DOIS CAFÉS & A CONTA
CONSTANTINO SILVA A FAMA QUE VEM DE MUITO LONGE P6
N Ú M E RO 35 S ET E M B RO 2 01 8
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
A MINHA EMPRESA
REGRESSO DA PUMA DEIXA A MFA A SORRIR E A CRESCER P 12 TRUNFO
MIGUEL PEDROSA RODRIGUES
Administrador da Pedrosa & Rodrigues
FOTO: RUI APOLINÁRIO
“QUANDO QUEREM BEM FEITO E RÁPIDO OS CLIENTES VÊM A PORTUGAL”
ATB TEM BIBLIOTECA COM 10 MIL AMOSTRAS P 18
PERGUNTA DO MÊS
EMERGENTE
NA ERA DIGITAL, PORQUE É QUE AS FEIRAS CONTINUAM A SER IMPORTANTES?
A PAIXÃO PELO DESENHO DE HUGO COSTA
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Ione Rangel 31 anos Blogger e stylist, Ione Rangel gosta de se apresentar também como mãe da Elena. A influenciadora brasileira que vive no Porto há uma década vê o seu blog (iomeomena.com) como um guia de estilo sem igual e por entre dicas para compras nas grandes capitais da moda, ainda arranja tempo para apresentar a rubrica Tendências, no Olá Maria do Porto Canal.
MULHERES APENAS
Como é que decidiste tornar-te uma blogger de moda? Sempre fui ligada à moda. Desde criança acompanhava a minha tia estilista, Vera Arruda, no seu atelier em São Paulo. Envolvia-me em todo o processo e conheci mulheres inspiradoras que ela vestia, como Adriane Galisteu, Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Sandy, Hebe Camargo e tantas outras que me servem como referência de estilo até hoje. A tua actividade é mais jornalismo ou mais influência? No Instagram, vemos a moda de maneira pontual e muito visual; já nas revistas de moda é uma versão conceitual. Com o meu instablog, a minha actividade é mais influência e opinião. Os seguidores vão buscar referências e adaptam-nas para a vida real. Tento ser fiel ao meu estilo, seleciono as marcas com quem trabalho com cuidado e busco sempre temas interessantes para comentar. Profissões como a tua aumentam o número de fashion victims ou só as ajudam a viver com menos ansiedade? A moda é sobretudo um reflexo do comportamento e o marketing de influência tornou-se mais importante do que nunca. Hoje é fácil estudar os hábitos das pessoas para antecipar as suas necessidades e, consequentemente, vender-lhes os seus objetos de desejo. Com tanta informação, aumentou o número de pessoas preocupadas em vestir bem, com qualidade. Tento desmistificar a moda, mostrar que é fácil ter uma boa imagem e assim ajudar as pessoas a sobreviver com menos ansiedade.
As marcas estão mais preocupadas com os gostos dos consumidores ou apostadas em os condicionar ? Profissões como a tua são um instrumento novo desse marketing? Acredito que estão preocupadas com os gostos dos consumidores, com a exposição nas redes sociais das marcas que defendem também causas sociais e preocupam-se com o meio ambiente. Essas empresas percebem a importância das parcerias com microinfluenciadores, que têm maior alcance segmentado e que dialogam com um público específico. Quando sou contratada, especificam a quantidade de stories (vídeos) que pretendem, permitindo um contato próximo com o público. Costumas visitar feiras profissionais de moda ou só te interessam as tendências que detetas no streetwear? As feiras são importantes fontes de pesquisa de tendências. Frequento as principais semanas de moda e, claro, também me inspiro com o streetstyle. Nos desfiles houve quem tentasse o see now, buy now. O que pensas desse aparente fracasso? O see now, buy now funcionou para marcas que desenvolveram estratégias e campanhas para as ferramentas sociais (Instagram, YouTube) para atrair o público. Faz todo o sentido que a coleção que está a ser exibida nas redes sociais seja coerente com a que está à venda na loja. Na minha opinião, não é um fracasso total; depende da estratégia desenvolvida para cada campanha específica. t
Foi preciso chegarmos ao número 35 para vermos uma capa do nosso T sem uma única foto de uma mulher. No preciso momento em que a generalidade da imprensa económica destacou o facto de existirem duas grandes mulheres à frente de dois dos maiores grupos empresariais nacionais, Paula Amorim no grupo Amorim e Cláudia Azevedo na Sonae, é com muito orgulho e satisfação que assinalamos mais de três anos e 34 edições sempre a destacar a importância crescente das mulheres na Indústria Têxtil e de Vestuário e na moda nacional. Como o leitor mais atento e mais antigo recordará, nas capas do T existe naturalmente um equilíbrio entre protagonistas do sexo masculino e do sexo feminino, mas até aqui curiosamente a primeira capa sem esse equilíbrio foi uma edição já de 2017, em que nas fotos da capa só apareciam mulheres. Mulheres apenas e não apenas mulheres. Aqui no T nenhum preconceito nos move ou nos condiciona e nunca aceitaríamos mudar os nossos critérios do mérito e da mera opção jornalística por qualquer ditame que nos impusesse alguma espécie de quotas neste tipo de escolhas. O que acontece é que a mulher está a ter uma importância crescente em muitas áreas da ITV e o T é apenas um reflexo natural disso mesmo. Pavlov não faria melhor! t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/ PROMOTOR
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n PERGUNTA DO MÊS
NA ERA DIGITAL PORQUE É QUE AS FEIRAS CONTINUAM A SER TÃO IMPORTANTES? Sim, o comércio eletrónico é uma realidade, mas isso não tem enfraquecido a importância das feiras. Bem pelo contrário, estas têm crescido e as duas modalidades de negócio parecem até potenciarem-se. No mundo das empresas, ninguém compra sem ver e os negócios continuam a não dispensar os olhos nos olhos e um aperto de mão. Com a era digital, as feiras passaram até a ter maior impacto para os expositores, que têm que cuidar mais da imagem, da apresentação e das relações públicas. Talvez por isso, as feiras estão hoje mais atrativas e em constante crescimento.
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“A atividade comercial não dispensa a intervenção humana. Para haver bons negócios tem de haver bons parceiros”
“As feiras dão-nos a possibilidade de ver o estilo do cliente, que tipo de produto procura e qual a gama - baixa, média ou alta”
CRISTINA TERRA MOTTA MESSE FRANKFURT
ALFREDO ARAÚJO LEMAR
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odos os negócios têm os seus segredos. E algumas esquinas que precisam de ser contornadas. O sucesso do comércio electrónico é um dado adquirido. Mesmo nos têxteis, onde os clientes gostam sempre de pôr as mãozinhas naquilo que vão comprar, esse caminho de êxito do e-commerce está a ser percorrido pelas plataformas online, algumas das quais procuram encontrar respostas para essa necessidade de contacto físico com os produtos. A Farfetch, de José Neves, tenta contornar esse obstáculo com o que designou como a Loja do Futuro, onde se cruza a loja física com a virtual. Também a Zara lançou já em Londres uma loja onde o cliente pode adquirir determinadas peças de vestuário, mas também pode experimentar sensorialmente outras tocando num écran gigante que as exibe. Os esforços de José Neves e da Inditex chegam para demonstrar que as tradicionais feiras não só não estão condenadas a desaparecer como, pelo contrário, podem potenciar o comércio electrónico. Essa é a opinião dos players ouvidos pelo T. Embora disponha de 16 lojas físicas, a Knot dá uma particular atenção ao comércio electrónico, não deixando, por isso, de participar nas feiras. “É notório que a era digital em que vivemos trouxe a oportunidade de ambos os universos – o das feiras e o da internet – se tornarem complementares. As redes sociais permitiram uma interação nunca antes vista entre as marcas e os consumidores”, diz Carla Caetano, fundadora e administradora executiva desta marca de roupa para crianças. “Como consumidores finais, não deixamos de ir às lojas físicas porque podemos
comprar online e com os compradores profissionais assistimos ao mesmo comportamento. Mesmo que não comprem nas feiras e o façam posteriormente através das plataformas B2B ou por e-mail, a verdade é que nada substitui aquele momento, seja no stand da marca ou em qualquer outro evento que decorre durante as feiras, em que se dá a conhecer a oferta de produtos e se trocam contactos e experiências entre as marcas, os clientes, os
agentes, os distribuidores e a imprensa”, acrescenta a administradora executiva da Knot. Alfredo Araújo, CEO da Lemar, avança três argumentos a favor da importância das feiras na era da Internet: “Permitem um contacto directo, facilitando a criação de uma relação de amizade e confiança entre cliente e fornecedor. Dão-nos a possibilidade de ver o estilo do cliente, que tipo de produto procura e qual a gama. E last but not least, a presença
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“A presença nas feiras oferece-nos a oportunidade de mostrar aos clientes e parceiros de negócio toda a inovação e qualidade dos nossos produtos"
“As feiras passaram a ter muito mais importância para os expositores em termos de imagem, relações públicas e apresentação das empresas aos novos mercados”
“Nada substitui o momento em que se dão a conhecer os produtos e se trocam contactos e experiências entre marcas, clientes, agentes e distribuidores”
“Há 10 anos atrás muitos anunciaram a morte segura das feiras. Hoje afirmo que as feiras estão bem vivas e até em constante crescimento”
“Nas feiras é possível apresentar e encontrar um conjunto de ofertas que servem para informar, comunicar, distribuir e trocar soluções de valor entre pessoas”
DIANA TEIXEIRA PINTO BERG OUTDOOR
MANUEL SERRÃO SELECTIVA MODA
CARLA CAETANO KNOT
TÂNIA MUTERT DE BARROS FEIRA DE MUNIQUE
HANS WALTER GALLERY INTERNATIONAL
executivo da Selectiva Moda, dá a seguinte resposta: "Sim. As feiras continuam a ser importantes na era da internet. E não sou eu que o digo. É o mercado. A internet democratizada provocou um aumento de feiras e participantes em todo o mundo. Como poderoso instrumento de comunicação, o que a net fez foi mudar a forma de abordagem das feiras, que passaram a ter muito mais importância para os expositores em termos da imagem, relações públicas e da própria apresentação das empresas aos novos mercados". Na mesma linha, Cristina Terra Mota, representante em Portugal da Messe Frankfurt, sublinha que, de acordo com um estudo da Associação da Indústria Alemã de Feiras, o negócio das feiras continua de facto a ser muito rentável para todos os intervenientes: organizadores, expositores e visitantes. O facto do volume de negócios dos principais organizadores de feiras crescer ano após ano fala por si. “A actividade comercial não dispensa a intervenção humana. Para haver bons negócios, tem de haver bons parceiros. E ninguém compra sem ver porque ninguém está disposto a correr riscos desnecessários. Quando falamos de negócios que envolvem uma considerável soma de dinheiro, sabemos que é fundamental haver uma base de confiança entre os parceiros. E para isso é preciso ter oportunidade de conhecê-los pessoalmente, de medi-los, de julgá-los, de apreciá-los. É preciso avaliar o seu posicionamento no mercado, conhecer o produto, colocar as questões necessárias. E depois confiar nos próprios instintos. Os parceiros não dispensam olhar nos olhos e os negócios são encetados com um aperto de mão”, afirma Cristina. Representante oficial da Fei-
ra de Munique em Portugal, Tânia Mutert recorre à sua memória: “Lembro-me bem que há cerca de 10 anos, muitos anunciaram a morte segura das feiras, já que a internet, os smartphones e as videoconferências as substituiriam sem qualquer problema... Hoje afirmo que as feiras estão bem vivas e até em constante crescimento”. De resto, os vários certames em Munique registam uma procura nunca antes vista por parte dos expositores, confirmando o facto de que as feiras profissionais B2B são uma das formas mais eficazes de promoção para os expositores. Tânia chama ainda a atenção para o factor tempo: “Só numa feira se consegue contactar tantos potenciais clientes, de muitos países diferentes, em tão poucos dias. E expor lado a lado com outros concorrentes, às vezes até de maior porte, o que permite mostrar que se está à altura do mercado”. Mas a principal razão do sucesso das feiras, diz, é sem dúvida o factor humano: “Uma negociação face a face é sempre mais eficaz do que a comunicação à distância. Permite transmitir conhecimento e uma confiança, adquirida após o olhos nos olhos e o aperto de mãos imprescindível para fechar um negócio”, conclui. Hans Walter, da Gallery International Fashion Tradeshow, diz que as feiras profissionais são uma ferramenta de marketing - e certamente a mais multifuncional -, e desde sempre entre as mais importantes componentes da gestão empresarial. “Numa feira é possível, ao mesmo tempo, apresentar e encontrar um conjunto de ofertas que servem para informar, comunicar, distribuir e trocar soluções de valor entre expositores e visitantes”, resume Hans.
física faz com que o cliente se aperceba com facilidade da qualidade do produto que quer escolher - o peso, o toque, a cor real - e permite, em conjunto, a criação de um produto próprio e exclusivo para as suas necessidades especiais”. Diana Teixeira Pinto, diretora de marketing da Berg Outdoor, a marca de vestuário para desporto ao ar livre do grupo Sonae, concorda: “Para nós, é uma prioridade estar presente nas mais im-
portantes feiras de desporto e outdoor a nível mundial. Este contacto direto com clientes e parceiros sempre fez parte da nossa estratégia, e não é nunca substituível por um contacto mais virtual’. “Esta presença oferece-nos a oportunidade de mostrarmos na primeira pessoa toda a inovação e qualidade dos nossos produtos a novos e potenciais clientes, bem como a parceiros de negócio”, sublinha a directora de Mar-
keting da Berg Outdoor. “Só este ano estivermos na ISPO Munich, na Annecy Showroom Avant Première, nos Alpes franceses, na Sport-Achat Hiver, em Lyon, e no Outdoor Trade Show, em Manchester. Os resultados têm sido extraordinários, e por isso prevemos continuar a apostar neste tipo de abordagem ao mercado”, garante Diana. Os promotores de feiras somam mais argumentos. Manuel Serrão, administrador
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DOIS CAFÉS & A CONTA Quinta da Camposa
Rua Central da Camposa 1409 Folgosa 4425-322 Maia
Entradas: Presunto, salpicão, pataniscas de bacalhau e queijo Pratos: Vitela mendinha e bacalhau assado Bebidas: Água, Vallado branco e cafés
CONSTANTINO SILVA
Nasceu e cresceu em Braga, mas no final do secundário, feito no Liceu Sá de Miranda, foi estudar para o ISCAP e acabou por deitar âncora no Porto. O primeiro emprego (ainda estava a acabar o curso) foi como bancário, mas demorou-se apenas oito meses no Crédito Predial Português. Não era aquilo que queria. A escala seguinte foi o escritório portuense da Price Waterhouse, instalado no 13º andar do edificio JN. A auditoria satisfazialhe a fome de conhecimento e a preocupação de estar em contínuo processo de aprendizagem. Até que, em 1988, os veludos atravessaramse-lhe no caminho, por vias de um desafio de Artur Soutinho, que conhecera na Efacec (onde o atual CEO da MoreTextile era auditor interno e ele externo). Debutou como responsável da parte administrativa, dois anos volvidos passou a acumular o pelouro financeiro, e em 2009 assumiu a direção geral. Casado com uma professora, tem dois filhos e vive na Maia.
O GESTOR QUE SABE O QUE QUER
FOTO: RUI APOLINÁRIO
61 ANOS CEO DA GIERLINGS VELPOR
A esmagadora maioria das pessoas pensa 90% nas coisas do passado e 7% nas do presente, só lhes sobrando uns escassos 3% do tempo para se preocuparem com o futuro. Constantino Silva não é desses. Para evitar atrasar-se, não gosta de estar sempre a olhar para trás. E tem-se dado bem com isso. “Queremos ser líderes europeus na produção de tecidos para transportes públicos”, declara o gestor que sabe o que quer e escolheu almoçarmos na Camposa - que fica perto da fábrica da Gierlings Velpor, onde trabalha há 30 anos - uma refeição frugal, acompanhando a vitela apenas com vegetais e água. A ambicionada liderança europeia será o bem sucedido corolário da estratégia delineada há dez anos quando Constantino assumiu a direção geral da empresa, à época controlada pelo grupo Amorim e que tinha no vestuário a sua principal atividade. “O negócio do vestuário está cada vez mais difícil, pois está nas mãos dos grandes grupos que controlam os preços, definidos pelos turcos e asiáticos”,
afirma o CEO da Gierlings Velpor. Para atenuar a exposição à moda, optou por diversificar para outras áreas, como a decoração (onde trabalha com grandes cadeias distribuidoras como a Designer Guild e a Aldeco), os têxteis técnicos (como, por exemplo, o rolo de pintura que já vale vendas de 700 mil euros) e os transportes públicos. “Não vi futuro no vestuário, que vai ser sempre a descer”, diz Constantino, explicando a aposta estratégica nos tecidos para transportes públicos (autocarros, comboios, metro...), área que já pesa quase 50% num volume de negócios que este ano deverá atingir os nove milhões de euros. Esta aposta implicou investimentos em tecnologia jaquard e estamparia digital, que tornaram a empresa mais versátil e competitiva no mercado da mobilidade, e também o estabelecimento de uma parceria com os suíços da Lantal, que há dois anos acabariam por adquirir o controlo da Gierlings Velpor. “O negócio dos transportes é um negócio de influência - influência junto
de quem faz os comboios, de quem os compra e de quem fabrica os bancos”, diz, fundamentando a necessidade da sua empresa estar alinhada (primeiro) e integrada (depois) num grupo tão poderoso como a Lantal Textiles. Os frutos mais risonhos deste casamento ainda vão ser colhidos pela Gierlings Velpor, que prevê quase duplicar a faturação, chegando aos 16 milhões de euros em 2020, um crescimento que tem como base a decisão da Lantal de concentrar, a partir do próximo ano e na sua unidade de Santo Tirso, toda a sua produção de tecidos para os bancos de autocarros, metros e comboios, preparados para resistir a cerca de 100 mil movimentos de sentar e levantar. “Os transportes são o negócio do futuro”, remata Constantino Silva, um gestor que sabe o que quer e tem sempre os olhos postos no futuro - e por isso está a desenvolver um novo tecido para ser usado nos bancos de autocarros, em 100% poliéster, mais barato e com as mesmas propriedades dos atuais, que têm 30% de lã na sua composição. t
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1. O AUDITÓRIO DO CITEVE REVELOU-SE ACANHADO, TAL FOI O INTERESSE QUE A XX EDIÇÃO DO FÓRUM TÊXTIL DESPERTOU.
