JOANA RIBEIRO DA SILVA Administradora da SONAE SR
FOTO: RUI APOLINÁRIO
"ITV VOLTOU A TER UM NÍVEL ÚNICO DE COMPETITIVIDADE" P 16 A 18
EMERGENTE
SALÃO NO AEROPORTO
DIANA PEREIRA ACELERA COM LINHA DE FITNESS
MODTISSIMO PREPARADO PARA ALTOS VOOS
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FOTOSINTESE
PERGUNTA DO MÊS
O BEM ESTAR PORTUGUES NA HEIMTEXTIL
O DESIGN VAI FAZER A DIFERENÇA?
DOIS CAFÉS E A CONTA
KATTY DESENHOU
A MISSÂO (QUASE) IMPOSSÍVEL DE ARTUR SOUTINHO
UM ROUPEIRO PARA MARCELO TER EM BELÉM
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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Teresa Marques Pereira 35 Anos A Brands Development Manager da Valerius cresceu no meio dos teares de têxteis-lar da empresa do avô e do pai, mas a sua paixão era a roupa, o marketing e a moda. Licenciada em Gestão de Marketing no IPAM onde foi fundadora da Tuna Feminina e integrou a Associação de Estudantes. Casada, tem um filho e uma outra grande paixão: a culinária. Ocupa-se de seis marcas: Wedoble, Onara, Ballentina, Sucre et Sel, Cheyenne e Concreto
SUA EXCELÊNCIA O DESIGN Durante a visita, a convite da ATP, que o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, fez à Heimtextil, integrado na comitiva liderada pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, a questão do Design foi um tema recorrente em cada novo stand e cada nova conversa . Nesta edição do T pegamos no mote e fomos tentar saber junto de vários especialistas na matéria o "Estado da Nação" , no que ao Design diz respeito. Depois de muito incensado na "década das luzes" e de certo modo sacrificado mais tarde no "altar" das novas tecnologias, parece que nos encontramos agora no limiar de uma nova era, que pode transformar-se na década da conciliação . Se bem percebi os objectivos do Secretário de Estado e as declarações ao T do director-geral do Citeve, vem aí uma nova grande aposta na importância fundamental do design , sem esquecer que as novas tecnologias também precisam dele para potenciarem as suas indiscutíveis mais valias . Para mim é claro que este novo impulso no Design terá de ser uma operação de soma e nunca de subtração. Um acrescento e nunca uma substituição. O Grupo Valerius já pôs um ponto final nas compras ou vamos ter mais novidades? Não sei! Trabalhar para e com o VG é sempre um desafio! É como num bom jogo de xadrez, estrategicamente analisado. Nunca sabemos ao certo qual vai ser a próxima jogada!! Com a Onara podemos dizer que voltaste ao lugar onde foste feliz? Com a Onara aprendi muito. Foi uma das marcas nacionais mais icónicas e inovadoras no look da mulher portuguesa e da sua forma de vestir. Fomos líderes de mercado e foi sem dúvida uma escola de vida profissional! Sim, podemos dizer que fui feliz e voltei por esse motivo. As tatuagens estão na moda, mesmo? (risos) Sim estão… os experts dizem que sim, que estão cada vez mais em alta e hoje já são consideradas verdadeiros itens de estilo no mundo da moda. Para mim mais do que moda são uma forma de elogiar, imortalizar ou enaltecer uma situação da nossa vida. Eu própria fiz recentemente duas: uma pelo meu filho e outra que é uma frase que há muito é o meu lema de vida. Têm um problema - mais do que moda, são viciantes! É melhor organizar a presença numa feira
ou ser expositora? Humm, difícil! Organizar uma feira dá imenso trabalho e apenas respiramos no regresso a casa com os expositores. Como expositora vou sempre de coração aberto, com espírito renovado e empolgado. Temos uma nova coleção, uma nova expectativa, um novo desafio para aquela feira. Gosto de desafios! Sim… sem dúvida é melhor ser expositora! Como está a correr a nova experiência com a Concreto? Ótima! É sempre revigorante trabalhar marcas icónicas nos seus mercados primários. A Concreto é mais do que uma marca para os seus clientes e consumidores. Deparo-me com situações que parece que o ADN da marca vai mais além. Os clientes são extremamente dedicados à marca e isso, hoje em dia, só por isso é algo raro e elevá-la a novos patamares é uma grande responsabilidade. O trabalho na Valerius deixa tempo para a paixão pela culinária? Vem aí uma chef Teresa? Se deixa!! Para mim cozinhar é como uma terapia. Adoro relaxar na cozinha! O carinho que dedico a cada prato faz-me bem… e quando o posso partilhar com os outros ainda me faz melhor!! Quem sabe se não virá mesmo um dia uma chef Teresa. Confesso que é algo que já não me parece tão longínquo.
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Multitema Morada: Rua do Cerco do Porto, 365 - 4300-119 Porto
PROMOTOR
CO-FINANCIADO
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n PERGUNTA DO MÊS Por: Isabel Cristina Costa e Jorge Fiel
O DESIGN VAI FAZER A DIFERENÇA? Sónia Pinto (MODATEX) não tem dúvidas: é um elemento diferenciador. Bárbara Coutinho (MUDE) acrescenta que é como Deus, ou seja está em toda a parte. Maria Gambina (ESAD) revela que a Inditex anda a recrutar na sua escola. Braz Costa (CITEVE) garante que sem Design não há produto que venda - e sem produto que venda não há indústria. “Para a indústria do século XXI, o Design é provavelmente mais importante que a Ciência e Tecnologia, afirma João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria. Paulo Coelho Lima (Lameirinho) assina por baixo
https://en.wikipedia.org/wiki/Fashion Albrecht Dürer's drawing contrasts a well turned out bourgeoise from Nuremberg (left) with her counterpart from Venice. The Venetian lady's high chopines make her look taller.
Maria Gambina não podia estar mais orgulhosa pelo facto de o grupo Inditex andar à caça de talentos na "sua" escola, a ESAD
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design é tão importante para a indústria como o paladar para o vinho. O autor desta desempoeirada e feliz comparação é João Vasconcelos, 40 anos, o leiriense que trocou a direção executiva da Startup Lisboa pelo lugar de secretário de Estado da Indústria no Ministério da Economia titulado por Manuel Caldeira Cabral. “Há vários setores da indústria, como a têxtil e vestuário, calçado, cerâmica ou mobiliário, que crescerão mais rapidamente na cadeia de valor se apostarem no design de produto industrial e da marca”, garante Vasconcelos, lamentando a inexistência de uma política pública de apoio ativo à introdução do design e arte na nossa indústria (o Governo Passos extinguiu o Centro Português do Design). “De facto o paladar é tão essencial para o vinho, como o design da garrafa e do rótulo é essencial para vendê-lo, ainda que tenha o melhor paladar. Sem design não há produto que venda, sem produto que venda não haverá indústria”, contra-argumenta o diretor-geral do Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE). Braz Costa também lamenta
a falta de políticas públicas facilitadoras do desenvolvimento industrial, mas a vários níveis e não apenas no que concerne à componente design. “Políticas públicas de apoio activo à indústria, sublinho ativo, fazem falta, sobretudo face às opções políticas de incentivo à reindustrialização. De resto, como faz falta que haja consensos transetoriais sobre o que faz sentido fazer de forma especializada e o que faz sentido fazer de forma transversal em matéria de design com foco na indústria”, sublinha. Quanto à extinção do CPD, Braz Costa atira: “Por vezes existe a tendência para a criação de organizações pomposas e dispendiosas, mesmo sem entender nem especificar a sua missão, nem os meios de que disporá. O CPD estava economicamente desequilibrado e vazio de missão há muito mais de uma década”. O secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, vê como um exemplo luminoso a seguir o UK Design Council, que interfere no processo de fabrico do produto recomendando aos industriais britânicos o uso e abuso do design e materiais reciclados. Com dois mantras na cabeça e plano de ação - Design e Indústria 4.0 -, Vasconcelos está decidido a inverter o atual estado de coisas
Sónia Pinto, directora-geral do MODA te e crescente por parte dos empresá
no nosso país nestes particulares, pois não tem dúvidas de que o segredo para a prosperidade do tecido empresarial nos países mais desenvolvidos do mundo tem sido o casamento harmonioso entre arte, criatividade e indústria. “Para a indústria do século XXI, o design é provavelmente mais importante que a ciência ou a tecnologia. O design é um fator fundamental e não estou a falar apenas da estética. As confeções do futuro serão ambientalmente neutras. O design e a criatividade terão de estar de mãos dadas com o uso na produção de materiais biodegradáveis e reciclados. Estas são as grandes apostas”, afirma. João Vasconcelos, que durante seis anos foi vice-presidente da ANJE, tem ideias concretas para usar o design na batalha das exportações, como a de trabalhar com designers estrangeiros para facilitar a penetração nos mercados externos. “Se queremos vender fatos nos países nórdicos por que é que não usamos criativos desses mercados, que conhecem melhor do que ninguém, o gosto e idiossincrasias locais, para melhor vendermos os nossos produtos?”, exemplifica. Einstein queixava-se de que era mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito. O precon-
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“O DESIGN É TÃO IMPORTANTE PARA A INDÚSTRIA COMO O PALADAR PARA O VINHO”
FOTOS: RUI APOLINÁRIO
João Vasconcelos Secretário de Estado da Indústria
TEX, confirma uma procura constanrios do sector em relação a designers
Braz Costa, director-geral do CITEVE, sabe que a ITV portuguesa aposta no design porque "tem hoje a correcta percepção da sua importância"
ceito que João Vasconcelos está empenhado em desintegrar é o de que só a ciência e tecnologia contam na valorização de um produto. “Nós sabemos fazer muito bem roupa, têxteis-lar, calçado, mobiliário. Nestes setores, ditos tradicionais, temos dezenas, senão mesmo centenas de empresas que estão ao lado das melhores do mundo. Há que continuar nesse caminho e isso implica investir cada vez mais em acrescentar arte, criatividade e design aos nossos produtos industriais”, conclui o secretário de Estado da Indústria. Paulo Coelho Lima, 47 anos, administrador da Lameirinho e amigo de abraço de João Vasconcelos dos tempos da ANJE, assina por baixo estas declarações do secretário de Estado da Indústria: “O nosso produto vive muito do design, não só na estampagem mas também na tecelagem. Na cama, a criatividade é fundamental. Dantes, os clientes apareciam já com tudo quanto queriam pensado. Agora procuram-nos em busca de sugestões”. A Lameirinho tem indoor nove designers, todos com formação média ou superior, uma equipa onde convivem harmoniosamente cabeças mais técnicas e outras mais criativas. Mas Paulo Coelho Lima acha boa a
ideia de se socorrer de criativos locais para o desenho de produtos para mercados com gostos marcadamente diferentes dos nossos, como é o caso dos da Europa Central e do Norte. O design está em todo o lado, “faz parte de todas as áreas da nossa vida”. Bárbara Coutinho, diretora do MUDE - Museu do Design e da Moda, explica: “O design não está só na boa forma de um produto, mas também no seu uso. Nesta sociedade global é fundamental deixar entrar o design como uma disciplina aos diferentes níveis, desde a conceção de produtos até à comunicação dos mesmos”, sustenta. E se o objetivo é conquistar mercados e aumentar ganhos de projeção, dita a lógica que “quanto melhor um produto for desenhado e comunicado, mais valor acarretará”. Falando assim, até parece que o tema é fácil. Mas não é. “É necessária, e urgente, uma discussão e uma definição mais clara de uma estratégia política e pública nesta área, que chame diferentes parceiros, públicos e privados, para que em rede possam concorrer para esse fim”. A diretora do MUDE considera que a crise económica e financeira trouxe parceiros mais conscientes e responsáveis. Por isso, na sua
opinião, faz todo o sentido um Conselho do Design, ou uma entidade com outra nomenclatura qualquer, que tenha a capacidade de dialogar com a realidade. “Tem que ser capaz de discutir novas estratégias, adequadas aos tempos que vivemos, e de promover efetivamente o design como uma disciplina fundamental no nosso dia-a-dia”, sublinha. Do lado da ESAD - Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos, Maria Gambina, designer e coordenadora da Licenciatura em Design de Moda, chama a atenção para a falta de apoio aos jovens e futuros designers: “Tenho alunos que fazem parte da plataforma Sangue Novo da ModaLisboa e do Bloom do Portugal Fashion, alguns até já ganharam primeiros prémios, mas sempre que precisam de fazer uma lavagem industrial numa peça em denim, ou produzir uma malha tricot, as portas são-lhes sempre fechadas. As empresas não percebem que assim não estão a contribuir para o crescimento do design, criativo, nacional. Não têm a visão do retorno desse apoio, uma vez que estas plataformas têm sempre uma divulgação enorme, quer a nível nacional quer a nível internacional. E mais, que as ideias inovadoras que os jovens desig-
“O NOSSO PRODUTO VIVE MUITO DO DESIGN NÃO SÓ NA ESTAMPAGEM MAS TAMBÉM NA TECELAGEM. NA ROUPA DE CAMA, A CRIATIVIDADE É FUNDAMENTAL” Paulo Coelho Lima Administrador da Lameirinho
“O DESIGN ESTÁ EM TODO O LADO. FAZ PARTE DE TODAS AS ÁREAS DA NOSSA VIDA. ESTÁ NÃO SÓ NA BOA FORMA DO PRODUTO MAS TAMBÉM NO SEU USO” Bárbara Coutinho Diretora do MUDE-Museu do Design e da Moda
ners levam para a indústria é uma mais-valia para os seus próprios negócios ou marcas”. O facto de o curso de Design de Moda ter a cada ano que passa mais alunos é motivo de grande satisfação para a docente Maria Gambina. Mais ainda quando o grupo Inditex (dono da Zara, Stradivarius, Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka e Oysho, entre outras) anda à caça de talentos na ESAD. “Este ano será a segunda vez que a Inditex vai à nossa escola captar alunos. Fomos a única escola em que pediram para realizar entrevistas”, revela orgulhosa. Esta procura por parte do grupo de moda galego também prova que o original é melhor do que a cópia. “O grupo Inditex, que dá muito trabalho às fábricas de confecção portuguesas, já copiou muito. Só que neste momento não quer apenas cópias, está a pedir à indústria propostas de design. É evidente que se não há novidade, se não há criatividade, nem que seja num detalhe, não vende. Mesmo num básico é preciso haver design, quanto mais não seja na escolha dos materiais, dos botões, do acabamento interior. Às vezes, o design não está tão à vista, pode estar no toque”, argumenta. No entanto, quem quiser singrar por conta própria pode estar certo que são muitos obstáculos pela frente. Existe o apoio na parte do desfile - no Portugal Fashion e na ModaLisboa -, mas depois falta o mais importante. Maria Gambina sabe bem que a moda não vive apenas da imagem. Por isso, acredita que “é mais importante para o designer estar numa boa feira internacional e ter um bom agente do que um desfile de moda”. E não compreende porque é que se insiste na criação de marcas quando existem marcas com valor, de designers consagrados, que podem ser apoiadas. No Modatex - Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confecção e Lanifícios também se ensina Design de Moda. A diferença entre os dois cursos é que na ESAD é uma licenciatura e no Modatex é um curso técnico profissional. A diretora-geral do Modatex, Sónia Pinto, lembra que os empresários da ITV sabem há muito qual é o real valor do design no negócio: “É um elemento diferenciador que, aliado à qualidade dos produtos nacionais e à forte capacidade de resposta da indústria contribui para a criação de valor acrescentado. Recorde-se os centros de formação que deram origem ao Modatex, foram pioneiros na formação em termos de Design de Moda. E o que existe hoje é uma procura constante e crescente por parte dos empresários do setor em relação a este tipo de profissionais”.
