N Ú M E RO 5 9 D E Z E M B RO 2 02 0
T
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
GUILHERME PAIXÃO
Research & Development Manager do grupo Borgstena
“JÁ ATINGIMOS NÍVEIS DE PRODUÇÃO PRÉ-PANDEMIA” P 20 A 22
A MINHA EMPRESA
MAIS QUE UMA MARCA, A PLAY UP É UM MODELO E UM ESTILO DE VIDA P 16
PERGUNTA DO MÊS
QUE VOTOS, ESPERANÇAS E DESEJOS DA TÊXTIL PARA 2021? P4A7
DOIS CAFÉS E A CONTA
SIMPÓSIO TÊXTIL
O LINHO É A GRANDE PAIXÃO QUE ALIMENTA O SUCESSO DA BESTITCH
REINDUSTRIALIZAÇÃO E APOIO AO INVESTIMENTO SÃO FUNDAMENTAIS
P8
P 14
EMERGENTE
GONÇALO PEIXOTO, O DESIGNER POP QUE DEMOCRATIZOU A MODA DE AUTOR P 31
NEGÓCIOS
ARTEFITA CHEGOU AOS 25 ANOS E JÁ EXPORTA ACIMA DOS 85% P 10
02
T
Dezembro 2020
Dezembro 2020
T
03
3
n
CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Micaela Oliveira Estilista, conquistou a fama pela elegância e ousadia das suas criações e tem na moda nupcial o ponto central do seu trabalho, que, no entanto, se alarga às linhas de pronto a vestir e alta-costura. Cresceu entre tecidos e moldes, tem uma paixão impetuosa pela sua profissão e um percurso de grande sucesso. A par das passarelas nacionais, protagonizou já desfiles em destinos tão dispares como Turquia, Antilhas, Malásia ou República Dominicana
A FLOR DA RETOMA Costumavam dizer os marxistas dos meus tempos de faculdade que muitas vezes é preciso saber dar um passo atrás para poder dar dois em frente. Nunca pertenci, nem pertenço a essa área política, mas foi disto que me lembrei quando a Selectiva Moda decidiu adiar um mês a realização da próxima edição do Modtissimo. É caso para dizer que às vezes também é preciso dar um passo à frente para não ter que dar dois atrás. Confirmando as datas de realização de Modtissimo 57 para 10 e 11 de março, um mês depois das datas previamente anunciadas, o Modtissimo, no fundo, o que está a fazer é adiar para retomar. Fazendo uso da sabedoria popular também vale a pena pensar que mais vale uma feira na mão, que duas a fugir. Esta alteração do ditado popular vem até nas novas preocupações daqueles que defendem que os animais não podem ser usados em vão, nem nos ditados populares. Se calhar é também por isso que a imagem da retoma, que se quer para março, não é um pássaro, mas uma flor. t
As alternativas digitais têm ajudado a melhorar o negócio? Sem dúvida! Com a conjuntura mundial são uma ferramenta de trabalho extremamente importante e indispensável. Tem sido a única forma de chegar até às pessoas que não se podem deslocar ao atelier ou ao espaço de Cascais (Hotel Miragem) para terem o contacto com a marca. Cada vez mais será uma ferramenta essencial para o negócio. É sabido que a diminuição de festas e casamentos têm prejudicado as empresas como a tua. Como é que tens conseguido reagir a esta adversidade? Tem sido um desafio extremamente difícil, tenho que agradecer às minhas clientes que se mantiveram fieis á marca e fizeram questão de estar presentes neste momento tão complicado para todos e foram realmente essenciais neste ano trágico. Felizmente estamos a manter a calma e a passar esta fase da forma menos tumultuosa possível. Acho que já todos temos saudades dos teus desfiles. Já há alguma data prevista para o próximo? Estou com muitas saudades! Fizemos dois desfiles na Madeira, mas não há nada como vibrar com o corrupio dos backstage e sentir a presença do público. Porém, a neces-
sidade de reinventar nos despertou a inspiração para algo diferente e bonito como o desfile no Pico do Areeiro. Sem esta situação provavelmente não teria a ideia de o fazer naquele espaço, sem qualquer assistência, apenas com drones e máquinas fotográficas a gravar o momento. Quando tudo voltar ao normal tens alguma estratégia definida para aumentar a internacionalização da tua marca? Sim, á semelhança de outros criadores, os meus projetos foram travados, mas estou com muita esperança no futuro e com muita vontade de retomar os nossos sonhos. Até porque a internacionalização e reconhecimento da marca é fundamental e é para isso que trabalhamos todos os dias. Para sonhar, para fazermos sonhar e para viver os sonhos.
T
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785,
É público que estiveste na origem da criação da nova marca da Sara Carreira. Existe alguma ideia de desenvolver outros projetos do mesmo estilo? Sou amiga da família da Sara há muitos anos, conhecia-a desde menina e essa foi uma das razões que me levou a escolhe-la para este projeto. Neste momento não sabemos se a família quer continuar com este sonho da Sara, mas estaremos sempre disponíveis para o que necessitarem. t
Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
04
T
Dezembro 2020
n
precisamos de um tecido empresarial ambidestro. Com capacidade de se adaptar à imprevisibilidade, desafiar as ortodoxias e pensar o futuro de forma estratégica.
PERGUNTA DO MÊS Por: António Moreira Gonçalves
1.
confiança dos mercados, e que o setor consiga superar as dificuldades, diversificar as alternativas e fazer novos negócios com sucesso.
AGOSTINHO AFONSO
ADMINISTRADOR DA TÊXTEIS PENEDO
QUE ESPERANÇAS E DESEJOS PARA 2021? Num ano estranho, atípico, difícil e desafiador, até os votos e desejos se expressam desta vez de forma diferente. Num setor que não verga e não se deixa quebrar, até os verbos, expressões e adjetivos assumem essa vontade coletiva, essa força indomável que está no ADN do sistema Moda, Têxtil e Vestuário português. São palavras como aprender, readaptar, evoluir, perseverança, resiliência, reinvenção, fortes ou ímpares, que mostram a forma decidida de encarar este novo normal. E se há quem acredite que o que não nos mata nos tornará mais fortes, todos apontam sem vacilar para um novo caminho de bonança, prosperidade, sustentabilidade, retoma, sorrisos, e alegria. Adeus 2020! Excelente 2021!
Que em 2021 possamos ter solução para a Covid-19, para que a nossa vida e a atividade empresarial possa decorrer com normalidade, para que a economia possa retomar e os negócios voltem a crescer à escala mundial.
2.
5.
ANA RIBEIRO
DIRETORA EXECUTIVA DO CLUSTER TÊXTIL
Que em 2021 continuemos a Tecer o Futuro do Setor Têxtil e Vestuário para nos mantermos na linha da frente. Que as adversidades se transformem em sabedoria para respondermos aos próximos desafios com empenho, inovação e criatividade. Votos de um Feliz Natal e um novo ano cheio de sucessos!
ALEXANDRA CRUCHINHO
PROFESSORA DE DESIGN DE MODA
Desejo que 2021 nos faça esquecer todos os dissabores da pandemia e proporcione melhores oportunidades nos mercados internacionais. Que o Design de Moda português valorize ainda mais a nossa cultura enquanto fator de diferenciação.
9.
ARTUR SOUTINHO
CEO DO GRUPO MORETEXTILE
Que seja possível em 2021 contornar a pandemia económica que resultará da Covid-19. Que as empresas possam combater o cenário de indefinição, com eficiência operacional, maior valor acrescentado e uma aposta definitiva na sustentabilidade e economia digital.
6.
ANA TAVARES
HEAD OF COMMUNICATION DA SMARTEX
2021 será um ano de teste à nossa resiliência. Desejo que a ITV se una nas dificuldades e que criemos ainda mais pontes e parcerias para ultrapassarmos mais este teste.
10.
AUGUSTO LIMA
VEREADOR DA ECONOMIA, EMPREENDEDORISMO E INOVAÇÃO NA CÂMARA DE VILA NOVA DE FAMALICÃO
3.
ALFREDO MOREIRA
CEO DA BABY GI
Espero que 2021 nos traga a resolução deste problema que afeta toda a sociedade, a saúde pública e a economia. Para a Baby Gi esperamos manter o crescimento sustentável e continuar a levar a marca Portugal a todo o mundo.
7.
ANTÓNIO AMORIM
PRESIDENTE DO CITEVE
Faço votos que o próximo ano seja de superação do ano atípico de 2020 e que novas práticas implementadas pela força das circunstâncias sejam para ficar, no âmbito da economia digital.
8. 4.
ANA PINHEIRO
ADMINISTRADORA DA MUNDOTÊXTIL
2021 será com certeza um ano complexo e repleto de desafios. As mudanças foram aceleradas e
2021 será um ano de enorme exigência, desafiante, e que vai pedir soluções inovadoras e mobilizadoras. E é para isso que cá estamos. Para apresentar, apoiar e alavancar medidas que façam de Famalicão, cada vez mais, um lugar de eleição para viver e trabalhar.
ANTÓNIO CUNHA
SALES MANAGER DA ORFAMA
O grande desafio para o setor vai ser adaptar-se a um novo paradigma, com um público cada vez mais informado e com novos valores. Todos desejamos o restabelecimento rápido de bons índices de
11.
BALTAZAR LOPES
ADMINISTRADOR DA ALBANO MORGADO
Depois de um ano extremamente difícil, o importante é que estamos mais experientes para abraçarmos 2021 com otimismo e determinação, de modo a tornar possível às empresas continuarem a apostar na inovação, sustentabilidade e economia digital. Vamos acreditar que o mundo vai ficar melhor.
Dezembro 2020
12.
to de perseverança, resiliência e reinvenção. E como depois da tempestade vem a bonança, o meu desejo é que 2021 nos traga mais estabilidade e bons negócios.
T
05
para lidar com o rastro deixado pela pandemia.
parcerias, ideias e projetos que nos guiem num futuro promissor.
27.
CÂNDIDO CORREIA
INÊS TORCATO
CEO DA GIVEC
Este ano os meus desejos serão mais específicos, cheios de amor, saúde e dos melhores sentimentos que existem. Que as duas vacinas mais importantes neste momento sejam encontradas: para a Covid e para a economia.
13.
CARLA AREAL
CEO DA MEIA PATA
20.
DIANA PEREIRA
16.
CONSTANTINO SILVA
CEO DA LANTAL TEXTILES
17.
RELAÇÕES PÚBLICAS DO CITEVE
DIRETORA-GERAL DA IORA LINGERIE
CRISTINA FLORES
Desejo que o setor têxtil em geral ultrapasse a crise imposta pela pandemia. Que a Iora Lingerie continue a crescer e a impor-se como uma excelente marca portuguesa a nível mundial.
19.
CRISTINA MOTTA
CAROLINA GUIMARÃES
Espero que a nossa indústria mantenha o que evidenciou neste ano pandémico: o espíri-
Que a Indústria da Moda Nacional tenha a capacidade de redesenhar o futuro, com sucesso, aproveitando o
potencial e abraçando novos modelos de negócio circulares, bem como evoluindo no compromisso com a dimensão social da sustentabilidade.
25.
HUGO COSTA
DESIGNER
Desejo que 2021 nos traga um pouco do que foi 2019, para que possamos ultrapassar o que foi 2020, que, apesar das dificuldades, trouxe crescimento e evolução, que nos obrigou a reajustar estratégias e a procurar soluções. Se em 2021 aplicarmos o que planeamos, certamente será um ano positivo.
INÊS CAMAÑO GARCIA
FUNDADORA DA MÖM(E)
Que todos os players no mercado tenham a coragem de abraçar o novo paradigma de uma indústria sustentável e circular, no senti-
ELSA PARENTE
Vai ser o ano de todos os desafios, um boot camp para todos os empresários! Resiliência, capacidade de adaptação, coragem, visão estratégica e solidariedade serão essenciais
Acima de tudo que consigamos ultrapassar esta pandemia e voltar às nossas rotinas! Para a indústria têxtil, desejo que continue a surpreender pela capacidade de inovação e de adaptação. Que venham mais
Que 2021 nos traga uma aposta clara e descomplexada por parte dos governos numa reindustrialização da Europa. Na Pafil, este foi um ano de renascimento, com a mudança para novas instalações, desejando que no próximo ano possamos continuar a responder aos constantes desafios. Feliz ano para toda a ITV!
29.
JOAQUIM CUNHA
CEO DA CRISTINA BARROS
2021 vai ser o ano que vai afirmar o From Portugal como verdadeiro parceiro dos principais players de moda mundial. A Cristina Barros, com apoio da Associação Seletiva Moda, vai contribuir para tal, mostrando o melhor de Portugal a todo o mundo.
30.
CEO DA RDD
REPRESENTANTE DA MESSE FRANKFURT PARA PORTUGAL
28.
JOÃO RUI PEREIRA
26.
22.
Desejo e espero que as adversidades de 2020 se transformem numa nova consciência coletiva de amor ao próximo, de cuidado pelo mundo em que vivemos, no design, assim como em produção e confeção. Temos um país capaz de se reerguer sozinho, se olharmos melhor para ele!
FINANCIAL MANAGER DA PAFIL
MANAGER DA RDD TEXTILES
GENERAL MANAGER DA TROFICOLOR
CEO DA JOÃO PEREIRA GUIMARÃES
a liberdade que todos desejam. Votos sinceros de felicidade, com a esperança de que a indústria têxtil reencontre rapidamente o caminho do sucesso.
Vamos todos esperar que o “bicho” desapareça de uma vez por todas e que as nossas empresas estejam preparadas para uma retoma que terá que ser veloz. Estou convicto que a resiliência do nosso setor virá uma vez mais ao de cima e que este ano difícil, também ajudou a mudar definitivamente alguns paradigmas. Always look on the bright side of life !
DESIGN AND MARKETING
18.
15.
Que 2021 seja um ano de recomeço. Depois de um 2020 extremamente difícil e exigente, só posso desejar que 2021 traga
DOLORES GOUVEIA
14.
Que 2021 traga esperança e o balão de oxigénio que a têxtil necessita. Na Troficolor, e sem a presença física em feiras internacionais, esperamos concretizar soluções que nos permitam manter a proximidade aos mercados, consolidar as relações comerciais e criar novas oportunidades.
HELDER ROSENDO
21. Que a pandemia desapareça e que volte a normalidade, com muita saúde, amor, trabalho, feiras físicas, viagens e muitos e bons negócios! E que possamos voltar a dar um abraço a quem queremos bem. Feliz 2021!
CARLOS SERRA
24.
DIRETOR DA PROZIS APPAREL
Desejo que a economia mundial recupere o mais rápido possível para que o setor consiga continuar a inovar e acrescentar cada vez mais valor aos seus produtos. No nosso caso particular, desejo concluir com sucesso todos os projetos em curso.
CRISTINA CASTRO
Desejo que em 2021 se erradique a Covid-19. Que seja o ano da retoma económica e que a têxtil nacional continue o crescimento que vinha a registar. Na Meia Pata, esperamos que os ensinamentos da pandemia nos permitam ser mais fortes no futuro.
FUNDADORA DA DFIT
DESIGNER
JORGE PEREIRA
CEO DA LIPACO
do de concertarmos uma estratégia que enriqueça a posição do made in Portugal no panorama internacional.
Gostaria que os nossos políticos deixassem de navegar sem uma estratégia de longo prazo. Que todos tenham percebido a necessidade de
06
T
Dezembro 2020
34.
moda responsável e sustentável. Que consigamos recuperar a confiança e encontremos mais humanidade e amor em nós.
JOSÉ PINHEIRO
CHAIRMAN DA MUNDOTÊXTIL
MARCO COSTA
O sucesso nasce como resposta às crises. Desejo que em 2021 sejam dados passos maiores na internacionalização e que a Cristina Barros contribua para a projeção global de Portugal e para o crescimento da economia.
39.
31.
35.
JÚLIO TORCATO
MANAGING PARTNER AND HEAD
CEO INARBEL
DESIGNER
OF COMMERCIAL DA ANGLOTEX
Que o setor volte a recuperar a partir de 2021. Até lá, temos que continuar a nos reinventarmos, apostando em áreas como o marketing digital e as vendas online.Desejo um bom 2021 para todos e com muito ânimo.
Que a moda e o design de autor se afirmem como diferenciado-
JOSÉ ARMINDO FERRAZ
MARCO GOMES
Que 2021 nos traga boas marés e algum vento forte para acompanhar o esforço de adaptação a um mercado em transformação. Que sejamos lembrados no nosso exemplo de resiliência e a chegada dessa anunciada nova época, revolucionária nos conceitos e formas, cá nos encontrará sempre empenhados em provarmos todo o nosso potencial.
MATILDE VASCONCELOS
FUNDADORA DA TROTINETE
O Ano Novo é tempo de semearmos a esperança. Que seja um ano de regresso à normalidade. Que sejamos a mudança do que queremos ver acontecer!
43.
MIGUEL PEDROSA RODRIGUES
CEO DA PEDROSA & RODRIGUES
Parabéns a todos os empresários do nosso setor! Este ano foi desafiante e não poderia estar mais orgulhoso dos nossos líderes. Que em 2021 possamos voltar a visitar e a receber clientes.
36.
