T25 - Outubro 2017

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

EMERGENTE

MÓNICA RIBEIRO: ADVOGADA E EMPRESÁRIA P 37

GABRIELA MELO

Diretora de Criação e Design da Somelos Tecidos

“NOS TECIDOS SOMOS DOS MELHORES DO MUNDO” FOTO: RUI APOLINÁRIO

P 22 A 24

PERGUNTA DO MÊS

A QUE SE DEVE O NOVO FÔLEGO DO PRIVATE LABEL? P4E5 DOIS CAFÉS & A CONTA

LER O FUTURO É A MISSÂO DE BRAZ COSTA P6

BERGAND BY GULBENA

RECICLAGEM

SER RÁPIDA DIFERENTE E FLEXÍVEL

A RIOPELE VAI FAZER ACABAMENTOS COM RESTOS DE COMIDA

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Rafael Alves Rocha 44 anos Diretor de Comunicação da ANJE - Associação Nacional de Jovens Empresários nasceu em Paços de Brandão (Santa Maria da Feira). Solteiro, sem filhos. Licenciado em Comunicação Social pela Universidade do Minho, com pósgraduação em Gestão, e Curso de Liderança na Academia Militar.

PARABÉNS ITV Não há coincidências ? Claro que há e muitas são as chamadas felizes coincidências . É justamente o caso desta coincidência de termos a edição 25 do T Jornal a ser dada à estampa precisamente no momento em que a Associação Selectiva Moda perfaz 25 anos de vida . Neste ano em que coincidentemente também se comemora a 10a Porto Fashion Week e se festeja a edição 50 do Modtissimo, o centro de todas as festividades é a indústria têxtil e vestuário nacional que, também 25 anos depois, voltou a atingir um recorde de exportações em que quase ninguém acreditava, há 25 anos atrás. Não foi fácil chegar até aqui , mas basta voltar a folhear as mais de 1000 páginas das nossas 25 edições (também disponíveis no nosso site T digital ) para perceber melhor com quem é que a ITV contou para chegar onde chegou . Gente menos nova que não aceitou a derrota prometida e mais homens e mulheres, ainda na flor da idade, que também não acreditaram nas profecias de desgraça para o setor. Pessoas que nasceram na têxtil e vão morrer na têxtil, como nos contou com graça a nossa capa deste T, Gabriela Melo, deram as mãos a muitas outras pessoas emergentes no negócio têxtil, em mais uma feliz coincidência, que promete um futuro risonho para esta nossa paixão pela ITV. t O bom momento da ITV ajuda a dar corpo à expansão internacional do Portugal Fashion (PF)? Naturalmente que sim. Todavia, poderíamos colocar a questão ao contrário: de que forma a expansão internacional do PF contribuiu para o bom momento da ITV. Pois à revolução tecnológica operada na indústria somar-se-á a marca de água conferida ao made in Portugal em resultado do trabalho levado a cabo pelo PF nas duas últimas décadas. O casamento entre a criatividade dos estilistas e a capacidade comercial e financeira da indústria é um casamento de conveniência ou uma paixão passageira? É amor eterno. Conheceram-se porque alguém os apresentou sabendo que eram feitos um para o outro, deram relutantemente os primeiros beijos mas logo caíram numa paixão torrencial e hoje, apesar de um ou outro arrufo, vivem um amor sólido, quase idílico. Deixando as metáforas, mais do que o interesse mútuo de juntar a competitividade da indústria ao sentido de moda dos criadores há uma relação sinérgica que ambas as partes valorizam. É mais difícil lidar com jornalistas, modelos, estilistas ou empresários? Felizmente, não temos problemas de relacionamento com nenhum desses grupos. Conhecemos as suas idiossincrasias, interesses e expectativas e, considerando a missão da ANJE, temos o dever de ir ao encontro dos seus anseios.

É boa ideia usar o glamour do PF para outras áreas da nossa economia? Devido ao seu interesse público e à espetacularidade intrínseca à moda, o PF tem grande exposição mediática. Essa mediatização serve não apenas os objetivos de notoriedade do evento, mas também os da ANJE - e consequentemente das suas restantes atividades e iniciativas. Tens saudades dos tempos das Top Models ou agora é mais fácil reparar mais em cada coleção que desfila? A estratégia de recorrer às top models para promover o PF foi bem sucedida e fazia todo o sentido naquele contexto, dada a incipiência do evento e a dinâmica da moda internacional, que muito valorizava as top models. Hoje, os protagonistas dos desfiles são os criadores/marcas e as suas coleções, sem demérito para os manequins.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa

No final da cada viagem sabe bem regressar ao Porto, ou por ti, ficavas a viver noutra capital de moda qualquer? Cidades como Nova Iorque, Paris ou Londres são fascinantes e para quem, como eu, gosta de grandes metrópoles vibrantes de cultura, sofisticação e cosmopolitismo é, de facto, uma tentação lá ficar. Mas o Porto é hoje uma cidade igualmente cosmopolita, fervilhante e criativa, com a vantagem de ser o centro da minha geografia sentimental. Por isso, é sempre bom regressar a casa, percorrer “o caminho familiar da saudade/pequeninas coisas me prendem/uma tarde num café, um livro”, citando Manuel António Pina. t

Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/

PROMOTOR

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n PERGUNTA DO MÊS Textos de Raposo Antunes

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“As fábricas perceberam que se investirem em design podem trabalhar diretamente com as marcas”

“A ITV portuguesa tem boa reputação na Alemanha. É a primeira no ranking do private label”

“Há tendências no retalho que estão a fomentar o crescimento do private label”

“Algumas marcas querem relocalizar parte da sua produção na Europa e bacia mediterrânea”

“Portugal posicionou-se como um dos principais fornecedores de marcas de renome mundial”

“SVP, PV Manufacturing e Munich Apparel vieram aproveitar a procura de sourcing”

“Os compradores voltam porque lhes damos proximidade, flexibilidade, rapidez, qualidade e serviço”

“Por causa das exigências da fast fashion, há uma deslocalização da produção, que volta à Europa”

BUZZ CARTER RESPONSÁVEL DA SVP LONDON

TÂNIA MUTERT BARROS REPRESENTANTE EM PORTUGAL DAS FEIRAS DE MUNIQUE

ANTÓNIO CUNHA SALES MANAGER DA ORFAMA

AGNÉS ESTAME-YESCOT SHOW MANAGER DA PV MANUFACTURING

CRISTINA TERRA DA MOTTA REPRESENTANTE EM PORTUGAL DA MESSE FRANKFURT

MANUEL SERRÃO DIRETOR GERAL DA SELECTIVA MODA

MÓNICA MORAIS ADMINISTRADORA CUSTOITEX/COLLLOVE

PAULO BARROS SALES MANAGER DA TRIWOOL

A QUE SE DEVE O NOVO FÔLEGO DO PRIVATE LABEL?

O número de expositores na SVP London cresce ao ritmo de 40% ao ano

J Londres, Paris e Munique estão de acordo. Os compradores estão a regressar em força à Europa, em busca de quem lhes forneça, chave na mão, as novas novidades que os consumidores exigem a um ritmo cada vez mais feroz - marcado pelo grupo Inditex. SVP London, PV Manufacturing e Munich Apparel Source oferecem palcos para esse encontro entre marcas e fabricantes de private label - um segmento em que Portugal é o primeiro no ranking. Flexibilidade, proximidade, design, resposta rápida, qualidade e serviço são os trunfos que a ITV portuguesa tem na manga para ser bem sucedida neste novo fôlego do private label

á lá vai o tempo em que as marcas estrangeiras desembarcavam cá, com o desenho e a matéria-prima debaixo do braço, e encomendavam a produção das suas coleções nas nossas fábricas, no regime de subcontratação designado como trabalho a feitio ou ao minuto. Agora, são as nossas empresas que desenham e desenvolvem as coleções, que apresentam às marcas, nas feiras, trabalhando num regime de private label que tem sido um dos motores do crescimento da ITV portuguesa. “Temos mais companhias que produzem private label. São sobretudo empresas portuguesas que têm um conhecimento muito bom dos padrões elevados destinados a marcas topo de gama”, reconhece Agnès Etame-Yescot, Show Manager da Première Vision Manufacturing, acrescentando que Portugal “é um país onde se podem encontrar produtores muito bons com um preço que é muitas vezes mais competitivo que a França ou a Turquia. E tem também a seu favor

o facto de fazer parte da UE”. Agnès elogia também a ITV portuguesa por ter definido “uma nova estratégia de se focar nas atividades de fabrico - os produtores podem trabalhar em conjunto com parceiros que estão na mesma área, por isso reagem muito bem e as suas propostas conseguem ser muito eficientes”. Mesmo com o Brexit à porta, A SVP London tem crescido como feira por causa do private label. “Somos a feira de moda em mais rápido crescimento no Reino Unido neste momento; Crescendo 40% ao ano”, afirma Buzz Carter, responsável por esta feira... Buzz explica as razões para este fantástico crescimento: “Em primeiro lugar, deve-se ao desejo dos compradores de trabalhar mais perto da estação e portanto com mais flexibilidade relativamente a quantidades de encomendas e tempos de entrega. Em segundo lugar, porque as fábricas de vestuário perceberam que se investirem em mais serviços de design e pesquisa, podem trabalhar diretamente com as marcas, eliminando

A PV Manufacturing ganha cada vez mais espaço dentro da Première Vision

agentes e intermediários”. “Tudo isto tem levado a um crescimento do negócio direto entre fabricantes e marcas. E um evento como a SVP pode ser eficaz em ajudar a arrancar essas relações”, conclui Buzz Carter. Mas é do motor da Europa que vem o mais recente exemplo do crescimento da procura de private label - a criação pelo salão de tecidos Munich Fabric Start de uma nova sub-feira: a Munich AppareL Source. “Notamos, pelos nossos visitantes, a necessidade de encontrar quem fizesse confeção de vestuário em private label”, conta Tânia Mutert Barros, representante em Portugal das feira de Munique. “A Munich Apparel Source é a única feira de sourcing de vestuário na Alemanha e permite contactar com 20 mil visitantes profissionais, principalmente oriundos da Alemanha, mas também da Holanda, Itália, França, Polónia e Rússia, entre os quais marcas e retalhistas líderes a nível internacional, tais como Hugo Boss, Adidas, Tom Tailor, S. Oliver, Gerry Weber, Peek & Cloppenburg, Kaufhof,

etc”, afirma Tânia, antes de explicar porque é que os expositores portugueses ficaram logo no primeiro pavilhão da nova feira: “Não foi por acaso que colocamos Portugal logo à entrada. Foi um chamariz. A ITV portuguesa tem boa reputação na Alemanha e ao nível dos países que fazem parte da UE, Portugal é o primeiro no ranking do private label. As fábricas estão próximas dos clientes europeus e as entregas são rápidas, ao contrário do que acontece com os fabricantes chineses em que as encomendas vêm de barco”. Manuel Serrão, diretor-geral da Selectiva Moda, considera que a realização destas novas feiras “é a prova dos nove” dessa necessidade de “fazer sourcing na Europa”. “Há quatro ou cinco anos não existiam (essas feiras), que, no fundo, representam o regresso a Portugal dos compradores do Norte e Centro da Europa”, sublinha. “Não é um boom global, mas agora algumas marcas querem relocalizar uma parte da sua produção na UE e na bacia mediterrânea de modo a beneficiarem de entregas mais rápidas e

para dominarem a linha de produção”, concorda Agnès Etame-Yescot. Paris, Londres e Munique reconhecem que a instabilidade política e social na Turquia e no Magrebe têm beneficiado a nossa ITV. “As marcas globais procuram estabilidade. Portugal é uma alternativa não em termos de preço - é mais caro -, mas em termos de reação, encomendas/entregas e cumprimento de prazos”, diz Agnès Etame-Yescot. Buzz Carter considera mesmo que Portugal está a sair-se muito bem neste momento. “E isto é certamente à custa da indústria de outros países que oferecem produtos e serviços muito bons, mas que podem estar com dificuldades neste momento com certas perceções negativas aos olhos dos compradores do Norte da Europa”. “Foi no private label que a nossa indústria têxtil ganhou, nos últimos anos, uma grande vantagem competitiva. Ao ser capaz de fornecer rapidamente, com design e qualidade, Portugal posicionou-se como um dos principais fornecedo-

A Munich Apparel Source privilegiou Portugal atribuindo-lhe o primeiro pavilhão res de marcas de renome mundial”, afirma Cristina Motta, representante da Messe Frankfurt em Portugal Diretos ao assunto, os empresários portugueses, como Mónica Morais, administradora da Collove/Custoitex, não têm dúvidas: “Os compradores estão a sair da China e a voltar à Europa, porque nós lhes oferecemos proximidade, flexibilidade para fazer séries pequenas, além da rapidez, qualidade e serviço”. “A crescente procura de private label - que se reflete no aumento da oferta de feiras para este segmento de mercado - tem também muito a ver com a facilidade com que agora se criam novas marcas, principalmente online”, explica Mónica, precisando mesmo que “nesta edição da Première Vision foi muito notório este fenómeno. A primeira pergunta que nos faziam era sobre quais os nossos mínimos de produção”. A empresária da Custoitex chama ainda a atenção para o facto de “o enorme crescimento de start ups de novas marcas por jovens empreendedores e designers é bom para a nossa indús-

tria, por várias razões, sendo que uma delas é que não discutem preço”. “Por causa das exigências da fast fashion, verifica-se uma nova deslocalização da produção, que está a voltar para a Europa e sua periferia. O modelo de negócio do grupo Inditex abanou a estrutura do negócio. E as outras cadeias viram-se obrigadas a segui-lo para não ficarem para trás”, aponta Paulo Barros, Sales Manager da Triwool. “Temos clientes que apresentam coleções novas todas as semanas e nós, para os fornecemos, temos de acompanhar o ritmo. Todas as semanas, os nossos designers têm de criar produtos diferentes para lhes apresentar. E a criatividade é cada vez mais um fator essencial para a competitividade. Se não és criativo, o cliente não precisa de ti”, conclui. António Cunha, comercial da Orfama, subscreve estes pontos de vista: “É notório que existem tendências de retalho mais vastas em ação, que irão fomentar o crescimento do private label. Para os retalhistas, as principais pressões prendem-se com a ne-

cessidade de aumentar a velocidade de lançamento de novos produtos no mercado, e essa evolução das tendências provoca mudanças na procura por parte do consumidor”. Para satisfazer a crescente procura de novidades pelos consumidores, as marcas e os retalhistas estão a construir relações de colaboração cada vez mais próximas com os fornecedores, criando parcerias com empresas que têm pessoal altamente especializado, investem em inovação, apresentam um design de produto diferenciado e garantem quick response. “A nossa ITV está a ter sucesso porque oferece aos compradores o que eles precisam: a flexibilidade que nos permite produzir pequenas quantidades, a qualidade, a rapidez de resposta, a proximidade cultural e geográfica, e o serviço completo”, afirma Cunha. “Portugal tem uma reputação bem estabelecida no fabrico de vestuário de excelente qualidade. O Made in Portugal já é uma referência a nível mundial", conclui o Sales Manager da Orfama. t


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel

Vidal

Largo das Almas da Areosa 240 3754-907 Aguada de Cima Águeda

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Comidas: Leitão assado no forno, com salada e batatas fritas Bebidas: Aliança Bruto Tinto, água e dois cafés

UM APÓSTOLO MUITO À FRENTE Paul Valery aconselhou-nos a não tentar prever o futuro, pois isso equivale a insultar Deus. Convicções religiosas à parte, Braz Costa não liga patavina à recomendação do filósofo francês, e do que mais se orgulha, desde que assumiu a liderança do CITEVE no ano 2 000 - interrompida entre 05-09, quando foi administrador do IAPMEI - , é da capacidade que ele e a sua equipa tiveram para antecipar o futuro. “No plano a dez anos que traçamos, formulámos percursos de desenvolvi-

mento que coincidiram com o que se veio a passar. Em 2003, quando decidimos criar o CeNTI e apostar na nanotecnologia, muita gente pensou que éramos malucos. Estavam enganados. O futuro da têxtil passava pela alta tecnologia”, afirma o diretor-geral do CITEVE, que escolheu almoçarmos na sua terra natal o prato típico da região. Saber ler o mundo, observar e estudar bem o que se está a passar para estar preparado a apoiar, no futuro, o setor naquilo que vai precisar, é a pri-

ANTÓNIO BRAZ COSTA

54 ANOS DIRETOR-GERAL DO CITEVE O mais novo dos dois filhos de um casal de comerciantes, donos de uma loja de fruta, nasceu e cresceu no centro de Águeda, onde estudou até ao 12º ano, quando teve de escolher entre duas paixões: a Música (estudou flauta no Conservatório) e a Engenharia impôs-se o critério da racionalidade económica. Sempre sonhou com a FEUP, mas mudou de ideias na última hora, ao ver que o curso da UMinho era o único com uma cadeira de Programação de Computadores. Nunca tinha posto os pés em Braga, onde foi para ficar. A meio do curso, fez a tropa, entre Mafra e o Porto. Licenciado em Engenharia Mecânica, iniciou a carreira com empregos numa fábrica, que fornecia Renault e Volvo, e na Universidade, onde era professor e investigador. Deu nas vistas ao fundar o IDIT Minho, onde se demorou oito anos, até aceitar ser diretor-geral do CITEVE. É viúvo e tem dois filhos: Inês, 26 anos (lic. em Marketing e Administração) e Miguel, 21 anos (lic. em Música).

