% a percentagem de vendas feitas no mercado externo. “Já não temos como grande objectivo aumentar as vendas em Portugal. Queremos crescer com novos clientes e no estrangeiro”,
diz Maria Goretti, acrescentando que a Mundifios tem um enorme potencial de crescimento não só na Europa mas também no Magrebe. Nascida no comércio de fios, a empresa investiu a montante, na produção, começando por alugar as instalações, equipamento e pessoal da Fiação de Covas e depois, em 2015, investindo 12 milhões de euros na Inovafil, instalada em Famalicão, nas antigas instalações da fiação da TMG, que tem apostado nos fios especiais e em 2016 facturou 15 milhões de euros, dos quais 20% exportados directamente. t
A FMODA VAI TER CASA NOVA A FModa está a investir dois milhões de euros num novo pavilhão, com cinco mil metros quadrados, na zona industrial de Brito, em Guimarães, para onde se mudará até ao final do corrente ano. A empresa tem a actividade dispersa por dois pavilhões, um com mil metros quadrados, onde está a expedição, e outro com 1 500 m2, onde funcionam os restantes serviços. A casa nova, que fica ao fundo da rua (avenida das Indústrias) onde bate actualmente o coração da FModa, permitirá não só concentrar e racionalizar os processos mas também aumentar a capacidade de corte – até agora assegurada por duas mesas. Fundada em 2001 por Fernanda Oliveira (uma empresária nascida em Fafe que tem 55 anos de idade e 35 de ITV ), a FModa subcontrata a produção mas faz inhouse o desenho, o corte e o desenvolvimento das amostras – e também assegura o controlo de todo o processo bem como a distribuição.
As diversas marcas do grupo Inditex, o primeiro cliente da FModa (“Os comerciais com que começámos a trabalhar são directores”, nota Joana Marinho, directora-geral), garantem-lhe bem mais de metade do seu volume de negócios, que em 2016 atingiu os 30 milhões de euros, mais um milhão que no exercício de 2015. A facturação da empresa deu um grande salto, na ordem dos cinco milhões de euros, entre 2014 e 2015, na sequência da decisão de começar a colocar produção de confecção em Marrocos, para ser competitiva em preços nos modelos mais básicos. As perspectivas de futuro são optimistas, até porque já é claro que as grandes marcas estão a fugir da Ásia, por razões de qualidade e de prazos de entrega. Acresce que face ao grande crescimento do seu mercado doméstico e da subida do poder de compra na China, a indústria têxtil local já não se sente tão pressionada a exportar para escoar a sua produção. t
A Repsol vai instalar pontos de recolha para as compras feitas nas plataformas da Amazon em Portugal e em Espanha, de acordo com jornal Expansion. A petrolífera opera 4 000 estações de serviço na Península Ibérica e uma “boa parte delas” será dotada de um ponto de recolha, segundo o acordo estabelecido entre as empresas. O serviço estará disponível nos “próximos meses” e segue o modelo do projecto piloto que as empresas levaram a cabo em Itália. Com este serviço, a Amazon quer evitar que os clientes tenham de esperar em casa pelas suas compras e oferecer alternativas de conveniência.
“Se quiser hoje uma costureira a saber trabalhar, não a consigo encontrar” Alberto Sousa empresário da Shirtlife
MODELO TRANSGÉNERO NA SEMANA DE MODA DA INDIA
Anjali Lama, 32 anos, vai ser a primeira modelo transgénero a desfilar na Semana da Moda da Índia. Nascida no Nepal como Nabin Waiba, Anjali teve de abandonar o país para assumir a identidade feminina e prosseguir o sonho da moda. “As pessoas começaram a reparar em mim e a dizer que tinha figura e altura para me tornar modelo”, o que, confessa, só aconteceu “depois da colocação de implantes mamários”.
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JF ALMEIDA ABRE FÁBRICA NA ARGÉLIA A JF Almeida vai abrir uma fábrica na Argélia, o que implica um investimento de 300 mil euros em maquinaria. A nova unidade, que irá empregar cerca de 30 pessoas, terá uma capacidade produtiva mensal de 40 a 50 toneladas de felpos, um valor que deverá ascender a 120 toneladas/mês no quinto ano de actividade. Criada em 1979, a empresa de Moreira de Cónegos emprega 520 trabalhadores e fechou 2016 com um volume de negócios de 40 milhões de euros. Cerca de 80% da produção é exportada.
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"Temos de ser extremamente eficazes na entrega da qualidade, preço e prazo certos, nas competências, logística e de processos, e no controlo de gestão. São todos estes factores que em conjunto e em simultâneo fazem a diferença e nos quais investimos continuamente há anos" Miguel Pedrosa Rodrigues administrador da Pedrosa & Rodrigues
MINISTRO VESTE CAMISOLA AMARELA DA P&R TÊXTEIS
PENEDO COM MEIO MILHÃO PARA O LEDINTEX Em parceria com CITEVE e CeNTI, a Têxteis Penedo está a desenvolver um projecto que tem como objectivo a industrialização e validação de têxteis com sistemas de iluminação (LED) integrados, que representa um investimento superior a meio milhão de euros. O projeto LEDinTEX pretende também demonstrar, em situação real, “a capacidade de replicabilidade, viabilidade técnica e económica, versatilidade do design de produto das novas soluções e responder de forma eficaz às solicitações do mercado”.
José Augusto Moreira
TÊXTIL NORTENHA REFORMULA LAYOUT
A P&R Têxteis quer manter-se na linha da frente no fabrico de equipamentos desportivos de elevada performance e já está a trabalhar com a Adidas no desenvolvimento de vestuário específico para as olimpíadas de Tóquio, em 2020. A empresa esteve em destaque nos recentes Encontros 560! do Ministério da Economia, tendo levado ao ministro Caldeira Cabral a camisola amarela que enverga o líder da Volta a França nas provas de contra-relógio. Um equipamento inovador, que simboliza também a liderança da têxtil de Barcelos no fabrico dos modelos que vestem campeões e superatletas como Usain Bolt, Mo Farah, Chis Froome e os líderes das diversas classificações do Tour francês. Ou os nossos campeões Nelson Évora e Patrícia Mamona, para citar os casos mais recentes. Quanto aos equipamentos para Tóquio 2010, Hélder Rosendo, director-geral da P&R Têxteis, destaca o trabalho específico que estão já a desenvolver com a Adidas, que, a par da Asics e da Le Coq Sportif, é um dos principais clientes da empresa. “Temos tido reuniões de trabalho com o foco em 2020 com alguns dos nossos clientes mais importantes. Estamos a analisar ideias, materiais e acabamentos, em conjunto com alguma inovação que por certo surgirá com os novos equipamentos para os Jogos Olímpicos”, adianta Rosendo, sem querer desvendar as linhas com que se coserão as novidades para a competição. “Ainda é cedo e estamos apenas a debater e analisar ideias”, explica, dizendo que o caminho passa pela “combinação entre materiais, design, morfologia e confecção”
A Têxtil Nortenha tem em curso um programa de investimentos no reequipamento e modernização da sua fábrica em Avidos, Famalicão, orçado em cerca de meio milhão de euros, que contempla a reformulação do layout do processo produtivo. “Na confecção vamos renovar o parque de máquinas, substituindo as actuais por outras mais modernas, secas e semi-secas, que gastam menos energia e óleo”, explica Paulo Branco, 50 anos, o CEO da Têxtil Nortenha. O reequipamento abrangerá também o corte, com a aquisição de novas máquinas. “Cerca de 90% do que vendemos é fabricado em regime de subcontratação. Temos muitas empresas que trabalham em exclusivo para nós, mas o corte de todas as encomendas é feito aqui – cerca de um milhão de peças/ano”, acrescenta Paulo Branco. Poupar na conta da energia é uma das preocupações do programa de investimento da empresa, que já procedeu à substituição por lâmpadas LED de todo o sistema de iluminação da fábrica, onde trabalham 100 pessoas. A Nortenha fechou 2016 com um volume de negócios de oito milhões de euros, totalmente exportado para uma geografia – Alemanha (Marc Cain), Inglaterra (o catálogo de criança Boden; a cadeia Reiss, de que Kate Middleton é cliente; e a Thomas Pink, do grupo LVMH) – reveladora do exigência dos clientes. “Passam o corte em revista à lupa. Viram as bainhas ao contrário. Os clientes são cada vez mais exigentes. Inspeccionam tudo. Trabalhamos com defeito zero para entregarmos a qualidade que eles nos pagam”, conta Inês Branco, dando como exemplo uma t-shirt fabricada na Nortenha que é vendida ao público por 279 euros, pois tem bordado, estampado, transferes e uma operação de garment dyed – e demorou dois anos a desenvolver para conseguir atingir aquela qualidade específica. t
Duarte Nuno Pinto, fundador da P&R Têxteis, entrega a camisola amarela a Caldeira Cabral
até chegarem aos equipamentos que permitam dar maior conforto e potenciar ao máximo as capacidades dos atletas. Outra vertente de novos equipamentos tem a ver com a equipa nacional de ciclismo que participará nas olimpíadas de Tóquio. Em conjunto com a Federação Portuguesa de Ciclismo, a P&R está a desenvolver equipamentos específicos para os ciclistas nacionais, à imagem daquilo que foi feito para as olimpíadas do ano passado no Rio de Janeiro. O ciclista Nélson Oliveira alinhou no contra-relógio com um fato concebido para secar mais rápido, com menos 18% de peso
e mais confortável, que foi criado em parceria com a Universidade de Coimbra. A P&R Têxteis dedica-se sobretudo à produção de vestuário técnico desportivo e de competição, que frequentemente desenvolve com o apoio do CITEVE, Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal. Fundada em 1982, com 30 pessoas e com um arranque difícil, a aposta na inovação e nos mercados internacionais foi determinante para o crescimento e sucesso. Emprega actualmente perto de 200 pessoas e no ano passado os negócios cresceram acima dos 20%, ultrapassando 13 milhões de euros. t
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A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel
PiuBelle
Rua da Liberdade 77 Milheirós 4471-909 Maia
Trabalhadores 150 Volume de negócios 16 milhões de euros Exportação 90% da produção é exportada Marca própria A PiuBelle vale metade das vendas Principais mercados Estados Unidos, França, Inglaterra, Espanha, Irlanda, Nova Zelândia, Austrália e Coreia do Sul Produtos Jogo de cama, edredons, jogo de banho, colchas e mantas
RALITZA DZHAMBAZOVA NO MADEIRA FASHION WEEKEND As manequins Sarah Rich (Miss Reino Unido em 2016), Danish Wakeel, Mónica Dias, Ellie Elizur, Ralitza Dzhambazova (na foto) e Mya são as estrelas do Madeira Fashion Weekend, que decorrerá nos próximos dias 22 e 23 de Abril, no Pestana Casino Park Hotel, no Funchal. Os dois dias de festa acabarão com uma “after party” no Pestana CR7 Hotel.
LEVI’S E GOOGLE FAZEM CASACO PARA CICLISTAS A Levi’s e a Google vão lançar no Outono um casaco desenhado para ciclistas urbanos, que através de um toque na manga podem aceder à música ou ao GPS do seu telemóvel sem mexer directamente nele ou olhar para o ecrã. O casaco custará 330 euros.
Da lingerie para a cama Como antes do 25 de Abril Portugal era um atraso de vida, a Judite e o Fernando Cordeiro - um casal de jovens transmontanos ambiciosos e insatisfeitos - aventuraram-se a atravessar o Atlântico sul e deitaram âncora em S. Paulo, onde tinham família. Emigraram com uma ideia fixa na cabeça e lingerie sexy na bagagem. Não tardaram em montar, com a marca própria LaBelle, uma espécie de Victoria’s Secret brasileira, replicando as peças de moda íntima para senhora, com muitas rendas e em cores atrevidas, previamente adquiridas em Paris. A LaBelle foi um sucesso quase instantâneo e se não se desse o caso de, para o melhor e para o pior, o Brasil ser o Brasil, a Judite e o Fernando ainda lá estariam. Mas no dealbar dos anos 80 a crescente insegurança e a hiperinflação, bem como o avolumar da contestação a um regime militar em últimas exibições, aconselharam-nos a vender tudo, voltar a fazer as malas e regressar à pátria. O instinto não os enganou. Em 1981, Portugal vivia no intervalo entre dois pedidos de resgate ao FMI (1977 e 1983) mas estava na rota certa, com o azimute apontado à CEE. Compraram um terreno na Maia e mantiveram-se na indústria têxtil. Apenas mudaram a agulha da lingerie para os têxteis-lar (um segmento onde já tinham começado a inovar no Brasil com a produção de lençóis plissados) e baptizaram PiuBelle a mana mais nova da brasileira LaBelle. O mercado interno absorvia tudo quanto produziam, mas tal como os bons jogadores de xadrez antecipam o que vai acontecer quatro ou cinco jogadas à frente, o casal Cordeiro sabia que não devia ter os ovos todos no mesmo cesto e por isso não esperou
pela abertura das fronteiras para abrir uma sociedade em Vigo e começar a exportar para Espanha - o El Corte Inglês foi o seu primeiro cliente internacional. “Os meus pais sempre foram visionários. Nunca param de inovar”, afirma Fernando Cordeiro Filho, 38 anos, licenciado em Gestão de Empresas (ISAG), que partilha com os pais a ponte de comando da PiuBelle - a mãe e a mulher dele ocupam-se da produção, enquanto ele o pai tratam da parte financeira. Esta capacidade de estar sempre um passo à frente da concorrência permitiu à PiuBelle passar dos três trabalhadores iniciais (1981) para os actuais 150, atravessar os anos de chumbo da têxtil com a cabeça fora de água e levar um acumulado de seis anos de crescimento contínuo. Os Cordeiros não desistiram nunca nem de inovar, nem de crescer e investir, acrescentando tecelagem e corte à fábrica - e souberam posicionar-se para resistir à concorrência asiática. “Em vez de andarmos à pancada com os chineses, apostamos na diferenciação através da qualidade e serviço. Competir pelo preço implica sempre baixar a qualidade. E o movimento de regresso dos clientes que foram para a China está aí para nos dar razão”, afirma Fernando, pai de três filhos (os gémeos Sofia e António, nove anos, e Teresa, sete), a terceira geração de Cordeiros, que já deixou as suas impressões nos produtos da PiuBelle: são os autores dos desenhos da colecção 2015. “A primeira geração partiu do nada. A minha ambição é organizar a empresa de modo a que ela seja sustentável e consiga sobreviver e prosperar à passagem das gerações”, conclui. t
NIKE JÁ FAZ ROUPA XXXL “Equality” é o novo lema da Nike, que continua empenhada em quebrar barreiras. Depois do hijab chegou a vez de uma linha de roupa desportiva para mulheres, com tamanhos grandes (que vão desde o XL ao XXXL) e recheados de cor.
