T70 - Fevereiro 2022

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T ANA VAZ PINHEIRO, ADMINISTRADORA DA MUNDOTÊXTIL

“O MADE IN PORTUGAL JÁ PREVALECE SOBRE O MADE IN EUROPE” P 20 A 22

FOTO: RUI APOLINÁRIO

DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

INOVAÇÃO

TMG AUTOMOTIVE NOS FINALISTAS DO INDUSTRIAL EXCELLENCE AWARDS P 12

A MINHA EMPRESA

O SEGREDO DA JOF É PODER ATUAR NO CAMPO DO INIMIGO

PERGUNTA DO MÊS N Ú M E RO 70 F EVE R E I RO 2 02 2

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PORTUGAL VAI MESMO BENEFICIAR COM O REGRESSO DA INDÚSTRIA À EUROPA? P4E5

EMERGENTE

SUSTENTABILIDADE

DIGITALIZAÇÃO DA MODA É A NOVA PAIXÃO DE MARTA

ACATEL ASSUME A MISSÃO DE SER TRANSPARENTE E CIRCULAR

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DOIS CAFÉS E A CONTA

OPINIÃO

NA BRITO KNITTING A INOVAÇÃO NÃO PASSA APENAS PELO PRODUTO

PRR E PORTUGAL 2030 DEVEM APOIAR PROJETOS DE EMPRESAS, DEFENDE ANIL

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS

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CORTE&COSTURA

EDITORIAL

Por: Júlio Magalhães

Por: Manuel Serrão

Susana Cunha Guimarães 41 anos Fundadora e manager da Cotton Moon, deixou para trás uma carreira no jornalismo e apresentação televisiva para seguir o sonho empresarial no mundo da moda. “Uma loucura, uma vontade de mudança”, que partilhou com a amiga Filipa Campos para lançarem a marca de roupas de dormir que assume a assinatura de Nigthwear for Dreamers. Um projeto que lançaram em plena pandemia e que já trilha os destinos da internacionalização e foi premiado no Fashion Film Festival

A FAMÍLIA FAZ PINHEIRO Conheço o José Pinheiro da Mundotêxtil, que faz o favor de ser meu amigo, desde os tempos da Portex. Foi numa entrevista com ele que fizemos uma das primeiras capas do T Jornal. Já nessa altura, há mais de cinco anos, fez questão de nos dizer que já só ia à empresa de passagem e que eram as suas filhas que mandavam nos negócios da Mundotêxtil. Saí de lá muito contente com essa intenção, mas perfeitamente convicto que ainda havia algum exagero nessa passagem de testemunho. Chegou agora a altura de fazermos a nossa capa com a sua filha Ana e a primeira certeza com que saí da Mundotêxtil desta vez, é que o meu amigo José Pinheiro pode ir jogar o seu golfe descansado. A segunda certeza é a de que ele deve sentir um orgulho muito grande na sucessão que promoveu. Já aqui fizemos eco da mudança de geração no Grupo António Falcão e o que mais gostaríamos aqui no T era poder continuar a relatar casos de sucesso evidente como acontece também com esse processo na Mundotêxtil. Ser capaz de inovar processos e mentalidades, numa constante adaptação aos novos tempos e à evolução meteórica dos mercados mundiais, sem optar por cortes preconceituosos com o passado histórico da empresa, é uma receita que tem dado frutos apetecíveis. Como o que vemos quando a jovem Ana Vaz Pinheiro nos revela que a Mundotêxtil teve um crescimento espetacular da sua faturação em 2021 para 55 milhões de euros. Primeiro com o pai e agora com as filhas, a familia Vaz Pinheiro faz o que é preciso. t

De apresentadora de televisão a empresária! O que é mais difícil? A de empresária, sem dúvida nenhuma! Já estava muito confortável quer como apresentadora quer como jornalista e agora enfrento todos os dias muitos desafios totalmente novos e desconhecidos. Mas o lado positivo compensa, eu e a Filipa divertimo-nos muito a criar, a escolher tecidos, a imaginar as próximas coleções, a fotografar, a viajar. Como é que se decide lançar um projeto numa pandemia? Com uma enorme vontade de mudar de vida e alguma loucura, talvez. Adoro arriscar e queria criar algo meu, mesmo enquanto estava na televisão sempre tentei fazê-lo. Nunca existem momentos ideais para coisa nenhuma, talvez mais ou menos favoráveis, mas na altura ninguém sabia bem no que se iria tornar a pandemia. Para já tem sido excelente, mesmo no contexto tão difícil em que vivemos.O público adora a marca, a imprensa também. Como é que foi estar ao lado das melhores marcas mundiais na feira Pitti Bimbo? Foi muito positivo e superou as nossas expetativas. Fica-

mos muito orgulhosas de estar ao lado do melhor que se faz no mundo, coloca-nos onde queremos estar. A marca foi pensada desde início para os mercados internacionais e a Pitti permitiu-nos dar o primeiro passo. As feiras internacionais são fundamentais para o nosso crescimento. Qual é a grande aposta da Cotton Moon para 2022? A internacionalização. Levar os nossos produtos aos grandes mercados de consumo, através de retailers ou marketplaces digitais. Acreditamos muito na nossa qualidade, na importância do feito em Portugal e queremos crescer lá fora. A principal estratégia será participar em feiras internacionais.

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785,

Qual foi a importância do troféu ganho no último Fashion Film Festival ? Foi muito importante para a Cotton Moon ter ganho o prémio de Melhor Diretor de Fotografia com o Gustavo Carvalho, é o reconhecimento de que estamos a tomar decisões acertadas. O Gustavo entendeu desde o primeiro momento onde queríamos colocar a Cotton Moon e o prémio veio reforçar a certeza de que estamos no caminho certo. t

Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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“A legislação e a política europeia continuam a ser um entrave ao desenvolvimento da indústria. É necessário criar um ambiente económico atrativo”

PERGUNTA DO MÊS Texto: Cláudia Azevedo Lopes Ilustração: Cristina Sampaio

JOSÉ ALEXANDRE OLIVEIRA RIOPELE

PORTUGAL VAI MESMO BENEFICIAR COM A REINDUSTRIALIZAÇÃO NA EUROPA? É uma realidade há muito sonhada pelos empresários e que o têxtil português está mais que pronto para receber de braços abertos. A crise pandémica veio expor as debilidades da Europa em termos de abastecimento e a consequente necessidade de reindustrialização, numa altura em que a ITV nacional já apontava ao segmento de valor acrescentado, com foco na sustentabilidade, inovação e com forte incorporação técnica. Cresce a tendência para a produção de proximidade e isso pode ser uma oportunidade sem precedentes para Portugal.

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e os prazos e a qualidade não fossem já razões de sobra, o aumento sem precedentes do preço do transporte e as crescentes preocupações dos consumidores com as questões de sustentabilidade valorizam definitivamente as vantagens da produção de proximidade. Um caminho que só pode beneficiar a têxtil nacional e impulsionar a retoma rumo ao crescimento que registava antes da pandemia. “Portugal terá um papel determinante neste ecossistema renovado. A marca Portugal está mais forte do que nunca, pela qualidade e fiabilidade dos serviços e dos produtos”, reconhece Ricardo Silva, CEO da Tintex, que acredita que a reindustrialização da Europa já está em curso, motivada pela tendência de rotatividade de coleções, customização e rapidez exigidas pelos consumidores, assim como pelos problemas logísticos que se têm registado por todo o mundo. “Este cenário permite novas oportunidades, mas também uma concorrência diferente. A Roménia e Lituânia estão com boa reputação e a Turquia tem um papel preponderante na produção para a Europa. Devemos manter a vigilância sobre estes países, pois são concorrentes mas também potenciais parceiros de negócio”. O empresário não tem dúvidas de que vem aí uma nova vaga de oportunidades e que as empresas portuguesas estão preparadas. “Não podemos ter dúvidas de que a mudança é inevitável, caso contrário corremos o risco de ficar no meio da ponte. A grande mudança nas empresas está na digitalização dos processos internos. É preciso ser mais ágil do que antes e isso só se consegue com processos mais automáticos, com uma forma de gestão mais eficiente”, adverte. Igualmente convicto de que foram os problemas nas cadeias de abastecimento globais, evidenciados pela pandemia, a trazer para a ordem do dia a discussão acerca da necessidade de reindustrializar a Europa, Carlos Ferreira, do depar-


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“O regresso da produção à europa tem um significado muito importante e nós já estamos a trabalhar nesse sentido”

“Só muito dificilmente acontecerá, pois não estamos com condições de sermos competitivos em comparação com outros países”

“A marca Portugal está mais forte do que nunca e teremos certamente um papel determinante neste ecossistema renovado”

“Pode ser a oportunidade de recuperar parte da indústria que se perdeu no início do milénio, agora com foco nos produtos de valor acrescentado”

JOAQUIM ALMEIDA JF ALMEIDA

CARLA PIMENTA TEXSER

RICARDO SILVA TINTEX

CARLOS FERREIRA A. FERREIRA & FILHOS

de Indústria 4.0, com implicações na automatização e eficiência dos processos produtivos”. Apostar nos recursos humanos, através da formação e em parceria com universidades e centros tecnológicos, é para o presidente da Riopele igualmente essencial, de forma a atrair novas gerações de talentos. “Não é possível pensar numa indústria de futuro se não formos capazes de assegurar profissionais altamente qualificados”, avisa. “Portugal encontra-se num estágio de desenvolvimento económico diferente da maioria dos países da Europa. Será difícil assumirmos, como país, um papel determinante neste processo sem a implementação de um conjunto de reformas significativas do sistema fiscal, do sistema laboral, do sistema judicial e do próprio papel do Estado, visando criar um ambiente empresarial mais atrativo para o investimento, para a inovação e para a criação de emprego”, completa o presidente da Riopele. Quem não tem dúvidas que a reindustrialização tem mesmo de acontecer, sendo um imperativo estratégico fundamental para o futuro da Europa, é o administrador da JF Almeida, que não vai deixar esta oportunidade passar ao lado dos destinos da empresa. “O regresso da produção à europa tem um significado muito importante para a JF Almeida, pois pode implicar um aumento do volume de negócios. E nós já estamos a trabalhar nesse sentido”, revela Joaquim Almeida, que acredita que nestre processo “Portugal vai ter um papel muito importante”. Agora, diz, cabe às empresas não deixar as oportunidades passar ao lado e aproveitar esta nova dinâmica para desenvolver as suas estruturas industriais. “As empresas têm de se atualizar, investindo em equipamentos, processos, I&D e recursos humanos para se tornarem mais competitivas”. Fernando Dias, administrador da B Sousa Dias, também está seguro do processo de reindustrialização europeia, uma realidade que, segundo o empresário, é há muito “amplamente desejada”

por todos os players do setor e que irá trazer muitas vantagens, não só para as empresas como para os consumidores. “As pessoas vão ter a possibilidade de terem consciência do made in EU, que oferece produtos que cumprem normas ambientais e empresas que respeitam as leis laborais, ajudando também à segurança na fixação dos postos de trabalho. E para nós é benéfico porque acaba com a não observância a regras bem definidas na EU, como o jogo comercial do dumping e outras situações que provocam concorrência desleal”, explica. Um novo paradigma que em nada assusta Fernando Dias, certo de que a B Sousa Dias está mais do que preparada para lidar com as novas exigências do mercado e perfeitamente alinhada com o que os clientes europeus procuram. “Temos uma longa experiência com o exigente mercado Europeu, com as suas preocupações ambientais e procura por mudança constante, novas matérias-primas, pois foi sempre o nosso principal alvo de vendas”, reforça o empresário. Já Carla Pimenta, CEO Da Texser, não está muito otimista acerca de uma possível reindustrialização europeia. “Penso que tal só muito dificilmente acontecerá, pois não estamos com condições de sermos competitivos em comparação com outros países”, justifica a empresária para quem a reindustrialização seria não só muito bem-vinda como faria todo o sentido para a Texser, “visto que somos produtores”. A acontecer, acredita que Portugal poderá assumiu um papel dianteiro em todo o processo. “Ainda temos custos de mão-de-obra e outros custos associados relativamente mais baixos que outros países europeus, apesar de esta tendência se estar a inverter”, afirma, salientando que agora o importante é que as empresas portuguesas ponham mãos á obra para estarem preparadas para qualquer desfecho. “Devemos avaliar as nossas capacidades produtivas, apostar na modernização e formação, e apontar para uma oferta de qualidade média/alta”, sentencia. t

tamento de Produção da A. Ferreira & Filhos, considera que os olhos estão agora todos postos no comércio regional, como forma de diminuir futuras disrupções e a dependência de zonas mais longínquas do globo, contexto que pode em muito beneficiar a empresa e o setor têxtil em geral. “Estamos certos de que vai haver uma expansão de clientes, podendo levar ao aumento da oferta e produção da empresa. Esta pode ser a oportunidade de recuperar parte da indústria têxtil que se perdeu no início do milénio, mas agora com o foco nos produtos de valor acrescentado, porque temos a concorrência dos países de Leste e da Turquia”, acredita o administrador, que considera também ser essencial para alavancar o processo que as empresas antecipem as necessidades dos clientes e prepararem o aumento de capacidade nos produtos de valor acrescentado. “Reduzir a dependência de matérias-primas de fora da Europa e apostar na formação” fecham o ciclo de propostas para o sucesso português nesta nova fase. Mais cético, José Alexandre Oliveira, Presidente da Riopele, regista que a estratégia para a reindustrialização da Europa ainda não saiu da gaveta e que de lá nunca sairá se não existir uma abertura justa dos mercados internacionais. “A legislação e política europeia continuam a ser um entrave ao desenvolvimento da indústria. Por um lado, é necessário criar um ambiente económico atrativo que reduza o caráter condicionador e burocratizado da União Europeia. Por outro, são necessárias políticas que tornem as relações económicas menos desiguais na competição entre empresas europeias e empresas de outros continentes, nomeadamente nas questões energéticas e ambientais”, explica. A acontecer, este novo despertar industrial europeu significará o desenvolvimento de uma nova indústria, onde a sustentabilidade e a digitalização são os novos paradigmas, e por isso mesmo cabe às empresas “investir em tecnologias digitais assentes nos conceitos


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A DOIS CAFÉS & A CONTA Brito Knitting S.A.

Rua Parque Industrial, 257 4755-481 Rio Côvo Sta Eulália – Barcelos

Dois cafés e uma água mineral a olear a conversa que decorreu na sala de receção da empresa, uma vez que as área de reuniões e administração estão em fase de remodelação.

MIGUEL GARCIA

46 ANOS ADMINISTRADOR DA BRITO KNITTING Convidado para estagiar na empresa no final do curso de Engenharia de Produção Industrial (Universidade do Minho), ao fim de oito anos já ocupava a cadeira da administração, também como acionista da Brito Knitting. Habituado nos seus passeios como motard – fez vários Portugal de Lés-a-Lés na sua BMW GS 1250 - às metas e percursos definidos, apontou aos caminhos da polivalência, flexibilidade e qualidade, com destino à meta de internacionalização da empresa. É com a mulher, Dulce, que tem dois filhos que agora lhe refreiam o impulso para as motos. Aos quatro anos, a Mafalda ainda é só mimos, mas o Diogo, 12 anos, já quer ser engenheiro. O pai faz figas para que não seja no têxtil, “uma área dura e de muito sofrimento”.