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5. OS LUNÁTICOS ESTÃO A GERIR O ASILO, FOI O TITULO DA COMUNICAÇÃO DE JORGE VASCONCELLOS E SÁ
GENTE NOVA PRECISA-SE! A mensagem de Daniel Bessa foi clara. Não podemos descansar à sombra dos êxitos do passado: “A receita que funcionou até agora não vai funcionar para sempre. Há sinais de cansaço que recomendam a mudança, a chegada ao setor de gente nova, com novas qualificações”, recomendou o economista na apresentação das conclusões do XX Fórum Têxtil. Paulo Melo concorda. O presidente da ATP sabe que estamos no limiar de uma nova era e explicou ao ministro da Economia o que o país precisa para o setor continuar a crescer. Porque, disse, “o que é bom para as empresas é bom para o país”
Na luta pela sobrevivência, não ser competitivo é ser culpado
6. ONTEM NO EXPRESSO, HOJE A PRESIDIR A LUSA, MAS SEMPRE DISPONÍVEL PARA A TÊXTIL, NICOLAU SANTOS MODEROU O DEBATE SOBRE A ECONOMIA DIGITAL
10. NUNO FRAZÃO (BUSINESS &SOCIAL ENTREPRENEUR)
Com os famosos algoritmos, já sabemos qual é o nosso alvo.
O consumidor digital é o mesmo que vai à loja 11. ADOLFO GONZALEZ (AESE)
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2. PAULO MELO, PRESIDENTE DA ATP, FEZ O DISCURSO DO ESTADO DO SECTOR.
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Após oito anos consecutivos de crescimento, a ITV está de parabéns!
O ambiente de negócios está complicado. As exportações crescem 2.5%, mas 2018 é o ano da consolidação
4. O POWERPOINT DO DIRECTOR GERAL DA ATP É SEMPRE UM MUST DO FÓRUM
Emprego na têxtil cresceu 10% nos últimos três anos 3. PRESENÇA HABITUAL NO ENCERRAMENTO DO FÓRUM, O MINISTRO DA ECONOMIA ESTEVE NA ABERTURA PORQUE AO FIM DA TARDE PARTIA PARA MOÇAMBIQUE
7. ANA RONCHA (LONDON COLLEGE OF FASHION)
9. MIGUEL TOLENTINO (DIRECTOR GERAL DA BERG OUTDOOR)
Temos de começar a decidir olhando para a frente.
O importante é conhecer o consumidor de amanhã
O mercado evolui de uma forma tremenda. Ainda temos muito para andar... 8. MIGUEL PEDROSA RODRIGUES (PEDROSA & RODRIGUES)
12. A APRESENTAÇÃO DAS CONCLUSÕES, A CARGO DE DANIEL BESSA, É SEMPRE UM MOMENTO ALTO DO FÓRUM.
Vivemos uma época de transição. É preciso fazer uma renovação geracional
13. OS 15 ANOS DA FUSÃO DA APIM COM A APT, QUE DEU ORIGEM À ATP, FORAM INVOCADOS NUMA CERIMÓNIA MOLHADA COM VERDE DE HONRA E PROTAGONIZADA POR DOIS PAULOS: MELO E NUNES DE ALMEIDA
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BRIGHT SUNDAY TRAZ ENERGIA LIMPA E MAIS BARATA A empresa sueca Bright Sunday assinou uma parceria com a ATP no sentido de fazer chegar energia limpa a baixo custo às empresas têxteis portuguesas, para quem o preço da eletricidade é uma preocupação constante. “Investimos em painéis solares, que instalamos nas empresas. A única coisa que as empresas têm de fazer é pagar-nos uma taxa mensal que inclui a prestação de todos os serviços”, explica Niclas Gross Martinsson, o Director de Operações para Portugal.
SALSA QUER TOMAR O ELIXIR DA JUVENTUDE
HOME CONCEPT RENOVADA NO EL CORTE INGLÉS
ALUNOS DA ESAD MOSTRAM TRABALHOS EM DENIM
A Home Concept tem um novo espaço com uma nova imagem, no 5º piso do El Corte Inglês de Lisboa. Linhas luxuosas de roupa de cama e banho, em puro algodão do Egipto, com um design que combina o clássico e o contemporâneo, são a identidade da marca própria do grupo Moretextile.
Os estudantes do 2.º ano da licenciatura de Design de Moda foram desafiados a desenvolver uma coleção de jeanswear para a marca Levi´s, em contexto curricular. Os painéis dos trabalhos de 40 alunos estão expostos até ao dia 21 de Setembro nas instalações desta instituição, em Matosinhos
4,2 milhões
de euros foi o preço a que foram adquiridas, por um fundo espanhol, as instalações da antiga fábrica da Triumph
ALIVE MOBILE É A NOVIDADE DO FFF A categoria Alive Mobile é a novidade do Fashion Film Festival, a competição de filmes de moda inserida no Porto Fashion Week, que integra o Modtissimo de 26 e 27 de Setembro, na Alfândega do Porto. Para além dos Filmes de Moda de Autor, de Marca e Filmes de Moda Internacionais, esta 5ª edição do FFF quer atrair os youtubers, bloguers e instagramers. O evento conta também com um novo parceiro internacional, o Barcelona Fashion Film Festival, que traz ao Porto o best off da edição espanhola e a sua directora, Eva Font, que vai fazer parte do júri da edição portuguesa do certame. O envio dos filmes pode ser feito até dia 17 de Setembro.
CITEVE CERTIFICA OS TÊXTEIS COM PROTECÇÃO UV
A Salsa vai apostar em outras peças icónicas em denim além dos jeans para mulher que marcaram os 24 anos da marca, conhecida pelos seus modelos de fitting sensuais. Esse processo de reposicionamento no mercado tem como objetivo chegar agora a um público mais jovem. Detida em partes iguais por Filipe Vilanova e Sonae, a Salsa destaca-se pelos modelos de calças de ganga que realçam as
formas do corpo da mulher. Numa entrevista ao site Delas, Rita Calheiros, diretora de marketing da empresa, explicou que são essas mesmas peças que fazem a diferença: “O que nos permitiu dar o salto como marca e nos diferenciar dos concorrentes foi, efetivamente, uma preocupação em entender melhor o corpo feminino e criar modelos que o potenciassem e evidenciassem, ou que ajudassem a colmatar
pequenas imperfeições que todas nós temos no corpo”. Numa altura em que a marca procura aproximar-se de uma faixa etária dos 25 aos 40 anos, e desprender-se da ideia exclusiva de sensualidade, Rita Calheiros define a nova mulher Salsa como sendo “alguém que já tenha algum poder económico, que reconhece o seu corpo, já conhece muito bem o que lhe fica bem e o que não lhe fica tão bem”.t
O CITEVE é o responsável em Portugal, pela certificação mais rigorosa para têxteis com fator de proteção à radiação ultravioleta (UV) – o UV Standard 801. Membro da International Test Association for Applied UV Protection, o CITEVE representa esta entidade responsável pelo desenvolvimento do rótulo UV STANDARD 801, que visa a certificação de artigos têxteis para vestuário relativamente à proteção à radiação UV.
"Hoje, uma costureira não é uma máquina, é parte do processo. Tem de entender o cliente. A costureira do futuro não é uma maquinista" José Manuel Vilas Boas Ferreira CEO da Valerius
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BIBLIOTECA COM 10 MIL AMOSTRAS É UM TRUNFO DA ATB Uma biblioteca com 10 mil quenas quantidades, com amostras é um dos trunfos prazos médios de uma semade que a Acabamentos Têxna, desde a sua recepção até à entrega do produto acabado. teis de Barcelos (ATB) mais Chegamos a receber ordens se orgulha e que lhe perminuma quinta feira à tarde e te manter-se competitiva entregá-las ao cliente na manum mundo em que a fast fashion é rainha e a tradinhã da segunda feira seguinte”, conta Mário Mano. ção das duas coleções por Para conseguir esta agiano está em vias de extinção, substituída pelo alucilidade na sua capacidade de resposta, a ATB conta com os nante ritmo de 52 cápsulas bons ofícios da empresa irmã por ano, à razão de uma por Etevimol, que se dedica à trisemana. “As encomendas são cotagem de malhas, também sempre para ontem”, gra- Mário Mano, fundador da ATB, e o filho, Ricardo Mano. em Barcelos, e conta com 87 trabalhadores e 160 teares. ceja Mário Mano, fundador Com 187 trabalhadores e trabalhando em três turnos, da ATB, a propósito da optimização em curso nas cadeias de 24 horas por dia, a ATB acaba não só as malhas produzidas fornecimento, que encurtaram drasticamente o lapso de na Etevimol, mas também tecidos de lã, em regime de tempo que decorre entre a peça ser desenhada e chegar às prestação de serviços. prateleiras das lojas. “As mais de dez mil amostras que temos em stock são A ATB tinge e acaba entre 36 a 40 toneladas de tecidos por uma das nossas vantagens competitivas. Termos tudo dia, para uma carteira de clientes onde constam a Benetton, bem organizado e isso permite-nos responder na hora aos a Esprit, a Mango e o grupo Inditex - que esta primavera colopedidos de um cliente que precisa urgentemente de cincou nesta empresa uma encomenda de 600 toneladas de maco metros de um determinado tecido para fazer um prolhas, no valor de 1,5 milhões de euros, pouco usual nos dias que correm, atendendo ao volume. tótipo”, explica Ricardo, filho de Mário, fundador da ATB “As encomendas que recebemos são normalmente de pee a segunda geração de Manos na empresa. t
MINTY SQUARE REFORÇA APOSTA NA ALEMANHA Foi há cerca de três anos que João Figueiredo e Ana Cravo decidiram lançar a Minty Square, uma plataforma de e-commerce centrada nas marcas e criadores nacionais, e o mercado alemão responde já hoje por cerca de 35% do negócio. Com a procura crescente do Made in Portugal, a aposta é na intensificação das vendas para a Alemanha, a par do reforço do portfólio e de um olhar atento para Espanha.
10%
da faturação do grupo ERT é feita fora do negócio automóvel
FELICIDADE E SORRISOS NO VERÃO STORYTAILORS Como que a anunciar um verão cheio de alegria, os Storytailors lançaram a “Hapiness Edition”, uma coleção limitada de t-shirts elaborada em parceria com a psicóloga Cristina Nogueira da Fonseca, especialista em Ciência da Felicidade. As t-shirts incorporam conceitos chave da Ciência da Felicidade e apresentam duas versões – uma preta e outra branca – e dois cortes: um deles gender fluid e outro mais ajustado ao corpo feminino.
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A MINHA EMPRESA MFA-Manuel Fernando Azevedo EN 204- 5, nº 258 4770-788 Avidos Famalicão
O que faz? É uma das maiores fabricantes de meias da Europa Ocidental (24 milhões de pares por ano), sendo que as meias de desporto são o principal produto Trabalhadores 400 Fábricas Palmeira (Santo Tirso) Avidos (antiga Fitor, Famalicão) e Oliveira de Frades (onde faz as meias Jacob Rohner) Volume de negócios 16 milhões de euros (mais de 95% feito na exportação) Clientes importantes New Balance, Hummel e Puma.
INGLESES BEBEM CONHECIMENTO NA ITV NACIONAL Um grupo de alunos e professores da University of Arts London (UAL) esteve uma semana em Portugal para aprofundar conhecimentos sobre o têxtil, tecnologia e inovação. O roteiro, que decorre do relacionamento que universidade britânica mantem com a empresa SIT- Seamless Industrial Technologies SA – a antiga Sonicarla Europa, SA -, proporcionou a visita a algumas das mais inovadoras empresas têxteis nacionais e centros de investigação e conhecimento e incluiu também a passagem pela Inovafil, TMG, JFA, Facol, e Petratex. Também o CITEVE e CeNTI fizeram parte do roteiro, onde os britânicos procuraram beber conhecimento sobre o têxtil, tecnologia e inovação que se faz na ITV nacional.
"Há uma procura grande na área do linho, muito mais intensa que na lã. O linho veio para ficar. Está aí em força" João Carvalho CEO Fitecom
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TAMBÉM NA ROUPA DE CAMA SOMOS OS MAIORES
O interruptor está para cima Como diria o Herman, a vida de empresário têxtil é como os interruptores - umas vezes está para cima, outras para baixo. Este ano, o interruptor da MFA está claramente para cima, com as vendas a crescer, rebocadas pelo regresso da Puma (que voltou na primavera, com encomendas de 60 mil pares/mês), o desembarque dos holandeses da Stanno (encomendas de meio milhão de pares/ano) e a chegada do novo cliente DE-Danish Endurance, que vende online (Amazon) equipamentos para running. “No mínimo, vamos manter a produção de 24 milhões de pares e vendas de 16 milhões”, diz, prudentemente, Manuel Flórido Azevedo, 57 anos. Mas o mais provável é o regresso aos 17 milhões de euros faturados em 2016. A MFA nasceu no início dos anos 80 como veículo de eficiência fiscal de Manuel Fernando Azevedo e dos seus filhos Manuel Flórido e Fernando Manuel, que viviam das comissões das vendas que faziam - o pai de enciclopédias da Verbo, os filhos de equipamentos têxteis. As iniciais que se tornaram famosas como sigla do Movimento das Forças Armadas acabariam por se tornar sinónimo de fabrico de meias de desporto (que andam nos pés dos futebolistas do FC Porto, Liverpool, Atlético de Bilbau, Dínamo de Kiev, Celtic, etc) quando em 1994, Manuel Fernando Azevedo, então já com 58 anos, correspondeu ao SOS dos filhos, que tinham ficado órfãos de parceiros na aventura de montar uma fábrica de meias e precisavam de um espírito empreendedor que liderasse o projecto. Tudo começou num armazém de 400 m2, alugado - com o pai a ocupar-se da gestão administrativa e financeira e o filho, Manuel Flórido (ao cabo de um
ano o irmão Fernando abandonou a MFA), da produção e vendas - e debutou com o interruptor para cima, com toda a produção tomada por um cliente espanhol, que a encaminhava para as cadeias de armazéns El Corte Inglés e de hipermercados Alcampo. “No princípio, todos os anos as vendas multiplicavam-se por dez”, recorda Manuel Flórido, que meteu os livros na gaveta após ter frequentado durante dois anos o curso de Direito na Católica, e que no final da tropa (feita na arma de Cavalaria) teve alguns ofícios (Sheraton, Páginas Amarelas, Avis) antes de deitar âncora na têxtil, primeiro como vendedor da Maqfil e finalmente como empresário. Neste período de vacas gordas, a MFA foi aumentando a capacidade instalada e mudando para novas e mais amplas instalações até se ver obrigada pelas circunstâncias a corrigir a estratégia para poder continuar a crescer. “Chegamos a uma altura em que aquilo que os nossos clientes queriam era preço e nós já não éramos competitivos. Saímos dos básicos e apostámos em produtos mais técnicos, com maior valor acrescentado, para segmentos superiores, onde a concorrência é menor. Foi a decisão certa”, afirma Manuel Flórido. Em 2006, a MFA levou um murro no estômago, com a fuga para Oriente da Adidas, que lhe comprava metade da produção. O interruptor ficou em baixo, com as vendas a caírem dos sete para os 4,5 milhões de euros. Mas munida com a estratégia certa, a MFA voltou a colocar o interruptor em cima, ao ponto de em 2014 adquirir as instalações da antiga Fitor, onde investiu 7,5 milhões de euros. E agora, após um 2017 em que as vendas cederam ligeiramente, o interruptor volta a estar virado para cima. t
Quando o tema é a produção de roupa de cama, é o têxtil português que se revela como o maior fabricante da Europa, representando 32% da produção total da UE. Num estudo da consultora Index Box relativo à última década, os números mostram que a produção cresceu no nosso país a uma média de 3,5% ao ano. Em 2016 foram produzidas na Europa 134 mil toneladas de roupa de cama, fabrico que foi de longe dominado pelas empresas portuguesas total, bem à frente da Itália e da Alemanha, com 19% e 14%, respectivamente. Somada, a produção dos três países representa 65% de toda a roupa de cama que é produzida na EU.
