T72 - Maio 2022

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T RUI MACHADO, CEO DA BESTITCH

“NO MERCADO AMERICANO O MADE IN PORTUGAL ACRESCENTA SEMPRE VALOR”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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DOIS CAFÉS E A CONTA

PERGUNTA DO MÊS

GRUPO GOUCAM NÃO SE DEIXA ILUDIR COM O BOM RECOMEÇO APÓS A PANDEMIA

SENDO A INOVAÇÃO OBRIGATÓRIA, EM QUE ÁREAS DEVE APOSTAR O SETOR?

A MINHA EMPRESA

EMERGENTE

ESTRATÉGIA

A COSTA GUERREIRO FABRICA MAIS DE TRÊS MILHÕES DE ETIQUETAS POR DIA

CATARINA É DESDE QUE SE LEMBRA UMA APAIXONADA PELAS ARTES

ESCALADA DE PREÇOS ANALISADA EM REUNIÃO COM COMISSÁRIO EUROPEU

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CRESCIMENTO

SUSTENTABILIDADE

JF ALMEIDA ATINGIU 52 MILHÕES DE VOLUME DE NEGÓCIOS NO ANO PASSADO

SASIA TRANSFORMA RESÍDUOS NUMA NOVA GERAÇÃO DE FIBRAS RECICLADAS

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N Ú M E RO 72 M A I O 2 02 2

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DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS


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www.fromportugal.com.pt PRIVATE LABEL / SOURCING

FEIRAS DE MODA Fimi – Valência – 17/19 junho Pitti Bimbo - Florença – 22/24 junho Playtime Paris – Paris – 2/4 julho Pure London - Londres – 17/19 julho Colombiamoda – Medellín – 26/28 julho Magic. Project. Market. Las Vegas – 8/10 agosto

Première Vision Manufacturing – Paris – 5/7 julho Pure Origin - Londres – 17/19 julho Apparel Sourcing – Nova Iorque – 19/21 julho Sourcing at Magic. Project. Market. - Las Vegas – 7/10 agosto Munich Fabric Start Sourcing – Munique – 30 agosto / 1 setembro Fashion SVP - Londres - 20/21 setembro Mare di Moda – Cannes - 8/10 novembro

Who's Next - Paris – 2/5 setembro

FEIRAS DE TÊXTEIS LAR E DECORAÇÃO

Show Up - Vijfhuize - Holanda – 4/5 setembro Momad - Madrid – 16/18 setembro

Heimtextil – Frankfurt – 21/24 junho NY Now – Nova Iorque – 14/17 agosto Show Up - Vijfhuize - Holanda – 4/5 setembro Intergift - Madrid – 14/18 setembro Homi Milano - Milão – 16/17 setembro

Coterie NY- New York – 18/20 setembro

FEIRAS TÊXTEIS Première Vision Paris - Paris - 5/7 julho

FEIRAS DE TÊXTEIS TÉCNICOS

Milano Unica - Milão – 12/14 julho Première Vision NY – Nova Iorque - 19/20 julho TexWorld USA – Nova Iorque – 19/21 julho Colombiatex - Medellín – 26/28 julho Munich Fabric Start – Munique – 30 agosto/1 setembro The London Textile Fair - Londres – 5/6 setembro Jitac European Textile Fair - Toquio – 4/6 outubro Mare di Moda – Cannes – 8/10 novembro

Outdoor by ISPO – Munique - 12/14 junho Techtextil / Texprocess – Frankfurt - 21/24 junho Febratex Brasil – Blumenau – 23/26 agosto Medica - Dusseldorf - 14/17 novembro Ispo – Munique – 28/30 novembro Performance Days Munich - Munique – novembro

FEIRAS DE FILEIRA TÊXTIL Baltic Fashion & Textile – Vilnius – 16/18 setembro

MARKETPLACES INDEPENDENTES Foursource Joor Fairling Super Etage The Brandshow. TV View & Playologie


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n CORTE&COSTURA Com o MODTISSIMO60 já aí à porta e as inscrições a decorrer a bom ritmo, o Diretor da feira, explica o porquê do regresso e as razões do sucesso com a mudança para os pavilhões da Exponor

MODTISSIMO está cada vez mais internacional

Com o regresso á Exponor a MODTISSIMO tornou-se mais atraente e participada, é assim? As pessoas e as empresas ficaram muito contentes com o regresso à Exponor e eu senti logo quando mudámos que ia dar bom resultado. No final da feira a opinião era unânime, quer entre os expositores quer entre os compradores. Mas convém não esquecer que foi um regresso motivado pelo crescimento da feira, já que o espaço do Aeroporto, onde vínhamos a fazer as edições de fevereiro, impedia a entrada de mais expositores, porque já não cabiam todos os que queriam estar na feira. E qual foi o crescimento em termos de participação nesta última edição? Na verdade, eu diria 10% a 15% no máximo, mas pareceu muito maior porque temos uma visão global da feira, tanto dos expositores como dos visitantes. É muito importante que todos possam estar na mesma sala, que toda a gente possa ver o que está a acontecer em termos de expositores e de visitantes e foi essa noção que, apesar de a feira ter sido apenas um bocadinho maior em termos de área, deu a impressão de que era muito maior. Além disso, é muito mais cómodo para todos, já que uma coisa é fazer uma feira na Exponor, com uma acessibilidade excelente para toda a região norte, e outra coisa é fazer uma feira no centro do Porto, no caso da Alfândega, onde o acesso e o estacionamento são complicados. Independentemente da dimensão, fica também ideia de que a MODTISSIMO é cada vez mais importante, que ganhou protagonismo internacional? Isso é uma realidade, e não são só os expositores que o dizem, tenho os números e os números também falam por si. De facto, O MODTISSIMO tem cada vez maior importância internacional. Creio que tem muito a ver com a procura crescente das marcas por produzir em Portugal e por comprar produtos feitos em Portugal, tudo muito impul-

sionado pela imagem que se consolidou nos últimos anos de que a indústria portuguesa é a vanguarda da produção sustentável e responsável. E há também hoje em dia de uma forma geral um interesse crescente por Portugal, e acho que isso também está a ajudar. Será que as feiras menos massificadas, mais acessíveis, estão a tornar-se mais produtivas? É uma tendência que se nota no pós-pandemia e não só, 0que os compradores preferem agora feiras que não sejam gigantes, que tenham uma dimensão mais humana, onde se sintam também mais confortáveis, com mais facilidade de trabalho. Nota-se que as grandes plataformas internacionais foram mingando um bocadinho e as feiras mais pequenas, nas quais a MODTISSIMO se inclui. Mas também os compradores estão mais focados nos negócios, vêm com objetivos concretos, não tanto em avaliar e ver novidades. O que é que diferencia o MODTISSIMO, o que tem de novo? É muito importante esta nova dimensão de fórum onde se discutem problemas importantes para a indústria, aproveitando o facto de estar muita gente a expor e muita gente a visitar. Já tínhamos, em parceria com o CITEVE a apresentação das tendências com as MODTISSIMO Talks, mas temos também agora as iTechStyle Talks, onde se discutem assuntos que também são muito importantes para o futuro.

EDITORIAL Por: Manuel Serrão

O CARINHO DO NOSSO LINHO Não foi fácil conseguirmos convencer o protagonista da nossa capa desta edição do T a conceder-nos a entrevista que há muito lhe vínhamos pedindo. O Rui Machado tem uma história que vale a pena contar, mas como já nos tem sucedido com muitos outros industriais e empresários como ele, não gostam de ser assunto, nem de mediatismo. Ainda bem que o Rui lá aceitou receber-nos, até porque agora vai de certeza conquistar mais aliados para conseguir realizar a sua próxima missão que já não é solitária. De facto, estando a produção mundial de linho concentrada maioritariamente no espaço europeu, não se percebe porque é que não existe praticamente nenhuma unidade na Europa para o tratar e empresas como a BeStitch são obrigadas a recorrer a países como a China para poderem ter essa matéria-prima pronta a ser trabalhada e vendida. O Rui Machado quer voltar a ter uma fiação de linho em Portugal e nós aqui no T já lhe prometemos que tudo faremos com muito carinho para o ajudar nessa empreitada. Destacamos para título a sua afirmação de que a etiqueta Made In Portugal tem um grande valor acrescentado no mercado dos EUA e estamos certos de que essa realidade ainda poderá melhorar se os produtos em linho puderem ter toda a sua cadeia de produção em território português. t

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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Mário Jorge Machado Diretor: Manuel Serrão Morada Sede e Editor: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030

E quais serão as próximas novidades? É uma coisa em que já pensamos há vários anos, mas que como agora temos espaço, vamos ver se há interesse em acrescentar uma secção de têxteis-lar. Houve uma altura em que havia esse interesse, tivemos várias empresas de têxteis-lar que nos pediram para vir, acho que vale a pena procurar abrir aqui uma nova área. t

Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Cláudia Azevedo Lopes Telefone: 969 658 043 - mail: cl.tdetextil@gmail.com Registo ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena Número Depósito Legal: 429284/17 Estatuto Editorial: disponível em: http://www.jornal-t.pt/estatuto-editorial/


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PERGUNTA DO MÊS Por: José Augusto Moreira Ilustração: Cristina Sampaio

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“O sector têxtil deve apostar fortemente nas fibras sustentáveis: naturais ou com base em polímeros naturais extraídos de resíduos”

“Diria que o holofote da inovação e da criatividade se deve orientar rapidamente para as equipas de gestão do capital humano”

RAUL FANGUEIRO FIBRENAMICS, UNIVERSIDADE DO MINHO

HÉLDER ROSENDO TMG TEXTILES

SENDO A INOVAÇÃO OBRIGATÓRIA, EM QUE ÁREAS DEVE APOSTAR O SECTOR TÊXTIL?

Estando assente que a inovação já não é hoje uma opção para a atividade têxtil mas antes um princípio basilar para as empresas na construção do futuro, a questão que se coloca é saber para que áreas de inovação se deve orientar hoje o sector. Que caminhos coletivos são prioritários trilhar numa atividade que precisa de diferenciação para criar valor, onde a competição pelo preço já não é opção e está arredada dos trilhos do futuro.

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ais que um mantra para a indústria têxtil e do vestuário, a via da sustentabilidade parece ser já assumida como o único caminho a seguir para o sector e é nele e nas suas múltiplas vertentes que a maioria parece apostar todas as fichas. Mas é preciso também procurar a inovação nos processos de produção, sem esquecer também as pessoas e a necessidade urgente de o sector se reinventar para conseguir atrair recursos humanos. “A inovação têxtil deve seguir o mais possível os grandes temas da sociedade e, como tal, nesta altura os

“Acredito que a inovação na indústria têxtil tem que passar, sobretudo, pela área da sustentabilidade” LUÍS TEIXEIRA FARFETCH

grandes temas são a sustentabilidade e reciclabilidade. Não são obviamente temas novos, mas são áreas onde garantidamente há muito trabalho para fazer”, expõe de forma pragmática o CEO do Grupo Endutex. Uma opinião que é reforçada pelo Diretor Geral da Têxteis Penedo, SA, Agostinho Afonso, entendendo que “para além da inovação, o sector têxtil, deve reforçar a aposta na sustentabilidade e economia circular dando o seu contributo para a otimização de recursos”, isto sem “nunca se esquecer do design e da qualidade que os produtos nacionais sempre habituaram o mercado”. A inovação focada no reforço das propostas susten-


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“A inovação têxtil deve seguir o mais possível os grandes temas da sociedade, que nesta altura para mim são a sustentabilidade e reciclabilidade”

“O sector deve inovar na formação efetiva dos trabalhadores e no paradigma da captação de recursos humanos”

“A têxtil não sobrevive à nova era sem investir em inovação focada na otimização de processos e renovação de ferramentas”

VITOR ABREU ENDUTEX

RICARDO SILVA BELFAMA

MARIA JOSÉ MACHADO AXFILIA

táveis é igualmente a proposta do Chief Operations Officer da Farfetch, Luís Teixeira, muito embora entenda que “a inovação pode ser encontrada em várias áreas e formas. Pode ser inovação incremental ou inovação disruptiva, dependendo do produto, serviço e também sector onde essa inovação se insere”. A sustentabilidade deve, no entanto, estar no centro das preocupações de investigação nos tempos que correm. “O sector têxtil é muito particular no que diz respeito a inovação. No momento em que nos encontramos, acredito que a inovação na indústria têxtil tem que passar, sobretudo, pela área da sustentabilidade.

Deve apostar-se em novos materiais, mais conscientes e amigos do ambiente e em programas que permitam alavancar a segunda-mão e a nova vida dos produtos”, diz Luís Teixeira. Além do mais, “o consumidor tem vindo a pedir exatamente isso, está mais ávido por compras mais conscientes e informado sobre o impacto que esses mesmos produtos têm no planeta”. Por isso, continua, “na Farfetch, através do nosso programa Second Life e da nossa estratégia e plataforma de resale , na Luxclusif [recente aquisição da Farfetch], estamos a alavancar ainda mais esta área que tem muito para crescer e prosperar”. Ainda com foco na susten-

tabilidade, o Professor Raúl Fangueiro, vai mais adiante e especifica que a inovação se deve orientar para a produção de fibras sustentáveis. “O sector têxtil deve apostar fortemente na produção e transformação de fibras sustentáveis: naturais ou com base em polímeros naturais extraídos de resíduos”, indica o diretor do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil, Presidente da Associação Fibrenamics Universidade do Minho. É olhando mais para a frente, para a fase de produção, que o CEO do grupo ERT aponta para a inovação ficada no processo produtivo. “O sector têxtil depois de uma aposta na inovação do produto deverá agora

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IDADE MÉDIA DOS TRABALHADORES TÊXTEIS

apostar na inovação dos processos produtivos, só assim se poderá alcançar uma Inovação plena no sector”, assegura João Brandão, enquanto a líder do grupo Latino, Clementina Freitas é ainda mais pragmática: “O sector têxtil deve apostar em todas as áreas que o mercado compre e que esteja disposto a pagar inovação. O foco na venda de marcas próprias e redução da subcontratação, impõe-se em Portugal para assim garantirmos intervenção direta no mercado, e consequentemente a venda da inovação que produz”. A renovação e ferramentas e otimização de processo é outra área para onde a mentora e fundadora da Axfilia gostaria de ver também orientados os esforços de inovação. “a indústria têxtil em Portugal, à semelhança das dinâmicas que vemos serem implementadas noutros países, não sobrevive à nova era sem investir em inovação focada na otimização de processos”, diz Maria José Machado, que destaca nesta “a necessidade de renovação das ferramentas - parque máquinas e sistemas de informação - para maior flexibilidade, menor custo de produção, minimização de desperdício, e maior sustentabilidade, de forma a também se poder alocar os re-

cursos humanos para etapas mais úteis e interessantes”. É por isso, que também Ricardo Silva, Diretor Geral da Belfama, põe a tónica em projetos de inovação que apostem também “acima de tudo, e sempre, nas pessoas”. O sector têxtil deve inovar “desde logo na qualidade e competência dos seus dirigentes, na formação efetiva dos trabalhadores e no paradigma da captação de novos recursos humanos”, expõe o responsável pela empresa, indicando que “a idade média dos trabalhadores têxteis ultrapassa os 50 anos e não há renovação, pelo que há a necessidade imperiosa de fazer algo para mudar a imagem que existe no mercado de trabalho sobre o nosso sector”. Além disso, “e para além da inovação que é efetivamente obrigatória, o sector têxtil deve apostar essencialmente na utilização de recursos sustentáveis, na eficiência energética”. Uma ideia de inovação orientada para as pessoas, que é reforçada pelo Business Manager da TMG Textiles, que aponta claramente para a gestão do capital humano como área para a qual o sector têxtil precisa de apontar as baterias da inovação. “Diria que o holofote da inovação e da criatividade se deve orientar rapidamente para as equipas de gestão do capital humano. Estes processos requerem hoje dinâmicas, estratégias criativas e instrumentos inovadores, orientados para fora e para dentro da empresa, que permitam não só, redefinir o chamado ‘pacote’ de remuneração, mas sobretudo, reinventar todo o processo de recrutamento, acolhimento, integração e fixação do talento”, avança Hélder Rosendo. t


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RIOPELE INVESTIU 35 MILHÕES DE EUROS NA ÚLTIMA DÉCADA

ASM PREPARA PRESENÇA NA TEXWORLD E APPAREL SOURCING NY As feiras Texworld e Apparel Sourcing New York regressam nos dias 19 a 21 de julho ao Javits Center, em Nova Iorque, sendo uma oportunidade para as empresas de tecidos, acessórios e de confeção de vestuário contactarem com o mercado americano. Como habitual, a Associação Selectiva Moda, organiza a comitiva From Portugal, propondo a participação em três formatos: presença tradicional com stand físico; hybrid package que permite a exposição dos produtos numa área pop-up ; ou através da plataforma virtual disponível. Os custos de participação podem ter uma comparticipação de até 50%.