A INOVAÇÃO JÁ NÃO ESTÁ SÓ NO PRODUTO

As obras têm sido uma constante nos anos mais recentes da Brito Knitting. São as dores de crescimento de uma empresa que aposta na internacionalização, não espera pelos desafios e prefere jogar antes na antecipação. Quer perceber o que o mercado procura e estar preparada para poder responder de imediato a todo o tipo de solicitações. “Temos feito um esforço muito grande de atualização. Principalmente nos últimos cinco anos, o investimento e a melhoria têm sido contínuos, de forma a termos uma estrutura flexível e estarmos preparados para agarrar todas as oportunidades de um mercado cada vez mais globalizado”, explica Miguel Garcia, o engenheiro que entrou como estagiário e em poucos anos se tornou administrador e acionista. É uma estratégia que encara a mudança sobretudo como fator de competitividade. “Se não estivermos preparados, não temos a garantia de poder agarrar as oportunidades. A inovação já não está só no produto, está na racionalização do processo produtivo, na afirmação em termos de competitividade”, destaca. É por isso que, apesar desse crescimento continuado dos últimos anos, a fabricante de malhas tem já pronto a arrancar um novo projeto numa área com 8

mil m2 contigua à sua unidade industrial. Um pavilhão a construir em duas fases e destinado sobretudo às áreas de armazenagem e centro logístico – “é a nossa lacuna atual”, reconhece Miguel Garcia –, num investimento que deve rondar os quatro milhões de euros. Nascida há 26 anos (1996) num pequeno armazém alugado e com apenas três máquinas e outros tantos funcionários, a Brito Knitting mudou-se há 15 anos para o pavilhão próprio onde operam já mais de 60 máquinas e 50 colaboradores, e tem tido uma facturação estabilizada entre os 12 e 13 milhões de euros. “Fabricamos todo o tipo de malhas circulares para os mais diversificados segmentos de moda e vestuário. Graças ao nosso parque de máquinas, somos uma empresa que quer responder a todo o tipo de procura, com variedade de jogos, diâmetros, pontos, estruturas e composições”, explica o administrador. A oferta e desenvolvimento de novos produtos é outra das vertentes da faceta competitiva da Brito Knitting. Jogos mais finos, técnicas e fibras com novos acabamentos específicos são já o resultado da ação de uma equipa própria de I&D, que surgiu associada à estratégia

de internacionalização. “A evolução não é uma opção, é obrigação sem a qual não vamos conseguir chegar à criatividade e inovação”, garante o líder da empresa, que quer fazer dos clientes cada vez mais parceiros de produção. Graças a essa aposta na internacionalização, que tem sido seguida nos últimos cinco anos, há já clientes que procuram a empresa e acompanham as coleções. Tendo a exportação como destino final, o grosso da produção acaba por ser entregue nos confecionadores da região, mas a exportação direta para clientes de França, Inglaterra, Polónia ou EUA começa a ganhar peso. Um crescimento que a Brito Knitting quer sustentado na polivalência, flexibilidade e qualidade como factores diferenciadores. “O volume não é o objetivo imediato”, garante Miguel Garcia, que centra a aposta numa estrutura flexível e na capacidade de resposta num mercado cada vez mais globalizado. Daí a estabilidade conseguida nos últimos anos, que nem a retração de 2020 conseguiu abalar. “Foi um ano difícil de gerir, aproveitamos para diversificar e desenvolver novos produtos, e no ano passado depressa voltamos ao nível anterior de faturação”, remata o homem que não espera pelos desafios e aposta na antecipação. t


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contextile.pt

Guimarães Portugal

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Bienal de Arte Têxtil Contemporânea

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meeting point in Guimarães Re-Make

DIÁLOGOS PARA UMA CULTURA TÊXTIL

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL ARTISTA CONVIDADO – IBRAHIM MAHAMA EXPOSIÇÃO 10 ARTISTAS, NA ARTE TÊXTIL RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS PAÍS CONVIDADO – NORUEGA

TEXTILE TALKS EMERGÊNCIAS – EXPOSIÇÃO ESCOLAS INTERVENÇÕES ESPAÇO PÚBLICO PERFORMANCES WORKSHOPS

CONCEÇÃO E PRODUÇÃO

PARCEIROS ESTRATÉGICOS

PARCEIRO INSTITUCIONAL

CO-FINANCIAMENTO

MEDIA PARTNER


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GUIMARÃES QUER MANTER PARCERIA COM O FASHION FILM FESTIVAL Território têxtil por natureza, o município de Guimarães destaca também a interação com as indústrias criativas, que o posicionam como palco natural para o FFF – Fashion Film Festival. Uma parceria que “é absolutamente vencedora” e à qual a Câmara de Guimarães quer dar continuidade, como afirmou o vereador da Cultura, Modernização Administrativa e Qualidade, Paulo Lopes Silva, na recente cerimónia de entrega de prémios, onde deixou também “um forte agradecimento para a organização por continuar a escolher Guimarães”.

"Se não se fizer nada, quando esta geração for para a reforma, ficaremos apenas com ateliês, com o design" José Lourenço CEO da Anjos&Lourenço

VALÉRIUS ASSEGURA CONTRATAÇÃO DOS TRABALHADORES DA DIELMAR

GRUPO INDITEX CRESCE ATÉ SETEMBRO 2,5% FACE A 2019

ATP E AIMMAP JUNTAS NO COMBATE PELA ENERGIA

Entre janeiro e setembro, o grupo Inditex acumulou um volume de negócios de 19,3 mil milhões de euros, 37% acima do homólogo de 2020 mas também 2,5% mais que nos primeiros nove meses de 2019. No mesmo período, os lucros ascenderam aos 2,5 mil milhões de euros, enquanto a margem bruta atingiu os 11,4 mil milhões de euros, o que representa 59% das vendas. O EBITDA aumentou 63% em relação aos primeiros nove meses de 2020, para se fixar nos 5,4 mil milhões de euros.

A ATP e Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal decidiram juntar esforços para ganharem peso na negociação de grandes contratos com os fornecedores da área da energia. “A ideia é ganharmos escala juntando-nos à metalurgia, que já tem esta prática e vai renegociar contratos em abril”, disse o líder da ATP, Mário Jorge Machado, apontando ao impacto da energia nos custos de produção das empresas, em especial no setor dos acabamentos.

38%

foi o crescimento nas candidaturas ao SIFIDE - Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação & Desenvolvimento Empresarial em 2020

O projeto de investimento do grupo têxtil Valérius para a Dielmar prevê a contratação dos recursos humanos disponíveis e a sua agregação ao novo projeto. “Não temos intenção de despedir” os mais de 200 trabalhadores da Dielmar, referiu Patrícia Ferreira, administradora do grupo Valérius. “O projeto da Valérius prevê a avaliação e formação do contingente de recursos humanos da Dielmar”, especificou a administradora em declarações ao Jornal Econó-

mico, desmentindo estar em cima da mesa a possibilidade, de imediato, de recorrer à contratação de produção em Marrocos. Para Patrícia Ferreira, a questão de Marrocos “coloca-se a prazo”, isto é, previsivelmente quando, dentro “de dez, quinze anos”, deixar de haver mão-de-obra especializada disponível em território nacional. É neste quadro que se coloca a questão de Marrocos: “Temos nesse mercado uma unidade que coopera com o

gr upo Valérius e que trabalha a 100% para nós”, referiu Patrícia Ferreira. A Valérius esteve sozinha na segunda fase do processo na corrida à compra da Dielmar. Numa primeira fase, à Valérius juntava-se o projeto da Outfit21, que entretanto se afastou. Com a reabertura da Dielmar era esperada a recontratação de grande parte dos 243 trabalhadores, atirados para o desemprego após o Tribunal ter mandado proceder à liquidação da massa insolvente. t

MYCLOMA CONCLUI PRIMEIRA RONDA DE INVESTIMENTOS A plataforma de venda de roupa em segunda mão MyCloma concluiu a sua primeira ronda de investimentos, um passo que permitirá ao projeto português acelerar o seu desenvolvimento tecnológico, bem como diversificar os seus parceiros. “Temos uma enorme confiança que, com este esforço de capital e competências, a MyCloma está agora em condições de acelerar o seu crescimento”, disse Rui Pita, representante dos investidores. A MyCloma, recorde-se, tem um acordo com a Auchan Retail Portugal para utilizar parte do espaço comercial para a venda de roupa e outros acessórios em segunda mão nas zonas de Matosinhos, Maia, Alfragide, Almada e Gondomar.


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O SUCESSO DA TINTEX EXPLICADO NA PRIMEIRA PESSOA

JF ALMEIDA APOSTA NO REFORÇO DA INTERNACIONALIZAÇÃO A JF Almeida tem em mira o ambicioso projeto de aumentar a sua notoriedade e exposição aos mercados internacionais, através do aumento da produção de têxteis de cama, banho e mesa da mais alta qualidade a que já habituou os seus clientes e que agora será expandido com a aquisição de 30 novos teares, que permitirão à empresa conseguir aumentar a produção em 50 toneladas, passando para as 650 toneladas de peças por mês. Recorde-se que recentemente a empresa anunciou que ia equipar o luxuoso Marbella Club Hotel Golf Resort and SPA, com os seus produtos para cama, banho e mesa. A coleção desenhada para o efeito é toda ela feita com materiais nobres, fibras naturais e recorrendo aos processos mais amigos do ambiente.

"A formação deveria ser em contexto laboral, para que a fosse adequada às necessidades das empresas" Paulo Melo Presidente da Somelos

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto entrevistou o fundador da Tintex para a série Alumni Career, histórias em vídeo onde dá conta dos casos de sucesso dos seus antigos alunos. É a Tintex na primeira pessoa, com Mário Jorge Silva a dar conta do percurso da empresa, mas a apontar também ao futuro e passagem do testemunho aos filhos Ricardo e Pedro, também eles formados na FEUP. O mentor da têxtil de Vila Nova de Cerveira dá conta da vocação inicial para as letras – sonhava ser escritor ou jornalista – e de como uma professora lhe despertou o gosto para a química. Estava certa! No estágio como engenheiro acabou por receber uma chamada da Têxtil Barcelense e depois o desafio para montar uma nova tinturaria em Braga, que acabou por, nove anos depois, o levar a tomar conta da empresa de Cerveira.

O caminho foi desde o início o da diferenciação, aposta que depressa converteu a Tintex em líder mundial no processamento de malhas Lyocell. Seguiu-se a procura de alternativas ecológicas e o reconhecimento do mercado mundial pelo caminho de inovação e diferenciação. Mário Jorge Silva explica também como a Tintex se tornou pioneira a fornecer produto acabado, como avançou para a criação de um departamento de sustentabilidade e para a oferta de têxteis técnicos especialmente vocacionados para as áreas de desporto e conforto. Com a chegada dos filhos, Ricardo e Pedro, também eles formados pela FEUP, já pensa em abrandar. “Já estão a tomar todas as decisões operacionais, vou-me retirando”, confessa ao mesmo tempo que os recomenda para os novos desafios e um futuro de mais inovação. “Não têm que ficar à sombra do pai”, remata. t

COMPETE 2020 DESTACA INVESTIGAÇÃO TÊXTIL NA ÁREA MÉDICA Pafil, Coltec, JF Almeida e Têxteis Penedo – juntamente com o CITEVE, a Fibrenamics e a Ooze Nanotech – formam o conjunto de empresas do sector que, tendo em execução projetos de investigação na área dos têxteis médicos e sendo apoiados pelo COMPETE 2020, mereceram destaque num dos suportes noticiosos desta estrutura da administração central do Estado. Apostando no desenvolvimento de uma economia baseada no conhecimento e na inovação, designadamente nos domínios da Estratégia de Investigação e Inovação para uma Especialização Inteligente, o COMPETE co-financiou, entre muitos outros, os projetos Covitec4Life, TEX4Sa-

feCare, 4NoPressure e MultiMed, que destacou numa das suas newsletter. O Covitec4Life: Covid Protective Clothing for Life é um projeto desenvolvido em meio hospitalar no sentido da criação de equipamentos de proteção individual. Como co-promotores do projeto surgem o CITEVE, a Pafil e a Coltec, com o contributo do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa. O TEX4SafeCare é um projeto de criação de têxteis-lar com propriedades antimicrobianas que alertam o utilizador para uma possível contaminação. Foi promovido pela JF Almeida em co-promoção com a Têxteis Penedo e o CITEVE. Pensado para proteger os idosos, o tecido criado pode

ser usado noutros sectores como a hotelaria, a restauração e até para uso doméstico. Já o 4NoPressure promove a criação de vestuário inteligente para a prevenção de úlceras de pressão e é da responsabilidade da Fibrenamics. Pacientes acamados ou com incapacidade motora grave são os alvos principais da investigação. Finalmente, o MultiMed preconiza a criação de acabamentos multifuncionais em tecido para aplicações médicas e é da responsabilidade da Ooze Nanotech, especializada em investigação multissectorial. O desenvolvimento de uma linha de artigos têxteis reutilizáveis para a proteção da população exposta aos agentes infeciosos esteve no cerne da investigação. t

VIANA DO CASTELO APOIA INVESTIMENTO EM NOVA CONFEÇÃO Vocacionada para a área da confeção de vestuário exterior, a Luís M. Gonçalves, Unipessoal Lda, assinou um contrato de investimento com a Câmara de Viana do Castelo. A empresa têxtil vai beneficiar das isenções previstas no regime de incentivos da autarquia na construção de um novo pavilhão industrial. Com a chegada da segunda geração à administração da empresa, o investimento de 250 mil euros vai permitir a esta pequena empresa familiar modernizar-se e alargar a sua atividade, hoje já praticamente dedicada em exclusivo à exportação. A nova fábrica, com uma área de 550 m2, começa a ser construída no início da primavera, em Vila Fria, num local que o Plano Diretor Municipal destina a uma nova zona industrial.

700 mil

metros de tecido são produzidos por mês pela Riopele

ALEXANDRA MOURA FAZ CALÇAS COM SACOS DE PANO A criadora Alexandra Moura apresentou recentemente aos seus seguidores um novo modelo de calças, feitos a partir de sacos de pano-cru. As Tote, assim se chamam, assumem um estilo cargo seguindo uma vertente utilitária, e tanto podem ser adquiridas lisas como com estampados e logótipos da marca. “É a primeira vez que utilizamos esta matéria-prima. E é também a primeira vez que destruímos um produto acabado (em excesso de stock ) para o transformar numa peça de roupa de uso diário”, disse o responsável pelo atelier , Diogo Sousa.


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iTechStyle

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summit ‘22

International Conference on Textiles & Clothing

www.citeve.pt

save the date


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BUREL FACTORY VAI TER MAIS UMA LOJA EM LISBOA Está para breve a abertura de uma nova loja da Burel Factory em Lisboa, na zona do Chiado. A marca serrana soma, assim, mais um espaço de rua aos três que detém: um no Porto, na Rua Mouzinho da Silveira, e os outros dois em Lisboa, na Rua do Ferragial e na Rua Serpa Pinto. Sem uma data definitiva para a nova abertura, o cada vez maior número de admiradores da marca podem entretanto continuar a explorar a loja online, onde se encontram os cachecóis e echarpes feitos na tradicional lã da Serra da Estrela e uma coleção para o lar, com propostas como almofadas, jarras, mantas e outros.

