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JOAQUIM ALMEIDA Presidente JF Almeida

“AS CRISES PODEM SER BOAS PARA AS EMPRESAS”

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

FOTO: RUI APOLINÁRIO

P 20 A 22

A MINHA EMPRESA

PERGUNTA DO MÊS

A ITV VAI TER QUE PRODUZIR FORA DO PAÍS?

FARIA DA COSTA AQUECE-NOS OS PÉS COM WYFEET P 12

P4E5 EMERGENTE

DOIS CAFÉS E A CONTA

INOVAÇÃO

DESPORTO

TÊXTEIS TÉCNICOS

ANTÓNIO LEITE CASOU POR AMOR COM O TRABALHO

ITECHSTYLE SUMMIT É CATEDRAL DO CONHECIMENTO

FLYNX É A NOVA MARCA DA P&R PARA O CICLISMO

LEDINTEX JÁ DÁ LUZ NOS TECIDOS DA PENEDO

LAURA CARVALHO DIZ BOMDIA À AMBIÇÃO

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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Paula Parracho 53 anos Consultora em Comunicação & Relações Públicas, confessa a paixão pelas artes plásticas (fez cursos de pintura e exposições várias), licenciou-se em Educação Física, mas foi na moda que teve o início profissional, aos 18 anos, em desfiles e photoshoots. Foi consultora de imagem na RTP e RTPN e teve um programa semanal no Porto Canal: Etiqueta – step by step.

A CEREJA EM CIMA DO BOLO

Eras uma dos manequins de maior sucesso nos gloriosos tempos das feiras Portex. Nunca pensaste nessa altura em ter uma carreira internacional? Fui manequim profissional durante doze anos, entre 1986 e 1998. Fará este ano vinte anos que me retirei das passarelas e das sessões fotográficas. A minha primeira digressão internacional foi por Helsínquia, Munique e Paris, e lá, a marca Speedo, de fatos de banho de competição, convidou-me para ficar e fazer uma feira internacional, que começaria na semana seguinte. Não aceitei, porque tinha um exame para fazer na faculdade no final da digressão. Hoje, poderei dizer que se tivesse ficado em Paris, em 1986, a minha carreira Internacional poderia mesmo ter tido uma outra “rota”. Se fosse hoje, que Fashion Week internacional escolherias? Nova Iorque e Milão.

Comparando os anos em que desfilavas e os desfiles a que assistes agora, como avalias a evolução da moda feita em Portugal pelos nossos criadores? Claro que o glamour que existiu nos anos 80 e anos 90 hoje não se verifica, a meu ver, mas também porque o vivi na pele de manequim, ao desfilar para tantos criadores no Portugal Fashion e na Moda Lisboa. Eram outros tempos; as ferramentas tecnológicas eram escassas, o acesso à informação era muito difícil, etc. Tudo era muito mais lento e complexo. Os êxitos obtidos tinham um sabor maior. Nasceu uma nova vaga de criadores nacionais, com projecção Internacional, com outro background, que aposta designadamente em materiais texteis inovadores e de elevado conteúdo tecnológico. Lado a lado, caminham as duas gerações, que ano após ano, continuam a reinventar-se para que possam continuar a apresentar as suas colecções.

Julgo não me enganar ao escrever neste editorial que até à participação do Prof. Manuel Heitor na última ITechStyle Summit, nunca um Ministro da Ciência tinha estado oficialmente num congresso ou evento da indústria têxtil e vestuário nacional. Esta cimeira organizada pelo CITEVE, com a parceria da Selectiva Moda, já era o maior e mais internacional evento desta área dos têxteis técnicos, inteligentes e funcionais, já tinha o seu sucesso garantido à partida com o extraordinário naipe de palestrantes nacionais e internacionais confirmados, já tinha reconfirmado a validade da sua realização com a adesão recorde de inscritos, já se sabia da importância que o próprio Governo lhe reconhecia com a presença do Ministro da Economia, Prof. Caldeira Cabral a abrir o Summit e com a secretária de Estado da Indústria, Ana Lehmann alinhada para o encerrar, mas a vinda do Ministro da Ciência e Tecnologia foi a cereja em cima deste bolo de sublime confecção. Manuel Heitor, digamos assim, era a chancela que faltava para uma cimeira e um sector qua há alguns atrás era considerado descartável e obsoleto por gurus e opinion makers, que era olhado de lado por responsáveis governamentais e acendia luzes vermelhas na então impante banca nacional. Mea culpa feita, a ITV é agora apontada por todos como uma indústria de ponta, incontornável na nova economia nacional e indispensável para o ranking das exportações portuguesas. Mais vale tarde do que nunca! t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Carolina Guimarães Telefone: 969 658 043 - mail: cg.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares

És responsável pela imagem dos apresentadores/as do Porto Canal. Quem é que te dá mais trabalho? Qual é a cara mais esquisita na hora de provar a roupa? Fui consultora de imagem na RTP durante dez anos (2001 a 2011) e regressei novamente à televisão em 2016 com o teu convite para o Porto Canal. Tem sido um desafio diário, pois era uma área que não existia no canal. Claro que é muito mais fácil tratar do guarda-roupa masculino do que do feminino. Cuido dos jornalistas e apresentadores de ambos os sexos e não tenho razão de queixa!

E pelas nossas marcas industriais? As marcas industriais portuguesas tiveram obrigatoriamente que se reinventar.

Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ PROMOTOR

Achas que há uma moda portuguesa ou devemos falar com mais propriedade de uma moda made in Portugal? Penso que deveremos falar em moda made in Portugal, que não é nada mais de que moda portuguesa de portas abertas para o mercado internacional. t

CO-FINANCIADO


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n PERGUNTA DO MÊS Texto de Raposo Antunes

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"[Subcontratar na Ásia] é uma hipótese que já está a ser encarada por algumas empresas"

"A ITV vai ter de trazer pessoas de fora do país, de preferência com formação adequada"

“Políticas de atração e inserção de mão-de-obra estrangeira podem ser a alternativa a uma deslocalização com riscos”

BRAZ COSTA DIRECTOR-GERAL DO CITEVE

MÁRIO JORGE MACHADO CEO DA ADALBERTO ESTAMPADOS

HÉLDER ROSENDO DIRECTOR PROZIS GEAR

a alternativa, dizem alguns desses industriais. Mas também pode ser solução ir buscar lá fora essa mão-de-obra que cá escasseia, contrapõem outros. Mário Jorge Machado, CEO da Adalberto Estampados, fez mesmo questão de dizer que aborda a pergunta do T pelo lado de solucionar “a falta de mão-de-obra e, como tal, de onde produzir as encomendas de uma forma distinta”. Entende assim que “a ITV vai ter de trazer pessoas de fora do país, de preferência com formação adequada, para trabalhar na fileira”. “Com esta solução garantimos a velocidade de resposta, criamos riqueza em Portugal (mais a pagar aqui impostos) e contribuirá para

ajudar a recuperar o equilíbrio demográfico, garantindo a sustentabilidade da segurança social”, explica, acrescentando que “o Governo deveria criar um programa de suporte e apoio na ajuda da procura dos candidatos e na sua integração no país”. Já Artur Soutinho, CEO da Moretextile, revela uma visão distinta, considerando que "a localização das capacidades industriais, é um dos principais factores competitivos”. E, acrescenta, “a dinâmica actual do negócio têxtil, a velocidade e flexibilidade de resposta que é exigida nomeadamente pelo crescimento do negócio online, torna decisiva a proximidade ao cliente, pelo que a deslocalização pode ser determi-

FOTO: RUI APOLINÁRIO

A ITV VAI TER QUE PRODUZIR FORA DO PAÍS?

Eis a grande questão: levar alguma produção para fora do país ou importar antes a mãode-obra que por cá escasseia? A resposta depende em boa parte da ponderação de vários factores, que podem variar de empresa para empresa. O problema está, no entanto, aí. E se há quem veja como inevitável o recurso à produção externa, há também alertas para os riscos de mexer no equilíbrio rapidez-qualidade-proximidadecomplementaridade, em que assenta a actual vantagem competitiva de Portugal. E quem reclame por políticas para atração e inserção de trabalhadores estrangeiros.

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or mais estranho que possa parecer num país que teve (tem) uma das maiores taxas de desemprego da UE há um problema subjacente à pergunta “A ITV vai ter que produzir fora do país?”. E esse problema é nada mais nada menos do que a falta de mão-de-obra especializada, estimada em vários milhares de postos de trabalho que estão por preencher na indústria têxtil e do vestuário. Essa questão, de resto, sobressai na maioria dos depoimentos que diversos empresários e outros players do sector prestaram ao T Jornal. Produzir no estrangeiro é


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"Mais que subcontratar mão-de-obra, deveremos continuar a aperfeiçoar-nos"

“Nos produtos com muita mão-de-obra incorporada, produzir em países mais baratos será uma obrigação”

"A deslocalização pode ser determinante para a competitividade"

"O importante é que em Portugal fique o valor acrescentado, a engenharia e a decisão das encomendas"

VIRGÍNIA ABREU CEO DA CRISPIM ABREU

HONORATO SOUSA DIRECTOR COMERCIAL DA CARJOR

ARTUR SOUTINHO CEO DA MORETEXTILE

PAULO VAZ DIRECTOR-GERAL DA ATP

nante para a competitividade." A perspectiva de Virgínia Abreu, CEO da Crispim Abreu, para esta questão é outra: ”A ITV deverá preocupar-se, sempre mais, com investimento em tecnologia, em design e em qualidade para se tornar viável. Mais que subcontratar mão-de-obra, deveremos continuar a aperfeiçoar-nos nas matérias primas, no know how, na formação, responsabilidade e ética profissional." Lembra que há muitas empresas a fazerem produções noutros países, mas que a Crispim Abreu não está a produzir fora. ”Nem é nosso objetivo”, sublinha. Quanto ao futuro, diz, “muito gostaríamos que a ITV se manti-

vesse com pedidos de encomendas suficientes para dar trabalho a todas as fábricas em Portugal”, isto porque "se nota um ligeiro abrandamento na procura de produções em Portugal”. Quem não tem dúvidas sobre a necessidade de produzir lá fora é Honorato Sousa, director comercial da Carjor. "Obviamente que nos produtos com muita mão-de-obra incorporada e com pouco valor acrescentado produzir em países mais baratos será uma obrigação, desde já, para se manter vivo. Nos restantes produtos demorará mais tempo, mas lá chegaremos”, diz, apontando os países do Magrebe ou Leste Europeu para isso, “se a estabilidade social regressar".

Paulo Vaz, director-geral da ATP, entende que a ITV tem de olhar para a “deslocalização” de uma forma aberta, até porque o sector está a chegar a um momento em que a sua capacidade produtiva “pode estar a chegar ao esgotamento”, designadamente nas áreas mais a jusante, nomeadamente na confecção onde há falta de mão-de-obra. “Muitas empresas têm dificuldade em encontrar pessoas para trabalhar, quer qualificadas quer não qualificadas. Por isso, é preciso olhar para o problema com esclarecimento e consequência”, revela. É evidente, diz, que “todos gostaríamos de ter toda a indústria sediada em Portugal, mas estamos a encontrar situações em que este desejo não pode ser atingido”. Lembra que há cerca de 30 empresas que têm unidades industriais na Tunísia, mas para deslocalizar a produção de encomendas basta apenas um escritório. “O importante é que em Portugal fique o valor acrescentado, a engenharia do produto e o centro das decisões das encomendas”, diz. O director-geral da ATP considera que Marrocos pode ser o sucessor da Tunísia para as empresas portuguesas dada a instabilidade que se vive em Tunes. Comparativamente com 2016 houve uma quebra de 21% (10 milhões de euros) no volume de negócios oriundos da Tunísia. Já agora refira-se que, ao contrário do que aconteceu na Tunísia, em outros países onde as empresas portuguesas produzem sobretudo confecção (embora não disponham de fábricas) registou-se um crescimento entre 2016 e 2017. Na Roménia de 16% (passou de 40 milhões de euros para 47,5), na India de 20% (220 milhões em 2017), na Turquia de 9% (123,5 milhões em 2017), no Paquistão de 16% (105 milhões também em 2017), no Bangladesh passou de 47,5 milhões para 53,5 milhões e em Marrocos de 11 milhões para 13,250 milhões. “Se não temos mão-de-obra suficiente para trabalhos especializados ou se não for competiti-

vo utilizar a nossa mão-de-obra, Portugal deve assegurar os seus clientes subcontratando produção externa”, resume Braz Costa, director-geral do CITEVE. Para onde? “Depende muito. Há opções mais próximas ou na Ásia”, diz, acrescentando que esta última região “é uma hipótese que já está a ser encarada por algumas empresas”. Hélder Rosendo, novo diretor da Prozis Gear, considera que a pergunta do T Jornal é “uma questão de resposta complexa e para a qual seguramente não há uma resposta única e consensual, dada a enorme interdependência de fatores que devem ser tidos em conta na ponderação desta opção, começando desde logo pelo modelo de negócio e pela a posição na cadeia de valor, aspetos que podem inviabilizar logo à partida, qualquer ensaio de deslocalização”. Colocado este à priori, Rosendo “suspeita” de duas razões principais para neste momento se falar deste assunto: “Uma eventual pressão competitiva, no caso de negócios que possuam fortes necessidades de reduzir custos, ou, dificuldade em responder a aumentos de capacidade de produção por falta de mão-de-obra qualificada, obviamente em operações de mão-de-obra intensiva”. “Não é novidade que a vantagem competitiva de boa parte do negócio de confeção de vestuário que ainda se mantém em Portugal está na rapidez de resposta proporcionada por uma disponibilidade próxima de várias operações complementares, que com elevados padrões de qualidade permitem responder a ciclos muito curtos de produção (seja em reposições ou não) a custos ainda relativamente controlados”, sublinha. E diz mesmo que lhe parece difícil “deslocalizar um modelo assente nestas premissas, geograficamente próximo dos mercados de destino, se o cliente efetivamente valoriza a qualidade e a capacidade de se lhe propor ideias/sugestões e o apoio de criação/design/engenharia (criatividade) que se lhe inclui no pacote como “serviço” em detrimento do puro preço”.

Ainda assim, observa: “Sabemos que há concorrentes de Portugal, que possuem operações destas na Turquia, Roménia/Bulgária/ Macedónia e Tunísia/Marrocos, mas é evidente que nenhum destes pólos oferece um equilíbrio tão interessante entre os diferentes factores de competitividade como o caso de Portugal”. De resto, em 2012, num estudo promovido pela UE, as vantagens comparativas das diferentes regiões têxteis da Europa foram analisadas em detalhe e as diferenças que caracterizavam os modelos de desenvolvimento presentes, deixavam antever certas dificuldades ao desenvolvimento futuro. “Tive oportunidade de integrar a equipa de peritos desse estudo, que já na altura identificava as barreiras na transferência (por deslocalização) de modelos de desenvolvimento de certas regiões (entre elas o do Norte de Portugal+Galiza)”, recorda. Por outro lado, reconhece que a dificuldade de recrutamento de recursos humanos para a confeção é cada vez maior, em particular na atracção de gente jovem e mesmo na captação de desempregados com ou sem experiência, para reinserção no sector. “Não faltam projetos e iniciativas de empresas direcionadas a este objetivo, integrando formação em sala com formação prática em contexto de trabalho, mas com taxas de retenção que, salvo raras exceções, são frustrantes após um ciclo de formação de vários meses”, diz. Em suma: “Não sei se em vez de investir tempo e massa crítica a estudar estratégias e oportunidades de deslocalização, não devemos avaliar melhor as políticas de atracção e inserção de mão-de-obra estrangeira, com estratégias apropriadas de inserção económica e social”. “Talvez esta seja uma via alternativa a uma deslocalização com maiores riscos (para certos negócios), para colmatar as lacunas existentes e futuras de mão-de-obra especializada, que de resto não são um exclusivo do nosso setor”, conclui.