49,5%
foi o aumento registado entre 2009 e 2017 nas exportações têxteis, que neste período aumentaram 1,7 mil milhões de euros em valor
ESCULTURA TÊXTIL DE JOANA VASCONCELOS IMPRESSIONA BILBAU A gigantesca escultura têxtil que ocupa o hall de entrada do Museu Guggenheim, em Bilbau, está em destaque na exposição da artista Joana Vasconcelos. Uma peça “monumental”, classifica o jornal El Mundo, enquanto o influente El País descreve que “os visitantes levantam o olhar assombrados para a observar”. A “Egeria”, assim se chama a nova peça da série Valquírias, resulta da colaboração da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, tendo sido executada com tecidos das mais variadas cores e texturas, fornecidos pela ITV nacional.
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# I m ag e # s o u n d # to g e t h e r /a r e /s t r o n g e r A quinta edição do Porto Fashion Film Festival tem na pauta os Filmes de Moda de Autor, de Marca e de Têxteis Técnicos e Filmes de Moda Internacionais, mas os tambores vão para Alive Mobile – a categoria novidade. Da parceria assumida com o Barcelona FFF chega-nos a diretora Eva Font, um dos elementos do júri. Com a orquestra montada o Festival faz compasso pelo seu Fashion Film, mas só até 17 de set.!
S u b m e ta o s e u F i l m e d e M o da e faça v i b r a r a s ua m a r ca . inscrições gratuitas até 17 set. www.portofashionfilmfestival.com | 963 724 466| fashionfilmfestival@portofashionweek.com
Cofinanciado por:
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A MODA EM TODO O ESPLENDOR NA ALFÂNDEGA DO PORTO
VUITTON, LAUDER E RICHEMONT NO TOP DO LUXO MUNDIAL A Deloitte, empresa de auditoria e consultoria, divulgou o “Global Powers of Luxury Goods”, o seu 5º ranking anual baseado nas vendas consolidadas das 100 maiores empresas. Nos lugares de topo apresentam-se as marcas LVMH, Estée Lauder, Richemont, Luxottica e Kering. Os números, referentes ao ano fiscal de 2016, mostram uma receita total de 217 mil milhões de dólares e em relação ao ano anterior, todos mantiveram as posições, com exceção da Estée Lauder e da Richemont, que trocaram de lugar no segundo e terceiro posto. A Itália, com 24 empresas, foi novamente o país mais representado no ranking, seguido pelos Estados Unidos, com 13, pelo Reino Unido, com 10, e pela França, com 9.
"Se o setor têxtil fosse tão lento como o governo, hoje já não haveria indústria têxtil" Paulo Melo Presidente da ATP
O tema - Fashion Festival - não engana. A 52ª edição do Modtissimo, que se realiza a 26 e 27 deste mês de setembro na Alfândega do Porto, vai ser um festival de moda em todo o seu esplendor, das tendências às matérias-primas, passando pelos têxteis técnicos. Entre muitas outras coisas, o Modtissimo também é um dos mais fiáveis termómetros que mede o pulso à saúde do setor - e assim sendo há que dizer que a ITV está muito bem e recomenda-se. Confirmando o bom momento que a indústria vive, o espaço disponível para expositores estava esgotado em julho e com lista de espera. Mas não pensem que são sempre os mesmo do costume - há pelo menos uma dúzia de empresas novas na lista dos confecionadores. Ao todo, estará à disposição dos cerca de 300 compradores estrangeiros já inscritos (um contingente onde sobressaem, além dos europeus, os norte-americanos, os colombianos, os japoneses e os russos) uma oferta de cerca de 400 colecções de fabricantes portugueses. O verde vai ser a cor dominante desta 52ª edição do Modtissimo, que terá como grande novidade o espaço Green Circle (que como o próprio nome indica se ocupará das questões ambientais e de sustentabilidade), promovido pela Selectiva Moda e pelo CITEVE, com apoio e consultoria de Paulo Gomes (Manifesto Moda). A onda verde também estará presente no Fórum de Tendências, a cargo de Dolores Gouveia, com uma zona especifica que, além de estimular a generalidade das empresas a terem sempre no pensamento os princípios
da reciclagem e da economia circular, também contemplará a apresentação de alguns exemplos do que a ITV já está a fazer neste domínio cada vez mais estratégico. O Modtissimo é a âncora da 12ª Porto Fashion Week, do qual o Fashion Film Festival (FFF) é um dos eventos mais vistosos. Nesta sua 5ª edição, tem a Máxima como Media Partner e os filmes de moda a concurso poderão ser visionados na Alfândega pelos visitantes do Modtissimo. O local e a data da cerimónia de entrega dos prémios ainda não foram divulgados - mas tudo leva a crer que desta caixa vai sair uma grande surpresa. O Barcelona Film Festival, o parceiro internacional do 5o FFF, está representado pela sua diretora, Eva Font, que fará parde do júri e terá como companhia Alex Turvey, Braz Costa, Katty Xiomara, José Pedro Sousa e Manuel Dias Coelho. Única no país, após a desistência da sua congénere lisboeta, a Night Out realiza-se a 27 de setembro, com epicentro no Passeio dos Clérigos e o apoio da Protokol, do espumante M & M, dos Hotéis IHJ (Intercontinental das Cardosas e Holiday Inn Gaia) e Quality Impact. Já estão inscritas mais de 50 lojas, que pela primeira vez contribuem para o financiamento da iniciativa. Uma nova categoria, a Alive Mobile, reservada a estilistas, é a novidade do concurso fotográfico Fashion People, cujo heterogéneo júri é composto por Ione Rangel (blogger), Paulo Vaz (diretor geral da ATP), Mário Principe (fotógrafo), Sandra Gato (diretora da Elle) e Joana Freitas ( manequim e actriz ). t
GUIMARÃES CAPITAL MUNDIAL DOS TÊXTEIS LAR Compradores estrangeiros oriundos de 33 países participaram na terceira edição da Guimarães Home Fashion Week, muitos dos quais permaneceram na região para lá dos dois dias do evento, não só para conhecerem melhor o trabalho desenvolvido pelos fabricantes portugueses de têxteis lar, mas também para concretizar compras. Seduzidos pela qualidade dos têxteis lar portugueses, houve até compradores russos que tiveram de contornar a greve dos controladores aéreos franceses, arranjando novos voos de forma a estarem
a tempo e horas no certame. Maria Alberta Canizes, pivot da Guimarães Home Fashion Week (uma iniciativa organizada pela Associação Home from Portugal com o apoio da AICEP, Câmara de Guimarães e Santander), manteve no final do evento um encontro, tanto com os expositores portugueses (53 empresas e mais de seis dezenas de marcas) como com os 245 compradores, oriundos de 33 países dos cinco continentes. Nesse briefing, os compradores consideraram a Guimarães Home Fashion Week como
“uma organização muito importante”, já que “Portugal é um óptimo país para negócios não só pela qualidade, mas também pelos preços”. “Portugal é a nossa aposta”, disseram alguns dos presentes nesse encontro com a organização do certame. Da parte dos expositores houve também intervenções no sentido de “reforçar e continuar” com esta iniciativa, sendo que a maioria confirmou já a presença na edição do próximo ano que também irá decorrer na Pousada de Santa Marinha da Costa, em Guimarães. t
JOSÉ VIEIRA VENCEU CONCURSO DE DENIM DA TROFICOLOR José Vieira, aluno da Escola de Moda do Porto, foi o vencedor do Denim Young Contest, promovido pela Troficolor. Além do prémio monetário, vai ter também possibilidade de realizar uma coleção em denim, que é a área de especialização da empresa. A par de promover a utilização do denim e estimular a criatividade e inovação, o concurso pretende também atrair novos criativos para esta atividade.
J.B. CASTRO INVESTE NA CONSTRUÇÃO DE MÁQUINAS A J.B. Castro vai investir na construção de máquinas de costura, desenvolvidas com tecnologia própria, ampliando a sua atividade que até agora se tem circunscrito à importação, montagem, reparação e venda ao público de equipamentos de marcas suas representadas, como a Vibemac, Maica, Brother e Pegasus. Esta subida na cadeia de valor corresponde a uma análise da conjuntura feita por esta empresa de Fafe, que emprega nove pessoas e fechou 2017 com um volume de negócios de 1,8 milhões de euros.
TOALHAS DE FELPO DA CARVALHO SEDUZEM OS JAPONESES “Produzem muita variedade e são mesmo boas, especialmente pela qualidade técnica e design”, é o que afirma o jornal H do Home Living, depois da visita ao stand da empresa na Interior Lifestyle Tokyo. Um artigo que vem confirmar que os Japoneses se deixaram definitivamente seduzir pelas toalhas da Carvalho. “É a única a produzir toalhas de felpo com uma face stone washed. Tem os seus próprios designers e produz uma grande variedade de artigos em pequenas quantidades”, explica o mesmo artigo, focado na Fábrica de Tecidos do Carvalho.
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IMPETUS GARANTE QUE EM 2019 VAI PODER DORMIR MELHOR Um pijama que lhe vai permitir dormir melhor, bastante mais relaxado e transpirando menos, é a grande novidade que o grupo Impetus vai lançar no mercado na primavera do próximo ano. Desenvolvido em parceria com a Universidade do Minho, o pijama é fresco, não enruga e é construído com base em fibras naturais, como o tencel. No final deste ano, será distribuído pelos vendedores, de modo a estar à venda logo que a primavera comece a dar um ar da sua graça. “Somos uma marca com características diferenciadoras. Não nos limitamos a fazer o que toda a gente faz, roupa interior em algodão ou lycra, em branco e nas outras cores. Valorizamos as características técnicas do nosso produto”, explica Fernando Figueiredo, administrador da Impetus Retail. Com base industrial em Esposende e liderada por Alberto Figueiredo, a Impetus começou a dar nas vistas a nível internacional como uma empresa inovadora quando desenvolveu, em parceria com a Universidade do Minho, a ProtechDry, uma
Mantra da Impetus, de Alberto Figueiredo, é "fugir do que toda a gente faz".
cueca para incontinência ligeira, que absorve pequenas quantidades de urina, feita em 95% de algodão, lavável e sustentável. Inovação e sustentabilidade são o mantra da Impetus, que “para fugir do que toda a gente faz”, está a apostar em fibras naturais, como o tencel e o bambu, bem como no lançamento de coleções cápsula de dez a
doze peças, dirigidas a segmentos específicos do mercado. A marca já tem neste momento à venda cápsulas de roupa interior para desporto, orgânicas e termo-reguladoras, e para este mês está previsto o lançamento de uma nova cápsula, a Travel, pensada para satisfazer as necessidades específicas dos viajantes frequentes t
CENTI CRIA OS TÊXTEIS QUE VÃO CUIDAR DA SUA PELE Está ainda na fase de testes pré-industriais, no que diz respeito à área têxtil, o projecto Skhincaps, do qual o CeNTI (Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes) é líder num consórcio que junta oito parceiros de cinco países para desenvolver têxteis e cosméticos funcionais com incorporação de nanocápsulas de base natural. No que diz respeito à área da cosmética, o projecto encontra-se também na fase de testes industriais. Com esta nova tecnologia, vai ser possível produzir roupa que se adapta ao clima e cria conforto térmico ou que liberta substâncias ativas – óleos essenciais, vitaminas, antioxidantes, etc. – para a pele.
MODATEX APRESENTOU CURSOS EM OPEN DAY
4 DE JULHO: DIA DO PROFISSIONAL TÊXTIL
O Modatex Porto abriu as portas num Open Day para dar a conhecer os cursos de confeção, estamparia e modelação. A iniciativa destinou-se a dar a conhecer aos interessados por uma carreira no sector têxtil os meandros da formação destes três cursos, que ao longo dos últimos anos têm demonstrado elevadas taxas de empregabilidade.
A edição deste ano do Fórum da Indústria Têxtil ficou marcada pela oficialização do dia 4 de julho como o “Dia do Profissional Têxtil”, uma ideia lançada pela ATP com o objectivo de homenagear aqueles que todos os dias dão vida à ITV. “É uma maneira de valorizar o sector, e o sector são as pessoas”, vincou o presidente da ATP, Paulo Melo.
14 milhões
de euros é quanto a Olbo & Mehler quer faturar nos Estados Unidos num prazo de dois anos, duplicando assim as suas vendas neste mercado onde já tem um escritório de vendas e um armazém em Charlotte
#VISEUFOLK, A COLECÇÃO DE KATTY QUE DÁ A VOLTA À TRADIÇÃO Viseu é este ano a Cidade Europeia do Folclore, mas quis que a festa não ficasse apenas pela memória e tradição. O propósito é contribuir também para renovar e valorizar essas mesmas tradições e é nesse sentido que Katty Xiomara, desafiada a adaptar a moda e trajes tradicionais, desenvolveu a colecção #VISEUFOLK, uma linha de merchandising com propostas de moda contemporânea e urbana com a identidade e tradição do trajar da Beira Alta.
ANTIGA BORFIL À PROCURA DE NOVO DONO
Foi a casa de uma histórica têxtil-lar de Guimarães e procura agora uma nova vida. As instalações da antiga Borfil, empresa de bordados sediada em São Torcato, estão agora à venda, com a expectativa de vir a albergar um novo negócio do setor. Totalmente vedada e pavimentada, a fábrica destaca-se pela sua dimensão, com 6 775 metros quadrados, dos quais mais de 200 são zona de escritórios. O espaço tem ainda licença industrial e postos de transformação, o que faz com que esteja pronto a usar por qualquer negócio em expansão que procure uma nova casa. t
"Trabalho muito mais do que achava que ia trabalhar. Chego a casa muito cansada. É muito duro. Depois ainda dizem que por ser modelo sou burra, mas nada a ver" Maria Miguel Globo de Ouro Sic para melhor Modelo Feminino
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ZIPPY ESTÁ MAIS OPTIMISTA E DESCOMPLICADA Com o objetivo de se enquadrar com o verdadeiro dia a dia das crianças, a Zippy adotou uma nova atitude, mais descomplicada, otimista e parceira das famílias, auxiliando os pais no crescimento dos filhos. “A Zippy está agora mais próxima do dia-a-dia dos pais e dos filhos e procura ser capaz de o melhorar, tornando-o mais fácil e significativo”, afirma a marca de moda infantil da Sonae Sports & Fashion.
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"Na Europa só há três países que podem fabricar têxteis: Portugal, Itália e Turquia. No caso da fast fashion, Portugal é o mais bem colocado para dar respostas ao mercado" António Cunha Sales manager da Orfama
VAZ DA COSTA INVESTE 5 MILHÕES EM MÁQUINAS E INSTALAÇÕES A Vaz da Costa tem em curso um plano de investimentos orçado em cinco milhões de euros, que contempla novas instalações nos arredores de Guimarães, junto a um nó da auto-estrada, bem como a aquisição de equipamentos de lavagem e gaseamento, e também de um novo tambor de secagem. A expansão urbana de Guimarães fez com que o local onde, em 1960, a fabrica nasceu fosse envolvido por uma zona residencial, o que criou um problema à Vaz da Costa, que ficou sem espaço para crescer e assim corresponder ao aumento das encomendas. Estes problemas de espaço não inibiram a empresa de instalar uma nova râmula Monfort, com uma amplitude de 3,6 metros e que trabalha a uma velocidade superior a 100 metros por minuto. A Vaz da Costa começou por fazer bordados para têxteis lar com a marca Bovi, atividade a que a partir de 1974 foi acrescentada uma linha produtiva de prestação de serviços na área dos acabamentos têxteis. Uma
"Está em curso o maior programa de investimentos da nossa história", garante Amélia Marques
recente renovação do lay out facilitou a logística operacional da fábrica ao criar entradas e saídas separadas para estas duas linhas de negócio, onde no seu conjunto trabalham 180 pessoas.
