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MANUEL SÁ CEO S. Roque
“SOMOS MUITO RÁPIDOS A PENSAR E A EXECUTAR”
DIRETOR: MANUEL SERRÃO MENSAL | ASSINATURA ANUAL: 30 EUROS
FOTO: RUI APOLINÁRIO
P 22 A 24
EMERGENTE
FÁTIMA SANTOS: DE CONTABILISTA A EMPRESÁRIA P 37
PERGUNTA DO MÊS
A QUE SE DEVE O BOOM DE FEIRAS E MARCAS DE ROUPA PARA CRIANÇA?
TÊXTEIS LAR
COTON COULEUR CRESCE 300% EM QUATRO ANOS P 36
P4E5
DOIS CAFÉS E A CONTA
INÊS TEM UM PÉ NO ACELERADOR E OUTRO NO TRAVÃO P6
FOTOSINTESE
MODTISSIMO A CAMINHO DA EDIÇÃO 50 P8E9
APÓS RECORDE EM 2016
TÊXTEIS TÉCNICOS
ACABAMENTOS
EXPORTAÇÕES SOBEM 6,3% EM JANEIRO
RIOPELE FAZ TECIDOS COM RESTOS
CAMILO NO FASHION VESTIDO POR KATTY XIOMARA
P 10
P 20
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CORTE&COSTURA
EDITORIAL
Por: Júlio Magalhães
Por: Manuel Serrão
Ana Vaz Pinheiro 36 anos A administradora da Mundotêxtil nasceu e cresceu em Vizela, no meio de toalhas, cones de fio e teares, a cinco de minutos da empresa fundada pelo pai e avô - que é a maior produtora europeia de felpos, com um volume de negócios de 43 milhões de euros e 600 trabalhadores. Licenciada em Direito (Coimbra), tem um Master em Gestão (Católica Porto). Exerceu advocacia antes de, há seis anos, se juntar ao pai e irmã no comando da Mundotêxtil. Casada, vive em Braga e tem três filhos
IMPRESSÃO DIGITAL Como fiz questão de anunciar aqui no momento de lançamento, este T impresso viu nascer o seu irmão digital e como o parto foi quase de gémeos, pouco depois viu a luz do dia também a T ODAY, a nossa newsletter que recebem igualmente por meios informáticos. O grande desafio inicial para toda a equipa era triplo : que o papel não fosse engolido pelos manos mais novos e que o digital fosse uma escolha diária de muitos protagonistas deste sector que está no centro da nossa atenção, conseguindo inclusive que a T ODAY se tornasse um hábito... ou até um vício saudável para a nossa comunidade da ITV. Seis meses volvidos, atingimos as metas que tínhamos fixado para o final do primeiro ano. Os números de fidelização dos leitores do T Digital bem como a quantidade de destinatários que abre todos os dias a newsletter não tem parado de aumentar e superou todas as nossas melhores expectativas. Depois da uma boa primeira impressão que quisemos conquistar com o T Jornal estamos agora muito satisfeitos com a impressão digital que estamos a conseguir deixar. Tudo isto batendo recordes e antecipando metas... mas isso já é quase o pão nosso de cada dia, neste sector, a ITV, que acaba de antecipar quatro anos a meta dos 5 mil milhões de exportações . t Como vai o mundo têxtil, em geral? A têxtil é uma das indústrias mais globalizadas. Ao longo das últimas décadas, vimos uma deslocalização para os países asiáticos, sobretudo na componente de mão-de-obra intensiva. No têxtil-lar, Portugal conseguiu de alguma forma resistir a essa dinâmica e possui uma Indústria moderna, sendo mesmo o quinto maior exportador mundial nos atoalhados de felpo. Este subsector soube modernizar-se e adaptar-se as novas exigências de mercado, sendo uma referência mundial em inovação e qualidade. E como vai a sua Mundotextil, em particular? A Mundotextil continua a fazer o seu caminho de desenvolvimento, modernização e inovação. Procuramos responder e antecipar as necessidades de um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Trabalhamos todos os dias para sermos merecedores da confiança que os clientes depositam em nós e para nos mantermos, sempre, na linha da frente. O seu pai ainda tem na fábrica o seu mundo próprio, ou as filhas já herdaram o melhor dos dois mundos? O meu pai tem uma enorme experiência e conhecimento da indústria que aliados à nossa vontade e ambição formam uma aliança perfeita entre o melhor dos dois mundos.
A ITV bateu recorde dos cinco mil milhões de exportações. O têxtil-lar é um dos culpados desta façanha? Claro! Os têxteis-lar souberam adaptar-se e reinventar-se. É de louvar aquilo que conseguimos fazer perante a anunciada morte desta indústria. As empresas que sobreviveram e que - como o meu pai costuma dizer - “fizeram o trabalho de casa” são as grandes responsáveis pelo estado de graça da ITV. Que produtos estão no top das vendas? A crescente preocupação com a sustentabilidade leva a uma maior procura de produtos orgânicos e biológicos. Os produtos que incorporam matéria-primas e processos de fabrico sustentáveis são os que têm maior destaque. Além disso, há uma grande tendência de moda no mundo dos têxteis-lar.
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- MENSAL - Propriedade: ATP - Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal. NIF: 501070745 Editor: Paulo Vaz Diretor: Manuel Serrão Sede: Rua Fernando Mesquita, 2785, Ed. Citeve 4760-034 Vila Nova de Famalicão Telefone: 252 303 030 Assinatura anual: 30 euros Mail: tdetextil@atp.pt Assinaturas e Publicidade: Juliana Duque Telefone: 927 508 927 - mail: jd.tdetextil@atp.pt Registo provisório ERC: 126725 Tiragem: 4000 exemplares Impressor: Grafedisport Morada: Estrada Consiglieri Pedroso, 90 - Casal Santa Leopoldina - 2730-053 Barcarena
No mundo como reagem a ver uma mulher na liderança de um grande empresa como a vossa? Confesso que não é um assunto em que pense muito. Talvez porque nunca tenha tido qualquer tipo de reacção externa pelo facto de ser mulher. Penso que a competência, carácter e profissionalismo é que ditam a forma como somos avaliados e vistos pelos outros - a idade ou o género são cada vez menos importantes. t
PROMOTOR
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n PERGUNTA DO MÊS Por: Raposo Antunes
A QUE SE DEVE O BOOM DE MARCAS E FEIRAS DE ROUPA PARA CRIANÇA? É o efeito bola de neve. A procura mundial de roupa para criança cresce a um ritmo superior à registada no vestuário para senhora e homem. A oferta responde com a multiplicação de feiras especializadas. E o facto das marcas portuguesas de moda infantil nascerem como cogumelos depois de chuva é a prova dos nove de que a nossa ITV não foi apanhada a dormir na forma por este fenómeno que acontece num segmento em que somos particularmente bons e competitivos
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s números são como o algodão. Não enganam. Há cada vez mais marcas e feiras de roupa para bebé e criança, segmento onde a procura cresce a um ritmo bem superior à do vestuário para senhora e homem. As explicações para este boom, que está a ser muito bem aproveitado pela ITV portuguesa, variam - mas não são contraditórias. “O vestuário de criança ganhou um maior estatuto. Hoje em dia, os pais têm um melhor nível de vida e estão dispostos a gastar mais dinheiro na roupa para os filhos do que para eles. As próprias crianças, através das redes sociais, revistas e internet, têm acesso à moda e ao design e já são elas as decisoras, sugerindo ao pais o que devem comprar para elas vestirem”, explica Manuel Serrão, director-executivo da Selectiva Moda, que fala de um “efeito bola de neve”. A explosão na oferta de feiras especializadas em moda juvenil é um fenómeno recente. A Playtime, em Paris, continua a ser a Meca do vestuário infantil (“Uma marca portuguesa que nasce de um dia para o outro sabe
que a melhor forma de entrar lá fora é estar na Playtime”, afirma Serrão). Mas, no entretanto, a bola de neve foi engrossando com a Bubble (Londres), Pitti Bimbo (Florença), Childrens Club (Nova Iorque), Fimi (Madrid) e Kind+Jugend (Colónia). A própria Playtime vai organizar novas feiras com a sua marca em Berlim e Nova Iorque. “A maior parte desta oferta resulta da autonomização de espaços que estavam integrados em feiras generalistas”, explica o director executivo da Selectiva, que acompanhou esta tendência internacional ao estrear um espaço dedicado aos mais novos - o Mini Mi - na última edição do Modtissimo. Este aumento da procura, levou uma startup de Braga a criar a Kide, uma plataforma de comércio online de moda para criança, que já adquiriu a sua principal concorrente nacional (Bon Mignon) e se prepara para lançar uma nova versão do seu site e uma app. A Kide tem no seu portefólio 80 marcas (incluindo as 12 marcas adquiridas com a Bon Mignon) nacionais (Maria Bianca, Knot, Grace Baby & Child, Patachou...) e internacionais (Knit
Planet, The Bright Company), mas está em negociação com mais 30. “Estamos em contagem decrescente para chegar às 100 marcas”, diz Nuno Pinto, gestor da Kide, acrescentando que espera fechar 12 novas marcas em abril e chegar às 140 até ao final deste ano. A nossa ITV percebeu que era mais fácil impor uma marca própria para crianças do que para adultos - bem como enfrentar as marcas estrangeiras neste segmento específico. Esta vantagem competitiva chega para explicar por que é que as marcas portuguesas de moda juvenil estejam a nascer como cogumelos depois de chuva. “Nas famílias, há cada vez mais uma consciência de moda. As novas tendências influenciam a decoração das casas, a confecção dos nossos pratos e o estilo de vida familiar. Através das redes sociais, as pessoas expõem a sua forma de viver e todos querem ter um ar moderno, cool e sensual. Paralelamente, as crianças recepcionam muita informação ao nível das redes sociais e canais de TV e vivem cada vez mais de referências e estilos de vida”, teoriza Maria João Lito, que lançou a marca Andorine em parceria com
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Luísa Amorim. Já passou o tempo em que as mães escolhiam a roupa dos filhos. Hoje em dia, as crianças têm uma personalidade muito vincada e têm os seus ícones de moda. “As grandes marcas mundiais de adulto estão a entrar no vestuário infantil um fenómeno que aumentou a oferta num curto espaço de tempo e alterou os hábitos de consumo, influenciando o gosto dos mais pequenos, que querem ser e parecer como os mais velhos”, acrescenta a empresária da Andorine. E qual é a nossa vantagem competitiva? Maria João responde: “Portugal tem hoje uma imagem de qualidade. A etiqueta Made in Portugal é uma garantia de fair trade, conceito muito valorizado ao longo de toda a cadeia de distribuição international. Temos um know how distintivo na Europa. Sabemos fazer muito bem, com detalhe e pormenor. E no segmento da moda média/ alta e luxo estão disponíveis para pagar esse diferencial pelo upgrade produtivo”. E neste segmento, as idiossincrasias da moda jogam a nosso favor, como nota José Armindo Ferraz, o CEO da Inarbel, que tem a marca Dr. Kid: “O que hoje
é bonito e bom, daqui por um ano passou de moda. E até os miúdos gostam de ver as montras e as revistas com a roupa para a sua idade. E muitas vezes não é só a moda. É também a cor que está a dar”. “Nós somos bons naquilo que fazemos e somos competitivos em termos de preço”, afirma José Armindo, deixando, no entanto, um alerta: “Com os aumentos de impostos e de outros encargos que as empresas têm, como a energia ou a TSU, a qualquer momento podemos deixar de ser competitivos”. Ana Magalhães, sócia-gerente da Sissone, concorda com o seu colega da Inarbel: “A nossa qualidade de produção é muito boa e muito conceituada. E em termos de preço somos muito competitivos. Para exportar, é fundamental ir às grandes feiras internacionais. Nós vamos à Playtime, Bubble e Pitti Bimbo. Mas não podíamos estar lá sem a ajuda da Selectiva Moda, que realmente tem um papel decisivo e nos ajudou a crescer nesta fase inicial em que é preciso muita persistência ao nível dos contactos e muito trabalho de casa”. “Para nós, portugueses, o mercado de roupa infantil está claramente a crescer. Há uns anos atrás,
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SEIS DIFERENTES EXPLICAÇÕES PARA UM MESMO FENÓMENO MANUEL SERRÃO SELECTIVA MODA
“Os pais têm um melhor nível de vida e estão dispostos a gastar mais dinheiro na roupa para os filhos do que para eles próprios” BRUNO CORREIA PLAY UP
“O mercado está saturado de produto barato. O nosso produto é de excelência. Daí termos clientes em todo o mundo” JOSÉ ARMINDO FERRAZ DR. KID
“Nós somos bons naquilo que fazemos e somos competitivos em termos de preço” ANA MAGALHÃES SISSONE
“Estarmos na Playtime, Bubble e Pitti Bimbo é muito importante. Mas não podíamos estar lá sem a ajuda da Selectiva Moda" MARIA JOÃO LITO ANDORINE
“As crianças recepcionam muita informação na televisão e nas redes sociais - e vivem cada vez mais de referências e estilos de vida” MARIANA PIMENTEL PIUPIUCHICK
“Não é só pelo preço que somos competitivos. É também pela qualidade e design. Quando o produto é fashion tem de ser caro, senão não compram”
não havia referências nacionais às feiras internacionais. Agora, aparecem muitas, designadamente na Playtime”, contrapõe Mariana Pimentel, da Piupiuchick, marca que se orgulha de ser passageira frequente nas páginas de revistas de moda infantil tão prestigiadas como a Vogue Niños, Vogue Kids, Milk e Papier Mâché. Mariana salienta o facto da nossa competitividade não assentar no factor preço: “Distinguimo-nos pela qualidade e design. Quando o produto é fashion tem de ser caro, senão não compram”. “O mercado está saturado de produtos baratos que são usados uma vez e ficam logo feios. O nosso produto é de excelência. Daí termos clientes em todo o mundo”, concorda Bruno Gaspar, da Etfor, que há dez anos trabalha este segmento com a marca própria Play Up. “Dantes a componente moda não era importante nas colecções para criança. As pessoas eram mais conservadoras. Hoje os consumidores têm acesso a tudo, através da Internet e das redes sociais”, conclui Bruno Correia, que valoriza muito o papel das redes sociais no crescimento deste segmento de negócio.
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A DOIS CAFÉS & A CONTA Por: Jorge Fiel
Têxtil Nortenha
Rua de Prazins - 4770-710 Avidos Famalicão
FOTO: RUI APOLINÁRIO
Entradas: Maionese de camarão Pratos: Arroz de pato no forno Sobremesas: maçã assada e pastel de nata Bebidas: Vinho maduro tinto do Douro (Rio, da Casa Amarela), água e cafés
UM PÉ NO TRAVÃO OUTRO NO ACELERADOR Consegue imaginar o que é estar numa discoteca, absolutamente proibido de abandonar a pista, apesar do DJ estar possuído, pois vai pondo sucessivamente nos pratos, em modo random, música eletrónica, metálica, fados, pop, valsas, salsa, kizomba, rock, tangos e slows? Nos dias de hoje, gerir uma têxtil é uma experiência parecida, apenas ao alcance de alguém capaz de adormecer na montanha russa. “O que assusta é a volatilidade. Não há sossego. Dantes tínhamos 60 a 90 dias para entregar uma encomenda. Agora toda a
gente quer tudo para ontem. Não há garantias de nada. Dantes cultivávamos relações duradouras de amizade com os clientes. Fomos fornecedores da Levi’s durante 30 anos. Agora ligamos para um CEO que foi contratado há seis meses e respondem-nos que acaba de ser despedido por não cumprir os objectivos. A rapidez com que as coisas estão mudar é muito desgastante”, explica Inês Branco, que fala do alto de 30 anos de experiência na têxtil. Inês sabe de cor e salteado os ingredientes da receita para sobreviver e prospe-
INÊS BRANCO
51 ANOS PARTNER E HEAD OF DESIGN DA TÊXTIL NORTENHA É a filha do meio do casamento entre a rodesiana Johanna Olievier e Carlos Branco, um engenheiro industrial, que regressado de Moçambique (onde se apaixonou pela mulher), se empregou na Têxtil Nortenha, uma pequena trading que ele transformou num poderoso grupo industrial, que no seu auge tinha cinco fábricas e 1 100 pessoas. Inês cresceu nas Antas. Vivia no Covelo e estudou na Ellen Key. Na adolescência, perdeu a conta aos dias de férias passados no armazém da Nortenha, à Via Rápida, a empilhar peças, fazer cintas nas caixas com a máquina de fita verde ou a guiar o porta paletes. Como nunca teve dúvidas de que iria passar a vida nos trapos, fez o curso de Design de Moda, a que acrescentaria uma pós graduação em Gestão (AESE). Casada com Jorge Monteiro (que trabalha na Dell), têm um filho, Jorge, com 18 anos
rar num mundo em permanente mudança e aceleração. É preciso saber dançar ao sabor da música que os clientes lhes dão. “Somos versáteis e muito flexíveis. Já há muito que deixamos de produzir grandes quantidades a preços baixos. Agora trabalhamos com séries pequenas e qualidade muito elevada”, afirma Inês que escolheu almoçarmos no local habitual - uma sala contígua à cantina da Nortenha. A única coisa que mudou da rotina diária foi o elenco de comensais (e o melhoramento da entrada, decidido pela cozinheira mal soube que o director do T era um dos convidados). No dia-a-dia, o director financeiro e as duas comerciais séniores almoçam com Inês e Paulo (o seu irmão um ano mais novo e CEO da Nortenha), aproveitando a refeição para uma troca informal de opiniões e informações. “Temos uma carteira de clientes espectacular e uma boa reputação no mercado, pois respeitamos os compromissos e entregamos a horas. Mas para contrariar a volatilidade temos de estar sempre a angariar novos clientes e a propor-lhes artigos cada vez mais complexos”, diz Inês. A Nortenha faz um volume de negócios de oito milhões de euros, 100% exportado, para uma geografia - Alemanha (Marc Cain), Inglaterra (o catálogo de criança Boden; a cadeia Reiss, de que Kate Middleton é cliente; e a Thomas Pink, do grupo LVMH) - reveladora da exigência dos clientes. “Passam o corte em revista à lupa. Cada peça tem de estar literalmente perfeita, por dentro e por fora. Os clientes são cada vez mais exigentes. Inspeccionam tudo. Trabalhamos com defeito zero para entregarmos a qualidade que eles nos pagam”, conta Inês, dando como exemplo um top fabricado na Nortenha que é vendida ao público de 279 euros, pois tem bordado, estampado, transferes e uma operação de garment dyed - e demorou dois anos a desenvolver para atingir aquela qualidade específica. A Textil Nortenha é uma sobrevivente, porque soube começar a por o pé no travão logo no final do século XX, quando detectou os sinais de uma crise anunciada e mudança de paradigma. “Não fizemos uma travagem brusca, mas uma adaptação gradual. Entramos em modo de ajustamento permanente, que nos permitiu reduzir a capacidade instalada e o efectivo - de 1 100 para cem trabalhadores - sem grandes solavancos e notícias no jornal”, conclui Inês, que gera a Têxtil Nortenha, em parceria com o irmão Paulo, sempre com um pé no travão e o outro a dar um cheirinho no acelerador... t
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Área de Intervenção Organização e Gestão Destinatários Micro, Pequenas e Médias Empresas (com certificação PME do IAPMEI) produtoras de bens e serviços transacionáveis e/ou internacionalizáveis, ou que contribuam para a cadeia de valor dos mesmos. Linhas de Ação › Introdução de novos métodos ou novas filosofias de organização do trabalho, tecnologias e processos produtivos, redesenho e melhorias de layout › Produção Sustentável › Desenvolvimento e distribuição de produtos, processos e serviços › Estudos, Ações de Benchmarking, Planeamento e Gestão de Projetos Benefícios › Realização de um Diagnóstico Organizacional, com vista à análise da atual situação da empresa, definição de objetivos estratégicos e desenvolvimento de um Plano de Ações de formação e consultoria › Consultoria Individualizada na empresa assegurada por especialistas de topo nas áreas-chave para o Sector Têxtil e Vestuário › Formação em domínios relevantes para alavancar processos de mudança, inovação e melhoria contínua tornando a empresa mais competitiva perante as exigências crescentes do mercado global Duração da Intervenção Duração máxima de 24 meses. Financiamento Cofinanciamento até 90% das despesas elegíveis.