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DOIS CAFÉS & A CONTA Le Babachris

Rua D.João I nº 39 4810-422 Guimarães

Entradas: Sopa de abóbora e castanhas Prato: Lombo alto de vitela cozido a baixa temperatura em vinho tinto Sobremesa: Salada de frutas Bebidas: Vale da Capucha Fóssil (branco), água e cafés

ANTÓNIO LEITE

Nasceu em Lisboa, onde estava no 25 de Abril, mas a capital passou apenas estas duas vezes como um cometa pela vida deste vimaranense dos quatro costados. Nasceu em Lisboa porque o pai estava lá a acabar o curso de Direito, após se ter apaixonado, em Castelo Branco, por uma alentejana de Reguengos de Monsaraz. E em 1974, depois de ter conseguido ver-se livre da tropa (ao cabo de seis meses entre Caldas e Tavira) esteva em Lisboa oficialmente a concluir o 7º ano do liceu - mas na verdade a levar a boa e boémia vida de estudante. Quando o pai pôs fim a estes devaneios do seu filho único, voltou a Guimarães, onde deitou âncora na têxtil. Casado com Gabriela, que gere a Casa do Campo (um solar do século XVII em Celorico de Basto), tem dois filhos: António, 33 anos, que é comercial na Mundotêxtil, e Manuel, 30 anos, que fez Gestão Hoteleira e está na Casa da Calçada, em Amarante

CASOU POR AMOR COM O TRABALHO

FOTO: RUI APOLINÁRIO

65 ANOS DIRETOR COMERCIAL DA FATEBA

No nosso país, a duração média da vida de trabalho anda nos 36,8 anos, um pouco superior à média comunitária (35,4 anos), mas bastante inferior à de António Leite que já leva mais 43 anos de trabalho (dos quais 40 na Fateba) mas não planeia descer os estores e ir para casa - apesar de em dezembro atingir a idade da reforma. “Gosto de trabalhar, gosto de viajar, estou de boa saúde, não quero reformar-me”, declara este gestor, que com 20 e poucos anos, após as estroinices próprias de juventude, fez do trabalho um ato de amor e não um mero casamento de conveniência. As relações do pai, Felisberto Ribeiro Leite, advogado com farta clientela e boa reputação na indústria têxtil, abriram-lhe as portas do mundo dos trapos, onde após dois namoros episódicos (o última dos quais como sócio da Guitex, agente da Tesco) casou-se para a vida com a Fateba, onde ainda se cruzou com Narciso Pereira Mendes, que em 1947 fundara esta empresa que produz toalhas de mesa e panos de cozinha. A aposta estratégica nos mercados externos foi a primeira impressão digital que António Leite deixou na Fateba, que expor-

ta a esmagadora maioria das vendas, que em 2017 andaram nos 4,5 milhões de euros. O principal mercado é a Holanda - onde António mantém há 40 anos o seu cliente número 1, uma cadeia de supermercados que no entretanto mudou três vezes de dono mas se mantém fiel ao seu fornecedor português de têxteis de mesa - seguido da Alemanha e França. Mas a Espanha está a crescer, a reboque das encomendas de dois gigantes (Zara Home e El Corte Inglès), que convivem na carteira de clientes da Fateba com a Sur La Table, o Marmaxx Group ou a Williams-Sonoma. “A Zara Home comprava muito na Índia, mas nos últimos dois anos tem estacionado por aqui. O que se compreende pois a diferença de preço, que já não é assim tão grande, é amplamente compensada pelas vantagens da proximidade”, conta António Leite, que escolheu almoçarmos no Babachris, nascido da paixão entre a portuguesa Bárbara e o chef franco-espanhol Christian, que deflagrou quando trabalham num restaurante nos Alpes franceses. Diversificar a geografia das exportações (80% Europa e 10% para EUA) é uma das

preocupações de António Leite, que está de olho em novos mercados (Polónia, Grécia, Bósnia, Argentina, Chile) e empenhado em aumentar as margens através da eliminação de intermediários. “Queremos evitar armazenistas e grossistas e chegar cada vez mais chegar a quem vende ao consumidor final”, explica o gestor da Fateba, ressalvando haver mercados, como os escandinavos, em que é obrigatório trabalhar com um agente. Ganhar novos mercados e atenuar a dependência de intermediários, bem como equilibrar o peso na faturação das toalhas de mesa e dos panos de cozinha, são armas na luta para a Fateba se manter competitiva sem entrar numa letal guerra de preços. “Se entrássemos numa guerra de preços, dentro de quatro a cinco anos a Fateba fecharia as portas. Não teríamos a mínima hipótese. Não temos preços para as grandes superfícies. Temos de nos diferenciar pela qualidade”, conclui António Leite, que em dezembro atinge a idade da reforma e em janeiro de 2019 vai continuar a trabalhar como dantes - só ainda não sabe ao certo aonde e a fazer o quê.


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2. O FÓRUM DE TENDÊNCIAS PREPARADO POR DOLORES GOUVEIA MUDOU-SE PARA AS LATERAIS DO CHECK-IN, ONDE MUITOS CURIOSOS PARARAM PARA VER E TOCAR OS TECIDOS LÁ EXPOSTOS

FOTOSINTESE Por: Carolina Guimarães

O MODTISSIMO NÃO PÁRA DE CRESCER

De regresso ao aeroporto pelo terceiro ano consecutivo, o único salão português da fileira têxtil voltou a surpreender os seus visitantes com uma ligeira mudança de layout e um novo espaço: o Modtissimo Experience. Dizem os especialistas que, com cerca de 21 anos, todos paramos de crescer – mas o Modtissimo, que já vai para os 26, continua a aumentar e teima em mostrar-nos que está aí para as curvas, que a estrada é grande e ainda há muito por explorar

1. TAL COMO NOS AVIÕES, NINGUÉM ENTRA SEM ANTES FAZER O CHECK-IN – AINDA QUE, COMO NAS COMPANHIAS AÉREAS, JÁ MUITOS O FAÇAM ONLINE. AO TODO, CERCA DE SEIS MIL PESSOAS EMBARCARAM NESTA AUTÊNTICA VIAGEM PELA ITV PORTUGUESA 6. TODOS QUISERAM PROVAR O PRATO DO CHEF VASCO COELHO SANTOS, QUE PROTAGONIZOU UM DOS MOMENTOS MAIS CONCORRIDOS DO MODTISSIMO EXPERIENCE - UM ESPAÇO ONDE MUITOS RELAXARAM, FIZERAM MASSAGENS OU PROVARAM ALGUNS PETISCOS

7. ENQUANTO ALGUNS PETISCAVAM NO ANDAR DAS CHEGADAS, A HORA DE ALMOÇO NO PISO DAS PARTIDAS FAZIA-SE DE FORMA MAIS CALMA. CARLA PIMENTA, DA TEXSER, APROVEITOU O MOMENTO PARA PÔR A LEITURA EM DIA ;-) 11. MODTISSIMO É SINAL DE NEGÓCIOS E MUITOS CONTACTOS – E NA LEMAR, STAND ONDE HOUVE POUCOS MINUTOS DE SOSSEGO, LEVA-SE ESSA MÁXIMA MUITO A SÉRIO!

12. NO ITECHSTYLE SHOWCASE, ÀS VEZES É MESMO PRECISO TOCAR NOS PRODUTOS PARA ACREDITAR QUE ELES EXISTEM


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4. OS CORREDORES ENCHERAM-SE DE COMPRADORES, INCLUINDO ESTRANGEIROS SEGMENTO EM QUE SE REGISTOU UM AUMENTO DE 20% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR

5. NA PLATEIA, NO CHÃO, NOS DEGRAUS OU SIMPLESMENTE EM PÉ – TODOS OS SÍTIOS SERVIRAM PARA SE ASSISTIR À PALESTRA SOBRE AS TENDÊNCIAS PRIMAVERA/VERÃO DE 2019, QUE TEVE LOTAÇÃO MAIS QUE ESGOTADA

3. NO ARMAZÉM DOS LINHOS, O STAND CHEGOU A SER PEQUENO PARA TANTOS CLIENTES. BEM QUE DIZEM QUE O LINHO ESTÁ NA MODA!

10. JOÃO SOUSA (DA ESCOLA DE MODA DO PORTO, CRIADOR DO COORDENADO DA FOTO) E LUÍS SANDÃO (DA ESAD) FORAM OS VENCEDORES DE MAIS UMA EDIÇÃO DO PFN

8. A CORTIUS SAIU DA SUA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA NO MODTISSIMO COM A MALA CHEIA DE EXPECTATIVAS E VÁRIOS CONTACTOS DE COMPRADORES ESTRANGEIROS

9. A CONFEÇÃO DE CRIANÇA VOLTOU A TER UM ESPAÇO PRÓPRIO, NO PISO DAS CHEGADAS, ONDE MUITOS PARARAM PARA VER O QUE ESTÁ A DAR NO MUNDO DOS MAIS PEQUENOS 13. “TUDO AQUILO QUE VI E OUVI SOBRE A FEIRA FOI SUPER POSITIVO”, DISSE PAULO MELO, PRESIDENTE DA ATP, DEPOIS DE PASSEAR PELOS CORREDORES E FALAR COM OS EXPOSITORES

14. MAIS UM MODTISSIMO NO AEROPORTO E MAIS UMA MISSÃO CUMPRIDA COM SUCESSO! A EQUIPA DA SELECTIVA MODA E A ORGANIZAÇÃO DO EVENTO, VESTIDA A RIGOR PARA A OCASIÃO, POSAM PARA A FOTO QUE FICARÁ GUARDADA PARA A POSTERIDADE


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TÊXTEIS PENEDO JÁ PRODUZ OS TECIDOS QUE DÃO LUZ A Têxteis Penedo já está CITEVE, e contou com o a produzir tecidos que apoio da Agência Naciose iluminam. O projeto nal de Inovação e finanLEDinTEX, desenvolciamento do Compete vido com o CITEVE e 2020 e Portugal 2020, o CeNTI, chegou à fase através do Fundo Eurode industrialização e a peu de Desenvolvimento Regional. Concluída empresa deu a conhecer o milagre da luz: uma lia fase de investigação e nha piloto robotizada de desenvolvimento, a nofixação de sistemas de vidade começou por ser iluminação (LEDs) em apresentada em fóruns e feiras internacionais, estruturas têxteis. Com capacidade para na forma de um cortinado com pontos de “iluminar” tecidos até Os têxteis lar são um dos grandes alvos do LEDinTEX iluminação. 3,8 m de largura, a linha Mas o problema foi que logo começaram a surgir de produção tem por base uma câmara que, depois de potenciais compradores. Sim, um problema já que identificar o desenho, localiza os pontos de aplicação para executar uma única peça era necessário um dia do LED, que coloca e fixa através de um processo de de trabalho. Pelo menos. colagem que foi especificamente desenvolvido para Havia, pois, que avançar para o processo de induso efeito. O processo é completamente automatizado, trialização do produto, o que foi conseguido com a da localização dos pontos de assemblagem ao levantaassociação ao projecto de uma empresa da área da aumento dos fios, colocação e fixação dos LED. tomação industrial. Com sede em Valongo, a Contro“Trabalhamos com jacquard – é uma característilar tem trabalhado de perto com sistemas para a área ca da Penedo – que sai do tear já com um fio conduautomóvel e desenvolveu a linha de industrialização tor integrado”, explicou Sandra Ventura, a directora para o LEDinTEX. de inovação da empresa. O próximo passo, adian“Isto tem para nós uma importância muito grantou, passa pelo “emparelhamento com telemóvel de, já que é um bom exemplo de clusterização”, sapara ligar e desligar ou regular a intensidade da luz”. lientou o director geral do CITEVE e administrador Com o processo de produção industrial instalado, a executivo do CeNTI, Braz Costa. “Numa região com Penedo projecta uma facturação anual na ordem do tanta indústria e conhecimento é difícil de explicar milhão de euros. “Este ano deve ser ainda de instacomo não temos produção de equipamentos. É por lação e agilização de procedimentos. No próximo isso que este é um projecto de extrema importânano, já em fase regular de produção, tudo aponta cia. É desenvolvimento que chega à fase de induspara uma receita à volta do milhão de euros”, explitrialização, que se traduz em negócio e gera dinheicou o administrador Agostinho Afonso. ro, e isto com tecnologia e ‘brainwar’ português”, O projeto para incorporação de LEDs nos tecirealçou Braz Costa.t dos foi desenvolvido em conjunto com o CeNTI e o

TECNOLOGIA BB-VEIN É A MENINA DOS OLHOS DA BARCELCOM A BB-Vein – uma tecnologia exclusiva e patenteada que permite a administração gradual de medicamentos através da pele – é a menina dos olhos da Barcelcom e uma aposta estratégica que se compreende quando se sabe que o mercado de têxteis técnicos para a saúde já vale 200 biliões de US dólares/ano e que ainda vai crescer 50% até 2020. Desenvolvido em parceria com o CeNTI ao longo dos últimos cinco anos, o BB-Vein foi um dos dois produtos vedeta apresentados pela empresa de Barcelos na última edição da ISPO. O novo produto recorre à nanotecnologia para aplicar na estrutura de uma fibra (de meias ou mangas, por exemplo) um receptor molecular permanente, que pode reter e libertar lentamente, ao longo das 24 horas do dia, medicamentos previamente pulve-

rizados com um spray no interior da peça. “A tecnologia BB-Vein permite a ativação local e direta de um medicamento na pele, que é o maior órgão do corpo humano, daí que tenha um enorme mercado potencial”, afirma Gaspar Sousa Coutinho, CEO da Barcelcom, uma empresa com 97 anos de idade que está aí para as curvas, até porque na viragem do século, para se manter competitiva, apostou na inovação começando a usar a tecnologia de compressão graduada nas meias quer produz. Além do desporto, onde apresenta vantagens óbvias na recuperação de lesões, a BB-Vein tem aplicações na cosmética (em tratamentos anti-rugas, por exemplo) ou no tratamento de queimados com hidratantes. Umas meias com eletro-estimulação, desenvolvidas em

parceria com a Universidade do Minho, foram a outra grande novidade que a Barcelcom apresentou em Munique, na maior feira do mundo de artigos desportivos. O treino e a competição desportivos – um segmento que a empresa liderada por Gaspar Sousa privilegia e onde está a crescer mais, a um ritmo de 10% ao ano – são o mercado alvo das meias com eletro-estimulação, que permitem recuperações dez vezes mais rápidas do cansaço muscular que os métodos tradicionais, dispensando ainda o atleta da maçada de ter de estar imobilizado e deitado para receber a fisioterapia. Com 90 trabalhadores e um volume de negócios de 2,2 milhões de euros, a Barcelcom é uma das mais antigas fábricas de meias da Europa em atividade porque teima em se recusar a perder o comboio da inovação. t

MFA ESTREIA LINHAS EUROSPORT E DISCOVERY O grupo Manuel Fernandes Azevedo (MFA) lançou as primeiras colecções das suas linhas de meias e underwear das marcas Eurosport e Discovery Adventure. Um dos maiores fabricantes de meias da Europa Ocidental (produz, em média, 25 milhões de peúgas/ano), a MFA tem nas meias de desporto, em particular de futebol, o seu ponto forte, fornecendo grandes marcas mundiais como a New Balance e a Hummel.

"A roupa não tem idade. O que faz a idade é a atitude das pessoas" Anabela Baldaque Designer de moda

TÓ SIMÕES CONTRATADO PARA CALVIN KLEIN E TOMMY HILFIGER Depois de passar pela Dielmar e pela Decénio, Tó Simões prepara-se uma aventura internacional, integrando a equipa de criativos das marcas Clavin Klein e Tommy Hilfiger. Formado pelo 1º Curso de Design/Moda Industrial do CIVEC (actual Modatex), Simões logo se destacou com vários prémios como jovem estilista, ainda antes da conclusão do curso, em 1999. No ano seguinte, o jornal “O Independente” colocava-o já entre os 10 designers mais influentes de Portugal.

FARFETCH ABRE ESCRITÓRIO EM BRAGA A Farfetch vai ter um escritório em Braga (o quarto em Portugal, depois de Porto, Lisboa e Guimarães), com espaço para acomodar 150 pessoas, e já começou a contratar. “Com este novo espaço estamos a posicionar a Farfetch numa cidade que, acreditamos, tem muito potencial do ponto de vista de expertise em diferentes áreas”, afirma Cipriano Sousa, chief technology officer da empresa.

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toneladas

de malha é a capacidade mensal de produção da A. Sampaio & Filhos

BRAVIAN É A NOVA MARCA DE MODA FUNCIONAL DO LATINO GROUP

Chama-se Bravian e é a nova marca de moda funcional unissexo do Latino Group, que constitui o seu quarto segmento de atividade, a seguir aos uniformes para forças militares e militarizadas, ao vestuário de trabalho e ao private label para dez marcas internacionais. “Estamos a transportar para a roupa do dia a dia o know how que acumulamos ao longo de mais de 20 anos a desenvolver produtos de alta tecnicidade na área dos equipamentos de proteção individual”, afirma Clementina Freitas, a CEO e fundadora do Latino Group.


