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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

EMERGENTE

ADÍLIA SILVA: A MULHER DO LEME P 41

PERGUNTA DO MÊS

A ITV JÁ ESTÁ NA 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL? P4E5

MÁRIO JORGE SILVA

FOTO: RUI APOLINÁRIO

CEO da Tintex

“NÃO SOMOS UMA EMPRESA DE PRODUÇÃO. SOMOS UMA MARCA” P 24 A 26

DOIS CAFÉS

ADELINO MATOS: O PRESIDENTE TRANQUILO P6

A MINHA EMPRESA

INTERIOR LIFESTYLE TOKYO

CAVALINHO: DE OLHOS BEM ABERTOS

JAPAN LOVES PORTUGAL

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FASHION KIDS ADVERTISING PRODUCT FOOD

300 M 2

WWW.CASSIANOFERRAZ.COM


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Carla Lobo 44 anos A administradora da R.Lobo-Empresa de Confeções nasceu em Guimarães, é casada e tem duas filhas. Licenciada, mestre e especialista em Contabilidade de Gestão. Há mais de 20 anos que acumula a docência (é professora no Politécnico do Cávado e Ave, dando aulas de Controlo de Gestão e Contabilidade Analítica) com o trabalho

UM INDUSTRIAL ENGENHEIRO Neste T de Julho/Agosto, que adorávamos ver os nossos leitores a levarem para férias, para o ler com a calma que exigem as suas 48 páginas, fazemos capa com aquilo que eu chamaria de industrial da nova geração. Não tanto pelos seus 54 anos de idade, que os há bem mais novos, mas pelo perfil que realmente foge ao estilo a que estávamos habituados e que ainda faz quase o pleno do nosso setor . Por causa da sua formação técnica, em virtude de ter começado por ser trabalhador por conta de outrém e seguramente por não estar a prolongar ou herdar negócio familiar, o Mário Jorge Silva que comprou a Tintex de Vila Nova de Cerveira (e a localização também ajuda a fazer a diferença) não podia contar-nos nesta entrevista um percurso e uma ambição que fossem em quase tudo semelhantes às estórias de sucesso que têm feito as nossas capas. Nem melhor, nem pior, a carreira do novo homem forte da Tintex, é diferente em muitos aspetos, como poderão testemunhar durante a leitura da entrevista. Diferente desde logo na paixão, que é uma constante em todos os industriais e empresários que temos ouvido. A paixão do Mário Jorge não é pela tradição, não é pelos números, não é pelas instalações, não é pelas equipas, não é pelos clientes nem fornecedores. Nem sequer chega a ser pelos produtos inovadores que lhe têm garantido vários prémios em vários mercados. É pela engenharia dos processos de inovação. t

Portugal está na moda ou a moda é que está cada vez mais em Portugal? No segmento têxtil e vestuário, Portugal sempre foi procurado pelos compradores internacionais pelo know-how , serviço, qualidade e resposta. O fator preço, importante, sem dúvida, deixou de ser visto como a primeira e única variável a ponderar no negócio. A prova disso é a crescente procura, de novo, dos produtos têxteis e de vestuário portugueses nos últimos anos.

das nossas exportações concentradas, pelo menos a curto prazo.

Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele ou a aposta no private label de qualidade é para continuar? Sem dúvida que a aposta no private label com verdadeiro valor acrescentado é a estratégia a continuar na R. Lobo.

Qual é o mercado externo mais forte para a R. Lobo? Os mercados externos onde concentramos as nossas exportações são França e Suécia.

Têxteis técnicos? Estamos nessa, isso só interessa a outros, ou não fazem mesmo parte da família? Não fazem, de todo, parte da família. Acreditamos que o foco do nosso negócio é moda e desenvolvemos todo o nosso trabalho e estratégia concertados nesse sentido.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt

A Europa continua a ser o nosso destino ou no diversificar é que está o ganho? Preferimos apostar na Europa, onde temos 90%

E qual é o que gostaria de descobrir? Já estamos presentes nos mercados europeus que consideramos mais atrativos para o negócio. Contudo, pretendemos aumentar a nossa quota de exportações no mercado alemão, a curto prazo. t

Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 PROMOTOR

CO-FINANCIADO


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n PERGUNTA DO MÊS Por: Raposo Antunes Ilustração: Cristina Sampaio

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“A ITV está mais avançada no caminho da Indústria 4.0 do que outros setores que fazem essa propaganda”

“A indústria portuguesa ainda está às portas daquilo que é a indústria 4.0”

FERNANDO MERINO RESPONSÁVEL DA ERT PELA INOVAÇÃO

PAULO VAZ DIRETOR-GERAL DA ATP

A ITV JÁ ESTÁ NA 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL? Boas notícias. A ITV não foi apanhada a dormir na forma e está na vanguarda da digitalização da manufatura, da arte de por as máquinas a falar entre si, sem intermediação humana direta, que é, ao fim e ao cabo, a tal quarta Revolução Industrial, a que os alemães atribuíram a marca Indústria 4.0 para se apropriarem da autoria do conceito. Na têxtil portuguesa, o futuro começou a montante, na fiação e tecelagem, avançando a todo o vapor para a confeção. É uma revolução silenciosa e uma tendência natural, indispensável num setor que sabe que, além de tudo, tem de diminuir os custos laborais e ultrapassar a escassez de mão-deobra especializada

“O têxtil, em Portugal tem estado sempre na vanguarda da digitalização da manufatura porque sabe que só pode ser competitivo se diminuir os custos laborais” BRAZ COSTA DIRETOR GERAL DO CITEVE

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Indústria 4.0 é apresentada oficialmente como a quarta revolução industrial. De uma forma prosaica poder-se-à traduzir numa espécie de salto para a “digitalização da manufatura” de muitos setores industriais, mas que a ITV já deu ou está a dar, havendo múltiplos exemplos de empresas que já ca-

minham no futuro. O Estado promete para a Indústria 4.0 apoios financeiros de 4,5 mil milhões de euros nos próximos quatro anos. Um conjunto de 60 medidas de iniciativa pública e privada que deverão ter impacto sobre mais de 50 mil empresas. E a requalificação e formação de mais de 20 mil trabalhadores em competências digitais. Foi o próprio primeiro-minis-

tro António Costa quem anunciou este programa de apoios no final de Março. Ao mesmo tempo, o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, que entretanto abandonou o Governo, garantia que “esta é a estratégia para a competitividade do nosso país num mundo digital”. Assim, foram criados cinco grupos de trabalho (Moda e Retalho, que inclui o setor têxtil, Agroalimentar, Automóveis, Turismo e


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Audições) para apresentar propostas, nos quais participaram 81 empresas num total de 108 entidades. Foi neste quadro que surgiu a pergunta: “A ITV já está na Indústria 4.0?”. Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, não tem dúvidas: “Sim. Já está.” E explica que se há dúvidas sobre não haver ainda publicamente essa perceção é porque “as empresas da ITV mais avançadas nesse caminho são discretas a dar

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“Procuramos estar sempre na vanguarda em termos de produtos e processos e temos procurado avaliar o alinhamento da sua estrutura com as guidelines da Indústria 4.0”

“A telemanutenção é já uma realidade na Inovafil, bem com o setup informático de uma parte substancial dos equipamentos”

ISABEL FURTADO CEO DA TMG AUTOMOTIVE

RUI MARTINS CEO DA INOVAFIL

notícia dos seus avanços”. “Diria mesmo que a nossa indústria está mais avançada que outros setores que fazem essa propaganda”, acrescenta. Sem avançar com nomes, o diretor-geral da ATP refere que “muitas empresas de quase todos os subsetores de atividade já fazem essa comunicação digital entre as próprias máquinas”, ou, por outras palavras, máquinas das diferentes etapas de produção já

estão integradas em rede. Em termos práticos essa “digitalização da manufatura” começa nas áreas industriais mais a montante (fiação, tecelagem, etc) e vai já até à confeção. “É uma revolução silenciosa e uma tendência natural, que começa pela automação têxtil a montante e passa por uma menor intervenção humana em que os operadores já não são operadores de máquinas, mas sim de tecno-

logias de informação”, explica Paulo Vaz, dando o exemplo da estamparia digital, entre outros. É evidente que “em setores como a confeção ainda não é assim, por várias razões, nomeadamente por não se poder prescindir do elemento humano”. Também Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, não tem dúvidas que a Indústria 4.0 já é uma realidade na ITV, desmontando mesmo a nomenclatura utilizada: “A Indústria 4.0 não é mais do que uma marca que os alemães construíram para se posicionarem como autores do conceito”. “No fundo do que estamos a falar é da digitalização da manufatura”, observa, dando de seguida alguns exemplos: “Quando utilizamos um tear que é programado estamos a digitalizar a manufatura; quando se afina uma cor através de cozinhas automáticas, estamos a digitalizar a manufatura; quando o sistema manipula e corta o que se quer, estamos a digitalizar a manufatura”. Na verdade, para este engenheiro têxtil, “este conceito está no nosso setor há décadas”. O novo, frisa, “é a criação da marca e os motivos comerciais que levam os alemães a apropriarem-se do conceito, estabelecendo que a Indústria 4.0 deve ser uma prioridade de todos os países europeus”. Braz Costa considera mesmo que o têxtil em Portugal “tem estado sempre na vanguarda da digitalização da manufatura porque sabe que só pode ser competitivo se diminuir os custos laborais”. Elogia ainda a digitalização por esta permitir a “eliminação de muitos defeitos (na produção)”. E conclui que o país no seu todo “não pode deixar de adotar tecnologias que hoje dão pelo nome de Indústria 4.0”. Isabel Furtado, CEO da TMG Automotive, recorda que a sua empresa “está ativamente envolvida” num dos grupos de trabalho (o do setor automóvel) criados pelo Governo no âmbito da Iniciativa Indústria 4.0, colaborando

nesse âmbito com a Secretaria de Estado da Indústria e a Cotec. “A TMG Automotive procura estar sempre na vanguarda em termos de produtos e processos e tem procurado avaliar o alinhamento da sua estrutura com as guidelines da Indústria 4.0”, frisa. E dá exemplos: “A nossa filosofia em termos de investimento em tecnologia de topo leva a uma modularidade, flexibilidade, interoperabilidade dos sistemas, descentralização dos processos de decisão - auto-controlo e work-flows colaborativos - já nos permite um avanço considerável em relação aos desafios propostos”. Adianta assim que “a automatização na TMG Automotive, fator crucial neste tipo de indústria, é já um percurso adotado ao longo dos últimos anos, e em alinhamento com os recentes investimentos”. E aponta com uma estratégia desta dinâmica, “a integração transversal de software, as tecnologias digitais e o desenvolvimento de core-business-módulos internos”. Rui Martins, administrador da Inovafil, garante que a sua empresa “será uma Indústria 4.0, na certeza que agregará os seus sistemas de rastreabilidade, manutenção, gestão da produção e interface com os clientes”. Diz também que “o sistema de gestão global, online, das diversas variáveis do negócio, otimizará, a resposta e o serviço aos clientes, fulcral no sucesso futuro”. De resto, “a telemanutenção é já uma realidade na Inovafil, bem com o ‘setup’ informático de uma parte substancial dos equipamentos”. E estas apostas constituem já “fatores diferenciadores, que atualmente se traduzem numa vantagem competitiva, na produção por encomenda e na rapidez de resposta às solicitações de um mercado, cada vez mais, exigente." Fernando Merino, da ERT e antigo diretor de Inovação do CITEVE, considera que a indústria portuguesa “ainda está às portas daquilo que é a indústria 4.0”. Por isso, prefere não dar exemplos. t


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Wish

Largo da Igreja 107 4150-400 Porto

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Entradas: Salmão fumado com ovos mexidos e ceviche de peixe e gambas com molho de coentros e lima Prato: Mix de sushi e sashimi (15 unidades) Bebidas: Monte Cascas branco, água e cafés

JOVEM, GESTOR E COM IDEIAS BEM ARRUMADAS “Temos de nos sentir orgulhosos, porque somos bons naquilo que fazemos. Batemo-nos com qualquer um na Europa. Já acabou o tempo em que nos sentíamos todos uns coitadinhos…”, declara Adelino Matos, um jovem (acaba de completar a idade mínima para se poder candidatar a PR) com as ideias bem arrumadas. “Não somos um low-cost country. Temos de nos posicionar como um best cost country”, acrescenta o 6oº presidente da ANJE, associação a que aderiu no final do curso, atraído pelas ideias arro-

jadas que ventilava sobre o empreendedorismo jovem. O empreendedorismo é a grande paixão de Adelino, que entrou pela primeira vez na Casa do Farol há quatro anos e debutou no dirigismo associativo na direção presidida por João Rafael Koehler. Adelino começou a trabalhar em 2004, como estagiário, a ganhar o salário mínimo, na A. Silva Matos, à época só focada na produção de tanques de gás e equipamentos especiais para Petróleo e Gás, mas três anos volvidos já a em-

ADELINO MATOS

35 ANOS PRESIDENTE DA ANJE Nasceu em Sever de Vouga, sendo o mais novo dos três filhos de Adelino Silva Matos, que fundou um poderoso grupo metalomecânico (A. Silva Matos) que fatura 55 milhões de euros. Tal como o pai, a irmã Cláudia (engenheira mecânica), e o irmão Pedro (engenheiro eletrotécnico), começou por estudar Engenharia (de Gestão e Industrial), tendo escolhido a Universidade de Aveiro. Quando chegou ao 3º ano, desencantouse com o curso, por causa de umas cadeiras de cerâmica, e mudou para Gestão, onde se licenciou - e teve como professor Manuel Fernandes Tomás, o 2º presidente da ANJE . “A mudança permitiu-me acumular o pragmatismo da Engenharia com a abrangência da Gestão”, diz em jeito de balanço, sobre a sua formação, completada com pósgraduações em Energias Renováveis e Gestão Estratégica, na Católica, e em Finanças para Executivos, no Insead. Vive em Aveiro, com a mulher e dois filhos (Madalena, três anos, e Manuel, um ano)

preender, diversificando a atividade e investindo nas energias renováveis. Este movimento acabou por dar origem à área de negócios controlada e liderada por Adelino, a ASM Industries, um dos poucos fabricantes europeus com capacidade para fabricar torres e fundações eólicas até três mil toneladas. A ASM Industries atravessa uma fase de investimento intensivo e crescimento trepidante. O ano passado investiu cinco milhões de euros, aumentando em 40% a capacidade instalada. Em Setembro entra em operação uma fábrica em Setúbal, que fabricará torres para offshore, ficando concentrada em Sever de Vouga a produção das onshore. Este ano vai fazer um volume de negócios na ordem dos 15 milhões, mas as encomendas em carteira permitem-lhe projetar um faturação de 50 milhões para 2020. Ser presidente da ANJE rouba-lhe mais horas do que previa, mas ele não se queixa, pois gosta do que está a fazer - e apesar de estar há apenas seis meses no lugar já podia gabar-se dos resultados. Reforçar o peso institucional da ANJE, como parceiro social privilegiado das entidades públicas, era um dos pontos do seu programa, cujo cumprimento parece confirmado pela presença no último Portugal Fashion do PR Marcelo, PM Costa, ministro Caldeira Cabral e secretários de Estado Nelson de Sousa e João Vasconcelos. Mas a menina dos olhos de Adelino é o empreendedorismo. “O empreendedorismo tem estado adormecido”, diz o presidente da ANJE, que escolheu almoçarmos no Wish (que se transformou na sua cantina portuense, dada a proximidade da sede da ANJE) onde pediu duas entradas (salmão e ceviche) a fazer as vezes de prato principal. Encantado com a reivenção da ITV - “A fileira da moda foi exemplar na forma como resistiu a uma mudança drástica do contexto internacional” - está empenhado em catequizar os criadores, convertendo-os à religião do empreendedorismo. “Não basta dar-lhes visibilidade. Temos de lhes dar as ferramentas para que além de bons designers sejam bons empreendedores. Queremos potenciar as suas competências. E a nossa parceria no Portugal Fashion com a ATP vai ajudar-nos a aprofundar a interligação entre a moda e a indústria”, conclui. t


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2. ÀS NOVE DA MANHÃ, JÁ HAVIA AFLUÊNCIA AO TOKYO BIG SIGHT, APESAR DA ABERTURA SER SÓ ÀS DEZ

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JAPAN LOVES PORTUGAL Os japoneses adoram os nossos produtos. Mas não é tiro e queda. Leva tempo até fazer negócio. É preciso paciência, persistência e, acima de tudo, nunca desistir. “Uma vez ganha a confiança, estão estabelecidas as bases de uma relação para a vida”, afirma o embaixador Francisco Xavier. Os expositores portugueses na Interior Lifestyle Tokyo sabem isso melhor que ninguém. “É um noivado longo que dá origem a um casamento seguro”, explica Cristina Machado (Home Flavours). “Este mercado precisa de muito mimo e acompanhamento”, acrescenta Inge Van Stayen (B.Sousa Dias). Mas o esforço compensa. “Ser bem aceite no Japão, um dos mercados mais exigentes do mundo, é uma certificação extra”, garante Casimiro Lemos (Lasa)

A embaixada portuguesa que esteve em Tóquio com o apoio da Selectiva Moda: 3D Cork, B.Sousa Dias, Carvalho, Ditto, Home Flavours, Lumatex, MOS Portugal, Mèzé Mediterraneum e Neiper O projeto From Portugal é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020

1. ODAIBA, NA BAÍA DE TÓQUIO, É O LOCAL ONDE SE REALIZA A INTERIOR LIFESTYLE (TOKYO BIG SIGHT) E ONDE ESTIVERAM HOSPEDADOS (GRAND NIKKO HOTEL) OS EXPOSITORES PORTUGUESES

6. A B. SOUSA DIAS FAZ NO JAPÃO CERCA DE 10% DA SUA FATURAÇÃO. “É UM BOM MERCADO. NÃO NOS PODEMOS QUEIXAR”, DISSE INGE VAN STAEYEN AO EMBAIXADOR XAVIER

5. JOSÉ ZAMITH, DIRETOR COMERCIAL DA NEIPER, GARANTE QUE AS TOALHAS DE ALGODÃO COM BAMBU TEM UMA CAPACIDADE DE ABSORÇÃO NOVE VEZES SUPERIOR AO NORMAL

11. OS PRODUTOS DA VISTA ALEGRE E BORDALLO PINHEIRO (GRUPO VISABEIRA), TÊM UM ENORME SUCESSO POR ESTAS PARAGENS. A PARTIR DE OUTUBRO, AS REFEIÇÕES NO HOTEL MANDARIN ORIENTAL, EM TÓQUIO, VÃO SER SERVIDAS EM LOUÇA VISTA ALEGRE

10. PRODUTOS DE CINCO EMPRESAS PORTUGUESAS MUNDOTEXTIL, NEIPER, SOREMA, BOM DIA E CARVALHO - ESTAVAM EXPOSTOS NO STAND DA PODEROSA MARUSNHIN


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4. DESIGN E MATERIAIS TÃO PORTUGUESES COMO O XISTO, A ARDÓSIA E A CORTIÇA SÃO A BASE E OS TRUNFOS DA COLEÇÃO DA MÈZE, DESENHADA POR PEDRO SOTTOMAYOR

3 “EVITE O QUATRO! AQUI NO JAPÃO TODOS OS NÚMEROS SÃO BONS, COM EXCEPÇÃO DO QUATRO, QUE SIMBOLIZA A MORTE.”, DISSE JOSÉ FERNANDES (AICEP) A SARA NUNES, DA 3DCORK, QUE TINHA EXPOSTO UM CONJUNTO DE QUATRO BASES DE CORTIÇA

8. NO STAND DO IMPORTADOR AXEL, TOMOKO MAEKAWA (AICEP) MOSTRA AO EMBAIXADOR AS COLCHAS DA MARCA SEEDS CONCEPT, DA RIBIAL (SANTO TIRSO)

7. FRANCISCO XAVIER ENCONTROU UM AMBIENTE DE OTIMISMO TRANSBORDANTE NO STAND DA HOME FLAVOURS, ONDE PONTIFICAVAM DUAS CRISTINAS (MACHADO E MOREIRA)

9. A FÁBRICA DE TECIDOS DO CARVALHO LEVA O MERCADO JAPONÊS MUITO A SÉRIO. “TEMOS VINDO CÁ QUATRO VEZES POR ANO”, AFIRMA TIAGO LOPES QUE NÃO TEVE DESCANSO DURANTE TODA A FEIRA 13. A BANDEIRA DE PORTUGAL DESTACASE NA ETIQUETA DAS TOALHAS QUE A LASA VENDE PARA O JAPÃO. E GUIMARÃES TAMBÉM

12. APÓS UMA PRIMEIRA PRESENÇA, HÁ CINCO ANOS, NA INTERIOR LIFESTYLE TOKYO A LUMATEX VOLTOU ESTE ANO À CARGA, PREPARADA PARA O PERÍODO LONGO DE DISCUSSÃO DE PREÇOS, VISITAS E TROCAS DE AMOSTRAS, QUE ANTECEDE O FECHO DE UM NEGÓCIO NO JAPÃO

14. "A EUROPA ESTÁ VELHA. É UM MERCADO MAIS QUE MADURO. É PARA A ÁSIA E A OCEANIA QUE NOS TEMOS DE VIRAR", AVISA CASIMIRO LEMOS (LASA)


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TRABALHADORES DO COLISEU VESTEM ANABELA BALDAQUE As novas fardas do Coliseu do Porto são assinadas por Anabela Baldaque, que se inspirou no novo lettering da sala, agora no estilo néon: “Tem que ver com música e som e, na minha visão, com holofotes. O Coliseu lembra-me holofotes! Como recebe muitos espectáculos, uns mais informais, como o circo e concertos mais descontraídos, e outros mais formais e sérios, como as óperas e os ballets, era importante que as fardas fossem versáteis e se enquadrassem bem em qualquer ocasião”, diz a designer.

