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MIGUEL TOLENTINO Diretor geral da Berg Outdoor DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
“A NOSSA ITV É MUITO EFICIENTE, PRODUZ QUALIDADE A PREÇOS COMPETITIVOS” FOTO: RUI APOLINÁRIO
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ATP
PERGUNTA DO MÊS
4 DE JULHO PASSA A SER O DIA DO PROFISSIONAL TÊXTIL
ESTÁ A ITV PREPARADA PARA OS DESAFIOS DA ECONOMIA DIGITAL?
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A MINHA EMPRESA
EMERGENTE
ANTÓNIO GOMES ESTÁ AO VOLANTE DA ANGLOTEX
MARTA INOCÊNCIO ADORA SALTAR OBSTÁCULOS
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DOIS CAFÉS E A CONTA
EXCELLENS OECONOMIA
200 MILHÕES
FERNANDO CASTRO UM APAIXONADO POR MÁQUINAS
TMG AUTOMOTIVE DISTINGUIDA COMO EMPRESA DO ANO
GOVERNO AVALIA ACADEMIA INDUSTRIAL PARA GUIMARÃES
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quality impact arquitetura e soluções de espaços
Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Ana Guedes Rodrigues 35 anos A diretora de informação do Porto Canal nasceu no Porto, onde se licenciou em Ciências da Comunicação. No final do curso, Náná (como é tratada por toda a família) estagiou na TVI, onde acabou por ficar a trabalhar, no Algarve e em Lisboa, e a dar nas vistas ao apresentar o Diário da Manhã. Casada com António Queirós (deram o nó em Marraquexe), tem dois gémeos, o António e o Afonso.
UM DUELO DÉJÀ VU O duelo mais emocionante dos últimos tempos na economia nacional e internacional é afinal um déjà vu que há muito anda a ser debatido em todos os aspetos da nossa sociedade. Falo desse confronto titânico entre o real e o virtual, sendo que as questões relativas ao binómio lojas físicas/e-commerce são apenas um dano colateral dessa discussão maior. Pensem os leitores em tudo o que mais gostam de fazer na vida. Nisso também. Se o leitor em questão é uma pessoa como eu, é muito difícil encontrar exemplos que ultrapassem os dedos de uma mão em que sejamos capazes de dar a primazia ao virtual em detrimento da realidade pura, nua e crua. Como aliás muito bem descreve António Souza-Cardoso numa das páginas de opinião desta edição, o virtual nunca será capaz de substituir as nossas melhores realidades. Debater, modernizar, investir e adotar a indústria 4.0 vai ser tudo o que nós quisermos, mas não vai consagrar a vitória do virtual sobre o real. t O têxtil e vestuário aparece mais vezes nas notícias nos tempos de crise porque a Comunicação Social prefere as desgraças? Os órgãos de comunicação social interessam-se por notícias . Ponto. Uma fábrica que fecha e leva 300 pessoas ao desemprego é obviamente notícia. Já números incríveis ligados à exportação ou uma inovação também podem ser notícia, mas têm de ser comunicados - e bem comunicados - às redações. Nós também gostamos de boas notícias! Acho é que a indústria têxtil tem de se vender melhor! Para ter uma profissão como a tua não basta ser só bonita, pois não? Mas ajuda ? Um jornalista de televisão não tem de ser bonito mas deve ter uma boa imagem, aquilo a que chamamos “ter um bom boneco”. A imagem conta muito porque é através dela que criamos a primeira impressão em quem nos vê no outro lado do ecrã. Uma roupa desadequada, um dente podre, uma cara em obras ou um cabelo desgrenhado ou oleoso podem provocar efeitos contrários aos pretendidos, como distração ou repulsa. Julgo que mais do que ser bonito, importa mesmo ter uma imagem atrativa. No styling dos apresentadores do Porto Canal são consideradas as tendências de moda mais actuais, ou qualquer trapo serve ? No Porto Canal, os apresentadores são tão bonitos que
qualquer trapinho fica bem! :-) Agora a sério… No Porto Canal, como em todos os outros canais de televisão, há um responsável pelo guarda-roupa dos profissionais. É um consultor de imagem que pensa e escolhe os outfits tendo por base não só as tendências atuais, mas também o tipo de programa em causa e a imagem do apresentador. Na tua opinião como anda a saúde da moda portuguesa em geral? Julgo que a moda portuguesa está há muitos anos de boa saúde. Podemos ainda não ter uma capital da moda como Milão ou Paris, mas a nossa moda já chega a essas capitais há muito tempo e tenho a ideia de que nos levam a sério. Também por cá, a evolução da moda nacional é notória em eventos como o Portugal Fashion, que continua a apostar em grandes nomes mas também em estilistas emergentes. A indústria têxtil é que já esteve ligada às máquinas e hoje, felizmente, está de boa saúde, embora na minha opinião ainda a precisar de umas vitaminas.
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-
Quais são os teus designers portugueses favoritos? É difícil escolher porque temos muitos designers ótimos com os quais me identifico imenso, mas ultimamente tenho-me apaixonado pelas coleções da Alexandra Oliveira, da Pé de Chumbo, uma designer de Guimarães que tem feito um percurso de crescimento notório e prima pela originalidade sem que as peças percam a funcionalidade. t
editorial/ PROMOTOR
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n PERGUNTA DO MÊS Textos de Raposo Antunes
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“As empresas que não se adaptarem aos novos modelos de negócio irão ter muitas dificuldades e eventualmente desaparecer”
“Cabe aos próprios empresários a responsabilidade de dotar os colaboradores de ferramentas para enfrentar os novos desafios”
MÁRIO JORGE MACHADO CEO DA ADALBERTO ESTAMPADOS
ESTÁ A ITV PORTUGUESA PREPARADA PARA OS DESAFIOS DA ECONOMIA DIGITAL? É avançar ou morrer. O digital já não é o futuro, mas antes um caminho por onde alguns já rolam em alta velocidade. Com a revolução em marcha, esta é uma tendência que vai crescer rapidamente e na qual a ITV portuguesa tem condições para caminhar na linha da frente. O que agora faz falta, todos estão de acordo, é encarar este novo paradigma e olhar em frente. Depressa, por favor.
CARLOS SERRA CEO DA TROFICOLOR
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caminho faz-se caminhando. O verso do poeta andaluz António Machado poderia servir de mote para o novo paradigma que a indústria têxtil e do vestuário (ITV) tem de encarar – a economia digital. Essa caminhada, no entanto, tem de fazer-se em marcha acelerada se as empresas portuguesas não quiserem perder um comboio que já está a rolar a velocidade de cruzeiro e que, nalguns casos, vai mesmo em alta velocidade. Nas empresas portuguesas contactadas pelo T Jornal, ninguém tem dúvidas que a economia digital é não só o futuro como é já mesmo o presente. E quem não se adaptar corre sérios riscos de sobrevivência. “Hoje uma parte da economia B2C (business to consumer) e B2B (business to business) é digital e as opiniões são unânimes que esta tendência vai crescer acentuadamente”, sublinha Mário Jorge Machado, CEO da Adalberto Estampados. Este engenheiro de Polímeros licenciado pela Universidade do Minho (1985), que se habituou a prever o futuro e antecipar o que vai acontecer quando jogava xadrez a nível federado, não tem dúvidas: “As empresas que não se adaptarem a esta realidade (economia digital) e aos novos modelos de negócio irão ter muitas dificuldades e eventualmente desaparecer”. Mário Jorge Machado questiona mesmo se a pergunta a ser colocada pelo T Jornal “não devia ser - Como é que a indústria têxtil e de vestuário se deve adaptar para gerar valor e resultados com uma economia cada vez mais digital?”. O CEO da Adalberto Estampados, líder europeia na arte de estampar, dá mesmo exemplos daquilo que deve ou não ser feito para entrar a todo o gás nesse novo paradigma da ITV. “Um bom exemplo do que não se deve fazer são alterações, como
as propostas à legislação laboral, que vêm introduzir mais rigidez no sistema quando o mercado exige mais flexibilidade às empresas”, aponta. Pelo contrário, Mário Jorge Machado dá como bom exemplo do que se deve fazer “a formação aos dirigentes e quadros das empresas nos novos modelos de negócio com as oportunidades e ameaças que vamos enfrentar”. E sugere mesmo uma intervenção do Governo: “Sendo esta formação crítica para a indús-
tria, devia o governo com as associações empresariais e escolas de negócio e universidades criar um programa especial, para dirigentes e quadros com incentivos adequados”. José Cardoso, CEO da empresa O Segredo do Mar, explica que a economia digital assenta parte das suas razões de sucesso na capacidade anunciada de entender a evolução das necessidades dos consumidores e de conseguir criar cenários e realidades na prestação de serviços e de entre-
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“A ITV portuguesa ainda não está em pleno na economia digital, mas tem condições para fazer caminho na linha da frente”
“Creio que ainda não, mas num futuro a curto prazo terá que se render”
TERESA MARQUES PEREIRA BRANDS DEVELOPER DO GRUPO VALERIUS
BRAZ COSTA DIRECTOR-GERAL DO CITEVE
ga de produtos adaptados aos resultados obtidos por essa gestão de informação. Para isso, diz, “é necessário elevada rapidez, flexibilidade, inovação, capacidade de produção integrada, qualidade e meios certificados associados numa zona económica e politicamente estável, de preferência com meios logísticos modernos, em suma, o exacto perfil da nossa ITV nos dias que correm”. Para provar a sua tese, José Cardoso dá os exemplos das
maiores plataformas de vendas online à escala global: “Quanto ao conhecimento que os gigantes Amazon, Asos, Zalando, Alibaba têm sobre esta capacidade instalada e disponível, pode-se aferir pelo volume de produção que colocam atualmente em Portugal ou pensam colocar”. E sobre esta importante relação entre interesses e capacidades, o CEO da empresa O Segredo do Mar entende que ainda existe um longo caminho de aproximação a desenvolver
e cimentar, tanto por parte das entidades governamentais e associações como por parte das empresas do sector. Daí que José Cardoso lembra que está à porta um novo Web Summit, “uma oportunidade única para os nossos embaixadores desenvolverem estas novas ligações entre uma indústria atualizada e dinâmica e as novas plataformas de negócios ditas revolucionárias nos modos e costumes”. “A iniciativa é global, tal como é a nossa vontade”, enfatiza.
Carlos Serra, CEO da Troficolor, também não tem dúvidas que, genericamente, a indústria têxtil portuguesa possui as capacidades técnicas e tecnológicas necessárias para enfrentar os desafios da economia digital. No entanto, sublinha o administrador desta empresa especializada em denim, “é necessário que os meios humanos sejam capazes de acompanhar o desenvolvimento, cabendo aos próprios empresários a responsabilidade de dotar os res-
“É necessário elevada rapidez, flexibilidade, inovação, capacidade de produção integrada, qualidade e meios certificados associados” JOSÉ CARDOSO CEO DA O SEGREDO DO MAR
pectivos colaboradores de ferramentas para enfrentar os novos desafios”. Teresa Marques Pereira, Brands Developer do grupo Valerius, tem ainda dúvidas sobre o grau de preparação da ITV portuguesa. E à pergunta do T Jornal ("Está a ITV portuguesa preparada para os desafios da economia digital?"), responde: “Creio que ainda não, mas num futuro a curto prazo terá que se render”. Considera assim que antes de mais a ITV tem que perceber que é imperativo mudar de paradigma. “Precisamos de mudar a infraestrutura tecnológica e criar redes eficazes e proporcionais aos desafios que a economia digital nos coloca”, aponta. Um dos principais desafios, segundo Teresa Marques Pereira, é entender o relacionamento “aberto” que tem de ser adoptado. “Viver num ‘só mundo’ e comunicar num pensamento global e pequenas adaptações locais. Outro é o nosso olhar sobre os nossos concorrentes, afinal a era digital veio ditar o ‘jogo limpo’ e o que importa é perceber onde estão os melhores recursos e janelas de oportunidade. Quem chega primeiro e deteta a oportunidades chega mais depressa ao mercado”, diz. E acrescenta: “O digital obriga-nos a estar sempre presentes, atuais, atentos à fluidez de comunicação e especialmente gerir eficazmente a informação! É, sob o meu ponto de vista, o recurso mais importante a ser trabalhado porque é dele que podemos retirar vantagens competitivas e criar maior dinâmica”. De uma forma sintética, mas que resume bem o tom geral dos players ouvidos pelo T Jornal, o director-geral do CITEVE, Braz Costa, manifesta confiança no futuro: “A ITV portuguesa não está em pleno na economia digital, mas tem condições para fazer caminho na linha da frente”. Ou, como diria Machado, o caminho faz-se caminhando. E depressa, por favor. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Donna Brasa
Rua das Fogueteiras 171 Revelhe 4820-630 Fafe
Entradas: Presunto, pimentos de Padrón e cebolinhas novas Pratos: Cabrito assado no forno Bebidas: Espumante Terras do Demo bruto branco, água e cafés
Fernando Castro
Nasceu e cresceu em Fafe, filho de um técnico de máquinas (Francisco Castro) que arriscou estabelecer-se por conta própria, tendo como sócios José e Benjamim - cujas iniciais ainda permanecem na razão social da empresa, se bem que eles há muito já não façam parte do capital. Nunca saberemos até onde o jovem Fernando teria progredido nos estudos se não se tivesse dado o caso do pai lhe ter oferecido um kart por ocasião do seu 14º aniversário. A partir desse momento, que ele identifica como o pecado original, só tinha olhos e cabeça para as corridas, não só no kartódromo de Rilhadas, mas também nos de Baltar ou do Cabo do Mundo. Durante dez anos, os motores e as corridas foram a sua grande paixão e única preocupação. Até que em 2002 o pai achou que era a hora dele começar a bulir e a ocupar-se de outras máquinas - as de costura.
A PAIXÃO PELAS MÁQUINAS
RUI APOLINÁRIO
40 ANOS ADMINISTRADOR J.B. & CASTRO
Um grande empresário mexicano, fornecedor da indústria hoteleira, estava em Portugal à procura de vinhos e manifestou interesse em ver têxteis lar. Ao saber disso, o Inovcluster (Cluster Agro-industrial do Centro) avisou o Cluster Têxtil que logo preparou uma tarde de reuniões no CITEVE com fornecedores portugueses de têxteis lar para o empresário mexicano. É perfeitamente legítimo que Fernando Castro invoque em sua defesa a péssima conjuntura. 2002 - o ano em que o pai o pôs à frente da J.B. & Castro - não era exactamente o melhor dos anos para quem ganha a vida a vender máquinas de costura às fábricas de confecção. Alarmado com os 60 mil euros de prejuízo acumulados no primeiro ano em que geriu a empresa da família, Fernando teve uma conversa de homem para homem com o pai, em que lhe sugeriu que voltasse ao negócio das máquinas de costura e pusesse entre parêntesis a sua incursão no setor da construção civil e imobiliário. “Tens de vir para aqui outra vez”, apelou Fernando, então com 24 anos. “A perder cinco mil euros/mês, ainda aguentas isto mais dez anos”, respondeu-lhe o pragmático pai, deixando o filho descoroçoa-
do - e convencido de que não tinha outra solução senão deitar as mãos à obra e ver como poderia dar a volta ao assunto. Conseguiu. A conjuntura era péssima. Foram mesmo anos muito duros. “Era o cabo dos trabalhos para vender uma máquina. E quando vendíamos ficávamos com o coração nas mãos, não fosse o comprador entrar em insolvência e não pagar”, recorda. Mas ele conseguiu. No final do segundo ano, já as contas estavam equilibradas. Costumizar as máquinas que importa (tem a representação de marcas como a Brother, Vibemac, Pegasus ou Maica), adequando-as às necessidades especificas de cada cliente, foi um dos segredos da J.B. & Castro para atravessar os anos de chumbo da nossa ITV e chegar a 2017 com um volume de negócios de 1,8 milhões de euros e as contas escritas a tinta azul. “Em 2012, as coisas começaram a melhorar. E 2013 já foi um ano bom”, recorda Fernando, que escolheu almoçarmos no restaurante Donna Brasa, do seu amigo e cliente (tem uma pequena confecção) Jorge Nogueira, que fica a um tiro de distancia do local do célebre salto da classificativa da Lameirinha do rali de Portugal.
A nossa ITV deu a volta por cima, e a J.B. & Castro prosperou com isso, o que obrigou Fernando a fazer planos e investir na mudança das atuais instalações, com 700 m2, no centro de Fafe, para um pavilhão com mais do dobro da área, na N 311, onde concentrará as atividades de venda ao público e a oficina de montagem, costumização e reparação de máquinas. Mas Fernando aprendeu a estar atento aos sinais. Como sabe que estar parado equivale a andar para trás, prepara-se para subir na cadeia de valor, complementando a atividade de importação e montagem com a de produção de máquinas de marca própria - e apostando na exportação. “Portugal está a ficar muito pequeno. Está tudo a fugir para Marrocos, onde o preço da confecção é mais barato e a mão de obra é abundante. Eu tenho de ir atrás dos clientes. Ainda há pouco tempo vendi 400 máquinas para uma confecção que a Pocargil tem em Marrocos”, explica Fernando Castro, que descobriu como conciliar a diversão da antiga paixão por máquinas de acelerar nas estradas (ainda faz ralis, como co-piloto, e provas de todo o terreno) com a devoção de montar, reparar e construir máquinas para a indústria têxtil. t
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B.CORK DA TINTEX JÁ IMPRESSIONA MERCADO Depois de premiadas a nível internacional, nomeadamente com o galardão Best Product Award in TexTrends na ISPO Munique, em janeiro, as malhas B.Cork revestidas a cortiça da Tintex começam a ganhar reconhecimento no mercado e já estão a ser utilizadas em colecções de vestuário e calçado.