"Vou ao centro de emprego pedir 30 ou 40 trabalhadores e só consigo contratar quatro ou cinco" José Armindo Ferraz CEO da Inarbel

BALDAQUE VESTE A DOMUS SOCIAL DO PORTO

As novas fardas de atendimento ao público da Domus Social do Porto são da autoria de Anabela Baldaque. A designer concebeu um conjunto composto por blusa branca, calça clássica preta, jeans e um lenço. O coordenado é feito à base de viscose e algodão para mais fácil manutenção e secagem. Tem também a elasticidade suficiente para manter o conforto ao utilizador na zona dos braços e cintura. O convite para criar a nova indumentária partiu do organismo de apoio à habitação social da Câmara Municipal do Porto. t

TMG NO QUARTETO DE FINALISTAS DO INDUSTRIAL EXCELLENCE AWARD Depois de premiada a nível nacional, a TMG Automotive esteve entre os quatro finalistas europeus do Industrial Excellence Award, o mais prestigiado prémio internacional para a indústria com foco no crescimento sustentável e na inovação estratégica. Foi a primeira vez que uma empresa portuguesa foi escolhida, tendo a CEO Isabel Furtado – também vice-presidente da ATP – intervido ativamente na Industrial Excellence Conference, que decorreu em Barcelona. Promovido desde 1995 pelo Insead e pela WHU – Otto Beisheeim School of Management, este é hoje o mais prestigiado prémio internacional vocacionado para a inovação e sustentabilidade da indústria, sendo atribuído por um júri composto por diretores e académicos de algumas das melhores instituições de ensino a nível europeu. A TMG Automotive concorria com empresas da Alemanha e da Itália,

tendo o prémio sido atribuído à alemã Henkel. Para a escolha entre os quatro finalistas, a empresa portuguesa destacou-se pela sua liderança em inovação no seu setor, concentrando mais de 6% das receitas e 10% dos seus colaboradores no desenvolvimento de novos materiais. Dedicada à investigação, desenvolvimento e produção de tecidos técnicos para interiores de automóveis, a TMG Automotive fornece os maiores construtores automóveis como BMW, Daimler, Toyota e Volvo. Para a escolha como finalista, o júri de seleção baseou-se em três pontos essenciais: a sua impressionante capacidade de competir com sucesso num setor exigente; o desempenho superior em inovação que pode servir de modelo para várias outras empresas industriais europeias; uma empresa em que a sustentabilidade não é apenas uma palavra-chave mas um objetivo que impulsiona a ação. t

MÁSCARAS PODEM E DEVEM SER REUTILIZADAS Especialistas da Universidade de Coimbra, que trabalharam em colaboração com o CITEVE e outros organismos, demonstraram que as máscaras contra a Covid-19 podem e devem ser reutilizadas. É a forma de fazer face ao problema ambiental causado pela utilização massiva de dispositivos de proteção individual.

A investigação abrangeu três tipos de máscaras – cirúrgicas, sociais e as chamadas KN95 ou FFP2 – tendo testado três métodos de descontaminação “que revelaram uma eficácia de praticamente 100%, permitindo vários ciclos de reutilização”, afirma a Universidade de Coimbra. “O que pode levar a reutilizar é já uma preocupação ambien-

tal que é premente, porque estamos a tratar tudo como lixo comum e a existência frequente de aparelhos de proteção respiratória em ruas e passeios constitui um risco para a saúde pública”, diz o investigador Marco Reis, do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. t

BENOLI CONFEÇÕES EMPREGA FORMANDAS DO MODATEX De forma a dar continuidade à aposta em mão-de-obra qualificada para aumentar a sua capacidade produtiva, a Benoli Confeções empregou, em articulação com a delegação da Covilhã do Modatex, sete das oito formandas que concluíram o seu percurso formativo, na modalidade Formações Modulares Certificadas. Durante a formação prática em contexto de trabalho, as formandas tiveram a possibilidade de experimentarem a realidade da empresa, compreendendo a sua lógica de funcionamento e aliando a teoria à prática.

VESTUÁRIO LIDERA NAS COMPRAS ONLINE DOS PORTUGUESES Um estudo divulgado pela Mondial Relay, multinacional especializada em entregas para o setor do comércio eletrónico, revela que 71% dos consumidores portugueses faz compras online, sendo os artigos de vestuário os mais procurados. Dos consumidores que fizeram compras através de e-commerce, um total de 68% afirmam comprar regularmente produtos de vestuário online. O estudo conduzido pela IPSOS revela ainda que o método de entrega em pontos de recolha está entre os três formatos preferidos (53%), juntamente com a tradicional entrega ao domicílio (83%) e entrega em loja (57%).

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é o número de destinos de exportação da Polopiqué

PIMPIM: NOVA MARCA DE ROUPA INFANTIL DÁ CARTAS NO ONLINE Nascida em março último, a Pimpim já dá sinais de sucesso nas vendas online de roupa infantil, que crescem de dia para dia. A marca portuense foi criada por Olímpia Teixeira para oferecer ao consumidor peças exclusivas, made in Portugal e a preços acessíveis. “Começamos agora a dar os primeiros passos, sinto que estamos no bom caminho e a crescer de uma forma gradual. Os clientes que nos compraram uma vez compram de novo e têm ajudado a divulgar a marca”, conta Olímpia Teixeira.


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X A MINHA EMPRESA JOF – José Oliveira Freitas, Unipessoal, Ldª Rua Dr. Alfredo Pimenta, 37 4800-012 Aldão, Guimarães

O que faz? Etiquetas exteriores em pele e outras soluções de visibilidade para a indústria da moda Exportação Acima de 90% da produção Principais clientes Inditex, El Corte Inglès, Cortefiel, Tiffosi, Lion of Porches, Sacoor e Mike Davis Trabalhadores 30 Volume de Negócios À volta dos 2 milhões de euros (2021) Produção Acima das 100 mil peças por dia, em média

FOURSOURCE CONGRATULA-SE COM OS RESULTADOS DE 2021 A plataforma digital Foursource mostra-se muito satisfeita com os resultados de 2021, ao longo do qual registou 120 mil empresas alojadas nos seus serviços. “Foi um grande ano para a Foursource e para todos”, nota o CEO e co-fundador, Jonas Wand, numa nota remetida aos seus principais parceiros. No documento, que é também de agradecimento “a todos os que continuaram a apoiar a Foursource a impulsionar a digitalização do setor”, a organização destaca também os 121% de crescimento total de logins (face a 2020), o crescimento de 81% dos membros que se juntaram à sua rede de associados, os mais de 155 milhões de peças requisitadas (novembro foi novo mês recorde), o triplo de produtos no showroom/catálogo digital, e, por fim, o dobro de uploads de certificados.

"As empresas são as pessoas e os salários devem acompanhar o custo de vida" Isabel Carneiro Diretora-geral do grupo Polopiqué

EL CORTE INGLÉS AUMENTA PRODUÇÃO DE MARCAS PRÓPRIAS EM PORTUGAL Enrique Hidalgo, diretor-geral do grupo El Corte Inglés em Portugal desde março, afirmou que o grupo “vai incrementar a produção das marcas próprias em Portugal”, dando assim resposta aos problemas logísticos levantados pelas dificuldades de transportes a nível planetário. “Estamos a falar sobretudo de produtos de moda”, explicou em declarações ao jornal Expresso. O grupo que foi a primeira empresa privada em Portugal a receber o selo de entidade empregadora inclusiva decidiu, por outro lado, que até 2030, 40% dos postos de responsabilidade estarão nas mãos de mulheres.

O truque da JOF é estar no campo do inimigo É uma espécie de trio maravilha que faz com que a JOF role sobre esferas, mas que tem tanto de eficácia como de improvável. José, o pai fundador, vem da área do calçado, enquanto os filhos, Rui Pedro e Susana, deixaram as carreiras de veterinário e de enfermeira para fazerem crescer a empresa. As voltas que o mundo dá! O objetivo era criar condições para dar resposta ao sucessivo crescendo de encomendas. Tanto, que há uma década atrás os inspetores das Finanças se instalaram na JOF para ver se percebiam como de repente a empresa passou de facturar 80 mil euros por ano a registar os mesmos 80 mil euros a cada mês. E se a resposta óbvia é a qualidade, resposta rápida e capacidade de produção, isso não basta já que o crescimento tem sido contínuo e o ano de 2021 que acaba de fechar trouxe de novo o melhor resultado de sempre, acima dos dois milhões de euros, e as encomendas não param de crescer. Há, portanto, um truque. “É como se tivéssemos entrado no campo do inimigo. Fabricamos para países como Turquia e Egito, que seriam à partida os nossos grandes concorrentes. São os nossos grandes clientes que ao colocarem lá as encomendas nos indicam como fornecedores das etiquetas e, como esses confecionadores têm acesso a todos os documentos, vêm que temos preços competitivos, com qualidade e rapidez de entrega que eles nunca conseguiriam. O resultado é que essas fábricas acabam depois a pedir-nos as etiquetas para as suas produções e dos seus outros clientes”, explica o patriarca, José Oliveira Freitas.

E se o risco seria que passassem a imitar o produto da JOF, Rui Pedro explica que há outro truque, este sim, o verdadeiro trunfo. “Temos máquinas específicas para produtos específicos e somos nós próprios que desenvolvemos as ferramentas para a execução de cada encomenda. Um processo completamente digitalizado que nos permite mandar amostras [físicas] para qualquer parte do mundo em menos de 15 horas”, explica, acrescentando que é imediata à confirmação da encomendas e que chegam a fazer mais de 150 mil etiquetas por dia. “E podemos fazer milhões, se necessário”, atira o pai. Originariamente dedicada às típicas etiquetas em pele genuína para as calças de ganga – o denim continua a ser o destino de mais de 90% da produção -, o fabrico passa agora também pelas peles sintéticas, papel reciclado, cortiça, peles recicladas e ou de origem vegetal a partir do milho, cascas de maçãs, ananás ou coco. “Também fazemos etiquetas em branco, que são tingidas com a peça, e em Tracon, uma matéria celulósica com látex é tingida a 90 graus e é resistente às lavagens”, explica Rui Pedro mostrando que para além das gangas os clientes são agora muito diversificados. A par de outro tipo de tecidos, são usadas também nos têxteis-lar, camisas, gorros, peças de merchandising e até em mobiliário. Outra área em crescimento, que começaram a desenvolver com a Inditex, são as etiquetas personalizadas, sobretudo destinadas às vendas online. t

CLIENTE DO LUXO: CHINÊS, COM 20 ANOS E GASTOS DE SETE MIL EUROS O novo consumidor-tipo dos produtos de luxo nos mercados internacionais é chinês, tem cerca de 20 anos e gasta por ano pelo menos sete mil euros neste tipo de artigos. Nos próximos anos, espera-se que os nascidos após a década de 1990 aumentem o consumo de bens de luxo em até 30%. A conclusão é do estudo China Digital Luxury Report 2021, promovido pela Tencent e pela Boston Consulting Group.

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é a meta para produtos sustentáveis que a Riopele quer alcançar até 2025

UGLY DUCK PROMETE DAR SORTE A portuguesa The Ugly Duck acaba de chegar ao mercado com uma coleção de meias que alia a sorte às fibras de bambu. O primeiro lançamento,’The Lucky Charm Collection”, é composto por seis modelos, cada um com um elemento da sorte. Trevo, carpa, escaravelho, libelinha, tsuru e o gato da sorte foram as escolhas da marca para que as meias sejam um amuleto extra.


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LOUIS VUITTON É A MARCA DE LUXO MAIS VALIOSA

A FASHION FORWARD

O mais recente relatório da Interbrand coloca a Louis Vuitton no topo das empresas de moda de luxo mais valiosas do mundo. A marca do grupo LVMH está neste momento avaliada em 36,766 milhões de dólares, com um incremento de 10% face a 2020. Seguem-se Chanel, Hèrmes, Gucci, Prada e Burberry. O conglumerado da LVMH está em peso num ranking que, para lá da mesma e da Gucci, conta ainda com a presença da Sephora, Henessy e Thifanny & Co.

Por: Dolores Gouveia

DO MERCADO LOCAL PARA O MERCADO GLOBAL

Constança Entrudo SS

CASA LOEWE ABRE LOJA NA AVENIDA DA LIBERDADE A Loewe já tem a sua primeira morada em Portugal, no número 207 da Avenida da Liberdade, o principal destino para compras premium da capital. O edifício que acolhe a marca espanhola foi minuciosamente decorado para refletir a essência da marca, ao mesmo tempo que mantém os traços caraterísticos da arquitetura 2 local. O espaço de 400 m junta ainda a componente artística associada à marca com esculturas dos artistas Erika Verzutti (Forest), Harry Morgan (Dichotomy) e Andrea Walsh (Collection of Contained Boxes).

Marcelo Almiscarado SS21

CALE LAB: O NOVO PROJETO QUE PROMOVE A MODA ARTESANAL

Marques Almeida Fall 21

Cores, texturas e aromas; flores, frutas, legumes e ervas aromáticas... Na edição 59 da MODTISSIMO, um autêntico mercado tradicional serve de espaço d e a co l h i m e n t o a o s c e n á r i o s de moda para a estação de P r i m a v e r a / V e r ã o 2 0 2 3. N a s bancadas expõem-se as paletas da estação e os materiais têxteis dos expositores: div e r s o s , f a n t a s i o s o s , i n ov a d o res, sustentáveis. Celebramos, assim, o talento e a cultura têxtil nacionais, bem como o seu po tencial global numa era de integração dos mundos real e digital (metaverso). O Portugal dos têxteis destaca-se pela habilidade criativa, pelo saber fazer artesanal, pela sua herança industrial, mas também por manter ativas facilidades produtivas em todas as fases da cadeia de abastecimento. O Por tugal dos têxteis tem incor porado c i ê n c i a e n ov a s t e c n o l o g i a s , demonstrando capacidade de g e r a r i n ov a ç ã o . A interseção entre este capital cultural – artesanal/ industrial, assim como, a interseção entre criativ idade e ciência/ tecnologia são a chave do nosso contributo para a d e m o c r at i z a ç ã o d o c o n c e i t o de sustentabilidade. Qual o objetivo? Oferecer ao mercado global de moda soluções ambientalmente responsáveis, acessíveis a um número cada vez mais alargado de co n s u m i d o r e s . A força desta nossa cultura têxtil artesanal/industrial tem igualmente influência quer no ideário, quer na constr ução de coleções de designers de autor que desafiam o mainstream com propostas expressivas que não reconhecem fronteiras físicas ou v irt u a i s . F a s h i o n m ov e s f a s t ! t

Com o intuito de ajudar marcas artesanais e portuguesas a crescerem nos mercados nacional e internacional, Ana e Laura criaram a Cale Lab, uma plataforma que promove o consumo responsável, com foco na produção nacional. “O Cale Lab não é um marketplace, é um laboratório de crescimento onde os criadores podem vender os seus produtos sem pensar na logística e distribuição”, revelam as fundadoras.


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CONFECÇÕES BERNA LANÇA MARCA PRÓPRIA CABAN É uma nova marca portuguesa de inspiração náutica para homem e senhora, que quer exportar as suas criações para todos os mares: a Caban, lançada pela Confecções Berna, conta já com duas lojas físicas – uma em Cascais e outra em Amesterdão, na Holanda – e uma forte vertente digital. A marca nasceu da experiência e do savoir faire da empresa Confecções Berna, que desde 1981 se dedica à confeção de produtos de luxo, com foco no outwear e acessórios. “Com a fuga de alguns clientes para os mercados asiáticos, a empresa criou uma marca com vista ao desenvolvimento de lojas físicas e também do mercado online”, explicou a empresa.

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"Só após vários anos, muita formação e investimento é que se consegue ter profissionais competentes" Alexandra Araújo Administradora da LMA

EXPORTAÇÕES DA REGIÃO NORTE PUXAM PELA RECUPERAÇÃO Foi sobretudo pela retoma das exportações, onde o têxtil tem peso significativo, que a Região Norte verificou “uma recuperação económica promissora, nalguns casos surpreendente, em 2021”. A conclusão é do presidente da CCDR-N, António Cunha, que se baseou num estudo que dá conta de uma recuperação mais significativa nos indicadores do comércio internacional, que no final do terceiro trimestre eram já superiores em 3% face ao mesmo período de 2019. “Sabemos historicamente que a superação das crises económicas dependeu dos atores do Norte, que são a melhor alavanca social e produtiva para colocar Portugal em terreno positivo”, disse ainda António Cunha.

