N Ú M E RO 6 3 M A I O & J U N H O 2 021
NUNO MANGAS
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Presidente do COMPETE
“O SETOR TÊXTIL É ALTAMENTE COMPETITIVO” P 20 A 22
FOTOS: RUI APOLINÁRIO
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
INDÚSTRIA
PERGUNTA TO MÊS
DOIS CAFÉS E A CONTA
COLTEC INVESTIU 5,2 MILHÕES PARA LIDERAR NA EUROPA
QUE EXPETATIVAS PARA O REGRESSO ÀS FEIRAS FÍSICAS?
A CONTINUIDADE TEM UMA MARCA MUITO FORTE NA GESTÃO DO GRUPO ANTÓNIO FALCÃO
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OPINIÃO
EMERGENTE
A TÊXTIL EUROPEIA ESTÁ NUMA ENCRUZILHADA, DIZ ALBERTO PACCANELLI
É O TÊXTIL QUE BOMBEIA O CORAÇÃO DE SUSANA CUNHA GUIMARÃES
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INOVAÇÃO
SUSTENTABILIDADE
PRIMEIRA PEÇA DE MODA COM CARBONO NEGATIVO É FABRICADA PELA FATEXTIL
EMOH É A NOVA MARCA DE BANHO, CAMA E VESTUÁRIO DA JF ALMEIDA
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Juliana Almeida 28 anos Administradora da JF Almeida, é licenciada em Economia (Católica Porto) e a mais nova da equipa de administração da empresa, juntamente com os outros três filhos do fundador. Tem como lema de vida enfrentar os desafios com humildade, seriedade, ambição e determinação. A par das marcas e do marketing da JF Almeida, o filho Vasco, de dois anos, é o grande foco do seu dia-a-dia
NASCER ENSINADO
Já se sentem os ventos da retoma na JF Almeida? Sem dúvida! Ao contrário do que seria expectável, tudo aponta para que 2021 seja um ano histórico para a JF Almeida. O nosso plano produtivo está totalmente preenchido para os próximos meses. Este nível de atividade levou mesmo à criação de 60 novos postos de trabalho. Prevemos atingir um valor de faturação próximo dos 50 milhões de euros, o que nos remete para valores pré pandemia. Também partilha a ideia de que o e-commerce vai dar um pulo gigante nos próximos meses e anos? O pulo já se fez sentir. Com as mudanças de hábitos de consumo e logística inerentes, a pandemia quebrou preconceitos e intensificou a procura e a capacidade de resposta. Temos o Marketing 5.0 em marcha, no qual o potencial da tecnologia se manifesta em estratégias personalizadas. Num futuro próximo o Made in Portugal ou o Made in Europe vão ter procura acrescida das marcas internacionais? O procurement e a análise de mercados de consumo final é feita à escala global, com a expetativa de ter a melhor relação preço-qualidade. Cada vez mais apostamos em qualidade e essa é procurada e encontrada na Europa e, no
que toca ao têxtil-lar, em Portugal. Há garantias, confiança e delivery que outros destinos não conseguem proporcionar. A sustentabilidade era preocupação da JFA antes da Covid? A sustentabilidade é uma orientação para a nossa atividade desde há muito. Não só os nossos clientes têm exigências muito grandes neste campo, como também é o nosso foco. Um exemplo claro é o fio 360JFA Recycled Yarn que resulta do aproveitamento de todas as fibras recolhidas em fábrica. Nos dias de hoje qual é o mercado mais apetecível para as vossas exportações? A JF Almeida exporta para mais de 35 países, com a Europa como continente preferencial: Itália, Espanha, França e Alemanha são os principais destinos. Mas estamos com perspetivas muito interessantes noutros continentes. Como está a correr a vida da nova aposta da Emoh? A Emoh é uma marca recém-nascida e com desafios novos. Trata-se de conciliar o know-how no têxtil-lar que a JF Almeida tem, e que é fruto de mais de 40 anos de vida, com o universo novo do homewear. O feedback tem sido muito positivo, com muita procura e interação com o mercado. t
Há uma diferença abissal entre nascer ensinado e nascer para ensinar. É verdade que nem todos nascem para ensinar... Mas é absolutamente seguro que ninguém nasce ensinado. O professor Nuno Mangas, que nos recebeu no COMPETE para uma excelente conversa que durou mais de duas horas, pertence ao grupo dos que nascem para ensinar. Com uma vantagem adicional. Não tem a mania que nasceu ensinado. Fiquei muito satisfeito por saber que a presidir a uma instituição tão poderosa e tão importante para as empresas e para a economia portuguesa está uma pessoa que não caiu lá de pára-quedas. O professor Nuno Mangas tem um percurso académico longo e interessante que ainda ganha especial relevo porque nasceu e tem amarras um pouco por todo o país. Parecendo que não, basta ter o privilégio de falar com ele para perceber logo a diferença que faz de um outro professor que tenha feito toda a sua carreira numa faculdade de Lisboa. Como no nosso T também ninguém tem a mania que nasceu ensinado, estivemos todo o tempo da entrevista a aprender o que tem feito o COMPETE e o que é que o seu Presidente quer que ele faça nos próximos anos. A minha humilde sugestão para os nossos leitores é que julguem se fomos competentes a transmitir os conhecimentos adquiridos em vosso nome. Claro que esta sugestão também só é válida para os leitores que não nasceram já ensinados. t
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/
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n PERGUNTA DO MÊS Texto: Cláudia Azevedo Lopes Ilustração: Cristina Sampaio
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“Estamos a contar com a presença habitual dos nossos clientes e queremos também angariar novos contactos”
“Só vamos participar nas feiras se soubermos com certeza que os clientes nos vão conseguir visitar”
SUSANA SERRANO ADALBERTO
JOSÉ ARMINDO FERRAZ INARBEL
QUE EXPETATIVAS PARA O REGRESSO ÀS FEIRAS FÍSICAS? A notícia do regresso às feiras presenciais chegou como uma brisa fresca, mas se há quem mal possa esperar para aproveitar esta oportunidade para voltar aos negócios, há também quem acredite que para já não estão reunidas as condições para um regresso favorável. Algures no meio, o único consenso parece ser o de que as feiras são vitais para a prosperidade dos negócios, e o sentimento é de satisfação generalizada pela promessa de que, dentro em breve, tudo volte ao que era antes.
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ão a forma privilegiada de contacto entre a indústria e os compradores e funcionam como o barómetro que ajuda a determinar a saúde do setor. Aproxima-se o regresso de algumas das mais importantes feiras, mas nem todos estão ainda convictos de que esta seja, por enquanto, uma rentrèe em grande forma. A planear participar na Première Vision, Munich Fabric Start e London Textile Fair, a Adalberto mal pode esperar por voltar ao contacto presencial com os compradores. “Estamos a contar com a presença habitual dos nossos clientes e queremos também angariar novos contactos, principalmente devido às novas áreas de inovação e sustentabilidade”, afirma Susana Serrano, a CEO da empresa. Nesta reentrée,
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“Em geral sentimos mais confiança, creio que temos condições para a retoma das feiras”
“Os sinais que recebemos são positivos, com solicitações e contactos do mercado interno e externo”
“Não estou à espera já de feiras normais, mas sim de algo moderado. Que as coisas comecem já a animar"
“Penso que ainda não é timming certo, em virtude dos receios dos clientes e das limitações nas viagens”
JOANA CORREIA RIO SUL
MARCO COSTA CRISTINA BARROS
JOÃO CARVALHO FITECOM
ALFREDO MOREIRA BABY GI
a Adalberto está a apostar na apresentação de coleções-cápsula com novas estruturas têxteis, customizáveis e 100% rastreáveis e biodegradáveis. “Esperamos que nos tragam novas oportunidades de negócio”, reforça a CEO. A sustentabilidade é também a aposta da Fitecom para as próximas feiras presenciais, e embora o core business da empresa sejam as puras lãs, o foco nos próximos meses estará na apresentação de uma nova coleção sustentável com poliésteres reciclados e lãs ecológicas. Quanto ao tão aguardado regresso presencial às feiras, o CEO da empresa não contém o entusiasmo. “Nós estamos vivos, e como estamos vivos temos de trabalhar!”, afirma João Carvalho, que apesar de contido nas expetativas, considera este regresso essencial para os negócios das empresas. “Não estou à espera já de feiras normais, mas sim algo moderado. As nossas perspetivas são que as coisas comecem já a animar nestas feiras, embora não ao ritmo habitual. Mas é um retorno”, reforça. Neste processo, a vacinação terá um papel essencial. “Ter 50% da população europeia vacinada pode significar
um avanço muito considerável no à vontade das pessoas em estarem expostas. Temos é de ter pensamento positivo”, recomenda João Carvalho, que conta participar na Première Vision, na Munich Fabric Start e na London Textile Fair. Para Joana Correia, manager da Rio Sul, a vacinação terá igualmente um papel determinante, tendo em conta que “as pessoas estão mais calmas, com menos medo em aceitar o contacto presencial e mais otimistas em relação ao futuro. Nuns mercados mais do que noutros, mas em geral sentimos mais confiança. Creio que temos condições para a retoma das feiras”, reitera a administradora, que para já conta participar na Intergift e na IdF. “As feiras são fundamentais para as relações comerciais, até porque temos feedback sobre os nossos produtos e trocamos opiniões sobre o mercado e sobre as tendências atuais”, explica. Para além disso, e de acordo com a sua experiência, nem todos os clientes são adeptos de encomendas à distância. “A possibilidade de ver os produtos presencialmente dá uma maior confiança aos clientes para efetuarem as suas encomendas, potenciando o nosso volume de negócios”, completa com expetativa. Igualmente motivado e com a convicção de que as feiras presenciais que se aproximam vão ser um sucesso está Marco Costa, diretor comercial da Cristina Barros, a marca portuguesa de moda feminina que vai marcar presença na Who’s Next, na MOMAD, na Pure London, e na PROJECT. “Estamos muito confiantes que a recuperação do comércio internacional será rápida”, afirma ao mesmo tempo que diz querer aproveitar este regresso presencial para tirar a temperatura ao panorama global da indústria
têxtil. “Vamos procurar perceber como está a decorrer a atividade económica internacional, se estão a trabalhar em regime de normalidade ou com restrições, e planear a curto prazo a nossa estratégia de vendas”, explica. “Os sinais que recebemos diariamente são positivos no que toca à retoma, com solicitações e contactos do mercado interno e externo. Prova que o ritmo está a aumentar e que todo o processo de digitalização utilizada durante o período de interregno das feiras presenciais foi capaz de manter viva e até mesmo estimular a indústria”, defende Marco Costa. No entanto, e embora a convicção generalizada do setor têxtil seja a de que as feiras presenciais são essenciais para a bem-aventurança dos negócios, alguns empresários estão ainda cautelosos quanto aos reais resultados dos certames que se aproximam. “Vamos participar num feira médica, no Dubai, em julho, com a nossa marca de equipamentos de proteção individual e vestuário para a área da saúde. Mas com as marcas de moda infantil, a Dr. Kid e a A.J., ainda não estamos certos se vamos participar ou não”, revela José Armindo Ferraz, CEO da Inarbel, que aponta as restrições nas viagens como uma das condicionantes que o fazem questionar se valerá ou não a pena participar na Pitti Bimbo, agendada para final de junho. “Sabemos que muitos dos clientes estrangeiros que nos visitam nas feiras, e que são no fundo o motivo pelo qual participamos nelas, não vão poder viajar. Quando vou a uma feira, vou para investir e não para gastar. Só vamos participar nas feiras se soubermos com certeza que os clientes nos vão conseguir visitar”, explica o administrador.