56% é o acréscimo de capacidade de absorção da humidade garantida pelos felpos com tecnologia Airdrop da Villafelpos
TINTEX: 20 ANOS É MUITO TEMPO
A Tintex celebrou 20 anos de existência com um cruzeiro pelas águas do rio Douro, entre o Porto e a Régua, e com uma visita às caves do vinho do Porto, em Gaia. A empresa fez questão de salientar o contributo de todos os colaboradores, especialmente aqueles que fazem parte da empresa desde a sua fundação. O programa comemorativo incluiu o Dia das Portas Abertas em que os familiares e amigos dos colaboradores visitaram a Tintex. Foram também distinguidos 16 colaboradores que integram o projeto desde 1998. t
O SUCESSO É DE TODOS CONSAGRA O XX FÓRUM António Gonçalves
O presidente da ATP, Paulo Melo, instituiu o dia 4 de julho como o Dia do Profissional Têxtil, uma ideia que tem como objectivo homenagear aqueles que todos os dias dão vida à ITV. O anúncio do lançamento desta data simbólica, que passará a ser assinalada todos os anos, ocorre precisamente no mesmo dia do Fórum Têxtil, que decorre no CITEVE, em Famalicão. “É uma maneira de valorizar o sector, e o sector são as pessoas. E quando se diz profissional têxtil é desde os empresários, aos quadros superiores, designers, técnicos ao mais humilde dos operários. Todos eles merecem ser lembrados e enaltecidos” afirma Paulo Vaz, director-geral da ATP. Organizado pela ATP, o Fórum tem-se afirmado ao longo dos últimos anos como a principal manifestação do sector, reunindo toda a fileira industrial e discutindo anualmente os seus principais problemas e reivindicações. Paulo Vaz não tem dúvidas em afirmar que se trata “das conferências sectoriais mais importantes de Portugal, e, no sector têxtil, provavelmente a mais importante da Europa.” Na edição deste ano, empresários e académicos vão lançar a discussão sobre a transição para a indústria 4.0, uma mudança de paradigma que se prevê para um
"Profissional têxtil é desde os empresários aos quadros superiores, designers, técnicos, ao mais humilde dos operários" Paulo Melo Presidente da ATP
futuro cada vez mais próximo. Para além de actual e de estar na “moda”, este assunto torna-se cada vez mais urgente, com a introdução gradual da automação e da monotorização digital nos processos industriais. O tema do fórum foi assim escolhido com o objectivo de sensibilizar o sector para esta mudança de ciclo, ao qual a indústria parece estar a adaptar-se a diferentes ritmos. “Há muito trabalho de sensibilização dos empresários para fazer. Sentimos que existe algum acompanhamento, e há mesmo empresas que estão no estado da arte nesse domínio, mas noutros casos o problema coloca-se naquilo que em princípio deveria ser mais fácil, na relação com o público, no comércio electrónico, nos processos de comunicação mais simples.
Aí ainda há trabalho por fazer”, explica Paulo Vaz. Já passaram pela agenda do fórum temas muito diferentes com objectivo de promover a discussão interna, mas também com o de formar um discurso do sector para o exterior. Paulo Vaz relembra uma das primeiras edições em que o tema foi a relação da indústria têxtil com o poder político, mas existiram também fóruns com temas menos óbvios, como foi o caso da sucessão na gestão das empresas familiares: “Inicialmente até houve receio que o tema não fosse bem compreendido mas os empresários participaram e gostaram muito do debate. A separação daquilo que é propriedade para aquilo que é gestão é uma questão muito pertinente, e talvez venha a ser repetida numa das próximas edições.” Para além da 20.ª edição do fórum, este ano é também celebrado o 15o aniversário da fusão da ATP. Com a unificação de várias associações do sector têxtil, a ATP tem vindo a afirmar-se como a porta-voz da indústria e, passados 15 anos da fusão, o balanço é claramente positivo: “Representamos quase 80% da fileira industrial do têxtil e a melhoria da imagem do sector, que era um dos nossos principais objectivos, é notória, não só em Portugal como internacionalmente. A etiqueta made in Portugal, por exemplo, tem agora muito mais valor”, explica Paulo Vaz. t
TRUFFLES TO DRESS INSPIRA-SE EM MARRAQUEXE
ARMANI JUNTA HOMENS E MULHERES NOS DESFILES
O conceito “Day to Night” está na base da nova marca portuguesa de moda a nascer em Lisboa. A Truffles to Dress desenha peças com cores inspiradas no pôr-do-sol e nas noites de Marraquexe, que podem ser utilizadas tanto de dia como de noite, ajudando na transição do ambiente de trabalho para uma festa.
A linha jovem de Giorgio Armani, que sempre desfilou em Milão, retira-se do calendário masculino e muda-se para a semana da moda feminina, em setembro, onde vai apresentar as suas coleções de homem e mulher para a primavera-verão 2019 num único desfile, que acontecerá num local emblemático da capital lombarda.
"A ITV portuguesa está muito melhor do que quando comecei há 27 anos. Não tem comparação. Está toda a gente a olhar para nós. Tornámo-nos um case study" José Cardoso CEO OSDM
KATE E WILLIAM REUTILIZAM ROUPA
A tradição de os irmãos mais novos herdarem a roupa dos mais velhos é comum em muitos lares e, pelos vistos, também em alguns palácios. Louis, o mais recente filho de Kate e William, foi fotografado com o mesmo fato branco que a irmã Charlotte vestiu após o seu nascimento. Charlotte, por sua vez, foi vista a usar um casaco azul-escuro que o seu irmão George havia usado numa sessão fotográfica da Vanity Fair. Já George, o primeiro filho do casal real, foi batizado com o mesmo fato de batismo do pai e a pequena Charlotte já foi vista a usar roupas que pertenciam ao seu tio, o príncipe Harry.
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PLATAFORMA DE MODA ATRAI INVESTIMENTO DE 2,5 MILHÕES A portuguesa Huub anunciou ter fechado uma ronda de investimentos no valor de 2,5 milhões de euros, para continuar a desenvolver soluções tecnológicas para a indústria da moda e aumentar a sua presença internacional. Fundada em 2015, esta start-up foi criada com o objetivo de fornecer uma plataforma logística para negócios na área da indústria e do e-commerce, ajudando a gerir a cadeia de distribuição das marcas de moda. A actividade da Hubb abrange já 33 marcas e 85 países, mas a meta é chegar às 200 marcas e alargar o raio de distribuição.
MODATEX REINVENTA RENDA DE BILROS O Modatex foi uma das instituições presentes na 1.ª Mostra Internacional de Rendas de Bilros, que decorreu entre os dias 19 e 20 de maio, em Serra D’El Rei, Peniche. Alunos do centro de formação apresentaram várias criações de moda com a aplicação desta técnica artesanal de renda. A mostra contou com a participação dos alunos dos vários cursos do Modatex (Design de Moda, Modelação e Costura), que aceitaram o desafio de criar e confeccionar novos modelos, integrando componentes de rendas de bilros.
O CRISTIANO RONALDO DOS CACHECÓIS É DE VIZELA
10 milhões de euros de vendas em 2018 é o ambicioso objetivo da 6Dias que fechou 2017 com um volume de negócios de sete milhões de euros
FIFITEX PARCEIRA DA UNIS TEXTILE DESIGN STUDIO A Fifitex vai fornecer fio à Unis Textile Design Studio, atelier direccionado ao design têxtil, anunciou a empresa de fiação sedeada em Guimarães. A área dos têxteis lar esteve sempre presente nos desenvolvimentos dos fios da Fifitex, e com esta parceria “agora serão pensados e criados” em conjunto com a Unis Textile Design Studio. “Será mais um projeto desafiante, com visão na inovação e destaque na diferenciação no que diz respeito ao design do produto”, acrescenta a empresa. .
São mais de meio milhão e estão por todo o lado a colorir os estádios do Mundial da Rússia. Os cachecóis e outros objectos têxteis de todo o merchadising oficial da competição são feitos pela 4Teams – Advertising & Merchandising, uma têxtil de Vizela que fabrica também para várias selecções, como é o caso de Espanha, França e Portugal. Um negócio em que a 4Teams já factura quatro milhões e faz com que por estas alturas a empresa tenha que trabalhar de forma ininterrupta, 24 sobre 24 horas e sem folgas ou fins-de-semana. Só para o merchandising oficial deste Mundial já fabricou mais de 500 mil cachecóis das mais diversas selecções presentes, segundo informação do administrador da empresa, Pedro Santos. O cliente é
uma empresa inglesa, a Great Branding, com a qual a fabricante de Vizela mantém já uma longa relação. É ela que negoceia com a FIFA ou a UEFA os direitos e o fornecimento de todos os materiais associados às competições. Mas nem só para as competições de selecções, como os mundiais e europeus. A 4Teams costuma também fabricar os materiais têxteis para outras competições como a Liga dos Campeões e vários campeonatos nacionais. Por esta altura do ano, com o início dos campeonatos
4 milhões de euros é quanto a 4Teams fatura anualmente com o fabrico de marchandising desportivo
e novos patrocinadores a produção é contínua. Agora para o Mundial estão a fabricar para a Great Branding, mas também têm encomendas isoladas de várias selecções, explicou Pedro Santos. Além dos cachecóis, entre os items fabricados na têxtil de Vizela estão também gorros, bandeiras, toalhas, equipamentos e fatos de treino associados às mais diversas equipas e selecções. E até cachecóis para casamentos, com as fotografias dos noivos, alianças e a data se fazem agora na 4Teams. Já conhecida como o Cristiano Ronaldo dos cachecóis, a empresa de Pedro Santos que começou há cerca de 10 anos com 12 funcionários emprega agora 89 pessoas e registou em 2017 um volume de negócios à volta de 4 milhões de euros. t
"Temos tudo para sermos os melhores do mundo" Paulo Faria Director Comercial da Paula Borges
VINTAGE FOR A CAUSE RECICLA BY KATTY XIOMARA É com a assinatura de Katty Xiomara e tecidos e materiais resgatados do lixo que se faz a colecção Review-Reuse, que foi lançada no Nos Primavera Sound pela Vintage For a Cause, a marca de moda ética e sustentável nacional que tem a estilista como sua embaixadora. “Nesta edição limitada e exclusiva, Katty Xiomara coloca alguns dos moldes do seu arquivo ao serviço do reaproveitamento do desperdício industrial, criando peças, utilizando tecidos e materiais que de outra forma acabariam no lixo”, refere a marca em comunicado.
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LANIFÍCIOS
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A MINHA EMPRESA Anglotex
Parque Industrial de Celeirós Lote D 2-2ª fase Braga
Assinatura Delivering perfection since 1991 Trabalhadores 48 Volume de negócios 6 milhões de euros Principais mercados de exportação Itália, França, Inglaterra, Japão, Estados Unidos Clientes importantes All Saints, Max Mara, Diesel
MOCHILAS MONTE CAMPO CELEBRAM 40 ANOS COM NOVAS EDIÇÕES As mochilas Monte Campo comemoram 40 anos de existência com o lançamento de uma nova versão da mochila Gardunha, o seu modelo mais icónico. Agora reinventada, mantém o design inicial mas, para acompanhar as necessidades dos utilizadores, conta com uma bolsa interior para o portátil. O conforto foi também uma das prioridades e por isso a marca destaca ainda a colocação de uma nova rede nas costas e alças da mochila, para uma melhor ventilação.
20 milhões de euros é quanto a Li Fung Portugal espera faturar em 2020 com as licenças de têxteis lar de marcas como Emily Bond, Orla Key, Sonia Rykiel e Hackett
RISCA DE GIZ TEM NOVO ATELIER A Risca de Giz, marca de roupa formal para criança, abriu o seu novo atelier na Póvoa de Varzim – mais uma conquista no objetivo da expansão da marca de Cláudia Pinheiro. O ateliê, situado na Praça do Almada, vai servir para criar peças exclusivas, personalizadas e por medida, e para ter mais contacto com o público, suas opiniões e necessidades.
O homem ao volante A Inglaterra é um mercado da Anglotex, talvez mesmo o terceiro mais importante, mas no caso as aparências iludem, pois o nome desta têxtil bracarense nada tem a ver com a monarquia que forneceu ao mundo a sua língua franca (o inglês). Não. O anglo de Anglotex resulta da contração numa palavra das sílabas iniciais de António e Glória, os fundadores da empresa. António Gomes, 58 anos, é o vértice desta história, que é tal e qual a vida - tem os seus momentos felizes, mas também outros mais tristes. Tinha 21 anos, quando começou a trabalhar numa têxtil como motorista, mas não tardou a passar para o interior da fábrica, como empregado de armazém, e depois foi por aí adiante, até chegar a responsável pela produção, que corria bem - ao contrário da gestão da empresa, que corria muito mal. “Cheguei a ter de pôr dinheiro do meu para comprarmos fio”, conta António Gomes, recordando a fase má dos salários em atraso e de falta de matéria prima, sinais do estertor da empresa onde debutara ao volante. Habituado a conduzir, treinado a liderar e já enfarinhado no negócio dos trapos, António desafiou Glória, a responsável pela costura, e juntos fundaram a Anglotex, em 1991. No princípio foi duro. É quase sempre assim. Eram sete. Na primeira meia dúzia de anos, trabalhavam apenas a feitio. Agora são 48, já fazem uma micro-coleção e têm uma carteira de clientes recheada de marcas famosas, de fazer inveja a qualquer um, e exportam 99% da sua produção (a Ericeira Surf Shop é o único cliente que mantêm no mercado doméstico). “Primeiro foram os franceses. As têxteis começaram a fechar em França e as marcas passaram a co-
locar cá as suas encomendas. Agora está a acontecer o mesmo com as marcas italianas. O que faz todo o sentido, pois os tecidos portugueses têm a mesma qualidade dos italianos”, afirma António Gomes, que definiu para a Anglotex uma estratégia de crescimento baseada na constante subida na cadeia de valor. “Temos o know how. A qualidade e o serviço são os nossos factores diferenciadores”, acrescenta o fundador, que resume na assinatura da Anglotex - Delivering quality since 1991 - as vantagens competitivas de uma empresa que se vê ao espelho como proativa, flexível, fiável, criativa e inovadora. António está feliz por ter chegado ao cimo da montanha, mas sente-se com mais passado do que futuro, pelo que tem em curso a passagem do testemunho para a segunda geração de Gomes, tendo já a trabalhar na Anglotex os seus dois filhos: Marco, 28 anos, que se ocupa da parte comercial e estudou Administração Pública, em Coimbra; e João, 23 anos, que está há um ano na fábrica a aprender a gerir a produção. “De vez em quando já posso ir tratar das galinhas”, graceja o pai, que está otimista quanto ao futuro. Para a Anglotex, 2016 foi melhor que 2017, ano em que a empresa faturou seis milhões de euros. Para o final deste exercício, António espera um crescimento bom nas vendas, que podem chegar aos 7,5 milhões. “O plano é continuar a apostar no segmento médio/ alto e destacarmo-nos cada vez mais pelo design. Se as coisas continuarem a correr assim, temos de analisar seriamente a hipótese de termos de mudar para novas instalações e aumentar a capacidade produtiva”, conclui o homem que está ao volante da Anglotex. t
"Estamos há oito anos a crescer e esperamos continuar assim. Mas é preciso ter alguma prudência porque o setor não é elástico" Paulo Melo Presidente da ATP
SACOOR BROTHERS VESTE A NOSSA SELEÇÃO
No antigo Museu dos Coches, na recepção presidencial antes da partida para Rússia, a nossa Seleção vestia roupa nova, criada pela Sacoor Brothers, o novo alfaiate oficial da equipa da quinas. Fabricado em Portugal, o fato de três peças foi confeccionado em tecido de alta-costura e personalizado com apontamentos únicos: o logo da FPF com o nome do jogador, a frase ‘Conquista o Sonho’ bordada debaixo da gola e detalhes com as cores da bandeira nacional.
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ITV PREOCUPADA COM AUMENTO DOS CUSTOS DA ENERGIA O preço grossista no mercado ibérico de electricidade (Mibel) disparou 29% entre Abril e Maio, um aumento que está a afectar todas as indústrias, designadamente a têxtil tem alertado para os elevados custos da energia eléctrica. A Associação Portuguesa dos Industriais Grandes Consumidores de Energia Eléctrica revelou a sua preocupação com esta subida: “E acresce ainda o facto de os preços verificados no Mibel compararem desfavoravelmente com os preços de electricidade em outros mercados grossistas, por exemplo França e Alemanha”.
