T57 – Outubro 2020

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JOSÉ ANTÓNIO RAMOS CEO da Salsa

“PANDEMIA NÃO ALTEROU A ESTRATÉGIA DA SALSA”

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

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EMERGENTE

PERGUNTA DO MÊS

MIGUEL CARVALHO NUNCA ADMITIU ESTAR LONGE DA FITECOM

COMO ESTÁ A CORRER O REGRESSO DAS FEIRAS FÍSICAS?

DOIS CAFÉS E A CONTA

MODA

PRODUTO

TÊXTEIS EVARISTO SAMPAIO QUER PROTEGER O PATRIMÓNIO

TRICOTHIUS ASSUME A PRODUÇÃO DA MARCA CRISTINA

ROUPÃO DA JF ALMEIDA VAI CONTROLAR A TEMPERATURA

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FOTOSÍNTESE

INOVAÇÃO

O REGRESSO À NORMALIDADE NA FABRIC DAYS EM MUNIQUE

NOVO ACABAMENTO DA RIOPELE COMBATE VÍRUS E BACTÉRIAS

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Laila Sørensen Chief Designer da SENSIFY, uma dinamarquesa, que se fez portuguesa ao longo das mais de três décadas que leva no nosso país. Começou pela consultoria nas áreas de design e produção, até que o lançamento de uma marca própria de vestuário de senhora constituiu o natural passo em frente. A SENSIFY é uma marca de vestuário de malha de senhora, dedicada ao segmento médio/alto, para consumidoras exigentes e acima dos 30 anos

Como está a ser preparada a retoma após Covid? Aproveitamos esta “pausa Covid” para preparar a nossa participação na Neonyt, em Berlim, em janeiro de 2021. Estou muito feliz e orgulhosa porque a SENSIFY foi aceite como expositora após uma rigorosa triagem e seleção. E muito agradecida pelo apoio incansável da Selectiva Moda.

são nativos digitais. Na SENSIFY usamos apenas fibras sustentáveis com um toque especial. Nada pode substituir a experiência comovente da textura. É por isso que organizamos eventos para promover a interação dos clientes com as nossas peças e experienciarem a suavidade do bambu ou do eucalipto, e a frescura da seda com tingimentos naturais.

Num futuro próximo o made in Portugal ou o made in Europe vão ter procura acrescida das marcas internacionais? Na SENSIFY, acreditamos que o made in Portugal é um forte selo de qualidade para vestuário e têxteis - em particular na Europa - e devemos estar muito orgulhosos do nosso saber-fazer. O Made in Europe é um selo de qualidade mais genérico e não tão forte como o made in Portugal.

O vestuário sustentável está na moda? A moda sustentável tornou-se moda porque os consumidores estão mais conscientes e os designers de moda também são influenciados pelas mudanças na sociedade. Desde a sua criação, a SENSIFY escolheu a sustentabilidade como um dos seus valores fundamentais. Usamos a noção de meaningful luxury para expressar essa importância.

Concorda que o e-commerce vai dar um pulo gigante? A Covid acelerou o crescimento do comércio eletrónico e essa tendência muito provavelmente não diminuirá. Oferece comodidade aos clientes e na SENSIFY trabalhamos para tornar a jornada do cliente o mais agradável possível.

Os criadores já perceberam que a moda também tem de ser um negócio? Sim. Há uma mudança de mentalidade na indústria da moda. Os designers de moda têm como responsabilidade pensar nas suas criações em primeiro lugar como um design sustentável. Incluindo na sua seleção de matérias-primas, produção e a cadeia de valor para criarem um negócio sustentável para todos. t

PARABÉNS E FORÇA QUERIDA ITV Ao princípio era o verbo... exportar. E nada mudou, porque nada pode mudar! Decidimos antecipar excepcionalmente a edição do T de Outubro para coincidir com a realização do MODTISSIMO em 23 e 24 de Setembro numa homenagem à ITV, indústria têxtil e vestuário. À ITV toda. A que resiste a todas as crises. A que nunca baixa os braços. A que se reinventa diante de cada nova dificuldade. A que vai até ao fim do mundo à procura de novos clientes em mercados nunca dantes navegados. À ITV toda, mas também a todos os que trabalham na ITV. Os que não fogem durante as crises. Os que continuam a dar o máximo nas horas de maior incerteza. Os que estão disponíveis para se reinventar nos horários, nas folgas, nas mudanças e inovações que se tornam necessárias nas suas funções. Os que não se furtam a viajar para fora das suas zonas de conforto em prol do sucesso das suas empresas, mas também da economia de Portugal. O MODTISSIMO de 23 e 24 de Setembro na Alfandega do Porto é mais uma prova do que escrevo acima. Numa época em que anular, adiar, cancelar, virtualizar e digitalizar é que são os verbos da moda, a ITV confirma que quer aparecer, resistir, expor e mostrar porque é que o verbo exportar é o seu verbo preferido desde que existe. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785,

Uma coleção de roupa pode vender-se só online? Talvez, se exclusivamente para clientes da Geração Z que

Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Por: António Moreira Gonçalves

COMO ESTÁ A CORRER O REGRESSO DAS FEIRAS FÍSICAS? O número de compradores é menor, mas ainda assim acima das expetativas. As normas de segurança e higiene marcam uma mudança de hábitos, mas já estão tão interiorizadas que se tornaram num não-assunto. A lotação máxima dos stands obrigou os expositores a agendarem as visitas de clientes habituais, mas continuam a aparecer novos contactos. As primeiras feiras desde o início da pandemia foram assim vividas pelos expositores portugueses: apesar do momento crítico e das muitas diferenças exteriores, os eventos mantiveram o seu papel de aproximar as empresas de novos mercados. E num contexto de incerteza, são um sinal do esforço coletivo em acelerar a retoma

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“Apesar da atual conjuntura, a feira [Supreme Kids] tinha movimento, sobretudo de alemães, alguns austríacos e polacos, sendo que o saldo é positivo para nós”

“Em Milão trabalhamos seguidinho, sempre com clientes e só ao final do último dia sentimos um esfriar do movimento. Munique também foi muito positivo”

ALFREDO MOREIRA DIRETOR-GERAL DA BABY GI

GABRIELA MELO CEO DA SOMELOS

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oram cerca de duas dezenas de empresas portuguesas que deram uma resposta afirmativa às primeiras convocatórias pós-quarentena. Depois de um período de desconfinamento gradual por toda a Europa, os meses de agosto e setembro marcaram o regresso, ainda que apenas em alguns mercados, das feiras físicas e dos contactos presenciais. Das matérias-primas à moda, os têxteis portugueses mostraram vontade e iniciativa em estar na linha da frente da retoma. A primeira chamada da época coube à Supreme Kids, com dezenas de marcas de moda infantil a reunirem-se em Munique, entre 14 e 16 de agosto. Marcaram presença três marcas portuguesas: Baby Gi, Meia Pata e Peter Jo Kids. Já em setembro, a Fabric Days, uma versão condensada da Munich Fabric Start, a principal feira de tecidos do mercado alemão, que este ano se mudou para o espaço da MOC, em Munique-Riem, reuniu 300 expositores, entre os quais uma forte comitiva portuguesa composta pelas empresas Albano Morgado, Fitecom, Modelmalhas, Paulo de Oliveira, SanMartin, Somelos, Tessimax e Troficolor. Em Itália, a histórica Milano Unica simbolizou, nos dias 8 e 9 de setembro, o regresso aos contactos presenciais para muitos compradores e empresários, não só italianos, mas também franceses – que com o cancelamento da Première Vision Paris acorreram a Milão – e de outros mercados europeus. Pelas cores portuguesas, foram nove as empresas presentes: Albano Morgado, Lemar, Modelmalhas, Penteadora, Paulo de Oliveira, RDD, Riopele, Somelos e Tessimax. Apesar do contexto difícil, a maior parte regressou com boas perspetivas.“Iamos a contar com uma realidade totalmente diferente, talvez com menos

Os expositores e as empresas portuguesas esperam que as feiras sem restrições

compradores”, lembra Baltazar Lopes, administrador da têxtil Albano Morgado, depois de ter estado tanto em Munique como Milão. “Participámos nas duas feiras e encontrámos realidades distintas. Na Fabric Days a resposta foi muito positiva, tivemos sempre clientes no stand. Já a Milano foi mais fraca, porque é uma feira muito internacional e ainda não há compradores asiáticos ou norte-americanos”, explica. O fluxo de compradores surpreendeu também Nuno Lemos, administrador da SanMartin, que partiu de Portugal com

expetativas modestas. “Nunca esperava ter tanto movimento. A afluência foi menor, como é natural, mas ainda assim acima do que estávamos à espera”, revela sobre a presença na Fabric Days. “Apesar de termos feito um grande trabalho de casa, com bastantes agendamentos, fomos surpreendidos por visitas de potenciais novos clientes, sobretudo alemães, holandeses e austríacos”, acrescenta. “As pessoas estão realistas, vai ser um caminho longo e complicado, mas o caminho é para a frente e não podemos baixar os braços”, reforça Ga-


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“As normas de segurança já estavam interiorizadas, toda a gente cumpriu de forma natural. Nem sequer foram um assunto"

“Se nos correu bem neste formato com menos compradores, temos razões para acreditar que pode vir a correr ainda melhor em próximas edições”

“Toda a gente está com medo em relação ao futuro, mas há uma vontade em voltar à normalidade. E a vontade supera o medo”

NUNO LEMOS ADMINISTRADOR DA SANMARTIN

DIOGO MARQUES MEIA PATA

JOÃO CARVALHO CEO DA FITECOM

voltem rapidamente

briela Melo, diretora de criação e design na Somelos, que define a presença da empresa nestas primeiras feiras como um “sinal de apoio ao mercado e às próprias feiras, porque esta é a altura do setor mostrar dinamismo”. Mas para além da mensagem de confiança, a Somelos faz também um balanço positivo do trabalho feito na Fabric Days e na Milano Unica: “Em Milão trabalhámos seguidinho, sempre com clientes no stand, só ao final do último dia sentimos um esfriar do movimento. Munique também foi

muito positivo. Claro que os stands também foram reduzidos, mas conseguimos reunir com os nossos clientes e obter novos contactos”, afirma a responsável pela empresa. Para João Carvalho, CEO da Fitecom, é importante passar uma imagem de força, para afastar a incerteza. “Toda a gente está com medo em relação ao futuro, mas há uma vontade em voltar à normalidade. E a vontade supera o medo, não tenho dúvidas”, garante. Nas duas feiras em que esteve presente, a empresa de lanifícios registou a visita de várias

dezenas de compradores, que apesar do momento crítico continuam atentos ao mercado. "Em Paris, numa feira privada organizada pelo nosso representante, o stand da Fitecom foi visitado por 35 compradores. Em Munique foram cerca de 30. E estamos a falar de compradores objetivos, que sabem o que querem e que vêm à feira já com um plano traçado”, explica. Na moda infantil, os expositores portugueses na Supreme Kids fazem também um balanço positivo da feira. “Apesar da atual conjuntura a feira

tinha movimento, sobretudo de alemães, alguns austríacos e polacos. O saldo é positivo para nós”, refere Alfredo Moreira, diretor-geral da Baby Gi. “Tivemos encomendas e muitas pessoas interessadas. Visitas de compradores da Alemanha, Áustria, Polónia e Suíça. Correu-nos muito bem”, concorda Diogo Marques, responsável pelos mercados internacionais da Meia Pata, que faz já até planos para uma próxima edição. “O que nos disseram foi que em comparação com anos anteriores a feira teve muito pouca gente, o que nos leva a acreditar que temos definitivamente de voltar. Se nos correu bem neste formato, temos razões para acreditar que pode vir a correr ainda melhor”, conclui. Prova da seriedade dos compradores e da vontade generalizada em retomar o ritmo pré-covid é a forma como as novas medidas de segurança já estão normalizadas e não desmotivam os contactos entre visitantes e expositores. “As normas de segurança já estavam interiorizadas, toda a gente cumpriu de forma natural. Nem sequer foram um assunto”, esclarece Nuno Lemos, da SanMartin, que elogia a organização da Fabric Days pela aplicação das novas regras: “A feira organizou-se muito bem, de uma forma tranquila, mas adequada ao novo contexto, muitos pontos com gel de desinfeção, espaços amplos, etc. Todas as pessoas tinham máscaras, alguns clientes usavam luvas, mas tudo de uma forma normal”, relata. “Desinfetávamos as mesas e cadeiras, tínhamos a preocupação de respeitar a lotação dos stands e toda a gente compreendia. Notava-se que havia uma consciência em cumprir”, conta Gabriela Melo, sobre a experiência na Milano Unica. O stand da Somelos tinha uma lotação máxima de 12 pessoas, sendo que estavam presentes três pessoas da empresa. “Não

se tornou um problema, foi gerido com naturalidade. As medidas de segurança já nem são uma questão”, comenta. Para a maior parte dos expositores, a lotação dos stands foi resolvida com o agendamento prévio dos clientes mais relevantes, distribuindo-os pelos vários dias. A fechar o calendário deste ano, o MODTISSIMO reúne na Alfândega do Porto os vários setores da indústria têxtil portuguesa, com 95% dos expositores habituais a marcarem presença. Uma feira que pode até beneficiar do contexto atual, tal como aconteceu na Fabric Days e na Supreme Kids, ao reunir o interesse dos compradores locais. “As feiras regionais, vocacionadas para os próprios países, ganharam importância. No nosso caso, o MODTISSIMO poderá ganhar uma relevância Ibérica com o cancelamento de vários eventos em Espanha”, refere Baltazar Lopes, Administrador da Albano Morgado. A dificuldade em viajar – sobretudo para fora do espaço europeu – mantém-se como o principal entrave a uma maior atividade nas principais feiras internacionais. Grande parte das empresas confessa não ter mais feiras agendadas para os próximos meses porque simplesmente não existem opções. “A única feira que vamos fazer é o Modtissimo porque neste momento é a única no calendário. De resto ninguém sabe o que vai acontecer no início do próximo ano, esperamos que melhorem”, comenta Alfredo Moreira, da Baby Gi. Uma ideia partilhada, e até reforçada, por Diogo Marques: “Neste momento não temos mais feiras agendadas porque não existem. O nosso plano de internacionalização continua e consiste em atacar os mercados com todas as armas que temos: feiras, marketing, agentes comerciais aguerridos, tudo. Estamos a remar contra a maré”, vinca o responsável pelos mercados internacionais da Meia Pata. t


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A DOIS CAFÉS & A CONTA Casas do Côro

Largo do Côro 6430-081 Marialva – Meda

Entradas Pão com figos; grissini com ervas, de confeção caseira; creme de espargos com azeite de alho negro Prato Bacalhau desmontado Sobremesas Toucinho de céu e bolo de chocolate Bebidas Vinho Casas do Côro Reserva 2018, branco e tinto; Porto Vintage 1982 Ramos Pinto

JOÃO PAULO SAMPAIO

Nunca foi do estilo “quando for grande quero ficar na empresa”, mas a missão foi-lhe sendo incutida desde pequeno. Começou em 1985 pela parte financeira e industrial, e em 2015, com a reforma do pai, assumiu a gestão por inteiro. Divide o tempo com o projeto turístico Casas do Côro, cuja gestão partilha com a mulher – “a Carmen é o pilar da família” – e o apoio dos cinco filhos de ambos. Pedro, 27 anos, fez gestão hoteleira que veio mesmo a calhar; Francisca, 25, jornalismo e quer fazer um master na Católica; Joana, 23, acabou Sociologia; Rita, 18, vai agora para marketing . A mais nova, Rosarinho, 15 anos, gosta de pastelaria e já é a famosa da família. Foi finalista do Masterchef Júnior e sonha entrar no Basque Culinary Center