"A teia burocrática é a minha maior razão de queixa, como industrial. Os investimentos são acarinhados, os empresários apoiados, mas depois surgem os bloqueios que travam os projectos" Adelino Matos Presidente da ANJE e CEO da ASM Energia
INDITEX COMPRA EM PORTUGAL 1 500 MILHÕES POR ANO “Portugal é absolutamente essencial naquilo que é a essência do nosso modelo de negócio. Devido à sua proximidade com Espanha, acaba por ser um prolongamento natural da Inditex”, afirmou Pablo Isla, presidente do grupo, acrescentando que a Inditex compra cerca de 1 500 milhões de euros/ano aos seus 171 fornecedores portugueses, a que estão associados 887 fábricas e mais de 46 mil trabalhadores.
86 mil
toneladas de algodão caroço foram produzidas em 1973, em Angola, que era à época um dos maiores produtores mundiais de algodão. Em 1990 (último ano em que há estatísticas fiáveis disponíveis), foram produzidas cerca de três mil toneladas de algodão na antiga colónia portuguesa
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TMG BENEFICIA COM REGRESSO DAS MARCAS
A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti
Alerta vermelho
“Estamos a assistir ao regresso a Portugal de marcas importantes como a Lacoste, Gant ou Celio”, afirma Manuel Gonçalves, neto do homónimo fundador da Têxtil Manuel Gonçalves, numa reportagem publicada no Journal du Textile, intitulada “TMG impulsionada pelo regresso ao fornecimento de proximidade”.
MAIS MIGUEL VIEIRA BY SPORTZONE Miguel Vieira voltou a assinar uma colecção cápsula com a SportZone, que já está à venda online e que vai estar disponível em 12 lojas seleccionadas por todo o país. Com preços entre os 19,90 e os 96 euros, a linha inclui peças pensadas para a corrida, o ténis, o ciclismo e o boxe, com preços acessíveis. O número 86 é também uma constante nas peças, numa alusão ao ano em que o estilista entrou no mundo da moda.
BUCHINHO TAMBÉM É ÓCULOS Luís Buchinho desenhou para a Ergovisão uma colecção de óculos de sol “para mulheres pragmáticas e que encaram o Verão com boa disposição”, totalmente produzida em Portugal e inspirada na orla marítima. São fabricados em acetato e “com formas bastante clássicas".
LI & FUNG DIGITALIZA TUDO Sim, é uma cor forte. Sim, é uma cor quente. Sim, é uma cor controversa. Sim, é uma cor que está a dominar o mercado da moda e ao que tudo indica – especialmente os últimos desfiles Outono-Inverno 2017 - é A COR do momento e nunca antes recebeu tanto protagonismo. Como a moda já não espera por nada – é cada vez mais rápida no gatilho e dispara para o
mercado aquilo que vemos nas passarelas com a velocidade de um foguete -, já temos a cor vermelho nas ruas, nos street style, nas redes sociais e nas lojas. Nas imagens podemos ver como ela aparece nestes diferentes canais. A questão principal que quero colocar aqui é a forma como estamos a ver o uso desta cor: em looks totais, ou seja, com-
posições criadas em vermelho da cabeça aos pés. Seja uma peça única como um vestido ou um macacão, seja com calças e saias compostas por um top ou mesmo um look fato completo, a mensagem que se passa é “criem um “statement”” , exagerem, façam o vermelho gritar e marcar presença por inteiro. Agora cabe a cada um apostar nela como bem desejarem. Afi-
nal a moda só existe para nos servir de acordo com aquilo que somos genuinamente. Se a tendência se adequa ao seu estilo, ótimo! Use e abuse! Se não for a sua “praia”, então não precisa ter absolutamente nada em vermelho no guarda-roupa. O mercado vai estar cheio dela, mas todas as outras cores estarão também sempre disponíveis! t
Melhorar a rapidez e eficiência na cadeia de aprovisonamento, através da sua completa digitalização, dando um impulso brutal à dinâmica da oferta e da procura, é a estratégia anunciada por Spencer Fung, director executivo da Li & Fung, para ser implementada num prazo de dois anos.
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APRESENTAÇÃO
CATARINA FURTADO DESFILE
O SÁBAD 21H30
PEDRO TEIXEIRA DÂNIA NETO BÁRBARA LOURENÇO FRANCISCA PEREZ MANEQUINS BEST MODELS
ANIMAÇÃO MUSICAL
D.A.M.A.
MANUEL SERRÃO
COM PARTICIPAÇÃO
APOIO
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NO MORE BORING SOCKS É O LEMA DA MEYASH Uma startup criada por três amigos lançou o site Meyash que funciona como loja online onde se pode adquirir meias coloridas, divertidas e com qualidade. Os três fundadores vivem em três cidades diferentes - Manuel Oliveira em Nova Iorque, Marcos Fonseca no Porto, e José Massada em Londres - e têm pelouros diversos: Manuel trabalha na área financeira, Marcos é o homem do desenvolvimento de produtos de luxo e José é o especialista em software. Com esta sua iniciativa, pretendem contornar o problema daqueles que “abrem a gaveta das meias e são todas iguais, básicas e monocromáticas, seja por falta de tempo para ir comprar novas ou porque, simplesmente, não encontram meias diferentes e engraçadas”. “NoMoreBoringBlackSocks” é o lema da startup que vende meias desenhadas e fabricadas em Portugal. “Os interessados podem subscrever por um, três, seis ou 12 meses e a empresa envia-lhe as meias — sempre com padrões diferentes e sempre surpresa — todos os meses, renovando assim a gaveta de meias pretas com alternativas de grande qualidade com padrões contemporâneos”, disse Marcos Fonseca. Mas o projecto não fica por aqui: os fundadores juntaram-se
LVMH TEM 50 MILHÕES PARA COMPRAR MARCAS EMERGENTES Julie Bercovy, 38 anos, é a CEO do recém-criado LVMH Luxury Ventures, um fundo que tem 50 milhões de euros para investir na aquisição de marcas de luxo emergentes, com um volume de negócios que oscila entre um mínimo de dois milhões de euros e um máximo de 15 milhões. (na foto um aspecto da fachada do museu da Fundação LVMH em Paris, instalado num edifício desenhado por Frank Gehry).
CUSTOS DA MÃO-DE-OBRA SOBEM MENOS QUE NA ZONA EURO
Os três amigos fundadores da Meyash declararam guerra à peúga preta
com a Associação dos Albergues Noturnos do Porto, de apoio aos sem-abrigo. Por cada par de meias que comprar, a empresa vai doar, também, um par à associação, uma vez que a roupa interior é um dos produtos em falta nos centros de acolhimento. Por agora, a Meyash está fo-
cada no público masculino (apesar de as meias serem, claramente, unissexo). Mensalmente, um par custa 8,99 euros e dois pares custam 16,99 euros e até pode subscrever o serviço para outra pessoa, como presente, com a opção de incluir um bilhete escrito à mão, para tornar tudo mais especial. t
CHINA JÁ COMEÇOU A TRATAR AS ÁGUAS RESIDUAIS A China abriu a sua primeira fábrica de tratamento de águas residuais industriais provenientes do processo de tingimento têxtil. A radiação é a tecnologia utilizada nesse projecto que conta com o apoio da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). A nova fábrica que utiliza feixes de elétrons foi aberta em Jinhua, 300 km a sul de Xangai. O tingimento têxtil representa um quinto de toda a poluição de águas residuais industriais em todo o mundo. O projecto AIEA analisou a transferência de tecnologia para vários países, principalmente na Ásia. A fábrica chinesa foi criada com a ajuda de peritos de Hungria, Coreia e Polónia. "Se tudo correr bem, poderemos lançar a tecnologia noutras fábricas em todo o país", Jianlong Wang, vice-director do Instituto de Tecnologia de Energia Nuclear e da Universidade de Tsinghua, em Pequim, e principal investigador por detrás do projecto. Apesar dos avanços na tecnologia de tratamento de águas residuais convencional, a ra-
diação continua a ser a única tecnologia que pode tratar os corantes mais difíceis nas águas residuais, de acordo com Sunil Sabharwal, especialista em processamento de radiação na AIEA. "O problema é que a tecnologia existe nos países desenvolvidos, enquanto a maior necessidade agora é no mundo em desenvolvimento", disse ele. Águas residuais provenientes do processo de tingimento têxtil contêm moléculas que não podem ser tratadas com bactérias, muito utilizadas no tratamento de águas residuais, pois digerem e quebram os poluentes. Águas residuais da indústria podem conter mais de 70 produtos químicos complexos que não se degradam facilmente. Fazendo a irradiação do efluente utilizando feixes de elétrons, os cientistas quebram estes complexos químicos em moléculas mais pequenas, que podem, em seguida, ser tratadas e removidas ao utilizar-se processos biológicos normais. Por fim, a irradiação é feita com o emprego de radicais reactivos de vida curta. t
Os custos da mão-de-obra aumentaram mais na zona euro (1,6%) do que em Portugal (1,2%) no último trimestre de 2016, segundo o Eurostat. De acordo com o gabinete oficial de estatísticas da União Europeia, entre Outubro e Dezembro de 2016 – e na comparação homóloga – a Roménia (12,3%), a Lituânia (10,7%), a Letónia (8,1%) e a Bulgária (8,0%) registaram as maiores subidas neste indicador, tendo as quebras maiores sido observadas na Grécia (-0,5%) e na Áustria (-0,1%).
"Portugal é visto como um país produtor, mas ainda não somos conhecidos na área da moda. E as pessoas só pagam o valor acrescentado de um produto se a marca for reconhecida" Ricardo Fernandes CEO da Têxtil Cães de Pedra
ROUPA COLOMBIANA À PROVA DE BALA Uma têxtil colombiana está a produzir coletes, casacos e camisas à prova de bala. “Trabalhamos no desenvolvimento de produtos flexíveis, leves, 100% discretos e com termorregulação, o que faz com que a temperatura oscile entre os 13°e os 17° graus centígrados”, esclarece o fabricante Miguel Caballero, que demonstrou as propriedades do seu produto disparando um revolver calibre 38 contra um jornalista vestido com um colete à prova de bala.
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é a taxa de sindicalização no nosso país. Ou seja, apenas um em cada dez trabalhadores está filiado num sindicato
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“TENHO UMA ENORME CONFIANÇA NO FUTURO”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel
Pedro Silva 44 anos, é um ano mais velho que a Ricon, fundada pelo pai, Américo, em 1973, em Ribeirão. Cresceu no meio dos trapos, e ainda se recorda de, na adolescência, passar as férias grandes a trabalhar no armazém da fábrica. Andava no curso de Economia e Gestão na Católica quando o pai o desafiou a montar a rede de distribuição da Gant em Portugal, desafio que agarrou com ambas as mãos sacrificando os estudos. Casado com Sílvia, têm um filho, Lourenço, 14 anos
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stamos a provar, com resultados positivos, que fizemos o que havia a fazer”, afirma Pedro Silva, 44 anos, CEO do grupo Ricon, que após uma diversificação mal sucedida recentrou a actividade na indústria têxtil e na operação de retalho da Gant em Portugal. A compra de 10,5% da Gant Company foi a primeira grande decisão que tomou após assumir, há 11 anos, a liderança do grupo. Foi uma decisão pacífica na família?
Não foi nada fácil, o que se compreende, pois tratava-se de um grande investimento - 38,5 milhões de euros é muito dinheiro. Mas a nossa família tinha uma relação pessoal privilegiada com os refundadores da Gant e eu não tive dúvidas de que era um excelente oportunidade de negócio. E não errou...
Não. A Gant Company foi cotada em 2006 na bolsa de Estocolmo e nós passamos a ter uma voz activa na sua gestão. Eu ia à Suécia quase todos os meses. Até que dois anos depois o grupo suíço Maus Frères, que é dono da Lacoste, lançou uma OPA hostil. Resolveram logo vender?