2020 foi um desafio à resiliência e criatividade do setor. Que em 2021 consigamos dar os passos necessários em direção aos novos modelos de negócio que aí vêm.
MÓNICA RIBEIRO
DIRETORA COMERCIAL DA SQUARCIONE
Depois desta grande queda, todos iremos precisar de algum apoio. A boa notícia é que podemos receber e oferecer sem ninguém sair a perder. Apostando no que é nosso ficamos todos a ganhar!
37.
48.
PRESIDENTE DA ATP
SALES REPRESENTATIVE NA FAMILITEX
MÁRIO JORGE MACHADO
A esperança para 2021 é que a vacina resolva o problema da pandemia. A expetativa é quão rápido retomaremos o nosso comportamento social e económico. O próximo ano vai ser muito difícil por todos os problemas causados pela pandemia e por aqueles que ainda vai causar.
PAULA OLIVEIRA
Em 2020 soubemos readaptarnos e mostrar que merecemos ser um setor respeitado pela qualidade. Desejo que o ano de 2021 seja a resposta positiva a esta nossa resiliência.
NOEL FERREIRA
Que seja um ano em que o setor seja capaz de se repensar e reinventar, reforçando a aposta na diferenciação, na I&D e na afir-
JOSÉ MORGADO
Quem diria que as nossas vidas se iam vergar a uma pandemia durante 2020 e
muita saúde física e financeira. Aos nossos governantes pedimos idoneidade na atribuição das ajudas e um alívio da carga fiscal. Saúde e muito trabalho!
49.
41.
E ENGENHARIA DO CITEVE
Neste difícil ano mostramos que com vontade, criatividade e resiliência é possível ultrapassar as dificuldades. Que 2021 traga
45.
CEO DA A. FERREIRA E FILHOS
DIRETOR DE TECNOLOGIA
Espero que 2021 seja um período de bonança e prosperidade, onde a sustentabilidade é o foco e a agilidade o motor.
40.
LUÍS CAMPOS
PAULO AUGUSTO DE OLIVEIRA
MARITA FERRO
Desejo um 2021 sem Covid-19 nem outros “não convidados” semelhantes e um setor têxtil inovador, saudável, confiante e cada vez mais competitivo.
47.
2020 marcou-nos pela sua imprevisibilidade. Aprendemos, readaptamo-nos e evoluímos.
44.
KATTY XIOMARA
DESIGNER
CEO DA WESMISTER
33.
as compras na Europa. Talvez seja temporário mas queremos acreditar que não.
PATRÍCIA FERREIRA
JOSÉ CARDOSO
CEO DA O SEGREDO DO MAR
42.
Foi um ano dificilmente positivo para a Faria da Costa. Agradecemos o esforço e dedicação de toda a equipa e louvamos as empresas europeias que privilegiam
COMMERCIAL MANAGER DA VALÉRIUS
res. Que o lobby institucional e a divisão dêem lugar e voz aos verdadeiros profissionais do setor. Que o paradigma mude.
32.
DIRETOR DA FARIA DA COSTA
CFO DA CRISTINA BARROS
Que as têxteis portuguesas estejam dotadas para lidar com a surpresa e incerteza que serão duas das características mais acentuadas deste “novo normal”. Que aprofundem a diferenciação, redesenhem os processos e estimulem o pensamento estratégico.
46.
NUNO COSTA
38.
industrializar a europa e reduzir drasticamente a dependência da Asia. Que todo o apoio financeiro seja aplicado de forma séria e transparente.
seja um ano com muita saúde e ânimo. O resto está mais ao alcance de todos nós.
CEO DA PAULO DE OLIVEIRA
FUNDADORA DA MARITA MORENO
mação de uma proposta de valor acrescentado. Saúde e sucesso!
Nos tempos de incerteza em que vivemos, as minhas expetativas serão de fortalecimento da
parte de 2021? Até os desejos e votos se alteram: que 2021
Depois de um ano para esquecer, desejo que desta vez aprendamos as lições da crise. Recordar os riscos da desin-
Dezembro 2020
53.
PEDRO MIGUEL COSTA
T
07
lo que não conseguimos mudar em 2020 e que nos restitua a liberdade pessoal e profissional.
seja possível a recuperação do setor adaptando as empresas aos desafios da retoma. Feliz 2021!
CEO DA RACLAC
dustrialização, relembrar que são as empresas que sustentam as economias, e que o desenvolvimento se constrói com sensatez, incentivando o trabalho, a inovação e o investimento, com estratégia.
Que a pandemia seja controlada e que a retoma económica permita gerar riqueza, emprego e desenvolver o país. A RACLAC tem projetos e
61. 57.
RODNEY DUARTE
GESTOR COMERCIAL DA F.S. CONFECÇÕES
investimentos para mais linhas de produção. Tudo faremos para os concretizar.
54. 50.
PAULO FARIA
DIRETOR COMERCIAL DA PAULA BORGES
Seguindo o velho lema de o que não nos mata nos tornará mais fortes, prevemos um 2021 com uma abordagem bem mais criteriosa do nosso setor. Jamais abdicaremos da essência que nos distingue. Votos de um excelente 2021, que bem merecemos!
51.
PAULO GOMES
RUI MARTINS
ADMINISTRADOR DA INOVAFIL
Que 2021 represente o ano da restituição das nossas vidas. Que a confiança dos consumidores
Para 2021, o que mais desejamos é saúde e que tudo volte ao normal, nem que seja um “novo normal”, que nos dê esperanças, liberdade e felicidade! Feliz Natal e próspero Ano Novo.
RICARDO ALMEIDA
regresse, num ano que será de enormes desafios para a nossa ITV. Adeus 2020! Excelente 2021!
Que a pandemia seja erradicada e que a Europa aproveite para apostar na sustentabilidade dos têxteis para proteger a
62.
RUI MIGUEL
RODRIGO SIZA VIEIRA
DIRETOR-GERAL DA LECTRA PARA
PROFESSOR DA UBI
DIRETOR CRIATIVO DA MANIFESTO MODA
Para 2021, o meu desejo é que fortaleçamos os alicerces para criar em Portugal um polo internacional de soluções que respei-
Na Lectra, ajudamos os nossos clientes a encarar esses desafios com tranquilidade: transformação digital, implementação de práticas 4.0 e integração em cadeias de valor. Acreditamos num 2021 de retoma e sucesso para o setor.
59.
66.
VIRGÍNIA ABREU
CEO DO GRUPO CRISPIM ABREU
A pandemia irá continuar a condicionar em 2021 a economia e a ITV. A ciência vai desempenhar
PORTUGAL E ESPANHA
autonomia da indústria. E que o governo português olhe com diferenciação para os setores de grande empregabilidade.
UMBELINA RIBEIRO
SÓCIA-GERENTE DA DILINA TÊXTEIS
Na Dilina, estamos convictos que 2021 será estagnado, só melhorará no ano seguinte.
DIRETOR EXECUTIVO DA GIVACHOICE
58.
65.
Para 2021 tenho três desejos: inspiração para conseguir chegar aos novos consumidores; fundos para investir em tecnologia e sustentabilidade e que o Governo Português não liquide a têxtil; competência das pessoas para se envolverem em novos desafios dentro das empresas.
um papel central no novo normal, as preocupações com a sustentabilidade aumentarão e a evolução da investigação das universidades sustentará a mudança.
RUI GORDALINA
CEO DA OLDTRADING
55.
RICARDO SILVA
CEO DA TINTEX
tem o ambiente e nos coloquem como um centro de qualidade, design e responsabilidade. Continuaremos fortes e ímpares.
52.
Para 2021, espero que tenhamos um ano de retoma de sorrisos, alegria, vivências e boas memórias, no seio das famílias, empresas e comunidades.
Desejamos que a vacina surja o mais breve possível e que as exportações retomem o sucesso crescente. Determinação e coragem dos empresários em apostarem em I&D, que aumenta a notoriedade e a apetência das empresas.
67.
VITOR ABREU
63.
SANDRA VENTURA
DIRETORA DE INOVAÇÃO DA PENEDO
Portugal demonstrou que mesmo em pandemia é inovador e, portanto, em 2021 a inovação vai continuar a ser o futuro.
CEO DO GRUPO ENDUTEX
Que 2021 marque o fim desta pandemia. A impossibilidade de reunir, viajar, de retomar os hábitos diários e de consumo tem um enorme custo para as empresas. Bem-vindo 2021!
PAULO RODRIGUES
MANAGING DIRECTOR DA FIORIMA
60.
RUI MAIA
56.
INTERNACIONAL SALES MANAGER
DIRETORA DE MARKETING
Que 2021 seja um ano de viragem e coragem. Sair rapidamente deste ano atroz e lutar para recuperar o tempo perdido. Que lutemos todos juntos pelo sucesso que merecemos.
DO GRUPO CÃES DE PEDRA
RITA FERNANDES
Na Fiorima ansiamos pela bonança, aquela que sucede às tempestades. Nunca é tempo demais para refletir estrategicamente. Estamos preparados.
DA MUNDIFIOS
Vivemos um período de exceção que provocou a queda dos mercados. Esperamos que em 2021
64.
68.
VITOR PAIVA
MANAGER DA DAMEL
TERESA MARQUES PEREIRA
CEO DA TRICOTHIUS
Que 2021 seja uma mudança na nossa forma de estar na vida. Que traga a paz para acatar aqui-
Desejo a todos os que lutam para manter as empresas e os postos de trabalho grande sucesso como resultado de toda a resiliência. Vamos conseguir. Votos de bom Ano!
T
08
Dezembro 2020
A DOIS CAFÉS & A CONTA Pirâmide do Egito
Rua da Estação 4815-277 Moreira de Cónegos
Entradas Salmão fumado, carpacio de polvo e estufado de cogumelos Prato Rabo de boi estufado com ervilhas Sobremesa Fatia de bolo Bebidas Vinho tinto do Douro, Manuel Correia Reserva, água e dois cafés
ANA FERNANDES
O calendário diz que entrou nos fifties a 17 de maio, mas como o confinamento só terminou no dia seguinte diz que vai fazer bis em 2021 para poder festejar como deve ser. Desporto e o vólei sempre foram a grande paixão, mas as lesões no tornozelo empurraram-na para Economia. A ideia era ajudar as contas do pai na sua fábrica de malhas, mas acabou por descobrir a paixão do linho depois de se ter cruzado nos bancos da faculdade com o CEO da BeStitch, Rui Machado. Têm três filhos: Carolina, 18 anos, que estuda design na ESAD; Guilherme, 16 anos, já sabe que o rumo é Economia; e a Matilde, que aos 11 ainda anda a tatear o futuro. Como ela, são todos apaixonados pelo Vitória de Guimarães (onde vivem), mas nenhum tão Nicolino quanto ela, que só por três vezes e por força maior perdeu a Noite do Pinheiro
O LINHO FOI CRUCIAL, É A NOSSA PAIXÃO
FOTO: RUI APOLINÁRIO
50 ANOS DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE DESIGN E IMAGEM DA BESTITC
O estilo assertivo e determinado de Ana Fernandes pode bem resumir-se na forma como antecipou o parto que lhe trouxe a Matilde, a filha mais nova. Vitoriana e Nicolina, como todos os filhos de Guimarães, diz que só por três vezes falhou a Noite do Pinheiro, uma em convalescença do parto que fez acontecer uma semana antes da data prevista de 29 de novembro: “Não podia ser! Não podia passar a ter todos os anos um aniversário em casa na Noite do Pinheiro.” Nascida e criada no meio dos trapos – “o meu pai tinha uma empresa de malhas” –, Ana sempre teve o gosto pela moda, estética e criação, mas era pelo voleibol que mais forte pulsava o coração. Queria fazer Educação Física e chegou a pedir ao pai para lhe montar depois um ginásio, mas teve que mudar a agulha por causa das muitas entorses no tornozelo esquerdo. Mas quando um caminho se fecha, novos horizontes se abrem. Foi com a ideia de ajudar o pai que acabou por entrar em Economia, curso que a cruzou nos bancos da faculdade com o agora marido, o CEO da BeStitch, Rui Machado. Para chegar à empresa, no entanto, a culpa foi do cunhado, Alberto, também sócio e fundador, com a responsabilidade da área comercial e de compras. Mesmo com o torcer de nariz de Rui – “resistia a misturar
a empresa com a vida familiar” – o cunhado convenceu-a a aceitar o desafio de avançar com uma área de criação e desenvolvimento de produto na BeStitch. E é a partir daí tudo tem evoluído a um ritmo quase alucinante. “Parece que foi ontem mas já estou a fazer o quinto postal de Natal”, constata a responsável pelo Desenvolvimento, Criação e Imagem da empresa que nasceu em 2003 e não tem parado de crescer. Nestes 18 anos passou de 10 para 250 trabalhadores; de dois para os cerca de 30 milhões que esperam faturar este ano, 100% em exportação; e da confeção inicial para uma estrutura verticalizada a funcionar em cinco polos. “Sempre com investimento próprio, até agora tem sido tudo investido no crescimento da empresa”, frisa Ana Fernandes. Um ritmo que se acentuou de forma particular nestes últimos cinco anos. “Foi com a entrada no mercado dos Estado Unidos e foi para isso que foi criada a área de Desenvolvimento, criação e imagem, era essa a estratégia”, explica Ana que associa também a esse passo gigante “à contratação de dois ‘tubarões’”. Um é o agente que têm nos EUA – “fomos buscar o melhor do mercado” - e o outro o designer António Vieira, arquiteto, que pôs como condição ir buscar à Kyaia, fábrica de calçado, onde desenvolveu a imagem da
Fly London. “Foi porque não era do setor, se estivesse no têxtil não o desafiava”, diz Ana Fernandes, que faz questão de destacar também “a Elsa, a modelista e costureira”. Além da equipa, “o linho foi crucial”. Representa já mais de 80% da produção da BeStitch, o resto é 100% algodão, percal, cetim e flanelas, mas a ousadia e inovação fazem também parte do pacote do fulgurante sucesso. “A grande novidade foi há quatro anos na New York Market Week de março, quando a BeStitch apresentou pijamas e robes em coordenados com as roupas de cama. Tudo em linho, uma ideia disruptiva que teve enorme impacto”, diz a mulher que não esconde a paixão pela matéria-prima em que assenta a actividade da empresa. Tanto impacto que nestes cinco anos os EUA já representam praticamente metade da faturação da empresa, que tem também em França e nos países nórdicos os outros destinos mais importantes. Uma escalada americana que tem sido progressão geométrica já que a BeStitch tem crescido também em todos os mercados e sempre a um ritmo acima dos 10%. Tal como vai acontecer este ano, apesar da pandemia: “Nunca abrandamos nem recorremos ao lay-off. Entre março e maio alguns clientes pararam as encomendas e agora estão aflitos com as entregas”, remata. t
Dezembro 2020
T
09
10
T
Dezembro 2020
EMPRESAS PONDERAM LEVAR NOVAS COLEÇÕES À HOLANDA E EUA Skulk, Iora Lingerie e Marjomotex são algumas das empresas portuguesas que ponderam viajar até à Holanda e EUA para apresentar as novas coleções aos seus clientes habituais. “As pessoas precisam de tocar nos artigos, de sentir a matéria-prima. E precisamos também de estar olhos nos olhos, de gerar confiança”, diz Cristina Flores, diretora geral da Iora Lingerie, ao que a diretora-geral da Marjomotex adianta a ideia de “alugar um espaço e durante dois ou três dias e estarmos lá a apresentar a nossa coleção”. Um formato semelhante ao de um showroom, mas isolado no tempo.
"O mundo vai mudar e a nossa forma de viver e de comercializar vai-se alterar" Baltazar Lopes Administrador da Albano Morgado
AOS 25 ANOS A ARTEFITA JÁ EXPORTA ACIMA DOS 85%
Um novo logotipo, uma escultura e um painel de homenagem aos funcionários mais antigos assinalaram, em Janeiro, os 25 anos da Artefita
A partir da fábrica de Escariz, Arouca, a produção da ARTEFITA já chega a 35 mercados um pouco por todo o mundo e atravessa setores muito distintos. Com um volume de negócios na ordem dos 7 milhões de euros em 2019, a empresa destina 87% da sua produção aos mercados externos, com destaque para países como a Suécia, a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos da América. Dos desportos de ar-livre aos cuidados de saúde, da puericultura à aeronáutica, a ARTEFITA tem conseguido levar as suas fitas e soluções têxteis a um leque cada vez mais abrangente de setores de atividade. E com isso, a taxa de exportação tem crescido. Se em 2007
participava pela primeira vez em feiras internacionais e em 2015 fechava o primeiro negócio nos EUA, hoje conta já com um volume de exportação na ordem dos 87%. “Conseguir captar a lealdade de empresas de todo o mundo trouxe a empresa até 2020 com um pecúlio de clientes e negócios que são motivo de orgulho para toda a equipa”, expressa Gonzaga Oliveira, diretor-geral da empresa que este ano celebrou 25 anos de atividade. Com loja própria online desde 2017, a ARTEFITA Store, que lhe permite virtualmente chegar ao público de todo o mundo, o core business continua a ser o fornecimento B2B. “A ARTEFITA expor-
ta de forma consistente para mais de 35 países. Trabalhamos essencialmente com clientes B2B, em mercados como a Suécia, Alemanha, Reino Unido, EUA, Canadá e França”, explica o gestor. Com uma equipa de mais de 80 elementos, a ARTEFITA fechou 2019 com volume de negócios recorde, na ordem dos 7 milhões de euros e tem no mercado quatro marcas: a ARTEFITA, a KNOT, a ARCTIC e a LORICA, que apresentam produtos para diferentes segmentos, desde fitas e soluções têxteis a coberturas técnicas para a preservação de produtos sob condições controladas e, mais recentemente, às máscaras de proteção para uso social e profissional. t
UPCYCLING UNE ESCOLA DE MODA DO PORTO E MYCLOMA
VIEW PARIS DE 5 A 7 DE MARÇO COM 30 MARCAS SELECIONADAS
A plataforma online de venda de roupa em segunda mão MyCloma uniu-se à Escola de Moda do Porto para fazer o upcycling das peças que que disponibiliza para venda, uma parceria que surgiu da estratégia da escola em promover um contacto direto entre os seus formandos e as empresas. Toda a receita proveniente das vendas será entregue a uma instituição de solidariedade social.
