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PEDRO SIZA VIEIRA Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital

“TÊXTIL É EXEMPLO DE UM CLUSTER QUE FUNCIONA” 30 A 32

FOTO: RUI APOLINÁRIO

EMERGENTE

EDIÇÃO 50

RITA NORO ENTRE O TÊXTIL E A ESCULTURA

CINCO EMPRESAS QUE FESTEJAM OS 50 ANOS

EMPRESA

NOVOS PROTAGONISTAS

INOVAFIL INOVA PARA ESTAR NO PELOTÃO DA FRENTE

OS CAMPEÕES MODATEX QUE ESTÃO A DAR CARTAS NA MODA

PERGUNTA DO MÊS

PRODUTO

O QUE PODE FAZER MAIS O T PARA AJUDAR A ITV?

COLETE DA POLISPORT FAZ O FITTING ENTRE TÊXTIL E PLÁSTICO

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NÚMERO

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JANEIRO-FEVEREIRO 2020

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Katty Xiomara 45 anos Estilista, apresentou aos 22 anos, ainda estudante, a sua primeira coleção no Portugal Fashion (1996) e nunca mais parou. Presença assídua nas passarelas, não só em Portugal mas também nas grandes capitais da moda, tem colecionado prémios e distinções um pouco por todo o mundo. Pelo seu atelier, na Rua da Boavista, no Porto, têm passado as mais prestigiadas revistas e críticos de moda internacionais e até o Presidente da República Cavaco Silva ali esteve no âmbito da sua visita pelas indústrias criativas de excelência

FIEL AMIGO DA ITV O nosso T chegou à sua edição 50 e a nossa promessa é que vai permanecer um fiel amigo da ITV. Demos o nosso contributo para a prosperidade da ITV, ajudamos a construir um sentimento de comunidade num setor onde campeava o individualismo, o cada um por si. Pusemos os protagonistas e as estórias debaixo dos holofotes. Este trabalho estará sempre inacabado, mas penso que não exagero se disser que demos um empurrão e abrimos janelas que, creio, nunca mais serão fechadas. O que alcançamos em cerca de cinco anos depois do pontapé de saída supera as minhas expetativas iniciais. Devemos estar satisfeitos com o alcance que a marca T atingiu no setor, com o prestígio do jornal, a qualidade do site e a audiência da newsletter diária. O maior elogio que eu poderei receber é ver o T a continuar a crescer e a melhorar. O parágrafo anterior é um excerto da carta que o Jorge Fiel me enviou a 15 de Janeiro, na data em que decidiu passar a viver dos rendimentos, como ele chama com graça à sua merecida reforma. Espero que os leitores para quem este projeto nasceu possam concordar com ele como eu concordo, e já começaram a ajudar-nos a cumprir a promessa que será o seu melhor elogio respondendo à nossa pergunta do mês. No T Jornal, nacional e internacional, no nosso site e na newsletter Today todos vamos continuar fiéis amigos da ITV. t

Como estilista consagrada da moda nacional como sentes que evoluiu a imagem da nossa têxtil no plano internacional? A têxtil nacional tem enfrentado inúmeros desafios e demonstrou uma grande tenacidade e capacidade de superação. No plano internacional, a nossa têxtil está bem pontuada: temos qualidade, versatilidade, rapidez, acessibilidade e proximidade e temos conseguido adaptar-nos às exigências sustentáveis. Contudo, os próximos tempos trazem-nos a urgente necessidade de renovar e qualificar técnicos. O que faltaria para que um dia uma coleção de uma marca de autor como a tua pudesse atingir um volume de vendas mais significativo em termos de exportações? Falta acreditar no poder da criatividade e investir nela. O design é o elemento diferenciador que pode traduzir a nossa herança em algo cobiçável e apetecível. Isto aliado à capacitação técnica que já demonstramos perante o mundo, poderia ser a vacina perfeita contra os pequenos volumes de vendas. Como avalias o papel desempenhado pelo Portugal Fashion na promoção da moda portuguesa? O Portugal Fashion tem conseguido desmistificar a moda nacional levando-a além-fronteiras com dignidade e ele-

gância. Este é um caminho que devemos continuar a percorrer. Mais do que o “chegar, ver e vencer”, necessitamos também ficar. Ficar na memória, no armário, no ouvido. Precisamos que Portugal (nação) acredite no seu potencial. Como analisas a colaboração entre a comunidade criativa a que pertences e a comunidade de produção industrial? Existe uma nova geração que apostou na formação interna dos seus elementos e assim traçam um novo percurso. Mas para a dimensão da nossa indústria, essa aposta ainda é tímida e comedida. Sobretudo porque é difícil quantificar o valor do design. Devia existir mais cooperação e intercâmbio de valências. Durante 50 edições do T brindaste os leitores com desenhos de grande perspicácia e humor. Qual gostaste mais de fazer? Fazer essas páginas do T é uma espécie de fórmula para combater o stress. Tem sido muito divertido, salvo raras exceções em que levei a coisa mais a sério, como aquela vez em que despi os mais polémicos dirigentes mundiais. Foi especial porque eu própria despi-me de ironias. No registo “normal”, foi especialmente divertido vestir o comendador Joe Berardo com leds, arnês e cota de malha em ouro. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Texto: António Moreira Gonçalves Ilustração: Cristina Sampaio

O QUE PODE FAZER MAIS O T PARA AJUDAR A ITV?

A primeira edição do T – que foi na verdade a número zero – chegou à caixa de correio dos nossos leitores a Agosto de 2015. Ao longo destes quase cinco anos mantivemos o olhar atento sobre o presente e o futuro do sistema têxtil e moda nacionais, sobretudo pela voz dos verdadeiros protagonistas: os empresários, gestores, designers e muitos outros profissionais que no dia-a-dia dão corpo e vida aos projetos do setor. Agora, nesta edição número 50, invertemos a perspetiva, e ao jeito de uma verdadeira caixa de sugestões, pedimos a personalidades do setor para nos dizerem o que o T pode e deve ainda melhorar

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“Sugiro a introdução de alguns suplementos para prestar ajuda no que toca à gestão, fiscalidade e oportunidades de projectos no âmbito do Portugal 20/30”

“Ainda mais? Talvez na acentuação da relevância da ITV como impulsor do desenvolvimento local e de sustentabilidade”

MÁRIO JORGE SILVA TINTEX

JOSÉ MANUEL CASTRO MODATEX

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m olhar mais atento para o panorama internacional, dar voz aos profissionais e quadros-médios das empresas e acentuar o foco nas grandes linhas-mestras que distinguem a indústria portuguesa além-fronteiras. São estas as principais sugestões que algumas figuras da têxtil nacional dirigem ao T, para que no futuro aperfeiçoe o seu papel de órgão informativo e de divulgação de todo o cluster. Com 50 edições já publicadas – às quais se soma uma newsletter diária e um jornal online em constante atualização – o logo do T já se tornou

familiar para a grande maioria dos profissionais do setor. Sinónimo de um noticiário alargado, que abrange não só a indústria, mas também a moda e as grandes tendências, o jornal tem cimentado a sua presença, tanto dentro das empresas portuguesas como nas feiras internacionais, onde se apresenta através do T International, a sua versão em língua inglesa. “O T Jornal tem ajudado a promover e a divulgar, não só o que temos feito bem, através dos exemplos de sucesso da nossa indústria, mas também o que temos de melhorar e corrigir, com a análise dos grandes factores de mudança que o setor enfrenta”, afirma Mário Jorge Machado, administrador

da Adalberto Estampados e atual presidente da ATP. Sustentabilidade, Indústria 4.0, economia digital e as constantes mudanças no comportamento dos consumidores são alguns dos assuntos charneira que por repetidas vezes têm ocupado posição destacada nas páginas do T. “O jornal tem desempenhado bem o seu papel, tornou-se um elemento importante e estruturante do nosso setor. Deve manter a filosofia mas aprofundar o âmbito do seu projeto”, comenta João Costa, presidente da Associação Selectiva Moda. “Tem feito um bom trabalho a divulgar a têxtil, até porque esta é uma indústria que segue uma estrada com muitas irre-


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“Deveria representar a indústria têxtil e vestuário portuguesa e, consequentemente, ter um alinhamento mais profissional”

“O T tem ajudado a promover e a divulgar, não só o que temos feito bem, mas também o que temos de melhorar e corrigir”

“O jornal poderia fomentar a interação entre diferentes empresas, ser um catalisar de ideias e ações conjuntas, de parcerias e de networking"

“O T tem cumprindo a sua missão, mas penso que devia procurar mais informações sobre empresas europeias e internacionais”

JOSÉ ALEXANDRE OLIVEIRA RIOPELE

MÁRIO JORGE MACHADO ADALBERTO ESTAMPADOS

MATILDE VASCONCELOS TROTINETE

PAULO MELO SOMELOS

gularidades e nem sempre as empresas sabem o caminho a seguir”, acrescenta José Manuel Vilas Boas Ferreira, CEO do grupo Valérius. “É a voz da vitalidade da ITV portuguesa e da admirável (re)evolução que a inevitável urgência das mudanças a isso a obrigou. Para isso o T já fez e faz muito”, afirma José Manuel Castro, diretor do Modatex. Já a olhar mais para o futuro, José Alexandre Oliveira, administrador da Riopele, quer que o jornal evite “apresentar notícias e declarações sensacionalistas, desprovidas de rigor e de qualquer interesse para o sector e para quem lê o jornal. Deve representar a indústria têxtil e vestuário portuguesa

e, consequentemente, ter um alinhamento profissional”. Um noticiário internacional mais profundo, completo e frequente é outra das sugestões. “O T tem cumprindo a sua missão, mas penso que devia procurar mais informações sobre empresas europeias e internacionais, de forma a permitir que os empresários portugueses acompanhem mais de perto a realidade de outros países, quer em termos de grandes grupos, como em termos de gestão, ou de criação de marcas”, propõe Paulo Melo, administrador da Somelos. Um desejo que é corroborado também por outros protagonistas, sobretudo tendo em vista a forte vocação exportadora do setor. As questões das

variações na economia internacional e da geopolítica, temas como o Brexit ou a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos várias vezes abordados são fundamentais à informação dos nossos empresários. “Seria muito interessante ter um noticiário internacional, desde as oscilações cambiais ou do mercado das matérias-primas, aos factores de geopolítica que influenciam de alguma maneira a nossa indústria”, sugere João Costa, numa reflexão em que é acompanhado por Mário Jorge Machado: “Penso que é necessário ter mais informações sobre a têxtil europeia, sobre os grandes grupos internacionais e sobre as principais tendências que atravessam o se-

tor além-fronteiras”, sugere. Mas também a informação mais técnica e especializada que possa ajudar a responder às crescentes exigências da atualidade. “Sugiro a introdução de alguns suplementos para prestar ajuda no que toca à gestão, fiscalidade e oportunidades de projetos no âmbito do Portugal 20/30”, propõe Mário Jorge Silva, CEO da Tintex. “Sinto que existem em muitas empresas deficiências fortes na gestão e na formação correta do preço, arrastando a fileira para perdas desnecessárias, em virtude de terem que concorrer com preços indecentes”, clarifica o responsável pela empresa de Vila Nova de Cerveira. Matilde Vasconcelos, fun-

dadora e administradora da Trotinete vê a solução para este problema numa maior partilha dentro do próprio setor, que pode ter o jornal como impulsionador. “Seria interessante fomentar a interação entre diferentes empresas, ser um catalisar de ideias e ações conjuntas, de parcerias e de networking. Se estivermos juntos crescemos melhor”, apela a empresária, defendendo a organização de fóruns de debate e espaços de opinião e diálogo. Dar também voz e protagonismo aos quadros intermédios da indústria, aos técnicos e especialistas é o que sugere também José Manuel Vilas Boas Ferreira. O CEO do grupo Valérius entende que são


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“Seria interessante dar mais voz aos quadrosmédios, porque são profissionais com opiniões muito relevantes e muitas vezes são quem faz as coisas acontecerem”

“O T poderia ter também uma abordagem a outras indústrias. Receber exemplos de outros setores pode ser um indutor de aprendizagem para qualquer empresa têxtil”

“Todos falam em sustentabilidade, mas nem todos sabem o que isso significa verdadeiramente. É um tema fundamental para a nossa indústria e o jornal deve ajudar a distinguir o que é e não é sustentável”

“O Jornal T tem desempenhado bem o seu papel, tornouse um elemento importante e estruturante do nosso setor. Deve manter a sua filosofia, mas alargar a sua abrangência”

JOSÉ VILAS BOAS FERREIRA VALÉRIUS

MIGUEL PEDROSA RODRIGUES PEDROSA & RODRIGUES

ANTÓNIO AMORIM CITEVE

JOÃO COSTA ASSOCIAÇÃO SELECTIVA MODA

exigir a formação de quadros qualificados nesta área, porque pode significar um grande valor acrescentado para a nossa indústria”, reforça. Também por isso Mário Jorge Silva avança que “seria interessante ter um folhetim sobre inovação responsável”. O administrador da Tintex – que nesta área tem celebrado várias parcerias com o CITEVE – fala também da necessidade de “informações sobre as vantagens em obter patentes”. No mesmo sentido mas num âmbito mais alargado, José Manuel Castro vê até no jornal a oportunidade de acentuar a relevância da ITV como “um valioso impulsor do desenvolvimento local e de sustentabilidade credível

para as atuais e futuras gerações”. O diretor do Modatex entende que a divulgação de matérias relacionadas com a sustentabilidade pode ter um papel relevante em “evidenciar o sentido ético da ITV, fomentando a atração e retenção de jovens qualificados”. Também a administradora da Trotinete afina por idêntico diapasão: “O foco tem de estar nas boas práticas, quer na gestão como na sustentabilidade ou na responsabilidade social, e divulgá-las até um ponto em que se tornem norma e não exceção. Temos de consciencializar as empresas que o dinheiro não é tudo, que há outras formas de crescimento e de enriquecimento”, conclui Matilde Vasconcelos. t

importantes, para além das dos empresários. “O jornal poderia dar mais voz às segundas fileiras, a um diretor comercial, um diretor criativo ou um designer, por exemplo, porque são profissionais com opiniões relevantes, que nem sempre são ouvidas. Muitas vezes são estes segundos quadros que fazem as coisas acontecerem”, propõe. A ambição de um jornal como “elemento conciliador entre as diferentes associações”, perspetivando um futuro em que a fileira fale e atue a uma só voz é também expressa por Bruno Mineiro, administrador da Twintex. O empresário do Fundão entende que para isso, “o T Jornal deve continuar a inspirar e a

ser inovador e competitivo”. Tendo em vista uma maior troca de conhecimentos, capaz de orientar os centros de decisão das empresas, Miguel Pedrosa Rodrigues aponta também para uma perspetiva supra setorial: “O T poderia ter uma abordagem a outras indústrias. O conhecimento é algo transversal a todos os setores e recebermos exemplos da indústria automóvel, da aviação, ou de outras, pode ser um indutor de aprendizagem para qualquer empresa têxtil”. Representante da segunda geração da empresa, o administrador da Pedrosa & Rodrigues acredita que “o setor tem muito a ganhar com o contacto interdisciplinar, não só na área da gestão, mas

também em design, cultura empresarial, tecnologia e logística”, entre outras. Das muitas sugestões há uma que destaca a questão central que assume hoje em dia o tema da sustentabilidade. Mais do que uma tendência, é já um verdadeiro mantra da ITV portuguesa, que importa definir e credibilizar. “Toda a gente fala em sustentabilidade, mas nem todos sabem o que significa verdadeiramente. Ainda falta muita informação especializada e este é um tema fundamental, que vai fazer toda a diferença já a curto-médio prazo”, avisa o presidente do CITEVE, António Amorim. “É importante traçar uma distinção clara entre o que é e não é sustentável, é preciso


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A DOIS CAFÉS & A CONTA Restaurante Marques Soares Rua das Carmelitas, 92 4009-804 Porto

Entrada Folhado de alheira e salada de salmão Prato Arroz de pato Sobremesa Leite-creme queimado Bebidas Coroa d’ Ouro branco 2018, água e um café

ANA ANTUNES

Neta de Manuel José Soares Antunes (um dos dois sócios fundadores da Marques Soares) é licenciada em Relações Públicas pela Universidade Fernando Pessoa. Cresceu nas Antas, onde mora, e fez o secundário entre a Aurélia de Sousa e a Filipa de Vilhena. Quando foi para a faculdade já era claro na sua cabeça que não escapava ao destino de ir trabalhar para os armazéns da família. No último ano do curso já passava o dia na rua das Carmelitas, a aprender a fazer o caixa, notas de encomenda e faturas, sob a orientação do seu tio Manuel João, que foi o seu mentor. É casada com um ex-quadro da Sonae que está a desenvolver um negócio online - conhecem-se desde miúdos, tratavam-se por primos e passavam as férias grandes juntos no Mindelo (“Os meus sogros são também meus padrinhos. Mal sabia a minha madrinha que o faqueiro de prata que me deu ia parar ao seu filho :-) ”). Têm duas filhas, a Catarina, 16 anos, e a Anita, 13 anos

UM SONHO DE VIDA PARA UMA MULHER

FOTO:RUI APOLINÁRIO

44 ANOS ADMINISTRADORA DA ARMAZÉNS MARQUES SOARES

Assim à primeira vista, tem uma profissão que é o sonho de qualquer mulher, pois ganha a vida a fazer compras em capitais da moda. Não há semana que passe sem que ela viaje em trabalho para Madrid, Barcelona, Paris ou Dusseldorf. “Gosto muito do que faço. Tenho mesmo paixão pelo meu trabalho. Mas devo reconhecer que é muito cansativo viajar todas as semanas, cumprir agendas muito concentradas para aproveitar bem o tempo”, confessa Ana Antunes, a mais nova (e única mulher) dos cinco netos dos fundadores que constituem o Conselho de Administração da Marques Soares. Ana é a responsável pelas compras de vestuário e acessórios para Senhora (e também pela óptica), segmento que é responsável por 40% das vendas da empresa. O irmão Vasco, um ano mais velho, ocupa-se dos Recursos Humanos, Perfumaria e e-commerce. O primo Paulo acumula a presidência com a área financeira, enquanto o primo Raul é o comercial e trata das compras de homem. António Henrique Marques, neto do outro sócio fundador (António Marques Pinho) tem

a seu cargo a secção de sapataria. “O desafio é comprar coisas para gostos diferentes do meu, estar sempre a pensar no que as outras pessoas vão querer comprar”, explica Ana, que escolheu almoçarmos (uma refeição em que ela comeu como um passarinho, mal molhou os lábios no vinho, apenas petiscou o arroz de pato e não tomou café) no restaurante do último piso do armazém sede, um edifício riscado por Marques da Silva. Tudo começou em 1960, com uma loja de tecidos aberta na rua das Carmelitas pelo Marques (Pinho) e pelo Soares (Antunes), dois conceituados comerciantes portuenses com nome feito na praça e um percurso como funcionários dos Armazéns da Capela “Pompadour” e, depois, durante 14 anos, como sócios dos Armazéns do Norte. Ao longo dos últimos 60 anos (a comemorar no próximo dia 5 de novembro), três gerações de Marques e de Soares transformaram a loja de tecidos numa grande cadeia comercial com 70 mil clientes, oito lojas de primeira linha - no Porto (duas, a outra é na rua de Santa Catarina),

Braga, Aveiro, Santarém, Beja, Vila Real e Évora) - e três outlets (Gaia, Maia e Vila do Conde) onde trabalham 300 pessoas. O crescimento da loja inicial com 150 m2 até atingir os 14 mil m2 de área bruta do armazém sede, localizado no coração da baixa do Porto, fez-se acoplando diversos prédios vizinhos, com diferentes ambientes e estilos. Para conferir uma lógica a este patchwork, a Marques Soares remodelou todas estas áreas, num investimento superior a um milhão de euros, concluído no ano passado. “Temos de estar sempre a reinventar-nos. Em 2019, apesar de estarmos sempre em obras, conseguimos manter as vendas nos 20 milhões de euros. Estou perfeitamente convencida que 2020 vai ser um grande ano. Espero um crescimento do volume de negócios na ordem dos 10%”, remata Ana Antunes, que vestia um casaco Max Mara, uma blusa Hugo Boss e uma saia da marca alemã Laurel (“Gosto muito de trabalhar com alemães. São muito profissionais. E o fitting das alemãs é muito parecido com o das portuguesas”). t


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2. NOVAS TENDÊNCIAS NO TÊXTIL LAR APRESENTADAS AO SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA NA PASSAGEM POR UM DOS FÓRUNS NACIONAIS

FOTOSINTESE Por: Mariana d'Orey

1. OS FÓRUNS DA SELECTIVA MODA FORAM O CHAMARIZ PARA MILHARES DE COMPRADORES E CURIOSOS CONHECEREM OS PRODUTOS NACIONAIS

NA HEIMTEXTIL, O SUSTENTÁVEL É O MANTRA

Na primeira grande feira o ano, a comitiva portuguesa juntou-se às celebrações do 50º aniversário da Heimtextil com uma representação de peso, sublinhada ainda pela visita do secretário de Estado da Economia. Um total de 78 empresas e 5 800 m2 de exposição, a mostrar como também no têxtil-lar Portugal está a levar à prática o sonho da economia circular, área em que é o principal fornecedor europeu. A par da novidade do Fórum Green Circle e dos tradicionais dois fóruns The Portuguese Home Tex’Style, também um terceiro espaço onde foram apresentados os produtos inovadores made in Portugal

6. QUEM DISSE QUE NÃO SE FAZEM COORDENADOS COM MATERIAIS TÊXTIL LAR? O GREEN CIRCLE ARRASOU NA HEIMTEXTIL

7. AS CORES GREEN DOS PRODUTOS DA EMME VALERAM A ENTRADA DE MUITOS CURIOSOS NO STAND

11. A MUNDO TÊXTIL CONVIDA O SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA A SENTIR A QUALIDADE DOS PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

12. A LAMEIRINHO APROVEITOU A FEIRA DE FRANKFURT PARA PROCURAR NOVOS NEGÓCIOS EM NOVOS MERCADOS


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4. O BALÃO DE AR QUENTE E A NOVA COLEÇÃO SUSTENTÁVEL DA JF ALMEIDA CHAMARA A ATENÇÃO DOS VISITANTES

5. NÃO HOUVE QUEM NÃO TOCASSE O BONGÔ COMEMORATIVO DOS 50 ANOS DA FEIRA DE FRANKFURT

3. MUITO TRABALHO (MESMO À HORA DE ALMOÇO) NO STAND DA LASA QUE ACOLHEU COMPRADORES DE TODO O MUNDO

10. A NINHADA “FOFINHA” DO SOFÁ DA DOMINGOS DE SOUSA NÃO DEIXOU NINGUÉM INDIFERENTE

8. JOIN THE LOOP FOI O MOTE DA COLEÇÃO SUSTENTÁVEL APRESENTADA PELA MORETEXTILE

9. JOÃO CORREIA NEVES DEIXOU-SE CONTAGIAR PELO HUMOR E ATÉ EXPERIMENTOU O ROBE COM AQUECIMENTO DA JF ALMEIDA

13. A COMITIVA TÊXTIL QUE ACOMPANHOU O SECRETÁRIO DE ESTADO DA ECONOMIA NA VISTA À HEIMTEXTIL

14. A CONTEXTILE, BIENAL DE ARTE TÊXTIL DE GUIMARÃES, VIAJOU ATÉ À HEIMTÊXTIL PARA PARA APRESENTAR A 5ª EDIÇÃO DO EVENTO


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ACORDO DE LIVRE COMÉRCIO COM O VIETNAME ESTÁ QUASE PRONTO O acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Vietname – que acaba com as tarifas sobre importação de têxteis oriundos daquele país – está prestes a entrar em vigor, depois do voto favorável da Comissão de Comércio Internacional e da aprovação pelo Parlamento Europeu. O chamado Acordo de Comércio e Investimento UE-Vietname eliminará praticamente todas as tarifas (99%) entre as duas regiões. A proteção do meio ambiente e dos direitos dos trabalhadores estão contempladas.

