T20 - Maio 2017

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FÁTIMA ANTUNES

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Administradora Grupo Lasa

“ESCASSEZ DE RECURSOS HUMANOS É UM DOS PROBLEMAS DA TÊXTIL” P 20 A 22 DIRECTOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

RITA FERNANDES

A PROF. DE INGLÊS APAIXONOU-SE PELA INDÚSTRIA P 32

PERGUNTA DO MÊS

HÁ VIDA NA TÊXTIL PARA ALÉM DA ROUPA? P4E5

ANTÓNIO PEREIRA

O HOMEM QUE SALVOU A FITOR

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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A MINHA EMPRESA

FOTOSÍNTESE

A. SAMPAIO VICIOU-SE EM INOVAÇÃO

TINTEX A ESTRELA DO NORTE

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Mónica Ribeiro 37 anos A CEO da Squarcione nasceu em Penafiel. É licenciada em Direito e exerce advocacia. Adora passear e brincar com o filho Francisco. Pratica natação e tiro desportivo com armas de caça tendo já representado a selecção nacional e integrando actualmente o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa da modalidade.

AS APARIÇÕES EM FRANKFURT

Porquê Squarcione? Porquê Penafiel? Squarcione significa em Italiano “rasgão", que foi no fundo o que eu pretendia. Arrancámos em 2007 numa altura em que o caminho mais fácil para as empresas era fechar, realidade que pude acompanhar na advocacia. Desafiei a minha irmã, licenciada em Gestão, para contrariarmos esta tendência, fazendo o “rasgão” necessário para continuarmos a empresa dos nossos pais, com mais de 30 anos de existência no sector. Penafiel é a cidade do meu coração. Foi a cidade onde nasci, cresci, resido e exerço advocacia - e estava sedeada a empresa dos meus pais. Por tudo isto, Penafiel teria que ser a minha escolha. Com duas mulheres à frente da empresa, alguma vez sentiram a falta do homem do leme? Não é fácil ser-se mulher no mundo empresarial, da mesma forma que não é fácil ser-se mulher na advocacia ou na gestão de empresas. Mas, como costumo dizer, se fosse fácil não era para mim. Sempre fui habituada a lutar por aquilo que quero e acredito, sempre aceitei a responsabilidade por cada acto que pratico e nunca tenho medo das consequências dos meus actos. Prefiro arrepender-me do que fiz do que me lamentar de nunca ter feito. Qual a importância da participação em feiras internacionais? Como o objectivo único da Squarcione é a exportação, a

participação em feiras internacionais foi a nossa rampa de lançamento - foi fundamental para fidelizarmos os clientes e vivenciar as oportunidades e dificuldades do sector. Não é verdade, como alguns diziam, que na era da net, os negócios e o comércio ia ser todo electrónico? Não se consegue construir uma empresa unicamente por via electrónica. Nos negócios é preciso percebermos bem com quem lidamos e como trabalhamos. O conhecimento pessoal é indispensável. Sempre que tenho um contacto de algum cliente novo, via e-mail por exemplo, que obteve o meu cartão ou contacto numa feira ou até no site, a primeira coisa que me pede é uma reunião na minha empresa. Depois deste passo sim, tudo pode rolar em função da internet, por e-mail, Skype ou Whatsapp.

Maio é mês de Maria, de Dia da Mãe e das Aparições de Fátima, para quem acredita nelas. Mas é-o também para quem é indiferente a tudo isto, sobretudo em ano de vinda do Papa Francisco, que vai obrigar a todos os cuidados e muito planning , a quem tiver de se aventurar pela A1 para ir do Porto para Lisboa , ou tiver que andar no fim-de-semana de 13 de Maio por essas bandas da antiga Cova da Iria. E, cá por mim, não iria para esses lados, a não ser em peregrinação obrigatória, mas em boa verdade, cada um sabe de si. Mas Maio é também, de dois em dois anos e 2017 é ano certo, o mês da Techtextil, que é sinónimo de mês da inovação nos produtos têxteis e das suas combinações com as novas tecnologias. Nesta poderosa feira bienal da Messe Frankfurt, vamos ter uma presença recorde da ITV nacional, com mais de 30 participações de empresas agrupadas debaixo da bandeira portuguesa, fruto de uma acção colectiva promovida pela Associação Selectiva Moda (ATP e ANIL) em estreita parceria com o CITEVE e o apoio indispensável do Compete e Portugal 2020. Esta participação em termos de acção colectiva portuguesa na Techtextil já começou há 12 anos, mas se nessa época eram só duas ou três as empresas pioneiras, a verdade é que foi nessa altura difícil que desde logo dissemos que os têxteis técnicos, inteligentes e funcionais eram a nova menina dos olhos da Selectiva. Porque a Selectiva Moda, o CITEVE e a sua ITV estiveram sempre de olhos postos nos têxteis do futuro, sempre que pensavam no futuro dos têxteis. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque

Qual é o mercado de exportação mais importante para a Squarcione? O mercado mais importante é o francês, seguido pelo espanhol. Em que mercado externo gostaria de estar, mas ainda não se atreveu a dar o primeiro passo? Persegue-me o sonho americano mas ainda não me sinto preparada para esse passo. Estou a trabalhar a ideia e a explorar a melhor forma de arriscar. t

Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena

PROMOTOR

CO-FINANCIADO


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n PERGUNTA DO MÊS Raposo Antunes (textos) Cristina Sampaio (ilustração)

HÁ VIDA NA TÊXTIL PARA ALÉM DA ROUPA? O futuro da ITV não se esgota no fabrico de calças e camisas, lençóis ou edredões. A têxtil já começou a invadir outros sectores, como o dos transportes, a saúde e até a construção civil. Fibras naturais de linho e cânhamo entram na composição da estrutura dos carros da série I da BMW. Sensores integrados no vestuário monitorizam em permanência órgãos do corpo humano, substituindo com vantagem exames médicos. E na reabilitação de estádios para o Mundial do Brasil foram usadas estruturas têxteis. Não, não é ficção científica, há vida na têxtil para além da roupa

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com a expressão proverbial “sim, mas...” que Braz Costa, director-geral do CITEVE responde à pergunta do mês do T. É precisamente neste centro de investigação, em Famalicão, que são desenvolvidos projectos em parcerias com empresas visando melhorar as performances tecnológicas da ITV e encontrar vida para o têxtil além da roupa. De uma forma pragmática, Braz Costa garante que sim “que há outros caminhos”. Enfatiza ao mesmo tempo o “mas”, porque “não se muda de vida de uma hora para a outra”. “Nos próximos anos, o vestuário será sempre importante em Portugal, mesmo que o corte e cose passe a ser feito em Marrocos e noutros países semelhantes”. Engenheiro mecânico e gestor de formação, Braz Costa alude aos mais de 130 mil trabalhadores que a ITV emprega em Portugal. Ora, no imediato, os caminhos que se começam a desbravar noutras áreas para o têxtil, como os transportes, a construção e a saúde, não constituem uma via tão larga como a actual. “Áreas como a dos interiores automóveis, do desporto e da protecção individual vão crescer. Mas a saúde e a construção/

arquitectura vão andar mais devagar”, explica Braz Costa. É precisamente na área da protecção individual que Raul Fangueiro, professor da Universidade do Minho e coordenador da Fibrenamics, entende haver também um novo caminho para o têxtil. A instituição onde lecciona integra o projecto de investigação Auxdefense lançado pelo Ministério da Defesa que, resumidamente, pretende revolucionar o equipamento militar dos pés à cabeça. “No fundo é como substituir a malha de aço usada pelos guerreiros da Idade Média por material muito mais eficaz, leve e confortável. Tudo isto monitorizável de forma a perceber questões como o nível de stress, saúde, posicionamento, etc”, descreve. Ao mesmo tempo, Fangueiro considera que esse passo em frente, que será dado no equipamento dos militares irá abrir caminho para a protecção pessoal dos cidadãos no seu vestuário do dia-a-dia, através de um sistema “soft” e “imperceptível” que evite as consequências do sopro de pequenas explosões, estilhaços, ou mesmo do uso de armas brancas. Este professor universitário adianta que os transportes, designadamente os aviões e os automóveis, são já um exemplo da vida do têxtil para além do

vestuário. Fangueiro prefere, porém, falar em fibras, polímeros e materiais compósitos. Por exemplo, no Airbus A380 cerca de 50% da sua componente estrutural são fibras, que substituíram o aço. “Houve uma redução de peso, de consumo e um aumento da performance”, explica. Na série I do BMW (carros eléctricos) toda a parte estrutural é feita em fibra de carbono, sendo ainda utilizadas fibras naturais como o linho e o cânhamo. Além da mobilidade eléctrica e de não necessitar de condutor, o carro do futuro terá uma interactividade com o utilizador, podendo variar a cor dos estofos, a sua textura, a temperatura, mas também utilizará materiais com capacidade de regeneração, de forma a que um “arranhão” ou uma pequena “amolgadela” desapareçam. Na área da saúde, as fibras têxteis já estão presentes nas próteses rígidas ou em fármacos que podem ser introduzidos no corpo através de sensores colocados no vestuário, isto, entre outros exemplos. Raúl Fangueiro acredita que no espaço de uma década será dado o salto para o interior do corpo humano, desde as artérias, a tendões ou órgãos como o fígado ou os rins. Com a vantagem acrescida de poderem ser todos monitori-


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PISTAS PARA O FUTURO DA INDÚSTRIA MAIS VELHA DO MUNDO “Não se muda de vida de uma hora para a outra. Nos próximos anos, o vestuário será sempre importante em Portugal, mesmo que o corte e cose passe a ser feito em Marrocos ou noutros países semelhantes” BRAZ COSTA DIRETOR-GERAL DO CITEVE

“Cerca de 50% da componente estrutural do Airbus A380 são fibras, que substituíram o aço. Houve uma redução de peso, de consumo e um aumento da performance” RAUL FANGUEIRO PROFESSOR UMINHO E COORDENADOR PROJECTO FIBRENAMICS

zados de forma a perceber o estado desses novos órgãos (ou de todo o corpo) sem fazer exames médicos. A área da construção/arquitectura é outro dos caminhos a seguir, segundo este professor. De resto, uma arquitecta da qual Fangueiro foi orientador de mestrado ganhou um dos prémios de inovação da Techtextil de Frankfurt deste ano precisamente por um projecto de painel de arquitectura feito com têxtil. A utilização de estruturas têxteis na construção não é uma questão de futuro, é o presente. Nos estádios reabilitados no Brasil para o último Mundial de futebol foram usadas essas estruturas têxteis. Mesmo em Portugal, um edifício em Vila do Conde que ameaçava ruir por corrosão do aço das vigas viu o problema resolvido substituindo o aço por BCR, feito com materiais têxteis. Hélder Rosendo, director-geral da empresa P&R Têxteis, considera que “o driver para o crescimento da utilização de

materiais têxteis em aplicações técnicas passará sempre pela identificação e sustentação das vantagens comparativas que apresenta intrinsecamente relativamente a outros materiais”. Rosendo “não retira dessa equação” o factor preço, “particularmente importante por exemplo no sector da mobilidade/transportes ou no habitat/ construção”. Mas também “a flexibilidade, a capacidade de os customizar, a possibilidade de lhes conferir propriedades e funcionalidades adicionais e a existência de uma fileira produtiva madura, capaz de assegurar continuidade e reprodutibilidade de fornecimentos, são factores importantes para o crescimento do número e tipo de aplicações”. Acrescenta ainda que “o facto de serem produtos com um elevado conteúdo de I&D e com uma forte componente de engenharia, também torna estes produtos mais interessantes e com um maior valor de mercado”. O director-geral da P&R Têxteis cita estudos recentes, nos

“O driver para o crescimento da utilização de materiais têxteis em aplicações técnicas passará sempre pela identificação e sustentação das vantagens comparativas que apresenta intrinsecamente relativamente a outros materiais” HÉLDER ROSENDO DIRETOR-GERAL DA P&R TÊXTEIS

quais “a mobilidade/transportes e a saúde são os mercados com maiores potenciais de crescimento, em grande parte suportados pelo desenvolvimento de economias emergentes”. Em todo o caso, acredita que os têxteis técnicos, continuarão a ser sinónimo de três coisas para ITV nacional: crescimento, inovação e valor. Fernando Merino, director de Inovação da ERT, começa por fazer uma radiografia do sector automóvel: “As principais marcas estão a investir muito para integrar a sustentabilidade nos modelos de negócio, porque vêm os desafios globais da sustentabilidade como uma oportunidade para desenvolverem produtos e serviços inovadores. Mas de uma forma ampla, as grandes tendências para o interior dos automóveis assentam em conceitos e tecnologias que vão materializar-se em produtos de base tecnológica, acima de tudo orgânicos, mais eficientes, inteligentes e em que as superfícies são uma nova fonte de funções energéticas”. E sublinha também que “há uma visão de futuro muito baseada em fibras naturais e em novas fibras, mas também de novas fontes para as matérias-primas a partir de matéria vegetal e animal, das quais também se podem obter desempenhos essenciais enquanto materiais de aplicação técnica num automóvel”.

“A funcionalização dos materiais tradicionais, como o têxtil, o PVC e o couro e a sua adaptação ao design e processos generativos, aditivos e robotizados, é também um caminho e um desafio mais imediato na cadeia de fornecimento do sector automóvel” FERNANDO MERINO DIRETOR DE INOVAÇÃO DA ERT

“Temos em curso projectos no âmbito mais estrito da definição de têxteis técnicos, no sentido em que se destinam a outras aplicações que não o fabrico de vestuário” JOÃO MENDES ADMINISTRADOR DA A. SAMPAIO & FILHOS

“Desde logo o baixo peso, mas também o conforto e o desempenho funcional, na linha daquilo que se visiona como sendo a mobilidade do futuro, muito baseada nas experiências a bordo. A funcionalização dos materiais tradicionais, como o têxtil, o PVC e o couro e também a sua adaptação ao design e processos generativos, aditivos e robotizados é também um caminho e um desafio mais imediato na cadeia de fornecimento do sector automóvel”, enuncia. João Mendes, da A. Sampaio & Filhos, admite que a empresa tem em curso “projectos enquadrados no âmbito mais estrito da definição de têxteis técnicos, no sentido em que se destinam

a outra aplicação que não o fabrico de vestuário”, mas que focou a participação na Techtextil no segmento definido pela feira como “Protech” (têxteis destinados ao fabrico de equipamento de proteção individual). “A auscultação dos utilizadores finais permite-nos entender que quem tem necessidade de utilizar vestuário de protecção durante longas horas por dia precisa - e muito - de materiais leves e confortáveis. Daremos destaque na Techtextil à nossa marca Protection+, segmentada por tipo de fibra e de utilização final: protecção contra calor e chama e protecção contra os efeitos térmicos do arco elétrico, alta visibilidade”. t


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Tasca do Gomes

Rua da Amorosa Amorosa, Viana do Castelo

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Entradas: Polvo à galega e amêijoas à Bulhão Pato Pratos: Arroz de robalo Bebidas: Terras de Monção (Alvarinho), água e cafés

