T65 - Setembro 2021

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PERGUNTA DO MÊS

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COMO PODEM OS AUMENTOS DOS CUSTOS DE CONTEXTO AFETAR AS EXPORTAÇÕES? P4E5

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

EMERGENTE

DORA GUIMARÃES SEMPRE SONHOU COM DESIGN P 31

SAMUEL COSTA

OPINIÃO

EMPRESA

OS CUSTOS DO TRANSPORTE MARÍTIMO E A FALTA DE CONTENTORES

SOURCE TEXTILE TEM 15 ANOS E UMA HISTÓRIA RECHEADA DE SUCESSOS

P 35

P 14

FOTOS: RUI APOLINÁRIO

Responsável pelas áreas comerciais e produção da Sonix

“NO CAMINHO DA DIGITALIZAÇÃO DESDE 2018” P. 20 A 22

DOIS CAFÉS E A CONTA

AS FUNCIONÁRIAS SÃO O ATIVO MAIS IMPORTANTE DA TMR CLOTHING P6


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL Por: Manuel Serrão

“Wet Dress” Uma criação da estilita Dimitra Petsa, que recorre a uma técnica especial de drapeamento e costura sobre malha reciclada.

UMA ITV MAIOR E VACINADA

Um vestido inspirado nos fluidos corporais Que é reciclado parece não restarem dúvidas, mas a grande questão que se coloca é a de perceber se está seco ou molhado o vestido de malha que recentemente a modelo Bella Hadid colocou nas boca do mundo. A aparição foi em meados de agosto e logo a peça ficou conhecida como “wet dress”, já que toda a aparência aponta para que a modelo se tenha apresentado como se tivesse optado por ir ao duche vestida, ou tivesse sido fotografada depois de ter caído à piscina. Acontece! Acontece também que muitas vezes as aparências iludem, e logo os mais entendidos se apressaram a esclarecer que o estilo molhado com que Bella Hadid se apresentou não passa de uma ilusão de ótica, causada por uma técnica de drapeamento. Se non é vero, é benne trovato, dirão os entusiastas do estilo, citando o famoso provérbio italiano que valoriza o resultado independentemente da sustentabilidade das premissas. Contam por isso as crónicas que foi grande a aprovação, usando adjetivos como estonteante e deslumbrante para descrever o fervor dos aplausos dos admiradores. O que não explicam é se apenas dirigidos

à modelo ou extensivos também à criadora, a estilista Dimitra Petsa, que para apimentar a curiosidade explicou que se inspirou nos fluidos corporais para conceber este vestido de malha reciclado. Pois é. Embora a perceção seja a de que a modelo se apresentou mesmo encharcada, a verdade é que esse é apenas um efeito de ótica que resulta da técnica de drapeamento e costura utilizada pela estilista, que faz com que surta esse efeito molhado na malha reciclada. A par da referência aos fluidos corporais, Dimitra Petsa explicou ainda que o design resulta também de um processo muito íntimo e pessoal, no qual é colocada muita emoção e dedicação. Coisa que, digamos, não será fácil de discordar. Para as eventuais interessadas no estilo, diga-se ainda a peça está avaliada em 2.840 dólares e que a estilista já disse também que cada vestido é feito individualmente para cada cliente e para o formato de seu corpo. Ou seja, nem todos serão iguais e cada vestido molhado terá a aparência própria em função do corpo que o envergue. Garantido apenas é o estilo molhado. t

A inspiração para este editorial chegou da leitura da crónica caricaturada com que a Katty Xiomara nos brinda em cada edição do T e já lá vão quase 60! O protagonista desta vez é o ViceAlmirante Gouveia e Melo, comandante supremo das nossas forças de vacinação no terreno. A nossa estimada designer propõe um novo modelo de camuflado a pensar no Inverno que há-de vir, mas até porque ainda estamos em pleno Verão, o que eu convoquei para esta prosa é o conceito de camuflado. Que não quer nem pode camuflar o têxtil de que é feito. Quando foi investido nas novas funções, Gouveia e Melo não decidiu passar a envergar o camuflado por acaso. Sem precisar de ser versado em moda ou marketing , o presidente da task force da nossa vacinação o que quis foi adotar uma imagem de marca e no seu saber apenas de experiência feito, intuiu logo que era através do vestuário exterior que ela melhor entraria no interior de todos os portugueses. Mais do que promover a normal resolução das necessidades básicas do ser humano, a ITV é sempre prioritária quando o homem ou a mulher procuram uma imagem de marca. Em Portugal sabe-nos bem poder afirmar que temos uma ITV maior e vacinada! t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Texto: Cláudia Azevedo Lopes Ilustração: Cristina Sampaio

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“Ou as empresas passam o acréscimo nos custos para os clientes, ou absorvem no todo ou em parte esses aumentos e diminuem as suas margens”

“O aumento de 900% no custo do transporte marítimo e de 10% no transporte terrestre são impossíveis de absorver”

“A nossa principal concorrência localiza-se em países onde os custos de contexto não são tão elevados, deixandonos assim em desvantagem”

MÁRIO JORGE MACHADO ATP

ANTÓNIO TEIXEIRA A PENTEADORA

JOÃO CARVALHO FITECOM

COMO PODEM OS CUSTOS DE CONTEXTO AFETAR AS EXPORTAÇÕES? A somar aos exorbitantes custos de energia, o disparar das despesas com o transporte marítimo e a escalada dos preços das matérias-primas, estão a criar um cocktail explosivo para as empresas e ameaçam o ritmo das exportações. E o pior é que a situação tende ainda a gravar-se. A diminuição dos impostos e preços da energia, aliadas a uma regulação europeia das tarifas dos transportes, são algumas das medidas reclamadas pelos empresários. Sobretudo, o que pedem é que não lhes cortem as pernas.

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pesar da reconhecida resiliência e capacidade de adaptação da ITV portuguesa, a escalada nos custos de contexto pode pôr em causa a competitividade das nossas têxteis. Um cenário com contornos ameaçadores, que está a asfixiar as empresas e que pode afetar seriamente a sua capacidade exportadora. Rui Martins, administrador da Inovafil, destaca logo à cabeça o aumento dos custos do transporte marítimo, que chegam a multiplicar-se por seis nos últimos tempos. “É um cocktail explosivo. Aos custos com a mão-de-obra, também numa tendência ascendente, juntaram-se os transportes marítimos, com um aumento de seis vezes no


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“Continuamos a não olhar para o problema de frente e com a importância devida, pois baixar os custos significa mais exportações, mais emprego e mais futuro!”

“Não são só os custos de energia, matérias-primas e transportes, também uma panóplia de taxas e impostos retiram competitividade às nossas exportações”

“O Estado tem que ajudar as empresas. Nós queremos dar riqueza ao país mas assim é impossível, não conseguimos sobreviver”

RUI MARTINS INOVAFIL

JOSÉ ROBALO ANIL

JOSÉ ARMINDO FERRAZ INARBEL

tivos com custos tão elevados”, constata, apontando o dilema atual das empresas: “Para os conseguir suportar, temos de aumentar ao produto final e o cliente, como é óbvio, não entende esses aumentos. Só nos resta suportar.” Um caminho alternativo, para além da óbvia descida do preço da energia e das taxas a ela associadas, poderia passar, na opinião de José Armindo Ferraz, pela descida dos impostos, para que esse valor fique retido nas empresas e ajude a suportar estes custos. “O Estado tem que ajudar as empresas. Nós queremos dar riqueza ao país mas assim é impossível, não conseguimos sobreviver. Só peço que nos deixem trabalhar!”, reitera o administrador. Para António Teixeira, administrador de A Penteadora, a matemática da competitividade do setor é fácil de fazer, mas o resultado está longe de ser positivo. “O aumento de 900% no custo do transporte marítimo e de 10% no transporte terrestre são impossíveis de absorver e o aumento das matérias-primas, num momento onde a procura é reduzida, pode resultar numa atividade especulativa. Tudo isto coloca a indústria transformadora sobre uma enorme pressão”, explica. Para além disso, o atraso na receção de matérias-primas e o

aumento do custo das mesmas, colocam em causa os contratos estabelecidos e obrigam as empresas a diminuir o seu lead-time. “Naturalmente, e estando Portugal no extremo da Europa, estes lead-times têm um impacto forte na obtenção e cumprimento de prazos e em consequência retiram capacidade exportadora”, sentencia o empresário que fala num “peso enorme” dos custos de contexto: “Exportamos 98% da nossa produção e a nossa exportação faz-se em 90% por via terrestre (camião) e 10% por via marítima e/ou aérea, pelo que é fácil de imaginar o peso destes aumentos de custos e de transit-time na atividade da empresa”. Para o administrador de A Penteadora tudo não passa de atividade especulativa, até porque o crescimento do volume de negócios de 2020 para 2021 não foi o suficiente para justificar a ausência de transporte marítimo disponível e tão-pouco o aumento exponencial do seu custo, pelo que diligências junto das entidades europeias devem ser tomadas no sentido de regularizar a situação. Já a nível nacional, importa para o empresário perceber por que razão existe menor oferta de transporte terrestre e o consequente aumento do seu custo. “A existência de uma rede de transporte terrestre forte e competitiva faz com que as empresas exportadoras sejam também elas fortes e competitivas”, completa. Convicto de que os atuais custos de contexto prejudicam – e muito – a viabilidade das empresas exportadoras, João Carvalho, CEO da Fitecom, está mais do que certo que o mercado atual não vai aceitar as subidas de preço resultantes do aumento desses custos. “A nossa principal concorrência localiza-se em países onde os custos de contexto não são tão elevados, deixando-nos assim em desvantagem. Mesmo em indústrias que competem pela diferenciação, como é o nosso caso, o preço dos produtos sofre um incremento natural e, consequentemente, as empresas veem a sua competitividade afetada”, explica, dando conta e que para a Fitecom os custos do último quadrimestre foram bastante mais elevados do

preço dos fretes. Uma situação ilógica e instável, que nem poderíamos imaginar acontecer nos dias de hoje”, explica. Um aumento por si só praticamente incomportável, mas que é ainda agravado pelo péssimo serviço prestado, com atrasos constantes e falta de informação de lead times. “Isto resulta em atrasos consecutivos e falta de credibilidade nas datas das entregas, tanto no mercado interno como no mercado externo”. E se nada pode ser feito no imediato relativamente aos custos das matérias-primas e aos transportes – “talvez apenas levar estas preocupações às mais altas instâncias europeias” –, Rui Martins aposta na diminuição dos custos da energia para dar algum fôlego às empresas. “Temos que continuar a reforçar o apoio à implementação de renováveis, e o mais brevemen-

te possível baixar os custos das tarifas e impostos da energia cobrada à indústria. Continuamos a não olhar para o problema de frente e com a importância devida, pois baixar estes custos às empresas significa mais exportações, mais emprego e mais futuro!”, completa. Também o CEO da Inarbel, José Armindo Ferraz, não tem dúvidas de que os custos de contextos estão a asfixiar as empresas. "Os preços que se estão a praticar ao nível da energia são uma vergonha. Têm vindo a aumentar sempre nos últimos anos e estão agora em valores incomportáveis. Há uns anos o preço do barril do petróleo estava nos 150 dólares e agora está nos 40! Se houve uma queda tão acentuada do preço do barril, porque é que isso não se manifesta numa descida do preço dos combustíveis?”, questiona o empresário. À energia, junta o disparar dos fretes marítimos. “Aqui há tempos, um contentor tinha o custo de 2500 ou três mil dólares e neste momento esse valor está em 15 mil dólares! Não conseguimos ser competi-

que os sentidos até há dois anos. Agora, a única esperança é que “o nosso governo encontre soluções estruturais para colmatar estes custos e que no decorrer de 2022 haja um retorno à normalidade, com a estabilização dos mercados”. Entretanto, o presidente da ANIL – Associação Nacional Dos Industriais De Lanifícios teme pela viabilidade económica das empresas. “Na situação atual, de elevada debilidade das empresas – resultado da longa duração da pandemia –, os custos de contexto são, muitas vezes, insuportáveis para as empresas, contribuindo fortemente para eventuais encerramentos”, adverte José Robalo. Até porque, acrescenta, “não estamos só a falar dos custos de energia, matérias-primas e transportes, mas também de uma panóplia de taxas, impostos, serviços, etc., que, como é óbvio, vão retirar competitividade às nossas exportações”. Uma nova regulamentação, que acabe com monopólios e preços políticos criados em anteriores governos e que defenda as empresas produtoras de bens e serviços, é, na opinião do presidente da ANIL, essencial para que a nossa indústria se mantenha competitiva nos mercados internacionais. Mais pragmático, o presidente da ATP - Associação Têxtil e Vestuário de Portugal aponta antes às soluções possíveis para dar continuidade ao caminho ascendente das exportações. E são dois os cenários possíveis: “Ou as empresas passam o acréscimo nos custos de contexto para os clientes e as exportações até podem aumentar, ou, em caso alternativo, serão as empresas a absorver no todo ou em parte esses aumentos e diminuir as suas margens”. Mário Jorge Machado avisa que “se nada disto for feito, perdem-se exportações”, mas mostra-se convicto de que “será a primeira circunstância a prevalecer, até porque no contexto internacional os clientes sabem que as coisas se passam assim e estão preparados para acomodar estes impactos. Por isso, em princípio, o impacto do aumento dos custos elegíveis para a produção será pequeno”, completa Mário Jorge Machado.


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A DOIS CAFÉS & A CONTA ForMigas Restaurante – Bar Parque da Cidade 4810-065 Guimarães

Entradas Setas salteadas e pasta de atum Prato Lombo de robalo com legumes Bebida Garrafa de água e quatro cafés

MARGARIDA MÁXIMO

Começou cedo a trabalhar num escritório têxtil, mas aos 19 anos achou que era altura de rumar para Londres para estudar e aprofundar a prática da língua de sua majestade. Voltou também a falar alemão (trabalhou como au pair para um casal de alemães), mas também apetrechada com formações técnicas especializadas na área têxtil e design. A mãe era controladora de malhas numa empresa têxtil e isso ajudou-a a interpretar os seus instintos. Mais tarde fez o curso de modelismo e o caminho do negócio têxtil e da posterior criação da empresa acabaram por surgir com toda a naturalidade. E compreensão maternal!

A FAMÍLIA ALARGADA DO CLÃ MÁXIMO

FOTO: RUI APOLINÁRIO

59 ANOS CEO DA TMR FASHION CLOTHING

Com a sua inseparável cocker spaniel, a cadela Lara, Margarida Máximo anda nestes últimos tempos radiante com o resultado da mudança de casa para um pequeno prédio histórico que recuperou no coração da cidade de Guimarães. A par do regresso aos espaços da infância – “nasci entre muralhas” – e da rentabilização de um investimento feito há 15 anos, também o conforto de voltar ao básico, ao essencial, depois de décadas numa espaçosa moradia fora da cidade. Uma sensação de conforto que pode muito bem ter a ver com a mudança radical que também há pouco mais de uma década operou na empresa, quando teve que reconverter o modelo de negócio “aos básicos, com pequenas coleções”, que conduziram ao caminho do êxito e do sucesso que são hoje a imagem de marca da TMR. Estava a têxtil na ressaca da abertura do comércio mundial quando, no verão de 2009, o agente que lhe ficava com quase toda a produção, mais de 80%, bateu asas rumo à Ásia, deixando a empresa numa situação aflitiva. “Decidi que o modelo de negócio tinha que passar pelos básicos, dirigido para o segmento médio/alto do mercado e com muito mais valor acrescentado”, conta, explicando que deixou de lado as grandes coleções e apostou todas

as fichas na formação do pessoal e na apresentação de uma dezena de pequenas coleções com as quais partiu à procura de clientes no centro da Europa. Valeram-lhe os contactos e conhecimentos que angariou nos anos em que tinha trabalhado para um casal de importadores ingleses, com agência instalada em Guimarães. Com a separação do casal, acabou por ficar com o negócio, mas logo avançou com um importante upgrade. “Como os clientes pediam pequenas coleções e as fabricas só queriam coisas grandes, montei uma pequena unidade para fazer amostras. Eram três costureiras que trabalhavam na sala de jantar da minha moradia”, conta. Não passou, no entanto, muito tempo até comprar uma pequena unidade, com uma dúzia de pessoas, com a qual já trabalhava. Avançava, assim, em 1998, para a criação da própria empresa. “Um caminho sempre positivo e sempre com base num crescendo de especialização”, de tal forma que Margarida se apressa a afirmar que “as minhas 30 funcionárias são o nosso ativo mais importante”. Uma espécie de família alargada do clã Máximo, ao qual se juntou entretanto o sobrinho, Luís Máximo, 30 anos, responsável pelas áreas de controlo e finanças da TMR, e a filha, Mariana, 41 anos, a diretora comercial.

