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ANTÓNIO FALCÃO

CEO DO GRUPO FALCÃO TÊXTEIS

“ESTÁ NA HORA DE CRIAR DIMENSÃO COM FUSÕES OU AQUISIÇÕES” P 20 A 22

FOTO: RUI APOLINÁRIO

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

FEIRAS

PREMIÈRE VISION 200% ACIMA DAS EXPETATIVAS LUSAS

DOIS CAFÉS E A CONTA

PERGUNTA DO MÊS

COM A DITCHIL, CARLA MACEDO CONCRETIZOU O SONHO DE TER UMA MARCA

A EMERGÊNCIA DE GRANDES GRUPOS FAVORECE A COMPETITIVIDADE?

A MINHA EMPRESA

EMERGENTE

AMBIENTE

ANBIEVOLUTION, A MARCA QUE APOSTOU TUDO NA QUALIDADE

MARTA QUER VESTIR AS PESSOAS DE DENTRO PARA FORA

RIOPELE QUER SER TOTALMENTE SUSTENTÁVEL EM QUATRO ANOS

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INDÚSTRIA

FOTOSSINTESE

RDD DUPLICA FATURAÇÃO COM APOSTA NA MODA

FROM PORTUGAL AO ATAQUE EM TODOS OS MERCADOS EUROPEUS

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS


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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Ana Pedrosa Rodrigues 36 anos Gestora de Clientes da Pedrosa & Rodrigues, nasceu e cresceu em Barcelos, saltou para o Reino Unido para se formar em Belas Artes e Arte Contemporânea, com estágio da famosa Sotheby’s. Na volta, parou 3 anos em Lisboa, como assessora da artista Joana Vasconcelos, antes do regresso a casa para se juntar à família na Pedrosa & Rodrigues onde diz que é “realmente feliz”.

UMA SUCESSÃO DE SUCESSO A ITV nacional é maior e vacinada? A resposta é muito simples para a primeira parte da pergunta. A nossa indústria têxtil e vestuário tem uma maturidade e uma história que falam por si. No resto trata-se de saber se está vacinada para o problemático “vírus” da sucessão familiar e no nosso T começamos nesta edição a tentar encontrar a resposta. A nossa capa com o António Falcão e o filho António Alexandre (e a ideia que o Covid impediu era ter conseguido também o outro filho, Alexandre Manuel) é a primeira de várias entrevistas que temos previstas para abordar com quem de direito e em discurso direto a magna questão da sucessão familiar nas muitas empresas do setor em que essa problemática se põe. Tenho o prazer de conhecer, trabalhar e conviver com o António Falcão desde os tempos da Portex, já lá vão mais de 30 anos. Data desses anos 80 e 90 a enorme admiração e respeito que tenho por ele. Nesta entrevista que nos concedeu com o seu filho António Alexandre não tive por isso nenhuma surpresa, mas julgo que a forma clara e corajosa como eles tratam a questão da sucessão familiar na empresa vai surpreender e espantar alguns leitores. Faço votos que a essa surpresa e a esse espanto se junte a vontade e a iniciativa de promover a reflexão colectiva sobre esta questão, como todos no T achamos que faz sentido nos tempos que correm. t Em termos da Pedrosa & Rodrigues já podemos falar de retoma pós-pandemia? Tivemos um golpe de sorte cósmica. Antes da pandemia já éramos especialistas em loungewear e streetwear de luxo - as únicas categorias de produto que continuaram a fazer sentido durante o confinamento. Após um curto lay-off de metade da equipa, arrancámos a todo o gás e temos vindo a registar, desde então, uma enorme abundância de oportunidades. Felizmente, estávamos preparados quando a sorte nos bateu à porta. Sente que o made in Europe e também o made in Portugal vão ter uma procura acrescida? Acredito que sim, graças a uma combinação de fatores: consumidores muito mais exigentes quanto às condições em que o seu vestuário é produzido; prazos de entrega mais curtos e quantidades mínimas flexíveis; os elevados níveis de serviço que o cluster têxtil português oferece e a inovação sustentável. A onda crescente de protecionismo económico e aumentos em flecha dos custos dos transportes marítimos, assim como as guerras comerciais entre Ocidente e Oriente, também permitem que Portugal se assuma como um aliado estratégico das marcas, numa

conjuntura em que a proximidade geográfica e cultural faz toda a diferença na gestão de cadeias de fornecimento. Quais os mercados de exportação prioritários em 2022? Os EUA, Escandinávia, França, Alemanha e Reino Unido continuarão a ser mercados-chave para nós. O Reino Unido pós-Brexit tem-nos demonstrado que as marcas de moda nos segmentos médio-alto e alto, a par das marcas digital-native, têm condições para prosperar. Produção responsável e sustentabilidade fazem parte da agenda diária da Pedrosa e Rodrigues? Absolutamente. A nossa agenda é a dos nossos clientes, e todos eles, sem excepção, servem consumidores muito exigentes no que diz respeito à integridade do produto.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030

Porque é que a vossa empresa é considerada um caso de sucesso em termos de empresas familiares? Pessoalmente, atribuo o mérito em partes iguais à liderança e à equipa de 100 pessoas que compõem a nossa empresa, pelos sucessivos exemplos de superação incremental: face a cada desafio, a empresa não se defendeu apenas, mas transformou-se, melhorou, e evoluiu. t

Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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n PERGUNTA DO MÊS Texto: Cláudia Azevedo Lopes Ilustração: Cristina Sampaio

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“O surgimento de grandes grupos vai sempre favorecer a competitividade da ITV portuguesa, mas é crucial que o Estado crie condições favoráveis”

“É preferível deter 10% de uma empresa que tem futuro e vai retribuir os dividendos, do que ser dono a 100% de uma sem condições para sobreviver”

“Para quê pensar em fundir empresas para dar resposta às encomendas se nenhuma delas tem mão-de-obra para na realidade executar os trabalhos?”

MARCO COSTA BLACKSPIDER

ANTÓNIO FALCÃO GRUPO FALCÃO

JOSÉ ARMINDO FERRAZ INARBEL

A EMERGÊNCIA DE GRANDES GRUPOS FAVORECE A COMPETITIVIDADE DA ITV?

A necessidade de aproximar cadeias de produção, de resposta rápida e séries mais curtas está a fazer com que as grandes marcas voltem a olhar para a Europa como parceiro industrial, e Portugal está bem no centro da equação. Casa das pequenas e médias empresas por excelência, a questão agora prende-se com a capacidade de resposta da ITV nacional. E se há quem defenda que a única opção é “Go big or go home”, há quem acredite também que, mais uma vez, o tamanho não é o que mais importa. “Que venham eles” parece ser o lema dos empresários portugueses, que não podiam estar mais satisfeitos com as mudanças.


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“Deveríamos antes olhar para a indústria que temos com olhos críticos e ajustarnos aos novos pedidos que o mercado nos tem feito”

“Foi graças à partilha de conhecimento e de custos de inovação que a têxtil se transformou numa indústria muito mais sedutora e responsável”

“A ausência de escala das empresas do setor faz com que o desenvolvimento estratégico, comercial e tecnológico seja tímido”

PATRÍCIA FERREIRA VALERIUS HUBB

ANTÓNIO CUNHA ORFAMA

MIGUEL PEDROSA RODRIGUES PEDROSA & RODRIGUES

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rontos para trabalhar e conscientes das suas capacidades, há empresários que se mostram prontos para avançar com alianças e unir esforços, mas as opiniões dividem-se e o caminho pode passar também pela diferenciação e pelo serviço premium que só a pequena escala consegue garantir. “As têxteis portuguesas precisam de criar dimensão para se adaptarem às novas necessidades do mercado e nós estamos totalmente abertos e recetivos para, em conjunto com outras empresas, dar o passo rumo ao futuro”, afirma, peremptório, António Falcão, CEO do grupo Falcão, que não tem dúvidas que a emergência de grandes grupos – seja através de fusões ou de aquisições – será determinante para a competitividade da ITV portuguesa. Na mesma perspetiva, Miguel Pedrosa Rodrigues, Administrador da Pedrosa & Rodrigues, não tem dúvidas de que é precisamente a falta de dimensão que condiciona o desenvolvimento do setor têxtil em Portugal. “A ausência de escala das empresas do setor faz com que o desenvolvimento estratégico, comercial e tecnológico seja tímido. Logo, a emergência de grandes

grupos é de louvar pois trazem o potencial de missões e propósitos mais elevados, com o benefício adicional de poderem na sua esteira criar oportunidades para as outras empresas mais pequenas”. Para o empresário, a lógica de cluster diverso em que a ITV portuguesa opera “é proveitoso porque permite uma enorme flexibilidade, adequação às contínuas mudanças do mercado e, nas condições certas, cria valor pelo alinhamento de esforços de inovação”, completa. Da mesma forma, Marco Costa, CEO e Business Development da Blackspider, não tem dúvidas de que “o surgimento de grandes grupos vai sempre favorecer a competitividade da ITV portuguesa e por isso acho benéfico que as empresas possam optar pela fusão como forma de o setor ganhar mais dimensão”. Para isso, no entanto, defende que é essencial o desenvolvimento de novas leis por parte do Estado que favoreçam mais as empresas e impulsionem a competitividade do setor perante os concorrentes. “É crucial que do ponto de vista fiscal haja uma diminuição dos impostos e cabe ao Estado criar essas condições mais favoráveis, principalmente para quem vende. Tudo isto em simultâneo com a formação de recursos humanos qualificados e, consequentemente, com o aumen-

to da qualidade e produtividade”. São as novas exigências do mercado, tais como a digitalização e a sustentabilidade, aliadas à prometida reindustrialização da Europa, que tornam urgente e inevitável o redimensionamento das empresas, defende António Falcão. Caso isto não aconteça, está em risco a capacidade de Portugal competir com o tecido industrial têxtil dos países seus concorrentes. “Atualmente, em Portugal, existem talvez uma dúzia de empresas com uma dimensão razoável, e quando digo razoável estou a falar de uma faturação mínima de 40 ou 50 milhões de euros. Mas o ideal não é uma dúzia de empresas mas sim uma centena!”, sublinha o empresário, que aponta a uma mudança de mentalidade por parte dos empresários do setor. “Há que pôr de parte a ideia do industrial antigo, em que há um líder, um patrão, e que só ele é que manda e decide. Hoje, quem lidera tem de se impor pela competência. É preferível ser acionista e deter 10% de uma empresa que tem futuro e que vai retribuir os dividendos, do que ser dono a 100% de uma empresa que em meia dúzia de anos deixa de ter condições para sobreviver. Se formos competentes e em conjunto com um ou dois parceiros conseguirmos transformar essa empresa numa empresa grande e forte, eu estou aberto a isso”, avança o líder do grupo Falcão. Mais cauteloso, António Cunha, Sales Manager da Orfama, considera que o aparecimento de de grandes grupos não é só por si sinónimo de competitividade para a ITV portuguesa. “Para mim seria regressar ao passado, quando Portugal se afirmava como produtor de grandes volumes, mas de baixo valor acrescentado. Acho que agora o caminho, pelo menos para a Orfama, é o de apostar nos segmen-

É O LUGAR OCUPADO POR PORTUGAL NO RANKING DE PRODUÇÃO DOS GIGANTES DA MODA

tos de alto valor acrescentado, com produtos diferenciados, altamente sustentáveis e de alta qualidade. E isso só se consegue com dimensões produtivas mais reduzidas”, assegura o sales manager, considerando que mesmo que Portugal apostasse na formação de grandes grupos têxteis, nunca conseguiria competir com países que têm disponível mão-de-obra mais barata. “Esses países, como o Bangladesh, têm muita população e, consequentemente, muita mão-de-obra disponível, disposta a trabalhar em muito fracas condições e por pouco dinheiro. Em Portugal, a realidade é diferente: temos uma carência muito grande de mão-de-obra no setor, e mesmo que a tivéssemos em abundância, queremos dar-lhe condições e salários dignos. Ora, isso não se consegue com uma política de quantidades mas sim de qualidade”, reitera António Cunha. O segredo poderá estar antes na cooperação entre as empresas em vez da fusão. “Foi graças à partilha de conhecimento e de custos de inovação que a têxtil se transformou numa indústria muito mais sedutora e responsável, que apresenta produtos diferenciados e, consequentemente, com maior valor acrescentado e preços de venda ao público mais elevados. É nisso que temos de apostar”, completa. Para José Armindo Ferraz, CEO da Inarbel, também a formação de grandes grupos deveria ser a última preocupação dos empresários portugueses. E acena igualmente com a questão da problemática da mão-de-obra como um dos principais entraves. “Para quê pensar em fundir empresas para dar resposta às encomendas se nenhuma delas tem mão-de-obra para na realidade

executar os trabalhos? O problema é faltar capital humano para dar vazão às encomendas, essa é a verdadeira prioridade. Tudo o resto é tapar o sol com a peneira”, reitera o empresário, que não vê a dimensão das empresas como problema no que diz respeito ao aumento da competitividade. “Se eu preciso de ajuda, posso sempre recorrer à subcontratação, que é o que faço agora quando é necessário”, explica, acrescentando que não acha estar na altura para o setor se aventurar em grandes projetos. “A pandemia deixou as empresas com um cash flow muito baixo e mesmo com o aumento nas encomendas não está tudo resolvido. Para recuperar dos prejuizos vai ser preciso muito tempo”, avisa José Armindo Ferraz. Consciente de que a pandemia serviu de alerta para os grandes grupos relativamente à sua dependência do mercado asiático, uma mudança de paradigma que pode colocar Portugal numa posição estratégica e de vantagem competitiva na Europa, Patrícia Ferreira, CEO da Valérius Hub, descarta, no entanto, que a dimensão seja indicadora de competitividade, colocando antes a questão na diferenciação e no serviço premium. “A rápida resposta, a flexibilidade nas quantidades e a inovação associada à sustentabilidade são os fatores-chave para o sucesso, e não uma indústria de maior dimensão e capacidade. Deveríamos antes olhar para a indústria que temos com olhos críticos e ajustar-nos aos novos pedidos que o mercado nos tem feito”, explica Patrícia Ferreira, para quem a personalização será essencial num futuro próximo. “Não conseguimos isso com uma indústria massificada”, defende. Para a gestora, Portugal apresenta um futuro risonho mas tem que continuar a evidenciar as suas competências a nível de inovação, uma vez que encontrar mão-de-obra qualificada e interessada em entrar no setor é cada vez mais difícil. “A nossa produção deve mesmo passar pelo desenvolvimento e pelo fabrico em Portugal. Se conseguirmos deixar cá o valor acrescentado, será sem dúvida um fator de valorização e competitividade”, completa. t


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A DOIS CAFÉS & A CONTA Restaurante Pérola

Av. D. Nuno Álvares Pereira, 50 4750-324 Barcelos

Entrada Creme de couve-flor Prato Fanecas fritas com arroz de tomate e bifinhos de frango com salada mista Sobremesa Mousse de chocolatez Bebida Água e dois cafés

CARLA MACEDO

42 ANOS MANAGER DIRECTOR DA DITCHIL Tendo crescido no convívio com a pequena confeção do pai, tendência para a modelagem e design é quase uma consequência. Findo o secundário, correu para o curso de modelista e não mais parou. Com o incentivo do pai e do marido começou a criar e confecionar para lojas e pequenos armazéns um pouco por todo o país, mas a sua qualidade e design depressa atraíram as atenções de Espanha. Cria a Ditchil e conquista o país vizinho, que se mostra agora já acanhado para as ambições da marca. Casada com um empresário têxtil que não é concorrente (têxtil-lar e confeção), têm dois filhos. O Afonso, com 15 anos, anda entre o marketing e o futebol, enquanto o Henrique aos 8 anos sonha apenas com as coisas do dia-a-dia