O HOMEM QUE SALVOU A FITOR Foi na Primavera de 2015, tinha ele 50 anos exactos, que foi chamado a tomar a decisão mais difícil da sua vida. Os alemães da K4, que tinham acabado de comprar a divisão têxtil da sua compatriota Daun, chamaram-no a Munique para lhe comunicar que iam fechar a Fitor e concentrar o fabrico de fios sintéticos na Alemanha, na fiação TWD. Mas, acrescentaram, o futuro dele não estava em risco, pois estava convidado a ficar como responsável de vendas para o sul da Europa. António Pereira não estava nada à espera daquilo - e pediu-lhes uma sema-

na para pensar. “No regresso, até me senti mal no avião”, confessa. Recolheu para a praia da Amorosa, Viana do Castelo, onde vive há uma dúzia de anos, e foi ali à beira-mar, no mesmo sítio onde escolheu almoçarmos um belo arroz de robalo na Tasca do Gomes, que tomou a grande decisão. Não podia aceitar o fecho da fábrica que conseguira salvar do naufrágio à custa de tantas canseiras e noites mal dormidas. “Quando entrei na Fitor, em Setembro de 2008, toda a gente dizia que eu não chegava ao Natal. Não havia dinhei-

ANTÓNIO PEREIRA

52 ANOS CEO DA FITOR Filho de um motorista do STCP, cresceu no Porto - morava na rua da Boavista, fez a primária em Cedofeita e o Secundário no Rodrigues de Freitas. Na adolescência desdobrou-se em biscates diversos, como a colaboração em jornais (Voz Portucalense, Notícias da Tarde e JN) ou a venda de enciclopédias. Apaixonado por computadores, por influência de séries como o Star Trek e Espaço 1999, escolheu fazer Engenharia de Sistemas, na UMinho. Foi bom aluno (no 3º ano já era monitor) mas não ficou fã da informática que lhe abriu a porta dos dois primeiros empregos - na Pinto Azevedo & Rangel e depois da PwC. Filado em emigrar para a gestão, fez um MBA na AEP/ESAD e um mestrado em Finanças na UM. No ano 2000 desembarcou na têxtil. Demorouse quatro anos na Holanda como director de operações da Lankhorst (cordas e redes de pesca). No caminho que o levou até à Fitor, em 2008, fez escalas na Tebe, TMG e Organtex China (viveu entre Xangai e Hong Kong). Ao fim-de-semana gosta de correr e jogar ténis.

ro. Tive de improvisar. Pedir aos clientes pagamentos antecipados. Implorar aos fornecedores que nos adiantassem matéria-prima. Mais tarde, quando já estávamos com a cabeça fora de água, levamos em cima com a crise de 2011/12, que não foi só cá com o resgate e a troika, mas afectou toda a têxtil europeia, onde estão os nossos clientes. Foi muito duro”, recorda. Também foi muito complexo e doloroso liderar um violento downsizing da Fitor (de um pico de 280 trabalhadores tinha minguado para 20), que os alemães foram progressivamente transformando numa mera unidade comercial, enquanto a iam esvaziando da componente industrial, transferida para a alemã TWD. “Do ponto de vista financeiro fazia sentido, porque a energia era mais barata lá e havia ganhos na concentração da produção, daí a minha dificuldade em criar obstáculos à deslocalização”, explica António, que recusou desempenhar o papel de carrasco da Fitor e contrapropôs aos alemães fazer um MBO. Foi a vez deles ficarem surpreendidos. “Não estavam nada à espera, mas acabaram por aceitar. Durante o Verão negociámos um contrato em termos bastante razoáveis”, reconhece o António, que tinha no bolso um plano quase tão simples como o do Marquês do Pombal (cuidar dos vivos e enterrar os mortos) após o grande terramoto de 1755. O plano consistia em recuperar os clientes perdidos, pôr a produção a funcionar, reactivar a tinturaria, comprar novas máquinas, investir em inovação (“a têxtil é metade engenharia e metade design e criatividade”) e subir na escala de valor (“saímos das commodities, do fio cru”). Dois milhões de euros investidos e 18 meses volvidos, os números garantem que a coisa está a resultar: o efectivo cresceu de 20 para 75 trabalhadores e a facturação dos cinco milhões (2015), para sete milhões (2016) - 70% dos quais em exportação directa. Este ano, o objectivo é chegar aos oito milhões de euros. “Estamos a conseguir recuperar os clientes mais depressa do que estávamos à espera - e a um ritmo superior ao da nossa capacidade instalada. As máquinas novas que estamos a comprar são mais eficientes, produzem mais com menos custos e são para acrescentar às que temos - não para as substituir”, conta o engenheiro informático reconvertido em gestor e empresário que salvou a Fitor. t


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APRESENTAÇÃO

CATARINA FURTADO DESFILE

O SÁBAD 21H30

PEDRO TEIXEIRA DÂNIA NETO BÁRBARA LOURENÇO FRANCISCA PEREZ MANEQUINS BEST MODELS

ANIMAÇÃO MUSICAL

D.A.M.A.

MANUEL SERRÃO

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2. AOS 16 PRÉMIOS ISPOTEXTRENDS, A TINTEX JUNTA OS PRÉMIOS INOVATÊXTIL PELO COLORAU E HIGHTEX AWARD, DA MUNICH FABRIC START, PELA MALHA COM UM TOP COATING EM CORTIÇA DO CASACO QUE MÁRIO JORGE VESTE

FOTOSINTESE Por: Carolina Guimarães

A ESTRELA DO NORTE

1. A TINTEX NASCEU EM 1998 POR INICIATIVA DE MÁRIO JORGE, UM ENGENHEIRO QUÍMICO COM MUITA EXPERIÊNCIA NA ITV. TEM 125 TRABALHADORES (20% LICENCIADOS, 40% MULHERES) E FACTURA 10,5 MILHÕES DE EUROS

5. NO LABORATÓRIO DE CORES AFINAM-SE TONS, PIPETAM-SE MISTURAS DE CORANTES E FAZEM-SE RECEITAS, TANTO PARA OS CLIENTES COMO PARA OS PRODUTOS DESENVOLVIDOS INTERNAMENTE

6. A MÁQUINA DE MERCERIZAÇÃO BRILHA QUASE TANTO COMO OS PRODUTOS QUE DELA SAEM, SUBMETIDOS A UM BANHO DE SODA CÁUSTICA PARA FICAREM MAIS BONITOS E RESISTENTES

A têxtil mais a norte de Portugal nasceu como tinturaria, em Vila Nova de Cerveira, mas não tardou a afirmar-se pela diferença - quatro anos depois já exportava acabamentos para Itália e França. A enorme capacidade de inovação fez dela uma empresa papa prémios. “Somos pioneiros em sustentabilidade”, reclama, orgulhoso, Mário Jorge Silva, o fundador da Tintex, que se especializou a inventar produtos que irão satisfazer necessidades que ainda não sentimos

11. O DESPERDÍCIO GERADO NO FABRICO DAS ROLHAS É USADO PARA CRIAR EFEITOS DE FANTASIA NAS MALHAS OU CONFERIR-LHES CONFORTO ATRAVÉS DE VÁRIOS EFEITOS DE COATING

10. RICARDO SILVA, ENGº QUÍMICO, DEMONSTRA A MARAVILHA E A VERSATILIDADE DA MELHOR MÁQUINA DE COATING DO MUNDO, QUE TRABALHA COM DIFERENTES MALHAS E TECIDOS DE DIVERSOS TAMANHOS


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3. NÃO HÁ NO MUNDO UMA FÁBRICA MAIS EFICIENTE DO QUE A TINTEX A PROCESSAR TENCEL, UMA FIBRA DE ORIGEM NATURAL FEITA A PARTIR DA MADEIRA, QUE DAVA MUITAS DORES DE CABEÇA AOS INDUSTRIAIS

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4. NO SHOWROOM, ALÉM DA QUANTIDADE INFINDÁVEL DE AMOSTRAS, HÁ PEÇAS DE ROUPA ACABADAS, UMA PROVA DE QUE AS INOVAÇÕES NÃO SÃO PARA INGLÊS VER, MAS SIM PARA TODOS VESTIRMOS

7. ANA SILVA, A ENGª QUÍMICA RESPONSÁVEL PELA QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE (E TAMBÉM PELA NOSSA VISITA GUIADA) APRESENTA OS NOVOS JETS

8. OS DEFEITOS NÃO PASSAM DESPERCEBIDOS: NA REVISÃO, A MALHA É CUIDADOSAMENTE EXAMINADA, TANTO AO NÍVEL DA COR COMO DA TECELAGEM E QUALIDADE DE ACABAMENTOS

9. TUDO O QUE JÁ PASSOU POR ESTA FÁBRICA ESTÁ AQUI GUARDADO, NO ARMAZÉM, NUMA AUTÊNTICA MISCELÂNEA DE CORES, TEXTURAS E REFERÊNCIAS

13. DISTINGUIDO COM O PRÉMIO INOVATÊXTIL, O COLORAU É UM MODO DE TINGIMENTO SEM CORANTES, INOVADOR A NÍVEL MUNDIAL. TOMILHO E BOLDO SÃO ALGUMAS DAS ERVAS USADAS NESTE PROCESSO

12. TELMA, ENGª BIÓLOGA E JOANA, ENGª QUÍMICA COM RICARDO NO LABORATÓRIO DEDICADO À MELHOR MÁQUINA DE REVESTIMENTOS DO MUNDO, ONDE SE INVENTAM PRODUTOS QUE ANTES NÃO EXISTIAM

14. MÁRIO JORGE QUER CRESCER 30% AO ANO E CHEGAR A UMA FACTURAÇÃO DE 18 MILHÕES DE EUROS EM 2019. SUSTENTABILIDADE, INOVAÇÃO E PERFORMANCE SÃO OS LEMAS DA TINTEX


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FARFETCH ENTREGA GUCCI EM 90 MINUTOS A Farfetch lançou o Store to Door in 90 Minutes, que permite aos seus clientes escolherem e comprar peças Gucci que depois lhe serão entregues em apenas 90 minutos. “O tempo é o novo luxo e o que queremos mais. Na Farfetch queremos dar esse luxo de volta aos nossos clientes. Se precisar do vestido certo ou de um par de sapatos para jantar nesse mesmo dia, nós podemo-nos certificar que os terá onde quer que esteja”, explica José Neves. O serviço está disponível em 10 cidades: Londres, Nova Iorque, Dubai, Los Angeles, Madrid, Miami, Milão, Paris, São Paulo e Tóquio.

A fiação do grupo Mundifios tem em fase bastante adiantada o desenvolvimento de fios inovadores na gestão da humidade

INOVAFIL FAZ FIOS ANTI TRANSPIRANTES A Inovafil está a aumentar a sua capacidade de produção de sete para oito toneladas de fio por dia, enquanto se prepara para apresentar este mês de Maio, na Techtextil, em Frankfurt, o fio feito a partir de urtigas e outras das suas novidades em fios técnicos e funcionais - que já lhe valeram cinco distinções em Janeiro, na ISPO, em Munique. “O nosso posicionamento é no segmento da alta qualidade e dos produtos inovadores. No preço e qualidade baixa os turcos são quase imbatíveis e quem procura fios básicos vai à Àsia”, explica Rita Fernandes, a administradora da Mundifios que é responsável pela área comercial

da Inovafil. A Inovafil foi criada há meia dúzia de anos pela Mundifios, quando a maior trading ibérica de fios tomou a decisão estratégica de investir a sério a montante, na produção, após alguns anos em que tinha um pé no fabrico de fios através do aluguer das máquinas e pessoal da Fiação de Covas. Ocupando as antigas instalações da fiação da TMG, a Inovafil emprega cerca de 100 pessoas e fechou o exercício de 2016 com um volume de negócios próximo dos 16 milhões de euros, dos quais 20% feito na exportação. O objectivo é subir para 30% o peso das vendas directas para o

mercado externo. A grande aposta da Inovafil é na inovação, tendo em curso, internamente e/ou em parceria com o CITEVE ou a Universidade do Minho, diversos projectos de investigação e desenvolvimento de fios técnicos e especiais, produzidos a partir de matérias-primas ecológicas (como urtigas, cânhamo ou algodão orgânico). A fiação do grupo Mundifios tem em fase bastante adiantada o desenvolvimento de diversos fios inovadores, designadamente na área da gestão de humidade (fios que absorvem a transpiração). “A ideia é dar as propriedades funcionais logo nos fios”, explica Rita.

ALASSOLA EXPORTA 150 TON. DE FIO PARA PORTUGAL A angolana Alassola (antiga África Têxtil) vai exportar, ainda este mês, 150 toneladas de fios para o mercado têxtil português - revelou o presidente do conselho de administração, Tambwe Makaz. O gestor japonês disse já ter estabelecido acordos com algumas empresas portuguesas de tecelagem que passarão a comprar fio na Alassola, que reiniciou a sua actividade em Benguela no final de Novembro. “Ainda não produzimos algodão, por isso temos que importar essa matéria-prima até que o mer-

cado nacional passe a ser auto-sustentável”, afirmou o responsável da Alassola, acrescentando que o algodão disponível na fábrica foi importado da Grécia e da Índia, numa acção que tende testar a qualidade do produto destes países. Arrancou recentemente em Malanje, um projecto que prevê produzir 20 mil toneladas de algodão/ano. Segundo Tambwe Makaz, a Alassola é a única fábrica de África que possui 42 mil fusos, sendo por isso a maior entre as diversas unidades do ramo de que há conheci-

mento. As obras de reabilitação e ampliação da antiga África Têxtil foram executadas pela empresa Marubeni, com o concurso de técnicos alemães, japoneses e holandeses que as concluíram em 2015. Quando estiver no seu auge, vai empregar 1.200 trabalhadores. A antiga fábrica África Têxtil é umas das três unidades do ramo recuperadas pelo governo de Luanda, após 27 anos de conflito armado que se seguiu à independência do país, depois da Textang II (Luanda) e da Satec (Cuanza Norte). t

"Com dinheiro mudam-se máquinas e layouts, mas é preciso mudar pessoas e mentalidades, fazer com que as pessoas acreditem em ti e nelas" Ana Vaz Pinheiro administradora da Mundotêxtil

CHINA DOBRA E EMBALA COM MÁQUINAS S. ROQUE A S. Roque está a investir na ampliação de instalações e na contratação de mais pessoal para voltar a produzir máquinas de dobrar e embalar, que são cada vez mais solicitadas por fabricantes de países onde os salários tendem a aumentar. É o caso da China, mas também de países como México e Colômbia, onde as empresas têxteis começam a trocar mão-de-obra intensiva pela automação.

MICKEY E MINNIE NOS LENÇÓIS É COM A ADALBERTO A Adalberto tem as licenças para produzir e distribuir os produtos têxteis-lar da Disney, em exclusivo para o mercado ibérico – revelou Mário Jorge Machado numa entrevista ao Jornal de Negócios. “Os desenhos incluem o Mickey e a Minnie, as princesas Frozen e a saga Star Wars, entre outros. A nossa equipa de design cria e desenvolve os desenhos em colaboração com os estúdios da Disney”, acrescenta o CEO da Adalberto.

53,3 %

dos trabalhadores filipinos ganham menos que o salário mínimo legalmente estabelecido naquele país asiático de acordo com o relatório da OIT sobre a taxa de não cumprimento do salário mínimo na indústria de vestuário dos sete maiores exportadores asiáticos - que é de 50,7% na Índia, 39,1% na Indonésia, 37,5% na Tailândia, 37,4% no Paquistão, 25,6% no Cambodja, e 6,6% no Vietname


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análisesdinâmicas O principal objetivo dos sistemas informáticos é permitir gerar e organizar a informação mais atualizada possível, de forma a facilitar a tomada de decisão estratégica e operacional de uma organização.

