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JOÃO CORREIA NEVES Secretário de Estado Adjunto e da Economia

“GOVERNO APOIARÁ A PARTICIPAÇÃO NAS FEIRAS DE FORMA EXPRESSIVA”

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

FOTO: RODRIGO CABRITA

P 20 A 22

INOVAÇÃO

É PORTUGUESA A PRIMEIRA MÁSCARA QUE INATIVA O VÍRUS P 10

PERGUNTA DO MÊS

AS TÊXTEIS PORTUGUESAS VÃO CONTINUAR A PRODUZIR PARA A ÁREA DA SAÚDE? P4E5

MILENA MELO, A DESIGNER QUE COMEÇOU PELO UPCYCLING P 31

DOIS CAFÉS E A CONTA

A MINHA EMPRESA

JOANA É UMA ECONOMISTA COM OLHO PARA TENDÊNCIAS

TRIM NW ESPICAÇADA A PRODUZIR TNT PARA EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

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EMERGENTE

P 14

TECNOLOGIA

O FATO SENSORIZADO DA P&R QUE ABRE CAMINHO PARA A CAMISOLA AMARELA P 28


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PATROCINADORES

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Sara Lamúrias 43 anos Designer, sócia do Capelista Design Studios, em Lisboa, no Príncipe Real, a outra parceria com Pedro Noronha Feio, que é também marido e pai dos três filhos (Joana, 14 anos, José Maria, 9 e Sancha, 6). Licenciada em Design de Moda pela FAL (Faculdade de Arquitectura de Lisboa), gosta de “desfrutar da natureza e de aproveitar as praias do nosso país”. Os passeios de bicicleta à beira mar e as corridas na praia em família enchem-lhe a alma, tal como ver cinema e exposições de arte, que também pratica

UM APOIO QUE NÃO SURPREENDE Devo dizer que tenho o privilégio de conhecer João Correia Neves desde os tempos das feiras Portex, na segunda metade da década de 80, quando eu trabalhava no Gabinete e ele já era um técnico respeitável no então Ministério da Indústria. Faço esta declaração inicial para justificar porque é que não tive qualquer surpresa na entrevista que lhe fizemos para a capa desta edição do T. Como também nunca tive nenhum espanto à medida que ao longo dos anos fui assistindo à sua carreira e aos vários cargos que foi desempenhando até chegar ao lugar de Secretário de Estado Adjunto e da Economia, que hoje ocupa no Governo de António Costa. Como aliás fica claro na entrevista, nunca precisou de se filiar num partido para ser convidado para vários cargos de grande responsabilidade executiva e política. Sempre foi suficiente a sua competência reconhecida por vários e sucessivos ministros do PSD e do PS. De igual modo, não fiquei surpreendido com a forma clara como o Secretário de Estado separou o trigo do joio e manifesta com serenidade a convicção de que nem todas as empresas aguentarão as atuais dificuldades, e com meridiana firmeza esclarece que o Governo está preparado e decidido a apoiar expressivamente aquelas que aguentarem e não desistirem. t

Como vão os tempos de pandemia para uma designer e jovem empresária como tu? Esta pandemia bloqueou-nos os planos e gorou as expetativas. Estamos a 50% da faturação habitual. Tanto no atelier Capelista Design Studio como na marca Pecegueiro & F.os, não vimos outra solução senão reinventarmo-nos. Procurámos novos modelos de produção e distribuição, investimos na adequação do serviço ao cliente, alargámos a oferta de tipologia de produtos e reduzimos as quantidades de stock. Fazemos por encomenda, investimos mais na comunicação do online e passámos a oferecer os portes de envio. Também partilhas a ideia de que o e-commerce vai dar um pulo gigante nos próximos meses e anos? Acredito que sim, muitas pessoas descobriram o e-commerce neste período e perceberam as vantagens, especialmente num período em que as deslocações são uma preocupação. Uma coleção de roupa pode vender-se só online? Existem ferramentas incríveis para se mostrar uma coleção online e acho mesmo que é possível uma presença exclusi-

va. Há imensa concorrência e a criatividade na comunicação e imagem é o grande desafio. Qualidade e serviço vêm logo depois para fidelizar o cliente. Como marca gostamos de ter um ponto de contacto com o cliente muito bem trabalhado para lhe proporcionar uma experiência de compra que mais tarde o pode transportar também para o online. Alguns anos depois voltaste ao MODtissimo na última edição de Setembro. Como correu e que diferenças notaste? A experiência na MODtissimo correu muito bem, o certame tem vindo a crescer em qualidade e experiências. Temos uma indústria que faz bem, que inova e com valores, temos tudo para conquistar.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030

A moda de autor em Portugal está viva e recomenda-se? Orgulho-me muito do nível da criatividade em Portugal e não é só na moda. Temos um bom equilíbrio entre o conceito e a funcionalidade, numa forma de criar emotiva, quente. As entidades relacionadas com moda mostram-se cada mais colaborativas, vejo-o acontecer entre escolas, associações, e até na indústria. Todos estamos a ganhar com isso. t

Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Texto: António Moreira Gonçalves Ilustração: Cristina Sampaio

AS EMPRESAS VÃO CONTINUAR A PRODUZIR EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL? Máscaras, batas, cogulas, cobrebotas ou fatos de proteção integral. Em poucos meses, a indústria têxtil portuguesa deu provas do seu know-how e versatilidade, com muitas empresas a adaptarem as linhas de produção e a desenvolverem novos produtos. Mas terá sido apenas uma resposta em tempos de emergência ou é um novo segmento que veio para ficar? Entre os empresários esta é uma aposta para manter. Portugal tem condições para se afirmar como um produtor de qualidade e excelência neste setor, mas é preciso que o mercado mude dos descartáveis para os reutilizáveis

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“Não vou tão longe ao ponto de dizer que pode surgir um cluster, mas os artigos que desenvolvemos vamos continuar a tê-los no nosso portefólio”

“Vamos investir nas certificações, mas só podemos ser competitivos numa base reutilizável e o descartável continua demasiado implementado”

VITOR ABREU ENDUTEX

ANDREAS FALLEY TEMASA

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s portugueses mostraram uma capacidade incrível de resiliência, ainda mais na indústria têxtil. Soubemos mostrar o valor deste setor”. As palavras são de Alexandra Araújo, CEO da LMA, uma das muitas empresas que certificou novos produtos para a produção de Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Nos primeiros meses de pandemia, a indústria têxtil portuguesa protagonizou uma maratona em ritmo de sprint, com muitas empresas a reestruturarem linhas de produção, lançarem novos produtos e a transitarem dos seus negócios-base para a confeção de EPI. Aos laboratórios do CITEVE – a trabalhar em verdadeiro overbooking – chegaram em semanas milhares de amostras para analisar e certificar. Coloca-se agora a questão se a produção destes equipamentos de proteção ficará circunscrita à fase pandémica ou se continua a ser uma aposta para o futuro. E se muitos produtores regressam naturalmente ao seu core business, também surgem vários exemplos de empresas que vêm nesta adaptação a oportunidade de criar um novo ramo de negócio, com uma aposta autonomizada para responder às exigências deste mercado. É o caso do grupo Inarbel, que investiu cerca de 400 mil euros, numa nova unidade de produção e numa nova marca, a Skylab, especializada em batas, cobre-botas, túnicas e outros equipamentos de proteção. “Estamos prontos e já mostramos que sabemos produzir tudo o que os hospitais precisam”, afirma o CEO da empresa, José Armindo Ferraz, que não tem dúvidas que este pode ser um negócio de futuro para a Inarbel. “Nós já temos uma unidade própria e criamos uma nova marca. Temos todas as condições para ser competi-

tivos, numa base reutilizável e com maior qualidade e proteção”, explica. O foco nos equipamentos reutilizáveis – capazes de manter a proteção por ciclos de várias lavagens – será para os empresários portugueses a marca de água da produção nacional, mas também o grande desafio na abordagem ao mercado. “Nós vamos investir em certificações a longo prazo, queremos ter artigos que possamos fornecer a hospitais, clínicas e ao SNS. Mas em Portugal só podemos ser competitivos numa base reutilizável, e o descartável continua demasiado imple-

mentado. Será necessária uma mudança na regulamentação e uma mentalização por parte dos profissionais de saúde”, salienta Andreas Falley, CEO da Temasa, empresa têxtil do Marco de Canaveses, que durante a pandemia se dedicou também à produção de equipamentos hospitalares. Depois de um período de grande procura, a Temasa sente já um abrandamento nos pedidos. “Vemos vários clientes a voltar para o descartável, a não ser algumas clínicas privadas ou mercados como a França e a Alemanha, onde percebem a razão de ser dos reutilizáveis”,


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“Não podemos tirar os sacos plásticos dos supermercados e manter os descartáveis nos hospitais, que representam também muito desperdício”

“É uma área nova, onde temos apenas três ou quatro meses de trabalho, mas a ambição é poder vir a fornecer o mercado europeu neste setor”

“Já temos uma unidade própria e criamos uma nova marca. Temos todas as condições para ser competitivos numa base reutilizável e com maior qualidade e proteção”

“Portugal deve aproveitar esta oportunidade de ouro para elevar o valor acrescentado dos produtos. Temos mão-de-obra, máquinas, matériasprimas e método”

ALEXANDRA ARAÚJO LMA

RUI LOPES TRIM NW

JOSÉ ARMINDO FERRAZ INARBEL

RUI ARAÚJO UNIFARDAS

explica o responsável da empresa. São as encomendas destes clientes que permitem à Temasa apostar em certificações a longo prazo e até considerar investimentos, como a aquisição de novas máquinas de corte, mais adaptadas a este mercado. O grupo Endutex está também a avaliar a possibilidade de integrar novos equipamentos na sua casa de máquinas. “Até agora, o investimento que fizemos foi mais em tempo dedicado à investigação, desenvolvimento e certificação. Mas esta experiência permitiu-nos identificar equipamentos que seriam muito úteis e já apre-

sentei uma candidatura a um projeto. Estamos a aguardar os resultados”, adianta Vitor Abreu, presidente do grupo. No pico da epidemia, a Endutex forneceu materiais para a produção de EPI a várias empresas do setor. Um serviço que vai continuar a prestar: “Não vou tão longe ao ponto de dizer que pode surgir um cluster têxtil português na área da saúde, mas os artigos que desenvolvemos vamos continuar a tê-los no nosso portefólio fora deste ciclo da pandemia”, esclarece Vitor Abreu. Alexandra Araújo, CEO da LMA, acredita que estão criadas

as condições para a indústria portuguesa se afirmar neste mercado. “As pessoas ficaram agora com mais know-how e começam a saber distinguir as soluções e os fornecedores existentes. Sem dúvida que se abriu aqui um novo corredor para a indústria portuguesa, não só têxtil, mas também química e dos acrílicos, por exemplo. Chegou o momento de repensar as cadeias de fornecimento e questionar a utilização dos descartáveis”, salienta a empresária. “Não podemos tirar os sacos plásticos dos supermercados e manter os descartáveis nos hospitais, que representam

também muito desperdício”, acrescenta, relembrando o impacto ambiental desta decisão. Repensar as cadeias de fornecimento parece ser o ponto-chave desta transição, especialmente depois de um momento em que ficaram demonstrados os perigos de uma excessiva dependência da Ásia. “Portugal como país com forte predominância e tradição no fabrico têxtil, pode e deve aproveitar esta oportunidade de ouro para elevar o valor acrescentado dos produtos e apostar na criação de marcas próprias para fornecer a Europa. Temos a mão-de-o-

bra, as máquinas, as matérias-primas e o método”, salienta Rui Araújo, Chief Operating Officer da Unifardas, outra das empresas portuguesas que se dedicou à produção de EPI e que vai levar as novidades à próxima edição da Medica Trade Fair, a principal feira europeia de equipamentos para a área da saúde, em Novembro, em Dusseldorf. Na mesma feira – onde a comitiva From Portugal contará com o triplo do espaço de exposição e um número recorde de empresas – a Trim NW será um dos estreantes a apresentar as suas novidades ao mercado internacional. “Para nós é uma área completamente nova, com clientes novos e muito trabalho pela frente, quer no mercado nacional como no internacional”, começa por explicar o CEO Rui Lopes. A empresa, que habitualmente produzia tecido-não-tecido para a indústria automóvel, certificou também vários produtos para a confeção de EPI. Um esforço que será para continuar: “é uma área nova, onde temos apenas três ou quatro meses de trabalho, mas a ambição é poder vir a fornecer o mercado europeu neste setor”, esclarece o empresário. Do turbilhão da pandemia parece resultar assim um novo rastilho para a inovação da indústria têxtil portuguesa. No entanto, os empresários salientam que é necessária uma mudança estrutural e não bastará a iniciativa das empresas. “Espero que os discursos da reindustrialização da Europa não sejam palavras que se esquecem passado 24 horas”, comenta Vitor Abreu. “O Estado deve investir e apoiar a indústria portuguesa, Portugal tem todas as condições para ser competitivo e neste caso é preciso incentivar a substituição dos descartáveis pelos reutilizáveis, que poderão ser produzidos em Portugal”, conclui José Armindo Ferraz. t


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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: António Moreira Gonçalves

A Flor da Praia

Rua de Fuzelhas, 29 4450-683 Leça da Palmeira

Entradas Sopa de tomate, amêijoas à Bulhão Pato, pimentos Padrón e uma tábua de queijos Pratos Robalo ao sal, acompanhado por batata cozida, legumes salteados e grelos Sobremesa Só café Bebidas Vinho branco (Herdade São Miguel, 2019) e água

JOANA CORREIA

Portuense de gema e portista de coração, Joana Correia fez quase toda a sua vida na invicta. Viu a luz na maternidade Júlio Dinis e passou a infância e juventude na zona Oriental da cidade, entre Salgueiros, onde morava - e onde os pais criaram a Rio Sul - e o liceu Aurélia de Sousa, onde terminou o secundário. Habituada desde pequena a lidar com os têxteis e com os números da empresa, quando chegou a hora de escolher a faculdade decidiu-se pelo curso de economia na FEP, já ali ao lado - "se fosse hoje, escolhia gestão, seria mais apropriado", confessa. Depois do curso, fez um estágio de ano e meio em trade marketing, na Renova, que a levou a viver em Sevilha (daí o "quase"), antes de regressar à empresa criada pelos pais. Agora, divide o seu tempo pelo desenvolvimento de novas coleções e pelo carinho dos três filhos, Tiago (12), Rodrigo (10) e Inês (5).