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A NOVA PAIXÃO NORUEGUESA Destinos com maior crescimento nas exportações da ITV nos 11 primeiros meses de 2015
PAULO NUNES DE ALMEIDA APONTA A TÊXTIL COMO UM EXEMPLO
Paulo Cunha e José Alexandre Oliveira são os pais da incubadora Made IN em instalações cedidas pela Riopele
FAMALICÃO É A CAPITAL DAS EXPORTAÇÕES Isabel Cristina Costa
O têxtil precisa que os mais capazes se dediquem a ele. Quem fala assim é o presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Além de ser amigo da ITV (prova disso são as frequentes visitas que faz às empresas do concelho e as conversas regulares com empresários do setor, Paulo Cunha executa na perfeição o marketing territorial. Porque tal como as empresas, os territórios também estão no mercado. Por estes dias voltou a estar na ribalta por ser o terceiro concelho mais exportador do país, pelo 60 ano consecutivo, a seguir a Lisboa e Palmela (que beneficia do efeito Autoeuropa). Famalicão é o campeão das exportações do Norte de Portugal de acordo com o Anuário Estatístico do INE. Além disso, durante 2014 as empresas de Famalicão registaram um aumento de exportações de 5,4%. Foi superior não só à média nacional (1,8%) como também à média da zona Norte (2,8%). O volume total das exportações das empresas de Famalicão ultrapassou os 1,7 mil milhões de euros, o que significa quase 10% do volume total das exportações dos 86 concelhos da Região Norte, com um total de 18,2 mil milhões de euros de vendas ao exterior. Paulo Cunha explica que a performance de Famalicão
10%
do valor total (18,2 mil milhões) das exportações dos 86 concelhos da região Norte têm origem em Famalicão
“A ITV CONSEGUIU DOBRAR UMA ESQUINA DIFÍCIL. HOJE, NÃO É UM SETOR DE EMPREGO INTENSIVO, MAS DE TECNOLOGIA INTENSIVA” Paulo Cunha, Presidente da Câmara de Famalicão
é escorada pela atividade de grandes empresas, como a Continental Mabor, a Coindu, a Riopele, a Leica, a ACO, a Vieira de Castro e a Salsa, entre outras. São mais de 12
mil as empresas sediadas no concelho. O concelho tem um peso na ITV de 11% em termos de produtividade e de 9% nas exportações. “A ITV conseguiu dobrar uma esquina difícil. Hoje, não é um setor de emprego intensivo, mas de tecnologia intensiva”, sublinha. Do contacto de proximidade com a ITV instalada no seu concelho, Paulo Cunha sabe que a falta de quadros intermédios é um grande problema. “Era importante que o têxtil voltasse a ser uma vocação, que a sociedade o visse como uma oportunidade de emprego de futuro. É preciso fazer algum marketing territorial, enaltecer os bons exemplos do concelho, como o da têxtil Riopele, que abriu as portas à criação de uma incubadora Made IN para acolher projetos inovadores”, sustenta o autarca. No final de janeiro, Paulo Cunha assinou 16 protocolos com empresas e dois centros de saber, o CITEVE e o CeNTI. No conjunto e até 2020, as intenções de investimento rondam os 250 milhões de euros, estando prevista a criação de cerca de 500 postos de trabalho. Em causa está a construção de duas novas estradas na zona Sul do concelho. Trata-se de uma necessidade antiga de resolução do saturação das acessibilidades à zona, altamente condicionadas pelo estrangulamento da EN14.
"Em todos os setores podemos encontrar actividades de inovação. O que poderá variar é a intensidade e a forma como as empresas inovam” afirmou Paulo Nunes de Almeida, presidente da AEP, em entrevista ao Jornal de Negócios, acrescentando: “Temos bons exemplos nos setores ditos tradicionais como o têxtil ou o calçado, que são atualmente, a este nível, excelentes referências internacionais”.
“TAMBÉM NO PLANO DO EMPREGO, 2015 FOI UM ANO EM CHEIO PARA A ITV. ESTIMAMOS QUE TENHAM SIDO CRIADOS ENTRE SEIS E OITO MIL POSTOS DE TRABALHO”. João Costa, presidente da ATP, à Rádio Renascença
TAP CONFUNDE O PAÍS COM LISBOA, ACUSA A ATP A ATP condenou a suspensão pela TAP de quatro voos com partida do Porto para Barcelona, Milão, Bruxelas e Roma, a partir do dia de Páscoa (27 de março). “A decisão é altamente penalizadora para a economia e está em linha com as intenções de desinvestimento da TAP no Norte, apesar desta ser a região mais exportadora do país”, afirmou o diretor geral da ATP. Paulo Vaz lamenta que “a companhia, dita de bandeira, considere o país como Lisboa e concentre todas as rotas a partir da capital” e espera “que outras companhias ocupem essas rotas e possam oferecer o serviço em melhores condições que a TAP”.
230
toneladas de roupa vão para o lixo todos os anos em Portugal. De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, 5% das 4607 toneladas de resíduos sólidos urbanos são compostos por peças de vestuário ou roupa de casa que acabam num aterro ou são incinerados.
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DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
São Gião
Avenida Comendador Joaquim de Almeida 56 4815 Moreira de Cónegos
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Queijo grelhado e peito de pato fumado Prato: Filetes de bacalhau com açorda de bacalhau. Vinho: Verde branco São Gião. Dois cafés
O COMANDO NA MISSÃO (QUASE) IMPOSSÍVEL Já dorme melhor do que na Primavera de 2011, quando a Troika estava a desembarcar em Lisboa e ele aceitou a missão quase impossível de pegar em três empresas lendárias mas em sérias dificuldades e fazer delas o maior grupo português de têxteis-lar, com a cabeça fora de água. “Sinto que estamos em break even operacional e já temos alguns negócios a dar dinheiro”, confessa Artur Soutinho, que escolheu almoçarmos no São Gião, ali ao lado da António Almeida & Filhos,
uma das três empresas que lhe caíram no regaço (as outras são a Coelima e a JMA). Quando disse que sim ao convite, sabia que se estava a meter numa carga de trabalhos e a comprar uma data de noites mal dormidas, mas ele não é um homem para se atrapalhar com dificuldades. Na juventude, jogou andebol no Coimbrões e fez a tropa nos Comandos. Começou pelo diagnóstico. As três empresas tinham estruturas financeiras desajustadas, um parque de máquinas
ARTUR SOUTINHO
55 ANOS CEO GRUPO MORETEXTILE Nasceu e cresceu em Lavadores, junto à praia, filho de uma professora primária e um economista ROC. Ainda andava no Liceu de Gaia quando ganhou os primeiros dinheiros a fazer cobranças, de bicicleta, por conta do tio, que era mediador de seguros e lhe pagava à percentagem. Na FEP, foi aluno de um “dream team”, onde constavam Manuel Baganha, Daniel Bessa, Miguel Cadilhe e Teixeira dos Santos. Alguns professores trabalhavam com grandes fábricas - Coelima, Riopele, Somelos, TMG, Arco Têxtil... -, pelo que não espanta que em universitário tenha sonhado vir a ser diretor financeiro de uma grande empresa como aquelas. Trinta anos depois, o sonho concretizouse, em ecrã gigante mas com espinhos, quando o fundo SCS Capital, dirigido por António de Sousa, o desafiou a evitar o naufrágio de três empresas do Gotha dos nossos têxteis-lar.
envelhecido, trabalhavam défices de design, criatividade, inovação - e margens desastrosas. Mas não eram só más notícias. Tinham boa reputação, massa crítica industrial, um nome reconhecido no mercado, muito know-how, produto de qualidade e uma boa carteira de clientes, onde avultavam as maiores cadeias mundiais de retalho, como a Marks & Spencer, Carrefour, Sears ou El Corte Inglès. Pesados os contras e os prós, Artur Soutinho conclui que havia ali pontas por onde pegar para fazer o turn around daqueles ativos, reestruturando-os e desenvolvendo-os. “Era um projeto superabsorvente mas fazível”, confessa o CEO da MoreTextile, que a avaliar pela riqueza e variedade do curriculum era o homem certo para ser bem sucedido nesta empreitada. Mal saiu da faculdade, foi parar à Efacec, onde se demorou ano e meio, antes de se transferir para o grupo Amorim, onde fez, na prática, o mestrado, doutoramento e pós doc em gestão. “Foi uma experiência brutal num período fervilhante de crescimento trepidante, diversificação e investimento estrangeiro. Américo Amorim é um mestre da gestão, que incentivava os quadros a tomar decisões de risco e a resolver problemas. Aprendi com ele a dirigir uma reunião”, conta. Após esta primeira passagem de nove anos por Mozelos, voltaria ao grupo Amorim, para a área imobiliária, como CEO da Chamartin, após escalas na Norpedip (onde acompanhou o processo de reestruturação da Somelos) e na administração da Portucel, onde preparou a privatização e aprendeu a fazer negócios com o Estado. Este estafado percurso não cansou Artur, que apesar de estar a entrar nos 50 anos ainda se achou com força e entusiasmo para trocar o triângulo Porto-Madrid-Lisboa pelo Pevidém-Moreira de Cónegos-Santo Tirso e mergulhar de cabeça num complicada operação de transformação de um conjunto de ativos em crise num grupo eficiente e competitivo. Quase cinco anos volvidos, não só já dorme melhor como vive um american dream (as vendas para os States cresceram 40% em 2015, ajudadas pelo vento a favor da nova relação dólar/euro e das perspetivas do acordo EUA/UE), na liderança do maior grupo português de têxteis-lar, que fatura 90 milhões de euros, emprega 1 300 pessoas e exporta 85% da sua produção.