"Os nossos resíduos são todos reciclados. Temos empresas que recolhem o algodão, o plástico e o papel" Décio Costa Administrador da Piscatêxtil

TMG COMPRA EMPRESA ALEMÃ EM CONSÓRCIO COM A CARRINGTON A MGC, joint venture criada em junho de 2017 entre a Carrington Textiles, sediada no Reino Unido, e a TMG, uma das maiores têxteis nacionais, compraram o grupo alemão Melchior Textil GmbH, até agora um ativo do HOS-Group, fundado em 1816. “Uma nova e empolgante fase do nosso desenvolvimento com o qual poderemos fortalecer ainda mais a nossa posição no mercado”, disse Manuel Gonçalves, diretor da MGC e membro do board executivo da TMG. Segundo os envolvidos, a aquisição fortalece todas as partes que entraram no negócio: a Melchior Textil passa a fazer parte de uma estrutura vertical, beneficiando de uma base de produção sólida e sustentável; por seu turno, a MGC garante a produção das suas unidades industriais a longo prazo através da integração estratégica da empresa adquirida. A MGC fabrica 18 milhões de metros de tecido por ano em Portugal, que se acrescenta à capacidade de produção de Carrington (32 milhões de metros), totalizando mais de 50 milhões de metros por ano. John Vareldzis, diretor da MGC e CEO da Carrington, disse em comunicado que “estamos muito satisfeitos em anunciar este passo positivo. A Melchior

COTTONANSWER CRESCEU ACIMA DOS 10% NO ÚLTIMO ANO

E-COMMERCE SUBIU 11,3% EM PORTUGAL NO ÚLTIMO ANO

A Cottonanswer, têxtil 100% portuguesa sediada em Barcelos e totalmente focada na exportação, cresceu mais de 10% ao longo do exercício de 2019. Com apenas seis anos de existência, a empresa já triplicou a sua faturação – tendo passado de cinco milhões de euros em 2014 para os 16 milhões. “Contrariando as adversidades e ultrapassando o Brexit, em 2020 vamos continuar a crescer na ordem dos dois dígitos”, garante o presidente do conselho de administração, António Santos.

Segundo o site Statista, em 2019 o volume de negócios de e-commerce em Portugal registou um crescimento de 11,3% para mais de 2.600 milhões de euros. Em termos de utilizadores, quase sete milhões de portugueses realizaram compras online, cerca de 4% mais que no ano anterior. Nos próximos anos o e-commerce não deixará de crescer em Portugal, onde se espera um volume de negócio superior a 3.670 milhões de euros em 2023.

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litros de água são diariamente gastos pela MCS, empresa de passamanarias que está a investir num processo de reciclagem e depuração, que lhe permitirá uma poupança de 90% neste consumo Para Manuel Gonçalves, esta aquisição permitirá à empresa fazer novos investimentos

foi uma escolha óbvia para nós, dada a sua reputação no mercado têxtil para vestuário de trabalho. Estamos a avaliar a possibilidade de consolidar o nosso relacionamento com a Melchior há algum tempo e isso será estrategicamente vantajoso para o nosso futuro”. Manuel Gonçalves disse, por seu turno, que “estamos ansiosos pelo início desta nova e empolgante fase do nosso desenvolvimento, com o qual poderemos fortalecer ainda mais a nossa posição no mercado. Isso permitirá fazer novos investimentos à medi-

da que a parceria se aprofundar”. Já Dirk Otto, CEO do HOS-Group, afirmou que “as possibilidades da nova parceria para a Melchior são enormes: fortalece ainda mais a proposta de longo prazo da empresa, combinando os recursos e as capacidades técnicas dos envolvidos”. Para Manfred Seeber, CEO da Melchior Têxtil, “como parte de um grupo têxtil verticalmente integrado, a Melchior continuará a fornecer produtos e serviços de qualidade premium, podendo expandi-los ainda mais”. t

MORETEXTILE QUER CRESCER DE MÃO DADA COM A ZARA HOME A profunda reestruturação da operação da Zara Home, levada a cabo no inverno 18/19 pela Inditex, explica o início de ano periclitante da MoreTextile, que acabou por recuperar a tempo de fechar o último exercício com um volume de negócios de 64 milhões de euros, dos quais 99% exportados. “O começo de 2019 foi muito difícil. A Zara Home é o nosso maior cliente, representando cerca de 20% da facturação”, conta Artur Soutinho, CEO do grupo MoreTextile. Para além da aposta em produtos sustentáveis, inovadores e diferenciadores, a MoreTextile tem em curso um alargamento da sua oferta, designadamente com sleepwear em flanela light (mais leve) e tecidos decorativos para cortinados.


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O Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, embaixador da Antarte para as causas socias, apadrinha o projeto solidário “Decorar para Humanizar” no Centro Materno Infantil do Porto. “Decorar para Humanizar” é uma iniciativa da Antarte que reúne 15 artistas de renome e pretende humanizar as salas de espera usadas por crianças e famílias.

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SONAE ABRE CENTRO DE DESIGN EM BARCELONA Já funciona em Barcelona o Sonae Design Hub, o centro de design criado pela Losan, onde além das criações desta marca espanhola do grupo Sonae passam a ser desenhadas também peças de outras insígnias do grupo, como a MO, Zippy e Salsa, que, no entanto, mantêm os seus centros de design nacionais. “A MO terá alguns designers em Barcelona, enquanto a Zippy e a Salsa contam com um novo lugar na cidade para trabalharem ocasionalmente”, explicou Vittorio Verdun, CEO da Losan.

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pessoas trabalham na fábrica da Mehler, em Famalicão

J.F. ALMEIDA LANÇA ROUPÕES COM AQUECIMENTO

O protótipo de um roupão programado para aquecer o corpo de quem o usa é a nova estrela da J.F. Almeida. Resultado do projeto iHeatex, esta tecnologia inovadora, que incorpora um fio condutor na tecelagem, vai ser patenteada e permite a incorporação de calor em diferentes artigos de têxteis-lar. “O circuito condutor embebido no tecido possibilitará a regulação da temperatura do roupão e já foi testado em 40 lavagens industriais a 60 graus”, garante João Almeida, o responsável da J. F. Almeida pelo iHeatex. t

FAMILITEX INVESTE OITO MILHÕES EM TINTURARIA E ACABAMENTOS O grupo Familitex tem em curso um investimento total de oito milhões de euros em tinturaria e equipamentos, iniciado com a aquisição da Luís Simões – no entretanto rebatizada Familitex Tinturaria – que deverá estar concluído no final do próximo ano. A compra, no primeiro semestre deste ano da Luís Simões, corresponde ao aproveitamento de uma oportunidade e a um plano B da decisão da Familitex de investir a jusante, que na primeira versão contemplava construir de raiz uma tinturaria em Avidos, onde já tinha adquirido um terreno. “A ideia é dar um maior valor acrescentado ao nosso produto. Faço a malha, acabo a malha. Ao mesmo tempo termos tinturaria e acabamentos facilita o objetivo de aumentarmos o peso das exportações diretas. Assim não dependemos de outros para cum-

prir os prazos e não corremos o risco de ficar de mal com os clientes”, explica Afonso Barbosa, 48 anos, sócio gerente da Familitex. Os oito milhões de investimento compreendem a compra da Luís Simões, bem como a sua reestruturação e reequipamento – que contempla a aquisição de máquinas para o liocel, uma secadeira nova, máquinas de doseamento para produtos auxiliares (como amaciadores), novos jets para amostras, a remodelação do laboratório, etc. Com centro de gravidade em Tamel, Barcelos, e especialista em tricotagem (produz nos seus 98 teares todo o tipo de malhas circulares) a Familitex Tecelagem emprega 90 trabalhadores e deverá fechar o ano com um volume de negócios de 24 milhões de euros, dos quais aproximadamente 30% de exportação direta. t

LECTRA APRESENTA SOLUÇÕES DIGITAIS PARA AS TÊXTEIS Foi no habitual jantar de encerramento de ano, na Casa da Música, no Porto, que a empresa de tecnologias Lectra apresentou dois novos software que prometem aumentar a eficiência das empresas têxteis portuguesas. Disponíveis em Portugal desde o último trimestre de 2019, trata-se do Quick Estimate, que gera estimativas de consumo de tecidos em segundos, e do Quick Nest, o software de planos que utiliza o poder da nuvem para agilizar pe-

didos de cotações de tecidos. “Ambos estão já a ser utilizados em três clientes-piloto portugueses com muito bons resultados”, explicou Rodrigo Siza Vieira, diretor-geral da Lectra em Portugal e Espanha. O responsável da fabricante francesa acredita que “a sustentabilidade e a transformação digital são os grandes desafios dos negócios e dos processos da indústria 4.0. A Lectra quer ser o parceiro prioritário da têxtil”. A empresa anunciou também a oferta de um test drive

com duração de três meses para que as empresas portuguesas possam testar os benefícios das soluções do Quick Estimate e Quick Nest. “O QuickNest pode ser especialmente relevante para a indústria portuguesa, focada no manufacturing, uma vez que permite ganhar agilidade e lidar com os picos de produção sem comprometer a qualidade”, complementou ainda o diretor de Desenvolvimento de Negócio da Lectra, Roberto de Almeida. t

“NEXT IN FASHION”, A MODA CHEGA À NETFLIX

TINTEX: ANA SILVA PARTE PARA NOVOS DESAFIOS

Chama-se “Next in Fashion” o novo concurso de moda da Netflix, apresentado pela modelo Alexa Chung e por Tan France, apresentador do reality show ‘Queer Eye’. O concurso desenvolve-se através de uma série de dez episódios que colocam 18 designers em competição entre si. O vencedor terá oportunidade de lançar a sua própria coleção na Net-a-Porter, e recebe um prémio de 250 mil dólares.

Ana Silva, diretora de Sustentabilidade da Tintex, anunciou no início do ano saída do cargo. “Após cinco anos na TINTEX chega agora o momento de abraçar um novo desafio”, disse Ana Silva num email dirigido aos clientes, parceiros e amigos, deixando a entender que não se trata de um adeus ao setor. Antes de ingressar na Tintex, Ana era investigadora na Alemanha, na Universidade de Hanover.

"Portugal é o país da Europa com melhor têxtil. Os italianos são muito bons, mas nós somos melhores" Gabriela Melo Diretora de Criação e Design da Somelos

KIDS CLOSET: ROUPA EM SEGUNDA MÃO COMO PRIMEIRA OPÇÃO

Inaugurada em Julho, a Kids Closet assume-se como uma loja on-line de compra e venda de artigos de moda infantil de alta qualidade. Sabrina Cunha, 42 anos, é o rosto deste projeto que sonha com “que as mães comecem a ter consciência ambiental”. “Gostava que quando uma mãe precisasse de comprar um casaco para o filho, por exemplo, primeiro fosse procurar o que há em segunda mão”, explica Sabrina, que sempre comprou roupa usada para si e para a filha Julieta, de três anos.


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O que faz? Fiação focada para fios diferenciados Fundação 2014 Trabalhadores 120 Capacidade 160 toneladas por mês Mercados Portugal é o principal mercado, seguindo-se a exportação direta (40%), sobretudo para a Europa - França à cabeça -, e EUA Volume de Negócios 21 milhões de euros

PREMIÈRE VISION ANTECIPA DATAS DAS EDIÇÕES DE 2021 A organização da Première Vision decidiu alterar já para 2021 o calendário das suas duas feiras anuais. A primeira edição acontecerá entre 2 e 4 de fevereiro, enquanto a edição de verão será realizada entre 6 e 8 de julho. Até agora, a feira francesa acontecia em meados de fevereiro e em meados de setembro, mas um largo número de empresários, entre eles vários portugueses, considerava o calendário não estava de acordo com as solicitações do mercado e a produção atempada das novas coleções. A organização fez entretanto um estudo que revela que cerca de 72% das marcas questionadas pela Première Vision apoiam e aplaudem a alteração do calendário.

"Dá-me muito gozo pegar numa fábrica falida e sair de lá com ela como PME Prestígio" Francisco Batista Administrador do grupo CBI

SALSA JÁ TEM LOJA NA GRAN VIA, EM MADRID É na Gran Via, a mais famosa e exclusiva zona comercial da capital espanhola que a Salsa abriu no minício de Fevereiro as portas da sua flagshipstore. O espaço, na zona onde se concentram todas as grandes marcas da moda de luxo, é o da antiga loja de tecidos Julián López, no histórico edifício Matesanz, no número 27 da Gran Via madrilena. Já com lojas em cidades como Valência, Madrid, Barcelona, Alicante, Saragoça ou Ciudad Real, a Salsa conta também no país vizinho com mais de 90 corners nas principais lojas do El Corte Inglès.

“Não podemos nunca parar de inovar” Quando o grupo Mundifios arrancou com a Inovafil, em 2014, tudo apontava que seria um projeto em contraciclo. O mercado da fiação parecia afastar-se definitivamente de Portugal rumo a Oriente e a prova disso era o espaço que a empresa veio a habitar, no centro industrial da TMG, exactamente onde a gigante têxtil tinha fechado anos antes a sua própria fiação. Mas o foco estava num mercado diferente: os fios diferenciados, feitos à medida, que as marcas cada vez mais exigem com rapidez e flexibilidade. “No início tivemos de nos esforçar para explicar, até mesmo às pessoas que contratamos, que já vinham com experiência em fiações, que o projeto precisava de ser diferente para ser sustentável. A era das fiações 100% algodão já tinha terminado”, lembra Rui Martins, engenheiro têxtil de formação e administrador da Inovafil. Com a afirmação do athleisure e da moda desportiva, bem como as frentes mais técnicas da indústria, a procura por fios com características específicas foi crescendo. As marcas fazem experiências com novos materiais, privilegiando lotes mais pequenos e fornecedores capazes de mostrar iniciativa e resposta rápida. Ao fim de cinco anos, a empresa tem já um volume de negócios a rondar os 21 milhões de euros e, mesmo perante alguma instabilidade no mercado, a estratégia continua a dar frutos. “Temos duas áreas: uma produtiva e outra de venda de outros fios. Ainda não temos os números para 2019, mas talvez tenhamos uma ligeira quebra por causa da área das venda. Mas o negócio core, que é a nossa produção, continuou a crescer”, clarifica Rui Martins. Trabalhar para responder às necessidades emergentes do mercado obriga a Inovafil a manter-se constantemente no pelotão da frente da inovação. Mesmo com um catálo-

go que já conta com mais de quatro mil referências, a fiação continua a lançar mais de mil fios e misturas por ano. Nesta procura por aquilo a que chama de “fios inteligentes, funcionais, técnicos e de performance”, a Inovafil mantém uma relação estreita com a Universidade do Minho, materializada no NIDYARN, um núcleo de I&D para fios inovadores, que ao longo dos últimos anos tem levado à troca de conhecimentos entre os técnicos da Inovafil e os investigadores universitários. Fios termorreguladores, gestores de humidade ou fibras com zinco são alguns exemplos de artigos em que a procura tem crescido de forma constante. Mas também na área da sustentabilidade vão abundando as novidades, não só nas fibras orgânicas e recicladas, mas em matérias-primas com menor impacto ambiental, como o fio de urtiga, com o qual a Inovafil já venceu um iTechStyle Award, em 2018. “A sustentabilidade é provavelmente a maior janela de oportunidade que a indústria portuguesa tem na actualidade, mas Portugal só se pode destacar se for capaz de responder com garantias e certificações às exigências das marcas e do público”, sentencia Rui Martins. A aposta em produtos inovadores valeu à fiação o prémio PME Inovação 2019, atribuído pelo Cotec. “Foi até surpreendente, porque éramos a única têxtil e concorríamos com empresas de indústrias tecnológicas”, relembra Rui Martins. Mas apesar dos prémios, o administrador continua a ver o futuro com os pés bem assentes no chão: “Sabemos que vamos perder todas estas fibras quando começarem a ter escala, porque vão sendo replicadas por países com menores custos de produção. Vamos na frente, mas temos de conduzir com os olhos no retrovisor e não podemos nunca parar de inovar”. t

ACIONISTAS DA TIFFANY ACEITAM PROPOSTA DE COMPRA DA LVMH A multinacional Bernard Arnault (LVMH) apresentou em novembro do ano passado uma oferta de aquisição do grupo norte-americano de artigos de luxo Tiffany propondo-se pagar 14,7 mil milhões de euros – e essa proposta foi agora aceite pelos acionistas da visada. Com mais esta aquisição, a LVMH reforçará a sua presença no negócio de joias, no qual concorre com o conglomerado suíço Richemont, dono de marcas como Cartier, Montblanc, Yoox Net-a-Porter e Piaget, entre outras.

10milhões

de euros é quanto a Polopique planeia investir, em parceria com uma empresa belga, numa fiação 100% dedicada ao linho

CHAPÉUS DA MARIA STUART QUEREM SEDUZIR A EUROPA Maria Stuart é uma marca 100% nacional com apenas quatro anos de vida mas que está já a seduzir a Europa. Chapéus, gorros, bandoletes, boinas e outros acessórios para o cabelo, dos mais diferentes estilos, numa coleção alargada que levou à recente ISPO, com grande receptividade por parte de visitantes e compradores. Crescer na exportação é o grande objetivo da Maria Stuart, que tem no mercado online um dos maiores pontos de venda.


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' PARABÉNS Cinquentonas e de boa saúde. Nesta edição 50, o T foi à procura de empresas que chegam agora aos 50 anos e que são exemplo da garra e tenacidade de um setor que foi capaz de sobreviver à tempestade e à morte anunciada, apostando na inovação, no design e na exportação. Que estão de parabéns também pela sua dinâmica e porque souberam crescer pela aposta na qualidade, criando emprego e subindo na cadeia de valor

ADALBERTO

ENDUTEX

ORFAMA

IMPETUS

MALHAS CARJOR

ÁREA: Estampagem 785 trabalhadores Rebordões, Santo Tirso

ÁREA: Têxteis Técnicos 600 trabalhadores Vizela

ÁREA: Fabrico de Malhas 250 trabalhadores Braga

ÁREA: Underwear 700 trabalhadores Esposende

ÁREA: Fabrico de Malhas 70 trabalhadores Palmeira, Santo Tirso

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penas 10 anos depois do nascimento, a empresa fundada por Adalberto Pinto da Silva tornou-se na maior estamparia nacional, com mais de 360 trabalhadores e uma área fabril de 3.700 m2, mais de 70 vezes que aquela com que iniciara a laboração. Hoje é líder europeia na arte de estampar, vende por ano 10 mil quilómetros de tecidos para os cinco continentes, destinados sobretudo para a moda e vestuário e têxteis-lar. Mais de 90% das matérias-primas são fibras naturais, sendo a principal o algodão. Fechar 2020 com um volume de negócios de 40 milhões de euros é o ambicioso objetivo que se fixou para o ano corrente. “Nos últimos anos temos registado uma curva ascendente na nossa faturação e agora o desafio é dar o salto para os 40 milhões”, aponta a CEO Susana Serrano, que assumiu em maio último a liderança executiva da empresa que conta atualmente com um plantel de 385 trabalhadores. Sustentabilidade, inovação e design são os pilares em que assenta a estratégia da Adalberto.

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omeçou como uma pequena empresa familiar dedicada à impermeabilização de tecidos fornecidos pelos seus clientes e é hoje uma uma das maiores produtoras mundiais de têxteis técnicos, exportando quase 90% da sua produção. A partir daqui, o grupo liderado por Vitor Abreu tem vindo a diversificar a sua atividade para os setores do imobiliário e da hotelaria. Dedicada à produção de toldos e encerados, vestuário de proteção, e líder de mercado mundial no campo das impressões digitais de grande dimensão, o negócio da Endutex estabelece-se hoje à escala global, com filiais na Polónia, República Checa, Hungria, Alemanha e EUA e fábricas em Portugal, Brasil (Rio Grande do Sul) e Espanha (Barcelona). Com clientes em mais de 50 países, a Endutex tem uma faturação que ronda os 75 milhões e conta com cerca de 600 colaboradores.

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specialista no fabrico de malhas exteriores com técnica fully fashion, jogos finos e tingimento à peça, a Orfama pertence ao grupo francês Bonneterie Cevenole, cuja marca mais conhecida é a Montagut. Assim dito, a têxtil de Braga é uma espécie de braço fabril da Montagut, à qual destina cerca de 50% da sua fabricação. A outra metade é absorvida por encomenda em Private Label. “Que eu conheça, a Montagut é a única marca no mundo que tem por detrás uma indústria, e é isso que garante aos clientes uma alta qualidade constante”, destaca António Cunha, área manager da empresa. Com capacidade de produção anual à volta das 300 mil peças, a Orfama tem um volume de vendas anual a rondar os 50 milhões, a empresa conta com uma equipa de 250 trabalhadores.

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o início era apenas um pequeno negócio com seis pessoas e quatro máquinas, mas sobretudo apoiado numa sólida ideia e na forte determinação que em poucas décadas transformaram o sonho de Emília e Alberto Figueiredo num grupo têxtil de grande pujança e dimensão mundial. Hoje, já com a segunda geração integrada nos comandos do negócio, a Impetus é não só uma das mais completas estruturas verticalmente integradas da Europa, mas também uma marca global que se distingue sobretudo pela inovação e sofisticação do produto. Focado na produção de underwear para homem e senhora, o grupo Impetus é hoje composto por 12 empresas e emprega à volta de 700 trabalhadores.

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empre em velocidade de cruzeiro, a Carjor orgulha-se do seu percurso de estabilidade e de ter sido a primeira empresa portuguesa a usar a tecnologia de peça completa Knit Wear na produção em série de malhas exteriores para criança. A fábrica, que começou com dez trabalhadores, ainda tem o seu nome no Guiness Book of Records com a produção da maior camisola do mundo aquando da celebração dos seus 30 anos. Com as suas malhas quase exclusivamente exportadas, a Carjor tem uma faturação a rondar os três milhões de euros e olha com particular atenção para o setor da moda e o potencial de crescimento em valor, tendo criado até um gabinete de Projetos Especiais. Depois de ter investido na renovação do parque de máquinas e na formação dos seus 70 trabalhadores, a Carjor aposta na eficiência. “Estamos a conseguir produzir mais mantendo o preço e com os mesmos trabalhadores”, resume Honorato Sousa, o CEO da empresa.


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LOEWE RETIRA PEÇAS DO MERCADO POR LEMBRAREM O HOLOCAUSTO A marca de luxo Loewe foi obrigada a retirar do mercado um fato de uma das suas coleções por este se assemelhar aos fatos que os judeus vestiam nos campos de concentração. O conjunto de calça e casaco listrado e com botões verticais, em que cada uma das peças rondava os 4.520 euros, fazia parte da coleção limitada William De Morgan, inspirada nas obras do ceramista britânico do século XIX.

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"O maior problema da nossa indústria é o de não sabermos vender. Somos bons produtores, temos grande flexibilidade, mas temos sempre medo que alguém venda mais barato do que nós" José Manuel Vilas Boas Ferreira CEO do grupo Valerius

JF ALMEIDA E CAMPOS & CAMPOS MONTAM FÁBRICAS NO PARAGUAI Um investimento a rondar os cinco milhões de euros por parte da JF Almeida e outro de seis a sete milhões da Campos & Campos foram anunciados no Paraguai para a montagem de unidades fabris destas duas têxteis portuguesas, destinadas à produção para o mercado sul-americano. As novas fábricas serão montadas na zona industrial de Hernandarias, região de Alto Paraná, no Parque Industrial Jung Il Engineering SA, complexo de 400 hectares com capacidade para acolher 200 indústrias, que está a ser montado por capitais coreanos e programado para entrar em funcionamento em novembro deste ano.