A PRIORIDADE É PROTEGER A INDÚSTRIA E O PATRIMÓNIO

FOTO:ANTÓNIO MOREIRA GONÇALVES

54 ANOS ADMINISTRADOR DA TÊXTEIS EVARISTO SAMPAIO

Neste côro é que se está bem! Mesmo sendo o convidado, João Paulo Sampaio fez questão de receber o T no espaço das Casas do Côro, um requintado empreendimento de turismo ambiental que criou com a mulher, Carmen, aproveitando um agregado de casinhas de granito no centro da Aldeia Histórica de Marialva. Um oásis de charme, classe e bom gosto, que procuram agora replicar no Douro, no Pocinho, com as Casas da Linha Férrea. Não admira, por isso, a procura por parte de gente de todo o lado, tendo recentemente agregado a componente de enoturismo. Os vinhos, na mesma linha de grande qualidade e requinte, são vendidos na lojinha do Largo do Côro onde também fazem grande sucesso as confortáveis mantas Lordelo, a marca da Têxteis Evaristo Sampaio, que é o outro negócio da família há quatro gerações. Em tempos de pandemia e restrições, percebe-se bem o diferente entusiasmo com que aborda o ritmo das duas vertentes empresariais. A têxtil é uma das históricas fábricas de lanifícios da região da Guarda,

com origem no fabrico dos cobertores de papa. “Ainda hoje somos uma espécie de salvaguarda do produto, que fazemos ininterruptamente há 70 anos, desde o meu bisavô, Manuel Cunha Sampaio”, expõe João Paulo. Localizada na aldeia de Trinta e aproveitando a força das águas do rio Mondego, a fábrica teve abastecimento de eletricidade ainda antes da cidade da Guarda, a partir da Central Hidroelétrica do Pateiro. Foi já nos anos 60 do século passado que o seu pai, Evaristo Sampaio, “tirou a empresa do rio”, construindo na aldeia uma moderna unidade industrial que baptizou como Têxteis Evaristo Sampaio. A empresa tem hoje capacidade de fiação de cardado para uma média de seis toneladas por dia, e a par do fabrico das mantas da marca própria Lordelo e de cobertores de papa, fornece também várias tapeçarias e fabricantes de peúgas. À pergunta de quando ou como pode retomar o negócio depois da pandemia, João Paulo Sampaio responde com outra questão: “E quem serei eu para o saber? É viver o dia-a-dia e enfrentar as dificuldades”, ex-

plica, contando que, apesar de tudo, nunca teve trabalhadores em lay-off e que a empresa ainda foi a escolhida “em três ou quatro concursos públicos para o fornecimento de cobertores hospitalares”. Por outro lado, em Itália, onde costuma liderar concursos públicos, “agora é zero. Zero!” A esperança, agora, é que a retoma venha o mais rápido possível, “de forma a permitir proteger a indústria e o património”. A fábrica, que em 2000 chegou a empregar mais de mil pessoas, conta hoje com 40 colaboradores. A mulher, Carmen, é a designer, e a irmã Filipa é o seu braço direito, assumindo também a direção comercial. As mantas de aquecimento para conforto e decoração são um produto de prestígio mas não de primeira necessidade. E perderam procura com o aparecimento dos fios industriais, das colchas, edredões ou, mais recentemente, as malhas polares. Além da marca própria Lordelo – que já junta peúgas ao portefólio – a Têxteis Evaristo Sampaio tem fabricado também para a Ralph Lauren, El Corte Inglès ou cadeias de distribuição como Eroski e Biedronka (Polónia). t


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2. A ALBANO MORGADO LEVOU A MUNIQUE UMA COLEÇÃO SUSTENTÁVEL 100% LÃ

FOTOSINTESE Por: Mariana d'Orey

1. A FABRIC DAYS JUNTOU 300 EXPOSITORES NO PISO TÉRREO DO PAVILHÃO DA MOC

7. A EQUIPA DA FABRIC DAYS A RIGOR À ENTRADA DE UMA DAS ÁREAS DE CONVÍVIO DA FEIRA

REGRESSO À NORMALIDADE NA FABRIC DAYS Depois de vários meses sem feiras internacionais, o setor têxtil voltou a reunir-se em Munique para a Fabric Days, uma versão concentrada da Munich Fabric Start. Albano Morgado, Fitecom, Modelmalhas, SanMartin e Troficolor foram as empresas que integram a comitiva From Portugal na reputada feira de tecidos alemã, às quais se juntaram Paulo de Oliveira, Tessimax, Somelos e Vilartex

6. UM PACK ANTI-COVID (GEL E MÁSCARA) FOI OFERECIDO AOS VISITANTES NO PRIMEIRO DIA DA FEIRA

12. A FITECOM APRESENTOU UMA COLEÇÃO INOVADORA DESENVOLVIDA COM A COLTEC, O CITEVE E UBI

11. A PAULO DE OLIVEIRA RECEBEU SOBRETUDO COMPRADORES ALEMÃES


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4. A SANMARTIN FOI UMA DAS EMPRESAS LUSAS COM MAIOR AFLUÊNCIA AO LONGO DOS TRÊS DIAS

5. A SOMELOS MOSTRA COMO FUNCIONAM OS SEUS TECIDOS DE CAMISARIA NO PRODUTO ACABADO

3. O NOVO ACABAMENTO DA RIOPELE QUE REPELE VÍRUS E BACTÉRIAS ATRAIU CENTENAS DE COMPRADORES

9. O FÓRUM FROM PORTUGAL REUNIU TECIDOS DE MAIS DE 25 EMPRESAS PORTUGUESAS

8. O T JORNAL VIAJOU ATÉ AO FÓRUM FROM PORTUGAL EM MUNIQUE

10. JÁ OS FÓRUNS DA FEIRA, CUJO TEMA FOI HOPETIMISM, APELAVAM AO OTIMISMO E ESPERANÇA

14. A MODELMALHAS DESPERTOU O INTERESSE DE COMPRADORES ALEMÃES, BELGAS E NÓRDICOS

13. OS BASTIDORES DO FASHION FILM FACTORY A SER EMITIDO NA TVI24


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CENTI OFERECE VISEIRAS A INSTITUIÇÕES SOCIAIS DO NORTE Promover a sustentabilidade, demonstrando que é possível valorizar resíduos de plástico em suportes de viseiras, é uma das principais missões da parceria entre o CeNTI e a LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. Uma colaboração que culminou na doação de equipamentos de proteção individuais oferecidos a instituições escolares e sociais do Norte do país.

"O capital humano é o nosso ativo mais valioso" Sérgio Neto CEO da Petratex

NOVO ACABAMENTO DA RIOPELE COMBATE VÍRUS E BACTÉRIAS

CERCA DE 11% DAS EMPRESAS PREVÊ CONTRATAR ATÉ AO FINAL DO ANO

ASAE JÁ APREENDEU 800 MIL MÁSCARAS IMPORTADAS

Um estudo da consultora ManpowerGroup, o ‘Employment Outlook Survey’, refere a perspetiva do crescimento, embora lento, da força de trabalho em Portugal no último trimestre de 2020: as intenções de contratação dão um pequeno passo em frente, após o mínimo histórico verificado no terceiro trimestre do ano – com 11% dos inquiridos a prever aumentar as contratações entre outubro e dezembro.

Os dados da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica mostram que até final de agosto tinham sido apreendidas cerca de 800 mil máscaras importadas que não obedecem aos requisitos das autoridades de saúde por representarem um risco grave para a saúde dos utilizadores. São sobretudo máscaras descartáveis importadas sem requisitos ou documentação, falsificadas ou com enganosa marcação CE.

400 mil

euros foi quanto investiu a Inarbel para lançar a linha Skylab

FILEIRA TÊXTIL QUER DISCRIMINAÇÃO POSITIVA DA PRODUÇÃO EUROPEIA O ViralRepel é resistente a múltiplas lavagens domésticas e pode ser utilizado com eficácia em qualquer fibra têxtil

Chama-se ViralRepel e é o novo acabamento do grupo Riopele que previne e combate vírus e bactérias nos produtos têxteis. Com uma eficácia a rondar os 99%, este novo acabamento é resistente a lavagens domésticas, amigo do ambiente e pode ser utilizado em qualquer tipo de fibras têxteis. “Queremos estar na linha da frente e fazer parte dos avanços científicos do setor”, declara Ana Vaz, gestora de mercado da Riopele, para apresentar este novo acabamento well-being. “O ViralRepel é um acabamento que previne a manutenção de vírus e bactérias nos nossos artigos, para além de

combater maus odores”, explica a gestora de mercado daquela que é uma das mais antigas empresas têxteis nacionais. Desenvolvido através de uma tecnologia composta por polímeros ligados a iões de prata que aceleram a desativação dos vírus e bactérias, o ViralRepel está também dermatologicamente testado para o contacto com a pele. “Os produtos utilizados não são agressivos para a pele e podem ser usados em peças interiores ou pijamas com toda a segurança”, explica a gestora de mercado da Riopele. Relativamente ao impacto ambiental, as notícias são boas. Ana

Vaz esclarece que os produtos utilizados no acabamento “obedecem as regras Oeko-Tex e Bluesign, bem como são certificados pela EPA [Environmental Protection Agency]”. O ViralRepel é igualmente resistente a múltiplas lavagens domésticas e pode ser utilizado com eficácia em qualquer tipo de fibra têxtil. A feira internacional Fabric Days, que se realizou de 1 a 3 de Setembro, em Munique, foi o local eleito para a apresentação da novidade. “Os clientes ficaram muito interessados, sobretudo por se tratar do mercado alemão, que é pioneiro na união da sustentabilidade com a inovação”, remata Ana Vaz. t

A fileira têxtil nacional quer que o governo português apoie junto da União Europeia a obrigatoriedade de os 27 comprarem, ao nível das aquisições públicas, equipamento de proteção individual que incorpore um mínimo de 50% de material oriundo do espaço europeu. Uma decisão que poderia abrir portas para que a indústria europeia fixe a reindustrialização como uma opção política.

MARITA MORENO EM LOS ANGELES COM O APOIO DA SELECTIVA MODA A marca de design ecológico Marita Moreno esteve no Digital Cruise, em Los Angeles, o primeiro desfile sustentável online organizado pela agência de comunicação Wear The Future. A marca, que foi promovida através da influenciadora Chris Han, uma blogger de moda e beleza com mais de 1,1 milhões de seguidores no Instagram, contou com o apoio do projeto From Portugal, promovido pela ATP e Associação Selectiva Moda.


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LISBOA ACOLHE CONFERÊNCIA DE MODA SUSTENTÁVEL

O TELETRABALHO VEIO PARA FICAR NA HUGO BOSS A Hugo Boss vai dar aos seus funcionários na Alemanha a opção de teletrabalho às segundas e sextas-feiras, estando os restantes dias reservados para o regime presencial. Uma alteração que se deverá manter após o fim da pandemia e que surge depois de uma pesquisa interna ter revelado que a maioria dos funcionários está confortável com esta abordagem. A empresa revelou ainda que três dias no escritório permitem um agendamento mais eficaz de reuniões, aumenta a atratividade do grupo como empregador e protege o ambiente, já que reduz os deslocamentos pendulares.

"O automóvel está a regressar, mas queremos continuar na saúde" Rui Lopes Administrador da Trim NW

COSEC APONTA PARA QUEBRA DE 19% NO TÊXTIL DA ZONA EURO

LMA, Scoop e RDD, do grupo Valérius, serão apresentadas no evento, que decorre em Lisboa, como modelos de sustentabilidade

A capital está em contagem decrescente Lipa e Miley Cyrus - a portuguesa Farfetch, bem para acolher, no próximo dia 23 de Outu- como a intervenção da responsável pelo projeto bro, a conferência internacional Sustainable Make Fashion Circular, da Fundação Ellen MaFashion Business, que reunirá na Academia cArthur, instituição establecida no Reino Unide Ciência marcas e especialistas atentos aos do com a missão de acelerar a economia circular progressos da moda responsável e sustentá- mundial. Para além das intervenções internavel. Trata-se de um evento inserido no pro- cionais serão também apresentados alguns dos grama da Lisboa Capital Europeia Verde 2020, parceiros nacionais dessas marcas, como a LMA título internacional atribuído pela primeira Textiles, a Scoop e o Grupo Valérius. vez este ano a uma capital do sul da Europa. A Sustainable Fashion Business terá tamA intenção é clabém um espaço exra: “Trazer a Portupositivo onde os pro"Quisemos trazer a Portugal gal marcas de refejetos sustentáveis marcas de referência no rência no mundo da desenvolvidos em moda internacional, solo nacional, podemundo da moda internacional, rão ser vistos ao poratravés do seu testeatravés do seu testemunho, munho, e apresenmenor, numa expetar Portugal como riência única. e apresentar Portugal como pioneiro e parceiro O principal objepioneiro e parceiro estratégico tivo é “celebrar Porestratégico para o sucesso do negócio, tugal como o melhor para o sucesso do negócio, bem como o futuro local para o desenbem como o futuro da Moda da Moda Sustentávolvimento e provel”, explicita Catadução de marcas de Sustentável”" rina Santos Cunha, moda internacionais Catarina Santos Cunha Project Leader da que procuram para Project Leader da Sustainable Fashion Business Sustainable Fashion os seus negócios soBusiness. É precisaluções sustentáveis mente por esta razão que foi sem meias medi- e cadeias de valor transparentes”, conforme se das que aceitou o desafio lançado pelo vereador pode ler no comunicado da Sustainable Fashion do ambiente, José Sá Fernandes, responsável Business. O programa abordará temas como o fida Lisboa Capital Europeia Verde, para “desen- nanciamento Capital Verde a empresas com foco volver um projeto singular e relevante para na sustentabilidade, a importância da economia o futuro da Moda e dos têxteis no nosso país, circular e o posicionamento nacional no setor. expondo os casos de sucesso internacional e Esta conferência, dirigida a empresários, desconhecidos a nível nacional”. Assim nasce criativos, influenciadores, jornalistas e a todas a Sustainable Fashion Business, que reunirá as outras entidades comprometidas com a susna Academia de Ciências em Lisboa reputadas tentabilidade, funcionará em regime híbrido, marcas e especialistas nacionais e internacio- o que signfica que os oradores podem marcar nais em torno dos desafios da moda sustentá- presença de forma física ou virtual - este é um vel e responsável. regime que também se estende à assistência. Entre o painel a ser apresentado ao longo de Os interessados em assitir a este evento intertodo o dia salienta-se a participação de marcas nacional deverão preencher o formulario de de peso internacional como a Pangaia, Alan inscrição gratuita disponível online no sítio da Crocetti - que tem entre as suas clientes Dua Sustainable Fashion Business.t

O volume de negócios da indústria têxtil e de vestuário na Zona Euro deverá registar uma quebra de 19% em 2020. Em consequência, cerca de 158 mil postos de trabalho e 13 mil empresas poderão desaparecer até ao final de 2021, estima a Euler Hermes, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos. De acordo com o estudo, está em causa 8% do total do emprego criado por este setor e 6% das suas empresas, num contexto em que o PIB das economias da Zona Euro vai registar uma quebra de 9%. O facto de a indústria têxtil e de vestuário ter o dobro da prevalência de pequenas e médias empresas em relação à média verificada na indústria fabril torna este setor mais vulnerável, refere a COSEC.

