N Ú M E RO 6 0 JA N E I RO 2 021
T
RITA RIBEIRO
Business Manager da TMG Textiles DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
FOTO: RUI APOLINÁRIO
“QUEM TIVER A RESPOSTA RÁPIDA É QUE VAI ESTAR NA LINHA DA FRENTE” P. 20 A 22 EMPRESA
PARA A HINDU, A ÚNICA SOLUÇÃO É ESTAR SEMPRE A INOVAR P 14
EMERGENTE
PERGUNTA DO MÊS
OS GRANDES GRUPOS JÁ ESTÃO A RELOCALIZAR PARA A EUROPA? P4E5
P 31
INOVAÇÃO
PRODUTO
SMART INOVATION LANÇA PROTEÇÃO ANTI-COVID EFICAZ DURANTE 72 HORAS
O PIJAMA ERGONÓMICO DA IMPETUS COMBATE OS DISTÚRBIOS DO SONO
P 12
P 28
DOIS CAFÉS E A CONTA
TECNOLOGIA
A BABY GY TEM TIDO UM AUMENTO EXPONENCIAL DAS VENDAS EM PORTUGAL
A PENTEADORA CRIOU PLATAFORMA DIGITAL PARA MANTER CONTACTO COM OS CLIENTES
P6
JOANA CABANELAS, A CRIADORA DA JUUX STUDIO QUE QUER TORNAR A ARTE USÁVEL
P 30
SUSTENTABILIDADE
TEARFIL JUNTA-SE À DUPONT PARA CRIAR FIO DE ALTA PERFORMANCE P 32
02
T
Janeiro 2021
Janeiro 2021
T
03
3
n
CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Júlia Petiz 49 anos A CEO da Tajiservi está determinada em puxar a sustentabilidade para a linha da frente. “Todos temos a responsabilidade de garantir o futuro”, diz, e acredita que “podemos ser o maior cluster de sustentabilidade têxtil do mundo”. É licenciada em Relações Internacionais (UMinho) e começou por trabalhar numa agência de comunicação, ates de guinar para o têxtil
A RESPOSTA RÁPIDA Excelente serviço com muita rapidez na resposta aos pedidos e encomendas. Esta é uma das convicções de Rita Ribeiro, a nossa capa desta edição 60. Com o país de novo em confinamento geral à espera dos bons reflexos dessa luz ao fundo do túnel chamada vacina, esta receita da resposta rápida parece ser a vacina que as empresas devem “tomar” para aproveitarem em pleno a retoma que se anuncia. Como me têm dito muitos dos empresários e industriais com quem tenho falado nas últimas semanas, também estou convencido que quando existirem condições para voltarmos a alguma normalidade nos negócios vamos assistir a um boom de pedidos e encomendas, que todos os clientes vão querer “para ontem”. Se essa pressa tem a vantagem de os obrigar à proximidade pelo menos no curto e médio prazo, as empresas vão ter que estar preparadas para essa tal resposta rápida de que fala a Rita Ribeiro para poderem perfilar-se com consistência na linha da frente da retoma. Tenho a certeza que a maioria das nossas empresas já está a postos e em alerta geral para vencer mais este desafio. E nós aqui estaremos para ir evidenciando esses bons exemplos com muito prazer. t
Como e quando aceitou o desafio de gerir a Tajiservi? Tornei-me CEO da empresa em 2003, em condições engraçadas, pois o processo de recrutamento era para uma outra empresa. O administrador de ambas, que achava que devia contratar um homem, criou a oportunidade para me admitir na Tajiservi para ver no que dava. Até hoje cá estou, tendo-me em 2009 tornado também a acionista maioritária. Concorda que a nossa indústria têxtil e vestuário já não é só para homens de barba rija? O género continua a ter sua importância, não pela importância que efetivamente tem, mas pela que lhe é atribuída. Creio que não existem mais mulheres em lugares de liderança porque para os homens é mais fácil. Não têm nada a prova, mas também é essencialmente porque as mulheres decidem que a sua prioridade de vida não é ocupar lugares de liderança. Mas a mudança está em curso. Quais são os principais mercados de exportação da empresa e qual o peso do mercado nacional na facturação? Os EUA são desde há cerca de 3 anos o nosso melhor mercado de exportação. Para além disso, estamos pelo mundo inteiro, já que há 4 anos decidimos apostar na divulgação
dos nossos produtos online, essencialmente no Youtube. O perfil de empresa distribuidora de tecnologia e acessórios faz com que o mercado nacional seja para nós o mais importante. Nessa medida vemo-nos como um dos parceiros mais importantes das empresas exportadoras do país As alternativas digitais às feiras físicas têm resultado, ou também faz parte da maioria que anseia pelo regresso ás grandes feiras internacionais? Os eventos digitais são muito interessantes, mas não perspetivamos que as substituam na totalidade. É previsível que substituam a muito curto prazo alguns dos eventos físicos. Serão melhoradas algumas das plataformas digitais já existentes e outras surgirão, e as empresas que não souberem adaptar-se a esta nova realidade correm o risco de se ver reduzidas a um expressão insignificante ou até desaparecer. Qual vai ser o grande repto ou a maior aposta da Tajiservi para 2021? Em 2021 continuaremos a apoiar o setor e a incentivar e divulgar o têxtil verde e de reduzida pegada ecológica. Temos algumas novas representações nessa área, que brevemente daremos a conhecer. t
T
- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
04
n PERGUNTA DO MÊS Texto: António Moreira Gonçalves Ilustração: Cristina Sampaio
T
Janeiro 2021
“O preço é um fator preponderante, mas com as alterações que temos assistido, do speed-to-market à sustentabilidade e inovação, a passagem para a Europa vai-se manter”
“O crescimento do comércio online é também uma oportunidade, porque significa lotes mais pequenos, mais repetições e com prazos mais curtos”
PATRÍCIA FERREIRA VALÉRIUS HUB
RICARDO SILVA TINTEX
OS GRANDES GRUPOS JÁ ESTÃO A RELOCALIZAR PARA A EUROPA?
A pandemia serviu de alerta para a excessiva dependência das marcas europeias em relação aos fornecedores asiáticos, mas também as questões da sustentabilidade e as tendências de consumo mais ético, responsável e moderado apontam para um abastecimento de proximidade. E enquanto os discursos oficiais falam de uma estratégia de reindustrialização, a juntar às desvantagens de comprar no far east, as grandes marcas ponderam também as garantias de qualidade, produção responsável e rapidez de entrega, que permite séries mais curtas. Mas será que já estão a fazer regressar algumas encomendas à Europa?
a
crise pandémica lançou para a ribalta a questão da produção de proximidade, não só pela excessiva dependência do abastecimento asiático mas também como resposta às exigências de um consumo mais ético e sustentável. Um movimento que teve uma brusca aceleração e para o qual a ITV portuguesa mostrou estar preparada e na linha da frente. Algumas empresas já vão notando o movimento de mudança. “Nota-se que há um interesse da parte dos clientes em geral de produzirem mais na Europa, te-
mos sido contactados por vários clientes novos, que mesmo com o distanciamento pedem para reunir por Zoom ou Skype”, conta António Cunha, sales manager da Orfama. A empresa, especializada em vestuário, nota sobretudo um aumento nos contactos e não tanto nas encomendas, porque há ainda muita incerteza em relação ao primeiro semestre de 2020. No entanto, António Cunha não tem dúvidas que se assiste a uma mudança na postura dos compradores. “Eram clientes que compravam na Ásia, mas que agora começam a pensar de uma maneira diferente, valorizam a proximidade, a facilidade de comunicar, de
realizar o transporte”, refere. Rita Ribeiro, Business Manager da TMG Textiles, não tem dúvidas em registar a mesma tendência. “Os nossos principais clientes, que estrategicamente já tinham uma boa fatia na Europa, claramente estão a querer fazê-la crescer”, afirma, sem contudo deixar de apontar um senão: “todos os clientes trabalham com orçamentos, e neste momento esses budgets estão mais limitados, ou seja, proporcionalmente compram mais na Europa, mas quantidades mais curtas, pelo menos por enquanto”, esclarece. Na cadeia de fornecimento para a indústria de vestuário,
Janeiro 2021
T
05
“Os nossos principais clientes, que estrategicamente já tinham uma boa fatia na Europa, claramente estão a querer fazê-la crescer”
“Na realidade, não acredito que o fator preço seja esbatido. Ainda é cedo para apurar essas tendências, porque a memória está muito fresca da pandemia”
“Os clientes começam a pensar de uma maneira diferente, valorizam a proximidade, a facilidade de comunicar, de realizar o transporte”
“Sinto que é uma tendência para continuar, e receio até que dentro em pouco o setor vai começar a ter problemas na capacidade de resposta”
RITA RIBEIRO TMG
ANTÓNIO TEIXEIRA A PENTEADORA
ANTÓNIO CUNHA ORFAMA
VIRGÍNIA ABREU CRISPIM ABREU
mas no setor das lãs, António Teixeira, administrador d'A Penteadora, prefere ver o futuro com cautela: “Ainda é cedo para apurar essas tendências, porque a memória está muito fresca da pandemia e o mercado da moda ainda está em baixo”. No entanto, refere que a pandemia fez a ITV portuguesa afirmar-se pela sua resiliência: “Foi importante para Portugal manter-se sempre disponível, foi determinante até para algumas grandes marcas continuarem connosco”. Já Ricardo Silva, administrador da Tintex, acrescenta ainda outro fator que vem beneficiar a indústria têxtil portuguesa: a emergên-
cia do digital. “O crescimento do comércio online é uma oportunidade porque significa lotes mais pequenos, mais repetições e com prazos mais curtos, algo a que a indústria portuguesa sabe dar resposta”, explica o responsável da empresa de Vila Nova de Cerveira especializada em malhas. Quem também não tem dúvidas é Virgínia Abreu, administradora da têxtil Crispim Abreu, que identifica uma tendência que poderá beneficiar os têxteis portugueses: “No início da pandemia deixaram de colocar produção fora da Europa. Sinto que agora será para continuar, receio até que dentro de pouco tempo o setor come-
ce a ter problemas na capacidade de resposta, porque houve muitas pequenas confeções que fecharam”, adianta a empresária. Nos têxteis-lar, os grupos JF Almeida e MoreTextile fazem nota do mesmo percurso: mais encomendas, ainda que com quantidades menores e divididas em muitas re-orders. “Efetivamente sentimos os clientes a comprar mais na JF Almeida, e vejo isso como um reflexo de que estão a comprar mais em Portugal e na Europa”, afirma Joaquim Almeida, fundador da JF Almeida. “Como há mais incerteza em relação ao futuro próximo, tendem a dividir uma encomenda
em várias e isso apenas é possível com os fornecedores mais próximos, não com aqueles que estão a semanas e meses de barco”, acrescenta Artur Soutinho, CEO do grupo MoreTextile. Com os mercados europeus a fecharem-se num novo confinamento, as expetativas colocam-se agora sobre a reabertura dos mercados, quando as vacinas começarem a ter um efeito mais palpável. Esse período de transição é visto como uma janela de oportunidade para a indústria têxtil portuguesa fazer valer os seus argumentos. “Neste momento, nenhuma marca está preparada para fazer encomendas com a antecedência necessária para comprar no far east. Quando a pressão passar, a primeira oportunidade será para quem cá está e saiba dar uma resposta com a máxima rapidez, depois veremos se o made in Europe entra no ADN destas marcas”, antecipa Rita Ribeiro. “Portugal evidencia-se no quick response, mas falta saber se a indústria vai ter a mesma dimensão que teve até agora e a mesma capacidade produtiva, porque com o tempo vai perdendo músculo”, alerta António Cunha. “Muitos clientes descobriram em Portugal a solução: não compram quantidades tão grandes, fazem o stock em nossa casa e encontram mais qualidade e serviço. Em produtos mais básicos, as encomendas voltarão eventualmente à Ásia, mas no resto do catálogo a Europa continuará a ser a escolha”, antevê Joaquim Almeida. “Se a diferença de preço for demasiado grande, voltam a comprar na Ásia, mas há aqui hábitos que se estabelecem, relações que se constroem e depois só com uma diferença significativa é que os compradores voltam a mudar”, prevê Artur Soutinho. Para além da janela de oportunidade pós-pandemia, a Covid-19 acelerou também tendências já existentes. Os consumidores estão hoje mais cientes do impacto social e ambiental da produção de moda, dos verdadeiros custos da produção na Ásia e do excessivo
desperdício em todos os processos. Uma mudança que leva as marcas a adotarem novas exigências, que vão de encontro a um posicionamento já longamente assumido pela ITV portuguesa. “Acredito que o preço é um fator preponderante na tomada de decisão, mas com as alterações que temos assistido e o peso que estes grandes grupos têm dado ao speed-to-market, à sustentabilidade e à inovação, a passagem para a Europa vai-se manter mas nunca com grandes volumes como no passado, será sempre associada a customização e ao valor acrescentado”, resume Patrícia Ferreira, CEO da Valérius Hub. “Há uma mudança de comportamento nos consumidores, que valorizam mais a sustentabilidade e a responsabilidade social, duas questões que favorecem a indústria europeia”, concorda Artur Soutinho. Para António Cunha, mesmo que o próximo ciclo venha beneficiar a ITV portuguesa, é preciso que a fileira não abdique da sua estratégia, focada na especialização. “As empresas têm de ser proativas, seleccionando os clientes que valorizem a qualidade, não importa crescer em volume e depois ficar dependente do preço”, lembra o gestor da Orfama. Virgínia Abreu deixa ainda um apelo, para que a aposta na qualidade, sustentabilidade e inovação continue: “Esta estratégia vai inevitavelmente levar a um aumento dos preços, mas esta é uma questão a que os governos têm de estar atentos. Para cumprir as normas de qualidade, ambientais e sociais, a Europa tem de pôr um travão aos produtos importados que não cumprem essas regras”, lembra. No mesmo sentido, António Teixeira destaca que esta é uma oportunidade única, não só para as empresas, mas também para os decisores políticos: “Os governos que dizem proteger a indústria local e a produção de proximidade são os mesmos que, a partir do momento em que os transportes começaram a normalizar, dão preferência ao preço. Esta é uma oportunidade única para passar das palavras aos atos”. t
T
06
Janeiro 2021
A DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Mariana d'Orey
Cozinha da Terra
Lugar da Herdade 8 4580-581 Lordelo, Paredes
Entradas Bola de carne, gratinado de legumes, bolinhos de bacalhau e camarões salteados Prato Bacalhau no pão e javali com batata assada e puré de maçã Bebibas Quinta de La Rosa, Douro, branco e tinto Sobremesa Queque de noz e gelado de ovos moles
ALFREDO MOREIRA
Se no campo profissional conta com duas vidas, uma primeira ligada ao ramo da construção civil e agora uma outra dedicada à Baby Gi, a sua marca de roupa e acessórios de puericultura para newborn , no campo pessoal de Alfredo Moreira é só uma a história de amor. Casado com Sónia Brito, designer da marca, é pai de Mafalda, 18 anos, e de Gustavo, 15 anos. Apaixonado pelo mundo automóvel, que o levou a formar-se em Engenharia Mecânica no ISEP, vive em Penafiel, de onde é natural, num equilíbrio entre “o sossego do campo e a proximidade à vida cosmopolita”. É adepto de velocidade e leva a vida (ou as vidas) com prego a fundo. “Gosto de agarrar novos desafios”, admite o diretor-geral da Baby Gi
UM HOMEM COM DUAS VIDAS
FOTO: RUI APOLINÁRIO
45 ANOS DIRETOR-GERAL DA BABY GI