O SONHO DE TER UMA MARCA

Tudo na vida é um processo e embora nunca tivesse vacilado no propósito de ter uma marca própria, Carla sabia que era importante dar passos seguros. E embora desde muito nova já criasse e confecionasse para terceiros, primeiro havia que consolidar processos e criar os filhos para depois poder ter disponibilidade para se dedicar por inteiro ao nascimento da marca. Tendo crescido no meio dos trapos – “o meu pai tinha um pequena confeção” – a modelagem era bem mais que uma vocação. Uma inevitabilidade, que findo o secundário a guiou para o curso de modelista. O pai também a incentivou. “Havia muita procura e sabia que sempre foi a minha vocação. Hoje está orgulhoso com aquilo que tenho conseguido”, conta, com a mesma ponta de orgulho. E se foi longo o caminho até nascer a Ditchil, foi igualmente seguro e consistente. “Tenho que louvar o apoio do meu marido, que cuidou dos filhos quando eu não podia e sempre me apoiou e incentivou”. Tanto, que ainda hoje quando lhe perguntamos pelo volume de negócios ou a quantidade de peças que vende, responde que não sabe. “Isso é com o meu marido”, que apesar de se ocupar na gestão da empresa de família (têxteis-lar e confecção), “tem quota na Ditchil e trata das finanças”. Sim. Porque Carla con-

centra todas as suas energias na criação e confeção das coleções. Foi ainda na casa dos pais, num anexo, que começou a atividade. “Sozinha, desenhava e desenvolvia as peças e contratava a confeção”, recorda. Logo a seguir juntou duas colaboradoras para fazer o controle de qualidade e embalamento, que vendia com nome próprio para lojas e pequenos armazéns nacionais. Sempre peças femininas que acabaram despertar a atenção de um agente espanhol que, atraído pelo design e qualidade, lhe propôs fornecer para Espanha. “Levou algumas peças e marcamos uma reunião em Sevilha com um grupo de lojas multimarca, mas eles queriam trabalhar com a marca própria e eu não aceitei”, mas não foi preciso esperar muito até que dois dos participantes na reunião tivessem ligado a propor negócio. Queriam avançar com a distribuição da Ditchil. Numa primeira fase na zona de Sevilha, com 25 lojas, mas rapidamente avançaram para a cobertura de todo o país. Carla Macedo conta que há uma coleção básica sempre disponível, num estilo casualwear, a que junta mais duas coleções por ano, para primavera-verão e para outono-inverno. “Com cores definidas que nunca saem de moda e que casam também o básico com as coleções”, descreve, explicando que “as co-

leções adotam um estilo mais fashion, com tecidos diferenciadores, com cores específicas e estampados”. Um estilo que funcionou bem durante a pandemia, já que as vendas de 2020 duplicaram as do ano anterior. Para este ano, a perspetiva é de manter o ritmo de crescimento que vinha de trás, com avanços sempre na casa dos dois dígitos. A par do crescimento da Ditchil, Carla continua a trabalhar para private label, “sobretudo marcas inglesas, uma delas com crescimento forte”. Também algumas marcas espanholas, da Grécia e da Holanda, são suas clientes, mas está em curso a criação de uma empresa própria para esta área, de modo a proteger a marca Ditchil. “Temos design, desenvolvimento, acabamento e controlo da qualidade e subcontratamos a confeção”, explica a criadora avançando que Espanha é o destino para mais de 80% das peças e que a estratégia passa agora por continuar a crescer em Espanha e ao mesmo tempo explorar outros mercados. Com esse objetivo, a Ditchil esteve já em 2019 em várias feiras internacionais onde projeta voltar em 2022, depois do interregno provocado pela pandemia. Para já, vai regressar agora em outubro ao MODTISSIMO, à espera da visita dos muitos compradores estrangeiros que são uma das mais-valias do salão português. t


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2. NO STAND DA SOMELOS, O SECRETÁRIO DE ESTADO JOÃO CORREIA NEVES PODE COLHER TESTEMUNHO D O SUCESSO DA PRESENÇA PORTUGUESA EM MUNIQUE

FOTOSÍNTESE Por: Cláudia Azevedo Lopes

1. NA MUNICH FABRIC START, OS CLIENTES FIZERAM FILA À PORTA DA RDD. VALEU-LHES O MANEQUIM, IRRESISTÍVEL AOS OLHOS – E AO TOQUE! –, QUE AJUDOU A ENTRETER AS MÃOS DOS QUE ESPERAVAM

FROM PORTUGAL AO ATAQUE EM TODOS OS MERCADOS EUROPEUS Com o regresso das feiras físicas, a ITV nacional voltou com toda a força aos mercados internacionais, num verdadeiro ataque From Portugal em diferentes palcos. Uma investida com início em Munique, na Munich Fabric Start, seguindo-se Paris (Who’s Next) e Madrid (Intergift e Momad). Foi tempo depois de partir para a Baltic , em Vílnius, na Lituânia, um salto a Copenhaga (3 Days of Design) e regresso triunfal à cidade-luz, para mais uma edição da Première Vision. Stands cheios, muitos contactos e bons negócios foi o que encontraram os empresários portugueses em todos os certames, com um ambiente ao nível dos bons velhos tempos e que deixa no ar o cheirinho bom da normalidade para os tempos que se seguem

7. EM COPENHAGA, NA 3 DAYS OF DESIGN, A BUREL FACTORY APRESENTOU AS SUAS PROPOSTAS PARA ARQUITETURA DE INTERIORES, PEÇAS DE DECORAÇÃO E MOBILIÁRIO

6. PARA A DILINA TEXTEIS, A FEIRA DE MADRID É IMPRESCINDÍVEL. “FOI UM CLIENTE QUE FIZEMOS EM 2019 NA INTERGIFT QUE NOS PERMITIU GERIR MELHOR A PANDEMIA”, DISSE ANTÓNIO DIAS, SÓCIO-GERENTE DA EMPRESA

12. DE VOLTA À CIDADE LUZ PARA A REPUTADA PREMIÈRE VISION, A NGS MALHAS NÃO TEVE MÃOS A MEDIR COM A INVASÃO DE COMPRADORES, COMUM A TODOS OS STANDS PORTUGUESES

11. FACE À INVASÃO, A KALISSON/BAGORAZ VIU-SE OBRIGADA A RECEBER OS CLIENTES QUE ESPERAVAM DO LADO DE FORA DO STAND


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4. NO ESPAÇO DA CRISTINA BARROS CELEBRAVA-SE O REGRESSO DAS FEIRAS A PARIS E A OPORTUNIDADE DE CONTACTAR NOVAMENTE DE PERTO COM OS CLIENTES

5. FOI A COLEÇÃO DE NATAL BEM COMO AS PROPOSTAS DE OUTONO/INVERNO QUE ENCHERAM DE CLIENTES O STAND DA RIOSUL NA INTERGIFT

3. NA WHO’S NEXT, EM PARIS, A CONCRETO FOI CONVIDADA A INSTALAR-SE NO ESPAÇO DESTINADO A MARCAS TENDÊNCIA PARA A PRÓXIMA ESTAÇÃO E TERESA MARQUES PEREIRA, NÃO ESCAPOU AOS HOLOFOTES E AOS JORNALISTAS

9. JÁ A LOUROPEL FEZ DA SUSTENTABILIDADE O SEU CARTÃO-DE-VISITA NA FEIRA DE VILNIUS E OS RESULTADOS NÃO DESILUDIRAM

8. FOI COM PROPOSTAS DE TECIDOS PARA OS MESES DE INVERNO QUE A LEMAR ENCANTOU OS VISITANTES DA BALTIC

10. DE REGRESSO A MADRID, A GET IN VIBE, A NOVA MARCA DO GRUPO GIVEC, FOI UMA DAS ESTRELAS DA MOMAD, COM CORES VIBRANTES E OS PADRÕES ARROJADOS

14. UM SUCESSO TAMBÉM CELEBRADO PELA TINTEX, QUE ESCOLHEU A PV PARIS COMO A SUA PRIMEIRA E ÚNICA PARTICIPAÇÃO EM FEIRAS INTERNACIONAIS EM 2021 E APRESENTOU A SUA NOVA LINHA ‘THIS IS NOT A COLLECTION’

13. IGUALMENTE A REBENTAR PELAS COSTURAS, O STAND DA JOAPS MALHAS ENCHEU-SE DE VISITANTES DESLUMBRADOS COM AS NOVIDADES QUE A EMPRESA LEVOU A PARIS


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ERT APRESENTOU PROJETO ACTIVE TNT PARA EPI DE NOVA GERAÇÃO O grupo ERT desenvolveu nos últimos meses o projeto Active TNT, de que resultou um conjunto de equipamentos de proteção individual como máscaras, toucas, manguitos, cobre sapatos e batas cirúrgicas de nova geração, criado com o intuito de continuar a inovar e a dar respostas ao combate à pandemia. Na apresentação, David Macário, diretor de inovação da ERT, afirmou a intenção de “dar a conhecer a importância dos têxteis técnicos em contexto de pandemia” e da função que estes produtos asseguram em termos de saúde pública.

"A têxtil começa a ser conhecida pela sustentabilidade, inovação, robótica e desenvolvimento de produto" Ricardo Silva CEO Tintex

RIOPELE QUER TER PRODUÇÃO 80% SUSTENTÁVEL ATÉ 2025 A Riopele estabeleceu novas metas ambientais e de sustentabilidade: até 2025, quer que 80% dos seus produtos sejam totalmente sustentáveis – tendo já atingido, neste segmento, uma quota de 45%. A decisão da empresa liderada por José Alexandre Oliveira vem na sequência de um longo historial ligado à sustentabilidade: “Quando comecei a trabalhar na empresa, em 1979, já tínhamos em curso projetos que visavam a conservação de água e a eficiência energética”. Em declarações ao ao suplemento Dinheiro Vivo do JN e DN, o presidente da histórica têxtil de Pousada de Saramagos acrescenta que “agora, é percetível uma maior pressão social a nível internacional em relação a este tema, o que obriga as principais marcas de moda a procurarem produtos sustentáveis junto das empresas têxteis. E, tal como no primeiro dia, procuramos estar sempre na vanguarda”. Nos últimos cinco anos, a empresa reduziu o seu consumo energético na ordem dos 16%, não só através da instalação de uma central solar fotovoltaica, mas também com a compra de equipamentos industriais com maior eficiência energética. Nos últimos cinco anos,

MANGO AMPLIA OFERTA DE TAMANHOS PARA MULHER

EURATEX PEDE RATIFICAÇÃO DO ACORDO UE-MERCOSUL

A vontade de vestir cada vez mais mulheres levou a Mango a ampliar a sua gama de tamanhos: praticamente todos os modelos passam agora a estar disponíveis desde o 32 ao 46. Está também prevista a transição da Violeta by Mango, uma linha criada em 2013 apenas com tamanhos grandes, para a coleção geral de mulher. “As mais de 500 referências disponíveis na linha Violeta, que chegavam ao tamanho 54 e 4XL, passam a fazer parte da coleção geral de mulher”, anunciou a marca espanhola.

A Confederação Europeia do Setor Têxtil – Euratex é uma das 13 associações empresariais europeias que pedem a rápida ratificação do acordo de associação União Europeia-Mercosul com vista a “desbloquear os múltiplos benefícios mútuos que este acordo proporcionará”. Depois de ter sido politicamente alcançado em junho de 2019, o documento continua ainda sem aplicação. O acordo UE-Mercosul oferece segurança regulatória para o comércio de bens e serviços entre os dois blocos.

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projetos de investigação foram desenvolvidos no CeNTI em 15 anos José Alexandre Oliveira, presidente da Riopele, quer consumir apenas eletricidade verde até 2027

a Riopele cortou em 13% as emissões de CO2 por cada metro de tecido produzido. Atualmente, 48% da energia que a Riopele consome é proveniente de fontes renováveis, mas José Alexandre Oliveira acredita que, “dada a evolução que está a ser registada no setor energético, nomeadamente com fortes investimentos empresariais, será perfeitamente possível à Riopele consumir apenas eletricidade verde em 2027”. Do outro lado do problema, a em-

presa recicla cerca de 55% da água que usa, ao mesmo tempo que um coletor central de águas pluviais instalado nos telhados dos seus pavilhões industriais abastecem 2% da água consumida nos processos de fabrico. Presente em mais de 30 mercados, para os quais exporta 95% da sua produção, a Riopele tem cerca de 700 clientes, entre os quais se contam grandes marcas como a Massimo Dutti, o El Corte Inglès ou a Zara. t

WISE LANÇA PLANO GLOBAL DE SAÚDE PARA EVENTOS PÚBLICOS A Wise lançau um plano global de saúde, o Wise HS Protection, que se constitui como “um apoio especializado e permanente a qualquer tipo de evento público – desde feiras e exposições, a concertos, etc. – numa ótica pré-evento, evento e pós-evento”, explicou ao T Jornal Filomena Frazão de Aguiar, diretora-geral do grupo. O plano prevê uma aproximação aos mais pequenos pormenores de tudo o que rodeia um evento: “um plano de contingência dos espaços, a monitorização da presença da pandemia, planos de higienização, diagnósticos técnicos”, tudo numa ótica de observação rigorosa dos pressupostos da Direção-Geral de Saúde.


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GOVERNO GARANTE MAIS APOIOS PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO De visita aos expositores portugueses na Munich Fabric Start – a convite da ATP e da ANIVEC – o Secretário de Estado Adjunto e da Economia deixou a garantia que o reforço dos apoios à internacionalização da economia está no topo das prioridades e não se fica só pela presença em feiras. “Queremos continuar uma trajetória de ganhos de quota nos mercados internacionais, nomeadamente na Europa, como temos vindo a fazer nos últimos anos”, disse Correia Neves, destacando as feiras como ferramenta essencial.