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2. 70 MIL PROFISSIONAIS ESTIVERAM NA 45ª HEIMTEXTIL, QUE CONTOU COM UM RECORDE DE 2.866 EXPOSITORES DE 69 PAÍSES. PORTUGAL, O 5º MAIOR EXPORTADOR MUNDIAL DE TÊXTEIS-LAR, ESTEVE COM 75 EMPRESAS
FOTOSINTESE
A HEIMTEXTIL É O QUE ESTÁ A DAR
1. A 1ª FEIRA EM FRANKFURT FOI HÁ 800 ANOS, NA ROMER. EM 1909, O GUILHERME II INAUGUROU A FESTHALLE MESSE, QUE ATUALMENTE TEM UMA ÁREA DE 600 MIL M2 , 2.297 TRABALHADORES E VENDE 645 MILHÕES DE EUROS 6. “ESTAR NA INDÚSTRIA SEM INVESTIR? ESQUEÇA! ISSO É A CRÓNICA DA MORTE ANUNCIADA DE QUE FALAVA GARCIA MARQUEZ”, EXPLICOU AO MINISTRO MÁRIO JORGE MACHADO, DA ADALBERTO ESTAMPADOS, QUE COMPROU O ÚLTIMO GRITO EM MAQUINARIA NA ITMA
O bem-estar foi o tema central da Heimtextil (“A feira com mais compradores por metro quadrado”, dixit Virgínia Abreu, da Crispim Abreu), onde expuseram 75 empresas portuguesas de têxteis-lar, um setor que vive um momento feliz, demonstrado pelas estatísticas - em 2015, exportou 700 milhões de euros, que valem 15% do total das vendas ao exterior da ITV e representam um crescimento de 7% sobre o ano anterior. Ao fim e cabo, como afirmou Dolores Gouveia, a responsável pelo Fórum de Tendências apresentado pela Selectiva Moda, “não há nada de errado em ser feliz”…
7. “O DÓLAR ESTÁ A AJUDAR… “. CALDEIRA CABRAL GOSTOU DE OUVIR ANTÓNIO LEITE DIZER QUE 2015 TINHA SIDO O MELHOR ANO DE SEMPRE DA LUMATEX, QUE EXPORTA 40% DA SUA PRODUÇÃO PARA OS EUA
11. ANA PINHEIRO SURPREENDEU O MINISTRO AO DIZER-LHE QUE A MUNDOTEXTIL É A MAIOR FABRICANTE DE FELPOS DA EUROPA
12. “SALVARAM-SE 1.250 POSTOS DE TRABALHO. É UMA EXPERIÊNCIA A REPETIR”, EXPLICOU O SECRETÁRIO DE ESTADO AO MINISTRO, A PROPÓSITO NA FUSÃO NA MORETEXTILE DA COELIMA, JMA E ANTÓNIO DE ALMEIDA & FILHOS, PERANTE O OLHAR ATENTO DE ARTUR SOUTINHO
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5. O SECRETÁRIO DE ESTADO DA INDÚSTRIA TINHA ESTADO NA HEIMTEXTIL EM 2011. NA ALTURA, JOÃO VASCONCELOS ERA ASSESSOR DE SÓCRATES, QUE EM FRANKFURT APELOU AOS EMPRESÁRIOS PARA QUE REAGISSEM AO PESSIMISMO E NÃO BAIXASSEM OS BRAÇOS. OS TEMPOS ERAM OUTROS…
3. O MINISTRO DA ECONOMIA COMEÇOU NO FÓRUM DE TENDÊNCIAS, APRESENTADO PELA SELECTIVA MODA SOB O MOTE DREAM GARDEN, A VISITA DE TRÊS HORAS A 36 STANDS PORTUGUESES
4. CALDEIRA CABRAL FICOU IMPRESSIONADO POR AS EMPRESAS PORTUGUESAS SEREM DOMINANTES NO PAVILHÃO 11, A ZONA PREMIUM ONDE SÓ EXPÕEM OS MELHORES, QUE PASSAM PELO CRIVO DE UM JÚRI EXIGENTE 8. “YOU ARE RIGHT, IT’S AMAZING”, RESPONDEU O COMPRADOR À PERGUNTA “DO YOU LIKE THE TOUCH?” DA VENDEDORA DA FELPINTER. A VISITA DO MINISTRO NÃO PAROU O FERVILHAR DOS NEGÓCIOS
10. “CONTINUEM QUE EU ESPERO. NÃO QUERO INTERROMPER OS NEGÓCIOS. É POR ISSO QUE ESTÃO AQUI, NÃO É PELO MINISTRO”, DISSE CALDEIRA CABRAL À CHEGADA AO STAND DA BOM DIA
9. “SINTO AQUI UMA ENERGIA MUITO BOA. A VOLTA QUE ESTE SETOR CONSEGUIU DAR FOI MUITO INTERESSANTE, UM CASO DE ESTUDO”, CONFIDENCIOU O MINISTRO AOS JORNALISTAS 13. “O QUE DE MELHOR SE FAZ NO MUNDO FAZ-SE EM PORTUGAL”, DECLAROU JOÃO COSTA, PRESIDENTE DA ATP, QUE CICERONOU A VISITA DO MINISTRO
15. COM A 45ª EDIÇÃO DA HEIMTEXTIL, FICOU MAIS UMA VEZ DEMONSTRADO QUE HÁ TRÊS COISAS INEVITÁVEIS NA VIDA: A MORTE, PAGAR IMPOSTOS E PASSAR PELO AEROPORTO DE FRANKFURT
14. BISQUE DE LAGOSTA, SELA DE VITELA COM RATATOUILLE, MOUSSE DE CHOCOLATE COM GELADO DE FRUTOS VERMELHOS E BAUNILHA, REGADOS COM RIESLING, FORAM O MENU DO JANTAR QUE ENCERROU A VISITA MINISTERIAL À HEIMTEXTIL, NO HOTEL HESSISCHER HOF
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MO FICOU MAIS ALEGRE E EMOCIONAL
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n ENTREVISTA Por: Jorge Fiel e Isabel Cristina Costa
Joana Ribeiro da Silva 43 anos, nasceu no Porto, mas em miúda, por via das raízes e trabalhos dos pais, andou entre Barcelos e Viana. Na adolescência gostava de pintar e ainda chegou a pensar em Arquitetura antes de se matricular na FEUP e tornar-se engenheira química, tal como a mãe (Isolete Matos, uma especialista na fileira florestal, de renome mundial) e o fundador do grupo Sonae
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esponsável pela maior cadeia portuguesa de vestuário (MO) e pela mais internacional das nossas marcas de roupa infantil (Zippy), Joana Ribeiro da Silva, administradora da Sonae SR, não tem dúvidas: a ITV tem feito grandes progressos e os ventos que sopram são-lhe favoráveis, mas é preciso investir em modernização e inovação, obter ganhos de escala e de produtividade, para reforçar a competitividade otimizando a relação qualidade/preço. Com base na vossa colaboração com o CITEVE, numa escala da zero a 20, quantos valores daria à nossa i&d no setor?
15 valores. No último ano, a Sonae investiu 96 milhões de euros em inovação, investigação e desenvolvimento. Defendemos uma política de inovação aberta, estabelecendo relações de cooperação e partilha de conhecimento com instituições académicas e científicas. Daí trabalharmos com instituições como o CITEVE. A produção portuguesa vale que percentagem da vossa oferta?
O peso varia de coleção para coleção, situando-se habitualmente entre os 20 e os 30%. Está a aumentar ou diminuir? Porquê?
Com o aumento das compras inseason, compras dentro da própria coleção como resposta a oportunidades e necessidades dos clientes, há uma tendência de aumento das compras nos mercados de proximidade. Quais são os vossos critérios
na seleção de fornecedores?
Procuramos trabalhar com fornecedores que nos garantam a qualidade mas que também sejam capazes de contribuir para o processo de inovação e de criação de vantagens competitivas, seja ao nível das características do produto seja ao nível do preço.
NUMA ESCALA DE ZERO A 20, DOU 15 VALORES À I&D TÊXTIL
Como avalia a nossa ITV?
Teve um período de alguma estagnação há uns anos atrás, mas a evolução recente tem sido clara, embora ainda com espaço para progressão. O surgimento de organizações como o CITEVE gera valor e abre portas para o desenvolvimento futuro. Mas para as empresas garantirem a sua sustentabilidade, é preciso que continuem a acompanhar as tendências e melhorem a competitividade. Quais são os seus pontos fortes?
A qualidade é uma vantagem inquestionável. Os fabricantes nacionais tendem a produzir com altos padrões de qualidade e, muitos, com elevado grau de inovação. Além disso, beneficiam de uma localização ímpar para servir o mercado europeu. Com o crescimento das coleções inseason e a exigência de produção de séries mais curtas e com um time to market menor, a proximidade entre produtores e retalhistas tem aumentado a relevância da nossa ITV e faz com que ela volte a ter um nível de competitividade único. E os fracos?
O setor necessita de investir para conseguir ganhos de escala e reforçar a sua competitividade. Adicionalmente, precisa de reforçar a relação qualidade/ preço, de forma a distinguir-se de mercados mais emergentes que também estão a efetuar progressos em termos de qualidade entregue. O que acha que a ITV portuguesa deveria fazer para aumentar a competitividade?
Talvez tenha sido em Valência, durante o Erasmus, que percebeu que não queria ir trabalhar para uma fábrica. O que explica o primeiro emprego na Andersen Consulting, que implicou mudar para o Lisboa o seu centro de gravidade. Demorou-se dois anos como consultora, trabalhando com bancos e cadeia alimentares, até que resolveu mandar o curriculum aos Recursos Humanos da Sonae, por achar que esse seria o melhor atalho para regressar ao Porto e dar um novo e decisivo fôlego à sua carreira profissional. Foi há 20 anos e tudo leva a crer que estava carregadinha de razão. Debutou no Banco Universo, passou pelo Marketing da Otimus e (entre outras coisas) esteve ligada aos projetos Kangoroo e dos portais verticais Exit, até aterrar no retalho de vestuário, como responsável pelas marcas Modalfa (que ela rebatizou MO) e Zippy - o que até não é estranho, pois o avô materno era comerciante têxtil, em Barcelos. Tem o MBA pela EGP e dois filhos, Gonçalo, 13 anos, e Mafalda, dez
Primeiro, é essencial modernizar, introduzindo equipamentos novos para conseguir aumentos de produtividade, ganhos de escala na produção e alcançar patamares de preço mais competitivos. Segundo, é preciso que a ITV seja capaz inovar e disponibilizar soluções de valor acrescentado aos clientes. Por
fim, é necessário que os vários players do setor cooperem para melhorarem o posicionamento e promover o setor. A indústria do calçado tem sido, nessa matéria, um exemplo. A Temasa-Têxtil do Marco, do grupo Sonae, é apenas mais um fornecedor ou vale mais do que isso?
A Temasa é um importante parceiro tecnológico e de inovação, pois tem um forte conhecimento ao nível do desenvolvimento do produto e da produção. Ajuda-nos a solidificar a consistência da oferta e a corresponder a um mercado que exige atualizações constantes, às vezes com um ritmo semanal. Qual é o peso da Temasa na vossa oferta global?
O peso não é significativo no volume total de compras da Zippy e da MO, dada a dimensão destes negócios de retalho. A Zippy tem mais de 100 lojas e 179 pontos de vendas wholesale, em mais de 40 países. A MO conta com 113 lojas em Portugal e mais dez no estrangeiro. O que mudou na puericultura e roupa para criança desde que a Joana foi bebé e criança?
Muita coisa. Hoje há uma oferta muito mais alargada, uma maior aposta em estilo e moda, uma qualidade e conforto superiores nos produtos oferecidos, uma maior preocupação com a segurança e preços muito mais competitivos. Os consumidores estão muito recetivos a produtos inovadores?
Estão mais atentos e informados, e dão cada vez mais valor a produtos com valor acrescentado, o que estimulou a Zippy a reforçar a oferta, com linhas inovadoras como a antibacteriana para bebés, a repelente de insetos ou a de proteção UV, bem como com as t-shirts que mudam de cor com o calor. A inovação é uma aposta da Zippy e estamos em continuidade a
analisar e testar outras soluções para acrescentarmos cada vez mais valor aos nossos produtos. O rebranding da Modalfa em MO foi o cortar do cordão umbilical com as origens nas prateleiras dos Continente?
O rebranding corresponde a uma mudança na proposta de valor global que se traduz numa nova marca, mais viva, alegre, segura e próxima dos clientes, que oferece produtos com mais estilo e a bom preço. Representa ainda um novo conceito de loja, onde o produto é o centro e onde a boa experiência do cliente é o aspeto mais importante. A MO é a Zara portuguesa?
Sendo a Zara um caso de sucesso internacional e uma referência incontornável, sentimo-nos honrados com a comparação. A MO é a maior cadeia de lojas portuguesas de vestuário, com um modelo de negócio que apresenta algumas semelhanças com o da Zara. Ambas oferecem moda a preços acessíveis com novidades constantes, pertencem a grandes grupos nos seus países e estão no mercado de forma sólida e sustentada há vários anos. Quando é que a MO vai viajar para fora?
