NELSON SOUZA
Secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão
EMERGENTE
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SARA PINTO É MAIS FELIZ NA FÁBRICA QUE COMO MÉDICA DE FAMÍLIA
“MAIS 5 MIL MILHÕES DE INVESTIMENTO NO PORTUGAL 2020”
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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
PERGUNTA DO MÊS
AO CLUSTER TÊXTIL AINDA FALTA A PRODUÇÃO DE MÁQUINAS? P4E5
DOIS CAFÉS & A CONTA
FRANCISCO XAVIER LEITE É UM FAROL DA INOVAÇÃO NA ITV
FOTO: RODRIGO CABRITA
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TÊXTEIS TÉCNICOS
OPINIÃO
LATINO E LMA FACILITAM A VIDA DOS MILITARES
INOVAR COM TRADIÇÃO FAZ PARTE DO DNA DA ITV PORTUGUESA
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Carla Carvalho 46 anos Administradora da WAT (We Are Technical), marca cujo nome logo explica a vocação para o fardamento e equipamentos de desporto. A par da empresa, mantem ainda a actividade como economista (“em regime liberal”) mas gosta de dizer que “o verdadeiro projecto de vida” são os dois filhos (18 e 11 anos). A música e o desporto preenchem-lhe os tempos livres.
A PRIMEIRA EXCEÇÃO
Não tendo nascido no meio do têxtil, como está a correr esta sua experiência no mundo dos trapos? De facto a minha experiência com os trapos era até ao final do ano passado muito incipiente. Quase saída da faculdade fiz parte de uma equipa de reestruturação de empresas e um dos clientes era da área dos têxteis lar. É um mundo apaixonante e acredito que quem tenha uma visão profissional para o negócio vingue pelo mérito. Considera-se uma fashion victim, no sentido de escrava das tendências da moda? Bem pelo contrário. Estar sujeita a uma mudança constante face às tendências da moda é até um privilégio. Não vejo o sector e as suas empresas como vítimas mas antes como beneficiárias de uma realidade que as obriga a um alerta constante, uma dinâmica imparável, que são motores de sucesso para qualquer agente económico. A indústria têxtil em Portugal no presente já tem mais futuro que passado? Se calhar um pouco minada pelo que tenho vivido nestes últimos meses (onde constato que todos estão cheios de trabalho mas sempre aflitos de dinheiro), eu diria que espero que tenha tanto futuro como já tem de passado! É que, apesar de todas as críticas e contingências, a verdade é que este é um setor tradicional e há grandes impérios de hoje que começaram do nada.
Qual é a importância dos novos têxteis técnicos no contexto da sua empresa? Toda! À minha voz os têxteis técnicos seriam o nosso único foco! Trata-se de uma área com um potencial enorme, de clientes exigentes mas muito cumpridores e fáceis de fidelizar. Também pertence ao grupo dos que pensam que o e-commerce é que vai ditar todas as regras num futuro imediato? O e-commerce assume sem dúvida cada vez mais um papel preponderante na venda. Contudo acho que não mudará assim tanto. As nossas empresas continuarão a fazer as suas vendas às marcas que depois, essas sim, terão que cada vez mais olhar para esse canal de venda. Se ao longo de uma história de tantas décadas o têxtil português não se afirmou como um sector de marca própria, como vai agora viver da venda online direta? As vendas online exigem um investimento em marketing digital que é para poucos e onde definitivamente as nossas empresas não se incluem.
Como já terão reparado, a nossa capa desta edição não tem a cara de um industrial ou empresário ligado à indústria textil e vestuário nacional. Ao cabo de 31 edições do T abrimos uma exceção, que ajuda a confirmar essa regra de que não há regra... sem exceções. Tratando-se de uma exceção deste quilate, tinha de ser uma oportunidade e uma pessoa realmente excepcional. O engenheiro Nelson de Souza é Secretário de Estado do actual Governo, mas isso dificilmente só por isso constituiria uma exceção suficiente. Estamos a falar de alguém com um percurso notável ligado à industria em geral, à indústria têxtil e vestuário em particular, ao associativismo e às políticas públicas com tutela e influência neste sector, tendo exercido quase todos os cargos públicos de relevância e de referência nesta área. Sempre que vejo um responsável governativo com currículo na matéria, familiaridade com os temas que lhe ocupam a agenda, conhecimento directo dos agentes em campo, capacidade de decisão e espírito de serviço independente, sinto-me feliz e bem representado. Quando essa pessoa combina essa competência e esses requisitos com sensibilidade política, bato palmas. É o que estou a fazer aqui e agora. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Carolina Guimarães Telefone: 969 658 043 - mail: cg.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ PROMOTOR
Nos dias de hoje qual é o mercado mais apetecível para o que quer exportar? Continuam a ser os nórdicos e Estados Unidos, mas existem outros de grande potencial. Os hábitos de desporto são cada vez mais globais, o que abre cada vez mais mercados. Felizmente! t
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n PERGUNTA DO MÊS Texto de Raposo Antunes
Quando comparado com países como Alemanha e Itália ou, mais recentemente, alguns países asiáticos, é forçoso reconhecer que falta ao cluster têxtil a componente de fabrico alargado de máquinas industriais. As razões do passado já pouco importam e, maquinaria pesada à parte, o advento da Indústria 4.0 e as suas exigências de digitalização e automação abrem agora a oportunidade de Portugal entrar no jogo de produção de sistemas para a ITV. Há que olhar para as áreas tecnológicas e lançar desafios ao desenvolvimento de equipamentos inovadores e robotização da indústria. Como exemplo, aí está a máquina que faz a incorporação dos LED nos tecidos da Penedo.
FOTO: RUI APOLINÁRIO
AO CLUSTER TÊXTIL AINDA FALTA A PRODUÇÃO DE MÁQUINAS?
Uma das máquinas de estampar à peça, desenvolvida pela ROQ
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odos sabem que não se pode confundir a árvore com a floresta. Mesmo assim há episódios que valem só por si. Rui Machado, director comercial da São Roque, uma das poucas empresas portuguesas que é uma referência mundial no fabrico de máquinas para a indústria têxtil, conta que há vários anos foi convidado pelo CITEVE para participar numa reunião do sub-sector de produtores de máquinas têxteis da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal) precisamente para discutir questões que poderiam dinamizar este sector. “Participei nessa reunião e lembro-me que eram cerca de 12 empresas, algumas nem produtoras eram (eram representantes) e várias faziam exactamente o mesmo tipo de máquina”, recorda. Este episódio resume bem o estado de alma existente no cluster têxtil quando este agregado económico é confrontado com a pergunta se ainda falta a este
sector a produção de máquinas. É que, como diz Mário Jorge Machado, CEO da Adalberto Estampados, “se existissem mais produtores de máquinas e robotização no cluster têxtil em Portugal isso traria uma vantagem competitiva muito importante para a ITV”. Salvaguardando as “honrosas excepções” à frente das quais coloca precisamente a São Roque, que faz máquinas de estamparia, Braz Costa, director-geral do CITEVE, começa por explicar que ao cluster têxtil português, enquanto agregado económico com as várias valências, nomeadamente o fabrico de sistemas de produção (máquinas, software, etc), falha esta componente. “Esta última valência não é expressiva quando comparada com a realidade de agregados de outros países como a Itália ou a Alemanha, ou mesmo mais recentemente dos países asiáticos”, diz. Ora, diz Braz Costa, “num contexto de utilização da digitalização (Indústria 4.0) como factor de competitividade, seria mais confortável para a ITV portuguesa a existência de um sector
de produção de máquinas e sistemas mais robusto”. E isto não acontece porque, “salvas essas excepções, o sector não adoptou atempadamente as necessárias dinâmicas de inovação para se manter vivo e activo”. Mário Jorge Machado, de resto, à pergunta do T Jornal responde também, colocando outras questões que ajudam a perceber a existência deste handicap do cluster têxtil português: “Por que é que a Europa e Portugal incluído perderam uma parte muito significativa da sua indústria de máquinas para os países asiáticos?” Entre outras explicações, poder-se-á dizer que a indústria das máquinas foi para a Ásia porque muitos dos fabricantes europeus também foram para lá. “Deslocalizaram a produção para lá por causa de produzirem as máquinas numa região mais próxima dos grandes clientes”, observa Braz Costa, que aponta ainda um segundo motivo: “Com o crescimento de procura na Ásia, os fabricantes aí existentes desenvolveram-se muito rapidamente”. Em jeito de post scriptum, o
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“Se existissem mais produtores de máquinas e robotização no cluster têxtil em Portugal isso traria uma vantagem competitiva muito importante para a ITV” MÁRIO JORGE MACHADO CEO DA ADALBERTO ESTAMPADOS
“Há uma falta de imaginação muito grande por parte dos empresários portugueses, que dedicam muito pouca atenção à I&D”
Máquina desenvolvida pela Controlar para a Têxteis Penedo
RUI MACHADO DIRECTOR COMERCIAL DA SÃO ROQUE
director-geral do CITEVE lembra que o Japão também é Ásia, mas este país desde há muito que mantém capacidades tecnológicas e de inovação ao mais alto nível. “E são líderes em alguns segmentos da maquinaria têxtil”, sublinha. Voltando às réplicas que o CEO da Adalberto Estampados fez à pergunta do T Jornal, Mário Jorge Machado coloca a chamada pergunta do milhão de dólares: “O que deve ser feito para a Europa e Portugal se manterem na linha da frente no desenvolvimento de equipamentos inovadores e que permitam a robotização da indústria?” Essa é no fundo a questão que também Braz Costa coloca, considerando que Portugal “tem possibilidade de entrar no jogo de produção de sistemas para a ITV, não pelo lado da chamada maquinaria pesada, mas pelo lado dos sistemas leves (robótica, computação) que poderão ser a alma dos desenvolvimentos futuros no contexto da Indústria 4.0”. E já vão aparecendo exemplos. Foi precisamente para a área
da inovação tecnológica da ITV que a empresa Controlar produziu recentemente a sua primeira máquina para o sector têxtil. No âmbito do projecto LEDinTEX da Têxteis Penedo, que incorpora luzes LED em tecidos, a Controlar desenvolveu a máquina automática que faz essa aplicação. “A nossa área de atividade reside sobretudo na inovação da indústria, e no sector têxtil também queremos ser uma mais-valia. O nosso foco consiste na automatização de processos e no desenvolvimento de soluções à medida para o efeito, do qual o projeto LEDinTEX é um bom exemplo”, sublinha Carla Pereira, RDI project manager da Controlar, uma jovem empresa com sede em Valongo que tem trabalhado para o sector automóvel. Em jeito de alerta para o sector têxtil, Carla Pereira considera que “com o aparecimento da Indústria 4.0 e todas as tecnologias envolvidas na digitalização da indústria seria importante que também o sector têxtil estivesse atento ao que de melhor se faz em Portugal nas áreas tecnoló-
“[Portugal] tem possibilidade de entrar no jogo de produção de sistemas para a ITV (…) pelo lado dos sistemas leves (robótica, computação) que poderão ser a alma dos desenvolvimentos futuros no contexto da Indústria 4.0” BRAZ COSTA DIRECTOR-GERAL DO CITEVE
“Com o aparecimento da Indústria 4.0 seria importante que também o sector têxtil estivesse atento ao que de melhor se faz em Portugal nas áreas tecnológicas” CARLA PEREIRA RDI PROJECT MANAGER DA CONTROLAR
A Dragon, criada pela MTEX, que será lançada na FESPA gicas, nomeadamente ao nível do IoT (Internet of Things), sensorização das máquinas, recolha e análise de dados de produção, máquinas para o desenvolvimento de novos processos, etc.” Por isso, entende que “integrar produtores de máquinas no cluster têxtil, ainda que de outros sectores de atuação, poderia ser uma mais-valia para a ITV, visto que permitiria às empresas tecnológicas, como é o caso da Controlar, um conhecimento mais aprofundado das necessidades deste sector, e com isto perceber como o tornar mais inovador e competitivo”. Já sobre a produção de máquinas tradicionais do sector têxtil, Carla Pereira diz que existem já empresas bem estabelecidas no mercado e já com vários anos de experiência. “É um mercado com o qual a Controlar não quer competir, nem sequer faria sentido”, observa. Rui Machado, da S. Roque, aponta na mesma direcção, dizendo que nota “uma falta de imaginação muito grande por parte dos empresários portugue-
ses, que dedicam muito pouca atenção à I&D”. Além de recordar o episódio atrás citado da reunião do CITEVE, conta ainda um outro também exemplar e vivido na própria empresa de que é director comercial: “Já houve três ex-funcionários que decidiram sair e criar as suas próprias empresas e dois deles optaram por fazer exactamente o mesmo tipo de máquina que faz a S. Roque”. Há sinais que o sector da maquinaria começa a mexer. A MTEX vai lançar na FESPA, a maior feira mundial de máquinas de impressão digital e têxtil, que se realiza a 15 de Maio, em Berlim, a Dragon. Esta máquina de sublimação com transfer para calandra faz impressão digital de tecidos e malhas a uma velocidade superior a 500 metros por hora de impressão. Além da velocidade, também a qualidade de impressão é revolucionária. A Dragon foi concebida pela equipa de engenheiros portugueses da New Solution Engineering e é fabricada na Mtex em Famalicão. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Novais
Rua Santa Apolónia 24 Silvares 4835-436 Guimarães
Entradas: Pataniscas de bacalhau Prato: Cozido à portuguesa Sobremesa: Leite creme Bebidas: Verde tinto de Gatão (Amarante) água e cafés
FRANCISCO XAVIER LEITE
Nasceu em Guimarães, sendo o terceiro da meia dúzia de filhos do matrimónio entre uma doméstica e um capitão do exército. Começou a trabalhar, por iniciativa própria, aos 13 anos, como empregado de armazém, na Lusaustri, ainda antes de concluir o Curso Comercial. Viveu uma adolescência preenchida. De dia estava na fábrica, à noite na escola, e ainda arranjava tempo para jogar à bola (foi ponta esquerda nos juvenis e juniores do Vitória e depois, já como sénior, no União Torcatense). Dos bordados saltou para o comando da Foncar e ainda passou pela Bordalima, como diretor comercial, antes de se tornar empresário, na Têxteis Penedo, com o suor do seu trabalho. Vitoriano (como não podia deixar de ser…) tem cinco filhas, com idades que vão dos 40 aos 13 anos.
UM FAROL DA INOVAÇÃO
FOTO: RUI APOLINÁRIO
61 ANOS CEO TÊXTEIS PENEDO
Quase todos sabemos que sucesso antes do trabalho só mesmo no dicionário. Mas a vida ensinou a Xavier Leite um pouco mais - que no capítulo dedicado à letra S o alfabeto não engana: primeiro aparecem o sacrifício e o sofrimento, só depois o sucesso. “Não há sucesso sem sofrimento”, garante o CEO da Têxteis Penedo, que ainda não tinha barba na cara quando começou a trabalhar. Deu-lhe para ir, numa 6ª feira, a uma entrevista na Lusaustri, que só pode ter corrido muito bem, pois no final disseram-lhe que começava a trabalhar na 2ª feira seguinte. Em casa, passou o fim de semana a convencer o pai a deixá-lo ir trabalhar, contra a promessa (cumprida, pois chegou a frequentar Economia) de que continuaria a estudar à noite. Debutou no armazém, a ganhar 600 escudos, salário que foi duplicado logo no mês seguinte - não tardou até levar para casa mais dinheiro que o pai… -, e acabou a braço direito de Alberto Sousa, o homem que mandava na Lusaustri. Sempre a subir.
