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JOSÉ ARMINDO FERRAZ
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
CEO da Inarbel
“VOU À MEDICA DE DUSSELDORF COM UMA GRANDE AMBIÇÃO” P 18 A 20
EMPRESA
PERGUNTA DO MÊS
EMERGENTE
SCUSI QUER ESTENDER A PERNA ATÉ AO MERCADO NÓRDICO
COMO ESTÁ A CORRER A AVENTURA DOS MARKETPLACES?
MARITA OPTOU PELO DESIGN DE MODA E CRIOU UMA MARCA SUSTENTÁVEL
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DOIS CAFÉS E A CONTA
ESTUDO
A LATITID NASCEU PORQUE MARTA NUNCA GOSTOU DE BIQUINIS
A NOSSA ITV PODE APROVEITAR A RETOMA PARA CRESCER NOS MERCADOS EUROPEUS
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MODA
COLEÇÃO CÁPSULA DE KATTY XIOMARA UNE MODA E INDÚSTRIA P 10
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PATROCINADORES
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Hélder Pinto 47 anos Designer e diretor criativo da Dr. Kid, tem formação em estilismo, controlo de qualidade, vitrinismo e merchandising. Comunicador nato e esteta por defeito profissional, tem interesses ecléticos que vão da arquitetura e cinema até à música e história de arte. Em vez de guloso, prefere dizer que é um ávido apreciador de doces, definindo-se também como Beirão de raízes, portuense de coração e eterno apaixonado por Portugal
FOCO NA SOLUÇÃO Numa simples frase, José Armindo Ferraz, o nosso principal entrevistado desta edição 56 do T, disse tudo o que eu gostava de escrever neste editorial da rentrée : “quando apareceu a Covid-19 pus o foco na solução e não no problema”. Ao longo das nossas últimas edições em papel e nos milhares de carateres já divulgados na nossa newsletter Today e no T Digital, temos relatado um número enorme de outros bons exemplos de empresas e indústrias têxteis e de vestuário que têm posto em prática esta boa teoria de enfrentar a crise com a cabeça e os olhos mais nas soluções possíveis do que nas dificuldades que surgem em cada esquina. Para além desta entrevista de capa, preocupámo-nos em lançar muitas dessas pistas que podem ajudar quem as entender seguir, mas também não descuramos um retrato da atualidade que não pode ser corde-rosa porque as dificuldades continuam a espreitar nas tais esquinas dos caminhos da ITV. Um bom exemplo é o das feiras, que espelham bem a luta que vai na cabeça de muitos: no norte da Europa, na Alemanha, em Itália e em Portugal achamos que está na hora de voltar à luta enquanto em Espanha e em França acham que mais vale esperar um pouco mais. Aqui no T já sabem que podem contar connosco para ir à luta em prol da ITV nacional. Hoje, como sempre! t
Tratar das coleções da Dr. Kid não é trabalho para uma "criança", certo? O que é que dá mais trabalho? O grande desafio é desenvolver todas as estações um modelo de coleção que seja ao mesmo tempo inovador, surpreendente e atual, mantendo o ADN da marca e tendo sempre presente o patamar de faturaçâo previsto. Evocar a criança que há dentro de nós é sempre uma mais-valia. Para quem trabalha com a moda portuguesa há muitos anos, como evoluiu a perceção que existe dela no estrangeiro? A imagem da moda portuguesa no estrangeiro tem evoluído positivamente nos últimos anos, resultado de um trabalho concertado entre as entidades competentes, empresas e criadores na promoção e valorização do design português. Há uma maior apetência para marcas portuguesas por parte dos clientes e o setor tem vindo a conquistar clientes de referência, como as grandes plataformas de venda online. Acreditas que o e-commerce vai crescer muito para produtos como os vossos? A crise que atravessamos impulsionou um acréscimo acentuado do e-commerce, tendência que acredito se ve-
nha a manter. No caso da Dr.Kid a procura não foi só por parte dos clientes das plataformas online, mas também através do nosso cliente final. A Dr. Kid era uma presença habitual nas feiras dos principais mercados. Em 2021 essa presença é para manter? A presença nas feiras é de extrema importância não só porque a estratégia de internacionalização da marca o exige, mas porque é vital um retomar a uma certa "normalidade". Para acabar uma pergunta quase obrigatória nos tempos que correm: o que é que mudou com a pandemia na vida da Dr.Kid? Existe um novo mind set, uma outra dinâmica em que a capacidade de nos reinventarmos é fundamental. A maior mudança está a acontecer ao nível da consciencialização, há fatores que não conseguimos controlar, mas podemos desenvolver estratégias que nos permitam estar mais preparados para reagir e a proximidade com o nosso cliente e as suas necessidades serão prioridade. O que não mudou com esta pandemia foi a paixão, dedicação e capacidade de resiliência com que toda a equipa produz a marca Dr. Kid. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
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n PERGUNTA DO MÊS Texto: António Moreira Gonçalves Ilustração: Cristina Sampaio
COMO ESTÁ A CORRER A AVENTURA DOS MARKETPLACES? As feiras digitais, ou marketplaces, entraram definitivamente no vocabulário das empresas têxteis ao longo dos últimos meses. Com o calendário das feiras presenciais em stand by e as viagens internacionais interrompidas, muitos empresários avançaram para as novas plataformas, apresentando os seus catálogos ao mundo através do ecrã. Num primeiro balanço desta nova aventura, os empresários registam muitos contactos, sobretudo vindos de mercados apetecíveis como a Alemanha, a França ou os países nórdicos, mas poucas encomendas. O digital não será uma alternativa mas antes um complemento às feiras presenciais, que se mostram mais eficazes em trazer ordens de produção para a indústria portuguesa
25%
é a meta da Inditex para a faturação no digital dentro de três anos
é
uma transição anunciada, que em 2020 recebeu um impulso inesperado. A digitalização da indústria e do comércio já fazem parte das previsões há vários anos, mas com o distanciamento social e a interrupção do tráfego áereo, o processo foi acelerado de uma forma inédita. Com as feiras presenciais fora da agenda, muitas empresas têxteis e de vestuário lançaram-se na nova aventura dos markeplaces, as plataformas digitais exclusivamente desenhadas para profissionais do setor. Algumas soluções já estavam presentes no mercado – e com expositores portugueses inscritos – como é o caso da plataforma alemã Foursource ou da norte-americana Joor. Nos últimos meses também as principais feiras convencionais reforçaram as suas plataformas online, como foi o caso da Première Vision, da Playtime ou da Texworld USA, entre outras. Uma tendência que culminou até na organização da Global Apparel Sourcing Expo, a primeira feira integralmente digital, que decorreu entre 15 de julho e 14 de Agosto e onde a comitiva From Portugal reuniu o primeiro
pavilhão português numa feira online com 15 expositores de diferentes setores da têxtil nacional. “Já conhecíamos as plataformas, já tínhamos recebido propostas semelhantes no passado, mas pareceu-nos que esta era a altura para experimentar e fazer um investimento”, conta Pedro Libório, comercial no grupo Goucam e responsável pela presença da empresa no marketplace Foursource, onde tem os seus artigos em exposição até ao final de 2020. A têxtil de Viseu, especializada na confeção de fatos, foi uma das muitas empresas que nos últimos meses se estreou em plataformas digitais. Também a Ultra Creative, especializada em workwear, viu no contexto da pandemia o momento para entrar nos markeplaces. “Estamos presentes há dois meses”, começa por contar o CEO António Ferreira. No entanto, os resultados não são ainda os desejados. “Todos os dias fazemos incursões no site e trocamos mensagens. Em dois meses tivemos cerca de 60 contactos, sobretudo de ateliers e pequenas empresas. Mas até agora ainda não tivemos nenhuma encomenda, porque procuram ou quantidades muito pequenas ou preços muito
baixos”, explica o empresário. A mesma realidade é relatada por Pedro Libório: “No mercado da Goucam, que é o segmento formal médio-alto, não surgem muitos clientes. Percebemos que noutras áreas da moda surge uma maior procura, com marcas de nicho, que procuram pequenas quantidades ou outra gama de preços”, conta. Já com uma maior experiência, a empresa O Segredo do Mar é a verdadeira decana dos marketplaces, onde investiu ainda antes da pandemia. “Já estamos a trabalhar em plataformas B2B desde fevereiro de 2019 e no início estava tudo muito verde, ainda não havia aquele hábito, em ambiente industrial, de fazer encomendas pelo online. Aos poucos nota-se uma evolução”, comenta Alexandra Pereira, a gestora comercial da empresa, que tem recebido sobretudo contactos de novas marcas. “O que nos aparece maioritariamente são startups e é normal que assim seja porque quem cria uma marca no início tem sempre problemas de quantidades e procura outras soluções. É mais fácil ir online do que viajar a um país e visitar 30 fábricas”, constata. A Condição Padrão, empresa
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“Todos os dias fazemos incursões no site, todos os dias trocamos mensagens, em dois meses tivemos cerca de 60 contactos, sobretudo de ateliers e pequenas empresas” ANTÓNIO FERREIRA ULTRA CREATIVE
“Registamos vários contactos, estamos a enviar amostras e até agora tive produção de um cliente, da Alemanha” MARGARIDA PINHO CONDIÇÃO PADRÃO
“Estas plataformas não são capazes de substituir as feiras presenciais, nem de perto nem de longe, porque há uma grande diferença: quando as pessoas se deslocam a uma feira vão para comprar” CARLA AREAL MEIA PATA
de confeção sediada em Famalicão, também começou a investir em marketplaces ainda antes da pandemia e pouco a pouco vai registando alguns resultados. “Estamos inscritos desde o início do ano e notámos que com a crise registou-se um aumento da atividade. Registámos vários contactos, estamos a enviar amostras, e até agora tive produção de um cliente da Alemanha”, conta Margarida Pinho, gestora da empresa. Bruno Ferreira, administrador da Siena também já abriu algumas produções para clientes oriundos de markeplaces. “Há um ou outro cliente para o qual já começamos a produzir, três ou quatro no máximo. Aparecem algumas coisas, sobretudo pequenas produções, para marcas que estão a começar ou a diversificar produtos”, explica. “Há uma progressão para o digital, mas ainda há muitos fatores que têm de ser melhorados. Os clientes parecem contactar mais por curiosidade do que para fazer encomendas”, relata ainda Carla Areal, CEO da Meia Pata, marca de moda infantil que está presente no marketplace da Playtime. Uma experiência que leva a empresária a não ter dúvidas: “Estas platafor-
mas não são capazes de substituir as feiras presenciais, nem de perto nem de longe, porque quando as pessoas se deslocam a uma feira vão para comprar. Os clientes pagam a viagem e a estadia e entram focados no negócio”. A ideia de que estes marketplaces são alternativas ao contacto presencial também é afastada por Alexandra Pereira. “O têxtil é muito feito de relacionamento e empatia, uma fotografia não espelha o que fazemos. Eu posso comprar peças de alta-costura e coloca-las no showroom e dizer que as produzo, mas um comprador que trabalha nesse mercado ao falar comigo vai perceber se isso é verdade ou não. As feiras trazem uma maior realidade ao negócio”, explica a gestora comercial da O Segredo do Mar. No entanto, mesmo com o ritmo de encomendas ainda longe das expetativas, todos os expositores veem nestas ferramentas a antecipação de um futuro cada vez mais próximo. Até porque os contactos surgem de mercados estratégicos para as exportações portuguesas. “Os contactos vêm dos mais variados lugares, do Canadá, da Austrália, do Panamá. Mas estamos focados sobretudo nos que surgem na
“Faz sentido apostar cada vez mais nestas plataformas. Mesmo sem pandemia, o nosso objetivo é sempre estar junto dos clientes, seja qual for o meio” BRUNO FERREIRA SIENA
“Vamos continuar a participar porque isto é o futuro. Mas os markeplaces precisam de fornecer um report mais completo aos expositores” ALEXANDRA PEREIRA O SEGREDO DO MAR
“No segmento formal não surgem muitas marcas, mas de qualquer maneira é sempre uma nova ferramenta de comunicação. O B2B vai mudar e esta é uma das opções” PEDRO LIBÓRIO GOUCAM
Europa, da Holanda, Alemanha, Inglaterra e França”, explica António Ferreira, CEO da Ultra Creative. “Já recebemos contactos do Canadá, EUA, Noruega, Suécia e Suíça. Não há bem um padrão, são muitos os países representados”, acrescenta Alexandra Pereira. Uma mundividência que leva as empresas a olharem para estas ferramentas com uma seriedade crescente. “Precisamos de uma pessoa para fazer a gestão diária e falta-nos essa parte para dar uma resposta e atenção constante. Depois das férias vamos decidir se será necessário ter alguém em exclusivo a responder aos emails e pedidos que nos chegam”, adianta o administrador da têxtil Siena. “Todos os dias fazemos a nossa gestão. Já enviei catálogos, já respondi a questões, vamos mantendo o contacto”, salienta Carla Areal, que através do marketplace da Playtime tem contactado sobretudo clientes franceses. No final de contas, o que importa aos empresários é abrir um novo canal de comunicação com os mercados externos, sobretudo perante um ambiente recheado de interrogações. “O mercado está estranho, isso nota-se, e esta é uma oportunidade muito grande de contactar diretamente os cliente e explicar o que melhor fazemos", salienta Margarida Pinho, gestora na Condição Padrão. “Vamos definitivamente continuar a participar porque isto é o futuro. Mas os markeplaces precisam de fornecer um report mais completo aos expositores, nós estamos presentes mas não conseguimos saber o que estamos a fazer bem e o que poderíamos estar a fazer melhor. Parece que tudo é controlado por algoritmos e não nos dão informações suficientes”, comenta Alexandra Pereira. Para o administrador da Siena também não há dúvidas. “Faz sentido apostar cada vez mais nestas plataformas. Mesmo sem pensar na pandemia, o nosso objetivo é estar junto dos clientes, seja qual for o meio. E esta é uma nova forma de criar essa proximidade”. t
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Mariana d'Orey
Reitoria
Rua de Sá de Noronha 33 4050-159 Porto
Pratos Burrata com presunto e alcaparras e uma foccacia vegetariana Bebidas Água fresca, um copo de vinho branco e cafés
MARTA FONSECA
É a caçula de uma típica família de pai, mãe e dois filhos (duas meninas, no caso) e um animal de estimação - “o seven, era o meu labrador, que me foi oferecido pelas minhas amigas quando fiz 18 anos e que, infelizmente, morreu o ano passado. Era família”. Tem 32 anos, nasceu no Porto, onde vive sozinha num apartamento junto à praia, lugar certeiro para bronzear a sua criatividade. É licenciada em Design de Moda pela ESAD e conquistou o grau de mestre em Barcelona na área de Produção de Moda. “Viajar é a grande paixão da minha vida”, revela a Head Designer que já se inspirou em destinos tão ecléticos como Cuba, Londres ou Los Angeles para a criação das coleções da Latitid
LATITID TAMBÉM RIMA COM ATITUDE
FOTO:RUI APOLINÁRIO
32 ANOS HEAD DESIGNER E CO-FUNDADORA DA LATITID
“Não uso biquínis, nunca usei porque não me identifico minimamente”, solta Marta Fonseca, enquanto nos revela que os fatos de banho sempre foram uma das suas imagens de marca quando, ainda adolescente, sobressaia entre as barrigas destapadas das amigas na praia da Sacor, em Leça da Palmeira. “Como não havia oferta de fatos de banho para pessoas mais novas, comecei a desenhar e a criar os meus próprios modelos. Já na altura as pessoas comentavam que gostavam muito e perguntavam-me onde os tinha feito” conta, entre sorrisos tímidos. Na altura, o talento para as criações de moda não era exclusivo aos fatos de banho. “Ainda durante a licenciatura participei em alguns concursos com sucesso. Venci um concurso nacional para desenhar um fato de banho e mais tarde, em 2018, fui a Pequim à custa de uma lingerie de desenhei para a Triumph e que foi premiada internacionalmente”, recorda. Viajar é, diga-se já agora, um dos grandes amores da vida de Marta Fonseca, que tanto se encanta com a imensidão de Hong Kong como com a simplicidade de Bali, na Indonésia. A sede de mundo, aliás, ajuda a explicar o nome da marca que em 2013 cria conjuntamente com a irmã mais velha, Inês, formada em marketing e a tia, Fernanda, agente têxtil.