“Já eram da mobília da casa, cresceram praticamente dentro da empresa e foi só assumir funções, tarefas próprias”, descreve a matriarca que destaca o contexto de cumplicidade e compromisso que domina o ambiente na empresa. Tratando-se de mulheres e mães na sua grande maioria, decidiram até criar um horário especial de verão, que lhes permite ter livres as tardes de sexta-feira para poderem dedicar-se à família. “Há muita cumplicidade, entusiasmo e motivação e isso reflete-se também nos resultados”, assume a líder da TMR, que hoje trabalha fundamentalmente como uma empresa de conceção, que desenvolve pequenas coleções para marcas de prestigio que trabalham diretamente com os clientes finais. E os resultados mostram que este é o caminho certo, “está tudo a correr muito bem”, explica Miguel, dando conta que no final de julho as contas superam já o resultado de todo o ano passado (2,2 milhões), que por sua vez – e sendo o ano da pandemia – tinha já duplicado os resultados 2019 (ligeiramente acima do milhão). Por isso, a expetativa para o fecho deste ano aponta para números a rondar os 3,3 milhões de euros, ou seja, mais que triplicados os resultados durante os dois anos em que imperaram as restrições da pandemia. t


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2. JÁ A CANTÊ REFORÇOU A SUA GAMA DE BIQUINIS BÁSICOS, COM DESTAQUE PARA OS TONS LAVANDA E PRETO

FOTOSÍNTESE Por: Mariana D'Orey

1. A ATRIZ CLÁUDIA VIEIRA CRIOU UMA LINHA DE BANHO EXCLUSIVA PARA A LATITID E O FEEDBACK NÃO PODIA ESTAR A SER MELHOR

SWIMWEAR COM SELO MADE IN PORTUGAL

O tempo de calor pede praia, passeios no campo, mergulhos refrescantes e tudo isto combina com as coleções de banho das marcas portuguesas. Desde os modelos mais clássicos até aos mais irreverentes, de opções para toda a família até às coleções cápsula assinadas por figuras públicas nacionais, não faltam opções repletas de qualidade e design

7. POR FALAR EM BEBÉ, NÃO RESISTIMOS A ESTE DELICADO MODELO DE CUECA COM FOLHO DA MARCA DE MODA INFANTIL KNOT

6. PARA QUEM NÃO PRESCINDE DE UM MATCHY MATCHY, SUGERIMOS ESTE CONJUNTO DA CAIA COM MODELOS DESDE BEBÉ ATÉ ADULTO

12. BIQUINIS MAIS ORIGINAIS É A PROPOSTA DA BOW, QUE AQUI SE APRESENTA COM UM DOS BESTSELLERS DESTA COLEÇÃO, NUM PADRÃO DISPONÍVEL PARA TODA A FAMÍLA

11. PARA QUEM PREFERE OPÇÕES COLORIDAS E PADRÕES, PROPOMOS ESTE FATO DE BANHO SEM COSTAS DA OIÔBA, FEITO A PARTIR DE PLÁSTICO RECOLHIDO DO MAR


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4. SEM ESQUECER, CLARO, QUE TUDO COMEÇA DESDE PEQUENINO, A DCK TEM TAMBÉM UMA GAMA KIDS E OPÇÕES PAI E FILHO

5. PARA AS MENINAS SÃO MUITAS AS OPÇÕES E NÃO É DE ESPANTAR QUE ESTE BIQUINI FLORAL DA CANTÊ FAÇA AS DELÍCIAS DE MÃES E FILHAS

3. PARA HOMEM, A DCK FAZ AS HONRAS COM CALÇÕES DE BANHO ESTILO SURFISTA PARA UM VERÃO CHEIO DE ONDA

9. GLAMOUR E MUITO ELEGÂNCIA NA COLEÇÃO CÁPSULA QUE A ATRIZ SOFIA ARRUDA DESENHOU COM A KITESS. TODAS AS PROPOSTAS SÃO EM TONS DOURADOS

8. PARA AS MENINAS MAIS CRESCIDAS (E TODAS AS MULHERES) SUGERIMOS OS MODELOS DA NORTADA, COM PADRÕES IRREVERENTES E MODELOS QUE SE AJUSTAM ÀS IDADES, COMO ESTE FATO DE BANHO E TRIQUINI

10. PARA AS AMANTES DE FATOS DE BANHO NÃO FALTAM OPÇÕES PARA TODOS OS ESTILOS. EXEMPLO É ESTE “MACEDA” DA BOHEMIAN SWIMWEAR, DE TOM NEUTRO COM UM APONTAMENTO DE FOLHO ROMÂNTICO

14. FAMÍLIA É UMA DAS PALAVRAS CHAVE DA LATITID MINI, COM PROPOSTAS PARA BEBÉS E CRIANÇAS AQUI REPRESENTADAS PELA ATRIZ CLÁUDIA VIEIRA E AS SUAS FILHAS

13. NO CAMPO DA SUSTENTABILIDADE, A WETHEKNOT DECIDIU REGRESSAR A ONDE TUDO COMEÇOU: CALÇÕES DE BANHO FEITOS COM TECIDO DE CHAPÉUS-DE-CHUVA ABANDONADOS


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CARVEMA INVESTIU 3,5 MILHÕES PARA RENOVAR PARQUE DE MÁQUINAS

TÊXTIL E VESTUÁRIO TÊM QUE SE LIGAR À BIOECONOMIA O presidente da Comissão de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) destacou em entrevista à Lusa o “percurso assinalável” da têxtil e vestuário no caminho da sustentabilidade e nas exportações do país. Costa e Silva diz que o que é preciso agora é que se liguem à bioeconomia. No âmbito das reformas na economia, o autor do documento que está na origem do PRR considera que Portugal tem que apostar na sustentabilidade, na transição energética, na descarbonização, na bioeconomia e nos produtos biológicos. Uma necessidade que é transversal a todos os clusters, destacando a propósito que setores tradicionais como o têxtil e o vestuário “têm tido já um percurso assinalável”.

"Há muito que a sustentabilidade faz parte da nossa estratégia" Ana Pinheiro Administradora da Mundotêxtil

Está praticamente concluído o processo de renovação do parque de máquinas da Carvema Têxtil, um projeto de 3,5 milhões de euros iniciado em 2019, que incluiu também um avanço na automatização da produção. O projeto envolveu ainda a modernização do laboratório e cozinha de cores e o passo seguinte é a renovação das infraestruturas da empresa de Perelhal, Barcelos, que aguarda pela definição das regras ambientais e de emissões de carbono. A bandeirada final no processo resulta da instalação e montagem de um jet gigante com capacidade para 1.200 quilos de malha em cada tingimento. “Ao todo foram montadas 32 máquinas com jets que vão dos 300 aos 1.200 quilos, o que permite à Carvema uma grande operacionalidade e maleabilidade em termos de resposta”, explica André Carvalho (na foto), representante da terceira geração na gestão da empresa. Mais que crescer ou aumentar a capacidade produtiva, o objetivo é qualificar a resposta

que a empresa pode dar aos seus clientes. “A Carvema chegou a um patamar em que vai crescer apenas na qualidade, não em dimensão ou quantidade”, garante José Carvalho, um dos administradores da empresa familiar fundada pelo seu pai e dois tios em 1974. Desde sempre dedicada à tinturaria e acabamentos, a empresa alargou recentemente a sua ação ao fornecimento de malha acabada, com a criação da marca Bloomati, que exporta praticamente a 100% e está a conquistar mercado a uma velocidade surpreendente. Oferecendo produto premium e com soluções inovadoras ao nível de acabamentos funcionais, ecológicos e sustentáveis. Em apenas dois anos representa já perto de 10% da faturação, tendo conquistado distinções em praticamente todas as feiras em que esteve presente. Fundada em 1974, a Carvema faturou em 2019 à volta dos oito milhões de euros, emprega atualmente 154 pessoas, e ocupa uma área coberta com cerca de 46 mil metros quadrados. t

MODA PORTUGUESA EM DESTAQUE NO CANAL FASHION TV Durante todo o mês de agosto a moda portuguesa esteve em destaque no canal Fashion TV, com mais de 150 inserções de spots relacionados com a moda de criança, de adulto e de senhora, e ainda sobre sustentabilidade e inovação From Portugal. Com difusão mundial, o Fashion TV tem uma audiência média superior a 200 milhões de lares europeus. De Portugal para o mundo, através da Growing Galaxy, a Associação Selectiva Moda, através do seu projeto FROM PORTUGAL, promoveu assim

o setor têxtil e vestuário de Portugal no canal Fashion TV. “É um meio internacional dedicado à moda e lifestyle com enorme potencial para promover a moda portuguesa nos mercados externos, e por isso estamos muito entusiasmados com o acordo alcançado entre a Selectiva Moda e o canal FTV”, sublinha Miguel Dinis, CEO da Growing Galaxy. “Com esta ação queremos lembrar à Europa que somos o parceiro ideal em todos os setores da têxtil. Através da sua extraordinária resiliência e uma capacidade única de

se adaptar e reinventar, este setor continua cheio de vitalidade e uma pedra basilar na economia portuguesa”, salienta Manuel Serrão, CEO da Associação Selectiva Moda. A campanha televisiva está no ar com cinco clips : Homem, Mulher, Criança, Sustentabilidade e Inovação e serão transmitidos um total de 150 spots de 30 segundos, com uma pressão diária de cinco spots, que ocupam 75 minutos de espaço em antena e alcançam um universo de 200 milhões de lares na Europa. t

BABYKID SPAIN E FIMI REGRESSAM A VALÊNCIA EM JANEIRO

EMPRESAS RECLAMAM APOIO AO FIM DAS MORATÓRIAS

Com os olhos postos em 2022, a organização da Fimi e da BabyKid Spain, a Asepri (Associação Espanhola de produtos para a Infância) e Feira de Valência confirmaram as datas da próxima edição da feira de moda infantil. Agendada para 27 a 29 de janeiro próximo e com casa em Valência, a segunda edição do evento promete o aumento da oferta e a aposta na sustentabilidade. Para usufruir de condições especiais, as inscrições devem ser feitas até 29 de Outubro.

O fim dos programas de apoio ao regresso da atividade económica e das moratórias bancárias poderá ser fatal para muitas empresas e tanto a ATP como a AEP reclamam do Governo um período de transição que permita acomodar este impacto. O número de insolvências desceu no ano passado, mas já aumentou na primeira metade de 2021 e os analistas receiam que a tendência se mantenha, ou até se agrave, com o fim das ajudas.

1,5 milhões é o número de empregos na têxtil europeia

GUESS INSPIRA-SE NA NATUREZA PARA COLEÇÃO FW21 O uso de materiais premium, de tecidos e processos ecológicos e silhuetas inspiradas nos anos 80 são as apostas da Guess para a coleção FW21, que tem como referência principal a natureza. A apresentação da coleção para este outono-inverno surge tripartida por linhas: Reset, Magical Journey e Hope para mulher; Future Commuter, The Outsider e Off the Grid para homem. O cetim, a camurça sintética, e o pêlo e veludo ecológicos dão origem a peças onde sobressaem as multicamadas e as silhuetas definidas. O couro sintético, os botânicos, os animal prints e os camuflados são também uma constante nesta coleção. Já a linha made in Italy dá grande destaque às sedas e às malhas.


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INOVAFIL VAI CRIAR FIBRAS A PARTIR DO LIXO TÊXTIL E AGRÍCOLA

ITECHSTYLE SUMMIT 21 MARCADO PARA 18 A 22 DE OUTUBRO Depois de um ano de interregno, a Conferência Internacional do Têxtil e Vestuário – iTechStyle Summit está de regresso para a sua 4ª edição, desta vez em versão online, que se estenderá de 18 a 22 de outubro de 2021. “O feedback positivo por parte dos participantes e oradores das três edições anteriores, presenciais e de sucesso absoluto, motivam a decisão de realizar o iTechStyle Summit 2021 num formato que não corra o risco de novo adiamento”, reexplicou a organização.

"Todos os parceiros com que trabalhamos são nacionais" Bruno Correia Diretor-geral da Play Up

CHANEL APOIA FUNDO CLIMÁTICO COM 21 MILHÕES

A Inovafil é uma das empresas que integra o projeto europeu liderado pela H&M e pela Adidas que tem como objetivo a produção de novas fibras a partir de desperdícios têxteis e agrícolas. O segredo, explica Rui Martins, CEO da Inovafil, é olhar para a roupa em fim de vida como uma matéria-prima, com vários componentes. O projeto, que tem como base a fibra Infinited Fiber, desenvolvida em parceria com a empresa finlandesa Infinited Fiber Company, tem como objetivo arranjar uma solução para as toneladas de roupa em fim de vida que todos os dias enchem aterros um pouco por todo o mundo. Uma necessidade que levou os países nórdicos à procura de uma forma de extrair celulose, uma das matérias-primas usada na produção de fibras, a partir de desperdícios têxteis. O resultado são fibras de viscose, lyocell, e modal, entre outras. “O algodão, percentualmente, tem mais celulose que um tronco de madeira. Então vamos deitar celulose ao lixo e cortar árvores para extrair celulose? O que estamos a fazer – em parceria com os países nórdicos, que têm muito expertise e know-how asso-

ciado à madeira – é dissolver roupa, extrair-lhe a celulose e utiliza-la para voltar a fazer fibras. Essa fibra chama-se Infinited Fibre”, revela Rui Martins. O próximo passo é partir para os desperdícios agrícolas, ou seja, a todo o excedente que fica das colheitas depois de recolhido o fruto e que normalmente ou vai para um aterro ou para queimar e que também é passível de ser dissolvido para retirar a celulose. Para o CEO da Inovafil, esta pode ser uma solução a longo prazo para a problemática do desperdício têxtil, à semelhança do que aconteceu com outros processos de reciclagem no passado. “Ao início, o papel reciclado era amarelo, cheio de impurezas e mais caro do que o papel virgem. Quando surgiu, e mesmo sendo mais caro e de menor qualidade, alguns adoptaram porque tinha um propósito associado. Hoje onde é que está essa lógica do papel reciclado? Não está porque praticamente todo ele é reciclado, e com a qualidade do virgem. Deixou de ser uma questão”, afirma Rui Martins, prevendo que o mesmo vai acontecer com o vestuário.t

ÁUSTRIA É O PAÍS CONVIDADO DO PRÓXIMO MODTISSIMO É uma das grandes novidades do MODTISSIMO 58 e uma ação muito comum nas grandes feiras internacionais: a escolha do setor de determinado país para cumprir a função de país convidado, e a honra desta primeira escolha recaiu sobre a Áustria. É neste sentido que os responsáveis do MODTISSIMO estão a trabalhar em estreita colaboração com os seus parceiros da AdvantageAustria:

a organização de uma série de eventos que pretendem aproximar potenciais compradores austríacos das empresas nacionais dos têxteis e da moda. Outras novidades estão a caminho, promete a MODTISSIMO, que serão conhecidas mais em cima da data do evento, 7 e 8 de outubro próximo na Alfândega do Porto. Como é evidente, nem só de austríacos se fará a

lista de compradores estrangeiros convidados para o MODTISSIMO. “O nosso objetivo é conseguir uma adesão de compradores estrangeiros superior aos bons resultados que já atingimos nas edições anteriores”, refere a organização, que conta com o habitual apoio das sugestões dos expositores e com o empenho ativo das várias delegações da AICEP no estrangeiro. t

A Chanel decidiu investir mais de 21 milhões de euros no novo fundo de adaptação climática – Landscape Resilience Fund, desenvolvido pela WWF e pela SouthPole. O objetivo do projeto é promover a agricultura sustentável, que proteja as florestas e incentive os pequenos agricultores nos países em desenvolvimento. “Nunca houve um momento tão crítico para o setor privado intensificar o investimento necessário para uma adaptação climática eficaz”, assinala Andrea d’Avack, diretora de sustentabilidade da Chanel.