70%

do volume de negócios da marca Cristina Barros vem das exportações

HÁ MAIS PARA A VIDA NA NOVA COLEÇÃO DA DEEPLY

É com peças versáteis e descontraídas que a Deeply, a marca portuguesa dedicada ao surf, compõe a sua coleção de outono/ inverno 20. Uma das estrelas da coleção é a gama de T-shirts em 100% algodão orgânico, que para além de sustentáveis – são produzidas em Portugal, os estampados não contêm solventes (certificado OCS – Organic Content Standard) e os tingimentos são feitos a partir de corantes naturais vegetais – também vão contribuir para a reflorestação autóctone.


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CONTACTE OS SEUS CLIENTES, NÓS TRATAMOS DO RESTO! VIAJE COM A SUA AGÊNCIA ABREU Para mais informações, por favor, contacte: Agência Abreu de Guimarães | Av. D. João IV, 432 - 4810-533 Guimarães | Tel.: 253 421 880 | E-mail: guimaraes@abreu.pt Viagens Abreu, S.A • Capital Social € 7.500.000 • Sede: Praça da Trindade, 142, 4º • 4000-539 Porto • RNAVT 1702 • Operador • Cons. Reg. Com. do Porto nº 15809 • NIF 500 297 177 • 2020


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NOVOS MODELOS DA NIKE A PARTIR DE RESÍDUOS DE FABRICO

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A Nike acaba de lançar a linha Space Hippie, que conta com um mínimo de 25% de materiais reciclados a partir dos resíduos da própria produção. No lançamento da nova linha, a marca explicou que a inspiração veio dos astronautas das missões espaciais da Nasa, que têm por hábito recolher todos os desperdícios. Assim fez a marca e em vez de atirar para o lixo os recortes que sobram da fabricação, passou a catalogar os resíduos com vista à sua reutilização.

A MINHA EMPRESA Por: António Moreira Gonçalves

Unifardas

R. Joaquim António Moreira, 19 4470-078 Moreira - Maia

O que faz? Desenvolve e confeciona vestuario profissional, personalizado e costumizado Principais clientes Empresas industriais , hospitais, clínicas, escolas e hotelaria Fundação 1986 Trabalhadores 21 Principais mercados Portugal, Espanha e França Estratégia Crescer na área da saúde Volume de negócios 1,5 milhões de euros

"O lugar de vendedor é o mais importante numa empresa" Clementina Freitas CEO do grupo Latino

FOTO:ANTÓNIO MOREIRA GONÇALVES

O VIDEODESFILE DE DAVID CATALÁN NA MILAN FASHION WEEK

Há uma revolução em curso na Unifardas À entrada dos escritórios da Unifardas salta à vista um grande cartaz onde se leem mensagens de carinho e agradecimento. É um dos muitos sinais da transformação que a pandemia trouxe à empresa da Maia especializada em workwear e que desde a primeira hora se adaptou à produção de equipamentos de proteção. Até a ministra da saúde, Marta Temido, agradeceu publicamente à empresa o esforço em tempos de crise. “Quando vemos que o nosso trabalho é reconhecido e tem significado é muito diferente. Já não trabalhamos só para produzir, trabalhamos com um sentido”, conta Rui Araújo, Chief Operating Officer da empresa. Formado em engenharia industrial e gestão, Rui representa a segunda geração à frente da empresa fundada pelo pai há 24 anos. Antes de chegar à Unifardas, em 2019, passou por outras empresas da têxtil, não só em Portugal mas também em Espanha (Catalunha) e na Roménia, e fez ainda um MBA na ESADE Barcelona e na Universidade do Michigan. Um percurso que “deu-me mundo”, confessa, e que no início deste ano lhe permitiu prever o imprevisível. “Ainda em dezembro comecei a receber alguns contactos de amigos da China, ou com familiares na China, que me falaram de uma escassez de máscaras de proteção. Depois, quando em fevereiro fomos à SICUR, feira de equipamentos de segurança de Madrid, percebemos que já era incontornável”, lembra o responsável pela empresa, que quando a pandemia

chegou a Portugal tinha já um plano traçado. “Em termos de produto foi um pequeno ajuste, porque já produzíamos batas, mas obrigou-nos a uma troca de mindset. O cliente mudou, já não havia lugar a tanta personalização e não tínhamos qualquer experiência a trabalhar com TNT”, lembra Rui Araújo. Foi um impulso que acelerou uma reforma já pensada. Para Rui Araújo, o vestuário industrial tem os dias contados, e as empresas têm de antecipar a mudança. “Se olharmos para as macrotendências, o envelhecimento da população vai levar a um investimento crescente no setor da saúde, enquanto a automação conduz à diminuição no número de trabalhadores”, explica. Na Unifardas assiste-se já a uma revolução. A empresa tem em curso um investimento de 470 mil euros, enquadrado no projeto de inovação produtiva Covid-19. “Vamos ter novos escritórios e vamos reorganizar o espaço de armazenamento. Precisamos de fazer a separação de fluxos, para ter uma área especializada para produtos hospitalares”, adianta o gestor. Na abordagem aos mercados, a Unifardas está também a renovar a face. Criou uma nova marca, a Unifardas Healthcare, e está focada em certificar os seus produtos à escala europeia. “Estamos a desenvolver uma coleção em que o design foi definido com o apoio de profissionais de saúde”, revela Rui Araújo, destapando o véu sobre as novidades que se prepara para levar às feiras internacionais da especialidade. t

Foi em videodesfile que David Catalán marcou presença no calendário oficial da Milano Fashion Week. A convite da Camera Nazionale della Moda Italiana, numa versão totalmente digital e perante espetadores de todo o mundo, o designer fez a pré-apresentação da sua nova coleção primavera-verão 2021. “Uma experiência nova, que traz também algumas vantagens”, destaca o estilista, que produziu um vídeo de apresentação e um lookbook fotográfico. “Adoro os desfiles, a experiência de ver as peças a passar, mas fazer este vídeo foi um desafio engraçado. Permite ver a roupa com mais detalhe e jogar com o ambiente”, notou.

26.400

máquinas de tricotar circulares foram vendidas mundialmente em 2019

MODATEX AJUDA ANIMAIS EM RISCO

Foi através de sacos em tecido para o pão que o centro de formação Modatex angariou fundos para o Refúgio Animal Angels, uma organização sem fins lucrativos que acolhe animais em risco. Para tal, contou com a habilidade dos formandos, formadores e coordenadores da ação de Operador de Tecelagem da delegação da Covilhã, que confecionaram cerca de 200 sacos do pão a partir da reciclagem de tecidos, botões e fios existentes no armazém do centro de formação.


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MY FAIR BY JUST.O JÁ TEM LOJA ONLINE

A FASHION FORWARD

A marca portuguesa de denim sustentável My Fair by Just.O, acaba de apresentar a sua loja online, com a qual pretende aproximar a marca do público que, até aqui, só podia adquirir as peças em lojas selecionadas. Com produção nacional, a marca abraça também políticas como a Fair Made & Crafted e People Matters. A nova loja pode ser visitada em shop.just-o.com.

Por: Dolores Gouveia

Futuro sustentável A utilização de materiais têxteis com base em fibras artificiais de nova geração, em bio polímeros, matérias orgânicos e reciclados constituem um fator importante na redução do impacto negativo desta indústria no planeta. O Fashion on Climate Report especifica que o aumento da coleta e reciclagem poderia impulsionar a redução de emissões em cerca de 18 milhões de toneladas anuais, notando que atualmente, menos de um 1% do vestuário usado é reciclado, regressando à cadeia de valor têxtil. O relatório defende ainda que em 2030 precisamos mudar para um mundo em que uma em cada cinco peças de vestuário são comercializadas por meio de modelos de negócios circulares. A Covid-19 acelerou a mudança de mindset dos consumidores face ao que esperam dos produtos e marcas de moda. Realizado durante a pandemia e publicado em julho, o estudo de opinião do consumidor sobre a sustentabilidade na moda da mesma consultora (MC) refere que: - 2/3 dos consumidores dizem que é ainda mais importante limitar as mudanças climáticas;

- 88% acredita que a indústria global da moda deveria empenhar-se mais em reduzir a poluição; - 67% afirma que o uso de materiais sustentáveis passa a ser um fator de compra importante; - 63% considera relevante que as marcas comuniquem as suas práticas responsáveis. Também a pesquisa de mercado realizado pela Accenture e divulgada no Global Change Award Trend Report 2020, editada e publicada pela H&M Foundation, refere a importância que os consumidores conferem à responsabilidade ambiental. Esta organização, que fornece serviços de consultoria estratégica, destaca como megatendência a sustentabilidade como o novo normal. Esta é então a oportunidade para a indústria recriar o seu sistema, designadamente com a transição para modelos de negócio circulares. É necessário criar moda, mas “criar mais como menos” como verbaliza Sofia Brandt (strategy manager da Accenture), respeitando a humanidade, o planeta e não comprometendo o futuro. t

CLUSTER TÊXTIL LANÇA PODCAST PARA “TECER O FUTURO” “Tecer o Futuro” é o nome da mais recente iniciativa do Cluster Têxtil para promover o conhecimento e a inovação na têxtil. Trata-se de um podcast onde Ana Ribeiro, diretora executiva do Cluster, conversa com personalidades da indústria para falar sobre desafios e oportunidades. “Conversas por um fio” é o mote. Depois das newsletters e dos webinars, o Cluster lança assim uma nova ferramenta de comunicação e discussão online.

EILLEN FISHER

EVERLANE

COVID-19: RALPH LAUREN PEDE 700 MILHÕES À SEGURADORA

MARGARET BURTON

A indústria têxtil é observada como uma das mais poluentes do mundo. De facto, de acordo com o recente Fashion on Climate Report (FCR, 2020) elaborado pela McKinsey Company (MC) em parceria com a Global Fashion Agenda, a indústria da moda produziu cerca de 2,1 bilhões de toneladas de emissões de gases de efeito de estufa (GEE) em 2018, igualando 4% do total global. Cerca de 70% destas emissões têm origem na produção de materiais têxteis, preparação e processamento. A participação desta Indústria no cumprimento das metas estabelecidas pelo Acordo de Paris para a mudança climática (2016) implica a redução em 50% das suas emissões de carbono até 2030. Tendo como pressuposto o aumento da população mundial, a manutenção do modelo atual de fabrico e consumo de moda, bem como que nenhumas medidas adicionais às que estão em vigor seriam implementadas nos próximo 10 anos, as emissões de GEE da indústria provavelmente aumentariam para cerca de 2,7 bilhões de toneladas por ano, o que representaria uma taxa de crescimento de 2,7% no volume anual.

Com quebras de receitas que atingiram mais de 90% devido à pandemia, a Ralph Lauren reclama agora da sua seguradora uma compensação de 700 milhões de dólares. A seguradora alega que a apólice não cobre a Covid-19 e o caso está já nos tribunais. A apólice firmada com a seguradora prevê uma cobertura de 700 milhões, incluindo sinistros causados por doenças transmissíveis, desinfeção e eliminação da contaminação, mas a companhia de seguros invoca que nessa parte a cobertura se limita a um milhão de dólares.


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GANT LANÇA COLEÇÃO DE CAMISAS UPCYCLED A Gant lançou uma coleção de camisas feitas com tecidos excedentes de coleções anteriores, integrada na iniciativa global da marca The 7 Rules by Gant. Composta por quatro modelos diferentes, as camisas upcycled apresentam-se em padrão patchwork e estão disponíveis em pontos de venda selecionados. Com o objetivo de inspirar os clientes a prolongar a vida útil da sua roupa, as 7 Rules by GANT são Refresh, Repair, Reuse, Rent, Regive, Remake e Recycle, em vez de deitar fora.

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"Temos esperança que setembro seja um relançamento do setor, um acordar" Carolina Guimarães Administradora da João Pereira Guimarães

A ÁRVORE SOLIDÁRIA DA ANTARTE A Antarte inaugura dia 23 de setembro, na Alfândega do Porto, a exposição “Árvore Solidária”, que surge no seguimento do seu projeto de responsabilidade social “Decorar para Humanizar”. A iniciativa, apadrinhada pelo Nobel da Paz, José Ramos Horta, inclui 15 cabides-árvore decorados por 15 personalidades das diversas artes - Bordallo Pinheiro, Chakall, Custódio Almeida, Francisco Laranjo, Guilherme Mampuya, Isa Silva, Joana Vasconcelos, Katty Xiomara, Kruella D’Enfer, Manuela Casal Aguiar, Mr. Dheo, Paula Marques, Paulo Neves, Pedro Guimarães e Zulmiro Carvalho. A exposição, gratuita, estará patente ao público naquele espaço até ao final de outubro.

MILANO DEU CONFIANÇA ÀS EMPRESAS PORTUGUESAS

CONTEXTILE 2020: ‘WALLPAPER & WALL HANGING’ É PRÉMIO DE AQUISIÇÃO

A comitiva From Portugal na Milano Unica não passou despercebida, não só no espaço da feira italiana, mas também na comunicação especializada. Às publicações portuguesas Jornal de Negócios e Marketeer, juntou-se a Fashion Network e a revista espanhola Pinker Moda, que destacou a vontade da comitiva portuguesa em retomar os contactos depois do lockdown. “A cidade italiana de Milão, uma das mais afetadas pela crise do Covid-19, é agora um lugar de esperança e optimismo para as empresas portuguesas”, afirma a publicação espanhola Pinker Moda, numa reportagem em que destaca a presença das portuguesas na feira: Albano Morgado, Lemar, Modelmalhas, Penteadora, Paulo de Oliveira, RDD, Riopele, Somelos e Tessimax. A Marketeer realça também que a Milano Única foi “um dos primeiros eventos presenciais (pelo menos com esta envergadura) a ter lugar em Milão, desde o início da pandemia”. Uma ideia que é acompanhada pelo Jornal de Negócios, num artigo em que titula: “Empresários portugueses voltam a Milão para feira de

‘Wallpaper & wall hanging’, da estónia Krista Leesi, foi distinguida com o Prémio de Aquisição no decorrer da Contextile 2020 – Bienal de Arte Têxtil Contemporânea, que decorre até 25 de outubro em diferentes espaços culturais e públicos da cidade de Guimarães. Foram também atribuídas a 1ª Menção Honrosa ao trabalho ‘Network’, da lituana Monika Zaltauskaite Grasiene, e a 2ª Menção Honrosa à peça ‘Nativité’ da francesa Aurélia Jaubert. O júri internacional, que selecionou 59 obras de 50 artistas de 29 países escolheu um trabalho de grande modernidade e dramatismo pictórico. ‘Wallpaper & wall hanging’ assenta “numa imagem da parede externa do que resta da entrada do Museu de Arte Aplicada e Design da Estónia”, explicou Krista Leesi, sugerindo que “a fotografia é impressa em papel como papel de parede e a mesma imagem também é tecida com teares jacquard como decoração de parede”. O Prémio Aquisição é adquirido pelo Município de Guimarães. Até 25 de outubro a mais importante mostra de Arte Têxtil Contemporânea tem a sua Exposição Internacional patente no Palácio Vila Flor, enquanto que outros espaços públicos da cidade de Guimarães acolhem outras mostras: no Convento de Santo António dos Capuchos estão as ‘Residências Artísticas’ bem como o artista convidado Stephen Schofield (do Quebec, Canadá), enquanto a outra artista convidada, Magda Sobon (da Polónia), tem os seus trabalhos expostos no Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitetura. Já o Instituto de Design acolhe a mostra ‘Emergências, Educação e Criação Têxtil’ resultante do intercâmbio com as escolas de arte nacionais de ensino artístico têxtil. Todas as exposições são de entrada gratuita e cumprem com as diretrizes preconizadas pela Direção-Geral da Saúde.t