“Nunca tinha visto um tear, nem uma máquina de estampar”, confessa, a propósito do atrevimento que foi ter aceite o desafio para ser administrador delegado da Foncar, no início dos anos 80, com o país intervencionado pelo FMI. A Foncar era uma grande nau, com 400 trabalhadores, que balouçava à beira do abismo, e ele só percebia de bordados, mas Xavier não se atrapalhou e conseguiu dar a volta à empresa, multiplicando a facturação por dez em pouco mais de três anos, ao apostar numa novidade chamada tactel - que lhe permitiu fornecer a NATO e fazer fatos de treino para a Hummel. Quando trocou a Foncar pela Bordalima estava pronto para ser empresário. A oportunidade para dar esse salto foi a Penedo, um fornecedor a quem ele comprava quase toda a produção de colchas. “Era uma empresa bem gerida, mas com duas fragilidades: a exposição excessiva ao monoproduto colchas e ao mercado interno”, recorda Xavier, que logo tratou de virar a empresa para a exportação e de diversificar a gama de produtos. Entusiasmado pela banca, que o inci-
tava a andar para a frente, pôs em marcha um ambicioso plano de investimento industrial em aumento da capacidade, “uma coisa enorme”, sabotado a meio do caminho pelo balde água fria que foi a declaração de que o país estava de tanga feita pelo então recém empossado primeiro ministro Durão Barroso. A primeira década deste século foi um período duro e difícil, mas há coisa de seis anos a Penedo já estava com a cabeça bem fora de água e capaz de nadar num mar mais calmo mas não isento de perigos. “A nível mundial, o consumo estagnou. Sentimos que a procura começou a desacelerar em finais de 2016. A nossa estratégia é simples: não parar de investir em máquinas que nos permitam fazer produtos novos e diferentes, com técnicas mais avançadas para nichos de mercado”, e continuo investimento na inovação, resume o CEO da Penedo, um farol da inovação na ITV, que entre outras coisas apresenta no seu cartão de visita o cork.a. Tex-yarn e os cortinados com led incorporado que dão luz. t
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2. PEDRO PEDRO PREPARA AS SUAS MODELOS, ATENTO A CADA DETALHE DAS SUAS PEÇAS, PARA QUE TUDO ESTEJA PERFEITO NA HORA DE ENTRAR
FOTOSINTESE Textos: Carolina Guimarães Fotos: Ugo Camera / Portugal Fashion, Move Notícias e Seth Solo
PORTUGAL FASHION: HÁ ESPAÇO PARA TUDO E TODOS Diversidade é, provavelmente, a palavra que melhor define o Portugal Fashion (PF). Houve de tudo nesta 42ª edição – desde música e dança, até ao drama e à emoção; houve cor, mas também preto da cabeça aos pés; houve talentos emergentes e estilistas veteranos; houve marcas e moda de autor; houve Porto e Lisboa. O que não faltou foi moda e passarelas recheadas de gente. O Portugal Fashion é um mundo e por isso não é tarefa fácil descrever este evento em poucas fotografias. Mas nós tentamos ;-)
1. NÃO ERA ENGANO: O PRIMEIRO DESFILE DO PF EM LISBOA FAZIA-SE PELAS 14:41H. UMA HORA ARROJADA, ASSIM COMO OS DESIGNERS QUE ASSINAVAM O DESFILE. OS STORYTAILORS DERAM O PONTAPÉ DE SAÍDA COM UM FASHION SHOW PERFORMANCE DIFERENTE DO HABITUAL 6. ANABELA BALDAQUE JÁ LEVA MAIS DE 30 ANOS DE CARREIRA – O QUE JÁ LHE DÁ ESTATUTO (E ESTALECA) PARA ESTAR MAIS DESCANSADA NO BACKSTAGE DO SEU DESFILE, AO FINAL DE UM DIA QUE REUNIU NOVOS TALENTOS E VETERANOS
7. EMANCIPADA DO BLOOM, INÊS TORCATO PISOU PELA 1ª VEZ A PASSARELA PRINCIPAL DO PF E TROUXE CONSIGO ALGUMA COR, QUE CONTRASTOU COM AS SUAS TÍPICAS COLEÇÕES MAIS ESCURAS 11. NO BACKSTAGE, ENTRE CABELOS, MAQUILHAGENS E ROUPAS, NÃO HÁ MÃOS A MEDIR… E TODAS AS MÃOS SÃO POUCAS PARA TANTO TRABALHO
12. A COLEÇÃO DA LION OF PORCHES TROUXE A ANIMAÇÃO DO COSTUME NUM DESFILE MISTO E INFANTIL - E ATÉ CHUVA HOUVE! MAS NELSON ÉVORA, PREVENIDO, NÃO SE ESQUECEU DO GUARDA-CHUVA ;-)
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4. ERA ESTA A GRANDE NOVIDADE DA EDIÇÃO: UMA TENDA GIGANTE COM MAIS DE 10 MIL METROS QUADRADOS DE ÁREA E COM DIREITO A VISTA MAR. O PARQUE DA CIDADE TRANSFORMOU-SE ASSIM, DURANTE TRÊS DIAS, NA CIDADE DA MODA
3. A TM COLLECTION FECHOU O DIA NO TERMINAL DE CRUZEIROS DE LISBOA TRAZENDO UMA MÍSTICA ESPIRITUAL À PASSARELA
5. RUBEN RUA VOLTOU À PASSARELA, DESTA VEZ PARA APRESENTAR O CONCURSO BLOOM. MARA FLORA E MARIA MEIRA FORAM AS VENCEDORAS E VÃO TER A POSSIBILIDADE DE VOLTAR A PARTICIPAR NA PLATAFORMA. O PRÉMIO FOI ENTREGUE POR ADELINO COSTA MATOS, PRESIDENTE DA ANJE
8. A MODA MOSTROU-SE TAMBÉM FORA DOS DESFILES, NO BRAND-UP, QUE ESTEVE ABERTO AO PÚBLICO. LÁ PODIAM ENCONTRAR-SE 70 MARCAS DE PRONTO-A-VESTIR, CALÇADO, JOALHARIA, LIFESTYLE E, CLARO, MODA DE AUTOR
10. SELFIES, AMIGOS E, ACIMA DE TUDO, MUITA BOA DISPOSIÇÃO. TAMBÉM É DISTO QUE SE FAZ O PORTUGAL FASHION
9. RITA PEREIRA FOI UMA DAS VÁRIAS CARAS CONHECIDAS QUE SERVIRAM DE MANEQUINS NESTA EDIÇÃO. A ATRIZ DEU A CARA (E O CORPO) À CRIAÇÃO COUTURE DE MICAELA OLIVEIRA 13. COUBE A DIOGO MIRANDA PÔR UM PONTO FINAL NESTA EDIÇÃO, COM A APRESENTAÇÃO DE UMA COLEÇÃO CHEIA DE DIFERENTES VOLUMETRIAS, INSPIRADA POR UM CRISTAL DE UM CANDELABRO DE FAMÍLIA
14. O QUE É BOM ACABA DEPRESSA. O PORTUGAL FASHION CONTINUA A ELEVAR A FASQUIA E, PARA ALÉM DA SAUDADE, AGORA SÓ RESTA A DÚVIDA: O QUE SERÁ QUE VEM A SEGUIR?
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KNOT ABRE LOJAS EM LOULÉ E ALCOCHETE Com a abertura de lojas próprias em Loulé (Complexo Ikea) e Alcochete (Freeport), a Knot ampliou para 11 a sua rede de lojas físicas - já estava na Grande Lisboa (Colombo, Amoreiras, CascaisShopping, Almada Fórum), Aveiro, Braga, Matosinhos (Mar Shopping e Norte Shopping) e Viseu. Com showrooms em Barcelona e Itália, a Knot emprega 70 pessoas e venceu cinco milhões de euros em 2017.
LATINO E LMA FACILITAM VIDA DOS MILITARES Assegurar uma proteção mais eficaz aos militares e membros de forças militarizadas, ao mesmo tempo que se eleva os seus níveis de conforto para patamares até agora nunca sonhados, é o desafio que está em cima da mesa do consórcio que integra a Latino, LMA, Fibrauto e Universidade do Minho. A aplicação aos equipamentos de proteção individual dos militares das últimas inovações ao nível de têxteis técnicos e funcionais é o objetivo do projeto AuxDefense, financiado pelo Ministério da Defesa e que reune empresas e universidade. “As parcerias com a universidade e outros grupos industriais para explorar novas ´áreas, quebrando barreiras e fazendo avançar a tecnologia têxtil, é uma das vertentes estratégicas da nossa atividade”, explica Clementina Freitas, CEO da Latino, empresa que tem a certificação NATO Supplier According to AQAP 2110. Capacetes, coletes, joelheiras e coteveleiras, entre outros equipamentos, mais leves e com maior resistência a balas, cortes e explosões vai ser o resultado do trabalho de investigação que está a ser desenvolvido pelas Latino, LMA e Fibrauto, com o apoio da plataforma Fibrenami-
cs da Universidade do Minho. “Usando materiais mais adequados, bem como novas fibras e estruturas, estamos a construir equipamentos mais eficazes na dispersão do impacto das balas e também mais confortáveis, com funcionalidades termoreguladoras e de gestão da humidade”, afirma a CEO do grupo Latino. Clementina Freitas já tinha 15 anos de experiência na têxtil,
repartidos entre a TMG e a Kispo, quando no ano da adesão de Portugal à CEE se abalançou a trabalhar por conta própria fundando a Latino, em parceria com um sócio inglês, que lhe assegurou logo uma encomenda de 40 mil calças para a Marks and Spencer. Surfando em cima da trepidante febre de crescimento que contagiou o país no segunda metade dos anos 80, a Latino iniciou, com o fornecimento de
fardas para a polícia angolana, a sua especialização na produção de uniformes e equipamentos tácticos para as forças militarizadas, a que rapidamente acrescentou a vertente da roupa de trabalho. Em 1988, deu um novo passo em frente, passando a ter produção própria, com um objetivo que se resume numa pequena frase - “dar confiança aos clientes” - que está na sempre na boca de Clementina e se tornou uma espécie de mantra do grupo. Equipada com um laboratório de i&d, a Latino emprega 50 pessoas e prevê fechar este exercício com um volume de negócios de seis milhões de euros, dos quais 90% feitos na exportação. Até lançar no final do ano passado a primeira coleção da sua marca própria de moda funcional (Bravian), as vendas da empresa fundada por Clementina Freitas dividiam-se em partes iguais entre vestuário de trabalho e fardas. Neste momento, PSP, Marinha e Carabinieri italianos integram a sua carteira de clientes, onde constam, no segmento do vestuário de trabalho, empresas como a Bosch, Efacec ou Stihl. t
OYSHO ALARGA-SE AOS DESPORTOS AQUÁTICOS
MARCAS PORTUGUESAS DISTINGUIDAS NA AUSTRÁLIA
Depois de uma primeira passagem pelos desportos de inverno – com uma linha pensada para a neve, e em particular o ski - a Oysho estreia-se numa coleção dedicada aos desportos aquáticos, como o surf. Macacões de neopreno, assim como ponchos e outros acessórios fazem parte desta nova linha já disponível nas lojas e no online.
A Elementum, a 7Hills e a Marita Moreno foram distinguidas na iniciativa australiana Fashions of Multicultural Australia e vão receber convites para a Mercedes Benz Fashion Week (que decorre em Maio, em Sidney), assim como sessões de mentoring e networking para abordarem da melhor forma o mercado australiano.
"O salário médio na ITV anda entre os 650 ou 700 euros por mês, mais subsídio de alimentação. O setor até deveria pagar mais, mas os aumentos têm de ser feitos de forma gradual" Paulo Vaz Diretor-geral da ATP
FIORIMA É A ÚNICA COM DESENHOS NO CALCANHAR E BIQUEIRA Com duas patentes mundiais, a Fiorima é a única empresa do mundo que consegue fabricar meias com desenhos no calcanhar e biqueira. Com sede em Frossos, Braga, esta empresa emprega 84 pessoas, fabrica cinco mil diferentes produtos e fechou 2017 com um volume de negócios de sete milhões de euros.
MAIS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS PELO 3O ANO CONSECUTIVO Pelo terceiro ano consecutivo, o número de funcionários públicos cresceu 0,8%, fixando-se em 669.725 - ou seja, mais 5 573 pessoas passaram a constar da folha de salários dos Estado. Segundo os dados divulgados pela Direção Geral de Administração e Emprego Público, no ano passado a remuneração base média mensal dos funcionários foi de 1 460 euros.
40% deverá ser, no final da década, a quota dos têxteis técnicos no total das exportações da ITV, de acordo com as previsões da ATP
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A MINHA EMPRESA Smart Inovation
Parque Industrial ACIB Lote 7 Várzea 4755-539 Barcelos
O que faz? Fabrica partículas ativas que, ao serem incorporadas em diferentes tipos de produtos, previnem doenças e melhoram a qualidade de vida das pessoas Trabalhadores 7 em Portugal, mais 14 agentes espalhados pelos cinco continentes Participada Total Repel (Brasil) Capacidade instalada 100 toneladas/mês Linhas de produtos Ácaros, repelente de mosquitos, batericida, pé diabético, frieiras, pé de atleta e térmitas Inicio da comercialização 2015
HÉLDER ROSENDO É O NOVO DIRECTOR DA PROZIS GEAR Hélder Rosendo, até agora director de Inovação da P&R Têxteis e antigo subdirector geral do CITEVE, é o novo director da Prozis Gear, a área de negócio e desenvolvimento da Prozis que integra a gama de produtos de vestuário e acessórios para o treino/desporto. A Prozis é uma empresa portuguesa do grupo OSIT dedicada sobretudo à área do retalho na nutrição desportiva, mas pretende crescer no segmento dos equipamentos desportivos, apostando em Rosendo para esse objectivo.