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A MINHA EMPRESA Faria da Costa Rua do Crasto 5 Ucha 4750-767 Barcelos

Trabalhadores 80 Volume de negócios 3,2 milhões de euros Capacidade instalada 25 mil pares de meias/mês Grande cliente H&M Principais mercados Alemanha, Noruega, Dinamarca e Suécia Área coberta 7 500 metros quadrados Novos produtos Cachecóis, gorros, “leg wormers”…

A fuga das galinhas Em Barcelos, no final dos anos 80, como o que estava a dar era a têxtil, Álvaro Costa resolveu mudar de vida e trocar as galinhas pelos trapos, saindo da avicultura (produzia pintos e ovos reprodutores) para investir numa fábrica de meias. A Faria da Costa começou por fabricar meias clássicas e de desporto até Álvaro perceber que para continuar a prosperar e fazer face à concorrência asiática teria de subir na cadeia de valor e apresentar produtos diferenciados e mais técnicos. Foi no âmbito desta mudança estratégica de agulha que passou a privilegiar as meias de inverno e investiu em equipamento e investigação para poder oferecer aos clientes produtos com maior valor acrescentado. Meias de lã com misturas de fibras especiais (Coolmax, Bamboo, Thermolite) que lhes proporcionam funcionalidades - como as peúgas anti-transpiração que a Faria da Costa fornece ao exército de Israel - foram a primeira etapa desta nova orientação. Mas a aposta nas meias de Inverno teve como face negra as terríveis consequências do aquecimento global, que coincidiram no tempo com o desembarque da Troika e as ondas de choque da crise das dividas soberanas. “O tempo pode ser o nosso inimigo número um. Invernos quentes prejudicam-nos mais do que a concorrência”, explica Nuno Costa, o filho do fundador. Após um pico de faturação de cinco milhões de euros em 2011, o volume de negócios caiu de uma forma alarmante (45% em 2012 e 25% em 2013) nos dois exercícios seguintes. Em 2015, a Faria da Costa conseguiu estabilizar as vendas e em 2016 voltou ao crescimento (5%) já munida como uma estratégia para regres-

sar, em 2020, aos cinco milhões de euros de volume de negócios, que consiste em combater a sazonalidade com a diversificação para artigos de verão e um forte investimento em i&d. Foi nesse mesmo ano de 2016, que em parceria com o CITEVE, a empresa iniciou o projeto WyFeet de desenvolvimento de meias de aquecimento ativo, que permitem manter os pés quentes, mesmo em temperaturas negativas extremas, e que entra este março na fase de produção industrial. Para este mês está prevista a produção de cinco mil pares de meias WyFeet - Warm your feet, que têm um sensor na zona da planta dos pés e duas baterias, semelhantes às de um telemóvel, na zona dos tornozelos, que - garante Nuno Costa - “não se notam, nem causam qualquer incómodo”. Empresas e cadeias de distribuição de diversas paragens - Estados Unidos, Áustria e países nórdicos - já manifestaram interesse em fazer encomendas destas meias inovadoras, que mantêm os pés quentes, a uma de três temperaturas previamente reguladas, durante um período de tempo que oscila entre as oito e as 16 horas. Está previsto que uma segunda geração destas meias com sistema integrado de aquecimento tenham um GPS. O projeto WyFeet, que implicou um investimento em i&d de 350 mil euros, surgiu do desabafo de um cliente estrangeiro, que se queixava de que não ia poder acompanhar uma determinada etapa do rali da Suécia porque não suportava estar várias horas com os pés frios. t

PADRÃO COM COSTELETA DE NOVILHO ABRE POLÉMICA Oito anos depois de Lady Gaga ter surgido na passadeira vermelha dos MTV Video Music Awards com um vestido de carne, a loja de comércio eletrónica DressLily.com volta a apostar no mesmo padrão - e tal como a criação da cantora, esta peça também gerou duras críticas e opiniões diversas.

MINTY SQUARE ADQUIRIU A PLATAFORMA KIDE FASHION A Minty Square adquiriu as operações globais e plataforma digital da Kide Fashion. A concretização desta operação insere-se na estratégia de apostar no segmento de moda de criança, respondendo à procura do mercado, já que até agora a plataforma de e-commerce só atuava no mercado para adultos, com uma seleção de peças exclusivas de mais de 100 designers emergentes e criadores consagrados. Já a Kide Fashion é um marketplace global online que promove marcas exclusivas no segmento de criança e bebé e que conta com mais de 75 marcas e designers.

"Até nos tecidos comuns a tendência será incorporar cada vez mais acabamentos funcionais, da regulação de temperatura à proteção UV, passando pelo repelente de nódoas e antimosquito" António Teixeira Administrador da Penteadora

ACL IMPEX TEM O GOLDEN SEAL DA COTTON EGYPT ASSOCIATION A ACL Impex foi uma das dez primeiras empresas a receberem o Golden Seal, concedido pela Cotton Egypt Association. Este selo garante que todos os produtos que o ostentam foram efectivamente fabricados com algodão do Egipto. Fundada por António Coelho Lima, neto do fundador da Coelima, a ACL tem o centro de gravidade no Zona Industrial da Gandarela, Guimarães, e uma associada, a Chelsea Trading Import, nos Estados Unidos, que é um dos seus principais mercados.

CASTELO BRANCO MODA 18 VAI SER NO MUSEU TÊXTIL DE CEBOLAIS O desfile da 2ª edição do Castelo Branco Moda 18 vai ser no sábado, 9 de junho, no Museu Têxtil de Cebolais (instalado na antiga fábrica da Corga), onde serão apresentados os vencedores da 2ª edição do concurso O Bordado de Castelo Branco e a Moda.

40 milhões de euros foi quanto o grupo MoreTextile pagou de impostos nos últimos cinco anos, período em que entregou à banca 25 milhões de euros


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CASSIANO FERRAZ [CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com

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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Rangel Logistics Solutions Rua da Serra, 654 Folgosa (Maia)

O que faz? Especialista em todas as actividades de transporte e logística Áreas Soluções integradas de logística e transporte por mar, terra ou ar Fundação 1980 Colaboradores 1500 Escritórios Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde e Moçambique

ADALBERTO FEZ UM LIFTING E TEM NOVO BRANDING A Adalberto Estampados tem uma nova imagem, que vai desde o branding aos próprios espaços das instalações industriais, passando pelo website que surge também com uma imagem renovada. O “lifting” desta empresa de Santo Tirso, que é líder europeia na arte de estampar tecidos e vende, por ano, mais de 10 mil quilómetros de tecidos de moda e têxteis do lar, foi feito por Raquel Santos, uma designer de moda que trabalha na empresa.

Rangel quer pôr a moda online Com uma unidade exclusivamente dedicada ao sector Fashion & Lifestyle, criada em 2012, a Rangel Logistics Solutions oferece aos seus clientes “soluções de cadeia de abastecimento ajustadas às complexidades e exigências dinâmicas do retalho de moda”. Uma resposta personalizada, diz o CEO Nuno Rangel, que “para além do transporte nacional e internacional, em regime de roupa pendurada e embalagens de cartão, oferece ainda soluções de valor acrescentado como gestão de stock de mercadorias finalizadas ao nível do armazém, controlo de quantidades, preparação de encomendas, sortimento, embalamento, etiquetagem, colocação de tags e entrega direta em lojas ou centros de distribuição”. No que ao sector têxtil diz respeito, o apoio às empresas na participação em feiras e exposições assume também uma relevância particular. A empresa destaca os muitos anos de experiência dos seus profissionais na organização do transporte para este tipo de eventos, e faz notar também que o leque de serviços que pode prestar “inclui a recolha nas instalações dos clientes, passando por todas as formalidades a cumprir até à entrega na feira ou exposição, seja em que parte do mundo for”. Isto, frisa Nuno Rangel, “sem preocupações adicionais para o expositor”. Apoiada numa rede de parceiros internacionais, a unidade Rangel Fashion & Lifestyle ope-

ra à escala global mas procura ao mesmo tempo acompanhar a tendência de crescimento das exportações têxteis para a Europa, com “uma rede de agentes especializados na Alemanha, França, Reino Unido, Holanda, Escandinávia e Itália”, informa a empresa. As preocupações de eficácia e rapidez passam também, em Portugal, por um posicionamento estratégico junto das áreas de concentração da ITV. “Temos duas plataformas dedicadas à unidade Fashion, na Maia e na Covilhã, onde desenvolvemos operações logísticas como o armazenamento de confecções em regime de pendurados e dispomos de uma frota dedicada e especializada para produtos de vestuário, equipados com security locks e sistemas de track & trace que garantem a absoluta segurança e qualidade dos produtos transportados”, assegura o CEO. A Rangel procura também diferenciar-se no crescente sector do comércio electrónico, tendo criado a unidade e-Commerce Full Service. “O objectivo é colaborar com as empresas que queiram começar a vender online ou que querem profissionalizar ou aumentar a rentabilidade do negócio digital”, explica Nuno Rangel. Para isso, diz, “a solução que propomos assegura todos os processos do negócio, do desenvolvimento da plataforma aos serviços de logística e execução da estratégia de marketing digital”. A Rangel quer também pôr a moda online. t

MISS SIXTY DE REGRESSO A PORTUGAL

FELPINTER INVESTE 6 MILHÕES

A marca Miss Sixty, especializada em denim feminino, vai regressar este ano a Portugal com a sua colecção Outono/ Inverno, através do Grupo HotPink, empresa especializada na representação e comercialização de marcas internacionais, que acaba de assinar contrato para distribuição desta marca em Portugal.

A Felpinter está a investir 6 milhões de euros na ampliação, melhoria das instalações fabris e da capacidade produtiva, prevendo também a criação de cerca 50 novos postos de trabalho. Para o efeito adquiriu um imóvel, em Vila Nova do Campo, onde em tempos estiveram instalados os escritórios e uma fiação do grupo JMA.

"Responsável pela modernização e inovação do têxtil no país, o CITEVE é um trunfo maior do nosso concelho, pela dinâmica, experiência e força existentes à volta da investigação e de interligação entre empresas, centros de investigação e escolas" Paulo Cunha Presidente da Câmara de Famalicão

PRODUÇÃO DE ALGODÃO CRESCE ACIMA DO CONSUMO Com um aumento de produção na casa dos dois dígitos, a utilização de algodão pela indústria têxtil mundial deverá crescer apenas abaixo dos 3%. As previsões são do ICAC (International Cotton Advisory Committee) e apontam para um crescimento de 12% na colheita de algodão em 2017/18, para 25,74 milhões de toneladas, face a um consumo previsto pela indústria mundial de 25,22 milhões de toneladas. Em 2016/17 produziram-se 23 milhões e o consumo atingiu 24,52 milhões, enquanto em 2015/16 a produção foi de 21, 48 milhões de toneladas para um consumo de 24,18 milhões.


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MOROCCO STYLE 28 a 31 março - Casablanca 6Dias, CITEVE, J.B.&Castro, Natcal, Samofil, Somelos

MAGIC JAPAN 25 a 27 abril – Tóquio OTS – by Otojal Group, Inimigo Clothing, Pure Cotton

JITAC EUROPEAN TEXTILE FAIR 27 a 29 de março – Tóquio Acatel, Albano Morgado, Bordados Oliveira, Burel Factory, Fitecom, Lemar, Texser, Somelos Tecidos, Riopele

EMITEX 10 a 13 de Abril – Buenos Aires Lemar, Rendibor, Lipaco, CITEVE PERFORMANCE DAYS 18 e 19 de Abril A. Sampaio&Filhos, LMA, Sidónios, Tintex

AGENDA

MESSE FRANKFURT JÁ TEM SUBSIDIÁRIA EM INGLATERRA A Messe Frankfurt adquiriu a Forest Exhibitions, passando assim a ter uma subsidiária no Reino Unido e aumentando a sua presença internacional. “Para nós é muito importante promover as trocas comerciais ao nível europeu e global nos 30 locais de feiras que temos espalhados pelo mundo”, explicou Wolfgang Marzin, presidente e CEO da Messe Frankfurt.

"Quero conquistar algum mercado em França - é um mercado bom, com muitas marcas" Afonso Barbosa Sócio-gerente da Familitex

PURE LONDON GOSTA DA MODA PORTUGUESA A Pure London voltou a receber uma comitiva de empresas portuguesas, levadas pela mão do projeto From Portugal. Alec, Blackspider, Carla M Jewellery, Cristina Barros, Cotton Brothers, Endless Rose, Otojal, SMF e Starway To Heaven foram as marcas nacionais que, em conjunto com a Averse, estiveram no certame que acolhe moda masculina, feminina, jovem, athleisure, calçado e acessórios. A próxima edição será de 22 a 24 de Julho.

EUROPEAN OUTDOOR GROUP MUDA-SE PARA MUNIQUE O European Outdoor Group, fundado em 2003 por 19 das maiores empresas de artigos outdoor, vai passar a fazer a sua feira em Munique, a partir do próximo ano. Esta associação cresceu de forma constante a partir de 2003 e, em 2014, tinha mais de 60 marcas como membros, mantendo ainda uma estreita relação de trabalho com nove associações nacionais ao ar livre.

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países europeus têm uma taxa de IRC inferior à portuguesa

A PREMIÈRE VISION VALE SEMPRE A PENA Por muitos anos que passem, áreas em que Portugal cada há cercas coisas que não pasvez mais se destaca. A emsam de moda. A Première presa de Mário Jorge Silva, Vision é uma delas. Dezenas a Tintex, viu o seu stand ser de empresas portuguesas “elogiadissimo” pela imamarcam consecutivamente gem de modernidade que o ponto nesta que é, há muidava, destacando-se pela sua tos anos, “a” feira dos tecidos clara aposta nesta tendência a nível mundial. Na edição de mais ecológica. Para além disfevereiro estiveram presenso, a empresa de Vila Nova de tes 58 empresas com selo naCerveira foi selecionada pela cional, 26 delas apoiadas pela organização do salão para Associação Selectiva Moda. os finalistas do concurso de O feedback vem em unís“melhor empresa” presente sono: houve mais gente nos O fórum de tendências From Portugal atraiu muitos compradores no certame. corredores do que nas ediTambém a Tearfil foi ções passadas e melhores compradores. “No nosso stand distinguida, com o Ethical Fashion Award pela TOC aumentaram tanto os visitantes como os clientes. TamFashion Academy Tuscany, durante o certame. A embém sabemos que a colecção Somelos é uma referência a presa do grupo Moretextile foi considerada um dos exnível mundial”, diz Gabriela Melo, directora de criação e positores mais inovadores na área da sustentabilidade, design da Somelos Tecidos. com produtos ecológicos, totalmente rastreáveis e soAntónio Cunha, da Orfama, diz haver uma “procura cialmente responsáveis. nítida dos produtos made in Portugal ou made in EuroApesar do balanço positivo e da clara impressão de pa”, atribuindo o aumento de clientes em comparação que a feira esteve, nesta edição, mais movimentada, as com anteriores edições ao facto de “os preços dos artigos estatísticas posteriormente divulgadas pela organização na Ásia estarem a aumentar não só por causa da matériacontrariam a versão dos empresários portugueses: neste -prima, mas também da mão-de-obra”. Inverno, a Première Vision contou com cerca de 54 500 Mesmo quem só se estreou este ano já tem em vista a visitantes, um pouco menos do que nas duas edições edição que está para vir. É o caso de António Falcão, CEO da anteriores. Só se pode então concluir que nem a menor Fibras Falcão, que foi até à Première Vision “apalpar terreafluência de visitantes conseguiu ser sinónimo de meno” e “sem grandes expectativas”. No fim, fez um feedback nos clientes nos stands portugueses que hoje, mais do claramente positivo e equaciona mesmo aumentar o tamaque nunca, envergam orgulhosamente a sua bandeira nho do stand na sua próxima incursão a Paris. como símbolo de qualidade e prestígio, atraindo pessoas Para além da qualidade, a sustentabilidade é uma das de todo o globo.t

FROM PORTUGAL WITH LOVE Faz lembrar o título do famoso filme do 007, de 1963, “From Russia with love”, mas neste caso foi o projeto From Portugal, na Rússia, a mostrar o seu amor pelos têxteis e pela moda. As empresas portuguesas voltaram a tentar entrar neste mercado, participando na CPM (dedicada à moda) e na CFC Child and Junior Fashion and Maternity Wear (com expositores de moda infantil e de maternidade), ambas na capital russa. Blackspider, Cristina Barros, Litel e Vandoma estiveram no primeiro cer-

tame. A Blackspider, que se apresentou no salão com os seus casacos em lã, caxemira, pêlos e vestidos em seda pela quarta vez, tem em vista a consolidação do mercado: “Para nós é um mercado muito importante, sendo que neste momento já trabalhamos com um dos maiores distribuidores russos”, revela Joaquim Cunha, CEO da marca. A Litel levou até Moscovo a sua vasta gama de produtos em papel, embora não seja esse o segmento principal da feira. “Embora não seja uma feira do nosso sector de atividade, o que

nos atrai é o facto dos visitantes e expositores serem os nossos potenciais clientes”, explicou Ricardo Carneiro, a propósito desta participação. Já a Vandoma andou a apalpar terreno russo, onde nunca havia estado: “esperamos dar a conhecer as gravatas Vandoma ao mercado russo e estabelecer bons contactos”, afirmou Ana Sousa, manager da marca. Na feira dedicada aos mais pequenos, estiveram presentes as empresas António Manuel de Sousa, Meia Pata e Inarbel.t


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S. ROQUE É A EMPRESA MAIS RENTÁVEL DO PAÍS A S. Roque, Máquinas e Tecnologias Laser, que se dedica ao fabrico de maquinaria para a indústria têxtil, é a empresa mais rentável do país no sector da produção de bens, segundo o ranking elaborado pelo Dinheiro Vivo para a revista Star Company. A publicação destaca o facto de ser a primeira vez que a empresa surge no ranking geral, assumindo logo a posição de topo, cuja ordenação resulta do nível de rentabilidade das empresas. “A vencedora, e estreante, S. Roque, de Vila Nova de Famalicão, ganhou este ano entrada directa para a lista das 1000 Maiores, e obteve um resultado líquido de 12,6 milhões de euros, com valores de rendibilidade económica e financeira de 42,7% e 58,2%, respectivamente”, destaca a publicação. Resultados que superaram, assim, os da Continental Mabor – outra empresa a laborar no concelho de Famalicão – que liderou o ranking da rendibilidade nos dois últimos anos. A fabricante de pneus “teve um resultado líquido de 225,8 milhões de euros e uma rendibilidade económica de 40,4% contra uma rendibilidade financeira de 91,2%, valores ainda significativos face ao ano anterior”, indica o Dinheiro Vivo. Para o sucesso da S. Roque, o jornal aponta que “o ADN ino-

PORTUGAL FEZ UM REBOOT NO MERCADO DA MODA IBÉRICO O Business of Fashion explicou o sucesso do renascimento do têxtil e da moda na Península Ibérica com uma peça intitulada “Espanha e Portugal reiniciam o mercado de moda ibérico”. O aumento do investimento privado, o turismo e os produtos com mais valor acrescentado são algumas das razões apresentadas. Cláudia Barros, editora de moda da Vogue Portugal, explica que “somos muito conhecidos por compradores internacionais pela nossa técnica e experiência”, e é dado o exemplo de Alexandra Moura que, dado o pequeno mercado português, optou por internacionalizar a sua marca, mostrando as suas coleções em Londres, tendo um showroom em Paris e estando presente também em lojas em Tóquio e o Shanghai.