A primeira reacção, concertada com os fundadores, foi recusar a oferta. Só mudamos de ideias quando se tornou claro que a OPA ia ser bem sucedida. Vendemos com uma mais valia de 20,8 milhões de euros, conseguida em pouco mais de dois anos. Foi este esplêndido negócio que o levou a assumir isoladamente a liderança do grupo?
Acabou por ser. A discussão em
torno do investimento na Gant tornou claro que coexistiam na família duas visões diferentes sobre a estratégia da Ricon e a velocidade a que devia seguir. Eu, cheio de sangue na guelra, não queria perder as oportunidades de investimento que nos surgiam pela frente. E, como agravante, a banca estava sempre a estimular-nos a andar para a frente e a perguntar-nos de quanto dinheiro precisávamos... Como avaliou o grupo?
Trabalhei a partir de uma avaliação dos activos feita pelo BPI Corporate quando, na viragem do século, esteve em cima da mesa uma hipótese de fusão da Ricon com a Maconde, que esta recusou ao ver que o nosso grupo valia mais do que o deles. Entre outros, usei o método dos múltiplos do EBITDA e cheguei a um número, válido para comprar ou vender. O timing da compra foi péssimo...
Com a informação de que disponho hoje, não o faria. Fechei o negócio em meados de 2008. Não demorou até me cair em cima a crise brutal iniciada com o subprime nos EUA. Passado um ano, o grupo - que tinha na holding posições qualificadas na SLN/BPN e Banco Privado - viu o seu valor diminuir drasticamente... Como reagiu?
A situação era crítica. As participações financeiras desvalorizavam todos os dias. E a indústria que era o nosso core business vivia uma crise sem precedentes, com os clientes a fugirem para a China. A nossa reacção foi diversificar para atenuar a exposição à ITV. Começaram pelo comércio automóvel...
A primeira oportunidade, logo em 2009, foi a XRS-Motor, que começou com um centro Porsche em Braga, a que se juntaria um outro no Porto, três anos depois.
"A banca cortanos as pernas e o Governo não ajuda"
Uma coisa é falar ao telefone ou por mail e outra coisa é face to face, estabelecendo relações de amizade e consideração. Os tempos eram outros e por isso viajava com alguma frequência em empresas de aviação privada.
Proteccionismo? Entusiasmou-se...
Com 17 anos já estava a voar para a Escandinávia, de mala na mão, para falar com clientes. “O meu pai incutiu-me o gosto pela têxtil”, reconhece Pedro, filho de Américo o ex-director comercial da Malhas Minho que criou a Ricon, a primeira empresa de um grupo, cuja história está ligada à Gant. No dealbar dos anos 80, três compradores suecos, que tinham trabalhado para a H&M e eram amigos de Américo Silva, decidiram trabalhar uma marca própria - e negociaram um contrato de licenciamento para a Europa da Gant, uma marca criada no pós-guerra, em Long Island, por um emigrante ucraniano. O grupo Ricon tornou-se não só o maior fornecedor dos suecos da Gant, mas também assegurou o exclusivo da sua distribuição em Portugal. A montagem da rede comercial da Gant foi a primeira grande tarefa de Pedro no grupo, que teve a sua primeira pedra com a inauguração da 1º loja, no Brasíilia. Desde Janeiro de 2006, que é o presidente executivo do grupo Ricon
Fui entusiasmado por um indivíduo que em 2011 me convenceu a comprar um Embraer Phenom 300, com a convicção de que o alugaríamos no resto do tempo em que não o estivéssemos a usar. O problema foi que o que à partida parecia bastante simples acabou por se revelar muito complicado. Porquê?
Para vender este tipo de viagens era preciso obter um conjunto de certificações complexas e fazer um investimento brutal em instalações e na formação de recursos humanos - duas tripulações, um engenheiro de voo, outro de manutenção, um director de operações, etc, etc. Com este desenho, o negócio nunca viria a ser rentável. A entrada nos helicópteros de combate aos incêndios foi uma fuga em frente?
Fez parte de um plano estratégico para ganhar dimensão e recuperar o pesado investimento feito na Everjets. O que se passou à volta dos dois concursos para os helicópteros ligeiros e pesados deixou-me com material suficiente para escrever dois ou três thrillers. Tivemos de contratar segurança privada e videovigilância para não sabotarem os nossos helicópteros durante a noite. A Gant Brasil também não correu bem. Porquê?
Depois passaram para a aviação privada. Porquê?
Um pouco por acidente. Sempre atribui uma grande importância ao contacto pessoal com o cliente e ao mais alto nível - não só com os comerciais mas também com administradores e accionistas.
todos importados da Europa e da Ásia, era frequente as nossas lojas - uma em Curitiba e três em S. Paulo - terem as prateleiras vazias porque os produtos estavam presos há meses na alfândega...
Fomos para o Brasil encorajados pela Gant Company. Os Maus Frères tinham uma boa experiência no país com a Lacoste, mas apenas porque fabricavam vários artigos no Mercosul, como descobrimos mais tarde. No caso da Gant, como os artigos eram
Não só. Era sempre preciso pagar mais. Um dia era um valor, no dia a seguir já era outro. Os pressupostos do negócio no Brasil mudavam todos os dias. Fomos obrigados, devido às complexidades legais, fiscais e laborais do país, a ter uma estrutura demasiado pesada para as vendas de 3,5 milhões a quatro milhões euros/ano. Perdíamos muito dinheiro todos os anos. Até que no 1o trimestre de 2014 resolvemos encerrar a operação, com um prejuízo acumulado de 14 milhões de euros. No final de 2013, assumiu que a diversificação não estava a resultar. O que o levou a arrepiar caminho e corrigir a rota?
Foram vários os sinais de alarme. O passivo atingiu os 60 milhões de euros. A tesouraria da aviação e do comércio automóvel de luxo era de uma exigência brutal. Investíamos muito e o retorno era altamente insatisfatório. Onde tínhamos resultados era na industria têxtil e na Delveste - a rede de lojas Gant em Portugal. Feita essa reflexão, não foi difícil concluir qual o caminho a seguir...
Claro, decidimos vender os activos não estratégicos e concentrar toda a atenção, esforços e recursos na Ricon Industrial e na Gant Portugal, os negócios que geravam tesouraria e bons EBITDA. Foram-se os anéis ficaram os dedos. Foi fácil desinvestir?
Não se pode vender de um dia para o outro. Em Setembro de 2014 alienamos os centros Porsche e em Novembro a operação da Decenio, onde perdíamos dinheiro há 15 anos. E saímos da aviação em Fevereiro de 2015.
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O maior fornecedor da Gant. Com centro de gravidade em Ribeirão, o grupo Ricon emprega 782 pessoas e faz um volume de negócios de 50 milhões de euros, dividido em partes iguais entre a indústria e a Delveste. A rede de 21 lojas Gant, que está madura - acaba de abrir uma nova loja no Mar Shopping e vai renovar as do Colombo e NorteShopping. Na indústria, é o maior fornecedor da Gant, que vale cerca de metade da produção, mas tem como objectivo crescer com novos clientes. Toda a produção é exportada, sendo que as quatro fábricas do grupo - Ricon Industrial (blazers), Fielcon (camisas), Delos (calças) e Delcon (outwear) - trabalham em regime de private label para marcas como o Gant, Hackett, Henry Cotton, Zadig & Voltaire, entre outras.
Foi uma aterragem turbulenta...
... mas bem sucedida. Entre três anos, recuamos o volume de negócios consolidado de 97,5 milhões para 50 milhões. Mas ao mesmo tempo evoluímos de um EDITDA negativo de 2,9 milhões para um positivo de 2,1, milhões. E trouxemos o passivo para menos metade.
"Tenho a humildade de reconhecer que fui demasiado ambicioso"
O que correu mal na Decenio?
Construir e manter uma marca própria com uma rede de retalho exige níveis de investimento que estavam agora fora do nosso alcance. Nunca chegamos a atingir a dimensão crítica mínima. A internacionalização foi lenta e mal sucedida. Acresce que a crise acabou com a classe média, que era o segmento alvo da Decenio. O downsizing foi difícil?
A diminuição e a reestruturação do passivo deu-nos uma pequena folga à tesouraria. E o reforço dos capitais próprios tem-nos permitido investir. Mas não tem sido fácil, porque o pêndulo da banca passou de um extremo para o outro. Onde dantes só havia facilidades agora só tropeçamos em dificuldades... Está amargurado com a banca...
Estamos a provar com resultados positivos que fizemos o que havia para fazer. E não ficaremos a dever nada a ninguém... Qual foi a grande lição que tirou da aventura da diversificação?
uma equipa coesa e estamos a ajustarmo-nos às novas condições do mercado. É na indústria, onde já facturámos 40 milhões de euros, que temos de crescer. Mas há uma pressão brutal para baixar os preços. Só conseguimos ser competitivos se não pararmos de investir e aperfeiçoarmos processos. O caminho é aumentar a flexibilidade e melhorar a rapidez e qualidade de serviço. Mas o pior já passou?
Ainda estamos a sofrer. Mas o mais difícil já está para trás das costas. Agora temos de nos adaptar à crescente volatilidade do negócio. Dantes tínhamos o mesmo interlocutor durante anos. Agora ligamos para o cliente e do outro lado explicam-nos que o CEO contratado há seis meses acaba de ser despedido por não cumprir os objectivos - e temos de começar tudo de novo... O que mudou mais?
Aprendi que só devemos investir naquilo que verdadeiramente sabemos fazer. Tenho a humildade de reconhecer que fui demasiado ambicioso. A experiência dos últimos dez anos foi rica, mas extremamente dura e dolorosa. Até em termos emocionais. Nós, os empresários portugueses, somos muito individualistas. Devemos envolver mais as equipas, desafiá-las e partilhar projectos.
Dantes a palavra de uma pessoa valia. Dava-se um aperto de mão e o negócio ficava fechado. Agora não. Ainda há pouco, um cliente colocou aqui uma encomenda interessante. No dia a seguir de manhã ligou a anulá-la. E à tarde voltou a encomendar o mesmo artigo, mas em menores quantidades. Isto era impensável há dez anos. O mundo está assim. Temos de nos habituar a viver com esta instabilidade.
Agora o vento já sopra a favor?
Um grande desafio...
Continuamos a reestruturar e a criar mais eficiências... Temos
Sim. Mas o maior é o de produzirmos mais e melhor com menos
custos. Apostamos muito na dinâmica do departamento criativo que está sempre a apresentar novidades aos clientes. Para subir na cadeia de valor, fabricamos produtos cada vez mais complexos, combinando matérias que dificilmente coabitam, inovando na construção e engenharia de produtos, apresentando acabamentos desafiantes... Já há muito tempo que evoluímos de fabricantes especializados para especialistas em moda. Quais são os custos de contexto que estrangulam a nossa competitividade?
A energia é demasiado cara. E o aumento do salário mínimo em dois anos seguidos não nos favorece nada. Não é pelo salário mínimo em si, dado que na generalidade pagamos acima da média, mas pelo efeito dominó que tem nos custos industriais, a jusante e montante. Não é fácil. A banca corta-nos as pernas e o Governo não ajuda - não há apoios estatais para quase nada. Apesar disso a ITV bateu em 2016 o recorde das exportações...
O mérito é da resiliência e do know how das empresas e empresários, que foram fortes, nunca desistiram, não viraram a cara à luta, subiram na escala de valor e internacionalizaram-se. E também beneficiamos do aumento dos preços na China e da turbulência política em países como a Turquia e Tunísia. Como vê o futuro do grupo Ricon?
Nos anos mais difíceis levei muita pancada. E não foram poucas as pessoas que me desiludiram. Mas sou muito positivo e estou optimista. Tenho uma enorme confiança no futuro e nas equipas que dirijo. Sinto-me com força, garra, paciência e determinação para continuar a encontrar as soluções que permitam à Ricon manter-se na senda do crescimento e prosperidade. t
As perguntas de
Manuel Serrão Director do T Nos últimos dez anos, o que mudou na relação com os clientes?
Ninguém quer ter grandes stocks e por isso as encomendas são decididas o mais tarde possível, fazendo com que o peso do “conceito” estação deixe de existir, com o consequente impacto negativo no “lead time” do processo industrial. Adicionalmente com a pressão preço, não há agora cliente que aceite os valores sem que primeiro lhe expliquemos detalhadamente a ficha de custo - o preço das matérias, do botão, da energia, dos acessórios, a componente mão-de-obra, etc, etc. Isto era impensável há dez anos. Está satisfeito com o apoio que a banca tem dispensado à ITV?
Haverá alguém que esteja? A banca está objectivamente a prejudicar o crescimento das empresas inovadoras e exportadoras que estejam em dificuldades pontuais. Se eu tiver uma grande encomenda e for à banca solicitar um financiamento intercalar, de 12 a 15 semanas, para comprar a matéria-prima, o mais certo é vir de mãos a abanar. Só com a factura emitida e a mercadoria despachada é que talvez me financiem e não todos... t
Paulo Vaz Director-geral da ATP Como vai evoluir o posicionamento do grupo Ricon?