ANTARTE REFORÇA OFERTA E FORTALECE A PRESENÇA NO DIGITAL A Antarte mantém o pé no acelerador e em contraciclo com a pandemia continua a inovar, aumentando a sua rede de retalho ao mesmo tempo que aproveita para desenvolver novos produtos e fortalecer a sua presença no digital. Segundo o CEO da empresa, Mário Rocha, “a estratégia é estar atento às necessidades do cliente”. Para reforçar a expansão em Portugal, a marca somou duas novas lojas, em Guimarães e Sintra, às 11 que já tinha no país, num conceito de decoração com linhas inovadoras, elegantes e adaptáveis ao lifestyle de cada família. Há 20 anos que a Antarte está presente na casa dos portugueses, mas também em vários mercados internacionais como África do Sul, Angola, Ghana, Marrocos e São Tomé e Príncipe.

75%

da produção da Polopique é feita em Marrocos

NOVA LINHA DA FUTAH ATENTA AO AMBIENTE A marca portuguesa Futah continua a sua estratégia de contribuição para melhorar o meio ambiente, desta vez através de uma coleção de toalhas de praia 100% algodão natural, ultraleves, ultra absorventes e com certificação standard 100 by Oeko Tex. Ao todo são quatro padrões diferentes, apelidados Cidade, Floresta, Deserto e Oceano, agregados na coleção ‘Zero’, que apelam ao fim da desflorestação, do desperdício de água, da emissão de carbono para a atmosfera e de plásticos para os oceanos.


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X A MINHA EMPRESA Por: Mariana d'Orey

Source Textile, Lda

Av. Engº José Rolo, Lt F2 4705-414 Celeirós, Braga

O que faz? Desenvolve, cria e confeciona artigos de vestuário em malha para homem e mulher, com especial enfoque no sportswear e casualwear Exportações 100% da produção, com destaque para os mercados nórdicos Área produtiva 2.200 m 2 Plantel 70 trabalhadores diretos e 220 indiretos

CODE ABRE PRIMEIRO ESPAÇO FRANCHISADO EM BARCELONA A portuguesa Code, marca de vestuário e retalho da Sociedade de Distribuição de Vestuário (SDV), aproveitou 2020 para se restruturar e voltar em força, com a abertura de uma loja em Barcelona. Este é o primeiro espaço franchisado do grupo, que contou com o apoio da IC Clermonts, um grande aliado na expansão da marca no país vizinho. José Alvares Ribeiro, CEO da SDV, revelou que a IC Clermonts tem já pontos referenciados para as novas aberturas, nomeadamente Barcelona e Madrid, mas podem seguir-se outras. O objetivo é ter cinco a dez novos espaços em Espanha, no prazo de um ano.

"Temos um cluster forte que faz de Portugal um centro de abastecimento importante" Manuel Gonçalves Administrador da TMG

MÖM(E) NOMEADA PARA OS JUNIOR DESIGN AWARDS A Möm(e), marca portuguesa de moda infantil, foi nomeada pela revista britânica Junior Design para os Junior Design Awards, na categoria de Best Children’s Eco Fashion. “É para mim um verdadeiro orgulho poder levar o made in Portugal lá para fora e ver reconhecido o talento e qualidade dos nossos confecionadores e artesãos”, partilha com o T Jornal a designer e fundadora da marca, Inês Camaño Garcia.

CITEVE COORDENA PROJETO DA ÁREA DA BIOECONOMIA

“Queremos, e somos, diferenciadores e sustentáveis” São apenas quinze anos de existência, mas as histórias, os sucessos e os prémios arrecadados denunciam uma maturidade empresarial acima da média. Pelo percurso da Source Textile, que se assume como uma marca de private label para o segmento médio alto, encontramos por exemplo o Prémio de Economia Circular, conquistado em 2019, as mais prestigiadas certificações na área da sustentabilidade (OEKOTEX 100, STEP BY OEKOTEX E GOTS) e a apresentação anual do Relatório de Sustentabilidade no site da empresa. “Nascemos com essa responsabilidade ambiental já bem marcada. Somos das poucas empresas portuguesas que apresentam publicamente o seu relatório de sustentabilidade, dividimos os lucros com os funcionários, etc. Queremos, e somos, de facto, diferenciadores e sustentáveis”, avança João Paulo Barbosa, CEO da Source Textile. Acontece que a boa base ambiental e a responsabilidade social são apenas um dos alicerces da sustentabilidade global desta empresa de sourcing sediada em Celeirós, Braga. Com um sólido crescimento anual a dois dígitos, esta empresa 100% exportadora – com especial relevo para os mercados nórdicos (Suécia e Dinamarca), francês e alemão – a Source Textile nasceu em 2006 numa pequena fábrica com 280 m2 e cresceu para o que são hoje umas instalações

modernas e de alto sentido estético com 2200 m2. Também elas já pequenas para as atuais necessidades. “Em 2020 crescemos acima de 15%. Foi um ótimo ano para nós”, revela João Paulo Barbosa, que pretende num futuro próximo abraçar também o mercado norte-americano e reforçar o posicionamento na produção de têxteis técnicos para moda. Mas nem tudo são rosas no percurso desta empresa. Para chegar onde se encontra, a Source Textile teve que “pagar para aprender”. Literalmente! “Em 2007, ainda estávamos a dar os primeiros passos, fomos vítimas de uma burla de 84 mil euros por parte de um agente. Na altura equacionei tudo e fui totalmente transparente com os meus colaboradores”, recorda o CEO. “O apoio que tive dos meus fornecedores, colaboradores e agentes, fez-me querer continuar e aprender com os erros”, explica João Paulo, que antes de criar o seu próprio negócio trabalhou durante décadas numa empresa do setor onde se iniciou com 21 anos no embalamento e saiu como comercial. “Aprendemos com os erros e foram eles que nos permitiram crescer com solidez. Percebemos que o cliente vem a Portugal pela mão de obra qualificada: desenho, serviço e inovação são os nossos fatores críticos de diferenciação, aliados à sustentabilidade”, sintetiza. t

O importante papel do cluster têxtil na área da bioeconomia e da economia sustentável determinou a criação de “um projeto de grande dimensão do setor, coordenado com o CITEVE e reunindo também outros atores, e baseado na bioeconomia e economia sustentável. A ideia é começarmos a fabricar fibras naturais à base de celulose”, revelou o presidente daquele organismo, António Amorim, em entrevista ao jornal da Faculdade de Economia do Porto.

162 mil

milhões de euros é receita anual do sistema têxtil europeu

FRUTA DA ÉPOCA NA NOVA COLEÇÃO CÁPSULA DA CONCRETO Cores vibrantes, tecidos leves e nomes de fruta à mistura: é assim a nova coleção de verão da Concreto, composta por treze peças-chave. Fruit Season foi o nome escolhido para esta coleção cápsula, que conta com umas calças, uns calções rodados, uma blusa, um top e um vestido nas cores lilás, lima e rosa fúcsia. A Concreto é uma marca de vestuário e moda, distribuída pelo grupo Valérius, com sede em Barcelos. Está presente em mais de 400 lojas multimarca, não só em Portugal como em vários mercados internacionais.


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A FASHION FORWARD Por: Luís Buchinho

Empoderada Em contra corrente com todas as tendências anunciadas e com uma ver tente mais casual, despor tiva ou confor tável, eis que o regresso da mulher com carac terísticas semelhantes a uma super-heroína se anuncia. É o retorno do sexy , do cor po revelado por formas justas e reveladoras, inspiradas muitas vezes pelo universo da roupa interior: o body regressa, bem como as alças spaghetti , e muitas vezes a lingerie salta do interior para o exterior em peças que nos lembram soutiens , cintas ou até collants . Total destaque para materiais stretch , tais como tule elástico, redes, rendas, cetins e tafetás sintéticos, trabalhados em formas anatómicas, cinturas marcadas e subidas, calções e mini-saias, pormenorizadas com toda uma gama de acessórios boudoir, pérolas, bordados delicados, laços e fitas, que acentuam o carác ter sensual e ultra feminino desta tendência. As cores são reduzidas ao essencial, tendo o preto e os tons pele como grandes protagonistas. São utilizados para marcar curvas gráficas e delineadoras da silhueta, transmitindo uma ideia de quase nudez, acentuada também pelo uso de aberturas estratégicas, cut-outs e decotes reveladores. Por vezes, são acrescentados tons pastel delicados em pequenos toques. Esta corrente está em crescendo notório, talvez pelas saudades de tempos mais sedutores e da vontade do público em voltar a sair em grande estilo. Algo a considerar em tempos pós-pandémicos! t

C&A ABRE FÁBRICA DE INOVAÇÃO TÊXTIL NA ALEMANHA A C&A anunciou para o outono deste ano a abertura de uma fábrica de inovação têxtil, que vai incorporar a mais recente tecnologia para a produção de coleções sustentáveis. A C&A’s FIT ficará localizada em Mönchengladbach, na Alemanha. “Estamos felizes por voltar a produzir no coração da Europa. Ao lado dos nossos sócios, queremos estabelecer novos padrões de fabrico têxtil”, diz a diretora geral da C&A Europa, Giny Boer. O foco inicial serão os jeans e estima-se que num ano sejam produzidos 400 mil pares na nova fábrica, número que futuramente pode crescer para o dobro.

FILIPA AZEVEDO INSPIRA-SE NO EMPODERAMENTO FEMININO Tem no empoderamento da mulher a grande inspiração e é uma nova marca de moda feminina lançada no início deste ano. Filipa Azevedo é uma marca de moda 100% portuguesa de artigos limitados feitos à medida para mulheres e ocasiões especiais, que está disponível através das redes sociais e no site da marca.

CRIAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS DE RETALHO DISPARA EM 2021 O setor do retalho têxtil e da moda destacou-se ao longo dos primeiros cinco meses de 2021 no capítulo da criação de novas empresas: num contexto marcado pela pandemia, surgiram 2.415 novos projetos, mais 737 que no ano passado. De salientar que uma parte substancial das novas empresas se destina à exploração do comércio online – segundo informação coligida por um barómetro da responsabilidade da Informa D&B.


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CANDIDATURAS ABERTAS Candidate o seu Produto, Tecido ou Acessório até dia 8 de setembro e faça parte da maior montra de inovação da ITV nacional. Seja um iTechStyle Innovator e habilite-se aos iTechStyle Awards! Inscrições em www.citeve.pt

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COLEÇÃO SS22 DA MÖM(E) INCLUI NOVOS TAMANHOS O primeiro capítulo da coleção primavera-verão 2022 da Möm(e) traz novos tamanhos. As crianças de 10 e 12 anos passam a poder vestir as peças da marca, mantêm-se os tamanhos para bebé e existem também modelos unissexo para os pais em S, M e L. A marca anuncia uma coleção com cores sóbrias, como cru, terracota e carvão, pensada para facilitar conjugações na hora de vestir os mais novos. Os materiais de eleição foram o algodão orgânico, certificado pela GOTS, as sarjas finas, o jersey e a malha estruturada.

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"A Covid-19 fez-nos olhar para dentro da estrutura, ver o que podíamos fazer, e conseguimos moldar-nos" Juliana Almeida Administradora da JF Almeida

P&R TÊXTEIS NO PÓDIO COM DEZENAS DE CAMPEÕES OLÍMPICOS Para lá das quatro medalhas que os atletas portuguese trouxeram de Tóquio, há também uma campeã portuguesa que subiu ao pódio cerca de uma centena de vezes. A P&R Têxteis equipou medalhados de diversos países e modalidades, sobretudo através da cliente Adidas e de atletas do Reino Unido, Hungria, Grécia e Etiópia. Ao todo, à volta de uma centena de medalhas foram conquistadas com a ajuda da qualidade, inovação e competência da têxtil de Barcelos, que já trabalha em novos desenvolvimentos para Paris 2024. Especializada em vestuário técnico de desporto, a P&R Têxteis equipou atletas de diversos países e modalidades, fruto das ligações da Adidas, mas também de acordos de outras marcas suas clientes com federações de vários países.