BORDADO DE CASTELO BRANCO BRILHA EM CEBOLAIS
A dupla Catarina Moreira/Pedro Rocha (ESART), foi a vencedora da 2ª edição do concurso O Bordado de Castelo Branco e a Moda. Brígida Ribeiro (Arquitetura de Lisboa) foi a vencedora na nova categoria de Calçado e Acessórios (na foto). A a entrega dos prémios sublinhou o final da 3ª edição do Castelo Branco Moda, que contemplou os desfiles, no Museu Têxtil de Cebolais de Cima, das coleções do curso de Design de Moda da ESTART, do PFN, e ainda das coleções da Dielmar, Hugo Costa e Pedro Pedro – sendo que cada um destes dois últimos trouxe uma peça com aplicações de bordados de Castelo Branco, que ficará para o espólio da câmara. t
CODE QUER EXPANDIR PARA SENEGAL, NIGÉRIA E TUNÍSIA A Code está a negociar o estabelecimento de parcerias com cadeias de distribuição do Senegal, Tunísia e Nigéria que, a serem bem sucedidas, levarão esta marca portuguesa do grupo SDV a expandir a sua presença em África. Criado em 2003 por Joaquim Dias Cardoso quando este empresário deixou a Maconde, a SDV nasceu com base numa parceria com a Jerónimo Martins, nos termos da qual passou a gerir, em regime de exclusividade, os espaços de vestuário, calçado e acessórios dos hiper e supermercados das cadeias de distribuição daquele grupo. Atualmente, em Portugal, a Code tem uma rede de 61 pontos de venda (dos quais 52 estão integrados em lojas Pingo Doce), onde vende cerca de seis milhões de peças/ano. Na Polónia, a SVD Polska vende anualmente 25 milhões de peças na rede de cerca de três mil supermercados Biedronka, do gru-
po Jerónimo Martins. Há cerca de três anos, a SVD Portugal deu um novo fôlego à sua estratégia de internacionalização, expandindo a atividade para o norte de África, desembarcando na Argélia (onde está em dois hipermercados do conglomerado Ardis) e em Marrocos, onde fornece 11 espaços da cadeia Aswan Assalam e tem uma equipa residente que se ocupa do marketing. A logística de todas as operações é assegurada, desde a primeira hora, pela Garland, sendo complementada, no caso particular da Polónia, por cinco centros de distribuição espalhados pelo país. “Atendendo à nossa proposta de valor, a África é a geografia natural para a nossa expansão”, explica Jaime Pinto, business support director da SVD Portugal, que dá trabalho a cerca de 500 pessoas e fechou 2017 com um volume de negócios de 48 milhões de euros, dos quais feitos em Marrocos e na Argélia.t
RACLAC INVESTE EM FÁBRICA DE LUVAS Uma linha de produção 100% automatizada, operada por 48 robôs e sem qualquer tipo de intervenção humana, é o coração da fábrica de luvas de exame descartáveis da Raclac, que implica um investimento de 20 milhões de euros e está a ser construída em Famalicão. A tecnologia inovadora para a produção e embalamento das luvas numa sala limpa, e que contempla elevados níveis de poupança e reaproveitamento
de água e energia, foi desenvolvido nos últimos três anos pela Raclac. A nova fábrica, que deverá começar a laborar em abril do próximo ano, empregará 60 pessoas e o seu projecto foi adjectivado de “vanguardista e sensacional” por Ana Lehmaan, secretária de Estado da Industria, que considera que este “contribui para o robustecimento da indústria 4.0 e corporiza da melhor forma esta quarta revolução industrial”.
A Raclac, que fechou 2017 com um volume de negócios de 10,5 milhões de euros (um crescimento de 30% face a 2016), emprega 14 pessoas e está presente em mercados como Espanha, França, Inglaterra, Angola, Moçambique, Marrocos, Tunísia e Cabo Verde. Pedro Costa e Susana Fernandes, fundadores da Raclac, mantêm 50% do capital da empresa, sendo que os restantes 50 estão nas mãos do grupo Vallis. t
SONAE E CTT LANÇAM MARKETPLACE
HARD ROCK EXPÕE VESTIDO DE XIOMARA
Com investimento repartido em parte iguais, a Sonae e os CTT anunciaram a criação de uma plataforma de comércio electrónico, focada nas PME e nas marcas portuguesas, na qual prevêem investir 10 a 15 milhões nos primeiros dois anos. A aposta, que pretende potenciar as competências complementares e o know-how dos dois grupos, surge numa altura em que se fala que a Amazon quer começar a operar em Portugal.
Um vestido de Katty Xiomara, usado por Ana Moura nos concertos de apresentação do disco Desfado, está agora em exposição no Hard Rock Café em Lisboa. A fadista, e também a designer, tornam-se assim nas primeiras portuguesas representadas naquela que é a maior colecção do mundo de objectos relacionados com grandes estrelas da música.
"O nosso objetivo não é crescer muito de uma vez. É seguir a trajetória de crescimento sustentável." João Mendes Administrador da A. Sampaio & Filhos
CAVALINHO ABRE LOJAS EM BRAGA E GUIMARÃES A Cavalinho, marca portuguesa de bolsas e calçado, inaugurou dois novos pontos de venda em menos de um mês: o Espaço Guimarães, na Cidade Berço, seguindo-se depois a abertura de um outro espaço no Minho Center, em Braga. Fundada em 1975, a Cavalinho tem 30 lojas próprias em Portugal e duas lojas em Espanha e conta também com lojas oficiais em Angola, no Canadá e nos Estados Unidos, além da presença em mais de 300 lojas multimarca distribuídas pelo mundo.
MIGUEL VIEIRA BRILHA EM MILÃO COM COR E POP ART Foi com uma coleção inspirada no movimento Pop Art e no estilo vintage, onde a cor é a estrela, que Miguel Vieira, desfilou na Milano Moda Uomo, em Milão. O azul Riviera, o vermelho aurora e o amarelo açafrão, complementadas com os clássicos preto caviar e azul-marinho, são as cores das propostas apresentadas e onde não faltaram também as mochilas, as sandálias e lenços XL. Esta foi já a 5ª vez consecutiva que o designer marcou presença na Milano Moda Uomo, com apoio do Portugal Fashion.
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“CAPACIDADE DE INOVAÇÃO DA NOSSA ITV”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
É UM PONTO FORTE
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n ENTREVISTA Miguel Tolentino 44 anos, nasceu no Porto, filho da responsável pelo laboratório de uma companhia de vinho do Porto (Croft) e de um engenheiro que fez carreira a gerir empresas de media e telecomunicações (José Marquitos, com quem ele se cruzou uma semana no grupo Sonae). Cresceu entre as Antas e Paranhos. No final do secundário (feito no António Nobre), escolheu Economia (“Tive muitas dúvidas. Havia muitos cursos aliciantes”, confessa), tendo concluído em 1996 a licenciatura na FEP. Casado, tem três filhos.
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Made in Portugal é sinónimo de elevada qualidade, menor pegada ecológica e sustentabilidade ambiental e social - afirma Miguel Tolentino, 44 anos, diretor geral da Berg Outdoor. Ao cabo de 13 anos nas telecomunicações, foi um choque aterrar na têxtil?
São trabalhos muito diferentes. Mas o choque não tem a ver com o facto de serem setores mais ou menos tecnológicos. Aqui na Berg o contacto com o produto - a matéria prima, as cores, os acabamentos... - é muito mais presente do que era na Optimus. E acima de tudo, nas telecomunicações os ciclos são muito mais curtos. A diferença é muito grande?
Enorme. Não só em duração, mas também em complexidade. Estamos a vender a coleção Primavera/Verão 19 e já temos desenhada - começamos há três meses - a de Outono/Inverno 19. Nas telecomunicações, demorava dois meses, três no máximo, até termos o produto novo nas mãos dos consumidores. Para além disso, nas telecomunicações tínhamos muitíssimo mais informação sobre os clientes. A mudança foi complicada?
Implicou aprender uma nova terminologia, familiarizar-me com novos processos de fabrico e diferentes segmentos de mercado. Mas essa aprendizagem e os novos desafios são as coisas boas que a mudança proporciona. Qual era o principal objectivo que trazia quando
desembarcou na Berg?
A internacionalização. A Berg Outdoor - que nasceu em 2001 como marca própria da Sport Zone para o montanhismo, campismo, a vida ao ar livre foi despertando a atenção de parceiros externos. Tratou-se de tirar partido desse potencial, para apostar na exportação e tornarmo-nos uma marca relevante no setor a nível europeu. Tratou-se de dar um novo fôlego à marca?
Foi um spin off da Sport Zone. Uma segunda vida da Berg Outdoor. Mudámos da Maia para a Boavista, criamos uma entidade jurídica diferente, e procedemos a um rebranding da marca - não só da sua imagem mas também do seu DNA. Uma revolução?
Mais que uma revolução, foi uma afinação. O que aconteceu foi uma clarificação e aprofundamento da identidade da marca, bem como da sua estratégia comercial e target. Reduzimos a gama, para trabalhar melhor os produtos. E passamos a estar focados em dois segmentos específicos: aventura, para passeios na montanha (hiking), e o trailrunning, mais especializado, dirigido aos atletas. A afinação resultou?
Os indicadores são animadores. Antes desta segunda vida, as exportações andavam nos 5% das vendas. Em 2016, pesavam 15%. No final do ano ano passado já valiam 30%. Mas as nossas ambições a nível internacional não se ficam por aqui. Prevemos atingir os 50% em 2019. Em que vantagens competitivas se fundamenta essa ambição?
Temos dois grandes factores de diferenciação, a sustentabilidade e o made in Portugal. E sentimos que o mercado potencial está a aumentar com a tendência para o uso cada vez mais frequente no dia a dia, em
"Vamos continuar a crescer, pelo menos a dois dígitos/ano"
motivar as pessoas a descobrirem o mundo que as rodeia e a sentirem que cada dia merece ser uma aventura, seja nos picos mais altos ou na cidade em que sempre viveram. Hiking is the new yoga :). O peso da têxtil nas vendas da Berg Outdoor está a aumentar?
Andava na faculdade quando ganhou os primeiros dinheiros a dar explicações de Matemática. Mas o primeiro emprego foi na Modelo Continente. “A minha mãe soube que eu estava a trabalhar quando me viu a repor detergentes no Continente de Gaia”, graceja. Integrou a equipa fundadora da Optimus e fez o essencial do seu percurso entre as áreas de retalho e de telecomunicações da Sonae, com um ano de parêntesis para fazer o MBA na Nova de Lisboa. Há dois anos foi desafiado para imprimir um novo fôlego à Berg Outdoor, desafio para o qual ele estava habilitado não só profissional e academicamente - mas também pessoalmente. “Durante os 13 anos em que fui escuteiro, no agrupamento das Antas, habituei-me a levar uma vida ao ar livre, fazendo regularmente campismo e montanhismo. Comecei com oito anos como lobito e quando saí era caminheiro. Ter sido escuteiro foi fundamental na minha formação”, afirma Miguel, um desportista, que na juventude praticou ténis (Vigorosa) e natação (FC Porto) e hoje em dia ainda joga regularmente futebol e, sempre que pode, corre uns cinco a seis km/dia.
Desde o início deste nosso segundo fôlego, em que a Berg Cycles ficou na Sport Zone, que as percentagens têm estado estabilizadas - cerca de 70% têxtil, 20% calçado e 10% em equipamentos, fundamentalmente mochilas. Na ISPO, orgulhavam-se do facto da componente têxtil da vossa coleção ser 100% made in Portugal...
E estamos a falar de um conceito mais abrangente do que a confecção. A nossa portugalidade começa na identidade da marca, que vai buscar a sua inspiração no espírito aventureiro dos descobridores portugueses, continua na concepção, desenho e conceitos criativos, com referências constantes ao nosso país nas cores, padrões e nomes das peças, e estende-se aos materiais, com o uso do burel, da cortiça... Compensa essa assunção da portugalidade?
Basta ver a recepção que tiveram na ISPO o casaco de cortiça e as sapatilhas jindo burel, que receberam um prémio de inovação. Temos uma colecção cápsula, a Heritage, em que todos os produtos são feitos só com recurso a matérias primas portuguesas.
situações de trabalho e urbanas, de vestuário e calçado do nosso segmento aventura.
Ser made in Portugal deixou definitivamente de ser cadastro para passar a ser curriculum?
A crescente preocupação com um estilo de vida saudável favorece-vos?
O que faz todo o sentido, atendendo não só à elevada qualidade dos nossos produtos e à confiança que inspiram, mas também ao facto de no mercado europeu, que é o nosso target,
Está em linha com a forma como pensamos e com a nossa missão que consiste em
o made in Portugal ser também sinónimo de evitar custos de transportes acrescidos, uma menor pegada ecológica e a garantia de sustentabilidade ambiental e social. Que impressão tem da ITV portuguesa?
Muito boa. Nós apostamos muito na indústria e estamos muito satisfeitos pois sentimos que essa aposta é reciproca. Já é claro que depois de atravessar tempos difíceis, conseguiu reinventar-se e dar a volta por cima. A nossa ITV trabalha de uma forma muito eficiente, produzindo qualidade a preços muito competitivos. Ou seja, têm as costas então bem cobertas...
Os nossos 35 fornecedores portugueses situam-se num raio de 70 quilómetros, o que é óptimo por permite-nos manter um nível de colaboração muito estreito e frequente, além de nos proporcionar uma maior rapidez e agilidade nos tempos de resposta. Como avalia a capacidade de inovação da indústria?
É elevadíssima, o que é fundamental para uma marca como a nossa que oferece produtos com um nível de tecnicidade muito exigente. Os artigos Berg Outdoor são de cada vez maior valor acrescentado. Ao contrário do que acontece na moda, a pedra de toque da competitividade não está no desenho ou na cor, mas na função técnica. O que isso quer dizer?
Que uma bota impermeável tem de ser mesmo impermeável, a mochila tem de ser leve, o impermeável de trail running tem de ser simultaneamente impermeável, leve e packable, etc, etc. Qual é o ponto fraco da ITV?
O que mais me preocupa é a falta de mão de obra qualificada. É um problema sério,
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O quadro de honra A Berg Outdoor já viu quatro dos seus produtos mais inovadores serem distinguidos com ISPO Awards, na maior feira mundial de artigos para desporto, que se realiza em Munique
que nos pode condicionar, e não sinto que esteja a ser tratado com uma abordagem estruturada. Não me parece que ele se resolva só com a importação de recursos humanos e uma maior automatização da produção. Como se resolve?
Com um programa de requalificação e formação, uma nova política de remunerações e uma melhoria na percepção social do que é realmente a indústria. E os pontos fortes?
A capacidade de inovação, competência técnica, qualidade na produção, bem como a sua flexibilidade, que permite encurtar os ciclos.
2BL Baselayer Winner Award 2013
"Nós apostamos muito na ITV e estamos muito satisfeitos pois sentimos que essa aposta é reciproca" As vendas online já têm expressão?
Para já são apenas residuais. Neste momento, o online serve essencialmente como apresentação da marca, do nosso catálogo, e ainda para chegar a mercados onde não estamos fisicamente presentes. No futuro vão ser importantes?
Não deve ser fácil construir uma marca a partir de um mercado pequeno e periférico...
Não, não é nada fácil, principalmente num mercado tão técnico como o do outdoor, onde já havia diversas marcas muito bem posicionadas e em que a confiança é crucial, pois no limite podem estar vidas em jogo. Sentimos dificuldades... ...que já foram vencidas?
Estamos nos primeiros passos, mas após a nossa redefinição, as vendas, bem como o feedback dos nossos clientes e parceiros, dão-nos sinais muito sólidos de que estamos no caminho certo e o nosso ritmo de crescimento vai continuar a acelerar. A abertura de lojas próprias é o próximo passo no processo de construção da marca?
É uma hipótese que está em cima da mesa, mas não será para amanhã. Faz parte do nosso plano, que está em permanente discussão e constante revisão. Costumo dizer que somos uma start up no meio de um grande grupo :-) Poderá ser um passo interessante para a nossa afirmação como marca.
Vão crescer, mas não creio que venham a ser dominantes. Num segmento como o nosso, o contacto físico com o produto e o aconselhamento são muito importantes. Em que consiste o conceito de shop in shop que estão a desenvolver na Eslováquia?
É uma solução especial que estamos a desenvolver com o nosso parceiro local, a Exisport. Em três lojas desta cadeia, logo à entrada e do lado direito, há um espaço, com 35 a 40 metros quadrados, exclusivo da Berg Outdoor. É uma experiência que está a correr muito bem. Estão satisfeitos com a geografia das vossas exportações?
A Europa é o nosso mercado alvo. Estamos em 20 países, que dividimos em três categorias: os mercados estratégicos - Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido - os táticos, caso da Polónia, e os reativos, onde não investimos mas estamos atentos a oportunidades de negócios que surjam.
Jindo Burel Winner Award 2017
tem outras marcas como a Zippy, Mo, Sport Zone ou Deeply. Terem saído da Maia não atrapalhou as sinergias de grupo?
Não. Com a Deeply, especializada nos três "s" - surf, skate e snowboard - partilhamos o escritório, o operador logístico, que é diferente do das outras marcas da Sonae, bem como a gestão de projectos e a supply chain. É uma marca irmã. Trocamos informações permanentemente. E com as outras marcas?
Conhecemo-nos todos. Formal ou informalmente, estamos sempre a partilhar planos de ação, conhecimento, experiências e aprendizagem ou formas de E-commerce. Os níveis de colaboração são crescentes. É essa vantagem de integrar o grupo Sonae?
Vivemos no melhor de dois mundos. Tiramos partido dos recursos da Sonae em tudo em que achamos que é o mais apropriado para nós. E temos a liberdade de encontrar as nossas próprias soluções, se considerarmos que essa é a melhor opção. A Berg Outdoor é uma adolescente, prestes a fazer 17 anos...
... mas que já tem um rumo e sabe o que quer da vida. Como é que se está ver quando atingir a maioridade?
Ser uma marca consolidada no mercado outdoor europeu, ainda em crescimento, mas já conhecida e reconhecida pelos nossos parceiros comerciais. Olhada pelos consumidores como credível e confiável. E percepcionada como portuguesa e sustentável. Tem objectivos quantificados?