meira das preocupações do CITEVE, onde trabalham 200 pessoas e que tem um orçamental anual na ordem dos 10 milhões de euros. “Vivemos do que faturamos. Não recebemos subsídios”, explica o diretor-geral do CITEVE, que trabalha anualmente com cerca de 1 100 empresas das quais 20% estrangeiras. A consultoria representava 80% da atividade do centro, quando Braz Costa desembarcou em Famalicão. Mas ele não descansou enquanto não inverteu a percentagem. Hoje, a i&d representa 80%, enquanto a consultoria não vale mais do que 20%. Braz Costa reconhece que o CITEVE não é alheio ao bom momento da ITV, ao ter sabido evangelizar o setor, explicando que havia outras maneiras de têxtil, sensibilizando os empresários para a criação de capacidade de desenvolvimento tecnológico e o fabrico de produtos de elevada tecnicidade. Mas atribui o essencial do mérito às empresas, por terem sabido ouvir e interpretar a mensagem -, e não esconde o papel do vento ter soprado a favor (atentados na Turquia, Primavera árabe, preço do petróleo...). De momento, a sua principal preocupação é preparar o CITEVE para os desafios da próxima década, para o day after ao quadro comunitário que acaba em 2020. “Os períodos de crescimento da ITV são de dez anos. Ora nós estamos a crescer desde 2009”, alerta, antes de elencar alguns dos pontos fracos do setor, a começar pela falta de cabeças de obra, engenheiros e chefes de linha e mão-de-obra especializada. “Essa escassez já é um problema e pode ser a morte da indústria. Este ano, as 30 vagas do curso de Engenharia Têxtil foram preenchidas logo na primeira fornada, o primeiro entrou com 18,5 e o último com 15,5. É uma boa notícia. Mas não podemos esquecer que só em Hong Kong há uma universidade que forma mais engenheiros têxteis que a Europa toda”, adverte Braz Costa, um apóstolo da modernização permanente da ITV e apaixonado por música, que tem na cave de lá de casa instrumentos diversos - , de violões a bateria, passando por flauta, concertina, baixo, sintetizador, etc, - em quantidade que quase dava para equipar uma orquestra. t

Está na hora de ser

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2. A BOA LOCALIZAÇÃO AJUDA, MAS NÃO CHEGA PARA EXPLICAR O ENORME SUCESSO DO FÓRUM DE TENDÊNCIAS DA SELECTIVA MODA, QUE ESTEVE SEMPRE A ABARROTAR DE GENTE

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4. COMO JÁ É HABITUAL, A RIOPELE TEVE UM PRODUTO NOMEADO PARA OS PV AWARDS. CARLOS COSTA MOSTRA O TECIDO 100% TENCEL, COM LOOK ESPETACULAR E UMA FLUIDEZ DADA PELO ACABAMENTO

Por: Jorge Fiel

A PREMIÈRE VISION FOI UM ESPETÁCULO! A Tintex chegou a ter 15 pessoas a fazerem fila à porta do seu stand. A SMBM/Fifitex não podia sonhar com melhor estreia, pois viu cinco dos seus fios escolhidos para o Fórum de Tendências. A Riopele juntou ao seu curriculum mais uma nomeação para os PV Awards - distinção que a A. Sampaio recebeu pela primeira vez. O stand da Troficolor foi, de longe, o mais visitado da área denim, tendo efetuado mais de 250 contactos ao longo dos três dias da feira. “Em 14 anos, foi a melhor PV de sempre”, resume o neto do fundador da Albano Morgado, empresa de lanifícios que está a comemorar o 90º aniversário. Paris é uma festa. A Première Vision foi um espetáculo!

A embaixada portuguesa que esteve em Paris, na Première Vision: A. Sampaio, Acatel, Albano Morgado, Familitex, Joaps, Lemar, LMA, Luís Azevedo&Filhos, Lurdes Sampaio, NGS Malhas, Otojal, Sidónios Malhas, Tintex, Troficolor, Adalberto Estamparia, Gierlings Velpor, Paulo de Oliveira, Penteadora, Riopele, Somelos, Tessimax, TMG Textiles Yarns: MAF/ Filasa, SMBM Accessories: Idepa Knitwear: A. Ferreira& Filhos, Malhas Carjor, Orfama Manufacturing: A J Gonçalves, Custoitex, J. Caetano, Raith, Soeiro, Squarcione, Triwool O projeto From Portugal é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020

1. O CLIMA DE INSEGURANÇA QUE SE VIVE EM PARIS, DEPOIS DOS ATENTADOS TERRORISTAS DE 13 DE NOVEMBRO DE 2015, NÃO DESMOBILIZOU NEM EXPOSITORES NEM COMPRADORES

3. COM O LOGO DA EMPRESA COM BRILHO FLUORESCENTE, O STAND DA LMA NÃO PASSOU DESAPERCEBIDO

6. A A.J. GONÇALVES É UMA DAS VETERANAS DA PV MANUFACTURING

9. RUI ALMAS, DELEGADO DO AICEP EM PARIS, VISITOU DEMORADAMENTE A EMBAIXADA PORTUGUESA NA PV. SOFIA BOTELHO (ATP) FOI A CICERONE

7. A FITECOM LEVOU A PARIS UM TECIDO COMPLETAMENTE IMPERMEÁVEL, QUE PERMITE ANDAR DE FATO À CHUVA, SEM SE MOLHAR. JOÃO CARVALHO DEMONSTRA A MARAVILHA

8. PARIS FOI UM DOS PONTOS ALTOS DAS COMEMORAÇÕES DOS 90 ANOS DA ALBANO MORGADO. “FOI A MELHOR PV DE SEMPRE”, GARANTE ALBANO JOSÉ MORGADO, NETO DO FUNDADOR

5. EM BOA HORA, A J.CAETANO ESTÁ DE REGRESSO ÀS GRANDES FEIRAS

11. A AZÁFAMA DO COSTUME, NO STAND DA TMG TEXTILES, ONDE O MOMENTO MUSICAL AJUDAVA A CRIAR UM BOM AMBIENTE

10. A A.SAMPAIO TINHA O STAND SEMPRE CHEIO DE COMPRADORES E TEVE UM SEU PRODUTO (UMA MISTURA DE ALGODÃO ORGÂNICO, ALGODÃO RECICLADO E CAXEMIRA) NOMEADO PARA OS PV AWARDS

13. UM DOS GRANDES MISTÉRIOS DA PV: POR QUE É QUE NO STAND DA TROFICOLOR ANDAVA SEMPRE TUDO NUMA RODA VIVA ENQUANTO OS EXPOSITORES À VOLTA ESTAVAM ÀS MOSCAS?

12. A EQUIPA DA TINTEX, NO DIA (CHUVOSO) DA MONTAGEM, DEPOIS DE ACABADO O TRABALHO


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SAPATILHAS PREMIADAS DA BERG JÁ ESTÃO À VENDA As Jindo Burel - as sapatilhas da Berg premiadas na última ISPO - já estão disponíveis para venda. Feitas em cortiça e burel, são produzidas em Portugal e totalmente recicláveis. O preço é de 79,99 euros.

"Há três fatores que levam as marcas espanholas a fabricar em Portugal: a rapidez na resposta, os custos de produção e qualidade produtiva, que é assente numa cultura têxtil forte" Marcos Álvarez consultor executivo da Cortefiel

PENEDO CRIA ALMOFADA QUE TAMBÉM É CAMA José Augusto Moreira

É um produto inovador, engenhoso e multifuncional, que a Têxteis Penedo está a desenvolver em colaboração com o CITEVE e o CeNTI. O projeto Pillow2Bed utiliza materiais e estruturas têxteis para criar uma almofada que funcionará também como uma confortável cama. Agostinho Afonso, administrador da inovadora têxtil de Guimarães (está prestes a lançar os cortinados com led), deixa claro que o segredo é ainda a alma do negócio e diz que “tudo“está ainda numa fase inicial e é cedo para falar das suas características”. Remete para a informação que foi colocada na página da internet da empresa, que fala no “desenvolvimento de um artigo engenhoso e multifuncional para o lar, assente num conceito inovador”. Os objetivos estão definidos, contando esta fase de investigação e desenvolvimento com o apoio do Compete 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT, envolvendo um investimento elegível FEDER de 458 mil euros o que resultou num incentivo FEDER de 242 mil euros.

A investigação da Penedo vai revolucionar o conceito tradicional de almofada. “Pretende-se através de um design criativo e inteligente e a combinação de materiais e estruturas têxteis, desenvolver uma almofada decorativa que seja facilmente convertida numa cama ‘pronta a dormir’ confortável e adaptável a diferentes condições de utilização”, informa a empresa, acrescentando que a fase de desenvolvimento do produto deverá estar finalizada dentro de pouco mais de ano e meio, em Abril de 2019.

Mais completa é a informação disponibilizada pelo Compete 2020, que descreve o propósito de “obter um artigo inovador e diferenciador, que seja prático, conveniente, fácil de transportar e sustentável”. O objetivo de investigar novos materiais para conferir propriedades antialérgicas e com função de isolamento térmico é igualmente referido, a par das preocupações ambientais e a exploração de estruturas têxteis à base de materiais renováveis e materiais reciclados por vias ecológicas. Como mercado alvo do novo produto são apontadas as situações de necessidade de otimização de recursos, espaço físico e tempo. “Este produto pode ainda servir mercados relacionados com a indústria do turismo, nomeadamente os conceitos B&B (bed and breakfast) e couchsurfing, com o crescimento exponencial que estes setores estão a ter um pouco por todo o mundo. Outra potencial área de aplicação com grande relevância poderá ser a utilização deste tipo de solução para crianças e bebés permitindo por exemplo a sua utilização em infantários de forma personalizada e atrativa”, como indica a informação oficial. t

SONIX/DIASTÊXTIL INVESTE 6,5 MILHÕES NA INDÚSTRIA O grupo Sonix/DiasTêxtil tem em curso um investimento industrial global de 6,5 milhões de euros, repartido entre 2,5 milhões de euros na ampliação e renovação de equipamentos da fábrica da Sonix, em Barcelos, e quatro milhões nas novas instalações da Modelmalhas, em Esposende. Liderado por Conceição Dias, o grupo fatura 60 milhões de euros.

GUIMARÃES É CAPITAL MUNDIAL DA INVESTIGAÇÃO EM FIBRAS A Associação Mundial de Investigação em Fibras Naturais (WANFR) vai ter a sede em Guimarães e será presidida por Raul Fangueiro, coordenador da plataforma internacional Fibrenamics da Universidade do Minho. Estão já pré-inscritos membros de 15 países, como o Reino Unido, Argentina, Austrália, África do Sul e Japão. A decisão foi tomada por unanimidade na 3ª Conferência Internacional em Fibras Naturais (ICNF), que juntou em Braga 250 cientistas e profissionais de 40 países.

5,2 mil

milhões de euros é a previsão da ATP para as exportações da ITV em 2017

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15% DO QUE A INDITEX VENDE É MADE IN PORTUGAL No ano passado, o grupo Inditex deu mais trabalho a portugueses do que a espanhóis - a conclusão é do El País. O diário garante que 15% da produção vendida pelo grupo fundado por Amancio Ortega é feita no nosso país.

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A MINHA EMPRESA Bergand by Gulbena Rua de Porinhos 405 4824-909 Fafe

Trabalhadores 100 Volume de negócios 9 milhões de euros Empresas TTT Tech (tinturaria e acabamentos), Gulbena (malha acabada), Bergand by Gulbena (peça confecionada) e Imprimis by Gulbena (estamparia digital) Principais mercados Inglaterra, França, Alemanha e Suíça Capacidade instalada 20 mil peças por semana Tipologia do produto Fitness, yoga, corporate, moda

Flexível, diferente e com resposta rápida Quando se fabrica um produto tão delicado e sensível como lentes é absolutamente proibido haver partículas no ar - e como é sabido o algodão liberta partículas... Talvez por isso, os trabalhadores da multinacional Zeiss, com centro de gravidade em Jena, Alemanha, usem vestuário de trabalho “Made in Portugal” com a garantia de qualidade dada pela Gulbena Têxteis SA. Não são os únicos. A VW, a BMW, apenas para citar dois exemplos, também são fornecidos por este grupo têxtil, cujo coração bate num perímetro industrial com 17 mil m2. Vestuário para trabalho em ambientes controlados é apenas uma das muitas especialidades de um grupo que deu o pontapé de saída há 30 anos. A TTT Tech foi a primeira pedra de um grupo que Rui Teixeira, engenheiro têxtil e filho do fundador tem vindo a desenvolver alargando a sua presença para montante e jusante do negócio, acrescentando-lhe empresas, como a Gulbena e marcas, como Bergand by Gulbena e Imprimis by Gulbena, sempre seguindo o que o mercado lhe foi pedindo. Com o suporte das parceiras do grupo, a Bergand by Gulbena tem vindo a expandir o seu segmento de mercado, e os dados estão lançados para um crescimento exponencial no mercado num futuro próximo, pretendendo consegui-lo através de feiras Internacionais e de agentes nos vários países alvo. “Notamos que os clientes querem voltar a pro-

duzir no nosso país e que a etiqueta “Made in Portugal” é cada vez mais uma mais-valia para o produto” salienta Helena Garcia, responsável pelo departamento comercial da Bergand by Gulbena. A inovação é uma das marcas de água de um grupo que apostou na produção em private label para o segmento médio/alto e em trabalhar para nichos de mercado exigentes em que o fator preço não é decisivo. “A nossa flexibilidade, capacidade de resposta rápida e de apresentar soluções diferentes aos clientes são a base da nossa competitividade” explica Helena Garcia. A Bergand é especializada em áreas como por exemplo o yoga, no qual os clientes procuram tanto a vertente funcional como a sustentável, conseguindo responder com a mesma competitividade a ambas, graças ao «know-how» das parceiras Gulbena nas malhas e fios funcionais, e TTT Tech nos acabamentos especiais. Os EUA, onde já meteu um pé, são próximo grande desafio da Bergand by Gulbena, a irmã mais nova do grupo TTT Tech, que tem uma estratégia de crescimento bem definida. “Vamos apostar nas marcas de pequena/média dimensão. Existem muitas na Costa Leste dos EUA, algumas delas não têm mais de 10 lojas, mas o produto é de valor acrescentado. A nossa ideia não é fazer artesanato, mas também não queremos ir para a produção em massa”, conclui Helena Garcia. t

FLAGSHIP STORE DA TIFFOSI NA RUA SANTA CATARINA A afluência crescente de turistas ao Porto e o novo fôlego do comércio de rua estiveram na origem da decisão da Tiffosi de abrir uma flagship store na rua de Santa Catarina. A loja, que abriu em Setembro, tem uma área de 1 300 m2 e pretende reforçar a visibilidade da marca de Famalicão.

YASMIN SEWELL É VP DE ESTILO E CRIAÇÃO DA FARFETCH

LMA JUNTA GOTS A REACH, OEKO-TEX E BLUESIGN

A australiana Yasmin Sewell, reconhecida pelas famosas imagens de streetstyle, é a nova vice-presidente de estilo e criação da Farfetch, um cargo criado especialmente para ela. Sewell era antiga diretora de moda do Style. com, adquirido em Junho pela empresa liderada por José Neves.

A LMA obteve a GOTS (Global Organic Textile Standard), que se vem juntar às outras certificações que já tinha - Reach, Oeko-Tex e Bluesign. “As certificações abrem as portas para alguns clientes”, reconhece Manuel Barros, CEO da LMA, que fechou o exercício de 2016 com um volume de negócios de sete milhões de euros.

"Estamos a inovar muito em termos de acabamentos, renovámos praticamente todas as máquinas" Paulo Augusto Oliveira administrador do grupo Paulo de Oliveira

BRIGITTE MACRON AJUDA ELLE A VENDER MAIS DE MEIO MILHÃO A edição da Elle francesa com Brigitte Macron na capa vendeu mais de 530 mil exemplares, pulverizando todos os recordes da revista da última década. A primeira entrevista da mulher de Emmanuel Macron rendeu mais de 30 milhões de visitas na edição digital da revista francesa.

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de pares de meias é a produção anual da MFA, que emprega 400 trabalhadores e fechou 2016 com um volume de negócios de 17 milhões de euros

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DAMA DE COPAS ABRE LOJA NA CHUECA A Dama de Copas abriu em Madrid, no bairro de Chueca (calle Augusto Figueroa 3), a sua quinta loja, onde também disponibiliza às clientes o serviço de bra fitting (consulta grátis e obrigatória para apurar medida certa de soutien). Com uma oferta superior a 100 tamanhos de soutiens, a Dama de Copas foi fundada em 2009 e tem uma rede de cinco lojas - três em Portugal (duas em Lisboa, Saldanha e Chiado, e uma no Porto, em Sá da Bandeira) e duas em Madrid (a outra é no bairro de Salamanca).