SAVOIR FAIRE PORTUGUÊS CONTADO AOS FRANCESES É uma espécie de epifania do têxtil português, que é levada aos franceses na última edição do Journal du Textile. E para um país que bem conhece a história de Fátima – têm Lourdes, que é complementar – nada melhor do que explicar que para chegar aos patamares de tecnologia, inovação, qualidade e design que atraem hoje as atenções de todo o mundo, a ITV portuguesa teve também que saber preservar um triplo segredo para ver o milagre da salvação. “L’industrie textile portugaise a pris son evol”, que é como quem diz que a indústria têxtil portuguesa levantou voo, é o título do texto de página inteira onde se explica que o segredo já é, afinal, bem conhecido, e produtores gauleses como o Atelier des Créateurs e Olow, ou prestigiadas marcas como Lacoste, Louis Vuitton, Chanel, Calvin Klein, Ralph Lauren ou Tommy Hilfiger, há muito o descobriram. Todos “estão carecas de saber que Portugal é o destino certo quando se trata de encontrar alta qualidade a preços razoáveis e entregue a tempo e horas”, conclui o texto. “O segredo é que a duas horas de voo de Paris, nos vales dos rios Ave e Cávado, no Norte de Portugal, bate o coração de um cluster têxtil que sobreviveu e prospera porque soube combinar artesanato e tradição com indústria e tecnologia, design e criatividade”. O segredo é também “a conveniência”: Num raio de 30 km com centro em Famalicão – “a 20 minutos do centro do Porto e de Leixões, unanimemente consi-

derado o mais eficiente de todos os portos portugueses” – está uma região que concentra 80% da oferta industrial têxtil, “onde se pode comprar tudo – desde têxteis-lar até roupa interior, passando por sportswear, casacos, camisas, tecidos, não esquecendo acessórios ou sapatos”. Por último, “o terceiro segredo da indústria têxtil portuguesa consiste no milagre de ter conseguido chegar viva e de saúde à segunda década do séc. XXI, apesar de diversos economistas e instituições lhe terem administrado a extrema-unção e vários governos lhe terem passado a certidão de óbito”. Foi com os olhos postos nas exportações, a força do seu savoir faire uma aposta decisiva na tecnologia, que o setor trilhou “os caminhos da salvação”: “Uns puseram as fichas na marca própria, outros no private label ou nos têxteis técnicos. Mas todos apostaram em máquinas mais modernas, que produzem com menos custos e mais flexibilidade, na formação de recursos humanos e no design. Em resumo, no casamento entre saber artesanal e tecnologia”. A conclusão é de que a têxtil portuguesa escapou a uma tentativa de assassinato. Está viva e dinâmica e “orgulhosa por ter antecipado em 2016 o seu recorde de exportações (mais de cinco mil milhões de euros) previsto para 2020 – e convencida de que chegou a hora de faire savoir a toda a a gente o seu imenso savoir faire”. Coisa que, afinal, já nem será preciso, uma vez que o segredo não estará assim tão bem guardado. t

"Recebemos as ideias dos clientes como um caderno de encargos e trabalhamos para encontrar a solução à medida das necessidades específicas de cada um" Antóno Pereira sócio gerente da Foot by Foot

INOVAFIL COM FIBRENAMICS E 2C2T NO PROJETO NIDYARN A Inovafil apresentou o Nidyarn, um projeto de investigação de fios funcionais de elevado desempenho, que vai desenvolver em parceria com o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T) e a Plataforma Fibrenamics da UMinho. A constituição de um núcleo de i&d de fios de elevado desempenho funcional, para utilização em produtos têxteis técnicos, é o principal objetivo deste projeto, que prevê a estruturação num prazo máximo de três anos, de cinco diferentes projetos de i&d.

DIOR, NIKE E INDITEX OCUPAM O PÓDIO DA FORBES A Dior é a empresa mais valiosa do mundo no setor de vestuário, de acordo com a lista Global Forbes 2000 para 2017 - um ranking que lista as duas mil companhias mais valiosas do mundo, de acordo com um critério que tem em conta as receitas, lucros, ativos e valor de mercado. A Christian Dior aparece no 189º lugar da lista Forbes. O pódio da fileira moda completa-se com a Nike (249º lugar) e a Inditex (276º lugar).

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pessoas trabalham na Farfecth em Portugal, distribuídas por sete áreas (tecnologia produto, operações, produção, finanças, recursos humanos e gestão de escritório). Esse número vai ser substancialmente aumentado até ao final do ano com o recrutamento de mais 500 pessoas para os escritórios do Porto, Guimarães e Lisboa, sendo que a maioria vão trabalhar na área tecnológica


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A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel

Cavalinho

Rua da Igreja 346 4535-446 S. Paio de Oleiros Santa Maria da Feira

Trabalhadores 92 Volume de negócios 9 milhões de euros Exportação 10% da produção é vendida no mercado externo (Angola, Moçambique, Suíça, Luxemburgo e Canadá) Lojas 28 em Portugal, uma em Angola e outra no Canadá Produtos Carteiras, bolsas, malas, mochilas e calçado, para homem e senhora Preço médio da carteira 120 a 150 euros

De olhos bem abertos Estávamos em meados dos anos 80, nas vésperas da adesão de Portugal à CEE. A crise, o FMI, os salários em atraso já pertenciam ao passado. O negócio corria às mil maravilhas. As carteiras, malas e bolsas vendiam-se bem. Mas Manuel Jacinto queria ir mais longe e resolveu criar uma marca própria, em busca de margens maiores e de laços de fidelidade com as consumidoras finais. No princípio, foi Nellany. “Na altura, as pessoas só davam relevo ao que era estrangeiro. Inventamos a marca Nellany, porque soava a italiano”, recorda Manuel Jacinto, o segundo dos oito filhos de João Jacinto, que o iniciou, aos seis anos, na arte de trabalhar o cabedal. As bolsas Nellany, com uma cabeça de cavalo como símbolo, vendiam-se como pãezinhos quentes, mas a verdade é que as clientes não atinavam com o nome e, nas lojas, pediam “aquelas carteiras do cavalinho". Habituado a ter sempre os ouvidos bem abertos para o que diz o mercado, mal se apercebeu do fenómeno, logo Manual Jacinto se apressou a emendar a mão e mudar a marca de Nellany para Cavalinho. Não foi fácil, nem barato. Na hora de registar a nova marca, enfrentou a contestação judicial da Ferrari. Ao cabo de três anos, a vitória acabou por lhe sorrir, mas saiu-lhe cara. “O dinheiro que gastei nos tribunais, dava para comprar um Ferrari”, desabafa. Manuel Jacinto, 58 anos de idade, 52 de trabalho, começou a desbastar a parte de trás das calcanheiras dos sapatos ao mesmo tempo que na escola primária juntava as primeiras letras e aprendia a fazer contas. O pai era dono de uma pequena oficina onde fazia sapatos clandestinamente (a lei salazarista do Condi-

cionamento Industrial só permitia atividade industrial a quem tivesse alvará) onde ele ajudava - à noite, horas vagas ou férias - sempre que necessário, dando uma mão na máquina de facear ou levando a irmã bebé para turnos de vigilância à eventual chegada de fiscais. “O meu pai dizia-me: se vires homens de fato a virem para aqui, deixa-os com a bebé nos braços e vem a correr avisar-me”, recorda o fundador da Cavalinho, que aos 12 anos já era o chefe de compras do negócio familiar, que evoluiu dos sapatos para as carteiras de senhora. Até ser chamado para a tropa, feita no Regimento de Engenharia de Espinho, Manuel Jacinto trabalhou com o pai. Depois, mal passou à peluda, já adulto, recém-casado e com o serviço militar cumprido, achou chegada a hora de fazer o seu próprio caminho. “Eu e o meu pai não nos dávamos bem”, explica. Arrancou com uma pequena oficina na casa de Anta onde vivia com a mulher, Maria de Fátima, sem outro capital que não o conhecimento profundo, por dentro e por fora, do negócio de fabricar bolsas e carteiras. “O segredo era realizar rapidamente o dinheiro. Comprava a matéria-prima de manhã, trabalhava-a e vendia-a à tarde, pagava-a à noite”, conta. De então para cá tem sido sempre a subir. Primeiro a marca. Depois uma linha de homem. Finalmente as lojas, um caminho iniciado em 2012, que implicou alargar a oferta aos sapatos. “Em Portugal ainda há espaço para mais umas dez lojas. Mal surja uma oportunidade, estaremos nos principais centros comerciais - Colombo, Norteshopping e Vasco da Gama”, conclui Manuel Jacinto, um empresário que anda sempre com os olhos bem abertos e postos no futuro. t

MÁRCIA NAZARETH METE-SE COM A ÁGUA Acqua é a coleção primavera/verão de t-shirts, jumpsuits e tops da Nazareth Collection, a marca de vestuário que, na definição da sua fundadora, “combina fotografia e moda, explorando beleza, arte e cultura”. A Nazareth Collection foi criada há quatro anos por Márcia Nazareth, 45 anos, licenciada em Design Gráfico pela Faculdade de Belas Artes, quando resolveu colocar em tecido as magníficas fotografias que faz. Vestir as pessoas com fotografias é a base deste percurso iniciado em 2013.

EXPORTAÇÕES DO NORTE PARA FORA DA UE CRESCEM 24,5%

TAPA COSTURAS JÁ TEM A CERTIFICAÇÃO STEP

As exportações para fora da União Europeia da região Norte cresceram 24,5% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao período homólogo de 2016. Nos últimos três meses do ano passado já se tinha registado uma subida, mas com uma expressão mais modesta: 3,9%. Os dados são da CCDRN.

A Tapa Costuras recebeu a certificação STeP by OEKO-TEX (Produção Têxtil Sustentável) obtida através do CITEVE e da ATP. “Acreditamos que esta certificação será muito importante para a nossa organização, pois traz-nos um conjunto de desafios”, comenta um responsável por esta empresa do grupo Brandbias.

"O uso generalizado das portarias de extensão nos contratos colectivos de trabalho pode ter um efeito devastador no emprego" Pedro Portugal professor da Nova Business School

ATP PUBLICA MANUAL DE BOAS PRÁTICAS A ATP publicou um manual intitulado “Coletânea das boas práticas para a inovação e competitividade no setor têxtil e de vestuário”, desenvolvido no âmbito do projeto Desafio na Excelência, apoiado pelo Portugal 2020, ao abrigo do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização. A coletânea é uma ferramenta de apoio à gestão sobre práticas de inovação, estimulando novas atitudes para superar obstáculos e melhorar posicionamentos competitivos.

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peças de roupa por cada habitante do planeta são compradas todos os anos em todo o mundo


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LOUROPEL INVESTE 5 MILHÕES E FAZ BOTÕES A PARTIR DE CAFÉ A Louropel vai investir cinco milhões de euros no aumento da sua capacidade produtiva e diversificação da gama de produtos. Com sede em Famalicão, a líder mundial no fabrico de botões destaca-se pelos botões ecológicos biodegradáveis, produzidos com papel reciclado, farinha de sêmola, serradura de madeira, algodão, cortiça, corozo (fruto ácido importado da Colômbia) ou corno (que chega da Argentina). Uma das suas últimas novidades são os botões ecológicos fabricados a partir do café, cuja patente mundial lhe pertence.

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"Hoje apresentamos soluções aos nossos clientes. Temos uma mentalidade italiana de desenvolvimento de produto com uma flexibilidade muito portuguesa"

CUSTOS DA MÃO-DEOBRA SUBIRAM 2,6% Os custos da mão-de-obra subiram 2,6% em Portugal, no primeiro trimestre deste ano, um aumento superior ao registado na zona euro (1,5%) e no conjunto da União europeia (1,7%) - de acordo com o Eurostat.

Paulo Melo presidente da ATP

CENTI DIRIGE PROJETO EUROPEU QUE CASA TÊXTIL E COSMÉTICA Pijamas quentes no inTêxtil na UMinho. verno e frescos no verão? “Os processos que estaRoupa interior que toma mos a desenvolver são um a iniciativa de o submeter avanço relativamente ao a um tratamento antibacestado da arte nesta área. teriano que deteta um Os produtos comercialcrescimento excessivo mente disponíveis que prode batérias no seu corpo? movem conforto da pele Camisolas que retardam são geralmente baseados o envelhecimento, já que em microcápsulas, mas não libertam antioxidantes? são tão eficazes quanto poNenhuma destas coisas deriam ser porque a pele é pertence ao domínio da uma barreira. Nós estamos ficção científica, estando a encapsular princípios atiaté mesmo em vias de envos seguros em cápsulas trarem no nosso guardamenores, que aderem mais -roupa, na sequência do uniformemente à área de projeto europeu de invescontacto, o que melhora tigação Skhincaps, lideraa sua eficiência”, explica do pelo CeNTI e que está Carla. a ser desenvolvido por No decurso do seu peroito empresas e centros curso académico, Carla de investigação de cinco Silva desenvolveu procesdiferentes países. sos que foram patenteados Combinar têxtil e cos- um tratamento de lã que mética é uma das tarefas evita o encolhimento e um da equipa multinacional Carla Silva, diretora de Tecnologia do CeNTI, é a coordenadora modo de pintar o cabelo de 40 investigadores, belsem o recurso a corantes. O gas, alemães, finlandeses, espanhóis e do a temperatura ao absorver o calor primeiro emprego, no final do curso, foi portugueses, que há cerca de dois anos quando está quente e libertando-o no CITEVE, onde teve o primeiro contrabalham neste projeto, orçado em quando está frio. tacto com a têxtil e se interessou pela 3,2 milhões de euros e coordenado por “Já temos protótipos e um desafio, pesquisa em áreas tecnológicas próxiCarla Silva, 43 anos, Diretora de Tec- que consiste em juntar o aroma de promas do mercado. dutos naturais a estas funções”, conta nologia do CeNTI. O consórcio Skhincaps engloba quaTendo 2020 como horizonte final Carla, que nasceu em Valença do Minho, tro institutos (o catalão UPC, o alemão para a apresentação de resultados do sendo a primeira rapariga de um rancho IVW, o finlandês VTT e o português seu trabalho, que já recebeu uma pri- de oito irmãos, e se licenciou em EngeCeNTI) e quatro empresas: a belga Demeira avaliação positiva, o projeto nharia Biológica na UMinho, iniciando van, os espanhóis da Telic (um grupo Skhincaps está a desenvolver produtos assim uma carreira académica que proscatalão que, entre outras coisas, produz têxteis de primeira camada (ou seja seguiu com um mestrado em Biotecnocosméticos para o Real Madrid e Barceque estão em contacto com a pele) com logia, na Universidade de S. Paulo, e o lona), os belgas da Proactive (especialipropriedades funcionais, derivadas do doutoramento e pós doc em Química zados em legislação e regulamentação) facto de terem encapsuladas princípios e os espanhóis da Bionanoplus, que deativos em três diferentes linhas: senvolveram uma tecnologia inovadora a)antioxidantes que retardam e amiga do ambiente de encapsular prin"Os processos o envelhecimento da pele, feitos à base cípios ativos, usando apenas produtos que estamos de extratos naturais e eco-sustentánaturais e biodegradáveis. veis; “Somos um pequeno consórcio, quaa desenvolver b)antimicrobianos que reatro organizações de investigação e quasão um avanço gem em regime de SOS, libertando os tro PME, mas muito complementares”, seus princípios ativos após detetarem conclui Carla, que integrou a equipa relativamente um crescimento excessivo de bactérias fundadora do CeNTI (Centro de Nanoao estado da arte no organismo; tecnologia e Materiais Inteligentes), em c)conforto térmico, regulan2007. t nesta área"

FS BABY FAZ 25 ANOS E MUDA DE IMAGEM

Numa altura em que os primeiros bebés que vestiu já são adultos com 25 anos, a FS Baby achou chegada a altura de assumir uma nova identidade e imagem, ao mesmo tempo que lança a sua próxima coleção de primavera/ verão 2018. “É mais um passo na evolução e crescimento da FS Baby. A imagem desenvolvida pretende criar uma maior aproximação ao mundo infantil. O propósito é inovar e acompanhar as tendências de moda e de design, tornando a marca mais dinâmica, atual e cada vez mais próxima do seu público-alvo”, explica Rodney Duarte, Export Sales Manager da FS Confeções. Com fábrica em Porto de Mós, a FS Confeções é especializada na roupa para bebé, faz uma faturação próxima dos dois milhões de euros, dos quais 90% na exportação para mais de 30 países (Espanha, Itália, Grécia, Hungria, República Checa, Ucrânia, Rússia, México, Chile, Angola e Emirados Árabes Unidos). Rodney é o mais novo dos três filhos de Fátima Gabriel, que após ter estado emigrada em Montreal, regressou a Portugal no ano da nossa adesão à CEE, e começou a trabalhar como agente de compras de vestuário para importadores canadianos, antes de resolver ela própria tornar-se industrial e fundar a FS Confeções, em 1992, o ano do mercado único europeu. t