Alfredo Moreira, diretor-geral da Baby Gi, opta igualmente por uma postura prudente. “Penso que ainda não é timming certo para iniciar as feiras presenciais em virtude dos receios dos clientes e das limitações nas viagens”, diz, adiantando que ainda ponderou em participar na Pitti Bimbo mas que foi dissuadido pelos “números de Covid -19 que Itália apresenta e pela certeza de que até à data de realização da feira não haverá ainda estabilidade suficiente em termos de vacinação”. A expetativa é regressar em janeiro de 2022. Determinado também em apostar apenas em 2022 para o grande regresso às feiras presenciais está Rodney Duarte, Export Sales Manager na F.S. Confecções, que afirma não acreditar “que as feiras que estão marcadas para o verão se vão realizar. Quando se está a aproximar a data, as feiras são adiadas ou passam a digitais e já estamos um pouco cansados disso”. Presença habitual na Pitti Bimbo, Kind + Jugend e Index, a empresa decidiu não participar nas feiras deste segundo semestre do ano. “Não me parece que daqui a dois meses a situação se vá alterar para algo diferente do que estamos a viver agora. Já vimos que o evoluir da pandemia é cheio de avanços e retrocessos. Acreditamos que as feiras que se realizarem agora não vão ser a mesma coisa”, afirma. “Desde sempre as feiras foram muito importantes para o negócio e espero que continuem a ser. Queremos muito participar e que as coisas voltem ao normal o mais rapidamente possível. Nem que seja a um novo normal”, completa Rodney Duarte, espelhando a vontade de um setor que está mais do que preparado para voltar, uma vez mais, a mostrar a fibra de que é feito. t
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A DOIS CAFÉS & A CONTA Têxtil António Falcão
Rua Henrique Correia, 3 4750-164 Arcozelo-Barcelos
Três cafés na sala de reuniões do grupo Falcão. Com o complemento de fruta fresca da produção da Quinta de Crestres, propriedade da família Falcão
ANTÓNIO ALEXANDRE FALCÃO
28 ANOS ALEXANDRE MANUEL FALCÃO
António vem da banca de investimento, andou pela city de Londres, onde fez o mestrado que se seguiu ao curso de Gestão (Nova, Lisboa), e pensava já num “banco boutique” quando se deixou agarrar pelos fios da empresa na altura certa. Ou seja, quando esta avançava para a reestruturação. Já Alexandre foi como que atirado para os braços da António Falcão pela pandemia. Depois da licenciatura em Economia (Católica, Lisboa), aguardava-o o mestrado em Madrid. Bloqueado pela Covid-19, aceitou o desafio, ganhou o gosto à empresa e garante já que é para voltar no fim do mestrado. Ambos seguem as pisadas do pai – agora chairman do grupo – que chegou a advogar antes de suceder ao progenitor na liderança da António Falcão
CONTINUIDADE É UMA MARCA FORTE NA ANTÓNIO FALCÃO
FOTO: RUI APOLINÁRIO
23 ANOS ADMINISTRADORES DO GRUPO TÊXTIL ANTÓNIO FALCÃO
Não é fácil dominar a nomenclatura no grupo António Falcão, já que ao apelido de família todos juntam também os nomes António e Alexandre na respetiva identificação. Daí perguntarmos ao António Falcão mais novo, se o Júnior de que nos socorremos faz parte do nome ou é apenas usado para diferenciação? “Não faz parte do nome, mas acaba por não simplificar assim tanto, já que também o meu pai era Júnior em relação ao meu avô, que por sua vez também era filho de António Falcão”. A continuidade, está visto, tem uma marca forte no grupo têxtil nascido há 65 anos em Barcelos. E se aos 28 anos António Manuel Falcão tem sido o rosto da terceira geração na gestão do grupo, junta-se-lhe agora também o irmão Alexandre Manuel Falcão, que aos 23 anos se propõe a reforçar a perspetiva da geração Z na Têxtil António Falcão. António e Alexandre falam praticamente a uma só voz, embora a estrutura da empresa apresente o primeiro como CEO da Fitexar e o segundo como administrador da Têxtil António Falcão. Convivem ambas debaixo dos mesmos tetos e ambas tiveram a mesma gestação, a partir do crescimento e da necessidade de a António Falcão verticalizar a sua produção. A separação de negócios fez-se recentemente, ditada por razões funcionais. Foi a partir daí que a Têxtil António Falcão passou a dedicar-se apenas ao fabrico de produto acabado, ca-
bendo à Fitexar a produção de fios, que fornece não só à empresa-mãe mas também a muitas outras, em Portugal e na Europa. “A Fitexar foi a primeira empresa na Europa a fazer extrusão de polímero. Hoje, além da produção de fios sintéticos, estamos cada vez mais especializados nos fios de alta performance, sustentáveis, biológicos e biodegradáveis”, expõe António Falcão, explicando que de forma direta ou indireta, a Fitexar acaba por exportar praticamente todo o fio que produz. “O que fazermos são fios técnicos de grande valor acrescentado para áreas como o setor automóvel, seamless, saúde, desporto, fios sustentáveis e biológicos. Mais de 20% da produção vai para exportação direta, mas como o made in Portugal tem hoje muita força – já vale mais que Itália –, acaba depois por ir tudo para exportação”. E se há 65 anos o avô começou por adquirir uma meia dúzia de máquinas para o fabrico de peúgas de algodão, rapidamente evoluiu para o fabrico de collants, produto em que a António Falcão logo se especializou. A marca própria Maggiolli é a estrela da companhia, mas a empresa fabrica também para múltiplos clientes, entre os quais estão grandes marcas europeias. “Internamente, os nossos maiores clientes são a grande distribuição, mas as exportações já respondem por mais de 70% da nossa produção”, regista Alexandre Falcão, explicando que para lá dos
collants e peúgas, a empresa está agora também focada na produção de roupas interiores seamless para senhora. Um traço comum às duas áreas de negócio é a constante necessidade de renovação tecnológica. “Tivemos que ir atrás da especialização técnica”, diz António, lembrando o constante investimento em novas máquinas para o fabrico de fios cobertos. “Nos últimos cinco anos já ultrapassa o milhão de euros”, aponta o CEO da Fitexar, lembrando as 20 máquinas para recobertura convencional e as 10 destinadas à recobertura por ar recentemente instaladas. Da mesma forma, a António Falcão acaba de incorporar 16 novas máquinas, que vêm modernizar e tornar mais eficientes as áreas de tricotagem, confeção e embalamento. “A renovação é contínua, assim como a necessidade de formação de técnicos”, avança o administrador, apontando que tanto a reconversão do parque – “com cerca de 200 máquinas” – como a formação dos técnicos, vão no sentido de “produzir com mais qualidade e eficiência, sobretudo com fios sustentáveis, e no caminho da digitalização da produção”. Um caminho que leva também à racionalização do consumo de energia – desde 2015 foram instalados 2.100 painéis fotovoltaicos – e do quadro de pessoal, que há dez anos era de 230 e anda agora pelos 160 colaboradores. t
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2. OS TÃO DESEJADOS TROFÉUS. MAIS DE 170 FILMES EM COMPETIÇÃO AMBICIONAVAM VOLTAR PARA CASA COM UMA ESTATUETA DESTAS
FOTOSINTESE Por: António Moreira Gonçalves
1. ELEGANTE COMO SEMPRE, A EMPRESÁRIA E MODELO DIANA PEREIRA CONDUZIU A GALA DOS FFF, REALIZADA NOS CINEMAS CASTELLO LOPES, DO ESPAÇO GUIMARÃES
6. MÁRIO JORGE MACHADO, PRESIDENTE DA ATP, VESTIU TAMBÉM A PELE DE APRESENTADOR PARA ANUNCIAR O VENCEDOR NA CATEGORIA DE MELHOR FILME DE MODA, UM DOS PRINCIPAIS PRÉMIOS A CONCURSO
EIS OS MAIS ESPERADOS VENCEDORES FFF Foi rica em suspense e expetativa a entrega de prémios da VII edição do Fashion Film Festival. Estes foram mesmo os mais esperados prémios do grande concurso nacional para o cinema de moda, que fez questão de manter as tradições, com uma cerimónia presencial, juntando público, vencedores e júri, num sonoro aplauso. Por isso, a gala final desta VII edição foi sendo adiada até finalmente estarem este ano reunidas as condições. A festa teve lugar em Guimarães, que celebrou o melhor do cinema de moda, nacional e internacional, e o trabalho produzido por várias empresas portuguesas, da moda aos têxteis técnicos, do desporto aos têxteis-lar
5. A INOVAFIL FOI UM DOS GRANDES VENCEDORES DA NOITE, AO RECEBER O PRÉMIO DE MELHOR FILME DE TÊXTEIS TÉCNICOS. O CEO DA EMPRESA DE FAMALICÃO, RUI MARTINS, APROVEITOU PARA DESTACAR A VALORIZAÇÃO CRESCENTE DA INOVAÇÃO NA ITV
11. FREDERICO MIRANDA, REALIZADOR DE “STONERS: SLICES OF INFINITY” FOI UM DOS VENCEDORES DA NOITE, COM OS PRÉMIOS DE MELHOR FOTOGRAFIA E MELHOR FILME DE MODA AUTOR. NA FOTO, RECEBE UM DOS GALARDÕES DAS MÃOS DO DESIGNER HUGO COSTA
10. MESMO DE MÁSCARA, RAFAELA GOMES E SOFIA LOPES, AS VENCEDORAS DO PRÉMIO DO PÚBLICO FFF T JORNAL NÃO ESCONDERAM O ENTUSIASMO, LANÇANDO UM GRITO DE AGRADECIMENTO A TODA A AUDIÊNCIA
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4. A BESTITCH VENCEU A PRIMEIRA EDIÇÃO DO PRÉMIO PARA OS FILMES DE TÊXTEIS-LAR. ANA PAULA FERNANDES E RUI MACHADO AGRADECERAM E APROVEITARAM O MOMENTO PARA CONVIDAR TODO O PÚBLICO A REVER A PELÍCULA “À FLOR DO LINHO”
3. UM DOS ANFITRIÕES DA NOITE, RICARDO COSTA, VEREADOR DA CÂMARA DE GUIMARÃES, ASSUMIU A ENTREGA DO TROFÉU PARA MELHOR FILME DE TÊXTEIS-LAR, UMA NOVA CATEGORIA CRIADA EM HOMENAGEM À INDÚSTRIA VIMARANENSE
8. A CONCRETO FOI OUTRA DAS VENCEDORAS. CÉSAR DE JESUS AUGUSTO LEVOU PARA CASA O TÍTULO DE MELHOR DIRETOR DE FOTOGRAFIA EM FILME DE MODA DE MARCA, PELA PRODUÇÃO “FROZEN TEAR”
7. JÁ EM 2018 TINHA RECEBIDO O PRÉMIO E AGORA VOLTOU A SAGRAR-SE VENCEDORA. COM O FILME “ESCAPISM”, A MARCA DE SWIMWEAR LATITID RECONQUISTOU O TÍTULO DE MELHOR FILME DE MODA E O PRÉMIO FOI ENTREGUE À REALIZADORA LEONOR BETTENCOURT LOUREIRO
9. MANUEL SERRÃO, DIRETOR DO T, SUBIU AO PALCO PARA ANUNCIAR O FILME MAIS VOTADO PELO PÚBLICO. AO LONGO DE VÁRIAS SEMANAS, TODOS OS FILMES A CONCURSO ESTIVERAM A VOTOS NO SITE DO T JORNAL
13. MISSÃO CUMPRIDA! AGORA, A EQUIPA DO FASHION FILM FESTIVAL ESTÁ JÁ A PREPARAR A EDIÇÃO 2021
12. BRUNO NACARATO RECEBEU DAS MÃOS DE PATRÍCIA BARNABÉ, DA REVISTA MÁXIMA, O PRÉMIO PARA O MELHOR FILME DE MODA ALIVE MOBILE, A CATEGORIA QUE PREMEIA PRODUÇÕES FILMADAS ATRAVÉS DE SMARTPHONES OU TABLETS
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HAVENSY HHW PROCURA PARCEIROS PARA PRODUÇÃO DE TÊXTEIS-LAR A Havensy HHW, empresa que se dedica à distribuição de têxteis-lar, está à procura de parceiros nacionais que produzam ou comercializem todo o tipo de artigos têxteis institucionais, seja em regime de marca ou private label . O foco está nas áreas de cama, banho, mesa e cozinha, mas empresas que bordem ou estampem, em contínuo ou à peça, também estão na lista de contratações por parte da firma de Guimarães, que afirma uma grande vontade em enfatizar e valorizar a produção nacional. Os interessados devem contactar a Havensy HHW através do email purchasing@3jcl-ecommerce.com.
"É preciso tornar visíveis as carreiras, desmistificar a ideia de que a têxtil é uma indústria fechada" Ricardo Silva CEO Tintex
VOYAGER É A NOVA LINHA DE SECAGEM RÁPIDA DA IMPETUS
TORRES NOVAS APOSTA NO ALGODÃO ORGÂNICO
SPOMAN LANÇA TUKO, A NOVA MARCA PARA CÃES E GATOS
A Torres Novas, a histórica marca portuguesa de toalhas de banho, acaba de lançar uma coleção produzida a 100% em algodão orgânico, com toalhas lisas debruadas a cor. Uma linha que vai ao encontro das preocupações do consumidor atual, aliando sustentabilidade, qualidade, conforto e design, e que já está à venda no site da marca.
Foi com a ideia de criar uma gama de produtos para os animais domésticos que combinasse funcionalidade e design que a empresa de têxteis-lar e outdoor Spoman lançou a Tuko, dedicada ao setor pet. Acabada de chegar ao mercado, conta com uma coleção para cães e gatos que funciona igualmente como elemento decorativo para o lar.
30%
do volume de negócios do CeNTI é assegurado por empresas do setor
A Impetus lançou uma linha de underwear de secagem rápida, com o objetivo de tornar as viagens mais práticas. Chama-se Voyager e as peças desta nova coleção são feitas com uma fibra inovadora de poliamida sustentável, que tem como principal caraterística o facto de reduzirem até 40% o tempo de secagem necessário para peças idênticas em algodão. Mais conhecida por ECONYL, a nova fibra é também produzida com aproveitamento de plásticos retirados do oceano, anuncia a empresa em comunicado. A
escolha deste material traz mais suavidade, conforto e resistência às peças, que contam ainda com a particularidade de terem propriedades antibacterianas e anti-odor, por proporcionarem uma melhor respiração e baixa absorção da humidade. Esta é uma novidade totalmente alinhada com os valores da Impetus, que consecutivamente tem procurado reduzir a sua pegada ecológica, num contexto em que a marca conta já com tratamento de águas, controlo de emissões de gases
e, para além de painéis fotovoltaicos, recorre a biomassa para o aquecimento de água. A empresa de Esposende é a maior e mais avançada produtora portuguesa no setor underwear, sendo considerada uma das melhores na Europa. Graças a uma aposta constante em novas tecnologias, conseguiu avançar já também para as áreas de workwear e sportswear. A marca tem hoje uma capacidade anual de produção na ordem dos 1,8 milhões de quilogramas, e mais de 3,7 milhões de peças. t
ESTÍMULO AO INVESTIMENTO FAZ CRESCER A PAFIL A Pafil, empresa têxtil especializada em vestuário de alta performance, inaugurou no início de maio as suas novas instalações. A cerimónia contou com o presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, que aproveitou para elogiar o investimento que rondou os dois milhões de euros. A mudança para a nova unidade tinha já decorrido em 15 de junho de 2020, mas devido às restrições da pandemia só agora teve lugar a inauguração. A Pafil ficou com o triplo do espaço e ganhou uma organização mais fluída. “Desde a entrada das matérias-primas à expedição, há um circuito linear que faz com que nenhuma peça tenha de andar de frente para trás”, explica João Rui Pereira, que com os irmãos, Bruno e Carla, lidera a segunda geração da empresa fundada em 1988 pelos pais, Vicente Pereira e Emília Araújo.
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PORTO E MODTISSIMO SEDUZEM DESIGNER AUSTRÍACO De visita à última edique decidimos enviar ção física do MODTISas fotos para revistas de SIMO, em Setembro moda, o que se revelou de 2020, o designer um sucesso, visto que austríaco Manuel Essl, o editorial foi publicriador da marca suscado no CANDyMAG tentável e vegan Maalgumas semanas denuel Essl Design, ficou pois”, revelou Manuel encantado. E nem só Essl ao T. pelos negócios e modeO sucesso da visita à lo de organização: “adoinvicta não se ficou por rei o Porto!”. aqui. “Vim ao MODTISUma paixão pela SIMO com o objetivo cidade que o levou a de encontrar um faaproveitar a presença bricante português de para realizar um ediT-Shirts e pullovers e torial de moda, usando tive a oportunidade como pano de fundo de conversar com três alguns dos locais mais Editorial de moda de Manuel Essl decorreu nos lugares mais emblemáticos do Porto empresas muito inteemblemáticos da cidade, ressantes. Estou neste como a Sé Catedral, a Ponte Luiz I e as escadas dos Guindais. momento a trabalhar no desenvolvimento das primeiras Uma sessão improvisada mas que, segundo o designer, con- peças MED x made in Portugal com uma dessas empreseguiu obter grande impacto internacional, tendo inclusi- sas”, revelou ainda o estilista. ve figurado na revista CANDyMAG. “O MODTISSIMO foi muito bem organizado, tendo “Sempre que viajo, levo comigo uma mala cheia das mi- em conta as circunstâncias difíceis. Senti-me muito connhas últimas criações. Ao chegar ao Porto, percebi que a ci- fortável e todos eram cuidadosos e obedeciam às regras. E dade tinha locais únicos para tirar belas fotos, e juntamente adorei o Porto! Espero voltar a visitar o Porto em breve – a com a modelo Sabrina, organizei a sessão de fotos e criámos negócios e para mais uma sessão de fotos em diferentes este pequeno editorial. No final, adoramos tanto o resultado cenários com a mais recente coleção!”, completou. t
NOVA COLEÇÃO DA FOURSOUL APELA À LIBERDADE A expressão “Come out of the closet” deu o mote para a FourSoul abrir portas ao verão. A coleção “Come Out” traz-nos propostas leves e descontraídas, em linho e algodão, onde as cores vibrantes são protagonistas. Com este lançamento a marca pretende transmitir os valores da liberdade: de género, etnia e identidade.
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da produção da Twintex é direcionada para a exportação
MADE IN CHINA ESTÁ A PERDER COMPETITIVIDADE Com um aumento de 6,8% em abril no Índice de Preços Industriais – o maior em quase quatro anos – a China está a perder competitividade e a aumentar os custos para os clientes. Isto porque a pandemia fez com que várias fábricas ligadas à indústria da moda não voltassem a abrir depois do confinamento, com os preços da produção a sofrerem uma forte pressão, o que acabou por contribuir para o crescimento imprevisto dos preços.
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MUNICH FABRIC START VAI CONTAR COM ÁREA PORTUGAL SOURCING Decorrem já as inscrições para a próxima edição da Munich Fabric Start, que se realizará presencialmente de 31 de agosto a 2 de setembro na cidade alemã de Munique. Para além da habitual forte presença das empresas de tecidos nacionais, esta edição da feira contará ainda com uma área Portugal Sourcing, destinada à empresas dedicadas ao private label. Os organizadores pretendem não só que a feira seja um palco essencial para a mudança na rota do sourcing, mas que contribua também para que “Portugal passe a ser das principais referências do sourcing para as grandes marcas internacionais”.