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A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel

A. Sampaio & Filhos

Rua São Bento da Batalha 76 4780-547 Santo Tirso

Trabalhadores 180 Volume de negócios 18 milhões de euros Exportação 40% da produção é vendida directamente para o mercado externo Maiores clientes Principais marcas de desporto, moda, exércitos e forças de segurança Produtos tradicionais Malhas circulares para moda, desporto, vestuário de protecção, área de saúde e indústria automóvel Equipamento 200 teares circulares

Viciados em inovação A A. Sampaio & Filhos é daquelas empresas que parecem ter bichos carpinteiros. Irrequieta, nunca está satisfeita com aquilo que tem. Anda sempre com o nariz no ar a tentar perceber o que há de novo e está a dar - o que é que pode fazer de inovador para satisfazer os clientes. É uma empresa viciada em inovação, obcecada pela busca incessante do diferente. “Estamos sempre à procura de fibras, acabamentos e equipamentos novos. A única maneira de evoluir é tentar estar sempre um passo à frente, antecipar as necessidades dos clientes. O nosso objectivo é ter os clientes sempre satisfeitos”, sintetiza Miguel Mendes, 42 anos, responsável pela área comercial da empresa de Santo Tirso. Licenciado em Gestão e Engenharia Industrial pela Universidade de Aveiro (1998), Miguel estagiou na área informática e a sua primeira tarefa na empresa fundada pelo seu avô António foi equipar a A. Sampaio com produtos informáticos adequados ao desenvolvimento da área comercial. Líder ibérica na produção de malhas tricotadas em teares circulares, a empresa fez um longo e bem sucedido caminho desde que há exactos 70 anos foi fundada pelo debuxador António Oliveira Sampaio e começou a produzir tecidos (telas e popelines). “Nos anos 60, o meu avô teve a visão de futuro de iniciar o fabrico de malhas circulares”, recorda o neto de António, que teve três filhas, sendo que a mais nova (a mãe de Miguel), foi a única que não trabalhou na empresa. Ter os olhos sempre postos no futuro é uma mania que chegou do avô à terceira geração (“Damo-nos todos bem, funcionamos em rede”, conta Miguel).

“Temos uma visão de longo prazo. Somos uma empresa de referência com os olhos sempre postos no futuro, que nunca sacrificamos ao lucro imediato”, diz Miguel, sublinhando mais um traço de personalidade da A.Sampaio, que não gosta de falar do seu volume de negócios: “Uma empresa não é só facturação, o primado é a qualidade” A A. Sampaio posiciona-se na parte média e superior do mercado, apostando na qualidade (tem um laboratório inhouse onde todas as malhas são testadas), flexibilidade e serviço completo ao cliente como factores diferenciadores e vantagens competitivas (“se fosse só o preço já tínhamos ido todos à vida...”, graceja). A flexibilidade do parque de máquinas permite-lhes desenvolver produtos à medida dos clientes, serem rápidos na entrega e fazerem séries de diferentes tipos - o que não é necessariamente sinónimo de séries mais pequenas. “Não somos uma empresa de amostras. Portugal não é um país de amostras mas um país produtor de têxteis e vestuário”. As três distinções recebidas na última ISPO são prova dos nove da capacidade inovadora da A. Sampaio, que produz mil malhas novas todos os anos e se orgulha da grande variedade da sua oferta, onde avultam produtos que chegam a combinar cinco diferentes funções - retardante de chama, antiestática, alta visibilidade, resistência à luz e à cor (características requeridas pela roupa e trabalho) ou antibacterianas, respiráveis, termoreguladoras, activantes de circulação etc, etc, etc. “Não está tudo inventado”, garante Miguel Mendes. A A. Sampaio & Filhos está a aí para ajudar a resolver isso :-). Para esta empresa viciada em inovação, o céu é o limite. t

WEDOBLE QUER CRESCER A 50% AO ANO A António Ferreira & Filhos (AFF) quer a Wedoble a crescer ao ritmo de 50% ao ano até 2019, ano em que espera vender 200 mil peças da sua marca própria de roupa para bebé. As vendas para o Inverno 17/18 fecharam com um crescimento de 62% sobre as da anterior estação fria. E no último Verão, as vendas foram 50% superiores às do mesmo período em 2016. A Wedoble pesa 20% nos quatro milhões de euros que são o volume de negócios desta empresa têxtil, que emprega 74 trabalhadores na sua fábrica em Vizela.

LOUIS VUITTON COMPARA-SE A MOTOR V 12

COMISSÁRIO MOEDAS ELOGIA FAMALICÃO

As vendas da Louis Vuitton cresceram 15% no primeiro trimestre, atingindo os 3,4 mil milhões de euros e superando todas as expectativas. “A Louis Vuitton é como um motor V12 perfeitamente regulado. Enviamos o combustível a todos os cilindros, em todos os países, e vendemos bem em cada categoria de produto”, disse o CEO Michael Burke.

“Famalicão é hoje para a Europa um exemplo de região que sabe apostar na inovação como motor para o crescimento, um território apostado no desenvolvimento sustentável, orientado para o bem-estar dos seus cidadãos”, garantiu o comissário Carlos Moedas no 2º Encontro Famalicão Visão’25, que reuniu na Casa das Artes.

"Gerir uma marca não tem nada a ver com gerir uma fábrica" Miguel Pedrosa Rodrigues administrador da Pedrosa & Rodrigues

MIKE DAVIS JÁ NAVEGA NO MARSHOPPING A Mike Davis inaugurou no MarShopping a sua 29ª loja. Com roupa de homem e mulher, com uma forte ligação e inspiração em desportos como o ténis, a vela, o surf, nas suas mais recentes aberturas (Fórum Sintra e Vasco da Gama) a marca portuguesa tem apostado num novo conceito de loja.

633 milhões

de euros foram exportados em 2016 pela indústria portuguesa de têxteis-lar, que é a terceira maior fornecedora mundial de colchas e a quinta maior de felpos


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SWEATROFA EM FAMALICÃO PARA FICAR JUNTO À SALSA A Sweatrofa inaugurou novas instalações em Famalicão, que exigiram um investimento próximo de um milhão de euros. A empresa emprega perto de 100 pessoas, prevê facturar 1,5 milhões de euros e dedica-se à colocação de acessórios em vestuário, como botões e etiquetas. 60% da produção é absorvida pela Salsa e esse factor foi determinante para a localização da nova fábrica.

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"Se tivéssemos os nossos timings dependentes das aprovações dos projectos, eles não se realizariam porque quando viessem as aprovações não teria tempo para os executar" Miguel Pacheco CEO da Heliotextil

ZIPPY ABRE DUAS LOJAS EM ABU DHABI A Zippy abriu duas lojas em Abu Dhabi localizadas nos centros comerciais Al Wahda Mall e Yas Mall. As duas unidades já cumprem com o novo conceito Zippy, que oferece um ambiente de loja distintivo, com serviços únicos que vão ao encontro das diferentes necessidades dos pais e das crianças e que contribuem para uma experiência de compra mais completa.

COMO O 9/11 MUDOU A VIDA DOS IRMÃOS PISCA Raposo Antunes

Os atentados às Torres Gémeas a 11 de Setembro de 2001 mudaram o mundo. De então para cá nada ficou igual. Esta alusão ao ataque às Twin Towers de Manhattan pode até parecer despropositada. Mas foi precisamente na sequência dessa tragédia que a vida também começou a mudar para Vítor, Décio, António e Teófilo, os quatro filhos de António Costa. Os quatro irmãos criaram em 1994 uma empresa a que deram o nome de PiscaTêxtil. A designação não advinha de nenhuma alcunha familiar, era antes o nome do local, no concelho de Guimarães, onde estava sediada a fábrica. Precisamente ao lado da empresa P. & Maia, Lda., onde trabalhava o pai, António Costa, que era um dos maiores fabricantes de teares do país. “Precisávamos de um espaço para testar os teares sem lançadeira, que eram o último grito. Começamos a trabalhar a feitio para uma empresa nacional. Foi assim que surgiu a PiscaTêxtil”, conta Décio Costa, 54 anos. Após o 11 de Setembro, a empresa nacional para quem trabalhavam a feitio entrou em dificuldades e a Pisca começou a fabricar têxteis-lar (tanto para cama, como para banho e cozinha) com marca própria ou em private label para outros clientes. A Pisca fechou 2016 com um volume de negócios na ordem dos oito milhões de euros, 99% exportado para países

dos cinco continentes. “Vendo para todo lado... desde que me paguem”, explica Décio. As reticências só têm um significado – o sorriso largo que este engenheiro metalomecânico abriu depois de enumerar as quase duas dezenas de países (dos EUA à Rússia, da Austrália à África do Sul, passando pela Coreia do Sul, Colômbia, Chile, México e Nova Zelândia) para onde exportam. “E não se esqueça da Espanha que representa 15 a 18% do nosso mercado”, atira. Décio Costa é o responsável pela produção e tecelagem. Mais do que uma empresa familiar esta é uma empresa de quatro irmãos. Vítor Rómulo, 57 anos, é o mais velho e tem a seu cargo também as mesmas áreas. António Augusto, 50 anos, lidera a parte administrativa, enquanto Teófilo, 47 anos, se ocupa da logística. O pai está reformado mas continua a passar pela fábrica. Foi na P. & Maia, fundada na década de 20 no centro de Guimarães, que o pai Costa começou a trabalhar como um simples funcionário. Aos 20 anos foi chamado para a tropa. No regresso do serviço militar os donos da P & Maia deram-lhe sociedade. A empresa tornou-se então no maior fabricante de teares do país . “Havia outro na Covilhã, mas tinha menor expressão”, recorda Décio. “A P. & Maia produzia cerca de 50 teares por ano. Cada um era vendido a cerca de 75 mil euros na moeda de agora, mas as vendas baixaram para

sete teares por ano”, conta Décio Costa. António Costa e os filhos Décio e Teófilo tinham a seu cargo o fabrico das máquinas, enquanto os irmãos Vítor Rómulo e António Costa eram responsáveis pela tecelagem. Em 1994 nasce então a Piscatêxtil. “Nós os quatro éramos jovens e cheios de vontade. Mas agora também não somos velhos e continuamos cheios de vontade na mesma”, recorda. “Nascemos aqui. Trabalhávamos nas férias aqui. Vamos os quatro, mulheres e filhos almoçar todos os dias a casa do nosso pai que é mesmo ao lado da fábrica”, relata Décio Costa que tem três filhos. Os seus três irmãos têm um filho cada um. “Ao almoço somos sempre mais de uma dezena. Esta é a nossa vida”, diz. Os laços familiares vão para além da produção industrial. Os quatro irmãos vivem em apartamentos no centro de Guimarães, a menos de 100 metros uns dos outros. Fazem sempre férias juntos no Algarve. Os três mais velhos têm um barco de pesca ancorado no porto de Viana do Castelo e ao fim-de-semana vão pescar para o alto mar. Não teme que depois do que viveram a seguir ao ataque às Torres Gémeas, as medidas proteccionistas que Donald Trump venha a tomar provoque uma nova crise no têxtil? “... Olhe, não sabemos o que vai acontecer e se vai acontecer alguma coisa. Mas repito: não somos velhos e estamos cheio de vontade na mesma”. t

6DIAS CERTIFICADA COM A ISO 9001 A 6Dias recebeu o certificado de qualidade ISO 9001 das mãos de Paulo Gomes, director de marketing da SGS, numa cerimónia que decorreu na sede da empresa na Gandra, Trofa. “Foi ano e meio de trabalho árduo para conseguir implementar uma série de processos que estão na origem da atribuição deste certificado de qualidade da empresa. Só tenho que agradecer à minha equipa, pois nada disto seria possível sem eles”, disse na ocasião Patrícia Dias, administradora da 6Dias.

O grande salto em frente da 6Dias ocorreu em Janeiro de 2015 quando se instalou na Trofa. Nessa altura tinha 14 pessoas. Importavam tecidos, tingiam e estampavam. O produto final era vendido a grandes empresas como a Salsa, Tiffosi e Lion of Porches. Dez anos depois dispunha de 20 trabalhadores. Agora produz essencialmente para a exportação tecidos utilizados em vestuário. “É um projecto aliciante que começou do zero e em 2015 e 2016 já teve volumes de negócios de 7 milhões de euros em cada ano”, resume Patrícia Dias. t

MORETEXTILE É MASTODONTE A capacidade de inovação e o poderio industrial do grupo MoreTextil deixaram de tal forma impressionados os franceses do Journal du Textile, que os levou a concluir que “em Moreira de Cónegos se esconde um mastodonte da indústria do têxtil-lar”. Num artigo de página inteira, com o título “MoreTextil faz sempre mais para a casa”, a jornalista Marie-Emmanuelle Fron destaca a capacidade competitiva de um aglomerado industrial com mais de mil trabalhadores e uma facturação de 87 milhões, que aposta de forma decidida na qualidade e diversificação de produtos. “O grupo português especialista em têxtil-lar reforça a sua ferramenta industrial e multiplica inovações”, destaca a jornalista, explicando que a par do “programa de investimento de 6,6 milhões de euros para renovação do seu parque industrial nos próximos três anos”, a vertente de inovação e criatividade dos produtos do grupo é permanentemente assegurada por um “departamento de design com 18 pessoas que olha para as tendências e a criação adaptadas a cada mercado”. Inovações como a colecção Eco Heather, com materiais reciclados, ou os tecidos Dynamic Color, que mudam de cor consoante a temperatura do corpo, que o grupo levou à recente edição da Premiére Vision são igualmente referenciados. A decisiva aposta na inovação e design, é ilustrada com a criação das marcas próprias Home Concept, Jarzolino, Arkhipelagos e Elias, mesmo num contexto em que a MoreTextil “tem 80% da produção vendida para as grandes marcas internacionais de têxteis-lar”. Juntando quatro importantes empresas do sector – António de Almeida & Filhos, Coelima, JMA e Tearfil – o grupo é apresentado como uma estrutura “moderna, mergulhada nas suas cores sombrias para melhor destacar as suas colecções”, onde “o ambiente de trabalho é de uma atraente modernidade... sobretudo para os estudantes”. “Este ano já passaram pelas empresas da MoreTextil três grupos de trabalho oriundos da escola francesa Ista”, concluindo, por isso, que “as forças vivas do Hexágono também estão ao serviço deste gigante da indústria portuguesa. E vice-versa.” t


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SPORT ZONE ABRE EM LOULÉ E RENOVA NO DOLCE VITA A Sport Zone abriu uma loja com 193 m2 junto ao Continente de Loulé e renovou o outlet do Dolce Vita Tejo (814 m2) que passou a ser um loja de nova geração Sport Zone, tal como já existe no Colombo e no Norte Shopping. Com a inauguração em Loulé, a sétima no Algarve, a rede portuguesa de Sport Zone eleva-se para 80 lojas.

EM REPUTAÇÃO, SÓ A ZARA BATE A SALSA

A Salsa é a segunda marca do retalho têxtil com melhor reputação junto dos consumidores portugueses, logo a seguir à Zara, de acordo com as conclusões do estudo Global RepScore que avalia mais de três mil marcas e é desenvolvido OnStrategy, em parceria com a Corporate Excellence Foundation. No segmento do retalho têxtil, a Zara ocupa o primeiro lugar com 71,70 pontos, seguida pela Salsa (70,28) e Sacoor (65,78). t

LASA INVESTE 10,5 MILHÕES NA ASPRELA

FIAÇÃO DA GRAÇA APOSTA NAS MALHAS

A ImobiLasa vai investir 10,5 milhões de euros no Asprela Domus, um empreendimento que será implantado no coração do Pólo Universitário da Asprela e compreende 86 apartamentos, de T0 a T3 e com áreas entre os 50 e os 110 m2, bem como oito espaços comerciais. Criada em 1992, a imobiliária do grupo Lasa promove e comercializa empreendimentos em Vizela e no Porto, entre os quais se contam o Edifício Amial, o Fórum Vizela e o complexo Varandas.