"A forma de promoção, a forma de vender, é cada vez mais digital" Paulo Melo Presidente da Somelos

TINGIMENTO COM MINERAIS É NOVIDADE DA TROFICOLOR

A Troficolor acaba de lançar uma linha em tons terra tingidas com recurso a minerais. Um processo que, garante a empresa, para além de conferir tonalidades únicas aos tecidos, é totalmente isento de produtos químicos e gasta menos água e energia no processo de tingimento, para além de diminuir o uso de produtos nocivos para a natureza. A linha dá pelo nome de Colour Denim Mineral Dyeing e é na totalidade feita com 100% algodão orgânico, recebendo depois o tingimento natural de origem mineral. t

“O FUTURO DOS TÊXTEIS PASSA POR PORTUGAL” O futuro do setor têxtil mundial passa pela inovação, pela industrialização responsável, mas também pela comunicação dos seus valores enquanto caraterísticas diferenciadoras no âmbito da concorrência internacional. É nesse contexto que o caso português assume particular relevância, sem esquecer o enquadramento europeu, explicou o presidente da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, Mário Jorge Machado, na abertura da Conferência anual da AUTEX (Association of Universities for Textiles). “O futuro dos têxteis passa por Portugal”, resumiu. Tendo este ano como palco a Universidade do Minho, a conferência foi organizada pelo Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil e teve como foco os mais recentes avanços científicos e técnicos no domínio dos têxteis e do vestuário. “É

um acontecimento dedicado particularmente à comunidade científica mundial”, explicou Mário Jorge Machado ao T Jornal – sendo por isso de extrema relevância que “os têxteis portugueses deem a conhecer a sua dimensão económica e a sua importância estratégica” para induzirem capacidade de captação de know-how internacional junto da comunidade científica. Na sua comunicação o presidente da ATP sublinhou também a importância de a Europa ter nos têxteis uma das suas prioridades, dizendo que a academia não pode estar divorciada da indústria. Esta aproximação é também uma das prioridades da Euratex – Federação Europeia de Associações Têxteis de que Mário Jorge Machado é um dos membros do conselho de administração – que tem intervindo na defesa do setor têxtil como elemento essencial da indústria dos 27. t

MODA PERMITIU À RDD DUPLICAR A FATURAÇÃO EM 2020 Não foram as máscaras, as batas ou outro equipamento de proteção individual: a RDD, a empresa de tecidos do universo Valerius, duplicou a sua faturação em 2020, chegando aos oito milhões de euros, um feito que em pleno ano pandémico foi conseguido com vendas feitas exclusivamente para a área da moda, por excelência o setor de atuação da empresa. “Para nós, 2020 foi um ano excecionalmente bom. Conseguimos duplicar a faturação e não foi devido aos equipa-

mentos de proteção individual. Nunca fomos para essa área. Foi tudo no nosso setor, que é o da moda”, revela satisfeita Elsa Parente, CEO da RDD. Para tal feito, a empresária aponta o grande know-how da empresa na área da sustentabilidade, o seu pilar central desde a fundação, e que numa altura em que o mercado se virou para o online e para a slow fashion, foi crucial para se distanciar da concorrência. “Quando a pandemia surgiu e toda a gente se virou para o

online, nós já estávamos bem preparados. Para além disso, o cliente do online alinha-se com a nossa produção: por norma é mais informado, mais exigente, mais preocupado com o que está a comprar”, explica a CEO, acrescentando ainda que a tendência estabelecida durante a pandemia da procura por produtos europeus e de maior proximidade também foi vital, uma mudança de paradigma muito importante para a indústria nacional e que, segundo Elsa Parente, veio para ficar. t

INDITEX VAI SUPERAR VENDAS DE 2019 JÁ NO SEGUNDO TRIMESTRE A Inditex está a preparar a apresentação dos resultados trimestrais e os analistas antecipam já uma forte recuperação. As vendas do grupo de moda devem ter crescido 50% no segundo trimestre (de maio a julho) em relação ao mesmo período de 2020, apontando assim para uma superação em 3% dos resultados do período homólogo de 2019. Dito de outra forma, a Inditex precisou apenas do primeiro semestre deste ano para ultrapassar a pandemia e voltar ao crescimento em relação a 2019.

ESPANHA TEM “PLANO DE CHOQUE” PARA O PREÇO DA ELETRICIDADE O governo espanhol fala num “grande plano de choque” para conter os preços da electricidade e reformar o setor. A medida anunciada promete um intervenção sobretudo no plano fiscal, para que a fatura final em 2021 seja equivalente à que era em 2018. As medidas foram anunciadas pela ministra da Energia,Teresa Ribera, que falou num “grande plano de choque” do Governo de Espanha com o objetivo de fazer baixar os preços da electricidade e ao mesmo tempo avançar com uma reforma do setor.

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milhões foi a despesa portuguesa em atividades de I&D em 2020

GIO RODRIGUES CRIA COLEÇÃO PARA A ÁGUAS DE MONCHIQUE O estilista Gio Rodrigues desenvolveu uma coleção cápsula de sportswear para a Água Monchique que já está disponível, tanto para homem como mulher. A colaboração inclui leggings, corsários, polos, T-shirts e tops, pensados para construir um look total ou usar individualmente. “Tratam-se de peças multifuncionais, adaptáveis a diferentes tipos de atividade, em tons vibrantes como amarelo, azul, verde e roxo”, detalha Gio. Estão também disponíveis opções mais neutras como branco, mas onde sobressai a aposta em manter visível o logótipo da água Monchique. Os materiais usados são sobretudo o algodão e a viscose.


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A HEIMTEXTIL ESTÁ DE VOLTA! UM NOVO CONCEITO PARA UMA NOVA REALIDADE DE 11 A 14 DE JANEIRO DE 2022 A Heimtextil vai apresentar-se com um novo conceito, pensado para beneficiar todos os que a visitem. Mais área de exposição para mais e melhores sinergias entre os participantes que se queiram inspirar!

CONTACTE OS SEUS CLIENTES E RESERVE CONNOSCO. Para mais informações, por favor, contacte Agência Abreu de Guimarães Av. D. João IV, 432 - 4810-533 Guimarães | Tel.: 253 421 880 | E-mail: guimaraes@abreu.pt Viagens Abreu, S.A • Capital Social € 7.500.000 • Sede: Praça da Trindade, 142, 4º • 4000-539 Porto • RNAVT 1702 • Operador • Cons. Reg. Com. do Porto nº 15809 • NIF 500 297 177 • 2021


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X A MINHA EMPRESA Anbievolution

Zona Industrial de Várzea do Monte, Pavilhão 11 4780-584 Santo Tirso

O que faz? Produção e comercialização de malhas circulares Fundação 2017 Principais clientes Marcas de moda e confecionadores Mercados de exportação Itália, Coreia do Sul, Rússia, Holanda e Grécia Plantel 10 colaboradores Objetivo Fornecer produto premium e crescer na cadeia de valor

CREATE FASHION BRAND HÁ 15 ANOS A APOSTAR NA SUSTENTABILIDADE A constante procura por práticas cada vez mais éticas e sustentáveis valeram à têxtil portuguesa Create Fashion Brand uma menção na página internacional Influencive. A empresa foi destacada pelo esforço, ao longo dos últimos 15 anos, em reduzir a sua pegada ecológica. Através da reciclagem, do investimento em tecidos ecológicos, energias verdes, máquinas com maior eficiência energética e outros ajustes, a CFB tem demonstrado que é possível fazer vestuário de qualidade e ambientalmente responsável.

"Hoje, o principal fator de sucesso é a inovação" Simão Gomes Presidente da Sampedro

FARFETCH COM LUCROS DE 75 MILHÕES NO 2O TRIMESTRE A Farfetch registou um lucro de 75 milhões de euros no segundo trimestre de 2021, que comparam com os prejuízos de 372 milhões do trimestre homólogo de 2020. O volume de negócios subiu 43,5% para os 447 milhões de euros no mesmo período. Por outro lado, a operação conheceu um aumento dos custos na ordem dos 42,8%, que passaram dos 175,3 milhões para os 250,3 milhões de euros, o que ficou a dever-se à “subsidiação dos envios de produtos aos clientes, a presença em países com custos de envio mais altos e à inclusão do imposto digital europeu nesta rubrica”.

Uma marca que virou empresa e não pára de crescer Para André Andrade, a Anbievolution foi como um símbolo de emancipação. Aos 18 anos aquela que era a marca de uma fábrica de família foi-lhe entregue para dela fazer empresa. “Foi há quatro anos e o intuito era apostar apenas na exportação, com produtos de segmento premuim, malhas de maior qualidade e valor acrescentado”, conta André, que tinha então entrado no curso de gestão, do qual acabou por quase nem sentir o ambiente. “Na altura já frequentava algumas formações no CITEVE, de que gostei muito e me têm sido extremamente úteis”, relata, para contar como tudo evoluiu com grande velocidade. Com a aposta nos produtos premium para exportação, para surpresa veio também uma maior procura dos clientes nacionais. “Juntou-se o útil ao agradável e logo no primeiro ano, em 2018, acabamos por faturar à volta de 2,3 milhões”, recorda o CEO da Anbievolution, assinalando que a marca já era conhecida mas muito dependente – de forma indirecta – das vendas para dois ou três grandes clientes, numa lógica de esmagamento de preços. Representavam mais de 90% das vendas. Era preciso mudar de vida antes que a vida moldasse o destino da empresa e, por isso, André foi chamado. Depois dos bons resultados do ano de arranque, 2019 cimentou essa rota de crescimento (3,5 milhões), e após a quebra do ano passado – muitos clientes tiveram que fechar boa parte do ano – “este semestre vai pulverizar tudo”, antevê o jovem gestor. “A partir de junho temos tido uma faturação gigante e a encomendas já vão até dezembro. Ao nível da tecelagem a resposta está a corresponder, na parte de tinturaria e acabamentos há já algumas dificuldades”, avalia André, que aponta para valores a rondar os 3,5 milhões no fecho das contas anuais. Itália é hoje o grande destino das exportações daAnbie-

volution, representando à volta de 70%, se bem que que o mercado nacional absorva já mais de metade da produção. “À volta de 60%”, analisa o empresário, explicando que os clientes se concentram num raio de 20 a 30 quilómetros, na área de influência do cluster têxtil. Fornecedores de grandes marcas de moda, acabando por isso o produto por ser igualmente exportado, mas já confecionado. Além de Itália, onde a empresa tem três agentes ativos nas zonas de Milão, Verona e Prato, também a Coreia do Sul tem sido uma gratificante surpresa. “É um mercado muito prometedor, querem apenas malhas mais luxuosas, fibras de valor acrescentado”, diz, avançando que o objetivo é partir para a visita aos clientes e para a exploração desse mercado asiático, o que a pandemia tem até agora impedido. “A Rússia é outro mercado com o qual temos trabalhado muito bem, mas no último ano os nossos clientes passaram por dificuldade com a pandemia. O nosso agente era para vir agora ter connosco ao MODTISSIMO, mas tem o problema do reconhecimento das vacinas e já não poderá vir”, lamenta André. A próxima meta aponta para os EUA, para onde já remeteram amostras, mas o processo tem-se complicado com os entraves da pandemia. Com um armazém com mil m2 e uma equipa de 10 colaboradores, a Anbievolution funciona como uma trading. “Na tecelagem temos três parceiros que trabalham connosco a 100%, mais quatro de forma parcial. Na tinturaria e acabamentos temos um para cada tipo de malha. Para os laminados, Liocel e Cupro, um parceiro específico, tudo num raio de menos de 20 quilómetros”, especifica o CEO, acrescentando que têm também equipa de design e estabelecem parcerias com o Citeve para o desenvolvimento de produtos específicos à medida dos clientes. t

A TÊXTIL DA CONTINENTAL APOSTA NA INCLUSÃO SOCIAL É uma das principais empresas têxteis do país, mas também uma ilustre desconhecida que nasceu em 1950 associada à Mabor e é hoje o centro de excelência têxtil para todo o grupo Continental. A par dos têxteis técnicos para pneus, a empresa que agora adota o nome de Continental – Indústria Têxtil do Ave, SA tem também linha de produção de malhas para interiores de automóveis e destaca-se pela aposta na inclusão social com um programa direcionado para pessoas com necessidades especiais, facto destacado pelo presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, numa recente visita à empresa.

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das fibras sintéticas serão de poliéster até 2030

FRED E OLIVIER ENCANTARAM NA SHOWUP Feitos em burel pela Carapau Portuguese Products, o pinguim Olivier e o pássaro marinho Fred não deixaram ninguém indiferente durante a sua estadia na showUP, a feira holandesa de decoração. “Foram as grandes novidades apresentadas na showUP e de facto chamaram muito à atenção quer pelo material utilizado quer pelo pormenor das peças”, disse o co-fundador da marca Tiago Faria


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PORTUGAL FASHION VAI DESFILAR CRIADORES AFRICANOSS

A FASHION FORWARD Por: Dolores Gouveia

RE|CONNECT RE – CONNECT é a mensagem que enquadra as propostas do MODTISSIMO para outono| inverno 22/23. No atual cenário de transição, ecoa na mente e na alma de cada individuo, a ideia de se reconectar com a vida... mas esta nova ligação à nossa própria existência e ao mundo implica uma reconstrução. De facto, o tempo que tivemos para reflexão mostra que os mindsets evoluíram e que estamos, como indivíduos e coletivamente, mais preparados para avançar, respeitando a história, a memória, o próximo, a identidade, a diversidade, o planeta e todos os seus ecossistemas. Pensar sustentável, de preferência circular, utilizando a interseção de disciplinas, como sejam a biociência e o design, para reequilibrar o nosso planeta e a humanidade.

origem ética e performance invisível com bio ingredientes. O laboratório é o espaço da alquimia da cor. Beleza autêntica e luxo sustentável! Convite quer à recriação de um closet minimal e intemporal, quer de um guarda – roupa romântico pontuado por referências históricas.

Um tema que evoca a reaproximação e o desejo de integração com o ambiente natural. O eco - design contribui para reescrever um futuro mais sustentável para o ecossistema da moda. Foco na utilização de matérias-primas produzidas a partir de desperdícios agroalimentares e processos de transformação sustentáveis, preferencialmente em closed loop. Superfícies táctil e/ou visualmente texturadas. Uma abordagem do vestuário casual, utilitária e confortável que inclui a reedição de itens clássicos.

Nostalgia Uma paleta emocional influenciada pelo vermelho - a cor de todas as paixões - e que deriva entre tonalidades de pastéis coloridos como sejam o coral e o rosa, cores intensas – lava e fúchsia - e um tom profundo – vinho doce. Uma cambiante cinza/violeta, mágica, acalma a paisagem cromática. Tema que celebra a possibilidade de nos relacionarmos fisicamente e uma nova feminilidade, poderosa. O desejo de glamour veste-se de uma elegância vintage! As fibras naturais convivem com as artificiais de nova geração; os tecidos mate dançam com os cetins e veludos brilhantes. Peças taillored inspired, rigorosamente construídas coabitam com outras sensualmente fluídas.

Soul Paleta tranquila, em que um branco natural e um rosa enublado associam-se harmoniosamente a tonalidades neutras coloridas. Um azul água acrescenta uma delicadeza surpreendente, enquanto um azul sombra transporta-nos para uma dimensão misteriosa. Tema intimista e reflexivo, envolvido numa sensibilidade poética, que não esquece o bem-estar. Materiais nobres de

Imagination Uma paleta de cores otimista que contrasta vivos vibrantes e luminosos - amarelo e laranja – com azuis e verdes pigmentados mas densos, uma tonalidade pastel colorida – jacarandá – e um azul/ cinza urbano. Uma sinfonia policromática que parece reproduzir na atualidade o movimento fauve e a sua avidez de auto - expressão. Tema que traduz diversidade e um contexto de miscelânea de influências desafiando a imaginação: fibras naturais recicladas e bio -sintéticas; exploração de grafismos retro/ contemporâneos ou de padrões orgânicos e arty; co-criação de looks digicraft que traduzem a vivência em espaços híbridos, entre o real e virtual; up-cycling. t

Purpose Paleta de cores inspirada na natureza: tonalidades quentes de terras e de frutas; cores de ervas e vegetação; um amarelo radiante que ilumina a paisagem cromática.

O projeto Portugal Fashion vai organizar desfiles e apresentações de designers africanos, ao mesmo tempo que irá facilitar-lhes o acesso aos mercados internacionais, direcionando potenciais novos negócios. Este é o resultado duma parceria assinada entre a ANJE e o Afreximbank - Banco Africano de Exportação e Importação, que nos próximos três anos vai apoiar o fortalecimento da ligação das indústrias têxtil e do vestuário africanas e portuguesas.

PLATAFORMA CIRELLE LANÇA MARCA PRÓPRIA 100% NACIONAL A plataforma de venda online de marcas portuguesas Cirelle acaba de lançar mais uma novidade: uma coleção própria fabricada em Portugal e com modelos personalizados. Com apenas um ano de existência, a Cirelle decidiu avançar para mais um projeto e lança agora uma marca própria de moda feminina.

SOUL Gabriela Haerst Fall 2021

NOSTALGIA Roksanda Fall 2021

IMAGINATION Prada-Fall 2021

LION OF PORCHES DESTACA MONOGRAMA NA NOVA COLEÇÃO Os básicos monocromáticos misturados com o monograma LP e padrões xadrez são a aposta da Lion of Porches para este outono-inverno. As malhas, blusões acolchoados e sobretudos regressam às propostas da marca portuguesa para os dias mais frios, nos habituais tons de azul e vermelho. Mantendo as raízes british, a Lion of Porches aposta num estilo casualwear descontraído e sofisticado com qualidade superior, para homem, senhora e criança.