“Eu costumo dizer que tenho duas vidas. Uma que aconteceu pouco antes dos 40 anos e outra que coincide com a decisão de mudar de ramo de atividade, dedicar-me ao setor têxtil, aproveitando o facto de a minha mãe ter uma empresa de confeção especializada em roupa de bebé”, explica Alfredo Moreira, 45 anos, diretor-geral da marca 100% portuguesa de roupa e acessórios de puericultura para recém-nascido. Natural de Penafiel, tendo feito todo o seu percurso académico até à faculdade em Paredes, Alfredo nunca tinha imaginado que a sua “segunda” vida se pode desenrolar entre linhas e tecidos delicados. “No 12o ano, a minha mãe perguntou-me se queria ir trabalhar para a fábrica mas eu disse logo que nem pensar”, revela entre risos o empreendedor que optou por se formar em Engenharia Mecânica, no ISEP, no Porto, à custa da sua grande paixão (ainda acesa) pelo mundo automóvel. Foi na faculdade, que recorda com a saudade de quem admite ter vivido “tudo o que havia para viver naqueles tempos”, que estabeleceu um contacto para aquele que viria a ser o seu primeiro trabalho (ou primeira vida, como gosta de descrever) na área da construção civil. “Trabalhei quase vinte anos anos na
área das especialidades na construção civil, primeiro em Portugal depois em Angola. Tinha uma empresa com uma dimensão bastante considerável mas, com a crise de 2011, e depois com a instabilidade no mercado angolano a partir de 2014, decidi que estava na hora de abandonar o ramo e dar início a uma nova aventura”, prossegue Alfredo. E assim foi. Arregaçou mangas e, com muita vontade de fazer bem e com escala, decide que a sua segunda vida será dedicada ao ramo têxtil e à criação de uma marca de roupa e acessórios de puericultura para recém-nascido. “Em 2015 comecei a avançar com a construção da marca, beneficiando da experiência e do know how da fábrica da minha mãe que trabalha no ramo há mais de 40 anos”, sustenta. “Como marca sempre soube muito bem que teria de apostar na internacionalização e por isso logo em 2017, um ano após lançar publicamente a Baby Gi, na FIMI, em Valência, participei em 17 feiras internacionais só nesse ano. Queria experimentar diferentes mercados e perceber onde me encaixava”, conta Alfredo, que rapidamente recebeu os frutos dessa sua estratégia. Com menos de cinco anos de existência, a Baby Gi, que se carateriza pela qualidade e intemporalidade das suas
peças de tons suaves, está já presente na grande maioria dos países europeus (Itália na frente) e também em destinos longínquos como o Dubai, Kuwait, Panamá, Colômbia, Estados Unidos e República Dominicana. “A exportação representa cerca de 60% da nossa faturação, estamos presentes em sensivelmente 350 lojas multimarca de todo o mundo, mas tenho que confessar que o mercado nacional tem-me surpreendido muito pela positiva”, admite o diretor-geral da Baby Gi. Entre 2019 e 2020, esta marca de newborn assistiu a um aumento exponencial das vendas em Portugal, que se fixam hoje perto dos 40% da faturação. “Os portugueses perceberam finalmente que, para além de sermos bons produtores e termos excelentes matérias-primas, temos também design”, defende o empreendedor, que decidiu entretanto alargar as suas coleções para crianças até aos 36 meses. Apesar do contexto pandémico, que obrigou a marca a apostar temporariamente na confeção de máscaras sociais durante a primeira vaga, o ano de 2020 trouxe motivos para comemorar. A Baby Gi fechou as contas do ano passado com uma subida de cerca de 70% das encomendas, com negócios que ultrapassaram os 1,1 milhões de euros. t
Janeiro 2021
T
07
08
T
Janeiro 2021
6
2. “É UM EXEMPLO DE INOVAÇÃO RADICAL”, DESCREVEU BERNARDINO CARNEIRO, DA RIOPELE, EMPRESA QUE LIDEROU O CONSÓRCIO AO LONGO DOS TRÊS ANOS E MEIO
FOTOSINTESE Por: António Moreira Gonçalves
1. O DIRETOR-GERAL DO CITEVE, ANTÓNIO BRÁS COSTA, ASSUMIU AS VESTES DE PIVOT TELEVISIVO E CONDUZIU A APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, EM DIRETO VIA STREAMING
7. FORAM TAMBÉM DESENVOLVIDAS ESTRUTURAS TÊXTEIS PARA A AGRICULTURA EM AMBIENTES EXTREMOS. GILDA SANTOS (CITEVE) DÁ O EXEMPLO COM UM FATO PARA A APANHA DO FIGO-DA-ÍNDIA
UMA MONTRA PARA O FUTURO DA ITV Foi o maior e mais ambicioso projeto de inovação tecnológica da fileira têxtil. Ao longo de três anos e meio, o TexBoost reuniu 28 empresas e 15 centros de investigação num esforço conjunto e estruturante para desenvolver novos produtos, materiais e processos de fabrico. O maior e mais ambicioso projeto de inovação tecnológica de sempre da fileira têxtil com o objetivo de reafirmar a posição da indústria portuguesa no pelotão da frente da inovação, sustentabilidade, digitalização e indústria 4.0. Os resultados foram dados a conhecer numa sessão única, conduzida pela equipa do CITEVE, em que foram apresentadas mais de 70 novas soluções: uma verdadeira montra para o futuro, que atravessa os vários setores da indústria têxtil e promete trazer para Portugal exportações num valor de 100 milhões de euros
6. O CLUSTER DAS LÃS ESTEVE TAMBÉM PRESENTE, COM BENILDE REIS (UBI) A APRESENTAR UMA SÉRIE DE NOVOS MATERIAIS DESENVOLVIDOS EM PARCERIA COM A FITECOM
11. A ALTENATIVA TÊXTIL AO COURO BASEADA EM RESÍDUOS VEGETAIS APRESENTADA POR AUGUSTA SILVA (CITEVE)
10. NOS TÊXTEIS-LAR, JOSÉ SILVA (CENTI) APRESENTOU UM RESGUARDO DE COLCHÃO COM UM SISTEMA DE AQUECIMENTO/ ARREFECIMENTO, PARA NOITES BEM DORMIDAS TODO O ANO
Janeiro 2021
T
09
4. COMEÇOU SOBRE RODAS A APRESENTAÇÃO DESTA NOVA GERAÇÃO TÊXTIL, COM A DEMONSTRAÇÃO DE UM FATO SENSORIZADO CAPAZ DE REGISTAR E COMUNICAR OS MOVIMENTOS E INDICADORES DO TREINO DE ATLETAS DE ALTA COMPETIÇÃO
5. ANDAR DE BICICLETA OU CORRER À NOITE VAI TORNAR-SE TAMBÉM MAIS SEGURO COM A NOVA GERAÇÃO DE FIBRAS E ACABAMENTOS RESPONSIVOS À LUZ. RITA MARQUES (CITEVE) APRESENTOU ALGUNS DOS PROTÓTIPOS
3. JOSÉ MORGADO, COORDENADOR TÉCNICO DO PROJETO, APRESENTOU A EQUIPA: 237 TÉCNICOS, DE 43 ENTIDADES, ENVOLVIDOS NUM TRABALHO CONJUNTO DE 400 MIL HORAS
9. JOÃO MENDES (A.SAMPAIO) LEVANTOU O VÉU SOBRE AS NOVAS ESTRUTURAS DE MALHAS DOTADAS DE PROTEÇÃO MULTIRRISCO A PENSAR EM MERCADOS ESPECIALIZADOS, COMO O WORKWEAR OU SPORTSWEAR
8. NO PLANO DAS NOVAS ESTRUTURAS TÊXTEIS, KEVIN RODRIGUES (CENTI) MOSTROU ALGUNS DOS PROTÓTIPOS CRIADOS PARA SETORES DE PONTA COMO O AUTOMOTIVE
13. A ECONOMIA CIRCULAR FOI O TEMA CENTRAL DO ÚLTIMO GRUPO DE INOVAÇÕES APRESENTADAS. ENTRE ELAS, OS NOVOS MATERIAIS CRIADOS PELA ERT A PARTIR DE RESTOS DE EVA E COURO
12. RICARDO SILVA (CENTI) APRESENTOU UM BANCO AUTOMÓVEL CAPAZ DE CAPTAR OS INDICADORES BIOMÉTRICOS DO CONDUTOR COMO PESO, PRESSÃO ARTERIAL, TEMPERATURA E RESPIRAÇÃO
14. DO TEXBOOST RESULTOU UMA MONTRA DE EXEMPLOS PALPÁVEIS DA INOVAÇÃO TÊXTIL. MAIS DE 70 SOLUÇÕES QUE ESTÃO EM EXPOSIÇÃO NO ÁTRIO DO CITEVE.
10
T
Janeiro 2021
MÁSCARA MOXAD-TECH DISTINGUIDA PELA EXAME INFORMÁTICA A Adalberto recebeu uma menção honrosa atribuída pela revista Exame Informática, que assim distinguiu a tecnologia desenvolvida para a produção de máscaras de proteção sociais. A MOxAd-Tech foi considerada a primeira máscara social capaz de inativar o vírus SARS-CoV-2, após ser testada pelo Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa (iMM), que confirmou a sua capacidade para inativar o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.
"Deveria ser imposto que, pelo menos, uma parte do que é compra pública de material hospitalar fosse produzida na Europa" Mário Jorge Machado Presidente da ATP
MODTISSIMO COM DEZENAS DE INSCRIÇÕES LOGO APÓS O ANÚNCIO
Marcado para os dias 10 e 11 de março, aquele que é o mais antigo salão têxtil da Península Ibérica volta a ter lugar na Alfândega do Porto
É o despertar para uma Primavera que se espera mais aberta para os negócios e livre de constrangimentos. Com o tema Blossom (desabrochar), a próxima edição do Modtissimo contou com dezenas de inscrições de marcas e empresas logo que foram conhecidas as datas para o evento. É, mais uma vez, a manifestação da vontade das empresas em voltar aos negócios, ao contacto com os seus clientes. Marcado para os dias 10 e 11 de março, aquele que é o mais antigo salão têxtil da Península Ibérica e único em Portugal dedicado à Indústria de Têxtil e Vestuário, volta ao simbólico edifício da Alfândega do Porto, onde é mais fácil neste
momento criar as melhores condições de segurança sanitária e controle de presenças. Na nota que dava conta da confirmação das datas, a Associação Setectiva Moda explicou que para isso teve em conta “a evolução da situação sanitária e das suas perspetivas futuras, bem como as alterações entretanto confirmadas nas datas e formatos de realização das feiras do nosso setor do 1o semestre de 2021”. Como não poderia deixar de ser e a exemplo do que já aconteceu na última edição de setembro, todas as condições de segurança e saúde serão implementadas no respeito escrupuloso pelas orientações oficiais vigentes, explica-
vam ainda os organizadores, indicando que as inscrições podem ser feitas através dos seguintes formulários de inscrição, individualizados por sector: Tecidos e Acessórios para Confeção, Confeção Adulto, Agentes, Confeção Criança e Serviços. Prevenindo a eventualidade de evoluções imprevistas ou alterações da atual conjuntura nacional e internacional causada pela pandemia, a Associação Selectiva Moda assegura que quaisquer compromissos ou custos incorridos nesta inscrição no Modtissimo serão tidos como sem efeito em caso de cancelamento ou adiamento da feira, mesmo estando convencidos de que tudo vai correr bem. t
DESIGNER MIGUEL VIEIRA ABRE LOJA ONLINE
NO MORE RENOVA PRESENÇA DIGITAL
A marca Miguel Vieira acaba de lançar a sua loja de ecommerce. Referência na moda portuguesa e internacional, a marca quer melhorar e dinamizar a relação com os clientes, e a presença no comércio online tem como objetivo aproveitar este catalisador para chegar mais perto dos clientes e poder servi-los a nível global. “Foram reunidas as condições que permitiram dar este passo, garantindo a nossa qualidade e distinção”, resume Miguel Vieira.
‘Criamos relações fortes’ é o statement assumido pela agência No More, que com a comemoração dos seus 17 anos renovou a sua presença online. “Sentimos que é o momento ideal para destacar a importância das relações que construímos no nosso percurso. São as relações fortes que nos ajudam a sermos melhores e a crescermos de forma sustentável, segura e com a qualidade que os nossos clientes precisam”, disse Gilda Mendes, CEO da No More.
213%
foi o crescimento das vendas de calças de corrida da Nike durante a primeira fase da pandemia
GUIAS DE FASHION LAW PARA COMPRADORES ESPANHÓIS Já chegaram a Espanha os guias setoriais sobre o mercado têxtil e moda português que vão ser distribuídos por marcas, empresas e especialistas do país. Elaborados pela João Fraga de Castro & Associados a pedido da Moda Espanha, os cinco volumes Fashion Law vão ter também uma versão em Português. Novas Tecnologias, Moda Sustentável, E-Commerce, Sociedades Comerciais e Marcas são os conteúdos tratados numa compilação informativa apoiada nas normas vigentes em Portugal. Um conteúdo que, avisam os autores, não pode ser visto como aconselhamento jurídico.
Janeiro 2021
T
11
[CASSIANO FERRAZ] www.cassianoferraz.com
PHOTOGRAPHY FASHION / ADVERTISING
12
T
Janeiro 2021
ELASTRON PREMIADA COMO A MELHOR PME EXPORTADORA Fornecedora das maiores marcas e fabricantes de estofos de todo mundo, a Elastron foi distinguida como a Melhor PME Exportadora, prémio que foi entregue na última sessão da conferência anual da AICEP pelo presidente da instituição, Luís Castro Henriques. Um exemplo de superação e sucesso num ano atípico e invulgar, tendo sido destacada a capacidade de adaptação às exigências da crise sanitária para crescer, num exemplo de perseverança, agilidade e inovação. Com base em Paços de Ferreira e focado no comércio de tecidos sintéticos, microfibra, pele natural e artificial, o Elastron Group fatura mais de 50 milhões e exporta para mais de 70 países.
GONÇALO PEIXOTO INSPIRA-SE NOS 00'S
Recuamos até ao início do milénio através da nova coleção CIRCA 2000 de Gonçalo Peixoto. O jovem designer inspirou-se na energia dos 00’s para a estação SS21, que parte do streetwear glam para o verdadeiro empoderamento feminino. Nesta história o protagonista é o corpo da mulher, apresentada de forma sensual, confiante e segura de si. Uma coleção que conjuga tons pastel com apontamentos de brilho e que representa a nostalgia de “um regresso aos anos 2000 para resgatar a energia positiva que marcou o início do milénio”, explica Gonçalo Peixoto. t
SMART INOVATION: NOVA PROTEÇÃO ANTI-COVID DURA POR 72 HORAS Uma proteção antiviral, aplicável em todas as superfícies e que mantém a eficácia por 72 horas. Esta é a proposta da Smart Inovation, que adaptou um dos seus produtos, o SI Bac-Pure, para o contexto da pandemia, tornando-o mais resistente e versátil. “Temos um produto que tem capacidade para diminuir consideravelmente os surtos”, garante Mário Brito, diretor comercial da empresa. Aplicável em muitas superfícies – com destaque para o vestuário – o SI Bac Pure contém nanoparticulas que inativam o vírus, e que são capazes de se “ligar” a diferentes materiais, permanecendo ativas no combate a bactérias, fungos e vírus, como o SARS-CoV-2. “Pode literalmente ser aplicado em todo o lado”, garante Mário Brito, que apresenta o vestuário como um dos exemplos mais paradigmáticos: “uma peça de roupa que saia da máquina de lavar fica contaminada a partir do momento em que alguém lhe toca; tal não acontece com o nosso produto, uma vez que os artigos têxteis passam a ter uma proteção ativa
e constante de longa duração”. A tecnológica de Barcelos acredita que este pode ser um novo passo no combate à pandemia, prevenindo surtos localizados. Aplicado através de spray ou nebulizador, o SI Bac Pure garante a descontaminação de espaços, mesmo com uma elevada circulação de pessoas. “Pode diminuir consideravelmente os surtos de Covid-19, quer em ambiente hospitalar, através da proteção das batas e equipamentos médicos, quer em ambiente social, pulverizando-o nas diferentes superfícies”, afirma Mário Brito. Especializada no desenvolvimento de novos produtos e materiais a partir de nanoparticulas, a Smart Inovation tem aperfeiçoado o SI Bac-Pure ao longo dos últimos cinco anos, testando novas formas de aplicação e certificando-o para novas funcionalidades. Atualmente, o produto encontra-se certificado pelo CITEVE, Labfit, laboratório i3s e até pelo laboratório egípcio CSEIV como uma tecnologia eficaz contra bactérias, fungos e vírus. t
"Os têxteis de alto desempenho voltados para o futuro também podem ser sustentáveis e com consciência ecológica" Maria de Belém Machado CEO da Tearfil
GUIMARÃES QUER MANTER-SE COMO ANFITRIÃ DO FASHION FILM FESTIVAL A segunda fase do Guimarães Marca Fashion Week, que cruza a moda nacional com o tecido empresarial vimaranense, vai ter lugar ainda durante o primeiro semestre de 2021, com a gala de entrega de prémios do Fashion Film Festival. Um evento que a organização quer que fique a partir de agora associado à cidade de Guimarães, onde o cinema e a têxtil fazem parte da história. “A nossa ideia é enraizar este festival na cidade de Guimarães, que tem ela própria um passado muito ligado ao cinema. Ainda mais este ano com a nova categoria “Têxteis-lar”, que é o setor de muitas das nossas empresas”, assegurou Marta Mota Prego, Chefe da Divisão de Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Guimarães.