email: academia@citeve.pt tel.: 252 300 386 website: academia.citeve.pt
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2. VISTA AÉREA PARCIAL DO ESPAÇO NO PISO DAS CHEGADAS, ONDE 19 MARCAS DE ROUPA PARA BEBÉ E CRIANÇA EXPUSERAM AS SUAS COLEÇÕES
FOTOSINTESE Por: Carolina Guimarães
MODTISSIMO: A FESTA JÁ COMEÇOU
1. OS 6 500 VISITANTES NÃO CHEGARAM PARA ENTUPIR O CHECK-IN – PRUDENTES, MUITOS OPTARAM POR FAZÊ-LO ONLINE 5. CERCA DE 400 COMPRADORES ESTRANGEIROS, VINDOS DAS SETE PARTIDAS DO MUNDO, ATERRARAM NO SÁ CARNEIRO PARA VISITAREM O SALÃO
6. MUITO TRABALHO, MUITAS REUNIÕES, MUITO NEGÓCIO - E MUITO POUCO TEMPO PARA ALMOÇAR OU IR À CASA DE BANHO. É ISSO QUE OS EXPOSITORES ESPERAM DO MODTISSIMO
Em meados de Fevereiro, os motores começaram a aquecer no aeroporto Sá Carneiro para a festa rija agendada para 3 e 4 de outubro, na Alfândega do Porto, quando o Modtissimo celebrar a sua 50ª edição e apagar 25 velas. Com um quarto de século de vida, o único salão português da fileira têxtil não pára de inovar. Na edição 49 estreou o Mini Mi e proporcionou o nascimento de uma nova iniciativa, a iTechStyle Summit. O Modtissimo é viciado em inovação!
11. PARA ALÉM DOS 6 500 VISITANTES PROFISSIONAIS , FORAM MUITOS OS CURIOSOS ATRAÍDOS PELA COR DO FÓRUM DE TECIDOS, PREPARADO POR DOLORES GOUVEIA
10. ADIVINHAR O QUE VAI ESTAR A DAR PARA O ANO FOI O DENOMINADOR COMUM ÀS SEIS CONFERÊNCIAS
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4. PAULO MELO, PRESIDENTE DA ATP, ACOMPANHADO PELO T E PELO SEU DIRETOR GERAL (PAULO VAZ), VISITOU DEMORADAMENTE O SALÃO. NA FOTO, À CONVERSA COM CARLOS SERRA (TROFICOLOR)
3. MENINOS, MENINAS E ATÉ PAIS COM CARRINHOS DE BEBÉ PASSARAM PELA PASSARELA DO MINI MI, QUE ENCHERAM O RECINTO DE GENTE.
7. O SEAB2 DA DAMEL, QUE GANHOU UM ISPO AWARD EM 15/16, CONTINUA A FAZER FUROR E A DESPERTAR INTERESSE
8. AS NOVIDADES DO ESPAÇO ITECHSTYLE, DA RESPONSABILIDADE DO CITEVE, ATRAÍRAM MULTIDÕES, COMO É COSTUME
9. O STAND DO FASHION FROM PORTUGAL PARECIA TER MEL: NÃO SOBRARAM CATÁLOGOS, REVISTAS OU DIRECTÓRIOS PARA CONTAR A HISTÓRIA
13. NO FINAL, AS DUAS EQUIPAS - A DO AEROPORTO E A DA SELECTIVA MODA -, QUE GARANTIRAM O SUCESSO DO MODTISISMO 49, POSARAM PARA A TRADICIONAL FOTO DE FAMÍLIA
12. TRABALHO, TRABALHO, TRABALHO FOI TUDO O QUE SE VIU NA CONCRETO, NUM STAND QUE ESTEVE SEMPRE CONCORRIDO E ONDE NÃO HAVIA (AINDA QUE NÃO LITERALMENTE) PANO PARA MANGAS!
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EXPORTAÇÕES DA ITV CRESCEM 6,3% EM JANEIRO As exportações da ITV entraram em 2017 com o pé direito, ao atingirem os 446 milhões de euros em Janeiro, um crescimento de 6,3% sobre o mês homólogo de 2016. Relativamente aos destinos, de sublinhar o aumento de 6,6% nas vendas para os EUA, que foram o destino não comunitário com melhor desempenho em termos absolutos, seguido do Canadá, com um crescimento de 40%. Angola, com um aumento de 48%, também voltou aos bons resultados.
BORDADOS DE CASTELO BRANCO EM MANCHESTER Os quatro altares da Catedral de Manchester vão ser cobertos por peças feitas em bordados de Castelo Branco, da arquitecta e artista plástica Cristina Rodrigues (na foto). Uma obra permanente que vai ser inaugurada em Setembro. “É mais um passo que damos na valorização do nosso bordado”, afirmou o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia.
"Não queremos crescer em volumes muito grandes. O que procuramos é trabalhar cada vez mais com produtos de valor acrescentado, onde possamos ter margens mais confortáveis" Miguel Barros, administrador da BOVI
O MILAGRE DA VELHA ECONOMIA “A velha economia sobreviveu e está em estado de graça” é o título de um artigo de quatro páginas publicado na edição do 27O aniversário do diário Público, dirigida por Miguel Esteves Cardoso e que tinha como tema “O lado bom de Portugal”. “Há 20 ou 30 anos, uma boa parte dos responsáveis políticos e da banca olhava para a indústria têxtil, para a do calçado, para a fileira da cortiça ou para a agricultura, encolhia os ombros e emitia uma certidão de óbito. Eram indústrias ou actividades do passado, dizia-se; tinham por base a mão-de-obra barata, que haveria de desaparecer com a modernização do país”, lembra o jornalista Manuel Carvalho, que assina o artigo. Estas previsões catastrofistas revelaram-se erradas - muito felizmente para o país - devido à capacidade de adapta-
ção aos novos desafios da globalização evidenciado por empresários, trabalhadores e associações empresariais. “Esta capacidade de resistência e adaptação surpreendeu tudo e todos”, refere o Público.
“Na indústria têxtil, os sobreviventes perceberam que a tradição de ficar à espera de encomendas e produzir o que os seus clientes lhes pediam era o caminho certo para o desastre - a China fazia o mesmo e mais barato. O importante era ter produtos para propor e não esperar por propostas”, acrescenta o diário. O Público sublinha que a ligação entre a indústria e a ciência foi uma das chaves para a sobrevivência e sucesso da ITV: “Se durante anos a ligação da ciência à indústria era uma miragem (e continua a ser na maior parte dos sectores), a têxtil usou-a para poder produzir assentos de automóvel em tecido ou em pele, ou têxteis-lar com preços que deram a milhas a concorrência indiana e chinesa”. t
PENEDO FAZ RESGUARDO INTELIGENTE
MODATEX É FORMADOR NO QUALIFICA
A Têxteis Penedo, a Comfort Keepers, o CITEVE, o CeNTI e o IPCA integram um consórcio que está a desenvolver um resguardo têxtil inteligente de colchão, que através de um software sofisticado prevenirá o aparecimento de úlceras de pressão no corpo de doentes acamados de longa duração
O Modatex é uma das entidades formadoras do Programa Qualifica, uma iniciativa do Governo que deverá abranger cerca de 600 mil pessoas até 2020 e que tem como objectivo a educação de adultos. O objectivo é que metade da população activa conclua o ensino secundário.
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dos portugueses, ou seja mais de metade da população, garantem efectuar compras online todos os meses, de acordo com um estudo da Mastercard
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A MINHA EMPRESA Por: Jorge Fiel
253 milhões de europeus fizeram compras online em 2015
Heliotextil
Zona Industrial nº 1 Rua dos Combatentes do Ultramar 167 4500-480 Espinho
Trabalhadores 100 Volume de negócios 5 milhões de euros Exportação 30% da produção é vendida directamente para o mercado externo, mas todos os seus clientes nacionais são exportadores Clientes “Temos centenas de clientes, mas nenhum deles pesa mais de 5% na nossa facturação”, esclarece Miguel Pacheco Produtos tradicionais Etiquetas, transferes, elásticos e fitas Área coberta da fábrica Mais de 10 mil metros quadrados
LENZING LANÇA FIBRA SUSTENTÁVEL
PENEDO RECEBE CERTIFICAÇÃO VERDE
A Lenzing está a comercializar uma nova fibra Tencel baptizada Refibra, feita a partir de celulose e contendo os resíduos de algodão que sobraram dos cortes de produção e de corte de madeira, que anuncia como sendo “uma das primeiras fibras de seu tipo produzida em escala comercial usando um alto volume de material reciclado”.
A Têxteis Penedo recebeu a certificação STeP (Eco-inovação), obtida no âmbito do Green Textiles Club, um projecto promovido pela ATP e que conta com a colaboração do CITEVE na análise e aconselhamento dos procedimentos ambientais que a indústria têxtil e do vestuário deve seguir na sua produção industrial.
CITEVE FAZ A PONTE PARA OS 1 400 MILHÕES DO INTERFACE
Um mundo encantado Em 1964, quando o contabilista Alberto Pacheco fundou a Heliotextil, ainda havia n gente a usar chapéu, pelo que não foi nada palerma (muito antes pelo contrário) instalar em S. João da Madeira uma fábrica que produzia etiquetas para a indústria de chapelaria - um dos ex-libris do mais pequeno concelho português. Mas já teria sido não só palerma como até mesmo suicidário não reconhecer que os tempos estavam a mudar e que para continuar a prosperar a empresa tinha de diversificar. “Começamos a fazer apenas etiquetas estampadas de tecidos e fitas, mas tivemos de diversificar muito para continuarmos a levar a água a bom moinho”, conta Alberto. A Heliotextil começou então a desbravar o quase inesgotável mundo encantado das etiquetas e passamanarias, passando a fabricar produtos tão diversos como etiquetas estampadas, fitas para embalagens e para estudantes (Queima das Fitas), elásticos para underwear, transferes para desporto (números e nomes para aplicar nas camisolas de clubes), e por aí adiante. Mas se a empresa já dobrou o cabo do meio século de vida, evidenciando uma forma invejável, isso deve-se ao facto de em boa hora ter decidido apostar em produtos de maior valor acrescentado, aventurando-se em mares nunca dantes navegados, investigando e desenvolvendo produtos que não existiam. “Não há nenhuma empresa no mundo igual à nossa. Podemos ter concorrentes que estão dedicados a uma ou outra das nossas áreas, mas o que nos distingue é a grande diversidade de produtos, pessoas e tecnologias”, explica Miguel Pacheco, 47 anos, filho de
Alberto, que após ter acabado Economia na FEP, em 1993, ainda foi analista financeiro no Banif durante um ano, antes de corresponder ao apelo da indústria (“Nas minhas infância e adolescência passava as férias grandes na fábrica”) e juntar-se à Heliotextil, para ajudar a empresa a acelerar a sua subida na cadeia de valor. Os prémios que recebe regularmente - não só os nacionais Inovatêxtil mas também os da ISPO de Munique - são a prova dos nove da justeza e sucesso da opção de Miguel que levou a empresa a apresentar produtos tão inovadores e surpreendentes que até parecem ter sido inspirados em livros de ficção científica. As pulseiras que garantem o acesso a festivais rock são uma coisa banal. Mas a Heliotextil conseguiu emprestar-lhes inteligência. Na última Feira Medieval da Feira, elas tinham incorporado um microchip com informação que lhe permitia serem usadas como um meio de pagamento - podiam estar carregadas com 20 euros e essa quantia ir sendo usada em compras nas tendas ou cantinas. A smart touch glove, distinguida com um Top 5 na última ISPO é outras das formidáveis invenções made in S. João da Madeira. Imagine que é um polícia num país do Norte da Europa, está a patrulhar na rua no Inverno, com 15 graus negativos, e tem de falar para a esquadra. Dantes, tinha de tirar a luva para ativar os ecrãs tácteis do telemóvel. No futuro esse sacrifício não vai mais ser preciso, pois a Heliotextil inventou uns transferes condutores que aplicado nas pontas dos dedos das luvas lhes permitem pressionar as teclas dos ecrãs touch. Uma maravilha, não é? t
O CITEVE é um dos 28 centros de interface tecnológica que fará a ponte com as empresas têxteis no âmbito do Programa Interface que tem um bolo global para investimentos de 1 400 milhões de euros para os próximos seis anos. Intensificar as ligações entre empresas, universidades, politécnicos e centros tecnológicos, promovendo maior e melhor aproximação entre conhecimento científico e a competitividade e inovação empresarial, são os objectivos deste novo programa, apresentado numa sessão em que foi reconhecido o Cluster Têxtil-Tecnologia e Moda.
“Quem não for reconhecido na própria terra, dificilmente o será nos outros mercados” Carlos Gonçalves administrador da Bom Dia
BUREL E CORTIÇA DÃO À BERG PRÉMIO ISPO DE INOVAÇÃO A Berg Outdoor recebeu o Prémio de Inovação da ISPO na categoria de footwear lifestyle. As sapatilhas Jindo Burel são feitas em Portugal com dois materiais típicamente portugueses: o burel e a cortiça. Distinguidas pela sua “funcionalidade, estilo e características ecológicas”, as sapatilhas são altamente resistentes, repelem a água, regulam a temperatura, têm flexibilidade e respirabilidade. Com a parte superior em burel e cortiça, sola em borracha, cordões em algodão e forro em pele, estarão à venda a partir de Setembro e custarão 99,95 euros.
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PERFIL CROMÁTICO RESSUSCITOU MABERA OURO DE ÉVORA E PRATA DE MAMONA COM DEDO DA LMA As medalhas de ouro e prata que Nelson Évora e Patrícia Mamona conquistaram no triplo salto, nos Europeus de atletismo em pista coberta, tiveram um dedo da LMA. A malha dos equipamentos dos nossos campeões foram produzidas em Rebordões pela fábrica que Leandro Manuel Araújo fundou em 1995 e que leva as suas iniciais na razão social.
