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CLEMENTINA FREITAS CEO Latino Group

DOIS CAFÉS E A CONTA

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“A INDÚSTRIA DÁ MUITO TRABALHO”

MARIA JOSÉ É UMA MULHER CHEIA DE IDEIAS P6

N Ú M E RO 4 0 F EVE R E I RO 2 01 9

P 22 A 24

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

EMERGENTE

BÁRBARA MACHADO ENCONTROU O TAO COM 26 ANOS P 33

PERGUNTA DO MÊS

QUAIS SÃO OS LIMITES PARA A EVOLUÇÃO DOS TÊXTEIS TÉCNICOS?

FOTO: RUI APOLINÁRIO

P4E5 INOVAÇÃO

ARTE TÊXTIL

BEI FINANCIA TMG AUTOMOTIVE COM 25 MILHÕES

ATP CELEBRA PROTOCOLO COM JOANA VASCONCELOS

P 32

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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Dolores Gouveia 50 anos Consultora em Tendências, Design e Marketing de Moda, é reconhecida pelo seu trabalho na vertente do desenvolvimento e estudo da cor. Tem uma carreira consolidada também como formadora, consultora e analista de tendências, e foi também coordenadora do concurso de Jovens Criadores PFN (Portuguese Fashion News), que é promovido pela Selectiva Moda.

AS PESSOAS CRESCIDAS

Com a longa experiência no universo da moda, o que achas que mudou na moda portuguesa na última década? A moda em Portugal tem feito um trajeto interessante. Profissionalizou-se, ganhou dimensão e expressão nacional e, de alguma forma, internacional, suportada por eventos como a Moda Lisboa e o Portugal Fashion. De facto, estes eventos contribuiram decididamente para que se desenvolvesse uma cultura de moda. Vejo o Fashion Film Festival, por um lado, como resultado deste interesse acrescido pelo fenómeno moda, e por outro que contribuirá para despertar a dimensão comunicacional da moda. Como está o casamento entre a capacidade criativa dos designers e a capacidade produtiva da nossa indústria? Existe um conflito permanente entre a visão dos criativos e a visão dos responsáveis pela produção… têm mindsets diferentes! Os primeiros estão, ou devem estar, focados na diferenciação, na dimensão sensorial dos novos produtos, na antecipação dos desejos dos consumidores, a pensar a longo prazo. Os segundos estão preocupados em encontrar soluções para o hoje: produzir hoje, vender hoje…não se desligam da orientação para o curto prazo. Para quem anda pelo mundo da moda internacional, concordas que a nossa imagem mudou para melhor? Sim, mudou radicalmente para melhor. Somos vistos pelas marcas de moda globais não como um simples

fornecedor de artigos baratos mas antes como um parceiro criativo, capaz de entregar inovação e artigos de qualidade superior. As empresas, em conjunto com as associações, designadamente a ATP e a ASM, têm desenvolvido um trabalho valioso na comunicação da nova realidade da ITV nacional, transformando a perceção dos stakeholders internacionais sobre o Portugal do têxtil, vestuário e moda. Trocaste o ensino pela vida e consultadoria nas empresas. A mudança está a valer a pena? O mais importante são sempre os projetos, os desafios e o potencial que apresentam para a construção de algo novo, diferenciador. Mas confesso que sinto uma emoção especial por todos aqueles projetos em que sinto que estou a ajudar a formar novos designers ou a trabalhar para a Indústria de moda nacional como um todo…sinto esses projectos como uma missão.

"As empresas crescem com pessoas crescidas" foi um dos melhores sound bytes da entrevista de capa que a CEO do Latino Group, Clementina Freitas, nos concedeu para esta edição. Se há coisa de que ninguém nos pode acusar aqui no T é de não “puxarmos” pelos mais novos, de não darmos palco aos emergentes ou de não insistirmos em mostrar as caras novas da nossa indústria têxtil, de vestuário e de moda. Os nossos leitores, cada vez em maior número, não me deixam mentir porque são as melhores testemunhas do que afirmo. Fica aqui dito sem medo nem risco que é sobretudo a essas caras que têm emergido no setor e a esses novos protagonistas da ITV que se deve muita da imprescindível inovação, renovação e novas abordagens na produção e comercialização que têm permitido o crescimento sustentado das exportações nos últimos 10 anos. Mas muito mal andaria a nossa ITV se não continuasse a contar com as suas pessoas crescidas. São estas pessoas crescidas, com a sua coragem, resiliência e saber de experiência feito, que aguentaram e aguentam o barco nas horas menos boas e conservam a lucidez de apostarem nas novas pessoas e nas ideias inovadoras nos timings adequados. As empresas crescem sempre que as pessoas novas aprendem a crescer com as pessoas crescidas. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt

Como responsável pela conceção de diversos fóruns, qual é sua importância nas feiras nacionais e internacionais? Os fóruns contribuem para esta nova imagem da ITV nacional, dando visibilidade à oferta dos nossos produtores, à nossa capacidade de realizar produtos de moda que estão sintonizados com as tendências internacionais. Ser destacado num fórum é sempre importante porque distingue da concorrência e pode gerar novos contactos. t

Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Por: António Freitas de Sousa

OS TÊXTEIS TÉCNICOS VÃO ESTAR MESMO EM TODA A PARTE? Os têxteis técnicos, fruto de uma ligação virtuosa entre a academia e as empresas, assumem racionalidade de negócio, lugar de destaque ao nível da inovação e capacidade para solidificar a perceção do exterior face à indústria têxtil e do vestuário nacional. Nesse quadro, importa saber quais são as expectativas de futuro de uma área que, numa mistura entre ficção e realidade, vasculha os limites da imaginação e abre portas ao admirável mundo novo dos negócios.

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“Temos uma fortíssima reputação. O mundo olha para Portugal como um dos países que está na vanguarda da inovação tecnológica”

“Os aviões da nova geração incorporam entre 55% a 60% de materiais têxteis ou de base têxtil, nomeadamente, por exemplo, as pás dos reatores”

PAULO VAZ DIRETOR GERAL DA ATP

BRAZ COSTA DIRETOR-GERAL DO CITEVE

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s têxteis técnicos assumem, no contexto da indústria têxtil e da moda nacional, uma importância cada vez mais incontornável: são a prova de que a academia e a indústria criaram uma ponte de alicerces duradouros que durante décadas não passava de um projeto mal desenhado, passando a fazer parte do ADN que a comunidade internacional reconhece ao têxtil português. Por outro lado, são também uma fonte de receita que a indústria já consolidou – desde logo porque o valor-acrescentado que alavancam é um poderoso indutor de lucros – e um fator de geração de emprego altamente qualificado, que contribui para estancar a drenagem de cérebros para fora das fronteiras nacionais. Sendo uma atividade de topo da investigação e desenvolvimento, é por definição um segmento que tem de ser alimentado constantemente, sob pena de perder a fluidez que atingiu e de colocar em perigo o seu casamento virtuoso com a indústria. Importa por isso perceber para onde vai um setor que, ao menos para os leigos, confunde realidade e ficção e atinge patamares que antes eram apenas uma impossibilidade vagamente criativa. “Incorporação de ‘inteligência’ para monitorização, controlo, atuação, ou seja, o futuro dos têxteis técnicos são os têxteis ‘smart’, os têxteis multifuncionais, com múltiplas aplicações, de que destaco as áreas médica (próteses, ligamentos, artérias), automóvel (revestimento interior, airbags), de proteção (equipamentos de proteção individual, coletes à prova de bala)”, refere Ana Maria Rocha, Centro de Ciência e Tec-

O iTechStyle Summit é uma dos mais importantes encontros de análise e debate

nologia Têxtil (2C2T). Ou, como resume Braz Costa, “o céu é o limite”. Para o diretor geral do CITEVE, “quando estamos a falar de têxteis técnicos, estamos a falar de ciência e tecnologia de materiais que se debate nos têxteis como em qualquer outro setor – com a particularidade que são materiais que algures hão-de passar por uma fase em que são fibras”. “Não há grande limitação

à imaginação sobre aquilo que a evolução dos materiais têxteis de aplicação técnica vão ter”, resume. Para recordar que, já neste momento, “os aviões da nova geração incorporam entre 55% a 60% de materiais têxteis ou de base têxtil, nomeadamente, por exemplo, as pás dos reatores”. É aqui que se situa um dos grandes desafios dos têxteis técnicos: “a mobilidade elétrica”, diz Braz Costa. “Mas


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“Em Portugal está a criar-se uma conjuntura muito favorável, que cria um triângulo entre as indústrias, a academia e os fundos, que tem sido fundamental"

“O futuro são os têxteis ‘smart’, multifuncionais, com múltiplas aplicações como as áreas médica (próteses, ligamentos, artérias), automóvel e de proteção”

ALEXANDRE MARQUES GRUPO ZF

ANA MARIA ROCHA UMINHO

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“Os têxteis técnicos têm sempre de responder a necessidades de uso (…). A integração do mundo digital com o setor têxtil já é uma realidade” MIGUEL PACHECO HELIOTEXTIL

sobre o futuro do mundo têxtil a nível global

a atribuição de funcionalidades aos materiais é também um caminho, para a cosmética, para a medicina, e também já agora para a moda”. Para Miguel Pacheco, responsável pela Heliotextil – uma das empresas de maior destaque no segmento – “os têxteis técnicos têm sempre de responder a necessidades de uso, na defesa pessoal (como os bombeiros), no desporto. Mas há também o uso tecnológico, que integra

têxtil e microeletrónica e que permite criar uma série de funcionalidades. É uma área de futuro porque permite integrar as funcionalidades com plataformas digitais tipo APP, que permitem gerir processos e criar interatividade”. “A aplicação destas tecnologias resulta disto mesmo: da necessidade e da imaginação”, refere, para concluir que “a integração do mundo digital com o setor têxtil já é uma realidade”, e

não apenas uma ficção. Alexandre Marques, quadro do poderoso grupo ZF, de origem alemã (componentes automóveis), corrobora: “os têxteis técnicos jogam um papel importantíssimo naquilo a que se chama os têxteis inteligentes; há aí uma evolução prevista dos têxteis em relação a outros materiais, pela sua flexibilidade, pela sua massa e pela sua capacidade de acomodação”. “A ligação entre o têxtil, as

tecnologias de informação e a internet das coisas” é o caminho a seguir. Alexandre Marques quis ainda salientar que “o esforço que o Estado tem feito ao longo dos últimos oito anos, alavancado pelos fundos comunitários, tem sido muito importante para a ligação entre a academia e a indústria, o que é muito atrativo para as multinacionais – cativando o investimento estrangeiro”. Mais: “em Portugal está a criar-se uma conjuntura muito favorável, que cria um triângulo entre as indústrias, a academia e os fundos, que tem sido fundamental”. Ana Maria Rocha, que está num daqueles três pilares sem deixar de estar nos outros, sintetiza: "vamos usar os têxteis como plataformas ou interfaces para a comunicação, desde sinais vitais, por exemplo, para identificação; depois temos a área dos materiais propriamente ditos, que tem a ver com a investigação de novos materiais, em larga medida ligados à física, à química, à eletrónica”. “Plantas e escamas de peixe”, são apenas dois materiais que estão em cima da ‘mesa de observação’. Mas, nestas áreas, Ana Maria Rocha recorda que a investigação pura não pode ser deixada para trás. Isto é, há uma área de ligação entre a academia e a indústria, e há outra onde a indústria não entra: “também tem de haver investigação fundamental, que não está ligada à indústria, sob pena de não se avançar, em áreas que não são diretamente aplicáveis”. Por seu turno, Paulo Vaz, diretor geral da ATP, estabelece a ligação intrínseca que deve presidir ao engajamento entre a academia e a indústria – no sentido em que a investigação caminha bem com o racional de negócio. “Os têxteis técnicos têm um

futuro brilhante porque é um setor que, já não sendo emergente, tem um potencial de crescimento muito grande, está fortemente alavancado em vários setores – saúde, construção, automóvel, aeronáutica. Há quem diga que 75% dos têxteis ainda estão por inventar”, refere. Do lado do negócio, as mesmas perspetivas de continuidade: “não é por acaso que muitas empresas, nos últimos dez ou vinte anos, passaram do têxtil mais convencional para as áreas mais técnicas. Há grande potencial de desenvolvimento numa área que é uma diversificação ou uma alternativa aos segmentos mais tradicionais”. Mas Paulo Vaz não quis deixar de salientar outro aspeto fundamental: o da perceção dos mercados externos em relação ao envolvimento entre a academia e a indústria nacionais. “Temos uma fortíssima reputação, alcançada essencialmente na última década muito à custa da transferência de conhecimento que quer a academia quer os centros tecnológicos conseguiram passar para as empresas, numa lógica muito adequada: não por simples exercício intelectual, mas porque as empresas assim o exigiram, pare resolver problemas concretos mas sobretudo porque era negócio. Isso teve um enorme efeito multiplicador na expansão, mas também na consolidação da imagem externa. O mundo olha para Portugal como um dos países que está na vanguarda da inovação tecnológica”, resume. “Foi também trabalho da ATP e da Selectiva Moda, que levaram estas soluções para feiras internacionais de uma forma pioneira”, recorda. Resumidamente, os têxteis técnicos portugueses têm o céu como limite mas os pés bem assentes na terra. t


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DOIS CAFÉS & A CONTA Turismo

Rua Duques de Bragança 171 4750-272 Barcelos

Entradas Creme de legumes Prato Espetada de peixe com batatinhas e chao min de legumes Sobremesa Demi cuit de chocolate Bebidas Água, dois copos de vinho branco (Vinha dos Santos 2018, Douro) e dois cafés

MARIA JOSÉ MACHADO

Filha e neta de industriais têxteis, nasceu e cresceu em Barcelos. Aí estudou até se mudar para o Porto, onde se licenciou em Engenharia Química (FEUP) e fez as pós graduações em Marketing e Vendas (Católica) e Empreendedorismo (EGP). O primeiro emprego a sério foi no CITEVE. Esteve na fundação do CeNTI, onde era diretora de Desenvolvimento e Negócio, quando, em 2012, decidiu despedir-se para criar a sua própria empresa - a Axfilia (a tradução para latim de “filha do Machado”, que é como ela era conhecida em Barcelos), especializada em vestuário de segurança e proteção. Após os dois primeiros anos sem receber, a viver das poupanças, no Natal de 2015 decidiu atribuir-se o salário mínimo. Agora ganha um pouco mais (mas não muito). Casada com o Rui (que é contabilista), vivem em Famalicão e têm dois filhos: a Rita, oito anos, e o Ricardo, dois anos.