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A produção mundial de roupas deverá dobrar até 2025, aumentando de forma dramática o seu peso no meio ambiente

UMA FESTA, 25 ANOS, TRÊS PRESIDENTES

Um arraial minhoto na Quinta da Malafaia, em Viana do Castelo, com a divertida presença de mais de 500 pessoas, marcou o arranque do programa das festas do 25º aniversário do Modtissimo, que prosseguem em finais de Setembro com a Porto Fashion Week. Foram convidados para esta festa todos os expositores e empresas que ao longo do quarto de século participaram no Modtissimo e/ou nas ações de promoção internacional da nossa ITV organizadas pela Selectiva Moda. Um dos pontos altos da festa foi o corte do bolo de aniversário, protagonizado pelos três portugueses que presidiram à Associação Seletiva Moda - Paulo Vaz, Alfredo Resende e João Costa (o atual presidente) - e sublinhado pelo Parabéns a você cantados em coro. t

CRISTINA BARROS ATACA A PARTIR DE MOSCOVO A Rússia e países limítrofes - Bielorússia, Cazaquistão, Quirziquistão e Polónia -, onde espera fazer mais de 10% do seu volume de negócios já no próximo ano, são a próxima geografia da expansão internacional da marca Cristina Barros do grupo Blackspider. “Arranjamos um agente em Moscovo onde já temos um showroom -, que além de ser distribuidor também tem lojas, com quem temos vindo a planear esta expansão”, explica Joaquim Cunha, o CEO da Blacks-

pider, fundada em 2001 e que já faz cerca de 90% do seu volume de negócios com a marca própria que leva o nome da criadora. Exportar é desde a primeira hora a palavra de ordem da Blackspider, que naturalmente começou pela vizinha Espanha, abrindo logo um centro de distribuição em Vigo, de onde vende não só para o país vizinho, mas também para a América Latina, em especial para México, Colômbia e Panamá. O peso das exportações nos dez

milhões de euros que a Blackspider fatura está nos 70%, mas a aposta é em fazer crescer esta percentagem. Para apoiar este esforço de internacionalização, tem em curso um investimento de dois milhões de euros no aumento da sua capacidade de armazenagem, que implica a concentração dos escritórios e logística num novo edifício, com dois mil m2, a escassas centenas de metros do atual, que assim liberta para a produção parte da sua área de três mil m2. t

DAMASCENO NA HEIMTEXTIL 2018 A mais de meio ano de distância da abertura da Heimtextil 2018 (9 a 12 de Janeiro), 98% do espaço ocupado na edição deste ano já está reservado, de acordo com Olaf Schmidt, vice-presidente da divisão Textiles & Textiles Technology, que salienta a inscrição de duas novas companhias portuguesas: Damaceno & Antunes

e Allcost. Com sede na Maia, a Damaceno & Antunes estará presente no segmento premium de materiais decorativos do hall 3.1 , com a sua coleção de alta decoração da marca Evo Fabrics. Especializada no setor hoteleiro, a vimaranense Allcost apresentará a sua linha de cama no pavilhão 11. t

ADALBERTO ESTAMPADOS TEM 15 CRIATIVOS

ZARA ABRE LOJA COM 4 240 M2 MAS NÃO PASSA PRIMARK

Cerca de 70% dos estampados da Adalberto são criados em parceria com os clientes. A empresa de Santo Tirso conta com uma equipa de 15 criativos que trabalham mais de 800 matérias-primas diferentes e mais de cinco mil desenhos por ano.

A maior Zara do país (4 240 m2), foi inaugurada no Vasco da Gama, em Lisboa, e apesar de ocupar dois pisos, não conseguiu conquistar o título de maior loja de roupa no nosso país, título que continua nas mãos da loja Primark do Colombo ( 4 350 m2).

“O Japão é um mercado difícil porque eles fazem muitos testes e durante muito tempo. É um namoro muito prolongado, mas depois efetiva-se” Baltazar Lopes administrador da Albano Morgado

VILARTEX ESTÁ A VENDER ONLINE NO MARKET PLACE SEWWAND Líder no fabrico de malhas circulares, a Vilartex passou a estar presente no market place têxtil Sewwand, onde expõe e disponibiliza os seus produtos para aquisição online. “Estar na Sewwand significa estar diariamente mais próximo das empresas e designers de todo o mundo”, explica Carmen Pinto, administradora desta empresa de malhas.

TÊXTIL É O TEMA DE EMISSÃO FILATÉLICA DOS CORREIOS A indústria têxtil é o tema de uma emissão filatélica de quatro diferentes selos (numa tiragem de meio milhão de exemplares), um bloco e um livro que os Correios de Portugal lançaram na Feira do Livro de Lisboa. O livro, “A Indústria Têxtil Portuguesa”, da autoria de António Santos Pereira, diretor do Museu dos Lanifícios.

GOVERNO DA TUNÍSIA TENTA SALVAR INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL O Governo da Tunísia decidiu abrir uma linha de crédito de 70 milhões de dinares (cerca de 25 milhões de euros, destinada a resgatar a indústria têxtil do país, que nos últimos anos perdeu 700 empresas e 50 mil postos de trabalho.


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SUÍÇA É O PRINCIPAL CLIENTE DA ITV EUROPEIA A Suíça foi, no ano passado, o principal consumidor de vestuário produzido na UE, seguida pelos EUA, Rússia, Hong Kong e Japão, de acordo com a Euratex. O vestuário de senhora, foi a categoria com mais peso (40%) nas exportações da ITV europeia, aparecendo a seguir os tecidos e têxteis técnicos, com 28% cada. O vestuário masculino representou 23%. O volume de negócios da indústria têxtil da UE aumentou 1,9% em 2016, para 84,2 mil milhões de euros, enquanto o volume de negócios de vestuário subiu 0,7%, para 79,6 mil milhões de euros.

No final da produção, as costureiras da Lamosa & Gomes, assinam o seu nome na etiqueta de cada par de jeans

ALY JOHN INICIA EM BERLIM CARREIRA INTERNACIONAL “Having a vagina doesn’t stop me from believing that my balls are bigger than yours” - esta frase, ousada e desafiante, bordada a dourado na parte interior da cintura traseira do modelo Play Ball, é muito provavelmente a principal razão para que ele seja o campeão de vendas da Aly John, a marca portuguesa de jeans que após mais de um ano de paciente trabalho de casa fez a sua estreia internacional no Show & Order, uma feira inserida na Berlim Fashion Week. “Cada peça tem uma frase bordada por dentro, uma etiqueta assinada pela costureira que a trabalhou e a data em que a concluiu, bem com uma outra etiqueta de silicone com o From: - Aly John, ou então o nome do amigo, namorado ou marido que ofereceu os jeans - e o To: o nome da dona das calças”, detalha Gabriela Ribeiro, a brand manager da marca, licenciada em Comunicação pela Católica de Braga. Criar uma marca tem que se lhe diga, e a Lamosa & Gomes, que há mais de 30 anos, na sua fábrica em Guimarães, produz jeans, em regime de private label para grandes griffes internacionais (como, por exemplo, a Versace) sabe isso melhor que ninguém. A marca própria - não só os seus apurados conceitos e personalidade mas também o nome

- acabou por surgir do entendimento e consenso entre duas gerações de Lamosas: o pai Manuel (que na sua juventude irreverente ganhou a alcunha de Aly, a partir do boxeur) e o filho João (John), que se licenciou em Marketing no Politécnico de Coimbra. João sugeriu ao pai experimentarem lançar uma marca de calções em denim. Manuel, que já andava com essa ideia na cabeça há algum tempo, contrapropôs: “E por que não de calças, enfim toda uma linha de jeanwear?”. E a Aly John nasceu. O seu caráter ia começar a ser esculpido ao pormenor, num investimento orçado em 150 mil euros. A primeira ideia, logo assente, foi a de contrariar a fast fashion. Qualidade e intemporalidade são o alfa e o ómega da marca. “Os nossos jeans têm um design que resiste a modas, tal como os Levi’s 501. O fit é sempre o mesmo. São todos de cintura subida porque é o que fica melhor à mulher. E fazemos tudo - costuras reforçadas, os melhores zippers,etc - para que durem o máximo de tempo possível, ao ponto de poderem ser passados de mãe para filha”, explica Gabriela, acrescentando que a Aly John quer quebrar o saturado ciclo da moda e por isso não trabalha com as coleções tradicionais,

apenas com cápsulas. Para que os jeans durem, a Aly John aconselha as donas (para já produzem apenas modelos femininos, mas ir para o unissexo é um projeto que está em cima da mesa) a não os lavarem frequententemente: basta arejá-los ou submetê-los a um estágio no congelador para as bactérias morrerem e os odores desaparecerem. O preço médio de uns jeans Aly John rondará os 220 euros, mas sobe para os 390 quando se trata de peças confecionadas com tecido selvedge importado do Japão e produzido em teares antigos de lançadeira. “No caso dos selvedge, não fazemos qualquer pré-lavagem. O tecido cru vai naturalmente moldando-se ao corpo da mulher. Se as clientes quiserem apressar o processo, recomendamos que vão com eles vestidos para um banheira com água fria”, conta Gabriela enquanto nos mostra a frase (“Today be the badass girl you were too lazy to be yesterday”) do modelo Crazy Gal em selvedge - bem como um blusão Frida Khalo pintado à mão por Rita Sá Lima e com uma frase da artista plástica mexicana: “Pies para que vos quiero, si tengo allas para volar?”. Uma metáfora, pois é a partir de Berlim que a Aly John quer voar pelo mundo - e conquistá-lo. t

LECTRA APRESENTA NOVA VERSÃO DO MODARIS V8

ZARA RECEBE DA CARITAS 180 TONELADAS DE ROUPA VELHA

A nova versão do Modaris V8 foi apresentada a 30 de Junho nas instalações da Lectra, em Leça da Palmeira. Na ocasião, especialistas no setor da modelação falaram sobre os desafios que enfrentam diariamente: necessidade de qualidade, confiança, cumprir prazos e acompanhar o ritmo acelerado da moda, que exige rapidez na criação e produção, bem como segurança e colaboração.

A Zara tem um acordo com a Caritas para recolher as roupas usadas, tanto em Espanha como noutros países. Das 25 mil toneladas que a Caritas recolhe anualmente,180 vão para a Inditex que recicla em novos tecidos parte dessa roupa. A gigante espanhola fez acordos semelhantes com a Oxfam e Cruz Vermelha.

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dos pagamentos no retalho, em Portugal, em 2015, foram feitos em dinheiro vivo, de acordo com as estatísticas do Banco de Portugal. Há dez anos, em 2005, essa percentagem foi de 70%

O FATO DE BANHO MENOS SEXY DO MUNDO Um fato de banho da Beloved Shirts com o corpo de um homem estampado, posto à venda pela módica quantia de 50 euros, está a fazer um imenso furor na redes sociais, ao ponto de já ser considerado o fato de banho menos sexy do mundo.


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ONDA E PRAIA DO NORTE FAZEM FATO DE SURF LUÍS BORGES DESFILA PARA A DOLCE & GABBANA Ao desfilar, na passarela de Milão, as roupas da coleção primavera/verão da Dolce & Gabbana, o modelo Luís Borges (Central) acrescentou mais uma marca de luxo a um portefólio onde já constavam a Dior Homme, Paul Smith, Yves Saint Laurent, Jean Paulo Gaultier, Kenzo, Hermès e DKNY, entre outros.

A marca do grupo P&R Têxteis e a Praia do Norte, Nazaré, vão fazer um fato de surf para o segmento das ondas grandes

A Onda Wetsuit (grupo P&R Têxtil) vai desenvolver em parceria com a Praia do Norte, Nazaré, um fato especial e inovador de surf, especialmente direcionado para o segmento de ondas grandes, que será apresentado em primeira mão em Janeiro, na edição 2018 da ISPO, a maior feira mundial de produtos de desporto que se realiza em Munique. O de-

senvolvimento deste fato é um dos pontos do acordo de colaboração entre a marca de surf da P&R Têxtil e a Praia do Norte assinado por Walter Chicharro, presidente da Câmara da Nazaré, Paulo Green (brand manager da Onda) e Hélder Rosendo (CEO da P&R Têxtil). “Este acordo de colaboração estratégica permitirá às

duas insígnias benefícios conjuntos e fortalecer a imagem junto dos seus mercados alvo”, explica Hélder Rosendo. Nos termos do acordo, a Onda Wetsuits passa a ser a fornecedora exclusiva da linha Neoprenos Praia do Norte (marca Nazaré Qualifica) e testará os seus produtos nesta praia mítica, em colaboração com atletas locais. t

PAULO MELO EXPLICA MILAGRE DA RESSURREIÇÃO DA ITV O milagre da ressurreição da nossa indústria têxtil e de vestuário - que tal como a Fénix renasceu das cinzas após uma descida aos infernos que custou a vida de milhares de empresas e cerca de 100 mil postos de trabalho - é explicado por Paulo Melo num ensaio publicado na 4ª edição da Bow, a revista internacional da AEP. Após passar em revista os últimos 20 anos, em que o setor passou por tudo, desde um pico de exportações, volume de negócio e emprego, até bater no fundo, em 2009, o presidente da ATP conta como é que a ITV, nos últimos sete anos, “encetou uma trajetória imparável de recuperação, reestruturando-se, reinventando-se” e “revertendo por completo o ciclo recessivo que a afetou, tornando-se um case study internacional de sucesso , que diversos países desejam emular para as suas próprias indústrias”. “De 2008 a 2016, passou-se de 65% do volume de negócios exportados para 79%, uma progressão extraordinária praticamente irredutível por qualquer outro setor da atividade económica no país, mesmo por aqueles que têm igualmente um elevado grau de abertura ao exterior”, nota Paulo Melo. O presidente da ATP elenca os diferentes fatores combinados que estão na origem do milagre da ressurreição da ITV, destacando, em primeiro lugar, “a vontade indómita dos empresários e dos seus trabalhadores em não baixar os braços, em

arrostar com as dificuldades e em escolher viver, em querer prosseguir. Sem este elemento sociológico e cultural tudo o resto seria inútil, pois este funciona como um animus que faz acionar um mecanismo inerte”. Decisiva foi também a capacidade que a ITV teve de passar do “paradigma da competição pelo preço para o da competição pelo valor”, como refere Paulo Melo: “Enfrentando a concorrência duríssima e desleal do Oriente, as empresas perceberam que continuar a competir pelo preço seria uma tarefa impossível e uma derrota certa, a prazo - mais curto que longo”. Em vez de persistirem em competir pelo preço, as empresas optaram pela diferenciação, seja pela criatividade (moda e design), seja pela inovação tecnológica nos processos e produtos, seja ainda pela intensidade no serviço ao cliente. “A apresentação de uma proposta de valor tornou-se o argumento central da relação de negócio”, recorda. O presidente da ATP conclui o ensaio alertando para a urgência da indústria não sucumbir à tentação de descansar à sombra do sucesso, “até porque se a dura recuperação que teve de realizar moldou a sua resistência, não é menos verdade que o sucesso não vem trazer nem tranquilidade, nem acomodação, pois há sempre mais a fazer do que o que foi feito”. t

FMI APRENDE COM A ATP SEGREDOS DO TURN AROUND DA ITV Uma delegação da ATP, liderada por Paulo Melo, foi recebida no Ministério das Finanças, em Lisboa, a convite do FMI, que queria escutar, de viva voz, as razões que estão por de trás da recuperação da ITV portuguesa. O turn around tornou-se um case study internacional de como uma atividade tradicional pode modernizar-se, incorporando inovação tecnológica, design e serviço, aumentando a sua presença global.

"A têxtil tem sabido dobrar todas as esquinas dos seus percursos e assume-se hoje como uma área de emprego para altíssimas qualificações e salários confortáveis, contrariando a imagem negra que muitos lhe quiseram impor" Paulo Cunha presidente da Câmara de Famalicão

CORTEFIEL BATE NO PEITO E REPOSICIONA-SE COMO PREMIUM Depois de em finais de 2015 ter enveredado por uma estratégia de rejuvenescimento e baixa de preços – pressionada pela concorrência de cadeias como Zara, H&M ou Primark -, a Cortefiel reconhece que errou e agora quer reposicionar-se como premium mass market, mais distante do preço baixo e mais próxima do luxo acessível. “Temos que falar mais de qualidade e menos de preço”, explica o administrador-delegado, Jaume Miquel.

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de fio por dia é a capacidade de produção da fiação própria da Fitecom, que é toda usada internamente


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PENEDO ESTÁ PRONTA A FAZER TECIDOS COM LED

"A máquina é um robot que faz tudo numa só operação. A comercialzação será até ao final do ano", diz Xavier Leite

José Augusto Moreira

A Têxteis Penedo deixou o mundo têxtil em estado de ansiedade ao apresentar a novidade há dois anos, na Techtextil. Todos queriam logo os tecidos com incorporação de iluminação Led, mas faltava ainda desenvolver o projeto de industrialização do produto, que está agora concluído. “A máquina é uma espécie de robot que faz tudo numa só operação e a comercialização vai arrancar até ao final do ano”, revela Xavier Leite, o CEO da inovadora têxtil-lar de Guimarães. Desde que há cerca de uma década apostou definitivamente na vertente de I&D de novos produtos, a Penedo habituou-se a exportar mais de 98% da sua produção e não tem parado de crescer. Entre os tecidos de elevada tecnicidade, a incorporação de Led desde logo criou enorme expetativa, não só pelo avanço tecnológico mas sobre-

tudo pelo evidente interesse comercial. Desenvolvido com a parceria do CeNTI e do CITEVE, o projeto LEDinTEX representou um investimento superior a 500 mil euros, e foi co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Encontrada a fórmula tecnológica, o tecido, em forma de cortinas luminosas com flores e borboletas prontas a brilhar, teve grande destaque na feira de Frankfurt de há dois anos, onde sempre são apresentadas as grandes novidades do setor. “Logo aí apareceu um hotel do Dubai a querer fazer uma grande encomenda”, conta Xavier Leite. “O problema era que só para fazer uma cortina era preciso um funcionário a tempo inteiro durante uma semana. Impossível, claro”,

explica, divertido, o líder da Penedo. Nessa altura, a única solução “era fazer tudo de modo manual e até chegamos a arrepender-nos de ter apresentado a novidade sem termos desenvolvido a industrialização do produto”. É esse processo que está agora terminado. A máquina é também fruto da ciência e produção nacionais. O que igualmente atesta a evolução, capacidade tecnológica e de inovação com que Portugal se tem destacado no mundo dos têxteis. Desenvolvida por uma empresa de S. João da Madeira, a máquina está concluída e pronta para a produção. Falta agora montá-la na unidade fabril da Penedo, em Mascotelos, Guimarães e começar a produzir. Xavier Leite não tem dúvidas de que no início do próximo ano os tecidos com Led estarão no mercado. A única dúvida é “quantas máquinas vamos montar já para início de produção”, diz, com evidente satisfação. t

O PESSOAL NÃO SABE COMO É QUE SE TIRA A TINTA DAS ROUPAS Como tirar tinta das roupas é a pergunta relacionada com a moda que mais foi feita ao Google em 2016, de acordo com uma investigação feita pela edição britânica da Marie Claire. Eis o top ten apurado: 1. Como tirar tinta das roupas; 2. Como fazer o nó da gravata; 3. Como passar a ferro artigos de seda; 4. Como utilizar uma agulha; 5. Como encolher roupas; 6. Como tirar batom das roupas; 7. Como alargar uma t-shirt; 8. Como tirar pastilha elástica das calças de ganga; 9. Como limpar sapatilhas brancas; 10. Como tirar cera das roupas.

