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PAULO AUGUSTO DE OLIVEIRA

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

Administrador da Paulo de Oliveira

“NÃO COMPETIMOS PELO PREÇO” FOTO: RUI APOLINÁRIO

P 20 A 22

A MINHA EMPRESA

NA TRIFITROFA HÁ DE TUDO COMO NA FARMÁCIA P 14

PERGUNTA DO MÊS

COMO REAGIR ÀS NOVAS TENDÊNCIAS DOS CONSUMIDORES? P4E5

EMERGENTE

ECONOMIA CIRCULAR

FULVIO MENDES UM VICIADO EM RESOLVER PROBLEMAS

VALERIUS 360 INSTALA-SE EM MINDELO A PARTIR DE SETEMBRO

P 33

P 12

DOIS CAFÉS E A CONTA

XANA MACEDO A BOSS NOS 20 ANOS DA BEST P6

SUSTENTABILIDADE

ANTÓNIO FALCÃO INVESTE 800 MIL EM PARQUE FOTOVOLTAICO P 32


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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Diana Teixeira Pinto 34 anos A líder do departamento de Marketing e Visual da MO (grupo Sonae), depois de nos últimos anos ter sido a responsável pela direção de Marketing e Comunicação da Berg Outdoor, é natural de Esposende e iniciou a sua carreira profissional na área financeira, trabalhando na SPGM–Sociedade Gestora de Garantia Mútua. Licenciada em Economia, tem um MBA em Gestão pela Porto Business School.

A LÃ TAMBÉM NÃO ENGANA Recordou-me o “Dr. Google” que terá sido o falso mordomo do velhinho anúncio publicitário do detergente para a roupa Sonasol o primeiro a popularizar a ideia de que o algodão não engana. Mas hoje posso ser eu o primeiro a escrever que a lã também não engana. Na verdade, ninguém no T se enganava quando pensava que nos faltava uma capa com o líder do maior grupo industrial nacional e um dos maiores da Europa e do mundo de fabricantes de lanifícios. Paulo Augusto Oliveira dá a cara na capa desta edição, mas dá muito mais do que isso, porque cada resposta da sua entrevista é para ler com gosto e para aprender nas entrelinhas . Há muito que esta entrevista estava prevista pelo T, mas como certamente concordarão durante a sua leitura, valeu a pena esperar . Depois da demorada visita que fizemos à Paulo de Oliveira, com o Luis Oliveira a explicar-nos todos os detalhes e todas as grandes transformações dos últimos anos, e juntando essa aprendizagem ao que o irmão Paulo confiou ao T e nós partilhamos com os leitores, só me apetece concluir que não foi nem é por acaso que este grupo chegou onde chegou. A competência aliada ao trabalho sério também nunca engana. t Líder do retalho nacional, qual é a ambição internacional da marca MO? A MO vai continuar a apostar no mercado nacional, mas paralelamente queremos crescer no mercado europeu onde já estamos a dar passos, em Espanha e Itália, com enorme aceitação. Pretendemos fazer este caminho fundamentalmente através do digital e do category management. Sendo um dado adquirido a mega tendência da moda sustentável, quais os planos da MO para este mood? A sustentabilidade é tão fulcral que a MO pretende incorporá-lo não só na sua estratégia de produto, mas também da marca. Está em construção um plano 360º a três anos, onde queremos mudar todo o mindset da marca - e das suas pessoas - em prol de um planeta mais saudável. Qual é a importancia actual do produto textil para o mix do Grupo Sonae ? Uma das grandes apostas do grupo Sonae é a sua sub-holding Sonae Sports&Fashion, especializada em retalho têxtil, que tem feito importantes movimentos no sentido de reforçar esse investimento e onde o produto têxtil assume o papel principal. Um dos principais movimentos está relacionado com a captação de talento quer ao nível

do design, quer ao nível do desenvolvimento de produto. Tem alguma ideia daquilo que a moda e o têxtil nacionais têm de fazer para conseguirem criar uma marca própria worldwide? As marcas têm de ter um propósito claro, ser consistentes e sobretudo corajosas: garantir que apresentam uma proposta de valor sólida e diferenciadora para o cliente global, e entregá-la da forma mais eficiente e coerente possível, nunca perdendo de vista o foco e a coragem de ir mais além. Confirma que o estatuto da moda portuguesa subiu muitos degraus na consideração do consumidor nacional ? O reconhecimento internacional do nosso know-how manifesta-se a diversos níveis, desde o Best Product ganho pela Berg na ISPO ’19 -, prémios relacionados com alta tecnologia aplicada aos têxteis, como a Tintex, só para dar um exemplo. Também temos dado cartas na moda: com a presença de estilistas nas semanas da moda internacionais, o reconhecimento das marcas portuguesas por celebridades - como a Sofia Vergara a usar uma criação da Alameda Turquesa - ou até na direção criativa de marcas como a Lacoste, como foi o caso do Filipe Oliveira Batista. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Por: António Freitas de Sousa

COMO REAGIR ÀS NOVAS TENDÊNCIAS DE CONSUMO? A atitude dos consumidores é determinante quando o que está em causa são os fundamentos do nogócio da moda. Nunca essa atitude mudou tanto e em tão pouco tempo como na atualidade: imediatismo, costumização e responsabilidade ecológica, tudo a correr online e em todas as plataformas possíveis, são as novas tendências, a que todas as marcas estão sujeitas. O conhecimento do fenómeno é fundamental para que as empresas respondam com eficácia a essas novas abordagens.

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m estudo que as fintech cost u m a m apresentar como um dos segredos do seu racional de negócio afirma que os millennials preferem ir ao dentista que entrar na loja de um banco. Ainda ninguém conseguiu identificar a paternidade do estudo, mas isso é talvez o que menos importa: as novas gerações têm uma atitude enormemente diversa em relação à forma como encaram o consumo – seja de moda, seja de instrumentos de poupança – e os gestores têm de acrescentar esses indicadores à equação que determina a condução dos seus negócios. Até porque as novas formas de consumo ‘inventadas’ pelos millennials ‘contaminaram’ todas as faixas etárias com uma rapidez avassaladora: “as aplicações das marcas são a forma de contacto com todos os consumidores, sejam millennials, sejam de qualquer outra idade”, refere Susana Coerver, diretora de Marketing e Comunicação da Parfois. Desde logo, isso quer dizer que o online é cada vez mais o fio condutor do negócio – o que aliás ficou bem visível com o facto de a Inditex ter decidido um investimento de dois mil milhões de euros para se transformar no primeiro grupo a vender online em todo o globo terrestre. O online, claro, mas não qualquer online: “a omnicanalidade virá substituir a multicanalidade, sistema que ainda prevalece e que se caracteriza pela abordagem individualizada da actividade da marca em cada um dos canais de venda nos quais está presente. A multicanalidade não persegue a sinergia entre os vários canais, salvo em alguns elementos básicos. Ao contrario, na omnicanalidade, o customer-journey acaba integrado numa única experiência de compra, eliminando qualquer tipo de barreira entre os canais. O ponto central não é qual dos canais prevalecerá, pois o que conta é a complementaridade na estratégia de todos. Nem sequer determinar a função de cada um, pois o principio da omnicanalidade é dar a possibilidade ao consumidor de realizar a operação que pretenda em qualquer um dos canais”, refere Daniel Agis, especialista em Marketing de Marca e Estratégias de Distribuição.

Na fila numa loja da Joe & The Juice, em Londres, uma jovem consumidora hiperconetada

Diana Teixeira Pinto, diretora da Marketing da MO (grupo Sonae), corrobora em absoluto: “a experiência online tem de ser o mais simples possível e o mais parecida possível com a experiência em loja. É preciso garantir a consistência da marca independentemente do canal”, afirma. Ou, dito de outra forma: os clientes são exigentes na abordagem, mas querem simplicidade nas soluções e acesso transversal como veículo. A síntese é de Rui Maia, International Sales Manager da Lion of Porches: “as empresas têm de estar muito atentas aos novos hábitos dos consumidores, que vão ser cada vez mais exigentes. Temos de ir ao seu encontro da forma mais simples possível mas também da forma mais adequada”, diz.

E uma dessas formas é, definitivamente, a rapidez: “os consumidores hiperativos querem tudo já, now or never, tem de estar disponível já. Não gostam de esperar – o que obriga a industria e as marcas a serem mais rápidas na resposta. A experiência de compra tem de ser simples e poder acontecer a qualquer hora”, refere Peter Jeavons, managing diretor Europe da First Insight. Craig Crawford, managing diretor da ThinkIT, CreateiT, resume bem o conceito: “a nova atitude é: see it, scan it, shop it ”- que está bem patente na foto que ilustra estas páginas: uma miúda de 20 e tal anos, na fila numa loja da Joe & The Juice, em Chelsea, Londres, com um bebé ao colo num marsúpio, um cão pela trela e o telemóvel na mão a comprar um vestido online.


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com um bebé ao colo um cão pela trela e o telemóvel na mão a comprar um vestido online

E tudo isso depois de toda a oferta ter sido esmiuçada pelos conhecedores. Não os detentores da informação, não os que a sabem descodificar, mas os que a experimentam na ótica do consumidor e a descrevem de uma forma massificadamente compreensível – os influenciadores. “A influência das redes sociais é avassaladora: os influenciadores, principalmente os que usam o Instagram, é enorme”, refere Susana Coerver, tendência que Peter Jeavons reconhece: “os novos consumidores são hiperconetados, estão sempre com um olho no ecrã; deixam um enorme rasto de informação sobre o que gostam e o que não gostam, o que querem e o que não querem, que tem de ser aproveitado pela industria e o retalho”. “O peso dos canais online

na concretização das operações de venda aumenta: em 2020 superará, em media, 25%, na Europa”, diz Daniel Agis. Dentro ou fora dos canais tradicionais, o novo consumo terá três caraterísticas essenciais: ser mais sustentável – o que abre espaço à roupa em segunda mão; ser personalizado; e ser acessível em termos de custos. Quaquer incongruência entre os termos não é um erro, mas apenas um sinal dos novos tempos. Para Graça Guedes, investigadora da Universidade do Minho, “o comportamento dos consumidores está a mudar muito, a nível global. Têm comportamentos que há dez anos seriam incompreensíveis. A procura de vestuário usado é uma: é uma mudança cultural muito significativa. É um espanto – em parale-

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lo com o aluguer de peças de luxo. É estranho. Não é um problema económico. É mais inteligência que está a entrar no circuito: o acesso à diversidade só pode dar-se com a transitoriedades. Não é economicamente inteligente possuir as coisas: a noção de posse é diferente. As pessoas querem experiências e não objetos. Estamos numa sociedade em vias da desmaterialização da posse. Rodrigo Siza Vieira, diretor-geral da Lectra para a Península Ibérica, revela que “uma equipa de 100 especialistas da Lectra trabalhou durante os últimos quatro anos na criação de uma solução combinada de hardware e software que permite às empresas corresponderem aos desejos de peças personalizadas e costumizadas dos novos consumidores, alterando as características dos produtos sem afetarem os fluxos de trabalho”. Fashion on Demand, Kubik Link e Quick Nest e Quick Estimate são as soluções da Lectra para a integração de uma cadeia de valor tão longa e segmentada como a do vestuário, aproximando-a do consumidor final. O que está em causa é a personalização (moda feita por medida) e a automação total dos processos: soluções inteligentes e integradas, que permitem agir e reagir com pouca intervenção humano, o que não só acelera a velocidade da respostas como ainda diminui a margem de erro. “O pedido do cliente gera um processo automatizado até à ordem de corte para a máquina. Tendencialmente, as empresas vão deixar de produzir para stocks, mas antes pequenas series, repetições ou produtos únicos que já têm destino, o que será uma revolução no modelo de negócio da industrias”, conclui. Para Rui Maia, e apesar de tudo, o racional do negócio matém-se: há uma otimmização, porque o volume de negócios que gera o online serve para negociar com empresas de logística. Mas o consumidor pode vir a ter de pagar esse serviço. Vai ser a concorrência a determinar isso. O online tem melhores margens, há um custo de logística e de transportes, mas não tem de se pagar a empregados nas lojas, nem de suportar os custos da sua manutenção”. Quase servindo de resumo: “I want it all and I want it now”, como cantava Freddie Mercury. Em 1989. t

“Tendencialmente, as empresas vão deixar de produzir para stocks, mas antes pequenas series, repetições ou produtos únicos que já têm destino” RODRIGO SIZA VIEIRA LECTRA

“[Com o online] há um custo de logística e de transportes, mas não tem de se pagar a empregados das lojas nem a sua manutenção"

“A omnicanalidade virá substituir a multicanalidade. O ponto central não é qual dos canais prevalecerá mas a complementaridade na estratégia de todos”

RUI MAIA LION OF PORCHES

DANIEL AGIS ESPECIALISTA EM MARKETING

“As aplicações das marcas são a forma de contacto com todos os consumidores, sejam millennials, sejam de qualquer outra idade” SUSANA COERVER PARFOIS

“As pessoas querem experiências e não objetos. Estamos numa sociedade em vias da desmaterialização da posse”

“A experiência online tem de ser o mais simples possível e o mais parecida possível com a experiência em loja”

GRAÇA GUEDES UMINHO

DIANA TEIXEIRA PINTO MO

“Os consumidores hiperativos querem tudo já, now or never. Não gostam de esperar, o que obriga a indústria e as marcas a serem mais rápidas na resposta” PETER JEAVONS FIRST INSIGHT


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A DOIS CAFÉS & A CONTA Mamma Mia

Praça Marquês do Pombal, 37 4000-390 Porto

Entradas Sopa de cenoura e salada de pão com alho Pratos Risotto de frutos do mar com tinta de chocos e pizza de presunto de Parma com rúcula Bebidas Água lisa com limão, um copo de vinho tinto e dois cafés

ALEXANDRA MACEDO

Gostaria de ter ido para História, mas a mãe, professora de Matemática, dissuadiu-a, alegando que ela não teria nem paciência nem jeito para dar aulas. Xana concordou e foi para Direito, na Católica, curso que interrompeu no 3º ano para dar uma mão na Eusébio & Rodrigues, a empresa de produção e organização de eventos acabada de montar pelo marido Nuno - o seu primeiro e único namorado a sério, que conhecera com 14 anos num sarau do Estela e Vigorosa, onde ela fazia ballet e ele hóquei em patins. Membro da Comissão de Proximidade da Fundação Infantil Ronald McDonald, publicou três livros (Manequins, agência e Companhia; De corpo e alma - o livro da Super Mulher; e 12 passos para seres modelo). Tem dois filhos, Ana Carolina, 27 anos (licenciada em Som e Imagem, trabalha com o pai) e Nuno, 23, licenciado em Gestão (Católica), está a fazer o mestrado em Finanças na Nova de Lisboa.