185%
é a percentagem de crescimento da moda em segunda mão nos próximos dez anos, segundo as previsões
RANGEL FEZ TRANSPORTE DAS VACINAS CONTRA A COVID
BABY POP IT CRIA ROUPA INFANTIL PERSONALIZADA Nasceu em Fevereiro de 2018 e é uma marca de moda infantil que envolve os clientes no processo criativo. Com vendas exclusivamente online, a Baby Pop it cria peças de cerimónia e casual exclusivas para bebés e crianças até aos 14 anos. “Quando fiquei desempregada iniciei um projeto de decoração infantil que depois evoluiu para o que é hoje a nossa loja online, que confeciona roupa
100% portuguesa para bebés e crianças”, explica Filipa Ramalho, mentora da marca. Sem produção em linha, produz os artigos apenas por encomendada, o que, explica Filipa, “não só permite a personalização de cada artigo, como evita o desperdício têxtil”. A sustentabilidade é outras das preocupações da Baby Pop it que trabalha com artigos naturais como o algodão orgânico ou o linho.
“A nossa ideia é assumidamente fugir do conceito de coleção, sendo que trabalhamos muito para cerimónia mas também casual, sobretudo com modelos matchy-matchy para irmãos ou primos” conta Filipa Ramalho, que permite sempre ao cliente “fazer as alterações ou sugestões que entender dentro dos modelos que temos disponíveis no site ou até criar comigo um modelo de base”. t
A Rangel Logistics Solutions foi o operador escolhido para efetuar o transporte em Portugal das primeiras vacinas contra o coronavírus. A empresa fez valer a sua experiência na logística adaptada a diferentes produtos e indústrias, tendo utilizado viaturas especializadas com controlo de temperatura. Para além da logística farmacêutica, os têxteis e vestuário são outros dos setores de especialização da Rangel.
Janeiro 2021
T
13
14
T
Janeiro 2021
X A MINHA EMPRESA Hindu- Technical Textiles, S.A. Avenida Dom Afonso Henriques , 4407 4760-283 VN Famalicão
O que faz? Tinturaria e acabamentos vocacionados para fibras sintéticas: poliésteres, poliamidas e seus derivados Fundação 2012 Principais clientes Os grandes players do setor automotive, moda e sportswear Plantel 38 trabalhadores Projetos Ser vista como fornecedora de soluções de acabamento Objetivos Cimentar parcerias com clientes âncora
GRUPO ENDUTEX ANUNCIA NOVO SITE DA TRICELA A Tricela, marca de Equipamentos de Proteção Individual da Endutex, acaba de anunciar o lançamento do seu novo sítio da internet, onde fornece informação actualizada sobre toda a sua oferta de produtos. Além dos EPI, descartáveis e reutilizáveis, a marca fornece também outros equipamentos na área da saúde e bem estar. Integrada no universo do Grupo Endutex – Revestimentos têxteis, SA, a Tricela é uma empresa fundada em 1998, produtora e distribuidora de produtos confecionados para uso médico, equipamentos de proteção individual, proteção de cama, e produtos para cuidados sénior, entre muitos outros.
"Alteramos a nossa estratégia e estamos mais focados no digital, a investir muito nesse sentido" Susana Serrano CEO da Adalberto
BANCO MUNDIAL APONTA PARA CRESCIMENTO DE 4% EM 2021
“A única solução é estar sempre à frente” Para Luís Cristino tem sido como o viver no meio da tempestade. Acabada de nascer, a Hindu foi logo fustigada pelas crise que veio com a chegada da troika – “mais uns meses e se calhar nem tínhamos sequer arrancado” – mas como o setor têxtil sempre tem dado provas de que aquilo que não o mata o faz mais forte, também a empresa acabou por sair revigorada. Em cinco anos já faturava acima dos três milhões e passava a ser olhada como referência nos acabamentos têxteis, sobretudo com o impulso do setor automotive, cliente para mais de dois terços da produção. Um tempo breve de bonança sobre o qual, de repente, caiu a nova tempestade da pandemia, mas que só veio atiçar a força da convicção no caminho alternativo a que a Hindu desde o início se tinha proposto. “A pandemia só veio acelerar sinais de fraqueza que já por ai andavam. Veio mostrar que era preciso tomar opções, acelerar a definição estratégica que desde o início orientamos para os têxteis técnicos”, expõe o CEO da Hindu para explicar como reagiu a empresa especialista em tinturaria e acabamentos em fibras sintéticas. “Não fomos fazer EPIs, mantivemo-nos naquilo que sabíamos fazer, os acabamentos técnicos, mas apresentados aos clientes de forma diferente. Passámos a apresentar soluções, com ideias de possível aplicação”, diz o gestor, apontando o exemplo do acabamento antibacteriano com propriedades antivírus para luvas de algodão, que podiam substituir as de nitrilo que escasseavam no início da pandemia.
“Felizmente nunca paramos nem recorremos ao lay-off”, orgulha-se Luís Cristino, para concluir que o caminho terá que ser sempre a inovação, a procura de novas soluções e a apresentação das mesmas aos clientes. Até porque, critica, “com os custos da energia e exigências laborais que impõem cada vez mais obrigações sem ligar à rentabilidade, só por maluqueira se investe na indústria em Portugal”. E, no final, o preço acaba sempre por prevalecer. “É preciso inovar constantemente, já que à medida que vamos apresentando novas soluções, os concorrentes asiáticos vão copiando, com preços com os quais não podemos competir. A solução é estar sempre à frente!”, diz o gestor da empresa que ainda recentemente apresentou o Protect By Hindu, um acabamento que impede a transmissão da Covid-19. “São evoluções que já se anteviam e que vieram para ficar. A pandemia so veio acelerar”, diz o gestor da empresa que se quer afirmar como referência em soluções de acabamentos e se tem habituado a viver no meio da tempestade. Uma turbulência que, pelos vistos, já vinha de trás. É dos destroços da Sacramento Têxteis que nasceu a Hindu, com Luís Cristino a liderar um grupo de 30 pessoas nesta aventura. “Confrontados com o encerramento, fui o maluco da estória e decidi montar este projeto, mais específico e mais pequeno”, uma decisão assente na constatação da falta de empresas especializadas no tingimento e acabamento de tecidos técnicos, não só para o setor automotive, mas também moda e sportswear. t
O Banco Mundial (BM) reviu em baixa a projeção do crescimento da economia global, prevendo um avanço de 4% em 2021. “A produção económica mundial deverá expandir-se 4%, mas permanecer 5% abaixo das projeções pré-pandemia”, refere o mais recente relatório sobre as Perspetivas Económicas Globais. Face aos números anteriormente projetados, em junho, o BM reviu em baixa, em 0,2 pontos percentuais, a estimativa para o crescimento de 2021, perspetivando um crescimento de 3,8% para 2022. O crescimento projetado para 2022 é, no entanto, condicionado “pelos danos duradouros para o crescimento potencial” causados pela pandemia da Covid-19.
32,9%
foi o aumento da percentagem de receitas das grandes têxteis chinesas até ao final de setembro
BARCELCOM CELEBRA 100 ANOS COM NOVO LOGO E NOVOS MERCADOS
“Não fazemos apenas 100 anos, vivemo-los de forma intensa”. É com estas palavras que a Barcelcom arrancou o novo ano com as celebrações do seu centenário, que se vão prolongar até dezembro. A empresa de Barcelos, especializada em têxteis técnicos para saúde e desporto, está a desenhar novos produtos para apresentar ao longo do ano e planeia também um conjunto de ações para chegar a novos mercados. Uma estratégia de expansão que avança já neste início de ano, com um novo destino de exportação, o Iraque, para onde já estão a ser preparadas as primeiras encomendas.
Janeiro 2021
T
15
16
T
Janeiro 2021
ANO NOVO, APOSTA NOVA PARA A PETER JO KIDS
A FASHION FORWARD Por: Paulo Gomes
A maré verde 2020 foi um ano difícil mas, ao mesmo tempo, mostrou-nos como perante as maiores adversidades, o ser humano consegue usar a sua criatividade para se reinventar e encontrar soluções alternativas (vimos isso durante os lockdowns). Está na hora de encararmos esta nova década com um mindset mais sustentado na empatia pelo outro e pelo planeta. Vão surgir novas palavras, novos códigos, novas ideias na forma como produzimos, desenhamos e consumimos. Vai ser um amanhã alternativo. Vão-se assistir a estratégias de modelos de vida mais perspicazes – alguns vão mudar-se da cidade para o campo e descobrir como viver e trabalhar de uma forma mais autónoma, criando os seus próprios modelos mais “verdes” de semear, produzir, coletar e vestir. O VERDE vai ser a cor de 2021. Seja no seu espetro cromático e visual, seja na sua aproximação aos hábitos do quotidiano. Um verde otimista, celebrativo e de mudança. Uma reflexão sobre a esperança. Aquilo que já vínhamos a assistir na indústria têxtil e no sistema de moda – maior uso de matérias-primas e processos amigos do ambiente – vai-se acentuar. Basta olhar com atenção para os dados do inquérito que a McKinsey realizou em Abril de 2020 junto de vários grupos de consumo em Inglaterra e na Alemanha, de onde se destaca
a indiscutível preferência por produtos duradouros, com qualidade, e no qual dois em cada três consumidores, sobretudo os mais jovens, declaram como essencial (no ato da compra) limitar os impatos da indústria de moda no ecossistema. Mais de 67% dos inquiridos consideram essencial o uso de matérias-primas sustentáveis. Iremos assistir cada vez mais ao uso de fios e tecidos alternativos, tais como as fibras naturais de ananás, cânhamo, linho ou mesmo papel, a reciclagem de desperdícios e de plásticos, o esforço conjunto para se reduzir a utilização exagerada do algodão, novas técnicas de tingimentos usando flores e vegetais, roupas sem estação e feitas de materiais sólidos e perenes no tempo. Vamos assistir a um Novo Modernismo. Peças de vestuário mais próximas da filosofia do workwear, utilização mais acentuada do uso de denim (escuro e mais pesado, sem lavagens ou tingimentos agressivos para o ambiente e trabalhadores), alguns toques românticos como as rendas e os bordados, os detalhes apoiados na cultura e práticas do handcraft, recurso a soluções biotecnológicas (ciência de mãos dadas com o artesanal), recurso aos azuis e aos verdes para reforçar este novo paradigma de estar em paz com o planeta e o mundo a que chamamos casa. O design terá um propósito diferente, com
menos merchandise tradicional e uma aposta maior na comunicação B2B, um reset do relógio, onde a a-sazonalidade das peças e dos itens de design poderá finalmente irromper e estabelecer o seu novo paradigma. E enquanto a indústria da moda se reorganiza para o “novo normal” depois da pandemia da Covid-19, os consumidores europeus tornam-se, cada vez mais, atentos aos tópicos ligados à sustentabilidade. Isto apresenta-se como uma grande oportunidade para os players do setor reiterarem o seu compromisso com as práticas responsáveis, reduzindo cada vez mais o impacto negativo sobre a ética e o ecossistema. No geral, apresenta-se como inquestionável o fortalecimento da relação de confiança, através de uma maior transparência, entre quem produz e quem consome. Basta estar atento aos números e ver que, por exemplo, 70% dos consumidores europeus preferem manter-se fiéis às marcas que confiam e que nove em cada dez da Geração Z (Millennials e Gers, entre os 18 e os 30 anos, que representam 40% dos consumidores) acreditam que as empresas têm a responsabilidade de se preocuparem com as questões sociais na cadeia de produção e com o meio ambiente. Os dados estão lançados. E Portugal vai estar nessa linha da frente face à mudança e à esperança nesta maré verde. t
A marca de moda infantil Peter Jo Kids quer começar o ano com uma presença de peso no marketplace Fairling e a coleção Outono-Inverno 20/21 é o grande trunfo. Apesar de estar presente no marketplace desde meados de outubro é neste início de novo ano que a Peter Jo Kids aposta as cartas todas. “A feira dá-nos a possibilidade de fazer uma pausa e foi isso que fizemos até ao final do ano face à escassez de stock”, explica Ana Sheludko, mentora da marca.
BURBERRY APONTA MIRA AO FUTURO Liberdade, talento e futuro marcam a nova coleção da Burberry inspirada na juventude. A marca de luxo britânica honra a liberdade além fronteiras numa campanha gravada no mercado de moda Petticoat Lane, em Londres. A linha “The Season of Giving” vem acompanhada de um vídeo que celebra o espírito de parceria e a criatividade. Quatro dançarinos vestidos com camadas de peças da nova coleção desviam-se de blocos de gelo ao som de “Singing in the rain”.
CABAN LANÇA LOJA ONLINE PARA MERCADOS ESTRATÉGICOS Fundada em 1981, a marca portuguesa Caban, especialista em vestuário de exterior como parkas e sobretudos, criou uma loja online especificamente orientada para mercados estratégicos em tempos de isolamento. Para além de Portugal, também os consumidores de Inglaterra, França, Alemanha, Japão e Estados Unidos podem agora comprar a partir de casa as peças produzidas pela marca fundada no Porto pelos empresários José Duarte Soares e Bertila Pinto Alves Barbosa.
Janeiro 2021
T
17
Com as nossas APPS, a comunicação da sua empresa está acessível na “mão” dos seus clientes, de forma rápida e muito intuitiva.
Integre numa única aplicação a comunicação digital e a comunicação impressa da sua empresa. Interaja com os seus clientes, enviando notificações a qualquer momento. Direcione os seus públicos para a comunicação da sua empresa já desenvolvida para a web: > sites, > lojas online, > redes sociais, > Google Maps...
Rentabilize os custos inerentes à produção gráfica das suas publicações, aumentando a sua taxa de distribuição, sem condicionantes logísticas.
Vantagens e como funciona. Mantenha atualizada a comunicação da sua empresa e decida a qualquer momento a produção gráfica offset ou offset digital, das quantidades de que efetivamente necessita.
App Multitema Disponível na
DISPONÍVEL NO
www.multitema.pt | 800 203 101
18
BABY GI INVESTE EM NOVA LINHA DE PRODUÇÃO E ENERGIA PRÓPRIA Animada pelo crescimento que teve no último trimestre, e também para preparar a retoma que se espera para este novo ano, a Baby Gi acaba de investir na montagem de uma nova linha de produção. Ao mesmo tempo, a jovem marca dedicada à roupa e acessórios de puericultura avança também na produção de energia própria com a instalação de painéis fotovoltaicos, com o objetivo de se tornar cada vez mais ecológica e amiga do ambiente.