COMO A INARBEL AGARROU O NEGÓCIO DAS BATAS HOSPITALARES Foi com o fabrico de batas hospitalares que a Inarbel conseguiu dar a volta à pandemia, adiando a remodelação das instalações e investindo numa nova linha de produção. E se em 2020 a empresa até acabou por aumentar a faturação, “agora é que vamos ver onde isto vai parar”, interroga-se o CEO, José Armindo Ferraz. Descrita como “a fábrica que cresceu e vestiu as batas”, a têxtil do Marco de Canavezes mereceu a atenção do Jornal de Negócios, que lhe dedicou um longo artigo com José Armindo Ferraz em pano de fundo. Explicando que “as malhas que a Inarbel tece há quase 40 anos deram lugar a batas em tempo de pandemia”, o jornal mostra como “esta empresa têxtil de Marco de Canaveses revirou os planos de modernização que tinha para 2020 e conseguiu até aumentar a faturação, embora os lucros tivessem ficado prejudicados com as mudanças”. O CEO mostra como conseguiu reverter uma quebra inicial de 60% a 70% na produção, acabando por conseguir “arrecadar um volume de negócios de 9 milhões de euros em 2020, depois dos 8 milhões do ano

anterior. O aperto fez-se antes notar nas margens, e o lucro acabou por ser inferior ao de 2019”. Mas se durante a pandemia foi possível contornar os danos, “agora é que vão ser elas. Agora é que vamos ver onde isto vai parar”, questiona o empresário, que se confessa “extremamente preocupado” com o ano de 2021, já que a pandemia ainda não acabou e o Estado tem que colaborar

para que dentro de dois a três anos o setor possa estar de novo em alta. Nesse sentido, José Armindo Ferraz diz que “os apoios que vêm para Portugal devem apostar nas micro, pequenas e médias empresas”, tendo em conta a sua representatividade no tecido empresarial. “É importante que estas empresas consigam rejuvenescer com investimento que lhes permita tornarem-se mais competitivas”.t

“EUROPA TEM QUE IMPOR REGRAS IGUAIS PARA TODOS” A ATP alerta para perigos associados aos têxteis vindos de fora da União Europeia, um problema que, caso a questão não seja acautelada, se pode agravar com o avanço da Estratégia Europeia para os Têxteis Sustentáveis. A solução, diz o presidente da ATP, passa por impor aos produtos importados as mesmas exigências de economia circular que serão colocadas à produção dentro da União Europeia. “Não podemos ter uma Europa limpa e um mundo sujo”, alerta Mário Jorge Machado. Para além do problema da competitividade, que desde há muito se coloca face aos produtos provenientes de países sem quaisquer tipo de exigências de sustentabilidade, o líder

da ATP alerta para as consequências das novas regras que entram em vigor na EU a partir de 2025, quando será proibida a incineração de têxteis e obrigatória a sua reciclagem. “Estaremos a introduzir na cadeia têxteis importados com metais pesados e assim transformar um problema que era apenas do consumidor – que comprou aquela peça com produtos químicos nocivos – e de o espalhar por centenas de outros”, analisou o presidente da ATP a propósito da abertura da consulta pública da Comissão Europeia no âmbito da Estratégia Europeia para os Têxteis Sustentáveis. O presidente da ATP teme, por outros lado, que “na tentativa de impor à

indústria europeia a obrigatoriedade de não poluir, se venha a colocar em causa a competitividade dos artigos fabricados na UE”, sobretudo face à produção da Ásia. E avança que a solução para o têxtil passa pela adoção de medidas idênticas àquilo que já faz o setor automóvel: qualquer fabricante que queira vender os seus carros na Europa tem que cumprir os critérios de segurança que cá se praticam. “Se queremos ter uma economia circular na Europa, temos que obrigar todos os que queiram vender no espaço europeu a cumprir as mesmas regras”, reforçou o presidente da ATP. t

DINAMAQUESA COMFYSOCKS INVESTE 2,2 MILHÕES EM FAMALICÃO Focada na produção de meias desportivas de alta performance, a dinamarquesa Comfysocks deslocalizou a sua produção para Famalicão, onde se instalou em março último. Uma escolha ditada pelo objetivo de estar no centro da inovação e tecnologia têxtil, com um projeto imediato de 2,2 milhões de investimento e a criação de 150 postos de trabalho. “O nosso objetivo é estar no centro do desenvolvimento têxtil tecnológico, com recursos humanos de elevada competência, capaz de prestar um serviço de excelência e com práticas de negócio sustentáveis”, explicou o diretor da nova unidade, Filipe Pereira, para concluir que a opção pelo norte de Portugal, e Famalicão em particular, acabou por ser “uma escolha fácil, quando o alinhamento de práticas, estratégias e sinergias têm tanto em comum”. Fundada em 1998 por dois experientes fabricantes têxteis, Jorgen Morup e Steen Aaes, “a base de negócios da Comfysocks assenta em práticas e valores escandinavos e, ao longo dos anos, a qualidade e tecnologia de ponta têm sido alicerces fundamentais para a criação de um serviço de grande valor para as marcas líderes mundiais com as quais trabalham”, refere o município de Famalicão numa nota onde dá conta da recente visita à empresa por parte do Presidente da Câmara Municipal, Paulo Cunha, e do vereador para a Economia e Inovação, Augusto Lima. A nova unidade da Comfysocks ocupa um complexo de quatro pavilhões industriais no Parque Empresarial de Pedra Leital, com uma área total de 4.500 m2. Segundo indicou Filipe Pereira, a empresa tem um projeto de investimento de 2,2 milhões de euros para o biénio 2021/2022 e conta criar cerca de 150 postos de trabalho neste período. t


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FOTO: RUI APOLINÁRIO

"ESTAMOS VOLTADOS PARA SEGMENTOS PREMIUM, DE MAIOR VALOR ACRESCENTADO"


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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa

Samuel Costa 33 anos, responsável pelas áreas comerciais e produção da Sonix, Samuel Costa quer o grupo dividido entre projetos para as grandes empresas, que pesam cerca de 80% da faturação, mas também para os negócios de nicho, onde a inovação e as novas técnicas produtivas são a mais-valia que permite atingir clientes com outro tipo de necessidades. Passado o primeiro e mais forte impacto da pandemia, o grupo está preparado para expandir os seus interesses e avançar para um novo período de crescimento

a

dmitindo que 2019 tem de ser considerado o ano zero, a pandemia encontrou na Sonix e no grupo um forte combatente. Agora, passado, aparentemente, o pior, a empresa está preparada para novos desafios e espera com impaciência o regresso das feiras para expandir os negócios. Qual a dimensão da Sonix, mas também da empresa-mãe, a Diastêxtil? A Diastêxtil está um pouco mais avançada na recuperação, com o nosso objetivo de fechar 2021 igual a 2019. Passou de 11 milhões de euros em 2019 para 8,5 milhões em 2020. A Sonix passou de 20 milhões para 16,5 milhões e a Modelmalhas de 6,4 milhões para 5,3 milhões de euros. Este ano vamos estar alinhados com os valores de 2019, com uma ligeira subida. O ano difícil foi 2020? Depende do ponto de vista. Pela faturação, 2020 foi difícil, mas no que diz respeito à operação, tivemos mais desafios em 2021. Não por estarmos parados, mas porque tínhamos uma procura maior que a nossa capacidade de produção. Houve deslocação de produção da Ásia para a Europa, alguns clientes que tentaram comprar em proximidade, e agora em termos de operação está mais estabilizada, mas este ano tem sido desafiante. No bom sentido? Está ao nível de 2019, com ligeiro crescimento. O ano referência para nós será 2019, devemos crescer entre 5% e 10% de forma transversal a todas as empresas. Qual é o agregado do núme-

ro de trabalhadores? Neste momento cerca de 500. Ficámos com mais de 100 pessoas na falência da Ricon, depois reduzimos para 50 – parte veio para a Sonix – mas com uma unidade em Celorico de Basto que prevemos chegar ao final do ano com 100, para um total de 550. Onde estão situadas as unidades do grupo? A Diastêxtil em Barroselas, Sonix e Modelmalhas em Barcelos, Pontosingelos em Celorico, e outra que foi agora incorporada na Diastêxtil também em Barroselas. O que têm ainda na Tunísia? Estamos lá há mais de 15 anos. Inicialmente tínhamos uma unidade produtiva em Monastir, uma estrutura com portugueses e tunisinos onde chegámos a ter 100 trabalhadores mas agora temos cerca de 50. Nesta fase temos uma rede de subcontratação madura e usamos a empresa como uma plataforma, tendo pouca produção interna, apenas acabamentos. Temos a capacidade de assegurar as linhas e de fazer a sua gestão durante todo o ano. Mas a produção vem toda para Portugal? Não, temos clientes para quem enviamos diretamente porque têm controlo de qualidade final, há clientes que nos contratam o controlo de qualidade que fazemos lá e há clientes que vêm a Portugal. Qual é o volume de exportações do grupo? As nossas vendas nacionais, tirando serviços, são esporádicas. São para traders que por sua vez vão exportar. O cliente final acaba por ser 100% exportação. Quais são os principais mercados? Neste momento Holanda, Alemanha, Reino Uniodo e estamos a começar os Estados Unidos. É um destino cada vez mais

"Tivemos este ano uma procura maior que a nossa capacidade de produção"

Fundado em 1984 pela mãe, Conceição Dias, com quatro costureiras e cinco máquinas, o grupo com interesses no imobiliário, extração e tratamento mineral, integra a Diastêxtil, Malhas Sonix, a Modelmalhas (tricotagem), Startex (Tunísia) e a Sucess Gadget e o seu foco foi desde a primeira hora o crescimento da capacidade de produção e a aposta na internacionalização. Com a quase totalidade da produção a sair das fronteiras nacionais, um investimento recente da ordem dos dois milhões de euros permitiu a criação de condições ideais na sala de corte, ao acrescentar mais três mil metros quadrados de área coberta à sua fábrica em Barcelos. A Sucess Gadget é uma empresa de investigação que tem ajudado o grupo a subir na cadeia de valor, produzindo peças cada vez mais técnicas, adicionar novos e mais exigentes clientes e estar na linha da frente da inovação. A capacidade financeira e de gestão do grupo ficaram bem patentes em 2018, quando decidiu aproveitar uma parte dos ativos e dos trabalhadores da Ricon. Na altura, 158 ex-trabalhadores da Ricon foram acolhidos nas antigas instalações em Ribeirão. O segredo é simples: a competitividade do grupo não se baseia no preço, mas no valor-acrescentado que introduz na sua produção. A recente viragem dos seus interesses para os Estados Unidos é mais um passo nesse caminho.

procurado? Sim, começámos curiosamente no final de 2019, sendo certo que temos clientes europeus que exportam para lá mas que não podemos contabilizar. Clientes norte-americanos diretos temos três. No ano passado crescemos e a tendência, com o feedback que temos tido, é para continuar a crescer mesmo com a questão das taxas. A economia norte-americana está num estado de abertura maior que a Europeia? Sim. Fomos apanhados pelo bloqueio do Trump à Ásia, mas agora o negócio está a retomar. Tínhamos também uma dependência significativa do mercado do Reino Unido – foi o nosso primeiro grande cliente – que agora parece que está a refrear, mas desde 2013 e 2014 tínhamos sentido uma redução e foi feito um ajuste na Diastêxtil para responder a isso. Em 2012 dependíamos em cerca de 80% de um só cliente. Foi então feito um trabalho de pesquisa de novos clientes e agora representa cerca de 25%. Estão ativamente à procura de novos mercados? Neste momento, estamos numa fase em que estabilizamos em termos de clientes de grande volume, não fechando obviamente as portas a novos desafios. Iniciamos no ano passado com clientes que estão a crescer muito e orientados para um produto mais premium, de valor-acrescentado. Quando tentamos explorar este tipo de artigos, o objetivo não era apenas a margem tradicionalmente maior, era mesmo caminhar por terras que não andávamos a trilhar. Tínhamos de encontrar novos caminhos e perceber que temos de sair da zona de conforto e apostar em produtos mais elaborados que nos desafiem a inovar todos os dias em busca de melhores soluções. E qual é a vossa zona de conforto? O artigo que mais produzíamos

quando começou a pandemia era o vestuário confortável – T-shirts, sweatshirts, calças e calções. Enquanto houve empresas na pandemia que tiveram de mudar agulhas para esse tipo de artigos, esse já era o nosso core. Mas nos serviços que oferecemos, conseguimos fazer praticamente tudo, do fato clássico por medida ao fato técnico de triatlo, o que nos faz ser uma espécide de one stop shot para os nossos clientes. Temos técnicas não convencionais ou mais evoluídas que nos permitem fazer um mix de produtos atrativo e completo para os nossos clientes. Isso obrigou a que tipo de investimentos? A família comprou a Sonix em 2007. Desde então já investimos na ordem de 15 milhões, quase toda a empresa foi reformulada. As máquinas da tecelagem integramos na Modelmalhas, que agora está a fazer um caminho interessante na venda de malha acabada. Sente falta do contacto direto das feiras? Completamente, o ano passado ainda fiz as feiras de Nova Iorque, Paris e Milão mas tivemos de parar, retomamos este ano. Há toda uma linguagem e um contacto que é muito importante que se perde. O contacto pessoal é indispensável, mesmo que o recurso às tecnologias seja mais eficaz na gestão da agenda. Já estão a preparar o regresso? Este ano já fiz duas viagens e temos visitas marcadas a partir de setembro. Mas há coisas que vão ficar, a digitalização, os catálogos digitais… Já estamos nesse caminho desde 2018, já temos clientes que nos aprovam modelos sem peças físicas e até vendem digital, temos clientes que fizeram essa transição connosco, desafiados por nós.


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Um campeão dedicado à têxtil Aos 33 anos, casado e com duas filhas (de seis anos e de nove meses) Samuel Costa diz que anda no têxtil desde que nasceu e até passava todos os verões na fábrica – o que lhe permitia descansar dos estudos (tirou o curso de Gestão de Marketing), mas também da frenética atividade desportiva: jogava hóquei em patins no Óquei de Barcelos e chegou às seleções nacionais, campeão europeu de juniores (2005) , depois de ter sido vice-campeão de juvenis (2003). Deixou o desporto em 2011, precisamente quando tinha pela frente uma promissora carreira sénior, mas os têxteis falaram mais alto. COO e administrador da Sonix, tem nas mãos a área comercial e produção da empresa, que lhe deixa pouco tempo para o que quer que seja. Mas já descobriu como rodear esse problema: “tenho de voltar a estudar para ter tempo para descansar”, diz, depois de ter concluído uma pós-graduação na Católica Porto e uma especialização em Gestão na Porto Business School.

Começámos a fazer peças físicas e simulação 3D ao mesmo tempo, os clientes ganharam confiança e passaram a comparar os efeitos na peça física e do 3D e o resultado era muito semelhante. O 3D permite-nos poupar no mínimo duas semanas de desenvolvimento. Também há uma redução de custos importante? Essa é a perspetiva do cliente. Do outro lado não temos costureiras, mas temos alguém que sabe de 3D, software e hardware que para já ainda não é muito acessível. Que é mais caro que as costureiras? Pois, no final tudo é mais sustentável mas não mais barato. É mais rápido, o que é um ganho associado importante. Ainda há pouco tempo integraram a Crisof, a dimensão atual do grupo é-vos confortável ou pensam vir a fazer novos investimentos em empresas? Neste momento, a estratégia não passa por aumentarmos a capacidade instalada. Bom, eu digo que não, mas depois aparecem oportunidades e nós avançamos. Não estamos à procura de absorver uma ou outra confeção, mas há muitas alterações a acontecer nas subcontratadas. Cerca de metade das nossas 28 subcontratadas trabalhavam num regime de quase exclusividade e já aconteceu recentemente oferecerem a sua integração. Estamos, por outro lado, em recrutamento contínuo de costureiras. A pandemia não impactou o grupo de forma muito negativa. Como observa a resposta do Governo e a ajuda prestada às empresas? Na Sonix recorremos apenas ao lay-off. Tentámos não trilhar o caminho das máscaras, tivemos um projeto Covid mas foi para a aquisição de equipamentos para a produção EPI’s reutilizáveis, o que não nos favoreceu porque a sociedade continua a opreferir o material descartável.

