T42 - Abril 19

JOÃO MENDES

Administrador da A.Sampaio & Filhos

DOIS CAFÉS E A CONTA

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MIGUEL PACHECO O CEO DE UMA EMPRESA ÚNICA

“INVESTIMOS EM HARDWARE MAS TAMBÉM EM BRAINWARE”

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N Ú M E RO 4 2 A B R I L 2 01 9

P 20 A 22

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

EMERGENTE

CLÁUDIA MANERO E O SEGREDO DA FELICIDADE P 33

INDÚSTRIA

SETOR TÊXTIL É O QUE GERA MAIS EMPREGO E MAIOR VALOR ACRESCENTADO

FOTO: RUI APOLINÁRIO

P 32 INOVAÇÃO

TECNOLOGIA

SMART INOVATION E INOVAFIL FAZEM FIO RETARDANTE DE CHAMA

A POLÍCIA ALEMÃ TINHA UM PROBLEMA NA FARDA QUE A LMA RESOLVEU

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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Odete Santos 36 anos Fundadora da Cotton Brothers, marca que criou com o irmão Nuno há cinco anos, formouse em Gestão na Universidade Católica e trabalhou na empresa de confeção que os pais fizeram crescer. Tranquila e de sorriso fácil, adora viajar. A partilha com família e amigos e as brincadeiras com os dois filhos é do que mais gosta de fazer nos tempos livres.

SABER LER OS SINAIS

A Cotton brothers esteve recentemente no Brand Up do Portugal Fashion. Toda a gente elogiou a coleção, mas para a estreante Odete qual foi a sensação que ficou?

Quando explicávamos o conceito da marca, o interesse aumentava. O feedback foi bastante positivo. O Portugal Fashion é um evento de extrema importância para a moda portuguesa e o espaço Brand Up proporciona às marcas a possibilidade de divulgarem os seus produtos num contexto que não podia ser mais apropriado.

Qual é a importância das participações recorrentes em feiras internacionais nas exportações da empresa?

Foram a alavanca no nosso processo de internacionalização enquanto marca própria. Angariámos muitos clientes e começámos a vender em alguns mercados através das feiras, mas fizemos também muitos contatos importantes que se concretizaram em parcerias e negócios.

ninguém distingue entre um líder masculino ou feminino?

Não sinto qualquer distinção. O que faz um líder é a garra e o sentido de responsabilidade e nesse aspeto tive uma líder feminina que me fez crescer com esses valores.

Para quem ainda andava na escola quando o Portugal Fashion surgiu, como avalia a evolução do reconhecimento da moda portuguesa no estrangeiro nos últimos anos?

O made in Portugal é hoje extremamente valorizado no estrangeiro. Desde a nossa primeira participação em feiras internacionais que evidenciamos ao máximo o facto de sermos portugueses e produzirmos toda a coleção em Portugal. É sem dúvida uma mais valia, os clientes ficam desde logo interessados em saber tudo sobre a marca e sobre os produtos. Gostam de sentir essa proximidade à marca, de saber que a marca é Portuguesa e que os produtos são criados e produzidos em Portugal.

A entrevista de capa desta edição do T é fruto de um namoro antigo. Há muitos meses que queríamos ter a A. Sampaio & Filhos na nossa peça principal e o resultado certamente não desiludirá os nossos leitores, como não nos desiludiu, nem um bocadinho.

O João Mendes foi o porta-voz de uma família com tradições no setor, mas a sua entrevista pode ser vista como uma fotografia fiel do perfil normal que ilustra o caso geral feliz de uma indústria com muitos casos semelhantes de empresas familiares.

Num momento em que a nível nacional entrou na moda desconfiar da competência e oportunidade de nomeações e escolhas de familiares para cargos de responsabilidade, a A. Sampaio & Filhos é um bom exemplo de que não é preciso ser estranho à família para poder ser competente e útil à causa comum.

Saber ler os sinais é uma das qualidades que o João Mendes aponta para que uma empresa tenha sucesso e são tantos os bons sinais que se podem ler e intuir nesta entrevista, que eu me permito recomendar vivamente a sua leitura.

Saber esperar foi também já agora a nossa virtude e ficámos muito satisfeitos por ter confirmado que valeu a pena. A sede de uma espera só se estanca na torrente.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt

Como em muitas empresas, há uma coabitação entre a marca própria e o private label. Qual é a aposta no momento?

A aposta neste momento é obviamente na marca própria, mas também não descuramos o private label que corresponde ainda a uma parte grande da faturação da empresa. É uma jovem líder num mundo que já foi quase só de homens. Acha que isso ainda faz alguma diferença, ou já

Está de acordo que a preocupação com a moda sustentável é uma tendência em crescimento acelerado?

Absolutamente. Nas últimas coleções temos procurado usar materiais mais naturais e processos de produção que não sejam prejudiciais ao ambiente. Aliás, estamos já a desenvolver a próxima coleção com essa preocupação: vamos ter um tema na coleção de verão do próximo ano exclusivamente com materiais sustentáveis. t

Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/

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n PERGUNTA DO MÊS Texto: António Freitas de Sousa Ilustração: Cristina Sampaio

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“A única reação que a ITV deve ter é procurar novos clientes. É o caminho a seguir, não há outra forma”

“É preciso arranjar alternativas, novos clientes, mas é uma situação muito temporária: a Inditex vai continuar a comprar”

PAULO VAZ DIRETOR-GERAL ATP

COMO DEVE A ITV REAGIR À RETRAÇÃO DA INDITEX? A questão voltou repentinamente ao topo do debate, mas a resposta parece ter sido dada por antecipação. Investindo na inovação, na sustentabilidade, sofisticação do produto e verticalidade da oferta, a ITV soube a tempo fazer o seu trabalho de casa. Com inovação tecnológica, design e serviço, as empresas diversificaram clientes, avançaram para internacionalização e subiram na cadeia de valor. O risco é para os poucos que ficaram no fim da linha e continuam muito expostos a um único comprador.

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uas décadas de investimento na inovação, na sustentabilidade, na investigação e na verticalidade da oferta – caminhos que se revelaram seguros para fazer subir a generalidade da fileira têxtil vários patamares em termos do valor acrescentado com que se apresentam ao mercado – foram suficientes para tornar falsa uma máxima que chegou a ser verdadeira: ‘quando a Inditex espirra, a ITV apanha uma pneumonia’.

A questão voltou repentinamente ao topo do debate quando se ficou a saber – os sinais acumulavam-se há alguns meses – que o poderoso grupo de origem galega, o maior do mundo no setor, tinha cortado em 20% a produção encomendada à fileira nacional. O motivo mais próximo residiu na decisão dos governos da Turquia e de Marrocos de baixarem as taxas cambiais – as depreciações da moeda permitem uma repentina energização das exportações, que é apenas o lado bom de uma decisão de bondade duvidosa, com que aqueles países terão de se haver a prazo.

Com o crescimento das margens brutas a fazer parte em lugar de destaque do caderno de encargos da administração da Inditex para o exercício de 2018, o grupo não podia deixar de responder a este apelo – e a ITV nacional teve que acomodar esse impacto que ninguém, há um ano, podia antecipar.

Mas a ITV está muito longe do que era quando a China entrou na OMC (Organização Mundial do Comércio, e dezembro de 2001) e esse impacto parece ter-se ficado mais pela recordação de histórias passadas, que propriamente pela perspetiva de destruição que poderia estar a avizinhar-se.

Paulo Vaz, diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário

VIRGÍNIA ABREU CEO CRISPIM ABREU

de Portugal (ATP), não tem dúvida: “a única reação que a ITV deve ter é procurar novos clientes”, refere – e isso é do mais simples que há: “as empresas subiram na cadeia de valor e diferenciam-se pela inovação tecnológica, pelo design, pelo serviço”.

A própria associação está no cerne dessa mudança: “oferecemos ao setor a possibilidade de internacionalizar, de ir à procura de outros clientes quer em Espanha quer no resto do mundo. Por muito bom que parece um determinado cliente numa determinada altura, é um risco para qualquer empresa ter demasiada exposição a um único comprador”.

O reforço daquela que é a aposta de agora – a sofisticação de produto, de produção e de serviço – “é o caminho a continuar a seguir, não há outra forma, não me parece que pedidos ao governo ou qualquer outra coisa venha a resultar”. O que não tem a ver, ressalva, “com a reivindicação de melhores condições de competitividade, isso continuaremos a fazer.

Mas isso não é por causa da Inditex”. E deixa um aviso: “já tivemos uma lição no passado, aqueles que apostam no pouco valor e se entregam à dependência de um escasso grupo de clientes ou de mercados, não costumam dar-se bem”.

Impacto muito reduzido Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, corrobora: “o setor está a dar um tiro no pé ao sobrevalorizar os movimentos de algumas empresas para fora do país, que não começou agora. Não tenho dúvida que há problemas específicos para algumas empresas, mas quero acreditar que o impacto vai ser reduzido”.

Para aquele responsável, “não posso alinhar nem na lamechice nem nos pedidos para que o Estado intervenha.

A alternativa é aquela que o setor tem feito na sua globa-

lidade”, que tem exatamente a ver com o valor acrescentado e com a internacionalização. “Não tenho dúvida que as empresas que trabalharam áreas mais difíceis são as que vêm o seu mercado mais protegido”, recorda.

Ora, Virgínia Abreu, responsável pela Crispim Abreu, também não está para lamechices.

E podia estar: a empresa tem um volume de negócios da ordem dos 30 milhões de euros e um grau de exposição à inditex que cresceu até aos 70%. “É preciso arranjar alternativas, novos clientes, mas é uma situação muito temporária: a Inditex vai continuar a comprar”.

E coloca uma questão premente: “não acredito que a situação da Turquia seja só cambial – há de haver alguma comparticipação do Estado ou outros incentivos à laboração das empresas” que vem distorcendo os preços nos mercados internacionais, na ordem dos 15% a 20% mais baratos que nós”. “Só não aproveita quem é tolo”, conclui.

Virgínia Abreu está mais preocupada com o ‘fundo’ da fileira: as empresas que são subcontratadas pelos clientes diretos da Inditex e onde as pessoas “também têm de comer. Não poderei responder a todos, mas é uma preocupação”. Mas deixa uma esperança: “a Inditex não vai abandonar Portugal, isto é uma fase, a proximidade vai continuar a ser-nos favorável”, até porque o enorme investimento do grupo galego no canal online (onde o timing das entregas, ou seja, a proximidade, é fundamental) vai obrigar a que o mercado nacional continue ativo.

Para Mário Jorge Machado, da Adalberto Estampados, “uma retração das compras da Inditex merece reflexão, para percebermos o que os fará alterar a sua postura”. “Estamos a perder alguma competitividade relativamente a países terceiros – e podemos fazer

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“Não tenho dúvida que as empresas que trabalharam áreas mais difíceis são as que vêm o seu mercado mais protegido”

“Há mais de dez anos que não fazemos nada para as Zaras, Benettons e Mangos. Só trabalhamos para os segmentos médio e alto”

“As marcas do grupo [Inditex] são fundamentais para mantermos uma massa crítica atrativa aos olhos das grandes marcas internacionais”

“A Inditex é uma geradora de escala.

Numa lógica de cluster, é um dos mais importantes fatores de competitividade da nossa industria têxtil”

BRAZ COSTA DIRETOR-GERAL CITEVE

ABEL BARBOSA CEO SOEIRO

MIGUEL MENDES CEO A. SAMPAIO & FILHOS

MIGUEL PEDROSA RODRIGUES CEO PEDROSA & RODRIGIUES

alguma coisa: melhorando a nossa produtividade, e esse é que deve ser o motivo de preocupação para a indústria têxtil e para todas as indústrias em geral”, refere.

E, nesse quadro, Mário Jorge Marchado não tem dúvidas: “temos fatores de contexto muito rígidos e isto deve ser um ‘cartão amarelo’ que devemos observar com alguma apreensão”. “Voltamos às questões de contexto em termos de energia, de flexibilidade laboral, dos bancos de horas”, afirma, para deixar um aviso: “todos os fatores que estão a contribuir para a ‘rigidificação’ da lei laboral, acompanhas de tudo o resto, vão ter um preço em termos da competitividade do país”.

Já para Miguel Mendes, administrador da A. Sampaio & Filhos, que não tem uma exposição relevante à Inditex, “as marcas do grupo são um cliente muito importante da nossa indústria, sendo responsáveis por volumes que são fundamentais para mantermos uma massa crítica atrativa aos olhos dos grandes marcas internacionais”.

O mesmo se passa com a Pedrosa & Rodrigues: “a Inditex não é nossa cliente direta. Mas vê-la a encolher as encomendas em Portugal deixa-nos preocupados. A Inditex é muito importante para a nossa ITV pois é uma geradora de escala.

Precisamos dela para mantermos a massa critica que, numa lógica de cluster, é um dos mais importantes fatores de competitividade da nossa têxtil”, refere Miguel Pedrosa Rodrigues, administrador.

Finalmente, para Abel Barbosa, CEO da Soeiro, “há mais de dez anos que não fazemos nada para as Zaras, Benettons e Mangos. Só trabalhamos para os segmentos médio e alto do mercado. Optamos nos focar em produtos com maior valor acrescentado”, refere, dando razão àquilo que disse Paulo Vaz.

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DOIS CAFÉS & A CONTA Pedra Bela

Rua Malaposta, 496 4520-505 Santa Maria da Feira

Entradas Polvo com molho verde, presunto, melão, rissóis, croquetes e bolinhos de bacalhau Prato Ossos da assuã cozidos com legumes e bacalhau à Gomes de Sá Bebidas Água e vinho branco (Pormenor, Doc Douro) e dois cafés

MIGUEL PACHECO

Licenciado em Economia (Faculdade de Economia do Porto, 1993), foi analista financeiro no BANIF, durante um ano, antes de responder ao apelo da indústria e ter começado a trabalhar na empresa que o pai fundara, com nove trabalhadores (hoje são 120), meia dúzia de anos antes de ele nascer. Subir na cadeia de valor, introduzindo algoritmos e sensores num negócio tradicional, foi a aposta bem sucedida da liderança de Miguel, que ainda se vê ao espelho como um comercial (“Hei-de ser sempre o sales manager, que pega na pasta e vai visitar os clientes”) muito ambicioso (“Ainda tenho a ilusão de fazer muitas coisas”). No entretanto, a terceira geração de Pachecos já desembarcou na Heliotêxtil. O filho Miguel, 25 anos e licenciado em Marketing, já dá uma mão na empresa…

UMA EMPRESA ÚNICA NO MUNDO

FOTO:RUI APOLINÁRIO

49 ANOS CEO DA HELIOTEXTIL

“Não há nenhuma empresa no mundo igual à nossa. Podemos ter concorrentes que estão dedicados a uma ou outra das nossas áreas, mas o que nos distingue é a grande diversidade de produtos e tecnologias. Somos uma empresa altamente especializada, multiproduto e multimercado”, diz Miguel Pacheco, definindo a Heliotextil, que começou por fabricar etiquetas para chapéus e agora fornece os transferes de fire retardment para os fatos dos pilotos de Fórmula 1 da Ferrari.

Quando, em 1964, Alberto, contabilista e pai de Miguel, arrancou em S. João Madeira com a empresa, era muito fácil definir o que a ela fazia: etiquetas e passamanarias. Agora, já não é tão fácil resumir a sua atividade, porque para sobreviver e prosperar num mundo que evolui a uma velocidade trepidante, a Heliotextil teve de fazer pela vida apostando na combinação de eletrónica e têxtil, enriquecendo a oferta com produtos inovadores destinados a clientela cada vez mais sofisticada.