T
Janeiro 2021
"O que em tempos foi um requisito para a profissão médica, está agora a passar para o setor do vestuário" Luís Cristino Administrador da Hindu
TINTEX, A TÊXTIL QUE SE RENDEU AO COLORAU Cogumelos, menta, tomilho e colorau são produtos culinários muito conhecidos, mas são também vegetais cujos extratos são usados pela Tintex para a produção de corantes naturais usados no tingimento das suas peças. Em reportagem no jornal Expresso, o CEO da empresa, o engenheiro químico Mário Jorge Silva, explica o porquê de a empresa ter o seu ADN alicerçado na inovação e na sustentabilidade. Com um investimento anual de cerca de um milhão de euros em investigação & desenvolvimento, a Tintex explora várias frentes inovadoras, o que já lhe permitiu reduzir o consumo de água em mais de 25% (quer chegar aos 50%) e assegurar 25% do consumo de energia através de painéis solares.
IRYNA E MARIA JOÃO FORAM AS VENCEDORAS DO DESFILE PFN A criatividade invadiu as instalações da Plataforma Criativa da Fábrica ASA, onde teve lugar o Desfile & Concurso Novos Criadores PFN. O evento, integrado no Guimarães Marca Fashion Festival, distinguiu Iryna Benzelyuk e Maria João Cunha como as grandes vencedoras nas respetivas categorias. Foi sob o mote de “We are one” que 21 alunos de escolas de moda de todo o país apresentaram os coordenados desenvolvidos a partir de tecidos cedidos por empresas do setor . Entre os 21 participantes, o júri, composto pela designer de moda Inês Torcato, Paulo
Cravo, coordenador do Bloom/Portugal Fashion, Marta Mota Prego, representante da Câmara Municipal de Guimarães/Guimarães Marca, Sílvia Costa, CEO da Bless International, e a jornalista do T Mariana D’Orey, distinguiu com o 1o prémio os coordenados de Iryna Benzelyuk (categoria I), da Escola de Moda do Porto, com recurso a tecidos da empresa Maria Madalena, e de Maria João Cunha (categoria II), da ESAD, que utilizou materiais da fábrica de tecidos Vilarinho. O desfile, que foi transmitido via streaming, compunha uma das vertentes da primeira edição do
Guimarães Marca Fashion Festival, um evento dinâmico que incluiu também um showcase das empresas Guimarães Marca, bem como um preview do Fashion Film Festival. O Concurso Novos Criadores PFN é mais uma ação do projeto Portuguese Fashion News 2019/2020, promovido pela Selectiva Moda, que visa promover a internacionalização da área da Moda. É financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização e através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. t
Categoria I 1º lugar - Iryna Benzelyuk Escola de Moda do Porto (Maria Madalena) 2º lugar - Daniela Antunes Escola de Moda do Porto (R. Maia) 3º lugar - Maria Ghira Lisbon School Design - Lisboa (6 Dias) 4º lugar - Sílvia Azevedo Lisbon School Design - Porto (LMA) Categoria II 1º lugar - Maria João Cunha ESAD (Fábrica de Tecidos Vilarinho) 2º lugar - Gabriel Daros FAUL (João Pereira Guimarães) 3º lugar - Helena Mendes ESAD (João & Feliciano) 4º lugar - Catarina Santos Modatex Porto (Lemar)
Iryna Benzelyuk, da Escola de Moda do Porto, e Maria João Cunha, da ESAD, foram as grandes vencedoras
LA REDOUTE COM LOJAS EM TODO O PAÍS ATÉ 2025 Depois de França, Suíça e Rússia, a La Redoute escolheu Lisboa para abrir portas e proporcionar o contacto direto com o cliente. A marca ambiciona abrir lojas em todo o país no prazo de cinco anos. Estreou-se com a venda por catálogo à distância, uma década depois passou para o universo digital e agora
põe os pés em terras lusitanas com um espaço de 400m 2 , na zona do Saldanha. A loja f ísica em Lisboa surge para potencializar o crescimento B2B e é a primeira de muitas. A empresa francesa evolui agora para um mundo 100% digital focado no mobile, ultrapassando alguns desafios
do e-commerce . Pretende-se “que o consumidor veja, assente as suas ideias e vá consolidá-las depois ao site. Existia a necessidade da materialização da oferta”, assume Paulo Mateus Pinto, CEO da La Redoute Portugal, acrescentando que a marca está a trabalhar para “ter um conjunto de lojas no país até 2025”. t
ONLINE FAZ DISPARAR FATURAÇÃO DA SOEIRO EM 2020 As contas ainda não estão fechadas mas já se antevêem favoráveis para a Soeiro, que perspetiva encerrar 2020 com um crescimento de 15% a 20% no volume de negócios em relação ao ano anterior. A pandemia revelou um importante nicho de negócio, “uma vez que a maioria dos nossos clientes vende fundamentalmente online”, explica a empresa. Para Antonieta Barbosa, diretora comercial da empresa, “se os nossos clientes vendem mais ao consumidor final, nós também lhes vendemos mais a eles”. Dedicada quase em exclusivo à exportação, a Soeiro tem no mercado europeu a grande fatia dos clientes, com destaque para França, que representa já 45% das vendas, Espanha e Holanda, embora a empresa trabalhe também com os mercados norte-americano e asiáticos. “Apesar de acreditarmos que o online faz parte do futuro, estamos com muita vontade de voltar a fazer feiras físicas. O toque é essencial neste ramo, sobretudo para angariar novos clientes com quem ainda não estabelecemos uma relação de confiança”, prossegue Antonieta. A comemorar os seus 35 anos, a Soeiro é uma empresa de confeção especializada no private label reconhecida no mercado externo pela utilização de matérias-primas orgânicas certificadas. No total, trabalham na fábrica e escritório sediados em Paredes cerca de 80 pessoas, sendo que o volume de negocios anual se fixa próximo dos cinco milhões de euros. t
Janeiro 2021
T
19
T
Janeiro 2021
"PORTUGAL É UM CLUSTER FORTÍSSIMO"
FOTO: RUI APOLINÁRIO
20
Janeiro 2021
T
21
n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa
Rita Ribeiro A Business Manager da TMG Textiles é aos 42 anos uma das gestoras de topo do grupo e passou o ano atípico de 2020 à espera que os negócios retomassem o seu curso normal. Quando ficou evidente que isso não iria suceder até ao final do ano e que o balanço da empresa que dirige iria ser afetado, decidiu munir-se de todas as condicionantes para antecipar o que vai mudar num negócio que está exposto à ‘ditadura’ dos consumidores. A procura de respostas levou Rita Ribeiro a confrontar tanto fornecedores como clientes, ou seja, aqueles que estão a montante e a jusante da própria TMG Textiles. O resultado desse estudo profundo do que é o negócio da empresa implicou um novo posicionamento
r
ita Ribeiro está a proceder ao reposicionamento da TMG Textiles, no sentido de a colocar em linha com as profundas alterações motivadas pela pandemia. É que, diz, o consumo está a dirigir-se para outro tipo de soluções de moda e só as empresas mais bem preparadas e que souberam antecipar tendências terão a possibilidade de beneficiarem com essas alterações. Como é o organigrama atual do grupo TMG? Textiles, Automotive, Energia e Retail. Como evoluiu a sua área ao longo de 2020? Na Textile tivemos curiosamente um 2020 em linha com 2019, mas de forma completamente diferente. Em 2019, o negócio dos tecidos era a cabeça de cartaz, com as malhas em terceiro plano e o negócio das confeções a meio. Em 2020, aconteceu o oposto: as malhas dispararam – ficando 20% acima de 2019 – nas confeções (só trabalhamos com clientes dos segmentos médio e médio-alto) não sentimos qualquer quebra: na confeção de malhas tivemos um crescimento de 10% e na confeção de tecidos de 5%. A confeção de tecidos é um negócio recente – adquirimos esta valência quando a Ricon
fechou. Somos bons a tecer, somos bons a tricotar, temos bom produto de malha, bom produto de tecido. Vendemos às grandes marcas de todo o mundo, Portugal é um cluster fortíssimo. Ao nível internacional? O cluster têxtil é hoje uma referência a nível internacional mas podia ser muito mais se comunicássemos melhor entre nós. Somos competitivos, temos uma capacidade de trabalho acima da média, temos qualidade e o que não temos sabemos onde ir buscar. Com outra vantagem: qualquer cliente que vem a Portugal, tem o calçado, a moda, o automóvel. As indústrias todas existem num espaço de 200 quimómetros. Podia portanto ser melhor? Podíamos vender mais do que aquilo que vendemos – e falo pelo cluster . O que acontece é que hoje os clientes têm mais lacunas a nível técnico e industrial, porque o seu foco é e será cada vez mais a comunicação ao cliente final. A comunicação passou a ser o ponto forte das marcas, e não propriamente a rede de sourcing . Fomos percebendo que nos devíamos posicionar como uma solução industrial para o cliente – deixando-lhe a parte da comunicação, do marketing e da publicidade – e tomando as competências técnicas. Qual foi a solução? Investimos na confeção para podermos estar mais perto do cliente apresentando-lhe soluções de
"Mal as feiras reabram, a TMG estará presente e sempre na linha da frente" Fundado em 1937, o grupo Têxtil Manuel Gonçalves (TMG) tem sido um dos líderes de um setor que passou por uma série de alterações de grande impacto nas últimas décadas. A sua aposta nos têxteis especializados e a remoção do seu portefólio de segmentos que deixaram por diversas razões de serem competitivos revelou-se uma estratégia vencedora. De empresa tradicional, a TMG soube encontrar um lugar de destaque ao nível dos têxteis técnicos – o que fez com que a TMG Automotive passasse a ser o ‘porta aviões’ do grupo. Sabendo disso, a a TMG Textiles aliou-se à ‘irmã mais velha’ para beneficiar da sua exposição a um mercado que está na linha da frente da produção com grande valor-acrescentado, enorme capacidade de geração de expotações e margens de negócio aliciantes. Mas esse é apenas um dos lados do reposicionamento da TMG Textiles. O outro, passou pela identificação do que será o mundo do consumo pós-pandemia. Para isso, a Textiles está à espera de poder regressar quanto antes às feiras internacionais – uma aposta antiga que em muito contribuiu para colocar o grupo no topo das empresas que lideram as exportações. E é no exterior que o grupo se tem destacado, como o prova o facto de, há pouco mais de um ano, a MGC, joint venture criada em junho de 2017 entre a Carrington Textiles, sediada no Reino Unido, e a TMG, terem comprado o grupo alemão Melchior Textil GmbH.
total look . Desta forma acabamos por ser clientes e fornecedores dos nossos parceiros de confeção, trabalhando com eles as soluções para o cliente final. Encontraram isso tudo na Ricon? A Ricon tinha todas as valências mas o que procurávamos era a área do outerwear pois era o que nos faltava para compor o full package porque não é uma área muito forte em Portugal. Recrutamos as melhores costureiras para esta área de produto, investimos na maquinaria adequada e assim nasceu a MGLab, uma confeção que em conjunto com a verticalidade TMG oferece as melhores soluções aos seus clientes. É isto que temos hoje: a confeção de tecidos, a confeção de malhas, o negócio de tecidos e o negócio de malhas (venda a metro). Voltando aos números de 2020… Na venda de tecido a metro, tivemos uma quebra de cerca de 15%. Com os 15% a mais das malhas, ficámos em linha com os números de 2019. São números que, embora não sejam preocupantes, fazem de 2020 um ano completamente atípico: estávamos cheios de encomendas quando começámos a perceber que Espanha e Itália estavam a pedir para as colocar em stand by . Não chegámos a ter cancelamento de encomendas – mas o que é certo é que tanto nós como clientes estávamos um pouco à espera que esta pandemia passasse mais rápido do que está a acontecer e claro que estamos um pouco receosos.
Motivados pelo quê? Eu não tinha a menor dúvida que o produto que tinha em stock desde março era para colocar em loja em setembro. Se a pandemia continua, pode ser crítico. Não abana a TMG, mas abana a operação. O que é que foi atípico? Durante dois anos e meio, vivemos com encomendas de projetos novos, negócios novos, coisas novas a aparecerem. Nunca parámos para perceber que o negócio têxtil pode ser muito complicado. É um negócio difícil, de momentos – com sazonalidade, com muitas variáveis. O mês de abril, com um pico de encomendas em malhas, com as confeções a funcionarem em pleno, vimos os tecidos a pararem. Os tecidos sempre foram o coração do têxtil. Faturamos uma média de 30 milhões – onde 20 milhões são o negócio dos tecidos e o resto (malhas e confeções) eram 10 milhões. Isto está a inverter-se – está a ficar meio-meio. Na sua perspetiva, a moda vai ser uma coisa completamente diferente? Não tenho a menor dúvida. Em todo o mundo o cliente precisa de rapidez, de ser viço, e quem tiver a resposta rápida é que vai estar na linha da frente, dizem clientes e fornecedores. Como é que na TMG estão a preparar-se para essas alterações? Foi um dos desafios de 2020. TMG Textiles hoje abraça três áreas de negócio,
22
T
Janeiro 2021
Um estágio que ainda não acabou Rita Ribeiro entrou para um estágio no grupo TMG e, mais de 21 anos depois, ainda de lá não saiu. E a ideia era sair, como a ideia era nem sequer ter entrado: o pai trabalhou na TMG ao longo de mais de 40 anos e a sua ideia não era seguir as pisadas do pai. Completamente diversa, mesmo: “não entrei em Medicina por uma décima”, revela – para depois dizer que não quis a alternativa que os pais lhe propuseram (dentária). Decidiu-se por Organização e Gestão de Empresas porque é “viciada em matemática e estatística” mas não queria nada com empresas. Tirou uma pós-graduação e entrou na Bolsa de Valores do Porto, entretanto desaparecida. Mas “há 21 anos não se dizia que ‘não’ a um pai” e acabou mesmo por estagiar na TMG. “Seis meses e não estou lá nem mais um dia, disse-lhe”. Entretanto casou, teve uma filha (10 anos) – que está constantemente na TMG – por uma razão simples: “sou completamente apaixonada pelo que faço e o meu tempo livre é isto: a TMG”.
têxteis para a moda, têxteis para automotive e têxteis de proteção ( workwear e corporate wear ). Cada uma destas três áreas de negócio tem cinco polos indústriais que as abastecem (tricotagem, tecelagem, acabamentos, confeção de malhas e de tecidos) e um conjunto de parceiros cada vez mais forte. É esta matriz alinhada com uma estrutura de RH altamente qualificada que está em funcionamento e que acreditamos ser o futuro. Convergem os dois lados do negócio? Sim, toda a gente está consciente e convicta que vai acontecer. O automóvel? Temos que separar o Automóvel em dois. TMG Automotive é um negócio do qual Textiles não tem qualquer interferência e outro são os Texteis para Automotive que é a área de negócio que arrancou em 2020. É um projeto altamente desafiante onde trabalhamos quer com TMG Automotive que tem sido o nosso grande aliado, como com clientes externos. Estão a preparar o regresso à normalidade. As feiras fazem parte dessa estratégia? Mal as feiras reabram, a TMG estará presente e sempre na linha da frente. Mas vamos estar de forma diferente. Não tem nada a ver com mais ou menos área de exposição, tem a ver com a forma como vamos apresentar o nosso produto – área onde já demos um salto muito grande. Este ano, como não há feiras físicas estamos a apostar no online e para além disso estamos
a antecipar a produção da coleção. Já estamos a promover SS22. Por outro lado, reestruturamos a nossa equipa de agentes e felizmente hoje estamos muito bem representados em cada pais. Fundamentais durante a pandemia? Durante o ano de 2020, os agentes foram pessoas fundamentais, porque passaram a ser os ‘locais’ da TMG. Tínhamos uma TMG em cada capital europeia, o que fez com que o nosso produto fosse divulgado na mesma. O facto de termos um relacionamento estreito com os nossos principais clientes também permitiu que as equipas de desenvolvimento e comercial continuassem a trabalhar. Fizemos várias coleções por TEAMS, a ferramenta mais usada pela na TMG no último ano. Em termos do volume de negócios, o que é que cada uma das quatro áreas de negócio vale para o todo? O Textiles representa cerca de 30 milhões de euros, Automotive 120 milhões, Retail 3 milhões e a Energia cerca de 1 milhão de euros. O acionista está satisfeito com o resultado? Embora o acionista seja altamente exigente, creio que estamos a conseguir que esteja satisfeito. Trabalhamos sobre três vetores para atingir o resultado esperado, RH, Fornecedores e Clientes e esta trilogia está a funcionar. É uma cadeia, que só funciona se todas as partes estiverem felizes e é esta cadeia a funcionar que permite o mundo girar.t
"A TMG preocupase muito com os seus trabalhadores e com os seus fornecedores e imenso com os seus clientes"
"Investimos na confeção para podermos estar mais perto do cliente apresentando-lhe soluções de total look"
"Estamos a reforçar áreas que estavam adormecidas, nomeadamente o setor de malhas onde crescemos em 2020"
"Fomos percebendo que nos devíamos posicionar como uma solução industrial para o cliente"
As perguntas de
Rita Fernandes Administradora da Mundifios De que forma a pandemia afetou a vossa parte industrial?