20 ANOS NA VIDA DE UMA MULHER

FOTO:RUI APOLINÁRIO

50 ANOS DIRETORA E FUNDADORA DA BEST MODELS

O que mudou no mundo da moda desde que quatro homens (Nuno Eusébio, Miguel Blanc, Vítor Hugo e Manuel Serrão) e uma mulher se aventuraram a criar uma agência de modelos com sede no Porto? Tudo, com a exceção dos requisitos mínimos, em idade (13/14 anos para as raparigas, 17/18 anos para os rapazes) e medidas (1m75 e tamanho 36, para elas, 1m85 e 50/52, para eles) para ser modelo. “Mudou tudo, a começar pela tecnologia que nos facilita a vida. Coisas que demoravam um dia a fazer resolvem-se agora em cinco minutos. Mudou também a maneira como os miúdos encaram a profissão. Dantes adoravam ser modelos e queriam fazer carreira na moda. Agora ser modelo é um part-time onde se arranja o dinheiro para pagar o curso ou a entrada para o carro”, explica Alexandra Macedo (Xana para os amigos), que está ao leme da Best desde a sua fundação, em 1999. No geral, acha que agora os modelos são mais egoístas e menos responsáveis, mas admite que a dureza desta avaliação pode ter a ver com o afastamento das idades e que ela, com 50 anos acabadinhos de fazer, já não tem a mesma paciência e

tolerância com comportamentos menos profissionais de modelos na idade difícil. “O tempo passa. A semana passada agenciámos a Ana Carolina, que tem 14 anos e é filha da Sílvia, uma antiga modelo da Best”, conta Xana, que habitualmente almoça em casa com a família (a refeição é preparada pela Deolinda, a empregada que a acompanha desde que ela tinha quatro anos e ficou órfã do pai, um advogado que morreu aos 33 anos) - e, como não come carne, escolheu o risotto de frutos do mar, pois não havia a sua pizza preferida (a de salmão). Apresentar como cartão de visita Sofia Aparício, que era a número 1 em Portugal, facilitou a vida à Best, que nasceu em grande, com sede no Porto e filial em Lisboa, num edifício da avenida da Liberdade distinguido com prémio Valmor. “Além da Sofia, que era o nosso postal, arrancámos com cerca de 30 modelos de uma nova geração, como a Evelina Pereira, a Vera Deus, a Raquel Monterroso, o Paco...”, recorda, acrescentando que a atividade da Best sempre se repartiu entre as duas cidades. O Porto, hub da indústria têxtil, garante

mais volume de trabalho, mas Lisboa proporciona uma maior rentabilidade, porque é lá que estão as agências de publicidade e revistas de moda. “Ainda somos conhecidos como a agência do Porto, mas tivemos mais modelos na última Moda Lisboa do que no Portugal Fashion”, esclarece Xana, que elege a campanha Galp da Miúda do Gás, que durou três anos, como o ponto mais alto dos 20 anos da Best. A carteira de trabalho de uma agência de modelos é um bom indicador avançado da conjuntura económica. “Em momentos difíceis, a primeira coisa que se corta é na publicidade. Antecipamos a crise de 2008 quando de quatro ou cinco castings por dia se passou para dois ou três por semana. E os três anos seguintes foram muito duros”. “Dantes havia períodos de vacas gordas, e outros piores, de vacas magras. Agora o momento é sempre de incerteza, em que andamos com o coração nas mãos pois nunca sabemos como vai ser o próximo mês”, conclui a mulher que dedicou os últimos 20 anos da sua vida a construir a Best. t


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ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE LANIFÍCIOS


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2. A INTERATIVIDADE FOI A NOTA DOMINANTE LOGO NA PRIMEIRA MANHÃ, COM A ESTREIA DE UM SISTEMA DE INQUÉRITO QR CODE, QUE PERMITIA A PARTICIPAÇÃO DO PÚBLICO SEM CAUSAR INTERRUPÇÕES

FOTOSINTESE Por: António Moreira Gonçalves

1. A HOSPITALIDADE PORTUGUESA TRADUZIDA EM DEZENAS DE LÍNGUAS. AS BOAS-VINDAS NA RECEÇÃO ERAM APENAS O PRIMEIRO SINAL DO PERFIL CADA VEZ MAIS INTERNACIONAL DA CONFERÊNCIA

TODOS PROMETEM VOLTAR Mais internacional, mais abrangente e mais interativo, o iTechStyle Summit fechou a sua terceira edição com a certeza de se terem debatido todas as verdadeiras questões do futuro da indústria. Ao longo dos três dias de congresso, de 2 a 4 de Abril, estiveram reunidos no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões mais de 700 participantes, de 25 nacionalidades diferentes, e em palco foram apresentados dezenas de projetos inovadores. Números que elevam a fasquia para a próxima edição, já anunciada para 2020, no mesmo local.

7. NOS ACESSÓRIOS VENCEU A BORDADOS OLIVEIRA, COM UM INOVADOR ESTAMPADO QUE COMBINA VÁRIAS TÉCNICAS DE ESTAMPAGEM E GRAVAÇÃO

6. O PROJECTO MUSGO - INTEGRAÇÃO DE FIBRAS ÓPTICAS EM VESTUÁRIO INTELIGENTE – VENCEU O PRÉMIO DE MELHOR PRODUTO. DANIEL PINTO, DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO E ESTRATÉGIA DA SCOOP, RECEBEU O GALARDÃO DAS MÃOS DE ANTÓNIO AMORIM, PRESIDENTE DO CITEVE

11. DEPOIS DE ANUNCIADOS OS VENCEDORES, FOI MOMENTO DE BRINDAR AO 30.º ANIVERSÁRIO DO CITEVE. ANTÓNIO CALADO E RITA SILVA, A MAIS ANTIGA E A MAIS RECENTE CONTRATAÇÃO DO CENTRO, FORAM CHAMADOS A PALCO PARA SOPRAR AS VELAS


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4. ENERGÉTICO E HIPERATIVO, O GURU DE MARKETING E COMUNICAÇÃO DAVID SHAH CONQUISTOU A PLATEIA COM UMA PALESTRA DEDICADA ÀS NOVAS TENDÊNCIAS DO CONSUMO

5. COM POMPA E CIRCUNSTÂNCIA, O PRIMEIRO DIA FECHOU COM UM JANTAR DE GALA, ONDE FORAM ANUNCIADOS OS GRANDES VENCEDORES DOS ITECHSTYLE AWARDS, OS PRÉMIOS DE INOVAÇÃO DA INDÚSTRIA TÊXTIL NACIONAL

3. COM A ECONOMIA CIRCULAR COMO PANO DE FUNDO, OS SACOS DE OFERTA DO EVENTO FORAM CONFECIONADOS COM UM TECIDO DO PROJETO TENOWA DA RIOPELE, O VENCEDOR DO ITECHSTYLE AWARD DE SUSTENTABILIDADE EM 2018

9. O PRÉMIO DE SUSTENTABILIDADE FOI ATRIBUÍDO À TÊXTEIS PENEDO E À CORTICEIRA SEDACOR, QUE DESENVOLVERAM UMA ALMOFADA E UMA CORTINA CONFECIONADAS COM O FIO CORK-A-TEX, DE ALGODÃO E CORTIÇA

10. A ADAPTTECH VENCEU O PRÉMIO SMART TEXTILES, PELO DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA QUE USA MATERIAL TÊXTIL PARA OBTER AS MEDIDAS RIGOROSAS COM QUE UMA PRÓTESE DEVE SER CONSTRUÍDA

8. A LMA, REPRESENTADA POR MANUEL BARROS, VENCEU O TÍTULO DE TECIDO MAIS INOVADOR, COM UMA MALHA COM EFEITO BARREIRA CONTRA RADIAÇÕES ELECTROMAGNÉTICAS

12. PARA ALÉM DE EMPRESÁRIOS E INVESTIGADORES, O SUMMIT ATRAIU TAMBÉM A PRESENÇA DE MUITOS JOVENS ESTUDANTES E DESIGNERS.

14. “VOLTAMOS A VER-NOS PARA O ANO”. VISIVELMENTE SATISFEITO, O ANFITRIÃO BRAZ COSTA FECHOU O CONGRESSO COM A PROMESSA DE UMA NOVA EDIÇÃO, JÁ EM 2020, NO MESMO ESPAÇO

13. ROBIN CAUDWELL, DA FEDERAÇÃO FRANCESA DE ALTA COSTURA, LEVANTOU O VÉU SOBRE O QUE AS GRANDES MARCAS DE LUXO ESTÃO A FAZER PARA CONQUISTAR OS NOVOS CONSUMIDORES


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OLDTRADING APOSTA EM MARCA PRÓPRIA PARA PRÉ-MAMÃS O nicho de mercado da maternidade é a nova aposta da Oldtrading,a empresa famalicense que tem o objetivo de apresentar, ainda em 2019, uma marca própria para o segmento pré-mamã e pós-mamã, investindo numa linha de vestuário seamless, em que é especialista. “Produzindo para o casual, o sportswear e a modelação, ao criar uma marca para essas áreas, podíamos colidir com os nossos clientes. Trabalhando com a maternidade, o pré-mamã e o pós-mamã, reservamos para nós o desenvolvimento dessa área de negócio com a nossa marca”, avança o CEO, Rui Gordalina.

"Fizemos sempre linho. Agora está na moda. Tem aquele aspeto rústico que algumas pessoas gostam. Há até quem queira que façamos algodão com o mesmo aspeto, mas isso não existe" Simão Gomes Presidente da Sampedro

COLETE INOVADOR DA PAFIL AQUECE MOTOCICLISTAS DA BMW António Moreira Gonçalves

É um dos produtos mais inovadores da linha de vestuário da BMW e é totalmente produzido em Portugal. Especializada em smart clothing, a Pafil Confecções desenvolveu para a marca alemã um colete de motociclismo com um inovador sistema eletrónico de aquecimento. O produto convenceu tanto que a BMW prolongou o contrato de fornecimento de três para cinco anos. O colete “Heat UP” (na foto) é apresentado pela própria BMW como a solução perfeita para os que se querem fazer à estrada nos dias mais frios. Produzido pela Pafil Confecções, o colete tem incorporado um sistema eletrónico constituído por cinco placas de aquecimento, dispostas no peito, costas e região lombar, que podem ser reguladas pelo motociclista, de forma a ajustar a temperatura a cada momento. No catálogo da marca alemã, o colete surge como uma alternativa ao vestuário mais pesado e volumoso, mantendo a função de aquecimento. O sistema térmico é alimentado por uma ligação à própria moto e o controlo permite optar entre três níveis: baixo, médio e alto. Em caso de necessidade, o colete pode ser vestido por debaixo de um casaco, ou até

LECTRA DÁ VIDA AOS MATERIAIS DO FUTURO

GANT REGRESSA A PORTUGAL

A Lectra acaba de anunciar a abertura do seu Innovation Lab, localizado no coração do campus tecnológico da empresa (em Bordeaux-Cestas, França), e destinado a “capturar tendências emergentes, antecipar evoluções e aprimorar soluções tecnológicas futuras”. As inovações resultantes do trabalho do novo laboratório estão voltadas principalmente para os mercados da moda e dos componentes automóveis.

A Gant acaba de anunciar o regresso ao mercado português, através de um plano de expansão que inclui a abertura de cinco lojas e a distribuição de produtos por diversos pontos de venda e por grandes armazéns de referência. A marca está presente em lojas premium, como o El Corte Inglés e a Marques Soares, mas agora vai concentrar-se na expansão, com aberturas de lojas em todo o país.

30º O sucesso do "Heat Up" fez a BMW prolongar o contrato com a Pafil por mais dois anos

mesmo de um equipamento de competição. Para além do sistema electrónico, a peça tem um corte ajustado ao corpo, apresenta uma gola subida e isolante e é confecionado num material respirável, repelente à humidade e estanque ao vento. Todas estas características têm tornado o “Heat Up” num produto de sucesso, de tal forma que ao fim do primeiro contrato de três anos, a BMW decidiu manter a aposta no produto por mais dois. O colete térmico é um dos exemplos mais paradigmáticos da estratégia assumida pela Pafil

em criar vestuário funcional e tecnológico. “Quando a têxtil esteve mal, investimos em tecnologia e na formação de recursos humanos para podermos criar produtos elaborados e com valor acrescentado” explica Rui Pereira, administrador da Pafil. Para além do “Heat Up”, a empresa tem no seu portefólio muitos outros produtos de inovação, como vestuário de neve com identificadores de resgate ou casacos com sistemas de aquecimento alimentados a partir de uma bateria, como é o caso do “Men Jacket Hoodie”, que foi um dos nomeados para os iTechStyle Awards. t

aniversário da Lousãtextil foi sublinhado com um voto de reconhecimento da Câmara Municipal da Lousã. A empresa emprega mais de 30 trabalhadores e fatura mais de 1,6 milhões de euros por ano

INARBEL RECEBEU VISITA DO EMBAIXADOR DO BANGLADESH A braços com a falta de pessoal, a Inarbel queixa-se da “embrulhada burocrática” que tem enfrentado para formalizar a vinda dos quatro técnicos do Bangladesh, o que motivou a visita à empresa do embaixador daquele país, Ruhul Alam Siddique. “Andam papéis de um lado para ou outro mas nada se resolve. O SEF remete para a Embaixada na Índia – que trata do Bangladesh – e desta para a AICEP, uma embrulhada que ninguém desata”, desabafa o empresário José Armindo Ferraz. Agradado com o reconhecimento da competência dos trabalhadores do seu país, o diplomata disponibilizou os serviços da embaixada para apoiar o departamento jurídico da empresa no processo de recrutamento de operários especializados.


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HELIOTEXTIL COMEÇA A EXPORTAR PULSEIRAS INTELIGENTES BRACEIN A Heliotextil está prestes a pôr no ar uma plataforma que lhe permitirá vender à distância soluções hi tech para a organização de eventos, com base na tecnologia BraceIn da empresa. Um sistema que começou a dar provas na Viagem Medieval da Feira, sendo já utilizada nos maiores festivais portugueses de verão. A solução BraceIn consiste em encapsular informação personalizada nas pulseiras de acesso a grandes eventos, o que, entre outras coisas, permite desmaterializar as transações em dinheiro. O departamento de i&d da Heliotextil continua a trabalhar no aumento da interatividade deste produto.

A BOA ONDA DA NAZARETH COLLECTION

Tendo o mar como inspiração, a nova coleção da Nazareth Collection, a marca de roupa que usa fotografias para criar os seus estampados, promete refrescar o seu look de primavera e verão. Os estampados foram elaborados com fotografias da costa portuguesa, e porque não podemos falar do mar sem falar de sustentabilidade, esta Wavescollection, classificada pela marca como eco-confortável, é feita com recurso a tecidos renováveis, corantes de baixo impacto e, consequentemente, menos desperdício de água. t

VALERIUS 360 ARRANCA EM SETEMBRO EM MINDELO A fábrica Valerius 360 – peça fundamental do projeto de economia circular do grupo liderado por José Manuel Vilas Boas Ferreira – deverá estar operacional entre setembro e outubro do corrente ano. A nova unidade empregará 80 pessoas e ficará localizada em Mindelo, Vila do Conde. O projecto 360 do grupo Valerius tem um orçamento global de 20 milhões de euros. “Desde setembro que temos uma equipa focada só no aperfeiçoamento deste processo, que anda a fazer ensaios entre a Alemanha, França e Suíça. Estão a testar quais são as lâminas ideais para as máquinas de triturar, se com ângulo de 90o ou 65o graus. A perceber como vamos montar o sistema de fiação e como vamos fazer a tecelagem – porque um fio reciclado não pode andar à mesma velocidade de um fio tradi-

cional”, explica o presidente do grupo Valerius. José Manuel Vilas Boas Ferreira tem metas bem definidas e escaladas no tempo. Em setembro, quer ter já peças recicladas na coleção. E cada ano que passe, espera aumentar em 25% as vendas de reciclados. “Sabemos perfeitamente o que andamos a fazer. Em 2017, quando começámos o projeto 360, toda a gente dizia que era muito interessante, mas no fundo achava-o meio absurdo. Agora já todos perceberam que este é o caminho e se trata de um projeto disruptivo, que tem de acontecer”, acrescenta Vilas Boas Ferreira. O presidente do grupo Valerius encara o projeto 360 como um legado: “no fim da grande viagem que é este projeto espero deixar um legado – o de ter possibilitado que Portugal passe a ser produtor de matérias primas para a indústria têxtil”. t

PARFOIS FATURA 130 MILHÕES EM ESPANHA O grupo português Parfois fechou o ano de 2018 com um volume de negócios de 130 milhões de euros em Espanha, onde possui 330 pontos de venda e que devem crescer para os 360 até ao final deste ano, refere uma reportagem do jornal especializado Moda.es. O ano passado foi de conquista do território espanhol, com aberturas em cidades de média dimensão, como Aranjuez (Madrid), Ribeira (A Coruña), Andujar (Jaén), Lorca (Murcia), Ayamonte (Huelva), Linares (Jaén) e Villena (Alicante). Para-

lelamente, o grupo reforçou a sua presença em centros comerciais instalados nas grandes cidades espanholas, como Ferran Street (Barcelona), Nova Rua (Málaga) ou Madrid Orense, e expandiu lojas anteriormente instaladas. Para 2019, a empresa mantém a aposta no crescimento em todos os canais: lojas físicas, franquias e corners no El Corte Inglés (atualmente tem 65), a que acrescenta ainda o início da presença em aeroportos e terminais de transportes. A par do crescimento em Espanha, ao longo de 2018 o grupo

instalou-se em novos mercados, onde avultam os exemplos do Equador, Costa Rica, Cazaquistão, Vietname e Palestina, e fortaleceu a sua presença em mais de trinta países, especialmente em Itália, França e México. O objetivo da Parfois é superar já este ano a barreira das mil lojas, com foco na América Latina, Espanha, Itália e França. A aposta online, considerada estratégica, será também para continuar. O grupo faturou 350 milhões de euros no ano passado e planeia crescer 20% até ao final deste ano. t

"Trabalhámos para o grupo Inditex há uns 15 anos, mas chegámos a uma altura que deixámos, porque não havia um ajuste direto entre esforço e recompensa" José Costa Administrador da Becri

MEHLER COM IMAGEM RENOVADA EM TODOS OS CONTINENTES Agora com a liderança do português Alberto Tavares, na sequência da fusão entre a Olbo & Mehler Tex (OMT) e a Mehler Engineered Products (MEP), o recém-criado segmento de produtos de engenharia do grupo alemão KAP conta com uma nova identidade corporativa para todos os continentes. “Só crescemos inovando e co-criando com os nossos clientes”, disse Alberto Tavares. A Olbo & Mehler teve origem na Alemanha na década de 1930, mas em 2014 concentrou todas as suas competências em Landim, Vila Nova de Famalicão, onde são concebidos os seus produtos inovadores.