“A nossa preocupação número um é responder às necessidades dos clientes, sejam elas quais forem. A nossa inquietação é saber como é que vamos ser capazes

de os ajudar a vencer as suas dificuldades”, resume Miguel, que escolheu almoçar os ossos da assuã (“É muito raro dar com um prato destes numa ementa”).

O mercado, que no início se esgotava na indústria de chapelaria, foi-se alargando às fitas para embalagens, elásticos para underwear, etiquetas estampadas ou nomes e números que personalizam as camisolas dos jogadores de futebol - até se tornar potencialmente do tamanho do mundo.

A viagem da subida constante na cadeia de valor da Heliotextil começou mesmo ali ao lado, na Viagem Medieval da Feira, com o encapsular de informação nas pulseiras de acesso que permitam desmaterializar pagamentos, uma tecnologia baptizada BarceIn que não tem cessado de ser aperfeiçoada – já é usada em todos os importantes festivais portugueses de Verão (Super Bock Super Rock, Nos Alive, Nos Primavera Sound, Vodafone Paredes de Coura, etc) – e está na rampa de lançamento para ser exportada.

O Colfit, um casaco desenvolvido com a Damel e destinado a ser usado em câmaras frigoríficas (tem uma banda de aquecimento, comandada por uma aplicação de telemóvel, com sensores que permitem medir,

regular ou manter a temperatura constante no interior do casaco), foi outra das etapas desta viagem, que já mereceu distinções mas só agora está ready to market.

O esforço para dar inteligência às coisas exigiu fortes investimentos, em novos equipamentos, laboratório e departamento de i&d e os resultados não aparecem logo ao dobrar da esquina.

“Em 2018 fizemos um volume de negócios de cinco milhões de euros, um crescimento de 10% sobre o ano anterior, o que é relativamente pouco face ao potencial de produtos que temos vindo a desenvolver nos últimos três anos. Mas é tudo muito recente e estas coisas têm o seu tempo de maturação”, conclui o CEO da Heliotextil.

Miguel Pacheco sabe que não tem motivos para se preocupar, pois não param de se multiplicar os sinais de que a rota da viagem que empreendeu está mais do que certa. São os prémios ISPO ou Inovatêxtil que vai acumulando, mas também os dois novos processos que desenvolveu – o coversealings (que reduz drasticamente o desperdício de bolsos adesivos) e o eprint (que substitui os transferes tradicionais por eletrónica impressa) –, em vias de ser patenteados. t

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1. CERCA DE SEIS MIL VISITANTES E MAIS DE 400 COLEÇÕES EXPOSTAS NUMA ÁREA DE 4.500 M2 - OS IMPRESSIONANTES NÚMEROS DO MODTISSIMO, QUE ESTÁ DE VOLTA A 2 E 3 DE OUTUBRO, NA ALFÂNDEGA DO PORTO

FOTOSINTESE

SÓ BOAS NOTÍCIAS Tudo azul. Novos recordes estabelecidos de compradores estrangeiros (mais 20%) e na área de exposição (mais 10%).

E, acima de tudo, nenhum sinal de abrandamento nos negócios de um setor que cresce há dez anos consecutivos. Só boas notícias no MODtissimo 53, que a 27 e 28 de fevereiro emprestou ao piso da partidas do aeroporto Sá Carneiro um suplemento de cor, gentes, moda e animação. Boas notícias para a ITV portuguesa que não demoraram a ser confirmados pelos números risonhos das exportações de janeiro.

5. A RENASCIDA RED OAK (COMERCIAL ANTÓNIO SILVA NA FOTO) APRESENTOU-SE NO AEROPORTO COM NOVO PÚBLICO ALVO, MAIS URBANO E SOFISTICADO

6. A CUBOSDEALGODÃO, LIDERADA POR JOAQUIM CUNHA, APOSTOU TODAS AS SUAS FICHAS NA EXPANSÃO DA MARCA CRISTINA BARROS

9. O FÓRUM TECIDOS, QUE ANTECIPA AS TENDÊNCIAS DA MODA, É SEMPRE UM MUST SEE

10. COMO É COSTUME, OS JOVENS TALENTOS ESTIVERAM EM DESTAQUE, COM A EXPOSIÇÃO DOS COORDENADOS CRIADOS POR MAIS DE 20 ALUNOS DE ESCOLAS DE MODA E CANDIDATOS AO PFN

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3. NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE CONFERÊNCIAS, ANA PAULA DINIS (ATP) APRESENTOU O PROJETO MADE IN EUROPE, DA ASSOCIAÇÃO INTERTEX

2. MIGUEL PACHECO (HELIOTÊXTIL), MÁRIO JORGE MACHADO (ADALBERTO) E ALEXANDRA ARAÚJO (LMA) – O AEROPORTO FOI TAMBÉM UM PONTO DE ENCONTRO

4. DANIELA ARAÚJO, SALES MANAGER DA TEMASA, NA ESTREIA DA TÊXTIL DO GRUPO SONAE NO MODTISSIMO

7. UMA IMPORTANTE DELEGAÇÃO MARROQUINA, INTEGRANDO 15 EMPRESÁRIOS E LIDERADA PELO EMBAIXADOR DE RABAT EM LISBOA E PELO PRESIDENTE DA AMITH, VISITOU O MODTISISMO, CICERONEADA POR PAULO MELO

8. O MELHOR QUE A ITV PRODUZ EM TERMOS DE INOVAÇÃO ESTEVE EXPOSTO NO ESPAÇO ITECHSTYLE, ORGANIZADO PELO CITEVE

11. NO STAND DA LEMAR, JOSÉ ANTÓNIO FERREIRA NÃO TEVE MÃOS A MEDIR

12. NO FINAL DA FEIRA, A TRADICIONAL FOTO DE FAMÍLIA REUNIU AS EQUIPAS DO AEROPORTO E DA SELECTIVA MODA

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COM FIOS LIPACO OS GILETS JAUNES VÃO REFLETIR MUITO MAIS Os gilets jaunes obrigatórios na bagagem dos manifestantes anti-Macron vão ver a sua capacidade de reflectir a luz aumentar se usarem os novos fios feitos a partir de vidro que a Lipaco começou a vender e que podem ser produzidos em todas as cores do arco-íris, não apenas em cinzento. “Até agora, a capacidade refletora tem sido conseguida por estampagem.

Com os nossos fios inovadores, feitos com vidro e não em partícula de vidro como até agora, essa capacidade é adquirida logo na tricotagem”, afirma Jorge Pereira, CEO da Lipaco.

"Prefiro ganhar menos e ter uma equipa boa e motivada, criar emprego e fazer mais coisas" Maria José Machado Líder e fundadora da Axfilia

A POLÍCIA ALEMÃ TINHA UM PROBLEMA QUE A LMA RESOLVEU A polícia alemã estava com um problema. As camisolas interiores até tinham uma boa capacidade anti-odor e anti-suor. Tudo bem. Os coletes à prova de bala também funcionavam bem.

Nada a apontar. Até aqui tudo em ordem. O problema estava na interação entre estas duas peças da farda, pois os fechos de velcro do colete agarravam-se ao algodão da camisola interior.

Um drama que a LMA resolveu.

A solução foi uma espécie de ovo de Colombo – fazer uma camisola interior com uma dupla face. A interior, que está em contacto com o corpo, mantém o nível de conforto e a função anti-odor. E a exterior é construída numa fibra a que o velcro não adere.

A policia alemã ficou tão encantada com a solução que a LMA ganhou um contrato para o fornecimento da malha que desenvolveu por medida para resolver este problema – e como boa patriota que é, não descansou enquanto não trouxe para Portugal a confeção do inovador produto.

Inovar para satisfazer as necessidades dos clientes é o primeiro parágrafo do catecismo desta empresa que assenta a sua oferta em quatro grandes linhas de produtos. A primeira linha baseia-se em malhas de conforto

AICEP E UMINHO LANÇAM CURSO E-COMMERCE ADVANCE

QUAIS AS TENDÊNCIAS QUE VÊM AÍ? A NELLY RODI DIZ-LHE

A AICEP Portugal Global e a UMinhoExec, da UMinho, criaram um curso desenhado para empresas que pretendam melhorar a sua estratégia comercial nos mercados digitais. Com uma forte componente prática, o curso E-Commerce Advance inclui seminários, workshops de projeto, apresentação de casos, espaços de networking e de partilha de experiências.

A Nelly Rodi, a agência que auxilia as marcas no desenvolvimento estratégico, já tem os Cadernos de Tendências e Serviços para o Inverno de 20/21, que pretendem ajudar as marcas a adaptarem a sua oferta às necessidades e desejos, atuais e futuros, dos consumidores. São ao todo cinco cadernos já disponíveis no site da Nelly Rodi.

ECOFIBERS, A APOSTA DA FITEXAR NA RECICLAGEM DE PLÁSTICO A Ecofibers é a nova marca da Fitexar que vai produzir fibra feita a partir de materiais reciclados, incluindo garrafas de plástico retiradas do mar, possuindo o certificado Global Recycled Standard (GRS). A empresa produtora e transformadora de filamentos de poliéster pertencente ao grupo Têxteis António Falcão, reforça assim a sua aposta na sustentabilidade.

natural, com misturas poliester e lã ou poliester e caxemira, e a garantia no muesling, ou seja, que as ovelhas que originam as fibras de origem animal não foram submetidas a uma forma particularmente dolorosa de vacinação, prevenindo assim os eventuais protestos das organizações de proteção dos animais.

Malhas que repelem o óleo e a água sem usarem químicos na sua composição, o que está em linha com a campanha contra as emissões de carbono, constituem a segunda linha da oferta da empresa fundada por Leandro Manuel Araújo.

A terceira linha é de tecidos

termo-reguladores (aquecem ou arrefecem dois graus, consoante o recomenda a temperatura exterior), com fibras desenvolvidas usando a tecnologia 37.5 da Cocona, de que a LMA foi a primeira empresa licenciada em Portugal.

Por fim, e em resposta à crescente preocupação com a sustentabilidade do planeta, está a usar a fibra Kotton, uma poliesteramida de origem 100% reciclável que consegue ter um toque do algodão e é facilmente reciclável. “O foco da nossa atividade está na sustentabilidade, numa vertente ecológica e inovadora”, resume Manuel Barros, o diretor executivo da LMA. t

70 %

dos 450 fatos produzidos por dia pela Crialme são feitos por medida

SARDAS DA ZARA GERAM POLÉMICA NA CHINA Numa das suas recentes campanhas publicitárias, a Zara recorreu a uma modelo chinesa com sardas, algo que foi visto pelo público como uma ofensa à comunidade local, já que são raras as chinesas com sardas. As críticas choveram nas redes sociais com acusações de racismo e de que a campanha apresentava as chinesas como feias. Além de explicar tratar-se do aspeto natural da modelo chinesa Li Jingwen, a Zara explicou que a campanha foi pensada para uma audiência internacional.

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PAFIL INVESTE 2 MILHÕES EM NOVA CASA COM O TRIPLO DA DIMENSÃO A Pafil Confecções está a ultimar um investimento de dois milhões de euros numa nova fábrica para onde se vai mudar até ao final do ano. Para além do aumento da equipa, a transição é especialmente motivada pela necessidade de mais espaço para responder à diversidade de encomendas.

A mudança da atual fábrica com 1600m2 para umas novas instalações com 4500m2, em Louro, Vila Nova de Famalicão, vai permitir à empresa resolver um problema de espaço que surgiu com a compra de novas máquinas.

"O linho é um amor que veio para ficar. Pensei que ia ser passageiro, mais uma moda, mas já trabalho com linho há anos…"

EXPERIÊNCIA E JUVENTUDE NO PORTUGAL FASHION

Foram ao todo 33 desfiles e 46 criadores que durante quatro dias encheram a Alfândega do Porto com as tendências Outono/Inverno 2019, numa edição marcada pela sustentabilidade. Os jovens criadores do Bloom e Júlio Torcato, Hugo Costa, Maria Gambina (na foto), Inês Tocato, Sophia Kah, Katty Xiomara, Luís Buchinho, Miguel Vieira, Nuno Baltazar, Meam, Concreto, Marques’Almeida, Alexandra Moura, Carla Pontes e David Catalán foram alguns dos mais importantes designers que marcaram presença no evento. t

BORDADOS OLIVEIRA INVESTE UM MILHÃO E CONCENTRA PRODUÇÃO O grupo Bordados Oliveira vai concentrar nas suas novas instalações, em S. Veríssimo (Barcelos), a produção de três (Bordados Oliveira, JSB Oliveira e JSB Inovação Têxtil) das quatro empresas que o integram. A nova fábrica, que representa um investimento superior a um milhão de euros, deverá entrar em funcionamento antes do verão.

Fundada há 30 anos exatos, com apenas uma máquina, pelos irmãos José e Joaquim Oliveira, a Bordados Oliveira foi crescendo através da criação de empresas associadas que foram alargando o leque dos serviços postos à disposição dos clientes.

Em 2004, nasceu a JSB Oliveira que, além de aplicações de sublimado localizado, gravação a laser e outras valências, também trabalha em parceria com a Swarovski, como Centro de Aplicação Recomendado e Revendedor Autorizado.

Constituída em 2005, a JMJ é a única empresa do grupo cuja produção não vai ser concentrada na nova fábrica, e onde os irmãos Oliveira deram sociedade ao seu primeiro empregado, Manuel Lopes. É especializada em bordados de ponto alto (cadeia e chenille).

A constante preocupação com a inovação levou os irmãos Oliveira a constituir a JSB Impressão digital, que os próprios definem como “uma empresa de vanguarda que utiliza tecnologias mais avançadas, com uma equipa multidisciplinar que tendo como base as ideias dos clientes desenvolve graficamente as imagens e conceitos pretendidos”.

A Bordados Oliveira emprega 200 pessoas e é a empresa com maior número de nomeações para os iTechStyle Awards 2018, na categoria de Acessórios. t

Cristina Machado Diretora criativa da Home Flavours

UMINHO CRIA CAMISOLA QUE PREVINE E TRATA LESÕES Uma camisola inteligente que ajuda na prevenção de lesões musculares? Pode parecer ficção científica mas é a nova proposta do 2C2T, o Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da UMinho, desenvolvida no âmbito do projeto Deus Ex Machina. Com um sistema de eletrocardiograma e eletromiografia – um método de diagnóstico que avalia problemas musculares – integrados no têxtil, esta camisola fornece em tempo real dados acerca da condição física do utilizador, o que ajuda a detetar lesões e proporcionar uma intervenção célere e adequada.

11 milhões

de euros é o volume de negócios da Anjos & Lourenço, de Barcelos, que emprega 70 pessoas e exporta a totalidade da sua produção

FÁTIMA LOPES DISTINGUIDA NOS PRÉMIOS DA LUSOFONIA

QATAR AJUDA SAK A EXPANDIR-SE PARA A ÁSIA E MÉDIO ORIENTE A SAK foi uma das dez startups de todo o mundo selecionadas pelo governo do Qatar para um programa de apoio à expansão da sua atividade para a Ásia e Médio Oriente. Filipe Simões, fundador e presidente executivo desta empresa que produz caneleiras de alta qualidade, esteve em Doha, em meados de janeiro, a ultimar os planos para a execução do programa que lhe permitirá ganhar escala a nível internacional.

As caneleiras personalizadas com imagens do pai que Pogba

exibiu quando, a 15 de julho último, subiu à tribuna do Estádio Luzhniki, em Moscovo, para receber a medalha de campeão do mundo de futebol, foram fabricadas em Viseu pela SAK, uma empresa portuguesa, nascida em 2012 com o objetivo de preencher um vazio existente na proteção para futebol, produzindo caneleiras mais seguras, com material de qualidade superior e possibilidade de personalização gráfica.