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NOVAS COLEÇÕES DA ROSA STUDIO PARIS SÃO COLORIDAS E SEM GÉNERO A recém criada Rosa Studio Paris lançou as novas coleções Aqua e Poporn, compostas por casacos coloridos, em tons de rosa, azul, verde, laranja e no gender. Todas as peças são feitas em quantidades reduzidas, com atenção aos acabamentos e detalhe, para garantir a exclusividade. Já a coleção 404 Error Collection apresenta os primeiros culotes, calças e t-shirts da marca. Os materiais utilizados são sustentáveis, como tecidos a partir de plásticos recolhidos do oceano, Tencel derivado de madeira e celulose, e plantas como bambu, aloé vera, laranjeira e algas.

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"A Carvema chegou a um patamar em que vai crescer apenas na qualidade, não em dimensão ou quantidade" José Carvalho Administrador da Carvema

PEDRO LIMA ESTÁ DE SAÍDA DA LANTAL/GIERLINGS VELPOR Produtora de tecidos de veludo para várias áreas de negócio, desde a moda e confeção até à decoração e transportes (comboio, metro e autocarro) a Lantal Textiles SA (ex-Gierlings Velpor) vai deixar de contar com a colaboração do seu diretor de vendas para a área da moda. Detida pela suíça Lantal AG, a empresa de Santo Tirso quer concentrar-se em exclusivo nos tecidos para o setor dos transportes. A novidade, com contornos de grande surpresa, ecoou em Paris pelos corredores da Première Vision, onde tivemos oportunidade de interpelar Pedro Lima sobre as razões de tão inesperada notícia. Está de saída da Lantal Portugal. Pode-nos explicar os motivos? É mais a consequência da atual estratégia que o acionista tem para a empresa. O negócio principal da Lantal são tecidos para transportes e o acionista vai privilegiar ainda mais essa área e vai acabar com uma das divisões mais emblemáticas e históricas da empresa, que é a moda e tecidos para confeção. Assim sendo, não faz muito sentido continuar nesta empresa a partir do fim do ano. E como se sente com essa decisão do acionista? Francamente, um pouco desapontado e até triste por ver acabar um departamento que teve tanta importância e relevância no passado nesta empresa e com tanta e longa história de décadas. É, no fundo, uma parte da história da Gierlings Velpor que vai desaparecer. O que leva a Lantal a tomar essa decisão, como a justificam? É uma questão que só o acionista pode responder, mas como o core business do negócio da Lantal são tecidos para transportes, é bem possível que queiram

dar prioridade à produção desse tipo de tecidos na unidade em Portugal em detrimento da área de Moda. Pessoalmente, sente-se confortável com a decisão? Não é realmente fácil depois de tantos anos ver acabar esse departamento que tantas alegrias e sucessos nos proporcionou. Mas não posso fazer mais nada, pois é uma decisão do acionista suíço e é seguramente irreversível. Sendo um histórico da têxtil nacional, como e onde se vê depois desta etapa de tantos anos de dedicação a esta indústria? Sinceramente, vou ter de pensar mesmo nisso pois só agora comecei a interiorizar a ideia que brevemente abandonarei esta empresa. Mas, seguramente, vejo-me a continuar a trabalhar e a colaborar nesta indústria, seja como consultor, gestor ou

na área de mercados internacionais, seja num projeto ou numa empresa onde a experiência acumulada de tantos anos possa ser útil. Não me vejo parado nem desejo isso. Vamos continuar a vê-lo na têxtil? Espero bem que sim. E depois de tantos anos de trabalho, tantas viagens, tantas feiras nacionais e internacionais, vários projetos de investimento, acho e desejo continuar de alguma maneira ligado à indústria têxtil. Sinto que um capítulo se fecha nesta empresa, mas que se poderá abrir um novo numa outra empresa ou projeto. Há sempre uma certa nostalgia ao sair duma empresa onde nos sentíamos bem, mas a vida continua, como muitas vezes nos dizia o Sr. Américo Amorim, com quem trabalhei vários anos. E, por isso, estou ansioso pelo futuro próximo. t

SAMPLESS REFORÇA DIGITALIZAÇÃO DAS MARCAS E EMPRESAS O sampLess, centro de prototipagem digital vocacionado para o setor da moda e dos têxteis, já pode transformar os tradicionais catálogos em experiências digitais inovadoras. Um salto qualitativo para as marcas e empresas, que podem contar com os apoios do From Portugal, no âmbito dos projetos de internacionalização e digitalização. Digitalização, sustentabilidade e uma inovadora experiência 3D são a proposta do sampLess, permitindo a “exploração visual e a simulação 3D dos materiais, tornando os encontros presenciais muito mais eficientes”, refere a empresa.

UNIFARDAS DESENVOLVE COLEÇÃO PARA EQUIPAS DO CHEF RUI PAULA As equipas de cozinha dos restaurantes do Chef Rui Paula vão ter um novo fardamento, que está a ser desenvolvido pela especialista Unifardas. As novas peças, que incluem jalecas, calças e aventais, seguem um estilo simples e contemporâneo e a tendência unisexo e são confecionadas exclusivamente com materiais sustentáveis. Para o desenvolvimento da coleção a empresa da Maia especializada em fardamento e workwear teve como fonte de inspiração a arquitetura e enquadramento dos diversos espaços do Chef Rui Paula, localizados em lugares relacionados com o mar e rio, e recorre a uma paleta de cores de tons neutros (branco e cinzento) e frios (azul e verde), com um design elegante e simples e ao mesmo tempo moderno e tradicional. As novas fardas para as equipas de cozinha procuram também combinar conforto com proteção, recorrendo a materiais resistentes ao calor extremo, líquidos ferventes, explosões de vapor ou cortes de facas e outros utensílios de cozinha. Depois das novas fardas para as equipas de cozinha, o Chef Rui Paula e a Unifardas estudam também a possibilidade de uma nova linha para as equipas de sala dos restaurantes DOC, DOP e Casa de Chá da Boa Nova, este ostentando a distinção de duas estrelas Michelin. t


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"O SISTEMA FINANCEIRO TEM DE ENTENDER QUE SOMOS UM SETOR SÉRIO E COM FUTURO"

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa António Falcão e António Alexandre Falcão Advogado, reformado, com o curso tirado na Universidade de Coimbra, António Falcão tem mais de 40 anos de chão de fábrica e está empenhado em passar o testemunho aos seus dois filhos, António Alexandre e Alexandre Manuel – a quem dotou com os apetrechos técnicos essenciais para a vida empresarial. Não sendo uma novidade na família – em seu devido tempo, o pai fez o mesmo com ele e com a irmã – esta passagem de testemunho é contudo rara e muitas vezes não isenta de conflitos. E quando finalmente se vir livre das empresas do Grupo Falcão, ainda terá, para passar o tempo, o negócio ligado ao imobiliário e agrícola. Mais difícil ainda, terá de colocar em ordem as centenas de obras de arte que tem colecionado e ocupam uma parte não despicienda das salas, dos corredores, dos cantos e das paredes da fábrica e da casa.

a

renovação do grupo Falcão passa pela transferência geracional, uma medida que não se vê todos os dias na indústria nacional, mas que pode ser um objetivo determinante no futuro do sucesso empresarial. O grupo Falcão está neste momento a passar por um processo de sucessão. Como está a ser gerido? Estou na empresa há cerca de 43 anos, para onde vim trabalhar com o meu pai, depois do curso de Direito e do estágio. A formação é muito importante – não tirando qualquer valor aos empresários que se fizeram por si sem ou com formação, como foi o caso do meu pai, que estava na indústria desde 1955. Entrei na indústria muito cedo, com 24 anos, e em determinada altura o meu pai achou que devia passar a pasta. Fê-lo de uma forma equilibrada, acompanhando-me durante vários anos, e assim fez a passagem para mim e para a minha irmã. É o que estou a fazer com os meus filhos. Estamos a falar de que ano? Entrei na indústria em 1979. Partilho do mesmo princípio segundo o qual na indústria – como noutras áreas mas principalmente na indústria – são exigidas capacidades de empreendedorismo e lucidez que vamos perdendo com o tempo e com a idade. Não perdemos capacidade de pensamento estratégico ou de conhecimento, mas perdemos alguma iniciativa, alguma

dinâmica, alguma motivação. A transmissão deve ser feita com maturidade e lucidez, naturalmente, mas a tempo. Os princípios de uma boa formação e de passar a pasta a uma nova geração seja ela da família ou não, são princípios que fui consolidando ao longo dos anos. É isso que está a acontecer? E é isso que está a acontecer. Aos 66 anos acho que ainda tenho muito para dar, mas procurei dar aos meus filhos uma boa formação – é a melhor herança que podemos dar aos nossos sucessores. O António Alexandre, o mais velho, fez o curso de Gestão na Nova de Lisboa, fez um mestrado em Inglaterra na área de Finanças, esteve no BNP Paribas em Portugal e Inglaterra e mais tarde desafiei-o a vir para o grupo. Neste momento ocupa-se de uma das nossas unidades industriais, a Fitexar – faltando-lhe apenas assumir a parte financeira, que de qualquer modo já acompanha, o que acontecerá num relativo curto prazo. E o mais novo? O Alexandre Manuel, mais novo cinco anos, fez Economia na Católica de Lisboa mas a pandemia impediu-o de iniciar o mestrado. Esteve entretanto a estagiar na área imobiliária, e depois veio trabalhar para a Falcão – onde se integrou rapidamente. Está agora a tirar o mestrado em Gestão, em Espanha, regressará dentro de oito meses. Uma sucessão tem sempre dois níveis: o da gestão e o da participação acionista. Como solucionou este segundo aspeto? O nível acionista está resolvido há bastante tempo. Ambos são já acionistas e têm a maioria. Mesmo antes de eles trabalharem aqui e contra conselhos de alguns juristas,

"Prefiro ter parte de uma empresa com futuro que 100% de uma sem condições de sobreviver" O corajoso processo de integração da nova geração no topo das decisões corporativas do grupo – com o necessário impacto em termos estratégicos – não retira importância e significado à não menos corajosa opção pelo crescimento inorgânico proposto pelos responsáveis do grupo Falcão. O foco está na criação de um grupo cuja dimensão seja significativa fora de portas – elemento essencial para uma internacionalização que responda ao novo paradigma da indústria europeia. Acumulam-se as evidências de que o processo de reindustrialização na Europa não são meras palavras. Nesse contexto, a questão da dimensão ganha novos contornos, que obrigarão a uma resposta rápida da parte dos empresários. A proposta da Falcão é, nesse quadro, de uma elevada importância prospetiva e marca um statement face aos tempos que se avizinham. António Falcão sabe que a sua proposta é disruptiva e que precisa de tempo para ser assimilada. O problema é que, como o (ainda) CEO do grupo também sabe, o desenvolvimento internacional do setor também não pára, o que implica que as respostas sigam ao mesmo ritmo.

fui fazendo a doação de ações – o meu pai fez o mesmo e nunca se arrependeu. Os dois têm cerca de 70% das ações das empresas e estão muito motivados por isso. A passagem da Gestão está agora em curso. António Alexandre, enquanto filho mais velho o que pensa desta decisão? Como se preparam para gerir todo este património? Entende-se com o seu irmão? Nunca tivemos qualquer conflito e a relação é de muita confiança. Nunca tive nenhuma conversa com o meu irmão acerca de quem manda no quê: as coisas foram fluindo naturalmente. Sou mais velho cinco anos mas somos muito próximos. Estamos muito alinhados, não há nada que nos preocupe. A sucessão no topo do grupo não passará naturalmente para o mais velho? Não temos nenhum pacto, nenhuma combinação. Por ser mais velho, vim mais cedo para as empresas, assumi uma das empresas onde estava claro que podia ser aquela em que podia ajudar mais. Cada um fica numa área, acho que é o que faz mais sentido, mas vamos estar sempre alinhados. António Falcão, qual é a dimensão do grupo Falcão neste momento? Temos a Fitexar, que faz os fios, e a Têxtil António Falcão – que, por uma questão estratégica e de reorganização, está subdividida na Ecoting (que tem a tinturaria), a 4A, uma empresa comercial para as marcas próprias, e a têxtil António Falcão propriamente dita, onde está concentrada a produção mais vocacionada para a exportação. Tivemos necessidade de criar uma certa autonomia para as marcas – a Maggiolly e a Nana. A Falcão

Têxtil tem mais colaboradores, mas a Fitexar tem maior volume de negócios – uma vez que herdou o negócio dos fios da Falcão. As duas faturam cerca de 10 milhões de euros. Eram cerca de 12 milhões antes da pandemia e não consolidamos. Em número de colaboradores temos vindo a crescer, de novo, e estamos nos 170, mas já fomos mais de 200 noutros tempos. Investiram durante a pandemia? Fizemos investimentos tanto na Fitexar como na Falcão. Nesta última, não investimentos no core, nas meias de senhora, mas noutras áreas de negócio que já trabalhávamos: roupa interior de senhora e criança. É um negócio que comercializávamos, mas com a pandemia passamos a produzir industrialmente dentro da empresa, com investimentos agora efetuados. Na Fitexar investimos cerca de 250 mil euros, em investimento produtivo, mais ou menos o mesmo que na Falcão, com capitais próprios. Vão investir mais neste período de retoma? No caso da Fitexar, temos um projeto, que aguarda aprovação, para apresentar no âmbito do Portugal 2030 da ordem de 1,1 milhões de euros. O grupo tem a dimensão que vos é confortável? Não. Durante muitos anos tivemos uma dimensão equilibrada para o mercado. Hoje, com a evolução da indústria, a competitividade, a necessidade de inovação, a digitalização, a sustentabilidade, toda uma realidade nova, está na hora de as nossas empresas se redimensionarem crescendo. Nomeadamente para poderem responder à reindustrialização da Europa? Exatamente. Em Portugal,


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Energia tem de ter um custo acessível a todos Os custos da energia e a enorme carga de impostos são, para o grupo Falcão, dois dos principais problemas que neste momento impactam a atividade empresarial. São, na ótica de António Falcão, dois elementos essenciais da competitividade, que enfraquecem as empresas portuguesas nos mercados que concorrem. Como “bem essencial”, a energia tem de ter um “custo acessível a todos” – e dá o exemplo da Fitexar, onde a energia já representa mais de 20% do total dos custos. Outros custos que estão a aumentar são os transportes e as matérias-primas – mas esses, como afirma, “fazem parte dos fatores de competitividade que as empresas têm de incorporar” e estão fora da órbita da atuação do Estado português. Mas, do lado que está sob a alçada do Estado, António Falcão espera que haja uma atenção redobrada, nomeadamente no que diz respeito à aplicação dos fundos conseguidos pela coleta fiscal.

temos meia dúzia de empresas com uma dimensão razoável na Europa ou no mundo. As empresas têm de se readaptar a esta realidade, têm de criar dimensão. No caso das empresas do grupo Falcão, temos de ter essa consciência. Devemos ter a porta aberta para criar dimensão, sejam fusões, sejam aquisições. Temos de colocar de parte o princípio antigo do patrão. Eu prefiro ter 10% de uma empresa com futuro e que me vai dar dividendos, que ter 100% de uma empresa sem condições de sobreviver. Os grupos verticais sentem dificuldades? Não concordo. Há formas de gestão novas que podem permitir que uma empresa, sendo vertical, possa ser rentável. Há 50, 100 anos, as empresas eram verticais e rentáveis; o mundo mudou entretanto e, de forma correta, os empresários fizeram outra opção, mas hoje a verticalidade pode ser novamente muito rentável. Se conseguirmos criar grupos que se associem e que se tornem realmente fortes, há atualmente formas de as gerir. Qual seria a dimensão desejável neste momento? A dimensão mínima são os 40 a 50 milhões de euros de faturação. Não significa isso que deixe de haver necessidade de existirem pequenas empresas. O setor têxtil é capaz de ter pouco mais de uma dúzia de empresas a faturarem mais de 50 milhões de euros. E o ideal era ter uma centena de empresas com essa dimensão. Que empresas já contactou para fazer uma coisa desse género? Nenhuma. Eu estou aberto e tenho a certeza que os meus filhos também. Mas acho que estas iniciativas deviam partir do topo: o Estado devia ter nisto um papel incentivador e motivador, criando incentivos aos empresários para procurarem este tipo de mecanismos.