UMA MULHER CHEIA DE IDEIAS

FOTO:RUI APOLINÁRIO

37 ANOS FUNDADORA E LÍDER DA AXIFILIA

O que ela vende não se vê. À vista desarmada, uma peça de roupa retardante de chama não é diferente de uma outra que não tem essa função. E uma farda que mantém a cor intacta após 100 lavagens parece igual à que começa a ficar ruça e desbotada mal entra em contacto com a água. Vender coisas que não se vêem é um dos trabalhos em que Maria José Machado se meteu desde que há meia dúzia de anos trocou o conforto de um emprego no CeNTI pela aventura de criar uma empresa especializada em vestuário de proteção, segurança e corporate, tendo como capital os conhecimentos acumulados ao longo de 30 anos de vida e uma assinatura certeira: ready to work. Ao cabedal técnico de uma engenheira química, com oito anos de experiência no CeNTI e CITEVE, juntou uma pós-graduação em vendas e a vantagem de tratar a têxtil por tu, pois cresceu a ouvir e sentir em casa os dramas e sucesso da tricotagem do pai - e aos 16 anos já passava as férias grandes a trabalhar numa tinturaria. Integrar um comité técnico da Co-

missão Europeia que define as normas de alta visibilidade para o vestuário de segurança foi a cereja em cima do bolo das suas qualificações para obter um lugar à mesa deste segmento altamente especializado do negócio têxtil, onde o alfa e o ómega é ser durável e eficaz. “Somos internacionalmente reconhecidos como alguém capaz de resolver situações”, afirma Maria José, que escolheu almoçarmos em Barcelos (o centro de gravidade da Axfilia) no Turismo do seu amigo Jorginho Falcão (foram colegas no Colégio La Salle). A par das certificações e da confiança dos clientes, a reputação é um fator essencial para ser bem sucedido quando se está num negócio onde se vendem coisas que não se vêem. E a Axfilia não demorou a conquistar a fama de saber o que faz, controlando toda a cadeia de fornecimento, desde o fio até ao armazém do cliente, fabricada a 100% em Portugal. Tudo que é artigo de malha no fardamento da Protecção Civil francesa, da polícia suíça de Basileia ou do pessoal da alemã ADAC (o maior clube automobilístico da Europa, com mais de

15 milhões de membros) é fornecido pela Axfilia, parceira de gigantes do setor, como a Kevlar, Cordura ou Kermel - que não raro a recomendam aos seus clientes ou lhe pedem ajuda. Os franceses da Kermel, por exemplo, perguntaram a Maria José se seria possível ter as fibras deles em artigos de malha, muito mais confortáveis e flexíveis que os tecidos compactos e rígidos. A Axfilia aceitou o desafio e já desenvolveu várias malhas que estão em fase de teste em empresas clientes daquela multinacional. “Temos uma base de conhecimento e desenvolvimento de malhas muito forte. E somos muitos bons na qualidade, prazos de entrega e pós venda”, resume Maria José Machado, uma mulher cheia de ideias, que está a rodear-se de pessoas que a ajudem a concretizá-las. Há cinco anos, a Axfilia era um “one woman show”. Agora já são quatro: ela, a irmã Isabel (engenheira têxtil, ex-Riopele), uma controladora e uma administrativa. “Prefiro ganhar menos e ter uma equipa boa e motivada, criar emprego e fazer mais coisas”, conclui. t


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1. PAULO MELO E PAULO VAZ VÃO ESPERAR OS SECRETÁRIOS DE ESTADO À PORTA, ACOMPANHADOS POR CRISTINA MOTTA (MESSE FRANKFURT), A CICERONE DO TOUR

2. MARIA ALBERTA CANIZES EXPLICA À COMITIVA O TRABALHO DA HOME FROM PORTUGAL

A INCERTEZA É A ÚNICA CERTEZA A incerteza é a única certeza. A Heimtextil 19 bateu mais um recorde de expositores (3025 oriundos de 65 países) mas o número de visitantes profissionais caiu da casa dos 70 mil para os 67.500. Via-se menos gente nos corredores da Messe Frankfurt. E não chegam os dedos das mãos para contar as empresas portuguesas que torceram o nariz e fizeram criticas avinagradas ao novo layout da feira, que misturou os pesos pesados da nossa têxtil lar com produtores turcos e egípcios de média e baixa gama.

5. “VAMOS FAZER NEGÓCIO AINDA HOJE DE MANHÔ, EXPLICOU O CLIENTE SUL COREANO QUE ESTAVA REUNIDO COM ANA VAZ PINHEIRO, NO STAND DA MUNDOTÊXTIL, QUANDO CHEGOU A COMITIVA

6. CONVERSA DE PÉ DE ORELHA, NO STAND DA LAMEIRINHO, ENTRE ALBANO COELHO LIMA E OS SECRETÁRIOS DE ESTADO

10. NA PRIMEIRA MANHÃ DA SUA ESTREIA ABSOLUTA EM FEIRAS, A MARIZÉ ESTAVA EXULTANTE - JÁ TINHA FEITO CONTACTOS VENTUROSOS COM CLIENTES CHINESES E CANADIANOS

11. MARTA MOTA PREGO EXPLICA AOS SECRETÁRIOS DE ESTADO A ATIVIDADE DA GUIMARÃES MARCA


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4. “TODOS OS NOSSOS CLIENTES NORTE-AMERICANOS PEDEM O MADE IN PORTUGAL EM DESTAQUE, NÃO SÓ NA ETIQUETA MAS TAMBÉM NA EMBALAGEM”, DISSE MIGUEL CHARECA, DA NEWPLAIDS

3. FOTO DE FAMÍLIA - PAULO MELO E PAULO VAZ (ATP), EURICO BRILHANTE DIAS E JOÃO CORREIA NUNES (SECRETÁRIOS DE ESTADO DA INTERNACIONALIZAÇÃO E DA ECONOMIA) E JOÃO GOMES (EMBAIXADOR EM BERLIM) - NUM DOS DOIS FÓRUNS FROM PORTUGAL DA SELECTIVA MODA

9. "NA TÊXTIL NUNCA PODEMOS DESCANSAR. NUNCA PODEMOS DAR NADA COMO GANHO”, AFIRMOU MÁRIO JORGE MACHADO (ADALBERTO). “É COMO NA POLÍTICA”, RETORQUIU BRILHANTE DIAS

7. “PARA O ANO TRAZEMOS UMA GARRAFA DE CHAMPANHE PARA COMEMORAR A SUA 30ª PRESENÇA”, PROMETEU EURICO BRILHANTE DIAS QUANDO CARLOS CARVALHO (COTON COULEUR) LHE DISSE QUE ESTA ERA A SUA 29º HEIMTEXTIL

8. A EDIÇÃO INTERNACIONAL DO T ESTAVA EM EXPOSIÇÃO NO LOCAL DEDICADO À IMPRENSA ESPECIALIZADA

12. EM DESTAQUE NO STAND DA HOME FLAVOURS, UMA CAMA COM TECIDO FEITO PELA SOMELOS A PARTIR DE VISCOSE DE CAULE DE ROSA

13. A PODEROSA PRESENÇA PORTUGUESA NA HEIMTEXTIL NÃO PASSOU DESPERCEBIDA AO FACEBOOK DO MNE

14. A PRÓXIMA HEIMTEXTIL JÁ TEM DATA MARCADA - 7 A 10 DE JANEIRO 2020. SERÁ QUE NO 12, O NOVO PAVILHÃO DA POLÉMICA, VÃO CONTINUAR A CONVIVER PORTUGUESES, TURCOS E EGÍPCIOS?


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1. DURANTE OS QUATRO DIAS DA FEIRA, O NOME DE PORTUGAL ESTEVE EM DESTAQUE NOS VÁRIOS ACESSOS À FORTEZZA DA BASSO, O HISTÓRICO FORTE QUINHENTISTA ONDE DECORRE A PITTI UOMO

Por: António Gonçalves

2. COMO PAÍS CONVIDADO, PORTUGAL BENEFICIOU DE UM ESPAÇO PRIVILEGIADO ONDE ESTIVERAM PRESENTES NOVE MARCAS NACIONAIS

UM CONVIDADO DE HONRA EM FLORENÇA Se Portugal é conhecido pela sua hospitalidade, na Pitti Uomo mostrou que também não é convidado que apareça de mãos a abanar. Ao título de Guest Nation , atribuído pela organização da feira, a moda nacional respondeu com entusiasmo e levou a Florença - entre 8 e 11 de Janeiro - uma comitiva de grandes marcas, que se fizeram notar pela criatividade e dinamismo. Mas o brilho de Portugal foi para além das nove marcas presentes no espaço de país convidado. As empresas nacionais com stand próprio viveram também dias muito movimentados.

5. A ORGANIZAÇÃO DA PITTI UOMO MOSTROU-SE EMPENHADA E PROMOVEU A IMAGEM DE PORTUGAL EM TODAS AS PLATAFORMAS

6. O ESPAÇO “GUEST NATION” REVELOU-SE UM FORTE CHAMARIZ PARA COMPRADORES, AGENTES COMERCIAIS E DISTRIBUIDORES

10. O TÍTULO DE PAÍS CONVIDADO FOI MOTIVO DE INTERESSE PARA VÁRIOS JORNALISTAS INTERNACIONAIS

11. COM UM STAND PRÓPRIO, A DIELMAR ESTABELECEU CONTACTOS COM VÁRIOS MERCADOS, DESDE O LONGÍNQUO PAQUISTÃO À SEMPRE TÃO DIFÍCIL ITÁLIA E REGRESSA DE FLORENÇA COM NOVAS PERSPETIVAS DE NEGÓCIO


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3. O PRIMEIRO DIA FICOU MARCADO POR UM COCKTAIL ORGANIZADO PELA PLATAFORMA “FROM PORTUGAL”, QUE SERVIU PARA ATRAIR OS PRIMEIROS VISITANTES AO ESPAÇO

4. A FOTO DE FAMÍLIA DO ESPAÇO “GUEST NATION”: CAIÁGUA, ECOLÃ, HUGO COSTA, IDEAL & CO, LABUTA, NYCOLE, POENTE E WESTMISTER FORAM AS MARCAS PRESENTES

8. OS CASACOS E ACESSÓRIOS DA ECOLÃ FORAM ATRAINDO AS ATENÇÕES DOS VISITANTES

7. EM ITÁLIA, A WESTMISTER ENCONTROU VÁRIOS ADEPTOS DO SEU ESTILO DANDY

9. NO ESPAÇO “GUEST NATION” AS PRINCIPAIS NOVIDADES DE PORTUGAL TAMBÉM CHEGARAM ATRAVÉS DO T INTERNATIONAL, A VERSÃO EM INGLÊS DO NOSSO T JORNAL

12. A MARCA DE VESTUÁRIO +351 ENCONTROU POTENCIAIS AGENTES PARA REGIÕES DA ITÁLIA E DA ALEMANHA ONDE AINDA NÃO ESTAVA PRESENTE

14. AINDA COM A FEIRA A DECORRER, O JORNAL ITALIANO “CORRIERE FIORENTINO” DEDICOU UMA PÁGINA INTEIRA AO GRANDE CONVIDADO DE HONRA

13. NO STAND DA MANO STUDIO ESTIVERAM COMPRADORES UM POUCO DE TODO O MUNDO, DESDE A CHINA AO MÉXICO, PASSANDO PELOS GRANDES CENTROS EUROPEUS


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CHINESES AFIRMAM TER PLANTADO ALGODÃO NA LUA Roupa feita de algodão lunar? Parece uma ideia lunática, mas pode estar mais próxima do que imaginamos. Uma missão espacial chinesa anunciou ter feito brotar a primeira semente de algodão na lua, mesmo que a planta tenha acabado por sucumbir aos poucos dias de vida. O anúncio foi feito pela agência estatal de notícias Xinhua e depois de ter sido a primeira sonda a pousar na face oculta da lua, a Chang’e 4 está a realizar experiências e poderá ter entrado para a história da humanidade com as primeiras plantas em solo lunar.

"Ter teares é fácil. Ter bons teares é difícil. Nós temos 130 bons teares" Luís Lima Diretor de produção da João António Lima Malhas

PROTOCOLO ASSOCIA ATP E JOANA VASCONCELOS

BARBOUR NO PASSEIO DOS INGLESES

SLOGGI ABRE PRIMEIRA LOJA NA CHINA

Sendo a Barbour inglesa, não poderia estar fora do evento do ACP, o ‘Passeio dos ingleses’. Não só o staff vestiu um casaco da conhecida marca, como também logo à partida todos os participantes receberam um cachecol e os três primeiros classificados de cada categoria um simbólico gift.

Localizada no centro comercial Hangzhou Paradise Walk, a primeira loja da Sloggi na China marca uma nova era no percurso da marca pelo mercado asiático. Depois da Grécia e Hungria, onde abriu novas lojas, a marca de roupa interior terminou 2018 com a entrada no gigante asiático.

VILLAFELPOS QUER FAZER 50% DAS VENDAS COM MARCAS PRÓPRIAS Fazer 50% das vendas com marca própria, num prazo de cinco anos, é o objetivo arrojado que a Villafelpos fixou. A têxtil lar de Sezim fechou 2018 com um volume de negócios de 13 milhões de euros (crescimento de 10% sobre 2017), em que as marcas próprias tiveram um peso de 12%. “Não é fácil fazer futurologia. Há muito incerteza no mercado, o nosso trabalho diário é sempre muito árduo e moroso. Mas temos essa ambição. Vamos ter de crescer nas marcas próprias”, afirma Alberto Pimenta Machado, 54 anos, CEO e fundador da Villafelpos.

Protocolo entre Joana Vasconcelos e a ATP pretende tranformar as empresas nacionais nas principais fornecedoras textêis da artista

Associar a qualidade, design e tecnologia dos têxteis portugueses à expressão artística de Joana Vasconcelos é o objetivo central do protocolo que a ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal assinou com a reconhecida artista. Representada pelo seu presidente, Paulo Melo, e diretor geral, Paulo Vaz, a ATP sublinha o “casamento perfeito entre Arte e Têxtil, aproveitando sinergias que permitem e potenciam futuras colaborações”. Um protocolo “que formaliza o trabalho conjunto que já vem sendo feito há cerca de um ano e que se pretende reforçar no futuro”, nota a associação.

A parceria começou no ano passado, quando “surgiu a oportunidade de a artista receber apoio a nível têxtil para a produção de Egeria, obra da série Valquírias, apresentada no Museu Guggenheim Bilbao e vista por mais de 650 mil pessoas”. Um apoio que teve igualmente para a peça Simone, que a artista criou mais recentemente para o incontornável Le Bon Marché Rive Gauche, em Paris, o mais antigo e reconhecido dos grandes armazéns do mundo. Neste âmbito, a ATP assume o papel de facilitador, criando as pontes de contacto entre as empresas suas associadas e a artista para que

esta possa dispor dos materiais necessários às suas criações de arte têxtil. Paulo Vaz destaca também a importância da associação da obra de uma artista reconhecida internacionalmente à qualidade dos produtos têxteis fabricados em Portugal. “Com um corpo de obra têxtil extenso, as peças de Joana Vasconcelos expressam amplamente o universo versátil, criativo e inovador que a indústria têxtil assume a nível nacional”, frisa a ATP. Joana Vasconcelos é uma das artista portuguesas com maior reconhecimento internacional, cujo trabalho tem vindo a servir a divulgação e expansão da cultura nacional. t

150 mil

metros de tecido camiseiro é a capacidade de produção mensal da Texser

FAMALICÃO LIDERA EXPORTAÇÕES COM FORTE AJUDA DOS TÊXTEIS O concelho de Famalicão é líder há uma década e já exporta dois mil milhões de euros por ano, sendo que os têxteis dão uma forte ajuda. O setor automóvel é o grande motor exportador do concelho e a alemã Continental Mabor, a quarta maior exportadora do país, é a empresa que mais contribui para essa liderança, mas logo a seguir vêm grupos têxteis como Coindu ou TMG. Em 2017 o concelho assegurou 3,6% das exportações nacionais e apresenta um saldo da balança comercial positivo.