Vamos continuar a crescer muito todos os anos. Sempre a dois dígitos?
A Sonae Sports & Fashion
Pelo menos a dois dígitos. t
3F Sock Winner Award 2013
LYNX 10 + CS2 Winner Award 2013
As perguntas de
Ana Ribeiro Diretora executiva do Cluster Têxtil
Paulo Vaz Diretor geral da ATP
De que modo a transição para a economia circular pode trazer vantagens competitivas para a Berg Outdoor?
Que objectivos encerra a estratégia da Berg Outdoor ao autonomizar-se do universo da Sport Zone? Crescimento rápido e presença global?
No que toca a economia circular, o nosso setor está bem à frente do mercado em geral. Não só os nossos consumidores, que como amantes da natureza são ultra-sensíveis às questões ambientais, mas também as marcas, porque estimulam esse tipo de vida e comportamento. A sustentabilidade é um dos factores diferenciadores da Berg Outdoor. É algo em que investimos e temos sempre presente em todo o processo produtivo, desde a escolha das matérias primas até ao produto final.
Sim. O objetivo do spin-off foi exatamente ganharmos a autonomia, a flexibilidade e o foco necessário para lançarmos a marca no mercado internacional - com foco na Europa. Isso obrigou a uma mudança de atitude, processos e forma de trabalho por toda a equipa e a autonomização permitiu acelerar esse processo e criar uma cultura própria Berg Outdoor.
Qual é, na sua perspectiva, a maior barreira à digitalização?
Há sempre uma barreira cultural à mudança. No geral, as pessoas resistem a mudar de hábitos e processos. A digitalização traz ganhos importantes quando se trata de automatizar processo repetitivos. Mas não dispensa as conversas face to face, bastante proveitosas, que temos com os nossos fornecedores, a diferentes níveis - aprendemos muito no contacto com os chefes de linha e as costureiras. t
A Berg Outdoor aposta em fabricar em Portugal, combinando excelência, inovação tecnológica e sustentabilidade. O made in Portugal da ITV é hoje algo que valoriza as marcas que o utilizam em todo o mundo e, por maioria de razão, as portuguesas?
Sem dúvida! O made in Portugal é não só um fator diferenciador e uma vantagem competitiva para a Berg Outdoor como também algo intrínseco à nossa própria identidade como marca. Acreditamos que ter a portugalidade bem presente desde o conceito criativo de uma coleção até à sua confeção, claramente valoriza a nossa marca e os nossos produtos. t
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a A TEXTURA DO VINHO Textos de José Augusto Moreira
NEM SÓ DE PÃO VIVE O HOMEM
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á um caminho que liga o têxtil e as vinhas, uma espécie de malha tecida com fios e uvas que todos sabemos conduzir a um destino sempre agradável. Saboroso e sumarento! O vinho é vida e o têxtil negócio, ouve-se com frequência, mas sabe-se também como os desígnios da vida e dos negócios nem sempre são lineares. Há quem esteja no vinho com o objectivo de negócio e frequentemente também quem faça do têxtil a sua vida. Quem sabe até se foi em tudo isto que pensou Paulo Santos - o homem que faz da vida um sucesso no têxtil com a Quickcode e a Ligthwear – quando deu o nome de Caminhos Cruzados à empresa com que decidiu entrar no negócio da vinha e do vinho (se non é vero, é ben trovato!). Interessante também é constatar que é sempre um caminho de sentido único. Ou seja, que parte do têxtil e segue até às vinhas e adegas, e nunca em sentido contrário, com um empresário do mundo do vinho a avançar para território têxtil. E porquê? Sabe-se lá, há razões que nem sempre a razão nos deixa conhecer. São muitos os vinhos com ligações ao mundo da ITV e os casos que nestas páginas reportamos são apenas uma pequena amostra. Há, em regra, um apelo da tradição, a herança ou ligações familiares, mas também quem avance para a produção de vinhos por gosto e prazer. Simplesmente! E se é como espaço de lazer e prazer que Cândido Correia olha para a sua Quinta do Monte Real nos intervalos da actividade empresarial na Givec, é já com olho de negócio e objectivos comerciais que o timoneiro da Inarbel parece pensar no seu Pecado Capital. Tal como, de resto, parece acontecer com a Quinta do Barco, o negócio do vinho associado à moda de Ana Sousa. No caso de João Carvalho, é claro que não se pode dissociar a pujança da Fitecom do crescimento da empresa vitícola, mas também a tradição e memória familiar terão sido determinantes na vontade do empresário. Por outro lado, é já a visão estratégica e complementar que parece comandar a estratégia na Quinta de Lemos. Um espaço requintado e com vinhos premium que acaba por funcionar também como atractivo showroom para clientes premium da área do negócio têxtil. Há, de facto, um caminho que liga o têxtil e as adegas e bem se pode dizer que, se cada caso é um caso, os vinhos são todos bons.
JOÃO CARVALHO ADMINISTRADOR DA FITECOM
ANA SOUSA ESTILISTA E ADMINISTRADORA DA FLOR DA MODA CONFECÇÕES
Todos podem beber da reserva do patrão (desde que comprem)
Não é desenhado pela estilista mas também faz moda
QUINTA DOS TERMOS REGIÃO: BEIRA INTERIOR
QUINTA DO BARCO REGIÃO: VINHOS VERDES
Foi na Quinta dos Termos, junto a Belmonte, que João Carvalho nasceu, cresceu e vive, mas o projecto vitícola só arrancou depois do sucesso empresarial no têxtil. Um projecto que se alarga hoje a mais de 50 hectares de vinha, toda em modo de produção integrada (vinhos ecológicos) e com uma adega moderna e bem equipada. Com base em castas antigas e típicas da região - como Rufete, Marufo, Alfrocheiro Preto ou Fonte da Cal – conjugadas com outras internacionais criteriosamente seleccionadas - Riesling, Sangiovese, Syrah ou Petit Verdot. É o maior produtor da região, as vinhas são cultivadas a uma altitude média de 450 metros e são actualmente produzidas por ano cerca de 800 mil garrafas, com um portfólio alargado de vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes.
Mesmo que continue a marcar a diferença pelo seu gosto pessoal e atitude irreverente, não é a estilista que desenha os vinhos. Essa é uma tarefa que cabe aos enólogos e aos homens da família, que cuidam dos pormenores do cultivo e produção dos 26 hectares da Quinta do Barco, nas imediações da cidade de Barcelos. Vinho verdes, portanto, da sub-região do Cávado onde a casta Loureiro é a rainha, mas também o inevitável Vinhão. A marca está no mercado desde 2002 e a par dos brancos e tintos de sempre, é agora também engarrafado um rosé. E embora os vinhos não cheguem a tantas lojas e países como a marca de moda Ana Sousa – nem nunca foi esse o propósito – o certo é que também faz moda e goza de grande prestígio e procura por toda a região.
RESERVA DO PATRÃO TINTO 2014
GRANDE ESCOLHA VINHO VERDE BRANCO
É o vinho de que João Carvalho mais gosta quando é feita a prova dos vinhos novos. De uma só casta (Syrah), plantada no talhão da Vilela, é rico, intenso e muito atraente na boca.
A par dos atractivos aromas a frutos tropicais, tem também um sabor frutado e persistente de maçãs frescas que enche a boca. Redondo, com alguma tensão crispy que destaca a acidez refrescante como nota permanente.
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JOSÉ ARMINDO FERRAZ CEO DA INARBEL
PAULO SANTOS ADMINISTRADOR DA QUICKCODE
CÂNDIDO CORREIA CEO DA GIVEC
CELSO DE LEMOS ADMINISTRADOR DA HABYSS & HABIDECOR
Cinco castas para baralhar as contas nos pecados capitais
Com vontade de por o Dão na moda em todo o lado
Sem marca própria e para apreciar com os amigos
Vinhos luxuosos para conquistar uma clientela de gama alta
VINHOS PECADO CAPITAL REGIÃO: VINHOS VERDES
CAMINHOS CRUZADOS REGIÃO: DÃO
QUINTA DO MONTE REAL REGIÃO: VINHOS VERDES
QUINTA DE LEMOS REGIÃO: DÃO
Sempre nos disseram que são sete os pecados capitais, mas José Armindo Ferraz gosta de baralhar as contas. Ensina-nos agora que há um oitavo, que resulta de “um vinho imaculado, verde na natureza e branco na cor, mas vermelho de pecado”. É em Vila Boa de Quires, Marco de Canavezes, que cultiva as vinhas e tem a adega, a pouca distância das instalações fabris onde medra também a marca de roupa infantil Dr. Kid. São cinco as castas (Loureiro, Alvarinho, Trajadura, Padeiro e Vinhão) e dois os pecados: um branco e outro rosé. Tal como no têxtil, também nos vinhos a marca ganha notoriedade. A última colheita de branco (2017) obteve Medalha de Ouro no Concurso Vinhos de Portugal.
Tal como a flexibilidade com que se adapta ao mais exigentes mercados de moda por todo o mundo, Paulo Santo projecta também fazer com que os vinhos do Dão entrem na moda global. O projecto é novo – arrancou em 2012 – mas encarado de uma forma absolutamente profissional e sem olhar a esforços. Das vinhas à reputada equipa de enologia e a moderna adega da Quinta da Teixuga (Nelas) onde investiu à volta de dois milhões de euros. Das cerca de 400 mil garrafas da produção da última colheita, cerca de 60% têm como destino os mercados de exportação. Com vontade de se afirmar como produtor de referência de um novo Dão, a Caminhos Cruzados tem os topos de gama Teixuga como referência e na marca Titular a sua principal bandeira.
Foi há cerca de uma década que Cândido Correia se decidiu pela compra da Quinta do Monte Real, nos arredores de Barcelos. Pelo gosto e paixão pela terra, mas também para colher produtos mais saborosos, saudáveis e biológicos. Tem também vacas, porcos e galinhas, mas é claro que é o vinho que lhe dá verdadeiro gozo. Começou por renovar por completo os 4 hectares de vinha com as castas tradicionais da região: Loureiro, Tajadura e Perdernã, nas brancas, e o inevitável Vinhão para fazer os apreciados tintos minhotos. Sem o objectivo de marca própria – além do consumo próprio distribuiu também pelos amigos – boa parte do da colheita é vendida à cooperativa local. Engarrafa brancos e tintos, mas está bom de ver que o Vinhão é o seu preferido.
É entre as unidades industriais de Tondela e Viseu, onde fabrica as confortáveis peças de roupa de cama e de banho que exporta para os mais luxuosos mercados de todo o mundo, que Celso Lemos fez nascer a Quinta de Lemos. Um conceito de vinhos igualmente luxuosos, com os quais quer também impressionar os exigentes clientes da produção têxtil. A par da adega e cave subterrânea com barricas e tecnologia do melhor, também na vinha a produção é feita sem olhar a custos. Bastam-se com o melhor! Com as castas tradicionais da região, os melhores vinhos levam gravados nos rótulos os nomes dos antepassados mais queridos. Dona Santana, Dona Georgina e Dona Louise, são os topo de gama da Quinta de Lemos.
PECADO CAPITAL BRANCO 2017
TEIXUGA BRANCO 2013
VINHÃO VINHO VERDE TINTO
DONA GEORGINA TINTO 2011
Cor critrina, notas limonadas e aroma complexo. Na boca deixa notas de suave fruta branca, tropicais e citrinas, num corpo equilibrado, com muita frescura e mineralidade.
Com base na casta encruzado, de vinhas velhas, é um vinho luxuoso e marcante que reflete a essência do Dão. Grande intensidade de aroma e complexidade e enorme potencial de envelhecimento.
O adjectivo guloso chega para o descrever. “Quanto mais se bebe mais apetece”, diz Cândido Correia, que destaca também o aroma fresco, o sabor agradável e a bebida fácil. “É mesmo guloso!”
Com base na casta Touriga Nacional e um pouco de Tinta Roriz (20%), estes vinhos só chegam ao mercado pelo menos cinco anos após a colheira. Lançado este ano, o de 2011 é um vinho intenso e mineral, com notas de fruta preta e de especiarias e um final longo e concentrado.
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DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
Latitid
Rua da Senhora da Luz, 81 Porto
Ano de abertura da loja 2017 Produtos Biquínis, fatos de banho e acessórios de praia Estilo Para mulheres irreverentes, cosmopolitas e que abraçam a cultura e a modernidade Sócias Marta Fonseca, Inês Fonseca e Fernanda Santos Loja Online https://latitid.com/
Com um pé na loja e outro no mar Após algum tempo na loja começamos a ter a sensação de que a nossa pele cheira a mar e a protetor solar e quase temos que sacudir a areia imaginária que se prende nos pés. Isto porque Latitid é sinónimo de calor e de praia, e com dezenas de fatos de banho alinhados pelas paredes, a loja é um paraíso para quem adora ir a banhos. Compras feitas, o que não falta mesmo é vontade de dar uns mergulhos. E até nisso se tem sorte, pois o mar está logo ali ao lado. A marca nasce em 2013 pelas mãos das irmãs-sócias Marta (designer) e Inês Fonseca (especialista em marketing), e pela tia Fernanda Santos (agente têxtil) e teve início quando Marta, que face à impossibilidade de encontrar nas lojas roupa de banho que lhe interessasse, começou a desenhar fatos de banho. Para o nome, juntaram atitude com latitude, pois a ideia era criar coleções inspiradas em locais cosmopolitas. Começaram por vender online e em showrooms , mas o instinto disse-lhes que estava na altura de avançar. “As nossas clientes sentiam a necessidade de uma loja. Nem toda a gente se sente à vontade para ir a showrooms , que não têm horário de loja. E o cliente de showroom não é o cliente ocasional, que está de passagem e entra”, conta Marta Fonseca. Começaram por Lisboa e o sucesso ditou que repetissem a receita no Porto. Como já ti-
nham o showroom na Foz – onde abundavam os clientes e o negócio corria lindamente –, decidiram procurar um espaço na zona. A exigência era a de que fosse grande o suficiente para acolher a loja, mas também o armazém e os escritórios. E foi amor à primeira vista quando chegaram ao número 81 da rua Senhora da Luz. “Sabíamos que queríamos algo com um E de praia e a decoradora de interiores apresentou-nos esta proposta com madeira e metal, que agora acaba por fazer também parte da imagem de marca da Latitid”, confessa Marta. Porto, Londres, Barcelona, Istambul, Capri e Cuba foram as cidades já representadas nas coleções da Latitid. No entanto, e por muito que as latitudes variem nas coleções, Portugal e especialmente o norte do país - onde são confecionadas todas as peças da marca - são uma constante. E porque até no inverno é verão em alguma parte do planeta, a Latitid é uma das poucas lojas onde se podem encontrar swimwear o ano todo. “Não há muitas lojas a vender fatos de banho para as pessoas que vão de férias fora de época. Portanto, tem sido ótimo para nós porque nessas alturas há muita procura e pouca oferta”, revela a fundadora. Quanto às tendências do verão, e apesar do fato de banho ter vindo para ficar, Marta Fonseca destaca o regresso do biquíni. t
SARA CARBONERO É CARA DA CALZEDONIA A espanhola Sara Carbonero é a nova cara da Calzedonia em Portugal. É a primeira vez que a marca de fatos de banho escolhe uma personalidade espanhola para ser o rosto da campanha no nosso país. A apresentadora está a viver no Porto com o marido Iker Casillas, guarda-redes do Futebol Clube do Porto, mas a sessão fotográfica teve como cenário Ibiza. Nas imagens da campanha, Sara veste seis modelos diferentes da coleção de praia da Calzedonia em imagens que estão espalhadas por todo o país.
MODATEX FAZ AÇÃO DE CHARME COM PAULO OLIVEIRA
BRASIL PERDE 1,9 MIL MILHÕES COM GREVE DOS CAMIONISTAS
A delegação do Modatex na Covilhã recebeu cerca de 50 visitantes, que participaram nas duas sessões em que foi apresentada a sua oferta formativa. Após uma explicação das condições de ingresso no curso, duração e empregabilidade no grupo Paulo de Oliveira, os candidatos efetuaram uma breve visita às secções de Tecelagem e Fiação.
A previsão da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) aponta para perdas de 1,9 mil milhões de Reais, em consequência da greve dos camionistas que praticamente paralisou o país durante vários dias. Os números referem-se apenas às perdas “irrecuperáveis”, tendo muitas empresas optado por antecipar as férias ou por dar folga aos funcionários.
6 toneladas
de cartão e 800 quilos de plástico são mandados todos os meses para a reciclagem pela Trimalhas
ALUNOS DA MOD’ART APRENDEM COM TÊXTIL PORTUGUÊS Um grupo de 20 alunos da Mod’Art International, uma escola de moda parisiense, esteve em Portugal para aprender com o têxtil português. O programa para os alunos da escola incluiu reuniões de trabalho com a ATP e com o CITEVE e visitas às empresas Orfama, Pedrosa & Rodrigues e Impetus. Mantiveram também encontros com Katty Xiomara, Júlio e Inês Torcato, visitaram as instalações da Farfetch, no Avepark, em Guimarães, e da Platforme, uma plataforma que produz tecnologia para as grandes marcas de luxo customizarem os seus produtos digitalmente.