"As pessoas que lidam com as máquinas e com o produto no dia a dia são aquelas que melhor sabem como melhorar a produtividade, o produto, como mudar um processo para tornar mais rentável ou evitar aquele erro" Ana Vaz Pinheiro administradora do Mundotêxtil

EMPREGO NA REGIÃO NORTE COM CRESCIMENTO RECORDE DE 4,2% O emprego na Região Norte registou um crescimento de 4,2%, em termos homólogos, no primeiro trimestre do ano, a subida mais acentuada desde que existe este indicador estatístico, ou seja há 18 anos. De acordo com o Relatório Norte Conjuntura, da CCDRN, foram criados 14 mil empregos, sobretudo na área de serviços, na região, durante os três primeiros meses do ano.

4 mil

novos postos de trabalho foram criados em 2016 pela nossa ITV

ETIÓPIA É O NOVO ELDORADO A Associação Selectiva Moda está a organizar, em parceria com a AEP, uma Missão Comercial e de Prospeção à Etiópia, que decorrerá de 3 a 8 de Outubro próximos - e conta com o apoio da embaixada e do Consulado Honorário da Etiópia em Portugal. Com cerca de 100 milhões de habitantes, dos quais 20 milhões constituem uma classe média emergente com um crescente poder de compra, e com a economia a crescer consistentemente na ordem dos dois dígitos, a Etiópia é o novo eldorado africano. Esta missão setorial tem como objetivo facultar às empresas portuguesas o estabelecimento de contac-

tos com entidades institucionais e empresas locais, através de reuniões previamente agendadas. A adesão a este programa não obriga ao cumprimento rigoroso das datas de ida e vinda previstas (até porque vão ser vários os setores abrangidos), pelo que para além da visita à feira Africa Sourcing and Fashion Week 2017 os programas de visitas serão naturalmente preparados caso a caso. As inscrições (limitadas) estão abertas até 15 de Agosto, sendo que 50% dos custos elegíveis são financiados a 50% no âmbito do Portugal 2020 e do Compete 2020. t

FASHION FILM FESTIVAL: INSCRIÇÕES JÁ ESTÃO ABERTAS As inscrições para o Fashion Film Festival estão abertas até 12 de Setembro em www. , e são gratuitas. Destacar e premiar os filmes de moda mais criativos e que melhor difundem o trabalho dos produtos e dos criadores da indústria da moda é o objetivo deste festival, que na sua 4ª edição terá como parceiro o Copenhagen Fashion Film.


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TUDO SOBRE MODA, Á DISTÂNCIA DE UM CLIQUE!

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“SOMOS UM GRANDE EXEMPLO DE ECONOMIA CIRCULAR”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: Carolina Guimarães e Jorge Fiel

Mário Jorge Silva 54 anos, nasceu em Vila Chã, Esposende, sendo um dos dos cinco filhos do matrimónio entre uma doméstica e um guarda fiscal. Em miúdo, percorreu esse Portugal desconhecido, a reboque dos destacamentos do pai. Até ao 9º ano, estudou no Seminário do Espirito Santo (embora nunca lhe tenha passado pela cabeça ir para padre), completando o secundário em Barcelos. É licenciado em Engenharia Química pela FEUP. Tem dois filhos, sendo que o mais velho, Ricardo, já trabalha com ele, há dois anos, na Tintex

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eixamos de ser uma tinturaria, para sermos reconhecidos como uma empresa exportadora e inovadora - afirma Mário Jorge Silva, 54 anos, CEO da Tintex, a empresa de Vila Nova de Cerveira que é provavelmente a mais premiada das têxteis portuguesas . Começou a trabalhar para outros e acabou empresário. Foi o agarrar de uma oportunidade ou o concretizar de um sonho?

No final do curso, após um estágio na Portucel, vim logo para a têxtil. Após dois anos na Barcelense, fui para a José Correia, onde arranquei com uma tinturaria nova, em Padim da Graça. Era o diretor geral e ocupava-me de tudo, dos aspetos técnicos mas também dos comerciais e da gestão. Foi uma espécie de MBA...

Sempre fui uma pessoa inovadora e arrojada que gosta de desenvolver produtos novos. Nunca gostei de estar parado. Assim que apareceu, em 1998, uma oportunidade de comprar uma tinturaria desativada em Cerveira, aproveitando o seu alvará, aceitei o repto de algumas confeções clientes e avancei como acionista e diretor. Correu logo bem?

Nem por isso. Não era a primeira vez que montava uma empresa de raiz, mas Cerveira fica longe dos clientes, em Barcelos, o que significa custos acrescidos de transportes e dificuldades extra na contratação de técnicos. Mas já sabia dessa desvantagem competitiva...

Os sócios que reuni na composição acionista inicial da Tintex comprometeram-se a colocar aqui trabalho suficiente para viabilizar

o funcionamento da empresa. Nem todos cumpriram, o que nos dificultou muito a vida, nos primeiros tempos. Como resolveu o assunto?

Sempre tive a vocação para trabalhar fibras mais delicadas. E por volta do ano 2000 surgiu-nos o desafio de resolver um problema técnico com o lyocel, uma fibra nova lançada pelos austríacos da Lenzing, que estava a ser trabalhada por uma fiação de Barcelona. Qual era o problema?

Ninguém estava a conseguir fazer malhas boas com o fio de lyocel. Em parceria com os catalães, domesticamos o defeito, alterando drasticamente a estrutura da fibra. Fomos os primeiros a produzir com lyocel malhas de qualidade com um toque bastante agradável e pilling muitíssimo reduzido. Foi o ponto de viragem?

Deixamos de ser apenas mais uma tinturaria, para sermos reconhecidos como uma empresa inovadora, com uma grande capacidade interna de investigação, e exportadora. Em 2002 já estávamos a vender malhas lyocel para a La Redoute e para os italianos. Resolver o defeito do lyocel foi o momento decisivo?

Era uma fibra nova, que dava os primeiros passos, e foi a nossa investigação que a viabilizou. Ganhamos a vanguarda. É um processo que dominamos melhor que ninguém. Passou a ser a nossa imagem de marca. Ainda hoje, o Tencel - a marca de lyocel da Lenzing - vale 40% do total das fibras que trabalhamos. A necessidade aguçou o engenho...

A insatisfação e a ambição fazem parte do DNA da Tintex. Já antes de 2002 fazíamos cartazes de malhas para ilustrar os nossos acabamentos. O sucesso com o lyocel obrigou-nos a mandar fazer as malhas e a vendê-las. Na altura não era normal ver uma tinturaria a comercializar malhas...

"A insatisfação e a ambição fazem parte do ADN da Tintex"

Quando completou o 9º ano, ainda pensou escolher Humanidades. “Gostava muito de escrever e cheguei a sonhar ser escritor ou jornalista”, conta. Mas decidiu-se pelas Ciências e encaminhou-se logo para as engenharias, mas o primeiro amor não foi a Química - mas a Eletrotecnia. Do curso, feito na rua dos Bragas, guarda recordações contraditórias. “Os primeiros anos são bastante desmotivadores. E o curso é muito teórico. Tem pouca ligação à industria. Sai-se de lá sem saber o que é uma caldeira. Mas dá uma ginástica mental tremenda”, afirma Mário Jorge, que entre os 16 e os 26 anos jogou futebol federado, tendo alinhado em várias equipas (Vila Chã, Marinhas e Forjães) dos Distritais de Viana do Castelo e de Braga. “Jogava a avançado. Era muito rápido. Não era bom no drible. A velocidade era a arma que usava para surpreender os defesas. Chamavam-me o Seninho”, recorda o CEO da Tintex

Subiam na cadeia de valor...

O peso das malhas na nossa faturação começou a subir e o dos serviços a baixar. Há três anos, a relação estava nos 50/50. Hoje, as malhas já valem 80% dos nosso volume de negócios, que este ano vai atingir os 13,5 milhões de euros. E fixamos o objetivo, que tem sido cumprido, de crescer 30% ao ano nas malhas acabadas. Não ficaram a dormir à sombra do sucesso lyocel...

O lyocel é muito importante, pois além de ser sustentável é um luxo

que permite fabricar malhas ao mesmo tempo muito técnicas e confortáveis. Mas queríamos alargar, não ficar dependentes disto. O que se seguiu?

As fibras de milho, soja e bambu, que começamos a estudar em 2005. E foi no milho que avançamos mais. Comprávamos o fio a fiações que usavam a rama de uma produtora norte americana. A fibra de milho é um substituto do poliéster de origem natural, de grande elasticidade e que dispensa a passagem a ferro. O problema é não ter resistência para ser tricotada de forma regular.

e 2010. Sofremos muito com uma guerra desenfreada de preços que nos foi movida por concorrentes desprovidos de ética, que deixavam ir as empresas à falência e depois abriam outras ao lado. Como aguentaram essa concorrência desleal?

Fizemos o trabalho de casa. Já tínhamos coleções estruturadas e uma expansão comercial em curso. Aguentamos porque, mercê da nossa visão estratégica, conseguimos antecipar as tendências. Termos produtos diferenciados e posições conquistadas no mercado externo ajudou-nos a atravessar os anos da crise.

Em que pé estão?

O processo está em stand by. Avançamos muito, fomos muito badalados nas revistas da especialidade americanas, mas ainda não chegamos a resultados satisfatórios. Há muito que trabalham com fibras amigas do ambiente. Foi uma opção?

No início do século, as questões ambientais e a sustentabilidade ainda eram olhadas como uma utopia. Nós apostamos logo nesse segmento porque não paramos nunca de buscar a diferença. O verde continua a ser uma componente forte na imagem da Tintex...

Há três anos, a sustentabilidade ainda era um tema marginal. Mas fomos acumulando as certificações - Gots, BCI, Step, ISO 9001, ISO 14001 - e investindo em fibras naturais, como o algodão orgânico, o linho e a lã. Hoje, o verde já é negócio, desde que seja bem comunicado e o produto tenha design e boa performance. Usamos muitas fibras recicladas com certificação GRS e Ecotec. Somos um grande exemplo de promoção da economia circular. A ITV foi sacudida por duas crises: a da adesão da China à OMC e a de 2008, com a Troika. Com qual sofreram mais?

Os anos piores foram entre 2006

Qual é a visão estratégica da Tintex?

Começamos a trabalhar para o segmento médio/alto. O segmento médio morreu. Ou íamos para o low cost ou subíamos. Optamos sempre por subir. O que implicou acelerar o investimento em tecnologia, Recursos Humanos e na parte comercial. Resultou?

Descolamos definitivamente do segmento médio e consolidamo-nos no alto, como é demonstrado por temos na nossa carteira de clientes marcas como a Ralph Lauren, Filippa K, Helmut Lang, Cos e Burberry, entre outros. Qual a grande lição dos anos de crise?

Não podemos andar aos ziguezagues. Temos de traçar uma linha de rumo e ser persistentes, não desistindo à primeira contrariedade. Temos de estar sempre preparados para qualquer eventualidade, munidos de um plano B para contornar situações inesperadas. Também é fundamental ter uma boa equipa, com um espírito de grupo forte. Como se cria um espírito de grupo forte?

Sabendo comunicar aos colaboradores as coisas boas e más da vida da empresa. Sabendo dar-lhes responsabilidade e partilhar com eles


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O velho e o novo logo

Imagem corporativa apresentada em Nova Iorque “Nunca fui de me deixar andar pelo que existe”. Andar à frente, assumir a vanguarda, é uma espécie de bússola que Mário Jorge Silva colou à vida na Tintex. Uma dinâmica que implica movimento e ação constantes, onde a renovação e refrescamento de imagem fazem parte desse processo evolutivo. E o palco escolhido para apresentação da nova imagem corporativa não podia ser outro: Nova Iorque. A oportunidade foi dada pela Première Vision (18/19 de Julho), uma festa que se vai repetir, ainda com maior expressão, durante a Feira de Paris, já em Setembro.

não só os sucessos mas também os desafios e dificuldades. Que custos de contexto afetam a vossa competitividade?

Acima de tudo os custos da energia, que estão sempre a subir. Como agravante, apesar das nossas preocupações ambientais, durante os anos da crise tivemos de trabalhar com fuel, pois não tínhamos ligação à rede de gás, apesar do gasoduto passar a uns oito km da nossa fábrica. Como atenuam essa desvantagem?

Temos um sistema fotovoltaico que diminuiu em 25% a fatura energética e compramos equipamentos mais eficientes. Os sete milhões de juros que investimos nos últimos três anos também foram aplicados em jets que gastam menos 30% de energia, água e produtos químicos.

"A moda vai buscar cada vez mais inspiração aos têxteis técnicos"

a alguns clientes. Mas vamos continuar a subcontratar tricotagem. A Hata só vai satisfazer 50% das nossas necessidades. Quanto é que a Hata fatura?

Para já não é significativo, pois está a arrancar. Em velocidade cruzeiro, deverá rondar os três milhões de euros. Ainda estamos a investir em máquinas novas, de jogos finos, únicas em Portugal. O que as distingue?

A sustentabilidade é um dos pontos fortes da vossa imagem?

A frase Naturally Advanced que escolhemos para assinatura exprime isso. Somos uma empresa tecnologicamente avançada, comprometida com a diminuição da sua pegada ecológica e apostada em ser uma referência, a nível mundial, no respeito pelo meio ambiente. Em 19 anos, investiram 26 milhões de euros. Não têm problemas com o acesso e custo do dinheiro?

Em 2010 era muito difícil arranjar um financiamento. Mas as coisas têm melhorado. Eu não sou rico, mas a Tintex não tem parado de investir. Os bancos emprestam dinheiro porque sabem que o estamos a aplicar em equipamentos que vão dar retorno. Projetamos faturar 15 milhões no próximo ano e 18 milhões em 2019. Investiu pessoalmente numa fábrica de malhas. A que corresponde esse movimento?

Precisávamos de ser mais rápidos a desenvolver os novos produtos e de ter mais agilidade na resposta

Normalmente os jogos finos estão dedicados a fibras sintéticas. É mais difícil produzir malhas finas - mas compactas, com boas estruturas e um conforto incrível -, com fibras naturais e celulósicas. É isso que estamos a fazer. O investimento em máquinas state of art abrem novas perspetivas de negócio?

A máquina mais diferenciadora é a de coating, que é única no mundo, permite-nos apresentar produtos totalmente inovadores e inesperados no segmento da moda e fornecer novas indústrias, como a de automóvel e a do calçado. E apesar de ser bastante recente, já nos possibilitou fazer novos artigos, como o tecido com base em cortiça, desenvolvido com a Sedacor, e que foi premiado na Munich Fabric Start. O que é que acrescenta?

Até agora, tudo quando se fazia era colar a folha de cortiça em cima de outro suporte. O nosso produto tem elasticidade, pode ser lavado e tem vantagens de respirabilidade, repelência e barreira.

Por que é que apostam cada vez mais nos têxteis técnicos?

É aí que está o futuro. A moda vai buscar cada vez mais inspiração aos têxteis técnicos. É incrível o crescimento do athleisure. Foi por causa dessa aposta que trouxe de Hannover dois engenheiros químicos: o meu filho Ricardo, que estava na Continental e se ocupa da inovação, e a sua mulher Ana, que era investigadora na Universidade e trata da sustentabilidade. Quando teve a certeza absoluta que estava no caminho certo?

Quando na nossa primeira participação na ISPO, em 2016, ganhamos seis prémios, entre os quais um Best Product. Foi o reconhecimento internacional da qualidade da nossa investigação. São, provavelmente, a mais premiadas das nossas têxteis...

Antes da nossa primeira ISPO já tínhamos ganho o Inovatêxtil com o método Colorau de tingimento ecológico. Este ano voltamos a trazer oito prémios da ISPO. E na Munich Fabric Start recebemos um prédio High Tech. É virtuosa a queda do peso nas vossas exportações diretas?

É sinal que as confeções portuguesas estão bem cotadas internacionalmente. Muitos dos nossos grandes clientes compram-nos as malhas e pedem-nos que as entreguemos a produtores portugueses. E outros perguntam-nos em que confeções do nosso país devem colocar as suas encomendas. A Tintex começou como uma tinturaria, mas hoje é mais que isso. Foi por isso que adotaram uma nova imagem corporativa?

Portugal faz muito bem, mas se não o soubermos comunicar, estamos a prejudicar-nos e a comprometer o preço dos nossos produtos. Não basta saber fazer. É preciso fazer saber que sabemos fazer. O nosso preço não pode ficar abaixo do dos italianos ou alemães. A Tintex vai comunicar que não é apenas mais uma empresa de produção - somos uma marca! t

As perguntas de

Ricardo Silva Head of Operations e filho mais velho Desde criança que me habituei a que a balança do tempo que dedicavas ao trabalho e à tua vida pessoal e familiar estava sempre desequilibrada a favor da empresa. Como está agora a balança?

A têxtil é muito exigente. Nos arranques da tinturaria José Correia e da Tintex, dediquei à indústria um tempo e atenção exagerados, com grande sacrifício para a família. Agora que tu e a Ana vieram trabalhar para cá, nós estamos mais tempo juntos. Mas sei que a tua mãe e o teu irmão continuam a ser prejudicados. Vou continuar a esforçar-me por cumprir a meta que acordei convosco, de sair da fábrica o mais tardar às 19h30. Com toda a inovação e dinamismo que imprimiste à tua carreira, que outra atividade imaginavas podias ter tido?

É uma pergunta muito difícil. Sempre gostei muito de fazer coisas novas. A investigação? Talvez se desse para experimentar e ver os resultados... Em adolescente, gostava muito de escrever e cheguei a sonhar ser jornalista ou escritor. Aos 14 anos, mandei um conto de ficção científica para o Primeiro de Janeiro. Não o publicaram. Não devia ser grande coisa:-). t

Ana Silva Head of Sustainabilty & Innovation e nora O que o levou a apaixonar-se pela têxtil?

Há uns dez anos, sentíamos que os outros olhavam para a têxtil como um setor tradicional e obsoleto, fraco e condenado a definhar. O que estava a dar era trabalhar na química, nos petróleos ou nas tecnologias de informação. Eu, que sempre gostei de introduzir novas valências, de trabalhar com novas fibras e acabamentos, estou orgulhoso porque finalmente a têxtil é reconhecida por todos como uma indústria inovadora, tecnologicamente avançada, capaz de fazer produtos novos para setores como a saúde, o automóvel ou a industria aeronáutica. É esta capacidade de se reinventar que me apaixona na têxtil. Além de ser inovador, de que é que mais se orgulha na sua carreira?