2,5 milhões de euros foi quanto investiram, no seu total, na compra de 5 755 m2 de área de exposição na Heimtextil, as 83 empresas portuguesas presentes na mais importante feira do mundo de têxteis lar
GUIMARÃES PROPÕE CRIAÇÃO DE ECO-PARQUE INDUSTRIAL
Ter o céu como limite Dizia-se dantes que por detrás de um grande homem está uma grande mulher. Mas neste igualitário século XXI é bem mais adequado admitir todas as variantes da equação: por detrás de uma grande mulher está um grande homem, por detrás de um grande homem está outro grande homem e por detrás de uma grande mulher está outra grande mulher. Tudo é possível. Já no que toca a têxteis técnicos para a saúde a formulação correta é bem mais simples: por detrás de uma meia para o pé do diabético, uma t-shirt que repele mosquitos, um lençol antiácaros ou bata médica bactericida está a Smart Inovation. A Smart Inovation (SI) é uma start up criada a partir de um projeto nascido na universidade do Minho e posteriormente formulado, desenvolvido e convertido em algo vendável por esta empresa fundada por dois médicos e um engenheiro mecânico. “Nós asseguramos o desenvolvimento final da tecnologia, afinamos produtos com viabilidade comercial, criamos o modelo de negócio”, explica Mário Brito, 28 anos, licenciado em Engenharia Mecânica em Londres e um dos três sócios da SI. O segredo deste negócio é a tecnologia desenvolvida e patenteada pela SI que se baseia no uso de nanopartículas de sílica, em estado líquido, que transportam os princípios ativos preventivos de doenças para diferentes materiais. “O nosso método de usar a nanotecnologia para funcionalizar os materiais é totalmente diferente e mais vantajoso que o das micro-cápsulas, entre outras coisas porque garante uma durabilidade muito superior”, diz Mário, acrescentando que o bactericida incorporado
com tecnologia SI tem 99,9% de eficácia após 50 lavagens, de acordo com testes efetuados pelo CITEVE. O primeiro grande negócio nacional da SI foi com a Zippy, que apresentou uma linha de roupa para criança com repelente para mosquito, segura para o uso de grávidas e bebés a partir dos seis meses. “Até aí nunca tinha havido uma linha de roupa infantil com essas características, porque é proibido usar insecticidas em vestuário para crianças com menos de três anos. Ora o nosso produto é repelente e não inseticida, é não tóxico e biocompatível, além de após mais de 100 lavagens manter a sua eficácia a repelir mosquitos transmissores da malária, dengue, zika ou febre amarela”, afirma Mário Brito, que antes de fundar a SI trabalhou em hospitais britânicos, na área de biomédica e biomecânica, e ainda na gestão de produção do car center da JAP. O difícil foi abrir a porta. Não demorou muito até o Gotha da ITV nacional (Lipaco, Fitor, Sancar, ADA-Albino Dias Andrade, Barcelcom, etc, etc) passar a fazer parte da carteira de clientes da SI, onde constam a norte-americana Avintiv, a italiana Pantex Global ou a Walmart Brasil, entre outros. “O crescimento das vendas tem sido exponencial. No primeiro trimestre deste ano vendemos mais do que em todo o ano passado”, conclui Mário Brito, que não pára de pesquisar novas oportunidades para uma tecnologia que se aplica a produtos tão diversos como fraldas que evitam pruridos e assaduras, colchões com forro anti-ácaros, tintas com repelente de mosquitos, estantes à prova de térmitas ou peúgas anti-frieiras. O céu é o limite para a Smart Inovation. t
O presidente da Câmara de Guimarães propôs a criação de um eco-parque industrial como forma de cooperação ambiental entre as empresas, um modelo através do qual o tecido empresarial poderia potenciar os benefícios da evolução tecnológica aplicada à salvaguarda do ambiente e à sustentabilidade. “Para competir e estar na vanguarda é fundamental inovação associada à cooperação ambiental entre as empresas”, disse Domingos Bragança, líder do concelho onde a ITV representa cerca de 70% da actividade económica e mais de dois terços do total das exportações.
"No setor automóvel, começámos por estar limitados apenas à laminação, mas estamos a subir na cadeia de valor e já fazemos também revestimentos e peças forradas" João Brandão CEO da ERT
ABEL & LULA É A NOVA MARCA DA MAYORAL
O grupo Mayoral, especialista em moda infantil, vai lançar uma nova marca, Abel & Lula, que estará à venda para profissionais em Junho e no retalho em Janeiro do próximo ano. Sediado em Málaga e líder de vestuário infantil em Espanha, o grupo, que facturou no ano passado 350 milhões de euros, tem uma filial em Portugal (a Mayoral-Portugal), que representa 12% da facturação de todo o grupo.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: José Augusto Moreira
Multitema
Rua do Cerco do Porto, 365 4300-119 Porto
O que faz? Comunicação empresarial Áreas Publicações, expositores e embalagens promocionais, decoração de stands, catálogos e comunicação mobile Fundação 1990 Colaboradores 64 Escritórios Porto e Lisboa
NAZARETH COLLECTION VESTE-SE COM LISBOA A nova coleção da Nazareth Collection tem como pano de fundo a cidade de Lisboa, fotografada por um drone, com padrões que estão disponíveis em túnicas, tops, t-shirts e lenços para homem e mulher. Esta é uma marca criada por Márcia Nazareth, uma portuense que se dedica a vestir os outros com fotografias, dedicando cada coleção a um tema de que gosta, entre cidades e tópicos mais abstratos.
Aposta na inovação e serviço de qualidade A Indústria Têxtil e do Vestuário já representa 25% da actividade da Multitema, empresa que atua no mercado da comunicação empresarial, prestando serviços de pré-impressão, impressão offset, impressão digital e comunicação mobile. “A expressão da Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV) tem crescido nos últimos anos devido ao desenvolvimento de uma gama de produtos utilizados pela ITV, quer no mercado interno quer no mercado externo”, adianta Sebastião Magalhães, CEO da Multitema. Esses produtos, acrescenta, “tanto são impressos como aplicações móveis, que são muito utilizadas pelas empresas exportadoras da ITV, nomeadamente pela capacidade de comunicação do mobile”. A partir do Porto ou de Lisboa, faz o acompanhamento comercial dos seus clientes, que se distribuem por diversos sectores industriais, comércio e serviços, no mercado interno e externo. Constituída em 1990, posicionou-se no mercado como um dos mais ativos e inovadores grupos empresariais do sector. Na base da sua formação esteve um ambicioso projeto: integrar as várias tecnologias utilizadas pela produção gráfica, oferecendo uma vasta gama de produtos e proporcionando
aos seus clientes vantagens das sinergias obtidas. A Multitema posiciona-se no mercado pela constante aposta na inovação e na prestação de um serviço de qualidade, assente numa equipa de colaboradores experientes e motivados, que utilizam as mais recentes tecnologias. Indo de encontro às novas tendências do mercado da comunicação, em 2015 apresentou uma plataforma para a internet mobile (IOS e Android), com o objetivo de integrar, de forma prática e muito intuitiva, a Comunicação Impressa e a Comunicação Mobile, dos seus clientes. “Ao criar catálogos digitais que podem ser utilizados nas aplicações dos smartphones e tablets estamos a aumentar a taxa de circulação desses catálogos”, explica Sebastião Magalhães. A par dos mupis, outdoors, pendões, decoração de stands e equipamentos de venda, a Multitema propõe-se rentabilizar os custos dos seus clientes inerentes à produção gráfica das suas publicações, aumentando a sua taxa de distribuição. Um resultado que decorre da associação da comunicação impressa e digital, com organização de conteúdos, definição das permissões de acesso e o envio de mensagens.t
LEVI STRAUSS: LASERS NOS ACABAMENTOS
KERING E STELLA MCCARTNEY SEPARAM-SE
A Levi Strauss vai introduzir um sistema de digitalização à base de lasers para fazer acabamentos nas calças de ganga, reduzindo para apenas três passos um processo que por norma leva entre 18 a 24. Com esta técnica, a empresa consegue fazer em 90 segundos aquilo que costuma levar vários minutos.
Depois de 17 anos de parceria, a Kering vendeu os 50% que detinha da marca de Stella McCartney à própria criadora, que já era dona da outra metade. A decisão vem numa altura em que a Kering está a concentrar forças nas suas marcas mais fortes (como a Gucci) e está a tentar tirar algumas marcas do seu portfólio, como a Puma.
"Muitas vezes, nestas áreas tecnológicas, o cliente apresenta-nos projetos, ideias, não um produto" David Macário Diretor de Inovação da Heliotextil
COMPROMISSO DA LEMAR COM A INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE A Lemar tem em curso dois projetos de i&d, em parceria com a FEUP e um confeccionador, para construir fatos de trabalho para quem trabalha com Raios-X e em condições atmosféricas extremas. Nesta área de têxteis técnicos, desenvolveu, com o apoio do CITEVE, protótipos de fatos para bombeiros muito leves, que toda a gente reconhece ser do mais avançado que há no mundo.
SONAE SIERRA TEVE QUEBRA DE 39% A Sonae Sierra registou em 2017 um resultado líquido de 110 milhões de euros, o que representa uma queda de 39% face aos 181,2 milhões registados no ano anterior. O resultado deve-se, explicou a empresa em comunicado, a um “menor valor criado nas propriedades de investimento”.
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PERFORMANCE DAYS 18 e 19 de Abril - Munique A. Sampaio & Filhos, LMA, Sidónios, Tintex ICFF NY 20 a 23 de Maio – Nova Iorque Burel Mountain Originals, Sugo Cork Rugs, Tuntum
INTERIOR LIFESTYLE TOKYO 30 de Maio a 1 de Junho – Tóquio Apertex, B. Sousa Dias, Burel Mountain Originals, Carvalho, Corticeira Viking, Ditto, Felpinter, Giestal Home Textiles, Home Flavours, Lasa, Little Nothing by Paula Castro, Mantecas, Marias Paperdolls, Pereira da Cunha, Sampedro, Sugo Cork Rugs, Tuntum
AGENDA
TECHTEXTIL NORTH AMERICA MUDA-SE PARA RALEIGH Em 2019, a 16ª edição da Techtextil North America será pela primeira vez em Raleigh (Carolina do Norte), de 26 a 28 de Fevereiro. Nos anos pares, a feira tem-se realizado em Atlanta, em paralelo com a Texprocess Americas. A mudança da localização nos anos ímpares leva a feira para o coração da indústria têxtil norte-americana. Com cerca de 700 fábricas e 42 mil trabalhadores, a Carolina do Norte é o estado líder na indústria têxtil dos EUA.
"Em Portugal temos de enveredar por produtos de alta qualidade que nos permitam pagar salários mais altos e exigir mais das pessoas" Orlando Miranda CEO Olmac
PREMIÈRE VISION TAMBÉM VAI SER UM MARKETPLACE A Première Vision vai pôr no ar, a 1 de julho, o seu marketplace, que além de site de e-commerce B2B assumirá também as vertentes de plataforma editorial e fornecedores de serviços para a indústria. “Este marketplace permitirá a todos, compradores e fabricantes, prolongar durante o ano as relações estabelecidas durante as feiras, com uma regularidade que se tornou essencial com a proliferação de colecções”, afirma Gael Séguillon, diretor da Première Vision Digital.
ARGEL QUER UMA INDÚSTRIA TÊXTIL MAIS FORTE A 2ª edição da Textyle-Expo, que se realiza de 25 a 28 de Abril no centro de convenções Mohamed Ben Ahmed, em Oran, Argélia, vai debater a revitalização da indústria têxtil no país e a competitividade dos produtos de moda em couro. A indústria têxtil local cobre apenas 6% do consumo argelino de roupa. O governo de Argel está apostado em reforçar a produção local de vestuário e, por isso, em paralelo com a feira haverá uma conferência para falar sobre moda, tecnologia, mercado e a nova lei de investimentos argelina.
PRESENÇA OBRIGATÓRIA EM TÓQUIO
Quem vai, volta. Parece ser este o mote das empresas portuguesas que expõem na JITAC, que também são consonantes relativamente às duas características deste mercado: é exigente e por isso desafiante. A Acatel, a Albano Morgado, a Bordados Oliveira, a Burel Factory, a Fitecom, a Lemar, a Riopele, a Somelos Tecidos e a Texser/Têxtil Serzedelo voltaram a apostar as fichas no Japão, numa feira que decorreu de 27 a 29 de Março e onde os materiais made in Portugal já são claramente uma presença obrigatória. t
TÊXTEIS PORTUGUESES À CONQUISTA DO NORTE DE ÁFRICA Foi uma estreia em absoluto para o projeto From Portugal na Morocco Style, que levou a J.B. & Castro, a Natcal e a Samofil, assim como o Fórum iTechstyle organizado pelo CITEVE, até Casablanca. No certame estiveram também presentes a 6Dias, a Adalberto Estampados, o Grupo JSB Oliveira, a Inovafil, a Louropel, a Riopele, a Somelos Tecidos, a Tearfil by Moretextyle e a YKK Portugal. O CITEVE levou até ao salão um showcase com produtos made in Portugal das empresas A. Sampaio & Filhos, Coltec, Envicorte, Eurobotónia, Filasa, Heliotextil, Island Cosmos, Joaps, Lemar, LMA, Lurdes Sampaio, NGS Malhas, Oldtrading, SIT, Têxtil António Falcão e Tintex. O balanço, diz Cristina Castro, relações públicas da instituição,
O mostruário de acessórios têxteis made in Portugal preparado pelo CITEVE
cai dentro do esperado. “Em Marrocos há muita confeção mas não têm grandes alternativas ao nível dos materiais - nomeadamente técnicos - e dos acessórios, pelo que muitos viram no fórum produtos que lhes interessaram”,
conta. “Foram dados os contactos de várias empresas e esperamos que surtam o efeito pretendido”, remata. A próxima edição acontece de 7 a 10 de Março de 2019, na capital marroquina. t
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MALHA DA A. SAMPAIO PREMIADA NA ALEMANHA Uma malha com controlo de odor, secagem rápida, elevada elasticidade e que incorpora plásticos reciclados, produzida pela A. Sampaio & Filhos – Têxteis SA, foi distinguida na Alemanha com o Eco Perfomance Award, atribuído ao produto inovador mais sustentável pelo júri da Perfomance Days, a feira dos têxteis funcionais que decorre em Munique a 18 e 19 de Abril. Com este prémio para a malha Baselayer Seaqual™ 64497, assim se chama o produto, um júri internacional volta, assim, a reconhecer o trabalho de inovação técnica sustentável da empresa de Santo Tirso, que também em Novembro último viu uma das sua malhas ser seleccionada, em Paris, para os Milipol Innovation Awards 2017, e também na ISPO, em Munique, onde teve nove
produtos distinguidos pelo júri do concurso Textrends, dos quais dois Best Product e dois Top 10. Esta malha da A. Sampaio agora premiada na Alemanha caracteriza-se pela utilização de fibras de polyester reciclado que são produzidas a partir de plásticos recolhidos no fundo do oceano, com toda a cadeia de fornecimento a situar-se numa localização geográfica específica com vista a reduzir o impacto ambiental. Em comunicado, a empresa de Santo Tirso informou ainda que “o algodão orgânico está também presente na composição deste artigo” e que “para além das suas características sustentáveis, esta malha tem ainda na sua ficha técnica o controlo de odor, secagem rápida e elevada elasticidade”. t
SONIX JÁ TRABALHA NAS INSTALAÇÕES DA EX-RICON Depois de inicialmente ter assegurado a contratação de 120 ex-colaboradores da Ricon, o Grupo Sonix tomou também conta das instalações e dos activos da Ricon Industrial, a empresa-mãe do grupo têxtil de Ribeirão que no início deste ano entrou em processo de insolvência. Após ter fechado o negócio com o administrador da insolvência, a líder da Sonix, Conceição Dias, disse ao T que a empresa vai passar a laborar com outra designação e que tinha contratado mais um grupo de ex-trabalhadores da Ricon. “Temos já assegurado o coração da empresa, todo o seu know-how, com as chefias e respectivas equipas. Nesta altura já não só 120 e temos con-
tratadas 157 pessoas”, adiantou, deixando entender que poderá até vir a contar com a quase totalidade
"Este projeto irá permitir a diversificação da nossa atividade têxtil" Samuel Costa Administrador do Grupo Sonix
dos 300 trabalhadores que tinha a Ricon Industrial. “É preciso ver as condições, as
necessidades e a forma como se podem adaptar àquilo que pretendemos mas pode ser que venhamos a contar com toda a equipa”, admitiu a líder do grupo têxtil de Barcelos. A Sonix revela-se assim como um forte player em crescimento no sector. Já no início de Março, quando foi conhecido o seu interesse na Ricon, o administrador Samuel Costa admitia ao T que “este projecto irá permitir a diversificação da nossa actividade têxtil e a oferta de um portefólio mais alargado de produtos, assim como alavancar uma nova área de negócio que há muito pretendíamos retomar”. t
WYFEET DA FARIA DA COSTA A CAMINHO DO MERCADO A Faria da Costa iniciou a produção industrial das peúgas de aquecimento ativo WyFeet, que permitem manter os pés quentes, mesmo em temperaturas negativas extremas, e resultam de um projeto desenvolvido em parceria com o CITEVE e o CeNTI. Está prevista a produção de cinco mil pares/mês de meias WyFeet-Warm your feet, que têm um sensor na zona da planta dos pés e duas baterias, semelhantes às de um telemóvel, na zona dos tornozelos. Empresas e cadeias de distribuição de diversas paragens - Estados Unidos, Áustria e países nórdicos - já manifestaram interesse nestas meias inovadoras, que mantêm os pés quentes a uma de três temperaturas previamente reguladas,
durante um período de tempo que oscila entre as oito e as 16 horas. O projeto, que implicou um investimento em i&d de 350 mil euros, iniciou-se em outubro de 2016, sendo que a ideia surgiu do desabafo de um cliente estrangeiro, que se queixava não poder acompanhar uma determinada etapa do rali da
Suécia por não conseguir suportar estar várias horas com os pés frios. Fundada por Álvaro Costa, que em 1988 decidiu trocar a avicultura pela têxtil, a Faria da Costa começou por fabricar meias clássicas e de desporto, antes de investir em equipamento e investigação para começar a ter produtos diferenciados e com maior valor acrescentado. Meias de lã com misturas de fibras especiais (Coolmax, Bamboo, Thermolite) que lhe proporcionam funcionalidades - como as meias anti-transpiração que fornecem ao exército israelita - foram a primeira etapa da subida na cadeia de valor, anterior ao investimento nas meias Wyfeet com sistema integrado de aquecimento, que vão conhecer uma versão com GPS. t
JOAPS VAI CRESCER NAS MALHAS TÉCNICAS E SUSTENTÁVEIS Aumentar o peso das malhas técnicas e orgânicas no seu volume de negócios é a principal preocupação estratégica da JOAPS, que fechou 2017 com um volume de negócios de cinco milhões de euros, que representa um crescimento de 7,5% relativamente ao ano anterior. As malhas técnicas já valem 20% das vendas da JOAPS, que está a fazer surf em cima da onda da procura crescente de peças sustentáveis.
