Bolsa de iniciação científica de antônio hofstätter apresentação teórica

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As práticas de eventos nas agências experimentais dos cursos de comunicação das instituições de ensino superior do Rio Grande do Sul Antônio de Pádua Forte HOFSTÄTTER1 Fábian Chelkanoff THIER2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)

Resumo: A discussão central do artigo são as práticas de eventos nas agências experimentais dos cursos de Comunicação das Instituições de Ensino Superior (IES) do RS, especialmente as participantes do 6º Colóquio de Agências Experimentais de Comunicação. O objetivo do estudo é identificar como as práticas de eventos são desenvolvidas, ou não, pelas agências experimentais. Em relação aos procedimentos metodológicos, a pesquisa se configura como exploratória (GIL, 1999), a partir de estudo de casos múltiplos (YIN, 2015). Os resultados parciais indicam o incentivo às práticas de eventos no contexto das agências experimentais e que há características e peculiaridades no modo de trabalho, no envolvimento dos docentes, nos processos e nas atividades realizadas. Palavras-chave: Comunicação; Relações Públicas; Experimentais; Instituições de Ensino Superior.

Eventos;

Agências

1 INTRODUÇÃO

O artigo decorre pesquisa realizada no Espaço Experiência, laboratório experimental da Famecos, no Núcleo de Eventos e Relacionamento, sobre como conectar pessoas e melhorar o diálogo entre elas. O objeto de estudo são as práticas de eventos nas agências experimentais, a partir da participação das instituições no 6º Colóquio de Agências Experimentais de Comunicação sediado na PUCRS, no dia 18 de março de 2016. O 6º Colóquio de Agências Experimentais de Comunicação se constitui em um evento anual que permite o debate sobre a integração da teoria e da prática nas agências e tem espaços para a partilha de experiências, aprendizados e perspectivas entre as diversas instituições dos cursos de comunicação do estado. A atividade integra a programação anual das 1

Bolsista de Iniciação Científica. Aluno do 2º semestre do curso Relações Públicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). 2 Professor orientador.


instituições e já é consolidado no calendário acadêmico dos cursos de Comunicação nas Universidades do Rio Grande do Sul. Diante disso, nossos objetivos são:

A) identificar as práticas de eventos nas agências experimentais participantes do evento 6° Colóquio; e, B) compreender como funciona o gerenciamento dos eventos realizados pelas agências.

O artigo está ancorado na perspectiva das relações públicas (GRUNIG; FERRARI;

FRANÇA,

2009;

STEFFEN,

2003).

Apresenta,

ainda

que

brevemente, o entendimento de eventos no contexto das relações que as organizações estabelecem com os públicos de interesse (GIÁCOMO, 2007; KUNSCH, 2006; ZANELLA, 2003). A pesquisa se constitui como exploratória (GIL, 2008), dada a incipiência de estudos especificamente sobre as práticas de eventos das agências experimentais participantes do 6º Colóquio. É desenvolvida mediante as técnicas bibliográfica e documental, à luz de um estudo de caso (YIN, 2001).

2 COMPREENSÃO DE EVENTOS E A SUA IMPORTÂNCIA

Segundo Kunsch (2006, p. 131) O evento é um acontecimento excepcional previamente planejado, que ocorre em determinado tempo e local e gera grande envolvimento e mobilização de um grupo ou comunidade, buscando a integração, a difusão e a sensibilização entre os participantes para os objetivos pretendidos. Estes devem ser colocados de forma clara e explícita, para que o público-alvo receba e assimile os temas abordados e as ações desenvolvidas durante os eventos.

Neto (1999), por sua vez, afirma que: “Para os comunicadores, evento é: qualquer fato que pode gerar sensação e, por isso, ser motivo de notícia – seja de cunho interno ou externo”. E, nessa última definição, o evento é percebido


pelo seu potencial noticioso. Ele automaticamente divulga seu “organizador” ou a empresa envolvida no evento. É a oportunidade ideal de atrair a atenção do público, com objetivo de elevar, manter ou recuperar a identidade, imagem e reputação de uma empresa, independente da razão do evento. Hamam (2006, p.130) conceitua o evento como: [...] um acontecimento excepcional previamente planejado, que ocorre em determinado tempo e local e gera grande envolvimento e mobilização de um grupo ou comunidade, buscando a integração, a difusão e a sensibilização entre os participantes para os objetivos pretendidos.