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pessoas trabalham na Mundotêxtil, que fechou 2018 com 40 milhões de euros de vendas, só em felpos, das quais 98% feitas no mercado externo

CRISTINA FERREIRA DÁ A CARA NAS LOJAS DA MO

A imagem de Cristina Ferreira passou a estar presente nas mais de 120 lojas MO e canais digitais da marca. Uma parceria que para a marca portuguesa de moda pertencente ao grupo Sonae resulta como natural pela forma como a apresentadora personifica os valores da marca – próxima, prática, autêntica, curiosa e inteligente – e por ser reconhecida, de norte a sul de Portugal.


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A MINHA EMPRESA Trifitrofa

Rua Teófilo Braga, 115 Gandra, S.Martinho do Bougado 4786-909 Trofa

O que é? “O maior armazém de fios tintos do mundo" Stock 2500 toneladas de fio Área coberta 10 mil metros quadrados Clientes Mais de 500 ativos Certificações GOTS, Oeko-Tex e BCi Trabalhadores 28 Volume de negócios 30 milhões de euros

ULTRA CREATIVE FEZ 20 ANOS E JÁ SÓ PENSA EM DIVERSIFICAR Nasceu há duas décadas vocacionada para o workwear, mas agora a aposta da Ultra Creative é diversificar. Tanto nos produtos como nos clientes e destinos das exportações, que faz praticamente a 100%. Depois de há um ano ter mudado para novas instalações e ter investido 50 mil euros na modernização do parque de máquinas, a têxtil que fabrica fardas para a Shell e para a Cruz Vermelha finlandesa, assim como os polos dos funcionários da Starbucks, quer crescer 5% ao ano para chegar ao milhão de euros em faturação (750 mil em 2018).

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das vendas feitas com a marca Graccioza é o objetivo fixado pela Sorema, que atualmente faz um pouco mais de metade da faturação com a sua marca premium

TÊXTEIS NA PLATAFORMA PORTUGAL EXPORTA, DA AICEP A têxtil será a próxima a integrar a Portugal Exporta, a plataforma digital da AICEP que ajuda as empresas exportadoras, ao fazer a junção entre as mesmas e as oportunidades de negócio que se encontram além fronteiras. O presidente da AICEP, Luís Castro Henriques, disse que esta plataforma “concorre para se poder aumentar as exportações”, de modo a atingir o objetivo inscrito no plano estratégico da AICEP, no qual as exportações representariam 50% do Produto Interno Bruto.

Na Trifitrofa há de tudo, como na farmácia A possibilidade de fazer amostras de um dia para o outro (ou até para daqui a um bocado), que é uma das grandes vantagens competitivas da nossa ITV, fica a dever-se à Trifitrofa. “Prestamos um serviço à indústria têxtil.Acho que toda a gente que gasta fios tintos é nossa cliente”, explica Jaime Azevedo, 44 anos, filho do Jaime Azevedo que com 75 anos acabados de fazer ainda se encarrega da parte financeira da empresa que fundou em 1982. Como o próprio nome indica, a Trifitrofa foi criada por três sócios (Jaime Azevedo pai, Gabriel Silva, e Alfredo Azevedo, que no entretanto abandonou o barco) - Tri - comercializa fios - fi - e é da Trofa. Nasceu num pequeno espaço (50 m2), dedicando-se ao reaproveitamento e valorização de restos de fios, que limpavam, rematavam e embalavam para vender a malheiros e fabricantes de meias. Hoje, ocupa 10 mil m2 e tem um stock de fios avaliado em dez milhões de euros, que é uma das armas secretas do sucesso da nossa têxtil. Curiosamente, o grande salto em frente da Trifitrofa está ligado a um acontecimento que usualmente tem conotação negativa - o abandono precoce dos estudos por parte do jovem Jaime Azevedo, que até tinha sido bom aluno, com jeito óbvio para o desenho, mas que preferiu começar logo a trabalhar, em vez de cursar Belas Artes (talvez assustado pelo horário excessivamente madrugador da partida da Trofa do comboio que o poria no Porto a tempo das aulas...) “Dou-te uma semana para pensares”, respondeu o Jaime pai quando o Jaime filho lhe anunciou que não queria estudar mais. Como não mudou de ideias em sete dias (facto de que não se arrepende), o jo-

vem Jaime começou a trabalhar nas limpezas no pequeno armazém, aprendendo um negócio que viria a transformar com um inesperado toque de Midas. “Quando comecei a levar fio aos clientes apercebi-me de que é que o mercado precisava. Os clientes tinham um serviço como deve ser. Se de um momento para o outro precisavam de saco de azul royal não tinham para onde se virar”, explica o CEO da Trifitrofa. Os primeiros passos do grande salto em frente começaram a ser dados, por altura da viragem do milénio, no T2 onde Jaime e Ângela (casaram no ano 2000) viviam e faziam à mão os primeiros cartazes agrafados e com 20 cores. Agora, a Trifitrofa tem um departamento que faz centenas de catálogos por mês, com uma paleta de mais de 200 cores - e diferentes mesclas. Os frutos desta estratégia não demoram a aparecer. As vendas dobravam de ano para ano (de três para seis, de seis para 12 milhões...). O sucesso não passou despercebido à Exame que em 2007 distinguiu a Trifitrofa como a melhor PME têxtil. As parcerias são outro dos segredos deste sucesso. “Temos parcerias com tinturarias, a quem garantimos um determinado volume de trabalho. Nós não nos metemos na indústria e elas nas se metem no comercial. E temos parcerias com os fornecedores de fio cru, do Paquistão, Índia ou Turquia. Eles dão-me a exclusividade para a Europa e eu dou-lhes o conforto da produção”, conta Jaime Azevedo, o empresário que tem o dom de adivinhar o que os clientes precisam - e o orgulho de todas as transformações do fio que vende serem feitas em Portugal. t

COLEÇÃO DE SUSANA BETTENCOURT NA SCAR-ID STORES Depois da apresentação concetual, a coleção comercial está em exclusivo na Scar-Id Store para pre-order. Intitulada ‘No Season 2019’, o que Susana Bettencourt mostrou ao público na última edição do Portugal Fashion não foi na realidade uma coleção, mas uma apresentação do seu trabalho e da sua missão como autora. A coleção de 2019 de Susana Bettencourt será apresentada apenas em Outubro de 2019, mas a estratégia é dar um lugar especial ao cliente no processo criativo.

"Se formos por país, não há nenhum na Europa para o qual vendamos tanto como para os Estados Unidos e para o Japão" João Gonçalves CSO da BomDia

LAMEIRINHO LANÇA COLEÇÃO PARA OS DIAS QUENTES Os dias quentes estão a chegar, e a Lameirinho Collection apresenta as suas propostas de lençóis para dar cor, conforto e requinte às noites de Verão. Degradé de cores e motivos florais foram os temas. A marca apresenta três novos modelos estampados, que prometem noites tranquilas e funcionam como apontamento de decoração. Os modelos fabricados pela Lameirinho estão disponíveis em cetim e percale, ambos 100% algodão.


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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...

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MÖM(E) LANÇA NOVA COLEÇÃO E ENTRA NAS LOJAS FÍSICAS O nome pode induzir em erro, mas a Möm(e) é uma marca totalmente portuguesa. Fundada há menos de um ano e depois das primeiras vendas online, a marca de vestuário infantil prepara-se agora para entrar em lojas multimarca, não só em Portugal, mas também nos países nórdicos. Projecto pessoal de Inês Camaño Garcia - “sou fundadora, designer e comercial, por enquanto vou fazendo um pouco de tudo” - tem na nova coleção, intitulada SU.BLI.ME, a estreia em lojas físicas.

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"A nossa vocação não é vender 100 ou 200 toneladas com uma margem de cêntimos. É vender a mais clientes quantidades mais pequenas mas com um preço que se possa produzir" António Sacramento Sócio-gerente da Samofil

MTEX NS COM NOVO CEO E NOVA IMAGEM CORPORATIVA A Mtex NS, empresa de soluções de tecnologia de impressão digital criada em 2011, acaba de renovar a imagem corporativa e tem um novo CEO. Elói Ferreira, fundador e até agora CEO da empresa, passa a presidente executivo, enquanto o norte-americano Michel Rings assume a liderança como CEO. A empresa refere que, após um período de investimentos significativos ao longo dos últimos anos, a Mtex NS está agora posicionada para a expansão global e para o crescimento dos negócios – uma das principais razões para a integração do novo CEO.

CASACO DA SCOOP EQUIPA MS WORLD EXPLORER

Na apresentação do MS World Explorer, Mário ferreira, CEO da Douro Azul, presenteou António Costa com um inovador casaco da Scoop

O primeiro-ministro António Costa foi o modelo de ocasião para a apresentação do inovador casaco da Scoop que vai fazer parte do equipamento do MS World Explorer, o novo navio da Douro Azul para cruzeiros nos mares gelados. Além de “selado”, o que quer dizer que isola do frio exterior, o casaco que vai ser fornecido a todos os passageiros incorpora tecnologias que permitem a sua iluminação e permanente localização e também um botão de alarme. Além disso, serve também para abertura das portas dos camarotes, dispensando chaves ou os habituais cartões. Com experiência no fabrico de vestuário para a prática de desportos de inverno – incluindo o fardamento de várias seleções nas olimpíadas de inverno – a Scoop incorpora nesta peça as tecnologias do Musgo, o casaco que se ilumina para facilitar a circulação rodo-

viária, distinguido com o iTechStyle Award. O casaco foi apresentado durante a cerimónia de inauguração do navio, no dia 6 de Abril, nos estaleiros de Viana do Castelo. Além do primeiro-ministro, também os restantes convidados de honra receberam casacos personalizados com os seus nomes. Carla Bruni, Pedro Abrunhosa ou o ministro Pedro Siza Vieira podem agora enfrentar condições extremas de temperatura sem medo do frio ou de se perderem. A par dos inovadores casacos da Scoop, também os luxuosos camarotes do MS World Explorer vão ter conforto redobrado com roupas de cama e banho da Lameirinho, o que levou António Costa a destacar também o setor têxtil quando elogiou a tecnologia e a capacidade da indústria portuguesa na construção deste navio. t

CENTI CRIA FIO DE PESCA LUMINOSO É uma ideia brilhante, no sentido mais literal da palavra, e pode vir a significar um novo passo no combate à poluição nos oceanos. O CeNTI, em parceria com a empresa Cadilhe & Santos, criou um fio de pesca com luminescência que vai substituir a utilização de luzes descartáveis no mar. No futuro pode vir a servir de matéria-prima para têxteis técnicos e funcionais. “FishFiberLight” é o nome deste fio inovador que foi totalmente desenvolvido

em Portugal ao longo dos últimos dois anos. A iniciativa partiu da Cadilhe & Santos, empresa de Viana do Castelo especializada em redes de pesca, que encontrou nos laboratórios do CeNTI – Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes – os conhecimentos científicos necessários para tornar a ideia num produto real. Dotado de pigmentos fosforescentes, este fio é capaz de emitir luz em qualquer ambiente, mesmo em águas profundas,

sem utilizar qualquer fonte de energia. “Por ter propriedades fosforescentes, basta que o fio seja excitado pela radiação de uma luz UV para que se torne luminoso, sem qualquer tipo de alimentação energética”, explica Inês Matos, gestora do projeto por parte do CeNTI. Por enquanto o produto ainda está a passar por uma última fase de testes, mas a previsão é que chegue ao mercado no segundo semestre deste ano. t

PIZARRO E TECNOBLU JUNTAS NO TALKS INTERNATIONAL Um grupo de cem profissionais e líderes do segmento têxtil do Brasil e da Europa reuniram-se em Guimarães na primeira edição do Talks Internacional. A ação apresentou ao mercado a parceria entre a Tecnoblu Your ID e a portuguesa Pizarro, uma das maiores empresas de acabamento de jeans e tecidos planos da Europa. Ambas as empresas são reconhecidas no segmento têxtil pela forma disruptiva de atuação. O propósito deste encontro foi falar da moda e seus drivers contemporâneos: a inovação, a sustentabilidade e tecnologias urgentes por um lado, e por outro, a essência das marcas, a humanização das relações de consumo. A Tecnoblu Your ID ajuda a conectar as marcas ao consumidor final através do Total ID – design, tecnologia e logística em ID – oferecendo personalização de moda. A Pizarro, por sua vez, tem mais de três décadas de história, com um posicionamento líder numa cadeia de grandes players da moda mundial. O evento serviu também para apresentar oficialmente a Casa Europa, showroom da Tecnoblu criado para atuar no mercado europeu. Mais: permitiu receber os parceiros do Brasil, e fortalecer o que está no seu DNA – o desenvolvimento integrado de negócios, contribuindo para o enriquecimento de toda uma cadeia produtiva. t


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BALLET ROSA QUER VENDER CINCO VEZES MAIS NA CHINA

FARFETCH COM PROJETO DE CAMPUS TECNOLÓGICO EM MATOSINHOS A Farfetch, plataforma tecnológica global líder para a indústria da moda de luxo lançada por José Neves, anunciou a aquisição de um terreno no concelho de Matosinhos para a futura construção daquele que será o maior centro de inovação tecnológica e operações da empresa, para os cerca de 2000 colaboradores na zona norte do país. O projeto incluirá zonas de escritório, espaços para áreas de operações, estúdios de produção digital e um conjunto de equipamentos que pretendem fazer deste campus um espaço com características únicas a nível nacional.