TÊXTIL VOLTA A MARCAR PRESENÇA NA MEDICA 2022 Os têxteis vocacionados para a área da saúde vão estar em força na maior feira de tecnologia para a área da saúde, a MEDICA 2022, que decorre em Düsseldorf, Alemanha, entre os dias 15 e 18 de novembro, numa participação dinamizada pelo Health Cluster Portugal, pela Seletiva Moda e Associação Empresarial de Portugal. Sob a marca Health Portugal, mais de 60 empresas darão corpo à maior presença portuguesa nesta feira mundial, com o objetivo declarado de contribuir de forma significativa para o contínuo crescimento das exportações do sector, de forma a atingir em 2030 os cinco mil milhões de euros. Durante a MEDICA, mais precisamente no dia 16 à tarde, está prevista a transmissão em direto do stand Health Portugal para o webinar JoinHealth, no qual será possível conhecer alguns dos expositores portugueses. “Desde 2009 que levamos à MEDICA empresas portuguesas do setor têxtil e vestuário”, refere Manuel Serrão, CEO da Associação

Selectiva Moda, que acrescenta que se “tratam também de empresas que não tendo nesta área o seu core business sempre consideraram a Saúde como um nicho interessante”. E conclui: “não poderíamos deixar passar este importante certame sem mostrar ao mundo a ca-

pacidade que as empresas deste sector tiveram para, em tempos difíceis de pandemia, se reconverterem e em tempo recorde conseguirem dar resposta às necessidades que o país e a Europa enfrentaram com a falta de máscaras e de dispositivos médicos em geral”. t

ATP PREOCUPADA COM A FALTA DE TRABALHADORES A falta de mão-de-obra ameaça dificultar a retoma do sector têxtil e vestuário nacional no pós pandemia, o que pode não ter a ver diretamente com os níveis salariais oferecidos pelas empresas mas antes com uma imagem de falta de modernidade e de inovação que já não corresponde à realidade. Em declarações à agência Lusa, o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, disse que a escassez de trabalhadores se verifica “sobretudo em determinadas profissões mais orientadas para a parte produtiva, como costureiras ou

operadores de algumas máquinas, ou no apoio à produção como afinadores ou técnicos de manutenção”. Uma vez que são profissões que exigem formação profissional e “só ao final de vários anos e muita formação e investimento é que se consegue ter profissionais competentes”, acrescenta o dirigente associativo. No imediato, as empresas têm suprido as suas necessidades recorrendo à contratação de mão-de-obra estrangeiro, esclarece Mário Jorge Machado, que vêm “com vontade de trabalhar e de fazer a formação necessária”.

A solução para este problema passa pela formação profissional, que deve “continuar a ser valorizada e promovida”, e pela valorização da indústria de maneira a atrair jovens e rejuvenescer o sector. “Importa dar a conhecer junto da sociedade, dos consumidores e das famílias, a inovação I&D, tecnologia e criatividade que está presente todos os dias nas nossas empresas”, conclui. O presidente da ATP destacou ainda os sucessivos prémios arrecadados pelas têxteis portuguesas e a responsabilidade social e ambiental. t

LAMEIRINHO DISTINGUIDA COM PRÉMIO CINCO ESTRELAS Com mais de 70 anos de história, a Lameirinho foi distinguida com o Prémio Cinco Estrelas na categoria de têxteis-lar. Os seus produtos para vestir a cama, como lençóis, fronhas e edredões conquistaram de forma unânime os consumidores, obtendo um índice de satisfação de 81,30%. O Prémio Cinco Estrelas é um sistema de avaliação que mede o grau de satisfação que os produtos, serviços e marcas oferecem aos seus utilizadores, tendo por base os seguintes critérios: satisfação pela experiência, relação qualidade-preço, intenção de compra e recomendação, confiança na marca e capacidade de apresentar inovações. Da responsabilidade da Five Stars Consulting, os prémios são um contributo para o desenvolvimento de “projetos na área da sustentabilidade e responsabilidade social”. “A qualidade dos tecidos selecionados para a marca e os acabamentos utilizados na sua fabricação, que conferem à peça um toque suave e agradável, são fatores diferenciadores dos produtos Lameirinho”, lê-se na página dedicada à divulgação do Prémio Cinco Estrelas, que destaca ainda a certificação OEKO-TEX da marca. Para a atribuição dos Prémios Cinco Estrelas 2022 foram ouvidos mais de 320 mil consumidores e avaliadas mais de 1.035 marcas. t


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FOTO: RUI APOLINÁRIO

"O CUSTO ENERGÉTICO É NESTE MOMENTO UM PESADELO"


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n ENTREVISTA Por: António Freitas de Sousa Ana Vaz Pinheiro 41 anos, administradora e diretora comercial da Mundotêxtil, onde entrou em 2011. Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, chegou a ter escritório de advocacia, em Vizela, antes de se mudar para a empresa liderada pelo pai. Diz que “não fazia ideia de como funcionava a empresa, a vida familiar sempre esteve à parte do andamento da empresa”, um pormenor que parece até ter ajudado na liderança que partilha com o pai e a irmã

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caminho da inovação e do produto diferenciado é a chave para manter o sucesso da Mundotêxtil. O ano de 2021 foi de regresso em força dos negócios, depois de dois anos profundamente marcados pela pandemia, mas faz notar que o ano em curso será, contra todas as expetativas, particularmente difícil – dado o contexto de aumento dos custos de produção, a que agora se junta um presente envenenado: a inflação. Como correu o negócio em 2021? Foi um ano incrível: atingimos uma faturação de 55 milhões de euros, um crescimento próximo dos 44% quando comparado com o ano anterior... E ultrapassando 2019? Sim. Em termos de EBITDA recorrente também houve um aumento de 47%. As exportações da Mundotêxtil representam 25% do volume total de exportações portuguesas de felpos. Por isso, foi um bom ano. As exportações são 98% da faturação. Como se explicam estes números que, dir-me-á se sim ou não, são surpreendentes? Não são surpreendentes porque são fruto de muito trabalho. Houve um aumento da procura do tipo de produto que nós fabricamos – muito por via da pandemia e do facto de as pessoas estarem muito em casa, o que levou a que o tipo de consumo se alterasse. As pessoas deixaram de gastar dinheiro em restaurantes, em viagens, em roupa, e começaram a reformular tudo o que era têxtil do lar, cama e banho. Desde a segunda metade de 2020, começámos a ver um aumento da procura – que não

foi tão acentuada nesse ano porque as lojas estavam encerradas. Só as grandes marcas ou aquelas que tinham ferramentas digitais desenvolvidas e com uma boa rede de distribuição é que subiram muito as vendas em 2020 e em 2021 dispararam. Acha que 2022 será o reverso da medalha, uma vez que talvez o consumo regresse à moda e ao vestuário? O ano de 2022 trará uma combinação de fatores. A todos os níveis, não vai ser um ano fácil. Aquilo que temos vindo a observar em termos de consumo, o feedback que temos dos nossos clientes, vai continuar este modelo de trabalho casa-escritório, principalmente nos países da União Europeia, nos Estados Unidos – por isso as pessoas vão comprar alguma roupa, mas não vão descurar o lar: a casa é sempre o lugar seguro e as pessoas, nestas alturas mais disruptivas, o que lhes dá segurança é a família, a casa. Por isso, tenho esperança que não haja uma queda acentuada do consumo. Provavelmente vai haver uma estagnação, até por causa da inflação e dos custos de produção completamente descontrolados. Quais foram os vossos melhores mercados? Cerca de 70% dos nossos produtos são exportados para a Europa. Na Europa, os nossos clientes estão em França, no Reino Unido, no tradicional mercado de Espanha. Para alguns produtos, Espanha não tem sido um bom mercado. Para nós sim, tem sido. É um mercado estável, maduro, a nossa carteira de clientes está fidelizada há muitos anos. A Dinamarca e a Suécia subiram imenso. Fora da Europa, destaca-se Israel, começou a ser um mercado importante para nós em 2019, baixaram um pouco as compras em 2020, mas em 2021 retomaram. Na Ásia, tudo o que é Japão, Hong Kong, Taiwan, são mercados muito bons. Na Ásia, mais de 50% das

"Atingimos uma faturação de 55 milhões em 2021, foi um ano incrível" É na inovação, nomeadamente através da diversificação para uma linha de roupa e acessórios, que a Mundotêxtil tem uma forma de enfrentar o ano de 2022, que todos os analistas afirmam que será difícil de ultrapassar, devido ao impacto que a inflação terá nos próximos meses. A agilidade de produção, uma evidência da eficácia da empresa, é o ponto: responde com grande facilidade a um mercado que está em evolução – o das pequenas marcas que apostam em fazer chegar ao cliente final uma série de novos produtos com capacidade de enraizamento e de criação de novas necessidades. A Mundotêxtil tem vindo a colecionar desafios nesta área, a que responde com a flexibilidade de sempre. Até porque acrescenta ao produto o serviço que os clientes procuram – uma espécie de negócio chave-na-mão. “Para este tipo de clientes, temos que ter outra oferta que não a tradicional, explica Ana Vaz Pinheiro. Do outro lado, os grandes clientes – alguns deles presentes há duas e três décadas – “obrigam-nos também a conhecer o mercado onde eles atuam”. Isso obriga a Mundotêxtil a “absorver informação de 46 países, 46 mercados diferentes, milhões de diferentes consumidores, e faz com que nós consigamos antecipar algumas coisas que temos de levar para o mercado”. É aí que entra a inovação. Fibras, processos, acabamentos, são áreas que estão em constante observação pelo Departamento de Sustentabilidade da empresa. Um exemplo: a Mundotêxtil criou uma toalha que, quando em contacto com o corpo, fornece informação sobre a temperatura – cuja tecnologia acabou por ser transferida para uma luva que pode fornecer a temperatura ideal da água do banho de um bebé

exportações portuguesas de felpos são da Mundotêxtil. A América do Norte não a atrai? Sim, assim como o México, onde temos algumas vendas. Já a América Latina está completamente estagnada. Depois da Europa, os Estados Unidos são o maior mercado que nós temos. Qual desses mercados reserva maior capacidade de crescimento? Os Estados Unidos, claro. É um mercado que conhece muito bem o produto português e que o absorve muito bem. Identifica-o como um produto de qualidade, pelo menos na nossa área. E é um mercado enorme, com um poder de compra muito grande. E, quando há subidas de preços, são os primeiros a aceitá-las – e os que não têm receio de passar essa subida para o consumidor final. Na Europa, há sempre um pouco mais de pudor de fazer essa transferência.

cinco quilómetros das instalações fabris e temos várias empresas participadas no estrangeiro – Alemanha, Espanha, Estados Unidos e em Moçambique –, cultivo de algodão e produção de fio. É a empresa que tem a ver com o programa Cotton made in Africa? Exatamente, a MCM (Moçambique Cotton Manufactories) é uma parceria com a Crispim Abreu, que emprega já cerca de 300 pessoas. Fica a uns 20 minutos de carro de Maputo, numas antigas instalações da Riopele, que ficaram desativadas depois do 25 de abril. O número de trabalhadores da Mundotêxtil está estabilizado? Cresceu em 2021 entre 40 a 50 trabalhadores, depois de decrescer em 2019 e de se manter estável em 2020.

Qual é a dimensão da capacidade instalada da Mundotêxtil? É uma dimensão confortável, ou querem crescer? Chegámos a fazer uma proposta para a aquisição da Coelima juntamente com a Felpinta, mas não foi a proposta vencedora no processo de insolvência.

Porque queriam comprar a Coelima, mas não querem comprar qualquer outra? A Coelima faz um produto complementar ao nosso, mas completamente diferente. No interior da Mundotêxtil não há uma estratégia de diversificação de produto. Dentro dos nossos produtos podemos fazer outro tipo de categorias – temos uma coleção de roupa casual e acessórios (chapéus, chinelos, bolsas) em felpo que acabámos de lançar, mas nada que ultrapasse muito o nosso core. A não ser houvesse uma oportunidade, que não nos desfocasse do nosso objetivo: somos a favor da especialização. A Coelima é uma empresa com muitos anos de história, tinha uma história familiar por trás do negócio, uma marca reconhecida internacionalmente, não seria um investimento feito do zero, o mais difícil já estava feito: a criação da marca, o know-how, seria uma oportunidade. Que passou.

Quer dizer que estão compradores de outras empresas? Não, não estamos. A Mundotêxtil são 596 pessoas, temos um centro de distribuição logística a

Em 2018 investiram 18 milhões de euros, qual é a política de investimentos da Mundotêxtil? O ano de 2018 foi o último

Foram eles que criaram o sistema… ... sabem como é que funciona. Que outros mercados de exportação podem vir a ser prioritários? A Mundotêxtil já exporta para 46 países. Não há muito mais para onde crescer. Podemos aumentar eventualmente a nossa quota de mercado em alguns deles, mas temos uma posição confortável na maior parte dos países.


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“A Mundotêxtil não é uma monarquia” Além da opção pela advocacia ou uma carreira de jornalista para a qual se mostrava também inclinada, Ana Vaz Pinheiro nunca se imaginou a exercer outra atividade, muito menos ligada à empresa da família. “A Mundotêxtil não é uma monarquia”, e não foi por isso tarefa fácil para o pai convencê-la a juntar-se à administração da empresa. A cozinha é outra das suas vocações de sempre, sendo célebre na família o seu cabrito assado no forno (receita da avó) ou o cozido à portuguesa. Casada, tem três filhos, com 23, 16 e sete anos (a mais velha vive em Londres) que lhe completam o universo dos seus interesses. “Não vou ao ginásio, não tenho tempo”, admitindo como única exceção as viagens que gosta de fazer, mas, que por esta altura estão suspensas.

em que fizemos um grande investimento em termos de maquinaria. Desde 2018 até 2021, investimos mais 12 milhões de euros. Estamos agora a acabar um projeto financiado que termina este ano, mais 2,5 milhões – investidos na modernização do que falta na empresa. As máquinas têm o ciclo de vida longo mas aparecem sempre desafios de tecnologia que temos de acompanhar. Estamos a terminar um investimento na tinturaria de fio, que estava um pouco obsoleta. Estamos a alterar o lay-out da fábrica, a pandemia também serviu para isso: pudemos olhar para dentro e perceber onde é que podíamos aumentar a eficiência, a produtividade. Conseguimos alavancar a produtividade com alterações que fizemos durante a pandemia. 2022 é o regresso às feiras presenciais. É um regresso importante para a Mundotêxtil? É. Mesmo para as nossas equipas comercial e de desenvolvimento de produto é essencial ter contacto com os clientes. Não quer dizer que o contacto não tenha sido feito – como exportamos para 46 países, não podemos ir todos os anos a todo o lado. Criámos ferramentas de contacto que colmatassem a falta de contacto físico. Mas nós não sentimos o mercado através da Internet, não percebemos o que as pessoas usam, o que querem, se não estivermos nos locais. É essencial que a economia abra depressa. Como observou a forma como o sector têxtil português tem respondido à pandemia? Uma das coisas que mais nos carateriza enquanto povo, enquanto país, é a capacidade de nos adaptarmos, e o têxtil acompanha essa capacidade. Mas é preciso ter a noção que as empresas têm de ter bases: uma transição atabalhoada não dará frutos. As empresas sólidas, capitalizadas, com forte componente tecnológica, que valorizam a mão-de-obra, responderam.