A Fiação da Graça tem em curso um investimento de dois milhões de euros em equipamento e está a diversificar da produção de fios laneiros (que ainda valem metade dos 13 milhões de euros do seu volume de negócios) para fios de malha e técnicos. “Posicionámo-nos num nicho de produtos de valor acrescentado para malhas circulares. Não é propriamente fio para fast fashion, é fio para desporto ou aplicações com mais valias”, explica Carla Freitas, directora-geral da Fiação da Graça.

"A inovação é fundamental. Pensar todos os dias num produto novo é fundamental" Ana Paula Rafael CEO da Dielmar

TECHTEXTIL DISTINGUE LUANI Luani Costa, arquitecta e Mestre em Construção e Reabilitação Sustentável, venceu um dos prémios deste ano atribuídos pela TechTextil, de Frankfurt. A entrega do prémio decorrerá no próximo dia 9 de Maio, logo no primeiro dia desta feira de têxteis técnicos que decorre até 12 de Maio nesta cidade alemã. O projecto vencedor foi desenvolvido no âmbito da dissertação de mestrado “Desenvolvimento de Estrutura Arquitectónica Têxtil Inteligente e Activa em Flexão” e contou com a orientação do professor Raul Fangueiro, coordenador da Plataforma Internacional Fibrenamics, e a coorientação do professor Luís F. Ramos, do Departamento de Engenharia Civil da UMinho. O prémio diz respeito ao 14o Concurso para estudantes “Textile Structures For New Building” da Techtextil 2017 – International Trade Fair for Technical Textiles and Nonwovens. Luani Costa, arquitecta e ac-

Luani Costa, arquitecta e mestre em Construção e Reabilitação Sustentável

tualmente na Universidade do Minho, foi, desta forma, distinguida pelo desenvolvimento de um painel arquitectónico inteligente, com recurso a uma estrutura activa em flexão e a materiais têxteis multifuncionais integrados no princípio da arquitectura cinética. De acordo com a Fibrenamics, da Universidade do Minho, “o projecto corresponde a uma solução estrutural – um painel – inspirado nas folhas das plantas que possa ser incorporado em novas

construções ou em reabilitações de edifícios existentes, de modo a ser aplicado em fachadas ou coberturas, ou em outras situações semelhantes”. “Usando o conceito da arquitectura cinética integrado com membranas têxteis, o painel adapta-se facilmente às condições ambientais, tais como o vento, a chuva, a incidência solar, bem como às necessidades dos utilizadores, através do comportamento flexível dos materiais, possibilitando um melhor desempenho funcional nos edifícios”, acrescenta. Apoiado e patrocinado pela associação internacional TensiNet, além da parceria estabelecida com a plataforma Architonic, este concurso destina-se a estudantes e jovens profissionais de Arquitectura e Engenharia Civil, Design de Produto ou áreas afins, valorizando as ideias e soluções inovadoras para os problemas actuais, através de projectos incorporando materiais têxteis. t

LIV TYLER É A NOVA CARA DA TRIUMPH ESSENCE Liv Tyler é a nova cara da Triumph Essence, a linha premium da marca de lingerie suíça, elegeu a actriz Liv Tyler como o rosto da sua mais recente campanha, que celebra “a sensualidade feminina e confiança corporal”, em fotos de Rankin. A linha estará à venda em Outubro.

8%

é o peso da moda infantil no total da produção têxtil portuguesa


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das roupas que deitamos fora vão parar a aterros sanitários

FRANCESA DA VERSAILLES GOSTA DO MADE IN PORTUGAL “O Made in Portugal é uma garantia de qualidade”, afirmou, em declarações ao Journal du Textile, a fundadora da marca de moda infantil Oscar et Valentine. A empresária francesa destaca o fabrico português no âmbito da promoção da sua nova linha de puericultura denominada Versailles, composta por peças sofisticadas tecidas em algodão mercerizado.

"Queremos trazer de volta o universo do Tom Sawyer e da Anita. A nossa roupa é para brincar na rua", diz Sara Lamúrias

SOFIA E PEDRO TRAZEM TOM SAWYER DE VOLTA Trazer de volta o universo do Tom Sawyer e da Anita é o objectivo declarado da criação da marca Pecegueiro de roupa para criança (segmento etário 2-12 anos) de que são pais dois designers: Sara Lamúrias e Pedro Noronha Feio. Pecegueiro é uma marca mas também loja/atelier que abriu as portas em Março, no 102 Rua das Trinas, à Lapa (Lisboa), que já foi ocupado por uma farmácia. “Queremos manter a infância. A roupa da Pecegueiro é feita para brincar na rua, sem folhos e

golas. Entre os folhos e a roupa ‘adultizada’ — as meninas a vestirem-se com brilhos e lantejoulas — sentimos-nos perdidos no mercado”, explica Sara, 40 anos, que em 2003 criou a marca Aforest e anos depois se estreou na ModaLisboa. “Queríamos roupa sem excessos, descomplicada - não roupa de domingo para visitar a avó”, acrescenta Pedro, 37 anos, que após se formar no London College of Fashion estagiou com Matthew Williamson, antes de regressar a Portugal onde traba-

lhou com Lidija Kolovrat. No final atribuem a ideia da Pecegueiro aos filhos: “Sem eles nunca nos teríamos lembrado de criar uma marca de crianças”. Juntos há sete anos, Sara e Pedro têm dois filhos em comum Zé Maria, cinco anos, e Sancha, de dois anos - que responsabilizam por esta iniciativa. “Foi a insatisfação com a oferta de moda infantil que nos levou a criar a Pecegueiro & F.os. Sem os nossos filhos nunca nos teríamos lembrado de criar uma marca de crianças”, conclui Sara. t

LECTRA VENDEU 3 MIL MÁQUINAS VECTOR

INDIANOS VICIADOS NO ONLINE

A Lectra anunciou a venda da Vector número 3 mil. A máquina de corte automático de tecido, criada há dez anos e que tem vindo a sofrer melhoramentos tecnológicos ao longo dos tempos, é amplamente utilizada nas indústrias da moda, automóvel e mobiliário. A alta precisão no corte e a capacidade de produzir peças sem espaços, gerando ganhos significativos nos materiais e menos desperdício, explicam este sucesso.

O comércio electrónico, que vale actualmente 4% do comércio de moda na Índia, vai quadruplicar nos próximos três anos, de acordo com o Fashion Forward 2020. Este relatório, elaborado pela Boston Consulting Group e o Facebook, avalia o potencial do mercado indiano de moda em 70 mil milhões de dólares e revela que 30% dos novos consumidores iniciam as suas compras com vestuário e calçado.

"Actualmente 39% da utilização de tecidos é para fins técnicos" Francesco Marchi director-geral Euratex

TROT FAZ CRESCER TROTINETE Matilde Vasconcellos é o exemplo de uma mulher empreendedora. Em 1992, quando tinha 25 anos criou uma empresa para lançar uma marca de roupa de criança – a Trotinete. Passados dois anos, percebeu que o furo comercial afinal podia estar no fardamento escolar. E estava. A Trotinete foi crescendo e em 2007 lançou a Trot, uma marca de fardas para a hotelaria, saúde e serviços. A galope prepara agora o lançamento de uma nova marca de jalecas direccionada aos ‘’Chefs’’ de cozinha, com o intuito de criar “um produto inovador, caracterizado pelo design funcional, apelativo e ergonómico”. O salto para as jalecas dos chefs não é dado no escuro, tal como não foi o lançamento da Trot. Os números são como o algodão. Não enganam. “O volume de negócios da empresa atingiu em 2015 a maior variação com uma subida de 65% no valor anual de facturação devido à forte aposta na marca Trot na área de hotelaria, saúde e de serviços”, conta Matilde Vasconcellos. Desdobrando a facturação da empresa, percebe-se que em 2016 o maior volume de negócios foi no sector colégios que representou 48% das vendas globais, seguido do sector da saúde com 29%, e dos serviços com

19% do total. Matilde focou-se no segmento de mercado da classe média-alta quando lançou o vestuário de criança com a marca Trotinete que colocou à venda em boutiques. E aceitou o repto de um colégio para comercializar uniformes escolares. Criou uma nova marca de Corporate Wear, a Trot, em 2007, seguindo o mesmo conceito dos colégios, orientada para a identidade corporativa de cada cliente. Em 2010, promove a internacionalização das marcas no mercado europeu e africano. Durante mais de uma década, face ao empreendedorismo, elevou a empresa que fundou, aumentando o número de trabalhadores e com impacto no mercado nacional e projecção internacional. “Exportamos cerca de 20% do produto para Europa e África, sendo Angola, Suíça e Espanha os principais mercados”. “Estamos também a apostar na área militar, conjuntamente com ajuda do Ministério da Defesa Nacional, que aposta na indústria têxtil portuguesa”. Assim, a Trotinete tornou-se membro da DNPA- NATO Support and Procurement Agency, podendo concorrer em concursos Internacionais da NATO. t

JN FAZ MANCHETE COM DESLOCALIZAÇÃO PARA ÁFRICA “Falta de trabalhadores leva têxtil para África”, foi a manchete da edição do JN num domingo de Abril em que o diário dedicou duas páginas a uma reportagem onde se afirma que países como a Tunísia e Marrocos estão a receber produção de empresas portuguesas de vestuário. “Há, nos últimos tempos, insuficiência de mão-de-obra em todos os domínios, sobretudo de costureiras no sector de vestuário”, afirma ao JN João Costa, vice-presidente da ATP, acrescentando que essa deslocalização é inevitável, sob pena de algumas empresas pararem a produção e não conseguirem responder às encomendas.


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TUDO SOBRE MODA, Á DISTÂNCIA DE UM CLIQUE!

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“CONSUMIDORES PREFEREM TUDO QUANTO É NATURAL E ORGÂNICO”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Carolina Guimarães e Jorge Fiel

Fátima Antunes 50 anos, nasceu, cresceu e vive em Vizela, mas estudou e trabalha em Guimarães. É a mais velha dos quatro filhos de Armando da SIlva Antunes, que em 1980 fundou a Lasa, no rés-do-chão da casa onde a família habitava no 1º andar. Desde miúda habituou-se a dar uma mão na fábrica - “o meu pai não gostava de nos ver sem fazer nada”. Tem dois filhos, o Miguel, 23 anos, gestor de activos financeiros no banco Best e empresário no ramo de próteses dentárias, e André, 19 anos, estudante e apaixonado pela política

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uando se trabalha com marcas como a Carré Blanc, Lacoste, Ralph Lauren, Missoni, Galerias Lafayette ou a Calvin Klein é natural que se queiram manter esses clientes...”, diz Fátima Antunes, explicando porque razão a Lasa vai continuar a fazer private label. Há mais de 30 anos que trabalha na Lasa. Este é o melhor momento que o grupo está a viver?

Já vivemos momentos muito melhores. Era bem mais fácil trabalhar quando recebíamos grandes encomendas e não tínhamos uma concorrência tão feroz. A crise obrigou-nos a um grande ajustamento e a flexibilizar a nossa estrutura para produzirmos quantidades mais pequenas. Como aguentaram o embate da adesão dos asiáticos à OMC?

Entramos num sistema permanente de ajustamento a uma realidade concorrencial muito diferente e bem mais agressiva. A flexibilização da estrutura produtiva foi apenas uma das componentes da nossa estratégia. O que fizeram mais?

Criamos a Lasa Internacional, o braço logístico da LASA, e apostamos em marcas próprias e numa relação directa com o retalho, o que nos obrigou a apresentar duas colecções/ano e a fazer um grande investimento em stocks permanentes para podermos fornecer quaisquer quantidades directamente em qualquer ponto da Europa, num prazo de 48 horas. Quando se fornece directamente o retalho, o preço deixa de ser o factor determinante?

Nesse segmento de negócio, a

nossa vantagem competitiva assenta essencialmente no design, na qualidade e no serviço, ou seja, na capacidade de dar uma resposta rápida, que garantimos por termos 130 mil referências em stock. O que aprenderam com a crise?

Aprendemos que para continuarmos a ser competitivos num mundo em permanente mudança não podemos parar de investir e de inovar nos recursos humanos, design e produtos diferenciadores. É essa a chave do sucesso?

O segredo é ter os clientes satisfeitos e a busca constante da excelência. Temos de estar sempre a melhorar o controlo de qualidade e os prazos de entrega enquanto reduzimos custos para sermos mais competitivos. Precisamos de estar sempre a aumentar os nossos níveis de eficiência. A melhoria constante do sistema e do processo são o centro da nossa filosofia de trabalho. Estão satisfeitos com a geografia das vossas exportações?

Exportamos cerca de 80% da produção. A Europa é o principal destino. O mercado mais importante é a França, logo seguido da Espanha e da Alemanha. Estamos a apostar no aumento das vendas para mercados extracomunitários, onde já temos posições interessantes, como os EUA, Canadá, México, Brasil, Colômbia e Japão.

"O respeito pelo ambiente passou a ser uma vantagem competitiva valiosa"

Nunca lhe passou pela cabeça fazer outra coisa na vida senão ajudar o pai a levar para a frente e fazer crescer a fábrica que este criara quando ela ainda estava a entrar na adolescência. Uma meia dúzia de anos volvidos, tinha ela 18 anos, começou a trabalhar na Lasa. O pretexto foi a substituição de uma colaboradora da área das compras que acabara de entrar em licença de parto. Mas o bebé nasceu, a ex-grávida voltou e Fátima ficou. Passou por todos os departamentos da empresa para se enfarinhar nos segredos do negócio. E pouco tempo depois, ao ver que o investimento na fiação (Filasa) exigia que alguém de confiança se especializasse na matéria, o pai mandou-a para Bakersfield, na Califórnia, fazer um curso intensivo de três meses em que aprendeu tudo sobre algodões. E o provisório tornou-se definitivo.

No mercado interno as vendas estão estáveis?

Têm andado no patamar dos 20%, o que é para manter. A única mudança está na deslocação do consumo do pequeno retalho, que tem vindo a cair, para as grandes superfícies, que colocam encomendas cada vez maiores. Porque é que estão a voltar a Portugal clientes que fugiram para a Ásia em busca de preço?

Por não se sentirem confortáveis com as quantidades exigidas, os prazos de entrega e a própria qualidade. E ainda devido à insegurança. Veja-se o caso da Turquia que

tem sofrido por causa da turbulência política. Por causa da crise apostaram em marcas próprias. Quanto pesam na vossa facturação?

A Lasa Home e as nossas outras marcas - como a Lasarito (segmento kids), La Granja (têxteis para cozinha) - valem cerca de 1/3 do nosso volume de negócios. O objectivo é aumentar o seu peso até aos 45%, um crescimento à custa da diminuição das marcas que produzimos sob licença, um

segmento de negócio menos rentável. O private label compensa?

Quando se trabalha com marcas como a Carré Blanc, Lacoste, Ralph Lauren, Missoni, Galerias Lafayette ou a Calvin Klein - só para citar meia dúzia de uma lista enorme -, é natural que se queiram manter esses clientes. A que correspondeu a abertura de lojas próprias?

A cadeia LARSHOP, um conceito outlet, correspondeu à necessidade de escoar produto numa aproximação directa ao consumidor final. A aposta no online internacional vai no sentido de complementar com o B2C o B2B, onde somos fortes e temos muita experiência. Como estão as vendas online?

Começamos há pouco mais de um ano. Ainda estamos a aprender, dado que fazemos tudo internamente. Vendemos através do nosso site e duas grandes plataformas de e.commerce. Trata-se de um processo algo demorado, em que para impor a marca Lasa Home é preciso fazer uma grande aposta em webmarketing. Para começar, focamo-nos apenas no mercado alemão. Porquê?