"A integração do mundo digital com o setor têxtil já é uma realidade" Miguel Pacheco CEO da Heliotextil

A Riopele investiu desde 2012 cerca de 35 milhões de euros nas áreas da tecnologia de ponta – em especial na automação e eficiência dos equipamentos, na criação de uma plataforma digital, na monitorização do chão de fábrica e na implementação de um sistema de visão artificial nos teares – e na otimização de processos e reforço de competências internas. Segundo nota da empresa, os investimentos no domínio da sustentabilidade (eficiência energética, poupança de água, combate ao desperdício, etc.) foram também frequentes ao longo dos últimos

10 anos. “A aposta da empresa no domínio da sustentabilidade é antiga e as metas ambiciosas: 80% dos produtos da Riopele terão uma base sustentável até 2025”, sublinha. Produção local, eficiência energética, redução do consumo da água, combate ao desperdício não são uma moda: “na Riopele, a sustentabilidade não é uma tendência, mas a nossa forma de estar desde o primeiro dia”. Neste contexto, “a área de I&D é crítica para a Riopele. Por esse motivo, este é um dos departamentos mais relevantes. Atualmente, 120 profissionais apostam,

todos os dias, no desenvolvimento de soluções inovadoras, para os mais exigentes clientes à escala internacional”. Só deste modo foi possível chegar ao patamar em que a empresa se encontra: “a Riopele exporta mais de 95% da sua produção para todo o mundo. Consolidar a posição nos mais exigentes mercados europeus e aprofundar a presença em mercados de grande potencial como os Estados Unidos, Canadá ou Japão, é uma aposta para a próxima década”. A empresa tem atualmente mais de 750 clientes ativos em mais de 30 mercados. t

MERCADO DE SEGUNDA MÃO CRESCE EM FRANÇA

MANGO COM LUCROS DE 67 MILHÕES EM 2021

Quase um em cada dois franceses (45%) adquiriu o hábito de comprar produtos em segunda mão, e para 64% nesta opção pesa sobretudo a componente ecológica. Os números são do Sofinscope, o Barómetro da OpinionWay da Sofinco, indicando que 83% dos jovens de 18 a 24 anos compram em segunda mão, privilegiando os locais de venda físicos (72%), como feiras de rua e vendas de garagem.

A Mango fechou o ano de 2021 com lucros de 67 milhões de euros, o que representa o resultado mais estável da última década e mais que triplica os 21 milhões registados em 2019. A faturação registou também um aumento de 21,3%, face a 2020, o equivalente a 2.234 milhões de euros. Para estes resultados contribui sobretudo, o crescimento do canal online, que representa já 42% da faturação tota.

40%

é a previsão do Banco Mundial para o aumento de preços do algodão

PROJETO CITEVE DE 132 MILHÕES SELECIONADO PELO PRR

O VERÃO JÁ ESPREITA NA CANTÊ

Já com os olhos postos no verão, a Cantê lança Aloha. A coleção inspirada no estilo e espírito havaiano, traz, para além de muita cor, novidades como o primeiro chapéu de sol Cantê, toalhas de praia e buckets hats. “Este ano aumentámos a linha de roupa de acessórios para responder às necessidades das nossas clientes – vamos ter pela primeira vez um chapéu de sol, toalhas de praia e buckets hats”, adianta Mariana Delgado, co-fundadora da marca portuguesa de swimwear.t

O consórcio BE@T, liderado pelo CITEVE, foi um dos três selecionados pelo Fundo Ambiental na área da bioeconomia sustentável, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência. O projeto conta com a participação de 54 parceiros entre empresas e sistema de investigação e inovação e prevê um investimento de 132 milhões de euros. O objetivo é acelerar e alterar o paradigma na produção de produtos com alto valor acrescentado a partir de recursos biológicos, investindo em inovação para produzir de forma ecologicamente sustentável e encontrar novos materiais e processos de fabrico alternativos às matérias de base fóssil. “Dentro de quatro anos, a utilização de biomateriais, de bioprocedimentos, será radicalmente diferente”, disse o diretor-geral do CITEVE.


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de 21 a 24. 6. 2022 Frankfurt am Main

Future Clothing

Descubra desenvolvimentos visionários e soluções para a indústria do desporto e do calçado. Expositores de todo o mundo apresentam ideias, tendências e inovações num contexto de feira híbrido. Com a oferta digital adicional, beneficia do melhor de dois mundos: contactos pessoais na feira e intercâmbio virtual com os expositores e a comunidade internacional, por exemplo através de matchmaking antes, durante e depois da feira. techtextil.com info@portugal.messefrankfurt.com, Tel. +351 21 7 93 91 40

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A DOIS CAFÉS & A CONTA Goucam Group

Reta do Caçador, Rio de Loba 3505-557 Viseu

Três cafés e água mineral, para a conversa que teve lugar no espaço do showroom da empresa

JOSÉ CARLOS CASTANHEIRA

CEO DO GOUCAM GROUP

Cresceu e fez toda a formação na Holanda, para onde emigrou com os pais, mas casou em Portugal, o que foi aproveitado pelo sogro para o desafiar a tomar conta dos destinos da pequena confeção de que era sócio em Viseu. Estávamos em 1987 e era o princípio de um novo rumo para a Gouveia & Campos, nascida uma década antes fruto da conjugação de esforços entre o alfaiate Agostinho Gouveia (o sogro) e o atelier de Rosa Campos. Fundiram-se os apelidos e emergiu um grupo que não tem parado de crescer. Do modesto espaço inicial aos três polos industriais, os casacões de senhora aos fatos que as mais prestigiadas marcas distribuem por todo o mundo.

"ESTE RE COMEÇO ESTÁ A SER MUITO BOM "

A fabricar sobretudo fatos para o segmento médio-alto, José Carlos Castanheira não alinha em euforias com o súbito crescimento pós-pandemia e mostra-se cauteloso face aos tempos de incerteza e volatilidade dos mercados que impactam sobre o setor. “O recomeço está a ser muito bom. Começaram até a aparecer com encomendas de 200 mil fatos, mas penso que é temporário, muitas fábricas acabaram por fechar com a pandemia e os clientes estão agora a repor mercados”, expõe o CEO do Goucam Group. Com a atividade distribuída por três polos - Viseu, Arganil e Castelo Branco -, diz que, de momento, “o problema é não termos capacidade de resposta”, mas está convencido de que a procura não vai durar muito. “Esta euforia é temporária, com a inflação a trepar, as vendas vão cair a seguir às férias”, estima o empresário, que enfrenta também o problema da escassez de mão-de-obra. “Estamos a admitir gente, e se aqui em Viseu e em Castelo Branco vamos conseguindo, em Arganil temos muitas dificuldades”. Mesmo assim, explica, “são trabalhadores que têm que passar por um processo de formação interna – temos contratos específicos com o Mo-

datex –, mas vivemos tempos incertos e não sabemos o que a empresa vai precisar quando estiverem em condições de produzir”. Reconhece que há, também, o problema da atratividade e dos salários, mas essa é uma questão que só por si a empresa não pode resolver. “No início do ano aumentamos toda a gente, mas logo a seguir veio o preço da gasolina e comeu-lhes tudo, vamos ter que os aumentar outra vez. Mas temos também situações, principalmente quadros intermédios, gente que merece melhores salários, em que as pessoas nos pedem para não aumentar já que acabam por ficar prejudicadas com os aumentos nos impostos”. É também por estas questões que, numa área onde a competição assenta em boa parte no preço, defende a necessidade de uma estratégia alargada e abrangente. “É aqui que está a confeção no país, já não é no norte. Neste tipo de artigo, roupa de verdade, e com os lanifícios, temos aqui um cluster. O que faz falta é concentrar fábricas, ter posição de mercado, para que não continue o que tem acontecido nos últimos 20 anos em que o comércio anda a comer a indústria”. E para o CEO da Goucam,

esta “não é uma questão de fundos ou de apoios, é perceber que antes de ser negócio financeiro tem que ser negócio industrial, e penso que essa concentração vai ter que acontecer mais cedo do que se pensava”, regista. Entretanto, a Goucam vai avançando a um ritmo de fabrico de mil fatos por dia para procurar dar resposta à avalancha de encomendas. “As vendas de fatos dispararam após a pandemia, as marcas e lojas estavam sem stocks”, explica o CEO, dando conta de que é de Espanha – Massimo Dutti, Carolina Herrera, Purificacion Garcia – que continua a vir o grosso dos clientes. E chegam agora, e cada vez mais, também da Alemanha, França, Suíça ou EUA. Com mais de 400 trabalhadores e a exportar a 100%, o grupo espera voltar este ano aos mais de 16 milhões de euros que faturou 2019. Tem a unidade de Arganil dedicada a fazer casacões para a Hugo Boss e uma outra a trabalhar em blusões para a Lacoste, e José Carlos Castanheira conta que até apareceram dois clientes que queriam reservar toda a produção até ao final do ano, “o problema é que não temos capacidade de resposta”, conclui. t


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www.modtissimo.com

ORGANIZAÇÃO

PATROCINADORES

PARCEIROS INSTITUCIONAIS

PARCEIROS PRIVADOS


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FEIRAS

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REGRESSO À PERFORMANCE DAYS COM BALANÇO MUITO POSITIVO

GENDA DAs FEIRAS

OUTDOOR BY ISPO 12 a 14 junho – Munique A Sampaio Dehora/Linartex Dune Bleue Forteams Lab JF Almeida FIMI 17 a 19 junho – Valência A&J Baby Gi Dr Kid FS Baby Meia Pata Phi Clothing Wedoble TECHTEXTIL / TEXPROCESS 21 a 24 junho - Frankfurt A Sampaio Artefita Bloomati Bolsibotão Carlos Sousa CeNTI Citeve Coltec - Neves & Cª, Lda. Cordex Dehora/Linartex Endutex Filasa Fitexar Foot By Foot Grupo ADI Heliotextil Inovafil Invescorte Lipaco MCS Penteadora S.Roque - Máquinas e Tecnologia Laser, S.A. SGL Carbon Smart Inovation Trim NW Trivialtex PITTI BIMBO 22 a 24 junho – Florença A&J Cotton Moon Dr Kid FS Baby Meia Pata Natura Pura Noese Phi Clothing Wedoble

CO-FINANCIADO POR:

O regresso físico da Performance Days, na última semana de abril, em Munique, representou um enorme sucesso para as empresas portuguesas presentes no cer tame dedicado aos têxteis técnicos e funcionais. Joaps, LMA e A. Sampaio eram as empresas da comitiva From Por tugal, às quais se juntou a Bloomati by Car vema – e todas elas regressaram com um balanço muito positivo desta edição da feira. É o caso da LMA, que não parou literalmente de trabalhar durante os dois dias da feira e descreve como “um clima de felicidade generalizado” o regresso ao cer tame alemão. “Recebemos muitos compradores italianos, austríacos, alemães e suecos e, para além de termos fechado bons negócios estabelecemos também óptimos contac tos para o futuro”, conta o responsável comercial da LMA, Luís Sousa Dias, que levou até Munique uma nova linha de malhas 100% recicladas e cer tificadas. Em estreia nesta feira, também a Bloo mati by Car vema não podia estar mais sa-

tisfeita com os resultados: “Novos clientes, muitos pedidos de amostras e o reencontro com alguns compradores nossos”, descreve Alice Sampaio, comercial e responsável pelo marketing da empresa de Barcelos. “As duas edições online em que par ticipamos durante a pandemia já tinham sido favoráveis, mas esta presença física superou todas as expec tativas. Recebemos vários clientes novos, nomeadamente alemães, e muitas v isitas de outros compradores que nos acompanhavam nas feiras online”, acrescenta. A par ticipação das empresas PME por tuguesas na Performance Days resulktou de mais uma iniciativa da Selec tiva Moda e da ATP no âmbito do projec to que v isa promover a internacionalização das empresas por tuguesas da área da Moda. O projeto “From Por tugal” é co -financiado pelo Por tugal 2020, no âmbito do Compete 2020 – Programa Operacional da Competitiv idade e Internacionalização, pro venientes da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolv imento Regional. t

VÁRIAS EMPRESAS JÁ ALINHADAS PARA A MUNICH FABRIC START São já mais de três dezenas as empresas portuguesas que confirmaram a sua presença na Munich Fabric Start (MFS), uma dezena na área de sourcing à qual a feira alemã atribuir desta vez um pavilhão exclusivo. Depois do sucesso da última edição, em que as empresas portuguesas se fizeram representar no espaço coletivo Portugal Sourcing, a organização da feira agendada para os dias 30 de agosto a 1 de setembro decide agora

dedicar o pavilhão 8 em exclusivo à área do fabrico de vestuário em regime de private label. Esta nova área, associada à dinamização habitual da área dos tecidos, core business da Munich Fabric Start, está já a despertar o interesse das empresas portuguesas. De acordo com a organização da feira, são já mais de uma dezena as empresas portuguesas da área do sourcing que confirmaram, às quais se juntam mais cerca de 20 empresas nos pavi-

lhões de tecidos e acessórios. Como é habitual a Associação Selectiva Moda organiza, no âmbito do projeto From Portugal, a participação das PME’S portuguesas na Munich Fabric Start. As PME’s portuguesas interessadas em participar contam com a comparticipação até 50% em custos relacionados com o aluguer do stand, transporte de coleções, elementos decorativos, criação de conteúdos digitais, bem como na viagem e estadia.t


Maio 2022 JORNAL T_INTERGIFT_Sep 2022_235X295_por.pdf

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Em coincidência com

Aniversário

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Salão Internacional do Presente e Decoração.

14-18 Sep

2022 Recinto Ferial

ifema.es


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ECONOMIA CIRCULAR INDUZ RECEITA DE 600 MIL MILHÕES ATÉ 2030 De acordo com um estudo da Fundação Ellen MacArthur, os modelos de negócios circulares têm o potencial de aumentar a receita da indústria da moda e, ao mesmo tempo, reduzir o volume de produção de roupas e acessórios. Feitas as contas, áreas como o aluguer e venda em segunda mão podem gerar mais de 600 mil milhões de euros de receita até 2030. Denominado 'Circular Business Models', o estudo aponta ainda que as marcas podem contar com essas receitas de forma duradoura, ao mesmo tempo que contribuem para a poupança de recursos naturais.