O nosso posicionamento histórico é no segmento do luxo acessível, mas vamos continuar a subir na cadeia de valor. Portugal dispõe de condições e recursos fantásticos para se poder tornar uma excelente alternativa à indústria que vem desaparecendo em Itália e França. já não restam muitas empresas industriais capazes de fabricar os produtos de luxo acessível made in France ou made in Italy - a grande maioria mantém os centros de decisão nos países de origem, mas deslocalizou as produções para países como a Bulgária e Roménia... O que o levou a Ricon a aderir à ATP?
Mais vale tarde do que nunca! A ATP afirma-se como uma associação exemplar pelo posicionamento de proximidade junto dos associados, visão estratégica e dinâmica para o sector e networking internacional. A Ricon quer estar junto dos melhores, dos que contribuem com a sua visão construtiva para a ITV e uma melhoria de Portugal no seu todo. Procuramos fazê-lo já no dia-a-dia com os nossos parceiros de longa data, e acreditamos que vamos fazê-lo ainda melhor integrados na ATP e usufruindo dos seus recursos. t
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LIPACO INOVA COM FIOS DE EFEITO REFLECTOR ENGENHARIA TÊXTIL ATÉ DÁ PARA A FORÇA AÉREA A Força Aérea abriu concurso para a admissão no Curso de Formação de Oficiais para jovens com Mestrado ou Licenciatura pré ou pós-Bolonha em Engenharia Têxtil. As funções passam pelo controlo da qualidade dos artigos de fardamento durante o processo de fabrico. Cabe também ao engenheiro/a têxtil analisar todas as publicações NATO sobre fardamentos e proceder ao estudo de novos tecidos para artigos de fardamento que potenciem a sua melhoria em relação às actividades da Força Aérea.
"A têxtil prepara-se para replicar o modelo de negócio da Nike ou da Apple" Manuel Carvalho jornalista do Público Nascida há 30 anos para produzir linhas de costura, Lipaco viu-se obrigada a investir 1,5 milhões na duplicação das instalações
José Augusto Moreira
Depois das fibras resistentes ao fogo, a Lipaco vai lançar fios com efeito reflector destinados ao fabrico de vestuário de desporto e segurança. “O efeito é idêntico ao dos coletes reflectores que temos nos automóveis. A novidade é que enquanto até agora esse efeito é aplicado por estampagem, com os novos fios passa a ser uma característica do próprio tecido”, adianta Jorge Pereira, CEO da empresa de linhas para confecções de Esposende. O novo produto, que está a ser desenvolvido com o CeNTI e o CITEVE, não é, no entanto, a única novidade, já que a empresa está a produzir um novo fio que desenvolveu com clientes dos sectores da aeronáutica e automóvel, mas cujas características estão resguardadas por um compromisso de confidencialidade. “A produção começou no início de Fevereiro e o contrato obriga à não divulgação das características do produto durante um determinado tempo”, diz o responsável da Lipaco, adiantando apenas que se trata de um cliente português e outro da Alemanha. As fibras ignífugas, de meta aramida, ultrapassaram a fase final de concepção e estão já na linha de produção, depois de nos últimos meses e empresa ter lançado também para o mercado um fio de poliéster hidrófilo, que permite que o tecido liberte para
A empresa está a produzir um novo fio para a aeronáutica e automóvel, cujas características são, para já, confidenciais o exterior a humidade da respiração corporal. Há muito que a Lipaco produz também fios específicos para a área da saúde, de que o exemplo mais conhecido é o fio dental. Em termos de novidades, a empresa está agora a produzir também linhas para o sector do calçado, depois de no ano passado ter apostado no IRR, um fio para a área militar que não é detectado por armas com infravermelhos. “Já se faziam tecidos que não eram detectados, mas não havia solução para as costuras. Apresentamos uma ao mercado, em resposta ao desafio de um cliente polaco. Quanto ao calçado estamos ainda a dar os primeiros passos. Para já representa uns 3 a 4% da produção mas estamos convencidos que crescerá muito nos próximos tempos”, sustenta o CEO da Lipaco. A inovação e a procura de produtos diferenciados tem permitido à empresa conquistar novos clientes e as encomendas não
param de chegar dos mais diversos países. A empresa, que nasceu há cerca de 30 anos para produzir linhas de costura, viu-se obrigada no ano passado a investir 1,5 milhões de euros para duplicar as instalações, e já este ano tem previsto idêntico montante para duplicar a capacidade de tingimento e de acabamento. Ou seja, da garagem onde começou a laboração a Lipaco passou na década anterior para um pavilhão industrial com 1500 metros quadrados, área que mais que duplicou no ano passado e este ano atingirá os seis mil metros quadrados. O grande salto veio depois da instalação do laboratório com equipa de investigação interna e o crescimento tem sido consequência directa da procura e da necessidade de respostas rápidas. “Tivemos que aumentar a capacidade de produção para poder responder com rapidez e isso traznos cada vez mais encomendas. O cliente que pedia 20 ou 30 quilos de fio de repente quer 700 ou uma tonelada e tudo no mesmo prazo. Isso obrigou-nos a aumentar a capacidade de produção”, explicou ao T Jornal o comercial da empresa, Henrique Silva. A par do investimento no laboratório, investigação interna, aumento das instalações e capacidade de produção, Jorge Pereira explica que a Lipaco passou de 16 para 47 colaboradores. O crescimento tem sido na média dos 20% ao ano com vendas que em 2016 atingiram os 2,5 milhões de euros. t
PHELPS É MARCA DE FATO DE BANHO
HÁ 70 ANOS QUE A DIOR MARCA CINTURAS
Michael Phelps vai estar presente nos Jogos Olímpicos de Tóquio mas não como nadador. O atleta olímpico mais medalhado de sempre converteu-se à têxtil e participará nos Jogos de 2020 através da marca de fatos de banho que leva o seu nome. A Bala de Baltimore colabora desde 2014 com a Aqua Sphère, fabricante de material de natação, ocupando-se da concepção e na elaboração de fatos de banho para a competição.
Foi a 12 de Fevereiro de 1947, ainda sob os efeitos da devastação da guerra e o domínio do estilo austero e rectilíneo dos uniformes militares, que Christian Dior deixou o mundo de boca aberta com frescura das suas modelos e os vestidos em forma de ampulheta, que marcavam a cintura e destacavam os seios. As comemorações desta data passam por uma exposição de 400 vestidos da Dior, no Museu das Artes Decorativas de Paris, que abre em Julho.
A BOBBI BROWN JÁ NÃO ESTÁ NA BOBBI BROWN Bobbi Brown já não é a directora criativa da marca de maquilhagem que leva o seu nome e que no entretanto foi adquirida pelo grupo Estée Lauder. “ O 25º aniversário da marca foi uma etapa importante, que me fez compreender que era tempo de iniciar um novo capítulo e de me consagrar a novos projectos”, explica Bobbi Brown.
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foi o crescimento do volume de negócios da BOVI em 2016, atingindo os 19,5 milhões de euros
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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...
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A AGENDA
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PERFORMANCE DAYS 26 e 27 de Abril - Munique A. Sampaio, LMA, Nordstark, Sidónios Malhas TECHTEXTIL 09 a 12 de Maio - Frankfurt A Sampaio & Filhos, Artefita, Carlom, Centi, CITEVE, Coltec Neves & Cª, Cordex, Endutex, ERT, Fisipe, FITEXAR, Fitor, Foot By Foot, Gulbena, Heliotextil, Idepa, Inovafil, Island Cosmos, Lipaco, Manifesto Moda, Penteadora, TINTEX
RAQUEL CASTRO GANHA CONCURSO PIZARRO Raquel Castro, aluna do 2º ano da Escola de Moda do Porto, foi a grande vencedora da 2.ª edição do concurso de design Paulo Ribeiro organizado pela Pizarro SA, que contou com trabalhos de mais de 100 concorrentes. Como prémio tem uma estadia de quatro semanas nos EUA, com passagem pela Universidade da Virgínia e pelo atelier de Donwan Harrell em Nova Iorque. Foram distinguidos três outros candidatos: Elisa Martins (Arquitetura Lx) ganhou uma semana na Candani (Milão), Marco Cesário (Escola de Moda do Porto), vai estar na Jeanealogia (Barcelona) e Alessandra Rizzi (U Minho) estagiará na Baptista & Soares.
"Os casacos e a minha roupa são ferramentas de trabalho. A minha vida chama-se espectáculo e portanto a minha roupa serve o espectáculo que é a minha vida" Manuel Luís Goucha apresentador de televisão
RITA AFONSO NO FASHION CLASH Rita Afonso, ex-formanda do Modatex, vai representar Portugal no Fashion Clash, o festival de moda holandês que se realiza em Junho em Maastricht, na sequência da colecção “Sou jarra, mas grito” ter sido distinguida com uma menção honrosa no concurso Sangue Novo da Moda Lisboa.
JANE BIRKIN JÁ NÃO USA A MALA BIRKIN Jane Birkin, que em 1981 deu o nome a uma das carteiras Hermès mais populares do mundo, diz que já não usa a sua mala homónima. Tudo por causa do peso. “Punha lá dentro muita tralha… e metade da mobília de minha casa. Agora encho os meus bolsos como um homem, porque assim não tenho de carregar com nada”, explica. A carteira pode custar até 200 mil euros.
JITAC: A PRIMEIRA VEZ DA FITECOM
Tóquio voltou a receber de braços abertos seis empresas portuguesas na Jitac. Burel Factory, Fitecom, Lemar, Texser, Trimalhas e Troficolor foram de malas e bagagens para a capital nipónica, à conquista de um dos mercados que todos classificam como sendo dos mais exigentes. Para a Fitecom, que foi pela primeira vez até ao certame, “o resultado foi muito positivo”, diz Nuno Neves. “Estão abertas boas possibilidades para podermos vender os nossos tecidos neste mercado”, conclui. t
MODTISSIMO É FACE DO MILAGRE O Modtissimo é a prova dos nove de que Portugal conseguiu relançar com sucesso a sua indústria têxtil, escreve o semanário profissional francês Journal du Textile (JdT) que dedicou mais de uma página ao salão português. “O recente Modtissimo foi o reflexo do dinamismo que a indústria têxtil portuguesa redescobriu devido ao seu savoir faire, proximidade, qualidade e capacidade de resposta”, afirma a Marie-Emmanuelle Fron. A jornalista do JdT cita uma consultora de moda para enumerar os trunfos da nossa ITV: “Uma grande cultura têxtil, a maleabilidade no particular das quantidades, industriais atentos ao que se passa no mundo e com uma capacidade de resposta rápida e, por fim, um profissionalismo que permi-
te uma interpretação perfeita das fitas técnicas, sem cedências na qualidade e respeitando os prazos de produção acordados”.
Em conversa num stand com uma compradora francesa - que trabalha com marcas de luxo e estava pela primeira vez a investigar a nossa oferta neste segmento -, Marie-Emmanuelle deu com ela encantada com o que via e ouvia: “Há muitos anos que trabalho com fábricas italianas, mas confesso que fiquei seduzida pela excelência portuguesa, que apresenta custos de produção 25% inferiores”. Uma pista importante para o segredo deste milagre foi dada à jornalista francesa por Paulo Vaz, director-geral da ATP: “Os investimentos de 1,5 mil milhões realizados nos últimos quatro anos pelos nossos empresários na reconversão e modernização da indústria estão a dar os seus frutos”. t
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ETFOR QUADRUPLICA AS SUAS INSTALAÇÕES
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é a quota de mercado interno que as empresas chinesas devem controlar até 2025, de acordo com o documento estratégico de política industrial “China Manufacturing 2025”
BODHI É O CÃO MAIS ELEGANTE O MUNDO O modelo Bodhi, o cão mais elegante e famoso do mundo, é uma estrela nas redes sociais com mais de 200 mil seguidores no Instagram e um número superior de likes no Facebook. Bodhi já fez sessões fotográficas para a Esquire, Time ou GQ e é o protagonista de um livro, “The New Classics”, onde sugere diversos looks para o homem moderno, que também podem ser apreciados no seu site Mensweardog, the most stylish dog in the world.