Depois da versão física, a feira prolonga-se online, permitindo a troca de informações, pedidos e encomendas

têxteis”. Também o Fashion Network coloca a tónica na energia portuguesa em voltar aos grandes palcos: “Portugueses querem acelerar a retoma em Milão”, escreve. Depois dos dois dias de exposição, a feira de Milão prolonga-se na versão online. Através da plataforma e-Milano Unica, a feira de tecidos está a criar um espaço exclusivo para profissionais do setor trocarem informações, pedidos, cotações e encomendas. A mesma aposta no online foi protagonizada pela Première Vision, que na impossibilidade de

realizar a edição presencial, prevista para 15 e 16 de Setembro, reforçou a aposta no seu marketplace com novos conteúdos, ferramentas e serviços. A participação das PME portuguesas na Milano Unica no âmbito do projecto From Portugal decorreu de mais uma iniciativa da Selectiva Moda e da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal. O projecto que visa promover a internacionalização das empresas portuguesas da área da Moda é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020. t

JF ALMEIDA VESTE HOTEL LA TORRE DEL CANÓNICO EM IBIZA A portuguesa JF Almeida foi responsável por desenhar e produzir a nova roupa de cama e banho do La Torre del Canónico, hotel de cinco estrelas situado no centro de Ibiza. Para além dos quartos, a empresa de Moreira de Cónegos, forneceu ainda peças em linho para o restaurante do hotel, o Kyupiddo. “Para este projeto foi desenhada uma coleção personalizada de roupa de cama e banho de acor-

do com as necessidades e solicitações do cliente”, explicou a JF Almeida. O projeto contou com a colaboração do designer e arquiteto catalão Lazaro Rosa-Violan, que decorou o hotel, localizado no Monte Dalt Vila, em Ibiza, num edif ício do século XIV. Para os têxteis de cama, banho e mesa, tanto dos quartos como do restaurante, a JF almeida produziu peças personalizadas, com o logo do La Torre

del Canónico. Para as toalhas utilizou “algodão de primeira qualidade”, e para decorar as camas tecidos de 600 f ios. Para o restaurante foram produzidas peças de roupa de linho puro. O grupo JF Almeida, especializado em têxteis-lar, conta com uma equipa de 650 pessoas e uma faturação anual que ronda os 60 milhões de euros. Mais de 90% das suas vendas são para os mercados externos.t


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contextile.pt

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Guimarães Portugal

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Bienal de Arte Têxtil Contemporânea

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Lugares de memória 5 SETEMBRO PROGRAMA DE ABERTURA

5 set — 25 out EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL › CCVF – Palácio Vila Flor

5 set — 25 out ARTISTA CONVIDADO Stephen Schofield › Convento de Santo António dos Capuchos

5 set — 25 out RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS › Convento de Santo António dos Capuchos

5 set — 25 out INSTALAÇÃO MULTIMÉDIA Encontro Expansão Projecto satélite › Tanques de Couros

5 set — 25 out EMERGÊNCIAS Educação e Criação Têxtil › IDEGUI Instituto de Design de Guimarães

5 set — 25 out ARTISTA CONVIDADA Magda Soboń › CAAA Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitetura

6, 11, 18 e 25 set. MOSTRA DE CINEMA AO AR LIVRE Rewind & Play Projecto satélite › Jardim da Fraterna – 6 set. – 21h30 › IDEGUI – 11 set. – 21h30 › PAC – 18 set. – 21h30 › Casa da Memória – 25 set. – 21h30 6—7 setembro TextileTALKS › CCVF – Pequeno Auditório

CONCEÇÃO E PRODUÇÃO

PARCEIRO INSTITUCIONAL

CO-FINANCIAMENTO

PARCEIROS ESTRATÉGICOS

5 set— 22h PERFORMANCE Fábrica: Amor e Perda – Despertar os Lugares Projecto satélite › Plataforma das Artes e Criatividade

8 set WORKSHOP “Memory of Paper” Pela artista polaca Magda Soboń › Casa da Memória Pátio

MEDIA PARTNERS


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FOTO: RUI APOLINÁRIO

"É IMPORTANTE QUE A EUROPA NÃO PERCA O SEU LADO INDUSTRIAL"


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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa

José António Ramos À frente da Salsa, parte integrante do universo Sonae, há pouco mais de um ano e meio, o gestor espanhol, nascido em Madrid, está há muitos anos no setor do vestuário e a sua intenção à frente da empresa portuguesa é a de ‘guinar’ para a modernidade: a digitalização e a experiência do cliente ao invés da aquisição pura e simples de produto. A pandemia veio atrasar a estratégia – menos a parte da digitalização no que tem diretamente a ver com o online – mas o saldo deste mais de meio ano atípico é apesar de tudo positivo. Os mais de 1.200 colaboradores estiveram sempre no ativo e o espaldar da Sonae fez o resto

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foco da Salsa é a qualidade – o que quer dizer que a produção da matéria-prima continua centrada em Portugal – a par das preocupações de sustentabilidade. Apesar do impacto da pandemia, que obrigou a pequenos ajustes, a marca não se desviou do caminho que o seu CEO tinha traçado desde o início, uma estratégia orientada para a digitalização e internacionalização. Qual foi o impacto da pandemia no business plan da Salsa?

A pandemia foi terrível para muitos setores incluindo o nosso: tivemos as lojas fechadas três meses, a nossa sede a trabalhar de casa e a Indústria e a Logística em funcionamento contínuo, com todas as medidas de segurança. O impacto financeiro foi, como era previsível, muito forte. Temos a sorte de ter um investidor sólido, para nos apoiar – a Sonae. Deu-nos suporte total, financeiro e operacional, o que nos permitiu encarar da melhor forma as adversidades deste período. Nem nunca usaram o lay-off ?

Em Portugal não. As unidades estiveram sempre a trabalhar, quer de casa, quer dos postos de trabalho (os que não puderam ser deslocalizados). Mesmo os colaboradores das lojas, que não tinham como trabalhar, não estiveram em lay-off , mas sim a desenvolver outro tipo de competências em conjunto com a nossa equipa

de Recursos Humanos. Qual é o impacto nas receitas do segundo trimestre?

Foi relevante, na medida em que tivemos durante bastante tempo uma parte significativa das nossas lojas encerradas (ainda que o canal digital tenha acelerado o seu crescimento). Para o total do ano, prevemos um impacto em linha com a contração do mercado, face aos mais de 200 milhões de euros em vendas a clientes finais, que fizemos em 2019. Quando espera a retoma do consumo? O final do primeiro semestre de 2021 é a meta?

É uma previsão muito difícil, é impossível saber-se. Há dois fatores principais: o primeiro a nível sanitário – espero que esta pandemia já seja “história” no verão que vem – e o segundo a nível económico, o impacto que este fator terá é o nosso principal receio. Tudo vai depender do comportamento dos diversos mercados. Acho que o nosso cliente-tipo é mais resiliente, estamos num segmento mais alto que a média e creio que isso poderá ser uma vantagem. Há quem diga que só o luxo e o low cost irão sobreviver, mas eu tenho uma visão diferente: acho que vamos estar um pouco mais protegidos. De qualquer maneira, o impacto desta crise pode ser muito forte, especialmente nos países do sul da Europa, que é onde temos mais presença. Sentiu o impacto de reabertura das lojas como algo de positivo? Chegaram a ver-se filas às portas de algumas lojas, como se os consumidores estivessem ávidos de voltar a comprar.

As notícias poderiam induzir a erro. Havia muita gente à porta de algumas lojas, mas

"Temos um plano a vários anos para aumentar a sustentabilidade" Ao contrário do que se poderia pensar por a Salsa laborar num setor tradicional, a empresa está totalmente encaixada no universo Sonae e representa aquilo que o grupo fundado por Belmiro de Azevedo quer ser no futuro: digital e internacional. A Salsa tem uma presença no digital bem acima da média das empresas portuguesas – de facto está uns 100% acima dessa média – e as suas receitas já são oriundas maioritariamente dos mercados internacionais. A Salsa é, por isso, a ponte perfeita entre a tradição e a modernidade, que é de algum modo o ADN que a geração que atualmente a dirige procura acrescentar ao que recebeu da geração anterior. Num quadro em que a pandemia obrigou a um período de contenção no business plan, a Salsa não se desviou do caminho que o seu CEO tinha traçado desde o início. O foco continua a ser o da qualidade – o a produção da matéria-prima continua a estar centrada em Portugal – a que José António Ramos acrescentou as preocupações de sustentabilidade. Evidentemente que a geração de receitas será no final do ano impactada pela pandemia, mas o sumo da estratégia continuará a ser o mesmo: digitalização e internacionalização. Neste quadro, e ao mesmo tempo que quer ser uma referência em Espanha, a marca pretende partir para outras geografias. O ambiente interno é perfeito: “há umas ‘ganas’ de crescer fantásticas por parte de todos os colaboradores” e esse alinhamento com a gestão é uma das chaves da estratégia

em muitos casos pretendiam devolver encomendas online e não comprar. Nós não tivemos esse problema, porque a nossa operação online esteve sempre a funcionar, incluíndo para devoluções. Claro que os operadores que não tinham vendas online e estiveram fechados três meses, sentiram outros efeitos. De qualquer modo, em média, o mercado está a sofrer mais que nós.

portante. O digital está a crescer muito, em termos homólogos falamos de 30, 40, 50, 60%. É um excelente indicador, em linha com a nossa ambição estratégica.

E o plano de expansão da Salsa, que previa a abertura de uma série de lojas em Portugal e no extreior? Está em stand by ?

O número absoluto de lojas vai diminuir?

O nosso plano estratégico previa a abertura de algumas lojas, sendo que algumas dessas aberturas estão agora em stand by . De qualquer forma, não é essa a nossa prioridade. O foco da nossa estratégia está na aposta que temos vindo a fazer no digital: sempre acreditámos que a grande oportunidade da Salsa está no digital. Nesse sentido, a pandemia não modificou a nossa estratégia. Pelo contrário, demonstrou que temos de avançar, mais rapidamente, nessa direção. Qual é neste momento a percentagem do digital no volume de negócios em 2019?

Fechámos 2019 nos 16%. E qual é a expetativa para o final do ano?

Nos dias que correm são previsões difíceis. Por exemplo, durante o lockdown , com as lojas fechadas durante três meses, tivemos apenas o digital a funcionar. Ainda não sabemos como vamos terminar o ano, mas o digital pode fechar perto dos 30%, vai depender também da evolução do negócio nas lojas. Mas houve um boom no negócio digital?

Há um crescimento im-

O online vai ter um grande impacto nas próprias lojas, a sua dimensão, a distribuição geográfica.

Sim, mesmo no que diz respeito à arquitetura e funcionalidade da loja.

Essa é uma boa pergunta. A Salsa não é uma empresa muito intensiva em termos de lojas. Qual é o número de lojas?

Lojas próprias, contámos mais de 100, das quais 56 em Portugal e 34 em Espanha. Há empresas com uma densidade muito maior em termos do número de lojas. Por isso, para a Salsa, o número de lojas não é um problema. Mas acabam de abrir na Gran Via de Madrid, uma espécie de super-loja.

Sim, sob a chancela de um outro conceito. A nossa loja de Gran Vía tem como objetivo proporcionar uma experiência diferente aos nossos clientes: que possam quase ‘experimentar’ a marca e conhecer a sua história. Foi inclusive desenhada para ser uma loja totalmente orientada para o omnicanal. Aguardamos com expetativa os próximos tempos, mas estava a correr muito bem antes da pandemia. É a loja de topo do grupo?

É uma delas, juntamente com a de Santa Catarina, no Porto, e a do Chiado, em Lisboa. É seguramente a mais diferente, até porque é uma das últimas que abrimos, onde estamos a testar coisas completamente novas – por exemplo, os


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Viagens, corrida, montanhismo… e o Real Madrid “A coisa mais valiosa que tenho para deixar ao meu filho é o meu lugar cativo no Estádio do Real Madrid”. José António Ramos assume-se como um madrilista mais ou menos doente, mesmo “indo ver jogos da equipa uma vez por ano ou nenhuma vez por ano”. A outra grande paixão são as viagens. Duas das próximas já estão definidas: à Nova Zelândia, para praticar outra das suas paixões, o montanhismo. “Já fiz um seis mil e vários cinco mil”, revela; e à Austrália, que quer conhecer de carro. De carro ou a correr: antigo praticante federado dos 400 metros em pista, anda agora mais pelas distâncias das maratonas, gosto que lhe veio “há uns 10 ou 15 anos” e que se mantém. A prática do futebol e de tenis também marcam os gostos de José António Ramos, que nasceu em Madrid há 48 anos.

provadores ou a possibilidade de experimentar na loja e comprar online –, com um conceito visual completamente difierente. É uma loja onde começámos a testar muitas coisas, em que a ideia é aprender e depois levar para as outras lojas. Que percentagem do produto final, em denim, que passa pela lavagem no interior da Salsa?

Lavamos na nossa lavandaria cerca de 70% do denim que vendemos, o que demonstra a nossa aposta numa indústria mais local e próxima. A produção do próprio tecido não está nos seus horizontes.

Atualmente a Salsa não se dedica à produção de tecido. Fazemos os protótipos, mas não estamos a planear criar um segmento industrial. Hoje em dia, temos relações muito sólidas com os nossos fornecedores em Portugal, onde produzimos a maioria da nossa oferta. O restante provém maioritariamente de mercados próximos, como a Tunísia e a Turquia. A exposição à Turquia e à Tunísia é para manter?

Sim, uma vez que temos parceiros estratégicos nos dois mercados e estamos muito contentes com eles. As nossas parcerias são a longo prazo, porque assim permite-nos assegurar a qualidade do nosso produto, que não queremos colocar em risco com mudanças constantes de fornecedores. Para além da qualidade, a sustentabilidade é outra das preocupações da Salsa, não é assim?

Precisamente. Temos um plano a vários anos para aumentar a sustentabilidade da Salsa. A nossa mais recente aposta foi a aquisição de

"A grande oportunidade da Salsa é o mercado digital" uma máquina de ozono para a lavagem, que nos permite gastar menos água, usar menos químicos e poupar na libertação de CO 2. Esse é também um aspeto que demonstra a nossa atenção e o nosso amor ao detalhe, que se traduz no produto que chega às mãos dos clientes.

com Sonae. Um sócio que poderia ajudar a Salsa a desenvolver o seu potencial de crescimento internacional e digital. Esta parceria ajudou, sem dúvida, a consolidar ambos os planos e o potencial da Salsa como marca no mercado do denim Europeu. Um sócio como a Sonae trouxe estabilidade estratégica e solidez financeira. Ambas as características se tornaram ainda mais relevantes com o surgimento da pandemia que vivemos e o impacto significativo que teve nos mercados. Este suporte deu-nos sempre muita tranquilidade, permitindo assim,

focarmo-nos na criação de valor a longo prazo. A saída do acionista Filipe Vila Nova foi pacífica.

Completamente pacífica. De qualquer modo, desde que cheguei nunca me ‘intrometi’ nessa matéria, estive sempre focado na parte operacional, na estratégia e em tudo o que tem a ver com o core da Salsa. Tive sempre uma relação muito fluída com Filipe Vila Nova. Aquilo que a Salsa representa na Sonae é a dimensão que o acionista quer, ou pode haver alterações a

Foi um investimento de peso?

Sim, a máquina custa algumas centenas de milhares de euros. É também uma forma de demonstrar o nosso compromisso claro com a sustentabilidade e a inovação, dois focos importantes da Salsa.