Cada mercado tem o seu gosto e as suas medidas. Os alemães, por exemplo, gostam de padrões muito coloridos, de uma explosão de cores. Mas o que funciona em França já é um produto completamente diferente, muito mais sóbrio e clássico. Por isso decidimos adequar a nossa oferta online às idiossincrasias de cada país.

meses verificamos aumentos interessantes, atendendo a que se trata de uma marca nova. Estamos numa curva claramente ascendente. A Lasa iniciou a verticalização com a criação de uma fiação...

A Filasa nasceu com uma dupla actividade de produção e trading para garantir o abastecimento de fios ao grupo, em qualidade e quantidade. No entretanto foi crescendo, evoluindo e ganhando vida própria, sendo hoje a segunda maior fiação na UE. Já exportam directamente?

Como parte do grupo LASA, a Filasa tem no ADN esse espírito de ir além fronteiras e começamos a exportar desde muito cedo. Vamos duas vezes por ano à Première Vision, onde apresentamos sempre novidades. Temos investido muito não só em equipamento, mas também em inovação, desenvolvimento e sustentabilidade. Fomos a primeira fiação portuguesa a receber a certificação BCI- Better Cotton Initiative. Como é que a Filasa sobreviveu à hecatombe que vitimou muitas fiações em Portugal?

A fiação é um sector onde há três factores cruciais: capital intensivo em que é necessário um investimento constante, decisão nas compras das matérias-primas - que são cotadas em bolsa -, e controlo do peso dos custos energéticos na produção. A capacidade de gerir esses segmentos é essencial. Mas um factor determinante da sobrevivência da Filasa passou pela instalação de uma tinturaria de fio, com máquinas de 3 a 840 kilos e uma capacidade de produção de 10 mil kilos/dia.

Para onde vão a seguir?

Para o Reino Unido, um mercado completamente diferente do alemão. A escolha tem a ver com o facto de ser o país europeu onde se consome mais online. E como é que estão a correr as vendas online na Alemanha?

Partimos do zero, mas todos os

A compra da Luzmont2 foi o segundo grande passo na verticalização da Lasa...

Permitiu-nos complementar a oferta de felpos para banho com artigos de mesa e cama - lençóis, cobertores, edredons, mantas e colchas. Com a Luzmont2 fechamos a oferta de têxteis para a


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37 anos

L de lenços ASA de Armando Silva Antunes Em 1971, Portugal começava a desencantar-se com a Primavera Marcelista, quando Armando da Silva Antunes, debuxador na Varela & Pinto, arriscou estabelecer-se com um negócio de venda de lenços de bolso e cabeça e panos de cozinha, onde foi acumulando os cabedais necessários para em 1980, com Portugal democrático já livre do Condicionamento Industrial, se abalançar a investir numa fábrica de atoalhados de felpo para banho - que leva na razão social as suas iniciais antecedidas do L de lenços (a sua primeira actividade empresarial).

casa. Sermos verticais é sinónimo de sermos mais competitivos, para além de que nos permite uma maior rapidez na resposta às encomendas dos clientes. Qual o objectivo do investimento na Kroma?

A ideia foi diversificar a nossa oferta, dar mais qualquer coisa ao cliente para além dos produtos lisos e jacquards. E investindo agora, não faria qualquer sentido ir para a estamparia de quadros, mas sim para a digital onde é possível fazer tudo o que os clientes querem. Há cada vez mais moda nos têxteis-lar?

Sim. E acompanha a moda do vestuário, o que obriga o nosso departamento de design a estar muito atento a tudo para acompanhar as tendências e se possível antecipá-las. É uma área a que o meu pai dedica especial carinho. O que está agora a dar?

O ambiente friendly é uma tendência que atravessa horizontalmente todos os mercados. Os consumidores preferem tudo quanto é natural e orgânico, o 100% algodão. E muitos clientes questionam a origem do algodão – ainda recentemente tivemos de garantir por certificação que os nossos produtos não usavam algodão do Uzbequistão, onde empregam trabalho infantil na recolha das ramas. A sustentabilidade compensa?

O respeito pelo ambiente passou a ser uma vantagem competitiva valiosa. Nós percebemos isso e o grupo tem diversas certificações na área da qualidade do produto, serviços e ambiente. A etiqueta made in Portugal ajuda a vender no estrangeiro?

Sim. A imagem internacional dos nossos têxteis-lar é muito boa. Está ao nível do made in Italy e do que melhor se oferece no mundo. Infelizmente, em Itália, mas também em França e Espanha, está a assistir-se a um fenómeno de desindustrialização que espero

"O made in Portugal está ao nível do made in Italy"

não atinja o nosso país. A etiqueta Made in Portugal é já desejada por todos os clientes, pois para além de europeia, cria diferenciação. Até mesmo no Japão, o nosso distribuidor quer que utilizemos a etiqueta Made in Portugal. Que custos de contexto afectam a vossa competitividade?

Os custos energéticos são uma grande fatia das nossas despesas. É incompreensível o aumento da electricidade a que temos vindo a assistir todos os anos – e estamos a falar de incrementos de dois dígitos, o que nos dificulta ainda mais a vida face à concorrência internacional. Tivemos de fazer investimentos em centrais de cogeração, mas mesmo essas têm vindo a perder apoios. É fácil contratar mão-de-obra especializada?

Infelizmente, não. Há grandes problemas. A escassez de recursos humanos é um dos grande males que aflige o nosso sector. É muito difícil arranjar um bom tecelão, uma pessoa com formação em química para trabalhar com as máquinas de tinturaria ou um especialista em design. Estamos sempre a dar formação internamente para tentar contornar esse problema, uma vez que o nosso ensino de cariz técnico deixou de dar resposta. Muitos industriais queixam-se do acesso e custo do dinheiro...

Não temos sentido dificuldades em financiar os nossos investimentos. Temos em curso um programa de investimento orçado em 7,5 milhões de euros, 1,5

volvidos sobre a sua fundação, o grupo Lasa tem um volume de negócios consolidado de 60 milhões de euros e emprega cerca de 800 pessoas, integrando sete empresas: a Lasa (felpos), Filasa (fiação), Luzmont2 (cama, cozinha e mesa), Filasa Recursos Energéticos (cogeração), Kroma (estamparia digital), ImobilLasa (imobiliário), A&A (soluções decorativas), para além de escritórios e delegações comerciais no estrangeiro (Espanha, Alemanha, França, Itália, Suíça, Reino Unido e Japão) e a rede de retalho LARShop, com oito lojas em Portugal - Porto (Cedofeita e Santa Catarina), Lisboa (24 de Julho e Telheiras), Guimarães (fábrica), Vizela (Fórum), Vila Real de Stº António e Espinho - e uma em Achern (Alemanha).

milhões na criação da Kroma, 2,5 milhões na Filasa, em equipamento e I&D, e 3,5 milhões na Lasa, onde estamos a alterar essencialmente o processo de acabamentos e modernizar a tecelagem.

As perguntas de

É um investimento em aumento de capacidade?

A capacidade aumenta, porque os novos equipamentos são mais rápidos e produtivos, mas o grande objectivo desta modernização é aumentar a nossa competitividade e a qualidade - os novos teares melhoram a qualidade, são mais versáteis e, ao mesmo tempo, reduzem o consumo de energia. Aumentar a eficiência e reduzir os custos são a nossa preocupação número um. A Lasa é um grupo familiar. A passagem da primeira para a segunda geração foi fácil?

O primeira e a segunda geração convivem harmoniosamente na gestão do grupo. O meu pai continua sempre presente, cumprindo religiosamente o horário e trabalhando com a mesma paixão com que se tornou empresário há 46 anos. O meu irmão José trata da parte produtiva, enquanto a minha irmã Isabel ocupa-se mais da área do design. Já está a ser preparada a passagem para a terceira geração?

Isso não vai acontecer tão cedo. Eu, os meus pais e os meus irmãos ainda estamos aqui para lavar e durar. Achamos aconselhável que a terceira geração aproveite este tempo para enriquecer em conhecimentos e ganhar experiência fazendo carreiras fora, antes de vir trabalhar para a Lasa. Como vê a Lasa em 2027?

Como uma marca internacional de produtos para a casa, com uma presença industrial forte mas também recorrendo ao sourcing externo para complementar a nossa oferta nos segmentos em que não temos produção ou nas gamas mais baratas. t

Virgínia Abreu CEO Crispim Abreu

Artur Soutinho CEO grupo MoreTextile

A que tipo de actividades recorre para relaxar e se libertar do stress do trabalho?

Como foi e como é hoje compatibilizar as responsabilidades de mãe as responsabilidades executivas de uma grande empresa?

Sempre que posso gosto de ler, passear com os meus cães, estar com amigos e ir ao ginásio – tento ir duas vezes por semana, gosto de ir a aulas de pilates. Gosto também de caminhar ao fim do dia e ao fim-de-semana, no Parque da Cidade, quando tenho tempo. Todas estas coisas são uma boa terapia. O que deixou de fazer, e o que gostaria de ter feito, por se ter dedicado tanto à empresa?

Gosto muito daquilo que faço. Não me imaginava noutra profissão. Se voltasse atrás, talvez não começasse a trabalhar tão cedo e experimentasse estudar mais, ou mesmo ir trabalhar no estrangeiro antes de vir trabalhar com o meu pai. Mas também sei que por muito que uma pessoa estude, não há nada que chegue ao saber cimentado da experiência. t

Hoje essa situação não se coloca pois os meus filhos já são adultos. No passado foi difícil, sobretudo na altura em que ia para feiras e de visita a clientes. Sei por experiência própria que é mais difícil ser mulher, acumular as profissões de empresária e de mãe, com responsabilidades acrescidas na educação dos filhos e na organização da casa. Mas sempre consegui conciliar as duas responsabilidades. Com ajuda em casa, nas tarefas domésticas e da família, acrescida de algum rigor no planeamento e organização, sempre consegui arranjar tempo para tudo. Como se poderá diferenciar e valorizar o têxtil made in Portugal?

Não é difícil, porque o que é feito em Portugal é bom, acompanha as tendências, tem qualidade e serviço e sabe vender a sua imagem.t


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OLBO & MEHLER INVESTE MAIS 1,4 MILHÕES A Olbo & Mehler vai investir 1,4 milhões de euros na compra de novos equipamentos e na construção de um novo pavilhão. O projecto já recebeu luz verde da Câmara Municipal de Famalicão, designadamente na parte respeitante à construção do pavilhão que visa a optimização dos fluxos logísticos relacionados com os produtos acabados.

"Privilegiamos a margem dos produtos, o que cria riqueza e dá rentabilidade. Não fazemos produções em massa para diluir custos. A nossa estratégia é de produtor de valor acrescentado e vamos mantê-la"

MO ASSUME-SE COMO EASY FASHION

A MO reajustou o seu posicionamento para easy fashion. “Com a MO deve ser fácil estar na moda, daí este conceito: easy no sentido de descomplicar a moda, easy no sentido de apresentar múltiplas combinações, sugestões e dicas; easy no sentido de dar empowerment a todas as mulheres, respeitando o seu corpo, o seu estilo de vida, a sua essência, não seguindo arquétipos e aceitando as suas escolhas”, explica Raquel Vasconcelos, Head of Marketing da marca de moda do grupo Sonae. t

GANHAMOS 13,7 EUROS/HORA Os portugueses ganham, em média, 13,7 euros (brutos) à hora. A boa notícia é que é mais 2,5% do que em 2015. A má é que é menos de metade da média dos parceiros da zona euro e três vezes menos do que os belgas. Estas são algumas das conclusões sobre o custo horário da mão-de-obra na União Europa, divulgadas pelo Eurostat. O custo laboral por hora em Portugal subiu 2,5% em 2016 face ao ano anterior, acima da média da União Europeia (1,6%). Mas, apesar da ligeira recuperação económica e da redução do desemprego, continua a ser o sexto mais baixo da zona euro. Desde que saiu do

programa de ajustamento em 2014, esse mesmo valor cresceu 3,8%. O gabinete de estatísticas de Bruxelas conclui ainda que o custo médio por hora trabalhada em Portugal representa 46% da média da zona euro, antes do resgate em 2008 valia mais de 48%. O relatório do Eurostat indica que o salário à hora tem vindo a recuperar com maior dinamismo do que nas restantes economias da União Europeia. No caso português, o nível de recuperação foi o 12o mais forte entre os Estados-membros, igualando a recuperação da Alemanha. Mas o salário hora de um alemão é de 33 euros, mais do dobro do

português. Com este custo de mão-de-obra, estamos em 19O lugar na UE 28, apenas à frente de Malta, Estónia, Eslováquia, Letónia e Lituânia. Estes valores dos custos laborais divulgados pelo Eurostat avaliam as remunerações brutas pagas no sector privado não agrícola (excepto administração pública e agricultura), e incluem os descontos das entidades patronais para sistemas de segurança social e outros impostos a seu cargo que incidam sobre o trabalho, e expurgar eventuais subsídios ao trabalho e apoios de formação profissional, explica a entidade da Comissão Europeia.t

RESET AMIGO DO SUSTENTÁVEL A Europa tem em curso, até 2021, um projecto que pretende criar uma nova abordagem sustentável para o desenvolvimento do sector têxtil. Trata-se do RESET Project e o CITEVE é uma das 10 instituições de 10 países diferentes que integram o consórcio. O objectivo geral do projecto RESET é influenciar uma mudança de atitude na implemen-

tação de políticas e de programas nos fundos estruturais, através da ligação entre a investigação, o desenvolvimento tecnológico e a inovação com a sustentabilidade do sector das Indústrias Têxtil e do Vestuário (ITV) das regiões envolvidas no projecto. É também objectivo melhorar os instrumentos de políticas públicas das regiões com vista a

apoiar a criação, gestão e a modernização das infraestruturas de I&D e Inovação que estão orientadas ao sector da ITV, recorrendo a abordagens sustentáveis, ecológicas, com valores éticos, sociais e económicos. O projecto é cofinanciado pelo programa europeu INTERREG EUROPA, sendo coordenado pelo Município de Prato, de Itália. t

Paulo Melo CEO Somelos Mix

GIVENCHY NA MODA INFANTIL Dos 0-12 anos, para o menino e para a menina: assim é a colecção da Givenchy para criança, que estará disponível a partir de Julho. Trata-se da primeira incursão da marca na moda infantil, feita pela mão da nova directora criativa, Clare Waight Keller. Todos os anos a Givenchy lançará duas colecções para criança.

ROUPAS MAIS POPULARES QUE VIAGENS Roupa, sapatos, malas, cintos ou bijuteria são as coisas que os portugueses mais compram pela internet. Só depois surgem as viagens e a tecnologia, de acordo com um estudo da PayPal, que revela que são mais de metade (53%) os consumidores online portugueses que adquiriram este tipo de produtos nos últimos doze meses.

BALENCIAGA COPIA SACO AZUL DO IKEA

É impossível não reconhecer à distância os clássicos sacos azuis do IKEA – e a Balenciaga, pegando nesse reconhecimento, criou um novo shopping bag inspirada nos sacos da cadeia de mobiliário. A diferença? Os sacos do IKEA custam 50 cêntimos; o da Balenciaga 1700 euros. O material também é diferente: o saco do IKEA é feito de um plástico resistente enquanto que o Balenciaga é feito em pele.

11 milhões

de horas de formação foram dadas o ano passado pelo Modatex


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FARFETCH CRESCE 550% EM TRÊS ANOS Um crescimento de 550% das receitas em três anos (2012/15) coloca a Farfetch no lote das empresas europeias que crescem mais rapidamente, de acordo com o ranking FT1000: Europe’s Fastest Companies. A lista elaborada pelo Financial Times é liderada por uma empresa alemã de entrega de refeições rápidas, a HelloFresh, que cresceu mais de 13 mil por cento. A Farfetch aparece 224º lugar do ranking.