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pessoas trabalham na Lameirinho, que comemora este ano o seu 70º aniversário
LE FIGARO RENDEU-SE AOS VESTIDOS DE FÁTIMA LOPES Os vestidos negros que Fátima Lopes levou às passarelas de Paris não passaram despercebidos aos olhos da seletiva crítica francesa, e a revista Madame do Le Figaro destacou-os entre os mais bonitos da Paris Fashion Week. “O vestido negro dá um passo à frente”, é o título do artigo, que chama especial atenção para os modelos apresentados por Fátima Lopes, Elie Saab, Givenchy, Chanel e Leonard Paris. “Um clássico não se reinventa senão na aposta nos detalhes, uma forma de não trair o seu ADN sem cansar”, descreve a jornalista apontando ao “espírito slipdress de Fátima Lopes”.
VILLAFELPOS FORNECE HOTEL DE SUPER-LUXO NAS MALDIVAS “Vamos fornecer um hotel de super-luxo nas Maldivas com felpos Airdrop testados para aguentaram frequentes lavagens industriais”, anunciou Alberto Pimenta Machado, CEO da Villafelpos, que espera fechar o ano com vendas de 12 milhões de euros. Quatro anos depois de ter surpreendido o mercado com a Airdrop, uma toalha com uma capacidade de absorção 56% superior ao normal, a têxtil lar não pára de melhorar esta tecnologia, usando-a em produtos cada vez mais leves e resistentes, e estendendo-a a a toda a gama de banho.
DOLORES GOUVEIA É O NOVO REFORÇO DA VALÉRIUS Focada na criação e inovação e com uma aposta decisiva nos projectos de economia circular, a Valérius reforçou a equipa criativa com a contratação de Dolores Gouveia. A nova colaboradora da têxtil de Barcelos tem uma carreira consolidada como formadora, consultora e analista de tendências. Foi também responsável pelo Departamento de Design e Marketing de Moda do CITEX e coordenadora do concurso de Jovens Criadores PFN (Portuguese Fashion News), tendo-se dedicado nos últimos tempos ao trabalho com empresas nas áreas de tendências, design e marketing - caso da Tintex, com quem esteve ligada até Janeiro deste ano.
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APRESENTAÇÃO
CATARINA FURTADO
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DIANA CHAVES GONÇALO TEIXEIRA VANESSA MARTINS
Design by www.bangbang.agency
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MANEQUINS BEST MODELS
PEDRO ABRUNHOSA AO VIVO
MANUEL SERRÃO
COM PARTICIPAÇÃO
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“INCENTIVOS TÊM QUE SERVIR PARA TORNAR AS EMPRESAS
FOTO: RODRIGO CABRITA
MAIS COMPETITIVAS”
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n ENTREVISTA Por: José Augusto Moreira
Nelson Souza 63 anos, nasceu em Goa, no então Estado Português da Índia. Tinha sete anos quando veio para Portugal, acompanhando a família - o pai era jornalista e em Lisboa foi trabalhar para o Gabinete de Imprensa da TAP. Cresceu na Ajuda, o que explica o facto de ser adepto do Belenenses. É licenciado em Finanças pelo ISCEF, onde foi colega de Ferro Rodrigues (que presidia à Associação de Estudantes), Augusto Mateus e Vieira da Silva. Profundo conhecedor do tecido empresarial e dos programas de apoio à economia, é secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão (do Ministério do Planeamento e Infraestruturas de que é titular Pedro Marques) desde 22 novembro de 2015.
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usta competir num mercado aberto mas não há alternativa e é no caminho mais difícil, o da exigência, que se ganha o valor acrescentado que permite que as empresas se tornem mais rentáveis e paguem melhores salários de uma forma sustentável. O contacto com a indústria têxtil vem desde os anos 80, tendo participado nos primeiros programas de reestruturação naqueles tempos difíceis do Vale do Ave. Houve muita gente a ditar que a indústria têxtil não tinha futuro em Portugal. Foi uma surpresa ter conseguido reinventar-se?
Para quem conheceu o percurso todo, acaba por não ser uma surpresa assim tão grande. Percebia-se que o caminho seria difícil e é preciso ver que nessa altura a indústria têxtil e do vestuário empregava 300 mil pessoas, representava muito da nossa produção industrial e uma fatia muito grande das nossas exportações. Naturalmente que hoje terá menos de metade dos trabalhadores e o seu peso absoluto é completamente diferente, mas também já nesse tempo se percebia que havia uma dinâmica e uma vontade que lhe garantia o futuro. Não foi um percurso previsível nem fácil, como é que as coisas foram acontecendo?
Houve vários embates, problemas ligados à globalização, um processo tremendo de abertura dos mercados europeus fortemente acelerado com as negociações do GAT. Naturalmente custa competir num mundo
desta natureza, mas julgamos que não há alternativa, e tudo isto foi muito bem protagonizado pelo sector têxtil que hoje em dia está de facto a olhar para a frente. Incorporando não apenas tecnologia, mas também criatividade, moda, o imaterial e recursos humanos qualificados. Caminho difícil, pois é, mas é onde estão os melhores, onde a exigência é muito grande, mas também onde se ganha valor acrescentado. É onde se ganha o dinheiro que permite que empresas se tornem mais rentáveis e paguem melhores salários de uma forma sustentável. É esse o objectivo dos incentivos, tornar as empresas mais competitivas?
Têm que servir para fazer este caminho, senão é deitar dinheiro fora. Os incentivos são para contratualizar estes objectivos, para andar para a frente. Hoje em dia já não discutimos muitas coisas, medimos resultados e se não são alcançados muitos dos incentivos que estão contratados são, no final, ajustados e até diminuídos nalguns casos. Não são contratualizados investimentos mas resultados, foi isso que mudou do QREN para o Portugal 2020?
No QREN também já se tinha feito esse caminho. Aliás, já desde o PEDIP2 que havia fundos reembolsáveis, que as empresas não recebiam tudo a fundo perdido. Portanto, isto é um caminho de habituação que a indústria foi fazendo. Uma das críticas que se tem ouvido por parte dos empresários tem que ver precisamente com a contratualização de resultados. Fazem sentido?
Por um lado entendo essas críticas, mas é preciso ver que são os empresários quem propõe os resultados e que a maioria acaba por obter a tal isenção de reembolso. Quem, como nós,
"Em termos de percentagem, somos o país com melhor taxa de execução dos fundos comunitários"
Como o pai morreu novo, teve de começar a ganhar dinheiro quando ainda frequentava o 4º ano do curso - que concluiria como estudante/trabalhador no Verão Quente de 1975. O primeiro emprego foi na contabilidade de uma empresa que fornecia refeições (onde estava no 25 de Abril). “Ajudou-me a perceber a complexidade da gestão e a olhar para os números do balanço de forma a compreender o que eles revelam sobre a realidade da empresa”, recorda. Em 1977, entrou como técnico para o Ministério da Industria, onde percorreu todos os degraus até chegar a diretor geral. “Ganhei um vício, o de conhecer e perceber a atividade industrial, de que ainda não me consegui livrar”, graceja a propósito de uma carreira feita, no seu essencial, na administração pública - foi gestor de programas do Pedip, administrador do IAPMEI, gestor do Compete, QREN e Prime, e secretário de Estado das PME do Governo Guterres -, com a excepção de uma passagem pela AI Portuguesa, onde foi diretor geral.
cultiva essa atitude de permanente observação entende que o mundo é hoje cada vez menos previsível e mais volátil e entendo esse desconforto. Mas é preciso também que as coisas tenham uma avaliação, que as empresas tenham um modelo de previsão de resultados que as tornem fiáveis. A cultura de avaliação de resultados veio para ficar e não volta atrás.
organismos como IAPMEI ou AICEP, que são consultados e nalguns casos são permanentes. Ao todo o número poderá dobrar. Há ainda a necessidade de contratar peritos, o que nem sempre é fácil como acontece por exemplo na área de I&D, o que leva a muitos atrasos.
Há críticas também pelo complexo e moroso preenchimento das candidaturas. Diz-se até que ao ano passado foi preciso verificar e carimbar manualmente 1,5 milhões de documentos. É verdade?
As duas coisas. E como nós somos um país pequenino, não é fácil encontrar peritos que não estejam envolvidos em projectos.
Mas com isso já acabamos! É que nós só publicamos os números quando acabamos com o procedimento (risos...). Isso era um procedimento que visava garantir que um documento de despesa não era validado em mais que um sistema, e como os sistemas não falavam entre si a solução era o carimbo, que acabou agora no início de Janeiro. Mas só conseguimos garantir o cruzamento de documentos que temos no Portugal 2020, se forem por exemplo da Segurança Social já há questões de confidencialidade que nos impedem. Mas ainda há ou não muita burocracia?
A questão é que somos compelidos a solicitar uma multiplicidade de dados porque é isso que Bruxelas nos impõe. Quer que asseguremos pistas para que as auditorias possam ir até ao cêntimo. Tudo o que é divergência superior a 2% já é sacrilégio, tudo tem que ser validado a 100%. Quantas pessoas trabalham nesta estrutura dos projectos para incentivos?
Em termos de rede mais directa, mas permanente de autoridades de gestão, serão umas 600 pessoas. Mas há também pessoas de
Por dificuldades na autorização para contratar ou por dificuldade em os descobrir?
E considera que, tal como está a funcionar, esta estrutura é suficiente?
Há que ver que esta máquina dos fundos é muito prestigiada na Europa, junto da Comissão Europeia. E estou completamente à vontade para o dizer que a maior parte das pessoas que está neste momento foi nomeada pelo anterior Governo. É uma máquina muito profissional. Nós somos neste momento, em termos de percentagem, o país com maior execução. Isto no conjunto daqueles que têm maiores pacotes de fundos, acima de cinco biliões, e nós temos um pouco mais de 25 biliões. A Polónia é o país que tem mais execução em termos absolutos, mas tem quatro vezes mais fundos que nós. Somos, em percentagem, o país que tem a melhor taxa de execução. Mesmo assim, subsistem queixas de que há um grande diferencial entre o valor aprovado e aquele que foi entregue às empresas. Esta é uma crítica injusta?
Isso há. Mas é muito melhor que noutros países, se bem que como se costuma dizer com o mal dos outros podemos nós bem. Países como Espanha, França ou Alemanha têm atrasos de execução bem maiores que os nossos, e é bom que se
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Os enormes mercados da Índia e da China Nelson Souza sempre defendeu as vantagens da abertura de mercados, da concorrência aberta. “Sempre fui daqueles que diziam que era preciso olhar para a frente e que além do pragmatismo devíamos assentar sempre na reciprocidade”, mesmo no caso de gigantes como a China e a Índia. “Eles tinham, e têm, mercados enormes, que naquela altura estavam em crescimento e isso hoje em dia já é uma realidade. Porventura o mercado de média e alta gama nesses países, tudo somado, representa hoje tanto como o mercado europeu e ávido de comprar coisas ocidentais, de qualidade, e portanto nós só temos a ganhar com essa abertura, que ainda e infelizmente não está concluída”.
saiba que a Alemanha tem, em termos absolutos, um pacote financeiro maior que o nosso. Naturalmente que queríamos uma taxa de execução maior em relação ao aprovado, mas para quem já anda aqui há muito tempo diria que isto é típico do mid turn, desta fase intermédia de execução dos projectos. Temos nalgumas áreas taxas de aprovação elevadíssimas, como é o caso do apoio às empresas, com quase 100%, e taxas de execução em 25 - 23%, o que nas empresas é altíssimo, e depois outras em que as taxas de aprovação são também altas, 55,56/57%, mas a execução é para aí de 10%! A informação é de que 2017 foi o melhor ano de sempre do programa...
Na parte das empresas. Pagamos 1.3 mil milhões. E para este ano é o mesmo objectivo?
Atenção que isto são metas acumuladas desde o início, desde que tomamos posse. Nós tínhamos zero quando cá chegamos, mais propriamente 15 milhões. Depois chegamos no primeiro ano, em 2016, aos 500 milhões, no ano passado dissemos que faríamos 1.3 mil milhões, portanto pagamos 800 milhões, um valor recorde, e agora este ano vamos atingir os 2 mil milhões pagando 700. Ou seja, mantendo mais ou menos o mesmo ritmo. Estamos a falar do programa de competitividade e internacionalização...
Nem só. É competitividade mais os programas regionais. Portanto quando falamos desses números é dessa área, depois havemos de ter pelo menos outro tanto, senão mais, porque ao todo no ano passado pagamos 2.8 mil milhões. Portanto, até aqui o foco foi aprovar e agora é executar
"A cultura de avaliação de resultados veio para ficar e não volta atrás"
e reprogramar. Sobre a reprogramação o que é que está pensado?