UMA ECONOMISTA COM OLHO PARA AS TENDÊNCIAS

FOTO:RUI APOLINÁRIO

42 ANOS RESPONSÁVEL PELO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO NA RIO SUL

Ainda petiz, Joana já aprendia a olhar para uma peça com os olhos de um profissional. Quando tinha oito anos, os pais, Maria da Conceição e José Fernando, criaram a Rio Sul no sótão de casa, na rua Álvaro Castelões, e a família ia partilhando o quotidiano com os têxteis-lar. Joana começou a perceber que uma peça têxtil era mais do que saltava à vista, e já sabia distinguir gramagens, ler costuras e bainhas ou avaliar as composições pelo toque. É essa experiência que ainda hoje coloca em prática na Rio Sul, a empresa da família, onde assume a responsabilidade de desenvolver novas coleções de têxteis-lar. Desde a sua fundação, há 33 anos, a empresa foi crescendo, e do sótão da família Correia passou para as galerias Manuel Laranjeira, também em Salgueiros, depois por um armazém na Arroteia, junto ao Hospital S. João, até finalmente assentar na zona industrial, onde hoje reúne um showroom, uma equipa de oito pessoas, alguma maquinaria especializada e sustenta um negócio que fatura cerca de um milhão de euros por ano. "Não temos produção própria por opção. Percebemos que em Portugal conseguíamos encontrar parceiros que fazem o melhor em cada um dos setores e o nosso papel seria montar o puzzle, construir co-

leções coesas e apresentar conceitos aos clientes", explica Joana Correia, sobre o trabalho na Rio Sul, uma têxtil-lar que procura reunir o melhor da produção made in Portugal e levá-la às lojas, não só em Portugal mas também em mercados como Espanha, França e Itália, para além de geografias mais distantes como a Eslováquia, a Estónia ou os países nórdicos. Economista de formação, o seu trabalho centra-se sobretudo em desenvolver novos produtos. "Gosto muito de misturar e testar texturas e padrões, de criar algo novo, ver o resultado e depois perceber se pode ser comercial", explica. Por ano, a empresa lança no mínimo três coleções, que incluem colchas, cortinas, almofadas, jogos de cama, edredões, jogos de banho, roupões, toalhas ou guardanapos. Para Joana, um dos grandes desafios está em manter o distanciamento e saber distinguir o seu gosto das tendências do mercado. "Temos de ter artigos de estilos diferentes, o meu gosto pessoal vai mais para um estilo nórdico, mais prático e limpo, mas sabemos da nossa experiência que os latinos gostam de mais floreados, com mais pormenores, são mais românticos. É muito importante saber interpretar os mercados", comenta. É com este olhar atento às tendências que Joana Correia não tem dúvidas em

distinguir algumas correntes que vieram para ficar. "O consumidor final está mais exigente, há uma maior franja que não se importa de pagar mais se tiver mais garantias. Procuram melhores materiais, exigem que as peças não encolham, e estão atentos às fibras naturais", comenta. Em relação à sustentabilidade, no entanto, lamenta que o comboio esteja ainda longe de chegar. "O eco-friendly é uma questão que não é levantada tanto como gostaria, no norte da Europa está mais desenvolvida", afirma. Num ano marcado pela pandemia, a Rio Sul está agora focada na retoma e tem até sentido sinais animadores do mercado. "Desde a abertura das fronteiras que temos tido uma grande afluência de compradores espanhóis no nosso showroom", relata. Como explicação, avança com um efeito da pandemia no mercado: as pessoas nunca tiveram tanto tempo em casa e isso pode mudar os comportamentos em relação aos têxteis-lar. "Antes, o foco das pessoas estava fora de casa e agora passam mais tempo dentro de casa. Perceberam que vale a pena investir no conforto dentro de portas, num jogo de cama, num jogo de banho, porque são também sinais de qualidade de vida", conclui a economista sempre atenta às tendências. t


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GESTÃO DE CONFEÇÕES ONLINE DA F3M REGISTA FORTE PROCURA Lançada há cerca de um ano pela F3M, a Produz é a solução tecnológica que permite às empresas do setor têxtil gerirem online o processo produtivo da confeção, tem registado um aumento na procura. Neste software, 100% web, a F3M já investiu um milhão de euros e garante que já está presente em várias empresas de renome da indústria têxtil nacional, permitindo coordenar o processo produtivo da confeção e ter uma visão 360 do negócio, uma vez que todas as áreas da empresa estão integradas no software.

"O lay-off simplificado devia manter-se até ao final do ano, uma vez que os grandes problemas das empresas serão sentidos em agosto" Mário Jorge Machado Presidente da ATP

LATINO AVANÇA PARA A CRIAÇÃO DE EPI ATIVOS E SUSTENTÁVEIS Criar uma nova geração de equipamentos de proteção, que não sejam apenas uma barreira física à transmissão do vírus, mas tenham também com ação anti-bacteorológica e anti-vírica. Este é o conceito do Active Protection, o novo projeto do NidProtech, o Núcleo de I&D da Latino Group, empresa portuguesa especializada em workwear e vestuário de proteção, que com o apoio do Compete 2020 quer também criar uma alternativa sustentável aos artigos descartáveis. Batas, toucas e perneiras são alguns dos artigos que estão incluídos no projeto da têxtil de Braga liderada por Clementina Freitas, que conta também com a participação da Universidade do Minho, Sciencentris, TecMinho e Pixartidea, num consórcio de empresas e centros de tecnologia já com experiência em vestuário técnico e de defesa. “O projeto consiste no desenvolvimento, no âmbito das ações Covid-19, de uma nova geração EPIs reutilizáveis com funcionalização anti-bacteorológica e anti-vírica para contexto profissional”, explica Manuel Cruz, Coordenador do NidProtech, em declarações à plataforma do Compete 2020. Num contexto de pandemia à escala global, o Active Protection procura elevar a fasquia na qualidade dos equipamentos de proteção individual, utilizados

PRECISA DE ALGUMA COISA DA ZIPPY? PEÇA UM GLOVO

PARIS CONFIRMA SEMANA DA MODA FEMININA EM SETEMBRO

A marca de roupa infantil Zippy é a primeira marca de retalho de moda com loja na Glovo, uma aplicação com serviço de courier que compra, recolhe e entrega produtos encomendados via plataforma móvel. Para já, o serviço está acessível para todos os clientes da região do Grande Porto, mas brevemente a marca pretende estende-lo de norte a sul do país.

A Fédération de la Haute Couture et de la Mode anunciou a realização da Semana da Moda Feminina de Paris, a decorrer de 28 de setembro a 6 de outubro. O órgão de topo da moda francesa vai utilizar o mesmo sistema digital usado na Semana da Moda de Paris online e vai manter os desfiles das coleções primavera-verão 2021 acessíveis fisicamente a um público reduzido.

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euros foi quanto a Polopiqué investiu na instalação de maquinaria para produção de material médico

Para evitar o desperdício, o objetivo é que todo o vestuário Active Protection seja reutilizável

sobretudo pelos profissionais de saúde. O objetivo é ultrapassar o conceito de barreira física com um comportamento apenas passivo, e desenvolver uma nova geração de equipamentos com um comportamento ativo no combate à propagação da doença. Para isso serão utilizados substratos têxteis com recurso a revestimentos poliméricos funcionalizados com nanopartículas de óxidos metálicos. Com esta tecnologia, o projeto espera criar barreiras ativas que protegem de ameaças químicas e biológicas, como vírus e bactérias. Para além disso, o Active Pro-

tection procura também que todo este vestuário seja reutilizável, de forma a evitar o desperdício e diminuir o impacto ambiental, sendo que em ambiente hospitalar continuam a ser as alternativas descartáveis as mais procuradas. O projeto conta com o apoio do Compete 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Atividade de Investigação e Desenvolvimento e Investimento em Infraestruturas de Ensaio e Otimização (COVID-19), envolvendo um investimento elegível FEDER de 232 mil euros, o que resultou num incentivo FEDER de 201 mil euros. t

PRESIDENTE MARCELO PEDE REINDUSTRIALIZAÇÃO URGENTE Uma das grandes lições que deixa a pandemia é a necessidade urgente do regresso à indústria. “A Europa tem de se reindustrializar, e já”, avisou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no encerramento da conferência anual da COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação, que é presidida pela líder da TMG Automotive, Isabel Furtado. Depois de no ano passado ter trazido o encontro até ao coração da indústria têxtil, em Famalicão, para analisar a inovação e a indústria 4.0, as circunstâncias obrigaram este ano a que o encontro tivesse decorrido no formato digital. Marcelo Rebelo de Sousa, que é também presidente honorário da COTEC, encerrou as comunicações com o pedido do regresso à indústria e o apelo a que todos sejam “catalisadores positivos dessa mudança”.


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A MÁSCARA PORTUGUESA QUE INATIVA O VÍRUS DA COVID-19

MÁSCARAS COMO NOVIDADE NA LOJA DE FÁBRICA DA MORETEXTILE Foi com o foco na vasta gama de máscaras reutilizáveis de fabrico próprio que a MoreTextile assinalou a reabertura da sua loja de fábrica. Um regresso à normalidade possível, onde a par da novidade das máscaras, se juntou também a habitual oferta de roupa de cama, banho, mesa e cozinha das marcas que integram o grupo. “Visite-nos no novo horário de atendimento e redescubra a nossa oferta de produtos têxteis para o lar, agora alargada com a nova gama de máscaras reutilizáveis desenvolvida para si”, anunciou o grupo liderado por Artur Soutinho que tem também como novidade recente a marca Cotton Care, especializada no setor wellness.

"Se é para fazer, é para fazer bem feito. Conseguimos criar um set-up em que a máscara sai praticamente pronta da máquina" Luís Campos Fundador da Westmister

O revestimento inovador da MOxAd-Tech neutraliza o vírus quando este entra em contacto com o tecido, mesmo após 50 lavagens

O resultado já era esperado pela Adalberto, mas a confirmação acabou por chegar com os resultados dos testes realizados pelo Instituto de Medicina Molecular (iMM) à máscara MOxAd-Tech, que atestam a sua capacidade para inativar o novo coronavírus, SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19. A ciência confirma, assim, que a indústria têxtil portuguesa desenvolveu a primeira máscara que inativa o novo coronavírus, como resultado de um projeto de cooperação que juntou a Adalberto Estampados e a Sonae, pelo lado industrial, o CITEVE, o Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa e a Universidade do Minho, pelo lado da investigação. “Os testes realizados pelo iMM permitem aferir a eficácia da máscara MOxAd-Tech na inativação da Covid-19. A máscara beneficia de um revestimento inovador que neutraliza o vírus quando este entra em contacto com o tecido, efeito que se mantém mesmo depois da realização de 50 lavagens. Como resultado, a máscara oferece um elevado nível de proteção adicional, uma vez que tem a capacidade de inativar o vírus”, anunciaram os fabricantes depois de terem recebido as conclusões do iMM. Em meados de Junho, a inovadora máscara tinha já sido certificada em França para 50 lavagens, e com resultados que superavam até as melhores espetativas do fabricante. “Acreditamos que esta será mesmo a melhor máscara do mercado”, disse então ao T a CEO da Adalberto, animada pelos resultados

recebidos do IFTH – Institut Français du Textile e de l’Habillement. Susana Serrano, explicava que “a MOxAd-Tech tem associada a inovação Abalberto com aplicação antimicrobiana tanto na camada exterior como interior, protegendo contra bactérias e vírus e, além disso, leva ainda na camada interior um acabamento com gestor de humidade.” Pedro Simas, investigador e virologista do iMM que coordenou os testes que confirmam as propriedades anti-virais, explica como funcionam. “De forma simplificada, consistem na análise do tecido após o contacto com uma solução que contém uma determinada quantidade de vírus, cuja viabilidade se mede ao longo do tempo. Os testes à máscara MOxAd-tech revelaram uma inativação eficaz do SARS-CoV-2 mesmo após 50 lavagens, onde se observou uma redução viral de 99% ao fim de uma hora de contacto com o vírus, de acordo com os parâmetros de testes indicados na norma internacional ISO18184:2019.” A notícia, da maior importância não só para o prestígio e afirmação da ITV nacional mas sobretudo para a proteção da saúde dos cidadãos, uma vez que o projeto foi aberto à comunidade para que outras marcas em Portugal e no exterior as possam distribuir. Segundo disse ao T a CEO da Adalberto, a MOxAd-Tech tem tido uma produção diária que anda nas 15 mil unidades mas a capacidade instalada permite ir até às 100 mil máscaras por dia. t

PAULO VAZ NA ADMINISTRAÇÃO EXECUTIVA DA AEP O antigo diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Paulo Vaz, é um dos três membros executivos do conselho de administração da Associação Empresarial de Portugal, que é escolhido pelo Conselho Geral e que inclui ainda Luís Miguel Ribeiro, presidente da AEP, e Angelino Ferreira. Paulo Vaz tem a seu cargo as áreas de negócios, internacionalização, competitividade, inovação e formação, Angelino Ferreira as pastas financeiras, enquanto Luís Miguel Ribeiro assegura, como até aqui, a representação institucional. O novo conselho de administração é constituído por sete membros: para além dos três executivos, nele têm assento Pais de Sousa (como vice-presidente), Paula Roque, Eduardo Viana e José Ferraz.

85 milhões de euros foi o valor das exportações da Borgstena em 2019

AS CORES VIVAS DA DFIT PARA AGARRAR ESTE VERÃO

BETWEEN PARALLELS: JUNTOS PELO DESIGN SUSTENTÁVEL A necessidade de uma voz conjunta para as marcas amigas do ambiente fez nascer uma nova associação que quer reunir todas as empresas que contribuem para um design sustentável. Com 16 marcas e empresas fundadoras, a Between Parallels está a preparar um conjunto de ações de promoção, desde ciclos de formação a presença em feiras profissionais, como

MODtissimo, já em setembro. A ideia surgiu há um ano na Neonyt Berlim, uma das principais feiras focadas na sustentabilidade, quando a partir de uma conversa de corredores se começou a conceber a ideia. “Estávamos várias marcas, a Elementum, a Vintage for Cause, a Nazareth Collection, e estávamos a pensar como poderíamos ter mais impacto em

termos de presenças em feiras, vendas online, etc. Porque somos todos microempresas ou empresas em nome individual e torna-se muito difícil poder fazer estas ações”, conta Marita Setas Ferro, a criadora da marca Marita Moreno e agora também presidente da direcção da Between Parallels, que nesta fase e arranque junta já 16 marcas e empresas fundadoras. t

Cores intensas e tecidos sustentáveis fazem a nova coleção da DFIT, a marca portuguesa de swimwear fundada por Diana Pereira. Nunca o calor do verão teve um efeito tão revigorante e a marca está decidida a agarrar a estação com modelos a combinar para mães e filhas. “Continuamos a fabricar totalmente em Portugal e os materiais são todos recicláveis, isso para nós é fundamental”, afirma Diana Pereira sobre a marca que criou em 2018 orientada para o swimwear e para o fitness.


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Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...

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SALSA LANÇA MÁSCARAS SOLIDÁRIAS COM A CRUZ VERMELHA Ao lançamento da sua coleção Never Surrender, composta por quatro jeans e duas T-shirts, a Salsa, marca do universo Sonae, juntou duas máscaras cujos lucros revertem igualmente para apoiar a Cruz Vermelha Portuguesa no combate à Covid-19. A mensagem positiva que a marca quis passar desde o início do confinamento vive agora nestas máscaras, desenhadas com o print que ilustra o Never Surrender, um movimento que já amealhou muitos sorrisos, deu a conhecer muitos heróis e alegrou alguns dias mais cinzentos.

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"Os nossos clientes já estão muito centrados na sustentabilidade. Não há o planeta B e todos temos que contribuir" Susana Serrano CEO da Adalberto

DECENIO ABRE FLAGSHIP STORE NO COLOMBO Foi com as novidades Primavera/Verão 20 e a coleção cápsula assinada por Alexandra Moura que a Decenio inaugurou no Centro Comercial Colombo, em Lisboa, a sua mais recente flagship store. Uma loja ampla e sofisticada, que reflete o espírito e estratégia atual da marca, mais clean e contemporânea e focada em novos públicos. O espaço está pensado para oferecer ao consumidor uma nova experiência de compra, num conceito que vai na linha de continuidade com a flagship store que a marca abriu antes no Norteshoping.