“Feitas por medida, após extrairmos por scanner a forma

exata da perna de cada jogador, as nossas caneleiras são ergonómicas e resultam de vários anos de investigação e desenvolvimento, bem como do feedback de médicos de clubes de referência e de testes de campo realizados por alguns dos futebolistas mais famosos do mundo”, explica Filipe Simões.

As seleções nacionais de futebol de Portugal e França usam caneleiras SAK, bem como alguns clubes de topo (FC Porto, Fiorentina, Wolverhampton, Atalanta, etc) e futebolistas a titulo individual. t

A afirmação da arte e cultura de raiz lusitana no mundo é o propósito principal do Instituto do Mundo Lusófono, sediado em Paris, que todos os anos atribui os Prémios da Lusofonia. Destacando na última edição a carreira de Fátima Lopes na área da Moda, os prémios foram entregues numa gala que teve lugar em Paris, no Salão Ópera do Café de La Paix, onde a estilista subiu ao palco para receber a distinção das mãos dos membros da direção do instituto.

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A MINHA EMPRESA FLM

Avenida da Indústria, lote 10, Brito 4805-019 Guimarães

O que faz? Fabrica moda íntima masculina, em particular para o segmento gay, em regime de private label Diversificação Fatos de banho (homem e senhora) e fatos para desporto cada vez mais técnicos Trabalhadores 22 Volume de negócios 1,35 milhões de euros (previsão para este ano)

BORDADO DE CASTELO BRANCO ATRAI ATENÇÕES EM MADRID Uma colcha com o tradicional bordado de Castelo Branco e uma mão cheia de coordenados de estilistas conhecidos atraíram as atenções da generalidade dos buyers e profissionais que visitaram a Momad, a grande feira de moda de Madrid.

Aos coordenados produzidos pelos designers Alexandra Moura, Luís Buchinho, StoryTailors, Katty Xiomara, Pedro Pedro e Hugo Costa, juntaram-se os de Catarina Moreira/Pedro Rocha e Brígida Ribeiros, vencedores do concurso nacional O Bordado de Castelo Branco e a Moda, promovido pela autarquia.

6 milhões

de euros de volume de negócios é a meta fixada para este ano pela BomDia, que emprega 150 pessoas e fechou 2018 com vendas de 5,5 milhões de euros

SANTO TIRSO LOUVA AS 65 PMES LÍDER DO CONCELHO Com as têxteis em grande número, a Câmara de Santo Tirso aprovou um voto de louvor e reconhecimento às 65 empresas do concelho distinguidas com a insígnia PME Líder 2018 pelo IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação. “Um selo de reputação que é claro sinal do dinamismo económico que se vive no município”, refere o presidente da câmara, Joaquim Couto.

GRUPO WAT VAI COMPRAR MAIS DUAS CONFEÇÕES

Da moda gay para os fatos de banho e desporto O primeiro emprego de Filipe Marinho (na foto) foi a vender toalhas, no departamento comercial da fábrica do Castanheiro, rentabilizando a fluência em inglês adquirida no curso do Instituto Britânico, feito em Guimarães.

Mas o empreendedorismo que fazia parte da sua herança genética (o pai tinha um negócio na indústria vidraceira) acabou por falar mais alto e não tardou a vermo-lo estabelecido como agente de representação de bordados e materiais para a indústria de lingerie.

O mergulho na moda íntima fez dele visita frequente das feiras da especialidade, como a SIL (produto acabado) e a Interfilière (materiais), em Paris e Lyon, até que conheceu os catalães da ES Collection, que confecionavam em Portugal as suas coleções de roupa interior e de fatos de banho, com bastante saída no segmento gay. Foi o início de uma bela amizade.

No início da década, Filipe abandonou as representações e passou a assumir a responsabilidade pela produção - comprava as matérias-primas e subcontratava e controlava as operações de corte e confeção.

Aos poucos, foi somando outros clientes à ES Collection, e tudo corria às mil maravilhas até que começou a enfrentar um problema de difícil resolução. “Comecei a sentir uma enorme dificuldade em contratar pequenas quantidades e produtos de nicho”, explica o empresário, que foi buscar três consoantes do seu nome para a razão social da empresa.

Filipe sabe que nem sempre o sol brilha – também há dias em que a chuva cai. Mas sabe

também que os problemas são para se resolver - e não apenas para contemplar e equacionar.

“Percebi que tinha de ter produção. Ser só comercial não chegava”, conclui o fundador da FLM, que há cerca de um ano assumiu o controlo de uma fábrica de confeções em Guimarães, investindo cerca de 100 mil euros no seu reequipamento, em particular em maquinaria de sublimação e design gráfico para a área desportiva.

A FLM trabalha em regime de private label, apresentando-se como uma empresa que tem uma plataforma de soluções têxteis com uma amplitude de 360 graus, que põe ao serviço das marcas dos seus clientes.

“Especializámo-nos no segmento gay, um nicho de mercado muito interessante, particularmente exigente, de trend setters, com muita sensibilidade para as questões de moda”, conta Filipe.

Com uma equipa de 22 pessoas, a FLM encarrega-se do design e do desenvolvimento do produto, que se pretende que seja cada vez mais técnico e funcional, apresentando amostras personalizadas a cada cliente.

“Estamos a diversificar para os fatos de banho e para o desporto, para homem e senhora, pois as máquinas de costura que usamos para a moda masculina nos permitem isso. Vamos apostar muito no ioga e na roupa mais técnica para desporto”, explica o fundador da FLM. A empresa, que planeia ampliar ainda este ano o seu parque de máquinas, prevê fechar o ano com um volume de negócios de 1,35 milhões de euros, que em velocidade cruzeiro deverá chegar aos cinco milhões de euros. t

A Wat está prestes a fechar a compra de mais duas confeções, o que lhe deverá permitir fechar o ano com um volume de negócios de oito milhões e um efectivo de 190 pessoas. A Wat integra o grupo RC Europa, uma multinacional catalã que entrou no negócio têxtil há cerca de quatro anos. “Na produção têxtil e de vestuário nós somos os melhores do mundo. Não há quem tenha a nossa qualidade, versatilidade e flexibilidade”, garante Ricardo Almeida, CEO da Wat, explicando a aposta da RC Europa na compra de fábricas no nosso país.

"Podíamos fazer isto por muito menos dinheiro, mas queremos ser os melhores do mundo. Os melhores de Portugal já somos" Fernando Aires Administrador da Abyss & Habidecor

VIKING GIRL, OS NOVOS JEANS DA ALY JOHN Os novos jeans da Aly John, que pertencem a uma coleção cápsula onde o poder feminino é o foco, destacam-se pelo conforto e irreverência e transparecem a força de uma mulher independente que quer conquistar o mundo. A história da marca é tão sui generis como a do seu criador, Manuel Lamosa, que em 1986 criou o seu primeiro par de jeans, para se destacar dos amigos numa festa, e assim nasceu o sonho de fazer jeans.

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INSPIRAÇÃO RETRO NA PRIMAVERA DA ZIPPY A coleção de Primavera da Zippy conta com inspirações retro sport e new nautical, onde os clássicos são trabalhados com um twist moderno e as cores primárias se assumem nas suas versões mais vibrantes. Em menino sobressaem os xadrezes coloridos e para as meninas mensagens inspiradoras e otimistas. Jeans com bordados e uma linha de parkas, mochilas e calçado com apontamentos néon são as peças statement.

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"O que nos dá muito orgulho é estar a crescer muito em produtos de valor acrescentado. Estamos a ganhar dinheiro, o que é o importante" Luís Lima Diretor de produção da João António Lima Malhas

HEIMTEXTIL RUSSIA: UM MUNDO DE OPORTUNIDADES A decorrer entre os dias 17 e 19 de setembro, em Moscovo, a Heimtextil Russia abre um mundo de oportunidades às empresas portuguesas que queiram alargar a sua área de influência a este gigante mundial. O produto acabado e os têxteis-lar de gama alta, uma das imagens de marca da nossa ITV, são os mais procurados em solo russo, fazendo por isso com que a Heimtextil Russia seja uma feira com enorme potencial.

Maquinaria obsoleta, falta de matérias-primas e uma transição dificultosa do antigo modelo soviético para uma economia de mercado, resultaram numa escassez de produtores têxteis e, consequentemente, de produtos têxteis. Os que existem, para além de não conseguirem cobrir a procura, são de baixa qualidade.

Com uma população de perto de 147 milhões de pessoas, a estabilidade económica do país está a tornar o mercado bastante atrativo. No ranking Bloomberg de países desenvolvidos, a Rússia subiu de 7o para 2o lugar, ultrapassando a China, e no mercado interno as vendas a retalho subiram 2,6% na primeira metade de 2018, um resultado direto dos aumentos nos salários.

O aumento do comércio eletrónico no país – deve duplicar este anos os cerca de 2,5 mil milhões de euros de 2018 – fez igualmente crescer a procura por produto acabado, uma necessidade que, sozinho, o mercado

russo não consegue satisfazer.

Oportunidade perfeita, portanto, para as empresas estrangeiras explorarem este nicho de mercado, tanto como fornecedoras de produto acabado como de tecidos e acessórios. Em Ivanovo, o centro têxtil da Rússia, o governo local anunciou até que a região está empenhado em fortalecer laços económicos com outros países, levando já várias empresas a investir na indústria têxtil desse local.

Por outro lado, também um boom na construção e na procura de casa e o

aumento do turismo desataram a procura por produtos de têxteis lar e decoração. No caso dos hotéis, a procura por produtos de gama alta e de elevada qualidade parecem igualmente à medida da indústria têxtil portuguesa, sendo que a Heimtextil é a única feira especializada em têxtil lar em solo Russo.

Em 2018, a Heimtextil Rússia acolheu cerca de 230 expositores provenientes de 19 países e foi visitada por mais de 17 mil visitantes profissionais oriundos das mais variadas regiões russas e das Comunidades dos Estados Independentes. t

SMART INOVATION E INOVAFIL FAZEM FIO RETARDANTE DE CHAMA A Smart Inovation (SI) e a Inovafil desenvolveram em parceria um inovador fio retardante de chama que já se encontra em fase de ensaio no CITEVE. “Estamos a conseguir a resistência às lavagens”, garante Mário Brito, responsável da Smart Inovation, uma empresa de Barcelos que nasceu a partir de um spin off da Universidade do Minho e se dedica ao desenvolvimento de soluções no domínio na nanotecnologia

com aplicações na indústria têxtil, no âmbito da saúde, proteção e bem estar.

Ao seguir para montante, aplicando o acabamento funcional na rama e fornecendo os fornecedores de fio, a SI pretende melhorar eficácia das suas partículas, sendo que o desafio é garantir que elas mantém a penetração na fibra, aguentado todas as fases do processo de fabrico até se chegar ao produto final.

“Não utilizamos microcápsulas, mas

sim um sistema único de funcionalização de substratos, as partículas SI”, explica o responsável pela Smart Inovation, acrescentando que a tecnologia da empresa está patenteada em 147 países.

A SI tem produtos em sete áreas – ácaros, térmitas, repel mosquito, batericida, frieiras, pé do diabético e pé de atleta -, sendo que os princípios ativos que usa estão aprovados pela OMS, FDA e EPA. t

LOLA WANTS: SALMÃO E PRETO PARA A PRIMAVERA Na primavera 2019 da Lola Wants são os vários tons de salmão a grande novidade da marca, mantendo-se a inspiração cinematográfica para peças sedutoramente femininas. O preto é ainda uma presença forte, surgindo em mate ou brilhante e com jogos de textura. Uma coleção ousada pelas várias transparências, mas pensada para oferecer diversas soluções de lingerie para looks mais leves. O body Bonnie, um dos best sellers, regressa na cor da estação – o salmão – e com fitting aperfeiçoado.

BARCELCOM PÕE ONLINE PRODUTOS DE COMPRESSÃO MÉDICA A Barcelcom Têxteis inaugurou em março a primeira loja online portuguesa exclusivamente dedicada a produtos de compressão médica graduada.

Com um longo histórico em produtos de inovação têxtil e com forte implementação em todo o mundo, a Barcelcom apostou agora numa plataforma integrada de B2C, proporcionando entregas imediatas.

Este serviço, sem qualquer custo para os clientes, é acessível através do pc, tablet ou qualquer smartphone.

Brevemente, esta plataforma digital irá ser usada também como central de compras para os clientes B2B da empresa.

Cada cliente empresarial pode aceder com o seu login a toda a loja, efectuando todas as suas encomendas no site.

Nesta nova plataforma de e-commerce estão disponíveis as marcas BBMedical (meias de compressão graduada para prevenção e tratamento das mais variadas patologias), Pradex (mangas para tratamento de linfedemas nos membros superiores e soutiens protésico e pós cirúrgico) e ainda o BB-Vein, um sistema de administração transdérmica desenvolvido pela Barcelcom.

Considerada uma das empresas mais inovadoras na Europa e vencedora do prémio NOS Inovação 2018, a Barcelcom desenvolve e produz produtos de compressão graduada para a área da saúde e desporto de alta competição para todo o mundo e para as mais diversas marcas.

Com um índice de exportações na ordem dos 90%, é hoje considerada uma das 40 empresas mais inovadoras no setor têxtil.

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JF ALMEIDA APOSTA NOS FIOS PAPILIO Com caraterísticas inovadoras, versáteis e amigas do ambiente, o fio Papilio é uma forte aposta da JF Almeida, onde os fios especiais valem cerca de 10% a 15% da faturação, cerca de 6,5 milhões de euros (mais 31% que no ano passado). Ao contrário do tingimento de fio normal, o processo de estampagem do Papilio não utiliza sal nem peróxido de hidrogénio, é processado a frio e requer apenas cerca de 1/3 dos produtos auxiliares do tingimento normal. Pode ser produzido em qualquer combinação de fibras e cores, daí a sua versatilidade na aplicação em setores tão distintos como o desporto, o vestuário, os têxteis-lar e a indústria automóvel.

"A evolução da Europa como centro de produção obriga a uma maior componente técnica para fazer face ao argumento preço"

MODATEX FORMA 16 NOVAS MODELISTAS

No âmbito do protocolo entre o Modatex e a Câmara Municipal de Sesimbra, 16 formandas terminaram recentemente a ação de formação de Costureiro/a Modista. Esta ação, com a duração de 970 horas e que decorreu no Centro de Formação Eagle Intuition, dotou as formandas com conhecimentos de modelação, corte e confeção relativas à execução de artigos de vestuário. No decorrer da formação as formandas idealizaram o projeto ‘Almofadas do Coração’ que foram entregues à associação Amigas do Peito do Hospital Santa Maria. t

4TEAMS NA DISTRIBUIÇÃO COM LICENÇA DO BENFICA A 4Teams está a ir para jusante, acrescentando à sua atividade de fabrico de merchandising desportivo a presença na distribuição de produto final ao ter ganho a licença para ser distribuidor oficial de gorros e cachecóis do Benfica durante a próximas quatro épocas, contando com esta.

Outra frente a que a empresa de Vizela está atenta é o gaming. “Já fizemos material para o Mindcraft e o Fortnite. E estamos a olhar com muito interesse para o fenómeno dos youtubers, que estão a ganhar uma tal expressão que já se justifica que tenham merchandising próprio”, explica Anthony Câmara, diretor comercial desta empresa que emprega 90 pessoas e prevê fechar o ano com cinco milhões de euros de vendas.

No início, a empresa fundada por Pedro Santos dedicava-se ao fabrico de etiquetas, atividade que ainda mantém (“fazemos etiquetas estampadas

ou bordadas, código de barras, sublimação para equipamentos desportivos, etc, etc”, diz o diretor comercial), mas cuja expressão no volume de negócios da empresa não vai além dos 10%.