"Tudo o que é português é feito com muita qualidade e muito amor" Joaquim Cunha CEO da Cubosdalgodão

SAK LEVANTA DINHEIRO PARA PARTIR À CONQUISTA DOS EUA

A entrada no Taobao, um marketplace da Alibaba para produtos de gama alta, é o core da estratégia de crescimento da Ballet Rosa

Quintuplicar, num prazo de quatro anos, as vendas no gigantesco mercado chinês é a meta fixada pela Ballet Rosa, uma empresa de Guimarães especializada no desenho e confeção de fatos de ballet. Para atingir esse objetivo, a marca portuguesa não se poupa a esforços de promoção. Além de fazer uma sessão fotográfica com o Ballet Nacional da China, foi selecionada para ter uma loja no Taobao, um marketplace da Alibaba para produtos de gama alta. Fundada em 2010 por Luís Guimarães e Adão Coelho, a Ballet Rosa exporta 95% da sua produção, para um total de 23 países. Os Estados Unidos (onde têm uma base comercial em Chicago) são o seu principal mercado, mas a China já surge como quarto destino

mais importante dos seus fatos e acessórios para ballet. A China, em particular, mas o Oriente em geral (já estão no Japão, Coreia do Sul e Hong Kong), são a geografia onde a Ballet Rosa mais está apostada em crescer. “O gosto dos europeus é mais conservador”, explica Luís Guimarães, 50 anos, dos quais 32 dedicado à têxtil. A espanhola Lucia Lacarra (diretora do Bayerisches Staatballet), a argentina Marianela Nuñez (dançarina principal do The Royal Ballet, Londres) e a norte-americana Sophie Miklosovic (BalletMet e vencedora do YAGP 2014) são algumas das grandes bailarinas internacionais que usam fatos made in Portugal, concebidos e fabricados pela Ballet Rosa. t

NEVES: “TINTEX TRAZ ÂNIMO E MOBILIZA A COMUNIDADE” Escolhida pelo IAPMEI e COTEC como exemplo de inovação e responsabilidade ambiental, a Tintex abriu as suas portas num Open Day, a 17 de Abril, que contou com a presença do secretário de Estado da Economia, João Correia das Neves, e de mais de 300 pessoas de diversos setores, da indústria aos centros de ciência e tecnologia. “Exemplos como este mostram como a aposta no investimento se traduz numa vantagem competitiva no futuro. Empresas como a Tintex trazem ânimo, quer pelos projetos inovadores como pela capacidade de mobilizar toda a comunidade”, afirmou João Correia Neves, secretário de

Estado da Economia, depois de ter testemunhado o longo percurso da empresa de tinturaria e acabamentos, que ao longo dos últimos anos tem apostado no desenvolvimento de novas soluções, tecnologicamente avançadas e com menor impacto ambiental. “O que propomos é um dia na fábrica com soluções naturalmente sustentáveis. Os projetos que aqui temos não são só para inglês ver, como se costuma dizer. São para italianos, franceses, espanhóis, suecos, são para todos os públicos, são inovadores à escala global”, sublinhou Mário Jorge Silva, CEO e fundador da empresa, visivelmente satisfeito com a multidão presente.

E foi esse exemplo de sustentabilidade e inovação que atraiu tanta gente ao quartel-general da empresa, em Vila Nova de Cerveira. O anfiteatro montado junto a uma das linhas de produção da Tintex revelou-se pequeno para os mais de 300 inscritos. O evento realizado na Tintex enquadra-se nos Open Days i4.0, um roteiro de dias abertos organizado pelo IAPMEI e pela COTEC Portugal em empresas portuguesas vistas como exemplos de uma transição sustentada para o paradigma da indústria 4.0. A Tintex é a segunda empresa do setor têxtil a fazer parte do programa, depois da Riopele, em março do ano passado. t

A SAK está a ultimar uma operação de levantamento de capital junto dos investidores para ganhar o músculo financeiro necessário para se estabelecer nos Estados Unidos. O plano estratégico para este grande salto em frente da start up de Viseu, especializada no fabrico de caneleiras costumizadas de alta qualidade, já está a ser delineado em duas universidades norte-americanas e implica o levantamento de entre dois a três milhões de euros, numa demonstração de confiança no projeto, até porque os investidores iniciais já manifestaram vontade em reforçarem o seu compromisso.

6 milhões

de euros foi quanto a Tabel investiu em equipamentos e instalações, ao longo dos últimos dois anos

JOAQUIM CARVALHO FOI O VENCEDOR DO PORT WINE FASHION

Joaquim Carvalho é o grande vencedor do Port Wine Fashion, um concurso que desafiou os participantes a “vestir”, com base num tema, garrafas de vinho do Porto cedidas por várias caves e cujo mote era unir a moda e o vinho do Porto numa simbiose perfeita. O 2º lugar foi atribuído a Nuno Alves, e o 3º lugar a Maria Izilda Guerreiro. Subordinado ao tema “Fashion in a bottle”, o concurso é um dos eventos inseridos na Porto Fashion Week, que durante uma semana enche a cidade do Porto com eventos relacionados com o mundo da moda.


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“QUEREMOS SER A EMPRESA DE LANIFÍCIOS MAIS VERDE DO MUNDO”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Paulo Augusto de Oliveira 55 anos, cresceu e vive na Covilhã, sendo o mais velho dos quatro filhos de Maria Hermínia e Paulo Nina de Oliveira. Licenciado em Gestão de Empresas (Católica de Lisboa), começou a trabalhar em 1986 na área comercial da empresa fundada pelo avô José Paulo e que o pai transformou numa das maiores fábricas de lanifícios da Europa. Casado, tem três filhos: Miguel, 24 anos, que está a acabar o mestrado em Finanças na Católica; Joana, 21 anos, que está a fazer Arquitetura no Técnico; e Francisca,16 anos, que é “a animação lá de casa”.

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emos 16 mil painéis solares que produzem energia limpa e satisfazem 1/3 das nossas necessidades, afirma Paulo Augusto de Oliveira, administrador da Paulo de Oliveira. Qual o segredo que permitiu à Paulo de Oliveira sobreviver à hecatombe que vitimou a esmagadora maioria das empresas de lanifícios?

mais de mil. A integração de outras empresas nunca é simples. Demorámos três anos a consolidar esse crescimento por aquisição. E apanharam logo com a crise da adesão da China à OMC …

Foi um período muito duro. Dos nossos cinco maiores clientes, três desapareceram - foram para a Ásia. Percebemos que tínhamos de proceder a uma alteração estrutural do nosso modelo de negócio. Estávamos na gama média a produzir grandes volumes e para continuármos competitivos tínhamos de mudar o tipo de produto e diversificar a carteira de clientes. O ajustamento foi violento?

Quem ficou pelo caminho foram os que não investiram?

Tinham uma exposição muito grande a poucos clientes?

Estagnaram, por falta de capacidade de gestão, e por isso não beneficiaram da expansão acentuada que se seguiu à nossa adesão à CEE. A Europa estava protegida dos produtos asiáticos e nós tínhamos enormes vantagens competitivas. Escolhíamos os clientes. Vendíamos o que queríamos.

Nunca fomos uma empresa de cliente único. O maior, que era a Marks & Spencer, representava 20% das nossas vendas. Foi um dos que se foram embora...

Crescer. Comprámos a Moura & Matos, a Penteadora e a Nova Penteação para responder ao aumento da procura. Precisávamos de aumentar a nossa capacidade. …empresas que estavam de rastos...

A Nova Penteação, atual Tessimax, estava fechada, em fase de acordo de credores, mas a Penteadora, que tinha sido intervencionada, já estava a levantar-se. A digestão foi complicada?

Passámos de 350 pessoas para

"Temos vindo a aumentar as vendas na Ásia, que é onde está o crescimento do consumo"

Em que sentido?

A dedicação é a primeira palavra que me vem à cabeça. Foi a dedicação que nos levou a nunca deixar de investir para manter a empresa atualizada. A vontade de fazer sempre melhor, de nunca nos darmos por satisfeitos, é uma marca de água da cultura que o meu pai imprimiu na empresa.

Qual o objetivo das aquisições feitas na viragem do século?

que fazíamos em 2005.

Em períodos de grande turbulência há uma pressão enorme para manter a estrutura a trabalhar. Na frente comercial, a preocupação foi de substituir os clientes que se foram embora e reduzir o peso dos que não nos interessavam do ponto de vista estratégico.

Não chegou a haver pânico, apenas alarme?

A Paulo de Oliveira sempre foi uma empresa muito sólida. Em 83 anos de história apresentou quase sempre resultados robustos. Todos os nossos investimentos são financiados com meios próprios. Foram apanhados desprevenidos?

Todos os anos, fazemos uma análise estratégica. Olhando para trás, vemos que acertámos no essencial. Trabalho de casa bem feito…

As previsões que resultavam dessas nossas reflexões estratégicas eram muito arrojadas. Estávamos preparados para a mudança, para ter de apostar na inovação e em novos produtos. O que vendemos agora não tem nada a ver com o

A empresa e os lanifícios, os problemas e os sucessos, estiveram sempre presentes enquanto Paulo Augusto crescia e se fazia homem. À mesa das refeições, durante as férias grandes (passadas na quinta da família em Boidobra, vizinha do lado da fábrica, onde ele e os irmãos iam dar uma mãozinha, quem sabe se mais atrapalhar do que ajudar, mas sempre com boa intenção) nos tempos de Liceu da Covilhã, mas também quando já a estudar em Lisboa prestava apoio especializado na elaboração de projetos, como o SIII. Quando acabou o curso, no ano da adesão de Portugal à CEE, começou a dar aulas de Gestão na UBI e a trabalhar na Paulo de Oliveira, onde acabou por deitar âncora, apesar da Covilhã ser apenas um porto de escala na rota que traçara para uma vida profissional dedicada à gestão internacional e que tinha como destino final uma universidade norte-americana ou uma multinacional. Os franceses têm uma frase que explica bem a razão para a esmagadora maioria destas mudanças bruscas de planos - “Cherchez la femme”.

A mudança começou em 2005, mas os grandes investimentos só em 2013. Andaram oito anos a ver como paravam as modas?

Num contexto marcado pela falência do Lehman, a crise das dividas soberanas, a intervenção da troika, a “morte anunciada do têxtil” e de transformações internas, fomos conservadores e investimos menos. Mas, de facto a nossa mudança começou ainda antes de 2005, pois mudar não significa só comprar máquinas novas. Qual o sentido estratégico dos 20 milhões investidos entre 2013 e 2018?

Adequar o grupo ao novo modelo de negócio. A política de investimentos assentou em três pilares qualidade, flexibilidade e sustentabilidade. Mas já estamos a renovar os conceitos. Investimos em equipamentos que nos permitem sermos flexíveis, fabricando séries mais pequenas, produto costumizado e prestando melhor serviço. E em sermos mais sustentáveis. Quando é que o investimento em painéis solares está concluído?

Na Paulo de Oliveira, até ao final deste mês produziremos energia limpa para sermos autosuficientes no pico solar, atingindo o limite legal no regime de autoconsumo. Como trabalhamos 24 horas, isto significa que 1/3 da energia será solar. Na Penteadora e Tessimax, demorará mais dois meses e teremos 16 mil painéis. Mas o nosso esforço não se esgota aqui. Temos melhorado muito a eficiência energética e a poupança de água. Como poupam água?

Toda a água que consumimos é usada duas vezes. A que captamos fria é usada primeiro no arrefecimento e depois na produção. E estamos a programar um maior reaproveitamento. Queremos poder dizer que somos a empresa de lanifícios mais verde do mundo. Qual é o plano de investimento para este ano?

Quando chove, temos de conduzir

com mais cuidado. A conjuntura, externa e interna recomenda prudência. Um ano de consolidação do investido nos últimos cinco anos?

Mesmo assim planeamos investir entre um a dois milhões de euros na renovação da tinturaria e provavelmente também nos acabamentos, para podermos concretizar algumas ideias novas que temos. Em 2018 contrataram 120 pessoas. A que se deveu essa renovação de 10% do efetivo?

Foi-nos imposta. A rotação de pessoal foi sempre muito baixa. As pessoas começavam a trabalhar muito novas e mantinham o emprego. Tínhamos muita gente com mais de 60 anos e 40 de descontos que aproveitou a nova legislação das reformas antecipadas. A estrutura etária rejuvenesceu-se mas perdemos excelentes colaboradores que vimos partir com tristeza e gratidão. Foi um choque?

É sempre difícil arranjar gente especializada. Não há tecelões, nem cerzideiras... A escassez de mão de obra qualificada é consequência direta do desaparecimento da concorrência e da má imagem que a indústria tinha. Como resolvem esse problema?

Temos um protocolo com o Modatex. Para além disso fazemos formação interna. Mas estas coisas levam tempo. Um técnico especializado demora anos a ganhar traquejo. Também por isso estamos num momento de pausa. Primeiro temos de consolidar, de formar as pessoas, para depois podermos voltar a acelerar. Foi por o fato de homem estar em vias de extinção que apostaram numa coleção de senhora?

As notícias da morte do fato de homem são manifestamente exageradas :-) Há um decréscimo de consumo, mas continua a ser o nosso produto âncora, com um peso de cerca de 60% nas vendas da Paulo de Oliveira.


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A obra do casal Paulo e Hermínia

80 milhões

Se a Paulo de Oliveira é hoje uma das três maiores empresas de lanifícios da Europa, isso deve-se à arte, engenho, visão e dedicação de Paulo Nina de Oliveira, que transformou a pequena oficina artesanal fundada em 1936, pelo seu pai, José Paulo de Oliveira Junior, na maior empregadora da Covilhã. Precocemente órfão de pai (morto num acidente de caça) começou a trabalhar cedo enquanto fazia à noite, na Escola Campos Melo, o curso de debuxador que completava uma formação liceal feita entre Castelo Branco e Faro. Fundador e primeiro presidente da ANIL, feito comendador por Mário Soares em 1995, é casado há 60 anos com Maria Hermínia (o casal na foto), bacharel em Gestão e ex-diretora financeira do grupo onde trabalham três dos seus quatro filhos - Paulo Augusto, Luís Miguel e Marta.

Senhora é uma alternativa?

É mais um complemento. Já vendíamos tecidos para senhora. Há um ano, criámos um conceito específico e a marca Pink, e apresentámos a primeira coleção Pink na PV de setembro. Há alterações estruturais na forma de vestir e nós adaptámo-nos a elas, com novas misturas, como lã e linho, e propostas mais casuais. Está a correr bem?

A aposta em senhora faz todo o sentido e vai dar resultados, mas temos de dar tempo ao tempo. É uma coleção focalizada para um nicho específico e assente nos nossos pontos fortes, em produtos que fazemos muito bem e com sinergias. Será uma aposta ganha se dentro de três anos pesar 10% nas nossas vendas. Que custos de contexto afetam a vossa competitividade?

Carga fiscal, formação, taxas... mas a energia representa quase 20% do nosso custo de transformação. Costumo dizer que somos Champions League, pois competimos com os melhores, mas depois vamos a jogo com botas de chumbo. Tentamos atenuar o preço da energia com o aproveitamento fotovoltaico e a eficiência energética. É um problema nacional agravado localmente... Porquê?

A taxa municipal de ocupação do subsolo que pagamos representa 10% da nossa fatura do gás. É um custo superior a 100 mil euros/ ano que só temos por estar na Covilhã. A maior parte dos municípios não cobra nada ou apenas uma ínfima parte deste exagero. Mas também temos das taxas mais altas no IMI... Estar no Interior não ajuda…

Temos o custo da distância, que se mede em gasolina, tempo e portagens. Não faz sentido que as portagens na A23 sejam mais caras que na A1. As políticas públicas deveriam corrigir as assimetrias, mas não. O Orçamento está a subsidiar os passes sociais de Lisboa e Porto e

"Investimos 20 milhões de euros, com meios próprios, sem recorrer à banca" não questiono a justiça disso. Mas, porque é que não se faz o mesmo com portagens nas auto-estradas do Interior? Seria um sinal, minúsculo, mas um sinal. Como se contraria a desertificação do Interior?

