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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

XAVIER LEITE CEO DA TÊXTEIS PENEDO

“EM 2020 VAMOS CRESCER ENTRE 5 E 10%” FOTO: RUI APOLINÁRIO

P 22 A 24

INOVAÇÃO

VAMOS TER 24 AMOSTRAS NO ISPO TEXTRENDS P 26

PERGUNTA DO MÊS

QUE ESPERANÇAS E DESEJOS PARA 2020?

EMERGENTE

NORMA SILVA, A DESIGNER CONTRA O DESPERDÍCIO P 37

P4A7

DOIS CAFÉS & A CONTA

EMPRESA

PAULO FARIA: FLEXIBILIDADE É O SEGREDO DA PAULA BORGES

O MERCADO PUXOU POR NÓS, DIZ O FUNDADOR DA FAMILITEX

P8

P 16

INVESTIMENTO

LANTAL AUMENTA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO PARA LIDERAR NA EUROPA P 12


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JANEIRO A JUNHO 2020 Feiras de Moda

Feiras Têxteis

Pi Uomo – Florença – 7 a 10 janeiro Berlim Fashion Week – Berlim – 14 a 16 janeiro Pi Bimbo – Florença – 16 a 18 janeiro Who's Next – Paris – 17 a 20 janeiro SIL/Interfilière – Paris – 18 a 20 janeiro Fimi – Valência – 24 a 26 janeiro Play me Paris – Paris – 25 a 27 janeiro CIFF – Copenhaga – 29 a 31 janeiro Magic. Project. Market. Las Vegas – 5 a 7 de fevereiro Momad – Madrid – 6 a 8 fevereiro Pure London – Londres – 9 a 11 fevereiro Children's Club – Nova Iorque – 11 a 13 fevereiro Coterie NY - Nova Iorque – 11 a 13 fevereiro CPM Moscow – Moscovo – 24 a 27 fevereiro

The London Tex le Fair – 15 a 16 janeiro Texworld EUA – New York – 19 a 21 janeiro Première Vision New York – Nova Iorque – 21 a 22 janeiro Colombiatex – Medellin – 21 a 23 janeiro Milano Unica – Milão – 4 a 6 fevereiro Munich Fabric Start – Munique – 4 a 6 fevereiro Texworld Paris – Paris – 10 a 13 fevereiro Première Vision Paris – Fabrics / Yarns / Acc – Paris – 11 a 13 fev. LA Tex le Fair – Los Angeles – 4 a 6 março Jitac European Tex le Fair – Tóquio – 17 a 19 março Emitex – Buenos Aires – 21 a 23 abril

Feiras de Fileira Têxtil Poznan Fashion Fair – Poznan – 19 a 20 fevereiro

Private Label / Sourcing Texworld EUA – New York – 19 a 21 janeiro Fashion SVP London – Londres – 29 a 30 janeiro Sourcing at Magic Las Vegas – 4 a 7 de fevereiro Pure Origin – Londres – 9 a 11 fevereiro PV Manufacturing: Proximity e Knitwear – Paris – 11 a 13 fev.

Feiras de Têxteis Lar e Decoração Heimtex l – Frankfurt– 7 a 10 janeiro Homi Milano – Milão – 24 a 27 janeiro Intergi� – Madrid – 5 a 9 fevereiro Interior Lifestyle Tokyo – 3 a 5 junho

Feiras de Têxteis Técnicos Ispo – Munique – 26 a 29 janeiro Performance Days Munich – Munique – 22 a 23 abril Automo ve Interiors Expo Stutgard – Estugarda – 16 a 18 junho Outdoor by Ispo – 28 junho a 1 julho


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Baltazar Lopes 51 anos Administrador da Albano Morgado SA, empresa de lanifícios de Castanheira de Pera que ainda antes de o saber já praticava a sustentabilidade. “Desde 1927, que reaproveitamos os desperdícios para fazer fibra de lã”, diz, reportando-se à fundação da empresa. Hoje a aposta passa por apresentar nas suas coleções cada vez mais itens e artigos fabricados com lã reciclada. “Para nós, a sustentabilidade não é uma expressão de marketing, foi sempre uma preocupação constante”, remata o administrador

A CAMINHO DOS 50 Há males que vêm por bem, como diz e muito bem o nosso estimado povo português. Mas também diz o mesmo povo que não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. Curiosamente foi na antecâmara da nossa edição 50, que festejaremos já no início de 2020, que nos confrontamos com uma situação que explica eloquentemente a utilidade da existência de um meio de comunicação próprio e dedicado à industria têxtil, vestuário e moda portuguesa. Na antecipação do último Fórum Têxtil promovido pela ATP, no auditório do CITEVE, houve um jornal que publicou uma matéria sobre umas previsões que seriam apresentadas nesse mesmo dia. Acontece que uma deficiente interpretação de um dos cenários propostos nesse estudo fazia crer que a própria ITV imaginava uns anos turbulentos até 2025, pejados de falências e despedimentos no setor. Como há males que vêm por bem, não me lembro de um Fórum Têxtil com tanta visibilidade nos media em geral, mas como também não há bens que sempre durem, toda a ITV recordou que é por permanecerem uma indústria hiper atenta aos ventos de mudança e aos novos comportamentos dos mercados e dos consumidores que estão a crescer há 10 anos consecutivos. t

Como é ter uma empresa como a Albano fora das regiões têxteis por excelência do Norte e da Covilhã? Castanheira de Pera foi o terceiro centro de lanifícios do país, chegando a ter 12 fábricas. Hoje somos a única empresa do setor no concelho, que vive e luta com as inexplicáveis consequências negativas da sua localização periférica e contra a ausência de políticas de valorização do interior. Qual é o mercado de exportação mais forte para a sua empresa? O nosso principal mercado são os países do norte da Europa. Existe alguma preocupação em diversificar os destinos das exportações para países fora da Europa? Sim, continuamos a apostar no mercado norte-americano e japonês. A Albano Antunes Morgado é uma empresa veterana. Como sente hoje que evoluiu o reconhecimento internacional do made in Portugal? O trabalho desenvolvido pelo setor têxtil nas

últimas décadas em Portugal elevou o nosso país a um patamar de excelência em todo o Mundo. Hoje o made in Portugal é sinónimo de prestígio e qualidade. A sustentabilidade é atualmente um tema obrigatório. Faz parte da estratégia da vossa empresa? Desde 1927, com o fundador da empresa Sr. Albano Antunes Morgado, que o ambiente, o combate ao desperdício e o reaproveitamento são uma preocupação dos responsáveis da Albano Morgado SA. A sustentabilidade para nós não é uma expressão de marketing. É sim uma preocupação constante em assegurarmos uma produção amiga do ambiente em defesa do nosso planeta, conscientes do que já foi feito e do que ainda é necessário fazer. Confirma que a presença nas grandes feiras internacionais continua a fazer todo o sentido? A presença nas principais feiras internacionais é essencial para entrada, crescimento ou consolidação de posição em determinados mercados. Sem ela o futuro das empresas pode ficar comprometido. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Por: António Moreira Gonçalves

1.

mundo da moda e do têxtil entusiasmo para abraçar novos desafios, coragem para os novos caminhos, empatia para ultrapassar as barreiras do individualismo e fé para acreditar que o melhor está para vir. Um grande 2020 para todos!

AGOSTINHO AFONSO

MANAGER DA TÊXTEIS PENEDO

QUE ESPERANÇAS E DESEJOS PARA 2020? A entrada nos 20s simboliza o início de um novo ciclo para a indústria. Depois de uma década de contínuo crescimento, marcada sobretudo pelo recorde nas exportações, ergue-se a expetativa sobre a afirmação de um novo paradigma. Mas mesmo com o pairar de todas as dúvidas e incertezas que o futuro sempre representa, os protagonistas da nossa indústria são contundentes na definição do caminho a seguir: os têxteis made in Portugal vão continuar a afirmar-se a nível internacional como símbolos de vanguarda na qualidade, inovação, estética e sustentabilidade

Espero que a indústria têxtil continue a destacar-se com qualidade, inovação, design e sustentabilidade e que o poder político possa apoiar o dinamismo que o setor precisa. Na Penedo esperamos sucesso nos novos lançamentos de produtos e projetos.

5.

ANA SILVA TAVARES

parcerias com outras empresas (cerâmica, cutelaria, acessórios de mesa); maior incidência em mercados em fase de crescimento; mais participações em feiras internacionais; e tornar a nossa marca mais forte e mais conhecida a nível internacional.

9.

ARTUR SOUTINHO

PRESIDENTE DO GRUPO MORETEXTILE

HEAD OF SUSTAINABILITY DA TINTEX

2.

Após 10 anos de crescimento e sentindo indícios de abrandamento, o que fica para 2020 é a expetativa. Que saibamos gerir essa expetativa com precaução e serenidade, sem nos esquecermos de continuar a fazer acontecer!

Que seja possível às empresas combater o cenário de indefinição, com eficiência operacional, venda de produtos

ALEXANDRA ARAÚJO

ADMINISTRADORA DA LMA

Desejo que a equipa LMA e todo o setor supere as expetativas e continue a corresponder aos desafios dos nossos clientes e a ter uma afirmação global. Neste ano vamos comemorar 25 anos de vida e sucesso da LMA, certamente um ano de festejos. Feliz Ano!

6.

ANA VAZ PINHEIRO

com maior valor acrescentado e uma aposta definitiva na sustentabilidade e na economia digital. Que esse esforço seja acompanhado por uma legislação laboral menos rígida, mais moderna e uma redução da parcela captada pelo Estado da riqueza criada.

ADMINISTRADORA DA MUNDOTÊXTIL

Em 2020 a Mundotêxtil continuará focada na sua grande missão: a incorporação da sustentabilidade na sua cadeia de valor. Desejamos que toda a ITV portuguesa atinja os objetivos a que se propõe.

3.

10.

AUGUSTO LIMA

ALEXANDRA MACEDO

VEREADOR DA ECONOMIA, EMPREEN-

DIRETORA DA BEST MODELS

DEDORISMO E INOVAÇÃO NA CÂMARA DE VILA NOVA DE FAMALICÃO

Desejo que 2020 permita ao setor da moda em Portugal continuar o seu crescimento e sedimentação, mantendo um lugar cimeiro na inovação e na sustentabilidade.

7.

ANTÓNIO AMORIM

PRESIDENTE DO CITEVE

Desejo que em 2020 as instituições do setor se unam em prol dum objetivo comum, a defesa da indústria têxtil e do vestuário.

4.

ALEXANDRINE CADILHE

8.

ANTÓNIO CUNHA

11.

BRUNO MINEIRO

ADMINISTRADOR DA TWINTEX

SALES MANAGER DA ORFAMA

FUNDADORA DA LOGO SYSTEM DESIGN

Desejo que 2020 traga ao

Que Famalicão, a Cidade Têxtil de Portugal e epicentro da ITV nacional, continue a destacar-se pelo trabalho das suas pessoas e da visão estratégica dos seus empresários. O bem-estar, o sucesso e a felicidade de quem viva, trabalhe ou estude neste concelho é suficiente para fazer de 2020 um grande ano!

Há vários projetos para o próximo ano: venda online;

Para 2020 desejo do fundo do coração que o Governo tenha consciência das particularida-


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des tão duras do nosso setor e tome medidas concretas que ajudem a enfrentar o choque salarial que aí vem.

Concordamos com atualizações salariais, mas temos que garantir a salvaguarda e sustentabilidade das empresas e dos postos de trabalho.

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nacional confirme a sua posição como referência em produtos de moda inovadores e eco-responsáveis. Pessoalmente, desejo continuar a contribuir para um novo sistema de moda mais sustentável. internacional de projetos como o Green Circle será fundamental para consolidar a imagem da ITV portuguesa como uma indústria na vanguarda da inovação.

JOAQUIM CUNHA

CEO DA CRISTINA BARROS

FÁTIMA SOUSA

COMMERCIAL MANAGER DA DOMINGOS DE SOUSA

DANIEL AGIS

12.

MARKETING & DIGITAL

DIRETOR COMERCIAL E DE INOVAÇÃO

Em 2020, o comércio têxtil prosseguirá a maior reconversão da história. Uma etapa estimulante para uns, mas dramática para outros e difícil para todos.

STRATEGIES ADVISOR

BRUNO SIDÓNIO

DA SIDÓNIOS SEAMLESS TECH

Que seja o ano em que se abandone de uma vez por todas o conceito da têxtil “indústria tradicional” e que as pessoas, o Governo e as empresas abracem o conceito da têxtil “indústria estratégica e de ponta”.

Esperamos que as expetativas que tínhamos para 2019 se concretizem em dobro em 2020. Para isso temos que prosseguir investindo em tecnologia, ambiente, inovação, capital humano, etc. Votos de um excelente 2020!

GABRIELA MELO

16.

ECONOMISTA E EX-MINISTRO

Que 2020 seja mais um ano de reconhecimento do grande potencial do setor têxtil português. Já não somos só bons mas antes dos melhores a nível mundial e é essa a marca-umbrella que internacionalmente temos de promover.

DA SOMELOS TECIDOS

DANIEL BESSA

CARLOS SERRA

CEO DA TROFICOLOR

Em 2020, esperamos que a indústria têxtil portuguesa cresça de forma sustentável e que a marca Portugal se evidencie nos palcos internacionais. Na Troficolor, esperamos que seja um ano de solidificação de relações comerciais e de concretização de soluções sustentáveis que ajudem a garantir o futuro do nosso planeta!

JOSÉ MANUEL CASTRO

DIRETOR DO MODATEX

JORGE PEREIRA

DIRETORA DE CRIAÇÃO E DESIGN

Gostaria que a expetativa de recessão não se confirmasse. Que o Governo português cuidasse mais do investimento público e do funcionamento dos serviços públicos, e que - já no domínio do sonho - descesse a carga fiscal sobre os lucros das empresas, em benefício do investimento e da produtividade, e que o Brexit não se concretizasse.

Num período em que os hábitos de consumo estão a mudar muito rapidamente, e os valores e desejos dos consumidores já não são os mesmos, a incógnita será como nos podemos superar em 2020 para continuarmos a atrair novos negócios.

JOSÉ ARMINDO FERRAZ

CEO DA INARBEL

Para 2020, e para os próximos anos, espero que a nossa economia aguente os sucessivos aumentos que temos vindo a sofrer em impostos, energia, mão de obra, etc. Os custos inflacionam, dificultando o crescimento que gostaríamos de aumentar.

HÉLDER ROSENDO

CRISTINA MOTTA

PROZIS APPAREL & GEAR DIRECTOR

REPRESENTANTE DA MESSE FRANKFURT EM PORTUGAL

2020 será certamente um ano em que as empresas portuguesas que já assumiram o desígnio da sustentabilidade continuarão a destacar-se. A circulação

17.

DOLORES GOUVEIA

GESTORA DE DESIGN E MARKETINGNA RDD

Para 2020 desejo que a ITV

Espero que o mundo se tranquilize e que os focos de instabilidade se resolvam, a bem de um clima mais favorável aos negócios e ao consumo! Já agora, um FCPorto campeão nacional e um Portugal

As expetativas do Modatex para este (quase) mítico 2020 focam-se sobretudo no desenvolvimento do seu projeto e do plano de formação, principalmente nas respostas às necessidades das empresas. Os desejos vão para que a aprendizagem ao longo da vida se torne verdadeiramente alicerce e desígnio das políticas de desenvolvimento humano.

23.

20.

14.

de com profundas preocupações sociais, e a uma educação cívica alicerçada em recordações que são exemplo de como um país se levanta sem desculpas.

25. 22.

19.

13.

O que desejo é que a marca From Portugal continue com o nível de crescimento que tem vindo a ter nos últimos anos. Para tal acontecer, a Cristina Barros vai continuar com toda a dedicação e orgulho a levar o nome do nosso país a todo o mundo.

CEO DA LIPACO

DA ECONOMIA

vância ao impacto ambiental controlado há décadas, às energias alternativas assumidas, ao preço justo das coisas, a uma socieda-

21. 18.

15.

campeão europeu!

26.

JOSÉ MORGADO

DIRETOR DO DEPART. DE TECNOLOGIA E ENGENHARIA DO CITEVE

Quase no final do Programa Operacional Portugal 2020, espero que 2020 seja o ano da concretização da investigação em inovação e que os projetos entretanto executados se transformem em verdadeiros veículos de melhoria da competitividade do setor.

24.

27.

CEO DA O SEGREDO DO MAR

CEO DA TAJISERVI

Em 2020 há que dar rele-

Desejo que a Europa con-

JOSÉ CARDOSO

JÚLIA PETIZ


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ligeiro crescimento, apesar do clima de arrefecimento que se sente. Gostaria que

firme que Portugal é o seu mercado de produção têxtil de excelência, aumentando a quantidade de produções.

vez mais ser proprietários de outras partes da cadeia de valor além da produção. Que tenhamos todos saúde para alcançar os nossos objetivos.

31.

acontecerá. Um bom ano de 2020 para todos!

MARIA GAMBINA

DESIGNER DE MODA

28.

KATTY XIOMARA

DESIGNER DE MODA

As expetativas são tão redondas como o número, 2020! Quero remar contra as previsões e pensar que a

Com a reabertura da minha loja na Foz, Porto, desejo continuar a acreditar que é uma aposta segura, pois cada vez mais o público procura o design português.

o Governo olhasse mais para os custos de contexto que penalizam as empresas portuguesas, sobretudo a fatura de energia e custos de transporte.

MARIA JOSÉ CARVALHO

RESPONSÁVEL DA AGENDA PARA A SUSTENTABILIDADE DO CITEVE

35.

MARTA INOCÊNCIO

DESIGNER DE MODA E GESTORA DE PRODUTO NA WEDOBLE

sugestão desta nota máxima possa estar mais perto do real do que da fantasia.

33.

MÁRIO JORGE MACHADO

29.

MARGARIDA MÁXIMO

GENERAL MANAGER DA TMR FASHION CLOTHING

30.

MARGARIDA PIZARRO

DIRETORA COMERCIAL E CRIATIVA DA PIZARRO

Com o caminho do têxtil cada vez mais surpreendentemente incerto, pedimos apenas para 2020 a mesma garra e a mesma paixão para enfrentarmos os novos desafios.

PAULO AUGUSTO DE OLIVEIRA

ADMINISTRADOR DA PAULO DE OLIVEIRA

36.