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Exhibitions & Logistics EMPOWER YOUR BRAND

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WETAMARBLE POUPA 86% DE ÁGUA

SOLINHAS EM DESTAQUE NA POP UP GUIMARÃES MARCA Distinguida no início de 2018 com o prémio Inovação da I Gala Guimarães Marca, a Solinhas esteve em evidência na Pop Up Store, o espaço da Plataforma das Artes e Criatividade que expõe a vanguarda da indústria do concelho vimaranense. Fundada em 1986, a Solinhas é uma empresa de cariz familiar que se dedica à produção e comercialização de linhas de algodão, de fibras sintéticas e mistas, que se internacionalizou e tem hoje presença em mercados como Espanha, França, Alemanha, Finlândia e nos países do Magreb.

"2018 foi muito inconstante. Eu não trabalho só para a Inditex, mas os meus clientes trabalham muito com a Inditex e quem trabalha só para a Inditex sofreu muito na pele. A Inditex foi muito irregular nas compras, não deu estabilidade a ninguém" Afonso Barbosa CEO da Familitex

A SGS certificou que o processo de tingimento Wetamarble, desenvolvido pela Washedcolors, consegue uma redução de 86% no consumo de água relativamente ao método tradicionalmente usado por esta empresa criada há quatro anos por José Pizarro. “Além de ser mais sustentável, o processo Wetamarble confere ao produto final uma aspeto diferenciador, mais relaxado e desportivo”, explica Francisca Pizarro, responsável comercial da Washdecolors, uma lavandaria e tinturaria de peças confecionadas e cujas instalações industriais se localizam em Cavalões, Famalicão. O novo processo foi inteiramente desenvolvido internamente e de raiz pela empresa, que emprega 80 trabalhadores, tem capacidade para tingir diariamente oito toneladas e fechou 2018 com um volume de negócios de quatro milhões de euros. Francisca e José Pizarro estiveram em

Frankfurt a visitar as largas dezenas de clientes de têxteis lar que expunham na Heimtextil. “Tingimos as toalhas de fio reciclado da JFA, de algodão orgânico da Villafelpos, tudo da Cotton Colors, e também trabalhamos com a Lasa, Mundotêxtil e etc, etc”, conta a directora comercial da Washedcolors. “O sucesso dos nossos clientes é também o nosso sucesso. Não somos concorrentes, mesmo daqueles que têm tinturaria própria”, diz Francisca Pizarro, acrescentando: “trabalhando connosco podem fazer stock de peças acabadas em cru, sem ter de arriscar logo a cor final, e mandá-las tingir consoante a procura, reduzindo assim o risco de erros de desperdício”. A Washedcolors faz nas suas instalações stock de calças por tingir para a Inditex, garantindo a entrega na loja da quantidade e cor desejadas num prazo de dez dias (12 no máximo). t

BECRI INVESTE TRÊS MILHÕES NA COMPRA E EXPANSÃO DA GUBEC O grupo Becri está a investir mais de três milhões de euros na aquisição e expansão de atividade da Gubec i&d in Textiles, empresa industrial localizada em Esposende que emprega cerca de 70 pessoas e exporta toda a sua produção. Já em laboração, a Gubec vai ampliar as suas instalações - criando uma ampla área social que melhorará as condições de trabalho dos seus colaboradores -, e reorganizar o layout in-

dustrial, dando uma nova e mais eficiente disposição aos diversos momentos do processo produtivo – corte, acabamento, embalamento e exportação. Na sequência deste investimento, a Gubec vai acrescentar ao seu efetivo entre 30 a 50 trabalhadores e aumentará as vendas, que, em velocidade cruzeiro, andam entre os 13 a 15 milhões de euros por ano. Com um volume de negócios superior a 45 milhões de

euros, o grupo Becri emprega 400 trabalhadores nas suas três empresas, sendo que direta e indiretamente garante trabalho a cerca de duas mil pessoas. “As nossas empresas são pessoas. A nossa política é investir na empresa, nos trabalhadores e na comunidade envolvente”, referiu Rui Costa, CEO da Gubec i&d in Textiles, durante uma visita à fábrica de Benjamim Pereira, presidente da Câmara de Esposende. t

ENDUTEX FINALISTA DOS PRÉMIOS MILLENNIUM HORIZONTES A Endutex foi uma das seis finalistas dos prémios Millennium Horizontes 2018, na categoria Internacionalização. Liderado por Vítor Abreu, o grupo, que tem em Santo Tirso o seu centro de gravidade, está especializado em revestimentos e acabamentos têxteis, exportando mais de 80% da sua produção. Com um volume de negócios próximo dos 40 milhões de euros, a Endutex tem como um dos seus pontos fortes o facto de ser um grupo vertical.

26 mil

metros por dia é a capacidade de estampagem da Etexba-Estamparia Têxtil de Barcelos, que se divide em 20 mil metros de convencional e seis mil de digital

VANS ABRE MAIOR LOJA DA PENÍNSULA IBÉRICA EM LISBOA A Vans, cadeia norte-americana de moda para desportos radicais cuja dona é a VF Corporation, decidiu abrir duas lojas no mercado português, e uma delas, a que acaba de abrir em Lisboa, é a maior da Península Ibérica. Em 2019, o foco do plano de expansão da marca irá focar-se em Portugal e Espanha, especialmente nas Ilhas Canárias e em Barcelona, onde serão abertas seis lojas .


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A MINHA EMPRESA Fergotex – Fábrica de Malhas Têxteis Av. Conde de Arnoso, 1831 4770-526 Arnoso Stª Maria Vila Nova de Famalicão

O que faz? Confeção de malhas e sportwear com capacidade para desenvolvimento integral de coleções e produção de 8 a 10 mil peças por semana Trabalhadores Cerca de 100 Fábrica Arnoso Stª Maria, Vila Nova de Famalicão, com cerca de 4 mil m2 de área coberta Volume de negócios 3,5 milhões de euros (mais de 95% em exportações)

ENVICORTE INVESTIU 600 MIL EUROS NOS PLISSADOS A Envicorte investiu 600 mil euros no alargamento da sua oferta aos plissados, numa operação que implicou o alargamento para 1500 metros quadrados das suas instalações industriais em Codessos, Paços de Ferreira. Fundada no início do século por António Carneiro, antigo despachante oficial na Alfândega do Porto, a Envicorte especializou-se em acessórios para a industria têxtil, emprega 38 pessoas e faz um volume de negócios na ordem do 1,5 milhões de euros.

2,7milhões

de euros foi quanto investiu, em tecnologia e eficiência elétrica, a Samofil, que emprega 140 pessoas e vende 6,7 milhões de euros

A VEIA EXPORTADORA DA MODA NACIONAL NO PORTO CANAL Nas feiras internacionais ou através de agentes e distribuidores, a moda nacional aponta cada vez mais aos mercados externos. Com a série “Têxtil Português” o Porto Canal fez o retrato deste processo expansionista e mostrou casos de marcas bem sucedidas além fronteiras, como a Lion of Porches, B.Simple, SMF, Dr.Kid, Cotton Brothers, Carolina Bernardo, Cristina Barros, Pé de Chumbo, Goa Goa, Kitess e Concreto.

A qualidade é sempre a maior exigência Já se sabe que o desporto pode – e deve – ser uma escola de virtudes, e não é sequer necessário citar o exemplo de Belmiro de Azevedo, que gostava de invocar a juventude como atleta no FCPorto para ilustrar o empenho, tenacidade e espírito de equipa que fizeram da Sonae o maior e mais bem-sucedido grupo empresarial do país. Também Carlos Azevedo (o apelido é apenas coincidência) aplica na gestão da Fergotex muito do que aprendeu nos tempos de defesa direito no futebol amador. Avançar com segurança, ter uma equipa coesa e motivada e não embarcar em aventuras ou correr riscos desnecessários, são pilares da história de 35 anos de sucesso da Fergotex, uma confeção dedicada às malhas e ao sportwear, que exporta praticamente a 100% e tem crescido sempre de forma consistente e sustentada. Outra das marcas da identidade da têxtil de Arnoso é a forte relação de confiança com os clientes. “Fabricamos exclusivamente para clientes em private label, alguns desde que iniciámos a actividade. Muitos já cá andam há mais de 30 anos, e não vêm pelos nossos lindos olhos”, enfatiza o administrador da empresa. Os clientes chegam sobretudo da Europa (Espanha, França, Itlália, Alemanha e países nórdicos), mas também já alguns dos EUA, para onde espera vir a trabalhar mais nos próximos tempos. “Há um ou outro cliente em Portugal mas não chegam a 4% ou 5% daquilo que fazemos”, esclarece Carlos Azevedo. Quanto a marcas, “a confidencialidade faz parte da relação de confiança com o cliente” e há que jogar à de-

fesa. Mesmo assim não esconde que também veste a camisola nacional ao mostrar uma réplica perfeita da camisola de Eusébio (foto) no célebre Mundial de Inglaterra. A empresa, que em 2018 foi premiada com o estatuto de PME Líder, acaba de reforçar a capacidade instalada com a aquisição se duas estendedoras e uma máquina de corte automática, com as quais caminha no sentido da perfeição no corte das malhas. “A qualidade é sempre a nossa maior exigência”, frisa Carlos Azevedo, ilustrando com as três máquinas de bordar “só para fazer amostras”, o departamento criativo com duas designers e uma linha com dez pessoas “dedicada em exclusivo a novas coleções”, que permitem fazer internamente o desenvolvimento integral de todos os produtos. Parte da confeção é depois sub-contratada, contando com um grupo de cerca de 20 parceiros com os quais trabalha há muito tempo e que dão todas as garantias de qualidade. Com um plantel próximo das cem pessoas, a Fergotex deverá fechar as contas de 2018 com um volume de negócios de 3,5 milhões – cerca des 2% mais que no ano anterior – e orgulha-se do seu percurso de jogo pelo seguro, com pequenos passos, firmes e consolidados. O actual complexo industrial foi suportado por capitais próprios, assim como o tem sido todo o investimento. “Não estamos dependentes da banca e não temos projetos ou financiamento, seja do governo ou comunitários”, remata Carlos Azevedo, sabedor de que é à defesa e pelo seguro que se constroem os bons resultados. t

H&M, IKEA E STORA ENSO JUNTOS NA PRODUÇÃO DE FIOS SUSTENTÁVEIS A aposta do setor têxtil e do vestuário na produção sustentável está a envolver cada vez mais empresas e organizações e as mais recentes são a H&M, a Ikea e a fabricante de biomateriais Stora Enso. Em 2014, a H&M e a Ikea lançaram a empresa TreeToTextile para fornecerem produção em escala industrial de fibras têxteis sustentáveis e à dupla junta-se agora a Stora Enso.

"Nos últimos cinco anos o preço da lã quase triplicou, o que é muito difícil de repercutir no preço final" Paulo Augusto de Oliveira Administrador da Paulo de Oliveira

GARCIA ACONCHEGA O INVERNO MASCULINO Neste inverno a Garcia traz opções para todos os gostos não faltam os looks trendy e que aquecem não só o corpo mas também a alma. Os azuis misturam-se entre si e podem ser conjugados com outras cores como cinzento ou tijolo. A marca de moda Garcia nasceu em Itália em 1977, pelas mãos de Maurizio e Isabel Garcia, e entrou no mercado nacional com a abertura simultânea de quatro lojas em regime de franchising. As primeiras abriram portas em Aveiro, Barcelos, Porto e Tavira.


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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LANIFÍCIOS

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NOVO DIRETOR QUER MODATEX AUTO-SUFICIENTE E INCLUSIVO

SASIA INVESTE DOIS MILHÕES EM NOVA LINHA DE RECICLAGEM A Sasia investiu dois milhões de euros numa mais moderna e completa linha de reciclagem, que aumenta em 20% a sua capacidade produtiva e melhora a eficiência energética da empresa. “Não tivemos qualquer tipo de apoio comunitário. Alegaram que não era inovação. Ora nós, na reciclagem, inovamos todos os dias, nos processos tecnológicos e na automatização”, protesta Miguel Ribeiro da Silva, administrador da Sasia, que foi uma das parceiras da Riopele no projeto Tenowa que ganhou o Prémio Produto Inovação 2018 atribuído pela Cotec.

"As marcas já perceberam que não é uma questão de moda, ou estão no mercado da sustentabilidade ou não estão no futuro" Albertino Oliveira Diretor comercial e de marketing da Sedacor

Cláudia Azevedo Lopes

José Manuel Castro é o novo diretor executivo do MODATEX, em substituição de Sónia Pinto, e assume funções com o objetivo de tornar o centro de formação mais inclusivo e auto-suficiente. O novo líder, que até agora desempenhava funções como presidente do Conselho de Administração, propõe-se também a introduzir uma nova metodologia de ensino e adaptar a oferta formativa à nova realidade da ITV portuguesa. A ideia é que o MODATEX se torne mais apelativo também para aqueles que, não estando desempregados, desejam integrar as formações do centro mas que não querem estar dependentes das balizas temporais impostas. “Trabalhamos diretamente com os Centros de Emprego na integração profissional de pessoas desempregadas. No entanto, os processos de escolha vocacional confrontam-se muitas vezes com regulamentos de elegibilidade, como o número mínimo de formandos, que atrasam ou impossibilitam as formações. Será essencial

poder começar turmas com um número de formandos menor do que o exigível e permitir a integração de novos formandos ao longo do curso”, afirmou José Manuel Castro ao T. Um novo modelo de atuação que, além de mais ágil, permite também a introdução de uma nova metodologia de ensino. “À medida que fossem sendo integrados, os novos alunos contariam não só com a supervisão dos formadores mas também com o apoio dos formandos mais adiantados na formação – numa lógica de peer learning . Nada que não seja já feito noutras latitudes e que fomentaria o acesso em contínuo às nossas formações”, adianta. “Será absolutamente necessário que as empresas percebam que têm à disposição um centro de formação profissional de referência, capacitado para satisfazer a maioria das suas necessidades. Podemos também imaginar ações de formação para formandos de outros países, inclusive dos PALOP. Todas estas medidas serão essenciais no sentido de gerar receita própria”, destaca o agora diretor – que será substituído no cargo que ocupava anteriormente por Helena Chaves, quadro do IEFP. t

LOUIS VUITTON REABRE LOJA DE LISBOA

LASA PROCURA NOVOS MERCADOS EM 2019

A Louis Vuitton reabriu a sua loja na Avenida da Liberdade, em Lisboa, depois de ter sido alvo de uma renovação. Nos dois pisos das renovadas instalações, os clientes têm acesso a uma experiência de shopping privada, rodeados de obras de arte e objetos do arquivo histórico da marca que enquadram a oferta de pronto-a-vestir, marroquinaria, sapatos, fragrâncias e acessórios.