Diria que há uma Salsa antes e depois da Sonae? Não estava cá antes, mas conhece a história.

Não saberia dizer, não sou a pessoa certa para responder. A Salsa foi criada pelo impulso da família fundadora, os Vila Nova. Posteriormente, decidiram somar forças

A Salsa é apenas uma pequena parte da Sonae, é uma empresa de 200 milhões num grupo de biliões – a Salsa não vai mudar a Sonae. Mas a Salsa traz à Sonae, como para qualquer grupo, duas coisas importantes: é uma marca importante fora de Portugal, a nível internacional, onde vendemos cerca de 55% da faturação; e a outra é o facto de ser uma empresa muito digital, onde temos uma ambição muito grande. Estou convencido que a Sonae preferiria – eu também – que em vez de vender 200, a Salsa vendesse 2.000. Esse é o trabalho a fazer, levar a companhia dos 200 até onde puder ser. Por falar em crescimento, os mercados internacionais estão mais concentrados na Europa?

Sim, trabalhamos na Europa e no Médio Oriente. No Dubai, no Líbano... No Líbano?

Acredita que a reindustrialização da Europa é mesmo uma estratégia da Comissão Europeia?

É importante que a Europa não perca o seu lado industrial, recuperando parte do que perdeu. Na Salsa, essa é sem dúvida uma aposta, desde logo com a produção que compramos em Portugal, não apostando apenas no segmento do ‘preço’. É claro que outros operadores mais agressivos não poderão dizer o mesmo, mas nós não temos dúvidas.

esse nível?

“Estamos já acima do mercado no online” Num ano estável, qual é a expectativa para as vendas da Salsa no online?

Muitas marcas falam na conjugação dos dois meios, como vê esta estratégia?

A nossa ambição é chegar a um intervalo entre os 40% e os 45%. Não vai com certeza acontecer para o ano, é capaz de tardar quatro ou cinco anos. Estamos a falar de um mercado que em Portugal vale 8% e em Espanha estará nos 15%. Portanto, estando nós nos 16%, estamos já acima do mercado. Os operadores fortes no omnicanal estão na casa dos 30% a 35%. Esses são o top, a nossa ambição é estar acima, mas dentro de alguns anos.

Não acreditamos que a Salsa se possa transformar num pure player online. A nossa ambição é o omnicanal, onde tanto as lojas como o online tenham o seu papel. Já temos a venda de artigos que não estão na loja – e que pesa uns 5% do total do negócio, mas continua a ser de dimensão reduzida. Ainda não há nenhum operador que tenha uma resposta para toda a cadeia online. Tudo muda muito depressa, é preciso manter a flexibilidade para dar resposta a todas as evoluções.

Está a passar por um período complicado. Temos um parceiro muito forte no Líbano – não trabalhamos diretamente, mas através de um parceiro, mas agora tudo está especialmente complicado. Contam diversificar para outros mercados?

Temos a ambição de crescer significativamente e para crescer temos vários horizontes. Obviamente, o nosso primeiro horizonte é a Europa – desde logo porque é mais fácil do ponto de vista logístico. Os nossos olhos estão na Europa de Leste e na América Latina, são os dois mercados onde gostaríamos de chegar. Mas as conversas estão muito paradas. Na Europa sim, as coisas começam a movimentar-se – em França, na Alemanha, inclusivamente na Inglaterra. t


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RANGEL ACOMPANHA AS TENDÊNCIAS DA MODA

MESSE FRANKFURT JÁ TEM CALENDÁRIO DE FEIRAS PARA 2021 Superar os tempos de incerteza e garantir que os negócios possam continuar é o propósito da Messe Frankfurt, que para isso tem já definido o calendário de feiras para o próximo ano. Com a Heimtextil e a Neonyt logo em Janeiro, o setor da têxtil e vestuário mantém a vanguarda do movimento de retoma que já se verifica desde julho. “Todos vivemos tempos de grande incerteza. Mas uma coisa é certa: os negócios têm de continuar”, sublinha a Messe Frankfurt, reforçando que ao mesmo tempo está a melhorar as caraterísticas das suas plataformas virtuais, no sentido de facilitar os contactos entre fornecedores e compradores.

"As condições adversas da pandemia levaram a Troficolor a inovar e a reinventar-se" Carlos Serra CEO da Troficolor

O full service da Rangel assegura todos os processos de um negócio online: e-commerce, logística, estratégia de marketing e apoio ao cliente

Atenta aos impactos que a pandemia também provocou no setor da moda e da indústria têxtil, a Rangel percebeu a importância que o comércio online tem na reinvenção deste setor e reforçou a aposta na sua solução de full e-commerce, de forma a responder às necessidades da indústria da moda. “A nossa vertente de e-commerce cresceu exponencialmente desde março, sendo de assinalar um aumento expressivo de envios por parte das pequenas marcas, quando até então era praticamente exclusivo das grandes marcas”, refere Luís Filipe Cavalheiro, responsável pela unidade Fashion & Lifestyle da Rangel. “Sabemos, com base em diversos estudos, que a categoria de produtos que os portugueses mais compram online é vestuário ou calçado e anualmente fazem pelo menos uma compra nesta categoria. Isto demonstra a oportunidade que o comércio online representa para o setor da moda em Portugal, evidenciado depois do crescimento exponencial verificado durante o período de confinamento”, acrescenta ainda Luís Filipe Cavalheiro. Nesse sentido, a Rangel reforçou a aposta na sua solução de full e-commerce que assegura todos os processos necessários para que uma marca do ramo têxtil possa abraçar a oportunidade que constitui o comércio eletrónico, seja para o canal B2B ou B2C. A solução que a Rangel apresenta assegura todos os processos de um negócio online, desde a plataforma de e-commerce, aos serviços de

logística, passando pelo planeamento e estratégia de marketing digital e pelo apoio ao cliente. “Oferecemos uma solução chave na mão, bastante modelar e escalável de acordo com as necessidades específicas de cada cliente. Melhorámos os nossos processos internos para oferecer um serviço integrado mais otimizado para ambos os canais (B2B e B2C). Para além disso, tratando-se de uma solução baseada numa plataforma True Cloud SaaS e escalável à medida de cada cliente, as vantagens são diversas, quer a nível de gestão da parceria, quer a nível de investimento de set-up, quer a nível de otimização dos stocks dos nossos clientes”, explica o responsável pela unidade de Fashion & Lifestyle. Para além da solução full e-commerce que acompanha as novas necessidades do setor, a Rangel disponibiliza também soluções taylor-made ajustadas às especificidades da indústria da moda, calçado e marroquinaria, como por exemplo etiquetagem, embalamento, picking, preparação, composição de encomendas, transporte de pendurados e controlo de qualidade. A Rangel Logistic Solutions foi fundada em setembro de 1980 e celebrou este ano o 40o aniversário. Conta hoje com mais de 2100 colaboradores espalhados um pouco por todo o mundo. Com presença direta em três continentes - Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil - movimenta mercadoria entre mais de 220 países e territórios. t

CE APROVA 5,9 MIL MILHÕES PARA LAY-OFF MAS ATP PEDE MUDANÇAS A Comissão Europeia aprovou em finais de agosto a proposta de um empréstimo de 5,9 mil milhões de euros para apoiar o lay-off em Portugal, mas o presidente da ATP avisa que a crise se vai sentir por um período mais prolongado do que se previa e, por isso, o modelo de apoio às empresas tem que ser ajustado. “O que se está a perceber é que a crise não vai ser tão profunda como se temia, mas vai ser bastante mais prolongada. As medidas do lay-off deveriam ser ajustadas a esta nova realidade”, sustenta Mário Jorge Machado.

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milhões de euros foi o saldo da balança comercial do setor têxtil português no primeiro trimestre

MO ABRE POP-UP STORES PARA MÁSCARA QUE INATIVA O CORONAVÍRUS

TRICOTHIUS ASSUME PRODUÇÃO DA MARCA CRISTINA A Tricothius, empresa do grupo Valérius, fechou uma parceria com Cristina Ferreira e assume a partir de agora o design, produção e comercialização do segmento de vestuário da marca Cristina. A coleção inaugural, dada a conhecer durante o MODTISSIMO e intitulada “Time Changes”, conta com 65 peças de moda, num total look feminino. A sinergia entre a empresa têx-

til e a apresentadora de televisão surgiu a partir da revista Cristina, onde a Tricothius é uma anunciante habitual. “Somos anunciantes na revista através da nossa marca Concreto, e surgiu a oportunidade de termos uma reunião com a Cristina Ferreira. Pensávamos sinceramente que seriamos capazes de desenvolver uma coleção nos moldes dela, desenhada especificamente para a identidade dela, e foi isso

que fizemos”, contou Teresa Marques Pereira, CEO da Tricothius. “Não é um projeto de private label, é mais que isso”, acrescenta a responsável pela empresa têxtil. “A coleção é desenvolvida de forma exclusiva para a Cristina e todas as peças passam pela aprovação conjunta: da nossa parte em relação aos materiais e produção, e da Cristina em relação ao design e ao estilo”, explicou. t

A MO abriu duas pop-up stores, uma em Lisboa, no centro comercial Colombo, e outra no Norteshopping, em Matosinhos, dedicadas unicamente à venda da MOxAd-Tech, a máscara que resulta da cooperação com a têxtil Adalberto e que tem a capacidade de inativar o novo vírus SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19. As pop-up stores, com duração prevista de dois meses, estão localizadas no Piso 0 de ambos os shoppings. A MOxAd-Tech está também disponível para venda nas mais de 120 Lojas MO e online.


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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes

The Feeting Room – House of Labels Passeio Alegre, 550 4150-677 Porto

Ano de abertura 2020 Produtos Roupa e calçado de homem, mulher e criança, acessórios, cerâmica e publicações Conceito Ser um hub de descoberta onde a loja e as marcas trabalham em parceria Outras lojas Em Lisboa, no Chiado, e no largo dos Lóios, no Porto Outros Serviços O Negra Café, que serve refeições e faz serviço de cafetaria Vendas Online Em thefeetingroom.com, numa lógica de onmicanalidade com as lojas

ROSELYN COMBATE DESPERDÍCIO E AJUDA NA FORMAÇÃO DE JOVENS A designer Roselyn Silva é uma das novas embaixadoras da Danone, que reformulou a sua comunicação. “Corpos Impressionantes” conta a história de três mulheres de sucesso que são também solidárias. O projeto voluntário de Roseyln Silva, de apoio à formação de jovens e doação de desperdício têxtil a instituições sociais, é um dos destacados. “É um projeto que já desenvolvo há cerca de quatro anos”, conta a designer natural de São Tomé e Princípe, que vive em Portugal desde os quatro anos.

"Na primeira semana produzimos 80 mil máscaras, a seguir 150 mil pouco depois já estávamos na casa das 600 mil" Armindo Pimenta Machado Fundador da Arpitex

The next big thing O grande casarão na rua do passeio alegre, que com as suas cinco janelas olha imponente sobre a rua e a imensidão do mar azul, faz adivinhar as igualmente grandes pretensões do The Feeting Room (TFR), que encontrou neste espaço da Foz do Porto uma nova casa para o seu projeto. Um espaço que espelha os grandes planos que este marketplace omnicanal tem para o futuro: em conjunto com a abertura desta nova loja, apelidada de “House of Labels”, o The Feeting Room dá os primeiros passos no seu plano de internacionalização e investe na presença online. Foi após uma viagem aos Estados Unidos que os fundadores do TFR, Guilherme Oliveira e Edgar Ferreira, decidiram que estava na hora de partir para a abertura de um novo espaço, desta vez focado em dar ainda mais destaque às marcas, numa lógica de shop in shop – ou seja, uma loja dentro da loja – onde cada marca teria um espaço de exposição específico para os seus produtos. Quando foi a altura de escolher o local, quiseram fugir da Baixa do Porto, onde o boom do turismo afastava os clientes portugueses, mas ao mesmo tempo não estavam dispostos a abdicar do poder de compra dos compradores estrangeiros. Até que um dia Guilherme se deparou com o edifício durante um passeio pela Foz. O momento eureka surgiu quando viu o sinal de paragem do elétrico número 1 mesmo em frente à porta. “Aqui estamos longe da confusão turística na baixa, mas temos o elétrico que, em era pré-Covid, nos deixava ficar à porta cerca de 800 turistas por dia. Agora são menos mas mesmo assim não nos podemos queixar. Ao

mesmo tempo, conseguimos captar a atenção dos habitantes desta zona, assim como dos de Matosinhos, que fogem da Baixa”, revela Edgar Ferreira. Escolhido o local e o conceito, só faltava selecionar as marcas, ao todo 36 de entre as mais de 100 que neste momento têm presentes nas outras lojas. O critério: aquelas que se adequassem melhor ao novo local e que melhor conseguissem espelhar o conceito do projeto. No entanto, aqui não há lugares cativos e a ideia é que haja grande rotatividade de talentos no espaço. “Nós somos uma hub de descoberta de talentos. Não se trata de ter a The big thing mas sim a The next big thing, aquela que ainda ninguém descobriu ou deu oportunidade”, reforça Edgar. Cada marca tem o seu espaço designado dentro da loja, com uma placa que a identifica conta ao cliente a sua história. E porque casa nova, vida nova, este novo espaço significou também a abertura a um segmento infantil, até agora inexplorado. “Éramos constantemente contactados por marcas de vestuário infantil que queriam fazer parte do nosso projeto e vimos que muitas delas tinham percursos interessantes e muita qualidade. Decidimos arriscar. Caso corra bem, podemos até avançar para um spin-off e criar um TFR só para marcas de criança”, revela Guilherme Oliveira. Em marcha estão também os planos de abertura de duas lojas TFR na Europa Central, uma na Alemanha e outra na Áustria, assim como uma parceria com uma cadeira internacional de hotéis – que detém 80 espaços – para integração do conceito The Feeting Room num espaço teste numa das localizações do grupo que, a correr bem, se irá alargar a outros locais. t

LIDL TEM LINHA DE MÁSCARAS CERTIFICADAS PELO CITEVE

PORTUGAL FASHION E DOTT ONLINE NA MODA DE AUTOR

A cadeia de supermercados Lidl disponibiliza desde o final de agosto uma linha de máscaras sociais reutilizáveis para adulto e criança da marca Ambar e com certificação do CITEVE. As máscaras, feitas em tecido de múltiplos padrões e cores, são laváveis, antibacterianas e totalmente produzidas em Portugal.

As propostas de autor dos designers do Portugal Fashion estão agora disponíveis na plataforma de e-commerce Dott. Luís Buchinho, Katty Xiomara, Susana Bettencourt, Pé de Chumbo e Rita Sá são alguns dos designers com peças disponíveis para venda online no novo Portugal Fashion Digital Store by Dott.

1,8 milhões de euros foi quanto investiu a Lipaco na renovação de equipamentos

TÊXTIL DÁ MAIS CONFORTO AO CAMPEÃO

O têxtil está em todo o lado, já se sabe, mas o que Sérgio Conceição não saberá é que foi confortavelmente sentado em produto da têxtil nacional que deu nas vistas à chegada ao centro de treinos do FCPorto para o arranque da nova temporada. O destaque foi para o seu novo Lamborghini Urus, um SUV de prestígio cujos assentos são fabricados pela Coindu, a fábrica de Famalicão que, entre outros, equipa também modelos da BMW, Audi, Porsche e Renault. O têxtil está mesmo em todo o lado, e o made in Portugal sempre associado aos melhores.