A pandemia veio obrigar-nos a parar para pensar o futuro. Com esta nova visão estamos a reforçar áreas que estavam adormecidas, nomeadamente o setor de malhas onde crescemos em 2020. Por outro lado estamos a reestruturar a nível de produto a área de tecidos nunca perdendo a nossa identidade. Considera a digitalização um fator fundamental para o futuro da Indústria Têxtil Portuguesa?
Sem dúvida. A indústria está a sofrer um processo de transformação cada vez mais voltado para series mais pequenas, uma maior variedade de produtos, timings mais curtos e uma exigência de sustentabilidade no ciclo de vida do produto, o que faz com que tenhamos que aproximar, processos produtivos e processos de informação e comunicação num sistema único. t
Luis Cristino CEO Hindu Technical Textiles S.A. Tendo criado o MG Lab e o Centro de Competências, que mais-valias e novos mercados atraiu para o universo TMG?
A TMG posicionou-se como solução criativa e industrial para a marca. Connosco conseguem trabalhar desde o desenvolvimento do fio até á peça final. De que forma se alargaram as fronteiras da TMG com a política de parcerias que tem vindo a estabelecer?
Conseguimos com os nossos parceiros alavancar negócios que devido ás limitações internas anteriormente não era possível. t
Janeiro 2021
T
23
GROUP
www.spormex.com
Eventos • Exposições • Congressos • Feiras • Stands • Tendas
O PARCEIRO ESTRATÉGICO QUE ELEVA O SEU NEGÓCIO EM QUALQUER PARTE DO MUNDO.
ZONA NORTE
ZONA SUL
+351 253 233 000
+351 218 942 148
comercial@spormex.pt
comercial.lx@spormex.pt
33 ANOS DE EXPERIÊNCIA EM MONTAGEM DE EVENTOS E EXPOSIÇÕES:
24
T
Janeiro 2021
PLAY UP COM 12 DISTINÇÕES NOS PORTUGAL E-COMMERCE AWARDS
BARBARA BARALDI: PRODUÇÃO LUSA COM DESIGN BRASILEIRO Criada em 2017 por um casal de brasileiros, foi em 2018 que os mentores da Barbara Baraldi se mudaram para Portugal onde produzem todos os artigos da sua marca de moda feminina. Atualmente à venda em 35 lojas espalhadas pelo território nacional, a Barbara Baraldi quer agora conquistar o Norte da Europa. “Somos uma marca de gama média-alta com grandes preocupações sustentáveis. Trabalhamos com produção, e sempre que possível também materias-primas portuguesas, e acreditamos que países como a Dinamarca, Holanda e Alemanha vão valorizar a nossa marca”, conta Rafael Baraldi que, em conjunto com a mulher Bárbara, são os designers e mentores da marca.
"A unidade do Canadá ajudanos a distribuir e comercializar no mercado norte-americano as meias que produzimos em Portugal" Carlos Maia CEO da CM Socks
Bruno Correia, diretor manager da Play Up, acompanhado pela irnã Susana Correia, a responsável pela direção criativa da marca
A Play Up foi uma das vencedoras dos Portugal E-commerce Awards, que distinguem os melhores projetos na área do comércio eletrónico. No total, entre as diferentes categorias e setores, a marca de moda infantil da Etfor – Empresa Têxtil de Forjães arrecadou 12 prémios. “Ficámos muito felizes com estas distinções todas. De facto, temos tido um crescimento exponencial no online e é sempre bom sentir este reconhecimento”, diz Bruno Correia, diretor manager da Play Up. Entre as várias distinções, destacam-se as medalhas de ouro e prata no setor “E-commerce do ano em Vestuário e Calçado para Criança”, bem como as distinções em categorias como o engagement em redes sociais, acondicionamento de produto,
cumprimento de prazos envio/entrega e helpcenter . “Temos uma equipa completamente focada no online e acreditamos que o futuro passa muito por aqui. A verdade, aliás, é que durante o primeiro confinamento, entre março e maio, vendemos como nunca. Foram meses muito bons para a Play Up”, revela ainda o diretor manager da marca de moda infantil. A Play Up é a marca para o setor da Etfor, empresa familiar sediada em Forjães, Esposende. Com inspiração na sustentabilidade e num estilo de vida simples e vagaroso, a marca sofreu um rebranding em 2018 e desde então não tem parado de crescer, estando atualmente presente nos cinco continentes. t
PORTUGUESES APOSTAM NA 2A MÃO E NA ECONOMIA CIRCULAR A esmagadora maioria dos portugueses (87%) apostam no incremento da economia circular e no aumento das práticas de consumo sustentável. As roupas em segunda mão destacam-se entre as boas práticas contra o desperdício. O estudo foi feito pela Fixando, plataforma nacional para a contratação de serviços locais, que auscultou a opinião de 6.300 utilizadores. Depois dos artigos de mobiliário (45%), os inquiridos disseram que o que mais procuram em segunda mão é o vestuário (41%), seguindo-se os equipamentos eletrónicos (24%), livros (24%) e electrodomésticos (19%).
33 mil
milhões de dólares são desperdiçados todos os anos devido a defeitos têxteis
LEIPER E BLANKY LANÇAM COBERTOR PESADO INOVADOR
A-LINE CLOTHING REFORMULA ADN E APOSTA EM PEÇAS DURADOURAS
Ricardo Parreira e Pedro Caseiro, fundadores da marca Blanky, fecharam uma parceria com a fábrica vimaranense da Leiper para a produção do primeiro cobertor pesado made in Portugal. Um produto inovador que até agora era apenas produzido em fabricas asiáticas. Lançado o desafio da produção dos cobertores pesados à Leiper, a resposta foi imediatamente positiva, ainda que não houvesse qualquer tipo de experiência neste tipo de têxtil. “O nosso primeiro pensamento foi que se fábricas noutros
A marca A-Line Clothing está a reformular o seu ADN. “Escaping Winter Paths” é o nome da última coleção outono-inverno, com peças intemporais de design minimal e cores neutras. Desenvolvidas para durarem mais do que uma estação, as peças da marca de moda feminina primam por uma palete de cores neutra e por um design intemporal.
países eram capazes de produzir um cobertor pesado, nós em Portugal também tínhamos que conseguir fazê-lo, por isso quisemos aprender mais sobre o processo de produção deste produto específico”, realça João Pereira, International Business Manager da Leiper. “Trata-se de um produto que nunca sequer tínhamos visto em feiras especializadas do setor, por isso quando a marca nos desafiou, sentimos imediatamente que queríamos estar associados à produção de uma solução completamente inovadora
no mercado têxtil, diversificando assim o portefólio do grupo”, explica João Pereira. A marca Blanky nasceu em setembro deste ano, com um pé em Portugal e outro em Espanha, como o primeiro cobertor pesado ibérico, de utilização 100% segura, uma solução clinicamente comprovada, que utiliza a técnica Deep Touch Pressure (DTP) para melhorar a qualidade do sono. Em concreto, o peso extra dos cobertores relaxa o corpo à semelhança de uma massagem – efeito este que proporciona um sono mais descansado e tranquilo. t
Janeiro 2021
T
25
26
T
Janeiro 2021
X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
JEF STORE
INDITEX REFORÇA APOSTA NO ATHLEISURE Com os consumidores confinados e a saírem de casa preferencialmente para praticarem desporto, a moda desportiva está menos exposta às quedas do mercado e o grupo Inditex não ficou indiferente a essa alteração. A cadeia de moda jovem do grupo, a Bershka, assinou um acordo com a NBA, a liga de basquetebol dos Estados Unidos, e as marcas Zara Home e Massimo Dutty juntam-se à onda do fitness.
Península Boutique Center (Piso 0) Praça do Bom Sucesso, 159 4150-146 Porto
Ano de abertura 2020 Criação da marca 2019 Produtos Roupa e acessórios masculinos de segmento médio-alto Conceito Coleções sazonais inspiradas nos múltiplos países lusófonos Público-Alvo Cliente eclético, dos mais jovens aos mais maduros, que reconhecem qualidade. Mas também têm clientes do sexo feminino Loja online jefstore.com
Moda com um toque de lusofonia Entrar por estes dias na recém-inaugurada loja da JEF é como cair de paraquedas numa rua de Cabo Verde e regalar os sentidos na sua multiplicidade de cores, materiais, estilos e costumes. Ou não fosse a cultura do país africano a inspirar a mais recente coleção da marca de moda portuguesa, criada para ser uma reinterpretação moderna da multiculturalidade da lusofonia. É através do design contemporâneo que a JEF recria o espírito audaz dos exploradores portugueses, unindo nações e culturas, num projeto que teve início em 2019 com uma loja online. “Primeiro quisemos dar a conhecer a marca, o conceito por detrás dela. Cada coleção tem um texto que narra o seu conceito e desenvolvimento, uma música e algum tipo de inspiração visual, e cada peça de roupa é acompanhada por uma frase que a define ou complementa”, explica José Luís Fernandes, o homem por detrás da criação da JEF. Empresário têxtil na área da confeção de malhas há mais de 30 anos, trabalha para algumas das mais luxuosas marcas de moda do mundo, e foi precisamente esse know-how no segmento médio-alto que o inspiraram a desenvolver uma marca sua, cuja qualidade fosse a pedra mestra e a sustentabilidade as fundações. “Só trabalhámos com fibras orgânicas, mas para nós a sustentabilidade vai muito para além disso. Se uma peça for boa e intemporal, vai ser usada durante muitos anos e isso reduz o impacto ambiental. Logo, a nossa qualidade é sustentabilidade”, sentencia José Luís, que fabrica nas suas confeções todas as malhas presentes na JEF. A camisaria e a produção de calças e fatos estão alocadas a parceiros de confian-
ça, que garantem a qualidade da assinatura da marca. Com todo o design feito internamente, a JEF apresentou-se ao mundo com a coleção Nau, que teve Portugal como país de inspiração. Seguiu-se a linha Ritual, pintada com as cores, ritmos e texturas do Brasil e de Angola. Agora, é Cabo Verde que enche as prateleiras e expositores da loja, um espaço sóbrio e sofisticado, onde as cores neutras deixam brilhar as verdadeiras estrelas: as peças de vestuário. Inaugurada em dezembro, a loja surgiu como o próximo passo lógico na expansão da marca. “É importante ter loja física porque os clientes querem sentir a qualidade, o conforto, e isso só se consegue com o toque”, explica o proprietário. “Quanto à localização, escolhemos o Península Boutique Center pela clientela que frequenta esta galeria comercial, e que vai ao encontro do estilo da nossa marca”, completa. Para já, a marca está exclusivamente focada na moda masculina, e apesar de não descartar a aposta no segmento de roupa de mulher, foi com grande satisfação que perceberam que algumas das peças desenhadas para homem foram amplamente apreciadas pelo público feminino. “Percebemos que as mulheres também vinham cá comprar para elas. Rapidamente vimos que podiam ser encaradas como peças “sem género”, e tanto é que na sessão fotográfica da próxima coleção já incluímos modelos femininos com as peças que inicialmente desenhámos para homem”, revela José Luís Fernandes, que foi emprestar as suas iniciais para dar nome à marca que é agora um dos seus orgulhos. Aqui e nos quatro cantos do mundo, onde quer que se fale português. t
"Enquanto existirem feiras nós estaremos lá, o digital é um complemento" Teresa Marques Pereira CEO da Concreto
MANGO QUER MIL MILHÕES NO ONLINE EM 2021
TMG “DEU AULA” NA PORTO BUSINESS SCHOOL
A Mango quer chegar aos mil milhões de euros de faturação no online em 2021, sendo que este ano fechou perto dos 800 milhões. Uma aposta forte no crescimento online, no ano em que celebra os 20 anos do lançamento deste canal. Pioneira do setor de fashion retail, a empresa está a obter números recorde nas vendas online: até outubro a faturação online já tinha ultrapassado em 5% os 564 milhões de euros alcançados em todo o ano de 2019.
O grupo TMG esteve em destaque na Open4Community da Porto Business School. Manuel Gonçalves, administrador do grupo, e a CEO e fundadora da consultora The Power House, Lisa Lang, falaram sobre sustentabilidade e inovação no setor têxtil. O Grupo TMG é uma das mais recentes organizações associadas da Porto Business School, numa parceria que visa reforçar a proximidade da escola com empresas de grande impacto na economia.
1 milhão
de euros investiu a Orfama em nova maquinaria nos últimos dois anos
CARLOS GIL FAZ PARCERIA COM UNIVERSIDADE LUSÓFONA
Carlos Gil realizou a sessão fotográfica para a campanha da sua coleção SS21, à qual deu o nome PORTUGAL, em parceria com a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. O grande objetivo do designer de moda foi estabelecer um contacto mais próximo entre a realidade profissional e o meio académico, num trabalho que teve lugar nas instalações da universidade em Lisboa, o palácio do Vimioso, um edifício do século XIX e de grande beleza. Carlos Gil integrou na equipa um grupo de 5 estudantes da Licenciatura em Fotografia do Departamento de Cinema e Artes dos Media da Lusófona.
Janeiro 2021
T
27
28
T
Janeiro 2021
X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves
ProtechSleep
Desenvolvido pela Impetus, em parceria com a Fibrenamics e a TecMinho, da Universidade do Minho
O que é? Um pijama inovador que promove o conforto termofisiológico e o relaxamento muscular e ergonómico, através da termorregulação, gestão de humidade, compressão direcionada, aromoterapia e micromassagens Para que serve? Combate distúrbios do sono, melhorando a qualidade do descanso e aumentando os índices de energia dos seus utilizadores Estado do Projeto? Prototipagem final e preparação para o mercado
ITMF DETETA MELHORIA NAS EXPETATIVAS DOS EMPRESÁRIOS A International Textile Manufacturers Federation (ITMF) detetou a melhoria das expetativas de negócio para este ano no conjunto da indústria textil, ao mesmo tempo que indica que a antecipação do volume de negócio para o fecho do exercício findo também melhorou ligeiramente. As conclusões constam do sexto relatório de acompanhamento do impacto da pandemia no setor.
50 milhões
de toneladas de roupa são compradas anualmente em todo o planeta
TWINTEX OLHA COM CONFIANÇA E EXPETATIVA PARA 2021 Mesmo que o efeito da pandemia vá deixar marcas prolongadas no tempo, na Twintex a perspetiva é de confiança para o ano que agora se inicia. “Olhamos para 2021 com confiança. A coleção SS21 será a primeira do ano e como todos sabemos apresenta números bastante conservadores, pois estamos perante uma sobreposição de coleções que resulta do facto da SS20 já não ter vendido devido ao arranque da pandemia. A nossa convicção é de que assistiremos a uma inversão de tendência de queda com a coleção FW21”, projeta o CEO Bruno Mineiro.