14% "Somos muito rápidos a pensar e a executar", garante Manuel Sá, CEO da S. Roque

vador que corre nas veias desta PME ajuda a concretizar estas metas”. A prová-lo, indica, “está o crescimento médio na ordem dos 20%, reportado ao longo dos últimos 12 anos de actividade. Em 2016, ano fiscal a que se refere este ranking, o aumento na facturação da S. Roque Máquinas foi de 31,59%, com uma taxa de exportação na ordem dos 76,45%. Entrevistado pelo T em Março do ano passado, Manuel Sá, o CEO da S. Roque, destacava algumas das principais vantagens competitivas da empresa: “Somos muito rápidos a pensar e a executar. Fazemos as máquinas em função daquilo que os clientes pretendem fazer com elas. E

aí a negociação já não é quem faz mais barato, mas quem tem melhores soluções”. A S. Roque é líder mundial na produção de máquinas para estamparia têxtil, factura mais de 40 milhões, emprega 415 trabalhadores e foi distinguida pelo IAPMEI como PME líder e de Excelência pelo quarto ano consecutivo. Actualmente tem clientes um pouco por todo o mundo, com a Europa à cabeça, mas forte presença também noutros continentes, em países como África do Sul, Marrocos, Tunísia, Angola, Kuwait, Índia, China, Vietname, Malásia, Camboja, Rússia, Brasil, Argentina, Peru, Colômbia, Honduras, El Salvador e E.U.A.. t

MODA PORTUGUESA TEM NOVA MORADA NO CENTRO DE PARIS Tem apenas produtos premium e de luxo portugueses, com destaque para a moda de Luís Buchinho, Anabela Baldaque, Luís Carvalho e Storytaylors, a concept store voltada apenas para o made in Portugal que abriu no centro de Paris. A loja pretende ser o pontapé de saída da internacionalização da eNeNe – Novos Navegadores, marca que se quer afirmar como marca portuguesa de luxo e premium luxo. O novo espaço fica na Rue du Temple, no centro do bairro mais trendy e arty da capital francesa, que é o Marais, onde passam anualmente mais de 32 milhões de visitantes. Mas o objectivo passa por abrir também lojas em Portugal, na Ásia, África do Sul, Bogotá e Nova Iorque, nos próximos anos. Numa área de 150 metros quadrados, a loja expõe o que de melhor se faz hoje em dia em Portugal nas áreas do calçado, roupa, alta ourivesaria, novas tecnologias, casa, design, gourmet, papelaria e livraria. Com diferentes espaços dedicados à tecnologia, à música, à joalharia e criadores portugueses de moda, há ainda uma

área dedicada às peças da Vista Alegre. Estreia também o que os promotores designam como Phygital Concept, que propõe unir o espaço físico ao meio digital. Na loja não há preços visíveis nem caixas registadoras, já que os produtos estão identificados com QR codes e é o cliente a digitalizar esse código no seu smartphone para saber mais informações. A compra poderá ser finalizada no próprio telemóvel, a qualquer hora e em qualquer lugar, ou na própria loja com a ajuda dos colaboradores munidos de um tablet. Um dos promotores, Carlos Sereno, um luso-descendente que nasceu em Paris, diz que “o objectivo é valorizar o made in Portugal e polir o diamante da produção portuguesa para vender em nome dos portugueses, pelo que tudo o está na loja tem a etiqueta da pessoa que produziu”. Também Luís Filipe Neto, outro dos fundadores, sublinha que a loja dos Novos Navegadores pretende ser uma vitrina da produção portuguesa no bairro onde estão marcas como Dior, John Galliano, Gucci, Chanel, Fendi ou Karl Lagerfeld. t

foi quanto aumentou em 18 meses a produtividade da Olbo&Mehler, na sequência de um trabalho de reorganização interna desenvolvido com o Instituto Kaizen, que lhe permitiu diminuir o desperdício em 16% e reduzir em 50%, de seis para três milhões de euros, o stock de matéria prima

LUÍS BUCHINHO JÁ TEM LOJA ONLINE

RELIGIÃO: O TEMA DA PRÓXIMA MET GALA

Pouco depois de ter mudado de poiso, da Rua José Falcão para Sá da Bandeira, Luís Buchinho abriu uma nova loja, mas no mundo virtual. Os adeptos do estilista têm agora a oportunidade de comprar, à distância, as peças assinadas pelo criador através do site de Luís Buchinho, também ele renovado.

Nunca faltam outfits polémicos na galas do Metropolitan Museum de Nova Iorque e este ano promete não ser excepção. O mote do evento de dia 8 de Maio é a relação entre a moda e a religião. “A moda e a religião sempre estiveram interligadas, inspirando-se e informando-se mutuamente”, explicou Andrew Bolton, curador do The Costume Institute.

LIPACO CELEBROU 30 ANOS ELOGIANDO EQUIPA E CLIENTES

A Lipaco completou, a 11 de Dezembro, 30 anos de actividade e homenageou todos aqueles que fazem parte desse percurso de três décadas. “A história da Lipaco é também a história da nossa equipa fantástica. Crescemos juntos e juntos assumimos a liderança. 30 anos de trabalho intenso e merecidas conquistas que celebramos com todos os nossos colaboradores, clientes e fornecedores, todos aqueles que nos fazem crescer a cada dia que passa. Que venham mais 30 anos de sucessos! Obrigado”, escreveu o CEO Jorge Pereira no Facebook da empresa, que se especializou na produção de linhas de costura e fios texturizados para a indústria, tornando-se numa empresa de referência no seu sector em Portugal, fazendo parte dos produtores líder deste mercado.


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FOTO: RUI APOLINÁRIO

“AS NOSSAS FÁBRICAS ESTÃO SUPER-MODERNAS”


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n ENTREVISTA Joaquim Almeida 58 anos, nasceu em Moreira de Cónegos, sendo o mais velho dos quatro filhos (dois rapazes e duas raparigas) do matrimónio entre Maria da Conceição Ferreira e António de Almeida, que se estabeleceram com uma fabriqueta que produzia colchas e cobertores. Concluído o Ciclo Preparatório, feito em Guimarães, começou a ajudar na fábrica dos pais durante o dia, enquanto à noite prosseguia os estudos na Escola Industrial. Tinha 12 anos quando começou a trabalhar. “Fiz de tudo, desde tecelão a urdidor, passando por motorista. Só não fui confeccionador”, recorda Joaquim, que em 1979, com apenas 19 anos, deu o grito do Ipiranga, fundando a JF Almeida.

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nosso objetivo não é crescer em volume mas sim em rentabilidade, afirma Joaquim Almeida, 58 anos, fundador e presidente da JF Almeida, um grupo vertical que investiu 14 milhões de euros em modernização e automatização das suas três fábricas, ao longo dos últimos dois anos. Trocar o fabrico de telas para lençóis pelos felpos foi o momento decisivo da sua vida empresarial?

Foi um dos momentos de viragem. Os outros foram as decisões de investir a jusante, na tinturaria, e a montante, na fiação. Tornar-se vertical foi algo estratégico?

Sempre sonhei ter um grupo vertical, que neste momento vai da preparação das fibras à expedição, passando pela fiação, tecelagem, tinturaria, acabamentos e confeção. Não foi um passo indispensável, pois quando o dei vendia todos os felpos que produzia e com boas margens. Começou pela tinturaria...

As empresas são como as pessoas. Nascem, crescem e morrem. A determinada altura, a fábrica da Baganheira faliu e nós agarramos logo essa boa oportunidade – como já tinha licença, tornou-se tudo mais fácil. Foi um passo importante?

Sim, porque nos permitiu reduzir custos e aumentar os níveis de serviço e qualidade. A fiação veio mais tarde, já neste século, em 2004... Foi o aproveitar de outra oportunidade - uma fiação que tinha

fechado. Na altura, as fiações estavam a cair como tordos, umas atrás das outras, e toda a gente me dizia que estava doido por me meter nesse negócio. Eu próprio, às vezes à noite, quando ia para a cama, interrogava-me se não estaria mesmo doido :-). Qual foi o racional de investir a contra-ciclo na fiação?

Na altura já fazia umas 250 a 300 toneladas de felpos/mês e precisava de garantir a qualidade do fio. Sublinho que a questão era a qualidade, não o preço, pois podia importar fio mais barato do que o que produzia cá. Foi uma grande aposta que compensou. Não há nenhuma decisão que lamente nestes quase 40 anos que leva como empresário?

Que me lembre, não me arrependo de nada. Sinto-me um homem realizado. Quando arrancou, com 19 anos, imaginava que chegaria onde chegou?

Comecei a trabalhar muito cedo, por necessidade. Quando me estabeleci por conta própria, muito jovem, com apenas 19 anos, era já uma pessoa muito ambiciosa, que só tinha um objetivo: ir mais longe, ir mais longe, ir mais longe! E chegou longe. Começou com seis teares. Hoje tem 93, emprega 580 trabalhadores e vende 42 milhões de euros. Uma bela caminhada...

Feita com muitos sacrifícios. Antes de, em 1985, mudarmos para aqui, como tínhamos a produção espalhada por três núcleos - Moreira de Cónegos, Penha e Fafe - não dava para termos um técnico em cada uma delas. O técnico era eu. Afinava os teares, conduzia os camiões, levava as telas aos clientes. O meu pequeno-almoço e almoço era o jantar, comido tarde e a más horas.

"Ou crescia ou ficava pelo caminho"

“A minha mãe era uma pessoa muito receosa. Temia arriscar. Eu sempre fui muito ambicioso. Quando lhe propus irmos mais longe, ela respondeu-me: Vai tu!”, conta Joaquim. E ele foi. Debutou com seis teares e a fazer pano de lençol. O negócio foi crescendo, até que no início dos anos 90 resolveu mudar a agulha para os felpos. “Era uma grande época para a venda de felpos e toda a gente dizia que as telas para lençóis era um negócio com os dias contados”, explica. Esta mudança de rumo implicou investimentos vultuosos, mas nessa altura ele já tinha pulmão para isso. Adepto do Moreirense (de que já foi presidente) Joaquim, que vive agora em Guimarães, tem quatro filhos, todos a trabalhar no grupo: Miguel, 33 anos (que se ocupa da tecelagem); Rui, 32 anos (fiação); João, 27 anos (tinturaria e confeção); e Juliana, 24 anos (marketing da JFA e responsável financeira da empresa Mi Casa Es Tu Casa).

A aposta na exportação coincidiu com a mudança do negócio dos lençóis para os felpos?

Não. Conduzi muitos camiões com lençóis de flanela para a clientes em Espanha, com despacho em Vilar Formoso, ou seja antes de entrarmos para a CEE. Mas na altura a exportação não tinha o peso nas vendas que tem agora, em que anda nos 92%. Está satisfeito com a geografia das suas exportações?

Espanha, França, Alemanha, Itália, e Reino Unido são os nossos principais destinos. Mas como se trata de mercados maduros, estamos a fazer um esforço de diversificação. No Canadá, onde já temos um pé, queremos aumentar muito a nossa presença, tirando partido do CETA. Diversificar é a palavra de ordem?

Não só de geografía mas também de clientes. Crescer sim, mas de forma equilibrada e sustentável, ou seja sem que nenhum cliente pese mais do que 10% na nossa faturação – não só por causa do risco de crédito mas também para não ficarmos nas mãos deles. Como está correr a experiência na Argélia?

Muito bem. A produção na nossa fábrica em Oran está agora a arrancar. O felpo vai de cá em rolo e é confeccionado lá. Numa primeira fase, a Almeida Production vai trabalhar apenas para o mercado argelino. A indústria têxtil local só cobre 6% das necessidades do mercado interno.

Tudo azul, sem problemas?

O único problema é a formação do pessoal e a mudança da sua mentalidade. Temos um casal deslocado para lá. Ela trata da formação e ele da maquinaria. E estamos a tentar trazer para cá alguns quadros argelinos, para se aperceberam in loco da nossa dinâmica. Mas está a ser muito difícil arranjar-lhes vistos. A crise dos finais da primeira década deste século apanhou-o a meio de fortes investimentos. Temeu não aguentar o balanço?

Nunca tive muito receio. As crises não são assim tão más. Obrigam-nos a trabalhar mais e melhor. A sermos mais eficientes, exigentes e aplicados. Ou seja, no fim do dia ficamos mais fortes e competitivos. As crises podem ser boas para as empresas. Por que é que logo no final da crise investiu tanto no aumento de capacidade?

Não tinha outra hipótese. Ou crescia ou ficava pelo caminho. Quando se tem clientes como a Zara, o Carrefour e o Leclerc não podemos correr o risco de não ter capacidade de resposta para fazer face às suas encomendas. A concorrência dos asiáticos ainda é um problema?

Não damos muito por eles. A Turquia sim, é um concorrente importante, principalmente no mercado alemão. Mas se a diferença de preço não for grande, andar apenas pelos 5%, os alemães preferem comprar cá, não só pelo serviço mas também pela mentalidade.

Há muito potencial...

Nesta fase, a fábrica pode faturar entre sete a oito milhões de euros. Mas a ideia é continuar a crescer - e muito. Vai ser uma verdadeira lança em África. Numa segunda fase, esperamos exportar a partir de lá para todo o Magreb.

O fator preço ainda é decisivo?

Ainda tem muita importância. A competitividade assenta num tripé - qualidade, preço e serviço - e nós temos de estar permanentemente a melhorar em cada um desses fatores.


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A anatomia de um grupo Fundada em 1979 por Joaquim Ferreira Almeida, a JF Almeida começou por fabricar telas para lençóis antes de se especializar nos felpos. Actualmente produz toda a linha de produtos de banho e mesa. Grupo vertical, emprega 580 trabalhadores espalhados por três unidades - fiação/pólo logístico, tecelagem/parte administrativa e tinturaria/acabamentos/ confeção - que estão implantadas num raio de um quilómetro, em Moreira de Cónegos. Em 2017, faturou 42 milhões de euros, dos quais 92% correspondem a exportações diretas. Tem uma participação de 50% na Vayola, uma empresa espanhola, com sede em Valência, que fornece têxteis lar para a hotelaria e que fechou 2017 com vendas de 12 milhões e tem crescido a dois dígitos ao ano. Em Oran, na Argélia, tem uma fábrica em joint venture com um parceiro local. Controla ainda 33% da Mi Casa Es Tu Casa, empresa com uma marca própria de têxteis lar que vendeu sete milhões de euros no ano passado.