“Ninguém, na cadeia de fornecimento, pode abdicar da sua margem” Rui Teixeira CEO da Gulbena

DESIGNER AUSTRÍACO INSPIRA-SE EM PORTUGAL

Desta vez é Braga, com o Bom Jesus e o Jardim de Santa Bárbara, que inspira a mais recente coleção do designer austríaco Manuel Essl. O seu mais recente editorial intitulado ‘Jardim de Flores’ foi fotografado na cidade dos arcebispos aquando da sua passagem pelo MODTISSIMO, em fevereiro deste ano. “Portugal tornou-se a principal inspiração do meu trabalho e como é costume trouxe novos designs comigo para fazer um photoshoot", afirma. t

QUASE METADE DA PRODUÇÃO DA INDITEX EM 2021 VEIO DA CHINA A China ganhou terreno em 2021 como fornecedor do grupo Inditex, respondendo por quase 40% do total da produção do grupo galego, quando, no ano anterior, não foi além dos 34,8%. Ao contrário do que parece aconselhar o aumento exponencial dos transportes e a dependência da Europa em vários domínios, o grupo diminuiu em 2021 o fabrico nos mercados de proximidade: Espanha, Portugal, Marrocos e Turquia representaram 48,6% dos fornecedores, ligeiramente abaixo de 2020, e 46,2% das fábricas de vestuário utilizadas, o valor mais baixo dos últimos anos. O grupo colocou no mercado 565.027 toneladas de vestuário em 2021, mais 25% que no ano anterior (um recorde histórico) e mais 3,7% que em 2019, apesar de as vendas permanecerem abaixo dos níveis pré-pandemia. No total, a Inditex trabalhou em 2021 com 1.790 fornecedores diretos que, por sua vez, utili-

zaram 8.756 fábricas que somam mais de três milhões de funcionários. Em 2020, a empresa trabalhava com 1.805 fornecedores com 8.543 fábricas e em 2019, com 1.985 fornecedores e 8.155 fábricas. Cerca de 97% da produção para a Inditex está concentrada numa rede de doze clusters de fornecedores: Espanha, Portugal, Marrocos, Turquia, Índia, Bangladesh, Paquistão, Vietname, China, Camboja, Argentina e Brasil. O sourcing era de 51 mercados em 2019, tendo passado para os 44 no final de 2021. Das fábricas declaradas em 2021, a maioria (4.315) corresponde a confeções, fiação e tecelagem (3.179). As restantes dividem-se entre corte (120), tinturaria e lavagem (209), estamparia (305), acabamento (295) e produtos não têxteis (333). A Inditex fechou 2021 com um volume de negócios de 27.716 milhões de euros, 2% menos que em 2019. t

GRUPO JF ALMEIDA ATINGE VENDAS DE 52 MILHÕES O grupo JF Almeida fechou o exercício de 2021 com um volume de negócios de 52 milhões de euros. Este valor foi anunciado na revista interna do grupo. “Crescemos em volume de negócios, em força humana, em qualidade e em serviço”, resume Susana Abrantes, diretora financeira. Abordando temas muito diversificados, o mais recente nú-

mero do magazine LOOM apresenta as suas últimas apostas na sustentabilidade, inovação e na área da responsabilidade social. “Fala-se de um novo normal, da necessidade de inovar para ser sustentável. De (re)criar um mundo mais responsável, atento e solidário. Para a JFA nada disso é novo. Estamos há muito atentos e empenhados na me-

lhoria permanente de processos”, afirma o CEO, Joaquim Almeida, no editorial. A apresentação do fio 360 Recycled Yarn, a iniciativa ‘Mãos na Horta’ e a renovação de certificações de gestão e ecológicas, são três dos casos práticos que se encontram na revista do grupo e que se complementam com imagens das novas coleções. t

MARKS & SPENCER NO ALUGUER DE ROUPA COM A HIRESTREET O grupo britânico Marks & Spencer lançou uma linha de moda na plataforma de aluguer de roupa Hirestreet, propriedade da Zoa – startup onde a rede de lojas investiu cerca de meio milhão de euros e de cujo capital faz parte. Este é o primeiro teste da Marks & Spencer no formato de aluguer de roupa e as peças estarão disponíveis na Hirestreet pelo preço de 13 libras (cerca de 15,5 euros) por cada quatro dias, enquanto são vendidas na rede de lojas entre os 81 e os 350 euros.

TURQUIA AUMENTA EXPORTAÇÃO DE VESTUÁRIO A Turquia está a capitalizar a sua posição geográfica junto da Europa e as dificuldades impostas pelo aumento exponencial dos transportes internacionais, a par de uma forte desvalorização da sua moeda. Entre janeiro e novembro de 2021, as exportações de vestuário (incluindo têxteis e roupa) aumentaram 20,1% relação ao ano anterior, para se fixarem nos 54,5 mil milhões de euros, num contexto em que no último ano a lira turca registou uma queda de quase 45% face ao dólar e a inflação anual atingiu em dezembro um recorde de 36,08%.

7,2%

foi a inflação em abril, a mais alta nos últimos 30 anos

NIKE É O GRUPO DE VESTUÁRIO MAIS VALIOSO DO MUNDO A Nike é a empresa de vestuário mais valiosa do mundo, de acordo com os dados apresentados pela FinancePR.com: o grupo norte-americano foi avaliado em 30,44 mil milhões de dólares em 2021. Gucci, Louis Vuitton e Adidas ficaram em segundo, terceiro e quarto lugares, respetivamente.


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X A MINHA EMPRESA Por: José Augusto Moreira

Costa Guerreiro, Ldª

Rua Engº Duarte Amaral, 1075 4836-908 enselo, Guimarães

O que é? Produção e desenvolvimento de etiquetas, embalagens, catálogos e revistas para a indústria têxtil Início da atividade? 1972 Capacidade de produção? Três milhões de etiquetas por dia Área coberta? 12 mil metros quadrados Plantel? 130 colaboradores Exportações? À volta de 50% da produção, que de forma indireta acaba por chegar quase aos 100%.

PORTUGUESES JÁ SE HABITUARAM AO COMÉRCIO ONLINE Os dados mais recentes do Barómetro e-Commerce da Marktest mostram que os portugueses já se habituaram ao comércio online. Os preços mais em conta, a disponibilidade dos artigos, o conhecimento das marcas e os métodos de pagamento, são os fatores decisivos, determinantes para que o mercado aderisse a este novo processo. O estudo indica também que os hábitos de compra online estão a aumentar, tendo mais do que duplicado ao longo da última década. Hoje 4,8 milhões dos portugueses assumem comprar produtos através de plataformas digitais, 42% já o fazem pelo menos uma vez por mês e 12,1% admitem efetuar compras online pelo menos uma vez por semana.

“A lógica é investir sempre, continuadamente e não por ondas” João Mendes Administrador da A.Sampaio

ESPANHA LANÇA OBSERVATÓRIO PARA O SECTOR DA MODA As associações patronais e outras entidades ligadas ao sector da moda assinaram em Madrid a constituição do Observatório do Projeto Estratégico de Recuperação e Transformação Económica (PERTE). Denominada Observatório Têxtil, da Moda e do Calçado, a entidade irá acompanhar a gestão dos fundos comunitários de recuperação do sector. Para presidir a este projeto, promovido pelo Conselho Intertextil Espanhol (CIE) e pela Confederación Moda España, os seus dirigentes escolheram um conselho de administração à frente do qual estará Adriana Domínguez, presidente da Adolfo Domínguez.

“Fazemos coisas lindíssimas” Para se entender a Costa Guerreiro, Ldª, o melhor é pensar no sistema Lego. É como um conjunto de peças que se conjugam e complementam para prestarem um serviço completo e coerente à indústria têxtil e da moda. No início, há 50 anos, eram as etiquetas têxteis e passamanarias, negócio que evoluiu depois para as etiquetas em pele e de cartão, embalagens e sacos, e abrange hoje catálogos, revistas e até as etiquetas inteligentes de radiofrequência. “Fazemos coisas lindíssimas”, orgulha-se Pedro Costa Guerreiro, que deitou mão aos apelidos de família para vincar a natureza familiar na afirmação da identidade da empresa. Foi em 1972 que os pais criaram a Guerreiro & Cª, onde começou trabalhar aos 17 anos. Partiu depois para formações especializadas na Suíça e Inglaterra, onde percebeu que uma revolução estava a mudar o sector. É à revelia do pai (mas com a cumplicidade da mãe) que decidemodernizaraempresainvestindoemteareselectrónicos, gerando um conflito familiar depressa ultrapassado pelo sucesso da mudança. Além da visível qualidade, também os negócios e a faturação dispararam rapidamente. Pouco depois, já de regresso do serviço militar, dá mais um passo em frente e lança-se no caminho da internacionalização. As grandes marcas de moda, desporto e confeções são hoje os seus principais clientes, exportando para os mais diversos e variados destinos e geografias. Apesar da evolução, Pedro Guerreiro faz questão de vincar também o espírito vanguardista e visionário do pai. “Fomos a primeira empresa do vale do Ave a fabricar etiquetas tecidas em jacquard e a primeira da península a ter um computador de desenho têxtil para debuxo, um equipamento da marca Bonas que repre-

senta a evolução do jacquard de cartão para o electrónico”, explica enquanto mostra (foto) na entrada das modernas instalações da empresa um pequeno museu com essas e outras peças, tal como o belíssimo caneleiro que enchia as canelas das cores para o jacquard. Outro passo decisivo dá-o depois em 1990, com a criação da Costa Guerreiro, Lda quando passou a ser obrigatória a etiqueta na venda ao público nas peças de moda. Focada na impressão, acabamento e comercialização de etiquetas em cartolina, vinha complementar as etiquetas em tecido e estampadas que era a especialidade da Guerreiro & Cª. É aí que começa o crescimento das instalações, que dos 600 m2 iniciais se alarga hoje até aos 12 mil de área coberta, acabando as duas empresas por se terem fundido já depois da viragem do século. O leque de clientes abrange as grandes marcas mundiais da moda e do desporto, tem uma equipa com 130 colaboradores, fabrica acima dos três milhões de etiquetas por dia e aponta para uma faturação perto dos 10 milhões de euros no final deste ano. A par da tecelagem inicial, hoje com 48 teares, a empresa engloba as áreas de acabamento têxtil, impressão têxtil, acabamento gráfico, impressão gráfica, dados variáveis (etiquetas inteligentes), e controlo de qualidade e expedição. Todas dotadas dos mais modernos e eficazes equipamentos, a par de uma equipa de 12 pessoas para desenho e desenvolvimento de produtos. “Fazemos mais de 30 amostras por dia e somo capazes de produzir uma amostra em 24 hores, mais de 60% daquilo que fazemos é de desenvolvimento interno”, concretiza Pedro Guerreiro, que conta já com o apoio das filhas, Rita e Joana, na tomada de muitas das decisões do dia-a-dia. t

‘CIDADE TÊXTIL’ INVESTIU SETE MILHÕES NO COMBATE À PANDEMIA O município de Famalicão, a Cidade Têxtil, como se classifica, foi o segundo da região norte no investimento no combate à pandemia da Covid-19, com um impacto superior a sete milhões de euros nas suas contas, segundo aponta o relatório do Tribunal de Contas. A maior despesa coube aos municípios com maior índice populacional, com Lisboa e Cascais à cabeça, tendo Gaia liderado na região norte.

165.042

era o número de empregados do grupo Inditex em todo o mundo no final de janeiro

ALL CLOSETS VENDE ROUPA EM SEGUNDA-MÃO A All Closets é a mais recente plataforma portuguesa de compra e venda de artigos de roupa e acessórios em segunda-mão. Reúne num mesmo espaço ofertas para homem, mulher e criança. Todas as pessoas são bem-vindas a comprar ou vender,


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A FASHION FORWARD Por: Luís Buchinho

CALEIDOSCÓPIO Cor! Cor! Mais cor! Parece ser o grito desta tendência tão forte, numa reação anti melancolia ou períodos menos felizes. Um hino à alegria, às peças que se querem por paixão, em combinações gritantes, e sem grandes regras. Fortemente associada a um espírito mais festivo, em looks muito apelativos e em nada discretos. As cores utilizadas jogam principalmente com as primárias e secundárias, em blocos bem contrastantes, ou por vezes em tons próximos no mesmo coordenado. O resultado final quer se sempre muito impactante. As formas utilizadas oscilam entre dois universos bem distintos- um de linhas retiradas aos clássicos masculinos em versão oversized, em peças de corte reto e quadrado. Blazers de ombros bem marcados e lapelas afirmativas compõem este look associando-se a bermudas e calções leves e largos. O segundo joga com o imaginário de formas mais femininas e de corte justo e sinuoso, delineando o corpo em vestidos que gritam sensualidade. Os materiais reforçam o lado Couture desta tendência, onde os cetins com brilho, as lantejoulas, as organzas e vários tipos de transparências(por vezes ornamentadas com penas) acentuam o lado sedutor e festivo dos looks. Um antídoto para a monotonia, com um forte apelo ao desejo pela Moda da parte da consumidora. t

RDD EM DESTAQUE NO SOURCING JOURNAL A aliança estratégica com a RDD é destacada pelo Sourcing Journal como responsável pelos produtos sustentáveis que estão na base do sucessso e prestígio da marca britânica Pangaia. A mais recente mostra dessa parceria é a coleção Reclaim, feita com base nos desperdícios da própria produção recuperados pela têxtil portuguesa. A prestigiada publicação explica ainda que a RDD é o braço experimental verticalmente integrado do grupo têxtil Valérius.

CRISTINA BARROS CRESCEU MAIS 20% EM 2021 A marca Cristina Barros aumentou a sua faturação em 20% em 2021, em comparação com os valores registados em 2020. Já entre 2019 e 2020 a empresa havia crescido cerca de 30%, em contraciclo com a tendência sentida por parte da indústria têxtil no auge da crise pandémica. Como causa para o sucesso, Marco Costa, o diretor comercial da empresa, aponta a consistência da Cristina Barros, que nunca deixou de trabalhar e que se apresentou como uma solução fiável e de confiança.

H&M LANÇA-SE NO DESIGN DE VESTUÁRIO DIGITAL A cadeia de moda sueca H&M anunciou a sua primeira coleção virtual, composta por três peças com corte genderless, que, para além de marcarem uma nova étapa do grupo, servirão como prémio de um concurso lançado pela marca no Reino Unido, Estados Unidos, Índia, Japão, Alemanha e França em torno desta aposta no digital. "Procuramos diferentes formas de inovar", diz.


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IMPETUS APRESENTA NOVA LINHA ‘IN/OUT’ Integrada na nova coleção SS22, a Impetus acaba de anunciar uma nova linha híbrida para homem. ‘In/Out’ é composta por t-shirts e calções que tanto podem ser usados dentro de casa como no exterior. Os estampados são inspirados em formas geométricas e folhagens da natureza. Os slips, boxers e pijamas são feitos com fibras de lyocell, modal e algodão, maioritariamente, para proporcionar um toque macio e um vestir confortável. Também para mulher há novidades, as novas peças de underwear e nightwear contam com estampados florais e a qualidade do made in Portugal.

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“Desenvolver a indústria têxtil e dar-nos a conhecer ao mundo faz parte do nosso ADN” Xavier Leite Presidente da Têxteis Penedo

ALGODÃO: ALTA DE PREÇOS É “INEXPLICÁVEL”, DIZ O ICAC O International Cotton Advisory Committee (ICAC) acaba de fornecer as suas perspetivas para a atual campanha do algodão e aponta para uma produção abaixo do esperado e um novo recorde de preços – que não consegue explicar com racionalidade. A produção mundial de algodão deverá ser este ano de 26,1 milhões de toneladas, abaixo das previsões anteriores (26,43 milhões), o que será “suficiente para atender à procura”, refere aquele organismo em comunicado. A oferta total global de algodão é atualmente de 57,12 milhões de toneladas, enquanto a procura é de 57,13 milhões.