CÃES E GATOS BENEFICIÁRIOS DA ONDA VERDE DA MORETEXTILE

Na Heimtextil, Artur Soutinho, apresentou também a CottonCare, a marca de produtos da MoreTextile destinados a melhorar a saúde e bem estar dos utilizadores

Os cães e gatos são alguns dos principais beneficiários da onda verde do grupo MoreTextile, que apresentou na Heimtextil a sua linha For Friends de produtos funcionais exclusivamente dedicada aos animais domésticos, composta por caminhas, mantas e outros acessórios com três declinações: calmante (embebidos com CBO, um extrato da cannabis com efeitos calmantes e anti-stress), anti-alérgica

(feitos com tecido composto por organismo naturais que previnem a asma e outras reações alérgicas da bicharada) e smelling (com um tratamento que absorve odores). Os donos dos animais não foram esquecidos pela MoreTextile, que subordinou ao mote Join the loop o seu stand na Heimtextil, que partilhava a entrada no pavilhão 12.1 da Heimtextil com a Lameirinho . Decorado com quatro mil

tiras de tecido, a conferir um efeito conjugado de movimento, transparência e leveza, o stand da MoreTextile apelava aos clientes, compradores e visitantes que se juntem a ela no esforço de reciclagem e reutilização de fibras. “A nossa abordagem dos desafios da sustentabilidade consiste num loop que envolve inovação, design, análise ciêntifica e soluções criativas”, explicou Artur Soutinho, CEO da MoreTextile. t

ITECHSTYLE SUMMIT 2020 JUNTA A CONFERÊNCIA DA ETP Agendado para 28 a 30 de Abril, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, o iTechStyle Summit 2020 tem como grande novidade o facto de ocorrer em simultâneo com a 15ª Conferência Anual Europeia de Têxteis da ETP, numa organização conjunta do CITEVE – Centro Tecnológico de Têxtil e Vestuário Indústria de Portugal e da ETP Têxtil – Plataforma Tecnológica Europeia. Destacando-se como um dos mais proeminentes fóruns

de análise da inovação e ciência dedicadas ao têxtil, apenas em três edições, o iTechStyle Summit 2020 assume o desafio de, mais uma vez, reunir inovadores da indústria, fornecedores de tecnologia, pesquisadores, clusters e outros atores do setor têxtil e vestuário de toda a Europa. Abrangendo as áreas da indústria 4.0, digitalização e desmaterialização de protótipos têxteis e de roupas, novas e avançadas fibras e materiais, novas estruturas

técnicas e inteligentes, sustentabilidade e economia circular, o encontro reúne as principais vozes da indústria e academia, opiniões de especialistas sobre as últimas tendências, estratégias, oportunidades e desafios que se colocam ao setor têxtil. Em debate também a forma como as estratégias de inovação para produtos têxteis se articulam com o novo programa-quadro de pesquisa e inovação Horizon Europe a partir de 2021. t

LASA USA FRUTAS E LEGUMES PARA TINGIR OS SEUS TÊXTEIS Um rosa fornecido pelas beterrabas, beges dados pelas amêndoas e rosmaninho, um cor de laranja garantido pela laranja propriamente dita e um tom esverdeado, conferido pelo palmito, constituem a paleta de cores dos novos produtos da Lasa. Natura Collection é a marca que identifica as propostas sustentáveis de roupa para a casa apresentadas pela Lasa na Heimtextil, que além do recurso a frutas e legumes também inclui minerais (que possibilitam um leque mais alargado de 18 cores) num processo de tingimento orgânico. “Novidade é a marca, não o nosso esforço de inovar e apresentar cada vez mais produtos sustentáveis, que já começou há alguns anos”, explica Fátima Antunes, administradora do grupo Lasa, acrescentando que a oferta da Natura Collection é constituída por algodões orgânicos. O facto de metade da produção da Filasa (a fiação do grupo) ser já de fios orgânicos e reciclados é revelador do compromisso da Lasa com a sustentabilidade, uma moda que veio para ficar. Para evitar dúvidas, a Lasa anexa uma etiqueta com um chip, atestando que os produtos da marca Natura Collection foram tingidos com corantes naturais, garantindo assim ao consumidor que não está a ser enganado e a comprar gato por lebre. Uma aposta mais sistemática na hotelaria e um alargamento da oferta (pela primeira vez com sleepwear a acompanhar a roupa de cama), são as outras armas que o grupo Lasa planeia usar para voltar a fazer crescer em 2020 o seu volume de negócios, depois de em 2019 ele ter andado próximo dos 70 milhões de euros – apesar das previsões iniciais apontarem um aumento de 10%. t


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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves

Colete de proteção para todo-o-terreno

Desenvolvido pela Polisport, em parceria com o CITEVE e a ERT, no âmbito do programa Texboost

O que é? Colete produzido através da sobreinjeção de plástico em tecido. Mais seguro, leve e confortável Para que serve? Proteção para praticantes de todo-o-terreno, motos e bicicletas sobretuto Estado do projeto? Testado e pronto a entrar no mercado

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ENDUTEX COMPRA EDIFÍCIO NO PORTO O grupo Endutex, que tem interesses instalados na área dos revestimentos têxteis e mais recentemente abriu uma nova frente de negócios no setor hoteleiro (através da marca Moov), comprou o edifício Minerva, no centro do Porto. O ativo imobiliário, com uma área bruta locável de 6.800 m2, entre espaços de retalho e de escritórios, e 140 lugares de aparcamento, estava nas mãos do fundo de investimento da Profile S.G.F.I.I. e tem uma localização estratégia, a poucos metros da Praça da Trindade e da Avenida dos Aliados.

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dos fios produzidos pela SMBM são para malhas

ADIDAS PERDE BATALHA LEGAL DE 23 ANOS COM A H&M O Tribunal de Apelações de Haia decidiu que a Adidas não tem exclusividade das três bandas que tem tentado impor como a sua imagem de marca, pelo menos para os territórios da Holanda, Bélgica e Luxemburgo, entre outros. O caso remonta a 1997, quando a marca denunciou em tribunal a concorrente sueca H&M pelo uso das bandas semelhantes na sua linha de roupa desportiva. O Tribunal considerou que “os consumidores dificilmente associam a linha de moda desportiva da H&M à da Adidas”, dado que “apenas 10%” afirmam colocar a hipótese dessa confusão.

O fitting perfeito entre têxteis e plástico Mais seguro, leve e confortável, o colete desenvolvido pela Polisport foi pensado para os amantes de todo-o-terreno. Especializada em equipamentos e componentes para atividades off-road – sobretudo o motociclismo, mas também o ciclismo – a empresa de plásticos juntou forças com a indústria têxtil para dar o salto e revolucionar a forma como os coletes de proteção são produzidos. E foi desta sinergia entre diferentes indústrias que nasceu o projeto em 2016. “O nosso core business são os desportos de duas rodas, e sentíamos a necessidade de evoluir na nossa gama de equipamentos. Estávamos a pensar num conceito inovador, que envolvia têxteis, quando falámos com o CITEVE”, lembra Hugo Caracol, diretor de inovação da empresa.O projeto viria a ser integrado no consórcio Texboost, que ao longo dos últimos três anos juntou mais de 40 entidades do Cluster Têxtil, desde empresas a centros de investigação. Neste caso, o colete foi desenvolvido pela Polisport em parceria com o CITEVE e a ERT, empresa especializada em têxteis técnicos, especialmente para a indústria automóvel. A inovação consiste em produzi-lo através da sobreinjeção de plástico no tecido. “Costumamos dizer que é produzido através de um processo one shot, ou seja, a peça sai já mais próxima do seu formato final”, explica o representante da empresa. É o conceito seamless aplicado a um molde mais rígido. Através deste método a Polisport elimina 90% das costuras e reduz o número de pontos de contato entre as peças – que antes exigiam parafusos e processos de montagem autónomos. Mas para além de mais fácil de produzir, o colete é sobretudo mais seguro, leve e confortável que as alternativas atuais. “Em termos de peso é

5% mais leve, uma diferença que ainda queremos aumentar. Mas para além disso, tem um fitting melhorado, o que faz com que o praticante nem sinta que o tem vestido”, afirma Hugo Caracol. Uma das chaves para o tornar mais leve esteve nos tecidos selecionados, com a ajuda do CITEVE e da ERT. O colete utiliza malhas 3D, mas já foram também experimentados vários laminados com diferentes espumas, como o poliestireno ou a poliamida. O ideal é que sejam têxteis leves, respiráveis e resistentes a diferentes tipos de lavagem, já que muitas vezes os motociclistas lavam estes equipamentos com jatos de alta pressão. Nesta área o projeto está ainda a testar possibilidades, com o objetivo de, até junho, melhorar o produto final, quer em termos de peso como de respirabilidade. De qualquer das formas, o colete já passou por um autêntico rally de testes. “Já fizemos com sucesso todos os testes de impacto, quer em V como em cunha, o que permite calcular qual a força máxima de impacto nos vários ângulos. Depois fizemos um teste prático com pilotos que nos deram o seu feedback em termos de conforto e impacto”, revela o responsável pelo projeto. A palavra final foi assim dada no terreno, com pilotos a colocarem o próprio corpo nos testes ao produto. Apesar de estar pronto para entrar no mercado, a Polisport quer aproveitar os últimos meses do projeto Texboost para melhorar o colete. Entretanto tem já lugar garantido na final dos iTechStyle Awards, os principais prémios de inovação têxtil, anunciados em Abril. Depois será colocá-lo no mercado, não se sabendo ainda se através de uma marca própria ou com um parceiro. t

"Os ventos estão favoráveis para a nossa ITV" André Relvas Administrador da Sorema

UNIVERSAL ROBOTS LANÇA LEASING PARA ROBÔS COLABORATIVOS A Universal Robots, a fabricante de robôs colaborativos (cobots) mais amplamente implantada do mundo, acaba de lançar o seu novo programa de leasing de robots em colaboração com a DLL, empresa mundial de vendor finance. A parceria vai permitir às indústrias, independentemente da sua dimensão ou orçamento, colher os benefícios da automação sem terem de se preocupar com o fluxo de caixa e flutuações sazonais.

O SACO DA CONFETIL QUE ENCANTOU EM MUNIQUE Desenvolvido a partir de excedentes de produto provenienetes da fábrica da Confetil, o saco de pano que a empresa portuguesa ofereceu a todos os que passaram pelo seu stand na ISPO Munich encantou os visitantes. Para além do design, conseguido através da combinação improvável de cores e materiais, estes sacos passam ainda uma mensagem sustentável: a de “promover a economia circular e agir em prol da sustentabilidade”, conforme explicou Dionísia Portela, sustainability manager da Confetil.


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quality impact arquitetura e soluções de espaços

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GENDA DAS FEIRAS

MUNICH FABRIC START 4 a 6 de Fevereiro – Munique 6 Dias, A Sampaio & Filhos, Albano Morgado, BW Fashion, Carvema Têxtil, Fitecom, J. Areal, João & Feliciano, José de Abreu, Lurdes Sampaio, M.M.R.A., Magma Têxtil, Modelmalhas, Paulo de Oliveira, Penteadora, RDD, Riopele, Sanmartin, Satinskin Têxteis, Sidónios Malhas, Somelos Tecidos, Tessimax, Tintex, Trimalhas, Troficolor MUNICH FABRIC START SOURCING - António Manuel de Sousa, Raith, Scoop, Top Trends MILANO UNICA 4 a 6 de Fevereiro – Milão Albano morgado, Brito & Miranda, Lemar, Modelmalhas, Paulo de Oliveira, Penteadora RDD, Riopele, Sanmartin, Somelos Tecidos, Tessimax, TMG Fabrics MAGIC 4 a 7 de Fevereiro – Las Vegas Aspeto, Angel Rose, Latino Confecções / Bravian INTERGIFT 5 a 9 de Fevereiro – Madrid Antarte, Beppi, DC Dolcecasa, Dilina Têxteis, Rio Sul, Têxteis Iris MOMAD 6 a 8 de Fevereiro – Madrid Concreto, Cristina Barros, Christina Félix, Kalisson / Bagoraz / Le Cabestan, Loco Luxo, Maloka | Paul Brial | G´Oze, Marita Moreno, Philomena, Scusi, Skulk ® PURE LONDON 9 a 11 de Fevereiro – Londres BLACKSPIDER by Cristina Barros, Cristina Barros, Maloka, Maria Bodyline, Monarte, Orfama, PG TEX PREMIÈRE VISION 11 a 13 de Fevereiro – Paris FABRICS - A Sampaio & Filhos, Acatel, Adalberto Estampados, Albano Morgado, Avelana, Crispim Abreu, Familitex, Fitecom, Gierlings Velpor, João & Feliciano, Joaps, La Estampa, Lemar, LMA Alitecno®, Luís Azevedo & Filhos, Lurdes Sampaio, NGS Malhas, Otojal, Paulo de Oliveira, Penteadora, RDD, Riopele, Sidónios Knitwear, Somelos Tecidos, Tessimax, Texser - Têxtil Serzedelo, Tintex, TMG Fabrics, Trimalhas, Troficolor Denim Makers SMART CREATION -Adalberto Estampados, iTechStyle Green Circle, RDD Textiles, Tintex Textiles YARNS - JFA, Lipaco, MAF/ Filasa, Tearfil, Trifitrofa ACCESSORIES - Bordados Oliveira, Solinhas MANUFACTURING – PROXIMITY - Anjos & Lourenço, Lima & Companhia, R. Lobo, Siena, Soeiro MANUFATURING KNITWEAR - Orfama WHITE MILANO 20 a 23 de Fevereiro – Milão Bavash, Concreto, Kleed Kimonos, Pé de Chumbo, Traços de Mim CPM MOSCOVO 24 a 27 de Fevereiro - Moscovo BLACKSPIDER by Cristina Barros, Cristina Barros, LITEL

YAY SEDUZ COM COLEÇÃO INSPIRADA DO FADO

A participação na maior feira internacional de moda infantil, a Pitti Bimbo, valeu à YAY recomendações nas prestigiadas revistas de moda infantil Milk e Hooligans. “Feel fado” é o nome da nova coleção da marca, que seduziu na feira de Florença. Com mais de 500 expositores de todo o mundo, a edição de Janeiro contou a participação de sete marcas de moda infantil portuguesas. Para além da YAY, a Dr. Kid, Meia Pata, Phi Clothing, FS Baby, Naturapura e a Beppi integraram a comitiva From Portugal, às quais se juntou ainda, com projeto próprio, a Wedoble. t

A SUSTENTABILIDADE COMO BANDEIRA EM MUNIQUE “Para nós, sustentabilidade está longe de ser uma face à sua coleção em que 80% dos artigos são denovidade, já trabalhamos com materiais amigos senvolvidos através de matérias-primas sustentádo ambiente desde 2009”. A frase da CEO da emveis. Para além da Green Collection, a empresa que presa Lurdes Sampaio resume não só o espírito tem na Alemanha e nos Países Baixos os mercados com que a forte comitiva portuguesa de apresenpreferenciais destacou também uma gama de mistou na Munique Fabric Start, mas também como turas mais ricas como por exemplo a caxemira. a ITV portuguesa está madura e na vanguarda Combater o desperdício de água é a principal quando o tema é a produção amiga do ambiente. missão da nova coleção Undyed Cotton que a RDD Considerada uma das feiras internacionais levou em primeira mão à Munich Fabric Start. “Eslíderes no setor dos tecidos e tas peças economizam dez litros acessórios, a feira de Munique de água por cada quilograma de contou com uma participação malha produzida”, explicou Dode peso da comitiva portuguelores Gouveia, Head of Design da sa. 6 Dias, A Sampaio, Albano empresa de Barcelos. Trata-se de Morgado, BW Fashion, Carveuma gama de algodão não procesma, Fitecom, J.Areal, João&Fe- das peças da coleção que a Lurdes sado de “estética minimalista e liciano, José de Abreu, Lurdes- Sampaio levou à Munique Fabric intemporal” que a RDD quer levar Sampaio, M.M.R.A., Magma, Start são feitas com recuros a matéagora a outras feiras internacionais Modelmalhas, RDD, SanMar- rias-primas sustentáveis com o principal objetivo de apelar tin, Satinskin, Sidónios, Tintex, a um consumo mais responsável. Trimalhas, Troficolor, António A par da generalizada recetiManuel de Sousa, Raith, Scoop, Top Trends fovidade para a propostas lusas, a J. Areal estava ram as representantes FROM PORTUGAL, às também muito satisfeita com a sua mudança de quais se juntaram as empresas Paulo de Oliveilocalização no espaço da feira de tecidos de Mura, Riopele, Penteadora, Somelos e Tessimax. nique. “Depois de três edições no piso superior, Com a sustentabilidade como bandeira, as cermudámos finalmente para o rés-do-chão onde a ca de 30 empresas portuguesas destacavam-se por afluência é sempre muito maior”, disse Luís Vieiisso entre os cerca de mil expositores de mais de 40 ra, o representante da empresa de Santo Tirso, expaíses. Daí a natural aceitação por parte de visitanplicando que a par da Alemanha, a marca está tamtes e compradores que a Lurdes Sampaio registou bém muito voltada para os mercados nórdicos. t

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COMITIVA NACIONAL COM NOVOS RECORDES NA ISPO MUNICH A indústria nacional saiu reforçada de mais uma edição da ISPO, a maior feira mundial dedicada ao universo de desporto e lazer, que decorreu em Munique no final de janeiro. A bater novos recordes, de participação de marcas e empresas e em área de exposição, num total de mais de 40 empresas e dois centros de investigação (CeNTI e CITEVE), a comitiva portuguesa contou também com o apoio de dois representantes do Governo. A convite da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, os secretários de Estado da Economia, João Correia Neves, e da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, visitaram os empresários nacionais nos seus stands. Aliar a funcionalidade dos produtos aos princípios da sustentabilidade é o grande trunfo das coleções made in Portugal. Que o diga a FITEXAR, que apresentou a nova fibra que é desenvolvida a partir do milho. “Além de ser biodegradável, requer também um uso menor de energia nos processos de tingimento”, descreve António Falcão. Na água e nos processos de tingimento está também o foco da LMA, que apresentou uma coleção em cru a cair do tear que culminou numa linha de roupa desportiva. Foi desenvolvida em parceria com a lavandaria Pizarro SA, “com uma redução de 90% do consumo de água face a um processo de tingimento tradicional”, revelou Alexandra Araújo, administradora da empresa de Santo Tirso. Quem também deu que falar foi a A. Sampaio, com quatro malhas selecionadas por um júri de especialistas internacionais para o Top 10 do fórum Textrends, três na categoria Accelarated Eco e uma na Membranes & Coating. “Todas orientadas para um estilo de vida activo e sustentável, mas cada uma delas com caraterísticas muito próprias”, explicou Miguel Mendes, administrador da empresa. Portugal e a vanguarda sustentável da sua indústria foram uma das maiores referências no fó-

rum Textrends desta edição da ISPO. A par das quatro referências no Top 10, a A. Sampaio contou com outras cinco na secção selected, mas também as congéneres Gulbena, LMA, RDD e Tintex tinham igualmente artigos selected nas várias categorias do fórum. Ao todo, 24 amostras Made in Portugal contaram com a exposição destacada do fórum de tendências naquela que é a maior e mais influente feira do mundo para o segmento desporto/lazer. Trio de start-ups no Brandnew

Mas não só de empresas consolidadas no mercado se fez o sucesso da participação lusa na ISPO Munich. O Brandnew 2020, a maior plataforma mundial de start-ups do universo dos artigos de moda desportiva, é outro dos parágrafos onde Portugal deixou forte impacto. Brusco, Van der Waal e Sockapro compõe o trio luso eleito entre mais de 400 candidaturas vindas de todo o mundo. Para Munique, a Van der Waal levou uma inovadora alternativa sustentável ao wax, uma cera à base de petróleo utilizada nas pranchas de surf. “É um vinil autocolante com uma dimensão, acabamento e forma de colocar específicas que têm garantia vitalícia. Ou seja, dura enquanto a prancha durar”, descreve Eduardo Matos, um dos responsáveis pela marca nacional que já vende para França, Alemanha, Holanda e Coreia. A Sockapro é uma inovadora meia para futebolistas que permite incorporar a caneleira. Já está patenteada para toda a Europa, e o objectivo é agora aumentar a notoriedade e a carteira de clientes. Já a Brusco, que comercializa acessórios para a prática de surf, destacou-se pelos tailpads – acessório que é integrado nas pranchas de surf para garantir segurança e firmeza na execução de manobras. “Colocamos um aditivo no processo de fabrico dos nossos tailpads que os torna biodegradáveis”, explica José Diogo Areias, co-fundador da marca portuguesa. t

OASIPOR CONTROLA DESPERDÍCIO DE EQUIPAMENTO MÉDICO Fornecedora de vestuário descartável para a área médica, a Oasipor apresentou na Medica Trade Fair, em Dusseldorf, uma inovadora máquina dispensadora que permite controlar consumos e gastos. “O desperdício é um problema muito sentido nos hospitais e esta máquina controla os consumos através de um número mecanográfico, da impressão digital ou de um leitor RFID”, explica José Ribeiro, CEO da empresa.

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é a quebra nas nossas exportações têxteis para o Reino Unido provocada pelas indecisões do Brexit

INOVAÇÃO E QUALIDADE EM NOVA IORQUE

MODA INFANTIL ‘HAPPY’ EM PARIS

Os EUA afirmam-se de forma crescente como um porto seguro para as exportações da ITV nacional e foi uma entusiasmada comitiva que levou até às feiras Texworld e Apparel Sourcing, em Nova Iorque, a inovação e qualidade do From Portugal . Scoop, Anbievolution e Modelmalhas formam a comitiva portuguesa, mais uma vez apoiada pela Associação Selectiva Moda.

Considerada uma das feira de moda infantil mais importantes do panorama internacional, a Playtime Paris decorreu este ano sob o lema ‘Be Happy’ e levou até Paris uma mão cheia de marcas portuguesas. Dot Baby, Knot, MimiChic, Möm(e) e Noogmi integraram a comitiva From Portugal até ao certame onde foram apresentadas cerca de 500 coleções de moda & lifestyle infantil.

IORA LINGERIE EM PARIS COM O FOCO NAS NOVAS GERAÇÕES Foi com o olhar nas novas gerações que a Iora Lingerie levou até Paris uma coleção de robes, camisas de noite e pijamas, com um estilo mais jovem e contemporâneo. Já com 15 anos de presenças na SIL/Interfilière, a marca apresentou “uma nova coleção de lingerie e roupa de noite, orientada para novos públicos e com modelos um pouco menos clássicos”, explicou a directora-geral Cristina Flores.

ASSOCIAÇÃO SELECTIVA MODA DISTINGUIDA NA COLOMBIATEX

PARIS COM TRIPLO PALCO PARA O MADE IN PORTUGAL

Paris voltou a acolher a indústria nacional nas várias áreas do vestuário e moda em mais uma edição simultânea de três feiras de referência: Who’s Next (moda e vestuário), SIL/Interfilière (moda íntima e homewear) e MAN (moda masculina), que decorreram em Janeiro, na Porte de Versailles. Uma reforçada e destacada comitiva de marcas nacionais – a Concreto, na foto - que apresentaram o que de melhor se faz em Portugal nas várias áreas do vestuário e moda, num certame que atrair os olhos de toda a indústria da moda internacional. t

A organização da Colombiatex distinguiu a presença portuguesa na importante feira de Medelín, atribuindo à Associação Selectiva Moda um prémio de agradecimento, recebido por Manuel Cavadas, o representante da ASM no certame. “Agradecimento especial à Associação Selectiva Moda por apostar na Colombiatex das Américas como palco estratégico para o Sistema de Moda”, diz a placa de reconhecimento pelos muitos anos de parceria entre a Selectiva Moda e a Inexmoda, entidade que organiza a mais destacada feira de sourcing para a América Latina.


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T TANTOS INVESTE TRÊS MILHÕES E INAUGURA NOVAS INSTALAÇÕES A confeção T Tantos investiu três milhões de euros na construção de novas instalações, mudando-se de Valongo para Paredes, e vai criar 30 novos postos de trabalho até ao final de 2020. A nova unidade industrial da confeção representa um marco histórico no crescimento desta empresa, especializada na confeção em regime de private label para marcas como a Hugo Boss. Fundada em 2015 por Paulo Jesus e José Teixeira, atingiu em 2019 vendas no valor dos dois milhões de euros, sendo que o objetivo é atingir a meta dos três milhões já este ano.