As pessoas não são burras. Não vão para Lisboa ou para o Porto porque queiram, mas porque lhes compensa. Já não há aqui delegações de nada, está tudo centrado no litoral. As pessoas vão embora para as cidades onde se vive melhor e onde subsidiam os passes sociais... Isso afecta-nos direta e indiretamente. Como?

Não há massa crítica e, por exemplo, se queremos trazer para aqui um engenheiro têxtil formado na Universidade do Minho temos que pagar mais. Mesmo o CITEVE fechou na Covilhã. São muitos os custos da interioridade. A geografia das vossas exportações deixa-vos satisfeitos?

Direta e indirectamente exportamos mais de 95%. Cerca de 75% vai para a Europa, um mercado maduro onde é difícil crescer muito mais. Temos vindo a aumentar as vendas na Ásia, onde está o crescimento do consumo e o nosso segundo maior mercado, com um peso de 15%. E vamos trabalhar melhor as Américas, do Norte e do Sul, onde a nossa presença é fraca. O preço da lã continua a subir?

Após um período de três anos em que quase duplicou, o preço da lã está agora mais estável, num patamar próximo de máximos históricos. Ainda assim a produção tem caído, sendo a procura lidera-

de euros foi o volume de negócios do grupo Paulo de Oliveira em 2018. Com centro de gravidade na Covilhã e uma antena comercial em Biella (Itália), o grupo compreende três empresas industriais - Paulo de Oliveira, Penteadora e Tessimax -, com área fabril de 130 mil m2, onde cerca de 1200 trabalhadores produzem 12 milhões de metros de tecido por ano

da pela China que controla cerca de 76% do mercado. A alternativa à diminuição da matéria-prima passa pela aposta nas fibras de lã recicladas?

As perguntas de

O ano passado, na Penteadora, lançámos a Re.born, um conceito de tecidos de lã reciclada, produzida a partir de desperdícios do grupo. Para já ainda é um fio relativamente grosso. Também lançámos tecidos com poliéster reciclado e temos muitas coisas em estudo. Qual é o peso da matéria-prima no preço do produto final?

É uma componente muito pesada, que pode chegar aos 40%. Quando o preço da lã sobe 30% num ano, não é nada fácil fazê-lo repercutir no preço final... O preço continua a contar?

Em tudo quanto é negócio o preço conta. Nós não competimos pelo preço. Mas a nossa capacidade negocial não pode ir além daquilo que o cliente está disposto a pagar :-) Costuma dizer que olhar para trás é simpático, mas que o desafio é olhar para a frente. Como vê o futuro?

O crescimento exponencial das vendas online obriga a fileira a alterar o modo de funcionamento. O digital vai impor objetividade, transparência e avaliação imediata e isto implica uma alteração profunda, até em aspetos menos mediáticos como a cultura da empresa. Centramo-nos no investimento em tecnologia mas paradoxalmente não é esse o maior desafio. Como vê a atual conjuntura?

Desde o final do ano passado que o ambiente geral é negativo. Há uma grande incerteza que aconselha prudência e nós adequamo-nos aos sinais que fomos lendo. Mas curiosamente, no primeiro trimestre a Paulo de Oliveira está com um crescimento de 7%, ao contrário dos nossos concorrentes e do que perspetivámos. O que quer dizer que nos preparámos ou que estávamos enganados - pelo menos por enquanto. t

José Robalo Presidente da ANIL Qual o futuro para a nossa ITV?

Temos de nos adaptar às mudanças e isso implica estar atentos e ser flexíveis. A têxtil conseguiu consolidar competências em áreas como a inovação e a sustentabilidade, mas há aspetos a melhorar. A mudança impõe agilidade. Se a procura não é previsível, é fundamental que as estruturas sejam elásticas. Questiono: se isto é determinante, as políticas públicas estão alinhadas com este objetivo de maior flexibilidade? Questiono ainda, se queremos uma indústria forte não é básico que se debatam os custos de contexto, como a energia, carga fiscal, taxas abusivas ou deficiências de formação? Com o aumento da procura de artigos naturais e sustentáveis, há margem para o crescimento do consumo de produtos com lã?

A lã é uma fibra natural, renovável, reciclável, carbon friendly e facilmente biodegradável. Um consumidor mais informado quanto às questões da sustentabilidade está mais propenso a comprar roupas com lã. t

Paulo Melo Presidente da ATP No futuro, as fibras naturais, como a lã, serão premium e destinadas a nichos cada vez mais exclusivos?

A lã tem propriedades que a tornam especial. É resiliente, permitindo uma fácil recuperação do aspeto original, tem elasticidade natural, é respirável e absorve a humidade, o que a torna uma fibra termo-reguladora, capaz de nos conservar quentes quando está frio e de nos manter mais frescos quando está quente. Na prática, a lã já é um produto de nicho, pois representa menos de 2% do mercado global de fibras têxteis e a quota tem vindo a decrescer. Como perspetiva a evolução do setor?

A têxtil mudou, renovou-se e está melhor. Mas estamos numa conjuntura desafiante que nos obriga a um esforço de partilha de informação. Todos os intervenientes da cadeia de fornecimento têm de estar ligados. Os clientes são cada vez mais parceiros, a ligação é cada vez maior. A digitalização de que se fala na indústria 4.0 não se esgota dentro da fábrica - tem de abranger toda a fileira. t


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AGENDA

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PITTI UOMO 11 a 14 de Junho – Florença +351 designed in Lisbon, Dielmar, Ideal & Co, Mano Studio

PLAYTIME PARIS 29 Junho a 1 Julho – Paris Dot Baby, Hey Soleil, Knot, Möm(e), Piupiuchick, Suuky

PITTI BIMBO 20 a 22 de Junho – Florença B’Lovely, DR Kis, FS Baby, Knot, Meia Pata, Naturapura, Phi Clothing, YAY

OUTDOOR BY ISPO 30 Junho a 3 Julho – Munique A Sampaio & Filhos, Aloft, Arcopedico, CeNTI, CITEVE, Ditchil, Faria da Costa, Repeltec, Têxtil Sancar

FASHION SVP 25 e 26 Junho – Londres Kiddytex, Lima & Companhia, Mario & António, Marjomotex, Orfama, Triwool

INDX KIDSWEAR 30 Junho a 1 Julho – Birmingham B’Lovely, DR Kid, Just Lovely

O VESTUÁRIO INDUSTRIAL É A PRAIA DA UNIFARDAS Com mais de 10 mil referências em catálogo, a Unifardas pode bem dizer que o vestuário de trabalho já não tem segredos. De hospitais a escolas, a empresa confeciona para todas as áreas, mas é no vestuário industrial que vê atingido o seu potencial. “O nosso produto-estrela é a forma como personalizamos o vestuário ao gosto do cliente” explica Domingos Araújo, administrador e fundador da Maia especializada na confeção de workwear. No mercado há 23 anos, a Unifardas conta atualmente com uma equipa de 17 colaboradores e fechou 2018 com um volume de negócios de um milhão de euros.

98 %

da produção da Abyss & Habidecor é exportada, sendo que EUA (40%) e Europa (40%) são os principais mercados. Em Portugal só vende na Paris, em Lisboa, e nos armazéns El Corte Inglés

NEGÓCIO DA MODA CRESCE NA ZONA EURO As vendas no retalho de têxteis, vestuário e calçado na zona Euro inverteram a tendência de queda que se havia verificado nos três meses anteriores e, em fevereiro, cresceram cerca de 2% – depois do crescimento negativos de 0,5% em novembro, 1,6% em dezembro e 1,8% em janeiro, segundo dados do Eurostat, agência responsável pelas estatísticas da União Europeia. No conjunto da União Europeia, o comércio de moda mostrou um dinamismo maior, registando um aumento de 3,1% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano anterior.

"Temos feito uma aposta em materiais ecológicos, numa linha de preocupação com a parte ambiental e o futuro que os nossos têm percepcionado bem" Pedro Martins Responsável da Inovafil pelo mercado externo

DE SERZEDELO A TÓQUIO COM A MALA CHEIA DE NOVIDADES

O movimento constante no stand da Texser - Têxtil de Serzedelo foi uma das imagens mais representativas da recente participação portuguesa na Jitac, realizada em Tóquio entre os dias 26 e 28 de Março. Com o objetivo de reafirmar a sua presença no Japão, a empresa apresentou uma mão cheia de novidades, desde os tecidos em cupro à viscose ecovero, passando pelo 100% linho. “Foi muito positivo, consolidámos alguns clientes, reativámos antigos contactos e estabelecemos novos conhecimentos”, afirma Maria Carla Pimenta, CEO da empresa. Para além da Texser, também as empresas Burel Factory, Eurobotónia, Fitecom, Lemar, Lurdes Sampaio, Otojal e Troficolor integraram a comitiva “From Portugal” na Jitac. t

TECHTEXTIL: EM FRANKFURT COM OS OLHOS NO FUTURO É uma nova geração de têxteis aquela que as empresas portuguesas se preparam para apresentar em Frankfurt entre os dias 14 e 17 de Maio. Com duas feiras a decorrer em simultâneo – a Techtextil, dedicada a produtos inovadores, e a Texprocess, com equipamentos para a confeção – a comitiva portuguesa mostra-se determinada em afirmar o espírito inovador que hoje habita a indústria têxtil nacional. A.Sampaio & Filhos, Artefita, Bolsibotão, Carlos Sousa, Carlom, Coltec, Gulbena, Heliotextil, Foot by Foot, Idepa, MCS, Lasembor, Lipaco, LMA, Smart Inovation, Têxteis Penedo e Textil António Falcão são as empresas que integram a delegação “From Portugal”, às quais se juntam a Endutex, ERT, Cordex, Inovafil, SGL Carbon e Penteadora, e ainda CITEVE e CeNTI. Ao todo são mais de 20 empresas a representar as cores nacionais naquela que é a mais importante feira mundial dedicada aos têxteis técnicos e funcionais, área em as empresas portuguesas se têm destacado. Mas para além da quantidade, o objetivo da comitiva lusa é conquistar

pela qualidade e novidade. “As empresas portuguesas estão a investir cada vez mais em inovação e desenvolvimento e isso nota-se nos vários stands, cuja qualidade tem vindo a subir de edição para edição”, salienta Cristina Terra da Motta, representante em Portugal da Messe Frankfurt, a empresa responsável pelas duas feiras. Com a organização a estimar a presença de 30 mil visitantes, os empresários portugueses partem para Frankfurt com a clara expetativa de negócios. “O volume e a variedade de visitantes permite-nos projetar a nossa internacionalização em mercados mais abrangentes” diz Hugo Resende, gestor comercial da Carlos Sousa Industria, empresa especializada em fitas de poliester e polipropileno. “É uma oportunidade para se conhecerem as grandes tendências internacionais, tomar conhecimento sobre as mais recentes inovações e privar com as principais empresas do setor”, acrescenta André Castro, Chief Operating Officer da MCS, empresa especializada em acabamentos e acessórios têxteis para a indústria automóvel.t


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FASHION DETAILS SAI DA SOMBRA PARA CRESCER E EXPORTAR MAIS Exportar e diversificar são as palavras de ordem na estratégia de crescimento da Fashion Details. Especializada em acessórios para moda, a empresa trofense estreou-se em 2018 em feiras internacionais, e está agora a apostar em novos mercados para atingir entre os 30% e os 40% de vendas em exportação. “Sempre trabalhamos na sombra, a nossa produção é tradicionalmente destinada a têxteis que trabalham para grandes marcas, como as do grupo Inditex, mas agora queremos crescer e encontrar novos espaços”, explica João Coutinho, co-fundador da empresa, em parceria com Eliane Faria.

"Está a vender-se mais barato que há dez anos" Clementina Freitas CEO do grupo Latino

A FESTA DOS 20 ANOS DA BEST

A Best Models, a única agência de modelos da cidade do Porto, celebrou 20 anos de existência com uma festa de arromba no badalado Bonaparte Downtown. O evento serviu ainda para a apresentação de um livro que resume os 20 anos desta agência, que em Janeiro de 1999 arrancou em grande, tendo como leading girl Sofía Aparício, na altura a modelo nº 1 em Portugal. t

TROFICOLOR COM OS OLHOS NO WORKWEAR E NA EXPORTAÇÃO A roupa de trabalho e a exportação são as áreas onde a Troficolor ambiciona crescer, num ano em que, apesar da incerteza geral, não está a notar qualquer abrandamento nos negócios. “Estamos a crescer, mas não somos obcecados pelos números. Para nós o importante é a qualidade do serviço que prestamos e a rentabilidade. Se pudermos crescer, ótimo. Mas já fico satisfeito se fidelizar os clientes que tenho e mantiver as margens”, adverte Carlos Serra, o CEO da especialista em denim. O workwear é uma área identificada como uma boa oportunidade de crescimento, para a qual a Troficolor já definiu uma estratégia baseada no conceito de que funcionalidade e moda não podem nem devem ser incompatíveis. “É um segmento de mercado que nunca foi olhado com a atenção devida. A roupa de trabalho deve ser funcional, mas, sem perder o seu lado prático, tem de ganhar espaço na moda, com um look mais fashion, tal como o casualwear”, explica Carlos Serra. A par da aposta no workwear, a Troficolor está a fazer uma abordagem mais musculada aos mercados externos, para aumentar a percentagem de exportação

direta no seu volume de negócios, que já está próximo dos 35%, repartidos por 36 países, entre os quais a Espanha, França, Itália, Grécia, Holanda, Bélgica, Alemanha, Lituânia, Polónia, República Checa, Tunísia, Marrocos, Japão, China, Taiwan e Estados Unidos. A Troficolor tem um milhão de metros de tecido em stock (dos quais cerca de 70% denim), o que lhe permite dar uma resposta rápida (às vezes em menos de 24 horas) às encomendas de um largo espectro de clientes, onde se incluem marcas mais pequenas que compram quantidades inferiores às habitualmente exigidas pelos produtores. A oferta de tecidos feitos com misturas de fibras ecológicas, como algodão orgânico, poliester reciclado ou tencel, mostra que a empresa está atenta à crescente procura de produtos sustentáveis. “Orgulhamo-nos por sermos capazes de fornecer tecidos em cuja produção foram usadas técnicas que atenuam o impacto no meio ambiente do processo de fabrico, poupando em 92% o consumo de água e reduzindo drasticamente a utilização de químicos”, conclui o CEO da Troficolor. t

ADALBERTO FATURA 30 MILHÕES E QUER CRESCER ESTE ANO O grupo Adalberto fechou 2018 com um volume de negócios na ordem dos 30 milhões de euros, idêntico ao conseguido em 2017, mas apesar do atual ambiente de incerteza, as perspetivas para este ano são de crescimento. “Já tínhamos o objetivo de crescer em 2018. Essa ambição não se concretizou porque os planos de negócios que tínhamos em curso com marcas importantes, que implicavam mais produtos e mais quantidades, acabaram por ser adiados, mas estamos convencidos que vão

acontecer este ano”, afirma o CEO Mário Jorge Machado. A Adalberto investiu 3,5 milhões de euros num máquina de impressão digital SPG state of art, que garante maior rapidez na produção e uma melhor definição do estampado, bem como lhe garantiu um enorme aumento da capacidade instalada. No entanto, ainda só está a ser aproveitada a cerca de 50%, o que significa existir uma grande margem de crescimento. “Temos oito anos para rentabilizar esta máquina”, precisa o CEO.