"As peças vão ter que ser mais duradouras, vamos voltar um bocadinho ao passado" José Costa Administrador da Becri
DECENIO CRIA UNIFORMES OLÍMPICOS
Foi à portuguesa Decenio quem coube o desafio de desenvolver os uniformes que os atletas portugueses vão vestir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, agendados para 23 de Julho a 8 de Agosto. Os uniformes, apresentados durante o Portugal Fashion, são inspirados na história de Portugal e na influência que a língua portuguesa tem no idioma japonês. Uma ligação ancestral entre Portugal e Japão que se traduz num equipamento azul-marinho, de silhuetas simples mas com acabamentos arrojados, inspirado nas cores da primeira bandeira portuguesa. t
MINISTRO DA ECONOMIA ENCERRA O SIMPÓSIO TÊXTIL Está de regresso a 29 de junho aquele que se assume como um dos fóruns mais importantes do setor têxtil e da moda: o Simpósio da Indústria Têxtil, organizado pela ATP e uma vez mais em formato digital, terá como pontos altos o encerramento dos trabalhos, a cargo do ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza Vieira, e a intervenção do presidente da associação, Mário Jorge Machado – com o já tradicional discurso sobre o estado da nação têxtil. O mote ‘Regenerar o setor, ganhar o futuro – Uma visão estratégica para a década’ diz tudo: o simpósio pretende lançar os desafios dos próximos dez anos, num contexto em que a pandemia resultou numa alteração profunda do paradigma do setor. Com inicio às 14h30, o simpósio abre com a divulgação de um estudo sobre a visão prospetiva e estratégica da ITV 2030, a cargo da diretora executiva da ATP, Ana Paula Dinis. Seguem-se as macrotendências para
a indústria têxtil por Daniel Agis, brand-building expert, e uma intervenção do presidente da Euratex, Alberto Paccanelli, sobre a construção de uma estratégia consertada para o setor têxtil europeu. Marcado está também um debate com o tema ‘Reforçar a competitividade da ITV’, que contará com intervenções de António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, Luís Todo-Bom, professor no ISCTE e Isabel Gonçalves Furtado, CEO TMG Automotive e presidente COTEC. “O setor têxtil é hoje mais que uma indústria, em que sobressai a capacidade de concorrer pelo valor e já não pelo preço, de se impor pela inovação e criatividade e já não pela eficiência ou custo produtivo”, salienta Mário Jorge Machado em comunicado. O presidente da ATP acrescenta ainda que a pandemia “acelerou tendências que já estavam em enchimento, como a sustentabilidade e o consumo responsável”. As inscrições para o webinar já estão a decorrer. t
BABY GI INVESTE EM NOVA LINHA DE PRODUÇÃO A têxtil Baby Gi está a investir numa nova linha de confeção em Proença-a-Nova, com o objetivo de dar resposta ao aumento de encomendas da marca-própria de moda infantil. “É também um investimento no interior do país”, lembra Alfredo Moreira, administrador da empresa, adiantando que “esta nova linha de produção será exclusivamente dedicada à confeção de peças para a marca Baby Gi”, cuja capacidade de produção estava já a ficar saturada”. Recorde-se que já em janeiro a empresa tinha aumentado a sua capacidade com a abertura de uma outra linha de produção.
14%
foi a percentagem do peso do online no volume de negócio da Sonae Fashion em 2020
STROIDA É A MARCA PRÓPRIA DA LOUCOMANIA
FARFETCH COM LUCROS DE 517 MILHÕES DE DÓLARES NO 1º TRIMESTRE O grupo Farfetch fechou o primeiro trimestre de 2021 com um lucro após impostos de 517 milhões, que comparam com um prejuízo de 79,17 milhões no período homólogo do ano passado. A receita aumentou 46% para 485 milhões de dólares. O EBITDA ajustado do 1o trimestre de 2021 melhorou para 19 milhões de dólares negativos, que comparam com os 22 milhões igualmente negativos do primeiro trimestre de 2020.
José Neves, fundador, presidente e CEO da Farfetch, disse que “a empresa teve um início tremendo em 2021, com uma aceleração mais forte do que o esperado nos negócios no primeiro trimestre, e com expetativas de crescimento maiores do que o inicialmente previsto”. Neste contexto, e segundo Elliot Jordan, CFO da Farfetch, “à luz da continuação deste forte momento num cenário de consu-
mo mais favorável, estamos mesmo mais otimistas em relação às nossas expetativas de crescimento para o ano”, perspetivando um balanço que, no final de 2021, “atinga o nosso primeiro ano completo de um EBITDA ajustado positivo”. Antes do anúncio dos resultados, a 13 de maio, as ações da Farfetch estavam a cotar na casa dos 36,17 dólares, tendo em seguida atingido um pico acima dos 39 dólares. t
Chama-se Stroida e é a marca própria da Loucomania, empresa confecionadora sediada em Barcelos. Trata-se de uma marca de moda feminina e masculina de estilo athleisure que alia o savoir faire da empresa à qualidade dos materiais. “Depois de anos a confecionar para grandes marcas nacionais e internacionais, sentimos que este era o momento para criar a nossa própria marca”, conta João Carlos, sócio-gerente da Loucomania. “O nosso objetivo é apresentar a marca aos mercados globais e, para isso, estamos a ponderar a participação em feiras internacionais físicas, nomeadamente na MOMAD, em Espanha”, acrescenta.
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MOBILIÁRIO E OBRAS DE INTERIORES
Remodelação de interiores Lojas
Showrooms
www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601
www.globaltendas.com
events & exhibitions
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X A MINHA EMPRESA Por: Mariana d'Orey
Têxteis José Campos, Unipessoal, Ldª Rua dos Caminheiros, 1150 4750-069 Lijó – Barcelos
O que é? Empresa de confeção dedicada ao private label O que faz? Vestuário de mulher, homem e criança Fundação 2013 Clientes Marcas de moda nacionais e internacionais Equipa 25 colaboradores Exportação 95% da produção Volume de negócios Perto de 900 mil euros Objetivos Aumentar o número de clientes e o volume das encomendas, destacando-se pela excelência dos processos, serviços e produtos
ROSA STUDIO PARIS APOIA-SE NA LEMAR, SOMELOS E TINTEX O projeto R O S A Studio Paris, criado pela dupla familiar Rosa e Tiago, tem como parceiros fornecedores as têxteis nacionais Lemar, Somelos e Tintex. Segundo Tiago Madeira, diretor criativo, “é política da marca centrar a produção em Portugal com produtos portugueses de qualidade e com o imenso know-how da nossa têxtil.” Já a concretização das peças é feita somente pela mãe, Rosa, num Atelier em Alcobaça. A marca destaca-se pelo estilo chique-urbano, pelos materiais e processos sustentáveis e pela exclusividade: a produção e a venda são limitadas, sendo atribuído um número de série a cada peça.
"Os tecidos sempre foram o coração do têxtil mas isso está a inverter-se" Rita Ribeiro Business Manager da TMG Textiles
LANDCOLORS, OS NOVOS CORANTES NATURAIS DA JF ALMEIDA A JF Almeida tem uma nova linha de corantes naturais para fibra de algodão que lhe permite poupar 30% de água e 20% do tempo, quando comparado com o processo de tingimento tradicional. Chama-se LandColors e tem também a particularidade de não usar sal no tingimento. Uma proposta com baixo impacto ambiental, livre de produtos tóxicos ou que causam alergias e irritações na pele.
VALÉRIUS 360 VENCE PRÉMIO ‘INOVAÇÃO EM PREVENÇÃO’
A metamorfose da têxtil de José Campos Foi ainda muito jovem que José Campos iniciou um percurso profissional como aprendiz de teares circulares. “Era um garoto mas sempre gostei de aprender”, relata o empreendedor que ao longo dos anos, enquanto funcionário de uma reputada empresa têxtil da região, fez várias formações, nomeadamente a de técnico afinador de teares circulares. Quis o destino que a empresa onde José Campos trabalhou durante mais de duas décadas fechasse para que o agora empresário decidisse abrir o seu próprio negócio. “Sempre foi o meu sonho”, confessa. O sonho ergue-se em 2013 com “os pés bem assentes na terra”, diz em jeito de metáfora, enquanto conta que a sua confecionadora se iniciou na cave da sua casa com menos de meia dúzia de colaboradores. “Fomos crescendo aos bocadinhos, conquistando novos clientes, maioritariamente europeus, que gostaram do nosso trabalho e foram ficando”, explica o gerente da Têxteis José Campos. Neste momento, a empresa exporta 95% do que produz, com especial destaque para os mercados europeu e americano.
Especializada em produção de vestuário de homem, mulher e criança em malha circular, a empresa distingue-se pela experiência dos seus funcionários e pela ligação de confiança que cria com os clientes, alguns deles intermediários de grandes marcas de moda europeia. “Temos o privilégio de trabalhar com marcas muito reputadas que, de ano para ano, têm aumentado as encomendas”, admite o empresário, que tem também apostado nas certificações de qualidade e de materiais orgânicos (BCI e GOTS). É pelo “boca a boca” que tem aparecido o aumento do número de clientes internacionais. “Um cliente gosta de nós, fala aos amigos de outras marcas e assim temos crescido”, explica o crescimento que o obrigou já a avançar com um novo investimento no início de 2021. A empresa transferiu a sua produção para umas novas instalações, também em Lijó, em Barcelos, e adquiriu máquinas que permitem utilizar tecnologia de ponta. “Estamos a falar de um investimento de mais de meio milhão de euros”, contabiliza José Campos, que espera assim aumentar a capacidade produtiva da confecionadora e agilizar os prazos de entrega aos clientes.t
A Valérius 360, projeto de economia circular do grupo têxtil Valérius, foi distinguida com o prémio “Inovação em Prevenção”, atribuído pela revista Exame e pela seguradora AGEAS. A empresa destacou-se na categoria Ambiente, de entre as mais de 100 empresas em competição, pelo seu compromisso com a reciclagem têxtil e o projeto de descarbonização até 2030. “É muito importante para nós este título de confiança. Desde 2017 que temos feito um percurso para mudar o paradigma do setor têxtil, de um setor poluente para um setor que vai diminuir ao máximo a pegada carbónica”, disse o CEO do grupo Valérius, José Manuel Vilas Boas Ferreira.
90%
é a percentagem de empregabilidade dos formandos da Academia CITEVE
A GREENIN QUER SER GLOBAL Criada no ano passado com o objetivo de ser uma marca mais global do que local, a Greenin nasceu para trazer um carácter mais sustentável ao mercado de roupa desportiva. As matérias primas são orgânicas ou recicladas, provenientes de desperdícios industriais ou têxteis, como o poliéster reciclado e a poliamida. O poliéster é português e a poliamida é reciclada em Itália, “através de um processo de altas temperaturas, sem adição de químicos e que permite poupar energia e água, comparativamente à produção da poliamida normal”, explica o CCO Pedro Graça.
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A FASHION FORWARD Por: Luís Buchinho
Sportswear de lazer Uma paixão sem final próximo prev isto entre a moda e o spor tswear , reafirmada nas coleções das principais marcas para o próximo Outono. Talvez por c ulpa da situação de confinamento vivida nos últimos tempos ou pelo simples facto do consumidor se sentir bem nesta tendência, o que é certo é que este look de aparência jovial, vestibilidade confortável e ligado a um modo de vida mais saudável e dinâmico está para ficar. Quem não se lembra dos fatos de treino domingueiros dos anos 80 e 90, com uma conotação muito pouco fashion na altura? Pois é, eles agora estão por todo o lado, com combinações cromáticas audaciosas, jogos gráficos arrojados e exec utados em materiais leves e confor táveis, muitas vezes com performance técnica. Não existem regras para estas misturas, e idealmente as mesmas brincam com um logótipo bem v isível para identificar a sua autoria. Destaque para emblemas, bordados, estampados no verso e peças pormenorizadas com v ivos em contraste, ou detalhes em materiais refletores. Para usar em total look , ou descontextualizando a ver tente despor tiva em coordenações com peças e/ou acessórios mais clássicos.t
SUSANA SÁNCHEZ É A NOVA DIRETORA GERAL DA PARFOIS A Parfois está cada vez mais espanhola e, depois de ter contratado Ángela Goitia como nova diretora de retalho e Sergio Odriozola como novo CMO, chegou a vez de Susana Sánchez assumir o cargo de diretora-geral da empresa, substituindo o também espanhol José María Folache. Segundo a Parfois, Susana Sánchez vai focar a sua atuação na consolidação e crescimento do grupo à escala internacional. A empresa espera crescer 20% este ano, com a aposta na América Latina.
AS MALAS DA OWNEVER SÃO FEITAS POR ARTESÃS DE BRAGA Malas de luxo a um preço acessível e com manutenção vitalícia, é esta a proposta da OWNEVER. criada por Eliana Barros. As peças são feitas em bio-leather tingido, onde todas as tintas são exclusivamente vegetais e criadas apenas por encomenda, para evitar excedentes. Os acessórios da marca, que se posiciona como a “nova Hèrmes” portuguesa, são feitos por artesãs de Braga. Uma mala pode demorar mais de 25 horas a ficar pronta.
SANJO AVANÇA PARA O VESTUÁRIO A marca de sapatilhas Sanjo acaba de avançar para o vestuário com o lançamento da “Tribe Workwear Collection”. A nova coleção resulta de uma parceria com a têxtil Ygrego, sendo composta por peças práticas e minimalistas. Com vista a ser cada vez mais sustentável, a marca aposta no algodão orgânico para confecionar a maioria da coleção, que inclui t-shirts, calções e calças. Ficam a faltar apenas as camisas, que chegarão na coleção de outono-inverno.
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O VERÃO DA CONCRETO É LEVE E ROMÂNTICO É com peças leves e românticas que se faz a coleção Spring-Summer da Concreto, a marca portuguesa de vestuário do universo Valerius, que quer que este verão seja descomplicado e cheio de boas memórias. O linho é a matéria-prima de eleição. Conjuntos fluidos, as habituais peças em malha e os vestidos com folhos são algumas das sugestões da marca, que optou por desenvolver peças versáteis, ideais para usar tanto no dia-a-dia como em momentos mais especiais.
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"Temos de seguir o caminho da inovação e da qualidade para que o custo não seja a questão central" João Rui Cunha Administrador da Pafil
LEMAR NAS PREFERÊNCIAS DO DESIGNER TOM VAN DER BORGHT A Lemar é a única empresa portuguesa a constar da restrita lista de produtos eleitos pelo designer belga Tom Van Der Borght para integrar a próxima edição da feira internacional Première Vision. O produto da Lemar, com uma irreverente estampa de cavalos, está em tudo alinhado com o estilo do designer belga. Recorde-se que Tom Van Der Borght é reconhecido pela sua capacidade criativa multitarefas, sendo as suas coleções marcadas pela cor, alegria e excentricidade.