"Tivemos no ano passado um crescimento próximo dos 44%" Essas empresas conseguiram adaptar-se mais facilmente. E a forma como o governo procurou ajudar as empresas, que comentário lhe merece? Recorremos ao lay-off logo no início, numa altura em que tivemos muitas encomendas suspensas. O que fizemos basicamente foi não entrar em pânico: tínhamos de ter dinheiro para aguentar os custos numa altura em que as ajudas do governo ainda eram uma incógnita e não queríamos transferir esse stress para o cliente – que já estava com stress suficiente. Temos a sorte de mais de metade da nossa carteira serem programas permanentes, numa base anual ou bianual – por isso, sabíamos que tínhamos produção. O governo respondeu como pôde. O pagamento do lay-off foi importantíssimo – principalmente no têxtil, a tesouraria tem de ser muito longa: desde a compra da matéria-prima até à faturação, podem decorrer nove meses. Não tenho qualquer apontamento mau a fazer. O PRR é uma oportunidade perdida? É uma oportunidade única. Entendo que seja importante canalizar fundos para reformas estruturais que o Estado tem de fazer. Mas para termos melhores salários, diminuir o desemprego só se consegue fortalecendo as empresas. Se agora se perder a oportunidade da digitalização, da descarbonização, da resiliência das questões sociais, numa estratégia comungada entre o público e o privado, perderemos uma oportunidade única de alavancarmos o nosso país. Está tudo a demorar muito – saiu agora o Programa de Capitalização

das Empresas através do Banco de Fomento, mas o medo é que o dinheiro que vai sobrar para os privados vá para as mesmas empresas de sempre. O aumento conjugado dos custos das matérias-primas, dos transportes e das energias, de que forma estão a impactar na Mundotêxtil? É um grande impacto. O custo energético é neste momento um pesadelo – o gás subiu mais de 300%. O algodão está a níveis historicamente altos – há muita gente a ganhar dinheiro no mercado das commodities. Nos transportes, o problema é o mesmo – recebi notícia de que o preço vai aumentar 25% porque os camiões vão ter de adicionar ao combustível um produto para fazer face ao Acordo de Paris. É pegar neste bolo todo... E juntar-lhe inflação! E juntar-lhe inflação. E depois chegar a um cliente que não quer subir o preço ao consumidor final, mas vai ter de o fazer. Vai aumentar ainda mais a inflação. Este ano vai ser complicado. A falta de estratégia de política energética em Portugal nos últimos anos, fez com que chegássemos a este ponto. E temos a fervilhar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Os Estados Unidos têm vendido muito gás para a Europa – o que lhes convém.… Talvez seja por isso que a Ucrânia está a arder... É provável. Todos estes conflitos geopolíticos mexem com tudo. A questão é: passar isto para um cliente, com aumentos de 20, 25, 30%, é muito complicado. Das duas uma: ou o consumidor paga e compra, ou deixa de comprar. E o poder de compra não está a aumentar. O que é mais importante: a etiqueta made in Portugal ou made in Europe? Acho que o made in Portugal é hoje importantíssimo. Prevalece sobre o made in Europe, pelo menos no nosso tipo de produto. Se calhar, na roupa é diferente. t

As perguntas de

Raul Fangueiro

João Abreu

Diretor do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da UMinho

General Manager da Crispim Abreu

Qual a importância da relação com os centros de investigação, nomeadamente com a Universidade do Minho, no desenvolvimento da Mundotêxtil?

Face aos aumentos da energia, matérias-primas e custos com pessoal, o têxtil português, especificamente o têxtil-lar, corre o risco de perder competitividade?

As parcerias são, provavelmente, a forma mais eficaz de uma empresa impulsionar a inovação e de se adaptar às constantes mudanças. Não temos todas as respostas e, portanto, é essencial percorrermos este caminho ao lado de parceiros que partilham a mesma visão estratégica e que sejam pioneiros nas suas áreas de atuação. A Universidade do Minho é, sem dúvida, um parceiro estratégico da Mundotêxtil e que muito tem contribuído para a cultura de inovação organizacional que temos vindo a desenvolver e a fomentar.

É inegável que os aumentos exponenciais dos custos industriais terão um impacto negativo em toda a indústria. Face à incerteza e instabilidade das cadeias de abastecimento é imprescindível traçar planos de mitigação de risco que minimizem o impacto negativo expectável. O caminho poderá passar por uma aceleração da transição energética, otimização dos processos produtivos aumento da produtividade e eficiência e, obviamente, por um aumento do preço de venda.

Qual a estratégia futura da Mundotêxtil considerando a integração do binómio inovação e sustentabilidade?

A sustentabilidade e inovação andam de braços dados. É impossível acelerar o ritmo de mudança e transformar o atual modelo de negócio, tornando-o circular, sem que se inclua a inovação nesta equação. Conscientes disso, o nosso foco tem sido o de implementar a estratégia de sustentabilidade alinhando os objetivos desta com os objetivos do negócio. t

De que forma é que as preocupações com o bem-estar e valorização dos recursos humanos se têm reflectido no dia-a-dia e no desempenho da Mundotêxtil?

Há muito que o nosso compromisso se centra nos que fazem parte de nós. Potenciar o crescimento das nossas equipas, cultivar um ambiente de trabalho saudável são uma prioridade no nosso dia-a-dia e isso reflete-se, obviamente, na ligação que as equipas têm entre si e com a empresa.t


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ACATEL REFORÇA TRANSPARÊNCIA E CIRCULARIDADE DAS SUAS COLEÇÕES

AICEP E UMINHO LANÇAM FORMAÇÃO E-COMMERCE PARA EMPRESAS A funcionar em modo presencial e online, a AICEP e a Universidade do Minho promovem um novo Curso de Formação Avançada em E-Commerce Internacional destinado às empresas exportadoras. Depois do sucesso da primeira edição, esta formação regressa com o objetivo de ajudar as empresas a melhorarem a sua estratégia comercial nos mercados digitais, de forma a aumentarem as vendas e internacionalizarem a sua base de clientes. Com 80 horas de duração e a funcionar em modo presencial e online, o curso possui uma forte componente prática e de partilha de experiências e integrará seminários, workshops, apresentação de casos práticos e de projetos e-commerce para a internacionalização.

"Somos globais, estamos presentes em três continentes e importamos de todo o mundo" Ricardo Almeida Administrador da Givachoice

Foram muitas as novidades que a Acatel, empresa do Grupo Impetus, apresentou na recente edição da Première Vision, com especial destaque para a coleção E*retrace desenvolvida parcialmente através de resíduos da produção do próprio grupo. “É uma clara evidência da nossa missão de sermos cada vez mais transparentes e circulares”, considera Susana Serrano, CEO da empresa de tinturaria, mercerização e acabamento de malhas do Grupo Impetus, concretizando que “são produtos desenvolvidos com 30% de desperdício do grupo os outros 70% são fibras Ecovero, também elas sustentáveis”. Para além da vertente circular, a nova colecção aposta também na rastreabilidade dos produtos. “A E*retrace integra a tecnologia fibertrace, que apresentámos em setembro de 2021, e que, através de um pequeno dispositivo, permite rastrear a composição do produto”, explica ainda Susana Serrano. Para além desta coleção, a Acatel apresen-

tou também em Paris duas outras novidades com forte incidência ambiental. Por um lado uma linha de estampados compostáveis; por outro a tecnologia Colorfix, capaz de transpor das plantas ou animais a sua cor para a utilização em produtos têxteis. “Com os estampados compostáveis podemos colocar as peças na terra no seu final de vida sem qualquer impacto negativo para o ambiente, no caso da Colorfix estamos a falar de um tingimento numa reação de um para um o que, em termos de redução de consumo de água, é absolutamente extraordinário. Acresce que água utilizada sai limpa e pode, por isso, ser reutilizada. É uma coleção 100% natural com acabamento vegetal e zero por cento de químicos”, congratula-se Susana Serrano. “Queremos estar à frente da legislação e ir trilhando o nosso caminho de sustentabilidade, transparência e circularidade”, remata a CEO da Acatel.t

2021 FOI O MELHOR ANO DE SEMPRE PARA AS EXPORTAÇÕES TÊXTEIS As exportações da indústria têxtil atingiram no ano passado os 5,4 mil milhões de euros, o que representa um recorde absoluto de receita, com um crescimento de 16,5% face ao ano anterior e de 4% quando comparado com 2019, o ano pré-pandemia. Tal como tinha previsto a ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, os números agora divulgados pelo INE confirmam 2021 como o melhor ano de sempre em termos de exportações de têxteis e vestuário. Em comunicado subscrito pelo presidente Mário Jorge

Machado, a associação que representa o setor esclarece que “a contribuir para este excelente resultado estiveram as exportações de vestuário em malha e de têxteis para o lar. O vestuário em malha exportou 2.336 milhões de euros, ou seja, mais 193 milhões face a 2019, o que equivale a +9%. Os têxteis para o lar exportaram 763 milhões, mais 112 milhões face a 2019, com um crescimento de 17%”. A ATP nota também que “o vestuário em tecido não conseguiu recuperar dos efeitos da pandemia, tendo exportado 796 milhões, menos 189

milhões que em 2019, registando uma quebra de 19%”. No que respeita aos principais clientes das exportações têxteis lusas, a França reforçou o segundo lugar do ranking, tendo sido o destino que registou maior acréscimo em termos absolutos, com um aumento de 119 milhões (+18%), representando agora uma quota de 15% do total das exportações de têxteis e vestuário. Fora da Comunidade Europeia, os EUA foram o destino que mais cresceu, com um acréscimo de 107 milhões (+31,5%), tendo passado a representar 8% do total das exportações do setor. t

OWNEVER PREMIADA E REFERÊNCIA NO SLOW FASHION DE LUXO A plataforma Springwise, fonte de tendências mundiais na área da moda e não só, destacou a portuguesa Ownever numa das suas publicações sobre tendências sustentáveis para 2022. A marca de malas e acessórios de luxo surge citada ao lado das reconhecidas Miu Miu, Levis, Prada e outras, como um exemplo de slow fashion. Ownever foi também duplamente distinguida nos Prémios Lusófonos da Criatividade com a sua nova mala 2157, que conquistou a medalha de prata na categoria de design de produto e o bronze na categoria de responsabilidade social e ambiental da empresa.

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foi o crescimento da faturação da LMA em 2020

TORRES NOVAS LANÇA CAMPANHA DE TROCA DE TOALHAS USADAS Toalhas Velhas, Torres Novas. Foi com este lema que a centenária marca Torres Novas apresentou o seu novo programa de retoma de toalhas usadas: por cada toalha enviada, a marca oferece um desconto para ser usado na compra seguinte, cujo valor varia conforme as dimensões dos atoalhados. “Se estiverem em boas condições de utilização, as suas toalhas antigas serão doadas à nossa associação parceira, a Comunidade Vida e Paz, que lhes dará bom uso junto das pessoas em condição de sem-abrigo”, informa a marca.


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A Wise HS Protection é o seu aliado estratégico para fazer face à nova realidade da segurança e saúde do mercado global

SEGURANÇA

SAÚDE

NEGÓCIO

RENTABILIDADE

Foque‑se no seu core business, nós focámo‑nos nas novas diretrizes de saúde e segurança, ajudando‑o a rentabilizar ainda mais o seu negócio A Wise HS Protection concebe Planos de Contingência para eventos,num serviço integrado Chave na Mão, que cumpre as Normas da DGS, com acompanhamento permanente em: ► ► ►

auditoria técnica diagnóstico de necessidades implementação de procedimentos Safety & Security


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X DE PORTA ABERTA Por: Bebiana Rocha

Prochef

Avenida Vasco da Gama 58 4490-410 Póvoa de Varzim

Ano de abertura 2014 Produtos Nasceu para os fardamentos de cozinha, mas alarga-se já a outras áreas Público-alvo Profissionais de cozinha, hotelaria, restauração, bar, farmácias e Spa Marcas Prochef, ProHealth e ProSpa Site prochef.pt

HEIMTEXTIL, TECHTEXTIL E TEXPROCESS JUNTAM FORÇAS EM JUNHO A Heimtextil especial de verão vai ter lugar de 21 a 24 de junho de 2022, em Frankfurt ,e decorrerá em paralelo com as feiras Techtextil e Texprocess, promovendo assim um encontro presencial que beneficiará ainda “dos valiosos efeitos de sinergia entre os três formatos de feiras internacionais”, refere a organização. Num mesmo espaço, fornecedores e clientes terão à sua disposição a principal feira internacional de têxteis-lar juntamente com certames de têxteis técnicos e de não tecidos.

"Infelizmente a indústria química ainda não investiu verdadeiramente na área têxtil" Nuno Oliveira Diretor Geral da Perfil Cromático

Uma loja dedicada ao mundo da cozinha Com uma oferta completa e direcionada para os profissionais de cozinha e outros aficionados, incluindo os mais novos, a Prochef abriu em 2014 uma loja própria na Póvoa de Varzim. Aqui podem ser encontradas fardas (jaleca e calça) com características antifogo, antibacterianas e sem agentes tóxicos na sua composição. Bem como outros acessórios de cozinha e pastelaria: boinas, chapéus, aventais, sapatos, facas e livros de culinária. De forma a tornar o espaço ainda mais atrativo, a loja conta também com uma cozinha própria, destinada a workshops e showcookings . Na Prochef a possibilidade de personalização é total. De acordo com o conceito do cliente a equipa pode adaptar desde o corte ao modelo da farda, passando também pela cor e bordado ou estampagem do logótipo. A marca destaca a sua linha denim : ideal para ambientes descontraídos, para quem pretende fugir ao tradicional preto e branco; a ganga é também a solução para disfarçar pequenas nódoas. Para aqueles que procuram opções mais amigas do ambiente a Prochef conta com uma linha orgânica – ‘Ecoline’ – e está para breve o lançamento de um novo projeto: “vamos lançar fardas produzidas em tecido feito a partir de algas, com uma série de be-

nefícios para a saúde”, desvenda Orquídea Silva, responsável pela marca, ao T Jornal. Apesar de 2021 ter sido um ano particularmente difícil para a Prochef, devido ao encerramento temporário da restauração, foi também uma oportunidade para reavaliar mercados, com o lançamento de novas linhas. “Lançamos há pouco outra marca chamada ProHealth que também já se encontra disponível na nossa loja”, diz Orquídea Silva, que lanço também a ProSpa -, ambas compostas por produtos diferenciadores e de grande qualidade. O objetivo é alargar o público-alvo da marca, passando a incluir fardamento para spas, farmácias, clínicas e veterinários. Quanto a 2022, o negócio promete: “Vamos abrir mercado na África do Sul. Queremos também abrir um novo espaço de confeção onde vamos empregar mais 10 pessoas”, partilha a fundadora do grupo, que não se fica por aqui e anuncia também uma nova linha de bar. A Prochef faz parte do Grupo Prochef. A confeção é toda feita dentro de portas, ou seja, tudo artigo nacional, de elevada qualidade e atenção ao detalhe. Os catálogos com todos os produtos da Prochef podem ser encontrados na sua página online, bem como promoções e mais sobre a sua história e experiência. t

CONFERÊNCIA ANUAL DA ITMF PASSA PARA SETEMBRO

SLOGGI LANÇA ROUPA INTERIOR QUE HIDRATA A PELE

A International Textile Manufacturers Federation adiou a sua conferência anual, que devia realizar-se em Davos, Suíça, de 10 a 12 de abril. “Devido às perspetivas imprevisíveis em relação às restrições de viagens e eventos, o conselho da ITMF, juntamente com os dois co-anfitriões – a Swiss Textiles e a Swiss Textile Machinery – decidiram adiar a conferência”, refere o comunicado oficial. O encontro passa a estar marcado para de 18 a 20 de setembro próximo.

A Sloggi tem uma nova linha premium: S by Sloggi Smooth, que é feita com tecidos inovadores e com propriedades hidrantes. A nova coleção – soutien, cueca e camisola - utiliza o tecido Meryl Hydrogen, uma microfibra altamente respirável e elástica, que confere aos seus produtos uma suavidade e conforto extras. Este novo material extremamente liso tem também uma propriedade hidratante quando em contacto com a pele, anunciou a marca.

56%

da generalidade das empresas ainda vai no início da digitalização

DASHI LANÇA ACESSÓRIOS INSPIRADOS EM LA CASA DE PAPEL

A Dashi, marca portuguesa de acessórios para animais de estimação, tem uma nova coleção especial para os fãs de La Casa de Papel. Os patudos podem agora entrar nas personagens da série espanhola com coleiras, trelas, arnês e hoodies a combinar, em cinco padrões diferentes. Os acabamentos são feitos em neoprene – um tecido emborrachado que mantem a forma, apresenta elasticidade e ainda resistência à agua – para proporcionar total conforto aos animais.