A feira de moda francesa View anunciou que a próxima edição do evento será realizada de 5 a 7 de março, em Paris, mas apenas com um grupo de 30 marcas expositores. A ideia é estrear um novo formato, em estilo showcase , com um grupo restrito de marcas e compradores, reforçado com uma rede de showrooms na cidade. De 25 a 27 de Junho a feira deverá regressar ao formato convencional.
52%
da fibra produzida em todo o mundo ainda é o poliéster, que os gigantes do setor querem reduzir a 25% passando a usar poliéster reciclado
CENTI CRIA SENSOR PARA MÁSCARAS QUE MONITORIZA RESPIRAÇÃO O CeNTI está a desenvolver um sensor que, incorporado na máscara de proteção, vai monitorizar o ritmo respiratório do seu utilizador. A tecnologia identifica possíveis alterações e desvios aos padrões normais, o que possibilitará atuar mais rapidamente em caso de contaminação por SARS-CoV-2, e resulta do projecto SenseBreath. Nesta primeira fase será incorporada em máscaras que estão a ser produzidas pela OldTrading, entidade colaboradora do projeto e especialista no setor têxtil. O projeto conta com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, sob o programa ‘Reserach4Covid-19’.
Dezembro 2020
T
11
12
T
Dezembro 2020
“REFRESH” DA BEST MODELS CONQUISTA CLIENTES
A FASHION FORWARD Por: Alex Cadilhe
O novo paradigma do loungewear Há alguns anos vimos nascer um novo segmento que cresceu debaixo do nome de loungewear ou roupa de trazer por casa. Desde então a palavra de ordem foi conforto, uma estética atualizada para nos sentirmos bem e uma imagem que respeita a nossa forma de nos apresentarmos ao mundo exterior. O conforto aliado à imagem deu-nos uma validação para não andarmos sempre aperaltados. Mas ainda faltava dar o passo para assumir esta nova tendência no nosso dia-a-dia, no nosso trabalho. Com a pandemia de Covid-19 vimo-nos obrigados a aprender um novo método de trabalho, a criar uma nova rotina para não cairmos no caos. Mas verdade seja dita, já não fazia muito sentido andarmos com conjuntos com os quais tínhamos por hábito de nos apresentar ao trabalho quando a nossa janela para o mundo passou a ser a câmara do nosso computador/tablet/smartphone. Mas também não podíamos cair no mau hábito de começar e acabar o dia com o mesmo pijama com o qual tínhamos dormido. Em casa, mais do que em qualquer outro sítio, tivémos
de criar barreiras e horários para não nos perdermos nesse limbo onde nos encontrámos de um dia para o outro. As marcas viram a oportunidade de criar um novo loungewear, mas que desta vez poderíamos levar à rua, para uma pausa ou uma deslocação inesperada, sem perdermos a nossa imagem e o conforto tão aconchegante que tanto precisamos nesta altura de incertezas. Pijamas urbanos começaram a florescer, desde propostas com estampados originais e completamente atuais, a fatos de treino híbridos que servem para tudo menos para um treino. A marca Desmond & Dempsey, cuja definição é “a celebration of life at home”, propõe uns pijamas de luxo que podemos facilmente separar para usar apenas a parte de cima ou de baixo como um item de rua, ou usá-lo como um conjunto com o calçado adequado dependendo do estilo que queremos imprimir ao nosso look. O conforto com descontração e elegância propõe-nos uma nova maneira de encarar esta obrigação. Podemos estar mais resguardados mas sempre visíveis nas nossas videoconferên-
cias em teletrabalho. Podemos, sem qualquer desconforto ou problema, receber encomendas que nos entregam à porta. Com estas novas propostas é possível encarar as mais diversas situações em que de repente temos de sair do nosso casulo tão protetor sem termos de nos esconder de uma câmara ou da nossa porta de entrada para mostrar apenas a ponta do nariz e ocultar o confortável mas inadequado outfit. As marcas, como Rabens Saloner, Bluene, Skin e tantas outras propõem-nos looks elegantes que se adequam a um dia-a-dia mais prático sem perder a imagem de que tanto cuidámos. As matérias utilizadas são preferencialmente o algodão, o tencel, o jersey orgânico com pormenores e inserção de detalhes que reafirmam a sua entrada no nosso guarda-roupa com a mesma legitimidade do que qualquer outra peça de roupa. Assim como a nossa maneira de consumir está a mudar mais rapidamente de que alguma vez pensávamos, a nossa forma de ver a moda também passa por uma adaptação às regras deste novo mundo ao qual pertencemos. t
A Best Models tem uma nova imagem, uma nova estratégia e quer conquistar novos protagonistas. O processo de rebranding da agência de moda, que se iniciou no primeiro semestre de 2020, está agora consolidado. “A Best Models sentiu que era necessária a conquista de novos públicos e a reconquista de antigos clientes”, explica Cristiana Gonçalves Pereira, a nova líder da única agência de moda implantada no Porto e Lisboa.
INDITEX FECHA 300 LOJAS EM ESPANHA ATÉ FINAL DE 2021 A Inditex quer ter uma rede “mais ágil e sustentável”, com menos lojas e maior espaço, e prevê levar a efeito até 1.200 encerramentos em todo o mundo. Um quarto dos fechos deverá acontecer na rede de retalho em território espanhol (cerca de 300 estabelecimentos) até ao final de 2021. A ideia é construir uma rede de lojas com uma superfície média maior e, sobretudo, “níveis de rentabilidade superiores”. O plano estratégico prevê uma rede de 6.700 a 6.900 lojas em todo o mundo, após inaugurar 450 lojas e absorver entre 1.000 e 1.200 lojas menores neste ano e no próximo ano.
FÁTIMA LOPES LANÇA LOJA ONLINE Novos tempos exigem novas estratégias e a pensar numa resposta para a nova realidade nasceu a loja online Fátima Lopes, como plataforma direta da marca para o comércio global. O novo site - em www.fatimalopes. com - permite o acesso às atuais coleções Fátima Lopes de moda e acessórios e ainda um departamento ‘fora de estação’ a preços muito reduzidos.
Dezembro 2020
T
13
Agora também pode comprar online! Na nossa loja vai encontrar uma vasta gama de produtos gráficos, com preços muito competitivos e total garantia de qualidade. Cartões, Postais, Monofolhas, Flyers, Cartazes, Desdobráveis, Catálogos, Revistas, Etiquetas, Autocolantes, Displays de Balcão, Porta Folhetos, Quadros em Tela Canvas, Impressão Digital de Grande Formato,...
Verificação de ficheiros grátis Entrega grátis em Portugal Continental Linha de apoio ao Cliente
visite-nos em www.multitemaonline.pt
14
T
Dezembro 2020
SIMPÓSIO DA INDÚSTRIA TÊXTIL INDÚSTRIA ETERNA QUE PODE SER CAMPEÃ DOS NOVOS DESAFIOS Em vez de ITV, o professor Augusto Mateus prefere falar de Indústrias e Atividades da Moda, e não tem dúvidas de que terão um papel central nos desafios que se colocam à sociedade global. As têxteis são indústrias eternas e souberam tornar-se transversais, e Portugal pode ter orgulho na história da sua têxtil, um setor que pode ser campeão na tarefa de recuperação que o mundo tem pela frente. Convidado como key speaker do simpósio que deu corpo à 25ª edição do Fórum da Indústria Têxtil, o reconhecido professor e consultor na área económica quis deixar claro o papel de centralidade que a têxtil, na sua vertente mais moderna e tecnológica, terá que assumir perante as mudanças a que assiste o mundo globalizado.
"A ITV nacional possui um lead time imbatível à escala global"
REINDUSTRIALIZAÇÃO E APOIO AO INVESTIMENTO SÃO ESSENCIAIS Reindustrialização, apoio ao investimento e utilização eficaz do Programa de Recuperação e Resiliência são três dos pressupostos que o setor têxtil considera essenciais para a recuperação. Também a redução dos custos com a energia e com o dinheiro, e uma efetiva desburocratização de procedimentos estão no centro das preocupações enumeradas pelo presidente da ATP, Mário Jorge Machado, no discurso de Simpósio que este ano acolheu o Fórum da Indústria Têxtil. Para o presidente da ATP, é também essencial “reorientar os fundos do PRR – Programa de Recuperação e Resiliência para o apoio às atividades produtivas, em parceria com as empresas, de modo a tornar mais eficiente e reprodutivo o investimento,
incluindo nos domínios da transição digital e diversificação energética, assim como garantir que o investimento público em infra-estruturas fique em Portugal, a começar pelas empresas que as vão executar”. Dois outros vetores mereceram ainda a sua atenção: “criar um verdadeiro banco de fomento que ajude efetivamente as empresas a reforçar capitais próprios e a diversificar as fontes de financiamento”, e finalmente a retoma do ‘Programa Capitalizar’, atualizado e melhorado, uma vez que nele encontramos muitas medidas positivas, que, a serem aplicadas, neutras de política e ideologia, providenciariam um país mais competitivo, mais equilibrado e mais sustentável”. t
GOVERNO ANUNCIA NOVAS AJUDAS PARA EMPRESAS EXPORTADORAS O ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, revelou na sua intervenção no Simpósio Têxtil que “o Banco Português de Fomento vai lançar uma nova linha de crédito às empresas exportadoras especialmente pensada para as indústrias de trabalho intensivo, permitindo conceder crédito em função do número de postos de trabalho das empresas e com a possibilidade de converter 20% do valor do crédito em subsídio a fundo perdido no final de 2021”.
No encerramento do Fórum da Indústria Têxtil, o ministro disse ainda que o Governo está a trabalhar noutras soluções para apoiar as empresas, tendo destacado que parte delas seguirão para o segmento da formação profissional. Pedro Siza Vieira destacou ainda que o Orçamento do Estado prevê que as medidas de apoio à manutenção do emprego serão prolongadas pelo menos até ao final do terceiro trimestre do próximo ano.
O ministro da Economia referiu ainda que o Governo, em aliança com a União Europeia, está a contribuir para a criação de um ambiente propício à indústria no seio dos 27, nomeadamente com a articulação de uma maior fiscalização do cumprimento de normas sociais e ambientais por parte dos produtores que ‘invadem’ a UE com os seus produtos. Uma forma de tentar acabar com a concorrência desleal de que o setor têxtil há muito se queixa. t
Mário Jorge Machado Presidente da ATP
SETOR MANTEVE RESILIÊNCIA, NÃO SE ASSUSTA E NÃO DESISTE “Nunca como hoje vivemos uma situação tão difícil, e nunca como hoje fomos sujeitos à prova suprema da sobrevivência generalizada”, sublinhou o presidente da ATP durante o Simpósio Têxtil. Segundo Mário Jorge Machado, “o setor não se assusta e não desiste” e deu provas nesta pandemia de uma extraordinária resiliência e de uma capacidade única de se adaptar e reinventar.
795
foi o número de participantes no Simpósio da Indústria Têxtil, o triplo da lotação do auditório CITEVE. o evento foi pela primeira vez transmitido em direto via streaming
O CÉU É AZUL E OTIMISTA, APESAR DE NUVENS DE INCERTEZA Um céu azul, mas com nuvens, ou um caminho de rosas que inclui espinhos. Foram muitas as metáforas utilizadas pelos intervenientes na mesa-redonda do Simpósio da Indústria Têxtil para representar o atual momento, de contornos inéditos que a ITV vive. Com maior ou menor otimismo, há dois consensos generalizados: no futuro, a crise vai representar um salto tecnológico e de competitividade, mas até lá serão muitos os desafios à produção têxtil. Ana Tavares (Smartex), Nuno Gonçalves (IAPMEI), Ricardo Gomes (El Corte Inglés), Vitor Abreu (Endutex) e Patrícia Ferreira (Valérius) passaram também em análise alguns dos temas dominantes que hoje fazem os empresários pensar quando a pergunta é sobre o dia de amanhã.
Dezembro 2020
T
15
16
T
Dezembro 2020
X A MINHA EMPRESA Por: Mariana d'Orey
Etfor empresa têxtil, lda Av. Margarida Queiroz 301 4740-438 Forjães
O que faz? Roupa de bebé dos 0 aos 36 meses e de criança dos 3 aos 14 anos Exportações 95% para os cinco continentes. Itália, Espanha, Alemanha, Holanda, Bélgica e Estados Unidos são os melhores mercados Produção 5 milhões de peças por ano Trabalhadores 110 Área de produção 9 mil m2
TWINTEX RENOVA ESTATUTO DE EMPRESA DE INTERESSE ESTRATÉGICO A Twintex voltou a ser reconhecida como empresa com Estatuto de Interesse Estratégico, aprovado pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Segundo o certificado, a empresa tem grande interesse estratégico para a economia regional da Beira Interior, devido à constante promoção de emprego, impulso da economia local e contributo significativo para o crescimento da região. Com um portefólio premium de clientes, a produtora de vestuário de luxo, que acaba de comemorar os seus 41 anos, exporta a 100% para um total de 26 países diferentes como Reino Unido, França, Itália, EUA ou Canadá.
"Percebemos que para sermos bons na área da distribuição e na área industrial temos que separar as águas" Rute Sousa CEO da MJJ
UNIVERSIDADE DE COIMBRA CAMINHA PARA USO DE NYLON EM E-TÊXTEIS
“A Play Up é mais que uma marca, é um estilo de vida” Espaços amplos, modernos equipamentos de corte automático, e, ao fundo, uma parede colorida pelos imensos cones de linhas nas mais variadas cores. Ouve-se o som das máquinas de costura, e o cheiro característico das malhas evidencia os 32 anos de dedicação ao fabrico têxtil para marcas internacionais de referência. Estamos na ETFOR, uma empresa têxtil sediada em Forjães, Esposende, onde nasceu também a Play Up, um projeto familiar que surgiu da vontade de criar uma marca própria. “A criação de uma marca própria veio com a evolução natural do saber fazer” explica Bruno Correia, diretor geral e um dos impulsionadores da Play Up, juntamente com os seus irmãos Elsa e César. “Era um desejo da nossa mãe que foi ganhando forma. A marca nasceu em 2004, foram mais de dez anos de investimento. Aprendemos, estudamos o mercado, fizemos feiras internacionais, muitos avanços e recuos. No entanto só a partir de 2014 é que a marca começou a ser rentável. Em 2018, a minha irmã Susana assume a direção criativa, iniciando um profundo processo de rebranding”. Formada em arquitetura, Susana Correia apenas havia colaborado com a Play Up na projeção dos stands para as feiras de moda. O seu envolvimento com a marca cresceu de forma orgânica, até ao ponto em que começou a orientar a equipa de design. Foi ai que a necessidade de transformar o conceito da Play Up despertou: “A minha proposta foi um regresso às origens, espelhar aquilo que somos nas nossas criações. A nossa família vive e trabalha nesta pequena vila, com uma forte ligação com a Natureza. Paralelamente à fábrica, os meus pais sempre criaram animais no quintal e cultivaram vegetais e frutas. É essa verdade que queremos ver refletida na Play Up”.