Fundada em 1973, a Mabera foi durante muitos anos a maior empresa do país ao nível dos acabamentos têxteis e tinturaria
Raposo Antunes
A Perfil Cromático, uma empresa de Famalicão, tomou conta da Mabera que foi, durante muitos anos, a maior empresa do país ao nível dos acabamentos têxteis e da tinturaria, com um volume de negócios superior a 12 milhões de euros. Fundada em 1 de Maio de 1973, em Mogege (Famalicão), a Mabera correu o risco de encerrar em 2015, tendo sido salva por dois investidores (José Dâmaso Lobo e Afonso Leite) e Nuno Oliveira (engenheiro químico e antigo quadro superior da empresa), que criaram a Perfil Cromático e impediram a queda no abismo da histórica fábrica, que retomou a laboração, com cerca de uma centena de trabalhadores resgatados ao desemprego. Desde que reiniciou a actividade, a empresa aumenta a facturação praticamente todos os meses. A explicação do sucesso passa também, naturalmente, por novos investimentos realizados na modernização do parque de máquinas, possibilitada por uma candidatura já aprovada ao Portugal 2020, que depois de concluída rondará os três milhões de euros. O projecto da Perfil Cromático para a Mabera foi apresentado ao presidente da Câmara de Famalicão, Paulo
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milhões
de euros é o volume de negócios que a Perfil Cromático prevê fazer este ano de 2017
Cunha, no âmbito do roteiro Famalicão Made In. O autarca social-democrata não escondeu satisfação por ver a Mabera ganhar uma nova vida, numa aposta da Perfil Cromático que, salientou, traduz “a atractividade de Vila Nova de Famalicão para o investimento empresarial”. “É para mim gratificante perceber que estas instalações estão a ser reanimadas, e sobretudo com os mesmos trabalhadores, competentes e resilientes, que estão a fazer pontes com o passado”, afirmou o autarca. Na verdade, poucos meses depois do fecho, as imponentes instalações industriais da Mabera, em Joane, voltaram a fervilhar de actividade graças à iniciativa da Perfil Cromático, que arrendou o edifício e alugou os equipamentos à Mabera. Em 2016, primeiro ano completo de actividade, a Perfil Cromático registou um volume de facturação de sete milhões de euros, superior às melhores previsões. “O resul-
tado que hoje temos é culpa dos nossos 140 trabalhadores, fonte de inspiração e motivação. As segundas linhas da Mabera transformaram-se em primeiras linhas da Perfil Cromático”,afirma Nuno Oliveira, o director-geral da empresa. Com metas ambiciosas de crescimento – as previsões para 2017 apontam para um volume de negócios na ordem dos 10 milhões de euros –, o que se reflectirá também no reforço do efectivo de colaboradores, a aposta é, claramente, no serviço e na qualidade, como faz questão de salientar José Dâmaso Lobo. A Perfil Cromático produz para marcas europeias de renome (todos os dias chegam à empresa 50 toneladas de malha), mas é também uma fornecedora de soluções. No laboratório de investigação e desenvolvimento, que funciona 24 horas por dia, uma equipa busca os melhores resultados que permitam à empresa estar sempre na linha da frente e conquistar novos clientes. A sustentabilidade ambiental é outra das marcas da Perfil Cromático. O reaproveitamento da água e da energia calórica no processo produtivo, possível graças aos novos investimentos já realizados, permitem à empresa famalicense capitalizar as oportunidades associadas à economia circular. t
TOPSHOP ATIRA-SE ÀS NOIVAS
TELA’S DESIGN DE VOLTA A XANGAI
A Topshop estreia-se em meados de Abril no segmento nupcial com uma pequena colecção de cinco vestidos de casamento, complementada com uma oferta de acessórios, lingerie e vestidos para as damas de honor. Em Portugal, a marca britânica só vende através da loja online, depois de ter sido cancelada a inauguração de uma loja no Colombo, anunciada para Janeiro do ano passado.
A Tela’s Design voltou a estar presente com um stand na Intertextile Shanghai Home Textiles, cuja próxima edição se realizou de 15 a 17 de Março no National Exhibition and Convention Center de Xangai. Com sede em Guimarães e 18 anos de actividade, o Tela’s Design é um estúdio especializado em desenho para a indústria têxtil (cama, mesa, cozinha, casa de banho e decoração).
"Há muitos nichos de mercado a surgir. O cruzamento da tecnologia com a moda é uma das tendências, e nós queremos estar na tecnomoda, até pela proximidade geográfica ao coração da indústria têxtil" Paulo Neves, CEO da Coltec
ONDA GANHA CONCURSO PARA SURF ESCOLAR A Onda Wetsuits (P&R Têxteis) ganhou o concurso lançado pela Federação Portuguesa de Surf para o fornecimento de neoprenos e licras destinadas aos 41 CFD- Centros de Formação Desportiva (surf e modalidades aquáticas) existentes em Portugal. “Esta associação ao desporto escolar encaixa como uma luva nos nossos ideais que são formação, juventude, desporto, progressão. É uma honra poder contribuir para o desenvolvimento de mais uma geração de futuros surfistas”, afirma Paulo Green, global ativator da marca.
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PENTEADORA FARDA ARMÉE SUISSE A Penteadora está a vestir a Armée Suisse. “Já começamos a fornecer o tecido com o qual irão ser feitos os blusões e as calças do exército suíço, num contrato de 2,5 milhões de euros, que se deverá prolongar por quatro a cinco anos”, contou ao T António Teixeira, director de vendas da empresa.
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"É mais difícil entrar na bolsa de formação do que numa faculdade. Na faculdade é um processo administrativo, aqui não. Eles têm de provar que sabem e incorporar a nossa metodologia de formação" Sónia Pinto, directora-geral do Modatex
COLLOVE JÁ TEM A SUA LOJA ONLINE A Collove espera conquistar mais clientes no estrangeiro através da sua recém inaugurada loja online. “A acompanhar a abertura da loja online achamos adequado lançar também uma nova montra para os nossos produtos e daí o refrescamento do site, que nos permite chegar a todo o mundo e seduzir o mercado externo”, explica Sandra Morais, gestora da Custoitex, que tem sede em Custóias e fechou 2016 com um volume de negócios de dois milhões de euros.
FAT PIG É O NOME DE CÓDIGO DO PROJETO SECRETO DA ALDA Está confortável em casa e tem de ir passear o cão, comprar pão ou regar o jardim e não lhe apetece mesmo nada mudar de roupa para sair? Ora muito bem, não desespere, porque a Alda Têxteis está quase quase a resolver o seu problema. Por certo já ouviu falar que as estrelas de Hollywood se habituaram a irem às compras ao supermercado vestidas de pijama. Ora tudo leva a crer que o último grito da moda em Los Angeles vai desembarcar na Europa a partir da ocidental praia lusitana e pela mão do projecto “Fat Pig” da Alda Têxteis, a têxtil-lar da Póvoa de Lanhoso que deu nas vistas ao apresentar na Heimtextil uma cama integralmente vestida em malhas jersey . A ideia tem cinco anos e está a ser trabalhada mais intensamente desde 2015. O conceito e a marca (Fat Pig) estão afinados.
Trata-se de uma linha de homewear/ nightwear (pijamas, boxers , etc) em malha jersey , de corte elegante e ultra confortável, que pode ser usada na rua. Agora só falta mesmo o apuramento final de materiais e acabamentos. “Estamos há três anos a trabalhar nesta linha, que deve ser lançada este ano. Mas não temos pressa. Temos os pés bem assentes na terra. O projecto Fat Pig não é para ser mais um – é para marcar a diferença”, esclarece Manuel Barroso, o fundador da Alda. “Trata-se de uma linha de roupa para usar em casa mas com toque de rua, urbana mas despretensiosa. Estamos a falar de básicos – as formas estão inventadas, uma t-shirt é uma t-shirt , um pijama é um pijama. Vamos fazer a diferença nos materiais e nos acabamentos” afirma Pedro Pinto, o designer da Fat Pig, que apresentará uma colecção anual, para Senhora, Homem e Criança. t
PRÍNCIPE DA SUÉCIA ADORA TAPETES DA PEREIRA DA CUNHA O princípe da Suécia, Carlos Filipe Bernardotte, e o seu sócio Oscar Kylberg escolheram a Pereira da Cunha para fabricar os tapetes de quarto que vendem nas lojas de artigos para casa da marca Bernardotte & Kylberg. “Foi a agente que trabalha com eles em artigos têxteis que nos contactou”, recorda Tiago, neto de Fortunato Pereira da Cunha, o industrial que em 1936 fundou esta empresa com sede em Nespereira, Guimarães, que sempre se dedicou ao fabrico de roupa de cama. Na sequência desse contacto, o príncipe da Suécia veio a Portugal ver a fábrica onde são feitos os tapetes desenhados por Oscar Kylberg - mas sempre com o contributo de Bernardotte. Esta parceria no design alarga-se a todos os artigos para casa, que a Bernardotte & Kylberg, vende nas lojas de que dispõe na Suécia e noutros países europeus. Para a Pereira da Cunha, o fabrico destes tapetes em algodão é uma espécie de peninha no chapéu, já que em termos de facturação não pesam muito. “No tempo do
meu avô produzíamos sobretudo colchas”, recorda Tiago que com a irmã Sandra constitui a terceira geração de Pereiras da Cunha nesta têxtil-lar onde Jaime, pai deles e filho do fundador Fortunato, ainda mexe, apesar dos seus 88 anos. Do fabrico quase exclusivo de colchas, a Pereira da Cunha passou também a produzir entretanto todos os artigos de roupa para cama, que exporta para os EUA (principal cliente), mas também para a Coreia do Sul e Japão (aqui com a marca própria Dacunha), e para muitos outros países europeus, do continente americano, e da Oceânia. “Dos cinco continentes, só não vendemos em África”, diz Tiago Pereira Cunha. Com as excepções já assinaladas (Coreia e Japão), a empresa, que continua a funcionar no local onde foi fundada e emprega 65 pessoas, trabalha sobretudo em regime de private label. E fechou o ano passado com um volume de negócios de nove milhões de euros. t
LMA FORRA CADEIRAS DE SANTUÁRIO DE FÁTIMA Na necessidade de desenvolver um conceito à volta dos têxteis protectores, foi à LMA que um arquitecto recorreu para procurar uma solução exequível, prática e com qualidade para forrar as cadeiras do Santuário de Fátima. O tecido foi desenvolvido para repelir a poluição, estar protegido contra colunas de água e ter ainda resistência e tenacidade ao corte - enfim para sobreviver ao uso e abuso num dos sítios mais visitados do país. Apesar de se ter especializado no sector do desporto (na última ISPO teve seis produtos seleccionados e dois no Top 10), a LMA trabalha também nos têxteis-lar. “Podemos investir tudo em maquinaria e tinturaria, mas o segredo está sempre nas pessoas. Para além disso, temos capacidade criativa, sempre na ponta do estado da arte do sector, algo que também conseguimos com a ajuda das parcerias que mantemos com as universidades - Minho e UBI - e o CITEVE, designadamente na área da aplicação dos têxteis na monitorização do corpo humano”, afirma Manuel Barros, o administrador executivo da LMA. Outra das grandes mais valias da empresa é ser a única unidade fabril em Portugal com quatro diferentes tipos de máquinas debaixo do mesmo tecto: ketan, circulares, raschel e de tecidos, manuseadas em grande parte pelas cerca de 50 pessoas que a fábrica emprega. Para além disso, num investimento recente, a LMA apostou também nos acabamentos – algo que Manuel Barros afirma ter compensado, pois é “no acabamento que está a nobreza do material”. Com quatro características sempre em mente quando desenvolvem os seus produtos – o conforto, o índice de energia dos materiais, a compressão e a parte estética – a LMA mostra-se também preocupada com questões ambientais e de sustentabilidade, possuindo várias certificações nesse âmbito. Manuel Barros garante que a busca permanente de sustentabilidade é um mantra da empresa e conta que ele próprio dá o exemplo ao ir de bicicleta para a fábrica uma vez por semana, não só para poupar na carteira mas também o ambiente. Porque - acrescenta - são as pessoas que fazem a diferença e a LMA quer dar o exemplo não só nos seus produtos mas também pela sua forma de estar no mundo. t
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18 mil milhões de peças de roupa são compradas todos os anos no mundo
METER GASOLINA E RECOLHER A ENCOMENDA DA AMAZON A Repsol vai instalar pontos de recolha para as compras feitas nas plataformas da Amazon em Portugal e em Espanha, de acordo com o jornal Expansion. A petrolífera opera 4000 estações de serviço na Península Ibérica e uma “boa parte delas” será dotada de um ponto de recolha, segundo o acordo estabelecido entre as empresas. O serviço estará disponível nos “próximos meses” e segue o modelo do projecto piloto que as empresas levaram a cabo em Itália. Com este serviço, a Amazon quer evitar que os clientes tenham de esperar em casa pelas suas compras e oferecer alternativas de conveniência.
NOIVAS DE MICAELA ARRASAM NA TURQUIA
Ovacionada de pé, Micaela Oliveira arrasou com os vestidos de noiva no desfile de abertura da Izmir Bridal Week - , que é, logo a seguir a Barcelona, o segundo maior evento mundial de moda nupcial e de vestidos de gala. Com duas portuguesas entre as 25 manequins, as criações de Micaela desfilaram numa passarela de 30 metros por seis perante uma assistência entusiasmada de 2 500 convidados oriundos de países tão diversos como Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Líbano, Rússia e EUA. A passagem foi transmitida pelos dois principais canais turcos de televisão. t
O FUTURO DA MODA PASSA PELO REGRESSO AO PASSADO Depois da subjugação às novas tecnologias e da Temporada Reset, o futuro da moda vai passar por uma espécie de regresso ao passado, com a valorização da memória, das coisas antigas e da relação com a natureza. É essa, pelo menos, a previsão que foi apresentada no Modtissimo pela WGSM (World’s Global Style Netwwork), numa conferência realizada em colaboração com o Departamento de Moda e Design do CITEVE. Os especialistas da WGSM - líder mundial na previsão de tendências de moda - constatam que a sociedade começa a repensar a atitude consumista e a valorizar as tradições e os produtos com ligação à Natureza. Depois de um estilo de vida onde tudo está à distância de um clique, sem necessidade de recorrer à memória – daí a designação de Temporada Reset -, a tendência será de ligação à Natureza, à memória e experiências passadas. É a tendência Slow Futures, um futuro lento que a WGSM caracteriza como tendência de moda que olha para o passado e privilegia os costumes
e o estilo de vida de gerações anteriores. A WGSM prevê mesmo que venha a existir um novo perfil de profissional, os Memory Officers, que serão contratados para trazer às empresas o conhecimento histórico e valor de arquivo. Mais que as marcas globais, o prognóstico aponta para que as pessoas se identifiquem por grupos ou clubes de companheirismo globais. Uma mistura de fronteiras, com comunidades globais dentro da diversidade global. Como exemplo é apontado o aparecimento recente de clubes de motoqueiras. Uma cultura menos selfie e mais global, que fará com que as pessoas não sigam as marcas mas os valores de grupo. O produto desliga-se da marca e associa-se ao consumidor, que o personaliza e co-cria em muitos casos. As peças do vestuário vão incorporar materiais caseiros e de fontes locais, com forte ligação à natureza e espírito de reutilização. É um movimento de resgate da essência, fazendo com que o menos se torne ainda menos para que signifique muito mais. t
FAÇONNABLE NOS CUIDADOS INTENSIVOS
SAMSUNG COM MÁQUINA QUE LAVA E SECA
A Façonnable foi integrada na espanhola Pepe Jeans, que tentará evitar a falência da marca francesa de casualwear que se encontra em maus lençóis, com prejuízos de 30 milhões de euros/ano, elevadíssimos para uma facturação de 47,2 milhões. A Façonnable custou 210 milhões de euros ao grupo libanês M1, que também controla a Pepe Jeans.
A Samsung lançou uma máquina FlexWash + FlexDry Laundry System que lava e seca, em simultâneo ou independentemente. A função lavagem compreende três opções: Superspeed (modo extra-rápido que reduz tempo de lavagem de 60 para 30 minutos); Powerfoam (para roupas muito sujas, artigos maiores e mais pesados) e Vibration reduction technology (reduz ruído e vibração da máquina).
"Temos o produto adequado para os Estados Unidos: flanelas que após uma lavagem industrial ficam com um look Vintage e mais moda" José António Ferreira, director de exportação da Texser
PATO DONALD É REI DA COLECÇÃO CÁPSULA DA GUCCI O Pato Donald é o protagonista da nova colecção cápsula da Gucci. A marca italiana, que tem vindo a modernizar-se com algumas colecções mais descontraídas e divertidas, alia-se assim à Disney, com peças que vão desde as t-shirts aos hoodies, passando por casacos, calçado e alguns acessórios. Os preços começam nos 200 euros (um pendente) e escalam até aos 4500 euros (casaco em pele).
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RIOPELE FAZ TECIDOS COM RESTOS ALIMENTARES A Riopele está a desenvolver trabalhos na reciclagem de produtos agroalimentares para produção de tecidos inovadores que neutralizam os odores. Através do projecto R4Textiles, cofinanciado pelo Compete 2020, utiliza resíduos provenientes das indústrias de carnes e cervejeira que apresentam um enorme potencial de valorização no acabamento têxtil, pelas suas propriedades intrínsecas (actividade antimicrobiana, prebiótica, antioxidante, entre outras). Actualmente a reciclagem de resíduos agroalimentares, ricos em proteínas e polissacarídeos, tem permitido desenvolver trabalho na extracção de ingredientes funcionais, com aplicações na alimentação, cosmética e biomédica. O projecto R4Textiles visa desenvolver têxteis sustentáveis – reutilizados e funcionais – com base na valorização de desperdícios têxteis e agroalimentares de forma a pôr em prática o novo paradigma da economia circular. De acordo com o Compete 2020, “tradição e Inovação são duas palavras-chave para a Riopele que tem uma longa história e com um saber-fazer único”. E recorda que “a empresa tem levado a cabo um intenso trabalho de pesquisa de tendências e de comportamentos, investindo fortemente em Investigação & Desenvolvimento.” A Riopele pretende capitalizar as oportunidades associadas à economia verde (também designada por “economia circular”), abandonando o tradicional crescimento baseado no “extrair
VOGUE ITÁLIA ELEGE INÊS TORCATO COMO UM NOVO TALENTO Inês Torcato foi convidada pela Vogue Itália para ser uma das protagonistas da edição Vogue Talents, que é editada duas vezes por ano e dedicada em exclusivo a novos talentos da moda. A filha do também criador Júlio Torcato, apresentou parte da sua colecção para mulher no desfile consagrado aos Supertalentos da Pitti.