O que têm feito nesse sentido?

Investimos fortemente na automatização da nossa produção - de modo a produzirmos mais com menos gente e menos custos em energia - e em capacidade de armazenagem. No nosso pólo logístico temos em stock cerca de 6,5 milhões de euros em mercadoria, o equivalente a 160 camiões TIR.

"Os custos da energia são uma loucura: pesam 10% nas vendas"

É uma imobilização enorme!

Isso é suficiente?

Pois é. E exige muita capacidade financeira.

Não. Em Outubro, entra em funcionamento na tinturaria um motor de auto-consumo, que vai libertar água e vapor, num investimento de um milhão de euros que terá um pay back muito reduzido. E estamos a estudar um novo investimento de 800 mil euros num novo aproveitamento fotovoltaico, agora na tecelagem.

Planeiam investir em mais armazém?

É uma hipótese que está em cima da mesa. Uma das nossas vantagens competitivas é a capacidade de, num prazo de 24 a 48 horas, atendermos os pedidos em qualquer ponto da Europa, colocando a mercadoria nas lojas dos clientes. É um grande trunfo?

Num momento em que as margens estão cada vez mais reduzidas, esta capacidade de resposta rápida é fundamental, até porque nessas alturas não se discute muito o preço, mas o serviço. Quais são as desvantagens competitivas de estar em Portugal?

O grande mal é o custo da energia, que é uma loucura, que todos os anos aumenta. Pesa 10% nas vendas, o que é uma enormidade. Estamos a tentar reduzi-lo para o patamar dos 7%. A meta inicial era os 5% mas já ficaremos satisfeitos com os 7%. Como vão conseguir chegar aos 7%?

Há dois anos, investimos 800 mil euros num aproveitamento fotovoltaico na fiação, que trabalha em contínuo, 24 horas por dia em sete dias. Está a correr muito bem, estimamos que tenha um pay back de seis anos, sete no máximo.

O preço e acesso ao dinheiro não vos preocupa?

Felizmente não temos qualquer preocupação a esse nível. Não nos podemos queixar da banca. No que toca a apoios financeiros, não temos tido problemas. Antes pelo contrário - até temos apoios a mais :-). E no capítulo da mão de obra? Têm sofrido com a escassez da oferta?

Há uma grande dificuldade em contratar gente para trabalhar ao lado das máquinas. Chegamos a ter uns 50 a 60 ucranianos. E agora temos recorrido a mão de obra importada do Bangladesh, estando já em cima da mesa também a contratação de engenheiros têxteis. Nós damos prioridade aos portugueses mas não podemos ficar de braços cruzados. Olhando para trás, não tem dúvidas de que compensou ter diversificado para a fiação e tinturaria?

Sem sombra de dúvidas. É frequente na nossa indústria um determinado subsetor estar pior enquanto outro está bem.

Estando em todas as frentes conseguimos equilibrar melhor o barco. Além de que esses investimentos rentabilizam-se: 40% da produção da fiação e 50% da tinturaria são vendidas para fora.

As perguntas de

Em 2016, o programa de investimentos era de três milhões e acabou por chegar aos sete milhões. Como é que isso aconteceu?

É como quando se fazem obras em casa... Os 24 novos teares pediram novas instalações, mais produção da fiação, decidimos investir num open end, a tinturaria passou a receber mais produto, e por aí adiante. A aposta em tecnologia moderna e no aumento da capacidade deixa-nos sempre mais fortes. E no ano passado voltamos a investir mais sete milhões. E qual é o programa para este ano?

As nossas fábricas estão super-modernas, por isso este ano investiremos apenas 3,5 milhões. Entre outras coisas, vamos substituir 12 teares por outros mais modernos, que produzem 10% mais, com menos custos de mão de obra e energia. Os seus quatro filhos já trabalham na JF Almeida. Está a preparar a passagem de testemunho?

Não penso reformar-me tão cedo. Ainda estou aí para as curvas :-). Mas sempre apostei em gente jovem com ambição. Os meus filhos mostram interesse na empresa e entendem-se bem. Estão cada um em seu setor, o que evita choques. O futuro é deles. Como vê o seu grupo em 2020?

Mais sólido e estabilizado. Agora o nosso objetivo não é crescer muito em volume, mas em rentabilidade. Os fios tintos, a marca própria Mi Casa Es Tu Casa e a hotelaria são os segmentos do nosso negócio onde a margem de crescimento é maior. t

Pedro Macedo Leão Delegado do AICEP em Berlim Há décadas que visito a Heimtextil e é absolutamente impressionante a evolução a que tenho vindo a assistir nos nossos têxteis lar. A que se deve esse sucesso?

As sucessivas crises que tivemos de enfrentar e ultrapassar deixaram-nos sempre mais fortes. Obrigaram-nos a ser cada vez mais eficientes, a preocuparmo-nos permanentemente não só com a qualidade do produto final e das matérias primas que usamos, mas também com o desenho, os acabamentos e o serviço. O resultado é que nos felpos somos sem dúvida os melhores do mundo e o made in Portugal tornou-se uma referência no mercado mundial. As crises podem ser boas. A buzzword do momento na Alemanha é a indústria 4.0. As empresas estão a acompanhar a evolução tecnológica?

Já não é de agora que temos essa preocupação. Há um par de anos que nós, na JF Almeida, investimos na automatização, para produzirmos cada vez mais com menos custos. A evolução foi tremenda. A semana passada tivemos cá uma equipa de um banco. No final confessaram-nos que tinham ficado alucinados com o que viram. t

Cristina Motta Representante em Portugal da Messe Frankfurt Participar na Heimtextil contribuiu certamente para que a JF Almeida se tornasse uma empresa reconhecida internacionalmente. Que aprendizagens fizeram com a participação regular nesta feira?

Há mais de 20 anos que vamos à Heimtextil. Foi uma feira fundamental para o reconhecimento internacional da nossa empresa. Trouxemos de lá muitos clientes e aprendemos muita coisa. Sem dúvida, a Heimextil foi muito importante para o nosso desenvolvimento e evolução. Há cinco anos criaram a marca Mi Casa Es Tu Casa. Foi uma boa aposta?

Foi uma grande aposta, que nasceu a partir de uma ideia de um quadro da JF Almeida. A Mi Casa Es Tu Casa tem uma oferta coordenada de roupa de cama e felpos. Na roupa de cama, faz a criação e o corte e colocamos a produção fora. Tem tido um crescimento espetacular. O ano passado fez um volume de negócios de sete milhões de euros - 100% na exportação. A França é o principal mercado. É uma marca que está com uma dinâmica formidável e cheia de ganas para crescer. t


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CARROS TOPO DE GAMA NAS MEIAS DA HEEL TREAD Ter um Ferrari GTO, um Lamborghini Miura, um Jaguar E-type ou um Ford Mustang é o sonho de alguns aficionados por automóveis. Mas à falta da máquina, a Heel Tread desenvolveu uma coleção de meias inspirada em 20 carros icónicos, para todos os que são apaixonados pelo mundo automóvel. Esta é a primeira coleção da marca portuguesa, criada por Gonçalo Henriques e João Simões, e que terá sempre peúgas inspiradas em objetos e atividades que apaixonam multidões, como viagens, gadgets, cocktails, entre outros.

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"Nos últimos anos a moda infantil deu um salto enorme. Esse crescimento percebeu-se há cerca de cinco anos, quando as marcas de adulto começaram a criar roupa de criança" Sónia Rocha Co-fundadora da marca Wolf & Rita

FATOS PARA OLÍMPIADAS DE INVERNO FEITOS PELA SCOOP

Arthur Hanse (à esquerda) e Kequyen Lam (à direita) foram os dois atletas que representaram Portugal em PyeongChang

A Scoop já tinha confeccionado os equipamentos para os atletas russos nos Jogos Olímpicos Inverno de Sochi 2014, e foi agora desafiada pelo Comité Olímpico Português para criar os fatos que a missão nacional usou durante as olimpíadas de inverno. No currículo da confecção de Cavalões, Famalicão, estava já também a execução de fardamento para a Federação Italiana de Ski ou para a equipa de Fórmula 1, mas também todo o fardamento da Expo 98 e, mais recentemente, a confecção de uma linha de vestuá-

rio para a a edição comemorativa dos 50 anos da Liga de Futebol Norte-Americana (NFL). A Scoop, que tem uma longa experiência na produção de vestuário técnico de ski e montanha, golfe e para a prática de ténis e fitness, refere que as “peças de alta qualidade técnica” que executou agora para a comitiva portuguesa “foram pensadas de forma a mostrar a ligação que existe com as comunidades portuguesas e a nossa matriz conquistadora”. O chefe da missão portuguesa, Pedro Farromba, explicou que a

Scoop foi a empresa escolhida por “ter a capacidade de criar um equipamento adequado para o tipo de desporto e para as temperaturas negativas de PyeongChang”. A par dos desportos de Inverno, a empresa tem-se distinguido também nos fabrico de equipamentos de golf e de ténis. Nesta última modalidade distingue-se a prestigiada marca inglesa Playbrave, cujas peças – fabricadas em Famalicão – a Duquesa de Cambridge, Kate Middleton, envergou numa recente visita com fins solidários à associação Lawn Tennis. t

FARFETCH ALARGA-SE À ÁRABIA O Dubai é um dos maiores mercados de luxo do planeta e a Farfetch vai por isso lançar uma versão em árabe do seu site e abrir um escritório no Dubai. Para a distribuição, negócio de retalho e marketing no Médio Oriente, a empresa de José Neves anunciou uma parceria com o grupo Chalhoub. Segundo uma nota de imprensa assinada pelo português que lidera a plataforma de comércio de moda de luxo, a parceria concretiza os esforços para expandir o negócio àquela região e representa também uma oportunidade para as marcas e boutiques que trabalham com a Farfetch em todo o mundo.

Para o líder do grupo sediado no Dubai, Patrick Chalhoub, este é o casamento perfeito, enquanto José Neves destaca que a parceria vai permitir à Farfetch aumentar o fornecimento à região através da integração da rede de lojas e parceiros franchisados do grupo Chalhoub. Depois da entrada (em Junho do ano passado) do gigante chinês de e-commerce JD.com – que investiu mais de 350 milhões de euros –, à Farfetch faltava apenas alargar a sua actividade aos mercados do Médio Oriente para estar presente em todas as regiões do planeta. t

INÊS AMORIM SEMIFINALISTA DA LVMH A designer de moda Inês Amorim é a única portuguesa na lista dos 20 semifinalistas da 5.ª edição do prémio francês LVMH, promovido pela Louis Vuitton. Inês foi escolhida com a sua marca de pronto-a-vestir masculino Ernest W. Baker, criada em conjunto com Reid Baker, e poderá ganhar um prémio no valor de 300 mil euros e apoio técnico e financeiro durante um ano.

SEEDS VAI APRESENTAR A COLCHA AOS CHINESES Os mercados asiáticos são o alvo prioritário da Ribial. A têxtil lar de Santo Tirso, que já tem um pé na Coreia do Sul e outro no Japão, faz agora pontaria a Singapura, Nova Zelândia, Austrália e China - país onde tem de ultrapassar a dificuldade da colcha ser um objeto desconhecido. Na Coreia do Sul, a Ribial debutou nas televendas com apreciável sucesso, vendendo logo 12 mil conjuntos de cama. Uma presença continuada na Interior Lifestyle Tokyo já lhe garantiu um lugar ao sol no mercado japonês, onde, desde 2013, conta com o apoio do importador Axel e está presente, com a marca própria (Seeds Concept), em mais de uma dezena dezena de pontos de vendas, entre os quais se contam as prestigiadas cadeias de armazéns Isetan e Mitsukoshi. “A Europa é um mercado já muito maduro. A Ásia é a zona de maior crescimento”, explica Hélder Carvalho, CEO da Ribial que actualmente faz nos mercados orientais 8% do seu volume de negócios, que deverá atingir os 3,5 milhões de euros no final deste exercício. Os objetivos estão quantificados. Em 2020, a têxtil lar de Santo Tirso espera facturar cinco milhões de euros, dos quais um milhão (20%) nos mercados asiáticos. “Os japoneses apreciam o conforto do produto 100% algodão. Mas são muito exigentes. É um mercado que pede muito produto orgânico e antibateriano. E começa por encomendar quantidades pequenas”, diz o CEO da Ribial. A China é o próximo objetivo, um mercado onde a Ribial tem um obstáculo a vencer. As colchas, que valem 80% da sua produção, são uma peça desconhecida dos chineses, que não têm o hábito de as usar. O primeiro passo será, portanto, convencer os chineses da utilidade e méritos decorativos da colcha, não só para cobrir a cama mas também os sofás. t


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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti

A cor do Inverno Tenho a maior dificuldade em usar cor no inverno. Sou a maior adepta do preto, azul escuro e cinzentos que conheço. Mas confesso que, apesar de adorar estes tons escuros chego ao final da estação e sinto-me pesada, com falta de uma leveza que geralmente as cores conseguem trazer. Sei que este não é um problema só meu, muitas mulheres (e homens) que conheço sofrem do mesmo mal: a escuridão da estação fria também está na forma como nos vestimos. Há uma elegância nas cores neutras escuras que combinam com as baixas temperaturas e sei que serão sempre as protagonistas desta estação. Entretanto, nos últimos desfiles Outono Inverno 2018 que vimos agora nas semanas de moda pelo mundo, um detalhe foi claro em praticamente todos os desfiles: a presença de apontamentos de COR no meio das propostas dos designers. Sim, pelo que vimos a moda está a sugerir que misturemos aos tons escuros um pouco de cor para dar mais alegria ao look , alguma vida. Se você for como eu, que tenho mesmo a maior dificuldade em ser adepta desta tendência, pode começar aos poucos com tons menos gritantes, como os pastéis. Estes estão já por todo o lado da Primavera 2018 e sei que vão continuar no Inverno a seguir – e são tons que estão a meio caminho entre o azulão forte ou o vermelho sangue que apareceram agora nos desfiles. Tons pastéis evitam terapia de choque e ao mesmo tempo trazem alguma cor ao look todo escuro do inverno. Depois aos poucos pode arriscar algo mais ousado se sentir que é a hora! Como sempre digo, os desfiles servem para nos inspirar, para nos mostrar caminhos possíveis – tendências que podemos ou não seguir de acordo com a nossa personalidade e estilo. Por isso veja, sinta, prove e seja fiel a si mesma! Eu estou aqui para dizer o que a moda está a sugerir e a decisão final é sua! Mas talvez um toque de cor pode não ficar mal de todo durante os longos meses de inverno... Mas sinceramente, para já só aguardo ansiosamente pelo Verão... t

EL CORTE INGLÈS ONLINE PARA TODO O MUNDO O site da cadeia espanhola El Corte Inglès passou a estar disponível para os consumidores de todo o mundo, sob a terminação “.com”, que passa assim a enviar as suas mais de 200 marcas para o resto do globo, para além de alguns países europeus. No início do ano passado, o El Corte Inglès lançou a sua loja online em Portugal e já em 2014 tinha feito a expansão digital para o Reino Unido, Irlanda e Holanda.

BALENCIAGA ADERE À MODA DOS DESFILES MISTOS Depois da Gucci, Saint Laurent e Bottega Veneta, chegou a vez Balenciaga se render aos encantos e vantagens dos desfiles mistos e anunciar que vai passar a apresentar em conjunto, num único momento, as coleções masculina e feminina, num formato compacto e mais económico. A estreia foi no início de Março, durante a fashion week feminina de Paris.

BILLABONG PASSA PARA AS MÃOS DA OAKTREE A marca australiana de surfwear Billabong aceitou a oferta de compra da empresa norte-americana Oaktree, dona da Quicksilver e sua acionista maioritária. O negócio ficou fechado nos 380 milhões de dólares australianos, o equivalente a 248 milhões de euros. A Billabong detém as marcas Von Zipper, Element e RVCA, e da anunciada fusão resultará o nascimento da principal empresa de desportos de ação do mundo, com vendas a mais de 7.000 clientes em 110 países, negócio de comércio eletrónico em 35 países e mais de 630 lojas de retalho em 28 países.