Quando tomamos posse o objectivo era, em primeiro lugar, acelerar a execução do Portugal 2020 e conseguimos. Demos prioridade ao investimento empresarial, da competitividade, mesmo que possa parecer um bocado estranho ter dado prioridade ao investimento privado, dado o suporte político deste governo. E percebe-se agora porque é que fez sentido. Queríamos promover aceleração e onde tínhamos melhores condições de uma forma imediata era através do investimento privado. E fizemo-lo até com um empenho muito grande do primeiro-ministro. Mas com o não há bela sem senão, a consequência foi o esgotamento das verbas disponíveis. Os números apontam para 5% disponível, é isso?
E o que isso significa é que ainda nos resta algum tempo para finalizarmos o actual Portugal 2020 e se quisermos continuar este ritmo temos que reprogramar, ou seja arranjar dinheiro para alocar a esta continuidade. E fixamos como meta criar condições para apoiar mais 5 mil milhões de euros de investimento daqui até ao fim do Portugal 2020. Vem aí o Portugal 2030, o que é que está pensado e o que se aprendeu com o Portugal 2020?
Desde Junho do ano passado
que andamos a falar com toda a gente. Associações, universidades, economia social, terceiro sector, entidades da administração pública... Já temos documentos simples produzidos, um position paper face à Europa que andamos a discutir com todos os partidos, incluindo o PSD. Acho que será relativamente fácil um consenso alargado na sociedade portuguesa quanto aquilo que há para fazer, o problema é entendermo-nos logo a seguir sobre a estratégia para o conseguir, mas mesmo nesse aspecto estou optimista. E qual é o desígnio, o grande objectivo. A reindustrialização, aumentar a capacidade instalada da indústria e a aposta na exportação de bens transaccionáveis é ou não um meio estratégico?
Eu diria que passa por aí, mas nesta altura o debate ainda não está a esse nível. Acho que quando falamos de valor acrescentado, de qualificações, de actividades de futuro, a indústria é incontornável. Não será a indústria do séc. XIX nem sequer a do séc. XX, mas falar dos desafios da indústria 4.0, da transformação digital, é falar do futuro. Isso é incontornável e nem precisa ser dito por um velho industrialista como eu. No Fórum Têxtil, Daniel Bessa disse ter ficado espantado com o desvio de fundos comunitários para a administração pública. Acha que é uma apreciação injusta?
Acho que é uma visão redutora do papel que uma administração pública eficiente pode ter no domínio da competitividade. Todos sabemos que reduzindo custos de contexto e estando ao serviço de estratégias de desenvolvimento empresarial desempenha um papel único, como aliás todas as organizações internacionais têm continuamente referido. t
As perguntas de
João Costa Presidente Selectiva Moda e vice-presidente da ATP Grandes empresas têxteis, que em muitos casos seriam PME em França ou na Alemanha, estão excluídas dos incentivos à participação em feiras. Há espaço para reverter a situação no Portugal 2020? Ou no próximo quadro?
Na regulamentação comunitária dos fundos estruturais, os apoios às grandes empresas - definição da legislação europeia aplicável tanto em Portugal, França ou Alemanha - está limitada a projetos de i&d ou de inovação produtiva. Ainda é prematuro prever o que virá a acontecer no futuro quadro, mas provavelmente a tendência no apoio às empresas não PME caminhará no sentido da restrição e não de alargamento. Os incentivos têm sido distribuídos a projectos individuais e também conjuntos para acções colectivas. Este binómio é para continuar?
Será para continuar a apoiar as duas dimensões, mas com um privilégio crescente para os projetos que se sustentem no reforço da inteligência coletiva que possam reproduzir efeitos num conjunto mais vasto de empresas.t
Freire de Sousa Presidente CCDRN
Dos vários cargos que desempenhou, qual o que mais o realizou?
O cargo de que tenho uma recordação mais viva é a de gestor do programa Missões de Produtividade do PEDIP I. Desenhado há 30 anos por uma pequena equipa que coordenei, preconizava que a sustentabilidade do crescimento dependia da produtividade e esta de fatores de competitividade imateriais como capacidades de I&D e gestão, cadeias de distribuição e modelos de organização do trabalho. Os gaps de produtividade que ainda hoje em dia reduzem a nossa capacidade de crescer reavivam a pertinência das medidas então preconizadas. Como vê a relação entre políticas públicas de natureza setorial e temática e as de natureza regional e territorial?
Qualquer estratégia, medida ou projeto prossegue um objetivo ou uma política e é executado num território, sendo por ele influenciado, ou, no caso de iniciativas estruturantes, influencia o espaço em que é concretizado. Perceber bem esta interdependência, ajuda-nos a definir políticas setoriais que beneficiem políticas territoriais articuladas e, no sentido inverso, concertar políticas territoriais com as agendas temáticas mais horizontais. t
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MUNDOTÊXTIL ESTÁ CONCLUIR INVESTIMENTO DE 18 MILHÕES A Mundotêxtil vai concluir este ano o investimento de 18 milhões de euros no reequipamento e modernização da sua fábrica de Vizela, que lhe permitiu aumentar de forma bastante significativa os seus níveis de competitividade, não só ao produzir mais gastando menos, mas também aumentando a flexibilidade industrial para a produção de pequenas séries. Desde 2014, a empresa da família Vaz Pinheiro - que faz um volume de negócios na ordem dos 43 milhões de euros e emprega cerca de 600 trabalhadores - tem investido em média três milhões de euros por ano, para consolidar a sua posição de liderança como maior produtor e exportador europeu de felpos. “Somos líderes mundiais em inovação e qualidade. Já há muito tempo que a quantidade deixou de ser o nosso campeonato”, afirma José Pinheiro, 62 anos, acrescentando que a estratégia é a permanente subida na cadeia de valor: “Não podemos nunca parar de investir em equipamento, inovação, design e internacionalização”. Estar sempre a surpreender o mercado com novidades e produtos cada vez mais técnicos é uma preocupação permanente da Mundotêxtil, que no verão apresentou o protótipo de uma toalha de praia com carregador solar - desenvolvido em parceria com a UMinho - e um vestido (hot chic sun), com certificação de proteção
ROQ MUDA DE MÃOS POR 150 MILHÕES DE EUROS A Magnum Capital e a Alantra anunciaram a compra de 88% da ROQ (empresa que se dedica ao fabrico de máquinas para a indústria têxtil), acrescentando que os últimos detalhes do negócio estarão concluídos antes do final do mês. De acordo o jornal espanhol Expansion, o negócio terá tido um valor de 150 milhões de euros.
LION OF PORCHES NYDEN APOSTA NO PODER DAS REFRESCA LOJA TRIBOS ONLINE A Lion of Porches fez mudanças na sua loja online, apresentando-se agora com conteúdos originais e um visual mais apelativo, adaptando-se às preferências dos seus consumidores. A nova loja está disponível para mais de 100 países e a marca portuguesa faz entregas grátis em todo o território continental e as devoluções também não têm custos.
É a nova marca da H&M, aposta nas novas gerações e está focada no consumidor millenial. A Nyden – assim se chama - promete trabalhar em permanente colaboração com os novos influenciadores e posiciona-se numa gama superior às outras sete marcas do grupo sueco. Outra novidade é que não vai ter lojas permanentes e será vendida online ou em algumas lojas efémeras, no modelo pop-up.
"A nossa indústria têxtil está a perceber a importância de reciclar e ter mais materiais ecológicos" "A inovação é o nosso ADN", diz José Pinheiro, Presidente da Mundotêxtil
UV, fruto da colaboração com o CITEVE e a Faculdade de Medicina do Porto (FMP). Também em colaboração com a FMP, a Mundotêxtil inovou com produtos para uso médico e hospitalar no pós-operatório e queimados. E tem em fase final um inovador projeto de desenvolvimento de uma nova geração de estruturas dos tecidos de felpo, num valor su-
perior a meio milhão de euros, que está a desenvolver com a Universidade do Minho. “A inovação é o nosso ADN - é o que a gente faz todos os dias”, conclui Pinheiro, um self made man que criou a Mundotêxtil quando regressou da tropa (feita na Polícia do Exército), a que foi chamado após ter desistido de estudar Economia em Coimbra. t
TÊXTIL PORTUGUESA PRODUZ 20% DO QUE A INDITEX VENDE As empresas portuguesas da ITV são responsáveis pelo fabrico de 20% dos produtos que o grupo espanhol Inditex vende em todo o mundo, revelou Pablo Isla, presidente da empresa, na apresentação dos resultados anuais do grupo sediado em Arteixo, na Corunha. “Na nossa perspetiva, Portugal tem e vai continuar a ter um papel chave entre os mercados mais relevantes de todo o nosso abastecimento”, sublinhou Pablo Isla. Depois de anos a comprar e fabricar principalmente na Ásia, a Inditex adquire agora 60% dos produtos que vende em todo o mundo naquilo que chama “mercados de proximidade”: Espanha, Portugal, Marrocos e Turquia. “Esta produção de proximidade é uma das grandes chaves do sucesso da nossa empresa
e claro que vai continuar a ser nos próximos anos”, realçou o presidente da Inditex, acrescentando que a “produção de proximidade” permite, por exemplo, à empresa ter uma “capacidade de reagir” e poder oferecer outros produtos em todo o mundo ainda durante uma campanha em curso. “Isso dá-nos a possibilidade de estar a meio de Março e poder ainda tomar decisões, que são significativas, para a campanha primavera/verão” que já começou, disse Pablo Isla. Entre 1 de fevereiro de 2017 e 31 de janeiro de 2018, as vendas da Inditex aumentaram 8,7%, para 25.336 milhões de euros e o grupo tinha 7.475 lojas em todo o mundo. A Inditex anunciou ainda que os lucros foram de 3.368 milhões de euros, mais 6,7% do que em 2016. t
Braz Costa Diretor geral do CITEVE
KATTY XIOMARA CRIA PRIMEIRA COLECÇÃO DA CUDDLE Katty Xiomara é a autora do design e dos padrões da primeira colecção da Cuddle, uma nova marca de têxteis-lar criada pela empresa Miguel Sampaio Barbosa, sediada na Maia, que se dedica à venda de produtos químicos para a indústria têxtil. Esta primeira colecção (cama e banho) foi lançada em Janeiro deste ano e é composta por quatro conjuntos com diferentes designs e padrões.
FARFETCH PREPARA ENTRADA EM BOLSA Os bancos JP Morgan e Goldman Sachs foram contratados pela plataforma de moda de luxo Farfetch para prepararem a entrada em bolsa deste unicórnio liderado pelo empresário português José Neves, noticiou o jornal Financial Times. De acordo com este jornal, a oferta pública inicial (IPO, na sigla inglesa) será feita numa praça financeira nos EUA.
15%
das vendas da Penteadora são de artigos técnicos
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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti
The Trench Enquanto a Primavera não chega de verdade – só no calendário, pois o clima parece não dar trégua -, lembrei-me de falar de uma peça que me tem dado muito jeito nestes últimos dias molhados e sem saber se fará frio ou se o calor dá o ar da sua graça. É o famoso Trench Coat, um clássico da meia estação que nunca sai de moda e aparentemente vem com força na próxima estação. A peça tem origem em 1850 e foi desenvolvida por razões militares. Duas marcas reivindicam a criação: Aquascutum e Burberry, mas não há registos oficiais de qual delas foi realmente a responsável pelo pri-
meiro design do casaco. Só sabemos que logo foi adotado também pelos civis e até hoje perdura com designs e interpretações diversas. Para mim é uma peça não só muito elegante mas também extremamente útil uma vez que nos salva da chuva ou frio repentino sem nos sobrecarregar – para além de atribuir grande estilo ao look. É perfeita para uma meia-estação louca como esta que estamos a viver. Os modelos hoje em dia são os mais variados. Desde o clássico Trench Coat com 10 botões, em tons bege, comprido e com
amarração na cintura, às interpretações mais contemporâneas – oversize, coloridos, estampados, com aplicações, em materiais alternativos (como vinil – uma grande tendência). Não faltam alternativas para todos os estilos. E a ideia é usar desde composto com um look mais básico (uma t-shirt, jeans e ténis por exemplo) ou mesmo com algo mais formal (como uma camisa com saia lápis e saltos altos). Fica então aqui a dica: aposte num bom Trench Coat e estará salva em grande estilo! t
ALEXANDRA MOURA LANÇA LOJA ONLINE Alexandra Moura lançou-se no mundo do e-commerce, com uma loja virtual caracterizada por uma forte curadoria e escolha das peças, que terão um stock muito limitado. “Queremos chegar a mais clientes, em especial a um público que se situa nas faixas etárias dos 20, 30 e 40 anos, e acreditamos também que esta aposta no e-commerce é uma forma de oferecer as nossas peças mais icónicas a uma audiência cada vez mais conhecedora de moda e de design de qualidade”, sublinhou a criadora em comunicado.
KERING TEM FORMAÇÃO DE ACESSO LIVRE O gigante mundial de luxo Kering estreia-se na formação online, lançando uma série de cursos de acesso livre em parceria com o London College of Fashion. Intitulada “Moda e Sustentabilidade: Compreender a Moda de Luxo num Mundo em Mudança” a primeira formação tem início a 9 de Abril, com 18 horas de duração e dividido num programa de seis semanas.
DEEPLY 100% MADE IN PORTUGAL Natureza, anos 90 e estilo navy são os três conceitos da nova coleção spring/ summer 2018 da marca de surfwear Deeply, que usa materiais inovadores, como algodão orgânico e tecidos ecológicos, e é totalmente made in Portugal. Gallery, Carved e Lucky Fish Collection são as três coleções exclusivamente disponíveis para compra online no website oficial da Deeply, que envia agora encomendas para todo o mundo.
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WESTMISTER VAI TER MEIAS BY NUNO GAMA
DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
Scar-ID Store
Rua do Rosário 253, 4050-124 Porto
Ano de criação da marca 2013 Produtos Moda de autor, joalharia, acessórios, mobiliário Fundadores Sílvia Pinto Costa e André Ramos Estilo Intemporal Estilistas Carla Pontes, Daniela Barros, David Catalán, Gonçalo Peixoto, etc. Loja online https://scar-id.com/
A WestMister vai ter uma coleção de meias masculinas assinada por Nuno Gama, que será comercializada na estação outono-inverno 2018. Com esta parceria, a WestMister quer reforçar o seu posicionamento no mercado nacional e internacional como uma das mais arrojadas marcas de meias masculinas para um segmento alto. De fabrico 100% português, as meias WestMister são produzidas a partir das melhores matérias-primas (mercerised cotton lisle) e com recurso a máquinas de 200 agulhas e biqueira sem costura.
SOREMA INVESTE DOIS MILHÕES PARA CONTINUAR A CRESCER
FOTO: FACEBOOK SCAR-ID
A Sorema vai investir dois milhões de euros na ampliação das suas instalações industriais e reorganização do layout produtivo, com o qual criará 20 novos postos de trabalho. “A nossa fábrica já tem 40 anos, precisa de espaço para crescer”, explica Ricardo Relvas, administrador da têxtil lar de Espinho. A Sorema fechou 2017 com um volume de negócios de 10,4 milhões de euros (crescimento de 4% face a 2016), dos quais 90% são exportados, sendo que Espanha, França, Reino Unido e Estados Unidos são, com importância quase idêntica, os seus principais mercados.