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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves

iHeatex

Desenvolvido pela JF Almeida, CeNTI e CITEVE

O que é? Uma nova tecnologia de felpos multifuncionais e inteligentes, com um sistema electrónico que permite o aquecimento e a regulação térmica das peças Para que serve? Para a produção de têxteis-lar inovadores, como toalhas que absorvem a humidade ou um roupão com controlo de temperatura Estado do Projeto? Prototipagem e ensaios finais. Será lançado no mercado em Janeiro

ENDUTEX RECEBE ELOGIOS EM VISITA GOVERNAMENTAL O secretário de Estado da Economia, João Correia Neves, visitou recentemente a Endutex, onde deixou rasgados elogios à atividade da empresa que é líder europeia na produção de têxteis técnicos. “Um exemplo de resistência em tempos difíceis”, sublinhou o governante. “Uma das melhores empresas portuguesas e europeias na área dos têxteis técnicos”, destacou o governante no final da visita guiada pelo presidente da empresa, Vitor Abreu, em que teve ainda a companhia do diretor geral do CITEVE, Braz Costa, e do Presidente da Câmara de Santo Tirso, Alberto Costa.

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países têm já patenteadas as Prevent Sprain, as meias anti-entorse da CM Socks

PRÉMIOS TERRE DE FEMMES COM CANDIDATURAS ATÉ 30 DE SETEMBRO A 12ª edição dos Prémios Terre de Femmes, uma iniciativa da Fundação Yves Rocher e que têm como objetivo galardoar projetos no feminino na área da sustentabilidade ambiental, está aberta a candidaturas até ao dia 30 de setembro. Recorde-se que na edição anterior, uma das premiadas foi Helena Antónia Silva, que lidera o projeto Vintage for a Cause. Nesta edição estarão disponíveis 18 mil euros para distribuir por três projetos nacionais liderados por mulheres, havendo ainda a possibilidade de seleção de um prémio internacional.

Um roupão também rima com inovação, diz a JF Almeida “É necessário aplicar a lógica dos têxteis-técnicos aos têxteis-lar, as pessoas ainda associam muito este setor a peças tradicionais”. A reflexão é de João Almeida, administrador da JF Almeida, empresa que tem em curso uma série de projetos com os centros de investigação CITEVE, CeNTI e Fibrenamics. O primeiro chama-se iHeatex e promete uma revolução nos têxteis de banho, com a introdução de fios condutores em peças de felpo. Toalhas que secam mais rápido – e que se mantém quentes – ou um inovador roupão, capaz de aquecer o corpo, são algumas das novidades que a empresa quer lançar no mercado já no próximo ano. Com o projeto de inovação ainda em curso, o roupão é para já a estrela da companhia e o resultado mais visível do catálogo de inovações da JF Almeida. “É um processo que na realidade começou há dois anos e meio, quando criamos um grupo interno de I&D. Começamos a disparar ideias: que produtos gostaríamos de produzir? Para que mercados?”, conta João Almeida. A ideia, desenvolvida em parceria com o CITEVE e o CeNTI, consiste no desenvolvimento de uma nova geração de felpos. “As peças têm um sistema de aquecimento, através de fios condutores, inseridos na estrutura por tecelagem, e que funcionam como resistências”, resume Cristina Oliveira, responsável do CITEVE pela gestão técnica do projeto. Ao aquecer de forma instantânea e manter a temperatura estável, a peça promete garantir um maior conforto, não só para o dia-a-dia, mas como complemento na terapia de lesões. Para isso, a tecnologia é também capaz de moni-

torizar a temperatura. “Imaginemos que o artigo ultrapassa os 40 graus, fica desativado porque já atingiu a temperatura ideal”, explica. No caso do roupão, a equipa de investigação criou até duas zonas autónomas, uma junto ao pescoço, e outra na lombar, com sensores autónomos. “É uma solução que nos permite intercalar a ativação, pode estar ligado num deles e desativado noutro, o que torna o gasto da bateria mais eficiente”, adianta a técnica do CITEVE. A poucos meses do fim do projeto, o roupão já foi submetido a uma bateria de testes: ensaios de lavagem, de validação electrónica, de solidez dos tintos e da cor, consistência mecânica das estruturas, etc. Para a JF Almeida, o objetivo é introduzir o roupão no mercado já no próximo ano. O primeiro protótipo foi apresentado na Heimtextil, em janeiro, e suscitou a curiosidade de muitos clientes. “As pessoas queriam tocar-lhe, faziam perguntas, mas o projeto ainda não estava terminado”, lembra o administrador da empresa. Para a têxtil-lar, o iHeatex será um primeiro passo numa diversificação para uma nova frente: a saúde e o bem-estar. “Primeiro vamos apresentá-lo aos nossos clientes habituais. Depois vamos apresentar numa feira mais focada na área da saúde, porque este produto é pensado para SPA, clinicas de reabilitação, hospitais, etc.”, esclarece João Almeida, adiantando que a empresa tem em desenvolvimento mais dois projetos, um com o CITEVE e a Têxteis Penedo, e outro com a Fibrenamics da Universidade do Minho, ambos vocacionados para a mesma área. t

"O tema da transformação digital é algo que está em movimento e é um comboio a alta velocidade" Manuel Gonçalves Administrador do Grupo TMG

RICARDO QUARESMA, PONTA DE LANÇA DA GIANNI KAVANAGH

Foi sem aviso prévio que a Gianni Kavanagh levou Ricardo Quaresma, um dos embaixadores da marca portuguesa de streetwear, até à Baixa do Porto para protagonizar uma sessão fotográfica assinada pelo fotógrafo Victor Hugo. Esta não é a primeira vez que o jogador de futebol dá a cara pela marca lusa, tendo chegado à Avenida dos Aliados ao volante de um provocante Lamborghini Huracán, para uma sessão fotográfica que se estendeu às zonas dos Clérigos e da Cordoaria. “Já trabalhei várias vezes com o Quaresma e é fabuloso. É muito profissional e trabalha muito bem também como modelo e estou muito satisfeito com o resultado final”, relatou o fotógrafo Victor Hugo.


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GARLAND CRESCE NO E-COMMERCE E ABRE NOVO CENTRO LOGÍSTICO

MEIA PATA CHEGA AOS EUA COM DISTRIBUIDOR EM NOVA IORQUE Mesmo num ano atípico e difícil, a Meia Pata tem conseguido alargar horizontes e chegar a novos mercados. Depois da Rússia, em janeiro, a marca portuguesa de moda infantil chegou agora ao mercado norte-americano, sendo que as primeiras encomendas já seguiram para Nova Iorque. Com um novo distribuidor para os Estados Unidos, a entrada no país do Tio Sam era mesmo um dos grandes objetivos para a Meia Pata em 2020.

"Temos custos energéticos e com o tratamento de água muito elevados. Com a agravante de que parece que estamos num país terceiro-mundista, porque quando queremos tratar a nossa água não nos deixam" O crescimento significativo do e-commerce em Portugal, tal como em todo o mundo, reforçado este ano pela pandemia da Covid-19, está a contribuir para o aumento do volume de negócios da Garland. No ano passado, a faturação relativa a este setor cresceu cerca de 85% e a empresa avança agora com a instalação de mais um centro logístico focado no apoio ao setor têxtil e da moda. Desde março que a atividade para o e-commerce da empresa portuguesa de logística, transportes e navegação viu o número de expedições diárias aumentar em 50%, face ao período homólogo, o que impulsionou o investimento num novo centro de logística, na zona Norte do país. Ricardo Sousa Costa, administrador do Grupo Garland, responsável pelo negócio da Logística, afirma que já estão “aprovados investimentos significativos, estando em fase de projeto a abertura de um novo centro de logística na zona Norte”. Atualmente, dedicados ao e-commerce, a empresa dispõe de 6.400 m2 no Centro Logístico em Cascais, 1.000 m2 nos dois centros de Aveiro, 12 mil m2 em dois pólos localizados na Maia e ainda 1000 m2 no centro de Vila Nova de Gaia.

O novo investimento a Norte passa, de acordo com Ricardo Sousa Costa, por uma estratégia de expansão que tem como principal objetivo corresponder a um setor “que tem tido e virá a ter ainda mais no futuro uma procura crescente”, explica o administrador. Fundada em 1776, foi há sensivelmente quatro anos que a Garland Logística iniciou o seu plano estratégico de aposta no e-commerce, sendo que em 2019 a empresa registou um crescimento de 85% na faturação relativa às operações de comércio eletrónico face ao ano anterior. Uma situação que, de acordo com o administrador da empresa, “só vem reforçar o acerto da estratégia e visão da Garland quando há quatro anos decidiu focar-se nesta atividade”. De referir que a empresa tem na sua actividade uma forte relação com o setor do têxtil, vestuário e moda, onde se destacam clientes e marcas como a Farfetch e a Ecco. De acordo com dados fornecidos pelo departamento de comunicação da empresa, só em 2019 a Garland Logística movimentou cerca de 9,5 milhões de peças de roupa e 3 milhões de pares de sapatos na totalidade dos 85 mil m2 de área de armazenagem que detém presentemente em Portugal. t

Joaquim Almeida CEO da JF Almeida

URUGUAI APOSTA NA EXPORTAÇÃO DE CÂNHAMO O Uruguai está próximo de ter a cannabis como um dos seus principais produtos de exportação, após o governo do país assinar decretos que facilitam o segmento a escoar o stock que acumula desde 2018. A Câmara de Empresas de Cannabis Medicinal do Uruguai estima que as exportações de cannabis medicinal e cânhamo podem atingir 120 toneladas neste ano e a previsão é que os produtos derivados da cannabis gerem mais de 50 milhões de euros em receitas vindas do exterior, num crescendo que vem desde a edição de 2012.

400 mil

euros investiu a Lineforyou numa linha de produção de EPI

DIELMAR ADERE À SPRINGKODE COM COLECÇÃO DE MÁSCARAS A Dielmar é a mais recente entrada no catálogo da Springkode, a plataforma online portuguesa que procura fazer a ponte entre a indústria têxtil e os consumidores. A empresa especializada na confecção e alfaiataria adere à plataforma de e-commerce com o lançamento de uma colecção de máscaras reutilizáveis certificadas pelo CITEVE.

SAMPEDRO INVESTE NO DIGITAL E PREPARA CENTENÁRIO

ASSOCIAÇÕES TÊXTEIS EM ‘OFENSIVA’ DIPLOMÁTICA AO GOVERNO

A totalidade da fileira têxtil reuniu em finais de agosto com o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital e com o secretário de Estado da Economia, para discutir as medidas de apoio às empresas do setor e de defesa dos postos de trabalho. Estiveram na reunião todas as quatro associações representativas do setor - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Associação Nacional dos Indústrias de Lanifícios, Associação Nacional das Indústrias de Têxteis-Lar e Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção – e o Ministério mostrou grande abertura para debater as medidas que o setor considera fundamentais para ultrapassar o contexto de crise. t

Enquanto prepara a comemoração do seu centenário – que completa em 2021 – a têxteis Sampedro aposta no reforço da presença no digital com vista à expansão internacional. A par da criação de um novo website, a empresa entregou a uma empresa especializada a gestão das suas redes sociais. Simão Moreira Gomes, presidente da Sampedro, destaca o “interesse em dar a conhecer o design exclusivo e a qualidade das matérias-primas dos nossos produtos em mercados altamente competitivos. Uma presença harmoniosa na web e nas redes sociais é obrigatória.”


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M EMERGENTE Miguel Carvalho Business Inteligence da Fitecom Família Vive com a mulher, Susana (engenheira, com uma empresa na área da Biologia Alimentar) e o filho de ambos, Rafael, de 2 anos Formação Engenharia Eletrotécnica, mais um MBA e formação em Gestão de Processo Têxtil, tudo na UBI Casa Moradia em Tortosendo (em construção) Carro BMW Série 4 Coupé Portátil Sony Vaio e Toshiba Satélite Telemóvel Samsung Galaxi S9 Hobbies “Automóveis antigos, sobretudo, e agricultor de fim-de-semna” Férias Praia, quase sempre no Algarve Regra de Ouro “Sem trabalho não há sucesso”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Miguel é o “nó-ni-nó” da Fitecom A intuição é do Rafael, que aos dois anos já diz que quando toca o “nó-ni-nó” do telemóvel do pai é sempre alguém da Fitecom. E é tal a ligação à empresa que até se pode dizer que Miguel Carvalho também foi crescendo agarrado ao desenvolvimento da fábrica de lanifícios da qual o pai foi um dos fundadores. “Lembro-me do dia em que nasceu a empresa, tinha 10 anos”, assim como diz guardar também bem vivo na sua memória de criança o momento dos primeiros investimentos. A ligação foi sempre de intensa proximidade – “pedia ao meu pai para ir ver os novos teares” – e quando arrancou a construção do novo pavilhão, no parque industrial de Tortosendo, até ia aos fim-de-semana trabalhar para a obra. “Punha-me à porta do quarto do meu pai para ele não sair sem mim”, conta. Agarrava-se ao pai só para poder estar na empresa. E até as aulas de Karaté em criança, que obrigavam o pai a transportá-lo, para isso era pretexto. De tal forma, que quando chegou a hora da faculdade não foi fácil a negociação. Os pais, ambos também docentes na UBI, insistiam que era importante sair da Covilhã, respirar outros ares. Não pela pureza, claro! E o cosmopolitismo de Lisboa e do Técnico parecia-lhes o mais indicado. Mas estar longe da fábrica nunca foi uma opção (“receava o desligamento, a ideia de não voltar”), e só acedeu em colocar o Técnico como segunda opção seguro de que entraria na Covilhã. Não foi estratégico, mas o facto de na UBI os anos alternarem com blocos de aulas concentrados apenas na manhã ou na tarde – quem tenha cadeiras em atraso pode assim frequentar as aulas – permitiu-lhe por um pé bem firme dentro da Fitecom. Foi preciso negociar, mas lá conseguiu um regime em part-time com o compromisso de nunca por em causa o desempenho académico. Coisa que cumpriu de forma tão empenhada que foi até o primeiro aluno do curso a concluí-lo sem nunca ter uma cadeira em atraso. Uma oportunidade de ouro, já que coincidiu com um período de renovação tecnológica da empresa. E o estudante de eletrotécnica sentia-se como peixe na água. “Estava no quarto ano quando a Fitecom reestruturou a tinturaria, com novas máquinas e um sistema completamente automatizado. Fiz formação, acompanhei toda a montagem e dei formação aos funcionários”. Na faculdade até ajudava os professores na parte prática, com explicações aos colegas. Foi convidado a dar aulas e entrar no doutoramento no final do curso – o que os pais também incentivavam – mas a fixação na Fitecom não lhe permitir sequer colocar a hipótese de afastamento. Fui tudo muito a sério para assumir uma função da empresa. Houve uma reunião com os três sócios, da qual saiu como responsável pela manutenção da empresa. Estava concretizado o sonho, mas a têxtil tem hoje exigências alargadas. Agarra-se ao MBA em Gestão logo que abriu na UBI – “uma experiência muito boa, também pelos colegas” – e é também dos primeiros a entrar na formação em Gestão do Processo Têxtil, uma lacuna - “conhecia o processo têxtil, sabia o que fazer, mas faltava a teoria, o saber porquê” - que sentia deste que entrou na empresa. Hoje, é a quem ligam quando há alguma coisa para tratar e orgulha-se da intuição do filhote, que o olha como o “nó-ni-nó” da fábrica. “Não sou especialista em nada mas faço um pouco de tudo. Gestão, produção, manutenção e até na parte comercial”, a par das feiras em que também participa (“nunca falho a Première Vision”). Projetos? No mínimo, continuar o legado do pai e dos sócios, mas também manter consensos e concretizar outras ambições, “até porque há uma otima relação com os filhos dos sócios”. t


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a MUNDO VERDE

de redução do consumo de água na lavandaria é o objetivo da Salsa

"Portugal é identificado como ponta de lança na inovação aliada à sustentabilidade" Ana Tavares Fundadora da We Sustain

EASTMAN NAIA LANÇA NOVA FIBRA CELULÓSICA A Eastman, produtora do fio de acetato Naia™ de origem sustentável, anunciou a expansão do portefólio da marca com uma nova fibra celulósica cortada. A Naia™ oferece assim mais um material versátil e com consciência ecológica para a produção de moda sustentável. A fibra celulósica Eastman Naia™ é totalmente rastreável e sustentável feita à base de polpa de madeira. O portefólio de fibras sustentáveis Naia™ inclui fibras celulósicas cortadas e fios celulósicos de filamento contínuo, dando aos designers mais versatilidade na criação. Características como toque sedoso e cores ricas, conjugadas com conforto e facilidade de tratamento, fazem do fio de filamento Naia™ o componente perfeito para tecidos, malhas e confeção. A fibra cortada Naia™ tem uma suavidade inerente, secagem rápida e reduz o pilling. Combina bem com outros materiais ecológicos, como o liocel, o modal e o poliéster reciclado – para produzir tecidos/malhas e vestuário sustentáveis. “Os designers e os fabricantes de moda feminina procuram teci-

A Prada obteve um empréstimo de 50 milhões de euros a cinco anos para financiar a sua aposta na sustentabilidade, e o serviço da dívida está indexado a uma série de objetivos – entre os quais avulta a capacidade de obter a certificação sustentável Leed Gold ou Platinum, o reforço da formação dos seus funcionários, ou o uso de nylon reciclado, uma parceria entre a Prada e o produtor de fios têxteis Aquafil, obtido através da reciclagem de resíduos plásticos recolhidos nos oceanos.