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X O MEU PRODUTO Por: Bebiana Rocha

PHYS

Desenvolvida por Mtex New Solutions, CITEVE e Universidade Católica Portuguesa

O que é? Uma cabine inovadora de desinfeção e eliminação do SarsCov-2 para têxteis e objetos Principal contributo Evitar a propagação do vírus sobretudo em ambiente de loja Fator inovador Utilização de raios UV-C, ozono e temperatura, para combater o vírus

MEIAS DA WESTMISTER JÁ TÊM DISTRIBUIÇÃO NOS EUA É caso para dizer que já chegaram à América. A sofisticada fabricante de meias masculinas WestMister avança para o gigantesco mercado dos EUA, onde tem agora não só uma central de distribuição mas também um canal específico online . A novidade foi dada nas redes sociais da marca: “É com grande orgulho que anunciamos o lançamento do website, assim como de uma central de distribuição sediada nos Estados Unidos”, divulgou a marca portuguesa de meias para homem 100% made in Portugal.

"É necessário formar nas empresas e não basta formação teórica" Susana Serrano CEO da Adalberto

LECTRA E GERBER JUNTAS NA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

Uma cabine de desinfeção para vírus, fungos e bactérias O mundo ainda começava a aprender a lidar com as questões da Covid-19 quando a Mtex New Solutions partiu, nos seus recursos internos, à procura de soluções ajustadas à nova realidade. A resposta materializou-se na construção de uma “cabine” que elimina o SarsCov-2 dos têxteis e outros objetos, com recurso a raios UV-C e ozono. E é precisamente aqui que reside o seu fator inovador: a desinfeção a seco, de forma rápida e livre de resíduos tóxicos. O projeto foi feito com o apoio do CITEVE e da Universidade Católica, esta última com uma vasta experiência em tecnologias antimicrobianas e recebeu a designação de PHYS. A Católica tratou de adicionar “os microrganismos a vários tecidos e avaliar o impacto das diferentes condições de tratamento”, explica Paula Teixeira, do Centro de Investigação de Ensino Superior de Biotecnologia. Já o CITEVE, foi responsável pela validação da tecnologia em ambiente semi-industrial e a Mtex NS ocupou-se do desenvolvimento prático dos protótipos. O primeiro exemplar viu a luz do dia em maio de 2020, utilizava o processo de esterilização a luz UV-C e foi instalado na loja da Salsa, na rua de Santa Catarina, no Porto, para obter feedback real. “Foi desafiador porque o vírus SarsCov-2 é um vírus resistente e não fica inativo facilmente. Quando começávamos a achar que podíamos estar a construir uma solução afinal estávamos apenas com mais um protótipo”, diz o CEO Elói Ferreira. A investigadora da Universidade Católica acrescenta que o desafio também passou por “simular as condições de contaminação dos tecidos com os microrganismos”, enquanto Graça Bonifácio, especialista em materiais e estruturas e gestora do projeto pelo CITEVE destaca ainda ligeiras alterações nas estruturas têxteis. “Ao nível dos resultados dos ensaios preliminares verificou-se que em algumas

situações pontuais existiam alterações das caraterísticas das estruturas têxteis, o que obrigou à investigação e otimização dos parâmetros processuais da tecnologia”. Atualmente o produto encontra-se em fase final de testes e está prevista a sua comercialização ainda no primeiro trimestre deste ano, começando pelo mercado espanhol. Os clientes-alvo são as lojas de moda, mas há também a possibilidade de ser utilizado em ambiente hospitalar, escolar e hoteleiro. Elói Ferreira conta que está já a ser utilizada em colégios espanhóis e na desinfeção dos equipamentos do FC Famalicão. Para funcionar, a cabine PHYS precisa apenas de uma tomada. Os objetos são colocados no interior da câmara de desinfeção, fecha-se a porta, escolhe-se o programa (têxteis ou multiproduto), e aguarda-se 20 ou 30 minutos. O administrador da Mtex NS divide o processo em quatro momentos: “um primeiro de pré-aquecimento, seguido do carregamento de ozono na câmara, tempo de exposição dos produtos à atmosfera e, por fim, a transformação da atmosfera da câmara num lugar desinfetado.” A cabine PHYS é a única no mundo com comprovação cientifica, uma conquista que orgulha o administrador da empresa: “nestes últimos anos assistimos todos à divulgação e comercialização de um sem número de soluções anti-covid, questiono-me quantas delas foram sujeitas a testes rigorosos como os nossos”. Graça Bonifácio tem também a convicção de que esta é uma “solução altamente inovadora e com um alto valor acrescentado”. E quando a Covid passar, o produto PHYS continuará a fazer sentido para o mercado, uma vez que elimina micróbios, nomeadamente bactérias patogénicas. “O que leva a que a PHYS possa ser usada para eliminar bactérias e fungos presentes em toalhas, lençóis, entre outros”, remata Paula Teixeira. t

A transformação digital dos modelos de negócios está cada vez mais presente em toda a cadeia de valor, desde os fornecimentos até às compras e a dupla Lectra e Gerber estão “comprometidas em liderar o avanço em direção à Indústria 4.0”. Em comunicado, a Lectra afirma que “uniu forças com Gerber Technology para criar um parceiro de tecnologia avançada líder mundial com alcance global e presença operacional sem precedentes”. A integração operacional das duas empresas já está em marcha, “marcando um novo capítulo na história da Lectra”, conclui.

CITEVE PASSA A INTEGRAR O THE MICROFIBRE CONSORTIUM Com o estatuto de Research Member, o CITEVE passou a integrar o The Microfibre Consortium (TMC), com o objetivo de apoiar as indústrias têxtil e de vestuário na redução da libertação de microfibras a nível industrial, por meio do desenvolvimento e divulgação de conhecimento científico e tecnológico. O objetivo passa por “dar resposta à cada vez maior preocupação com a libertação de microfibras no meio ambiente, tanto de origem natural como sintética, devido ao seu potencial de acumulação, nomeadamente nos oceanos”, explicou o CITEVE em comunicado.

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da produção da Artefita destina-se à exportação

PERFF LANÇA LINHA DESPORTIVA DE ALTA PERFORMANCE A Perff Studio lançou uma nova linha com peças versáteis que aliam a elevada tecnicidade da roupa desportiva à alta-costura, sem descorar a sustentabilidade e a utilização de materiais reciclados. As T-shirts , leggings e casacos têm como foco as mulheres modernas e dinâmicas. “Quer seja numa reunião de trabalho, a passear na rua ou a treinar, esta nova linha é a prova de que a roupa de alta performance pode ser elegante, sofisticada, confortável e, acima de tudo, funcional”, apresenta a marca em comunicado.


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FARFETCH COMPRA LUXCLUSIF PARA LIDERAR LUXO EM SEGUNDA MÃO A Farfetch adquiriu a plataforma de revenda de moda de luxo em segunda mão Luxclusif. Juntas passam a ser a plataforma global para produtos de luxo em segunda-mão, quer para os consumidores, quer para os parceiros da indústria. Este negócio, cujos valores não foram divulgados, “permite à Farfetch acelerar as suas capacidades no negócio de revenda através do desenvolvimento de tecnologia e serviços que passam por automatização de pricing e por uma rápida expansão, quer geográfica, quer da categoria de revenda, nomeadamente a Farfetch Second Life“, refere a empresa no comunicado onde dá conta da aquisição.

"Acho que o pós-pandemia será para a têxtil em Portugal, um período de ouro" Alexandra Araújo Administradora da LMA

DESIGNER AUSTRÍACO ESCOLHE FOZ DO DOURO

O designer austríaco Manuel Essl aproveitou mais uma vez a última edição do MODTISSIMO para fazer o photoshoot da sua mais recente coleção. Desta vez a localização escolhida foi a Foz do Douro e o centro histórico da cidade. “Obrigado MODTISSIMO por fazer parceria com a Advantage Austria e ser uma plataforma para apresentar a minha marca aos novos visitantes e de networking para criar novos contactos”, diz o criador, que deixou também elogios à organização. t

O TÊXTIL E O “DESAFIO GIGANTE” DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA Face ao enorme aumento dos custos energéticos associados à produção industrial, “o sector têxtil está perante o desafio gigantesco da transição energética”, disse o presidente da ATP - Associação Têxtil e do Vestuário, acrescentando que com o gás natural a aumentar entre 400% a 500% não há alternativa. Em declarações à estação televisiva SIC, Mário Jorge Machado reforçou que “o aumento dos custos associados à produção está a colocar em causa a continuidade de algumas empresas” – uma vez que ao aumento dos custos da energia está associado um outro aumento com impacto assinalável, “o das ma-

térias-primas, mais caras entre 20% e 30%”. Em ambos os casos, o presidente da ATP adverte que é o sector que tem de se adaptar, uma vez que “dependemos dos mercados internacionais e de fontes de abastecimento que não dominamos”. Um contexto de grandes dificuldades que levam o dirigente a enaltecer o trabalho das empresas que, mesmo assim têm conseguido colocar o setor na rota do crescimento, com os números das exportações a anunciarem novos recordes. “Este crescimento tem muito a ver com a inovação, com as pessoas e com a sustentabilidade”, afirmou Mário Jorge Machado. t

ANJE LEVA MODA E CRIADORES PORTUGUESES A LONDRES A terceira pop-up ‘Local Goes Global’, projeto de promoção de vendas e investimento internacionais da Associação Nacional de Jovens Empresários decorre entre 17 e 22 de fevereiro de 2022 em Londres. A presença na capital britânica surge depois de a iniciativa ter passado por Paris e Milão e, ao alinhar esta iniciativa com a semana internacional de moda de Londres, o objetivo é também poder atrair compradores e público especializado que normalmente viaja para a capital inglesa, e que poderá trazer contactos relevantes para as marcas e designers presentes.

7,5 milhões de litros de água já foram poupados pela tecnologia Smartex

PARFOIS ALARGA OFERTA COM LINHA DE DECORAÇÃO E TÊXTEIS-LAR

ITECHSTYLE SUMMIT REGRESSA A LEIXÕES DE 25 A 27 DE MAIO A Conferência Internacional do Têxtil e Vestuário – iTechStyle Summit já tem data e lugar definidos: de 25 e 27 de maio, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, e será, como sempre, palco de debate e reflexão sobre o conhecimento científico e tecnológico atual, tendo como protagonistas, por um lado, os autores desse conhecimento e, por outro, aqueles a quem ele se destina: as em-

presas do sector. Depois do interregno forçado pelas contingências da pandemia, a conferência internacional está de regresso para a sua 4ª edição em formato presencial. Mais uma vez o iTechStyle Summit espera a participação de renomados especialistas da indústria e da academia, que irão partilhar os seus contributos sobre as tendências atuais, estratégias, oportu-

nidades e desafios com foco em áreas como a sustentabilidade e economia circular, digitalização e indústria 4.0, performance e saúde e bem-estar. Como sucede todos os anos, a conferência servirá também de palco para o anúncio e entrega dos iTechStyle Awards, que premeiam os mais inovadores e sustentáveis tecidos, produtos e acessórios da área têxtil. t

Sempre a diversificar a sua oferta, a Parfois aventura-se agora pela área da decoração. Colorida e cheia de personalidade, a nova cápsula ‘Home Collection’ é composta por almofadas, guardanapos de pano, individuais de mesa, bases para copos, anéis para guardanapos e ainda velas aromáticas. No primeiro lançamento, a marca portuguesa apostou na exploração de diferentes texturas, de que são exemplo as almofadas em bombazine e lã encaracolada. Os novos têxteis-lar estão disponíveis na loja online da Parfois e em lojas selecionadas.


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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey

Marta Pais Oliveira Managing Director da DDIGITT

Família Vive com o marido, Pedro, e a filha Beatriz, com dois anos Casa Apartamento em Miramar Formação Licenciatura em Ciências da Comunicação – Ramo Jornalismo, na UPorto (Faculdade de Letras) e Complutense, de Madrid Carro Smart ForFour Portátil Macbook Air Telemóvel Iphone Xs Hobbies Escrever é, a par do tempo em família, a sua grande paixão Férias Fã de destinos de aventura e conexão à natureza (“nunca repetimos destinos”) Regra de Ouro “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.”

Da escrita para a digitalização da moda Nasceu no Porto, viveu e fez a escola em Espinho, e aos 31 anos a juventude que lhe está estampada no rosto luminoso parece não combinar com a sabedoria e a serenidade já alcançadas pela Managing Director da agência de moda 3D DDIGITT. “Sempre fui uma pessoa calma desde criança”, diz a jovem que já foi jornalista e também se dedica à escrita - “aproveito todas as sestas da minha filha para escrever” – tendo vencido em 2020 o Prémio Revelação Agustina Bessa Luís, com a seu primeiro romance, “Escavadoras”. Cumpridora nos estudos, os livros sempre foram os seus melhores amigos e contribuíram para manter viva a sua inata curiosidade. “Lembro-me de um que me marcou muito na adolescência, o Mundo de Sofia, que no fundo diz que quando as pessoas crescem vão perdendo os olhos curiosos. E eu quero mantê-los bem vivos”. Com as palavras e as histórias sempre à boleia, quando chegou a faculdade foi natural a opção por Ciências da Comunicação – Ramo Jornalismo, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “Ainda no âmbito da licenciatura fiz estágio no jornal Público e adorei, mas como não houve seguimento acabei por me direcionar para a área de comunicação corporativa”, conta Marta, que acabou por ir trabalhar para o grupo Sonae na área de comunicação interna e marketing. Mas os olhos curiosos de Marta pediam mais e em 2016, juntamente com o marido, parte para uma aventura intercontinental: “O Pedro candidatou-se ao programa Inov Contacto e ficou em Moçambique. Por isso lá fomos para Maputo”, onde encontrou emprego na área de implementação de sistemas de ensino à distância. De regresso a Portugal e com a vontade de “mudar de cenário”, começa a trabalhar na SA365, uma agência de publicidade - “uma área muito estimulante, aprendi imenso”, uma passagem de cinco anos durante os quais escreve “Escavadoras”. Com a escrita acesa e o nascimento da filha, é em meados de 2021 que Marta sente que está na hora de novos voos. “Foi em Setembro que comecei a trabalhar na DDIGITT, motivada pela missão de acelerar os processos de digitalização do sector têxtil”, justifica Marta que até então nunca tinha trabalhado com a área têxtil. Em linhas gerais, a DDIGITT é uma agência de Portugal para o mundo que trabalha com grandes marcas a digitalização de moda, criando produtos e coleções 3D, desenvolvendo o produto digital a partir de produto físico ou desenvolvendo-o em primeira mão neste formato (digital sample). “Isto para jovens criadores, por exemplo, é interessante, porque se antes um estilista tinha de dispor de um grande investimento financeiro para desenvolver a sua primeira coleção sem saber se ia funcionar ou não no mercado, agora, graças a este desenho e ao nosso trabalho, pode perceber a aceitação ainda antes da fase da produção”, explica Marta lembrando que estes 3D são “tão ou mais reais como o produto físico”. A trabalhar para o mercado global a DDGITT permite, com um “grau de realismo extraordinário”, aos clientes trabalhar animação, personalizar e testar novos produtos. E Marta espera “amadurecer os processos e contribuir para o crescimento da agência e da indústria da moda de forma geral, em termos de criatividade, agilidade e sustentabilidade”. t


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a MUNDO VERDE

da produção de energia elétrica em Dezembro teve origem em fontes renováveis

"Desenvolvemos uma solução para reduzir a produção defeituosa na indústria" António Rocha Co-fundador da Smartex

GERAÇÃO Z VIRA COSTAS À FAST FASHION Um estudo recente mostra que mais de metade dos jovens entre os 18 e os 24 anos são sensíveis às questões da sustentabilidade no momento de compra. Grande parte poderá mesmo optar por usar roupas de aluguer ou fazer compras em segunda-mão. Divulgada pela plataforma YouGov, a mostra conclui que os hábitos de consumo da denominada geração Z estão a mudar e cada vez mais de costas voltadas para a fast-fashion.