ADMINISTRADORA DA TROTINETE

novamente nos discursos alarmistas e recessivos. Desejo que a visão que temos de continuar a transformar-nos num dos setores mais inovadores, sustentáveis e competitivos da indústria transformadora tenha avanços significativos. Tenho a certeza que essa transformação vai depender sobretudo do trabalho e empenho dos empresários e das suas equipas.

Desejo que as Empresas Portuguesas superem os desafios colocados em 2020 e na nova década. Estaremos como sempre empenhados no crescimento empresarial, com a sustentabilidade como driver . Boas Festas!

PAULO GOMES

DIRECTOR CRIATIVO DA MANIFESTO MODA

Espero que em 2020 Portugal se mantenha na linha da frente no processo de mudança de paradigma no sistema de moda, para se tornar num sistema circular e sustentável. Esse é o meu desejo que, no fundo, retrata sinais evidentes e reais dessas práticas, como é o caso do Green Circle.

ADMINISTRADOR

Desejo que o próximo ano em Vila Nova de Famalicão signifique mais um passo em frente na afirmação do município como a Cidade Têxtil de Portugal e que esta marca reforce a imagem de inovação, de modernidade e de arrojo que lhe está associada pela qualidade da ação dos empresários. E não tenho grandes dúvidas que isso

MÁRIO JORGE SILVA Que 2020 seja melhor que 2019. Que possamos cada

Na Fiorima, a nossa ambição é sempre fazer mais e melhor, sobretudo melhor, o que significa globalmente sermos mais eficientes e criativos em todos os domínios da nossa atuação.

PAULO CUNHA

DE VILA NOVA DE FAMALICÃO

NOËL FERREIRA

CEO DA TINTEX

DIRECTOR INDUSTRIAL DA FIORIMA

40.

37.

DA A.FERREIRA & FILHOS

42.

PAULO RODRIGUES

Espero que as empresas da fileira continuem a demostrar a sua resiliência e dinamismo, a criar valor e a superar os múltiplos desafios. Coletivamente, que demos prioridade aos temas da sustentabilidade para que se torne um fator estratégico da marca Portugal. Think Green, Think Portugal!

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL

34.

Antevejo para 2020 um

41.

39.

MATILDE VASCONCELOS

Que sejamos capazes, o setor como um todo, de mais uma vez rejuvenescer, subir na cadeia de valor, fazer parte do grupo dos vencedores, e não dos vencidos, pela inovação.

Embora exista um grande pessimismo instalado no setor, no que concerne à NGS gostaríamos que 2020 fosse idêntico ao ano que finda. Em relação ao setor desejamos um ano de grandes sucessos. Aos nossos governantes pedimos especial atenção para o custo da energia e a isenção de impostos nas horas extraordinárias.

Que 2020 seja o ano em que a humildade e a perseverança sejam uma luz maior que nos guie rumo ao sucesso em todas as áreas da vida.

PRESIDENTE DA ATP

Tenho esperança que os arautos das profecias negativas de uma recessão generalizada na economia europeia e mundial se enganem

NUNO SILVA

CEO DA NGS MALHAS

32.

Que 2020 consolide a posição do setor têxtil e do vestuário português como o mais sustentável e circular no mercado mundial.

38.

43.

RICARDO COSTA

VEREADOR DA DIVISÃO DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO DA CÂMARA DE GUIMARÃES

As transformações constantes levam a que as empresas tenham que estar constantemente a inovar. Só vencerá os desafios do futuro quem tiver a


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consciência que tem de acrescentar valor de forma recorrente. O valor acrescentado far-se-á com as pessoas.

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marca e empresa, com cada vez mais parcerias e fortalecendo as criadas nos anos passados.

um caso de sucesso.

50. 47.

RUI GORDALINA

CEO DA OLDTRADING

44.

RITA FERNANDES

ADMINISTRADORA DA MUNDIFIOS

Esperamos que a indústria têxtil europeia consiga navegar neste ambiente de transformação e que encontre formas de se adaptar à nova realidade de um mercado mais concentrado entre a realidade do fast-fashion e do luxo. Votos de um feliz 2020!

Que seja um ano de continuação no crescimento. “Portugal está na moda”, é verdade, mas não podemos abrandar. O ano 2020, será seguramente um ano de reafirmação da nossa raça lusitana!

deixe morrer os têxteis, legislando no sentido de podermos ser mais competitivos e sustentáveis.

RUI MARTINS

ADMINISTRADOR DA INOVAFIL

2020 será um ano em que as questões ambientais e a economia circular vão marcar a agenda. Na Inovafil será, certamente, um ano recheado de Inovação Sustentável. Feliz 2020!

54.

TERESA MARQUES

GLOBAL BRAND MANAGER DA CONCRETO

Em linha com os investimentos programados para a nossa marca, espero que 2020 seja mais um ano de expansão das exportações da Concreto.

51.

SANDRA BARRADAS

FUNDADORA DA CHERRYPAPAYA

48.

RUI MIGUEL

PRESIDENTE DO DEPART. DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA TÊXTEIS DA UBI

45.

RODNEY DUARTE

EXPORT SALES MANAGER DA FS CONFECÇÕES

Prevemos que seja um ano de consolidação nos mercados onde já estamos presentes. Continuamos a apostar na sustentabilidade e na economia circular, sempre focados na inovação. Um Feliz 2020, com muita saúde e paz!

A ITV portuguesa tem trilhado nos últimos anos uma trajetória crescente de sucesso que espero se mantenha em 2020. Tenho ainda a expetativa que no próximo ano as empresas da ITV reforcem os fatores que lhes permitirão ter a robustez dos líderes de mercado.

Que o consumo consciente seja cada vez mais uma realidade. Sustentável é comprar local e de boa qualidade! O nosso desejo é continuar a crescer em Portugal e no exterior. Feliz ano Têxtil 2019!

55.

UMBELINA RIBEIRO

FUNDADORA DA DILINA TÊXTEIS

O nosso desejo para 2020 é manter a nossa marca Dilina no mercado de Espanha, e afirmá-la mais no setor de Hotelaria & SPA de charme.

52.

DA PEREIRA DA CUNHA

56.

VASCO PIZARRO

46.

RUI ABREU

CO-FUNDADOR E DIRECTOR-GERAL DA KORTEX

Em 2020 estarão no nosso quotidiano o crescimento económico em rota de colisão com a necessidade de mudanças. Na Kortex estamos focados em utilizar a tecnologia como a grande ferramenta para lidar com a otimização e estamos convencidos que Portugal será visto como

Sabemos que o otimismo é a base do sucesso, por isso devemos acreditar com muita motivação no ano de 2020 e tornar realidade os nossos objetivos.

INTERNATIONAL BUSINESS MANAGER DA TÊXTIL CÃES DE PEDRA

Desejo que 2020 seja completo de sucesso para o setor têxtil. Portugal está a um passo de se afirmar como grande Cluster Europeu do Têxtil e isso traz um potencial enorme. Dar enfoque às marcas nacionais melhor preparadas deveria ser uma prioridade. Não nos deixemos apanhar desprevenidos para depois não ter que correr atrás do prejuízo…

O ano passado pedi estabilidade nas regras que regulamentam as nossas empresas, essencialmente nas áreas fiscal e laboral. Espero que finalmente os meus desejos sejam ouvidos.

59.

VÍTOR PAIVA

SANDRA PEREIRA CUNHA

RUI MAIA

VÍTOR ABREU

CEO DO GRUPO ENDUTEX

MANAGER DA DAMEL

ADMINISTRADORA

49.

58.

DIRETOR MARKETING E RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA PIZARRO

Queremos contribuir para que no têxtil português haja um maior espírito de cooperação e parceria. Da nossa parte, tudo iremos fazer para que esta união seja uma realidade.

57. 53.

SUSANA BETTENCOURT

DESIGNER DE MODA

Sendo 2020 o fecho da década, espero um ano de viragem para a minha

Trabalhamos e investimos há vários anos com o objectivo de tornar a Damel numa empresa inovadora e tecnicamente avançada. Acredito que 2020 possa ser o ano da concretização de tudo que temos feito, pois “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.

60.

XAVIER LEITE

VIRGÍNIA ABREU

ADMINISTRADOR DA TÊXTEIS

CEO DA CRISPIM ABREU

PENEDO

A minha esperança para 2020 é que possamos angariar novos clientes, fidelizar os existentes e oferecer-lhes mais e melhor. Desejo que o Governo não

Para todo o universo português desejo um ano de 2020 com saúde, estabilidade familiar, política e financeira. Que os sonhos se tornem realidade.


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A DOIS CAFÉS & A CONTA O Industrial

Rua José Moreira da Silva, 450 4470-611 Maia

Entrada Presunto com melão, bôla, pataniscas de bacalhau, queijo Prato Massada de mariscos Bebidas Socalcos do Bouro (Alvarinho), água e dois cafés

PAULO FARIA

Nasceu no Porto, sendo o mais velho (a irmã, seis anos mais nova, é designer na Sanmartin) do casal de filhos do matrimónio entre uma doméstica e um comandante da PSP. Cresceu em Paranhos e foi na escola Aurélia de Sousa que a professora Emília Gouveia o convenceu a ir para Design de Moda. Ele apreciou a ideia (“sempre gostei muito de design”) e os pais não se opuseram (“se é isso que tu queres, vai”). Concluída a formação, na Gudi, fez um curso de moda técnica na Alemanha (Muller & Sohn). Passou pela Domingos Ferreira e a Costa Silva e Nascimento (“uma grande escola”), antes de deitar âncora na Paula Borges. Adolescente e jovem adulto, foi guarda redes de andebol (mede 1m89) no Águas Santas, ABC e FC Porto (onde foi campeão nacional). A fotografia (usa uma Canon 5DS) é uma das suas grandes paixões integra o grupo Seis Olhares. Casado com Lúcia, têm uma filha, a Mariana, que tem 18 anos e joga voleibol no FC Porto (mede 1m84 e calça 43)

CHERCHEZ LA FEMME

FOTO:RUI APOLINÁRIO

48 ANOS DESIGNER E DIRETOR COMERCIAL DA PAULA BORGES

Paulo não tem mãos a medir. A semana seguinte (conversámos numa sexta-feira) ia ter um arranque demolidor. Na segunda-feira ia receber a visita da Mugler, na terça da Paco Rabanne e na quarta da Balenciaga. “Somos conhecidos pelo nosso savoir faire. Quando não conseguem fazer o produto que querem noutro lado, as marcas vêm bater à nossa porta”, explica. Balenciaga e Mugler são os recém chegados ao clube de 28 clientes de private label da Paula Borges, de que já faziam parte marcas com a Max Mara, Victoria Beckham, L.K.Bennett, Nina Ricci, Mulberry ou Hermès. “Somos um atelier industrial”, resume Paulo, socorrendo-se de uma definição feliz saída da boca de um comprador da Prada no final de uma visita às instalações da Paula Borges em Gueifães (Maia) - a empresa tem, desde há três anos, uma outra unidade industrial em Baião. “Trabalhamos um nicho de mercado, produzindo pequenas quantidades de grande qualidade e valor acrescentando. A flexibilidade é uma das nossas vantagens competitivas. Tanto fazemos 100

peças para a Mugler como quatro mil para a Isabel Marant”, explica Paulo, que escolheu almoçarmos no restaurante onde almoça diariamente com a mulher, Lúcia, e a sogra, Paula Borges, que deu o nome a esta empresa fundada em 1983 e especializada em confeção de senhora. A flexibilidade, um dos segredos da Paula Borges, é-lhe assegurada por ter a produção, na Maia, organizada em sete células - em Baião tem duas linhas destinadas à produção de séries maiores. “Outra das nossas vantagens competitivas é a qualidade que se baseia no uso de matérias primas nobres - cerca de 80% são sedas naturais - trabalhadas por mão-de-obra muito qualificada. Quando se oferece produto qualificado, se dá resposta rápida e se cumprem os prazos de entrega, os clientes vêm e ficam - nunca mais vão embora”, garante. A elevada qualidade - uma espécie de alta costura industrializada - resulta da combinação dos 50 anos de experiência e savoir faire da fundadora, Paula, com a criatividade e exigência da sua filha Lúcia. “A Lúcia é uma perfecionista que

não descansa enquanto não formos a melhor empresa europeia no nosso nicho de mercado”, confessa Paulo, que conheceu a mulher em 1993 no aeroporto Sá Carneiro. Ele era o melhor aluno da Gudi, ela a melhor aluna do Citex. Ambos tinham recebido uma bolsa para fazerem um curso de três semanas na Grécia. Deu-se o coup de foudre - e três anos volvidos estavam casados. Cherchez la femme é a pista certa para perceber porque é que Paulo Faria desembarcou na Paula Borges, uma confecionadora que sabe o que quer e para onde vai. “2019 está a correr-nos muito bem. Esperamos fechar o ano com um volume de negócios de 2,8 milhões de euros, ou seja um crescimento na ordem dos 10% relativamente a 2018. Em 2020 vamos apostar em marketing para dar um novo fôlego à marca própria Paula Borges - o objetivo é que em 2023 represente entre 30% a 40% das nossas vendas”, confidencia Paulo, que anda também empenhado no lançamento da marca própria Ever 4 Ever, criada expressamente para o segmento online. t


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6 FOTOSINTESE Por: António Moreira Gonçalves

1. O PONTAPÉ DE SAÍDA FOI DADO NA A+A, EM DUSSELDORF, COM A ILHA FROM PORTUGAL A OCUPAR UMA ÁREA BEM MAIOR QUE EM ANTERIORES EDIÇÕES

FEIRAS EM NOVEMBRO, NATAL EM DEZEMBRO Pode até soar a estranho àqueles que têm mais anos de feiras no currículo, mas novembro – normalmente um mês pouco movimentado – impôs à comitiva From Portugal um largo roteiro. De Düsseldorf entre a A+A, dedicada a vestuário de proteção e segurança, e Medica, dirigida ao setor da Saúde - a Paris (Milipol), com passagem pelo outro lado do Atlântico, em Miami, na Soccerex, uma feira dirigida à indústria do futebol. Os têxteis portugueses afirmam um novo paradigma e a expressão Off Season já faz parte do passado

5. COM BRUNO AZEVEDO E ANA MORAIS, A UNIFARDAS TEVE NA A+A A SUA ESTREIA ABSOLUTA EM FEIRAS INTERNACIONAIS

6. NA MEDICA TRADE FAIR, BARCELCOM, OASIPOR, TROTINETE E WISE HS FORTALECERAM A IMAGEM DE PORTUGAL NESTE SETOR DE PONTA

11. JÁ EM PARIS, NA MILIPOL, HOUVE MOTIVOS PARA UM BRINDE NO STAND DA PENTEADORA

10. UMA OUTRA IMAGEM DE PORTUGAL NO SHOWCASE DE INOVAÇÃO CITEVE


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2. JOÃO MENDES, ADMINISTRADOR DA A. SAMPAIO, APRESENTOU EM DÜSSELDORF AS NOVAS MALHAS PROTECION+

4. FERNANDO MATEUS, PEDRO MATOS E RICARDO TEIXEIRA: A EQUIPA DA HR GROUP REUNIDA NUM DOS RAROS MOMENTOS DE PAUSA

3. NO STAND DA FALLSAFE, AS REUNIÕES COM CLIENTES FORAM UMA CONSTANTE

7. NUNO MOTA SOARES E GASPAR SOUSA COUTINHO LEVARAM À MEDICA A NOVA IMAGEM INSTITUCIONAL DA BARCELCOM

9. NA TROTINETE, OS UNIFORMES HOSPITALARES ATRAÍAM AS ATENÇÕES

8. A LINHA MEDICALPRO FOI O OUTRO DESTAQUE DA BARCELCOM

13. HELIOTEXTIL, BRAND IT E YOUON LEVARAM À SOCCEREX, EM MIAMI, AS INOVAÇÕES PORTUGUESAS PARA O UNIVERSO FUTEBOLÍSTICO

12. NA AXFILIA, AS MEIAS MILITARES ESTAVAM NO CENTRO DE TODAS AS CONVERSAS

14. A CAMISOLA INTERATIVA SMART JERSEY FOI O GRANDE DESTAQUE DA HELIOTEXTIL


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TAJISERVI CHEGA AOS TRÊS MILHÕES E CRESCE NA DIVERSIFICAÇÃO A Tajiservi espera fechar as contas de 2019 com um volume de negócios na ordem dos três milhões de euros. A par do crescimento, a empresa regista também um equilíbrio nas vendas: metade no tradicional negócio de venda e assistência técnica para máquinas de bordados, e os outros 50% no crescente mercado dos acessórios e consumíveis. 2020 será o ano de grandes mudanças, que começam já em janeiro com a passagem de Lordelo, Guimarães, para novas e maiores instalações em Vila das Aves, Santo Tirso.

"Não nos limitamos a comprar e vender. Escolhemos os tecidos, temos conceção e design próprios, e apresentamos coleções com marca própria Denim Makers" Carlos Serra CEO da Troficolor

LANTAL INVESTIU 1,7 MILHÕES PARA DUPLICAR PRODUÇÃO O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, inaugurou no final de outubro as obras e novos equipamentos da Lantal Têxteis, um investimento superior a 1,7 milhões de euros efetuado com o objetivo de consolidar a posição de líder europeu na produção de tecidos para transportes públicos. “Com este investimento, pretende-se aumentar a capacidade produtiva em cerca de 90%, assente sobretudo na aquisição de novos equipamentos e tecnologias para uma maior capacidade de resposta aos mercados e para um processo produtivo mais eficaz e competitivo”, informou o grupo com origem na Suiça que há cerca de três anos assumiu o controlo da ex-Gierlings Velpor para concentrar em Santo Tirso toda a sua produção. Especialista no fabrico e distribuição de têxteis para comboios, autocarros, aeronaves, ou super-iates, a Lantal aposta “no alargamento e diversificação da sua carteira de clientes e, por sua vez, no crescimento da empresa nos mercados externos, que representam 93% das vendas da empresa, com destaque para o mercado europeu e americano”. Com apoio do FEDER “de quase 700 mil euros”, o projeto teve como objetivo principal reforçar a investigação, o de-

CENTI QUER DISSEMINAR TECNOLOGIAS DE LARGO ESPECTRO

ZARA E UNIQLO, AS ÚNICAS DA MODA EM EXPANSÃO

O CeNTI quer transformar a Indústria portuguesa com a introdução, em vários setores, das Tecnologias de Largo Espectro (em inglês, KETs, Key Enabling Technologies). Marcando presença nas mais importantes feiras nacionais de construção, arquitetura, automóvel e logística, o centro vai sensibilizar os profissionais para a importância e o impacto destas tecnologias na criação de produtos, soluções e serviço inovadores, capazes de potenciar a competitividade das empresas e o crescimento económico do país.