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"Há muitos anos que, até por dificuldades na contratação de mão-de-obra, apostamos muito na automatização. Diria que a nossa produção, dentro daquilo que é possível, está praticamente toda automatizada" Jorge Pereira ceo da Lipaco

KATTY LEVA O PORTUGAL FASHION AO MATADOURO Depois da passagem pelas mais prestigiadas capitais da moda, como Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, o Portugal Fashion concentra todas as forças na sua 41.ª edição, a decorrer nos dias 14, 19, 20 e 21 de Outubro, nas cidades de Lisboa e Porto. Está assim de volta a celebração da moda nacional, com as sugestões dos designers mais consagrados do país para a Primavera/Verão de 2018. O evento prolonga-se por quatro dias e conta com mais de 30 desfiles, onde as propostas para a próxima estação quente refletem a diversidade e dinamismo do painel de designers que compõe o Portugal Fashion. O certame arranca a 14 de Outubro, o único dia reservado para a capital. O palco faz-se no Armazém 16, em Lisboa, com os desfiles de Pedro Pedro, TM Collection (by Teresa Martins), Carlos Gil, Luís Onofre e Alves/Gonçalves. No mesmo dia, em local ainda a revelar pela marca, a dupla Storytailors apresenta ao público a sua coleção SS18. A primeira fashion stop portuense do evento é nada mais, nada menos, que o Museu do Carro Elétrico. 19 de Outubro é o dia reservado para as apresentações do espaço Bloom – a plataforma

Depois do Terminal de Cruzeiros e da Cadeia da Relação (na foto) Katty desfila no matadouro

do Portugal Fashion destinada aos jovens criadores de moda e o palco onde os talentos emergentes do país podem florescer. Dirigido também a alunos das várias escolas de moda portuguesa, tais como a Escola Superior de Artes e Design, Modatex e EMP, o espaço Bloom conta com a participação dos designers Maria Kobrock, Inês Torcato, David Catalan, Olimpia Davide, Beatriz Bettencourt, entre outros. A Alfândega do Porto recebe, no dia 20, nomes como Miguel Vieira, Hugo Costa, Diogo Mi-

randa, Carla Pontes e Estelita Mendonça; por sua vez, no dia seguinte – o último do certame – é tempo de Alexandra Moura, Nuno Baltazar, Ana Sousa, Micaela Oliveira, Dielmar, Pé de Chumbo e Lion of Porches trazerem as suas criações às passerelles da Alfândega, a casa oficial do Portugal Fashion. No mesmo dia, os estilistas Katty Xiomara e Luís Buchinho fazem as suas apresentações noutros pontos da Invicta, como o ex-Matadouro Municipal do Porto e o Cais Novo, respetivamente. t

CONSIFEX AUTONOMIZA DESENHO A Consifex autonomizou o seu departamento de desenho e desenvolvimento, responsável pela apresentação de 12 coleções por ano, que passou a estar instalado num pavilhão alugado, com 500 m2, no Parque Industrial de S. Veríssimo, em Barcelos. “Agora estão independentes. Podem fazer tudo lá, desde a criação ao molde e confeção, ao seu próprio ritmo, sem que isso conflitue ou atrase a execução de encomendas dos clientes”, explica Adília Silva, administradora da Consifex, empresa de malas e confeções que leva na razão social as primeiras sílabas do nome o casal fundador - Con de Conceição (Simões), e Si de Silva (Domingos) -, os pais

de Adília. Fundada em 1989, a Consifex mudou em 1997 para as atuais instalações, no Parque de S. Veríssimo , onde ocupa três pavilhões, com 1500 m2 - para além do novo pavilhão alugado para Desenho e Desenvolvimento onde trabalha a equipa de designers com uma modelista e uma costureira. A Consifex faz um volume de negócios de dez milhões de euros, 95% dos quais exportados, trabalhando em regime de private label para marcas europeias, como a Esprit, Ferrari, Globus, Pepe Jens, Bimba & Lola, Juvia e Marc O’Polo, entre outras. t

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ITV ESPANHOLA DESTRÓI 35 MIL EMPREGOS A ITV espanhola perdeu 35 mil empregos, entre os anos de 2008 e 2011, vendo assim o seu efetivo total de trabalhadores encolher para 150 mil, em apenas quatro anos. Na indústria perderam-se 35 mil empregos neste setor em Espanha. Se recuarmos até 1995, quando a têxtil espanhola empregava 280 mil trabalhadores, a perda de emprego foi de 45%.

MADE IN PORTUGAL É A VANTAGEM E A DIFERENÇA DA AVERSE O Made in Portugal é ao mesmo tempo a grande vantagem e diferença da Averse, a marca própria de sportswear e moda urbana e casual, que o grupo bracarense Gabritex está a lançar e se apresentou ao mundo em Julho, na Show & Order, inserida na Semana de Moda de Berlim. “Estamos a dar a conhecer a marca, a estabelecer o maior número de contactos possível e a procurar revendedores e lojas multimarca”, explica Rita Capão, designer da Averse, cuja próxima escala da campanha de internacionalização será Madrid, onde esteve de 1 a 3 de Setembro, na Momad Metrópolis, depois de já terem estado em Copenhaga (CIFF) e Las Vegas (Project) . Qualidade a um preço competitivo é um dos trunfos da Averse, orientada para o segmento médio do mercado . “Ter confeção própria ajuda a ter essa vantagem”, afirma Rita, licenciada em Marketing e Design de Moda (2012) pela Universidade do Minho. Toda a coleção, feita integralmente em Portugal, é constituída por peças para senhora, homem e unissexo, em tons quentes e vibrantes e destinadas a serem usadas por um público jovem, que gosta de um visual casual com apontamentos desportivos; bordados florais e estampados tropicais. “A nossa roupa é pensada para que quem a use se sinta confortável, tanto no trabalho como nas horas livres”, resume a designer. A Averse - palavra inglesa que significa o oposto (daí o último e estar ao contrário) - representa a estreia no mundo das marcas próprias da Gabritex, uma empresa de confeções de Vilaça, nos arredores de Braga, nascida em 1988 e que trabalha em regime de private label para marcas como a Element, Le Coq Sportif, Billabong, Element ou Nudie Jeans. Antes de, há um ano, se aventurar a fazer uma marca própria, a Gabritex criou em 2015 a GBTX, com sede em Barcelos, mais focada nos produtos moda e que tem na sua carteira de clientes a Mercedes, Porsche e Versus da Versace. Com 130 trabalhadores, a Gabritex exporta toda a sua produção, que ronda as sete mil unidades/dia, e uma posição na tinturaria barcelense Iris. t

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MORETEXTILE VENDE FÁBRICA DESOCUPADA À FELPINTER

INFORCÁVADO NO MODTÍSSIMO

O grupo MoreTextile vendeu à Felpinter um imóvel que estava desocupado, onde em tempos estiveram instalados os escritórios e uma fiação do grupo JMA. A operação de concentração num só grupo, iniciada há seis anos, de três das mais reconhecidas têxteis-lar portuguesas (António de Almeida & Filhos, Coelima e JMA) permitiu sinergias, bem como a racionalização e libertação de património imobiliário de que este negócio é exemplo.

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protextil pro Software Solution For Textile Industries

"Portugal é um país forte neste setor, com uma indústria e confeção muito cuidada, uma mão-de-obra barata e uma boa especialização nos tecidos e nas confeções" Paulo Vaz diretor-geral da ATP

EUA E CANADÁ NA MIRA DAS EXPORTAÇÕES DO TÊXTIL

Mesmo com todas as barreiras alfandegárias ainda em vigor, os Estados Unidos são já um dos principais clientes da ITV nacional (5º lugar) e um dos que mais tem crescido – 11,1% no primeiro semestre. Olhar para o outo lado do Atlântico é, por isso, um dos objetivos estratégicos da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que promoveu um workshop dedicado ao tema. Um desafio que surge numa altura em que entrou em vigor (21 de Setembro) o acordo CETA, de comércio entre a União Europeia e Canadá, eliminando a taxa de 18% que até agora onerava os produtos têxteis e vestuário. “Com mais de 80% das exportações concentradas no espaço comunitário, há uma necessidade estratégica de expandir os nossos mercados”, lembrou o diretor-geral da ATP, Paulo Vaz. t

ROQ INVESTE 2,6 MILHÕES EM TRÊS PAVILHÕES A ROQ, maior fabricante mundial de máquinas de estamparia têxtil, está a investir 2,6 milhões de euros para aumentar a capacidade produtiva. A empresa de Famalicão está a ampliar as suas instalações industriais, construindo três novos pavilhões para produzir novos modelos de máquinas para impressão digital, embalagem e armazenagem de peças têxteis. O projeto de investimento foi declarado de interesse municipal pelo executivo camarário. E vai também levar à criação de 31 novos postos de trabalho – atualmente são cerca de 400. Este aumento da capacidade instalada em tecnologia e infraestruturas permitirá à empresa atingir uma área de produção próxima dos 37 mil metros quadrados. Com este plano de expansão da ROQ, sobe para 30 o número de novas iniciativas empresa-

riais em Vila Nova de Famalicão, que representam 104 milhões de euros e perspetivam a criação de 951 novos empregos. Todas foram reconhecidas como de interesse municipal, sendo contempladas com incentivos fiscais (ao nível do IMI, do IMT e das taxas de licenciamento de operações urbanísticas) ao abrigo do Regulamento de Projetos de Investimento de Interesse Municipal – Made 2 IN. “A Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão acaba assim de garantir mais um relevante investimento empresarial para o concelho, a que está diretamente associada a criação de novos empregos, resultado das suas ativas políticas de estímulo ao investimento privado”, observa o autarca Paulo Cunha, sublinhando: “É mais uma boa notícia para Famalicão vinda de uma empresa conceituada como a ROQ. É, aliás, rara a

semana no nosso concelho em que não haja uma boa notícia ao nível do investimento empresarial, que representa mais capacidade de produção, mais força exportadora e, principalmente, mais e melhor emprego”. Fundada em 1983 na freguesia de Oliveira S. Mateus, a ROQ constrói máquinas customizadas e de alta performance e precisão para a indústria têxtil, com recurso a tecnologia de ponta, nas áreas do corte a laser e da quinagem. Controla toda a cadeia de valor, o que lhe permite assegurar um rigoroso controlo de qualidade sobre os produtos. O volume de negócios credibiliza a estratégia de liderança desta empresa com presença global: 39 milhões de euros em 2016 (face aos 25 milhões em 2014 e 30 milhões em 2015) e vendas para 50 países. t

LUCROS DA SONAE SIERRA SOBEM 9% NO 1O SEMESTRE

EX-PRESIDENTE ALEMÃO TRABALHA PARA OS TURCOS

Os lucros da Sonae Sierra cresceram 9% no final do primeiro semestre deste ano, atingido os 64,2 milhões de euros, face aos 59 milhões registado em idêntico período de 2016.

O ex-presidente alemão, Christian Wulff, entrou no mundo da moda e tornou-se o representante na Alemanha de uma empresa têxtil turca.

Nova imagem. Nova plataforma tecnológica. Uma solução ainda mais flexivel e intuitiva.

CRESCIMENTO DO TURISMO AJUDA BUREL A EXPORTAR

SETORES DE ATIVIDADE

Confeção e vestuário O crescimento do turismo tem dado uma enorme ajuda à internacionalização de marcas, como é o caso da Burel Mountains Originals. “O nosso melhor showroom internacional são as lojas que temos em Lisboa e no Porto. Muitos clientes internacionais conheceram-nos por passarem pelas lojas no Chiado e na rua Mouzinho da Silveira”, explica Isabel Costa, CEO da Burel, que exporta 30% da sua produção e tem nos EUA e Japão os seus principais mercados.

3 toneladas

de fio por dia é a capacidade de produção da fiação própria da Fitecom, que é toda usada internamente

Tecelagem de malhas

Texturização de fios

Meias e collants

Tinturaria e acabamentos

Laboratório de análises

Desenvolvimento do Produto

Gestão de Stocks

Packing-List (Exportação)

Registo de encomendas de clientes

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Planeamento

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pessoas de 99 nacionalidades e que falam 45 línguas fazem parte da folha de pagamentos do grupo Inditex, que no ano passado investiu 1,4 mil milhões de euros

Na foto, Tiago Fernandes (à esquerda), Ovídio Fernandes (sentado) e António Perry (à direita)

VIPETRADE: SALTO NO ESCURO QUE VENDE 25 MILHÕES Raposo Antunes

Não lhes faltava know-how, graças aos anos de trabalho e conhecimento que foram acumulando enquanto foram colegas de trabalho na Coelima, à época a maior empresa nacional de têxteis-lar. Esse “à época” remete para 1987 quando António Perry e Ovídio Fernandes, ambos engenheiros, decidiram sair da Coelima. “Foi a nossa universidade de vida”, confessam. Saturados com o rumo que a Coelima estava a levar, os dois engenheiros resolveram dar “um salto no escuro”, como os próprios dizem, e fundaram em 1987 a Eurotrade Ovídio Fernandes & Cª que anos mais tarde viria a dar origem à Vipetrade Comércio Internacional. A Eurotrade dedicou-se inicialmente ao agenciamento de duas grandes tradings europeias para venda de fios para tecelagem, malhas e telas para vestuário e têxteis-lar, sendo pioneira no que se refere às telas e tendo atingido ao fim de poucos anos vendas anuais superiores a 20 milhões de dólares com apenas os dois sócios e duas funcionárias. “O salto no escuro valeu a pena. Alguns anos mais tarde e sentindo-nos ultrapassados em muitos casos pelas nossas representadas, reconhecemos que éramos o elo mais fraco da cadeia e resolvemos, com o apoio de um dos bancos nacionais, enveredar também pelo negócio trading”, contam. Assim, além do agenciamento

passaram também a importar e vender mercadorias. “O início foi bastante doloroso. Logo no primeiro ano tivemos um grande incidente de crédito com um cliente de fio que nos criou bastantes dificuldades”, recordam. Mas lembram também que rapidamente “levantaram a cabeça e continuaram a lutar”. Decidiram então terminar com a venda de fios dado o risco de crédito e constantes reclamações de clientes e enveredar por uma especialização exclusiva em telas para têxteis-lar particularmente lençóis. O volume de negócios foi crescendo, tendo atingido os 21 milhões de euros de vendas em 2016. Este ano prevêem ultrapassar os 25 milhões, o que torna a Vipetrade a maior empresa nacional no seu ramo. Neste momento, a segunda geração já entrou na empresa, que nunca deixou de ser familiar, sendo gerida por Tiago Fernandes, filho de Ovídio Fernandes. “A Vipetrade tornou-se num elo fundamental na indústria nacional de têxteis-lar dado que fornece telas a praticamente todos os produtores e exportadores nacionais”, explicam. “Temos ainda uma pequena presença no mercado espanhol onde pretendemos crescer gradualmente. Estas telas já não são produzidas pela indústria nacional pelo que se trata de importações virtuosas sem as quais os nossos exportadores não conseguiriam trabalhar”, dizem, acrescentando que indiretamente trabalham com grandes marcas como a Zara, Walmart, Ikea, Car-

ré Blanc, Continente, etc. Atualmente a empresa vende telas cruas 100% algodão, 100% linho, polyester/algodão, microfibras 100% polyester, bem como malhas para fabrico de lençóis. “Temos também uma pequena produção subcontratada de lençóis confecionados para hotelaria que vendemos a armazenistas que fornecem os hotéis sendo esta uma área em que pretendemos potenciar o crescimento com algumas parcerias”, conta António Perry. “Os nossos produtos têm origem na China, Índia e Paquistão, onde temos estruturas locais subcontratadas para controlo de qualidade a todos os produtos importados que ultrapassará este ano os 320 contentores”, afirmam. “A Vipetrade tem-se diferenciado dos seus concorrentes pelo tratamento atempado e pelo assumir de responsabilidades nas reclamações dos seus clientes que sabem ter na nossa empresa um parceiro de confiança”, dizem ainda. A Vipetrade tem neste momento um quadro de pessoal de 10 pessoas, sendo cinco no backoffice, duas nas vendas, três no armazém para além dos cinco sócios trabalhadores prevendo reforçar até final do ano o backoffice com mais uma pessoa. A empresa tem sede em S. Torcato, Guimarães, um capital social de 575 mil euros e prevê atingir a faturação de 30 milhões de euros no prazo de dois anos, sem mais investimento nem admissão de pessoal. t

PRESIDENTE DO CALÇADO QUEIXA-SE DAS MULHERES

RIBIAL INAUGURA SHOWROOM EM SANTO TIRSO

O absentismo nos homens é quase zero, mas é muito grande nas mulheres, queixa-se Luís Onofre, presidente da APICCAPS, em entrevista ao Dinheiro Vivo, onde diz que a falta de mão-de-obra é “o principal problema” do setor, além do “fator produtividade”. "Imprevistos acontecem, é certo, mas o absentismo nos homens é quase zero e muito grande nas mulheres”, diz.

A Ribial inaugurou um novo showroom nas suas instalações em Santo Tirso. As colchas valem cerca de 80% da produção desta têxtil-lar, que espera fechar o ano com um volume de negócios de 3,5 milhões de euros, dos quais 400 mil euros correspondem a vendas com a sua marca própria - Seeds Concept.

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EXPOSIÇÃO DE MÁQUINAS, TECNOLOGIA E ACESSÓRIOS PARA A INDÚSTRIA TÊXTIL DA CONFEÇÃO, VESTUÁRIO E BORDADOS Simultânea com a MAQUISHOES

"Na indústria têxtil, Portugal tem o melhor lead time do mundo. Entre duas a seis semanas" Paulo Vaz diretor-geral da ATP

ORFAMA COMPRA UM MILHÃO EM TEARES SHIMA SEIKI A Orfama tem em curso um investimento de um milhão de euros em novos teares Shima Seiki. Este ano comprou mais dez, após o ano passado ter adquirido 20. “São máquinas mais atuais, com tecnologias inovadoras e mais flexíveis que nos permitem tornar o artigo mais competitivo ao nível de preço, agora que trabalhámos com séries mais pequenas”, explica António Cunha, Sales Manager da Orfama.