"A transmissão de gerações deve ser feita com maturidade mas a tempo" Do nosso lado, há disponibilidade e recetividade. O que espera que o Estado possa fazer concretamente? Deixe-me fazer um à parte: o atual Ministro da Economia é o melhor ministro que conheci ao longo de todos estes anos ligado à indústria, e o Secretário de Estado Adjunto também é muito competente, e sabem como fazer isso. E se, no tempo da pandemia, não tivessem sido tomadas as medidas que este ministro tomou, não sei se as empresas não teriam desaparecido todas, porque umas levam as outras. Foram tomadas medidas acertadas e que permitiram que as empresas sobrevivessem. Neste momento ainda precisamos de ajudas e medidas ponderadas para que os empresários possam trabalhar sem stress. Essas ajudas e medidas podiam vir do Banco de Fomento. O que é que o Banco de Fomento vai fazer? Se eu quiser falar com o Banco de Fomento, falo com quem? Este Ministro é uma pessoa do terreno, e deu provas, tem vontade, e sabe o que fazer. Mas chamo à atenção que o tempo está a passar e são urgentes as decisões. Concorda com esta preocupação do seu pai? Concorda que a dimensão é um fator importante? [A.A.] Sim, acompanhei na nossa empresa grandes processos de reestruturação, que não seriam possíveis sem investimento. Investimentos sempre com capitais próprios para ganhar dimensão e solidez.

Queremos ter uma empresa sólida para poder crescer de uma forma sustentada. É isso que estamos a fazer neste momento: estamos a investir para a empresa estar preparada para crescer. E para chegar a outra dimensão e muitas vezes não pode ser só uma empresa em crescimento orgânico. O papel da atividade associativa terá também um papel neste ganho de dimensão do setor? As associações têm sido muito ativas, estão preocupadas como eu, mas os resultados não aparecem. Tardam as respostas que gostávamos de ter. As associações podem ter um papel importante, mas a iniciativa deveria partir do Estado, dos organismos do Estado – Banco de Fomento, IAPMEI, por exemplo. As associações podiam fazer o seu papel ao fazer a ligação ao setor. De que precisa o grupo Falcão para atingir esse patamar? De dinheiro (risos)... e muita tranquilidade. E precisamos que o setor seja mais acreditado, para que o sistema financeiro entenda que é um setor sério e com futuro. Era-lhe mais confortável que a Turquia fizesse parte da União Europeia, como quer, e estivesse sob as regras das empresas portuguesas, em vez de estar alheia aos princípios da concorrência? Sim, sem qualquer dúvida. Era bom para a Europa, que ganhava dimensão – o que dizíamos há pouco das empresas serve para a Europa. Uma Europa mais forte, com regras para todos, dá-nos outra força junto de outros mercados, sejam asiáticos ou americanos. O que me parece é que a Turquia quer fazer parte da União só para o que lhe interessa. É um pouco como o Reino Unido no passado. t

As perguntas de

Mário Jorge Machado

Paulo Melo

Presidente da ATP

Administrador da Somelos

Como é que um empresário sabe que é a altura certa para delegar as decisões estratégicas na nova geração?

Quais são os principais desafios da terceira geração?

Neste tipo de decisões não há momentos certos e definidos. No meu caso, e por princípio, entendo que não devo agarrar-me ao poder, pois já dei o meu contributo às empresas e devo dar oportunidade a outros que demonstrem serem capazes de assumir novos desafios e decisões enquanto são jovens ainda. É isso que está a acontecer comigo e com os meus filhos. Qual a parte mais difícil para o empresário abdicar em favor da nova geração, neste caso a parte mais difícil na experiência do António Falcão?

Não tenho tido dificuldade em abdicar, tem sido até muito fácil. Tive foi dificuldade em convencer os meus filhos que a indústria têxtil tem futuro. E parece que os convenci. O que aprendeu com esta mudança para a nova geração?

Tenho aprendido que têm novas e modernas formas de gestão, mais eficazes e motivadoras dentro e fora da empresa. t

Um dos maiores desafios , nesta altura, são os vícios que uma empresa com 60 anos vai criando. Temos colaboradores com 20, 30 anos de casa, mudar mentalidades é complicado. Uma empresa criada de raiz consegue adaptar-se mais rapidamente à atualidade. Há uma resistência muito grande. Qual a importância do setor têxtil português no pós-pandemia na Europa?

Acredito na reindustrialização da Europa e não tenho dúvidas que o nosso setor vai ter capacidade para se adaptar – como teve no passado, dada a sua grande resiliência. É por isso que acho que as nossas indústrias vão ter de se redimensionar. Acredito que vai ser possível esse recondicionamento, como sucedeu por exemplo no pós-25 de Abril. Não tenho dúvidas que isso vai acontecer outra vez. t


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THE LONDON TEXTILE FAIR 19 e 20 de outubro - Londres Adalberto, Burel Factory, Fitecom, Le Europe, TMG JITAC 20 a 22 de outubro – Tóquio Adalberto, Albano Morgado, Burel Factory, Fitecom, Le Europe, Lemar, Lurdes Sampaio, Paulo de Oliveira, RDD Textiles, Riopele, Tessimax, Texser, Troficolor, Vilarinho

A+A DUSSELDORF 26 a 29 outubro – Dusseldorf A Sampaio & Filhos - Têxteis SA, ACS Moldes, CITEVE, CITEVE Certificação, Dune Bleue, Endutex - Revestimentos Têxteis S.A., Fall Safe, Sancar Premium Socks, Ultra Creative - Workwear Solutions, Unifardas, S.A, Walkemore, S.A.

AGENDA

TALENTO NACIONAL NA HOLANDESA SHOWUP O quarteto Burel Factory, Carapau Portuguese Products, Jinja e Ropar marcou presença em mais uma edição da feira holandesa showUP, nos dias 5 e 6 de setembro, na cidade de Vijfhuize. Com um conceito único orientado para compradores que tenham lojas de artigos de casa e gifts, lojas de criança, concept stores, department stores, lojas museu, lojas online e estilistas, a showUP contou assim com o melhor do talento nacional.

"É para mim um verdadeiro orgulho levar o made in Portugal lá para fora e ver reconhecido o talento e qualidade dos nossos confecionadores e artesãos" Inês Camaño Garcia Fundadora da Möm(e)

MODA PORTUGUESA DE REGRESSO ÀS FEIRAS DE PARIS O designer Luís Buchinho e as marcas Concreto, Cristina Barros e Lemar representaram o regresso da moda portuguesa às feiras de Paris. Uma presença que se destacou nos salões Who’s Next e Interfiliére, que decorreram em paralelo nos primeiros dias de setembro. Um regresso saudado pelo novo Delegado AICEP em Paris, Eduardo Henrique, que visitou os expositores From Portugal.

PORTUGAL DESTACA-SE COMO PARCEIRO DE PROXIMIDADE “Estamos cá, estamos vivos e vamos continuar a trabalhar”, foi assim que o vice-presidente da ATP que acompanhou a comitiva From Portugal em na Munich Fabric Start, resumiu a mensagem de inovação e vigor empresarial deixada pelo têxtil português. Paulo Melo disse só ter ouvido feedback positivo: “Este era o momento certo para definir Portugal como um parceiro de qualidade e proximidade e isso é cada vez mais importante para criar uma têxtil forte e de valor acrescentado”, frisou Paulo Melo, apontando ao têxtil português o papel de fornecedor privilegiado para os segmento de qualidade dos mercados ocidentais.

PREMIÈRE VISION 200% ACIMA DAS EXPETATIVAS LUSAS É a referência para o setor a nível global e não podia ter corrido melhor para a mais de meia centena de têxteis portuguesas presentes. “Ficámos 200% acima da expetativa inicial e o negócio está verdadeiramente a retomar”, regozija-se o presidente da ATP, Mário Jorge Machado. Terminados os três dias da impressiva presença das têxteis portuguesas em Paris, o balanço deixa plenamente satisfeitas as empresas nacionais e funciona até como uma injeção de confiança para o futuro próximo, depois das dificuldades do último ano. “As empresas portuguesas tiveram mais visitantes do que em 2019 e o sentimento da feira é de que o negócio está verdadeiramente a retomar”, conclui o presidente da ATP, citado pelo Expresso. Mário Jorge Machado diz mesmo que “se tivesse de dar um número para avaliar o resultado desta feira seria uma percentagem. Ficámos 200% acima da

expetativa inicial”, acrescentando “a convicção de que os negócios estão a continuar e há novas oportunidades pela frente”. Numa altura em que as exportações superam já os números de 2019 e nasce até a esperança na possibilidade de ser atingido um novo recorde de vendas ao exterior no fecho das contas do ano, o representante do setor dá ainda conta do ambiente de clara retoma que as empresas portuguesas sentiram na feira de Paris. “Nota-se muito claramente a retoma de contactos e pedidos de informação de potenciais clientes que estavam a produzir na Ásia e, devido aos problemas crescentes de transporte, subida de custos incluída, querem trazer as encomendas de novo para a Europa e para Portugal em especial, onde continuamos a ter um verdadeiro cluster têxtil e um posicionamento cada vez mais voltado para a sustentabilidade”, sublinhou. Uma convicção que foi par-

tilhada pelo secretário e Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, após a visita pelos stands portugueses. “Os empresários têm-me dito que acreditam que este ano será melhor que 2019 e para nós esse é um dado muito importante”, disse o governante, seguro de que “Portugal é um país competitivo dentro e fora da Europa” e que “o caminho que está ser trilhado pelas empresas portuguesas, com foco na sustentabilidade e produtos de valor acrescentado” está claramente a dar frutos. Também em visita de apoio à representação têxtil em Paris, o Secretário de Estado Adjunto e da Economia frisou que “o facto de estarem aqui tantas empresas portuguesas é prova da sua enorme capacidade de resistência e da sua flexibilidade”. João Correia Neves deixou também garantias de que o Governo está a fazer todos os esforços para limitar o aumento do preço da energia. t


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X DE PORTA ABERTA Por: Bebiana Rocha

Carlos Sousa Alfaiate Avenida da Boavista, 1515 4100-114 Porto

Ano de abertura 2004, com mudança de instalações em 2013 Serviço Alfaiataria por medida Produtos Vestuário e acessórios para homem Público Maioritariamente homens acima do 45 anos, apreciadores de um estilo clássico e com poder de compra. Também jovens noivos Marcas Dormevil, Loro Piana, Corneliani, Scabal, Holland and Sherry, Drapers, Ermenegildo Zegna, Emporio Armani e Gran Sasso, entre outras

ALUNOS DO MODATEX COM ACESSO A ESTÁGIOS NO ESTRANGEIRO A partir deste ano letivo, os alunos dos Cursos de Aprendizagem do MODATEX têm a oportunidade de estagiar no estrangeiro no âmbito do programa Erasmus+, que apoia formandos matriculados no ensino e formação profissionais ou de cursos terminados há menos de um ano. Os formandos serão acolhidos num local de trabalho ou noutra instituição de ensino, realizando períodos de aprendizagem em contexto laboral. O financiamento destina-se a cobrir as despesas de viagem e de subsistência dos participantes durante a sua estadia.

"Se as empresas tivessem sido mais apoiadas poderíamos ter menos situações de insolvência" Mário Jorge Machado Presidente da ATP

A cultura do fato com porta aberta Entrar na Carlos Sousa Alfaiate é o imergir numa atmosfera de luxo e sofisticação, mas também no universo de um grande saber fazer. Esta é uma loja diferente, com serviço por medida combinado com pronto-a-vestir multimarca. Há várias décadas que Carlos Sousa, o rosto por trás dos fatos que aqui podemos encomendar, se dedica à arte da alfaiataria. Foi introduzido ao ofício quando tinha 12 anos e desde aí não deixou de aprimorar as técnicas. Garante ter aprendido durante vários anos com os melhores, e há cerca de 20 que se lançou em nome próprio e tem agora um atelier integrado na loja com o seu nome, na avenida da Boavista, no Porto. Quem entra na Carlos Sousa Alfaiate tem garantido um atendimento personalizado. "Mesmo sendo um pronto-a-vestir, o cliente sai daqui com o fato ajustado ao corpo", sublinha o filho, Manuel Sousa, responsável pela gerência do negócio. "A Corneliani serve a 70/80% dos homens sem grandes alterações, mas o meu pai ajusta-os sempre para que sejam claramente à medida de cada cliente". O portefólio de oferta de marcas premium que aqui podemos encontrar é vasto. "O cliente sai daqui vestido dos pés à cabeça", diz o pai em tom de brincadeira, tendo em conta a disponibilidade de calças, polos, blusões, camisas, blazers e acessórios para completar o look. Com poucos alfaiates na cidade e a prestar serviços diferentes, o que distingue a Car-

los Sousa é mesmo dar aos clientes fatos únicos, feitos do início ao fim pelas mesmas mãos, de forma totalmente artesanal. "Mesmo quando temos mais volume de trabalho vai tudo riscado por mim, trabalhamos com mais dois alfaiates, mas sou eu que faço os moldes e verifico tudo". Embora reconhecendo que “os jovens não tenham tanto a cultura do alfaiate”, Carlos continua a apostar em trazer ao de cima o melhor deste universo. Trabalha com as melhores matérias primas, várias delas exclusivas, como é o caso da lã de vicunha, um dos tecidos mais caros do mundo, vindo diretamente do Peru. Num negócio que vive do contacto direto com o cliente, do tirar medidas, às provas e tocar nos tecidos, o serviço inclui muitas vezes até ida a casa do cliente. Com a pandemia, Carlos recorda os meses que esteve fechado e a inviabilidade de usar online. “Os nossos clientes procuram-nos precisamente pelo atendimento, vendemos também para Angola e com as restrições de circulação não pudemos viajar, sem Covid fazíamos pelo menos oito viagens por ano”, descreve. Numa altura em que se fala de sustentabilidade, este serviço de alfaiataria é uma alternativa respeitadora do ambiente, sem desperdício e capaz de passar de geração em geração para marcar momentos importantes como casamentos. Afinal, aqui fazem-se fatos para uma vida. t

MO AMPLIA LINHA DESPORTIVA PARA A PRÓXIMA ESTAÇÃO

UMA DÉCADA DE CRESCIMENTO NOS TECIDOS NÃO TECIDOS

Com a prática desportiva cada vez mais em voga, a MO aposta na ampliação da sua linha desportiva. A ‘MO Active’ conta agora com novas peças para a próxima estação, que alinham conforto à tecnicidade e funcionalidade. Destaque para as T-shirts com painéis respiráveis em diferentes cores e para os casacos corta-vento leves e impermeáveis.

Desde 2012 que o mercado de Tecidos Não Tecidos tem crescido de forma consistente a nível global, registando um aumento anual médio de 3,6%. Consequência da pandemia e da procura de Equipamentos de Proteção Individual, no ano passado o salto foi de 6,9%. Os dados da Index Box registam um valor global de 38,3 mil milhões de dólares de TNT.