ITÁLIA VAI PROIBIR EXPLORAÇÕES DE PELES

A onda verde do têxtil e vestuário português. Chama-se “The Green

Wave From Portugal”, é dirigida aos mercados internacionais e é a nova revista da ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, cujo primeiro número foi apresentado em Paris, na abertura da Première Vision, no dia 8 fevereiro. O paradigma da indústria têxtil portuguesa focada nas soluções inovadoras e sustentáveis estão na base desta nova revista, integrada no projeto Sustainable Fashion From Portugal, que fala com stakeholders de vários quadrantes da sociedade, mas focado na responsabilidade ambiental. Reforçar a imagem e o posicionamento da ITV (Indústria Têxtil e Vestuário) de Portugal como um player mundial incontornável é um dos grandes objetivos deste projeto, refletido nas páginas da revista. O projeto é co-financiado pelo Portugal 2020, no âmbito do Compete 2020 - Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização, tendo um montante de apoio elegível de 739.989,66€, dos quais 628.991,21€ são provenientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. t

NOVA IORQUE QUER OBRIGAR MARCAS A DIVULGAREM IMPACTO AMBIENTAL O Estado de Nova Iorque avançou com uma proposta de lei que pretende obrigar as marcas de moda a divulgarem o seu impacto ambiental para poderem vender localmente. Encaminhada para o comité legislativo, a Fashion Sustainability and Social Accountability Act, como assim foi designada, tem como objetivo controlar

não só as emissões de gases, mas também o uso de água, químicos e gastos energéticos de toda a cadeia de fornecimento e produção. “Caso a proposta de lei seja aprovada as empresas teriam de divulgar quantidades e tipos de materiais – incluindo reciclados – que os fornecedores produzem anualmente”, explica uma publicação da AWAY, revis-

ta dedicada à informação sobre mobilidade sustentável. Outro dos dados pedidos serão os ordenados pagos dentro da cadeia, que devem estar alinhados com o salário mínimo nacional. Se a proposta de lei for viabilizada, as empresas que não cumpram estes pressupostos podem pagar uma multa até 2% do valor do seu lucro anual. t

Um projeto de lei que proíbe a criação de animais com o objetivo de venda de peles foi aprovado pelo Senado italiano. A lei terá ainda que passar pelo Parlamento em plenário, mas tudo indica que a proibição se vai tornar efetiva a curto prazo. O passo final passa pelo fecho definitivo de todas as explorações que se dedicam à criação com vista à venda de peles para a indústria da moda, prevendo a nova legislação um significativo apoio económico para que todas possam cessar a atividade num curto prazo de seis meses.

"Em termos de sustentabilidade, a Tintex rastreia toda a sua cadeia de valor" Pedro Magalhães Diretor de inovação da Tintex

BUREL FACTORY E VIBAE JUNTOS NA INOVAÇÃO A Burel Factory em colaboração com a VIBAe, uma marca de calçado finlandesa, lançaram uns novos chinelos fabricados com materiais sustentáveis. O produto tem assim dupla nacionalidade: design finlandês e produção made in Portugal. Em comunicado, as marcas destacam ainda a incorporação da tecnologia CarbonStep, que permite uma total moldagem ao pé e que dá uma sensação de caminhar descalço. Os chinelos podem ser encontrados na plataforma online ou nas lojas da Burel no Porto, Lisboa e Manteigas.


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MOBILIÁRIO E OBRAS DE INTERIORES

Remodelação de interiores Lojas

Showrooms

www.buildingdesign.pt geral@buildingdesign.pt 967 016 601

www.globaltendas.com

events & exhibitions


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana D'Orey

Filc Group

Rua da Recta de Gomil n.º 354, pavilhão B2, Frazão 4595-144 Paços de Ferreira

O que faz? É uma empresa que se dedica à investigação, desenvolvimento e implementação de soluções para a indústria, com foco especial no têxtil Fundação 1997 Trabalhadores Oito Escritórios Paços de Ferreira

MANGO MAIS QUE DUPLICOU OS SEUS FABRICANTES EM PORTUGAL Consequência da política de crescente proximidade da produção, a marca espanhola Mango reforçou significativamente ao longo de 2021 a sua cadeia de fornecedores em Portugal e Espanha. Dos 19 fabricantes que tinha no nosso país em 2019, passou este ano para 57. Toni Ruiz, CEO da Mango, diz que este é um processo que tenderá ainda a intensificar-se ao longo de 2022 e não apenas numa lógica de reforço da proximidade e progressivo afastamento da produção asiática. A ideia é “concentrar mais a produção na bacia do Mediterrâneo, em países como Portugal, Marrocos ou Turquia”, como forma de reagir também às turbulências no fornecimento de matérias-primas e nos circuitos de transportes.

"O ensino devia ser mais

expedito e em contexto laboral para adequar a formação às necessidades das empresas" Paulo Melo Administrador da Somelos

MODATEX INTEGRA PROJETO PARA A IGUALDADE DE GÉNERO O Modatex integrou o projeto IgualPro, da responsabilidade da Comissão para a Igualdade no Trabalho, que procura promover a igualdade de género no acesso às profissões. Com esta participação, o centro de formação quer mostrar que o têxtil não é uma profissão de mulher ou de homem, mas sim aberta a todos os que se interessem pela área do vestuário e moda. Juntamente com mais oito entidades, o Modatex vai elaborar um estudo sobre os estereótipos de género que existem nas profissões e apresentar soluções para os resolver. O objetivo é incentivar os jovens a seguirem a sua vocação e não escolherem a área de acordo com a predominância de género.

À procura de novas soluções para a indústria Tem no ADN a vontade de encontrar soluções para a indústria, com um especial foco para a ITV, sec tor que há 25 anos atrás motivou Filipe Coutinho e o sócio a criarem o Filc Group. “Começamos por nos dedicar em exclusivo ao sec tor têxtil, nomeadamente em oferecer novas soluções na área da confeção e hoje já temos uma resposta ampla que engloba também as áreas dos acabamentos e da logística. Estamos também a crescer para outros sec tores como por exemplo o auto móvel ou o farmacêutico”, explica o CEO da empresa sediada em Paços de Ferreira. Distribuidora exclusiva em Por tugal de algumas das maiores marcas de cor te, o Filc Group distingue-se ainda pela personalização dos ser v iços e produtos à medida de cada cliente. “Não nos limitamos a entregar as máquinas, muito pelo contrário. Na grande maioria dos casos perso nalizamos ao pormenor as máquinas e os ser v iços tecnológicos à exata medida das necessidades através dos nossos ser v iços

de assessoria, assistência técnica e inovação”, explica o responsável da empresa que conta atualmente com oito colaboradores. Com o principal foco no mercado nacio nal, responsável por mais de 80% das vendas da empresa, o Filc Group quer agora alargar-se para os mercados internacionais. “Queremos manter os clientes nacionais satisfeitos e continuar a evoluir cá dentro, mas sabemos que é também necessário crescer fora de por tas e expandir os nossos ser v iços além-fronteiras”, adianta Filipe Coutinho, dando conta que para além do MODTISSIMO, o Filc Group tem já várias presenças na feira internacional alemã Texprocess. Uma experiência que gostaria de repetir, depois de 2021 se ter assumido com o melhor ano de sempre para a empresa. “Não quero adiantar números até porque sempre tivemos um crescimento sustentável ao longo destes 25 anos, mas sem dúv ida que o ano passado superou todas as expec tativas”, congratula-se.t

41.656

novas empresas foram registadas em Portugal em 2021

JAPÃO CRIA MÁSCARA QUE BRILHA NA PRESENÇA DO VÍRUS DA COVID

Criada por uma equipa de investigadores da Universidade Municipal de Kyoto, o Japão está a produzir uma máscara que brilha quando exposta ao vírus da Covid-19. O segredo está na incorporação de extrato de avestruz que reage ao vírus e é visualizado por irradiação com luz. Segundo noticiou o The Japan Times, o sistema de deteção da máscara usa anticorpos extraídos de ovos de avestruz e corantes fluorescentes para identificar a exposição e eventual infeção pelo vírus.


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OPINIÃO NO CAMINHO DA FÁBRICA TRADICINAL PARA A FÁBRICA INTELIGENTE Isabel Furtado Vice-Presidente da ATP

QUO VADIS, FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM CONTEXTOS DE TRABALHO/ EMPRESARIAIS? José Manuel Castro Diretor do MODATEX

Todos nós, que há anos trilhamos este árduo caminho, sabemos que o ambiente competitivo da indústria exige adaptação constante e resposta ultra rápida às tendências da procura de mercado. Agilidade e flexibilidade permitem reduzir o time-to-market e conferir às empresas uma vantagem competitiva absoluta. Nada de novidade até aqui. Mas também sabemos que as fábricas onde trabalhamos são, na sua maioria, fábricas de organização tradicional, com a cadeia de abastecimento, produção, manutenção e programação das atividades conduzidas de forma mais ou menos isolada, e sem uma interligação permanente e ágil. Cada uma destas áreas, mesmo que automatizadas, estão desconectadas das restantes, requerendo frequente intervenção humana para resolver transições entre as várias fases de operação. Acresce que a falta de conetividade entre as máquinas e entre os diversos processos de negócio têm como consequência que os operadores humanos estão recorrentemente a analisar conjuntos de dados díspares e relatórios para identificar problemas e potenciais áreas para ganhos de eficiência. A forma mais expedita de visualizar o conceito de Fábrica Inteligente é em contraste com o ambiente de produção tradicional fragmentado, mesmo que moderno nos equipamentos produtivos e automatizado. A Fábrica Inteligente é aquela em que é eliminada a fragmentação entre os sistemas e componentes produtivos e assim é minimizado o desperdício de tempo, energia e recursos materiais. O propósito central da Fábrica Inteligente é integrar todas as diferentes atividades que contribuem para o output da unidade produtiva, combinando a cadeia de abastecimento, manutenção e

Num ano simbólico (2020), repleto de expetativas e projetos para tantas anunciadas transições (climáticas, sociais, profissionais, digitais), sentimos “o chão fugir-nos por debaixo dos pés” quando tivemos de enfrentar os desafios sem precedentes da Pandemia de SARS-Cov-2. Atualmente, num momento de retorno à (nova?) normalidade dos modos de trabalho e de vida, pressentimos como se complexificaram os desafios colocados aos sistemas e processos de formação profissional em contexto de trabalho/empresas. Em 2014, o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), desafiou-nos com esta afirmação: “Nunca houve pior momento para ser um trabalhador apenas com competências e aptidões comuns”. Hoje estamos de novo face a esta urgência, procurando encontrar formas de minimizar o abrandamento dos mercados de trabalho e mitigar os seus impactos sociais e económicos.Para alguns destes desafios, a formação (profissional) aparece quase sempre como a solução. Mas se é a solução, qual é a questão? Novas modalidades de aprendizagem em ambientes digitais e autogeridos? Competências (agora) essenciais: a autorregulação, o

programação da fábrica numa única entidade, em contraste com a Fábrica Tradicional, na qual todas estas atividades são conduzidas de forma isolada. Uma das caraterísticas chave da Fábrica Inteligente assenta na capacidade de partilha dos dados recolhidos pelos equipamentos a todos os níveis da rede digital que liga a unidade produtiva. Mas não basta recolher dados – até porque a indústria gere uma grande quantidade de informação de diferente origem – é necessário a gestão destes dados, de forma eficaz e em tempo útil. Através da recolha e tratamento analítico é possível prever problemas potenciais antes que ameacem o normal funcionamento da fábrica. Aprendizagem automática e algoritmos permitem calendarizar intervenções de manutenção minimizando o tempo de interrupção das máquinas e maximizar a sua utilização. A inovação na Fábrica Inteligente é uma área de rápido progresso. A promessa é trazer ao negócio maior flexibilidade na fabricação, customização à escala industrial, melhoria na qualidade e maior produtividade. Este salto para o futuro da fabricação permite responder aos desafios de produzir bens mais individualizados com menor lead-time to market e maior qualidade. Mas este deve ser um caminho trilhado com uma perspetiva de longo prazo. Mais que navegar em modas tecnológicas, a complexidade da Fábrica Inteligente tem que ser gerida com sentido pragmático do real valor aportado ao negócio. E acima de tudo, ter a noção de que a “transformação digital” da Fábrica Tradicional na Inteligente não é uma revolução, mas evolução.t

pensamento crítico, a resolução criativa de problemas complexos, a resiliência? Como é que a formação para (este) trabalho se ajustará e/ou contribuirá para um modelo de aprendizagens feitas no “chão” das novas fábricas? E como mobilizar e motivar os adultos aprendentes? Que de propostas (soluções?) poderemos identificar acerca da formação profissional em contexto de trabalho/empresarial? - Talvez começar por discutir a conciliação entre a realidade dos contextos de formação nas empresas e a exigência de números mínimos de formandos, nivelados em termos de qualificações e níveis socioeconómicos. Em contextos tão diversos, dinâmicos e sobretudo incertos, este modo de normalização despoleta grandes ineficiências e desperdício de recursos. - Acentuar a necessidade de entender o direito à aprendizagem ao longo da vida no âmbito de parcerias entre entidades de um ecossistema de educação e formação, mas sem um sentido hierárquico do modelo de ensino formal. Esta “centralidade” põe em causa o valor social e simbólico das formações e das competências de natureza profissional e tecnológica. - Incentivar as condições para a certificação

profissional no âmbito das empresas. A acentuação da (quase) exclusiva relevância e valor das creditações “escolares” desvaloriza consideravelmente o esforço de trabalhadores e empresas no fomento de modelos de formação, baseados nos contextos e atividades profissionais. Daqui não resultaria “nenhum mal para o mundo” e fomentaria solidamente a progressão profissional e (até) escolar dos ativos. - Por fim a consagração da figura do formador da (e na) empresa, seja como tutor, mentor, supervisor e, obviamente, formador/facilitador de aprendizagens. Para além da garantia da qualidade (pedagógica e profissional) dos processos de formação em contexto de trabalho, tal iniciativa fomentará o desenvolvimento de processos para a retenção/transferência de preciosas competências e saberes das próprias empresas. Resumidamente, estes e outros passos poderiam constituir incentivos para a valorização explícita dos modelos de aprendizagem e das competências adquiridas nos contextos de trabalho, bem como (mais) um avanço na dignificação social dos projetos e programas formativos desenvolvidos em estruturas empresariais. t


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José Robalo Presidente da ANIL – Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios

Alexandra Cruchinho Professora da Universidade Lusófona,Investigadora do CICANT e Diretora da área de Design de Moda