“Latitid resulta da fusão das palavras latitude e atitude. É uma marca pensada para mulheres com atitude, sendo que todos os anos as coleções são inspiradas em diferentes pontos do globo”, explica a co-fundadora e Head Designer da Latitid. O Porto, cidade de origem das três sócias, marcou a latitude da primeira coleção da marca, que entretanto já viajou por locais tão díspares como Cuba, Capri, Istambul, Londres ou Barcelona. “Quando me juntei à minha irmã, que queria muito ter um negócio próprio, e à minha tia que é agente têxtil e já conhecia bem as fábricas portuguesas onde produzimos todos os nossos modelos, pensámos logo em criar uma marca de banho. Naturalmente a nossa cidade, o Porto, serviu de inspiração para a primeira coleção”, partilha. “Este ano apresentamos uma linha que, de alguma forma, é mais disruptiva em relação às anteriores. Inspiramo-nos em Los Angeles e apostamos em cores mais vibrantes e na super tendência das lycras brilhantes, sem nunca perder o nosso ADN”, marcado por um estilo sóbrio mas irreverente para mulheres dos 16 aos 70 anos. “Eu estava cheia de medo e expetativa” confessa Marta Fonseca que, poucas horas após o lançamento da coleção Escapism no final do mês de Abril, percebeu que só tinha motivos para sorrir.
“Em pleno confinamento e estávamos a vender um sonho. O sonho de que íamos ter verão. Talvez por isso a recetividade tenha sido tão boa”, reflete a Head Designer da Latitid que tem no modelo Fili o bestseller deste ano. “Esse modelo é muito especial. É uma homenagem a uma amiga do meu coração que já não está cá. Fico muito feliz por saber que as pessoas gostaram”, confessa a co-fundadora da Latitid que, a par do online, tem lojas físicas no Porto e em Lisboa. A aceitação das clientes é um fator importante para o processo criativo do ano seguinte. “Demoro um bocado a entregar as coleções porque gosto de perceber qual a recetividade aos modelos e conjugar isso com as tendências. Mas a base do meu trabalho é a sessão fotográfica: defino o destino, o conceito da sessão e só depois é que começo a desenhar os modelos”, fundamenta Marta, que em 2018 viu o seu trabalho crescer com o lançamento da coleção anual Latitid. Mini, dirigida a crianças dos 1 aos 14 anos. Com uma estratégia maioritariamente assente no online, via site próprio e marketplaces, a Latitid tem já uma dimensão considerável de vendas para o mercado europeu, mas Marta Fonseca confessa que gostava de mergulhar em mares maiores como a Austrália ou até os Estados Unidos. t
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MODATEX LANÇA NOVO SITE E ABRE ACADEMIA E-LEARNING Com uma nova casa nas plataformas digitais, o centro de formação Modatex está a reforçar a sua aposta em ferramentas online. Para além do novo site, que permite a professores e alunos criarem uma conta pessoal e gerirem o seu percurso online, o Modatex criou uma academia de verão, com diversos cursos de inscrição gratuita, a decorrer em formato e-learning. Para assinalar o lançamento desta nova plataforma, o Modatex criou também uma academia de verão com vários cursos relacionados com o têxtil e moda, quer indicados para profissionais do sector como para o público em geral.
"Se não houver partilha vai ser muito complicado para Portugal manter este nível de qualidade que a indústria de confeção tem. A partilha é importante em tudo" Nuno Sousa Administrador da Flor da Moda
TEXTIL PORTUGUÊS TEM A MAIOR VANTAGEM COMPARATIVA NA UE A indústria têxtil portuguesa deve aproveitar a retoma para substituir nos mercados europeus grande parte das importações até agora oriundas de países extracomunitários. A recomendação, em jeito de incentivo, vem de um estudo do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, que conclui pelo excelente posicionamento das nossas empresas: “Portugal tem a maior vantagem comparativa revelada na União Europeia”, diz o documento do Governo, que aponta para um mercado que representa mais de 40 mil milhões de euros. Elaborado com o objetivo de identificar setores que podem aproveitar a retoma da crise para crescer dentro do mercado comunitário, o estudo destaca os têxteis, vestuário e calçado, num conjunto de “dez sectores cujo valor acrescentado bruto exportado representa actualmente 54% de todo o VAB da economia portuguesa”. São actividades “em que Portugal tem clara vantagem competitiva em relação aos concorrentes europeus”, podendo por isso “captar mais facilmente oportunidades de acréscimo de procura nos mercados da EU em substituição dos fornecedores de origem extracomunitária”. No caso dos têxteis, o estudo refere que o mercado da UE absorve já cerca de metade das nossas exportações e que neste sector “Portugal
Segundo o estudo, Portugal tem capacidade instalada para responder à procura crescida
tem a maior vantagem comparativa revelada na União Europeia e pode no curto prazo aproveitar a oportunidade para abastecer mercados comunitários não especializados, substituindo os respectivos fornecedores extracomunitários”. O documento de estratégia do Ministério da Economia destaca que, dentro da EU, o nosso país é o quinto maior exportador em valor – após Itália, Espanha, Alemanha e França – e que o conjunto de potenciais clientes no mercado intracomunitário, composto por 22 países, comprava até agora a países terceiros cerca de 42 mil milhões de
euros, “um valor quase 15 vezes superior às exportações portuguesas”. Como enquadramento, o documento refere ainda que no espaço comunitário Portugal concorre com outras economias especializadas como Roménia, Itália, Bulgária e Lituânia na captação destas exportações, “mas nenhuma supera a nossa vantagem competitiva”. A par da “forte visibilidade e orientação para os mercados externos”, o têxtil português tem já “forte presença no mercado europeu e apresenta uma capacidade instalada capaz de responder ao desafio da procura crescida”. t
FARFETCH REGISTA CRESCIMENTO DA RECEITA DE 74%
CENTI DÁ A CONHECER O ADMIRÁVEL MUNDO NOVO
A Farfetch, grupo empresarial fundado por José Neves, apresentou os seus resultados referentes ao segundo trimestre do ano, tendo visto subir as receitas em 74% até 30 de junho de 2020, fixando-se nos 308 milhões de dólares. Os resultados não acompanharam este dado positivo, tendo-se mantido nos prejuízos e quase quadruplicado em relação ao mesmo período do ano passado: atingiram os 435,9 milhões de dólares.
Comboios por levitação, o interior de um carro que liberta fragrâncias e luvas de proteção resistentes aos maiores impactos, são os materiais futuro que o CeNTI quer impulsionar na indústria nacional e que muito em breve poderão estar implementados na indústria. Basta para isso que empresas e o setor tecnológico se orientem pelas Tecnologias de Largo Espectro (designadas Key Enabling Technologies – KETs).
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dos três milhões de euros de volume de negócios da Barcelcom são feitos na venda de produtos técnicos para a área de saúde
CM SOCKS CRIA LOJA ONLINE NO CANADÁ PARA AS PREVENT SPRAIN “De Famalicão para o mundo”, foi assim que a empresa portuguesa CM Socks anunciou a abertura de uma nova loja online para o mercado canadiano. A nova plataforma vai comercializar as Prevent Sprain, as meias anti-entorse que já estão patenteadas para 143 países e têm ganho espaço em vários desportos de alta competição. Com uma estrutura inovadora, as PreventSprain são meias técnicas de proteção, que previnem entorses, diminuem a fadiga muscular e dão estabilidade e conforto ao pé. Orientadas para a prática desportiva, têm ganho adeptos em várias modalidades como futebol, ténis, rugby ou andebol.
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quality impact arquitetura e soluções de espaços
Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt
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PATRIMÓNIO E ARTE DÃO VIDA A COLEÇÃO DE MÁSCARAS Mosteiro da Batalha, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional da Música, Panteão Nacional, Convento de Cristo, Museu Grão Vasco e Museu Nacional do Azulejo são alguns dos monumentos nacionais que ilustram a coleção de máscaras sociais lançada pela Direção-Geral do Património Cultural. Certificadas pelo CITEVE, as máscaras, que contêm cada uma cinco filtros em TNT, estão disponíveis em todas as lojas DGPC, sendo que cada loja tem habitualmente apenas os motivos alusivos ao museu ou monumentos em que se insere.
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"Temos tricotagem, tinturaria, estamparia, acabamentos e confeção. Somos quase verticais e isso traz-nos algumas vantagens" Alberto Figueiredo CEO da Impetus
INOVAÇÃO DA ECOFOOT RECEBE APOIOS EUROPEUS A Ecofoot, uma spin-off da Universidade do Minho que está a desenvolver um projeto sustentável e inovador para tingimento têxtil, foi escolhida para receber financiamento do Conselho Europeu de Inovação. Para garantir financiamento, a Ecofoot apresentou o seu projeto H2COLOR-AUX, um composto inovador que impede a hidrólise no processo de tingimento de têxteis. A par da redução do número de lavagens e consequente redução nos custos da água e da energia, poupa também nos poluentes e no tempo de produção das tintas.
COLEÇÃO CÁPSULA DE KATTY XIOMARA UNE MODA E INDÚSTRIA
TROFICOLOR JÁ VIVE NO FUTURO
Chama-se ‘Visão’ e é um projeto piloto que une a moda à indústria. Uma parceria entre várias entidades do setor que culmina numa coleção cápsula desenvolvida pela designer Katty Xiomara. Nasceu com o propósito de “quebrar barreiras, estigmas, paradigmas e convenções” na crença de que “o futuro está aqui, é digital, é inclusivo, transparente e consciente”. São estas as principais premissas que uniram numa única ‘Visão’ a Springkode, coordenadora do projeto, a produtora de malhas portuguesa Hata, a Tintex, a Bless International, o Portugal Fashion e a designer Katty Xiomara. O trabalho em conjunto culmina na coleção ‘Visão’ que, conforme explica Katty Xiomara, é composta por “peças limpas, simples e com algum purismo, quebrado só pelos grafismos e por uma palete de cores que embora neutral salienta o verde e o lilás como pontos de fuga importantes. Mas o que destaca esta coleção é o conceito de partilha destes diferentes pontos de vista, através de uma visão comum de autêntica transparência e sustentabilidade, onde a capacidade
“Um ano à frente e no online: a nova coleção da Troficolor vive já no futuro”. Foi com este lema que a têxtil trofense lançou a sua coleção outono-inverno 21/22, que marca também a estreia de uma nova estratégia de apresentação, através de uma plataforma online, orientada para um grupo exclusivo de clientes. A alternativa foi criada durante a fase de isolamento, com a Troficolor a decidir não regressar já aos eventos presenciais. “As condições adversas da pandemia levaram a Troficolor a inovar e reinventar-se, uma vez que não estará presente nas habituais feiras para a apresentação da coleção outono/inverno 21/22”, explica a empresa em comunicado. Como resposta, a empresa especializada em denim criou uma nova plataforma online, integrada no seu site mas com acesso reservado, onde os novos artigos serão apresentados a atuais e potenciais clientes. “Os utilizadores têm acesso a fotografias dos produtos, podendo requisitar amostras, fazer encomendas online e até mesmo contactar diretamente com a equipa comercial”, anuncia a empresa. É uma nova ferramenta, com o qual a empresa procura digitalizar alguns dos contactos criados nas feiras. Contudo, para os clientes que continuem a preferir o contacto presencial, a Troficolor continua a fazer apresentações no seu showroom em Lousado, Vila Nova de Famalicão (na foto), mediante marcação, e marcará presença também no próximo MODtissimo, entre os dias 23 e 24 de setembro, onde a mais recente coleção da marca pode ser vista e visitada. t
A coleção foi elaborada com algodão Supreme Green Cotton, plantado e tratado pela Varvaressos, na Grécia
de rastreabilidade da matéria prima tem um grande protagonismo”. A coleção foi criada com recurso a algodão Supreme Green Cotton, plantado e tratado pela Varvaressos, na Grécia. Um processo produtivo que recorre a sementes que não foram geneticamente modificadas e que na sua cadeia consome 40% menos água, utiliza mais de 20% de energia de fontes renová-
veis, poupando enormes quantidades de CO 2 e energia. O fio de algodão foi posteriormente transformado em malha pela Hata, em Viana do Castelo, tingido pela Tintex Textiles, em Vila Nova de Cerveira, e seguirá para ser confecionado pela Bless Internacional, em Guimarães, sob o processo criativo de Katty Xiomara e a coordenação de projeto da Springkode. t
SALSA QUER SER NÚMERO UM NA EUROPA E REDUZIR CONSUMO DE ÁGUA O propósito de redução de 30 a 90% do consumo de água da lavandaria é uma das metas definidas no processo de busca da sustentabilidade ambiental da Salsa. Outra grande ambição da marca portuguesa de jeans é a de ser a número um da Europa, para o que conta com um forte incremento nas vendas online. As metas foram definidas pelo CEO, José António Ramos, num dos DV Made in Portugal do jor-
nal Dinheiro Vivo, que também mostra as entranhas da especialista portuguesa em calças denim, cujo nome vem do estilo de dança latina muito em voga nos anos de 1980, quando nasceu a marca. Na fábrica de Ribeirão, onde continuam a ser concebidos e fabricados todos os modelos, são normalmente desenvolvidos mais de 100 protótipos na busca do fit perfeito de jeans que são depois vestidos por homens e mu-
lheres nos mais de 30 mercados onde a marca está hoje presente. A caminho dos trinta anos e agora nas mãos da Sonae, José António Ramos garante que “a Salsa é a melhor marca de denim da Europa” e por issso quer também afirmar-se como líder europeia, alavancando o crescimento na presença online e apoiada pela inovação e incremento da sustentabilidade ambiental dos processos de fabrico. t
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X A MINHA EMPRESA SCUSI
Rua da Escola nº 266 4755-033 Alvelos – Barcelos
O que faz? Criação, desenho e confeção de moda feminina Principais clientes Lojas e armazéns multimarca Produção Coleções sazonais com pouco mais de 200 peças Exportações Sobretudo para Espanha e Canadá, mas também outros destinos europeus Estratégia Privilegiar a apresentação e diversidade, com materiais distintivos, foco na qualidade e em quantidades limitadas Objetivos imediatos Crescer no mercado dos países nórdicos
JOÃO PEREIRA GUIMARÃES ESPERANÇADA PARA O MODTÍSSIMO Regressou na última edição do salão têxtil nacional e em setembro a João Pereira Guimarães conta sentir “uma lufada de ar fresco” com a presença no MODtissimo “Temos esperança que setembro seja um relançamento do setor, um acordar, e o MODtíssimo é essa lufada de ar fresco de que todos precisamos. É importante que a equipa se sinta motivada, que se estabeleçam contactos, que possamos conhecer as reações dos clientes aos nossos artigos”, diz Carolina Guimarães, administradora da empresa fundada pelo seu avó em 1956.