Apesar de termos lojas em Espanha, Bulgária, Moçambique e Arábia Saudita, a rede MO é essencialmente portuguesa. A estratégia de crescimento assenta em dois pilares: reforço da posição competitiva em Portugal e internacionalização. Até agora temos estado focados no reposicionamento da marca, e já temos o novo conceito implementado em 36 lojas. A internacionalização ainda não é prioritária. Que peças MO tem no seu guarda roupa?
Várias, mais formais ou informais, que uso muitas vezes, fruto da sua intemporalidade e qualidade. No Inverno, gosto especialmente dos tricotados e
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MILHÕES DE EUROS
Quando Joana tinha 3 anos ainda não havia Zippy
casacos de pelo. No Verão, das túnicas e dos vestidos leves. Nós somos bons na indústria, mas fracos no retalho, ao contrário dos espanhóis, que têm marcas e cadeias líderes a nível mundial. Por que é que começaram por Espanha a internacionalização da Zippy?
Na Sonae MC e SR somos essencialmente especialistas em retalho e a Zippy tem essa herança. Dada a proximidade física e cultural, Espanha é o espaço natural de crescimento das nossas empresas. Adicionalmente, é um mercado muito forte na área da moda, captando a atenção de todos os que têm interesse no setor. Estarmos lá permite-nos não só explorar o potencial do mercado espanhol mas também ajuda-nos a abrir as portas da expansão para fora da Península Ibérica. Em Espanha planeiam crescer com lojas próprias ou optarão também por corners no El Corte Inglés?
A estratégia da Zippy em Espanha passa por um aprofundamento da relação com o El Corte Inglês, onde já estamos presente atualmente em 13 lojas, e pela otimização do parque de lojas, implementando o novo conceito que tem proporcionado resultados muito positivos. A geografia de expansão internacional da Zippy privilegia os mercados periféricos e emergentes em detrimento dos mercados maduros?
Os produtos Zippy estão em mercados exigentes e maduros como Alemanha, Finlândia, Itália, Irlanda ou Bélgica, mas também em países como a China, o Azerbaijão ou a República Dominicana. A estratégia de crescimento internacional passa precisamente por essa combinação da presença em mercados maduros com a entrada em economias em desenvolvimento. A compra do grossista espanhol Losan correspondeu
é quanto a Sonae SR vai investir na renovação do lay out das lojas Zippy, durante os próximos três anos
shoppings?
A ESTRATÉGIA DA ZIPPY EM ESPANHA PASSA POR APROFUNDAR A RELAÇÃO COM O EL CORTE INGLÊS, ONDE JÁ ESTAMOS PRESENTE EM 13 LOJAS
ao aproveitamento de uma oportunidade de negócio ou à concretização de um objetivo estratégico que já perseguiam?
Ambos. No entanto, é importante realçar que a Zippy e a Losan continuarão a ser negócios independentes e com gestão autónoma, seguindo estratégias próprias. Essa aquisição significa que a América Latina é uma prioridade?
É um mercado onde estamos e ambicionamos aumentar a nossa presença. Em 2015 celebrámos um acordo para termos produtos Zippy em mais de uma dezena de pontos de venda em quatro países da região: Venezuela, República Dominicana, St. Maarten e Equador. Qual é loja Zippy que mais vende em Portugal? E no estrangeiro?
As que mais vendem em Portugal são as do Norteshopping e do Colombo. A nível internacional, são as lojas da Arábia Saudita no Mall of Daharam e Mall of Arábia, em Jeddah. É possível construir uma rede de retalho sem estar nos
Os centros comerciais fazem parte dos hábitos sociais e de consumo dos portugueses, pelo que a presença nestes espaços é crítica para o crescimento com dimensão de uma marca de retalho de vestuário. Há países em que essa realidade não é tão vincada e as lojas de rua assumem maior protagonismo que em Portugal. Mesmo assim, os centros comerciais têm vindo a ganhar expressão globalmente e as grandes marcas estão lá. A tendência para o declínio do comércio de rua está a inverter-se em Portugal?
O comércio de rua tem vindo a revitalizar-se. Portugal, pelo seu clima, tem um potencial enorme para este tipo de comércio e acredito que a tendência será de crescimento. Para isso, será necessário continuar a investir na recuperação dos espaços urbanos mais propícios ao lazer e ao comércio. Como estão a evoluir lojas online?
O online tem crescido de forma incrível nos últimos anos. A Zippy e a MO lançaram os seus sites online há cerca de um ano e as vendas têm superado as nossas melhores expectativas. Tem uma ideia de como serão as lojas no futuro, em 2025, por exemplo?
Mais do que espaços comerciais, serão espaços de experiências, com serviços cada vez mais personalizados e a incorporação de tecnologia para facilitar o processo de compra. Exemplo disso é o novo conceito da loja da Zippy - que ganhou o prémio Popai Award U&K and Irland 2015, na categoria de inovação -, assente na felicidade da experiência de compra para pais e filhos. As novas lojas Zippy convidam à brincadeira ao proporcionarem paredes com sons de animais, túneis nos equipamentos, jogos multimédia, máquinas onde as crianças podem encher balões, etc...
As perguntas de
José Armindo Ferraz CEO Inarbel
Maria Gambina Designer e professora na ESAD
Sendo a Sonae um grande grupo económico, está nos vossos planos uma expansão maior da Zippy e MO no mercado europeu, ou mundial, como o fizeram a Inditex ou H&M?
Em 2014, a Sonae, em parceria com a ESAD, organizou o concurso MO Fashion Challenge. A aluna vencedora estagiou seis meses convosco. Não faria sentido repetir essa iniciativa?
A internacionalização é um eixo prioritário na estratégia da Sonae, que procura capitalizar as suas competências e marcas. A Zippy é já hoje a marca portuguesa de vestuário para crianças mais internacional, gerando cerca de metade das receitas no exterior e tendo uma presença global, ao disponibilizar os seus produtos em mais de 40 países. A MO está a iniciar o processo de abertura a novos mercados, estando hoje em 5 países. Na internacionalização temos privilegiado formatos capital light, em especial o franchising, mas também o wholesale.
Todos os anos acolhemos jovens talentos para estágios profissionais, permitindo-lhes conhecer por dentro a realidade empresarial, aplicar conhecimentos e desenvolver novas competências. No fim dos estágios, vários jovens são convidados a integrar as equipas. É algo que nos satisfaz e que continuaremos a fazer. O formato é todos os anos ajustado às necessidades das marcas, mas uma parceria como a do MO Fashion Challenge faz sentido repetir.
Qual é a importância do "made in Portugal” para as vossas marcas?
Como responsável de 2 marcas de moda nacional, tem presença assídua nas apresentações de jovens designers no espaço Bloom do Portugal Fashion e no Sangue Novo da Moda Lisboa?
A prioridade da Zippy e da MO é servir bem os seus clientes, oferecendo produtos que conjugam qualidade e design, com bons preços. Acreditamos que a marca “Portugal” tem valor no setor têxtil, pelo que temos relações de proximidade com produtores nacionais, onde temos cerca de 20 a 30% da produção total. Além disso, as nossas equipas de design estão em Portugal, maximizando o valor para a nossa economia.
Desenvolvemos produtos para clientes de vários países, com uma coleção base comum e coleções mais pequenas adaptadas a cada mercado. O que nos obriga a visitas permanentes a feiras internacionais, a viajar para conhecer bem os mercados e o que de melhor se faz a nível mundial, a seguir os melhores sites de tendências, acompanhar bloggers, etc... Portugal e o que de bem se faz no nosso país é também alvo de muita atenção.
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MODTISSIMO 4
U ma feira têxtil num aeroporto. Leu bem. A 47ª edição do Modtissimo é literalmente sobre asas porque se realiza no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. O feito é inédito, uma vez que nunca se viu algo do género a nível mundial. É o resultado de um acordo entre a ANA-Aeroportos de Portugal e a Associação Selectiva Moda (ATP e ANIL). A organização do Modtissimo orgulha-se de poder executar este projecto pioneiro em Portugal, e aliás inédito a nível mundial, de uma feira profissional dedicada ao sector têxtil ser realizada dentro do maior aeroporto do Nordeste Peninsular, completamente funcional e que apresenta um tráfego de passageiros de cerca de oito milhões por ano. O Modtissimo realiza-se a 24 e 25 de fevereiro no piso de acesso às partidas do Aeroporto do Porto. Um desafio enorme para a ANA, fornecedores de serviços, expositores, compradores e, acima de tudo, para a tripulação do Modtissimo Airlines (uma equipa de onze profissionais, capitaneada pelo comandante Manuel Serrão, que aqui apresentamos) que mais uma vez estará à altura dos acontecimentos e fará aterrar e segurança um salão para mais tarde recordar.
PORTO FASHION WEEK
TRIPULAÇÂO DA MODTISSIMO AIRLINES Juliana Silva 31 anos Licenciada em Gestão e Administração de Marketing Viagem de sonho: Bali Prato Favorito: Caril de gambas Maryna Yakubets 22 anos Licenciada em Relações Internacionais Viagem de sonho: Safari pela África Subsariana Prato favorito:
7º iTechstyle Innovation Business Forum 24 E 25 FEVEREIRO AEROPORTO DO PORTO A 7ª edição do iTechStyle Innovation Business Fórum organizado pelo CITEVE será uma vez mais uma montra de tecnicidade e inovação da fileira têxtil e vestuário nacional. Alguns dos mais inovadores produtos premiados na ISPO estarão em exposição
Polenta com raspas de mozzarella e rojões Michele Bervian 39 anos Licenciada em Economia e com um MBA em Gestão Viagem de Sonho: Uma volta ao mundo Prato Favorito: Sushi Raquel Santos 39 anos Licenciada em Gestão de Empresas Viagem de sonho: Andes (Chile, Perú e Bolívia) Prato Favorito: Taco de atum com crosta de sésamo Vânia Canha 35 anos Licenciada em Comunicação Social e Mestre em Marketing Viagem de sonho:
7º Fashion District A indústria têxtil não está fechada no seu mundo, 25 lojas integram um roteiro muito fashion pela cidade do Porto
Um tour pelas ilhas do Pacífico Prato favorito: Rojões feitos em pote de ferro na lareira Rute Madureira 42 anos Licenciada em Arquitectura, frequência em Gestão de Empresas Viagem de Sonho: Socotra Prato Favorito: Amêijoas à Bulhão Pato
1º Port Wine Fashion - 1ª edição - O vinho do Porto é convidado de honra na Porto Fashion Week. Garrafas cedidas por várias caves serão vestidas e por quem quiser concorrer! As três garrafas mais bem vestidas terão direito a um prémio!
Catarina Carvalho 36 anos Licenciada em Administração e Gestão de Empresas Viagem de sonho: Polinésia francesa Prato favorito: Polvo à Lagareiro Susana Almeida 34 anos Licenciada em Gestão de Empresas Viagem de Sonho: Cambodja, Vietnam e Laos Prato Favorito: Frango estufado com ervilhas Maria Tavares 42 anos Licenciada em Administração
Fashion Parade O espólio de fatos elaborados ao longo destes últimos anos pelos alunos das escolas de moda portuguesas que concorrem ao Concurso Jovens Criadores vai ganhar vida e sair à rua
e Gestão de Empresas Viagem de sonho: Paris Prato favorito: Sopa de peixe Rita de Sousa 28 anos Licenciada em Comunicação Empresarial Viagem de sonho: Começar pela Escócia, descer para o country side de Inglaterra, passar por Bruges, dar um salto à Provença, ir de vila em vila até à Costa Amalfi e terminar em beleza em OÍa. Prato Favorito: Bife Wellington
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O fato em xadrez de janela média, bem ao estilo britânico
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O smoking em jacquard reinterpretado com detalhe original na banda
Padrões originais são o forte da Vicri, aqui num coordenado integral
CASACO CARREGA TELEMÓVEL Isabel Cristina Costa
Lã virgem, linho, seda e algodão, tudo com muita cor para que a próxima estação Primavera-Verão da Vicri seja Bold & Preppy. A marca de luxo de roupa para homem que o grupo Riopele adquiriu ao criador Pinho Vieira em 2003 está hoje presente em todo o território nacional através de lojas multimarca. Além de que possui três lojas próprias: Foz (Porto), NorteShopping (Matosinhos) e Chiado Factory (Lisboa). Por ser uma marca que teve desde logo o reconhecimento internacional, a Riopele tem apostado na internacionalização, com destaque para França, Bélgica, Espanha e Angola. Apesar de ser total look, o forte da Vicri sempre foi a camisaria irreverente e de alto luxo, que conquistou celebridades como os atores Hugh Grant e Ben Affleck, o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair e o rei Juan Carlos de Espanha, por exemplo. No último Portugal Fashion, também se ficou a conhecer o Vicri Power, que é um sistema de tecnologia integrada desenvolvido em parceria com o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CeNTI). Ou seja, a Vicri apresentou um casaco que permite acumular energia solar para o carregamento de dispositivos móveis. “Agora, o nosso objetivo é consolidar o crescimento, abrir novos mercados. Estamos numa fase em que a marca vai ter de crescer. Vamos ter de nos focar mais, abandonar alguns artigos que não fazem tanto sentido para o cliente”, sublinha Jorge Ferreira, diretor criativo da Vicri.