Dois milhões de metros de tecidos são o stock médio da empresa, uma imobilização no valor de cerca de quatro milhões de euros que é obrigatória. “Para se dar serviço, ter velocidade de resposta, é preciso ter stock”, diz o CEO da Adalberto. O plano de investimento para este ano é o habitual, andando no intervalo entre os 1,5 e os 2,5 milhões de euros, consistindo na substituição de equipamentos antigos por novos, mais eficazes dos pontos de vista operacional e de consumo de água e energia. t

FIBRENAMICS DEBATEU INDÚSTRIA E TECNOLOGIA

CRISTINA BARROS COM SHOW ROOM EM HONG KONG

Iniciativa da Plataforma Internacional Fibrenamics da UMinho, a mais recente edição da Fibrenamics Impulse promoveu um olhar aprofundado sobre inovação e transferência de conhecimento entre universidades e a indústria. O debate, que teve como tema “A Próxima Geração Tecnológica”, teve lugar no Altice Forum de Braga.

A próxima coleção de senhora da Cristina Barros vai estar disponível, a partir de agosto, num show room em Hong Kong, num passo para aumentar a penetração no mercado chinês desta marca portuguesa. “É na China que está o dinheiro. É lá que queremos ter mais clientes”, explica Joaquim Cunha, CEO da Cubos de Algodão, que detém a marca.

20 mil

metros quadrados é a área da fábrica da Abyss & Habidecor na Zona Industrial do Mundão, em Viseu, onde trabalham 160 pessoas

MARY TALE JÁ TEM LOJA ONLINE

A Mary Tale já tem no ar a sua loja online e está a finalizar as negociações, iniciadas no último Modtissimo, para as suas coleções passarem a estar à venda em duas plataformas eletrónicas multimarca. Esta marca portuguesa de moda para criança foi criada e é desenhada por Cláudia Manero, que começou a trabalhar e a ganhar dinheiro ainda antes de concluir a sua licenciatura em Design de Moda na ESAD-Matosinhos.


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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Bombarda 498

Rua Miguel Bombarda, 498 4050-378 Porto

Ano de abertura 2016 Produtos Roupa, sapatos, swimwear e acessórios Conceito Boutique de rua com atendimento personalizado, da escolha das peças ao serviço de styling Estilo Eclético, “temos tanto adolescentes como pessoas com 60 anos”

SMART INOVATION TIRA PARTIDO DAS IMPOSIÇÕES VERDES DA UE A Smart Inovation está a apresentar alternativas aos produtos tradicionais que usam substâncias perniciosas à saúde, como metais ou fluorocarbonos, para conseguirem funções antibacterianas ou anti-mosquito. “As nossas partículas garantem acabamentos não tóxicos”, afirma Mário Brito, responsável da empresa. Com este movimento, a start up de Barcelos quer tirar partido da legislação comunitária que está a ser ultimada e proibirá o uso de metais ou fluorocarbonos nos produtos químicos que conferem propriedades funcionais ao vestuário.

106 pessoas

trabalham na Marizé, uma têxtil lar de Gandarela, Guimarães, que fechou 2018 com um volume de negócios de 10 milhões de euros

As voltas que a vida dá Não estava nos planos de Inês Pinheiro ser lojista. A prova disso é o passado académico bem distante da vida de comerciante que agora leva. No entanto, e como geralmente acontece, os planos para a vida são substituídos pelos planos que a vida tem para cada um de nós. E a vida de Inês Pinheiro quis que ela trocasse o curso de Design Gráfico, na Escola Superior de Belas Artes, no Porto, por Linguística, na Faculdade de Letras. Assim como quis que, pouco antes de ela acabar o curso e se dedicar ao jornalismo, fosse de férias até ao Rio de Janeiro. Regressou cheia de biquínis que comprou para ela e para as amigas e postou as fotos no Facebook. Os pedidos de amizade que se seguiram fizeram-na despertar para a oportunidade de negócio que tinha em mãos e começa o seu primeiro projeto, a Favela do Biquíni. Adeus jornalismo! Ao mesmo tempo, também a tia, Paula Andrade, se estabelecia com uma loja que fazia a representação em Portugal da Tanya Heath, a marca francesa de sapatos com tacões amovíveis que se tornou mundialmente conhecida após ter aparecido num episódio do SharkTank. Decidiram juntar-se e criar a Bombarda 498, uma boutique de rua onde pode encontrar tudo que precisa para se vestir dos pés à cabeça – roupa, swimwear, sapatos e acessórios. “O que nos levou a abrir esta loja foi a nossa veia de empresárias, que é comum às duas. Queríamos abrir uma loja diferente, para fugir à oferta das grandes superfícies, onde o cliente não tem nenhum

tipo de curadoria dos artigos nem acompanhamento durante a compra”, revela Inês Pinheiro. A Favela do Biquíni e a Tanya Heath são duas das marcas presentes na Bombarda 498, tal como a Flutua, uma marca de fatos de banho portuguesa, a Rhithm, a Normcore, e a The Corner. No entanto, a cada visita é muito provável encontrar outros nomes totalmente diferentes – o foco da loja são as peças e não as marcas. “Nunca quisemos estar presas a marcas nem a nenhuma coleção. A ideia é mesmo ter sempre coisas novas – pouca quantidade mas grande rotatividade. Todas as semanas temos novidades. Andamos sempre à procura de novas peças para introduzirmos na loja, tanto em viagens que fazemos, como cá em Portugal”, explica Inês. “Escolhemos as peças de acordo com o nosso gosto, com as quais nos identificamos. É por isso também que preferimos peças variadas e não uma coleção inteira. Porque aí ficamos presas ao look de determinada marca e não é isso que queremos. Queremos que a curadoria seja feita à nossa medida, ao nosso estilo”, completa. Um estilo que já se tornou na imagem de marca da Bombarda 498. “Temos clientes que vêm cá precisamente por causa da nossa opinião, da nossa ajuda. Vendemos roupa sim, mas juntamente fornecemos mais do que roupa: fornecemos um serviço de styling. Essa confiança do cliente é muito importante”, revela Inês, a prova viva de que por muitas voltas que a vida dê, acaba sempre por nos levar ao sítio onde devemos estar. t

VENDAS DE 369 MILHÕES NA ÁREA DE MODA DA SONAE

SEMINÁRIO DE ESTAMPARIA SPGPRINTS NO CITEVE

A Sonae Sports & Fashion, onde estão concentrados os interesses do grupo na área da moda, fechou o exercício de 2018 com um volume de negócios da ordem dos 369 milhões de euros, um aumento de 1,9% em comparação com 2017. Salsa, Zippy, Mo, Deeply, Losan e Berg Outdoor são as marcas do grupo no setor Moda.

Contou com mais de cem inscrições o seminário sobre estamparia que a SPGPrints realizou no início de Abril, no CITEVE. A par das apresentações a debates, o encontro incluiu também uma visita à Adalberto Estampados, onde está a funcionar aquela que é considerada a mais sofisticada máquina de impressão da SPGPrints.

"O crescimento económico que resultará da automação e digitalização crescente das empresas vai obrigar à criação de novos postos de trabalho" Isabel Furtado Presidente da Cotec Portugal e CEO da TMG Automotive

ESTUDANTE DA UBI VENCE CONCURSO DA NIKE

Ana Rita Oliveira, aluna da licenciatura de Design de Moda da UBI, é a grande vencedora do “Nike Air Max 720 Design Concept”, um concurso lançado pela marca a todas as escolas de artes e design do país e que consistiu em reinterpretar esse modelo de sapatilhas. A jovem estudante destacou-se com “Marble”, uma sapatilha com uma sola de mármore e fragmentos de quartzo e conquistou o ingresso num novo curso de design.


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TORFAL VESTE OS FUNCIONÁRIOS DA COMISSÃO EUROPEIA Os funcionários da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu usam roupa por medida produzida em Belmonte pela Torfal, do grupo Torre Confeções. A empresa dos transportes públicos de Paris, que emprega cerca de 60 mil pessoas, os caminhos de ferro de Valência, TAP, CP e Banco CTT são outras das empresas que constam da carteira de clientes da Torfal. Nascida em 1975, a Torre Confeções emprega 300 trabalhadores sendo especializada na produção de fatos de cerimónia e clássicos, que na maioria comercializa com marca própria.

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves

Brandin

Avenida da República, 244, 7º dtº 4450-237 Matosinhos

O que faz? Ajuda designers de moda a chegarem a novos mercados através da presença em feiras e de um showroom digital Áreas Especializada em moda feminina (mas a fazer as primeiras incursões pela masculina) Fundação Novembro de 2013 Clientes Luís Buchinho, Carla Pontes, Gonçalo Peixoto, Hugo Costa, Nycole e David Catalán

"Inicialmente usava tecidos como toda a gente faz, mas gosto de trabalhar com as mãos e experimentar. Comecei a fazer experiências para tentar trazer alguma novidade, porque gosto mais das texturas do que das formas" Alexandra Oliveira Criadora e empresária da Pé de Chumbo

FOTO: ANTÓNIO MOREIRA GONÇALVES

REBELPIN LEVA JOVENS ESTILISTAS À ROME FASHION WEEK

Carla e Edgar ajudam marcas a levantar voo Quando começam a dar os primeiros passos nas passerelles, muitos designers têm já um estilo bem definido e, acima de tudo, muita vontade de criar um nome no mundo da moda. No entanto, à criatividade falta por vezes o outro lado da moeda: uma estratégia comercial que garanta o futuro do projeto. É aí que entra o trabalho da Brandin, a plataforma criada por Carla Reis e Edgar Silva para levar os designers portugueses aos mercados internacionais e os aproximar de milhares de clientes. “O nosso trabalho é fazer com que os designers não se preocupem com as questões comerciais e se mantenham focados no mais importante que é desenharem novas coleções”, resume Edgar Silva. No seu dia-a-dia, os fundadores da Brandin ajudam as marcas de autor a tomarem as melhores decisões no intrincado mundo dos negócios: estudam os mercados com maior potencial, planeiam as presenças em feiras, estabelecem uma agenda estratégica e tratam de todas as burocracias, desde a candidatura a apoios institucionais à gestão das encomendas. São assim grandes facilitadores, cuja missão é abrir novas portas à moda nacional. O projecto surgiu em finais de 2013, quando Carla Reis começou a colaborar com Luís Buchinho. Engenheira zootécnica, o plano de vir a trabalhar com animais acabou sempre adiado por uma carreira no mundo empresarial. A seu cargo, Carla chegou a ter uma rede de 18 lojas de vestuário infantil quando a crise de 2011 a obrigou redefinir a carreira. No entanto, a experiência profissional viria a ser muito valiosa quando o estilista lhe pediu

ajuda para reorganizar o seu projeto. “Foi aí que percebi que muitos designers não têm tempo para as coisas mais simples como responder aos e-mails, tratar das encomendas ou fazer o follow up depois das feiras”, explica. Luís Buchinho foi assim o ground zero da Brandín, o primeiro cliente que viria a testar o sucesso da fórmula. “Logo nesse momento pensámos em criar um serviço que pudesse ser utilizado para outros projetos semelhantes, uma espécie de showroom da moda nacional”, afirma Edgar Silva. E desde 2013 o projeto foi crescendo, de tal forma que hoje conta já com uma mão cheia de designers reconhecidos. Mas para além da presença em feiras internacionais, como a Who’s Next Paris ou a White Milano, o projeto ajuda também a dar o salto para o digital. Através de uma plataforma online, restrita a compradores profissionais, a Brandín disponibiliza toda a informação relativa às suas marcas e permite mesmo a realização de encomendas. “Para uma pequena marca, o online é um investimento bastante grande, e assim cria-se uma sinergia entre todos. Através desta ferramenta, as nossas marcas chegam a cerca de três mil buyers profissionais”, afirma Edgar Silva. A longo prazo, o objetivo é tornar-se um showroom cada vez mais completo e variado da moda nacional. Para isso, Carla e Edgar vão debatendo cada novo passo. “Normalmente eu sou um bocadinho o travão e ele é o acelerador”, confessa Carla, que neste momento assume como objetivo mais imediato a concretização das primeiras feiras de moda masculina. t

Decorreram até 17 de Abril as candidaturas à edição 2019 do concurso de moda REBELPIN, que leverá os finalistas a apresentar as suas propostas na Rome Fashion Week. A edição deste ano tem como tema a ‘Selva Urbana’, num claro desafio ao arrojo dos jovens estilistas europeus. Organizado pela ACTE – Associação das Coletividades Têxteis Europeias, o concurso tem como objetivo aproximar a indústria têxtil com a moda. Na última edição, Rita Sá, uma jovem estilista de Barcelos, foi uma das dez finalistas, tendo levado a sua coleção ‘Telhados de Vidro’ à da Berlin Fashion Week.

33 milhões

de euros foi o volume de negócios da Impetus em 2018, um crescimento de mais de 15% face a 2017

NA TRANÇA DA RAPUNZEL ESCONDE-SE O NOVO SEGREDO DA SGL

Quem já leu a história da Rapunzel sabe a verdadeira importância da longa trança loira da jovem princesa. O que poucos saberão é que, para o musical produzido por Filipe La Féria, a famosa cabeleira (na foto) é recriada a partir de uma nova fibra acrílica que a portuguesa SGL Composites está a desenvolver. Uma novidade que resulta do projeto Acryflame, cujos primeiros desenvolvimentos foram apresentados no iTechStyle Summit 19. Com este projecto, a empresa (a antiga Fisipe) espera vir a lançar no mercado uma nova fibra acrílica retardante de chama, passível de ser tingida.


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RED OAK: VENDER 4 MILHÕES EM VELOCIDADE CRUZEIRO

TEXAMIRA JÁ RECICLA MAIS DE 13 MIL TONELADAS DE ROUPA USADA A Texamira está focada em encontrar uma segunda vida para os têxteis e num ano já processa mais de 13 mil toneladas de roupa usada. A empresa de Seia é fornecida por empresas e associações, que lhe garantem o processamento diário de 40 toneladas. A reutilização pesou 79,6% e apenas cerca de 7% não oferece condições para uma segunda vida. Neste caso, vão para esfarrapamento e o produto é vendido para a Índia e Paquistão para ser usado no fabrico de tapeçarias, isolamentos e enchimentos.