"Trabalhamos muito bem com Portugal, mas sentimos que lá fora a inovação não é valorizada" Mário Brito CCO da Smart Inovation
FASHION FILM FESTIVAL APROXIMA-SE DA CENTENA DE INSCRIÇÕES A poucas semanas do fecho das inscrições, a 7ª edição do Fashion Film Festival contava já com a candidatura de 86 filmes, com destaque para a mais de meia centena de filmes internacionais, a atestar a crescente importância externa do concurso português de cinema de moda. Nesta edição, que tem como lema “Humanity’s New Breath”, o festival quer destacar a moda sustentável e tem ainda entre as sete categorias a concurso a novidade dos filmes dedicados aos têxteis-lar.
SCUSI quer estender a perna até ao mercado nórdico Foi com o casamento, há 29 anos, que Rosa Martins e José Brito se meteram no negócio da moda. “Sempre gostei muito de tecidos e farrapada, é uma paixão que vem de criança, o gosto pela criação, imaginar modelos e ver como ficavam nos outros”, revela Rosa, que continua a dar asas a essa criatividade com a etiqueta Scusi. E como estavam naquela fase em que há que dar um rumo à vida e com ele a acabar o serviço militar, foi mesmo o sonho de Rosa que lhes apontou o caminho. Pelos vistos, também ajudou um pouco o facto de ele ter já também alguma experiência na área têxtil. E um pouco mais ainda o apoio dos sogros: “Comecei em casa da minha mãe e também com apoio do banco lá de casa”, brinca Rosa Martins, contando que nos primeiros tempos faziam pronto moda, um serviço que apresentavam a armazéns de revenda. A marca vem depois, com a vontade de reforçar o cunho criativo e de qualidade na escolha de tecidos e acessórios. “A Scusi é já um produto diferenciado, que privilegia o design, a elegância e a qualidade. Mas numa vertente sempre prática e versátil. São roupas que a mulher pode usar tanto no dia-a-dia como em ocasiões mais formais”, vinca a fundadora da marca. Entretanto, e para poder controlar eficazmente a produção, Rosa tinha feito um curso de modelagem, e logo no desfile final apresentou uma coleção completa. “Com peças de desporto, de saída e de festa. A roupa não pode ser para se usar um dia e guardar, tem que ser prática”, e essa é a principal carac-
terística que gosta de imprimir às coleções da Scusi. Além do atelier/fábrica em Barcelos, tem hoje também showrooms em Lisboa, Porto e Coimbra, onde regularmente apresenta as suas coleções aos clientes portugueses e internacionais. Foi também com a presença em feiras, como MODtissimo e a Momad, que consolidou a marca no mercado nacional, antes de avançar para Espanha, que é hoje o seu segundo mercado, igualmente de forma consolidada. Em terceiro lugar vem o Canadá, onde através do agente local apresenta também regularmente todas as coleções. O objetivo é consolidar um mercado de cada vez, uma política de pequenos e seguros passos, “até porque sou pequenina e não posso dar grandes passadas”, brinca Rosa Martins. Uma estratégia que este ano apontava para estender a perna até ao mercado dos países nórdicos, mas que as circunstâncias obrigam a adiar para o próximo. “Espero que sim. As pessoas adotaram uma postura de pânico que era escusada, mas vem aí a vacina e acho que vão acalmar”, vaticina, adiantando que, apesar de tudo, este tem sido “um ano quase dentro da normalidade” para a Scusi: “O que fazemos é um produto para o dia-a-dia e as pessoas continuam a vestir-se”. E é esse balanço entre um estilo funcional e confortável, mas ao mesmo tempo moderno e elegante, que caracteriza a Scusi, onde parece residir o segredo e a arte de Rosa Martins. Afinal, “a roupa tem que ser para se usar e gostar. Para o ano há novas ideias, uma nova coleção, e esse é o fascínio da moda”. t
20 milhões de euros foi a faturação dos Armazéns Marques Soares em 2019
DIELMAR AFASTA QUALQUER CENÁRIO DE DESPEDIMENTOS É um propósito sublinhado pela CEO da Dielmar, que destaca a importância em termos de emprego que a sua empresa tem para Castelo Branco. “Temos 400 pessoas, das quais 320 são mulheres, e não nos passa pela cabeça despedir. Valemos tanto para a zona de Castelo Branco como a TAP para o país”, disse Ana Paula Rafael num contexto em que com várias outras grandes empresas analisou o necessário processo de reajustamento pós-crise. Foi no CEO Retail Fórum, um encontro promovido pela SIC, semanário Expresso e a consultora Accenture, que juntou grandes marcas do retalho e distribuição como IKEA, Fnac e Dielmar.
FRED PERRY LANÇA MODELOS INSPIRADOS EM AMY WINEHOUSE A Fred Perry acaba de lançar uma linha inspirada em Amy Winehouse com peças que se remetem para os looks da icónica cantora-compositora britância. Chama-se Amy Winehouse Foundation Collection e é dominada pelos padrões leopardo e cores fortes. A coleção inclui também o clássico pólo da marca, que foi ligeiramente ajustado à forma feminina e apresenta-se em padrão leopardo total, nos tons de preto e vermelho vibrante.
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SIC VAI TER REALITY SHOW DE MODA
A FASHION FORWARD Por: Cristiana Gonçalves Pereira
O biquíni quer assumir um lugar na cidade Não há moda de praia, há moda para mulher que se assume como livre em qualquer lugar e em qualquer altura do dia. A Best Models lançou este verão, a 31 de julho, a campanha que simbolicamente nos quer atrair a novas visões. Uma ação de marketing criada para promover o trabalho das nossas modelos, nas nossas bases de trabalho no Porto e em Lisboa, das equipas e dos colaboradores. Com breves minutos entre danças, sorrisos, e a ingenuidade sexy da mulher, há algo que nos atinge para que não vejamos a roupa de verão apenas na praia,
queremos que a mulher se sinta confiante a usar e usufruir dos looks de verão em plena cidade. Fazer da cidade a sua praia, fazer a sua praia onde quiser, o biquíni quer assumir um lugar na cidade, nas ruas e mostrar a mulher confiante. Queremos que a mulher se sinta confiante, livre, e sobretudo bonita, fresca num look que á partida só usaria na praia, mas que relaxadamente e de forma irreverente, quer passar a usar em plena cidade agitada, no movimento, trânsito e entre olhares curiosos. A Best Models e o clipe de verão con-
tam com parceiros de peso que foram escolhidos para representar o conceito e a frescura que a agência foi em busca. As modelos foram selecionadas pela personalidade que a equipa já conhece, pelo acting , elegância, beleza, ingenuidade, irreverência e sobretudo atitude. Cia Maritima, Luis Onofre e Óptica Boavista foram parceiros que de imediato se aliaram à ideia e vestiram as nossas modelos para que esta campanha nos transmita a ousadia que a Best vem para revelar. O video está disponível no site www. bestmodelsagency.com.t
Adriane Galisteu é a estrela de um novo programa da estação de televisão SIC dedicado ao mundo da moda. Vai chamar-se “Tu Consegues” e a conhecida apresentadora brasileira vai desempenhar o papel de destaque entre os jurados do programa, que será emitido em formato de reality show ao estilo “America’s Next Top Model”. As gravações começaram já em meados de Julho.
SALSA INSTALA MÁQUINA QUE FAZ A DESINFEÇÃO EM 30 SEGUNDOS A loja Salsa da rua de Santa Catarina, no Porto, foi a primeira a testar um equipamento de desinfeção de roupa que possibilita a esterilização em 30 segundos. A marca portuguesa de denim informou que se trata de uma tecnologia inovadora desenvolvida pela MTEX NS, em parceria com a Universidade Católica e o CITEVE. Em comunicado, a marca do universo Sonae especificou que o sistema permite ajudar a “otimizar o processo de compra do cliente, gerir stocks de forma mais eficientes e reforçar a segurança e o conforto na experiência em loja”.
INTIMISSIMI UOMO LANÇA COLECÇÃO DE SWIMWEAR Depois da mulher, chegou a vez do homem ter direito a uma linha de swimwear da Intimissimi. O icónico Mickey Mouse é a estrela da colecção cápsula masculina lançada pela marca italiana. Reviver a juventude é o mote dos novos artigos da Intimissimi Uomo marcados por prints coloridos e animados. A coleção é composta por dois calções de banho e um slip disponíveis do tamanho S ao XXL.
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CRISTINA BARROS SEM RECEIOS NO REGRESSO ÀS FEIRAS
ATÉ O PRESIDENTE MARCELO PREFERIA O LAY-OFF SIMPLIFICADO O Presidente da República promulgou o regime de apoio extraordinário à retoma das empresas, mas deixou claro que preferia a manutenção do lay-off simplificado, tal como defendia a generalidade dos empresários e das associações empresariais. Numa nota divulgada no site da presidência, Marcelo Rebelo de Sousa frisou que era outra a sua opção, “tendo sustentado o prolongamento do regime de lay-off simplificado até ao fim do ano por razões de continuidade administrativa”.
"Para ter sucesso, não se pode parar nunca de investir" Paulo Ribeiro Diretor comercial da Crialme
As vendas da marca Cristina Barros para o mercado externo representam cerca de 70% do seu volume de negócios
É o regresso às feiras internacionais e da aposta na internacionalização. A marca Cristina Barros esteve na Styl Kabo, a 56ª Feira Internacional de Moda de Brno, na República Checa, e a par do “saldo positivo”, faz questão de reforçar a ideia de retoma da atividade: “É importante tranquilizar o setor e dar sinais de que tudo se pode realizar desde que sejam cumpridas todas as regras”. “A participação na feira Styl quis dar continuidade à nossa presença já de várias edições, sendo que esta teve um valor especial por se realizar dentro de um contexto de pandemia”, refere o director comercial, Marco Costa, sublinhando que “tudo decorreu dentro da normalidade” A par da Cristina Barros, também as marcas portuguesas Litel e Cubos de Algodão marcaram presença no certame que decorreu de 22 a 24 de agosto na cidade de Brno, e também por isso o responsável da marca fez questão
de deixar uma mensagem positiva e de tranquilidade neste contexto de procura pelo regresso à normalidade. “É de facto importante tranquilizar o setor e dar sinais de que tudo se pode realizar desde que sejam cumpridas todas as regras”, frisou Marco Costa. Depois de no ano passado ter realizado uma verdadeira investida internacional com presença em mais de uma dezena de feiras internacionais, as vendas ao exterior da Cristina Barros já representam cerca de 70% do seu volume de negócios, tendo as exportações atingido no último ano cerca de 2 milhões de euros. A participação da Cristina Barros, Cubos de Algodão e Litel nesta 56ª edição da Styl Kabo teve o apoio do From Portugal, um projeto da Selectiva Moda e da ATP que é co-financiado pelo Portugal 2020 e visa promover a internacionalização das empresas portuguesas da área da Moda. t
LMA, SCOOP E RDD COMO MODELOS DE SUSTENTABILIDADE É um encontro para mostrar que o melhor da moda sustentável é made in Portugal e as empresas LMA, Scoop e RDD (Grupo Valérios) são apontadas como modelos. Organizada pela Kind Purposes, a conferência Sustainable Fashion Business terá lugar em Lisboa, no dia 23 de Outubro, no âmbito da Capital Europeia Verde 2020. “O principal objetivo da conferência é celebrar Portugal como um dos melhores locais para o desenvolvimento e produção de marcas sus-
tentáveis. Vão estar presentes marcas relevantes a nível internacional como a Pangaia e a Farfetch, entre outros”, informa a organização, que anuncia também a participação de projetos inovadores de criativos como Alan Crocetti, Rombaut, Priaya Ahluwalia. O encontro, que vai ter como palco a Academia das Ciências de Lisboa, contará também com o contributo do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, e do vereador do Ambiente, Cli-
ma, Energia e Estrutura Verde da Câmara Lisboa, José Sá Fernandes. O programa destaca a participação de Alexandra Pinho, CEO da LMA Textiles, Mafalda Pinto, CEO da Scoop, e Elsa Parente, CEO da RDD, num encontro que quer celebrar o facto de Lisboa ter sido galardoada como Capital Verde da Europa e “fazer prova de que a sustentabilidade pode ser um negócio financeiramente viável e de futuro”, reforçam os organizadores.t
UMA QUESTÃO DE ESTILO PARA BEBÉS E MÃES
J. AREAL CHAMA COMPRADORES AO MODTISSIMO
Chama-se A Matter Of Style (uma questão de estilo, em português) e é um novo marketplace português que reúne numa única plataforma artigos de moda, decoração infantil e brinquedos criados à mão por artesãos de toda a Europa. “A nossa missão passa por nos posicionarmos como o melhor marketplace para produtos feitos à mão e personalizados para bebés, crianças e mães”, lê-se no comunicado de apresentação.