Apesar das incertezas e impactos causadas pelo Brexit, assim como os movimentos de crescente protecionismo, o Grupo Lasa espera ter todo o sucesso nas recentes apostas feitas ao nível dos investimentos de penetração em novos mercados. Os votos para 2019 do manager Ricardo Silva vão ainda no sentido de que o Grupo Lasa possa prosseguir no caminho da inovação e sustentabilidade.

2800

expositores estão presentes de 3 a 6 de fevereiro na ISPO Munique, a maior feira mundial de artigos para desporto, que pela primeira vez ocupará oito áreas nos 18 pavilhões da Neue Messe Munchen

400 PME DO TÊXTIL E MODA À CONQUISTA DO MUNDO

NOVA COLEÇÃO KÅNKEN COM MOCHILAS RECICLÁVEIS

O reforço da aposta nas exportações marca o arranque do ano e só no primeiro semestre de 2019 as empresas de têxteis e vestuário vão marcar presença em 56 feiras, com mais de 400 PME à conquista do mundo. Exportar mais é o objetivo, que conta com um investimento de 13 milhões de euros por parte da Selectiva Moda e da ATP (co-financiados pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e

Depois da Kånken a Re-Kånken. A nova linha FW18 da da sueca Fjällräven combina o design icónico da mochila original com uma construção ecológica feita a partir de onze garrafas plásticas recicladas. Mantendo todas as caraterísticas da Kånken, a Re-Kånken é feita usando um único fio, conferindo um aspeto monocromático, sem risco de desbotar. As mochilas podem ainda ser recicladas no final da sua vida útil, dado usarem uma inovadora tecnologia SpinDye que reduz radicalmente a quantidade de energia, água e produtos químicos usados durante o processo de produção.

Internacionalização) para promover a internacionalização das empresas do setor. A estratégia “é não falhar as feiras emergentes em mercados tradicionais e nos mercados emergentes marcar presença nas feiras tradicionais”, diz Manuel Serrão, administrador executivo da Selectiva Moda, enquanto o presidente da ATP acredita que apesar das perturbações internacionais as exportações vão continuar em alta. “Já em 2018 existiam alguns

constrangimentos”, diz Paulo Melo, apontando que mesmo assim a fileira deverá fechar o ano com um crescimento da ordem dos 2%, mantendo assim o ritmo apurado até final de outubro quando as vendas ao exterior ultrapassaram os 4,4 mil milhões de euros. “Acreditamos que se irá manter este nível de crescimento até ao final do ano”, disse ainda o presidente da ATP, notando que “o setor está a fechar um ciclo de dez anos de crescimento contínuo”. t


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MIGUEL VIEIRA ARRASA EM MILÃO E PEDE MAIS APOIOS O designer português Miguel Vieira apresentou a coleção de outono-inverno 19/20 em Milão, numa sala cheia e atenta. Na nova coleção, os tecidos grossos e estruturados dão lugar a materiais mais leves e frescos, como que telas em branco onde se celebra a cultura e a inovação. Mas para lá de todo o sucesso e glamour, o estilista afirmou que o Governo e os empresários portugueses deveriam apoiar mais os designers, já que Portugal não é um país com tradição na moda.

"Quando comecei, o nosso trabalho era incomparavelmente menos exigente. Não havia o stress que há hoje. Agora não há margem para erros. Quando sentem que deixamos de ser de confiança, os clientes vão-se embora"

MORETEXTILE ABRE GUERRA AO PLÁSTICO

A alma do maior grupo português de têxteis lar é cada vez mais verde e desta vez declarou guerra às embalagens de plástico. A ideia tem tanto de simples como de encantadora, com o plástico a ser substituído por um atrativo saco reutilizável, que valoriza o produto e anuncia o que está lá dentro, pois é confecionado com o mesmo tecido do produto que acomoda. t

JF ALMEIDA INVESTE 2,1 MILHÕES PARA SUBIR SALÁRIOS Depois das máquinas de tinturaria que reduzem a metade o consumo de água, a JF Almeida investe agora também no aumento da capacidade na área de costura para acabar com os custos de subcontratação. Ao todo é um investimento de 2,1 milhões – 1,5 nas máquinas de tinturaria e 0,6 na costura -, que vai permitir não só maior eficiência e qualidade mas também baixar consideravelmente os custos de produção. “Como não podemos aumentar os preços, para poder aumentar salários temos que baixar aos custos de produção”, diz Joaquim Almeida, presidente e fundador da poderosa têxtil lar de Moreira de Cónegos. Com as novas máquinas de costura, que devem entrar em funcionamento durante este mês, a empresa passa a ter instalada uma capacidade para 1100 toalhas por hora. Além de prescindir da subcontratação e dos custos de transporte, os ganhos de produção resultam ainda da rapidez e maior controlo sobre a qualidade.

Também com as máquinas de tinturaria, instaladas a partir de meados do ano passado, à redução no consumo de água há que somar a correspondente poupança de energia e de produtos complementares, tanto para o tingimento como para o tratamento das águas. Mais importante, no entanto, são os ganhos no âmbito dos processos de sustentabilidade, responsabilidade social e ambiental e economia circular. Keep calm, we reduce water é o slogan que a JF Almeida adoptou para comunicar o inovador processo de tingimento que lhe permite gastar apenas 12 litros de água para fazer uma cor, de que é exemplo o fio 360, produzido a partir de resíduos têxteis da sua tecelagem. Especializado em felpos, o grupo JF Almeida emprega perto de 600 trabalhadores e deverá fechar o ano com um volume de negócios a rondar os 60 milhões de euros, mais de 92% em exportações diretas. t

Carla Lobo Administradora da R. Lobo

ATP AJUDA ITV A ACERTAR RELÓGIO PELA INDÚSTRIA 4.0 O Diretório para a Transformação Digital da ITV já pode ser descarregado do site da ATP, que com esta publicação dá mais uma ajuda para que as empresas do setor estejam à altura dos desafios da nova era digital. “Nos mercados internacionais já é visível e reconhecida a importância crescente das ferramentas digitais devido a utilização generalizada pelos agentes económicos de smartphones, iPads, PCs etc, e pela utilização intensiva das redes sociais para comunicar à escala global”, explica Paulo Vaz, diretor-geral da ATP.

2,5 milhões

de euros é o montante que a Gierlings Velpor está a investir em equipamentos, um programa que estará concluído em maio e lhe permitirá quase duplicar as vendas

RICARDO E FRANCISCA PEREIRA EMBAIXADORES DA DECENIO

CLUSTER TÊXTIL E INDÚSTRIAS DE DEFESA UNEM ESFORÇOS Depois do sucesso da presença de 14 empresas nacionais na Egypt Defense Expo 2018, o Cluster Têxtil e a idD – Plataforma das Indústrias de Defesa Nacionais assinaram um Protocolo de Cooperação com vista a apoiar a inovação e internacionalização das empresas têxteis na área da Defesa. Entre os projetos abrangidos pelo acordo encontram-se o Programa dos Sistemas de Combate do Soldado, o projeto Advanced

Combat Uniform, e o Projeto Auxdefense, financiado pelo Ministério da Defesa Nacional. As duas entidades apostam em “ações conjuntas de promoção e divulgação, nacional e internacional, das empresas do Cluster Têxtil na área da Defesa, incluindo as que integram a Base Tecnológica e Industrial de Defesa”, refere o documento que foi subscrito pela diretora executiva do Cluster, Ana

Ribeiro, o presidente e o diretor geral do CITEVE, António Amorim e Braz Costa, respectivamente, e o General Henrique Macedo, da idD. Constituído por 39 empresas e 15 entidades não empresariais, o Cluster Têxtil tem o objetivo de ser um dos mais competitivos a nível mundial na investigação, conceção, desenvolvimento, fabricação e comercialização de produtos têxteis e vestuário. t

Ricardo e Francisca Pereira são os embaixadores da portuguesa Decenio em 2019. O ator e apresentador e a sua mulher personificam o conceito da Decenio como marca familiar que apresenta soluções elegantes, sofisticadas e versáteis. Numa sessão fotográfica de estilo minimalista, os dois transmitem a sua alegria e forma positiva de viver, uma atitude cosmopolita que rapidamente definiu a sua associação à Decenio.


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“ESTOU SUPER OTIMISTA QUANTO AO FUTURO”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Clementina Freitas 63 anos, nasceu em Braga, sendo a mais velha dos três filhos do matrimónio entre um metalúrgico e uma operária fabril. Ainda adolescente, mal acabou o Curso Geral do Comércio, iniciou a sua atividade no mercado de trabalho na TMG, onde permaneceu 11 anos. Em 1986, após três anos na Fabinter/Kispo, a segunda escala do seu percurso profissional, fundou a Latino. Casada há 42 anos com o Guilherme, têm dois filhos: o Nuno, sócio fundador da Spirito Cupcakes e com um projeto na Prozis, e o João, dono e CEO da Mezzolab, uma empresa de marketing digital.

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s nossos bombeiros combatem os incêndios florestais com fatos sem proteção térmica; queimam-se com água quente - denuncia Clementina Freitas, CEO e fundadora do grupo Latino, que fornece os bombeiros franceses e desenvolveu, em parceria com o 2C2T da Universidade do Minho e a Critical Software um fato hi-tech para os soldados da paz. A especialização da Latino em uniformes e vestuário de proteção foi uma escolha estratégica ou uma oportunidade?

Começamos a fornecer calças para o Marks & Spencer mas sabíamos que não podíamos estar dependentes de um único cliente. E passamos também a abastecer o El Corte Inglês com casualwear e clássicos. Até que, em 1988, surgiu a possibilidade de vendermos uniformes para Angola. Foi fácil?

Muito simples. Angola estava em guerra civil e os aviões de passageiros andavam vazios. Chegámos a carregar dois aviões por semana. Renovámos todas as fardas da polícia, mudando inclusive a cor, de azul petróleo para azul marinho. Ainda vendem para Angola?

Estamos a retomar a relação, negociando um projeto de investimento na construção de uma unidade fabril em parceria com uma entidade local. O objetivo é produzir em Angola o que está a ser importado para as Forças Armadas. Em que fase está o projeto?

Há vontade de ambas as partes. Estamos a estudar locais. Será de certeza fora de Luanda. Mas sabemos que é um processo longo e complicado, até porque não há

em Angola fornecedores locais de matéria prima e acessórios para este tipo de indústria. No início tudo terá que ser importado, mas quem sabe se com a implementação desta unidade, no futuro, outras indústrias, a jusante, não possam aparecer? São fortes oportunidades para a implementação de novas indústrias de matérias primas.

"O principal fator crítico é a falta de recursos humanos nas áreas técnica e de vendas"

Muitas dores de cabeça em perspetiva?

Iniciar um projeto industrial numa zona geográfica onde não há fornecimento de matérias primas, e tudo tem que ser importado, é sem dúvida um grande desafio. Espero não ter dores de cabeça. Sei que não vai ser fácil! O fator crítico neste momento serão os recursos humanos. Vão ter de expatriar quadros?

A indústria de confeções em Angola está a dar já os primeiros passos. Certamente que vai ser necessário criar equipa e deslocalizar alguns recursos. Um setor como a indústria de vestuário é de mão-de-obra intensiva. A formação local será naturalmente obrigatória. É um projeto de muito trabalho e risco…

Sim. Toda a indústria é de acompanhamento contínuo. Mas a verdade é que tem que haver sempre uma certa dose de loucura para alguém se aventurar a ser empresário... Enveredar pelo vestuário técnico foi o movimento certo na hora certa?

Foi. Começamos nas fardas para Angola em 1988 e meia dúzia de anos depois já estávamos a fazer vestuário técnico, muito mais complexo, para a Stihl, obedecendo a normas europeias. Um upgrade…

Os uniformes militares são uma boa escola, que nos habituou a resolver problemas e desafios, como o de garantir um mínimo de conforto a quem usa uma farda durante 30 dias consecutivos sem a despir, em condições adversas,

Concluída a Escola Comercial, em Braga, foi a uma entrevista a uma empresa de recrutamento no Porto, que não tardou a colocá-la como secretária da administração na TMG, em Famalicão. Um mês chegou para perceberem que tinha havido um erro de casting! Depois de fazer uns testes psicotécnicos, a conclusão foi óbvia - o lugar certo para o qual estava vocacionada era o departamento comercial. As vendas eram a praia de Clementina, que estava como peixe na água na empresa fundada por Manuel Gonçalves, de onde não teria saído se não se tivesse dado o caso de a determinada altura lhe ter sido explicado que por ser mulher não valia a pena candidatar-se a um lugar de vendedor que estava vago… Mudou-se então, para a Fabinter/Kispo, onde esteve até à morte de Hans Isler (o suíço que fundou a empresa). Este triste acontecimento obrigou-a a repensar o que pretendia do futuro. Foi uma crise que se transformou numa oportunidade. E no ano da adesão de Portugal há CEE, debutou como empreendedora, fornecendo uma encomenda de 40 mil calças de homem para a Marks & Spencer, a primeira venda da Latino.

na natureza. Não tem nada a ver com moda. O que está em causa é a performance. Em 1994, criaram a marca ProWork para vestuário de trabalho, a que acrescentaram mais tarde a Protactical, para vestuário militar. Ter marcas é assim tão importante?

Desde cedo, a nossa estratégia foi investir nas marcas. O produto que vendemos deve ter a nossa marca. O marketing é feito com marcas, que ajudam a fidelizar o mercado. Há um ano lançaram uma terceira marca, a Bravian, de moda funcional. Como estão a correr as coisas?

Estamos a acelerar a sua penetração no mercado, bem como a acentuar a componente sustentável da marca, usando cada vez mais materiais reciclados e orgânicos. Já fizemos três coleções, temos agentes em França e estamos em vias de fechar também com um agente na Suíça.

quer do projeto AuxDefense quer de outros projetos de I&D que desenvolvemos, para incorporar em diversos novos artigos, é uma realidade a dar continuidade. Em que tipo de produtos?

Entre outros temos um colete que recorrendo à tecnologia dos airbags garante a proteção do idoso contra o impacto de eventuais quedas, bem como uma peça de vestuário que melhora o bem-estar e atenua a sensação de fadiga. Eu própria testei uma, e a verdade é que cheguei ao fim do dia bem menos cansada do que é costume. Apesar de trabalharem para nichos, o vosso espetro de intervenção é diversificado…

Tão depressa desenvolvemos um fato de laboratório anti-estático como um fato militar com proteção ao corte, uma farda escolar ou uma jaleca para a restauração. A nossa equipa está preparada para responder adequadamente a cada um destes desafios.

Qual é conceito da Bravian?

É uma marca de moda urbana e funcional, reconhecida por utilizar têxteis técnicos e inteligentes, que garantem elevado conforto e performance, aliados a design, durabilidade e eco-friendly. São coleções curtas dirigidas a nichos de mercado muito específicos, como tatuadores, baristas etc. O que ganham em integrar o consórcio AuxDefense, apoiado pelo Ministério da Defesa?

É um marco importantíssimo na vida do nosso grupo. A parceria com a LMA, Fibrauto e Universidade do Minho, Sciencentrix, Força Aérea e Exército, já tem resultados reais, como o colete de proteção balística e as joelheiras e cotoveleiras com materiais avançados, que estão a ser testadas no Iraque, com tecnologia que a Latino vai comercializar. Estes produtos já detêm o selo Combat Test do idD/Ministério da Defesa. Vendendo para outros exércitos?