60 mil CARLA PONTES DESENHA FARDAS PARA HOTEL NA CHINA

peças de senhora (vestidos, saias, casacos, calças, tops, vestidos de noiva) são a produção anual da Paula Borges Localizado junto à grande Muralha da China, o Hotel San Sa Village é o mais recente cliente da designer Carla Pontes. Inspirando-se na localização e estética do hotel, Carla Pontes recorreu a materiais naturais, aspetos rústicos e tons neutros para o desenvolvimento de quatro linhas de fardamento que o hotel pretende apresentar aos seus visitantes. “Analisei a estética cultural chinesa, estudei a ergonomia de corpos e as necessidades reais dos trabalhadores”, explicou a designer. t

GREEN CIRCLE TEXTILES VAI ESTAR EM TODO O LADO O Green Circle está em vias de se tornar omnipresente. Esta iniciativa conjunta do CITEVE e Selectiva Moda, que dá a conhecer ao mundo a extraordinária capacidade da nossa ITV de conceber e fabricar produtos sustentáveis, começou na moda, alargou o seu âmbito aos têxteis lar e acaba de por um pé no desporto, em Munique, sede da ISPO, a mais importante feira mundial de artigos desportivos. No inicio foi a moda. A edição zero do Green Circle foi em Setembro de 2018, na Alfândega do Porto, por ocasião do MODtissimo – a barriga onde se formou e ganhou corpo, preparando-se para começar a caminhar pelo mundo no ano passado, onde já esteve na NeoNyt, em Berlim, no seu essencial focado apenas no subsetor da moda, “com um dos stands com mais impacto da feira” (Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, dixit), que apenas abre as suas portas a empresas e produtos certificadamente sustentáveis.

O ano de 2020 é o da expansão do Green Circle para outros subsetores da ITV, depois de em 2019 ter debutado timidamente em Madrid (Momad), Munique (Munich Fabric Start) e em Paris, com uma primeira presença na Première Vision, no âmbito de Portugal ter sido o focus country desta feira. Este será também o ano da consolidação, com uma tournée internacional que contemplará Berlim (NeoNyt), Munique (ISPO e Munich Fabric Start), Paris (Première Vision) e deverá também tocar paragens mais distantes como o Brasil e o Japão. “Mas 2021 é que vai ser. Teremos seguramente pelo menos o dobro do espaço e das empresas na Heimtextil”, refere Braz Costa, sempre com os olhos postos no amanhã. E se o hoje do Green Circle já contempla moda, têxteis lar e desporto, no amanhã estender-se-à a outras áreas, como o workwear, setor automóvel ou até a indústria aeroespacial.t

ATP QUER SÓ ENERGIA LIMPA EM 2020

“NA ERT JÁ SE PENSA NO VEÍCULO DE 2035”

O têxtil quer ser “o primeiro setor tranformador” a usar apenas energia de fontes renováveis. O presidente da ATP diz que a associação está já a “negociar condições vantajosas para quem aderir” com os fornecedores de energia. Segundo Mário Jorge Machado, em entrevista ao jornal Dinheiro Vivo, Portugal tem “excelentes exemplos de empresas já de acordo com os princípios da sustentabilidade”.

Como setor automóvel tem ciclos longos, a ERT já está a pensar em 2035. O exemplo apresentado pelo diretor de Inovação e Marketing, Fernando Merino, no Boosting Innovations promovido pelo CeNTI e Cluster Têxtil para ilustrar o desfasamento que pode haver entre as soluções inovadoras e o negócio imediato. Há mais de seis anos a apostar em I&D, Merino explicou que na ERT “já se está a pensar no veículo de 2035”.

"O que funciona no Japão funciona em todo o mundo" Isabel Costa CEO Burel Factory

CRISTIANA GONÇALVES PEREIRA É A NOVA DONA DA BEST MODELS

JF ALMEIDA LANÇA FÁBRICA NO PARAGUAI A PENSAR NO BRASIL O investimento da JF Almeida numa fábrica no Paraguai, que deverá arrancar este ano, tem como objetivo não apenas fornecer o mercado local mas também o do grande gigante vizinho: o Brasil. “Com oito milhões de habitantes, o Paraguai já é em si um mercado interessante, mas não escondo que estamos com um olho no Brasil”, afirma Joaquim Almeida, presidente da têxtil lar de Moreira de Cónegos.

O Paraguai é um dos quatro membros fundadores do Mercosul (os outros três são Brasil, Argentina e Uruguai), estabelecido em 1991 na sua capital (Assunção), o que permitirá à JF Almeida contornar as elevadas taxas alfandegárias impostas à entrada de produtos europeus no mercado brasileiro. Feita de raiz e com equipamentos novos, a fábrica da JF Almeida no Paraguai vai con-

fecionar tecidos enviados de Portugal em rolos, empregará 45 pessoas e terá uma capacidade mensal de produção de 100 toneladas. “O salário no Paraguai é de 315 dólares, os custos da energia são metade dos nossos e o horário de trabalho semana é de 48 horas. Só assim, com custos de produção mais baixos, é que podemos ser competitivos no Brasil”, conclui Joaquim Almeida. t

A agência de modelos Best Models foi adquirida no início de 2020 por Cristiana Gonçalves Pereira, que substitui Alexandra Macedo à frente da empresa. A advogada de 28 anos afirma que “é com um enorme orgulho que abraço este projeto com o qual tanto me identifico”, um desafio a que se vai entregar por inteiro. A única agência de modelos implantada no Porto e em Lisboa foi criada em 1999 por Alexandra Macedo e por um grupo de empresários, em resposta às necessidades do mercado.


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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Miss Power

Rua do Rosário, 268 4050-370 Porto

Ano de abertura 2018 Produtos Roupa feminina com cores e padrões ousados Marcas Companhia Fantástica, Smille, Collective Vintage, Tecielo, Thirteen Studio, Gallaman, Mafalda Zagalo Outros Serviços Caliente Nails, manicure criativa da nail-artista Isadora Borges Loja Online misspower.pt, responsável por mais de 80% das vendas da loja

COZINHA E ESPAÇO CHILL OUT PARA OS TRABALHADORES DA BLESS Com quase 25 anos de história, a BLESS International está mais do que nunca focada no bem-estar dos trabalhadores. “Temos de estar na empresa como estamos em casa”, diz Sílvia Costa, a CEO da empresa de confeção especializada em private label, que integra nas suas instalações, em Guimarães, “uma zona de chill out e uma cozinha equipada”. Sílvia Costa é filha dos fundadores da BLESS, que nasceu em 1995 como uma empresa especializada em bordados, mas rapidamente alterou o foco para confeção de senhora.

"Temos vendido para coleções de homem artigos que criamos para senhora" Pedro Lima Diretor de Vendas da Lantal

You go, girl! Os manequins Lola – um unicórnio – e Bunny – uma coelha –, que nos recebem na Miss Power, são a primeira prova de que esta não é uma loja como as outras. Longe disso. Ser uma loja banal era precisamente daquilo que fugia Ângela Carvalho, que há onze anos atrás e com uma licenciatura em Relações Internacionais na bagagem, decidiu partir para Barcelona para trabalhar como administrativa numa multinacional. “Barcelona é outro mundo. Há muita cor, muita cultura, muita gente, o que faz com que haja muitas lojas pequeninas, alternativas e diferentes, que eu adorava”. De tal modo que “ao fim de alguns anos comecei a sonhar em abrir a minha própria loja”, confessa Ângela. Ainda pensou em começar por ali o negócio, mas apesar da competição com as outras lojas da capital catalã ser um desafio difícil, foram as saudades da família que acabaram por ser o que a fez voltar a Portugal. “Quando regressei ainda trabalhei numa multinacional, mas não era feliz. Estava na altura de mudar”, assegura. Quando foi altura de encontrar o local, o preço das rendas (ou terá sido o destino?) empurraram-na para a Rua do Rosário. “Foi nesta rua que os meus pais se conheceram e depois eu nasci mesmo aqui ao lado, na maternidade. Achei que era um sinal”, conta. Umas latas de tinta cor-de-rosa, muitos arco-íris, unicórnios, glitter e luzinhas à mistura e seguiu-se inauguração da Miss Power, em agosto de 2018. Uma loja onde a cor e os padrões imperam e que foi buscar o nome à personalidade da fundadora. “Quando era pequena, os meus amigos chamavam-me Angie Power, porque tenho muita energia, falo muito. E havia um amigo em particular que me chamava Miss Power.

Achei que o nome era perfeito porque, tal como a loja, espelham a minha personalidade”, reforça Ângela. Flores, cerejas, joaninhas, cogumelos, tucanos, telefones e estrelas são alguns dos padrões que neste momento se encontram na Miss Power, que trabalha com pequenos criadores e marcas, especialmente no feminino. “Tento sempre investigar a história das marcas antes de as trazer para a loja. De onde vêm, como são produzidas... Por exemplo, a Smille, uma marca espanhola, é produzida na Tailândia mas de forma sustentável, com respeito pelos direitos humanos, e toda a unidade de produção é composta por mulheres. A Collective Vintage, que é uma marca inglesa, segue a mesma lógica: é produzida no Bangladesh e na Índia, mas cumpre as regras da Fair Wear Foundation. É difícil encontrar marcas que preencham todos estes requisitos e que mantenham um preço aceitável. Normalmente, os preços disparam...”. E apesar da maioria das marcas serem estrangeiras, projetos portugueses não faltam também na Miss Power. “Temos as t-shirts bordadas à mão da Thirteen Studio, uma marca que pertence a duas irmãs de Braga, temos as camisolas estampadas da Mafalda Zangalo, as camisas da Gallaman, feitas em Viana do Castelo. Ando sempre à procura de novos criadores”. Com esta primeira etapa do sonho realizada, resta agora a Ângela tirar da gaveta o próximo projeto: ter uma coleção em nome próprio. “É um grande sonho, mas tem sido complicado avançar porque não consigo encontrar fábricas em Portugal para produzir as minhas peças. Só trabalham para fora e com grandes quantidades... Mas ainda vou conseguir!”, confia. You go, girl! t

CATALYST AGORA TAMBÉM EM PODCAST

BONS RAPAZES JÁ TÊM COM QUE SE VESTIR

A Catalyst, a plataforma onde os agentes da moda sustentável em Portugal podem trocar experiências, tem agora também um podcast, mais um braço da estratégia de conversar seriamente sobre circularidade em português. O objetivo é dar a conhecer exemplos inspiradores de quem faz da moda sustentável uma realidade de sucesso em Portugal. Os episódios estão disponíveis no Soundcloud, Spotify ou iTunes.

Pedro Teixeira e Tiago Froufe, autores do site Bons Rapazes, têm um novo projeto em mãos: uma coleção de roupa e acessórios inspirada no ADN da plataforma. Desenvolvida com preocupação ambiental, os materiais são, na sua maioria, de produção sustentável. As peças incluem t-shirts, hoodies, sweatshirts e caps, em tons neutros ou coloridos, com design do universo dos motores, rodas e barcos.

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anos é a idade média do parque de máquinas da Sidónios Malhas

ANA CAMPOS E MARIA GAUDÊNCIO VENCEM NOVOS CRIADORES PFN

Ana Campos, da Escola de Moda do Porto, e Maria Gaudêncio, da Faculdade de Arquitectura de Lisboa, foram as grandes vencedoras da 2ª edição de 2019 do Concurso Novos Criadores PFN. As duas jovens estilistas foram as mais votadas pelo júri na Categoria I e II, e destacaram-se pelo rigor técnico com que trabalharam os tecidos fornecidos, respectivamente, pela Model Malhas e pela Paulo de Oliveira, num desfile que transformou o Mercado de Matosinhos numa grande passarela.


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"RETER TALENTO É PRIORIDADE NACIONAL"

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa

Pedro Siza Vieira Entrou em Direito em Coimbra, mas a adaptação à cidade dos estudantes não foi do seu agrado. “Era altura de tomar conta de mim”, admite, para explicar que se transferiu para Lisboa, a cidade onde nasceu há 55 anos. Chegou a ser monitor antes de passar a ser professor universitário, atividade que foi mantendo com regularidade, sempre em disciplinas jurídico-económicas. A política viria mais tarde, depois de ter passado por Macau

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lançamento de um banco nacional promocional é o grande projeto agregador de todo o sistema de incentivos que o ministro da Economia tem em mãos e que poderá viabilizar o apoio estatal às grandes empresas e não apenas às PME. Qual é o grande problema que deteta no país?

A saída de talentos para o exterior. A geração que acabou a sua formação em 2012 e 2013 foi muito mal-tratada neste país. Tudo isso está agora muito diferente. Acho mesmo que o nosso país tem o problema de ter de dar uma resposta aos nossos filhos e aos nossos netos: dizer-lhes que há aqui condições para viverem uma vida e para terem uma ocupação profissional As suas qualificações e às aspirações que um cidadão europeu tem direito a reclamar. As saídas ainda acontecem.

É muito mau que um jovem português, seja um licenciado em engenharia, seja alguém que trabalha na construção civil ou outra coisa qualquer, pense que, se for para a Alemanha ou para Inglaterra, consegue trabalhar, pagar uma casa, poupar alguma coisa, criar uma família e que no seu país tudo isso seja mais difícil. É preciso dizer que neste país vale a pena viver. E mostrar isso por atos. O que falta para os convencer a regressar?

A geração de menos de 35 anos continua a partir muito. No ano passado partiram menos, mas dos que partem, 40% são jovens com menos de 29 anos. Principalmente pessoas qualificadas.

Claro. E não apenas do ponto de

vista académico: falam línguas, têm outra maneira de olhar para o mundo e são muito valorizados noutros lados. Todos dizem que gostam muito de Portugal, mas há um grande diferencial… Desde logo o salarial.

Exatamente, a que se acrescenta uma maior facilidade no acesso à habitação. Ou seja, ser um cidadão autónomo é mais difícil no nosso país. Não há empregos qualificados para pessoas qualificadas.

Há empregos qualificados. O meu principal contributo, o que ando aqui a fazer, é responder a esta questão – como é que ajudamos as nossas empresas a fazer duas coisas: como reter aqui os portugueses qualificados, que condições de produtividade e competitividade para criarem melhores empregos, que se tornem atrativos; e ao mesmo tempo, as empresas precisam destas pessoas para continuarem a ser competitivas. São duas forças no mesmo sentido.

Uma empresa no setor têxtil, por exemplo, que quer crescer pela qualidade de produto ou pela maior eficiência de processos ou por melhor conhecimento dos mercados, precisa de pessoas muito qualificadas. E se não conseguimos retê-las agora, daqui a dez anos não vamos conseguir fazer isto. Acho que esta é mesmo a tarefa mais importante do país. Para isso tem de haver uma conjugação de esforços entre a indústria e a Academia. Está tudo feito nessa área?

Não… A que têm de se acrescentar os centros de excelência, como, no caso dos têxteis, o CeNTI e o CITEVE. Esta trilogia virtuosa está pronta para contribuir para que o próximo ciclo seja de desenvolvimento?

A resposta tem matizes. A primeira coisa que quero dizer é que isso já está a acontecer. A segunda é que não é suficiente. Trabalhar em

"Já atingimos um grau de maturidade em algumas zonas de excelência, como nos têxteis-lar, nos têxteis técnicos, no vestuário"

“A história é sempre exagerada”, mas o certo é que Pedro Siza Vieira foi indicado, ainda jovem licenciado em Direito, pelo atual primeiro-ministro, António Costa, para um lugar na administração pública de Macau, já depois da assinatura dos acordos de transferência de soberania entre Portugal e a China. Um (re)conhecimento que haveria de evoluir até à circunstância de Siza Vieira ter assumido, no elenco de segundo ‘gabinete Costa’, a figura de Ministro de Estado (a que acrescentava a repetição da liderança da Economia). Ficou assim sinalizado que na atual legislatura a prioridade das opções do Governo era transferida das Finanças para a economia real – aquela que implica diretamente com as empresas – e que Siza Vieira é um dos homens fortes do executivo. Mesmo assim, Siza Vieira tem mantido um registo ‘low profile’, que vai bem com a sua opção estratégica de trabalhar longe do registo do curto prazo. “Não trabalho para resultados ao semestre”, nem sequer ao ano. O registo político do ministro da Economia (e também da Transição Digital) é que as suas opções sejam capazes de transferir músculo à economia e às empresas para que estas aproveitem os ciclos económicos favoráveis e tenham capacidade de resistência aos contra-ciclos

clusters, trabalhar em conjunto em temas de investigação e desenvolvimento, fortalecer os centros de interface tecnológico, para que todo o setor industrial possa conseguir incorporar mais conhecimento e mais valor na produção são fundamentais. Um exemplo.

Dou sempre o exemplo do têxtil. Todos temos a consciência que o CeNTI, o CITEVE, deram uma contribuição decisiva para que o setor tenha não só sobrevivido mas criado outras condições de competitividade. É um ótimo modelo – mas é um modelo que estamos neste momento a tentar reformular porque precisa de outros esquemas de financiamento, mais estruturado, mais seguro – que possa robustecer toda a parte do equipamento – e precisa também de reforçar toda a colaboração com a Academia, quer do ponto de vista da formação, quer do ponto de vista da investigação. Formação, investigação, financiamento, o que é que falta?

têm garantias reais, que é aquilo que aparentemente o BCE favorece. A lição a tirar é que o acesso ao crédito por parte das PME voltou a fluir por causa da garantia mútua – foram as linhas Capitalizar que permitiram que continuasse a chegar crédito às PME. Temos portanto a noção de que hoje em dia só mesmo com este esquema de garantias públicas é que conseguimos fazer chegar crédito às empresas. O peso da garantia mútua na economia já é grande.

Pesa mais que em qualquer outro país europeu, mas não é suficiente. Ainda não? Porquê?

Primeiro, porque só chega mesmo às PME; portanto, aquelas empresas que, pelo número de trabalhadores ou outra razão já não qualificam como PME, não têm esta porta aberta. Por outro lado, a garantia mútua dá essencialmente apoio de tesouraria – não está preparada para fazer financiamento ao investimento em mais larga escala.

Falta capital. Mas não é o único instrumento. É aí que entra o novo banco do Estado. Em que pé está a sua formação?

Sabemos que continua a haver dificuldade de as empresas portuguesas acederem ao crédito – os nossos bancos, e tenho tido muitas conversas com eles a este propósito, têm um conjunto de regras e de restrições na definição do crédito, que torna muito difícil responder a certas empresas com certas caraterísticas, financiar com prazos mais longos, adequados às caraterísticas dos investimentos ou financiar certo tipo de operações: aquisições, ganhos de escala, etc.. Os custos do financiamento até são baixos, mas o acesso é muito difícil. São quase todos fatores que não está nas nossas mãos alterar.

Não está. Mais que isso, significa que os bancos estão todos a bater às portas das mesmas empresas – aquelas poucas que cumprem os critérios todos – ou então estão a financiar crédito imobiliário, onde

Do lado do Ministério da Economia, temos três sociedades financeiras: a Sociedade Portuguesa de Garantia Mútua, a PME Investimentos e a Instituição Financeira de Desenvolvimento (IFD). Estas entidades têm recursos que se multiplicam, produtos que se sobrepõem, áreas que não estão contempladas. Fizemos uma larga reflexão com as administrações sobre a melhor forma de coordenar este universo. O que resultou daí?

O primeiro passo foi a criação do Portal do Financiamento do IAPMEI. Uma empresa tende a não saber que apoios financeiros tem disponíveis. Pedimos que trabalhassem em conjunto o Portal do Financiamento, que permite num único sítio perceber quais são os produtos financeiros com o apoio do Estado mais adequado a cada necessidade ou a cada setor. Chegámos à conclusão que havia 49 linhas de crédito – algumas de-


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O pai esteve várias décadas ligado ao setor têxtil: passou pela Efanor (onde entrou em 1965), pela Fábrica do Mindelo e pela Arco – assumindo funções nas direções de produção e comercial, antes de seguir para um lugar de administrador. “Tudo empresas que já não existem”, salienta, mas que nos anos 60 do século passado souberam entender que tinham de se apetrechar com talento jovem e ideias inovadoras. “É um bom exemplo para o que o têxtil tem de fazer agora”. Casado há 31 anos, Pedro Siza Vieira tem três filhos, entre os 29 e os 17 anos. O mais velho, Rodrigo, é engenheiro em Holanda; o João Maria é economista em Inglaterra; o Manuel ainda está no ensino obrigatório e é músico. Basquetebol, volei e andebol são as disciplinas que cumpriu como atleta, mas às vitórias preferiu sempre os ensinamentos que delas retirou: “trabalho, sacrifício e regularidade”

las sem utilização, mas que estão a consumir recursos públicos e que nem os bancos têm interesse em distribuir. Uma questão de organização, portanto.

Percebemos que isto tem de ser melhor organizado e estruturado. Dizemos: vamos fundir estas coisas para criar uma instituição que, com os mesmos recursos, consiga dirigir melhor os apoios financeiros onde eles são mais necessários e que possa fazer outras coisas. Depois, percebemos mais duas coisas: no próximo quadro financeiro pluri-anual, vamos ter menos verbas para os sistemas de incentivos e mais verbas para os instrumentos financeiros. E vamos ter o sucedâneo do Plano Juncker, que vai ter um grande número de garantias a dar a linhas de crédito para as empresas. Tudo isto vai ser gerido pelo BEI. Falta aqui uma instituição de primeira linha para responder.

Se um país tiver o chamado banco nacional promocional, pode gerir autonomamente uma parte destas verbas. Portugal era dos poucos países da União Europeia que não tinha o banco deste género. A nossa IFD originalmente era para ser, mas não tem sequer a capacitação em termos de capital, de sistemas, etc., para se qualificar para isso. Se queremos ter uma instituição para gerir bem os recursos do próximo quadro, então temos de ter um banco nacional promocional – vamos fazê-lo aproveitando o que já existe. A segunda coisa que percebemos é que temos de ser muito mais agressivos na relação com a União Europeia, por exemplo para termos autorização para fazer garantia para as grandes empresas. Essa é das maiores queixas dos empresários. É uma garantia que podemos deixar aos empresários: as grandes empresas vão passar a ter apoios?

Não. Não gosto de dar garantias que não posso cumprir. O que neste momento posso dizer é o

"Inovação, qualificação e financiamento são o centro do Portugal 2030" seguinte: temos os pedidos de autorização junto da Comissão Europeia para fazer financiamento às ‘mid caps’, temos na lei do Orçamento do Estado uma proposta para que as ‘mid caps’ possam beneficiar do regime da dedução de lucros obtidos e reinvestidos e estamos com a Comissão Europeia a bater-nos para que tudo isto seja autorizado. Porquer, ao contrário do que sucede noutros países europeus, as nossas empresas com uma determinada dimensão ainda precisam de grande apoio para a modernização produtiva, etc.. Em termos logísticos, digamos assim, como vai ‘arrumar’ o banco?

Vamos criar uma sociedade financeira a partir da fusão das três sociedades que temos. Irá fazer tudo o que as outras já podem fazer, mais alguma coisa. Qual será a incorporante? Ainda não está decido. Não será a SPGM?

Pode ser a SPGM, mas não interessa quem incorpora, mas o que vai nascer. É extemporâneo dizer que Beatriz Freitas, presidente da SPGM, será a presidente da nova instituição?

É extemporâneo. Está muito envolvida neste esforço, mas o mais importante é que sejam pessoas consistentes e disponíveis. Quais são as caraterísticas mais importantes do Portugal 2030 para o desenvolvimento do tecido empresarial?

Os temas críticos são inovação, qualificação e financiamento

– temos de trabalhar em todas estas áreas. É indispensável que o PT2030 esteja alinhado com estas prioridades. Na qualificação, estamos a discutir uma reforma do sistema de formação profissional, quer no ensino técnico-profissional, quer na formação de ativos – o PT 2020 deu muito poucos recursos para a formação profissional. Por outro lado, achamos que temos de continuar a apoiar muito o sistema científico e tecnológico porque o crescimento em valor pressupõe conhecimento transformável pelo tecido empresarial. Não chega o acesso ao financiamento. Que filosofia presidirá às alterações na formação profissional?