"O contacto pessoal das feiras é indispensável" Neste momento não é nossa preocupação ter qualquer apoio – mesmo no que tem a ver com as moratórias. Tentámos sempre e conseguimos cumprir com todas as obrigações. Não temos praticamente nenhuma dependência da banca e no início da pandemia fizemos um exercício: o que acontecerá se ficarmos seis meses sem recebermos? E ajustámo-nos a esse cenário. Felizmente não foi preciso tomar qualquer medida drástica. Acha que o setor têxtil português demonstrou grande resiliência? A maior parte das empresas ou orientou o negócio para o nosso segmento [casual], com mais conforto e menos moda ou foi para a área da saúde e proteção, mas acredito que será temporário. Temos que ter 2020 como um ano que não conta. Concorda que a pandemia deu a entender que as cadeias de fornecimento têm de diminuir e a Europa não pode continuar dependente da indústria de terceiros? Acredito que a Europa vai passar a ter mais capacidade de resposta, mas, se os hábitos de consumo não mudarem, nunca vai ser suficiente. Mas há outras circunstâncias que estão a transformar-se: as marcas mainstream e todos os grandes grupos continuarão a existir – sei que estão a readaptar-se e há o aparecimento de marcas (que são pessoas, não são marcas) que vão ditar as tendências e vender. Se olhássemos para o nosso negócio em 2018, tínhamos entre seis a oito grandes coleções por ano, agora acrescentamos imensas cápsulas por ano que permitem às marcas responder

a targets específicos de forma mais direcionada e célere. E novos projetos? Temos um projeto muito interessante assente na área da pesquisa de tendências e conceção de produto – estamos já a produzir peças únicas baseadas em NFTs. A Sonix não pode trabalhar só no private label, estamos atentos a todas as novas tendências. Há novos desafios, que vão acontecer cada vez mais rápido e temos que antecipar. O cliente tradicional vai continuar a existir, o modelo da loja vai continuar a existir, mas quem vai vender são as pessoas e não as marcas. A Sonix está atenta a todas as oportunidades e quer prestar um bom serviço. Há coisas que têm de mudar. Por exemplo, por vezes expedimos produção para a Europa, que vai sendo distribuída para diversos locais, para chegar ao ponto de venda. Às vezes entro nas lojas e vejo peças da Sonix que andaram por toda a Europa para serem vendidas cá, a meia hora da empresa que as produziu. A logística terá que sofrer muitas alterações. Nunca esteve na vossa perspetiva criar uma marca? Já criámos várias, mas não são nossas. O último exemplo foi em 2019: um casal chegou à Sonix com uma ideia para uma marca, com suporte financeiro , e perguntaram: podem ajudar-nos? A única coisa que tinham era o logótipo, tudo o resto fomos nós que desenvolvemos e quando estávamos para expedir as peças perceberam que não tinham sacos para os clientes e nós desenvolvemos e produzimos. Portanto, a pergunta coloca-se ainda com mais insistência… Bom, temos a marca Sonix de roupa interior mais clássica. Ou somos fabricantes ou somos vendedores. A propriedade intelectual dos clientes tem de ser totalmente protegida e para nós é um ponto de honra. Não podemos concorrer com os nossos clientes. t

As perguntas de

Mico Mineiro

Conceição Dias

COO da Twintex

CEO da Sonix

Como vê o processo de economia circular no futuro da produção em Portugal?

Acredito que estamos a começar esta jornada. Já está a acontecer, mas na minha opinião, a mudança será muito grande para acontecer de forma muito célere. São ainda necessários muitos ajustes na parte industrial, como juntar as partes interessadas e criar soluções mais globais e agregadoras. Por outro lado, o cliente final será determinante, e ditará o passo desta transição. Qual o impacto que a pandemia vai ter nos consumidores?

Nem tudo que a pandemia nos trouxe foi mau. Os consumidores ficaram muito mais recetivos a outras formas de compra, e consequentemente, a experimentar novas marcas e optando por produtos diferentes. O tema da compra consciente começa novamente a ter mais predominância, e com os isolamentos e privações, apareceram muitas marcas novas, com ofertas interessantes e diferenciadoras. Tudo isto levou a que os consumidores ficassem mais esclarecidos, mais curiosos sobre os processos produtivos e procurassem artigos mais amigos do planeta, com composições e metodologias mais eficientes e menos nocivas. t

Qual será o maior desafio da ITV nos próximos anos?

Para mim, o maior desafio que o setor enfrentará será a mão-de-obra, que é cada vez mais escassa e difícil de atrair, com ou sem experiência. A indústria em geral não é atrativa e o nosso setor está rotulado, muitos foram os pais que alertaram os filhos que o têxtil estava morto e não teria futuro. Os mais jovens têm receio de fazer carreira no têxtil e assim perdem-se boas oportunidades. Como impactará a tecnologia no setor?

Estão a ser dados grandes passos para que a tecnologia seja uma ajuda. Acredito que há espaço para que seja um complemento, e que se consiga muito mais e melhor com menos. No desenvolvimento de produto, já temos muita tecnologia avançada incorporada, na produção também, as pessoas não vão substituir as máquinas e provavelmente o oposto também não, vamos otimizar e tirar partido de uma boa simbiose entre ambos. A logística interna e externa vai beneficiar da tecnologia para ser mais rápida, adaptável e eficiente, particularmente no ponto de vista das emissões. t


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MAGIC LAS VEGAS: BRAVIAN E ASPETO À CONQUISTA DAS AMÉRICAS

GENDA DAS FEIRAS

MUNICH FABRIC START E SOURCING 31 de agosto a 2 de setembro - Munique Fitecom, J. Areal - Artigos Têxteis, Magma Têxtil , Modelmalhas - Indústria de Malhas, Paulo de Oliveira , RDD Textiles, Riopele, Sanmartin - Sociedade Têxtil, Somelos Tecidos , Tessimax Lanificio, TMG Textiles, Trimalhas Knit Inspiration, Troficolor Denim Makers António Manuel de Sousa, Marjocri - Malhas e Confecções, SM Senra, Source Textile, Top Trends, TMR Fashion Clothing, Tricothius WHO´S NEXT / INTERFILIÈRE 3 a 6 de setembro – Paris Concreto, Blackspider, Lemar, Luís Buchinho SHOWUP 5 e 6 de setembro – Vijfhuizen, Holanda Burel Factory, Carapau Portuguese Products, Easywalkexperience, Jinja INTERGIFT 15 a 19 de setembro – Madrid Dilina Têxteis, Irina & Sousa, Rio Sul CIC Lda, Têxteis Evaristo Sampaio

3DAYSOFDESIGN

16 a 18 de setembro - Copenhaga Trendburel, Três Dê MOMAD 17 a 19 de setembro – Madrid Blackspider, Concreto, Scusi, Marita Moreno, M. Rolo, Between Parallels, Christina Felix, Josefinas, Marjocri, JPBM PREMIÈRE VISION PARIS 21 a 23 de setembro - Paris PREMIÈRE VISION DIGITAL 20 a 24 de setembro FABRICS: A. Sampaio & Filhos; Acatel, Adalberto Estampados, Albano Morgado, Anbievolution, Brito Knitting, Burel Factory, Crispim & Abreu, Familitex, Fitecom, Joaps Malhas, Le Europe SA - La Estampa, Lemar, LMA, Lurdes Sampaio, Magma Têxtil, Modelmalhas, NGS Malhas, Paulo de Oliveira. Penteadora, RDD, Somelos Tecidos, Tessimax Lanifício, Texser - Têxtil de Serzedelo, Tintex Textiles, TMG Textiles, Trimalhas, Troficolor Denim Makers, From Portugal Forum Trends AW 22/23 YARNS: Clariause, Filasa/MAF, JFA SMART CREATION: Adalberto Estampados, Itechstyle Green Circle, RDD MANUFATURING PROXIMITY: Anjos&Lourenço, Lima&Companhia, R Lobo, Siena

A Magic Las Vegas (na foto, a edição realizada em 2019) voltou ao formato presencial e as marcas portuguesas Bravian e Aspeto disseram presente com os seus produtos made in Portugal. Os clientes da Bravian “estavam sedentos por comprar e nós sedentos por vender”, disse o representante da marca de moda funcional da Latino Group, que levou ao Las Vegas Convention Center duas coleções: outono-inverno 2021-22 e primavera-verão 2022, compostas por uma diversificada gama de produtos, desde calçado, a T-shirts, passando por casacos e camisas. Na feira que decorreu na segunda semana de agosto, a Aspeto apresentou a sua coleção primavera-verão 2022, com “peças extraordinárias” que deixaram entusiasmado o o CMO & Sales Manager da marca. Dispondo de um stand grande e bem posicionado, Luís Machado lamentou não ter podido ter mais que um representante na feira: “o espaço pedia três pessoas no mínimo para fazer uma

apresentação conveniente, mas as entradas nos Estados Unidos estão condicionadas”. Marcada por uma abordagem disruptiva e cheia de personalidade a nível de cortes, estampados e escolha de cores, a presença da Aspeto na Magic não esqueceu também a vertente sustentável e ambiental. “Todas as peças têm matéria orgânica”, disse ainda Luís Machado, dando como exemplo de um bomber da coleção que é feito de “um tecido importado do méxico feito à base de planta de cactos”. A participação das empresas portuguesas na Magic Las Vegas foi enquadrada pelo From Portugal, uma iniciativa da Selectiva Moda e da ATP, que visa promover a internacionalização das empresas portuguesas da área da moda. O projeto ‘From Portugal’ é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. t

WHITE MILANO JÁ TEM CENTENAS DE EXPOSITORES CONFIRMADOS A White Milano, Feira da Moda de Milão, que se realizará entre os dias 23 e 26 de setembro, confirmou a presença, para já, de cerca de mais de 200 expositores, o que demonstra a grande apetência pelo regresso às feiras presenciais. Segundo Massimiliano Bizzi, fundador do evento, em setembro acontecerá “o verdadeiro renascimento” da feira, momento em que “será possível voltar

à normalidade”. Recorde-se que na sua última edição em formato híbrido, em junho passado, a White Milano reuniu 1.200 v isitantes. Este ano, a feira coincidirá com a Milano Moda Donna, e o diretor de criação responsável pela apresentação v isual será Beppe Angiolini. O evento em formato físico será acompanhado, como tem sido prática um pouco por todo o lado, por uma pla-

taforma digital paralela. Fundada por Massimiliano Bizzi, a White Milano é uma das feiras internacionais de moda e têxtil de Milão e define-se como especialista em moda contemporânea. A edição outono -inverno da White será apresentada pela Maeci e pela agência ICE, em colaboração com o Confar tigianato Imprese e com o patrocínio da Comunidade de Milão. t


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X DE PORTA ABERTA Por: Bebiana Rocha

JbyJ

Avenida das Pateiras, Centro Comercial Nova Trofa, Loja 7 4785-684 Trofa

Ano de abertura 2020 Produtos Vestuário de homem e senhora Público Jovens adultos, até aos 45 anos, com um estilo descontraído Marca Em nome próprio Loja Online Prestes a ser lançada como um complemento ao espaço físico

TINTEX DÁ NOVA VIDA A PNEUS USADOS A convite da empresa de consultoria Beta-i, a Tintex integrou o NextLap, um projeto dinamizado pela Valorpneu, juntamente com a Genan (empresa que transforma pneus em fim de vida em novas matérias-primas), com o intuito de colaborar com as empresas e encontrar uma nova vida para os pneus usados. “Já temos algum conhecimento e histórico do que é a incorporação de resíduos nas nossas formulações de revestimento e achamos que este seria um bom desafio”, justifica Pedro Magalhães, Head of Innovation da Tintex.

"A pandemia valorizou algumas das vantagens competitivas em que a ITV portuguesa já se destacava" Mário Jorge Machado Presidente da ATP

Proximidade e reaproveitamento guiam a JbyJ O mundo dos bordados e da confeção há vários anos que faz parte da realidade da dupla Vaz, Tiago e Jorge, filho e pai. A vontade de dar uma nova vida aos tecidos que encontravam nos deadstocks dos armazéns aliada ao know-how que detinham sobre os têxteis levaram-nos a abrir uma loja de marca própria que oscila entre um estilo casual e festivo para almas jovens. Apesar da abertura ter acontecido em maio de 2020, em plena pandemia, o que implicou um período de encerramento da loja, a envolvência local e a proximidade com os clientes têm valido o investimento. Volvido um ano, o balanço mostra-se positivo: “a faturação rondou os 25 mil euros, acho que tivemos sempre sorte, as pessoas conhecem-nos, sabem que as peças são duráveis, são resistentes e que praticamos preços acessíveis, entre 15 e 45 euros, na maioria das peças”, partilha o gerente Tiago Vaz, acrescentando que “são produzidas totalmente cá, desde a aquisição da matéria prima aos últimos detalhes. As pessoas parecem valorizar cada vez mais essa opção, o que é nacional e sustentável”. Na JbyJ encontra-se de tudo um pouco, das camisas aos macacões, passando pelas saias e até máscaras reutilizáveis, mas o que mais vende são mesmo as calças, polos e os vestidos. Já com os olhos postos na próxima estação, a equipa está a preparar o lançamento de uma coleção cápsula em meados de setembro, feita também a partir de desperdícios têxteis.

Uma coleção que querem leve, confortável e que resista ao teste do tempo. Os padrões florais, folhos, trespasses e manga balão são as novas introduções para mulher neste outono. Já os homens podem contar com peças sóbrias e clássicas, que variam numa paleta de cores entre o preto, branco, azul e bordeaux. “Contamos ter apenas duas unidades para cada tamanho, do S ao XL. Vão sair entre 8 a 10 unidades de cada peça no máximo. Se houver tecido conseguimos produzir mais algumas”, explica o jovem gerente, reforçando a exclusividade dos modelos. Dentro daquilo que é a coleção, aceitam também encomendas por pedido, com outros tamanhos ou cores. Como complemento à loja física, surge também a novidade do lançamento do site. Com a importância crescente do e-commerce, a JbyJ avança agora para o canal online, mas na mesma voltada para o público português: “o nosso foco está no nacional. Podemos vender na Península Ibérica mas para já não está nos nossos planos mais do que isso”, confessa Tiago. Apesar do online vir ajudar, a dupla não deixa de fazer votos que o boca-a-boca faça crescer a marca. Para o futuro querem uma JbyJ mais amiga do ambiente e socialmente responsável, estando em cima da mesa a ideia de colocar parte das vendas a reverter para associações, procuram igualmente uma localização mais central e que dê uma maior visibilidade.t

LECTRA FINALIZA COMPRA DA GERBER POR 175 MILHÕES

METADE DAS VENDAS DA CANTÊ JÁ SÃO NO ONLINE

A Lectra completou a compra da totalidade do capital da norte-americana Gerber Technology, por um valor próximo dos 175 milhões de euros. O negócio tinha sido anunciado em fevereiro, mas estava dependente de aprovação da autoridade europeia da concorrência. A combinação das duas empresas dá origem a um player global líder na Indústria 4.0 para os mercados de moda, automotivo e móveis.

Apesar de quase sempre de portas fechadas, a Cantê aumentou em 10% as vendas no ano passado, tendo ultrapassado o milhão de euros. O online já representa metade da receita da marca de swimwear feminino que está a comemorar o 10º aniversário. Para este ano as expetativas são contidas, mas com a nova coleção, lançada ainda em tempo de confinamento, tudo tem estado a correr bem.

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foi o crescimento em junho das exportações da China

BANDANAS DA SOTEGUI QUEREM AJUDAR OS ANIMAIS DE RUA

Aproveitando a presença na loja pop-up da Guimarães Marca, a Sotegui avançou com um projeto muito especial: a empresa especializada em têxteis-lar está a comercializar bandanas para animais – lenços que se colocam à volta do pescoço dos animais de estimação – com o objetivo de angariar fundos para apoiar os animais de rua. Esta linha solidária e limitada – é também totalmente sustentável: são produzidas na empresa com recurso aos desperdícios das outras coleções.


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X O MEU PRODUTO Por: Bebiana Rocha

Covitec4Life

Desenvolvido pela Tintex, Coltec e Pafil em parceria com o CITEVE

O que é? Um projeto de desenvolvimento de dispositivos médicos reutilizáveis, resistentes a 20 ciclos de lavagem industrial, sem alterar as propriedades do produto Produtos Batas, coveralls, manguitos e perneiras Principal contributo Soluções amigas do ambiente e mais económicas Estado do Projeto Concluído, em fase de estabelecimento de contactos

TAJISERVI ADAPTA DESIGNAÇÃO SOCIAL AO SEU LEQUE DE OFERTA Com uma oferta alargada de máquinas, produtos e serviços que vai agora muito além do original comércio e serviço a máquinas de bordar, a Tajiservi decidiu atualizar a sua denominação social. Identifica-se agora como Tajiservi, S.A. designação que abarca todo o vasto âmbito das suas atividades. Além das máquinas de bordar Tajima - onde foi buscar identificação social -, comercializa também software de picagem de bordados e automação de produção da Pulse; todos os tipos de consumíveis para bordados, como telas especiais, sprays, lantejoulas, missangas, e agulhas, entre outros.