Dona da marca Play Up, de vestuário infantil, vai investir 3,5 milhões de euros a ampliar as instalações em Forjães, Esposende
A Etfor vai investir 3,5 milhões de euros para quadruplicar as suas instalações em Forjães, concelho de Esposende. Esta empresa, que é detentora da marca Play Up de vestuário infantil, faz sobretudo confecção de vestuário em malha para homem, senhora e criança em regime de private label, que representa 85% da produção. Os restantes 15% dizem respeito à marca própria. Fundada em 1988, a empresa dispõe actualmente de uma área edificada de 2500 metros quadrados e irá passar para mais de 9000 metros quadrados com este investimento, que é comparticipado pelo Portugal 2020. “As obras vão iniciar-se este mês e deverão estar concluídas em Março de 2018”, disse Bruno Correia, director financeiro da Etfor. O alargamento das insta-
lações está relacionado com o crescimento da empresa que fechou o ano de 2016 com um volume de negócios de 25 milhões de euros. “Face ao nosso crescimento nos últimos anos, a Etfor sentiu que precisava de ter instalações para responder de uma forma mais operacional aos seus clientes”, explicou Bruno Correia. O investimento de 3,5 milhões diz apenas respeito às obras de edificação e a novas máquinas. “Queremos ter uma unidade mais moderna que nos permita responder ao elevado volume de produção anual”, justificou ainda o director financeiro da empresa, que em 2016 produziu cerca de 5,5 milhões de peças de vestuário. Contando actualmente com cerca de 100 funcionários, dos quais 12 foram contratados no
último ano, a Etfor dedica-se em exclusivo à exportação (Espanha, França, Itália, países nórdicos e EUA são os principais mercados) no que diz respeito ao vestuário para homem, senhora e criança. A empresa nos últimos anos tem vindo a reforçar os departamentos de design, logística e comercial. Todos os clientes são trabalhados directamente sem qualquer agente ou intermediário. Já a marca própria de vestuário de criança Play Up é destinada maioritariamente para o mercado externo (70%), sendo os restantes 30% vendidos no mercado nacional. A Play Up possui uma rede comercial própria de agentes e distribuidores em Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Holanda, Rússia, Japão, México e EUA, entre outros. t
H&M RECICLA ROUPAS DOS CLIENTES A H&M continua a campanha por uma moda mais sustentável e está novamente a fazer uma recolha das roupas que os consumidores já não usam, qualquer que seja a marca. O objectivo é dar a todas as peças uma nova vida, quer seja através da reciclagem, da doação ou de outras soluções que não passem pelos aterros. A marca sueca desenhou dois novos modelos de ganga que são totalmente feitos de material usado. Para além disso há várias peças feitas através de fibras reutilizadas, que são usadas em muitas peças H&M Conscious. Ainda assim, a H&M afirma que “uma elevada percentagem das peças não pode ser usada com qualidade”, mas que estão a “investir em pesquisa e inovação para que tal aconteça e ambicionamos atingir uma percentagem mais elevada num futuro próximo”.
Todas as peças que estejam em boas condições são distribuídas pelo mundo para serem utilizadas em segunda mão. As restantes são convertidas noutros produtos, como panos de limpeza ou “moídos e utilizados nas indústrias da construção e automóvel como materiais de revestimento e isolamento”. Para além dos têxteis, também as peças metálicas como os botões e fechos são reciclados, resultando em “cubos que são enviados para a indústria do papel como um produto derivado do carvão”. Assim, 99% das peças recolhidas são recicladas. O restante é queimado e transformado em nova energia. A cadeia sueca garante ainda que não lucra com as peças de vestuário entregues. As receitas provenientes dos artigos recolhidos são doadas a organizações de beneficência e investidas em inovações na área da reciclagem. t
SUÉCIA PREMEIA QUEM REPARA
INTROPIA NOS VESTIDOS DE NOIVA
Para encorajar a reciclagem de bens e produtos, o governo sueco propôs uma redução de 25% para 12% do IVA aos consumidores que recorram a serviços para reparar bicicletas, sapatos, produtos de couro e vestuário ou roupa de casa como lençóis e toalhas. Quem optar por reparar equipamentos de maior dimensão, como frigoríficos ou máquinas de lavar roupa, terá direito a uma redução no IRS.
Chama-se Intropia Atelier e é a primeira colecção nupcial da marca espanhola. A ideia partiu do facto de muitas mulheres já usarem vestidos da marca no dia do matrimónio, ainda que a Intropia não tivesse vestidos de casamento. “O facto dos vestidos poderem ter uma segunda vida após o casamento é importante para nós”, explica Constan Hernández, presidente e director criativo.
"A marca é extremamente importante. Mas não é fácil criar uma marca. Só há duas formas. Com investimentos colossais criase uma marca em meio ano. Mas se quisermos uma marca consolidada tem de ser passo a passo" Carlos Gonçalves, administrador da Bomdia
VERSACE DÁ MAIS LUXO À AVENIDA DA LIBERDADE A avenida da Liberdade em Lisboa ficou um pouco mais luxuosa e parecida com a sua musa inspiradora (os parisienses Campos Elísios), com a inauguração da nova loja da Versace, vizinha da Bulgari e da Cartier. Antes da abertura desta opulenta loja (com pisos de mosaico em negrito, inspirados nas igrejas bizantinas do século IX, corredores circulares e luminárias de bronze) os artigos Versace estavam apenas disponíveis no corner do El Corte Inglés e numa loja do aeroporto de Lisboa.
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SUECOS INVENTAM ROUPAS COM MÚSCULOS Uma equipa de engenheiros suecos está a desenvolver músculos artificiais têxteis, produzidos a partir de fibras de celulose, recobertas sequencialmente por um polímero, um material electroactivo, conhecido como polipirrol, e uma camada externa de protecção aplicada por deposição a vapor. Esta técnica para recobrir as fibras de um tecido normal com um material electroactivo, que se distende e se contrai accionado por uma corrente eléctrica, torna possível construir roupas e acessórios que se comportem como fibras musculares, provendo força adicional para pessoas com dificuldades de movimento. É uma abordagem mais simples, mais leve e mais cômoda do que os tradicionais exoesqueletos, normalmente construídos com atuadores rígidos. "Tem havido avanços enormes e impressionantes no desenvolvimento dos exoesqueletos, que agora permitem às pessoas com deficiência andar novamente. Mas a tecnologia actual parece-se com ternos robóticos rígidos.
O nosso sonho é criar exoesqueletos semelhantes aos itens normais de vestuário, que se possa usar sob as suas roupas nomais. Este dispositivo poderia facilitar a circulação de pessoas idosas e portadoras de deficiência de mobilidade”, explica o professor Edwin Jager, da Universidade de Linkoping. "Ao tecer o tecido, podemos projectá-lo para produzir uma força elevada. Neste caso, a extensão do tecido é a mesma que a dos fios individuais. Mas o que acontece é que a força gerada é muito maior quando os fios são conectados em paralelo no tecido. Isto é semelhante aos nossos músculos. Alternativamente, podemos usar uma estrutura tricotada extremamente esticável para aumentar a eficácia de esticamento," acrescenta Nils Persson, da Universidade Boras. t
MONSTRO DAS BOLACHAS EM T-SHIRT, BY PUMA A Puma juntou-se à Rua Sésamo para lançar uma linha de roupa desportiva sob o tema “Solte a criança que há em si”, protagonizada por Egas, Becas, Monstro das Bolachas, Poupas, Ferrão e Gualter - nomes de personagens que marcaram a nossa infância. A colecção inclui t-shirts, calções, bonés, sapatilhas e chinelos para adultos e crianças - e está disponível para venda no site americano Sneakersnstuff. Os preços variam entre os 30 e os 100 euros.
ITV DE SANTA CATARINA VIVE DOS BENEFÍCIOS Sem benefícios fiscais, a têxtil já teria desaparecido, declarou o secretário de Estado da Fazenda do Estado de Santa Catarina. Ulrich Kuhn, presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau, classifica a afirmação como exagerada, dizendo que a indústria têxtil catarinense andaria, sim, com as próprias pernas, mas não tão bem sem benefícios.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Carolina Guimarães
Mind Technology
Alameda dos Oceanos, Lote 1.06.1.1D, 1º B Parque das Nações 1990-207 Lisboa
Área de Trabalho Desenvolvimento de softwares, nomeadamente para máquinas de corte Data de criação 1997 Funcionários 50 Faturação em 2016 5,1 milhões de euros Escritórios Lisboa, Santa Maria da Feira e Dongguan (China) Clientes Nike, Petratex, Crialme, Soeiro
S. ROQUE APRESENTA IMPRESSORA DIGITAL A S. Roque vai apresentar na Alemanha, durante a FESPA 2017, entre 8 e 12 de Maio, uma impressora digital para têxtil que foi desenhada para trabalhar em conjunto com uma máquina automática de estamparia. A impressora vai estar a trabalhar com a ROQprint ECO com 18 paletes e 10 cabeças de impressão, que irá estrear a nova automação. “Vamos ser capazes de demonstrar como é possível ter o melhor dos dois mundos, a impressão digital e a estamparia a quadro”, garante Manuel Sá, CEO da empresa.
"Sempre fui muito mais a favor de margens do que de vender muito" Nuno Cunha e Silva, administrador da NGS Malhas
No corte está o ganho Foi em 1997 que nasceu a Mind, uma empresa incubada no Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores de Lisboa, onde já moravam algumas ideias sobre desenvolvimento de softwares, ao nível dos sistemas CAD e do corte automático de pele. A aceitação dos seus produtos no mercado – em particular na indústria do calçado – foi a prova de que estavam no rumo certo. Do corte de pele, que entretanto evoluiu para outras indústrias como a automóvel e os estofos, até ao corte de tecidos foram quase dez anos: foi em 2006 que a Mind colocou o primeiro sistema de corte automático numa empresa do sector têxtil e de confecção, a Petratex. Mas só em 2014 é que Mind decidiu atirar-se de cabeça à ITV, quando percebeu que “havia uma lacuna no mercado em termos de oferta para um nicho de produto na área de confecção”, como explica Vítor Duarte, director da Unidade de Sistemas Industriais da Mind. O software que desenvolveram para as confecções possui um sistema de reconhecimento de padrões (quer sejam xadrez, riscas ou estampados/sublimados) que permite o corte correcto dos tecidos, em camada simples, tendo em conta a sua compressão e distensão ao entrar na máquina - compensando as suas deformações - assim como uma maior eficiência no corte das peças e na utilização dos materiais. Todo o planeamento e desenvolvimento desta tecnologia é 100% português e conjuga-se com o sofisticado equipamento produzido pela empresa suíça Zünd Systemtechnik AG, líder mundial de máquinas de corte automático. Os sistemas integrados de corte MindCUT são configurados para operar em três fases simultâneas:
a entrada do material, onde é feito o reconhecimento dos padrões; o corte; e a recolha das peças – que podem ser, por exemplo, de tamanhos diferentes, havendo um maior aproveitamento do material e, consequentemente, maior rendimento e eficiência do processo produtivo. “Temos clara consciência do elevado carácter inovador que estes sistemas representam, pela elevada flexibilidade, qualidade e eficácia que têm relativamente aos processos manuais”, diz Vitor. A primeira apresentação desta tecnologia deu-se há dois anos, na Texprocess em Frankfurt, onde a Mind se apresentou em stand próprio. O passo seguinte foi a colocação de algumas unidades no mercado, permitindo criar um núcleo forte de verdadeiros parceiros de negócio, “por forma a perceber a realidade da indústria, assim como as necessidades das empresas”, como explica Vítor Duarte. “Este foi um produto que amadureceu dentro das próprias empresas, integrando o know-how e o saber fazer”, conclui. Com um posicionamento de proximidade, muito flexível e sempre atenta às dinâmicas de mercado, a Mind, não tendo uma estrutura muito rígida relativamente à tomada de decisões, reage de forma rápida e eficaz através da apresentação de novas soluções. Apesar de se assumir como um player recente no mercado, esta empresa portuguesa quer ganhar terreno no sector têxtil com a sua política de proximidade, rapidez e capacidade de inovação e está de olhos postos nas feiras internacionais – a próxima será a Texprocess, no próximo mês de Maio - com o objectivo de espalhar esta tecnologia pelo mundo. t
TÊXTIL DEVIA SER CIRCULAR
C&A DÁ 250 MIL PARA ZERO RESÍDUOS
”A indústria têxtil tem de ser totalmente circular”, defende Heather Kaye, uma designer norte-americana que vive há dez anos em Xangai, onde é sócia de uma empresa que produz fatos de banho a partir de fibras recicladas de garrafas PET. “As pessoas deveriam devolver a roupa às fábricas para que todos os componentes fossem separados e reaproveitados em novos produtos”, recomenda Heather.
A C&A Foundation doou 250 mil euros à Circle Economy, uma cooperativa criada em 2014, que tem como missão 'fechar o ciclo' dos tecidos e criar uma indústria com zero resíduos. Com foco exclusivo no fim de vida das roupas e sistemas de reciclagem, procura acabar com o desperdício, desenvolvendo e estabelecendo um modelo comercial estável para fechar o ciclo em roupas e tecidos pós-industrial, pré-consumo e pós-consumo.
RALPH LAUREN DESPEDE LARSSON A lua-de-mel foi curta. Há cerca de ano e meio, Ralph Lauren, 77 anos, explicava porque é que tinha convidado Stefan Larsson, 42 anos, para assumir a liderança da marca que leva o seu nome: “Ele compreende o que são os sonhos”. Agora, Stefan foi despachado com um cheque de nove milhões de dólares.
11 milhões
de horas de formação foram dadas o ano passado pelo Modatex
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techtextil.com
CONNECTING THE FUTURE
DU: 04.02.2017
Portugal
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MODTISSIMO ENCANTA REVISTA GREGA “No extremo da Europa onde o Atlântico abraça a terra, o maravilhoso Porto acolheu o Modtissimo, que revelou o dinamismo da moda e da indústria têxtil portuguesa”, escreveu Myrto Kritsotaki na edição de Abril da revista grega Ginayka. A jornalista elogia a capacidade da nossa ITV, dando como exemplo o facto de Usain Bolt e Michael Phelps usarem vestuário desportivo made in Portugal.