A oferta tem de estar mais próxima das necessidades das empresas, não só das atuais, mas sobretudo das futuras. Em segundo lugar, temos de ter muito mais formação na empresa. Como observa o próximo ciclo de crescimento do setor têxtil e do vestuário, depois de um longo ciclo de dez anos de forte crescimento?

Há um percurso que já atingiu um grau de maturidade que vai continuar a funcionar: em algumas zonas de excelência, como nos têxteis-lar, nos têxteis técnicos, no vestuário etc. – aí, é continuar. Mas há coisas críticas nos próximos tempos: economia circular e sustentabilidade – é a preferência dos consumidores e o enquadramento europeu que o vai exigir; depois, a digitalização – não é só a automação, e temos de ter apoios disponíveis a postos, nomeadamente ao nível da formação; e finalmente a internacionalização – diversificação de mercados, mas também a relação com o consumidor, o acesso direto ao consumidor: estamos sempre dependentes de quem tem a marca, de quem tem o circuito de comercialização, e como as coisas estão a mudar tanto, os nossos clientes tradicionais estão a ficar mais em crise – a transição para o digital, os novos canais de distribuição também serão exigentes. t

As perguntas de

Mário Jorge Machado Presidente da ATP O investimento estrangeiro cresceu aprenas no turismo e não na indústria transformadora. Porque razão?

Não é exato. Tivemos um grande crescimento na indústria transformadora, nomeadamente no setor autómovel, na aeronáutica e no aeroespacial, e em várias outras áreas da indústria transformadora. Estamos a ter muitos médios investimentos. Ao competitividade do pais é baixa – abaixo do 40º lugar em termos planetários. Que medidas são necessárias para colocar o país no TOP 10?

Inovação, qualificação e capital. Esse 40o lugar tem a ver com o índice de competitividade do World Economic Forum, feito através de inquéritos aos gestores e empresários de cada país. Cerca de 40% das perguntas são baseadas em dados objetivos, o resto é inquérito. No que tem a ver com dados objetivos estamos entre o 20o e o 30o lugar; no que tem a ver com as outras estamos abaixo do 50o. Fico muito surpreendido quando os indicadores nos dizem que a nossa burocracia é pior que a da Nigéria ou do Burquina Faso. Não é verdade. Faço um apelo aos senhores empresários para, sendo rigorosos na apreciação, ponham as coisas em contexto e não pensem que somos os piores do mundo. t

José Robalo Presidente da ANIL As normas REACH, elaboradas pela União Europeia implicam a indústria nacional. Para quando um estudo sobre a aplicação do regulamento aos têxteis importados?

É uma questão que tem a ver com a política comercial da União Europeia. É uma batalha que a indústria tem há muito tempo, que eu repito nas reuniões do Conselho de Competitividade. Agora que os franceses e os alemães estão preocupados com a concorrência que os chineses lhes fazem nos automóveis ou nos comboios, talvez possam perceber porque é que nós estamos tão preocupados com o cumprimento dos standards ambientais por parte dos nossos concorrentes externos. É objetivo do Governo diminuir a sufocante carga fiscal sobre as empresas?

Ao longo de última legislatura, os apoios fiscais ao investimento sob a forma de benefícios ou com o apoio contratual ao investimento, foram sistematicamente alargados. Em 2018, a despesa fiscal – ou seja, a receita de IRC que deixámos de cobrar por esta via, andou quase nos 300 milhões de euros. As empresas que investem, deixam de pagar imposto. Não fizemos uma redução geral da taxa de IRC, mas dirigimos os recursos para apoiar as empresas que investem.t


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FOTO: RUI APOLINÁRIO

Joana Queirós, venceu em 2016 o EuroSkills Nacional, que a levou a representar Portugal no Campeonato Europeu, em Lille, e Mundial, no Dubai. Em 2017, recebeu uma menção honrosa no Modtissimo, que lhe garantiu um stand em nome próprio na feira. Seguiu-se o estágio com Katty Xiomara, em 2018. Trabalha agora numa coleção em nome próprio que conta lançar ainda este ano

João Melo e Costa venceu o concurso Moda Portugal em 2013. Após o estágio com o estilista Luís Buchinho, seguiu-se a marca em nome próprio, que abandonou para se dedicar à coordenação do curso de design de moda do Modatex. Tem agora em mãos um projeto mais ambicioso: levar o Modatex para dentro das empresas

O REGRESSO DOS CAMPEÕES É sempre bom voltarmos ao sítio onde fomos felizes e por isso mesmo o T quis reunir, numa das sala de aula onde se formaram como designers, a nata da nata do Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios. São cinco dos muitos campeões do Modatex que estão a dar cartas e que dizem ter apenas uma única ambição: mudar o mundo da moda


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Carla Alves, sagrou-se vencedora do Bloom do Portugal Fashion em 2016, um ano depois de ter conquistado o prémio de melhor coleção e melhor coordenado no concurso Acrobatic. Após o estágio com Alexandra Moura, passou também pelo atelier de Micaela Oliveira e pela Petratex e lançou a marca própria Amorphous. Voltou-se entretanto para as artes plásticas, dá formação no Modatex, e quer que o futuro passe pela junção entre a moda e a arte

Filipe Augusto, terminou a formação em 2016 com o estágio no atelier de Luís Buchinho. Em 2018 venceu o Concurso Sangue Novo da ModaLisboa, ano em que também conquistou em Maastricht o Fashion Clash, que o levou a uma incursão de um mês na Escola de Naba, em Milão. Formador em design de moda e styling no Modatex, planeia para outubro apresentar uma nova coleção

Diogo Van der Sandt, sagrou-se vencedor do concurso PFN - Portuguese Fashion News em 2019, com um coordenado que lhe deu a oportunidade de desfilar na plataforma Bloom do Portugal Fashion. Estagiou depois no atelier de Nuno Baltasar e o futuro é ainda um mistério por desvendar


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TAJISERVI MUDA-SE PARA UMA NOVA CASA, CINCO VEZES MAIOR

“FROM PORTUGAL” VAI SER DESTACADO NAS ETIQUETAS Empenhado na diferenciação e na valorização dos artigos produzidos em Portugal, o presidente da ATP anunciou que vai haver uma etiqueta específica “From Portugal” que será destacada pelas marcas que compram na nossa ITV. “Cada peça terá pendurada uma etiqueta indicando que é From Portugal, algo que o consumidor identifica como uma mais-valia e que está disposto a pagar mais por isso”, explicou Mário Jorge Machado adiantando que há já um acordo nesse sentido com o El Corte Inglès.

"Antes do trabalho ser digitalizado, automatizado e robotizado, precisamos de pessoas para programarem e desenharem as máquinas" Isabel Furtado CEO da TMG Automotive

Especializada em máquinas e consumíveis para bordados, a Tajiservi fechou 2019 com um volume de negócios de três milhões de euros

Foi com uma inauguração totalmente diferente do habitual que a Tajiservi abriu as portas da sua nova casa. A inauguração nos moldes tradicionais foi substituída por um dia de apresentações e conferências, as Tajiservi Talks, com palestrantes internacionais, totalmente dedicado ao tema da sustentabilidade. “Temos todos nós a responsabilidade de garantir o futuro não só do planeta mas da própria humanidade”, foi com estas palavras que Júlia Petiz, CEO da Tajiservi, deu início ao dia de conferências, que contou com a presença de várias personalidades da moda e da indústria têxtil. Paulo Vaz (AEP, ex-diretor geral da ATP), Paulo Gomes (Projecto Greencircle) e Catarina Lopes (da marca de moda sustentável Nüwa) estiveram entre os oradores convidados, numa lista encabeçada pelo presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa. A inauguração das novas instalações da empresa, contou ainda com a presença de representantes das várias marcas internacionais que representa – a começar pela Tajima, que inspi-

rou o nome da empresa, mas também a Pulse, a Seit, a Kornit, a UES Foils e a Düzei. Todas com o foco em inovações mais limpas e protetoras do planeta. As novas instalações, localizadas em Vila das Aves, representam para a Tajiservi um grande passo em frente. Com o investimento a rondar um milhão de euros, a Tajiservi passa a contar com 2700 m2 – o quíntuplo dos antigos 600m2. “É um regresso a casa, porque as novas instalações são em Santo Tirso, onde a empresa nasceu em 1994”, observa Júlia Petiz. Uma mudança que será acompanhada pelas preocupações ambientais. “Estamos a substituir toda a nossa frota por veículos eléctricos, já temos três adquiridos, e o próximo passo será encontrar a melhor alternativa em energias renováveis para fornecer o edifício”, adianta Júlia Petiz. Para além das Tajiservi Talks, a inauguração continuou no dia seguinte com um Open House, em que a empresa apresentou as várias tecnologias que representa em Portugal.t

SEDACOR SELECIONADA PARA LISTA DE TENDÊNCIAS DA REVISTA AIT A Sedacor foi selecionada na Heimtextil para integrar a lista de tendências da revista de arquitetura AIT. A publicação procura todos os tipos de novidades particularmente atraentes para arquitetos e designers de interiores, tendo os produtos de cortiça inovadores da Sedacor ficado entre os 15 finalistas. Uma escolha que decorreu da pesquisa de cerca de 40 caçadores de tendências, que pela décima vez visitaram em nome da AIT os salões da Heimtextil, onde aproximadamente 3000 expositores apresentam ao mundo as suas inovações.

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é o aumento da capacidade produtiva que a Barcelcom espera atingir com a instalação de 12 novas máquinas

O PIJAMA DA TROTINETE QUE É TAMBÉM DISPOSITIVO MÉDICO

LAMEIRINHO MAIS RENTÁVEL E REDUZ PEGADA ECOLÓGICA O projeto Ecolam de economia circular, que está a ser posto em marcha e foi apresentado na Heimtextil, é a prova dos nove do compromisso da Lameirinho com práticas que lhe permitam reduzir a pegada ecológica. Sustentabilidade e rentabilidade são as palavras chave da atual estratégia da têxtil lar da família Coelho Lima. Após um ano de aturada preparação (“Queríamos estar bem seguros do caminho a seguir”, explica Tânia Lima,

responsável pelo Marketing da Lameirinho), o projeto Ecolam ficou pronto a ser apresentado ao mundo em Frankfurt, onde a empresa exibiu uma cama completa produzida com matéria prima feita a partir do seu desperdício industrial. “Nesta fase estamos a avaliar a receptividade dos clientes. Fizemos pré-apresentações em França e no mercado americano, onde um cliente manifestou logo muito interesse neste nosso novo con-

ceito. Estamos muito confiantes porque a procura de produtos sustentáveis não tem cessado de aumentar”, conta Tânia Lima, acrescentando que toda a investigação e desenvolvimento do Ecolam foi feita internamente. Neste arranque do projeto, a Lameirinho está a trabalhar apenas o desperdício de algodão, que reconverte em flanela com um fio mais grosso que o habitual – que deu fama às suas flanelas nos Estados Unidos. t

Um pijama que é ao mesmo tempo um dispositivo médico e uma ajuda para cuidadores e pessoas em situação de doença. É assim que a Trotinete apresenta o WearRX, o inovador modelo desenvolvido em parceria com Universidade do Minho. Produzido num tecido elástico, estimula o fluxo sanguíneo, reduz a probabilidade de escaras e tem ainda um conjunto de bolsos específicos para a realização de tratamentos de forma menos intrusiva. “Gostamos de ser arrojados e de sair da nossa zona de conforto”, afirma Matilde Vasconcelos, administradora da Trotinete, que com o WearRX quer substituir as batas utilizadas pelos pacientes em internamento hospitalar.


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[CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com

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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves

Spormex

Parque Industrial de Celeiros 4704-414 Braga

O que faz? Especialista na montagem e decoração de exposições, feiras, stands, showrooms e outras infra-estruturas temporárias Áreas É transversal a vários setores desde a indústria aos eventos desportivos. Acompanha a ITV nas feiras internacionais e é um dos principais parceiros do MODtissimo e do Portugal Fashion Fundação 1987 Equipa Cerca de 250 colaboradores Equipamentos 15 pavilhões, com 40 mil m2, e mais de 90 veículos de apoio

RDD APRESENTA UNDYED COTTON EM PARIS, MILÃO E MUNIQUE Chama-se Undyed Cotton e é uma das grandes apostas para a primavera/verão da RDD, marca o grupo Valérius deu a conhecer em três grandes palcos: Milano Única, Munich Fabric Start e Première Vision Paris. “Cada quilograma de malha produzida com Undyed Cotton corresponde a uma poupança de dez litros de água”, diz Elsa parente, a CEO da RDD – Research, Design, Development, que está focada em introduzir no mercado alternativas menos lesivas para o meio ambiente.

"Os nossos bombeiros combatem os incêndios florestais com fatos sem proteção térmica" Clementina Freitas CEO do grupo Latinoc

BARÇA RECOMPRA DIREITOS À NIKE E QUER FATURAR JÁ 83 MILHÕES O F.C. Barcelona, que cedeu a exploração do negócio de merchandising à Nike com um contrato de patrocínio em 2018, decidiu recomprar à marca norte-americana os direitos sobre material não técnico e quer faturar 83 milhões através da exploração direta já na época de 2019-2020. O novo contrato permitirá que o Barça tenha o seu próprio portal sob a identidade da marca, uma vez que havia perdido a opção de vender diretamente online os seus produtos oficiais.

MARQUES SOARES QUER FAZER 10% DAS VENDAS NO ONLINE

Construtores de oportunidades “Todos os caminhos vão dar a Roma”, a clássica expressão ganha um novo sentido com o trabalho da Spormex. Braga é o epicentro, a partir de onde a empresa de stands e exposições constrói todos os caminhos que as empresas portuguesas percorrem nos mercados internacionais. Líder Ibérico e com um currículo que abrange todos os setores de actividade, o nome Spormex faz parte dos grandes eventos têxteis em solo nacional – como o MODtissimo ou o Portugal Fashion – mas está também intimamente ligado à presença das empresas nacionais nas principais feiras globais. “Começámos a fazer stands há 33 anos, na altura era um mercado muito verde, quase não existia em Portugal”, conta Magalie Fernandes, administradora da empresa e filha do fundador. O pai, José Marques Fernandes, trouxe para Portugal a experiência e o know-how adquiridos em França, onde trabalhava no mesmo ramo há vários anos. Perante uma oportunidade inexplorada, funda a Spormex em 1987 e desde aí a empresa tornou-se sinónimo da organização de eventos, dentro e além-fronteiras. “Dentro de portas abrangemos todos os setores de actividade, desde o agro-alimentar à indústria, desde feiras regionais a eventos desportivos ou espectáculos musicais”, explica a administradora. Variedade é o que não falta no currículo da Spormex: Estoril Open, Rock in Rio, ou a Final Four da Taça da Liga são apenas alguns dos eventos de maior notoriedade onde a Spormex fixa a sua presença. Nos têxteis, para além dos grandes palcos nacionais, a empresa é uma velha conhecida de todas as empresas que marcam presença nas feiras internacionais.

Os corredores dos grandes centros de exposição – em Madrid, Paris, Munique, Milão, Londres, etc. – são já familiares para a equipa da Spormex. Nas principais feiras, chegam a ser responsáveis por dezenas de stands em simultâneo. “São autênticas missões impossíveis, porque os timings são sempre muito reduzidos, mas são estas situações que nos desafiam e que nos fazem levar a criatividade ao limite”, explicou Magalie numa altura em que a empresa montava na Munich Fabric Start 50 stands em simultâneo. Com uma equipa de cerca de 250 colaboradores, a empresa está presente em todas as fases da preparação de uma feira. O stand é construído à imagem do pedido do cliente, e todo o projeto é desenvolvido pela empresa, desde a serralharia à instalação eléctrica, das artes gráficas à impressão digital. Existe até um momento de pré-montagem, nas instalações da Spormex, em que o cliente vê o resultado final antes da feira. Apesar de todo o catálogo de serviços, Magalie Fernandes coloca a tónica em dois aspetos que afirma serem essenciais na organização de eventos: flexibilidade e o acompanhamento constante. “É curioso que com os clientes portugueses temos de ser nós a fazer cumprir os prazos. Mas já é algo a que estamos habituados, nesta área, especialmente em eventos internacionais, não há fins-de-semana nem feriados, todas as horas são essenciais. Mas no final de contas é uma actividade muito bonita e criativa, porque ajudamos as empresas a construírem as suas oportunidades”, remata a administradora. t

Fazer 10% das vendas à distância é o objetivo de curto prazo fixado pela Armazéns Marques Soares, que fechou o exercício de 2019 com vendas na casa dos 20 milhões de euros apesar de ter passado todo este ano em profundas obras de remodelação do edificio sede, na rua da Carmelitas, que implicaram um investimento superior a um milhão de euros. Neste momento, as vendas online valem apenas 5% das vendas desta cadeia de armazéns, que tem uma rede de oito lojas de primeira linha e três outlets, onde trabalham 300 pessoas.

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pessoas trabalham no setor da moda na Europa, em 225 mil empresas gerando um volume de negócios anual de 200 mil milhões de euros

ZOURI, A MARCA PORTUGUESA SEM PEGADA ECOLÓGICA Todos os tecidos são sustentáveis, desde o algodão orgânico ao cânhamo e ao linho e até a sola é produzida com plásticos recolhidos nas praias portuguesas. As sapatilhas Zouri são um exemplo de economia circular e em apenas um ano faturaram mais de 200 mil euros e chegaram a 32 países. “Estava numa recolha de praia e perguntava-me que utilizações podíamos dar a todo aquele plástico. Não tinha a certeza se podia ser transformado em solas de sapatos, mas tinha de experimentar”, explica Adriana Mano, a fundadora e CEO da Zouri.


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NOVA FÁBRICA DA PAFIL PREVÊ 30 CONTRATAÇÕES A ultimar a construção da nova fábrica, a Pafil faz também planos de reforçar a equipa. As novas instalações, cuja inauguração está prevista para Março, representam um aumento de espaço de 1 600m2 para 4 500m2, e prevêem a contratação de 20 a 30 novos colaboradores, sobretudo para área comercial e logística. “O recrutamento será transversal a várias áreas, mas serão necessários mais colaboradores na área comercial e logística”, afirma Rui Pereira, administrador da empresa. 2020 do Portugal Fashion.

"Quero ser diferente. Quero investir para ser diferente no mercado, não ser igual aos meus colegas" Humberto Salgado CEO da Tabel

SHOWROOM DA NORTENHA COMO PRENDA DE ANO NOVO

Uma renovada e ampla área de showroom foi a prenda de ano novo que a Têxtil Nortenha deu a si própria, concluindo assim o pacote de obras de remodelação orientadas numa lógica de sustentabilidade e de ajustamento às novas condições de mercado. Dos cerca de 12 mil m2 que ocupou outrora, a empresa necessita agora apenas de dois mil m2, e optou por concentrar a sua operação num lay out mais eficiente. Ao novo showroom junta-se o laboratório, também ele agora junto às áreas de confeção e comercial. t

A SMBM NÃO LARGA A MODA E A MODA NÃO LARGA A SMBM Moda, internacionalização e inovação são o alfa e ómega da estratégia da SMBM, a fabricante de fios de Moreira de Cónegos que após a aquisição da Tearfil pela sua accionista (Maria de Belém Machado) ficou ainda mais focada nas pequenas quantidades e moda – deixando as grandes quantidades e os artigos técnicos para a sua vizinha, a antiga António Almeida & Filhos. “A moda não nos larga e nós não largamos a moda”, resume Bernardino Ferreira, sales manager da SMBM, que esteve na Première Vision com uma oferta onde se destacam os fios sustentáveis – como fibras de urtiga ou kapok, com algodão orgânico – e artigos de fantasia, com misturas diversas (caxemira, tencel, modal, algodão, lã, sede, bambu, etc), onde se nota o dedo de Susana Bettencourt, a designer com quem a fiação de Moreira de Cónegos mantém uma parceria. “Com as suas criações coloridas e feitas à mão, a Susana construiu uma imagem de marca que está alinhada com o ADN irreverente da Fifitex”,

explica Belém Machado, 62 anos, que no início do século trocou a medicina pela têxtil, para dar um novo fôlego à fiação fundada pelo seu pai em 1965. A SMBM – iniciais de Sérgio Machado (o pai e fundador) e Belém Machado (a filha) – é desde 2001 a razão social da fiação fundada com o nome de Fifitex, que no entretanto foi reconvertido em marca da empresa. A parceria com Susana Bettencourt não é a única tecida pela SMBM, que desenvolve a sua coleção para os têxteis lar em estreita colaboração com o atelier Unis, de Guimarães. “A Unis ajuda-nos a encontrar os desenhos e a densidade certa para os fios que direcionamos para os têxteis lar”, afirma Bernardino Ferreira. As malhas são o destino de cerca de 75% dos fios fabricados pela SMBM, que mensalmente produz 12 toneladas em open end e 100 toneladas em anel contínuo e está apostada em diversificar mercados e aumentar a percentagem de exportações diretas. t

TÊXTEIS PENEDO ESPERA CRESCER ENTRE 5% A 10% EM 2020 A Têxteis Penedo espera crescer entre 5% a 10% em 2020, o que deverá significar um volume de negócios próximo dos 13 milhões de euros, 100% realizados com as exportações – Estados Unidos e Canadá são os principais mercados externos, que valem cerca de 60% do total da sua faturação. Em 2019, as vendas da Penedo andarão perto dos 12 milhões de euros, o que representa um aumento superior a 15% sobre 2018.

“2019 foi um ano muito agradável, com um crescimento de dois dígitos, em contraciclo com a tendência geral”, afirma Xavier Leite, CEO da têxtil lar de Guimarães. O crescimento conseguido em 2019 foi fruto do investimento em equipamentos feitos nos últimos dois anos, explica Xavier Leite, acrescentando que o próximo desafio da Penedo é diversificar a geografia das suas exportações. “Tentamos sempre novos mer-

cados, tendo em conta os investimentos e a necessidade cada vez maior de conforto nas vendas. Apesar de se tratar de mercados complicados, estamos a tentar entrar na Europa de Leste, Rússia, Polónia, Roménia, as novas economias em crescimento”, conta o CEO da Penedo. “No continente africano a África do Sul é o único mercado com dimensão e a economia sul-americana está muito fraca”, conclui o CEO da Penedo. t

WESTMISTER E SR. FATO DÃO-LHE DICAS DE BEM VESTIR

SUÍÇA COM SINAL MAIS PARA AS EXPORTAÇÕES DA FARDYLOR

É sobre a máxima “é nos pequenos detalhes que um cavalheiro encontra a sua exclusividade” que a marca portuguesa de meias WestMister e o Senhor Fato, uma personagem ilustrada que partilha nas redes sociais dicas de bem vestir, se uniram. O resultado é o “Fato Club”, umas meias de algodão de finíssima espessura e alto conforto e dicas diárias no instagram para os gentelman.

A cruz branca da bandeira suíça pode bem ser vista como um prodigioso sinal de somar pela portuguesa Fardylor. A empresa de Lordelo, Guimarães, especializada em workwear, encontra na comunidade portuguesa na Suíça um dos seus principais nichos de mercado e começa agora a reforçar essa ligação com uma agente comercial focada no país.

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mil camisolas da seleção nacional de futebol do Perú foram equipadas com transferes made in Heliotextil

NORMAL OR NOT LANÇA COLEÇÃO COM BLOGGER RITA MONTENEGRO

A marca portuguesa Normal or Not aproveitou a época natalícia para lançar a sua coleção cápsula FW 19. Foi o estilo minimalista da blogger Rita Montenegro que chamou à atenção das irmãs Joana e Maria Gomes, mentoras da marca portuguesa de roupa feminina. Em conjunto, a blogger e as irmãs Normal or Not, criaram cinco modelos exclusivos de roupa feminina.