SASIA ESTREIA NOVA GERAÇÃO DE MÁQUINAS DE RECICLAGEM

É uma novidade mundial que funciona já desde fevereiro na Sasia. Uma máquina que corta, desfibra, uniformiza fibras e, por fim, enfarda, transformando resíduos têxteis numa nova geração de fibras recicladas para a produção de fios com um grau de qualidade nunca antes atingido. Desenvolvida em colaboração com a Sasia pela fabricante austríaca Andritz Laroche, ocupa um pavilhão inteiro e recicla acima de mil quilos por hora, com zero consumo de água ou utilização de químicos. Miguel Silva, CEO da Sasia (foto) destaca sobretudo “a capacidade de produzir um artigo diferenciado, material premium para segmentos de nicho de mercado que queremos atingir, artigos de fiação para fios mais finos e de qualidade superior”. Isto ao mesmo tempo que obtém também ganhos ambientais e um incremento da produção a rondar os 20%. Foi a própria Andritz a divulgar a novidade, dando conta da “instalação com sucesso da linha

de corte de última geração para fibras de fiação entregue à Sasia nas suas instalações de Ribeirão, Portugal”. O novo equipamento, “inclui uma máquina de desfibramento de sete cilindros dedicada à fiação de fibras e contém a mais recente inovação para abertura de fibras com uma tecnologia de última geração”. A fabricante explica ainda que “trabalha em estreita colaboração com a Sasia há mais de meio século, oferecendo soluções de ponta para reciclagem, bem como todas as personalizações de ajuste fino adaptadas aos objetivos da Sasia”. O novo equipamento está a funcionar em pleno desde meados de fevereiro, operando em dois turnos diários com capacidade para reciclar entre 800 a 1.300 quilos por hora. Esta máquina permite ainda um controlo informático de todos os parâmetros de produção através da incorporação da Indústria 4.0. Representando uma fatura de 2,5 milhões, a nova máquina faz parte de um plano global de 10

milhões de investimento a seis anos na renovação e ampliação das quatro linhas de produção da Sasia. Um plano que arrancou já em 2019 com a entrega de uma primeira máquina. Embora os temas da sustentabilidade e reciclagem só nos últimos anos tenham começado a despertar as atenções, há 70 anos que a Sasia se dedica à economia circular. Miguel Silva representa a segunda geração – a terceira está já também no ativo – à frente da empresa fundada em 1952 pelo pai, Libório Ribeiro da Silva, sendo pioneira e líder da reciclagem têxtil em Portugal. Além da fiação têxtil, recicla também para as áreas da indústria automóvel, colchoaria, horticultura e construção. Um pouco mais de metade da produção tem já como destino a exportação direta para os mais diversos países da Europa e olha agora também para a indústria automóvel americana como possível destino dos seus produtos. t

JF ALMEIDA PREVÊ INVESTIMENTO DE 20 MILHÕES PARA 2022 A têxtil JF Almeida tem em vista a concretização de uma série de investimentos que agregam cerca de 20 milhões de euros para o corrente ano: logo nos primeiros meses de 2022 a empresa de Moreira de Cónegos avançou com uma nova confeção de roupões, um investimento que rondou um milhão e criou 30 novos postos de trabalho; agora inaugura uma nova unidade de tecelagem no valor de 4,5 milhões de euros; secções de corte e uma nova linha de ultimação completam o plano anual. “Para 2022 prevemos que o valor de investimentos ronde os 20 milhões, entre nova tecelagem, confeção de roupões, secções de corte e nova linha de ultimação têxtil”, explicou a administradora Juliana Almeida. Em termos de capacidade produtiva a nova tecelagem traduz-se em 30 toneladas de tela por mês e 100 toneladas de felpo por mês. Uma aposta que “tem em vista o lançamento de uma nova gama de produtos, roupa de cama, assim como o reforço da capacidade produtiva na área de felpos”, diz Juliana Almeida. Para o efeito, foram adquiridos 30 novos teares, com as larguras de 340 e 360 cm. “A nossa tecelagem passou para uma capacidade produtiva de 700 toneladas por mês entre felpos e telas”, conclui. Um passo que reforça ainda mais a posição da JF Almeida como a casa dos têxteis para o lar, criando também novos postos de trabalho, 18 mais concretamente.t


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"O OBJECTIVO DA BESTITCH É CONTROLAR TAMBÉM A FIAÇÃO"

FOTO: RUI APOLINÁRIO

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n ENTREVISTA Por: José Augusto Moreira Rui Machado 48 anos, licenciado em gestão. Na escola queria fugir do têxtil, mas foi como uma fatalidade. O têxtil já estava em casa, sempre esteve na família, e não houve como escapar. Conhece a têxtil de cabo a rabo e logo no primeiro emprego começou pelo chão de fábrica mas depressa acabou como responsável pelas finanças da empresa. Com a oportunidade, veio a veia empresarial e daí ao nascimento da BeStitch, uma têxtil-lar que não tem parado de crescer, que exporta a 100% e faz do linho a sua identidade.

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inda tennager - chega aos vinte no próximo ano – A BeStitch começou como uma pequena confeção de têxtil-lar e está já quase a atingir a meta de uma estrutura de produção verticalizada, tendo o linho como fibra de eleição. O grande saltou deu-se com a entrada no mercado dos EUA, que representa já metade das vendas e fez duplicar a faturação nos últimos cinco anos. De onde vem a BeStitch, como é que começou? Desde logo estamos no Vale do Ave, onde o têxtil é quase inevitável. Lembro-me de quando andava a estudar dizer ao meus amigos, tudo menos têxtil, mas acabou por ser quase uma fatalidade. A BeStitch nasce como uma pequena confeção a feitio que trabalhava para outras empresas, e foi agarrando as sucessivas oportunidades que surgiam o que fez com que tivesse algum crescimento. Mas já existia antes essa confeção a feitio? Sim. Era uma pequena unidade que o meu pai tinha que estava a pensar encerrar e como eu estava a trabalhar numa empresa que subcontratava bastante, decidi avançar. Note-se que estamos a falar de têxtil-lar, confeção. E começamos a procurar também clientes estrangeiros, tinha trabalhado com agentes que compravam tecidos para a Escandinávia e perguntei se não seria mais rentável nós confecionarmos. Foi assim que começamos. Então a BeStitch já existia… Estamos em 2003, logo no início, a BeStitch ainda não existia. Então como começou, de onde vem o nome? Começou com sete máquinas de

costura e meia dúzia de funcionários. Na altura eu estava numa sociedade que se chamava BeHouse, um nome bem mais giro, e como em princípio também lhe íamos dar também apoio, stitch, do ponto de costura, pareceu apropriado. E o que faz concretamente hoje a BeStitch? Produz têxtil-lar de uma forma abrangente, desde mesa a cama fazemos tudo o que é têxtil-lar. Temos também homewear, uma aposta ganha e de produção interna. E em termos de produção, como estão organizados? Neste momento, na cadeia de valor só não temos a fiação. Temos tecelagem, acabamentos, corte e confeção e exportamos diretamente. Para que mercados? Essencialmente Europa e América do Norte, sobretudo EUA, que é uma aventura recente mas que já representa cerca de metade do nosso volume de negócios. Por uma questão histórica, começamos com o mercado francês - ainda hoje representa 30% - e depois mais para norte, Inglaterra, Holanda e países nórdicos, antes de saltar para os EUA. Hoje estamos do Canadá à Nova Zelândia. Qual é a proporção entre exportação e mercado interno? Trabalhamos exclusivamente para exportação, é 100%. Com a própria marca? Não trabalhamos com marca própria, é tudo com private label dos nossos clientes, caso contrário estaríamos a fazer-lhes concorrência. Se um dia o fizermos, será com uma entidade independente da empresa. Explique-nos, então, como é a estrutura da empresa? Temos a tecelagem, situada em Gondar, com 32 teares, que aumentou nos últimos anos e trabalha exclusivamente em linho e cânhamo. Não trabalhamos algodão na tecelagem, não é rentável. Aqui em Lordelo [onde decorre

"Em boa hora apostamos na instalação de uma caldeira a biomassa" Em busca da completa verticalização da atividade e a funcionar já em cinco polos distintos, a BeStitch pensa agora numa fiação para fechar o ciclo e completar todo o processo produtivo. Com mais de 15 milhões de investimentos em infra-estruturas e equipamentos na última década, controla os processos de tecelagem, confeção e acabamentos, tendo apostado também no caminho da autonomia energética com a instalação de painéis solares e uma caldeira de biomassa para a produção de vapor, que deixaram a empresa um pouco menos exposta ao descontrolo recente dos preços da energia e do gás. A exportar a 100% e com um crescimento contínuo, a aposta no linho e a entrada no mercado dos EUA mostraram-se decisivas e nos últimos cinco anos. O linho representa já mais de 80% da produção a empresa e Rui Machado declara que “é um objetivo controlar também a fiação”. Um processo que, pelos vistos, a empresa já tem andamento “em conjunto com um produtor francês e um grupo investidor nacional”, orientada para o linho e cânhamo, fibras que além da sua origem natural não dependem também dos mercados de produção orientais. Outra das apostas em curso na BeStitch é a da circularidade – “já estamos a fazer tecidos com fios recuperados, vamos tentar até fazer um fio de 100% linho recuperado com os desperdícios do corte e da confeção”, diz o CEO – numa gestão que é feita sempre com os olhos no futuro, procurando as soluções antes que cheguem os problemas. Um deles é a falta de mão de obra: “Eu diria que temos uma década para nos adaptarmos, e o nosso foco tem sido no estudo de formas e máquinas que se adeqúem à nossa produção”. Ou seja, a BeStitch joga na antecipação.

a entrevista] temos a fábrica de acabamentos, ou seja onde o pano que vem do tear vem acabar de tingir. Depois segue para Pevidém para armazenar e onde se faz o corte de todas as peças para seguir para as confeções. Temos ainda uma confeção própria também em Gondar de onde parte a expedição. Em todas estas áreas temos capacidade interna, mas o grosso de confeção é feito em subcontratação. A exceção é a fábrica de acabamentos, que utilizamos um terço da capacidade de produção e o restante é prestação de serviços a outras empresas. Quantos colaboradores? À volta de 250, mas a tendência é para diminuir. Não só pelos problemas de mão-de-obra mas também pelo desafio dos mecanismos de automatização da produção, por enquanto caros e limitados nas suas funções, mas que serão inevitáveis. E como é que têm lidado com essa dupla necessidade? Por enquanto não sentimos grandes problemas, sendo que o rápido envelhecimento da população será o próximo problema. Mas como contratamos cerca de 80% da produção, o nosso foco tem sido no estudo de formas e máquinas que se adequem à nossa produção com vista ao futuro. E há já uma ideia do investimento que será necessário e um horizonte temporal? Eu diria que temos uma década para nos adaptarmos, e só temos três hipóteses. Ou partimos para o automatismo, para importação de mão-de-obra, ou para a deslocalização da produção. E qual é a perspetiva em que trabalham? Neste momento continuamos num sistema tradicional, mas aquilo que encaramos fazer é partir para o automatismo. Um investimento que para a nossa realidade deverá rondar os três a quatro milhões de euros. Disse que em poucos anos os EUA já representam

metade da faturação, como chegaram aí? Com a contratação de recursos humanos habituados a esse tipo de mercado. Fizemos um estudo de mercado, analisamos quem nos podia ajudar, estivemos um ano nesta avaliação e depois fomos bem sucedidos. Até porque os grandes clientes americanos têm cá pessoas que avaliam, os grandes contactos acabam até por ser feitos aqui em Portugal, o que depois se complementa com a ida a algumas feiras e ao contacto com o cliente. Pelos vistos correu muito bem… Sem dúvida, tem sido uma aventura muito interessante. Não fosse a conjuntura atual e o que menos nos preocupava era a parte comercial. Temos tido sempre uma procura muito superior à nossa capacidade de oferta. Mas nota-se agora algum retraimento, por esta altura tínhamos previsão de trabalho até feveiro, março do próximo ano e isso está a ser de alguma forma atrasado. E isso tem a ver concretamente com quê? Principalmente com a inflação. É um problema real em todas as economias em todas as latitudes e isso vai trazer alterações, principalmente num produto que não é de primeira necessidade. Representando os EUA metade, qual é o volume de negócios da BeStitch? Estamos a falar na ordem dos 32, 33 milhões de euros. Sempre em crescendo? Estivemos sempre em crescendo, mesmo na época da Covid, sendo que no início estivemos um ou dois meses a fazer máscaras. Fica a ideia que há uma grande importância da opção pelo linho nesta evolução, é assim? O linho é uma fibra natural associada à sustentabilidade. E não é uma questão de moda. Antes do algodão já se fazia linho, o santo sudário, ao que se sabe, era em linho. É uma fibra europeia,


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A ironia e a pornografia da Tratave A par da criação de uma fiação e o desenvolvimento de novos fios reciclados, outra das apostas da BeStitch passa pelo melhor reaproveitamento das águas da empresa. Uma meta de sustentabilidade ambiental, mas também uma medida de gestão face às elevadas taxas cobradas pela Tratave, a empresa que faz a gestão do sistema de tratamento das águas residuais do Ave. E Rui Machado recorre à ironia: “Todos temos o prazer de passar no rio Ave e ver que continua perfeitamente poluído, horrível, com descargas clandestinas das mais variadas proveniências”. Por isso, diz que “temos uma estação de tratamento que em vez de ser uma cooperativa para os poluentes, é gerida por uma entidade que não tem nada a ver com a indústria têxtil e que tem resultados financeiros soberbos. Eu acho isso pornográfico, gostava de ter um negócio destes”.

cara e nobre, que fez com que nos colocássemos num mercado médio-alto, diferenciado. O linho vende-se nos grandes centros, onde há poder de compra. Como é que partiram para esta aposta? Foi por volta de 2008, começou como uma experiência. Quando montamos a tecelagem, lembro-me que montamos a primeira teia em linho e ao fim de dois meses o que me apetecia era rasgar aquilo tudo, porque o tear não andava. É uma fibra extremamente difícil de trabalhar. Depois, com algum engenho lá conseguimos tornar a produção industrial adequada para os preços de mercado. Não foi a copiar ninguém, não foi uma estratégia pensada, foi uma experiência que correu bem. E o cânhamo? O cânhamo vem na sequência disso. Assim como o bambu, urtigas e outras. Neste momento estamos a pesquisar tudo aquilo que seja possível fazer fio para pano, se bem que o linho é neste momento o elemento diferenciador de tudo isto. Agora a parte dos problemas. Como tem corrido o abastecimento de matéria-prima? Com problemas, como toda a gente. Desde logo pela volatilidade dos preços, que começaram com os aumentos desmesurados dos transportes, do algodão que nas últimas 52 semanas quase duplicou o valor, e tudo isto coloca muita pressão logo na base. E como gerem isso em termos de contratos e encomendas? Temos a felicidade de trabalhar com alguns fornecedores com posições dominantes e que conseguem garantir alguma estabilidade. É claro que tivemos de ajustar preços com os clientes e isso traz sempre alguns problemas. Os clientes também acompanham as notícias, mas há alguns agentes que demoram mais tempo a ajustar os preços e isso cria alguma tensão no mercado com ofertas mais baratas.