PORTUGUESE FASHION NEWS Mesmo em tempos de pandemia, a criatividade dos jovens designers portugueses não pára e o concurso Jovens Criadores PFN – Portuguese Fashion News, esteve aí para os consagrar. Numa edição que decorreu ao ar livre, nos jardins do Sheraton Hotel, no Porto, e que apenas contrastou pela falta de público, a decisão dos vencedores esteve a cargo de um

júri composto por Paulo Cravo, da plataforma Bloom; Teresa Marques, da Tricothius; Ana Cravo, da Minty Square, a designer Anabela Baldaque e Mónica Andrade, representante da marca Sophia Kah. Sabrina Lopes, da Escola de Moda do Porto, venceu na Categoria I (estudantes de Design de Moda até dois anos de formação), com tecidos da LMA, enquanto Dar-

ya Fesenko, do Modatex, venceu a Categoria II (estudantes com mais de dois anos de formação), com materiais da Albano Morgado. Para além de um prémio monetário, as duas designers entram agora na plataforma Bloom do Portugal Fashion, enquanto que aos restantes vencedores foram também atribuídos prémios monetários entre os 100 e os 200 euros.t

A galeria dos vencedores. De entre os 18 coordenados, provenientes de 10 escolas de moda e elaborados com matéria prima fornecida por 18 empresas têxteis nacionais, o júri elegeu os seguintes vencedores: Categoria I 1º lugar - Sabrina Lopes Escola de Moda do Porto (LMA) 2º lugar - Gabriel Mont Serrat Lisbon School Design (Modelmalhas) 3º lugar - Vitória Fiorella Freitas Magestil (João Pereira Guimarães) 4º lugar - Ana Enes Lisbon School Design (João & Feliciano) Categoria II 1º lugar - Darya Fesenko Modatex Porto (Albano Morgado) 2º lugar - Tiago Bessa Modatex Porto (Tessimax) 3º lugar - André Vieira Modatex Porto (Vilarinho) 4º lugar - Marta Costa ESAD (JOAPS)

Sabrina Lopes, da Escola de Moda do Porto, e Darya Fesenko, do Modatex Porto, foram as grandes vencedoras

POLOPIQUÉ INVESTE NA PRODUÇÃO DE MATERIAL MÉDICO Com vários modelos de máscaras certificados tanto pelo CITEVE como em laboratórios internacionais, a Polopiqué está a produzir diversos tipos de material médico como batas, fardas hospitalares e máscaras e já tem encomendas para diversos países, nomeadamente para a Alemanha, Bélgica, Inglaterra, França e Canadá. Só para a Alemanha, a empresa tem

contratos fechados no valor de várias dezenas de milhões de euros até ao final do ano, ao mesmo tempo que, em Portugal, fechou contrato com uma das maiores empresas distribuidoras de material farmacêutico. O novo segmento de produção obrigou a um investimento da ordem dos 200 mil euros com a instalação de maquinaria automatizada, segundo contou ao

jornal Dinheiro Vivo o CEO do grupo, Luís Guimarães. A Polopiqué é um dos maiores grupos têxteis nacionais e um dos poucos ainda totalmente verticais, com produção desde a fibra à peça acabada. Com sede em Santo Tirso, fatura 110 milhões e dá emprego a mil pessoas, que se mantiveram a trabalhar ao longo de todo o período de confinamento. t

BALLET ROSA PATENTEIA BARRA DE PROTEÇÃO A empresa Ballet Rosa, especialista em materiais e moda para aquela modalidade, acaba de patentear uma inovadora proteção de barra que responde a todos os requisitos de segurança impostos pela pandemia. Uma novidade que assegura que os praticantes não tocam nas barras que os auxiliam a fazer os movimentos do ballet e, uma vez que apresentam dez cores e texturas diferentes, servem também para auxiliarem ao distanciamento entre praticantes. Luís Guimarães, um dos sócios da empresa, disse ao T Jornal que uma das preocupações nesta fase de pandemia foi encontrar soluções que se adaptassem às imposições da Direção-Geral de Saúde e que permitissem aos praticantes de ballet regressar aos ginásios assim que os impedimentos fossem suprimidos. O produto, denominado Barre GuardTM, garante aos alunos que o seu espaço de barra é próprio e permite aos proprietários dos estúdios que cada aluno mantenha o distanciamento regular, mantendo um espaço limpo e higiénico. Dependendo do espaço que cada dançarino precisa, o Barre GuardTM é fornecido em três comprimentos e prende-se facilmente às barras de ballet padrão. Cada protetor de barra vem com um saco de cordão para transporte. A empresa também está a produzir máscaras e um saco para roupa de ballet acabada de usar. A Ballet Rosa, que mudou há cerca de um ano para novas instalações em Ronfe, fatura cerca de dois milhões de euros por ano (96% dos quais nas exportações) e tem 30 colaboradores. t


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X A MINHA EMPRESA Trim NW

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O que faz? Especialista em produção de Tecido-Não-Tecido Principais clientes Indústria automóvel e confeções têxteis Marcas próprias IMPERSCRIM, com quatro TNT impermeáveis para a área de saúde e hospitalar Exportação Acima dos 90% até março, agora o mercado interno anda nos 40 a 50% Principais mercados França, Espanha, Itália, República Checa e Reino Unido Volume de negócios 3,06 milhões de euros em 2019 (este ano espera superar os 4 milhões) Trabalhadores 38 Aposta estratégica Continuar a crescer no fabrico de TNT para a área de saúde e hospitalar

MODTISSIMO: MAIS DE 100 EMPRESAS NA ABERTURA DE INSCRIÇÕES Verdadeiro barómetro da energia do setor, o MODtissimo 56 faz já antecipar uma retoma dinâmica, proativa e com os olhos no futuro. Em apenas duas semanas de inscrições abertas, mais de 100 empresas formalizaram a sua presença na próxima edição do salão têxtil nacional, agendado para 23 e 24 de setembro, na Alfândega do Porto. Números que evidenciam a confiança do setor e uma vontade clara em voltar ao contacto cara-a-cara. Mesmo tendo aberto as inscrições dois meses mais tarde do que é habitual, tudo indica que o número de expositores vai estar em linha com as edições dos outros anos.

"Os clientes tradicionais ainda estão na expetativa, acabaram de reabrir e têm muito stock acumulado" António Archer General Manager da têxtil Crivedi

CARJOR INVESTE EM TEARES NOVOS E CADA VEZ MAIS RÁPIDOS

Espicaçados a fazer TNT para proteção “Isso é que eu gostava mesmo de saber”, responde Rui Lopes, o engenheiro que está ao leme da Trim NW, quando perguntado sobre como vai evoluir agora o negócio, depois e ter começado a fazer o famoso TNT, o Tecido-Não-Tecido que era fundamental para o país poder fazer os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o combate à Covid. “Fomos espicaçados a fazer TNT para proteção e depressa conseguimos chegar a esse objetivo”, conta o portuense que fez Engenharia Mecânica no ISEP (1996) mas teve que ir logo para Sintra trabalhar numa multinacional ligada à indústria automóvel. A vida profissional foi-o mantendo pela envolvente ao Tejo, sempre na órbita do setor automóvel, até que em 2015 a falência da empresa onde estava o impeliu a juntar um grupo de colegas e avançar para a fundação da empresa que em março o país descobriu que podia ser o caminho para a salvação. A Trim NW era uma das raras empresas da Europa a produzir TNT, mas não com os requisitos para fazer os tão necessários EPI. “Para isso tem que ser impermeável e o que fazíamos não era. Fomos desafiados pelo CITEVE, mas também nos pediam da Câmara de Santarém e de vários hospitais e no dia 13 de abril já tínhamos um produto aprovado no CITEVE”, conta Rui Lopes, que agora o que mais queria era mesmo saber como vai evoluir este negócio. Por enquanto muito bem. Está a crescer na ordem dos 30%, a abastecer cerca de 30 confeções nacionais, tem já aprovados quatro produtos impermeáveis da gama IMPERSCRIM – entretanto criada – e outros

estão na calha para aprovação. “Estamos também a começar a fazer outros TNT para a área da saúde/ hospitalar que não necessitam de impermeabilidade e que vamos lançar em breve”, diz Rui Lopes avançando que a produção destinada à confeção de EPI representa hoje já quase 50% da atividade, que até março estava exclusivamente vocacionada para a indústria automóvel, mais de 90% para exportação. Desde o início que a Trim NM se dedicava ao fabrico de TNT para a indústria automóvel e peças termoconformadas para o interior de viaturas. “Em março parou por completo e foi a área da saúde que nos permitiu continuar a trabalhar. O automóvel está a regressar, desde o início de junho, mas queremos continuar nesta área da saúde”, garante o líder da empresa que já em novembro vai estar na Médica, em Dusseldorf, a feira que é a grande montra na área da saúde. “Estamos a desbravar caminho, não sabemos os volumes que vão ser necessários. É uma área completamente nova e estamos nisto apenas há três ou quatro meses. Temos muito trabalho pela frente”, reconhece Rui Lopes, que não esconde a ambição de a Trim NW poder vir a abastecer o mercado europeu no fabrico para a área de saúde e hospitalar. Para já, a empresa investiu cerca de 350 mil euros no ajustamento da maquinaria para responder aos requisitos do setor e tem duas linhas que podem produzir até um milhão de metros quadrados por semana. Agora, que a Europa se assustou com a dependência da produção asiática, o que Rui Lopes gostava mesmo de saber é como vai evoluir o mercado deste setor. t

A par da qualidade, a eficiência é outro dos focos da Carjor, a fabricantes de malhas exteriores para bebé e criança que exporta a 100% e todos os anos reinveste boa parte do valor das vendas em novos equipamentos, investigação e planificação, para fazer cada vez melhor e mais rápido. É no contexto deste ciclo de permanente renovação que acaba de instalar dois novos teares retos, enquanto outros dois estão também a caminho. Mais rápidos e mais ágeis, os novos teares, vindos da Suiça, “são como a diferença entre correr e caminhar”, exemplifica o CEO, Honorato Sousa, cujo objectivo não é produzir mais, mas antes fazer sempre de forma mais eficiente.

ITECHSTYLE SHOWCASE RECEBE CANDIDATURAS O principal fórum nacional de inovação têxtil está de novo a desafiar as empresas a darem provas da sua capacidade de desenvolver e apresentar novas soluções. A preparar a edição do próximo MODtissimo, o iTechStyle Showcase tem candidaturas abertas até 7 de Agosto e está à procura dos tecidos, produtos e acessórios mais inovadores e tecnológicos.

55 gramas

é quanto pesa a viseira da Smart Invation com tratamento bacteriano

UNIFARDAS JUNTA-SE À ABRAÇO PARA LANÇAR MÁSCARA SOLIDÁRIA Foi para ajudar a Abraço a celebrar o seu 28º aniversário que a Unifardas embarcou na iniciativa #UnidospeloAbraço, uma parceria com a associação para a edição solidária de 10 mil máscaras de proteção individual e ao mesmo tempo angariar verbas para continuar a ajudar a Abraço a trabalhar nas várias respostas sociais.


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MARQUES SOARES ABRE ESPAÇO DE COWORK

A FASHION FORWARD Por: Alex Cadilhe

Equilíbrio e conciliação O tempo não pára. Não vale a pena pensar o contrário. Os dias passam, a memória coletiva desvanece e eis que temos de avançar contra tudo para a próxima estação de Inverno 2021/2022. Sem certezas do que irá acontecer devido ao período atípico que acabamos de atravessar. Aprendemos uma coisa (se ainda não a sabíamos): não sabemos nada, não controlamos nada e a mãe natureza pode varrer todos os nossos planos, os nossos projetos com um simples virar de página. Neste caso foi a Covid-19. Mas da adversidade vem a vontade de vencer, de levantar a cabeça e olhar em frente. Temos de nos reinventar, de fazer o que melhor sabemos: criar. Criar novos caminhos, novas soluções. Que sejam mais adaptadas, mais responsáveis, mais conscientes e mais sedutoras ainda.

A estação de Outono Inverno 2021/22 quer-se conciliadora. Aprender positivamente com os nossos erros e alcançar o justo meio. Contra demasiada tecnologia, acolhemos o artesanato. Contra as matérias demasiado lisas e perfeitas, redescobrimos com saudade as texturas rugosas e imperfeitas. Numa formidável demonstração de savoir-faire unimos correntes contraditórias para criar um caminho, alcançar um novo equilíbrio. A velocidade desumana da sociedade moderna é de repente travada com a constatação implacável das nossas fragilidades. A palavra de ordem, portanto, é o híbrido, juntando o avanço da tecnologia e a beleza do feito à mão. Saber transformar um produto já criado, juntando-o a outra história e criando assim uma narrativa de coleções. Repensar, transformar,

criar formas, novas associações, nunca perdendo o foco pelo respeito do meio ambiente. A fusão da tecnologia com a natureza abre novas ideias, novos tecidos, novos caminhos. O futuro pode ser benevolente para a nossa espécie. Só temos de nos lembrar que fazemos parte de um todo e que, se queremos continuar aqui, temos de afirmar a nossa posição de mais-valia para este planeta único e formidável. Não se confundam: não temos de salvar a terra... Ela continuará muito depois de termos desaparecido da sua superfície. Temos de criar as condições para sobrevivermos nela. E só o conseguiremos fazer trabalhando em simbiose com o equilíbrio universal e afirmando a nossa complementaridade para um mundo melhor. Bom trabalho! t

A Marques Soares decidiu alargar o seu campo de ação e inaugurou um espaço de cowork na Baixa portuense. O novo Sizecowork correspondeu a um investimento de cerca de 200 mil euros num edifício que já era propriedade dos Armazéns. Tem capacidade para acolher cerca de 100 pessoas e está equipado com salas de reuniões, salas de formação, salas de convívio, wi-fi de elevada velocidade, impressoras e climatização.

MANGO QUER ENVOLVER OS CLIENTES NAS SUAS DECISÕES A marca de moda espanhola Mango está a criar uma comunidade digital com o objetivo de conhecer em primeira mão as necessidades, opiniões e expetativas dos clientes. Intitulada Mango Innovation Community, pretende fazer com que a marca possa adaptar os seus produtos e estratégias de negócio à realidade imposta pela pandemia.

MARCA DE INÊS AMORIM NA SEMANA DE MODA DE PARIS A marca nacional Ernest W. Baker, cofundada pela dupla Inês Amorim e Reid Baker, estreou-se no calendário oficial da Semana de Moda de Paris, que este ano se desenvolveu sobretudo em meio digital. A dupla optou por um vídeo que associa a marca a Viana do Castelo. “Decidimos fazer fazer um vídeo com relação à marca, à cidade onde vivemos, Viana do Castelo, e, claro, à nossa coleção”, indicou a criadora. Esta foi a primeira vez que uma marca nacional chegou ao calendário oficial, desfilando ao lado de marcas como Louis Vuitton, Ungaro ou Hermès.


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ETHNIC BLUE: O BASTIÃO FRANCÊS DA LIMA & COMPANHIA

FRADELSPORT JÁ ESTÁ A RETOMAR A EXPORTAÇÃO PARA DESPORTO Especializada na sublimação de vestuário desportivo, a Fradelsport foi a primeira empresa de Famalicão a obter a certificação do CITEVE para máscaras reutilizáveis de uso social, nunca ponderou sequer recorrer ao lay-off e com a retoma das competições já está a recomeçar a exportação de artigos desportivos. Apontada como exemplo, a empresa recebeu a visita do presidente da autarquia, Paulo Cunha, que quis “sublinhar o quanto as empresas têxteis têm sabido, num contexto de enorme dificuldade e adaptando-se às circunstâncias, criar condições para manter a atividade produtiva”.

"A indústria portuguesa tem que se ligar muito mais ao consumidor" Ricardo Silva Administrador da Tintex

A Lima & Companhia, gerida em Portugal por Nuno e Márcia Cortinhas, é presença habitual nos principais centros comerciais de França

Francesa na imagem e estilo, mas portuguesa no saber-fazer e na confeção. A Ethnic Blue é a marca própria da têxtil portuguesa Lima & Companhia, mas é apresentada a partir de Paris onde tem um showroom permanente. Uma estratégia que faz com que França seja o principal mercado da empresa de Famalicão, que atualmente gere um volume de negócios na ordem dos seis milhões de euros e exporta 99% da sua produção. Especializada em polos para homem, a Ethnic Blue foi criada há 26 anos, a partir da amizade entre José Cortinhas, fundador da Lima & Companhia, e o empresário Paulo Alves, radicado em França. Hoje é gerida pelas segundas gerações desta parceria luso-francesa – Nuno e Márcia Cortinhas, em Portugal, e Filipe Alves, em Paris, – que têm alargado a presença da marca a cada vez mais mercados. “Temos um showroom no 3o arrondissement de

Paris, aberto toda a semana, e orientamos a nossa estratégia para lojas multimarca e department stores”, explica Márcia Cortinhas, diretora comercial da Lima & Companhia. Com duas coleções principais por ano, acompanhadas pelo lançamento constante de edições cápsula, a marca é presença habitual em alguns dos principais centros comerciais de França, como as galerias La Fayette ou a rede Armand Thiery. A partir de Paris, chega também a vários mercados internacionais, sobretudo no universo francófono. Argélia, Mali, Costa do Marfim, Madagáscar, Canadá e Camarões são alguns dos países onde já é comercializada, mas tem também presença em Espanha, Reino Unido, Irlanda, Bélgica, Alemanha e Suécia, para além de Portugal. “Atualmente a Ethnic Blue absorve 60% de toda a produção da Lima & Companhia e França é o nosso principal mercado de exportação”, afirma a responsável pela empresa. t

DIA DO PROFISSIONAL TÊXTIL: O FUTURO É DIGITAL E QUALIFICADO

PEÇAS EM LINHO SÃO A NOVA APOSTA DA MO

MINTY LAB QUER CONDUZIR AS FÁBRICAS NO DIGITAL

A marca de moda portuguesa MO, do universo Sonae, acaba de lançar uma nova gama de peças em linho para mulher e para homem, um tecido natural que tem ganho espaço nas coleções de várias marcas portuguesas e internacionais, não só pelas crescentes preocupações sustentáveis dos consumidores, mas também pelo facto de dar às peças um estilo fresco, leve e descontraído.