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ITECHSTYLE SUMMIT JÁ É UMA CATEDRAL DO CONHECIMENTO Apenas em dois anos, o iTechStyle Summit mais que duplicou os 300 participantes previstos para a edição inicial e já atrai especialistas, empresários e investigadores dos mais diversos países e instituições. Querem acompanhar o que se anda a fazer nas empresas, centros de investigação e desenvolvimento e universidades na área da inovação têxtil, não só em Portugal mas por todo o mundo. E é essa vertente de importância internacional e de centralidade ao nível europeu que, precisamente, destaca Braz Costa, o director-geral do CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, que organiza a conferência em colaboração com a Associação Selectiva Moda e a coordenação científica do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil (2C2T) da Universidade do Minho. “O iTechStyle arrisca-se a ser já a maior conferência europeia na área do conhecimento tecnológico do têxtil e vestuário. E deve ser mesmo o mais participado”, regozija-se o dirigente. Realizado pelo segundo ano consecutivo no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, o iTechStyle Summit teve este ano 720 inscritos oriundos de 21 países, e dos 48 “ speeches ” apresentados a maioria (28) foi da responsabilidade de participantes estrangeiros. “Em todos os painéis tivemos gente que está na linha da frente, e muitos são portugueses”, destaca ainda Braz Costa, que aponta também para a forte presença de académicos de toda a Europa. “Alguns foram convidados, mas muitos candidataram-se e houve muitos outros cujas candidaturas não foram aceites e, mesmo assim, vieram para assistir. E suportando todas as despesas”, sublinha. Criado com o objectivo principal de envolver as empresas e os profissionais do sector, proporcionando-lhes o acesso a debates e comunicações sobre visões de futuro e tendências emergentes, o balanço é também neste aspeto muito positivo. “Essencialmente queríamos que as pessoas do sector pudessem assistir em Portugal a coisas a que normalmente só

podiam fazer lá fora - e eram só dois ou três que o podiam fazer – e em dois anos os objectivos foram não só completamente cumpridos como em número de participantes até excedidos em larga margem”, avalia o director-geral do CITEVE. Mas, a par do sucesso na participação e envolvimento das empresas – “algumas mandaram este ano à volta de 20 pessoas” –, Braz Costa destaca também a importância da presença do ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, “que veio colocar o evento mo mapa da ciência”. E não foi por mera cortesia ou iniciativa política: “veio motivado pelo que viu no programa, de classe mundial, e para mostrar também que a importância do sector não passa despercebida”, sublinha o organizador. Tanto assim, que este ano a conferência contou este ano também com a participação do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e da secretária de Estado da Indústria, Teresa Lehman. Prevendo que já no próximo ano a organização possa vir a ter constrangimentos para poder acomodar todos os que querem participar, Braz Costa diz que falta definir ainda o mês, de modo a evitar coincidências com feiras ou outros eventos importantes para o sector. Seguro é que adoptará o modelo deste ano. “Foi um risco juntar tudo numa mesma sala durante três dias com a indústria a ouvir os académicos e estes a ouvir a indústria, mas todos validaram o modelo”, assegura. “O conhecimento tem que proporcionar negócio”, reforça o responsável do CITEVE para sublinhar o objectivo de interacção com a indústria que o iTechStyleSummit pretende destacar e sublinhar ao incluir no seu programa a gala de anúncio dos prémios iTechStyle, cujos vencedores se apresentam abaixo. Os prémios para produtos têxteis inovadores – que foram entregues pelo ministro da Economia - são apurados a partir do iTechtStyle Showcase - Textile Innovation and Business Platform, uma iniciativa do CITEVE integrada nas duas edições anuais do Modtissimo, no quadro da ampla colaboração com a Associação Selectiva Moda.

O QUADRO DE HONRA DO ITECHSTYLE 2017

SMART PRODUCT

SUSTAINABLE PRODUCT

PRODUTOS

BRAVE PARTICLE CORK JACKET

RIOPELE TENOWA

SIT SPORTS SUIT

Casaco com revestimento de cortiça, com sistema electrónico integrado que permite comunicação com dispositivos móveis. O casaco pode-se conectar com um smartphone e dessa forma dar informações como número de passos, qualidade do ar, humidade, temperatura, pressão atmosférica e permite ouvir música através de bluetooth .

Tecido produzido com material 100% reciclado a partir de restos de fibras e de resíduos agro-alimentares, tudo num ambiente de mistura de cor, que deu origem a uma nova marca da Riopele, a TENOWA – The rebirth of textiles . Este renascer dos têxteis é feito no âmbito de uma indústria sustentável e consciente, assente na economia circular. A nova marca resulta do projeto R4Textiles exemplificado aqui num jumpsuit da autoria do designer Nuno Baltazar (na foto).

Fato inovador que consiste na junção de três fibras: viscose e lã, que permitem o aquecimento do corpo conseguindo ao mesmo tempo uma peça leve e sedosa, e poliéster coolmax aplicado em zonas específicas da peça, que afasta a humidade do corpo mantendo o atleta seco. Ajuda também a optimizar a sua peformance.


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50 milhões de toneladas de roupas são deitadas fora todos os anos

LAMEIRINHO ESTÁ COM OS OLHOS POSTOS NA HOTELARIA A hotelaria é a nova aposta estratégica da Lameirinho, que fixou como meta fazer 5% do seu volume de negócios neste segmento, que começou a trabalhar sistematicamente criando uma equipa específica para esse efeito. O crescimento exponencial da oferta de alojamento local detonado pelo Airbnb criou um nicho de mercado interessante que a Lameirinho está a satisfazer, apesar do luxo ser o seu target preferencial.

NA TOPSHOP SÓ PROVADORES UNISSEXO

DIOGO MIRANDA CUIDA DAS NOIVAS

A Topshop deixou de fazer a divisão entre provadores de homens e mulheres após ter recebido a queixa de uma cliente transgénero a quem foi vetada a entrada à área dedicada ao sexo feminino, na loja da marca em Manchester. A cliente denunciou a situação nas suas redes sociais e a marca britânica respondeu com a abolição da separação por género nos provadores.

Há mais um designer para o qual as noivas têm de olhar no momento de escolher o vestido: Diogo Miranda. Este criador pretende proporcionar um serviço exclusivo e privado nesta nova aposta. No seu atelier, em Felgueiras, disponibiliza fitting privado a todas as noivas, através de marcação.

“A têxtil tem sabido dobrar todas as esquinas dos seus percursos e assumese hoje como uma área de emprego para altíssimas qualificações e salários confortáveis, contrariando a imagem negra que muitos lhe quiseram impor" Paulo Cunha Presidente da Câmara de Famalicão

TECIDOS

ACESSÓRIOS

A concretização de um produto de design de excelência, com base em fibras naturais de cultura sustentável como a urtiga. Este produto personifica a realidade futura dos artigos têxteis. Características naturais intrínsecas, projetam-no num horizonte de agregação de moda e performance têxtil. Em parceria com a Vilartex, foi distinguido na Munique Fabric Start e agora pelo CITEVE.

Transfer serigráfico de alta resolução que interage com smartphones . Na imagem está embebida informação que é transformada num URL por processamento de imagem.

INOVAFIL MALHA FEITA COM URTIGAS

HELIOTEXTIL TRANSFER SERIGRÁFICO

NIKE LANÇA SOUTIEN COM TECNOLOGIA ESCONDIDA A Nike criou um novo soutien que se ajusta ao suporte de que a atleta precisa, sem descurar o conforto. Chama-se Nike Motion Adapt Bra e, à primeira vista, pode parecer um soutien desportivo normal, mas tem uma tecnologia escondida. Quando a intensidade do treino aumenta, o material acompanha e aumenta o seu suporte, mantendo a sua forma ajustada ao corpo. Depois, quando a atleta volta a relaxar ou reduz a sua velocidade, o material volta a expandir.


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SONIX CONTRATA 120 TRABALHADORES DA RICON

RAINHA ISABEL II ESTREIA-SE NOS DESFILES DE MODA

Aos 91 anos a rainha Isabel II de Inglaterra foi pela primeira vez a um desfile de moda durante a Semana de Moda de Londres. Sentada na primeira fila ao lado de Anna Wintour (a directora da edição norte-americana da revista Vogue), a monarca assistiu atentamente ao desfile de Richard Quinn, o primeiro estilista a receber o prémio Queen Elisabeth II for British Design, um galardão que visa reconhecer um designer emergente britânico, e que será sempre entregue por um membro da família real.

RALPH LAUREN FAZ PARKA COM AQUECIMENTO

Conceição Dias lidera o grupo DiasTêxtil/Sonix, que tem um volume de negócios de cerca de 60 milhões de euros

O Grupo Sonix já contratou 120 ex-colaboradores da Ricon, assegurando desde já o “coração” da empresa, chefias e respetivas equipas, nesta que é apenas a primeira fase de contratação. Este grupo sediado em Barcelos e dirigido por Conceição Dias pretende continuar a contratar trabalhadores da Ricon e tem também uma proposta de arrendamento temporário das instalações e dos ativos. A Sonix revela-se assim um forte player em crescimento no setor. “Este projeto irá permitir a diversificação da nossa atividade têxtil e a oferta de um portefólio mais alargado de produtos, assim como alavancar uma nova área de negócio que há muito pretendíamos retomar”, afirmou Samuel Costa, administrador do grupo. “Foi muito gratificante vermos a motivação e adesão em massa das pessoas ao nosso projeto, que irá permitir potenciar qualificações e manter vivo o know-how destes colaboradores num sector com escassez de mão de obra especializada. Tudo fare-

mos para recolocar estas pessoas nos seus antigos postos de trabalho e queremos que voltem o mais brevemente possível. Esperamos num curto prazo estar em condições de alargar este quadro de colaboradores”, acrescentou. O grupo exportador de Barcelos já formalizou junto do tribunal e do administrador de insolvência uma proposta concreta de arrendamento temporário das instalações e dos ativos da Ricon Industrial, assegurando o seu bom funcionamento e conservação, assim como a segurança do edifício localizado na freguesia de Ribeirão, Famalicão. Fundado há 34 anos por Conceição Dias, o grupo Sonix apresenta uma estrutura de produção vertical e emprega cerca de 400 colaboradores nas suas três unidades industriais no concelho de Barcelos. O volume de negócios ronda os 60 milhões de euros e exporta 100% do produto acabado para vários países de todos os continentes, tendo como clientes grandes marcas internacionais de moda e vestuário. t

GUIMARÃES DESTACA-SE PELA QUANTIDADE DE PME EXCELÊNCIA Com um total de 56 empresas distinguidas este ano com o estatuto de PME Excelência, o concelho de Guimarães lidera no distrito e destaca-se como um dos mais dinâmicos na economia nacional. Depois de Lisboa e Porto, é no distrito de Braga que está o maior número de PMEs com o selo de Excelência. Num concelho onde a ITV representa cerca de 70% da actividade económica e mais de dois terços do total das exportações, os números espelham o crescente dinamismo e competitividade do

tecido empresarial concelhio e as PME têm um papel decisivo que é destacado pelo do projecto Guimarães Marca, o programa lançado pelo Município para afirmação e promoção do tecido económico e cultural do concelho. O estatuto de PME Excelência – tal como o de PME

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é o número de PME de Excelência no concelho de Guimarães

Líder – é atribuído pelo IAPMEI e válido pelo período de um ano, uma vez verificados um conjunto de requisitos. A par de práticas ambientais ou sobre discriminação no trabalho e no acesso ao emprego, as empresas têm que ter regularizada a situação perante o fisco e segurança social e reunir cumulativamente outros indicadores financeiros que são garantia da sua solidez. Às 56 empresas com o selo de Excelência no concelho de Guimarães, seguem-se, no distrito, 45 em Braga, 44 em Barcelos e 34 em Famalicão. t

A Ralph Lauren lançou uma parka que aquece ao accionar um botão. Este casaco foi criado para os atletas olímpicos e paralímpicos da equipa dos EUA usarem na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de PyeogChang, na Coreia do Sul. As parkas têm um botão ligado a uma bateria que, quando pressionado, liberta calor de uma forma instantânea e duradoura. A temperatura pode ser ajustada através de uma aplicação no telemóvel e o calor pode durar entre cinco a onze horas.

"Portugal, ao nível do produto que faz e do savoir faire, é um dos países mais interessantes para produzir" António Cunha Sales Manager da Orfama

SHOWROOMPRIVÉ FAZ PARCERIA COM A CARREFOUR O portal de vendas online Showroomprivé anunciou uma parceria estratégica com a Carrefour, que selou o acordo com a aquisição dos 17% de capital que estavam nas mãos do grupo Steinhoff (Conforama) desde o início do verão. O objetivo é formar uma estratégia omnicanal nos planos de marketing, comercial, logística e dados, que vai de encontro a um crescente movimento de aproximações entre distribuidores físicos e online.

START UP DO PORTO BRILHA COM ANTIDERRAPANTE ECOLÓGICO Ganhar escala é o próximo desafio da Bewater Adapter Studio, depois do seu antiderrapante em cortiça para pranchas de surf ter sido escolhido como finalista do concurso Brandnew da edição 2018 da ISPO. Seleccionado entre um total de mais de 500 produtos concorrentes, o ecoPro cork traction pad é integralmente construído com cortiça aglomerada o que faz dele o antiderrapante mais ecológico do mundo.


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TÊXTIL É UM DOS SECTORES ESTRELA DA ECONOMIA As mudanças que numa década o têxtil foi capaz de efectuar transformaram-no num dos sectores estrela da economia nacional e isso deve ser estudado, analisado e utilizado como exemplo. Quem o disse foi o presidente do IAPMEI, Jorge Marques dos Santos, na recente sessão dos encontros Plataforma Empresarial que o jornal Económico dedicou aos sectores do têxtil e do calçado. As empresas perceberam que “continuar a insistir na competitividade baseada em preços baixos seria um desastre e introduziram factores de modernidade, design, técnicas de gestão e de produção e tecnologias que provocaram uma grande mudança”, concluiu o gestor.

MARIA MIGUEL DÁ BRILHO À CHANEL

A modelo Maria Miguel pisou uma das mais desejadas passarelas da fashion scene: a da Chanel, no Grand Palais, em Paris – uma proeza só conseguida por outra manequim portuguesa, Daniela Hanganu, em Janeiro de 2015. A vida corre bem à modelo nortenha de 17 anos, que parece ter conquistado as maisons: poucos dias antes do desfile da Chanel, Maria Miguel já havia desfilado pela segunda vez pela Saint Laurent.

BERG: UMA MARCA PORTUGUESA, COM CERTEZA Em alemão, berg quer dizer montanha. Berg (com B maiúsculo) é o nome de um pequena comunidade piscatória norueguesa. Mas quando se fala de artigos para desporto e vida ao ar livre, já não é possível fazer confusão – Berg é uma marca portuguesa, com certeza. “Pela primeira vez, toda a nossa linha têxtil é 100% made in Portugal, desde a concepção e desenvolvimento até ao fabrico do produto. Não deve haver muitas marcas no mundo que se possam gabar de ter toda a sua linha têxtil integralmente feita no nosso país”, declarou Miguel Tolentino, diretor geral da Berg Outdoor. Orgulhosa da sua portugalidade, a Berg batiza todos os produtos com um nome português. Assim o casaco de cortiça, desenvolvido em parceria com a LMA e a Scoop (confeção) e que é

uma das novidades mais sexy que levou à ISPO, em Munique, recebeu o nome de Deilão, uma aldeia de Bragança com 168 habitantes e encostada à raia. Outra das vedetas da oferta da Berg para o próximo outono-inverno é um midlayer muito técnico (desenvolvido em parceria com a Impetus), com um painel de isolamento térmico, efeito compressão e dotado de uma enorme elasticidade. A forte aposta em matérias primas portuguesas manifesta-se também no uso do burel em novos produtos, como botas e mochilas, depois de no ano passado a Berg ter conquistado o Innovation Award da ISPO com as sapatilhas Jindo, em cuja construção foi usada esta lã tradicional. t

ZARA ABRIU EM LONDRES A SUA LOJA DO FUTURO O grupo Inditex abriu no centro comercial de Westfield, em Stratford (Londres), a sua loja do futuro que permite pagar sem passar pela caixa e inclui espelhos-ecrã para ver diferentes modelos de vestuário, mas sobretudo tenta encontrar uma nova fórmula para afinar o modelo integrado de lojas físicas e vendas online. Nesta loja há uma colecção limitada de vestuário que poderá ser adquirido no local, mas

não de forma directa – mas sim através de um pedido online. A oferta não se limita a essa colecção, já que os empregados estão munidos com tablets e outros

dispositivos móveis para pôr à disposição dos clientes todo o catálogo da Zara. Da mesma forma, os clientes poderão receber o seu pedido em casa ou na loja - no mesmo dia, se a encomenda é feita antes das 14 horas, ou no dia seguinte, se for feita à tarde. Nos espelhos-ecrã, o vestuário é mostrado no tamanho real, mediante o uso da tecnologia RFID (identificação por radiofrequência). t

60 milhões de volume de negócios é o objetivo da Olbo & Mehler para 2018. Em 2016 facturou 52 milhões

MANGO VAI TER ESPELHOS INTELIGENTES

TÊXTEIS LAR COM PENAS DA PATO RICO

A Mango vai passar a ter nas suas maiores lojas uma tecnologia da Vodafone colocada nos espelhos dos provadores, que permitem ao cliente fazer a leitura digital da etiqueta de uma peça de roupa e, a partir daí, pedir ao colaborador mais tamanhos e cores ou encontrar peças do mesmo estilo ou complementares.