A J. Areal diz ter “esperança que os compradores estrangeiros venham em massa” ao próximo MODtíssimo. A empresa especializada em malhas está a incentivar compradores da Alemanha, Finlândia e França que quer encontrar no Porto a 23 e 24 de setembro. “Temos vários clientes a ponderar vir ao MODtíssimo se os números da Covid-19 se mantiverem baixos a norte do país”, revela Luís Vieira, comercial da J. Areal.
86%
do emprego da ITV está na região Norte
LASA E JF ALMEIDA FAZEM “TOALHAS AO ALTO”
É uma iniciativa do Turismo de Portugal, do Turismo do Porto e Norte de Portugal, Câmara Municipal de Guimarães e das associações de hotéis, que foi lançada na cidade que é também o berço e coração do têxtil-lar. Intitulada “Toalhas ao Alto”, a campanha arrancou com a produção de 1.128 toalhas fabricadas pelas empresas LASA e JF Almeida, com uma imagem criada pelo artista José de Guimarães representando Luís Vaz de Camões a salvar “Os Lusíadas”.
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"QUERO ATINGIR OS 15 MILHÕES DE EUROS EM 2022"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa José Armindo Ferraz É o CEO da Inarbel, empresa que tem neste momento quatro vetores de negócio distintos: as marcas próprias de roupa infantil (A.J. e Dr. Kid), o private label e a nova aposta no segmento da saúde, com a Skylab. Detentor de 80% do capital da empresa – os restantes 20% estão repartidos paritariamente entre dois sobrinhos – arrisca afirmar que, dentro de três anos, a dimensão da Inarbel terá aumentado 50%. As exportações continuarão a ser o foco da empresa, mas José Armindo Ferraz espera que o mercado interno também se desenvolva – até porque a produção da sua empresa na área da saúde (todo o tipo de equipamentos de proteção individual) permite substituir importações
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oi a partir da presença nas feiras internacionais que a Inarbel atingiu a dimensão exportadora, responsável pela maioria das receitas anuais. Depois do período de confinamento radical dos últimos meses, José Armindo Ferraz está impaciente para regressar ‘à estrada’. As feiras estão a regressar, tem viagem prevista para Dusseldorf, para a feira Medica. É importante regressar?
Obviamente que sim, as feiras são extremamente importantes para o desenvolvimento de qualquer empresa. Aliás, o desenvolvimento das minhas áreas de negócio dá-se com o exterior. No início, as atividades estavam muito centradas no mercado interno: há 25, 30 anos, os clientes vinham do estrangeiro e deixavam aqui as encomendas, enchendo as empresas de trabalho. Os empresários habituaram-se a estar em casa. Quando iniciei a minha atividade profissional no setor têxtil, achei que a empresa se devia voltar para o exterior – era aí que iria ser o nosso sucesso. Tínhamos na altura cerca de 70 pessoas e hoje temos 240 porque as feiras nos fizeram crescer. Foi aí que se deu o desenvolvimento do negócio?
Criámos novas áreas de negócio, chegámos a novos clientes de valor acrescentado e diversificámos: na altura, um ou dois clientes tomavam a produção de um ano inteiro, o que era um grande risco. A minha visão do negócio é ter muitos clientes, em vários países. Daí a importância das feiras?
São fundamentais. Mas atenção,
os empresários não podem pensar que vão a uma feira uma vez e que o negócio está feito. Tem de haver persistência: os clientes gostam de ver uma empresa, uma marca, mais que uma vez. Uma vez, toma-se contacto, à segundo entra-se no stand, à terceira toca no produto, à quarta já é capaz de se sentar a falar comigo. Se falhar um ano, isso pode ser a evidencia de uma falência?
Se falhar um ano, o mercado pode pensar que foi um ‘paraquedista’ que aterrou ali e desapareceu. E muitos outros aparecem. Estou com saudades das feiras internacionais, até porque sou alguém que gosta de ouvir muitas ideias, de tomar conhecimento, de comunicar, de diferentes religiões, de diferentes áreas políticas, com quem se aprende todos os dias. As feiras estão a fazer-me falta porque é essa experiência que me faz falta. A comunicação, o contacto com os clientes que já não vejo há um ano, é fundamental. Claro que falo com eles por outras vias, mas não é a mesma coisa: o contacto pessoal faz toda a diferença, a relação fica muito mais forte. É a primeira vez que vai a uma feira médica, a Medica Trade Fair, a maior feira do sector (de 16 a 19 de novembro), em Dusseldorf, dado que é uma nova área de negócio da Inarbel.
Sim, Dusseldorf vai ser uma experiência que me faz recordar o que fiz há 20 anos, quando fiz a primeira feira com aquela que era na altura uma marca nova, a Dr. Kid. Tenho agora um projeto novo, que me alicia muito e que é também um desafio muito interessante. Um desafio que começou como uma resposta à pandemia de Covid-19.
Exatamente, tudo começou aí. A pandemia foi algo que ninguém esperava e não podia
"Com a Covid, tive que me focar na solução e não no problema"
Quando há cerca de 20 anos chegou à Inarbel, José Armindo Ferraz introduziu uma pequena revolução nos hábitos da empresa: a internacionalização e a diminuição de custos (pela procura de alternativas) passaram a ser motivações centrais de uma produção até aí focada no mercado interno. Falando cinco línguas e dando-se mal com intermediações que nada traziam à Inarbel, estabeleceu contactos diretos com fornecedores e em pouco tempo conseguiu matéria-prima a preços muito vantajosos, o que permitiu à empresa margens capazes de financiar o crescimento. Em pouco tempo, triplicou o número de colaboradores e o volume de negócios cresceu exponencialmente. Sendo adepto da ideia de que todos os problemas têm uma solução – por muito que seja necessário exercitar a imaginação – foi essa prática que permitiu à Inarbel encontrar a forma de rodear as terríveis consequências da pandemia de Covid-19. E como “a sorte dá muito trabalho”, a Inarbel tem neste momento uma produção alternativa à tradicional (roupa infantil) que não só permitiu que todos os colaboradores se mantivessem no ativo (depois de uma pequena passagem pelo lay-off de alguns deles), como muito provavelmente fará com que a empresa tenha, a curto prazo, que contratar mais funcionários. E se o ano de 2021 será por certo marcado pelas dificuldades decorrentes da pandemia, o ano seguinte pode ser novamente de assinalável crescimento. A ambição do CEO para isso aponta
antecipar há um ano atrás que nesta altura estivesse a produzir produtos hospitalares, certificados no CITEVE, no Infarmed e noutras entidades certificadoras como o ITEX espanhol. Dusseldorf é por isso um desafio e eu gosto de desafios – vou para lá com uma grande ambição. E se vou é porque acredito nas pessoas que trabalham comigo, na empresa, nos produtos e no negócio que vou fazer. Pode não ser agora, será para o ano: fico com feedback, com contactos, para poder trabalhar. É uma nova área para nós, mas na qual já produzimos para Portugal, Espanha e França. Isto é, já estamos no mercado, já sabemos o que queremos. Temos um portefólio de produtos para apresentar em Dusseldorf. Vou para ganhar. Uma nova área de negócio que leva meio ano de vida. Quanto teve de investir?
Na fase de transição de uma coleção para a outra, entreguei a produção para a primavera/ verão e ia iniciar a produção de inverno e começou a haver uma quebra nas encomendas. Em março tudo se precipitou – e então decidi dar aos colaboradores uma semana de férias, mas não foi suficiente. Desde janeiro que andava a ponderar avançar para a produção na área médica. Comecei a ficar preocupado – passei a trabalhar "26 horas por dia". Tive de mandar cerca de 40 colaboradores para lay-off parcial e outras 47 foram para casa tomar conta dos filhos quando as escolas fecharam. Uma situação que se teria de arrastar por dois, três meses e que em princípio iria afetar todos os trabalhadores da fábrica. Tinha que dar a volta a isto, tinha que me focar na solução e não no problema. Foi nessa altura que me apareceu este ‘negócio da Covid’. Aliei-me a um agente que tenho no País Basco e começámos a planear logo em fevereiro: do País Basco disseram-me que havia ali (bem antes de em
Portugal) uma grande dificuldade: o fornecimento de produtos hospitalares, que nessa altura chegavam da Ásia e que eram uma autêntica porcaria. Percebi que estava ali a nossa saída. Para isso também ajudou o networking que fui construindo ao longo da minha carreira de empresário e também nos 12 anos em que pertenci à direção da ATP. Fiz amostras, fiz os primeiros protótipos e enviei para o País Basco. De onde me disseram: “é mesmo isto que nós queremos”. Passei a trabalhar diretamente com o Estado espanhol, com as comunidades da Andaluzia, do País Basco, da Catalunha. A primeira produção foi toda para Espanha.
Toda. Acabei de imediato com o lay-off em abril: encomendaram-me 200 mil peças, atrás destas vieram mais encomendas e em pouco tempo estávamos a trabalhar a 100%. Posso dizer que o passado mês de maio foi o mês em que a Inarbel mais faturou desde que existe – teoricamente um mês fraco. Por outro lado, dei trabalho a muitas micro-empresas na região, tantas delas à espera de encomendas da Inditex, que tinha bloqueado todos os pedidos. Nesse intervalo de tempo apareceram as medidas Portugal 2020 Covid e surgiu a ideia de o utilizar. Tivemos que fazer um projeto em 60 dias para usufruir de um apoio que se afigurava muito interessante: 80% a fundo perdido, com uma majoração de mais 15% se cumprisse todos os requisitos. Fizemos o projeto numa semana, a trabalhar de dia e de noite. O projeto da Inarbel foi dos primeiros a entrar no IAPMEI e foi o primeiro a acabar – está agora a ser analisado. Consegui fazer um projeto de cerca de 400 mil euros no espaço de um mês e 20 dias, com a aquisição de máquinas e sem nunca ter parado de trabalhar. Já recebi 50% dos 80%, já pedi os restantes 50%, depois virá a majoração.
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Do Boavista ao Bolton, o futebol como universidade Aos cinco ou seis anos vendia fruta na beira da estrada uns quilómetros a leste da cidade onde nasceu há 49 anos (Penafiel), mas foi no futebol que acabou por distinguir-se. Começou no Marco de Canavezes, onde já vivia, e passou pelo Boavista, Penafiel, Leça e Campomaiorense (o que lhe permitiu conhecer um dos homens que mais o marcou, o comendador Rui Nabeiro) para finalmente seguir para Inglaterra, para jogar no Bolton. Não foi a mais bem sucedida das suas viagens: sozinho num país estranho com chuva a mais e amizade a menos, acabou por vir-se embora no final de um jogo com o Sheffield onde deu um golo a marcar antes de ele próprio marcar o tento da vitória. O futebol foi a sua universidade, acabou a carreira aos 29 anos e depois de um ano sabático “a vadiar”, iniciou outra carreira, a de empresário – e não a “de filho do patrão” na empresa que os pais tinham criado depois de debutarem no setor como feirantes. Casado e com dois filhos (o Rafael, de 17 anos, e o Gabriel, de 13, ambos bem lançados nas lides futebolísticas), descobriu há pouco as virtudes do delegar competências
Arrisca-se a fechar 2020 com um volume de negócios maior que 2019?
Não seria tão otimista. O problema que afetou as áreas tradicionais do negócio ainda não acabou – ainda poderá tornar-se mais grave. A produção de roupa ainda não está a trabalhar sequer a 60%. A produção para 2021 ainda não voltou ao que se verificava em 2019. A retoma é lenta – daí a necessidade de termos esta nova área de negócio, que tem de ser fortalecida, porque permite equilibrar a empresa. Se faturar a mesma ordem de grandeza do ano passado, entre os 8 e 10 milhões de euros, dou-me por satisfeito. Daqui a dois ou três anos, quando tudo melhorar, quero chegar a outro patamar... Que será de?
Com a marca que criámos para o universo médico, a Skylab, que estamos a ‘bater’ em Portugal e em tantos outros lugares, com a feira de Dusseldorf, a minha ambição é atingir os 15 milhões de euros em 2022. Não em 2021?
O ano de 2021 vai ser muito complicado. A Inarbel tinha três áreas de negócio até agora: as marcas Dr. Kid e A.J. e o private label. Agora terá mais uma, a Skylab. Quanto pesava cada uma no volume de negócios e como será a nova repartição daqui para a frente?
Até agora, o private label pesava 60%, as nossas marcas pesavam 40%. O private label deverá ir para os 30% ou 35%, as marcas próprias para os 30%; dá 65%, com o restante a ter a ver com a Skylab. Vamos estar muito perto dos 15 milhões em 2022. Quando é que a empresa foi criada?
É uma empresa familiar criada em 1984 pelos meus pais. Cheguei à empresa há 20 anos, numa altura em que tinha 70 trabalhadores, com um volume
"As feiras são extremamente importantes para o crescimento de qualquer empresa" de negócios que andaria no milhão de euros, tudo vindo do private label. Os meus pais criaram a marca A.J. para o mercado nacional, depois eu criei a Dr. Kid, que foi lançada nos Estados Unidos – uma vez que eu queria trazer a marca de fora para dentro. Na altura, o que vinha de fora é que era bom. Nos últimos 15 a 20 anos, a indústria têxtil deu uma volta de 180 graus. De algum modo, era já o exterior que importava.
Era importante expormo-nos ao mundo, nas feiras – faço-as todas com a Selectiva Moda, que tem uma excelente organização e que, com a ATP, tem de levar um louvor da parte dos empresários que se internacionalizaram. Quanto pesam as exportações no volume de negócios?