Cachecóis e gorros são o pão com manteiga da 4Teams, que foi a fornecedora oficial do Mundial da Rússia e que além de trabalhar para clientes que têm licenças da FIFA e UEFA, também fornece claques e já fabricou cachecóis e gorros para o FC Porto, Roma, Bayern de Munique, Chelsea e Marselha – para citar só uma mão cheia de exemplos.

Mas há bastantes mais negócios em cima da mesa. “Vamos começar a trabalhar com o Borussia de Dortmund e diversificar para o basquetebol, fazendo emblemas para a FIBA, e o hóquei sobre o gelo, onde temos um contrato de três anos e vamos estar no Mundial da Eslovénia”, conclui Anthony Câmara. t

Vítor Abreu CEO do grupo Endutex

O CONCEITO ALMA NA NOVA COLEÇÃO DE INÊS TORCATO A estilista Inês Torcato apresenta a coleção SS19 retratada numa piscina, onde o conceito Alma se espelha na limpidez da água. A estética e as cores do ambiente, como os pequenos azulejos e os tons de azul, criam uma associação direta com a gama de cores da coleção e a sua vertente mais orgânica. A silhueta conjuga o oversize com peças muito justas, e novos cortes complementam os clássicos.

50 %

do volume de negócios da Foot by Foot, que foi de três milhões em 2018, é feito nos têxteis-lar

JOSÉ ANTÓNIO RAMOS NA LIDERANÇA DA SALSA

LATINO FAZ ROAD SHOW DE FATO DE BOMBEIRO INOVADOR A Latino está a fazer um roadshow de apresentação no mercado de um inovador fato de bombeiro desenvolvido em parceria com o 2C2T da Universidade do Minho e a Critical Software e que deu origem a uma patente europeia.

Através de sensores embebidos na estrutura têxtil (ou seja, não são cosidos nem laminados), o fato de bombeiro fornece informações sobre a localização e sinais

vitais do utilizador – ritmo cardíaco, temperatura exterior e do corpo, transpiração, entre outros.

Especialista em equipamentos de proteção e vestuário de trabalho, a Latino foi fundada por Clementina Freitas e exporta 90% do seu volume de negócios, que ronda os seis milhões de euros.

“A inovação nas empresas só tem um objetivo: ganhar dinheiro. A universidade pode ter ou-

tros objetivos, que são transmitir e aumentar o conhecimento de todos. Agora, se eu não estiver a trabalhar um produto que seja vendável e que venha a ser rentável à empresa, eu não quero o projeto. Porque nós não somos uma entidade de investigação, nós não vendemos investigação, nós vendemos um produto. Espero ter sempre produtos para vender”, esclarece a fundadora da Latino. t

José António Ramos, gestor espanhol com uma larga experiência no retalho de moda internacional, é o novo CEO da Salsa, a maior marca de moda portuguesa, cada vez mais voltada para o mercado internacional. O fundador da marca, Filipe Vila Nova, mantém o cargo de Chairman. No seu último desafio, Ramos foi durante seis anos Chief Commercial Officer da Esprit, depois de ter passado pela Comissão Executiva do Carrefour Espanha e pelo Grupo Inditex, na Zara, onde exerceu cargos nas áreas de produto e distribuição. Ramos foi, ainda, Consultor Estratégico na McKinsey e possui um MBA pelo MIT.

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Com as nossas APPS, a comunicação da sua empresa está acessível na “mão” dos seus clientes, de forma rápida e muito intuitiva.

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FOTO: RUI APOLINÁRIO

“DESDE 2007 QUE TEMOS PRODUTOS SUSTENTÁVEIS”

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n ENTREVISTA João Mendes 38 anos, nasceu no Porto e vive em Santo Tirso, sendo o mais novo dos quatro netos de António Oliveira Sampaio, o ex-debuxador que em 1947 fundou a empresa que viria a ser a A. Sampaio & Filhos. Após completar a primária no colégio de Santa Teresa de Jesus, fez o Secundário da Tomaz Pelayo e licenciou-se em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade de Aveiro - tal como o irmão mais velho, Miguel, que acabou o curso no ano em que ele entrou. Tem dois filhos: Carolina, sete anos, e João, cinco.

a

única maneira de evoluir é estar sempre um passo à frente, antecipando as necessidades dos clientes - alerta João Mendes, administrador da A. Sampaio & Filhos.

Olhando para os 72 anos de vida da A. Sampaio, nunca foram tomadas decisões erradas de que mais tarde se arrependessem?

Antes de tomarmos qualquer decisão importante, avaliamos sempre a situação com muito cuidado.

Logo aí reduzimos muito a margem de erro. E se verificamos que nos enganamos, somos rápidos a arrepiar caminho e corrigir o tiro.

O seu avô mudou dos tecidos para as malhas circulares. A segunda geração foi pioneira na aposta em têxteis técnicos. É um percurso imaculado?

As grandes decisões estratégicas foram sempre as mais adequadas.

O facto de se ser capaz de mudar de negócio significa coragem e uma grande abertura à inovação, que se tornaram características fundamentais da nossa cultura.

Mas este século já tiveram de viver com conjunturas muito adversas: a adesão da China à OMC, a crise de 2008, a troika…

Como lidaram com isso?

Há coisas que não conseguimos controlar, mas se soubermos ler os sinais e antecipá-las podemos estar preparados. Em 2005, quando as grandes marcas mundiais passaram a fazer o seu sourcing no Oriente, nós já tínhamos evoluído para produtos mais técnicos, de maior valor acrescentado, em que não era tão fácil substituir-nos.

Dito assim, até parece fácil…

Não foi fácil. Em finais de 2004 as encomendas começaram a parar e ainda ninguém se esqueceu do

que aconteceu a seguir, com o setor a perder muitas empresas e emprego. Foi um período muito dramático, mas no seu conjunto a ITV acabou por dar a volta à situação, num processo em que as melhores empresas foram as que se adaptaram mais rapidamente.

Foi o vosso caso?

Sim, porque fizemos o trabalho de casa, tínhamos a autonomia financeira adequada para enfrentar a tempestade, estávamos a navegar na direção certa e nunca deixamos de investir. Percebemos a tempo o que vinha e preparámo-nos, analisando as opções que tínhamos para fabricar cá produtos competitivos.

E na crise que culminou com a intervenção da troika?

Aí o mais importante foi controlar o risco de crédito. Ou seja, gerir muito bem o equilíbrio entre oportunidade de venda e risco de não recebimento. Foi um período difícil, mas que para nós não foi particularmente dramático.

Conseguimos ultrapassar ambas as situações sem prejuízos.

E agora? As tempestades já passaram, navegam em mar chão, munidos da estratégia correta?

Há muitos empresários que dizem: “Eu sou do tempo em que tínhamos a produção vendida para todo o ano”. Eu não sei o que é isso. Sinto cada vez mais turbulência, cada vez mais mudança. Está redondamente enganado quem pensa que por ter uma estratégia que tem dado certa está resolvido para os próximos dez anos.

Como é que gere este novo normal em que a única certeza é a incerteza?

Não parando de inovar. Não podemos ser comodistas quando a situação é tudo menos cómoda.

Estamos sempre à procura de fibras, acabamentos e equipamentos novos. A única maneira de evoluir é estar sempre um passo à frente. Sabemos que não podemos focar a nossa energia em produtos que são facilmente substituíveis. Não é por aí.

Então é por onde?

"O know how da nossa ITV tem de ser retido e perpetuado"

Os primeiros dinheiros ganhou-os ainda adolescente quase imberbe como guitarrista da banda So What?, que actuava em bares e um ou outro casamento (“Eramos mais bem pagos”, recorda), apresentando um repertório variado onde avultavam standards de jazz, blues e bossa nova.

Desde pequeno estudou música: primeiro órgão, depois focou-se na guitarra - conta quem sabe que tinha muito jeito. O trajeto que o levou até à fábrica da família não foi em linha reta, pois fez escalas em Salónica (onde passou os seis meses do Erasmus) e Leça do Balio (o primeiro emprego foi na Unicer, onde se demorou dois anos no serviço de gestão do enchimento). Em 2006 deitou âncora na A. Sampaio (onde fizera o estágio curricular no fim de curso), cumprindo um rigoroso programa de formação profissional, que começou pela equipa de limpeza de teares e continuou no gabinete técnico, laboratório de controlo de qualidade, desenvolvimento de coleção e assim por diante até chegar a um lugar na administração.

Não há uma receita. Há uma atitude de abertura total à inovação e à mudança, tanto de diversificação de segmentos como de novos produtos dentro do mesmo segmento - a moda está num ponto de viragem e vejo oportunidades no desporto e no vestuário profissional e de proteção - e pela busca permanente de novos processos, soluções e produtos que surpreendam os clientes. O nosso objetivo é ter clientes satisfeitos e uma equipa competente e motivada.

Estão otimistas quanto ao futuro?

Nem otimistas, nem pessimistas, mas atentos, para estarmos preparados para o que vem a seguir.

Temos uma visão de longo prazo.

disse que se fosse só pelo preço já não estavam.…

Não estávamos nós nem mais ninguém na têxtil portuguesa :-) O preço continua a ser um fator importante?

O preço é sempre importante.

Não vale a pena trabalharmos se não temos um preço que os nossos clientes achem justo e adequado ao valor do produto. Para sermos competitivos, temos de saber comunicar o valor do nosso produto.

O que é preciso fazer mais para ser competitivo?

Proporcionar um serviço cada vez melhor, apresentar-lhes soluções que eles não viram ainda em lado nenhum, oferecer-lhes produtos que respondem a necessidades que têm mas ainda não sentiram.

Quais são as tendências?

A moda está cada vez mais polarizada, com o médio a desaparecer em detrimento do baixo e do alto. E nós estamos cada vez mais focados em fornecer os segmentos médio/alto e alto do mercado.

A inovação é a chave?

Como sobreviveram sem solavancos à sucessão até à terceira geração. Há regras escritas?

Como fazem isso?

Temos membros da segunda geração na empresa e na administração... O importante nas empresas familiares é a real vontade das pessoas em se entenderem bem.

Então não há regras escritas?

Eu não disse isso. Apenas sublinhei que nos damos todos muito bem uns com os outros. Durante muito tempo vivemos no mesmo prédio, passávamos o Natal juntos, há uma ligação muito grande. E isso é o fundamental no nosso caso.

Como partilham as responsabilidades entre irmãos e primos?

Funcionamos em rede.

Como é isso?

Somos muito reservados. Preferimos comunicar o que a nossa empresa faz do que falar de como nos organizamos.

O seu irmão Miguel uma vez

Muitas vezes a inovação está na transferência ou combinação de tecnologias. A inovação é a chave se tiver mercado e soubermos comunicar o seu valor.

Levamos funcionalidades das malhas de desporto para a moda, sem descaracterizar o produto.

Outro exemplo, na Milipol acrescentámos a termoregulação ativa, que vem do desporto, a uma malha com retardante de chama.

Por norma, experimentamos e desenvolvemos estas sinergias que acreditamos terem mercado.

A imagem externa do país influencia a atividade?

Sem dúvida. É importantíssima e influencia a atividade, independentemente das nossas capacidades. Para o pior, como aquando da intervenção da troika, em que muitos clientes nos perguntavam se ia haver problemas. Ou para o melhor, como agora em que imagem internacional de Portugal nos ajuda a vender.

Em que é que estar em Portugal afecta a competitividade?

O principal problema é a dificuldade que temos em encontrar mão de obra especializada capaz de as-

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Um debuxador visionário que teve três filhas O debuxador António Oliveira Sampaio já estava perto dos 40 anos quando se aventurou a criar a A. Sampaio & Filhos, nascida a 5 de junho de 1947, que começou por se dedicar ao fabrico de tecidos (telas e popelines) mas que mais tarde, nos anos 60 e ainda sob a sua liderança, mudou de agulha para se especializar em malhas circulares. Teve três filhas, Maria Fernanda (atual presidente do Conselho de Administração, casada com José Luís Marques), Maria da Conceição (casada com Augusto Furtado e mãe de Ana Júlia, economista pela FEP, que se ocupa da gestão financeira da empresa, e de António Luís, engenheiro têxtil) e Maria Filomena (professora de Português e História e a única que nunca trabalhou na fábrica), casada com Manuel Mendes e mãe de Miguel e João.

segurar uma renovação geracional com qualidade. A ITV portuguesa tem um know how acumulado que é um património valioso mas que tem de ser perpetuado.

Qual o ambiente de negócios nas primeiras feiras do ano?

"Temos de saber antecipar as necessidades dos clientes"

Nas conversas foi notório o peso da incerteza. Há muita gente desmotivada, preocupada e apreensiva.

Vocês também?

Muito provavelmente em 2019 não vamos crescer 15% como em 2018. Mas não vamos ficar retraídos nem atemorizados :-) Estamos no bom caminho. Não vamos mudar nada. Este ano vamos a 13 feiras. Não há bola de cristal que nos permita adivinhar o que vai acontecer. Se vier um temporal, nós cá estaremos para o enfrentar.

O Brexit está afetar-vos?

Não temos clientes importantes que vendam exclusivamente em Inglaterra. Estão no mercado mundial e prepararam-se atempadamente para o Brexit.

Quais são os vossos principais concorrentes?

São muito diversos, pois estamos em segmentos de mercado completamente diferentes.

Temos quatro gamas de produtos, a Ready to wear, de moda, a Sport Active - área de inovação continua em que a aposta é no nível de desempenho e conforto, não descurando a estética -, a Protecton +, a nossa marca para vestuário de segurança e proteção, e a Pure Life, a linha que só usa materiais sustentáveis.

Faz sentido ter uma linha sustentável separada?

A sustentabilidade é transversal, usamos cada vez mais materiais reciclados e orgânico. Mas continuamos a apresentar uma linha mais descaradamente sustentável, que só usa materiais renováveis.

A sustentabilidade já não é mais uma moda? Veio para ficar?

Sentimos que a onda chegou agora com força. Os clientes que ficaram

para trás estão agora a correr atrás de prejuízo. Mas nós não acordámos ontem para esta tendência.

Já desde 2007 que temos uma gama de produtos sustentáveis. É a nossa contribuição, o nosso grão de areia para um futuro melhor.

Apresentam mais propostas aos clientes ou recebem mais desafios?

É mais de cá para lá. Apresentamos entre mil a duas mil malhas novas todos os anos. Mas também é frequente os clientes pedirem-nos soluções e trabalharmos em conjunto para as encontrar.

Há muitos clientes a pedirem para entregarem as malhas em confeções portuguesas?

Há muitas marcas a olharem Portugal como um excelente ponto da cadeia de fornecimento. Se vierem cá, num pequeno raio de distância à volta do Porto encontram tudo o que precisam, tecidos, malhas, confeções, até calçado. É notório o apetite dos clientes por soluções integradas em Portugal.

Sentem que é preciso crescer?

Se a pergunta se refere à capacidade produtiva, a resposta é não.

Estamos com a dimensão certa.

Os investimentos que temos feito não são no aumento da capacidade produtiva, mas sim em know how, no laboratório - certificamos os produtos fora, mas testamo-los aqui - e na capacidade para fazer produtos diferentes. Compramos máquinas que não tínhamos e substituímos as que temos por outras mais eficientes. E investimos muito em redes e servidores.

Em que é que têm investido?

No melhoramento da nossa

infraestrutura tecnológica.