Atualmente, a empresa tinge e acaba diariamente cerca de 100 mil metros de tecido, não só para clientes portugueses mas também de outros países, como Espanha, França, Bélgica e Alemanha. t
SMART INOVATION VAI PINTAR TRÊS HOSPITAIS NA COSTA DO MARFIM Três hospitais da Costa do Marfim vão ser pintados com tintas com bactericída incorporado usando a tecnologia inovadora e exclusiva da Smart Inovation, uma empresa de Barcelos que faz 70% do seu volume de negócios na têxtil. A Smart Inovation produz particulas que incorpora em diferentes tipos de produtos, prevenindo doenças, protegendo o meio ambiente e aumentando a qualidade de vida das pessoas. “Após a formulação inicial, num laboratório da Universidade do Minho, nós pegamos no projecto, desenvolvemo-lo e convertemo-lo em algo vendável. Criamos um modelo de negócio”, explica Mário Brito, um engenheiro mecânico de 28 anos formado em Londres, que é sócio de dois médicos na Smart Inovation. O repelente anti-mosquito, usado em roupas mas também numa enorme variedade de produtos (sprays, toalhitas, tintas, pulseiras, aditivos para máquinas de lavar...) é o produto estrela desta tecnológica, que foi para o mercado em 2015 e está a atravessar um período de crescimento trepidante - no 1o trimestre facturou mais do que em todo o ano de 2017. O primeiro grande negócio nacional da Smart Inovation (SI) foi
com a Zippy, que apresentou uma linha de roupa para criança com repelente para mosquito. “Até aí nunca tinha havido uma linha de roupa infantil com essas características, porque é proibido usar insecticidas em vestuário para crianças com menos de três anos. Ora o nosso produto é repelente e não inseticida, é não tóxico e biocompatível, além de após mais de 100 lavagens manter a sua eficácia a repelir mosquitos transmissores da malária, dengue, zika ou febre amarela”, afirma Mário Brito, que antes de fundar a SI trabalhou em hospitais britânicos, na área de biomédica e biomecânica, e ainda na gestão de produção do car center da JAP. O Gotha da ITV nacional (Lipaco, Fitor, Sancar, ADA-Albino Dias Andrade, Barcelcom, etc, etc) faz parte da carteira de clientes da SI, onde constam a norte-americana Avintiv, a italiana Pantex Global ou a Walmart Brasil, entre outros. Ácaros, repelente de mosquitos, batericida, pé diabético, frieiras, pé de atleta e térmitas são as diferentes linhas de produtos da SI, que tem uma associada no Brasil (Total Repel) e forneceu à Worten um spray bactericida que mantém o efeito durante mais de oito horas. t
600 MILHÕES PARA APOIO ÀS EXPORTAÇÕES O ministro da Economia anunciou, na abertura do XX Fórum Têxtil, o lançamento pelo Governo de uma linha de apoio às exportações no valor de 600 milhões de euros. Manuel Caldeira Cabral explicou que o objectivo desse apoio (enquadrado no programa Capitalizar) é aumentar a competitividade das empresas portuguesas de forma a serem tão competitivas como as estrangeiras.
REGENERAÇÃO DO TÊXTIL APOIOU 20 PROJECTOS O projeto Regeneração da Indústria Têxtil Portuguesa, uma iniciativa da ATP que apoiou 20 projetos empresariais e traçou o perfil do empreendedor português, chegou ao fim com resultados extremamente positivos. De resto, entre esses projetos selecionados (alguns no interior do país) houve já premiados. Da mesma forma, o retrato que foi feito dos empreendedores nacionais num dos clusters mais competitivos do mundo é considerado como um dos mais lúcidos até agora efectuados. O projeto Regeneração da Indústria Têxtil Portuguesa (R’ITV) também abordou os dados sobre o investimento em I&D e qual o posicionamento do setor em Portugal relativamente à Galiza. Foram quase dois anos de trabalho intenso, neste projecto da ATP que contou com a colaboração da consultora Astrolábio, CITEVE, MyPlace, Modatex, a Comunicadores & Associados, a Universidade de Aveiro, a Universidade da Beira Interior e a Universidade do Minho, o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), e a Atlântico Business School (ABS), entre outras. Promover o empreendedorismo inovador, qualificado e criativo da têxtil e vestuário foi o objetivo cimeiro do projeto Regeneração da Indústria Têxtil e Vestuário, de forma a dinamizar o ecossistema desta fileira e potenciar a internacionalização das empresas.
Os têxteis luminosos, da Têxtil Penedo, foi um dos projetos apoiados.
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CHEGAREMOS MAIS LONGE
FOTO: RUI APOLINÁRIO
“TRABALHANDO EM REDE
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n ENTREVISTA Miguel Pedrosa Rodrigues 39 anos, nasceu em Braga e cresceu em Gilmonde, Barcelos. É o mais velho dos três filhos do casamento da Sabina Pedrosa com o Casimiro Rodrigues, que se tornaram empresários quando ele tinha quatro anos. No final do secundário, feito na Alcaides Faria, mudou-se para o Porto, onde fez Arquitetura na Lusíada. “Tinha uma clara inclinação para as Artes e Indústrias Criativas. Também gostava da Gestão. Mas como não dava para fazer dois cursos ao mesmo tempo optei pelo que me pareceu mais divertido”, explica. Casado com uma arquitecta, vive em Gaia e tem dois filhos, o João, com seis anos, e a Clara, com quatro.
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oje em dia uma costureira é uma técnica de produção altamente qualificada - afirma Miguel Pedrosa Rodrigues, 39 anos, administrador da Pedrosa & Rodrigues. Estava escrito nas estrelas que iria trabalhar na Pedrosa & Rodrigues?
Cresci nestas redondezas. Conhecia as pessoas que trabalhavam na fábrica. Brincava aqui. Habituei-me desde miúdo a ouvir os problemas da indústria à mesa do jantar, lá em casa. E estive sempre por perto. Apesar disso, nunca esteve nos meus planos integrar ou não a empresa.
tempo, surgem netos, sobrinhos, primos, noras ou genros, torna-se importante gerir essa teia de relações. A sucessão está regulamentada...
Em todos os seus aspetos. Por exemplo, os filhos dos accionistas só podem trabalhar na empresa depois de ganharem competências, fazendo carreira profissional fora durante um período mínimo de cinco anos. Só se estiverem previamente expostos ao mundo é que vão poder aportar valor à Pedrosa - e não serem olhados apenas como os “filhos do patrão”. Aprende-se muito quando se anda fora...
A exposição ao desconforto e a mentalidades diferentes é muito importante. Em Copenhaga aprendi as vantagens de planear para fazer tudo bem à primeira e de uma vez só. O voluntarismo nem sempre é a melhor opção. Por onde começou na Pedrosa?
O que o fez mudar de ideias?
Há seis anos, os meus pais sentiram que era a hora de começar a pensar na sucessão. Reunimos a família e, com a ajuda de consultores, elaborarmos um protocolo familiar bastante pormenorizado. No final desse processo tornou-se consensual que eu a minha irmã viéssemos trabalhar para cá. Foi uma decisão natural?
Eu estava com 33 anos e já era mais gestor e menos arquiteto, por força do crescimento do atelier de arquitetura. A Ana Patrícia tinha 27 e trabalhava em Lisboa com a Joana Vasconcelos. Os nossos pais puseram à nossa consideração a hipótese de fazermos parte da empresa - o David já cá estava. Fazia todo o sentido. Era a altura certa. Quão detalhado é o protocolo familiar?
Está tudo previsto até ao mais comezinho dos pormenores, como o plafond para a compra de carros ou remunerações,por exemplo. Quando uma empresa familiar atinge uma determinada dimensão e, com o passar do
Pelo princípio :-), ou seja, pelo armazém, para conhecer as matérias primas. Ao fim de alguns meses, já tinha identificado alguns anacronismos nos processos e estava a sugerir soluções. Uma das vantagens de ter uma visão fresca, não contaminada, é essa capacidade de descobrir maneiras de fazer melhor com novos processos. Ou seja, encontrou assim o seu papel na empresa, que é o de identificar problemas, prescrever soluções e implementá-las…
Ter uma atitude de constante melhoria e a capacidade para enquadrar coisas novas são duas coisas essenciais para nos mantermos competitivos. Felizmente, os meus pais souberam criar uma equipa muito flexível, disciplinada e bastante capaz de se adaptar à mudança e isso é um excelente património.
"Temos 150 fornecedores, que estão a um máximo de meia hora daqui. É uma orquestra e nós somos o maestro"
Apesar de estar na têxtil desde que nasceu, nunca sentiu a mínima pressão para ir trabalhar para a Pedrosa - e por isso fez o seu caminho. Em 2003, quando acabou Arquitectura, como não arranjava estágio em Portugal, emigrou com a namorada para Copenhaga. À segunda porta a que bateram arranjaram emprego - e recebeu o primeiro ordenado em coroas dinamarquesas. “Aumentar a distância do ninho obriga-nos a crescer mais depressa”, diz, a propósito de uma experiência rica, num atelier com mais de 100 arquitetos que fazia obras de grande envergadura (aeroportos, hospitais, projetos complexos) por todo o mundo. Regressado a Portugal, montou a Proj3ct, uma empresa de arquitetura que se especializou em projectar e construir edifícios industriais, sendo responsável não só pelas sucessivas ampliações da Pedrosa mas também de outras fábricas como a Barata Garcia, escritórios para a Riopele ou para a Carcemal - que lhe valeu um prémio de reabilitação. Tinha 33 anos quando começou a trabalhar na Pedrosa & Rodrigues.
alma e o coração. Vai ser sempre preciso saber o que se está a fazer. Só vai ter problemas com a digitalização quem faz apenas trabalho braçal e não quiser aprender a fazer coisas mais interessantes. É viável a reconversão dos mais velhos?
Temos pessoas com mais de 56 anos que não sabiam onde era a tecla Enter e agora trabalham num computador com muito conforto. Não podemos ter só miúdos a controlar tudo. É preciso experiência. Ou seja, integrar os mais novos e reconverter os mais velhos. Isso leva tempo …
É um processo contínuo que não pode ser feito a correr. Para serem bem feitas e absorvidas por toda a gente, estas coisas levam tempo. No desenvolvimento do software, não damos nenhum passo sem o input das equipas que vão trabalhar com ele.
realidade. Apesar de uma costureira ganhar mais, ter melhores condições laborais e ter um trabalho mais interessante que uma funcionária de shopping, continua a ser difícil atrair pessoas novas para a profissão. Como se pode atacar esse problema?
Um dos caminhos é importar mão-de-obra. O outro, que temos vindo a trilhar, consiste em manter no país os centros de conhecimento e exportar parte da manufactura - uma evolução similar à dos italianos. Estão satisfeitos com essa experiência?
Fazemos 10% da produção em Marrocos. Cerca de 1,2 milhões de peças/ano. É um rácio razoável. Neste momento, a relação que temos é perfeita. O nosso fornecedor cumpre os prazos e o processo é demonstradamente fiável e controlado por equipas nossas.
Compensa?
As mudanças funcionam mal sempre que são feitas de cima para baixo. O processo colaborativo é sempre mais eficiente e produtivo. A implementação é muito mais fácil quando as equipas fizeram parte do desenvolvimento dos novos processos. A que se deve a escassez de costureiras?
Ao lastro cultural de um passado em que ser trolha ou costureira significava estar na base da pirâmide social. A têxtil não foi cuidadosa com os recursos humanos e hoje em dia ainda sofremos as consequências desse estigma. Injusto?
Completamente injusto. Hoje em dia, uma costureira é uma técnica de produção altamente qualificada, uma profissão que exige uma mão e um tacto que demora anos a atingir.
A crescente automação da indústria vai destruir emprego?
As raparigas continuam a preferir ser caixas num hiper…
A fábrica do futuro vai operar com base em software e robótica, mas as pessoas serão cada vez mais a
Trata-se apenas de uma questão de status social. A percepção está desajustada em relação à nova
A proximidade é o fator decisivo para escolha de Marrocos?
A proximidade geográfica, que garante uma resposta rápida, mas também cultural. Marrocos ainda está a vender minutos, como nós fazíamos dantes. É uma cadeia de fornecimento alternativa que nos permite ser competitivos em alguns segmentos. Vendas que não faríamos se não a tivéssemos. Também subcontratam em Portugal?
O produto é todo desenvolvido em casa, mas mais de metade da produção é feita fora. Toda a cadeia de fornecimento está a um máximo de meia hora de distância da fábrica. É uma orquestra e nós somos o maestro. O que interessa é acrescentar valor ao cliente e satisfazermos as encomendas sem termos de multiplicar por dez o nosso tamanho. É uma das vantagens do cluster?
O facto de em Portugal operarmos em cluster é uma solução muito boa, pois agregamos o conhecimento de toda esta
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Uma história de amor e ambição Tudo começou quando, no verão de 1982, a Sabina, 30 anos, cortadeira, e o Casimiro, 33 anos, mecânico, começaram a fazer malhas na garagem dos sogros do Rodrigues, com um financiamento da avó da Pedrosa. Os primeiros tempos não foram simples (raramente o são) e os sócios fundadores desta aventura tiveram de ser multitask. Sabina foi cortadeira, passadeira, costureira, coordenadora, comercial, vigilante, aventureira, regateira (de preços) e até um pouco tinhosa (lembram as más línguas). E Casimiro foi afinador, motorista, modelista, pregador de molas, escriturário, empregado da limpeza e de armazém, modelista, chefe da manuten-
gente. É uma grande vantagem competitiva. Quais são as outras?
A rapidez e a qualidade. Somos ágeis e leves. Temos uma das indústrias mais rápidas do mundo, senão a mais rápida. Os grandes clientes internacionais classificam-nos como um fast lead time supplier. Quando querem bem feito e rápido, vêm a Portugal. A visão dos seus pais pôs a Pedrosa no pelotão da frente da renovação geracional?
Não sei. O que tomo por certo é que são tantas as variáveis a dominar, e é tal a quantidade do conhecimento que é preciso passar, que optamos por um processo lento e gradual. A renovação geracional é uma oportunidade para atenuar o individualismo?
Quanto mais trabalharmos em rede, mais longe chegaremos. Claro que é mais simples fazer isso com os fornecedores do que com um par - que me recuso a qualificar como concorrente. Ganharemos todos se partilharmos riscos e benefícios. Claro que na base desse relacionamento tem de haver confiança e comportamentos éticos muito sólidos. A Pedrosa tem conseguido dar passos nesse sentido?
Temos parcerias informais com algumas empresas da nossa dimensão, e gostaríamos de ter mais. Partilhamos dificuldades e soluções, para evitar o caminho mais longo e doloroso - e seguir sempre pelo mais curto e eficiente. O negócio está a correr bem?
Desde 2011 que o nosso preço médio tem vindo a crescer sistematicamente, bem como as vendas, que até 2017 aumentaram a um ritmo de dois dígitos, até aos 16 milhões. Este ano o volume de negócios vai recuar ligeiramente. Porquê?
Devido à estabilização da situação
Ana Patrícia, com a Sofia ao colo, Miguel, Sabina, David e Casimiro
"A fábrica do futuro vai operar com base em robótica, mas as pessoas serão a alma e o coração " política na Turquia. Os turcos são o nosso principal competidor. Têm boas fábricas e uma ferramenta que não está ao nosso alcance - a desvalorização da moeda. Como se pode combater isso?
A nossa obrigação é saber dar resposta às mudanças do mercado. Sabemos que a pressão pelo preço vai ser cada vez maior. Não vai abrandar. Os preços no retalho têm um tecto, o que desencadeia uma pressão contínua a montante na cadeia de fornecimento. Como se responde à pressão pelo preço?
O desafio é sermos cada vez mais ótimos, fazendo cada vez mais com cada vez menos, eliminando desperdício e aumentando eficiência. É um processo que nunca vai acabar. São esses ganhos de produtividade que nos permitirão permanecer competitivos – isto no modelo de negócio actual. É também importante a procura de mercados que valorizem o que de bom se faz em Portugal.
serviço. Haver clientes que estão dispostos a pagar um pouco mais pela nossa qualidade deixa-nos com a esperança no futuro. Isto vai mudar, mas não vai acabar.
Acabar com o individualismo. Como já disse antes: estar cada um a pensar só na sua coutada não é certamente o caminho. Temos de alinhar esforços, competências e compromissos, ao longo de toda a fileira, desde o fornecedor de fio até ao confeccionador, que faz a frente do mercado e coordena toda a cadeia de valor. Quais são os pontos fortes da nossa ITV?
Somos muito bons no design, desenvolvimento de produto e
As perguntas de
Em que direção vai mudar?
Não sabemos. Temos de nos habituar a viver com a incerteza. As únicas certezas são que a mudança vai acontecer a um ritmo mais intenso e acelerado. Não conseguem descortinar tendências?
Estamos a caminhar para uma cada vez maior costumização do produto, para o feito por medida. O que traz novos e interessantes problemas ao nível da logística e do processo produtivo. Estão preparados para isso?
Somos um atelier industrial. Estarmos vocacionados para o segmento médio/alto obrigou-nos a ser muito flexíveis, a trabalhar com pequenas quantidades, o que exige uma enorme capacidade de gestão de processos. Que projetos têm em cima da mesa?
Diversificar a oferta, integrando internamente novas competências, que intensificarão os processos industriais internos, mantendo o modelo de subcontratação, com ganhos operacionais para toda a cadeia. A ideia é sermos mais verticais na área do desenvolvimento de produto. Um grande salto em frente?
Que mais vai ser preciso?
ção e resmungador de serviço. Trabalhavam dia e noite - a maior maratona foi nonstop, de 3ª a 6ª, tão violenta que o Casimiro até desmaiou a meio. Mas aos domingos não falhavam a missa - e a 5ª à noite estava reservada para o namoro. De então para cá, tem sido sempre a subir e 35 anos depois a Pedrosa & Rodrigues fechou 2017 com vendas de 16 milhões de euros e 110 trabalhadores. “A história da Pedrosa é comum à de muitas empresas têxteis nascidas após o 25 de Abril como veículo para sair da pobreza e subir na escala social dos seus fundadores”, resume Miguel, o filho mais velho desta história de amor e ambição com um final feliz.
Não é um salto, mas um processo que está a ser feito com todas as cautelas. Estamos a testar novas soluções num esforço de contínua adaptação aos sinais que nos chegam do mercado. E abrir o leque de produtos para oferecer aos clientes que temos hoje e aos novos que chegarão amanhã. É o caminho do crescimento?