Pesam 90%, exportamos para 24 países: Espanha, França, Inglaterra, Escócia, Alemanha, Itália, Áustria, Bélgica, Suíça, Dinamarca, Grécia, Ucrânia, Rússia, Emirados Árabes Unidos, China, Estados Unidos, México, Colômbia, Porto Rico, República Dominicana... Algum desses mercados está já a reabrir as portas?
O mercado mais complicado neste momento é o norte-americano e o sul-americano. Na Europa noto que Espanha, Itália e Inglaterra estão já a abrir. Como acha que foi a resposta do Estado à pandemia?
Está, e muito bem, a apostar na
indústria transformadora. Sem essa ajuda seria com certeza muito mais difícil. O lay-off, as ajudas ao investimento, foram muito benéficas. Agora pergunto: com a qualidade do que aqui se produz, faz sentido continuar a comprar no estrangeiro, faz sentido gastar 250 milhões de euros em material para o setor médico vindo da Ásia? Até porque nós temos outras precupações: a economia circular. É preciso dar trabalho às empresas portuguesas, a todos os setores transformadores. Mas o Governo não podia ter ido mais longe?
Acho que devia ter ido mais longe. Desde logo no lay-off simplificado que, como até o disse o Presidente da República, devia manter-se até ao final do ano. Há uma altura que será muito importante: o pós-férias, altura em que se devia começar a produção primavera-verão para 2021. As empresas não vão ter trabalho para toda a gente. Espero que o grande financiamento que vem da União Europeia seja bem utilizado. Em quê?
Nas empresas de bens transacionáveis que geram emprego. Mas tenho medo que esse dinbeiro seja mal utilizado. Tenho medo da TAP, da banca. O nosso dinheiro, que pode ser usado para gerar emprego, deve ser alvo de um grande controlo. Acredita que, depois de passada a pandemia, a indústria de bens transacionáveis continuará a ser o foco europeu, ou a memória é curta e voltará tudo a optar pelos baixos preços asiáticos?
É uma pergunta difícil de responder, mas ao mesmo tempo muito fácil: as pessoas querem o que é nosso. A União Europeia devia seguir este ensinamento: comprem o que é europeu. Somos os melhores a produzir, temos tudo o que é bom. Este vírus veio trazer muitas reticências ao que vem da Ásia. t
As perguntas de
António Cunha Sales Manager da Orfama
Paulo Neves Sócio-gerente da Coltec
Vivemos tempos excecionais com um impacto brutal em todo o mundo nas mais variadas áreas. Podemos afirmar que a indústria têxtil portuguesa está a enfrentar o maior desafio de sempre?
Foi difícil quando teve que se reinventar para produzir material técnico e inovador para o sector hospitalar?
Penso que sim. Mais uma vez e agora perante um desafio que é incomparavelmente mais difícil que todos os anteriores. Mas temos que dar a volta e mais uma vez vamos conseguir porque temos vontade e somo os melhores. Mas é preciso que também o nosso Governo e a União Europeia olhem para este setor com a devida atenção. O termo “inovação” tem sido exaustivamente referido como uma questão de sobrevivência e novas oportunidades de negócio. Qual foi a solução encontrada pela empresa nesta crise causada pela covid-19 para se manter de forma competitiva?
Foi sendo inteligente. E nem todos nascem para isso. O fundamental é juntar os parceiros certos e procurar responder àquilo que são as oportunidades e as necessidades do mercado. t
Claro que não foi fácil. É sempre difícil, mas o mais importante foi encontrar os fornecedores de produtos e materiais adequados para conseguir fazer aquilo que o país e o mundo procuram. Mas felizmente conseguimos e acho que estamos no bom caminho. Como vê o futuro do setor têxtil se tiver que enfrenta uma segunda vaga da pandemia? No seu caso, com a nova unidade, está melhor equipado e preparado para responder a esse desafio?
Se isso acontecer, temos que estar preparados, já não é uma coisa absolutamente desconhecida. E se fomos capazes de responder à primeira, teremos que o fazer igualmente também a terceira, quinta, décima ou seja o que for. Este é um setor resiliente, que é capaz de reagir e por isso tem que estar preparado para aquilo que o mundo necessite. t
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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
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Rua Mouzinho da Silveira, 89 4000-422 Porto
Ano de abertura 2018 Produtos Sweats, T-shirts, casacos, chapéus e acessórios Conceito Streetwear de qualidade, com coleções pequenas e de grande rotatividade Públicoalvo Para quem gosta de vestir bem e de saber o que está a apoiar Outras lojas Rua da Assunção, em Lisboa Vendas Online Em sonofagun.eu, com worldwide shipping
IDEPA REFORÇA APOSTA NO MERCADO NACIONAL A presença na próxima edição MODtíssimo é agora mais do que nunca uma prioridade para a IDEPA. Para a empresa especializada na produção de acessórios têxteis “é muito importante que o mercado nacional se continue a encontrar, é uma oportunidade para os players se reunirem”, defende a Sales and Marketing Manager, Ana Paula Pires. Mesmo admitindo que este ano o número de potenciais clientes estrangeiros poderá diminuir, o importante é nas circunstâncias atuais concentrar esforços no mercado nacional.
"Construir uma marca é como correr uma maratona - apaixonante mas também penoso" André Relvas Administrador da Sorema
Um tiro certeiro Estava Francisco Rosado no último ano do secundário e já sabia que o seu percurso ia ser muito diferente do dos seus colegas. Nesse ano, a maioria dos estudantes do curso de Design da escola profissional Val do Rio, em Oeiras, iriam passar o verão a marrar para os exames ansiosos pelas pautas de notas e listas de acesso ao ensino superior, mas era já outro o seu objetivo. Descartada que estava a hipótese do caminho tradicional rumo à universidade, Francisco – na altura com apenas 20 anos – apaixonado por marcas e design, decidiu que o caminho era mesmo dedicar-se a 100% ao que realmente gostava. Poucos meses depois, em novembro de 2016, inaugurava em Lisboa, no Bairro Alto, a primeira loja da Son of a Gun, um espaço dedicado ao streetwear que inicialmente apenas vendia marcas internacionais já com nome estabelecido, a maioria oriunda dos Estados Unidos da América. A experiencia era nula, mas compensada com umas dicas dos pais – ligados à hotelaria no Algarve – e com o entusiasmo de quem está a começar e gosta do que faz. “A ideia era mesmo ir aprendendo com o processo”, revela Filipe. Rapidamente, a Son of a Gun transformou-se num repositório de marcas de streetwear difíceis de encontrar no nosso país, a que juntaram muito timidamente algumas T-shirts produzidas em nome próprio. O resto, como se diz, é história e o sucesso ditou que rapidamente a coleção tivesse de ser aumentada. “A nossa ideia sempre foi, e continua a ser, expandir o nosso nome e as nossas lojas através da marca Son of a Gun. Torná-la numa extensão nossa. Começámos com as T-shirts mas agora temos também sweats, casacos, calças, bonés, bolsas... tudo feito em Portugal”, explica Francisco, que se responsabiliza
também pelo desenvolvimento das peças da marca. “Sou eu que faço praticamente toda a coleção, desde o desenho ao molde, mas também incorporamos designs de outros membros da nossa equipa”. Para a execução contam com a força produtiva das fábricas têxteis do norte – com a exceção de um ou outro acessório, que fazem externamente –, salvaguardando a qualidade que só um made in Portugal pode garantir. Com tudo em velocidade de cruzeiro – já com nome estabelecido na capital e dois anos volvidos desde a inauguração da primeira loja, a Son of a Gun saltou do Bairro Alto para a Rua da Assunção, na Baixa lisboeta – rumaram a norte, para o Porto, onde abriram a sua segunda loja, na rua Mouzinho da Silveira, mesmo no coração da Baixa. “Sempre tivemos o Porto em mente, por também ser uma grande cidade e porque assim a marca está presente na duas maiores cidades de Portugal. Quanto à rua, para nós era importante ser uma rua com fluxo e de passagem mas não uma rua com demasiado movimento, com muita gente que não o nosso público-alvo”, justifica Francisco. 032C, All Gone, Billionaire Boys Club, Born x Raised, Bullet, Carhartt Wip, Champion, Converse, CP company, Herschel, Hypebeast, I-D, Kangol, Obey, Patagonia, Selva, Stussy, The North Face e Vans, para além da marca própria, são as marcas que podem ser encontradas na Son of a Gun, numa curadoria de peças que é feita em função da qualidade dos artigos, do esquema de cores e no que a marca pretende apostar em determinada estação. Tudo a partir do sonho de um miúdo de 20 anos que, sentado à secretária do liceu, decidiu que o caminho mais batido não era para ele. E a Sun of a Gun mostrou ser mesmo um tiro certeiro.t
AUTÓNOMA ACADEMY LANÇA PÓS-GRADUAÇÃO EM MODA
PREMIÈRE VISION VAI SER EM DOIS DIAS E COM 15% DE DESCONTO
Como criar e comunicar uma marca de moda? Esta é a grande questão a que a Autónoma Academy, da Universidade Autónoma de Lisboa, pretende responder com a nova Pós-graduação em Comunicação e Produção de Moda e Lifestyle. A formação, que vai arrancar em Outubro, conta com vários parceiros no setor e promete aos melhores alunos a oportunidade de um estágio na área.
Depois de consultar clientes e expositores, a organização da PV Paris decidiu concentrar a feira em dois dias, já definitivamente agendados para 15 e 16 de setembro. O pré-registo de compradores já ultrapassa os cinco mil e a organização decidiu também que a poupança com o cancelamento do terceiro dia será repartida com os expositores, que terão um desconto de 15% no aluguer dos stands.
99%
foi a quota de exportação da TrimNW em 2019
DEEPLY APOSTA EM BEACHWEAR REVERSÍVEL
Versatilidade é a palavra de ordem da nova coleção de beachwear da Deeply. A marca portuguesa aposta em peças reversíveis 100% made in Portugal e a cultura do surf continua a influenciar a marca, que este ano arriscou numa coleção feminina de beachwear original. As peças reversíveis, que permitem vários looks diferentes, foi produzida com materiais responsáveis, com destaque para a poliamida reciclada.
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X O MEU PRODUTO Tencel Padding
Desenvolvido pela RDD em ligação com o projecto Valérius 360
O que é? Uma malha termocolada com enchimento resultante da mistura de algodão reciclado e fibras sintéticas com origem natural Para que serve? Sobretudo utilizada na confeção de vestuário exterior Prémios Premio de Inovação da Munich Fabric Start e German Innovation Award na categoria Materiais e Superfícies Estado do projeto Já a ser comercializado e em utilização industrial
SOLINHAS VÊ O MODTISSIMO COMO UMA ALAVANCA PARA O NEGÓCIO De regresso à normalidade depois de três meses a funcionar a apenas a 30% da capacidade produtiva, a Solinhas olha para a presença no próximo MODtissimo como a grande oportunidade para o reencontro com os seus clientes. “É uma alavanca para o nosso negócio”, diz a empresa especializada em linhas de costura. “No meio desta situação totalmente nova que vivemos, é urgente encontrarmos formas de comunicar com os nossos clientes e com os potenciais clientes”, defendeu ainda Lurdes Fernandes, responsável pelos departamentos comercial e de exportações da Solinhas.
35%
dos trabalhadores da têxtil na Europa estão acima dos 50 anos
AEP ESPERAVA MUITO MAIS DO ORÇAMENTO SUPLEMENTAR Apesar de algumas medidas positivas no apoio às empresas, a AEP – Associação Empresarial de Portugal entende que o Governo poderia ter ido mais longe nos objetivos do Orçamento Suplementar. É necessário muito mais para limitar a vulnerabilidade do país e mitigar o forte impacto negativo sobre a atividade económica, diz a associação empresarial, entendendo que poderia ter sido aproveitada a excecional flexibilidade permitida pela EU e tendo em conta que a resposta a esta crise requer um forte apoio das políticas públicas dirigidas às empresas.
Uma malha sustentável e realmente inovadora A RDD Textiles é uma espécie de mente criativa do grupo têxtil Valérius. O nome corresponde às iniciais de Research, Design e Development, e serve ainda para agilizar e potenciar as ligações da Valérius com os centros de conhecimento, tais como o CITEVE e a Universidade do Minho. A RDD articula também com o projeto Valerius 360, que aposta na aplicação perfeita dos princípios da economia circular, fazendo com que todas as roupas que saíam do grupo fabril de Barcelos a ele retornem para serem recicladas e terem uma nova vida. É neste contexto que foi criado e desenvolvido o Tencel Padding, que no fundo “é uma malha com enchimento termocolado destinada a vestuário exterior e que apresenta como vantagens ser muito leve, confortável, sendo ao mesmo tempo respirável e capaz de reter o calor”. “Um produto inovador e diferenciador”, reforça ainda Elsa Parente, a CEO da RDD, que o viu ser premiado logo na primeira aparição. E ao mais alto nível, com o Premio de Inovação da Munich Fabric Start. Nas duas faces exteriores estão duas malhas produzidas com fio do projeto Valérius 360 composto por 60% tencel e 40% fio de algodão reciclado. O inovador artigo da empresa de I&D do grupo Valérius apresenta uma solução exclusiva que utiliza fibras botânicas artificiais e ecologicamente responsáveis. E foram precisamente as caraterísticas de sustentabilidade associadas à exclusividade, respirabilidade, conforto e caráter inovador do produto, que mais
recentemente lhe valeram também a atribuição do German Innovation Award para a categoria Materiais e Superfícies. “Uma distinção muito especial, já que não há candidaturas e os produtos são selecionados pela própria organização”, destaca Elsa Parente. “O Tencel Padding é realmente inovador, já que o que existe no mercado como enchimento são essencialmente fibras sintéticas”, reforça a responsável. Enquanto a empresa o descreve como “uma solução exclusiva que utiliza fibras botânicas artificiais responsáveis – 100% Tencel™ – como ingrediente para o material de enchimento, desenvolvido pela RDD por meio de um processo de punção ambiental (ligação mecânica da bobina)”. Por outro lado, “os tecidos de jersey dos dois lados são resultado do nosso projeto de economia circular – Valérius 360. Os fios e jerseys foram produzidos com resíduos de corte dos fabricantes de roupas do nosso grupo têxtil”, nota ainda a RDD. Além de sustentável, o Tencel Padding é respirável, confortável, quente, sem peso e elegante. “É um material interessante essencialmente para vestuário exterior, para as indústrias de moda mas também de têxteis-lar”, explica Elsa Parente. A RDD tem já uma coleção nova de malhas com este padding, que está também a ser usado em coleções para conhecidas marcas internacionais de países como Itália, Alemanha ou Suécia, congratula-se a líder da unidade de Research, Design & Development do grupo liderado por José Manuel Vilas-Boas Ferreira. t
"A mais-valia que temos é sermos uma empresa totalmente verticalizada, única em Portugal e das poucas que existem no mundo inteiro" Luís Guimarães Presidente da Polopiqué
JACQUEMUS LEVA DESFILE PARA O CAMPO
Foi ao ar livre, no Val d’Oise, a noroeste de Paris, num planalto com mais de 400 hectares plantado de trigo, que Simon Potre Jacquemus montou a passarela por onde fez desfilarar as suas novidades para a primavera-verão 2021. Depois de uma viagem de hora e meia desde a cidade luz, os 80 convidados foram estrategicamente distribuído por entre a imensidão de espigas douradas. Surgindo do topo da colina, a uns 300 metros de distância, os modelos percorriam a curvilínea passarela montada por entre espigas douradas, num momento que muitos dos convidados descreveram como impressionante.