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Um verdadeiro trota-mundos, o jornal T atrave-se a conquistar o pomposo título de viajante profissional. Mesmo que a versão internacional do T tenha apenas um pouco mais de um ano – a primeira edição foi impressa a Outubro de 2018 – o jornal já corre mundo desde a sua génese. Distribuído em todas as grandes feiras internacionais do sector, o T já acumulou milhares de quilómetros na divulgação e promoção do made in Portugal. Paris, Londres, Nova Iorque, Milão, Munique e Madrid são algumas das capitais da moda e da indústria que o jornal tem visitado repetidas vezes, a que se somam expedições a geografias tão distantes como o Japão, a Colômbia, a Etiópia ou os países nórdicos. Nas suas páginas, o T leva o discurso direto da indústria e moda portuguesa, na viva voz dos seus protagonistas e nos exemplos de sucesso que vão emergindo nos vários setores de toda a fileira. Razão pela qual, para além de órgão informativo, se tornou também num símbolo de orgulho para muitas empresas nacionais, que não o dispensam nos seus stands além-fronteiras.

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1 Ispo Munique 2019 2 Africa Sourcing Fashion Week 2019 3 Magic Las Vegas 2019 4 Who's Next 2019 5 PittiBimbo 2019 6 Colombia-moda 2019 7 Heimtextil 2019 8 Premiere Vision 2019 9 London Textile Fair 2020 10 Maquitex 2015 11 Techtextil 2019 12 Pitti Uomo 2019 13 Momad 2020


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GIVACHOICE CRESCE 13% E ATINGE META DOS OITO MILHÕES

KARPET2R, A ALCATIFA PARA EVENTOS COM DUPLA RECICLAGEM É no caminho para um futuro sustentável que uma empresa da Guarda desenvolveu uma inovadora alcatifa para eventos. Além ser feita a partir de produtos reciclados, ela própria é também depois reciclada. A startup Karpet2R – Walking to the Future, surgiu por iniciativa de Pedro Tavares, que está ligado à têxtil, e João Gonçalves, os sócios da All WeDo Moments, que se dedica à organização de festas e eventos. Como no final de cada evento as alcatifas de polipropileno utilizadas eram deitadas fora, surgiu a ideia de reciclar. “Estamos a falar de polipropileno 100% plástico. Em que eram quilos e quilos que, no fundo, iam para o lixo”, conta o empresário.

"Devemos continuar a apostar naquilo que são os fatores críticos de sucesso: bens e serviços de elevada qualidade, tecnicidade e inovação, resposta rápida e flexível" Mário Jorge Machado Presidente da ATP Ricardo Almeida, diretor financeiro, Ana Almeida, directora-geral, e Conceição Barbosa, fundadora e diretora de produção, dão vida à Givachoice

O ano de 2019 representou um forte crescimento para a têxtil Givachoice: apesar de algumas nuvens de incerteza, que a empresa de Paços de Ferreira afirma terem impacto nas decisões dos clientes, as vendas cresceram 13% em relação a 2018. As exportações e os mercados de nicho são a receita de sucesso. “Nota-se que existe uma maior indecisão no momento das encomendas, os clientes parecem esperar mais, mas temos sabido criar uma relação de confiança e procurar constantes melhorias”, explica Conceição Barbosa, a fundadora da empresa e directora de produção da Givachoice. “Assumimos a identidade de um atelier de alta-costura, e os mercados de nicho sabem valorizar isso”, acrescenta Ana Almeida, directora-geral e filha de fundadora. Especializada na confeção de vestuário para mulher, a Givachoice abriu portas em 2011. Apesar da crise internacional que então se vivia – de forma ainda mais aprofundada dentro de fronteiras – Conceição Barbosa via nos seus 40 anos de experiência no têxtil um grande potencial, com muito ainda a somar no setor da confeção. O projecto vingou, centrado sobretudo no mercado de luxo da moda feminina. “É no setor mulher que está o grande consumo de moda, que está a inovação, e onde se consegue criar maior valor acrescentado”, explica a responsável pela empresa. Dos

30 colaboradores iniciais cresceram para os atuais 220, divididos entre duas unidades industriais: 180 pessoas na empresa mãe, em Seroa, em Paços de Ferreira, e 40 noutra unidade, entretanto adquirida, em Rio Tinto, Gondomar. “As nossas vendas são totalmente focadas nos mercados externos: Espanha e França são os principais mercados, mas também a Inglaterra, e mais recentemente o Canadá, os Estados Unidos, e até o Dubai”, explica Ricardo Almeida, director financeiro. Entre os clientes mais destacados, a Givachoice conta com encomendas de grandes casas da moda internacional, como a Dior. “Para trabalhar com clientes tão exigentes, temos de assumir o papel de parceiros e não apenas de fornecedores. Temos de saber contribuir com soluções e ter um papel decisivo no desenvolvimento das peças”, afirma Ana Almeida. A celebrar oito anos de actividade, a empresa tem como principal objetivo para 2020 manter a rota ascendente. “Continuamos focados nos mercados de nicho e na confeção de alta-costura para moda de mulher. Temos uma grande aposta na formação, com parcerias com escolas de design, por exemplo, e vamos continuar à procura de clientes que valorizem este posicionamento”, conclui a directora-geral da Givachoice. t

INDÚSTRIA DA MODA CHEGA AOS 15 MIL MILHÕES E 11% DAS EXPORTAÇÕES A indústria nacional têxtil, do vestuário e do calçado gerou 15 mil milhões de euros em volume de negócios em 2018 e representou 11,5% do total de exportações do país em valor. Os dados constam do estudo setorial elaborado pela Iberinform, através da sua plataforma online de recolha e análise de informação empresarial Insight View, que apresenta a evolução do risco financeiro e dos determinantes estratégicos das empresas da fileira da moda.

60%

dos consumidores portugueses preferem adquirir produtos feitos com materiais sustentáveis

ZANZIBAR FAZ A PONTE ENTRE A TRADIÇÃO E O LUXO

DEPOIS DA IMAGEM, BARCELCOM INVESTE NA EMBALAGEM Depois de no ano findo ter aumentado a capacidade de produção, a Barcelcom tem previsto para 2020 outra série de investimentos, incluindo novos equipamentos para o embalamento. “Queremos agilizar os movimentos na nossa cadeia, de forma a aumentar a eficiência do tempo efectivo de produção”, adianta Nuno Mota Soares, project & business manager da empresa. Apostada em afirmar o rebranding da sua marca própria –

um processo iniciado há cerca de três anos – a empresa de Barcelos deu a conhecer em novembro a sua nova imagem corporativa, baseada no conceito “B everything you want”, que procura acentuar a internacionalização da empresa. “O B de Barcelcom é também o de “Be” inglês e uma clara imagem daquilo que a empresa representa, a exportação”, explica Mota Soares. Com uma facturação a rondar os três milhões de euros e um au-

mento de produção de entre 15 a 20% em 2019, a Barcelcom exporta actualmente mais de 90% da sua produção. Nos últimos anos, a empresa tem-se destacado pelo desenvolvimento de produtos de compressão graduada, com finalidades terapêuticas, como as Electrosocks, que promovem a recuperação muscular através da electroestimulação (prémio Inovação NOS 2018), ou as Medical Pro, indicadas para o combate a problemas do foro venoso. t

Chama-se Zanzibar e é uma nova marca portuguesa de acessórios de gama alta e de luxo inspirados na tradição portuguesa mas virados para o mundo. Com a primeira coleção disponível em exclusivo na Minty Square, plataforma online especializada em moda, a Zanzibar recorre a materiais nacionais como o burel ou a chita de Alcobaça para desenvolver artigos de design original, tanto para “momentos formais como para o quotidiano”. As preocupações sustentáveis estão também na linha da frente das prioridades da marca.


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CBI INVESTE 1,5 MILHÕES EM LINHA DE ALFAIATARIA POR MEDIDA

A T-SHIRT DO T Por: Cláudia Azevedo Lopes Se é verdade que não pode existir T-shirt sem T (com o risco de se tornar numa mera shirt), é verdade também que não fazia sentido existir o T sem uma T-shirt. E para contrariar a velha máxima de que santos da casa não fazem milagres, quem melhor do que a nossa Katty Xiomara para agarrar com ambas as mãos – munidas de lápis, tesoura e linha de coser – a tarefa de desenhar a T-shirt oficial do T Jornal. Mesmo a tempo de assinalar as 50 edições. Agora é só vestir a camisola!

O grupo CBI aguarda a luz verde do Portugal 2020 para avançar com um investimento de 1,5 milhões de euros na modernização da sua participada Amma 1981, em Arganil, designadamente numa nova linha de alfaiataria industrial por medida. Francisco Batista, líder da CBI, tomou conta da Amma em 2017, na sequência de um acordo com os principais credores, garantindo o emprego a 160 trabalhadores e ficando com instalações, equipamento produtivo e marca (Carlo Visconti) desta empresa, no entretanto rebatizada Amma 1981-Têxtil.

"O nosso objetivo é consolidar a posição na América do Sul. Já temos presença há vários anos, tanto na Europa como na Ásia e na África" Carlos Couto CEO da Natcal

INDITEX QUER FORNECEDORES 100% SUSTENTÁVEIS ATÉ 2025 Quase 1.500 fornecedores e 6.600 fábricas envolvidas devem alinhar com o compromisso de sustentabilidade assumido pelo presidente da Inditex, Pablo Isla, na última assembleia geral: dentro de cinco anos, todas as compras em outsourcing do gigante galego serão feitas em unidades industriais sustentáveis. O desafio é exigente, mas as empresas que não se adaptarem terão de deixar a cadeia de fornecimento da Inditex.

FARFETCH LEVANTA 250 MILHÕES PARA INVESTIR NA CHINA

Esta é que é a verdadeira T-shirt “A primeira coisa que pensámos foi obviamente num T”, diz Katty a propósito do processo criativo que passou por vários estágios até chegar ao resultado final. “A primeira versão consistia numa repetição de T’s, embora feita de forma menos geométrica, mais orgânica. Era tudo bastante arredondado, mas seguindo a linha do T, ou seja, destacava-se na T-shirt inteira um T gigante”, explica. “Depois pensámos também em fazer uma brincadeira com o número 50 e através também da repetição dos vários 50, destacar um T gigante”. No entanto, a icónica imagem do logótipo do T Jornal era incontornável e foi a inspiração para a criadora desenhar a versão final da camisola oficial do T. “Decidimos destacar o T através da repetição de um elemento em específico – o logótipo do T –, embora mais depurado. Os vários T formam uma malha, o que nos leva um bocadinho até ao universo da fileira têxtil”. Dessa malha evidencia-se um dos T’s, colocado do

lado esquerdo, que se mantem igual ao logótipo e que é evidenciado através da cor. “O próprio logótipo do T parece uma teia, uma trama. Tem um aspeto de sarja, e por isso quisemos pegar nessa ideia, expandi-la e depois realçar um dos T tal como ele é na realidade”, revela Katty Xiomara. O resultado é uma T-Shirt de cor taupe, discreta e intemporal, que celebra o passado e o futuro do T Jornal através da sua imagem mais icónica. “O objetivo era fazer a T-shirt num tom neutro, mas fugindo ao preto e ao branco”. Agora com sentido de missão cumprida, Katty não reclama das dores da criação e fala com a certeza de quem nunca se deixa intimidar pelos desafios. “Foi um desafio de experimentação. Fazer, colocar, retirar, pôr... Mas é algo que gosto de fazer por isso deu-me muito prazer. Principalmente porque faço parte do T, participo nele desde a primeira edição. E já são cinquenta edições! A única coisa que me resta dizer agora é: parabéns ao T!”.t

A Farfetch, plataforma de comércio eletrónico de luxo fundada por Jose Neves e sediada em Londres, levantou 250 milhões de dólares (cerca de 227 milhões de euros) para impulsionar a sua expansão na China. O investimento foi financiado pela Tencent, gigante chinesa de tecnologia que possui plataformas como WeChat, e pelo fundo de investimento Dragoneer, investidor da Airbnb, Etsy, Uber e Spotify. Cada um comprou 125 milhões de dólares em dívida convertível em ações.

35%

da energia consumida na Paulo de Oliveira é produzida por painéis fotovoltaicos

MODA TEM DE INVESTIR 27 MILHÕES POR ANO NA SUSTENTABILIDADE Um relatório da autoria da Boston Consulting Group e do Fashion for Good, apresentado no Fórum de Davos, refere que a criação de um modelo sustentável para o setor da moda obriga a um investimento anual entre os 18 e os 27 milhões de euros. O estudo ‘Financiamento da transformação na indústria da moda’ indica, por outro lado, que este esforço tem de ser mantido até 2030. Sebastian Boger, partner da Boston Consulting, destacou ainda os problemas dos dois extremos da cadeia de valor: a disponibilidade de matérias-primas sustentáveis e soluções de reciclagem no final da cadeia.


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SIDÓNIOS INVESTE OITO MILHÕES PARA SE TORNAR VERTICAL A Sidónios tem em marcha um ambicioso plano de investimentos, orçado em oito milhões de euros, que além de tornar o grupo vertical – acrescentando-lhes as valências de tinturaria e acabamentos – lhe permitirá triplicar a área produtiva. “Fazer tudo internamente vai permitir-nos servir melhor e mais rapidamente o cliente, já que acompanharemos diretamente todas as fases de fabrico do produto”, explica Sidónio Silva, 57 anos, fundador e líder deste grupo, que compreende duas empresas – a Sidónios Malhas e a Sidónios Seamless.

250

mil milhões de euros é quanto vale o mercado mundial de sportswear

SKULK SUBIU À PASSARELA NA MOMAD

De cores vibrantes e com um efeito tridimensional, a camisola que a marca portuguesa Skulk desenvolveu em exclusivo para o desfile da Momad, em Madrid, não deixou ninguém indiferente. “É uma peça de mulher, embora possa também ser perfeitamente usada por homens, que espalha o conceito da nossa marca de urban wear”, disse Orlando Maciel, um dos sócios da marca. t

DUPLICAR AS EXPORTAÇÕES É NOVA META DA TEMASA A têxtil Temasa – Têxtil do Marco, SA foi vendida pela Sonae ao empresário Andreas Falley que aposta agora em duplicar as exportações, que no médio prazo devem passar a responder por cerca de 50% da faturação. As vendas ao exterior correspondiam até agora a entre 20% e 25% do volume de negócios. “Vamos trabalhar os mercados naturais de exportação para a fama de produtos que fabricamos”, ou seja, preferencialmente os países europeus onde a têxtil já se encontra. Espanha, Itália e Reino Unidos são os pontos principais da ‘geografia externa’ da empresa. Com a sua anterior gestão, a Temasa chegou a ponderar abrir uma outra frente de interesses nos Estados Unidos e no Canadá, mas Andreas Falley não irá por aí: “não me parece que seja um grande mercado para a confeção, ao contrário do que acontece por exemplo nos têxteis-lar”. A estratégia de negócio também vai ser realinhada, disse Andreas Falley ao T Jornal, no sentido de apostar cada vez mais nos produtos com valor-acrescentado – o que possibilitará o crescimento das margens do negócio – em detrimento do volume. Roupa de bebé e criança “mas também roupa de adulto, que deverá pesar cerca de 20% do total da produção”, são as apostas.

O novo acionista (único) da Temasa espera assim que a empresa entre rapidamente na recuperação dos seus indicadores, depois de ter fechado o ano de 2019 com um acentuado arrefecimento do seu volume de negócios. “A Temasa fechou 2019 com uma faturação muito próxima dos seis milhões de euros”, depois de no ano anterior ter ultrapassado os sete milhões. Mas o crescimento do volume não é a maior preocupação do gestor: “queremos apostar na margem”, referiu. De qualquer modo, a empresa não vai ‘cortar com o passado’: “a Sonae continua a precisar de produção industrial nacional, pelo que vai manter o vínculo à sociedade que vendeu, desta vez na ótica do cliente – até porque o knowhow está na Temasa, responsável, para além de vários produtos da Zippy e da MO, pelas fardas escolares do Colégio Efanor (da Sonae) e pelo workwear dos empregados das lojas Worten, Bagga, MO e Zippy. Em termos da escala da mão-de-obra – a Temasa emprega 82 pessoas – Andreas Falley considera que está ajustada às necessidades da empresa. O empresário está também ligado à Ribera, empresa especializada no fabrico de rendas e bordados. t

AMAZON E PUMA LANÇAM MARCA DESPORTIVA CARE OF

MERCADO DA SEGUNDA MÃO CRESCE MAIS QUE O DO LUXO

A gigante de vendas online Amazon e a Puma, grupo alemão de artigos desportivos, assinaram um acordo para o lançamento conjunto de uma nova marca de vestuário desportivo a que chamaram Care Of. Disponível apenas na plataforma online, é a primeira vez que a Amazon cria uma marca nova em colaboração com outra empresa.

O mercado de roupa e moda em segunda mão terá nos próximos anos um crescimento ainda mais rápido que o mercado do luxo. Segundo a consultora Boston Consulting, o mercado de segunda mão – alavancado pelas crescentes preocupações em termos ambientais – vai aumentar cerca de 12% ao ano, enquanto o de luxo expandirá apenas 9%.

"A sustentabilidade passou a ser um argumento de venda e uma vantagem competitiva das empresas portuguesas exportadoras" Braz Costa Director-geral do CITEVE

LAÇOS DE AMOR E MARIA CHICÓRIA DÃO PRIMEIRO PASSO FORA DE PORTAS

SOREMA APOSTA NA PRAIA COM MARCA PRÓPRIA BRICINI Bricini, uma palavra irlandesa que significa good mood, é a nova marca própria com que a Sorema quer aumentar a sua quota de mercado no segmento praia. “Já fazíamos toalhas de praia. Agora, a par da criação da marca, alargamos a nossa oferta para este segmento com diferentes qualidades, gramagens e design”, explica Ricardo Relvas, administrador da Sorema. A Bricini vem juntar-se à Grac-

cioza (vocacionada para o segmento luxo) e à Sorema Bath Solutions na carteira de marcas próprias da Sorema, que tem o seu centro de gravidade em Espinho e emprega 140 trabalhadores. Crescer no segmento praia, que tem um peso reduzido no seu volume de negócios, é o objetivo confesso deste investimento na Bricini por parte de uma empresa que faz metade da sua faturação

com marcas próprias e fechou o ano passado com um volume de negócios de aproximadamente 10 milhões de euros - um crescimento de 5% a 6% face a 2018. “A nossa perspetiva é continuarmos a crescer. E como a área de private label está estagnada, para fazermos face à concorrência turca temos de apostar nas marcas próprias e na inovação”, explica Ricardo Relvas. t

A FIMI - Feira Internacional de Moda Infantil, em Valência, foi o certame eleito pelas portuguesas Laços de Amor e Maria Chicória para darem o primeiro passo na internacionalização. “Chegou a hora da Laços de Amor se aventurar por novos mercados”, diz Joana Sousa, CEO da marca, depois de quatro anos centrada no mercado interno. Também dedicada à moda infantil, a Maria Chicória elegeu a FIMI pela “proximidade e ser uma feira com afluência de compradores de todo o mundo”, justificou a mentora da marca, Filipa Malta.


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SIR TILE: COM A ARTE NOS PÉS A ideia de transformar os azulejos portugueses num produto de design data de 2009, mas as boas ideias por vezes tardam a passar para a realidade e a Sir Tile – empresa criada por João Portas e Paula Cortez – acabou por só surgir em outubro de 2018. O projeto era claro: ‘transferir’ para um par de meias o design tradicional de alguns dos azulejos mais marcantes daquela arte, tão iminentemente portuguesa. Em velocidade de cruzeiro, a marca quer chegar em três anos a um volume de vendas da ordem dos 40 a 50 mil pares de meias, o que poderá significar uma faturação próxima do milhão de euros.

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"Não competimos para sermos os maiores, mas competimos para sermos os melhores; e o mundo está a reconhecer-nos por isso" Paulo Vaz Ex-diretor geral da ATP

DECENIO AVANÇA PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO Depois de mais de 26 anos a operar exclusivamente no mercado nacional, a marca portuguesa Decenio sente que 2020 é o ano para dar os primeiros passos rumo à internacionalização. Espanha é o mercado preferencial e embora ainda numa fase piloto, a marca portuguesa de moda masculina e feminina já deu início à exploração do projeto. “Já estamos a fazer testes apenas com um agente e a aceitação está a ser muito boa”, conta Rui Maia, responsável internacional da Decenio. Apesar de ser cotada como uma marca de estilo mais clássico, a Decenio quer provar que oferece também “coleções funcionais, confortáveis e fashion, capazes de recriar looks e tendências” que se adaptam às necessidades de públicos mais jovens, adianta Rui Maia. Nessa linha estratégica, a Decenio está a desenvolver “uma coleção cápsula adequada ao mercado espanhol”, resume. A decisão de abraçar novos estilos, conta o responsável internacional da marca do grupo Cães de Pedra, já arrancou no último trimestre do ano passado quando a Decenio e a designer Alexandra Moura se uniram para criarem uma coleção inédita “que toca a novos públicos e linguagens”. Ainda sem uma decisão final,

A coleção com Alexandra Moura marcou o início da estratégia da Decenio em abraçar novos públicos

Rui Maia pondera a primeira participação da Decenio numa feira internacional de moda e acessórios, o que pode acontecer na próxima edição da Momad, a decorrer no mês de setembro em Madrid, como forma de auscultar a apetência do mercado para as novas produções. Com o alargamento ao mercado es-

panhol, a Decenio segue os passos da outra marca do grupo Cães de Pedra, a Lion of Porches, que também começou pelo país vizinho o seu percurso de expansão internacional. Além de Espanha, onde tem uma rede de duas dezenas de lojas - além de corners nas lojas El Corte Inglès – a Lion of Porches está já presente em mais nove países. t

DOIS PORTUGUESES ENTRE OS VENCEDORES DO PRÉMIO OPENMYMED A estilista Katty Xiomara e o designer e ex-manequim Estelita Mendonça são os dois portugueses que fazem parte do restrito grupo de 13 vencedores do prémio OpenMyMed. Atribuído desde 2010 pela Maison Méditerranéenne des Métiers de la Mode (MMMM), de Marselha, França, tem como prioridade desenvolver e destacar o design dos países da bacia mediterrânica. Cada vencedor da edição 20202021 receberá 45 mil euros e parti-

cipará num ‘Campus Fashion Booster’ durante cinco dias na cidade de Marselha. A votação decorreu online, através do Facebook, até 31 de janeiro, mas um júri internacional de especialistas teve também uma palavra de peso sobre a matéria: de entre todas as inscrições recebidas de 21 países, o júri selecionou 25 criadores, dos quais foram escolhidos os 13 finalistas. O prémio OpenMyMed, atribuído anualmente desde 2010, tem como missão apoiar os vencedores em três

setores fundamentais para estabelecerem as suas marcas: estratégia, comunicação e comercialização. Na edição do ano passado, um júri composto pelo conselho de administração da MMMM selecionou 30 jovens vencedores das oito primeiras edições, para celebrar os 30 anos daquela instituição. Entre os vencedores selecionados encontravam-se os portugueses Susana Bettencourt, uma das vencedoras da 7ª edição (2017), e Luís Carvalho, vencedor da 8ª edição. t

INDÚSTRIA 4.0 OBRIGA À REQUALIFICAÇÃO DO EMPREGO Um estudo da responsabilidade da CIP e da Nova SBE, intitulado ‘O Futuro do Trabalho em Portugal – O Imperativo da Requalificação: Impacto no Norte’, estima que a região irá perder 421 mil postos de trabalho até 2030, ainda que 227 mil novos postos sejam criados. O maior impacto aponta para a têxtil, setor onde a indústria 4.0 irá permitir a libertação de uma série de funções que neste momento são ainda cumpridas pela mão-de-obra humana e que passarão a sê-lo por máquinas.