A espanhola Zara e a nipónica Uniqlo são as únicas marcas do mundo da moda entre as que mais cresceram em 2019, segundo um relatório da consultora Brand Finance – numa listagem que é liderada pela plataforma social chinesa WeChat. O ranking elenca as 100 marcas que mais cresceram em 2019, com a Zara e a Uniqlo a serem rodeadas pelas marcas chineses e norte-americanas – que lideram o ranking por larga margem, com 39 marcas para cada país.

15%

Foi com toda a atenção que o ministro Siza Vieira viu a apresentação do projeto da Lantal

senvolvimento tecnológico, a inovação e a consequente “produção de produtos inovadores e diferenciadores nos mercados”, esclarece a nota distribuída pela Lantal. A par da apresentação do projeto por parte do diretor geral da unidade portuguesa, Constantino Silva, o ato inaugural contou também com o presidente do conselho de administração da Lantal, Urs Rickenbacher, e o presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa. Com um plantel de 135 traba-

lhadores e uma produção destinada quase a 100% à exportação, os veludos e tecidos da Lantal já revestem bancos e interiores de aviões e barcos, de comboios e carruagens em França e na Suíça, e de autocarros em Espanha. Com os novos investimentos, sobretudo em maquinaria especializada e de grande performance técnica, a nova dinâmica produtiva deve estar em velocidade de cruzeiro em 2021, anos em que a Lantal estima crescer para uma faturação à volta dos 18 milhões de euros. t

foi o crescimento registado pela Acatel nos oito primeiros meses deste ano. Em 2018 o volume de negócios da empresa andou próximo dos 14 milhões de euros

PME NACIONAIS À FRENTE DO RANKING DA INOVAÇÃO NA UE As PME portuguesas estão no pelotão da frente da União Europeia no que toca à inovação. Mais de 66% investem em projetos de inovação, num cenário em que a média geral é de 49,5% e apenas em cinco países ultrapassa os 60%. Num universo de pouco mais de 25 milhões de micro, pequenas e médias empresas existentes na UE, apenas 49,5% delas investe em inovação, mas em Portugal essa percentagem cresce até aos 66,4%, o que coloca o pais no ‘pelotão da frente’ dos 28, acompanhado apenas pela Finlândia, Luxemburgo, Alemanha e Áustria, os únicos que estão acima da fasquia dos 60%.


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FUNDO SHERPA CAPITAL REFORÇA TAPEÇARIAS FERREIRA DE SÁ Líder europeu no segmento de luxo e gerando mais de 80% das suas vendas no exterior, a Tapeçarias Ferreira de Sá quer reforçar a sua gama de produtos e capacidade de produção para dar ainda mais enfâse à sua vocação internacional. Para isso, acaba de reforçar-se com a entrada do fundo Sherpa Capital, um investimento que permite à família fundadora a manter uma posição minoritária e interesses na gestão da empresa.

300

pessoas trabalham na fábrica da Mehler, em Famalicão

CM SOCKS TRAZ O OURO PARA PORTUGAL

A CM Socks – Peúgas Carlos Maia recebeu a Medalha de Ouro da Feira Internacional de Havana relativa ao Prémio Inovação com as Prevent Sprain, umas meias que previnem as entorses e cuja tecnologia está patenteada em 143 países. “Entre cento e tal países, foram atribuídas seis medalhas e uma delas foi para Portugal. A exigência é muito grande e por isso ser galardoado é uma honra para nós”, revelou ao T Carlos Maia, o proprietário da empresa, na foto acompanhado pelo Ministro do Comércio Externo Cubano, Rodrigo Malmierca. t

CRAFIL COM UM PÉ NO PAQUISTÃO PARA VENDER PARA TODA A ÁSIA A Crafil estabeleceu uma parceria com um fabricante do Paquistão para vender linhas de costura com a sua marca para todo o continente asiático, em especial para os mercados da China, Vietname, Laos e Cambodja. “De dois em dois meses temos lá uma equipa que controla a qualidade da produção, assegurando que as linhas lá fabricadas cumprem os nossos standards”, conta Vítor Lopes, 45 anos, líder e fundador desta empresa especializada em linhas de costura para denim. A internacionalização da Crafil iniciou-se em 2006, apenas dois anos após a fundação da empresa, com a criação de uma associada na Tunísia, cujo armazém lhe permite garantir um stock service rápido e permanente às fábricas daquele país do norte de África que confecionam jeans para os seus clientes. “Algu-

mas das melhores marcas do mundo usam linhas da Crafil”, explica Vítor Lopes, que fornece marcas como a Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Pepe Jeans e Salsa. “Uma rápida capacidade de resposta e preços competitivos são a base da nossa competitividade, mas não posso deixar de ficar satisfeito quando verifico que somos mais procurados pelas nossas inovações do que pelo preço”, afirma o fundador da Crafil, orgulhoso de um caminho de 15 anos, que transformou uma pequena firma de Riba d’Ave numa inovadora empresa, com uma filial na Tunísia e uma parceria no Paquistão. Com 16 trabalhadores em Portugal e seis na Tunísia, a Crafil fechou 2018 com um volume de negócios de 2,3 milhões de euros, que este ano deverá registar um crescimento na ordem dos dois dígitos. t

PAULA BORGES VAI EXPANDIR A SUA OPERAÇÃO EM BAIÃO

CHINA: EXPORTAÇÕES DE MODA PARA OS EUA CAEM 25%

2020 vai ser o ano da grande expansão da operação industrial da Paula Borges em Baião (onde trabalham 32 pessoas), que deverá ser dotada de uma mesa de corte e verá as suas instalações ampliadas. Nascida em 1983, na Maia, onde tem a sua sede, a Paula Borges encara mesmo a possibilidade de transferir o seu centro de gravidade para o concelho de Baião, onde já é o segundo maior empregador têxtil.

Durante os primeiros seis meses do ano as exportações da China para os Estados Unidos não foram além dos 32 mil milhões de euros, uma redução de 25% que mostra que a guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos contra a importação de produtos chineses está a produzir efeitos. Os principais destinos das exportações chinesas de roupa foram o Bangladesh, a União Europeia, a Coreia do Norte, o México e a Índia.

"Portugal é o país da Europa com melhor têxtil. Os italianos são muito bons, mas nós somos melhores" Gabriela Melo Diretora de Criação e Design da Somelos

DJ RIVAL CONSOLES E FUTEBOL INSPIRAM COLEÇÃO DE NYCOLE

FLOR DA MODA SEPARA ÁGUAS ENTRE INDÚSTRIA E RETALHO A Flor da Moda autonomizou por completo as suas operações industrial e de retalho, que passam a estar em empresas juridicamente independentes, numa reestruturação desenhada para dar um novo fôlego ao grupo de Barcelos. A recém criada MJJS (iniciais dos três irmãos Sousa – Manuel, José e João – seguidas da do apelido) fica com o retalho, que atravessa uma fase de grande mudança, com o refresh e reposicionamento da marca Ana Sousa, o lançamento da nova

marca Temperatura, e o investimento de três milhões de euros no rebranding da rede de 58 lojas, em Portugal e em Espanha, Luxemburgo, Angola e África do Sul. “O lançamento da Temperatura foi uma ideia que surgiu no âmbito de um esforço interno de reposicionamento e trading up da marca Ana Sousa. Sentimos que ganharíamos se além desse refrescamento da nossa marca tradicional lançássemos uma marca nova, destinada a público mais jovem”,

explica Rute Sousa, 35 anos, que está na Flor da Moda desde que concluiu o curso de Economia na FEP e é a nova responsável pela área de distribuição do grupo, autonomizada na MJJS. Nos termos desta restruturação, a coordenação entre as duas áreas é assegurada no dia-a-dia por uma Comissão Executiva composta por Nuno Sousa (responsável pela indústria), Rute Sousa (retalho) e um elemento exterior à família – Carlos Pires da Silva. t

A nova coleção da designer Nycole tem como ponto de partida o álbum de techno/minimal intitulado Persona, do DJ Rival Consoles. Em contradição à perda do contacto físico, resultado da era digital, a coleção é também influenciada pelo universo do futebol, um desporto que simboliza a multiculturalidade, o espírito coletivo e a união entre adeptos. O branco, o laranja, o verde-seco, o cinzento e o preto são as cores predominantes, apresentadas em look total ou como apontamentos contrastantes.


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X A MINHA EMPRESA Familitex Tecelagem Rua das Giestas, 379 Tamel S. Pedro Fins 4750-714 Barcelos

O que faz? Todo o tipo de malhas circulares Empresas associadas Serkut (armazém de malhas acabadas) e Familitex Tinturaria (ex-Luís Simões) Exportação direta 25% a 30% Principais mercados Finlândia, Espanha e Alemanha Fundação 1999 Certificações GRS, GOTS e Oeko-Tex Networking Master of Linen Club, membro da CELC- Confederação Europeia de Linho e Cânhamo Trabalhadores 90 (mais 80 na Familitex Tinturaria e cinco na Serkut) Volume de negócios 24 milhões de euros (previsão para 2019)

TEAMSTONE COM FIOS RECOVER NA LINHA DA FRENTE DA RECICLAGEM Há cerca de um quarto de século que a Teamstone tem a representação para Portugal dos fios reciclados produzidos na região de Alicante, Espanha, pela Hilaturas Ferre. Mas nunca como agora a procura foi tão grande. “Estamos na linha da frente da reciclagem”, afirma Luís Alemão, o responsável pela empresa portuguesa instalada na Maia. Os fios com a marca Recover são feitos a partir de restos de coleções rasgados antes de darem origem a novas fibras de algodão. “Processo mais ecológico não há. Não se gasta nem mais uma gota de água, nem mais um grama de químicos. O algodão ecológico é muito mais amigo do ambiente que o orgânico”, garante Luís Alemão.

"Em vez de musealizar as fábricas, mantemo-las a trabalhar e a gerar emprego" Isabel Costa CEO da Burel Factory

HUUB LANÇA PROGRAMA DE SUSTENTABILIDADE PARA A MODA A startup portuguesa HUUB gere um ecossistema de marcas slow fashion e quer liderar um movimento de transparência e otimização da pegada carbónica na indústria da moda. O programa a dois anos foi apresentado na Web Summit, em Lisboa. Um conjunto de análises e métricas centradas no impacto da cadeia de abastecimento e nas matérias-primas prevê que, a dois anos, as empresas cuja logística é gerida pela HUUB tenham visibilidade sobre cerca de 70% da sua pegada ecológica.

No bom caminho “O mercado puxou por nós...”, responde Afonso Barbosa, 48 anos, fundador e sócio gerente da Familitex, quando convidado a explicar como é que a micro-fábrica que arrancou há 20 anos, em Carapeços, com três teares arrumados e um armazém com menos de 400 m2 se transformou numa empresa com 92 teares, 90 trabalhadores, uma área coberta de 14 mil m2 e um volume de negócios de 24 milhões de euros, que controla a Familitex Tinturaria e a Serkut, empresa de stock service que vai fechar o ano com vendas de cinco milhões de euros. A aventura começou na primavera de 1999, pela mão de dois primos (daí o nome Familitex), Afonso Barbosa e José Manuel Mota, orgulhosos da proeza de serem sócios há 28 anos sem nunca terem tido uma única zanga. A sociedade começou na hotelaria, com dois cafés (o Satélite e o Apeadeiro), quando Afonso voltou da tropa (cumprida entre Tomar e o Depósito de Material de Guerra de Moscavide) e decidiu estabelecer-se por conta própria, em parceria com Zé Manel, que trabalhava na construção e andara emigrado por terras de França. Uma meia dúzia de anos no negócio dos cafés deixou os primos com ânimo e capital para se aventurarem na indústria têxtil, onde Afonso tinha pergaminhos, já que antes da tropa trabalhara em vários malheiros de Barcelos, tendo debutado na Falcão. O início foi tímido, como convém, nunca levantando o pé de trás sem ter o da frente bem assente no chão. Começaram a trabalhar como subcontratados, fazendo malhas para empresas como a Vilartex. Em 2003, andaram um bocado de lado, por culpa do tsunami que se seguiu à adesão da China à

OMC. “A coisa esteve tremida”, reconhece Afonso. Mas a lição foi aprendida. Os primos começaram a procurar ativamente clientes e em 2004 descobriram na Pocargil o parceiro certo para uma nova fase de crescimento da empresa. “Precisávamos de nos alavancar em alguém com estrutura”, diz Afonso, que não esconde a gratidão a Carlos Vieira (“apostou em nós”). A Pocargil foi a rampa de lançamento, tendo chegado a representar 70% das vendas. Mas concluída a fase da descolagem e mal se apanhou a voar, logo a Familitex fez um esforço de diversificação de produtos (“neste momento temos mais de 500 referências dentro de portas”), mercados (já exporta diretamente mais de 25% da produção) e clientes - o peso do maior não ultrapassa os 15% da sua faturação. Com o mercado a puxar, a empresa foi ganhando envergadura. Primeiro dotou-se de mais um braço, a Serkut, um armazém de malhas acabadas que ajuda a escoar produção - é o seu terceiro maior cliente. E este ano avançou para jusante, investindo na tinturaria e acabamentos, com a Familitex Tinturaria, resultante da aquisição e reestruturação (em curso) da Luís Simões. Os segredos deste sucesso? O compromisso (“ou acredito numa coisa ou não me meto”), o investimento (“não há ano que passe sem investirmos”), a produtividade (“não podemos ficar sentados na cadeira à espera que os cliente venham ter connosco”) e uma estratégia acertada, que passa agora pela aposta em produtos sustentáveis e em malhas técnicas, para desporto (e não só). “Estamos no bom caminho”, conclui Afonso, um empresário que sabe o que quer e para onde vai. t

TAPA COSTURAS JÁ TEM GOTS E PISCA O OLHO À ESCANDINÁVIA A Tapa Costuras, a empresa de confeção de vestuário pertencente ao Grupo Brandbias, acaba de receber a certificação GOTS (Global Organic Textile Standard), mais um dos passos da aposta na sustentabilidade da empresa, que já em 2017 tinha conseguido obter o certificado STeP by OEKO-TEX (Produção Têxtil Sustentável). Uma mais-valia para a empresa, que prevê aumentar a sua presença nos mercados nórdicos e já se encontra presente em Espanha, França, Alemanha, Suíça e Bélgica.

20%

é o crescimento na faturação que a 4Teams espera para este ano, o que lhe deverá permitir ultrapassar o patamar dos cinco milhões de euros

A PRIMEIRA VEZ DE RUBEN RUA Coube ao modelo e ator português Ruben Rua levar à passerelle algumas das mais recentes criações da Intimissimi, uma estreia no desfile que decorreu em Verona no passado dia 29 de outubro e que apresentou ao público a White Cabaret, a coleção de outono/ inverno 2019 da marca de lingerie. Esta foi a primeira vez que Ruben Rua desfilou para a Intimissimi, envergando as últimas tendências da gama Uomo da marca, num ambiente de café-concerto onde o branco foi rei e os candelabros de cristal abrilhantaram a noite.


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MINISTRO ELOGIA O SETOR E LEVA RECADOS PARA O GOVERNO

ELASTRON GROUP DISTINGUIDA PELO INVESTIMENTO NA CHINA Fornecedora das maiores marcas e fabricantes de estofos de todo mundo, a Elastron Group foi distinguida com o Prémio de Mérito Empresarial pelo seu investimento na China. O prémio foi entregue durante a VI Gala Portugal-China, este ano dedicada ao Novo Ciclo das Relações Bilaterais entre os dois países. Atribuído por iniciativa da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa, o Prémio de Mérito Empresarial reconhece não só a importância do investimento da Elastron em território chinês como “premeia também o seu empreendedorismo o importante contributo para as relações bilaterais entre os dois países”, destaca a nota difundida pela em empresa.