PAULO AZEVEDO MERCEEIRO ...MAS COM ESTILO
Calças da Salsa, camisa e casaco da MO e, nos pés, os premiados Berg Outdoor. Paulo Azevedo, CEO do grupo Sonae, meteu-se na pele de modelo durante a conferência de apresentação dos resultados anuais do grupo. “Estou na moda. Somos merceeiros mas com design e inovação”, ironizou o líder do maior grupo económico português, que destacou ainda o desempenho das empresas do sector têxtil da Sonae, bem como a qualidade, design e funcionalidade dos produtos da casa. Paulo salientou aos jornalistas o lado “muito económico” do casaco e camisa MO e, quanto ao calçado Berg, “o orgulho por ser feito em Portugal, com cortiça e tecido de burel da Serra da Estrela”.
SEDACOR E PENEDO NO FIO COM CORTIÇA A Sedacor, a Têxteis Penedo, o CITEVE e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto são os parceiros de um projecto inovador que visa a construção de uma linha piloto, com vista à utilização comercial de fio revestido com aditivos de cortiça. O projecto demonstrador Cork.a.Tex-Yarn teve início no dia 1 de Outubro de 2016 e terá a duração de 18 meses, com término a 31 de Março de 2018. Tem um investimento elegível de 391 569,16€, com uma taxa de financiamento
de 62.20% e está integrada no programa de apoio Compete do Portugal 2020. Um dos objectivos deste projecto é demonstrar publicamente e em situação real os resultados obtidos e as vantagens económicas e técnicas deste fio revestido com aditivos de cortiça. Trata-se, no fundo, de um projecto demonstrador em co-promoção cujo enquadramento visa o reforço da transferência de conhecimento científico e tecnológico para o sector empresarial estando
alinhado com os domínios prioritários da Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente (RIS3), que assentam em actividades de I&D concluídas com sucesso e visam a validação industrial do conhecimento associado a novas tecnologias susceptíveis de serem aplicadas em produtos, processos e ou sistemas no sentido de demonstrar, perante um público especializado e em situação real, as vantagens económicas e divulgar a nova tecnologia que se pretende difundir. t
A LOJA DO FUTURO BY FARFETCH José Neves, fundador, co-presidente e CEO da Farfetch, reuniu em Londres, no dia 12 de Abril, a nata da inteligência mundial na área das novas tecnologias e da moda. Intitulado FarfetchOS, o evento decorreu no Design Museum e passou pela realização de uma série de debates (um dos temas foi “Como o digital está a engolir o Mundo”) e pela divulgação da chamada Loja do Futuro. “O futuro da moda de luxo envolverá a loja física e será ampliado por meio de plataformas digitais, tornando possível uma variedade de experiências exclusivas focadas no consumidor”, diz José Neves, explicando a
ideia que tem sido apontada como a matriz da chamada Loja do Futuro. “Colocando o consumidor no centro da experiência de vendas, o Store of the Future é um conjunto único e adaptável de novas tecnologias que vai mudar a forma como as marcas e comerciantes interagem com seus clientes on-line e off-line”, diz. Podendo ser por meio de interacções físicas na loja ou conhecendo o cliente através de todos os seus canais, a Loja do Futuro permitirá que marcas e comerciantes impulsionem o crescimento e defendam a inovação. t
HERMÈS PASSA BARREIRA DOS 5 MIL MILHÕES
OSCAR DE LA RENTA EM VERSÃO SELO
A francesa Hermès fechou 2016 com um volume de vendas recorde: 5,2 mil milhões de euros, um aumento de 7,5% relativamente ao ano anterior. O Japão (+8,6%) foi um dos principais impulsionadores de um crescimento rebocado pelas vendas na Ásia e América.
A United States Postal Service vai homenagear o estilista Oscar de la Renta lançando uma colecção de 11 selos - dez com vestidos do criador e um com o seu retrato. “O design inovador e a atenção ao detalhe de Oscar de la Renta elevaram o estilo americano e fizeram com que Nova Iorque se tornasse líder de moda a nível mundial”, refere a US Postal Service.
"Há quatro anos, a nossa oferta era quase monoproduto, centrada nas telas para a indústria mineira. Agora produzimos cada vez mais tecidos técnicos para nichos especializados e de maior valor acrescentado" João Carvalho, CEO da Fitecom
À DIADORA DEU-LHE PARA A NOSTALGIA A Diadora lançou linha de vestuário inspirada nos anos 80, época em que era uma marca forte nas chuteiras de futebolistas. O nome da colecção é o Diadora SS17, sendo "On the Bright Side" o título desta campanha que vende roupas e ténis com fontes, cortes retro e designs típicos dos anos 80.
OVS DESEMBARCA NO ALMADA FÓRUM A italiana OVS vai abriu no Almada Fórum a sua primeira loja em Portugal, com 800 m2. Com 900 lojas em Itália, a cadeia está em mais de 30 países e o seu lema é “O melhor estilo italiano ao melhor preço possível”. Cristina Ferreira é a embaixadora da OVS em Portugal.
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TECHNOLOGY CROSSING de 9 a 12. 5. 2017, Frankfurt am Main O ponto de encontro internacional da indústria do vestuário
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ZIPPY, MO E SPORT ZONE JÁ CHEGARAM A ANGOLA
NÃO ABUSAR DAS LAVAGENS DOS JEANS
UE AUTORIZA PROIBIÇÃO DO HIJAB
Os especialistas estão de acordo. No que toca aos jeans é desaconselhado abusar das lavagens. Use-os pelo menos cinco ou seis vezes antes de os atirar para o cesto da roupa suja. “Se sente que mesmo depois de os usar várias vezes, os seus jeans não estão sujos, basta dobrá-los, pressioná-los e voltar a vestir”, garante Mary Ellen Moschetti, CEO do grupo Parker Smith.”
O Tribunal de Justiça da União Europeia autorizou as empresas a proibirem os seus funcionários de usar símbolos religiosos ou políticos, ao declarar que o uso de peças como o véu islâmico, ou quiçá os crucifixos, “não constitui discriminação direta” desde que tal seja válido para todos os trabalhadores e que se encontre fundamentado nas regras internas da companhia.
"Optámos pela diferenciação e pelo investimento em produtos, tecnologias e técnicas de produção que nos distinguissem dos nossos concorrentes" Vítor Paiva, CEO da Damel
OUTLET TIFFOSI EM SINTRA A Tiffosi inaugurou uma loja outlet, com mil metros quadrados, no Sintra Retail Park, elevando para 39 a sua rede de lojas que cobre todo o nosso país.
TSOKOLOVA E KARUZINA GANHAM DINHEIRO A RESPEITAR OS CÂNONES
FOTO: RUI APOLINÁRIO
A Sonae abriu três lojas de moda (Sport Zone, Zippy e MO) no centro comercial Xyami Lubango, em Huíla (Angola) em parceria com o grupo Zahara, que tem como accionista o general Dino, que pertenceu à Casa Militar de José Eduardo dos Santos. O investimento foi de 500 milhões de kwanzas (2,8 milhões de euros). Está prevista a inauguração, em regime de franchising, de novas lojas das marcas da Sonae SR, não só em Luanda mas também noutras províncias.
Em 1978, Carlos Pinto trocou um emprego de luxo como bancário, no Banco Borges & Irmão, pela aventura de fundar a Vilartex
VILARTEX FAZ MALHAS COM PLÁSTICO DO MAR José Augusto Moreira
As preocupações ambientais e os objectivos de reciclagem são cada vez mais uma exigência das grandes marcas e a Vilartex está na linha da frente no fornecimento de matéria-prima. A mais recente novidade é a produção de malhas a partir da utilização de resíduos plásticos recolhidos no mar. “O fio de poliéster feito a partir dos resíduos de plásticos recolhidos nos oceanos é uma novidade que foi apresentada agora em Fevereiro, em Paris, na Première Vision, e logo aí decidimos avançar para a sua utilização”, explica Carmen Pinto, administradora desta empresa de Guimarães que há muito faz questão de utilizar produtos orgânicos e amigos do ambiente. A par da certificação GOTS, de responsabilidade ambiental, a Vilartex há muito que utiliza também o algodão BCI, de produção amiga do ambiente, e há mais de dois anos
tinha avançado também com a utilização de fios resultantes de garrafas de plástico recicladas. “Estamos orgulhosos de fazer parte deste movimento”, acentua Carmen, mostrando que a utilização de soluções de sustentabilidade e amigas do ambiente representa também uma vantagem competitiva. “Fomos pioneiros e avançamos para a utilização de fio reciclado por iniciativa nossa, sem que isso nos tivesse sido exigido ou solicitado pelos clientes. Sabíamos que as grandes marcas como a H&H, Adidas, COS ou Inditex têm objectivos a cumprir nesta matéria até 2020, e o que se verifica é que começa a haver uma procura louca deste tipo de materiais”, confessa Carmen, que partilha com os pais e irmãos a direcção da empresa. Quanto à produção, explica que a utilização dos fios de plástico reciclado não implicou qualquer investimento ou reconversão. “Exige apenas um espaço próprio de arma-
zenamento e também o tear tem que ser 100% limpo e o espaço delimitado, para não haver contaminações. Também a malha é depois embalada com material específico cumprindo as exigências ambientais”. Desde 2013 que a Vilartex decidiu investir na exportação como forma de contornar a grande dependência do mercado ibérico. A aposta na qualidade e em produtos inovadores tem sido ponto central na estratégia, que em três anos permitiu passar de 300 mil euros para 1,7 milhões de exportações, numa facturação que deverá ter ultrapassado os 30 milhões. Quanto às malhas com base em plásticos reciclados, a exportação acaba por ser feita de forma indirecta uma vez que são utilizadas por fabricantes nacionais que trabalham para as grandes marcas. De uma coisa Carmen Pinto está segura: “Até 2020 vai haver um crescimento acentuado na procura deste tipo de produtos. t
CHINESES SEDUZEM PORTUGUESES Está a ter muito sucesso na Rússia uma cadeia de lojas especializadas em roupas ortodoxas criada por iniciativa de duas amigas, Elena Tsokolova e Evguenia Karuzina, que investiram neste negócio na preparação do baptizado dos filhos. “Era difícil encontrar roupas adequadas. Era tudo muito extravagante ou não cobria os cotovelos e os joelhos”, explica Elena, uma das fundadoras da cadeia Baryshanya Krestynianka (o título em russo da peça “A filha do capitão”, de Pushkin), que tem lojas em Moscovo, S. Petersburgo e Yekaterinburg.