Orgulho-me de ter conseguido levar a Tintex a fazer um percurso bem sucedido e inesperado face ao inicialmente pensado, com a ajuda de um grupo notável de colaboradores, que se sentem orgulhosos de fazer parte deste projeto. Pessoalmente, sinto muito orgulho em ter conseguido, com a minha maneira de ser muito transparente e direta, ajudar a construir este grupo onde reina um ambiente fantástico. t


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Está na hora de ser

O poder da digitalização está nas suas mãos com o Lectra Fashion PLM 4.0. Inicie o seu caminho para uma cadeia de fornecimento digitalizada e aproxime-se dos consumidores como nunca. Responda às exigências de mudança, aumente a sua agilidade e trabalhe de forma mais inteligente com dados em tempo real, para satisfazer os desejos de moda dos seus clientes. É o que nós chamamos ser FASHION/ABLE. Seja FASHION/ABLE com o Lectra Fashion PLM 4.0


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FEIRAS

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AGENDA DAS FEIRAS PLAYTIME 01 a 03 Julho - Paris Knot, Miel à Moi, NaturaPura, Piupiuchick, Rocket Pear, Sissone MILANO UNICA 11 a 13 julho - Milão Albano Morgado, Gierlings Velpor, J. Areal, Lemar, Riopele, Sanmartin BUBBLE 16 e 17 julho - Londres Blake, Bo Bell, Bogoletá Couture, Children's Co, Chua, SOT, Dr. Kid, Phi Clothing, RAP PREMIÈRE VISION NY 18 e 19 Julho - Nova Iorque Têxtil Serzedelo, Albano Morgado, Idepa, Lemar, Orfama, Sidónios Malhas, Tintex, Triwool THE LONDON TEXTILE FAIR 19 e 20 julho - Londres 6Dias, Têxtil Serzedelo, Albano Morgado, Fábrica de Tecidos Vilarinho, Gielings Velpor, João & Feliciano, Lemar, Maria Madalena Rocha Azevedo, Quickcode, Riopele, Teia de Lona, TMG Textiles/TMG Knittings, Trend Burel/Burel Factory, Troficolor PURE LONDON 23 a 25 Julho - Londres Blackspider by Cristina Barros, Cristina Barros, Dinamic Mancha, Litel, Miscy, Vandoma COLOMBIA MODA 25 a 27 julho - Colômbia Bow Swimwear, Dielmar, Dr. kid, FS Baby, Katty Xiomara, Lemar, NST Apparel, Orfama/Montagut, Penedo, Rarial CIFF 09-11 Agosto - Copenhaga Blake, Miel à Moi, Misci MAGIC 14 - 16 Agosto - Las Vegas Averse, Beppi, Inimigo Clothing, Xisocho NY NOW 20 - 23 Agosto - Nova Iorque Bovi, Freitas & Dores, Graccioza/Sorema, Burel Mountain Originals/Trend Burel FORMEX 23 - 26 Agosto - Estocolmo Mèzë/Ernesto Grilo, Little Nothing, Nieta Atelier/R & U Atelier, Burel Mountain Originals/Trend Burel CPM 30 Agosto a 02 Setembro - Moscovo Ada Gatti, Blackspider, Cubos de Algodão

“A qualidade do produto Made in Portugal é reconhecida internacionalmente, em particular no Reino Unido”, afirma Inês Branco

NORTENHA NA SVP SATISFEITA COM O UK O fantasma do Brexit não parece estar a assustar as empresas portuguesas com negócios em terras de Sua Majestade. Com a maior presença de sempre na Fashion SVP, a maior feira de sourcing do Reino Unido, foram 22 as empresas que rumaram até à capital britânica para expor no certame – sendo que 18 foram com o apoio da Selectiva Moda. A Têxtil Nortenha foi pela primeira vez a esta feira e, segundo Inês Branco, partner e head design da empresa, o salão correu “bastante acima das expectativas”. A têxtil de Vila Nova de Famalicão já tinha no mercado inglês uma quota importante de clientes, mas pretende aumentá-la, querendo marcar o ponto naquela que se está

a transformar numa das feiras mais importantes de sourcing para os portugueses – nacionalidade que, para os britânicos, é sinónimo de qualidade. Segundo Inês “a qualidade do produto Made in Portugal é reconhecida internacionalmente, muito particularmente por este mercado”. A Orfama já conhece bem os corredores do Olympia, uma vez que é a quarta participação que faz na Fashion SVP. António Cunha, sales manager da empresa, diz que para a Orfama este “é um mercado estratégico e com um grande potencial de crescimento”, ressalvando também o grande interesse do público inglês pelos produtos

Made in Portugal. “Constatamos ao longo das várias participações que os contactos nesta feira são mais direcionados, mais diretos e objetivos, com uma real vontade de fazer negócios”, refere António. A riqueza das matérias-primas tricotadas em jogos muito finos, com motivos jacquards e estruturas muito acentuadas foram, no stand da Orfama, dos produtos mais procurados. A adesão em massa das empresas portuguesas, os sorrisos e os balanços feitos no final da feira são a prova dos nove de que, tal como antigamente, Portugal e Inglaterra continuam bons amigos no que aos negócios diz respeito. t

LIPACO QUER FAZER 15% DAS VENDAS NO SETOR AUTOMÓVEL Fios de costura para estofos e painéis são os produtos que estiveram em destaque no stand da Lipaco, que fez a sua estreia na Automotive Interiors Expo, certame que decorreu de 20 a 22 de Junho, em Estugarda, integrando uma embaixada nacional constituída por um total de 11 empresas portuguesas e dois centros de investigação (CITEVE e CeNTI). “Uma vez que estamos presentes neste segmento, queremos tornar os nossos produtos mais visíveis e atrativos no mercado externo. A longo prazo temos

o objetivo de fazer 15% das nossas vendas no setor automóvel”, afirma Jorge Pereira, CEO da Lipaco. A Lipaco é uma das seis empresas (Carlom, Coltec, Heliotextil, Idepa, e MSG são as outras cinco) que estiveram em Estugarda no âmbito do projeto From Portugal, promovido pela Seletiva Moda e ATP e co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020. A presença nacional na Automotive Interiors Expo completa-se com outros cinco expositores: Endutex, ERT, TMG Automotive, Simoldes e Borgstena. t


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TIFFOSI JÁ GARANTIU PRESENÇA NA MOMAD METRÓPOLIS A Tiffosi é uma das marcas de moda masculina que já garantiu a sua presença na próxima edição da Momad Metrópolis, que se realiza de 1 a 3 de Setembro em Madrid, uma organização da IFEMA. Mais de 700 marcas de moda e acessórios estarão na próxima edição da Momad, que se vai apresentar num novo formato, mais compacto (estará concentrada ente os halls 12 e 14) e atrativo, numa área de 13 500 m2, dos quais 95% já estão reservados.

"O Japão é um mercado que aprecia a história. Temos um cliente que está a fazer etiquetas especiais para os nossos tecidos com a indicação Since 1932" José António Ferreira diretor de exportação da Texser

ROCKET PEAR AO ATAQUE NA PLAYTIME PARIS

As roupas, os pijamas e os acessórios com um toque minimalista da Rocket Pear voltaram a dar, pela terceira vez, o ar da sua graça na Playtime Paris. Com um estilo próprio “que prima pelo corte, geometria e funcionalidade, numa abordagem gráfica e depurada”, a marca de roupa infantil visitou o certame francês com mais cinco empresas que integraram a comitiva From Portugal: a Knot, a Miel a Moi, a NaturaPura, a Piupiuchick e a Sissonne. t

SISSONE ESTREOU-SE NA PITTI BIMBO

FIMI: BOGOLETA NÃO TEVE MÃOS A MEDIR

A Sissone foi a grande estreante da comitiva da Selectiva Moda que esteve na Pitti Bimbo, em Florença, onde apresentou tecidos leves, cores suaves e um design original. Dr. Kid, Knot, Natura Pura e Phiclothing foram as outras marcas da embaixada From Portugal.

A Bogoleta Couture teve o seu stand sempre cheio durante os três dias que durou a FIMI. Uma estreia auspiciosa para a marca de moda infantil naquele que foi o primeiro passo no caminho da internacionalização. Baby Gi, Beppi, Just Lovely e The Cotton Baby foram as quatro marcas que estiveram em Madrid com o apoio da Selectiva Moda no âmbito do projeto From Portugal.

NÃO AUTOMÓVEL DA ERT AUTONOMIZADO NA WTEX A ERT está a concentrar na recém criaque não crescia como Moda, têxteis- industrial da WTex a atividade industrial fora pode e deve porque estava a ser um da área automóvel e de mobilidade. A lar, puericultura, pouco ofuscada pela mobilidade nova empresa fez a sua apresentação que passou a ser o core business da calçado e internacional na Techtextil, com a assiERT”, acrescente João Brandão, 50 desporto serão anos, antigo piloto oficial da equipa natura Working with layers. Moda, têxteis-lar, puericultura, cal- as áreas a quem de Todo o Terreno da Suzuki. çado e desporto serão as áreas a quem O processo de transferência de a WTex fornecerá componentes, re- a WTex fornecerá equipamentos e pessoal de S. João sultantes de processos de laminação componentes da Madeira, onde bate o coração da e sublimação, feitos na nova fábrica ERT, para Felgueiras já se iniciou instalada na nova zona industrial de e contempla a aquisição de novas Felgueiras. máquinas e a contratação de cinco pessoas. A 1ª fase “Estamos a passar à prática uma estratégia delijá terminou, mas a 2ª fase só deverá estar concluída neada já há algum tempo, quando detetamos que no final do próximo ano. a expansão e desenvolvimento da área de negócios A WTex, que apresentará coleções próprias aos que agora transferimos para a WTex estavam a ser confecionadores, prevê atingir um volume de negóprejudicados por ela não estar autonomizada”, excio na ordem dos oito a dez milhões de euros, em plica João Brandão, o CEO e fundador do grupo ERT. velocidade cruzeiro, e exportar diretamente 1/3 da ERT são as iniciais de Empresa de Revestimento sua produção. Têxteis e recordam a atividade inicial desta compaCom fábricas na Roménia, República Checa, S. nhia, que foi a única desde a sua fundação em 1992 João da Madeira e Felgueiras - a que acrescentará até que no ano 2000 começou a deslocar o seu ceneste ano unidades industriais em Marrocos e Méxitro de gravidade para o fornecimento da indústria co -, a ERT fechou 2016 com um volume de negócios automóvel. de 80 milhões de euros e prepara a transferência “A criação da WTex representa um regresso às para as antigas instalações da Oliva da sua divisão origens e a nossa vontade de dinamizar uma área que fornece a indústria automóvel. t

MESSE FRANKFURT ULTRAPASSA MARCO DOS 650 MILHÕES DE EUROS A Messe Frankfurt prepara-se para bater o seu recorde de receitas, ultrapassando pela primeira vez o marco dos 650 milhões de euros de receitas em 2017. Em 2016, a Messe Frankfurt organizou 417 eventos, visitados por 4,2 milhões de pessoas, faturou 647 milhões de euros (sensivelmente o mesmo que em 2015), libertou um EBITDA de 124 milhões de euros e apurou um lucro líquido de 50 milhões.

5%

foi quanto cresceu em 2016 o mercado mundial de têxteis-lar


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DESISTART EM OVAR E FAZ PARCERIA COM KATTY A empresa de tapeçarias Desistart investiu mais de dois milhões de euros e transferiu a fábrica de S. Félix da Marinha (Gaia) para um pavilhão industrial em Cortegaça (Ovar) com mais de 2 000 m2 de área. Criou assim mais 12 postos de trabalho e novos centros de competências, passando a empregar 33 pessoas. E tem uma parceria com a estilista Katy Xiomara. A Desistart dedica-se à produção de tapeçarias de luxo e conta com 20 anos de atividade, exportando mais de dois terços da produção. Os investimentos efetuados visaram, fundamentalmente, a modernização, expansão e apetrechamento técnico da sua unidade fabril, num projeto cofinanciado pelo Portugal 2020. Nestas duas décadas, a empresa destacou-se no mercado internacional pelos seus tapetes de produção manual (hand-tufted), sobretudo, mas agora, com três teares semiautomáticos novos para a produção de tapetes de nós manuais (hand-knotted), está a aumentar a oferta nos segmentos de maior prestígio e valor acrescentado. Evidenciando a nova fase da operação, a Desistart fez uma parceria com a estilista Katty Xiomara. Da colaboração entre as duas partes resultou uma capa, tipo capote de paseo dos toureiros, confecionada a partir de uma tapeçaria à base de viscose e

lã, que faz parte da coleção outono/inverno 2017-2018 da criadora de moda portuguesa, já apresentada na Semana de Moda de Nova Iorque e na mais recente edição do Portugal Fashion, no Porto. O programa de investimentos visa, igualmente, posicionar a Desistart no mercado global como produtora premium e alargar o espetro da sua presença comercial além-fronteiras, de forma a aumentar as exportações para 18 destinos e a vender no estrangeiro cerca de 90% da sua capacidade instalada, no final do próximo ano. Para tanto, a empresa, fundada pelo casal Rosa e Henrique Ferreira, tem incrementado as ações de promoção externa e passará a dispor, a partir do final do verão, de um delegado comercial em França e de um corner com os seus produtos num showroom profissional, em Paris, em que estarão representadas algumas das mais famosas marcas internacionais de soluções e equipamentos para casa

e decoração. Em 2016 ainda não se repercutiram os efeitos dos investimentos feitos ao longo do ano e a faturação da Desistart atingiu os 1,2 milhões de euros. Com a nova fábrica em velocidade de cruzeiro, porém, os responsáveis da empresa esperam chegar aos dois milhões de euros em 2020. t

BIG MAC TAMBÉM É MALAS, T-SHIRTS E CHAPÉUS A japonesa Beams desenvolveu uma coleção cápsula inspirada no Big Mac, em parceria com a McDonalds, que inclui malas, chapéus, t-shirts e capas de telemóvel. Só há 300 peças por cada modelo e 30 euros é o preço do artigo mais caro.

JOSÉ NEVES ENCANTADO COM CHINESES O grupo chinês de comércio online JD.com investiu 356 milhões de euros na Farfetch, o que deixou encantado José Neves. “A China é o segundo maior mercado de luxo e nós estamos encantados em ter connosco um parceiro tão respeitado, conhecido pela sua estrita proteção de IP com que se relaciona com os consumidores de luxo chineses”, afirma o CEO da Farfetch José Neves.


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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti

A moda está na praia Talvez a esta altura a grande maioria das mulheres já conseguiu esgotar o orçamento em Moda Praia – o calor começou cedo e já deu para muitos dias de sol, areia e mar. Sem contar com os feriados, que já proporcionaram muitas mini-férias por aí. Eu sei, esta rúbrica devia ser Fashion Forward (notícias para adiantar o futuro) mas a verdade é que com tanto calor não consigo pensar em outro tema para escrever! E como ainda temos alguns bons meses de (muito) calor – pelos vistos, nada melhor do que ajudá-las aqui a escolher os modelitos perfeitos para exibirem nestes dias de verão que se seguem. É indiscutível que hoje em dia o beachwear exerce um peso muito maior e significativo para a moda nacional que há alguns anos atrás. Hoje a moda voltada para o verão, para a praia, recebe uma grande atenção do público e consequentemente da indústria. Num país como Portugal, com o clima quente e um litoral vasto – dos melhores da Europa, não poderia ser diferente. Não é à toa que tem vindo a crescer a olhos vistos o número de marcas nacionais que se dedicam a este nicho de mercado. Nos últimos anos pelo menos 20 novas marcas nasceram no país! Mas então quais são as tendências? O que vamos encontrar no mercado e como escolher? Claro que vai sempre depender do seu gosto pessoal. A escolha tem que ir de encontro com dois fatores principais: 1. O formato do seu corpo. É importante encontrar uma peça que valorize as suas formas naturais; 2. O seu estilo, a sua identidade. Se for uma pessoa mais romântica pode optar por modelos com estampas florais ou até aplicações como folhos. Se for mais minimalista um fato de banho todo liso com algum detalhe no corte apenas vai ser a opção ideal. Com isto em consideração, aponto aqui as principais tendências que têm aparecido no mercado: • One piece. O fato de banho volta a imperar com modelos lindos em cortes especiais – assimetrias, decotes, cut-outs... ; • Shine on. A Lycra com um leve brilho tem trazido um toque de sofisticação cool à praia; • Romance. Aplicações como folhos, bordados e padrões florais para uma moda praia romântica e mais jovem; • Vintage. É a volta de cortes mais fechados, inspirados nos anos 50. • Riscado. Os padrões em riscas estão com força total; • Surf's Up. A roupa do surf a inspirar os modelos de biquinis e fatos de banho tanto no corte como em detalhes de ziper e padrões; • Message. A moda adora um grafismo e a tendência chega na moda praia com frases variadas estampadas nas peças. Agora é só escolher o estilo ideal para si e ir a correr para um mergulho pois com este calor... t

MACAU DESACONSELHA GRAVATA Através da diretiva verão: vamos todos conservar energia, o Governo de Macau incentiva os funcionários públicos a limitarem o uso de casaco e gravata e recomenda que os aparelhos de ar condicionado sejam mantidos numa temperatura não inferior a 25 graus centígrados.

VIDA DIFÍCIL PARA MODELOS ANORÉTICAS A partir deste ano, as modelos que trabalham em França terão de apresentar um atestado médico comprovativo de que não estão demasiado magras e os seus índices de massa corporal são saudáveis. Para além disso, todas as fotografias de campanhas publicitárias trabalhadas em Photoshop terão de ter a indicação de “fotografia retocada”.

14 %

é o peso da fileira da moda no total das exportações italianas

INDITEX COM MIT NOS RECICLADOS A Inditex quer ter até 2020 um mínimo de 10% das suas peças de vestuário feitas com tecidos reciclados ou de origem orgânica - e ainda incutir nos consumidores espanhóis o hábito de reciclagem das roupas. Esta estratégia ambiental contempla uma parceria com o Massachusetts Institute of Tecnology (MIT) e o lançamento de um concurso nas universidades espanholas para a criação de tecidos reciclados.


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DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães

Hay Carmo

Travessa do Carmo, 1C, Lisboa

Produtos Roupa, sapatos e acessórios Inauguração Junho de 2017 Marcas Aÿa, 38 graus, Katty Xiomara, Maria Martinez, Repto, Susana Bettencourt, Juu Serviços Café, showroom privado, estúdio de fotografia Loja online não

160 milhões

de euros é quanto gastou em roupa a população muçulmana, em 2015, de acordo com o Global Islamic Economy Report, que calcula que esse valor se vai elevar para 227 milhões em 2019, ou seja, vai passar a valer mais que os mercados do Reino Unido e Alemanha juntos

LIDL REFORÇA OFERTA TÊXTIL Os alemães do Lidl vão reforçar, na sua rede mundial, a oferta de produtos do segmento têxtil, apresentando coleções em parceria com estilistas (a primeira foi Heidi Klum). A roupa vendida nas cerca de 10 mil lojas de que o Lidl dispõe, a nível global, é produzida por fabricantes "certificados" na Ásia e não há planos para estender as compras têxteis a Portugal.