Levar as empresas portuguesas, mesmo as mais tradicionais, a descobrirem os mares do digital. Este é o objetivo da Minty Lab, responsável pela Minty Square, que agora está focada em fornecer novos instrumentos de navegação à indústria portuguesa. A plataforma quer facilitar os contactos online com clientes, está incluída no novo catalágo de marketplaces do projeto From Portugal.

53 milhões de euros foi a faturação da S. Roque em 2019

Foi em 2018, no Fórum da Indústria Têxtil, que a ATP oficializou o dia 4 de julho como o ‘Dia do Profissional Têxtil’, com o objetivo de homenagear aqueles que todos os dias dão vida à indústria. “Estamos num momento desafiante: a indústria 4.0 e o desafio digital, que vai introduzir a robotização e a Inteligência Artificial são uma oportunidade para os trabalhadores da nossa indústria”, destaca o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, ao T Jornal. Criatividade, inovação e novas formas de produção vão, por outro lado, induzir a customização como a nova forma de trabalho para as indústrias têxteis e é nesse particular que o entrosamento entre os profissionais e as novas máquinas – possivelmente a maioria delas ainda nem existe – será o segredo do sucesso. O presidente da ATP chamou

ainda a atenção para que, em termos do espaço da União Europeia, ser esse o caminho escolhido para o desenvolvimento. Num momento em que a pandemia deu a entender que ‘atirar’ a posse da indústria para a Ásia não terá sido a melhor opção, a nova indústria têxtil e do vestuário europeia está perante o desafio digital e a Comissão Europeia já indicou que esse será o caminho, inclusivamente no que tem a ver com os apoios que, de agora em diante, vão ser colocados à disposição da indústria. Num tempo em que o setor se debate com a falta de trabalhadores qualificados, saber como atrair hoje e manter na ITV jovens trabalhadores é uma questão central do debate. Há um ano, o presidente da Euratex, o italiano Alberto Paccanelli, vaticinava que Portugal “vai ter que contratar mais de 600 mil trabalhadores até 2030”.

Não só com as necessidades de substituição da mão de obra atual – 36% dos 1,7 milhões de trabalhadores da indústria têm mais de 50 anos – mas sobretudo como forma de responder à falta de trabalhadores qualificados. É, por isso, preciso olhar sobretudo para as novas tecnologias e qualificações. “85% dos postos de trabalho que irão existir em 2030 ainda não foram inventados”, afirmava a diretora geral de competências na Direção-Geral da Comissão Europeia para o Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão, Manuela Geleng, de passagem por Portugal. Neste momento são cerca de 138 mil os trabalhadores no setor têxtil e do vestuário em Portugal – 66% no vestuário e 34% na fabricação têxtil – na esmagadora maioria (86%) concentrados no Entre-Douro e Minho. t

AS MÁSCARAS COLORIDAS E SOLIDÁRIAS DE ROSELYN SILVA

São padrões vistosos, que servem para chamar a atenção para uma causa solidária. A designer Roselyn Silva encontrou inspiração nas Capulanas, os coloridos tecidos africanos, para produzir uma série de máscaras onde cabem todas as cores do dicionário. Parte das vendas reverte para a Campanha Solidária da Embaixada de São Tomé e Principe, terra-natal da estilista.


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"OS EMPRESÁRIOS INVENTARAM DE TUDO PARA MANTER A ATIVIDADE"

FOTO: RODRIGO CABRITA

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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa João Correia Neves Diz de si que nasceu em Ponte de Sor (em 1957) “dentro de uma fábrica de cortiça” onde o pai era o diretor. A empresa já não existe e o jovem iria rapidamente viver para Almada, “como muitos alentejanos”. Atravessou o rio para entrar no Instituto Superior de Economia (em 1980) que ainda não tinha o ‘G’ de Gestão. É Mestre em Administração e Políticas Públicas, pelo ISCTE (2003) e a causa pública esteve sempre no seu horizonte: de quadro técnico da Direção-Geral da Indústria até à secretaria de Estado da Ecnomia, que assumiu no anterior Governo. Entretanto foi chefe do Gabinete do Ministro da Economia (Augusto Mateus), depois de ter passado pela Direção-Geral da Indústria e pela administração do IAPMEI, a par da gestão industrial privada

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um período de transição entre o confinamento e o desconhecido, o secretário de Estado Adjunto e da Economia trabalha sobre um cenário em constante mutação e onde, por isso, a avaliação contínua é a melhor defesa na procura de soluções dinâmicas que permitam estabilizar a recuperação da atividade empresarial. Como avalia a reação do setor têxtil e do vestuário à pandemia de Covid-19?

Estamos a viver circunstâncias que nunca imaginámos que pudéssemos viver, o que deu para observar o que há muito sabiamos: as nossas empresas, os seus empresários e os seus trabalhadores, quando confrontadas com dificuldades, inventam tudo o que é possível para manter as suas atividades. Não fazíamos batas, nem máscaras, nem luvas, nem ventiladores, nem equipamentos de proteção individual e de um momento para o outro começámos a fazer tudo. Foi uma resposta fantástica nas circunstâncias que são o que são. Tudo isto atesta o enorme valor da resposta dos nossos empresários e das nossas empresas às dificuldades. Estamos numa nova fase, de reabertura da economia, que irá passar por grandes dificuldades. Nomeadamente na frente das exportações.

Os dados do comércio externo que temos neste momento são os de maio. Nesse mês, todas as associações e todos os empresários dizem qual foi o pior período: abril foi muito mau, maio foi ainda mais difícil. A média da quebra das exportações foi de cerca de 40% nos dois meses.

Mas todos os dados qualitativos dizem que os meses de junho e julho estão a ser bem melhores. Número de encomendas, novos clientes, número de trabalhadores em lay-off – que no caso da indústria desceu bastante – estão a melhorar. Há sinais significativos de melhoria do nível de atividade económica, desde logo no têxtil e vestuário, mas de uma forma geral na indústria. Mas ainda falta muita coisa, nomeadamente podermos chegar aos outros países.

Obviamente que os instrumentos de mobilidade facilitam muito as relações comerciais. Sobretudo para os portugueses, o contacto físico e a confiança que conseguimos estabelecer a partir daí são um ativo a que os outros competidores não dão tanta importância. De qualquer modo, estamos confrontados com uma situação muito difícil, o que nos obriga a encontrar equilíbrios que nos permitam continuar a exercer a atividade económica – sem ela, não temos condições de manter empregos, rendimentos, condições de vida, no fundo. Todos temos a ganhar, empresários, trabalhadores, cidadãos, com o progressivo regresso da normalidade da vida quotidiana e da facilidade da mobilidade. Como avalia as decisões que foram sendo tomadas precisamente para manter essa atividade, mesmo que em mínimos históricos?

O Governo foi tentando tomar decisões que respondessem à situação. Às vezes com dificuldades, uma vez que nos apercebemos rapidamente que não conhecíamos todos os dados do problema. Não sabemos todos os impactos da evolução da pandemia, não temos toda a evidência das consequências económicas. Portanto, foram-se construindo as soluções que em cada momento correspondessem à fase em que estávamos. Temos tido algum consenso público e político em

relação às medidas tomadas.

" Estou convencido que vamos passar a ser o principal produtor europeu de EPI" Uma das formas de recuperar a economia será através do aumento das capacidades e do conhecimento dos trabalhadores das empresas. Esse desígnio, que é um dos pilares do Portugal 2030, será a forma de preparar as empresas para as novas realidades que sairão dos tempos conturbados do combate à pandemia, mas que chegariam em qualquer circunstância: a indústria 4.0, a robotização e a digitalização (sem esquecer a Inteligência Artificial) são os dados novos de um problema que é antigo - cada passo em frente da indústria esconde o risco de que um número não despiciendo de trabalhadores arrisquem a irrelevância. O secretário de Estado Adjunto e da Economia considera, por isso, que a formação é central não só na recuperação das empresas como também na manutenção de postos de trabalho. A União Europeia insiste que esse caminho tem de ser percorrido quanto antes e que esta fase de resposta à pandemia permite que os trabalhadores tenham o tempo para se dedicarem ao reforço das suas competências. Este esforço é a única forma de a União Europeia regressar à independência produtiva que ser foi perdendo para os países do sudoeste asiático ao longo das últimas três décadas. Sendo esse um desígnio central, o fortalecimento dos conhecimentos dos trabalhadores é imperativo. Como o é também que os empresários saibam resistir aos preços ‘de saldo’ que China, Vietname, Bangladesh e outros irão exibir no segundo imediato ao desconfinamento

Destaca-se o lay-off simplificado.

O lay-off simplificado foi muito importante para que pudéssemos ter centenas de milhares de trabalhadores minimamente protegidos em quase 100 mil empresas – tivemos mais de 900 mil trabalhadores abrangidos numa fase inicial, com os números agora progressivamente descendo. As moratórias de natureza fiscal e dos créditos bancários foram também muito importantes, porque permitiram um forte alívio de tesouraria. E os sistemas de incentivos?

Tivemos do lado do Ministério da Economia pagamentos extraordinários dos sistemas de incentivos: entre pagamentos e não recebimentos de reembolsos, cerca de 500 milhões de euros, o que não tem nenhuma comparação com qualquer outro período da história dos sistemas de incentivos em Portugal. Tentámos também por aí, sobretudo para as empresas que tinham projetos de investimentos – que tinham feito o esforço financeiro e o mercado não estava aí para responder, impedindo a recuperação desses investimentos – induzir um alívio da tesouraria. Será suficiente?

Este conjunto de medidas – a que se juntam as linhas de crédito com garantia de Estado ou mutualizadas, mais de seis mil milhões de euros – , permitiram proteger empregos e empresas. O que impressiona mais são as pessoas no seu conjunto, trabalhadores e empresários, estarem à procura de soluções. Se estamos confrontados com uma situação cujo fim desconhecemos, vamos ter de tentar prolongar a situação o mais possível para percebermos como vai ser a evolução do mercado, da procura e então, com dados mais claros, tomar as medidas

necessárias do ponto de vista empresarial para ajustarmos o que tiver de ser ajustado. É essa a fase em que estamos?

Nesta fase, seria muito errado destruirmos as condições de podermos, numa altura de recuperação do mercado, contar com as empresas e os trabalhadores adequados a esta fase. Se tivessemos uma situação de destruição de empresas e empregos e depois logo se veria de que forma iríamos recompor a atividade aconómica, seria muito mais difícil – principalmente no setor industrial. Acho que estamos todos a fazer aquilo que deve ser feito: analisar todos os dados fornecidos pelo mercado e encontrar novas soluções do ponto de vista dos modelos de negócio. Com que é que os empresários podem contar em concreto?

Podem contar com o mesmo tipo de posicionamento do lado do Governo: procurar ter os instrumentos que são adequados a cada circunstância. No caso das moratórias, já foram estendidas para março de 2021 – para termos um período em que possamos perceber melhor o mercado e se os níveis de atividade anteriores à crise estão ou não a ser atingidos. No caso das linhas de crédito, vamos continuar a lançá-las, dirigindo-as numa primeira fase mais para as micro empresas (com intervenções até 50 mil euros) – não porque não tenham tido já a sua fatia de apoios, mas porque percebemos que continuam a ser as mais vulneráveis. Fizemos uma reserva de mil milhões de euros, logo veremos se chegam. Se for necessário mais financiamento nessa área há disponibilidade?

Com certeza que sim. Vamos lançar novas linhas de crédito – o recurso ao financiamento dependerá muito do nível de atividade e da consequente necessidade de fundo de maneio.


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A meio caminho entre o Belenenses e o PS João Correia Neves jogou basquetebol (em Almada, onde chegou a federado), gosta de música e continua a ser do Belenenses. “Não sei bem é de qual sou”, deixou escapar, apesar de ter revelado que “cheguei a ser dirigente”. Sendo certo que “um espetáculo é também a capacidade de estar dentro do espetáculo”, João Correia Neves acha que a pandemia foi um tempo em que se perdeu alguma coisa. Não é filiado no PS e nunca sentiu que esse facto o tenha de algum modo condicionado: “não é preciso ser-se filiado num partido para prosseguir uma atividade política intensa; isso seria muito redutor; não sou contra ou a favor do que quer que seja, simplesmente acho que há espaço na sociedade para este meu tipo de posicionamento”. Para o que não há espaço é para regressar ao Belenenses.

Vamos continuar a apoiar o investimento produtivo, nomeadamente com a readaptação da produção. Temos cerca de dois mil milhões de investimento propostos por atividades de natureza industrial – mesmo nestas circunstâncias, as empresas percebem que o investimento é central para o futuro. Daquele montante, cerca de 730 milhões foram para empresas que investiram em produtos e serviços de combate direto à pandemia – batas, máscaras, ventiladores, etc. Cerca de 30% dos investimentos são da responsabilidade das indústrias da moda (vestuário e calçado), o que dá quase 220 milhões – o que demonstra que estas empresas, quando se viram sem mercado, foram à procura do que era necessário para manter as empresas em atividade. Parte disto há-de ficar: estou convencido que vamos passar a ser o principal produtor europeu de equipamentos de proteção individual, espero que aqueles que tiverem maior valor acrescentado. O fim do período especial do lay-off foi a zona de maior conflito entre o Governo e os empresários.

Estamos a fazer alterações que correspondem àquilo que é o sentimento da evolução do mercado: tivemos uma percentagem elevadíssima de empresas (nomeadamente do setor têxtil) a recorrer ao lay-off e neste momento há uma retoma do nível de atividade – que não chega ainda à fase pré-crise, mas já permite ter uma utilização de mão-de-obra muito mais importante – e portanto os instrumentos que estamos a criar são no sentido de premiar a retoma. As empresas que saírem do lay-off têm direito a um valor para premiar essa capacidade de adaptação e têm, em função do nível de horas trabalhadas por trabalhador, um esforço que é partilhado entre a empresa e a Segurança Social que é distinto do que era

" O Governo vai procurar ter os instrumentos que são adequados a cada circunstância" no passado porque o mercado indica que isso já é possível. E se esse indicador falhar?

Logo veremos qual é a evolução da situação. Se esta dinâmica de retoma, lenta mas progressiva, for aprofundada a partir de setembro, teremos uma situação; se tivermos uma situação epidémica distinta, logo veremos quais as medidas a tomar. Quer isso dizer que o Governo pode fazer regressar o lay-off de resposta ao pior da crise?

Temos o regime do Código do Trabalho – o lay-off não simplificado, chamemos-lhe assim – que pode ser sempre utilizado; a simplicidade do acesso e os prazos de resposta são as grandes diferenças em relação ao simplificado. Não está de todo de parte que, em função das circunstâncias, esta ou aquela empresa, este ou aquele setor, tenham de utilizar o lay-off normal. O Governo gostaria de completar estes mecanismos de apoio à manutenção do emprego com apoios mais expressivos à requalificação dos trabalhadores. Para aproveitar as menores horas de trabalho.

Aproveitar uma altura em que o nível de atividade é mais baixo para investirmos mais na formação das pessoas. Que medidas em concreto?

O Programa de Estabilização Económica e Social que o Governo aprovou tem um conjunto de medidas específicamente dirigidas a essa orientação. Temos também os recursos do lado do

Estado e os que com certeza virão do programa europeu de recuperação para dotarnos o IEFP, os centros protocolados com recursos para esse fim. Temos de aproveitar bem a dimensão da recuperação e, para isso, temos de ter as empresas preparadas – o esforço de investimento que vai ser feito pelo Programa de Recuperação do Governo vai ser muito dirigido diretamente para as atividades empresariais, ou para aquele tipo de infraeastruturas tecnológicas que precisam de mais capacidade. Dois exemplos: não teríamos feito este combate à pandemia se não tivéssemos o CITEVE ou o CEiiA, no caso dos ventiladores. O banco de fomento está para breve? O que correu mal com o IFD?