"Estamos com produção de vestuário muito alta, já não estamos a fabricar máscaras" Pedro Machado Criativo da Brandbias

EYWA: UMA COLEÇÃO FEITA À BASE DE BAMBOO E PÉTALAS DE ROSA No gender, ecológica e descontraída é assim a Slowing Ethical Closet, uma nova marca que aposta sobretudo na utilização de materiais orgânicos. A recente coleção Eywa, cujo nome “evoca à proteção do equilíbrio com a mãe-natureza”, conta com peças exclusivas de têxteis biodegradáveis “feitos à base de plantas como o cânhamo, pétalas de rosa, fibras de banana, de laranja, bamboo, soja e aloé vera”, dá conta a marca criada este ano.

Os EPI reutilizáveis e amigos do ambiente A sustentabilidade não é incompatível com o contexto de pandemia e pode até funcionar como um incentivo: substituir os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) descartáveis por opções laváveis e reutilizáveis e igualmente seguras. Foi com esse propósito que a Tintex se juntou à Coltec, Pafil e ao CITEVE para dar forma a estruturas têxteis laminadas, impermeáveis, respiráveis e com barreira às bactérias e vírus, para ambientes hospitalares, ou outros com risco associado. Apelidado de Covitec4Life, teve início em junho de 2020 e em nove meses desenvolveu duas linhas de I&D, como explica Augusta Silva, gestora de inovação de estamparia e coating do CITEVE. Uma primeira de “aditivos, formulações e processos de revestimentos têxteis poliméricos de base aquosa de elevado desempenho na proteção a líquidos e agentes infeciosos”, a cargo da Tintex, e a segunda orientada para “membranas e processos hotmelt de laminação impermeáveis e respiráveis, que recorre a soluções 100% poliméricas, sem necessidade de secagem nem fixação”. Esta última, da responsabilidade da Coltec, tem um impacto ambiental baixo, pois a tecnologia hotmelt não gera desperdícios, como explica o responsável técnico da empresa, Francisco Fernandes. “Fazemos a união de dois substratos têxteis com membranas e filmes através de adesivos hotmelt, que as nossas tecnologias colocam-no no estado líquido. Após um determinado tempo e sob uma temperatura controlada fica inerte, só gasta energia, não há qualquer desperdício de água”, assegura. O projeto foi particularmente desafiante pelas

condições de esterilização agressivas das lavagens industriais. Pedro Magalhães, responsável de inovação da Tintex, promotora do projeto, explica que “já trabalhávamos produtos que numa primeira fase respeitavam os requisitos, mas respeitar 20 lavagens com uma temperatura de 65 graus com um PH de 11 e a utilizar compostos agressivos foi um desafio”. Já Augusta Silva, do CITEVE, refere que “o PH dos banhos, extremamente alcalino fragilizava os coatings, as membranas e os filmes”. Superada a prova as lavagens, foi a vez da Pafil entrar em ação e desenvolver as batas, coveralls, perneiras e outros produtos, novamente duas soluções: o tradicional poliéster e o lyocell. A par da reutilização, com as consequentes vantagens económicas de sustentabilidade, as peças têm também um formato mais ergonómico e confortável, possível de ser personalizado a gosto. Já com os protótipos desenvolvidos, recolheram-se opiniões junto dos profissionais do Hospital do Tâmega e Sousa, que João Rui Pereira, CEO da Pafil, diz terem sido bastante positivas quanto à mobilidade e leveza. Em paralelo, e como uma segurança extra, o CITEVE desenvolveu uma espécie de etiqueta inteligente para garantir que as lavagens são efetuadas corretamente. “Fizemos um sistema de coloração micro-encapsulado em que os agentes incorporados reagem em contacto com determinado PH: o sistema liberta a cor, mas só ocorre quando em contacto com o banho nas condições ideais”, destaca Augusta Silva, gestora técnica do projeto. t

4,5 milhões

foi o investimento da têxtil CLS Brands na nova unidade em Viana do Castelo

TRANSPARÊNCIA É A CHAVE PARA ATRAIR JOVENS PARA A TÊXTIL A transparência da indústria têxtil é crucial para a atração dos jovens para o setor e para a sobrevivência das empresas. Foi esta a concussão da conferência “Pense Indústria: Atração de talentos para a indústria”, que contou com a participação de Ricardo Silva, da Tintex, e de Júlio Sá, da Genotrix. “Os criadores são a indústria, nós é que fazemos as coisas que os consumidores gostam de usar, e quanto mais eles virem o processo e tudo o que se passa dentro das empresas, mais atrativa a indústria têxtil vai ser”, afirma Ricardo Silva, da CEO da Tintex.

BIQUÍNIS DA MARIA FLAMINGA EVOCAM SAUDADE A coleção de biquínis ‘Saudade’ da Maria Flaminga é inspirada “nos sítios que sentimos falta de ver, de pessoas que sentimos falta de encontrar e é colorida para nos lembrarmos que há sempre um arco-irís depois da chuva”, diz a fundadora da marca, Carolina Figueiredo, sobre a sua nova coleção. É também uma coleção que tem em linha de conta o meio ambiente, usa como matéria-prima principal licra em Econyl e é produzida em atelier por costureiras apenas por encomenda para evitar excedentes.


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SAMPLESS SURPREENDE MERCADO ESPANHOL O sampLess, centro de prototipagem digital vocacionado para o setor da moda e dos têxteis, foi alvo do interesse da imprensa espanhola e surpreendeu pela inovação e pela qualidade de um serviço que em pouco tempo será com certeza uma opção a tomar pela maioria das empresas. O jornal especializado Modaes dedicou ao projeto português e ao seu responsável, Paulo Salgado, “engenheiro industrial com mais de dezoito anos de experiência no setor”, uma reportagem em que salientava a inevitabilidade de, aos poucos, os catálogos digitais substituírem os tradicionais – mesmo num quadro em que os negócios e as feiras regressem em definitivo ao presencial.

"Todos os dias, só para fazer fio, estamos a poupar três toneladas ao planeta de desperdícios" Patrícia Ferreira CEO da Valerius Hub

DECENIO BRILHA NOS OLÍMPICOS

Mesmo sem competir ou conquistar medalhas, a moda da portuguesa Decenio foi uma das grandes protagonistas das olimpíadas de Tóquio, tendo sido responsável pelo vestuário da comitiva nacional, que emprestou os atletas Emanuel Silva (canoagem), Evelise Veiga (atletismo), Rui Silva (andebol) ou Tamila Holub (natação) para um editorial de moda com a coleção SS21. Na memória do mundo vão ficar também por muito tempo as imagens de alegria e elegância que os atletas portugueses deixaram na pista na cerimónia de abertura. t

RIOPELE INVESTIU 35 MILHÕES PARA SER A MAIS MODERNA DA EUROPA Está em fase final de concretização o plano de investimento de 35 milhões traçado pela Riopele para a modernização da empresa. Com foco nas áreas de transição digital e sustentabilidade, o objetivo passa por transformar a histórica têxtil fundada em 1927, em Famalicão, na mais moderna fábrica da Europa. “Posicionamo-mos para nos assumirmos como a principal referência na Europa, investindo não só em tecnologia de ponta – automação e eficiência dos novos equipamentos, criação de uma plataforma digital, monitorização do chão de fábrica e implementação de um sistema de visão artificial nos teares – como otimizando processos e reforçando competências internas”, diz José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele. Numa nota publicada no seu sítio da internet, a empresa avança que “na última década o número de colaboradores aumentou 23%, para 1039 em finais

de 2020. Nas áreas técnicas, de investigação e desenvolvimento, logística, comercial e de sustentabilidade, a Riopele emprega já mais de 150 colaboradores, cerca de 18% do total da empresa e representando um crescimento que desde 2010 é superior a 20%. Outro dado relevante de modernização é dado pelo número de profissionais com curso superior, que ascende já a 118, um aumento de 46% desde 2010, representando mais de 10% do quadro de pessoal. Fundada em 1927, “a Riopele é uma das mais antigas têxteis portuguesas e uma referência na criação de tecidos para algumas das mais prestigiadas marcas internacionais”, reforça a nota, explicando que “depois de oito anos de crescimento, a Riopele está, agora, a investir em áreas de negócios complementares, como a indústria automóvel, e a reforçar o posicionamento nos segmentos profissional e militar”. t

BUENOS AIRES FASHION FILM É PARCEIRO E PROMOTOR DO FFF Nesta oitava edição, o Fashion Film Festival tem a Buenos Aires International Fashion Film Festival (BAIFFF) como parceira, que estará representada também no júri por Willmer William, fundador e diretor daquela organização. “Em 2021, o BAIFFF, como festival parceiro, vai promover o Fashion Film Festival em território latino-americano”, anuncia a organização, “aumentando a fasquia da competição internacional e promovendo as marcas e os criativos portugueses lá fora”. As categorias a concurso são: filmes de moda nacionais de autor independentes, de marca, têxteis técnicos, têxteis-lar, alive mobile e filmes de moda internacionais. As inscrições decorrem até 11 de outubro.

46%

foi o aumento da receita da Farfetch no primeiro trimestre de 2021

LUSÓFONA FOTOGRAFA CAMPANHA FW 20/21 DE CARLOS GIL

SONAE FASHION CRESCE 41,5% NO SEGUNDO TRIMESTRE DE 2021 Após o período de confinamento que durou a maior parte do primeiro trimestre de 2021, a Sonae Fashion, onde estão concentrados os ativos ligados aos têxteis e à moda do grupo Sonae, registou um volume de negócios de 74 milhões de euros no segundo trimestre (entre abril e junho), o que corresponde a um aumento de 41,5% em termos homólogos. No comunicado enviado à CMVM, o grupo destaca que o

volume de negócios foi impulsionado por todas as marcas e pelas operações online e offline. “Este foi um desempenho muito sólido, sobretudo quando comparado com 2019, um ano sem restrições, visto que a Sonae Fashion conseguiu registar um valor de vendas quase em linha com o valor do segundo trimestre de 2019”, que foi de 78 milhões. Em termos acumulados, as vendas da Sonae Fashion ascende-

ram a 135 milhões de euros, mais 3,7% face ao ano anterior, “um desempenho encorajador particularmente tendo em consideração que no primeiro semestre as lojas estiveram encerradas 11 semanas – o que compara com sete semanas de confinamento no primeiro semestre de 2020. É importante destacar que as vendas online continuaram a apresentar elevadas taxas de crescimento, tendo atingido 17% do volume de negócios total”. t

A Universidade Lusófona, mais especificamente a licenciatura em Fotografia e alguns professores da licenciatura em Design e Produção de Moda, desenvolveram todo o trabalho de direção de produção e de fotografia para a campanha da coleção FW 21/22 – Know How, da marca do designer Carlos Gil. Estiveram envolvidos seis estudantes do 2º ano da licenciatura, acompanhados pelo professor da unidade curricular de Fotografia de Moda, António Cardoso, e a diretora da licenciatura em Design e Produção de Moda, Alexandra Cruchinho, que assegurou a direção de produção da campanha.


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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey

Dora Guimarães Fundadora da marca Dora Guimarães

Família Vive com o marido, Hugo, e a companhia de Santiago, o cão da casa Casa Apartamento em Ofir (mas planeia mudar-se para uma moradia) Formação Design de Moda (Modatex) Carro Mini Countryman Portátil iMac Telemóvel Iphone X Hobbies Adora ler - está com três livros na cabeceira - e faz das caminhadas junto ao mar uma constante (“não me imagino a viver longe da praia”) Férias Não há ano que não dê um saltinho até ao Algarve, normalmente na Páscoa, mas não dispensa as viagens. México, Cuba e Menorca são alguns dos destinos no currículo Regra de Ouro “O sonho comanda a vida”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Guiada pelos sonhos e amparada pela mãe É comum dizer-se que toda a gente tem um dom: uns descobrem-no no decorrer da vida, outros não chegam a cruzar-se com ele, e há outros ainda que já nascem com ele, como é o caso de Dora Guimarães, designer de moda e fundadora da marca homónima de roupa e acessórios femininos. “Tive a minha primeira máquina de costura com cinco anos, porque pedi ao Pai Natal. Era cor-de-rosa e tinha um pedal que cosia de verdade”, conta a empreendedora que tem na imagem da mãe, que era costureira, a maior inspiração. Das brincadeiras de infância e dos dias que passava a recriar roupas e acessórios para as suas bonecas foi um instante até chegar o momento em que Dora Guimarães, natural da aldeia de Barqueiros, Barcelos, teve de optar pela sua formação especializada. “O meu sonho era design de moda mas por volta dos meus 16 anos os meus pais separaram-se e foi muito difícil financeiramente. Por isso, tive que adiar o sonho e acabei por seguir modelagem”, conta. Mas lá se diz que Deus escreve direito por linhas tortas e hoje Dora considera que essa formação em modelagem foi fundamental para perceber a componente técnica da indústria têxtil e da moda. “Cheguei a trabalhar na indústria mas não gostei e pouco depois arranjei um trabalho extra para conseguir pagar o curso e, mesmo contra a vontade da minha mãe na altura, ingressei na licenciatura em Design de Moda no CITEX [atual Modatex]”. E ainda bem que o fez. O seu talento, que fez a mãe render-se às evidências, permitiu-lhe arrecadar várias distinções - Prémio Jovens Talentos Ibéricos, Melhor Desenhador Internacional num concurso em Espanha, Primeiro PFN e mais tarde estagiar no atelier de Miguel Vieira. “Depois desse estágio maravilhoso, trabalhei três anos na têxtil, mas em 2008 achei que estava na altura de seguir os meus sonhos e abrir um negócio meu”, regozija-se. Nesta troca do certo pelo incerto e comandada apenas pelos sonhos, Dora contou sempre com a sua fada madrinha, a mãe, e no final de 2009 abrem juntas um atelier de alta costura em Esposende. “Não me esqueço do brilho nos olhos dela. Tivemos um verão maravilhoso com clientes a valorizarem os bons tecidos e o fazer bem”, recorda com evidente saudade. Mas os sonhos também são feitos de muito sacrifício e dor, e no final do ano seguinte perde a mãe num brutal acidente de viação: “fiquei sem norte. A minha mãe acreditava realmente no meu talento e continuar sem ela foi muito difícil”. Entre altos e baixos, o caminho foi-se fazendo e é em 2016 que Dora volta a sentir a força para dar cor aos seus desejos cor-de-rosa de menina. “O projeto dos vestidos à medida foi deixando de fazer tanto sentido e eu sempre quis ter uma marca de roupa e acessórios femininos”, conta. E como “quem não arrisca não petisca”, abriu em Braga, já em 2017, o espaço Dora Guimarães. “Quem entra aqui percebe a minha personalidade: adoro preto porque é uma cor muito sofisticada e elegante, mas também tenho na coleção uma forte palete rosa, uma vertente sonhadora”, descreve. O feedback da primeira coleção foi tão bom que rapidamente a marca arrancou com um projeto de internacionalização para a Europa. “Temos participado na MOMAD com bons resultados. Os sonhos e o sucesso dão muito trabalho mas são eles que comandam a nossa vida”, remata.t


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a MUNDO VERDE

do polyester já vem da reciclagem de garrafas PET

"O REFIVE é um projeto chave na mão, que incorpora mais de meio século de experiência na produção de fibras recicladas" João Valério Administrador da Recutex e da Fiavit

VOOD INCORPORA MADEIRA NO VESTUÁRIO PARA HOMEM Bebiana Rocha

Durável, confortável e esteticamente aprazível, é assim que se apresenta a VOOD, uma marca portuguesa que avança com uma inesperada inovação: a incorporação de madeira em peças de vestuário, calçado e acessórios para homem. Começou pelos laços de madeira, mas pretende ser um all men fit . É através de técnicas a laser e vários tratamentos que a empresa consegue transformar a madeira comum numa estrutura flexível que combina com uma base de tecido em algodão orgânico, tornando as peças confortáveis, esteticamente aprazíveis e altamente duráveis. A proposta conta já com certificado internacional. A madeira usada é geralmente de nogueira ou faia e é possível lavar e passar a ferro as peças assim produzidas, sem que as suas caraterísticas sofram qualquer alteração. Atualmente, "o artigo com mais saída é o polo", afirma o fundador João Reis. É feito com um dos melhores interlocks , dupla carcela, botões invisíveis, e com-

A legislação e o enquadramento regulamentar, a par das questões económicas e financeiras, são os dois principais obstáculos à implementação de processos de circularidade por parte das empresas portuguesas. Esta é uma das conclusões do inquérito realizado pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal, junto de 194 empresas. Na resposta às barreiras mais restritivas, 37,1% das empresas identificou a legislação e o enquadramento regulamentar. Também as questões económicas e financeiras foram identificadas como um dos obstáculos por 35,6% das empresas.