Um pote de diversidade É um pote de diversidade, mas sem haver confusões ou miscelâneas; é um open space, mas há lugar para todas as marcas conquistarem o seu próprio território. Para além do espaço comum, partilham outras características: um branding bem trabalhado, o bom gosto e a qualidade. E, já agora, a nacionalidade: são quase tudo marcas portuguesas. Foi Juliana Cavalcanti – colaboradora do T – que idealizou e concebeu a ideia da Hay Carmo: uma loja que faz curadoria de várias marcas, na sua maioria de pequena dimensão, dando-lhes visibilidade e espaço para crescerem. Cada uma tem o seu recanto próprio, que passado um par de meses será de outra marca – o grande objetivo é que a loja esteja em constante mudança, sempre com marcas novas e de cara lavada, dando oportunidade aos clientes de conhecer o melhor que Portugal (e não só) tem para oferecer no campo da moda. Mas mais que uma loja, Hay Carmo é um espaço para se estar e conviver, enquanto se aprecia peças bonitas. Localizada em pleno coração do Chiado, tem um bar no interior que funciona durante o horário da loja e que serve petiscos como bruschettas, tábuas de queijos e enchidos e, para os mais saudáveis, batidos verdes – e que, nos dias quentes, podem servir de refresco no terraço exterior, que também albergará alguns eventos relacionados com arte, comida e, claro, moda. Desenhada a pensar nas necessidades atuais

das marcas, o espaço tem ainda duas valências preciosas cujos novos negócios podem usufruir: no andar de cima, uma sala privada, que pode albergar um showroom, festas ou lançamentos – uma prática recorrente hoje em dia entre marcas, que apresentam previamente as suas coleções à imprensa, bloggers e social media influencers. Para além disso, existe um estúdio de fotografia que funciona por marcação, em que o objetivo é dar apoio à criação de conteúdos. “Para as marcas, hoje em dia, há uma necessidade muito grande de criar conteúdos. Aquilo que queremos fazer é desmistificar a ideia de que para tirar boas fotografias é necessário uma grande produção”, explica Juliana Cavalcanti, que acrescenta que a loja terá um fotógrafo para este tipo de serviço, que ajudará também a desenvolver o conceito de cada negócio e alguns ajustes ao nível do design gráfico. Quem aqui vem pode sair vestido – e bem composto – da cabeça aos pés: moda de autor, roupa de banho, jóias, calçado, óculos de sol e outros acessórios estão disponíveis nos vários corners da loja, com marcas que vão desde as criações de Katty Xiomara, passando pelas malhas de Susana Bettencourt, os fatos de banho da 38 graus até à roupa urbana da Repto. Ao todo são 18 marcas que estrearam este espaço, acabado de abrir, e que promete animar a Baixa lisboeta, enchendo-a de moda e de vários eventos ao longo do ano. t

ROUPAS MAIS POPULARES ONLINE Roupa, sapatos, malas, cintos ou bijuteria são as coisas que os portugueses mais compram pela internet. Só depois surgem as viagens e a tecnologia, de acordo com um estudo da PayPal, que revela que são mais de metade (53%) os consumidores online portugueses que adquiriram este tipo de produtos nos últimos doze meses.

"A China não pode ser mais encarada como um concorrente apenas nos têxteis básicos. É um país muito grande, com muita gente a estudar Engenharia Têxtil e na investigação à escala é muito importante" Braz Costa diretor-geral do CITEVE

CAIU PARA 1/3 O PESO DA CHINA DAS IMPORTAÇÕES EUROPEIAS

O peso da China nas importações de têxteis e vestuário da UE fixou-se em 33,1% no final de 2016, confirmando uma tendência de queda - em 2010 estava nos 40,8% e em 2015 nos 35% - de quota de mercado de que têm vindo a beneficiar dois grandes blocos de produtores asiáticos: a SAARC (Associação Sul-Asiática para a Cooperação Regional), que agrupa Bangladesh, Índia, Paquistão e Sri Lanka, e a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), que inclui Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Camboja, Laos, Myanmar e Vietname.


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LEVI’S ASSOCIA-SE AOS CELTICS, BULLS E LAKERS A Levi’s pôs à venda uma linha de vestuário desportivo com os logos de cinco míticos clu-bes da NBA, liga norte-americana de basquetebol: Boston Celtics, LA Lakers, Chicago Bulls, New York Knicks e Golden State Warriors. Blusões, jeans, sweaters de algodão, camisas de xadrez, jumpers e casacos de treinador são algumas das peças que compõem a nova linha Levi’s/NBA, com preços de venda ao público que oscilam entre os 79 e os 400 US dólares.

“O nosso objetivo é ser o parceiro de marcas internacionais que procuram apoio no desenvolvimento das suas criações", afirma a AAC Têxteis

AAC TÊXTEIS ESTÁ CADA VEZ MAIS VERDE A sensibilidade para as questões da sustentabilidade levou a AAC Têxteis a anotar uma política de responsabilidade ambiental, introduzindo procedimentos internos que limitam o uso de plástico e reduzem o consumo de água, apostando na instalação de lâmpadas LED T-5 e CFL e reciclagem de papel e cartão. Com sede em Famalicão e um volume de negócios de 14 milhões de euros, esta empresa de vestuário seduz os seus clientes estrangeiros com a sua sensibilidade ambiental mas também com o design e desenvolvimento do produto até aos protótipos finais que entrega para produção a outras empresas portuguesas. Os donos desta empresa familiar, fundada em 1984, sublinham como vantagens competitivas os factos das suas instalações estarem a 20 minutos do aeroporto Francisco Sá Carneiro, o que permite um fácil acesso às principais cidades europeias, de Portugal ser “um país estável e responsável”, e da região onde está inserida ser “o berço da produção têxtil europeia com um vasto leque de fábricas dinâmicas e inovadoras”. “Somos uma empresa com mais de 30 anos de experiência na produção de vestuário. O nosso objetivo é ser o parceiro de marcas internacionais que procuram apoio no desenvolvimento das suas criações em Portugal”, explicam. Não produzem, mas garantem alto valor acrescentado ao vestuário de conceituadas marcas de moda feminina, masculina e infantil, nos segmentos casual, desportivo, banho, pronto-a-vestir e alta-costura.

A AAC Têxteis dispõe de uma equipa de 30 profissionais, liderada pelos famalicenses Paulo Pereira, Carina Cortinhas e Amélia Matos, que agarra nas ideias das marcas e terminam em amostras finais de peças para produção destinadas ao mercado da gama média e alta. “Através de um grande investimento em capital humano, com base no conhecimento e no desenvolvimento constante a nível técnico, estamos a construir relações de confiança e continuidade”, afirmam. E acrescentam que atribuem “grande importância ao espírito de equipa” e que “se orgulham do grau de envolvimento de toda a estrutura em todos os projetos”. Ao nível da responsabilidade social, a AAC Têxteis garante que trabalha todos os dias para conseguir “um comportamento cada vez mais responsável e transparente”. Daí que exija aos seus parceiros (confeções, tecelagens, lavandarias e tinturarias) que dêem prova de um “comportamento responsável e amigo do ambiente”. É por isso, dizem, que estilistas, criadores e grandes marcas de moda internacionais elegem esta empresa famalicense para desenvolver as suas coleções. A fase produtiva é também acompanhada de perto pela AAC Têxteis junto das fábricas que escolhe para dar corpo às coleções dos seus clientes internacionais: alemães, belgas, espanhóis, franceses, norte-americanos e suecos. Todos têm a mesma expectativa em termos de qualidade e serviço que a AAC Têxteis faz questão de assegurar. t

MORETEXTILE OFERECE-NOS UM SONO MAIS SUSTENTÁVEL Artigos de sleepwear feitos a partir de produtos sustentáveis como o Eco Heather, o More Color Green ou o Dynamic Color vão ser as próximas apostas do Moretextile Group. O ensaio de exposição desses novos artigos, designadamente roupões, pijamas e mantas, foi feito pelo grupo na Guimarães Home Fashion Week. Mas o grande momento para o lançamento dessa linha de sleepwear feita a partir de produtos susten-

táveis está guardado para a Heimtextil, de Frankfurt, em Janeiro do próximo ano. Além do teste ao sleepwear sustentável, a Moretextile mostrou como é que Eco Heather, More Color Green e Dynamic Color, têm evoluído desde que foram lançados. O Eco Heather começou nas toalhas mas já vai nos lençóis, robes, toalhas de praia e pijamas. No fundo, é possível

fabricar com este produto – que utiliza todas as fibras desperdiçadas na fiação do grupo (Tearfil), produzindo um novo fio composto por algodão, linho, modal, tencel, lyocell, lã e seda – todos os têxteis para o lar. No caso do Dynamic Color estão a ser fabricados artigos com novas cores, além do amarelo, como o rosa, azul bebé e verde água. t

VEICHMANIS SUBSTITUI STEPHANIE NA FARFETCH John Veichmanis é o novo diretor de marketing da Farfetch, substituindo Stephanie Horton. "A indústria da moda de luxo está mudando rapidamente e, em 2025, um quarto de todas as vendas de luxo serão feitas online. Essa mudança gera novas oportunidades para aproveitarmos os nossos dados, tecnologia e capacidades criativas e criar campanhas altamente segmentadas e personalizadas globalmente", disse John Veichmanis, que ao longo de 20 anos de carreira passou pela Dell, Apple, Skype e Expedia.

"Do que precisamos é de estimular as micro, pequenas, médias e grandes empresas que exportam" Teodora Cardoso presidente do Conselho de Finanças Públicas

NORUEGA PROÍBE VÉU ISLÂMICO NAS ESCOLAS

O Governo de Oslo apresentou ao parlamento norueguês um projeto de lei destinado a proibir o uso do véu islâmico em todos níveis do sistema educativo do país, ou seja desde as creches até às universidades. “Roupa que cobre o rosto impede uma boa comunicação que é determinante para os alunos aprenderem bem”, argumentou o ministro Torbjoin Roe Isaksas.


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Carolina Guimarães

bwd Digital Transformation Rua Augusto Rosa nº 39, Porto

Serviços Consultoria e implementação de estratégias digitais Funcionários 10 Indústrias Têxtil, construção civil, metalomecânica, entre outras Inauguração 2016

MUSEU DO TRAJE COLABORA COM O GOOGLE NO "WE WEAR CULTURE" O Museu Nacional do Traje é um dos 180 museus, escolas e instituições de moda de 42 países que ajudaram o Google a por de pé a mega exposição “We wear culture”, onde se viaja por três mil anos de moda. O Museu do Traje disponibilizou roupa do século XVIII, vestidos de noiva e fatos de banho. O Museu do Teatro e da Dança também colaborou na exposição, mostrando figurinos do Bailado Verde Gaio e o traje de mouro do bailado Lenda das Amendoeiras.

"A Europa está muito dependente das matérias-primas de países terceiros, sofrendo com a volatilidade dos preços. E só reutiliza ou recicla 7% dos materiais. Com a economia circular ganha-se previsibilidade e reduz-se os custos" Matos Fernandes ministro do Ambiente

Data scientists Se dar com as chaves do carro no meio da mala já é difícil, achar uma referência de um artigo produzido há mais de meia dúzia de anos no arquivo físico de uma empresa pode ser pior que encontrar a agulha no palheiro. Assim como o email de um fornecedor recebido há meses. Digitalização é, por isso, a palavra de ordem da atualidade empresarial. Digital é, de facto, o nome do meio da bwd. A bwd Digital Transformation – o nome completo da empresa – dedica-se à consultoria na área da digitalização e à implementação de soluções na área da gestão de informação. Por outras palavras, são arquitetos de base de dados (ou data scientists, como se intitulam) que, consoante a empresa - a sua cultura, negócio, dimensão e necessidades -, desenham um grande armazém virtual onde todas as informações têm o seu devido lugar, a sua gaveta, nunca ficando perdidas pelo caminho. “Apesar das empresas têxteis terem evoluído muito nos últimos anos e realizado grandes investimentos ao nível do controlo de qualidade e na aquisição de alguns softwares, há muitos processos que continuam muito arcaicos e ineficazes”, explica Adriano Ribeiro, gestor da bwd, que trabalha há mais de 15 anos na área. “Há muitas empresas que não dominam informação fundamental sobre o seu próprio negócio – fornecedores, matérias-primas, produtos – por haver uma má gestão e enormes perdas de informação, que resultam em mais tempo despendido e, consequentemente, numa quebra na produ-

tividade e falhas de competitividade”, acrescenta. A receita mágica da bwd para resolver este problema é desenhar e ajudar a implementar uma estratégia de modernização digital, construindo um roadmap de evolução gradual e sustentável. “Analisamos a realidade de cada empresa e, em função disso, encontramos a solução ideal, incluindo as ferramentas de software adequadas, que vão promover as potencialidades de cada negócio”, diz Adriano. A construção de uma relação de proximidade com as empresas com quem trabalham é, por isso, essencial para perceber a essência de cada organização, pelo que a maioria dos clientes da bwd se encontram na zona Norte, onde estão sediados. A automatização e otimização de processos - que permitem uma redução de custos - e as soluções de mobilidade, que possibilitam o acesso de qualquer funcionário à base de dados da sua empresa, a qualquer momento e em qualquer lugar – cada vez mais importantes na área têxtil, que vê a exportação como uma bóia salva-vidas para o setor – são duas das maiores carências que os data scientists da bwd procuram ajudar a resolver. Transformar o pesadelo que pode ser a tarefa de arquivar e procurar informações, imagens, dados ou documentos, num caminho sem sobressaltos e transtornos é o grande objetivo da bwd Digital Transformation. Tudo para simplificar a guarda e a procura de informação para que, no final da equação, sobre tempo e dinheiro nos bolsos – assim como uma boa dose de paciência. t

FANTASIA FAZ SUBIR VENDAS DA GUCCI

SPORT ZONE SAÚDA O VERÃO COM DESCONTOS

As vendas da Gucci subiram 48% no 1º trimestre, mais do triplo que as da Louis Vuitton, o que fez demonstrar a justeza da aposta em Alessandro Michelle, o novo diretor criativo, que surpreendeu o mercado com coleções vistosas e extravagantes, rompendo com a tradição simples e minimalista da marca.

Uma campanha de saldos com descontos imediatos até 50% em mais de 20 mil artigos, em vigor até 16 de Agosto, foi a maneira encontrada pela Sport Zone para saudar o Verão. A campanha abrange todas lojas da marca, exceto outlets e lojas dos Açores, mas incluindo a online (www.sportzone.pt).

REEBOK PROJETA SAPATILHAS COM A SOLA DE MILHO Cotton + Corn é o nome do projeto da Reebok de construir umas sapatilhas 100% recicláveis, com a sola biodegradável feita à base de milho e o tecido em algodão orgânico. “Queremos completar o ciclo natural: do pó ao pó”, explica Bill Mclnnis, o líder da Reebok Future, que está a trabalhar com a DuPont Tate & Lyle Bio, que já produz um composto flexível (tipo borracha) biodegradável a partir do milho, substituindo plásticos e derivados do petróleo.


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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...

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A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DA MODA SUSTENTÁVEL O verde, ecológico, sustentável e amigo do ambiente é levado a sério logo desde a entrada da Funkhaus, a antiga estação central de Berlim Oriental, que é a nova casa do Ethical Fashion Show, a Meca da green fashion e uma das rising stars da Fashion Week da capital alemã, onde decorreu da 4 a 6 de Julho. Para poupar o planeta Terra, o papel identificativo que toda a gente - expositores, compradores e jornalistas trazem ao pescoço não está envolvido numa capa de plástico. Facilitar aos retalhistas o acesso a produtos garantidamente sustentáveis é um dos objetivos confessos da Messe Frankfurt, que faz um rigoroso escrutínio prévio dos candidatos a expositores, inquirindo-os sobre assuntos

tão diversos como a sua eficiência energética, transparência na cadeia de abastecimentos, certificações dos fornecedores, pegada ecológica, etc, etc, etc. Apesar destes rigores, o número de empresas a passar no crivo não pára de aumentar. Em três anos a feira viu o número de expositores multiplicar por três, saltando de 60 para os atuais 180 - entre os quais cinco empresas portuguesas, que indubitavelmente sabem trabalhar a insustentável leveza da moda sustentável. Convidamo-lo a conhecer as roupas multifuncionais de Daniela Pais, os sacos de linho e lona de algodão de Sofia Mazurca, os sapatos feitos de airbags e pneus reciclados do casal Perez, as cestas de palha Toino Abel e o calçado feito a partir de bancos de comboio pela Lucília, Vieira & Lima.

Elementum

Mazurca

NEA Vegan Shoes

Ao escrever que Daniela Pais adivinhou o futuro, sei que para não correr o risco de parecer um exagerado - tal como os publicitários - , tenho de lhe contar que há 12 anos esta licenciada em Moda pela Faculdade de Arquitetura de Lisboa resolveu completar a sua formação com um mestrado na Academia de Eindhoven, escolhida por ser das raríssimas escolas europeias que lecionavam cursos em Design Sustentável e Social. Na Holanda, procurou a resposta a dois porquês - por que é que se consome tanta moda e por que é que há tanto desperdício - e encontrou uma solução para estes dois fenómenos no conceito Elementum, a sua marca de moda verde Elementum. De então para cá desenha peças multifuncionais, que se podem adequar a quatro funções. “As pessoas consomem menos e as roupas duram mais. É como se tivessem comprado quatro peças“, explica.

Sofia Mazurca tinha 29 anos, dois filhos, e estava no Instituto Gulbenkian de Ciência a concluir um doutoramento em Biologia, em que estudava a evolução de desenvolvimento genético da mosca da fruta, quando percebeu que não era aquilo que queria. Parou para pensar. Concluiu que gostava muito de fazer tricot e era fascinada por fibras têxteis. Podia ser por aí. Como precisava de um ordenado ao fim do mês foi oferecer-se à retrosaria onde se abastecia. Passou do laboratório para o balcão, de investigadora a vendedora. Seis meses volvidos, o marido, um biólogo reconvertido em mestre de cerveja artesanal, perguntou-lhe se ela não podia fazer-lhe um saco de pano com o logo da marca (à época Aroeira, agora está na Musa) dele estampada, para não ter de entregar as cervejas aos clientes em sacos do Pingo Doce. Foi o ponto de viragem. Começou a produzir sacos, estampados com escaravelhos, em linho e lona de algodão, o mais possível sustentáveis e amigos do ambiente. Nascia a Mazurca.

Como é que Paula e Alex Perez, um casal luso-espanhol com formação em Matemáticas Aplicadas, acabaram a vender em Berlim sapatos feitos a partir de fibra de ananás? A resposta está na Paula que é vegan militante e não queria usar sapatos de pele de animal. A NEA Vegan Shoes, que este ano já vai faturar mais de 850 mil euros, nasceu para resolver o problema desta matemática, que também trabalha na área de Gestão de Informação da PT. A coqueluche, que atrai hordas de compradores ao stand da empresa dos Perez no Ethical Fashion Show, é o modelo Etna, produzido a partir de airbags e pneus reciclados (na foto). Mas os sapatos feitos a partir de oito garrafas PET recicladas também estão a fazer sucesso. “O mundo está a mudar. No princípio, há uns oito anos, quando chegávamos com pequenas encomendas às fábricas de S. João de Madeira, diziam: lá vêm os maluquinhos. Agora já nos levam a sério, apesar de terem de mudar os processos de produção para satisfazer as nossas necessidades”, conta Paula, acrescentando que abrir uma loja própria em Lisboa está nos seus planos.

QUATRO EM UM: O OVO DE COLOMBO DE DANIELA PAIS

SARA, A BIÓLOGA QUE SE APAIXONOU PELA TÊXTIL

OS SAPATOS FEITOS DE AIRBAGS E PNEUS DO CASAL PEREZ


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é o peso da ITV no total das exportações portuguesas para os Estados Unidos

ESCOLA MUSEU DE ALFAIATARIA NA ANTIGA FÁBRICA DA DIELMAR Uma escola museu de alfaiataria vai ocupar as instalações da primeira fábrica da Dielmar, no centro da vila de Alcains e que acabam de ser compradas para esse efeito pela Câmara Municipal de Castelo Branco. “Além de dar formação a futuros alfaiates, o espaço terá uma valência museológica, mostrando aos curiosos a evolução desta arte”, explica Ana Paula Rafael, CEO da Dielmar.