"O linho não foi uma estratégia pensada, foi uma experiência que correu bem"

E de onde vêm essas ofertas, quem são os vossos concorrentes no mercado? Em Portugal, em termos de roupa de cama em linho, estamos na primeira linha, mas lá fora temos a concorrência habitual da China e da Índia. É uma concorrência direta pelo preço ou há também diferenciação em termos de qualidade e serviço? Há, claro que há. Antes de mais uma grande diferença em termos de qualidade. No mercado americano, por exemplo, uma etiqueta made in Portugal vale sempre mais que um produto do oriente. Depois temos esta particularidade estupenda de mais de 80% da produção mundial de linho ser feita na Europa, principalmente na França, Bélgica e Países Baixos. Mas depois temos 80% da capacidade de fiação na China, ou seja, a fibra anda aí a passear da Europa para a China e da China para a Europa, o que quer dizer que para nós o custo de mão de obra é atenuado pelo custo do transporte para os chineses e nós podemos ter preços competitivos. Nós já exportamos para Xangai, o que é uma coisa extraordinária. Se alguém em 2005 me tivesse dito que eu iria exportar para Xangai, diria que era ficção científica! Então porque não há uma maior aposta na fiação de linho na Europa? Em França abriu já uma fiação e isso é uma tendência que vai passar pela BeStitch, é um objetivo nosso também controlar a fiação. Com produto vindo de França? Sim, porque a quota portuguesa de linho – e isto deve vir lá dos tempos da PAC – é ridícula. Eu

gostava que houvesse plantação de linho em Portugal, é uma cultura fácil e nós tínhamos muita tradição no cultivo. Em 1949 era a nossa principal exportação e aqui, na região de Guimarães, era uma cultura forte. Em S. Torcato ainda se faz a festa do Linho. Não tenho os números presentes, mas creio que hoje a quota de produção de linho em Portugal é de 450 toneladas, o que é ridículo, só a BeStitch gasta três a quatro vezes mais. Voltando aos problemas, como tem lidado com a loucura nos preços do gás ? Em boa hora apostamos na instalação de uma caldeira a biomassa. Tinha um pay-back de cinco anos... hoje será de cinco meses! Foi em 2015 quando compramos esta unidade, apostamos na caldeira que nos fornece 80% das necessidades de vapor e também painéis solares, mas continuamos a ter consumo de gás, algumas máquinas funcionam só a gás natural, e o aumento é assustador. Além da energia, que outro tipo de investimentos têm feito nos últimos anos? Maquinaria e I&D sobretudo. Na tecelagem começamos com 10 teares e hoje vamos em 32, foi uma das áreas em que mais investimos. Se olharmos aos últimos 10 anos temos logo a aquisição desta unidade que ultrapassa os 10 milhões de euros, mas nos últimos cinco investimos cinco a seis milhões de euros. Quanto faturavam? Estaríamos nos 16,17 milhões. Praticamente duplicamos a facturação nos últimos cinco anos. Em que é que estão a trabalhar em termos de inovação? Sobretudo na circularidade e reaproveitamento de desperdícios. Já estamos a fazer tecidos com fios recuperados, vamos tentar até fazer um fio de 100% linho recuperado com os desperdícios do corte e da confecção, o que seria extraordinário. É muito difícil tecnicamente, mas estamos a tentar com outras empresas. t

As perguntas de

Elda Lisboa

Nuno Lima

Diretora-Geral Chemitex

Diretor-Geral Bordalima

Com um percurso consolidado na transformação do linho, qual a estratégia da BeStitch face à previsão de aumento no consumo a nível mundial?

Há condições para apostar no desenvolvimento uma fibra natural europeia como o linho?

A nossa estratégia passará sempre por completar toda a cadeia de valor. O passo seguinte seria a fiação, mas como fazer uma fiação de linho só para a BeStitch seria redutor até para o próprio projecto, estamos a negociar com um grupo económico português e um produtor francês de forma a ter uma produção que ultrapasse largamente aquilo que são as necessidades de BeStitch. Sendo uma das fibras ambientalmente mais sustentáveis e estando na Europa mais de 80% do cultivo do linho, isso é uma vantagem competitiva?

É estratégico a nível industrial que a Europa tenha capacidade de fiação, mas temos de ter também a noção que o linho representa apenas 0,4% das fibras mundiais. É uma agulha em palheiro. Mas é estratégico, mesmo dentro dos objectivos de reindustrialização da Europa e de diminuição da dependência em relação à Ásia. t

Sim, tendo em conta que mais 80% do linho é produzido na Europa. Mas, por outro lado tendo também em conta que 85% dessa produção está em França e que neste momento já não temos qualquer fiação na Europa. E significa isto que o objetivo é ter um produto 100% europeu e fabricado em Portugal?

Isso seria óptimo. Sou um europeísta convicto, mas se for 100% em Portugal ainda melhor. Há três anos que estamos a estudar a instalação de uma fiação, depois disso faltaria apenas o cultivo da própria fibra, que seria um processo ainda mais longo já que o linho exige uma grande capacidade de stockagem. Uma das poucas fiações de linho da Europa está na Hungria, chegamos a visita-la com a ideia de a comprar e pôr a funcionar, mas o problema é que não havia mão de obra. Aqueles países de leste foram todos para a indústria automóvel, que paga muito mais e a fiação teve que fechar. t


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A Wise HS Protection é o seu aliado estratégico para fazer face à nova realidade da segurança e saúde do mercado global

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O TÊXTIL TEM QUE ADOTAR UMA ESTRATÉGIA SUSTENTÁVEL

NORMALIZAÇÃO DO SECTOR LOGÍSTICO PARA BREVE A diminuição das pressões globais sobre as cadeias de fornecimento à medida que a procura das famílias se transfira dos bens para os serviços e assim que terminem os encerramentos de fábricas relacionados com a pandemia pode suceder já no segundo semestre de 2022, segundo análise da consultora Crédito y Caución. “O foco chinês na tolerância zero à pandemia mantém-se como a maior ameaça para a recuperação da normalidade nas cadeias de fornecimento”, embora o seu impacto seja relativamente limitado. A guerra na Ucrânia também poderá afetar as tensões logísticas, “embora nem a Rússia nem a Ucrânia sejam grandes exportadores de produtos manufaturados”,

“A digitalização não é futuro, está já a acontecer e a uma grande velocidade” Godecke Wessel CEO Foursource Group

FEBRATEX 2022 REGRESSA PRESENCIALMENTE EM AGOSTO “Temos de trilhar uma nova estratégia de sustentabilidade, de mãos dadas com a competitividade”. É esta síntese que está por trás das novas regras decididas pela Comissão Europeia para o conjunto do sector têxtil europeu, e que o presidente da ATP, Mário Jorge Machado, eleva à condição de opção estratégica com o qual todo o cluster deve alinhar. Em webinar exclusivo para os associados sobre a estratégia para a sustentabilidade e circularidade da indústria têxtil europeia, o presidente da ATP recordou que o próprio sector terá agora que dar o seu contributo na afinação do plano. Com esta nova estratégia, a “União pretende que todos os têxteis sejam reciclados e, nessa medida, isentos de matérias-primas perigosas” o que “nos terá de tornar muito mais exigentes no que à importação diz respeito”, avançou o líder da associação que representa toda a fileira têxtil nacional. Entre a proposta europeia, Mário Jorge Ma-

chado destacou os requisitos de conceção ecológica dos têxteis, materializados num “passaporte digital que vai representar uma grande mudança nas etiquetas, evitando algum greenwashing, acrescentou. “Isto significa que inevitavelmente vamos ter de apoiar mais a investigação e a inovação. Esta transição para sermos mais ecológicos, digitais e, portanto, mais descarbonizados, vai provocar uma mudança muito importante na têxtil europeia e nacional”, concluiu. “Garantir que os têxteis são de alta qualidade, duradouros e reciclados é o mantra central”, disse o diretor-geral da Euratex, Dirk Vantagem ,igualmente presente no webinar, acrescentando a ideia de que “o fast fashion está fora de moda”. Para Dirk Vantagem, esta nova estratégia representa uma ambição muito grande e uma enorme revolução. “Encontros como este, a abertura às empresas e o convite à discussão são essenciais para o sucesso desta mudança”, acrescentou ainda o diretor-geral da Euratex. t

ATP REUNIU COM COMISSÁRIO EUROPEU DO MERCADO INTERNO A cavalgada dos preços da energia e do gás e a recente aprovação da estratégia europeia para o sector têxtil motivaram uma reunião do Comissário Europeu Thierry Breton com a Euratex e um grupo restrito de associações representativas do têxtil e vestuário. O presidente da ATP, Mário Jorge Machado, foi um dos participantes no encontro, que teve lugar no dia 5 de maio, em Bruxelas, e conclui pela urgente necessidade de aumentar os apoios diretos às empresas e de preparar novos investimento nas áreas da descarbonização e da inovação.

Outro dos assuntos que foi abordado com o comissário que tem a pasta do Mercado Interno, foi o que respeita à venda na Europa de artigos de vestuário que não respeitam as regras ambientais a que estão obrigados os fabricantes internos, o que os coloca face a uma situação de concorrência desleal, com sério impacto na competitividade. “Além de se mostrar de acordo com a generalidade das questões que foram expostas, o comissário Thierry Breton disse também que é preciso tomar iniciativas e unir esforços para encontrar soluções”,

explicou a diretora-executiva da ATP, Ana Paula Dinis numa nota remetida aos associados. Aos empresários, o comissário europeu explicou as dificuldades que os Estados-membros encontram na solução para a escalada de preços do gás e da eletricidade. São as regras europeias que impõem um limite máximo de 400 mil euros nos apoios diretos, pelo que será necessária uma maior flexibilidade das regras e critérios comunitários para que os Estados possam avançar com apoios diretos de montantes superiores.t

A Febratex, a maior feira das Américas para a indústria têxtil, está de regresso ao formato presencial nos dias 23 a 26 de agosto e anuncia várias novidades para este ano. “Será a maior e melhor de todas as edições, com três novas atrações imperdíveis que trazem sustentabilidade, inovação e informação qualificada para a indústria têxtil das Américas”, desvenda Giordana Madeira, diretora executiva do Febratex Group Brasil e Portugal. Febratex Conecta é uma das primeiras revelações, destinada em exclusivo à divulgação de têxteis sustentáveis e inovadores.

800mil

foi o número de visitantes no Pavilhão de Portugal na Expo Dubai

CB & YOU DESFILOU COLEÇÃO DE VERÃO 2023 Muita cor, vida e irreverência marcaram o desfile de apresentação da nova coleção da CB & You, a marca de moda da Confeções Beleza. Foi em tom de festa, no contexto do Camélias Fashion Weekend promovido em conjunto com a Câmara Municipal de Celorico de Basto, que a marca deu a conhecer as linhas da coleção de Verão 2023. Peças versáteis e arrojadas para todas as idades, com materiais leves, frescos e confortáveis, como chifons e linhos. Depois da apresentação, algumas das peças podem ser desde já adquiridas no site da marca, na loja de Celorico de Basto, ou em algumas lojas multimarca espalhadas pelo país, enquanto outras estão já também em fabricação.


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X DE PORTA ABERTA Por: Bebiana Rocha

Miclair

Rua da Asprela, loja 52 C 4200-094 Porto

Ano de abertura 2021 Produtos Vestuário feminino (vestidos, blusas, t-shirts, shorts, saias, calças) Público-alvo Mulheres maduras, delicadas e assertivas Empresa-mãe Givachoice Garments Loja online miclair.com

ECOLÃ E BUREL NA ROTA DO TURISMO INDUSTRIAL As empresas Ecolã e a Burel Factory, ambas em Manteigas, vão integrar a rota de turismo industrial da região centro, apresentada pelo Turismo do Centro de Portugal e o Turismo de Portugal. Fazem parte da iniciativa também o Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior e o Museu Industrial e Artesanal do Têxtil. Foi já assinada a declaração de compromisso por parte dos parceiros, tendo em vista a futura Rede Portuguesa do Turismo Industrial.

“Os americanos estão a vir para Portugal procurar têxteis técnicos” Alexandra Araújo Diretora-geral da LMA

Um espaço de mulheres para mulheres!

HUGO BOSS PATROCINA VENDAS EM SEGUNDA MÃO

VICTORIA’S SECRET ALARGA OFERTA PARA TEENAGERS

O grupo alemão Hugo Boss vai lançar em França a partir do terceiro trimestre deste ano uma plataforma própria de venda de artigos da marca em segunda mão, a que chamará Hugo Boss Pre-Loved, através da qual os clientes podem revender as suas peças das várias marcas do grupo. Alojada na loja online Hugo Boss, a plataforma assegura ainda a possibilidade do uso de créditos arrecadados na revenda na compra de novos artigos.

O grupo norte-americano de moda íntima vai avançar para a produção de uma linha de moda específica para teenagers, que terá como base as vendas em canal digital. “Queremos estar onde os estão os consumidores”, diz a empresa, que chamará Happy Nation à nova produção. A estratégia centrar-se-á na comunicação através das redes sociais e plataformas onde os adolescentes se encontram.

25,1%

é a previsão de crescimento do segmento Athleisure até 2025

De um lado salão de beleza, do outro uma verdadeira montra com delicadas peças de roupa de assinatura Miclair. É este o cenário que encontramos no espaço Beauty & Lounge, junto ao Hospital de São João, no Porto. Um conceito criativo e que oferece a possibilidade de makeover total a quem por lá passa. Focando apenas no lado Fashion: “a Miclair nasceu em 2018 de um sonho de longa data de dar vida a criações portuguesas com elevada qualidade de fabrico”, conta a CEO Ana Preciosa. “A Miclair é uma marca de segmento médio, acessível, para corpos adaptados, os moldes são feitos para um corpo jovem mas de mulher”, explica. “Já possuíamos o know-how . Faltava apenas pôr em prática tudo o que havíamos aprendido ao longo de vários anos a trabalhar com reconhecidas marcas de vestuário a nível mundial. Decidimos, então, que estava na hora de dar o passo seguinte e, assim, nasceu a Miclair”, acrescenta a também administradora da Givachoice Garments, empresa têxtil com sede em Paços de Ferreira, especializada em vestuário feminino. Os vestidos estão entre os artigos mais procurados, mas fazem também parte do catálogo de produtos peças como blusas, saias, casacos,

shorts , t-shirts e calças; sempre com um toque clássico, máxima atenção ao detalhe e a qualidade que é característica ao made in Portugal. Todas as peças são feitas em pequenas séries, com matérias-primas nobres, com preferência sobretudo pelos acetinados. Uma verdadeira marca de slow Fashion e um exemplo claro daquilo que é a confeção portuguesa: designs intemporais e que duram uma vida. “As coleções encontram inspiração na subtileza da essência feminina, na mulher poderosa, romântica”, diz ainda Ana Preciosa, que destaca como fator diferenciador da Miclair o facto de ser executada de mulheres para mulheres: “a grande missão da marca passa por empoderar e elevar a personalidade de quem a veste, focando-se num público-alvo elegante e dotado de maturidade”, conclui. Um acrónimo para Maria Clara, a Miclair tem como principais ambições o fortalecimento das suas relações comerciais na área da revenda, a expansão para lojas multimarca e, claro, a internacionalização. Esta última já está a ser trilhada, com a presença no digital, em miclair.com, onde se pode encontrar as últimas novidades e promoções. t

TWINTEX CONTRATA FORMANDOS DO MODATEX

Sete dos 12 formandos que frequentaram a mais recente formação em Confeção Industrial administrada pelo Modatex foram contratados pela Twintex, empresa de confeção de vestuário exterior de senhora e homem. A ação formativa visava o desenvolvimento de competências ao nível da preparação e montagem de peças de vestuário. “A empresa adequou a formação às reais necessidades dos formandos, o que lhes permitiu demonstrar as suas competências”, completa o Modatex.