"Vive-se uma época muito boa para os têxteis lar" António Pereira Administrador da Foot by Foot

António Silva, comercial da Red Oak, revela que o target da marca é o público urbano sofisticado, com elevado poder de compra

Atingir um volume de vendas da Red Oak no intervalo entre os três e os quatro milhões de euros até 2022 é o objetivo fixado pela Abilheira & Cunha, a empresa de Barcelos que fez renascer a marca. Fabricada internamente e concebida em parceria com um gabinete de estilismo da Trofa, a Abilheira & Cunha apresentou no MODtissimo a segunda coleção da Red Oak, para o Outono/Inverno 2019. “Neste novo fôlego da Red Oak, o público alvo continua a ser o urbano mas com mais elevado poder de compra, executivos e homens e mulheres mais sofisticados”, explica António Silva, comercial da marca. O estabelecimento de uma rede de lojas próprias Red Oak está fora de questão, até porque na

análise da Abilheira esse terá sido um dos erros que mais contribuiu para a primeira morte da marca. “Construir uma cadeia de lojas exige um músculo financeiro que está para além do alcance da esmagadora maioria das empresas portuguesas”, justifica António Silva, acrescentando que as lojas multimarca são o canal de distribuição por excelência da Red Oak. Além de trabalhar em regime de private label e para a Red Oak, a Abilheira tem outras duas marcas próprias: a Freegliss (especializada em moda náutica) e a VIP-Very Important Portuguese, vendida exclusivamente no canal online, destinada ao mercado da saudade e com forte presença na França e Bélgica e alguma expressão nos Estados Unidos. t

ANTÓNIO FALCÃO INVESTE 800 MIL EUROS EM PARQUE FOTOVOLTAICO A Têxtil António Falcão investiu cerca de 800 mil euros na instalação de um parque fotovoltaico, com o qual “conseguiu um forte corte na fatura da eletricidade, que continua a ser uma grande fonte de despesa”, referiu ao T Jornal António Falcão, administrador do grupo. A empresa sedeada em Barcelos procedeu a um primeiro investimento de 400 mil euros, para agora, face aos resultados alcançados, ter optado por instalar uma nova linha de painéis, o que fez duplicar o investimento. Como referiu António Falcão, “as áreas da sustentabilidade são centrais para o grupo”, que investiu na reconversão de al-

gumas máquinas para poderem passar a usar fios reciclados – provenientes da utilização de plásticos retirados das águas do mar. A estratégia motivou mesmo a criação de uma marca própria, a Ecofiber’s, que tem tido grande aceitação no mercado. “Os fios oriundos de material reciclado são cada vez mais procurados pelo mercado, e a Têxtil António Falcão não podia deixar de dar resposta”, disse o administrador do grupo. O grupo assume como vetores estratégicos reforçar a estratégia de internacionalização de bens transacionáveis, quer pela consolidação, quer pelo alargamento de mercados, e pela subida na cadeia de valor nos produtos e serviços

que oferece ao mercado, através da incorporação de fatores críticos de competitividade, nomeadamente pela inovação no design, no marketing e na distribuição. A Têxtil António Falcão registou em 2018 um volume de negócios próximo dos 13 milhões de euros, mas prevê para este ano atingir valores da ordem dos 15 milhões. Criado originalmente em 1957, o grupo tem entre 180 a 200 trabalhadores e aproximadamente 60% da faturação é proveniente do exterior. Espanha, França, Alemanha, Áustria, Grécia, Lituânia, Itália, Bélgica, Holanda, Suécia, Irlanda, Roménia e Sri Lanka são algumas das geografias que estão sob o radar das vendas do grupo. t

A. M. TÊXTIL LANÇA NOVO WEBSITE

FASHION SHOW CELEBROU O PALÁCIO DO GELO

Fundada em 2003, a A. M. Têxtil está vocacionada para os mercados de homem, senhora e criança e com mais de 14 anos de experiência na área, o desígnio da empresa sempre se centrou na procura constante pela satisfação do cliente. Por isso não podia deixar de estar nas redes sociais: a empresa está a lançar o seu novo site – amtextil.pt.

O Palácio do Gelo, em Viseu, fez 11 anos e celebrou a data festiva com um desfile de moda inspirado no maior espetáculo do mundo – o circo. O Circus Fashion Show, que decorreu no dia 4 de Maio, teve como apresentadora Catarina Furtado e contou com a participação de muitas caras conhecidas do panorama nacional.

100

mil peças por dia é a capacidade de produção da Polopique

VÂNIA BARROS AO QUADRADO NOS BORDADOS DE CASTELO BRANCO

Vânia Barros, estudante finalista da ESART, é a grande vencedora da 3ª edição do Concurso de Bordados de Castelo Branco, ao conquistar o primeiro lugar nas duas categorias em discussão – vestuário (em parceria com a sua colega Lara Cabecinhas) e acessórios e calçado (a solo). As peças distinguidas serão confecionadas e bordadas a tempo de serem exibidas a 14 de junho, no Castelo Branco Moda, que se realiza na Fábrica da Criatividade.


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M EMERGENTE Fúlvio Mendes Fundador da Fave Design e Tecnologias Família Solteiro, namora há mais de 20 anos mas ainda vive com os pais Formação Licenciatura em Pintura (FBAUP, 2001), pós graduação em Práticas e Teorias do Desenho (FBAUP, 2005) e mestrado em Design e Marketing (UMinho, 2008) Casa Apartamento no centro de Guimarães Carro Alfa 159 cinza Portátil Mac Telemóvel iPhone 10 Hóbis Apaixonado por motos clássicas, tem três BMW: uma R 50 (de 1968), outra R 100 (anos 70) e finalmente a R 80, dos anos 90, que era usada pela polícia espanhola Férias Faz sempre praia no Algarve, mas vai mudando de sítio e marca sempre apenas oito dias antes, pois nunca sabe quando vai ter oportunidade de as tirar Regra de ouro “Os processos são sempre mais gratificantes do que o fim em si mesmo. Por isso são eles que valem a pena”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Casamenteiro e viciado em resolver desafios Se por acaso passarem por Creixomil e tropeçarem em designers da Versace, Dior ou Moschino, não precisam de espremer as meninges a tentar descobrir o que é que eles andam a fazer por ali. É fatal como o destino que o que os levou lá foi a fábrica da Fave, de Fúlvio Mendes, parceira destas e de muitas outras marcas conhecidas (Acne Studio, Pierre Balmain, Corneliani, Lion of Porches, Mike Davis...). Fúlvio chegou aos 40 anos e tem de pensar duas vezes antes de responder quando lhe perguntam qual é a sua profissão, pois pode dizer, sem mentir, que é empresário, artista plástico, designer, criativo ou especialista em tecnologia. Ele é tudo isso, mas para sermos mais precisos é um casamenteiro, pois especializou-se em matrimoniar a arte e tecnologia com a têxtil. É bem mais simples descrever o que faz a Fave-Design e Tecnologia, porque o próprio nome dá uma ajuda, principalmente se soubermos que Fave são as iniciais de Fashion Art Value. “Fazemos animação de vestuário, usando técnicas alternativas ao estampado e ao bordado, como alta frequência, termocolados e outras tecnologias. Todos os anos mandamos milhares de amostras aos clientes, para que eles saibam em que estamos a pensar. As amostras são o que já fizemos. O que fazemos depende dos desafios que eles nos colocam”, explica Fúlvio. A Fave, uma empresa criativa e tecnológica, desenvolve os produtos dentro de portas, em Creixomil, com os estilistas de grandes marcas. O resultado final surge da fusão, por osmose, entre a linha de trabalho definida pela marca e a técnica e ideia sugeridas pela Fave. Pelo meio há sempre muitos nós para desatar, mas para Fúlvio isso é um vício que lhe dá imenso prazer. “Estamos sempre a ser desafiados para ir ainda mais além do que oferecemos. Às vezes demora tempo. Se não resulta à primeira, tentamos uma segunda, uma terceira vez até conseguirmos. Chegar ao resultado é o ponto chave. Os desafios são tantos e diários, mas não imaginam o gozo que me dá resolvê-los”, conta Fúlvio, um artista plástico emprestado à têxtil. Filho dos donos de um supermercado, temos de recuar ao avô materno, que foi debuxador na Macal, para encontrar uma costela têxtil em Fúlvio, que só mesmo no finalzinho do Secundário, feito na Francisco de Holanda, se decidiu por Pintura - em cima da mesa também estavam Arquitectura, Engenharia ou Design. Com 18 anos instalou-se no Porto, na zona de S. Lázaro, à distância de um tiro da faculdade. Gostou do curso, que financiava dando explicações de Geometria Descritiva, e a vida começou logo a correr-lhe bem - ainda andava no 4o ano e já mostrava os seus trabalhos na galeria bracarense Mário Sequeira, a primeira das 55 exposições individuais e coletivas de uma carreira artística que durou até aos seus 33 anos. O objeto artístico não tem de ser inútil, pode fornecer ao mesmo tempo o prazer de ser visto e de ser usado - este pensamento era o norte para onde apontava a bússola da arte de Fúlvio e está consubstanciado na mesa/escultura onde ele trabalha, e que fica ao lado de uma mesa, de tamanho XXL, que também funciona como catálogo, onde se amontoam milhares de amostras de tecidos animados, com um telefone em volume, a imagem de um disco de vinil, etc, etc. A viagem das artes para a têxtil iniciou-se em 2006, quando fundou, com uma colega de mestrado (Suzana Ralha), a Between Art and Life, empresa cujo programa estava resumido na razão social. Fizeram t-shirts, toalhas de praia, capas de edredão que também eram objetos de arte, tudo assinado e numerado, declinando a gramática da Factory de Andy Warhol. A aventura durou três anos. Em 2009 foram varridos pela crise. “Não éramos do meio. E não tivemos capacidade financeira para levar o projeto para a frente”, explica Fúlvio, que deu aulas, foi designer freelance, entre outros biscates, até que em 2013 foi convidado para fazer design industrial e de produto numa têxtil - onde se demorou apenas dois anos pois a administração que o convidou demitiu-se e o projeto para que fora convidado ficou em águas de bacalhau. Mas como ele não é homem para se ficar e desistir, resolveu assumi-lo por conta própria - e assim nascia a Fave - Design e Tecnologia. t


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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves

Estampado com 7 técnicas combinadas

Desenvolvido pela Bordados Oliveira e vencedor da categoria Acessórios nos iTechStyle Awards

O que é? Estampado combinado com as técnicas de gravação a laser, foil, floco, flex, flex de impressão, flex refletor e gel Para que serve? É um novo acessório para a indústria da moda e vestuário Estado do projeto? Pronto a ser comercializado

VALERIUS E BLOGGERS BRITÂNICAS: A MESMA LUTA! A Valerius estabeleceu uma parceria com uma empresa britânica para produzir roupas com a marca própria de seis bloggers inglesas, cada uma delas com a legião de seguidores que oscila entre os dois e os três milhões de pessoas. “Mandamos as peças para um centro de logística, que faz a distribuição. 10% da margem é para a logística e portes, a blogger fica com 22%, o que é muito bom”, explica José Manuel Vilas Boas Ferreira, presidente do grupo Valerius. Com o projeto na fase final de ensaios, as bloggers já vieram a Portugal, com equipas britânicas que as filmaram a desenharem as suas coleções, acompanhadas pelos designers da Valerius.

"O forte know-how que possuímos na área industrial e a nossa capacidade de produção integrada, que vai da tecelagem até à operação final de revestimento, dá-nos o controlo total sobre o produto final" Vítor Abreu CEO do grupo Endutex

4TEAMS MUITO BEM COLOCADA PARA GANHAR MUNDIAL DO QATAR A 4Teams está muito bem colocada para ganhar um contrato superior a cinco milhões de euros para o fornecimento de merchandising para o Mundial do Qatar e de material promocional para a Qatar Airways. “As coisas estão bem encaminhadas. As pessoas com quem estamos a contactar, no Ministry of Endowment and Islamic Affairs do governo do Qatar, gostaram da tipologia de produtos que apresentámos e acharam os nossos preços muito competitivos”, conta Anthony Câmara, diretor comercial da 4Teams.

Sete é o número da sorte da Bordados Oliveira Sete são os dias da semana, os pecados mortais, as maravilhas do mundo ou as cores do arco-íris. Para o Grupo Bordados Oliveira o número ficará agora sempre associado a um grande momento de celebração. Nos iTechStyle Awards 2019, a empresa de S. Veríssimo, Barcelos, venceu o prémio para o Melhor Acessório com um estampado inovador que conjuga sete técnicas diferentes. Um verdadeiro CR7, agora reconhecido pelos principais prémios de inovação têxtil. “É um estampado único porque conjuga técnicas diferentes que nunca foram conjugadas em simultâneo”, explica Joaquim Oliveira, co-fundador e administrador da empresa. No projeto são aplicadas as técnicas de gravação a laser, foil, floco, flex, flex de impressão, flex reflector e gel. Na indústria já é usual a conjugação de algumas destas tecnologias, mas nunca tinham sido conjugadas todas ao mesmo tempo num só produto. “Penso que terá sido isso que foi valorizado pelo júri do concurso”, acredita o administrador que na gala do iTechStyle Summit recebeu o galardão das mãos de António Amorim, presidente do CITEVE. Por enquanto, apenas foi desenvolvida uma

versão experimental do estampado, utilizada para concorrer ao concurso, mas também para ser apresentada em feiras internacionais. Na última edição da Premiére Vision Paris este foi já um dos principais destaques da Bordados Oliveira, suscitando o interesse de vários compradores. “Neste momento ainda não está a ser utilizado em nenhum projeto, mas está pronto para isso e já começámos a receber os primeiros contactos”, conta Joaquim Oliveira. Para a empresa, o produto premiado torna-se agora no símbolo máximo da aposta crescente no desenvolvimento de novos produtos. Só nos iTechStyle Awards, para além do primeiro prémio, o grupo Bordados Oliveira contou ainda com mais dois produtos entre os finalistas: um bordado com várias técnicas e uma mistura de bordado e estampado. “A crescente importância que o bordado tem vindo a assumir no panorama dos têxteis coloca-nos na vanguarda e em constante procura pela inovação”, indica o administrador do grupo que actualmente emprega cerca 200 colaboradores, distribuídos pelas empresas JMJ Bordados, Bordados Oliveira, JSB Oliveira e JSB Inovação Têxtil. t

30%

foi o crescimento registado em 2018 no volume de negócios da JF Almeida, que fechou o ano com vendas de 57 milhões de euros

FLM DIVERSIFICA DA MODA ÍNTIMA PARA OS FATOS DE BANHO A FLM Têxteis está a diversificar a produção da moda interior masculina para os fatos de banho e de desporto, aproveitando a versatilidade do seu parque de máquinas de costura – anuncia Filipe Marinho, o fundador e CEO desta empresa de confeções baseada em Brito, Guimarães. O ioga e a roupa técnica para desporto são as novas apostas da FLM, que prevê fechar o ano com um volume de negócios de 1,3 milhões de euros e em velocidade de cruzeiro deverá atingir os cinco milhões de euros.

INÊS TORCATO COM COLEÇÃO CÁPSULA NA WRONG WEATHER Depois de, em 2018, ter integrado uma pop-up sob a direção do BLOOM – Portugal Fashion, apresentada na Wrong Weather Life, a designer Inês Torcato tem agora uma coleção cápsula desenhada em exclusivo para a Wrong Weather. Constituída por um total de oito peças e inspirada num texto da escritora Regina Guimarães, tem ainda como complemento calçado desenhado pela estilista.