Giácomo (2007, p. 35), “Na verdade, o evento é um instrumento de comunicação

e

um

dos

elementos

mais

poderosos

na

estratégia

comunicacional.” Para Pereira (2011, p. 144), O fascinante nos eventos é que, por conta da sua complexidade, podem transitar por todas as esferas que contribuem para a busca da excelência nas práticas das relações públicas. Ao assumir o papel de ação estratégica, transformam-se em mídias cujas mensagens são transmitidas aos públicos de interesse da organização, seja por meio da comunicação dirigida ou por uma comunicação de massa. Esta, uma nova dimensão dos eventos, além de contribuir para a legitimação dos conceitos institucionais de uma organização e fortalecer a sua imagem, passa a agregar objetivos mercadológicos que dão ao universo dos eventos contornos promocionais e os transformam num poderoso instrumento de sustentação e geração de negócios.

Os benefícios que os eventos trazem, segundo Giacáglia (2008, p. 7-10), são: [...] o estreitamento das relações com os clientes, possibilitando a interação deles com todos os profissionais da empresa; apresentação dos produtos/serviços da empresa para seu mercado-alvo; ganho de novos clientes; obtenção de informações sobre o mercado e os concorrentes; atualização profissional técnica; alavancagem da imagem institucional; estabelecimento de novos contatos comerciais; lançamento de novos produtos.


Portanto, evidenciamos a relevância dos eventos enquanto possibilidade de

comunicação.

Esse

aspecto,

no

nosso

entendimento,

justifica

a

oportunidade do estudo que propomos.

3 6º COLÓQUIO DE AGÊNCIAS EXPERIMENTAIS DE COMUNICAÇÃO

O evento foi sediado pela Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da PUCRS, no dia 18 de março de 2016, das 9h30 às 18 horas. Estagiários, alunos

e

professores

envolvidos

em

agências

experimentais

foram

recepcionados no prédio 7 da Universidade (EUSOUFAMECOS, 2016). A Famecos está presente neste evento desde a sua primeira edição em 2011 e neste ano realizou uma programação que inclui uma visita guiada ao Espaço Experiência. Assim as demais instituições e seus alunos tiveram a oportunidade de conhecer algumas práticas desenvolvidas. Em cada sala, um aluno ficou responsável por apresentar a rotina de trabalho e as atividades realizadas. A Figura 1 apresenta uma foto que reúne todos os participantes: Figura 1 – Participantes do Colóquio

Fonte: EUSOUFAMECOS (2016)


Enquanto

isso,

os professores

e

coordenadores das agências

participavam de uma atividade para avaliar o Colóquio e pensar em novas propostas para as próximas edições. Houve uma visita ao Museu de Ciências e Tecnologias da PUCRS, além de rodadas de debates com diversos assuntos que abordam a experiência, mudanças e troca de informações entre os integrantes das agências experimentais do estado. Ao todo, dez agências experimentais de comunicação participaram do Colóquio: 

Espaço Experiência | PUCRS;

Agexcom | Unisinos;

AGERP | UFRGS;

AGEX | ULBRA;

A4 | UNISC;

Agecom | Feevale;

AGEX | UniRitter;

Multiverso | IPA;

AECOM | Univates;

Nexcom | UPF.

A próxima edição do Colóquio de Agências Experimentais de Comunicação ocorre em abril de 2017. Dessa vez, a sede será a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Construída através de uma Pesquisa Exploratória (GIL, 2008), desenvolvida a partir de revisão bibliográfica e estudo de casos multíplos (YIN, 2015), realizamos uma pesquisa que envolveu as instituições participantes do


evento

para

levantarmos

dados

e

informações

sobre

as

agências

experimentais. Os procedimentos realizados foram os seguintes: A) Análise dos conteúdos apresentados no Colóquio e informações disponíveis na Web; B) Contato com responsáveis e representantes das agências; C) Criação de um questionário sobre as agências (e as práticas de eventos); D) Análise completa com o resultado de todas as informações coletadas e encontradas durante a pesquisa.