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events & exhibitions

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X O MEU PRODUTO Por: Bebiana Rocha

NEWSKY

Desenvolvido pelas designers de moda Jéssica Marques e Maria Guerreiro

O que é? Um casaco impermeável e extra leve feito a partir de parapentes em desuso Fator Inovador Utilização integral de parapentes, incluindo acessórios, na construção de uma peça de roupa simultaneamente fashion e utilitária

MOMAD JÁ TEM DATAS PARA A EDIÇÃO DE SETEMBRO O pavilhão 8 da Ifema Madrid recebe a feira de moda, calçado e acessórios Momad nos dias 16 a 18 de setembro, datas que coincidem com a realização da Intergift, Bisutex e MadridJoya – constituindo assim um interface perfeito entre os vários sectores presentes. A feira madrilena apresentará um rebranding com uma clara aposta na moda e no digital. “A coincidência foi decisiva para a escolha das datas, devido, sobretudo, ao networking que este grande evento conjunto oferece aos profissionais de moda”, avança a organização do evento.

“A evolução não é uma opção, é uma obrigação que leva à criatividade e inovação” Miguel Garcia Administrador da Brito Knitting

RISCAS SUCESSIVAS EXPANDE MARCA COM O MODTISSIMO João Freitas, brand manager da Pacifique Sud, assumiu a direção-geral da Riscas Sucessivas, empresa têxtil da Lousada, e o seu principal desafio é elevar a marca a nível internacional, contando para isso com a experiência da Selectiva Moda e do MODTISSIMO. “Estamos a tratar da imagem da marca e a criar todos os suportes necessários para a presença online. Temos para isso contado com o apoio da ASM através do seu projeto ‘From Portugal’. Gostaríamos de estar na próxima MODTISSIMO com a nossa marca, para depois desta presença piloto, arrancar para uma participação ativa nas feiras Internacionais”, explica João Freitas.

BIG IDEAS CHALLENGE JÁ TEM CANDIDATURAS ABERTAS

E se o casaco já tivesse sido um parapente? Foi em 2019 que as designers Jéssica Marques e Maria Guerreiro arriscaram na ideia de criar um casaco tendo como matéria-prima os tecidos de parapentes em desuso. O projeto Newsky veio no seguimento da licenciatura na Escola Superior das Artes Aplicadas de Castelo Branco e a duas criativas procuram agora os parceiros certos para o colocar no mercado. Além do casaco, comceberam já também uma mala, tendo o material utilizado para a confeção sido cedido por uma associação de parapentes em Manteigas. O casaco foi uma das soluções inovadoras selecionadas para estar em exposição durante a edição 59 do Modtissimo, que teve lugar nos dias 16 e 17 de fevereiro, na Exponor. O casaco é impermeável e extraleve. Uma proposta desportiva conseguida a partir da reutilização não só da vela do parapente, mas também da cadeira (correspondente às partes roxa e rosa do casaco), dos cintos e algumas molas. O modelo tem duas variações, uma delas mais feminina, com um elástico na zona da cintura para um melhor fit, e conta também com bolsos para acomodar objetos ou utensílios pessoais. O potencial deste material é aos olhos das criati-

vas infinito: “a ideia inicial contemplava um casaco, mas podemos aplicar o conceito a ponchos, parkas, quem sabe um top ou mesmo calças, já não com um aspeto desportivo, mas talvez mais fashion”, avança Jéssica Marques. “Os parapentes têm uma paleta de cores vivas, roxos, amarelos e verdes, que podem ser interessantes usar, quem sabe até os do exército que têm outro tipo de padrão e cor”, projeta. “Não é por algumas partes do parapente estarem degradadas que não conseguimos trabalhá-lo”, completa a parceira Maria Guerreiro. “O parapente tem muitas peças para além do tecido em si, estamos neste momento a explorar também de que outras formas podemos tirar partido delas”. Para já, chegaram a uma mala estilo macramé, feita com parte do tecido e também as guias do parapente. “A extensão do tecido é maior do que as pessoas pensam. O parapente tem pelo menos duas partes sobrepostas pelo que conseguimos fazer várias peças a partir de um só parapente”, explicam a duas criativas, entusiasmadas com o projeto. O conceito está lançado e promete dar nas vistas como mais um exemplo inovador de upcycling.t

Até ao próximo dia 30 de junho decorrem as candidaturas ao Big Ideas Challenge, um concurso integrado no projeto YEP 5.0 que desafia os jovens empreendedores a apresentarem ideias de negócio inovadoras. Os três melhores projetos recebem um prémio financeiro, as 12 melhores ideias ganham uma visita a Silicon Valley e os 20 melhores usufruirão de seis meses de serviço de mentoria. O projeto YEP 5.0, apoiado no âmbito do Compete 2020, foi lançado pela AIDA CCI (Câmara do Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro) com o objetivo de incentivar a cultura empreendedora dos jovens do Norte e Centro de Portugal.

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foi o número de expositores presentes na Première Vision

SACOOR BLUE APOSTA NA CONQUISTA DO MÉDIO ORIENTE A Sacoor Blue acaba de chegar ao Dubai, instalando-se no City Centre Deira. Criada com foco na sustentabilidade e direcionada para um público mais jovem, a mais recente marca do grupo Sacoor partilhou a abertura nas redes sociais: “uma nova atitude eco-responsável e relaxada acaba de abrir no City Centre Deira, descubra-nos no primeiro piso”, convida a Sacoor Blue.


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MARCAS PREMIUM REFORÇADAS NOS ESPAÇOS SONAE SIERRA Marcas como Victoria’s Secret, Maje, Sandro, Claudie Pierlot, Falconeri e The Kooples, reforçaram em 2021 a sua presença nos espaços geridos pela Sonae Sierra. O grupo assinou ao longo do ano 219 novos contratos com lojistas nos seus ativos sob gestão em Portugal, reforçando o seu posicionamento no segmento premium. Nesse período, a Taxa de Ocupação Global foi superior a 98%, “demonstrando que as marcas de referência – locais, nacionais e internacionais – valorizam o profissionalismo, fiabilidade e qualidade dos serviços prestados pela empresa”, assume o grupo em comunicado.

“Devia haver um IRC diferenciado para as empresas que sobem salários” Alexandre Meireles Presidente da ANJE

O REGRESSO DAS TAJISERVI TALKS

Tendo como tema ‘O On-Demand é Sustentável’, as Tajiservi Talks tiveram na última sexta-feira de abril a sua segunda edição. Uma série de talks proferidas por parceiros da empresa com larga experiência no tema, ao que se seguiu, no sábado, um dia Open House, onde foram expostas todas as tecnologias que a Tajiservi distribui para a indústria, incluíndo a primeira apresentação pública em Portugal dos equipamentos Kornit Atlas MAX, e da Twine TS-1800, o primeiro e único sistema do mundo para tingimento digital de linhas e fios. t

U.AVEIRO DESCOBRE MÉTODO PARA RECICLAR PLÁSTICOS Uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) descobriu um processo simples e inovador que permite reciclar infinitamente os plásticos PET e, com isso, ajudar a solucionar a imensa poluição do planeta com aquele material e contribuindo para o desenvolvimento da economia circular. “Desenvolvemos uma forma simples, mais verde e contínua de fazer reciclagem de poliésteres” refere Andreia Sousa, que lidera a equipa de investigação do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro, uma das unidades de investigação da UA, citada em comunicado. A coordenadora do estudo espera que o trabalho agora publicado com honras de capa na

prestigiada revista científica Green Chemistry “possa ser um contributo para resolver um problema global”. Dada a importância do trabalho, a revista selecionou mesmo o estudo da UA para figurar entre os 30 de uma coleção especial da Green Chemistry, o 2022 HOT Green Chemistry article. A investigação demonstra ser possível reciclar poliésteres com o recurso a solventes eutécticos, uma mistura de dois ou três compostos químicos que têm um ponto de fusão mais baixo do que os componentes originais, oferecendo vantagens como baixa toxicidade, biodegradabilidade, sustentabilidade e preparação simples. t

VENDAS A RETALHO COM SUBIDA LIGEIRA DE 2,5% EM MARÇO O volume das vendas a retalho em Portugal subiu em março 2,5% face a fevereiro, um crescimento que é de 11,9% quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Os dados divulgados pelo Eurostat indicam para a União Europeia e a Zona Euro um ligeiro recuo face ao mês anterior e algum avanço em relação ao mesmo mês do passado. Em março, o volume das vendas a retalho recuou 0,4% na Zona Euro e 0,2% na União Europeia quando comparado com o mês de fevereiro. Já na comparação homóloga, face ao mesmo mês do ano passado, os dados do Eurostat apontam para um crescimento de 0,8% na Zona Euro e de 1,7% na UE.

133 milhões é a previsão mundial de criação de empregos na área de TI em 2022

PARFOIS ESTENDE OFERTA AO SEGMENTO DOS TÊXTEIS DE CAMA

POLOPIQUE LIDERA PROJETO DE 97 MILHÕES NA SUSTENTABILIDADE Um conjunto de empresas do sector têxtil e do vestuário aliaram-se a entidades não empresariais com o objetivo de criar uma Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial da Indústria Têxtil e do Vestuário de Portugal, “no âmbito da qual se pretende acelerar a transformação estrutural da ITV nacional e, consequentemente, da economia portuguesa”, e que o PRR aceitou. O plano (denominado Pro-

jeto Lusitano) compreende um investimento de 96,8 milhões de euros e, segundo o IAPMEI, pretende atuar na dinamização de um conjunto de atividades estruturantes: a reindustrialização da ITV “assente numa estratégia de sustentabilidade de negócio e ambiental, mediante a aposta na adoção de soluções tecnológicas de ponta e na criação de uma fiação capacitada para a produção de fibras naturais e recicladas”.

Para isso, aposta na I&D de novas soluções baseadas em fibras naturais e/ou recicladas, na produção de fio reciclado/ natural – mas também na procura de soluções energéticas e de gestão de recursos para o sector. Importa referir que a Agenda “tem como foco a internalização da produção de fibras naturais e recicladas com o objetivo de reduzir a dependência nacional face à importação deste tipo de fibras". t

Empenhada em diversificar o seu leque de oferta, a Parfois aventura-se agora no lançamento de uma coleção de têxteis para cama como lençóis, capas de edredon e almofadas, tudo em algodão percal. Denominada Bedroom Collection, a coleção promete conquistar, entre outras razões, pela possibilidade de personalização das peças. Outra das novidades são os pijamas em modelo camiseiro e toque acetinado, disponíveis em azul escuro ou marfim, com iniciais nos bolsos.


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M EMERGENTE Por: Mariana d'Orey

Catarina Pinto Designer da NOPIN Brand

Família Vive com os pais e o irmão mais novo, tendo agora juntado o namorado, Pedro Casa Moradia em Baguim do Monte, Gondomar, onde cresceu Formação Licenciatura em Design de Moda pela ESAD Carro BMW Série 1 Portátil iMacPro Telemóvel Iphone 12 Hobbies Apaixonada por arte e visitas a museus, fez ballet-jazz e contemporâneo até aos 18 anos Férias A par da temporada de verão com a família em Vilamoura, diz ser “apaixonada pelo Douro”, para onde foge com o namorado sempre que pode Regra de Ouro “Se formos humildes, vamos longe”

FOTO: RUI APOLINÁRIO

Catarina gosta de dar largas à imaginação Não se lembra de gostar de outra coisa que não de artes desde pequena. Catarina Pinto, designer e mentora da marca de luxo feminino NOPIN, nasceu com tanta criatividade quanto a sua vontade de criar: primeiro desenhos infantis, depois brincadeiras elaboradas e, mais tarde, coordenados irreverentes que já no tempo da faculdade lhe valeram muitos elogios e distinções. “Sempre gostei de coisas práticas e de dar largas à imaginação. Lembro-me de adorar livros de pintura em miúda e de, mais tarde, passar as tardes a desenhar no computador”, conta a jovem empreendedora que fez todo o percurso escolar em Rio Tinto. Apaixonada pelas artes, apontou logo à licenciatura em Design de Moda na ESAD, embora tenha também chegado a ponderar arquitetura. “O facto dos meus pais terem já na altura uma empresa de confeção de vestuário foi determinante”, revela a jovem designer que se revelou um talento logo no primeiro ano. “Durante o curso ganhei vários prémios e fui finalista em muitos outros”, descreve Catarina que, da longa lista de distinções, destaca o concurso PFN – Jovens Criadores, o prémio Troficolor, e a distinção THE/ESAD que lhe valeu a possibilidade de ter algumas peças à venda na conceituada loja de moda THE. “Eram umas calças encorrilhadas e uma camisa, pretas com um interior estampado e desenhado por mim”, recorda. Depois do curso, seguiu o caminho natural. Juntou-se aos pais na empresa de confeção – a trabalhar em regime de private label - e decidiu reativar a NOPIN, uma marca própria da família. “A marca estava em stand-by desde 2006 e decidi que estava na altura de a fazer renascer com um enorme rebranding. No final de 2019 apresentamos ao mercado uma marca de vestuário feminino de moda sustentável, porque, para mim, a marca teria de ter esse carácter sustentável”, frisa Catarina, explicando que trabalha maioritariamente com tecidos da Riopele confecionados na fábrica dos pais, em Fânzeres, Gondomar. “Comercial e vestível”, como Catarina a qualifica, a NOPIN é também uma marca que quer primar pela diferenciação, seja pela qualidade dos tecidos, pelos seus cortes irreverentes ou padrões exclusivos. Uma trilogia perfeita e que, ainda durante o ano de lançamento, fez com que a NOPIN alcançasse clientes um pouco por todo o mundo. Via loja online, Dubai, EUA, Alemanha, Austrália e Canadá são alguns dos mercados. Mas há também já uma loja física na Eslovénia. “O objetivo, agora que a pandemia parece estar a terminar, é o de manter o crescimento e começar a participar em feiras internacionais de moda”, projeta a jovem designer, que este ano viu já a sua marca subir à passarela do Portugal Fashion. Foi através da plataforma Bloom que a última edição do evento de moda portuense pôde aplaudir a coleção FW 22/23 “Vibrations” da NO PIN, inspirada no trabalho da artista surrealista Helena Mayer. “Tentei criar uma coleção forte numa combinação de elementos fictícios e geométricos com elementos naturais como animais”, pormenoriza a jovem , que apostou numa coleção de luxo marcada pelos tons fortes do azul, roxo e laranja e que recolheu fortes elogios na indústria da moda.t


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a MUNDO VERDE

da energia consumida em Portugal em 2021 veio de fontes renováveis

Patrícia Ferreira CEO da Valérius Hub

“TÊXTIL ESTÁ NO TOPO DO RANKING DE SUSTENTABILIDADE” O têxtil é dos sectores que mais tem avançado na eliminação do uso de substâncias perigosas e a indústria têxtil e do vestuário portuguesa está mesmo na vanguarda desse movimento. “Está no topo do ranking em termos e sustentabilidade”, afirma Braz Costa. Citado pelo semanário Expresso, o diretor-geral do CITEVE numa notícia que dá conta do “Roteiro de Restrições” que visa eliminar 12 mil substâncias químicas até 2030, que a Comissão Europeia aprovou em finais de abril. Um compromisso político que integra o Pacto Ecológico Europeu e pretende garantir que os produtos de consumo não contêm substâncias perigosas associadas a doenças. Entre os vários sectores ouvidos pelo Expresso, o têxtil mostra ser mesmo o mais atualizado face às medidas aprovadas. “Vamos continuar a fazer o que sempre temos feito, continuar a cumprir a lei e garantir que não entram no mercado têxteis com substâncias de elevada preocupação”, garante ainda o diretor-geral do CITEVE.

POLOPIQUE ASSINALA O DIA DO PLANETA No Dia do Planeta, que se assinalou a 22 de abril, a Polopique visitou a Escola Básica de S. Miguel, no município de Vizela, para uma ação formativa sobre sustentabilidade. Entre as atividades esteve a apresentação do PLA, um material têxtil sustentável e biodegradável produzido a partir de resíduos de milho. "Os alunos assinaram a t-shirt biodegradável para a próxima atividade que será realizada em breve”, partilha a empresa nas redes sociais.