De Bombarda para o mundo Fica em pleno bairro das artes e tal não é coincidência: a Scar-ID Store vê a moda como uma forma de arte e está como um peixe dentro de água no quarteirão de Miguel Bombarda. O conceito foi criado por Sílvia Pinto Costa e André Ramos, também eles ligados ao mundo artístico: ela é artista plástica pela FBAUP e ele arquiteto pela FAUP. Aventuraram-se ambos no ramo do comércio sem qualquer experiência prévia e com um objetivo bem definido: internacionalizar o design português – não só ao nível da moda mas também dos acessórios, da joalharia, do mobiliário e de outros produtos que também se podem encontrar neste espaço. A pesquisa de novas marcas e de novos conceitos é um trabalho constante para os dois fundadores da loja, que pretendem “descobrir produtos e criadores que por algum motivo diferenciador se destacam num mundo global já tão saturado”. Talvez por isso seja óbvia a aposta em talentos emergentes, que apresentam propostas disruptivas, diferentes e com a qualidade característica dos produtos made in Portugal – uma área cada vez mais explorada por diferentes plataformas nacionais mas onde dizem ter sido pioneiros, quando abriram a sua loja online, em Dezembro de 2013. No catálogo da Scar-ID encontram-se por
isso alguns estilistas que se estrearam em projetos como o Bloom, do Portugal Fashion, como Beatriz Bettencourt, Olimpia Davide, Amorphous ou David Catalán, que se misturam com nomes de imponência da moda nacional, como Alexandra Moura ou a Pé de Chumbo. As características especiais de cada marca ou criador conferem às peças uma vertente de exclusividade (são várias as peças únicas ou só com um tamanho por modelo), o que explica os preços mais elevados – algo compensado pela intemporalidade e qualidade dos produtos, duas características comuns a quase tudo presente neste espaço. Estas são também as razões que justificam a permanência das peças durante muito tempo em loja (a “qualidade de uma peça não se esgota nos 6 meses da estação”, dizem) e a não existência de saldos, apenas de algumas promoções. A loja online vem alargar a experiência da Scar-ID a todos os que não possam visitar a loja in loco – e isto serve para quem está dentro e fora de Portugal - tentando transmitir ao consumidor a história dos produtos (e seus criadores) sobre os quais demonstrou interesse e tentando depois ter o feedback de cada compra. No fundo, cumprindo verdadeiramente com o seu desígnio: levar o design português além fronteiras, tornando-o assim num design global. t
20 mil milhões foi o volume de negócios do sistema moda em Portugal, em 2016
GANT TRAÇA NOVA ESTRATÉGIA PARA PORTUGAL A Gant anunciou estar a aguardar o desfecho de “questões legais” ligadas à falência do grupo Ricon para traçar uma “nova estratégia” para o mercado português. “A Gant Portugal sempre foi um mercado importante para a Gant AB, sendo mesmo um dos mais fortes para a marca em termos globais”, frisou o presidente da Gant, Patrik Nilsson, que agradece ainda “toda a paixão e entrega dos trabalhadores portugueses” para com a a marca de roupa.
MIGUEL VIEIRA É O HOMEM DO ANO DA MODA PARA A LUX O estilista Miguel Vieira foi galardoado pela revista Lux como Personalidade Masculina do Ano 2017 na categoria Moda, uma escolha que visa “premiar o talento, o profissionalismo e a dedicação dos homens portugueses”. Miguel Vieira destacou-se na categoria Moda, na qual competia contra o também estilista Filipe Faísca e o modelo Francisco Henriques, informa a Lux.
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PÉ DE CHUMBO À VENDA NA FARFETCH É uma das primeiras marcas de vestuário portuguesas no catálogo da maior plataforma mundial de venda de moda de luxo. A Pé de Chumbo estreou-se na Farfetch com uma blusa “Weave”, uma peça de linho em três cores da coleção do próximo Verão, que está à venda por 466€. “Foi uma grande e muito agradável surpresa quando soubemos”, confessa Alexandra Oliveira, a designer e dona da marca que criou há 25 anos.
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"O cliente é sempre uma caixa de surpresas. Tenho um cliente que tanto compra o ano todo, muito certinho, como de repente não compra nada até meio do ano - ou vem no fim do ano e compra tudo. Nunca é certo" João Paulo Silva Administrador da JPS Home & Textile
SALSA FATURA 195 MILHÕES E VAI ABRIR 15 LOJAS Os planos de expansão da Salsa contemplam a abertura de 15 novas lojas - entre Portugal, Espanha e França, sendo que a aposta mais forte será no pais vizinho - e nove remodelações. Numa entrevista publicada na última edição do Briefing, Rita Calheiros, Brand & Marketing Diretor da Salsa, anuncia que o grupo fechou o exercício de 2017 com uma volume de negócios de 195 milhões de euros. Eis o essencial da entrevista de Rita ao Briefing, em dez destaques escolhidos pelo T: Crise. Há vários estudos que comprovam que o vestuário é das primeiras coisas em que se corta, muito antes da alimentação. Portanto, acabámos por sofrer com isso. Dimensão. Temos mais de 100 lojas monarca, sete outlets e mais de 2000 pontos de marca. E estamos presentes em 85 armazéns do El Corte Inglés e em department stores como as Galerias Lafayette e House of Fraser. Evolução. Uma grande evolução que fizemos foi para os jeans técnicos e daí uma agregação de valor através de tecnologias. Fast fashion. Nos últimos anos deu-se uma grande viragem no mercado de retalho de vestuário: cada vez mais existem cadeias de fast fashion, não só as do grupo Inditex, mas a Primark e Forever 21, o que, numa época de crise económica, acabou por mudar o mindset do consumo.
Marca. Em Portugal, a Salsa está há 23 anos, tem uma elevada notoriedade, mas precisa de resgatar algum desejo. A marca é conhecida, mas perdeu consideração e desejo nos últimos tempos e nós queremos procurar outros tipos de target.
Objetivo. O nosso objetivo é ser a marca de jeanswear que melhor veste no mundo. Omnicanal. Além de termos uma estratégia multicanal, temos uma es-
tratégia omnicanal. Ou seja, se o nosso cliente for a uma loja física e não encontrar o produto que pretende, rapidamente vemos se temos stock online e facilmente lho fazemos chegar - a casa, à loja ou a um local pick me. E vice-versa, pode comprar online e levantar em loja. Online. Hoje o mercado online já representa 9 a 12% da faturação. E os market places são um ponto de enorme interesse onde queremos aprofundar as estratégias de negócio. E a tendência é crescer. Posicionamento. A Salsa não vai ser nunca uma marca para as fashion victims - não somos a marca da última tendência de moda, até porque o nosso modelo não é assente em fast fashion. Somos uma marca que está atenta às tendências, mas que acima de tudo quer proporcionar uma colecção e um produto em que o custo/ benefício valha a pena para o nosso cliente, que encontre um valor agregado na peça. Esse é o novo posicionamento que queremos trabalhar a partir de agora. Sonae. A nível operacional, a Sonae ainda não está no nosso dia a dia. É uma relação bastante informal. Sempre que há necessidade recorremos à Sonae e vice-versa. Não estão formalizadas parcerias oficiais, mas é algo que pode acontecer de um dia para o outro porque temos estratégias e estruturas muito flexíveis. t
FALTA DE PROFISSIONAIS AMEAÇA EXPORTAÇÕES A escassez de talento é uma ameaça às exportações portuguesas, uma questão que é central também na ITV e foi analisada no Expresso. “Às empresas do sector faltam pelo menos 15 mil profissionais”, aponta o semanário, que além de costureiras, refere a falta de designers, engenheiros têxteis e técnicos de produção experientes. Apontando para o crescimento de 9,6% das exportações do país em Janeiro, sustentada na dinâmica de sectores industriais como a têxtil, metalomecânica, moldes ou calçado, o artigo avisa que “esta dinâmica pode ser travada por um factor: a escassez e profissionais quali-
ficados que afecta estas indústrias”. E numa ronda por seis sectores que estão entre os líderes das exportações nacionais, o Expresso “apurou que faltam, pelo menos, 67 mil profissionais qualificados”, um cenário que tende a agravar-se. Na ITV, as maiores necessidades são na área do vestuário, onde é muito difícil contratar costureiras, mas o artigo sublinha que “na lista de dificuldades de contratação das empresas da fileira têxtil estão também perfis tecnológicos, engenheiros têxteis, designers, especialistas em inovação e técnicos de produção experientes”. t
NORTENHA COM LOJA NO BAIRRO DAS ARTES A Têxtil Nortenha abriu pela Páscoa a Nortenha 297, uma pop-up store no coração do Porto, um espaço branco e minimalista onde expõe as colecções que faz ao longo do ano para apresentar aos clientes, maioritariamente marcas internacionais de segmento alto. Num conceito inovador, de inspiração nórdica, a Nortenha 297 fica na Rua da Torrinha, na zona conhecida como o Bairro das Artes.
ALGUÉM PEDIU UM CARAPAU… Para uma marca 100% portuguesa, um nome 100% português – Carapau. Foi por esta razão que o casal de designers gráficos Rita Faria e Tiago Couto, ambos com 39 anos, decidiu baptizar a sua marca de artigos para decoração de interiores com o singular nome de um dos peixes mais comuns nas mesas portuguesas. Tudo começou em 2014 quando a crise bateu à porta. “Percebemos que tínhamos que alargar o âmbito da nossa actividade. Tanto eu como o Tiago sempre gostamos da área da decoração e eu, em particular, gostava também muito de costurar”, recorda Rita Faria. O atelier destes designers, localizado no Carvalhido, no Porto, alargou a partir de então a actividade para outras áreas do design. Bonecos para criança, almofadas e sacos passaram também a ter a chancela de Rita e Tiago. “É tudo feito à mão no nosso atelier. Só utilizamos produtos naturais como o burel, o linho e a lona. E só fazemos produtos ecológicos”, descreve. Os bonecos para crianças são o must da Carapau. Feitos em burel e linho e com serigrafias manuais, nas quais só são utilizadas tintas ecológicas, os bonecos são vendidos entre 30 a 60 euros.
Nas almofadas, o material e as técnicas utilizadas são as mesmas dos bonecos, enquanto nos sacos Rita e Tiago utilizam lonas. É claro que a participação do Carapau em feiras como a Maison et Objet, em Paris, na New York Now, numa outra feira em Londres dedicada a artigos de decoração e também num certame da mesma área que se realiza em Tóquio tem contribuído para o Carapau português ter sucesso sobretudo no estrangeiro.
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Com as nossas APPS, a comunicação da sua empresa está acessível na “mão” dos seus clientes, de forma rápida e muito intuitiva.
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HUGO COSTA E PEDRO PEDRO COM BORDADOS DE CASTELO BRANCO Hugo Costa e Pedro Pedro são os designers convidados do Castelo Branco Moda’18, agendado para 15 de junho. Neste desfile, a realizar no Museu Têxtil de Cebolais (instalado na antiga fábrica da Corga), serão apresentados os vencedores da 2ª edição do concurso O Bordado de Castelo Branco e a Moda. Hugo Costa concluiu em 2008 o curso de Design de Moda na ESART do Politécnico de Castelo Branco.
JF ALMEIDA FAZ HOTEL PARA ALOJAR TRABALHADORES DO BANGLADESH
SUZY MENKES VISITOU ATELIER DE KATTY
O encontro foi na histórica Livraria Lello, mas o destino era o atelier de Katty Xiomara, onde a mais famosa jornalista de moda do mundo apreciou demoradamente o trabalho da estilista portuguesa. A par da colecção que Katty estava a preparar para o desfile do Portugal Fashion, Suzy Menkes deteve-se também a apreciar e fotografar pormenores de peças e tecidos que povoam o espaço criativo da designer, na rua a Boavista. t
AICEP CRIA ACADEMIA PARA AJUDAR EMPRESAS A EXPORTAR A AICEP está a ultimar, em parceria com entidades universitárias, a criação da Academia Internacionalizar, destinada a ajudar as empresas portuguesas a exportar. O primeiro programa deverá ir para o terreno, no Porto e em Lisboa, já no próximo trimestre. A Academia Internacionalizar é mais uma ferramenta criada para atingir o objetivo de até 2025 as exportações valerem 50% do PIB, definido no Plano Estratégico 20172019, apresentado por Luís Castro Henriques, que preside à AICEP desde abril do ano passado. Os programas de formação que estão a ser desenhados contemplam não só a capacitação das em-
presas e empresários na vertente clássica da gestão mas também em skills especificas para a exportação. No final do ano passado, o peso das exportações no PIB rondava os 43%, o que representa um cresci-
mento significativo registado nesta década, já que antes de 2010 era inferior a 30%, mas ainda muito abaixo do valor médio dos nossos parceiros da União Europeia. “Temos de nos focar nesta meta, que é a de mais rapidamente possível as exportações valerem metade do PIB, um objetivo ambicioso porque implica que todos os anos elas cresçam sistematicamente pelo menos 2,5% acima do PIB”, explica Luís Castro Henriques, 39 anos, dos quais os últimos quatro no AICEP – antes de ser nomeado presidente foi vogal executivo, com o pelouro da captação de investimento na administração liderada por Miguel Frasquilho. t
TMG AUTOMOTIVE: MEIO MILHÃO PARA FAZER TECIDOS PLASTIFICADOS A TMG Automotive vai investir meio milhão de euros no projeto HiSurface que visa desenvolver uma inovadora gama de tecidos plastificados e revestimentos para o interior automóvel, com sistemas de aquecimento e sensorização integrados, assumindo um forte carácter I&D em áreas como a electrónica impressa e os e-textiles. O projeto seguirá duas linhas distintas de investigação e desenvolvimento: impressão de circuitos eletrónicos em substratos poliméricos, utilizando tintas condutoras; e integração de fios condutores em estruturas têxteis plastificadas. Para maximizar o impacto do projeto, está prevista a criação de protótipos funcionais demonstrando as
novas tecnologias desenvolvidas incluindo demonstradores de assentos, consolas centrais, inserts e/ou painéis de portas com novos materiais inteligentes com as funcionalidades integradas, e que terão como principal finalidade a divulgação dos resultados do projeto junto a potenciais clientes, de forma a evidenciar as suas vantagens técnico-económicas. Para alcançar os objetivos técnico-científicos propostos, a TMG Automotive, atualmente a segunda maior produtora europeia de produtos de revestimento para interiores de automóveis, associou-se a uma entidade do sistema I&D, o CeNTI, que será o principal dinamizador das tarefas de I&D, garantindo a transferência dos desenvolvimentos para ambiente industrial. t
A JF Almeida está a investir 400 mil euros numa unidade hoteleira, um edificio com 26 quartos para alojar os trabalhadores estrangeiros que está a importar para fazer face à enorme carência de mão obra especializada que afeta a ITV.“Damos prioridade aos portugueses, não podemos ficar de braços cruzados face à enorme dificuldade em contratarmos pessoas para trabalhar junto às máquinas”, explica Joaquim de Almeida, CEO do grupo de Moreira de Cónegos.
"Normalmente perde-se um cliente por um de dois motivos: ou porque faliu ou porque o servimos mal. Felizmente a Modelmalhas tem conseguido manter os clientes desde o início, excepto os que faliram" André Rodrigues Diretor de exportação da Modelmalhas
TAP E MODTISSIMO DESAFIAM JOVENS CRIADORES Entusiasmada pelo dinamismo do Modtissimo e o fervilhar de novos talentos na área da moda e design, a TAP vai lançar um concurso para jovens criadores à imagem do PFN – Portuguese Fashion News. O concurso Upcycling by TAP vai ser lançado em parceria com o Modtissimo e através das escolas de moda, e os concorrentes são desafiados a reutilizar materiais que a companhia deixou de usar na sua operação.