"Recuperamos cada vez mais água, o que significa que estamos a consumir menos. Recuperamos, tratamos e reutilizamos e isso é bom para o ambiente e é bom para nós" José Alexandre Oliveira CEO da Riopele “O Estado vai continuar a acompanhar as exigências do setor”, disse Pedro Siza Vieira durante a sua intervenção no XXI Fórum Têxtil

Reformas no sistema de ensino, uma política fiscal mais próxima das empresas, cortes no custo da energia e contenção na lei laboral são os grandes temas que o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, quer acrescentar à agenda do Governo – e cujos traços gerais analisou na abertura do XXI Fórum Têxtil, realizado a 4 de dezembro no CITEVE, Famalicão, na presença do Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira. Num quadro em que debatia a evolução do setor no horizonte de 2025, e recordando que os últimos dez anos foram de crescimento continuado – período durante o qual as exportações ultrapassaram os 5,3 mil milhões de euros – Mário Jorge Machado enfatizou que 2019 fica marcado por um abrandamento do crescimento. “A incerteza é a única coisa certa e temos de estar preparados para todos os cenários. O que estamos a enfrentar não é apenas conjuntural, é algo mais profundo, o contexto é cada vez mais desafiante”, alertou. Mas para que o caminho continue a ser protagonizado pelas empresas, o presidente da ATP elencou um conjunto de reformas extra-setoriais que a indústria têxtil reclama para manter e elevar a competitividade em termos globais. “O acesso

ao dinheiro continua difícil, os custos da energia e ambientais são um fator essencialmente negativo. Estamos no início de uma nova legislatura e impõem-se reformas indispensáveis”, alertou. Pedro Siza Vieira, que abriu os trabalhos muito concorridos do fórum, afirmou que “o Estado vai continuar a acompanhar as exigências do setor”, ao qual prestou reconhecimento pelo caminho de inovação e modernização que tem sido seguido. Uma garantia, frisou, que “decorre da confiança que o setor soube criar” depois de nas últimas décadas ter sabido enfrentar os impactos resultantes da abertura do comércio mundial e da crise financeira de 2008. “E saiu por cima, com crescimento na cadeia de valor, foco na inovação, no consumidor e serviço prestado ao cliente”, destacou o ministro. Do financiamento e acesso ao crédito, às questões laborais, custos da energia e reformas no sistema fiscal, o governante foi direto ao assunto. “Criar um ambiente fiscal mais favorável aos esforços de crescimento e de maior produtividade, apoio ao reinvestimento por parte das empresas dos excedentes de exploração e fazer com que o financiamento do sistema bancário possa beneficiar as empresas”, foram alguns dos tópicos deixados por Siza Vieira. t

AXFILIA QUADRUPLICA VENDA DE MEIAS MILITARES EM DOIS ANOS A proteção civil francesa e as polícias da Suíça e da Holanda fazem já parte da carteira de clientes da Axfilia, mas a empresa de Barcelos, fundada por Maria José Machado, quer mais, e continua a apostar em produtos inovadores. Uma das apostas ganhas está nas meias para forças militares, que foram já integradas numa missão portuguesa e em dois anos quadruplicaram as vendas. “Recordo-me de uma conversa em que um general me disse: ‘um soldado sem boa cabeça e

sem bons pés não é um soldado. Muitas vezes esquecemo-nos de proteger os pés”, diz Maria José Machado sobre um dos recentes investimentos da Axfilia, a empresa que fundou em 2012 e que comercializa vestuário profissional, de proteção e de segurança para vários países europeus. As meias militares foram, aliás, a evolução natural a partir das meias de trabalho, mas representam já um mercado autónomo, que tem trazido cada vez mais retorno. “Já fornecemos

algumas forças militares europeias e posso dizer que o negócio das meias mais do que duplicou de 2017 para 2018 e este ano a tendência repete-se e já quase duplicamos o valor do ano passado”, afirma a líder da empresa, sem querer revelar números. Uma das forças militares que calça as meias da Axfilia é a missão portuguesa na República Centro-Africana, com cerca de 200 operacionais, sobretudo paraquedistas, a atuar no contexto de uma ação de paz da ONU. t

NORTENHA LANÇA NOVA COLEÇÃO NO.ID (A MARCA ALL IN BLACK) O modelo foi o da apresentação inaugural, com uma Flagship Store que nesta segunda edição tem a duração de dois meses. A nova coleção da NO.ID, a marca com assinatura No Name, No Gender da Têxtil Nortenha, chama-se NO.03 e está até ao final do ano na Pop Up Store do Bairro das Artes, na Rua da Torrinha nº 11, no Porto. A atenção ao detalhe, escolha dos materiais – entre eles o lyocell, o algodão, e vários tecidos orgânicos – e o facto de não existirem estações definidas nas coleções, fazem também parte do ADN da marca da Têxtil Nortenha em parceria com a designer Francisca Veiga.

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das vendas da Finera, em 2018, foram de roupa de cama. Em 2015 essa percentagem era de 40% - sendo que o resto da faturação era assegurado pelas toalhas

MIHI, A MARCA AMIGA DAS MULHERES MASTECTOMIZADAS

Biquínis e fatos de banho, que conjugam a beleza de praia com as necessidades de conforto de mulheres que passaram por uma mastectomia. Este é o conceito criado pela designer portuguesa Rute Vieira, fundadora da Mihi, uma marca de banho que se intitula Breast Cancer Friendly.


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TUC TUC QUER AS CRIANÇAS A BRINCAR COM A CHUVA Para enfrentar os dias de chuva sem nunca perder a energia e boa disposição, a tuc tuc oferece as peças mais resistentes e adoráveis da estação. Perfeitos para conjugar com as tradicionais botas de chuva, surgem os fundamentais impermeáveis, que vão colorir até os dias mais cinzentos, e também modelos reversíveis, para que os mais pequenos tenham várias opções para os seus looks divertidos.

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"As pessoas hoje não vão às lojas, não vão à rua nem ao centro comercial comprar roupa. Vão à Internet e compram" Luís Andrade CEO Anbievolution

GANT TEM PLANO DE EXPANSÃO EM PORTUGAL ATÉ 2021 A marca de sportswear Gant encerra o ano de 2019 com a abertura de duas lojas – uma no Fórum Algarve e outra no Norte Shopping, cumprindo deste modo os planos de expansão delineados para Portugal e terminando em força o primeiro ano de regresso ao mercado nacional. Do plano de expansão constam ainda a abertura de mais quatro lojas em 2020 e duas grandes megastores em 2021. Até ao final de 2019, a equipa da Gant será composta por cerca de 70 colaboradores, a que se acrescentarão mais 30 em 2020.

OLMAC E VILANOVA ACESSORIES VENCEM NO FASHION FILM FESTIVAL

Orlando Miranda, CEO da Olmac, congratulou a organização do FFF e agradeceu aos colaboradores da OLMAC por “todo o empenho e dedicação”

Foi com a película “URB” que a empresa portuguesa Olgrande vitalidade do setor têxtil português”, que se fez mac arrecadou o prémio para o melhor filme de moda de representar em peso este sábado em Guimarães. têxteis técnicos na edição deste ano do Fashion Film FestiMário Jorge Machado, presidente da ATP, António Brás val (FFF), enquanto a Vilanova Costa, diretor-geral do CITEVE Acessories conquistou o prémio e Paulo Vaz, diretor-geral da da categoria Moda de Marca LISTA DE PREMIADOS ATP foram alguns dos reprecom “The Breeze”. Com númesentantes máximos do setor ro recorde de filmes em concur- FILME DE MODA DE TÊXTEIS TÉCNICOS que fizeram questão de marcar so, num total de 165 películas, o MELHOR FILME - “URB”, da Olmac presença no evento, que pela FFF reuniu na Fábrica ASA, em FILMES DE MODA DE MARCA primeira vez teve lugar na ciGuimarães, mais de duas cente- MELHOR FILME - “The Breeze” Vilanova Acessories dade berço e contou com vários nas de pessoas para a cerimónia MELHOR FOTOGRAFIA - João Sousa com “Here”, da momentos musicais a cargo da Parfois de entrega de prémios. artista portuguesa IAN. A cerimónia conduzida pelo MELHOR REALIZADOR - “Vladimiro Gonçalves, com Josh Brandão (Fotógrafo e “School Memories”, da Piupiuchick ator Jorge Corrula distinguiu um Realizador), Leonor Teles (Reatotal de 12 filmes nacionais e in- FILMES DE MODA INTERNACIONAIS lizadora), Mário Augusto (Jorternacionais, com destaque para MELHOR FILME - DA/DA Diane Ducasse , por “Nou- nalista), Susana Albuquerque velle Vague” a distinções dos filmes de mar- MELHOR REALIZADOR - Giacomo Boeri e Matteo (Diretora criativa UZINA e Preca das empresas portuguesas Grimaldi, por “Be Ready” sidente Clube de Criativos de Piupiuchick, Parfois e Vilanova MELHOR FOTOGRAFIA - Oriol Barcelona, por “The Portugal), Hugo Silva (diretor Eternal Summertime” Acessories, do grupo Tiffosi. Criativo AKQA), Sophia Kah Manuel Serrão, responsá- FILMES DE MODA DE AUTOR (Estilista), Eva Font (CEO do vel máximo do FFF, lembrou MELHOR FILME - Lea Siebrecht, por “Zero” Barcelona FFF), Brás Costa (Dique “através de um fashion MELHOR REALIZADOR - Leonor Berrencourt , por retor Geral do CITEVE) e Marina “Fleurs du Mal” film, as marcas podem, com MELHOR FOTOGRAFIA - João Sousa, por “ Join the Club” Sousa (Revista Máxima),comorçamentos menores, conpuseram o elenco de jurados seguir maior visibilidade em FILME DE MODA ALIVE MOBILE desta sexta edição do festival todo o mundo”, aproveitando MELHOR FILME - Neon Fever”, de Daniel Costa que é o único dedicado ao setor ainda a abertura da noite em FFF MÁXIMA / ESCOLHA DO PÚBLICO da Moda em Portugal e um dos Guimarães para reforçar “a MELHOR FILME - Sarah Cirilio, por “Márvány” mais importantes da Europa. t

ALY JOHN, A MODA DENIM QUE É FEITA PARA DURAR MUITOS ANOS Peças concebidas para durar anos e produzidas essencialmente com materiais orgânicos é o caminho da Ali John para a redução do desperdício e do consumo de energia. A nova coleção da marca especializada em roupa denin aprofunda as preocupações de sustentabilidade que já fazem parte do seu ADN e permitem, numa lógica de inovação, a utilização otimizada de menos recursos naturais. É um conhecimento que resulta de 30 anos de experiência “no qual se destaca a sensibilidade da mão humana, a escolha de materiais e o fitting certo, faz com que a Aly John crie jeans intemporais e de qualidade superior”, refere a empresa, acrescentando que “todas as peças são lavadas em lavandarias nacionais com certificados Ecotex e Gots e todas elas se encontram num raio de 20 km das instalações da Aly John. Não há lugar para químicos perigosos e nocivos e todas as encomendas enviadas vão em sacos feitos de tecido usado em testes de qualidade, substituindo as convencionais caixas de cartão”. A nova coleção é um conjunto de 19 peças produzidas essencialmente com materiais orgânicos e “produzidas para durar anos, levando assim a uma redução do desperdício de matérias-primas e uma redução do consumo de energia que a produção massificada exige”. Todas as peças são feitas em Guimarães, por uma equipa familiar que não ultrapassa as seis pessoas, têm uma frase bordada no forro e podem ser personalizadas pela cliente. t


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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt


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"PORTUGAL 2030 DEVERÁ APOIAR EMPRESAS CONSIDERADAS GRANDES"

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa

Francisco Xavier Leite 63 anos, nasceu em Guimarães, sendo o terceiro da meia dúzia de filhos do matrimónio entre uma doméstica e um capitão do exército. Começou a trabalhar com 13 anos (como empregado de armazém, na Lusaustri, ainda antes de concluir o Curso Comercial) mas ainda não acha que tenha chegado a altura para abrandar. Vitoriano (como não podia deixar de ser…) tem cinco filhas, com idades que vão dos 42 aos 15 anos

é

saudável fazer parcerias com empresas de outros setores – afirma Francisco Xavier Leite, CEO da Têxteis Penedo. Como correu 2019?

Tivemos um ano relativamente agradável, com um crescimento nos dois dígitos. Contraria a tendência – de que temos conhecimento. Que volume de negócios vão atingir?

tes na Europa de Leste?

A Rússia, a Polónia, a Roménia, as novas economias em crescimento. E do outro lado do Atlântico?

Estados Unidos e Canadá são os nossos melhores mercados, para onde exportamos entre 55% a 60%. E a América do Sul?

Exportamos pouco: a economia sul-americana está muito fraca. A guerra comercial entre Estados Unidos e a China tem-vos afetado?

Tem havido algum receio, alguma incerteza e instabilidade, mas os clientes acabam por ter necessidade de comprar: as prateleiras não podem ficar vazias.

Deverá estar perto dos 12 milhões de euros, um crescimento de dois dígitos.

E a China?

Está otimista para 2020?

Enquanto existir…

Esta tendência de crescimento não se vai repetir para o ano. O volume de negócios deste ano foi fruto do investimento em maquinaria que fizemos nos dois últimos anos. O mercado não é tão vasto que permita novamente esse crescimento. A nossa expetativa é, em 2020, crescer acima dos 5%.

(Risos) A China está nas mãos de cinco famílias, elas é que ditam as regras e as leis, tudo é subjugado à sua vontade.

Estamos lá indiretamente, através de Hong Kong.…

E Macau?

Já tivemos alguns contactos, algumas vendas esporádicas – não com a constância de Hong Kong – mas é uma geografia que será reativada.

Não é mau de todo…

Não estou de todo pessimista.

Em Macau o ‘made in Portugal’ ainda é um trunfo?

O grosso continuam a ser as exportações…

Sim, é, ainda há muita gente que fala português. Comunicação e credibilidade são coisas importantes.

São 100% da faturação. Está à procura de novos mercados, ou os tradicionais sustentam o negócio?

Tentamos sempre novos mercados, tendo em conta os investimentos e a necessidade cada vez maior de conforto de vendas. Estamos a tentar os mercados da Europa de Leste – extremamente complicados, como se sabe . Em África só a África do Sul tem dimensão. Que mercados são interessan-

"É saudável fazer parcerias com empresas de outros setores"

A hotelaria, um dos cores da empresa, tem expandido em Portugal e nomeadamente no Porto. O mercado interno não lhe interessa?

Temos alguns negócios com grandes grupos hoteleiros, mas não têm ainda grande expressão. Estamos a fazer o nosso caminho para lá chegar. Uma das formas de fazer crescer o negócio é acrescentando

Estava a trabalhar na Bordalima – depois de já ter passado pela Foncar – quando um cliente lhe fez saber que queria comprar colchas. Não percebia nada do assunto, mas perguntou, até ter chegado à Penedo e ter encontrado a recetividade para desenvolver o desenho pretendido, o qual teve muito sucesso e com grande volume de compras. Devido a esta parceria positiva, o dono da empresa propôs-lhe sociedade. “Nunca tinha visto um jacquard”, mas não havia de ser por isso que não se lançaria como empresário. Trinta anos depois, e já sozinho no negócio, depois de o sócio ter optado por uma empresa de import/export de fios em detrimento da indústria e de uma experiência que correu mal com um familiar que chegou a ter 40% da empresa, a Penedo atingiu uma dimensão que lhe permitiu atingir um volume de negócios de cerca de 12 milhões de euros e ter para oferecer ao mercado um dos fios mais inovadores que é possível encontrar no país. Se pensasse só no dinheiro, já teria vendido a empresa a um dos fundos que lhe vão rondando a porta, mas Xavier Leite quer a Penedo rigorosamente familiar e concentrada no crescimento. As suas cinco filhas, de dois casamentos, andam pelo mundo a criar as competências necessárias para lhe poderem suceder

inovação, uma área onde a Penedo dá cartas.

espera do produto, já há uns anos.

É um ponto sensível. Acabámos de fazer uma uma nova empresa em associação com a Sedacor – a Cork-a-tex New Generations Yarns – que vai produzir fios de cortiça. É um produto superpremiado, a última vez em Frankfurt. A nossa perspetiva é que vai ser um produto bem recebido pelo consumidor em geral: para além de propriedades próprias da cortiça, incorpora outras essenciais para hospitais (anti-ácaros, anti-bactérias), que vai proporcionar mercados de outro nível. A cortiça é um anti-fogo natural, é um isolante, tem grande apetência para a decoração e portanto acho que vamos ter ali um produto super-interessante.

O racional de negócio é também avançar para uma empresa subsidiária, como no caso do fio de cortiça?

A empresa será detida a 50% por cada um dos sócios?

Exatamente. Em ano-cruzeiro, quanto vão faturar?

No primeiro ano contamos faturar cerca de 700 mil euros, para, no segundo ano, ultrapassarmos os 1,5 milhões. Depois é uma questão de o mercado absorver o produto, temos essa expetativa. Para já, vai haver um critério muito restrito de colocação do produto: vamos tentar abordar as grandes marcas que demonstraram interesse e outros que nos foram abordando. Vamos procurar privilegiar os que demonstraram mais interesse, nomeadamente na feira de Frankfurt. O negócio vai desenvolver-se em pirâmide: vamos começar pelo topo, depois iremos descer, abrindo e alargando produções. E no caso dos tecidos com incorporação de lâmpadas led?

O target em termos de pirâmide é o mesmo, mas a fase de produção massiva está mais demorada, porque temos tido dificuldade na industrialização. Estamos a implementar as melhorias com os nossos parceiros, para vermos se conseguimos ultrapassar o problema. Mas posso dizer que temos mercado de alto nível à

Não, passará apenas pelo nosso controlo, porque aqui está em causa uma tecnologia da Penedo, que já temos, mas que ainda não consegue responder às quantidades que o mercado pretende. A parceria com a Sedacor é a primeira experiência de autonomização de uma subsidiária?

Sim. Parece-lhe um bom caminho? Está aberto a outras experiências do género?

Tudo tem de ser estudado caso a caso. No caso da cork-a-tex foi um conhecimento de longos anos – o tempo que demorou a apurar o fio de cortiça foi o tempo em que nos fomos conhecendo e adaptando. Foram sete, oito anos em que fomos aproximando formas de pensar, de agir e de apostar numa parceria. Estas parcerias no setor têxtil são raras. Porquê?

É uma pergunta complexa. Dentro do mesmo ramo, da mesma área de atuação, entendo que essas parcerias são difíceis. São empresas demasiado concorrentes…

Há interesses, há desníveis de produto, de qualidade, que impõem dificuldades às parcerias, que se tornam difíceis de acontecer. Acho perfeitamente possível uma empresa têxtil fazer uma parceria com outra empresa de outro setor e inclusivamente saudável. Mesmo assim, o ganho de dimensão para apostar em mercados internacionais pode introduzir racionalidade nas parcerias. Concorda?

Concordo. Os norte-americanos têm o hábito de perguntarem se não seriam boas essas parcerias quando se verifica que não temos dimensão e capacidade de respos-


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Começou a trabalhar aos 13 anos por decisão própria: foi convidado numa quinta-feira, começou na segunda-feira seguinte depois de ter “lançado aquela bomba em casa” – onde era um dos componentes de um pelotão de seis filhos de uma doméstica e de um oficial do exército – e de ter ficado ancorado ao compromisso de continuar os estudos, e ainda teve tempo para ser extremo esquerdo no Vitória de Guimarães. Ganhou rapidamente a reputação de lidar facilmente com desafios que faziam outros debandar em alvoroço e por isso a possibilidade de ser empresário acabou por ser um desenvolvimento natural. Quando não está a pensar na empresa ou no BTT – que já não pode praticar por causa de uma operação à coluna, pensa em canetas, relógios e carros – o próximo já está escolhido, mas a marca (que começa pela letra L) ainda é segredo.

ta para aceder a alguns negócios – certamente que com a China seria ainda pior. Mas a dimensão não é tudo. É mais fácil ir a nichos de negócio em que as quantidades são reduzidas, que estar a tentar entrar pelo volume. Que outras inovações estão na calha para alimentar esses nichos?

Temos um gabinete de I&D sediado no CITEVE em que diariamente há esse contacto entre a Penedo e os centros tecnológicos num constante desenvolvimento de novas ideias e novos conceitos. E em termos de empresa estamos constantemente a avaliar evoluções: temos reuniões mensais em que vamos discutindo ideias que são ou não consideradas. Se virmos que são boas ideias, tentamos dar-lhes seguimento – nem sempre se consegue. Que é feito da marca Isadora Paris?