Naturalmente que sim, mas não só. A transferência da tecnologia

A saúde está no vosso horizonte?

Sim. Trabalhamos de modo recorrente com o SNS. Estamos inclusive a trabalhar num projeto de I&D nesta área, em parceria com alguns parceiros do sistema tecnológico. Em que consiste?

Deteção e controlo do estado do fardamento relativamente à exposição bacteriológica nos hospitais, pois como sabemos as infeções hospitalares continuam a ser uma grande preocupação do SNS. O SNS interessou-se pelo projeto?

Sim. Um dos parceiros faz parte do SNS. Sabemos que um dos problemas, expectáveis na industrialização deste tipo de produto, será o preço mais elevado que os atuais fardamentos. Esperamos, no entanto, que sejam ponderados os custos atuais das infeções hospitalares, quer no seu tratamento e até mesmo em vidas humanas, e se percebam as vantagens de investir em vestuário que ajude a


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VENDA ONLINE PARA 20 MIL PSPs

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Desde o início de janeiro que a Latino fornece as fardas para os 20 mil agentes da PSP, nos termos de um acordo inovador firmado com a PSP e com a duração de cinco anos. O grupo português criou uma plataforma online, de acesso reservado aos profissionais da Polícia de Segurança Pública, onde eles se podem equipar dos pés à cabeça. “É um enorme desafio em termos logísticos”, reconhece Clementina Freitas. Os bombeiros franceses e os carabinieri italianos também usam fardas produzidas pelo grupo português especializado em vestuário de proteção e segurança, que emprega 50 pessoas e tem o seu centro de atividade em Braga.

reduzir as infeções hospitalares. Em que pé está a comercialização do fato para bombeiros que desenvolveram com o 2C2T da U.Minho e a Critical Software?

Constatamos que não é fácil convencer as autoridades responsáveis. Temos um fato state of the art, com sensores embebidos na estrutura têxtil, que fornece em tempo real informação sobre os sinais vitais do utilizador - ritmo cardíaco, temperatura corporal e exterior, transpiração, etc. Pois os nossos bombeiros combatem os incêndios florestais com um fato que nem sequer tem proteção térmica!! A própria água quente pode produzir queimaduras... Porquê?

Sei lá! Já ouvi de tudo. Até já ouvi que se forem demasiadamente bem protegidos os bombeiros aproximam-se demais das chamas e expõem-se a mais riscos!! O que estão a fazer para mudar esse estado de coisas?

A tentar convencer outras instituições a adotar a mesma atitude do Ministério da Defesa Nacional, que trabalha com a indústria nacional. Nós não precisamos que nos dêem valor. Só precisamos que nos deixem mostrar o nosso valor. O que está mal é que o foco de quem decide, talvez por falta de conhecimento, não tente criar as melhores condições possíveis para o trabalho dos operacionais. Quais as apostas mais fortes que têm em curso ao nível de I&D?

Temos um núcleo interno, o Nidprotech, que está a preparar a certificação e está a desenvolver com a Fibrenamics/TecMinho seis projectos na área da dispersão do impacto de alta e baixa velocidade. Estamos também a melhorar a performance das nossas calças de proteção ao corte de serra elétrica. Como avalia o sistema nacional de I&D?

Está extremamente evoluído. Portugal está seguramente ao nível de outros países europeus. Considero

"As empresas crescem com pessoas crescidas"

é o volume de negócios que o grupo Latino projeta fazer este ano, quase duplicando os 3,6 milhões de euros vendidos em 2018

clientes, não existo. E não me venham falar que isso se resolve com pessoal de gestão ou de marketing. Esses quadros privilegiam o trabalho de secretária, mais cómodo e confortável que o contacto direto com os clientes.

As perguntas de

O preço continua a ser um fator decisivo?

apenas que necessitamos de melhorar o aproveitamento de sinergias, entre as várias empresas e intervenientes do sistema tecnológico, de modo a concretizar a industrialização, ou seja a comercialização dos produtos. Há ainda excesso de individualismo e um défice de parcerias?

O trabalho, que já é excelente, ainda seria mais eficaz e produtivo se houvesse uma maior partilha do conhecimento, de forma a impedir o desperdício de haver várias entidades a investigarem a mesma coisa ao mesmo tempo. Com mais colaboração, poupavam-se tempo e recursos e os resultados seriam proveitosos para todos. Qual é o principal fator que afeta a competitividade da Latino?

A falta de recursos humanos especializados na área técnica. Noto uma falta de visão estratégica para o futuro, por parte de quem formata o nosso sistema de ensino. Não há uma única licenciatura para Engenharia de Vestuário. Mesmo a formação intermédia de qualidade nesta área é escassa. Não é a Engenharia Têxtil que resolve o problema da confeção pois não têm formação para esta área. Precisamos de formação específica. Mas não só...

Em 90% dos casos, o preço é o principal fator de decisão. E está-se a vender mais barato do que há dez anos atrás. Como se contraria isso?

Oferecendo produtos cada vez mais técnicos, conquistando a confiança dos clientes através da credibilidade, da qualidade e do serviço. A nossa filosofia é simples. Não estamos onde está a multidão. Trabalhamos para a performance e diferenciação do produto. Vemos o que o mercado precisa e satisfazemos essa necessidade. Quais são os vossos pontos fortes?

Um elevado know-how na conceção e desenvolvimento de produtos técnicos; a nossa equipa - que está a ser reforçada; a diversidade de produtos e o tipo de clientes, fidelizados e com baixo risco de crédito. E onde sente que precisam de melhorar?

Vamos ter de melhorar ao nível de alguns processos internos, implementação lean. A ampliação das instalações, a acontecer em breve, irá simplificar alguns processos, nomeadamente o logístico com um armazém semi-automático de picking.

De que mais sente falta?

Como vê a Latino no futuro próximo?

De vendedores capazes de vender areia no deserto. Anda toda a gente encantada com as TIC’s. Sabemos quanto exportam as TIC’s e quanto exporta o têxtil....esquecem-se que o lugar de vendedor é um dos mais importantes na empresa. Posso confecionar tudo o que for necessário e o melhor que for possível, mas se não tiver

Estou super otimista. Temos a estratégia certa e caminhos já bem traçados. Sabemos o que queremos e como vamos conseguir atingir os nossos objetivos. As empresas crescem com pessoas crescidas, disponíveis para abraçar novos projetos e motivadas! Espero que o futuro seja do tamanho dos nossos sonhos. t

Fernando Ferreira Diretor do 2C2T da U.Minho Que fatores considera mais relevantes para a competitividade e sustentabilidade do seu negócio?

Temos conseguido aumentar a componente sustentável da nossa produção e vamos continuar a reforçá-la. Surgiu-nos muito recentemente uma proposta de trabalho muito interessante que nos levou a ponderar iniciar um projeto na área da economia circular. Como perspectiva a relação entre a indústria e os centros de investigação?

Acho que já é muito positiva e ainda tem muito espaço para melhorar. Uma não deve viver sem a outra. Temos todo o interesse na cooperação. Claro que não podemos desperdiçar esforços a perseguir soluções utópicas - produtos que o mercado não compra. A nós só nos interessa desenvolver produtos que sejam industrializáveis, vendáveis e rentáveis. As empresas não são centros de investigação. Nós não vendemos investigação, vendemos produtos. t

Paulo Vaz Diretor geral da ATP Há condições para criar em Portugal um cluster de proteção e defesa incluindo a têxtil de alta tecnicidade, como têm os EUA, Israel e a França?

O Cluster Têxtil, do qual somos fundadores, já tem um SIG Militar e de Proteção. Ainda estamos a dar os primeiros passos e trata-se de um clube aberto. Provavelmente um dia teremos de evoluir para um clube fechado de fornecedores certificados da indústria de Defesa, tal como existe nos Estados Unidos. O Governo tem manifestado desejo de que as forças de segurança e defesa sejam equipadas pela indústria nacional. No entanto, os concursos públicos acabam por ser ganhos por quem oferece produto mais barato e importado. Não acha paradoxal esta situação?

Felizmente as coisas estão a mudar. Há sinais positivos nesse sentido. O Ministério da Defesa parece estar imbuído de um espírito de colaboração com a indústria portuguesa. E a Plataforma da PSP para o fornecimento das fardas militares, que é da nossa responsabilidade, foi iniciada com um contacto do MAI à indústria nacional, por via da ATP. t


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FEIRAS

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GENDA DAS FEIRAS

FIMI 1 a 3 de fevereiro – Madrid Baby Gi, Beppi, Dreampassion Baby Clothes, És parte de mim, FS Baby, Mary Tale, Mimi Chic, Ponto por Ponto ISPO 3 a 6 de fevereiro – Munique 4 Teams, A. Fiúza, A.Sampaio & Filhos, Barcelcom, Bergand by Gulbena, Carvema Têxtil, CeNTI - Centre for Nanotechnology and Smart Materials, CITEVE, Clothius, Dune Bleue, Faria da Costa, Fiorima, FLM Textil, Fradelsport, Heliotextil, IDEPA, Impetus Portugal, J.Caetano & Filhas, Lemar, Lipaco, LMA, NGS Malhas, Oldtrading, Olmac, Onda, P&R Têxteis, Ropar, Sidónios Seamless Tech, Sit – Seamless Industrial Technologies, Smart Inovation, Tapa Costuras, Têxtil António Falcão, Têxtil Sancar, Wat, Identity FC MAGIC 4 a 7 de fevereiro – Las Vegas Adalberto Estampados, Becri, Silva & Irmãos, Trendymystery, My Shirt MILANO ÚNICA 5 a 7 de fevereiro – Milão Albano Morgado, Familitex, Lemar, Otojal, RDD, Sanmartin, Adalberto Estampados, Riopele

PORTUGAL SEM MÃOS A MEDIR NA PITTI BIMBO

A moda infantil portuguesa atraiu todas as atenções na recente edição da Pitti Bimbo, que se realizou entre os dias 17 e 19 de Janeiro, em Florença. A multidão registada no stand da Dr. Kid, na foto, é a prova viva do impacto crescente que a etiqueta made in Portugal tem neste mercado. FS Baby, Meia Pata, Natura Pura, Knot e Phi Clothing foram as restantes representantes nacionais, numa delegação que se diferenciou pela aposta na qualidade, design e sustentabilidade. t

DESIGN NACIONAL MARCA PONTOS EM PARIS

INTERGIFT 6 a 10 de fevereiro – Madrid Dilina Têxteis, DKT – OPIBRANDS, DolceCasa, Rio Sul CIC, Têxteis Lar S. José, Têxteis Iris MOMAD 8 a 10 de fevereiro – Madrid Averse, Blackspider, Concreto / Valérius, Cotton Brothers, Faroma/Maloka, Givec, Karlek, Lion of Porches, Loco Luxo, Lovely Arcade, Luis Buchinho, Pé de Chumbo, Scripta, Scusi, Simple Change/Sal de Pipa, South Fashion Brands INDX 10 e 11 de fevereiro – Birmingham FS Baby, Just Lovely, Mom(e) PURE LONDON 10 a 12 de fevereiro – Londres Boon Clothes, Little Nothing, Beppi, Orfama, Temasa PREMIÈRE VISION 12 a 14 fevereiro – Paris Fabrics - A Sampaio, A Textil Serzedelo / Texser , Acatel, Adalberto Estampados, Albano Morgado, Avelana, Etexba, Familitex, Gierlings Velpor, Joaps, Lemar, LMA, Luis Azevedo, Lurdes Sampaio, NGS Malhas, Otojal, Paulo de Oliveira, Penteadora, RDD, Riopele, Sidónios, Somelos, Tessimax Tintex, TMG, Trimalhas, Troficolor Accessories - Bordados Oliveira, Envicorte, Idepar Yarns - Fifitrofa, J.F.Almeida, MAF/Filasa, SMBM, Têxtil António Falcão Manufacturing - J. Caetano & filhas, R.Lobo, Siena, Soeiro Centro Têxtil, Toddler Portugal, Triwool Knitwear - Orfama CPM MOSCOVO 25 a 28 de fevereiro – Moscovo Cristina Barros, Blackspider by Cristina Barros, Beppi POZNAN FASHION FAIR 5 e 6 de março – Poznan Blackspider, Cristina Barros, GIVEC, Lion of Porches JITAC 26 a 28 de março – Tóquio A Textil de Serzedelo, Fitecom, Lemar, Otojal, TrendBurel, Riopele, Somelos Co-financiado

Por entre muitos negócios e frutuosos contactos que marcaram a presença das marcas portuguesas pela Maison & Objet, os expositores registam a visita do secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, numa demonstração de apoio e apreço pelo empenho exportador das empresas representadas na importante feira de Paris. O governante fez questão de visitar e tomar contacto com os vários stands nacionais e teceu elogios à criatividade e dinamismo das empresas presentes. Sendo um dos maiores eventos internacionais de decoração e lifestyle, Portugal contou com uma vasta delegação de empresas. Carapau, Deartis, Ditto, 3DCork, Byfly, Laboratório D’Estórias, Lasa Home, Sugo Cork Rugs, Têxteis Iris, Traços de Mim, Trendburel e Vasicol foram as representantes lusas que estiveram a bordo do projeto “From Portugal” da Associação Selectiva Moda. Ao longo da visita, o secretário de Estado interessou-se pelo trabalho criativo e quis conhecer as novidades apresentadas pelas várias marcas portuguesas. No stand da Carapau Portuguese Products, por exemplo, elogiou o “ar fresco” das peças apresentadas e na Sugo Cork Rugs (foto) mostrou-se impressionado pela vertente de inovação da

marca, que utiliza cortiça no fabrico de tapetes decorativos. Mas para além da visita de João Correia Neves, a Maison & Objet ficou sobretudo marcada pelo número de encomendas e novos contactos. Os ares de Paris parecem favorecer as marcas portuguesas, que conseguiram dar novos e firmes passos na conquista de novos mercados. “A feira correu muito bem, com muitos contactos e vendas”, comentava Tiago Couto, designer e co-fundador da Carapau Portuguese Products, ainda durante o último dia da feira. As peças decorativas que apresentou atraíram as atenções dos visitantes e valeram à empresa algumas encomendas do mercado suíço e o contacto valioso de um potencial distribuidor para o Japão. Também Susana Godinho, co-fundadora da Sugo Cork Rugs, fez um balanço positivo do certame: “Estou muito feliz, recebemos a visita de clientes habituais e de alguns clientes novos”. Entre os novos compradores, destaque para as primeiras encomendas da empresa portuguesa para o Líbano. Em Paris, a comitiva “From Portugal” mostrou que o design nacional acompanha as tendências mais contemporâneas e compete com as grandes marcas globais. t


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DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Bela Balda Studio

Rua Adolfo Casais Monteiro nº 59 4050-014 Porto

Ano de abertura da loja Dezembro de 2018 Produtos Roupa e acessórios femininos Estilo Peças de roupa casuais, de consumo diário Público-alvo Clientes mais jovens, a partir dos 20 anos

EL CORTE INGLÉS VAI VENDER IMÓVEIS PARA BAIXAR DÍVIDA O El Corte Inglès projecta vender ao longo deste ano um total de 130 imóveis que detém em território espanhol, uma estratégia que visa baixar a sua dívida financeira líquida que ultrapassa os 3,6 mil milhões de euros. O grupo de retalho, que é também tido como um dos maiores senhorios de Espanha, informou que solicitou à consultora PwC um estudo de forma a “reduzir a dívida e otimizar a estrutura financeira da companhia”, que identificou ativos não estratégicos, entre os quais cerca de 130 imóveis. .