JF ALMEIDA CRIA EMOH, A MARCA DE TÊXTIL-LAR E VESTUÁRIO CASEIRO
TEARFIL LANÇA NOVAS FIBRAS QUE CONTROLAM O CALOR
Chama-se Emoh e é a nova marca criada pela JFAlmeida para os segmentos de têxteis-lar e vestuário caseiro que, numa lógica ecologista, quer responder aos mais altos padrões dos desafios da sustentabilidade, apostando na reutilização e na reciclagem. A nova marca tem uma linha destinada ao banho e outra aos artigos de cama, mas inova também com artigos de vestuário, começando por uma linha de criança e depois diversificando para artigos de homem e mulher, sempre numa lógica de ‘trazer por casa’. “O ano de 2020 marcou as nossas vidas, sem exceção. Diminuímos o ritmo e nunca passámos tanto tempo em casa. De repente, todos nós nos tornamos chefs, mestres da bricolagem, jardineiros e carpinteiros. Desta vez, pudémos ver a nossa casa como um lugar ainda mais especial. Onde estamos na nossa melhor versão. É assim que a Emoh nasceu. A
A Tearfil lançou no mercado duas novas fibras que se distinguem pelo seu caráter inovador, mas também porque assumem preocupações de sustentabilidade que são já uma caraterística imprescindível face às novas tendências dos mercados. E enquanto uma delas tem origem no cânhamo, uma planta com tradição na área têxtil, já a segunda surge diretamente da investigação espacial: a tecnologia Outlast, desenvolvida para a NASA para proteger os astronautas contra as mudanças extremas de temperatura no espaço. A inovação utiliza materiais de mudança de fase microencapsulados que absorvem proativamente o calor, armazenam-no e libertam-no para um conforto térmico ideal, explica a Tearfil. O produto – exclusivo para a Tearfil em Portugal – tem por isso a capacidade de regular o microclima da pele continuamente. As microcápsulas que contêm o material de mudança de fase estão integradas dentro da fibra têxtil usada para fazer as roupas. Os tecidos feitos desta fibra não comprometem o peso ou a maciez quando comparados com outros materiais. Já a fibra de cânhamo, indicada para uso têxtil, é obtida através do processamento mecânico da parte fibrosa externa do caule da planta. O cânhamo da Tearfil vem da Lituânia e é semeado na primavera e colhido no final do verão, quando totalmente maduro. Planta de crescimento rápido que enriquece o solo, interrompe os ciclos de doenças e pragas, suprime ervas daninhas para as culturas subsequentes, é alimentada por chuva e requer muito poucos químicos. A sua sustentabilidade enquanto produto ecológico está por isso comprovada. t
vontade de aliar o know-how de décadas no setor têxtil-lar com uma marca premium de modelos exclusivos. Produtos de inspiração nórdica que vão ao encontro das exigências de todas as casas onde vive o bom
gosto!”, anuncia a nova marca. A Emoh está presente no mercado através da loja online, onde se encontra também disponível para fornecer grandes encomendas para o setor hoteleiro.t
GOVERNO PEDE CONSÓRCIOS PARA OS 129 MILHÕES DO PRR O governo lançou um apelo para a constituição de consórcios nos setores têxtil, vestuário e resina natural, para os quais há 129 milhões de euros para investir no âmbito do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. Uma aposta em inovação para encontrar novos materiais e processos de fabrico para produzir de forma ecologicamente sustentável. “São setores com uma fortíssima representação na economia portuguesa e que envolvem territórios com algum significado, particularmente a resina”, disse o minis-
tro do Ambiente e Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes. O apelo para a constituição de consórcios inclui-se na estratégia de bioeconomia que é um dos objetivos do Plano de Recuperação e Resiliência europeu, em que se prevêem 71 milhões de euros para o têxtil e vestuário, 41 milhões para o calçado e 17,5 milhões para a resina natural. Os consórcios, cujas propostas começarão a ser analisadas a partir de agosto, devem incluir empresas, centros de investigação, universidades, e organizações não gover-
namentais, todos envolvidos na procura de mecanismos para ciclos de produção menos destruidores para o ambiente. “A nossa expetativa é termos aqui não só as entidades de inovação e investigação, mas também as indústrias. A diferença entre os 129 milhões que estamos a pôr em aviso e os 200 milhões de investimento que acreditamos ser capazes de gerar é uma componente mais ligada à produção do que à investigação e inovação”, afirmou ainda o ministro.t
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FOTO: RUI APOLINÁRIO
"NO TÊXTIL PERCEBEMOS QUE A PRESENÇA FÍSICA, O CONTACTO E O TOQUE SÃO INDISPENSÁVEIS"
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n ENTREVISTA Por: Mariana d'Orey Nuno Mangas Embora a sua formação base seja em Engenharia Eletrotécnica, é como professor universitário que tem feito grande parte do seu percurso profissional. Natural de Ourém, foi no final da década de 90 que Nuno Mangas assumiu a presidência do Instituto Politécnico de Leiria, função que cumpriu por dois mandatos consecutivos, em acumulação com cargos diretivos na associação empresarial de Leiria. É com o grande objetivo de aproximar o conhecimento académico da vida prática das empresas que chega ao IAPMEI, sendo posteriormente - em Abril de 2020 - nomeado Presidente do COMPETE 2020
o
grande objetivo do COMPETE é incorporar conhecimento e valor e para isso é preciso investir em I&D. O têxtil é altamente competitivo, tem empresas que quase não precisam de ser incentivadas, mas Nuno Mangas diz que que é preciso trazer mais empresas a jogo e os próximos instrumentos vão no sentido de ampliar o leque de empresas que beneficiam dos apoios, seja em matéria de sustentabilidade, seja noutros investimentos. Que balanço faz do cumprimento dos seis eixos centrais do Compete 2020? Estamos na fase final do atual quadro financeiro plurianual. Embora seja ainda prematuro fazer um balanço muito exaustivo, podemos já fazer uma análise olhando para os grandes eixos do COMPETE. Temos um conjunto vasto de apoios às empresas, com 67% do incentivo atribuído pelo Compete, sendo que dois terços deste valor foi a PME, o que nos dá também uma ideia real do tecido empresarial português. No contexto dos nossos instrumentos, para além da capacitação de recursos e apoios diretos à internacionalização, trabalhamos todo o ciclo de inovação, destacando o apoio à Inovação e às atividades de I&D. Mas não queremos só apoiar a modernização das empresas. O grande objetivo do COMPETE2020 é, através dos seus instrumentos de políticas públicas incorporar mais conhecimento e valor em cada setor de atividade. Para isso é preciso investir mais em I&D e na capacitação das empresas. Considera que esses investimentos em I&D permitem valorizar o setor têxtil
nacional, nomeadamente através da criação de produtos sustentáveis de valor acrescentado? Claramente. Os instrumentos atuais já incentivam a que isso aconteça, embora não seja impositivo. Há empresas com esse foco e há outras que ainda não o têm. Eu diria que, em termos futuros, todas as nossas empresas terão de apostar em processos e materiais sustentáveis, que não só as valorizem no mercado interno, mas sobretudo que as tornem competitivas no mercado global. Olhando para a agenda verde europeia percebe-se que a sustentabilidade e circularidade são questões incontornáveis para as empresas. No atual quadro, já estamos a dar esse sinal, não como um vetor obrigatório, mas reforçando o apoio a projetos e investimentos verdes. Significa isso que o apoio a investimentos de cariz sustentável vai aumentar no próximo quadro? Essas são as orientações em termos europeus que estão, de resto, já presentes no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]. Na verdade, temos em alguns setores de atividade, nomeadamente no têxtil, empresas líderes que quase não precisam de ser incentivadas a trilhar este caminho porque autonomamente leram os sinais do mercado e são bons exemplos internacionais, mas existem ainda muitas empresas sem essa vertente incorporada que precisam de ser motivadas e apoiadas nesse sentido. Digo muitas vezes que é preciso trazer mais empresas a jogo e os próximos instrumentos deverão ir nesse sentido, de ampliar o leque de empresas que beneficiam dos apoios do COMPETE, seja em matéria de sustentabilidade, seja noutros investimentos, nomeadamente para incorporar no seu modelo de negócio a transformação digital, outro pilar essencial das políticas europeias. A ITV já está a trilhar esse ca-
"As ações coletivas são muito relevantes, também porque incentivam o trabalho em rede" O futuro para a ITV passa por um modelo híbrido, com o digital e a presença nas feiras. E a prova disso é que “acrescentamos o digital, não o substituímos pelas ações físicas nos nossos instrumentos”. A expectativa do presidente do COMPETE é a de que “as candidaturas agora em curso combinem estas duas dimensões que, bem conjugadas, podem determinar o sucesso dos investimentos. O próximo quadro financeiro, lendo sempre de antemão a forma como os empresários recebem estes instrumentos e os utilizam, irá certamente seguir a mesma linha. No setor têxtil em concreto, percebemos que a presença física, o contacto e o toque são indispensáveis e que, por muito que o online possa evoluir, nunca os vai substituir. E há ainda outra dimensão que, não sendo tangível, Nuno Mangas considera como “extremamente relevante para a competitividade e inovação empresarial”, que é o facto de setores como o do têxtil e da moda precisarem do contacto internacional, da inspiração que resulta do conhecimento de outras realidades. Quando as empresas vão ao exterior e participam em feiras, conversam com outros players e têm uma perceção diferente e mais abrangente do que a concorrência oferece; há um ganho imensurável que perdura
minho há vários anos. Considera que a pandemia veio acelerar esses processos? Sem dúvida. E esse facto deve-se não só à capacidade individual das empresas que, estando inseridas num setor altamente competitivo, assumem um nível de inovação elevado quando comparado a outros setores, mas também ao coletivo. A ITV tem a sorte de ter um centro tecnológico como o CITEVE, associado ao CeNTI, com muitos dos projetos apoiados pelo COMPETE, o que favorece os caminhos da inovação e da sustentabilidade. Basta olhar para alguns destes projetos para perceber o caminho que está a ser feito desde as áreas de investigação e desenvolvimento até à penetração dos produtos no mercado. No caso da têxtil, a pandemia permitiu reforçar o caminho que já estava a ser feito e até, em muitos casos, acelerar. No âmbito das empresas, o COMPETE disponibiliza projetos coletivos e individuais. São complementares? Como funciona este casamento? São realidades que se combinam muito bem, sobretudo num tecido empresarial como o português. Isto porque temos algumas empresas líderes, que são já grandes players, mas a esmagadora maioria são empresas médias, pequenas ou mesmo micro. Ou seja, grande parte não consegue ter estruturas próprias para, por exemplo, participar a título individual numa feira internacional ou desenvolver um processo de capacitação dos seus ativos. Nestes dois eixos, em particular, as ações coletivas são muito relevantes, não só porque dão resposta a necessidades que as empresas por si teriam dificuldade em abarcar, mas também porque incentivam o trabalho em rede. Tradicionalmente pensa-se que é mais fácil competir do que cooperar e muitas vezes, sobretudo para as PME, cooperar faz muito sentido, sem que isso signifique que se deixe de competir. A participação em feiras internacionais é um bom exemplo disso pelas razões que
já mencionei e também pela presença qualificada que se consegue coletivamente quando comparado a uma presença individual. Num setor altamente exportador como o têxtil, a pandemia obrigou a reforçar os investimentos na área da digitalização. Que respostas estão a ser dadas perante esta nova realidade? Acreditamos que o futuro passará por um modelo híbrido. Tivemos até há pouco tempo abertas as candidaturas para projetos conjuntos onde são dados claros sinais desta articulação entre as presenças físicas e o reforço da digitalização. Como consumidores alterámos comportamentos, como prova o aumento exponencial do comércio digital e das compras online. É essencial que se consiga manter alguma experiência sensorial no digital em ciclo completo. Somos humanos, as sensações e a experiência ao longo de todo o processo são importantes, pelo que o digital, sendo um fator competitivo para as empresas, por si só não é suficiente. O modelo híbrido é então o futuro em concreto para a ITV? Exatamente. E a prova disso é que acrescentamos o digital, não o substituímos pelas ações físicas nos nossos instrumentos. A minha expetativa é a de que as candidaturas agora em curso combinem estas duas dimensões que, bem conjugadas, podem determinar o sucesso dos investimentos. O próximo quadro financeiro, lendo sempre de antemão a forma como os empresários recebem estes instrumentos e os utilizam, irá certamente seguir a mesma linha. No setor têxtil, em concreto, percebemos que a presença física, o contacto e o toque são indispensáveis, e que, por muito que o online possa evoluir, nunca os vai substituir. É por essa razão que prevemos mais apoios nas ações digitais, mas sem retirar os habituais instrumentos físicos, nomeadamente de apoio à presença em feiras internacionais.
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Um viajante que quer desbravar a América Latina Se pudesse escolher um verbo, possivelmente “ir” seria o mais indicado para descrever o perfil pessoal de Nuno Mangas, casado e com dois filhos de 30 e 21 anos. Aos fins de semana não abdica de uma longa caminhada ao ar livre, de preferência no campo, onde o silêncio o convida a reflexões e à tomada de decisões. Mas se a caminhada é uma boa conselheira, as viagens então são a maior das confidentes do presidente do COMPETE, que entre os desafios profissionais e o gosto pessoal já pisou destinos como a China, Japão, Brasil ou vários países africanos. Nos planos para o futuro fica uma viagem - já marcada várias vezes mas outras tantas adiada - pela América Latina, para visitar com detalhe países como a Argentina ou Chile.
Mas estas participações em feiras internacionais requerem um grande investimento e uma aposta consistente? Esse é um dado fundamental. Os processos de internacionalização têm de ser contínuos, não se pode esperar ter resultados com uma única tentativa de abordagem a mercados externos. O que não quer dizer que tal não possa acontecer. É um processo que envolve muita persistência. Há que testar os mercados, ler sinais subtis, e para isso há que ter presente esta ideia de processo contínuo que implica, lá está, muita persistência por parte das empresas. Daí que seja também fundamental que os instrumentos do COMPETE respondam às necessidades específicas das empresas e não se cinjam aos objetivos das políticas públicas. Como é feito esse diálogo? Os objetivos das políticas públicas são as nossas linhas orientadoras, mas interessa-nos ter instrumentos que sejam úteis às empresas. Por isso é que eu em particular valorizo as visitas às empresas, as conversas com os empresários e o feedback que daí podemos retirar. Na prática, há objetivos de políticas públicas definidos, mas os instrumentos têm de ser ajustados à realidade e às necessidades das nossas empresas. O que é muito interessante num programa como o COMPETE são estas sinergias que se criam entre as necessidades do tecido empresarial e os objetivos das políticas públicas. Se a nossa atuação fosse top/down não faria sentido porque a probabilidade de dar respostas às necessidades reais das empresas seria muito menor. Uma das grandes queixas dos empresários é a falta de recursos humanos e baixa qualificação. Que instrumentos existem para a valorização e capacitação dos ativos das empresas? O nosso papel está centrado nos ativos das empresas, não tanto na captação de novos recursos. Mas neste eixo em concreto
"Há claramente um antes e um depois do Compete para as nossas empresas" temos neste momento vários avisos abertos, nomeadamente um específico para cinco clusters, entre eles o têxtil. É um excelente exemplo deste contacto com as empresas de que falamos, porque é um projeto que resulta de uma conversa entre o Ministro da Economia e empresários destes mesmos setores, e que responda ao período em particular que vivemos. Trata-se de projetos de capacitação de ativos que, num período de decréscimo produtivo, permite às empresas dar formação aos seus funcionários, em regime flexível ajustado a cada empresa, e que pode ser uma excelente alternativa ao lay off. Ou seja, as empresas podem ter os funcionários a trabalhar uma parte do seu horário e utilizar o tempo restante em ações de formação que podem, inclusive, ter como formadores quadros da própria empresa. Outra questão é a dos prazos de candidaturas, que os empresários têxteis defendem que sejam em contínuo, ao invés dos habituais prazos fechados. O COMPETE encara essa possibilidade? Neste momento existe já um instrumento de auxílio que facilita os processos de candidatura e dá alguma previsibilidade aos empresários. Refiro-me ao registo prévio de pedido de auxílio. Mas, para além desse mecanismo, que não é novo, é importante que se perceba que no momento em que estamos, em fim de ciclo, os recursos já são escassos. Estamos numa fase em precisamos de gerir cautelosamente o overbooking, o que torna difícil ter nesta fase avisos abertos em contínuo, para que não sejam feitos investimentos que depois não podemos apoiar e assim criar falsas expetativas.
Importa também ter presente que as empresas não devem esperar pelo aviso para criar o projeto. A possibilidade das empresas se candidatarem a financiamento acontece de uma forma regular, por isso as empresas que estiveram a trabalhar em bons projetos podem candidatar-se em vários momentos. E os projetos precisam de ser pensados e amadurecidos. Quando um projeto vem bem pensado é tudo mais fácil, a aprovação é mais fácil, assim como a própria execução, o que traz menos entropia ao sistema. No COMPETE 20-30, que articulação será feita com o Banco do Fomento? Neste momento temos três programas que irão coexistir: o COMPETE2020, que integrou o REACT, o que representa um acréscimo de cerca de 1,9 milhões de euros na dotação do Programa, o PRR e o PT20-30. No PRR temos um envolvimento mais indireto, sobretudo ao nível das agendas mobilizadoras da inovação empresarial e economia verde. Em relação ao PT 20-30 já se conhece a estratégia e a estrutura, que incluirá os cinco programas operacionais regionais e outros três eixos temáticos, mas há ainda um longo trabalho em curso. Ou seja, podemos antever que haverá essa articulação com o Banco de Fomento, como já existe para o mecanismo híbrido da inovação produtiva, mas ainda não podemos especificar em quais instrumentos decorrerá essa articulação. De que forma o COMPETE contribui para a competitividade das nossas empresas? Há claramente um antes e depois do COMPETE e isso é inquestionável. Uma mudança positiva que é notória desde as áreas da Inovação Produtiva, do I&D, que queremos que venha a representar em breve 3% do PIB graças a uma grande aposta das empresas, até aos processos de internacionalização de que são um ótimo exemplo as empresas em feiras internacionais que, em dez anos, é absolutamente incomparável. t
As perguntas de
José Robalo Presidente da ANIL A sustentabilidade é uma inevitabilidade em termos mundiais. É pertinente a criação de apoios específicos para a Têxtil no contexto PRR?