Renovámos a cablagem óptica toda, comprámos equipamento para o laboratório, instalámos um data center, adquirimos teares estratégicos. A lógica é ir investindo continuamente, e não por ondas. E não só em hardware, mas também em brainware, trazendo cá para dentro mais talento e conhecimentos.

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de euros foi o volume de negócios da A. Sampaio & Filhos em 2018, o que representa um crescimento de 15% face ao ano anterior. Especializada no fabrico de malhas circulares, tem centro de gravidade em Santo Tirso, em instalações com 30 mil m2, emprega 200 trabalhadores e tem uma capacidade produtiva instalada de 600 toneladas por mês

As perguntas de

Como estão em termos de digitalização de processos?

Numa altura em que há cada vez mais gente que compra roupa sem lhe tocar e que uma nova geração se habituou a olhar o mundo por um ecrã, estamos a preparar-nos para comunicar o nosso produto a uma nova geração de decisores.

E a nível industrial?

Estamos bastante avançados em termos de automação de processos. A interação com as nossas máquinas e os clientes está cada vez mais digitalizada. Mas estamos a falar de uma questão que nunca se pode dar por encerrada. Todos os dias damos passos no sentido de sermos mais rápidos e eficientes.

Os empresários são criticados por serem excessivamente individualistas e não saberem voar em formação. Também cometem esse pecado?

Não me parece. Na Milipol, para termos mais espaço e uma melhor localização, partilhamos o stand com a Penteadora e Heliotextil, que não são nossas concorrentes, mas complementares, e apresentamos produtos demonstradores feitos em conjunto. E estamos no projeto Texboost do Cluster Têxtil.

A fast fashion tem os dias contados?

Depende. A moda descartável e de fraca qualidade, acredito que sim, devido à crescente preocupação dos consumidores com a sustentabilidade. Mas se está a falar de rapidez na apresentação de produtos, a moda vai ser cada vez mais rápida, com a multiplicação de coleções cápsula, para manter os consumidores interessados. t

Ana Júlia Furtado Prima e administradora O facto de a A. Sampaio ser uma empresa familiar cria algum desafio acrescido?

Miguel Mendes Irmão e administrador Qual o principal valor da empresa?

Não cria desafio acrescido, mas cria uma responsabilidade acrescida. Sentimos que as decisões tomadas têm impacto tanto na empresa como, em alguma medida, na família. O facto de trabalharmos em família cria não só uma equipa mais unida, mas também uma equipa mais consciente do impacto que temos uns nos outros.

Gosto de acreditar que o principal valor da empresa é a confiabilidade. Penso que se avaliarmos o modo como interagimos com os nossos colaboradores, os nossos clientes, os nossos fornecedores e os nossos parceiros,… existe um denominador comum de confiança na nossa empresa. Para além disso, procuramos tratar todos os interlocutores mencionados com o mesmo grau de respeito.

O que gostarias de transmitir para a 4ª geração?

Onde nos vês daqui a cinco ou dez anos?

Basicamente, duas coisas: o mesmo conjunto de valores que orientam as gerações até hoje e, naturalmente, uma empresa sólida e com futuro.t

Para começar, gostaria que os atuais parceiros se mantivessem connosco, num trajeto de evolução e crescimento conjunto. Para além disso, gostaria de ver a empresa a alcançar nos novos mercados o mesmo grau de notoriedade que tem nos seus mercados atuais, com todas as consequências que a isso vêm associadas. t

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A AGENDA

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PERFORMANCE DAYS 8 e 9 de Maio – Munique A. Sampaio & Filhos, LMA, Sidónios malhas, Tintex TECHTEXTIL / TEXPROCESS 14 a 17 de Maio – Frankfurt A. Sampaio & Filhos, Artefita, Bolsibotão, Carlom, Carlos Sousa, CeNTI, CITEVE, Coltec, Cordex, Endutex - Revestimentos Texteis, ERT, Foot by Foot, Gulbena,

Heliotextil, Idepa, Inovafil, Lasembor, Lipaco, LMA, MCS, Penteadora, Smart Inovation, SGL CARBON, Têxteis Penedo, Têxtil António Falcão AUTOMOTIVE INTERIORS EXPO 21 a 23 de Maio – Estugarda CeNTI, CITEVE, Endutex, ERT, PTC Group, TMG

TECHTEXTIL/TEXPROCESS VAI TER FORTE PRESENÇA LUSA A Messe Frankfurt aproveitou o MODtissimo para fazer a apresentação da próxima edição da TechTextil/Texprocess, duas feiras que cobrem toda a cadeia de valor da têxtil e decorrem de 14 a 17 de maio.

Portugal terá 25 expositores na Techtextil (os mesmos que em 2017, e mais cinco que em 2015) e três na Texprocess (cinco em 2017 e 2015). Há dois anos foram recenseados 397 visitantes portugueses na Techtextil (324 em 2015) e 434 na Texprocess (369 em 2015).

"Todos os nossos clientes norteamericanos pedem o made in Portugal em destaque, não só na etiqueta mas também na embalagem" Miguel Chareca Responsável Newplaids

CONCRETO ENTRA EM 30 LOJAS A PARTIR DA MOMAD Já presente numa rede de 150 lojas, a Concreto prepara-se para reforçar a sua presença em Espanha com a adesão de mais 30 espaços de venda espalhados por todo o território. Esta expansão da rede no país vizinho surge como consequência direta da recente presença na Momad, de onde a marca do grupo Valérius regressou com a sensação de ter superado até as melhores expetativas. “A feira correu muito bem e a nossa marca é cada vez mais bem aceite pelos mercados externos”, afirma Teresa Marques Pereira, brand manager da Concreto.

9,1%

do total das exportações têxteis portuguesas têm como origem Famalicão, um valor de 474 milhões de euros que representa quase 1/4 (23,7%) das vendas do concelho no mercado exterior

Presentes na feira pela 4ª vez, a Cristina Barros e a Blackspider, as duas marcas de moda da Cubosdalgodão, estão cada vez mais sólidas na Rússia

CRISTINA BARROS, BLACKSPIDER E BEPPI ATACAM NA RÚSSIA O inverno russo não assustou a comitiva From Portugal que entre os dias 25 e 28 de fevereiro marcou presença na Collection Première Moscow, uma das mais importantes feiras de moda e vestuário da Rússia. Beppi, Blackspider e Cristina Barros aproveitaram a feira para apresentar novidades e dar novos passos num mercado cada vez mais atento à moda portuguesa.

“O cliente russo é exigente, gosta de produtos de qualidade e aprecia a confeção portuguesa” explica Marco Costa, gestor comercial da Cristina Barros e da Blackspider, as duas marcas de moda da empresa Cubosdalgodão. Presentes na feira pela 4ª vez, as duas insígnias reforçaram a sua presença num mercado onde contam com uma expressão cada vez

mais significativa. “O mercado russo é bom para nós, já temos à volta de 30 clientes neste país e sabemos que os produtos são bem recebidos pelo público”, afirma.

Também a Beppi aproveitou a presença em Moscovo para apresentar novos produtos. Especializada em calçado, tanto para adulto como criança, a marca portuguesa tem vindo a apostar em produtos cada vez mais tecnológicos, de que são exemplo os modelos infantis que integram sistemas de luzes. “Já estamos presentes na Rússia, temos um agente, o que nos permite ultrapassar a barreira linguística, e continuamos a apostar neste mercado”, explica Hugo Silva, gestor de exportações da empresa.

Cada vez mais focada na internacionalização, a Beppi exporta actualmente mais de 80% de toda a sua produção. t

O MATCH PERFEITO NA JITAC Numa altura em que os programas de encontros estão na moda, podemos dizer que Portugal e Japão têm tudo para dar certo. A prová-lo está a comitiva portuguesa na Jitac European Textile Fair (de 26 a 28 de março), em Tóquio, com a indústria têxtil nacional perfeitamente afeiçoada ao mercado nipónico e a dar-se bem com os seus elevados padrões de qualidade.

“O mercado japonês é um mercado importante pelo seu prestígio e tem bastante potencial para os nossos produtos”, explica Nuno Neves, repre-

sentante da Fitecom, que viajou para Tóquio com uma vasta gama de acabamentos especiais para fatos, casacos, calças e saias, com forte aposta em tecidos de valor acrescentado como o 100% lã virgem, o linho e a lycra.

Também a Texser – Têxtil de Serzedelo é reconhecida pelos japoneses pela qualidade dos seus artigos, nomeadamente na flanela e na Viyella.

Desta vez, a grande aposta foi para os artigos sustentáveis. “Para a próxima estação de verão temos algumas novidades a nível de tecidos com fios orgâ-

nicos e cupros”, adianta Maria Pimenta, CEO da empresa.

A responsabilidade ambiental foi o foco de toda a comitiva. A Troficolor, especialista em gangas, apresentou vários produtos em algodão e poliéster reciclado, e a Lurdes Sampaio levou a sua linha Green Selection, composta por artigos reciclados, orgânicos e biodegradáveis.

Burel Factory, Eurobotónia, Fitecom, Lemar, Lurdes Sampaio, Otojal, Texser e Troficolor compunham a comitiva organizada pela Associação Selectiva Moda, ao abrigo do projeto From Portugal. t

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SASIA SIGNIFICA ECONOMIA CIRCULAR HÁ MAIS DE MEIO SÉCULO Dedicada à reciclagem de desperdícios têxteis desde a sua fundação, em 1952, bem se pode dizer que a economia circular é a essência da Sasia. Um percurso pioneiro nas questões da sustentabilidade que foi destacado pelo presidente da Câmara de Famalicão em recente visita à empresa. Com os resíduos têxteis que importa de diversas origens, a Sasia transforma por mês cerca de 900 toneladas em nova matéria-prima, depois distribuída pela indústria nacional e pela Europa.

"Fazer bem à primeira e zero defeitos é sempre o nosso objetivo" Ana Pimenta Diretora geral da Acatel

COOPERAÇÃO ENTRE FAMALICÃO E LIVERPOOL

A Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal, o CITEVE e CENTI são três das entidades que integram a cooperação estratégica entre as cidades de Famalicão e de Liverpool, em Inglaterra, e que pretende gerar parcerias entre centros tecnológicos, empresas, estudantes e os municípios das duas cidades. A aproximação entre as duas localidades ficou selada a 19 de fevereiro, em Inglaterra, com um memorando de cooperação a assinado pelos presidentes das duas cidades, Paulo Cunha e Joe Anderson. t

GULBENA QUER VENDER 10 MILHÕES EM 2020 Atingir um volume de negócios de 10 milhões de euros em 2020 é a meta fixada por Rui Teixeira, CEO do grupo Gulbena, que não exclui a hipótese de recorrer a fusões e aquisições para atingir esse objetivo. Em 2018, as vendas conjuntas das empresas do grupo rondaram os sete milhões de euros.

Nascido a partir da TTT Tech, uma empresa de tinturaria e acabamentos, o grupo foi crescendo organicamente, começando pela Gulbena, que se dedica à venda de malhas técnicas e funcionais, sendo que as nove distinções que já acumulou no concurso ISPO Textrends falam pela sua capacidade de inovação e i&d.

Posteriormente, Rui Teixeira acrescentou à Gulbena a Imprimis (impressão digital) e a Bergand, uma pequena confeção (emprega 14 pes-

soas), que foi o último passo dado no sentido de tornar o grupo vertical.

“Para fazer um produto de altíssima qualidade tenho de ser capaz de o produzir internamente”, explica Rui Teixeira, um engenheiro têxtil (UMinho) de 46 anos que começou a carreira profissional em Itália, antes de assumir a liderança da TTT Tech, que pertencia ao seu pai, Francisco Soares Teixeira, e iniciar o esforço de diversificação e verticalização.

“Percebi que se nos mantivéssemos só na prestação de serviços ficaríamos vulneráveis. Para tornar a TTT mais forte e sustentável tinha de ter um produto na mão que pudesse exportar. Foi assim que nasceu a Gulbena e diversificámos da tinturaria e acabamentos para as malhas acabadas" completa o CEO. t

PATENTES? FIORIMA QUER É VENDER MEIAS “Aparece muita gente a querer-nos comprar as patentes, mas o que nós queremos é vender peúgas. Se lhes vendêssemos a patente, eles iam fazer as meias para a Ásia”, conta, bem humorado, Paulo Rodrigues, 55 anos, o engenheiro têxtil com uma pós graduação em Gestão de Unidade de Saúde e um doutoramento em Engenharia para a Saúde.

As gaiter socks – umas meias tipo polaina que evitam a entrada

de lama, água, areia, folhas ou outros pequenos objetos para o interior das sapatilhas – foram uma das patentes que a Fiorima apresentou no seu stand na ISPO 2019.

Outra que é alvo de cobiça e é um dos produtos estrela da Fiorima é a das meias biométricas inteligent socks, que integram sensores que recolhem e comunicam, em tempo real, informações como o peso, temperatura do corpo, frequência cardíaca, localização geográfica, ca-

lorias que queimou, velocidade média, distância percorrida, etc.

“Temos produtos que mais ninguém tem”, resume Paulo Rodigues, exibindo uma meia com calcanhar e biqueira trabalhados.

Empregando 84 pessoas, oferece uma gama de cinco mil produtos diferentes e tem um volume de negócios de sete milhões de euros, feito a 99,5% nos mercados externos, fundamentalmente Europa, Canadá e Estados Unidos. t

FITECOM CASOU A FRESCURA DO LINHO COM O RIGOR DA LÃ

NORTENHA INVESTE 1,25 MILHÕES NO TURISMO

Tecidos com uma mistura de linho e modal são a mais recente novidade da Fitecom, numa coleção onde também constam as habituais misturas de linhas com lã e linho com poliester. “Conseguimos com esta mistura manter o toque veranil característico do linho, com o nervo da lã, obtendo assim casacos que caem muito bem”, explica João Carvalho, CEO e fundador da Fitecom.

O turismo é a nova vertente da atividade da Têxtil Nortenha, que investiu meio milhão de euros na requalificação de sete apartamentos, destinados a alojamento local e situados junto ao Bairro das Artes, no Porto. Numa 2ª fase, a Nortenha planeia investir 750 mil euros na renovação da ala com entrada pela rua da Torrinha do mesmo prédio, que terá mais oito apartamentos.

800

toneladas de fio por mês produz a Filasa, a fiação do grupo Lasa

PROCHEF QUER CRESCER 30% COM A AJUDA DE ESPANHA

O que é que os chefs José Avillez, Tiago Bonito ou Vítor Matos têm em comum? São vestidos pela Prochef, a empresa de Orquídea Silva (foto) especializada em fardamento para chefs de cozinha, restauração e hotelaria. A Prochef tem uma faturação anual na ordem dos 900 mil euros, e prevê dar um salto na ordem dos 30% com a incursão no mercado espanhol. Fundada em 2006, conta atualmente com 22 funcionários, tem fábrica própria e é parceira de duas unidades de confeção.

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DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Coração Alecrim

Travessa de Cedofeita, nº28 4050-183 Porto

Ano de abertura 2014 Produtos Roupa, calçado, têxteis-lar, acessórios e produtos de higiene pessoal Estilo Retro moderno Público-alvo Clientes com preocupações ambientais que preferem comprar menos mas melhor Lema A sustentabilidade é a base, mas sem nunca esquecer a estética

SOEIRO APOSTA NOS RECICLADOS, DESPORTO E NA GAMA ALTA O desporto e os reciclados são as grandes apostas da Soeiro-Centro Têxtil, um confecionador de Cete, Paredes, que tem as certificações GOTS e Oeko-tex Standard 100, emprega 76 pessoas e fechou o ano passado com um volume de negócios de quatro milhões de euros. Relativamente ao posicionamento, a empresa está empenhada em continuar a subir na cadeia de valor. “Queremos concentrar-nos apenas no segmento alto, nas melhores marcas e no produto com maior valor acrescentando”, afirma Antonieta Barbosa, CEO da Soeiro.