AEP REFORÇA APOSTA NA SUSTENTABILIDADE A AEP – Associação Empresarial de Portugal vai arrancar, em setembro, com a instalação de painéis solares e de postos de mobilidade elétrica no seu Edifício de Serviços, em Leça da Palmeira. A empreitada, fruto de uma parceria com a empresa associada Ecoinside, uma tecnológica de energias renováveis, marca o arranque da estratégia de sustentabilidade da AEP para a próxima década e vai suprir em 45% as necessidades energéticas do edifício.

plementado com detalhes em madeira. O polo tem servido para fazer crosselling com a restante coleção, que conta com sapatos, carteiras e outros acessórios, tudo com a madeira como denominador comum. Os acessórios são feitos internamente em Gondomar e o vestuário e calçado é confecionado em parceria com empresas de Guimarães e Felgueiras. “O potencial de internacionalização da

VOOD é grande”, afirma João Reis, contando ao T que estão “em negociações com agentes de marcas internacionais, nomeadamente nos Países Baixos e Inglaterra". Em outubro chegam novidades: novos modelos e cores, tanto na linha de vestuário como calçado. Está a ser estudada ainda a possibilidade de sapatos por medida e em adicionar um separador de personalização ao site da marca. t

COLHEITA DE ALGODÃO ORGÂNICO BATE RECORDE GLOBAL A produção de algodão orgânico aumentou pelo quarto ano consecutivo. Segundo avança o recente relatório da Textile Exchange – ‘2021 Organic Cotton Market’ – cerca de 229.280 agricultores produziram 249.153 toneladas

LEGISLAÇÃO É OBSTÁCULO À ECONOMIA CIRCULAR

de algodão orgânico em mais de 588 mil hectares de terras certificadas em 21 países. Estes números representam um aumento de 4% em relação ao ano anterior, sendo a Índia (50%), China (12%), Quirguistão (12%), Turquia

(10%) e Tanzânia (5%) os maiores países produtores. “A procura por algodão orgânico tem crescido constantemente, especialmente nos últimos quatro anos”, afirma La Rhea Pepper, fundador e CEO da Textile Exchange. t

"Fomos a primeira empresa do mundo a conseguir processar o Liocel. Hoje esta fibra está por todo o mundo" Miguel Ribeiro da Silva Administrador da Sasia

KIABI: DENIM POUPA 100 MILHÕES DE LITROS DE ÁGUA As coleções da Kiabi querem ser cada vez mais amigas do ambiente. A mais recente proposta de denim sustentável da marca francesa permitiu economizar 100 milhões de litros de água com o seu processo inovador de lavagem. A par da considerável poupança de água, a Kiabi anuncia também a redução no uso de químicos no processo. O objetivo é, até 2025, conseguir atingir uma oferta totalmente eco-friendly e acessível para as famílias. Para já, podem encontrar-se calças, camisas, macacões e saias 100% algodão, disponíveis no site e nas lojas Kiabi para homem, mulher e criança.


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MOBILIÁRIO E OBRAS DE INTERIORES

Remodelação de interiores Lojas

Showrooms

www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601

www.globaltendas.com

events & exhibitions


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana d'Orey

Golfinho Sports Estrada de Eiras 3020-426 Coimbra

O que faz? Especialista em artigos de natação, treino aquático, aquafitness, reabilitação, pólo aquático, material de salvamento, equipamento de competição e instalações desportivas Fundação 1991, quando Nuno Arcanjo se juntou ao pai que já trabalhava na área Exportações Mais de 50% do volume de negócios Escritórios Ribeira de Eiras, Coimbra

RIOPELE LANÇA APP PARA CLIENTES PROFISSIONAIS De forma a permitir um contacto mais direto e permanente, a Riopele avançou com uma APP para clientes profissionais, integrada no programa “Riopele Digital", criado em 2016. Trata-se de uma ferramenta pensada para ser intuitiva, dar a conhecer em primeira mão os novos produtos e incluir ainda mais detalhes e caraterísticas técnicas sobre cada um deles. “A criação de uma plataforma exclusivamente direcionada aos profissionais do setor foi entendida como prioritária e permite reforçar a abordagem a novos clientes”, afirmou o administrador Bernardino Carneiro.

"Tal como a alimentação, o têxtil deve ter etiquetagem detalhada sobre os benefícios e os malefícios da peça de roupa" Hugo Miranda Diretor de inovação da Adalberto

ARTIGOS DESPORTIVOS COM FORTE CRESCIMENTO ATÉ 2025 A venda de artigos ligados à atividade desportiva continua a ser o segmento mais animado do consumo têxtil – na sequência das vendas atingidas na fase da pandemia – e deverá crescer 5% ao ano nos próximos cinco anos, com um aumento médio anual de 13% no canal online e de 7% no tradicional. A previsão, da responsabilidade da consultora Boston Consulting Group em colaboração com a Signa Sports United, parte de uma conta que agrega todas as parcelas de atividade (direitos televisivos, venda de bilhetes e outras atividades, para além do comércio), para chegar a um total próximo dos 400 mil milhões de euros em 2020 – que deverá crescer até aos 564 mil milhões em 2025.

Cuidar do corpo e aperfeiçoar os mergulhos As provas dadas pela Golfinho Sports assemelham-se aos progressos de um grande nadador. Começou com pequenas dimensões, pelas mãos do pai de Nuno Arcanjo, atual CEO da empresa especializada em artigos para desportos aquáticos, mas os seus mergulhos foram-se aperfeiçoando ao longo das últimas décadas. Hoje, a Golfinho Sports tem clientes em mais de trinta países distribuídos pela Europa, África e Médio Oriente, sendo que as exportações representam já mais de 50% do volume de negócios da empresa sediada em Coimbra. Tendo os equipamentos de natação e piscina como o core business, a Golfinho Sports é, explica Nuno Arcanjo, “especialista em artigos de natação, treino aquático, aquafitness, reabilitação, pólo aquático, material de salvamento, equipamento de competição e instalações desportivas”, sendo que produz e comercializa também fatos de banho profissionais e personalizados e toucas em tecido. “O meu pai começou a título individual a trabalhar no ramo e entretanto, em 1991, eu fui trabalhar com ele e foi nesse ano que fundamos a empresa”, conta o CEO da Golfinho Sports. Com o desígnio da internacionalização, foi em 2013 que a empresa de Coimbra iniciou

a sua presença em algumas das maiores feiras internacionais do setor, sendo atualmente Espanha, França e alguns países do Médio Oriente os principais mercados de exportação. A pandemia trouxe as suas implicações, mas ao invés de estagnar, a Golfinho Sports decidiu investir e duplicar as suas instalações. “Estamos a falar de um investimento de 1,5 milhões de euros que passa também pela aquisição de algumas máquinas. A ideia é reforçar a posição de mercado para estarmos preparados e na linha da frente quando as pessoas regressarem às piscinas”, sustenta Nuno Arcanjo. É nesta linha de pensamento que a Golfinho Sports avançou com a ampliação das suas instalações em 2300 m2. “Quando nos instalámos aqui, há cerca de 12 anos, pensávamos que provavelmente nunca teríamos de aumentar instalações e agora vamos mais do que duplicar e construir mais 2300 m2”, revela entusiasmado Nuno Arcanjo. Este investimento de 1,5 milhões de euros, que contempla ainda a aquisição de máquinas para a impressão personalizada de toucas, justifica-se com o acentuado crescimento que a empresa assistiu nos últimos anos dentro e fora de Portugal. t

5 mil

pares de jeans são produzidos por dia na Salsa

VINTAGE FOR A CAUSE LANÇA COLEÇÃO DE MATERNIDADE

A pensar numa maternidade sustentável, a Vintage for a Cause lançou a Mamasutra, uma coleção multifuncional para as futuras e recém-mães. Da parceria com a Pinga Amor resultaram peças que aliam a funcionalidade, indispensável nas roupas maternais, a um design que reduz o impacto ambiental das roupas usadas apenas durante um certo período de tempo. A coleção resulta dos habituais excedentes de tecidos industriais, sendo usados materiais como linho, seda e algodão, complementados por bolsos e molas para looks mais práticos.


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OPINIÃO TRANSPORTES MARÍTIMOS E CONTENTORES João Peres Guimarães Membro do Conselho Consultivo da ATP

GESTÃO ESTRATÉGICA DAS EMPRESAS FAMILIARES Luís Todo Bom* Gestor e professor no ISCTE

Como se justifica que o preço de transporte de um contentor de 40 pés tenha passado de 4 mil para 14 mil dólares em menos de um ano? Estamos a ser afetados com o agravamento dos custos dos transportes marítimos, a duração das viagens e a falta de contentores. Como se chegou até esta situação que parece contraditória, já que num período de menores transações a oferta de transportes deveria ser maior e os preços deveriam descer? Por regra os navios têm uma vida útil de 40 anos, depois os custos de manutenção superam os ganhos e são abatidos. Quanto mais antigos mais ineficientes, mais combustível consomem e mais tripulação necessitam, sendo estes os seus maiores custos operacionais. A tendência é produzir navios cada vez maiores, mais eficientes, mais automáticos e que operam com tripulação reduzida. Os mais recentes atingem os 360 metros de comprimento e transportam cerca de 380 quilotoneladas de carga. Uma outra categoria, menor para poder transitar pelo canal do Panamá, possui menos de 275 metros e carrega 100 quilotoneladas. A pandemia veio alterar completamente a vida das sociedades. Os confinamentos conduziram a uma redução das transações e necessidade de transportes. Como inicialmente o preço do petróleo caiu a pique, chegando a valores negativos, começaram-se a usar navios mais pequenos em razão da menor procura. Mas quando, no ano passado, os preços dos combustíveis recuperaram, a vantagem desapareceu e regressou-se à utilização de barcos maiores. Como as necessidades de transporte eram menores, reduziu-se a velocidade de cruzeiro para poupar no combustível. Esta foi a primeira razão para o aumento do tempo de transporte. Por outro lado, a pandemia obrigou a controles sucessivos em alguns portos de passagem: mais tempo perdido.

As caraterísticas diferenciadoras da análise estratégica das empresas familiares na ótica dos recursos, passam pelos seguintes conceitos: – O conceito de familiness, definido como «um conjunto único de recursos que uma empresa possui, derivado da interação entre a família e a empresa, e que é graduado pelo envolvimento da família na empresa e vice-versa». – A família como fornecedor empenhado de recursos, financeiros (capital), humanos, sociais, físicos e reputacionais. – A família como gestor de recursos, onde se inclui a seleção de recursos, desenvolvimento, agrupamento e alavancagem de recursos, tentando evitar o desperdício de recursos. – O processo de transformação da familiness em estratégias de negócio, ligando a familiness positiva às vantagens competitivas da empresa, consolidando o posicionamento competitivo. Sendo o conceito de familiness diferenciador, no âmbito da teoria dos recursos, tor-

Entretanto, o movimento de cargas foi prejudicado pelas faltas ao trabalho dos funcionários nas docas, por doença ou confinamento: terceira razão para atrasos. Mas também a evolução diferenciada da pandemia entre a China e o Ocidente afetou o normal fluxo de cargas deixando contentores vazios de um lado que faltavam no outro. Mais atrasos e maiores custos. Para piorar a situação, a solução da China para manter a sua economia em funcionamento foi investir massivamente em infraestruturas. Isto aumentou de tal modo a procura de ferro que este triplicou de preço, numa altura em que os transportes marítimos estavam em baixa e os seus navios mais velhos e mais custosos parados. O resultado foi aproveitar o aumento dos custo do ferro para antecipar o envio dos barcos para sucata e fazer algum capital que permitisse aguentar as perdas da falta de atividade, na expetativa de os virem a trocar por navios maiores, mais eficientes e de operação mais barata quando a economia global recuperasse. Largas centenas de navios fizeram a sua viagem final até Chittagong, no Bangladesh, onde esta operação é menos dispendiosa. Com a melhoria das economias, a procura de transportes aumentou, mas agora não há barcos. A tendência na descida da velocidade dos navios é para manter ,já que os benefícios no combustível superam os custos no pessoal e a pressão para reduzir a poluição é grande. A questão da movimentação e congestão dos contentores está longe de ser resolvida pois está fora de questão fazer o transporte de contentores vazios. A médio ou longo prazo a tendência será para que as coisas normalizem e os transportes até desçam de preço, com navios maiores, tripulações menores e motores mais eficientes. Mas infelizmente os especialistas acham que antes de 2023 a situação não se reverterá. t

na-se indispensável a avaliação da familiness da empresa através das seguintes questões: – Qual é o objetivo estratégico da empresa e que recursos a empresa necessita para atingir esse objetivo? – Qual é o impacto da família nesses recursos: positivo, neutral ou negativo? – Como posso preservar ou fortalecer os aspetos positivos da familiness e como posso ultrapassar os aspetos negativos da familiness? Quais são os obstáculos potenciais? A ligação positiva entre familiness e vantagem competitiva, pode ser verificada no quadro seguinte. Para além dos aspetos ligados ao conceito de familiness, as empresas familiares podem utilizar outras fontes de diferenciação para criarem vantagens competitivas, tais como: – A sobreposição de responsabilidades, como proprietários e gestores de PME, que permitem uma reação rápida ao mercado.

– A estrutura de concentração da propriedade, que conduz a produtividades empresariais elevadas e a um compromisso de longo prazo para o investimento, para os colaboradores e para a inovação. – O focus nos clientes e em nichos de mercado, que conduzem a uma elevada rentabilidade dos investimentos. – O desejo de proteger o nome e a reputação da família, que é geralmente traduzido em produtos e serviços de elevada qualidade e elevado retorno do investimento. – Finalmente, a natureza da interação família-propriedade-gestão, a unidade familiar e o compromisso dos proprietários, que permite a mobilização do capital no longo prazo, custos administrativos baixos e agilidade na resposta às mutações do mercado. t *Texto extraído do Manual de Gestão de Empresas Familiares, 1ª edição, Edições Sílabo, Lisboa, pp. 131-133.