16 %

dos prémios atribuídos na última edição da ISPO Munique foram conquistados por empresas portuguesas

INDÍGENAS DA PATAGÓNIA AMEAÇAM OVELHAS DA BENETTON

BONS NEGÓCIOS COM ALMA PAULISTANA

São cerca de 100 mil ovelhas e chegaram a fornecer 10% da lã utilizada na produção da Benetton, mas o rebanho está metido num conflito étnico e político. A propriedade da Benetton, um latifúndio na Patagónia com mais de 900 mil hectares (quase o dobro do Minho), está em zonas reclamadas pelos índios mapuches, que ali montaram já um pequeno povoado. As tentativas para expulsar os indígenas têm-se saldado por violentos confrontos e feridos graves. “Mataram e humilharam os nossos avós, mas nós dizemos basta. Não temos medo, eles têm balas mas nós temos pedras”, dizem os ocupantes.

"Portugal é cada vez mais visto como um país de design e de tecnologia aplicada à moda"

À boa moda do Brasil, não faltou agitação e alegria no trabalho na última Tecnotêxtil, que decorreu entre 24 e 28 de Abril, em São Paulo. Viveu-se um autêntico vai e vem nos stands da Island Cosmos, da Tintex, da Lipaco (CEO Jorge Pereira, na foto), do CITEVE na parte da feira dedicada aos têxteis técnicos e também não faltaram fregueses no stand da S. Roque, na área das máquinas. t

LMA E TINTEX CONQUISTAM JÚRI DA PERFORMANCE DAYS A LMA e a Tintex fazem parte das “escolhas do júri” da Performance Days, que aconteceu entre os dias 26 e 27 de Abril, em Munique. O tema desta edição foram as fibras e os tecidos biodegradáveis num curto período de tempo e as duas empresas portuguesas mereceram destaque entre as 24 escolhas do júri. Da Tintex foi seleccionado um jersey fantasia multifuncional em algodão reciclado e

caxemira, capaz de uma secagem rápida e de regulação de odores; já da LMA foi escolhida uma lã merino, com protecção UV, capacidade termorreguladora, rápida secagem e regulação de odores. A Performance Days recebeu, para além destas duas empresas, a A. Sampaio, a Nordstark e a Sidónios Malhas – que em conjunto com a LMA formaram a comitiva da Selectiva Moda, que foi pela primeira vez ao certame com o pro-

jecto From Portugal. Esta é a oitava edição da feira, que se realiza duas vezes por ano e é especializada em têxteis funcionais para roupa desportiva, de trabalho, entre outros. As cinco empresas portuguesas fizeram parte de um universo de 175 expositores, de 24 países. Em dois dias de trabalho intenso, quem viu e passou garante que das 9 da manhã – hora da abertura do certame – até ao fecho, nunca havia stands vazios. t

António Cunha sales area manager da Orfama

A ARTE DE BEM LIDAR COM LEGGINGS Adora usar leggings, especialmente os estampados, mas fica arreliadíssima porque ao fim de algumas lavagens eles ficam gastos e semitransparentes? A culpa é da máquina de lavar, garante o site She Finds, que fornece a solução para este drama. Tal como os bikinis e fatos de banho, os leggings devem ser ser lavados à mão para que não percam a cor e o tecido não se desgaste. E não precisa de stressar com a lavagem manual. Basta encher o lavatório da casa de banho com água fria e um pouco de detergente suave. Agite os seus leggings nessa água, ensopando-os, em vez de os torcer.

MUNICH FABRIC START CRIA NOVA FEIRA DE PRIVATE LABEL Chama-se Munich Apparel Source e é a mais recente aposta da Munich Fabric Start no mercado do private label. A partir de Setembro, os visitantes poderão visitar a feira de tecidos mas também empresas de confecção de vestuário e acessórios, num novo certame que ficará a cinco minutos da feira mãe. O novo salão torna-se assim na única feira

de sourcing em toda a Alemanha e contará com cerca de 150 expositores na sua primeira edição, que decorre de 5 a 7 de Setembro – em simultâneo com a Munich Fabric Start. A nova feira integra o projecto da Selectiva Moda, que apoia a participação das empresas nacionais através do Portugal 2020 e Compete 2020. Três empresas portuguesas já estão inscritas no

certame, que contará com participantes de vários países, como Egipto, Turquia, Macedónia, Alemanha, Índia e Hong Kong. A Munich Fabric Start alarga assim os seus horizontes e área de trabalho, consolidando-se como uma das feiras de maior importância na Europa. Lembre-se que, na sua última edição, o certame recebeu 30 empresas portuguesas. t


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Carolina Guimarães

Inforcávado

Rua da Olivença, Apartado 5072 4750-134, Arcozelo Barcelos

Área de Trabalho informática com enfoque na têxtil Funcionários 14 Proprietário Armando Mota Empresas com quem trabalham Têxtil António Falcão, Grupo Valérius, Givec, Matias &Araújo Facturação em 2016 700 mil euros

JEANS LEVI’S COM FECHO ECLAIR TRASEIRO PARA MOSTRAR O RABO A Vêtements acaba de lançar, em parceria com a Levi’s, uns jeans cuja inovação consiste em mostrar as nádegas, deixando ao critério da utilizadora a porção desta parte do corpo que pretende arejar. A moda baseia-se num fecho éclair colocado na costura traseira das calças e shorts, que se pode ir abrindo aos poucos - ou totalmente…

"O próprio chinês, no segmento da alta qualidade, não gosta de ver na etiqueta Made in China" Paulo Faria diretor comercial da Paula Borges

Growing together Depois de trabalhar vários anos como programador em empresas têxteis, Armando Mota pegou em todo o know-how adquirido por entre os fios e as malhas e lançou-se numa aventura a solo. Em 2002 criou a Inforcávado, inicialmente com uma equipa de quatro pessoas, que desenvolve e implementa soluções informáticas ao nível do apoio à gestão, com um grande enfoque na área têxtil, com a plataforma Protextil, que representa cerca de 80% da facturação. Quinze anos volvidos, e agora com catorze funcionários, a empresa mantém o seu mote de sempre: “growing together” (crescemos juntos). Porque à medida que as empresas vão evoluindo ou disponibilizando outros serviços, a Inforcávado acompanha-as, adaptando os sistemas criados de forma a que se ajustem àquilo que as empresas parceiras necessitam. “O sistema que criámos permite dar resposta ao crescimento dos clientes”, afirma Armando Mota. “Nós oferecemos um serviço de proximidade, adaptável às empresas. Não temos duas com a mesma solução”, conclui. O sistema Protextil é 100% made in Portugal, desenvolvido dentro das paredes da empresa de Barcelos e é capaz de acompanhar todo o

sistema produtivo dos clientes – desde o planeamento, passando pelo controle de produção e subcontratação até a emissão da factura. Para além do acompanhamento constante prestado pela empresa e pela flexibilidade do software , que dizem ser a sua grande mais valia, a Inforcávado está sempre um passo à frente. “Lançamos novidades todos os meses e temos uma forma de pensar reactiva. Se vemos que o mercado precisa disto, investimos e avançamos”, diz Armando. “Não temos pacotes ou vendas pela internet ”, acrescenta. “Neste caso, não é só chegar lá e vender o produto”, uma vez que o software é adaptado às necessidades de cada um – o que faz com que o know-how da empresa no ramo têxtil seja essencial para a obtenção de bons resultados. A Inforcávado desenvolve e adapta as soluções, dando depois formação e por fim suporte técnico e consultoria, sempre que necessário. A crescer desde 2010, altura em que o sector têxtil começou à subir à tona depois da crise que o assolou, a Inforcávado aposta num crescimento sustentado e de braço dado com os seus parceiros de negócios, nunca esquecendo que o caminho se faz caminhando. t

PEDROSA & RODRIGUES COM STEP DE GRAU 3

CONCEIÇÃO E TROTINETE NOS TÊXTEIS VERDES

A Pedrosa & Rodrigues recebeu o terceiro certificado STeP concluído no âmbito do projeto Green Textiles Club. A certificação atribuída é de grau 3, a mais exigente, incluindo as áreas de gestão de produtos químicos, performance ambiental, gestão ambiental, responsabilidade social, gestão de qualidade e ainda saúde e segurança.

A Conceição Pereira & Carvalho e a Trotinete aderiram ao Green Textiles Clube, que passou assim a integrar as seguintes 17 empresas: António Salgado; A. Sampaio & Filhos; Bê−Dex Têxteis; Carcemal; Clariause; Conceição Pereira & Carvalho; Cordeiro, Campos & C; Domingos de Sousa & Filhos; Lopes & Carvalho; Pafil Confecções; Pedrosa & Rodrigues; Silsa Confeções; Sonicarla Europa; Tapa Costuras; Têxteis Penedo; Têxtil Sancar e Trotinete.

EXPORTAÇÕES ESPANHOLAS CRESCEM 17,4% O surpreendente boom das exportações espanholas, que cresceram 17,4% em Janeiro, levou o Governo de Madrid a rever em alta, para 3%, as previsões do crescimento do PIB do país do vizinho em 2017 - acima das estimativas do Banco de Espanha (2,8%) e da Comissão Europeia e FMI (2,3%).

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é o peso que os têxteis técnicos terão, no final do ano, no conjunto da produção da nossa ITV; de acordo com as previsões da ATP


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GERITEX FACILITA VIDA DOS CUIDADORES Raposo Antunes

A Geritex tem no mercado “uma manta de segurança transpirável para cama convencional, articulada ou hospitalar com 11 pontos de fixação à estrutura da cama por sistema de cinta e mola de fecho, reguláveis individualmente”. Este sistema certificado pelo Infarmed, é designado como SafetyBed System e é um dos dispositivos médicos, que utilizam têxtil, e que são vendidos por esta start up criada no Porto em Março de 2016. Acumulando já 30 anos de conhecimentos e experiência na área dos dispositivos médicos, a Geritex foi criada por Ricardo Pacheco, 38 anos e o irmão Alexandre, 32 anos. “Somos certificados no Infarmed, fabricamos dispositivos médicos e apostamos no desenvolvi-

mento de produto”, diz Ricardo, acrescentando que o objectivo da Geritex “é o de colmatar falhas existentes no mercado de forma a poder ajudar quem precise de uma nova solução”. A empresa faz também com sucesso diversos produtos que previnem as úlceras de pressão, designadamente colchões anti-escaras e almofadas de decúbito e ou posicionamento. Neste dispositivo de contenção ou segurança (SafetyBed System), que é feito com polyester transpirável 3D, a Geritex contou com a colaboração da OldCare no desenvolvimento e do Centro Comunitário da Gafanha do Carmo que fez um vídeo sobre a utilização da manta nos utentes desta instituição e que só no primeiro dia teve mais de 15 mil visualizações. A manta “elimina a capacidade de saltar as grades laterais de protecção das camas hospi-

talares, evita o risco de queda acidental da cama por desorientação, tanto em camas convencionais, como articuladas ou hospitalares”. “Permite posicionar a pessoa ao longo do sono em vários decúbitos ajustando o dispositivo a cada posicionamento, permitindo liberdade de movimentos, sem imobilizar nenhum dos membros, ou qualquer outra parte do corpo, diminuindo a ansiedade do doente. Evita o risco de úlceras de pressão por fricção ou imobilização por longos períodos”, diz a empresa. Ainda de acordo com a Geritex, o SafetyBed System é indicado para pacientes em estado de desorientação ou estado demencial, que tentem levantar-se sozinhos da cama e que por motivos de falta de força muscular ou descoordenação motora apresentem um alto risco de queda. t

ANA NOS IRMÃOS RODRIGUES A Irmãos Rodrigues Confecções contratou Ana Regina Tavares para o cargo de International Sales Manager, tendo como tarefa a abertura de novos mercados (nomeadamente no continente americano) e a conquista de novos clientes. Com sede em Barcelos, a Irmãos Rodrigues faz um volume de negócios de 16 milhões de euros/ano e trabalha em regime de private label para marcas como Uterque, Massimo Dutti, Oysho, Next e Paul Smith.

"Há cada vez mais grandes grupos a regressar a Portugal e dispostos a pagar mais para terem o made in Portugal" Joana Liberal diretora comercial da Piubelle

ARNAUT DIRIGE VOGUE ARABIA Manuel Arnaut é o novo director da Vogue Arábia, lugar deixado por Seena Aljuhani Abdulaziz. Após passagens pelas edições portuguesas da Vogue e GQ, Arnaut dirigia e Architectural Digest no Médio Oriente e já tinha passado pelas edições portuguesas da Vogue e da GQ.


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DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães

Downtown by MRJoias Largo de São Domingos nº32 4050-545 Porto

Produtos jóias, roupa de mulher, swimwear e resortwear Marcas Vita Kin, Dodo Bar Or, Alanui, Mara Hoffman, Camilla With Love Inauguração Outubro 2015

RONALDO FAZ JEANS NA ÁFRICA DO SUL CR7 Denim é a marca de jeans que Cristiano Ronaldo vai lançar e que chegará em Junho às prateleiras. Com peças vocacionadas para um cliente masculino entre os 18 e 26 anos, a linha inclui calças, blusões e sweats . De acordo com a Vogue Brasil, as peças já estão em produção, na África do Sul, e terão preços entre 80 e cerca de 200 euros.

"Temos vindo permanentemente a renovar o nosso parque de máquinas, essencialmente na parte dos acabamentos mas também nos bordados" Amélia Marques administradora da Bovi

ONOFRE GANHA CALÇADO COM VANTAGEM DE 41 VOTOS

Uma viagem pelo mundo A Downtown by MRJoias nasceu porque o universo assim o quis: primeiro porque o espaço no Largo de São Domingos, que já pertencia à família, ficou vago e precisava de obras; segundo porque Catarina, filha de Cristina Rodrigues, proprietária da loja, tinha acabado de tirar o curso de Gestão e completado short courses em moda e, de acordo com Cristina, “estava cheia de vontade de meter as mãos na massa”; e terceiro porque tanto a mãe como a filha achavam que havia marcas e designers que mereciam divulgação e que valia a pena ter no Porto. Ajudou o facto de, nas veias da família, já correr o bichinho do negócio de rua: já há 33 anos que detêm a joalharia MRJoias, na Rua Júlio Dinis, no Porto. A nova loja, que alia a roupa às jóias, nasceu por isso sobre a alçada (e o nome) do já existente negócio de família, virado agora para um público mais jovem, informado e que gosta de ter peças exclusivas durante todo o ano. Apesar de no Largo de São Domingos mal se ouvir falar português devido à enchente de estrangeiros que se vive no Porto, Catarina diz que “não dá para viver só do turismo. É uma componente importante, mas vivemos muito dos nossos clientes nacionais”. E nisso, a fama que carregam da joalharia de família ajudou bastante: “Já éramos muito conhecidos pela MRJoias e esse conhecimento que veio de trás ajudou muito a disseminar este novo conceito”, acrescenta. Na Downtown, como explica Catarina, “as peças falam por si” e são uma autêntica viagem

pelo mundo, levada pela mão de estilistas de renome internacional que, na sua grande maioria, só se encontram aqui – e sempre em pequenas quantidades, de forma a que o cliente sinta que aquela peça é só sua. São exemplos Vita Kin, estilista ucraniana que faz vestidos manualmente e com um estilo muito próprio; a israelita Dodo Bar Or e a australiana Camilla With Love, que faz com que o Verão more durante todo o ano na loja. Sim, porque aqui não há estações: há biquínis e roupa de banho durante todo o ano, assim como casacos de malha para o tempo frio, para todos os clientes que apreciem comprar peças fora de horas ou que gostem de trocar de trópicos de quando em vez. E esta é também a razão pela qual nunca existem saldos. “Para nós uma coisa que é bonita hoje, não deixa de ser bonita amanhã só porque decidiram que é época de saldos”, justifica Catarina. Há também uma área dedicada às jóias, uma vez ser esse o core principal no negócio. Prontas para conjugar com todas as roupas expostas, a maioria das peças são desenhadas por Cristina Rodrigues, feitas em ouro e diamante mas maioritariamente em prata, com o objectivo de chegar a um público-alvo mais abrangente. Tal como tudo o que se encontra neste espaço, as jóias são vistas como intemporais e prontas para usar em qualquer ocasião do ano. Mas, acima de tudo, respeitam o denominador comum que une todo o conceito da Downton by MRJoias: a visão de uma mãe e de uma filha sobre aquilo que é a moda de hoje em dia. t

Uma vantagem de 41 votos, entre os cerca de 1 700 associados que se manifestaram na urna, foi suficiente para eleger Luís Onofre, presidente da direcção da APICCAPS, nas mais renhidas e disputadas eleições desta associação - pela primeira vez houve duas listas. O render da guarda no calçado engloba também Manuel Carlos, director-geral nos últimos 40 anos, que passa a ocupar o cargo de presidente não executivo. João Maia, 38 anos, é o novo director-geral.