O IFD não pode fazer operações ativas, ou seja, não pode conceder crédito, tendo por isso muitas limitações. Mas o banco de fomento não se vai substuituir ao mercado: pretende ser um complemento à atividade comercial e desenvolver um enfoque em áreas específicas ou projetos que necessitem de atenção a longo prazo. Neste momento está em processo de consulta no Banco de Portugal, na União Europeia, para podermos finalizar o desenho do banco. Surgirá até ao final do ano?

Nem todos os prazos dependem de nós. No caso do têxtil e vestuário, acha que o estado de prontidão face à reabertura da economia deve fazer com que as empresas regressem às feiras a partir de setembro?

Com certeza que sim. Se não estivermos presentes, perdemos o nosso lugar. É essencial participar. Do lado do Governo vamos fazer tudo para que essas participações sejam apoiadas de forma expressiva. Não estar seria o pior e eu estarei presencialmente com os empresários que tiverem essa coragem. t

As perguntas de

Mário Jorge Machado Presidente da ATP Qual a razão de o Governo ter alterado o lay-off simplificado quando ainda existe uma grande crise que se perspetiva pelo menos até ao final de 2020?

O regime de apoio à atividade das empresas e ao emprego vai-se manter, mas com caraterísticas distintas. Vamos passar a ter um regime mais aproximado do que é a utilização da mão-de-obra: o número de horas trabalhadas por pessoa serão pagas pelos empregadores, e o restante fica para o lado do Estado. Vai ser um esforço partilhado. Nenhum instrumento de apoio à adaptação das empresas à dimensão do mercado vai desaparecer.

José Robalo Presidente da ANIL A pandemia deixou clara a dependência da Europa face à produção chinesa. Não estará na altura de pensar na reindustrialização?

Temos claramente uma aposta naquilo que são instrumentos de grande dimensão dirigidos à atividade industrial. O que está a ser feito nos produtos de combate à pandemia, mas também noutras áreas que permitam diminuir o défice comercial. Este esforço é bem compreendido por parte dos investidores europeus. Se pudermos ‘apanhar’ uma fatia da recocalização da produção, será muito bom para Portugal.

Quais as medidas do Governo para ajudar as empresas que, sendo viáveis, não tenham capacidade de atravessar a crise por falta de mercado?

A têxtil provou ser essencial para a economia do país. Não terá ganho credibilidade junto dos decisores de forma a conseguir linhas de apoio específicas como aquela que a ANIL já lhe fez chegar?

Do lado do que são os instrumentos de proteção das empresas em função do mercado, são aqueles que já concretizámos e vamos acrescentar o que tiver de ser acrescentado. Aumentar a autonomia financeira das empresas melhorando o processo de capitalização é a prioridade. São esses instrumentos onde nos vamos concentrar. O critério é privilegiar as empresas viáveis e que tenham capacidade de responder favoravelmente às condições do mercado. t

As circunstâncias que estamos a viver permitiram perceber que há disponibilidade para termos mecanismos de financiamento mais ajustados a esta dimensão. O drama é que não temos o poder de outros países da União que, para além dos mecanismos de financiamento dos quadros plurianuais, têm capacidade orçamental para intervir diretamente em empresas de natureza estratégica – com uma tranquilidade do ponto de vista de debate público que não vemos em Portugal. t


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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt


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SETEMBRO MARCA O REGRESSO DAS FEIRAS PRESENCIAIS

GENDA DAS FEIRAS

MARKETPLACES INDEPENDENTES FOURSOURCE | GLOBAL APPAREL SOURCING EXPO FAIRLING SUPER ETAGE THE BRAND SHOW Balutextil, Burel, Condição Padrão, Confeções Bugalhós, Consifex, East Ocean, Goucam, Juvema, Knot, Made2Wear, Marita Moreno, Novais Coelho, Olmac, OSDM, Siena, Spring, Ultra Creative, Vintage For a Cause MARKETPLACES/PLATAFORMAS DIGITAIS DAS FEIRAS PITTI BIMBO CONNECT 7 de julho a outubro FS Baby, Phi Clothing PLAYTIME MARKET PLACE Baby Gi, Dot, Knot, Meia Pata, Möme, Suuky COLOMBIAMODA DIGITAL 27 de julho a 2 de agosto Heliotextil, Kleed TEXWORLD DIGITAL USA 21 a 23 de julho Camorsil, Santos Camiseiros MISSÕES VIRTUAIS AMÉRICA LATINA Baby Gi, Heliotextil, Ideias Commander, Meia Pata, Têxteis Giestal, Têxteis Penedo FEIRAS SUPREME KIDS 14 a 16 de agosto - Munique Baby Gi, Meia Pata, Peter Jo Kids FABRIC DAYS 1 a 3 de setembro - Munique 6 Dias, A. Sampaio & Filhos, Albano Morgado, António Manuel de Sousa, Bloomati by Carvema Têxtil, BW Fashion, Fitecom, J. Areal. João & Feliciano, La Estampa, Lurdes Sampaio, M.M.R.A., Modelmalhas, Paulo de Oliveira, Raith Têxteis, RDD - Textiles, Sanmartin, Scoop, Sidónios Malhas, Somelos, Tessimax Lanifício, Tintex Textiles, Top Trends, Trimalhas, Troficolor MILANO ÚNICA 8 e 9 de setembro - Milão Albano Morgado, Lemar, Modelmalhas, Paulo de Oliveira, Penteadora, RDD Textiles, Riopele Têxteis, Somelos Tecidos, Tessimax Lanifícios PREMIÈRE VISION 15 e 16 de setembro – Paris PV FABRICS - Albano Morgado, Anbievolution, Fitecom, Lemar, LMAAlitecno®, NGS Malhas, RDD Textiles, Paulo de Oliveira, Penteadora, Somelos Tecidos, Tessimax Lanifícios, Vilarinho, Vilartex PV MANUFACTURING - Anjos & Lourenço, Lima & Companhia, Siena MOMAD 18 a 20 de setembro - Madrid BLACKSPIDER, Concreto, Júlio Torcato, Katty Xiomara, Marcial Martins, Marita Moreno, Scusi RIVIERA / WHO´S NEXT / PREMIÈRE CLASSE 2 a 4 de Outubro – Jardin des Tuileries em Paris BLACKSPIDER, Concreto, Iora Lingerie, Júlio Torcato, Katty Xiomara, Lemar, Luís Buchinho, Marita Moreno, Mrs. Mood, Pé de Chumbo

Baby Gi, Meia Pata e Peter Jo Kids serão as marcas portuguesas a marcar presença na Supreme Kids, a primeira feira presencial pós-pandemia

O mês de setembro vai marcar o regresso em força das feiras e eventos têxteis europeus, mas o primeiro passo é dado ainda em agosto, com a feira de moda infantil Supreme Kids a dar o tiro de partida para uma agenda recheada de eventos. As incógnitas parecem dissipadas e o calendário de feiras consolidado para o regresso ao contacto presencial. O pontapé de partida será dado, assim, em Munich, no espaço da MTC World of Fashion, onde será realizada a primeira feira presencial em meses, a Supreme Kids. Com um simbolismo especial, o evento contará com três marcas portuguesas, a Baby Gi, a Meia Pata e a Peter Jo Kids, presentes ao abrigo do Projecto From Portugal. Mas só em setembro o calendário voltará a aproximar-se do ritmo pré-Covid. Logo nos primeiros dias vai decorrer também em Munique o evento Fabric Day’s, uma versão concentrada da Munich Fabric Start, uma das principais feiras de tecidos da Europa. “Criamos uma plataforma que concentra o essencial e permite à indústria trabalhar de forma eficiente perante as novas con-

dições”, explicou Sebastian Klinder, Managing Director da Munich Fabric Start, numa nota enviada aos expositores. Numa edição especial – marcada pela reorganização do espaço e pelo reforço das regras de segurança – Portugal vai contar com uma comitiva composta por alguns dos principais players portugueses do setor: Fitecom, Model Malhas, Paulo de Oliveira, Sanmartin, Somelos e Tessimax. Em Paris, os planos para a rentrée foram reforçados, depois do ministro do Comércio Exterior e da Atratividade, Franck Riester, ter anunciado que as feiras e salões profissionais poderão reabrir a partir de setembro sem limitações. Na agenda do setor têxtil, encontram-se duas feiras em Paris: a Who’s Next, adiada para outubro, e a Première Vision, que nesta edição será realizada em apenas dois dias. Em ambas as feiras estão já confirmadas a presença de empresas portuguesas. As cores nacionais estarão ainda representadas na Milano Unica, em Milão, e em Madrid, na Momad, onde a presença portuguesa se fará igualmente notar. t

MARKETPLACES: PRIMEIROS CONTACTOS VIERAM DA FRANÇA E DA ALEMANHA Os marketplaces, ou feiras online para profissionais do setor têxtil e da moda, proliferaram nos últimos meses e as empresas que se lançaram à descoberta começam a registar resultados. Na Foursource, que está a organizar a Global Apparel Sourcing Expo, os primeiros contactos vieram da França e Alemanha. “É uma oportunidade muito grande para contactar diretamente com os clientes e explicar melhor o que sabemos fazer”, diz Margarida Pinho, da empresa Condição Padrão, que se tornou na primeira presença From Portugal em plataformas online ao aderir à Foursource em janeiro, ainda antes da pandemia. “Registá-

mos vários contactos, estamos a enviar amostras, e já tive produção de um cliente da Alemanha”, completa a gestora da empresa de Famalicão especializada em confeção de moda para homem, mulher e criança. Alfredo Pinho, sócio-gerente da Novais Coelho, revela mesmo que “durante a pandemia apareceram grandes negócios. Começamos a produzir equipamentos de proteção e posso dizer que produzimos mais de meio milhão de máscaras para a Alemanha e França, a partir de contactos surgidos online”, conta o responsável da empresa. Da mesma forma, Renato Barros, comercial da Balutextil, vê

nos marketplaces uma oportunidade. “Recebemos alguns pedidos de cotação, mas por vezes faltam detalhes, ainda exige algum aperfeiçoamento. Mas acredito que trará resultados”, adianta o comercial da empresa de Barcelos, também especializada em confeção, e que atualmente conta com uma equipa de 80 pessoas. A plataforma digital Foursource – que desde o dia 15 de julho e até 14 de agosto está também a organizar a feira online Global Apparel Sourcing Expo – é um dos marketplaces que integra o novo catálogo digital do From Portugal, projeto de apoio à internacionalização para empresas do têxtil e moda nacionais.t


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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

Tricirculo

Rua do Dr. Artur de Magalhães Basto, 26 2º 4000-422 Porto

Ano de abertura da loja 2013 Produtos Roupa de mulher, nova e vintage, swimwear e acessórios Conceito Para os amantes do vintage e para quem procura alternativas ao maisnstream Vendas Online Em tricirculo.com, juntamente com o Instagram e o Facebook Mercados Portugal é o principal, mas destacam também Espanha, Alemanha, Itália e Suíça

TAJISERVI LANÇA PORTAIS HIGIBOX PARA A DESINFECÇÃO ANTI-COVID “Temos de encontrar formas originais de fazer frente à pandemia”, foi com este espírito que a Tajiservi se lançou à procura de soluções inovadoras que se revelassem úteis nestes novos tempos. Com o seu mercado tradicional ainda muito afetado, a empresa de equipamentos têxteis criou uma nova marca, a Higibox, com a qual lança agora uma série de equipamentos de desinfeção e higienização, como pórticos e geradores de ozono.

"Portugal deve utilizar este momento para repensar a sustentabilidade no seu todo" Isabel Furtado CEO da TMG Automotive

A banhos com o vintage Talvez seja porque a esta altura do campeonato já estamos com a cabeça nas férias e nas tardes passadas numa toalha à beira-mar, mas a verdade é que a primeira coisa em que se repara quando entramos na Tricirculo são os fatos de banho e biquínis. O azul e o coral, em tons pastel, mas também o branco, o laranja forte e o clássico padrão das bolinhas sobre fundo preto são as cores da estação desta linha de swimwear de formas arrojadas e vincadas, caraterísticas da marca. No entanto, a Tricirculo começou muito antes da aventura da roupa de banho em marca própria, mais concretamente em 2011, quando Natacha Braga se iniciou na venda de roupa em segunda mão dos anos 80 e 90 através do Facebook e do Instagram. “A ideia nasceu de uma viagem que fiz, aos 19 anos, pela Europa e pelos fleamarkets europeus, repletos de artigos vintage cheios de cor e com muito para contar. A Tricirculo foi das primeiras lojas vintage online em Portugal”, nota Natacha. Ligada às artes, ao design e à fotografia por formação, a moda sempre lhe esteve próxima do coração, num estilo muito próprio que era difícil de encontrar nas lojas mainstream. Não demorou muito até que começasse a desenvolver uma coleção de roupa. “Sentia uma grande necessidade de criar porque muitas das coisas que eu procurava para uso pessoal eram impossíveis de encontrar por cá. Tudo me parecia muito idêntico nas grandes superfícies comerciais, para além da falta de qualidade dos artigos e da sua origem. Em Portugal, principalmente no norte, o nosso forte é a têxtil e então achei por bem começar a confecionar cá peças da minha autoria ou inspiradas em artigos vintage ”, explica a agora também designer de moda. Começou com uma parceria com uma peque-

na confeção e hoje já trabalha com quatro fábricas, o que garante às suas peças o selo de design e confeção 100% portuguesa. “Também os tecidos são portugueses”, reforça, orgulhosa. O sucesso da loja online foi tão transversal que Natacha Braga decidiu dar o salto para a loja física, em 2013, mas não sem antes se lançar na criação de uma linha de swimwear. “A minha maior paixão são os modelos vintage, super cavados e de cintura subida. No lançamento da coleção surgiu alguma polémica pelos modelos serem tão arrojados e diferentes. Agora, cada vez mais nos pedem modelos mais reduzidos e subidos, que não se encontram em muitas lojas portuguesas”, frisa Natacha. Todos os biquínis são produzidos do XS ao XXL e há ainda a possibilidade de costumizar a cor ao gosto da cliente: basta contactar a marca por mensagem e ver quais as opções disponíveis para determinado modelo. Tudo vantagens da produção local, que garante que as peças assentam ao gosto do cliente como uma luva. Feitos manualmente com recurso à conceituada marca LYCRA com tecidos de empresas italianas e espanholas – “infelizmente ainda não há confeção de tecido para banho em Portugal, pelo menos que eu tenha conhecimento” – a coleção de swimwear da Tricirculo é por estes dias a estrela da loja. “Houve uma reviravolta nesta coleção de 2020. Tínhamos imensas ideias a concretizar e algumas modelos internacionais que íamos fotografar mas ficou tudo em stand-by. No entanto, felizmente, a coleção foi um sucesso. Ainda nem tínhamos chegado a julho e já estávamos a repetir cores e padrões!”, revela Natacha, em mais uma prova de que vamos todos ficar bem. Que venham os banhos! t

NORTADA TEM CONJUNTOS DE SWIMWEAR E MÁSCARAS

ATP APLAUDE LINHA DE CRÉDITO DE MIL MILHÕES PARA AS PME

Especializada em swimwear, a Nortada decidiu acrescentar um novo acessório às idas à praia: são máscaras de proteção individual com padrões que combinam com os artigos com a nova coleção. As máscaras com três modelos disponíveis (criança e dois tamanhos de adulto) são feitas em LYCRA e estão neste momento certificadas pelo centro tecnológico do calçado português para 20 a 25 lavagens.

O Governo anunciou uma nova linha de crédito de pelo menos mil milhões de euros para apoiar micro, pequenas e médias empresas, decisão que a ATP aplaude. “A segmentação do crédito é nesta fase importante porque houve empresas que tiveram dificuldade em aceder a linhas de crédito anteriores, uma vez que os plafonds já estavam tomados quando tentaram entrar no sistema”, analisa o presidente da ATP.