Estão previstas no PRR as agendas da bioeconomia, coordenadas pelo Ministério do Ambiente, não tendo o COMPETE um envolvimento direto nessas agendas. Uma dessas agendas é focada no têxtil, por isso claramente há aqui oportunidades. O tecido industrial europeu tem desaparecido, resultando numa grave sujeição à produção asiática. Os apoios europeus deveriam, prioritáriamente, ser dirigidos para a reindustrialização?
É consensual que nós precisamos de diminuir essa dependência e com a pandemia percebemos melhor esse problema. Há já uma iniciativa a nível europeu no sentido de saber quais os produtos chave para que possam passar a ser produzidos na UE. O desafio é concretizar porque as políticas europeias e portuguesas já vão nesse sentido. Para além desta questão da dependência de terceiros, que ainda por cima têm práticas e leis muito diferentes das que temos no contexto europeu, a nível planetário estas trocas comerciais não são uma prática sustentável, pelo que vamos ter de substituir a globalização por sub-globalizações, até por questões ambientais. t
Mário Jorge Machado Presidente da ATP Para considerar um sucesso a aplicação dos fundos do PRR e do 20-30, que lugar devíamos ocupar no ranking do PIB per capita a nível da UE no final destes programas?
Considero que temos de ter ambição, ou seja, mais do que comparar com a média, que implica nivelar por baixo, temos de querer ser os melhores: universidades, empresas, instituições. Como já fazemos com a inovação. E depois há outra dimensão fundamental: tem de ficar mais valor em Portugal. O diferencial entre valor de venda no final e o valor à saída da fábrica é enorme. A nossa indústria não se pode contentar e temos de ter a ambição de deixar mais na base. Ao longo das primeiras duas décadas fomos dos países que tiveram acesso a mais fundos europeus e mesmo assim fomos ultrapassados por vários países em termos de PIB per capita. O que vai ter de mudar?
A seletividade dos fundos irá aumentar. Mas olhando para trás há um antes e depois e esse caminho não seria possível se não tivéssemos fundos comunitários. Quando olhamos para a incorporação do conhecimento, é inquestionável que fizemos um caminho muito positivo. Todos os projetos correram bem?
Com certeza que não, mas há um claro antes e depois. Basta pensar na presença nas feiras. t
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GOLFINHO SPORTS INVESTE 1,5 MILHÕES E DUPLICA INSTALAÇÕES A Golfinho Sports arrancou com as obras que vão duplicar as suas atuais instalações, em Coimbra, num investimento de 1,5 milhões de euros que passa também pela aquisição de máquinas. A ideia é reforçar as condições de produção e armazenamento de equipamentos - fatos de banho profissionais e toucas têxteis - para estar preparada e na linha da frente quando as pessoas regressarem às piscinas.
"Haverá sempre têxteis em Portugal, a questão é qual a dimensão das empresas e do setor" Vítor Abreu CEO da Endutex
ELASTRON HEALTHCARE INAUGURA POP-UP STORE
É no piso zero do Norteshopping que a Elastron abriu a sua primeira pop-up store dedicada ao segmento healthcare. Enquanto marca que já apostava no segmento da saúde, a Elastron tem agora como objetivo expandir o projeto e reforçar a sua presença física ,ampliando a sua gama que conta já com produtos de uso comunitário e médico. A Elastron Group é líder europeia no comércio de revestimentos para estofos e referência nacional no fornecimento de componentes para a indústria do calçado (Prémio AICEP 2020). t
TÊXTIL É ESTRATÉGICO PARA RELANÇAR INDÚSTRIA DA UE A Comissão Europeia identificou o têxtil e moda como um dos setores estratégicos para enfrentar a recuperação pós-crise Covid-19 e, nesse quadro, para fazer parte de um pacote de 14 ecossistemas económicos onde se concentrarão os financiamentos necessários ao relançamento da base da indústria da União. Relevância económica e tecnológica, capacidade para promover a descarbonização industrial e o nível de resiliência demonstrado ao longo da pandemia, foram os fatores que determinaram as escolhas da Comissão. Os setores identificados representam aproximadamente 70% da economia europeia e 80% das empresas, e são, para além dos têxteis, o comércio, defesa, o setor aeroespacial, agroalimentar, construção, indústrias culturais e criativas, digital, eletrónico, indústrias de energia intensiva, energias
renováveis, saúde, mobilidade, automóvel e transportes, segurança, economia social e turismo. A associação europeia Euratex já aplaudiu o plano mas exige “consistências” para a sua implementação. O documento elaborado pela Comissão Europeia afirma que o setor têxtil na Europa é composto por cerca de 267 mil operadores, dos quais 99,5% são PME, e emprega quatro milhões de pessoas. A indústria contribui também com 0,7% do valor acrescentado total da União. A Comissão Europeia prepara uma estratégia global para fortalecer a inovação industrial e impulsionar o setor de tecidos sustentáveis e circulares. Além disso, Bruxelas também pretende promover novos modelos de negócios que abrangerão todos os elos da cadeia de valor.t
NGS PRODUZ “A MALHA DE VERÃO PERFEITA”, DIZ WINFRIED ROLLMANN Winfried Rollmann, fundador da Six Brothers Factory, especialista em moda, materiais e cores e representante da Alemanha na DMI (Desenho de Moda Industrial) no âmbito da Première Vision, partilhou as suas preferências em termos de tecido de pronto-a-vestir masculino para a primavera/verão 22 e a malha 100% linho da portuguesa NGS Malhas é uma das escolhidas. Para aquele especialista, “é uma malha de verão perfeita”. E justifica: “A sua irregularidade
natural e efeito subtil de dois tons alinham-se com a neutralidade sofisticada da estação. A estrutura suave e aberta, com o seu efeito discretamente lavado, combina com uma elegância descontraída. O caráter altamente sustentável do linho agrega valor”. Em 11 escolhas da responsabilidade de Winfried Rollmann, a presença da marca portuguesa merece destaque especial, uma vez que o conjunto é dominado pelos tecidos oriundos do Japão e da Itália, que respondem por oito das esco-
lhas, com tecidos de empresas sul-coreanas a concluírem o agregado. Com mais de 20 anos de experiência, a NGS Malhas, instalada em Barcelos, ronda os 10 milhões de euros de volume de negócios e tem na inovação e sustentabilidade dos materiais uma das suas apostas mais evidentes. A produção é, direta ou indiretamente, destinada às exportações, com a França, Itália, Inglaterra e Estados Unidos como principais mercados. Burberry e Coach são algumas das marcas clientes da NGS Malhas.t
MYCLOMA LANÇA COLEÇÃO COM ESCOLA DE MODA DO PORTO A MyCloma, plataforma online de venda de roupa em segunda mão, lançou uma coleção upcycling em parceria com a Escola de Moda do Porto (EMP). No seguimento da sua estratégia de responsabilidade social, o valor total da venda das peças é doado ao Grupo de Ação Social do Porto. Este projeto de upcycling, parceria que surgiu da estratégia da EMP em promover um contacto direto entre os seus formandos e as empresas, teve como objetivo o combate ao desperdício têxtil.
CASUALWEAR FAZ MARJOMOTEX CRESCER 30% EM 2020 A têxtil Marjomotex MJM tinha para 2020 grandes expetativas, com o culminar de um projeto de internacionalização arrancado quatro anos antes. A pandemia veio baralhar os planos, mas ainda assim a empresa viu algumas das suas apostas serem bem-sucedidas. O investimento na confeção de casualwear e as parcerias com marcas focadas no online permitiram à empresa subir 30% nas vendas. “Mas sem Covid ainda seria melhor”, garante a diretora-geral Mónica Afonso.
70%
de reutilização de água é meta sustentável que a Valerius quer atingir
PERFF TEM COLEÇÃO QUE VALORIZA AS EMOÇÕES A nova coleção da Perff Studio é assumidamente sustentável. “Re-define” foi inspirada nos tempos que atravessámos, é um convite a reformular a forma como nos sentimos e procura “motivar-nos a viver com otimismo, simplicidade e confiança”, explica a marca em comunicado. Os materiais privilegiados são o algodão orgânico, certificado pelos padrões de agricultura orgânica, e o Econyl, um nylon regenerado de plásticos oceânicos e têxteis destinados a aterros sanitários.
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X DE PORTA ABERTA Por: Cláudia Azevedo Lopes
Ecolã
Rua de Mouzinho da Silveira 270 A 4050-417 Porto
Ano de abertura 2017 Fundação da empresa 1925 Produtos Vestuário masculino e feminino, têxteis-lar, acessórios e calçado, tudo em Burel Público-alvo Cliente exigente, que aprecia qualidade, resistência e durabilidade. O turismo é responsável por uma grande fatia do negócio Loja Online Em desenvolvimento, com o objetivo de facilitar o contacto com os clientes numa altura em que o futuro é ainda uma incógnita
TOP TRENDS CADA VEZ MAIS PREOCUPADA COM O FUTURO No ano em que assinala o 30º aniversário, a Top Trends mostra-se cada vez mais preocupada com o nosso futuro. A empresa de Barcelos, que há dois anos adotou a etiqueta WE CARE ABOUT THE FUTURE como decisiva aposta na sustentabilidade, obteve recentemente mais uma licença da casa LENZING, agora para o ECOVERO, relacionada com a utilização e produção de produtos com viscose sustentável. A par da nova licença, “que está relacionada com a utilização e produção de produtos com viscose sustentável”, a empresa adianta que “tem já outros projetos em curso que vão aumentar ainda mais o nível de sustentabilidade”, não só em termos da produção mas também na performance, tanto em tempo como em custos.
"Temos que ser rápidos e muito versáteis, a verticalização é o caminho ideal" Luís Guimarães Presidente da Polopique
O Burel é para toda a vida Diz quem sabe que nunca é tarde na vida para se começar um novo projeto e a prova disso é a Ecolã, que já depois dos 90 anos de existência se aventurou a abrir uma loja no Porto, na rua Mouzinho da Silveira, a dois passos da mítica estação de São Bento e no centro da azáfama turística que nos últimos anos tomou de assalto a Invicta. Foi em 2017 que Joana Clara, gestora da empresa de lanifícios e bisneta do fundador António Vieira, decidiu avançar com a ideia que há muito lhe era sugerida pelos clientes que encontrava nas feiras de artesanato que a Ecolã ia fazendo pelo norte do país. “Fazíamos feiras de artesanato no Porto, Vila do Conde, Guimarães e Aveiro, onde os nossos clientes fidelizados referiam o quão útil seria estarmos perto durante todo o ano”, explica a gestora da Ecolã, a quarta geração familiar à frente do negócio. Ao pedido dos clientes juntou-se o crescimento a alta velocidade do turismo no Porto, uma oportunidade demasiado boa para ignorar. Foi assim que a Ecolã, a Unidade Produtiva Artesanal certificada mais antiga de Portugal, se desdobrou de Manteigas – onde tem todo o processo de transformação da lã das ovelhas Bordaleiras, raça autóctone e representativa da Serra da Estrela, desde a tosquia até ao produto final: o tecido Burel – até à cidade do Porto. Fixaram-se na rua Mouzinho da Silveira que, para além da centralidade, é a via de excelência escolhida por milhares de turistas na romaria entre a Ribeira e a Baixa. O sítio perfeito, portanto. Quanto à gama de produtos, há um pouco de tudo. Vestuário masculino e feminino, que ajuda a tornar o inverno menos rigoroso, mas também mantas e cobertores que tornam qualquer casa mais acolhedora,
cachecóis, echarpes, e até chinelos, que, para além de confortáveis, se destacam pela sustentabilidade, já que dão uma nova vida às sobras que resultam do corte do tecido das peças de vestuário da marca. Tudo para agradar a um cliente exigente, que aprecia qualidade, resistência e durabilidade. “Os nossos clientes gostam de produtos que só têm de comprar uma vez e duram para sempre! É um cliente que se preocupa em viver de forma consciente, que escolhe os materiais que consome. A lã é natural, sustentável, renovável e garante um conforto térmico saudável”, explica Joana Clara. No entanto, com a chegada da pandemia, tudo mudou. Os turistas desapareceram, as ruas esvaziaram-se e as lojas tiveram de fechar portas. Foi aí que a empresa teve de reinventar a sua estratégia e investir na presença em plataformas digitais como forma de se manter ativa e contactar os clientes. Ainda assim, garante Joana Clara, nem tudo são más notícias. “A pandemia mudou os hábitos de consumo dos portugueses, levando-os a valorizar ainda mais o que é nosso. Neste momento, porque é de facto a decisão mais segura, optam por conhecer melhor o seu país e consumir o que de melhor por aqui se faz, o que nos deixa bastante otimistas”, explica a gestora. Até porque a Ecolã é também dona do Hotel da Fábrica, que ocupa as antigas instalações da fábrica da empresa, e que está preparado para receber todos aqueles que se aventurem á descoberta de Manteigas. Na unidade hoteleira, onde o burel é rei, estão também expostas algumas das máquinas que outrora asseguravam a produção da Ecolã, e é possível, de forma gratuita, visitar as novas instalações da empresa e ser guiado por todo o processo produtivo do burel. t
EMP ABRE CURSO DE CENOGRAFIA, FIGURINOS E ADEREÇOS
R MAIA APROXIMA-SE DAS MARCAS DE MODA
A Escola de Moda do Porto vai ter um curso profissional de Cenografia, Figurinos e Adereços, disponível já no próximo ano letivo. Outra novidade é a inclusão do 9º ano na área da Moda. Direcionado a jovens entre os 14 e os 19 anos, é um curso de dupla certificação, garantindo que o estudante conclui o ensino secundário enquanto adquire as competências práticas para exercer uma profissão.
Especializada na importação de rendas e bordados, a R Maia aposta agora em comunicar diretamente com as marcas nacionais e internacionais de moda. “A pandemia obrigou-nos a ser mais rápidos e eficientes nas respostas aos clientes”, diz o sócio-gerente Raul Maia, que sente ser este o momento chave para a empresa refletir em novas estratégias e se aproximar das marcas.
18 milhões
de metros de elástico por mês foi quanto a Lunartex produziu em 2020
BREEZE: O SWIMWEAR MINIMALISTA E SUSTENTÁVEL DA KALIMERA
Kalimera, a marca 100% portuguesa de swimwear, lançou a Breeze, uma coleção descomplicada e adequada a todos os corpos. A linha é composta por um modelo de fato de banho, três modelos de partes de cima e três partes de baixo, desenhados para combinarem entre si, independentemente da cor.
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X O MEU PRODUTO Por: António Moreira Gonçalves
Tex4SafeCare
Desenvolvido pela JF Almeida, a Têxteis Penedo e o CITEVE
O que é? Nova linha de têxteis-lar que conjuga acabamentos antibacterianos e antivíricos com um sistema de fios funcionalizados que mudam de cor no caso de contaminação Produtos Mantas, colchas e cortinas Principal contributo Linha otimizada para o ambiente hospitalar e residências seniores Estado do Projeto? Finalizado e pronto a entrar no mercado
LUSÓFONA CRIA LICENCIATURA E PÓS-GRADUAÇÕES DE MODA A Universidade Lusófona abriu uma nova licenciatura em Design e Produção de Moda, que já está a aceitar inscrições para o próximo ano letivo. “É uma licenciatura original no nosso país, porque conjuga o foco na produção de moda com uma série de tecnologias digitais”, adianta Alexandra Cruchinho, professora da Universidade e responsável pela formação. Para além da licenciatura, a universidade vai contar também com duas pós-graduações, uma em design e produção de moda e outra em menswear.