14 mil
formandos passaram em 2016 pelo cursos e acções de formação dados pelo Modatex
José Alexandre Oliveira, neto do fundador, é o timoneiro da Riopele
– fabricar – consumir – deitar fora”. É neste contexto que surge o projecto R4Textiles, cujos principais objectivos são: design e construção de novas peças/estruturas têxteis com base em resíduos têxteis – fios, telas e tecidos, com ou sem processamento prévio, para eliminação de elastano; produção de tecidos funcionais inovadores com incorpo-
ração de ingredientes extraídos de resíduos agroalimentares, para obtenção da funcionalidade de neutralização de odores, e outras propriedades valorizáveis no acabamento têxtil (antimicrobiano, prebiótico, antioxidante, anti-estático, toque melhorado). Neste projecto estão também envolvidos o CeNTI, CITEVE e a Escola Superior de Biotecnologia da Católica. t
SALÁRIOS NA CHINA MAIS PERTO DOS NOSSOS A média salarial nas fábricas chinesas já ultrapassou a de países como o Brasil, Argentina e México, e já está próxima da praticada em alguns países da zona euro, como Portugal e a Grécia, segundo um estudo do Euromonitor Internacional citado pelo Financial Times. De acordo com o estudo, a diferença salarial na indústria entre Portugal e a China ronda os 25%. Entre 2005 e 2016, o salário médio nas fábricas chinesas quase triplicou, situando-se agora nos 3,40 euros/h. Em Portugal, a média anda nos 4,25 euros/h, uma queda significativa face aos 5,9 euros/h praticados em 2007. Na Grécia o retrocesso foi ainda maior, já que o salário médio na indústria caiu para metade
desde 2009. Mesmo na Índia, onde a economia cresce aceleradamente acelera há vários anos consecutivos, o salário médio está estagnado nos 0,66 euros/h desde 2007. Já no Brasil, entre 2007 e 2016 os salários por hora caíram de 2,74 para 2,5 euros. E no México recuaram de 2,08 para 1,98 euros). A subida dos salários na China acentuou-se desde que o país foi admitido na Organização Mundial do Comércio em 2001. Analistas citados pelo Financial Times sublinham que os níveis de produtividade dos trabalhadores chineses estão a crescer ainda mais depressa que os salários. t
SANTO TIRSO DISTINGUE ADALBERTO
IKEA EMPREGA SÍRIOS NA JORDÂNIA
A Estamparia Adalberto foi uma das 55 PME de Santo Tirso distinguidas pela Câmara local no âmbito da conferência “Capacitar para Inovar e Internacionalizar”, que decorreu na Fábrica de Santo Thyrso, promovida pelo Invest Santo Tirso em parceria com a ADRAVE-Agência de Desenvolvimento Regional.
A Ikea anunciou a criação de uma nova linha de tapetes e outros têxteis que serão totalmente produzidos por refugiados sírios. O objectivo é criar 200 postos de trabalho, maioritariamente para mulheres, em fábricas da Jordânia, o país que acolheu cerca de 655 mil sírios nos últimos meses.
"Proporcionamos formação contínua aos nossos trabalhadores, em todos os departamentos da empresa, e estamos sempre a reforçar o espírito de equipa, com o objectivo de oferecer os melhores níveis de qualidade" Bruno Mineiro, country manager da Tintex
LECTRA PROMOVE VIALA A VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO Jérôme Viala, 55 anos, é o novo vice-presidente executivo da Lectra. Director financeiro desde 1994, Viala tem assumido progressivamente maiores responsabilidades dentro do grupo francês. É responsável pela coordenação das actividades industrial, atendimento ao cliente, consumíveis e peças e recursos humanos internacionais, tendo estado envolvido nas operações internacionais da Lectra, como a abertura das filiais na Coreia do Sul e no Vietname.
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PLA NEA MEN TO.
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Producao 1
PLANEAMENTO
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CONTROLE DE PRODUÇÃO
O Planeamento da produção estabelece os valores de referência para o controle real da produção e faculta através dos indicadores fornecidos pelas análises em tempo real a informação e o conhecimento necessário à gestão.
Definição da capacidade dos recursos internos e externos Definição dos horários, férias e feriados Visualização através do gráfico de tempos e de cargas
Esta ferramenta é bastante versátil, permitindo ao planeamento dividir para recursos diferentes, ajustar o tempo ao número de recursos do fornecedor, atribuir um preço para subcontratação, comentar e ajustar todos os dados de produção.
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FOTO: RUI APOLINÁRIO
“TEMOS SEMPRE DE ENCONTRAR UMA BOA SOLUÇÃO A BOM PREÇO E DIFÍCIL DE COPIAR”
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n ENTREVISTA Por: José Augusto Moreira e Raposo Antunes
Manuel Sá 58 anos, nasceu e cresceu em S. Roque, Riba D’Ave, e começou a trabalhar aos 13 na Sampaio, Ferreira & Ca Lda., onde se encantou pelos mecanismos das máquinas têxteis. Aos 23 já tinha oficina própria, mas nem em sonhos imaginava que viria a ser o dono do mundo na estamparia têxtil. As suas máquinas estão nas fábricas de todos os continentes, a S. Roque é líder mundial, factura mais de 40 milhões e emprega 415 trabalhadores
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azemos as máquinas em função daquilo que os clientes pretendem fazer com elas. E aí a negociação já não é quem faz mais barato, mas quem tem melhores soluções - explica Manuel Sá 58 anos, CEO da S. Roque, o maior fabricante mundial de máquinas de estampar. Na mensagem corporativa da S. Roque diz que a força da empresa não se esgota nos produtos que cria. A real força é a dedicação que imprime na busca de soluções de engenharia. Como é que se chega a isso?
Nós primeiro tentamos perceber o que é que o mercado necessita. Nós vamos à procura do cliente para perceber o que ele quer e qual a solução que precisa no dia-a-dia. Daí tentamos encontrar a solução para o que ele quer fazer. Vende máquinas de estamparia nos cinco continentes. Como é que foi passar do mercado nacional para o mercado mundial?
Com muito trabalho e muito sacrifício. Uma coisa é o mercado nacional. Outra coisa é lá fora. Tentam ver logo qual é a origem do produto – Portugal. E eles interrogam-se: mas eles têm tecnologia para isso? E isso é logo uma dificuldade. Mas conseguimos ultrapassar esse problema e fomos entrando nos grandes mercados. Começamos por nos implantar no Brasil, onde nos sentíamos mais à vontade, e daí começamos a saltar para outros países. Mas como é que se faz isso? É só trabalho e sacrifício?
Uma das nossas mais-valias foi precisamente as soluções que apresentamos. Não é só chegar lá com uma pasta e um catálogo e começar a vender. Tivemos que fazer
feiras, mostramos que tínhamos soluções para o que os clientes pretendiam. O que tinham essas soluções para cativar os compradores das máquinas?
Eram sempre diferentes do que a concorrência apresentava. Nós costumamos dizer que não fabricamos máquinas, criamos soluções. E essas soluções conquistaram esses mercados.
"Não há nada que se faça que eu não saiba. Estou permanentemente na produção. O meu escritório é só para fazer assinaturas"
Mas eram os próprios clientes a sugerir as soluções?
Não. O cliente diz que quer uma máquina para fazer isto, outra para fazer aquilo. A partir daí, desenvolvemos a máquina. Pode dar um exemplo?
Tivemos um cliente no Brasil que fazia bermudas e tinha um problema. A máquina que tinha de estampar só fazia uma perna de cada vez. Ao juntar as duas acabavam por ficar com tonalidades diferentes. Aquilo que fizemos foi alargar a área de estampagem de forma a fazer as duas pernas ao mesmo tempo. Mas este é apenas um de muitos exemplos. Então, a sua vida é andar pelos clientes que tem espalhados pelo mundo a dar soluções…
Exactamente. Nós também costumamos dizer que não vendemos máquinas, vendemos soluções. Por exemplo, a solução encontrada para o cliente das bermudas no Brasil acabou também por ser utilizada em máquinas para outros clientes. Se nos cingirmos só às máquinas e a quem as faz, a discussão limita-se ao preço. Connosco não é assim. Nós fazemos as máquinas em função daquilo que os clientes pretendem fazer com elas. E aí a negociação já não é quem faz mais barato, mas quem tem melhores soluções. Em 2002 vendeu três milhões de euros, em 2016 chegou aos 39 milhões. Onde quer parar?
O cliente e o mercado é quem dizem. Agora estamos a entrar em novas áreas como a estampa-
É o 8º de uma família de nove irmãos e as obras de construção civil a que o pai se dedicava não davam para todos. Em Riba d’Ave todos tinham familiares na têxtil Sampaio, Ferreira & Ca Lda. e lá foi, aos 13 anos, para as oficinas de manutenção. Estudava à noite na Escola Industrial de Guimarães e juntava a teoria à prática: nas aulas era o senhor do torno (“O professor pedia-me para mostrar como se fazia”) e na fábrica já trabalhava cálculos e tabelas “que aquela malta nem sonhava como era aquilo”. O seu maior gozo continua a ser a maquinaria e o processo de produção (“Se fosse pelo dinheiro já podia dizer: pára”). Também gosta de arquitectura (“Às vezes faço uns projectos”) e meteu-se com sucesso nos vinhos verdes (Quinta de Gomariz). “Começaram a chover prémios de todo o lado”, mas é agora a filha mais velha, licenciada em Gestão, quem trata da quinta. Tem mais dois filhos, mais novos, mas já decidiu que a S. Roque não vai esperar pela sucessão familiar. “O que faço aqui é pôr a equipa a funcionar e isso já está resolvido através de um modelo de gestão profissional”.
ria digital. Mas vamos também diversificar produtos, fazendo novamente máquinas de dobrar e embalar. Estamos a ser solicitados
pelo mercado chinês para este tipo de máquinas, que já fizemos no passado. Não podemos ficar só dependentes de um tipo de máquina, de um cliente, ou de um só mercado. Temos de dividir os ovos por vários cestos. Tudo o que sai da S. Roque é invenção sua. Como é que germinam na sua cabeça os conceitos para criar uma nova máquina?
Agora não. Já tenho uma equipa a trabalhar comigo. Mas é tudo resultado das necessidades e daquilo que o cliente quer. As nossas máquinas ovais, que permitem também uma dupla produção, foram assim que nasceram. Mas muitas outras também. Portanto a lógica da empresa é nunca dizer não a nada?
Essa é a orientação que têm os nossos vendedores. Ter uma atitude pró-activa. O que é mais importante no processo de criação: perceber como funciona o ferro ou o aço ou a criação da “geringonça” em si?
Tenho que me basear no que tenho cá dentro para arranjar a solução. Tenho também que me basear no preço. Há muitas formas de matar pulgas, mas matá-las com uma pistola fica caro. Temos de encontrar uma boa solução e a um bom preço. E de preferência fazendo uma máquina que os nossos concorrentes não possam copiar. Começou a trabalhar aos 13 anos na Sampaio, Ferreira & Ca Lda. O que é que lá aprendeu?
Comecei a trabalhar na serralharia dessa empresa. Tinha concluído a 6.ª classe e fui trabalhar, enquanto à noite frequentava o curso de serralharia mecânica da Escola Industrial e Comercial de Guimarães. Consegui conciliar a teoria e a prática. Foi bom. Nessa altura não fazia também as suas gerigonças em casa?
Todos os brinquedos que tinha era eu que os fazia. Mais tarde até
cheguei a fazer uma bicicleta de três andares aqui para o Carnaval de São Roque. Como surgiu o impulso para trabalhar por conta própria aos 23 anos?
Estava muito ligado às motas e aos carros. Quando ia estudar à noite para Guimarães ia numa moto do meu pai que foi toda kitada por mim e pelo meu irmão. O meu início foi a fazer acessórios para as motorizadas que vendia a garagens. Nessa altura, alguma vez lhe passou pela cabeça que pudesse ser hoje um líder mundial no fabrico de máquinas para estamparia?
Não. É lógico que não. Naquela altura eu fazia tudo o que me aparecia. Peças para motorizadas, carros, e outras coisas. Até uma máquina para mexer a farinha para uma padaria. As máquinas de estampar surgiram bastante tempo depois. Foram umas pessoas daqui que queriam que eu fizesse uma máquina igual a uma outra. Eu disse que não. Faço uma para aquilo que vocês querem, mas não vou copiar nada. Vou fazer uma máquina automática e pneumática. Passados uns tempos começaram a surgir pedidos para fazer mais máquinas como a que tinha feito. E foi assim que tudo começou. Alguma vez sentiu, ou percebeu, que as suas máquinas eram desvalorizadas pelo facto de serem fabricadas em Portugal?
Lembro-me de uma ocasião numa feira que o cliente já estava todo entusiasmado, praticamente com o negócio fechado, e de repente viu que a máquina era fabricada em Portugal. Então levantou-se da mesa onde estávamos a falar, começou a dar várias voltas à máquina, mas acabou por comprá-la. A que se deveu essa desconfiança?
É preciso ver que nós temos concorrentes alemães, italianos e americanos. Em termos de
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Uma bicicleta de três andares. “Todos os brinquedos que tinha era eu que os fazia”, lembra Manuel Sá, que até fez “uma bicicleta de três andares para o Carnaval de São Roque”, cuja fotografia exibe orgulhosamente no telemóvel. Uma adolescência também muito ligada às motas (“ia estudar à noite numa moto do meu pai que foi toda kitada por mim e pelo meu irmão”), que o fez começar por fazer acessórios que vendia a garagistas. Fazia de tudo na pequena oficina que montou com o irmão na garagem de um familiar, “até uma máquina para mexer a farinha do padeiro” concebeu antes de entrar na saga das máquinas de estampar. “Queriam que eu copiasse uma, mas eu disse que não. Fiz uma máquina automática e pneumática para aquilo que queriam e foi assim que tudo começou”.
imagem tecnológica do país nós éramos os mais desfavorecidos. Até mudamos o made in Portugal para o made in EU. E os sites de .pt para .com. Não podemos estar com sentimentalismos. Até 2004 vendiam quase só em Portugal. O que vos empurrou para o mercado externo, nomeadamente para o Brasil em primeiro lugar?
Já tínhamos algumas máquinas no Brasil e sentimos que havia ali potencial. Criamos a S. Roque Brasil como uma plataforma para poder atender aqueles clientes que não tinham potencial para importar as máquinas. E foi aí que demos o grande salto. Nos primeiros anos, não tinha ninguém ligado às vendas. Quando ou como percebeu que isso era importante para o crescimento?
No início fazia o chamado três em um. Desenvolvia, vendia e montava. Quando as coisas começaram a crescer, tivemos que criar uma área comercial. Vai criar uma nova unidade de produção. Quer explicar-nos em que consiste?
Estamos numa fase de ampliação das instalações para a produção de máquinas de dobrar e embalar. Como é que uma empresa passa de 3 para 32 mil m2 de área de laboração e de 40 para mais de 400 trabalhadores?
Esses números já estão desactualizados. Nos últimos meses já entraram mais 25 funcionários. E a área também já é maior. Temos mais três mil m2 de um novo pavilhão. Em 2017 devemos chegar aos 37 mil m2. Como se gere um crescimento desses?
Primeiro foi o mercado que ditou as leis. Se o mercado não pedisse máquinas, não chegávamos a esses números. O mercado é bem trabalhado, a imagem da nossa marca também foi bem
"Não podemos ficar só dependentes de um tipo de máquina, de um cliente, ou de um só mercado. Temos de dividir os ovos por vários cestos"
formação, transmitimos-lhes o nosso know how e a experiência.
É lógico que isso é sempre uma preocupação. Mas a partir do momento que continuemos no nosso trajecto de inovar e se prosseguirmos no nosso caminho, acho que isso não vai ser problema. Candeia que vai à frente ilumina duas vezes. O que é que lhe dá mais gozo. Vender uma máquina de milhões ou criar uma nova peça?
desenvolvida nas muitas feiras em que participamos.
A mim o que me dá mais prazer é encontrar soluções. Se for a pensar no dinheiro, penso: “Pára por aqui que já não é preciso mais”!.
Mesmo com tantos trabalhadores continua a tratá-los todos pelo próprio nome?
E no plano pessoal, o que gostaria de ter feito e ainda não conseguiu?
É lógico que é difícil saber o nome de todos. Temos muita gente nova a entrar. De início foi um bocado difícil para mim esse crescimento, porque estava habituado a tratar com eles como se isto fosse uma família. Conhecia até problemas particulares deles.
Tenho feito muitas coisas. Tenho uma outra área de negócios que é os vinhos. Tenho a Quinta Gomariz onde também tento fazer algo de novo e inovador. Foi um desafio. E eu gosto de desafios. Comecei a ganhar prémios de todo o lado. Tentei fazer um vinho verde para quem não gostava de vinhos de verdes. Também gosto muito de arquitectura. Ás vezes faço uns projectos.
Ainda controla todos os pormenores do processo de fabrico?
Não há nada que se faça que eu não saiba. Estou permanentemente na produção. O meu escritório é só para fazer assinaturas depois vou à minha vida, para o meio das máquinas. Eu gosto de desafios e sempre que um cliente me apresenta um problema, tento encontrar uma solução. É disso que eu gosto. E como é o processo de selecção de novos colaboradores?
Isso de meter mais pessoal nunca me preocupou. Se hoje precisamos de mais pessoas para trabalhar temos que as contratar. Depois, se houver mudanças e precisarmos de menos gente, veremos como resolver o problema. Quanto à selecção, é tudo malta jovem. Nós fazemos cá a
As perguntas de
Não receia que a S. Roque seja ultrapassada por países emergentes como China ou Índia?
Como olha para o futuro da S. Roque quando se reformar?