1,6%

do PIB português foi aplicado em atividades de I&D em 2020

A VAIDADE DE DRAKE COM SWEAT DA PEDROSA & RODRIGUES

É com uma sweat da Pedrosa & Rodrigues que o famoso rapper Drake se exibe na sua página Instagram. “Trata-se do nosso modelo “Shaggy Fleece Sweatshirt” desenhado o ano passado e que é feito em tecido teddy, com luxo extra-suave e apontamentos de pele nos bolsos”, informou a têxtil de Barcelos através das suas redes sociais. “Esta é a prova de que o nosso trabalho arranja sempre forma de ir parar aos armários mais cool e impercetíveis”, regista a Pedrosa & Rodrigues, esclarecendo tratar-se de mais um design original que é fornecido para uma icónica casa de moda norte-americana.


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Wise
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Protection
é
o
seu
aliado
estratégico
para
fazer
face
à
nova realidade
da
segurança
e
saúde
do
mercado
global

SEGURANÇA

SAÚDE

NEGÓCIO

RENTABILIDADE

Foque‑se
no
seu
core
business,
nós
focámo‑nos
nas
novas
diretrizes
de
saúde e
segurança,
ajudando‑o
a
rentabilizar
ainda
mais
o
seu
negócio A
Wise
HS
Protection
concebe
Planos
de
Contingência
para
eventos,num
serviço integrado
 Chave
 na
 Mão,
 que
 cumpre
 as
 Normas
 da
 DGS,
 com acompanhamento
permanente
em: ► ► ►

auditoria
técnica diagnóstico
de
necessidades
 implementação
de
procedimentos
Safety
&
Security


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X O MEU PRODUTO Por: Bebiana Rocha

Multimed

Desenvolvido pela Ribeiro & Matos, Oozenanotech e CITEVE

O que é? Um projeto que visa desenvolver artigos têxteis reutilizáveis capazes de protegerem e eliminarem agentes infeciosos Produtos Bata cirúrgica, calça e túnica para enfermeiro e bata médica Principal contributo Alternativa segura de proteção individual amiga do ambiente, feita à base de algodão com capacidades hidrofóbica, antifúngica, antimicrobiana e antivírica Estado do projeto Otimização de processos e análise do scale-up industrial

JF ALMEIDA: 10 ANOS NO CAMINHO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA “Há nove anos, criámos uma estratégia e uma equipa para trabalhar só a eficiência energética” e dessa aposta surgiram uma série de iniciativas de onde se destacam, por exemplo, a instalação de um laboratório químico, a renovação da frota direcionada para os automóveis elétricos, ou a otimização de processos produtivos. Ao cabo de uma década, os resultados estão bem acima dos objetivos fixados", avalia João Almeida, um dos administradores do grupo.

"Temos uma equipa completamente focada no online, é por aí que passa o futuro" Bruno Correia Manager Director da Play Up

DECENIO FOI A OFICIAL WEAR SPONSOR NA QSP SUMMIT A marca de moda Decenio, do Grupo Cães de Pedra, foi a Oficial Wear Sponsor na QSP Summit que decorreu a 9 e 10 de setembro na Exponor. Com oradores de topo mundial, o encontro teve também como protagonistas várias personalidades de destaque da Indústria Têxtil e da Moda portuguesas. Apresentada como a mais relevante conferência de management e marketing da Europa, o evento envolveu nomes como Agatha Ruiz de la Prada, Malcolm Gladwell, Maria von Scheel-Plessen, Matin Weigel, António Lobo Xavier ou Manuel Sobrinho Simões, destando-se no setor Têxtil/Moda, José Alexandre Oliveira (Riopele), Isabel Furtado (TMG / Cotec), Ana Sousa ou Luís Onofre.

Proteção com revestimentos multifuncionais inovadores Com a sustentabilidade no centro das preocupações, a Ribeiro & Matos, em colaboração com a Oozenanotech e o CITEVE, desenvolveu uma inovadora linha de artigos de base têxtil reutilizáveis, para proteger profissionais de saúde expostos a agentes infeciosos. Multimed é o nome do projeto, que traduz por si só o seu propósito: criar acabamentos multifuncionais em tecido para aplicações médicas. “O fator novidade aqui é não só o caráter reutilizável, mas também as suas propriedades hidrofóbicas, antivíricas, antimicrobianas e antifúngicas, que resultado da combinação de teflon, zeólitos dupados com prata e óxido de zinco”, explica Gilda Santos, do CITEVE. Filipa Fernandes, CTO da Oozenanotech, acrescenta o facto de ser “tudo feito num único revestimento e resistente até 20 lavagens industriais”. À Oozenanotech coube todo o papel de desenvolvimento, ou seja, “todos os estudos de revestimento, quantidades e otimizações”. O Instituto Ricardo Jorge e o Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho também participaram como responsáveis por realizar todas as amostras feitas nos revestimentos. Quanto ao CITEVE, a gestora de área da proteção e defesa prestou ajuda no desenvolvimento da resistência necessária às lavagens e apoio no processo de impermeabilização, bem como nos testes. A promotora líder do projeto, Ribeiro & Matos, está responsável pela confeção de fatos para enfermeiros, médicos, batas cirúrgicas para clínicas ou outras unidades que precisem de proteção contra a

Covid-19. O CEO Manuel Ribeiro está aberto para “acrescentar outros EPI que sejam necessários”. De mencionar que as matérias-primas usadas são fibras naturais, nomeadamente o algodão, escolhidas de forma a dar conforto aos utilizadores. Conforto esse já testado no Hospital de Braga e com feedback positivo. O projeto tinha uma duração inicial prevista de 11 meses, no entanto, devido à pandemia, o prazo estendeu-se aos 15, fazendo parte dos passos seguintes a “otimização do processo de aplicação dos acabamentos funcionais desenvolvidos e análise do scale-up industrial”. Manuel Ribeiro mostra-se otimista para o que se segue: “Queríamos fazer alguma coisa que poupasse o meio ambiente. Do que temos testado estamos no bom caminho, mas claro que ainda é preciso aprimorar. Mas tem pernas para andar”, acredita. O empresário revela ainda que estão a aguardar uma nova máquina, feita exclusivamente para o efeito de impermeabilização. “Já estamos há meio ano a desenvolver uma máquina única de expressão em contínuo, e já temos o protótipo quase finalizado. Isto vai-nos permitir ter um produto com maior qualidade e regular, para além de gastar menos produto”, conta. O projeto Multimed é também um desafio que os funcionários da Ribeiro & Matos estão ansiosos por agarrar e apresentar ao mercado: “Os nossos colaboradores estão sempre à procura de coisas novas, tento não atrapalhar a empresa com inovação, quando os ponho a produzir é porque está tudo encaminhado e totalmente testado”, conclui. t

75%

foi quanto as exportações do Alto Minho cresceram em dez anos

ANTÓNIO DE ALMEIDA & FILHOS VENDIDA POR 3,5 MILHÕES A têxtil Domingos Almeida vai adquirir as quatro empresas do grupo António de Almeida & Filhos (AA&F), onde se destaca a têxtil de Moreira de Cónegos criada em 1956. A venda, esta terça-feira aprovada em assembleia de credores, ultrapassa os 3,5 milhões de euros e inclui as associadas Morecorger Energia SA, Moretextile Imobiliária SA e Moretextile SP/ACE. A par dos 207 trabalhadores do grupo, passam também para o universo da têxtil-lar de Lordelo todo o inventário e equipamento da AA&F, um imóvel e todo o equipamento da empresa Morecoger e seis prédios da Moretextile Imobiliária.

MAJATU.STUDIO LANÇA T-SHIRTS QUE ILUSTRAM A LIBERDADE DE EXPRESSÃO Serviram para assinalar o dia da liberdade de Pensamento e Expressão (14 de julho, data da Revolução Francesa de 1789), mas continuam tão atuais como sempre: a Majatu.Studio apresentou a sua primeira colaboração com o ilustrador Tomás Castro, que se juntou à marca portuguesa para celebrar valores como a pluralidade, igualdade e justiça, que se traduziram em três modelos de T-shirts para homem e mulher.


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VALÉRIUS EM FASE DE ESCALA PARA TINGIR TECIDOS COM BACTÉRIAS O tingimento de tecidos com bactérias é a mais atual aposta da Valérius para revolucionar a indústria têxtil: segundo revelou Patrícia Ferreira, CEO da Valérius Hub, o projeto irá “permitir reduzir em 90% o consumo de água e químicos”, tornando a fase de tingimento mais sustentável. A pesquisa resulta da postura eminentemente sustentável do grupo, que se estende por diversos projetos e soluções.

"A nossa estratégia de comércio internacional vai ser reforçada" Rute Sousa Administradora da Flor da Moda

CONCRETO LANÇA COLEÇÃO COM CAROL CURRY

As brisas de final de tarde no verão e os sunsets serviram de base de inspiração para a nova coleção cápsula da Concreto. Riviera é composta por três peças de tamanho único que aplicam o savoir-faire da marca portuguesa no que toca ao tricot. O top e a saia em tons de dourado recebem nomes de ilhas gregas – Mikonos e Creta, onde se destacam transparências e pontos de tricot abertos. Já o vestido de manga comprida é fluído e está disponível em três cores: branco, rosa e mint leaf. t

GARLAND CONVERTE CENTRO LOGÍSTICO PARA O E-COMMERCE O Grupo Garland, um dos líderes nacionais nas áreas de transportes, logística e navegação, está a converter todo o seu principal centro logístico na Maia numa unidade totalmente dedicada ao picking à peça, fundamentalmente dedicada ao e-commerce do setor da moda (têxtil e calçado). Atualmente, este mercado tem um peso de 30% no volume de negócios da logística da Garland. Já com um total de 14 mil m2 de plataformas exclusivamente dedicadas ao e-commerce na Maia, a Garland está a converter continuamente racks em mezzanines, decorrendo atualmente a segunda fase do projeto. Com esta transformação, a empresa dá mais um passo importante no objetivo de aumentar a sua quota de mercado na logística de e-commerce, no qual soma já

uma longa experiência e conta com clientes de topo, como é o caso da Farfetch. No ano passado, o Grupo Garland viu aumentar o número de expedições de e-commerce em 13% face ao ano anterior e 59% nos primeiros dois meses de 2021 comparativamente a igual período de 2020. Em apenas quatro anos, a Garland passou de 6 mil m2 para 20.400 m2 de área dedicada à logística de e-commerce, transformando-se num dos principais players nacionais no negócio. A aposta na expansão de infraestruturas dedicadas à atividade de e-commerce acompanha o crescimento do volume de negócios que a empresa regista nesta atividade. Em 2020, a Garland Logística faturou mais 9% relativos a operações de comércio eletrónico face ao ano anterior. t

JÁ SÃO CONHECIDOS OS JURADOS DA 8 EDIÇÃO DO FFF O

O painel do júri da 8ª edição do Fashion Film Festival já é conhecido e assume mais uma vez a sua aposta na diversidade: é composto por nomes reconhecidos e com várias valências fundamentais para avaliar os fashion films a concurso e dele constam Maria João Vieira Pinto, Braz Costa, Estela Rebelo, Marta Mota Prego, Justin Amorim, Fátima, Patrícia Weiss, Fátima Lopes e Wilmer Williams. Os dois úlimos são, respetivamente, Head of Branded Content and Enternaiment e Diretor do Buenos Aires Fashion Film Festival, parceiro promotor do FFF em território latino-americano para esta edição. As inscrições decorrem até 11 de Outubro.

17%

é percentagem do online nos negócios da Sonae Fashion no segundo trimestre 2021

CARLOS GIL LEVA COBERTOR DE PAPA À EXPO DUBAI

SENSORES INTEGRADOS VÃO EVITAR PROBLEMAS ERGONÓMICOS O projeto Operator, iniciado em 2020, está a dar mais um passo no avanço tecnológico aplicado à indústria, através do desenvolvimento de um protótipo integrado em têxteis que, de uma forma mais natural e orgânica, permite detetar movimentos repetitivos que podem causar problemas ergonómicos aos trabalhadores. Com um valor global que excede 1,88 milhões de euros, financiados pelo MIT e pela Agência Nacional de Inovação, o Operator resulta de uma parceria entre a Fraunhofer Portugal

AICOS (FhP-AICOS), Zenithwings, NST Apparel, Volkswagen Autoeuropa, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação Universidade do Porto, Universidade do Minho, Instituto de Engenharia e Ciência Médica e Controlconsul. O protótipo, que está atualmente a ser testado, poderá no futuro ser integrado no vestuário dos profissionais da indústria, nomeadamente em fardas, coletes e luvas, entre outros. A incorporação de sensores nos

tecidos destina-se a permitir, de forma natural, a análise dos movimentos dos trabalhadores a fim de detetar e prevenir movimentos repetitivos que possam resultar em lesões nos sistemas músculo-esqueléticos. Os sensores poderem ser colocados em diferentes posições para análise dos movimentos. No âmbito deste projecto, a FhP-AICOS é responsável pelo desenvolvimento tecnológico dos sensores e da plataforma digital, bem como pelo estudo e monitorização em tempo real dos trabalhadores. t

Convidado para estar presente no pavilhão de Portugal na Expo Dubai o designer Carlos Gil revelou que vai apostar nos seus novos acessórios com aplicações de cobertor de papa. Malas, almofadas e puffs gigantes vão acompanhar o criativo até à exposição mundial. “Considero que é um produto que tem viabilidade e potencialidade” para ser mostrado, não só porque neste momento se fala na sustentabilidade e este é um produto natural, mas também pela questão da riqueza cultural a ele associado, afirmou Carlos Gil numa mesa redonda promovida pelo município da Guarda.