Toino Abel

Ultrashoes

Está a ver uma ninhada de cachorros amorosos? Olha-se para eles e dá logo vontade de levar um para casa. Pois passa-se exatamente o mesmo com as cestas Toino Abel, da dupla Sara Miller/Nuno Henrique. Toino era o avô do Nuno. Abel o bisavô. Durante pelo menos quatro gerações consecutivas, produziam as tradicionais cestas de palha portuguesas, na aldeia de Coz, na região de Leiria. Artista plástico, que durante cinco anos trabalhou e viveu em Berlim, Nuno teve a ideia romântica de homenagear o avô e o bisavô, não deixar morrer uma arte, transformando-a num negócio, com a ajuda da namorada, Sara, uma designer de moda com um curriculum de 15 anos em marcas como a Zara, Massimo Dutti, Salsa ou WSGN. O resultado são as cestas de palha Toino Abel, declinadas em quatro tamanhos e cerca de 80 modelos, com look tradicional e requintes como fivelas de pele de curtimento vegetal ou o bolso interior da minibag (a campeã de vendas) com o tamanho adequado ao iPhone - e a sofisticação de serem vendidas embaladas num saco que pode ser transformado em forro.

Solas com 60% de plástico no fuel, ou seja que não foi produzido a partir de petróleo nem tão pouco de plantas que possam ser usadas na alimentação humana, são uma das novidades que a Ultrashoes trouxe para Berlim. A outra são os sapatos feitos a partir de bancos de comboio reciclados. Ultrashoes é o pseudónimo para o segmento de moda sustentável da Lucília, Vieira & Lima, a fábrica de calçado de Romariz que é a veterana portuguesa do Ethical Fashion Show de Berlim. Estreou-se há quatro anos, apresentando calçado biodegradável, mas percebeu à primeira que não era bem aquilo que aquela clientela queria - mas sim calçado vegan e reciclado. Corrigiu o tiro e a medida do sucesso é que não mais perdeu uma edição desta feira.”Vimos para dar a conhecer que fabricamos sapatos ecológicos. Fornecemos três expositores aqui presentes. Já fazemos uns 15% do nosso volume de negócios neste segmento. O que é muito bom porque há três anos valia zero”, explica Paulo Lima, um engenheiro de telecomunicações reconvertido ao calçado. t

A IDEIA ROMÂNTICA DAS CESTAS DE PALHA TOINO ABEL

BANCOS DE COMBOIO DA CP TRANSFORMADOS EM SAPATOS

NIALL SLOAN TROCA HUNTER PELA ESCADA

THOM BROWNE QUER HOMENS DE SALTO ALTO

Niall Sloan é, a partir do próximo dia 1 de Agosto o novo diretor de design da Escada. Antes de ser contratado pela marca alemã de pronto-a-vestir, Niall (que fez o essencial da sua carreira na Burberry, onde se demorou dez anos) dirigia o desenho da britânica Hunter.

O criador americano Thom Browne gerou um enorme falatório em Paris ao apresentar uma coleção masculina onde vários coordenados apresentavam saias e stilettos. O gesto de Browne está a ser comparado com o de Yves Saint Laurent quando, em 1966, vestiu mulheres com o smoking.

“A roupa infantil tem de ser sempre feita a pensar na criança. Não pode ser exclusivamente mini me, tem de ter em conta as brincadeiras que exigem liberdade de movimentos ou até o facto de que as roupas são para levar para a escola e serem lavadas e passadas a ferro mais facilmente" Joana Ribeiro da Silva administradora da Sonae

NAOMI CAMPBELL LANÇA 14 DIFERENTES VERNIZES DE UNHAS

Depois de uma vida nas passarelas, a super-modelo britânica Naomi Campbell, 46 anos, mudou-se definitivamente para o lado da criação ao anunciar uma coleção de acessórios de moda e beleza com a marca Naomi Campbell Design, que se estreou com 14 vernizes de unhas.


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do têxtil e vestuário produzido em 2016 no nosso país era de alta tecnicidade, de acordo com as estimativas da ATP que prevê que essa percentagem suba este ano para 40%

PREMIÈRE VISION QUER POUPAR TEMPO ÀS MARCAS DE MODA

A feira de têxteis-lar de Nova Dehli teve este ano 180 empresas, ocupando uma área de 12.500m2, mais 30% que o anterior

O NOVO CAMINHO TÊXTIL PARA A ÍNDIA José Augusto Moreira

Depois das sedas e das especiarias de há 500 anos, está na hora de os portugueses retomarem o caminho das índias. Agora como vendedores e com a força, prestígio e qualidade dos produtos da fileira têxtil. A Índia, o gigante outrora adormecido, já acordou para o consumo que fez despertar um mercado que é imenso e de possibilidades infinitas, e movido por uma classe média que não pára de crescer. “O que é preciso é ser paciente, entrar de forma soft e ser esperto para chamar a atenção dos clientes”, aconselha Raj Manek, o diretor executivo da Messe Frankfurt Ásia e responsável pela Heimtextil Índia, que gostaria de ver as marcas portuguesas já na próxima edição. “Os têxteis-lar deveriam estar aqui, sobretudo para fazer a diferença pela qualidade, design e avanço tecnológico, mas também na área de gifts e decoração em que Portugal é muito forte”, desafia Manek. Para se ter uma ideia, a feira de têxteis-lar e ambiente de Nova Delhi, que decorreu em finais de Junho, teve este ano 180 empresas, ocupando uma área de 12.500 m2. Um aumento de 30% em relação ao ano anterior e uma média de crescimento que nos últimos anos anda sempre pelos 20-25%. É aqui que muitas companhias europeias procuram importadores, ou através da Índia alargar o comércio para o Oriente e Ásia, que tem aqui o seu epicentro. Como atrativo, o diretor da Heimtextil Índia aponta para

o aumento galopante do consumo, uma classe média ávida por produtos de qualidade, cada vez mais sintonizada com os valores ocidentais e que vê na Europa a marca diferenciadora. E, ao contrário do que aconteceu com a China, o consumidor indiano é mais tradicionalista, não procura o luxo pelo luxo e avalia a relação entre preço e qualidade. Ora, é precisamente este o padrão em que os têxteis portugueses podem ser particularmente competitivos. E de que é que estamos a falar? Do país que nos próximos meses ultrapassa a China como o mais populoso do planeta e chega aos 1,3 mil milhões de habitantes. Com uma classe média que se multiplica todos os anos e representa já qualquer coisa como 350 milhões de pessoas, cuja prioridade é a habitação e que tem na Europa o padrão de qualidade e design. O mercado indiano de retalho foi avaliado em 563,5 mil milhões de euros em 2016 e deverá atingir 1,4 biliões de euros até 2026, com uma média de crescimento anual de 10%, segundo estudos do India Business of Fashion 2017. A Índia acaba também de ultrapassar a China como o mercado mais promissor em termos de retalho, segundo o relatório anual sobre os mercados emergentes da consultora A.T. Kearney, que aponta para o crescimento da economia, taxas de consumo em expansão, o incremento da população urbanizada e uma classe média em crescimento. Como atrativo para a empresas portuguesas, Raj Manek aponta ainda para um clima de

negócios favorável, com regras legais e financeiras atrativas, estáveis e transparentes, e que comunica em Inglês. Na Heimtextil Índia, além de compradores de todo o Oriente e Ásia, havia este ano um programa especificamente dedicado ao segmento Hospitality & Retail, o setor de têxteis-lar e interior para a cadeia hoteleira, que na Índia está a ter um crescimento explosivo. Além de um pavilhão próprio, para encontros, comunicações e debates, a feira acolheu também uma delegação de diretores e responsáveis pelas compras das cadeias hoteleiras. E foi, por coincidência, que ao mesmo tempo que decorria a feira em que o diretor da Heimtextil Índia deixava o desafio às empresas portuguesas, que em Lisboa os chefes de governo dos dois países assinavam os acordos de criação do Portugal-Índia Business Hub, que envolvem a AICEP, Goa, e a Câmara de Comércio e Indústria em Portugal. É claro que sempre haverá os que desconfiam das reais possibilidades das empresas portuguesas entrarem num mercado tradicional com produtos de têxteis e com preço mais que competitivos. A esses há que lembrar também que quando os portugueses foram em busca da seda e das especiarias houve oposição na corte e quem vaticinasse o fracasso. Já cá havia tudo o necessário. E o que aconteceu então? O mundo mudou. Ou melhor, os portugueses mudaram o mundo. E para sempre. O consumo de especiarias e sedas passou a ser sinal de prestígio e poder. t

O desenvolvimento da oferta transversal na área do manufacturing é a principal novidade que a Première Vision (PV) salienta relativamente à sua próxima edição, que se realiza de 19 a 21 de setembro, em Paris. O objetivo é ajudar as marcas internacionais de moda a pouparem tempo na pesquisa de fornecedores, apresentando-lhes na PV uma oferta qualificada, pronta, estruturada e com uma orientação forte para o produto moda.

MULHERES SÃO MAIS SENSÍVEIS À MODA DO QUE OS HOMENS

ZIPPY ABRE EM JACARTA A QUARTA LOJA NA INDONÉSIA

Mais de metade das compras online de vestuário feminino (56%) são de peças que chegaram ao mercado nos últimos três meses, de acordo com um estudo da Adobe, que confirma o o que já suspeitava: as mulheres são muito mais sensíveis à moda e novidade do que os homens - só 38,8% dos gastos masculinos são com artigos lançados no trimestre anterior.

Depois das Filipinas em 2016, a Zippy reforça a presença na Ásia com a abertura no Gandaria City Mall, em Jacarta, da sua quarta loja na Indonésia, o quarto país mais populoso do mundo, com 260 milhões de habitantes, sendo que mais de um quarto da população tem menos de 14 anos. Com esta abertura passa a contar com sete lojas na Ásia, repartidas entre Indonésia e Filipinas.

“Trabalhamos todas as fibras nobres, desde a lã merino extra fina até à caxemira, passando pelo algodão extra-longo" Noel Ferreira CEO da A.Ferreira & Filhos

JOHN MALKOVICH NO JÚRI DO PV AWARDS O ator e também designer John Malkovich vai presidir ao júri da 9ª edição dos PV Awards, prémios que serão conhecidos durante a próxima Première Vision que arranca em Paris, a 19 de setembro. O júri da 9.ª edição dos PV Awards integra ainda Pillar Ballesteros Arjona (Loewe), Gel Egger Ceccerelli (Salvatore Ferragamo), Frances Corner Obe (diretora do London College of Fashion), Béatrice Ferrant (Rochas), Roy Genty (Issey Miyake), Diane Pernet (fundadora do Festival ASVOFF), Emily Robson (Christopher Kane), Jürgen Sailer (Dries Van Noten) e os designers Vanessa Schindler e Angelo Tarlazzi.


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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel

Adília Silva CEO da Consifex Família Casada com um empresário têxtil (segmento de bordados), de quem tem um filho, o João Infante, de três anos Formação 12º ano, na área de Ciências, e várias formações específicas no setor têxtil que foi fazendo à medida das necessidades Casa Vivenda em Barcelos Carro BMW X4 Portátil Mac Telemóvel iPhone Hóbis “Estar com o meu filho. O meu tempo livre vai todo para ele” Férias Antes de ser mãe eram repartidas entre praia e visitas culturais a cidades europeias Regras de ouro “Acreditar na lei do retorno. Apesar de saber que nem sempre sou assim retribuída, continuo a fazer aos outros o que espero me façam a mim. Nunca peço nada sem dar”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

A mulher do leme Era suposto serem quatro. A família toda! A mãe, Conceição, o pai, Domingos, a irmã, Carla (engenheira têxtil), e Adília. Mas a vida prega-nos partidas. Num curto lapso de tempo, a grande ceifeira levou-lhe prematuramente a mana mais nova (2011), e o pai (2014). Abatida pelos desgostos, a mãe reformou-se. “De repente fiquei sozinha ao leme de outra família, a Consifex. Nunca ambicionei esta responsabilidade só para mim. Mas a vida é que decide. Nós temos que ir a reboque”, diz, pragmática, Adília, 42 anos, que aprendeu a não fazer grandes planos para a vida, para não atrapalhar os planos que a vida tem para ela. Esta história começa há 35 anos, quando a costureira Conceição Simões resolveu começar a trabalhar por conta própria, trabalhando a feitio, em casa, para assegurar um futuro melhor para as filhas, uma bebé de colo e outra que debutava na escola primária. “Ainda trabalham aqui duas ou três meninas desse tempo, que me penteavam o cabelo antes de eu ir para a escola”, recorda, com um sorriso nos olhos, Adília, que cresceu no meio dos trapos. “Nas férias ajudava na produção. Se ainda sei costurar? Claro que sim. E ainda me consigo desenrascar. E olhe que dá muito jeito, quando estamos a discutir”, responde. O negócio prosperava, ao ponto de em 1989, o pai, Domingos Silva, se despedir da fábrica onde trabalhava como responsável pelas malhas para se juntar à equipa a tempo inteiro. Nascia a Consifex, nome que aglutina as primeiras silabas de Conceição e Silva com o fex de confeção têxtil. “Os meus pais fizeram muito bem em arriscar. As fábricas onde eles trabalham já fecharam. Eles tinham know-how e o trabalho não os assustava. Felizmente as coisas correram bem e chegamos onde chegamos”, afirma a CEO da Consifex, empresa de malhas e confeções que fatura dez milhões de euros/ano, emprega 78 pessoas, tem um volume de negócios de dez milhões de euros e exporta 95% da sua produção, trabalhando em regime de private label para marcas como a Esprit, Juvia, Marc O‘Polo, Juvia, Summum, Globus, Tramontana, Pepe Jeans, Bimba & Lola e Ferrari, entre outras. O grande salto em frente foi em 1997, quando Conceição e Domingos decidiram investir na compra de dois pavilhões no Parque Industrial de S. Veríssimo, em Barcelos - instalações no entretanto ampliadas com mais dois pavilhões, a que se deve somar um quinto, fora do parque, que é o armazém de stocks - onde passaram a ter desenho, corte, armazenagem... e redirecionam a atividade para a exportação. Foi nesta altura, que os pais convidaram Adília a juntar-se-lhes, um primeiro passo antes de, dois anos depois, fazeram as duas filhas sócias de Consifex. Na adolescência, Adília sonhara ser enfermeira. Mas quando acabou o 12o ano, não estava tão certa disso e trabalhou dois a três anos numa imobiliária, em Barcelos, numa altura em que o vento soprava a favor deste negócio. “Havia gente em lista de espera para comprar casa”. Não podia dizer Não ao convite dos pais. Começou como administrativa e depois foi conhecendo a casa, por dentro e por fora, como controladora de qualidade, assistente comercial, comercial, administradora e, finalmente, CEO. “Sempre imaginei que mais tarde ou mais cedo viria trabalhar para aqui. Mas não queria esta responsabilidade só para mim...”, desabafa. O negócio tem ficado cada vez mais difícil. As encomendas são mais pequenas, é preciso fazer mais modelos para vender as mesmas quantidades, o mesmo volume de 1, 5 milhões de peças de 100 diferentes modelos que a Consifex produz. “É um desgaste muito grande ter sempre a organização preparada para ser maleável e conseguir responder às necessidades dos clientes. Ajuda muito estarmos habituados, desde 98, ao ritmo de fazer 12 coleções por ano. A Consifex é uma organização imbuída do espírito de melhoria contínua, de hora a hora, em qualquer situação/circunstância, nos produtos, processos e equipamentos, o que nos permite dar resposta positiva às exigências dos clientes. Na têxtil não há monotonia. Todos os dias surge um problema novo, para o qual é preciso achar uma solução inovadora. Vivemos num regime de aprendizagem e melhoria permanentes. Nunca se pode dizer que se sabe tudo”, conclui Adília, a mulher que está ao leme da Consifex. t


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X O MEU PRODUTO AntartidA Plus

Roupa de proteção contra o frio

Empresa HR Group Produto Vestuário de proteção contra o frio Certificação Marcação CE: EN 342 e EN 14058 – Certificado pelo CITEVE Aplicações: Logística de Frio, trabalhos em ambientes de temperaturas negativas Reconhecimentos: iTechStyle Innovator by CITEVE, Selo Portugal Sou Eu – By AIP.

TEXTIL EXPRESS PREFERE O AEROPORTO À ALFÂNDEGA “A escolha, pela segunda vez, do aeroporto como local do Modtissimo, demonstrou ser muito acertada porque permite aos visitantes internacionais fazerem o seu trabalho com comodidade e voltar a casa sem perder uma noite. A Alfândega tem muito caráter mas é menos funcional”, escreve a revista espanhola Textil Express, que dá conta da enorme satisfação dos expositores do país vizinho com os bons resultados conseguidos na última edição do Modtissimo.

mil milhões de euros foi quanto as empresas têxteis investiram nos últimos quatro anos, de acordo com as estimativas da ATP

AEP AFINA PONTARIA COM O ÓCIO DOS NEGÓCIOS

Mangualde mete uma lança na Antártida O HR Group, sediado em Mangualde, vendeu, em pouco mais de ano e meio, 200 mil euros da sua gama de produtos AntartidA Plus, que se desdobra nas seguintes peças: parka, blusão, anorak, casaco, fato macaco, colete e calça. Os responsáveis da empresa prevêem um crescimento médio nas vendas de 20% no prazo de cinco anos. Lançado em Outubro de 2015 na feira de Düsseldorf, o AntartidA Plus é, tal como o nome indica, um vestuário de proteção contra o frio, que foi certificado pelo CITEVE, segundo os requisitos das Normas EN 342 e EN 14058. A gama AntartidA Plus destina-se a trabalhos em ambientes de temperaturas negativas, sendo que a conciliação das matérias-primas inovadoras conjugadas com técnicas avançadas de confeção otimizam os artigos para se atingir uma relação proteção versus mobilidade versus conforto consistente, eficiente e diferenciadora. Estes artigos possibilitam uma elevada proteção térmica combinada com leveza e liberdade de movimentos, permitindo ao utilizador um bem-estar essencial para uma função reconhecidamente exercida num con-

texto de dificuldades extremas – assegurar qualidade de vida aos seus utilizadores, bem como fortalecer a produtividade corporativa. A gama AntartidA Plus inclui também o reconhecimento do selo “Portugal Sou Eu”. No sentido de dar visibilidade a esta gama, o HR Group participou em variadíssimos eventos, dos quais destaca em Marçço de 2016 o iTechStyle Innovation Business Forum, em Outubro a Lisboa Design Show e em Janeiro deste ano o Portugal Sou Eu. HR Group é constituído pelas empresas HR Protecção SA e HR Indústria SA, localizadas em Mangualde, e conta com o seguinte perfil: 767 mil equipamentos de proteção individual comercializados anualmente; 153 mil peças de vestuário/anos, 95 pessoas dedicadas à produção de vestuário profissional e comercialização de EPI’s, 60 certificações de produto – departamento técnico especializado em vestuário profissional, 1.500 metros quadrados de área de logística, quatro mil artigos em catálogo e 245.000 personalizações anuais. Em 2016, o HR Group registou um volume de negócios de 6,3 milhões de euros. t

Mais de 200 empresários e gestores que participam nas dezenas de ações de promoção externa organizadas pela AEP, reuniram no encontro Ócios dos Negócios 2017, partilhando as suas experiências de internacionalização. Esta reunião anual, iniciada em Aveiro, em 2010, permite à AEP recolher indicações sobre os mercados a privilegiar nos próximos anos, bem como afinar o perfil das ações a empreender.