CONCURSO BORDADOS DE CASTELO BRANCO JÁ TEM FINALISTAS Já são conhecidos os oito finalistas da edição de 2020 do concurso “O Bordado de Castelo Branco e a Moda”. O júri do evento analisou as 22 propostas enviadas por estudantes de moda e recém-diplomados e elegeu os projetos que seguem agora para a fase final. Mais variedade e candidaturas recebidas de vários pontos do país são as notas dominantes no concurso deste ano. No “Vestuário” passaram à final os projetos de Inês Santos, Paula Branco, Sara Figueiredo e Vânia Barros, enquanto na categoria “Calçado e Acessórios” a preferência do júri recaiu sobre as candidaturas de Carlota Magalhães, de João Barata, da dupla Maria Seco e Mariana Alves e de Vânia Barros – esta última uma verdadeira totalista no concurso, já que marca presença na final das duas categorias, depois de no ano passado ter conquistado os dois primeiros lugares. Os oito finalistas têm até 18 de março para entregar os materiais das peças, que serão ultimadas com a ajuda profissional das bordadoras do Centro de Interpretação do Bordado de Castelo Branco. As peças serão reavaliadas pelo júri e os vencedores – primeiro, segundo e terceiro lugar em cada categoria – são apresentados ao público, em desfile final, na Fábrica da Criatividade, em junho, sem data ainda definida. Um interesse crescente por parte de escolas de moda e designers profissionais marca desde já o concurso deste ano. “Em 2019 recebemos 15 candidaturas e agora foram 22, e para além disso recebemos muitas dúvidas e manifestações de interesse. Nota-se uma maior diversidade em termos de concorrentes, cada vez mais dispersos, um pouco de todo o país e de várias escolas”, explica Alexandra Cruchinho, coordenadora do concurso que é organizado anualmente pela Câmara de Castelo Branco para promover a utilização do icónico bordado local. t


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1 O T NA ERA 5.0 São 50 edições em papel, mas as palavras do T vão muito além da versão impressa. Nas plataformas digitais contamos com duas versões, em português e inglês e em atualização permanente. Desde que abriu portas ao cibermundo, em 2016, o T online já recebeu mais de um milhão e meio de visitas, sobretudo de leitores em Portugal, mas também em Espanha, França, Reino Unido, e mesmo de geografias mais distantes como os Estados Unidos, Brasil ou Angola. Com uma newsletter diária, fazemos chegar à caixa de e-mail cerca 3 mil subscritores, todas as novidades da nossa indústria têxtil e vestuário, ao final da manhã, de segunda à sexta-feira, sem interrupções. Nas redes sociais – Facebook, Instagram e LinkedIn – partilhamos todos os artigos, fotografias e vídeos a mais de 7 mil seguidores. Se a indústria vive a revolução 4.0, no T já seguimos a onda 5.0

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5. Carla Costa inaugurou o seu atelier em Guimarães – 5249

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2. Adalberto tem a melhor máquina do mundo - 9 259 4. Carlo Visconti está de volta pela mão de Francisco Batista – 5 508

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1. Fábrica Valérius 360 arranca em Setembro em Mindelo – 13 481 3. Cordeiro Campos está a contratar 120 pessoas – 8 326

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GÉNERO: MULHER - 44% HOMEM - 56%

a) 18 – 24 (4,3%) b) 25 – 34 (26,02%) c) 35 – 44 (32,81%) d) 45 – 54 (18,24%) e) 55 – 64 (12,47%) f) 65 OU MAIS (6,16%)


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n HALL OF FAME Texto: António Freitas de Sousa

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PEDRO SIZA VIEIRA Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital

“TÊXTIL É EXEMPLO DE UM CLUSTER QUE FUNCIONA” 30 A 32

FOTO: RUI APOLINÁRIO

EMERGENTE

CINCO EMPRESAS QUE FESTEJAM OS 50 ANOS

EMPRESA

NOVOS PROTAGONISTAS

INOVAFIL INOVA PARA ESTAR NO PELOTÃO DA FRENTE

OS CAMPEÕES MODATEX QUE ESTÃO A DAR CARTAS NA MODA

PERGUNTA DO MÊS

PRODUTO

O QUE PODE FAZER MAIS O T PARA AJUDAR A ITV?

COLETE DA POLISPORT FAZ O FITTING ENTRE TÊXTIL E PLÁSTICO

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CAPAS COM OS PROTAGONISTAS DA DINÂMICA QUE FEZ RENASCER O SETOR TÊXTIL

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em todos então acreditariam, mas eram bem premonitórias a palavras gravadas no “T” na sua capa de apresentação: “Voltaremos a exportar 5 mil milhões antes de 2020”. Não era um mero palpite ou vaticínio, mas antes a certeza do então presidente da ATP, assente não só na solidez das empresas e dos empresários mas também na vontade e inovar e empreender que tem sido a imagem de marca da nossa ITV. Uma dinâmica que permitiu superar aquela e muitas outras metas, que transformou o têxtil português num cluster de relevância mundial e fez com que hoje seja apontado como um caso de sucesso e exemplo para mui-

tos países e regiões. Dos esforços de internacionalização aos têxteis técnicos e aposta na sustentabilidade, as empresas portuguesas não param de inovar e apontar ao futuro. Mais que fornecedor, o têxtil português é hoje um sistema que inova em produto e design e um verdadeiro criador de tendências. Uma evolução que o “T” tem procurado acompanhar, mas também dar a conhecer através dos seus muitos e diversificados protagonistas. São eles os rostos dessa evolução e por isso fizeram as capas destas 50 edições que aqui deixamos aos nossos leitores. Não só para memória futura, mas também como testemunho e recordação do caminho até aqui percorrido.

EDIÇÃO 50

RITA NORO ENTRE O TÊXTIL E A ESCULTURA

P 16

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JANEIRO-FEVEREIRO 2020

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS


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O número zero, em agosto de 2015, apresentava o T como um projeto de futuro para uma indústria com futuro. Estava certo!

T ANA PAULA RAFAEL CEO da Dielmar

P 12 A 14

"NO FUTURO SÓ ERRAMOS SE FORMOS TOLOS"

N Ú M E RO 2 OUTU B RO 2015

JOSÉ ALEXANDRE OLIVEIRA Presidente da Riopele

FOTO: RUI APOLINÁRIO

"TEMOS TUDO PARA SERMOS A FÁBRICA DA EUROPA" P 12 A 14

DOIS CAFÉS E A CONTA

KOEHLER ATENTO A MICRO-NEGÓCIOS NO FACEBOOK P8

MODA

PERGUNTA DO MÊS

SIM, VALE A PENA SER ENGENHEIRO TÊXTIL!

PORTUGAL FASHION VAI ANDAR A DESFILAR POR LISBOA E PORTO P 20

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EMERGENTE

VANESSA GARCIA-AGULLÓ UMA NÓMADA COM DOIS NEGÓCIOS P 25

FOTOSINTESE

MODTISSIMO: O ANO DE TODOS OS RECORDES P 12 E 13

A GABARDINA BURBERRY DE ISABEL MARRANA P 31

MALMEQUER

RITA FORTES GOSTA DE VIAJAR E DE REGRESSAR P 31

DEPOIS DO ZERO

01

Dar voz aos protagonistas, propósito assumido à nascença. “A ITV são as pessoas e num mundo globalizado são mesmo as pessoas que podem fazer a diferença na ITV”, lia-se no primeiro editorial


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COMPETE 2020 APONTA FUTURO PROMISSOR PARA O TÊXTIL O setor têxtil continua a apostar na inovação, na sustentabilidade e na construção de um futuro que se espera promissor, destaca a última newsletter do Compete 2020. A notícia sublinha os investimentos em áreas como as Tecnologias de Informação e a I&D. Reportando-se às conclusões das iniciativas relativas ao setor que decorreram recentemente, a newsletter destaca a dinâmica do setor, destacando iniciativas como o Fórum da Indústria Têxtil, a sessão de encerramento do projeto Fashion From Portugal 4.0 e o projeto TexBoost.

74,5 CLÁUDIA FARIAS VENCE “TEA & BURGER” DO MODATEX

milhões de euros foi o volume de negócios da Riopele em 2018, que esperava fechar 2019 com um ligeiro crescimento Foi com a “A Burguesinha” – um casaco inspirado no estilo militar –, que Cláudia Farias alcançou o 1º lugar do “Tea & Burger”, um concurso promovido pela delegação da Covilhã do MODATEX destinado a eleger o melhor coordenado inspirado na Covilhã do Século XVIII. Isaura Mendes conquistou o 2º lugar com “A Dama da Neve”, inspirado na Real Fábrica dos Panos da Covilhã do século XVIII, e a fechar o pódio ficou a farda militares do século XVIII, com aplicações em Burel, criada por Aida Vaz. t

PRESIDENTE DA ATP ALERTA: ESTAMOS QUASE NA FADIGA FISCAL “Empresas têxteis estão no limite da fadiga fiscal”, é o título de capa da entrevista de Mário Jorge Machado, presidente da ATP, ao Vida Económica. Um olhar duro sobre o momento atual atravessa as duas páginas desta entrevista do novo presidente da ATP, de que respigamos aqui excertos do pensamento de Mário Jorge Machado sobre quatro assuntos chave: carga fiscal, recursos humanos, conjuntura e competitividade. CARGA FISCAL - “A carga fiscal tem vindo a aumentar paulatinamente, em Portugal, nos últimos anos, nos impostos diretos e nos indiretos. Estamos a atingir recordes e podemos estar a chegar à fadiga fiscal, em que será contraproducente qualquer aumento de impostos pois só trará menos receita fiscal e criará estímulos à evasão. O crescimento económico é sempre inversamente proporcional à carga fiscal” RECURSOS HUMANOS - “A industria transformadora, em que a têxtil e o vestuário se incluem, vive uma dramática falta de mão de obra qualificada e indiferenciada. Existe uma forte concorrência

de outros setores de atividade que oferecem aparentemente melhores condições de trabalho, nomeadamente no que se refere aos serviços, entre os quais pontificam as start ups e o turismo” CONJUNTURA - “O mercado está a mudar de uma forma mais rápida que a nossa compreensão da realidade. Desde setembro de 2018, a conjuntura alterou-se bruscamente e esta mudança tocou todos os setores da têxtil, incluindo as empresas que trabalham para o automóvel. Quebra de encomendas e adiamento de decisões sobre programas de produção estão a caraterizar este período menos positivo” COMPETITIVIDADE - “Para que uma indústria seja competitiva há que analisá-la sob o prisma do custo do factores produtivos: custo do trabalho, custo do dinheiro, custo da energia e custo ambiental, assim como do ambiente business friendly em que pontifica a carga fiscal, a proteção do investimento e o quadro jurídico-laboral. Se olharmos para todos eles, o cenário não tem uma perspetiva optimista, antes pelo contrário”. t

CORTE INGLÉS QUER ATINGIR MIL MILHÕES NO ONLINE EM 2020

UNIFARDAS POUPA 750 KG DE PLÁSTICO POR ANO

O grupo Corte Inglés estabeleceu como uma das suas metas que as vendas online atinjam mil milhões de euros em 2020, afirmou o diretor daquela área, Ricardo Giozueta, que garantiu também que a aplicação para telemóveis do El Corte Inglés tem assegurado mais tráfego e que a empresa está a lançar a nova versão do seu site.

Cada vez mais orientada para a responsabilidade ambiental, a Unifardas decidiu passar a utilizar uma embalagem dupla para as fardas que confeciona, o que lhe permitirá poupar 75 mil sacos, ou seja, 750 quilos de plástico por ano, estratégia que contemplou também o investimento num novo website, pensado para a internacionalização.

"As grandes ideais de moda, como a H&M, Puma e Adidas, estão à procura de novas propostas, de novos materiais de fornecedores que queiram resolver os seus problemas de resíduos" Fernando Merino Diretor de Inovação da ERT

A COLEÇÃO BRINCALHONA DA TUC TUC

MUSEU DA INDÚSTRIA TÊXTIL LANÇA COLEÇÃO MONOGRÁFICA Foi perante uma plateia repleta de figuras da têxtil nacional que Paulo Vaz, na altura diretor-geral da ATP, acompanhado pelo presidente do Departamento de Ciência e Tecnologia Têxteis da UBI, Rui Miguel, apresentaram os resultados do Fashion From Portugal 4.0, no Museu dos Lanifícios, na Covilhã. A apresentação da coleção monográfica ‘Arqueologia Industrial’, de Lopes Cordeiro, marcou o encerramento do programa ‘Percur-

sos e memórias da indústria na Bacia do Ave’ que, durante o último trimestre de 2019, promoveu várias conferências e visitas guiadas a antigas fábricas dos primórdios da indústria têxtil famalicense. Esta coleção, fundada em 1987 como publicação periódica, foi agora lançada em formato livro “constituindo uma coleção monográfica nas áreas da arqueologia, património e museologia industrial, procurando acompanhar o

desenvolvimento destas áreas no país e no estrangeiro”, segundo comunicou a autarquia de Vila Nova de Famalicão. Com a cerimónia de apresentação o Museu da Indústria Têxtil encerrou também o ciclo de visitas guiadas que decorreu de Outubro a Dezembro de 2019 com o objectivo de traçar o retrato do impulso industrial vivido na região ao longo do século XIX e inícios do século XX. t

O espírito desportivo dos Jogos Olímpicos, que vão decorrer em Tokyo no próximo verão, inspiraram cada detalhe das nova estação SS20 da Tuc Tuc. Os nomes Tokyo e Tuc Tuc juntam-se e criam um jogo de palavras divertido, que dá origem a Tuckyo, a coleção mais brincalhona da estação. O desporto, as cores dos anéis olímpicos e o Maneki Neko (o famoso gatinho da sorte) são os protagonistas inconfundíveis desta coleção.


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M EMERGENTE Por: António Freitas de Sousa

Rita Noro Designer Família Vive com as duas filhas, Mila (sete anos) e Lana (quatro anos) Formação Licenciatura no Institut del Teatra, Barcelona Casa T3 no centro do Porto, que está prestes a comprar Carro Opel Agila Portátil Apple Telemóvel Xiaomi Hobbies Fotografia, filmes e livros (“ando a ler O caminho imperfeito, de José Luís Peixoto”) Férias Um sonho permanente, que em Cuba encontrou um lugar fantástico Regra de ouro Fluir na vida como a água: sem expetativas, seguindo unicamente as regras que fazem sentido

Entre o têxtil e a escultura

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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Quando essa espécie de nomadismo que praticou como uma certeza existencial deixou de ser uma opção – tinha acabado de ser mãe da sua primeira filha – Rita Noro voltou ao Porto para se deixar em sossego. Para trás ficavam mil viagens, uma vida universitária em Barcelona, uma paixão pela Índia – a que está sempre a regressar – e “um cérebro que borbulha de criatividade”. Podia ter-se deixado ficar pelo conforto da segurança da cidade, a proximidade financeira do pai das suas duas filhas e o tempo repartido entre a equitação, a dança e o ballet das crianças, mas essa coisa de não fazer nada não parece caber no léxico das suas opções e, como se fosse pouco mais que por acaso, o design de peças de moda fez de repente todo o sentido. O que não fazia sentido, nunca fez, foi fazer coisas iguais às que já se encontram por aí ou reproduzir fórmulas vulgares, por muito que já se tenham revelado sensatas. Rita Noro, que verdadeiramente nunca teve uma paixão assolapada pelo design de moda, descobriu de repente uma fórmula que quis de imediato testar: o têxtil como instrumento de criação escultórica. As suas criações – que têm por base pedaços de tecido das mais diversas proveniências (entre reposteiros, cortinados, toalhas de mesa e roupa indeterminada), feitios, cores, texturas, toques e levezas – têm todas as caraterísticas necessárias e suficientes para se confundirem com a arte maior da escultura. É essa, aliás, a sua imagem de marca, aquela que é a distinção das suas criações: “é uma criação teatral, fantasiosa, e por isso também exclusiva: não há duas peças que sejam iguais”, diz Rita Noro para as descrever, à medida que as vai desencantando de diversos sítios para as abrir em cima da mesa da sala, que se confunde, displicente, com um depósito de memórias de viagem. Rita Noro concluiu o 12o ano em Joalheria na Escola Soares dos Reis, mas depois rumou para a Academia Comtemporânea do Espetáculo, onde acabou por apaixonar-se por coreografia (disciplina que incluia o vestuário) e que foi um trampolim para o Institut del Teatra, escola semi-pública sita em Barcelona, o que a obrigou a aprender catalão e a desperdiçar (do ponto de vista curricular e não outro) um ano, o de 2003, por causa da falta de equivalências. Uma viagem à Índia (em 2010) acabaria por resultar num turbilhão de caminhos novos: conheceu aquele que seria o pai das suas filhas – que vendia produtos gourmet na Tailândia – e descobriu um lugar a que volta constantemente, tem de voltar, como se fosse ali que estivessem as baterias que colocam a sua criatividade, carregando-as, no ponto de ebulição necessário. Rita Noro está por estes dias a fazer as malas para regressar a Goa, de onde virá em abril, onde tem uma das suas frentes de negócio: a Iboga, marca do francês Lorean Pelissier, que as espalha por aí a partir da Índia, mas onde também vende as roupa que leva a sua marca (Rita Noro). Não por certo às indianas: “vendo para a comunidade internacional que vive em Goa”, uns sempre outros quase sempre – numa amálgama que faz lembrar as comunidades hippies e que, para todos os efeitos, não é composta por gente vulgar, a quem se possam vender coisas vulgares. “Acredito na anarquia”, diz Rita Noro, como sendo o esteio de uma liberdade que não tem de ter freio. Das suas criações, diz, aquilo que mais gosta de fazer são vestidos de noiva (e também de noivo, como já lhe sucedeu) onde pode acrescentar a criatividade em doses generosas, mas esse gosto não é mais forte que o apelo do nomadismo: as filhas já cresceram o suficiente para a acompanharem e por isso Rita Noro não tem a certeza que não esteja de partida. Também não tem a certeza de saber onde é a chegada dessa nova partida – o que, em termos da criação de roupa não tem importância maior: a sua principal plataforma de venda é online, sendo despiciendo se o design é produzido no Porto, em Goa, em Barcelona ou noutro canto qualquer – sendo que o que é importante para Rita Noro é estar rodeada dos instrumentos que lhe permitem continuar a produzir tecidos que são escultura. t


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ITV VAI CONSEGUIR ABSORVER AUMENTOS DO SALÁRIO MÍNIMO?

ADALBERTO FICA MAIS VERDE COM 2150 PAINÉIS FOTOVOLTAICOS A instalação de 2150 painéis fotovoltaicos é a medida mais vistosa do pacote de investimentos em sustentabilidade que a Estamparia Adalberto tem em curso, uma nova estratégia que assenta no tripé sustentabilidade, responsabilidade social e inovação. O aproveitamento fotovoltaico deverá estar operacional em agosto, terá um pay back de quatro anos e alimentará toda a fábrica e a ETAR, prevendo-se que satisfaça cerca de 40% das necessidades energéticas da empresa. “Essa percentagem só não será maior porque trabalhamos a três turnos, 24 horas por dia. Mas apenas consumiremos energia verde uma vez que a que vamos buscar à rede tem origem em fontes renováveis“, garante Susana Serrrano, CEO da Estamparia Adalberto.

"O homem de hoje é muito diferente do que era no passado. É muito mais exigente e preocupado com a forma de se apresentar" Paulo Ferreira CSO Adalberto

O salário médio da ITV está a subir muito acima do que acontece no total do país, mas ainda assim continua abaixo da média nacional

Acomodar as subidas do salário mínimo nacional para 750 euros, em 2023, é um dos maiores desafios que se colocam à ITV portuguesa – de acordo com as estatísticas apresentadas no XXI Fórum Têxtil por João Cerejeira, professor da Universidade do Minho. Nos trabalhadores por conta de outrem (TCO), o salário mínimo nacional tem um peso muito elevado na massa salarial das PME do setor – vale 70% nas micro-empresas (até cinco trabalhadores), 66% nas que empregam entre cinco a nove pessoas, e 63% nas que têm entre 10 a 49 colaboradores. “É um claro sinal de preocupação saber como é que as PME vão conseguir absorver os sucessivos aumentos previstos para o salário mínimo nacional”, alertou João Cerejeira, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e perito científico do Centro de Relações Laborais do Ministério do Trabalho e Segurança Social. Os salários médio e mediano da ITV estão a subir muito acima do que acontece no total do país, mas ainda assim continuam abaixo da mé-

dia nacional. Entre 2010 e 2017, o salário mediano do conjunto dos trabalhadores portugueses cresceu apenas 6%, (fixando-se em 826 euros/ mês) contra 18% na têxtil (727 euros) e 17% no vestuário (627 euros). A fraca qualificação e envelhecimento dos recursos humanos da nossa ITV são os aspetos mais negativos das estatísticas apresentadas por João Cerejeira. Apenas 28% dos trabalhadores da indústria têxtil e 18% do vestuário concluíram o secundário, percentagens muito distantes dos 52% da média nacional dos trabalhadores portugueses, que têm pelo menos essa qualificação. Também preocupante é o facto de apenas pouco mais de um terço dos trabalhadores da ITV (37% no caso da têxtil e 36% no vestuário) terem menos de 40 anos (contra 46% da média nacional). Em face deste cenário, ser capaz de atrair trabalhadores mais jovens e qualificados é outro dos grandes desafios que se colocam à nossa ITV, segundo o especialista em economia de trabalho da Universidade do Minho. t

FASHION SVP MOSTRA ‘5 MINUTES WITH…’ TRIWOOL A Triwool foi escolhida pela organização da feira internacional de moda Fashion London SVP para conceder uma entrevista exclusiva sobre o presente e o futuro da empresa portuguesa de malhas para a rúbrica ‘5 minutes with...’. A rúbrica apresenta o que de melhor se faz internacionalmente no setor e nomes como a Kilim Denim, Konfeks e Fashion Team fazem parte do restrito grupo de empresas entrevistadas. ‘5 minutes with’ está disponível no site da feira internacional de moda. Nos ‘5 minutes with Tri-

wool’ Sandra Costa, supervisora da empresa portuguesa, defende que “o conceito de sustentabilidade – ética e ambiental – está a crescer imensamente”. Uma preocupação que tem sido, de resto, uma oportunidade. “O sucesso da Triwool tem sido a oferta de produtos de valor acrescentado na qualidade, design e preços competitivos. Procuramos uma solução específica para cada cliente, desde a procura matérias-primas naturais, conceito de produção e adequação do design aos standards do

cliente”, explica Susana Costa.” Um olhar personalizado às necessidades dos clientes tem sido outra das prioridades da Triwool. “Nós procuramos uma solução específica para cada cliente, desde a procura matérias-primas naturais, conceito de produção e adequação do design aos standards do cliente”, explica. Especializada em knit garment, a Triwool conta neste momento com um total de 12 designers na equipa que contribuem para a grande dimensão da empresa, com clientes em todo o mundo. t

SPRINGKODE CONVIDADA PARA O GOOGLE STARTUPS GROWTH LAB A Springkode, empresa pioneira de e-commerce portuguesa que liga a indústria têxtil diretamente ao consumidor final, integra o grupo de startups portuguesas convidadas pela Google para o lançamento do seu programa Growth Lab em Portugal. O programa de aceleração, que decorre nos escritórios da Google, em Lisboa, até a 17 de Março 2020, agrega as startups early stage que a Google entendeu reunirem o maior potencial de aceleração de crescimento.

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peças (colchas, mantas, cobertores e sacos cama) são a capacidade instaladas da Giestal, que em 2018 registou um volume de negócios próximo dos 2,5 milhões de euros

O CASACO IRIDISCENTE DA P&R TÊXTEIS

A P&R Têxteis voltou a surpreender em mais uma edição da ISPO. Em estreia absoluta, o Rain-Run-Jacket, um casaco impermeável que integra uma tecnologia que o torna iridiscente, melhorando a visibilidade dos desportistas, sobretudo durante a noite. Uma peça que não deixou ninguém indiferente e que funciona como efeito de ótica, fazendo com que o visualizemos de forma fluorescente e com as cores do arco-íris.