20 mil

metros por dia é a capacidade de estamparia digital da Tabel, que está a investir numa nova máquina que aumenta essa capacidade em 50%

Quando a sustentabilidade está no coração Primeiro chamava-se Projeto Alecrim e nasceu em 2010 pelas mãos de Rita Dixo, uma licenciada em filosofia apaixonada pela sustentabilidade que chegou à conclusão de que o que faltava no Porto era mesmo uma loja eco-friendly onde todos aqueles que pensavam como ela pudessem encontrar produtos amigos do ambiente.

Já a Coração Alecrim como hoje a conhecemos, uma versão 4.0 do projeto inicial, surge mais tarde, em 2015, com a chegada de uma sócia, a Filipa Alves, estudante de fotografia e medicina tradicional chinesa que tinha uma loja de roupa em segunda mão. Manteve-se o espírito e alargou-se o conceito.

“A base do projeto foi e é a sustentabilidade, um mundo mais verde. Mas sem nunca esquecer a parte estética”, revelaRita,emjeitodeexplicaçãodométododecuradoria dos artigos: não basta ser sustentável, tem se ser bonito.

Neste mar de coisas bonitas - uma das primeiras coisas que salta à vista mal se entra na loja - o made in Portugal é a prioridade, apesar de não ser exclusivo. “Optamos sempre que possível pelo fabrico nacional e, mais do que isso, pelos pequenos produtores. É muito mais sustentável e dá-nos mais informação cerca do processo de produção”, explica Rita.

Os tradicionais tapetes portugueses, feitos de desperdícios e personalizados pelas proprietárias do espaço em comunicação com os artesãos, as mantas da Serra da Estrela, toalhas de mesa e guardanapos, aventais e panos de cozinha são alguns dos produtos têxteis da Coração Alecrim, que também vende calçado,

acessórios decorativos, publicações, sabonetes, tábuas de mármore e vários tipos de louça, nova ou vintage.

No entanto, a estrela da loja e a grande aposta das proprietárias é a marca de roupa em nome próprio, batizada com o mesmo nome da loja. “Tentamos que cada coleção tenha um bocadinho de tudo: camisas, vestidos, casacos, saias... E fazemos apenas dez exemplares de cada peça. A coleção é feita num atelier que emprega quatro modistas, com tecidos que compramos a empresas nacionais.

Para garantir a sustentabilidade do material, tentamos sempre comprar a fábricas portuguesas que tenham produção própria ou então comprar excedentes de produção e evitar o desperdício desses materiais”, conta Rita.

“A nossa coleção de verão foi produzida na sua grande maioria com linhos portugueses, adquiridos em fábricas da zona de Guimarães e Riba d’ Ave”, completa.

Quantos aos clientes, têm um pouco de tudo, apesar de os turistas representarem uma fatia gigante do negócio. No entanto, Rita admite que o público português já está a começar a despertar para a noção de que uma peça boa é melhor do que três ou quatro sem valor nenhum. “No mês de Dezembro temos mais clientes portugueses do que estrangeiros. É o único mês em que isso acontece e deve-se ao Natal. Como é uma quadra especial, as pessoas querem dar algo diferente, algo melhor, e procuram-nos. Claro que ainda há muita resistência: a maioria prefere o shopping e o jogar pelo seguro. Mas também isso está lentamente a mudar”, garante Rita. t

SMARTEX QUER ACABAR COM TODOS OS DEFEITOS DE FABRICO

OYSHO SPORTS: A MARCA DA INDITEX PARA A MODA DESPORTIVA

A Smartex é uma startup que pode poupar milhões de euros à indústria têxtil, pois está a desenvolver sensores, câmaras e acelerómetros que, através de sistemas de visão computacional e de inteligência artificial, podem detetar defeitos nos tecidos logo a partir da tecelagem. A solução já está a ser testada nas fábricas da Rifertex e da João António Lima Malhas.

Entrar no setor da moda desportiva é o próximo desafio do grupo Inditex, que acaba de anunciar o lançamento da marca Oysho Sports. Com esta submarca da Oysho, o grupo galego pretende oferecer moda desportiva feminina para a prática de nove modalidades distintas, do fitness aos desportos aquáticos, passando pelo trecking, ténis, esqui ou ciclismo.

"Em Portugal vive-se uma conjuntura muito favorável, com um triângulo entre as indústrias, a academia e os fundos que tem sido fundamental" Alexandre Marques Grupo ZF

SACO DA CONTEXTILE 2018 PREMIADO NO JAPÃO Produzido pela Bordalima com tecidos da Sampedro, o saco oferecido aos participantes na Contextile 2018 foi distinguido no Japão com o 1º Prémio do “Grande Prémio Nacional do Saco de Festivais de Arte”. E o interessante é que, tanto os organizadores da Bienal de Arte Contemporânea de Guimarães como as duas empresas – que o ofereceram como patrocínio – nem sabiam da candidatura.

A iniciativa foi da artista japonesa Asuka Myata, participante da bienal, que o colocou a concurso.

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SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Gonçalves

Logo System Design Av. José Régio, 69 - S6 4480-671 Vila do Conde

O que faz? Desenvolve novas marcas de raiz e cria coleções para lançar no mercado Áreas Moda masculina e feminina Ano de fundação 1995 Atelier Vila do Conde

ENVICORTE COMPRA NOVA MÁQUINA DE PLISSADOS SOLEIL A Envicorte investiu 100 mil euros na aquisição de uma máquina de plissados Soleil, com capacidade para 1,60m, que deverá estar operacional em Agosto e será a primeira do género a trabalhar no nosso país. “A ideia é alargar ao máximo a nossa oferta. Ter um pouco de tudo”, explica António Carneiro, responsável pela Envicorte. Os acessórios para confeção e termocolados são o produto mais forte da Envicorte, que emprega 41 pessoas e em 2018 vendeu 1,5 milhões de euros - mais de um terço diretamente exportados - e projeta um crescimento de 15% a 20% no volume de negócios.

"Em termos de matérias primas, sentimos uma procura muito grande de artigos sustentáveis, orgânicos e reciclados, tanto em poliéster como em algodão" Ricardo Monteiro Diretor de exportação da MMRA

GUIMARÃES MOSTRA AO GOVERNO A IMPORTÂNCIA DO PROJECTO I9G O presidente da Câmara de Guimarães aproveitou as visitas do ministro e do secretário e estado da Economia a algumas têxteis da região para reforçar a importância do projeto I9G, uma parceria entre o município e a UMinho para responder aos desafios da Indústria 4.0. “Trata-se de um programa bem orientado e sistematizado para que as empresas da têxtil façam a passagem para a área digital de produção”, destacou o presidente da câmara, Domingos Bragança, depois dos encontros onde o projeto foi explicado aos governantes.

A arte de transformar ideias em marcas Criar marca própria é a meta para muitas têxteis nacionais. Um sonho tantas vezes assombrado por dúvidas e no qual a Logo System Design encontra a sua missão.

Criado pela estilista Alexandrine Cadilhe, o atelier sediado em Vila do Conde está desde 1995 a ajudar empresas a desenvolverem as suas marcas e a enfrentarem os obstáculos que surgem ao longo do caminho. Pois se os louros são apetecíveis, também o desafio de criar uma marca é apenas comparável a uma prova de longo curso, onde é necessária paciência, resistência e muita dedicação para chegar à meta.

A empresa resulta da experiência e da visão de Alexandrine. “Para explicar a minha empresa, tenho de explicar quem sou”, começa por dizer. Nascida em França e filha de pai português, a estilista vinha para a passagem de ano no final de 1988, mas acabou por ficar em Portugal. Na bagagem trazia o curso de Design de Moda, tirado em Paris, e a ambição de marcar pela diferença. “Lá seria apenas mais uma designer no meio de uma multidão, aqui poderia criar algo novo”, explica.

Estreia-se na Galeria de Estilistas Código onde trabalha lado a lado com criadores como Anabela Baldaque ou Luís Buchinho. “ O meu objetivo não era ser uma designer conhecida, preferia trabalhar para as massas, queria ver a minha roupa nas ruas, no metro, vestida por todos”, e por isso no momento de definir o seu caminho escolhe a indústria em vez das passerelles.

Arranca aí um percurso em que vai passando por várias têxteis nacionais, onde adquire o conhecimento do mercado e a experiência na indústria, o que lhe per-

mite hoje criar projetos capazes de agradarem ao público e de responderem às necessidades das empresas.

“A Logo System Design é a expressão de um sistema que transforma as ideias das empresas em projetos válidos”, afirma Alexandrine Cadilhe. Um sistema que é posto em movimento quando o cliente traz a primeira sugestão, mesmo que muito vaga. Nesse primeiro momento a resposta da Logo System Design arranca com um conjunto de perguntas: tem nome? Qual é o público? Quais são os objetivos? Com que outras marcas se identifica? É a partir de todo este briefing que a Logo System Design começa a criar soluções à medida de cada projeto. Se a marca ainda não tem nome, cria-se; se já tem, desenvolve-se tudo o resto, desde o logótipo à assinatura; quando a marca já está definida começam a ser desenhadas as primeiras coleções.

Neste seu percurso, a Logo System Design conta com várias marcas no currículo, como a Scripta, a Cotemer e a Mad Dragon Seeker. No entanto, o objetivo de Alexandrine é ir ainda mais longe e conseguir mudar mentalidades. “Portugal tem um potencial enorme, mas muitas pessoas são comodistas e pouco ambiciosas. Só pensam em entregar as encomendas, em pagar as contas e não em projetar para a frente. Isso tem de mudar”, incentiva.

Neste momento, quando olha para o mercado, vê muitas oportunidades prontas a serem exploradas.

“A melhor aposta agora seria criar uma marca sustentável, com qualidade e durabilidade, porque cada vez mais o público se preocupa com o ambiente e com o desperdício”, avança, em jeito de desafio à indústria. t

TINTEX EM PARIS COM COLEÇÃO EM PARCERIA COM TEARFIL E BECRI Uma coleção cápsula, feita em parceria com a Tearfil (fios) e a Becri (confeção) foi uma das novidades em exposição no stand da Tintex na Premiére Vision, no contexto da poupança de água e inovação responsável. A coleção usa a tecnologia ColorZen, que através da cationização ao nível da fibra de algodão permite que nesta operação não seja usado sal e que o gasto de água e químicos seja muitíssimo menor, até porque o tempo de tingimento é reduzido.

110 milhões

de euros é o volume de negócios da Polopique, listada pelo London Stock Exchange como uma das empresas europeias com mais rápido crescimento

FARFETCH TEM EM MARCHA 2a EDIÇÂO DA DREAM ASSEMBLY A Farfetch tem em marcha a 2ª edição da aceleradora tecnológica Dream Assembly. A Burberry, parceira fundadora do programa, volta a fazer parte da Dream Assembly, à qual se junta nesta segunda edição Stella McCartney. O programa disponibiliza acesso a mentoria, networking e investimento inicial a um grupo de mais promissoras startups que apresentem projetos com benefícios sociais ou ambientais. Em 2018, o ano inaugural, a Farfetch acolheu 11 startups de nove países.

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DOMINGOS SILVA & CUNHA LANÇA-SE NA MARCA PRÓPRIA É com uma linha de toalhas de praia que a Domingos Silva e Cunha se lança no universo da marca própria, uma estratégia para alavancar as vendas, tanto no mercado interno como externo. “Desenvolvemos de raiz uma linha de toalhas de praia exclusivas, estampadas por sublimação, em parceria com uma empresa do leste europeu que produz para a nós um artigo de base que é depois estampado cá. É um produto especial e que de momento ninguém em Portugal está em condições de oferecer”, revela Domingos Silva.

"Estamos a apostar muito na costumização" André Relvas Administrador da Sorema

MARQUES’ ALMEIDA BRILHAM EM PARIS

Foi um regresso em grande à Semana da Moda de Paris, com um desfile integrado no calendário oficial. Para apresentar a colecção AW 19/20, a dupla Marques’Almeida escolheu o ginásio do Colégio Jesuíta Saint Louis de Gonzague e o talento dos criadores portugueses levou mesmo um brilho muito especial até à cidade das luzes.

Para além de serem a única representação portuguesa a integrar o calendário oficial da semana de moda parisiense, os Marques’Almeida estão na crista da onda por serem escolhidos por celebridades como Beyoncé, Rihanna,FKA Twigs e Solange. t

TÊXTIL GERA MAIS VALOR E MAIS EMPREGO A indústria têxtil é um exemplo na criação de emprego, na eficiência e nas exportações com maior valor acrescentado. Esta é a conclusão de uma análise do Gabinete de Estratégia e Estudos (GEE) do Ministério da Economia, que vem reafirmar o peso incontornável da ITV para a balança comercial portuguesa.

“O setor é mais relevante na economia portuguesa do que em qualquer outro país da zona euro em termos de output, emprego e valor acrescentado”, pode ler-se no estudo assinado por Tiago Domingues, técnico superior do GEE, citado no jornal Expresso.

Para sustentar esta conclusão é salientado o crescimento que o setor tem registado nos últimos anos, quer em termos de exportações – que em 2018 atingiram o valor recorde de 5.314 milhões de euros – quer em temos de emprego, já que entre 2013 e 2017 foram criados pela fileira têxtil mais de 12 mil postos de trabalho.

Mas para além do volume de exportações, o estudo

destaca especialmente a capacidade da indústria têxtil em produzir maior valor acrescentado para a economia nacional. “Se Portugal exporta produtos petrolíferos, o valor acrescentado bruto é quase nulo e prende-se com a refinação de crude. Já nos têxteis, temos 30 cêntimos de importações para cada euro produzido”.

Numa análise conjunta com a indústria do calçado, o Ministério da Economia salienta o potencial destes dois setores na criação de emprego: “Cada milhão de dólares de crescimento na procura final de têxteis, couro e calçado tem potencial para gerar 20,3 novos empregos, o valor mais alto da indústria transformadora portuguesa”.

Por último, é reafirmado que as duas indústrias, em termos de valor acrescentado, representam 2,4%, um valor muito acima de outros países da zona euro, como Espanha (0,6%) ou Alemanha (0,28%). No emprego, a diferença é ainda maior, com 4,9% em Portugal, a 0,9% em Espanha e 0,3% na Alemanha. t

100% DE FIOS RECICLÁVEIS NA WE ARE SEAMLESS DA SIT We are seamless 2020 é a marca própria de coleção da SIT – Seamless Industrial Technologies, tendo a particularidade de ter sido integralmente desenvolvida com fios reciclados. “Ao apresentarmos uma coleção com peças altamente técnicas mas com impacto reduzido no ambiente, damos o nosso contributo para a poupança dos recursos do planeta e influenciamos os nossos clientes a terem cada vez mais preocupações ambientais”, explica Teresa Venâncio, client manager da SIT. Especializada em vestuário seamless para desporto de alta competição, a empresa de Mogege, Famalicão, ganhou iTechStyle 2018 na categoria Melhor Produto com um fato desportivo que junta três fibras, viscose e lã, e não só otimiza a performance mas também per-

mite o aquecimento do corpo, conseguindo ao mesmo tempo uma peça leve e sedosa. O poliester coolmax aplicado em zonas específicas da peça afasta a humidade do corpo mantendo o atleta seco.

A SIT reivindica ter sido a primeira empresa portuguesa a produzir vestuário seamless e orgulha-se de ser vertical, produzindo in house desde o desenho até ao produto final, já que as suas instalações industriais em Mogege albergam tecelagem, termofixação, tinturaria, laboratório, i&d, design e confeção.