Tem quase 40 anos de vida e um percurso marcado por alguns percalços que foram sendo sucessivamente ultrapassados. A empresa chama-se Pato Rico e o negócio vai ao encontro do nome da mesma – penas de pato. Que tanto podem servir para os casacos de penas Duffy, que estão novamente na moda, como para almofadas, edredons e muitos artigos para o lar.

PARIS QUER CONTINUAR A SER A CAPITAL MUNDIAL DA MODA A Première Vision e a Federação de Alta Costura e da Moda assinaram um protocolo de colaboração que prevê algumas medidas no sentido de Paris continuar a ser a capital mundial da moda. O apoio a novas empresas criativas na área da moda, a jovens criadores e novas marcas, acções de lobbying junto de instâncias comunitárias e instituições do sector, são algumas das linhas de acção.

H&M LANÇA AFOUND E FECHA 170 LOJAS A gigante sueca H&M vai lançar uma nova marca para vender roupas a preço de desconto, a Afound. A criação desta marca surge numa altura em que a empresa revelou quebras de vendas no último trimestre de 2017, resultados que estão relacionados com o retalho em loja - admitindo mesmo que o grupo venha fechar as portas de 170 lojas a curto prazo. Além de peças da H&M, a Afound vai ter também produtos de outras marcas do grupo Hennes & Mauritz, incluindo, por exemplo, a Arket, um dos dois mais recentes lançamentos.


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M EMERGENTE Laura Carvalho Diretora geral da BomDIa Família Solteira Formação 12º ano, a que acrescentou uma data de formações e cursos técnicos Casa Apartamento em Vizela (arrendado), bem perto da fábrica Carro Renault Dacia Portátil Acer Telemóvel Huawei (o da empresa) e Samsung (pessoal), “são os meus escritórios ambulantes” Hóbis É viciada em ginásio e gosta muito de ir ao cinema com a sobrinha Sara (“é a minha paixão”), de 23 anos Férias O ano passado passou uma semana em Lisboa (com a sobrinha) e fez um périplo pelo Norte (com os amigos). Este ano gostava de ir à Grécia Regra de ouro A vida não tem tempo a perder… nós é que perdemos tempo de vida!

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Bom dia ambição Era ainda uma teenager quando há exactamente um quarto de século arranjou o seu primeiro e único emprego na Fábrica de Tecidos da Viúva de Carlos da Silva Areias & Cª, mais vulgarmente designada pela sua marca própria - BomDia. Estávamos em 1993 e Laura Carvalho, actualmente com 42 anos, tinha acabado de fazer o 12o ano e de resolver que não ia esperar mais tempo para começar a ganhar dinheiro, deixando para sempre sepultado no passado o sonho de ser médica. Não foi uma decisão fácil, principalmente para os pais, Albertina e Virgilio, que tinham estado emigrados na Alsácia (onde ela nasceu e viveu até aos cinco anos) e seguramente teriam gostado de conseguir proporcionar que a mais nova das suas duas filhas fosse mais longe nos estudos. Laura, que cresceu em Santo Tirso, não poupou nos selos e desatou a enviar currículos para todas as empresas que conhecia. Acabou por ir parar a Vizela. A BomDia precisava de alguém que ajudasse na organização do arquivo. Ela agarrou logo a oportunidade com ambas as mãos. “Foi ótimo. Eu estava disponível para fazer qualquer coisa. Tinha uma enorme fome de aprendizagem”, recorda. Não demorou a estar a tratar de todo o arquivo documental da fábrica, o primeiro passo numa caminhada que a levaria a chegar ao cimo da montanha em 2016, quando aceitou o convite para assumir o cargo de directora geral da empresa. “A BomDia foi a minha universidade. As pessoas, em particular o Carlos Gonçalves (presidente e accionista da empresa), acreditaram em mim. E eu senti o desejo e a obrigação de corresponder a essa aposta”, resume Laura, uma mulher ambiciosa que sabe perfeitamente o que quer: “Quero ser excelente!" Na perseguição da excelência, e para saciar a sua fome de conhecimentos, foi acumulando cursos e formações em horário pós laboral (inglês, francês, fibras, informática, etc) que foram o corrimão que a ajudou a construir uma carreira firme, só ao alcance de quem dispensa o elevador e vai pelas escadas até ao topo - após o arquivo, a logística, a parte comercial e a direção do desenvolvimento de produto (incluíndo a coordenação do design) foram os degraus que teve de vencer. “Os meus pais incutiram-me os valores certos: cumprir os horários, sacrificar-me no trabalho, estar sempre a melhorar as minhas capacidades, respeitar o trabalho dos outros”, conta Laura, inoculada desde miúda com o vírus da melhor das ambições, que é a de quem vive a colher o que plantou e não quer mais do que o que lhe convém. Habituada a trabalhar com vontade e coração, a esforçar-se para dar todos os dias sempre um bocadinho mais - e a ser hoje um bocadinho melhor do que ontem - a diretora geral da BomDia reconhece que não sabe o nome de todos os 150 trabalhadores da empresa (“mas sei de muitos”) e garante que não há dia que passe em que não vá “lá em baixo” ao chão de fábrica. “Quero que as pessoas produzam cada vez mais, mas também quero que se sintam bem e felizes por trabalharem aqui. É mau sinal quando alguém não gosta de entrar pela manhã naquele portão...”, diz esta mulher ambiciosa que chega à fábrica antes das nove, vinda do ginásio (onde vai todos os dias, sábados incluídos, cumprindo durante uma hora um programa especificamente desenhado para ela por um personal trainer), e nunca sabe a que horas vai conseguir sair. Solteira e boa rapariga (“pelo menos tento ser”, graceja), Laura confessa ser uma workaholic incorrigível: “Nunca mais vou deixar de o ser. Foi uma opção que tomei. As circunstâncias levaram-me a isso”. Ao longo dos 25 anos que leva na BomDia, onde teve o seu primeiro e (pelo menos até agora...) único emprego, já foi por diversas vezes tentada a mudar de ares, mas depois de ponderar bem, sempre resistiu a essa tentação. “A família Gonçalves ter agarrado na fábrica foi uma viragem muito positiva, pois tem uma visão muito forte do que deve ser o seu futuro. E eu estou apaixonada pela BomDia. Acho que é aqui que me vou reformar”, conclui Laura Carvalho, uma mulher que já leva 22 Heimtextil no currículo - e cuja ambição é feita de um pano tão bom e resistente como os felpos da BomDia. t


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FLYNX, A NOVA MARCA DA P&R, COMEÇA A GANHAR A primeira prova do calendário nacional da Federação Portuguesa de Ciclismo, realizada no início de Fevereiro na região de Aveiro, proporcionou duas estreias auspiciosas. No plano desportivo, Tiago Machado, ciclista da equipa russa Katusha a correr pela selecção nacional, arrasou a concorrência, vencendo a prova. No plano comercial, a P&R Têxteis viu a Flynx, a sua nova marca dedicada exclusivamente a vestuário para esta modalidade, cortar a meta em primeiro lugar, já que as cores nacionais vestem agora esta marca, que é também patrocinadora da Federação Portuguesa de Ciclismo. Além de patrocinar as cores nacionais no ciclismo e no triatlo, a Flynx, que faz equipamentos personalizados para estas duas modalidades, é também patrocinador de uma equipa do pelotão nacional, a Rádio Popular Boavista. Numa nota à imprensa, a Flynx explica que “os novos equipamentos da selecção nacional de ciclismo procuram transmitir uma imagem renovada à equipa Portugal, valorizando mais a identidade nacional e procurando ao mesmo tempo uma aliança poderosa entre conforto e performance”.

A nova marca desenvolveu “uma peça com um fitting extremamente elegante que incorpora um material leve (110 gr/m2) com provas dadas em túnel de vento no que toca ao aerodinamismo, de secagem ultra rápida proporcionada através de uma elevada velocidade de espalhamento da humidade (6 mm/s), mas sem comprometer a protecção UV”. Para o efeito, a Flynx usou um material com certificação

Oekotex© (isento de substâncias nocivas) e Bluesign© e que como tal respeita a sustentabilidade do planeta. O calção tem pernas em material com tecnologia de corte limpo e com um compromisso optimizado entre compressão e conforto/mobilidade. Com 15% de lycra e uma estabilidade multidirecional, garante uma excelente contenção muscular aos grupos que mais trabalham na pedalada. Este material compacto com 192 gr/ m2, proporciona uma compressão diferenciada à largura e ao comprimento, optimizando assim o compromisso entre compressão e elasticidade nas diferentes solicitações mecânicas. A terminação interior do punho é em grip de silicone suave. Já o equipamento para contra-relógio é uma combinação na parte superior entre o material liso utilizado no jersey e um material leve (135 gr/ m2), super elástico (25% de elastano) de superfície irregular tridimensional, com vantagens comprovadas em túnel de vento, distribuído de forma estudada na área superficial do fato, para proporcionar uma vantagem aerodinâmica nas posições e nos regimes competitivos da modalidade de contra-relógio. t

B-MUM NASCEU PARA AJUDAR A CRIAR O SEU BEBÉ Raposo Antunes

Nasceu para desenvolver e comercializar produtos inovadores no âmbito da segurança e de soluções práticas para as mães, de modo a que estas possam, tanto quanto possível, canalizar a maior parte do tempo para o seu bebé. Chama-se B-Mum e é uma empresa recente criada por Mónica Ferreira, uma bracarense de 42 anos, licenciada em Bioquímica pela Universidade do Algarve. Um dos primeiros artigos lançado pela B-Mum é o SafetyBabyBed, um sistema de segurança para tentar evitar a morte súbita dos bebés. O desenvolvimento e crescimento do SafetyBabyBed tem sido acompanhado pelo Serviço de Pediatria e Neonatologia do Hospital de Guimarães, com um projecto piloto para implementação pela Tecminho da Universidade do Minho, através dos programas IdeaLab e Laboratório de Empresas e pelo CITEVE, através do programa NETT. Este sistema está em fase de patenteamento. O projecto foi já semifinalista no concurso de empreendedorismo “Acredita Portugal/Novo Banco” 2015 (entre 18.700 participantes). E recentemente ganhou o 1.o prémio de melhor projecto, em apresentação a in-

vestidores, no âmbito do programa NETT, numa iniciativa organizada pelo CITEVE. O SafetyBabyBed é um sistema de segurança sob a forma de lençóis de cama de bebé, cujo design evita que o bebé deslize na cama, reduzindo o risco de abafamento pelos lençóis, um dos factores de risco identificados da morte súbita nos latentes. Cerca de 16 a 22% dos bebés vítimas de morte súbita foi encontrado com a cabeça coberta por roupa de cama. “Como nos primeiros meses de vida os bebés não têm bem desenvolvido o reflexo de defesa nem percepção de obstrução, foi exactamente aí que nos tentamos focar, desenvolvendo um sistema que permitisse reduzir esse risco. Este sistema de segurança é ajustável ao crescimento do bebé e amovível”, descreve Mónica Ferreira. “Quando o bebé já tiver desenvolvido a capacidade de se defender perante situações de obstrução, retira-se o sistema de segurança e continua-se a usar os lençóis, numa vertente mais prática pelo seu design diferente, até o bebé deixar a cama de grades (0 aos 4 anos)”, acrescenta. O SafetyBabyBed já está à venda em 24 lojas de puericultura a nível nacional e na loja online da B-Mum. t

INÊS TORCATO, DAVID CATALÁN E NYCOLE NO POP-UP CORNER David Catalán, Nycole e Inês Torcato estão em destaque no “Pop Up Corner” da Wrong Weather Life, uma loja que aposta na cultura e criação de moda nas áreas do streetwear e sportswear. O espaço foi inaugurado a 10 de Fevereiro, na loja do Porto e mantém-se até dia 30 de Março. Na primeira edição do “Pop Up Corner”, em Outubro de 2017, a marca convidada foi QASIMI. Para esta segunda edição a curadoria e apresentação ficou ao encargo da plataforma BLOOM do Portugal Fashion.

EPSON LANÇA NOVA IMPRESSORA TÊXTIL

CONDÉ NAST COM REGRAS RÍGIDAS PARA SESSÕES FOTOGRÁFICAS

Vai estar disponível no mercado português a partir de Março a impressora têxtil Epson SureColor SC-F2100. Este novo equipamento, que garante impressões mais rápidas e de maior qualidade, com menor necessidade de intervenção e capacidade para criar textos e designs, permite uma impressão direta em vestuário, capaz de imprimir a cores e com elevada qualidade sobre uma série de artigos distintos, incluindo t-shirts, sweatshirts, pólos ou sacos.

O escândalo sobre o assédio sexual em Hollywood atingiu também os conhecidos fotógrafos de moda Mario Testino e Bruce Webber, que viram a Condé Nast suspender as suas colaborações. A notícia foi dada diretamente por Anna Wintour, diretora da revista Vogue norte-americana e diretora criativa do grupo de imprensa, que impôs também um novo código de conduta, mais rígido, para as sessões fotográficas.

"A moda tem de ter uma inovação ainda superior à indústria tecnológica. Aqui um produto dura seis meses - e um tablet ou um telemóvel duram um ano" Ana Paula Rafael CEO da Dielmar

SARA SAMPAIO SEDUZIU COM MARCA PORTUGUESA Uma camisola de malha vermelha, feita à mão, e umas calças pretas de vinil, foi o cobiçado look que Sara Sampaio escolheu para exibir na Semana da Moda de Alta Costura, em França. A camisola de formas alienígenas faz parte da coleção outono/inverno 2017 da Duarte e está à venda no site da marca por 180 euros. Sara foi ainda convidada para participar na gala de solidariedade anual da Sidaction e seduziu com um vestido preto da Armani e uns brincos deslumbrantes da Messika.


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OPINIÃO A NOVA VAGA DA INDÚSTRIA TÊXTIL E VESTUÁRIO João Costa Presidente da Associação Selectiva Moda e Vice-Presidente da ATP

OU SEREMOS DIGITAIS OU NÃO SEREMOS Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

Se há setores de atividade que estão submetidos a uma pressão constante para responder a novas exigências e desenvolver novas soluções, o Setor Têxtil e Vestuário (STV) é, eminentemente, um dos mais expostos a esses desafios de competitividade. No domínio do uso pessoal e da Moda, que ele próprio estimula e impulsiona, está sujeito a uma grande volatilidade dos gostos e preferências dos consumidores, a quem é preciso oferecer regularmente, e com grande dinamismo, novos produtos de seletiva e distintiva diferenciação, que atraiam e cativem o seu interesse e motivem a compra. Nos outros domínios, e são muitos – uniformes, vestuário e equipamentos de alta performance para uso desportivo e de proteção em atividades de alto risco, casa (cama, banho, mesa, decoração e conforto), saúde, indústria automóvel, aeronáutica e naval, cordoaria e redes, construção civil, materiais, estruturas e produtos de elevada tenacidade para múltiplas utilizações -, tem de ter um apurado e aprofundado sentido de investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico. Para responder às acutilantes exigências da competitividade pelo valor – patamar para que tende cada vez mais o STV português, e para onde é necessário e desejável que caminhe de modo determinado -, o grande desafio que se lhe coloca, cada dia com maior intensidade, é o da atração e consecução de recursos humanos, em número suficiente e com as qualificações adequadas. Porém, se, para as qualificações de mais longa e mais elevada exigência formativa – de maior incidência técnica ou criativa -, as condições remuneratórias