Está prestes a ser relançada, de forma mais lenta do que o que eu queria. Esperamos que o site oficial de vendas online saia ainda este ano. Temos já vários distribuidores acertados – inclusivamente nos Estados Unidos. Já estamos a exportar a marca para o Brasil e para alguns países da Europa. Vende produtos de topo da Penedo, e alguns acessórios. Os têxteis entendidos como um todo estão bem espaldados em termos de associativismo e da sua ligação ao Estado? Falta alguma coisa?

Falta uma postura mais agressiva por parte do Estado – no que tem a ver com a AICEP. Se analisarmos a agressividade do Estado espanhol e do correspondente espanhol à AICEP, do italiano, vemos que o nosso está atrás. Eles são mais agressivos, são mais presentes. E em termos das associações?

Acho que estamos relativamente bem representados. Têm feito algum esforço de estar presente e acompanhar as empresas quer

em vender?

"Pagamos sempre acima do salário mínimo"

Não. O futuro da empresa é familiar – é essa a minha perspetiva e o meu desejo. Já surgiram algumas propostas de compra, nomeadamente de fundos de investimento.

As perguntas de

Eram interessantes?

coletiva quer individualmente nas feiras em que Portugal está como montra – nomeadamente em Frankfurt, que é o expoente máximo. São cerca de 70 a 80 empresas, talvez mais, que ali estão sempre representadas, e há sempre um acompanhamento eficaz. Pode ser a altura certa para essa reivindicação: o quadro do Portugal 2030. Acha importante o reenquadramento da AICEP?

Acho que sim. Há muitas coisas que se podem fazer ao nível da promoção de Portugal, algumas já aconteciam há muitos anos: feiras, missões coordenadas pelo antigo ICEP, que hoje estão delegadas em associações cujo foco não é o mesmo. Uma coisa é termos uma associação empresarial, outra coisa é o peso e o estatuto do Estado a fazer as coisas. Que alterações proporia do Portugal 2020 para o Portugal 2030? Está na altura de se mudar a dimensão das empresas elegíveis?

Acho que é uma área que merece estudo. As consideradas grandes empresas deveriam ser comparticipadas. À sua dimensão, cada empresa tem os seus próprios problemas. Entendo que deveria haver apoio, não certamente na mesma proporcionalidade de uma PME. Todas as empresas merecem proteção para darem continuidade ao negócio – que trás valor acrescentado para o país. As pequenas empresas precisam de grandes empresas para trazerem massa crítica para o país. Já teve propostas de compra para a Penedo. Está interessado

Se fossemos olhar desapaixonadamente para o aspeto monetário, eram boas propostas. Tenho alguns amigos que não resistiram. Pensando no aspeto familiar e na continuação do negócio, a questão não se põe. Tenho uma ideia muito clara da continuidade – as empresas são um sítio sagrado, não uma casa de apoio para os familiares. Não está vendedor. Está comprador?

Já se colocou essa hipótese... Já analisou o dossiê de alguma empresa?

De vez em quando põem-me questões desse âmbito. Não recuso liminarmente olhar para eles. Tem cinco filhas…

Irão estagiar sempre fora da empresa, como entendo que deve ser – para adquirirem competências e conhecimentos fora do chapéu da família. Quando se sentirem competentes, logicamente que terão a possibilidade de integrarem os quadros da Penedo. Está confortável com o novo salário mínimo?

Não é um mal mas terá certamente efeito em muitas empresas. No caso da Penedo esperamos que tenha pouco impacto pois procuramos pagar sempre acima do salário mínimo, o que obrigará a um reajuste em alta, para que não haja ninguém que fique nesse limite. O aumento do salário era necessário, tendo em conta o desfasamento enorme entre o salário mínimo e o médio. Temos que admitir que, mesmo com duas pessoas a trabalhar em casa, o salário mínimo não é suficiente para as pessoas terem uma vida confortável. t

José Morgado Diretor do Departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE Como avalia a relação a Penedo com as instituições do sistema científico e tecnológico?

Temos uma relação de proximidade e cooperação estreita desde há longos anos com muitos projetos a decorrer e muitos outros em perspetiva. Com a sustentabilidade na ordem do dia, que estratégia tem a Penedo para esta área e qual o papel do Cork-a-Tex neste campo?

A Penedo tem uma estratégia muito forte na área da sustentabilidade com o uso de materiais reciclados (GRS), algodão orgânico, linho orgânico entre outros, detendo as certificações GOTS, STeP como suporte desta orientação. Nesta estratégia, o Cork-a-Tex será um produto premium por incorporar sustentabilidade e economia circular e por ser único no mundo, com patente internacional. t

Sandra Ventura Diretora do Departamento de I&D da Têxteis Penedo A Têxteis Penedo sempre teve uma política interna de modernizar e atualizar os seus equipamentos, tecnologia e softwares topo de gama. Porquê?

O princípio da empresa é o de tentar estar sempre á frente no setor, criando novos produtos e conceitos, o que obriga a constantes investimentos em modernização, quer a nível produtivo, quer a nível das ferramentas complementares para esses desenvolvimentos. Esta nova tendência da Indústria 4.0 apareceu da necessidade de modernização da indústria ou precisamente porque a indústria já estava a tentar fazer esta alteração?

Apesar de agora estar apelidada de indústria 4.0, a Têxteis Penedo já há muito tempo que aplicava estes conceitos, sendo uma das KETs que sempre procuramos aplicar aproveitando os outputs industriais como motor da evolução e modernização, tendo sido um dos fatores de sucesso da nossa empresa. Penso que a indústria têxtil em Portugal já estava a fazer as alterações necessárias para os conceitos da indústria 4.0, pois terá percebido que seria vital para a sua sobrevivência. t


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CORK-A-TEX ATINGIRÁ 1,5 MILHÕES DE FATURAÇÃO EM DOIS ANOS A grande adesão que o novo fio de cortiça produzido pela Cork-a-Tex New Generations Yarns (uma joint venture entre a Têxteis Penedo e a Sedacor) induziu no mercado, vai permitir, logo no segundo ano de produção, um volume de negócios de 1,5 milhões de euros. O modelo de negócio assenta na criação de um produto premium, que será inicialmente vendido a clientes também eles premium. A empresa será detida a 50% por cada um dos sócios. No primeiro ano vai faturar cerca de 700 mil euros.

80% COTTONANSWER ADERIU MAIS UMA VEZ À ONDA ROSA

Com o objetivo de consciencializar para a problemática do cancro da mama, a Cottonanswer voltou a associar-se à Onda Rosa, campanha promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro. A fachada da fábrica exibiu um laço rosa durante o mês de outubro e foram distribuídos flyers para sensibilização dos seus colaboradores e visitantes. No Dia Nacional de Luta Contra o Cancro da Mama, 30 de outubro, foi feita uma fotografia de grupo com vários colaboradores. t

PORTUGAL VAI TER 24 AMOSTRAS NO FÓRUM ISPO TEXTRENDS A indústria têxtil portuguesa está mais uma vez de parabéns: um total de 24 amostras de cinco empresas nacionais foram selecionadas para o Fórum ISPO Textrends, das quais quatro da A. Sampaio atingiram o TOP 10. O fórum ISPO Textrends é a plataforma de produtos têxteis inovadores, materiais e acessórios para o desporto da ISPO Munich, a maior feira mundial dedicada ao desporto, que decorrerá entre 26 e 29 de janeiro próximo. Do numeroso grupo de amostras portuguesas selecionadas, e para além das quatro da A. Sampaio que ascendem ao TOP 10 – com a empresa a ‘encaixar’ ainda quatro amostras na categoria ‘Accelerated Eco’ e uma na ‘Street Sports, num total de nove – a Gulbena Têxteis responde por sete amostras (nas categorias ‘Accelerated Eco’, ‘Base Layer’, ‘Second Layer’ e ‘Street Sports’); a LMA por seis (‘Accelerated Eco’ e ‘Base Layer’); e finalmente a RDD (‘Outer Layer’) e a Tintex Textiles (‘Accelerated Eco’) com uma cada. Os produtos selecionados estarão em exposição na pró-

xima edição da feira, sendo que o Fórum ISPO Textrends ficará no pavilhão C1, novamente mesmo em frente à ilha portuguesa – que nesta edição tem uma área total de 370 m2. É um verdadeiro arquipélago: graças às iniciativas da Associação Selectiva Moda e do CITEVE, Portugal participa na ISPO Munich 2020 com três ilhas From Portugal. A ilha situada no centro do pavilhão C1 conta com 16 empresas de materiais e de confeção, tendo a ilha no pavilhão B3 um total de 11 empresas de moda seamless e de peúgas. Na terceira ilha (pavilhão C2), e pela primeira vez, Portugal instalou o iTechStyle Green Circle, um showcase de sustentabilidade organizado pelo CITEVE, que será com certeza o centro das atenções da feira. Outras empresas com stands individuais completam a presença portuguesa em Munique, que vai desde o vestuário e calçado desportivo, peúgas e pavimento desportivo, até aos múltiplos fabricantes de materiais e acessórios têxteis. t

FASHION FROM PORTUGAL 4.0 FEZ BALANÇO NA COVILHÃ Foi perante uma plateia repleta de figuras da têxtil e moda nacionais que Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, acompanhado pelo presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI, Rui Miguel, apresentaram os resultados do Fashion From Portugal 4.0, no Museu dos Lanifícios, na Covilhã. Para além da presença nas mais importantes feiras internacionais, o projeto de promoção realizou também um vídeo promocional da têxtil nacional e lançou o T Internacional, um jornal totalmente em inglês que ajuda

a divulgar os casos de sucesso da indústria além-fronteiras. Tendo decorrido ao longo de um ano e dois meses, o projeto foi lançado no seguimento de uma iniciativa anterior, intitulada “Fashion From Portugal”, e orientou-se sobretudo para os meios digitais, numa série de ações que procurou amplificar a imagem de Portugal, não apenas como um produtor de excelência, mas como definidor de tendências a nível internacional. A força inovadora da indústria nacional, a aposta nos têxteis técnicos e a capacidade de conjugar um

produto de elevada qualidade com um design contemporâneo e serviço orientado para as necessidades do mercado, foram alguns dos pontos em destaque no vasto catálogo de atividades desenvolvidas sob a chancela da versão 4.0 do Fashion From Portugal, que teve um investimento estimado de cerca de 670 mil de euros, tendo sido cofinanciando pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI), enquadrados no POCI (Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização), no Portugal 2020 e Compete 2020. t

das vendas da Albano Morgado são de tecidos para Senhora. A empresa de Castanheira de Pera espera aumentar para 40% o peso nas vendas do segmento Homem, num prazo de três anos

INOVAFIL ESCOLHIDA PARA TESTAR NOVA TECNOLOGIA

FIBRENAMICS TEM NOVA PLATAFORMA DIGITAL

A Inovafil é uma das empresas que foram escolhidas a integrar um restrito grupo de 20 fiações espalhadas por todo o mundo para testarem uma nova tecnologia que permite a produção de vários fios ao mesmo tempo. Para Rui Martins, CEO da Inovafil, este convite é o reconhecimento internacional dos elevados índices de performance da fábrica portuguesa.

A nova Plataforma Digital da Fibrenamics é um espaço de networking e partilha de conhecimento entre especialistas, onde estão disponíveis novas ferramentas tecnológicas e conteúdos técnicos, como relatórios de intelligence, eBooks, artigos técnicos e webinars, com destaque para a primeira apresentação pública de 20 produtos inovadores desenvolvidos por esta equipa da Universidade do Minho.

"O nosso plano estratégico prevê duplicarmos o volume de negócios no prazo de cinco anos" Vítor Castro CEO da MCS

FÁTIMA LOPES FOI VER OS AVIÕES

Um desfile com as coleções Fátima Lopes e Fátima Lopes/TAP invadiu a área principal do aeroporto de Lisboa e transformou-a na maior passerelle de sempre, provocando um turbilhão de sensações e reações entre os passageiros que chegavam ou partiam . Tudo terminou em festa para os convidados oficiais na área VIP do aeroporto. A estilista Fátima Lopes foi a principal protagonista de um evento sem precedentes organizado pela Portfolio, a ANA Aeroportos e a TAP.


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www.itechstylesummit.pt


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GENDA DAS FEIRAS

HEIMTEXTIL 7 a 10 de janeiro – Frankfurt A Ferreira & Filhos, ACL Impex, Allcost, AMR, António Salgado & CA, Apertex, Sousa Dias & Filhos, Bovi, Coton Couleur, Docofil, Domingos de Sousa, Empresa Industrial Sampedro, Escarpa, Estamparia Têxtil Adalberto, Fábrica de Tecidos do Carvalho, Fateba, Felpinter, Inup Têxteis, Lameirinho, Lasa Home, Mi Casa Es Tu Casa, Moretextile, Mundotextil, Neiperhome, Nosdil, Parallelcotton, Pereira da Cunha, Piscatextil, Piubelle, Rosacel Têxteis, Sorema, Sotegui, Têxteis Giestal, Têxteis J.F. Almeida, Têxteis Massal, Têxteis Penedo, Traços Singelos, Villafelpos, Tintex BERLIM FASHION WEEK | NEONYT 14 a 16 de janeiro – Berlim NEONYT - Marita Moreno, Zouri, Vintage For a Cause, Green Circle by iTechstyle Showcase PANORAMA - Lion of Porches THE LONDON TEXTILE FAIR 15 e 16 de janeiro – Londres 6Dias, Albano Morgado, Brito & Miranda, Carvema, F.T. Vilarinho, Fitecom, José Abreu & Filhos, Lemar, MMRA, Magma Têxtil, Paulo de Oliveira, Riopele, Troficolor, Tessimax, Penteadora PITTI BIMBO 16 a 18 janeiro – Florença Beppi, DR Kid, FS Baby, Meia Pata, Naturapura, Phi Clothing, YAY WHO'S NEXT | SIL – INTERFILIÈRE | MAN PARIS 17 a 20 de janeiro – Paris +351, Concreto, CristinaBarros, David Catalàn, Estelita Mendonça, Faroma, Givec, Iora Lingerie, Lion Of Porches, Luis Buchinho, Lunartex, Nycole

ENTUSIASMO PORTUGUÊS EM TÓQUIO

“Este é um mercado que, pelas suas caraterísticas e dimensão, nos deixa muito entusiasmados”. Foi assim que Eduardo Dias, co-fundador da marca Patrícia Lobo, resumiu a importância das feiras japonesas para o design português. A capital japonesa recebeu em novembro mais uma comitiva From Portugal, desta vez na Interior Lifestyle Living. Burel Factory, Patrícia Lobo, Rui Tomás, Sugo Cork Rugs e Vicara foram a expressão da vanguarda e contemporaneidade da indústria portuguesa. t

FROM PORTUGAL COM 87 FEIRAS NA AGENDA PARA 2020

TEXWORLD USA + APPAREL SOURCING 19 a 21 de janeiro – Nova Iorque Anbievolution, Modelmalhas, Scoop COLOMBIATEX 21 a 23 de janeiro – Medellín A Penteadora, Fitecom, Natcal, Paulo de Oliveira, Realfio, Ridi PREMIÈRE VISION NY 21 e 22 de janeiro – Nova Iorque Crispim Abreu, Joaps, La Stampa – Le Europe, Lemar, Texser - A Têxtil de Serzedelo FIMI 24 a 16 janeiro – Valência Baby Gi, Beppi Kids, És parte de Mim, F.S. Baby, Inarbel, Maria Chicória, Meia Pata, Peter Jo Kids, Phi Clothing, Ponto por Ponto HOMI MILANO 24 a 27 de janeiro – Milão Laboratorio d’estórias / Legendas e Narrativas, Sorema / Graccioza, Têxteis Iris / Irina & Sousa PLAYTIME PARIS 25 a 27 janeiro – Paris Dot Baby, Möm(e), Noogmi, Knot, Mimichic ISPO 26 a 29 de janeiro – Munique A Fiuza & Irmão, A.Sampaio & Filhos - Texteis, Beppi, Bergand by Gulbena, BRANDBIAS/Tapa Costuras, Carvema Têxtil, CeNTI - Centre for Nanotechnology and Smart Materials, CITEVE, Clothius – Tecelagem, CM SOCKS - Peúgas Carlos Maia, Confetil, Ditchil, DUNE BLEUE, Easy Walk Experience, FIORIMA, Fradelsport - Casa de Desporto de Fradelos, Gormarti - Confecções De Peúgas, Green Circle From Portugal, Heliotextil, Impetus Portugal – Têxteis, J.Caetano & Filhas, Jway, Lemar - Leandro Magalhães de Araújo (Filhos), LMA - Leandro Manuel Araújo, Lunartex, Lusosocks, MJS ASR, Novelty Waves, OLDTRADING, Olmac - Olimpio Miranda, P&R Têxteis, Scoorecode Têxteis, Sidónios Knitwear, Sidónios Seamless Tech, SmartInovation, SOCKAPRO, Têxtil Antonio Falcão, Têxtil Sancar, Novelty Waves FASHION SVP 29 e 30 janeiro - Londres East Ocean, Kiddytex, Luipex, Panorama, Siena

De Tóquio a Nova Iorque, Toronto ou Medellín e com todas as grandes capitais europeias no percurso. São incontáveis os quilómetros que o projeto From Portugal se prepara para percorrer em 2020, num calendário composto por um total de 87 feiras e que promete levar a moda e os têxteis made in Portugal aos quatro cantos do globo. Do plano já apresentado, para além da presença nas feiras mais incontornáveis – como a Heimtextil, já na primeira quinzena de janeiro, ou a Première Vision, em fevereiro – saltam à vista as novas incursões em mercados emergentes, que vão da América do Sul ao Extemo Oriente. São ao todo 18 países, com uma clara prevalência das praças europeias, onde a comitiva From Portugal é já presença habitual. À imagem dos últimos anos, as cores portuguesas voltam a fazer-se notar nas principais feiras de Paris, Madrid, Milão,

Londres, Berlim, Estugarda e Munique. Fora da Europa, é também reforçada a aposta nos Estados Unidos e no Japão, com a presença em várias feiras. O setor da moda e vestuário surge em destaque, com mais de 30 feiras especializadas, mas há também lugar a uma forte presença nos têxteis-lar e decoração, nos fios e acessórios, e no emergente setor dos têxteis técnicos. Destaque para a ISPO, em Munique, já no final de janeiro, onde a ITV nacional assume papel de grande evidência, com forte presença na seleção de produtos para o Fórum Textrends e quatro ilhas com empresas portuguesas em lugar de destaque nos sectores nevrálgicos da feira. Aumentar a visibilidade da ITV nacional e promover a qualidade, inovação e sustentabilidade dos produtos made in Portugal são as principais metas estabelecidas para o programa From Portugal de 2020. t


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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Wrong Weather Av. da Boavista 754 4100-111 Porto

Ano de abertura 2009 Produtos Menswear e sportswear de marcas de nicho e de designers emergentes Outros Serviços Galeria de arte e desenvolvem a Sin Mag, uma revista impressa bi-anual que apresenta novas marcas e criadores Espaços Têm também a Wrong Weather Life, dedicada a um público mais jovem Loja Online wrongweather.net

NÜWA RECORRE AO CROWDFUNDING PARA ATACAR NORTE DA EUROPA A Nüwa, a mais recente aposta da Confeções Calvi avançou para um projeto de crowndfundig no Indiegogo com o objetivo de estender as suas vendas aos mercados da Alemanha, Reino Unido e norte da Europa. Depois de ser apoiada pelo projeto Norte Digital, a Nüwa procura agora capitais próprios para apostar na notoriedade da marca, que produz sportswear de forma sustentável a partir de matérias-primas 100% recicladas – excedentes de algodão e poliéster de plástico reciclado.