Jorge Ferreira, 40 anos, é o diretor criativo da Vicri. Fez Design de Moda (Academia de Moda e Artes do Porto). Trabalhou na Throttleman e na Parfois, desenvolvendo produtos tanto para senhora como para homem. Chega à Vicri em 2008 e leva a marca ao Portugal Fashion desde 2010. Em 2014, no Floating Fashion Week Amesterdão, o embaixador José Bouza Serrano distingue o seu trabalho com o Prémio Floating Fashion Week Award.
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TÊXTEIS JF ALMEIDA INVESTEM 1,5 MILHÕES A inauguração das novas instalações do pólo logístico da empresa da Têxteis JF Almeida, em Moreira de Cónegos, contou com a presença do ministro da Economia, Caldeira Cabral, e do Secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos. Trata-se de um investimento de 1,5 milhões de euros que, de acordo com Joaquim Ferreira Almeida, permite à empresa aumentar a capacidade de armazenagem para 4400 paletes, o equivalente a cerca de 160 camiões TIR.
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14,5% é a quota dos têxteis-lar no total das exportações da ITV. As vendas ao exterior de 650 milhões de euros nos primeiros 11 meses do ano (+7,1% que em idêntico período do ano anterior) fazem de Portugal o 5º maior exportador mundial de têxteis-lar.
ERT TÊXTIL VAI TER UMA FÁBRICA NO MÉXICO A ERT Têxtil vai investir na criação de uma fábrica no México para ganhar acesso ao mercado americano, anunciou, em declarações ao Observador, Fernando Merino, diretor de Inovação da empresa situada em S. João da Madeira. A ERT, que começou como uma fábrica de calçado, faz tecidos para a indústria automóvel e tem o seu Centro de Inovação Criativa inserido no Oliva Business Center.
SHARK TIM VIEIRA TRAZ VICTOR RÊGO DE VOLTA O designer de moda Victor Rêgo, que estudou e trabalhou em Itália, tendo a Prada e a Dolce & Gabbana no currículo, está de regresso ao mercado com a marca OFF&CINA. Através de um grupo de investidores liderado pelo Shark Tim Vieira, abre este mês a primeira loja em Cascais. Mas as atenções estão também viradas para Espanha, estando a ser equacionadas localizações como Bilbau, Madrid e Barcelona. Com 20 anos de experiência, Victor Rêgo já teve sete lojas no mercado nacional (até 2011) e chegou a faturar 12 milhões de euros. Apesar de o negócio não ter corrido bem, nunca pensou em desistir. Foi trabalhando para algumas marcas portuguesas, como a Salsa e a Decénio, no entanto, a OFF&CINA acabaria por falar mais alto. Para poder regressar ao mercado foi à procura de um investidor. Arranjou cinco, que estão reunidos na Favorite North, dona da marca. Victor Rêgo não tem qualquer participação no capital na empresa, é o director criativo da OFF&CINA e a mulher, Palma Camanho, a comercial responsável pelos mercados nacional e internacional. “A OFF&CINA é vestuário, calçado e acessórios para mulher, posicionada no segmento alto. Concorre com marcas como Coach, Trussardi, Michael Kors e Todd’s, entre outras. Tem como destino os mercados doméstico - com uma flagship store em Cascais e alguns pontos multimarca como os armazéns Marques Soares e Loja das Meias - e internacional: EUA, Japão e Israel”, revela
OFF&CINA é a nova marca com que Victor Rêgo quer concorrer com a Coach, Trussardi, Michael Kors e Todd’s
Victor Rêgo. A expansão da marca assentará no master franchising , mas também investirão no canal online . A primeira loja física é em Cascais porque é lá que o designer tem uma base com mais de 3000 clientes. “Vamos apostar nos clientes que fizemos ao longo de oito anos. Em Cascais, com a uma única loja chegámos a faturar cinco milhões de euros entre 2003 e 2009”, justifica. Este ano, a OFF&CINA marcará presença em feiras de moda internacionais, que se realizam nos mercados espanhol, inglês e norte-americano. Começa este mês pela Momad, em Madrid, com o apoio da Associação Selectiva Moda. O feedback esperado é bom, atendendo ao resultado da apresentação da coleção na Alemanha, de onde a marca trouxe “perspetivas de encomendas de elevado volume”. Apesar de pertencer ao segmento alto, Victor Rêgo adianta que em função dos objetivos empresariais traçados, a marca também poderá vir a abranger uma clientela que procura um preço mais favorável. “Fazer devagar, mas bem feito é o que se pretende. Tenho a obrigação de fazer deste projeto um êxito, sendo esperado em 2016 um volume de negócios de um milhão de euros”, afirma Victor Rêgo. Quanto aos fornecedores da marca, as matérias-primas chegam sobretudo de Itália, mas a confeção é 100% portuguesa (roupa, calçado, malas e acessórios). O designer explica que são fornecedores qualificados: “Já hoje colaboram comigo e com grandes marcas internacionais, logo são garantes da produção e também do nosso sucesso”.
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DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.
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Conta-me histórias
Por: Rui Zink
AGENDA DAS FEIRAS MOMAD 5 a 7 de fevereiro - Madrid Cortiminho, António Manuel Sousa Lda., Blackspider, Cubos de Algodão, Favorite North, GIVEC, M. Rolo, Ana Sousa MILANO UNICA 9 a 11 de fevereiro - Milão Albano Morgado, Lemar, Familitex, Sanmartin, Riopele, Têxtil Manuel Gonçalves S.A./TMG Knittings PURE LONDON 14 a 16 de fevereiro - Londres Blackspider, Crel, Cubos de Algodão, Malhas Queiroga, Katty Xiomara PREMIÈRE VISION 16 a 18 de fevereiro - Paris PV FABRICS A. Sampaio, Adalberto Estampados, Albano Morgado, Cotex, Fitecom, Gierlings Velpor, JOAPS, Lemar, Living Colours, LMA, Luís Azevedo, Lurdes Sampaio, NGS Malhas, Paulo de Oliveira, Penteadora, Polopiqué II/Teviz, Riopele, Sidónios Malhas, Somelos Tecidos, Tessimax, Tintex, TMG Textiles, Troficolor PV ACESSORIES Idepa, Haco PREMIÈRE VISION YARNS Miguel Antunes Fernandes/Filasa, Inovafil PREMIÈRE VISION KNITWEAR Orfama/Montagut Industries PREMIÈRE VISION MANUFACTURING A. J. Gonçalves, António Manuel de Sousa, Irsil, Marfel, Oliveira e Silva, Raith Têxteis MAGIC 16 a 18 de fevereiro - Las Vegas Fiorima, Dielmar, Inimigo Clothing, Faroma, Prata & Borges, Frenchkick, Boom Bap Wear NEXT SEASON 24 a 26 de fevereiro - Poznan Givec, Blackspider, Beppi
Podia ser um slogan: «E se de repente houver uma sólida representação portuguesa ao mesmo tempo em três feiras de Paris, isso chama-se... Selectiva Moda.» E é, o encontro entre duas forças poderosas e destemidas: de um lado uma cidade que não cede ao medo, do outro um país de navegadores mercantes que enfrenta o futuro com olhos enxutos. Os números não enganam: 21 empresas portuguesas sob a chancela From Portugal, marcaram presença na Maison et Objet, na Who’s Next e no Salon International de Lingerie. É obra. E representa uma força individual e coletiva de novo firmada no mercado internacional. «De novo», porque o têxtil português tem história; «individual e coletiva» porque, se a união faz a força, no fim cada empresa tem de se valer a si própria. E mostrar ao que vai. A TM (Traços de Mim) apresenta na Maison et Objet uma sala completa. «É um conceito integrado, tudo está de acordo com tudo», diz Cleia Ribeiro. Bem entendido, o cliente não é obrigado a comprar os lençóis, a cama, os cortinados, os quadros, a mesa, os talheres. (Embora, se o fizer, também não vá preso.) Mas é-lhe apresentado um modelo de como pode ser divertido pôr as partes a combinarem num todo agradável. O verbo aqui é um dos mais bonitos da nossa língua: conjugar. E é conjugando que a Burel, em vez dos mais de 10 mil padrões antigos em sua posse, optou por uma parede só com mantas e uma grande unidade cromática, «A tentar posicionar a marca numa área mais design», diz Isabel Costa. É a primeira vez que o Laboratório d’Estórias vai a esta feira com as suas peças de loiça e um conceito adequado ao nosso tempo: recontar, de forma nova,
velhas histórias tradicionais portuguesas. Os sabonetes e fragrâncias da Castelbel também contam uma história – e de sucesso, ou não fossem as coleções Castelbel e Portus Cale vendidas já para 40 países. Já a Lona tem uma encomenda para Março de cinco mil cadeiras, tarefa mais fácil de cumprir agora que tem um depósito em Toulouse, bem como um distribuidor em França. Na Who’s next, à Porta de Versailles, a Babash faz sucesso com umas malas em V, como se algum karateca tivesse dado um golpe a meio no fecho. O otimismo de Vanessa Garcia-Agullo e Catarina Feio é contagiante: «Estamos muito contentes!», diz uma. «Está a correr muito bem», diz a outra. (E eu tenho a sensatez de não ressalvar que a feira só abriu há três minutos.) Entusiasmo deste é contagiante, é preciso, e faz jus à imagem da marca: uma atitude. É que feiras internacionais desta dimensão não são para quem desanime facilmente. E, mesmo tendo um representante em França, a GIVEC faz questão de estar presente com as marcas Kalisson e Bagoraz. A bonomia de Cândido Correia é desarmante: «Só fazemos T-shirts.» Mais nada? «Mais nada. Também, tínhamos de ser bons nalguma coisa.» E são. A diferença entre as coleções Kalisson/Bagoraz é simples: uma é para jovens e/ou gente esbelta, a outra para pessoas reais. E corpos diferentes pedem padrões e cores diferentes. «O essencial é que uma pessoa se sinta bem.» E é o que Paris, recuperando e reafirmando energias, parece dizer: conta-me histórias, de sucesso e de pessoas que estão bem com a roupa que vestem e a casa e o mundo onde vivem. Conta-me histórias, de preferência com humor e carinho.
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TINTEX: ESTREIA DE SONHO A Tintex foi a campeã portuguesa e protagonizou uma estreia de sonho na maior feira de artigos de desporto do mundo, ao trazer de Munique oito prémios (entre os quais um Best Product e dois Top 10), ganhos no ISPO Textrends Fórum de 2016. Portugal arrasou ao conseguir um total de 34 prémios (2 vencedoras Best Product, 9 Top 10 e 25 Selecionadas), num total de 35 amostras apresentadas a um exigente júri de 12 especialistas, constituído por representantes de marcas, Comunicação Social e instituições do sistema cientifico, entre as quais se conta o CITEVE. Esta festa de prémios é um justo motivo de orgulho para a ITV portuguesa, que mais uma vez demonstrou estar na vanguarda da inovação tecnológica a nível mundial. “Todas as amostras que mandamos foram premiadas, o que é uma boa promoção para os nossos produtos”, disse Mário Jorge Silva, 53 anos, CEO da Tintex, uma empresa de que pela primeira vez na ISPO, cer-
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Mário Jorge Silva com uma amostra da Tintex eleita Best Product
tame que nesta edição bateu todos os recordes de visitantes profissionais (mais de 80 mil, oriundos de 120 países, sendo que 87% estrangeiros) e expositores (2 645), que ocuparam uma área total de 180 mil m2 em 16 pavilhões. “Os clientes gostaram muito da nossa nova coleção. Ficaram curiosos e surpreendidos com a nossa capacidade de aliar fantasia com suporte técnico, combinando moda com funcionalidades como proteção ultra-violeta e moisture management”, conta o fundador da têxtil mais a norte de Portugal, que tem em curso um plano de investimento de cinco milhões de euros, que lhe permitirá triplicar em três anos o atual volume de negócios de oito milhões de euros. A embaixada portuguesa na ISPO 2016 era composta por 40 empresas, das quais 28 viajaram com o apoio da Selectiva Moda, no âmbito da iniciativa From Portugal, e estiveram agrupadas em duas ilhas, nos pavilhões C3 (Portuguese Sport Textile Village) e B3 (Socks and Seamless Village).