NÄZ DISTINGUIDA NO PRÉMIO TERRE DES FEMMES Cristiana Costa, 23 anos, aluna do mestrado em Design de Moda na UBI, criou uma marca de vestuário, a Näz, cujos artigos são feitos com excedentes da indústria têxtil, que lhe valeram o segundo lugar no prémio Terre de Femmes 2018, iniciativa da Fundação Yves Rocher que distingue projectos amigos do ambiente com assinatura no feminino. “O que gostava mesmo era de estar mais por dentro do mercado nacional e acho que o prémio veio ajudar nisso”, disse Cristina Costa, citada pelo Público.
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M EMERGENTE Sara Pinto Sales Department e Assistant CEO da JOAPS Família Solteira (o namorado, João, formado em Gestão Hoteleira, é um jovem empresário) Formação Licenciada em Medicina (ICBAS) Casa Apartamento na Foz do Douro Carro Mini Cooper D Portátil Mac Telemóvel iPhone X Hóbis Ler, pintar, viajar (“o meu luxo preferido”). “Gostava de ir mais vezes ao ginásio, mas ando viciada no Netflix :-)” Férias Este ano está a pensar ir aos Estados Unidos, mas ainda não decidiu para que costa, se para a East ou a West Regra de ouro “Estar bem comigo e com os outros, ser honesta, trabalhadora e otimista”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Uma médica sem fronteiras Estava a meio do curso de Medicina, quando o germe da dúvida se instalou na cabeça de Sara - e ela começou a interrogar-se sobre se deveria atravessar o resto da vida vestida com uma bata branca e com um estetoscópio ao pescoço. Mas não ficou preocupada. Duvidar não é agradável, mas ter certezas é pior - até pode ser estúpido. Ao fim e ao cabo, o método cientifico baseia-se na dúvida, que nos leva a fazer novas experiências para confirmar se as teorias tradicionais continuam válidas. Estava a meio do 6o ano do curso, quando deixou de duvidar da dúvida. Preferia experimentar uma vida alternativa à de passar meia dúzia de anos a fazer a especialidade de Medicina Geral e Familiar e acabar colocada no Interior Norte ou no Alentejo. “Sentei-me com a família e o meu namorado e expliquei-lhes o que me ia na cabeça”, conta Sara Pinto, 25 anos, a propósito de uma conversa ocorrida há coisa de um ano, mais exactamente a 21 de março, no dealbar da primavera de 2017. A família compreendeu as suas razões. “Se achas que vais ser mais feliz na fábrica do que como médica de família, o melhor é tentares. Mas acaba primeiro o curso”, conclui o pai, Joaquim, 64 anos de uma vida dedicada aos trapos, que em 1996 fundou a JOAPS, uma empresa especializada em malhas circulares que leva na razão social as suas iniciais (JO) bem como as dos seus dois filhos - Pedro (médico que está a fazer a especialidade de Cirurgia Vascular) e Sara - e da mãe deles (Armanda), Sara acabou o curso em julho, com média final de 15 valores, tirou o agosto para férias - passadas entre as Caraíbas (Cuba) e o Médio Oriente (Israel e Jordânia) - e a 1 de setembro apresentou-se para trabalhar. “Fui muito bem recebida, o que me deixa com a responsabilidade de corresponder às expectativas que depositaram em mim”, conta Sara, que debutou no Sales Department da JOAPS e já esteve na ISPO e em três Première Vision (duas de Paris e uma de Nova Iorque). Provavelmente a têxtil é a mais exigente das indústrias, mas a vida de Sara preparou-a para o desafio. “Lá em casa ao jantar as conversas eram sempre sobre as coisas da fábrica. Fui aprendendo por osmose”, graceja esta jovem nascida em Famalicão, que andou até ao 9o ano no Colégio das Caldinhas, em Santo Tirso, antes de ir estudar para o Externato Ribadouro, no Porto. A escolha de Medicina não foi exatamente por vocação. Uma adolescência ultra preenchida, em que fez ballet (dos três aos 16 anos), o Instituto Britânico e aprendeu piano, tornou-a uma pessoa metódica, trabalhadora e disciplinada - mas não lhe deixou tempo nem disponibilidade de espírito para tomar logo em mãos o seu destino. Toda a gente dizia: “É tão boa aluna, que é uma pena não ter ido para Medicina”. A nossa sociedade tem destas coisas - e ela deixou-se ir para o curso que Pedro, o irmão três anos e meio mais velho, já frequentava. “Os meus pais nunca me impuseram nada”, ressalva Sara que, na verdade, tinha notas excelentes - concluiu o secundário com média de 18,7 valores. “Estava atenta nas aulas, quando chegava a casa revia a matéria, e era muito organizada. Mas a minha grande paixão era o ballet, que me ajudou a desinibir, a ser mais descontraída no relacionamento com as pessoas e a lidar com a pressão e o público”, confessa. Não se arrepende. Gostou do curso de Medicina (“foi muito interessante”), mas a dúvida sobre se queria ou não levar a vida como médica foi crescendo, ano letivo após ano letivo, até que a meio do 6o ano, depois de muitas noites em branco, se achou capaz de tomar uma decisão e mudar de rumo. “Até agora tem sido espectacular!”, resume, quando questionada sobre esta experiência de pouco mais de meio ano como comercial e assessora do pai. Sara está plenamente convencida que estava certa quando decidiu fazer o seu próprio destino - e está cheia de planos. Em setembro vai iniciar uma pós graduação em Gestão na Católica, para se apetrechar com conhecimentos e ferramentas que lhe possibilitem ajudar a JOAPS a crescer a dois dígitos ao ano - e a aumentar o peso das malhas sustentáveis, orgânicas e técnicas no volume de negócios. Tarefas à altura de uma médica cuja ação não tem fronteiras. t
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X O MEU PRODUTO Por: Raposo Antunes
Cork.a.Tex.Yarn O que é? Um fio têxtil com cortiça Para que serve? Para tecidos e para malhas, com aplicação em têxtil lar, hotelaria, decoração, vestuário e outras Estado da patente? Patente internacional registada
CAMUFLADOS DO EXÉRCITO MUDAM DE PADRÃO O CITEVE, empresas têxteis e o Exército desenvolveram o novo padrão do fardamento camuflado que vai equipar o soldado português. Este é um dos aspetos do trabalho que o CITEVE, a Damel, a Riopele, a A. Sampaio, a Lavoro Europe e a Monte Campo, veem produzindo para o Estado Maior do Exército no âmbito do programa Sistemas de Combate do Soldado (SCS), que visa dotar o militar com todos os equipamentos de combate utilizados de forma integrada, incremental e aberta.
70 milhões
de euros foi o volume de negócios da Li & Fung Portugal em 2017, valor que representa um crescimento de 10% face ao ano anterior
ALBANO MORGADO CRESCE 4%, APESAR DOS INCÊNDIOS Apesar de ter perdido um armazém de 450 metros quadrados – e três trabalhadores – no grande incêndio de Junho de Pedrogão Grande, a têxtil Albano Morgado fechou as contas de 2017 com um crescimento de 4%, tendo ultrapassado os cinco milhões de euros de volume de negócios no ano em que assinalou os 90 anos de actividade.
O melhor de dois mundos Nem sempre é possível reunir o melhor de dois mundos. Neste caso foi. Dois dos sectores industriais mais tradicionais do país (o corticeiro e a ITV) juntaram forças e os respectivos know-hows, aliaram-se a instituições de investigação como o CITEVE e a FEUP, e com esta fusão de saberes foi possível produzir o chamado fio de cortiça. Formalmente, o projecto Cork.a.Tex.Yarn – Fio com elevada incorporação de cortiça, que foi comparticipado pelo Compete 2020, teve início a 1 de Outubro de 2016 e terminou no último dia do mês passado. No dia 14 de Março foi apresentado formalmente no CITEVE, já depois de ter sido seleccionado em Janeiro para os iTechStyle Awards e de ter sido apresentado ao mundo na Heimtextil, em Frankfurt, em Janeiro. Neste momento os dois parceiros industriais, a Sedacor (empresa com elevado conhecimento em processos de transformação de cortiça) e a Têxteis Penedo (especialista na produção de têxteis lar de excelência) já encomendaram uma máquina para a produção industrial de fio com elevada incorporação de cortiça que permite fazer 80 metros de fio por minuto e 200 fios em simultâneo. Mais: no início do próximo ano deverá estar assente a operacionalização do negócio que poderá traduzir-se na instalação de uma nova empresa a criar por estes dois parceiros ou então um modelo assente em dois pólos industriais, um na Sedacor e outro na Penedo. Já agora uma pequena radiografia destes dois mundos: a ITV representa 10% do total das exportações portuguesas, tem 12 mil empresas e 134 mil empregados; o sector corticeiro representa 1,2% das exportações, tem 670 empresas e 9000 trabalhado-
res, mas sobretudo convém recordar que a União Europeia é o maior produtor de cortiça mundial, representando mais de 80% do total da produção global. E que Portugal é responsável por cerca de 50% desse total. De resto, a cortiça é produto emblemático do nosso país e é Património Nacional. Na apresentação que fez do projecto, Graça Bonifácio, do CITEVE, sublinhou: “A cortiça é natural, reciclável, reutilizável e amiga do ambiente, uma solução de diferenciação em mercados como a arquitetura, moda e mobiliário, e é alvo de crescente procura no mercado global”. Nos últimos anos, está a dar os primeiros passos na ITV, que já são visíveis no trabalho de alguns estilistas. Após a instalação de uma linha piloto no CITEVE para fazer o fio com cortiça, foi realizada a industrialização do produto para a validação dos fios em ambiente industrial e laboratorial, designadamente ensaios de resistência à lavagem. Dessa validação em ambiente industrial e laboratorial, concluiu-se que nas lavagens sucessivas não houve perdas significativas, e não houve alterações de cor. Foram também estudados outros parâmetros: resistência mecânica à abrasão, coeficiente de atrito, flexibilidade, finura e regularidade. Feita essa validação industrial, a Têxteis Penedo/ Sedacor desenvolveu edredões, almofadas e cortinas feitas de tecido produzido com fios com incorporação dos resíduos de cortiça (na foto), que, de resto, foram já seleccionados para os iTechStyle Awards. O sucesso foi tal que existem já vários contactos por parte de clientes das empresas, bem como de grandes cadeias internacionais para aquisição do fio. t
MODATEX ARRASA NO CAMPEONATO DAS PROFISSÕES Três equipas do Modatex conquistaram os três primeiros lugares da prova de Tecnologia da Moda do Campeonato Nacional das Profissões, que decorreu no Centro de Emprego e Formação Profissional de Beja. O 1.º lugar foi alcançado pela equipa formada por Bruno Feliciano e Beatriz Soares, formandos do curso de Técnico/a de Desenho de Vestuário no Modatex Lisboa. Diogo Peixoto e Sílvia Rocha, alunos de Desenho de Vestuário no Modatex Porto, conquistaram o segundo lugar. A medalha de bronze foi atribuída a Filipe Vieira e João Coutinho, formandos do mesmo curso.
"O objetivo tem de ser sempre ter os clientes satisfeitos" Miguel Mendes Diretor comercial da A. Sampaio
FAMALICÃO VAI TER "ESPAÇO EMPRESA" Famalicão vai acolher um dos oito “Espaços Empresa” que vão ser instalados no Norte do País mediante protocolos entre essas autarquias, o IAPMEI, Agência para a Competitividade e Inovação, Agência para a Modernização Administrativa e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Esta nova estrutura posiciona-se como uma espécie de loja do cidadão, concentrando todo o tipo de serviços de atendimento destinados às empresas e vai funcionar no Espaço “Famalicão Made In”, no atual Gabinete de Apoio ao Empreendedor.
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OPINIÃO INOVAR COM TRADIÇÃO António Falcão Presidente do Conselho Fiscal da ATP
SINAIS A CONTRARIAR Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
Parece ser indiscutível que o segredo da longevidade é acompanhar os tempos, quando não mesmo antecipá-los, de modo a não se ficar preso num anacronismo que geralmente é fatal para quem acredita poder resistir à mudança. A Indústria Têxtil e Vestuário portuguesa é um bom exemplo daquilo que é a intersecção virtuosa de uma atividade económica tradicional no nosso país – a têxtil tem mais de 150 anos, mas também as malhas e a confecção já levam muitas dezenas de anos de implantação em pólos importantes como os Vales do Cávado e do Sousa, entre outros – que soube modernizar, incorporando tecnologia e design, procurando o valor e fugindo à destrutiva competição pelo preço. É verdade que muitas empresas não resistiram à liberalização do comércio internacional e à hegemonia da China no negócio têxtil mundial, entre outros brutais impactos do processo de globalização, mas as que conseguiram superar este desafio supremo estão hoje mais preparadas para enfrentar o mundo e as suas dificuldades, sabendo igualmente aproveitar as suas oportunidades. Por isso o sector têxtil e vestuário português é simultaneamente de tradição, porque permanece, quando outros, fugazmente, aparecem e desaparecem, e de inovação, porque usa esta para se renovar, para lhe agregar valor, diferenciando produtos e serviços, diversificando para outras atividades mais tecnológicas, como a saúde, a construção, o desporto ou a mobilidade, ou com mais intensidade de design, que vão da oferta “full package” ao cliente de “priva-
Os primeiros dados de comércio externo de 2018, limitados apenas ao mês de Janeiro, são ainda insuficientes para estabelecer uma tendência. Como em anteriores anos, só a partir dos dados de Julho ou Agosto, combinados com indicadores de conjuntura e outros avançados que dispomos, se pode determinar uma direção segura sobre o que será o ano na sua atividade externa. Há, contudo, quatro notas que considero se vão repetir como padrão ao longo dos próximos meses: 1. A Espanha irá perder quota no conjunto dos mercados de exportação da ITV portuguesa, apesar de se manter líder destacada com quase três vezes a dimensão do segundo destino. Não será necessariamente uma má notícia, se o conjunto das exportações mais do que compensar essa quebra, por um lado, e, por outro, porque reduzir o excesso de dependência de um mercado é reduzir riscos no futuro, tal como acontece com as empresas que, prudentemente, diversificam os seus clientes.
te label” ao lançamento de marca própria. É também esta narrativa, que faz parte da História e DNA da ITV portuguesa e que movimenta, de forma conjunta, complementar e sinérgica, empresas de tradição, com várias gerações, com empresas que agora são criadas por jovens empreendedores e com novos profissionais, na busca do mesmo sonho de excelência que tão bem caracteriza o “made in Portugal” neste sector e o reputa em todo o mundo. E se tradição se consolida porque se acredita que a inovação é o seu alimento, há que acrescentar que as características de flexibilidade e adaptabilidade, que diferenciam positivamente a ITV portuguesa, podem, contudo, estar em causa no futuro, caso persista a atual tentativa governamental de reverter as reformas laborais, mormente o “banco de horas”, fundamental para a gestão dos recursos humanos nas empresas industriais, em especial em indústrias como a nossa em que a sazonalidade é crítica e a imprevisibilidade na programação produtiva é permanente. Mais seria de invocar que, se desejarmos uma ITV ainda mais forte, mais dinâmica e mais produtiva, a flexibilização das leis laborais terá de avançar para domínios onde o legislador não conseguiu ir ainda por puro preconceito ideológico. Uma certeza, porém: a vida ensina que o que não fazemos voluntariamente e de forma preparada, a realidade acaba por se impor e com custos bem mais pesados. Acredito, contudo, no bom senso e na sabedoria do tempo e dos homens, para, mais cedo do que tarde, se fazer o que importa ser feito.