A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO PRR E DO PORTUGAL 2030

A MODA E O CINEMA – UMA RELAÇÃO DE SEMPRE E PARA SEMPRE

Como é do conhecimento geral as eleições legislativas, que tiveram lugar no passado dia 30 de janeiro de 2022, deram uma inesperada maioria ao Partido Socialista. Esta maioria política que governará Portugal nos próximos quatros anos, é de extrema importância para o nosso futuro, porque neste futuro imediato Portugal será “inundado” pelo dinheiro que virá da tão famosa e esperada Bazuca, e do próximo quadro comunitário de apoio 2030. Como todos sabemos, foi o Governo do Partido Socialista, que agora viu reforçada a sua representação parlamentar, que negociou com a Comissão Europeia as condições destes apoios financeiros. Assim, tendo em conta que possui um apoio parlamentar maioritário, terá toda a liberdade para gerir os programas de apoio à nossa economia não tendo de fazer qualquer cedência à oposição. É pois, de importância vital, que não desperdicemos esta oportunidade para, com esta ajuda financeira, tirarmos o nosso país da cauda da Europa relativamente ao desenvolvimento económico. Sem querer ser pretensioso, gostaria de apresentar algumas linhas gerais que, sem as quais, temo verdadeiramente pelo sucesso destes programas: - Os fundos (PRR e 2030) deverão, na sua grande maioria, contemplar projetos de empresas, independentemente de serem grandes, médias ou pequenas, pois só com o apoio a todas as empresas que operam numa economia de livre concorrência teremos capacidade de desenvolver e fortalecer a nossa economia. - As regras de apoio deverão ser claras, sem subjetividades, para que a sua aplicação seja simples e transparente. - A carga burocrática deverá ser mínima. O que se tem passado em programas anteriores é que a carga burocrática exigida é de tal forma exagerada e, em alguns casos, tão absurda, que, na prática, funciona como um desincentivo para as empresas apresentarem candidaturas. Se continuarmos com o mesmo modus faciendi iremos certamente cair nos mesmos erros de programas anteriores em que os fundos financeiros postos à nossa disposição apenas serviram, em formas mais ou menos encapotadas, para financiar o Estado. Este expediente até poderia ser uma opção como motor da economia, mas acontece que a nossa gestão pública (salvo algumas raras exceções) é, na sua maioria, muito má e os seus investimentos são quase sempre geradores de prejuízos, alimentadores de ineficiências e instrumentos para distribuição de benesses às máquinas partidárias. A continuarmos insistindo nos mesmos erros, não vejo outro futuro que não seja prosseguirmos a nossa marcha para uma economia cada vez menos competitiva e em que para alimentar este Estado parasita já hoje os portugueses e as empresas têm de trabalhar mais de seis meses por ano. t

A Moda e o Cinema estão intrinsecamente ligados desde o século passado e ambas retiram importantes frutos desta ligação. Se, por um lado, o criador procura inspiração no cinema para desenvolver as coleções que irá apresentar em passerelle, por outro, o cinema procura reforçar narrativas através da escolha de figurinos perfeitos e totalmente ajustados a cada uma das personagens. Ao longo do tempo, os criadores e as grandes marcas foram encontrando na sétima arte uma forma de expressão pois, vestindo atrizes e atores, conseguiram eternizar as suas propostas. Um dos grandes exemplos desta relação entre moda e cinema é o célebre vestido preto - the look of black - que Audrey Hepburn usou em Breakfast at Tiffany's. Enquanto ícone do cinema, Audrey ditou tendências. James Dean é outro caso paradigmático da influência do cinema na forma de vestir do comum cidadão. A combinação de t-shirt branca e jeans que o ator usou no clássico “Rebel Without a Cause” rapidamente se tornou uma tendência que marcou a década de 50 e inspirou jovens e adultos. Em Portugal, esta relação é pouco explorada, no entanto, o seu potencial é enorme. Quando uma atriz ou um ator veste uma proposta de figurino está a comunicar. Como dizia a figurinista, pintora e cenógrafa Vera Castro: um bom figurino descodifica estados de alma, desvenda caracteres, revela níveis social e consegue transportar-nos para outras épocas ou lugares. Um bom figurino funciona como na gramática funcionam uma metáfora ou uma alegoria. Mais do que um look assinado por um grande nome da moda ou por uma marca internacional de referência, o figurino é uma parte integrante da narrativa. Na verdade, as atrizes e os atores vestem um conceito, uma história. Veja-se o caso de José António Tenente, Story Tailors, Dino Alves, Katty Xiomara, entre outros criadores nacionais, que já estão a deixar a sua assinatura no cinema, no teatro, no ballet e no mundo do espetáculo. Entre realizadores e encenadores já é reconhecida a importância do figurino enquanto elemento fundamental na construção e na comunicação de uma narrativa. Este é agora, o grande desafio do Design de Moda: adotar uma nova abordagem ao nível da criação de figurino. Ensinar Design de Moda sem ter em conta o desafiante campo da criação de figurinos é desaproveitar não só um terreno fértil para a evolução dos estudantes, como é descurar uma área de atividade profissional com imenso potencial de crescimento. É com esta realidade em mente que a Universidade Lusófona concebeu uma formação em Design e Produção de Moda que, entre outros objetivos, procura explorar a dinâmica entre a Moda e o Cinema, ou não tivesse esta universidade um dos mais renomados cursos de Cinema de Portugal. A coabitação de Moda e Cinema num mesmo espaço académico, potencia sinergias e projetos multidisciplinares em comum que irão ampliar o âmbito criativo e de emprego dos futuros designers de Moda Made In Lusófona. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

É para celebrar a despedida numa festa com bar aberto e ao som de Bee Gees, Donna Summer e Diana Ross, que a nossa Katty preparou um outfit inesquecível para o primeiro-ministro britânico. Equipado com uma extrovertida camisa de colarinhos afiados em cetim estampado e sensualmente desabotoada, calças justas de cinta subida à boca-de-sino e uma generosa corrente de ouro ao peito. Um look para a Friday Night Fever de Boris Johnson

As wine-time Fridays é que estão a dar! Arrumado que está o assunto das eleições com a maioria socialista, decidi concentrar-me na política externa, que por sinal está ao rubro, e não pelas melhores razões. Porém, não vou brincar com coisas tão sérias. Nestas últimas semanas constatamos que temos a fama mas não o proveito, e se a moda pega o mundo está perdido. Talvez tenham sido as polémicas palavras do ministro das finanças holandês que despoletaram toda esta moda dos copos, ou não…. A cada dia que passa, temos uma nova revelação do Partygate. Afinal não foi uma nem duas, mas sim mais de uma dúzia de festas que entraram pela pequena porta do número 10 de Downing Street. Claro que foram apenas umas reuniõezinhas de trabalho com vinho, cerveja e jogos de Pictionary, que até ajudaram a restaurar a economia local de Westminster, que agradece os abastecimentos de malas nas garrafeiras dos supermercados. Mas também ensina uma boa lição a qualquer anfitrião: pedidos como este bring your own bottle não funcionam…. pelo que lá tiveram de abastecer o frigorifico. Aliás, até tiveram de comprar um novo. Ao que parece as wine-time fridays já existiam por lá, ou seja, a moda dos copos não é culpa nossa, nem do holandês das finanças, mas estas reuniõezinhas ou festinhas, grandes ou pequenas, também chamadas de social distance drinks aconteceram enquanto os comuns mortais se esforçavam por ficar recolhidos em casa no maior recato possível. E aconteceram até no dia do funeral do príncipe, onde vemos a rainha partilhar a sua dor com uma bancada vazia, coisa que de facto não ficou nada bem na fotografia. Quem é pai tem de reconhecer que isto de dar o exemplo é uma tarefa bem mais difícil do que parece. Mas o próprio Boris Johnson fez questão de sublinhar que a menina “Josephine é um grande exemplo para todos nós ao adiar o seu aniversário até que tenhamos posto o coronavírus a andar”. No entanto, a esposa de Boris devia estar um pouco distraída, ou simplesmente não teve a coragem da pequena Josephine, e não resistiu a organizar uma festinha para o marido. Lindo detalhe, comovedor aliás! Assim decidimos preparar um look inesquecível para a grande despedida de Boris, seja da Câmara dos Comuns ou das suas sextas-feiras animadas, e quisemos fazê-lo muito rapidamente, antes que a “Lei seca” ou o “Booze ban” que o próprio está a tentar implementar, seja levada a sério. Para tal conseguimos o inestimável apoio de Marty Reinolds, ou se preferirem Marty Party, que nos revelou a temática da derradeira festa no número 10 de Downing Street - Friday Night Fever. Por sua vez também conseguimos informações preciosas de Shelley Williams Walker, também conhecida como DJ SWW que reforçou a ideia saudosista desta festa, ao revelar-nos que as escolhas musicais passam em grande parte pelos Bee Gees, Donna Summer, Diana Rosss e companhia… Honrando o conceito da festa, vestimos Boris com uma extrovertida camisa de afiados colarinhos, em cetim estampado, sensualmente desabotoada que imprime toda uma aura “Disco”. Umas calças justas de cinta subida à boca-de-sino e uma generosa corrente de ouro ao peito. Contudo, deixamos livre e autêntico o seu cabelo, pois seria impossível adequar o seu rebelde penteado ao gelatinoso estilo dos setentas. E assim Boris Johnson se despede (seja lá do que for) numa festa, reconhecidamente, sem restrições e com bar aberto! t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Restaurante Saudade Rue des Bourdonnais 34 (Les Halles) 75001 Paris (França)

EM PARIS TEREMOS SEMPRE SAUDADE Só costumo matar saudades em Por tugal, mas desta vez descobri uma boa maneira de matar saudades da gastrono mia portugues... bem no centro de Paris. Nem de propósito, a cantin a q u e h o j e vo s s i r vo t e m e s s e no m e S a u d a d e , t ã o b e m p o r t u g u ê s co m o a s b o a s e s co l h a s d a sua “carte”. Estive lá exactamente neste início de Fevereiro e foi lá que m e r e co m p u s d e q u a s e 7 k m p e r co r r i d o s n a v i s i t a a o s q u a s e 50 stands portugueses presentes na última Première Vision. O n d e t a m b é m co m e ç a m o s t o d o s a m at a r a l g u m a s s a u d a d e s das grandes feiras do tempo AC (não antes de Cristo, mas antes d a C ov i d ) . J á co n h e c i m u i t o s r e s t a u r a n t e s p o r t u g u e s e s f o r a d e Po r t u gal mas é garantido que é dest e S a u d a d e q u e vo u t e r m a i s saudades. Bem localizado na zona Les Halles, bem perto do

LUXO E ELEGÂNCIA BY CELSO LEMOS

N ovo t e l o n d e f i q u e i , e s t e r e s t a u r a n t e p o r t u g u ê s co n s e g u e um equilíbrio notável entre uma apresentação que escapa da mediocridade de outros q u e co n h e ç o , m a s s e m r e s v a l a r para um “armanço” que lhe estragaria o toque nacional. O mesmo se pode dizer do q u e l á p o d e m o s co m e r e b e b e r , onde o “rapport” qualidade / preço é muito aceitável, não esquecendo que Paris não é no Minho, de onde são originários os seus donos . N a s e n t r a d a s p o s s o r e co m e n d a r o b e r b i g ã o à B u l h ã o P at o e o s b o l i n h o s d e b a c a l h a u co m feijão frade e a seguir qualquer um dos vários bacalhaus ou o p o l vo à l a g a r e i r o . À s o b r e m e s a não podiam faltar os pastéis de n at a . M a s p o d i a m n ã o s e r t ã o b o n s co m o s ã o e p o r i s s o f e c h a ram de modo presidencial um belo jantar de portugueses em P a r i s . A m at a r s a u d a d e s d o co mer e do beber português.t

QUINTA DE LEMOS | GERALDINE ROSÉ O luxo, a produção sustentável e o saber artesanal que são marca da qualidade do têxtil português estão espelhados também neste novo espumante produzido na quinta de Celso Lemos, o dono do grupo Abyss & Habidecor. É a partir de Viseu que fabrica têxteis para casa e decoração do segmento luxo, que exporta praticamente a 100% para os mercados mais sofisticados de todo mundo. A par das toalhas e roupões de banho da marca Abyss e dos tapetes com o selo Habidecor, a família Lemos dedica-se também à produção de vinhos na região do Dão, igualmente orientados para as gamas de qualidade superior. É junto às vinhas e adega da Quinta de Lemos que está também o requintado restaurante Mesa de Lemos, já galardoado com uma estrela do famoso Guia Michelin, reconhecendo a excelência da cozinha do chef Diogo Rocha. No grupo de Celso Lemos, como se vê, tudo é orientado para qualidade superior e sofisticação e este espumante rosé que leva o nome de uma das filhas do empresário não podia faltar à regra.


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c MALMEQUER Por: Cláudia Azevedo Lopes

Hernâni Martins, 62 anos, portuense e fascinado pelos tecidos, é o representante da grega Ioakimidis Textiles SA para Portugal, Palop e Marrocos. Desde cedo enveredou pelo setor têxtil e da moda, tendo trabalhado com muitas das mais prestigiadas marcas europeias. Tantas que as passagens aéreas, que conserva, já não cabem numa só caixa das suas botas de motard, hobbie que alia aos 4,5 km de corrida diária, “faça frio, chuva ou granizo!”. É casado com a Anabela há 30 anos e têm três filhos

SOUVENIR

UM FATO PARA A VIDA

Gosta

Não gosta

Persistência Honestidade Humildade Otimismo

Procrastinar Teimosia Mentiras Voos

Paz e harmonia Inteligência Energia Arte

atrasados Passividade Superficialidade

Empreender Serviço de excelência Aprender

Papéis no chão Pessoas que não se calam

Fotografia Viajar Reciclar Gente educada Gente

Cobardes Ser vaidoso Demora nas respostas

gentil Gente generosa Jantar à luz de velas

Que fumem Cheiro a fumo Amadorismo

Família Cozinhar App's de CRM/produtividade

Erros ortográficos/gramaticais Desperdício

Fazer a barba com a navalha herdada do avô

alimentar Chegar atrasado Falar alto

Chuveiro frio Dormir com a janela aberta Ver

ao telemóvel em transportes públicos e

programas científicos/educativos Fado Rock

restaurantes Filas de trânsito Conduzir

Livros em papel Acordar cedo Azul iPhone iPad

ao telemóvel Condutores perigosos

Alturas Praia Cidade do Porto Sushi Picante

Avareza Feitios complicados Fanatismo/

Francesinha Sumo de laranja Iogurtes Limonada

fundamentalismo Discutir futebol Discutir

Bicicleta Motas com mais de 200 kg e mais de

política Guarda-chuva Falhas de Internet

200 km/h Jeans Camisas brancas Sapatos feitos

Gente que buzina por impaciência

à mão Correr Caminhar Andar de bicicleta

Aquecimento

Paraquedismo FC Porto

A minha vida profissional pede-me o uso de fato na maioria dos dias. Confesso que, não fosse esse dever para com a dignificação das funções que exerço e esta seria uma peça de vestuário bem menos presente na minha vida. Sempre prefiro um look mais casual porque o sinto como mais confortável. Isso não quer dizer que não aprecie vestir um bom fato, com ou sem gravata, e que estes não sejam importantes para mim. Pelo contrário, quando faço um exercício de memória, rapidamente concluo que o fato foi um denominador comum em muitos dos momentos mais importantes da minha vida. O exemplo mais recente que me vem logo à memória remete-me para o dia 10 de outubro passado aquando da minha tomada de posse como presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão. Contudo, no meio de tantos fatos, há um que permanece há muitos anos no meu guarda-vestidos: o meu fato de casamento, usado no dia 9 de setembro de 1995, há 26 anos. Mais do que uma peça de vestuário é uma espécie de objeto de culto pessoal, porque simboliza a origem daquilo que tenho de mais importante na minha vida: a minha família nuclear constituída pela minha mulher, Fátima, e pelos meus dois filhos, a Bárbara e o Mário. Para mim este é e será sempre um belo fato, que me assenta como nenhum outro. Trata-se de uma bela peça de vestuário cinzenta, comprada na casa Valdemar, em Braga, que ainda hoje existe. Recordo como se fosse hoje o ritual da compra, a deslocação, a escolha do leque de opções, as provas e a decisão final. Apesar de ter usado apenas uma vez, o meu fato de casamento é a peça de vestuário de referência na minha vida. Em bom rigor, visto-o todos os dias e é muito mais do que um conjunto de tecido composto por calças e casaco. t Mário Passos

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão



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