Queremos crescer, mas com calma e organicamente. Preferiremos sempre não crescer a por em risco a estabilidade e sustentabilidade da Pedrosa & Rodrigues. t
Paulo Vaz Director Geral da ATP Quais os elementos diferenciadores que permitiram à Pedrosa & Rodrigues alcançar a reputação de empresa modelo no domínio do private label?
Oferecemos standards muito elevados ao nível da qualidade e serviço. Adequamos os processos ao que o cliente espera de nós, ou seja, operamos de acordo com o que é útil ao cliente e não necessariamente ao que nos é mais cómodo. Somos um bom hub de conhecimento e estabelecemos as nossas credenciais de confiança e credibilidade ao apostar em relações de longo prazo com trabalhadores, fornecedores e clientes.
Isabel Paiva de Sousa Executive Education Advisor da Porto Business School Atendendo ao vosso posicionamento global, quais as competências que mais valoriza na equipa da Pedrosa & Rodrigues?
A nossa equipa é resiliente, empenhada e leal ao compromisso de acrescentar valor a todos os stakeholders. Acreditamos que ser-se bom não é uma questão de dimensão, mas uma questão de performance. Eu diria que a capacidade da equipa em se adaptar às mudanças que vão sendo impostas - e em muitos casos resultantes de actividades internas - tem sido um factor crítico na performance da empresa.
O que estão a fazer para combater a falta de recursos humanos qualificados?
Quais lhe parecem ser os desafios da formação executiva para continuar a alavancar o futuro promissor desta indústria?
Temos em Marrocos um canal alternativo de fornecimento. E procuramos apresentar uma imagem mais atraente aos olhos dos jovens. Pagamos a creche das crianças, temos um salão de jogos, refeitório e ginásio. As pessoas são o coração da empresa e a variável mais difícil de encontrar. Estas devem ser o centro da empresa e ter as melhores condições possíveis durante o tempo que passam connosco.t
Hoje o conhecimento capta-se de variadíssimas formas e canais. A formação executiva é um deles e na minha opinião pessoal, trata-se de formação essencial – tal como vamos ao médico a vida toda, temos também de ir à escola. Compete às escolas saber adaptar programas e conteúdos relevantes e ajustados à indústria e compete à indústria saber aproveitar o que as escolas têm para dar: conhecimento testado e estruturado, bem como networking. t
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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LANIFÍCIOS
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ANDORINE FOI BUSCAR INSPIRAÇÃO AO FUNDO DO MAR
DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
Early Made
Rua do Rosário, 325 4050-524 Porto
Ano de criação 2017 Produtos Roupa, calçado e publicações Sócios Patrícia e Emanuel de Sousa Estilo Orientado para um público diverso mas com um estilo muito próprio, ligado às artes e às indústrias criativas
É sobre o tema Fallen Star que a marca portuguesa Andorine apresenta a sua colecção de Primavera-Verão para 2019. As peças vão buscar inspiração aos reflexos do sol no mar, às texturas do oceano e à delicadeza da areia. O resultado são roupas com brilhantes e lentejoulas, estampados com inspiração marítima, ganga adornada com patches coloridos, muitos tons de azul e roxo, cor-de-rosa e cinzentos.
ESTRILIA INVESTE 500 MIL PARA FABRICAR POLOS CAMISEIROS A Confeções Estrilia investiu cerca de meio milhão de euros numa nova linha de produção de polos camiseiros, composta por 16 máquinas adquiridas à J.B. & Castro. Com a inauguração da nova linha, a empresa espera fechar este ano com um volume de negócios de um milhão de euros (em serviços, pois trabalha a feitio), um crescimento de 25% face a 2017. O grupo Inditex é o destinatário do essencial da produção da nova linha, com capacidade para produzir 2 000 polos/dia, da fábrica liderada por Miguel Teixeira, que tem 62 trabalhadores.
Nascida como as cerejas
1,09 mil milhões
de euros é o saldo positivo da balança comercial do setor têxtil e de vestuário, que apresenta uma taxa de cobertura de 127%
Pode parecer invulgar mas a história da Early Made começa numa Guesthouse, precisamente na porta ao lado de onde hoje se encontra a loja. Uma história que, conta-nos a proprietária, nasceu como as cerejas e cresceu com a Moda. Patrícia e Emanuel de Sousa são irmãos e tinham aberto em 2012, no número 233 da rua do Rosário, a guesthouse Rosa et Al Townhouse. Foi aí que começaram a reparar que muitos dos seus hóspedes estavam ligados à indústria da moda, uns como empresários que vêm produzir as suas coleções a Portugal, outros como clientes finais. Das conversas trocadas com os empresários ficaram a saber que muitas das marcas internacionais que usavam eram produzidas no nosso país. Dos outros ouviam as queixas de que as lojas da cidade não eram diversas o suficiente, quer fossem High Fashion ou de Mass Market. “Faltava o intermédio. E as lojas de moda à nossa volta diziam que os clientes da guesthouse representavam um volume muito grande de vendas”, conta Patrícia de Sousa, uma das proprietárias. Entretanto, a loja ao lado vagou e tinham ficado com ela para armazém e escritório. Estava criado o alinhamento perfeito. “Foi como as cerejas, uma coisa puxa a outra. Quando demos por ela, tínhamos contactos feitos com marcas holandesas, francesas, inglesas e suecas, todas elas com produção ou design português. O conceito da loja nasce nestas premissas: roupa intemporal, intermédia, de qualidade, e que de alguma forma seja portuguesa, quer pela matéria-prima, pelo design ou pela produção”, explica Patrícia. Assim abriram a Early Made, um espaço de ins-
piração industrial que está desenhado para mudar de layout a cada nova coleção. De momento, a área central está preenchida com peças de roupa que, penduradas em cordas, pendem do teto. Tudo está à mão do cliente, pronto a ser tocado e experimentado. No primeiro ano, vendiam exclusivamente roupa masculina mas o carácter andrógino das roupas fez com que muitas mulheres visitassem o espaço. Agora, a roupa feminina representa 40% das peças. Não que isso interesse, pois a ideia é que (quase) todas as peças possam ser usadas sem olhar ao género. Maison Kitsuné, Albam, Folk Clothing, Anedocte, You Must Create e Stutterheim são algumas das marcas que pode encontrar na loja. No entanto, caso as marcas internacionais não sejam a sua preferência, pode sempre optar peças made in Early Made, que em alguns casos até são elaboradas dentro do próprio espaço da loja. “Dedico-me à arte têxtil já há algum tempo. As peças são desenhadas por mim e pelo Emanuel e, ou são feitas cá, com execução da Maria David, ou produzidas em fábricas portuguesas. Outras são criadas nas nossas residências artísticas”, completa. Isto porque a Early Made não é apenas uma loja mas também uma plataforma artística, que se divide em dois espaços: o Blackroom, localizado na cave e que funciona como sala de exposições, e o Whiteroom, o espaço superior onde também está inserida a loja e que alberga as residências artísticas na área do têxtil. Quanto ao nome, Early Made é nada mais nada menos do que tradução literal do nome do bairro portuense onde a loja se insere: Cedo feita. Como as cerejas. t
IGNITE SESSIONS DEBATERAM MATERIAIS AVANÇADOS A monitorização contínua de atletas e de militares através do vestuário foi uma das tendências debatidas na primeira edição das Ignite Sessions dedicada aos Materiais Avançados e promovida pela Fibrenamics, plataforma internacional da Universidade do Minho, que decorreu em Guimarães. A sessão teve casa cheia para ouvir falar de inovação e oportunidades de negócio, com Bruno Figueiredo, distinguido pela Forbes como uma das figuras com menos de 30 anos mais bem sucedidas do mundo na área da indústria, como orador principal.
LACOSTE LANÇA COLECÇÃO COM ICONOGRAFIA OLÍMPICA É com base na história dos Jogos Olímpicos que a Lacoste vai lançar a sua nova colecção de vestuário. Chama-se Olimpic Heritage e resulta de um acordo assinado entre a conhecida marca francesa e o Comité Olímpico Internacional. A nova linha de vestuário e acessórios para homem vai ter uma colecção específica para cada temporada e terá continuidade pelo menos até 2020.
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FEIRAS
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GENDA DAS FEIRAS
MUNICH FABRIC START 4 a 6 de Setembro - Munique A. Sampaio & Filhos Têxteis, Albano Morgado, Cliques & Riscos, Gierlings Velpor, J. Areal – Artigos Têxteis, Luís Azevedo, Lurdes Sampaio, MMRA, Modelmalhas – Indústria de Malhas, Paulo de Oliveira, Penteadora, RDD – Textiles, Riopele, San Martin – Sociedade Têxtil, Sidónios Malhas, Somelos Tecidos, Tessimax Lanifício, Texser, Tintex Textiles, Trimalhas MUNICH FABRIC START | SOURCING 4 a 6 de Setembro – Munique Consifex, Lima&Companhia, Orfama, SM Senra, Top Trends CPM MOSCOVO 4 a 7 de de Setembro – Moscovo Blackspider, Cubosdalgodão, Litel MAISON & OBJECT 7 a 11 de Setembro – Paris 3D Cork, Burel Mountain Originals, Carapau Portuguese Products, Devilla, Laboratório d’estórias, LASA Home/MAF, Sugo Cork Rugs, Texteis IRIS, TM Collection WHO’S NEXT 7 a 10 de Setembro - Paris Ana Sousa, Blackspider, Concreto, Cristina Barros, Luís Buchinho, Maloka / Paul Brial MOMAD 7 a 9 de de Setembro - Madrid B Simple, Babashdesign, Blackspider, BOW, Carolina Bernardo, Concreto, Cotton Brothers, Cristinabarros, Kalisson | Bagoraz | Le cabestan, KARLEK, Lion Of Porches, Maloka | Paul Brial | Mellem, Myako, Pé de Chumbo, Scripta, SCUSI, SMF INTERGIFT 12 a 16 de Setembro – Madrid Dilina Texteis, DKT – OPIBRANDS, DolceCasa, Rio Sul, Têxteis Evaristo Sampaio, Têxteis IRIS PREMIÈRE VISION 19 a 21 de Setembro – Paris Fabrics: A. Sampaio, Albano Morgado, Acatel, Avelana, Etexba, Familitex, JOAPS, Lemar, LMA, Luís Azevedo, Lurdes Sampaio, NGS, Otojal, RDD Textiles, Sidónio Malhas, Texser, Tintex, Trend Burel, Trimalhas, Troficolor, Adalberto, Gierlings Velpor, Paulo de Oliveira, Penteadora, Somelos Tecidos, Tessimax, TMG Yarns: SMBM, Filada /Miguel Antunes Fernandes, Têxtil António Falcão, Inovafil, Têxtil JFAlmeida Accessories: IDEPA, Envicorte - Nova, JSB Oliveira & Oliveira Smart Square: Sedacor Knitwear: Orfama Manufacturing: A J. Gonçalves, J. Caetano & Filhas, R. Lobo, Raith, Siena, Soeiro Centro Têxtil, Tri-wool KIND + JUGEND 23 de Setembro – Colónia B-MUM, FS Baby, Piccola Speranza
SELECTIVA MODA APRESENTOU PROGRAMA PARA 2019
A Associação Selectiva Moda (ASM) debateu e apresentou o calendário de feiras para 2019 numa reunião do recém-criado Conselho Consultivo para a Internacionalização, composto por Miguel Mendes (A.Sampaio), José Robalo (ANIL), Paulo Melo (ATP), António Amorim (CITEVE), Ana Paula Rafael (Dielmar), Mário Jorge Machado (Estamparia Adalberto), Nuno Sousa (Flor da Moda/Ana Sousa), José Armindo Ferraz (Inarbel), Katty Xiomara, Jorge Pereira (Lipaco), Alexandra Araújo (LMA), Artur Soutinho (MoreTextile), António Cunha (Orfama), Paulo Augusto de Oliveira (Paulo de Oliveira), José Alexandre Oliveira (Riopele), Gabriela Melo (Somelos) e Manuel Gonçalves (TMG).t
TROFICOLOR MOSTRA WORKWEAR DO FUTURO EM LONDRES Sustentável e com uma imagem renovada, é assim que a Troficolor concebe uma nova geração de vestuário de trabalho. Enquadrada na comitiva “From Portugal”, a têxtil trofense aproveitou a presença na London Textile Fair para apresentar ao mercado internacional a sua nova família de workwear. A ideia, explica a empresa, consiste em fazer esquecer o conceito de “uniforme”, ou seja, o vestuário unicamente reconhecido pela durabilidade dos seus tecidos, mas apresentado “numa versão bruta e sem brilho”. Em alternativa, a Troficolor baseia-se no denim estruturado, o seu tecido de eleição, para apresentar uma nova abordagem “não perdendo o seu lado prático e confortável, mas ganhando assim o seu espaço na moda com um look completamente renovado e adaptado ao lado fashion do casual wear.” Para além da nova imagem, a empresa dá também passos na sustentabilidade com a aposta em misturas de fibras ecológicas, tais como o algodão orgânico, o algodão reciclado, o poliéster reciclado e o
tencel. “Há um grande interesse pelos artigos orgânicos e reciclados e o nosso stand foi muito procurado por isso”, afirmou Vera Vieira, gestora comercial. Na London Textile Fair, a ITV nacional apresentou esta e muitas outras novidades, com o objetivo de se destacar num universo de mais de 500 expositores. A Londres acorreram milhares de visitantes, especialmente do Reino Unido, mas também dos principais mercados europeus e anglófonos. “Foi uma feira muito interessante, quer pela quantidade como pela qualidade. Tivemos visitas sobretudo de ingleses, mas também espanhóis, australianos e irlandeses” comentou Baltazar Lopes, administrador da Albano Morgado, em jeito de balanço. Para além da Troficolor e da Albano Morgado, fizeram também parte da comitiva “From Portugal” na London Textile Fair a 6 dias, a Burel Mountain Originals, a Lemar, a MMRA-Maria Madalena Rocha Azevedo, a Texser e a Vilarinho, às quais se juntaram ainda a Brito & Miranda, Gierlings Velpor, Paulo de Oliveira e Riopele. t
B’LOVELY SOBE À PASSERELLE EM LONDRES A participar pela primeira vez na Pure London, a portuguesa B’Lovely não poderia pedir uma melhor estreia. A marca de roupa infantil foi uma das convidadas pela organização da feira a desfilar na passerelle do Olympia para apresentar alguns dos seus novos modelos e participar na definição das tendências para 2019. No primeiro ano em que a Pure London abrange a moda infantil, a B’Lovely quis surpreender com a apresentação de 200 novas peças, orientadas para o mercado de luxo, dos 0 aos 12 anos. “A maior parte das nossas roupas de criança são feitas à mão com muito detalhe, muito bor-
dado, muito smock, enfim, muito pormenor, o que faz de cada uma delas uma peça única, tudo pensado ao pormenor pela nossa designer Cristina Ribeiro” explicou Florbela Santos, representante da empresa. O convite da organização foi apenas a cereja no topo do bolo, numa estreia que ficou pautada pelo contacto com vários compradores internacionais. “Neste momento, por exemplo, temos uma grande empresa holandesa, que tem lojas na Holanda mas também na Austrália e em França, a contactar-nos, tendo já manifestado interesse em vir a trabalhar con-
nosco.” adiantou Florbela Santos. Para além da B’ Lovely, na Pure London esteve presente uma vasta comitiva de marcas e empresas portuguesas enquadradas pelo projeto “From Portugal”: BC Blackspider, Cristina Barros, a Cotton Brothers, a Lima & Companhia, a Litel, a Perff, a SMF e a Trot & Trotinete, às quais se juntou ainda a Lion of Porches. Durante os três dias de feira, as empresas nacionais tiveram a oportunidade de contactar com compradores de marcas internacionais, designers, influenciadores e outros profissionais do mundo da moda e vestuário. t
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PORTUGAL EM MEDELLÍN COM O MELHOR ONZE Em Medellín, na ColombiaModa, a comitiva portuguesa deu provas de como o oceano Atlântico e os quilómetros de distância não são um obstáculo para os têxteis nacionais. Considerada como uma porta de entrada para os vários mercados da América do Sul, a feira contou com a participação de onze empresas: a A. Ferreira & Filhos, Fábrica de Tecidos do Carvalho, Fateba, Inarbel, Katty Xiomara, Lemar, Malhas Carjor e Sotegui, no âmbito do projeto “From Portugal”), às quais se juntaram a Dielmar, a João & Feliciano e a Têxtil Rarial. Pelos corredores da ColombiaModa viveram-se dias muito movimentados. Logo no primeiro dia foi registada uma afluência acima da média, com a presença, a convite da feira, de muitos compradores chilenos, costa-riquenhos, mexicanos, bolivianos e até norte-americanos. Nos restantes dias verificou-se, acima de tudo, a presença em peso de toda a indústria têxtil e de vestuário colombiana. Para chamar as atenções dos milhares de visitantes internacionais, a comitiva nacional destacou-se pela apresentação de novos produtos. Exemplo disso foi a estreante Fateba, que em Medellín apresentou uma nova selecção de toalhas de mesas e têxteis de cozinha, o que lhe valeu contactos muito promissores para uma implantação na América do Sul. Também a marca de vestuário infantil Wedoble e a confecção Carjor conseguiram cumprir um
EDIÇÃO DE SETEMBRO DA MOMAD AVANÇA A TODO O GÁS A três meses do início do certame, a MOMAD Metrópolis contava já com 90% de ocupação do espaço da feira, uma taxa de ocupação muito superior se comparada com o mesmo período das edições anteriores. A IFEMA – Feria de Madrid, organizadora do evento, confirmava então a presença de cerca de 750 marcas, garantindo uma grande variedade de estilos.