"Portugal traz um valor acrescentado pela sua longa tradição e história em relação aos têxteis-lar" Sarah Abitbol CEO da Riley
VINTAGE FOR A CAUSE E MARIA GRANEL REAPROVEITAM TÊXTEIS
Quando identificam a presença de um vírus ou bactéria, estes fios localizados nas cortinas passam de incolor a vermelho carmim
Têxteis que dão cor ao inimigo invisível Com o vírus pandémico a expressão “inimigo invisível” tornou-se um lugar-comum, mas há uma nova linha de têxteis-lar desenvolvida em Portugal que promete trazer uma nova luz – ou cor – ao combate à transmissão de doenças. A JF Almeida e a Têxteis Penedo juntaram-se ao CITEVE para desenvolver uma nova geração de têxteis para a casa, que para além de antibacterianos e antivíricos, são capazes de lançar um alerta para a presença de elementos patogénicos. Intitulado Tex4SafeCare, o projeto foi lançado em julho de 2020 e ao longo de nove meses testou um conjunto de soluções para combater a propagação da pandemia, sobretudo em ambientes de maior risco, como o meio hospitalar ou as residências seniores. “Com a pandemia houve um esforço nos lares para minimizar a exposição a riscos. Um dos pontos críticos nesta batalha são os têxteis-lar e era necessário inovar nesta área”, explica Lúcia Rodrigues, responsável do projeto por parte do CITEVE. No desenvolvimento dos produtos participaram ainda profissionais da Santa Casa da Misericórdia de Vizela, que permitiram aos investigadores perceber o dia-a-dia e as necessidades dos lares. Ao longo do projeto, o consórcio criou duas novas soluções. A primeira consiste numa linha de mantas e colchas com um acabamento antibacteriano e antivírico reforçado. “Já existem muitos acabamentos antivíricos ou antibacterianos no mercado, mas nestes ambientes os produtos têm de ser lavados a 60o, o que é um desafio. Experimentamos primeiro umas quatro soluções existentes no mercado, mas depois tivemos de desenvolver uma receita específica, alteramos o tempo de aplicação e concentração do produto, até finalmente conseguirmos bons resultados”, conta Mar-
co Barros, responsável técnico da JF Almeida. No final, o acabamento desenvolvido pela empresa deu provas de resistir a mais de 30 lavagens, com secagem em tambor, tal como acontece em muitos lares e hospitais. A segunda linha de investigação desenvolveu um inovador modelo de cortinas, tecidas em jacquard, com fios capazes de sinalizar o perigo de contaminação. Quando identificam a presença de um vírus ou bactéria, estes fios localizados passam de incolor a vermelho carmim, só voltando ao estado inicial com a lavagem. “Desenvolvemos este conceito em cortinas porque são aqueles artigos que muitas vezes passam mais tempo sem ser lavados”, lembra Lúcia Rodrigues. “A funcionalização do fio e a aplicação na cortina é uma inovação revolucionária. Já existem soluções descartáveis no mercado, mas em têxteis-lar é algo completamente novo”, acrescenta Marco Barros. A tecnologia foi aplicada pela JF Almeida com recurso a um sistema de tingimento em space dyeing e desenho 3D. Esta segunda linha de investigação está ainda a ser aperfeiçoada – o corante resiste a várias lavagens, mas ainda não no número que o consórcio deseja. Até lá a solução já está a entrar no mercado, com a JF Almeida a disponibilizar este novo acabamento para outros projetos e a Têxteis Penedo a desenvolver uma linha de colchas, mantas e cortinas. “Já temos clientes que estão interessados e outros a quem vamos apresentar a tecnologia em breve. Mas é um conceito que ainda pode ser mais explorado e é essa a nossa vontade”, afirma Sandra Ventura, diretora de inovação da Têxteis Penedo. Entretanto, as primeiras 20 peças confecionadas foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Vizela e estão a ser utilizadas em ambiente real. t
A empresa Vintage for a Cause juntou-se a Maria Granel para lançar uma linha de produtos de higiene pessoal e cozinha. O objetivo desta coleção cápsula é reforçar o conceito de reutilização de desperdício de têxteis-lar, tendo em “Amor a granel” uma linha com cinco produtos 100% algodão e 100% upcycling, confecionados à mão pela rede de costureiras sénior da marca. A partir das etiquetas é possível aceder aos respetivos modelos e guias passo a passo em vídeo, lançando o desafio às pessoas de criarem elas mesmas objetos idênticos usando tecidos inutilizados.
376
milhões de incentivos foram concedidos pelo programa Apoiar do IAPMEI
ROSELYN SILVA LANÇA KÊ-MÚ E AVANÇA PARA O HOMEWEAR
A designer Roselyn Silva lançou a coleção Kê-Mú, uma incursão pelo homewear com uma linha sustentável de acessórios para casa inspirada nas raízes da estilista, natural de São Tomé. Os individuais de mesa e respetivos guardanapos são 100% algodão, com estampados tradicionais africanos. “Comecei pela cozinha, onde tudo acontece no seio de uma família africana. A arte de bem-receber faz parte da nossa cultura e cozinhar receitas tradicionais é um dom que é passado de geração em geração”, diz Roselyn.
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COLTEC INVESTIU 5,2 MILHÕES PARA LIDERAR NA EUROPA
SCUSI QUER CRESCER EM ITALIA É com o sonho de encontrar uma representação de vendas que cubra todo o território que a portuguesa Scusi está em negociações com um grupo italiano. “A pandemia não tem ajudado mas andamos neste namoro há já algum tempo”, brinca José Brito, o responsável da empresa de confeção de moda de senhora. Com mais de 80% das vendas em território nacional, é com resiliência que a Scusi tem ultrapassado as naturais dificuldades impostas pela pandemia. “Não são tempos fáceis, tivemos 90% da mercadoria a aguardar que terminasse o período de confinamento”, confessa.
"Devemos ter sido a empresa que mais vendeu sustentabilidade" José Alexandre Oliveira Presidente-executivo da Riopele
NOVA LINHA PARA CASA DA MANGO FABRICADA EM PORTUGAL Investimento fez as instalações da Coltec crescerem para 7.500 m2, permitindo a modernização e ampliação do parque de máquinas
Numa altura em que a Coltec acaba de completar quatro décadas de existência, é também a multiplicar por quatro que o CEO Paulo Neves olha para a nova realidade da empresa. Com um investimento a rondar os 5,2 milhões de euros em novas instalações e maquinaria, a unidade de S. Tiago de Candoso, Guimarães, converteu-se em líder europeia na capacidade de termocolagem e laminação. Foi a curta distância do pavilhão original, ainda em funcionamento, que a empresa fundada em 9 de Abril de 1981 por Paulo Neves e o pai, Jorge Neves, encontrou o espaço para alargar a sua capacidade de produção. Dos cerca de 2.300 m2 passou a dispor de instalações com mais de 7.500 m2, o que permitiu também modernizar e ampliar o parque de máquinas. A mudança aconteceu em 2019, mesmo a tempo de responder ao imprevisto desafio da Covid-19. Com a nova capacidade de produção e armazenamento, a empresa chegou no ano passado a a produzir diariamente cerca de 40 mil metros de malhas destinadas à confeção de descartáveis para a área da saúde. De forma continua, 24 sobre 24 horas, incluindo sábados e domingos, o que explica que tenha fechado o ano com um recorde de faturação a rondar os 7,3 milhões de euros, depois dos 5,5 milhões com que tinha fechado as
contas de 2019. A par da nova maquinaria, a empresa investiu também na criação de um laboratório interno, potenciando ao mesmo tempo a entrada na área de tecidos mais técnicos, como os setores médico e hospitalar – que teve logo o grande teste de stress – e automotive. Os projetos em curso apontam para a entrada em produtos têxteis ainda de maior exigência técnica na área da saúde e hospitalar, a par da construção civil. “Somos reconhecidos na Europa pela nossa tecnologia como a empresa com mais capacidade de termocolagem e laminação. Produtos que só nós fazemos, como efeitos especiais para moda, marroquinaria e calçado, com imitação de pele de cobra ou de leopardo”, explica o CEO Paulo Neves, adiantando ainda que com as novas máquinas, a Coltec conseguiu também verticalizar toda a produção. “Do desenho ao produto final, somos os únicos em Portugal, e Europa só há alternativa em Itália”, esclarece. Líder no fornecimento de serviços de laminação têxtil, colagens diretas e revestimento com termo adesivos e membranas respiráveis e impermeáveis, a Coltec exporta cerca de 90% da produção – metade de forma indireta – para clientes que vão da área têxtil até à indústria automóvel, passando pela saúde/hospitalar, militar/segurança, vestuário e calçado. t
PRESIDENTE DA ATP PEDE APOIOS PARA A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL O presidente da ATP diz serem necessários programas de apoio às empresas que ajudem a fazer a transformação digital. Numa conferência sobre o Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) com a presença do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, Mário Jorge Machado alertou ainda para a necessidade de mais formação contínua de toda a cadeia de colaboradores. Na sessão realizada na Universidade do Minho, Siza Vieira
voltou a reforçar o apelo do governo para que os empresários formem redes de colaboração e apresentem projetos. “Vamos ter recursos. Pensem no que podem fazer com esses recursos, apresentem as candidaturas e projetos em rede”, disse o responsável pela pasta da Economia e Transição Digital, lembrando “que estão disponíveis verbas para as empresas: 715 milhões de euros para a transição verde e 650 milhões de euros para a transição digital”.
Siza Vieira explicou ainda que o PRR está programado com vista ao futuro e não numa lógica de estímulo económico imediato. “Está orientado para investir na nossa prosperidade futura, na competitividade da nossa economia, na produtividade das nossas empresas, para serem capazes de melhor aproveitarem os recursos humanos tão qualificados que hoje em dia se vão formando em instituições como esta”, disse, referindo-se à UMinho. t
A coleção de têxteis para a casa da Mango aposta nos produtos para quarto, sala e casa de banho e é fabricada em Portugal. “Um dos aspetos que era importante é que fosse produzida nas proximidades”, disse Laura Vila, diretora da linha para o lar que a marca espanhola acaba de lançar. A responsável pela linha homewear da Mango explica que 80% da coleção foi fabricada em Portugal, apontando a indústria portuguesa como uma das mais importantes do mercado europeu.
SET.UP GUIMARÃES E TECMINHO À PROCURA DE STARTUPS INOVADORAS A Set.Up Guimarães e a TecMinho desenvolveram o Set.Up IN(dustry), um programa intensivo de aceleração que transformará novas ideias em negócios de sucesso, por meio de um conjunto de workshops e coaching individualizado. A iniciativa irá facilitar a ligação entre novas startups e as empresas industriais do município de Guimarães. O estímulo ao crescimento de uma nova cultura industrial na região, baseada em soluções inovadoras, é um dos objetivos do programa destinado a empreendedores, individualmente ou em equipa, com ideias de negócio criativas, tecnológicas ou de conhecimento intensivo.
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milhões de euros foi o volume de negócios da Lenzing no 1º trimestre
SALSA LANÇA CARTEIRAS COM PRONÚNCIA DO NORTE A cidade do Porto foi a musa que inspirou a nova linha de carteiras Salsa, que reúne sete modelos diferentes batizados com os nomes de algumas das freguesias da Invicta, como a mochila “Campanhã”, que combina pele com poliéster, a carteira “Boavista”, em pele preta e pequenas tachas metálicas, ou a “Foz”, a mala pequena de tiracolo de efeito croco. Já a clássica “Aliados” tem duas alças de ombro, e a “Invicta”, em formato meia lua, tanto pode ser usada como mala de mão como a tiracolo, numa coleção que tem ainda a “Mini Foz” e a “Mini Invicta” em formatos mais pequenos.
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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey
Susana Cunha Guimarães Mentora da Cotton Moon
Família Vive com marido, Pedro, e os filhos Santiago e “Pedrinho”, com 12 e 2 anos Casa Apartamento nos Pinhais da Foz, no Porto Carro Volvo V60 Portátil MackBook Air Telemóvel Iphone X Hobbies Passar o tempo em família, almoçar com as amigas e praticar desporto Férias Não prescinde das estadias em família em Cerveira e o período de verão no Algarve, “mas sem dúvida o meu destino de eleição é a Índia onde já fui umas oito vezes” Regra de Ouro “Quem não arrisca, arrisca”
Susana quer fazer-nos sonhar acordados Aceite-se o desafio de a comparar com as princesas e protagonistas dos contos infantis e temos um misto de Pipi das Meias Altas, ousada e imprevisível, e de Bela Adormecida, fruto da educação exímia que recebeu e que a fez frequentar alguns dos melhores colégios do Porto. Ficção à parte, o certo é que, por onde passa, Susana Cunha Guimarães é notada. “Sempre fui muito comunicativa, adorava estar rodeada de amigos e primos e gostava imenso de encenar espetáculos e coisas do género”, recorda Susana, que chegou a frequentar uma formação de teatro em Londres. Nunca chegou a subir a palcos como atriz mas rapidamente conseguiu aplicar algumas dessas aprendizagens no Porto Canal, onde trabalhou durante quase 15 anos como jornalista e apresentadora. “ O Porto Canal está no meu coração para sempre, mas houve um momento em que senti que precisava de agarrar novos desafios e seguir sonhos antigos”, confessa Susana, que é também uma fervorosa adepta do FC Porto. Foi assim que em 2020 surgiu a ideia de criar aquela que viria a ser a Cotton Moon, uma marca de pijamas e camisas de noite para crianças que alia a qualidade dos tecidos nacionais às tradições familiares. “Começou tudo como uma brincadeira entre mim e a Filipa Campos, a minha sócia”, conta. Foi em Vila Nova de Cerveira, onde desde criança Susana passa parte das férias de verão com a família, que as jovens empreendedoras deram início ao negócio, quando se aperceberam que existia uma lacuna de pijamas e camisas de noite clássicas no mercado nacional. Ambas tinham já o hábito de ir à feira de Cerveira comprar tecidos para pedir a uma costureira que os transformasse em pijamas para os seus filhos. “Houve um dia em que eu disse à Filipa: espera lá, isto é um negócio porque as nossas amigas também têm este problema”, admite, entre risos, Susana, que no seu jeito enérgico rapidamente “mexeu os cordelinhos” para fazer nascer a Cotton Moon. Neta de um grande industrial têxtil – o avô Cunha de Guimarães é ainda hoje homenageado em Pevidém, Guimarães, de onde era natural – e filha de uma empresária do setor, foi para Susana natural trazer ao de cima a sua até então algo escondida veia têxtil. De contacto em contacto chegou até à Somelos, que prontamente abraçou o projeto o que “elevou a fasquia da nossa marca que, com os tecidos e confeção da Somelos, ganha novos objetivos e dimensão”. A marca foi apresentada em março de 2020 e tem já nos seus sonhos a internacionalização, nomeadamente para os mercados europeu e norte-americano. “Acreditamos muito no valor e na qualidade dos nossos artigos e estamos confiantes que vão penetrar bem no mercado internacional”, assume Susana que, pelo menos para já, deixa pais e filhos a sonhar acordados. t
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a MUNDO VERDE
foi a percentagem do aumento da procura de bens sustentáveis nos últimos cinco anos
"Portugal é uma grande referência internacional ao nível dos processos sustentáveis" Mário Jorge Machado Presidente da ATP
FATEXTIL FAZ A PRIMEIRA PEÇA DE MODA COM CARBONO NEGATIVO É uma novidade na indústria da moda global e é com a ajuda da portuguesa Fatextil que a marca britânica Sheep Inc acaba de lançar aquela que diz ser a primeira peça com uma pegada de carbono negativa. Trata-se de um hoodie fabricado em Penafiel pela Fatextil, reconhecida especialista na confeção de malhas e já com mais de três décadas de experiência. A notícia é da revista Drapers, que diz que a Fatextil recorre na sua fábrica de Croca, em Penafiel, a energia solar e máquinas de tricotar 3D, num processo em que a produção final de cada peça acaba por remover mais CO2 da atmosfera do que aquele que emite em todo o processo de fabrico. Como matéria-prima, a Sheep Inc usa a lã Merino extrafina proveniente de três estações regenerativas de ovelhas na Nova Zelândia, que são depois fiadas pela alemã Südwolle, que aplica um tratamento sem cloro no fio denominado Eternity X-Care.
Está já aberta a consulta pública da Comissão Europeia no âmbito da Estratégia Europeia para os Têxteis Sustentáveis. O objetivo é orientar a produção para uma economia circular, com apoio ao investimento, investigação e inovação. Dada a importância e relevância da consulta, A Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal considera fundamental que todos participem, identificando as suas prioridades e interesses. Numa circular dirigida às empresas, a ATP informa que a consulta decorre até ao dia 4 de agosto e que é possível responder em português.