QUATRO EMPRESÁRIOS TÊXTEIS NO PANTEÃO DE NICOLAU

19-21 OUT DAS 10 H ÀS 20 H

EXPONOR SÓ PARA PROFISSIONAIS

Peça o seu convite gratuito em www.maquitex.exponor.pt Isabel Furtado (TMG Automotive), Alberto Figueiredo (Impetus), Albano Coelho Lima (Lameirinho), António Gonçalves (TMG) e o nosso amigo Fortunato Frederico (Kyaia) integram o quadro de honra particular que Nicolau Santos elaborou na coluna que publica semanalmente no Expresso - onde sublinha que “os empresários e gestores portugueses, que mantiveram a economia à tona de água e são responsáveis pelo atual crescimento", bem merecem ser elogiados.

EXPONOR – Feira Internacional do Porto — Av. Dr. António Macedo - 4454-515 Leça da Palmeira - Portugal T: +351 22 998 1474 F: +351 22 998 1482 M: +351 92 7983675


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PORTUGAL COSE LA MODA ESPAÑOLA, DICE EL PAÍS Portugal aumentou 38,6% as exportações de têxteis para Espanha em apenas quatro anos, passando de 1 293 milhões de euros (2012) para 1 790 milhões (2015). Este salto é a prova, segundo um artigo publicado no El País, que a ITV portuguesa está “a intensificar a sua posição como fornecedor das grandes marcas espanholas”. Com o título “Portugal cose la moda española”, o artigo destaca que a nossa indústria “é competitiva em rapidez de resposta, controlo de custos e qualidade dos produtos graças a uma cultura têxtil fortemente sustentada e à inovação tecnológica dos últimos anos”.

LASA: UMA FESTA RECHEADA DE EMOÇÕES

Centenas de pessoas e algumas personalidades políticas, incluindo o ministro da Economia, Caldeira Cabral, assistiram à celebração do 46º aniversário da Lasa, que foi também uma homenagem aos 185 trabalhadores com mais de 25 anos de casa. Os colaboradores mais antigos da empresa receberam um relógio e um diploma, mas não foram os únicos agraciados – a administração também foi surpreendida com um presente dos seus funcionários. Armando da Silva Antunes, fundador da empresa, recebeu o logótipo original da fábrica e Fátima Antunes – na foto – uma moldura com a imagem atual da empresa de Guimarães.

RIOPELE FAZ ACABAMENTOS COM RESTOS DE COMIDA Raposo Antunes

O projeto da produção de tecidos feitos a partir da reciclagem de restos de tecidos e fios e de desperdícios da indústria agroalimentar, que a Riopele está a desenvolver, entrou já na fase de pré-industrialização. Os novos tecidos, desenvolvidos na vertente de moda que se destinam à confeção e com propriedades funcionais (neutralização de odores, atividade antimicrobiana, prebiótica, antioxidante, entre outras), deverão ser mostrados ao mundo no final do primeiro semestre do próximo ano. O próximo passo, que será dado ainda este ano, será a industrialização, seguindo-se a apresentação em meados do próximo ano, de forma a serem comercializados já para a coleção Outono/Inverno de 2019. Grosso modo poder-se-á dizer que a reciclagem dos restos de tecidos e fios será utilizada na produção dos tecidos e o aproveitamento dos desperdícios agro-alimentares nos acabamentos desses mesmos tecidos. Atualmente a reciclagem de resíduos agroalimentares, ricos em proteínas e polissacarídeos, tem permitido desenvolver trabalho na

extração de ingredientes funcionais, com aplicações na alimentação, cosmética e biomédica. Através do projeto R4Textiles, cofinanciado pelo Compete 2020, a Riopele utiliza esses resíduos provenientes das indústrias de carnes que apresentam um enorme potencial de valorização no acabamento têxtil. O projeto R4Textiles visa desenvolver têxteis sustentáveis – reutilizados e funcionais – com base na valorização de rejeitados têxteis e agroalimentares de forma a pôr em prática o novo paradigma da economia circular. Tradição e inovação são duas palavras-chave para a Riopele que tem uma longa história e um saber-fazer único. A empresa tem levado a cabo um intenso trabalho de pesquisa de tendências e de comportamentos, investindo fortemente em Investigação & Desenvolvimento. Num contexto atual de consciencialização ambiental, a Riopele pretende apostar numa estratégia de investigação que conduza à adoção de políticas sustentáveis, de redução do impacto ambiental, assente na valorização dos resíduos têxteis (iniciando com os gerados na sua unidade), e de subprodutos de indústrias agroalimentares próximas geograficamente. Quer

no caso dos resíduos têxteis, quer no dos resíduos agroalimentares, existem desafios na investigação, ao nível do processamento e da sua aplicabilidade na produção de novas estruturas têxteis. É neste contexto que surge o projeto R4Textiles, cujos principais objetivos são: design e construção de novas peças/estruturas têxteis com base em resíduos têxteis – fios, telas e tecidos, com ou sem processamento prévio, para eliminação de elastano; produção de tecidos funcionais inovadores com incorporação de ingredientes extraídos de resíduos agroalimentares, para obtenção da funcionalidade de neutralização de odores, e outras propriedades valorizáveis no acabamento têxtil (antimicrobiano, prebiótico, antioxidante, anti-estático, toque melhorado). Promovido pela Riopele, o projeto R4Textiles é cofinanciado pelo Compete 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à I&DT e envolve um investimento elegível de cerca de 978 mil euros, a que corresponde a um incentivo FEDER de 602 mil euros. Neste projeto estão também envolvidos o CeNTI, o CITEVE e a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica. t

CORDEX VAI CHEGAR AOS 100 MILHÕES

70 ANOS DA DIOR PASSADOS EM REVISTA EM PARIS

Com 600 empregados e presença em 55 países, o grupo Cordex investiu mais de dez milhões de euros nos últimos três anos, o que lhe deverá permitir atingir este ano os 100 milhões de euros de volume de negócios.

“Sonho da Moda” é o título da exposição sobre os 70 anos da Dior que está patente até 7 de Janeiro de 2018 no museu Les Arts Decoratifs, em Paris, e conta com mais 300 modelos dispostos num espaço de três mil m2.

"É preciso revitalizar os centros de formação profissional de forma a direcionar os jovens sem formação universitária para os setores tradicionais, porque o estigma dos baixos salários está a acabar" Adelino Costa Matos presidente de ANJE

VERSALIS DA LECTRA GANHA PRÉMIO FROST & SULLIVAN A Versalis – a solução digital de corte de couro da Lectra – recebeu o prémio Global Frost & Sullivan Award 17 na categoria de Product Leadership. Cerca de 90% das peles usadas no interior de automóveis ainda são cortadas manualmente. De acordo com a Lectra, a solução Versalis permite reduzir entre 12 a 16 semanas o ciclo de desenvolvimento e chegada ao mercado dos assentos de viaturas em couro.

MARIA JOÃO BASTOS DÁ CARA PELA LION OF PORCHES

Um set cinematográfico foi o cenário escolhido para a campanha de lançamento da coleção outono/inverno 17/18 da Lion of Porches, que é protagonizada pela nova embaixadora da marca, a atriz Maria João Bastos, que sucede a Victoria Guerra e a Sónia Araújo. “We feel” é o tema da campanha.

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n ENTREVISTA Por: Carolina Guimarães e Jorge Fiel

Gabriela Folhadela Melo 53 anos, nasceu em Requião, Famalicão, sendo a irmã do meio dos cinco filhos do casamento de Maria Helena (a mais velha dos três filhos de Manuel Gonçalves) com Luiz Folhadela de Oliveira. Entre os dez e os 23 anos estudou em cinco países, quase sempre interna em colégios católicos. Após a primária, feita em Famalicão, começou no Colégio do Rosário o secundário que continuou entre Toronto e o Kent e concluiu em Lucerna. Licenciou-se em Engenharia Têxtil em Filadélfia. Casada com Paulo Melo, administrador do grupo Somelos e presidente da ATP, vivem em Guimarães e têm dois filhos: João Paulo, 26 anos, formado em Gestão e atualmente estagiário da TMG Automotive, e Manuel Pedro, 24, que está a finalizar Gestão na Católica.

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emos de criar condições para que os trabalhadores se sintam em casa na fábrica - afirma Gabriela Melo, a diretora de Criação e Design da Somelos Tecidos, que não tem a mínima dúvida sobre a excelência das coleções que apresenta: “Os nossos desenhos, a nossa moda, são uma referência obrigatória nas feiras”. Não é desgastante trabalhar há quase 30 anos com o marido na mesma empresa?

Desde Janeiro de 88 que está no departamento criativo da Somelos Tecidos. Não é monótono estar sempre a fazer a mesma coisa?

Fazer coleções num departamento criativo é exatamente o oposto de um trabalho monótono. Mas não tenho estado sempre a trabalhar aqui. Durante uma dúzia de anos ocupei-me da parte social - o Centro de Solidariedade Social, Cultural e Desportivo (CSSCD) da Somelos - e da renovação da imagem corporativa do grupo.

Como surgiu a necessidade de mudar a imagem corporativa do grupo?

Nos anos 90, o grupo sofreu uma grande reestruturação, com a criação de uma SGPS e a autonomização das áreas de negócio - fiação, tecelagem, acabamentos e tinturaria, serviços, imobiliária, etc. A esta reorganização interna correspondeu um movimento de subida na cadeia de valor. A nova mentalidade tinha de ser refletida na imagem externa da Somelos. Em que consistia essa nova mentalidade?

A fiação voltou-se para os fios especiais, em detrimento das grandes produções. Nos tecidos, fomos os primeiros a desenvolver coleções e a impôr a nossa marca. Não nos resignamos a trabalhar a feitio. A nova imagem tinha de refletir este novo estádio da vida do grupo. Mudamos tudo, desde o lettering ao logo, para transmitir ao mercado a modernização da Somelos. Essa revolução nos anos 90 foi crucial para o futuro do grupo?

Sem dúvida. Houve, na altura, por parte da liderança do grupo, uma visão estratégica muito apurada. Contratamos um designer italiano para nos ensinar a trabalhar. Aprendemos e as coleções da Somelos Tecidos tornaram-se uma referência a nível mundial. Os nossos desenhos, a nossa moda, são uma referência obrigatória nas feiras internacionais.

Desafios interessantes?

FOTO: RUI APOLINÁRIO

“NÃO NOS RESIGNÁMOS A TRABALHAR A FEITIO”

A Somelos é enorme! Tem uma área de 200 mil metros quadrados. Eu e o Paulo saímos de casa de manhã cedo e, regra geral, só nos voltamos a encontrar à noite. Temos responsabilidades completamente diferentes. Se fosse de outra maneira se calhar já não estávamos casados (risos).

com 42 anos, aqui na empresa, agora uma IPSS com 163 crianças e diversas atividades - inglês, informática, música, passeios gratuitas.

Temos de criar condições para que os trabalhadores se sintam em casa na fábrica. Além de subsidiar os estudos dos filhos, do 10o ano e até ao fim do curso, o CSSCD dá descontos na farmácia, dentista, médico, ginásio, óticas, etc. E tem um infantário,

Quer dizer que no início do século XXI já estavam preparados para enfrentar a feroz concorrência asiática?

Quando virou o século, já tínhamos um rumo definido, um departamento criativo experiente e fazíamos as nossas coleções.

"As coleções da Somelos Tecidos tornaram-se uma referência a nível mundial "

Regressada ao Minho no verão de 1987, não demorou um ano a casar-se com Paulo. O casamento com o neto de António Teixeira de Melo (fundador da Somelos) deu início à carreira profissional da neta de Manuel Gonçalves (fundador da TMG) que ainda trabalhou um mês na TMG antes de, em Janeiro de 1988, debutar no departamento criativo da Somelos, com um salário de 38 contos (a têxtil nunca foi famosa pelos salários que paga…). “Nasci numa família têxtil, casei com uma família têxtil, vou morrer na têxtil. Não sei fazer mais nada”, graceja Gabriela, portista ferrenha (tal como o filho mais velho - o mais novo e marido são do Vitória) e uma grande desportista (já fez sete meias maratonas e corre todos os dias de manhã) desde os tempos do Canadá, onde foi campeã de Toronto em futebol e medalha de ouro nos 200 metros.

Claro que tivemos de nos ajustar a uma nova realidade, em que as grandes metragens para grandes clientes, como a Burberrys ou Marks & Spencer, foram sendo progressivamente substituídas por encomendas mais pequenas e clientes mais exigentes, a pedirem artigos diferentes.

alto. As nossas coleções são do melhor que se faz na Europa em termos de moda. Nós vendemos inovação, moda, criatividade e serviço. Os asiáticos não são vossos concorrentes?

E as desvantagens?

Os problemas são mais fáceis de resolver se estiverem definidas regras bem claras que ponham o profissionalismo à frente dos laços de sangue. Como por exemplo...

Não. Não vendemos o mesmo que eles. Os asiáticos são aliás nossos clientes - são clientes porque gostam de comprar do melhor que existe. Olhamos para a Ásia - Japão, Coreia do Sul, mas também a China - como mercados de oportunidade para a Somelos. Aliás foi com convicção que abrimos um escritório em Hong Kong há oito anos.

Que o apelido não deve ser garantia de emprego ou de poder chegar à fábrica ao meio dia. Que só vale a pena irmos trabalhar na empresa da família se for mesmo para trabalhar, se tivermos vontade e mérito, ou seja, se for para sermos profissionais. Foi assim que fui educada.

O segredo foi ter feito o trabalho de casa, preparando-se atempadamente para a abertura de mercados?

Honrar o nome da família, passar as coisas de geração em geração, dando continuidade ao trabalho dos nossos pais e avós, orgulharmo-nos de criar emprego e respeitar o dinheiro dos outros foram os valores que o meu avô Manel me ensinou.

Sim, mais o serviço. Não só apresentamos uma coleção criativa e comercialmente boa, como garantimos também um esplêndido serviço. Não serve de nada termos uma coleção fantástica se o serviço pecar e não entregarmos o tecido ao cliente quando e como ele quer. O serviço é que faz a diferença?

Nas feiras apresentamos sempre as nossas propostas em tecido e não em papel. Quer um exemplo do que é serviço? Em Julho estivemos na Milano Unica. E no início de Setembro na Munich Fabric Start. Desde então para cá (meados Setembro) já mandamos 52 mil cartazes aos clientes que nos contactaram em Milão e Munique. Isso é que é serviço ao cliente.

A Somelos não abanou com a abertura da OMC?

Nasceu numa família têxtil, casou com outra. As empresas familiares têm mais vantagens ou desvantagens?

Os asiáticos não eram nem são nossos concorrentes. Como já referi tivemos que nos ajustar. Não vendemos o mesmo que eles. Quer nos fios, quer nos tecidos, já estávamos focalizados e posicionados no segmento médio/

É mais fácil confiar numa pessoa de família do que num estranho. E pelo menos à partida, uma pessoa da família com boa formação dá mais garantias de honrar o legado que recebeu da geração anterior.

Era esse o catecismo lá em casa?

Há muitas empresas familiares que não sobrevivem à terceira geração, quando se eleva às dezenas o número de primos, irmãos, sobrinhos, cunhados, etc...

As empresas sobrevivem e prosperam, contanto que os seus acionistas tenham bom senso e percebam que nem toda a gente nasce com vocação para liderar empresas. Nestes casos, o que é ter bom senso?

Quando coexistem visões estratégicas diferentes é fundamental não adiar as coisas e haver uma clarificação, para que a empresa possa ter um rumo. Quando um ramo acionista não acredita no futuro do setor o melhor que tem a fazer é vender e entregar a condução do negócio a quem tenha uma estratégia clara, consensual e visão de futuro. Acredita no futuro do setor?

Claro que acredito. Foi a vender trapos - não iPhones, aplicações ou automóveis - que o Amancio


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Nós, em Portugal, na indústria têxtil e de vestuário, somos muito, mas mesmo muito bons. Acumulamos um excelente know-how e por isso fazemos muito bem. Somos dos melhores do mundo! Não está a ser demasiado otimista?

Não. Basta olhar à nossa volta. Num raio de 30 quilómetros, encontra uma variedade de empresas de diversos subsetores da ITV que produzem com uma qualidade ímpar. Não há nenhum sítio do mundo que se compare a este. Não há pontos fracos?

Há sempre coisas para melhorar. Temos evoluído muito no design e na criatividade, mas ainda há espaço para progredir até atingirmos o patamar de excelência. Criatividade e design são o nosso único calcanhar de Aquiles?

Nós somos muito bons a descobrir e a produzir, mas ainda não tão bons na parte comercial - e essa deficiência não é exclusiva da têxtil, aplica-se a outros setores de atividade em Portugal. Temos que aprender a saber vender o que é português. O Made in Portugal já é um trunfo?

O mundo olha para nós com respeito. Já temos uma boa imagem global de marca como país de moda. Mas não podemos parar. Temos de estar sempre a melhorar. O mercado muda cada vez com maior rapidez. O que hoje é novidade, amanhã já pode estar fora de moda. Nós temos de estar sempre atentos para nos ajustarmos e acompanhar este ritmo frenético. O que está a mudar na moda?

Tudo. Dantes, as lantejoulas eram apenas usadas à noite. Agora é durante o dia. Usa-se tudo. Tudo é

permitido. Quanto mais imaginação houver, melhor. É fácil recrutar especialistas em design e marketing?

Foram dados passos importantes no ensino dessas áreas e felizmente temos em Portugal boas escolas de Design e de Marketing, o que facilitou imenso a contratação de bons técnicos. Já não posso dizer o mesmo de tecelões ou debuxadores... Porquê?