ALBANO MORGADO COM 100% LÃ ECO-FRIENDLY A nova fibra, feita à base de polpa de madeira, caracteriza-se pela suavidade e secagem rápida

dos sustentáveis para satisfazer a procura de clientes exigentes, que se preocupam com os materiais com os quais são fabricadas as suas roupas. A fibra celulósica Naia™ está no patamar de conforto e luxo porque permite a criação de tecidos suaves e agradáveis à pele em cores ricas e vibrantes com um cair sumptuoso”, revela Ruth Farrell, diretora de marketing global de têxteis da Eastman. A fibra Naia™ é produzida num processo de ciclo fechado, onde os solventes são reciclados e reutili-

zados. O produto recebeu a certificação OEKO-TEX® STANDARD 100 como um produto Classe I, o que significa que pode ser usada com segurança em qualquer material têxtil que tenha contacto com a pele e é perfeita para uso em roupas infantis. Recebeu também a certificação ‘OK biodegradável’ da TÜV AUSTRIA para água doce, solo e compostagem industrial, o que significa que se degrada sem prejudicar o ambiente. Recentemente recebeu a certificação ‘OK compost’ para ambientes domésticos. t

NEONYT BERLIM CONFIRMA JANEIRO E JÁ TEM INSCRIÇÕES ABERTAS Especializada em moda responsável e sustentável, a Neonyt Berlim vai decorrer de 19 a 21 de janeiro e tem já abertas as inscrições. Com presença assídua de marcas e empresas portuguesas empenhadas na produção sustentável, a última edição contou também com o showcase Green Circle. A feira de moda sustentável, inovação e produtos cosméticos amigos do ambiente promovida em Berlim pela Messe Frankfurt acaba de anunciar que estão aber-

PRADA: 50 MILHÕES PARA A SUSTENTABILIDADE

tas as inscrições para a próxima edição. Em Janeiro passado participaram nesta feira 10 empresas portuguesas, que viram a sua participação enriquecida com o Fórum “Green Circle”, uma mostra de produtos inovadores organizada pelo CITEVE em parceria com a Associação Selectiva Moda. Como novidade, os organizadores informam que “de modo a acolher empresas que habitualmente produzem em regime de private ou white label, a Neonyt

irá ter pela primeira vez em 2021 uma área dedicada a este tipo de negócio”. Para participar como expositor é necessário submeter um Questionário de Sustentabilidade a um júri especializado e proceder à inscrição online. No caso de as empresas ou marcas que pretendam usufruir de apoios no âmbito de projetos de internacionalização ao abrigo do Portugal 2020, devem contactar a representação da Messe Frankfurt em Portugal. t

Foi na recente Milano Única que a Albano Morgado apresentou uma coleção 100% lã eco-friendly. “Continuamos a apostar nos produtos 100% lã e temos hoje linhas cada vez mais aproximadas à natureza. Exemplo disso é a nossa linha Ecolife, que é toda trabalhada sem adição de produtos químicos. Temos também a linha Naturelife, inspirada nos quatro elementos da natureza: terra, fogo, água e ar”, explicou Baltazar Lopes, administrador da empresa.

"As principais armas da ITV portuguesa são a economia circular e uma cada vez maior aposta na digitalização" Mafalda Pinto CEO da SCOOP

GUCCI ADERE AO MODELO CIRCULAR Batizada Gucci Off The Grid, é a primeira coleção da marca sob o modelo de reaproveitamento de materiais, fotografada e filmada em Los Angeles, com figuras como Jane Fonda, David de Rostchild, Lil Nas X, Miyavi e King Princess. É a primeira coleção da linha Circular Lines da Gucci, cujas roupas e acessórios são feitos com materiais reciclados, orgânicos, de base biológica e origem sustentável.


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quality impact arquitetura e soluções de espaços

Rua do Cruzeiro, 170 R/C | 4620-404 Nespereira - Lousada T. 255 815 384 / 385 | F. 255 815 386 | E. geral@qualityimpact.pt


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves

Sheraton Porto Hotel & Spa Rua Tenente Valadim 146, 4100-476 Porto

O que faz? Especialista na organização de eventos e em alojamento corporate Condições Covid-19 Desde junho retomou de forma gradual a organização de congressos, jornadas setoriais e reuniões de empresas Espaços Mais de 10 mil m2 de espaço interior, dividido entre salas de reuniões e áreas de lazer, a que se soma um jardim com 4 mil metros Fundação 2004 Equipa 220 colaboradores

NIKE E UNDER ARMOUR APOIAM PROTESTOS CONTRA O RACISMO Solidárias com o boicote dos jogadores da liga de basquetebol americana, a marcas Nike e Under Armour vieram publicamente garantir o seu apoio aos atletas da NBA que se recusaram a jogar como protesto por um homem negro ter sido mortalmente baleado por um polícia. Em comunicado, a Nike enfatiza a sua solidariedade com os jogadores, não só da NBA mas também das diversas modalidades, enquanto a Under Armour adiou mesmo o lançamento da nova coleção, uma parceria com o ator Dwayne Johnson (“The Rock”). “Apoiamos todos aqueles no desporto que estão a exigir uma mudança na sociedade nos EUA e no globo”, vincou a marca de moda numa comunicação à imprensa.

"Os alemães estão muito virados para a vertente ecológica, dão muita importância à certificação GOTS e aos produtos em bambu" Alfredo Moreira Fundador da Baby Gi

VENDAS DA MANGO COM NÍVEIS PRÉ-COVID APOIADAS NO ONLINE As vendas da Mango em alguns dos seus principais mercados europeus estão a recuperar rapidamente, aproximando-se dos níveis de vendas alcançados no primeiro semestre de 2019, ano em que a empresa atingiu um recorde histórico de vendas. Bons resultados que são uma consequência direta do crescimento na marca no mercado online, principalmente entre os meses de março e junho, quando a faturação aumentou 50% em relação ao mesmo período do ano anterior.

“Organizar eventos continua a ser possível” A pandemia foi um desafio inesperado – “quem poderia imaginar que o mundo ia parar”, desabafa Joana Almeida, diretora geral do Sheraton – mas agora, a pouco e pouco, torna-se numa nova normalidade. Especializado na organização de eventos corporate, o hotel portuense viu-se obrigado a um confinamento durante os primeiros meses, mas agora está a retomar o ritmo pré-covid, acompanhado pela afirmação de novas e exigentes medidas de segurança. “Organizar eventos continua a ser possível”, garante a responsável pela unidade hoteleira. Habituado desde 2004 a lidar com a organização de eventos – logo no ano de abertura tornou-se um dos hotéis oficiais do europeu de futebol – o Sheraton tem no currículo todo o tipo de eventos profissionais: congressos, reuniões sectoriais, jantares volantes, jantares de cerimónia, apresentações, e até pequenas feiras empresariais – já foi palco do MODTISSIMO, por exemplo. Tem ainda espaços reservados, que disponibiliza a empresas para reuniões. Um universo de serviços que se viu interrompido com a pandemia. “Só em junho começamos a poder realizar alguns eventos, no início com maiores restrições, agora já mais próximos do que estávamos habituados”, conta Joana Almeida. Um dos trunfos foi o jardim, especialmente com a chegada do verão. Com 4 mil m2 recebeu alguns dos eventos, como o desfile PFN Novos Criadores, que assim pôde realizar-se com a presença de uma audiência de convidados.

Agora, a missão do hotel passa por dar provas de que é possível organizar eventos mesmo no atual contexto de pandemia. “Tudo se trata de uma questão de risco, e nós queremos diminuí-lo para todos, para os nossos convidados, mas também para a equipa que faz o hotel trabalhar todos os dias”, destaca a diretora geral do Sheraton. As salas de reuniões e conferências, que são agora desinfetadas entre cada evento, foram adaptadas às novas exigências. “Eliminamos tudo o que fosse dispensável, alargamos os espaços, colocamos a sinalética necessária e estamos equipados com dispensadores de gel. Uma questão muito importante é a ventilação do hotel, que é feita através de um sistema que promove a circulação do ar, não o colocando em circuito fechado”, destaca a diretora-geral. Nos quartos e no restaurante os mesmos cuidados foram seguidos. Como a ocupação do hotel ainda não atingiu os números pré-covid, os quartos não só são desinfetados, como ficam fechados por um período de 24 horas. Novas regras que já se tornaram normalizadas. “A nossa experiência com estes eventos é que as pessoas estão muito conscientes dos cuidados a ter. Nós temos assinalada a obrigatoriedade de utilizar máscara, por exemplo, mas já se tornou tão habitual que nem era preciso ter. O mesmo acontece com as distâncias de segurança, com as aglomerações, todos procuram evitar riscos, e o nosso trabalho consiste em dar condições para que os eventos ocorram, com segurança, mas também com essa naturalidade”, conclui Joana Almeida.t

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metros quadrados foi em quanto a Borgstena alargou a sua área produtiva da para a produção de equipamentos e proteção

QUOVADIS FAZ MÁSCARAS PARA O MUSÉE D’ORLÉANS

A empresa portuguesa Quovadis, dedicada à importação e exportação de têxtil, calçado e decoração, produziu um conjunto de máscaras sociais para o Musée des Beaux-Arts d’Orléans, estampadas com imagens das obras de arte presentes no museu. O convite partiu de um marchand d’art luso-francês com ligações ao museu, que abordou Luísa Barradas, a commercial manager da empresa, na altura já a produzir máscaras sociais para o mercado alemão e inglês.


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OPINIÃO O MITO DE QUE O PORTUGUÊS PRODUZ POUCO Noel Ferreira Vice-Presidente da ATP

NEM TODOS QUEREM SER ENGENHEIROS Manuel Pinheiro Membro da Direção da ATP

Há uns anos atrás, estava num seminário em Guimarães. O palestrante era designer e contou uma experiência muito elucidativa: era expositor em Paris e o stand era muito visitado. Tratava-se de cortiça, setor onde Portugal é líder. Um visitante estava fascinado com o produto e perguntou de onde vinham. “Somos portugueses” ao que a resposta foi “para portugueses, são muito caros” e saiu. E se fosse alemão ou francês? Resumindo: o mesmo produto não tem o mesmo valor, consoante a origem. Aqui temos a perceção do valor do produto. A partir de abril de 1974, Portugal encetou um caminho de crescimento e o setor têxtil foi o espelho desse progresso. Chegou a mais de 20% das exportações nacionais. Porém, fomos e somos ainda grandes especialistas em private label (produzir para marcas que não são propriedade do produtor) mas cada vez mais distanciada dos quase 100% de outrora. Para quem está familiarizado ou minimamente informado, sabe-se que a relação do preço entre a saída da fábrica e ao consumidor (markup) começa em 2,2 e pode ir a mais de 8, embora com o IVA incluído. Se o nosso produto é vendido a 10 e revendido por 40 numa loja qualquer do Mundo, temos um markup de 4, o que é muito corrente. Para onde vão os 30? Aí está a grande diferença. A detentora da marca tem com certeza uma estrutura que custa dinheiro e também retira o proveito, não fosse esse o objetivo de qualquer empresa, seja ela de qual ramo for. Fica também o IVA para o fisco. Não está aqui em causa se é justo um markup de 4. Até pode ser insuficiente em alguns

As pessoas são o ativo mais importante para qualquer empresa. A qualificação e formação dos recursos humanos é um fator fundamental das organizações. Estamos, no entanto, a falar de pessoas e como tal este ativo deve ser gerido de forma distinta de todos os restantes ativos. Todos nós temos projetos de vida. A forma como equilibramos o trabalho, a família, o descanso, os hobbies e os nossos objetivos diferem de pessoa para pessoa. Parece certo que determinados indivíduos têm uma maior disponibilidade para dedicar uma maior parte das suas vidas à sua carreira profissional. Estão assim dispostos a gastar mais tempo em todos os aspetos desse envolvimento, nomeadamente trabalhar mais horas, continuar a trabalhar mesmo fora do ho-

casos. O que interessa reter é que quem compra a matéria prima e produz tem uma pequena participação no preço. Aqui chegados, vamos a contas: quem faturou mais? Aquele que vendeu a 10 ou 40? Obviamente que é este. Assim a produção é medida e assim conta. Sendo a concorrência interna muito grande, a Turquia e Extremo Oriente mais fortes ainda, quem determina o preço não é o produtor. É o cliente, pois ele decide onde encomendar. Um dos desafios do private label é ser melhor que a concorrência, mas não pelo produto pois esse é determinado pelo cliente. Ser tomador de preço é assim a triste sina da maioria das empresas. A diferenciação pela especialização, pelo serviço, pela qualidade e alguns fatores mais constituem o que de bom se tem feito e daí Portugal ser bom no setor têxtil. Porém, só o avanço na cadeia de valor vai poder conceder ao empresário português o estatuto de gerar valor. Quando os tais 40 forem faturados aqui, os números vão subir. Até lá, há que investir nas marcas para podermos arrecadar a margem de comercialização nas fases seguintes do negócio. Esse trabalho é longo e requer uma estratégia de longo prazo e que pode muito bem ultrapassar uma geração. No entanto, a pandemia alterou o panorama da distribuição por via da alteração do perfil do consumidor. As vendas online aceleraram e há uma janela de oportunidade para novos negócios. Assumamos que ser produtor é uma mais-valia e que podemos ter uma posição de charneira. A ideia de que “o trabalhador português produz menos que a maioria dos europeus” é, assim, um equívoco.t

rário de trabalho atendendo o telemóvel, trabalhar no portátil em casa, participar em ações de formação para melhorar o desempenho profissional, etc. No atual contexto de pandemia, em que muitos ficaram em teletrabalho, é frequente ouvir os lamentos de que se acaba por estar mais tempo disponível para o trabalho nestas circunstâncias. Também existem pessoas que apenas estão dispostas a dedicar ao trabalho o tempo indispensável para lhes proporcionar um rendimento capaz de suportar o nível de vida que entendem adequado. As motivações podem ser diversas, nomeadamente dedicar mais tempo a acompanhar os filhos, ao desporto, artesanato, artes amadoras, hobbies ou outras atividades menos rentáveis como a agricultura. Não nos compete julgar as motiva-