LEVI’S QUER CRIAR UM MERCADO SUSTENTÁVEL
O hoodie fabricado pela Fatextil utiliza lã Merino extrafina como matéria-prima
“Cada hoodie é então confecionado pela especialista portuguesa Fatextil, utilizando máquinas de tricô 3D 100% movidas a energia solar, para garantir um processo de fabricação sem desperdício”, especifica a publicação. Além de 100% biodegradáveis, “estes hoodies vêm
mostrar que pode haver um futuro onde o design convive em harmonia com a natureza”, diz Edzard Van der Wyck, co-fundador da marca britânica. Segundo a revista, os hoodies feitos pela Fatextil foram colocados à venda esta semana, pelo preço unitário de 140 libras, cerca de 163 euros. t
UPCYBOM: MARKETPLACE DE UPCYCLING CHEGA A PORTUGAL Chama-se Upcybom e é um marketplace internacional dedicado ao comércio de excedentes de produção. A plataforma, que na Ásia conta já com muitas empresas entre os utilizadores, entrou agora em Portugal e está a recrutar empresas de todos os setores da ITV para criar uma rede de escoamento de stocks mortos. Com uma experiência de 20 anos no setor têxtil – passou por empresas como a Carditex, o Grupo Texeurop e o
PLANO ECOLÓGICO EUROPEU EM CONSULTA PÚBLICA
Grupo Valérius – Manuel Oliveira acredita que há muito valor esquecido nas empresas têxteis portuguesas. “Existe sempre stock entre as encomendas de matérias-primas e o consumo real, e provavelmente sempre existirá. E estamos a falar de dinheiro que fica parado em armazém”, lembra. A Upcybom avança mesmo com uma estimativa do total de stock inativo à espera de ser recuperado: 100 mil milhões de euros, distri-
buídos pelos armazéns têxteis de todo o mundo. “As fábricas podem colocar esse stock no site, e marcas e estilistas vão consultar a matéria-prima. Para as empresas é a oportunidade de escoar o stock, para os clientes é a chance de encontrar algo que está imediatamente disponível e representa uma aposta sustentável: a utilização de materiais em fim de vida, que de outra forma seriam desperdício”, explica Manuel Oliveira. t
A Levi’s lançou a campanha ‘Buy Better, Wear Longer’, que incide sobre a responsabilidade partilhada na minimização do impacto ambiental da produção e do consumo de roupa. Além de encorajar clientes a ter um comportamento de compra mais consciente, a usar as suas peças por mais tempo e a optar pela compra em segunda mão, quer também incentivar o recurso às Levi’s Tailor Shops para prolongar a vida das suas peças em denim.
"A nossa inovação está 100% relacionada com o que é a economia circular" Elsa Parente CEO da RDD
MO LANÇA PRIMEIRA COLEÇÃO GREEN Depois de apresentar várias coleções cápsula sustentáveis, a MO acaba de lançar a sua primeira coleção completa de origem sustentável, com opções para mulher, homem, criança e bebé. O algodão orgânico, cultivado com fertilizantes naturais, a fibra Tencel, o Lenzing Ecovero e o algodão reciclado são as matérias-primas que dão vida a esta coleção.
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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana d'Orey
Paola Garcia-Trevijano paolagtrevi.myportfolio.com
O que faz? É um serviço “chave na mão” que inclui fotografia, styling e direção criativa para a produção de editoriais de moda Áreas Trabalha com marcas de moda, calçado e quer também conquistar o mercado da cosmética e bem-estar Fundação Janeiro de 2021 Equipa Paola Trevijano é uma “faz tudo” embora, pontualmente, estabeleça colaborações com outros profissionais Escritórios Porto
ITMF: QUEBRAS DE PRODUÇÃO MUITO AQUÉM DO PREVISTO O volume de negócios global da indústria têxtil caiu 9% em 2020 relativamente ao ano anterior, segundo revela o último estudo estatístico da International Textile Manufacturer Federation. Um valor que a federação considera ter ficado muito abaixo do antecipadamente previsto, na ordem dos 33%. Os dois segmentos que se destacam pela positiva “são os produtores de não-tecidos (variação de 0%) e de fibras (mais 10%), que beneficiaram da extraordinária procura de equipamentos de proteção individual durante 2020”.
"A inovação não está só nos produtos, mas também na nossa atitude" Isabel Furtado CEO da TMG Automotive
CÉLINE ABECASSIS-MOEDAS NA ADMINISTRAÇÃO DA LECTRA Professora associada da Católica Lisbon, e tendo já estado ligada à Lectra em Nova Iorque como gestora de produto e de e-business em 1999, Céline Abecassis-Moedas é a nova conselheira da Lectra. A portuguesa passa a integrar nos próximos quatro anos o Comité de Auditoria, o Comité de Remunerações e o Comité Estratégico.
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foi quanto o preço de algodão aumentou nos últimos cinco meses
CENATEX LANÇA CURSO DE GESTÃO COMERCIAL PARA O TÊXTIL
Serviço “chave na mão” para as marcas de moda Chama-se Paola Garcia-Trevijano, nome que utiliza também para dar forma ao seu novo projeto, e é uma luso-espanhola que quer oferecer uma perspetiva global e artística às marcas de moda nacionais. A ideia da jovem, que está a meio da licenciatura londrina em Fashion Tailoring and Creative Direction, nasceu em plena pandemia quando forçada a regressar a Portugal. “Como estou a meio de uma licenciatura em direção criativa e tenho já alguma experiência profissional nessa área, percebi que podia fazer alguma diferença cá em Portugal”, admite Paola, que assim que voltou a terras lusas em 2020, iniciou um conjunto de formações na área da fotografia. Apaixonada pela estética da moda, começou então a fazer pequenas sessões fotográficas para marcas de moda emergentes em Portugal. Mas aquilo que começou como uma ocupação, rapidamente se tornou num desejo profissional maior, que levou Paola a criar um site onde disponibiliza vários serviços na área da moda. “O meu objetivo é oferecer a minha visão global, ser eu”, explica. A missão do projeto de Pao-
la Garcia-Trevijano, que ganha forma efetiva no início de 2021, é oferecer às marcas um serviço “chave na mão” de editoriais de moda que contemple a direção criativa, o styling das marcas, maquilhagem, cabelos e a sessão fotográfica. Dirigida para as áreas do vestuário de moda, acessórios e calçado, tendo já desenvolvido editoriais e campanhas para marcas portuguesas como a P&M Shoes, Carol_line, Vanitas ou Mediterranean, a Paola Garcia-Trevijano não esconde o desejo de chegar também aos mercados da cosmética e bem-estar. “Acreditamos que os nossos serviços, que têm esta particularidade de serem verticais em todo o processo de construção de um editorial ou uma campanha, podem também favorecer as marcas de cosmética e bem-estar. Estamos ainda numa fase de crescimento mas com muita esperança no futuro deste projeto”, remata a jovem luso-espanhola. O novo projeto de Paola Garcia-Trevijano, que pode ser consultado online, tem sede no Porto, embora as campanhas e editoriais estejam a ser desenvolvidos um pouco por todo o país. t
Desenvolver conhecimentos e habilidades na área comercial por meio de uma formação teórico-prática, da troca de experiências em sala de aula e interação com o mercado através de profissionais da docência que trabalham em empresas, são algumas das mais-valias do novo curso de gestão comercial para a ITV organizado pelo Cenatex. “O objetivo é contribuir para aumentar a qualidade, produtividade e competitividade das empresas, que precisam de profissionais que vão além das descrições do cargo e que sejam capazes de atuar em alta performance”, refere Rodrigo Fragateiro, presidente do Cenatex.
GIOVANNI GALLI JÁ ESTÁ A PREPARAR O VERÃO Há calções, toalhas e acessórios para todos os gostos no novo catálogo de verão da Giovanni Galli. Com modelos mais simples, em vermelho, verde ou azul ciano, e padrões mais arrojados, a marca portuguesa promete agradar a gregos e troianos. “É pensada para o público masculino de todas as idades”, esclarece a marca. A Giovanni Galli conta com cerca de 50 lojas próprias – não só em território nacional.
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OPINIÃO INDÚSTRIA TÊXTIL EUROPEIA NUMA ENCRUZILHADA Alberto Paccanelli Presidente da EURATEX - Confederação Europeia do Têxtil e Vestuário
APRENDIZAGENS PANDÉMICAS
A Indústria Têxtil e Vestuário europeia enfrenta um desafio duplo. Por um lado, a pandemia do Coronavírus atingiu o nosso setor mais do que outros, registando quebras no volume de negócios entre 10% e 20%, tendo no comércio a retalho chegado a ser de menos 25%. O défice comercial aumentou, particularmente devido à importação massiva de máscaras e produtos relacionados provenientes da China. Por outro lado, a União Europeia iniciou um processo ambicioso de transição verde e digital, que se traduziu numa onda de regulamentação que irá ter grande impacto nas empresas. Tendo em conta estes dois desafios, a nossa indústria encontra-se numa encruzilhada e é necessário transformar esta crise numa oportunidade de desenvolver um novo modelo de negócio para uma indústria sustentável e competitiva. Segundo a EURATEX, tal modelo terá de ser suportado por três pilares: transformar a sustentabilidade numa fonte de competitividade global; investir na digitalização e assegurar as competências certas para a levar a cabo; e criar um mercado global têxtil com regras iguais e cadeias de fornecimento transparentes para todos. A indústria em si pode fazer muitas coisas, mas as autoridades nacionais e europeias têm de estar igualmente envolvidas. A este respeito, vemos de bom grado a iniciativa da Comissão Europeia de desenvolver uma Estratégia Têxtil Europeia até ao final de 2021. Esta estratégia deverá incluir os seguintes elementos: - A Europa deverá implementar uma fiscalização de mercado eficaz, evitar concorrência desleal e garantir uma concorrência equitativa. O continente tem standards sociais e ambientais muito restritivos e deverá
A crise pandémica tem afetado toda a cadeia de valor do têxtil e vestuário, mesmo em segmentos que se pensou estarem menos expostos ou onde se imaginou que a retoma da atividade pudesse ser mais imediata. De acordo com a Euratex, o volume de negócios do têxtil e vestuário Europeu caiu perto de 20%. De acordo com a Mckinsey, mesmo marcas Hélder Rosendo globais já com presença consolidada e conMembro do Conselho Consultivo da ATP sistência no comércio online, têm assistido a retomas mais tímidas ou continuam com quebras significativas nas vendas. É inquestionável que o comportamento do consumidor face à moda mudou, que os racionais por trás da decisão de compra mudaram, que novos valores se levantam e outros ganham nova importância relativa - essa é a primeira aprendizagem que devemos retirar desta crise. Aprendemos que já não se vende, nem se comunica da mesma forma, que a informação sobre o produto é agora muito mais relevante e que há toda uma nova tribo de consumidores que não quer regredir no que toca às suas exigências na compra. Outra aprendizagem que esta crise pan-
proteger a qualidade dos seus produtos. Sabemos muitas vezes que produtos produzidos noutros países não obedecem aos mesmos standards, e urge tomar medidas . - A Europa deverá apoiar a transição para uma indústria mais sustentável e digital através de fundos e programas específicos. De facto, as PME não têm poder para inovar os seus produtos e processos a curto prazo. E a Europa deve ter uma abordagem de teste de mercado ao avançar para a sustentabilidade e economia circular. - A transição verde deve equilibrar cuidadosamente o custo desse processo de transição e os benefícios de longo prazo. As empresas e os cidadãos podem perder rapidamente o interesse se a transição não trouxer nenhum benefício de curto/médio prazo. A Europa deverá ajudar o sistema e institutos de educação e formação a desenvolver conhecimentos abrangentes e de ponta no T&V. Isto poderá ser conseguido através de iniciativas como o LongLife Learning, Erasmus + e do Pact for Skills. As nossas indústrias têm uma força de trabalho envelhecida e é fundamental assegurar mais formação (reskill/ upskill). Mais importante ainda, o setor deve atrair a geração jovem para se renovar e impulsionar a mudança. A Europa deve ter uma abordagem coerente ao legislar em diferentes áreas. Todas as políticas, desde o Green Deal à estratégia para Produtos Químicos Sustentáveis, da Estratégia Comercial da UE à Estratégia Industrial da UE, devem ser consistentes e não prejudicar a indústria. Com estas medidas tomadas, estamos confiantes de que a indústria têxtil europeia pode permanecer competitiva a nível mundial, com base na qualidade, design e inovação dos seus produtos e processos. t
démica veio confirmar foi a excessiva dependência externa da Europa, em termos produtivos como de matérias-primas. O estudo prospetivo publicado pela UE sob o título “Critical Raw Materials For Strategic Technologies and Sectors in the EU” mostra bem os níveis de risco de fornecimento em setores e tecnologias estratégicas para a economia europeia. Este mês foram várias as notícias de paragens de produção em empresas nacionais por falta de semicondutores fornecidos pela China e por Taiwan... Recordemos o que aconteceu mal começou a corrida à produção de máscaras, em que a “caça” aos materiais certificáveis para as respetivas normas (FFP2/N95) colocou uma pressão inédita sobre os tecidos não tecidos de PP, evidenciando imediatamente uma ponta deste iceberg. Parece-me que a ITV devería ter iniciado mais cedo a procura de soluções locais para o problema das matérias-primas, capazes de reduzir a excessiva dependência externa. Veja-se o exemplo do projeto TreeToTextile, que juntou o grupo Stora Enso, Ikea e
H&M, que promove uma alternativa mais sustentável ao algodão, ao poliéster e à viscose obtida pelo método tradicional. Gosto deste exemplo por três razões principais: aproveita resultados de anos de investigação, levando o projeto até à escala industrial concretizada numa instalação piloto; é um projeto Europeu que junta em co-promoção várias empresas (para além dos três promotores referidos); por ter dimensão crítica (35 milhões de euros de investimento). Se por cima de todo o impacto já visível desta pandemia conseguirmos retirar outras aprendizagens realmente importantes, transformá-las (em tempo útil) em vantagens para a nossa indústria, talvez ainda possamos ir a tempo de pensar numa indústria europeia de nova geração. Poucos setores industriais têm mostrado a resiliência e a capacidade de aprender a reinventar-se como a ITV. Por isso, com o otimismo que sempre me acompanha, acredito que efetivamente aprendemos muito com esta crise e que em breve, se formos ágeis na formulação e aplicação, estaremos mais fortes. t
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Ana Eusébio Designer Têxtil
Catarina João Vieira Editora-Chefe Blue Velvet Editorials
CHEGA DO FAZER MAIS, CRIAR SÓ NÃO CHEGA!