Atualmente, a marca exporta 95%: “estamos em mais de 800 lojas em todo o mundo, para além do crescimento exponencial das vendas online. Os meses de confinamento foram os melhores de sempre para a marca e vamos fechar 2020 com valores de faturação bastante superiores aos que alcançamos no ano passado”, revela Bruno. “Sentimos que a pandemia veio elevar muitos dos valores que já preconizávamos”, completa Susana. A sustentabilidade e a responsabilidade social, o conforto e a qualidade das peças são as bases da Play Up, que quer tornar-se cada vez mais amiga do ambiente. O upcycling é outra das grandes apostas, assim como a utilização de embalagens reutilizáveis e de materiais reciclados. O rebranding em 2018 ficou marcado pela criação do conceito Embracing Slow Making, uma série de colaborações com a nova geração de artistas e criadores portugueses, cujo trabalho tem inspirado as coleções lançadas desde então. “Todos os parceiros com que trabalhamos são nacionais e preocupamo-nos também em proporcionar boas condições de trabalho aos nossos colaboradores”, acrescenta o diretor geral. Passo a passo, a marca tem crescido, tanto em visibilidade como na equipa. O processo criativo é feito internamente, assim como a estratégia de comunicação e marketing online. O investimento no canal B2C é uma das principais apostas de expansão da Play Up. “Queremos continuar a crescer de forma mais consciente e oferecer melhores condições às pessoas que trabalham connosco. Acreditamos no comércio justo e vamos continuar a trabalhar com parceiros locais”, afirma Bruno Correia, que tem também a ambição de aumentar a presença da Play Up em Portugal. t
O português Paulo Rocha, do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, integra a equipa de cientistas que pela primeira vez produziu fibras de nylon piezoelétrico (com propriedades eletrónicas desejadas), abrindo caminho para a utilização deste tecido em têxteis eletrónicos inteligentes e vestíveis (ou e-têxteis). O cientista explica que “a procura de têxteis eletrónicos e inteligentes tem vindo a crescer, devido à viabilidade comercial e ao interesse dos consumidores”. Contudo, diz Paulo Rocha, “a indústria têxtil enfrenta, atualmente, o desafio de encontrar fibras de materiais eletrónicos baratos e prontamente disponíveis que sejam adequadas às roupas modernas”
700 mil
metros de tecido por mês é a capacidade de produção da Riopele
CONFEÇÕES MANUELA & PEREIRA LANÇA CASACOS ANTI COVID-19 A empresa CMP – Confeções Manuela & Pereira já tem no mercado os primeiros casacos com tratamento anticovid-19, que confere propriedades antimicrobianas e antivíricas que funcionam como um escudo protetor contra estes microorganismos. Estão disponíveis dois modelos, um para homem e outro para senhora, que são comercializados através da plataforma e-commerce Springkode. A tecnologia antivírica chama-se Adprotect M. REP, desenvolvida e aplicada no tecido pela Estamparia Têxtil Adalberto, que também tem um tratamento repelente à água que impede a fixação de gotículas contaminadas no tecido.
Dezembro 2020
T
17
GROUP
www.spormex.com
Eventos • Exposições • Congressos • Feiras • Stands • Tendas
O PARCEIRO ESTRATÉGICO QUE ELEVA O SEU NEGÓCIO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO.
ZONA NORTE
ZONA SUL
+351 253 233 000
+351 218 942 148
comercial@spormex.pt
comercial.lx@spormex.pt
33 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM MONTAGEM DE EVENTOS E EXPOSIÇÕES:
18
ZARA TAMBÉM ENTRA NO MUNDO DA LINGERIE Num momento em que o consumidor está mais por casa e preza o conforto, a Zara adaptou a sua estratégia e desenvolveu uma linha de peças íntimas. Além de cuecas e soutiens, na nova coleção há casacos, calções de malha, meias de lã e caxemira e pijamas de seda. A linha “The Female Gaze” oferece mais de 150 peças em tons nude, branco, preto, rosas e prateados, em materiais como lã, algodão, caxemira, seda e cetim. No grupo Inditex, a Zara é a quarta marca a render-se à venda de roupa interior, juntando-se assim à Oysho, Bershka e Pull&Bear.
T
Dezembro 2020
"Temos de nos preocupar com a Natureza - não existirá muito futuro se todos continuarmos a contaminá-la ao nível que se verifica hoje" Xavier Leite CEO da Têxteis Penedo
ISABEL FURTADO DISTINGUIDA COM PRÉMIO BPI MULHER EMPRESÁRIA Isabel Furtado, CEO da TMG e presidente da Cotec, continua a acumular distinções oriundas das mais diversas origens, com a mais recente a vir do setor bancário: a empreeendedora foi distinguida com a terceira edição do prémio BPI Mulher Empresária, que consagra a excelência dos percursos profissionais e de gestão no feminino. Dividida entre o âmbito mais geral da Cotec e as suas funções no setor têxtil – para além de empresária é também vice-presidente da ATP – Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal – Isabel Furtado continua a ser uma das vozes mais audíveis do setor.
A TOUR MUNDIAL DAS PORTUGUESAS CONCRETO E CRISTINA PAIS A Concreto juntou-se à designer Cristina Pais para criar uma linha inédita com 12 acessórios de moda, que pretende não só complementar a oferta de vestuário da marca, mas também fazer referência às muitas cidades onde as suas peças são vendidas. De Milão a Barcelona, de Moscovo a Saint-Tropez, a Concreto quer continuar a viajar pelo mundo, mas sempre com a etiqueta made in Portugal. São brincos, colares e bandoletes, desenhados com o mesmo espírito e destinatário das coleções Concreto: a mulher irreverente, cosmopolita e que valoriza a qualidade das peças que usa. A marca do grupo Valérius celebrou uma parceria com a designer portuguesa Cristina Pais para produzir a sua primeira linha de acessórios de moda, que agora chega às lojas que representam a marca e à sua loja online própria. Como inspiração, a designer colocou o radar nas várias
cidades onde a marca Concreto está representada nos dias de hoje. Milão, Barcelona, Atenas, Moscovo, Edimburgo a Saint-Tropez são alguns desses destinos que são homenageados nesta coleção. Mas se em termos de design, as inspirações dão a volta ao
mundo, em termos de produção, a Concreto volta a mencionar o compromisso com a produção nacional. “A Concreto, marca 100% nacional, mantém o seu ADN e escolheu a também portuguesa Cristina Pais, para fazer a sua primeira linha de acessórios”, explica a marca. t
BEPPI E BLUE SEVEN CRIAM NOVO CONCEITO DE MODA INFANTIL É um novo conceito de moda infantil num mesmo espaço. A portuguesa Beppi e a têxtil alemã Blue Seven juntaram-se para desenvolver a Beppi Blue, uma cadeia de lojas que deverá abrir portas em vários pontos do mundo ainda no primeiro semestre de 2021. “A ideia surgiu ao detetarmos uma lacuna no mercado. A nível mundial não há uma unidade entre têxtil e sapatos infantis. Foi assim que nasceu o projeto da Beppi Blue: serão lojas muito giras e disr uptivas que vão unir as peças de vestuário da marca alemã Blue Seven ao nosso calçado ”, explica
Hugo Silva, diretor comercial da marca portug uesa. O conceito, que assentará num modelo de franchising simples, está já concluído, dando-se agora início ao processo de angariação de clientes. “Neste momento já estamos a trabalhar online com clientes da Roménia e da Tunísia ,temos interessados em abrir estas lojas no Estoril, na Madeira e também na Lourinhã ”, avança Hugo Silva. Apesar da pandemia ter desacelerado o avanço do projeto das lojas Beppi Blue, o diretor comercial da marca portuguesa acredita que “em anos maus podem surgir muito boas opor-
tunidades” e é por isso que, com esperança, acredita que em 2021 as lojas já estejam em pleno funcionamento. “A nossa expetativa é de que ainda no primeiro semestre de 2021 tenhamos já algumas lojas da Beppi Blue em funcionamento dentro e fora de Portugal, até porque, sendo muito descomplicado, o processo de franchising é bastante atraente”, remata. Detida pela Planitoi, uma empresa sediada em Espargo, Santa Maria da Feira, a Beppi é uma marca portuguesa especializada em calçado infantil estando já presente em mercados como França, Espanha e Alemanha. t
CERTIFICADA A GOLA DE PROTEÇÃO QUE SUBSTITUI AS MÁSCARAS É não só uma alternativa de proteção às máscaras sociais, mas ao mesmo tempo também um acessório de moda confortável. A MO TEX – Márcia Oliveira Têxteis, Lda certificou a Gola GOKÄ, uma proteção Covid-19 que neutraliza o vírus e incorpora termoregulação inteligente e tecnologia de evaporação e arrefecimento dinâmico. O projeto já tinha sido dado a conhecer no verão, mas a entrada no mercado estava ainda então dependente da categorização “COVID-19 APROVADO”, outorgada pelo – Equilibrium – Laboratório de Controlo da Qualidade e de Processos. A Gola GOKÄ tem também conformidade com a Norma EN 14683 e enquadra-se nas novas regras em vigor: CWA 17553:2020 – Community face coverings, CEN – European Commitee for Standardization, que permitem a sua comercialização no espaço europeu. “Para além dos parâmetros de filtração e respirabilidade, esta gola tem a capacidade de neutralizar vírus envelopados”, anunciou a start-up de Famalicão, acrescentando que a pensar no conforto foi ainda criada “uma termoregulação inteligente e tecnologia de evaporação e arrefecimento dinâmico”. Márcia Oliveira, diretora executiva da MO TEX reforça que “o objetivo é minimizar o impacto e desconforto que a utilização da máscara pode ter, tornando-se num acessório de moda sem qualquer tipo de conotação negativa”. As golas GOKÄ são comercializadas individualmente e na versão Hoddie (casaco com capucho). Uma sweatshirt com gola de proteção integrada que já valeu à empresa o selo “iTechStyle INNOVATOR by Citeve”. t
Dezembro 2020
T
19
20
T
Dezembro 2020
FOTO: RUI APOLINÁRIO
"TUDO O QUE É PARA A VOLVO TEM DE SER COM MATERIAL RECICLADO"
Dezembro 2020
T
21
n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa
Guilherme Paixão Research and Development Manager do grupo Borgstena, está na linha da frente de um dos setores mais expostos à inovação. A partir de Nelas, o grupo que já foi sueco e agora é sul-coreano tem sabido sustentar uma posição internacional que o coloca como um dos mais válidos players do setor. E se a pandemia apanhou a empresa de surpresa, a resposta foi rápida em termos tecnológicos e eficaz do ponto de vista do racional de negócio. Para Guilherme Paixão, a investigação e o desenvolvimento de novas tecnologias e de novas propostas têxteis é, em termos da empresa, uma questão de sobrevivência
N
uma fase em que a pandemia passou a ditar as suas regras numa série de indústrias, as mais afortunadas foram as que arriscaram a diversificação para o segmento dos equipamentos médicos. A Borgstena fez mais que isso: criou um novo negócio e apetrechou-se com equipamentos que vão muito além das máscaras. A produção de máscaras é o vosso investimento mais recente. Mas o negócio parece estar a começar a fugir para o sudoeste asiático?
O nosso investimento na área médica deu-se porque vimos que as nossas encomendas em situação de pandemia estavam a descer. Quisemos fazer algo de mais proativo, em vez de cruzar os braços esperar que tudo passasse. Qual era o mercado que estava com alguma atividade? O do equipamento médico.
só a produção de máscaras. Uma coisa é comprarmos uma máquina para as máscaras, outra coisa é investir para montante e para jusante. Um dos elementos da máscara é o filtro – em não-tecido especial. Temos que o comprar ou temos que o produzir – e nós decidimos também investir na produção desse não-tecido. Tudo isto foi decidido num tempo em que todos procuravam máscaras, mas não as havia no mercado. Decidimos também fazer todos os testes internamente – o que implicou investirmos num laboratório específico. Não ficamos dependentes de laboratórios externos que, como se sabe, estavam completamente superlotados. Avançámos também para a compra de três máquinas para a produção de máscaras comunitárias one step e de luvas. São máquinas muito flexíveis. Temos uma parte da empresa que, não sendo o nosso core, faz confeção – faz parte da produção de cadeirinhas de bebé – o que quer dizer que conseguimos fazer máscaras para escolas, empresas, com personalização... O feedback que temos tido é muito bom. Entretanto, chega a concorrência.
Com as máscaras em destaque?
Vimos que era o segmento em que mais rapidamente conseguiríamos entrar no mercado. Julgamos que era uma pequena janela de intervenção, mas afinal está a demonstrar que é maior: a pandemia está a demorar mais tempo. Decidimos então investir, principalmente nas máscaras – comunitárias e cirúrgicas. Fez-se o investimento de cerca de 3,6 milhões de euros avançando para o Compete 2020, que financiou 80%. Um valor que indica um investimento mais vasto que apenas a produção de máscaras?
Abrangemos várias áreas, não
No início vendeu-se muito. Neste momento começa-se a ver que em todos os concursos o que conta é o preço e disponibilidade de stock – quando achávamos que iriam alavancar o negócio, suportado em 80% pelo Estado – e não é assim. Deveria haver discriminação positiva?
Não se lhe poderia chamar assim, deveria haver auto-suficiência. Se só olharmos para a parte financeira, sabemos que a China consegue fazer mais barato. Mas, quando precisamos de máscaras, não havia a quantidade nem a qualidade suficientes, o passo foi a União Europeia ter algum nível de auto-suficiência
"O próximo ano ainda é uma grande incógnita"
Com cerca de 600 a 650 colaboradores em Portugal – a que se juntam, no grupo Borgstena, mais 35 a 40 no Brasil e 50 na República Checa – a empresa está apostada em ultrapassar novamente a barreira dos 80 milhões de euros de volume de negócios. Mas o grupo sul-coreano tem como referência o planeta – e nesse quadro o grande objetivo é atingir uma faturação da ordem dos mil milhões de euros em 2030. Para isso, a diversificação geográfica – que decorre de idêntica diversificação dos clientes (o setor automóvel) – é um imperativo que obriga não só a uma grande musculatura financeira, como também a uma flexibilidade de procedimentos à prova de qualquer surpresa. A aposta mais recente é a construção de uma unidade industrial nos Estados Unidos. O investimento decorre de um convite – daqueles que não são para recusar – da Volvo, que rumou ao continente americano por razões fiscais, levando atrás de si alguns dos seus fornecedores mais importantes. Mas, ao contrário do que se poderia pensar, mesmo este tipo de investimentos ‘em cadeia’ não asseguram só por si a criação de mais uma frente de negócio. A Borgstena, fundada em 1925 numa cidade sueca com aquele nome, foi comprada em 2017 pelos sul-coreanos do grupo Dual – o que lhe permitiu acrescentar à sua forte posição nos mercados ocidentais, uma presença muito significativa no sueste asiático, nomeadamente na China
– e em toda a UE houve este tipo de ajudas. Mas, quando começaram os grandes concursos, esse tipo de limite não se verificou. Ficou admirado?
Acho estranho termos recebido este tipo de ajuda e nos concursos internacionais quem ganha é o preço e disponibilidade de stock. Vários concursos foram ganhos por agentes que nem sequer têm fábrica, mas que são importadores de máscaras chinesas, que colocam no mercado a preço muito mais baixo do que nós as conseguimos produzir aqui. Consegue encontrar uma explicação?
Não faz nenhum sentido. Faria sentido num mercado global e numa situação normal, mas, nesta fase específica – estando a saúde das pessoas em causa – as medidas não podem ser de expansão global. Tem de haver algum protecionismo, a que nem chamaria protecionismo, mas autossuficiência. Não é fácil amortizar o investimento. Sendo que parte dele é de nós todos por via do Estado.
Exatamente, quando se fala de Estado parece uma entidade abstrata, mas o Estado somos nós todos. Pagamos impostos e a seguir vamos comprar à China. Não faz nenhum sentido. Sentimos alguma dificuldade, continuamos a ter algumas vendas, mas nada do que era suposto – sabendo nós que seria assim no futuro. A Borgstena sentiu dificuldades idênticas noutros países europeus?
A Borgstena é originalmente sueca, mas nesta altura somos sul-coreanos, depois da compra protagonizada pela Dual. Com a Dual, temos fábricas no Brasil, nos Estados Unidos (onde estamos a arrancar), em Portugal, na República Checa e na Roménia, e escritórios na Alemanha e na Suécia, e depois
temos muitas fábricas na Coreia e na China e ainda algumas parcerias técnicas na Índia, na Malásia, entre outras. Ao nível da Europa, só Portugal está a produzir este tipo de materiais. O objetivo sempre foi termos uma área de negócio nova, aproveitando uma oportunidade, e de futuro. No final do ano, vão atingir os mais 80 milhões de faturação do ano passado?
Não, vamos ficar pelos 60 a 63 milhões. A parte da produção de artigos médicos não é ainda significativa. O core foi afetado, como não podia deixar de ser. Já sentiu o rearranque?
Foi uma agradável surpresa para nós, começou em agosto e logo em setembro já estávamos aos níveis pré-covid. Não estou a falar da empresa propriamente dita, mas fazendo parte de uma cadeia de abastecimento que retomou imediatamente os níveis pré-covid. Estávamos à espera que no Natal o negócio voltasse a ir abaixo, mas não é isso que está a acontecer: as encomendas continuam substanciais – estamos entre 95% a 99% do que estávamos antes. Quer isso dizer que o ano de 2021 está salvo?
O próximo ano é uma grande incógnita. Depende dos confinamentos e de como a economia, que se foi aguentando até agora, vai responder em 2021. Se a economia for abaixo, o que as pessoas deixam de comprar de imediato são os extras, os bens de luxo – onde se incluem os carros. Quando fala de atingir níveis pré-pandemia, está a falar de que parte do mundo?