Espero que a S. Roque continue com aquilo que eu criei e implementei - e dêem continuidade a isso. Tem algum plano de sucessão?
Não passa por nenhum filho. A minha filha mais velha trata da quinta. O que faço aqui é pôr a equipa a funcionar e a questão da continuidade já está resolvida com a introdução de um modelo de gestão profissional. Em 2013 a S. Roque associou-se a um fundo de investimento, precisamente para que tivesse uma gestão profissional e não ficasse dependente ou à espera de qualquer sucessão familiar. t
Braz Costa Director-Geral do CITEVE
Que plano tem a S. Roque para a adopção dos princípios da indústria 4.0 nos seus equipamentos?
Já estamos a trabalhar nisso. Temos um projecto novo que é o das máquinas comunicarem entre elas. Este ano já vamos ter essa tecnologia aplicada nas máquinas. Qual é a percepção que tem da substituição das tecnologias tradicionais de estamparia pelas da estamparia digital?
Não é fácil o digital fazer tudo o que faz o serigráfico. O digital conjugado com o serigráfico faz uma boa junção, que é aquilo que nós estamos a fazer – uma máquina híbrida. O digital faz o que o serigráfico não consegue e vice-versa. É isso que nós estamos a desenvolver. A moda quer coisas novas e nós tentamos criar coisas novas também para a moda. t
Fernando Ferreira Director do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil 2C2T da UM Face a um negócio têxtil/ moda globalizado, com exigências de flexibilidade, qualidade e resposta rápida, qual o potencial da produção de equipamentos têxteis em Portugal para a indústria nacional e internacional?
Essa capacidade vai depender muito dessas dificuldades que os clientes nos trouxerem. Mais uma vez vamos tentar encontrar soluções. Fala-se muito dos clusters, mas isso ao nível da maquinaria não existe. Neste cenário de grande competitividade, como valoriza a relação das empresas com os centros de investigação e desenvolvimento?
Não temos tido muitos contactos. Temos trabalhado mais nós próprios. Somos muito rápidos a pensar e a executar. Já tivemos algumas parcerias, nomeadamente com o CITEVE, mas essas parcerias normalmente não são para hoje são para ontem. E nós temos de ser mais rápidos para atender os nossos clientes. t
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BOVI INVESTE TRÊS MILHÕES EM NOVA UNIDADE A Bovi vai investir três milhões de euros na aquisição e equipamento de uma nova unidade produtiva. Nos últimos seis anos, a têxtil-lar de Guimarães investiu seis milhões de euros na renovação do seu parque de máquinas. A Bovi emprega 172 pessoas, faz um volume de negócios de 19,5 milhões de euros, dos quais 20% com marca própria, e exporta 80% da sua produção.
ZIPPY ABRE EM GUIMARÃES
COMITÉ COLBERT ATACA JAPÃO
A Zippy abriu no Centro Comercial Espaço Guimarães a sua 39ª loja em Portugal. Com 243 m2, a nova loja apresenta um novo conceito que se traduz numa melhoria da experiência de compra para pais e filhos, caracterizada por uma organização dos espaços mais clean e funcional e pela forte presença de novas tecnologias concebidas para agradar e envolver miúdos e graúdos.
O Japão é o mercado alvo para 2017 do Comité Colbert, que reúne 81 casas de luxo francesas. Depois de um período em que concentrou as suas atenções nos mercados emergentes (como a Rússia, China, Dubai, Líbano, Brasil e Turquia), o luxo francês vira-se agora para os mercados maduros. 2018 será a vez do assalto aos Estados Unidos.
"O têxtil tem sido um dos sectores em que tem sido possível ganhar postos de trabalho"
DOLCE CASA QUER DECORAR OS LARES NÓRDICOS Carolina Guimarães
Liliana Kakakis e Fernando Miller já conhecem bem os cantos da Intergift, onde expõem há vários anos. Há dois anos apostaram na sua marca, DolceCasa, por ter um nome mais apelativo – porque a empresa, a Renaitex, já vai para os 24 anos de vida e pretende continuar a envelhecer em bom estilo, de preferência viajando pelo mundo fora, com especial enfoque pelos países nórdicos. A empresa de têxteis lar em que os ex-libris são agora os edredões, as almofadas e as mantas, iniciou-se longe dos artigos de casa: no início, só faziam chinelos e pequenas bolsas, todas à base das rendas Renascença, pelas quais se apaixonaram no Brasil e que foram a identidade da marca até meados de 2011. Esse foi o ano em que evoluíram para outro tipo de produtos, como as almofadas, colchas, edredões, cortinas e alguns atoalhados, que são agora o core essencial do negócio. Passaram das quatro costureiras iniciais para
12 permanentes, que confeccionam todo o tipo de produtos. Os tecidos, malhas e acessórios são comprados fora, mas todos os acabamentos são feitos entre as quatro paredes da pequena fábrica em Vale de Cambra, muito ao gosto de Liliana. A divisão não é oficial, mas notória: ele toma conta da parte administrativa, ela olha pelo design. Numa visita pelo stand da DolceCasa/Renaitex na Intergift, foi Liliana, com um olho nos seus artigos e outro por quem passava, quem mostrou as novidades, entre os veludos, as cores pastel e os artigos 100% algodão. Porque os bordados que ajudaram a fundar a fábrica, esses, já pertencem maioritamente ao passado. “Os bordados estão a baixar muito. Os mais novos já não os querem para nada”, explica Liliana, acrescentando: “Para além do mais, comprava-mo-los no Vietname, onde fazíamos encomendas enormes e elas chegavam cá em pouco tempo. Agora já não há mão-de-obra, ninguém quer estar ali a fazer aquele trabalho minucioso”.
Fecharam 2015 com uma facturação de cerca de 600 mil euros e a projecção para a último ano é que os valores sejam ainda mais altos, muito por culpa da internacionalização. Porque, apesar de Portugal ainda valer metade das vendas, a Espanha é um dos mercados cruciais onde a empresa quer continuar a investir. “A nossa maior dificuldade em Espanha é não encontrarmos agentes para vender, só através das feiras como esta e da loja online. Por isso é que Portugal continua a ser o nosso maior mercado: estamos lá, é mais fácil”, diz Fernando. França é um mercado onde também já estão presentes, mas o sonho agora voa para mais longe. Já fizeram uma feira em Estocolmo e pretendem continuar a olhar para a Escandinávia, apesar de se terem apercebido que os meados nórdicos são muito fechados onde não é fácil entrar. “Eles só recorrem a fornecedores exteriores se não estiverem satisfeitos com o que têm lá dentro”, afirma Liliana. “O feedback é lento, mas é sem dúvida algo de que gostávamos muito”, conclui. t
Miguel Cabrita, secretário de Estado do Emprego
NOVA EMBAIXADORA DA L’ORÉAL É ANGOLANA E CHAMA-SE MARIA
A supermodelo angolana Maria Borges é a nova embaixadora mundial da L’Oréal. Descoberta no concurso Elite Model Angola em 2010, Maria começou por assinar como top exclusiva da Givenchy. No entretanto, esteve na Balmain, integrou o grande show Chanel de Karl Lagerfeld e foi a primeira modelo a usar o seu cabelo afro curto natural no Victoria's Secret Fashion Show. Em 2013 foi nomeada top model da Forbes Africa em 2013.
50 milhões
de euros é o valor global do investimento num projecto agro-industrial em Moçambique do consórcio formado pelas portuguesas Mundifios, Mundotêxtil e Crispim Abreu e que integra um parceiro local, a Intelec Holdings
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CHILDRENS CLUB NY 05 a 07 de Março - Nova Iorque A. Ferreira & Filhos (Wedoble), António Manuel de Sousa (Vandoma), Inarbel (Dr. Kid) JITAC 21 a 23 de Março - Tóquio Burel Factory, Fitecom SA., Lemar, Texser, Troficolor, Trimalhas, Riopele, Somelos
AGENDA
A ISPO VALE A PENA Carolina Guimarães
NATALIE MASSENET É NOVA CHAIRWOMAN DA FARFETCH Natalie Massenet - fundadora do site de vendas online de produtos de luxo net-a-porter.com - é a nova chairwoman da Farfetch. “Estou ansiosa por concretizar o potencial da Farfetch, desenvolvendo a sua marca global e fortalecendo as parcerias com a indústria da moda”, explica Natalie, que vendeu por 100 milhões de libras o seu site aos italianos da Yoox, e será co-presidente não executiva da Farfetch, mantendo-se José Neves como presidente executivo.
"Tradicionalmente, a distinção entre alta costura e pronto a vestir era baseada no feito à mão e à máquina. Mas esta distinção tem-se tornado cada vez mais ténue, à medida que ambas adoptarem práticas e técnicas uma da outra"
Era impossível não passar pelo C3 – o pavilhão com maior representação de empresas portuguesas – e não reparar no grande stand From Portugal que morava mesmo no coração do pavilhão, imediatamente em frente ao fórum da ISPO Textrends, onde estavam expostos os tecidos seleccionados e premiados pela organização. E sim, Portugal estava bem representado: 16% dos prémios tinham a bandeira portuguesa. Com empresas espalhadas por seis pavilhões, a novidade deste ano foi para a Ilha do Surf by Praia do Norte, numa parceria com a Câmara Municipal da Nazaré. Com direito a dois nazarenos vestidos a rigor, ninguém ficou indiferente à pequena ilha portuguesa – quanto mais não seja pela visita de Sebastian Steudtner, surfista alemão de sucesso, que foi até à ISPO falar sobre as ondas gigantes da Nazaré. Steudtner fa-
lou da sua experiência e das suas peripécias por terras nazarenas, partilhando alguns dos seus sustos e respondendo às questões colocadas pelos muitos curiosos e apaixonados do surf. Com um total de 85 mil visitantes, oriundos de 120 países, a ISPO bateu recordes, com mais seis por cento de visitas que no ano anterior. Mas não foi a única: também o número de empresas portuguesas foi histórico – ao todo, foram 44 aquelas que viajaram até Munique para a maior feira de desporto do mundo, com esperança de trazerem bons negócios na mala. E os sorrisos no final do último dia, acompanhados das olheiras causadas pelo muito trabalho dos quatro dias de feira, não deixavam enganar: a ISPO continua a afirmar-se como um dos certames mais importantes para todos aqueles que fabricam têxteis técnicos ou que têm ma-
teriais especializados para desporto. Para a Island Cosmos, estreante na feira, o balanço é muito positivo. Maria Valdoleiros, da parte comercial, afirma que o salão correu “extremamente bem – fizemos cerca de 100 contactos e temos andado a enviar amostras”. “É uma feira que vale a pena, assim como compensa mandar amostras para concurso”, conclui. A Island Cosmos foi uma das empresas que levou prémios para casa o que, dizem, atraiu muitos clientes ao stand, “que procuravam produtos muito específicos”. Também para a P&R Têxteis o balanço é positivo. Depois de uma mudança estratégica do pavilhão C3, onde tinham estado anteriormente, para o B3, Hélder Rosendo diz estar “muito satisfeito com a dinâmica” deste pavilhão, naquela que é sempre uma feira muito interessante. Posto isto, e concluída mais uma, já está tudo de olhos postos na próxima, que tem data marcada de 28 a 31 de Janeiro de 2018. t
Andrew Bolton, curador do Instituto do Traje do Metropolitan Museum de Nova Iorque
SPORT ZONE JUNTA-SE A BRITÂNICOS DA JD SPORTS A Sonae acordou com a JD Sports Fashion - líder britânica no retalho de material desportivo - a criação de um grupo único que juntará as suas marcas (Sport Zone, JD Sports e JD Sprinter) e será o segundo maior no segmento na Península Ibérica, com um volume de negócios de 450 milhões de euros e uma rede de 287 lojas (191 em Espanha e 96 em Portugal). O novo grupo terá como accionistas a JD Group (50%), a Sonae (30%) e a família accionista da JD Sprinter (20%).
MODA E GASTRONOMIA EM LAS VEGAS
Babash Design, Beppi, Daily Day Men e Daily Day Women, Inimigo Clothing, Katty Xiomara e Manmood Suits & Co compunham a comitiva que a Selectiva Moda levou à Market Week em Las Vegas - que viajou acompanhada pela AGAVI (António de Souza-Cardoso, presidente da AGAVI na foto). Para além das provas de degustação houve um jantar onde se aliou a boa comida à boa moda portuguesa: na mesa estavam as iguarias e no chão uma passarela, onde desfilaram alguns coordenados assinados por Katty Xiomara. t
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DAMOS FORÇA À SUA MARCA. Queremos ajudar a promover o seu negócio e criar valor num contexto nacional e internacional. Concretizamos a sua ideia, com criatividade, com dedicação e com uma experiência multidisciplinar de mais de 20 anos no setor, através de soluções de comunicação, de exposição e eventos em várias partes do globo. Consulte-nos. Porque acompanhamos as tendências com a sua marca.
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expositores e 477 mil visitantes participaram em 2016 nas 50 feiras e eventos para o sector têxtil organizadas pela Messe Frankfurt
NIKE LANÇA HIJAB DESPORTIVO A Nike vai lançar um hijab feito exclusivamente para a prática desportiva. O objectivo é uma maior inclusão no mundo desportivo, numa altura em que cada vez mais mulheres muçulmanas se tornam atletas profissionais. O produto foi apresentado na campanha “What Will They Say About You?”. No vídeo, várias desportistas profissionais e amadoras contam como são repreendidas por aqueles que acham que elas devem estar no sossego do lar.
FASHION FROM PORTUGAL NA CATALUNHA
O projecto Fashion From Portugal rumou pela primeira vez até à BSTIM, na Catalunha, para mostrar a “nuestros hermanos” aquilo que de melhor se faz na têxtil portuguesa. Dr. Kid, Malhas Carjor e Xisocho by Katty Xiomara foram as três empresas que foram até ao país vizinho, numa experiência que teve tudo para correr bem. Portugal era o país com mais representação no certame, a seguir a Espanha. Paulo Vaz, director-geral da ATP, foi o único orador estrangeiro na palestra sobre economia circular e sustentabilidade, que antecedeu o salão. t
PREMIÈRE VISION ENCANTA O MINISTRO CALDEIRA CABRAL O ministro da economia, Manuel Caldeira Cabral, não larga os têxteis: depois da visita à Heimtextil, voltou a esticar os horários para visitar a Premiére Vision, onde estavam representadas mais de 50 empresas portuguesas. Sempre acompanhado por Paulo Melo, presidente da ATP, e Carlos Vinhas Pereira, presidente da Câmara de Comércio Franco-Portuguesa, deu uma volta pelo salão e trocou dois dedos de conversa com muitos dos portugueses que lá se encontravam. Mas, acima de tudo, o que importa é o negócio: e esses são sempre reis na PV. Fátima Silva, da Lemar, diz que o balanço é “muito, muito, muito positivo” e que o certame é aquele que tem “mais clientes e onde se fazem mais contactos” – incluindo de grandes marcas, que iam até ao stand da empresa de Guimarães procurar artigos. Com duas
HILFIGER ESGOTA ANTES DA PASSERELA
VERSACE DESISTE DOS DESFILES
O modelo do “see now, buy now”, implantado por Tommy Hilfiger, está a resultar ainda melhor do que o esperado. A colecção que o estilista americano lançou com a supermodelo Gigi Hadid já estava esgotada antes mesmo do desfile na passadeira de Venice Boardwalk. As peças tinham preços que iam desde os 29 até aos 400 dólares.
A Versace anunciou que não vai fazer o desfile de primavera/verão 2017 da colecção de Haute Couture, optando por uma estratégia mais pessoal com o cliente, fazendo recepções e jantares com os compradores habituais. “Todos sabemos que a moda está a mudar, por isso porque não aproveitar a oportunidade e testar algo novo?”, explica Jonathan Akeroyd, CEO da marca italiana.
BLAHNIK NÃO LIGA AO CALENDÁRIO A Manolo Blahnik mudou de estratégia e mandou às malvas o calendário tradicional de moda, mudando o número de suas colecções e as datas de lançamento. A partir de Janeiro, as suas colecções passaram a chamar-se simplesmente de Primavera, Verão, Outono e Inverno. A decisão da Manolo Blahnik está em linha com o modelo mais centrado no consumidor, o formato "See now, buy now” adoptado com bons resultados por marcas como a Burberry, Tom Ford ou Ralph Lauren.
RAT-À-PORTER BY MOSCHINO
Sempre acompanhado por Paulo Melo, o ministro visitou demoradamente a feira
colecções expostas e depois de terem aumentado o tamanho do stand, Fátima Silva diz que a aposta na Prémiere é para continuar. Também Ana Paula Pires, market manager da Idepa, afirma
que esta é “A” feira. “O balanço é positivo e valeu o esforço de investimento”, diz. “É uma feira global, com gente de todas as áreas geográficas. É sem dúvida a mais importante”, acrescenta. t
Abundaram os ratos no desfile da Moschino, na semana da moda de Milão. Não ratos verdadeiros, de carne e osso, mas estampados nas roupas e acessórios da nova colecção cápsula assinada por Jeremy Scott. Rat-à-porter é o nome da colecção que pôde ser comprada logo após as roupas desfilarem na passarela. A peça mais barata (uma capa de iPhone) custa 43 euros, enquanto o mais caro (mala) ascende aos 1 034 euros.