3,6 milhões foi a faturação da TrimNW em 2019

CATARINA FEZ MÁSCARAS DO LENÇO DOS NAMORADOS

Coloridas, divertidas e imbuídas de um espírito de esperança. É assim que Catarina Barreto caracteriza a coleção de máscaras que desenvolveu para enfrentar a pandemia. Para além de se destacarem pela estética – e por incluirem um saco protector feito à medida – as máscaras simbolizam também a entrada da jovem designer no mundo da moda, antecipando o lançamento da sua primeira coleção em nome próprio.


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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves

Fato Sensorizado – Sensor Built-In Suit

Desenvolvido no âmbito do projecto Texboost pela P&R Têxteis, em parceria com a LMA, CITEVE, Plux, INESCTEC, FEUP, FADEUP e Laboratório de Biomecânica do Porto

O que é? Um fato sensorizado que recolhe e transmite informação em tempo real sobre a atividade corporal Para que serve? É um instrumento de estudo para ser utilizado no treino para ciclismo de alta competição e aumentar a performance Estado do projeto? Alguns dos sensores estão pré-patenteados e o fato está a ser testado em contexto real

TRIM NW TEM NOVOS TIPOS DE TNT E AUMENTA PRODUÇÃO Habituada a produzir Tecido-Não-Tecido quase em exclusivo para o setor automóvel, a Trim NW descobriu na confeção de EPIs um novo mercado. Dois meses depois, começou a sentir sinais de retoma no seu negócio tradicional, mas continua focada no mercado da saúde e avançou com uma nova linha de produção que lhe permite aumentar a sua capacidade de fabrico para os 750 mil m2 por semana. E se em março a Trim NW viu muitos dos seus clientes na indústria automóvel a reduzirem ou suspenderem atividade, neste momento Rui Lopes, CEO da empresa, acredita até numa “ligeira subida” na faturação anual, que em 2019 atingiu os 3,6 milhões.

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pessoas emprega o grupo Goucam nas suas quatro unidades fabris

COSEC: EXPORTAÇÕES PARA FORA DA OCDE COM FORTE PROCURA Entre março e maio deste ano, as operações aprovadas no âmbito da Linha de Seguros de Créditos de Curto Prazo para países fora da OCDE com garantia do Estado, gerida pela COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, atingiram 50 milhões de euros, potenciando exportações de 229 milhões, cerca de 7% das exportações portuguesas para fora da UE. Durante esses três meses, o número de pedidos submetidos pelas empresas portuguesas a esta linha aumentou cerca de 47% relativamente ao mesmo período de 2019.

O fato da P&R que pode levar à camisola amarela “Informação é poder” é um lema que poderia ser aplicado ao novo projeto da P&R Têxteis. Ou, talvez, “informação é velocidade e resistência” seja ainda melhor. Consciente de que hoje em dia o desporto de alta competição faz cada vez mais uso da tecnologia para elevar o rendimento dos atletas, a têxtil de Barcelos criou um fato sensorizado, o Sensor Built-In Suit, que permite a atletas e treinadores captarem informações do próprio corpo, percebendo as suas necessidades e otimizando o desempenho. Lançado em 2017 – no âmbito do Texboost – o projeto de inovação consiste num fato que através de uma rede de sensores é capaz de captar informações como a atividade muscular, a frequência cardíaca, a postura e os movimentos corporais. Recolhidos em tempo real, todos estes dados são transmitidos através de Bluetooth ou pela internet para uma aplicação móvel. “A ideia foi construir um fato que ajudasse na performance do atleta, que lhe desse alguns imputs em termos de treino, tanto ao ciclista como ao treinador, que em tempo real pode ler os dados e fazer sugestões”, explica Laura Boura, designer da P&R Têxteis e responsável pelos desenvolvimentos operacionais do projeto. O Sensor Built-In Suit envia de imediato um conjunto de dados para a aplicação que os traduz em estatísticas e gráficos para uma leitura no momento, mas também guarda uma base de dados que permite um estudo mais aprofundado a longo-prazo, reunindo vários treinos. Desde o início que a ideia foi desenhada para o ciclismo de alta competição. “É um desporto muito imple-

mentado na P&R e tem grande potencial, porque que tem vindo a crescer. As bicicletas são vistas como um meio de transporte amigo do ambiente e isso contribui para que o número de praticantes e atletas venha a crescer”, comenta Laura Boura. A empresa de Barcelos tornou-se já conhecida por fornecer o equipamento para vários desportos de alto rendimento, incluindo várias equipas olímpicas internacionais – já vestiu nomes maiores do desporto mundial como Nelson Évora ou Usain Bolt, além de fornecer as camisolas amarelas para a Volta a França. No caso do ciclismo, conta com a Federação Portuguesa de Ciclismo e a equipa Rádio Popular Boavista entre os seus principais clientes – e potenciais beneficiários desta tecnologia. A seis meses do final do projeto – o Texboost terminaria em julho de 2020, mas foi prolongado até dezembro – o fato está já construído, com base numa malha Ketten em poliéster com elastano fornecida pela LMA e que já passou nos testes de fitting. Em termos de sensores, o projeto exigiu desenvolvimentos específicos, que já levaram a que alguns fossem pré-patenteados. Agora, a P&R Têxteis está a proceder a novos testes para aperfeiçoar a comunicação entre o fato e a aplicação. Depois, com o projecto concluído, segue-se a industrialização, apresentando-o a equipas e federações de ciclismo. Num tempo em que a tecnologia é cada vez mais integrada no desporto de alta-competição, o Sensor Built-In Suit promete fazer a diferença na linha da meta, quando um centésimo de segundo pode distinguir o camisola amarela do resto do pelotão. t

"Optamos por manter a produção, numa estratégia que chamamos a era pós-Covid-19" Mafalda Pinto CEO da SCOOP

E PORQUE NÃO SORRIR COM OS OLHOS? Chamam-se SMEYE (=smile with your eyes) MASKS e são o resultado de uma parceria entre a marca de têxteis-lar e decoração SUUKY e a artista plástica Violeta Cor de Rosa. As máscaras com padrões geométricos, opções coloridas ou animais da selva estão disponíveis em seis packs com tamanhos para adulto e para criança. Cada pack inclui duas máscaras com um design diferente.

AS MUITAS FACES DAS MÁSCARAS TIVA Proteção e design são os dois pilares da estratégia da Tiva na abordagem ao novo mercado das máscaras de proteção. Habituada a trabalhar em regime private label para grandes séries, a empresa de malhas adaptou as suas linhas de produção para o fabrico de máscaras em pequenas quantidades e em diferentes modelos, cores e padrões. Até criou uma loja online para este produto. “A criação do site de vendas surge para dar resposta às pessoas que querem comprar poucas quantidades. A Tiva está habitualmente vocacionada para grandes séries, mas quisemos adaptar-nos para poder chegar a toda a população”, disse a representante da empresa, Joana Gomes.


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[CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com

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MÁSCARAS PORTUGUESAS AJUDARAM A RESPIRAR NA CIMEIRA EUROPEIA

BE A STORYTELLER, DESAFIA O FASHION PEOPLE O concurso fotográfico Fashion People já vai na 7.ª edição e este ano tem um novo desafio para os aficionados da fotografia mobile: “Be a Storyteller”. As candidaturas estão abertas até 10 de setembro. Há até uma nova e alargada lista de prémios para os melhores trabalhos: o 1ª lugar receberá um telemóvel topo de gama; o 2º uma viagem a Barcelona, um curso de iniciação à fotografia e um workshop de Adobe Lightroom no Instituto Português de Fotografia; e o 3ª lugar um Plano Platinium Olhares. Os três vencedores terão ainda os seus trabalhos publicados na versão impressa do T Jornal e na revista Pólis Art.

"As pessoas estão hoje mais conscientes, querem marcas com uma identidade forte" Renata Henriques Fundadora da marca Misses White

CENTI CRIA SENSOR PARA MÁSCARAS INDIVIDUAIS RDD Textiles, Tetribérica, António Manuel de Sousa, Gio Rodrigues, Temasa e Color For Tex ficaram encarregues da produção das máscaras

Foi a prenda que António Costa decidiu levar para Bruxelas em dia de aniversário para entregar aos seus colegas europeus. Um kit com 16 máscaras fabricadas em Portugal, uma escolha do CITEVE baseada em critérios como a respirabilidade e a retenção de partículas que, pelos vistos, terão sido bem úteis para ajudar à respiração numa cimeira de ambiente pesado e que se alongou por vários dias. RDD Textiles, Tetribérica, António Manuel de Sousa, Wise Box da Gio Rodrigues, Temasa e Color For Tex foram as empresas que produziram a máscaras, entregues numa caixa da Sedacor. A encomenda veio diretamente do gabi-

nete do primeiro-ministro, que contactou o CITEVE para avaliar da possibilidade de concretização da prenda. Num tempo recorde de três dias foi criado um kit e 16 máscaras para cada das 29 delegações da Cimeira Europeia, com máscaras personalizadas para cada um dos líderes europeus e ainda um conjunto de outras para os restantes membros de cada delegação com as bandeiras dos respetivos países. Todas foram entregues numa caixa de cortiça especificamente fabricada pela Sedacor, assim destacando o conceito geral de sustentabilidade que é também a imagem de marca do têxtil made in Portugal. t

EURATEX PROPÕE CINCO MEDIDAS PARA O RENASCER DO TÊXTIL EUROPEU A mais importante associação têxtil da Europa, a Euratex – de cujo board faz parte o presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado – aposta em transformar a crise numa oportunidade, transformando-se num setor mais digital, sustentável e ágil. Na assembleia geral de final de junho, em Bruxelas, foram delineadas a cinco grandes linhas em que assenta a “estratégia de recuperação da era Covid-19”. Denominado como ‘EU Next Generation’, o pacote de medidas apresentado “pode desempenhar um papel importante e apoiar a indústria têxtil e de vestuário no seu renascimento. Esta crise mostrou a importância de nossa

indústria e agora, mais do que nunca, é essencial desenvolver a competitividade do ecossistema europeu”, disse Alberto Paccanelli, o italiano que foi reconduzido como presidente da associação. No comunicado final, a Euratex assume que “o plano requer recursos consideráveis e um conjunto coerente de medidas, tanto de curto prazo como de natureza estrutural”, notando que depois de a Comissão Europeia e os Estados-Membros terem já adotado algumas medidas rápidas de recuperação, “agora é hora de definir a visão de longo prazo”, avançando com uma estratégia que assenta cinco iniciativas emblemáticas: organização e garantia de

uma cadeia de abastecimento e da criação de cadeias de valor resilientes na Europa para EPIs críticos e outros produtos têxteis; capacitar sua força de trabalho para um setor em rápida transformação e atrair jovens e profissionais qualificados; investir em têxteis inovadores e sustentáveis por meio de parcerias público-privadas dedicadas a nível da EU; estabelecer cinco centros de reciclagem na Europa associados aos principais centros do têxtil vestuário, para recolha e fabricar matérias-primas, classificando, processando e reciclando resíduos têxteis pós-produção e pós-consumo; e acabar com o bloqueio de mercadorias pelas autoridades nacionais nas fronteiras. t

É uma forma inovadora de combater a propagação da Covid-19: o CeNTI está a desenvolver um sensor que, incorporado na máscara de proteção, vai monitorizar o ritmo respiratório do seu utilizador e identificar possíveis alterações e desvios aos padrões normais. Com esta informação, “será possível atuar mais rapidamente em caso de contaminação pelo coronavírus SARS-CoV-2. Este equipamento, que deverá estar no mercado no final do ano, é mais uma das iniciativas do CeNTI para ajudar a sociedade no combate à propagação da doença”, refere o centro em comunicado.

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visitantes profissionais são esperados para a Munich Fabric Start, em setembro

A ALEGRIA DA HAPPY SOCKS CHEGA AO SWIMWEAR

Especializada em meias de padrões e cores originais, a Happy Socks decidiu apostar numa nova gama de produto: o swimwear. A nova coleção tem modelos para toda a família e promete colorir as praias nacionais. Os novos calções, fatos de banho e chinelos de praia da Happy Socks seguem a linha que a marca sueca já imprime nas meias onde a cor e a irreverência predominam. Alguns dos modelos masculinos disponíveis em Portugal tem uma versão igual para homem e criança para que as famílias possam conjugar os artigos entre si.


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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey

Milena Melo Designer e fundadora da YAY Família Vive com o marido, David e os filhos Pedro, com 7 anos, e Pilar, que acaba de celebrar o 5ª aniversário Formação Licenciatura em Jornalismo pela Universidade de Coimbra e Licenciatura em Design de Moda pela Lisbon School of Design Casa Apartamento em Alcântara, Lisboa Carro SUV VW Tiguan Portátil HP Telemóvel Iphone X Hobbies O talento de mãos e a criatividade inata levam-na a construir miniaturas e mergulhar em projetos de decoração Férias Não gosta de repetir destinos, todos os anos avança numa experiência nova. "A mais gira foi em família na Côte d'Azur, sul de França Regra de Ouro “Aprende a cada momento: com tudo e com todos”

FOTO: RODRIGO CABRITA

A designer de narrativas com queda para rapazes O sotaque melódico com que se exprime leva-nos a uma curta viagem até ao tempo das Descobertas, quando portugueses semearam a sua língua por esse mundo fora, mas a melodia de Milena Melo não denuncia de imediato a origem do seu samba. Brasileira e paulista, Milena tem um “jeitinho de falar” que é só seu, um casamento invulgar entre os tiques lisboetas que herdou do marido, a pronúncia exímia da zona centro do país por onde começou a sua aventura por terras lusitanas e ainda um discreto ritmo brasileiro que escutou ainda no ventre da mãe. O jeito de falar é único e inconfundível, tal e qual a YAY, a sua marca de moda para rapazes que nasceu do nada, mas com tudo para dar certo. “Apesar de ter seguido jornalismo e de ter trabalhado vários anos nessa área, a verdade é que a moda sempre esteve presente em mim. Com 12 ou 13 anos personalizei as minhas primeiras calças num conceito que hoje se fala muito, o upcycling. As calças fizeram um sucesso tão grande que as minhas amigas começaram a pedir para lhes fazer iguais e eu comecei a cobrar. Entretanto vem a amiga da amiga e quando dou conta tinha um atelier montado em casa com missangas, peças de couro e outros materiais. Eu era um género de consultora de moda”, partilha Milena com tanto pormenor que quase nos conseguimos imaginar no seu improvisado atelier caseiro, numa pequena cidade do Estado de São Paulo, a criar peças exclusivas para as jovens “burguesinhas”. Acontece que Milena não é mulher de uma só paixão. Os dedos da empreendedora sempre gostaram de dançar ao som do teclado em busca de uma boa história. “No 12oº ano, uma professora falou-me de jornalismo e a ideia seduziu-me. Vim para Portugal fazer o curso na Universidade de Coimbra porque a minha mãe entendeu que seria importante ter uma experiência internacional”, conta. Os meandros do jornalismo levaram Milena a conhecer, com apenas 19 anos, o David, marido e pai dos seus dois filhos, com quem se fixou em Lisboa após a licenciatura. Por lá, a sua sede de mundo fez Milena percorrer o jornalismo económico, a consultoria de tendências e tantos outros projetos, até que uma amiga a desencaminhou para o que hoje diz ser o seu “meio natural”: o design de moda. “Estava grávida do meu filho e não existia nada no mercado com o qual me identificasse. As marcas apostam muito nas meninas, ia aos mercados e ficava muito frustrada. Por isso, depois de uma série de recuos, decidi aceitar o desafio de uma grande amiga e juntas criamos a YAY, à época uma marca de acessórios para rapaz”, relata. Estávamos em 2016 e tal e qual o nome do novo negócio de Milena, quase se ouviu um “YAY” colectivo assim que a marca chegou ao mercado. “A aceitação foi incrível, fomos altamente noticiados e tudo começou a crescer naturalmente, sem esforço.” A YAY evoluiu entretanto para uma marca de moda de rapaz que inclui o outfit inteiro – roupa, acessórios e até calçado – e o seu nome é já uma referencia internacional. “Na nossa primeira apresentação internacional tivemos uma peça premiada na revista italiana Kidswear, a mesma que foi eleita uma das preferidas da CIFF Youth, em Copenhaga. A coleção de SS20 foi selecionada como uma das melhores coleções pela Milk Magazine, entretanto tivemos também nomeação na Hooligans e a nossa marca tem sido destacada nos relatórios da WGNS, a mais famosa agência de moda”, descreve a empreendedora. Tal como a Bossa Nova, que nasceu do improviso e fez o mundo abanar ao seu ritmo, também o percurso de Milena se faz de notas arriscadas, mas fluídas. “Nunca senti que nada na minha vida fosse tanto para mim. É tudo natural, eu crio de uma forma espontânea, acontece sem esforço”, resume Milena, que nem por isso se coíbe de aprender mais. A jornalista empreendedora está a concluir a licenciatura em Design de Moda onde tem explorado com entusiasmo os mundos da moda feminina, até porque, como ela mesmo diz, “todos os dias, todos os lugares e todas as pessoas são oportunidades para aprender”. t