"A ITV incorpora cada vez mais tecnologia em toda a sua cadeia produtiva e de gestão"
O pijama da Impetus para noites bem-dormidas Todos já imaginamos a sensação de dormir numa nuvem. A Impetus levou este sonho a sério e ao longo dos últimos dois anos juntou forças com a Fibrenamics e a TecMinho para criar um pijama inovador, que fosse capaz de oferecer uma boa noite de sono, mesmo a quem é frequentemente atormentado por insónias. Intitulado ProtechSleep, o projeto de desenvolvimento chegou ao fim em dezembro, com a apresentação de um modelo com várias tecnologias: desde o seamless à utilização de óleos essenciais, tudo foi coordenado para criar o pijama perfeito para dormir melhor e acordar com as baterias recarregadas. “Os distúrbios de sono suscitaram o nosso interesse pelo feedback dos nossos clientes. Como temos um contacto direto e uma rede de comerciais no terreno percebemos que esta era uma questão que se colocava”, começa por contar Juliana Cruz, responsável pelo departamento de inovação da Impetus. Na esteira de outros projetos anteriores, como o ProtechDry (cueca inovadora para incontinentes) e o ProtechFlow (cueca adaptada ao período menstrual) a empresa colocou a sua equipa de desenvolvimento focada nos distúrbios de sono, como insónias ou terrores de sono, que afectam uma larga fatia da população. “A Impetus tem muitos anos de conhecimento na área da relação corpo-vestuário e vimos aqui mais uma oportunidade”, resume a responsável pelo projeto. Ao longo de dois anos, a equipa testou uma série de inovações, chegando a um protótipo final que conjuga cinco abordagens para melhorar
o sono dos utilizadores: termorregulação, gestão de humidade, compressão direcionada, libertação de substâncias e micromassagens. Tudo num só pijama, de forma a promover o conforto termofisiológico e o relaxamento ergonómico e muscular. Para atingir estes objetivos, o ProtechSleep conta no seu processo de fabrico com algumas tecnologias inovadoras, como o seamless, estruturas têxteis tridimensionais, conjugação de fibras como modal e elastano e a impregnação de óleos essenciais com substâncias ativas capazes de promover o relaxamento e combater o desconforto ou a dor. “Tudo de acordo com os princípios de sustentabilidade, baseando-se em matérias-primas e processos com menor impacto ambiental e criando uma peça duradoura e resistente”, acrescenta Juliana Cruz. O modelo de pijama, composto por camisola e calças, está agora a ser preparado para a entrada no mercado, estando a ser estudada a melhor estratégia. “Neste momento temos dois cenários possíveis de distribuição, bastante distintos: no primeiro temos a distribuição controlada por nós, utilizando os nossos canais habituais e através de uma marca-própria, a ProtechSleep; no segundo faríamos uma parceria exclusiva com uma grande marca internacional, com forte poder de penetração do mercado”, adianta Manuel Torres, diretor de vendas e expansão da Impetus. Em qualquer um dos cenários, o grupo têxtil de Esposende espera ter o ProtechSleep no mercado já no segundo semestre deste ano, garantindo uma boa noite de sono aos seus clientes. t
João Brandão CEO da ERT
LENÇOS DE NAMORADOS DÃO TEMA A CONCURSO DE MODAS Desta vez sem público e com transmissão em streaming, tem lugar a 14 de fevereiro a XVIII edição do Concurso Internacional de Criadores de Moda de Vila Verde, que tem como tema central “Lenços de Namorados: Escritas de Amor”. Os prémios para os melhores coordenados ultrapassam os dois mil euros, atribuídos pela Câmara Municipal de Vila Verde e pela Cooperativa Aliança Artesanal.
MARCA DE ROUPA INFANTIL YAY AJUDA A TRANSFORMAR AS ROUPAS DOS AVÓS
A marca portuguesa de moda infantil para rapazes YAY promoveu um workshop de upcycling orientado para crianças e adultos, e que teve como objetivo ensinar a transformar as peças dos avós em novas roupas para os netos. A formação, que teve lugar no espaço URAJA, em Lisboa, incidiu em três diferentes módulos: processo criativo, execução e mini designers.
Janeiro 2021
T
29
30
T
Janeiro 2021
FARFETCH COM FATURAÇÃO DE 789 MILHÕES NO TRIMESTRE Os resultados do terceiro trimestre do grupo liderado por José Neves indicam que a Farfetch atingiu um volume de negócios de 798 milhões de dólares, mais 62% que em igual período do ano passado – valor que representa também um crescimento de mais de 10% relativamente ao segundo trimestre do ano, altura em que tinha atingido 721,3 milhões de dólares. Em comunicado enviado à entidade reguladora do mercado de capitais norte-americano, a Farfetch enfatiza que só a faturação da plataforma digital contabilizou 674 milhões de dólares no terceiro trimestre, mais 60% do que no período homólogo.
"Vamos ter uma aproximação do consumidor à fábrica, a customização controlada pelo consumidor"
MODATEX COVILHÃ FAZ MANTAS PARA CÃES
O centro de formação Modatex ofereceu mais de meia centena de cobertores em croché a associações de proteção animal. No total foram cinquenta e três mantas coloridas que a delegação da Covilhã do Modatex confecionou para oferecer a seis instituições de proteção animal em todo o país. Toda a matéria prima para a criação das mantas em croché foi cedida pela associação New Hand Lab, de Portalegre. A iniciativa surge num momento em que, devido à crise pandémica, se regista um aumento de abandono animal. t
A PENTEADORA CRIA PLATAFORMA DIGITAL PARA CONTACTAR CLIENTES Está online desde setembro, e entra no novo ano como uma das grandes apostas da têxtil A Penteadora para manter a proximidade e o contacto constante com uma rede de clientes internacionais, que ultrapassa as 300 marcas e empresas. A têxtil especializada em lanifícios criou uma plataforma digital própria, na qual organiza reuniões individualizadas com os clientes, expondo ao detalhe as suas coleções e permitindo o registo das encomendas. Uma alternativa em tempos de Covid, que, no entanto, não substitui a experiência das feiras presenciais. “Este era um projeto que já tínhamos há muito tempo, já estava planeado e estruturado, por isso é que quando a pandemia chegou, conseguimos coloca-lo em prática em apenas três meses”, conta António Teixeira, administrador da têxtil de
Unhais da Serra, na Covilhã. A plataforma visa sobretudo manter o contacto os mais de 300 clientes habituais, 90% da Europa, “mas também temos utilizado esta ferramenta para chegar a mercados mais distantes”, diz o responsável da empresa. A plataforma funciona numa lógica integralmente B2B, ou seja, apesar de se encontrar no novo site da empresa, o acesso é exclusivo a profissionais e tem de ser requerido à equipa comercial. Normalmente, as credenciais são fornecidas apenas por um período limitado e com um horário definido. “Queremos manter o contacto pessoal. A ideia é que haja uma simultaneidade entre o comprador e o comercial, que exista sempre um diálogo, que se fale dos produtos, mas também se mantenha o contacto pessoal. Essa experiência é para manter”, afirma António Teixeira. t
REGIÃO NORTE ENTRE AS MAIS INOVADORAS DA UNIÃO EUROPEIA A região Norte está entre as mais inovadoras da Europa e foi na última década a que em Portugal mais convergiu com a média da União Europeia. A análise consta na edição especial do relatório Norte Estrutura, elaborado pela CCDR-N que faz uma leitura das tendências socioeconómicas da região a médio e longo prazo. De acordo com o relatório ‘Regional Innovation Scoreboard de 2019’ – da autoria da Comissão Europeia – o Índice Global de Inovação do Norte aumentou de 83,3% para 92,7% da média da UE28, entre os anos de 2011
e 2019, “em evidente contraste com a estagnação observada na Área Metropolitana de Lisboa [atual líder a nível nacional], que viu o mesmo indicador crescer pouco mais de um ponto percentual, de 93,4% para 94,6%, durante o mesmo período”, enfatiza a CCDR-N. Do lado das potencialidades em matéria de inovação, o Norte está entre as regiões mais inovadoras da europa nos seguintes indicadores: as despesas de inovação não-I&D (investimento em máquinas numa lógica de modernização), os registos de marcas
e de design, a percentagem das PME que praticaram atividades internas de inovação e a percentagem das PME com inovações tecnológicas (produto e processos). Do lado das debilidades, os principais indicadores de inovação, nos quais a região se encontra significativamente abaixo da média da UE28, são o registo de patentes, a percentagem da população dos 30 aos 34 anos com formação no ensino superior, a percentagem do emprego em setores de alta e média-alta tecnologia e a cooperação das empresas com o sistema científico. t
Miguel Pedrosa Rodrigues Administrador da Pedrosa & Rodrigues
DENIM TO GREEN QUER DAR UMA SEGUNDA VIDA ÀS GANGAS Chama-se From Denim to Green e quer reaproveitar as gangas usadas para criar produtos têxteis inovadores. Com sede em Matosinhos, a associação está em fase de testes dos novos materiais e ambiciona um futuro mais verde e circular para o denim. “Vamos transformar as roupas em objetos montáveis, como revestimentos decorativos para eventos. As pessoas e/ou empresas usam o nosso material, devolvem-nos e depois voltam a comprar a um preço ainda mais acessível”, explica Hugo Alexandre Trindade, fundador da associação.
FROM PORTUGAL LEVA EMPRESAS PORTUGUESAS À PLATAFORMA JOOR O projecto From Portugal estabeleceu uma nova parceria com a Joor, que se apresenta como “a primeira plataforma de moda verdadeiramente global” e que agora vai contar com a presença de têxteis portuguesas. A Joor é a mais recente aquisição para o catálogo de marketplaces From Portugal, sendo que o projeto de internacionalização vai apoiar as empresas portuguesas que submeterem os seus produtos na plataforma. LVMH, Kering, Balenciaga, Michael Kors, Valentino e Harrods são algumas das grandes marcas inscritas na Joor.
51 %
de toda a fibra produzida é poliéster, duas vezes mais representativa do que a produção de algodão
MISSIMINI INAUGUROU LOJA OUTLET COM NOVA COLEÇÃO DE INVERNO Conhecida sobretudo pelas calças de ganga com aplicações em pedra, brilhantes ou outros detalhes, a Missimini inaugurou no início de Dezembro a sua loja de fábrica, onde reune todas as peças da marca, começando pela nova coleção de inverno. Uma nova montra, em Vila das Aves, local de origem da marca, que atualmente está presente em mais de 300 lojas por todo o país. Este é o primeiro projeto da marca em nome próprio, que espera alavancar outros espaços e abrir em Itália a primeira loja além-fronteiras.
Janeiro 2021
T
31
M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey
Joana Cabanelas Fundadora da Juux Studio Família Cultiva o sentido de independência Formação Licenciatura e Mestrado em Design de Produto na ESAD Casa Apartamento na Boavista, Porto Carro Mazda Portátil Macbook Telemóvel Huawei Hobbies Natação, equitação, ver filmes de época e documentários Férias Todos os anos faz uma temporada no Gerês, mas também é fã de viagens intercontinentais. Califórnia e São Francisco estão na sua top list Regra de Ouro “Persistir, ser resiliente e acreditar no que fazemos com um propósito”
Joana Cabanelas quer tornar a arte usável “Há uma tendência natural na minha vida para embelezar tudo”, assume Joana Cabanelas, 33 anos, fundadora da Juux Studio, que conta ter crescido com a certeza de que o mundo das artes é o seu palco de atuação. “Sou filha de um advogado e de uma professora e em casa ninguém tinha qualquer ligação ao mundo artístico. Mas recordo-me de desenhar nas paredes, inventar muitas histórias e viver num mundo de fantasia permanente”, revela a mulher que cresceu com os pais e a irmã, três anos mais velha, na zona da Foz, no Porto. Assim, e apesar de viver numa casa de “gente racional e prática”, como a própria descreve, foi sempre evidente para todos, especialmente para a sua avó materna, de quem herdou a paixão pelas artes, que o percurso de Joana passaria pelo mundo das expressões. “Apesar de inicialmente querer Escultura, em Belas Artes, acabei por, com orientação dos meus pais, optar pela licenciatura em Design de Produto na ESAD. No 3 o ano fui para Milão estudar e aprendi imenso. Depois desse ano regressei e iniciei a minha carreira na área do mobiliário, ao mesmo tempo que decidi fazer outra licenciatura, em Belas Artes, em Pintura”, desvenda a empreendedora. Na tela da vida desta artista pode-se também encontrar os tons sofisticados do mundo do audiovisual, uma vez que teve já oportunidade de colaborar no departamento de guarda roupa e direção de arte na rodagem de duas séries televisivas. Mas há mais para contemplar nesta eclética mistura de cores e texturas que é Joana Cabanelas: depois de duas licenciaturas e de continuar a trabalhar na área do design do mobiliário, decide que “é preciso evoluir e não estagnar”, e avança para um mestrado de Artes e Design para o Espaço Público, na Faculdade de Belas Artes. “O mestrado permitiu-me encontrar o meu cunho, o meu lugar. Eu sou de abrir. E foi através do mestrado que me debrucei e investiguei a ideia de que a arte e o design podem instigar o quotidiano”. Depois de mais umas tantas experiências - das quais vale a pena destacar o ano a viver em Utrech, na Holanda - Joana decide que está na hora de dar um novo simbolismo à sua ainda inacabada, mas já cheia de camadas, tela da vida. “Foi no ano passado que decidi que ia avançar com um projeto próprio, mas não sabia ainda o quê. Gostava de pintar mas não era pintora; gostava de moda mas não domino a confeção. Sou uma simbiose de tantas coisas que era difícil. Foi então que me lembrei de criar uma marca de lenços, um elemento tão distintivo onde a arte pode provocar o quotidiano”, revela Joana. É assim que nasce, em novembro de 2019, a Juux Studio: lenços de materiais nobres (seda, veludo, poliéster, etc.) onde são impressas pinturas de Joana. “Não há processos fechados na minha composição artística. Quero que estes lenços tenham o meu cunho, cheios de cor e simbolismo, mas que as pessoas se identifiquem com eles e que os usem. Penso que desta forma estou a cumprir o meu propósito de tornar a arte usável no dia-a-dia”, remata Joana. t
32
2,8
T
Janeiro 2021
a MUNDO VERDE
milhões de toneladas de resíduos têxteis foram recolhidos na Europa em 2019
"As nossas próximas coleções vão ter cada vez mais produtos reciclados e da nossa linha Oliveira Green" Paulo Augusto Oliveira Administrador da Paulo de Oliveira
TEARFIL E DUPONT UNEM-SE PARA FIO SUSTENTÁVEL DE ALTA PERFORMANCE A Tearfil, a empresa de fiação que desde 2019 tem vindo a aumentar o seu compromisso com a sustentabilidade, vai passar a utilizar fibras de base biológica Sorona®, produtora de fibras DuPont Biomaterials, para a criação de fio sustentável e de alta-performance destinados à indústria do vestuário. A fibra Sorona® é composta em 37% por ingredientes vegetais renováveis, o que resulta na redução de 30% energia usada na produção e de menos 63% de emissões de gases de efeito estufa, quando comparada com o Nylon 6, o que lhe valeu a certificação OEKO-TEX® Standard 100, assim como o aval da Textile Exchange, The Sustainable Apparel Coalition e da Fundação Ellen McArthur. “Acreditamos que a colaboração é o ingrediente chave para criar os melhores produtos. A magia que fazemos só é possível graças aos nossos parceiros confiáveis nas fibras e tecnologia. Sustentabilidade ou desempenho: por
A Mango retirou 160 milhões de sacos de plástico da cadeia de abastecimento, substituiindo-os por sacos de papel,100% biodegradáveis e recicláveis. Trata-se de papel de seda obtido através de pasta natural de fontes renováveis. A eficiência dos sacos de papel foi testada em Marrocos e na China. O objetivo é eliminar progressivamente todos os sacos de plástico e adotar o papel em mais lojas.