5,8 milhões

de pares de collants são produzidos anualmente pelo Intecol, empresa que emprega 42 trabalhadores e faz um volume de negócios próximo dos dois milhões de euros, dos quais 90% na exportação

MOMAD DESTACA PRESENÇA DA LION OF PORCHES Com praticamente toda a superfície comercializada e 34,8% de novos expositores diretos, a organização da Momad dava já em dezembro conta das expectativas de sucesso para a sua próxima edição (8 a 10 de Fevereiro) e destacava a Lion of Porches entre as marcas já confirmadas. A par da venda de espaços, o comunicado baseava as “excelentes perspectivas” na relevância das marcas confirmadas, entre as quais incluía a insígnia do Grupo Cães de Pedra, que na penúltima edição recebeu o prémio para a melhor decoração de stand.

Que Bela Balda Corria o ano de 2007 quando Anabela Baldaque levou pela primeira vez às passerelles a Bela Balda, uma alternativa à marca em nome próprio da designer que se estreou com uma coleção de adulto e criança ao estilo mommy and me. Um projeto que acabou por ficar em stand by, à espera que algo acontecesse. Ao mesmo tempo, Anabela brincava com a ideia de abrir um novo espaço, que conseguisse combinar vários dos projetos que tinha na cabeça e que fugisse um pouco ao conceito da outra loja que tem em nome próprio e que mantêm há 18 anos. “Andava a precisar de estímulos, de desafios. Quando se tem uma carreira tão longa, às vezes é preciso algo que nos faça experimentar novas abordagens e voar para outros sítios.” Não tinha nenhum local específico escolhido, mas queria que fosse cosmopolita, dinâmico, e um dia, durante um passeio de domingo, deparou-se com um grande sinal de aluga-se nesta que é hoje a sua segunda casa. Para Anabela, foi o destino. “Este acabou por ser o lugar ideal, até porque está inserido no bairro das artes de Miguel Bombarda. Daí chamar-se Bela Balda Studio. Porque vai ser um espaço de experimentação onde, para além da loja, posso levar a cabo ideias e sonhos que tenho vindo a maturar ao longo do tempo. O primeiro projeto chama-se Pano para Mangas e consiste numa colaboração entre mim – que forneço peças em tecido cru – e vários artistas convidados – que nelas irão intervir”, explica a estilista. A primeira fase deste desafio teve lugar no dia 19 de Janeiro, o dia das inaugurações si-

multâneas, e a artista convidada foi a Ana Vidigal, que fez a sua intervenção ao vivo no estúdio e originou a peça A Bela e a Montra. A estilista conta ainda fazer workshops e outros eventos e por isso mesmo o layout da loja foi pensado para ser mudado sempre que necessário: os móveis são todos amovíveis e fáceis de reorganizar conforme as necessidades. Mas porque a base de tudo é mesmo o amor pela roupa, é a roupa a estrela deste espaço. “A coleção Bela Balda vai ser muito mais simples, mais desconstruída e mais fácil de ser consumida. Vai ser muito à base de t-shirts, de vestidos simples. Ando também a experimentar com a modelação, ou seja, fazer peças de roupa com abordagem diferentes a nível técnico. Já estou a trabalhar num par de calças sem costuras laterais. Quero também desenvolver peças mais simples, como acessórios, sacos... Algo que vai muito ao encontro do estilo que vejo nesta zona. É curioso perceber que, apesar do Porto ser uma cidade muito pequena, cada zona tem a sua forma de vestir, o seu visual.” As ideias não param de fluir na cabeça de Anabela Baldaque, que se confessa tão apaixonada pela moda como quando começou, há 37 anos atrás. “Adoro fazer roupa. Fico em estado de graça, é uma delícia! Algumas pessoas dizem-me que devia trabalhar menos, que já não tenho nada a provar, mas eu tenho tantas ideias que não consigo estar parada. Eu tiro imenso prazer disto. Dá-me tanto retorno. É ótimo, não é?”. Nós achamos que sim. Que venham os próximos 37. t

RIOPELE ADQUIRE 10% DO CAPITAL DA TECNOLÓGICA IOTECH A Riopele adquiriu 10% do capital da IOTech, startup tecnológica instalada na incubadora Famalicão Made IN, em pleno ambiente empresarial proporcionado pelo próprio gigante da indústria têxtil nacional, em Pousada de Saramagos, Famalicão. A tecnológica despertou o interesse da Riopele no showcase de apresentação de startups à indústria, promovido em Outubro pelo Famalicão Made IN.

"O fator humano vale 80% do que fazemos. Se as pessoas não estiverem estabilizadas, não se sentirem confortáveis, podemos ter um problema" José Manuel Vilas Boas Ferreira CEO da Valerius

MO QUER VESTIR JOGADORES DO FORTNITE A RIGOR A MO entra no jogo online mais popular do mundo, o Fortnite, com o lançamento de t-shirts exclusivas. As t-shirts MO, alusivas ao jogo, prometem entusiasmar os mais jovens e permitir que se vistam a rigor em dias de competição. As t-shirts encontram-se disponíveis em todas as lojas MO e em mo-online.com, em tamanhos que vão dos 10 aos 16 anos e custam 9,99 euros.


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Gonçalves

Estúdio Francisco Machado Travessa de São Mamede 163 4800-069 Guimarães

O que faz? Fotografia de produto, 3D e aluguer de estúdio Áreas Fotografia, webdesign e design gráfico Fundação 1990 Mensagem À semelhança da música, a fotografia é uma arte e comunica com mais força dos que as palavras

SOREMA VAI PASSAR A TINGIR FIO PARA SER MAIS RÁPIDA E FLEXÍVEL A Sorema está a concluir um investimento na tinturaria que lhe vai permitir tingir internamente o fio, uma operação que até agora era feita externamente. “Fazermos internamente o tingimento do fio vai dar-nos flexibilidade e rapidez no desenvolvimento de amostras, diminuindo os prazos de entrega ao mesmo tempo que nos permitirá alimentar as nossas marcas próprias em termos de desenho”, afirma André Relvas, 44 anos, administrador da têxtil lar de Espinho.

50 %

foi o crescimento registado em 2017 no volume de negócios da Apertex, que ultrapassou os quatro milhões de euros

O retrato da ITV em alta definição A máxima de que “uma imagem vale mais que mil palavras” nunca foi tão verdade como nos dias de hoje. Com o comércio digital e as redes sociais, uma boa fotografia pode ser a diferença entre crescer ou ficar estagnado, entre vender ou não. E é nesta transição para um mundo cada vez mais atento à imagem, que o Estúdio Francisco Machado quer ajudar as têxteis nacionais a encontrarem o seu lado mais fotogénico. “Somos especialistas em fotografia de produto e muito vocacionados para o setor têxtil, para os têxteis-lar, mas também para o vestuário e para o calçado”, explica o fotógrafo. Formado pela histórica Cooperativa Árvore, no Porto, Francisco Machado criou o estúdio em nome próprio em 1990, depois de ter completado um conjunto de formações especializadas em Schaffhausen e em Basileia, na Suiça. Ao longo dos seus 30 anos de carreira assistiu à revolução da fotografia digital e ao surgimento de novas exigências no mercado. Atualmente, com a ajuda de uma equipa de 6 pessoas, para além de trabalhos fotográficos presta também serviços de webdesign, design gráfico e imagem 3D, numa oferta que permite aos clientes construir uma apresentação coesa e transversal das suas marcas. Localizado a escassos minutos do castelo de Guimarães – o que pode até ser um prenúncio para maiores conquistas – o estúdio fotográfico com cerca de 500 m2 torna possível fotografar produtos de grandes dimensões, criar diferentes cenários para um mesmo objeto

ou fotografar coleções completas num prazo mais curto. Mas se o estúdio dá largas à imaginação, Francisco Machado fez questão de o equipar com as tecnologias mais avançadas, podendo fazer fotografias com 50 milhões de pixéis. “Todo o material que utilizamos é do melhor a nível mundial, desde a iluminação, que vem da Suiça, à tecnologia digital, que é da Suécia. Tudo isto se traduz no resultado final”, afirma o fotógrafo. Pelas suas máquinas fotográficas passam produtos de alguns dos grandes nomes da indústria nacional, como Lameirinho, Sampedro ou as coleções de têxteis lar do Continente. No entanto, o fotógrafo lamenta que muitos empresários portugueses ainda não tenham uma perspetiva moderna sobre a importância de uma boa apresentação. “Algumas empresas são muito técnicas, evoluíram muito bem, mas têm pouca sensibilidade em relação às questões de imagem”, afirma. Enquanto espera que o contexto nacional se altere, Francisco Machado aponta a objetiva aos mercados externos. No seu estúdio já trabalha com clientes dos Estados Unidos, Holanda, França e Inglaterra - a John Lewis, por exemplo, é uma das grandes marcas globais que já fotografou – mas espera vir a alargar esta abrangência internacional, especialmente quando muitas multinacionais vêm a Portugal produzir as suas coleções. “Uma vez que os produtos estão cá, nós temos conhecimentos técnicos e estéticos, e oferecemos preços competitivos em relação a alguns países”, explica. t

MODATEX AJUDOU A INTEGRAR OS EX-RICON NA VALERIUS

ORTEGA PREPARA-SE PARA SER O SENHORIO DA AMAZON

“Formar para Empregar” foi o objetivo da parceria estabelecida entre o Modatex e a Valérius Têxteis, que resultou na contratação de cerca de 150 novos colaboradores, na sua grande maioria ex-trabalhadores da Ricon. Passados nove meses desde o encerramento da têxtil de Famalicão, grande parte da antiga equipa já estava de novo no ativo.

Amancio Ortega, acionista maioritário do grupo Inditex, é o provável futuro senhorio da Amazon: a Pontegadea Inmobiliaria, braço de investimento do proprietário do grupo de origem galega está prestes a concluir a compra da sede da empresa, em Seattle, nos Estados Unidos, a um fundo norte-americano. 654 milhões de euros é o preço apontado.

"Inovar é pensar antes dos outros e aplicar isso num serviço que seja bom para a sociedade e para os promotores" Mário Jorge Silva CEO da Tintex

BURBERRY E VIVIENNE WESTWOOD JUNTAS PELA COOL EARTH

Vivienne Westwood e a Burberry têm uma campanha conjunta, que resulta da sua colaboração na coleção Cool Earth e apresenta um elenco eclético. Foi filmada em Londres por David Sims, com um elenco que inclui Kate Moss, Sistren, Leonard Emmanuel, LadyFag, Josh Quinton, Andy Bradin, DelaRosa, Claudia Lavender, Marco Motta, Sashadavai e Jacob Shifrin, bem como Vivienne Westwood e Andreas Kronthaler.


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[CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com

PHOTOGRAPHY FASHION / ADVERTISING


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OS ANJOS DE BARCELOS APONTAM AOS EUA E PAÍSES NÓRDICOS Os mercados norte-americano e dos países nórdicos são o próximo objetivo da Anjos & Lourenço, empresa de Barcelos que faz na exportação a totalidade do seu volume de negócios de 11 milhões de euros. Inglaterra, França, Espanha e Alemanha são os quatro principais mercados desta empresa criada em 1990 pelos irmãos João e António Anjo.

15 %

das vendas da Troficolor são feitas no mercado interno, onde tem na sua carteira de clientes a Salsa, a Tiffosi, a Decenio e a Lion of Porches

AICEP PÕE OS OLHOS LÁ FORA

“Esteve próxima da perfeição” a forma como a AICEP organizou a segunda reunião anual com as associações que têm em mãos a condução do apoio à internacionalização. A avaliação é do CEO da Seletiva Moda, Manuel Serrão, concluindo que “foi um modelo muito interessante, que permitiu em três horas que todos falassem com os representantes dos mercados que lhes interessavam”. t

BEI AJUDA TMG AUTOMOTIVE A INOVAR COM 25 MILHÕES O Banco Europeu de Investimento (BEI) vai emprestar 25 milhões de euros à TMG Automotive para implementar processos inovadores e sustentáveis de fabrico de têxteis automóveis, financiando parcialmente o plano de investimento da empresa de Vila Nova de Famalicão que aumentará a sua capacidade instalada e criará 160 novos postos de trabalho. A TMG Automotive utilizará o financiamento para por em prática a sua estratégia de investigação e inovação, centrada na utilização de novas tecnologias que reduzem o impacto ambiental dos processos de produção de têxteis para a indústria automóvel. O empréstimo é feito ao abrigo do orçamento da União Europeia no âmbito do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, conhecido como Plano Juncker. “O programa será implementado até 2020 e contribuirá para a preservação de empregos de qualidade: o grupo TMG conta atualmente com

1.400 trabalhadores e irá criar 160 novos postos de trabalho na mais recente unidade industrial da TMG Automotive”, afirma o comunicado que a representação da Comissão Europeia divulgou a propósito do empréstimo. O acordo sobre o empréstimo foi assinado pela vice-presidente do BEI, Emma Navarro, e pela presidente da TMG Automotive, Isabel Furtado. “Enquanto membro do UN Global Compact, a TMG Automotive está profundamente empenhada em cumprir os dez princípios deste Pacto, centrados nos direitos humanos, nas práticas laborais, na proteção ambiental e no combate à corrupção, bem como em apoiar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Aliar os direitos humanos ao crescimento económico sustentável e à proteção ambiental é crucial para o futuro da TMG Automotive”, assegurou, na ocasião, Isabel Furtado. t

A MODA EM EXPOSIÇÃO NA GALERIA LEICA

H&M ENCERRA SEIS LOJAS EM ESPANHA

No início está a coleção Voyage, da designer Niely Hoetsch, que contou com o apoio da Selectiva Moda/ Modtissimo para produção fotográfica feita em Portugal. Apaixonado pelo contexto, Robert Nil Reed, o fotógrafo austríaco captou momentos e imagens para além da moda que todos podem agora apreciar até final e março, na da Leica Store, no Porto.

A H&M anunciou o encerramento, já no primeiro semestre deste ano, de seis lojas em Espanha para se adaptar à evolução do mercado, e mostrou-se disposta a realocar os colaboradores. A empresa sueca atribui os encerramentos a “um processo natural de desenvolvimento de mercado” e prevê que 145 trabalhadores serão afetados pelos encerramentos.