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eventos serão este ano realizados nas instalações da Messe Frankfurt, que espera fechar o ano com um volume de negócios recorde de 700 milhões de euros
TECHTEXTIL NORTH AMERICA AGORA VAI SER TODOS OS ANOS
dos seus principais objectivos, logo nos primeiros contactos, ao encontrarem importadores para o mercado colombiano. O sector do vestuário infantil foi um dos que mostrou mais vivacidade, não fosse o mercado sul-americano condicionado por uma taxa de natalidade superior à europeia. A Inarbel, empresa do grupo com maior experiência no mercado sul-americano, deu continuidade ao seu bom trabalho de implementação na América Latina, onde já tem vários distribuidores da sua marca de vestuário infantil, a Dr.Kid. Mais uma vez, a etiqueta “Made In Portugal” afirmou-se como um dos principais argumentos da indústria nacional. “Os têxteis portugueses gozam de
um grande prestígio e aceitação no mercado sul-americano, que, aliás, tem muitas semelhanças com o nosso em termos culturais” explica João Ferreira, Sales Manager da Sotegui, referindo-se especialmente ao sector dos têxteis lar, onde o comportamento dos consumidores sul-americanos segue as tendências europeias. No sector da Moda, foi Katty Xiomara a representar Portugal ao mais alto nível. A estilista portuense (que é cá da casa) levou à ColombiaModa a sua colecção Outono-Inverno 2018, com o objectivo de estreitar relações com designers locais. “A América Latina apresenta um grande potencial e a Colômbia pode possibilitar o acesso aos outros países da região”, explica . t
TÊXTEIS NACIONAIS MOSTRAM FACETA ECOLÓGICA EM NY Na cidade que nunca dorme, em mais uma edição da Première Vision NY, a indústria têxtil nacional mostrou-se inovadora e competitiva, mas também sustentável e preocupada com as crescentes exigências do mercado. Albano Morgado, Joaps, Lemar, Lurdes Sampaio, Otojal, Sidónios e Texser representaram a indústria nacional e mostraram como Portugal está na vanguarda dos têxteis sustentáveis. “Estamos a apostar nas malhas orgânicas e recicladas, especialmente concebidas para marcas de um sector médio-alto” explicou Carla Araújo, gestora comercial da Joaps. No mesmo sentido, também a têxtil Lurdes Sampaio mostrou em Nova York o seu lado mais ecológico. “Desenvolvemos bastantes misturas com base em materiais orgânicos, sustentáveis e eco-friendly” afirmou João Paulo, o International Market Manager da empresa. Já a dar os primeiros passos na economia circular, a Lemar levou na bagagem para Nova Iorque uma colecção de tecidos produzidos a partir de resíduos de
plásticos e de garrafas recolhidas no fundo do mar. “Apresentamos uma colecção de tecidos sustentáveis, produzidos com fios poliéster reciclado das gamas Seaqual e Newlife, a partir de garrafas recolhidas nos oceanos e em terra, e de outros resíduos plásticos” afirma Fátima Silva, representante da Lemar, que tem levado esta novidade aos quatros cantos do mundo. Pela sua dimensão e diversidade, os Estados Unidos representam um objectivo estratégico para toda a comitiva nacional. Neste mercado, para além da qualidade da produção nacional, os empresários portugueses tentam beneficiar do laço cultural que existe entre Portugal e os Estados Unidos. “Ao longo da história, as relações comerciais entre norte americanos e portugueses sempre foram prósperas, pelo que é de todo o nosso interesse aprofundar este mercado”, explica Cristina Fonseca, a International Sales Manager do grupo Otojal, expressando a vontade colectiva de toda a comitiva “From Portugal”. t
Na Europa, a Techtextil continuará a ser apenas de dois anos, mas do outro lado do Atlântico, o ritmo vai acelerar já a partir deste ano, com localizações alternadas em Raleigh (Carolina do Norte) e Atlanta (Georgia). “A procura não pára de aumentar. Este ano tivemos 563 expositores de 32 países, que ocuparam uma área 26% maior do que na edição de 2016”, explicou Dennis Smith, presidente e CEO da Messe Frankfurt Inc.
TÊXTIL ANTÓNIO SALGADO NO AZERBAIJÃO
NEONYT É A NOVA FEIRA DE MODA ÉTICA
A têxtil António Salgado foi a única empresa do sector a integrar a segunda missão da Associação Empresarial de Portugal ao Azerbaijão, um mercado muito específico tendo em conta a localização do país no corredor entre a Europa e a Ásia. Este é o primeiro contacto com o Azerbaijão da têxtil de Guimarães.
É da fusão entre a Ethical Fashion Show Berlin e a Greenshowroom que a Messe Frankfurt lança, em Janeiro de 2019, a NEONYT, a nova feira que será também uma plataforma global dedicada à moda ética, inovadora e sustentável. A novidade será apresentada durante a Kraftwerk Berlin.
MODA SUSTENTÁVEL PORTUGUESA NO ETHICAL FASHION SHOW Foram ao todo oito as empresas portuguesas de moda sustentável a marcar presença na Ethical Fashion Show, que decorreu no início de Julho, no edifício Kraftwerk, em Berlim. Artelusa, Elementum by Daniela Pais, Green Boots, Marita Moreno, NAE Vegan, Näz, Rutz e Ultrashoes levaram as suas propostas em moda sustentável a esta feira internacional onde a moda e a sustentabilidade andam sempre de mãos dadas.
ESTREIA DE LUXO FAZ A KITESS SONHAR A participar pela primeira vez numa feira internacional, a marca portuense de biquínis e fatos de banho regressou da Unique by Mode City, em Paris, com uma lista de contactos recheada e com a promessa de vir a colocar os seus produtos em vários mercados europeus.
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A FASHION FORWARD Por: Juliana Cavalcanti
Só uma peça e basta Existe uma tendência no mercado – ou talvez seja mais um comportamento de consumo –, cada vez mais forte que mostra a busca das mulheres por peças que sozinhas criam todo o look. São as famosas peças únicas que nos vestem por inteiro sem termos que nos preocupar com combinações, com o que vestir na parte de cima e na parte de baixo que fique bem conjugado. O que chamamos de peças únicas são simplesmente os famosos vestidos (a peça mais feminina de um guarda-roupa) e mais recentemente os macacões – curtos ou compridos, nos mais variados estilos – uma verdadeira febre actualmente. Todas nós temos já exemplares de vestidos ou macacões a compor o nosso repertório de estilo. O que está em pauta aqui é uma tendência cada vez maior pela busca de mais, pela vontade de ter mais e mais opções que facilitem o dia a dia da mulher. A razão é fácil de perceber. Nos tempos de hoje, quando o que menos se tem é tempo, e o que mais se tem são questões para pensar e resolver a cada segundo, tudo o que vier para facilitar a vida é mais que bem vindo. E não há como negar: aquele momento da escolha do que vestir para o dia consome-nos energia e tempo. Quem nunca teve aquele stress de “crise do vestir” (como eu costumo chamar), quando passamos minutos ou até horas preciosas sem saber o que usar – e a achar que nada nos fica bem.
Quando uma só peça faz o papel de duas, com certeza há um fator facilitador e prático que nos deixa mais descansadas. E não só: estas peças únicas são símbolos da feminilidade e ao mesmo tempo refletem uma certa despretensão desejada, aquele “coolness” subliminar por parecer que não gastamos muito tempo a pensar na roupa – só “jogamos” aquele vestido no corpo, calçamos os sapatos e saímos. A moda está cheia destas mensagens por trás do que se vê e o mais interessante é saber como comunicá-las através da roupa. No último relatório da Google sobre o comportamento de consumo na Moda para 2017, uma das três tendências destacadas era justamente esta: peças que sozinhas nos deixem prontas para tudo. Claro que alguns vestidos ou macacos são mais adequados para ocasiões diferentes – os mais formais para trabalho, os mais casuais para um fim de semana, os mais ousados para sair a noite, os mais “festa” e aqueles que funcionam para quase tudo – são as peças transversais e particularmente as minhas favoritas. É só escolher os acessórios certos e estamos prontas para o que vier! Aqui seleccionei alguns modelos super actuais para todas as ocasiões específicas, pois esses jokers são fantásticos para se ter como nossos aliados no guarda-roupa. É só se inspirar e adotar esta tendência que veio, com certeza, para ficar. t
INÊS TORCATO SONHA VER GENTE A USAR A ROUPA DELA Andar a passear na rua e ver pessoas a usarem a sua roupa é um dos sonhos de Inês Torcato, confessado pela jovem designer numa entrevista de página publicada na Vida Económica. “O meu sonho é ter uma marca com algum reconhecimento internacional, apresentar as minhas coleções em desfiles internacionais, passear na rua e ver pessoas a usarem a minha roupa”, afirma Inês que estudou Audiovisual, Multimedia e Pintura, na Soares dos Reis e Belas Artes, antes de se focar no design de moda.
FAMALICÃO DESTACA INOVAÇÃO DA WESTMISTER O roteiro pela Inovação de Famalicão levou o presidente do município até à WestMister, a inovadora marca de meias masculinas para o segmento alto que está a trilhar um percurso coeso de afirmação nacional e internacional. De fabrico 100% português, a partir de Vila Nova de Famalicão, a WestMister é uma marca criada por Luís Campos, que faz o desenho das meias e acompanha todo o processo de produção das mesmas.
AMBASSADOR APOSTA EM CAMISAS ANTI-NÓDOAS A Ambassador Portugal desenvolveu uma peça de roupa anti-nódoas que une o tecido tradicional com a nanotecnologia. O algodão pima das camisas e algodão pique dos pólos funde-se com a nanotecnologia para criar resistência aos odores e nódoas. O projeto necessita de 40 mil euros para arrancar com a produção. A campanha de crowdfunding decorre até ao final do mês de agosto.
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STELLA MCCARTNEY VENDE RÉPLICAS DO VESTIDO DE MARKLE O segundo vestido usado por Meghan Markle no dia do seu casamento com Príncipe Harry foi o preferido de muita gente, ultrapassando até o Givenchy que a agora duquesa escolheu para entrar na igreja Stella McCartney, a autora da peça que Meghan escolheu para ir ao copo de água, anunciou ter colocado à venda 46 réplicas desse vestido.
SACOOR BROTHERS FAZ T-SHIRTS PARA PLANTAR 30 MIL ÁRVORES
SONIX É A 1 A RENOVAR O STEP BY OEKO-TEX A
Depois de ter sido a primeira empresa a receber o certificado STeP – Sustainable Textile Production, emitido em Portugal e pelo CITEVE, a SONIX voltou a ser a primeira empresa a ver renovada a certificação que atesta o cumprimento das melhores práticas em matéria de sustentabilidade. A entrega simbólica do certificado foi feita por Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, e por Renato Dias, do Departamento de Certificação, a Samuel Costa, administrador da Malhas Sonix, e a Silvia Tarrio, responsável STeP na empresa. t
MARIANA PEREIRA: A OLBO & MELHER EM CHARLOTTE Mariana Pereira (na foto), 29 anos, uma engenheira que vive e tem quartel general em Charlotte, e é a responsável nessa cidade por todo o mercado da América do Norte de uma multinacional alemã (Olbo & Melher) cujo coração industrial bate em Famalicão? Não, esta história não tem nada de fantasioso. Agora o mundo é mesmo assim. A Olbo & Melher tem ideias bem concretas e definidas para o mercado norte-americano, onde investiu num armazém, tem um escritório em Charlotte (Carolina do Norte) e não descarta a hipótese de passar a ter uma base industrial, no caso de a expansão correr de acordo com o planeado. Neste momento, os Estados Unidos valem anualmente apenas cerca de 1/6 (10 milhões em 60 milhões de euros) do volume de negócios desta empresa, que tem clientes em diferentes segmentos - tecidos para correias de transmissão, mas também as industrias automóvel e farmacêutica. Licenciada em Engenharia Química pela FEUP, Mariana Pereira teve na Olbo&Melher o seu primeiro emprego, pouco tempo depois de ter terminado o curso. Debutou em Famalicão, em novembro de 2011, no âmbito de um estágio profissional, passou pelo departamento técnico, dirigida por Elisabete Silva, antes de começar a lidar com a parte comercial. Como tomou o gosto pela componente comercial do negócio, resolveu fazer uma gradução em Gestão de Vendas na Porto Business School, que acabou em 2016. Não demorou muito tempo até Mariana dar por ela a atravessar o Atlântico e montar o seu quartel general em Charlotte.
“I care for Portugal” é o nome da iniciativa para reflorestar Portugal que a Sacoor Brothers tem em curso, em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Nos termos desta campanha, a marca de vestuário compromete-se a entregar ao ICNF todas a receitas de venda da coleção de t-shirts feitas em 100% algodão orgânico. Com esta iniciativa a Sacoor Brothers espera contribuir com 30 mil árvores que serão plantadas na zona da Marinha Grande e Leiria.
BUREL ENTRA EM JOGO NA CIDADE DO FUTEBOL
GRUPO BENETTON COM PERDAS RECORDE
Para revestir os escritórios da Cidade do Futebol, em Oeiras, a Federação Portuguesa de Futebol escolheu uma versão moderna do burel, um tecido artesanal das regiões montanhosas, designadamente da Serra da Estrela. Criado pela Burel Factory, de Manteigas, o tecido afirma-se como uma solução elegante e personalizável, para lá da sua capacidade de isolamento térmico e sonoro.
A Benetton, grupo italiano de vestuário, concluiu 2017 com uma perda de 180 milhões de euros, a maior da sua história, mas espera ver em 2019 os primeiros efeitos da nova estratégia de recuperação, iniciada com o regresso de um dos seus fundadores, Luciano Benetton, de 83 anos, que anunciou no final de novembro o seu retorno ao leme da marca, lamentando a degradação do seu estilo e das contas.
22 patentes
estão registadas pela TMG Automotive, algumas delas em parceria com clientes (como a BMW, Toyota ou Daimler) ou centros de investigação portugueses
É a partir desta cidade da Carolina do Norte, onde vive com o marido (um financeiro que a seguiu e arranjou trabalho no Bank of America), que dirige toda a operação comercial nos Estados Unidos da Olbo. “Gostamos muito de estar aqui. Charlotte é uma cidade onde é fácil de viver - e tem uma das maiores taxas de crescimento dos Estados Unidos”, declara Mariana Pereira, a Regional Sales Manager North America da Olbo & Mehler, acrescentando que rara é a semana em que não se meta num avião para ir visitar clientes.t
DIESEL RED TAG BY G. MARTENS, MADE IN CELEIRÓS BY ANGLOTEX As Malhas da coleção Diesel Red Tag, desenhada pelo belga Glenn Martens e que foi apresentada na Semana de Moda de Milão, foram fabricadas em Celeirós, Braga, pela portuguesa Anglotex. Fundada em 1991 por António Gomes, a Anglotex emprega 48 pessoas, fechou 2017 com um volume de negócios de seis milhões de euros e conta com marcas como a All Saints, Max Mara ou a Diesel na sua carteira de clientes.
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CINCO EMPRESAS PORTUGUESAS AJUDAM SUSTENTABILIDADE DA C&A A Estrilia Confecções Lda, a Fábrica de Peúgas Remigio Pereira Pinto & Filhos, a Gonçalves & Matias SA, a Poder de Criação LDA e a XHM Têxteis Lda são as cinco empresas portuguesas que integram a vasta cadeia de fornecimento da C&A, que abrange mais de 1 milhão de pessoas empregadas através de 757 fornecedores globais que gerem mais de 2000 unidades de produção - de fornecedores diretos e de segundo grau.
FARFETCH ADMITE 60 ESTAGIÁRIOS A Farfetch admite este ano 60 estagiários no âmbito da terceira edição do PLUG-IN, o programa de estágios remunerados da empresa. Além dos habituais perfis de formação em Engenharia e em Matemática, o programa alarga-se desta vez também à área de Produto, na vertente de Design. Os recém-formados admitidos, que são este ano quase o dobro das edições anteriores, ficam colocados a partir deste mês nos escritórios de Lisboa, Porto e Braga da Farfetch. No final dos seis meses do estágio do ano passado todos os 36 estagiários foram convidados a continuar na empresa.