Houve uma geração inteira que não quis ir para a escola aprender profissões têxteis porque lhe disseram que o setor não tinha futuro. Agora estamos a sofrer as consequências disso. Hoje em dia, um bom tecelão, já formado, vale muito dinheiro. Como resolvem o assunto?

Formamo-los internamente. Na Somelos, investimos sempre muito nos recursos humanos e na sua formação. E trabalhamos muito na base da partilha de conhecimentos entre as diferentes áreas. Trabalhamos em partilha. O que é trabalhar em partilha?

No departamento criativo temos de fazer coisas lindíssimas, fantásticas e com muito bom gosto. Uma coleção de moda que seja muito bonita, mas também que seja comercial, pois temos de a vender, e ainda antes disso que a sua produção seja exequível. Para que tudo isto aconteça, criativos, comerciais, debuxadores e tecelões

Como é que se conseguem fidelizar os clientes?

Cumprir os prazos de entrega é fundamental. Se falhamos a entrega, todo o processo falha em cadeia. Na Somelos Tecidos temos uma noção muito precisa da importância do timing, não só na entrega, mas também a montante. Quero que o meu cartaz de amostras seja o primeiro a chegar ao cliente. Quero ser o Trendsetter deles. Não perderam clientes com a globalização?

Alguns, não muitos. Uns foram até à Turquia outros à Roménia. Outros clientes tiveram experiências más e voltaram. É mais difícil estar no negócio agora do que há cinco ou dez anos atrás?

É muito diferente. O mercado está muito mais concorrencial. Os clientes encomendam metragens cada vez mais curtas e estão cada vez mais exigentes. O preço continua a ser o fator decisivo?

Há três fatores a ter em atenção quando preparamos uma coleção: o design, a qualidade e o preço. O serviço também é fundamental, mas mesmo no segmento alto temos de ter em conta o fator preço. Como vê a ITV portuguesa daqui a dez anos?

De boa saúde :-). Estamos bem posicionados. É só manter este ritmo, não sermos tímidos e termos orgulho no que fazemos e estarmos na linha da frente! E a Somelos?

Ainda vai estar melhor. Nós não somos bons. Somos muito bons! Sei que somos os melhores. E não digo isto por estar convencida. Somos excelentes a criar e produzir. Só temos que potencializar mais a nossa imagem, através de um marketing mais direcionado. t

As perguntas de

TEXTILES DESCUBRA O MUNDO DOS TÊXTEIS PARA O LAR E PARA HOTELARIA

Isabel Furtado Irmã mais velha e administradora TMG Automotive

Sandra Audisio Agente Somelos Tecidos para Itália

Temos um excelente setor têxtil com toda a fileira industrial. Temos design, temos bom serviço, rápido e flexível. No entanto falta-nos notoriedade no mundo da moda. Porquê ?

Com a tendência do desenvolvimento do uso de tecidos técnicos e desportivos utilizados no mundo fashion, como prevê que seja possível desenvolver uma coleção da camisaria?

É verdade. Nunca fomos um país que soubesse vender. Vivemos sob o estigma de país subcontratado com excelente qualidade e tempos de resposta - e nunca soubemos impôr a nossa moda. Mas estamos a evoluir e já vemos resultados surpreendentes. Estamos a capitalizar o trabalho desenvolvido neste sentido e somos muito procurados pela combinação de todos os fatores, design incluído.

A Somelos está sempre atenta a novos desafios como o do wrinkle, easy care e easy iron, anti-transpiração, orgânicos, fair trade, bem como o uso de fibras, processos e acabamentos invulgares. O emprego de têxteis técnicos e matérias-primas especiais em camisaria também é uma realidade a que estamos muito atentos e que iremos incorporar nas próximas coleções.

Estudaste em cinco países, falas vários idiomas, viajas pelo mundo inteiro. No entanto optaste por viver a vida adulta sempre em Portugal. Isto aqui é mesmo melhor?

Portugal é um país fantástico com muitas oportunidades e uma excelente qualidade de vida. Ter optado por viver cá foi a decisão acertada, em termos profissionais e pessoais. Permitiu que a minha família crescesse com acesso a tudo, sobretudo a uma excelente educação e mantendo os valores que prezo. Somos uma família muito unida e divertida e não me imaginaria a viver longe dela. t

O uso de fios de fantasia será uma tendência predominante da estação PV19. Que tipo de fios e que misturas está pensar usar na coleção?

As coleções têm de ter sempre um lado de inovação e de moda. Aí, a nossa aposta passa sempre por incorporar fios diversos tais como: moulinés, gandarelas; jaspés; bouclés etc. As misturas de fibras nobres e naturais continuarão com grande impacto. t

Quando todo partilham a mesma paixão – cerca de 3.000 expositores, 69.000 visitantes profissionais e toda a equipa em Frankfurt – é porque chegou a Heimtextil! Descubra as mais recentes tendências para cores, padrões e materiais e deixe-se não só inspirar, mas entusiasmar pela maior feira internacional de têxteis para o lar e para hotelaria.

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DU: 01.09.2017

Não estou a falar do setor em geral, mas da ITV portuguesa?

"Quando coexistem visões estratégicas diferentes é fundamental haver uma clarificação "

têm de trabalhar em sistema de partilha.

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Ortega se tornou um dos três homens mais ricos do mundo. E olhe que ele não tem parado de subir na lista. :-).

MAD ABOUT

Portugal

de 9 a 12. 1. 2018


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FEIRAS

A AGENDA

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Outubro 2017

Outubro 2017

JITAC 17 a 19 de Outubro - Tóquio Albano Morgado; Burel Factory; Fitecom; Lemar; Gierlings Velpor; Riopele; Somelos Tecidos

BALTIC TEXTILE & LEATHER 19 a 21 de Outubro - Vilnius Fitor; Lipaco; Rampa; Trifitrofa; Anbievolution by Luís Andrade; Citeve

A+A DUSSELDORF 17 a 20 de Outubro - Dusseldorf A Penteadora; A. Sampaio & Filhos, S.A.; Axfilia; CITEVE; Endutex; Gulbena; Heliotextil; HR Protecção; Latino Group; Lineforyou, Lda.; Fall Safe On Line

EXPOTEXTIL PERU 18 a 21 de Outubro - Lima Carjor; Natcal; Lemar; Ribera

AS FEIRAS ESTÃO AÍ PARA LAVAR E DURAR “A atividade de feiras existe há séculos e intuitivamente compreendemos que negócios que envolvem uma considerável soma de dinheiro dificilmente podem ter lugar sem que os parceiros se conheçam pessoalmente, sem que tenham a oportunidade de se apreciarem mutuamente, sem que se estabeleça uma base de confiança”, explica Cristina Terra da Motta, a representante em Portugal da Messe Frankfurt, numa entrevista publicada na edição de Setembro da Exame.

"A única forma de evoluir é tentar estar sempre um passo à frente, antecipando as necessidades dos clientes" Miguel Mendes diretor comercial da A. Sampaio

BUIG, CRISTINABARROS E GIVEC NA POZNAN FASHION Na edição de verão da Poznan Fashion Fair, em particular na Next Season, participaram três empresas portuguesas com o apoio da Associação Selectiva Moda: Buig, CristinaBarros e Givec. A Buig compareceu pela segunda vez no certame, pronta a vestir as “mulheres polacas mais curvilíneas” com “estampados originais que pela sua beleza e forma privilegiam as formas, sem descurar o conforto e o design”. A próxima edição será de 20 a 22 de Fevereiro.

A SÉTIMA VEZ DA BUREL NA MAISON&OBJET É o número da sorte para muitos – mas para a Burel Mountain Originals foi “só” mais uma participação num dos mais importantes certames de decoração e têxteis-lar. E empresa que reinventa e espalha pelo mundo os típicos tecidos de lã foi até Paris acompanhada pela Byfly, Carapau Portuguese Products, Carvalho, Devilla, Ditto, Laboratório D’Estorias, Maria Paperdolls, Têxteis Iris e a TMCollection, no âmbito do projeto From Portugal.

COLLOVE MOSTRA LINGERIE NA MOMAD A edição de verão da Momad teve um sabor especial para a Collove, que para além do stand, mostrou a sua coleção no desfile da feira. Collants e roupa interior e desportiva sem costuras made in Portugal mostraram-se na passarela improvisada de uma das feiras com mais importância no país de nuestros hermanos. Pedro Pinto, diretor comercial da Collove, faz um balanço positivo do desfile e da feira. “Nota-se uma mudança da edição de inverno para a de verão – esta tem menos movimento, o que não quer dizer que seja necessariamente pior, desde que sejam os visitantes certos”, conta. Esta foi a segunda participação da marca da Custoitex no certame espanhol, que está a apostar as fichas neste mercado e, se-

gundo o diretor comercial, já começa a colher frutos. Já para a CopModa 1836 a participação nesta feira foi uma estreia. A marca criada pela Câmara de Paços de Ferreira, que pretende agregar o trabalho desenvolvido pelas 168 empresas têxteis sediadas no concelho, expôs no seu stand as primeiras coleções de vestuário para homem e mulher que foram entretanto desenvolvidas por algumas dessas empresas. Com imensa vontade de transformar Paços de Ferreira não só na capital do mobiliário mas também da confeção, o ânimo foi constante, havendo até direito a um Porto de Honra, no qual participou o presente da autarquia, Humberto Brito. t

OS REPAROS DA CONCRETO À WHO’S NEXT A pegada portuguesa foi bem visível na Who’s Next em Paris. Averse, Concreto, Kalisson/Bagoraz, Litel, Luís Buchinho, Maloka, Pé de Chumbo e Tahro foram as oito marcas que foram de malas e bagagens até à capital francesa, mostrar as potencialidades do made in Portugal que, segundo Teresa Marques Pereira, Brands Developer da Concreto, ainda tem pontos a melhorar. “Em termos de relação preço/qualidade, o made in Portugal é uma mais valia principalmente

da qualidade associada ao têxtil português. Mas por outro lado os mercados de exportação ainda vêem o nosso país como produtor e não como designer e criador de tendência... essa é a nossa maior premissa e repto para o futuro! Mudar para a mentalidade do made in Portugal... afinal somos tão bons a desenhar como a produzir!”, diz Teresa. A marca da Valérius já é presença habitual nesta feira mas, segundo

Teresa Marques Pereira, as datas tardias desta edição afetaram o número de visitantes, mas não a qualidade dos mesmos. Na Concreto, as malhas são a grande aposta: “Somos malheiros por excelência e é isso que os nossos clientes mais procuram. Somos uma coleção versátil de Verão com a divisão de malha circular e tricotada e de Inverno apostamos nas malhas retas com os melhores fios, fittings e preços competitivos”, conta. t

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MUNIQUE PREMEIA MALHA COM URTIGAS DA VILARTEX Chama-se Interlock Jacquard, é uma das últimas novidades tecnológicas da Vilartex e foi distinguida com o High Tex Award para a área de Inovação da Munich Fabric Start. A par da inovação, o prémio destaca ainda as características de sustentabilidade da Interlock Jacquard, uma malha circular que se distingue por incorporar urtigas na sua composição. Ao algodão orgânico (73%) e às urtigas (13%), a nova malha associa ainda polyester (12%) e elastano (2%). Um produto que tem já grande procura por parte dos muitos clientes internacionais da empresa, cada vez mais orientados por preocupações ambientais e objetivos de reciclagem. É precisamente nesta área que a Vilartex se tem destacado, posicionando-se claramente na linha da frente no fornecimento de matéria-prima. Antes da incorporação das urtigas, já a produção de malhas a partir da utilização de resíduos plásticos recolhidos no mar era uma realidade, depois de a empresa ter sido também pioneira no uso de algodão amigo do ambiente e de ter começado a produzir a partir de garrafas de plástico recicladas. A par da certificação GOTS, de responsabilidade ambiental, a Vilartex – Empresa de Malhas de Vilarinho, Lda, há muito que utiliza também o algodão BCI, de produção amiga do ambiente, e há mais de dois anos tinha avançado também com a utilização de fios resul-

tantes de garrafas de plástico recicladas. “Estamos orgulhosos de fazer parte deste movimento”, disse ao T a administradora Carmen Pinto, mostrando que a utilização de soluções de sustentabilidade e amigas do ambiente representa também uma vantagem competitiva. “Fomos pioneiros e avançamos para a utilização de fio reciclado por iniciativa nossa, sem que isso nos tivesse sido exigido ou solicitado pelos clientes. Sabíamos que as grandes marcas como a H&M, Adidas, COS ou Inditex têm objetivos a cumprir nesta matéria até 2020, e o que se verifica é que começa a haver uma procura louca deste tipo de materiais”, confessou Carmen, que partilha com os pais e irmãos a direção da empresa. Desde 2013 que a Vilartex decidiu investir na exportação como forma de contornar a grande dependência do mercado ibérico. A aposta na qualidade e em produtos inovadores tem sido o ponto central na estratégia, que em três anos permitiu passar de 300 mil euros para 1,7 milhões de exportações, numa faturação que este ano deverá passar já dos 30 milhões. Para além da empresa de Guimarães, que veio para casa com a mala mais pesada graças a mais um troféu, mais vinte empresas portuguesas participaram neste certame – doze delas apoiadas pela Associação Selectiva Moda. t

A primeira vez da Apparel Source Das cerca de 180 empresas expositoras na Munich Apparel Source – a nova feira de sourcing da Munich Fabric Start – oito eram portuguesas. Bergand by Gulbena, Consifex, Fepratex, Filaments, JTrade, Lopes & Carvalho, S.M. Senra e Top Trends atiraram-se de cabeça para este novo certame de sourcing, à conquista de novos clientes.

“É de salientar o destaque dado à presença portuguesa neste novo certame, quer em termos de localização na feira, quer a nível da imprensa internacional, o que confirma a excelente reputação dos produtos e serviços made in Portugal”, diz Tânia Barros, representante oficial da feira Munich Fabric Start em Portugal.

“Este novo certame de sourcing surge para preencher uma lacuna, uma vez que os visitantes para além dos tecidos, procuram também uma solução de private label. No fundo esta nova feira vem acompanhar esta tendência. Em termos de expositores a adesão superou as expectativas”, conta Tânia Barros. t

Outubro 2017

LE MOT OU A ARTE DE VENDER T-SHIRTS COM FRASES EM FRANCÊS

“Quando lancei a marca, pensava que ia fazer t-shirts para vender em Portugal e logo com a primeira coleção comecei a ter lojas a quererem comprar peças, em países como a Itália, Polónia e EUA” Sandra Barradas empresária da Cherrypapaia

BENETTON APERFEIÇOA TÉCNICA DA GRÉCIA ANTIGA

ISABEL II É OBRIGADA A USAR CASACOS VISTOSOS

A Benetton criou uma coleção de t-shirts básicas tingidas com corantes obtidos a partir de pedras e minerais. As camisolas Mineral Dye são feitas através de um aperfeiçoamento de uma técnica utilizada na Grécia Antiga, onde já se tingiam as roupas com pedras pulverizadas.

A Rainha Isabel II usa sempre casacos de cores brilhantes porque a primeira regra do rígido dress code da família real britânica estipula que a soberana deve ser facilmente identificada ao longe, independentemente de onde estiver, o que a obriga a usar roupas de cores claras ou fortes, em tons chamativos.

CANDIDATURAS AO OPENMYMED FECHAM A 31 DE OUTUBRO As candidaturas para a 8ª edição do OpenMyMed Prize, competição destinada a jovens designers oriundos de países mediterrânicos, decorrem até 31 de Outubro. Organizada pela Maison Méditerranéenne des Métiers de la Mode (MMMM), incubadora da indústria internacional da moda, fundada em Marselha, em 1988, esta iniciativa premiou o ano passado a estilista portuguesa Susana Bettencourt.

DILINA COM MUITAS ENCOMENDAS

A Dilina Têxteis é uma veterana na Intergift, onde já participou 22 vezes. Os altos e baixos fazem parte do percurso, mas neste momento o caminho parece ser a subir: “Após todos estes anos de recessão, já começamos a notar uma procura mais acentuada dos nossos produtos por parte dos clientes espanhóis”, afirma António Dinis, diretor comercial da Dilina. A última edição deste ano do certame contou com seis empresas portuguesas, para além da Dilina: Rio Sul, Têxteis Iris, Filipe Nogueira, Dolcecasa e Têxteis Evaristo Sampaio.

70 %

dos 131 513 trabalhadores da ITV são mulheres

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O FUTURO É URBANO, AVISA A HEIMTEXTIL Carolina Guimarães

Seis anos em Paris convenceram Susana Santos que tudo soa mais sexy quando dito em francês, pelo que regressada a Lisboa resolveu criar a Le Mot e vender t-shirts unissexo estampadas com frases como “joie de vivre”, “comme ci, comme ça”, “oh là là” ou “je ne sais quoi”. Em terras de França, Susana fez o mestrado em Marketing e Comunicação em Moda na ESMOD, estagiou na Vogue norte-americana e trabalhou na Jean-Paul Gaultier e Nina Ricci.