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Paulo Salgado Co-Founder & Managing Director da SampLess

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Alexandra Cruchinho e José Carlos Neves Diretores da área de Design de Moda da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

A PRÓXIMA GERAÇÃO DE CATÁLOGOS TÊXTEIS

A MODA PORTUGUESA ESTÁ NUM MOMENTO DE VIRAGEM

A sustentabilidade da indústria têxtil começa no início do processo de design e desenvolvimento. Muito se tem falado sobre os milhões de toneladas de roupas que são depositadas todos os anos no planeta, mas o que dizer dos resíduos têxteis e das emissões de carbono geradas no próprio processo de desenvolvimento? De acordo com algumas estimativas, entre cinco e sete biliões de euros (dados EFI/ Optitex) são gastos em amostragem física na indústria de vestuário a cada ano. Por que razão continuar a desperdiçar tantos materiais e energia em amostras físicas caras e poluentes? Fornecedores e compradores de materiais devem ser os primeiros a dar o exemplo através da utilização de amostras digitais e interfaces de visualização em 3D que oferecem uma alternativa rápida e limpa ao processo tradicional de amostras físicas. O recurso a experiências digitais e inovadoras através da tecnologia 3D está a ser uma tendência cada vez mais frequente para apresentação de novas coleções nas principais feiras internacionais do setor, antes, durante e após os eventos presenciais. Produtores de materiais partilham assim novas coleções com clientes estratégicos antes da data do evento, permitindo a exploração visual e simulação 3D desses materiais, tornando os encontros presenciais muito mais eficientes. O mesmo acontece com todos os visitantes que durante o evento não têm oportunidade de explorar todos os detalhes de uma coleção. Através da partilha de um email, poderão ter acesso a toda a coleção virtual e consultá-la a partir de um smartphone. E o toque? Como sentir o tecido? O toque é absolutamente indispensável e imprescindível. O caminho passa pela criação de pequenos livros de amostras, onde constem apenas as estruturas de materiais em “cru” e não de todas as variações de cores e padrões aplicadas nessa mesma estrutura de material. Todas as demais variações podem ser simuladas recorrendo à tecnologia digital 3D que está a evoluir a cada dia que passa, oferecendo renderizações foto-realistas dos materiais que ajudam a decidir detalhes de design e cores. Quando se trata de movimento, caimento e alongamento do material, isso requer uma animação mais sofisticada do material que pode também ser complementada com a gravação e partilha de um vídeo do material físico. A sampLess está em missão de estabelecer os padrões da indústria para a amostragem digital, de forma a reduzir até 70% os recursos consumidos no processo tradicional de prototipagem física. Disponibilizamos a melhor tecnologia do mercado para transformar catálogos tradicionais em experiências digitais e inovadoras, não apenas porque está na moda mas porque ajuda o processo de desenvolvimento a ser mais sustentável e eficiente! Este está a ser o caminho que muitas empresas multinacionais de renome já estão a tomar para aumentar as vendas online e acelerar o lançamento de novos produtos no mercado. t

O isolamento tornou as pessoas mais conscientes da sua finitude e da importância da relação com o outro. Os sucessivos confinamentos abriram caminho a uma alteração de prioridades, que é transversal a todos os setores. E a moda não é exceção. A expressão "mais é menos e menos é mais!" não pode ser apenas um mote criativo, mas sim a imagem de marca de um setor empenhado na redução dos danos ambientais. Estamos a assistir ao crescimento de uma indústria sensível ao reaproveitamento e à redução do desperdício, uma indústria que aposta na investigação científica para criar matérias-primas menos poluentes a partir de resíduos. Simultaneamente, nascem projetos de sensibilização como o Green Circle, com a curadoria de Paulo Gomes – figura de referência da moda nacional – numa parceria entre a Associação Selectiva Moda e o Citeve, que conta também com a participação de designers de renome internacional. Projetos dirigidos à indústria têxtil, mas também aos criadores, aos consumidores e à sociedade em geral, iniciativas que pretendem alertar para a importância da sustentabilidade na moda, que aliam as preocupações ambientais à inovação. E inovar é preciso. A moda nacional começa agora a olhar para dentro para chegar lá fora. Não importa copiar os modelos de negócio existentes ou tomar como referência coleções de grandes marcas internacionais, bem implementadas no mercado. Importa sim, ir ao encontro das necessidades do consumidor, um consumidor que já não procura uma simples peça de vestuário, mas muito mais do que isso, compra a história por trás dela. Num país como o nosso, tão rico em heranças culturais, os designers encontram um oásis de oportunidades para valorizarem os seus produtos, para se reinventarem, para se diferenciarem no mercado através das sensações e emoções que imprimem e transmitem nas suas criações. A moda portuguesa está num momento de viragem. Está a caminho de uma nova era marcada por avanços tecnológicos, que já se refletem nos desfiles e na apresentação das coleções. O 3D, a criação de avatares e peças de vestuário em software , a realidade aumentada e a realidade virtual ganham espaço, a passos largos, nos processos de criação e divulgação. A pandemia trouxe mudanças estruturais à nossa sociedade que, muito provavelmente, irão manter-se quando esta for ultrapassada. Trouxe novos e enormes desafios que se prendem com a sustentabilidade económica, social e ambiental, mas também trouxe novas oportunidades criadas pelos avanços tecnológicos e pela crescente valorização do património cultural. Por isso mesmo, estamos atentos, otimistas e curiosos, perspetivando um futuro promissor para a moda, em particular para a made in Portugal. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

É o nosso novo herói do mar e a nossa Katty quis homenageá-lo com um camuflado que tanto gosta de usar. Não para que possa enfrentar os negacionistas e militantes anti-vacina com um estilo mais fashion, mas para que Gouveia e Melo possa estar preparado para as jornadas de inverno e a eventual necessidade de levarmos uma terceira pica. Mais volumoso, tufado e leve que aqueles que tem mostrado na TV, mas com o brilho das suas medalhas e condecorações

É o novo herói do mar e o camuflado glorifica-o O vice-almirante Gouveia e Melo é o novo herói do mar, do mar viral que nos assola. Ele, que arrecada uma coleção avultada de condecorações, medalhas e distinções conquistadas dentro e fora de Portugal, pode agora somar mais uma à sua coleção. No dia 19 de agosto recebeu pelas mãos do presidente Marcelo Rebelo de Sousa a condecoração da Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis. Embora esta distinção não faça qualquer menção ao seu mais recente papel como coordenador da task force para o plano de vacinação contra a COVID-19, o certo é que surge um dia após a chegada (antecipada) à meta dos 70% da população vacinada. Henrique de Gouveia e Melo, em fevereiro deste ano, aceitou este convite feito pelo Governo e assumiu o cargo de forma firme e contundente, plantando uma inesperada popularidade nos portugueses e na imprensa que, sem sucesso, tenta empurrá-lo para os corredores políticos. O vice-almirante, que desde o início encarou esta tarefa como uma guerra, fez do camuflado o padrão a adotar neste teatro de operações, segundo o próprio, como símbolo de unificação e força, pois o uniforme de combate é o único comum aos três ramos das Forças Armadas. E esta tem sido a imagem de marca do vice-almirante e com essa imagem o vemos sair vencedor dos distintos cenários desta batalha. No mais recente, conseguiu deslizar de cabeça erguida por manifestantes anti-vacinação que o insultavam e chamavam de assassino, acabando em grande ao ser recebido no centro do conflito com o icónico hino "Simply the best" de Tina Turner. Quisemos também homenageá-lo com uma proposta acolhedora para enfrentar as jornadas de inverno e a possibilidade de nos dar a todos uma terceira “pica”. Este novo look não abandona, obviamente, o camuflado. Pelo contrário, glorifica-o, mostrando-o mais volumoso, tufado e leve. E embora seja claro que não é do feitio do vice-almirante andar a puxar pelos galões, decidimos expor as suas condecorações e medalhas. t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Restaurante Mariana Estrada Pedro Homem de Melo, 42 4900-069 Afife, Viana do Castelo

ABENÇOADAS ALGAS Para quem rumou ao reino dos Algarves neste mês de Agosto sabe que ainda antes de chegarem os incêndios de Castro Marim e Monchique, as principais preocupações eram outras e eram duas. A maior, até porque mais abrangente, tinha a ver com a temperatura da água do mar, muito mais fria do que é habitual. Aumentando severamente o contraste com um calor, igualmente muitos furos acima do que é costume. Segundo os especialistas publicados, o problema teve a ver com a falta do Levante, um vento quente que tanto quanto dizem também ajuda a tornar o mar mais morno. A menor, mas com maior interesse para esta Cantina, eram umas quantas algas, avermelhadas pelos vistos, que incomodaram vários banhistas do sotavento algarvio. No meu caso, que também por lá veraneei uns dias, não me deixei preocupar com estas coisas (nem com outras, graças a Deus...) e o que as algas me trouxeram de bom foi a lembrança do robalo da Mariana, de Afife.

O PECADO EM TONS ROSADOS

Com essa memória já antiga, uma das medidas que tomei no meu regresso total ao trabalho foi ir lá, rapidamente e em força. Por isso posso hoje partilhar com os leitores do T não só a excelência contínua do robalo com algas, mas ainda as duas magníficas escolhas que fiz para uma entrada triunfal. Como não gosto de aventuras em restaurantes (pelo menos sem rede...) aterraram na mesa umas amêijoas já minhas conhecidas. Antes de arriscar, a conselho da casa, numas zamburiñas que vieram reforçar a confiança nos conselheiros, que já data da primeira vez que lá estive e me recomendaram o robalo com algas. Em vez do bife que eu me aprestava a comer numa falha de imaginação e de cultura que eu devia ter vergonha de confessar. O que só faço porque estou entre amigos e ninguém nos ouve. Mas para quem lê, peço que esta confissão fique só entre nós. Já a Mariana e o seu robalo com algas com o nosso engenho e arte espalharemos por toda a parte. Cantando ou não... t

PECADO CAPITAL | ROSÉ Se o diabo veste Prada e o pecado mora ao lado, no que toca a tentações é também caso para dizer que é em versão rosé e com grande estilo que nos atrai o Pecado Capital. Pelos vistos, também nos vinhos José Armindo Ferraz sabe ao que anda, a par do reconhecido mérito e sucesso na área têxtil/moda, como é o caso da empresa Inarbel, as marcas Dr. Kid, A&J e Skylab. Também em Vila Boa de Quires, na quinta de Paçô, a dois passos da sua estrutura industrial de Marco de Canavezes, o dinâmico empresário mostra também como se faz uma marca de sucesso na área dos vinhos. Por estes dias de verão recomenda-se o rosé, mas são também mais que tentadores o Verde Branco e o Tinto Premium, todos já reconhecidos com diversos prémios e galardões em mostras e concursos da especialidade. No caso deste pecado em tons rosados e feito com uvas Vinhão e Padeiros (em partes iguais), a tentação veste uma cor salmão e atrai pelos aromas de frutos vermelhos, complexidade, corpo persistente, fresco e arrebatador. Ideal para fazer companhia aos mariscos, peixes frescos, sushi, ou mesmo uns petiscos e saladas. Quem resiste a este pecado?


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Sílvia Camarinha, 39 anos, jornalista e criativa que para além do Fashion Film Factory, transmitido na TVI24, tem assinado muitos fashion films de marcas portuguesas. Trabalha há 16 anos com a Farol de Ideias, sobretudo na produção de conteúdos relacionados com o ambiente e sustentabilidade. Casada e mãe da Maria Rita, com 6 anos, cresceu “com orgulho” em São Félix da Marinha, a freguesia mais meridional de Vila Nova de Gaia.

SOUVENIR

ALLES WALZER! – VAMOS DAR INÍCIO AO BAILE!

Gosta Dançar Doces O ar da serra Encontros de amigos Rir e fazer rir Música Séries de época Branco Estudar sobre pedagogia e sustentabilidade Trabalhar em equipa Dar abraços Silêncio Comunicar Comer Dormir até tarde Teatro Criar São João Festas populares De me maravilhar com a natureza Caminhar De não fazer nada Novos projetos Participação cívica Cheiro do jasmim quando chega o verão Cheiro a terra molhada Escrever Pequenos-almoços repletos Flores Jardinagem Quando consigo reduzir a minha pegada ecológica Concertos Festas Cantar Tratar de roupa Histórias infantis Ilustração Tomar banho (tudo melhora com um banho :p) Escalda-pés Acampar Comida italiana Vestidos Jogos olímpicos Grandes torneios de ténis Concursos de cultura geral Trivial Pursuit Árvores Conhecer os recantos mais escondidos de Portugal Contar histórias Aprender

Não gosta Ficar dependente do telemóvel Usar o carro Couves de Bruxelas Trânsito Falhar Noites longas de inverno Do corre-corre diário Fazer camas Tirar loiça da máquina Do tempo que perco em redes sociais Vento norte Dos quilómetros que faço na A1 Violência Umbiguismo Levantar dinheiro Fumo do tabaco Cheiro a gasolina De ser desarrumada Passagens de ano Alergias Sensacionalismo Conservadorismo Desrespeito pelos direitos humanos Autocomiseração Vizinhos que fazem barulho à noite Avestruzes (já fui atacada por uma :p) Que cuspam para o chão Cocós de cão na rua Praias repletas de gente Paisagens dominadas por eucaliptos Casas sem espaço exterior Insónias Mosquitos Que se aproximem demasiado nas filas Que me apressem Da expressão “pensar fora da caixa” Telemarketing Perder documentos Pessimismo constante Acumulação de sacos O barulho do exaustor Collants que rompem ao fim de 30 segundos Escaldões Estereótipos de beleza

Crescendo em Viena, Áustria, rodeada de música clássica, aos 16 anos de idade, no outono chegou o tempo de ir à Escola de Dança (que inclui, claro, algumas pisadas). E também o primeiro vestido de baile: em cetim de seda, de cor azul safira, comprido até ao chão, com um corpete de veludo fechado à volta do pescoço, feito especialmente para mim por uma amiga da minha mãe, costureira de profissão. Os tradicionais bailes vienenses têm lugar em janeiro e fevereiro, quando os dias são mais curtos e a neve cobre o centro da cidade. À noite, o Hofburg (a antiga Residência Imperial), o Musikverein (a Sociedade de Música) ou a Ópera brilham em todo o seu esplendor. Após a abertura "Alles Walzer!", nas suas esplêndidas salas festivas e entre decorações florais, as pessoas passeiam, desfilam e dançam em longos vestidos de noite, casacos de cauda ou smoking até às primeiras horas da manhã, ao som da Orquestra Filarmónica. Entretanto, as próximas gerações estão também a fazer as suas estreias. O meu afilhado assiste aos bailes. Estas histórias trazem-me recordações carinhosas da visão do meu primeiro vestido de baile, ainda cuidadosamente embrulhado. Uma tal noite de baile é como um conto de fadas e não seria possível sem a habilidade e domínio de toda a indústria têxtil: desde as fibras às máquinas, à tecelagem, ao tingimento, ao bordado, à confeção, à embalagem, etc. Folgo em saber que os nossos dois países, Áustria e Portugal, estão a trabalhar cada vez mais estreitamente no setor têxtil, de uma forma complementar. Feito em Portugal e na Áustria é um statement. Agradeço a todos os parceiros que tornam possível esta excelente cooperação e espero vê-los novamente na próxima edição do "Modtissimo" ou – quem sabe - num baile Vienense! t Esther Maca

Conselheira Comercial da Embaixada da Áustria


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