BARCELCOM VENCE PRÉMIO INOVAÇÃO NOS
A peúga de compressão com funcionalidades de terapia e de reabilitação através da electroestimulação foi a vencedora do Prémio Inovação NOS na categoria de Pequenas e Médias Empresas. A cerimónia de entrega dos prémios decorreu no Teatro Tália, em Lisboa, onde a centenária têxtil de Barcelos esteve representada por Vânia Fontes e Nuno Mota Soares. A peúga destina-se principalmente a atletas, e já foi utilizada no Mundial de Futebol da Rússia por jogadores de várias selecções.t
FARIA DA COSTA: 1,5 MILHÕES PARA SER MAIS EFICIENTE Aumentar a eficiência no processo industrial é o grande objetivo do investimento de 1,5 milhões de euros que a Faria da Costa tem em curso na reformulação da sua fábrica de Ucha, Barcelos, onde 90 trabalhadores produzem 25 mil pares de meias por dia. Além de ampliar a sua capacidade instalada, a empresa pretende acima de tudo flexibilizá-la explorando as vantagens da produção de pequenas séries com elevada diferenciação e personalizar do produto. Fundada há 30 anos por Álvaro Costa, que trocou o setor avícola (dedicava-se à produção de pintos e ovos reprodutores) pelo têxtil. A Faria da Costa apostou na progressão na cadeia de valor como reação a uma queda nas vendas, em 2012, motivada pelo efeito conjugado da concorrência asiática e de um inverno temperado. “No fundo, a nossa estratégia é fugir à concorrência”, resume Álvaro Costa, explicando as razões da opção pela produção de peúgas técnicas e inteligentes,
um caminho que começou a percorrer com o fornecimento ao exército israelita de meias de lã funcionais, fabricadas com uma mistura de fibras especiais que facilitam a respiração do pé. A Wyfeet, uma meia desenvolvida com o CITEVE que permite regular a temperatura dos pés, é o produto estrela da Faria da Costa, que está empenhada em aumentar a sua oferta com soluções especificamente desenhadas para segmentos de mercado como o biking (nas suas variantes road e mountain), running, desportos de inverno (snowboard, esqui alpino, cross country ou ski touring), caminhada, montanhismo, trekking, desportos motorizados e saúde. Após fechar 2017 com um volume de negócios próximo dos 4 milhões de euros (um crescimento de 20% das vendas face a 2016), a Faria da Costa espera este ano voltar aos cinco milhões de euros que chegou a faturar antes da crise. t
"O setor tem vindo a ter um período bom, mas talvez por ser muito experiente sou um pouco cético e preocupo-me com alguma euforia que se vive" António Falcão CEO da Têxtil António Falcão
GUIMARÃES DÁ A CONHECER AS SUAS START-UP Foi para debater o futuro e da conhecer os projectos das Start-Up do concelho que a Câmara de Guimarães e da Câmara de Comércio Luso-Britânica promoveram um encontro sobre o sector, que teve lugar no Avepark. A par do debate sobre “O que pode ser feito em Guimarães para melhorar a taxa de sobrevivência das Start-Ups?”, o encontro serviu também para apresentação de 10 projetos Start-Up instalados no concelho: Communicateway; Geniunenigma; Possible Answer; Critical Materials; Zeepack; Couple OZ; Nieta Atelier; Zouri Shoes; Sincronideia; ATF Guimarães.
JOSÉ ARMINDO FERRAZ HOMENAGEADO NOS ROTÁRIOS
CITEVE REÚNE NATA DA INVESTIGAÇÃO A conferência anual da SFTI (Society of Fashion & Textiles Industrie) juntou no CITEVE especialistas e investigadores dos quatro cantos do mundo num encontro subordinado ao tema “Fashion and Technology Forward” (Moda e Tecnologia que aí vem, em tradução livre). Sendo uma das mais importantes organizações profissionais e académicas da Coreia do Sul, a SFTI que tem por hábito viajar pelas várias geografias para realizar a sua conferência anual,
sempre em locais da maior relevância para o sector do têxtil e da Moda. A par dos académicos e investigadores coreanos, passaram também pelo CITEVE especialistas da Itália, EUA, China, Japão, Filipinas, Mongólia e Taiwan, além dos portugueses. Com as apresentações principais a cargo do professor Chang Kyu Park, da Universidade Konkuk, da Coreia, sobre “A 4ª Revolução Industrial no Sector da Moda”, e do director-geral do CITEVE, Braz
Costa, sobre “A Vertente Tecnológica da Indústria Portuguesa do Têxtil e Moda”, os participantes tiveram oportunidade de visitar as instalações do CITEVE e da fábrica da Riopele, num roteiro que incluiu também uma deslocação à Inditex, na Galiza. Em paralelo com a conferência, decorreu também no átrio do CITEVE uma mostra tecnológica com a sugestiva designação “Now Green” (agora verde).t
O presidente da AEP, Paulo Nunes de Almeida, foi uma das personalidades que marcaram presença na homenagem ao empresário José Armindo Ferraz, dono da Inarbel e da marca de moda infantil Dr. Kid. Promovida pelo Rotary Club do Marco de Canavezes, a homenagem teve como finalidade distinguir o seu percurso profissional e empreendedor. Em declarações ao T Jornal, José Armindo Ferraz disse sentir-se “honrado e muito orgulhoso”, e vê nesta distinção a confirmação de um trabalho bem feito.
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M EMERGENTE Por: Cláudia Azevedo Lopes
Hugo Costa Estilista portugês Família Casado com Carmo Amorim, tem dois filhos: Alice, de cinco anos, e Luís, de sete, que herdou do pai o fanatismo pelo FCP Formação Licenciado em Design de Moda e Têxtil pela Escola Superior de Artes Aplicadas do Instituto Politécnico de Castelo Branco Casa Apartamento em São João da Madeira Carro Ford Focus carrinha, para levar a família Portátil Mac book pro Telemóvel iPhone X Férias Ainda não decidiu Hóbis Quando não tem o joelho lesionado, como de momento, joga à bola, faz corrida e anda de bicicleta Regra de ouro Nunca abdicar do rigor técnico
FOTO: RUI APOLINÁRIO
O artista Ainda o 1o semestre do ano inicial do curso de Engenharia Informática não tinha acabado e Hugo Costa já se tinha apercebido que aquilo não era para ele. Mal chegou a casa nas férias de Natal, pôs-se logo a desenhar. Afinal de contas, a vida sem arte não era possível. A paixão pelo desenho vinha desde pequeno, quando criava as suas próprias bandas desenhadas, copiava as da Marvel, e – para ter desenhos que mais ninguém tinha – gravava os episódios do Dragon Ball e pausava a televisão para copiar o frame. Sempre com o material de desenho atrás, passou a infância na fábrica de calçado do pai (onde a mãe também trabalhava como gaspeadeira) e quando não estava a desenhar, divertia-se a andar de bicicleta com os primos – sempre a competir para ver quem fazia o peão mais longo – e a atirar elásticos aos carros que passavam. O fascínio pela fábrica e pelas máquinas era tanto que quase perdeu lá um dedo, mas é só aos 12 anos, nas férias e nas horas livres, que começa a ajudar na empresa. Foi também cedo que se manifestou a sua outra paixão: o Futebol Clube do Porto. “A primeira vez que entrei num estádio devia ter 14 anos, num Porto-Benfica, com o meu padrinho, que foi quem me começou a levar aos jogos. Mas o fanatismo vem muito antes disso. Lembro-me de estar em casa com o meu pai a chorar por causa dos jogos”. Aluno mediano, “de quinzes”, estudava o suficiente para tirar uma nota que agradasse à mãe e para o futuro sonhava com arquitetura, que viu escapar-se-lhe por uma décima na média de acesso ao Ensino Superior. Foi assim que com 18 anos, e sem a mínima ideia do que queria fazer no futuro, escolheu Engenharia Informática e partiu para Aveiro. “Achei que conseguia cortar totalmente com as artes. Estava enganado. Ao fim dos primeiros meses, já estava em sofrimento. A vida mostrou-me que, quando temos uma ligação com a criatividade, somos abençoados e só percebemos isso quando sentimos a ausência dessa ligação”. No Natal, após uma interminável série de exames de cálculo, física e álgebra, regressa a casa sedento de sujar as mãos. Nessa altura começa a namorar com Carmo Araújo, hoje sua mulher, e começa a desenhar sapatos para ela mostrar ao pai, que tinha um gabinete de modelação de calçado. Quando deu por ela, estava a desenhar roupa. “Fazia primeiro o look e depois complementava com o calçado”. Decidiu trocar o curso para Design, também em Aveiro, mas a falta de vagas fez com que ficasse de fora. Não desistiu. Reúne com os pais e diz-lhes que se vai candidatar ao Modatex. “Se entrares no Modatex, desistes do curso. Se não entrares, voltas para Aveiro”, acordaram. Parecia tudo alinhado, só que o destino quis diferente: não entrou e regressa a Aveiro, para mais um ano e meio de sofrimento. Quando já não consegue aguentar mais, desiste. “Foi a melhor coisa que fiz”. Quando ingressa em Design de Moda em Castelo Branco, foi como chegar a casa. “Senti que eram quatro anos - quatro tiros, e eu não ia falhar nenhum”, confessa. A experiência corre tão bem que ainda durante o curso, onde teve como professoras Brígida Ribeiro e Alexandra Moura, começa a trabalhar como freelancer para empresas e marcas de todo o tipo. “Se houvesse uma oportunidade que estivesse relacionada com o design de moda eu aceitava. Ia à procura das oportunidades e agarrava-as”. Em 2010, já depois de finalizado o curso e já com a marca Hugo Costa criada, estreia-se no espaço Bloom do Portugal Fashion e em 2014 dá o salto para a passerelle principal. No entanto, é o ano de 2016 que traz ao designer uma das maiores conquistas profissionais: o convite para fazer parte da Semana de Moda Masculina de Paris, onde desde então tem sido presença habitual. Mas Hugo não é de deslumbramentos e por perceber que hoje não se sobrevive sem alguma polivalência, desdobra-se no atelier Hugo Costa, onde para além das coleções em nome próprio, ele e a sua equipa desenvolvem serviços para outras marcas, que vão do desenho de peças à fotografia e à produção de moda, trabalhos que coordena com o de professor no Modatex Porto. “O ser professor ajuda-me a manter-me activo. O andar para a frente. Dou tanto quanto recebo”. E ainda tem tempo para algumas surpresas, como a de descobrir que umas sapatilhas de sua autoria, usadas pelo cantor will.i.am, estão em exibição no museu Madame Tussauds, em Londres. “Uma amiga ligou-me e disse. “O que estão as tuas sapatilhas a fazer no Tussauds?”. Eu não fazia ideia. Foi uma grande surpresa”. t
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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves
Sports Suit
Desenvolvido pela SIT - Seamless Industrial Technologies S.A.
O que é? Fato inovador que aquece o corpo e afasta a humidade Para que serve? Otimiza a performance dos atletas, nomeadamente em desportos de inverno e outdoor Estado do Projeto? Em comercialização
ARTISTA ANN HAMILTON ESCOLHEU TECIDOS NA LAMEIRINHO Foi na Lameirinho que a artista americana Ann Hamilton avaliou tecidos para utilizar na elaboração da sua peça de arte concetual para a Contextile 2018. A par dos tecidos, a artista analisou também a possibilidade de introdução de algumas especificações relativas a cores, acabamentos e tingimento. A decorrer em Guimarães até 20 de Outubro, a Contextile 2018 é a 4.ª edição da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, um evento artístico que tem o apoio da Câmara de Guimarães e da indústria têxtil e foi visitado por 80 mil pessoas nas três edições anteriores (2012, 2014 e 2016).
O EMPREGO NA TÊXTIL CRESCEU 10% NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS A ITV está há três anos consecutivos a criar emprego líquido, sendo que os 12 853 postos de trabalho criados entre 2013 e 2017 representam um crescimento de 10% no emprego do setor – revelou Paulo Vaz, diretor geral da ATP, na sua intervenção durante o XX Fórum Têxtil. Para continuar a prosperar, a ITV sabe que tem de ter os olhos no futuro que, disse, será aquilo que nós quisermos", desde que o setor esteja organizado e fale a uma só voz”.
20%
do emprego na indústria transformadora é assegurado pelo setor têxtil e de vestuário
Não há frio que meta medo à SIT O prémio de “Melhor Produto”, atribuído ao Sports Suit nos Itechstyle Awards 2018, foi apenas a rampa de lançamento para voos ainda mais altos. O fato tecnológico da ex-Sonicarla, agora Seamless Industrial Technologies (SIT), começa a dar os primeiros passos no mercado e promete afirmar-se como um aliado de peso para todos os amantes de desportos da neve e de ar-livre. Através da junção de três fibras: viscose, lã e poliéster coolmax, o sports suit é capaz de conservar a temperatura do corpo e afastar a humidade, mantendo o atleta seco e protegido do frio durante a prática de desportos extremos, mesmo em condições adversas. Leve e respirável, o tecido atua como uma segunda pele e ajuda também a melhorar a performance desportiva. “A ideia nasceu de uma necessidade que verificamos no mercado, especialmente para a prática de esqui” explica Rui Castelar, director comercial e de marketing da SIT. Nesse momento, ainda em 2016, a verticalidade da empresa provou ser uma vantagem competitiva. “O facto de sermos uma empresa vertical, que vai desde a concepção ao produto final, permitiu-nos saber quais os fios e as técnicas de confecção a utilizar para desenvolver este fato”. Ao longo dos últimos meses, a têxtil de Mogege, Famalicão, tem levado este produto a feiras internacionais e os resultados começam a corres-
ponder às expectativas. “As reacções são sempre muito boas. Para além de bonito, é um fato que cumpre funções que as pessoas não esperam, o que nos permitiu vender já para vários clientes”. Sem marca própria, a SIT foca-se no mercado B2B e vai adaptando este fato inovador às exigências de diferentes clientes, o que lhe permitiu ir desenvolvendo novas versões que já fogem ao universo do esqui. “A partir das conversas com os nossos clientes, vamos acrescentando novas características e temos já soluções adaptadas à prática de outros desportos de inverno e mesmo a actividades de ar-livre, como caminhadas” adianta Rui Castelar. O vestuário técnico e desportivo afirma-se como um objectivo estratégico da SIT, que faz da inovação um dos seus principais argumentos competitivos. A trabalhar com a tecnologia seamless (vestuário com um número reduzido de costuras) desde 2002, quando ainda se chamava Sonicarla, a empresa de Vila Nova de Famalicão, onde trabalham 150 pessoas, quer continuar a inovar. “Desde 2016 que temos celebrado parcerias como o CITEVE, o CeNTI e a Universidade do Minho e neste momento temos dois novos projectos, orientados para a área da performance e sustentabilidade”, diz o director comercial e de marketing da SIT. t
JOVENS CRIADORES PORTUGUESES SEDUZEM NA CINECITTÁ Daniela Pereira, Joana Braga, Mara Flora, Maria Meira e Nycole apresentaram as respectivas propostas Primavera/Verão 2019 na Semana de Moda de Roma. Foi no Cinecittá, histórico espaço do cinema italiano, que os cinco designers deram a conhecer as suas criações, no âmbito do Fashion Hub do Altaroma, considerado como uma das principais plataformas de internacionalização de designers de moda emergentes.
"A TMG Automotive passou de smart follower para trend setter" Isabel Furtado CEO da TMG Automotive
GREGOS RENDIDOS AO MODTISSIMO E AO PORTO A última edição do Modtissimo foi o pretexto para a revista grega de lifestyle Great Ideas dedicar o seu último número à feira organizada pela Associação Selectiva Moda, mas também à própria cidade do Porto. Esta publicação faz um pequeno roteiro da cidade e recomenda: "O Porto recebe anualmente a Exposição Modtissimo World Textile, mas tem também muito mais a oferecer. Chegou a hora de descobrir a cidade, numa viagem que o irá surpreender."