"Temos secções praticamente todas computorizadas, como é o caso da tinturaria, onde se vê máquinas, não se vê pessoas" João Carvalho CEO da Fitecom

NO.ID (ALL IN BLACK) É A MARCA DOS MANOS BRANCO DA NORTENHA

LUMATEX MUDA DE CASA ESTE MÊS A Lumatex está a concluir um investimento global próximo dos dois milhões de euros na sua mudança para uma nova fábrica, que deverá materializar-se já este mês. As novas instalações – que ficam na mesma freguesia de Polvoreira, em Guimarães – compreendem uma área de seis mil m2, ou seja o dobro das atuais, numa nave com 110 metros de comprimento. “É evidente que haverá algum aumento de capacidade instalada, mas o que nos decidiu a mudar foi a necessidade de redefinirmos o layout industrial e ajustarmos os

processos produtivos”, explica António Leite, o CEO desta têxtil lar, acrescentando que uma mudança dá sempre muitas dores de cabeça: “temos de ser muito cuidadosos quando estamos a transferir peças que pesam cinco toneladas!”. A Lumatex fechou 2018 com um volume de negócios de 3,9 milhões de euros, um crescimento a dois dígitos sobre os 3,5 milhões de vendas no ano anterior. “Se 2019 for igual ao ano passado já ficamos contentes. Portugal está na moda, há um clima positivo, mas sinto que estamos no cume da monta-

nha e se não houver um planalto não tarda começarmos a descer”, analisa António Leite. Fundada em 1970, a Lumatex fabrica colchas, almofadas e acessórios de cama em jacquard de várias composições, exportando a quase totalidade da sua produção. “Temos vindo a diversificar para outras geografias, mas a nossa aposta é no mercado europeu, onde conseguimos margens melhores que nos Estados Unidos que querem sempre grandes quantidades mas com margens microscópicas”, conclui António Leite. t

A Empresa Têxtil Nortenha (ETN) está a preparar o lançamento da NO.ID, uma marca própria de roupa, desenvolvida em parceria com a sua designer Francisca Veiga e que, em velocidade cruzeiro, será vendida exclusivamente no canal online. A nova marca – que tem como assinatura No Name, No Gender – será oficialmente lançada no dia 1 de junho com uma festa na loja que a empresa tem no Porto, na esquina da ruas de Cedofeita e da Torrinha.


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M EMERGENTE Bárbara Machado Assistant administration da Villafelpos Família Vive com mãe e trabalha com o pai. É a mais velha de quatro irmãos Formação Licenciada em Direito (Lusíada), fez um mestrado em Direito Fiscal na Católica Casa Apartamento em Leça da Palmeira Carro Mini One Portátil Dell Telemóvel iPhone 8 Hóbis Ginásio, ir jantar fora com o namorado e os amigos ao fim de semana, ouvir hip-hop no Spotify (tem o premium pois não tem pachorra para os anúncios) Férias Todos os anos gosta de fazer uma semana de paia no Algarve. Este ano planeia também percorrer a costa sorrentina, a partir de Nápoles Regra de ouro “Não basta querer. É preciso ter muita força de vontade”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Advogada, encontrou o tao aos 26 anos Os chineses acreditam que cada coisa, animal e pessoa vem ao mundo com o seu caminho traçado - o seu próprio tao. Se isso for mesmo verdade, o encontro de Bárbara com o tao que lhe estava marcado deu-se quando o pai, Alberto Pimenta Machado, fundador e CEO da Villafelpos, a convidou para jantar, “pois temos de falar”, algures no início do Verão do ano passado. Não era preciso ter uma bola de cristal para adivinhar o tema da conversa... À mesa do Cafeína, o pai foi direto. Apesar de estar em excelente forma (como o atestam o facto de fazer surf, ioga e dar grandes passeios de bicicleta), Alberto já está mais perto dos 60 do que dos 50 e desde miúdo habituou-se a não estar sempre a olhar para trás, para não se atrasar, ao contrário do que sucede à maior parte das pessoas, que pensa 90% nas coisas do passado, 7% nas do presente, o que lhes deixa apenas 3% do seu tempo para prepararem o futuro. “Começou por me dizer que já tinha 56 anos, acabara de investir bastante a comprar muitos teares e precisava de saber como era o futuro. E concluiu que eu tinha de ir para lá trabalhar”, recorda Bárbara, 27 anos, que estava posta em sossego como advogada na Montalvão Machado & Associados, integrada na equipa que tratava do Millennium BCP. Foi parar a Direito um bocado por exclusão de partes. Durante o secundário, feito no Garcia de Orta, a sua primeira opção, que era Economia, foi prejudicada pela má relação que tinha com a Matemática. Acabou por ir para Direito, um curso abrangente, que começou como um recurso e acabou por ser uma paixão. “Nessa altura nem sequer me passava pela cabeça vir para a Villafelpos”, confessa Bárbara, que tinha feito os seus primeiros dinheiros ainda adolescente, a trabalhar como hôtesse em congressos, no Estádio do Dragão, em inaugurações ou em shoppings. Concluído o curso, feito um mestrado em Direito Fiscal na Católica, Bárbara estagiou na Montalvão Machado & Associados, onde acabou por ficar como advogada, depois de inscrita na Ordem. “A decisão foi muito difícil, pois eu gostava muito do que estava a fazer”, explica Bárbara, que após o desafio do jantar no Cafeína teve o Verão de 2018 para pensar. Foi de férias para o México com o namorado. E no regresso, após muita ponderação, disse ao pai que sim. “Tive uma completa liberdade de escolha”, esclarece. Afinal os chineses devem ter razão - e ela encontrou o seu tao. A Villafelpos não lhe era completamente estranha, pois tinha uma avença para tratar das questões jurídicas da empresa. Em outubro, iniciou um plano de sucessão, com a duração prevista de quatro anos, definido por um consultor especializado. “Não fui atirada aos leões”, adverte. Começou pelas amostras, para ter uma noção dos produtos. Agora está no design. Lá mais para a primavera muda para o planeamento, Depois será a vez do departamento comercial. Tudo foi desenhado a régua e esquadro por forma a que no outono de 2022 ela esteja preparada para assumir o leme de uma têxtil lar que ambiciona fazer metade do seu volume de negócios (13 milhões de euros) com marcas próprias. Bárbara já começou a acompanhar o pai (que trata das compras) às reuniões com os fornecedores de fios. E o mês passado estreou-se na Heimtextil (“Estou a adorar. Não vinha com grandes expetativas mas a feira está a surpreender-me”, contou). Continua a dar uma perninha no Direito, dando apoio judiciário em casos fiscais, de insolvência, ou de família e menores. Manter-se como advogada, fazendo estes biscates, ficou acautelado quando disse que sim ao pai no final do verão passado - mas ela sabe que um dia vai ter de por um ponto final a essa fase da sua vida. “É completamente diferente do que eu estava habituada a fazer, que era estar sentada a ler e escrever. Aqui é tudo mais dinâmico, temos de estar sempre 100% atentos a todos os pormenores de um produto. Estou a formatar o meu cérebro para esta nova atividade. Mas se há coisa que aprendi com o curso e a prática de Direito é a não ter medo de nada. Quando me dizem ‘não sabes no que te estás a meter’ isso entra-me a 100 e sai-me a 200. Não me arrependo da decisão que tomei. Sei que vou conseguir”, conclui esta advogada que tinha 26 anos quando encontrou o seu tao. t


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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves

iParasol

Desenvolvido pela Flexelina, em parceria com a Têxteis Penedo, o CITEVE e o CeNTI

O que é? Uma nova geração de guarda-sóis, com incorporação de novas tecnologias e uma estrutura têxtil de alta tecnicidade Para que serve? Mudar os hábitos em ambientes ao ar livre, como na praia ou em esplanadas Estado do projeto? Prototipagem final

CRIALME 80% AUTO-SUFICIENTE COM ENERGIA FOTOVOLTAICA A Crialme está a concluir um aproveitamento fotovoltaico na sua fábrica de Sobrosa, Paredes, que implicou um investimento de 200 mil euros e lhe garantirá uma auto-suficiência energética média na ordem dos 80%. Especializada na confeção de fatos de homem, a Crialme emprega mais de 500 trabalhadores e faz um volume de negócios de 15 milhões de euros, sendo que 70% da sua produção (cerca de 450 fatos/dia) é feita por medida.

"Atendendo à falta de mão de obra, daqui a 15 ou 20 anos provavelmente não vai haver pessoal a trabalhar numa confeção e quem quiser ficar cá tem de arranjar alternativas" Elsa Pereira Administradora da Elmate

CONCURSO NAMORAR PORTUGAL DESFILA EM VILA VERDE Baseado nos lenços de namorar de Vila Verde, o concurso desafia os participantes a criarem peças originais de tendência contemporânea, inspiradas no tema “Lenços Namorar Portugal: escritas de amor”. O desfile final dos projetos selecionados tem lugar no âmbito da Gala Namorar Portugal, que decorre no dia 14 de Fevereiro, em Vila Verde. O concurso, que vai na sua XVI edição, é organizado pelo Município de Vila Verde e promovido pela Cooperativa Aliança Artesanal, com o apoio da Direção Regional do Norte do Instituto Português do Desporto e da Juventude.

Muito mais que um guarda-sol Ir à praia ou estar sentado numa esplanada pode ser muito diferente no futuro. Pelo menos se tivermos a oportunidade de o fazer com um exemplar do iParasol, o projeto de investigação que está agora a chegar ao fim e que promete transformar o conceito de guarda-sol num autêntico gadget que interage e comunica com os utilizadores. A ideia de criar uma nova geração de guarda-sóis teve origem em 2016, por iniciativa da Flexelina, empresa de Famalicão especializada em tubos de aço. Em parceria com a Têxteis Penedo, o CITEVE e o CeNTI, o projeto foi desenvolvido nos últimos três anos, com um montante de investimento elegível de 944 mil euros, co-financiado no âmbito do Portugal 2020. Prestes a ser apresentado, o protótipo final revela a ousadia da equipa de desenvolvimento, que incorporou num simples guarda-sol uma série de novas tecnologias, tanto no tecido como na estrutura metálica. “O primeiro aspeto que podemos referir é a abertura, o fecho e a rotação automática”, afirma Cristina Oliveira, gestora técnica do projeto por parte do CITEVE, abrindo o longo rol de inovações introduzidas pelo iParasol. Na estrutura metálica destaca-se também a inclusão de um sistema de som e o desenvolvimento de um mecanismo electrónico que permite o acesso à rede de internet e a interação com os seus utilizadores.

A nível têxtil, o guarda-sol apresenta uma dupla cobertura que, além de incorporar um painel fotovoltaico, protege tanto da radiação solar – proteção UV factor 80 – como da chuva, pela sua impermeabilidade. Para além disso, a Têxteis Penedo incorporou no projeto a matriz de luzes LED que já desenvolveu para outros produtos. A ideia será utilizar este sistema como um meio de comunicação: “Pode ser utilizado como alerta, por exemplo em situações de excesso de calor, ou para fins publicitários, como para promover bares ou espetáculos”, antevê Cristina Oliveira. Para tirar partido de todas estas potencialidades, o iParasol contará ainda com uma aplicação móvel que está neste momento a ser desenvolvida pelo CeNTI. O objetivo será criar uma interação entre o utilizador e o guarda-sol, permitindo a transmissão de mensagens ou o controlo remoto. A nível de design, a equipa de desenvolvimento desde cedo decidiu criar uma imagem totalmente distinta do guarda-sol tradicional. Para isso, abriu um concurso público à procura de sugestões criativas. Os vencedores foram já anunciados e o seu contributo será agora integrado no protótipo final. Espera-se, assim, um guarda-sol muito diferente daquilo a que o público está habituado. Com o protótipo final em fase de conclusão, o próximo passo será levar o produto a concurso nos iTechStyle Awards, já no próximo Modtissimo. “Depois, o objetivo é levá-lo para o mercado”, conclui Cristina Oliveira.t

1,5milhões

de euros é o orçamento do plano de investimentos que a Somelos vai completar este ano e que contempla a renovação do seu parque de máquinas e a área de acabamentos

MARIA ESTREIA-SE COM MANUEL VESTIDA POR MIGUEL

Miguel Vieira foi o designer escolhido por Maria Cerqueira Gomes para a sua estreia no programa da manhã da TVI que protagoniza a meias com Manuel Luís Goucha. A elegante e alta Maria usou um vestido preto (a cor fetiche do designer de S. João da Madeira) na sua primeira aparição no programa “Você na TV”. A amizade entre Maria Cerqueira Gomes e Miguel Vieira já não é nova – ela estreou-se como modelo no Portugal Fashion a desfilar com roupas dele, tal como o fez, no ano passado, a sua filha Maria Francisca.


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OPINIÃO CONSUMIDORES OU ESPECTADORES? José Cardoso Membro do Conselho Fiscal da ATP

O DESAFIO DA MAIORIDADE Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

Falando de tendências e comportamentos, fica por vezes a ideia de que estarmos a dar demasiada importância ao desenvolvimento das ferramentas de análise em detrimento das emoções e das pessoas com as quais se pretende comunicar. Vamos, por isso, retirar a palavra consumidor e substitui-la pelo conceito de espectador. Pode parecer estranho mas faço isto tendo em consideração que esta palavra, por demais usada e que descreve quem consome, não identifica quem atualmente compra produtos ou serviços. A abordagem para com estas audiências, que se pretende estarem disponíveis para serem sensibilizadas, passa de há décadas a esta parte por expor estórias que de uma forma ou de outra estão associadas a produtos, sendo convicção geral que essas estórias narradas de diferentes formas ou meios garantem a diferenciação do produto face aos demais. Será que é assim? Nos últimos 100 anos pudemos acompanhar a evolução deste conceito e lidamos hoje com espectadores mais informados, quase diria saturados, pela avalanche de dados. Mudam-se as imagens utilizadas mas ficam as questões desta guerra já antiga, algo que impera em todos os sectores e mais ainda nos meios de comunicação, com quem muito temos que aprender. Assumindo esta comparação com os meios de comunicação voltamos a esta palavra tão atual, a omnicalidade. Os espaços físicos adaptaram-se a novas necessidades, as redes sociais funcionam, mas em que é que isto é

Os dados oficiais relativos a 2018 não estão ainda fechados, mas não devemos errar muito se concluirmos que as exportações aumentarão face a 2017, mesmo que marginalmente, superando os 5.3 mil milhões de euros. Pela segunda vez seguida na mesma década foi superado um máximo que vinha de 2001. Já o mesmo se não poderá dizer do volume de negócios, que estagnou – ou até diminuiu –, e do emprego, que pode ter voltado a retroceder, após um crescimento consecutivo de três anos e até face a uma clara escassez de mão-de-obra qualificada e indiferenciada, problema transversal a toda a indústria. Parecem dados contraditórios, mas talvez não tanto assim. Depois de uma década de expansão, eis os primeiros sinais de mudança de ciclo, que não podemos negligenciar . A degradação da conjuntura internacional, em que o processo do “Brexit” e a mudança de política de aprovisionamento do principal cliente da ITV portuguesa, a Inditex, ditaram tendência, a que acresce um fenómeno não menos preocupante, uma

diferente do que se faz nos outros sectores? A possível resposta remete-nos para o facto de sermos seres emocionais e neste contexto experiência partilhada continua a ser a mais memorável. Momentos que nos fazem sentir humanos e destacam a influência dos grupos, comunidades e culturas. Os espaços comerciais são parte dessa zona de partilha, dessas experiencias conjuntas que evoluem segundo os critérios de cada época. E assim o farão tal como fizeram os jornais e todos os demais meios de comunicação. Adaptar não significa extinguir e estamos no meio de um novo processo evolutivo e temos que recordar que muitas das nossas decisões são por empatia. A racionalidade nem sempre é a norma mais presente nos nossos atos. Por essa razão passamos de consumidores e de perfis sob análise constante para espectadores do que se está a tornar o maior espetáculo do mundo e, acreditem, apesar de toda a sofisticação tecnológica, continuamos a ser o centro de todas as atenções. Meus senhores e minhas senhoras, acredito que valerá a pena ver o que mais vão dizer e seguramente apresentar para nos cativar e como vamos cativar os demais. Entretanto, e como nos mostram os números por detrás de tudo isto, não percam os próximos episódios. Quanto ao final, está ainda por escrever. Temos muitos guionistas e muitas opções mas a série ainda está no início.