Em termos de consumo estou a falar da Europa. Em termos globais temos de admitir que houve uma quebra bastante grande – mas depende muito das marcas, houve umas que se aguentaram bem, o topo de
22
T
Dezembro 2020
Cebolais de Cima, A Penteadora e o gosto pelo bilhar O matraquear sincopado dos teares têxteis é um dos sons que identificam a infância de Guilherme Paixão, nascido em Cebolais de Cima, Castelo Branco. Não terá sido por isso, ou só por isso, mas o certo é que acabou por licenciar-se, em 1991, em Engenharia Têxtil na Universidade da Beira Interior – curso que, lamenta, já não existe. Começou em A Penteadora e na Nova Penteação, ambas na Covilhã, para uns sete ou oito anos mais tarde fazer a sua primeira aproximação aos componentes automóveis na Lear, em Lisboa. Mas acabaria por regressar à geografia de origem, desta vez para a Johnson Controls. Um dia, viu-se a fazer formação na Borgstena e a coisa correu tão bem que, em 2004, acabou por transferir-se para uma empresa sueca. Quando não está a olhar para máquinas, Guilherme Paixão caminha, anda de bicicleta, joga golfe (mas não muito) e bilhar – uma arte que se vai perdendo na exata medida em que os cafés deixam de ter mesas de bilhar
gama aguentou-se bem, com os de gama básica a serem os que mais sofreram. Depois temos algumas coisas curiosas. Por exemplo, as marcas coreanas tiveram menos quebras – isto é, todas as marcas que têm mais vendas na China foram as que se aguentaram melhor. Os níveis de consumo na China recuperaram muito mais depressa. Nós vendemos muito para a Volvo, Skoda, Volkswagen – e destes todos a que mais sofreu foi sem dúvida a Volkswagen. As marcas estão a recuperar listas de espera – ou seja, aquelas vendas já estavam feitas. Tudo isso não chega para perspetivar um bom ano de 2021?
É extremamente inseguro. Temos que trabalhar sobre vários cenários. No melhor cenário?
No melhor cenário, temos que aumentar as nossas instalações – já temos o espaço para isso – temos de aumentar a compra de máquinas, podemos usufruir de novos benefícios que vão chegar em 2021 – e perspetivas de aumentar as encomendas para o ano. Este é o cenário mais apetecível. Depois há o cenário de manter – o que quer dizer que vamos ter de fazer algum tipo de ajustamento. Nomeadamente no emprego?
Nomeadamente no emprego, nas condições. E finalmente temos o cenário de redução, que será mais dramático, onde teremos que fazer ajustamentos, como todas as empresas fazem. O grupo na sua totalidade contava chegar aos 600 milhões em 2021. Mantém-se essa escala?
Vai ser revisto em baixa. Mantém-se o objetivo de o grupo Dual vender mil milhões em 2030.
"Vários concursos foram ganhos por agentes que nem sequer têm fábrica, são importadores de máscaras chinesas" Porquê a aposta nos Estados Unidos?
Não foi propriamente uma estratégia própria. No automotive, o que existe cada vez mais é grandes produtores de marcas, que em determinada altura quiseram ter fornecedores globais. Foi por isso que fomos para o Brasil, por causa da Scania. A Volvo (da chinesa Gealy, que tem ainda a Lotus, a Lincon, a Jaguar, entre outras) decidiu montar uma fábrica nos Estados Unidos. A Volvo representa 25% das nossas vendas – e pediu aos fornecedores para acompanhar essa evolução.
cada vez mais na valorização e na classificação dos fornecedores – e nós estamos a trabalhar muito nessa área. Precisamos de soluções que nos distingam dos outros fornecedores – e isso quer dizer inovação e design – e finalmente o serviço continua a ser um must. Hoje em dia temos que fazer as coisas bem feitas, mais bem feitas que os outros e temos que ser mais rápidos. Qualidade, preço, serviço. Como é que tudo isso impacta na empresa em Portugal, nomeadamente ao nível dos investimentos?
Em Portugal temos não só o grande centro de produção em massa, mas também o desenvolvimento de novas tecnologias – é aqui que são desenvolvidas todas as novas áreas que depois exportamos ou não para as outras unidades. Com que investimento?
Estamos a falar de um nível médio de investimento de três a quatro milhões por ano.
Desafios para o futuro?
No melhor cenário, prevê a necessidade de novos investimentos a curto prazo?
Em todas as marcas e não só na Volvo, há a questão da sustentabilidade – algo com muitos vetores que têm de ser discriminados, balizados. Cada vez que falamos de sustentabilidade junto dos nossos clientes, estamos a falar de materiais naturais e reciclados, e complexos finais cada vez mais recicláveis. Para algumas marcas isso pode ser falado lá para 2050, mas a Volvo é sempre pioneira nesta área e já está a avançar. Tudo o que estamos a fazer para a Volvo já tem de ser com material reciclado. O complexo ainda não é totalmente reciclável, mas temos vários projetos a andar para conseguirmos atingir esse objetivo. Mas todos os nossos clientes nos dizem que a sustentabilidade deixou de ser algo abstrato para passar a ser algo concreto, que entra
Temos várias tecnologias onde vamos apostar forte – uma delas é a produção capaz de fazer peça a peça. Para já estamos a falar de pequenas séries, mas não se sabe se no futuro esta tecnologia não irá reverter completamente a produção – muito mais direcionada e costumizada. Para uma pequena série, 20 mil carros, o investimento está entre os 4 e os 5,5 milhões de euros – dependendo do tipo de máquina que vamos comprar. Temos outra área, os bordados (em cima dos tecidos automotivos), em que queremos crescer juntamente com os nossos fornecedores. E a área dos grandes volumes. Para nós, investimento nunca foi um problema – o pay back tem de estar dentro das regras da empresa, mas até agora houve sempre disponibilidade.t
As perguntas de
João Gomes Chief Operations Officer do CeNTI Qual a relevância que vê na atividade, orientação tecnológica e a abordagem de mercado em função das metas defnidas pelo Parque Tecnológico Europeu?
Estamos a trabalhar na reutilização dos desperdícios, voltando à economia circular. Até antes da legislação já o estávamos a fazer, porque temos de respeitar as regras dos nossos clientes. Para eles, a pegada ecológica já vai figurar na nossa ficha de fornecedor. E se não for de acordo com os parâmetros estipulados, podemos deixar de ser fornecedores. É um problema e também uma excelente oportunidade. Qual a evolução que prevê para as tecnologias e produto têxtil focado no interior automotivo, com o advento dos novos interiores para veículos autónomos?
O carro vai ser uma sala de estar e o conforto vai ser ainda mais apreciado. O grande desafio para o futuro será sempre: com todas as novas tecnologias e aproximações diferentes, conseguimos manter todas as especificações técnicas que são exigidas para o interior do automóvel? É o grande desafio e não está ao alcance de todas as empresas. t
Fernando Cunha Executive Director da Fibrenamics UMinho Como prevê que seja a revisão dos modelos de negócio do setor automóvel, especialmente dos veículos partilhados?
Vai ter de haver muito mais carros – não ao mesmo tempo, mas eles vão gastar-se mais rapidamente. Na parte dos tecidos o desafio é diferente: quando o carro é usado por muitos, os tecidos vão ter de ter caraterísticas de self clean, lavabilidade, ou não se sujarem. Temos de olhar com algum cuidado para os tecidos, porque se quero mais caraterísticas não posso pôr mais químicos, usar materiais naturais e menos químicos com a noção que tudo se gasta mais depressa. Com o novo modelo de negócio criado para dar resposta à ausência de equipamentos de proteção qual é a aposta de futuro?
Temos um projeto com a Fibernamics em que estamos a criar aquilo a que chamamos uma máscara multigrate – em vez de ser feita como atualmente, com várias folhas – passa a ser produzido apenas um complexo e esse complexo é a própria máscara. É uma inovação: deixa de ser a máscara chinesa e passa a ser uma máscara com algum nível de inovação, com conforto e uma ergonomia diferente e de muito mais fácil produção. t
Dezembro 2020
T
23
24
T
Dezembro 2020
X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
Chapelaria Centro da Moda Rua Formosa, 372 4000-249 Porto
Ano de abertura 2019 Produtos Chapéus, bonés e boinas de alta qualidade Público-alvo Quem procura qualidade e atendimento personalizado Outras lojas Rua Nova de São Crispim, Porto Marcas Meyser, Stetson, Panizza Borsalino e a marca própria Porto Hats
MESSE FRANKFURT FRANCE ORGANIZA SEMANA TÊXTIL EM FEVEREIRO A Messe Frankfurt France está a adaptar o seu calendário para continuar a levar os têxteis ao contacto presencial de compradores. Eventos de maior escala, como a Texworld ou a Apparel Sourcing, estão por enquanto suspensos, e a organizadora francesa lança um novo conceito: a Texworld Evolution Paris, que entre os dias 1 e 4 de fevereiro, abre as portas para um grupo seleto de visitantes. “Não será uma feira no stricto sensu, porque não estarão reunidos expositores, mas apenas os produtos de um grupo de selecionados”, explica Frédéric Bougeard, Presidente da Messe Frankfurt France.
"Na escolha dos materiais têxteis, para ver e comparar, as feiras são, de facto, essenciais" Baltazar Lopes Administrador da Albano Morgado
De se lhe tirar o chapéu Quando Francisco Baião abriu, em 1897, a Chapelaria Centro da Moda era impensável que alguém, homem ou mulher, pusesse o pé fora da soleira da porta sem um chapéu na cabeça. Hoje em dia as coisas estão bem diferentes, mas é com alegria que o atual proprietário, José Baião – neto de Francisco e a terceira geração da família a ocupar-se do negócio, sucedendo ao pai, Luis Baião – verifica que a moda dos chapéus tem vindo a reerguer-se nos últimos anos. E parece estar para ficar. Mudanças e revoluções que o avô Francisco não podia sequer imaginar quando abriu a chapelaria, no final do século XIX. Ainda jovem, saiu de Baião e rumou ao Porto à procura de trabalho, que foi encontrar numa fábrica de chapéus. Aí aprendeu o ofício e não tardou muito a abrir o seu próprio negócio de confeção e venda de artigos de chapelaria. Um negócio que prosperou até meados dos anos 50 do século XX, onde o final da segunda guerra mundial e a consequente liberalização dos costumes ditou que o chapéu fosse chutado para canto. A família Baião, no entanto, nunca desistiu e ano após ano conseguiu manter-se invicta, como a cidade que foi desde sempre a casa do seu negócio. Continuaram a vender para as então colónias ultramarinas e mais tarde iniciaram as exportações para a Europa, quase exclusivamente para o mercado Alemão – que ainda hoje é responsável por 25% da faturação da empresa. Grandes oportunidades de negócio a que recentemente se veio juntar o boom do turismo no Porto, que justificou que dessem à loja que têm na rua Nova de S. Crispim – onde também está localizada a fábrica – uma irmã na rua Formosa, onde o cliente estrangeiro é a alma do negócio. Da Coreia do Sul, China, Taiwan, Singapura e dos Estados Unidos chegam os melhores clientes. Mas também portugueses, menos expressivos, mas
que também estão a acordar para a magia dos chapéus. “O gosto pelo vintage, que agora é uma tendência, veio dar um grande impulso para que os chapéus voltassem a estar na moda. Há também um gosto renovado pelo comércio tradicional, que, para juntar ao cliente habitual, mais velho e já habituado ao uso do chapéu, traz até nós um novo tipo de cliente: mais jovem, na casa dos 30, já com algum poder económico e que sabe o que quer. Esse cliente normalmente chega até nós através das novas plataformas digitais, que são da responsabilidade do meu filho Luís, a quarta geração da família envolvida no negócio”, explica o proprietário. No verão, os panamás – chapéus de palha de alta qualidade, preferencialmente do Equador – são os mais vendidos, tendência que no inverno muda para as fedoras, que, por ordem crescente de qualidade, podem ser de lã, de pêlo de coelho ou de castor. Já os bonés - “tudo o que tenha pala” - vendem-se bem o ano todo. Em lã no inverno e em seda e linho no tempo quente. “As pessoas confundem boné com boina, mas são diferentes. A boina não tem pala, é totalmente redonda”, completa José. Para além da marca própria Porto Hats, a alemã Meyser, cuja representação em Portugal está entregue a José Baião, a americana Stetson, famosa pelos chapéus de cowboys popularizados pelos filmes de Hollywood, e as italianas Panizza e Borsalino são as marcas presentes na chapelaria. O critério é a qualidade certificada pelos muitos e muitos anos de história. “São os melhores. Comprar um chapéu destes é como comprar um Mercedes”, sentencia José Baião, que tal como o pai e o avô, também se dedica à confeção dos artigos que vende. Isto porque, tal como Vasco Santana popularizou no filme “A Canção de Lisboa”, chapéus há muitos! Mas como estes muitos poucos se orgulham de ser. t
MAIS DE 1,3 MILHÕES DE MÁSCARAS JÁ APREENDIDAS
LANTAL MOSTRA 40 ANOS DE VELUDO EM PORTUGAL
Em finais de outubro, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica informava que tinha já apreendido mais de 1,3 milhões de máscaras por incumprimento das regras. A nota da ASAE dava conta de que na base das suas ações esteve a falta de requisitos, a indevida marcação CE e a contrafação, assim como o controlo da correta aplicação de preços na comercialização dos EPI.
A exposição está na Fábrica de Santo Thyrso. Até 24 de janeiro, a Lantal Textiles mostra “40 anos de veludo em Portugal”, numa homenagem ao percurso da empresa que quer ser uma líder europeia nos tecidos tridimensionais. A Lantal Textiles SA, antiga Gierlings Velpor, é uma das principais empresas de veludos e pelos sintéticos na Europa, vocacionada para têxteis de transportes.
6 mil
empresas tem o setor têxtil e vestuário em Portugal
NA MO O NATAL É A COMBINAR
É com camisolas, pijamas e meias com padrões natalícios, coloridas e ilustradas com os heróis da época natalícia – Pai Natal, a rena Rodolfo e a estrela do topo do pinheiro – que a MO quer ajudar a celebrar o Natal, com a família mais próxima e dentro de portas. Os pijamas para pais e filhos e as camisolas funny com padrões natalícios são as estrelas, mas as blusas e camisas a condizer para pais e filhos são uma boa opção para a solenidade da ceia de natal.
Dezembro 2020
T
25
26
T
Dezembro 2020
SOLUÇÕES SUSTENTÁVEIS? A KIND SOLUTIONS AJUDA A ENCONTRÁ-LAS
MTEX-NS DESENVOLVE MÁQUINA SUSTENTÁVEL DE TINGIMENTO DIGITAL A fabricante Portuguesa Mtex – New Solutions desenvolveu em parceria com a Nextil uma máquina de tingimento digital sustentável, que classifica como revolucionária. A empresa sediada em Famalicão explica tratar-se de uma solução tecnológica inovadora e sustentável, que deu origem a um novo equipamento que é produzido para a Nextil a partir da sua tecnologia têxtil. Com isso, conclui a fabricante portuguesa, “o atual modus operandi da Nextil nesta área assimila um upgrade tecnológico passando a estar com esta solução totalmente digitalizado”.
"Temos uma coleção 100% biodegradável. Até os fios da costura são de algodão tencel, a partir da celulose da madeira de eucalipto" Para Catarina Santos Cunha, CEO e fundadora da Kind Purposes, Portugal está na linha da frente na oferta de soluções sustentáveis
A consultora Kind Purposes está a lançar um novo projeto, que pretende acompanhar marcas e designers nacionais e internacionais a encontrar as soluções sustentáveis que melhor se enquadrem nas necessidades da sua marca. Chama-se Kind Solutions e tem propostas que vão desde as matérias-primas aos processos produtivos, passando pelo desenvolvimento de produto e estratégia. Uma solução que, segundo a consultora, surge das solicitações crescentes de marcas e designers emergentes, nacionais e internacionais, pela produção em moda responsável made in Portugal, seja ela na área têxtil, calçado, joias, acessórios ou homewear. “Portugal está muito bem posicionado no que toca à oferta de soluções sustentáveis e o nosso papel é acompanhar o cliente e ajuda-lo, num trabalho personalizado, a encontrar o que mais se adequa ao que pretende, ao que está à procura e que vai de encontro à coleção que quer desenvolver”, afirma Catarina Santos Cunha, CEO e fundadora da Kind Purposes. Kind Solutions é o nome do projeto que tem como génese um showroom digital, onde consoante as suas necessidades, cada cliente será reencaminhado para um determinado fornecedor ou artesão. Cada fornecedor será identificado por um texto introdutório que explica quais os serviços que presta, com imagens dos produtos que oferece e um vídeo onde explica o processo produtivo. Num futuro próximo irá também existir um showroom físico onde vão estar disponíveis os mostruários de fábrica, criando uma ligação ainda mais
personalizada com o cliente. “Nestes casos, a presença física é muito importante. As pessoas gostam de sentir os tecidos, tocar nas peças, ver como são feitas. Daí a aposta no showroom”, finaliza a CEO. Quando o cliente aborda a consultora, esta trata de perceber tudo aquilo que ele precisa para elaborar a coleção idealizada e procura dentro da sua lista de parceiros aqueles que melhor se adequam. Esses nomes são depois passados ao cliente, que com o auxílio da plataforma pode ficar a conhecer o trabalho de cada um escolher com quem deseja trabalhar. Trata-se, portanto, e de acordo com Catarina Santos Cunha, de um serviço que beneficia tanto os prestadores de serviços – que mediante o pagamento de uma taxa vêm o seu trabalho divulgado pela consultora – como os clientes que procuram a Kind Solutions, que sem se perderem na multiplicidade de oferta são direcionados para os fornecedores que mais se adequam às suas necessidades. Ao mesmo tempo, a Kind Solutions é muito mais que um showroom, prestando também serviços de assessoria de imprensa e consultoria de marketing e comunicação. Cada projeto é único e a consultora tem ferramentas para responder às necessidades individuais e específicas de cada fornecedor. O serviço está ainda disponível para trabalhar com escolas e centros de formação na produção de pequenas coleções e projetos experimentais. Através desta abertura aos jovens talentos é criada uma ponte entre a criatividade e a indústria, que, garante a consultora, é fundamental nos tempos que correm. t
Hugo Miranda Diretor de inovação da Adalberto
AICEP LANÇA ESTUDO DE MERCADO SOBRE VESTUÁRIO NA ALEMANHA A AICEP disponibilizou um estudo sobre o mercado de vestuário na Alemanha, que inclui uma análise profunda do consumo, da concorrência local e internacional, dos canais de distribuição e das regras para importação de vestuário, naquele que é um dos mais importantes mercados para as exportações portuguesa, particularmente têxteis. A Alemanha foi, em 2018, o segundo maior importador do mundo e primeiro europeu de vestuário, com 33,8 mil milhões de euros gastos nesse segmento, correspondentes a 9,3% do total mundial.