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a MUNDO VERDE

empresas obtiveram a certificação GOTS ao longo do ano de 2019

"A cada geração, a sustentabilidade está a integrar-se cada vez mais nas decisões de compra" Artur Soutinho CEO do grupo MoreTextile

EMPRESAS QUEREM RECUPERAÇÃO VERDE

Amélia Rute Santos Professora do departamento de Química da Universidade da Beira Interior

A SUSTENTABILIDADE É UMA QUESTÃO COMPLEXA A sustentabilidade é uma questão complicada. Muito complicada. A indústria têxtil é tão complexa a nível de produção e distribuição que não há respostas imediatas. Os impac tos ambientais, sociais e económicos são inev itáveis, e por vezes, inconciliáveis. Não se trata apenas de não usar pouca água nos processos produtivos, de não usar peles de animais, de reduzir o consumo de fast fashion , ou de utilizar f ibras orgânicas. É preciso ir muito mais além. Por exemplo, os processos de rega gota-a-gota na produção de f ibras naturais vegetais resultam numa enorme poupança de água, mas, por outro lado, podem levar a uma salinização dramática dos solos, com as consequências negativas que se conhecem, comprometendo seriamente a fertilidade dos mesmos por décadas. Usando outro exemplo, sabemos que o uso de pele animal é cada vez mais evitado, mas será ambientalmente favorável produzir peles sintéticas? E a partir de que tipo de produtos? Apresentando outro exemplo, a produção agrícola do algodão orgânico, tão sobrevalorizado pelos consumidores, pode estar a aumentar de forma exponencial os casos de malária em algumas regiões de África, sendo sem recurso a pesticidas. E além disso, esse algodão continua a representar uma elevada utilização de nutrientes, cujos excedentes vão contaminar terras, águas e animais. E quais são os impactos gerados pela produção de f ibras animais, vegetais ou sintéticas? E quando se trata de plantas e animais geneticamente modif icados? Todas estas questões, sem falar ainda dos processos de produção e confeção de peças e das condições de trabalho, sem falar do destino dos produtos/bens usados, sem pensar no consumo de energia ligado à distribuição de bens ou no impacto das embalagens. Há um número sem f im de questões para as quais é preciso continuar a trabalhar e desenvolver soluções que apresentem maior sustentabilidade. Por outro lado, o consumidor ocidental, e em particular, o consumidor europeu, está cada vez mais atento às questões ambientais e socioeconómicas dos bens que compra, exigindo uma informação séria sobre as origens e processos produtivos, assim também como sobre os processos de descarte. Pode não haver soluções mágicas, mas não podemos esquecer que um consumidor informado exerce os seus direitos, mas também é consciente das suas obrigações, como consumidor, e esse é um caminho para a sustentabilidade. A informação e a transparência são uns aliados fundamentais dos produtores responsáveis.t

A sensibilização para uma recuperação verde e mais resiliente, sociedades mais coesas e inclusivas são aspetos que os líderes empresariais a nível mundial valorizam na perspetiva de recuperação. O estudo Covid-19 Risks Outlook do Fórum Económico Mundial elenca também os principais riscos e preocupações. Elaborado com o apoio da consultora Marsh e da seguradora Zurich, o estudo tinha como finalidade apurar quais as principais preocupações dos empresários a nível mundial com a pandemia.

ALDI PORTUGAL LARGA ALGODÃO NÃO SUSTENTÁVEL O grupo de retalho ALDI Nord quer transmitir um sinal claro de aposta nos produtos amigos do ambiente e assume o compromisso de, até 2025, utilizar apenas algodão de fontes sustentáveis nos seus artigos de vestuário e têxteis-lar. “Como um dos maiores retalhistas na Europa, podemos influenciar as cadeias de abastecimento, contribuindo para a melhoria das condições sociais e ambientais do setor”, disse Elke Muranyi, Corporate Responsibility Director da ALDI Portugal.

"Uma peça de roupa produzida com qualidade pode (e deve!) ter várias vidas" Carla Caetano Sócia e fundadora da Knot

75% DOS EUROPEUS DOA A ROUPA QUE JÁ NÃO USA Para associações de solidariedade, pontos de recolha ou amigos e família, 75% dos europeus prefere doar a sua roupa e apenas 7% a mandar para o lixo sem ver alternativas. Os europeus mostram também uma preocupação em comprar vestuário duradouro e em respeitar as instruções de lavagem. As conclusões são de um estudo da Ginetex – Associação Internacional para a Etiquetagem e Conservação Têxtil.


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves

MRolo – Manequins e Equipamento Comercial Candal Park – Rua 28 de Janeiro, 350 4400-350 VN Gaia

O que faz? Fornece manequins, bustos, torsos, expositores e mobiliário Áreas Todos os sectores da moda, museus e teatros Fundação 1991 Equipa 13 colaboradores Mercados Portugal e Espanha lideram à frente de outros 15 países Volume de Negócios 1,3 milhões de euros Escritórios VN Gaia (sede) e Lisboa, com delegações em Madrid e Barcelona

FITECOM AVANÇA COM COLEÇÃO DE OUTONO/INVERNO PARA 2021/2022 Os tempos são de incerteza mas o mundo da moda não pode parar de inovar. João Carvalho, CEO da Fitecom, diz que a empresa está a terminar a coleção de outono/inverno para 21/22 e avança para a sua apresentação em formato digital. “Os momentos que correm são de incerteza e desafio. A Fitecom exporta cerca de 97% da sua produção e face à impossibilidade de deslocação dos comerciais tem vindo a recorrer ao formato digital para comunicar com os clientes”, explicou o empresário.

"Na qualidade e no preço, os nossos tecidos estão à frente dos italianos" Bruno Mineiro Administrador da Twintex

FARFETCH E MODATEX LANÇAM 2O EDIÇÃO DE CURSO DE E-COMMERCE Já foi lançada 2ª edição do curso de E-commerce Fashion Styling, uma parceria entre a Farfetch e o Modatex e cujas candidaturas decorrem até 10 de Setembro. A formação arranca no início de outubro e os melhores formandos poderão estagiar no Centro de Creative Operations da Farfetch. Depois de uma primeira edição que, de acordo com Rui Silva, VP Creative Operations da Farfetch, “teve resultados muito positivos”, a plataforma líder global para a indústria da moda de luxo decidiu avançar para uma segunda edição do curso.

A arte de dar cabeça, tronco e membros à moda “Manequins, mobiliário e Iluminação são a chave na apresentação de uma loja”, a constatação é de Rui Rolo, gerente da MRolo, que não deixa de fazer uma ressalva – “claro que tudo conta, a equipa e a relação com os clientes são aspetos fundamentais, mas no que toca a apresentação de uma loja, se algum destes três elementos falhar, os resultados serão afetados”. Ao longo dos últimos quase trinta anos, a MRolo, empresa fundada em 1991 pelos pais de Rui Rolo, especializou-se nos dois primeiros elementos: os manequins, o seu produto principal, e o mobiliário com que ajuda na decoração e exposição de lojas de moda e vestuário. “O meu pai trabalhava no setor da moda, na área das vendas, e começou a perceber que havia necessidade de alguns acessórios, como preçários. Isso levou os meus pais a criarem um negócio, que evoluiu para os manequins”, conta Rui Rolo, que hoje gere a empresa. A MRolo entretanto foi abrindo o seu catálogo de produtos e hoje distribuiu no mercado – sobretudo em Portugal e Espanha, mas também noutras geografias, como o Médio Oriente – manequins, bustos, torsos, charriots, cabides, expositores e outros acessórios como as vaporetas, que permitem desinfetar e engomar as peças de roupa nas lojas. A MRolo trabalha atualmente com centenas de empresas, desde pequenas boutiques até cadeias de grandes marcas internacionais, para além de trabalhos com teatros, museus e outras instituições. Nos últimos anos, tem também subido na cadeia de produção, aproximando-se da indústria têxtil e de confeção. “Temos sentido um crescimento na procura por parte dos fabricantes, porque se profissionalizaram no desenvolvimento dos produtos, e procuram manequins para fazer

testes e para o design, por exemplo”, destaca Rui Rolo. Para além da distribuição dos equipamentos, a MRolo tem-se focado em diversificar o serviço que presta. “Vendemos, mas também alugamos o material, e através da nossa oficina fazemos um trabalho de personalização. Por exemplo, com o crescimento do sportswear, desenvolvemos para alguns dos nossos clientes manequins com um perfil mais atlético e musculado”, explica o gerente da MRolo. Outra das tendências no mercado que destaca é o aumento de pedidos de manequins plus size – “mais em Espanha do que em Portugal” – o que levou a empresa a criar também uma linha específica de produtos. Mas entre todas as tendências há uma que se tornou omnipresente na indústria têxtil e da moda, e que não passa ao lado do negócio da MRolo. “Não gosto de falar de sustentabilidade, porque às vezes parece que se tornou uma moda, mas o que temos feito é apostado num serviço de renovação dos materiais: o que ontem era um manequim realista, hoje é um manequim abstrato, por exemplo”, explica Rui Rolo sobre os trabalhos que desenvolvem na oficina, localizada em Lisboa. Com este trabalho tem apostado em manter uma relação mais próxima com os clientes, para além da compra pontual e ir atualizando os equipamentos. “Um bom manequim dura 15 anos em bom estado, mas pode tornar-se desatualizado, assim fazemos também esse trabalho de atualização” expressa, concluindo com a principal meta de todo o trabalho da MRolo: “Gosto de acreditar que através destes serviços, os nossos clientes já não nos veem como um simples fornecedor, mas como um player no setor da moda”. t

75 milhões

foi quanto a Sonae Fashion faturou no primeiro trimestre de 2020

ASAE APREENDEU MAIS DE 600 MIL MÁSCARAS FFP IMPORTADAS A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica apreendeu 627 mil máscaras FFP importadas por entidades como a Marinha, autarquias e a Direcção Geral de Saúde. Em causa estão empresas de certificação sem competências para avaliar as máscaras e emitir os respetivos certificados de qualidade, como mostrou uma investigação do jornal Público, destacando os milhares de máscaras vendidas à administração pública europeia usando certificados duvidosos, emitidos pela Entre Certificazione Macchine, uma empresa italiana que se terá tornado uma via para a chegada de máscaras chinesas à Europa.

KNOT RE.LOVE PARA DAR SEGUNDA VIDA À MODA INFANTIL É com o projecto re.love que a Knot quer fazer com que a suas peças voltem à casa de partida e com isso tenham uma segunda vida. A partir de Setembro a marca de moda infantil arranca com a venda de peças em segunda mão, sobretudo em defesa do ambiente mas também porque as crianças crescem depressa e as roupas acabam por ter um uso muito limitado. O projecto arranca com a angariação de roupas, que devem estar como novas e são depois lavadas e etiquetadas para voltarem às lojas a partir de setembro.


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OPINIÃO EU SEI QUE VOCÊS SABEM… MAS ELES PARECEM NÃO SABER Miguel Pedrosa Rodrigues Vice-presidente da ATP

COVID-19: WHERE NEXT? Alexandra Araújo Pinho Vogal da Direção da ATP

No dia 20 de Julho foi subscrita pela totalidade das associações do nosso sector - ANIL, ANIT-LAR, ANIVEC e ATP - uma carta endereçada ao Sr. Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital e à Sra. Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde, a uma só voz, fazem notar que sem o regresso da confiança dos consumidores internacionais e retoma do poder de compra nos mercados de destino, o setor não tem como ultrapassar o desafio que lhe é colocado pela pandemia. São também alertados os Srs. Ministros para uma projeção de perda de 30% das empresas do setor e mais de 40 mil postos de trabalho se nada de categórico for feito. Os sintomas são reais: segundo os mais recentes dados do INE, as contas divulgadas pela ATP para o período compreendido entre janeiro e maio de 2020, o comportamento das exportações foi o seguinte: janeiro +2.7%; fevereiro -2.3%; março -18.9%; abril -42.4% e maio -32%... e não é difícil imaginar como será junho e julho. A retração global das exportações do setor no 1oº semestre ascende já aos 20% (dito em euros talvez tenha mais impacto: menos 420 milhões de euros em apenas cinco meses). É relevante mencionar também que os resultados do último inquérito às empresas relativo ao impacto da Covid-19 promovido pela ATP indica claramente o seguinte: um terço das empresas inquiridas indica em junho reduções entre os 30% e os 50% e outro terço entre 10% e 30%. É prevista sensivelmente a mesma severidade em Julho. Quando estas mesmas empresas respondem à expetativa relativamente ao volume de negócios para o ano

Num tempo incontornavelmente atípico pelas perturbações pandémicas de elevado impacto negativo, a sociedade civil e a economia recomeçam a ajustar-se e a perspetivar o seu percurso tradicional. A perspectiva de uma pandemia tem sido um risco sistémico bem conhecido há muitos anos, mas ninguém poderia prever o momento exato ou a natureza da atual crise de coronavírus. É o que acontece com as tendências: as grandes mudanças são bem conhecidas; existem muitos sinais; mas é difícil, saber exatamente o momento e o formato que a maioria das tendências segue. Eles permanecerão no nicho por um ano? Três anos? Ou de repente vê-se a adopção acelerada em massa por causa de algum gatilho externo? É por isso que em momentos como este, é útil poder observar tendências que já estavam "lá fora". Quais novos comportamentos que os adotantes precoces e as marcas pioneiras já adotam? Ao analisarmos essas tendências, temos de perguntar se estamos preparados para esses novos comportamentos. Vivemos a era da economia de experiên-

de 2020, verifica-se o mesmo padrão: um terço aponta para reduções compreendidas entre 30% e 50% e mais até de um terço entre 10% e 30%. E é neste cenário que vamos chegar ao fim de julho, ao fim da aplicabilidade da medida mais relevante que é o lay-off simplificado, e vamos entrar no apoio extraordinário à retoma progressiva que aponta agora a um lay-off mais complexo e mantém a premissa da quebra de vendas de 40% no mínimo. A cereja em cima do bolo foi a notícia no jornal Público (27 de julho): “O Estado vai pagar parte das horas trabalhadas em empresas que transitem do regime de lay-off simplificado para o mecanismo que lhe vai suceder e que tenham quebras de faturação iguais ou superiores a 75%.” E ao ler o artigo de imediato me veio à mente que as empresas do setor que estão há meses a suportar quedas consecutivas (recordo: -2,3% seguidos de -18,9%, seguidos de -42,4%, seguidos de -32% e assim consecutivamente) vão poder beneficiar deste apoio extraordinário se tiverem uma quebra de 75%, ou seja, quão morto morto tenho eu de estar para me administrarem um Ben-u-ron? O alheamento dos decisores políticos torna-se insuportável, a falta de entendimento sobre os reais indutores de sustentabilidade financeira das empresas é gritante e a continuar assim só nos resta esperar pelo pós-férias para ver se infelizmente temos razão ou não. É que convém lembrar – eu sei que vocês sabem... a questão é que eles parecem não saber – que no segundo semestre do ano, as empresas trabalham cinco meses e pagam oito. t

cia virtual, concertos cancelados, ligas desportivas canceladas, museus e igrejas encerradas... Mas as novas tecnologias imersivas significam que podem obter cada vez mais o status a partir de experiências virtuais. No entanto, temos de prestar atenção a outras experiências virtuais - 'viagens', compras, reuniões e muito mais – que adquirem novos níveis de significado. São experiências digitais em tempo real. A cadeia global da indústria têxtil precisa de redefinir-se para sobreviver além da Covid-19, e isso pode significar mudar para um calendário orientado pela procura e necessidade, adotando a smartificação e margem de distribuição de maneira diferente. A pandemia teve um impacto de longo alcance na têxtil, tendo muitas empresas que reavaliar a viabilidade das suas operações e estratégias de crescimento para o futuro. O que vemos em termos do produto que foi produzido agora, o inventário, a construção e a recuperação da confiança na cadeia... Temos de mudar de tática para estratégia. E fizemos isso muito bem nos últimos meses. O setor reinventou-se e funcionou a I&D

de que nos devemos orgulhar, para criação de EPI que nunca a maioria das empresas do setor tinha produzido. Há que fazê-lo agora com uma estratégia sustentada e viável. O desafio na cadeia de valor é como fazer uma cadeia de fornecimentos sustentável. Se estamos a olhar para a moda, é realmente uma cadeia de fornecimentos impulsionada por push. E no final, há uma quantidade razoável de excesso de oferta, que começa sempre com o cliente. Agora há que pensar com estratégia e no que o cliente vai necessitar O sentimento e o comportamento do consumidor continuam a refletir a incerteza da crise Covid-19. Mesmo em países que reabriram parcialmente, o otimismo do consumidor permanece silencioso e a intenção de gastar ainda está abaixo dos níveis pré-crise. Eu acredito que em toda crise existe uma oportunidade. Precisamos olhar para mudar os nossos negócios, a cadeia de fornecimentos, mudar a nossa maneira de pensar e fazer cobranças, mudar as nossas parcerias com os nossos fornecedores, que são os nossos nossos parceiros. Estamos nisto juntos e não podemos resolvê-lo apenas de um lado da mesa. t