5 PRODUTOS QUE IMPRESSIONARAM LÚCIA A espionagem é uma atividade cansativa mas saudável. Para desempenhar convenientemente a missão de vigilância tecnológica de que foi incumbida pelo CITEVE, onde trabalha há mais de dez anos, Lúcia Rodrigues, 42 anos, engenheira de Produção (UMinho), andou a pé mais de 60 km durante os quatro dias da ISPO, que ocupou uma área de 160 mil m2 na Messe de Munique. Estar a par das novas tendências de inovação ao nível das tecnologias, materiais e dos produtos - entre outras coisas para não corrermos o risco de nos pormos a inventar o que já está inventado - é o grande objetivo das missões de exaustiva vigilância tecnológica que o CITEVE leva a cabo em todas as feiras técnicas do setor. Lúcia, que antes de se juntar ao centro tecnológico da ITV trabalhou vários anos na indústria (Sampaio & Ferreira e Têxteis Penedo), é uma veterana com mais de uma dúzia de missões de espionagem no curriculum, a primeira das quais foi também Munique, na edição de 2005 da ISPO. No final de quatro longos
dias, quando os expositores desfaziam a feira e se preparavam para voltar a casa, Lúcia, uma beirã de Castro Daire reconvertida em minhota (trabalha em Famalicão e vive em Braga) sentou-se finalmente à mesa para nos contar os cinco produtos que mais a impressionaram durante a sua vigilância. Mastro insuflável para windsurf
A mais inovadora vela de Windsurf é fruto da conjugação de esforços entre a North Kiteboarding e a North Sails. Uma estrutura insuflável substitui o mastro tradicional, o que torna a vela muito mais leve e fácil de transportar - basta enrolá-la antes de meter na mochila. Falta saber se esta inovação não prejudica a performance. Atenção a todas as partes do corpo
O que mais apaixona nos produtos apresentados pela Blackyack é a conjugação do design com o uso de diversos tipos de materiais e de camadas numa mesma peça, com o objetivo de
satisfazer as necessidades particulares de cada zona do corpo. Esta abordagem tecnológica está presente em vários produtos apresentados na ISPO, como as calças para ski da Salewa ou o fato para triatlo da Roka Sports, em que a construção e os materiais usados garantem uma posição de equilíbrio ao nível da fllutuabilidade do corpo, resultando numa maior velocidade de natação com menor esforço físico. Airbag para os nadadores
Um pequeno e compacto dispositivo, do tamanho de uma caixa de óculos, acoplado a um cinto fácil de usar, foi apresentado pela Restube como o airbag para os desportos náuticos. Se por algum motivo o nadador se sente a afogar basta acionar o airbag, que se insufla em segundos e o mantém à superfície. Olhar a mochila de outra maneira
A mochila já não é exclusiva dos freaks que andam à boleia ou dos miúdos que a usam para
levar livros e cadernos para a escola. Agora substitui a tradicional pasta na função de transportar o computador e também anda ao ombro de quadros e executivos. Para corresponder a esse novo uso, a The North Face procedeu à reengenharia total do conceito de mochila, na construção, design e materiais, inventando uma nova arquitetura, sistema de abertura e interação com o utilizador, em que não é preciso estar sempre a fechar e abrir fechos, tornando mais fácil o acesso ao seu interior. Pyua aproveita sal do Marketing
A Pyua levou a Munique uma coleção integralmente fabricada com fibras de poliéster recicladas a partir de roupas no final do seu ciclo de vida - o que devido às diferentes cores obriga ao recurso a uma tecnologia mais sofisticada que a utilizada na reciclagem de garrafas PET de água. Além de inovador, o produto tem o sal do Marketing (made in Europe, 100% poliéster reciclado) na maneira como se apresenta.
UM CONVITE COM CLASSE Nos próximos três meses a Riopele vai estar em seis feiras (Munich Fabric Start, Milano Unica, Première Vision, Modtíssimo, Intertextile e Jitac), de Munique a Tóquio, passando por Milão, Paris, Porto e Xangai. Para o efeito, fez um convite, que endereçou a clientes e amigos.
WHO’S NEXT? A CONCRETO O grupo Valerius levou à Who’s Next, em Paris, a recém adquirida marca Concreto, com uma coleção de Inverno composta por uma linha de tricotados e uma coleção de outono baseada no core business da empresa, os circulares. Mythology foi o tema do salão francês, que decorreu de 22 a 25 de janeiro e contou com a presença de oito expositores portugueses (Ana Sousa, Babashdesign, Concreto, Kalisson&Bagoraz, Luís Buchinho, Maloka, Pé de Chumbo e TMCollection by Teresa Martins), numa iniciativa promovida pela ASM.
DE QUEM É O BEIJO? O beijo é o tema da edição comemorativa dos 25 anos da ModaLisboa, que se realiza de 11 a 13 de março no Pátio da Galé. “De quem é o beijo: de quem o dá ou de quem o recebe. A quem pertence a moda: a quem produz ou a quem a veste?”, pergunta a organização.
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KNOT NA PITTI BIMBO COM O MUNDO DE AMANHÃ A Knot apresentou na Pitti Bimbo a coleção Tomorow World, para a próxima estação fria, inspirada no boom da era espacial. “As propostas têm uma paleta de cores onde predominam o space blue e que vão do jupiter pink aos apontamentos de algodão em amber e mars. A nível de materiais os destaques são o algodão suave, a mistura lã e caxemira, a popelina e a viyellas”, explica Sara Lemos, International Sales Manager da empresa. Além da Knot, estiveram em Florença outros quatro expositores portugueses ((Chua, Dot, dr Kid e Girândola), com o apoio da ASM. Mais de dez mil visitantes e 445 marcas estiveram na 82ª edição da Pitti Bimbo.
BENNIE LEVA PETRUS À FIMI A Bennie apresentou em primeira mão a sua nova marca Petrus na 82ª edição da FIMI, que se realizou de 22 a 24 de janeiro no Pabellón de Cristal da Casa de Campo, em Madrid. Além da Bennie, três outras empresas portuguesas (Beppi, Ponto por Ponto e Sun City Ibérica) estiveram na feira.
10% foi o crescimento homólogo das exportações da ITV em novembro 15, ou seja mais do dobro da variação de 4,5% do total das vendas nacionais de bens registadas nesse mês
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O QUE O MINISTRO DISSE E OUVIU EM FRANKFURT Frankfurt, onde bate o coração financeiro da Europa, foi o palco para o primeiro grande encontro entre Manuel Caldeira Cabral e a economia real portuguesa, representada na maior feira do mundo de têxteis-lar por um contingente de 75 empresas. Em passo acelerado, e sempre acompanhado por um pequeno batalhão de jornalistas, o ministro demorou três horas a visitar os stands dos 33 expositores do pavilhão 11 da Heimtextil, distribuindo, com generosidade, palavras simpáticas de apreço, elogio e incentivo. Durante o percurso, foram-se sucedendo alguns episódios curiosos. No stand da Bovi, Caldeira Cabral reencontrou uma antiga aluna sua da Universidade do Minho. No da Sampedro ficou a saber que Simão Gomes, administrador da mais antiga têxtil-lar portuguesa (foi fundada em 1921) fez parte da
primeira fornada de engenheiros têxteis da universidade do Minho. Finalmente, na Comfort and Innovations, tropeçou numa cliente, Peggy Wilkins, originária de Nottingham, a cidade onde ele fez o doutoramento. À noite, no final do jantar com os empresários, no Hotel Hessischer, o ministro garantiu que o Governo ajudará o crescimento e transformação das empresas com uma estratégia clara de sustentabilidade e futuro, designadamente através de uma simplificação dos procedimentos administrativos (um Simplex para as empresas) e da criação de instrumentos de capitalização, anunciando ter criado um grupo de trabalho que está a estudar as modalidades deste apoio. “A base de capitais próprios tem de ser reforçada, para evitar que empresas economicamente viá-
veis sejam asfixiadas, com graves prejuízos para a economia e a banca”, conclui Caldeira Cabral, que durante as 24 horas em Frankfurt não se limitou a falar - também ouviu críticas e conselhos dos empresários, relativamente a dossiers tão delicados como o aumento do salário mínimo, a reversão dos feriados, os custos da energia e ao acesso das grandes empresas aos apoios à internacionalização. “O ministro da Economia deveria ser o Provedor das Empresas, preocupar-se com tudo quanto afete a sua competitividade. Com o desemprego num nível tão elevado e 110 mil pessoas a saírem todos os anos do país, é preciso muita moderação na governação e evitar mudanças radicais que prejudiquem a competitividade da nossa economia”, resumiu João Costa, presidente da ATP, na resposta ao discurso do ministro.
OS 4 PONTOS DO CADERNO REIVINDICATIVO JÁ SE PODE SAIR À RUA VESTIDO COM PIJAMA
A popularidade das roupas estilo pijama (loungewear) não pára de crescer, com as vendas a subirem 26% em 2015, de acordo com a cadeia retalhista John Lewis. “As fronteiras entre a roupa formal e a casual têm vindo a ser esbatidas. A importância do loungewear moderno para vestir simultaneamente dentro fora de casa tem-se transformado numa categoria em expansão”, afirma Soozie Jenkinson, da Marks & Spencer. A tendência foi lançada Stella McCartney em 2012 e Mark Zuckerberger já foi a uma reunião de pijama. De acordo com o Telegraph, 2016 será o ano de loungwear e de levar para as ruas o conforto da casa.
TAPETE DA SOREMA NO MACY’S A Sorema já tem à venda o inovador tapete My Cotton Cloud (um novo desenvolvimento da empresa em processo de patenteação) nos grandes armazéns norte-americanos Macy’s - revelou o administrador André Relvas.
ENERGIA
FERIADOS
SALÁRIO MÍNIMO
EMPRESAS GRANDES
"A energia é o nosso grande custo", desabafou Rui Teixeira, o empresário da Felpinter, que exporta 95% dos 25 milhões de euros que fatura. “A nossa indústria precisa que o Governo compreenda que os custos energéticos são uma coisa brutal. Apesar do preço do gás ter baixado um pouco, a eletricidade pesa muito”, concorda Joaquim Almeida, da JF Almeida, acrescentando que os custos valem 10% dos 36 milhões de euros do seu volume de negócios. Estas duas vozes são a expressão de um descontentamento generalizado. ”É importante que o nosso país dê atenção aos custos de energia para que não tenha de continuar suportar custos superiores ao de outros países, o que prejudica a nossa competitividade”, explica o presidente da ATP.
Amélia Marques (Bovi) confessou ao ministro estar muito preocupada com a reposição de quatro feriados, por esta decisão prejudicar o negócio da empresa e a economia do país, uma vez que a sexta-feira é o habitual dia da partida de encomendas. «Não estejam sempre as mudar a legislação», recomendou. Ao jantar, o presidente da ATP voltou à carga com o assunto: ”Repor os feriados é um erro. Provoca quebras no ritmo de produção, particularmente graves nas tinturarias. Atendendo aos desperdícios de energia, os quatro feriados podem representar oito dias de custos para as empresas”.
O aumento do salário mínimo é olhada com apreensão pelos empresários. “Não esperávamos um aumento tão significativo e sem qualquer contrapartida”, afirma Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, sugerindo como possíveis contrapartidas as descidas do preço da energia (facilitada pela queda para baixo dos 30 US dólares do preço do barril do petróleo) e a descida da TSU para que um setor tão eminentemente exportador como a ITV não perca competitividade.
O contornar da regra europeia que impede o acesso aos fundos do Portugal 2020 pelas empresas com mais de 250 trabalhadores ou um volume de negócios acima de 50 milhões de euros, foi um dos pontos do caderno reivindicativo empresarial apresentado em Frankfurt. Por empregar 440 trabalhadores, a Felpinter é uma das empresas afetadas por esta regra, não tendo direito a incentivos à internacionalização, apesar da sua faturação (25 milhões) ser exatamente metade do máximo do outro parâmetro. "Este é um aspecto que o Governo deveria contribuir para resolver", diz João Costa, sugerindo que pelo menos 20% dos apoios à exportação sejam reservados para as empresas classificadas como grandes.