RDD NA FASHION REVOLUTION WEEK

A notícia dá conta de que “ao longo dos anos, o sector têxtil encontrou novas fórmulas para substituir o formaldeído dos babetes, o chumbo utilizado em vestuário impermeável ou os compostos fluorados, por exemplo, recorrendo a outras substâncias ou a matérias-primas naturais”, e que também o CITEVE “patenteou uma solução de coloração de roupa com recurso a extratos de chás e de cogumelos”. Braz Costa destaca ainda

que “o sector têxtil nacional é dos que tem maior pressão em termos de segurança e está no topo do ranking em termos de sustentabilidade”, acrescentando que “o problema é que a Europa tem sido muito permissiva em deixar entrar produtos de outras origens onde não existem as mesmas normas”. Por isso, sublinha a importância da rotulagem na roupa que identifique todas as substâncias utilizadas para evitar o greenwashing. t

H&M LANÇA COLEÇÃO DE BEBÉ BIODEGRADÁVEL Está a chegar agora às lojas H&M uma nova coleção de roupa biodegradável para bebé. Composta por 12 peças, a inovadora linha é feita 100% em algodão orgânico, livre de químicos e produzida com energias renováveis e apenas água reciclada. A cápsula conta também com certificação Cradle to Cradle. Sendo biodegradável,

“Já temos 50% de reciclado e queremos introduzir 70%"

é possível fazer a compostagem das peças no próprio quintal de casa sem qualquer consequência para o meio ambiente, uma vez que as mesmas não contêm botões ou fechos de metal e o próprio tingimento é natural. Recorde-se que uma das metas da H&M para 2030 é conseguir que a totalidade das suas roupas incorporem

matérias-primas sustentáveis ou recicladas. Neste momento, a percentagem de peças que cumprem este requisito já vai nos 80%. O grupo multinacional sueco conta também com um programa de reciclagem, que está a ter resultados bastante satisfatórios, em 2021 a H&M recolheu 16 toneladas de roupa usada. t

Elsa Parente, CEO, e Dolores Gouveia, Head of Design and Communication, foram as representantes da RDD na conferência sobre os Têxteis do Futuro e Sustentabilidade, que teve lugar no Auditório da ESAD do Porto, no âmbito de mais uma edição da Fashion Revolution Week. Também Helena Antónia, fundadora da marca Vintage For a Cause, e Susana Correia, diretora criativa da marca de moda infantil PlayUp participaram na roda de conversas O Poder da Circularidade.

“Queremos que os produtos sustentáveis sejam a norma.” Frans Timmermans Vice-presidente da Comissão Europeia

MYCLOMA TEM MARCAS DE LUXO A PREÇO DE SALDO A roupa de luxo não tem de ser inacessível e a MyCloma, especialista em venda de moda em segunda mão, está apostada em “desmistificar este preconceito”, disponibilizando marcas bem conhecidas com custos até 80% abaixo do preço em loja, que é possível encontrar na plataforma – e na app MyCloma. Dior, Gucci e Christian Loubotin são algumas das insígnias globais que é possível encontrar na MyCloma.


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B SERVIÇOS ESPECIALIZADOS Por: Mariana D'Orey

BZK – Business KickOff

Rua Eugénio de Castro 300 – Sala 217 4100-225 Porto

O que faz? É uma consultora de projetos de investimentos nacionais e comunitários Fundação Junho de 2021 Escritórios Porto, Lisboa, Braga e uma delegação em Bruxelas Equipa 45 colaboradores diretos e indiretos

COSEC ANTEVÊ AUMENTO DAS INSOLVÊNCIAS NA ZONA EURO A guerra na Ucrânia deverá levar a um abrandamento económico à escala global e “na Zona Euro, a desaceleração do crescimento da atividade pode traduzir-se num aumento do risco de incumprimento de pagamentos por parte das empresas, o que pode resultar numa subida de 12% das insolvências”, estimam os economistas da Allianz Trade, acionista da COSEC. O estudo avança que “este crescimento das insolvências na área da moeda única espelha uma realidade desigual entre os Estados-membros. A economia italiana já registava um aumento das insolvências no ano passado enquanto a economia germânica e a francesa registavam níveis baixos”.

“O agente mais poderoso do mundo é o consumidor, detém o verdadeiro poder” José Guimarães Vice-presidente da ATP

ITECHSTYLE GREEN CIRCLE NA PRÓXIMA EDIÇÃO DA FEBRATEX A Febratex, maior feira das Américas para a indústria têxtil, já tem data confirmada. De 23 a 26 de agosto o certame apresenta as novidades do sector, entre as quais destaca o showcase de moda sustentável iTechStyle Green Circle, organizado pelo CITEVE, com o apoio da Associação Selectiva Moda e curadoria de Paulo Gomes, da Manifesto Moda. A mostra de sustentabilidade made in Portugal ficará integrada no Febratex Conecta, um espaço exclusivo “criado para promover o conhecimento e proporcionar oportunidades de networking para as empresas”, avança a Febratex Group.

BZK quer decifrar os apoios da “bazuca” para as empresas Nasceu em Junho de 2021 agregando um grupo de empresas e empresários com mais de 30 anos de experiência e apresentam-se como “especialistas na ‘bazuca’ europeia”. O principal objetivo passa por oferecer “um serviço integrado, profissional e transparente na área dos incentivos”, nomeadamente com a missão de ajudar as empresas e instituições, públicas e privadas, “no acesso eficiente aos fundos comunitários disponibilizados pela recente ‘bazuca’ europeia aprovada para Portugal”, esclarece António Souza Cardoso, CEO da empresa. “O nosso principal objetivo não é fazer as candidaturas, muito pelo contrário. Assumimo-nos como um decifrador, um desenhador de soluções que maximiza e acompanha os investimentos das empresas. E é essa também a origem do nosso nome BZK - Business KickOff”, acrescenta ainda o dirigente da consultora. Com uma vasta experiência e através de parcerias maduras com consultores em todo o território nacional, bem como com uma delegação em Bruxelas, a BZK oferece soluções de investimento nas mais diversas áreas: indústria e sistema produtivo, de que é exemplo o têxtil, turismo e ainda indústria do mar e valorização humana. “Serão mais de 60 mil milhões até 2029, estamos perante uma enorme oportunidade do país que disponibiliza uma irrepetível alavanca para o investimento na inovação e para a competitividade das empresas”, analisa o CEO da BZK, admitindo que, no entanto, “es-

tes apoios se apresentam muitas vezes com uma narrativa muito complexa e burocrática para as empresas”. Assim, a principal missão da recém-criada consultora é a de “decifrar e descodificar” esses apoios e alavancar o incremento da inovação, do investimento e da competitividade das empresas. E é precisamente por essa razão que, para além de uma vasta e experiente equipa interna, a BZK assenta também em “parcerias maduras com consultores que estão por todo o território nacional, até porque as relações de proximidade são muito relevantes neste contexto”, acrescenta António Souza Cardoso. Entre as muitas áreas estratégias a desenvolver junto das empresas, a BZK destaca o fomento ao empreendedorismo, a realização de seminários e workshops, as auditorias e projetos de eficiência financeira, para a transição climática e digital e ainda a formação de capital humano. Entre as consultoras associadas da BZK está a HOP Consulting, que ao longo dos anos tem apoiado a Associação Selectiva Moda a preparar e apresentar as candidaturas aos programas de internacionalização para o setor têxtil. A par das consultoras, a nova organização agrega também a comunidade e o ecossistema empresarial, entidades associativas e tecnológicas, clusters e universidades, procurando identificar oportunidades, estando já a BZK entre os consultores credenciados pela CGD.t

3 milhões

foi o investimento da Somelos em painéis fotovoltaicos

IMPETUS CRIA LINHA SUSTENTÁVEL SOFT PREMIUM

A Impetus acaba de apresenta a linha Soft Premium, produzida através de uma das fibras mais ecológicas e sustentáveis do mercado: a Tencel Lyocell. Extraída do eucalipto, esta fibra mais fresca que o algodão, mais forte e mais sustentável que o bambu, oferece um grande conforto, tornando-se o ingrediente perfeito na produção de roupa interior e de dormir de alta qualidade. Além disso é ainda extremamente funcional e ideal para quem viaja pois não enruga.


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OPINIÃO INOVAÇÃO E CRIATIVIDADE NA ATRAÇÃO E FIXAÇÃO DE TALENTOS Hélder Rosendo Business Manager – TMG Textiles, membro do Conselho Consultivo da ATP

A ESTRATÉGIA PARA A SUSTENTABILIDADE Ana Paula Dinis Diretora Executiva da ATP

No momento presente e por razões óbvias não se tem falado de outra coisa que não seja o impacto da crise energética na competitividade do sector. Os aumentos incontroláveis da fatura energética, que afetam em maior ou menor escala todas as empresas da fileira, estão cada vez mais a inviabilizar operações e a comprometer fortemente a competitividade das empresas. O que é certo é que parece não haver outro tema na agenda, até porque as medidas de apoio disponibilizadas pelo Estado não são de todo eficazes na minimização do impacto negativo desta fatura na competitividade. Contudo, da mesma forma que a crise na Ucrânia eclipsou a crise pandémica (pelo menos nos media) esta crise energética está, na minha opinião, a disfarçar um outro problema do sector, que não sendo novo, se tem agravado consideravelmente nos últimos tempos: A escassez de mão de obra qualificada. Assunto antigo este da atratividade do sector e das dificuldades de recrutamento. Há três décadas já se falava na necessidade de formar quadros médios para renovar perfis críticos na área da fiação, do debuxo, da tinturaria/acabamento. Esse era o propósito da Escola Tecnológica / AFTEBI, criada em finais dos anos 90 sob tutela do Ministério da Indústria (atual Ministério da Economia), com vista à preparação de quadros intermédios para a indústria e que viria reforçar a oferta nesta área, já proporcionada para outras áreas de especialidade pelo CITEX (agora Modatex) e pelo CENATEX. Mérito e reconhecimento para o trabalho importante de todos estes agentes... mas não chega. Passados estes anos diria que o problema subsiste e a dificuldade de contratar quadros intermédios, novos e

No final de março foi publicada a Estratégia da UE em prol da Sustentabilidade e Circularidade dos Têxteis, no âmbito da qual se define como objetivo para 2030 que produtos têxteis colocados no mercado da UE sejam duradouros e recicláveis, fabricados em grande parte a partir de fibras recicladas, livres de substâncias perigosas e produzidos no respeito dos direitos sociais e do ambiente. Tudo isto para refrear e reverter a Fast Fashion, e sobretudo, de substituir o modelo de economia linear por um modelo de economia circular. Entre outras medidas, a CE propõe-se definir requisitos de conceção ecológica vinculativos para produtos específicos, a fim de aumentar o desempenho dos têxteis em termos de durabilidade, possibilidade de reutilização, reparabilidade, reciclabilidade das fibras e teor obrigatório de fibras recicladas. E ainda minimizar e controlar a presença de substâncias que suscitam preocupação e de reduzir os impactos adversos no clima e no ambiente. No âmbito do novo Regulamento sobre a Conceção Ecológica de Produtos Sustentáveis, a CE planeia introduzir um passapor-

qualificados, mantem-se. O problema é que neste momento o espetro da dificuldade de contratação se alastra a toda a tipologia de funções de âmbito industrial. As dificuldades de recrutamento são claramente maiores, os candidatos são cada vez menos e na maioria dos casos com perfis mais transversais que os qualificam (ou não) para qualquer sector. Isto significa que as nossas empresas passam a ter muito maior responsabilidade na formação on job e passam a competir não apenas entre si, mas com outros sectores industriais, porventura mais atrativos que o têxtil do ponto de vista das diferentes dimensões que podem configurar a proposta do lado da contratação. Nem vale a pena falar na dificuldade de contratação de costureiras, esse perfil único, que em tempos chegou a suscitar uma discussão interessante com a Agência Nacional de Qualificações, nomeadamente sobre a mudança da designação, o que poderia aliviar alguma carga negativa associada mas não diminuiria em nada a especificidade, a minucia e o talento necessários para o bom desempenho da função. Dito isto, tendo por base as expetativas dos jovens de hoje, e apontando à necessidade premente de os atrair e fixar nas fileiras do nosso sector, diria que o holofote da inovação e da criatividade se deve orientar rapidamente para as equipas de gestão do capital humano. Estes processos requerem hoje dinâmicas, estratégias criativas e instrumentos inovadores, orientados para fora e para dentro da empresa, que permitam não só, redefinir o chamado “pacote” de remuneração, mas sobretudo, todo o processo de recrutamento, acolhimento, integração e fixação do talento. t

te digital dos produtos têxteis, baseado em requisitos de informação obrigatórios sobre a circularidade e outros aspetos ambientais fundamentais. O próprio Regulamento de Etiquetagem dos Têxteis será revisto passando a incluir obrigatoriamente parâmetros de sustentabilidade e circularidade e, eventualmente, o made in (será que é desta?). Outra das medidas será a regulamentação para eliminar o greenwashing. É fundamental que as alegações ecológicas sejam apenas utilizadas nos têxteis verdadeiramente sustentáveis, objetivo que se pretende alcançar com a revisão dos critérios de atribuição do rótulo ecológico da UE para os têxteis. Esta Estratégia define ainda objetivos e identifica um conjunto de medidas e iniciativas para a promoção das competências necessárias no âmbito desta transição ecológica (e também digital), sendo de destacar o Pact for Skills e a valorização do ensino e formação profissional, - inicial e ao longo da vida - em áreas tão diversas como o design, o desenvolvimento ecológico do produto, o desenvolvimento de fibras, processos produtivos inovadores, re-

paração, reutilização e reciclagem de fibras. Para atingir com sucesso os objetivos desta Estratégia, será igualmente fundamental apoiar a investigação, a inovação e os investimentos nestas áreas. Para concluir, uma questão essencial e muitas vezes reclamada pela indústria têxtil e vestuário portuguesa e europeia: a fiscalização no mercado, tendo em conta que a maioria dos produtos à venda na UE são importados de países terceiros. A EU reconhece que é fundamental uma maior coordenação e cooperação entre autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da lei e metodologias mais eficazes de fiscalização do mercado, sendo para o efeito vital a recém-criada Rede da UE para a Conformidade dos Produtos. Enfim, grandes mudanças, muitas iniciativas e medidas em discussão que exigirão de todos nós a maior atenção e envolvimento possível, para que os resultados respondam às nossas expectativas e necessidades, com o objetivo de conseguirmos uma indústria mais competitiva, mais resiliente, com maior valor acrescentado e mais sustentável. t


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Augusto Lima Vereador dos Pelouros da Economia e Empreendedorismo, Educação e Ciência da Câmara Municipal de Famalicão

Cristina Rodrigues Artista Plástica

ACRESCENTAR VALOR ATRAVÉS DA CIÊNCIA, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