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O MELHOR DO INOVATÊXTIL Quatro produtos, três tecidos e dois acessórios foram seleccionados em Fevereiro para o prémio InovaTêxtil 2018. A escolha decorreu no âmbito do Modtissimo 49 e foi feita por um júri que integrava representantes do CITEVE, Modatex, FEUP, CeNTI e APETT. Nos Produtos, a escolha recaiu sobre um vestido com estampado digital, produzido pela Blur, uma empresa de Barcelos. Destacou-se pelo design que conjugava estampado digital e bordado. Da Scorecode (Famalicão) foi seleccionado um conjunto de golfe para homem, no qual sobressaía um colete com sistema de aquecimento activo e um pólo 100% de lã. Um conjunto de atoalhados ecológicos desenvolvido pela Moretextile e feito com o reaproveitamento de resíduos industriais foi também seleccionado. Da Sonicarla (Famalicão) foi escolhido um conjunto de camisola e calça em seamless, com mistura de fibras inovadoras, lã, poliester termocool e viscose. Já nos Tecidos, a selecção do júri passou por uma malha da A. Sampaio (Santo Tirso) que tem protecção contra raios ultra-violeta (UV) e transforma a energia da luz em calor. Da LMA (Guimarães) foi seleccionada uma malha feita com fibra de leite e polies-
ter reciclado, que tem, entre outras, as propriedades de ser anti-bacteriana e termoreguladora. Já a Inovafil (Famalicão) desenvolveu uma malha luxuosa feita 90% em cupro e 10% em caxemira. Nos Acessórios, as escolhas recaíram num botão que permite a passagem de fios de um auricular. O botão foi produzido pela Louropel de Famalicão. A Heliotêxtil, de S. João da Madeira, viu também ser seleccionado um bordado que tem como funcionalidade a ligação de um vídeo através, por exemplo, de uma aplicação de telemóvel. No Fórum de Tecidos Técnicos e Inovadores do Modtisismo estiveram em exposição produtos de 17 empresas. Este fórum é uma selecção de propostas apresentadas por empresas portuguesas de artigos de elevada tecnicidade, portadores de inovação e especificamente adaptados à utilização em produtos de aplicação técnica ou em produtos do segmento tecnomoda, onde a performance e a multifuncionalidade são requisitos importantes. Os critérios que foram valorizados na selecção foram a multifuncionalidade, toque, características eco, inovação e performance. No Fórum dos Acessórios Inovado-
res participaram cinco empresas, mas cada uma apresentou diversos produtos. Este fórum é uma iniciativa dedicada preferencialmente a empresas, entidades e produtos nacionais. Poderão, contudo, integrar este espaço, por convite do CITEVE, artigos nacionais e internacionais que sejam considerados de interesse face ao espírito do Fórum. Podem candidatar-se acessórios e aviamentos inovadores com aplicação técnica, incluindo o segmento tecnomoda (incorporação de dispositivos de electrónica/luz ou funcionalidades inovadoras). Já no Fórum dos Produtos Inovadores estavam representadas 14 empresas. Este fórum pretende distinguir peças de vestuário, têxtil-lar ou produtos/ componentes para aplicações técnicas ou enquadráveis no segmento tecnomoda. Estes produtos têm de apresentar um elevado grau de diferenciação e inovação. Trata-se de uma selecção de propostas apresentadas por empresas portuguesas, complementada por uma montra de produtos convidados, distinguidos nacional ou internacionalmente pelas suas características inovadoras ou altamente diferenciadas... t
MODA ISLÂMICA EM S. FRANCISCO "The Fashion of Islam” é o tema de uma grande exposição agendada para o Outono de 2018 no Museu de Young, em S. Francisco. Além de mostrar a história do vestuário islâmico em todas as suas tradições, das mais restritivas até às mais liberais, a exposição vai focar-se em três aspectos: a questão do burkini; o streetwear e a roupa de desporto islâmico; e a reinterpretação do hijab por criadores islâmicos e europeus.
BANGLADESH NÃO PÁRA DE ABUSAR DAS CRIANÇAS As crianças do Bangladesh são obrigadas, nas fábricas têxteis dos arredores de Dacca, a horários semanais de trabalho violentos, que chegam às 64 horas, e assim impedidas de frequentar a escola - denuncia um relatório da Overseas Development Institut.
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OLOW HOMENAGEIA FABRICANTES PORTUGUESES A marca francesa Olow homenageou os fornecedores baptizando com nomes portugueses as peças da colecção Primavera/Verão 2015 (há uma camisola Braga, uma sweat Marco e um casaco Miguel) a que deu o nome “Feito em”. “É uma maneira de saudar a excelência dos nossos fornecedores e fabricantes portugueses”, explica Mathieu, um dos fundadores da marca. “Propor produtos de qualidade com um carácter ético é uma coisa que esteve sempre no coração do nosso projecto. É por isso que toda a produção é feita em Portugal”, acrescenta Valentin, o sócio de Mathieu.
CUSTOITEX À VENDA NAS FARMÁCIAS
O Infarmed certificou os collants de compressão graduada, que melhoram a circulação sanguínea, fabricados pela Custoitex, o que permite à empresa vendê-los nas farmácias como dispositivo médico de classe 1.“O mercado da saúde está em crescimento, daí a nossa aposta”, explica Mónica Morais. t
LUVA SUPERPODEROSA A Nuada, uma startup do Porto, desenvolveu uma luva electrónica que permite a pessoas com problemas nos músculos e nas articulações da mão pegar em objectos pesados, que podem chegar aos 40 kg, com a mão relaxada e sem fazer força. Esta solução tecnológica utiliza têxteis finos, respiráveis, flexíveis, inteligentes e personalizáveis e possibilita devolver a função da mão a pessoas com dor ou falta de força. Integrada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), a Nuada conta com sete elementos de diversas áreas da Engenharia (Informática, Mecânica, Electromecânica e Bioengenharia) e um profissional da indústria. A área médica é um dos mercados potenciais para a luva da Nuada, que facilitará a vida a pessoas idosas, que padeçam de artrites ou tenham sofrido um AVC. Outro dos focos é o sector que engloba actividades exigentes. Trabalhadores em actividades fisicamente exigentes - como linhas de montagem ou construção civil, por exemplo - são outros destinatários, uma vez que a luva lhes aumentará confor-
to, segurança e produtividade. Segundo Filipe Quinaz, o líder do projecto, a ideia para a criação da tecnologia surgiu quando fracturou a mão e ficou “completamente limitado”. Do ponto de vista muscular, “mesmo depois de o osso ter recuperado”, ficou com uma lesão, tendo demorado “imenso tempo” até voltar a ter a funcionalidade toda do membro. Durante esse período, em que estava a acabar o doutoramento em Biomedicina, na Universidade da Beira Interior, reparou que “uma simples diminuição” da força da mão tem “consequências muito graves” e, com o auxílio de dois professores, decidiu criar um protótipo do que seria, no futuro, esta solução e participar no concurso tecnológico Microsoft Imagine Cup. Com a ideia já patenteada, o passo seguinte foi formar uma equipa e tornar o protótipo funcional, tendo vencido a versão europeia do mesmo concurso e, em Agosto de 2014, chegado à final do Microsoft Imagine Cup a nível mundial, onde só eram seleccionadas dez equipas em todo o mundo. t
CARCEMAL E SANCAR NO CLUBE DOS TÊXTEIS VERDES A Carcemal-Malhas e Confecções e a Têxtil Sancar aderiram ao Green Textiles Club, elevando para 15 o número de empresas membros deste projecto da ATP, que conta com o apoio do CITEVE. O Green Textiles Club tem como objectivos promover a competitividade das PME da ITV através da criação de um clube de empresas sustentáveis, a dinamização da certificação STeP (Sustainable Textile Production) by Oeko-Tex® e ainda a incorporação da gestão
da qualidade e gestão de risco (ISO 9001:2015), com vista ao desenvolvimento em áreas já existentes ou em novos nichos de actividade do sector. No âmbito deste projeto, foi entregue à A. Sampaio & Filhos o certificado STeP de grau 3, o mais exigente, incluindo as áreas de gestão de produtos químicos, performance ambiental, gestão ambiental, responsabilidade social, gestão de qualidade e ainda saúde e segurança. Na ocasião, os responsáveis da A. Sampaio destacaram a
melhoria de algumas práticas internas, a sensibilização dos colaboradores para alguns procedimentos e ainda o reconhecimento por parte dos clientes como algumas das vantagens na certificação STeP by Oeko-Tex®. Na cerimónia de entrega da certificação estiveram presentes Ana Furtado, Augusto Guimarães, Fátima Veiga e João Mendes (em representação da A. Sampaio & Filhos), Ana Paula Dinis e Paulo Vaz (ATP) e Braz Costa e Maria José Carvalho (CITEVE). t
ANGOLANA ATRASADA NO ALGODÃO
DAMEL À CONQUISTA DO MUNDO
O Programa Nacional para o Relançamento da Produção do Algodão em Angola prevê o envolvimento de 120 mil camponeses na cobertura de 120 mil hectares (nas províncias de Malanje, Cuanza Sul, Benguela, Bengo e Cuanza Norte) e a instalação de 11 fábricas de descaroçoamento e prensagem de algodão.
A próxima conquista é o mundo, começando pelo mercado americano, reforçando o mercado europeu e entrando em breve no mercado asiático por via do Dubai, afirmou à UP, a revista de bordo da TAP, Vítor Paiva, o CEO da Damel, acrescentando que 2017 será, na pior das hipóteses, “um ano muito interessante”.
"Sete cores por fio é o suficiente para fazer uma colecção que vá de encontro ao perfil do consumidor moderno" João Carvalho, CEO da Fitecom
KIABI DESAGUA NO MAR SHOPPING A Kiabi anunciou a abertura em Maio, no Mar Shopping, da sua primeira loja no norte do país, que terá dois mil m2 e empregará 40 pessoas. A loja de Matosinhos será a segunda da cadeia a inaugurar este ano, a seguir à do Fórum Sintra. Fundada em 1978 e com presença em 12 países, a Kiabi tem uma rede de quatro lojas (Beja, Pombal, Santo André e Évora) em Portugal, que ampliará para dez num prazo de cinco anos, contratando para o efeito 400 colaboradores.
PACIFIQUE SUD BANHA RUA DO ALMADA A Pacifique Sud abriu o seu primeiro espaço de venda ao público, um corner na WorkShops – Pop Up, na Rua do Almada, no Porto. A marca de vestuário para surfistas ressurgiu em 2014, pela mão de João Freitas e Alberto Van Zeller, mas tem estado apenas disponível no canal online. “A venda online tem funcionado bem, mas necessita sempre de um complemento físico, onde os clientes possam ter o contacto e conhecimento da qualidade dos produtos”, explica João Freitas.
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Feira líder internacional de têxteis técnicos e não tecidos
techtextil.com
CONNECTING THE FUTURE de 9 a 12. 5. 2017, Frankfurt no Meno Descubra os têxteis técnicos do futuro! Quais são as inovações que vão mudar o sector? A Techtextil liga as fascinantes soluções têxteis de hoje às visões de amanhã. Descubra novos mercados e novos negócios na produção de mobiliário, estofos, tapetes e revestimentos de chão.
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DE PORTA ABERTA Por: Carolina Guimarães
Júlio Torcato
Rua Sacadura Cabral, 118 Porto
Produtos Roupa de homem e mulher Marcas Júlio Torcato e Inês Torcato Serviços Loja e atelier por medida Arquitecto José Carlos Nunes Oliveira
PORTO E A MODA DEIXAM MONOCLE DE BOCA ABERTA A quantidade de peças de marcas de luxo, como Giorgio Armani, Calvin Klein ou Versace, onde se encontra a etiqueta “Made in Portugal” deixou de boca aberta Nolan Giles, o jornalista que assina o artigo sobre a moda e o Porto na edição de 10º aniversário da Monocle, que incluía um caderno de 64 páginas dedicado a Portugal.
MODA PARA DEFICIENTES NA FEBRATÊXTIL O concurso Moda Inclusiva é uma das atracções da próxima FebraTêxtil-Feira Têxtil Brasileira, que acontecerá de 25 e 28 de abril de 2017, no Anhembi Parque, em S. Paulo. Peças práticas desenhadas para serem vestidas por pessoas com deficiência desfilarão na passarela. Em simultâneo com a FebraTêxtil, realizam-se a Tecnotêxtil Brasil- Feira de Tecnologias para a Indústria Têxtil, a FINTT- Feira Internacional de Nãotecidos e Tecidos Técnicos e a BonéShow 2017
A nova casa dos Torcato Foi há cerca de dois meses que Júlio Torcato abriu a sua loja no Porto. Mas mais do que uma loja em nome próprio, este é um espaço de família: foi Inês, a filha que está a dar os seus primeiros (grandes) passos no mundo da moda, que também deu um empurrão para que este projecto de longa data do pai ganhasse finalmente vida. Dividida em três espaços distintos, a loja tem uma sala para as colecções Júlio Torcato, outra para a Inês Torcato e ainda um atelier, onde o estilista faz roupas por medida. “Ter uma loja aqui no Porto já era uma ideia antiga”, diz o criador. “Por esta ou por aquela razão fomos sempre adiando, mas este foi o momento oportuno. A cidade está vibrante e agora encaixa no próprio conceito da marca, mais cosmopolita”. A nova loja é também a oportunidade de Inês ter um espaço próprio. “A Inês começou a ter a necessidade de ter um sítio dela, até porque começou a ter muitas solicitações e precisava de um lugar onde pudesse mostrar as suas coisas”, diz o pai. A filha acena e ri, dizendo que até ali “não tinha espaço, o meu espaço era a nossa casa”. E, segundo o estilista, é mesmo Inês que tem atraído mais a atenção do público que passa pela loja. “Quem aqui vem é a tribo da Inês”, diz o pai, sorridente. Porque apesar de recente, o sucesso da Torcato mais nova é visível, quanto mais não seja pelas poucas peças que se encontram expostas na sua parte da loja – muitas estão emprestadas para sessões fotográficas e a figuras públicas, o que só traduz o sucesso da jovem criadora. Apesar de terem estilos diferentes, ambos concordam que os conceitos das suas colecções se tocam.
“Eu faço coisas mais alternativas, para um público não tão comum. Porque ainda posso!”, diz Inês. “Ainda não tenho a necessidade de dar resposta àquilo que o público quer vestir. Para mim, o importante é manter o meu conceito muito, muito sólido”, conclui. Já as colecções assinadas por Júlio Torcato têm “um ambiente mais clássico, formal, com algumas inspirações de rua. É um casual clássico, irreverente e alternativo”, diz o estilista. “No fundo, a Inês está um passo à frente”, acrescenta. A loja consegue por isso agradar a gregos e a troianos, a muitos gostos e feitios. Há apenas uma palavra de ordem: coerência. Situada no Largo de Cedofeita, o desenho da loja foi feito pelo arquitecto e amigo da família José Carlos Nunes Oliveira, que conhece bem o conceito da marca e, segundo JúlioTorcato, o conseguiu transpor para o espaço. Ainda que longe da área mais concorrida e comercial da cidade, tanto pai como filha mostram-se felizes com a escolha do sítio. “É de fácil acessibilidade, ainda não tem muito trânsito, há estacionamento perto e tem a rua de Cedofeita aqui ao lado”, justifica Júlio. Numa nota divertida, acrescentam ainda que, sem querer, está a criar-se naquela zona um “quarteirão interessante”, uma vez que tanto David Catalán como Katty Xiomara têm os seus ateliers em ruas próximas, numa prova de que a moda de autor está a invadir a Invicta. Os Torcato vieram ajudar à festa e prometem a todos aqueles que não possam visitar o novo “quarteirão da moda” que ambas as lojas online estarão disponíveis em breve.t
"A questão social é importante e o têxtil e vestuário salvam empregos em qualquer parte do mundo. Há países sem tradição têxtil a fazer fortes investimentos para a atracção de empresas estrangeiras porque necessitam de criar emprego" Braz Costa, director-geral do CITEVE
REDES DE PESCA VIRAM "MAILLOTS"
VEM AÍ ROUPA QUE ACUMULA ENERGIA
A Adidas está a preparar o lançamento de uma colecção de moda de praia feita a partir de redes de pesca e resíduos plásticos depositados nas áreas costeiras. De acordo com a marca alemã, a partir de uma grande rede de pesca é possível fazer mil peças de banho, e metade das suas roupas de natação já são fabricadas a partir de materiais reciclados.
Especialistas em microeletrónica do Instituto Fraunhofer (Berlim) estão a trabalhar na criação de vestuário que gerará e acumulará energia. Combinar diferentes nanomateriais para fazer com que as pessoas produzam energia através dos seus próprios movimentos de locomoção é a ideia dos cientistas, que acreditam que dentro de cinco anos estejam no mercado produtos equipados com esta tecnologia.
97%
das roupas vendidas nos EUA são fabricadas em outros países
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Feira líder internacional para o processamento de materiais têxteis e flexíveis
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TECHNOLOGY CROSSING de 9 a 12. 5. 2017, Frankfurt am Main O ponto de encontro internacional da indústria do vestuário Inovações e novidades, para onde quer que se olhe: Descubra toda a cadeia de valor da indústria do vestuário. Do primeiro esboço à logística: todas as inovações visionárias, todos os pontos altos, todas as oportunidades. Estabeleça contacto com fabricantes internacionais de tecnologia, acessórios e serviços para a transformação de materiais flexíveis oriundos de mais de 30 países. Fale com especialistas de renome sobre temas dominantes. Tudo isto na Texprocess, a feira líder internacional de processamento de materiais têxteis e flexíveis. info@portugal.messefrankfurt.com Tel. 21 793 91 40
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HELENA FORTES INVESTE OITO MILHÕES EM CABO VERDE A estilista cabo-verdiana Helena Fortes lidera um consórcio que vai investir oito milhões de euros numa fábrica de vestuário em S.Vicente que empregará 300 pessoas e produzirá vestuário bem como roupas de trabalho para a área de turismo e hotelaria. Exportar para a CEDEAO (comunidade que agrupa 15 países da região do Golfo da Guiné), é um dos objectivos deste investimento que conta com o apoio da CV TradeInvest. Natural de S. Vicente, Helena formou-se na Holanda e trabalhou na Boss, Lacoste, Inditex e Burberry.