"A desconfiança, o medo de ser copiado ou que lhe roubem o negócio, está enraizado na nossa cultura empresarial" Rui Teixeira CEO da Gulbena

No tempo certo Falar do percurso de João Pedro Vasconcelos e da Wrong Weather é como fazer uma viagem no tempo e acompanhar de perto a história da moda em Portugal. Licenciado em Desing Gráfico pela Chelsea College of Art e Design, em Londres, começou pela indústria, numa empresa onde desenhava produtos de comunicação visual – como quadros para mensagens –, que o levava aos quatro cantos do planeta. “Viajava muito. Conheci muita América, muita Ásia... Tinha nessas viagens de visitar muitas lojas, muitos espaços para os quais desenhávamos produtos e isso fez-me contactar de perto com muita moda”, revela João Pedro. Ao mesmo tempo, acumulava um trabalho de freelancer que, talvez por influência do destino, o atirava para a moda. “Comecei logo a colaborar com a ModaLisboa, com o Nuno Gama, com a Maria Gambina. Fazia os logos, os catálogos. Foi uma altura muito interessante, muito gira, porque era o início deste desabrochar da moda em Portugal. Apaixonei-me pela moda, pelo design, pela arte. Aliás, um dos meus clientes na época era Serralves”, explica. E como nunca se pode deixar uma grande paixão para trás, maturou a ideia durante dois anos e em 2009 abre a Wrong Weather – o nome é uma variação do nome da sua empresa de freelancer, a Wrong Design – em plena Avenida da Boavista, a dois passos da Casa da Música. “Interessava-me este local porque, em primeiro lugar, ficava ao lado deste edifício único que é a Casa da Música. Em segundo lugar porque esta era na altura uma zona ainda em desenvolvimento e eu queria fugir da zona comercial consolidada, como a Baixa. Isto era o novo Porto”, completa. Um novo Porto para um novo conceito: uma loja de menswear de qualidade com uma galeria de arte incluída, a Wrong Weather Gallery, para acolher a efervescente oferta artística da cidade. Quase em simultâ-

neo, arrancaram com o site que lhes permite fugir das limitações do ainda pequeno mercado português e que se apresentou como uma autêntica tábua de salvação durante os tempos da crise. “Ainda há pouco tempo tivemos cá um cliente dos Estados Unidos que nos compra online e que ao vir a Portugal teve de nos vir visitar. Ficou em Lisboa e alugou um carro de propósito para vir ao Porto ver a loja”, revela orgulhoso o proprietário. A-Cold-Wall*, Common Projects, Ambush, Juun.J, Kenzo, Off-White, Qasimi, Y-3, Raf Simons, Rick Owens, Stephan Schneider, Maison Margiela, Stone Island, Yeezy e Palm Angels são algumas das marcas que João Pedro selecionou para encherem as prateleiras da loja. No entanto, os jovens designers fazem parte do ADN do projeto. “Desde o início, quisemos que o nosso trabalho fosse também de curadoria, ou seja, dedicamos parte do nosso budget à apresentação de jovens talentos, tanto nacionais como internacionais. Por exemplo, nós vendemos para a Farfetch e somos sempre os primeiros a introduzir novas marcas e designers que depois têm muito sucesso e isso é algo que nos deixa muito orgulhosos. De momento, temos cá a Inês [Torcato] e o David Catalán. É isto que faz a personalidade da Wrong Weather. É muito mais do que um mero projeto comercial para vender roupa”, explica. Em 2017, o boom do sportswear leva à abertura da Wrong Weather Life, uma extensão da loja-mãe dedicada a esse segmento e destinada a um público mais jovem. “Hoje, os grandes consumidores são os millennials. São uma geração muito mais informada – que coleções existem, quando saíram, que peças têm – e aberta a novas coisas. Sabem o que querem, não se importam de pagar por isso e preferem ter menos peças mas com mais qualidade. Para nós, que somos uma loja de nicho, isso é simplesmente perfeito”, completa João Pedro. t

“ABRE A TUA MENTE”, O FUTURO ESTÁ NA TÊXTIL

BUS URBAN: NOVA COLEÇÃO PARA DANÇAR AO VENTO

A Comissão Europeia vai avançar com uma campanha para atrair jovens para o setor da moda. Chama-se “Open your mind” e aponta para as oportunidades de carreira numa área com 225 mil empresas e que gera mais de 200 mil milhões todos os anos. A par da necessidade crescente de mão-de-obra especializada, também à volta de um quarto dos 2,2 milhões de trabalhadores do têxtil têm hoje mais de 55 anos. E vai ser preciso substituí-los.

A coleção FW 19/20 da marca de vestuário 100% portuguesa Bus Urban, que dá pelo nome de ‘We can smell autumn dancing in the breeze’, encoraja a aproveitar as delícias da estação fria. Criada em 1997 e agora com mais de 200 pontos de venda, a marca diz estar direcionada para os que procuram projetar uma atitude através da sua forma de vestir, mantendo-se atenta às últimas tendências sem nunca descartar o conforto e a qualidade.

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é o crescimento mínimo esperado para este ano pela Heliotextil, que fechou 2018 com vendas na casa dos cinco milhões de euros

MODATEX AJUDA A VESTIR CRIANÇAS CARENCIADAS

Foram ao todo 80 peças que as formandas da Ação de Costura confecionaram para doar ao projeto “Dress a Girl Around The World”, mais uma ação inserida na política de responsabilidade social do Modatex. Fabricar, com recurso a voluntários, peças de roupa nova que depois são entregues a crianças carenciadas de países africanos, é o propósito central do projeto.


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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...

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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves

Quatro malhas da A.Sampaio & Filhos O que são? As quatro malhas da A.Sampaio selecionadas para figurar no TOP 10 da ISPO Textrends Para que servem? Foram criadas para os mercados do desporto e moda, cada uma com aplicações distintas Estado do Projeto? Já no mercado e a serem apresentadas às marcas de vestuário

MINTY SQUARE E WHITE STAMP JUNTAS PELA SUSTENTABILIDADE Livrar-se das peças de vestuário que já não usa e ainda ganhar dinheiro com isso? Sim, é verdade. O White Stamp, um novo projeto de moda circular da autoria de Marta Rito e Pedro Sobral quer que os retalhistas de moda premium incentivem os clientes a trocar artigos usados por novos, numa lógica colaborativa Sell 1, Buy 1 onde todos ficam a ganhar. O primeiro parceiro da White Stamp nesta nova aventura é a plataforma de e-commerce Minty Square, atualmente a casa de algumas das mais importantes marcas e designers nacionais e internacionais.

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da produção da Fitexar é exportada para mercados tão diversos como Espanha, Alemanha ou Sri Lanka

FARDYLOR APOSTA NO E-COMMERCE PARA ATINGIR META DE UM MILHÃO “Com uma boa presença digital não só contactamos melhor com os nossos clientes, como ainda quebramos as barreiras físicas para o estrangeiro”, é assim que Sónia Gomes, administradora da Fardylor resume a nova estratégia da empresa de workwear de Guimarães, que em 2018 reforçou a equipa comercial e lançou uma loja online. Depois de ter fechado o ano passado nos 400 mil euros, o objetivo da empresa é atingir a meta de um milhão dentro de dois anos.

O quarteto maravilha da A.Sampaio Fazem o casamento perfeito entre inovação, performance e responsabilidade ambiental. O júri do Fórum ISPO Textrends não ficou indiferente ao trabalho da A.Sampaio e incluiu quatro malhas da empresa no Top 10, uma na categoria Membranes & Coating e três na Accelerated Eco. Na ISPO – a mais importante feira na área do sportswear a nível mundial – os quatro artigos vão marcar presença no fórum de tendências. Destaque para os produtos e para a empresa, mas também para toda a comitiva portuguesa. Um reconhecimento que já não é novidade para a A.Sampaio. Desde 2014 que a empresa marca presença nos Textrends, o fórum de tendências da ISPO. Em 2017 contou com dois Best Products e dois Top 10, e na última edição com mais dois Top 10. “Ajuda sempre, porque é bom ter a opinião de um júri especializado, e porque os clientes tomam nota”, salienta Miguel Mendes, administrador da empresa. Este ano, para além das quatro malhas no Top 10, a empresa conta com outros cinco produtos no quadro selection. Na categoria Membranes & Coating, o destaque vai para uma membrana ultraleve e elástica, composta na face exterior por uma malha ultrafina de poliéster reciclado, conjugada com outra de poliéster normal, mas que na face interior é aprimorada por um processo de flocagem, o que lhe acrescenta uns pontos – ou flocos – com padrão personalizável. Mas é na categoria Accelerated Eco que a A.Sampaio mais se distingue, com três malhas no Top 10. A primeira composta pela conjugação de duas matérias-primas com elevado grau de sustentabilidade: o Tencel Refibra, oriundo da reciclagem de antigas fibras

têxteis, e o PLA, um material com menor impato em termos de consumo energético e emissões de CO2. O segundo artigo selecionado pelo júri consiste numa malha composta por poliéster reciclado e cânhamo. “É para uma camada exterior, e dá um aspeto relaxado, mais desportivo do que para a prática desportiva propriamente dita”, esclarece o administrador da empresa. A conjugação de dois materiais emergentes no setor terá sido uma das razões da escolha. Por último, surge a malha que conjuga algodão orgânico com poliéster reciclado. “A ideia para o artigo é de versatilidade e individualidade”, explica Miguel Mendes. Com um tipo de riscas em cada um dos lados, a malha foi criada como um apontamento de moda e valor acrescentado para as peças de vestuário onde for utilizada. Com estes três modelos na categoria Accelerated Eco, a empresa de Santo Tirso vem reafirmar o seu posicionamento em termos de sustentabilidade, uma tendência que se tornou regra em vários mercados, mas sobretudo no desportivo. “Antigamente tínhamos uma linha específica de malhas sustentáveis, mas hoje isso já não faz sentido, especialmente numa feira como esta. Numa ISPO, estamos a trabalhar para públicos que não só prezam muito o exercício físico, mas também o contacto com a natureza”, sublinha. Uma lógica que parece interiorizada, não só pela empresa, mas por toda a comitiva portuguesa. É que para além das quatro malhas da A.Sampaio no Top 10, e das cinco como selected, Portugal conta com mais 15 amostras no fórum Textrends, apresentadas pelas congéneres Gulbena, LMA, RDD e Tintex. t

"Sozinhos não conseguimos fazer nada. A marca de água de uma boa liderança é a capacidade de criar equipas" Francisco Batista Administrador do grupo CBI

INVESTIGADOR DE COIMBRA ‘VESTE’ ELETROENCEFALOGRAMAS O investigador Manuel Reis Carneiro, do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), desenvolveu um dispositivo têxtil vestível (do inglês wearable) e eletrónico, de baixo custo e reutilizável, que permite a realização de eletroencefalogramas de forma bastante mais confortável e durante períodos bem mais longos que a tecnologia atualmente utilizada.

BUSP É A NOVA MARCA UPCYCLING DA A. FERREIRA & FILHOS Num mundo em transformação, a vontade de contribuir para a preservação do meio ambiente está na origem da nova marca da A. Ferreira & Filhos. Lançada já em dezembro, a BUSP tem esse objetivo inscrito no próprio nome e daquilo que seria lixo faz todos os seus produtos, que vende exclusivamente online. É com as iniciais de buy upcycling save the planet que constrói todo seu programa.


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves

Sheraton Porto Hotel & Spa R. Tenente Valadim, 146 4100-476 Porto

O que faz? Especialista em alojamento corporate e na organização de eventos (congressos, jornadas setoriais, apresentação de produtos ou desfiles de moda) Espaços Mais de 10 mil m2 de espaço interior, dividido entre salas de reuniões e áreas de lazer, a que se soma um jardim com 4 mil m2 Fundação 2004 (logo na abertura tornou-se um dos hotéis oficiais do Euro 2004) Equipa 220 colaboradores

PREVENT SPRAIN AJUDAM FCPORTO A VENCER NO ANDEBOL As Prevent Sprain, as meias da CM Socks que previnem entorses, diminuem a fadiga muscular e dão estabilidade e conforto ao pé, são usadas pela equipa de andebol do FCPorto e têm ajudado à excelente carreira da equipa na “Champions” da modalidade. Os atletas da equipa azul e branca utilizaram tanto a meia curta, que protege da entorse, como a meia alta, que reduz a fadiga muscular. Também a equipa B de futebol do FCPorto é cliente das Prevent Sprain, assim como o Varzim S.C., o Moreirense F.C. e o Futebol Clube de Famalicão, que até fez um vídeo acerca das vantagens das inovadoras meias.

"Este ano continuamos a investir na lavandaria interna e na tinturaria de fio, com o objetivo de aumentar a produtividade" Paulo Coelho Lima CEO da Lameirinho

O TECIDO É O SEGREDO DA TENDA NAUTILUS

A sala de reuniões da cidade do Porto Mais que uma unidade hoteleira, o Sheraton no Porto assume o desígnio de se afirmar como um centro de congressos. Se à Avenida dos Aliados está reservado o título de “Sala de Visitas”da cidade, o hotel procura granjear o estatuto de “Sala de Reuniões”. Para isso tem construído um vasto catálogo de serviços especializados, que este ano estiveram à prova com a receção do ITMF, o maior congresso têxtil mundial, organizado nos espaços do Sheraton no passado mês de outubro. “Temos uma equipa incansável e uma grande versatilidade de espaços. Estes são os nossos fatores de diferenciação”, começa por explicar Joana Almeida, diretora geral do Sheraton. Uma afirmação que é comprovada pela verdadeira roda-viva a que se assiste com a transformação das salas. “Hoje vamos ter um jantar volante com 500 pessoas, amanhã temos outros dois jantares, cada um com o seu décor. Posso dizer que este mês todos os dias tivemos de mudar a disposição das salas”. O segredo está num complexo sistema de módulos e paredes falsas, que permitem transformar o mesmo espaço, tanto numa ampla sala de congressos – como no ITMF, onde acolheu 350 delegados – como dividi-la em quatro salas mais pequenas e um foyer. Mas este é apenas um dos espaços que o hotel reserva para a organização de eventos. Para além da sala Apollo – a principal sala de reuniões do edifício – o Sheraton disponibiliza ainda outras salas de congressos, uma sala de reuniões no 12o andar, e vários outros espaços. “Quando recebemos o MODtissimo, até mesmo algumas das suites foram para exposição”, relembra a responsável pelo hotel.

Uma logística baseada no trabalho de dezenas de colaboradores e que permite ao hotel ajustar-se aos muitos eventos que vai recebendo. Logo no ano de abertura, em 2004, o Sheraton foi eleito um dos hotéis oficiais do Campeonato Europeu e Futebol, hospedando inclusive uma fase de sorteio. Desde aí tem servido de casa para milhares de eventos, como jornadas médicas, feiras setoriais, eventos de teambuilding, apresentações de produtos e até desfiles de moda. “Estamos preparados para a organização de eventos de A a Z. Não disponibilizamos apenas o espaço, a nossa equipa trabalha com o cliente em toda a organização”, reforça a diretora geral. “Todo o hotel está pensado para a área de negócios, para servir clientes que estão em trabalho”, explica a gestora. Nos quartos, os hóspedes podem conetar vários dispositivos à internet, trabalhando como se estivessem no escritório, e mesmo os serviços de ginásio e SPA têm horários alargados para servirem os clientes que passam o dia em reuniões. Os esforços do Sheraton acabam por ultrapassar assim as salas de reuniões, e mesmo o lobby, o bar ou os restantes espaços sociais são reconvertidos, decorados e recriados segundo o gosto e exigências de cada ocasião. “Temos 10 mil m2 de espaço flexível dentro de portas e ainda 4 mil m2 de jardim, que são muitas vezes aproveitados”, relembra Joana Almeida, dando dois exemplos: “No verão recebemos o sunset da Fox e agora no Natal temos um nevão artificial que torna o ambiente de todo o hotel ainda mais natalício”. t

Premiada pela Agência Nacional de Inovação no concurso de ideias Born from Knowledge, a tenda Naulilus tem no tecido o principal segredo. Com propriedades hidrofílidas e hidrofóbicas, possibilita a recolha, recuperação e conversão da humidade ambiental em água limpa e segura para ingestão, bem como seu armazenamento e transporte. Concebida por Inês Secca Ruivo e Cátia Bailão Silva, no âmbito do mestrado em Design da Universidade de Évora, a tenda tem também um design atrativo, é facilmente montada e desmontada e, graças às suas alças ergonómicas, perfeitamente transportável de forma confortável.

INSPIRING FASHION: PREMIÈRE VISION LANÇA LIVRO SOBRE TENDÊNCIAS A celebrar o seu 45º aniversário, a Première Vision lançou um livro de tendências. “Inspiring Fashion Textile Revolutions” fala sobre o passado e o futuro da indústria do vestuário, onde são revisitados os momentos-chave das últimas décadas e lançados os dados sobre as grandes tendências que se avizinham.