2. O aumento continuado e sustentável das exportações da ITV portuguesa para os Estados Unidos da América, tanto nos têxteis-lar como no vestuário, que pode proporcionar que este destino externo venha a trocar de lugar no “ranking” com o Reino Unido, que continuará a ser penalizado pelo “Brexit”. A meta dos 350 milhões de exportações poderá ser alcançada em 2018 ou em 2019 e a quota de 7% consolidar-se-á então como a quarta mais importante. Quem diria, Mr. Trump? 3. Um maior crescimento em valor nas exportações de têxteis, incluindo o têxtil lar, do que nas de vestuário, que vai conduzir a um arrefecimento no crescimento geral das vendas ao exterior, sem, contudo, significar que tal seja necessariamente uma diminuição das exportações em geral. Tem que ver com o primeiro impacto do aumento do preço das matérias-primas, mas também na consolidação de têxteis de alta tecnicidade, em que se destaca o automóvel, no
conjunto das matérias. 4. A economia mundial em geral não deverá conhecer sobressaltos nas suas previsões de crescimento, pelo que eventuais problemas nas vendas da ITV portuguesa ao exterior resultarão essencialmente de perda de competitividade interna, por razões de contexto, insuficientemente compensada pelo esforço de incremento da inovação e internacionalização. Hoje, há mais sinais a impor-nos atenção que há um ano ou dois atrás. Vamos viver um momento mais desafiante, mais exigente e mais incerto, num quadro em que a incerteza foi sempre o pano de fundo, desde há vários anos. Não ser complacente nem acomodado nestas circunstâncias pode ser a diferença entre ter lugar no futuro ou não ter, tal como a nossa história recente sabiamente nos ensinou. Ser positivo não deve ser sinónimo de otimismo inconsequente, mas de esclarecimento, prudência e oportunidade. Como a ITV portuguesa o irá demonstrar mais uma vez.
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Carla Silva Diretora de Tecnologia do CeNTI
TÊXTEIS TÉCNICOS, A CAMINHO DO FUTURO É com grande satisfação que assisto diariamente ao aparecimento de soluções têxteis inovadoras para várias aplicações, desde saúde, desporto, setor automóvel e proteção individual. Estas soluções inovadoras recorrem a variadíssimas técnicas e tecnologias, indo desde as fibras de elevado desempenho capazes de atuar como sensores/atuadores, às estruturas têxteis complexas e ativas, até à utilização de processos inovadores de ultimação e acabamento (por exemplo pela impressão direta de sensores e/ou atuadores e pela funcionalização com nanomateriais e agentes ativos), que lhes permite uma complexidade e acima de tudo, um desempenho acrescido para as aplicações específicas onde estas estruturas têxteis estão inseridas. É também com agrado que verifico que apesar de serem utilizadas diversas abordagens tecnológicas para o desenvolvimento das soluções têxteis, a sustentabilidade ambiental e social dessas abordagens e consequentemente do produto final resultante é um denominador comum. De facto, existe hoje uma preocupação genuína com a inocuidade das soluções obtidas para o meio ambiente e para a sociedade envolvente. A preocupação de quem desenvolve e de quem comercializa estas soluções inovadoras já não está apenas centrada na inocuidade para o utilizador (que é obrigatória), mas também na mitigação dos possíveis impactos negativos sociais e ambientais que poderão existir durante a sua produção. A utilização privilegiada de matérias primas renováveis, de fibras biodegradáveis, de acabamentos de base natural e ecossustentáveis são cada vez mais as abordagens procuradas no desenvolvimento dos têxteis técnicos funcionais e inteligentes, em empresas com responsabilidade social e recorrendo cada vez mais a mão de obra qualificada. Se por um lado esta preocupação com a sustentabilidade ambiental e social dos produtos desenvolvidos é estimulada pela legislação em vigor, por outro lado, tem sido as solicitações dos consumidores finais a ditar a importância da sustentabilidade dos produtos que adquirem. De facto, a aquisição de produtos ecossustentáveis já não é crítica apenas para um nicho de mercado, sendo cada vez mais um fator de ponderação e escolha por uma grande parte dos consumidores, aliado naturalmente ao preço, qualidade e estética dos produtos. Esta questão será ainda mais relevante no futuro, e por esse motivo no CeNTI temos tido a preocupação de utilizar metodologias de Ecodesign Thinking desde o inicio das nossas atividades de investigação e desenvolvimento, para evitar constrangimentos futuros e o desenvolvimento de soluções que apesar de serem inovadoras, poderão ter a sua aceitação no mercado comprometida por parte do utilizador final. Como parte da nossa estratégia de I&D, recorremos à nossa equipa multidisciplinar de investigadores, provenientes de variadas áreas de conhecimento (engenharia eletrónica, informática, física, materiais, polímeros, química, biológica, entre outras), para por um lado pensar em novos conceitos para os produtos em questão, em conjunto com os nossos designers, e por outro construir protótipos funcionais, pela utilização de materiais e processos alternativos com melhores credenciais ambientais ou pela otimização dos processos de produção existentes, de modo a atuar sinergicamente no desenvolvimento de têxteis técnicos funcionais e inteligentes ecossustentáveis. t
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Augusto Lima Vereador da Economia, Empreendedorismo e Inovação, Turismo e Internacionalização da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
SOMOS CIDADE TÊXTIL Se o têxtil e vestuário é hoje um sector que a todos prestigia, com uma importância indesmentível para o país, sofisticado tecnologicamente e incontornável no aumento das exportações nacionais, também muito deve ao contributo das empresas famalicenses, à visão dos seus empresários e à competência dos seus profissionais. “Em Vila Nova de Famalicão o têxtil tem a grande força do seu desenvolvimento.” Esta afirmação proferida por Aníbal Cavaco Silva numa visita presidencial ao concelho, em Março de 2015, traduz a importância da Cidade Têxtil de Portugal para a robustez do sector em Portugal. Os números são elucidativos. Esta indústria conta, em Vila Nova de Famalicão, com 856 empresas, dá emprego a 11.093 pessoas e é responsável por um volume de negócios de 771 milhões de euros, dos quais 236 milhões de euros de valor acrescentado bruto, segundo dados retirados do anuário estatístico regional, edição de 2016, do INE. Mas há outro bom indicador que ressalta: os têxteis técnicos assumem 111 milhões de euros de exportações, ou seja, 23,3% dos valores totais do sector no concelho. As exportações destes materiais ou produtos têxteis que se distinguem pela sua elevada tecnicidade e diferenciação cresceram 11,9%, entre 2013 e 2017, em Famalicão. Vale a pena lembrar que neste concelho estão sediados o CITEVE e o CeNTI, centros de conhecimento e investigação de dimensão mundial, o Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave e a ATP – Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal, para além de empresas especializadas e sofisticadas. Referência ainda para o Cluster Têxtil: Tecnologia e Moda, de dimensão nacional, mas cujo centro nevrálgico está também neste município. São exemplos notáveis de inovação, competência organizacional e qualificação de recursos humanos! De facto, temos hoje uma indústria de ponta, conseguimos chegar à ribalta tecnológica, com Vila Nova de Famalicão a somar pontos nos têxteis técnicos, o que engrandece a cidade e a região, mas também enobrece todo o sector e Portugal inteiro. Famalicão Cidade Têxtil é uma marca que apresentámos recentemente e que muito nos orgulha. Na verdade, vem formalizar aquilo que o concelho já é há mais de um século: um importante centro de produção, investigação e desenvolvimento do setor têxtil. E propõe-se impulsionar um conceito de produção e de atividade económica que vai muito além dos muros das empresas. Queremos acrescentar dimensão, notoriedade e reconhecimento ao território e às empresas famalicenses através desta marca que está alicerçada no triângulo pessoas, empresas e cidade. Queremos valorizar as profissões associadas ao têxtil, atrair talentos, promover a inovação, captar investimento, aumentar a internacionalização, incrementar as exportações, exponenciar a cidade a partir da indústria. Afinal, Famalicão é o epicentro de uma região que acolhe uma fileira completa, estruturada, flexível e dinâmica – um cluster territorial têxtil que é já considerado o maior da Europa. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
É a nossa princesa de Hollywood e Katty propõe-lhe um look para arrebatar no Eurofestival. Na verdade até são dois. Uma dupla e glamorosa indumentária para fazer brilhar a nossa apresentadora e lembrar também à Europa das canções que pode sempre amar pelos dois.
Daniela Ruah em versão Glam Rock para a Eurovisão A portuguesa mais “hollywoodesca” de sempre Daniela Ruah será a apresentadora internacional do tão esperado Festival Eurovisão da Canção e o Jornal T não poderia deixar passar esta extraordinária oportunidade de intervir, opinar e até sugerir a indumentária ideal para a nossa acarinhada estrela. Temos em mente sugestões arrebatadoras o suficiente para roubar todas as atenções do público, concentrando-as única e exclusivamente na nossa princesa de Hollywood. Não por duvidar da capacidade “tuga” de produzir glamorosos espetáculos, mas porque o último teve através da voz do Sobral um toque sublime, despojado, e até um pouco hipster. Alguns defendem este novo conceito, enquanto outros, os mais conservadores, proclamam a retoma das raízes do espetáculo - brilho, glamour e frufrus! O T é imparcial nesta matéria, contudo pensamos ser mais interessante explorar a opção glamorosa. Nesse sentindo fomos beber inspiração nos breves momentos de ribalta do Glam Rock. Para o primeiro ato sugerimos uma Ruah muito Ziggy envolta por um revelador catsuit - uma segunda pele decorada com pedraria colorida em tonalidades pastel onde o rosa predomina, oferecendo assim algum apoio à nossa representante Cláudia Pascoal. As mangas abrem-se num leque vitoriano de franzidos brilhantes e os pés são calçados por umas botas com plataforma de cano alto cobertas de purpurina. Continuando no registo Glam Rock mas agora numa onda Gary Glitter idealizamos um segundo ato mais sóbrio. Um fato de duas peças - calças boca-de-sino com rachas e blazer justo de ombros proeminentes e decote pronunciado com franjas no fundo. Abandonamos a cor vestindo Ruah com um elegante veludo preto mergulhado em brilho, sarapintando com diamantes todo o espaço aéreo à volta da nossa estrela. E que a sorte esteja connosco! t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Copo a Copo Praça do Município, 7 4700-435 Braga
PASSO A PASSO Passo a passo, é que uma vida se faz. A vida de um restaurante não é diferente. No Copo a Copo é também passo a passo que o sucesso se trabalha. Tapa a tapa, prato a prato, vendo desaparecer do copo sempre o mesmo vinho, ou igualmente vinho a vinho, numa degustação heróica, que só pode acabar bem. Numa casa de Braga de gente famosa, mas daquela gente da têxtil que não se deita na cama depois da fama ganha, está uma parceria engraçada e promissora entre o Nuno Cunha e Silva da NGS, a sua filha Filipa e o namorado com o chefe Ricardo, que Braga já conhecia, mas talvez nunca como ele está agora. Estive no Copo a Copo numa estreia com amigos e familiares e por isso pude provar quase a carta inteira. Estreia fenomenal que
recomendo. Juntem-se em grupo num dia sem pressas e sem horas marcadas. Marquem é mesa porque os lugares são normalmente poucos para a procura e lá chegados, entreguem-se nas mãos do chefe. Devo dizer que das mais de dez coisas que provei, entre as Tapas e os Pratos, não houve uma que eu não gostasse de repetir e houve muitas que me surpreenderam brutalmente, ao olho e ao palato. Copo a Copo é um restaurante como não deve haver nenhum em Braga e poucos existirão no Minho. Não se trata de ser melhor, mas de ser diferente. Talvez o Copo a Copo tenha bebido a sua inspiração na ITV pós crise que também fez o seu caminho, passo a passo, até recuperar a sua competitividade pela diferenciação! t
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c Por: Carolina Guimarães
MALMEQUER Diana Pinto, 33 anos, diretora de marketing da Berg Outdoor. Foi em Esposende que nasceu e viveu até se mudar para o Porto, quando foi para a Universidade. Licenciou-se em Economia e, mais tarde, tirou um MBA em Gestão. Trabalhou na área financeira da Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua e mudou-se depois para a Sonae, onde trabalhou na área de Inovação até integrar a marca de outdoor criada pelo grupo. Casada, adora marcas, comunicar e ouvir (ou tocar) música.
SOUVENIR
O CHAPÉU DE B. B. KING
Gosta
Não gosta
Família Cepães da nossa casa desafios oportunidades “walk the talk” o meu trabalho a minha equipa criatividade marcas viajar e conhecer o mundo planear as viagens ambição aprender carteiras (de todo o tipo!) moda vestidos com saltos altos decoração da casa diamantes fazer listas flores frescas em casa Rachmaninov Casa de Serralves Tchaikovsky ir a concertos dançar música brasileira Porto do meu coração ver filmes no cinema ver séries no sofá domingos de lareira acesa festivais de verão jantares de amigos made in Portugal pão com queijo francesinhas picantes argolinhas de chocolate branco do Continente Porto tónico Santorini Key West qualquer comida feita pela minha mãe ouvir o meu irmão a tocar violino romances e dramas atos de bravura subir montanhas caminhar na neve vento quente cheiro do Douro Gabriel García Márquez verde-esmeralda brincos grandes e coloridos praia até ser noite
Preguiçosos intrigas desiludir despedidas cheiro a tabaco carne mal passada moluscos cobras Benfica e da sorte que tem sempre aos 90’ roxo bombazine cerveja comer na cama nortada voos atrasados caos filmes de terror má educação hipócritas esperar perder tempo ir ao dentista gatos ser contrariada burocracias monotonia sítios apertados passar a ferro falta de limpeza trânsito pessoas sem opinião “falar para o boneco” ginásios moelas algas no mar andar com dinheiro injustiças arrependimentos contrafação palhaços falhas de internet comida sem sal que me chamem “querida” perder o controlo publicidade a meio dos filmes chuveiros com pouca pressão chuva nas férias montanhas russas cheiro a carne “unfinished business”
Porque é que a peça de Rui Veloso é especial? “Precisamente pelo sítio por onde andou durante uns anos; porque antes da minha cabeça andou noutra... a do bacano do B. B. King!”. Corria o ano de 1990, naquele que foi o primeiro de três concertos que a parelha deu em conjunto em Portugal (o segundo foi em 1996 e o terceiro foi em 1998, aquando da Expo). B. B. King chegou ao aeroporto com ele posto: um chapéu estilo irish , com o típico padrão de dougle tweed . Já no hotel ("o Porto Atlântico, no Foco, que já nem existe", recorda) Rui Veloso confessou àquele que era considerado um dos melhores guitarristas do mundo ter um chapéu muito parecido com o que este usava. “Ele pegou no boné e colocou-o na minha cabeça. E, quando o tirei e lho dei de volta, ele disse «não, não, não, é para ficares com ele! Fica-te bem!»”, revela o cantor de “Primeiro Beijo” e “Não há Estrelas no Céu”. Já lá vão 28 anos e, de vez em quando, o chapéu ainda vê a luz do dia. “Fartei-me de tocar ao vivo com ele. Nos dias mais frios, levava isto!”, confessa.t
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