ções de cada indivíduo. Compete-nos talvez criar condições para que cada um tenha um lugar digno nesta sociedade e se sinta integrado na mesma. Nem todos queremos ser engenheiros mas todos deveremos ter direito a um emprego que nos garanta um nível de vida digno. Todos os trabalhadores são fundamentais no sucesso de uma organização, desde os mais qualificados aos menos qualificados. No entanto, o setor precisa de atrair jovens profissionais e de responder a desafios cada vez mais exigentes, sendo essencial que sejam criados empregos mais qualificados e em diferentes áreas para além da produtiva, sendo a formação, nomeadamente a profissional, muito importante para promover as diferentes competências dos trabalhadores e a competitividade das empresas. t


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Guilherme Paixão Research & Development Manager da Borgstena

AGREGAR AO NEGÓCIO VALOR AMBIENTAL E SOCIAL O nosso negócio é nossa responsabilidade e a oportunidade de contribuir para um futuro mais sustentável, obtendo a satisfação dos clientes externos e internos. Precisamos manter o nosso negócio lucrativo, agregando valor ambiental e social, com uma perspetiva de longo prazo, preocupados com o meio ambiente e atentos para entender as necessidades: conservação de energia; os benefícios da reciclagem; a necessidade de reduzir as nossas pegadas de carbono e poluentes e a importância de água limpa e acessível. A nossa empresa está empenhada em que o desenvolvimento que atenda às necessidades do presente não comprometa a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades, garantindo o equilíbrio entre o crescimento económico, o cuidado com o meio ambiente e o bem-estar social. O crescimento também significa aceitar a responsabilidade, encontrando soluções sustentáveis e protegendo o meio ambiente. A gestão sustentável é uma responsabilidade social partilhada. Isso significa que não estamos apenas preocupados em reduzir a nossa pegada ecológica como empresa, pois o nosso objetivo é envolver os nossos parceiros para contribuir para a melhoria da sustentabilidade. Juntos, criamos soluções para reduzir continuamente o impacto, fazer uma diferença positiva e promover o bem-estar. Desenvolvemos materiais e produtos com consciência e respeito para com os recursos naturais. Inspiramos colegas de trabalho e colaboradores a aumentar o conhecimento e a consciência para possibilitar uma vida mais sustentável. Este é o nosso princípio orientador para todas as operações da nossa organização. Estamos empenhados em cumprir, implementar e contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e como principal contribuição foram identificados vários ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável). Objetivos que passam por reduzir o nosso consumo de energia e água, uma vez que somos considerados consumidores intensivos de energia. Por isso, aumentar nosso uso de energia renovável influenciando/avaliando fornecedores em relação ao uso de energia renovável é uma prioridadem assim como a medição da nossa pegada de CO2 e definição de ações para reduzi-la. Assumimos também abordagens inovadoras que nos levarão a aumentar a conscientização sobre a importância do desenvolvimento sustentável de produtos e projetos para sistemas circulares. Selecionar fornecedores pela sua capacidade de cumprir requisitos ambientais e garantir transparência e rastreabilidade sabendo de onde vem a nossa matéria-prima é outro dos objetivos que guiam a nossa atuação. t

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Adelina Pinto e Ricardo Costa Vereadores da Câmara de Guimarães

GUIMARÃES, CIDADE DE CULTURA TÊXTIL Guimarães é história, cultura e património! Guimarães é trabalho, indústria e inovação! “Aqui nasceu Portugal” está inscrito na Torre da Alfândega e no coração da cada vimaranense. E realmente aqui nasceu um país, uma cultura diferente e uma forte indústria, principalmente a indústria têxtil. É nesta sinergia entre um território têxtil e um território de cultura que se prepara o futuro. Na afirmação clara que estes dois mundos não podem e não devem andar separados, na certeza que cada um fica mais rico na sua ligação com o outro. A exposição industrial de Guimarães em 1884, o ano que mudou Guimarães, foi o grande marco nesta construção dum território industrial. A industrialização das empresas no século XIX, a ligação a Manchester, o centro da Revolução Industrial Inglesa, vem marcar de forma incontornável uma cidade e um concelho virados para a indústria, para as grandes empresas, para a internacionalização e para a própria organização do território, que se vai ajustando à volta das grandes empresas. A esta forte marca industrial, o final do século XX e o início deste novo século acrescentam uma marca de Cultura. Além da valorização do património edificado com o selo de Guimarães, Património da Humanidade em 2001, Guimarães foi Capital Europeia da Cultura em 2012, um ponto de chegada, mas também um ponto de viragem na forma como a cultura é vista e assumida pelos vimaranenses e por todos que nos visitam. É em 2012 que nasce a Bienal Contextile, uma bienal que assumiu este desafio de fazer a ligação entre estes dois mundos: a cultura e o têxtil. A Contextile cuida da memória coletiva, representa-a artisticamente no presente e projeta futuro na estratégia cultural de um território têxtil. Valoriza e comunica muito do que fazemos na indústria, leva a arte e a criatividade às nossas empresas. Trata-se de uma relação profícua para ambas as partes e para Guimarães. Em 2019 realiza-se pela primeira vez em Guimarães a 6ª Edição do Fashion Film Festival, que colocou em relevo o Filme de Moda como linguagem audiovisual privilegiada para promover e difundir o trabalho de criadores nacionais e internacionais da indústria da moda e que em 2020 presenteia Guimarães com a criação de uma nova categoria destinada ao têxtil-lar. Em 2020, o objetivo estratégico de introduzir processos de inovação na economia, leva ao desenho de uma nova perspetiva, o I9IN Guimarães Marca. Uma iniciativa que visa monitorizar projetos já implementados e promover estratégias inovadoras para a transição digital das empresas vimaranenses em áreas como a indústria 4.0, robotização, inteligência artificial, internet das coisas e sensorização, dando assim os primeiros passos na integração de processos inovadores na economia e que culminará no projeto de inovação para a indústria, o I9G. Hoje Guimarães releva a produção intelectual vinculada às áreas emergentes da economia, cultura, criatividade e inovação, identificando-as como vetores críticos na construção de um novo modelo de desenvolvimento económico, cultural e inovador. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Mestre na organização de eventos e com provas dadas e executadas de segurança e distanciamento, nada melhor que o líder do PCP para mestre de cerimónias do MODTISSIMO. Katty Xiomara trajou-o com a formalidade que o cargo exige. Um estilo mais caviar e capitalista a que não falta a opulenta cartola nem a bengala de prata. A luta tem de continuar!

Jerónimo de Sousa é o nosso mestre de cerimónias Depois da festa ter ido avante, não poderíamos deixar de pedir conselhos ao dirigente do PCP que tão bem soube executar o seu plano das festas, ou melhor, o seu plano de esperança na luta pelo futuro, como ele mesmo o apelidou. Contra tudo e todos, ninguém conseguiu calar a voz do povo que com Jerónimo gritou – a luta continua! A luta perante o medo e a resignação. Passados alguns dias de distanciamento desta grande ocasião achámos que já seria prudente fazer um “choradinho” ao grande Jerónimo para que nos ofertasse alguns dias do seu tempo e das suas lustrosas capacidades de fazer brilhar os eventos com grande destaque mediático. Ele parece ter aceitado dar um leve toque de magia a esta nova e peculiar edição do MODTISSIMO. Pensamos até que poderia ser o mestre de cerimónias, já que seria impossível encontrar alguém mais experiente em segurança e distanciamento. Em troca, damos-lhe um destaque diferente do que a imprensa o afundou nos dias que antecederam a Festa do Avante. Queremos obsequiar Jerónimo com a formalidade que o cargo exige, e por isso talvez tenhamos traspassado a linha da contenção comunista. Na verdade, as vestes são um pouco mais caviar e capitalista do que singelas e igualitárias. Mas necessitamos que assim seja, é imperativo neste mundo da moda que o mestre de cerimónias surja em grande destaque e com uma elegante postura. Estilo: quero, posso e mando… só assim a mensagem de segurança poderá ser levada a sério. Conseguimos, contudo, colocar algum equilíbrio e, com grande estilo, repescar algumas referências da sua ideologia de base. A primeira proposta é pensada para que o dirigente possa seguir de perto, e confortavelmente, os preparativos e a montagem do evento. Um fato de treino vintage de edição limitada, bem ao estilo do camarada Fidel, acompanhado por umas práticas sapatilhas com abertura de velcro. O look perfeito para o árduo e exaustivo trabalho que necessita de ser feito, para garantir que todas as medidas da DGS sejam cumpridas. A segunda proposta é muitíssimo importante, pois será aquela que estará à vista de todos. Este look terá de refletir imediatamente a importância do convidado e do evento. Escolhemos um elegante fato de três peças de rigorosa alfaiataria. A zona superior é coberta por um vistoso veludo vermelho, realçado pelo colarinho branco da camisa e pelo preto da gravata-laço, que conjuga na perfeição com as calças de fazenda. Tentamos respeitar as diretrizes dandy dos bons velhos tempos e nesse sentido os acessórios são de extrema relevância: uma alta e opulenta cartola de seda, que marca a localização do mestre com grande formalidade. E uma bengala em prata que ajudará a implantar as medidas de distanciamento em momentos mais anárquicos que possam existir… Lembremos que é um evento lotado de artistas e empresários, não propriamente de camaradas. Confiamos que nossa escolha passará a mensagem de que a luta deve continuar, independentemente das adversidades! t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Restaurante Cortesia Largo da Fonte Nova, 92 4570-029 Fontainhas Póvoa de Varzim

A CORTESIA NÃO OCUPA LUGAR O que o povo está mais habituado a dizer é que o saber não oc upa lugar. Daí que ler mais para saber mais não tenha lotação conhecida, nem sequer em tempos de Cov id. Mas se pensarmos bem, da cor tesia pode dizer-se o mesmo, porque nunca corremos o risco de ter cor tesia a mais. Ser cor tês, como ser poeta, é ser mais alto, é ser maior do que os homens. Já o novel restaurante Cortesia oc upa um lugar bem determinado na freguesia de Balasar, concelho da Póvoa de Varzim, e pelo que desco bri recentemente pela mão de uma querida amiga, é uma ocupação meritória, irreverente mas não selvagem. O restaurante Cortesia Cozinha Mediterrânea abriu no dia 8 de junho, num espaço com decoração contemporâ-

PURO COMO O COBERTOR DE PAPA

nea, moderna e confortável. A visita começa logo prazenteira ao sermos recebidos pelo jovem casal fundador deste Cortesia (que não dá cortesia em geral...), Pedro Fonseca e Sara Martins. A sua carta inspira-se na cozinha mediterrânea e primordialmente na gastrono mia por tuguesa, com objetivo de entregar ao mercado pratos reinventados e inovadores, com sabores únicos ev idenciados pela fresc ura e qualidade. Pelo que vi e cheirei acho tudo muito recomendável mas para uma primeira v isita apostaria no risotto de camarão tigre, no polvo abraseado e nas bochechas de ibérico. Rematando com um pudim Abade de Priscos que é realmente original e bom para quem não gosta de doces... muito doces. t

ENTRADA ROSÉ/ CASAS DO CÔRO As Casas do Côro são como uma espécie de lado B, a outra face da Têxteis Evaristo Sampaio. Um projeto turístico sustentável, que é também um caso raro de elegância, bom gosto e glamour, à imagem das mantas Lordelo e dos famosos cobertores de papa que são feitos pela histórica fábrica de lanifícios da Guarda. Um cuidado, requinte e bom gosto que João Paulo Sampaio e a mulher Carmen transportaram da fábrica para histórica aldeia de Marialva, concelho de Meda. A cereja no topo do bolo que é o projeto turístico veio mais recentemente com a produção de vinhos. Numa parceria com os Projetos Niepoort, na região da Beira Interior, com vinhas de altitude, castas históricas e na transição dos xistos do Douro para o granito da serra. Vinhos muito finos, frescos e saborosos, de que o rosé Entrada é um excelente exemplo. E também muito elegante e envolvente, como as mantas Lordelo


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Mária Rocha, 25 anos, é a responsável pelo Herdade da Rocha Boutique Lodge e pela Azores Collection da Antarte, que expôs na Intergift e no Modtissimo. Cresceu no Porto mas a formação em hotelaria levou-a a viajar pelo mundo. Estudou em Shanghai, Marbella e Chicago e estagiou no Radisson Blu, em Saint Martin, nas Caraíbas, no Ritz Victoria Garden, em Luanda, e no Sheraton Porto

SOUVENIR

UM CASACO ROSA COM CORTE DE HOMEM

Gosta

Não gosta

Viajar Conhecer culturas diferentes Ouvir as pessoas mais velhas Café Provar pratos de cozinhas diferentes Receber amigos Estar em casa Acordar cedo Pôr do Sol Praia Animais Aprender Pessoas trabalhadoras Decoração Boa hospitalidade Provas de vinhos Aromas Arquitetura Primavera Douro Alentejo Napa Valley Bordéus A minha cadela Ivy Comida saudável Chá Andar de mota de água Vinho branco Caminhar Do Natal Carros antigos Casamentos Quartos de hotel Papagaios Andar de barco Sapatilhas Carteiras Cuidados de rosto Ajudar o próximo Porto Côvo São Tomé e Príncipe Chicago Neve Sushi Perfumes Revistas de lifestyle Sobremesas Família

Faltas de respeito Piscina Trânsito Conduzir à noite Ar condicionado Chuva Fast-food Carne Ansiedade Desculpas Carro sujo Vinho fraco Cerveja Fazer anos Cheiro a comida Dormir muito Reuniões de condomínio Longas viagens de avião sozinha Época baixa (turismo) Janeiro Sumos Ratos Interesseiros Mentira Desorganização Lavar a loiça Usar máscara Barulho Deitar tarde Cogumelos Motas Feijoada Pó Esperar por consultas Falsidade Fazer malas Pessoas irresponsáveis Chamadas à noite Desistir Discussões Incerteza Roupa por lavar Vestidos compridos Cheiro a tabaco Maus tratos Abandono de animais Tatuagens Muito barulho Cozido à Portuguesa Má comunicação

A minha peça intemporal é u m c a s a co co r- d e - r o s a . U m c a s a co d e i nv e r no co m co r t e d e h o m e m . É u m a h i s t ó r i a c a r i c at a , p o r q u e visto sempre preto e toda a gente fica surpreendid a q u a n d o m e v ê co m u m c a s a co r o s a c h o q u e e co r t e de homem! Depois, tem toda uma s i m b o l o g i a e s p e c i a l p o rq u e co m p r e i - o q u a n d o f u i a Londres para receber um prémio, num evento i n t e r n a c i o n a l e m no m e da Júlia Pinheiro, que foi at r i b u í d o a o s i t e j u l i a . p t . Num pri mei ro moment o, pensei que jamai s i ri a comprar um casaco com uma cor tão for te!... E and ei uma semana i ntei ra a pensar nele. À últi ma d a hora, mesmo antes d e i r para o aeropor t o, não re si sti e fui à loja comprá-lo. É u m a p e ç a d o m e u g u a rd a - r o u p a q u e p r e s e r vo co m t o d o o c a r i n h o e c u i dado e adoro-o. Acho giro o facto de ter sempre uma reação nas pessoas! t

Beatriz Lemos Diretora Geral da Glam Celebrity Management


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