62%
foi quanto a faturação da Farfetch cresceu no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o periodo homólogo do ano passado
CORTIÇA PORTUGUESA NO INTERIOR DO NOVO CARRO DA MAZDA
ITV PORTUGUESA COMO CASE STUDY NA REAÇÃO À PANDEMIA A adaptação ágil do setor têxtil português à pandemia, que em apenas duas semanas passou a oferecer máscaras e equipamentos de proteção aos profissionais de saúde, tornou-se um case study internacional. E até o Grupo de Crescimento e Competitividade do Conselho Europeu convocou o presidente a ATP para perceber “o milagre português”. Mário Jorge Machado disse que se limitou a explicar aos especialistas do Grupo de Crescimen-
to e Competitividade os quatro pilares em que assenta a atividade do setor têxtil português. “Temos uma indústria flexível e ágil a inovar e lançar continuamente novos produtos, temos canais de interacção bem oleados, com centros tecnológicos como o CITEVE e com universidades, um cluster vertical, do fio aos acabamentos, com tecnologia, design e indústria num raio de 80 quilómetros”, referiu o presidente da ATP, rematando que “temos também a ca-
pacidade de adaptação nacional, definida no verbo desenrascar”. A inovação é a palavra-chave do setor na batalha para conquistar o mundo e afirmar-se na linha da frente desta nova área de negócio, que coloca Portugal no pelotão da frente dos têxteis europeus e “trabalha para ter algo surpreendente, mas ainda em sigilo, para apresentar em janeiro, na presidência portuguesa da União Europeia”, avançou ainda o presidente da ATP. t
Dos têxteis técnicos às soluções smart, sustentáveis e inovadoras, o setor automotive português está cada vez mais presente nos novos veículos. É também o caso do novo carro 100% elétrico da Mazda, cuja consola central utiliza um revestimento de cortiça made in Portugal. Uma matéria-prima natural, sustentável e biodegradável, que contribui para reduzir a pegada ambiental do novo modelo da marca japonesa de automóveis
Dezembro 2020
T
27
100 95 75
25 5 0
Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019 segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 10:53:52
28
T
Dezembro 2020
X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves
ACAMS II - Adaptive Camouflage for the Soldier
Consórcio europeu que envolve sete entidades: CITEVE e Damel (Portugal), FOI (Suécia), Fraunhofer IOSB (Alemanha), FTMC (Lituânia), TNO (Holanda) e Safran (França)
O que é? Um projeto internacional que está a desenvolver novas soluções de camuflagem adaptativa para utilização em conflito militar Para que serve? Para a proteção dos operacionais em diferentes contextos e ambientes Estado do projeto? Estão a ser realizadas provas de conceito, como testes ergonómicos e de conforto, com a colaboração de operacionais do Exército Português Duração do Projeto De maio de 2018 a outubro de 2021
KNOT APOSTA NA DIVERSIFICAÇÃO DIGITAL A participar desde Maio no marketplace Fairling, considerado uma das feiras digitais mais dinâmicas a nível mundial, a Knot, marca de moda infantil, tem apostado na diversificação digital desde o inicio da pandemia – estando também presente na feira digital da Playtime Paris, ao mesmo tempo que reforçou o investimento no site próprio B2B. “A digitalização não é algo novo para a Knot”, afirma Ana Tomé, responsável de operação da marca portuguesa, que “trabalha há já bastante tempo no online” através do acesso fornecido aos clientes para o site B2B da marca.
14 mil
milhões de euros foi a quantidade de máscaras importadas pela União Europeia no primeiro semestre deste ano
VINTAGE FOR A CAUSE E KATTY XIOMARA DE NOVO JUNTAS A marca portuguesa de upcycling Vintage for a Cause lançou a coleção “Review-Reuse” desenhada por Katty Xiomara, onde a estilista decidiu transformar peças de primavera-verão em artigos de outono-inverno. O envolvimento de Katty Xiomara com as causas da Vintage for a Cause iniciou-se em 2013 e conta com múltiplas atividades conjuntas, como a dinamização de workshops, a doação de stocks e a criação de edições limitadas. “A partilha da mesma visão sobre a moda e o olhar sobre o planeta são dois dos motivos que tornam esta parceria um sucesso”, refere a marca de upcycling.
O futuro chega camuflado Quando explicado, o mais recente projeto do CITEVE para a área militar traz à memória a ideia do manto de invisibilidade tão explorada na ficção científica ou nos livros de feiticeiros. O ACAMS II tem também como meta criar um sistema de vestuário que eleva a camuflagem militar a um novo standard, adaptando-se a diferentes ambientes e tornando os soldados praticamente invisíveis num contexto de conflito. Para isso, o centro de investigação e inovação está a testar várias tecnologias, como pigmentos termo-cromáticos ou até matrizes com luzes LED que se adaptam ao meio ambiente. Realizado no âmbito da Ação Preparatória da Agência Europeia da Defesa, o projeto conta com a participação de entidades de seis países: Portugal, Suécia, Alemanha, Lituânia, Holanda e França, que juntam conhecimentos para chegar a uma nova geração de camuflados. Em Portugal, o desenvolvimento do ACAMS II conta com a participação do CITEVE – em coordenação com o CeNTI – e da empresa têxtil Damel, responsável pela confeção final das peças. O projecto surge no seguimento do ACAMS I, uma investigação concluída pelo CITEVE em 2015, que ao longo de 12 meses estudou a viabilidade de novas tecnologias para camuflagem adaptativa. Agora, alguns desses conceitos são testados na prática, com o consórcio a analisar várias tecnologias, de forma a apurar qual a mais eficiente em tornar os militares invisíveis, mesmo em ação. “Temos diferentes soluções que se adaptam o mais possível aos diferentes ambientes. Na investigação são tidos em conta uma série de parâmetros, como
a cor, o padrão ou a forma do corpo. Procuramos dissimular a delineação dos ombros ou a simetria do corpo, por exemplo”, explica Gilda Santos, responsável do CITEVE pelo projeto. Entre as soluções que já estão a ser testadas encontram-se os têxteis com pigmentos termo-cromáticos ou a incorporação de matrizes de LEDS. Na primeira, os materiais adaptam-se à temperatura e luz do ambiente, permitindo reduzir o contraste e tornar o disfarce mais eficiente, na segunda, as matrizes de LEDS são capazes de imitar as cores e os padrões dominantes do meio-ambiente. Ambas já foram experimentadas por militares do Exército Português, que também colabora no projeto fornecendo operacionais para os testes em ambiente real. A investigação tem ainda cerca de um ano pela frente até apresentar os resultados finais, mas há já um conjunto de indicadores que estão a ser verificados. As provas de conceito, como testes ergonómicos e de conforto, já foram realizadas. “O grande desafio é conjugar o maior nível de dissimulação com a maior liberdade de movimentos nos diferentes teatros de operações”, explica Gilda Santos. O sistema vai ainda abordar a proteção dos soldados em várias gamas de comprimento de onda, como visual, NIR, MWIR, LWIR, ou radar. No fim, com a participação da portuguesa Damel, empresa especializada na confeção de vestuário técnico, o ACAMS II vai apresentar um novo sistema de camuflagem, composto em princípio por duas peças – uma para as pernas e outra para o tronco e cabeça – criando um protótipo que poderá ser utilizado por forças militares internacionais. t
"Os consumidores é que determinam tudo, se o consumidor comprar o negócio avança" Noel Ferreira Administrador A. Ferreira & Filhos
VISTA ALEGRE ALARGA-SE AO SEGMENTO TÊXTIL
Alargando a sua oferta ao segmento têxtil, a Vista Alegre, marca de porcelana e cristal, lança uma coleção composta por três echarpes e duas mantas, baseada nas decorações de quatro das suas coleções de porcelana: Duality, Ivory, Transatlântica e Amazónia. Uma evolução orgânica, refletida agora em acessórios de moda e numa linha casa definidos pela originalidade, sofisticação e conforto excecional, graças à caxemira de qualidade superior, oriunda da Mongólia. Um tecido raro e exclusivo, fruto de um longo processo de pastoreio, de recolha e de transformação manuais.
Dezembro 2020
T
29
30
T
Dezembro 2020
BUREL FACTORY EXPLORA POTENCIAL DAS FEIRAS DIGITAIS A Burel Factory está empenhada em encontrar no digital uma forma alternativa de trabalhar com os clientes internacionais enquanto a pandemia impede as habituais feiras físicas. A empresa da Serra da Estrela está já presente nos marketplaces da Maison & Objet e da Prèmiere Vision. Apesar de não ter dúvidas de que “as feiras digitais não têm o impacto das feiras físicas”, Inês Catana, da Burel Factory, acredita que os marketplaces são uma oportunidade “para mostrar mais produto e desenvolvermos novos negócios”.
"As pessoas quererem voltar à normalidade, tocar nas malhas, sentir e procurar novas tendências" John Gomes Comercial da Modelmalhas
SOFIA, A MASCOTE DA PEDROSA & RODRIGUES
A têxtil Pedrosa & Rodrigues elevou a gestão das redes sociais ao estatuto de arte. Através do Instagram, a empresa partilha não só as peças que produz, mas também os momentos de convívio ou as histórias de vida dos trabalhadores que dia-a-dia fazem a empresa vibrar. Mas a grande protagonista é Sofia, The Office Dog, a cadela resgatada pelo fundador da empresa, Casimiro Rodrigues, que se tornou a mascote da empresa e o símbolo de uma estratégia de transparência que hoje é valorizada pelos clientes internacionais. t
NIKE E CORTICEIRA AMORIM JUNTAM-SE PARA RECICLAR Vai chamar-se “Amorim-Nike” e é um novo produto de baixíssima pegada carbónica que resulta do aproveitamento de sapatilhas recicladas e cortiça portuguesa. O produto já está desenvolvido para ser vendido nos EUA, França e Alemanha. A notícia foi avançada pelo presidente do Conselho de Administração da Corticeira Amorim, explicando como aconteceu esta ligação com a gigante americana da moda desportiva. “A Nike tem um projeto em que pega nas sapatilhas em fim de vida dos atletas ou dos desportistas e recicla-as. E nós temos uma parceria com a Nike. Vamos lançar um subpavimento que utiliza precisamente este novo material feito a partir de ténis reciclados e a nossa cortiça”, diz António Rios Amorim . O aproveitamento de resíduos não é uma
tarefa nova na corticeira. “Temos vindo a fazer esse trabalho já há algum tempo e com sucesso. Neste caso, a Nike pega nas sapatilhas em fim de vida, tritura tudo, separa a parte têxtil das solas e das espumas, envia-nos e nós misturamos com cortiça. Estes resíduos, nas mãos certas passam a ter valor económico. Foi isso que a Nike conseguiu fazer com a Amorim”, explica ainda o responsável pelo grupo português. António Rios Amorim diz também que neste momento o produto já está desenvolvido e que há uma intenção comercial por parte dos dois lados. “Neste caso somos nós que vamos produzir e vamos vendê-lo a várias cadeias internacionais, como a Leroy Merlin. Vamos exportar para os EUA, França, Alemanha”, antecipa o gestor. t
ARAB FASHION COUNCIL QUER MARCAS LUSAS NA SUA PLATAFORMA O Arab Fashion Council, a organização que representa a moda dos 22 países árabes e que é a responsável pela organização bianual da semana da moda do Dubai, acaba de lançar o marketplace ByTribute, orientado para a moda de luxo feminina, e quer incluir nomes portugueses na sua carteira de marcas. Carlos Gil, TM Collection, Maria João Bahia, My Cute Pooch e Ricardo Preto são algumas das mar-
cas e criadores que já mostraram interesse em aderir. “Para as marcas portuguesas esta é uma excelente oportunidade de entrarem no mercado árabe, que tem um enorme poder de compra pronto para ser explorado. O Qatar, por exemplo, é o segundo país do mundo com maior rendimento per capita e para eles o luxo e a exclusividade são essenciais. Nem perguntam preços”, revela Elsa Dionísio, responsável
por fazer a ligação entre as marcas portuguesas e o Arab Fashion Council. A moda nacional, de pequenas quantidades, ligada à sustentabilidade e essencialmente de autor, é para Elsa Dionísio a candidata perfeita para atrair as compradoras árabes. “E, no fundo, dos compradores de todo o mundo, visto ser uma plataforma online. Já tivemos vendas para o México e para Itália, por exemplo”, completa. t
SONAE FASHION RECUA NA FATURAÇÃO MAS CRESCE ONLINE “Após um segundo trimestre bastante difícil, marcado pelo confinamento, e de um terceiro trimestre ainda muito desafiante”, a Sonae Fashion, que inclui marcas como Salsa, Mo e Zippy, registou até setembro um volume de negócios de 232 milhões de euros, menos 16,6% que no mesmo período do ano passado. O canal online manteve o forte crescimento observado no segundo trimestre e “mais do que duplicou o seu desempenho no terceiro trimestre face ao homólogo”, informou o grupo num comunicado à CMVM.
EURATEX QUER CRIAR CINCO CENTROS DE RECICLAGEM TÊXTIL A Euratex, a confederação europeia de têxteis e vestuário, quer avançar para a criação de cinco centros de processamento de resíduos têxteis, a instalar, em princípio, na Bélgica, Finlândia, Alemanha, Itália e Espanha – respondendo a um dos maiores desafios do setor: a economia circular. O aumento da recolha de têxteis, que passou de dois milhões de toneladas em 2014 para a perspetiva de 4,2 a 5,5 milhões de toneladas em 2025, fez sentir a necessidade de “um sistema de grande escala para recolher, selecionar e reciclar todos os resíduos têxteis até 2024”, refere a confederação em comunicado.
798 milhões de dólares foi quanto a Farfetch faturou no terceiro trimestre
MÖM(E) DISTINGUIDA NOS JUNIOR DESIGN AWARDS A Möm(e) foi distinguida com a medalha de bronze dos Junior Design Awards, na categoria de “Best Children’s Eco Fashion Brand”. Uma distinção atribuída pela revista britânica Junior Design às melhores marcas infantis de vários setores de atividade, que deixa a mentora da Möm(e) confiante no futuro. “É um reconhecimento gigante para a nossa marca, que merece essa distinção. Estou muito orgulhosa e confiante no futuro” disse Inês Camaño Garcia, mentora e designer da marca portuguesa de moda infantil.