12 milhões

de euros foi o volume de negócios da Tearfil em 2018, dos quais 12% correspondem à exportação direta

PRETO E VERMELHO: AS CORES DO SPORTSWEAR DA LION OF PORCHES Chama-se Red a mais recente linha de sportswear da Lion of Porches, mas na verdade é o preto a cor que reina entre as peças de mood contemporâneo, em que o conforto é o elemento essencial. Esta linha assinala ainda o facto de o preto ter voltado à paleta de cores da marca, depois de vários anos ausente.


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SUSANA BETTENCOURT E VESTIRE NUMA PARCERIA WIN-WIN

P&R COMEÇA A FABRICAR EQUIPAMENTOS PARA TÓQUIO 2020 A P&R Têxteis está a começar a produzir, na sua fábrica em S. Veríssimo, Barcelos, os equipamentos dos atletas olímpicos, de diversas modalidades e diferentes países vão usar nos Jogos de Tóquio 2020. Adidas, Asics e Tyr são algumas das marcas que recorrem à P&R para desenvolver e fabricar os seus equipamentos. A empresa também veste os nossos olímpicos em pelo menos duas modalidades – ciclismo e triatlo – na sequência de acordos feitos com as respetivas federações.

"Através das roupas que vestem, as pessoas procuram uma identidade. Neste momento essa identidade está a vir do desporto, uma influência usada nos concertos, pelos DJ’s e rapares que vestem de uma forma desportiva e técnica" Elsa Parente CEO da RDD Foi Susana Bettencourt a procurar a ajuda da Vestire quando não conseguiu encontrar ningúem para lhe confecionar as peças

A parceria da Vestire com Susana Bettencourt é uma peça fundamental da busca do futuro pelo grupo industrial de confeção de malhas tricotadas liderado por Manuel Jorge, que integra seis fábricas e fechou 2018 com um volume de negócios de 14 milhões de euros – que deverá aumentar este ano. Tudo começou há cerca de um ano e meio, quando Susana Bettencourt foi bater à porta da Vestire, desesperada por não encontrar quem lhe confecionasse as peças. “Tinha prazos de entrega a cumprir”, explica. A primeira resposta foi negativa, mas a designer tanto insistiu, alegando que tinha as fichas todas preparadas e só precisava de tempo de máquina – dois dias, três no máximo – que conseguiu chegar à fala com o líder do grupo fundado há 47 anos. Manuel Jorge disse a Susana para voltar à tarde e no entretanto mostrou as fichas de produção que a designer lhe deixara a um técnico da fábrica, que confirmou o que ela garantira – o trabalhinho estava todo feito, só faltava mesmo tempo de máquina. À tarde, Manuel Jorge propôs a Susana uma

parceria. Ela precisava de quem lhe confecionasse as peças. A Vestire precisa de uma coleção para mostrar nas feiras internacionais as suas capacidades no capítulo do manufaturing . Porque não juntar a fome à vontade de comer? Aquela tarde foi o início de uma bela amizade, que já vai na terceira coleção, apresentada na Munich Fabric Start. “Está a correr muito bem. Estamos a vender quantidades pequenas – 500 a mil peças por modelo –, mas com muito valor acrescentado, para nichos de mercado”, conta Susana Bettencourt. Inditex, Zippy e Mo são os maiores clientes do grupo Vestire, que vê nesta parceria com Susana uma oportunidade para preparar o seu futuro, atenuando a dependência face aos grandes grupos e apostando num segmento mais alto do mercado. “Se a parceria com a Susana Bettencourt continuar a prosperar, encaramos a hipótese de especializar uma das nossas fábricas na produção para a gama alta”, revela Hélder Soares, comercial do grupo Vestire. t

SOCORTE FAZ LOJA ONLINE CHAMADA METRO QUADRADO A Socorte vai passar a sentir mais rapidamente o pulso do consumidor final com o lançamento, até ao final do corrente ano, de uma loja de venda online de acessórios têxteis, baptizada Metro Quadrado – e que também responderá pela abreviatura M2. Após 40 anos a vender quantidades industriais a empresas (de confeções, têxteis-lar ou do setor automóvel), a Socorte acrescenta uma nova vertente à sua atividade, estreando-se no retalho ao estabelecer um canal de venda direto de pequenas quantidades a retrosa-

rias, artesãos e costureiras. “Vamos perceber mais rapidamente a recetividade dos consumidores em relação aos nossos produtos”, explica Pedro Miranda, 31 anos, neto do fundador da Socorte (Manuel Miranda) e um gestor licenciado em Gestão pela Católica e com mestrado na FEP. Após um percurso profissional na Deloitte e de ter passado por setores tão diversos como as telecomunicações, a banca e a organização de eventos, Pedro juntou-se à empresa da família há seis anos, quando a Socorte adquiriu a Texreps Por-

tuguesa, uma concorrente de capitais suecos, numa operação que lhe permitiu aumentar a oferta de produtos e serviços. “Foi o projeto de aquisição, recuperação e incorporação da Texreps que me atraiu à Socorte”, conta Pedro, o jovem responsável por uma empresa que se dedica à atividade de transformação e comercialização de fitas, passamanarias e outros acessórios têxteis, que tem o seu centro de gravidade na Zona Industrial do Porto, emprega 32 pessoas e faz um volume de negócios de 1,5 milhões de euros. t

PREJUÍZO DA FARFETCH CHEGA AOS 85,5 MILHÕES NO TERCEIRO TRIMESTRE A Farfetch, empresa de e-commerce de moda de luxo liderada por José Neves, conseguiu aumentar as vendas no terceiro trimestre em cerca de 90%, mas isso não foi o suficiente para escapar a mais um período de fortes resultados negativos: 85,5 milhões de dólares, mais 10,6% que no período homólogo do ano passado. As receitas atingiram os 255,5 milhões de dólares, uma subida de 89,9%, mas os custos aumentaram para 195,4 milhões de euros, depois de terem sido de 144,2 milhões no terceiro trimestre do ano passado.

75%

do volume de negócios da Barcelcom (cerca de três milhões em 2018) é assegurado por produtos técnicos para a área de saúde

MORETEXTILE DE PORTAS ABERTAS PARA OS ALUNOS DA FEP

É o maior grupo português na área dos têxteis-lar e com uma produção orientada para o setor exportador, daí que os estudantes de Economia da Faculdade de Economia do Porto tenham natural interesse em conhecer o modo de funcionamento da MoreTextile. Foi mais uma iniciativa de portas abertas e, a par da produção e modelo de negócio, os curiosos visitantes tiveram a oportunidade de interagir com a equipa de design e desenvolvimento e de terem uma verdadeira experiência de interação com o produto, através do processo touch and feel.


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M EMERGENTE Por: António Freitas de Sousa

Norma Silva Designer Família Vive com o companheiro, Václav, checo, ilustrador, e com as duas filhas, Elena, seis anos, e Sofia, dois anos Formação Licenciatura em Design na ESAD e mestrado na Elisava, em Barcelona Casa Vivenda em São Félix da Marinha Carro Renault Clio Portátil HP Telemóvel iPhone Hobbies Dança contemporânea (“uma paixão”), teatro, natureza, praia Férias O Japão é a viagem de sonho Regra de ouro Procurar o equilíbrio entre as experiências boas e más, para conseguir ser feliz

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Do artesanato como a arte de combater o desperdício Cola branca, verniz ecológico e principalmente desperdícios têxteis. Com três matérias-primas apenas, Norma Silva transforma aquilo que parecia já não ter qualquer préstimo em objetos de arte artesanal – vasos, terrinas, taças e até mesmo pequenas mesas de apoio – que vão até onde a imaginação da sua criadora lhe apetecer. Para além da produção de peças de arte – um fim em si próprio suficiente – o trabalho artesanal de Norma Silva, que chega ao mercado sob a marca Jinja, tem também duas finalidades: uma evidente, o combate ao desperdício, outra mais pessoal, a recusa em trabalhar em organizações cujo racional de negócio não cabe nos parâmetros ideológicos da designer. Acantonada em São Felix da Marinha, perto de Espinho e junto à estação de caminho de ferro da Granja, uma obra de arte votada ao desperdício das intempéries da meteorologia, Norma Silva preocupou-se em, antes disso, ter mundo. E tem. Concluiu a licenciatura em Design na Escola Superior de Artes e Design (ESAD) em 2007 – depois de ter andado às voltas com Escultura – e partiu para Barcelona, onde, na Elisava, instituição de ensino e pesquisa de design de orientação internacional pertencente à Universidade Pompeu Fabra, esteve quase dois anos. Que não terão sido totalmente gratificantes: “era um ensino direcionado para trabalhar em empresas industriais e isso não estava bem de acordo com as minhas ideias”. Como quem não está bem, muda-se, Norma inscreveu-se no INOV Art e, depois de ser escolhida, foi para Los Angeles. Por ali esteve ao longo do ano de 2008, trabalhando num gabinete de arquitetura que tinha na arte pública uma das suas raízes. O estágio não podia durar sempre, e Norma acabaria por regressar à Europa. Mas não logo a Portugal: em 2009 estaria em Madrid, onde trabalhou na área da cenografia – “que tem muito a ver com o design” – e onde descobriu que, com ela, os Estados Unidos tinham enviado para a Europa uma coisa que entrará nos livros de História da Economia com o nome de “crise do subprime”. “Foi nessa altura que tive a certeza que acabaria por voltar para Portugal” – num quadro em que a economia da União desacelerou de tal forma que deixou de haver dinheiro para financiar o que não é estritamente necessário. Como sempre nessas circunstâncias, a área cultural é a primeira a sentir os efeitos colaterias dos desmandos de quem verdadeiramente manda nas finanças. Corria o ano de 2012 quando Norma Silva se decidiu a criar uma marca, a Jinja, e na qualidade de empresária em nome individual começar a procurar material reutilizável que lhe sustentasse a opção pelo artesanato – que fica nos antípodas da atividade industrial. “Escolhi os têxteis porque são fáceis de conseguir, têm uma grande variedade de cores e uma enorme versatilidade em termos de utilização. O têxtil será sempre a minha base de trabalho”, ao que por vezes acrescenta madeira, se proveniente de uma primeira utilização. Sozinha e sem financiamento inicial que pudesse ajudar, Norma Silva não estava preocupada com o projeto em si nem com a escassez de recursos, mas antes como a necessidade pessoal, possivelmente muito íntima, de fazer alguma coisa que a possa fazer sentir-se bem, útil e nunca predadora dos cada vez mais finitos recursos naturais. Começou num espaço de co-working, a CRU, que tinha também uma loja onde os artesãos vendiam as suas peças. Acrescentou a essa ‘montra’ os mercados de rua – que proliferaram na cidade muito rapidamente – e “em pouco tempo passei a ter encomendas de todo o país, Aveiro, Lisboa, Sintra e mesmo do Algarve”. Mais inesperado ainda, chegou a ter encomendas vindas do estrangeiro: o Reino Unido e a República Checa, geografia de onde é também oriundo Václav, o seu companheiro, pai das suas duas filhas. A tudo isto acrescentou uma loja online e as redes sociais – a que deveria ligar um bocadinho mais, mas não tem tempo. Mas o apelo do mundo não se cala dentro dela: à boleia da Selectiva Moda, foi a Paris, cidade onde as luzes ainda estão acesas para as artes. “Valeu a pena”, diz. E pode ser que a partir daí muita coisa aconteça. t


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UNIFARDAS APRESENTA MOOVEX, O WORKWEAR EM ELASTANO Mais elástica e flexível, mas também resistente e duradoura. É assim que a portuguesa Unifardas apresenta a Moovex, a sua nova coleção de workwear, que aposta no elastano para criar peças de vestuário com maior liberdade de movimentos.“Queremos sobretudo proporcionar aos utilizadores de vestuário de trabalho um conforto extra assente na maior mobilidade que tanto necessitam para a concretização das suas tarefas profissionais”, explica a empresa em comunicado.

"O tema do momento são as fibras sustentáveis: algodões orgânicos e reciclados, poliester reciclado e fibras com liocel e modal" João Abreu Administrador da Crispim Abreu

A NOITE PERFORMATIVA DE KATTY XIOMARA

Muito mais que uma apresentação inovadora e disruptiva para a coleção After Now, Katty Xiomara levou ao espaço da Tipografia do Conto um verdadeiro happening multimédia. Numa espécie de performance que tinha levado já a Paris, a nova coleção primavera-verão desdobrou-se por vários espaços do hotel de charme, onde também aconteceu o lançamento do livro de Katty - “Reflexo, Guia do Bem inVestir” - e a apresentação do documentário “Katty Xiomara’s Parachute Trip”. t

A ERT CRIA NOVOS COMPÓSITOS E O PLANETA AGRADECE Tal como com a chegada à Lua, a ERT apresentou alguns protótipos de novos compósitos que sendo apenas um passo em frente na sua estratégia de inovação podem representar um salto de gigante para a indústria. É a partir de resíduos EVA que propõe novas soluções para o automóvel, a arquitetura e construção, ou defesa e proteção. Um processo de upcycling que está a ser desenvolvido com o Fibrenamics, da Universidade do Minho, no âmbito do projecto GradiERT e parte da reutilização de resíduos e desperdícios de EVA resultantes do fabrico de materiais para as indústrias do calçado e automóvel. E o planeta agradece, já que permite substituir estrutura até agora fabricadas com base em plásticos químicos. “EVA é o nome dado a produtos à base de Etil Vinil Acetato, de que resultam produtos como as solas dos sapatos. São as aparas de corte do fabrico dessas peças, que normalmente teriam como destino a queima ou depósito em aterro”, explica o Diretor de Inovação e Marketing da ERT, Fernando Merino.

Na sessão de apresentação dos resultados do projeto, no dia 5 de Dezembro, na Oliva Creative Factory, em São João da Madeira, foram já mostrados protótipos de um apoio de braço para o interior de automóveis, almofada de enchimento para capacetes de proteção, e peças compósitas para revestimento de interiores. “Este é um processo que não está, obviamente, fechado. Na indústria automóvel trabalha-se com processos de validação constante, vamos agora propor estas novas soluções e esperar pela aceitação dos construtores”, explica Merino. Para já, a garantia de que os novos compósitos asseguram comportamento e caraterísticas idênticas às peças em plástico que agora equipam os automóveis. A par de Fernando Merino, a apresentação da Oliva Creative Factory contou com o CEO do Grupo ERT, João Brandão, Raul Fangueiro, Coordenador da Fibrenamics, João Bessa, Coordenador do projeto GradiERT na Fibrenamics, e ainda o Presidente da Câmara de São João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira. t

A APOSTA VERDE DA SIDÓNIOS JÁ É UMA COISA MADURA O Ethical Award atribuído em 2018 pela Première Vision é a prova dos nove de que a aposta verde da Sidónios já é uma coisa madura – não é por acaso que o grupo de Barcelos é o maior fabricante europeu de malhas circulares feitas com cupro, uma fibra 100% ecológica produzida a partir das sementes do algodão. “O cupro é uma fibra celulósica regenerada da Natureza, que aproveita desperdícios da produção de algodão e é completamente bio-

degradável. Usando cupro planta-se menos algodão, poupando-se assim muita água. O planeta fica a ganhar”, afirma Sidónio Silva, 57 anos, que em 1984 fundou a Sidónios em parceria com o pai. A aposta no cupro (um fio japonês produzido pela Asahi Kasei) é parte integrante da política de sustentabilidade da Sidónios, que está em sintonia com as atuais preocupações dos consumidores e as crescentes exigências das marcas.

É este foco na sustentabilidade que faz com que a Sidónios Malhas esteja a estudar o sistema energético que alimentará a sua nova seção de tinturaria e acabamentos – e levou a Sidónios Tech a instalar cerca de 400 painéis fotovoltaicos. “Nos picos dos dias de sol já somos completamente autónomos. Como também recorremos a fornecedores de energia em base renovável, 100% da energia que usamos é verde”, garante Sidónio Silva. t

CAROLINA HERRERA ATIRA-SE ÀS INFLUENCERS

SONAE QUER CHEGAR AOS MIL MILHÕES NA DESPORTIVA

Numa intervenção durante o Latin Fashion Summit, a designer Carolina Herrera não poupou críticas ao fenómeno das influencers, considerando que a declarada paixão pela moda se prende em grande parte a interesses económicos. “Para mim, as influencers não são o estilo da moda, são o estilo do dinheiro. Não têm o seu próprio estilo. Elas usam o que lhes dão”, denunciou a conhecida estilista.

Resultante da parceria entre a Sonae e a JD Sprinter, o negócio da ISGR (Iberia Sports Retail Group) não pára de crescer. No ano passado facturou acima dos 600 milhões e a meta dos mil milhões está já no horizonte próximo. Com um total de 345 lojas – entre Sport Zone, JD Sports, Sprinter e Size? – é já a segunda maior retalhista da Península Ibérica (ilhas incluídas) e emprega mais de seis mil colaboradores.

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toneladas de fios são exportados mensalmente pela Solinhas, que emprega 23 pessoas e fechou 2018 com um volume de negócios de 3,2 milhões de euros

JOSEFINAS PREMIADA POR T-SHIRTS SOLIDÁRIAS E ANTI-VIOLÊNCIA

‘You can leave’ é o título da nova coleção de T-shirts que a marca portuguesa Josefinas lançou em parceria com a APAV. Com ilustrações de apoio e encorajamento a mulheres vítimas de violência doméstica, foi já premiada pela plataforma francesa Adforum, que a incluiu entre as cinco melhores campanhas do mundo.


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OPINIÃO A MUDANÇA DOS HÁBITOS DE CONSUMO Jorge Pereira Membro da Direção da ATP

OBRIGADO! Paulo Vaz Diretor-Geral da ATP e Editor do T

Os tempos em que os produtos fast fashion lideravam o mercado, atraindo cada vez mais consumidores, parecem por si só já não ter a mesma força. Precisam de novos argumentos, sobretudo ao nível de marcas de peso, uma vez que todas as outras acabam por as seguir. Novas correntes surgem e uma delas é a sustentabilidade, o ecologicamente correto. Ao contrario do que se pensava, afinal não é uma tendência, mas sim algo que veio para ficar. Novas formas de pensar e de estar na vida trazem uma nova consciência e com isso novos modelos de viver e de negócio. O norte da Europa e os Estados Unidos estão um passo à frente nesta matéria da sustentabilidade, que há muito deixou de ser uma tendência para dar lugar antes a uma forma de estar e de viver. O centro e sul da Europa, ainda que timidamente, continuam a dar os primeiros passos como que em jeito de medir até onde vai esta onda. Assim, num contexto em que os consumidores estão rapidamente a mudar os seus hábitos, exige-se que as empresas respeitem cada vez mais o meio ambiente, quer nos seus processos quer na incorporação de matérias-primas recicladas, poupando assim a natureza no que diz respeito ao consumo de novos recursos.