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M EMERGENTE Por: Jorge Fiel
Diana Pereira Modelo e empresária Família Casada com Tiago Monteiro, têm dois filhos, Mel, sete anos, e Noah, seis Formação Curso de Fotografia e História de Arte (Arco) Casa Vivenda em Matosinhos Carro Honda CRV Portátil Sony Vaio Telemóvel iPhone 6 Plus Hobbies Ginástica e pára-quedismo Férias Um mês em Miami Regra de ouro Um dia de cada vez
Modelo, acelera e criadora
FOTO: RUI APOLINÁRIO
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Não fosse uma brincadeira do pai - Filomeno, dono de agência imobiliária em Coimbra e fotógrafo amador - e muito provavelmente Diana, 32 anos, seria agora uma anónima médica veterinária, um sonho de infância a que não era estranho o amor que tinha pelo siamês Pepe e o labrador Scout, que vivam lá em casa. Algures em agosto de 97, o pai soube pela televisão do concurso Supermodel of the World, e, por brincadeira, pegou na máquina, fez-lhe umas fotos e enviou-as para Lisboa. Duas semanas volvidas, o telefone tocou com a notícia que ela fora uma das 500 raparigas aprovadas para a fase seguinte. A brincadeira começou a ficar séria, quando Diana foi uma das 12 escolhidas para a fase final nacional. E ainda mais séria ficou quando foi eleita para representar o país na final mundial, em Los Angeles. Ia mais que preparada para perder, até porque só tinha 14 anos, mas acabou por ser a única portuguesa a ganhar o concurso mundial promovido pela agência Ford. E a vida dela levou uma grande volta. O gato Pepe, o cão Scout e o sonho de ser veterinária ficaram nas margens do Mondego, e em janeiro de 98, menos de meia dúzia de meses decorridos sobre a brincadeira, a Diana estava ia viver em Manhattan, no apartamento de Eileen Ford, com vistas para o Central Park. Durante sete anos foi modelo a tempo inteiro, viajando por todo o mundo a passar roupas de Versace ou da Gucci e a fazer editoriais para as Vogues e Elles, com base numa das capitais da moda. Nos primeiros três anos, Nova Iorque foi o seu quartel-general, que no entretanto foi mudando para Tóquio, Paris e Milão. “Era super duro, mas não me arrependo de nada. Nunca me deslumbrei por ser manequim, mas sempre adorei viajar”, recorda Diana, que todos os meses ia a casa e se orgulha de nunca ter perdido um ano na escola. Mal fez 18 anos tirou a carta, e ao volante do Mitsubishi Lancer do pai começou a cultivar uma paixão que a levou a mudar em 2004 o centro de gravidade para Lisboa e a dedicar cada vez mais tempo aos automóveis. No ano do Euro fez o Nacional de Todo o Terreno, em 2005 conheceu Tiago Monteiro (tinham o mesmo manager), em 2006 a Peugeot convidou-a para fazer o Nacional de Ralis (terminou todas as provas e foi a 4ª na categoria no Rali de Portugal), etapas numa carreira de piloto que pôs entre parêntesis quando ficou grávida da primeira filha. Com passarelas e volante em banho maria, dedicou-se aos negócios: teve um bar nos Restauradores (Lisboa), publicou cinco livros infantis, fez uma coleção de jóias e um programa na RTP sobre automóveis, até voltar à moda pelo lado da criação, com uma linha de roupa fitness para mulher (confeção Botton, tecidos LMA) que acaba de apresentar na ISPO em Munique. “É uma linha muito futurista, com materiais técnicos e efeitos anti-celulite. Muito reparável, maleável e feminina”, resume a Supermodel of the World, que herdou a costela dos trapos pelo lado materno - a avó era costureira no Parque Mayer e ensinou o oficio à filha Lurdes, mãe de Diana.
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DOMINGOS DE SOUSA & FILHOS GOSTA MUITO DA ALEMANHA
O MEU PRODUTO Por: Isabel Cristina Costa
Leafxpro
CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal
O que faz? Permite usar a bicicleta confortavelmente, mesmo perante as condições climatéricas mais adversas Patente WO 2015/128810 A1 Aplicações A estrutura é adaptável a diferentes modelos de bicicletas Prémios Ganhou Prémio ASA - Acelerator Startup ANJE (julho 15); finalista do prémio InovaTêxtil na categoria de Produtos Inovadores no iTechStyle (setembro15).
Cristina Oliveira, Teresa Lima e Manuel Brito
Andar de bicicleta à chuva sem ficar todo molhado A Leafxpro apresentou-se ao mundo na ISPO, a feira de Munique a convite do CITEVE. Mas que Leaf (folha) mágica é esta? Trata-se de uma estrutura inovadora, altamente flexível, resistente, aerodinâmica e adaptável, que permite usar a bicicleta confortavelmente, mesmo perante as condições climatéricas mais adversas. E foi inteiramente desenvolvida por investigadores e técnicos portugueses. A dona da Leafxpro é a Onlymagic – Innovation, uma startup com sede na ANJE, no Porto, fundada por Teresa Lima e Manuel Brito. O objetivo dos empreendedores é lançar os seus kits em mercados internacionais e com grande tradição na utilização da bicicleta, como é do caso da Alemanha, por exemplo. Quanto ao CITEVE, é o parceiro de materialização e prototipagem dos produtos Leafxpro. Cristina Oliveira, do Departamento de Tecnologia e Engenharia do CITEVE, explica que “a Leafxpro não está agregada à estrutura
comum de uma bicicleta e tem no ambiente e na sustentabilidade do planeta duas preocupações prioritárias, conseguindo desta forma promover a utilização de meios de transporte mais ecológicos através de uma solução inovadora”. A primeira vez que o produto viu público foi na última edição do salão têxtil Modtíssimo, na Alfândega do Porto, em setembro de 2015. E foi um dos finalistas do prémio Inovatêxtil, tendo sido o feedback “muito positivo e entusiasmante”, recorda Teresa Lima. O produto, focado no mercado internacional, ainda não está à venda mas “o início da comercialização está previsto para o próximo mês de abril”. Teresa Lima diz que estão identificados dois concorrentes (Veltop e Dryve), que “apresentam baixa aerodinâmica e um preço consideravelmente superior”. Ou seja, “a Leafxpro destaca-se pela aerodinâmica, o facto de ser modular, preço (79 euros), segurança e facilidade na montagem, desmontagem
e transporte”, responde a co-fundadora da Onlymagic-Innovation. E tem ainda a vantagem da novidade, com patente internacional publicada no WIPO em setembro de 2015. Também porque a mobilidade verde já faz parte da agenda internacional, em particular da europeia, as perspetivas de mercado são animadoras. Mais ainda se se considerarem os números revelados pela Federação Europeia de Ciclistas, que apontam uma produção de cerca de 150 milhões de bicicletas por ano, sendo atualmente existem na Europa perto de 40 milhões de pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte diário. Os produtos Leafxpro combinam materiais leves, flexíveis, refletores, de iluminação, impermeáveis, translúcidos e resistentes, que quando conjugados com o design permitem obter soluções inovadoras de proteção à chuva. Quer isto dizer que a construção modular e personalizável permite uma utilização 365 dias por ano.
A Alemanha não é só o melhor país do mundo (de acordo com um estudo revelado em Davos, durante o World Economic Forum), mas também o principal mercado para a Domingos de Sousa & Filhos, cujas vendas cresceram 8,5% em 2015, e que há 26 anos está presente na Heimtextil.
“VOLTAMOS A GANHAR TERRENO RELATIVAMENTE À CONCORRÊNCIA DO EXTREMO ORIENTE, SOBRETUDO DEVIDO À PROXIMIDADE DOS PONTOS DE PRODUÇÃO. NUMA ALTURA EM QUE AS GRANDES MARCAS NÃO QUEREM EMPATAR DINHEIRO EM GRANDES QUANTIDADES, NEM ARMAZENAR STOCKS, QUALQUER PONTO DE PORTUGAL ESTÁ A MENOS DE 24 HORAS DE VIAGEM. PREFEREM PAGAR UM POUCO MAIS, MAS TER MAIS CAPACIDADE DE GESTÃO SOBRE A PRODUÇÃO” Paulo Vaz, diretor-geral da ATP, à Visão
ENDUTEX PROSPERA NA HOTELARIA O Porto foi escolhido como o melhor destino turístico emergente da Europa pelos utentes da plataforma Trip Advisor, que elegeram o Moov Hotel Centro (instalado no antigo cinema Águia d’Ouro) como o melhor alojamento económico da cidade. A cadeia Moov pertence à Endutex, um grupo têxtil de Santo Tirso que está a abrir um hotel por ano. Depois do Moov Évora (numa antiga praça de touros) e do Moov Matosinhos (junto ao Norteshopping) prepara-se para abrir mais três unidades na Grande Lisboa e as primeiras duas no Brasil.
UMINHO RECOLHE ROUPA PARA GENTE CARENCIADA A Universidade do Minho está a promover uma recolha e entrega de roupa destinada a estudantes e famílias cadenciadas. Até 19 de fevereiro, pode entregar vestuário em bom estado entre as 8h00 e as 24h00, nos complexos desportivos de Azurém e Baltar. Trata-se de uma iniciativa conjunta dos Serviços de Ação Social, a Associação Académica e a Associação de Antigos Alunos da UMinho.
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OPINIÃO 1965
Paulo Vaz Diretor Geral da ATP e Editor do T
BARÓMETRO ANIMADOR
NASCE O GRÉMIO NACIONAL DOS INDUSTRIAIS DE MALHA A 5 de maio de 1965 nasce o Grémio Nacional dos Industriais de Malha, a entidade que está na génese da ATP. A primeira sede foi no nº 159 da rua Álvares Cabral e o nóvel grémio era presidido por António Sampaio Correia, que tinha Carlos Júlio Teles de Carvalho como tesoureiro e Henrique Frederico Guedes de Oliveira a secretário. Já antes tinham sido constituídos outros grémios representativos do setor (o Têxtil, o dos Lanifícios, o dos Importadores de Algodão em Rama) que integravam o sistema corporativo nacional, em que a filiação das empresas era obrigatória. Apesar de limitações como a Condicionamento Industrial, que restringia a livre iniciativa empresarial, a ITV crescia beneficiando não só dos mercados das colónias mas também da EFTA, a que Portugal tinha aderido.
A Heimtextil constitui tradicionalmente o arranque do calendário de feiras de moda do ano e é o primeiro barómetro para o setor têxtil, não apenas para a específica atividade dos têxteis-lar a que está consagrada, mas igualmente para toda a fileira, incluindo o próprio vestuário. Um barómetro que anuncia tempo acolhedor ou incerto, e que, felizmente, se revelou animador. A edição de 2016, que decorreu de 12 a 15 de janeiro último, em Frankfurt, na Alemanha, além de contar com a presença de 72 empresas nacionais, muitas delas tidas como referência de qualidade, estilo e serviço à escala global, contou com a visita do Ministro da Economia e do Secretário de Estado da Indústria, assim como do novo Embaixador de Portugal em Berlim, todos eles em estreia nestas andanças, mas com genuína vontade de melhor conhecer a realidade e tomar o pulso às empresas. O balanço não podia ser mais positivo. O sentimento geral era de otimismo, depois de um ano que, para a maioria, foi de crescimento a todos os níveis, tendo superado o aumento geral que a fileira conheceu, apresentando-se os têxteis-lar como o seu subsetor mais dinâmico, com mais 7% exportados relativamente a 2014, particularmente pelo reforço dos mercados tradicionais europeus, mas igualmente pela recuperação dos Estados Unidos da América, beneficiando da valorização do dólar face ao euro, e com a perspetiva de que o TTIP (Acordo de Livre Comércio) possa vir a ser firmado entre a União Europeia e os EUA, enquanto legado do Presidente Obama, em fim de mandato. Importa, contudo, considerar que algumas nuvens toldam as expectativas para o corrente ano, apesar de os sinais continuarem fortes e encorajadores. A nível externo: o enfraquecimento do crescimento global, provocado pelas dificuldades sentidas pelos países emergentes, com a China à cabeça, a crise do petróleo, cujo preço demasiado baixo penaliza muitos produtores em países terceiros, como o Brasil, a Rússia ou Angola, a pressão dos refugiados nas fronteiras externas da Europa, e a insegurança generalizada provocada pelos atentados do Estado Islâmico, em particular os de Paris, mas que podem repetir-se em qualquer outro local, mesmo nos mais improváveis, entre outras condicionantes que poderão determinar as tendências de consumo em 2016. Ao nível interno: as iniciativas do atual Governo, por razões de ordem ideológica e determinadas pela base de apoio parlamentar de esquerda, de reverter medidas e decisões, com profundos impactos na competitividade das empresas, tais como o aumento do salário mínimo sem medidas compensatórias suficientes ou a reposição dos feriados eliminados, já para não mencionar a diminuição do IVA na restauração, a reposição dos cortes salariais na função pública e nas pensões, a renegociação dos acordos de privatização e de concessão dos transportes públicos, que irão ter efeitos nos défices público e externo, assim como na confiança dos mercados e investidores internacionais, que podem começar a olhar Portugal como a nova “criança problemática” do euro, para citar o “Finantial Times”. As empresas visitadas pelos representantes do Ministério da Economia não se escusaram em transmitir estas mesmas preocupações, sem nunca deixar de afirmar o compromisso firme com o seu país, ou não estivesse bem presente e bem visível, com orgulho, como sinónimo de bem fazer, o “made in Portugal”, nas paredes de todos os stands. Hoje, como ontem. Como sempre!