"O Modtissimo reflete o dinamismo redescoberto pela indústria têxtil portuguesa, graças ao seu savoir faire, proximidade, estabilidade e capacidade de resposta" Maria-Emmanuelle Fron jornalista do Journal du Textile

RITA BONAPARTE SUBSTITUI DOLORES GOUVEIA NO PFN A designer de moda Rita Bonaparte vai substituir Dolores Gouveia no lugar de coordenadora do concurso de Jovens Criadores PFN (Portuguese Fashion News). Dolores Gouveia deixa o lugar por falta de tempo, devido ao seu crescente envolvimento com a Tintex. Vencedor por duas vezes do concurso dos Jovens Criadores (2001 e 2002), Rita tem 35 anos, fez o curso de Design de Moda no IADE, estagiou com Fátima Lopes e trabalhou no atelier de Ana Salazar antes de se abalançar a lançar uma marca própria.


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OPINIÃO 1999

Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

ESCASSEZ DE CAPITAL HUMANO

DESFILES ATRATIVOS NA SELECTIV' MODA A Selectiv' Moda, realizada sempre na Exponor, em Matosinhos, ao ritmo de dois salões por ano, entre 1992 e 1999, beneficiou do boom de consumo cavaquista e tinha nos desfiles uma das suas principais atrações. t

A falta de recursos humanos na ITV portuguesa é, manifestamente, uma ameaça que se torna cada dia mais séria para o crescimento sustentado do setor. Estimativas da ATO apontam para que, caso a oferta correspondesse plenamente à procura, cerca de 4 mil postos de trabalho seriam imediatamente criados, em todos os níveis de qualificação, dos mais elementares à direção de topo altamente especializada. E, se analisarmos, com mais detalhe esta disfunção, verificamos que a emergência é ainda maior nos subsetores de mão-de-obra intensiva, ou seja a confeção e o vestuário. Em conclusão, não se encontram trabalhadores, os centros de emprego não disponibilizam oferta, ou quando o fazem é completamente desadequada, as gerações mais novas, muito mais instruídas, não pretendem ter uma carreira na costura, como as suas mães e avós tiveram. As aspirações são outras, os serviços são mais atrativos e existem mesmo outras indústrias, com iguais problemas de captação de capital humano, que estão a concorrer pelo salário, fazendo subir as remunerações, o que, por um lado é positivo sob o ponto de vista social, por outro, quando não compensado, mau sob o ponto de vista de competitividade. E sem competitividade, a prazo, não existirá Indústria Têxtil e Vestuário ou qualquer outra. Que fazer, então? Penso que o caminho está apenas no aumento da produtividade, combinado com a adoção de equipamentos cada vez mais automatizados e na melhoria dos processos produtivos, de forma a procurar a eficiência máxima. Maior produtividade significa igualmente mais e melhor formação profissional, o que, infelizmente, não tem sido a linha política deste governo, que desinvestiu nos centros protocolares de formação e tornou a qualificação uma das áreas menos acarinhadas no Portugal 2020. Como é possível pedir mais profissionais qualificados, quando os orçamentos dos centros protocolares, incluindo o Modatex, se mantém congelado, e, muitas vezes, as verbas aprovadas conhecem cativações extraordinárias, para a Administração Pública poder cumprir as metas do défice do Estado? E, lembre-se, é da TSU, paga pelas empresas e trabalhadores, que se retira o dinheiro para a formação profissional, o que, no caso da ITV, está muito longe de ser toda aplicada nas suas próprias necessidades! Em alternativa, as empresas vão ter de procurar subcontratar no exterior as partes da cadeia produtiva que não conseguirem encontrar dentro, caso queiram continuar a operar neste negócio. Não é nenhum drama, mas vai obrigá-las a ganhar outras competências, havendo já muitos e bons exemplos de empresas do setor com operações cada vez mais intensas na margem sul do Mediterrâneo, no Leste europeu ou até na Ásia. Nada de estranho: basta olhar para a Europa dos últimos 30 anos para perceber que a história se vai repetir. Importa é não perder o know-how, as competências e o domínio do produto, o que significa conservar o centro de decisões, complementando-o com mais serviço, mais foco no cliente, mais mercado global e orientação ao crescimento das margens. A primeira década do século foi para a ITV portuguesa de resistência para sobreviver, a segunda foi de recuperação, mas a terceira terá de ser forçosamente de crescimento, pelo valor e pelas margens. t


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Maria José Carvalho Diretora do Dept. de Produção Sustentável do CITEVE

Braz Costa Diretor-Geral do CITEVE

Miguel Costa Gomes Presidente da Câmara Municipal de Barcelos

E QUE TAL UM SISTEMA INTEGRADO E EFICIENTE DE GESTÃO DE ÁGUA?

A ITV JÁ TEM OS OLHOS POSTOS NA INDÚSTRIA 5.0

CONCENTRAÇÃO DE SABERES E EXPERIÊNCIAS

Já começou o Verão. Que bom! Tudo parece melhor no Verão. Os dias estão mais longos, com mais luz e até parece que temos mais tempo do que no Inverno. Quase todas as pessoas preferem este período do ano (primavera/verão). O que estraga esta época do ano são aqueles dias em que acordamos e está a chover, principalmente se chove ao fim de semana, quando já tínhamos planeado atividades ao ar livre, ir à praia, ao parque da Devesa, ao Gerês, aos passadiços do Paiva. Normalmente quando isto acontece, o desbloqueador típico de conversas, o tempo, assume expressões do tipo: “que chatice, está a chover”, “se pelo menos só chovesse de noite”, “acha que vai continuar a chover? Ou é passageiro?”. Há, no entanto, um grupo de pessoas que gosta de chuva no Verão, mais ainda, pede chuva nesta época do ano. Mas não é aquela chuva miudinha, também conhecida como “molha tolos”, gosta de chuva forte e durante um período longo de tempo. Verdade seja dita que é um grupo muito específico, que pede chuva no Verão, não por razões sociais mas por questões profissionais. Provavelmente estarão a pensar nos bombeiros, que bons motivos têm para desejar chuva, mas não é a esses que me estou a referir. Estou a falar dos industriais das tinturarias ou seus tintureiros e os responsáveis de manutenção. É que quando chega ao Verão, a água começa a escassear e eles aflitos com a produção e a ver a água a desaparecer dos tanques. Embora nos últimos anos as relações de banho (RB) estejam sempre a reduzir (há até quem diga que se consegue tingir com uma RB de 1:2), ainda são precisos muitos metros cúbicos de água numa tinturaria. Também é verdade que as empresas têm implementado medidas para a redução do consumo de água, mas ainda há espaço para melhorar a gestão da água numa tinturaria, nomeadamente ao nível de desperdício, perdas e reciclagem. É pena que as férias das empresas sejam na época do Verão, porque no Inverno, quando normalmente não temos falta de água, é mais difícil convencer uma empresa a implementar um sistema de gestão eficiente de água. Pode ser que, já este Verão, os responsáveis de tinturarias se fartem de serem olhados de lado pela família e amigos, quando desabafam, numa saída para a praia, após 2 semanas de calor intenso e sem pingo de chuva, “quem me dera que chovesse!”. E, logo após férias, resolvam implementar um sistema integrado e eficiente de gestão de água. t

Ainda as revoluções industriais.… A têxtil foi pioneira da Industria 1.0 e sê-lo-à também da Indústria 5.0!!! A Indústria 1.0 foi protagonizada pela têxtil no século XIX, impulsionada pelo aparecimento do primeiro tear mecânico em 1784. Muito embora a indústria automóvel tenha sido pioneira da Indústria 2.0 - de que o grande ícone foi Henry Ford, a ITV seguiu-lhe os passos com a produção em massa de vestuário. Na segunda metade do século XX, a ITV esteve na linha da frente da Indústria 3.0 aproveitando os avanços da eletrónica e da informática, automatizando e ligando processos a todos os níveis da cadeia de valor. Mais uma vez, a ITV está entre os setores pioneiros da indústria 4.0, tal como tive oportunidade de escrever na última edição deste jornal. Apesar do conceito parecer muito futurista, o que se pode constatar é que a ITV não só está de mangas arregaçadas na adoção da indústria 4.0, como sabe que se trata de um conceito incompleto e transitório, ainda que instrumental para uma visão mais completa do que deverá ser a indústria no contexto de uma sociedade focada nas pessoas. A indústria têxtil não quer ser, e nunca será, uma indústria desumanizada e fria, já que vive exatamente da sensibilidade, da criatividade, das emoções… A indústria têxtil manter-se-à como aquela que mais contribui globalmente para o emprego, para a inclusão, para a esperança de uma vida melhor de cada pessoa. É exatamente por estes motivos que, acredito, será a ITV a grande precursora do embrionário conceito de Indústria 5.0: prioridade à utilização eficiente do trabalho das máquinas e das pessoas; contando em pleno com os avanços proporcionados pela indústria 4.0, mas que supletivamente não destruirá empregos nem a razão da existência das pessoas, outrossim convocará o que cada indivíduo tem de melhor para contribuir para o desenvolvimento. Lá terá a ITV que ser pioneira mais uma vez. A ITV já tem os olhos postos na Indústria 5.0. t

Barcelos é hoje um dos principais centros nacionais de desenvolvimento da indústria e do design têxtil, onde grandes marcas nacionais e internacionais como a Zara, Ana Sousa, Armani, Pierre Cardin, Lacoste, Fred Perry ou Valentino, entre muitas outras, escolhem as nossas empresas para produzirem as suas coleções, o que revela que confiam na nossa experiência, qualidade e no conhecimento dos nossos excelentes profissionais. E são inúmeras as personalidades mundiais e figuras públicas que são vestidas com peças produzidas no nosso concelho. A Indústria têxtil barcelense foi uma das atividades que mais cresceu e a que mais contribuiu para a mudança do concelho nas últimas décadas, mantendo-se, ainda, como a principal área de atividade industrial e em franco crescimento. O têxtil e a moda assumem características muito peculiares no concelho de Barcelos, sendo uma área cheia de potencialidades e de oportunidades que as empresas e os empresários barcelenses têm sabido aproveitar. É interessante observar que, apesar de esta ter sido uma das atividades que mais sofreu com a recessão económica, os industriais e empresários barcelenses nunca deixaram de apostar em novos investimentos, fortalecendo a sua posição e impondo-se num mercado global e competitivo. As nossas empresas têxteis estão dotadas de máquinas de última geração e de tecnologia de ponta, o que faz com que sejam das mais competitivas e inovadoras a nível internacional. Barcelos tem, na sua história recente, uma marca profunda no seu tecido económico-social, derivada do impacto da indústria têxtil, que tem contribuído positivamente para a economia local. E temos vindo a assistir a um crescimento desta indústria, facto que muito contribuiu para a modernização económico-social do concelho e para uma concentração de saberes e de experiências, que permite responder a novos desafios de competitividade. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Katty não podia ficar indiferente à eventualidade de Madonna estar prestes a ser nossa vizinha. E num gesto de boas vindas, deu o seu melhor para oferecer dois looks para ela exibir entre nós, requintando nos pormenores (como o terço de filigrana que confere um toque sagrado ao colo da rainha da pop) e nunca esquecendo de realçar as suas musculades curvas, maturadas e resistentes

As curvas maturadas de Madonna, by Katty Uma série de fotografias nas redes sociais suscitaram labirínticos mexericos, que não param de crescer. Neste início de verão, a rainha da pop fez as delícias da imprensa e deixou o mercado imobiliário em polvorosa. Madonna poderá realmente mudar-se para o nosso pequeno burgo! Os mexericos apontam como destino final a cidade de Sintra e colocam o seu filho a voar de águia ao peito. O frenesim de ter Madonna entre os mais comuns dos mortais, apelou também a perplexidade dos menos “comuns”: a imprensa estrangeira já comenta a novidade entre linhas de inveja… O T não poderia deixar de abraçar esta oportunidade de vestir a rainha universal da pop, considerada mulher do ano 2016 pela Bilboard. Por isso lançamo-nos de frente para este interessante desafio, arriscando em looks de verão, pensados para a praia e o lazer. A primeira proposta está a altura do seu novo palacete em Sintra. Reproduzimos uma versão mais ligeira e menos apocalítica de Ghosttown o vídeo onde partilha o protagonismo com o ator Terrence Howard e que mostra uma Madonna muito bem enquadrada nesse formato de “tempos antigos” de cartola, sobretudo e espartilho. Nesta nossa versão as cores são claras e doces. Um casaco/vestido cintado, de tecido transparente que aperta por uma fileira de pequenos botões deixa transparecer um body justo de perna alta e decotada. No decote exibe um terço de filigrana e as pernas são cobertas por uns soquetes de losangos, apimentando a ideia sugerida pelo taco de golfe que Madonna ostenta durante o vídeo, e que aqui colocamos ornamentado em ouro. Juntamos a esta ideia uns sapatos com este mesmo espírito e suplantamos a cartola por um fresco chapéu pork pie. Na segunda opção aproveitando as dicas deixadas pelo polémico vídeo do beijo com Kevin I´m Madonna, Bitch também do seu último álbum Rebel Heart. Vestimos Madonna com um biquini rosa estridente forrado com tachas metálicas, perfeito para mostrar as musculadas curvas que nunca morrem, maturadas e resistentes. Como acessórios apostamos num basebal cap, óculos de grande formato e uma Ikea tote bag. Seja bem-vinda a rainha da pop! t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Romando Rua 2, 221 Areia, Árvore 4480-088 Vila do Conde

ROMANDO REVISITADO Conheço o Romando (que começou por ser um restaurante e agora é um grupo, o Grupo Romando) desde os anos 80 e um destes dias que lá fui jantar, já com o olho posto nestas Cantinas descobri que a história desta casa de restauração tem muitos pontos de contacto com a história de muitas empresas da ITV com a mesma longevidade. No Romando, como em muitas ITV, o sucesso nesses anos 80 assentava numa produção de grande genuinidade caseira, com muito mais foco no produto do que na marca, sem quase nenhum marketing nacional e internacional, mas com o reconhecimento da excelência dos produ-

tos e serviços por um número de clientes suficiente para que a produção tivesse quase todos os anos tomada. Com o advento dos novos tempos aconteceu ao Romando aquilo que as melhores empresas da ITV também fizeram com que acontecesse na sua atividade profissional. Houve um refresh dos serviços, um rebranding da marca, tudo conjugado com uma aposta decisiva na imagem e no marketing, que aumentaram o valor acrescentado dos produtos que continuaram a merecer a confiança dos clientes tradicionais, mas passaram a atrair uma clientela nova não negligenciável.

Falando agora diretamente do que interessa para os leitores destas Cantinas, o Romando continua a ter a sua espetacular carne grelhada na brasa, a que juntou agora umas especialidades vindas diretamente da Argentina. Mantém incólume o seu peixinho grelhado, mas que na nova carta, por exemplo, no caso do robalo, aparece suavemente pousado em cima de um arroz de gambas. Continua a ser possível pedir, no tempo delas, um arroz de ervilhas de quebrar, mas claro que no cardápio atual, também não falta um linguini nero flamejado com lavagante e um risotto de camarão tigre. Como não podia deixar de ser, na ex-

pressão máxima destes novos tempos, para além de uma área que tem reservada para grupos, abriu no piso térreo um restaurante-bar de sushi onde os aficionados desta moda japonesa podem deliciar o paladar e, já agora, deliciar também as vistas, já que a frequência desse novo espaço, inebriada pelo champanhe omnipresente, é realmente digna de ser vista. Se vai andar de férias por estas bandas de Árvore, Vila do Conde ou Póvoa, não deixe de ir experimentar este Romando, na sua versão tradicional, em Árvore, ou nas novíssimas instalações na marginal de Vila do Conde, onde o sushi reina, mas a carne também não falta. t


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c MALMEQUER Enaltina Martins, é consultora da Belmiro Martins e prefere não revelar a idade. Nasceu e viveu sempre em Vizela, onde fez o 9º ano, continuando os estudos em Guimarães, onde frequentou a Universidade Lusíada. Graduada em Marketing, trabalha com a Belmiro Martins desde 1987. Tem dois filhos: a Regina, 22 anos e o João, 16, que coabitam com os dois gatos e o pastor alemão que também vivem lá por casa

SOUVENIR

AS ROUPAS DE TEENAGER DE TERESA GUILHERME

Gosta

Não gosta

Ler dormir de manhã sushi viajar sem rumo cavalos

Teimosia que pensem que trabalho de borla

vinhos queijos amigos rir ópera trabalhar noite dentro

mentiras nabos de qualquer vertente trovoada chuva

Leonard Cohen cães as memórias que tenho da minha

na moleirinha reality shows animais rastejantes

mãe dar forma a projectos profissionais ostras Monte

oportunistas acesso a casa cortado acordar cedo

Carlo os meus filhos o meu pai pudim francês ao

pesadelos memória curta cair do cavalo fanecas leite

pequeno- almoço Ford Mustang noites longas de verão

chinelos de dedo sentir saudades que me tirem a

Pantera cor-de-rosa filmes de cowboys documentários

vez cheiro a lixívia montanha russa limites fast food

visitas guiadas pessoas que partilham experiências

parques aquáticos conversa de esquerda jogos de cartas

Hidra (ilha grega) cheiro a maresia natureza e reino

correio de Stº António sem moeda que me digam que

animal delicadeza piano Colleen McCulough diferentes

não é possível discriminação multas banzé frio & frieza

culturas aprender idiomas conexão com pessoas

pessoas mesquinhas que marralhem sistematicamente

cinema Super Bock & Carlsberg gin tónico metro em

os meus preços gente que assobia para o lado chegar

Paris jeans ovo de 5 minutos gastronomia espumante

tarde a uma reunião perder um voo de ligação ir com o

touradas Os Simpsons tango & paso doble honestidade

rebanho só porque sim que me tirem o tapete bandas

um abraço flexibilidade

de garagem à minha porta telemarketing ginásio chantagem emocional aneis no mindinho direito que disponham do meu tempo que faltem aos compromissos quando a palavra não serve de nada encontrar o sono só quando amanhece conduzir com neve rifas

Teresa Guilherme relembra os anos 60 como a altura da sua vida em que comprou as peças de roupa mais especiais. “Foi nessa altura que comecei a ficar vaidosa!”, diz a apresentadora da TVI. A loja de Ana Salazar na Avenida de Roma, em Lisboa - que ainda hoje existe –, era onde comprava a roupa “in” da época, vinda diretamente de Londres. “Foi lá que comprei as minhas primeiras roupas de adolescente”, conta Teresa Guilherme, relembrando a altura em que usar calças à boca de sino estava na berra. Foi, aliás, neste estilo de calças que comprou, na loja da estilista, uma das peças que mais a marcou: umas jardineiras com pernas à boca de sino, com bordados no tecido de ganga. Sem conseguir eleger uma só peça como “a mais marcante da sua vida”, a rainha dos reality shows portugueses destaca também, na sua época de adolescente, os calções curtos de Mary Quant – a famosa criadora da mini-saia, que pôs as mulheres de todo o mundo com as pernas de fora (e Teresa não fugiu à regra). t


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A Inforcávado disponibiliza um conjunto de novos módulos e funcionalidades que promovem a conetividade com outros sistemas no âmbito da industria 4.0.

protextil Software Solution For Textile Industries

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