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JF ALMEIDA LEVA FIOS DE ALTO DESEMPENHO AO MODTISSIMO Depois de um ano de pausa nas participações no MODtíssimo, é com a nova coleção de fios sustentáveis de alto desempenho que a JF Almeida regressa ao salão têxtil nacional. “Apostar no que é nosso” é a máxima da empresa de têxteis-lar e fiação para a única feira em que prevê participar no que resta deste ano atípico. “Vamos participar no MODtíssimo porque acreditamos que o mercado nacional tem de continuar a trabalhar e a mostrar-se forte. Temos de apostar no que é nosso mais do que nunca”, disse Tânia Guimarães, responsável pela exportação da área de fios da JF Almeida.
O CASACO DE CÁTIA É O “GREEN DRESS CODE”
Foi com um casaco oversize em ganga reutilizada que a jovem Cátia Gomes Rego venceu a primeira edição dos prémios Green Dress Code, uma iniciativa da têxtil Cottonanswer que quer premiar exemplos de moda sustentável. A estudante do Modatex venceu um prémio de 1000€ e garantiu um estágio de três meses na têxtil de Barcelos. Com 11 projetos a concurso, o júri – composto pela designer Carla Pontes e por representantes da Cottonanswer e do Modatex – atribui ainda menções honrosas a Ana Barbosa, Diana Rodrigues, Mónica Silva e Sílvia Ribeiro. t
LINEFORYOU INVESTE NA SAÚDE E LANÇA 15 NOVOS ARTIGOS Especializada em workwear para a indústria, a Lineforyou lançou durante a pandemia as bases para uma nova área de negócio. Entre batas, máscaras e outros equipamentos de proteção, criou um catálogo com 15 artigos, investiu cerca de 400 mil euros numa linha de produção e está a renovar a imagem institucional. “A intenção é exportar”, explica Pedro Morgado, responsável pela empresa, que se vai estrear na Medica Trade Fair, em Novembro. “Nós trabalhamos em fardamento técnico há oito anos, para áreas da indústria, como a soldadura e a eletricidade, entre outras. Com a Covid-19, surgiu uma oportunidade de criarmos dispositivos médicos, mas agora já não estamos a pensar na pandemia, estamos a pensar num novo segmento a longo-prazo”, afirma Pedro Morgado, co-fundador da empresa atualmente localizada em Guimarães e especializada na modelação, desenho e controlo de qualidade de fardamento e vestuário de proteção. A produção de máscaras levou inclusive ao in-
vestimento numa linha de produção. Com o apoio do Portugal 2020, a Lineforyou investiu cerca de 400 mil euros em maquinaria especializada na produção e embalamento automático de máscaras cirúrgicas. “O nosso objetivo é apostar nesta área a longo prazo. Queremos criar uma gama de produtos para o futuro, muito além desta crise”. Um investimento que está a ser acompanhado por uma renovação na imagem – com um novo site a ser desenhado – e pelas certificações internacionais. Para além do registo no infarmed e da certificação CE, a empresa está focada em obter a certificação ISO 13485 para Sistemas de Gestão da Qualidade de Dispositivos Médicos. Para chegar a clientes internacionais, a Lineforyou vai marcar presença na próxima Medica Trade Fair, agendada para os dias 16 a 19 de novembro, em Dusseldorf. A empresa será uma das estreantes da comitiva From Portugal, organizada pela Associação Selectiva Moda. t
"A médio prazo queremos investir no superluxo, com o segmento Lameirinho Luxury, onde serão incluídos produtos com a melhor qualidade do mundo" Paulo Coelho Lima CEO do grupo Lameirinho
MAQUINARIA NACIONAL PARA O FABRICO DE MÁSCARAS Depois da ROQMASK, concebida pela S. Roque, também a Apineq, empresa nacional de engenharia de controlo de processo e automação industrial, veio anunciar que desenvolveu uma máquina de produção de máscaras cirúrgicas 100% nacional. “De configuração modular e de fácil instalação, a linha de produção de máscaras cirúrgicas (com as medidas de adulto) oferece a capacidade de produzir, de forma totalmente automática, máscaras esterilizadas, embaladas unitariamente em plástico ou empacotadas em lotes de 50, em caixa de cartão”, informou a empresa.
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toneladas são o stock permanente de malhas da Anbievolution
ALY JOHN E ISABEL SILVA JUNTAM-SE EM COLEÇÃO CÁPSULA
ATP: AUXÍLIO ÀS EMPRESAS TEM DE SER IMEDIATO Os instrumentos de auxílio à recuperação da atividade das empresas têm de chegar imediatamente ao universo para que foram criados – as próprias empresas – sob pena de, a partir de setembro, o país poder assistir a uma vaga de insolvências de que necessariamente resultará o aumento exponencial do desemprego, disse Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). O responsável associativo
mantém que o Governo foi demasiado rápido a acabar com alguns instrumentos que se revelaram muito benéficos para as empresas e que o seu cancelamento foi lesivo dos interesses das mesmas. Neste quadro, assume especial relevância o lay-off simplificado – que todas as associações empresariais sem exceção pretendem ver regressado, apesar de o Governo se mostrar intransigente nesta matéria. Mário Jorge Machado espera
que o Governo ‘copie’ a postura da Comissão Europeia: “estar a servir de garantia ao apoio que as empresas precisam”. Para além da questão do lay-off, assumem especial relevância as moratórias, “que foram uma importante ajuda, mas que terão necessariamente de ser estendidas no tempo”, uma vez que a esmagadora maioria das empresas continua a não ter terouraria suficiente para fazer face a algumas das suas obrigações, nomeadamente na área fiscal. t
A Aly John associou-se à apresentadora Isabel Silva para lançar uma coleção cápsula inspirada na natureza. “Defendemos o sustentável, a singularidade e a durabilidade. Por isso, partilhamos uma coleção produzida com tecido orgânico e sustentável”, anunciou a marca, sugere ainda ao consumidor que, antes da compra, se pergunte: vai usar esta peça mais de 30 vezes por ano?
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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey
Marita Ferro Designer e fundadora da marca Marita Moreno Família Vive com marido, Francisco, os dois filhos, Ana, com 18 anos, e Pedro, de 16, e ainda três cães e uma gata Formação Mestre em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e soma duas pós graduações: Gestão Cultural e Design & Marketing Casa Moradia em Miramar Carro Carrinha Audi Portátil HP Telemóvel Iphone X Hobbies “O único é o de fazer escultura" Férias Adora conhecer novos lugares, mas as férias de Verão na zona da Quinta do Lago, no Algarve, são garantidas todos os anos Regra de Ouro “Estar sempre à procura de qualquer coisa mais”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Marita sempre foi muito arrebitada, refilona e criativa Começar com uma frase do género “era uma vez uma menina que nasceu em Moçambique e que, já em Portugal, arreliava a mãe todas as manhãs para calçar os sapatos e que hoje se tornou numa mulher que desenha e cria calçado de design invulgar com preocupações sustentáveis...” seria certamente um começo cliché, mas bonito, para contar a história de Marita Ferro. Seria. Não fosse Marita uma mulher avessa aos clichés, inquieta e curiosa, como a própria se define, e com uma jovialidade que à primeira impressão pode não combinar com os seus 53 anos. É preciso ver mais de perto. “Sempre fui muito arrebitada. Sou a mais nova de três irmãos e sempre fui a mais refilona e a mais criativa também”, explica-nos a empreendedora filha de um médico militar e de uma técnica de análises clínicas que anos mais tarde decidiu seguir os seus sonhos e tornou-se ceramista. “A influência artística posso ter herdado da minha mãe, mas do meu pai também. Foi ele quem incentivou a minha mãe a fazer o que gostava, era um homem à frente do seu tempo”, defende enquanto recorda a vinda para Portugal, ainda durante a primeira infância. Se lhe corre nos genes ou se é fruto do ambiente e da inspiração maternal pouco importa. Certo é que a sua inquietude tem sido saciada pela expressão artística. Inicialmente licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, que fez ao mesmo tempo que trabalhava, Marita Ferro lecionou durante uma longa temporada na Escola Artística e Profissional Árvore. “Fui lá professora e posteriormente coordenadora do curso e foi uma experiência maravilhosa. Cada aluno é um individuo único e os diferentes processos de aprendizagem fascinantes. Aprendi muito”, relata com entusiasmo. É mais ao menos quando inicia a sua carreira como docente – sempre com uma série de outros projetos em paralelo – que a vida pessoal também se encarrilha: casa com Francisco, seu marido e pai dos dois filhos, Ana, harpista hoje com 18 anos e Pedro, 16 anos e fascinado por ciência, tal e qual a sua mãe. “Afinal está tudo ligado. Não há arte sem ciência e vice-versa, é fascinante”, diz Marita. “Dar aulas era maravilhoso mas eu precisava de mais. É da minha natureza” conta Marita, que até chegar ao mundo dos sapatos e acessórios, teve uma empresa de consultoria e representações, lançou uma marca de vestuário com intervenções têxteis artesanais, e complementou a sua formação académica com duas pós-graduações – Gestão Cultural e Design & Marketing – e um mestrado em Escultura, de regresso a Belas Artes. Uma vida profissional sempre cheia e diversificada que “dá um prazer sem fim” a Marita mas que a deixa “tantas vezes a sentir que não conseguia mais estar em dois palcos: ou era artista plástica ou designer de moda”, explica. É assim que em 2015 se decide pelo design de moda e inicia o processo de rebranding da sua empresa, de onde emerge a Marita Moreno, uma marca portuguesa sustentável e vegan de acessórios de moda criados de forma ética. “Os sapatos são mais escultóricos do que a roupa, para além de que há espaço para uma componente artística muito marcada”, defende a empreendedora que, assim, se aventura por um universo que até então não dominava: calçado e acessórios. “A nossa marca distingue-se pelas preocupações sustentáveis. Trabalhamos com materiais nacionais e biológicos, sempre que possível, mas temos também uma enorme atenção ao design dos produtos. Tornar sustentável é tornar atrativo. As pessoas têm de se apaixonar pelo objeto”, explica a mentora da marca que já se apresentou em feiras internacionais em Espanha, França, Londres, Alemanha e Austrália. “A aceitação tem sido muito boa, acreditamos que o futuro passará por pequenas produções que respeitem o planeta, privilegiem as matérias-primas locais e uma mão-de-obra justamente remunerada. Estamos num ponto de viragem em que começamos a perceber o impacto das nossas escolhas e que vale a pena apostar em produtos diferentes. Afinal a moda é isso mesmo: uma forma de mostrarmos aos outros quem somos. Se andarmos todos de igual, vão achar que somos iguais a todos, certo?”, questiona. Clichés, lá está, não são para Marita Ferro, que faz da irreverência o segundo nome da sua marca de calçado e acessórios que já dá que falar por esse mundo fora. t
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MUNDO VERDE
triliões de litros de água por ano consome a indústria têxtil, segundo a Fundação Ellen Macarthur
"O lucro não deve ser o único objetivo. Devemos ser responsabilizados por um futuro sustentável" Teresa Yang Vice-presidente do Esquel Group
EMPRESÁRIOS FIRMAM PACTO PARA ECONOMIA CIRCULAR
Vitor Rêgo Creative Art Director
VALORIZAR MARCAS, COMPRAR MENOS, COMPRAR MELHOR A moda é um elemento transformador e um meio essencial de comunicação e de expressão para o mundo. Também sabemos que o papel da indústria na crise ambiental global necessita de uma profunda reforma. Deixo aqui a minha sugestão, para algo que tem de ser alterado no mundo da moda. Como consumidor e, mais importante ainda, como membro deste planeta, penso que é importante que saibamos como as nossas escolhas o afetam, para que possamos fazer escolhas melhores e mais informadas quando escolhemos as nossas roupas. A nível mundial, deitamos fora 2,1 mil milhões de toneladas de vestuário, grande parte delas para aterro ou desviadas para África. Na maior favela do mundo, em Nairobi, estão montanhas de vestuário de marcas conhecidas a estenderem-se até onde os olhos podem ver. É uma visão chocante do desperdício. Mais de 100 mil milhões de peças de vestuário produzidas não são vendidas todos os anos. Cada peça de vestuário é utilizada em média sete vezes antes de ser deitada ao lixo. Na China, esse número é de três vezes, antes de serem colocados no lixo. Repare então no ciclo para conseguir uma simples T-shirt. O que pensa o agricultor que plantou e alimenta o algodão, e depois o colhe, quase um ano depois? Passamos para a tecelagem e por fim às tinturarias se for caso disso. Em sequência, vem o estilista, idealiza a peça, corta a peça, com um final na indústria que a fabrica e envia ao retalhista para venda nas lojas. Tudo isto para vestir três ou sete vezes? A falta de respeito pelo planeta, pelos processos, o investimento da vida das pessoas... Isso tem os seus dias de vida, os grandes grupos que se cuidem. Qual é então o passo seguinte, o que deve ser feito no combate a esta "pandemia" de consumo sem qualquer tipo de critério? Há uma forte necessidade de valorizar marcas com conceito, comprar menos, comprar melhor e talvez comprar um pouco mais caro. A utilização de matérias-primas não naturais, como o poliéster e outras fibras, em detrimento de matérias-primas naturais, recicladas, ecológicas, tem contribuído para a oferta de produtos em quantidade e sem qualidade que afetam o ser humano e do planeta. Não podemos continuar a pensar linearmente: nascimento de um produto, utilização de um produto, morte de um produto. Tudo isto obriga a repensar os ciclos e as verdadeiras necessidades do mercado. Eu penso que duas coleções por ano são perfeitamente suficientes, contrariando as mais de seis que têm vindo a ser apresentadas. Assim, impõe-se uma regularização dos ciclos, permite-se tempo para as criações, para a reorganização das produções e das necessidades dos compradores. Com tudo isto, haverá mais qualidade na indústria, mais consciência nas produções, nos investimentos e na sustentabilidade dos resultados financeiros. A falta de sustentabilidade nos negócios que estávamos a assistir antes desta pandemia eram índices de que algo não estava correto. Todos temos, então, de ser capazes de abdicar, de perder, para construir de forma sólida empresas e mercados mais sustentáveis e com melhores condições de futuro.t
A indústria têxtil é um dos setores incluídos no Pacto Institucional para a Valorização da Economia Circular na região Centro, documento subscrito pela Associação Empresarial da Beira Baixa (AEBB) e que junta mais 84 entidades públicas e privadas. Valorização dos resíduos, desmaterialização e ecodesign figuram entre os princípios fundadores do documento, que inclui cerca de 230 ações com estratégias assentes no combate ao desperdício e no uso eficiente dos recursos.