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OPINIÃO UM VASTO MOVIMENTO DE MUDANÇA João Costa Presidente da Selectiva Moda e vice-presidente da ATP

COMPREENDER O QUE É ÓBVIO Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

Nos últimos anos, com o desenvolvimento, aperfeiçoamento e densificação do uso das tecnologias de comunicação e informação, começou a desenhar-se e a intensificar-se um novo tipo de abordagem dos mercados e um novo perfil de consumidores. A aproximação entre produtores e consumidores é cada vez maior, e, fruto da crescente digitalização dos processos produtivos e dos canais de comercialização, fomenta uma dinâmica de interatividade que associa e envolve o cliente final na definição criativa e na personalização do produto que pretende adquirir. Através de sofisticadas plataformas digitais, as empresas estabelecem contacto com os consumidores de todo o mundo, e estes têm a possibilidade de pesquisar, apreciar e avaliar o que pretendem, e de dialogar com o produtor, qualquer que seja o local do mundo onde este se encontre. Cada vez mais, nas empresas que usam as modernas ferramentas e intensificam a sua digitalização, os clientes – consumidores finais – participam no processo criativo e produtivo no sentido de ajustar os produtos às suas necessidades e preferências. Esta serena e penetrante revolução tecnológica, psicológica, comportamental e

O óbvio é sempre o mais difícil de se perceber. O óbvio normalmente é mal compreendido pela classe política e pelos burocratas, pois o seu registo de vida faz-se noutro comprimento de onda, bastante desfasado da realidade e das preocupações dos simples mortais, e onde se incluem os empresários, os cidadãos em geral e todos os contribuintes, que acabamos fatalmente por ser. Serve este intróito para falarmos do tema da competitividade e das indústrias transformadoras, como a ITV, que produzem bens transacionáveis, os quais, quando exportados, nos garantem uma balança comercial equilibrada e um país sustentável. Parece fácil de perceber para quem o quer, contudo nem sempre o que parece é. Vejamos: há quatro fatores produtivos e um não-fator que definem a competitividade de uma empresa, de um sector ou de um país. A saber: o custo da mão-de-obra (que é diferente do salário), o custo da energia (que inclui tudo o que vem na fatura, seja energia ou não), o custo do dinheiro (e a dificuldade do acesso ao capital) e o custo ambiental, as-

cultural, está a invadir os mercados à escala mundial, gerando obsolescência e afastando processos de comercialização e de distribuição consolidados e considerados eficientes e bem-sucedidos. E se, para determinados tipos de produtos e para clientes mais maduros, o modelo tradicional é o preferido, para produtos mais facilmente percecionáveis e para clientes mais jovens, os novos canais e os novos processos são os que mais atraem as suas preferências. Esta realidade foi bem evidenciada em algumas das comunicações da recente Conferência Internacional do STV – iTechStyle Summit 2019 –, promovida e organizada pelo CITEVE, em parceria com a Selectiva Moda, e em que participaram oradores, profissionais e estudantes de 25 países, com natural predominância de Portugal. Estamos, com efeito, perante um vasto movimento de mudança, que exige das empresas um novo impulso de adaptação modernizadora para enfrentarem estes novos desafios, os quais constituem também um vasto conjunto de oportunidades geradoras de diferentes dinâmicas de negócio, que importa, com vantagem, explorar. t

sim como o entorno amigo ou não dos negócios e do investimento, que se consubstancia simplesmente no peso da burocracia e da fiscalidade e na celeridade da justiça. Em Portugal, se compararmos com os nossos principais concorrentes na Europa e os EUA, estamos sistematicamente em desvantagem: o custo da mão-de-obra, apesar de termos salários médios mais baixos, está fortemente penalizado pela fiscalidade (seja para o empregador como para o empregado); o custo da energia em Portugal é apenas um dos maiores da Europa, não tanto pela energia, mas pelos custos de manutenção de equilibro contratual, que ultrapassam 50% do valor; o custo do dinheiro, que apesar de ter vindo a diminuir, por força do BCE e da melhoria do rating da República Portuguesa, ainda é proibitivo para a maioria das empresas, especialmente PMEs); e o custo ambiental, que se encontra bem exemplificado no recente diferendo que opõe as empresas aderentes ao SIDVA (Sistema Integrado de Despoluição do Vale do Ave) e a empresa concessionária, a TRATAVE, sobre o tarifário

que lhe está aplicado e que, pela exorbitância dos valores e aumentos sucessivos, se apresenta como clara amostra do que se designa como “rendas excessivas”. Finalmente, olhando todo o entorno, o contexto não podia ser mais negativo: além da hostilidade de certa classe política – dominante - que abomina a iniciativa privada e os empresários, a verdade é que este sentimento está materializado num sistema judicial lento, que não conforta e não dá garantias a quem investe e a quem labora na observância da lei e do rigor, numa Administração Pública cada vez mais burocratizada e asfixiante, e numa fiscalidade que não cessa de ganhar peso, esmagando empresas e cidadãos. Quando se invoca a reindustrialização e a necessidade de aumentar o peso das exportações no PIB do país, convém examinar os obstáculos a estes generosos objetivos. Esses estão simplesmente no que atrás apontamos como condicionadores dos fatores produtivos. Aliviá-los ou suprimi-los é tornar o país mais competitivo dentro e mais concorrencial fora. Simplesmente isto. Óbvio?


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Rui Faria Presidente do Conselho de Administração da Focor

Graça Guedes Professora auxiliar do Departamento de Engenharia Têxtil da UMinho

A POLÍTICA DA UE CRIA CONSTRANGIMENTOS

PORTUGAL FASHION: A MODA E A CIDADE

A União Europeia adotou há já bastante tempo uma política de abertura do seu mercado aos têxteis produzidos fora da Europa, nomeadamente asiáticos, que tem vindo a afetar seriamente a Indústria Têxtil e de Vestuário (ITV) em Portugal. O facto de os referidos artigos têxteis chegarem ao nosso mercado sem qualquer controlo, à entrada, ao nível da presença de certas substâncias, como o formaldeído ou as arilaminas, fragiliza claramente a nossa indústria. Essa situação desfavorável decorre da imposição, de todos os seus clientes, relativamente à não utilização dessas mesmas substâncias nos artigos que produzem. A nossa ITV é, assim, forçada a utilizar produtos químicos que não induzam a presença dessas substâncias, que são obviamente mais caros do que aqueles que não têm este constrangimento. Este contexto de concorrência desleal é ainda agravado por toda a regulamentação ambiental e do setor químico, com destaque para a regulamentação REACH, que limita fortemente a oferta de produtos químicos, provocando um aumento dos custos de produção para toda a fileira têxtil. Para além de uma política europeia paradoxal, que a constrange diariamente, a ITV está a ser também, cada vez mais, sujeita a exigências de toda a espécie por parte dos retailers , com um único objetivo: controlar, a todos os níveis, a cadeia de fornecimento. Tais requisitos, que teoricamente seriam implementados em todas as geografias, na verdade, dificilmente o são. A Turquia é um caso de exclusão exemplar. Durante uma recente visita de quadros da Focor a empresas têxteis daquele país, quando indagamos sobre as exigências dos retailers , fomos surpreendidos pelas respostas negativas. Os compradores têm bem presente que vão comprar à Turquia porque é o preço lhes interessa, relegando tudo o resto para segundo plano. A ITV portuguesa está, pois, a enfrentar grandes desafios e, apesar da grande capacidade de resiliência demostrada ao longo dos tempos, dificilmente os ultrapassará sem um apoio político determinado. t

Encerrado mais um Portugal Fashion, ficam memórias no ar e fotografias um pouco por toda a parte. Opiniões e juízos diluem-se ao compasso dos dias que passam, as atenções focam-se em novos eventos que, esses sim, constituem notícia. É momento de pensar o que realmente fica, a importância do que a “semana” de moda trouxe e o que ficou, se esfumou “nas brumas da memória” dos que participaram, ou nem teve tempo de tomar forma na mente dos que do evento recolheram vagas impressões veiculadas por notícias em jornais ou na televisão. É certo que quem mais se interessa pelos eventos de moda são os “aficionados” das marcas e dos criadores ou os que a ela se dedicam no seu dia-a-dia. Mas também todos os que apreciam o espetáculo da moda em si mesmo, usufruindo dele como um evento social, a par com muitos outros. Independentemente das motivações, o Portugal Fashion marca momentos incontornáveis na vida da cidade do Porto, momentos importantes na moda em Portugal. E tem vindo a cumprir a sua missão de afirmar e reforçar a visibilidade da obra dos nossos designers e criadores. Ao longo dos anos, que já se contam por dezenas, cumpriu a sua missão para além daquilo que muitos de nós pode sequer imaginar. E é, talvez, chegado o momento de refletir sobre os caminhos do futuro. Diversos caminhos estão ensaiados ou pensados. Mas podemos pensar o futuro olhando de fora, recordando que a moda só o é se for usada, que os designers e as marcas trabalham para ver as suas peças na rua, vestidas por aqueles a quem as suas propostas seduziram, fascinaram. E que para um pequeno país como Portugal, conquistar consumidores internacionais é vital. Esta realidade tem sido abordada com a promoção de um conjunto selecionado de marcas e designers em semanas de moda como as de Londres, Paris e S. Paulo, entre outras. Será que o facto do Porto (e Lisboa e em geral, Portugal) capturar o interesse de milhões de visitantes por ano não constitui uma oportunidade de divulgar a moda portuguesa e, de forma mais imediata, estimular a aquisição de peças das novas coleções por consumidores que as irão vestir, deliciados, na Suécia, Alemanha, Japão e dezenas de outros países em todos os continentes? O MODtissimo já começou a trabalhar sobre a ideia de capturar a atenção dos visitantes estrangeiros para os têxteis nacionais, promovendo uma das suas edições anuais no aeroporto Sá Carneiro. Poderá a Semana de Moda do Porto captar a atenção e a participação de visitantes estrangeiros ou mesmo ir mais longe, associando-a ao desejo de visitar o Porto por parte de muitos? A moda é um elemento central na economia de muitas cidades e muitos roteiros urbanos possuem informações claras sobre as ruas, as áreas das cidades em que a moda é o principal atrativo. Em Lisboa esta prática está facilitada pela concentração de designers e marcas em algumas áreas da cidade, como o Príncipe Real. No Porto a dispersão impera mas há forma de tornar a moda uma atração, senão através do apoio à criação de áreas de concentração de lojas de moda, pelo menos com a promoção de pop-ups ou outras formas mais flexíveis e criativas de atingir o público em geral e os turistas em particular. Em qualquer caso, o Portugal Fashion é um evento de moda que pode constituir um forte atrativo para muitos. Fica a questão de estudar a melhor forma de começar, em casa, a promoção das marcas e designers portugueses... É que a promoção da moda, hoje, não depende tanto quanto outrora da imprensa: as imagens captadas nos eventos pelos presentes correm mundo antes da (o) modelo ter abandonado a passarela... t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Para o bem ou para o mal? Rui Pinto é o nosso whistleblower e Katty preparou-lhe uma indumentária à altura do seu estatuto a pensar já no momento em que deixar a sombra das paredes da prisão. E pode até optar por jeans e t-shirt, assumindo a veste de Robin dos Bosques da era urbana ou, em alternativa, a pose mais madura ao estilo de Julien Assange. Abrem-se apostas para a escolha de Rui Pinto.

Rui Pinto: o nosso hacker é o Robin dos Bosques urbano Neste conturbado tempo em que muitos se questionam como identificar os limites entre o certo e o errado, surge, bem plantado no centro da reputação desportiva, um dos casos mais polémicos de sempre e Rui Pinto é o embrião desta polémica. No seu verde semblante de jovem visionário, escondem-se segredos que lutam para evitar afundarem-se num imenso mar de repercussões. Muitos já o apelidaram de Robin dos Bosques do desporto - revelando verdades em prol do adepto – enquanto outros comparam a sua ousadia à de Julian Assange. Seja como for, ambos parecem servir de inspiração para o nosso intrépido hacker e qualquer das comparações tem os seus fundamentos. A nossa interpretação não está com rodeios e vai direta à base. Fizemos dois retratos robô de Rui Pinto, o primeiro, uma versão Urbana de Robin Hood, vestindo uns básicos jeans e uma elucidativa t-shirt , todo coroado de verde até as cerdas espetadas do seu cabelo, para oferecer maior paralelismo com a mítica figura tão querida pelo povo. O segundo retrato prevê uma versão mais madura e próxima da nova imagem de Julian Assange, de cabelo e barbas longas e grisalhas. Não queremos, contudo, que o nosso whistleblower perca a sua formosura e para o manter em forma, preparamos este look desportivo pronto para a ação: joggings e polainas de aeróbica elegantemente coordenados com uma sweatband de riscas que ampara o suor de tanto esforço físico em prol de um bem maior. t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Artesão Bistrô Rua de Mouzinho da Silveira, 218 4050-417 Porto

UM ARTESÃO EM ALTA NA BAIXA Aqui está uma história de sucesso que começou como podiam começar sempre todas as estórias de sucesso. Era uma vez... um jovem ambicioso que sempre quis lançar-se num projeto pessoal e complexo mas que só decidiu dar esse passo definitivo quando se sentiu completamente à vontade para o dar depois de ter realizado uma rápida mas vasta aprendizagem do métier em causa. O chefe João Lima acaba de abrir o Artesão Bistrô, depois de ter estagiado e trabalhado em cozinhas de prestigio como a do Hotel Infante Sagres, a do

Tiara Hotel de Cascais e a Fortaleza do Guincho. Foi nesta última que conheceu e aprendeu com aquele que é a sua maior referência, Vincent Farges. Talvez por ter este passado no currículo é que eu não consigo dizer que o Artesão Bistrô é só mais um restaurante na “Baixa” do Porto, ou mais um restaurante que abriu na rua Mouzinho da Silveira, rua que foi famosa pelos seus artesãos de várias artes e agora tem este novo restaurante que os quis homenagear no nome. Para quem vier ao Porto e quiser experimentar um novo restaurante

mas também sensações novas, e estiver em noite de lhe apetecer degustar versões modernas da comida tradicional portuguesa, aconselho uma paragem nesta primeira grande incursão personalizada do chef João Lima. Estou certo que os meus amigos da família têxtil da região de Vizela, provavelmente já sabem de quem estou a falar, porque o João é exatamente de Vizela, onde se arriscou na vez primeira no Porta M. Para a família têxtil de outras regiões, também pode ser uma boa ideia começar precisamente pelo porta M e no caso de apreciação

positiva passar em seguida ao exame final no Artesão Bistrô de Mouzinho da Silveira. Para acompanhar pratos como o bacalhau com migas e tomate, a vitela mirandesa com espargos verdes e cogumelos, o cabrito transmontano com favas e cenoura ou o salmonete dos Açores, há uma garrafeira 100% nacional com grande variedade e qualidade, mas para quem prefere, o que não é o meu caso, acompanhar a comida com cerveja, também existe um portefólio de cervejas nacionais e importadas que me dizem de grande categoria. t


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c MALMEQUER Elsa Dionísio, 37 anos. É a partir do Qatar, onde reside há 11 anos, que trabalha como fashion buyer e gestora de categoria e marcas para os cinco países do Golfo. Mas é no desenvolvimento de portefólios de marcas para empresas de retalho de moda que se sente como peixe na água. Sempre que possível, tenta dar a conhecer marcas portuguesas por terras árabes.

SOUVENIR

A MOCHILA DE MANUEL PINHEIRO

Gosta Viajar Mar Marisco Honestidade Portugal Moda Ler Sol Apender Café Sapatos Comida vegetariana Smoothies Framboesas Gatos Desafios Saltos altos Do trabalho Fazer arraiolos com a avó Maldivas Snorkel Parcerias de trabalho Gelados Dormir Decoração de interiores Tertúlias Madrugadas passadas a conversar O canto da cigarra Aterrar em Portugal Presentear Trabalhos manuais Caminhar junto ao mar Música ambiente Massagens Ajudar o próximo Tradições

Não gosta Dias de chuva Intolerância Prepotência Ervilhas Injustiça Burocracia Frio Livros digitais Touradas Projetos que não acontecem por rivalidades das partes envolvidas Despedidas Leite Falta de iniciativa Barulho Discriminação Tomar banho de água fria Deixar acumular trabalho Comida mal passada Heavy metal Milho Inveja Pessoas inconstantes Refrigerantes Ovo cru

Nunca me tinha dado conta: já carreguei esta mochila mais de trezentos quilómetros. Só por isso, escrever este artigo já valeu a pena. Foi-me ofertada, faz anos, por um querido amigo. Era uma mochila para ciclismo fora de estrada e tinha lá dentro uma bolsa de água. Nunca lhe dei esse uso. Quando chegou o momento de ir pela primeira vez do Porto a Santiago, aquela era a escolha certa. De estrutura muito leve, com bom respiro para as costas, era a mochila ideal. Não tem uma grande capacidade de carga, o que é uma vantagem porque assim carrego menos lixo, e é impermeável. Perfeito. Com esta moça às costas já fiz três vezes o caminho que une a Sé do Porto à Praça do Obradoiro em Santiago. A primeira vez aos trinta, cheio de energia; a segunda nos quarenta, mais interessado em comer bem; e a terceira nos cinquenta, ainda bem-disposto mas carregado de Brufens para aliviar as dores da idade. Vivi com ela os momentos muito intensos de quem se faz à estrada oito dias com o único objectivo de chegar ao destino. O Caminho de Santiago é uma das experiências mais libertadoras que já tive e um dos momentos em que mais aprendi e que, por isso, recomendo ao leitor. O Caminho ajuda-nos a distinguir o essencial do acessório, explica-nos que tudo é possível desde que tenhamos um rumo e caminhemos sem parar, e liberta-nos das pequenezas do dia-a-dia. É, por isso, em simultâneo um Caminho de procura da fé, tanto como um percurso de descoberta interior. t Manuel Pinheiro

Presidente da CVR do Vinho Verde


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