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OPINIÃO PERSEGUIR OS MERCADOS José Armindo Ferraz Vogal da direção da ATP
UM MUNDO DIFERENTE Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T
Um dos grandes desafios de qualquer marca infantil hoje em dia é o inverno demográfico que afecta a maioria dos países desenvolvidos. Menos nascimentos, cada vez menos natalidade. Nem sequer as taxas de reposição são alcançadas e o futuro mais próximo não permite acalentar a esperança que algo vá mudar neste domínio. Por incrível que possa parecer, embora este seja um dos problemas estruturais e cruciais para a simples sustentabilidade e sobrevivência de muitos países, a verdade é que não se conhecem efetivas medidas de fundo destinadas a incentivar a natalidade, o que significa, por outras palavras, que se está a cometer um suicídio coletivo a prazo. Não estaremos aqui, nenhum de nós, daqui a 100 anos para comprovar estes prognósticos pouco otimistas, mas quem nos puder ler então poderá dizer que, estranhamente, apesar de todos os avisos e advertências, se descurou o essencial e que, enquanto entidade coletiva, não garantimos a sucessão, precipitando-nos no desastre. Foquemo-nos, contudo, no nosso negócio. Não daqui a um século mas hoje mesmo, no próximo ano ou anos, já que dele dependemos para existir. Empresas de moda infantil e quem nelas trabalha. Não podendo mudar o mundo, temos de compreender a mudança para melhor a aproveitar. E se é certo que num prazo mais ou menos curto, estaremos perante uma contração de mercado
Para quem está atento ao mundo, ele está a dar-nos sinais de mudança profunda, que poderemos não perceber imediatamente, mas que serão fundamentais no futuro. Quem os ignorar pagará caro a distração ou negação. No início deste século, com a liberalização do comércio internacional e a afirmação do fenómeno da globalização, houve muita gente que desdenhou dos avisos que então foram feitos e das conclusões de estudos que, oportunamente, se realizaram. Muitos já não têm empresas nem estão no sector, com enormes consequências para a geração de valor e maciça perda de empregos em toda a fileira. Ficou a memória deste momento, mas aparentemente não para a generalidade. Isto a propósito de três grandes tendências que estão a confluir e que vão transformar o nosso mundo em algo diferente e que não será certamente melhor. A primeira está ligada aos ajustamentos geoestratégicos: I - Os Estados Unidos de Donald Trump pugnam pelo protecionismo e são contra o comércio livre global. Desinvestem da Europa e sacodem o mundo a níveis perigosos. II - A Europa está entregue a si mesma,
nas geografias mais tradicionais, há que olhar para ele e para lá dele para agir adequadamente. Mudar não é um drama. É uma constante na vida que nos testa em permanência, mas que nos faz crescer e nos aprimora. Nunca um mercado está esgotado, por mais maduro que nos pareça, pois há sempre segmentos disponíveis para serem perseguidos e conquistados, assim como mercados emergentes, onde apesar do risco inerente à sua imaturidade, está tudo praticamente por realizar. Aí, só não vinga quem não tenta e o prémio da coragem é claramente maior do que o da abstinência. Uma coisa é sempre comum: o estudo preliminar, aturado e consciente, o trabalho preparatório para conhecer o mercado e o consumidor, e o investimento indispensável para ganhar quota, que além dos recursos financeiros, exige meios humanos capazes e dedicados e, sobretudo, tempo, são sinónimo de algo que normalmente falha nas empresas portuguesas que desejam internacionalizar-se em mercados diferentes: paciência e persistência. Se formos capazes de juntar todos estes ingredientes a um bom produto, diferente e criativo, a que não pode falhar um serviço de excelência, focado no cliente como se tivesse de ser “servido como um rei”, então não há que ter medo do destino, mesmo que as tendências nos pareçam fechar a porta num lugar, pois estas também se vão abrir, com grande certeza, em outros.
pela primeira vez num século, mas ainda não percebeu que terá de cuidar da sua segurança e defesa, sendo este o seu desafio-limite; se não o souber ultrapassar, iniciar-se-á um processo de desagregação irreversível e um novo mapa de nacionalismos, alianças e interesses terá de ser colocado, com prejuízo para todos. III - A China será a grande ganhadora neste realinhamento, pois é a única que, serenamente, tem estratégia, propósito e recursos para alcançar os seus objetivos. Conclusão geral: o mundo dos nossos filhos e netos não será tão agradável como foi o nosso. A segunda grande tendência está na digitalização da economia, quer nos processos, em que se inclui a indústria 4.0, quer no comércio eletrónico. O metamundo do digital será mais importante que o físico que habitamos, sendo que os negócios de amanhã serão praticamente gerados e desenvolvidos aí. Quem ignorar isto está fora do mercado, quem negar isto nem sequer existe. Em Portugal, o atraso neste domínio é assustador. Basta ver os websites das empresas (e deste setor) para se perceber do que falo. A última tendência é a sustentabilidade
e economia circular. O mercado vai encolher para as empresas do sector têxtil e vestuário português. As grandes marcas internacionais estão em processo de mudança de modelo de negócio, com a agravante de não saberem para onde vão, apostando desesperadamente nas margens e no preço. A vantagem da proximidade esbateu-se quando reemergiram países produtores como a Turquia e Marrocos, que compensam a distância e o custo do transporte com a desvalorização local das moedas. O que nos resta é focar-nos onde podemos fazer diferença e que falha aos outros: inovação, criatividade e credibilidade na observância de regras sociais e ambientais. O futuro é por aqui, mas há poucos a enveredar este caminho, convencidos que as fórmulas do passado servirão para o futuro. A história já provou que não e voltará a fazê-lo. A nossa margem de manobra para abraçar a mudança radical que se desenha é escassa. Alguns ainda o podem fazer. Outros já não, mesmo que não tenham consciência disso. A história de sucesso da ITV portuguesa pode ser prosseguida, mas vai ser muito mais exigente. Talvez seja esta a única certeza.
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Augusto Lima Vereador da Economia, Empreendedorismo e Inovação na Câmara de Vila Nova de Famalicão
Nicolau Santos Jornalista e Administrador da Agência Lusa
ECONOMIA CIRCULAR, NOVOS NEGÓCIOS
O ELEFANTE AMERICANO
Hoje em dia, mais do que nunca, somos permanentemente recordados da importância da economia circular para a sustentabilidade económica, social e ambiental. Tão pertinente quanto atual, o tema da economia circular está obrigatoriamente na agenda dos decisores, seja nos discursos de sensibilização, seja nas ações concretas que conduzam à promoção efetiva de uma gestão responsável e equilibrada das empresas. Não faltam já em Vila Nova de Famalicão exemplos de empresas, nomeadamente da indústria têxtil e do vestuário, que trilham esse caminho, enquanto se afirmam como reconhecidos casos de sucesso – porque investem na inovação, gerando e transformando ideias diferenciadoras e criativas em bens transacionáveis – e apostam em novos nichos de mercado. São empresas que ilustram uma adaptação atenta e profícua ao paradigma da indústria do futuro. Desde há alguns anos, a Câmara Municipal tem assumido um papel ativo na promoção do crescimento económico do terceiro concelho que mais exporta em Portugal, o que reflete uma cumplicidade institucional com o tecido empresarial. Uma missão que se corporiza em vários tipos de atividades, como são, por exemplo, as iniciativas de partilha de conhecimento e de divulgação de boas práticas. É assim que, depois do bem-sucedido 1 o Fórum Económico Famalicão Made IN, a Câmara Municipal organiza no próximo dia 16 de outubro uma conferência internacional, justamente sobre economia circular, na Casa do Território do Parque da Devesa, indo ao encontro de uma das linhas de ação da marca Famalicão Cidade Têxtil. A premissa da sustentabilidade está também muito presente na vasta estratégia desta marca que está a projetar, interna e externamente, Famalicão como “a” Cidade Têxtil. Estaremos também assim a contribuir para uma mudança de mentalidades e comportamentos, que entendemos como essencial, por parte de gestores e consumidores, no que toca aos princípios indutores da economia circular. Reafirmo aqui que a proximidade aos agentes do território, de que as empresas e as instituições ligadas ao ensino e à investigação são os melhores exemplos, é essencial ao trabalho que temos vindo a desenvolver. Porque sabemos que o trabalho em rede é muito mais vantajoso do que quando feito de forma isolada. Por isso, este networking institucional foi desde logo apontado como um dos aspetos mais diferenciadores do Famalicão Made IN.t
Estamos prestes a entrar no último trimestre do ano e o mínimo que se pode dizer é que há um elefante na loja de porcelanas. Com efeito, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem-se assumido, desde que chegou à Casa Branca, como o grande criador de sarilhos políticos e económicos a nível mundial. Não tinha sido assim no passado, onde os presidentes ora republicanos ora democratas nunca romperam o status quo nem as alianças estratégicas em que assentou o mundo saído da II Guerra Mundial. Mas com Trump tudo mudou. No plano político, o presidente norte-americano pauta-se por desfazer tudo o que o seu antecessor alcançou e por tomar decisões que abrem novos focos de tensão. Ao colocar em causa o acordo internacional de 2015 assinado entre várias potências (a União Europeia, a Rússia e a China) com o Irão para travar o acesso de Teerão a armas nucleares, Trump cria um problema onde ele não existia. Ao defender que todos os países devem cortar a compra de petróleo iraniano até 4 de Novembro, sob pena de sofrerem sanções por parte dos EUA, Trump está a arranjar mais problemas. Ao decidir abrir a embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém, Trump lançou gasolina no conflito israelo-palestiniano. Ao afirmar que «a União Europeia é um inimigo [dos Estados Unidos] devido ao que nos fazem no comércio», Trump confirmou que, para ele, a desagregação da União Europeia e o fim do euro serão bem-vindos. No plano económico, o presidente dos Estados Unidos parece pautar-se por duas orientações: recentrar a economia norte-americana dentro das suas fronteiras, travando a globalização e o comércio mundial; e rasgar, suspender ou modificar todos os tratados internacionais que considere que são desfavoráveis a Washington. Ameaçou empresas norte-americanas que estavam a investir no estrangeiro com aumento de impostos se não investissem antes em território norte-americano; ameaçou a China, o Canadá e a Europa com a subida de taxas aduaneiras sobre o alumínio e o aço, para depois recuar no caso da União Europeia; mantém, contudo, o braço de ferro com Pequim, numa escalada perigosa, sem levar em conta que a China é o maior detentor de dívida pública norte-americana; suspendeu o tratado da NAFTA, com o Canadá e o México. E ao autorizar a duplicação das taxas às importações de aço e alumínio da Turquia, está a arrasar a moeda e a bolsa turcas, arrastando na queda os mercados europeus. Perante tudo isto, o que se pode esperar a curto/médio prazo é: 1) abrandamento do comércio planetário que, segundo a presidente do FMI, Christine Lagarde, vai retirar meio ponto ao crescimento da economia mundial; 2) várias categorias de exportações para os Estados Unidos vão tornar-se mais caras; 3) a subida das taxas de juro nos Estados Unidos e em Inglaterra vai-se propagar à União Europeia; 4) a inflação mundial tem tendência a crescer; 5) os investidores vão retrair-se; 6) e esperemos que não regresse a crise das dívidas soberanas na Europa. Por outras palavras, os últimos meses de 2018 e os doze de 2019 vão ser marcados por grande instabilidade, abrandamento económico, guerras comerciais, retracção da procura, subida do preço do dinheiro e aumento das tensões políticas a nível mundial. Depois de tempos de bonança, os empresários portugueses vão ser de novo postos à prova. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Não é uma tanga qualquer. A saúde, dizem, está de tanga, mas para um ministro que é amante de sumo a nossa Katy preparou um Mawashi, aquela faixa de tecido que os praticantes enrolam para salvaguardar os seus bens mais preciosos. Para sua protecção, o Yukata - quimono de riscas, slippers de veludo e uma mascarilha, ficam-lhe a matar.
Ministro traja de tanga para o combate da Saúde Depois das férias, bem necessárias para mantermos uma boa saúde, chega a crua realidade. O próprio ministro Adalberto Campos Fernandes frisou que “não podemos vender ilusões”, e não é necessário aprofundar muito para perceber que existe uma rara honestidade política nesta frase. O governo não consegue vender-nos um panorama feliz nos serviços de saúde, sem passar como utópico à vista do orçamento de estado. Vende-nos sim a crua realidade, uma saúde despida de luxos e preconceitos, que está de “tanga”. E embora ninguém sinta um especial orgulho em falar de uma senhora tão obesa vestindo uma indumentária tão reduzida, o certo é que está à vista de todos e é indisfarçável. O ministro, no entanto, faz questão - talvez esperançado na sua elegância corporal e na confiança demostrada por António Costa - em mostrar-se solidário com esta respeitável senhora, prometendo ele próprio trajar a sua tanga de combate, trazida especialmente do Japão. Ao que consta, o ministro tem uma grande paixão pelo Sumo e, por isso, preparamos um Mawashi, o nome dado àquela curiosa faixa de tecido que os praticantes de Sumo enrolam para proteger os seus bens mais preciosos, mas que sarcasticamente também ajuda o adversário na hora do arremesso… Não há muito a explicar sobre esta reduzida peça de vestuário, mas fizemos questão de acompanhar o Mawashi com um penteado a preceito e para o efeito usamos uma rebuscada peruca. Para resguardar o nosso ministro da Saúde em momentos mais solenes - ou nas suas visitas ao Portugal mais velhinho que ele sabe ser necessário acarinhar - pensamos num Yukata, um quimono simples de riscas pijama em cor de rosa, uns slippers de veludo e uma mascarilha de proteção, não contra doenças ou infeções, mas contra a poeira que a sua passagem possa provocar. t
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Setembro 2018
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Ramada do Mar Rua Roberto Ivens, 1058 4450-077 Matosinhos
QUE GRANDE RAMADA Uma das discussões na agenda actual do mundo da moda e do têxtil em geral, é a importância dos influencers , em tradução literal, os influenciadores. Bloggers, youtubers, instagramers, embaixadores de marcas, etc. Mas neste início de Agosto em que escrevo, curvo-me perante outro grande e velho influenciador que é o tempo. O tempo que faz! Este tempo que faz, fez-me escolher o Ramada do Mar por causa da sua esplanada arejada, mas com sombra. Em Matosinhos, a Câmara Municipal achou por bem regulamentar e disciplinar as esplanadas que os seus restaurantes improvisavam nos passeios (e nas ruas) fronteiros a cada estabelecimento, aprovando e impondo a todos uma solução única, que tem grandes vantagens estéticas e funcionais, porque passaram a funcionar o ano inteiro. Como não há bela sem senão, o que estas belas esplanadas deixaram de ter foi mais arejo na hora e nos dias em que o calor e a falta de nortada pedem o fim de todas as barreiras. Aliás, estimulam o derrubar de todas as barreiras. No Ramada do Mar, como a esplanada é interior, a nova regulamentação não se aplica e podemos lá jantar nos dias mais quentes com o fresquinho a alegrar-nos a vida. Mas também podemos lá almoçar, faça sol ou faça chuva, na esplanada ou na sala, em qualquer dia da semana, menos às segundas. Respeitando a boa tradição matosinhense, o peixe fresco na brasa é o rei da festa, mas também recomendo o bacalhau , as amêijoas , o polvo e até uns lombinhos grelhados de porco ibérico. Desta esplanada não é possível ver o mar, mas é absolutamente frequente senti-lo no nariz com o cheiro a maresia e na boca, mal nos estreamos a comer o robalo ou o rodovalho que chegam ainda quase a saltar para o prato. Também me dizem bem das sardinhas, mas isso é um peixe para cuja apreciação não possuo qualquer competência. t
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c Por: Cláudia Azevedo Lopes
MALMEQUER Júlio Torcato é designer e até nos tempos livres gosta de estar ocupado - “para me libertar do stress constante”. Em 1992 criou o seu próprio gabinete, onde, para além da etiqueta própria, tem assinado colecções para a Decénio, Queens, Lion of Porches, Salsa e Red Oak. Nasceu e vive na Trofa, com a mulher, Cecília, a filha Inês, e as duas gatas: Maria Gata e Maria Café
SOUVENIR
A T-SHIRTS DAS T-SHIRTS
Gosta
Não gosta
Humildade Honestidade Da família De brincar com as gatas Jantaradas com amigos Conversar à mesa De uma boa discussão Futebol Sporting Dormir Ler o jornal em papel Ver séries na tv Adormecer no sofá Desenhar Alfaiataria Rodovalho na brasa Queijo Marisco Sushi Profissionalismo Nevoeiro Conduzir Mantas no inverno Molho picante Cinema Andar de bicicleta Jazz Sentido de humor Caminhar na praia Gin Pão quente Manteiga das Marinhas Acordar tarde ao fim de semana Esposende Chocolate negro Mirtilos Chá preto Andar descalço Sopa Pássaros Pintura Ler Rock Cigarrilhas Sabonete de leite de burra Água termal Sapatilhas Perú do natal Pinhões
Ar condicionado Mosquitos Doces Negativismo Não trabalhar Redes sociais Andar de avião Natas Falta de profissionalismo Atrasos Arrogância Ter calor Tomate na sandes de atum Confusão Desenhar no computador Que as gatas arranhem o sofá Comida do dia anterior Maus tratos aos animais Touradas Hipocrisia Toalhas húmidas Deitar cedo Telenovelas Comida chinesa Chuva Corrupção Frango frito Mexidos Falta de humildade Fast-food Fazer anos Água fria Vinho de pacote Telemóveis à mesa Refrigerantes Fazer a barba Desonestidade Ser interrompido enquanto trabalho Cheiro a fritos Feijão frade Fazer a cama Areia nas sapatilhas Anchovas Filmes lamechas Protector solar Árbitros de futebol Cogumelos de lata Foguetes Discotecas Carnaval
A peça de roupa que tenho em maior número é a t-shirt. De quando em vez faço a recomendável renovação, cedendo algumas delas a alguém que lhes dê mais uso, porque não há vida que chegue para tanta t-shirt. Mas há uma delas que sobrevive a todas as arrumações de primavera. Em tempos foi branca, agora está mais no pantone bege (chamemos-lhe branco vintage) e já nem sequer me serve. Comprei-a com oito anos, na Eurodisney, com o meu dinheiro. Ou melhor, com a ilusão de que o dinheiro era meu. Na verdade era dos meus pais, eu servia apenas como estafeta, que levava a semanada desde a carteira deles até à loja. Fui eu que a escolhi e lembro-me que na altura me ficava bem comprida, dando-me pelos joelhos. No fundo era um 2 em 1: uma túnica que mais tarde se convertia em t-shirt (de repente parece que estou a comentar um desfile da Katty Xiomara). E não pensem que era daquelas banais camisolas com a cara do Mickey: era uma meta-camisola, porque nela figuravam uma série de pequeninas t-shirts, penduradas num estendal. Uma espécie de lata de fermento Royal das t-shirts, uma matriosca do guarda-roupa. Usei-a até à exaustão, acompanhei-a na decadente fase em que se tornou peça de pijama, e guardo-a até hoje. Já deixou de ser roupa e passou a recordação.t Joana Marques Humorista e jornalista
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