Em 2017 a Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa alcançou o seu melhor resultado de sempre nas exportações, superando os 5.2 mil milhões de euros de vendas ao exterior, batendo um recorde que vinha do início do século. Por outras palavras, foram necessários 16 anos para recuperar uma fasquia que, na época, parecia capaz de ser elevada indefinidamente, apesar dos amplos sinais de que o mundo estava rapidamente a mudar e que quem não mudasse com ele ficaria para trás. Recordo-me desse tempo e recordo o estudo que a Kurt Salmon realizou para a então “APT – Associação Portuguesa dos Têxteis” (hoje integrada na ATP), que previa um forte impacto da liberalização do comércio têxtil mundial no sector em Portugal e que a maioria dos seus “players” desvalorizou e considerou alarmista. Uma boa parte deles acabou vítima da previsão, mesmo recusando-se a acreditar nela e, certamente, por isso mesmo. Então porque falo disto, neste momento, quando todos – incluindo eu – celebramos o extraordinário resultado de exportarmos têxteis e vestuário como nunca dantes, sendo corolário

e de estatuto, profissional e social, se apresentam cada vez mais atrativas e motivadoras, o mesmo não poderá dizer-se para as qualificações onde ainda é elevada a intensidade de mão-de-obra, como é o caso da confeção. Porque nessa atividade, como em todas as de mão-de-obra intensiva, o custo do fator trabalho tem um peso muito significativo na formação do preço dos produtos, especialmente nos de maior volume e de preço mais combativo. Nestas circunstâncias, por que a concorrência atual do STV se desenvolve a nível mundial, e por que ainda há muitas regiões do globo onde os custos da mão-de-obra são incomparavelmente menores do que nos países mais desenvolvidos e em patamares sociais mais elevados, o maior de todos os desafios da atualidade e do futuro próximo é o da crescente automatização da confeção, que torne possível uma redução radical da utilização direta de mão-de-obra nas atividades de costura. E, como foi possível observar em algumas das comunicações na recente Conferência Internacional do STV – iTechStyle Summit -, promovida e organizada pelo CITEVE, e em parceria com a Selectiva Moda – em que participaram oradores e profissionais de 21 países, com natural predominância de profissionais, académicos e estudantes portugueses -, esta é uma preocupação que assume cada vez mais relevância, e motiva, acicata e impulsiona a procura de soluções tecnológicas apropriadas. Será, com certeza, uma das vertentes mais importantes desta nova vaga industrial, denominada Indústria 4.0. E representa a evolução necessária para melhorar, estruturalmente, em Portugal e na Europa, a competitividade global do STV e a indispensável resolução da insuficiência de recursos humanos para nele trabalharem.

de um longo período de recuperação? Precisamente para que nunca nos instalemos, nunca acreditemos que o trabalho está realizado e que o futuro, por muito que pareça luminoso, pode reservar surpresas menos agradáveis quando menos se espera. Foi precisamente em 2001, quando atingimos o pico da atividade sectorial, que encetamos uma queda que só terminou em 2009, havendo então muitos que vaticinaram um declínio irreversível e um desaparecimento a prazo da ITV em Portugal. Por pouco não acertaram! Hoje, quando festejamos os números de 2017, não podemos correr os mesmos riscos de nos acomodarmos e sermos complacentes. Para continuar a crescer há que prosseguir com os esforços de modernização, de reconversão, de reorganização e de investimento, procurando a diferenciação pelo valor e não cair na desgraça da competição pelo preço. Pode parecer retórica de consultor, mas a verdade é que se as empresas não se focarem em ganhar dinheiro, alargar margens

e diversificar clientes e mercados, o pior acabará por se verificar. A História ensina-nos tudo o que devemos aprender, basta que o queiramos. A liberalização do comércio têxtil global e a entrada da China na OMC foi a grande transformação do início do século. Muitas empresas acordaram tarde e foram sacrificadas por essa distração ou negação da realidade. Hoje está em enchimento um fenómeno que produzirá os mesmos efeitos da globalização de há duas décadas: a digitalização dos negócios será fulcral para a seleção das empresas que permanecerão e das que desaparecerão. Infelizmente, muitos parecem distantes do problema, considerando-o lateral ou não se considerando envolvidos. Daqui a vinte anos, quem não realizar negócios “online” possivelmente não conseguirá realizar negócio algum, culpando sempre um terceiro pela sua desgraça, não percebendo que foi a ignorância e a inépcia próprias que conduziram ao seu fim. A verdade é que o futuro é digital, e ou o seremos ou nada seremos.


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Braz Costa Director-geral do CITEVE

Rui Zink Escritor

MADE IN PORTUGAL EM ALTA

AS CAMISAS DO MEU PAI

Nunca, como nos últimos tempos, vi a ITV portuguesa tão elogiada. Cá dentro e lá fora. A mim sabe-me bem e acredito que nenhum dos que se dedicam aos “trapos” fica intocado com esta avalancha de boas referências. Por acaso? Claro que não. Todos temos boa perceção do percurso feito pelas nossas empresas na ultima década. Considero, portanto, ser justo. Vejamos factos com que confrontei nas ultimas semanas: • Vi Portugal em grande no cenário dos têxteis-lar, como vem sendo há anos, patente na Heimtextil; • Vi Portugal trazer 3 dos 8 prémios para os “Best Product” e 10% das distinções para produtos considerados “Top Ten” na ISPO, maior feira do mundo de produtos para desporto; • Vi o CITEVE a ser convidado pela Munich Fabric Start para organizar um espaço dedicado a produtos inovadores portugueses, doravante em todas as edições; • Vi vários pedidos de entidades públicas e privadas de outros países para que permitamos que venham aprender connosco, sedentos de conhecer a nossa “fórmula”; • Vi as televisões nacionais a fazer grandes trabalhos sobre o sucesso do setor e a valorizar as carreiras profissionais nas empresas da ITV; • Vi o INE publicar o resultado das exportações de 2017, como recorde absoluto; • E muito mais... Por môr da minha atividade profissional contacto com atores, muitos deles importantes, da ITV mundial, que, simpatias à parte, não se cansam de me transmitir que a ITV portuguesa conquistou um lugar de elevado nível no contexto da ITV mundial, e isso é bom!! É gratificante ver, finalmente, o “ Made in Portugal” ser considerado internacionalmente como símbolo de diferenciação, pela positiva...t

O meu pai tinha muito bom gosto para roupa. Tradução: eu achava que ele tinha bom gosto para roupa. Tradução da tradução: tínhamos o mesmo gosto para roupa. E, curiosamente, o mesmo corpo. Quer dizer, não exactamente o mesmo corpo – ele tinha o dele e eu o meu – mas corpos com o mesmo formato. É preciso dizer mais? As camisas dele caiam-me que nem uma maravilha! Já os casacos, só de quando em quando. A partir de certa altura (digo isto com vergonha) passaram a ficar-me curtos nos braços e estreitos na barriga. Mas não muito. Obviamente, só comecei a partilhar quando nos tornámos pares: não mais um papá e seu filhote, antes dois adultos tendo em comum uma empresa filial. Nunca tive uma discussão com o meu pai. Ele, para todos os efeitos, tinha-me dado aquilo que agora parece só os árbitros dão aos clubes. É pena. Talvez isso explique o estado da nossa juventude. Pouca gente sabe, mas as crianças também precisam de colinho. Estou a desviar-me do assunto? É normal, estou a ficar parecido com o meu pai. É a sina de todos os filhos, aliás: quando o pai já cá não está, é quando ele mais parece estar. É quando passou, definitivamente, a fazer parte de nós. Havia contudo um assunto que nos punha a ferver: as camisas dele. Eu adorava surripiá-las, a ele tirava-o do sério. Aos casacos eu também os achava giros (e caíam-me bem, caramba), mas eu ainda não era muito de casacos. Agora as camisas! Meu Deus, o gosto extraordinário – extraordinaire, é mais forte em francês – do homem para as camisas! Só que ele era cioso: eram suas e chateava-o que, de cada vez que o visitava, eu rapinasse os cabides. Em desespero de causa, volta e meia o meu pai oferecia-me camisas. Só que nunca iguais às dele. Suspeito que, se visse numa loja uma camisa de que gostava, ele não resistia a ficar com ela. Só que eu das que ele me comprava também não gostava O meu pai defendia-se: «Mas as que eu compro para ti são mais caras que as que eu compro para mim!» Até acredito. Mas não resultava. Lamento, pai, era mesmo das tuas camisas que eu gostava. E a pergunta urge: porquê? A explicação, suspeito, é simples. Quando comprava para si próprio, o meu pai só se preocupava com o conforto, quer físico quer visual. Já quando comprava para mim, cometia um erro capital: comprava em função do preço (o mais caro, para o seu rico filho) e do que ele julgava ser o meu gosto. (Um bocadinho insultuoso, pai, pensando bem). Enfim. O meu pai morreu há doze anos e está cá mais do que nunca. Na última conversa que tivemos, já no hospital, rimos bastante. E ele deu-me o seu relógio, não só para mo dar, também porque «não confiava no pessoal». Obviamente, não levei muito tempo a perder o relógio. Haverá uma explicação qualquer profunda para isso. Mas guardei as camisas dele – e alguns casacos. Tenho a certeza de que, se eu cumprir a promessa de fazer mais exercício, ainda me vão voltar a servir. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Quando Pedro Abrunhosa se prepara para uma festa muito quente no Palácio do Gelo, em Viseu, que comemora o 10º aniversário, Katty propõe-lhe um guarda-roupa muito especial. E até com a grande revelação do seu retrato sem óculos, recorrendo às modernas tecnologias de reconhecimento facial. Para os desfiles diurnos, muita cor e calças curtas a mostrar as meias coloridas e os Oxford com sola fluorescente. Para as noites loucas, o fato estruturado, lenço de seda e a básica t-shirt branca.

Pedro Abrunhosa pronto para levar ao rubro o Palácio do Gelo Agora que as semanas de moda estão ou rubro, decidimos que a nossa vítima seria um digno espectador da primeira fila, uma figura do espetáculo… Optámos assim pelo nosso querido e emblemático Pedro Abrunhosa e preparamos-lhe um guarda roupa muito especial, que não se resume a vestidos molhados ou feitos de nada, mas sim outfits arrojados e carregados de contraste que inspiram uma coragem de leão. Contamos com apontamentos genuinamente inspirados nos últimos desfiles da estação. Usamos a eloquente ironia de Gucci e reproduzimos uma imaginativa cabeça/ retrato do Abrunhosa sem óculos. Uma profunda revelação baseada nas mais recentes tecnologias de reconhecimento facial. Mas não deixamos de reforçar o gosto acentuado do Pedro por óculos de sol, que no seu verdadeiro rosto perduram. Para os desfiles diurnos debaixo da luz inquieta do dia, vestimos Abrunhosa com muita cor, uma camisola de gola alta em lurex rosa velho, sob um colete e calças largas em tweed verde. As calças são curtas e deixam adivinhar umas meias coloridas calçadas por uns clássicos Oxford brancos e pretos de sola em borracha fluorescente. A segunda proposta é dedicada aos desfiles que se desenrolam nas noites loucas que o Pedro normalmente passa sem dormir. Para estes reproduzimos o seu rapaz de papel com um fato muito estruturado e rígido, todo ele na cor do silêncio. As calças são curtas e deixam adivinhar umas meias coloridas e umas sapatilhas espaciais. Decoramos a sua zona mais descoberta com uma fita de turco desportiva e o decote com um lenço de seda que aprimora uma básica t-shirt branca. Como o tempo tem asas é melhor estar atento às primeiras filas e captar com a objetiva este Bandemónio da cidade.t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Suba Rua de Santa Catarina nº 1 Hotel Verride Palácio de Santa Catarina 1200-401 Lisboa

UMA LANÇA EM LISBOA 30 edições depois, uma Cantina em Lisboa merece uma explicação prévia. Quando o T inventou esta secção, o objectivo era reportar restaurantes onde eu já tenha estado a almoçar ou jantar com pessoas ligadas à nossa indústria têxtil, vestuário e moda. A inovação que hoje se introduz, é que abrirei aqui uma ou outra excepção para restaurantes novos que vou conhecendo e que recomendo vivamente aos meus amigos do setor, suspeitando até que alguém da ITV já lá tenha estado, ainda que sem a minha companhia. Este Suba, que fui conhecer a convite da minha amiga Paula Marques (que fez um excelente trabalho no recuperado Vidago Palace) foi aliás uma dupla estreia, pelo restaurante e hotel, mas também pela zona da capital em que está, o Alto de Santa Catarina, onde nunca tinha estado. Podemos começar por aí, já que esta localização, paredes meias com o típico Bairro Alto, tem uma vista do Tejo sublime e as minhas boas primeiras impressões começaram com essas magníficas vistas. O Suba pertence àquela categoria de restaurantes modernos, onde o almoço ou o jantar não são apenas

refeições, mas antes autênticas experiências. Se forem a Lisboa com pressa ou queiram só alimentar-se, escolham outro lado. Para tirar partido das experiências novas que o Suba proporciona, há que ir com predisposição para elas e isso pressupõe esse “animus”, mas também tempo disponível. Reunidas estas condições, parti para uma experiência fantástica, das melhores que tive até hoje no seu género, porque para além de deliciar os olhos com o que vi, deliciei-me também com o que comi. Os chamados restaurantes de comida de autor, não raro esquecem que as pessoas os demandam para almoçar ou jantar, porque se quisessem apenas boas experiências visuais, optariam por uma boa exposição num museu de referência e não por um restaurante. As fotos aqui publicadas podem ajudar a desvendar-vos por que caminhos andaram os meus olhos e o meu palato, mas numa primeira subida ao Suba o meu conselho de amigo é que façam como eu fiz: entreguem-se nas sábias mãos do Chef Bruno Carvalho e ele se encarregará de vos fazer sentir nesse tempo um bocadinho mais perto do Céu. t


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c Por: Carolina Guimarães

MALMEQUER Berta Presa, 58 anos, responsável pelo setor têxtil e vestuário na delegação espanhola do AICEP, em Madrid. Licenciada em Direito pela Universidade de Valladolid, tem cursos de especialização em Comércio Externo e Relações Internacionais. Vive atualmente em Madrid, mas já assentou arraaias em França, nos Estados Unidos, em Itália e no Canadá. Depois de tantos anos a trabalhar em conjunto com Portugal, sente-se acima de tudo ibérica. Tem dois filhos, Beatriz e Rodrigo.

Gosta

Não gosta

Desafios apanhar sol florestas atlânticas mar bravo conhecer lugares novos fetos verdes verão aroma da hortelã ovos moles broa com manteiga decoração empreendedores honestidade sinceridade Porto música bailado flamenco pintura trabalho bem feito optimismo morangos responsabilidade sorrisos saladas cozinhar jantar com amigos Portugal linho caminhar na natureza simpatia viagens em familia moda artesanato matérias nobres camisas brancas chocolate preto praticar yoga ir ao cinema comédias românticas bebés falar outras línguas ver o mar gaspacho cães romãs ler histórias focas bolos de arroz frutos vermelhos Califórnia peixe fresco recém grelhado

Dias de chuva cheiro a tabaco frio soberba fazer parecer o que não se é burocracia má educação deitar muito tarde ginásios pessimismo falsidade água com gás cabelo frisado intolerância comida processada chás ostras jogging multidões regetton perfumes excessivos stilettos preconceitos fofocas medo lotaria excessos com álcool levantar de madrugada filmes de terror violência ir ao dentista baratas telemarketing Carnaval contaminação beatas na rua fanatismos ruas sem árvores pequeno-almoço na cama fast food fazer campismo amarelo desrespeito mosquitos ar condicionado piercings regulamentação excessiva prepotência falta de princípios nacionalismos

SOUVENIR

GRAVATAS FOREVER Penso sempre: haverá um momento em que passam de moda. Em certo sentido já passaram. Depois voltam. Antes largas, agora finas; estampadas mas depois lisas; etéreas nos tecidos ou aveludadas e grossas. Sim, um dia que deixe herança, ficam livros e gravatas. Quando o meu avô morreu tinha 12 anos e não percebi quão valioso teria sido ficar com os chapéus – não as gravatas, ainda hoje não seriam bem a minha onda. O hábito faz o monge. O meu lado monge encaixa na gravata. Sou um sem elas e outro com elas, a pontuar os casacos e a postura, a endireitar a coluna por brio. Numa primeira fase eram as Boss, as Zegna, uma Prada e a sua presilha dourada por detrás. Prada! Uau. Depois houve uma revolução: as Vicri. Cores a romper o granito da cidade, o céu do Porto no tempo em que chovia como condenação. E assim nasce uma quase coleção. Não foi premeditado. Começou com impulsos irresistíveis de não conseguir deixar escapar aquela maravilhosa peça que numa montra esbarrava com os meus olhos e o meu tempo. O top desta dependência sempre passou pelos saldos onde era possível encontrar com grandes descontos exatamente as melhores – as que ninguém quis. Obviamente não é fácil gerir este balneário. Tal como nas equipas de futebol, sempre que se abre o armário elas parecem saltar à procura da sua oportunidade, tendem a entalar o fecho da porta, colam-se à que sai para poderem também dar nas vistas. Uma luta feroz pela atenção, pelas luzes, pelo momento de aparecerem na TV ou numa gala especial...! É assim que, depois, as pouso de novo, no regresso, e as etiqueto na memória como a que... esteve comigo nisto ou naquilo. Como por exemplo aquela que tem um lugar único: a gravata do dia em que, no casamento de um amigo, encontrei a mulher da minha vida. Terá gostado mais de mim ou da gravata? Lá está, é isto que elas querem que eu pense... Tu és a gravata que vestes. t Daniel Deusdado


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