REVOLUÇÃO FEMINISTA NA ARTE: A ASCENSÃO DO TÊXTIL

O novo desafio das empresas é claro: conquistado o saber-fazer, chegou o tempo do saber-criar. A resposta aos grandes desafios do envelhecimento da população e da transição climática, que terão um forte impacto na economia portuguesa, reclama um novo modelo de criação de riqueza assente no conhecimento, nas qualificações e na inovação: o paradigma created in. Esse novo modelo de desenvolvimento económico deve ser capaz de facilitar o nascimento e crescimento de empresas inovadoras e suficientemente robustas para lutarem em mercados concorrenciais e para se ajustarem às mudanças tecnológicas, à qualificação contínua de trabalhadores, aos modelos de conetividade por terra, ar e mar, devendo ainda considerar uma ligação mais estreita e eficaz entre o sistema científico e tecnológico e as empresas nacionais e globais. Tudo sem perder de vista os desafios atuais relacionados com a sustentabilidade, a transição digital, a responsabilidade social e a atração e retenção de talento. Atento a isto, o Município de Famalicão prepara-se para implementar uma nova fase da sua Estratégia de Desenvolvimento Económico. O primeiro passo já foi dado com a auscultação do Conselho Estratégico para a Ciência, Inovação e Ensino Superior, constituído por responsáveis das Universidades, Institutos Politécnicos, Centros de Investigação e Tecnológicos com presença no concelho, fortalecendo uma boa articulação entre a Política Pública Local e a Academia. Seguir-se-á o envolvimento da Economia e da Sociedade nessa estratégia. Do conjunto de medidas que estão a ser desenhadas, destaco aqui três: criar um eco-parque industrial (green park); incentivar as empresas a adotar políticas para a sustentabilidade e a dupla transição (digital e climática) e reconhecer essa aposta; incrementar e apoiar as iniciativas de I&D implementando a retenção e atração de talento. Com o eco-parque industrial (green park) queremos não só atrair novas empresas, mas também melhorar as condições de acolhimento daquelas que já pertencem ao nosso ecossistema, para que possam, cada vez mais, distinguir-se pelas práticas de sustentabilidade que promovem, nomeadamente ao nível da eficiência energética. Em simultâneo, dando centralidade a estas temáticas e garantindo o compromisso com o desenvolvimento sustentável, propomo-nos impulsionar a inovação na indústria, preparando o nosso concelho para uma economia mais verde, inteligente e resiliente e reconhecendo as empresas pelo seu contributo para a transição digital e a neutralidade carbónica, em linha com os objetivos da Nova Estratégia Industrial para a Europa. Apoiar a consolidação de um ecossistema de inovação para que as nossas empresas e instituições de I&D desenvolvam projetos em cooperação, é outros dos objetivos que nos propomos concretizar, a par da aposta na retenção e atração de talento para a indústria, medida que, aproveitando o ecossistema industrial de Famalicão, procura também promover a valorização dos recursos humanos e das competências nas empresas. t

O têxtil é um material desde sempre associado ao universo feminino. Na minha infância, durante os anos 80, era costume as meninas terem aulas de lavores onde aprendiam tecelagem, bordados, costura, tricot e crochet. O têxtil foi-me imposto desde cedo como linguagem, como forma de expressão, e acredito que esta realidade é partilhada por outras mulheres que, como eu, encontraram nas técnicas têxteis a sua principal forma de expressão. Na minha família, diferentes gerações de mulheres tiveram enorme proximidade com os têxteis e o desenvolvimento da minha produção artística também se sustentou através do referencial de técnicas que construí nas aulas de lavores e a observar essas mulheres. Esse processo tornou-se a base de muitas das técnicas de trabalho que utilizo hoje. Os têxteis assumem diversas formas na minha produção artística: fiber art, tapeçaria, tecelagem, bordado, tricot, crochet, estampados, entre outros. Creio que várias artistas terão passado pelo mesmo processo. Um exemplo que considero notável é o da alemã Anni Albers (1899 – 1994), artista têxtil, pintora, designer e professora da escola de arte Bauhaus, que transformou o seu tear num veículo de inovação. Albers viu o potencial dos têxteis muito para além de um “artesanato feminino”, como eram entendidos na altura e, desde então, influenciou outros criadores, incluindo a artista plástica Sheila Hicks, entre outros designers de moda, como Paul Smith, Hermès e Roksanda. Anni Albers combinou o antigo ofício da tecelagem manual com a linguagem e design da Arte Moderna criando um trabalho verdadeiramente inovador e único, uma geração à frente do movimento Fiber Art nos Estados Unidos e na Europa, e pelo menos duas gerações à frente das muitas práticas de Arte Contemporânea inspiradas no seu trabalho. Na década de 1970, o movimento de libertação das mulheres e a ascensão da arte feminista trouxeram uma nova luz aos têxteis, que passaram a existir fora do espaço doméstico assumindo uma forma de expressão reconhecida e respeitada no mundo da arte. A natureza flexível deste material, que pode existir nas mais variadas cores, padrões, texturas, estereotomias, e que permite facilmente assumir formas bidimensionais ou tridimensionais torna-o um suporte de expressão privilegiado. São precisamente estas características que fizeram com que a percursora do movimento feminista na arte, a norte americana Judy Chicago, utilizasse o têxtil como material de suporte de uma das mais importantes obras de arte deste movimento, a instalação “The Dinner Party” (1979). A base desta obra é uma série de toalhas de mesa bordadas a dourado com diferentes nomes de figuras femininas marcantes. Outras artistas que levaram os têxteis a novos patamares no séc. XX incluem Sonia Delaunay, Judith Scott, Louise Bourgeois e, mais recentemente, Sarah Lucas e Tracey Emin. Bourgeois (1911 – 2010), em particular, criou diversas esculturas têxteis tridimensionais que representam a figura humana em diversos arranjos e disposições. Também Tracey Emin utilizou têxteis para produzir a sua famosa série de quilts com poderosas mensagens sobre a condição da mulher nos anos 90. Como um amigo, os têxteis estiveram com as mulheres no obscurantismo e acompanharam-nas na sua ascensão. t


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U ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara

Pelos vistos, Katty Xiomara gostou de ter ajudado a “queimar” Manuel Serrão em público. Tanto, que para o roast em que participou no Teatro Sá da Bandeira preparou uma fatiota bem especial para o homenageado. Em formato de espartilho, estilo tufado, e inspirado nas fantasias da célebre Met Gala, com o seu corset o editor chefe do T pode também abrilhantar as suas famosas festas.

O nosso Diretor em estilo Met Gala Alguns talvez saibam ou até tenham assistido ao vivo e a cores ao Roast do Manuel Serrão no memorável dia 13 de maio, no Teatro Sá da Bandeira, sem velas, mas com muito, muito fogo! Nessa grande noite alguns privilegiados, entre eles eu, tivemos o prazer de assar o orgulho do Dr. Serrão, criticando-o vivamente. E apesar desta coisa de injuriar celebridades, ser a mais corrente linguagem desta rúbrica, devo admitir que, olhos nos olhos e com público, é bem mais difícil. Além do mais, quando se trata do nosso editor chefe! Nesta minha estreia em palco esforcei-me por deixá-lo bem tostadinho, claro que, o maior escaldão veio dos seus grandes amigos com experiência na matéria e maior conhecimento de causa. As injúrias foram muitas, umas mais bonitas e elegantes, outras mais perspicazes e picantezinhas. O meu roast foi servido quente e a sair do forno, mas agora, para os meus caros leitores, terá de ser reaquecido no micro-ondas. Não é a mesma coisa, mas serve! Há pouco tempo tivemos um dos grandes eventos da moda, o Met Gala, uma gala de beneficência no Metropolitan Museum, onde as celebridades desfilam pela passadeira vermelha num espetacular concurso de fantasias, que, assim, como as festas do Manel, têm uma temática. Esta última Met Gala tinha como tema a Gilded Age, aquela altura da história, em finais de século XIX, muito glamourosa, com vestidos pomposos e corpetes apertadíssimos que deixavam as “marufinhas” das senhoras à espreita e que lá trás na retaguarda, escondiam uma espécie de bumbum extra todo arrebitado e virado para o firmamento. Claro que, assim como nas festas do Manel as celebridades da Met Gala não levaram o tema muito a sério e foi uma grande salgalhada. Mas eu apeguei-me a este tema para vestir o homenageado daquela noite, se bem que tenho uma tendência sádica para desvestir mais do que para vestir os ilustres homens da nossa sociedade. Chamem-lhe… body shaming ou sexismo, mas é um hábito delicioso. Por isso, fiz o mesmo com o nosso amigo, até porque, além da sua nova e esbelta figura, eu tinha a certeza que no fim dessa noite, ele regressaria a casa com um lindo bronzeado em carne viva. Idealizei de imediato a figura deste grande homem, todo rosadinho, rodeado de veludos e brocados dourado, muito bem comprimido e espartilhado dentro dum elegante corset, num exercício de total tortura, que como a história bem relata, cumpre muito bem a sua função estilística e ajuda a evidenciar os calções tufados que elevam a sua bundinha e deixam bem vista as suas peúgas da sorte para celebrar o campeonato, ou talvez mais… Parabéns, editor chefe, foi uma honra assá-lo ao vivo e a cores! t


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O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão

Casa de Chá da Boa Nova Rua da Boa Nova 4450-705 Leça da Palmeira

POR PRATOS NUNCA DANTES NAVEGADOS A boa nova de hoje tem a assinatura inconfundível do Chef Rui Paula que pôs a obra que o arquitecto Siza Vieira ergueu ao lado do farol de Leça a viajar por mares nunca dantes navegados. Não é por mero acaso que o mar, os Descobrimentos e Os Lusíadas de Camões compõem o trio inspirador desta versão mais moderna da antiga Casa de Chá da Boa Nova. Toda a gente sabe que o ótimo é inimigo do bom, mas neste caso o ótimo é também grande inimigo do fácil. Foi preciso um milagre amigo para arranjar mesa e depois a maior dificuldade é convencermo-nos a aceitar que dos 21 cantos propostos no menu de degustação, o mais sensato é ficar por 6. Sendo certo que à medida que vamos sendo surpreendidos por cada prato que aterra na mesa, vai crescendo a pena por não irmos provar os outros 15. No final trazemos a ementa assinalada com as escolhas feitas pelo Chef para o nosso jantar, para que quando lá voltarmos saibamos quais são as experiências que nos faltam. Ou repetir as que nos deixaram mais saudades. Ter mais olhos que barriga é outra

O MELHOR VERDE BRANCO É DA INARBEL

expressão popular que tem aqui explicação fácil. Desde logo porque antes da nossa boca explodir de prazer com novos sabores nunca dantes provados, são os olhos que se deliciam com o que vêem. Para além da vista deslumbrante do mar revolto quase a chegar-nos aos pés, são as obras de arte que o Chef Rui Paula inventou com os ingredientes que combina e os objetos onde eles se acomodam e desfilam. Os meus estimados leitores devem estar espantados por ser a primeira Cantina onde não menciono um único alimento nem um único vinho. É de propósito, porque esta experiência é daquelas que contada, ninguém acredita. Depois dos 6 cantos selecionados dos 21 que compõem a degustação completa vem o canto final que é a conta. Nesta atuação derradeira convém explicar ao seu cartão de crédito que não se tratou de um jantar normal mas de uma experiência única e inolvidável, para ele não ficar zangado. Há sempre um dia em que ele tem de perceber o que significam duas estrelas Michelin. t

PECADO CAPITAL / ESCOLHA 2021 Não é só na produção têxtil. Também nos vinhos a Inarbel dá cartas. José Armindo Ferraz, o CEO da empresa de Marco de Canavezes, foi um dos protagonistas da gala “Os Melhores Verdes 2022”, tendo recebido o prémio para o “O Melhor Vinho Verde Branco”, atribuído pelo júri internacional ao seu Pecado Capital Escolha 2021. E este não é um prémio qualquer. É o melhor dos Vinhos Verdes, atribuído no concurso anual da Comissão Regional e Vitivinicultura entre mais de 200 vinhos avaliados em prova cega por um júri internacional de especialistas. Junta as castas Alvarinho, Loureiro e Trajadura, resultando um vinho de aroma complexo, paladar suave e frutado, com muita frescura, notas cítricas e tropicais.


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MALMEQUER Por: Bebiana Rocha

Ângelo Araújo Sampaio, 27 anos, é responsável de Marketing e Gestor de Projetos Web na Vimaponto, Equipamentos e Serviços de Informática, SA. Licenciou-se em Marketing pela Universidade do Minho e conta com uma Pós-Graduação em Sistemas de Informação no seu currículo. Vimaranense dos quatro costados, diverte-se a ver e a jogar futebol, gosta de viajar e tem como hobbies favoritos assistir a séries e ouvir música

SOUVENIR

O BLUSÃO LEVI’S QUE USAVA "À GRINGO"

Gosta

Não gosta

Viajar Café Estar com amigos Reuniões de família

Cheiros nos transportes públicos Crianças a berrar

Churrascos Sunset Bons spots publicitários Vitória

em restaurantes Pessoas que filmam concertos

Sport Clube Premier League Arquitetura greco-

Insetos Aranhas Conduzir à noite Hipocrisia Mau

romana Snickers Café Cerveja Cães Honestidade

jornalismo Desporto tendencioso Ódio nas redes

Barba Sol Pequeno-almoço de hotel Tecnologia

sociais Violência Guerra Som de colher a raspar no

Heavy Metal Séries Festivais NBA Corridas do Moto

fundo Lulas Conversas Sensacionalismo Ruas sujas

GP Petiscos Horário de verão Comida tradicional

Sopa de nabo Ignorância Que me virem as costas

portuguesa Francesinha Época natalícia Colecionar

Prepotência Horário de inverno Acordar cedo

coisas Organização no trabalho Óculos de sol

Lavar a loiça “Domingueiros” na estrada Música

Conversas profundas Ver jogos da Seleção com

comercial Usar óculos Pés Erros ortográficos

amigos Ser surpreendido Reconhecimento pelos

Fanatismo Usar guarda-chuva Sushi Andar no

méritos Ser alto Aprender línguas Otimismo Humor

banco de trás E-mail cheio Impostos Trânsito

negro Carros desportivos Olhos verdes Piercing no

Que atirem lixo pela janela dos carros Boatos

nariz da minha mulher Magnum Carne maturada

Excesso de etiqueta Ter vertigens Nadar em

Jogar futebol com amigos Sapatilhas Banho depois

águas profundas Mocassins Musicais Centopeias

de um dia de praia Ir ao barbeiro Networking

Medicamentos Salas de Espera de Hospital Nortada Negativismo Jogos de futebol que acabam 0-0

Hoje até está na moda, mas não é por isso que o meu guarda-fatos tem muitas peças vintage. Gosto de cuidar das coisas, de as preservar, e é mesmo só por isso que guardo ainda muita roupa que já não uso, mas que continua em bom estado. Curiosamente, são agora as minhas filhas que dão uso a algumas dessas peças. É o caso de um blusão de ganga da Levi’s, que há dias a mais nova, estudante de Gestão, foi buscar ao meu armário para compor o outfit. Está impecável e, pelos vistos, também muito atual. Recordo-me que foi o blusão que levei para o passeio de finalistas do secundário. Foi em 1998 e, como era costume no Colégio S. Gonçalo, em Amarante, fomos para o Algarve. Naqueles tempos de irreverência juvenil, usava-se “à Gringo”, apenas os calções de banho e o blusão com as mangas arregaçadas. Em tronco nu, o que com aquele bronzeadinho que logo se adquiria dava uma certa pintarola. Um estilo que naquele tempo fazia até algum sucesso junto das raparigas. Não digo que fosse decisivo, mas creio que dava uma ajudinha para a desenrascar em alguns namoricos. Dessa época guardo ainda alguns blusões de cabedal, e também algumas malhas da Lacoste, que a filha também gosta agora de usar. Têm mais de vinte anos, o que atesta a qualidade com que nesse tempo era feito o vestuário. Costumo dizer às minhas filhas que gosto de cuidar e de preservar estas peças também para respeitar o esforço do trabalho, aquilo que é preciso ganhar para as poder adquirir. Por isso, devem ter também o cuidado de usar e não estragar. Mas no caso do blusão da Levi’s até nem tive que pagar. O meu pai era sócio de uma loja de pronto a vestir, mas não era fácil que me desse alguma coisa. Demorou muito a convencê-lo, andei a namorá-lo, foi preciso justificar a necessidade, mas lá acabei por ter o blusão para a viagem de finalistas. t Luís Miguel Ribeiro, Presidente da AEP


de 21 a 24. 6. 2022 Frankfurt am Main

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