PAGAR NO 19O BURACO COM A MANGA A Mastercard e Graeme McDowell apresentaram um casaco inovador, baptizado McZippy, que usa tecnologia contactless e permite aos golfistas andarem sem dinheiro físico ou de plástico nos bolsos e efectuarem pagamentos com um simples toque da manga no terminal de pagamentos. “Com este casaco podemos dar um toque na manga e pagar, sejam bolas antes do round ou uma cerveja no 19º buraco”, diz o golfista Graeme McDowell.
LA REDOUTE DESCE À RUA Depois de ter atingido a celebridade nas vendas por catálogo e estar a prosperar nas vendas online, a La Redoute abriu em Paris a sua primeira loja física, com 135 m2. “Estamos convencidos que alguns clientes sentem a necessidade de ver e tocar os produtos antes de os encomendar pela Internet”, explica Sandrine Guichard, directora Maison & Decoration do grupo, acrescentando que mais do que uma loja no sentido tradicional do termo, a La Redoute Interieurs do Marais é um showroom.
"Se todos fizermos o que têxtil, calçado e agroalimentar fizeram, daqui a dez anos podemos estar aqui sem a angústia e a incerteza de sermos ou não capazes de aproveitar uma boa conjuntura e vencer os bloqueios estruturais" António Costa, Primeiro-ministro
CONGRESSO DO IAF É NO RIO DE JANEIRO
“Conformidade e Tecnologia – factores chave para a indústria e comércio” é o tema da 33ª edição da Convenção Mundial de Moda do International Apparel Federation (IAF), que se realiza a 17 e 18 de Outubro no Rio de Janeiro. A IAF reúne associações de vestuário de mais de 60 países, incluindo Estados Unidos, Índia, China, Alemanha, França, Itália, Coreia do Sul e Taiwan. A convenção do ano passado foi em Bombaim.
“Se somos especializados nalguma coisa, devemos manter essa especialidade. Mas tentando aumentar sempre a qualidade”, afirma Carlos Carvalho
COTON COULEUR CRESCE 300% EM QUATRO ANOS Raposo Antunes
A Coton Couleur é uma empresa de têxteis-lar sui generis. O nome desta empresa de Guimarães surge a partir das iniciais do sócio maioritário Carlos Carvalho (CC), que dispõe de 70% do capital. É também singular por apostar, tal como o dono, na discrição. “Não gosto de dar nas vistas”, explica. Mas acabou por dar e de que forma. Na última edição da Heimtextil, o ministro da Economia rompeu com a discrição, desfazendo-se em elogios à empresa e dando mesmo como exemplo o desempenho da Coton Couleur quando visitou o seu stand, dedicado exclusivamente à roupa de cama. Caldeira Cabral sabia do estava a falar, já que Caldeira Cabral no ano anterior também tinha passado pelo stand da Coton Couleur na maior feira mundial de têxteis-lar. “Já em 2016, o senhor ministro ficou muito satisfeito com os nossos números. Claro que neste ano ainda ficou mais”, conta Carlos Carvalho. Os números são, de facto, arrasadores. Criada no final de 2012, a Coton Couleur fechou o primeiro ano de actividade (2013) com uma facturação de 3,8 milhões de euros. No ano seguinte, fez 5,8 milhões. Em 2105 saltou para 9,3 milhões e no ano passado chegou aos 12 milhões de euros. Ou seja, em quatro anos cresceu mais de 300%. Além da arma da discrição, Carlos Carvalho aponta a qualidade dos
produtos de cama como a principal razão do sucesso de uma empresa, que conta com 17 colaboradores (todos entre os 25 e 46 anos), alguns dos quais se dedicam em exclusivo a controlar a qualidade ao longo de todo o processo produtivo. Carlos Carvalho tem precisamente 46 anos, ou seja a idade dos funcionários mais velhos da empresa. Prefere assumir-se como um director comercial em vez de patrão. “São as minhas origens”, explica. Começou a trabalhar aos 18 anos no departamento comercial da Bordalima. Aos 24 anos, era director comercial da Borfil. Desde então - até fundar a Coton Couleur no final de 2012 com Conceição Baptista (“também ela uma pessoa muito discreta”, que detém os restantes 30% de capital e é responsável pela área financeira) -, sempre esteve ligado à área comercial de outras empresas, todas de têxteis-lar. Vimaranense de gema (“nasci e resido em Guimarães”), Carlos Carvalho arrancou com a a empresa com meia dúzia de pessoas num pavilhão com 1 100 m2 alugado em Brito, a uma dúzia de quilómetros do centro de Guimarães. O crescimento da Coton Couleur obrigou-o a alugar em 2016 um outro edifício com mais do dobro da área, em S. Jorge de Selho, a menos de um quilómetro do anterior. “Este pavilhão já foi tratado arquitectonicamente pensando na essência da empresa e naquilo que precisamos”, diz. A Coton Couleur só exporta e não dispõe de plataforma para venda online. “Com-
pramos a matéria-prima - algodão, linho e fios tintos - com texturas que vão desde os 200 fios a 800. Depois, subcontratamos o tingimento e estamparia, tudo em empresas de Guimarães. Nós fazemos o corte. E, em seguida, subcontratamos também a confecção a fábricas de Guimarães e algumas de Paços de Ferreira. A mercadoria regressa depois aqui para o embalamento”, explica. É evidente que ao longo de toda esta cadeia de produção, tanto Carlos Carvalho como os seus funcionários fazem o controlo de qualidade. E diz com orgulho que a sua empresa tem a certificação internacional ISO, que distingue precisamente a qualidade. “Se somos especializados nalguma coisa, devemos manter essa especialidade. Mas tentando aumentar sempre a qualidade”, afirma, acrescentando que esta é, no fundo, a filosofia da empresa e uma exigência dos próprios clientes, alguns do quais “também passam por cá para controlar essa qualidade”. A qualidade tem também a ver com o design. Na Heimtextil de 2016, as criações da Coton Couleur tiveram a chancela de uma estilista francesa. Na feira de Frankfurt deste ano, esse trabalho já foi desenvolvido internamente. Virado exclusivamente para o mercado externo (Espanha, França, Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Áustria, Dubai e EUA), Carlos Carvalho aposta também na qualificação dos funcionários, promovendo regularmente acções de formação na área das línguas e da gestão de marcas. t
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M EMERGENTE Por: Raposo Antunes
Fátima Santos Empresária da MLC Família Solteira Formação Curso tecnológico de Administração de Empresas, promovido pelo Associação Industrial de Santo Tirso Casa Vive com os pais em Guidões, uma freguesia da Trofa na fronteira com o concelho da Maia Carro Nissan Qashquai Portátil Lenovo Telemóvel Samsung Hóbis Caminhar ao ar livre Férias ”Não sei o que é isso há alguns anos” Regra de ouro “Nunca desistir”
FOTO: RUI APOLINÁRIO
A odisseia de uma predestinada Foi na adversidade que a capacidade de liderança inata de Fátima Santos, 38 anos, se revelou em todo o seu esplendor. A adversidade deu-se há três anos quando a Maritex, a têxtil da Trofa onde ela trabalhava, fechou as portas. Foi o momento para surgir a predestinada que assumiu a liderança de todo o processo - nos tribunais, na busca de investidores e de clientes. Dois anos volvidos, a Maritex estava morta e enterrada, emergindo em seu lugar a MLC-Modern Lining Company. Filha de uma doméstica e de um litógrafo da Âmbar, Fátima inscreveu-se num curso de contabilidade e gestão, mal acabou a escolaridade obrigatória. “Senti que precisava de aprender mais”, explica. Em 1997, com pouco mais de 18 anos, entrou para a contabilidade da Maritex, uma têxtil histórica, fundada nos anos 30, que fazia tinturaria, tecelagem e acabamentos. “Passados dois ou três anos comecei a envolver-me no processo produtivo. Para perceber a contabilidade, necessitava também de entender a mecânica da produção”, conta. Com o correr do tempo, passou conhecer a fábrica e as pessoas que lá trabalhavam tão bem como as suas mãos. E a relação de amizade estabelecida com os donos não lhe tolheu o olhar crítico. “Em 2013 senti que a falta de articulação entre os irmãos e herdeiros do fundador estava a prejudicar a empresa”, recorda. O diagnóstico estava certo. Em Março de 2014, a fábrica fechou, atirando 60 trabalhadores para o desemprego. Um mês depois, foi declarada a insolvência. “Dei o passo em frente ao ver as dificuldades em que as pessoas estavam, ao ter a noção de que havia mercado para o que produzíamos e ao perceber que tínhamos um bom parceiro que se preparava para regressar à Alemanha”. E que passo! No mesmo dia em que foi declarada a falência, Fátima comunicou ao administrador da insolvência que lhe ia apresentar um projecto para fazer renascer a empresa. Nessa altura, já sabia que o parceiro alemão estava disposto a ficar. A garantia foi-lhe dada por Wolfram Weindel, hoje com 53 anos, engenheiro têxtil e economista, que na Trofa fazia o controlo de qualidade em representação da Devetex, a empresa alemã para a qual a Maritex trabalhava em private label. Ex-director de compras e criativo da Hugo Boss, Wolfram conhecia profundamente o mercado alemão e muitos potenciais clientes, pelo que a sua ajuda ao projecto foi preciosa - até o novo nome (MLC) foi obra dele. Não foi simples vencer os obstáculos burocráticos, ao mesmo tempo que voltava a pôr a fábrica a trabalhar. Contratou metade dos trabalhadores que foram despedidos. Socorreu-se de amizades pessoais para lhe ligarem a electricidade e o gás. Desdobrou-se em reuniões com o administrador da insolvência e as autoridades judiciais. “Na primeira assembleia de credores, já estávamos a laborar. Fizemos um contrato e pagávamos uma renda mensal pela utilização dos equipamentos e pelas instalações”, recorda. Quando tudo parecia que ia dar certo, foi confrontada com uma nova adversidade - “O administrador da insolvência disse-nos que já não fazia contrato nenhum”. Fátima pegou na sua advogada e foram apresentar o caso à juíza do Tribunal de Santo Tirso que desbloqueou o problema. Uff! “Foram muitos dias a levantar às seis da manhã e a deitar à uma ou às duas. Mesmo no pouco tempo livre não conseguia descansar. Estava sempre a pensar: como é que vou conseguir sair disto?”. Encontrou a resposta no seu ADN. “Desde criança estou habituada a lutar por aquilo que quero”. E teve de continuar a lutar, porque nem ela nem o Wolfram possuíam o capital necessário. A solução foi recorrer à Explore Investments (gestora do Fundo Revitalizar Norte) que ficou com 51%, ficando o resto das acções repartidas por Fátima, Wolfram e Jorge, marido de Paula Pinto, a advogada. O processo judicial começado em Abril de 2014 fechou a 29 de Abril de 2016 com a escritura da MLC. Agora, Fátima começa a acalmar. Não faltam encomendas, a empresa cresce e ela está optimista: “Se calhar no mês que vem, quando se completarem três sobre o início desta odisseia, já vou poder dormir descansada umas horas..." t
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KATTY NA CADEIA A Cadeia de Relação - onde Camilo escreveu em 15 dias (“os mais atormentados da minha vida”, confessou o escritor) o “Amor de Perdição”, quando lá cumpria pena por ter sido condenado pelo crime de adultério - vai estrear-se como palco do Portugal Fashion, ao receber o desfile de Katty Xiomara ao meio dia da 6ª feira dia 23. O Centro Português da Fotografia (que ocupa o edifício da antiga Cadeia da Relação) é uma nova geografia do Fashion, que volta ao Palácio dos Correios para os desfiles do Bloom (que fecham com a apresentação da nova coqueluche Inês Torcato), na pre-
Camilo Castelo Branco
mière de Paulo Cravo como coordenador do projecto. Micaela Oliveira é a grande
novidade da noite de encerramento, no sábado, dia 24, na Alfândega, tradicionalmente reservada às marcas, fazendo companhia à Lion of Porches, Ana Sousa, Dielmar e Miguel Vieira. O programa de sábado inicia-se ao meio dia, no Silo Auto, com o desfile de Luís Buchinho, continuando na Alfândega, a partir das 16h30, com a apresentação das colecções de Nuno Baltazar, Hugo Costa, Carla Pontes e o desfile colectivo Shoes. Como é costume, o Fashion abre em Lisboa, 5ª feira, dia 22, na Cordoaria Nacional, com os desfiles de Pedro Pedro, Alexandra Moura, Alves/ Gonçalves e da TM Collection. t
JÚLIO GOMES INVESTE 500 MIL EM NOVA FÁBRICA A Júlio Gomes Confecções investiu cerca de meio milhão de euros nas suas novas instalações em Penafiel. “Este investimento que acabamos de realizar vai permitir dar mais qualidade aos nossos produtos e também melhores condições de trabalho aos nossos 30 colaboradores”, explica Agostinho da Rocha e Gomes, o empresário da Júlio Gomes, que factura 500 mil euros/ano e exporta toda a sua produção.
140 mil marcas internacionais estão disponíveis na plataforma online chinesa Alibaba, o maior grupo mundial de comércio que fez um volume de negócios de sete mil milhões de euros no último trimestre de 2016
BRASIL LEGALIZA DESCONTOS PARA PAGAMENTOS EM DINHEIRO
MODALISBOA VAI MUDAR DE CASA
ModaLisboa nem aqueceu lugar no CCB. A 48ª edição ainda não tinha acabado e já se estava a pensar na próxima, que volta a mudar de poiso: para a estação quente, a ModaLisboa vai para o renovado Pavilhão Carlos Lopes. Com um olho na passarela e outro nos eventos paralelos sobre moda sustentável, o grande enfoque desta edição foi para um mercado de troca de roupa. (Na foto desfile de Filipe Faísca). t
ESAD NO DESFILE DA TECHTEXTIL A ESAD foi uma das quatro escolas de moda convidadas a participarem no desfile de roupa construída com têxteis e materiais técnicos que terá lugar na próxima edição da Techtextil, que decorre de 9 a 12 de Maio, em Frankfurt. Esta será a 2ª edição do Innovative Apparel Show, que há dois anos contou apenas com uma escola de design alemã. Este ano, juntam-se à ESAD a Hochschule Trier (Alemanha), a Esmod Paris e a Accademia Italiana. “Para nós o importante é es-
tarmos lá, termos sido seleccionados, e Portugal estar representado”. explica Maria Gambina, coordenadora da licenciatura de Design de Moda da ESAD. O processo de concepção e criação dos sete modelos que vão ser apresentados, desde a escolha dos alunos até à procura de parceiros, começou em Maio de 2016. As quatro alunas escolhidas foram Ana Eusébio, Mariana Campinho, Mariana Almeida e Joana Mendes, que trabalharão com materiais da Tintex, da ERT, da Heliotextil, da Lipaco, da Faria
da Costa e da Coltec - e contaram com o apoio do CITEVE, que ajudou a orientar o projecto para as três categorias em que os coordenados têm de se inserir: textile effects (têxteis processados para melhorar ou alterar a aparência ou textura natural do tecido), creative engineering (processamento e produção de tecidos têxteis e fios de fibras têxteis) e smart textiles (têxteis que vão para além da funcionalidade e utilidade de tecidos comuns, que interagem com o usuário, ambiente, etc). t
Os lojistas brasileiros passaram a estar legalmente autorizados a cobrar preços diferentes de acordo com a forma de pagamento – dinheiro vivo ou cartão de crédito. A nova legislação não obriga as lojas a conceder desconto, nem estabelece valores para o abatimento. A medida faz parte de um pacote de medidas micro-económicas anunciadas pelo governo brasileiro para estimular a economia.
ALFAIATE LISBOETA INVENTA CAIÁGUA José Cabral, autor do blogue O Alfaiate Lisboeta, e Tomás Lobo, um designer de 24 anos inventaram a marca Caiágua, que se estreia com um impermeável homónimo, em PVC, poliester e algodão, inspirado no usado pelos pescadores, mais confortável (o forro é em algodão), colorido e urbano. O preço de cada Caiágua ronda os 150 euros.
MANTAS DA EMIRATES FEITAS DE GARRAFAS DE PLÁSTICO A Emirates apresentou as suas mantas polares 100% ecológicas, feitas a partir de garrafas de plástico. Utilizando a tecnologia ecoTHREAD, cada cobertor reutiliza 28 garrafas de plástico. A previsão é que em 2019, a companhia aérea terá recuperado 88 milhões de garrafas depositadas em aterros, o que equivale ao peso de 44 aviões A380.