A NOVA PLATAFORMA PARA A REUTILIZAÇÃO TÊXTIL Um grupo de cinco jovens empreendedores portugueses acaba de lançar a MyCloma, uma plataforma online que visa reduzir a pegada ecológica do setor têxtil em Portugal. Efetuando a recolha e incentivando a compra e venda de artigos em segunda mão, querem ajudar a evitar o desperdício das mais de 200 mil toneladas de roupa que por ano Portugal deita ao lixo.
"Os produtos portugueses de têxtil-lar estão na vanguarda da sustentabilidade" Braz Costa Diretor-geral do CITEVE
O PIJAMA DA ZIPPY É EM ALGODÃO ORGÂNICO A Zippy lançou uma linha de pijamas 100% algodão orgânico que prometem fazer as delícias dos mais novos. Os novos pijamas aliam o menor impacto ambiental gerado por esta matéria-prima ao facto de ser “antialérgica, livre de toxinas, e, por isso, indicada para peles mais sensíveis, apresentando as mesmas propriedades de conforto e respirabilidade do algodão normal”, lê-se no comunicado da marca.
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LIPACO RENOVA EQUIPAMENTOS E ACELERA NA RETOMA
MÖM(E) DE PÉS JUNTOS NO MODTISSIMO A presença na próxima edição do MODtissimo é como que essencial para a Möm(e). A marca portuguesa de moda infantil diz até que o salão nacional é um lugar de presença obrigatória para as marcas portuguesas. “Para além de não nos podermos perder a oportunidade de estar com compradores, o MODtissimo é também muito interessante do ponto de vista da cadeia de produção. Contacto sempre com fornecedores e inclusive na última edição angariei vários clientes de projeto para outras marcas”, frisa Inês Camaño Garcia, mentora e designer da marca.
"As exportações para Itália e Espanha estão a permitir-nos voltar a produzir artigos de desporto" Paulo Reis Administrador da Fradelsport
Investimento de 1,8 milhões de euros foi canalizado essencialmente para os setores de tinturaria, acabamentos e laboratórios
“Em tempos difíceis temos de nos reinventar e reestruturar”, é com esta filosofia que Jorge Pereira, CEO da Lipaco, explica o processo de renovação que se vive na empresa. A fabricante de linhas para confeção aproveitou o abrandamento da produção para ultimar a instalação de novos equipamentos, num investimento em várias áreas que ronda os 1,8 milhões de euros. Depois de ter sentido uma quebra na ordem dos 25%, já está de novo a trabalhar na sua capacidade total. Os setores da tinturaria e acabamentos foram o centro desta renovação, que se viu acelerada durante a pandemia. “Já vínhamos a fazer investimentos e estávamos a chegar a uma fase em que estavam praticamente prontos. Aproveitámos este abrandamento para fazer a reorganização”, explica o administrador da empresa, que para além de
novas máquinas, está também a investir na atualização das infraestruturas: “Estamos a ficar com uma casa nova, diferente”, resume. Com a atualização dos processos de produção e desenvolvimento – em que se destaca também uma aposta nos laboratórios – a empresa quer abrir o catálogo a novos produtos e áreas de negócio. “As máquinas novas vão-nos permitir ter outra capacidade de resposta, quer em rapidez, como em qualidade e variedade”, adianta o administrador da empresa, que ao longo dos últimos anos tem apostado em fibras inovadoras, como fios refletores feitos a partir do vidro. “Ao longo dos últimos seis anos temos estado continuamente a investir, neste momento estamos a concluir um projeto na ordem dos 1,8 milhões de euros”, explica Jorge Pereira.t
FROM PORTUGAL COM ESPAÇO ALARGADO NA MEDICA DUSSELDORF A comitiva From Portugal vai ter uma apresentação reforçada na Médica Trade Fair, em Dusseldorf, para assim poder afirmar o novo cluster português especializado em vestuário médico e EPI. Depois da resposta rápida e energética da indústria têxtil portuguesa aos desafios impostos pela pandemia, a principal feira europeia do setor da saúde decidiu alargar o espaço reservado a expositores portugueses no certame que terá lugar de 16 a 19 de novembro. “Apesar de 2020 estar a ser um ano atípico, é também um ano de crescimento e adaptação dos modelos de
negócio neste setor. A feira percebeu que Portugal é um país estratégico e assim acedeu finalmente em aumentar o espaço From Portugal”, anunciou em comunicado, a plataforma de apoio à internacionalização, gerida pela Associação Selectiva Moda. O alargamento da ilha portuguesa era já um pedido de longa data dos expositores nacionais na feira alemã. Realizada uma vez por ano em Dusseldorf, a Medica Trade Fair tem registado sempre lotação esgotada, levando a organização do evento a condicionar o crescimento da exposição From Portugal, que até agora esteve limitada
a um pequeno grupo de expositores com stand individual, acompanhado por um showcase do CITEVE com amostras de várias empresas. Este ano a realidade será diferente, com o projeto From Portugal a ter liberdade para abrir os braços e levar um maior grupo de expositores portugueses. Uma oportunidade ímpar para a indústria portuguesa, que já há muito tempo tem-se afirmado neste setor estratégico, e que durante a crise pandémica deu provas de reunir o know-how , a tecnologia e a capacidade certificadora de responder às exigências deste mercado.t
ATP AVISA PARA PROBLEMAS SÉRIOS DE DESEMPREGO O efeito da crise é uma cadeia sem fim e, por isso, o sector têxtil reclamava a manutenção do regime de lay-off simplificado, pelo menos até abril do próximo ano. O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, alertou que a alteração do regime pode desencadear problemas sérios de desemprego. “Vai levar muitos meses a ultrapassar a crise económica que estamos a atravessar e a recuperar os comportamentos de consumo habituais. Retirar precocemente o apoio que permitiu salvar empregos é deitar por terra todo o esforço dos últimos meses”, advertiu Mário Jorge Machado, em declarações ao jornal Dinheiro Vivo.
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milhões de euros investiu a Borgstena na produção de equipamentos e proteção
MÁSCARAS DE GIO RODRIGUES JÁ DISPONÍVEIS NAS FARMÁCIAS
Inicialmente apenas disponíveis nas lojas Gio Rodrigues, no Porto e em Lisboa, e em giorodrigues.com, a coleção de máscaras sociais do estilista português estão disponíveis agora numa vasta seleção de farmácias e parafarmácias, de norte a sul do país, incluindo Açores e Madeira. A iniciativa partiu de uma parceria com a Ortomedifar, que fez a distribuição das máscaras pelos estabelecimentos aderentes.
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OPINIÃO MANTER A VITALIDADE DAS EMPRESAS, ASSEGURAR O VIGOR DA RECUPERAÇÃO João Costa Presidente da Associação Seletiva Moda e membro da Direção da ATP
O FUTURO BRILHANTE DEPENDE MAIS DE NÓS DO QUE DOS OUTROS Paulo Vaz Assessor de Direção da ATP
Pela avaliação que é possível efetuar, a redução da atividade económica na generalidade dos países, e especialmente nos principais destinatários das exportações do Setor Têxtil e Vestuário (STV) nacional – Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, EUA, Itália e Holanda – vai prolongar-se pelo menos até ao próximo ano de 2021. O nível de quebra das exportações em 2020, por comparação com o período homólogo do ano anterior, poderá andar próximo da redução média de 17,4% observada no primeiro semestre, dado que, depois da quebra máxima de 42% verificada em abril, tem vindo a evidenciar-se alguma recuperação (em maio -30% e em junho -14,3%). Porém, pelos indicadores avançados de que é possível ir tomando conhecimento, não se vislumbra uma recuperação expressiva e consistente até ao final do ano. E, se se prolongarem ou acentuarem as situações de condicionamento ainda existentes, que a realidade epidémica mantenha inevitáveis – a que se associa a incerteza e falta de confiança -, os primeiros meses de 2021 deverão igualmente continuar num nível de atividade e de consumo abaixo dos padrões de normalidade. Perante este cenário adverso, há que adotar medidas de apoio continuado, de âmbito nacional e europeu, ajustadas à realidade agora conhecida e suscetível de um certo controlo, de modo a manter vivas as empresas, a sua capacidade produtiva e o emprego. Se os apoios do Estado têm custos e reflexos negativos nas contas públicas, a ausência dos apoios indispensáveis à preservação das empresas e do emprego redundará em resultados muito mais negativos e prolongados, e custos
O ano de 2020 será recordado não apenas como o da pandemia, mas como o acelerador da História, que irá moldar todo o resto do século XXI. Havia muitas coisas em que já percebíamos a mudança, mas o seu ritmo, relativamente lento, permitia-nos digerir a transformação e, sobretudo, adiar muitas das ações que nos obrigavam a acompanhá-la. A indústria da moda está incluída neste universo em alteração. Há cerca de três anos o consumo de artigos de moda encontra-se em queda nos países desenvolvidos, fruto da profunda mudança de hábitos de consumo, especialmente dos mais jovens, sensíveis às questões da sustentabilidade e da responsabilidade social. Ou seja, a indústria da moda, à escala global, estava a enfrentar um problema sério e estrutural, à escala global, e a pandemia da Covid-19 apenas tornou mais visível e urgente a sua consideração e solução. Para a indústria têxtil e vestuário portuguesa, um paradigma pós-Covid apresenta uma rutura definitiva com um passado em que o custo minuto do trabalho ainda subsistia, numa lógica a roçar a ilegalidade. Esse tempo acabou e, por muito que custe
económicos e sociais de muito maior dimensão. As situações de crise económica e de recessão vividas no passado, de que a mais recente, iniciada em 2008, é um flagrante exemplo, tornaram evidente que o STV é dos mais dinâmicos e mais aptos na recuperação da economia. O seu forte contributo pela via das exportações, do investimento e do emprego, com um crescimento consistente e sustentado ao longo de 10 anos - de 2010 a 2019 -, representou um impulso decisivo na recuperação da economia e das contas externas do país. A fase que atravessamos, com os condicionamentos resultantes da pandemia e os naturais receios de contágio, torna mais evidentes a necessidade, a utilidade e a vantagem de fornecimentos de proximidade e de mais fácil controlo, e, também por isso, potenciará um crescimento mais rápido na situação de retoma. Considerando que se trata de um Setor que representa cerca de 10% das exportações de bens nacionais, de múltiplos produtos de uma longa fileira - muitos deles tecnicamente complexos ou de elevada criatividade e inovação -, dirigidos para uso pessoal, para o lar, para a saúde, para a proteção individual, para a indústria automóvel e aeronáutica, e para muitas outras utilizações técnicas e decorativas, e destinados a todos os continentes, e porque emprega diretamente cerca de 130 mil pessoas, e encerra em si uma enorme vitalidade e resiliência, é essencial que mantenha a sua capacidade produtiva e o seu vigor, porque, agora como no passado, é fundamental para a recuperação da economia, a manutenção do emprego e o equilíbrio das contas externas do país. t
a alguns, ainda bem. Também é certo que o tempo pós-Covid, como em todas as crises, especialmente as mais graves e disruptivas, vai trazer muitas oportunidades e haverá muitas empresas e empreendedores, provavelmente ainda nem sequer constituídas no tempo em que escrevo estas palavras, que as saberão aproveitar. Na economia, como em tudo no mundo, já dizia Lavoisier, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. A ITV portuguesa não vai desaparecer, talvez emagrecer um bocadinho, mas permanecerá dinâmica, ativa, inovadora e criativa, como o tem sido nas últimas décadas, regressando sempre, mais forte, mais moderna, mais global. Há, contudo, que ter presente que nada do que referi se fará sem dor e sem esforço. As empresas terão de se reestruturar para seguirem em frente, destruindo empregos e capacidades produtivas, que não voltarão jamais a ser usadas. O mundo exigirá outras coisas e o mercado, como sempre, comandará a mudança. Importa não esquecer que a sustentabilidade só se tornou mainstream nos negócios da moda quando entrou pelos
departamentos comerciais das empresas. Há que estar atento, mais do que nunca, aos sinais que serão transportados para os departamentos de compra e de venda das organizações, às tendências na moda e no consumo, que mais cedo ou mais tarde, regressarão às feiras e às fashion weeks, assim como aos centros de inovação tecnológica que assistem o setor, como as universidades e os centros tecnológicos, pois irão ganhar peso e espaço enquanto trendsetters no sistema. Portugal tem uma indústria têxtil e vestuário posicionada como nunca para capitalizar os seus ativos e argumentos nos anos que virão, mas sem organização, união, investimento assertivo, capacidade de continuar a apostar na inovação e criatividade, com um propósito estratégico e de cluster, tudo se perderá, pois existem outros países concorrentes que, melhor ou pior, estarão atentos às nossas fragilidades para delas se aproveitarem, tal como já nós fizemos no passado com tantos outros. O futuro pode ser brilhante, mas o sucesso depende mais de nós próprios do que dos outros. t
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Braz Costa Diretor-Geral do CITEVE
Luís Miguel Ribeiro Presidente da AEP – Associação Empresarial de Portugal
TODOS OS GRANDES DESAFIOS CONTINUAM A FAZER SENTIDO
NÃO HÁ RECUPERAÇÃO ECONÓMICA SEM EMPRESAS