NÃO SOMOS MANEQUINS VAZIOS À ESPERA QUE NOS VISTAM
A moda foi, é, e sempre será um tópico controverso no que toca a desperdício, consumo em massa e produções excessivas. Atualmente produzimos globalmente mais 400% do que há 20 anos atrás, o que equivale a cerca de 35kg de desperdício têxtil por pessoa por ano. Os números são assustadores e a velocidade a que esta indústria se desenvolve também. É algo incrivelmente delicioso de se assimilar no que toca à compreensão da quantidade de indivíduos que consumem esta indústria, mas simultaneamente avassalador quando pensamos no impacto, principalmente ecológico, que este consumo em massa representa. A moda é sem dúvida um universo multifacetado, com tantas expressões como as próprias tendências que o mesmo produz. Atinge todos os indivíduos, desde que se levantam até que se deitam, passando por todo o seu dia-a-dia e as suas experiências daí resultantes. Pensemos...durante o nosso dia quando não estamos vestidos? Mais de 20 das nossas horas diárias são passadas com algum tipo de vestuário, e as restantes quatro, provavelmente são passadas com algum tipo de têxtil-lar! Feitas as contas, levamos os nossos dias rodeados de moda. Mesmo achando que lhe somos indiferentes, ela esta lá. Estará sempre. Isto faz de todos nós, consumidores ativos de moda, assim como agentes ativos desta imensa indústria. É um mundo em constante atualização, no qual, cada vez mais e de uma forma positiva, as diferentes marcas se preocupam em transmitir conteúdo e não apenas produzir porque queremos criar algo novo. É uma trend que veio para ficar: dar voz a assuntos pertinentes no mundo da moda! Não só porque criam impacto mas também, e acima de tudo, porque sensibilizam e alertam para as mudanças que a nossa sociedade e planeta desesperadamente necessitam. Transparência, preocupações ambientais, movimentos ativistas, todos estes tópicos estão cada vez mais presentes nos discursos de moda. Hoje em dia sabemos, se assim entendermos, o consumo energético gasto por cada peça de vestuário que adquirimos, sabemos quem produziu essa peça e onde, sabemos a proveniência dos seus materiais... e a lista continua. As marcas de moda, os produtores, e a indústria em si, estão cada vez mais focados nestas questões e comprometem-se a fazer não mais mas melhor. Chega do fazer mais, criar só não chega! Portanto, enquanto agentes ativos que consomem esta indústria, nós também temos responsabilidade de não consumir mais, mas sim consumir melhor. A escolha é imensa, as opções também. Cabe-nos saber selecionar, e pensar nessa pequena ação de compra e no contributo que a mesma dará ao nosso planeta. Comprar a pensar em comunidade e não em individualidade. Comprar a pensar além da peça de vestuário. Comprar, vestindo a causa que estamos a adquirir. A moda é muito mais que peças de vestuário, que expressões, identidades ou estilo. É uma voz ativa para a mudança! E é esta mudança que temos, enquanto indústria, de continuar a alavancar, e enquanto consumidores, de começar a compreender e aceitar. t
Nos últimos anos, tenho vindo a refletir sobre a importância da roupa que visto, não só como uma paixão minha, mas também como algo que, acredito, nos transcende. A moda é intensa, íntima, complexa. Não é fútil. É uma realidade intemporal que, quer percebamos, quer não, faz parte de nós, como seres sociais e parte do nosso eu profundo. Apesar da magia, do sonho, que envolve este mundo, também existe uma parte feia e tóxica que encobre realidades muito presentes na sociedade contemporânea. Trabalho infantil, salários precários, discriminação, supremacia branca, exploração de terras, colonialismo, racismo... A enumeração não pára. O fast fashion, entre outras cadeias de produção massiva, usa esses mecanismos e abusa do seu poder para sustentar um negócio de biliões. Apesar de alguns esforços que estão escondidos por estratégias de greenwashing, não é suficiente. Além disso, uma transição justa deve envolver a criação de políticas laborais, de ocupação de território, e um forte compromisso das marcas em todas as frentes do seu modelo de negócio. As marcas são responsáveis por isto, mas o consumidor pode mudar esse paradigma. Como apaixonada por moda, tenho consumido muito mais do que é necessário, o que me tem vindo a incomodar, porque reparei que era algo inconsciente. Saldos, estratégias comerciais agressivas nas redes sociais: a manipulação é constante e a tentação também. O comportamento humano é essencialmente conduzido por estímulos e, a partir do momento que perdemos esse controlo, requer que tenhamos força mental para ter espírito crítico. É um processo. Olho para as minhas roupas e pergunto: a camisola que estou a usar reflete trabalho infantil? O vestido que estou a usar está a ser produzido onde mulheres recebem 20 cêntimos por dia? As questões atormentam-me. Não elimino o fast fashion do meu guarda-roupa, nem paro de o usar, mas reflito em não comprar mais, apenas em último caso, e trabalhar na reconexão com aquilo que já tenho. Participei num webinar sobre "Repensar a relação com as nossas roupas" no âmbito da Fashion Revolution Week e esta conexão com o que vestimos é, de facto, uma relação. Eu crio memórias, a minha avó e a minha mãe contam-me histórias sobre as peças que usaram, e por aí em diante. É uma história sem fim, e requer um certo grau de sensibilidade, de olhar para dentro de nós mesmos e conectarmo-nos com o que está ao nosso redor, com a sociedade, o ambiente e, neste caso, com o que vestimos. O nosso estilo, a nossa personalidade, o nosso papel no mundo, não mudará com mais uma peça que vemos numa montra. Apesar de a moda ser um meio de comunicação do nosso estilo, não esqueçamos que a nossa voz fala muito mais alto. Desafio-me todos os dias a repensar, criar e elevar o meu papel como cidadã. Desafiem-se a vocês também! Conheçam-se, entendam os vossos sentimentos e emoções, pensem na comunidade, questionem quem fez as vossas roupas, leiam sobre o assunto, tomem decisões conscientes e, reconectem-se com aquilo que já têm. Não somos manequins vazios à espera que nos vistam. Somos muito mais do que isso. t
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
Já não vai a tempo para a solenidade da comparência na Comissão de Inquérito Parlamentar ao Novo Banco, mas a nossa Katty quer Luís Filipe Vieira sempre em grande estilo. Um fato à prova de injúrias, que até tem umas calças transparentes para realçarem a relação especial e transparente que Vieira tinha com o BES. E encarnado, claro, como as vestes dos antigos guerreiros
Luís Filipe Vieira vestido à prova de injúrias Também vamos responder por escrito! Não por receio de estar a “divagar ou dizer alguma mentira”, mas apenas porque desta forma podemos lembrar ao leitor alguns dos episódios mais caricatos da vida política portuguesa. Para o deleite de todos, a saúde de Luís Filipe Vieira manteve-se firme e capaz de cumprir a sua responsabilidade cívica e responder às questões da Comissão de Inquérito Parlamentar sobre o Novo Banco. Pena não termos chegado a tempo, de oferecer-lhe este lindo fato à prova de injúrias. Ficamos, no entanto, extasiados com a oportunidade de ver esta nossa criação brilhar na tela. Sim, como o Vieira bem suspeitava “tudo isto não passa duma tentativa de alterarem a realidade”. Na verdade, todos os contribuintes já desconfiavam que estas comissões parlamentares não dariam mais do que um bom momento televisivo e agora temos a confirmação. Graças aos nossos investigadores, que descobriram que estes inquéritos são de facto o laboratório de ensaio para a criação de um ambicioso argumento de ficção-política. Todas as comissões tiveram um protagonista à altura e apresentaram material de qualidade, mas sobre esta última, podemos já adiantar um título e subtítulo: “Enforquem o homem! A culpa não é de quem deve, mas de quem assinou o acordo”. Com esta boa notícia, podemos caprichar mais na conceção da nossa obra. Até porque Luís Filipe Vieira não concedeu espaço algum à humildade. Deixando bem claro que vive bem, tem muitos negócios, tem uma boa reforma e muitas propriedades, embora nem se lembre da casa para palheiro que deu como aval. Para além desta boa vida, o fisco ainda reforçou a sua conta com um modesto par de milhões. Assim sendo, e apesar das dívidas, não precisamos de fazer uma fatiota poupadinha. Comecemos então pelo elegante blazer que procura salientar toda a majestosidade do inquirido. É encarnado como as vestes dos antigos guerreiros e feito de veludo, o material dos verdadeiros reis do povo (não dos frangos). Por outro lado, tem umas grandes ombreiras que o projetam em altura e dimensão e uma águia ao peito. Este último detalhe em homenagem à relevância do seu cargo, já que, Luís Filipe Vieira teve “a noção exata de estar ali sentado por ser presidente do Benfica” e não por ser o proeminente homem de negócios e segundo maior devedor do banco. Continuando a construção desta fatiota, por dentro do blazer vestimos uma clássica camisa amarela a combinar com o sorriso de Vieira, enfeitando o colarinho com um pequeno lenço de seda digno de “nota”. Completamos o look com umas especiais e transparentes calças de organza de seda, que assinalam a relação especial e transparente que Vieira tinha com o BES. Por precaução e para atenuar as consequências de tanta pancada, amortecemos os seus pés com umas altas e esponjosas botas de plataforma. Pois, como todos tivemos oportunidade de testemunhar, a “pancada foi muito forte” quando descobriu em plena comissão de inquérito, que, afinal, era ele o segundo maior devedor do banco. Porque é que ninguém percebe que este ilustre empresário “vindo do povo”, que trabalha desde os seus tenros 14 anos e que sempre foi desconsiderado “por certas elites”, está apenas a ser “vítima de calúnias”. Este homem que sofreu um “grande trauma”, não por não poder ter amigos, mas sim por não os saber escolher. Situação que segundo o próprio, não só o colocou nesta posição, como garantiu o título de presidente do Benfica, talvez o seu único pecado. O fato é único e à prova de reestruturação na tentativa de travar o vício do inquirido, que, de reestruturação em reestruturação vai enchendo a galinha ao papo, depenando pelo caminho o contribuinte e deixando o país de papo vazio. Uma coisa aprendemos com tudo isto, não vale a pena pagar, é só reestruturar e quando o prazo da reestruturação acabar, é só voltar a reestruturar. Talvez agora com o fim das moratórias nós, os comuns lusitanos, possamos reestruturar as nossas dívidas. t
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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Restaurante O Victor Rua de Antas, 6 4830-671 São João de Rei Póvoa de Lanhoso
UM BACALHAU REAL Não é todos os dias que se entra numa verdadeira instituição nacional para almoçar. Infelizmente nos últimos meses nem sequer foi todos os dias que pudemos entrar num simples restaurante, quanto mais numa instituição como o Víctor de S. João de Rei. Devo dizer que já não é a primeira vez que me acontece uma estreia não vir só. Neste dia de sorte em que me estreei no Víctor e em S. João de Rei, já vinha de me estrear em Póvoa de Lanhoso e na visita a duas empresas têxteis onde também nunca tinha estado: a R. Maia, na dita Póvoa, e a Source Textile em Celeirós, Braga. Confesso que entrei no restaurante de corda ao pescoço. Senti muita vergonha por ter demorado tanto tempo a ir a um templo que eu já admirava há muitos anos. Achei incrível ter deixado que o Víctor chegasse aos 83 anos perante a minha indiferença. Culposa, porque informada. Foi bem feito que ele tivesse troçado de mim, dizendo-me que ainda tinha muitos anos pela frente. Que é o que mais desejo, pela sua saúde e pelo nosso prazer.
COM O SELO DE QUALIDADE FITECOM
Tudo começou pela entrada em que fomos recebidos como gente importante por quem é mais importante do que toda a nossa comitiva. Quase fingindo que já não respondeu milhões de vezes ao mesmo, o inigualável Víctor contou as estórias do seu bacalhau, os cuidados a ter e os segredos da longevidade da sua fama. Claro que os segredos da sua própria longevidade não os revelou, com grande pena nossa. Depois desta entrada triunfal, onde até nos mostrou uma camisola suada do Diogo Dalot (que agora brilha em Milão), parece que houve mais umas entradas, mas devem ter sido só para aumentar o suspense. Horas depois (exagero, mas foi o que senti!) chegou o autêntico rei de S. João de Rei, o bacalhau do Víctor. Foi a partir daí que nos calamos todos e é a partir daqui que me calo eu também. Quem já lá foi, percebe. Quem ainda não conhece, é só tratar de corrigir esse erro de palmatória a correr, que vai logo perceber. Não sou digno de escrever sobre o bacalhau do Vítor. Espero que ele me considere digno de lá poder voltar. t
Quinta dos Termos | Clarete Tal como a Fitecom nos têxteis, também a Quinta dos Termos é uma referência na produção de vinhos na Beira Interior. João Carvalho, já se sabe, não é homem para meios-termos e quando abraça um projeto é mesmo para levar a sério. E se no que toca à têxtil já todos conhecemos o percurso de inovação e sucesso trilhado pela Fitecom, na Quinta dos Termos multiplicam-se igualmente as referências de qualidade. O CEO da Fitecom investiu forte na propriedade de família, onde ele próprio nasceu, que rapidamente converteu numa quinta modelar, cuidando e recuperando de castas autóctones e produzindo também com o foco no equilíbrio ambiental e na sustentabilidade. Toda a propriedade está certificada em modo Produção Integrada, sendo a maior produtora de vinhos com a denominação de origem Beira Interior. O vinho Clarete é um perfeito exemplo desse cuidado na recuperação do património vitícola da região. Uma categoria quase esquecida, que junta castas brancas e tintas, e dá um vinho saboroso, intenso e fresco. Excelente para a mesa, mas que funciona também como um bálsamo para o palato nestes dias quentes que anunciam o verão. Obrigatório provar!
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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes
Ricardo Faria, 52 anos é o COO da Dune Bleue. Apaixonado pela vida, pela família e pelos amigos, como o próprio se descreve, conta já com 30 anos de vida no mundo dos trapos. Entre as coisas que mais gosta de fazer estão os passeios de BTT e os bons momentos à mesa com aqueles que mais gosta, o hobbie preferido de qualquer bom português!
SOUVENIR
UMA PAIXÃO PELOS SNEAKERS DOS ANOS 90
Gosta
Não gosta
Persistência Honestidade Humildade
Teimosia Mentira Pessimismo Cobardia
Viajar Tinto do Douro Branco do Alentejo
Sushi Trânsito Favas Dentista Esperar
Jantar com amigos Conforto Carros
Fazer esperar Falta de carácter Ser
Bicicletas BTT Cozido à portuguesa Sol
contrariado Agulhas Stress Leite Acordar
Montanha Conduzir Família Ser mimado
cedo Vermelho Shoppings Escolher
Trabalhar Cozinhar Criatividade Cinema Música Pudim Abade de Priscos FCPorto Pôr-do-Sol Férias Natal Ler o jornal Perfume Tarte São Bento Crianças Laranjas Massa Camisas Polos Roupa desportiva Velocidade Ar condicionado Meias Fado Mariza Filmes de ação Pequeno-almoço Ovos Jeans Estar informado Cabelo molhado Pão Debate
presentes Fazer compras Dióspiros Papaia Fígado Roupa grossa Fato Blazer Gravata Multidões Toque de telemóvel Moscas e mosquitos Romances Corpo suado Redes sociais Cheiro de terra molhada Óculos Casa fria Discutir Cheiro a tabaco Intrigas Pijama Campismo Fazer a mala Bombazina Répteis Sol nos olhos
Ruído do silêncio Sapatilhas Relógios
Bigodes Nortada Carne bem passada
Gin-tónico Moto 4 Cães
Pepino Transportes públicos
Mais que paixão à primeira vista, este é um amor muito antigo, que vem dos anos 90 – já no século passado, imagine-se – quando a Adidas dominava a moda desportiva e os sneakers dos basquetebolistas americanos eram o top. Pois bem, em 2019 andava pelas ruas de Nova Iorque e foi como um regresso ao passado, um flash! A Adidas estava a lançar uma nova edição desses símbolos, que logo me chamaram a atenção pelas cores verde e castanho das listas que são a imagem da marca. Foi um reacender da chama desse amor antigo. Tanto que nunca mais os larguei, uso-os em todas as ocasiões e é incrível como um produto que é do século passado se mantem plenamente na moda. Ainda há uns dias comentava com o estilista Miguel Vieira como este modelo se mantém atual. É a prova de que o design, quando bem feito, perdura no tempo. E é muito giro ver que as pessoas reparam nas sapatilhas. E são dos anos 90! E não é só o lado fashion, são também muito confortáveis, perfeitas para andar. Quando, em contextos de maior formalidade, tenho que usar uns sapatos, não sossego enquanto não consigo voltar a calçar as sapatilhas. Apesar de trabalhar em moda, sou de gostos muito básicos, o importante é ser confortável. Este modelo pode até ter tido alguma atualização em termos de design mas é igualzinho ao dos anos 90. Não sei ao certo, mas se calhar é o mais vendido do mercado. A minha empregada limpa-as sempre com pasta dos dentes, o branco fica impecável, estão sempre como novas. Quanto mais velhas, mais bonitas e eu não consigo usar outro calçado. Até costumava dizer que não podia passar sem elas e que qualquer dia tinha que comprar outras iguais, mas a minha mulher e os meus filhos resolveram o assunto. Na Farfetch compraram-me outras. Não são exatamente iguais, porque as listas da Adidas são em vermelho e azul. t Victor Hugo
Fotógrafo de Moda