vez que se apresenta estrutural, e que passa pela mudança de comportamento do consumidor, mais orientado para aquisição de bens culturais do que para artigos de moda. Não são boas notícias e os apelos à necessidade de as empresas não serem complacentes ou dependentes de escassos clientes, que tantas vezes foram feitos nesta coluna, parecem agora fazer mais sentido que nunca. O ano de 2019 será um ano exigente e de desafio. As empresas terão de voltar a olhar para si próprias com a severidade que a sobrevivência sempre impõe quando a mudança é forçada pelas circunstâncias. Mais uma vez, muitas não serão capazes de vingar, e outras sobressairão mais fortes, abrindo mesmo espaço a novas organizações, mais modernas, geridas com mais rigor e mais alinhadas com os tempos que estarão para vir. Uma coisa é certa, o que foi feito desde o final da década passada, especialmente a incorporação da inovação tecnológica e da criatividade no DNA das empresas, a sua con-

tínua servitização, para que a dependência única do custo-eficiência não se torne uma armadilha, mas que seja apenas algo num todo que é oferecido ao cliente, não se tratou apenas de “espuma” de uma época de prosperidade, agora ameaçada. A mudança estrutural, profunda e intencional, que se realizou na ITV portuguesa será a sua melhor arma para enfrentar as dificuldades que se avizinham, desde que não se transija na assertividade da estratégia comum, na coerência do discurso e na consistência das ações. Mais do que nunca o setor tem de estar unido, abandonando disputas estéreis e protagonismos desadequados ao interesse comum, até porque os recursos irão igualmente diminuir e o interesse da classe política é sempre e apenas proporcional ao oportunismo da ocasião, pois de setor maldito passamos a setor modelo, como novamente regressaremos ao ostracismo, se os resultados não aparecerem. O desafio que está colocado é afinal o da maioridade do setor.


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Clara Fernandes Professora Auxiliar no curso de Design de Moda da UBI

COMO CASAR O EMPREEENDEDORISMO COM O DESIGN DE MODA A minha tese de Doutoramento intitulada The Fashion Design Entrepreneur: skills and solutions to create a fashion-related business propõe analisar a importância do empreendedorismo na área do design de moda. Partindo das alterações que se têm verificado neste campo, nomeadamente ao nível da educação, considera-se a evolução dos cursos de Design de Moda e em particular a implementação de uma visão empreendedora no ensino. A importância de estudar este novo paradigma deve-se às mudanças registadas na própria indústria, mas também ao despontar de uma nova geração de designers, que tiraram partido das suas experiências e visões profissionais para se tornarem empreendedores. São vários os autores e relatórios sobre empreendedorismo que sublinham a importância e necessidade de começar a empreender o mais cedo possível, desde logo nas salas de aula, mas também para que depressa se aprenda o que verdadeiramente significa o ensino empreendedor. Em Portugal, e no caso particular do Design de Moda, é possível observar vários gaps no ensino, quer ao nível dos conteúdos, quer ao nível do pensamento e atitudes empreendedoras. Esta realidade contraria a evolução que se tem verificado noutros países, onde são vários os conteúdos relacionados com empreendedorismo que integram os currículos formativos. A investigação assume uma lógica multidisciplinar e procura colmatar a falta de conhecimento e investigação científica sobre um tema premente, na busca de respostas para as dificuldades que os jovens designers enfrentam. Dificuldades impostas pela ITV e pela necessidade de criar produtos inovadores e com valor acrescentado, capazes de se diferenciarem, por um lado, dos produtos de luxo e, por outro, dos produtos de baixa qualidade produzidos em países do Terceiro Mundo.

Esta temática foi abordada com uma detalhada revisão da literatura sobre o empreendedorismo e a indústria da moda, mas também a partir de uma análise dos programas de ensino superior, que atraem todos os anos centenas de estudantes para os cursos de Design de Moda. Este levantamento bibliográfico permite identificar algumas das questões mais relevantes, no contexto da implementação do empreendedorismo em design de moda, e contribui para que se discutam aspetos fundamentais ao nível da forma como este pode ser uma mais valia para a área do design de moda. Será o empreendedorismo a resposta para a falta de empregabilidade dos jovens designers de moda? Podem os jovens designers pensar o seu futuro de uma forma distinta, se o empreendedorismo for incorporado nos programas educativos? Que espaço existe para a criação de novas empresas e negócio na área da moda? Pode o empreendedorismo ajudar no desenvolvimento de negócios numa área cada vez mais competitiva? Baseada numa metodologia mista, esta investigação recolheu dados quantitativos e qualitativos através de duas técnicas: questionários e entrevistas. Com os inquéritos, dirigidos a finalistas dos cursos de Design de Moda, prestes a entrar no mundo profissional, e antigos alunos da área, que já se encontram no mercado de trabalho, procurou-se recolher dados que permitam compreender as expetativas dos futuros profissionais, as suas perspetivas e em que medida entendem o empreendedorismo como uma forma de vingarem num mercado altamente competitivo. Já as entrevistas, realizadas junto de profissionais da indústria, em Portugal, mas também no estrangeiro, permitem recolher dados sobre os atuais empreendedores em design de moda, quais as suas motivações e expetativas em relação à indústria. As entrevistas foram também

dirigidas a criadores de soluções empreendedoras para designers de moda, como por exemplo incubadoras e plataformas criativas online . Entre os entrevistados contam-se ainda reputados profissionais da indústria. Os questionários e as entrevistas exploraram casos nacionais e internacionais, com o intuito de recolher as opiniões dos profissionais em relação aos mercados dos diferentes países, mas também perceber o que pensam sobre as formações profissionais e académicas na área do design de moda. Procurou-se destacar a relação entre empreendedorismo e design de moda, entendendo que na articulação entre estes dois campos pode estar a solução para o futuro de uma indústria em permanente mudança. Com a recolha de informações junto de designers de moda e profissionais da área, este trabalho constitui-se também como um importante repositório com opiniões de verdadeiros conhecedores do setor. Os resultados obtidos através deste estudo demonstram uma falha nos apoios por parte das entidades que podem ajudar na criação de projetos empreendedores. Nesse sentido, apresenta-se uma proposta de plataforma empreendedora, que deve ser entendida enquanto modelo, cujo objetivo é contribuir para a criação de valor na indústria da moda, mas também colmatar a falta de pensamento e conceitos empreendedores nos cursos de Design de Moda, evidenciada nas respostas dos jovens designers de moda e nas entrevistas conduzidas a profissionais e especialistas da indústria. Entende-se assim que existe uma real necessidade de criar uma solução que possa ajudar estes jovens empreendedores. Considerando os resultados obtidos, o modelo que será proposto para a criação de uma plataforma, pretende ser um primeiro passo num caminho que é preciso construir para que a indústria da moda ganhe valor acrescido. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

A estrela de ouro reforça a autoridade, mas Katty Xiomara quer oferecer ao presidente da Assembleia da República uma farda que seja também intimidante, para colocar os deputados na ordem. Em alternativa, Ferro Rodrigues pode sempre recorrer ao delicado manto de seda quando optar por fazer parte do grupo de virgens ofendidas.

Ferro vestido de xerife para meter na ordem os deputados da nação Nesta edição decidimos vestir o presidente da Assembleia da República, isto porque aparentemente optou por acumular as funções como segunda figura do Estado com o cargo de xerife. Tudo devido à enorme e urgente necessidade de limpar o nome desta grande instituição a que preside e que agora se vê envolvida em sucessivos escândalos de promiscuidade de ficheiros e presenças fantasmas. Ferro Rodrigues acha necessário ter um agente da autoridade dedicado, e quem mais dedicado do que o próprio! Por esse motivo decidimos vesti-lo com uma intimidante farda – um blusão bem tufado e guarnecido com uma brilhante estrela de ouro que reforça o titulo de autoridade suprema, umas calças com padrão “camo” em tons de azul, pois a ideia não é passar despercebido mas antes dar nas vistas... e umas resistentes botas de combate. Contudo, lembrando as palavras de Francisco Teixeira Mota, no Jornal Público, pensamos que poderia ser inteligente ter sempre por perto um delicado manto de seda para quando o presidente da assembleia quiser fazer parte do grupo das virgens ofendidas. Assim, contamos que existirá maior rigor e assiduidade entre os deputados, inspirados por esta figura imponente, seja com o seu manto azul celestial, ou deixando bem à vista a sua estrela dourada. Seguro é que não passará desapercebido nos imponentes corredores da Assembleia da República. t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Restaurante Ferrugem Rua das Pedrinhas, 32 4470-379 Portela Vila Nova de Famalicão

UM AMOR DE FERRUGEM Parece perdido no meio do nada quando lá vamos a primeira vez. Acontece que também desde a primeira vez, saímos de lá reencontrados com tudo o que a boa moderna gastronomia portuguesa nos pode oferecer, encantados com um serviço esmerado que explica sem maçar e plenamente satisfeitos com a escolha aparentemente arriscada que fizemos. Se saí do Ferrugem perdido, foi perdido de amores pelo que lá aprendi a gostar ainda mais do que já suspeitava. Como não gosto de fazer batota com os meus estimados leitores desta Cantina do T, vou agora eu explicar que usei o aparentemente para ser verdadeiro convosco. Quando lá debutei o meu risco já não foi grande porque as mãos amigas que lá me levaram já eram sobejamente conhecedoras da excelência do Ferrugem e, last but not least , já tinha feito as primeiras “provas” no Fugas, do Público, pela pena do José Augusto Moreira, com quem agora tenho a grande alegria de ver a trabalhar comigo neste vosso jornal. No Ferrugem existe uma carta, mas não vale a pena perder tempo a tentar escolher uma opção que possa ser melhor do que a que o chefe Renato faz por nós, depois de lhe dizermos do que gostamos mais ou não gostamos de todo. Devo confessar que gostei de tudo o que já provei e comi no Ferrugem, mas as versões “ferrugentas” do caldo verde com broa que se bebe, da salada de bacalhau - que é um regalo para a vista antes de ser uma delícia para o palato - e do arroz de cabidela estão no pódio das minhas preferências. Quem ainda não conhece vai ver que este Ferrugem pode não ser fácil de encontrar mas vai ser facílimo sair de lá com vontade de voltar. t


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c Por: Cláudia Azevedo Lopes

MALMEQUER Isabel Machado Guimarães, 42 anos, sempre foi apaixonada pelas artes mas o pai, empresário têxtil, convenceu-a a enveredar pelo design. Formou-se, trabalhou como designer e criou a Around Design (design têxtil, de papel e de cerâmica), mas voltou à escola para concretizar a paixão e fazer a licenciatura em Artes Plásticas – Escultura pela FBAUP, onde também frequentou o Mestrado de Pintura. Casada, tem dois filhos: o José António, 15, e a Margarida, 16 anos, que estuda na Soares dos Reis com os olhos postos na Têxtil.

SOUVENIR

UM ROLEX A PRESTAÇÕES

Gosta

Não gosta

Da Família Abraços profundos dos filhos Sorrisos verdadeiros Gargalhadas contagiantes Disparates Otimismo Genuinidade Saber perder e recomeçar Ultrapassar obstáculos Resiliência Desafios Flexibilidade Tolerância Dormir e sonhar Caminhar em boa companhia Recordar Matar saudades Abraçar uma árvore Poder confiar Estar horas à conversa Casas antigas com alma Antiguidades Desconetar Luz natural Turismo rural Viajar (Africa e China) Ilhas (Açores e Irlanda) Artes Plásticas Design Tecidos, padrões e cores Vinho do tinto e queijo da serra Biografias Chá de hortelã Trabalhar em equipa Rock e jazz O sucesso de amigos Cheiro da terra Descobrir o que gosto Aulas de desenho de modelo nu História de arte Tintas e pincéis Museus de arte Gratidão Coerência Slide Cães Gastronomia

Sorrisos forçados Pesadelos Arrogância Notícias sensacionalistas Intolerância Deceção Burocracia Livros digitais Jogos eletrónicos Dietas Hipocrisia Falta de caráter Rivalidade Falta de ética Tratamento diferenciado Falta de palavra Parasitas Prepotência Preconceitos Egoísmo Inveja Catástrofes Sofrimento Corrupção Passividade Violência Desperdício Centopeias e baratas Reality-shows Filmes de terror Submissão e vassalagem Trânsito Sentir medo Maus cheiros Não encontrar o lado bom de uma situação Crueldade Moleza Fanatismo Racismo Solidão Ansiedade Comida processada Discussões Tarefas domésticas Viagens demasiado planeadas Desarrumação Não saber ouvir o outro Gadgets em excesso Sentir-me vazia Esbanjar

Há 23 anos que um relógio Rolex que comprei por quase cinco mil euros me acompanha todos os dias. Não sou especialmente adepto de relógios ou de grandes marcas, mas este – que comprei a um amigo relojoeiro do Porto, que me deixou pagá-lo a suaves prestações – acabou por tornar-se de uma enorme importância para mim. De tal maneira que, quando tenho de o tirar, sinto-lhe mesmo a falta – como quando tive de o mandar limpar, por ter começado a atrasar-se. Mas isso não costuma acontecer. É uma máquina rude, preta, que passou a fazer parte de mim de tal forma que não tenho com ela qualquer problema de segurança. Mesmo quando viajo para sítios onde todos os conselhos apontam para que não se usem este tipo de máquinas, não o tiro. Nunca o tirei no Brasil, e nunca tive nenhum problema com isso. Não sei porquê, talvez achem que ele é falso... Uma vez que não sou ‘agarrado’ a nenhuma outra máquina – nem mesmo às câmaras fotográficas que fazem parte da minha vida profissional (bom, talvez uma Leica digital...) – não é fácil compreender a razão desta relação com o Rolex, mas o certo é que ela existe. Era um sonho e é importante para mim: gostei dele a partir do momento em que o vi e achei que mais valia investir num relógio que ficasse para sempre. Por outro lado, é um objeto que não desvaloriza, pelo contrário, e é um relógio de guerra, aguenta tudo. Quando o tiro, sinto que me falta qualquer coisa e chego a ficar preocupado com o local onde o terei deixado. Se me perguntassem se comprava outro Rolex, era capaz de dizer que não. t Victor Hugo Fotógrafo


de 14 a 17. 5. 2019

T Feira líder internacional para o processamento de materiais têxteis e flexíveis

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NEW CLOTHING. Inspiração concentrada para a transformação de têxteis no futuro: Visite o ponto de encontro das tecnologias inovadoras para a transformação de vestuário. texprocess.com info@portugal.messefrankfurt.com Tel. 21 793 91 40

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