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O pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor, Guimarães foi mesmo pequeno para albergar designers, empresários e jornalistas que assistiram à apresentação de tendências da Heimtextil. “The future is urban” (“O futuro é urbano”) é o tema da feira que, com esta apresentação, pretende ajudar os empresários portugueses a perceber o que vai estar a dar relativamente aos têxteis-lar e decoração. As propostas, apresentadas por Anne Marie Commandeur, são centradas na perspetiva de que, até ao final do século, a grande maioria da população vai viver em centros urbanos, o que traz desafios e oportunidades a todos os níveis. A apresentação de tendências de lifestyle foi feita com base em quatro grandes tópicos: o espaço flexível, o espaço saudável, o espaço refeito e o espaço construído. O espaço flexível advém do facto de existir cada vez menos espaço para se morar nas cidades. Os apartamentos passam por isso a ser flexíveis, onde se cria a tendência “micro” e “modular”: espaços e peças mutantes, com várias funcionalidades, que se fecham, abrem e alteram de forma a criar conforto e espaço em áreas pequenas. O conceito “nómada” também se acentua, para todos aqueles que preferem não assentar e de onde advém a necessidade de ter todos os bens necessários num espaço confinado e facilmente transportável. Por fim, dentro deste conceito, foi também destacado o “co-working” e o “co-living” – espaços partilhados, tanto para viver como para trabalhar, que precisam de ser, ao mesmo tempo, de todos e de um só. A necessidade de um espaço saudável vem de cada vez mais as

pessoas viverem em espaços interiores e fechados sem grande contacto com a natureza e o exterior. Daí surge a cromoterapia que, através da cor, relaxa ou desperta os indivíduos e tem efeitos na sua saúde. A biofilia trata-se precisamente de trazer a natureza para dentro dos espaços, através de pequenos jardins interiores ou verticais e janelas com flores. E a purificação impõe-se, pois mais gente nas cidades significa mais poluição, o que levará a uma crescente necessidade de purificar o ar dentro das nossas casas e espaços comuns. A reciclagem é o mote do conceito espaço refeito. A “reutilização do lixo”, numa aplicação quase literal do provérbio “one man’s garbage is another man’s gold” (“O lixo de um, é o ouro de outro”), é um dos princípios aplicados e onde se alia aos conceitos de ecossistemas auto-sustentáveis e casas waste-free (“sem lixo”). A reparação é a última palavra de ordem deste capítulo, numa máxima antiga que tem caído em desuso: recuperar aquilo que está estragado, ao invés de deitar fora. O último conceito é o do espaço construído. Com as novas tecnologias, quase todos podem criar os seus próprios produtos, tendo consciência dos materiais que usam e seguindo a filosofia do it yourself, para que ninguém tenha produtos iguais. Daí parte também “o sentimento de comunidade” que se cria à volta deste processo, uma vez que existe uma partilha constante de métodos, softwares, conhecimentos e materiais. O crescimento dos artesãos apela à luta contra as produções massivas e o consumismo, com os produtos feitos artesanalmente a ganharem valor de mercado em todos os setores – moda, decoração e até comida. t

SARA ESTRELA DA CAMPANHA DA PINKO Sara Sampaio é a estrela da campanha Outono/Inverno 2017/18 da marca italiana Pinko, desenhada pelo fotógrafo espanhol Xavi Gordo, que elogia a top model portuguesa pelo seu “o estilo eclético e cheio de diversão, surpreendente e sempre espontâneo, passando facilmente de looks de alta-costura para off-duty, desde a elegância sensual até um estilo casual e descontraído”.

EXAME: MULHERES JÁ CHEGARAM AO PODER Oito magníficas histórias de empresárias da ITV contadas na edição de Setembro da revista Exame, pela jornalista do Expresso Margarida Cardoso, numa matéria intitulada “Como elas já mandam na têxtil”. “Quando comecei, nós costurávamos e os homens mandavam”, recorda Conceição Dias (Sonix) uma das oito empresárias em destaque. As outras são Ana Paula Rafael (Dielmar), Virgínia Abreu (Crispim Abreu), Clementina Freitas (Latino), Fátima Santos (MLC), Fernanda Valente (Fernando Valente), Mafalda Mota Pinto (Scoop) e Sofia Ferreira (Longratex).


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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti

É tempo de brilhar Tenho visto inúmeras tendências a prometer dominar a próxima estação – cada “trend report” aponta pelo menos 15 diferentes. A moda já não é algo específico e linear, ela acompanha a loucura do mundo, da sociedade. Por isso é muito mais complicado hoje em dia tentar definir tendências. Mas algumas acabam por se sobressair no meio da multidão – e é sobre uma delas que vou falar aqui. Uma tendência que vi em quase todos os desfiles e por isso grande chance de ser uma força do Outono-Inverno 17 – o brilho. Sim, pelos vistos esta próxima estação foi feita para brilhar. Sei que há muita controvérsia com este tema. Mas o facto é que a moda, de alguma forma, quer nos fazer descontrair do peso que está o mundo hoje e por isso traz este tipo de tendência: para criar um universo paralelo onde é permitido ousar, é permitido exagerar e usar a moda como forma de alegria, de glamour. Mas que tipo de brilho estamos a falar? São tecidos com brilho: desde os mais discretos como um leve lurex ou o veludo, aos mais ofuscantes como lantejoulas bordadas, vinil ou tecidos metalizados em prata, dourado e cores fortes. E muitos destes “reports” ainda reforçam o uso de um “look total”, ou seja, a ideia é usarmos da cabeça aos pés! E ao mesmo tempo fazer dele uma elegância contemporânea – pode até conjugar com uma peça urbana como uma t-shirt ou uns tênis para quebrar a seriedade que o brilho pode ter Claro que o uso agora vai depender da ocasião ou da personalidade de cada um. É, como sempre digo, uma questão de sensibilidade. Podemos desde adotar uma peça mais discreta, como uma saia metalizada e todo o resto ser neutro para equilibrar ou então, se o momento for oportuno, pode escolher um vestido ou um conjunto monocromático todo em prata ou lamé, por exemplo. Para mim, o que importa é fazer parte genuinamente do estilo de cada um, não importa o quão ousado o look possa parecer. Por isso, já sabem: esta próxima estação é para brilharmos! Mas claro, sempre munidas de muito bom senso... por favor... t

Outubro 2017

ATP FAZ PARCERIA COM ÁBACO A ATP estabeleceu um protocolo com a Ábaco Consultores, uma empresa de consultoria de softwares de gestão empresarial. O objetivo é tornar o setor têxtil mais competitivo. Com esta parceria, a Ábaco consolida o seu posicionamento enquanto fornecedor e implementador de soluções SAP no setor têxtil.

BARROS III VIRA CONDOMÍNIO A Cãmara da Castanheira de Pêra vai instalar um condomínio fechado para novas empresas nas instalações da antiga fábrica de lanifícios Barros III (oito mil m2 de área coberta, numa superfície total de 23 mil m2), que adquiriu por 452 mil euros.

BRASIL: IMPORTAÇÕES CRESCEM 25% As importações brasileiras do setor têxtil e de confeção (sem fibra de algodão) aumentaram 25% em volume nos sete primeiros meses deste ano, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confeção (ABIT). No mesmo período, as exportações caíram 7% em volume.

LUANDA APROXIMA-SE DE ANCARA, A Turkish Airlines deverá começar a voar duas vezes por semana entre Ancara e Luanda, no quadro de um acordo de colaboração alargada entre a Turquia e Angola que está a ser ultimado, com incidência nos setores têxtil, elétrico, construção, agricultura, hidroeléctrico e de energia solar.

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Outubro 2017

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DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães

Tony Miranda

Alameda São Dâmaso, 56/58 Guimarães

Produtos Roupa de homem, mulher e sapatos Estilo Prêtà-porter e haute couture Abertura 1989 Funcionários 18 Outros espaços Avenida da Liberdade, em Lisboa

JOSÉ NEVES E MARQUES’ALMEIDA INFLUENCIAM A MODA José Neves é um dos três portugueses que integra a lista das 500 personalidades que estão a influenciar a indústria da moda, segundo o site britânico The Business of Fashion. Além do fundador da Farfetch, também Marta Marques e Paulo Almeida (da marca Marques’Almeida, na foto) são destacados, na categoria de designers. Apenas um outro nome português apareceu alguma vez nesta lista: Felipe Oliveira Baptista (diretor criativo da Lacoste), em 2013.

A loja que vende ideias Tony Miranda é conhecido como o único criador português de alta-costura – mas desengane-se quem acha que vestir roupas deste estilista está reservado para dias especiais. No seu espaço homónimo em Guimarães há uma linha prêt-à-porter que rouba da haute couture a qualidade e a unicidade de cada peça, transformando as roupas do dia a dia em algo mais especial. Com coleção para homem e senhora, a par dos acessórios, a loja na cidade berço tem as portas abertas desde 1989. Com uma produção literalmente vertical, é nesse mesmo edifício que se desenham, concebem, nascem e se provam todas as criações com a assinatura Tony Miranda – assim como toda a parte burocrática e de armazenamento. Em todas as roupas do criador os materiais são, a par do design, os reis. “Não trabalhamos com materiais que não sejam de qualidade – utilizamos sobretudo fibras naturais”, diz Ana Fidalgo, diretora criativa da marca. “A linha prêt-à-porter não descura nem a qualidade nem o conforto”, acrescenta, explicando também que o pronto-a-vestir é em série limitada – só fazem duas ou três peças do mesmo modelo. O serviço personalizado é uma peça chave na marca de Tony Miranda – principalmente em Lisboa, na Avenida da Liberdade, onde têm um espaço de atelier privado, que funciona sob marcação. É estudada a nomenclatura de cada cliente, desenhando-se e propondo-se depois os materiais e o modelo das peças que cada um deseja. “O que nós vendemos são ideias, a roupa é apenas o mote que trabalhamos

sobre o corpo de cada cliente”, explica Ana Fidalgo. Para além da linha prêt-à-porter, a roupa de cerimónia continua a ser importante para a marca do criador que, durante mais de uma década, trabalhou no atelier de Ted Lapidus, em Paris. “As pessoas apercebem-se que as roupas fazem a diferença – e num casamento, por exemplo, ninguém quer estar com um vestido que já foi reproduzido milhares de vezes, com o risco de haver alguém com um igual”, explica a diretora criativa. “Temos muitas propostas interessantes na nossa loja de Guimarães e procuramos chegar sempre ao gosto de cada cliente, trabalhando as peças nos corpos de cada um”. A cidade berço pode não ser o local mais óbvio para abrir uma loja deste estilo, mas o centro histórico casa com tradição e o voltar às origens que as roupas de Tony Miranda proporcionam, ao mesmo tempo que inovam e surpreendem com o passar das épocas e estações. “Esta loja, no centro de Paris, seria um sucesso – aqui, há quem tenha medo de entrar”, conta Ana Fidalgo. Mas a partir do momento em que entram, é raro saírem sem vontade de voltar: “o nosso cliente tem vontade de vir, ver, experimentar, sentir as peças – e normalmente voltam, nem seja um ou dois anos depois, porque se lembram e porque a qualidade compensa”. Quase citando Fernando Pessoa, Deus quer, Tony Miranda sonha e a obra nasce. Porque tudo o que sai da loja passa pelas mãos do criador, conferindo a todas as peças uma coerência que espelha o percurso, conceito e a história da marca que, como Ana Fidalgo refere, “é impossível de comparar com qualquer outra”. t

C&A INAUGURA EM TELHEIRAS NOVO CONCEITO

LVMH VIRA-SE PARA A FICÇÃO CIENTÍFICA

A C&A de Telheiras é a primeira loja do grupo em Portugal com o novo conceito, até agora só testado na Bélgica e na Alemanha. Uma nova disposição de produtos, uma área de espera, acesso para pessoas com mobilidade reduzida e espaço para crianças com brinquedos, são as novidades. A ideia é que este novo conceito seja alargado a todas as 35 lojas da marca em Portugal.

A LVMH vai estrear-se no mundo das diversões com um parque temático, que pouco ou nada terá que ver com moda. Ficará no Jardin d’Acclimation, em Paris, e terá 17 diversões, inspiradas no tema Steampunk, um subgénero da ficção científica. Está prevista para 2 de Maio próximo a abertura deste parque que pretende ser o segundo mais visitado de França, a seguir à Disneylandia.

"A indústria têxtil portuguesa, que os especialistas garantiram morta face à globalização, afinal sobreviveu e prospera deixando de apostar na mão-deobra barata como único fator concorrencial" Miguel Sousa Tavares colunista do Expresso

CALDEIRA ELOGIA TÊXTIL EM ENTREVISTA AO EL PAÍS “O têxtil e o calçado souberam reinventar-se apostando em formação e design, não em cortes salariais”, afirmou o ministro da Economia, Caldeira Cabral, em entrevista ao El País, acrescentando que o futuro aponta para a criação de valor e nunca para os baixos custos. “O caminho é valorizar os nossos produtos e isso passa pelo design, pela criação de marcas e a integração nas cadeias de valor”, conclui.

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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Jorge Fiel

Vimaponto

Rua dos Estoleiros 304 - Polvoreira 4835-163 Guimarães

O que faz? Fornece soluções tecnológicas para o mercado empresarial Volume de negócios 2,3 milhões de euros Perspetiva de crescimento 40% (vendas devem atingir os três milhões de euros) Colaboradores 26, na sua maioria licenciados em Engenharia Informática ou Informática de Gestão (UMinho) Clientes Lasa, Riopele, Mundifios, Felpinter, ACL, BomDia, ACL, Madureira & Irmão e Silsa, entre outros Principais setores com que trabalha Têxtil, calçado e cartonagem

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ESTADO FOMENTA DESEMPREGO, ACUSA VIRGÍNIA ABREU Os trabalhadores da indústria deviam ter uma carga fiscal menor, defende Virgínia Abreu, CEO da Crispim Abreu, que acusa o Governo de “não ter consideração por quem ganha menos”. No fundo, o Estado está a fomentar que as pessoas não queiram trabalhar e prefiram ficar em casa a receber o subsídio de desemprego ou o rendimento mínimo de inserção, em vez de trabalharem e receberem um pouco mais. Deviam existir regalias para quem recebe menos ou para quem se está a formar”, preconiza a empresária.

"Há um lugar para as fiações em Portugal. O movimento de fecho das fiações está terminado e agora passámos para uma fase de novos investimentos e novas fiações" Artur Soutinho ceo da MoreTextile

O momento decisivo Não há a mínima dúvida. A campanha da Carlsberg eternizou-se na nossa memória por culpa do cauteloso “provavelmente”. Tivesse a marca dinamarquesa reclamado ser “a melhor cerveja do mundo” e, provavelmente, já ninguém se recordaria dessa publicidade. Ser prudente compensa e Abel Batista, 67 anos de vida, dos quais quase 40 na informática, está farto de saber isso. “Pensamos estar a caminho de ter melhor software para a área têxtil”, declara o fundador e CEO da Vimaponto, antes de se lançar a expôr, com detalhe e paixão, as vantagens das soluções que a sua equipa constrói e desenvolve: “Inovamos com um novo conceito contabilístico, em que não há entradas e saídas, mas antes créditos e débitos”. Abel foi parar à informática por um daqueles acasos em que a vida é fértil. Estávamos no já longínquo ano de 1978 e ele era afinador de máquinas na Lameirinho quando a empresa da família Coelho Lima despertou para as vantagens e economias que o senhor computador podia trazer. Vai daí abriu um concurso para um responsável pela nova área informática da empresa - e Abel Batista foi o selecionado. “Sou do tempo em que o computador era uma sala”, graceja o CEO da Vimaponto, que reconhece que os primeiros tempos não foram fáceis, pois a informática era uma coisa nova e a resistência à mudança é uma das características mais universais do género humano - a exceção são os bebés e apenas no particular da fralda. A informática começou a enraizar-se no mundo empresarial e em 1986, o ano da adesão de Portugal à CEE, vamos encontrar Abel no núcleo fundador da Microponto, uma sociedade com sede no Porto, que co-

meçou por comercializar computadores Amstrad (“o primeiro computador que vendi custava dois mil contos”) mas não demorou a alargar a atividade ao software. Demorou sete anos o trajeto de Abel com a Microponto. Em 1993, optou por separar as águas e fundar a Vimaponto (onde tem como sócia Arminda Pinto), devido a divergências quanto à estratégia a seguir. Os seus antigos sócios estavam mais virados para o hardware e ele queria apostar no software a maioria das fichas. “Eles continuaram a vender caixotes”, enquanto a Vimaponto se focava no desenvolvimento de software, não negligenciando, no entanto, as outras componentes do negócio - em 95 começou a vender HP e Microsoft, marcas de que é atualmente silver partner. A Vimaponto foi prosperando, ultrapassando os obstáculos que lhe iam surgindo pela frente (como a mudança do milénio e a introdução do euro), quando se debateu com um dilema, do qual se desembaraçou escolhendo a melhor solução. Em 2005, a Vimaponto sabia que o seu software de base já estava demasiado antiquado. Em vez de investir num novo, optou por estabelecer um acordo de parceria com a Primavera. “Foi um momento decisivo na vida da nossa empresa. Em cima do software da Primavera acrescentamos módulos específicos para setores de atividade específicos, que conhecemos bem, como a têxtil, o calçado ou a cartonagem, construindo soluções à medida das necessidades de cada cliente”, conclui Abel, um empresário que debutou como afinador de máquinas e, hoje é, provavelmente, uma das pessoas que melhor conhece o negócio informático no nosso país. t

TINTEX INVENTA 30 CORES NOVAS

M&S CULPA INVERNO POR QUEBRA

A Tintex está a desenvolver - em parceria com a Bioinvitro, ERvital, CITEVE e CeNTI - corantes orgânicos multifuncionais, provenientes de cogumelos e plantas. O projeto de investigação, batizado PICASSO, conduzirá à criação de 30 novas cores, acompanhadas de propriedades funcionais antioxidantes e microbianas, entre outras.