Depois de quase 32 anos ao serviço da ATP, primeiro como técnico, secretário-geral e diretor-geral da APIM – Associação das Indústrias de Malha e Confeção, e, depois da fusão desta com a APT em 2003, como diretor-geral da ATP, está chegado tempo de partir. Foi um tempo rico e intenso, que preencheu uma boa parte da minha vida profissional e até pessoal e que, obviamente, será impossível esquecer ou minimizar. As boas, se não mesmo excelentes, recordações deste período ficarão para sempre na minha memória e constituirão uma experiência de vida inexcedível, que transportarei para outros projetos que desejo ainda abraçar. É apenas este desejo de realizar em tempo útil de vida outras coisas pessoal e profissionalmente, sem qualquer conflito, rutura ou mágoa com a organização e as pessoas que a dirigem – antes pelo contrário – que motiva esta decisão. Tenho apenas pena de não ver o setor unificado numa só organização representativa, algo em que firmemente acreditava – e acredito – ser positivo para o seu fortalecimento; mas se tal não sucedeu, foi ape-

As empresas têm que se superar de forma a encontrarem soluções economicamente viáveis e atrativas para os consumidores. Para isso têm que ser tecnologicamente avançadas e criativas, dando o exemplo aos seus colaboradores, assumindo compromissos arrojados por forma a serem um exemplo para a sociedade, pois só assim será possível alcançarem um comprometimento 100% sustentável. Os desafios têm de ser ambiciosos e não bastam ser individuais, mas sim coletivos, pois só assim as metas ambiciosas podem ser alcançadas. Por outro lado, coloca-se também com forte expressão a questão da veracidade da origem destas matérias-primas. Alguns sistemas de rastreabilidade e de certificações foram criados, mas ainda muito aquém das exigências que o mercado vai necessitar. A transparência das marcas junto dos consumidores será o trunfo para o sucesso, pois afinal a sustentabilidade é um dever, um compromisso, de todos, e não podemos ver esta matéria apenas como fonte de receitas e uma oportunidade de marketing, mas sim como uma forma de estar que o nosso planeta urgentemente necessita. O comprometimento tem de ser generalizado para que possamos ter um amanhã fashion mas cada vez mais responsável. t

nas porque, afinal, os empresários que a ele pertencem, por ação ou por omissão, continuam a entender estar melhor representados de forma separada e fragmentada. O futuro dirá se haverá alterações, esperando, no limite, até com o facto do meu afastamento, criar condições acrescidas para que o diálogo se volte a abrir e se consiga chegar finalmente a este desiderato, que, sinceramente aspiro, se venha a realizar. Confesso que é com emoção que redijo esta crónica, a última como editor do T Jornal, um dos últimos projetos que ajudei a criar e que vejo, muito feliz, que se fortalece, afirmando-se como o órgão de comunicação de todo o setor, moderno, arejado, atento ao mundo e à sua dinâmica, antecipando tendências e prestando uma informação interessante e de rigor, indispensável para o conhecimento atualizado das empresas e suporte às suas decisões estratégicas. Procurei sempre fazer o meu melhor, na ATP e nas outras organizações que estão relacionadas, assim como nas iniciativas em que estive envolvido, quer na sua fundação como na sua gestão, como

a ASM – Associação Selectiva Moda ou o Fórum da Indústria Têxtil, e mais recentemente os projetos de imagem “Fashion From Portugal”, sabendo que, eventualmente, nem sempre foi o suficiente, já que o setor mereceu sempre mais. Tenho, contudo, a consciência do dever cumprido, levando comigo mais recordações positivas do que menos, um imenso respeito e carinho por toda a fileira e por quem a compõe, assim como a certeza de que a Associação continuará a ser uma instituição prestigiada, um referente de qualidade e orientação estratégica no panorama associativo de todo o setor e que dela não poderá jamais prescindir, sob pena de se neutralizar. Não sendo esta uma despedida, mas um até sempre, pois jamais me conseguirei desligar completamente de uma indústria a que dediquei parte substancial da minha vida, a melhor palavra que tenho para exprimir este tempo de excelência que ora se conclui, a todos que fizeram comigo este caminho, é – de forma sentida e reconhecida – obrigado! t


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Manuel Carvalho Diretor do Jornal Público

José Manuel Lopes Cordeiro Director Científico do Museu da Indústria Têxtil

AS DORES DA TÊXTIL E OS DRAMAS DA ECONOMIA*

O ARRANQUE INDUSTRIAL DO TÊXTIL NA BACIA DO AVE

A associação que reúne as empresas da indústria têxtil apresentou uma projeção sobre o seu futuro que nos convoca para uma discussão que vai muito para lá dos seus interesses particulares – implica também uma visão sobre o perfil da economia e do próprio país. O que esse futuro anuncia revela uma indústria que continuará a aumentar o seu volume de negócios e as suas exportações, mas ao mesmo tempo assistirá à ruína de 2000 empresas e à destruição de 28 mil postos de trabalho. Na aparência, parece haver uma contradição entre a conquista de mais faturação e a perda de mais emprego, o que levará muita gente a suspeitar que no horizonte se perfila um agravamento da já de si disfuncional distribuição de rendimentos entre trabalho e capital. Na realidade, porém, pode não ser exatamente assim. A previsão da indústria pode até ser uma boa notícia para a economia e para o país. Nenhuma economia desenvolvida na era da globalização aguentava o peso que a indústria têxtil e do vestuário tinha em Portugal há poucas décadas – chegou a valer um terço do total das exportações. Depois dos acordos para a liberalização do comércio internacional do setor, a indústria nacional foi objeto de uma profunda reestruturação e em 20 anos perdeu cerca de metade dos seus postos de trabalho – são 130 mil atualmente. Mas ao mesmo tempo que decaíam em emprego, as empresas modernizaram-se, reajustaram-se, deixaram de fabricar bens de reduzido valor acrescentado e apostaram em produtos inovadores como os têxteis técnicos. Foi por isso que, depois de bater no fundo, a atividade das empresas voltou a acelerar depois de 2009 e hoje o seu volume de negócios e de exportações é o mais alto de sempre. Foi, claramente, um caso de reinvenção obrigatória, que acabou por dar resultados. Por muito que seja idílico acreditar nesse mundo tranquilo e estático do passado, a economia renova-se e a indústria tem de se adaptar a essa mudança. Empresas sustentadas por mão-de-obra intensiva e barata como as que povoavam o setor há 20 anos desapareceram ou estão em vias de desaparecer sem deixar saudades. O caminho da economia portuguesa só pode ser esse, até porque a criação de valor em empresas modernas, com tecnologia e inovação, acaba por libertar recursos para a criação de emprego mais qualificado em outras áreas da economia. Numa era em que o discurso político dominante abomina o lucro e suspeita da iniciativa privada, é bom que estas verdades elementares das sociedades mais prósperas e mais justas sejam recordadas. O caso da têxtil está aí para as discutirmos. t * Originalmente publicado na edição de 5.12.19 do Público

O Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave, situado em Calendário, Vila Nova de Famalicão, acabou de lançar uma nova coleção monográfica, intitulada Arqueologia Industrial, que dá continuidade à revista homónima publicada pelo Museu. A Arqueologia Industrial foi fundada em 1987 como publicação periódica. Em 2019 passou ao formato de livro, constituindo uma coleção monográfica nas áreas da arqueologia, património e museologia industrial. Para além do Museu da Indústria Têxtil da Bacia do Ave/Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, a sua edição é também da responsabilidade da APPI – Associação Portuguesa para o Património Industrial, representante em Portugal do TICCIH – The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage, o organismo mundial para o património industrial, consultor do ICOMOS para a Lista do Património da Humanidade. A nova publicação é editada pelas Edições Humus, que a colocará à venda nas principais livrarias do país, podendo, no entanto, ser também adquirida no Museu. Este primeiro volume da coleção Arqueologia Industrial apresenta quatro capítulos, dois deles de particular interesse para o conhecimento da história da indústria têxtil na Bacia do Ave. O primeiro destes capítulos, intitulado “A fábrica de lanifícios do barão da Trovisqueira”, da autoria de Mário Pastor, investigador do Pólo do Porto da Universidade Católica, sublinha que o arranque industrial da produção têxtil na Bacia do Ave foi um fenómeno que começou a afirmar-se a partir dos meados do século XIX, sempre intimamente relacionado com o retorno de antigos emigrantes portugueses no Brasil. A primeira fábrica têxtil montada com aproveitamento hidráulico no Rio Ave propriamente dito foi construída pelo barão de Trovisqueira. Tratava‐se de uma fábrica de lanifícios instalada em Riba de Ave, em meados da década de 1870, hoje pouco conhecida. Inserida posteriormente na Sampaio, Ferreira & Cª Lda., a fábrica do barão de Trovisqueira foi a pedra de toque do arranque da indústria têxtil sobre o Ave. O segundo capítulo, “Casas e Fábricas no Vale do Ave. As formas do paternalismo industrial na Fábrica do Ferro em Fafe”, da autoria de Luísa Ribeiro e Eliseu Gonçalves, investigadores da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, foca outro aspeto pouco estudado na história têxtil da Bacia do Ave, a criação de assentamentos ex-novo com tipos inéditos de habitação e equipamentos sociais ancorados na fábrica. O caso aqui abordado corresponde à Companhia de Fiação e Tecidos de Fafe, fundada em 1887, nas margens do rio Ferro. Os autores analisam a estrutura urbana formada a partir da fábrica, consubstanciada na habitação, identificando possíveis lógicas de relação entre os edifícios industriais, os bairros, os equipamentos e a paisagem. Concluem, defendendo a necessidade de preservação no território e, em rede, deste conjunto heterogéneo de sinais capazes de se constituírem memória coletiva do património industrial da região, no seu amplo sentido.t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Katty Xiomara ainda chegou a pensar criar um acolhedor berço de palhinhas para deitar Jesus, o do Flamengo, mas não podia ignorar os novos três reis magos da nossa República. E, com espírito de Natal, veste-os a rigor! Imponente, Joacine Katar Moreira, assume o papel central, como rainha Baltazar, no presépio mediático onde tem a companhia de João Cotrim de Figueiredo, na pele de Melchior, e André Ventura, o Gaspar que veste com saias e turbante

Os três novos reis magos da República Por esta altura do ano, o evangelho segundo São Mateus fala-nos de uns peregrinos carregados de ouro, mirra e incenso que perseguem uma estrela na esperança de encontrar o “menino”. A dada altura na história do catolicismo, estes peregrinos são batizados com uns nomes catitas e assumem a profissão de Magos e Reis. Pois bem, nesta última edição do ano, em vez de vos presentear com a tradicional figura anafada de barbas brancas, pensei antes, numa história milenar que nos oferece muito mais… um nascimento, uma estrela, magos, reis, animais e claro - ouro, mirra e incenso! Não é que a hipótese de deitar o Jesus do Flamengo num acolhedor berço de palha estivesse completamente fora de questão, mas assuntos mais prementes chamaram-me à razão, visto que seria impossível encontrar melhor altura para aplicar esta analogia aos recém-chegados ao assento parlamentar. Os três novos peregrinos foram guiados por uma estrela que irradia toda a indecisão e desesperança do povo português, que neles vê uma pequena luz de magia e mudança. O Melchior é ilustremente interpretado pelo afamado dandy tuga, João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, que não conseguiu deixar de lado o seu fato de estilo inglês, que vemos assomar por baixo do opulento manto de veludo vermelho. O Baltazar é elegantemente desempenhado pelo membro mais mediático e polémico do nosso parlamento, aquele que conseguiu roubar o estrelato num tempo record, nunca antes visto. Joacine Katar Moreira do partido Livre, veste-se a rigor, com elegantes mantos convertendo este Rei Mago em Rainha. Por último, mas não menos inquietante, o Gaspar, que é entregue ao santificado, bem-aventurado e quase padre, Sr. André, do Chega, que de saias e turbante se veste para nos presentear com elucidativos comentários. É certo que têm pouca experiência de campo, e embora mais Magos do que Reis prometem ter grande preponderância nesta nova seção bíblica da nossa história. Vestimo-los com sedas, turbantes e jóias, contudo, rezamos para que este glamour não os deslumbre nem distraia dos verdadeiros assuntos - levar ao menino Costa as pesadas oferendas do povo; as incertezas, as inseguranças e os medos que tanto nos apoquentam. Para todos, votos de um bom Natal e uma excelente escalada para o sucesso! t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Dom Peixe Rua Heróis de França, 241 4450-158 Matosinhos

A LOTA CONTINUA O restaurante Dom Peixe, com um nome destes, parece elitista e cheio de salamaleques, mas trata os peixes por tu. Ou não viessem eles do outro lado da rua! Se os peixes tivessem asas e voassem quando frescos, entrariam pelas janelas. Se tivessem pernas e andassem entrariam pelo seu próprio pé a caminho da grelha. A lota continua. Quem vem da Lota e continua, esbarra no Dom Peixe. Claro que estou a falar da verdadeira e única Lota de Matosinhos, na rua Heróis de França, onde hoje os heróis de verdade são...os peixes.

Já aqui disse falando do irmão Valentim que os templos do bom peixinho em Matosinhos são mais que muitos. Mas de categoria ímpar já não serão assim tantos e importa saber escolhê-los. Para comer um bom peixinho em Matosinhos há que saber arranjá-lo, já aqui vimos, mas também há que saber arranjar um bom restaurante para o servir. E, last but not the least, arranjar uma oportunidade com o tempo livre adequado para o desfazer, desespinhar e degustar como ele merece. Parece que o Luís Montenegro do PSD

andava à procura de um D para devolver ao partido. Aqui ficam vários só nesta última frase porque para mim o D de desejar vem sempre muito antes do de desistir. Nem sempre os que estão mais à mão de semear são os que estão mais perto dessa realidade. Por acaso o Dom Peixe, de caras com a lota, é claramente um dos mais seguros. Logo à entrada tem um expositor que é o melhor menu que podemos ter num restaurante de peixe. Continuando a saga dos D ouça um bom conselho e dê uma oportunidade à sua fome no Dom Peixe. t


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Ana Azeredo, 29 anos. Com o curso de Gestão e pós-graduação em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos, a export manager da Blue Kids até começou pelos vinhos, na Ramos Pinto. Mas a paixão por crianças e a vontade de fazer crescer o negócio de portas levaram-na até à marca portuguesa de roupa infantil, já lá vão seis anos. Adepta do fazer sempre mais e melhor, aproveita os tempos livres para desfrutar da companhia do namorado e da família – especialmente da sobrinha Carolina, a menina dos olhos que vive coberta pelos mimos da tia

SOUVENIR

OS PAPILONS DA MINHA INFÂNCIA

Gosta

Não gosta

Família Amigos Namorado Verão

Mentiras Falsidade Teimosia Cheiro a tabaco Chuva Vento Inverno Desmaquilhar Animais com pelo e bico Colocar combustível Campismo Licores Cerveja Refrigerantes com gás Sushi Burger King Lampreia Cabidela Acordar

Praia Gelados Calor Sol Havaianas Viagens Férias Ler Teatro Pôr-dosol Itália Cinema Natureza Café Chá Morangos Sumo de maracujá Gomas Bolo de chocolate Cheesecake Boas recordações FCP Pipocas Natal São Pedro Dormir Spa Massagens Azul Vinho Flores Trabalhar Aprender Bebés Música Perfumes Sonhar acordada Ajudar Picante Criar Tomar banho Cavalos Velas Cavalheirismo Surpreender Sabor único e autêntico da comida dos pais

cedo Cobras Centopeias Filmes de terror Chegar atrasada Ansiedade Desfazer malas de viagem Correr Peixe cozido Trabalhos manuais Dançar Filas de espera Vacinas Cócegas Anedotas Foguetes Touradas Incerteza Ultrapassar camiões na autoestrada Pesadelos Queijo da serra Musicais Tatuagens Medo Piercings Frio Uísque Motas Areia fina Alergias Pó Unhas de gel

Mesmo estando o restaurante Mesa de Lemos inserido num universo têxtil com a dimensão do grupo Abyss & Habidecor, cujos produtos são referência mundial no luxo para casa e banho, devo confessar que me interessam sobretudo as tendências do gosto, as modas e prazeres ligados à mesa. É a vida! Sabe-se lá porquê. E é nestas ocasiões, nestes vazios de memória, que sempre regressamos ao colo da mãe querendo saber os quês e porquês dos caminhos por onde a vida nos orientou. Uma forma de (re)descobrir coisas que nem sabíamos ou nunca sequer questionamos. É bom olhar para trás e devo dizer que fiquei mesmo feliz depois desta conversa com a minha mãe. “Então não te lembras dos lacinhos, dos papilons que usavas todos os fins-de-semana. Não passavas sem eles. Tinhas que pôr laço e um blazer para ir à missa ou a qualquer lado”. Por esses tempos, relembro agora, o meu pai trabalhava a servir à mesa envergando sempre o clássico casaco branco e o laço preto. Foi certamente inspirado nessa imagem paternal que me aperaltava com o laço e casaquinho sempre que o momento era de maior rigor ou solenidade. Tinha vários, sempre em tons escuros, preto, cinza, verde musgo que, imagino, não quereria fugir nunca à imagem do meu pai. A cozinha e restauração terão sido, por isso, uma inspiração natural, o que me ajuda a saborear ainda com maior felicidade a distinção da estrela Michelin que acaba de se colar ao Mesa de Lemos. Sem vaidade, mas com um orgulho que estas memórias agora avivadas pela minha mãe me deixam ainda mais feliz. Quantos aos papilons, deixei de os usar com a adolescência, quando comecei a ficar “parvo”, mas quem sabe um dia destes arranjo uns novos para dar um ar mais formal em certas ocasiões. Bem es diz que voltamos sempre à infância. Não é? t Diogo Rocha


O Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, embaixador da Antarte para as causas socias, apadrinha o projeto solidário “Decorar para Humanizar” no Centro Materno Infantil do Porto. “Decorar para Humanizar” é uma iniciativa da Antarte que reúne 15 artistas de renome e pretende humanizar as salas de espera usadas por crianças e famílias.


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