GRUPO FRANCO-SUÍÇO INVESTE 5 MILHÕES NA COVILHÃ Um grupo franco-suíço, que trabalha com marcas de luxo como a Cartier ou a Dior, vai construir um novo centro de produção na Covilhã, num investimento de cinco milhões de euros. Este grupo, que já tem no Parque Industrial do Canhoso a empresa Mepisurfaces, pretende agora reforçar o investimento com a construção de uma nova unidade de mecânica de precisão, que ficará no Parque Industrial do Tortosendo.
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SE QUER CORRER MAIS USE MALHAS MADE IN LMA Uma malha para artigos desportivos confeccionada com fio cerâmico é um dos produtos vedeta para este ano da LMA. “With us, you can run one mile more” é o feliz slogan que a empresa de Rebordões arranjou para fazer o marketing deste novo produto altamente técnico, que está a despertar a cobiça de grandes marcas de desporto mundiais. “Não é por acaso que a Salomon quer passar a fazer os leggings de corrida em Portugal”, explica Alexandra Araújo, administradora da LMA, acrescentando que a nova malha, em cujo processo de fabrico se recorre à nanotecnologia, reduz a produção de ácido láctico pelos músculos, permitindo por isso que quem a usa corra durante mais tempo. A LMA apresentou na ISPO produtos técnicos fruto da sua cooperação com a Smart Inovation, uma empresa de Barce-
los criada por dois médicos e um engenheiro mecânico que desenvolve e fornece os princípios ativos químicos que, adicionados às malhas, lhes conferem funcionalidades bactericidas e repelente de mosquitos (entre outras), que mantém essas propriedades a pelos menos 75% após 100 lavagens. Com um crescimento de 30% nas vendas, distribuído harmoniosamente por todos os seus segmentos de atividade (desporto, calçado, moda, sapatos, etc), 2017 foi o melhor ano de sempre da LMA, fundada em 1995 por Leandro Manuel Araújo. “Estamos exaustos, mas felizes, pois com a mesma equipa de 49 pessoas conseguimos produzir e vender muito mais”, conclui Alexandra, filha do fundador da LMA, empresa que deverá ter fechado o último exercício com um volume de negócios superior a nove milhões de euros.t
ALEXANDRA MOURA APOSTA NO CORPORATE WEAR A estilista Alexandra Moura tem vindo a desenvolver vários projectos de fardamento para centros de arte, museus e empresas privadas de diversas áreas de actividade e surge assim como uma precursora e empreendedora no sector corporate wear, pelo qual há vários anos nutre paixão. “São clientes que querem trabalhar a sua identidade de forma personalizada, sem recorrer a
peças padronizadas, precisamente porque uma farda não tem de ser igual para todos, mesmo que exerçam a mesma atividade. O fardamento deve contar uma história aos clientes e parceiros de negócio, deve reflectir os princípios e o conceito criativo de cada projeto empresarial. A farda pode fazer parte de um sonho do empresário, da história que está sempre por trás de cada ideia”,
conta Alexandra Moura. O Hotel Bairro Alto, o Restaurante L'Appart – Hotel Meridien, a discoteca Lux, o Chef José Avillez, e Joy Jung do Restaurante Vila Joya estão entre os clientes do atelier Alexandra Moura que recorreram à experiência da designer de moda para obter uma assinatura distintiva para os seus projetos ou que já vestiram uma peça desenhada por si.
TMG AUTOMOTIVE EMPRESA DO ANO A TMG Automotive foi distinguida como Empresa do Ano dos Excellens Oeconomia, uma iniciativa do Negócios e da PwC, que reconhecem os melhores e aqueles que se afirmam pela sua actuação. Na edição deste ano, o prémio personalidade foi atribuído a Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud. A TMG Automotive é o rosto tecnológico do histórico grupo têxtil TMG, liderado por Isabel Furtado, neta do fundador, Manuel Gonçalves. Factura mais de 100 milhões de euros, tem mais de 20 patentes, próprias ou em parceria. No lote de clientes estão BMW, Mercedes, Volvo Cars, Opel, Toyota, Jaguar, Porsche ou Maserati. Em 2009, os três maiores clientes eram a Opel
(27%), a Toyota (24%) e a KIA (11%) e a TMG Automotive facturava pouco mais de 19 milhões de euros. Ao Negócios, Isabel Furtado sublinhou que os factores-chave para o crescimento da TMG Automotive foram “as pessoas certas, a tecnologia de ponta e a estratégia bem focada”. Hoje, a TMG Automotive tem a segunda posição com 18% do mercado europeu de tecidos plastificados e outros revestimentos de materiais para interiores da indústria automóvel, num universo de sete empresas na Europa. O líder de mercado tem mais de 60%. Em Janeiro de 2018, entrou em funcionamento a nova fábrica de 25 mil metros quadrados, que fica situada nas antigas instalações da Têxtil Manuel Gonçalves, em Vale
de São Cosme. Foi um investimento de 52,5 milhões de euros da TMG Automotive, e de 6,9 milhões da TMG Tecidos. Com o arranque da nova unidade fabril, são agora 614 os postos de trabalho, com as mulheres a predominarem ao nível dos quadros superiores. Dos 77 colaboradores com ensino superior (licenciatura, mestrados e quatro doutorados), 45 são do sexo feminino. Um dos aspectos-chave do sucesso tem sido a inovação e os investimentos em I&D. A empresa investe 4% a 6% do turn over em investigação e tem várias patentes, algumas com os clientes, como BMW, Daimler e Toyota, e também com universidades e institutos portugueses. t
PRESIDENTE DA EURATEX NA ATP Klaus Huneke, presidente da Euratex, e Isabelle Weiler, responsável pelos acordos e comércio internacional da associação europeia, estiveram reunidos com vários membros da ATP, em Famalicão. O objetivo foi discutir o novo modelo de gestão da confederação europeia e alguns dos acordos comerciais. “A ATP sublinhou que quer ver reforçada a sua influência, na defesa dos interesses do têxtil nacional, no conteúdo e discussão desses acordos”, refere João Peres Guimarães, que representou a associação na Euratex nos últimos oito anos.
"O que queria fazer ontem já o quero fazer amanhã de outra forma. Por essa razão, todos os anos me proponho fazer coleções com tecidos diferentes" Carlos Gil Designer de moda
PARFOIS QUER CHEGAR A 330 LOJAS E FATURAR 120 MILHÕES O projeto de internacionalização da Parfois é cada vez mais ambicioso, especialmente para o mercado espanhol. O objetivo para 2018 da marca portuguesa de moda e acessórios é terminar o ano com uma rede de 330 lojas e atingir os 120 milhões de facturação. Atualmente presente em mais de 60 países, a Parfois quer aprofundar, através de franquias, a sua presença Espanha com a abertura de novos pontos de venda em cidades mais pequenas. Espanha é já o mercado externo mais significativo, representando 39% do volume de negócios da empresa.
MERCADO CHINÊS DE ARTIGOS PARA DESPORTO É SUCULENTO Cerca de 500 marcas e 360 expositores estarão presentes na quarta edição da ISPO Xangai, que se realiza de 5 a 7 de julho no SNIEC (Shanghai New International Expo Centre), onde serão apresentadas as últimas novidades para desportos de verão. O mercado chinês de artigos para desporto é cada vez mais suculento, estimando-se que em 2020 valha 400 mil milhões de euros/ano.
CARLA COSTA INAUGUROU ATELIER EM GUIMARÃES
Menos de meio ano depois de ter vencido o concurso “Cosido à mão”, Carla Costa tornou o sonho em realidade: abriu um atelier de costura, em nome próprio, na terra que a viu nascer - Guimarães. O Carla Costa Atelier já está de portas abertas ao público, na Rua Cães de Pedra. “Foi sem dúvida o culminar de um sonho, depois de tantos anos a costurar, poder abrir um espaço para receber as minhas clientes e as pessoas que procuram o meu trabalho” refere Carla Costa em comunicado.
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# I m ag e # s o u n d # to g e t h e r /a r e /s t r o n g e r A quinta edição do Porto Fashion Film Festival tem na pauta os Filmes de Moda de Autor, de Marca e de Têxteis Técnicos e Filmes de Moda Internacionais, mas os tambores vão para Alive Mobile – a categoria novidade. Da parceria assumida com o Barcelona FFF chega-nos a diretora Eva Font, um dos elementos do júri. Com a orquestra montada o Festival faz compasso pelo seu Fashion Film, mas só até 17 de set.!
S u b m e ta o s e u F i l m e d e M o da e faça v i b r a r a s ua m a r ca . inscrições gratuitas até 17 set. www.portofashionfilmfestival.com | 963 724 466| fashionfilmfestival@portofashionweek.com
Cofinanciado por:
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AGENDA DAS FEIRAS PLAYTIME 30 junho a 2 de julho - Paris Knot, Piupiuchick, Sissonne PANORAMA 3 a 5 Julho 2018 - Berlim Blackspider by Cristina Barros, Cristina Barros, Kalisson/Bagoraz/Le Cabestan UNIQUE BY MODE CITY / INTERFILIÈRE 7 a 9 de Julho - Paris Iora Lingerie, Lemar, MAAR, Kitess MILANO UNICA 10 a 12 de Julho - Milão Albano Morgado, Familitex, Gierlings Velpor, Lemar, RDD Textiles, Riopele, Sanmartin PV NY 17 a 18 de Julho – Nova Iorque Adalberto Estampados, Albano Morgado, Joaps, Lemar, Lurdes Sampaio, Otojal –Estamparia Têxtil, Sidónios Malhas, Texser
THE LONDON TEXTILE FAIR 18 a 19 de Julho - Londres 6Dias Têxteis Internacionais, Albano Morgado, Brito & Miranda, Burel Mountain Originals, Gierlings Velpor, Lemar, MMRA – Maria Madalena, Paulo de Oliveira, Riopele, Texser, Troficolor, Vilarinho PURE LONDON 22 a 24 de Julho – Londres B’lovely, Blackspider by Cristina Barros, Cotton Brothers, Cristina Barros, Lima&Companhia, Lion of Porches, Litel, PERFF, SMF, Trot & Trotinete PERFORMANCE DAYS 23 e 24 de Julho – Nova Iorque A. Sampaio & Filhos, LMA, OLMAC, Sidónios Seamless, Sidónios Knitwear COLOMBIA MODA 24 a 26 de Julho - Medellin A. Ferreira & Filhos (Wedoble), Dielmar, Fábrica de Tecidos Carvalho, Inarbel (Dr. Kid), João & Feliciano, Katty Xiomara, Lemar, Malhas Carjor, Narciso Pereira Mendes, Sotegui, Têxtil Rarial NY NOW 12 a 15 Agosto – Nova Iorque Bovi, Burel Mountain Originals, Graccioza STYL 18 a 20 de Agosto – Brno Blackspider by Cristina Barros, Cristina Barros, Litel
Com o apoio do Cluster Têxtil, CITEVE e CeNTI apresentaram na Automotive Interiors Expo o showcase From Portugal
O MELHOR DE PORTUGAL NA MONTRA EM ESTUGARDA Malhas ketten para várias aplicações automóveis foi uma das novidades que a Carlom Têxtil apresentou em Estugarda, na Automotive Interiors Expo, a maior feira internacional de interiores para automóveis, que nesta edição contou com a presença de uma forte embaixada nacional, composta por três centros de investigação (CITEVE, CeNTI e INEGI) e uma dúzia de empresas - Borgstena, Carlom, Coltec, Endutex, ERT Têxtil Portugal, INEGI, Lipaco, LMA, MCS Textile Solutions, Sedacor, Simoldes, Têxtil António Falcão e TMG Automotive. “O saldo foi positivo, geramos novos contactos e reforçamos a imagem da nossa empresa junto dos principais players da indústria automóvel”, resume Daniel Milheiro, representante da Carlom. Com o apoio do Cluster Têxtil Tecnologia e Moda, CITEVE e CeNTI apresentaram o showcase From Portugal, uma montra que deu a conhecer a grande diversidade de produtos tecnológicos produzidos no nosso país por empre-
sas portuguesas - materiais emissores de luz e camaleónicos, autoclimatizados, sensorizados e interativos, tecidos revestidos, linhas e diferentes acessórios aplicados a vários componentes do interior do automóvel, entre outros. Além de veteranos, como a TMG Automotive, a embaixada portuguesa integrou estreantes, como a MCS Textile Solutions, que ao longo dos últimos anos tem investido em certificações e num laboratório próprio para poder abordar o mercado automóvel. “Levamos a Estugarda uma vasta gama de produtos técnicos e especializados, com o objectivo de marcar a diferença pela capacidade de aconselhamento técnico e a flexibilidade para desenvolver soluções personalizadas”, explica André Castro, CEO da MCS Textile Solutions. O segmento dos interiores de automóvel, através da integração de materiais de elevado valor acrescentado e com propriedades diferenciadas, tem sido um dos que apresenta maiores taxas de crescimento no conjunto da nossa ITV. t
BREXIT NÃO INIBE EXPORTADORAS O Brexit continua a não inibir as exportadoras portuguesas, presentes em bom número na última edição da Fashion SVP, que durante dois dias (26 e 27 de junho) atraiu a Londres compradores de todo o mundo, à procura de novidades e de novas oportunidades de negócio. Entre os mais de 120 expositores, o contingente português integrou 15 empresas: Bergand By Gulbena, Confecções Lança, Confenix, Custoitex, Intecol, IslandCosmos, Lima & Companhia, My Shirt, Siena, Triwool, Trot & Trotinete, Wonder
Routine (estas no âmbito do projeto From Portugal, da Selectiva Moda), Dielmar, Orfama e Tiva. Especializada em camisas e blusas, a My Shirt, que esteve na SVP pelo segundo ano consecutivo, apresentou a sua colecção em digital print e denim, que, de acordo com Gil Ferreira, gestor de Relações Internacionais da empresa, “é o resultado de um trabalho de paixão pela arte de fabricar vestuário de qualidade”. “Viemos a Londres em busca de bons clientes, não só no Reino Unido mas também de França e
Itália, interessados em homewear e streetwear”, confessou Miguel Oliveira, CEO da Confine, que levou à SVP uma grande oferta de malhas circulares para pijamas, robes, fatos de treino e roupa desportiva. “Continuamos a apostar nesta feira porque tem vindo a crescer e registamos um aumento de contactos de ano para ano” afirma Helena Garcia, diretora comercial da Bergand By Gulbena, que participa na Fashion SVP desde 2015 e também aposta em peças especializadas para prática desportiva. t
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DIELMAR LEVOU À PITTI UOMO OS LOUCOS ANOS 20 Casacos e coletes de trespasse, casacos de três botões e calças com pregas são algumas das propostas da coleção inspirada nos loucos anos 20 que a Dielmar apresentou em Florença, no pavilhão principal da Pitti Uomo. Dielmar, Common Cut e Lado Incognito foram as três marcas portuguesas que integraram a comitiva da Seletiva Moda, que estiveram entre 12 e 15 de junho,nesta feira onde passaram mais de 19 mil compradores, num universo de 30 mil visitantes. Com uma estratégia bem delineada, pautada pela apresentação de novos produtos, as marcas portuguesas regressaram de Itália com o sentimento de missão cumprida. A Lado Incognito também conseguiu atrair as atenções dos compradores internacionais. Leonor Jácome de Castro, directora de marketing desta marca, acredita que só daqui a uns meses conseguirá fazer um balanço preciso e completo dos resultados da feira, no entanto, não hesita em afirmar que “correu tudo lindamente”. Para além da feira, a Lado Incognito fez um roteiro por Itália para visitar clientes, orgulhando-se de ter conseguido estabelecer mais de 50 novos contactos comerciais. Já Fernando Figueiredo, designer e co-proprietário da Commoncut, regressa de Florença com sensações opostas.
CHUA DESAFIA NA FIMI CONSERVADORISMO ESPANHOL Desafiar o conservadorismo espanhol, que não aceita facilmente a entrada de marcas, foi um dos objetivos confessos da quarta presença da Chua na última edição da FIMI, que decorreu de 22 a 24 de junho no Pavilhão de Cristal da Casa de Campo, em Madrid. Além da Chua, entre os mais de 200 expositores presentes na feira internacional de moda infantil de Madrid, marcaram presença as seguintes marcas portuguesas: Baby Gi, Beppi, Bogoleta Couture, És Parte de Mim, Piccola Speranza e Lion of Porches.
MESSE FRANKFURT QUER CHEGAR AOS 700 MILHÕES DE EUROS A Messe Frankfurt projeta fechar este ano com vendas de 700 milhões de euros, o que representa um crescimento de cerca de 50% face ao volume de negócios de 448 milhões de euros alcançado no início da década (2010). A Messe que acrescentou este ano duas novas localizações (China e Reino Unido) à sua rede de 30 subsidiárias espalhadas pelo mundo, espera bater este ano o recorde de 95 mil expositores.