Roupa, sapatos, malas, cintos ou bijuteria são as coisas que os portugueses mais compram pela internet. Só depois surgem as viagens e a tecnologia, de acordo com um estudo da Paypal, que revela que são mais de metade (53%) os consumidores online portugueses que adquiriram este tipo de produtos nos últimos doze meses. Os compradores portugueses preferem em sites estrangeiros, atracção que a Paypal justifica pelos preços mais baixos oferecidos – a razão apontada por 91%
dos consumidores e 87% dos que optaram por sites ou produtos de origem chinesa. A China é claramente o segundo maior mercado para o consumidor online português, com 41% dos inquiridos a confirmar que compraram, nos últimos doze meses, em sites de origem chinesa. A seguir à China, é Espanha que obtém o 3o lugar nos mercados de compra internacionais, com 38% dos consumidores online a confirmar terem comprado a partir de sites de origem espanhola. t
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Alexandra Moura Designer de Moda Família Casada com Diogo, um psicólogo clínico com uma pós-gradução em Logística, que trabalha com ela. Têm um filho, Rodrigo, com oito anos Formação Curso de Design de Moda do IADE (96) Casa Andar em Campo de Ourique Carro Não tem carta Portátil Asus e Mac Telemóvel iPhone 6 Hóbis “Aqui há uns meses fiz um retiro de quatro dias” Férias ”Não tenho conseguido ter” Regra de ouro “Dar à vida e aos outros aquilo que eu vou gostar de receber. Eu acredito na lei do retorno”
FOTO: RODRIGO CABRITA
Epifania em Londres a flanar na livraria… Aos 15 anos e meio Alexandra Moura vivia na Figueira da Foz e era vanguardista. Vestia de preto dos pés à cabeça, calçava botas Doc Martens e a sua t-shirt preferida era dos Sonic Youth - uma das suas bandas de culto, tal como os Jesus and Mary Chain, Joy Division ou The Smiths. Era vanguardista e tinha sérias dúvidas sobre o que deveria estudar. Filha de um bancário e de uma educadora de infância, Alexandra, 43 anos, nasceu em Lisboa, passou a infância em S.João do Estoril, e mudou-se para a Figueira com a mãe no início da adolescência. Estava a concluir o Secundário na área A (Ciências) mas hesitava entre a Biologia Marítima - e especializar-se em crustáceos (tinha também um fraquinho por golfinhos e baleias) - e a Astronomia, pois era uma apaixonada pelos mistérios do Universo e não falhava uma emissão do Cosmos, de Carl Sagan. De férias em Londres, flanava numa livraria quando tropeçou num coffee table book de Rei Kawakubo, a designer japonesa que inventou a marca Comme des Garçons. Começou a folhear o álbum e deu-se o clique. Percebeu que comunicava com o mundo através da sua forma diferente de vestir - e que a sua vida ia muito provavelmente passar por ali. Era na moda que ia encontrar a resposta à necessidade que a sua cabeça sentia de criar novos mundos. “Bateu-me!”, diz Alexandra, resumindo numa palavra o efeito do livro de Rei que lhe mudou a vida e moldou o futuro. De repente, tudo ficou claro, e o amor pelas baleias e a Via Láctea permaneceram no seu íntimo mas profissionalmente foram sacrificados no altar da moda. Candidatou-se ao IADE. Apesar de querer muito entrar, na entrevista de admissão arriscou contrariar as opiniões do professor Melo e Castro (pai de Geninha). A demonstração de personalidade compensou. No final da conversa, o poeta sossegou-a: ”Não precisa de voltar cá para a semana, para saber os resultados. Tem o seu lugar garantido”. Nunca se arrependeu da opção. Gostou do curso, que permanentemente a desafiava a pensar, procurar e experimentar (“Para perceber, preciso de meter a mão na massa”). O primeiro dinheiro, ainda estudante no IADE, ganhou-o nas férias grandes, na Figueira da Foz. Durante o dia aprendia a lidar com malhas, num estágio na Scottwool. À noite servia às mesas numa esplanada em Buarcos. Todo o dinheiro que conseguia amealhar investia nas suas colecções. No final do curso, estagiou com Ana Salazar antes de começar a trabalhar no gabinete criativo de José António Tenente, onde se demorou quatro anos, sem nunca deixar de fazer as suas coisas, que arejava no Sangue Novo, da Moda Lisboa, ou nos Novos Talentos Otimus, com um sucesso encorajante. “O que eu realmente queria era fazer o meu percurso sozinha”, recorda. Em cima da mudança do milénio, achou chegar a hora de levantar voo. Despediu-se de Tenente e abriu um atelier na Latino Coelho, em Lisboa. “Foi a decisão mais arriscada da minha vida”, confessa. A dureza das jornadas de trabalho, que ultrapassavam sempre os dois dígitos, era adoçada pelos aplausos. A primeira colecção, apresentada no Espaço Lab da Moda Lisboa, foi muito bem recebida pela crítica internacional, dando o tom para o que tem sido a sua carreira a solo. A partir daí, tem sido sempre a subir. Desenhou as fardas para as lojas Atlantis Crystal, iniciou em Barcelona, um percurso internacional que já a levou a desfilar em Londres, Paris, Madrid, Viena e Copenhague, expôs no MUDE, tratou do guarda roupa de digressões de Sónia Tavares (Gift), Teresa Salgueiro e Gisela João, colaborou com Joana Vasconcelos, criou merchandising para a StartUp Lisboa e desenhou figurinos para a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo - e ainda arranja tempo para dar aulas na ESART, em Castelo Branco. Entre muitas outras coisas. Agora que tem a sua roupa à venda em algumas lojas icónicas, em Tóquio, Kuwait, Xangai ou Barcelona, o foco de Alexandra está na consolidação da internacionalização da sua marca. “Fui sempre melhor entendida lá fora”, explica Alexandra - o que até se compreende, pois a epifania que a empurrou para a moda deu-se em Londres, numa livraria... t
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X O MEU PRODUTO Eco Heather
Grupo Moretextile
O que é? Têxteis-lar produzidos através da reutilização das fibras resultantes do desperdício de fiacção Patente Em Patent Pending Aplicações Roupa de cama, toalhas de felpo, têxteis para mesa e cozinha Prémios Produto Seleccionado para o Prémio Inova Têxtil 2018
JÁ IMAGINOU UM BODY CHUPA CHUPS? A Tezenis juntou-se à Chupa-Chups para lançar uma colecção cápsula, viva e irreverente, que está na lojas desde final de Março e inclui roupa interior, bodys, t-shirts, pijamas e peças perfeitas para praticar desporto.
400 pessoas, das quais 320 são mulheres, trabalham na Dielmar, produzindo diariamente 500 casacos e 700 calças
ROUPAS E SAPATOS PUXAM INFLAÇÃO PARA BAIXO
Poupar quilos de algodão e muitos litros de água O Grupo Moretextile apresentou em Janeiro, em Frankfurt, na edição de 2017 da Heimtextil, um novo conceito de produtos têxteis sustentáveis denominado Eco Heather. Seguindo um processo de reutilização de todas as fibras desperdiçadas na fiacção do grupo (Tearfil), é produzido um novo fio composto por algodão, linho, modal, tencel, lyocell, lã, seda e outras. Este fio apresenta características ímpares que resultam da uma combinação específica de todas estas diferentes fibras. O processo de selecção e separação das fibras desperdício é cuidadosamente levado a cabo para garantir a obtenção de um cartaz de 16 cores de fio mescla que são depois usadas pelos designers do grupo. Na produção destas cores não são por isso utilizados quaisquer tipos de corantes têxteis. Este fio renascido é utilizado pela Moretextile na criação de suaves flanelas, mantas, lençóis de tecido fino e toalhas de felpo. Um jogo de lençóis de flanela Eco Heather pode poupar até três quilos de algodão virgem, representando uma poupança na ordem dos 40 500 litros de água entre a produção do algodão e o processamento industrial. A linha Eco Heather surge como resultado da
política de sustentabilidade do grupo Moretextile, assente no compromisso de criação de valor económico com responsabilidade social e ambiental. Antecipando a evolução das necessidades e interesses dos consumidores, o grupo valoriza a criação de produtos e a adopção de actividades produtivas sustentáveis como meio de resposta a este segmento crescente de consumidores conscientes da importância da criação e produção sustentáveis. O grupo Moretextile foi constituído em Maio de 2011 quando a ECS Capital (sociedade gestora de fundos de private equity) adquiriu através do fundo FR três das mais importantes empresas portuguesas na indústria dos têxteis-lar (Coelima – fundada em 1922; JMA – fundada em 1958; AAF – fundada em 1956). Com quatro unidades industriais dedicadas à produção de fio, roupa de cama e felpo, com cerca de 1000 colaboradores, a Moretextile facturou em 2016 cerca de 80 milhões de euros. Tendo como principais mercados a Europa, América do Norte e Japão, o grupo aposta no design e inovação, combinados com uma capacidade de antecipar as necessidades dos clientes e participar na criação de soluções diferenciadoras e inovadoras. t
Os preços do vestuário e calçado foram os que deram o maior contributo negativo para a variação mensal da inflação nos dois primeiros meses do ano. "A variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) passou de 1,3% em Janeiro para 1,6% em Fevereiro de 2017, devido em parte à aceleração dos preços da classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas", escreve o INE.
FURLA CELEBRA 90 ANOS COM METROPOLIS A Furla comemora o seu 90º aniversário lançando uma edição limitada da carteira Metropolis, em cinco cores e com nove abas removíveis - sendo que cada uma delas evoca, portanto, um tema musical diferente, começando pelos anos 20, década da Charleston e da Art Déco. "Cada década da história da Furla foi reinterpretada segundo uma estética lúdica e criativa", segundo Fabio Fusi, director criativo da marca italiana.
NOVO SOFTWARE DA LECTRA AGILIZA INDÚSTRIA 4.0 A Lectra desenvolveu um novo programa que agiliza os processos da indústria 4.0. O Software as a Service capitaliza as análises de informação possibilitando uma melhor integração de todos os equipamentos, softwares e serviços existentes dentro e fora da empresa. “Numa altura em que a produção em massa dá cada vez mais lugar à customização em larga escala e em que os clientes são cada vez mais exigentes e impacientes, é imperativo criar ligações em tempo real entre as equipas criativas e as equipas de produção, assim como com fornecedores e clientes”, explica Daniel Harari, CEO da Lectra.
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OPINIÃO 1995
Paulo Vaz Director-Geral da ATP e Editor do T
MUDAR DE PELE
MODTISSIMO GANHA DIMENSÃO A partir da sua quarta edição, o Modtissimo ganhou dimensão suficiente para passar a sua base para um dos pavilhões maiores da Exponor .... que nesta época ainda eram só dois. Por enquanto ainda só existiam expositores fabricantes de tecidos e acessórios para confecção . O Clube de Confeccionadores só chegaria uns anos mais tarde. t
Nas palavras de um dos mais reconhecidos especialistas em marketing moda da Europa, o italiano Daniel Agis, que já trabalhou em diversos países e com uma enorme multiplicidade de marcas e instituições, incluindo a ATP, a ITV em Portugal está no limiar de uma terceira “mudança de pele”, mas que não é certo que tenha a necessária capacidade de a realizar, mesmo que disso dependa a sua sobrevivência futura. De uma indústria incipiente, baseada nos “drives” da competição pelo preço e orientada a produtos massificados, determinados pela procura externa, a Têxtil e Vestuário portuguesa teve de se reestruturar, de forma dramática, para manter a sua capacidade concorrencial, apostando na diferenciação de produtos, pela tecnologia e design, com muito maior intensidade de serviço, o que, por outras palavras, significa que mudou do paradigma da competitividade pelo preço pela do valor, e deixou de ser tomadora de encomendas para ser vendedora de produtos e serviços diferenciados, ao mesmo tempo que percebeu que, tendo uma orientação e discurso estratégico, para dentro e para fora, a sua subida na cadeia de valor seria muito melhor percebida, aceite e considerada. A terceira “mudança de pele”, ou a terceira revolução a que vai ficar sujeita, será a do desafio digital, que compreende os temas da “indústria 4.0” e as plataformas electrónicas para colocar produtos e serviços, B2B e B2C, à escala global. Isto não é retórica oficial do momento ou discurso do politicamente correto. Faz-se com empresas mais automatizadas, com significativos investimentos no domínio da digitalização e com recursos humanos altamente capacitados, aliando a tradição (numa aceção de “artigianialitá”, que os italianos conseguiram com êxito colar ao luxo, num binário diverso, mas superiormente valorizado, ao da tecnologia) de uma indústria que conseguiu manter vivo um “know-how” de décadas, que não se perdeu entre gerações, nem entre empresas que fecharam para nunca mais reabrir, mas que se transferiu e foi aprimorada por um sistema científico-tecnológico de classe mundial e de um ensino e formação que a conservaram viva e invejada por todo mundo. Será também no mundo digital que o futuro das marcas portuguesas, não apenas o da indústria, se irá jogar. Das que existem e das que surgirão. Há um mundo de oportunidades, bem mais acessível, hoje, do que existia duas décadas atrás. Os investimentos são mais proporcionados à capacidade dos promotores, até porque o êxito das marcas e dos canais de distribuição em que assentam, numa lógica de crescente fusão entre eles (o omnicanal ), está mais dependente de boa estratégia e melhor execução do que do suporte financeiro, nomeadamente para abertura de espaços físicos, comunicação e publicidade. Contudo, não deixa de ser preocupante verificar quão pouco a generalidade das empresas da ITV portuguesa dão importância a esta questão, sendo o melhor indicador a elementaridade dos seus websites, na sua estética, conteúdos e funcionalidades. Há muito por fazer, muito mais do que já se fez. Celebrar o que já se conseguiu é legítimo e compreensível, mas jamais como desculpa para não fazer o que se impõe de forma urgente e bem identificada. t
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Braz Costa Director-Geral do CITEVE
Domingos Bragança Presidente da Câmara Municipal de Guimarães
LONGA VIDA À OEKO-TEX® !