Marc Bollnad, o CEO da Marks & Spencer, pediu a demissão na sequência do anúncio de uma quebra de 5,8%, no trimestre que incluiu o Natal, das vendas do maior retalhista britânico de vestuário. Um inverno demasiado ameno foi a explicação dada pelos responsáveis da M&S para este 14º trimestre consecutivo de queda nas vendas - um argumento que se revelou pobre para convencer os analistas.

POPULAR NA TV E REDES SOCIAIS NINA GARCIA VAI DIRIGIR A ELLE

Nina Garcia será a nova diretora da edição norte-americana da Elle, substituindo Robbie Meyers, que estava no cargo há 17 anos. Uma das juradas do programa de televisão Project Runway, há mais de dez anos, Nina deixa o cargo de diretora criativa da Marie Claire. Tem 3,33 milhões de seguidores no Twitter e 415 mil no Instagram.

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Outubro 2017

EMERGENTE Por: Jorge Fiel

foi quanto encolheu a população ativa potencial portuguesa (ativos mais inativos, com idades entre os 15 e os 64 anos) nos últimos seis anos. Entre 2011 e 2017, Portugal perdeu 354 mil trabalhadores

Mónica Ribeiro Empresária da Squarcione Família Casada com um jurista, que trabalha na ERS, têm um filho, Francisco, com dois anos e meio Formação Curso de Direito (Lusíada) Casa Vivenda em Penafiel Carro BMW 316 Portátil Surface Telemóvel Samsung 6 Edge Note Hóbis Tiro, natação (nada meia hora todos os dias) e brincar com o filho Férias No Verão, faz 15 dias de praia, em Albufeira, durante o ano vai fazendo short breaks na Europa Regra de ouro “Acreditar é vencer”

COLTEC INVESTE 3,2 MILHÕES PARA A MELHORAR PRODUÇÃO

Camisas brancas e vestidos transformáveis - se tivéssemos de resumir em quatro palavras a alma da Misci, esta seria provavelmente, a melhor formulação. Mas sem limitações de espaço, teríamos de acrescentar “bom corte” e “boa costura” à descrição da marca de moda para senhora inventada por Izilda e Joana, que se apresentou ao mundo em Maio, na Pure London, e que após uma passagem pela Berlim Fashion Week esteve também em Copenhaga, na CIFF. O nome da marca - Misci - foi escolhido por sintetizar a história da sua criação, por obra e graça de duas mulheres diferentes, que mal se conheceram logo se uniram na construção deste projeto comum, que tem a confiança (“build on trust”) como lema e o apoio de uma terceira pessoa (um investidor). “Misci quer dizer duas coisas heterogéneas que juntas fazem algo de homogéneo”, explica Izilda Garcia, 39 anos, uma licenciada em Gestão de Empresas pela UMinho, que teve o seu primeiro emprego na Sonae (“foi uma espécie de segundo curso”, diz), onde debutou no planeamento e controlo de gestão antes de se juntar à equipa do cartão Continente. “Trabalhar na Sonae foi, para mim, como tirar um segundo curso”, conta Izilda, que em 2006, por ocasião do nascimento de Mariana (a primeira das suas duas filhas), decidiu abrandar o ritmo, trocando a velocidade furiosa que caracteriza o maior grupo privado português por um

lugar mais calmo a tratar dos sistemas de informação da fábrica têxtil de um tio. Com Mariana já a caminho da escola, Izilda voltou a pôr o pé no acelerador da sua carreira profissional, indo trabalhar com António Vila Nova como supply chain manager da Tiffosi, onde se demorou cinco anos - até que em 2015 nasceu Eduarda, a sua segunda filha, e ela voltou a por o pé no travão. Mãe era a primeira ocupação de Izilda quando um amigo comum lhe disse que tinha de conhecer Joana Brochado - e as apresentou. “É incrível. Morávamos em Barcelos, a 500 metros uma da outra, e não nos conhecíamos"). Palavra puxa palavra e não demorou muito até ambas decidiram embarcar na aventura da Misci. As duas novas amigas tinham perfis e percursos bem diferentes - mas complementares. Izilda é gestora. Joana, 45 anos de vida e 25 de têxtil, é designer, com o curso feito na Gudi e além de

"Todas as peças são fabricadas em Portugal, em pequenas fábricas e artesãs como as presas de Santa Cruz do Bispo" Izilda Garcia gestora da Misci

uma larga experiência em diferentes empresas (a Pure Cotton foi o último posto a trabalhar por conta de outrém) tinha no curriculum a construção de uma marca de roupa infantil (Xiribita). Após mais de um ano de aturada preparação, tratando do naming, branding, conceito, estratégia de distribuição, etc, etc, a marca emergiu finalmente à luz do dia, no mês dos milagres, em que o papa Francisco veio a Fátima e canonizou dois pastorinhos, o Benfica conquistou um inédito tetra e Salvador Sobral triunfou na Eurovisão. Às camisas brancas, a primeira ideia para a Misci, seguiu-se o conceito do little black dress mutante, todo um programa inspirado nas Mariquitas com que brincavam na infância. “Acrescentando punhos, golas, barras, rendas, transformamos o vestido preto em algo de glamoroso que vai mudando”, explica Izilda. A manualidade e a reinterpretação do crochet são outras componentes importantes do ADN da Misci. “Todas as peças são integralmente fabricadas em Portugal, numa rede constituída por pequenas fábricas e artesãs independentes, entre as quais se contam presas de Santa Cruz do Bispo”, diz Izilda. Cada coleção inspira-se num livro e conta uma história. A primeira baseia-se no Gift from the sea, de Anne Morrow Lindbergh. A segunda no Lago perdido, de Sarah Addison Allen. “A nossa imaginação não tem limites”, conclui Izilda Garcia. t

Aumentar a capacidade de produção, mas também melhorá-la através da aquisição de maquinaria mais fiável - que lhe permitirá fazer mais operações e trabalhar com larguras maiores e assim satisfazer as necessidades dos clientes -, é um dos objetivos do investimento de 3,2 milhões numa nova fábrica que a Coltec tem em curso. Com 40 trabalhadores (efetivo que deverá aumentar para 50 com a mudança de instalações), a empresa de têxteis técnicos liderada por Paulo Neves fechou o último exercício com um volume de negócios de cinco milhões de euros.

BLANCO RENASCE COMO NEW BLANCO Após ter fechado as portas em Março, a Blanco vai renascer com a marca New Blanco pela mão de Jordi Hidalgo, um investidor que promete abrir 32 lojas na Península Ibérica até ao fim do ano. “A estratégia da Blanco de combater a Zara foi um erro”, afirma Hidalgo que promete apresentar uma nova coleção de 15 em 15 dias.

Concilia os trapos com os tribunais

PEPE JEANS JÁ PERSONALIZA O serviço de customização de peças da Pepe Jeans já está disponível em Portugal, nas lojas do chiado, MarShopping e online, permitindo à clientela personalizar qualquer peça denim, aplicando tachas e botões, desgastando a ganga, fazendo rasgões, colorindo um estampado ou colocando uma frase ou um nome num casaco ou numas calças.

"Temos de pensar que somos muito bons, mas que todos os dias há alguém que está a fazer melhor do que nós" Ana Paula Rafael ceo da Dielmar

LANIDOR ABRE MAIS DEZ LOJAS E PÕE A CABEÇA FORA DE ÁGUA

O grupo Lanidor planeia abrir dez novas lojas (quatro Lanidor Woman, duas Lanidor Kids, três Quebramar e uma Globe) até ao final do ano, ampliando a sua rede de retalho em território nacional para 189 lojas. A montante, a Lanidor tem em curso um investimento de 1,8 milhões de euros no aumento da capacidade produtiva da sua fábrica de Valongo do Vouga - um investimento que marca a saída de um período conturbado, em que acumulou prejuízos e lutou pela sobrevivência.

FOTO: RUI APOLINÁRIO

MISCI = BLUSAS BRANCAS + VESTIDOS MUTANTES

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Bom corte e boa costura são dois atributos da Misci, um nome que sintetiza a história da sua criação por duas mulheres

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Ela não tinha a mínima das dúvidas. Queria ser advogada - e não uma advogada qualquer - queria ser uma advogada de causas, não de negócios. E reconhece que por detrás desta ideia fixa estão as n horas que passou, durante a adolescência, agarrada à televisão a papar séries de advogados, como o LA Law. Mónica Ribeiro, 39 anos, a mais nova das três filhas de Maria Emília e António Ribeiro, nasceu em Penafiel numa família onde o sangue têxtil corre nas veias (o avô era alfaiate e dois tios são empresários) e cresceu ao lado da fábrica de confeção dos pais (AJ Ribeiro), mas nunca se imaginou a trabalhar lá. “Os meus pais não nos deixavam ir à linha de produção. Diziam que o mundo têxtil era muito incerto. Queriam a todo o custo que nós as três tirássemos um curso superior e não caíssemos na asneira dos nossos primos que deixaram de estudar para irem trabalhar na fábrica dos pais”, conta Mónica. Emilia e António souberam levar a água ao seu moinho, pois as suas três filhas licenciaram-se e construíram carreiras independentes: Sara, 41 anos, é economista e quadro superior num banco, e Sónia, 39 anos, fez Gestão, tem dois gabinetes de contabilidade e trabalha com Mónica na Squarcione. Gostou do curso de Direito, do qual se desembaraçou sem um único chumbo e arranjando tempo para ganhar um hobby - o tiro desportivo. “Uma vez o meu pai desafiou-me a ir com ele. Achei graça, ele garantiu que eu tinha jeito - e continuei”, explica Mónica, que representou Portugal no Mundial 2014 (“Ficamos em quarto lugar, a um prato das italianas”), conquistou a medalha de ouro no Prémio Fitasa e faz parte do Conselho de Justiça da Federação de Tiro com Armas de Caça. No final do curso, fez o estágio e logo na primeira oficiosa (um caso de uma dívida a um empreiteiro) ganhou mas aprendeu os espinhos do ofício, pois no final do julgamento foi ameaçada com uma arma, pela parte contrária, no parque de estacionamento. Acabado o estágio, inscreveu-se na Ordem, abriu um escritório em Penafiel (o pai deu uma ajuda, pagando os primeiros três meses de renda) e ganhou logo o primeiro caso, invocando o direito ao sossego do seu cliente, que morava num apartamento paredes meias com um café onde a freguesia fazia barulho até às tantas. Estava Mónica posta em sossego no seu escritório, quando foi convocada para uma reunião familiar. Estávamos em 2006, a crise instalara-se no setor e os pais perguntavam às filhas o que elas achavam que se devia fazer? Fechar, vender, tentar recuperar? “Estudamos a empresa para ver o que estava a falhar. O problema é que estava dependente de um único cliente, a Maconde, e em regime de subcontratação. Concluímos que a salvação passava pela exportação”, recorda Mónica. Em 2007, criaram a Squarcione - palavra italiana que significa rasgão e simboliza a rutura com o passado - que começou por funcionar como agente da fábrica dos pais. Os primeiros tempos não foram fáceis. A primeira feira, em Brno (Rep. Checa) correu muito mal, “mas acabou por ser uma boa experiência pois aprendemos a dinâmica da coisa”. Em 2008, aguentaram a travessia do deserto - “As pessoas diziam que eu era maluca em meter-me nos trapos”). Até que na PV de Fevereiro de 2009 sentiram que tinham atingido o ponto de viragem, quando receberam encomenda de duas grandes empresas francesas (que ainda são clientes) e começaram a vender blazers para o El Corte Inglès. Entretanto subiram na escala de valor, fazendo coleções e equipando-se com uma pequena linha produção (“Ajuda-nos a trabalhar para nichos de mercado. Os mínimos da AJ Ribeiro são 300 peças. Os nossos são 20...”). E a fábrica dos pais já exporta 40% da produção. “No início, não fazíamos a mínima ideia daquilo em que nos estávamos a meter. É muito difícil trabalhar a área comercial. É preciso perceber os clientes. E apesar de saber que estou em dois mundos loucos, não estou nada arrependida”, conclui esta advogada e empresária que consegue conciliar trapos e tribunais. t


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O MEU PRODUTO Fato Ultralight 2018

CATEDRAL DE MANCHESTER RECEBEU O REINO DOS CÉUS A instalação de arte têxtil “The kingdom of heaven”, da autoria de Cristina Rodrigues e com recurso ao bordado de Castelo Branco, foi inaugurada no domingo, 17 de Setembro, na catedral de Manchester. A cerimónia - que ocorreu por altura da celebração dos 60 anos da visita da rainha Isabel a Portugal - foi conduzida pelo deão de Manchester, Rogers Govender, e conta com a presença do embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes.

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mil milhões

OPINIÃO UM MOMENTO DE CELEBRAÇÃO Paulo Melo Presidente da ATP

foi o saldo comercial positivo apurado pela fileira têxtil em 2016, o que representa um progresso de 17% face ao ano anterior

ENGENHARIA TÊXTIL VOLTA A SEDUZIR ESTUDANTES

Um fato completo que pesa 120 gramas Os tecidos da Ultralight Series introduzem novas tecnologias, como secagem rápida e propriedades anti-cheiros, fazendo o fato completamente adaptado a praticar desportos de resistência na água, além de um fator de proteção UPF+50. Além de terem um toque macio, os tecidos da Ultralight Series são feitos de materiais muito leves, que asseguram o melhor equilíbrio entre conforto e performance. Todos os detalhes foram planeados para atingir a perfeição, providenciando compressão onde é necessária. A construção da peça usa tecnologia de costura ativa e costura ligada, fazendo o fato mais suave e liso que os fatos convencionais, evitando abrasões em zonas ativas da pele e fornecendo um comportamento elástico otimizado para os treinos. A funcionalidade não foi esquecida: os calções têm bolsos invisíveis e estrategicamente colocados na zona da cintura, para transportar geis e barras energéticas com acesso fácil e rápido, não comprometendo a performance. Na parte de trás encontram-se dois bolsos extras para transportar provisões ou equipamen-

to adicional. Tudo com o peso de 120 gramas! A série ultralight segue uma visão completamente nova na roupa desportiva no mundo das corridas de SUP. “As opiniões dos nossos atletas para o design combinaram-se com as dos nossos especialistas em tecidos na fábrica, resultando num design explosivo e equilibrado, combinando performance e conforto, tirando o máximo partido do uso de tecnologias avançadas”, explica um porta-voz da Onda Wetsuits, marca da empresa P&R Têxteis. A P&R dedica-se ao desenvolvimento e produção de artigos técnicos para desporto (competição) em malhas técnicas de elevado desempenho, em mais de 90% para o mercado internacional, num modelo de negócio que combina o private label para marcas como a Adidas, Puma, Le Coq Sportif, Asics e as marcas próprias Onda Wetsuits e Flynx. A Onda Wetsuits destina-se ao segmento de desportos na água, nomeadamente o surf , bodyboard e o SUP. Já a Flynx orienta-se para o triatlo e o ciclismo. Mitos do desporto como Usain Bolt, Chris Froome, Jessica Ennis ou Nelson Évora usam equipamentos feitos pela P&R Têxteis, SA. t

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X Marca Onda Wetsuits Nome do Produto Fato Ultralight 2018 (top/calção) Empresa P&R Têxteis Categoria Roupa ativa para stand up Paddle – SUP (uma prancha em que se anda de pé e se dá a um remo)

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As 22 vagas para o curso de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho, o único existente no país nesta área, foram totalmente preenchidas, com o último aluno a entrar com uma média de 150,6. Este é um sinal claro de que este ramo da engenharia volta a seduzir os jovens, tanto mais que se candidataram 33 alunos como primeira opção, e o número global daqueles que colocaram a engenharia têxtil como possibilidade de entrada no ensino superior foi de 163 alunos.

"A estamparia digital permite um aumento da produtividade que resulta numa redução considerável do custo, uma vez que a velocidade de impressão é dez vezes vezes superior" Mário Jorge Machado ceo da Estamparia Adalberto

CITEVE CRIA CAMUFLADO QUE TORNA MILITARES INVISÍVEIS O projeto de um camuflado militar que impede as câmaras térmicas de detetar o seu utilizador foi apresentado por Gilda Santos, investigadora do CITEVE, no Congresso Internacional de Fibras Não Naturais, que decorreu na Áustria. Ao ocultar a chamada assinatura térmica, estes novos camuflados fazem com que o calor do corpo humano dos militares não seja sinalizado pelas câmaras térmicas que são utilizadas nos teatros de guerra, quer através de drones ou mesmo de binóculos nocturnos. É quase como nos filmes.