Casacos de trespasse e calças com pregas são a nota distintiva da colecção Dielmar
Se por um lado notou “menos gente pelos corredores”, naquela que é já a quinta edição em que participa, por outro, o seu stand conseguiu atrair a
atenção de muitos compradores: “a feira correu muito bem, fizemos vendas, tivemos novos clientes e a nova colecção teve reacções muito positivas”. t
AS AVENTURAS DOS SETE EM FLORENÇA Cherry Papaya, Dr. Kid, F.S.Baby, Knot, Meia Pata, Natura Pura e Phi Clothing foram as sete empresas que estiveram presentes, no âmbito do projeto From Portugal, na Pitti Bimbo, a mais icónica das feiras de moda infantil. Realizada de 21 a 23 de Junho, em Florença, esta edição contou com a presença de cinco mil profissionais oriundos de 60 países. “É a feira mais importante e internacional no sector do bebé. Itália é um mercado importante para nós, com algum peso nas vendas, o que é algo positivo pela exigência deste mercado e pelo nível da concorrência” afirma Rodney Duarte, da F.S. Baby, que mostrou em Itália cerca de 200 modelos, com especial destaque para a utilização de algodão orgânico. Também no sector do bebé e com propostas cada vez mais ecológicas, a Na-
tura Pura apostou no algodão biológico para responder às especiais exigências de bem-estar e saúde dos mais pequenos. “Apresentamos modelos ecológicos, práticos, elegantes, confortáveis e 100% seguros aos nossos clientes e divulgamos roupas que são uma prova de amor e de inteligência para cuidar e prevenir muito mais a pele dos bebés”, disse Mónica Sendas, da Natura Pura. As colecções de túnicas e tapa fraldas da Phi Clothing deram que falar no certame, tal como a coleção Sunrise da Knot, dirigida a um público um pouco mais crescido (até aos 12 anos) e inspirada nos tons da savana africana. “Estar na Pitti Bimbo é muito importante para a consolidação da nossa marca e para aumentarmos a carteira de clientes”, afirma Rita Roxo, Sales Manager da Knot. t
1001 BODAS NÃO ESQUECE CASAMENTOS GAY
TECHTEXTIL 19 MOSTRA VIDA NA CIDADE DO FUTURO
A área 1001 Bodas LGTB. especializada no segmento de bodas gay, estará em destaque na 20ª edição do salão 1001 Bodas, que se realizará de 19 a 21 de outubro na Ifema - Feria de Madrid, com a presença de mais de 300 expositores. Uma seleção de expositores especializados em coleções de moda nupcial para gays estarão presentes neste novo espaço.
A vida urbana na cidade do futuro é o tema geral da próxima edição da Techtextil, que se realizará de 14 a 17 de maio de 2019 em Frankfurt, uma vez mais em simultâneo com a Texprocess. Doze pavilhões nacionais – Portugal, Bélgica, China, República Checa, França, Grã Bretanha, Itália, Coreia do Sul, Suíça, Taiwan, Turquia e Estados Unidos – já estão garantidos.
RIOPELE NO CARREAU DU TEMPLE A CONVITE DA PREMIÈRE VISION A Riopele é um dos expositores convidados a apresentarem os seus novos materiais e tendências de cor para a estação Outuno/Inverno 2019/20 na 5ª edição da Blossom Première Vision, que estará patente no Carreau du Temple, em Paris, a 4 e 5 de julho. As empresas de couros Inducol e Indutan completam a representação nacional num universo de 111 expositores (63 italianos, 28 franceses, quatro britânicos, três espanhóis, três portugueses e um austríaco) seleccionados pela Première Vision com base na sua qualidade e criatividade.
14 milhões
de euros é quanto a Olbo & Mehler quer faturar nos Estados Unidos num prazo de dois anos, duplicando assim as suas vendas neste mercado onde já tem um escritório de vendas e um armazém em Charlotte
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2 milhões
de euros foi quanto a Têxtil António Falcão investiu em inovação e substituição de equipamentos ao longo dos últimos dois anos
ESTRILIA INVESTE 500 MIL PARA FABRICAR POLOS CAMISEIROS A Confeções Estrilia investiu cerca de meio milhão de euros numa nova linha de produção de polos camiseiros, composta por 16 máquinas adquiridas à J,B. & Castro. O grupo Inditex é o destinatário do essencial da produção desta nova linha, com capacidade para produzir 2 000 polos/dia, da fábrica de Cabeceiras de Basto liderada por Miguel Teixeira.
VALQUÍRIA NO GUGGENHEIM
Os visitantes da exposição “I’m Your Mirror”, que está patente até 11 de novembro no Guggenheim de Bilbau, são recebidos por uma escultura têxtil de grandes dimensões da série Valquírias, de Joana Vasconcelos, que resulta de um protocolo com a ATP e foi construída com tecidos fornecidos pela ITV nacional. t
É NO ONLINE E A PARTIR DE MIAMI QUE A IMPETUS ATACA OS EUA Estados Unidos e Alemanha foram escolhidos pelo grupo Impetus como os mercados estratégicos para a sua expansão internacional, após ter consolidado as posições em França e Espanha. As vendas online foram a ferramenta eleita pela Impetus para penetrar no mercado norte-americano, onde possui uma pequena estrutura em Miami, que serve de apoio à sua presença em importantes plataformas eletrónicas, não só especializadas, como a Underwear Expert, mas também generalistas, como a Amazon, onde o grupo português já está no serviço Prime. A ProtechDry - uma cueca inovadora, desenvolvida em parceria com a Universidade do Minho, que absorve pequenas quantidades de urina, feita em 95% de algodão, lavável e sustentável - é o produto em que o grupo liderado por Alberto Figueiredo aposta para se estabelecer no exigente mas suculento mercado norte-americano. O ataque à Alemanha - e suplementarmente às vizinhas Áustria e Suíça - contemplou a contratação de um diretor co-
mercial alemão, com 30 anos de experiência no setor, especialmente alocado aos mercados de língua germânica. “A estratégia é estar com corners nas grandes cadeias de department stores ”, explica Fernando Figueiredo, o administrador da Impetus que há dez anos lidera o departamento de Online Business Sales do grupo. Concentrar os esforços num pequeno número de mercados escolhidos a dedo é o alfa e o ómega da estratégia de expansão internacional do grupo de Esposende, que fechou o ano passado com um volume de negócios de 44 milhões de euros.
“É preferível sermos fortes em poucos mercados do que estarmos em todo o lado e não sermos fortes em nenhum. É preciso ter escala e dimensão. Não posso investir um milhões de euros em marketing num mercado onde vendo apenas meio milhão”, afirma Alberto Figueiredo, o presidente do grupo. No mercado espanhol, onde a Impetus tem corners em toda a rede de cerca de uma centena de armazéns El Corte Inglés (para quem fabrica, em regime de private label, as marcas próprias de underwear, como a Emidio Tucci), a Impetus levou a cabo no ano passado uma campanha de marketing orçada em um milhão de euros, que teve Iker Casillas como cara. “Esta campanha aumentou muito a nossa notoriedade no mercado espanhol”, garante Fernando Figueiredo, acrescentando que Espanha, França (onde estão nas Galerias Lafayette) e Portugal são actualmente os três principais mercados, com vendas equilibradas entre eles, apenas com uma ligeira desvantagem para o nosso mercado. t
HOME CONCEPT RENOVADA NO EL CORTE INGLÉS
LUXO CRESCE 8% A REBOQUE DE CHINESES E MILLENNIALS
A Home Concept tem um novo espaço com uma nova imagem, no 5º piso do Corte Inglés de Lisboa. Linhas luxuosas de roupa de cama e banho, em puro algodão do Egipto penteado, com um design que combina clássico e contemporâneo, são a identidade desta marca própria do grupo Moretextile.
O mercado global do luxo vai crescer este ano 8%, rebocado pelo apetite dos jovens consumidores chineses e o aumento das vendas online, de acordo com um estudo da Bain & Co/Altagamma. As vendas de roupas, relógios e acessórios de luxo deverão atingir este ano os 280 mil milhões de euros e atravessam uma fase de crescimento sustentável em 2017 aumentaram 6%.
"A frase ‘Não consigo’ está proibida em minha casa, na minha sala de aulas e na minha empresa" Filipa Moreira Fundadora e criadora da Phi Clothing
CÂMARA DE FAMALICÃO E AEP DÃO AS MÃOS PARA BEM DAS EMPRESAS A Câmara de Famalicão e a AEP assinaram um protocolo de colaboração que facilita o acesso das PME do concelho aos projetos de apoio à internacionalização desenvolvidas pela associação empresarial - com benefícios vários, como a concessão de um desconto de 75% nas despesas não comparticipadas relativas à presença em participação nas missões empresariais e feiras internacionais.
PRIMARK AMEAÇA LIDERANÇA DA MARKS & SPENCER NO REINO UNIDO Os decepcionantes resultados obtidos pela Marks & Spencer (M&S) no ano fiscal que encerrou a 31 de março - queda de 1,4% nas vendas de vestuário e produtos para a casa e de 75% nos lucros - levaram os analistas a prever que a empresa está prestes a largar para a Primark a liderança no mercado retalhista no Reino Unido. A M&S está a perder quota de mercado há duas décadas, sendo que o vestuário é o setor que lhe tem dado mais dores de cabeça.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Gonçalves
Pamésa – Consultores, Ldª
Edifício Via Norte, Rua do Espido,164 C Salas 207/208 4470-177 Maia
O que faz? Consultoria de Gestão e Formação Áreas Consultoria Organizacional, Financeira, Marketing, Gestão/Formação de Recursos Humanos e Estudos Setoriais Fundação 1989 Colaboradores 8 Volume de Negócios 600 000€ Escritórios Maia
Ajudar a ITV a crescer é o negócio da Pamésa Com quase 30 anos no mercado, a Pamésa tem no currículo um grande número de trabalhos junto do sector têxtil e continua a olhar para a ITV como um mercado estratégico onde surgem constantemente novas oportunidades. A consultora participou na elaboração do plano estratégico da indústria têxtil até 2020 e procura responder a algumas das grandes necessidades do sector para se manter a par dos mercados internacionais. Com uma vasta oferta de serviços especializados, que vão desde o desenvolvimento das organizações à gestão financeira, passando pela formação profissional, a Pamésa tem firmado créditos como consultora. Junto da ATP, a empresa realizou vários estudos sectoriais com o objectivo de diagnosticar as necessidades dos empresários da indústria têxtil. Um exemplo desses trabalhos é o “Manual Prático de Internacionalização”, que elaborou com o objectivo de responder a uma das principais necessidades da ITV nacional: “Tentamos demonstrar como a internacionalização é um risco, mas não a fazer é um risco ainda maior” explica o administrador Eduardo Pereira. Com muitos conselhos práticos sobre a presença em feiras e exposições internacionais, a escolha de parceiros estratégicos ou até a selecção de mercados geográficos, o Manual Prático de Internacionalização
permitiu a alguns empresários tomar decisões mais informadas e a optimizarem as suas práticas: “Foi evidente para nós que muitos empresários deram um salto qualitativo fundamental”, afirma Eduardo Pereira. Para além da internacionalização, a Pamésa tem acompanhado as principais necessidades dos empresários portugueses, desde a eficiência energética à sustentabilidade, recurso ao financiamento e desenvolvimento de projectos de inovação. A consultora tem utilizado todo este conhecimento especializado para ajudar as empresas a aumentar os seus níveis de eficiência e competitividade e a conseguirem acompanhar os desafios do comércio internacional. Uma das principais áreas de acção tem sido a apresentação de candidaturas a fundos comunitários e a incentivos fiscais. “Nos fundos comunitários temos uma taxa de aprovação de quase 100%, porque fazemos uma análise inicial e percebemos quais são os projectos que têm verdadeiras hipóteses” explica Eduardo Pereira. Com os olhos postos no futuro, a Pamésa define a transição para a indústria 4.0 como a prioridade para o próximo ciclo. “É preciso explicar aos empresários que a indústria 4.0 não é mais uma moda, e mostrar-lhes como se devem adaptar e por onde podem começar” adianta Eduardo Pereira, já a abordar a questão central do próximo plano estratégico para a indústria têxtil. t
MEIAS FROM PORTUGAL EM DESTAQUE NA CIMEIRA DO G7 Apesar de não estar presente na cimeira do G7, a bandeira portuguesa parece ter marcado presença na reunião através das meias do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que chamaram a atenção do fotógrafo Ives Herman, da agência Reuters. As meias terão sido as oferecidas por António Costa ao seu homólogo canadiado, aquando da sua última visita a este país. Pela imagem, trata-se de um dos modelos produzidos pela WestMister, a marca portuguesa de meias de luxo para homem.
CONSUMO DE ALGODÃO DISPARA NA ÁSIA
DIOR, GUCCI E JD.COM SOBEM NO RANKING
O consumo de algodão deve crescer 4% na China e atingir 41,5 milhões de fardos em 2018-19, o maior desde 2010-11, devido aos investimentos na indústria têxtil. Da mesma forma, o consumo da Índia deve crescer quase 4%, para 25,2 milhões de fardos, um número igualmente recorde enquanto, por sua vez, o Paquistão deve consumir por volta de 10,5 milhões de fardos em 2018-19.
Dior, Gucci, JD.com e Alibaba estão entre as marcas que mais valorizaram em 2018, segundo o último ranking Brandz Top 100. O ranking foi mais uma vez liderado pela Google, Apple e Amazon. A Alibaba ficou na 9ª posição, e entre as marcas de moda, luxo e vestuário constam: LVMH (26ª), Nike (29ª), Hermès (39ª), Zara (42ª), Gucci (54ª),JD.Com (59ª) e Adidas (100ª).
60 milhões
de euros é o volume de negócios com que a Olbo & Mehler espera fechar o exercício de 2018
GUIMARÃES APOIOU PROJETOS DE 80 MILHÕES NO TÊXTIL A Câmara de Guimarães cooperou este ano com mais de duas dezenas de empresas, um investimento de 80 milhões de euros que criou mais de 400 postos de trabalho. Neste concelho, a ITV representa cerca de 70% da actividade económica e mais de dois terços do total das exportações. Os estímulos ao investimento por parte da autarquia passam pelo reconhecimento PEIM (Projecto Económico de Interesse Municipal), pela redução de IMI ou de IMT e pelo desconto de 50% na emissão de taxas e licenças.
SONAE PASSA A TER ESCRITÓRIO ÚNICO EM ESPANHA A Sonae tem reforçado a presença no mercado espanhol e é já um empregador de referência no país vizinho. Para receber os mais de 400 colaboradores em Espanha, a Sonae vai instalar-se num único edifício em Madrid, com mais de 6.700 m2, onde vai juntar em 2019 os vários negócios que estão actualmente em diferentes localizações. A nova morada fica no Edifício Iconic, no prestigiado bairro de Arturo Soria.
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200 MILHÕES PARA ACADEMIA INDUSTRIAL EM GUIMARÃES Pelo menos 33 empresas, a grande maioria do sector têxtil, vão ser parceiras da Câmara de Guimarães e da Universidade do Minho num projecto conjunto para a criação de uma Academia Industrial nesta região, que representa um investimento de 200 milhões de euros. O projecto será apresentado ao ministro do Planeamento, Pedro Marques, que tutela os fundos do Portugal 2020, de forma a obter o agrément do Governo liderado por António Costa. Os parceiros da futura Academia Industrial pretendem que o projecto seja integrado já no Portugal 2020 ou, em última análise, que entre no próximo quadro comunitário que termina em 2030, segundo declarou o vereador com o pelouro do Desenvolvimento Económico na Câmara de Guimarães, Ricardo Costa. Marta Mota Prego, arquitecta e chefe da divisão de Desenvolvimento Económico da Câmara de Guimarães, adiantou ao T Jornal que “o número das 33 empresas que serão parceiras ainda não é um número fechado”, já que o município pretende que todas as empresas que integram o Guimarães Marca (51) venham a participar, tal como acontece com as actuais 33, também elas associadas deste programa de apoio ao tecido empresarial lançado há alguns anos pela autarquia vimaranense. Segundo informou o vereador, a Academia que Guimarães pretende criar irá assentar em quatro vertentes: investigação, desenvolvimento e inovação; potencial humano; capacidade produtiva; propriedade industrial.
Com a sua criação, a Câmara de Guimarães pretende daqui a quatro anos duplicar o “peso positivo” de empresas do concelho na balança comercial do país. Ricardo Costa descreveu que o objetivo é “ajudar a inovar e a crescer estas empresas de forma ainda mais constante, capacitando os recursos humanos para que isto daqui a 5 anos possam ser 400 milhões”, salientou. “As empresas Guimarães Marca são 51. Têm um volume de negócios de 500 milhões de euros, exportam 348 milhões, têm um saldo comercial positivo de cerca de 200 milhões, e contribuem positivamente para a balança comercial do país”, apontou ainda o vereador. Numa visita recente a empresas do concelho, Domingos Bragança, presidente da Câmara de Guimarães, manifestou o desejo de que a “Escola de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho (UM) seja uma escola de referência europeia e mundial”, lembrando ainda o empenho de ver criada em Guimarães uma Academia Industrial. “Poderá só haver uma no Norte do País, terá em conta o empreendedorismo para todos os sectores económicos, o investimento terá de ser avultado e vamos convencer os diferentes ministérios, o Governo e o Sr. Primeiro-Ministro a investir, porque, em Guimarães vale a pena investir!”, acrescentou, concluindo: “Temos empresários, temos trabalhadores e um território com uma forte marca industrial que se afirma como Guimarães Marca”, concluiu o presidente da autarquia. t
TÊXTEIS VOAM NOS PORÕES DA TAP
MARCELO EXPLOROU NOVOS FARDAMENTOS DO EXÉRCITO
O Presidente da República visitou nos Açores uma exposição sobre fardas militares em que o CITEVE esteve presente, mostrando alguns dos seus desenvolvimentos nesta área. Gilda Santos, do CITEVE, explicou a Marcelo Rebelo de Sousa, ao Ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, e ao Chefe do Estado-Maior do Exército, General Rovisco Duarte, os vários projectos em que o centro está envolvido.