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APESAR DA CONJUNTURA DIFÍCIL LASA QUER CRESCER 10% EM 2020 Um crescimento de 10% no volume de negócios é o objetivo que o grupo Lasa fixou a si próprio para 2020, depois de em 2019 as vendas terem rondado os 70 milhões, em linha com as de 2018 mas abaixo das previsões da administração. “A conjuntura não está fácil. Os Estados Unidos são uma grande incógnita e a concorrência turca é cada vez mais forte, usando armas como a desvalorização da moeda, que não estão ao nosso alcance. Mas estou positiva. Este ano vamos voltar a crescer”, garante Fátima Antunes, administradora do grupo.

"A nossa aposta é no investimento contínuo e na diferenciação" Ana Vaz Pinheiro Administradora da Mundotextil

TÊXTIL E DESIGN EM SÃO BENTO

Burel Factory, Ferreira de Sá, Tapetes Beiriz e Tapetes Portalegre são algumas das marcas responsáveis pelas 85 peças de têxteis, mobiliário e decoração que enchem desde janeiro o Palácio de São Bento, numa mostra representativa do design português que até Junho do próximo ano vai rechear a residência oficial do primeiro-ministro. Com curadoria da diretora do Museu do Design e da Moda, Bárbara Coutinho, a intervenção tem como princípio conferir um visual mais contemporâneo a este espaço, que estará aberto ao público nos primeiros domingos de cada mês, com visitas guiadas e gratuitas. t

FROM PORTUGAL COM CERCA DE CEM DE FEIRAS NA AGENDA 2020 De Tóquio a Nova Iorque, de Toronto a Medellín, com todas as grandes capitais europeias no percurso. São incontáveis os quilómetros que o projecto From Portugal vai percorrer em 2020, num calendário composto por quase uma centena de feiras, e que promete levar a moda e os têxteis nacionais aos quatro cantos do globo. Do plano já apresentado, para além da presença nas feiras mais incontornáveis – como a Heimtextil ou a Première Vision – saltam à vista as novas incursões em mercados emergentes que vão da América do Sul ao Extremo Oriente. São ao todo 18 países, com uma clara prevalência das praças europeias, onde a comitiva From Portugal é já presença habitual. À imagem dos últimos anos, as cores portuguesas voltam a fazer-se notar nas principais fei-

ras de Paris, Madrid, Milão, Londres, Berlim, Estugarda e Munique. Fora da Europa é também reforçada a aposta nos Estados Unidos e no Japão, com a presença em várias feiras. Um programa cada vez mais preenchido que inclui toda a indústria. O sector da moda e vestuário surge em destaque, com mais de 30 feiras especializadas, mas há também lugar a uma forte presença nos têxteis-lar e decoração, nos fios e acessórios, e no emergente setor dos têxteis técnicos, que este ano conta com mais uma edição da bianual Techtextil, organizada em Atlanta, nos EUA, entre os dias 12 e 14 de Maio. Aumentar a visibilidade da ITV nacional e promover a qualidade, inovação e sustentabilidade dos produtos Made in Portugal são as principais metas estabelecidas para o programa From Portugal de 2020. t

A ÚLTIMA VEZ DE JEAN PAUL GAULTIER

BIENAL DE ARTE TÊXTIL VOLTA A GUIMARÃES

O estilista Jean Paul Gaultier surgiu pela última vez numa passarela na Paris Fashion Week, no dia 22 de Janeiro. “Comemorarei o meu cinquentenário no mundo da moda com um grande desfile no teatro Chatelet e este também será o meu último desfile”, tinha antes anunciado nas redes sociais. Uma despedida que não significa o desaparecimento da sua empresa. “A Gaultier Paris continuará com um novo projeto de que sou pioneiro e será revelado em breve”, prometeu Jean Paul.

Frankfurt foi o palco eleito pela organização da CONTEXTILE – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea para apresentar a sua 5ª edição, que irá decorrer entre cinco de Setembro e 25 de Outubro em vários espaços culturais de Guimarães. “Para nós, o têxtil é arte e esta Bienal é uma oportunidade de mostrarmos a nível internacional o nosso valor”, destacou o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, na apresentação do projeto, que decorreu no stand da Associação Selectiva Moda, na Heimtextil.

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é o peso da camisaria nas vendas da Somelos

DAVID CATALÁN COMEÇA 2020 EM CHEIO

XAVIER LEITE: PORTUGAL 2030 TEM DE APOIAR GRANDES EMPRESAS As empresas consideradas grandes devem ser elegíveis para apoios no âmbito do Portugal 2030 – defende Xavier Leite, 62 anos, CEO da Têxteis Penedo, na entrevista que fez a capa da edição de dezembro do T. “É uma área que merece estudo. À sua dimensão, cada empresa tem os seus próprios problemas. Deveria haver apoios às empresas conside-

radas grandes, se bem que em proporção diferente dos que são disponibilizados às PME”, afirma o CEO da Penedo. “Todas as empresas merecem proteção e apoio para darem continuidade aos seus negócios, que trazem valor acrescentado para o país. As PME precisam de grandes empresas para trazerem massa crítica para o país”, acrescenta Xavier Leite.

O CEO da Têxteis Penedo revela uma visão crítica dos apoios prestados à indústria pelo Estado português: “Faz falta uma postura mais agressiva por parte do Estado, no que tem a ver com a AICEP. Se analisarmos a agressividade das correspondentes espanholas e italianas à AICEP, vemos que a nossa está atrás. Eles são mais agressivos, mais presentes”, conclui o empresário. t

O ano de 2020 começou de forma auspiciosa para David Catalán: a convite da Camera Nazionale della Moda Italiana, o estilista voltou ao calendário da Milano Moda Uomo com um desfile a solo, mesmo a anteceder a casa Gucci. O estilista não podia estar mais contente e convicto de que a sua mudança para o Porto foi um ponto de viragem e destacou parceiros como a Riopele, Troficolor, Class Wash, Zeksa e Vilarinho.


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OPINIÃO PORQUE FALHA PORTUGAL? Mário Jorge Machado Presidente da ATP

T JORNAL: APOSTA GANHA Paulo Vaz Ex-Editor do T, Diretor da Áreas de Negócio da AEP

Como facilmente se verifica, quando fazemos uma busca na web existe um elevado número de pessoas que defende que a Terra é plana. Com o conhecimento e os factos disponíveis, convenhamos que é difícil perceber como se pode defender hoje tal ideia. Seguindo a lógica deste raciocínio, percebemos porque existe um conjunto de partidos que criaram e defendem leis para nos levar na direção de uma sociedade estatizada. Na história recente não podemos ignorar os exemplos de países em que as leis sobre as quais se regiam determinam se criaram riqueza ou pobreza. Temos o exemplo da Alemanha de Leste face à Alemanha Ocidental, em que o mesmo povo aplicando leis diferentes produziu, no ocidente, um dos países com melhor economia e condições de vida da Europa, e no Leste a população sofria de escassez económica e social. Na atualidade, todos conhecemos bem a diferença entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul. Com estes factos não podemos deixar de nos surpreender da existência de partidos em Portugal que ignorem esta realidade económica e assumam posições e defendam leis que os colocam ao nível dos que defendem que a Terra é plana.

O projeto editorial do T Jornal resultou de uma intenção simultaneamente conservadora e ousada, nada tendo de contraditório: por um lado manter a fidelidade a um desígnio que a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, proprietária do título, tem definido há muito – pugnar por uma representação concentrada do associativismo têxtil português e consequentemente criar uma voz única, forte e consistente de toda a fileira: da criação à distribuição, passando por todos os subsectores da indústria, incluindo obviamente a confeção e, por outro, apresentar um órgão de comunicação moderno, arejado e atrativo, consonante com a pujança e regeneração empreendida pela indústria, fácil de ler sem perder o rigor, a densidade e a seriedade, facilmente replicável nas versões digital e in-

Se estas más práticas extremas nestes países tiveram consequências dramáticas, no caso português o conjunto de más leis que temos nas diferentes áreas ligadas à educação, economia e justiça provocaram o medíocre crescimento económico nos últimos 20 anos, fazendo com que o nosso PIB per capita fosse ultrapassado por uma parte significativa dos países de Leste Europeu, passando Portugal de 16 o para 21 o na UE. Se mais evidências são necessárias, podemos usar o ranking de competitividade do World Economic Forum, onde estamos em 34 o lugar, e em que nas dez primeiras posições temos vários países europeus, como Holanda, Suíça e Alemanha, que têm um PIB per capita superior a duas vezes o Português. Se compararmos a nossa atratividade em relação ao investimento estrangeiro com a dos nossos congéneres europeus, ficamos novamente nos últimos lugares de ranking . Todos estes maus resultados são o sintoma da causa raiz, as leis pelas quais somos governados, que nos levam a falhar como país atrativo para investir e criar riqueza. Temos que ser mais exigentes com os nossos governantes e não nos calarmos quando vemos políticos a produzir leis com crenças inspiradas em quem acredita que a Terra é plana. t

ternacional, apoiando também os esforços das empresas nas feiras em que participam por todo o mundo. Ao fim de 50 números celebra-se o indiscutível sucesso desta aposta. E, pelo facto de já não ser o editor do T, por razões de mudança na minha vida profissional, estou mais à vontade para felicitar a ATP pela iniciativa, assim como toda a equipa do jornal – a que está e a que foi por ele passando -, que diariamente realiza a informação que o setor já não dispensa, na pessoa do seu diretor, Manuel Serrão. Trata-se de um trabalho de excelência, profissional e apaixonado, que tem contribuído para a construção de uma imagem valorizada da indústria têxtil e vestuário portuguesa, hoje reconhecida globalmente como uma das mais modernas, evoluídas e inovadoras. Trata-se, contudo, de um esfor-

ço permanente e que não tem fim. A realidade é cada vez mais dinâmica, o que obriga as empresas a mudanças constantes e de adaptação, para poderem sobreviver e para poderem prosperar. Não há monotonia na indústria da moda e sendo esta uma sina, é igualmente um elemento de fascínio que nos mantém presos a ela, de muitas e sofisticadas maneiras. O T Jornal tem, por tudo isto, o futuro assegurado, pois se ele foi o registo da extraordinária mudança que o setor teve nos últimos anos, será igualmente o cronista privilegiado daquilo que, de forma ainda mais surpreendente e disruptiva, ele se tornará nos anos que aí vêm. Por isso, faço desde já o convite para a leitura do número 100, pois o tempo voa, que irá comprovar o que aqui vaticino.t


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José Alberto Robalo Presidente da ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios

Rui Zink Escritor e professor universitário

POR UM NOVO CHOQUE FISCAL

PODES FICAR COM O CHAPÉU

No passado dia três de Janeiro procurei, apoiado em alguma ironia, responder às afirmações do ministro Santos Silva acerca da gestão empresarial portuguesa. Para isso acabei por criticar bastante a linha governamental que tem dirigido Portugal nos últimos anos. Não querendo seguir exemplos passados, talvez seja correto e mais pedagógico apresentar algumas sugestões que considero vitais para a sobrevivência e desenvolvimento das nossas empresas. Com aquilo que tem sido a linha governamental apresentada nos diversos Orçamentos de Estado, mais uma vez o nosso governo opta por métodos de sancionatórios em vez de apostar em benefícios no que diz respeito às boas práticas em relação ao ambiente, saúde pública e sustentabilidade. Estas medidas punitivas, que inicialmente podem parecer a melhor resposta para a proteção ambiental, acabam por ameaçar cortar as asas a qualquer empresa que queira realmente agir de forma a alterar os seus métodos de produção para se tornar uma empresa sustentável. Não só as novas taxas de carbono sobre os combustíveis, e outras, vêm aumentar a carga fiscal futura, como também dificultam que essas mesmas empresas possam gerar lucros aplicáveis a novos métodos de produção mais amigos do ambiente. Assim, vamos assistindo a que boa parte do esforço financeiro que podia ser canalizado pelas empresas para que a Indústria, como um todo, evoluísse no sentido de ser uma referência para a sustentabilidade no mundo, seja desviado para a despesa pública, sem que esta se mostre capaz de criar mecanismos para o desenvolvimento dessa mesma sustentabilidade ambiental e social. A verdade é que estamos todos no mesmo barco. Só é possível ter uma economia forte, capaz de servir os seus cidadãos e garantir o estado social com empresas fortes e competitivas. Para isso, há que promover um autêntico choque fiscal que salve as empresas desta asfixia que lentamente as condena, e desenvolver uma estratégia económica que possa salvar o tecido empresarial existente e promover o aparecimento de novas empresas. Veja-se exemplos de empresas portuguesas que mudaram as suas sedes para países europeus onde a carga fiscal e parafiscal é mais baixa, prejudicando a sua imagem e diminuindo a sua contribuição para a economia nacional. As únicas empresas que não são afectadas pela actual política fiscal são aquelas que operam em regimes de quase-monopólio e que não têm que concorrer numa economia global, como tem que o fazer a têxtil. Concluindo, a continuar com as atuais políticas de criação, a um ritmo alucinante, de impostos e taxas, para além das que já existem, bem podemos esperar pelo D. Sebastião do capital estrangeiro, que o nosso governo parece tanto ansiar, que no nevoeiro da nossa realidade política irá sempre investir noutros países onde as condições são muito mais vantajosas que em Portugal. t

Somos, além do canguru-bebé, o único animal que se veste. E, dado que este T celebra 50 edições, pensei num jogo que todos podemos fazer em casa, acompanhados ou sozinhos: enumerar 50 peças de roupa. Ou afins, eu por exemplo tenho óculos e, quando conduzo, um colete refletor no porta-bagagens. Também contam. Afinal, estamos a falar de 50 peças de roupa, não de meia-dúzia. Os 50 é uma idade respeitável em todos os sentidos – até nos cinco. Embora lá, então, 50 coisas de vestir. O exercício levou-me nem cinco minutos. Aqui vai, numa só frase, ou quase: peúgas, chapéu, lingerie, casaco, casaquilha, colete, laço, gravata, lenço, camisa, camisola, sutiã, cinta, barrete, os óculos, as orelheiras, máscara bacteriana, colete refletor, as calças, cinto, saia, as cintas de liga, cachecol, lenço, gabardina, poncho para a chuva, cartola, solidéu, chapéu alto, paletó, os botões de punho, camisola sem alças, camisa de manga curta, os suspensórios, máscara de neve, camisolão, camisinha (também é uma peça de roupa, e protege uma parte do corpo com alguma importância), as luvas, as luvas só com dedo, as luvas de trabalho, as luvas sem dedos, pijama, vestido de noite, até aqui vão 43, faltam sete. Embora lá: colete antibala, polainas, botas de borracha, ténis de corrida, sapatos de marcha, cinta ortopédica, joelheiras. Agora é a sua vez: acha que consegue bater o meu recorde? Espero que sim. No que de mais importante há na vida, ser mais rápido nem sempre é o melhor. Somos, além do canguru-bebé, que tem uma bolsa melhor que se fosse de marca (uma bolsa de mãe!), o único animal que se veste. Somos também, por isso, o único animal que se despe. Fazemo-lo pelas mesmas razões por que nos vestimos: conforto, sedução, alegria de viver. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Chegados aos 50, a nossa Katty não deixou escapar a oportunidade para assinalar esta edição com um protagonista especial. E nada melhor que modernos e audazes estampados para vestir o presidente da ATP, quer numa indumentária de aconchego e proteção, quer na pose mais formal, estilizada e institucional. Independentemente das circunstâncias, a Mário Jorge Machado o xadrez assenta sempre muito bem

O xadrez que está no sangue do presidente da ATP Nesta feliz edição 50 queremos festejar a essência e a razão de ser deste jornal – toda a fileira têxtil! Assim sendo, a escolha a retratar recai inevitavelmente sobre Mário Jorge Machado, o novo presidente da associação mais representativa desta nossa indústria, a ATP. Um empresário bracarense que deixa a porta aberta à modernização do tecido empresarial têxtil. Antes de o conhecermos como presidente da ATP víamo-lo na direção da histórica e conceituada Estamparia Adalberto, por isso não poderíamos deixar de o estampar neste jornal com os padrões e as formas mais audazes apresentadas nas recentes passerelles de inverno. Inspirados nas exuberantes peças de sobrevivência de Craig Green para o projeto Genius da Moncler, reproduzimos a nossa própria versão, usando este tecido ultraleve preenchido com penas como uma tela em branco. Imprimimos micro padrões florais suavizando esta leve armadura que reflete modernidade e ousadia. Uma segunda opção mais conservadora na forma, mas muito arrojada nas cores e padrões é composta por um elegante fato e uma interessante mistura de estampados geométricos. Sabemos que o xadrez está no sangue do engenheiro, que chegou inclusive a ser federado, por isso recriámos um tabuleiro de madeira e combinamos, mais alguns pontos e riscas que resultam numa deliciosa receita de tons quentes e doces. Nesta sua nova função, pensamos que muitos serão os momentos em que poderá usar as nossas singulares sugestões. Assim começamos o ano em grande celebrando os 50 “Tês” com pompa e circunstância. Parabéns!!! t


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Janeiro-Fevereiro 2020

O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

São Gião Avenida Comendador Joaquim de Almeida Freitas, 56 4815 Moreira de Cónegos

AINDA E SEMPRE UM SANTUÁRIO Nesta edição 50 do T, que é também a edição 50 destas Cantinas resolvemos voltar à primeira que tinha como título “Um Santuário em Moreira de Cónegos”. A melhor homenagem que podemos fazer, quase seis anos depois, é republicar a crónica sem precisar de lhe mexer uma vírgula. O restaurante São Gião, em Moreira de Cónegos, é uma espécie de sala de visitas das inúmeras fábricas têxteis da região envolvente. Sempre que tenho de marcar uma reunião numa das empresas têxteis localizadas nesta região a sul de Guimarães, dizem as minhas colaboradoras que fico logo com um brilhozinho nos olhos. Não sendo coisa que eu possa confirmar, porque este é daquele tipo de brilhos que não se vê a olho nu, devo dizer que ele é altamente provável e sei bem as razões que o podem justificar. Estas razões cabem todas numa casa paredes meias com o Estádio do Moreirense, com a diferença que no São Gião, cada desafio termina com uma vitória de quem vem de fora. Na verdade foi um hábito que criei e contam-se pelos dedos de uma mão, as vezes que fui visitar empresas de Moreira de Cónegos ou de S. Martinho do Campo, sem começar ou acabar a deslocação sentadinho no São Gião. Se as paredes deste santuário falassem, haveriam de se escutar idiomas sem fim, tantas têm sido as nacionalidades dos seus clientes. Indústria tradicionalmente exportadora, a têxtil, que constitui o principal tecido económico desta zona, há muito elegeu esta casa como uma das suas preferidas e é lá que milhares de estrangeiros se têm deliciado com o melhor da gastronomia portuguesa. Não é fácil destacar o que de melhor lá se pode provar, mas os fumados, todos fumados dentro de portas, do salmão à panceta, passando pelo peito de pato, são uma referência incontornável. O mesmo se diga do cabrito assado aos domingos e do Capão, para quem sabe e encomenda. Nos dias de Inverno, a caça também é um tiro certo, por exemplo na Açorda de Perdiz. Lembro-me, contudo, que na primeira vez que lá fui, foi logo nas entradas que começou o meu deslumbramento. O queijo fresco grelhado é a melhor mas os ovos escangalhados (há quem lhes chame rotos...) e a alheira de caça pedem meças. Voltei lá recentemente já com a cabeça no T e sem deixar de ser fiel ao queijo levemente grelhado, provei o presunto de pato fumado e agora tenho dois problemas para a próxima deslocação. Como o dia pedia mais calma aceitei a sugestão de uns filetes de bacalhau com açorda do mesmo que também posso recomendar. Se esquecerem aquela coisa da maior contenção ... Também desde o primeiro dia segui o conselho do chefe (e dono) Pedro Nunes e tenho "regado" todas estas iguarias com o verde da casa, embora a lista de vinhos seja imperial! Depois de tantos anos a alimentar os exportadores da região, chegou a sua vez de "exportar", porque o dedo do Pedro Nunes continua a fazer milagres no São Gião, mas também já os faz ao domicílio graças à empresa de catering que fundou. t


Janeiro-Fevereiro 2020

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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Braz Costa, 57 anos. Nascido em Águeda e licenciado em Engenharia Mecânica, o director geral do CITEVE passou por pouco ao lado de uma carreira musical – estudou flauta no Conservatório –, mas a engenharia falou mais alto. O primeiro emprego foi numa fábrica que fornecia a Renault e a Volvo, que conjugava com a carreira de professor e investigador na UMinho. Seguiram-se oito anos no IDIT Minho, do qual foi fundador, até partir para o CITEVE. Tem dois filhos, a Inês, licenciada em Marketing e Administração, e o Miguel, que cumpriu o outro desígnio do pai e licenciou-se em música

SOUVENIR

BRANCO, O MAIS SIMPLES POSSÍVEL

Gosta

Não gosta

Filhos Trabalhar Fotografia Cozinhar Gadgets Coisas digitais Casa dos bicos Mergulho Andar de mota Caravanismo e "mochileirismo" Tocar instrumentos musicais Deserto e selva Jogos no tablet Acordar cedo Viajar por locais improváveis iPad e iPhone World music Comidas do mundo, mesmo as estranhas Férias Vinho Cerveja Temperos e especiarias Sol Patuscadas Falar em público Petiscos Tascas Contar histórias Falar outras línguas Clubes pequenos a ganhar aos grandes Neve Ski Água com gás Livros digitais Dormir intensamente Picante Miúdos com talento Da quinta onde nasci, em Águeda Café com bolos de bacalhau Falar com desconhecidos Desconcertar Castanhas assadas e vinho fino à lareira Caminhar a passo ligeiro Música da grande

Que me repitam o que dizem Que me obriguem a repetir o que digo Futebol espetáculo Vestir roupa formal por obrigação Discussões de 'lana caprina' Pessoas que não se calam Unhas grandes Cheiro a tabaco "Fazer Sala" Bifes de fígado Fazer compras de roupa e calçado Pessoas que lidam mal com a crítica Lugares da janela em aviões De me atrasar e que me façam atrasar-me Correr Esperar Estar sem fazer nada Procrastinação Desafinação Preguiça De desperdiçãr comida Bagunça

Esta é uma história ao contrário. Ou pelo menos ao contrário de todas as que se costumam contar a propósito da escolha do vestido de noiva. Com meses de antecedência, visitas a estilistas ou dezenas de lojas, conselheiros, tecidos, medidas, provas e, por vezes, até dietas. Nada disso. Comigo, ficou tudo resolvido em menos de meia hora. Ajudou o facto de se tratar de uma loja perto de casa, por onde passava todos os dias, tendo formulado a ideia de que lá passaria quando o dia chegasse. Foi a primeira vez que entrei. Disse ao que ia, mostraram-me um catálogo com vários estilos, sinalizei uns quantos e trouxeram três modelos para ver e experimentar. “É isto”, disse logo ao primeiro. Foi como um flash, uma espécie de amor à primeira vista, tal como o namoro que levou ao casamento. Eu sei que há quem não acredite em amores à primeira vista. Mas logo dois...? Ainda me convenceram a experimentar os outros dois vestidos, mas não havia dúvidas. Era aquele! Branco, o mais simples possível. Sem ombros, estilo retro, apenas com uns ligeiros drapeados, lindo! Lembro-me sempre daquele momento em que me vi com ele vestido. Tenho uma sensação de carinho muito especial por essa memória. É claro que as noivas estão sempre bonitas, mas naquele dia do casamento senti-me mesmo especialmente bonita. Ainda o sinto quando olho para o vestido, que tenho guardado no quarto na casa dos meus pais e onde ainda mantenho muitas roupas do tempo de solteira. Curioso é que nunca mais voltei a entrar naquela loja e também não costumo ser assim tão fácil quando toca a escolher roupas. Experimento, sou exigente e até muito pouco paciente. Com o vestido de noiva foi mesmo tudo ao contrário, o que me convence de que pode haver mesmo amores à primeira vista. E a felicidade também deve ajudar um pouco. t Ana Paula Dinis


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