QUÉNIA QUER SEDUZIR AS TÊXTEIS COM ISENÇÃO DE TAXAS A isenção parcial de taxas de venda e de importação para as empresas têxteis é uma das medidas que o governo queniano anunciou, com o objectivo de criar mais postos de trabalho e providenciar roupas mais baratas para o retalho. O objectivo é incrementar a indústria têxtil no Quénia e aumentar o consumo interno de roupas novas, que diminuiu drasticamente a partir dos anos 80, altura em que o país começou a importar roupas em segunda mão dos Estados Unidos e da Europa.

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é a taxa de sindicalização no nosso país. Ou seja, apenas um em cada dez trabalhadores está filiado num sindicato


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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Rita Fernandes Administradora da Mundifios Família Tem dois filhos, o Pedro, dez anos, e a Sofia, de oito Formação Curso de Português/ Inglês Casa Andar na marginal fluvial do Porto Carro SUV Portátil Mac Telemóvel iPhone 7 Hóbis Passar fins-de-semana na casa de família em Guimarães com os miúdos, ler, viajar, ir ao cinema, estar com os amigos Férias “Em Agosto passamos um mês no Algarve em família, na praia do Garrão” Regra de ouro “Ser feliz junto dos que me são queridos e trabalhar para o sucesso profissional”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

À terceira foi de vez Por duas vezes teve de introduzir uma nova direcção no GPS da sua vida. Mas à terceira foi de vez. Tinha 30 anos e dois filhos quando resolveu deitar âncora na Mundifios - a maior trading ibérica de fios, fundada pelo pai - e tomar em mãos o projecto de construir uma fiação inovadora a partir de uma velha fábrica e de um montão de máquinas bem mais velhas do que ela. “Estive dentro e estive fora. Agora é aqui que eu quero estar”, decidiu Rita Fernandes, no início da década, após ter experimentado trabalhar na empresa da família e andar por aí fora, entre Vila das Aves, Creixomil e Ílhavo, a dar aulas de Português e Inglês. Rita, 38 anos, nasceu e cresceu em Guimarães, numa família com pergaminhos na indústria têxtil (o bisavô já andava metido nos trapos), que começou a contaminá-la logo na idade da inocência - nas férias ia para Mundifios ajudar o pai a atender os telefones. Apesar de lhe correr sangue têxtil nas veias, a ideia fixa de ser advogada (“talvez magistrada”, concede) habitou-lhe a cabeça ao longo da escolaridade obrigatória, feita entre a escola das piscinas, a João Meira e a escola industrial. Não espanta, pois, que se tenha matriculado em Direito, na Católica do Porto. Um ano bastou para lhe tirar da cabeça a ideia de ser advogada. Foi uma chamada à realidade. “Tive a certeza absoluta de que não era aquele o curso que queria”, recorda Rita, a propósito do terrível mas esclarecedor ano lectivo de 1997/98. “Sempre lidei muito mal com o insucesso. Não consigo ser feliz quando sinto que estou a desapontar as pessoas de que gosto”, diz. Uma conversa séria com os pais, ajudou-a a recalcular a rota. “Explicaram-me que não adiantava nada insistir. Que eu tinha de fazer o que gostava. Mas tinha de tirar um curso”. O plano B foi a licenciatura de Português-Inglês, a que se seguiu no final do curso uma nova conversa séria em família. “Eu queria ir logo para a Mundifios. O meu pai tentou dissuadir-me. Tinha muito gosto em que eu fosse trabalhar com ele. Mas como essa porta estaria sempre aberta, se calhar era melhor eu primeiro ir ver como era isso de ser professora”. A argumentação de Joaquim Fernandes era muito razoável mas não era isso que, aos 22 anos, a impetuosa Rita queria ouvir. Insistiu com o pai que queria ir já para a empresa aprender os segredos do negócio dos fios. E ele fez-lhe a vontade. “Instalei-me na sala do meu pai, numa secretária ao lado da dele, com a tarefa de o ajudar nas compras. Estava cheia de medo de não estar à altura das responsabilidades. Pedia preços de fios e depois de os reunir apresentava-os para decidirmos onde comprar. Nunca esquecerei o meu primeiro erro. Fechei contrato em USD com um fornecedor brasileiro e confirmei-o em euros. Fiquei tristíssima. Então o meu pai, que tem uma paciência inesgotável e uma enorme capacidade pedagógica, ensinou-me a aprender com os erros e a não me precipitar - tinha de pensar, escrever, analisar e conferir tudo com calma”. Nos anos seguintes, Rita fez-se mulher e empresária. Casou. Engravidou por duas vezes. Aprendeu passando pelos sectores mais importantes da empresa. E, dando o braço a torcer, experimentou ser professora. “Adorei dar aulas. Foi uma experiência que me realizou muito. Gostei de ver os miúdos a evoluir comigo e de disciplinar os indisciplinados. Eu era uma professora muito rigorosa que detestava baldas…”. Em 2010, com 30 anos, resolveu levar o rigor das salas de aulas para o chão de fábrica da Inovafil, a fiação criada pela Mundifios a partir dos activos da ex-Fiação de Covas. Havia tudo para fazer. Não havia laboratório. O planeamento era feito em cima do joelho, numa folha A3. “Foi necessário fazer tudo de novo. Reequipar a fábrica, mudar a mentalidade das pessoas e a forma de trabalharem. Na Mundifios tínhamos o know-how de organização de empresa. Tratou-se de o aplicar com rigor na Inovafil. O mundo do fabrico de fios especiais e fantasia era de um modo geral novo para nós. Estive um ano a aprender até apresentarmos a primeira colecção de fios especiais”, conclui Rita, a ex-professora de inglês que se apaixonou pela indústria - “reconheço que fiquei com o bichinho da produção...”, confessa. t


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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti

E para os pés? Mules!

FÃS DA H&M DOIDAS POR VESTIDO ROSA É curto, cor-de-rosa, cheio de lantejoulas e feito a partir de poliéster reciclado – e esgotou em menos de 24 horas, tanto nas lojas online como nas lojas físicas da H&M. O sucesso da peça foi tanto que há quem esteja a fazer negócio com ele, vendendo-o no ebay a preços bem mais acima do que o valor original. A peça custava, inicialmente, cerca de 180 euros, mas agora encontra-se no ebay com valores entre os 250€ e os 669€.

BONÉS DE OZIL ESGOTAM NUMA HORA O futebolista do Arsenal Mesut Özil lançou uma colecção limitada de t-shirts e bonés no seu website que esgotaram em apenas uma hora. A colecção intitulada “M10” voou: foram 250 t-shirts e outros 250 “caps” que quase imediatamente foram vendidos para os fãs do jogador alemão, que já prometeu que mais colecções limitadas vêm a caminho.

Acho que não é surpresa para ninguém que este modelo de sapato, a mule, é a grande tendência desta Primavera – é um facto indiscutível quer queiramos ou não. Há uma certa controvérsia em torno deste estilo – foi um hit dos anos 90 e quando ameaçou voltar há um ano sofreu alguma rejeição. Como quase tudo na moda a regra é “estranha-se e depois entranha-se”, o mesmo parece ter acontecido com as mules: entranharam-se em todas as colecções lançadas nesta temporada. Mas qual é a principal característica deste modelo algo estranho à primeira vista? A palavra tem origem francesa (claro, a grande capital histórica da moda) e designa um sapato com a parte de trás aberta e geralmente a da frente fechada – apesar de agora muitos chamarem de Mule alguns modelos com a ponta cap-toe (aberta). Com ou sem salto, a principal característica então é não ter a parte de trás (portanto muito fácil calçar – talvez por isso eu já os tenha adoptado!!) Poucos sabem no entanto que a mule é um modelo histórico. Aparentemente no século XVIII era usado

com saltos para ficar em casa... hábitos estranhos... E no início do século XX era associado às prostitutas... (ainda bem que esta imagem já foi banida do imaginário colectivo!) Foi só na década de 50 que o estilo se popularizou com a diva Marilyn Monroe – uma adepta assumida das mules, e eliminou-se a má imagem que ainda poderiam ter. A partir daí elas se tornaram figura fácil na moda - entram e saem das tendências regularmente. Claramente estamos numa estação onde elas são as protagonistas nos pés de quase toda mulher que minimamente gosta de moda e acompanha o que se passa neste “mundinho”. Opções no mercado não faltam: coloridas, estampadas, lisas, com salto, sem salto, bico arredondado, bico mais quadrado, bico fino, em camurça, em pele, em tecido... E vale usar com quase todo tipo de peça: calças culottes, calças cigarettes, calças de ganga skinny, boyfriend style, saias curtas, midi, longas, calções, vestidos... não há erro. Basta querer, escolher o modelo que mais de adequa ao seu estilo e apostar! Uma coisa é garantida: Marilyn Monroe salvou-nos de maus entendidos... t

VESTIDO DE NOIVA KIABI COM MIRTILO A Kiabi acaba de lançar um vestido de noiva low-cost que tem, no seu forro, uma bainha com sementes de mirtilo – um símbolo do amor verdadeiro e delicado. O objectivo é aliar o casamento aos antigos rituais de fertilidade e amor, a partir de elementos da natureza. O vestido deve ser aberto logo após o casamento e as sementes semeadas. Branco, com um corte elegante e detalhes em renda, o vestido “Flore” está à venda por 80€ nas lojas Kiabi.


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OPINIÃO 1997

Paulo Vaz Director-Geral da ATP e Editor do T

A TECNOLOGIA SALVOU A TÊXTIL

MODTISSIMO ATENTO ÀS TENDÊNCIAS Na Modtissimo a preocupação com a informação sobre as tendências existe desde as edições mais remotas. Neste Fórum as tendências eram apresentadas de uma forma artística, como se de quadros de uma exposição se tratasse. É também muito engraçado perceber a época recuada, através da análise da vestimenta que trazem os compradores que não quiseram perder pitada do que nesse passado se prometia vir a dar no futuro. t

Há momentos em que nos damos conta do tempo que já vivemos, e do tempo que convivemos com realidades a que acabamos por lhe dedicar a vida. É o que me acontece com a ITV, à qual já dediquei 30 anos de vida e trabalho, entre empresas e o associativismo. Pensei que seria algo transitório, depois tornou-se permanente e, agora, mesmo que o deixe amanhã mesmo, a Têxtil acabou por se consubstanciar em mim e nada já a substituirá na relevância e sentido que me deram à existência. Uma bênção ou maldição, segundo a disposição. Isto para dizer que, o facto de estar há tantos anos no setor me confere a qualidade de testemunha presencial, que assistiu a muito: a momentos bons e menos bons, choques dramáticos e projetos galvanizadores, partilhados com gente de grande qualidade, alguns mesmo notáveis e insubstituíveis, e outros que não permito que mereçam recordação. Tal como na vida em geral. Desde que cheguei à Têxtil, existiram apenas dois momentos em que a palavra crise não entremeou os comentários ou análises sobre o sector: o primeiro foi o final dos anos 80 e o início dos 90, em que tudo crescia exuberantemente, o mercado não tinha limitações, as rentabilidades eram enormes, quase escandalosas, e, com a então queda do Muro de Berlim parecia que História tinha terminado, nas palavras de Fukuyama, e que um futuro de paz e prosperidade se adivinha para toda a eternidade; o segundo é agora, pois, após tanto sofrimento, tanta aventura e tanta mudança forçada, a palavra crise acabou por se erodir, pois, mesmo que fosse necessário utilizá-la hoje já nada significa e menos ainda impressiona. Na verdade, o primeiro grande choque aconteceu em 1992 quando as grandes empresas têxteis verticalizadas que não tinham realizado investimentos em atualização de equipamentos e mantinham grandes contingentes de pessoal, se viram obsoletas e não competitivas, além de não terem sequer recursos financeiros e humanos para se reestruturar e modernizar. Muitas faliram, muitas fecharam, mais ainda emagreceram abruptamente. Só escaparam as que, com tempo e alocação de meios adequados, alguns provenientes dos saudosos programas de incentivos PEDIP, ajustaram as estruturas, atualizaram equipamentos e processos e implementaram efetiva gestão profissional. Foi, em resumo, a tecnologia que as salvou, pois, também nos subsetores das malhas, dos acabamentos e da confecção, já a mesma tecnologia havia dado a resposta indispensável para se poder assegurar a sobrevivência. As décadas seguintes trouxeram ciclos de prosperidade e depressão, mas, foi, sobretudo, a partir da liberalização do comércio têxtil internacional, da entrada da China na OMC, da abertura a Leste da União Aduaneira e da grande crise do “subprime”, que contraiu o consumo global, tudo na década passada, que a ITV portuguesa redefiniu o seu presente e garantiu o seu futuro: escapar à concorrência assassina pelo preço, através da diferenciação, o que só se conseguiu, entre outros fatores, pela inovação tecnológica e pela diversificação de atividades, em muitos casos, para os têxteis técnicos e funcionais. Pela segunda vez, na história contemporânea do sector, acabou por ser a tecnologia a salvar a Têxtil de si mesma e conferir-lhe um lugar no presente e uma chance para o futuro. Essa chance chama-se indústria 4.0 e não é apenas um chavão, é a chave para os anos que nos esperam, bem distintos dos que temos até hoje vivido. Mas isso, será tema para outra crónica, em que pela, terceira vez, a tecnologia se confirmará como o sempiterno farol da salvação da Têxtil. t


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Maria José Carvalho Diretora do Departamento de Produção Sustentável do CITEVE