4 toneladas
de amostras são produzidas todos os meses pela Mundotextil, a maior fabricante europeia de felpos
FAMALICÃO EXPORTA MAIS DE 50% PARA O MERCADO EUROPEU O mercado europeu é o destino de mais de 50% das exportações do concelho de Famalicão, o município que se intitula a capital do têxtil e é o mais exportador do Norte de Portugal. Tendo crescido mais de 25% entre 2013 e 2016, Famalicão tem a Alemanha como principal destino das suas exportações (perto de 25%), seguindo-se a Espanha (14,5%) e a França (8,2%).
ANA TERESA LEHMANN ELOGIA ISABEL FURTADO “Isabel Furtado é um exemplo de equilíbrio e de excelência a todos os níveis”, garante Ana Lehmann, secretária de Estado da Indústria, ao Dinheiro Vivo a propósito da eleição da CEO da TMG Automotive para a presidência da Cotec Portugal. Profissionalismo, mérito e rigor são algumas das qualidades apontadas a Isabel Furtado, num artigo que reúne elogios de José Rui Felizardo, líder do CEiiA, Paulo Vaz, director-geral da ATP, e de Paulo Nunes de Almeida, presidente da AEP.
" A moda não nos larga e nós não largamos a moda" Bernardino Andrade CEO SMBM
Os porões dos aviões da TAP podem vir a ser utilizados para o transporte de exportações têxteis que tenham de chegar ao seu destino com maior rapidez. Este poderá ser um dos primeiros resultados do protocolo que a ATP celebrou com a TAP, no âmbito de um acordo da transportadora área com cinco associações empresariais no sentido de aproximar a TAP das
empresas do Porto. À margem da cerimónia, realizada esta terça-feira de manhã no Palácio da Bolsa, os dois presidentes (Paulo Melo e o Antonoaldo Neves, CEO da TAP) trocaram impressões sobre o assunto, ficando a perceber-se que essa possibilidade de utilizar os porões para transporte de têxteis é bem real, já que frequentemente os aviões
da TAP andam com os porões vazios, dada a actual tendência de viajar apenas com bagagem de mão. No seu discurso, Paulo Melo frisou que a rapidez na entrega – combinada com a flexibilidade e qualidade – são os factores essenciais em que assenta a competitividade da nossa ITV. Daí a importância de aproveitar o transporte de carga da TAP. t
INDITEX AUMENTOU FACTURAÇÃO NO PRIMEIRO TRIMESTRE A Inditex aumentou a faturação em 2% no 1º. trimestre de 2018, com vendas de 5.654 milhões de euros entre fevereiro e abril, período no qual os negócios da empresa sofreram com o efeito cambial. As taxas de câmbio constantes, as vendas da Inditex aumentaram 7%. O lucro líquido do 1º. trimestre atingiu os 668 milhões de euros - um crescimento de 2% face ao mesmo período de 2017.
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M EMERGENTE Marta Inocêncio Designer da Wedoble Família ”A melhor que podia ter”, graceja. Solteira, tem dois cães, o Migas (um cocker com 10 anos) e o Marley, um rafeiro raçado de cão de água que tirou da rua Formação Curso de Estilismo do Cenatex, com especialização tecnológica de dois anos em Design de Moda; Licenciatura em Marketing (UMinho); Curso de auxiliar de Medicina Veterinária (Hospital Veterinário do Porto) Casa Moradia em Santo Estevão de Briteiros Carro Toyota Corolla Portátil Asus Zenbook Telemóvel iPhone 6 Hóbis Viajar, concertos (em setembro vai aos U2), cinema, passeios na natureza, estar com a sobrinha e afilhada Maria Inês, que tem três anos Férias O ano passado andou entre o Alentejo (à volta de Évora) e o Portinho da Arrábida Regra de ouro “Quando acredito numa coisa, sei que vou conseguir - se não der pela direita, vamos pela esquerda. Há sempre uma solução”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
A escuteira que gosta de saltar obstáculos Tinha 24 anos quando saiu dos escuteiros, para onde entrara como lobita, com apenas cinco anos. Já não lhe era mais possível conciliar os afazeres profissionais com os compromissos de caminheira. Marta teve de sair dos escuteiros, mas os escuteiros nunca sairão dela. A gramática do movimento - fraternidade e lealdade, respeito pelo próximo e pela Natureza, disciplina e coragem, otimismo e capacidade de superação - ficaram-lhe tatuados no caráter. “Desde cedo aprendi a ter o sentido da responsabilidade, a não olhar só para mim, a aguentar o stress, a perceber que há sempre uma solução”, conta Marta, 36 anos, a propósito dos 19 inesquecíveis anos que passou nos escuteiros. Uma paixão precoce pela bicharada (teria uns três anos quando adoptou uma galinha, o seu primeiro animal doméstico) explica a primeira opção quanto ao futuro, a de ser veterinária, que manteve em banho-maria quase até ao final do secundário, feito nas Caldas das Taipas. Subitamente, no final do 10o ano, resolveu mudar de rumo e convenceu a mãe, que tinha uma loja de decoração de interiores, a procurar com ela um curso de Estilismo - e acabou matriculada no Cenatex. Marta não tem uma explicação definitiva para esta guinada, mas sabe que a ela não foi estranha a viagem de estudo de 10 dias a Barcelona, feita no 9o ano, em que viu coisas que nunca vira em Guimarães - desde as fantásticas obras de Gaudi até uma velhinha com o cabelo colorido... “Comecei a pensar noutras coisas...”, resume Marta, sendo que a favor desta escolha de Design de Moda conspiram alguns antecedentes, como o seu espírito criativo, o jeito para desenho e gosto pela costura, aprendida com a avó Maria. “A minha avó paterna era a minha compincha. Fazia-me as vontades todas e ensinou-me a costurar numa Singer de pedal, quando eu estava a começar a primária”, recorda. Atinada e empenhada, foi a primeira a concluir todos os módulos do curso profissional de Design de Moda do Cenatex e assim, com 18 anos acabados de fazer, vemo-la a entrar para um estágio de seis meses na Têxtil DA, onde ganhou o primeiro salário - mas não os primeiros dinheiros, pois esses conseguiu-os ao acertar em cinco números do Totoloto. No final do estágio não ficou na DA. Até tinha sido bem aceite, mas a têxtil lar não era a praia dela. “Tinha necessidade de procurar dificuldades que me permitissem crescer e evoluir. Precisava de desafios grandes”, explica Marta. A próxima etapa, que lhe proporcionou os grandes desafios de que ela tinha fome, foi o gabinete de design da Varela & Macedo, que fabricava roupa de criança com marca própria (Astroland), um movimento natural para quem apresentara uma coleção de criança como projeto de final de curso. “Foi uma ótima escola que me possibilitou aperceber-me de toda a mecânica de funcionamento da indústria têxtil. Como se costuma dizer, aprendi tudo e um par de botas :-)”, diz, desfiando algumas das boas recordações que guarda da meia dúzia de anos passados a desenhar a coleção da Astroland num período de vacas magras (2001-06). Em janeiro de 2006, deixou a Varela & Macedo, não por a empresa estar no seu estertor (ainda aguentaria um par de anos) mas por se sentir bloqueada, carente de desafios, que não tardariam a chegar, vindos de Vizela, onde a A. Ferreira & Filhos começara a construir a marca de roupa para bebé Wedoble, no âmbito da estratégia para combater a crise que feria o seu negócio tradicional. “Eu já tinha na bagagem a experiência na área de criança. O que me entusiasmou foi o desafio de desenhar uma colecção de bebé construindo uma marca, a um tempo arrojada e clássica, controlando todo o processo criativo desde o aprovisionamento das matérias primas até as amostras estarem prontas”, conta Marta, que entre 2014 e 2017, em regime pós laboral, se licenciou em Marketing na UMinho, em mais uma prova da sua enorme capacidade de superação. “Tem sido uma aventura extraordinária, numa empresa com um elevado nível tecnológico. Somos muito bons a fazer malhas tricotadas”, conclui esta ex-escuteira que adora saltar obstáculos e está satisfeita com a vida, pois ao longo da dúzia de anos que leva na A. Ferreira as vendas têm sido sempre a subir. t
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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves
Malha Baselayer Seaqual A. SAMPAIO & FILHOS O que é? Uma malha que incorpora fio produzido a partir de lixo do fundo do mar Para que serve? Para fornecer à ITV uma alternativa sustentável Estado do projeto? Em comercialização
3A EDIÇÃO DO MODA MAR QUER INUNDAR MATOSINHOS O reabilitado edifício da Real Vinícola, em Matosinhos, vai ser pelo 2o ano consecutivo o palco do Moda Mar, que contará nesta edição com o desfile de algumas das melhores marcas nacionais e dos criadores Júlio e Inês Torcato, que pela primeira vez se juntam na passarela com colecções próprias. Nesta terceira edição, que irá decorrer no dia 14 de Julho, o Moda Mar será apresentado pela jornalista Maria Cerqueira Gomes, do Porto Canal. O momento musical será assinado pelos Black Mamba.
5 mil
peças/dia é a capacidade produtiva da Inarbel, que emprega 240 pessoas
LION OF PORCHES APOIA A SELECÇÃO PORTUGUESA A marca portuguesa Lion of Porches lançou o polo Portugal 2018, ideal para apoiar a selecção portuguesa com estilo. O polo, de cor branca e com uma manga em vermelho e outra em verde, tem ao peito uma insígnia formada pela bandeira de Portugal e pelas letras LP, correspondentes à marca. As costas são adornadas com uma lista vertical de vermelho e verde.
A malha sustentável que vem do fundo do mar Mais do que sustentável, o novo projeto da A.Sampaio & Filhos é economia circular em estado puro. É no lixo depositado no fundo do mar Mediterrâneo que a empresa encontra a matéria-prima para produzir a malha Baselayer Seaqual, que já começa a ser aplicada na indústria do vestuário. Com este novo produto a empresa de Santo Tirso não apresenta apenas uma nova alternativa ao mercado, mas contribui também para a limpeza dos oceanos. O fluxo de resíduos no fundo dos oceanos é uma preocupação crescente para os ambientalistas. É estimado que anualmente 8 milhões de toneladas de lixo sejam atiradas ao mar e que cerca de 75% destes resíduos fique depositado no fundo. A proposta da A.Sampaio é reciclar este lixo e transformá-lo em novas peças de vestuário. Cada quilo de filamento Seaqual corresponde a um quilo de plástico que se encontrava depositado no fundo do mar. Os resíduos são reunidos por pescadores espanhóis e, depois, o filamento é desenvolvido no estrangeiro, até poder ser integrado nas malhas da A.Sampaio. A empresa garante que todo o processo de fornecimento é controlado. Miguel Mendes, responsável comercial da
A.Sampaio & Filhos, afirma que a sustentabilidade é uma preocupação da empresa há vários anos. Quando tiveram conhecimento desta nova tecnologia, decidiram incorporá-la e começar a produzir peças com este filamento. “A Baselayer destaca-se por ser aquela que tem maior percentagem deste filamento, 40% de polyester seaqual e 60% de algodão orgânico, mas também desenvolvemos soluções à medida do cliente” explica. Num momento em que a economia circular se afirma como uma tendência de futuro e quando cada vez mais consumidores demonstram preocupações ambientais, não será de admirar que esta solução esteja rapidamente a conquistar o mercado. “Tem tido muita aceitação, especialmente por marcas de outdoor , que estão mais abertas a esta ideia, mas também em vestuário para desportos mais duros, como o crossfit , por exemplo” explica Miguel Mendes. Decidida a investir na economia circular, a empresa de Santo Tirso, que actualmente emprega cerca de 200 pessoas, promete continuar a investir em novas soluções sustentáveis e afirma ter mais projectos de malhas sustentáveis para apresentar no mercado. t
"O Made in Portugal é muito valorizado nos Estados Unidos" Ricardo Relvas Administrador da Sorema
PARA MARIA MIGUEL O PORTO É A MELHOR CIDADE DO MUNDO O Porto é a melhor cidade do mundo, garante, em entrevista à Viva, Maria Miguel, 17 anos, que já desfilou pela Chanel e pela Saint-Laurent.“O Porto conquistou-me com as paisagens, com a comida, com a vida, mas sobretudo com as amigas que encontrei. Para viver não conheço cidade igual”, afirma a jovem modelo que nasceu em Braga, mudou-se para Luanda com apenas 7 anos e ainda viveu em Londres antes de despontar como estrela no mundo da moda ao vencer, com apenas 15 anos, o concurso L’Agence Go Top Model 2016.
VALÉRIUS LEVOU A BRUXELAS A SUA HISTÓRIA DE SUCESSO A Valérius foi um dos casos de estudo apresentados na Assembleia Geral da Euratex, numa sessão que teve lugar a 7 de Junho e subordinada ao tema “A reinvenção da indústria têxtil e de confecção”. A empresa foi representada por Patrícia Ferreira e Elsa Parente, que estiveram na assembleia com João Peres Guimarães, da Euratex e Paulo Vaz, director-geral da ATP. Na reunião, foram descritas pelos próprios empresários ou executivos das empresas algumas histórias de sucesso. Foi precisamente neste painel que entrou o grupo Valérius, juntamente com a Innothera (França), Lenzing (Austria) e Rovitex (Hungría), entre outras.
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OPINIÃO 4 DE JULHO: DIA DO PROFISSIONAL TÊXTIL Paulo Melo Presidente da ATP
UMA UTOPIA POR REALIZAR Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
O Fórum da Indústria Têxtil completa vinte edições, sendo, hoje, uma das principais conferências do sector, não apenas em Portugal, mas à escala internacional, posicionando-se não apenas como um espaço de integração da fileira relativamente aos temas mais importantes da atualidade, e que a afectam diretamente, mas antecipando tendências, numa lógica prospetiva, o que não é mais que um continuar a acreditar, sobre o lugar que a indústria têxtil e vestuário nacional deverá ocupar no futuro. Estamos, possivelmente, a estabilizar depois um ciclo longo de crescimento, em que a ITV nacional conseguiu sobreviver a um conjunto de choques competitivos dramáticos, que tudo indicava a iriam fazer soçobrar. Sobreviveu, reestruturando-se, reinventando-se, apostando em novos “drivers” competitivos, evitando a destrutiva concorrência pelo preço, entre os quais pontificaram o design, a inovação tecnológica, a intensificação do serviço ao cliente e a expansão internacional; mas, sobreviveu, essencialmente, porque os seus empresários, quadros e trabalhadores, os seus profissionais em suma, desejaram que assim fosse. Desejaram viver. Sem o elemento humano, que, pela sua vontade, persistiu em continuar, quando todas as circunstâncias e probabilidades estavam contra, não seria possível, nos dias de hoje, contar com uma indústria organizada em “cluster”, dinâmica e moderna, a lutar por um futuro risonho, algo que há dez anos atrás parecia uma fantasia impossível de conquistar. Por tudo isto, e porque a indústria se prepara para enfrentar um choque que a definirá nas próximas décadas, consubstanciado na sua plena integração na economia
Em 1 de julho de 2003, a APT –Associação Portuguesa de Têxteis e Vestuário”e a APIM – Associação Portuguesa das Indústrias de Malha e Confecção, as duas maiores organizações representativas do sector têxtil e vestuário português, realizaram uma fusão de estruturas dando assim lugar à ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, tendo como objetivo criar uma voz mais forte, mais coerente e consistente, capaz de uma representação mais eficiente da fileira junto do Poder, em Lisboa e Bruxelas. Para os que possuem memória curta, recorda-se que a ITV portuguesa vivia momentos difíceis, confrontada com um conjunto de choques competitivos avassaladores – liberalização do comércio têxtil internacional, entrada da China na Organização Mundial do Comércio, adopção do euro como moeda e alargamento da União Europeia ao leste do continente – que a projetaram num declínio acelerado e que parecia irreversível e fatal. A fusão das duas organizações, que, através da ATP passaram a representar a maioria da indústria têxtil e vestuário portuguesa, foi um vigoroso sinal dado ao Poder e à sociedade
digital, que será a matriz do mundo, a ponto de não contemplar sequer na sua equação aquelas que a falharem, a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal quis celebrar as vinte edições da sua grande conferência anual, que coincidem com os 15 anos da fusão associativa que lhe deu lugar, sem a qual este sector não teria tido a oportunidade de ser o que hoje é, agindo estrategicamente e lançando o dia 4 de julho de cada ano como o dia do “profissional do têxtil e vestuário”, homenageando assim o insubstituível papel que o factor humano teve, tem e terá na moldagem do sector e na construção do seu destino. Mais que tudo o resto, a ITV portuguesa é o que são as mulheres e os homens que nela trabalham, desde o mais modesto e anónimo colaborador, passando pelos seus quadros, técnicos, investigadores e criativos, ao mais notável dos seus empresários ou criadores de moda. Em todos eles confiamos, para que - não importa o paradigma em que tenhamos que viver e a que nos adaptar - o futuro acabe por ser um lugar mais feliz do que o passado, sem deixarmos de reverenciar o seu legado. Mas mais que tudo queremos deixar um tributo a todos os clientes do sector têxtil e vestuário, nacionais e internacionais, que acreditaram e continuam a acreditar no sector, e que, sem eles nada disto seria possível, valorizando permanentemente os nossos produtos através do Made In Portugal e reforçando cada vez mais a imagem de Portugal nos mercados internacionais. Que o dia 4 de julho de cada ano, com orgulho e consequência, nos lembre a razão porque estamos aqui, de onde viemos e o caminho que faltará sempre percorrer. Para almejarmos sempre mais e sermos sobretudo melhores.
em geral de que o sector se dispunha a “vender caro a pele”, que “não ia entregar os pontos” e que tudo faria para resistir a um destino, que as circunstâncias e alguns decisores políticos, no exterior e no país, lhe vaticinavam como fatal. Mas, mais importante do que isso, foi um sinal para dentro do sector que testemunhava existir uma organização disposta a lutar pelos seus interesses e, com argumentos e recursos, sobretudo liderança assertiva, fosse em Lisboa, em Bruxelas, Washington ou Pequim. Se não tivesse existido uma ATP com sentido de missão e orientação estratégica, que possibilitou, em conjunto com a ITKIB (Turquia) e a NTCO (USA), a criação da GAFTT – Global Alliance for Fair Textile Trade, que se apresentou, através da “Declaração de Istambul”, como uma verdadeira barreira à hegemónica apropriação do negócio têxtil global pela China, possivelmente muitas das empresas que ainda compõem o sector em Portugal não existiriam, nem tão-pouco teria sido criada a oportunidade para se realizar a reestruturação de toda a indústria e a sua reinvenção para uma competição assente na
diferenciação pelo valor e não pelo preço. Hoje, quando já tudo parece distante e os ventos parecem soprar mais de feição, há mais quem se posicione a defender a divisão em vez da união, não se descortinando quais os argumentos de tal opção, que certamente não podem invocar o interesse do sector. Uma só voz, uma só liderança, um só interlocutor e uma só estratégia, confeririam à ITV portuguesa uma maior importância, visibilidade, respeito e reconhecimento. Ninguém parece duvidar disso, lamentando-se apenas a acomodação do sector, que espera que os outros façam aquilo que ele reclama em particular, mas sem oferecer o trabalho e a responsabilidade dessa implicação. Perante tudo isto, mesmo quando os ventos da história nos confundem, temos presente que as utopias pelas quais lutamos, apesar de não estarem realizadas, permanecem objetivos colectivos a realizar, pelo que devemos apelar à persistência e ancorar-nos na tenacidade da razão que nos assiste para não desistirmos desse desígnio. Nesta data, como há quinze anos atrás, ou daqui a quinze se o destino assim ainda o quiser.