Ora cá estamos mais uma vez a debatermo-nos com a incerteza. Já é hábito, nada de novo! Quando em setembro passado, numa conversa com empresários brasileiros, falava de uma década de crescimento da ITV portuguesa e manifestei o receio, com base na estatística, de que alguma ‘desgraça’ estivesse a caminho, estava longe de imaginar o que o início de 2020 nos iria trazer. Poderia ter havido outra desvalorização da lira turca, poderia Portugal ter ficado entalado nas guerras comerciais entre a China e Estados Unidos, poderia ter surgido uma praga de gafanhotos nos campos de algodão por esse mundo fora. Em boa verdade, sendo a ITV tão exposta à globalização, qualquer ventania em qualquer parte do mundo poderia gerar uma descontinuidade na evolução positiva desta indústria em Portugal. Agora, uma pandemia? Isso não! A realidade ultrapassou mais uma vez a capacidade imaginativa dos humanos, mesmo dos mais atentos. Seria natural que usasse este espaço para enaltecer a capacidade de reação imediata da ITV aos efeitos da pandemia ou de como EPIs e máscaras foram um exemplo claro da capacidade de adaptação deste setor em Portugal. Mas não. Poderia também fazer de estratega iluminado e vir dizer que o mundo nunca mais será como era. Também não. Tão simplesmente basear-me na observação para dizer que nenhum dos desafios que a ITV tinha pela frente antes da pandemia deixaram de fazer sentido, porventura se intensificaram e terão ainda maior importância na esteira dos efeitos do vírus. Então, proponho-me pôr a mão dentro da cartola, procurar as orelhas do láparo e... tcharaaaaan!!!! - A sustentabilidade, a economia circular e a bioeconomia. - A alta tecnicidade (agora com novas oportunidades trazidas pela Covid-19) e os segmentos altos incluindo o luxo. - A transição digital. Em nada esta pandemia destruiu o percurso já feito pela ITV nestes domínios, pelo contrário só lhe deu ainda mais relevância, pelo que só faz sentido dar-lhes continuidade. Em tempo de sol e de mar é adequado lembrar que, por mais sofisticada que seja a prancha de surf que tenhamos, as ondas que se perdem nunca mais se recuperam! t
Os últimos dados da riqueza criada em Portugal mostraram uma contração histórica no segundo trimestre, marcado pelo confinamento para travar a progressão da pandemia, estimando o INE (segundas estimativas preliminares) que o PIB nacional tenha registado uma quebra homóloga em volume de 16,3% (13,9% em cadeia), a maior de que há registo nas séries longas do Banco de Portugal, recuando até 1977. Para se ter uma ideia da magnitude, a maior queda homóloga anterior fora de 4,5% no último trimestre de 2012, durante o Programa de Ajuda Externa, um período de grandes dificuldades. É certo que, desta vez, Portugal tem mais “companhia” nesta situação difícil, mas a referida queda homóloga do PIB foi superior à média da UE (14,1%) e a 4ª maior entre os vinte países com dados, apenas atrás da Espanha (22,1%), França (19,0%) e Itália (17,3%), mostrando que o nosso país é dos mais afetados. Teme-se, por isso, que a grave crise económica possa gerar muitas falências e cada vez mais desemprego. Segundo dados recentes do IEFP, em julho estavam já registadas como desempregadas 407 mil pessoas, o que traduz um aumento homólogo de 37,0%, correspondente a mais 110 mil pessoas nessa situação, demonstrando que começa a emergir uma crise social, com origem nas dificuldades das empresas. Ao nível das empresas privadas, o endividamento bruto aumentou de forma muito acentuada no segundo trimestre, passando de 123,1% do PIB no final de março, o mínimo da série (iniciada em 2007), para 131,2% do PIB no final de junho, o que dá uma ideia dos problemas por que estão a passar as empresas. Neste contexto, as políticas públicas são essenciais para contrariar o impacto económico e social da crise causada pela pandemia, sendo que as ajudas europeias de maior impacto para a recuperação económica –nomeadamente ao nível da capitalização das empresas – ainda demorarão algum tempo a chegar à economia portuguesa. Espera-se que o Banco de Fomento possa contribuir para acelerar a chegada destes apoios às empresas. Até lá, há que fazer o mais possível para assegurar que o maior número de empresas chega à fase de recuperação. A AEP tem feito chegar ao Governo variadas propostas para ajudar as empresas no imediato, entre elas o prolongamento do lay-off simplificado, a medida que mais apoiou as empresas nesta fase de crise. Tememos que o novo regime substituto, designado de “apoio extraordinário à retoma progressiva de atividade”, tenha menor capacidade de apoio e adesão por parte das empresas. Há vários sinais disso e ainda estamos a tempo de “emendar a mão”. Medidas semelhantes noutros países foram prolongadas, veja-se o caso alemão, considerando que o mesmo deveria acontecer em Portugal. Parece-nos claramente preferível salvar o maior número possível de empresas viáveis, mesmo que à custa de um pouco mais de défice público em 2020, dada a salvaguarda do BCE no acesso aos mercados, para conseguir uma recuperação económica superior e uma melhoria mais sustentável das contas públicas mais à frente. Relativamente à legislação laboral, e face ao período excecional que enfrentamos, defendo uma flexibilização da sua aplicação, visando a manutenção do maior número de postos de trabalho.t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
O presidente Marcelo não para de surpreender o mundo, e a última revelação foi a sua faceta de herói salvador. Por isso, a nossa Katty assume que é preciso dotá-lo de equipamento a preceito e que até pode ser útil para a campanha presidencial que aí vem. Em estilo Baywatch, mas em muito melhor forma que David Hasselhoff
O novo Herói do Mar em estilo Baywatch Todos conhecem a incontrolável apetência do nosso Presidente da República por banhos. Ir a banhos parece fazer parte da terapêutica de imortalidade de Marcelo Rebelo de Sousa, mas apesar de ter dado provas claras de ser um nadador exímio, ainda não conhecíamos a sua faceta heróica. Durante quase uma semana, os noticiários foram preenchidos por este momento de valentia e altruísmo do Presidente. Motivo pelo qual se instalou no ar a ideia de que o mote para a nova campanha presidencial de Marcelo seria em torno deste novo Herói do Mar e do nobre povo português! Decidimos atravessar o Atlântico e recolher alguma inspiração na pop culture americana dos bons velhos tempos pré-Trump. Retrocedemos no tempo e relembramos o espadaúdo e afamado David Hasselhoff da imbatível série televisiva mais visionada de todos os tempos: Baywatch. Assim embelezamos os cabelos cinzentos do nosso PR com uma permanente, bem ao estilo dos 90, e enfiamos-lhe uns maravilhosos e tufados calções vermelhos. Com esta indumentária poderá discretamente começar a sua campanha pelas praias portuguesas e até conquistar o apoio de alguns saudosistas. Como existe a esperança no setor turístico de que alguns portugueses possam ter retorcido os seus calendários de férias para visitar as praias em meses mais calmos, como setembro e outubro, Marcelo poderá também fazer algum trabalho de campo nesta altura, por isso completamos a sua indumentária com um agasalho, o conhecido bomber que Hasselhoff usava nos intervalos fora da água. Oferecemos assim um genial tema de campanha a Marcelo, para iniciar uma luta justa com mais ou menos Ventura! t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Manjar Quentinho Rua da Estação, 50 4485-486 Mindelo
UM BOM MANJAR QUER-SE QUENTINHO Um manjar quentinho. Ao contrário de muitas pessoas, a minha sensibilidade e gosto por comida quente não mudam com as estações do ano. Posso concordar que uma boa feijoada ou um bom cozido à portuguesa são pratos mais apetecíveis com o tempo frio do que com o tempo quente. Como uma salada de lavagante ou uma língua afiambrada são mais aceitáveis nos calores do verão do que no pino do frio do inverno. Mas isto é outra conversa. A comida que se deve comer quente quero-a sempre a escaldar e os pratos que se servem frios como a vingança, têm de me aparecer sempre frios. Independentemente da temperatura que fizer ou da estação do ano em que me forem servidos. Esta nota introdutória foi para que os meus estimados leitores percebam porque é que simpatizei logo à primeira vista com o nome deste Manjar Quentinho, logo ali à direita de quem vira para o Mindelo da velhinha estrada nacional Porto/Vila do Conde. Como os meus pais têm casa no Mindelo desde 74, gosto de me gabar de que conheço todos os restaurantes que lá existem ou existiram, como o Ferreira e o Convívio. Foi por isso com alguma vergonha e uma corda ao pescoço tipo Egas Moniz que fui neste verão atí-
A TENTAÇÃO ROSÉ BY INARBEL
pico conhecer o Manjar Quentinho (que já existe há 26 anos, embora eu tenha a atenuante que só muito recentemente está como é) que se revelou ser o tipo de restaurante que muito gosto. Quem estaciona o carro no parque fronteiro e dá de caras com aquela casinha azul bébé não suspeita que vai entrar num restaurante para comedores de barba rija. Mas vai! Com espaços interiores e ao ar livre, a oferta de comidas é variada mas os cogumelos recheados e gratinados e as costelinhas de entrada são uma opção que antecipa muito bem uma carne grelhada a sério com uma dimensão igualmente séria... e que só pode ser para uma pessoa, lá está, se essa pessoa for um homem de barba rija. Se estivermos perante uma mulher, dispensa-se a barba, mas tem que ser rija na mesma. No capítulo dos vinhos também anda lá mão de especialista com cultura internacional porque para além de rótulos nacionais pouco habituais em restaurantes, fui lá reencontrar um Torrontés, o meu branco argentino preferido, que confirmou em pleno as minhas saudades. Vale a pena a deslocação mas convém marcar e nem pensar em conjugar com uma ida à praia a seguir. Talvez jantar seja mais seguro. t
PECADO CAPITAL / VINHO VERDE ROSÉ Por entre a gestão das marcas da Inarbel, as feiras internacionais e o lançamento da Skylab, a nova marca para o setor da saúde, José Armindo Ferraz abraça ainda a produção de vinhos. Uma tentação que o entrevistado desta edição gere com idêntico rasgo empresarial e a mesma ambição de sucesso e internacionalização. Por enquanto, um branco (de que já aqui falámos) e um Rosé que nos pouco anos da sua existência têm acumulado prémios e distinções nos mais diversos concursos. E nem só em Portugal. Num estilo fresco e irresistível, o rosé é feito com base na casta Espadeiro e temse revelado uma tentação tão apetecível que até nem sempre chega para as encomendas. E como o rosé é vinho de verão, este é o tempo para desfrutar deste Pecado Capital
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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes
Hans Walter, Managing Partner da Walter & Cia (Messe Dusseldorf), é licenciado em Gestão de Empresas pela European University de Montreux, na Suiça e antes de aterrar no universo da promoção de feiras internacionais, no qual trabalha há mais de uma década, passou pelo departamento de marketing de várias empresas multinacionais, de sectores tão variados que vão dos grandes electrodomésticos ao mercado farmacêutico. Vive em Lisboa - cidade onde nasceu no ano a seguir á revolução dos cravos - com a companheira e com os filhos de ambos, um menino de 8 anos e uma menina de 5, mas sempre que pode foge a família “aproveitar o mar e sentir a força da natureza”
SOUVENIR
A GABARDINA QUE JUNTOU BOGART A BOURDAIN
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Alho francês Mocassins com borlas Covid 19 Fazer a barba Alpergatas Mosquitos Encarnado Facebook Vôos com escalas Limites de velocidade Gente certinha Cor-de-rosa Estar parado Medicamentos Filas de trânsito Comprar roupa Ginásios Aletria Perder Rodeios ou meias-palavras Arrogância Birras Mudanças Plágios ou imitações Pijama Que me chamem "Sr. Dr." Caramelo Dívidas Moleza Comida mal feita Impunidade Pedra no sapato Cabelo na comida Falta de tempo Vespas Inveja Sandálias para homens Brigas ou intrigas Ser usado Estar sério Problemas informáticos Ir ao barbeiro Pessoas que desistem Marshmallows Pombos Rotinas Cobardes Intolerância Cerveja quente Ter a mão inchada
Há uns anos vivi nos EUA, fui trabalhar com um tio meu que tinha dois restaurantes em Nova Iorque, um deles onde o famoso chef de cozinha Anthony Bourdain começou a trabalhar. Servia às mesas e ganhava mais em gorjetas do que em ordenado fixo. Foi, até, e anos depois, em casa da minha avó, em Amarante, que Bourdain gravou a célebre cena da matança do porco para um episódio do programa “Parts Unknown” sobre a zona do Porto, e que depois resultou num fabuloso almoço. Há, aliás, uma história engraçada sobre isso: a minha avó, sempre muito formal com a disposição das pessoas à mesa, teve que dar o braço a torcer à produção do programa porque os lugares que tinham sido reservados para cada pessoa não ficavam bem nas imagens. Mas bem, esta introdução para dizer que desde miúdo sempre guardei a memória de ver o Humphrey Bogart e a sua famosa trench coat no filme “Casablanca”. Fiquei sempre com essa ideia na cabeça, e sempre quis ter uma porque o Bogart era um tipo cheio de estilo e aquela gabardina camel dava-lhe um ar super distinto. Ainda nos Estados Unidos, recebi a visita da minha mãe. Um dia, ao passarmos em frente a uma loja da Burberry’s, lá estava uma das peças mais emblemáticas da marca, a gabardina. A minha mãe, sabendo que sempre quis ter uma, e talvez pela alegria de me rever ao fim de tanto tempo longe, ofereceu-ma. Mas preferi em azul marinho. Desde essa altura é a peça que salta do armário sempre que caem os primeiros pingos de chuva. E, tal como a própria marca defende no cartão que acompanhava a gabardina, é uma peça que deve ser passada de geração em geração, e já está destinada a um dos meus filhos, uma espécie de slow fashion familiar. t Alexandre Meireles Presidente da ANJE
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