Dezembro 2020
T
31
M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey
Gonçalo Peixoto Designer de moda Família Vive com o cão, Sebastião Formação Licenciatura em Design de Moda, na ESAD Casa Apartamento na Baixa do Porto Carro Mercedes Classe E Portátil MacBook Pro Telemóvel Iphone 11 Hobbies Treinar ao ar livre, ouvir música, conviver com os amigos e um bom copo de vinho Férias Tenta sempre fazer duas viagens por ano, tendo passado por destinos dispares como Tailândia e Finlândia. Marraquexe é “a cidade preferida de sempre” Regra de Ouro “Nunca desistir”
O designer pop focado na moda de autor São poucos mas intensos os anos de vida de Gonçalo Peixoto, que sempre soube que o seu caminho seria na área da moda e da criação. “Eu era aquele miúdo que adorava ir às compras com a minha mãe, ajudava-a imenso. E ela sempre adorou que eu adorasse esse mundo”, recorda o designer, filho único de um casal de empresários da área alimentar de Vila Nova de Famalicão. A vontade “inata e crescente” de criar levou-o a ingressar no 9o ano numa formação profissional no CENATEX que, afirma, “fez todo o sentido para mim”. “Passados sensivelmente dois anos, teria eu uns 16 anos, pedi ao meu pai de presente de Natal uma máquina de costura igual à da escola para praticar, porque tinha tido uma péssima nota na disciplina de confeção”, relata entre risos o jovem empreendedor. A prática aguçou o talento e foi assim que Gonçalo viu nos seus exercícios caseiros uma oportunidade para criar uma marca própria de vestuário feminino. “Aos 17 anos, cerca de um ano depois, já estava a juntar uma equipa e a lançar a minha primeira coleção. Eram peças ainda rudimentares, era eu que as confecionava”, recorda. Certo é que, por intermédio de um fotógrafo, uma das peças da primeira coleção “de brincadeira” de Gonçalo Peixoto, um macacão, integra uma publicação internacional da revista ELLE Bulgária. Já diz a sabedoria popular que o mundo é tão grande quanto pequeno e as redes sociais deram um jeitinho no encolhimento, para que, por mero caso, a atriz Rita Pereira se tivesse apaixonado pelo macacão criado por Gonçalo Peixoto durante as suas pesquisas online. “Eu não podia perder a oportunidade e quando vi que a Rita Pereira tinha feito um comentário sobre o meu macacão nas redes sociais, enviei-lhe uma mensagem e ofereci-lhe essa peça. Desde aí tornamo-nos inseparáveis. A Rita é uma peça fundamental na minha marca”, explica o jovem. A exposição impulsionada pela atriz valeu a Gonçalo Peixoto, que entretanto ingressa na licenciatura em Design de Moda na ESAD, a concretização do grande sonho da vida. “Como é que eu posso continuar a ser notado e a ter valor?”, foi a grande questão que pairou na cabeça de Gonçalo Peixoto, que rapidamente percebeu que o segredo estava em “criar boas coleções que se ajustem às tendências e fazer campanhas fotográficas fora de Portugal”, explica o designer, que já viajou com a marca para os Alpes e Marrocos. Mas a irreverência das peças de Gonçalo Peixoto não fez barulho só em Portugal. “Quando acabei a licenciatura fui convidado a participar na plataforma new designers da Semana de Moda de Londres e acho que esse foi um fator fundamental para que também as semanas de moda portuguesas reparassem em mim e no meu trabalho”, defende o designer. Gonçalo Peixoto apresenta duas vezes por ano as suas coleções principais no Moda Lisboa, embora tenha recentemente lançado uma nova coleção cápsula mais abrangente e acessível. “Eu tento readaptar-me e gosto de ir construindo estação após estação. Não sou um designer quadrado”, assume Gonçalo que, nas suas coleções, trabalha fundamentalmente por encomendas, “por forma a evitar o desperdício, numa lógica de sustentabilidade”, assegura. “Durante a quarentena percebi que podia criar uma linha mais barata que chegasse a mais pessoas porque a moda é de todos. E a verdade é que vendi muito neste período, sobretudo no online, que representa já 70% das vendas” prossegue. A marca, que começou por ser muito focada no street e sportwear, está “hoje e sempre em constante mutação”, explica o designer que quer “criar proximidade e dar resposta às necessidades das consumidoras numa coleção eclética e diversificada porque ninguém está seis meses no mesmo mood”, remata. t
32
8 mil
T
Dezembro 2020
a MUNDO VERDE
milhões de dólares é quanto valerá o mercado de têxteis reciclados em 2026
"Sustentabilidade passou a ser uma palavra genérica e tem que ser ajustada" Guilherme Paixão Development Manager da Borgstena
EDIÇÃO DE JANEIRO DA NEONYT VAI SER DIGITAL A Neonyt Berlim agendou para os dias 19 a 21 de janeiro mais uma edição digital da feira ética e responsável, à semelhança da que aconteceu no verão, com palestras, seminários e workshops dedicados aos têxteis e à moda sustentável. “Infelizmente, não nos vamos poder encontrar e ver presencialmente em Berlim. Os últimos meses mostraram-nos como as situações mudam rapidamente”, resume a nota enviada aos parceiros internacionais. Catarina João Vieira Fundadora e Editora-Chefe da Blue Velvet Editorials
UPCYCLING E A CRIATIVIDADE ILIMITADA DO SER HUMANO A moda está em constante transformação. Historicamente, passamos de uma visão linear focada no produto para a sua integração numa experiência imersiva e digital. Nos últimos anos, temos vindo a assistir a mudanças na forma como compramos através de novas estratégias de e-commerce e físicas. Para além disso, as pessoas estão mais conscientes na maneira como compram, focando a sua atenção em produtos mais transparentes e sustentáveis. A mudança é necessária para nos adaptarmos ao momento em que vivemos. No entanto, ainda há muito para fazer no que concerne à indústria da moda. Apresento-vos alguns factos: de acordo com a União Europeia, apenas 1% do material da indústria têxtil é reciclado; pela primeira vez, a Comissão Europeia inclui os têxteis no planeamento de economia circular; de acordo com a GreenPeace, compramos mais 60% de peças de roupa, comparativamente com há 20 anos; anualmente, o consumidor europeu compra 12 quilos de roupa; para se produzir uma t-shirt de algodão são necessários 2700 litros de água. Existem muitos outros factos relacionados com o impacto da indústria da moda no ambiente que merecem a nossa atenção. No entanto, prefiro deixar-vos com soluções que podem ser aplicadas já. O reaproveitamento de roupa e tecidos pode começar no conforto de nossa casa. Esta técnica, intitulada de upcycling , tem vindo a crescer mundialmente e é já considerada como uma das estratégias de futuro. O significado é simples: dar valor a uma peça/tecido/material que se tornariam num desperdício ou iriam para o lixo. Estou a falar daquele casaco que não usamos há mais de um ano. Olhemos para ele outra vez: e se fizéssemos um patchwork com aquelas camisolas que já não servem? Se não nos sentirmos inspirados, existem canais de Youtube (Blue Print DIY), Tik Tok (Remouldd) e muitos do-it-yourself no Pinterest para ajudarem. O desafio é começar. Em Portugal, já existem marcas que lutam por um mundo mais upcycled . Vintage for a Cause, O Benefício, Cuscuz, Zouri Shoes, SKOG, e blue velvet editorials são alguns exemplos que disponibilizam produtos feitos através de desperdícios como a madeira, excedentes de fábricas têxteis, lixo do oceano, entre outros. Por outro lado, entidades como a Re:Costura e Mind the Switch inspiram à criação com oficinas e eventos de como fazer upcycling . A beleza do upcyling é manifestada à medida do ser humano, uma vez que não há limites para a criatividade. Olhemos para o nosso armário e pensemos duas vezes. O mundo, a indústria da moda, nós próprios estamos sempre em transformação. Porque não aplicar esse mindset ao que já não usamos? t
ADIDAS EMITE 500 MILHÕES EM TÍTULOS VERDES A gigante alemã de moda desportiva emitiu 500 milhões do dólares em títulos com um prazo de vida de oito anos, especificamente para financiar os seus objetivos ecológicos e que serão listados na Bolsa de Valores de Luxemburgo. “O capital ajudará a financiar iniciativas ambientais e sociais da Adidas, pois temos o compromisso de sermos líderes na área de sustentabilidade”, disse Harm Ohlmeyer, diretor financeiro do grupo. A Burberry, Moncler, Prada ou Salvatore Ferragamo também levantaram créditos vinculados a objetivos sustentáveis nos últimos anos.
"A aposta nos orgânicos é inevitável, é a tendência" Carlos Azevedo Comercial da Troficolor
FATO DA UNIFARDAS É EXEMPLO DE ECO-DESIGN A Unifardas criou um fato de macaco multifunções, que pelo seu design pode transfigurar-se entre jardineira ou avental, adaptando-se a diferentes trabalhos na área da restauração. Para além de substituir várias peças, reduzindo o consumo, o coordenado é produzido a partir de matérias-primas sustentáveis. O projecto decorre de um desafio lançado pelo CITEVE para a apresentação de propostas ao Green Circle, conta Rui Araújo, Chief Operation Officer da empresa especializada na produção de workwear para setores como a indústria, saúde, restauração ou ensino.
Dezembro 2020
T
33
34
T
Dezembro 2020
B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Guimarães Marca
Divisão de Finanças e Desenvolvimento Económico da Câmara de Guimarães
O que faz? Projeto de marketing territorial envolvendo as empresas, cultura e património do concelho de Guimarães Início 2014 Atividades Feiras internacionais, missões inversas e iniciativas promocionais Objetivo Internacionalizar o território vimaranense nas suas múltiplas componentes Estratégia Lançar um maketplace com oferta dos produtos e serviços das empresas e instituições aderentes
BLACKSPIDER ADERE À FAIRLING E APOSTA NAS FEIRAS DIGITAIS Peso pesado na participação em feiras físicas um pouco por todo o mundo, a Blackspider (que detém a marca Cristina Barros) decidiu agora apostar também no online, tendo passado a fazer parte do rol de expositores da Fairling, um reputado marketplace internacional. “Fizemos a nossa inscrição da Fairling na expetativa de colmatar a ausência de feiras físicas, mas acreditamos também que no futuro as feiras digitais vão coexistir com as feiras físicas”, explica Marco Costa, CFO & Business Development da empresa.
"Antecipar e prever hoje a moda do amanhã é o que nos distingue" Luís Guimarães Presidente da Polopique
H&M INSTALA MÁQUINA QUE RECICLA ROUPA ‘JUST IN TIME’ A H&M instalou na sua loja de Drottninggatan (o centro do comércio de Estocolmo, capital da Suécia), uma máquina que recicla roupa usada em tempo real e perante o cliente, transformando-a numa nova peça. A máquina, a que chamou Looop, permite que os clientes vejam as etapas de transformação da roupa. Projetada em parceria com o Instituto de Investigação Têxtil Hkrita e a têxtil Novetex, ambas de Hong Kong, a Looop precisa de oito passos para confecionar um novo produto: a roupa usada é lavada, desfiada, as fibras são filtradas, cardadas e novamente fiadas (com o acrescento de novo fio de origem sustentável), e finalmente é confecionada uma nova peça de roupa. Água e produtos químicos estão fora do processo, que leva algumas horas a ser concluído.
De Guimarães para o mundo, com empresas e património O objetivo passa pela internacionalização do território vimaranense, uma ideia com centro no tecido empresarial – onde domina o têxtil – mas que se alarga à cultura e património. “É um projeto de marketing territorial que tem como objetivo a internacionalização das empresas e do território, numa estratégia articulada e integrada”, explica Ricardo Costa, o vereador da Câmara de Guimarães responsável pela Divisão de Finanças e Desenvolvimento Económico, onde se integra o projeto Guimarães Marca. O projeto que nasceu em 2014 procura dar projeção e visibilidade a um território que conta com mais de 160 mil habitantes, 15 mil empresas, que é berço da nação, fonte de história e cultura, mas também de têxtil, vestuário, calçado e cutelaria. De Guimarães para o mundo. É este o ponto de partida do projeto Guimarães Marca. “Através deste programa de afirmação e promoção do tecido económico e cultural do concelho, o Município de Guimarães pretende espalhar o selo Guimarães Marca pelos cinco continentes, ancorando este objetivo no vasto tecido empresarial da região”, assim se apresenta o projeto que é coordenado pela Divisão de Finanças e Desenvolvimento Económico.
Segundo Ricardo Costa, o Guimarães Marca conta atualmente com cerca de 70 empresas associadas, boa parte da área têxtil, que para aderirem ao projeto têm que ter uma marca própria, ter a sua sede no concelho e estar também livre de dívidas fiscais ou à Segurança Social. Entre as muitas atividades desenvolvidas, o vereador destaca as missões comerciais inversas, com o é o caso da Guimarães Home Fashion Week, que todos os anos traz até à cidade e empresas do concelho da área dos têxteis-lar, dezenas de compradores e jornalistas dos mais diversos países. Também a participação em feiras internacionais, em parceria com o From Portugal, a recente organização do Guimarães Marca Fashion Festival ou o acolhimento do Fashion Film Festival fazem parte das atividades do projeto de marketing territorial. A parte física do projeto é a loja PopUp, localizada na Plataforma das Artes e da Criatividade, onde as empresas aderentes têm a possibilidade de durante uma semana exporem os seus produtos e novidades. Para o próximo ano, Ricardo Costa avança com a novidade de “colocar em cima do Guimarães marca um marketplace com oferta dos produtos e serviços das empresas e instituições aderentes. t
138 mil
é o número de empregados no setor têxtil e vestuário em Portugal
ADALBERTO LANÇA COLECÇÃO SPORTSWEAR QUE INATIVA COVID-19
Depois da primeira máscara têxtil reutilizável com capacidade para inativar o novo coronavírus, a Adalberto lançou agora uma nova coleção de sportswear que incorpora a mesma tecnologia comprovada pelo Instituto de Medicina Molecular e capaz de inativar o vírus SARS-COV-2 com uma eficácia superior a 99%. A nova coleção com hoodies, sweatshirts, leggings e calças de fato de treino já se encontram disponíveis na loja online da empresa. A Adalberto e a MO tinham já também colocado no mercado camisolas com as mesmas propriedades de proteção para crianças dos três aos 14 anos.
T
Dezembro 2020
35
-
OPINIÃO QUE FUTURO? Mário Jorge Machado Presidente da ATP
UM ACELERADOR CHAMADO COVID José Manuel Vilas Boas Vogal da Direção da ATP
Estamos a entrar numa nova década e os próximos dez anos têm certezas e oportunidades anunciadas, que estas só se tornarão realidade se as construirmos. Uma das certezas será o contínuo crescimento da população mundial durante esta década dos atuais 7.8 para 8.5 mil milhões, dos quais 85% viverão em países em via de desenvolvimento. Os residentes em Portugal serão menos e mais envelhecidos ficando a população abaixo de 10 milhões e em decrescimento. A outra certeza anunciada terá a ver com a contínua ultrapassagem, em termos de PIB, dos países de leste que aderiram à União Europeia neste século, relegando Portugal para a cauda do ranking do PIB per capita. Perante estas certezas o que devemos fazer para tornar este país mais atrativo para investir é promover o crescimento da economia e população. Falamos de fiscalidade que estimula o investimento, educação adequada às necessidades da economia (ensino profissional robusto), legislação laboral flexível que permite valorizar quem é competente, sistema judicial eficaz e célere, grandes incentivos à inovação e colaboração entre empresas e centros tecnológicos e universidades, e um sistema financeiro que suporta projetos e não somente o crédito ao consumo. No caso do têxtil e vestuário, as respostas para o crescimento são igualmente simples? Seriam muito mais simples se as condições anteriores se verificassem, mas continuarão a existir oportunidades apesar do pesadelo que a maioria das empresas está a viver. A partir do próximo janeiro e do ano 2021, muito do nosso futuro estará em jogo, porque vai iniciar-se o processo de consulta da Comissão Europeia sobre a nova
Há décadas que o setor têxtil é um motor da economia nacional. O caminho não tem sido fácil. Curvas e contra-curvas, piso irregular... tudo dificulta a viagem. A velocidade de cruzeiro que queremos para a nossa indústria é, por vezes, reduzida perante limitações estruturais; ou acelerada por mercados emergentes e pressões conjunturais. Mas sobrevivemos, fortalecemos a fileira e o motor persiste. É preciso, porém, saber quais as afinações a fazer. E se temos as peças certas para que o motor continue a funcionar num presente incerto e num futuro tão desafiante. Começámos como meros produtores indiferenciados. Com esforço e visão, passámos a parceiros de produção, fiáveis e com vocação para apoio criativo e procurement. Mas abstivemo-nos, salvo raras excepções, do branding, visto como jogo de outro tabuleiro. É neste contexto que surge a Covid-19. Uma pandemia que ataca uma têxtil ameaçada pela concorrência feroz, nomeadamente da Turquia, que usa políticas cambiais que Por-
estratégia para o setor têxtil e vestuário. A EURATEX, ATP, as restantes associações europeias, bem como as empresas, terão um papel crucial neste período de consulta que deverá durar seis meses (durante a presidência Portuguesa). Até final do ano deverá ser apresentada pela Comissão esta nova estratégia que vai ter fortes implicações nos incentivos à inovação, digitalização, formação e competências, sustentabilidade e economia circular, bem como no posicionamento da UE em termos de acordos comerciais e nivelamento do acesso ao mercado Europeu. As exigências que somos obrigados a cumprir no acesso a outros mercados têm de ter a mesma reciprocidade para os produtos desses países poderem aceder ao nosso mercado. Bem como as exigências feitas aos produtores europeus em sustentabilidade deverão ter a mesma reciprocidade no fabrico dos produtos externos à UE, para nivelarmos o campo de jogo. As nossas oportunidades estarão ligadas à criação de uma economia mais sustentável ao logo desta década. A economia circular e sustentável veio para ficar, a população do planeta vai continuar a crescer e colocar uma pressão gigantesca na questão climática. Quem for capaz de produzir de forma sustentável aos custos da produção habitual terá um mercado enorme e em contínuo crescimento. As dificuldades a ultrapassar e as inovações a desenvolver serão muitas. As fracas leis que o país tem de suporte às empresas que investem tornará esta dificuldade ainda maior, mas se uma vantagem temos é estarmos habituados a não ter facilidades. Bom ano 2021 e boa década 2030.t
tugal não pode ter; e apostado mais na escala de produção do que no valor-acrescentado. Chegámos a 2020 com um horizonte cinzento e com muita apreensão. Mas é um tempo de oportunidade. Como outras crises, a pandemia acentua defeitos, mas abre portas. E há sinais no mundo online. Com as restrições ao consumo “físico”, recorre-se mais ao e-commerce, que atinge valores previstos apenas para daqui a vários anos. A vida online fornece às marcas dados fiáveis e em tempo real, permitindo tomadas de decisão mais fundamentadas, mais rápidas e mais sintonizadas com as preferências do cliente final. Podemos e devemos integrar o têxtil português neste processo. Novamente, enquanto parceiro das marcas, conhecendo de perto o seu cliente final. Apresentando propostas baseadas no novo mundo da inteligência artificial e do big data. A tendência para o consumo responsável é, também, de integrar. Há condições para
inscrever o nome de Portugal como líder em estratégias sustentáveis e de economia circular, que respondam ao crescente perfil sustentável do cliente final e resolvam, do lado da produção, a problemática do desperdício. Podemos e devemos agir com rapidez e foco para sermos cada vez mais relevantes junto dos grandes players internacionais. Aliás, podemos e devemos ser co-criadores. Às marcas internacionais deixamos as dores da criação de conceito, de storytelling, de experiência de compra, etc. A nosso cargo pode ficar (quase) tudo o resto. Espero que a Covid-19 seja, pois, um acelerador. Um motivo extra para rever estratégias e traçar um caminho que reforce o nosso têxtil no contexto internacional. Há espaço para Portugal ter um papel diferente, que não compete por quantidade, não compete por qualidade; mas antes se eleva a um outro estatuto: o de parceiro industrial co-criador. Espero que encontremos, pois, um acelerador chamado Covid. t
36
T
Dezembro 2020
Alex Cadilhe Designer e Consultora de Moda
Rita Caniço Albano Advogada na Caniço Advogados e formadora b-law
É PRECISO ACELERAR O PASSO. MÃOS À OBRA!