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António Souza-Cardoso Consultor sénior
O VIRTUAL NÃO PODE SUBSTITUIR O REAL A ATP dedica o tema do seu tão pujante e prestigiado Fórum Anual a toda a temática e influência do digital. E não pode ser mais oportuna dada a crescente importância que as ferramentas do mundo digital despertam. Mas este avanço, complemento e dinâmica, não é alternativo a nada – é apenas complementar a tudo. Explico melhor: Discute-se se, para a internacionalização das nossas empresas, continua a valer a pena a prospecção efectiva e física de novos mercados, a presença em feiras, showrooms ou certames internacionais, a promoção de Missões Inversas ou, ao contrário, se todo o processo de comunicação e de venda pode passar a ser feito a partir de um call center ou escritório qualquer para que, quase instantaneamente, o nosso produto seja disponibilizados aos agentes económicos a uma escala global? Só quem não merca, no sentido estrito da palavra e apenas teoriza, no sentido lato da palavra, é que se atreve a julgar que o virtual pode substituir o real no mundo dos negócios. Nunca como agora esteve tão presente o consumo sensorial ou a especialização da escolha. Nunca como agora foi tão necessária a confiança na construção de relações negociais duradouras. Fruto precisamente do mundo se ter globalizado de forma quase estonteante é cada vez mais emergente a necessidade de cheirar, ver, provar, apalpar, ouvir...! As consequências da mesma quase esquizofrénica globalização, obrigam-nos cada vez mais a apostar na confiança, fortaleza e estabilidade das relações que estabelecemos. Mais do que compradores, precisamos de parceiros que nos olhem nos olhos, nos apertem a mão, sejam convidados para as nossas casas, cruzem o plano dos interesses com o plano dos afectos. Sejam reais na nossa vida para que possamos ser também virtuais nos negócios que com eles estabelecemos. Talvez isso explique porque é que as grandes feiras, certames e showrooms internacionais são cada vez mais concorridos. E daí que se algum caminho se sugere nas políticas públicas de estímulo à economia, é certamente o de um cada vez mais sublinhado e determinante apoio a estas acções de internacionalização que a AICEP e a diplomacia económica portuguesa têm levado a cabo. Seguros que estamos que é do incremento das exportações que depende, no essencial, o desempenho da economia portuguesa. Julgo poder dizer, sem a hipocrisia que por vezes adorna o “politicamente correcto”, que o dinheiro público alocado à internacionalização de sectores tão dinâmicos e transversais, como o têxtil e vestuário e o agro-alimentar, é dinheiro seguramente ganho para Portugal, dado o enorme efeito indutor e multiplicador que proporciona. A Indústria 4.0 será a alavanca de futuro nos processos produtivos. Como o digital será o grande amplificador dos processos de distribuição e comercialização. Mas as “coisas” tal como são realmente percepcionadas por profissionais ou consumidores e as pessoas, na forma como se aproximam, relacionam e interagem serão sempre, na vida e nos negócios, quem fará a diferença! t
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Julho-Agosto 2018
João Gomes Chief Operations Officer do CeNTI
REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS E OS FATORES CRÍTICOS Sempre fui um apaixonado pela História, em particular pelo período clássico. O que sempre me prendeu nas análises históricas foram as conjugações de fatores críticos presos a um dado momento no tempo, que determinam as causas e consequências dos vários agentes de mudança, sejam eles humanos ou físicos. O mais aliciante deste estudo é compreender o carácter cíclico destes fatores e causas críticas, permitindo com uma análise mais atenta identificar os momentos de mudança, rebuscando o passado de forma a prever as respetivas consequências. Esta perspetiva permite-nos compreender o nosso espaço na presente revolução industrial 4.0, e compreender para onde evoluir e posicionar a nossa indústria para a próxima revolução. Como será natural, compreendendo a natureza da nossa economia e a nossa infraestrutura industrial, dificilmente serão as nossas indústrias a liderar movimentos revolucionários a nível tecnológico, mas estarão certamente em posição para serem os early adopters e pioneiros na introdução e alavancagem de novas tecnologias. Uma vez mais, urge compreender quais os fatores críticos da nossa evolução e do nosso posicionamento. Quando olhamos para o saldo tecnológico oferecido por cada evolução/ revolução tecnológica, verificamos que a ITV esteve sempre na linha da frente, e podemos sublinhar que no caso da primeira teve até o papel principal. Senão, vejamos que fatores iniciaram a primeira revolução industrial, cujas causas são partilhados pela economia berço (Britânica) e pelas regiões early adopters (Nova Inglaterra, Ruhr, Hauts-de-France, Lombardia, por exemplo). No final do seculo XVIII, conjugamos o descaroçador de algodão de Eli Whitney, a máquina a vapor de James Watt e o tear mecânico de Edmund Cartwright no mesmo espaço comercial do Império Britânico, no seio da primeira verdadeira sociedade capitalista nos cânones de Adam Smith (1775), disponibilidade de investimento através do primeiro banco central/investimento (Banco de Inglaterra), e uma enorme frota mercantil expandida pelo globo. Podemos ainda adicionar uma sociedade onde a disponibilidade de mão-de-obra (por razões várias) disparou. Fatores críticos: inovação tecnológica, disponibilidade de investimento e recursos humanos, novos conceitos de abordagem aos mercados. Transportando estes fatores, teremos que os atualizar à nossa realidade. Mesmo considerando que o acesso aos mercados internacionais é hoje muito mais facilitado, poderemos concordar que a disponibilidade de recursos humanos qualificados, a infraestrutura e conjuntura industrial, o acesso ao financiamento/investimento e a inovação disruptiva são ainda fatores críticos para alavancar um novo impulso industrial no sector ITV. Quando olhamos para as regiões Norte e Centro de Portugal, verificamos que conjugamos vários destes fatores críticos. As sinergias entre sectores industriais (metalomecânica, TICE e ITV) – conjuntura industrial, a proximidade entre empresas e 5 das maiores Academias do país (Minho, Porto, Aveiro, Beira Interior e Coimbra) – disponibilidade de recursos humanos altamente qualificados, e o potencial de inovação representado pelos Centros de Interface Tecnológica e a sua relação com as Academias e a Indústria. Temos também uma capacidade invejável de potenciar novos negócios e novas formas de abordar o mercado. As competências da ITV nestes fatores críticos têm permitido superar crises e expectativas e competir no mercado global, ficando apenas a nossa fragilidade ao nível da nossa (in)capacidade crónica de investimento, particularmente em inovação. A negociação do Portugal 2030 em Bruxelas, e a capacidade de aprendermos com os erros dos anteriores quadros comunitários são vitais para alavancar as inovações industriais que nos conduzirão à I4.0. e à I5.0.! E, como já debatemos, para prever o futuro basta olhar para o passado. t
Julho-Agosto 2018
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Sempre atenta, a nossa Katty propõe-se compensar os sentimentos contraditórios de BdC com duas indumentárias. Uma que lhe dá potência para enfrentar tudo e todos; outra com “ genderfluid ”. Entre os picos metálicos embebidos em cianeto ou uma saia de tule com 7 camadas, qual será a escolha do (ex-)leão?
Duas indumentárias para o destemido Bruno de Carvalho O Sporting Club de Portugal protagonizou um dos maiores sucessos mediáticos da época futebolística, e mesmo que esteja longe da essência desportiva, o certo é que o tempo de antena dedicado a esta dramática história é suficiente para desculpar este nosso interesse repentino num presidente desportivo - Bem… um presidente que já não é presidente O “Presidente sem medo” nome que repescou algures na sua árvore genealógica, deixou de ser presidente, mas ao que parece, continua destemido. E desculpando-se por um profundo sentimento de revolta e frustração, continua a protagonizar os capítulos mais interessantes da novela sensação deste verão. Queremos, portanto, homenagear toda esta dedicação e resiliência oferecendo a Bruno de Carvalho duas lindas indumentárias que poderão equilibrar os sentimentos contraditórios que sente pelo seu clube do coração ou ex-clube ou novamente clube… A primeira fatiota presenteia o BdC com uma alta dose de potência para enfrentar tudo e todos. Inspirada na luta greco-romana e na necessidade de impor a sua veia guerreira, pois é bisneto-sobrinho ou coisa parecida do “Almirante sem Medo”. Sugerimos um fato de licra justo, em padrão camo, uma elegante “Lucy Bastão” e um cinto com recargas de picos metálicos embebidos em cianeto. Umas botas justas e meias altas, para fechar o look. A segunda proposta é leve, ligeira e sensível, toda ela transpira um “genderfluid”. Inspirada na aclamada serie da Netflix GLOW oferecemos-lhe um sedutor fato de licra amarelo com atilhos, parcialmente coberto por uma saia de tule de 7 camadas. Para colmatar um tremelique rosa choque e umas sapatilhas brancas com meias curtas em cor de rosa com pequenos pompons mais outros pompons grandes e coloridos para um super urra, urra, urra! E porque o BdC, terá mais cedo ou mais tarde, de reconhecer a sua liberdade e desfrutar de umas merecidas férias, aqui ficam umas excelentes propostas para este leão fechado numa loja de cristais! t
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Julho-Agosto 2018
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
A Marisqueira de Matosinhos Rua Roberto Ivens 717 4450-255 Matosinhos
O SENHOR DAS MARISQUEIRAS Num País que vai lentamente descobrindo que uma das suas marcas distintivas de maior relevância e potencial económico é o Mar, não podemos deixar de enaltecer o trabalho desenvolvido nesta área pela nossa gastronomia e, em especial, por um profuso conjunto de instituições de cariz ibérico que designamos vulgarmente por “Marisqueiras”. Em todo o País e, particularmente nesta região, tem sido Matosinhos o porta-bandeira desta ligação ao Mar que, estando no código genético da cidade, poderia ser ainda mais e melhor explorado. A Marisqueira de Matosinhos foi sempre mais conhecida pelo nome dos seus protagonistas. Primeiro por Henrique Torres, o grande inspirador deste conceito na cidade, depois por Miguel Faria que soube ser seu digno sucessor
e que comanda com suave, mas eficaz liderança, esta que é uma das melhores casas do género em todo o Mundo. É também aqui que me tenho cruzado com muitos amigos e clientes da ITV, que na maior parte das vezes que procuram uma marisqueira, demandam terras de Matosinhos. O sucesso da casa baseia-se em 3 segredos principais: Primeiro - um serviço inexcedível de simpatia, disponibilidade e rigor. Quantas casas de boa comida se condenam por um serviço desmazelado ou periclitante? Não é este o caso. O meu amigo Miguel, que muito mais que o Senhor de Matosinhos é o Senhor das Marisqueiras, comanda, com brilhantismo, uma equipa de grandes profissionais de restauração.
Segundo - uma irrepreensível qualidade no produto. O peixe e marisco garantem autenticidade, frescura e proveniência. Do melhor que há no Mundo. O mesmo na carne, sempre certificada e sem qualquer reparo de qualidade ou de origem. Terceiro - uma enorme simplicidade de processos. O que é bom, só precisa de ser aclarado! E é isso que se faz, com exuberante simplicidade, na Marisqueira do Miguel. Nos mariscos, como diz o Miguel, é tudo bom. Mas não podemos deixar de recomendar o lavagante com arroz de manteiga, uma explosão palatina de elevado coturno. O camarão da costa e os perceves completam esta onda marinha que nos lava a alma e nos conquista os sentidos.
No peixe, uma grelha soberba à altura dos grandes de Matosinhos, com peixe fresco de gabarito superior. Nem vale a pena seleccionar – é só perguntar o que está a sair. Na carne, referência para os “rolhas” do lombo e da vazia e para a carne de porco à alentejana, adoptada na casa com esmero e representada com notável sapidez. Sobremesas de boa estirpe com a fruta laminada e os doces regionais (excelente leite creme) à cabeça. Garrafeira ampla e generosa, sem ser especulativa, como muitas vezes ocorre em casas deste gabarito. E pronto, está tudo visto. Parabéns ao Grande Miguel que na sua “verde” suavidade e simpatia, sabe reunir à Sua mesa, o “azul”, o “vermelho” e todas as cores e sabores do mundo... t
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c Por: Cláudia Azevedo Lopes
MALMEQUER Alexandra Cruchinho, 43 anos, nasceu no Barreiro e cresceu na Costa da Caparica, enquanto praticava ginástica a sério (competições nacionais e internacionais). À licenciatura juntou mestrado e doutoramento (Engenharia Têxtil) e agora combina a docência (ESART/Castelo Branco) com a Produção de Moda. Continua a adorar a ginástica, mas também dançar e ouvir música.
SOUVENIR
O ETERNO BLASER DE LINHO AZUL
Gosta
Não gosta
Do filho de o admirar em tudo o que faz lições de vida da avó acreditar agradecer humildade pessoas honestas simplicidade estar bem disposta em qualquer circunstância ter iniciativa ser desenrascada estar sempre a criar algo ter força saber levantar a cabeça respeitar os outros valorizar quem se empenha mimos elogios verdadeiros que lhe reconheçam o esforço tomar banho de água fria livros impressos puzzles ver um filme no sofá quando chove lá fora ouvir música dançar ver grandes jogos de futebol como os da seleção ver o filho jogar futebol ver as pessoas passar e perceber o que são acordar serena silênci introspeção estar na praia até à noite nadar caminhar conduzir calçado gola alta no inverno viajar sushi sumos naturais melancia bebidas sem álcool fazer ginástica andar descalça Lisboa e Porto Natal andar de bicicleta namorar ir ao cinema
Hipocrisia falsidade discriminação injustiças quem destrata os outros que interrompam a conversa que brinquem quando trabalho a sério ter frio no pescoço cheiro a suor mau hálito maldade agressão discussões palavrões andar a grandes velocidades comida mal confecionada sopa a ferver ambientes sem circulação de ar unhas de gel laca no cabelo gritos multidões figos doces com chila roer unhas redes sociais ter pesadelos filmes de terror que me atirem o fumo do tabaco para cima pessoas vaidosas cobardes pessoas pessimistas fala-baratos cabeças-duras pessoas que não sabem ouvir moscas cobras lagartos que preguem sustos que segurem os braços que a subestimem dondocas narizes empinados mandões esparguete beber água gelada fruta no frigorífico cheiro a lixívia burocracias pessoas complicadas gozar o outro
Não é por ser forreta mas gosto de usar roupa antiga. Roupa que dura anos e anos e anos nos meus armários. Tenho por ela uma dedicação extraordinária – roupa antiga e livros antigos. E às vezes, provavelmente porque me vesti quase sempre da mesma maneira (por não ter muito dinheiro, Deus poupou-me às tentações e ao mau-gosto de certas tendências da moda), tenho saudades de peças que usei há vinte anos. Uma delas é um blaser de linho, azul, que já deu duas vezes a volta ao mundo comigo; com a passagem dos anos (e por força da minha dedicação à gastronomia), já me ficou curto, depois voltou a assentar bem, depois ficou grande demais e, finalmente, ficou-me pequeno em geral. Primeiro cotoveleiras. Depois, reparações forçadas nos punhos. Depois, numa dobra nos ombros. Nunca encontrei blaser como este, que tivesse viajado tanto, da China ao Brasil, da Islândia à Antárctida, de Roma a Damasco, do Porto ao Rio de Janeiro, da Indonésia a Jerusalém: vestido, sim – mas também dobrado, enrolado, amarrotado. Usado. E amado. Agora, ao fim de tantos anos, não sei se a minha vida tem sentido sem ele. t Francisco José Viegas
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