GUIMARÃES: CENTRO DA REGIÃO TÊXTIL
Este mês, mais concretamente no dia 7 de abril, comemora-se em Zurique o 25º aniversário do rótulo OEKO-TEX®. Há 25 anos, criava-se este sistema de certificação de produtos, com o objectivo fundamental de proteger os consumidores de substâncias nocivas à saúde, mas também com o objectivo de proteger os fabricantes e retalhistas de responsabilidades por eventuais danos causados na saúde dos consumidores. É verdade que, de alguma forma, se pretendia também defender a produção europeia, ao limitar a entrada de produtos vindos de outras geografias e conotados com práticas de produção pouco ou nada cuidadas em matéria de toxicidade e de respeito pelo ambiente. Foram necessários apenas dez anos anos para que se tornasse impossível manter o sistema OEKO-TEX® confinado à Europa. Cedo se tornou no mais importante sistema de certificação de têxteis do mundo, emitindo anualmente mais de 16 mil certificados a mais de dez mil empresas, dois terços das quais de países asiáticos. O controlo da toxicidade em têxteis fazia todo o sentido em 1992, como faz no presente e continuará fazendo, porquanto novas moléculas vão sendo introduzidas nos processos de produção e maior conhecimento vai ficando disponível sobre os efeitos dessas moléculas na saúde humana. No entanto, nestes 25 anos, novos desafios se colocaram à ITV. A nossa indústria passou a estar na mira de ONGs e opinion makers das áreas da ecologia. Organizações como a Greenpeace, que nos habituou a grandes manifestações públicas contra a energia nuclear, tornou-se extremamente ativa da defesa de alterações na forma de produzir têxteis, de molde a eliminar agressões ao meio ambiente. Desta vez, esta organização não se limitou a manifestações de rua, arrastou consigo e comprometeu grandes marcas globais com esta causa. Novos tempos, portanto. Tempos positivos para a ITV portuguesa que, tendo tido que adotar boas práticas ambientais pela força da lei, vê melhoradas as suas condições competitivas relativamente a empresas de geografias reconhecidas como praticantes de dumping ecológico. Um quarto de século passado sentimo-nos orgulhosos de ter criado este sistema de certificação e de o termos adaptado continuamente às circunstâncias e às necessidades das empresas. Durante anos, OEKO-TEX® foi símbolo de certificação de produto não nocivo à saúde (STANDARD 100 by OEKO-TEX®), mas aos 25 anos de idade, o sistema de Certificação OEKO-TEX® comporta já seis diferentes rótulos: um de certificação de produtos químicos (ECO PASSPORT by OEKOTEX®), dois de certificação de produtos (STANDARD 100 by OEKO-TEX® e LEATHER STANDARD by OEKO-TEX®), dois de certificação de processos (STeP by OEKO-TEX® e DETOX TO ZERO by OEKO-TEX®) e um para certificação e rastreabilidade de produtos seguros e sustentáveis (MADE IN GREEN by OEKO-TEX®. Venham mais 25 anos, mas para já celebremos os 25 que já passaram. Em Zurique a festa esteve rija - bem merecia vinho português. t
A indústria têxtil em Guimarães é secular. As primeiras fábricas surgem no século XIX e início do século XX. Quem podia vinha a Guimarães comprar linho em casas comerciais com nome em todo o país. A primeira metade do século XX foi marcada na política local pela discussão se as receitas municipais deviam incidir sobre a indústria em grande crescimento e com elevadas mais-valias ou sobre a propriedade rural. Na segunda metade desse século, o emprego na têxtil passa a ter uma grande componente feminina. O acordo comercial com a EFTA, antes da entrada na comunidade europeia, abriu as portas da Europa, alargando um mercado anteriormente destinado às colónias de África e ao mercado interno. Nos anos 70, em Guimarães, as preocupações centravam-se na monopolização da produção industrial, muito assente na têxtil, embora já com uma importante componente do calçado e das cutelarias, começando a defender-se a necessidade da diversificação industrial e a instalação do terciário. Guimarães já era conhecido no país como um concelho industrial, rico, com a sua principal marca identitária sustentada nas grandes empresas têxteis. Hoje, em Guimarães, a maioria da população trabalhadora mantém-se na indústria e a têxtil continua a ser maioritária, com realce ainda para o calçado e as cutelarias. Se, em Portugal, passamos diretamente de uma sociedade com uma população agrícola maioritária para uma população de serviços, hoje em maioria, em Guimarães desde meados do século XX que a maioria do trabalho continua a ser na indústria. A têxtil resistiu incorporando ciência, tecnologia, inovação, moda, criando os têxteis técnicos como componente inovadora, aumentando o valor das vendas, com as empresas a evoluírem para PME’s com forte integração tecnológica. Os têxteis-lar continuam a ser o subsetor predominante nas empresas concelhias, hoje, quase totalmente presentes no mercado exportador. O conjunto da indústria local expor-
tou em 2016 cerca de 1,5 mil milhões de euros, cerca de 70% de produtos têxteis. O emprego está também em franca recuperação, como a queda de 19% do desemprego em 2016 bem demonstra. Quando assumi a presidência da Câmara Municipal em 2013, tinha como uma das primeiras prioridades a economia do concelho. Sabia das escassas competências e tradição dos municípios nessa área. Mas sabia também que me competia trabalhar para o bem-estar dos meus concidadãos. Sem emprego, criação de riqueza, não há qualidade de vida, felicidade e orgulho de comunidade. Foi criada a Divisão de Desenvolvimento Económico, foi aprovado um regulamento de incentivos ao investimento, foi criada a Guimarães Marca, há uma ligação próxima aos empresários com a criação do Conselho Consultivo para o Investimento e Emprego, bem como à Universidade, consubstanciada no princípio da importância da ligação da investigação e do conhecimento académico ao produto, às empresas, assente na procura do crescimento e de maior produtividade. Hoje, a universidade aumentou a formação em engenheiros têxteis, como as empresas solicitam. A instalação do polo do IPCA no AvePark, com a oferta de Cursos Técnicos Superiores Profissionais, também contribui para uma maior qualificação do emprego e maior qualidade do produto. Guimarães tem hoje, neste primeiro quartel do século XXI, novos projetos e novas bandeiras, para além da capital têxtil que continua a ser. Na última Heimtêxtil, em Frankfurt, 50 empresas têxteis vimaranenses foram seu testemunho. Somos Património Cultural da Humanidade. Fomos Capital Europeia da Cultura em 2012 e Cidade Europeia do Desporto em 2013. Procuramos ser exemplo de sustentabilidade ambiental e preparamos a candidatura a Capital Verde Europeia 2020. As marcas identitárias de Guimarães, o berço da nacionalidade, o berço da reabilitação urbana como reconheceu numa visita recente o ministro do Planeamento e Infraestruturas, são orgulhos da nossa comunidade. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
“Um anjo, não caído, mas sim erguido, de Portugal com orgulho. O nosso porta-estandarte de beleza e sensualidade, que nos faz sentir vaidosos e confiantes” - Katty refere-se obviamente a Sara Sampaio, que a nosso expresso pedido vestiu de coelhinha da Páscoa, tendo o subido cuidado de deixar ao descoberto as suas suaves curvas - e de fingir que lhe esconde as pernas com umas meias de rede branca e umas longas botas de salto alto em veludo. Fatale!
Sara Sampaio disfarçada de coelhinha da Páscoa Corre o rumor de que a última aparição no Porto deixou em Sara Sampaio um intenso calor familiar e uma infantil saudade desta época tão tradicional para muitos portugueses; a Páscoa. Muitos aguardam uma nova visita, e penso que por esse motivo, se espalhou a suposição, de que este anjo nos fará uma agradável surpresa. Se acontecer, só terá viabilidade em forma de visita relâmpago, encaixada na sua apertada agenda. No entanto, pouco mais conseguimos adivinhar, ninguém levou as suposições mais longe, e não se sabe nada sobre o local, hora e propósito. Para os nossos informadores descortinar os segredos de uma celebrity é bem mais difícil do que os de um político. Mas no nosso habitual exercício de adivinhação, tentamos decifrar o outfit adequado para esta hipotética visita. De forma a não deixar a moça desconfortável, pensamos num visual que desse continuidade ao que habitualmente Sara usa na sua afirmação como anjo. Deixamos, portanto, as suaves curvas ao descoberto e trocamos as valiosas asas por umas felpudas orelhas de coelho. Assim, da cultura Furry Fandom (pessoas que se vestem de figuras antropomórficas) só vamos emprestar uma cauda de coelho na forma de um fofo pompom e claro, as orelhinhas rosadas. Vestimos primeiro a nossa personagem de branco com pequenos detalhes de rosa. Um elegante conjunto de duas peças compostas por zonas mais cobertas em cetim e outras mais transparentes em mesh, decorada por pequenos coelhos aveludados em devoré. Fingimos que escondemos as pernas com umas meias de rede branca e umas longas botas de salto alto em veludo. No pescoço colocamos uma jóia de inspiração minhota, um choker de filigrana em ouro rosa. O segundo coelhinho é mais elegante, veste de preto e deixa também as deleitáveis dunas da manequim em destaque. Um body em veludo elástico denuncia um pronunciado decote que cobre o menos que pode, deixando algumas zonas transparentes em mesh. Enfeitamos o pescoço com um colarinho branco e um tremelique cor-de-rosa. As orelhas também são rosadas e a cauda bem felpuda. Igualmente com meias de rede, mas desta vez pretas e uns delicados stilettos cor-de-rosa. Penso que os nossos leitores vão ter uma caça ao tesouro muito mais interessante nesta Páscoa. t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Traça Largo de S. Domingos 88 4050-253 Porto
NO TRAÇA, SEM NAFTALINA O Restaurante Traça, em pleno centro histórico do Porto, tem o melhor carpaccio de veado da cidade e arredores. Mesmo fora do período normal de caça ao bicho! Sempre que em minha casa se falava em traça, a minha mãe por graça, pedia logo para lhe trazerem duas bolas de naftalina. Da geração seguinte, para mim, traça nunca tem graça e pede coisas que se comam e não bolas que desinfectem. Este Traça que a Baixa do Porto acolhe também tem muita graça, até porque junta os dois conceitos, dando bem cabo deles como se impõe. Em vez da naftalina que tentava sal-
var fatos abandonados durante meses em armários ou baús, o Traça tem logo à entrada uma poderosa mesa alta, muito procurada por comensais temporariamente sós. Nos novos tempos que atravessamos é uma espécie de Facebook em versão restaurativa, onde se podem ver e comer muitos e bons petiscos, sentir e ver os sabores e os saberes. Saindo de lá consolado e com muito melhor companhia do que a traça que se trazia. Franqueado o cortinado da porta e passada a mesa do convívio, podemos subir ou descer para o Traça que mais me tem animado. É nessas mesas que ao fim de semana, com a noite já adiantada, po-
demos provar sem pressas (e sem gente que nos namora a mesa) o carpaccio de veado, a sertã de morcela com maçã, as lâminas de foie gras, as gambas crocantes ou a muito requisitada sertã de bacalhau. Para muitos neófitos a seguir é só o café e a continha, mas para quem sabe (ou para quem pode...) a aposta no cavalo certo é no costeletão charolês ou na paletilla de cordeiro, que é das melhores que comi fora de terras de Espanha. O Traça pertence a esta nova geração de restaurantes cool, numa "onda" mais artístico-cultural do que fashion, isto para quem consegue destrinçar estes estilos, que eu ainda estou a aprender. Tem
por isso o acento tónico no ambiente e no convívio, no que se vê e com quem se vai, mas dentro do género, devo dizer que é dos poucos onde também vale a pena ir para comer. Acham que estou a brincar? Que sou um exagerado? Não me digam que não conhecem também muita gente, que vai sempre primeiro jantar e bem, antes de ir passear-se para estes novos templos, onde se come muito mais com os olhos, do que com a boca. Para quem andar por perto e quiser almoçar, tem o Traça versão "troika", com menus do dia a oito euros. Iva incluído. Mas graça da noite excluída. t
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c MALMEQUER Inês Pimentel, 38 anos, é responsável pela área do design na Piupiuchick. Portuense de gema e portista de coração, é licenciada em Arquitectura pela FAUP. Trabalhou no Metro do Porto, mas rapidamente percebeu que trabalhar debaixo de terra não era para si. Em 2012 juntou-se a mais duas sócias e trocou os desenhos arquitectónicos por modelos de roupa, criando a Piupiuchick. Tem dois filhos, um menino e uma menina, que foram uma das grandes razões que a fizeram criar uma marca para criança “diferente, sem folhos e folhinhos”
Gosta
Não gosta
Pessoas optimistas e ousadas anéis
Pessoas teimosas unhas roídas nem guarda
(mas raramente uso) rosbife com batata palha honestidade, nem que doa fumar um cigarro cheiro a limão ficar com a boca a saber a pasta de dentes morangos desenhar mudar as coisas de sítio tatoos pequenas filmes para chorar JUNGLE verde iPhone, um vício Paris, Paris! praia e muito calor comida um bocadinho picante salada de pepino queijo roquefort dormir oito horas vinho branco bem fresco férias vespas - das antigas jantar com amigos botins FCP- sempre! estar em casa em noites de trovoada antiguidades revistas de decoração simetria cabelo ondulado pele morena biquíni tomate com oregãos bébes instagram sumo laranja, mas natural persistência gargalhadas fortes trabalhar com as minhas sócias - acho que vou ser aumentada depois disto! :)
chuva, nem guarda sol! pessimismo cheiro a fritos quando me dão música ao telefone ir a hospitais fala-baratos ou aqueles que nunca se calam partilhar elevadores com quem não conheço cheiro a lixívia nas mãos aeróbica música brasileira, para dançar mão de vaca choramingas desarrumação andar de avião Uber partilhado lampreia - nem experimentar cebola crua mentiras moscas sopa fria parques de campismo discutir iogurtes com pedaços de fruta pés frios (não consigo adormecer) segundas-feiras que falem muito comigo logo de manhã do páraarranca do trânsito de fazer contas de cabeça
SOUVENIR
SOU UM BOCADINHO SOVINA A minha peça de roupa favorita é a memória dos meus filhos a, em pequenos, amarinharem por mim acima e me aquecerem o coração. Porque é isso que uma grande peça de roupa faz: aquecer o coração. Sou um bocadinho sovina, por isso é preciso muito para comprar uma peça de roupa cara. Ela tem de ser tudo: e cair-me bem é o menos, porque essa sei que é tarefa quase impossível. Há coisas que nem a uma peça de roupa se pede. Aqui a minha costela de esquerda vem ao de cima: começo por prestar atenção aos sapatos. E porquê? Porque são a única peça de roupa que trabalha – a única pelo menos que anda todo o santo dia com os meus 103 quilos em cima. Pobres sapatos! Peço-lhes, mais que uma boa sola, um bom salto, à volta de quatro centímetros, aprendi que um bom suporte para o calcanhar é essencial à marcha. Seja esta marcha rumo ao futuro ou, apenas, à tasca mais próxima. Sapato que se preza, para mim, é um segundo calcanhar. Em criança tinha ainda um boné de napa, preto, que usei enquanto pude. Não sei se até deixar de gostar de usar bonés ou se até a minha cabeça permitir. Esse boné assentava oval e tinha uma pala e eu ia com ele para todo o lado. Está imortalizado numa foto que saiu num jornal: eu e o meu avô, sem darmos conta do olhar-águia do Benoliel filho, as melhores fotos são assim, os dois concentrados nos livros em cima de uma banca, no primeiro dia da Feira do Livro de Lisboa em 1968. As fotografias têm essa vantagem: asseguram a nossa lembrança das coisas passadas, quando a outra memória falha. t Rui Zink
Escritor e professor universitário
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