CRIAÇÃO E DIREITO DA MODA
Resistência... é a palavra que me ocorre cada vez que tento falar da necessidade do pequeno e medio comércio evoluir para o online. Mil e umas razões desde a falta de tempo, de recursos financeiros, de conhecimento. Como diz o ditado, ninguém nasce ensinado e não há nada mais enaltecedor de que superar desafios e evoluir. Desde 2012 ou mesmo antes sabemos que o comercio virtual é a evolução lógica e mais um canal para a otimização da venda. Com a pandemia nunca foi tão premente as lojas de rua disponibilizarem uma solução online para continuarem a vender e assim não desaparecerem do mapa. Ouvimos muitos lojistas queixarem-se das novas medidas para o estado de emergência, como se, por milagre, a situação fosse voltar ao normal de um dia para outro. Mas não vai. Nunca mais será como dantes. E por isso temos de respirar fundo e avançar, sermos inventivos, criativos. Nunca houve tantas soluções fáceis para dar os primeiros passos online. Lojas virtuais praticamente disponíveis e facilmente customizáveis, vídeos em direto nas redes sociais onde podemos ver o que a loja tem para nos oferecer. O importante é permanecer ligado aos clientes e proporcionar-lhes uma forma simples de continuar a fazer compras, mas desta vez a partir de casa. Uma nova tendência é efetuar uma vídeo chamada com o cliente e a operadora mostrar no momento as novidades disponíveis, proporcionando desta forma um atendimento personalizado como se estivesse com o cliente na loja. O envio das peças para casa com a opção de troca e a facilidade do pagamento pelo Mbway ou paypal, por exemplo, são soluções que devem existir desde o primeiro momento. No comercio local até podem propor o levantamento na loja ou a entrega em casa em mão pela funcionaria da loja. Em recentes estudos, o comercio virtual acusou um aumento de 52% nos meses do primeiro confinamento, prevendo ultrapassar este número até março do próximo ano. A pandemia obrigou-nos a acelerar o passo, a encontrar soluções para criar uma nova normalidade nas nossas vidas. Muitas marcas que não nasceram no digital rapidamente se adaptaram e veem hoje no comércio virtual um verdadeiro complemento da sua atividade em lojas físicas. Não se deve ver o comércio virtual como o inimigo a abater, mas como um novo aliado na adaptação aos novos meios de consumo. Os pequenos e médios comércios podem proporcionar um atendimento ainda mais personalizado do que as grandes cadeias, criando uma relação privilegiada com os seus clientes de sempre e abrindo as suas portas para novos clientes que, não vivendo nas suas cidades, nunca os poderiam descobrir sem ser por esse meio. Temos cinco anos para mudar. Prevê-se que em 2025 o comercio virtual represente uma parte igual ou superior ao comercio físico. Por isso, mãos á obra. Em tempos de mudança é que revelamos a nossa resiliência. t
Olhando ainda para os recentes desfiles do Portugal Fashion e da Moda Lisboa, amplamente difundidos pelas estações televisivas e por todos os órgãos de comunicação social, e em que fomos agradavelmente surpreendidos pela originalidade e novas ideias dos nossos criadores de moda, é inevitável que nos questionemos quantas dessas criações já estarão a ser copiadas, imitadas, até os originais estarem ao alcance dos consumidores que as compram? Neste caso, perante a hipótese da cópia de uma criação de moda, como é que o criador detentor da ideia original a pode proteger legalmente? Como é que protege a sua criação de espírito – a obra – inerente àquela criação que é uma extensão da sua personalidade? Será que o Direito português é capaz de conferir a proteção adequada? Vejamos então. No Direito português, o design e a estética da criação de moda são protegidos maioritariamente pelo regime dos Desenhos ou Modelos inserido no Direito da Propriedade Industrial, desde que se verifiquem os requisitos de proteção do regime. Cumulativamente, a criação de moda é protegida pelo Direito de Autor, que protege a obra inerente à criação de moda. Atualmente, um dos desafios que o criador de moda enfrenta é o facto das marcas de moda de fast fashion se “inspirarem” nas criações de moda de haute couture e de criadores emergentes, produzindo peças de vestuário, calçado e acessórios rapidamente, em grandes quantidades e a custos baixos que, seguidamente, comercializam a preços acessíveis para o consumidor. Isto, por si só, já configura um verdadeiro problema para os criadores, que se acentua quando estes produtos de inspiração passam, efectivamente, a cópia. Mas será que apenas comercializam produtos-inspiração e não cópias? É importante lembrar que os criadores de moda contribuem para a evolução da sociedade, seja em termos utilitários, técnicos, ideais, entre outros, com as suas criações de moda, que são veículo de comunicação e de expressão, pelo que o seu trabalho intelectual é um incentivo à inovação e, por isso, deve ser protegido. Em contraponto, a fast fashion , em vez de inovar, procura antes adivinhar os desejos e vontades do consumidor, através de novas tecnologias e ferramentas como a Big Data Analytics, que permite capturar, gerir e processar dados massivos, maioritariamente obtidos pela internet, por exemplo, pelas pesquisas em motores de busca que deixam “pegada digital”. Isto permite-lhes saber, antes que o próprio consumidor consciencialize, quais os seus gostos e assim produzir coleções que o satisfaçam, sem que tenha havido qualquer esforço intelectual. E se estas marcas de fast fashion reproduzirem uma criação de moda destes criadores emergentes? Como é que eles podem reagir? Será o regime dos Desenhos ou Modelos e o regime do Direito de Autor suficientes para lhes conferir a protecção desejada? É para dar resposta a este tipo de questões que a b-law (www.b-law.pt) promove cursos de formação para negócios e empresas. t
Dezembro 2020
T
37
U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Ljubomir Stanisic é a figura escolhida pela nossa Katty para simbolizar estas festividades sem festa. É a voz dos que reclamam por ajuda, que veste com um quase vestido, quase capa a que nem faltam também as aplicações felpudas a imitar o pelo das martas, também elas sacrificadas na Dinamarca por força da pandemia
Uma maxi-jaleca para o guerreiro a pão e água Não querendo de modo algum deprimir o leitor, teremos de reconhecer que este Natal, será, no mínimo, “diferente” e a despedida do ano velho na receção do ano novo será composta por um sentimento misto de alívio e incerteza. Desprendermo-nos aliviados dum pesado ano de 2020 para receber um enigmático ano de 2021, agarrando-nos a uma esperança trémula de recuperação. As previsões a longo prazo são agora de apenas um par de semanas, porque é quase impossível explorar para além dessa linha temporal. Vivemos na dúvida crescente de perceber se conseguiremos segurar o nosso trabalho e o nosso negócio, ou de sustentar o nosso lar e manter-nos vivos, com saúde e com cordura. Ljubomir Stanisic nunca teve dificuldades em fazer-se ouvir, mas desta vez é em nome dum dos grupos económicos mais ressentido com as consequências provocadas pelas medidas de contenção da pandemia que o faz. Ele é a voz e o rostro do desespero, que, a pão e água reivindica ajuda. Decidimos por isso, que seria a personagem ideal para representar estas festividades sem festa! Decoramos o nosso guerreiro com uma maxi-jaleca preta, um quase vestido, quase capa, com aplicações felpudas feitas de longos fios de ráfia desfiada, por forma a imitar desengonçadamente o pêlo de marta. Aos seus pés, colocamos umas combat boots e para apaziguar o luto deste setor, adicionamos umas garridas meias vermelhas. O nosso segundo fato reforça a homenagem às martas dinamarquesas, com imitações felpudas na gola e nas cavas, para além dumas volumosas luvas. Aqui também deixamos ao desabrigo as intimidantes tatuagens do chef, porque dão caráter ao nosso guerreiro. O fato de duas peças é na cor natalícia por excelência, procurando assim apelar a espírito da época e dar maior destaque a Ljubomir, na sua contenda em frente à Assembleia da República. As consequências desta pandemia deixarão marcas na história, mas encontraremos certamente maneira de reerguer-nos e continuar. t
38
T
Dezembro 2020
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Restaurante Malveiro Estrada do Vale de Éguas, 169 8135-033 Almancil – Loulé
NÃO HÁ MALVEIRO SEM O LEONEL Para variar e fugir ao confinamento e ao recolher obrigatório diurno e noturno dos últimos fins de semana, resolvi revisitar alguns templos gastronómicos algarvios. Abençoado Algarve, onde quase só há daqueles concelhos onde se pode andar sem stress das 13 às 23 horas. Até porque insisto em que estas cantinas tenham sempre alguma proximidade com a ITV, tenho de começar por recordar que foram os meus amigos da Têxtil Nortenha os primeiros a falar-me deste magnífico restaurante. O Malveiro fica na estrada para Vale das Éguas que sai da rotunda de Almancil e é muito fácil de encontrar porque fica à face da estrada. Quando lá fui estrear-me ainda era o velho Malveiro que superintendia o negócio, mas logo de seguida o seu filho Leonel assumiu o comando e hoje já se nota o seu dedo em tudo, da comida aos vinhos e à decoração. O primeiro conselho é que não tente lá ir sem marcar. Em tempo de férias ou de época alta para os golfistas é obrigatório marcar mesa. O Malveiro tem duas salas, mas não vale a pena escolher. Como só se
UM ESPUMANTE PARA DIZER ADEUS A 2020
vai lá para comer bem é mais aconselhável ter o foco nas sugestões do Leonel. A quiche de legumes que vem de entrada é divinal e mancomunada com a cenoura e o chouriço no barco que completa o couvert deixa-nos totalmente descansados para o que se segue. O camarão de Moçambique ou o caril do mesmo são boas sugestões a que raramente consigo resistir. Se numa mesma semana repito a ida ao Malveiro opto então na repetição pela carne na telha, um estufado soberbo que se faz acompanhar de batata, mas que eu peço sempre com outro acompanhante, porque o arroz para mim é a única guarnição que nunca se rende. No capítulo dos vinhos, o Leonel também faz questão de escolher umas “pomadas” raras, fora dos rótulos habituais nos outros restaurantes e uma das minhas obsessões é apresentar-lhe um vinho que ele ainda não conheça, como fiz recentemente com o Arinto Premium, magnífico branco da Herdade da Rocha. Um bom restaurante tem muitos aspetos a considerar mas no caso do Malveiro, como percebe bem quem lá vai, não haveria Malveiro sem o Leonel.t
QUINTA DOS TERMOS/ESPUMANTE BRANCO BRUTO João Carvalho, CEO da Fitecom, nasceu, cresceu e vive na Quinta dos Termos, no concelho de Belmonte, pelo que a par da têxtil esteve sempre também comprometido com a agricultura. Especialmente a produção de vinhos, tendo investido a sério na reconversão da propriedade de família, cuja área triplicou e rapidamente converteu na maior produtora de vinhos com a Denominação de Origem Beira Interior. Nos últimos tempos foi até presidente da respetiva Comissão de Viticultura Regional, dando também forte impulso na qualidade e notoriedade dos vinhos da região, mas o negócio agrícola é agora gerido pelo filho mais novo, Pedro, enquanto o mais velho, Miguel, lhe segue as pisadas na Fitecom. E se no final de um ano difícil poucos terão motivos para festejar, celebre-se ao menos a sua despedida. Um adeus regado com Quinta dos Termos, um espumante bruto de grande qualidade e associado à família têxtil. Muito fresco e com boa estrutura, é também elegante, delicado, com sabor intenso, secura e prolongamento de boca, que o recomendam também como acompanhante sério para a refeição. À frescura e boa estrutura que lhe conferem boa aptidão gastronómica, associa a particularidade de ter na base um conjunto de castas brancas (Síria e Fonte Cal) e tintas (Rufete e Baga), a mostrar que na família Carvalho a qualidade e inovação não é apenas um exclusivo da vertente têxtil.
Dezembro 2020
T
39
c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes
Inês Torcato, designer, 29 anos, acaba de lançar a marca Torcato para explorar uma vertente mais comercial do seu trabalho. Começou a carreira há seis anos e hoje trabalha tanto para a marca própria como para a indústria. A par da Moda tem também a paixão pela música - que a leva frequentemente a concertos – e pelos animais. “Tenho duas gatas, a Maria Gata e a Maria Café, e se pudesse teria mais. Trazia para casa todos os animais de rua!”.
SOUVENIR
A PASTA MULTIUSOS QUE ERA DO AVÔ
Gosta
Não gosta
Concertos Viagens Anéis Férias com amigos Dormir sem meias Tatuagens Sentir areia nos pés Outono Sashimi Conduzir Bombazine Motas Casacos Natal Cozinhar Jogos de tabuleiro Desenhar Queijo da serra Cama acabada de fazer Escolher tecidos Botas Fotografar Música Família Comprar português Sofá em dias de chuva Das minhas gatas Ter o fim-de-semana livre Oferecer presentes Fazer anos Janelas grandes Baba de camelo Comprar material de desenho Jantaradas Cheiro dos livros Organizar festas Ver séries na cama Trabalhar com amigos Sol quente de inverno Pessoas sinceras Abraços Cheiro de velas e incenso Uvas O dia de desfile Petiscos em tascos Star Wars Experimentar comida diferente Conversas longas Aprender Super-heróis Álbuns de fotografias
Tirar loiça da máquina Muito calor Golas-altas Dormir pouco Alturas Leite Conduzir com chuva Fazer moldes Pessimismo Pessoas que falam no cinema Levar o lixo Reuniões que podiam ser e-mail E-mails que deviam ser reuniões Chuva Trânsito Trabalhar ao fim-de-semana Deitar comida ao lixo Mudar de carteira Tirar maquilhagem Falta de transparência Machismo Ter as meias molhadas Lavar panelas Conversa de elevador Injustiça Ter comida nos dentes Discussões Egos O som da ventoinha Nunca saber das chaves Cheiro a fritos Quadros tortos Chicos-espertos Camisolas de manga comprida Velcros Dor de costas Meias grossas Collants que escorregam Alergias de primavera Esquecer a password Escuridão Maus tratos aos animais Comer de pé Falsos amigos Ver comer com a boca aberta Matar insectos Interrupções
É uma peça maravilhosa, em couro castanho, com fole, forro em tecido xadrez de tom vermelho, quase escocês, e dois bolsos exteriores a enquadrar o robusto fecho central com encaixe de mola. Era a pasta que o meu avô usava sempre, que o identificava, e que após a sua morte o meu pai trouxe para casa. É claro que que me apoderei dela logo que pude. Foi a minha companheira inseparável de muitas viagens, depois de no final do curso ter começado a trabalhar em vendas. Mais de 15 anos de deslocações para todo o lado: feiras internacionais, e mesmo viagens de lazer. Era a minha companheira inseparável. Documentos, trabalho, objetos pessoais, tudo metia nessa pasta. De tal modo inseparável, que acabava por despachar a carteira na mala e viajava com a pasta como companheira. Tinha é que ter cuidado com o que lá misturava, não fosse às vezes sacar de objetos de beleza ou maquilhagem, em vez da caneta ou de um documento. O material e configuração, com pega robusta no mesmo couro, é uma peça indestrutível, quase eterna, mas é claro que tive que a trocar quando vieram os computadores e os iPad, que são hoje indispensáveis e a pasta não foi para eles formatada. Outra era, que me fez deixar de a ter como companheira. Mas está bem guardada! No baú das memórias onde guardo coisas marcantes da minha vida, como o vestido de casamento ou as primeiras roupas dos filhos. Além do mais, é uma peça que é também a memória do meu avô, que sempre admirei. Impecável, com aquela pasta distinta, o chapéu, a gabardina e os sapatos em pele que mandava fazer por medida. É também uma história de viagens que se cruzam com a minha vida e carreira profissional, os primeiros anos de trabalho. t Joana Almeida
General Manager do Sheraton Porto Hotel
T