DE SUCATA AUTOMÓVEL PARA MODA SUSTENTÁVEL A fibra apresenta atributos como a maciez, elasticidade e a resistência a manchas
que não ter tudo? A fibra Sorona® prova como os têxteis de alto desempenho voltados para o futuro também podem ser sustentáveis e com consciência ecológica”, afirmou Maria de Belém Machado, CEO da Tearfil. Oferecendo às marcas uma alternativa sustentável aos materiais tradicionalmente não recicláveis, a fibra apresenta atributos de alta-performance como maciez, elasticidade, recuperação de forma, flexibili-
dade, facilidade de tratamento e resistência a manchas, sem a necessidade de tratamentos tópicos, o que a tornou a escolha de marcas reputadas como The North Face, Helly Hansen e Stella McCartney. A parceria com a DuPont surge do compromisso da empresa portuguesa em criar fios cada vez mais inteligentes e sustentáveis, um percurso ecológico que nos últimos anos se tem afirmado como um dos baluartes da Tearfil. t
JF ALMEIDA CRIA TINGIMENTO A PARTIR DE FOLHAS DE CHÁ A Têxteis JF Almeida acaba de apresentar o processo de tingimento Infusion, certificado pela SGS, e que é aplicável a fibras de algodão e suas misturas. O Infusion baseia-se na utilização de resíduos de folhas de chá. A qualidade do produto final e o reduzido impacto ambiental são os pontos-chave do novo processo. Em comunicado, a empresa destaca que a conquista de
MANGO ELIMINA 160 MILHÕES DE SACOS
mercados cada vez mais exigentes em matérias sustentáveis a obriga a estar na linha da frente da inovação e do desenvolvimento de novas formas de produção que aliem o racional de negócio à diminuição dos impactos ambientais da indústria. O novo processo foi assim totalmente desenvolvido pela JF Almeida e resulta da forte aposta em inovação e sustentabilidade da empresa.
E se, do ponto de vista da sustentabilidade, o processo é um grande passo em frente para a indústria, do ponto de vista do racional de negócio, não podia estar mais inserido nas novas tendências: os consumidores dão cada vez maior prioridade à escolha de produtos que incorporem na sua fase produtiva preocupações com o impacto ao nível dos recursos naturais do planeta. t
A Hyundai Motor Company anunciou o lançamento de mais uma edição do Re: Style 2020 e prova que é possível transformar sucata automóvel em moda. A coleção cápsula de moda sustentável conta com uma grande variedade de produtos feitos a partir de materiais descartáveis da produção automóvel, fruto da colaboração com designers inovadores e marcas como Alighieri, Public School, pushBUTTON e Rosie Assoulin.
"Temos vindo a assumir uma posição de vanguarda na pesquisa e produção de tecidos amigos do ambiente" Flávio Dias Diretor de exportação da Lemar
MARITA MORENO NOS GREEN AWARDS 2020 A marca sustentável Marita Moreno foi nomeada para os Green Product Awards 2020, um prémio internacional de design sustentável. Em concurso está o Dali Azores, um sapato 100% vegan, com o exterior em cortiça portuguesa, tecelagem artesanal e sola em borracha natural, que recorre ao CORK-a-TEX, o fio têxtil já premiado internacionalmente e desenvolvido com matérias primas nacionais. As votações decorrem até 31 de janeiro e os vencedores serão anunciados em março.
Janeiro 2021
T
33
100 95 75
25 5 0
Anuncio T Jornal 235x279 mm ER 2019 segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019 10:53:52
34
T
Janeiro 2021
B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: António Moreira Gonçalves
Weasy
Fábrica de Santo Thyrso
O que faz? É uma plataforma digital que permite replicar os negócios online em simultâneo em vários espaços de venda, como Facebook, Instagram, Amazon, Dott ou KuantoKusta Fundação 2016 Localização Fábrica de Santo Thyrso Principais clientes Dr. Kid, Nortemoda, Xiaomi, Natura e Aldo Colaboradores Cinco pessoas, que gerem uma rede de colaboradores de várias áreas tecnológicas, da programação ao webdesign
3DCORK QUER CONTINUAR A ESTAR PERTO DOS CLIENTES Depois de ter participado em algumas edições físicas da NY NOW, a 3D Cork decidiu aventurar-se pela versão digital da última edição da feira nova iorquina. Além de poder continuar a estar perto dos clientes, o modelo virtual permite a presença num maior número de feiras. Focada em produtos inovadores com recurso à cortiça, a 3D Cork foi uma das empresas portuguesas presentes na plataforma digital da NY NOW, “uma medida fundamental numa altura em que a empresa procura alargar o leque de clientes nos EUA”, como explica Sara Nunes, da direção comercial da 3D Cork.
"Como trabalhamos com o sustentável, com o orgânico, continuámos a trabalhar durante a pandemia" José Carvalho Administrador da Carvema Têxtil
BREXIT: “RENASCER DA ALFÂNDEGA É A MAIOR PREOCUPAÇÃO”, DIZ A ATP’ Com o Brexit, as exportações têxteis passam a ter uma nova alfândega e com isso uma carga de trabalhos e um novo custo de contexto. Esta é a principal preocupação para o presidente da ATP em relação ao acordo estabelecido entre Londres e Bruxelas, que, por outro lado, aplaude dois aspetos de grande importância para o têxtil: não vão surgir novas tarifas às exportações para o Reino Unido e é exigida uma dupla transformação para que os produtos sejam considerados de proveniência britânica.
Weasy tem uma via verde para o comércio online O sistema via verde das autoestradas faz parte do quadro de honra das invenções made in Portugal, que se popularizaram além-fronteiras. A tecnológica Weasy criou uma plataforma online que bebe do mesmo espírito, mas orientada para simplificar e acelerar a transição dos negócios do mundo presencial para o digital. A partir dos salões históricos da Fábrica de Santo Thyrso, esta start-up com pouco mais de quatro anos está a ajudar negócios de todos os setores – com a moda e o vestuário em primeiro plano – a conquistarem o seu espaço online, não só com lojas próprias, mas também em alguns dos principais marketplaces da atualidade. “As pessoas pensam que vender online é fácil, mas não é assim tão simples”, começa por explicar Rui Mendes – de polo verde na foto, ao lado de Bruno Braga, o outro fundador da Weasy. A ideia de que basta abrir uma loja online para as encomendas começarem a chegar leva muitos empresários ao engano e a sentirem-se frustrados com o investimento. A solução que a Weasy criou visa sobretudo diminuir os riscos e aumentar as chances de sucesso nesta transição. “Hoje, para vender online é preciso estar em todo o lado, a informação está dispersa por muitas áreas. Por isso é que decidimos criar uma plataforma all-in-one”, explica o responsável pelo projeto. Esta plataforma “tudo em um”, permite aos empresários terem o seu próprio site e loja online, e quando os produtos são carregados online não ficam confinados ao espaço da própria marca. São também apresentados em várias platafor-
mas, como Amazon, Dott, Kuantokusta e Google shopping, ou mesmo em venda direta através das redes sociais, como Facebook e Instagram. “A grande vantagem é estarem em várias montras ao mesmo tempo e assim chegarem mais rapidamente ao público”, resume Rui Mendes. Mas a Weasy tem ido mais longe, e ao longo dos últimos meses aperfeiçoou a sua plataforma, reforçando parcerias com serviços de pagamento, como a SIBS, e serviços de logística e entrega, como a DTD. “2020 foi um ano importante porque estabelecemos parcerias muito fortes. Tornamo-nos o parceiro oficial da SIBS e temos a operação integrada na nossa plataforma. Isto facilita em muito a vida aos nossos clientes que vendem online”, explica o co-fundador do projeto. Entre esses clientes encontram-se já várias marcas de moda, como Dr. Kid, Nortemoda ou a Aldo, mas também de cosméticos, como a brasileira Natura, ou de tecnologia, como o gigante chinês Xiaomi. “Chegamos praticamente a todas as áreas, desde a moda aos suplementos nutricionais. Até um talho, imagine-se, criou uma loja online connosco”, expõe Rui Mendes. Depois de em 2020 a Weasy ter crescido no número de subscritores, em 2021 o objetivo é chegar àqueles que ainda temem dar o passo para o online. “Como a plataforma funciona numa lógica do it yourself, ainda há muitos clientes que nos pedem apenas o site já pronto. Para esses estamos a criar um serviço chave-na-mão, simplificando ainda mais o processo para que essas marcas também estejam presentes”, adianta Rui Mendes, prometendo novidades para breve.t
33,8 mil
milhões de euros foi o valor das importações de vestuário feitas pela Alemanha em 2018
MO LANÇA LINHA DE MATERNIDADE
A marca portuguesa MO acaba de lançar uma nova linha dirigida às grávidas e recém-mamãs. A linha mom by MO inclui peças sustentáveis e de tons suaves que propocionam todo o conforto às mulheres. É por estar “familiarizada com as noites mal dormidas, com os dias atarefados, com os momentos da amamentação, com as pausas para receber visitas – virtuais ou à distância – e com as saídas relâmpago”, que a marca do universo Sonae decidiu criar esta nova linha dedicada à maternidade e às transformações do corpo próprias desta fase.
T
Janeiro 2021
35
-
OPINIÃO ANO DE 2021: CONDICIONAMENTOS E EXPETATIVAS João Costa Presidente da Selectiva Moda e membro da direção da ATP
UM PRODUTO, UMA HISTÓRIA! Jorge Pereira CEO da Lipaco e vogal da Direção da ATP
1. O agravamento do estado da pandemia veio adensar as ameaças à recuperação da economia que se perspetiva para 2021, depois da acentuada quebra do PIB no ano anterior. A inevitável extensão das condições de confinamento e o encerramento do comércio de loja, determinará uma nova quebra na atividade económica e também na do Setor Têxtil e Vestuário, em especial pelo enfraquecimento das exportações. Embora o aumento da vacinação deva mitigar – e eliminar –, esta situação epidémica, só a partir da segunda metade do ano, se tudo correr bem, se poderá contar com um alívio sustentado das condições de contágio e com a retoma progressiva, com relativa segurança, do estado de normalidade. 2. Neste contexto, as ajudas do Estado às empresas afetadas vão ter de continuar, porque essa será, para muitas das que venham a sofrer maior redução da sua atividade, a única maneira de as preservar os postos de trabalho, e de as manter aptas para o necessário impulso de recuperação que se seguirá. De entre as medidas de apoio, a prorrogação da moratória dos financiamentos assume especial relevância. E não basta que a prorrogação seja feita por um período equivalente ao dos novos condicionamentos. Terá de o ser por um período mais alargado, de dois ou três anos, de modo a permitir que as empresas vençam as dificuldades e recuperem uma situação de normalidade económica e financeira. 3. Terminado em 31/12/2020 o período de transição do Brexit, foi finalmente conseguido um acordo entre a UE e o Reino Unido. Um acordo de comércio livre, que terá certamente novos desenvolvimentos, mas essencial, com ausência de tarifas e de quotas em todos os bens que respeitem as regras de origem, para evitar
Hoje vive-se uma crise económica generalizada pelo mundo e é muito importante para as empresas combaterem-na. Não só tirando partido do enfraquecimento da concorrência global devido à conjuntura que já existia e que foi drasticamente acentuada pelo Covid-19, mas também através da criação de estratégias para valorizar o produto, quer através do seu valor acrescentado, quer pela história e a influência que a mesma pode trazer junto do mercado e segmento alvo. O país de origem, por vezes, em alguns mercados ou segmentos de mercado, não deixa de ser relevante, uma vez que a conotação associada até inconscientemente pode ser muito positiva ou muito negativa. O prestígio, esse, ganha-se ou mantem-se por ser sinónimo de tradição e qualidade percebida, ou perde-se por estar conotado, por razões históricas, com a baixa qualidade. Já para outros mercados não deixarão de ser sempre as suas características para a criação de valor de marca.