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OPINIÃO 1994
Paulo Vaz Director-Geral da ATP e Editor do T
UM BOM ARRANQUE
MODTISSIMO SAI DE ESPINHO E DESEMBARCA NA EXPONOR Após as duas edições em Espinho, na discoteca Jet Set do Hotel Solverde, o Modtissimo mudou-se para Matosinhos, mais concretamente para o Pavilhão 5 da Exponor. Promovido pela Selectiva Moda - criada pela iniciativa conjunta da APIM e da Federation Française de La Maille - o Modtissimo deu os seus primeiros passos como um salão de tecidos e acessórios europeus para confecções. Na edição de estreia, os expositores foram todos estrangeiros. Na segunda edição, contou com três expositores nacionais - Riopele, Adalberto Estampados e Velpor. Na Exponor, os expositores portugueses já foram oito. t
Os primeiros dados de comércio externo do setor, referentes a janeiro, vêm confirmar o sentimento positivo que havíamos recolhido nas grandes feiras têxteis e de moda que, entretanto, tiveram lugar e que funcionam normalmente como barómetro ou indicador antecipado. Na verdade, trata-se de um bom arranque: mais de 6% de crescimento nas exportações têxteis e vestuário, em todos os setores da fileira, surpreendeu mesmo o mais otimista e veio contrariar os receios criados pela incerteza e imprevisibilidade da situação política internacional, nomeadamente na Europa, com o Brexit, e nos Estados Unidos, com a presidência de Donald Trump. Se esta é uma tendência que se confirmará ao longo do ano ninguém o pode saber, mas, se vier a efetivar-se, 2017 promete ser mais um ano feliz, com a perspetiva de todos os indicadores de atividade atingirem novos recordes. Esta realidade não surge por acaso, nem fruto da sorte. Já aqui o tenho dito, por diversas vezes, que a sorte dá muito trabalho, tal como a inspiração exige grandes doses de transpiração. Depois de uma década sofrida, no início do século, esta que vivemos afirma-se como de verdadeira recuperação assente em três pilares fundamentais: diversificação e diferenciação de produtos, por via da introdução de tecnologia e design, maior intensidade de serviço e foco no cliente, e, finalmente, uma maior internacionalização das atividades, aumentando a percentagem do que se produz em vendas ao exterior. Isto traduz-se em duas pequenas frases e que ilustram bem a mudança estrutural do setor – passamos da concorrência pelo preço para a concorrência pelo valor, e deixamos de ser tomadores de encomendas para sermos vendedores, de produtos, de serviços e de competências. Não pensemos, contudo, que temos um caminho de rosas pela frente. Longe disso. A ITV portuguesa tem um histórico de resistência e de reinvenção, mas tem a obrigação de querer ser mais no futuro, o que significa crescer bastante mais, não tanto em termos produtivos, mas em margem e em quotas de mercado. Estão por cumprir muitos dos objetivos que os eixos estratégicos do Plano que a ATP desenhou para o setor. Há que aumentar ainda mais a produtividade das empresas, o que depende muito da gestão interna das organizações, há que ganhar dimensão, para se poder comprar e vender melhor, e há que introduzir ainda mais valor no que se faz e no que se vende, ao que está incontornável ligado à questão da marca e da comercialização, agora no paradigma digital que vivemos e que se vai tornar holístico nos anos que virão. Ficamos satisfeitos com as boas notícias, mas, mais do que a celebração, elas devem dar-nos razão para nos esforçarmos ainda de modo que, objetivos que se desenharam conservadores, se transformem em maior ambição, pois, agora, ao contrário do passado, o país olha, acredita e respeita o setor, pois sabe que precisa dele. t
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José Morgado Director do Departamento de Engenharia e Tecnologia do CITEVE
Paulo Cunha Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
VER O FUTURO NO TERMINAL DE CRUZEIROS
O NORTE VALE MAIS!
O iTechStyle Summit 2017, que decorreu no fantástico Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, abordou os principais temas de inovação que se discutem no setor têxtil e apontou caminhos que deverão ser tidos em consideração nas agendas estratégicas das empresas. Não pretendo neste espaço fazer uma análise técnica exaustiva aos temas abordados, pois para tal existirão outras oportunidades, mas, principalmente para os que não tiveram oportunidade de estar presentes, tentarei identificar aqui os temas-chave que foram tratados durante o evento. No primeiro painel técnico, dedicado às Fibras e Processos Avançados, foram apresentadas novas configurações e diferentes aplicações da fibra acrílica, a utilização de nano revestimentos para a funcionalização de substratos têxteis, nomeadamente para armazenamento de energia, novos aditivos funcionais microencapsulados, com melhorias significativas no que diz respeito à durabilidade e eficácia dos mesmos e um processo de obtenção de cor através de nano cristais fotónicos. No painel Digitalização e Desmaterialização de Produtos e Processos ficamos a par da estratégia que os principais players tecnológicos têm para o futuro da moda e ficamos a saber que, seja ele qual for, passará sempre pela digitalização e pela integração dos conceitos da Indústria 4.0 na cadeia de valor digital. Também as novas tecnologias de união de peças sem costura terão cada vez maior implantação na indústria do vestuário e os softwares de reconhecimento automático de padrões de tecidos facilitarão o corte automático de tecido com padrões de riscas, xadrez, etc.. Durante esta sessão foi ainda apresentado um estudo que mostra a importância dos mercados do Brasil, Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos para os fabricantes de têxteis técnicos europeus. No painel direcionado para a IoT (Internet of Things) e Indústria 4.0 foram definidos estes novos conceitos que começam a estar presentes em todas as agendas estratégicas da inovação. No que diz respeito à integração da
IoT em wearables, foram apresentados exemplos reais e projetados caminhos para o futuro. A tinturaria foi o exemplo utilizado para mostrar as potencialidades da Indústria 4.0 ao nível da construção dos equipamentos, da monitorização e controlo dos processos que se pretendem cada vez mais sustentáveis, assim como nos sistemas de planeamento e controlo da produção automatizados. Os Processos Digitais e de Multifuncionalização foram abordados num dos painéis que suscitou mais interesse. Destaque para a apresentação das tecnologias de estamparia digital não só nas suas valências atuais, mas também com a projeção daquilo que o futuro nos reserva nesta área, não só no processo de estamparia digital propriamente dito, mas também para a sua influência nos novos processos de tratamento prévio e no desenvolvimento de novos corantes. O exemplo da área militar foi o mote para a introdução ao Vestuário de Proteção. Neste âmbito foram apresentados os vários sistemas de combate do soldado, assim como exemplos e projetos concretos em que se estudou a influência dos têxteis na performance dos militares. Também neste painel, foram apresentados estudos que demonstram a importância do cérebro e da biomecânica no desenvolvimento de novos sistemas de combate vestíveis. O último painel foi dedicado aos Novos Mercados e Soluções para Têxteis Técnicos e aqui, além de se apresentar o enorme potencial dos têxteis técnicos e os seus mercados de aplicação, foram também apresentados novos materiais têxteis com caraterísticas especificas de proteção física dos utilizadores, biomateriais têxteis para a regeneração de tecidos humanos e exemplos de estudos que têm por objetivo a valorização dos resíduos têxteis cumprindo assim os princípios da Economia Circular. Estes temas serão abordados de forma mais específica em futuras publicações e, certamente, serão também objeto de análise e debate no iTechStyle Summit 2018. t
A leitura e análise das estatísticas locais, regionais e nacionais, deveria ser uma disciplina obrigatória no dia-a-dia do Governo. Os números são o que são, refletindo a realidade pura e dura, que nenhuma Administração Central deveria desconhecer e, muito menos, ignorar. Vem esta introdução a propósito dos anuários estatísticos publicados no final de 2016 pelo Instituto Nacional de Estatística. Através dos números refletidos ficamos a saber que, em 2015, a Região Norte de Portugal assegurou 40% das exportações. Importa simultaneamente observar que ao nível da balança comercial, o Norte acabou o mesmo ano com uma balança comercial positiva de 2,2%, enquanto o país registou um défice de cerca de 10 mil milhões, menos 3,5% em relação ao ano anterior, sendo este um dos mais elevados registos negativos entre os países da Zona Euro. Se juntarmos a estes dados, por si só esclarecedores, o número de empresas existentes na região Norte e a qualidade e inovação com que se produz – o sector têxtil é bem elucidativo da capacidade de resiliência, de inovação e de empreendedorismo da região – torna-se difícil perceber como o Norte se mantém como a região mais pobre de Portugal e como uma das mais pobres da Europa. Isto demonstra com uma evidência desarmante que os governos nacionais não estão a olhar para a região como ela merece, o que é um erro tremendo. É sabido que riqueza gera riqueza e, como tal, a priorização estratégica dos orçamentos nacionais deveria ter sempre em linha de conta esta base de conhecimento, de forma a potenciar o desenvolvimento a partir de quem é mais capaz de o gerar. São os mais fortes que têm força suficiente para puxarem pelo país, da mesma forma que uma só locomotiva puxa todo o comboio. Por isso, a aposta no Norte não é apenas uma questão de justiça, se bem que este aspeto não deixe de ser importante. É sobretudo uma estratégia que se impõe para que seja potenciado todo o desenvolvimento nacional. No fundo, trata-se de apostar naquilo que é trunfo, jogada reconhecidamente inteligente, qualquer que seja o agente ou o contexto. Veja-se o caso do estrangulamento da Estrada Nacional 14, no eixo Maia-Trofa- Famalicão. A via serve uma das zonas mais produtivas do país – só os três municípios asseguram juntos, qualquer coisa como 20% do total do valor exportado pelo Norte – e há muitos anos que se apresenta como um claro entrave ao desenvolvimento empresarial da região. Apesar disso, a criação de uma alternativa viária que assegure as necessidades das empresas tem sido adiada ano após ano, existindo hoje uma descrença e desconfiança absoluta dos empresários em relação a esta matéria. Os empresários do têxtil deram uma verdadeira lição ao país. Contornaram uma morte precocemente anunciada e mostraram como se faz. É preciso apostar naquilo que tem mais valor, na racionalização dos procedimentos, na modernização e na inovação. É isso que o país tem que fazer: olhar para onde são desenvolvidos estes predicados e apostar aí, mais do que em qualquer outro lugar. O Norte merece mais porque vale mais. t
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ACABAMENTOS Por: Katty Xiomara
O histórico edifício do século XVIII, que desde 1997 alberga o Centro de Português de Fotografia, ainda é conhecido na cidade pelo nome e uso anterior. Pois é aqui, na Cadeia da Relação - onde Camilo cumpriu pena pelo crime de adultério -, que Katty vai fazer o seu desfile (e uma exposição de fotografia) no próximo Fashion, o que levou a somar dois mais dois e a brindar-nos com uma formidável viagem no tempo, ressuscitando o primeiro escritor português a conseguir viver da escrita e vestindo-o todo janota para arrasar na front row do Portugal Fashion
Camilo Castelo Branco vestido para arrasar no Fashion Este mês, em que a moda é celebrada pelo mundo fora, no Porto recebemos mais uma vez o Portugal Fashion e o meu querido editor solicitou os meus serviços para vestir uma personalidade da nossa cidade, de forma a ser indubitavelmente o centro das atenções e arrebatar os sentidos de todos na front row dos desfiles. Por conta da louca ideia de organizar uma exposição de fotografia a par do meu desfile no Portugal Fashion, tenho visitado regularmente o Centro Português de Fotografia, que será o palco desta exposição - e também do meu desfile. Desafiando a lógica do tempo e do espaço, veio ao meu encontro a tresloucada ideia de vestir o ilustre inquilino deste fantástico edifício, que outrora foi palco repressivo de dor e desgraça. Camilo Castelo Branco, o eterno romântico, que transformou em arte a pena aqui cumprida na antiga Cadeia da Relação, convertendo este espaço na musa inspiradora de “Amores de Perdição”. Como se apresentaria o nosso romancista nos dias de hoje? Como seria a versão contemporânea do futurista do passado? Como enfrentaria a radical mudança deste emblemático edifício? Na tentativa de responder a estas incógnitas preparei dois looks de inspiração Vitoriana. O primeiro é composto por um fato azul marinho; casaco de trespasse com vivos néon que contornam o rebuço; camisa branca de colarinho alto com lenço de seda elegantemente laçado; calças justas de veludo com listas néon nos laterais e botas de cano alto. O segundo look é formado por um fato, também ele azul, mas neste caso de três peças, calça, casaco e colete, todo ele imbuído de pequenos fios iridescentes; uma camisa azul celeste enfeitada por um lenço de renda adornado com detalhes luminescentes e sapatos Oxford. Vestido a rigor para um dia especial, na já não mais Cadeia da Relação. t
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Março 2017
O AS MINHAS CANTINAS Por: Manuel Serrão
Cá-Te-Espero Avenida da Boavista 113 4795-116 Rebordões Santo Tirso
AINDA NÃO ABRIMOS A BOCA E JÁ ELA SE ABRE DE ESPANTO O restaurante Cá-Te-Espero em Rebordões, na estrada, antiga, mas que ainda muitos leva de Santo Tirso a Guimarães, é um santuário regional como já não há muitos, mesmo no chamado Portugal profundo. Na última vez que lá estive, com o meu amigo Mário Jorge, da Adalberto Estampados, chegamos muito depois da hora marcada... mas ainda nos esperavam e ainda bem que foi mais um almoço épico. Ainda por cima na paz do Senhor à hora a que se deu. Este Cá-Te-Espero dos dias de hoje é fruto do trabalho e da videira de um homem, António Sampaio, que enviuvou cedo, mas também cedo percebeu que a melhor maneira de homenagear a mulher amada era manter viva a chama do restaurante que ela pôs de pé. Com a colaboração
inestimável da descendência, os clientes formam uma espécie de nova família que lá é esperada quase todos os dias. Numa ementa cuidadosamente manuscrita, onde todos os dias inscreve o que chegou fresquinho da horta, da lota ou do talho, "que nesta casa não entra nada recesso", são muitos os pratos que não se encontram nos restaurantes citadinos. Os clientes já dispensam o cardápio, fartos de saber o que podem escolher e não raro, entregam-se nas mãos do senhor António, farto que ele está de saber do que gostam. Para quem arriba de novo, como eu arribei, está reservado um tratamento de choque. Não se sabendo as preferências do caloiro e como a última coisa que se quer no Cá-Te-Espero é que a comida não seja do agrado do comensal, ainda nem sequer
abrimos a boca para um primeiro pedido e já ela se abre toda, de espanto, pelo carrossel que é literalmente despejado na mesa. Sem que possamos usar da palavra em nossa defesa (ou na defesa de alguma contenção, na verdade impossível) começam a aterrar as favas com chouriço, o grão de bico, os sonhos de bacalhau, os rissóis de marisco, o presunto laminado, várias espécies de pão e de queijo e quando já achamos que nos vai ser permitido respirar um segundo, dão entrada os "bocadinhos". Um bocadinho de alheira de caça, um bocadinho de tripas, um bocadinho de ossos de assuã, um bocadinho de moelas, um bocadinho de pernil... e por aqui me fico que por lá me ia ficando. Como não me deixaram, ainda experimentei os filetes de pescada de uma fres-
cura notável e já a fugir, refugiei-me no pernil, a pensar que viria outra vez o bocadinho. Acontece que guardado já estava o bocadinho, pelo que foi mesmo o bocado que veio, à espera que eu o comesse... E sou eu lá homem de desfeitas ! Diga-se em abono da verdade que quando dei por mim a tentar fintar as rabanadas, até já os da casa fecharam os olhos, conscientes da desgraça em que me tinham metido. Que só não foi maior, porque a opção por um verdinho caseiro se revelou de uma prudência assisada. Não devem existir muitos restaurantes destes, em que a porta de saída dá directa para uma estrada nacional, mas em que o perigo maior não está na hora da saída, mas antes na hora em que lá entramos. Ainda por cima isto é um elogio! t
Março 2017
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c MALMEQUER Juliana Cavalcanti, 36 anos, é a criadora da JUU, uma linha de roupa contemporânea para mulheres urbanas, composta unicamente por vestidos e macacões. Formada em Fashion Business (São Paulo), está baseada em Lisboa mas gosta de pensar o mundo como a sua escola continua de vida. Com 15 anos de experiência no mundo da moda, entre São Paulo, Londres e Lisboa, trabalha como consultora am áreas tão diversas como branding, criatividade, criação de conteúdos, trend forecast e comunicação. Gosta de dançar e viajar, de pessoas e cultura, de vinho e gastronomia
A MINHA PEÇA DE ROUPA INESQUECÍVEL
O MEU PRIMEIRO “SMOKING”
Gosta
Não gosta
Pessoas de bem gentileza viajar muito
Injustiça ganância desonestidade egos
dançar minha família (muito) meus amigos (muito) moda criar beleza boa música bom vinho comer bem fruta (sou viciada!) trufas sol sorrisos abertos carinho liberdade civilidade caminhar brunch design de interiores pôr-do-sol mar lealdade tarte tartin Portugal generosidade
arrogância multidões superficialidade cobardia correr tédio inércia ir ao dentista fazer exames médicos ver sangue trânsito preconceito burocracia desperdício falta de respeito egoísmo má educação
É difícil de acreditar que, sendo eu filho de uma modesta família - um desenhador de sapatos e uma costureira, na época reconhecida como modista -, tenha vestido o primeiro «smoking» aos nove anos de idade. A minha mãe não queria deixar os seus créditos de modista por mãos alheias, por isso no dia da comunhão solene do filho, na altura o mais novo, tinha de deixar uma marca na cerimónia - era orgulhosa do seu saber e capacidade de estilista na época. Então decidiu vestir-me um “smoking”, mas não foi um “smoking” qualquer - foi um conjunto ao nível dos príncipes europeus. O meu orgulho foi imenso, nesse evento estava também previsto eu subir à tribuna para fazer o discurso, habitual naquelas cerimónias, imaginem só que no fim havia uma sessão de cumprimentos dos pais e padrinhos aos meninos! Chorei de grande emoção, eu era a vedeta da cerimónia, a tal ponto que era uso que os meninos vestissem aquilo que se chama uma alva, em que a intenção era tornar os meninos todos iguais, e a minha mãe não deixou - e o padre anuiu tal era a qualidade do trabalho. E as meninas que não tiraram os olhos de mim, acho que foi a única vez que me lembro de dar nas vistas pela roupa que vestia. Ainda hoje no meu quarto tenho um porta retratos com a fotografia desse dia, mas que peças de roupa aquelas!!! Inesquecível! t Eduardo Rangel Presidente do Conselho de Administração do Grupo Rangel e Comendador da Ordem de Mérito
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