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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey

Marta Teixeira Fundadora da marca Hilbea

Família Vive com os pais e o irmão mais novo Casa Moradia na Foz do Douro, no Porto Formação Licenciatura em Direito, na Católica Carro BWM Serie 2 Portátil iMac Telemóvel Iphone 11 Pro Férias Costuma ir passar sempre as férias de Natal ao Brasil e as de Verão a Vilamoura, na casa de família Regra de Ouro “Viver aquilo em que acreditamos”

Marta veste as pessoas de dentro para fora Com uma energia tão contagiante que em criança era comparada a um furacão, Mar ta Teixeira sempre teve o sonho de se tornar empresária. “Sempre fui muito irrequieta e c uriosa, sempre desenhei muito, lia imenso, fazia pulseiras, jóias, jogos... Muito ativa e c uriosa em relação ao mundo empresarial”, recorda a jovem de 23 anos. Uma c uriosidade e vontade de v iver tão intensas que desde cedo teve de aprender a focar-se e a canalizar as suas energias. Aluna média – “por força de alguma dispersão” –, fez todo o seu perc urso escolar no colégio internacional CLIP, no Por to, até ao momento em que teve de decidir qual a formação a realizar. “Acabei por seguir Direito e não me arrependo nada. Aprendi muito e conheci pessoas que me trou xeram novos conhecimentos e v isões”, explica a jovem, que faz posteriormente um estágio na área da organização de eventos. Com a idade, Mar ta passa a dedicar-se também ao próprio desenvolv imento pessoal. “Aprendi a canalizar as energias em excesso e percebi que o equilíbrio vem de dentro”, pelo que utiliza diariamente ferramentas como a meditação, o exercício físico e as caminhadas. Foi num desses momentos que Mar ta Teixeira teve a ideia de criar a nova marca de loungewear nacional: a Hilbea (hilbea.com). “Quando estamos connosco próprios é suposto estarmos despidos de máscaras e achei que uma marca de fatos de treino fazia todo o sentido. Foi então que, em plena pandemia, decidi lançar a Hilbea com o objetivo de vestir o cor po e a mente mas também o mundo das pessoas”, conta. Lançada em 2021, a Hilbea traduz-se numa coleção de fatos de treinos de linhas simples mas com a qualidade máxima garantida e que tem na variada palete de cores um dos pontos-chave. “Queremos que, através da cor que escolhem, os nossos clientes sintam e transmitam determinada energia. Por exemplo, um verde remete para a esperança, já o laranja para um espírito mais aventureiro”, enumera a jovem empresária portuense que quer assim vestir as pessoas “de dentro para fora”. A componente ambiental é também uma preoc upação de Mar ta Teixeira. Para além de garantir que todos os ar tigos são produzidos em Por tugal e em algodão 100% orgânico, pretende ainda promover uma maior conexão entre as pessoas e a natureza. “O que mais valorizo na v ida é a autenticidade. Quero conv idar todos a conec tarem-se consigo próprios e com a natureza, seja numa caminhada, num piquenique ou a meditar”, concretiza. Criada e desenvolv ida em Por tugal, a Hilbea é, no entanto, uma marca do mundo que quer em breve expandir-se para mercados como o britânico e o nor te-americano. É por essa razão que Mar ta Teixeira está a planear a par ticipação em várias feiras internacionais já durante o primeiro semestre de 2022.t


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a MUNDO VERDE

milhões de euros investidos pela Chanel no fundo de adaptação climático Landscape Resilience Fund

"O REFIVE é um projeto chave na mão que incorpora meio século de experiência na produção de fibras recicladas num projeto global" João Valério Administrador da Recutex e da Fiavit

MERCADO EUROPEU ESTÁ CADA VEZ MAIS ECO-RESPONSÁVEL A procura por roupa sustentável é uma tendência crescente. Partindo desse pressuposto, a N.Peal, marca britânica de malhas e acessórios de caxemira, analisou 64 países e, com base em pesquisas online sobre moda ecológica, descobriu quais são os territórios mais predispostos a realizarem compras conscientes em termos de sustentabilidade. E, apesar de nenhum país da Europa estar na frente do ranking em termos individuais, 10 dos 20 países que mais procuram a sustentabilidade são europeus. Os três primeiros lugares em termos de melhores países para compras sustentáveis foram ocupados, respetivamente, por: Estados Unidos da América (29,700 pesquisas online mensais), Reino Unido (24,500 pesquisas online mensais) e India (7,090 pesquisas online mensais).

Cada vez mais utilizado no têxtil, o cultivo e transformação de cânhamo vai ser analisado nos Açores, num congresso que terá lugar em Outubro. O encontro pretende informar sobre os benefícios e aplicações múltiplas desta planta de baixo teor de THC, que não requerer pesticidas nem produtos tóxicos no seu cultivo, e que não é exigente em termos de água. Uma vez transformado em tecido, mostra-se respirável, com uma aparência semelhante à do linho e é muito durável, mais do que o algodão.

IMPETUS COM MAIS FIOS RECICLADOS NA PRODUÇÃO

Do top 20 apresentado pela marca, metade são países europeus. Para além do Reino Unido, encontra-se na lista dos 10 países europeus com mais pesquisas sustentáveis a Irlanda, Alemanha, Países Baixos e Itália. A vizinha Espanha ocupa o antepenúltimo lugar e a Grécia o último.

Quanto a Portugal, ainda não aparece contabilizado nesta tabela da N.Peal. Se analisarmos por continente, chegamos assim à conclusão que os shoppers mais responsáveis estão na Europa, com 74,130 pesquisas online por mês, seguindo-se a América do Norte e depois a Ásia. t

UE FINANCIA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS DAS PME Há um novo projeto colaborativo europeu para acelerar a transição das PME do setor da moda para os negócios sustentáveis. Chama-se Small But Perfectly Formed e é co-financiado pelo programa COSME da Comissão Europeia. O programa tem a duração de 18 meses e pretende apoiar 28 projetos circulares de empresas de toda a Europa, num valor total de 10.275 euros para cada projeto. Podem participar os seguintes grupos: startups

AÇORES OLHAM PARA O CULTIVO DO CÂNHAMO

de moda sustentável que desejem escalar o negócio, PME sustáveis já estabelecidas, mas que queiram trabalhar internacionalmente, PME que pretendam transitar para modelos de negócio mais circulares e colaborações entre PME. O programa terá inicio em novembro e subdivide-se em três fases, uma primeira de aceleração (oito meses), outra de investigação e desenvolvimento (cinco meses) e um showcase (de julho 2022

até abril de 2023). O programa oferece entre outros tópicos cinco módulos online em formato de webinar, três bootcamps nas cidades de Lisboa, Berlim e Atenas para aprofundar novas metodologias; mentoria com especialistas de moda; pressupõe também o desenvolvimento de protótipos de novos produtos, introdução à plataforma de showcasing Fashion Open Studio, em colaboração com a Neoynt e acesso a recursos. t

As matérias-primas sustentáveis têm já uma expressão considerável na Impetus, mas o grupo não se dá por contente e acrescentou dois novos tipos de fios à sua gama: o E*Retrace e Good Earth Cotton, um fio em 100% algodão carbono positivo. A empresa opta cada vez mais pela utilização de tecidos reciclados feitos com material pós-consumo ou resíduos industriais misturados com fibras virgens.

"Tal como a alimentação, o têxtil deve ter etiquetagem detalhada sobre os benefícios e os malefícios da peça de roupa" Hugo Miranda Diretor de inovação da Adalberto

BAYOU NATURA ALIA SUSTENTABILIDADE À MODA Criatividade, envolvência com o mundo do têxtil e da moda, empreendedorismo e a natural preocupação com a pegada ecológica fez nascer uma nova marca de roupa. Criada por Paula Carmen (designer e mentora do projeto) e Carla Silva, a Bayou Natura Concept aposta em vestuário 100% sustentável. “Além do produto nuclear, todos os níveis de secundário e terciário serão sustentáveis, isto é, das etiquetas às embalagens dos produtos. O reaproveitamento para criação de novos produtos será o nosso principal propósito”, revelam as duas empreendedoras.


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MOBILIÁRIO E OBRAS DE INTERIORES

Remodelação de interiores Lojas

Showrooms

www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601

www.globaltendas.com

events & exhibitions


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Outubro 2021

B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana d'Orey

MaSo Studio

Centro de Incubação e Aceleração do Porto Rua do Passeio Alegre 20 4150-570 Porto

O que faz? Consultoria industrial Área de atuação Gestão da cor e soluções de impressão de valor acrescentado Fundação 15 de Dezembro de 2020 Escritórios ANJE Porto

LECTRA COMPRA A ROMENA GEMINI CAD SYSTEMS A Lectra assinou um acordo para adquirir a totalidade do capital e direitos de voto da empresa romena Gemini CAD Systems, “um importante player global nos mercados da moda, automóveis e móveis”, refere comunicado oficial. Fundada em 2004, a Gemini desenvolve soluções de software inovadoras para pequenas e médias empresas do setor da moda e está presente em mais de 60 países. “Vamos criar sinergias entre as ofertas atuais da Gemini, Lectra e Gerber Technology e trazer inovações para a indústria da moda”, disse Daniel Harari, presidente e CEO da Lectra, citado em comunicado oficial.

"Comércio digital é igual a lotes e prazos mais curtos, algo a que Portugal sabe dar resposta" Ricardo Silva Administrador da Tintex

TURQUIA ULTRAPASSA A CHINA NO FORNECIMENTO A ESPANHA Com liderança destacada até 2019 como principal fornecedor de vestuário de Espanha, a China já tinha sido ultrapassada pelo Bangladesh e acaba de ceder à Turquia o segundo lugar, segundo indicam os dados oficiais do primeiro semestre deste ano. São os efeitos da deslocalização e no país vizinho fala-se já numa mudança histórica. Os dados do Icex (entidade do país vizinho que analisa as importações e investimentos) indicam um crescimento de 45,1% das importações da Turquia no primeiro semestre deste ano, correspondendo a 983 milhões de euros, quase tanto como os 1.067 milhões do total ano anterior à Covid-19.

Missão: apoiar o têxtil nos processos de gestão da cor Foi o conhecimento complementar dos fundadores que esteve na génese da MaSo Studio. Manuel Ferreira trabalhou durante mais de uma década numa das maiores estamparias nacionais e Tomás Soeiro tem também larga experiência na indústria gráfica e gestão da cor. “Grande parte das indústrias e organizações está assente numa manta de retalhos de tecnologias e processos que não estão otimizados, conectados, controlados e muitas vezes não são sequer explícitos para os intervenientes”, defendem os mentores da consultora, que vêm assim responder a uma lacuna no mercado. “A taxa de sucesso das amostras é inferior a 20% no setor têxtil”, explica Manuel Ferreira, que em conjunto com o sócio criou uma aplicação web que otimiza os processos de gestão de cor especificamente para o setor têxtil. “A plataforma KIOSK é uma via rápida de produção que permite aos utilizadores colocar pedidos que são processados e entregues à máquina de impressão prontos a imprimir com muito valor acrescentado”,

avança ainda o co-fundador da MaSo Studio. Com esta plataforma, que consegue fazer em dois ou três minutos o que habitualmente demoraria quatro a cinco dias, a MaSo Studio pretende “transformar a comunicação cliente-comercial-produção num fluxo digital circular” que simplifique e otimize os negócios e minimize os problemas relacionados com a expetativa da cor. O apoio na transição para o digital é, nesta medida, um dos maiores propósitos da MaSo Studio que pretende “colocar a tecnologia ao serviço de toda a organização de forma a otimizar, automatizar e regular as tarefas quotidianas libertando as pessoas para acrescentar valor, por exemplo pensar o futuro, fortalecer laços com clientes ou auditar e melhorar processos internos”, consideram ainda os fundadores da consultora. “O maior desafio da Digitalização é mudar a forma como pensamos e conseguir quebrar o estigma do ‘sempre foi assim’, e uma vez vencida esta barreira o progresso é inevitável”, acrescentam ainda Manuel e Tomás.t

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entidades estão envolvidas nos SIG (Special Interest Group) do Cluster Têxtil

DESFILE MOLHADO, COLEÇÃO ABENÇOADA

Uma plataforma flutuante sobre o Arsenal veneziano serviu de passerelle para a apresentação da coleção Alta Sartoria da Dolce Gabanna. Domenico Dolce e Stefano Gabbana inspiraram-se no artesanato e cultura de Veneza para trazer uma coleção única de alta alfaitaria, que vive das sedas e do veludo, completados por brocados requintados, vidro e cristais. Uma apresentação que ficará também na memória pelo temporal que assolou o final do desfile.


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OPINIÃO PARA QUE SERVIRÁ A “BAZUCA”? Pedro Ferraz da Costa Presidente do Fórum para a Competitividade e membro do Conselho Consultivo da ATP

MODELOS DE EMPRESAS FAMILIARES E ESTRUTURAS PARA GERIR A COMPLEXIDADE Luís Todo Bom* Gestor e professor no ISCTE

Realizámos recentemente um seminário sobre os efeitos dos fundos europeus na economia nacional. Temo-nos concentrado nos últimos anos na análise do fraco crescimento económico português e na forma de o ultrapassar. As eleições legislativas anteriores, ao prolongarem um período de dependência parlamentar das forças da extrema-esquerda, tiveram um resultado muito negativo quanto a esse objetivo. Analisámos as reformas estruturais necessárias a potenciar os investimentos do PRR e dos restantes fundos europeus, bem como uma lista reduzida de alterações nos licenciamentos, na fiscalidade e na justiça, sempre no sentido de aumentar a dimensão média das empresas e a sua competitividade externa, de aumentar as produtividades e as remunerações, de tornar o nosso nível de impostos menos desincentivador do esforço individual e do investimento estrangeiro. Discutimos também o papel do setor privado e dos bancos, nomeadamente, o da banca de investimento e o papel reservado ao Banco de Fomento, o lançamento mais longo da história bancária portuguesa. Não discutimos o que não está no PRR– uma visão estratégica para Portugal. O redesenho da economia mundial abre oportunidades de grande dimensão, principalmente, para um país que, com a dívida que acumulou, tem de construir o seu futuro inserido nessas mudanças que deve antecipar. A renovação da cooperação, europeia e portuguesa, com os Estados Unidos traz-nos vanta-

Os vários modelos possíveis para gerir a complexidade através do desenvolvimento da estrutura integrada, por ordem crescente de complexidade, podem agrupar-se, do seguinte modo: – Modelo capitão que ocorre no caso de uma PME, numa indústria tradicional, geridas pelo fundador. – Modelo imperador que integra as várias áreas de negócios e família unidos por um líder, que poderá ser, ou não, o fundador. – Modelo equipa de família, que inclui uma família extensiva, mas trabalhando todos num pequeno negócio tradicional. – Modelo de família profissional em que encontramos poucos membros da família, designados pelos órgãos de governance da família, envolvidos num negócio complexo. – Modelo corporação que consiste numa família complexa que governa uma empresa complexa, em termos de diferenciação e dimensão das várias unidades de negócio, e

gens estratégicas a explorar com decisão e rapidez. Precisamos dum enquadramento claro e estável para a atividade empresarial mas quanto ao Orçamento de Estado para 2022 só conhecemos as propostas do PAN. Terem sobrado tantas verbas do Portugal 2020 – quase metade, é mau indicador. Muita burocracia, concursos fracionados, abertos sem grande aviso, parecendo que para favorecer os insiders ou então deserção dos investidores perante degradação constante, mesmo se lenta, das condições de renumeração do risco empresarial. Não se discutem os regulamentos futuros? Não é possível agora para o PRR e serão só dois ou três ministros a fazer as escolhas? E para 2030? Estudos recentes demonstram claramente que os fundos não se orientaram para os setores virados para o exterior, nem para as empresas com maior probabilidade de contribuir para o desenvolvimento global da economia e que beneficiaram até muitas que pouco tempo depois encerraram. Queremos sobretudo contribuir para um clima de modernização em que as necessárias reformas sejam compensadas por níveis mais elevados de bem-estar. Vive-se um período em que perante o arrastar dos problemas que tem caracterizado os últimos anos, se pode cair num clima de resignação e desânimo. Com tantas descobertas e progresso indiscutível, não podemos desistir de atingir um futuro muito melhor. t

que exige modelos de governance da família e da empresa complexos. – Modelo grupo de investimento familiar quando temos famílias que investem em conjunto em negócios de complexidade variável e que corresponde a um processo de segregação de áreas de negócio e distribuição das mesmas pelos vários membros da família. O desenvolvimento da estrutura aumenta, em termos de complexidade e de exigências de gestão, gradualmente do modelo capitão até ao modelo grupo de investimento familiar. De uma forma sistémica, podemos afirmar que existe um triângulo de gestão eficiente da empresa familiar, descrito na Figura seguinte, com três áreas de intervenção: evolução do modelo, redução da complexidade e desenvolvimento da estrutura, para gerir a complexidade. De acordo com este modelo, a gestão da

complexidade de um modo eficiente implica a intervenção sistémica em três domínios: 1. Na gestão da evolução do modelo de complexidade, ao longo dos cinco modelos atrás descritos, através das alterações necessárias aos instrumentos de governance da família e da empresa. 2. Na redução da complexidade, da família e/ou das áreas de negócio da empresa, no sentido de reduzir o risco estrutural tendo em atenção que, se nos encontrarmos nas situações limite, esta redução da complexidade é mandatória. 3. No desenvolvimento da estrutura para gerir a complexidade, sofisticando o modelo de estrutura e os instrumentos de gestão em função do grau de complexidade da empresa familiar. t *Texto extraído do Manual de Gestão de Empresas Familiares, 1ª edição, Edições Sílabo, Lisboa, pp. 51-53.