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João Nuno Oliveira Coordenador da Agenda Estratégica para a Indústria 4.0 do CITEVE

LÍDERES DE INOVAÇÃO A recente publicação do European Innovation Scoreboard (EIS) coloca Portugal na primeira vez no pelotão da frente da União (agora) dos 27, sendo classificado como “fortemente inovador”. É com alguma curiosidade que verificamos que partilhamos o segundo grupo, dos fortemente inovadores, com estados-membro que tradicionalmente nos habituamos a considerar como exemplos a seguir em políticas e ecossistemas de inovação, como são os casos da Alemanha, França, Bélgica ou Áustria. Ainda mais curioso é verificar que países para os quais nos habituamos a observar na nossa humildade como exemplos de dinamismo no desenvolvimento de novas tecnologias e inovação como são os casos da Itália, Espanha ou República Checa. No entanto, também é verdade que não nos encontramos no pelotão da frente como “innovation leader”, conjuntamente com os “frugais” escandinavos e neerlandeses. A evolução no EIS desde 2006 do nosso ecossistema nacional de inovação tem sido consistente, paulatina e sustentada. Esta sustentabilidade resulta de expansão significativa das áreas científicas e tecnológicas, da ubiquidade da informação e facilidade de acesso aos sistemas de apoio e incentivo/financiamento a atividades de inovação por parte das empresas, a integração de quadros especializados nas indústrias, e sobretudo o desenvolvimento de uma verdadeira cultura de inovação entre universidades, centros de tecnologia e empresas, demonstra inequivocamente que o caminho para o fortalecimento económico passará obrigatoriamente pela aposta contínua na diferenciação pela inovação. Todos estes fatores são, na prática, os 27 indicadores que nos colocam no grupo fortemente inovador. Curiosamente, reconhecemos também de forma clara as nossas fraquezas. Fraca disponibilidade de investimento privado, dificuldades de acesso a capital de risco, registo de propriedade intelectual insuficiente e fraca capacidade de exportação de serviços de conhecimento. Naturalmente, como um dos setores industriais de maior relevo nacional, a ITV é claramente um dos principais motores da inovação científica, tecnológica e industrial, e será certamente um setor que terá de assumir os principais méritos por este resultado em 2020, mas sobretudo pela evolução sustentada desde 2006. De forma objetiva, a inovação na ITV também se revê na plenitude tanto nos prontos fortes, como nas fraquezas sublinhadas pelo relatório EIS 2020. Com uma importante ressalva. Portugal detém um dos clusters industriais têxteis de mais relevo do espaço da união a 27, apresentando uma dimensão que incorpora todos os elementos-chave para a criação e dinamização de um ecossistema de inovação, potenciando também capacidades para atenuar ou responder às fraquezas já enunciadas. Alias, verificamos que especificamente ao nível da ITV, o que nos indicam os nossos parceiros internacionais outros clusters do espaço da EU27, é que não somos apenas fortemente inovadores: a nível europeu, Portugal é um dos líderes de inovação.t

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António Souza-Cardoso Presidente da AGAVI

VAMOS LÁ ACORDAR, SE FAZ FAVOR! Há um pacto entre o Covid e os “Covidenses” que, estou muito seguro, tem que ser urgentemente contrariado. Porque terá consequências sanitárias, pelo menos, tão graves como os próprios proclamam e outras consequências, sociais e económicas, verdadeiramente devastadoras para a vida e para a saúde futura dos portugueses. Não sei se todos têm consciência dos números, mas em três meses e meio Portugal perdeu mais de 6 mil milhões de euros. O que sugere um deficit a rondar os 15 mil milhões de euros no período de um ano. O maior de sempre na memória viva dos portugueses. Julgar que esta hecatombe económica não terá impacto nas nossas vidas faz lembrar a história daquela cigarra que passou o verão inteiro na “boa vai ela”! E o que podemos fazer contra isto? Nada, dirá a maioria, a não ser rezar para que não haja segunda vaga e que nos apareça um medicamento sério ou uma vacina acessível, o mais rápido possível. Poi este é o ponto em que eu discordo e gostava de chamar a atenção de todos: claro que existe contração incontornável da economia e do emprego ocasionada pelo drástico decréscimo do turismo, a nossa galinha dos ovos de ouro dos últimos anos e pelas limitações do acesso aos mercados internacionais, eles próprios numa recessão sem precedentes. Claro que morre gente com o Covid, um vírus matreiro e com uma enorme capacidade de propagação. Claro que todos temos que ter respeito pela vida, pela doença e por todos os efeitos horríveis que as pandemias causam nas populações, em especial as etária e economicamente mais frágeis. Mas a idade e a vida deram-me sentido de proporcionalidade e ensinaram-me a perceber alguma coisa da condição e do comportamento humano. O Covid é a “mono conversa” nacional. O principal motivo do jogo político, da agenda jornalística, do momento social… E isto gerou na maioria dos cidadãos uma letargia, um estado de entorpecimento que, não sendo verdadeiramente voluntário, é acolhido com um compungimento dramático e fatalista. Temos pena de nós próprios e da armadilha que nos pregaram e, por isso, confinamo-nos da própria realidade que nos vai, com muita probabilidade, atropelar a todos. Está na hora de acordarmos, mesmo com a eventualidade cada vez mais real de haver uma segunda vaga, mas seguros que com tudo o que defensivo temos que fazer em relação à pandemia, só temos uma oportunidade de aproveitar a envergonhada solidariedade europeia e apostar definitivamente na regeneração do nosso tecido produtivo A Indústria e o Norte serão certamente os primeiros a acordar e a dar, uma vez mais, o exemplo de resiliência, de coragem, de proporcionalidade e de pragmatismo! t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

A nossa Katty já sente saudades do tempo em que as sessões de esclarecimento da DGS eram diárias. Um par em que um é a cara chapada de Carl e a outra representa o carismático Russell. Falta o Dug, o cão falante, mas mesmo assim, a comparação é irresistível e era forçoso equipa-los a preceito. Um retrato para a posteridade cheio de estilo, fashion e arejado

Um look fashion para a dupla UP da nossa Covid Tenho saudades da dupla UP da Covid, porque quando aparecem em conjunto são tão ALTAMENTE comparáveis ao velho rezingão Carl Fredricksen e ao jovem e otimista escoteiro Russell. Entre contradições e confusões parece exatamente aquela inconsciente caça aos gambuzinos, mas o clima não é tão tropical e os milhares de balões nunca os conseguem fazer voar das sessões de perguntas complicadas. Falta também o Dug, o cão falante, que poderia ter sido uma ótima estratégia para desviar as atenções! Desculpem, mas não consigo evitar esta comparação. Desde a conferência da DGS – Direção Geral de Saúde em que a Ministra Marta Temido cedeu a cadeira ao seu secretário de Estado para fazer companhia à Dra. Graça Freitas, que esta imagem ficou gravada na minha mente. E agora que estas sessões acontecem com menos frequência, tenho de admitir que a saudade me tocou à porta. E assim decidi retratar para a posteridade esta invulgar dupla. O Dr. António Lacerda Sales é a cara chapada do Carl, o seu cabelo branco emproado e os caraterísticos óculos de massa preta retangulares reforçam esta ideia. Mas como respeito a sua tenra idade e não tenho intenção alguma de manchar a sua reputação, deixei de fora da representação a invulgar bengala forrada com bolas de ténis. No entanto, incluí todos os outros pormenores, como o elegante fato, as calças apertadas bem lá no cimo, os suspensórios e o tremelique. Graça Freitas representa o carismático Russell, todavia com todo o respeito pela sua maturidade e pela sua elegância feminina fiz uma versão mais adulta, leve e fluida. Um fato de saia e camisa com uma fantástica faixa carregada de emblemas que contam as proezas do seu extenso curriculum sem deixar de contabilizar todas as caixinhas de bolachas vendidas. Parece-me ser um bom retrato de verão para purificar as imagens pandémicas do nosso sistema. t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Rei dos Leitões Av. da Restauração, 17 3059-382 Mealhada

REI DOS PEIXES NA BAIRRADA Em terra de cegos quem tem olho é rei. Em terra de leitões quem tem olho de peixe é Rei. Neste caso da Bairrada é o Rei dos Leitões. O estimado leitor está baralhado? Passo a explicar. Durante muitos anos e muitas idas aos vários templos do leitão na Bairrada, ocorria-me uma interrogação recorrente. Os moradores da zona, quando iam almoçar fora e queriam descansar do leitão, comiam o quê e onde? Apesar de ter posto esta questão várias vezes a mim próprio e até a várias personalidades que respeito no mundo da gastronomia, só encontrei uma resposta satisfatória quando conheci este Rei dos Leitões. Convém esclarecer que ainda neste mês de julho lá estive a comer um delicioso leitão, ainda por cima a convite e na companhia de dois concorrentes de peso. A saber, o Miguel e o José António, donos respetivamente da Marisqueira de Matosinhos e da Cozinha do

PARCEIRO PARA AS MELHORES OCASIÕES

Manel, na Rua do Heroísmo, no Porto. Se estes senhores vão de propósito até à Mealhada para comer leitão neste Rei, acho que não preciso de acrescentar mais nada quanto à excelência do reco que lá se assa. Mas o que faz ainda mais a diferença neste Rei, bem mais do que o leitão, são os outros pratos, a começar pelo peixe. Pelos peixes, que são sempre mais do que um. Não tenho o topete de garantir que é lá o melhor peixe de Portugal, mas posso atravessar-me com uma sentença do tipo: quem escolher peixe no Rei dos Leitões sai de lá como um rei. Ou então: se viver na Mealhada, Anadia ou perto da Curia, ou estiver por essas bandas e sentir uma forte vontade de comer peixe, pode esperar sentado no Rei dos Leitões, que ela passa! E também fica a minha garantia que se passa lá um bom tempo. Se tiver coragem para uma aguardente especial que lá têm guardada, vai ver que até parece que o tempo nem passa.t

M&M ESPUMANTE GOLD EDITION Produzido pela Cave Central da Bairrada, em Anadia, o espumante M&M é um parceiro privilegiado do T em todas as ocasiões. E numa preferência que é abrangente. Desde logo pela excelente qualidade, que o torna parceiro privilegiado não só para acompanhar à mesa – destaque para Gold Edition Baga Brut Nature – mas também nos mais diversos momentos e ocasiões. Por outro lado, tem sido também parceiro fiel nas muitas iniciativas ligadas ao têxtil e à moda, das feiras MODtissimo até ao Fashion Nigth Out, Porto Fashion Week e outras iniciativas da Seletiva Moda. Só por isso, já seria o espumante preferido da têxtil. Mas é também pelas caraterísticas próprias de elegância, aroma e sabor que decorrem do singular e rigoroso processo de fermentação que conquistou um lugar especial no coração do sistema de Moda


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Vanessa Nunes, 30 anos, é project coordinator na delegação portuguesa da IFEMA - Feria de Madrid. Apaixonada em simultâneo pelas letras e pelos números – “diz-se que as pessoas ou são de letras ou de números, mas por que não os dois?” – seguiu pelo caminho das ciências e da matemática, mas a paixão pela língua portuguesa e a ânsia de comunicar levaram-na ao curso de Ciências da Comunicação. Usa esses skills para promover as mais de 50 feiras profissionais da IFEMA. O “papel da vida”, no entanto, é o de mãe do Afonso, três anos

SOUVENIR

O VESTIDO DE SEMPRE

Gosta

Não gosta

Do sentimento de gratidão Crianças Dias de sol Sorrisos Abraços Das minhas pessoas Do meu filho De ser mãe Generosidade Pensar Organização Conhecer “boa gente” Acordar cedo Adivinhas Pormenores Rir Todos os frutos vermelhos Girassóis Ler bons livros de suspense Perspicácia Agendas em papel Boas conversas Aprender Sapatilhas Batatas fritas Observar Da minha equipa Vestidos Sushi Pessoas que inspiram Cães Bom vinho Cozinhar Fotografia Tranquilidade e simplicidade Praia, mas também de piscina Emocionar-me com boas histórias Empatia De dar Sentir que os meus estão bem e felizes Humor De ter a minha fé Filmes e séries Persistência e perfecionismo Decoração Da minha casa Ser turista na minha cidade Ver o pôr do sol Conduzir sozinha a ouvir música Fazer planos

Café com açúcar Ansiedade Iscas Roxo Andar de avião Abelhas Cócegas Falta de proatividade Erros ortográficos Que confundam frontalidade com falta de educação Puré Uísque Procrastinação Spoilers Ventania Dias escuros Desigualdades Pessoas com mau acordar Quando já é noite às 18h Do “chico-espertismo” Violência Racismo Preconceitos Ouvir gritos Dormir com almofadas baixas Chuveiros sem pressão Arrogância Antipatia Despedidas Pessoas que não pedem desculpa Comida fria Falta de interesse pelo mundo Indecisões De me esquecer de estar De não conseguir ir buscar o meu filho à creche Desconsideração Mosquitos Donos da razão Dizer muitas vezes “não” Cinismo De sentir que o tempo passa demasiado rápido Ser demasiado emocional Quando não se cuida dignamente dos mais velhos Do tema morte Ficar sem bateria no telemóvel Choro de crianças Da Covid-19

Um vestido que me acompanha há uns anos valentes e que é ele próprio uma valentia de guarda roupa. É um vestido com a assinatura do Nuno Baltazar que fez parte de uma coleção que tínhamos no MUUDA, um projeto que fez parte do meu trilho de vida e que me estimulou e me marcou, tanto no percurso profissional como pessoal. É preto mas tem uns fios discretos, dourados, que tem tanto de bonito como de prático e que por isso ainda faz parte do meu armário e olho para ele sempre com muito carinho. Usei-o em muitos momentos, que agora, olhando para trás, já contam muitas histórias do meu percurso de vida. Veio do MUUDA, já o vesti ainda ligada ao Portugal Fashion para acompanhar alguns desfiles e até noutros eventos já com a assinatura da NoMore. É elegante, tem o charme com que o Nuno consegue contagiar as suas peças e com uns sapatos altos é excelente para momentos onde o fashion e o trendy se cruzam. Mas é tão versátil que com uns ténis e um casaco de ganga também já me acompanhou para festas entre amigos e tardes de sol que nos ficam na memória. Os vestidos já são, para mim, peças fundamentais para o armário de qualquer mulher, precisamente pela versatilidade e conforto que nos podem dar. Mas este é O meu vestido e reúne em si a minha própria versatilidade e conforto de que não prescindo, para me encantar e acompanhar. t

Gilda Mendes Diretora Geral da agência NoMore


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