constrangimentos maiores nas relações comerciais entre os dois mercados. O acordo bilateral de investimento entre a UE e a China, alcançado também nos últimos dias de 2020, e em negociação há sete anos, e que substitui os acordos existentes entre 26 países da UE e a China (a Irlanda manteve o seu), constituirá o princípio de um novo relacionamento entre estes dois mercados. O processo negocial para o acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, conhecido por TTIP, entre a UE e os EUA, desenvolvido em intensas negociações ao longo de vários anos com a administração do Presidente Obama, e que foi interrompido na presidência de Trump, poderá ser retomado com a administração de Biden. Este acordo permitiria um grande impulso às duas economias e seria muito vantajoso para o STV nacional pelas acrescidas possibilidades de incrementar as exportações para os EUA. 4. O Programa de Recuperação e Resiliência, aprovado pela União Europeia para fazer face à crise económica resultante da pandemia, trará para Portugal importantes apoios, de muitos milhares de milhões de euros. Deveriam ser fundamentalmente orientados para investimentos reprodutivos e de melhoria das condições de produtividade e de competitividade da nossa economia, de modo a torná-la, efetivamente, mais resiliente, como se prevê no programa. Mas, pelo que se percebe da orientação do Governo, bem mais propensa a fomentar o apoio político e a conquistar o terreno eleitoral, muitos desses recursos irão financiar despesa pública não reprodutiva - e despesa que permanecerá no futuro - e contribuir para aumentar o peso do Estado na economia. t
O fator preço será sempre o calcanhar de Aquiles para muitos produtos e mercados. As marcas precisam de se destacar umas das outras de modo a conquistarem real credibilidade e autenticidade, conseguindo assim subsistir neste mundo global onde a rapidez da mudança é cada vez mais frequente. O storytelling tem sido uma ferramenta cada vez mais utilizada pelas marcas criativas e que se querem mostrar ao mercado de forma irreverente, fazendo com que o consumidor se identifique com a cultura da marca ou até da própria organização. Usar uma história rica em valores pode até combater todos os outros fatores menos positivos, sobretudo quando damos valor à preservação dos recursos do nosso planeta, aos colaboradores das nossas organizações, ou qualquer outra estratégia que demonstre por A + B que vale a pena sonhar com a filosofia da história que foi passada pelo bem que acabaram de adquirir. A admiração cresce! Esta história não é importante apenas e
só para quem a conta, mas também para todos os colaboradores e clientes dessa marca. Ela acaba por sedimentar essa ligação e lealdade que todas as organizações lutam por conseguir, cultivando um grupo de apoiantes que acabam por partilhar e divulgar essa mesma história. Este objetivo consegue-se a partir das emoções humanas que propositadamente estão por detrás dela. A empatia e os vínculos emocionais verdadeiros geram-se, mas só os conseguimos quando compreendemos os pensamentos e os sentimentos dos clientes. O fundamental é conseguir construir uma história, verdadeira, exclusiva, que representa os verdadeiros valores da marca. Quem nunca se questionou sobre como surgiu um projeto, uma organização ou uma marca? Quem nunca ficou a sonhar com o imaginário desconhecido por detrás de um sucesso? Contemos as histórias das nossas marcas e façamos a diferença. Era uma vez... t
36
Alexandra Cruchinho Professora na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias e Investigadora do CICANT
QUE DESAFIOS PARA O ENSINO SUPERIOR DO DESIGN DE MODA? Torna-se cada vez mais comum frisar a necessidade premente de um ensino à distância ou misto, que ilustra o esforço das instituições de Ensino Superior em mudar a sua realidade pedagógica. Se a natureza da formação ministrada se deseja presencial, dada a especificidade prática dos cursos em Design de Moda, a realidade atual confronta as instituições com desafios para a formação prática com a ausência física dos estudantes nas salas de aulas, nos laboratórios, nos ateliers, e em contacto com os equipamentos. Claro está que aos professores e dirigentes é exigido um nível de criatividade que permita que encontrem soluções compatíveis com um ensino à distância com sucesso nas aquisições práticas dos estudantes. Também, nesta fase da pandemia que entrou, sem perguntar, nas nossas vidas, algumas instituições já implementaram regras que permitem aos estudantes aceder aos espaços, laboratórios, oficinas, o que lhes permite desenvolver e testar as aquisições feitas. Porém, serão apenas estes os desafios que se apresentam às instituições de Ensino Superior no Ensino do Design de Moda? Aos designers de moda profissionais, num curto e abrupto espaço de tempo, foi-lhes “exigida” uma adaptação rápida a esta nova realidade. Se os profissionais e as marcas já marcavam presença em termos de redes sociais, aliando o físico ao digital, atualmente os designers encontram-se em ponto de viragem. Os desfiles passaram a ter abordagens e leituras visuais muito distintas. De uma plateia preenchida de público que se desloca a uma semana de moda para ver a apresentação das propostas que cada designer tem para presentear o seu consumidor passa à ausência ou redução do público na plateia, o que representa a ausência do carinho, do afeto que tanto inspira os designers e lhes trás o feedback do seu trabalho. Todo o seu trabalho torna-se muito mais “solitário” e distante. O contacto passa pelas redes sociais, pelas videochamadas, pela divulgação quase sem rosto. Os desfiles passam a ter abordagens muito diferentes e distintas daquelas que até então tinham sido praticadas. Dos Designers de Moda é esperada criatividade, agora mais ainda. Criatividade não apenas na forma como pensa uma coleção, como desenvolve cada produto que a integra, mas criatividade na forma como os divulga, como os comunica a um público ansioso de voltar a poder estar mais presente. Criatividade na forma como gere o nome, a marca, os princípios que enunciou na altura da sua criação e que regem o seu trabalho. No ensino urge repensar a formação e as competências que são ministradas aos estudantes, futuros designers. Temas como sustentabilidade e empreendedorismo há muito que já estão incorporados na formação em Design de Moda. Porém, há que desenvolver competências para a criação e gestão de novos modelos de negócio, novas formas de comunicar produtos e marcas, para o desenvolvimento criativo de estratégias de marketing e comunicação, para a criação de novas realidades, não físicas mas virtuais, para apresentação de coleções. Estes são os grandes desafios que a pandemia trouxe ao Ensino Superior de Design de Moda. De alguma forma, todos os intervenientes no processo educativo sairão a ganhar, crescendo na aquisição de novas competências. t
T
Janeiro 2021
Ana Leopoldo Fernandes Advogada Senior da João Fraga de Castro & Associados
O QUE É DO DIREITO DA MODA? De forma a melhor compreendermos o Direito da Moda, é essencial, em primeiro lugar, referir que este não constitui um novo ramo de Direito autónomo, mas antes uma forma de agregar um leque de áreas jurídicas fundamentais à resolução das diferentes problemáticas que surgem quando se trabalha com o mundo da moda. Assim sendo, o Direito da Moda incide (também, mas não só) sobre todas as relações jurídicas subjacentes à “criação de moda”, um conceito bastante amplo, que engloba desde a fase do design e produção de determinada peça, bem como as fases anteriores a esta, isto é, a produção dos elementos utilizados no design e produção das peças, abarcando ainda a comercialização das mesmas. Também incide o Direito da Moda sobre as questões laborais que possam surgir, tanto na fase de produção e design de determinado bem, como na fase da comercialização do mesmo, pelo que o Direito Laboral é um ramo de direito que assume bastante relevância quando falamos de Direito da Moda. Também o Direito da Propriedade Intelectual, uma vez que falamos automaticamente de marcas e de desenhos, conceitos essenciais ao desenvolvimento de muitas atividades relacionadas com a moda. A estes ramos acrescem o Direito Comercial e o Direito da Concorrência, utilizados para resolver muitos dos litígios do mundo da moda, por razões óbvias. No mundo da moda, é bastante regular a utilização de recursos internacionais, tanto na importação de determinadas matérias-primas como na exportação de peças, pelo que o conhecimento dos mercados internacionais, bem como das legislações aplicáveis a cada operação são fundamentais para uma transação segura e rápida, que é sempre o objetivo. Igualmente, qualquer transação origina obrigações fiscais, que poderão variar consoante o tipo de ação em causa, o que leva a que o Direito Fiscal também assuma um papel de destaque no quadro do Direito da Moda. Em último caso, será necessário recorrer ao Direito Penal ou Contraordenacional. Não obstante estes serem os ramos do Direito talvez mais utilizados para resolver os litígios emergentes, o recurso pontual a outros ramos torna-se, por vezes, necessário, como por exemplo o recurso ao Direito Ambiental, Direito Contratual, Direito da Publicidade, Direito de Imagem, Direito de Personalidade e Direito de Autor. Ainda que o Direito da Moda não possa ser considerado uma área normativa autónoma, a verdade é que este “ramo” agrupa uma panóplia bastante complexa de outros ramos de Direito, sendo que para o exercício do Direito da Moda é imprescindível um conhecimento jurídico de todas estas áreas de direito referidas, que obrigatoriamente estarão interligadas no momento de fornecer ao cliente uma solução, podendo mesmo afirmar que o Direito da Moda tem não só uma vertente jurídico-privada, mas também uma vertente jurídico-pública, fazendo deste “ramo de direito” um ramos intrinsecamente complexo. Apesar de, cada vez mais, o recurso ao Direito da Moda estar a ser feito tanto por empresas como por particulares, é fulcral a informação das vantagens ao recurso a este novo “ramo”, que certamente será determinante em alguns aspetos que poderão ser decisivos para o sucesso das empresas. t
Janeiro 2021
T
37
U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
É uma indumentária superprotetora, que Katty gostava de ver facultada a todos os portugueses enquanto aguardam pela sua vez de serem vacinados. Um look sofisticado, inspirado nas qualidades imunitárias de que tem dado mostras o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. Para aguentar firmes e protegidos
Anti-choque e anti-queda, como o ministro Cabrita Livramo-nos do escuro e pandémico ano de 2020. Infelizmente, o passar do ano não é como o fogo de artifício, que deixa apenas um denso odor no ar e a reminiscência de lampejos nas nossas pupilas. Na verdade, o ritual da passagem do ano não é mais do que um ato simbólico que permite ao ser humano ter um momento de contrição, de reflexão e de renovação, ansiando por um novo ciclo. Um ciclo que pedimos que seja melhor do que o anterior. E neste ano em particular essa esperança é levada ao expoente máximo. Este foi um desses anos que ficará para a história. Todos juntos criamos uma bazuca de energias positivas, uma arma poderosa de transformação para um 2021 muito melhor! O primeiro e mais importante passo já foi dado e até mesmo antes de 2020 dar os seus últimos suspiros, os países do primeiro mundo deram início ao plano de vacinação. No nosso Portugal, tudo correu calmamente bem, apesar de pelo caminho existirem algumas ciumeiras, pois todas as forças de segurança reclamaram o direito de escolta das heroínas desta guerra. Um pequeno desentendimento que agitou as águas da política. Alguns dirigentes partidários reclamam incrédulos perante o nível de imunidade atingido pelo Ministro da Administração Interna, que parece estar acima dos 99% de eficácia. Todos gostaríamos de mimetizar as capacidades de Cabrita. Por isso, inspiramo-nos nelas para criar uma fatiota que esperamos possa ser produzida rapidamente em grande escala, ajudando-nos a aguentar firmes a nossa vez de levar a pica. Assim, camuflamos o look que tão cuidadosamente este ministro escolheu para a sua passagem de ano: umas calças de veludo preto, uma camisa bordeaux e um tradicional pullover de losangos, adornado com um avantajado laçarote vermelho, e calçado com umas finas meias de seda e confortáveis slippers. Cobrimos por completo esta delicada indumentária de Cabrita e a nossa camuflagem começa pelo rosto, escondido por uma grande gola, que pode ser usada como máscara social. O corpo enverga um mega jumpsuit acolchoado com propriedades antichoque e antiqueda, reforçado por placas metálicas nas zonas do dorso e das canelas. Substituímos os slippers por umas botas com biqueira de aço e para que ninguém ouse rachar-nos a testa ou partir-nos os dentes, coroamos este look com um apetrechado capacete, que no cimo exibe um mágico botão de energia, para quando nos falte alguma. Em breve estaremos equipados com este uniforme de autêntica luta viral que reforça o nosso sistema imunitário e humanitário. O recital de desejos ainda não acabou, devemos manter o foco em todas as energias positivas depositadas nas uvas passas das nossas recatadas festas de final de ano, para que 2021 seja de todos e para todos um ano robustamente melhor que o anterior. Bom Ano a todos! t
38
T
Janeiro 2021
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
O Gaveto Rua Roberto Ivens, 824 4450-279 Matosinhos
A LAMPREIA DESCONFINADA O povo costuma dizer que cada tolinho com a sua mania. Dando de barato que de tolinho todos temos um pouco, eu aqui tolinho também me confesso. Não às paredes imortalizadas pela fadista Amália Rodrigues, mas antes e muito melhor aos meus estimados leitores destas cantinas, aproveitando desde já para agradecer a todos aqueles, donos de restaurantes ou só seus frequentadores, que me têm saudado e agradecido estes escritos. Assim sendo, assumindo esta categoria de tolinho, tenho direito à minha mania. Esta minha mania até 2020 era que só me estreava na lampreia a partir do dia 2 de janeiro de cada ano. Muitas vezes fui assediado, salvo seja, por amigos e restaurantes especializados, como o Gaveto, para quebrar esta minha mania. Relembro com graça as vezes em que o João Carlos ou o Zé Manel do Gaveto me confiavam por alturas do Natal essa espécie de segredo de estado que era “se quiser já temos lampreia”. Isto dito muito baixinho como se fosse um
UM TINTO DE ALTA COSTURA
privilégio só ao alcance de alguns e na verdade era isso mesmo. Como hoje estou em dia de confissões, vou confessar que neste ano de todas as desgraças de 2020 foi por um triz que não cedi à tentação de acabar com esta minha mania. Sabendo nós que o ano de 2020 foi um ano atípico em que muitas coisas acabaram, também eu me interroguei se não devia aproveitar a deixa para acabar com esta mania. Aqui fica a minha última confissão do dia. Estou orgulhoso de ter resistido aos cantos dessa sereia disfarçada de ciclóstomo e foi uma vez mais na primeira semana de janeiro que me deliciei com a minha primeira lampreia do ano. Estava fabulosa como é timbre do Gaveto e a boa notícia é que elas continuam vivinhas da silva neste templo de Matosinhos. Vivas e confinadas no aquário, mas prontas a serem desconfinadas, mesmo no regime de take away em que voltou a ser a única forma possível e legal de as comer, em arroz ou à bordalesa. t
QUINTA DE FOZ TUA | COSTUREIRO TINTO O rótulo logo sugere a ligação à moda e vestuário deste vinho de topo produzido no Douro. E a verdade é que não engana mesmo, tanto na qualidade superior como na origem da marca. Um tinto com a marca da JFV Têxteis, Lda, a empresa de Barcelos que se distingue também pela qualidade na confeção de vestuário, essencialmente em malha circular que fornece para marcas e clientes de grande parte dos países europeus e dos EUA. O vinho sempre foi uma paixão do fundador, João Fernandes, que ao imprimir no rótulo a máquina de costura quis não só homenagear as suas origens mas também todo o setor têxtil. Este Costureiro é o topo de gama da marca que produz na Quinta de Foz Tua, no Douro, um vinho de alta-costura, elegante, robusto e complexo. A quinta é um projeto recente e além dos Costureiro, já engarrafam também o branco e tinto DouTua e ainda um tinto com o rótulo FozTua. Mas tal como na JFV Têxteis, cada temporada traz também novas coleções. E na Quinta de Foz Tua a próxima é mesmo coisa de luxo: dois vinhos do Porto com mais de 40 anos, branco e tinto, uma raridade que bem mostra as ambições deste novo projeto do empresário.
Janeiro 2021
T
39
c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes
Elsa Parente, 43 anos, Diretora Geral da RDD Textiles. Seguidora do princípio de Lavoisier, acredita que também no têxtil nada se deve perder para tudo poder ser transformado em novos artigos. É por isso que aceitou o desafio de liderar o projecto sustentável do grupo Valérius, apesar de todos os dias ter que enfrentar novos desafios. “Tem de se gostar muito do têxtil para se estar nesta indústria”, mas é disso que gosta mesmo esta Lavoisier à moda do Minho
SOUVENIR
UM SMOKING INSUPORTÁVEL
Gosta Dias de sol Passear na praia Café ao sábado de manhã na esplanada de sempre Trabalhar Relações sociais e da sua complexidade Momentos de não fazer nada Cheiro da cola e acetona Música pop Dançar muito Férias Da família Conversar com os sobrinhos Cinema Dormir no sofá Acordar tarde e sem despertador Redes sociais Andar de bicicleta Pão-de-ló com queijo Comida japonesa e tailandesa Brincar no chão com os filhos Viajar Vestir preto e branco Banho de imersão Café várias vezes ao dia Ouvir a Comercial de manhã Ver o National Geographic Compras com as irmãs Recordações Fotos antigas Romãs Chocolate negro Livros em papel Algarve em época baixa Japão Comer salsichas e chucrute em Munique Lampreia do rio Minho Frutos vermelhos Chá branco Da televisão só para mim Vestidos Sapatilhas Festas populares F.C.Porto Cheiro a terra molhada Tratar do jardim Relógios
Não gosta Roer as unhas Da Covid Ir ao dentista Acordar cedo Dias de chuva Frio Nortada Ostras Fondue de queijo Pessoas que têm sempre razão Falta de humildade Pessoas hipócritas Chegar atrasada Que as pessoas cheguem atrasadas Reuniões sem fim Ouvir pessoas a falar alto ao telemóvel Piercings e tatuagens Chegar tarde a casa depois do trabalho Meter combustível Tarefas domésticas Domingo à noite Comédias Arrumações De desconfiar Ver filmes piratas Dormir sozinha em casa De não sair Andar de metro em Paris De Marselha Ir ao supermercado Tripas à moda do Porto Dióspiro Água com gás Licores Laços e laçarotes Camisolas com decote em V Botins Golfe Rivalidade futebolística Abelhas por perto Política nem politiquices Saltos altos Insetos rastejantes Criminalidade Consumo excessivo Café com açúcar Não cumprir objetivos
Estas coisas da imagem e da vaidade trazem efeitos inesperados. E nem é preciso lembrar a figura do advogado de Trump com a cara coberta de tinta do cabelo que deram a volta às televisões de todo o mundo. Comigo, ou melhor, com a minha banda, a figurinha fizemo-la ai há uns trinta anos numa digressão pela América. Íamos atuar num daqueles salões de festas pomposos e resolvemos ir a uns grandes armazéns comprar uns smoking para subirmos ao palco mais empinocados. Era inverno e, por isso, o tecido das fatiotas tinha a devida espessura e consistência para proteger do frio. O que não sabíamos era que naquelas festas e salões, os empresários tratam sempre de fazer com que o ambiente aqueça o mais possível, já que o negócio acaba por ser em grande parte o consumo de bebidas. Com a música a ajudar, o que é preciso é por a malta a beber. Vai daí, mal subimos ao palco aquilo tornou-se numa estufa. Um calor insuportável provocado por aquele smoking de tecido grosso, que era um verdadeiro sufoco. Fizemos logo um intervalo e foi o baterista a pedir umas tesouras com as quais tratou logo de transformar as calças em calções. Umas quantas tesouradas e num instante os nossos elegantes smokings estavam ventilados e transformados numa espécie de fatiota de palhaço. O povo ria e aplaudia e nós acabamos por fazer um figurão. Foi mesmo uma grande noite e a história dos smokings rasgados é daquelas que nos ficam para sempre na memória. Até porque estávamos todos muito elegantes, parecíamos mesmo uma daquelas grandes bandas britânicas da época. Tanto que depois de termos comprado e vestido os smokings tratamos logo de ir a um estúdio fazer fotografias. É uma delas que está até na capa de um disco que por esses tempos foi editado. t Quim Barreiros
T