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Outubro 2021

Mário Vidal Genésio Engenheiro

Mahmoud Tavakoli Investigador nas universidades de Coimbra e Carnegie Mellon

O PRR E AS EMPRESAS

TÊXTEIS ELETRÓNICOS EM LARGA ESCALA E A BAIXO CUSTO

É sabido que o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência está muito orientado para a administração pública. Aqui ficará a parte de leão do dinheiro, com quase 12 dos 16 mil milhões de euros. No entanto, nesta componente também as empresas poderão capitalizar os produtos e serviços que conseguirem fornecer ao setor público. Este é um primeiro nível de interesse para o tecido económico privado português: devem ser competitivas e inovadoras nos seus produtos e serviços de modo a poderem ser escolhidas nos concursos a serem lançados, seja em infraestruturas com 760 milhões, onde voltam por exemplo estradas, particularmente acessos às autoestradas existentes, edifícios para a área da saúde, eficiência energética, etc. Regressa, ainda, o investimento de quase 400 milhões de euros na gestão hídrica, particularmente relevante quer para abastecimento das populações, quer para a agricultura. Também os investimentos em energias renováveis estão privilegiados, nomeadamente a produção e a rede de distribuição de hidrogénio. O pacote de investimentos na digitalização da administração pública, com 580 milhões de euros, abre igualmente boas perspetivas. Diretamente para o apoio ao desenvolvimento das empresas haverá 5 mil milhões de euros. Cerca de 1550 milhões serão para a capitalização das empresas, particularmente a partir do Banco Português de Fomento. Este montante será necessariamente reforçado com outros mecanismos do próximo Programa 2030, pelo que se espera que haja muito mais dinheiro para esta componente essencial para a vida das empresas. Há ainda mais de 1350 milhões de euros para apoiar a Inovação nas empresas e a sua aproximação às universidades, aos politécnicos e aos centros tecnológicos, com ações estruturantes e integradoras de estratégias comuns. Com os mais de 700 milhões de euros para a descarbonização das empresas, pretende-se a substituição da utilização de combustíveis fósseis pelas energias renováveis, pela eficiência energética, adotando a economia circular e a bioeconomia, diminuindo a pegada ecológica do tecido empresarial, renovando os processos produtivos, abrindo as portas a novos negócios, num país com tanta floresta e com uma zona marítima de utilização exclusiva ainda tão pouco explorada. Também para as empresas existe um montante apreciável de investimentos na transição digital, particularmente para a utilização da internet das coisas e da computação na cloud, em que tudo está ligado em redes de dados de alta velocidade, quer cada máquina de cada fábrica, quer qualquer telemóvel, banalizando a realidade virtual e finalmente caminhando para a utilização da inteligência artificial nas nossas empresas. Dentro das grandes áreas de intervenção do PRR está a Qualificação dos Recursos Humanos, com 630 milhões de euros, outro estrangulamento da economia, sabendo-se da grande falta de trabalhadores, especialmente qualificados, ou que possam ser requalificados para os novos desafios que as empresas enfrentam. Está claro que o PRR será muito bem-vindo, há grandes expetativas na sua execução, estando já abertos diversos concursos e muitos outros em lançamento. Não resolverá todos os problemas, mas será uma muito boa ajuda, se as empresas souberem aproveitar todas as oportunidades postas à sua disposição. t

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) desenvolveu uma nova técnica de produção de circuitos elásticos, o que permite imprimir adesivos eletrónicos para monitorizar a saúde de doentes, criar pele artificial ou desenvolver dispositivos vestíveis que registam a performance de atletas, em larga escala e a baixo custo. Esta técnica, foi desenvolvida no âmbito do projeto de investigação WoWo, do Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), num consórcio liderado pela empresa GLINTT em colaboração com o ISR da Universidade de Coimbra, o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e o Departamento de Engenharia Mecânica da Carnegie Mellon University. Na última década, um dos maiores desafios no campo da eletrónica flexível tem sido conseguir produzir circuitos flexíveis de forma eficiente e económica. Com vasta experiência no desenvolvimento destes circuitos, a equipa de investigação que lidero no Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra desenvolveu uma técnica que apresenta uma alternativa para a integração de microchips, que se encontram em estado sólido, em materiais flexíveis e circuitos à base de polímeros elásticos. Esta solução de auto-soldagem que encontrámos é um passo gigante para produzirmos estes circuitos a baixo custo e avançarmos para a sua comercialização. Graças a esta descoberta poderemos incorporar de forma eficiente microchips em circuitos flexíveis e utilizá-los na produção de vários tipos de circuitos elásticos ultrafinos, ou têxteis electrónicos. O problema que resolvemos é central para a produção em larga escala e a comercialização de várias tipologias de produtos. É uma nova alternativa à soldagem tradicional de microchips e pode criar uma revolução na montagem de circuitos impressos. Graças a esta descoberta muitas utilizações sugeridas por diferentes grupos de investigação que usam circuitos flexíveis podem dar o salto para fora do laboratório e começar a apostar na sua comercialização. A indústria têxtil é um dos setores que pode beneficiar com esta descoberta ao integrá-la na próxima geração de roupas inteligentes, quer seja para monitorizar o desempenho de atletas, mapear os movimentos de uma atriz, ou até revolucionar a próxima geração de moda moderna, em que o tecido poderá ser usado como uma ferramenta de comunicação. A tecnologia apresentada já se encontra patenteada pela Universidade de Coimbra e a Carnegie Mellon University. Atualmente, a equipa procura, com o apoio do Gabinete de Transferência de Tecnologia da Universidade de Coimbra, UC Business, encontrar parceiros empresariais que apoiem a comercialização desta solução em diferentes áreas de atividade.t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Katty veste-o ao bom estilo saudosista dos anos 60 e de forma a manter a sua identidade em segredo. Um segredo de polichinelo, mas que continua a ser a alma do negócio. Dá pelo nome de PRR, é o novo super-herói nacional, tem o dom da ubiquidade, mas sabe-se qual é o seu covil. Mais próximo de uns e mais distante de outros, vai estar connosco até 2026 e a nossa Katty já lhe tirou o modelo.

Cuecão e collants para o nosso novo super-herói Nesta edição, apresentamos ao leitor um novo super-herói, o Super PRR. Sobre ele já tudo foi dito sem nada dizer, mantendo-se a sua identidade em segredo, não fosse essa uma das características mais interessantes dos super-heróis. Contudo, nesta campanha para as eleições autárquicas foi fácil desvendar, pelo menos, qual o seu covil. Isto porque o desconhecido por trás da mascarilha parece ter muitos amigos no partido da rosa: uns chamam-no simplesmente PRR, outros, Bazuca e os mais elegantes evocam-no pelo nome completo, Plano de Recuperação e Resiliência. Descortinamos também um dos seus superpoderes, a ubiquidade. Ele esteve sempre presente, apareceu e reapareceu, foi o mais falado, o que conseguiu mais tempo de antena, o que mais presença teve nos debates e aquele que mais prometeu, embora apenas em traços gerais. Prometendo-nos muito, mas descortinando pouco, dando-nos só alguns “cheirinhos” e outros tantos tópicos, nada de muito profundo, não fosse o mistério a ferramenta de marketing mais eficaz dos super-heróis, que nesta técnica encontram a melhor forma de conservar o seu estatuto. Sabemos apenas que até 2026 ele estará connosco, mais próximo de uns e mais distante de outros, mas sempre presente para ajudar-nos a transformar de forma duradoura, justa, sustentável e inclusiva o nosso novo Portugal da era digital. Ao bom estilo saudosista dos 60, este Super PRR apresenta-se de cuecão, collants, capa e mascarilha, e com uma boa reserva de Euros de ouro, prontos para fazer tiro ao alvo. t


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Outubro 2021

O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Restaurante do Pinheiro N225, Tavanca 4690-798 Cinfães

O PINHEIRO DO FERNANDO Gostava de poder escrever sobre o Fernando do Pinheiro, mas não posso. Porque o restaurante Pinheiro continua onde sempre esteve, na reta do Mindelo, mas a sua alma fundadora, o Fernando, já não está entre nós. Resta-me escrever sobre o Pinheiro do Fernando porque isso nenhuma desgraça apaga. Pelo menos enquanto a história não se especializar em apagar o passado. Incluindo os que se passam! Sou do tempo do Mindelo de 74 e 75, quando o Verão Quente rimava com gente que ocupava casas e o Fernando inventou o restaurante bar Convívio. Quase da mesma idade, aprendi com ele o sucesso que traz surfar a onda da novidade, ainda o canhão da Nazaré estava muito longe de se fazer ouvir a ribombar. Nesses verões do Mindelo, quem bombava era o Convívio, com o Fernando ao leme, ganhando bem a vida mas sem nunca perder a humildade. Acabada a euforia, veio a depressão. Acabaram-se as ocupações de casas, mas acabou também a boa

COM A MARCA DE LUXO DA ABYSS & HABIDECOR

ocupação das mesas do Convívio, sobretudo fora dos meses de verão. Regressado ao Pinheiro, o Fernando manteve a qualidade do serviço e do menu. Mais longe da praia, continuou perto dos corações dos seus clientes de sempre. Carne de porco com amêijoas, bacalhau recheado com presunto, filetes de pescada e os celebérrimos panados, no Pinheiro ou lá buscados para comer em casa (que agora se chama takeaway ) fizeram e fazem as delícias de muitas famílias mindelenses. A pandemia levou o meu amigo Fernando, mas não levou nem há-de levar o seu legado no Pinheiro. Ainda há poucos dias vi como ele, o Pinheiro, está na mesma: repleto, sem se armar em seleto, carne de porco com amêijoas sem fingir que é marisqueira, o cunhado a receber e a mulher do Fernando na cozinha a comandar as hostes. Sentimos mais a falta que nos faz uma pessoa como o Fernando, quando aqueles a quem verdadeiramente faltou, fazem tudo para que ninguém dê pela falta dele. t

QUINTA DE LEMOS | DONA GEORGINA Dedicado à produção de têxteis para casa e decoração no segmento luxo, o grupo Abyss & Habidecor, do empresário Celso Lemos, tem duas fábricas na região de Viseu, onde emprega cerca de 300 pessoas, e exporta praticamente a 100% para os mercados mais sofisticados de todo mundo. A par das toalhas e roupões de banho da marca Abyss e dos tapetes com o selo Habidecor, todos exclusivamente para o segmento de luxo, a família Lemos dedica-se também à produção de vinhos na região do Dão, igualmente orientados para as gamas de qualidade superior. Junto às vinhas e adega no planalto de Silgueiros, a Quinta de Lemos inclui também o requintado restaurante Mesa de Lemos, justamente galardoado com uma estrela do famoso Guia Michelin, reconhecendo a excelência da cozinha do chef Diogo Rocha. Os vinhos espelham igualmente esse ambiente de luxo que rodeia os negócios de Celso Lemos, com as gamas superiores a levarem nos rótulos os nomes da família. É o caso do Dona Georgina, um tinto opulento à base da casta rainha da região, a Touriga Nacional, que estagia em barricas das melhores origens, conferindo ao vinho grande elegância e afinação. Um vinho de luxo,com fruta expressiva, boa estrutura, taninos macios e grande persistência. Puro prazer.


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

André Carvalho, 37 anos, é o responsável de Recursos Humanos da Carvema Têxtil, mas dá também uma “perninha” na Segurança e Saúde no Trabalho. Nascido no seio de uma família há muito ligada ao aos trapos, depressa percebeu que o seu caminho era seguir as pisadas do pai, assumindo uma terceira geração no negócio têxtil. Apaixonado por futebol, que joga desde criança, faz também padel e tem como lema “levar a vida da melhor forma possível, pois tudo que levamos dela são as vivências”

SOUVENIR

A JALECA DO MESTRE

Gosta Viajar pelo Mundo Jogar futebol Pão Conhecer outras culturas Verão Praia com muita gente Vilamoura Coca-Cola Pesca desportiva em alto mar Receber bem Sunsets Ser um pouco vaidoso Rock in Rio Neve e snowboard Uma boa gargalhada Padel com amigos Persistência Bom vinho tinto Conduzir á noite Gadgets da Apple Filme “O Ilusionista” Honestidade Mojitos Lealdade Formentera Optimismo Sapatilhas Roer as unhas Arroz Basmati Barba de três dias Café pela manhã Tudo do Samuel L. Jackson U2 e ColdPlay Londres Cor Preta Cinema Jantaradas com amigos Carne maturada A minha (filha) Leonor Leitão da Bairrada Pedido de desculpa sincero Piscina de casa Vodka Greygoose Dormir muito Água com gás Humor negro Luís Figo Ser teimoso Amizade Massagens Kinder Bueno ou Toblerone Séries da Netflix Benfica Glorioso Banho de imersão

Não gosta Hipocrisia Andar transpirado Cheiro a fritos Sentir ansiedade Moscas e mosquitos Quando não se cuida do próximo Faltas de educação e de cultura Truta Transito a mais Star Trek Filmes de ficção Reality-shows Língua Francesa Redes Sociais Invejosos Enxaquecas Avionetas Mexidos Cobras Café frio Atrasos Que os amigos estejam tristes Arroz de lampreia Música pimba Cerveja preta Acordar cedo Ficar preso no trânsito Água do mar gelada Enganos propositados Roubar ou copiar ideias Meias brancas Pessoas com a mania que sabem tudo Sapatinho de vela Isolamentos profiláticos sem ter Covid Sentir Frio Brócolos Fretes Dietas Gente que fala alto Campismo Que não me levem a sério por causa da boa disposição Quando chove muito Andar de autocarro Portas fechadas quando faltam uns minutos para encerrar Esquecer algo que preciso Falsidade

São várias as peças que guardo para avivar as boas memórias, mas há uma que preservo com particular carinho e até uso em ocasiões muito especiais. É roupa de trabalho, mas que para mim tem o significado do luxo extremo. Uma jaleca é sempre a farda de serviço dum cozinheiro, mas esta era a do meu mestre, que fez questão de ma oferecer no momento da sua despedida. No meio, todos sabem que Jerónimo Ferreira é um nome de grande prestígio. Não só como chef cozinheiro, mas como homem e companheiro. Desde a abertura do Sheraton Porto foi sempre o nosso mestre, até que o grupo o incumbiu de ir para o Rio de Janeiro formar as equipas das novas unidades construídas para os Jogos Olímpicos e Mundial de futebol. Na despedida, ofereceu-me a sua jaleca castanha, com o símbolo do hotel e o seu nome bordados. É claro que a guardo em casa e até a uso em momentos de celebração familiar. Tenho também particular memória da primeira jaleca que comprei, ainda no tempo de formação, na Escola de Hotelaria da Feira. Cara, da Bragard, que me levou a desbaratar as poupanças, mas já muito evoluída e preparada para a função. Está em casa dos meus pais. Gosto de pensar que terá encolhido, mas o certo é mesmo o meu volume que já não lhe cabe. Na coleção de memórias, há também um lugar muito especial para a minha primeira farda de escuteiro, que guardo a par das atuais, pois que mantenho a atividade escutista. Uso-as com todo o rigor e respeito, como guia de conduta e máxima para a vida. A primeira, a de Lobito, que tive aos seis anos, quando iniciei a atividade escutista, é ainda a que mais me seduz. Guardo o lenço, os símbolos, os calções, as meias e as jarreteiras, que parecem ter ainda um brilho especial com aquela cor amarela. Que identifica a iniciação, mas traz também as muito boas recordações da infância. José Moura

Sub-chef, restaurante Porto Novo, Porto Sheraton Hotel


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