Alexandra Araújo Administradora da LMA

ALGUNS COMPROMISSOS TÊM DE SER REVISTOS

VIVO NUM MUNDO COR-DE-ROSA

Os produtos químicos, no Sector Têxtil e do Vestuário, têm estado sob as luzes da ribalta, particularmente nos últimos 10 anos. O primeiro acontecimento, que mudou a forma como as substâncias químicas passaram a ser olhadas, foi a publicação, no final de 2006, do Regulamento REACH (registo, avaliação, autorização e restrição de substâncias químicas). Este Regulamento (CE 1907/2006), passou a definir as obrigações associadas às substâncias químicas, estremes, em misturas e em artigos. Até então, a legislação associada a substâncias químicas era vista como obrigações para as empresas de produtos químicos. No entanto, a inclusão, no Regulamento REACH, das substâncias em artigos, alarga o seu leque de aplicação a empresas que produzem artigos, como por exemplo, os têxteis. Por outro lado, registou-se um aumento dos cadernos de encargos com inclusão de RSL (listas de substâncias restritas), normalmente com substâncias químicas que não podem estar presentes nos artigos têxteis, que são fornecidos aos clientes. Em alguns casos, incluem também substâncias que não podem ser usadas nos processos produtivos. Mais recentemente, em junho de 2011, a Greenpeace lança a campanha Detox, cujo principal objetivo é retirar da cadeia de fornecimento têxtil, até 2020, um grupo de substâncias consideradas perigosas. Surge ainda, com um objetivo similar, o programa ZDHC (Zero Discharge Hazardous Chemicals). Quer a campanha Detox quer o ZDHC foram assumidos por algumas das maiores marcas mundiais que, ao se comprometerem com estes objetivos, solicitam à sua cadeia produtiva comprovativos do cumprimento dos requisitos associados a estes movimentos. Em 2012, surge um novo Regulamento da União Europeia, relativo a produtos químicos, neste caso, e mais especificamente, os produtos biocidas (Regulamento UE 528/2012, também conhecido como Regulamento BPR). Este Regulamento diz respeito à colocação no mercado e à utilização de produtos biocidas, que são usados para proteger seres humanos, animais, materiais ou artigos contra organismos prejudiciais,

como parasitas ou bactérias, através da ação de substâncias ativas contidas no produto biocida. Incluindo os artigos têxteis que têm alguma ação biocida. Mesmo não tendo referido todas as alterações ocorridas em relação a substâncias químicas, e focando apenas nos requisitos legais da União Europeia, torna-se evidente que, para responder a todas as solicitações, as empresas têxteis necessitam de uma pessoa dedicada a esta matéria e com competências específicas em química. Claro que, esta necessidade é mais relevante nas empresas têxteis com uso intensivo de produtos químicos, como tinturarias, acabamentos, estamparias, revestimentos, etc.. No entanto, este não é apenas um “problema” das tinturarias, como muitas vezes se ouve, quando se fala de produtos químicos. As empresas de fiação, tecelagem, tricotagem e confeção, entre outras, embora usem menos produtos, em quantidade e tipo, não deixam de os utilizar e, não raras vezes, com riscos elevados para a saúde humana e/ou o ambiente. Percebo claramente o desabafo de alguns técnicos das empresas, questionando por que é que não existe um referencial único para o Sector Têxtil e do Vestuário. De facto, era ótimo, porque isso facilitaria o trabalho nas empresas e as horas de análise de informação, com os custos associados. E complementam: se temos os artigos têxteis com a certificação STANDARD 100 by OEKO-TEX® e cumprimos com o Regulamento REACH, não podemos assumir que cumprimos tudo? Sim, isso ajuda, mas não responde a todas as exigências. Há sempre pontos em comum entre os referenciais, legislação, cadernos de encargo, etc., mas existem também requisitos específicos em cada um deles. É de facto um desafio para as empresas do Sector Têxtil e do Vestuário que, face às dificuldades não só de análise da informação, mas, em alguns casos, de garantia do cumprimento dos requisitos, devem ter uma voz única e com apoio dos fornecedores de produto químicos, numa verdadeira parceria, para que consigam provar que alguns compromissos terão de ser revistos, por não ser atingíveis até 2020. t

Todas as mulheres jovens precisam de modelos masculinos fortes. Eu sou destemida como mulher por causa do meu pai mas também da minha mãe e das altas expectativas que os dois puseram em mim. As mulheres mais confiantes que conheço têm todas influências masculinas positivas também. As mulheres desempenham um papel fundamental na gestão, mas não conseguiremos a igualdade até que as empresas e a sociedade comecem a escutar-nos. Precisamos ser ouvidas. E é por isso que tenho lutado e eu vou lutar pelo que acredito. Nós, mulheres, temos demonstrado a nossa capacidade multitask. Nós, mulheres, temos a capacidade de lidar com muitas tarefas ao mesmo tempo como falar ao telefone, ler e-mails, programar mais que uma tarefa que precisa ser concluída... e com excelentes resultados. Nós, mulheres, conseguimos, de uma forma eficaz, equilibrar e orientar as nossas famílias e carreira simultaneamente. Temos muitas responsabilidades para cumprir. Sermos mães e sermos empresárias, desembrulhar-nos dos deveres de casa e dos deveres nas empresas, gerir o ambiente familiar. Isto para não falarmos da Inteligência emocional. Nós, mulheres, somos mais inteligentes emocionalmente do que os homens e possuímos boas habilidades interpessoais que são vitais para a elaboração de estratégias de suporte. Comecei por me perguntar se os homens em posições similares à minha - CEO’s nas suas próprias empresas – teriam, como eu, de demostrar e fazer tarefas apenas na esperança de obterem reconhecimento e respeito. Como se me estivessem a dar uma oportunidade na minha própria empresa. Sou “a filha do patrão”. :-) Enquanto criança, fui treinada para ser líder. Não foi sempre fácil, mas tive bons exemplos e modelos de conduta. Sou extremamente resiliente - tenho de reconhecer. Sou uma lutadora. Acho mesmo se é menina e se começa a vida podemos escolher um de dois caminhos: podemos ser a vítima (e não digo isso de uma maneira negativa) ou optar por lutar e fazer-nos respeitar num mundo de homens. Eu escolhi esta segunda hipótese. Optei por lutar, fazer-me respeitar. Tal como os meus pais, também eu tenho uma filha. Vivo num mundo cor-de-rosa. Mas ela sabe desde pequenina que a paleta de cores é enorme e que há também um lado mais escuro. O espectro é enorme. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Katty não tem dúvidas. Sabe que Portugal necessita de rezar, e muito, por um futuro melhor. Mas inspirada na frase chave do pensamento de D. Manuel Clemente - “O que me preocupa mais em relação a Portugal é tudo aquilo que poderíamos ser e ainda não somos” -, visualizou para o nosso país um futuro sensível, optimista e arrojado e, em conformidade com esta visão sorridente, desenhou dois paramentos para o nosso patriarca usar durante a visita do Papa Francisco a Fátima. Um luxo!

Patriarca vestido a rigor para receber o Papa Francisco O centenário das aparições em Fátima foi a ocasião escolhida pelo Papa Francisco para nos oferecer a bênção em pessoa. Segundo recentes informações, o Papa aproveitará a visita para converter os nossos pastorinhos, Jacinta e Francisco, nos santinhos mais novos da Igreja Católica. Poucos dias faltam para o grande momento, ultimam-se os detalhes que são agora revistos com o maior cuidado. Todas as grandes figuras do nosso burgo se preparam para o momento. D. Manuel Clemente, cardeal patriarca de Lisboa - escolhido pelo semanário "Expresso" como uma das 100 personalidades mais influentes de Portugal - será sem dúvida o grande anfitrião do Papa nesta visita. Dele é a frase "O que me preocupa mais em relação a Portugal é tudo aquilo que poderíamos ser e ainda não somos”. Tomei esta frase como ponto de inspiração e perguntei ao nosso oráculo: o que poderemos vir a ser? Em resposta visualizei um futuro sensível, optimista e arrojado. As previsões do nosso oráculo, levaram-me a quebrar a barreira do tradicionalmente imposto pelo clero, contudo, não deixei completamente de lado a tradição histórica dos trajes eclesiásticos. A primeira interpretação apresenta o nosso Patriarca com uma imponente casula de papel, toda ela construída com pregas em acordeão. Por baixo, escondem-se vestes em azul celeste desde os sapatos, passando pelas meias, as calças, a camisa e a batina. Na cabeça leva uma mitra simples e discreta. Aparentemente o branco representa a pureza e a luz divina e o azul da mãe de Deus, por isso, apesar de provavelmente estar a cometer uma infracção do código de cores da Igreja, pensei que esta seria a paleta mais indicada para a ocasião. A segunda interpretação desenha o paramento tradicional do Cardeal, mas com algumas inovações. Sobre a murça vermelha utiliza uma pequena capa feita de circunferências em plástico reciclado, mas impecavelmente acabado, entrelaçando os círculos por pequenos pontos de junção, como grandes lantejoulas reflectoras de luz. Por baixo tudo é mais tradicional embora a manteleta branca de renda tenha uma longa franja em fios de prata, e a batina cardinalícia também, deixando transparecer as meias vermelhas e os sapatos pretos. Como acessórios, o tradicional barrete e a cruz peitoral. A visita do Papa Francisco ficará sem dúvida marcada pela audácia das vestes do D. Clemente. Na verdade, o nosso Patriarca corre o risco de brilhar mais que a “noiva” o que pode abalar os alicerces da Igreja. Esperamos, contudo, que isto não afecte as estruturas do nosso santuário sagrado, pois o nosso oráculo não ilude ninguém... Portugal sabe que ainda necessita rezar, e muito, por um futuro melhor. t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Forno da Mimi & Rodízio Real Estrada Nacional 2 Vermum, Campos 3510-152 Viseu

UMA DUPLA QUE É QUASE UMA TRIPLA O Forno da Mimi & Rodízio Real forma uma dupla que é quase uma tripla: é impossível falhar uma boa refeição neste templo gastronómico da região de Viseu - a meio caminho entre o Porto e a Covilhã numa estrada onde a nossa indústria têxtil e vestuário continua a ter muitas unidades de relevo. José de Arimateia é a referência bíblica que se impõe neste começo de crónica. Era por ele que eu suspirava (salvo seja) nos tempos em que demandava esta zona em busca da animação que a discoteca DayAfter sempre prometia. Salvo-conduto para uma entrada sempre muito complicada, o meu amigo Arimateia, mais maduro mas não menos activo, já não perde as noites naquela que foi a meca das dis-

cotecas da zona Centro, mas continua a superintender nos negócios que o grupo Visabeira mantém neste local. Confesso que quando o conheci tinha mais olho para as Mimi do DayAfter do que para o Forno da dita, mas agora que a disco desapareceu, é no excelente restaurante que reparo sem distrações. Acontece que indo eu, indo eu, a caminho de Viseu, sempre transportava a dúvida sobre o local onde iria fazer o meu primeiro jantar em terras do Dão: vou ao Rodízio Real ou ao Forno da Mimi? Cumpre-me aqui anunciar que essa dúvida que metodicamente me assaltava, foi há algum tempo aprisionada pela decisão de fusão dos dois estabelecimentos. Talvez porque era mais fácil mudar a

tradicional grelha do que os ancestrais fornos de lenha, o casamento real entre o Rodízio e a Mimi acabou por assentar arraiais na casa da segunda e foi lá que eu provei as feijocas, as minipataniscas de bacalhau e os torresmos da Beira. Enterradas as entradas, tive o topete de pedir uma caipirinha, assim como quem tenta saber se o casamento está a correr bem. Estava! Tranquilizado com esta prova de vida, avancei resoluto para o cabrito na grelha de carvão, que a mim, quando me apanho nesta região, nunca perdoo esta singular forma de curtir o cabrito. Cabrito assado há muito quem o faça, depressa e bem. Cabrito na grelha, para além do Martelo, em Silgueiros, que eu

ainda conheci na versão inicial (mas que depois da mudança para novas instalações, não resistiu ao embate dos novos tempos e já faleceu), do anterior Feirante, de Mundão e deste Forno da Mimi, é que há pouco quem. Desta vez, porque o restaurante é duplo, mas o meu estômago continua single, não lancei uma OPA sobre as variadíssimas propostas carnívoras do rodízio, mas enquanto esbardalhava um magnífico queijo Serra da Estrela, fui verificando pelo rabo do olho que a evolução do carrossel de carnes do rodízio se mantém, mais do que real, imperial! Sendo sempre um plano B perfeito, para quem não morre de amores pelo cabrito, como é o caso do nosso insubstituível Jorge Fiel. t


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c MALMEQUER Por: Carolina Guimarães

Susana Bettencourt, 32 anos, estilista. Nasceu em Lisboa mas tem por hábito dizer que é dos Açores, onde viveu durante a adolescência e, com cinco anos, aprendeu a tricotar em casa dos avós. Licenciada em Malhas pela Central Saint Martins, em Londres, fez o mestrado na London College of Fashion, mais focado na vertente digital do têxtil. Em 2011 apresentou, pela primeira vez, a sua colecção no Portugal Fashion e desfila esporadicamente na Semana de Moda de Londres. Actualmente vive em Famalicão, o coração da ITV portuguesa

Gosta

Não gosta

Almoços de família estar com amigos ouvir música

Burocracia inveja egoísmo pessoas complicadas

dançar consideração chocolate bacalhau com natas frutos secos ver séries cães eficiência nadar no mar um bom vinho tinto Açores inventar sonhar passear sem destino viajar de carro concertos amoras acabadas de apanhar psicologia mente humana tecidos resolver problemas estratégia desafios fazer malha crochet tecnologia têxtil viajar roupa prática patriotismo ver o lado bom das coisas cheiro a mar positivismo relaxar espírito de sacrifício andar sem maquilhagem vestidos comunicar andar descalça desconhecido trabalhar à noite criar estudar temas e conceitos novos investigação boa educação vista para o mar brincar com sobrinhos teatro filmes guarda-roupa dos filmes pragmatismo peixe grelhado no Verão compaixão sinceridade medicina anti-aging ética espontaneidade confiança amigos de longa data colaboração maçaroca

espaços apertados trânsito falta de civismo coser fechos produção em massa exploração pessoas que não assumem os erros ondas do mar muito altas injustiças frio futebol multas conversa de circunstância indecisões ser preciso dinheiro orçamentos contabilidade excel dormir mal pés filas de espera ir às finanças agressividade vinho verde desistência fast fashion sabor insosso viagens de longo curso capitalismo extremo alergias doenças mortalidade falta de tempo falta de educação orelhas de porco peixe cosido com legumes o que é bom faz mal stress impostos mentes fechadas teimosia extrema pensar a curto prazo não saber ouvir restaurantes barulhentos mau serviço chamadas com call-centers

de milho saída das caldeiras das Furnas empatia

SOUVENIR

O MEU BLUSÃO DE CABEDAL Uma das minhas peças favoritas de vestuário é um blusão de cabedal que comprei numa loja em Camden faz 27 anos. Os blusões, especialmente os de cabedal, são a minha peça favorita pela versatilidade de soluções e possibilidades de compromisso. Senão vejamos, o blusão defende o corpo da intempérie, guarda-nos a vida no bolso cerrado a fecho-éclair, aconchega-nos em momentos difíceis e acolhe as mãos quando o frio é de rachar. O blusão de cabedal é um companheiro sempre disponível de aventuras e viagens. E mais, o meu blusão de cabedal dobra-se e desdobra-se numa mala ou numa mochila sem perder a compostura. O blusão de cabedal é pura iconografia “pop”, associado à rebeldia que vamos reencontrando. Blusões como os vestidos por Marlon Brando, Steve McQueen, Keith Richards, Sid Vicious, Jean-Jacques Burnel (Stranglers) e os Ramones fazem parte do meu “romântico” imaginário cinéfilo e absolutamente rock. Este blusão de cabedal preto é também uma espécie de segunda pele, uma couraça negra como a capa do Batman. Quando é necessário o blusão de cabedal tem também a capacidade do manto da invisibilidade do Harry Potter. Enfim, é por tudo isto, que em dias muito especiais prefiro vestir o meu blusão de cabedal ao mais sofisticado dinner jacket. t José Arimateia

Director de relações públicas da Visabeira


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