Equipada com 40 teares circulares, a SIT (ex-Sonicarla) tem capacidade de produzir 100 mil peças por mês, de todas as linhas (hot yoga, active, slougwear, athleisure, gym, running, technical, blackjacket) da sua coleção. t

JUST.O APOSTA NO MERCADO PREMIUM DE DENIMS

REINO UNIDO ESTUDA IMPOSTO SOBRE A FAST FASHION

A JUST.O, que se posiciona no mercado premium de denim como a nova marca de referência, é um projeto do Grupo JUST Fashion e direciona-se a todos os que, independentemente da idade, procuram um produto com alma e com uma história para contar. Fundada em 2004, a JUST Fashion é a empresa líder de mercado na distribuição e agenciamento de marcas de vestuário de segmento premium.

Um grupo de legisladores propos lançar um novo imposto sobre a produção de fast fashion, considerada pelo Comité de Auditoria Ambiental do Parlamento Britânico como “exploradora” e “insustentável”. O Comité concluiu que o Reino Unido é o país da UE onde mais peças de roupa são atiradas para o lixo, produzindo 300 mil toneladas de resíduos têxteis, que acabam em aterros ou incineradoras.

75 milhões

de euros foi o volume de negócios da Riopele em 2018

ESTUDANTES DA ESAD VENCEM CONCURSO MCDONALD’S PORTUGAL

Melanie Melo e Cátia Abreu, estudantes da Licenciatura em Design de Moda da ESAD Matosinhos, venceram o concurso lançado pela McDonald’s, em parceria com o CITEVE, para a criação de uma nova imagem nas fardas dos restaurantes McDonald’s Portugal. Sob o tema Cultivar, a proposta das estudantes foi coordenada por Maria Gambina e contou com o apoio da Tintex, Heliotextil, Troficolor, Lemar e RDD para a realização dos protótipos apresentados ao júri do concurso.

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M EMERGENTE Cláudia Manero Fundadora e Designer da Mary Tale Família Casada com Miguel (trabalha em turismo), tem uma filha, a Maria, de seis anos Formação Licenciada em Design de Moda pela ESAD Matosinhos Casa Apartamento em Porto Salvo (Oeiras) Carro Mercedes cinzento Portátil Mac Telemóvel Huawei PV 20 Lite Hóbis Ir à praia, ler e viajar Férias No verão fazem sempre 15 dias de praia em Albufeira, mas também gostam de viajar para sítios diferentes – este ano planeiam ir aos Açores, com a Maria, para verem as baleias Regra de ouro “Usar tudo quanto aprendi e sei para melhorar o meu mundo e o daqueles que me rodeiam”

FOTO: RODRIGO CABRITA

Uma história de amor que une três gerações É pró menino e prá menina - mas também para as mães das meninas, que podem andar vestidas tal como as filhas, com roupas alegres e cheias de cor, se usarem peças Mary Tale, a marca de moda e decoração que Cláudia Manero, 30 anos, deu à luz no último verão.

Não se pode dizer que o gatilho da Mary Tale tenha sido absolutamente original. Claudia engravidou e em 2012 deu à luz a Maria, que mal começou a expressar vontades logo manifestou o desejo de andar vestida igual à mãe.

“E porque não fazer a vontade à filha e ao mesmo tempo montar um negócio?”, interrogou-se Cláudia, que andou a chocar a ideia durante uns bons três a quatro anos, um período de gestação bem superior aos nove meses que em média demora um bebé na barriga da mãe.

O parto da Mary Tale pode ter sido demorado mas foi cuidadosamente preparado, de modo a garantir que a marca viesse ao mundo equipada com uma personalidade robusta e diferenciada, capaz de sobreviver à elevada taxa de mortalidade que afecta as startups.

Ser o resultado de uma história de amor que atravessa três gerações é um dos traços distintivos da Mary Tale. Maria, a filha que vai fazer sete anos em julho, deu a ideia. Cláudia, a mãe, deu-lhe o corpo. Isabel, a avó, dá-lhe a inspiração.

As aguarelas de Isabel Luz (nome artístico de mãe de Cláudia), habitadas por um mundo mágico e de fantasia, são o ponto de partida de cada coleção da Mary Tale, que inclui não só roupa mas também objetos decorativos como almofadas, unicórnios ou sereias. Riscas de peixe, carapaças, tartarugas..., as vitimas marinhas das redes de pesca, são os motivos da coleção primavera/verão, que na linha de praia usa fios de poliester feitos a partir de redes de pesca retiradas dos oceanos.

O look artístico e o compromisso com a sustentabilidade são outros vincos da personalidade da marca. “Trabalho todos os dias por uma moda mais ética e menos descartável. Mais de 80% das nossas matérias primas são orgânicas. Usamos tintas à base de água e muito pouco poluentes. Somos fãs da moda sustentável e estamos alinhados com o comércio justo. Acompanhamos toda a cadeia de produção, para nos certificarmos de que tudo quanto vendemos se rege por esses valores e nos podemos apresentar ao mercado de cabeça erguida. Todas as nossas coleções são 100% made in Portugal”, resume Cláudia, cujo percurso até se tornar balzaquiana (a mulher de 30 anos...) parece ter sido desenhado a regra e esquadro de modo a prepará-la para ser empresária de moda.

Nascida no Porto, onde viveu os primeiros 20 anos da sua vida, fez o curso de Design de Moda na ESAD, e ainda estudante começou a dar nas vistas ao ganhar, a solo, o concurso para o desenho do fardamento da empresa Águas do Porto - e ao integrar a equipa liderada por Maria Gambina que vestiu os trabalhadores da Câmara de Matosinhos.

Mal acabou o curso, mudou-se para Lisboa, onde é coordenadora do curso de moda da Cascais School of Arts, sendo que ao longo dos últimos dez anos, além de ser professora (deu aulas no Modatex e no ensino público), se dedicou a atividades diferentes, mas todas elas em diversas vertentes do negócio da moda.

Cláudia foi designer na marca de roupa para criança Mamã, dá licença. Criou t-shirts, sacos, canecas, etc, em cima de obras de arte enquanto gestora de produto da Artwear, empresa que produz artigos de merchandising para museus, como o madrileno Thyssen-Bornemisza. E tornou-se familiar com os segredos do negócio das vendas online ao trabalhar no site de moda Good Fashion, uma plataforma que escoava stocks de diferentes marcas.

“As roupas da Mary Tale têm formas descontraídas e estampados repletos de cor e alegria. A minha ideia é preencher com energia positiva o dia a dia de quem as usa. Esforço-me para que tudo quanto eu faço tenha um impacto positivo e ajude as pessoas a serem felizes”, conclui a inventora de uma marca que está a aprender a andar - e também uma mulher que descobriu que o segredo da felicidade não é fazer sempre o que se quer, mas querer sempre o que se faz.t

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X O MEU PRODUTO Por: António Gonçalves

Men Jacket Hoodie

Desenvolvido pela Pafil Confecções para a marca britânica Flexwarm

O que é? Um casaco de aquecimento localizado e personalizável Para que serve? Permite a regulação da temperatura interior através de um sistema electrónico incorporado Estado do projeto? Já está a ser comercializado e é também um dos finalistas nos iTechStyle Awards 2019

ADALBERTO CAPRICHA NOS ACABAMENTOS FUNCIONAIS Acabamentos que possibilitam o controlo da humidade corporal e tecidos que mantêm o cheiro a fresco ao longo do dia são algumas das novidades que a Estampados Adalberto apresentou na Première Vision, a par da aposta em novos desenhos e fibras recicladas. “A estamparia vive muito dos desenhos e do cair dos tecidos”, explica Mário Jorge Machado, CEO da Adalberto, que tem um equipa privativa de 15 designers gráficos. Já quanto aos reciclados, “estamos a verificar uma procura cada vez maior de produtos reciclados e em algodão orgânico”, completa.

"Portugal tem um défice de mão-deobra. Não podemos crescer muito mais, caso contrário teríamos de subcontratar noutros países - e isso não queremos. A nossa bandeira é o fabricado em Portugal" Joaquim Cunha CEO da Cubosdalgodão

ATP TESTA SELO ‘MADE IN EUROPE’ O programa europeu Sudue – que financia iniciativas conjuntas entre Portugal, Espanha e o sul de França – está a patrocinar uma série de associações interessadas em promover ferramentas de apoio ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas regionais. A ATP é uma dessas organizações e tem em mãos a implementação daquilo que poderá ser uma espécie de selo de proveniência, o ‘made in Europe’, sob a designação de projeto Intertex.

3 milhões O casaco futurista da Pafil É uma ideia digna de um qualquer programa de ficção espacial, mas foi na realidade totalmente desenvolvida em Portugal. Produzido pela Pafil Confecções, o Men Jacket Hoodie pode parecer um casaco normal à primeira vista, só que dentro do forro contém um sistema electrónico inovador que permite aquecer o corpo onde e como se quer.

Desenhado a pensar nas temperaturas mais frias, o casaco contem três placas de aquecimento, uma nas costas e duas na frente, que podem ser controladas de forma independente. “A placa das costas permite um ajuste fino que vai até ao 50oC e nas placas frontais pode-se escolher entre três níveis: low (40oC), medium (45oC) e high (50oC). O controlo fica junto ao bolso, mas também há uma app para o telemóvel, que é fantástica e funciona muito bem”, explica Rui Pereira, administrador da Pafil.

Todo o sistema é alimentado a partir de uma bateria localizada dentro de um bolso interior e com autonomia até 6h. “Dá para irmos ao estádio ver um jogo de futebol e estarmos sempre quentinhos”, assegura Rui Pereira, mas na realidade, o aquecimento do casaco pode até durar bem mais, visto que a bateria alimenta o sistema através de uma simples entrada USB, ou seja, pode

ser substituída por uma qualquer powerbank.

Apesar da electrónica instalada, a Pafil conseguiu tornar o casaco totalmente lavável, uma característica que ainda é rara em vestuário com tecnologias semelhantes. “Basta retirar a bateria do bolso, tapar a porta USB com o respectivo invólucro de plástico e o casaco pode ir à máquina. No início tivemos medo que não funcionasse, mas experimentámos e funciona perfeitamente”, garante Rui Pereira.

Todo o projeto foi desenvolvido para a marca britânica Flexwarm, que gostou tanto do resultado que o transformou numa coleção completa.

Para além do Men Jacket Hoodie, a Pafil acabou por criar também um casaco sem carapuço e um colete, e uma versão feminina para todos os modelos.

Mas não foi só a cliente britânica que ficou encantada. O casaco convenceu também o júri dos iTechStyle Awards, que no último MODtissimo o nomeou como um dos finalistas do concurso.

Um reconhecimento que não passa despercebido à têxtil de Barcelos. “Não é possível calcular o impacto de uma distinção como esta, mas sabemos que transmite muita confiança e tem uma grande força junto dos clientes”, regozija-se Rui Pereira. t

de euros é quanto a Becri está a investir na aquisição e expansão da Gubec, empresa industrial localizada em Esposende

BEBÉ E CRIANÇA SÃO O CARTÃO DE VISITA DA TEMASA (GRUPO SONAE) A Temasa estreou-se no MODtissimo com a apresentação daquilo que faz no segmento bebé e criança, o cartão de visita desta empresa do grupo Sonae, que emprega 82 pessoas e fechou 2018 com um volume de negócios de 7,5 milhões de euros. A Zippy é a principal cliente da empresa, que passou a trabalhar exclusivamente em regime de private label, deixando de fazer marca própria quando transitou da Sonae Capital para a Sonae Sports & Fashion, que detém a Zippy e MO.

HELLO KITTY DE KATTY XIOMARA SURPREENDE EM MILÃO Na semana da moda de Milão, Katty Xiomara surpreendeu com uma coleção cápsula dedicada à Hello Kitty, a conhecida boneca japonesa, interpretada de uma forma mais elegante e contemporânea. Mas a par desta coleção cápsula, Katty Xiomara fez desfilar também Maria Mimosa, a sua nova coleção Outono/Inverno que é um manifesto pela afirmação do poder no feminino.

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OPINIÃO ESPERANDO O MELHOR E PREPARADOS PARA TUDO José Armindo Ferraz CEO Inarbel e Vogal da Direção da ATP

INDITEX: A HISTÓRIA QUE SE REPETE Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

Numa época marcada pela incerteza, a única certeza que temos é que nada pode ser dado como certo.

Neste contexto, a atitude mais avisada é esperar o melhor e estar preparado para o pior. Penso que esta é a divisa da CIA, agência de inteligência norte-americana, mas poderia ser também a da Inarbel, assim como de todas as empresas, maiores ou menores, que compõem o sector têxtil e vestuário português.

A última década foi muito positiva para quem esteve na nossa indústria de forma séria e preparada, para quem investiu na modernização de equipamentos e de procedimentos, para quem apostou na melhoria da eficiência da organização a todos os níveis, incluindo a gestão de topo e na qualificação do seu capital humano, mas, sobretudo, para quem procurou diferenciar-se pela inovação, pela criatividade e até pela marca.

Para a Dr. Kid foi um período de crescimento contínuo, de aprendizagem sofrida com o mercado, mas também de ganho de maturidade. Nada está como dantes, e, mesmo que enfrentemos tempos mais exigentes no futuro, há pelo menos a convicção que estamos mais preparados para responder.

Ainda é cedo para avaliar o efeito da retração da Inditex junto da indústria têxtil e vestuário portuguesa, embora os números de comércio internacional referentes às vendas para Espanha em 2018 já nos objetivem o seu impacto.

A quebra de 4% face ao anterior (menos 68 milhões de euros de vendas ao mercado espanhol) pode não explicar tudo o que está a acontecer com a Inditex e a sua mudança de política de aprovisionamento, pela qual se busca a margem em fornecedores que estejam capazes de competir pelo preço, mas significa quase tudo. Já 2017 tinha fechado com uma quebra de 1% face a 2016, uma tendência que se acentuou no ano transato e que se vai adensar nos próximos tempos.

Também parece certo que esta quebra está aquém daquilo que é o desinvestimento que a Inditex está a fazer junto dos fornecedores nacionais, pois haverá novos e diversos clientes em Espanha que a estão a substituir, obviamente de forma insuficiente, pois a compensação não está a neutralizar a quebra.

Se não tivéssemos feito nada, se nos acomodássemos aos compradores e aos preços, se não ambicionássemos mais mercados e mais clientes, estaríamos certamente mais expostos às dificuldades e, possivelmente, nesse contexto, não conseguiríamos sobreviver.

Por isso, quando hoje, possivelmente na mudança de um ciclo, começam a aparecer as vozes dos “profetas da desgraça”, a clamar por um “abismo que se está a abrir” para a indústria têxtil e de vestuário portuguesa, confundindo a sua própria situação com a generalidade, que neles não se revê e menos ainda os legitima, só há uma forma de responder: mais trabalho, mais estudo, mais dedicação, mais envolvimento das equipas para se focarem nos resultados, mais presença nos mercados, mais agressividade comercial, mais inovação e mais criatividade. Só se pode responder ao negativismo com a positividade, tal como só se apaga o fogo com água.

Se assim fizermos, cada um e todos, então não se surpreendam que poderemos ter novamente mais dez anos de sucessos. Porque esperamos e queremos o melhor e porque trabalhamos dedicadamente para isso.