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Maria José Carvalho Diretora do Departamento de Produção Sustentável do CITEVE
António de Souza-Cardoso presidente da AGAVI
PARA SER SUSTENTÁVEL NÂO BASTA SER ECOLÓGICO
REGRESSO ÀS COISAS SIMPLES
Estará a sustentabilidade na moda? Provavelmente sim. Fala-se muito dela, é muito usada e muitos a querem. E isso é bom? No geral parece-me que sim, mesmo quando não é bem usada, não deixa de ser divulgada e pode acabar por ficar. Não ser apenas uma moda passageira. Começando pelo conceito, de facto fala-se muito de sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável mas nem sempre é corretamente utilizado. É frequente aparecer associada às boas práticas ambientais, confundindo-se os conceitos de sustentabilidade e ecológico. Na realidade ter práticas de desenvolvimento sustentável significa muito mais do que ser ecológico. Significa ter uma gestão equilibrada de três pilares, o económico, o social e o ambiental, conhecida pela gestão baseada nos 3P (Triple Bottom Line), sendo os P de Profits, People and Planet. Mais do que estar na moda há quem defenda que a sustentabilidade (com os seus três pilares) representa o movimento cultural do século XXI. Michiel Schwarz e Joost Elffers chamam-lhe sustainism, descrevendo-o, no seu livro Sustainism Is The New Modernism, como um movimento cultural que é ética e ambientalmente responsável, socialmente e geograficamente inclusivo, colaborativo, em rede, sensível à natureza, e com talento de tirar o máximo proveito dos avanços tecnológicos e o melhor partido do globalismo e localismo. Seja moda ou movimento cultural de um século a realidade é que o setor têxtil e do vestuário não pode ficar indiferente à sustentabilidade. Mais ainda quando é um dos setores que está sobre o constante escrutínio das organizações que questionam as práticas ambientais e sociais na produção dos artigos têxteis e, em especial, de vestuário. Assim, torna-se essencial que as empresas sejam éticas e responsáveis, a nível económico, social e ambiental. Mas então as empresas têxteis e do vestuário não têm práticas de sustentabilidade implementadas? A maioria tem. O que lhes falta é criar maior equilíbrio entre as três vertentes (económica, social e ambiental), comunicar as suas práticas, criar influência na cadeia de fornecimento e sistematizar. Para que a sustentabilidade seja efetiva, não só tem de estar implementada como deve ser fiável e transparente. Não basta parecer é preciso ser. E é essencial que as empresas dêem a conhecer as suas práticas na vertente do desenvolvimento sustentável. Existem várias ferramentas que as empresas podem utilizar para as auxiliar na aplicação do desenvolvimento sustentável, desde os sistemas de gestão (como qualidade, ambiental, segurança e saúde no trabalho e responsabilidade social), passando pelos relatórios de sustentabilidade, até a certificação STeP by Oeko-Tex® (Sustainable Textile Production). Mas o primeiro passo essencial para ser sustentável é querer ser.
O espaço curto que tenho de intervenção é avesso a demasiadas filosofias. Correndo o risco de ser ligeiro, optarei por aquilo que me resta - ser pragmático. E sem outras delongas peço a Vossa atenção para esta verdade quase “Lapaliciana”: A estratégia da ITV nacional deve radicar nas tendências da procura mundial e na sua intercessão com o que Portugal tem de melhor para oferecer. De facto, num mundo globalizado que sublima o poder e a autonomia dos Estados, só o carácter e identidade das nações, baseado na sua história e na sua cultura, poderá constituir o elemento agregador mais relevante para a consideração que o “mercado”, abstratamente considerado, terá da sua autenticidade. E só esta autenticidade, de um país com quase dez séculos de história e de tradições e usos milenares, poderá suscitar o aspiracional que caracteriza uma procura emergente que não se contenta já com a qualidade, o design e tudo o que se usou chamar de fatores dinâmicos de competitividade, mas antes procura, na história, na genuidade do produto, no caráter que dele emerge, uma experiência onde o próprio consumidor “adquire” o poder de fazer parte de um enredo autêntico, verosímil e atento a novos comportamentos de preservação do ambiente e de valorização dos territórios. Tudo para dizer que estamos provavelmente numa nova mudança de paradigma, onde a cultura comportamental condiciona as tendências da procura, naquilo que poderíamos chamar de “fatores intrínsecos de competitividade”. E nesta nova vaga que privilegia também a ética, as pequenas produções, o comércio justo, irá certamente sobressair um novo tipo de globalização, menos prisioneira das multinacionais, mas antes mais colaborativa e mais inclusiva da esmagadora prevalência no nosso tecido empresarial, das micro e pequenas empresas. Este o meu vaticínio para este novo ano. Que não é desinteressado porque foi nesse contexto que a AGAVI celebrou um protocolo com a ATP no projeto a que designamos Aldeia do Futuro. O valor que as fibras naturais crescentemente interpretam nas tendências mundiais, em especial no têxtil-lar, e a hipótese de se reabilitar a verticalização do setor, pela (1) via de representações mais ou menos simbólicas destinadas a aprofundar um “made in Portugal”, como denominação de origem que hoje assume consistente notoriedade, ou (2) por recurso a produções mais extensivas, nomeadamente nos Países de Língua Oficial Portuguesa – atente-se, a título meramente exemplificativo, à tradição e qualidade reconhecida do algodão moçambicano, são dois caminhos de futuro que as duas instituições não querem deixar de percorrer juntas. O regresso à produção da seda, do algodão, do linho, da lã, do cânhamo, etc..., constituirá um sinal da crescente preocupação pela sustentabilidade, pela não agressão do ambiente e pela preservação de ecossistemas regionais que casam bem com a autenticidade, a cultura e a história dos países em que estas regiões se inscrevem. Esta é claramente uma oportunidade a ser explorada por Portugal, no ímpeto positivo de regressarmos às coisas que existem. Aos bens transacionáveis que nunca nos trarão más notícias, de milhares de milhões que terão que ser resgatados pelos mesmos, pobres contribuintes e que, pelo contrário, se filiam e se aproveitam do nosso conhecimento e do que de melhor e mais genuíno que Portugal ainda tem.
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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
O início de fevereiro vai ser muito agitado para Katty, tem de dar os últimos retoques na coleção outono-inverno 16/17, com o nome Neo expeditioners (por isso é de esperar algum espírito de aventura e liberdade…), fotografou o look book e partir para Londres, uff...
Um roupeiro para Marcelo no Palácio de Belém Começar o ano com eleições não é mau de todo. Ter uma nova cara em Belém, no mínimo, anima as coisas! À semelhança da sugestão que os médicos nos dão quando chegamos ao sétimo mês de gravidez, todos os candidatos foram aconselhados a preparar uma mala para a segunda volta. Na verdade, é um conselho bem útil que nos poupa aflições de última hora, mas no caso dos nossos candidatos pode ter sido uma proposta cheia de falsas esperanças e vazia de intensões. Marcelo levou a camisola amarela logo na primeira volta e pelo que se conta, não preparou uma mala, mas sim um roupeiro bem preenchido de escolhas singulares, bem ao estilo imprevisível do Professor. Não é fácil decifrar a ementa de vestuário que o novo presidente nos reserva. Sabemos que o roupeiro conta com certeza, com uma camisola amarela de espirito ciclista exibindo o “P” de presidente, professor e Portugal. Claro que os restantes itens deste look devem conservar o espirito; calções justos, sapatilhas e capacete. Por outro lado, parece que o maior investimento recai no Sleepwear. É conhecido o facto, do professor ter um cérebro que pouco dorme, não necessitando muitas horas de sono para se reorganizar. Pelo que prevemos um guarda-roupa moldado a estes hábitos noctívagos. Nesse sentido a tendência do - street pijama - que se tem mantido nas passerelles nas ultimas estações e que agora está mais focada nas coleções masculinas, vem mesmo a calhar. Pijamas de seda com padrões clássicos reinterpretados, são a grande aposta para um trabalho noturno elegante e confortável em Belém.
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Fevereiro 2016
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Lisboa Bar Breisacher Strasse 22 tel. + 49 89 4482274 81 667 Munique
NÃO HÁ ISPO SEM LISBOA BAR Para quem gosta de futebol (e tem mesmo de o ver por razões profissionais como eu) , gosta de comer bem e tem uma vida que o leva várias semanas durante o ano para várias partes do mundo, há um problema que eu vou pôr em equação facilmente, mas que tem uma resolução bem mais complicada. Estando fora de Portugal em dia de jogo para ver, onde comer ? Bem, claro! Comigo está sempre a acontecer, porque tal como as principais feiras onde estou a acompanhar a ITV são recorrentemente nas mesmas épocas do ano, já sei que os jogos importantes, nomeadamente nas competições europeias, calham igualmente também sempre nessas semanas. É verdade que por esse mundo fora há sempre um restaurante português em cada esquina. Ainda é verdade, mas já menos verdade, que em cada restaurante português desses que aparecem em cada esquina do mundo, há Sport TV, legal ou "pirateada". Mas o que já não é sempre verdade (e aliás até é muitas vezes mentira ) é que nesses restaurantes portugueses, em cada esquina do mundo, que têm Sport TV....se coma bem. Em Munique conheço há alguns anos uma poderosa exceção ! Daí que também excecionalmente também tenha uma crónica com Lisboa no título. O Lisboa Bar do meu amigo José Carlos Fonseca não só tem marcado pontos nos serviços que tem prestado à nossa "embaixada" de empresas na ISPO, crescente em cada ano que passa, como nunca falha quando precisamos do seu espaço para repor as energias no final de um cansativo dia de feira. Ainda agora lá estive com mais uma dúzia de portugueses a ver o novo FCP de Peseiro a ganhar ao Marítimo, no intervalo da noite televisiva das presidenciais e foi de lá, depois do último copo, que saímos já a saber da eleição de Marcelo para nosso novo Presidente. No rescaldo há que dizer que a minha estimada colaboradora Vânia saiu triste com o resultado do jogo e outros saíram desolados com a eleição do ex comentador da TVI . Mas não registei ninguém que saísse com ar perdedor do menu de tapas de degustação e da coleção de cervejas que o Lisboa Bar selecionou para a comitiva portuguesa. No meu caso, que sou de mais sustento e mais manias , fica para a memória um bife de Kobe sublime e um queijo de ovelha português, que um vinho do Douro, afamado em Munique, conseguiu ainda melhorar .
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SOUVENIRS
MALMEQUER Carla Lobo, 43 anos, é administradora da R.Lobo-Empresa de Confecções. Nasceu em Guimarães, é casada e tem duas filhas. Licenciada, mestre e especialista em Contabilidade de Gestão. Há 20 anos que acumula a docência (é professora do Ensino Superior na área da Contabilidade Analítica e de Gestão) com o trabalho na ITV, onde se ocupa dos setores de compras, planeamento e comercial
O GORRO À NIKITA DE SÓNIA ARAÙJO
Gosta
Não gosta
Sol mar amizades de longa data sentir
Chuva arrogância atrasos roxo não
as minhas filhas felizes bife tártaro rir
ter planos compras no supermercado
até chorar Roma estar com a família
répteis arraiais fado cópias “reality
aprender Homeland Carmen de Bizet
shows” imprevistos Cozido à
meritocracia Bossa Nova sardinhas
portuguesa mediocridade “Diz que
assadas com batatas a murro eficiência
disse” esperas coisas/pessoas radicais
minissaias Quinta do Cidrô Chardonnay
campanhas eleitorais velocidade filmes
Khaled Hosseini sabores azedos pessoas
musicais tacanhez trânsito ingratidão
genuínas Sean Penn sentido de humor dos “meus” mais próximos viajar Justin Timberlake Baixa do Porto generosidade saber ouvir ter sempre um plano B Marcela Serrano coisas simples banho de imersão Cate Blanchett
Hey Nikita is it cold/ In your little corner of the world... Qual é a peça de roupa adorada por Sónia Araújo, qual é? Bem, na realidade é um acessório. “É um chapéu, ou gorro, branco de pele, do género que a Nikita usava num célebre videoclip do Elton John! Comprei-o há uns anos em Praga, na República Checa, quando estava a gravar para a Garnier”, responde a co-apresentadora do programa “Praça” da RTP. “Adoro-o!”, diz. Sónia diz que a peça nem custou muito dinheiro, mas está apaixonada. E não perde a oportunidade de o usar sempre que viaja para sítios frios, “pois é realmente muito quente”. Usou-o, por exemplo, no final do ano 2015 quando esteve em Nova Iorque a trabalhar para a RTP. A apresentadora explica que “fica bem com tudo, compõe qualquer toilette e é ótimo quando não temos hipótese de arranjar o cabelo!”. Está a brincar, claro. É que ela é uma das embaixadoras da coloração Nutrisse da Garnier e só deve ter o cabelo menos arranjado quando está em casa na brincadeira com os três filhos. Sónia Araújo nasceu no Porto em 1970. É licenciada em Direito pela Universidade Lusíada do Porto, mas perdeu-se de amores pela dança. Aliás, foi como bailarina que pôs o pé na TV. Começou, em 1993, como assistente do ilusionista Luís de Matos, no programa “Isto é Magia” da RTP. Depois saltou para a apresentação. O maior destaque veio com o programa “Praça da Alegria”, que apresenta em parceria com Jorge Gabriel, na RTP. Depois de um curto intervalo de tempo, está de regresso com o “Praça”. Sónia Araújo é também o rosto (ou o cabelo) da Nutrisse da Garnier e das malas Cavalinho. E assina jóias para Eugénio Campos.