O MELHOR AINDA ESTÁ PARA VIR Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

É com indisfarçável emoção que escrevo este texto que celebra a 50ª. edição do Modtissimo, e, simultaneamente os 25 anos da ASM-Associação Selectiva Moda e os dez da Porto Fashion Week, assim como poderíamos incluir os 15 anos dos programas de internacionalização From Portugal, um conjunto de iniciativas que se encontram interligadas e são a face visível do esforço de promoção nacional e internacional do setor, cuja génese e responsabilidade está igualmente cometida à ATP - com um enorme orgulho e sempre com renovado ânimo e motivação. Fazer um balanço deste período seria longo, porque a história é rica e os resultados significativos. Eles falam por si, de uma maneira grandiloquente, dispensando panegíricos. Basta dizer que se a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa não tivesse contado com a ASM e todas as ações que ela produziu, desde 1992, certamente, hoje, seria bem mais pobre, bem menos visível e respeitada, no país e no exterior, as empresas não teriam um instrumento para se promoverem globalmente e o renascimento de toda a fileira, desde 2009, ter sido bem mais lento, ou até impossível. A ASM foi fundada em 1992, com os responsáveis da Fédération Française de la Maille, uma parceria inovadora e produtiva, que durou até 2000, altura em que a Selectiva Moda assumiu um DNA integralmente nacional e,

Por coincidência feliz o número 25 do T Jornal é editado no momento de celebração dos 25 anos da Associação Selectiva Moda e das 50 edições do Salão Modtissimo. É com indisfarçável emoção que assiná-lo estes momentos, pois tive responsabilidades diretas na fundação da ASM - Associação Selectiva Moda, como, mais tarde, no projeto editorial do T, seja na sua versão física como digital. Em ambos, é comum o traço das iniciativas orientadas a necessidades concretas do setor, que devem ser satisfeitas com profissionalismo e excelência, pois só assim ganham o lastro da consistência que lhes proporciona a perenidade, resistente às conjunturas ou movimentações erráticas, que se esgotam na primeira dificuldade. Sem a ASM, a indústria têxtil e vestuário portuguesa seria hoje bem mais pobre, por ventura incapaz de ter resistido a uma década de dramáticos cho-

tendo então revisto a sua estratégia, não apenas continuou a organizar em Portugal o salão Modtissimo, mas também passou a levar muitas centenas de empresas às principais feiras internacionais, sempre se imaginou um projeto sólido e duradouro, mas nunca com a dimensão que hoje assume, e, sobretudo, com a aspiração que continua a revelar, de ser sempre mais e sempre melhor. Importa, por isso, deixar uma palavra sincera de reconhecimento e gratidão às entidades e pessoas que contribuíram para que aqui chegássemos e da forma como o fizemos, em primeiro lugar às instituições que sempre a suportaram – a ATP e a ANIL -, mas, obviamente, a toda a equipa que se dedicou de alma e coração em tornar o Modtissimo e a ASM grandes, desde a primeira hora, a quem também tudo se deve. Celebrar uma efeméride é um exercício doce quando o balanço é o sucesso, inequívoco e indiscutível, mas traz também a angústia, para todos os que continuam a abraçar o projeto e os que lhe virão a suceder, de estar à altura, no futuro, deste extraordinário trajeto percorrido. Confiamos que os próximos 25 anos serão magníficos anos de trabalho e realizações, pois, se antes tínhamos apenas a fé na iniciativa, hoje temos a inspiração do trabalho bem feito como bússola para um futuro que será ainda melhor. t

ques competitivos – liberalização do comércio, entrada da China na OMC, alargamento da Europa a Leste, adoção do euro, crise económica e financeira global, resgate da troika de credores em Portugal, entre outros -, que, ao contrário de derrubarem o tecido empresarial, depuraram-no e o tornaram mais forte, mais ágil e dinâmico, mais inovador e criativo, mas, sobretudo, mais internacional. Entre 2009 e 2016, a parte da produção que a ITV nacional exporta passou de 68% para 81%, apresentando um ganho de 14 pontos em apenas sete anos, algo verdadeiramente extraordinário, embora raramente referido, e que ilustra os ganhos de quota de mercado e, sobretudo, o crescimento da exposição externa do setor, indiscutivelmente um dos mais internacionalizados da economia portuguesa e um dos seus principais contribuintes líquidos para a balança comercial.

Neste processo não é estranho o papel da ASM, pois ao proporcionar programas de internacionalização, sem descontinuidades e sempre em crescimento, permitiu que cerca de duas centenas de empresas, de todos os subsetores da fileira têxtil e do vestuário, participem anualmente em mais de 80 salões e feiras, em cerca de 35 países do mundo, totalizando mais de 1 000 participações. Se juntarmos a isto o Salão Modtissimo, que completa agora 50 edições consecutivas, sendo um dos mais antigos na Europa, e que conhece recentemente um “boom” de expositores e visitantes, prova da sua capacidade de regeneração, adaptação ao mercado e antecipação das suas tendências, então estamos perante um instrumento precioso para a promoção da ITV portuguesa, que, hoje, tem, mais do que nunca, razões para olhar o futuro com otimismo. Venham então mais 25, pois o melhor ainda está para vir! t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Com o talento que todos lhe reconhecemos, Katty imagina o maestro Rui Massena coberto de veludo (cor de vinho doce) dos pés à cabeça, a conduzir o jantar conjunto Modtissimo 50/Congresso da Euratex. Mas para abrir as hostilidades, deixa-nos aqui a sugestão de uma outra vestimenta, um look mais romântico e fluído, com um toque de macho latino suave. Imperdível!

Humberto Brito Presidente da Câmara de Paços de Ferreira

Ana Ribeiro Diretora Executiva do Cluster Têxtil

OS PORQUÊS DO DESAFIO COPMODA 1836

TECNOLOGIA, MODA E O CLUSTER TÊXTIL

Depois da internacionalização da marca Capital do Móvel, a Câmara Municipal de Paços de Ferreira, quer dar um passo em frente, promovendo agora o lançamento da marca Copmoda 1836, certa de que a indústria têxtil e da confeção do nosso concelho possui o know-how, qualidade e a experiência necessárias para uma afirmação internacional. Se com os móveis conseguimos a internacionalização do concelho, porque não fazê-lo com o vestuário? Este desafio/projeto começou com a criação da própria marca Copmoda 1836, sendo que Cop remete para a cooperação entre o município e as empresas e 1836 para o ano de fundação do concelho. Registada a marca, a designer Ana Cunha, desenvolveu toda a coleção. Givachoice, Ritedu, ConfeçõesTM, Youngstar, Crialme, Confeções Carmo e Rosália, Irmãos Meireles, DonaV, Segura, envolveram-se neste projeto e juntamente com o município de Paços de Ferreira e a Moveltex, apresentaram a primeira coleção da marca Copmoda 1836, que decorreu a 21 de Julho, nos Paços do Concelho. Dando continuidade ao processo de promoção, a Copmoda1836 estreou-se internacionalmente na Momad, em Madrid, com o apoio da Selectiva Moda. Neste espaço, tive a oportunidade de receber o diretor-geral da ATP, Paulo Vaz, a diretora-geral de Comércio do Ayuntamiento de Madrid, Conception Díaz de Villegas, a vice-presidente e conselheira executiva do Departamento do Interior, Comércio, Indústria e Relações Internacionais do Conselho Insular de Ibiza, Marta Diaz Pascual, o presidente do Comité Executivo da IFEMA, Clemente Gonzaléz Soler, o diretor da feira Momad Metrópolis, Jaime de la Figuera, e o representante em Madrid do AICEP, Luís Moura da AICEP. A cooperação bilateral, resultante da diplomacia económica em curso, entre o município de Paços de Ferreira e diversas instituições de Madrid tem permitido abrir janelas de oportunidade a empresas do setor têxtil do nosso concelho - pois defendemos que todas as empresas e empresários devem ter a mesma oportunidade. A marca Copmoda1836 marcará ainda presença na 50ª edição do Modtissimo, já a 3 e 4 de Outubro, com a participação de mais parceiros entre os quais a Cutout Textil. Com este projeto, pretendemos ajudar a criar postos de trabalho mais qualificados e mais bem remunerados, sendo este um contributo para que possam ser desenvolvidas ações no sentido das empresas continuarem a conquistar novos mercados e dar mais valor acrescentado aos seus produtos. Uma das preocupações é a falta de mão-de-obra qualificada neste setor sendo importante o reforço destas áreas através de formação especializada, preocupação partilhada pela generalidade dos empresários. Neste sentido, está já disponível um curso profissional de Técnico de Design de Moda, a iniciar já no corrente ano letivo, na Escola Profissional Vértice. Estão ainda a ser encetadas estratégias no sentido da promoção e formação de mão-de-obra qualificada neste setor. t

A região Norte de Portugal tem vindo a participar em diversos painéis de discussão de políticas públicas em cenário europeu. É exemplo a iniciativa Regiotex, em que estão presentes 15 regiões do espaço europeu e que visa promover a competitividade das indústrias Têxtil e do Vestuário europeias através da articulação de ações e políticas conjuntas entre essas várias regiões. O excelente desempenho das empresas deste setor no contexto económico nacional e o seu contributo no capítulo da empregabilidade justificam, desde logo, um posicionamento dianteiro no que aos trabalhos sobre o futuro desta indústria a nível europeu diz respeito. São sobejamente conhecidos os números que o setor Têxtil e do Vestuário apresenta nesta região: 87% do volume de negócios do setor e 85% do emprego. Acresce, de resto, outro indicador que, embora menos conhecido, é também crucial para a presença de Portugal nesta iniciativa – a região Norte tem a maior taxa de empregabilidade quando comparada com as outras regiões europeias. A ambição dos responsáveis nacionais é influenciar as políticas públicas europeias de forma a trazer para o STV português e para a região Norte um ecossistema favorável à inovação através do investimento público “inteligente” e alinhado com as necessidades da indústria: mais investimento em tecnologia, pessoas, novos produtos e processos; mais inovação nas empresas; mais qualificação e formação; melhor posicionamento no mercado, maior competitividade e, consequentemente, mais crescimento. Integram a iniciativa Regiotex, representando a região Norte de Portugal, o Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda e a Comissão de Coordenação da Região Norte (CCDR-n). A defesa da estratégia da região Norte e da indústria Têxtil e do Vestuário como aposta fundamental para o crescimento da economia nacional é o desafio proposto, abraçado pela representação de Portugal. t

Massena numa versão macho latino suave A surpresa do encerramento desta edição da Modtíssimo reserva-nos, nada mais e nada menos, que a participação ao vivo do extraordinário maestro Rui Massena. Depois de uma bem saboreada conquista do primeiro lugar no top de vendas nacional, o maestro não tem muito mais a somar ao seu já vasto currículo. Mas a verdade é que os trapos e os farrapos ainda não tinham sentido de perto o toque das suas notas, preservando a sua virgindade a este respeito. Por isso Massena não perdeu a oportunidade e aceitou o desafio prometendo-nos uma melódica primeira vez, que nos fará flutuar no espaço. A comitiva do Modtíssimo murmura “despacito” que poderão existir revelações. Todos conhecem a irreverência do Rui, mas tendo em conta o exigente público o maestro vai querer ir mais além nas suas escolhas. Imaginamos que poderá abrir o espetáculo num look romântico e fluído com um toque de “macho-latino-suave”. Um “fato não fato” sem blazer, só colete e calça, em cores quentes e queimadas, sugerindo já a entrada do inverno. As duas peças preenchidas com flocado de riscas verticais, jogando com o contraste brilho-mate. Por dentro, uma camisa verde menta com um leve lenço de seda estampado. Para fechar um pente de ouro no seu remoinho. Por outro lado, acreditamos que fechará em grande e que os últimos acordes serão dados com um figurino dantesco. Esperamos ver um maestro coberto de veludo dos pés à cabeça. Um fato, que mesmo destacando-se pela simplicidade, não deixa de penetrar brutalmente na íris. A sua cor de vinho doce, muito leve no tom, mas intenso no brilho, desnuda o lado sensual do Massena. O detalhe está nas mangas morcego que darão, ainda mais teatralidade aos seus movimentos. A camisa é também verde menta, mas aqui, mais leve e açucarado e com o brilho da seda. O toque final é dado por um tremelique em organdi transparente. Vamos lá borboletear em liberdade pela estrada musical do Massena!! t


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Outubro 2017

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AS MINHAS CANTINAS

MALMEQUER

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Por: Manuel Serrão

Marta Vilar, 32 anos, é a CEO e designer da Bow-Best On Water. Nasceu em Lisboa mas viveu toda a sua vida em Pinhal Novo (com exceção de uma passagem de seis meses por Nova Iorque), onde reside com as duas filhas, com seis meses e dois anos. Tirou Design Gráfico em Belas Artes (Lisboa) e sempre gostou de trabalhar com roupa de banho – até porque foi nadadora de competição. Em Outubro de 2013 decidiu criar a marca de swimwear Bow.

Quinta da Camposa Rua Central da Camposa 1409 4425-322 Maia

SOUVENIR

OS BLUSÕES DE GANGA DA FERNANDA SERRANO

UMA CASA NO CAMPO A Quinta da Camposa, entre a Maia e Santo Tirso, tem tudo o que esperamos de uma boa casa no campo, a começar pela comida, boa e saudável. Ao contrário do Cafeína na Foz, a Quinta da Camposa não é o tipo de restaurante onde a ex-presidente brasileira, Dilma Roussef, subitamente decidisse ir comer um bacalhau a meio de uma escala no Porto. Não é que lá não encontrasse um bacalhau à maneira, mas primeiro que a sua segurança desse luz verde a uma deslocação ao descampado da Camposa, já o avião tinha descolado há muito. Para as outras pessoas, que não são presidentes do Brasil, nem de lado nenhum, o que lhes interessa saber é o que é que preside à mesa de um restaurante destes.

Acontece que há restaurantes assim, em que pela pinta dele já sabemos que vamos comer bem, mesmo sem saber o quê. Saltam então para a ribalta as questões que são menores noutros espaços, como a segurança. Sempre que quero ir jantar a ver o FCP a jogar fora, preciso de escolher um sítio em que o possa fazer em total segurança - por causa de mim e dos outros convivas -, o meu amigo de longa data Luciano, o senhor feudal da Camposa, descansa-me: podem vir à vontade que na vossa sala só tenho mais uma mesa de oito, mas são todos portistas. Equipas alinhadas, o pontapé de saída é dado a meias num salpicão e num presunto que são do fumeiro particular do Luciano. Lá está outra das vantagens de ter um restaurante no campo. Não me lembro de nada

importante que não seja de lá. Galinhas e porcos, grelos e nabiças, pataniscas e alheiras, vitelas e lampreias ou nasceram lá, ou foram para lá viver e em qualquer caso é lá que morrem, às mãos do Luciano ou na nossa mesa. Na Camposa, as entradas não se escolhem, comem-se. São tantas e tão variadas, que a dificuldade é usar da contenção necessária em função do que vem a seguir. Sendo que depois do prato de resistência ainda vem mais uma procissão de sobremesas. Santo Deus! Devo dizer que já lá participei em vários "focus group" e os resultados eleitorais, não são como os da Rússia , em que ganha sempre o mesmo. Em tempos mais remotos ganhavam o cabritinho e a vitelinha, assados

num forno que dá gosto vê-lo a trabalhar. Aliás é de lá que sai também o arroz, com que se acompanha o que desejarmos. No último jogo que lá fui ver e que o FCP ganhou sem espinhas, quem triunfou à mesa também não tinha ossos: um rosbife que se cortava com um garfo e uma posta mirandesa de cortar a respiração. Muitos de nós só recuperam o ar e a fala depois de o FCP marcar um golo, quando já com a posta fora de jogo, há muito chegamos aos finalmentes com uns mini pastelinhos de Belém, que o Luciano não exporta da ementa, nem que todos os santos lhe peçam. Na Camposa sentimo-nos como em casa, e por isso, o último a sair é quem normalmente apaga a luz. t

Gosta

Não gosta

As minhas filhas pequeno-almoço rendas e folhos a minha família viajar compras Nova Iorque os meus amigos Natal lanchar fora Londres (especialmente no Natal!) cinema desporto praia biquínis verão arrumações acordar cedo organizações gelados comida italiana Restaurante XL música línguas de veado da Lomar em Campo de Ourique jantar fora arte e design brunch na Tartine do Chiado sumos naturais fruta sobremesas sem ser de chocolate doce da casa (de bolacha Maria) moda Brasil limpezas decoração estar no meu cantinho frutos secos legumes massas neve tons pastel Free People (loja!) beijinhos e abraços das minhas filhas persistência ser feliz passear no Chiado/Baixa produtividade filmes de domingo à tarde língua italiana Música no Coração comidas da Tia Luísa

Pessoas egoístas do diz que disse pessoas orgulhosas teimosia sabichões desarrumações que pensem que faço tudo de um dia para o outro que me tirem a vez que todos achem que podem ter uma marca de biquínis perder voos beatas na praia correr que faltem a compromissos guiar com nevoeiro arrumadores EMEL chocolate tomate peixe e marisco mentiras cigarros futebol (a não ser a seleção) fumo dos cigarros que me imitem bebidas alcoólicas discotecas fechadas café acordar com despertador pesadelos fado reality shows transpirar adormecer a ouvir mosquitos barulho do aspirador tatuagens barba e bigode gordura perfumes sujidade unhas grandes atrasos roupa castanha pagar multas trânsito política morte ir ao El Corte Inglès répteis gatos sushi

Fernanda Serrano, 43 anos, não consegue escolher uma, duas ou três peças favoritas e marcantes do seu roupeiro. Pelo contrário, escolhe toda uma categoria de roupa: os blusões de ganga. A atriz descreve esta peça-chave como “o meu companheiro de sempre, de tantas e tantas alegrias, momentos, entusiasmos, amores e desamores”. Versáteis e prontos a vestir com qualquer coordenado, os blusões de ganga de Fernanda Serrano não arredam pé do seu guarda-roupa, por muitos anos que tenham: “Já tive de várias marcas e tamanhos, mas tenho-os comigo. Todos! Desde sempre. Não os consigo libertar... nem eles a mim”, conta. Após estrear-se como atriz no cinema, com apenas 15 anos, na longa metragem espanhola "Muere, mi vida", Fernanda ficou conhecida por estrelar em novelas como Jardins Proibidos, Queridas Feras e Dei-te Quase Tudo. Já participou em vários filmes e fez alguns trabalhos de apresentação – como foi o caso da 4ª edição do Fashion Film Festival, onde se coordenou com maestro Rui Massena. t


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