Uma conclusão essencial deve ser extraída: o óbvio risco de depender excessivamente de um mercado e de um cliente, acaba, mais cedo ou mais tarde, por ser fatal, especialmente para as empresas que se entregam na sua dependência e não possuem outro argumento no final que não seja o preço. São as pequenas e médias empresas que trabalham em subcontratação pura, sem que pudessem acrescentar grande valor acrescentado ao processo, que estão a sofrer. Essa miríade de empresas, nas quais também assentou durante muitos anos a competitividade do setor, está a sofrer mais do que as demais esta situação, que dificilmente será reversível. Tal como no passado, algumas conseguirão resistir, adaptar-se, encontrar atempadamente outros clientes, reinventar-se e recuperar.

Daqui a uns anos, vamos certamente ouvir histórias desta transformação junto das sobreviventes, mas nas restantes ficará apenas o silêncio, tal como já sucedeu quando grandes marcas, como a Esprit, a Levis ou a Next realizaram a mesma desmobilização,

depois de um tempo de absorção e forte dependência, em que a promessa de negócios para a eternidade ia mantendo as relações de risco até este se verificar. Nada disto é novo e nada disto vai deixar exemplo para futuro, pois tal como a história se está a repetir, ela voltará um dia a registar o mesmo. À Inditex, a indústria têxtil e vestuário portuguesa tem de agradecer o desafio que lhe realizou, em certo momento histórico, para corresponder ao seu modelo de negócio fast fashion, obrigando-a a ser reativa, criativa, inovadora, rápida e focada no serviço e no cliente, tornando-se uma das mais modernas e de melhor desempenho à escala global. Foi excelente para ambos, por interesse de ambos, deixará de ser pelas mesmas razões inversas.

Dito isto há que redesenhar novas estratégias e objetivos, aproveitar o know-how e a experiência consolidadas, transformar a dificuldade do momento numa oportunidade que aguarda ser aproveitada, de modo a que o sucesso prossiga, pois só a busca contínua deste é garantia da sobrevivência.

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Jorge Sobrado Vereador da Cultura, Património, Turismo e Marketing Territorial de Viseu e Diretor da associação Viseu Marca

VISEU: UMA GRANDE HISTÓRIA É TECIDA A LINHO De todas as inúmeras viagens que é possível realizar em Viseu e a partir da sua cidade-jardim – entre as quais se incluem os percursos que vão da milenar e enigmática Cava de Viriato aos magníficos claustros renascentistas da Sé; do Jardim do Éden que é a Mata do Fontelo à imponente via romana de Coimbrões; da coleção de arte do mestre Grão Vasco às joias de quartzo organizadas junto ao Monte de Santa Luzia pela ciência de Galopim de Carvalho; das quintas vinhateiras do Dão em Silgueiros, São João de Lourosa ou Fragosela aos restaurantes beiraltinos de bem-saber e bem-fazer e às tasquinhas tradicionais como a Manhosa ou o Senta-Aí; do picadeiro da multisecular e hoje revitalizada Feira de São Mateus às serras do Caramulo e da Estrela; do mito heroico de Viriato às histórias de carne-e-osso de D. Henrique, Duque de Viseu, ou D. Miguel da Silva and so on – uma descreve a história quase secreta que liga a capital da Beira Alta ao maravilhoso mundo antigo e sempre novo do têxtil.

Sem excesso se pode dizer que Viseu é uma grande história tecida a linho. No concelho, na aldeia-milagre de Várzea de Calde, mora uma comunidade de mulheres (pouco mais de duas dezenas) que se dedica zelosamente ao ciclo artesanal do linho, da sementeira à tecelagem, num paciente harmónio de processos e etapas ao longo de todo o ano, que cumpre uma tradição mais que milenar. Ainda hoje é possível visitar esta comunidade viva e cultural ancestral, em Viseu, junto da qual funciona uma cooperativa e uma oficina, um serviço educativo (a Academia do Linho de Várzea de Calde), um museu na antiga casa de campo e um grupo etnográfico – porque o trabalho sempre foi sofrido, mas também cantado.

Essa sagrada tradição do linho em Viseu é reencarnada, por assim dizer, na atualidade por novas indústrias que representam um novo padrão de excelência e sofisticação, de design e criteriosa seleção de matérias-primas, na qual se destaca a empresa HABIDECOR, de Celso de Lemos. Profundamente apaixonado e comprometido com a sua terra e os seus valores, este empreendedor e embaixador de Portugal fundou marcas próprias de têxtil-lar que representam o melhor do saber-fazer nacional no mundo. Como se lê no site da empresa, Celso de Lemos oferece “criações feitas do melhor algodão, da mais nobre seda, de linda caxemira e linho único (...), onde o conhecimento do passado se encontra com o modernismo”.

Implantados numa arrebatadora encosta do rio Dão, a Quinta de Lemos e o restaurante Mesa de Lemos, unidades inseridas no grupo Celso de Lemos, são testemunhos desse amor pela terra e por uma genuína tradição de excelência e hospitalidade. (A mesma da aldeia de Várzea.) No Mesa de Lemos, pela mão do Chef Diogo Rocha, fazemos a arrebatadora viagem que parte dos delicados e sofisticados têxteis da casa até chegar aos sabores autênticos das terras de Viseu.

Quem disse que um destino clássico não pode ser criativo e surpreendente? t

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ESTATUTO EDITORIAL A missão do T Jornal consiste em ajudar a progredir e prosperar a comunidade têxtil portuguesa, entendida como um universo alargado que vai dos fornecedores até consumidores, dos empresários aos quadros e trabalhadores, passando pela indústria e não esquecendo comércio, moda, criadores, feiras, universidades, escolas, centros de formação, estudo, tecnológicos e de investigação.

O T Jornal cumpre a sua missão ao partilhar e divulgar informação e conhecimento, através das mais diversas plataformas ao seu alcance, desde a mais tradicional e física (um jornal mensal em papel, com cerca de 32 páginas, distribuído por assinatura, com uma tiragem de 4.000 exemplares) até às mais desmaterializadas, como redes sociais, contemplando ainda um sítio próprio e publicações regulares no universo digital, bem como a presença, com espaços próprios, em outros órgãos de Comunicação Social.

Propriedade da ATP, o T Jornal é um árduo defensor do processo de consolidação associativa que só estará concluído quando toda a fileira tenha uma só organização e fale a uma só voz, pelo que apoia todos os esforços desenvolvidos no sentido da unificação da representação do setor.

O T Jornal acredita que o processo de modernização permanente da indústria têxtil, vestuário e moda portuguesa a tornará cada vez mais inovadora, criativa, qualificada e competitiva a nível internacional, contribuindo assim decisivamente para o progresso do nosso país, ao criar emprego e riqueza.

O T Jornal acredita que o futuro próspero e sustentável de Portugal exige a criação de condições para a sua reindustrialização, pois é a indústria que reboca a investigação e o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.

O T Jornal acredita que para o desenvolvimento harmonioso do nosso país e para o maior bem estar dos seus habitantes não há outro caminho senão uma aposta firme elevação permanente da qualificação dos portugueses e no reforço da competitividade das empresas, no investimento e nas exportações.

O T Jornal acredita que não há crescimento saudável da economia sem contas públicas equilibradas, o que exige uma profunda reforma que emagreça o Estado e descentralize o poder, de modo a que ele possa ser exercido pelas regiões de uma forma mais eficiente.

O T Jornal compromete-se a assegurar o respeito pelos princípios deontológicos e pela ética profissional dos jornalistas, assim como pela boa fé dos leitores.

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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

É carregado de estrelas cintilantes que o secretário de Estado da Internacionalização há-de brilhar mundo fora.

Incansável no apoio às empresas nas mais diversas feiras internacionais, Katty Xiomara brinda-o com um fato muito especial para enfrentar as múltiplas viagens e marcar a identidade nacional. É só enfiar o corpo no manifesto, calçar os sapatinhos e deslumbrar!

Eurico Brilhante Dias vestido para deslumbrar As nossas empresas continuam em digressão pelo mundo fora, com inovação, talento e muita qualidade à conquista dos mais diversos mercados. Teremos, em muitos casos, também a honra de ter o apoio do nosso secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, junto da comitiva a reforçar o peso e importância da presença do made in Portugal, do têxtil e da moda portugueses que cada vez mais atraem as atenções de todo o mundo.

Sabemos que o nosso governante tem uma agenda apertada: as viagens são constantes e o tempo é cada vez mais curto. Na verdade, o seu recorde de 200 mil milhas dificilmente será batido. Eurico Brilhante Dias quase parece ter o dom da ubiquidade e sentimos por isso a necessidade de lhe oferecer um fato especial de viagem, rápido e fácil de vestir, elegante e essencialmente marcante!

Não vale a pena ter todo este trabalho percorrendo quilómetros de estrada, se não conseguir deixar o cunho de Portugal gravado na memória daqueles a quem visita.

Criámos por isso duas versões de uma única peça: um macacão que simula um elegante fato de 3 peças, com todos os pormenores e acessórios incluídos; camisa, laçarote e inclusive as meias. É só enfiar o corpo no manifesto, calçar os sapatinhos e deslumbrar.

Para isso o fecho ajuda, pois não é tímido e mostra-se com dentes metálicos em ouro.

As cores são inspiradas neste saudável nacionalismo, mas também na veia de “europeísta romântico”, como que ele próprio se define. Assim, carregado de estrelas cintilantes faremos brilhar Eurico Brilhante Dias por este mundo fora! t

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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

The Yeatman Rua do Choupelo 4400-088 Vila Nova de Gaia

A AVENTURA COMEÇA NO PEDIDO O Yeatman, o consagrado restaurante de Gaia que também dá nome ao Hotel que o alberga, orgulha-se de ostentar a segunda Estrela Michelin, que é a única que atualmente brilha em duplicado no Grande Porto. Apesar desse facto indesmentível, gostaria de acrescentar que não são as únicas de que é obrigatório falar se queremos falar do Yeatman.

Ainda recentemente tive o prazer de lá almoçar, mas recordo-me muito bem da última vez em que o pôr-do-sol ainda acontecia à hora do jantar. Não garanto que o resultado gastronómico seja influenciado decisivamente por esta alteração, mas se é a excelência que queremos experimentar, faz toda a diferença. Foi em Setembro que conheci esse momento único. Lembro-me bem que estava com um grupo de europeus de várias nacionalidades, ligados ao têxtil, e que o deslumbramento foi generalizado.

Gabo-me de conseguir manter todos os sentidos em estado de alerta em ocasiões assim e por isso devo ter sido um dos poucos convivas a ser capaz de tirar partido dos magníficos aperitivos, sem tirar o olho da vista.

Já sabia que é de Gaia que se gosta do Porto com mais facilidade, mas agora sei que é sempre possível gostar mais do que já se ama tanto.

Posto o sol em sossego, começam a dar sinal de vida as outras estrelas com que o Yeatman consegue viver.

As da Michelin. Num desassossego permanente. Não me lembro de um único produto, alimento ou ingrediente que apareça no prato como veio ao Mundo.

Tudo começa com as boas vindas do Chefe Ricardo Costa, que na época em que recebeu a primeira estrela tinha 33 anos, a idade de Cristo crucificado, mas que ainda anda por cá a fazer milagres de bom gosto, graças a Deus.

Este amuse bouche é ele (ou al-

guém por ele) que nos diz de que é composto e nós acreditamos. Os mais experimentados serão capazes de reconhecer, os outros... ficarão só reconhecidos.

O desfile do que se segue gostava de tentar descrever, mas em vão, porque tal como a vista da varanda, isto só visto.

Há restaurantes assim, em que o nosso paladar é desafiado com a mesma força que a nossa imaginação. A ementa não é pior que o resultado, mas já deixa perceber que a aventura começa no pedido. Para continuar pela refeição fora, em que perderemos a noção do tempo, se não quisermos perder a hipótese de pedirmos tudo aquilo a que temos direito num menu degustação.

Até aos mimos finais que atacam com o café antes de pedirmos a conta, quando normalmente já perdemos a conta do que pedimos. É altura de pensarmos, perdidos por cem, perdidos por mil... Mas não se assustem que o caso também não é assim tão grave. O que nos é caro, nunca sai barato.

Nos vinhos e outros néctares encabeçados pelo Vinho do Porto, ficam a saber que existe uma conspiração montada com a colaboração de muitas das melhores castas dos produtores nacionais. A que o Hotel The Yeatman muito deve e a quem se deve uma carta de vinhos e vinhos do Porto como nunca tinha visto.

Com a possibilidade, que recomendo, de poder tomar a copo vinhos que na maior parte dos sítios nem em garrafa existem.

Os clientes que ficam no hotel juntam essa felicidade à sorte de poderem provar sem medo. Os outros deverão fazer-se acompanhar de motorista ou confiar num taxista bem informado, que o Yeatman vê-se bem do Porto, mas não se vê tão bem a maneira de lá chegar por via terrestre. t

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c MALMEQUER Alexandra Calado, 33 anos, responsável de Marketing da Lion of Porches. Natural de Braga, mas vive atualmente no Porto. Licenciada em Gestão de Marketing pelo IPAM, com diversas experiências internacionais na área da moda em países como a Alemanha, a Polónia e as Filipinas.

SOUVENIR

UMA BOINA, COMO O MEU PAI

Gosta

Não gosta

Acordar cedo De aprender Da

Mentira Dietas Fast-food

natureza Andar a pé Comida

Hipocrisia Poluição Violência

saudável De viajar e descobrir

Dinheiro mal gasto Filmes de

novas culturas Praia Sushi Luz

terror Monotonia Consumismo

natural Criatividade Campo

Perda de tempo Boatos Frio

Planeamento Livros técnicos

Trânsito matinal Cenoura cozida

Pintura Simplicidade Inovação

Irresponsabilidade Pessimismo

Animais Culinária Da cor verde-

Apatia Comida processada Gomas

água Chocolate Almoços em

Nadar Lavar a loiça Refrigerantes

família De estar com os amigos

Estar doente Cheiros fortes

Evoluir Honestidade Cultura Maçã

Pessoas que pensam que sabem

Bravo de Esmolfe

tudo Desportos radicais

A boina sempre foi a imagem mais forte que retive do meu pai. A imagem do transmontano, do apego às origens, um estilo que ainda hoje cultiva, passadas mais de 80 primaveras. Rijo como o aço. Sempre!

Decidi comprar uma depois de ele me ter contado a história da sua primeira boina. Uma daquelas típicas de Miranda do Douro, que se continuam a usar naquela zona de fronteira. Foi o pai, o meu avô, que lha ofereceu aos cinco anos e tinha-lhe tanto gosto que nem no sono dela se separava. Punha-a debaixo da almofada e nunca a largou até à ida para Angola, onde eu nasci.

Já era cozinheiro quando ele me contou essa história e foi a partir daí que também eu comecei a usar e a ter gosto pelas boinas. Uso-a como homenagem ao meu pai. A primeira comprei-a em Chaves, quando estava no Forte de São Francisco, mas aquela que guardo com mais gosto, que uso sempre em ocasiões especiais e como imagem de marca, comprei-a no País Basco.

Foi numa viagem gastronómica que está também ligada à primeira estrela Michelin que recebi quando estava no restaurante da Casa da Calçada, em Amarante. O anúncio foi em San Sebastian e foi aí que a comprei, na loja da Elosegui, que tem a fama de fabricar as melhores e mais exclusivas boinas bascas.

Tenho várias, mas é essa que uso sempre em eventos públicos, é uma espécie de talismã. Mesmo quando não é a mais cómoda, como por exemplo durante as gravações do concurso Masterchef, que fazia um calor quase insuportável com todos aqueles holofotes.

Tenho também várias de fabrico português, algumas compradas na feira de Mondim de Basto onde às vezes ainda vou com o meu pai, mas todos sabem que é aquela de San Sebastian que é o meu emblema. Por vezes os colegas até a escondem e brincam comigo, mas acaba sempre por aparecer. t Chefe Cordeiro

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