Esperamos que, assim, tenhamos condições de responder os objetivos propostos. Tendo em vista o critério de acessibilidade, a coleta foi realizada pela Internet.

5 UNIVERSIDADES E AGÊNCIAS PARTICIPANTES DA PESQUISA

As

Universidades

Famecos/PUCRS

com

(Espaço

as

quais

Experiência);

conseguimos Feevale

contatar

(AGECOM);

foram:

Univates

(AECOM); ULBRA (AGEX); UNISINOS (AGEXCOM). O questionário para levantamento de dados foi constituído por seis perguntas idênticas para todas as instituições e suas respectivas agências experimentais. Contudo, cada agência experimental seguiu seu modo de resposta para apresentar melhor suas informações. As questões realizadas foram: 1. O núcleo de eventos possui um nome específico? 2. Quando foi fundado? 3. Quantos professores e alunos estão envolvidos atualmente nesta área? 4. Qual a importância do núcleo de eventos na agência experimental? 5. Quais atividades que o núcleo exerce e de que forma?


6. Este núcleo possui interação com outros núcleos da agência? Se sim, quais? E como? As instituições de ensino e seus responsáveis foram contatados pela página do Facebook de sua respectiva agência experimental para fornecimento de e-mail para o envio do questionário e participação no levantamento de dados. Os resultados estão apresentados fragmentados por Universidade.

5.1 ESPAÇO EXPERIÊNCIA (PUCRS)

As pessoas contatadas foram: Luiza Feil (estagiária do núcleo de Eventos) e Betina D’Avila (integrante voluntária do núcleo de Eventos). O núcleo possui o nome específico de Núcleo de Eventos e Relacionamentos (NER) e foi fundado no ano de 2009. Atualmente, conta com a participação de dois professores, uma estagiária, dois bolsistas de pesquisa de iniciação científica e voluntários. É através do Núcleo de Eventos e Relacionamento que a agência consegue colocar os alunos em situações reais de produção e realização de eventos. Devido à área, a agência é conhecida, muitas vezes, por públicos externos à Faculdade. Afinal, os monitores do núcleo estão em constante e direto contato com palestrantes e profissionais que ministram atividades na Faculdade. O núcleo, em geral, monitora eventos promovidos pela Faculdade de Comunicação Social. Além disso, produz um dos maiores eventos de Comunicação da América Latina: o SET Universitário, que está em sua 29ª edição. São os alunos que participam ativamente de grande parte da produção, se envolvem na tomada de decisões e, com compromisso e ética, auxiliam os professores e jurados na montagem do evento. As respondentes sinalizam que o núcleo precisa permanecer em contato ininterrupto com o restante da agência, afinal um bom evento necessita da capacitação e interação de todos os envolvidos. Os núcleos de fotografia,


atendimento e assessoria são os mais presentes no trabalho conjunto com o NER.

5.2 AGECOM (FEEVALE)

Contatamos a Prof. Me. Monica Bonsembiante Campana. O núcleo possui o nome específico de “Área de eventos” e foi fundado no ano de 2001. Atualmente, conta com a participação de dois professores (além da contribuição esporádica de quatro professores), um estagiário, seis estagiários indiretamente e voluntários em número variável. A área objetiva vivenciar atividades específicas de eventos. Desenvolver habilidades como negociação, organização, trabalho em equipe e pensamento estratégico.

É

responsável

por

desenvolver

raciocínio

estratégico

na

elaboração de eventos institucionais e promocionais atendendo as demandas internas e externas da Universidade. Trabalha de forma integrada com as áreas de pesquisa de diagnóstico e tendência, planejamento de comunicação e campanha, comunicação digital e assessoria de imprensa. No percurso de desenvolvimento do evento, os alunos acessam as diversas áreas a fim de solucionar questões imprescindíveis para a entrega das soluções.

5.3 AECOM (UNIVATES)

O respondente foi Fábio Kraemer, coordenador da agência. O núcleo não possui um nome específico, pois a agência acredita no trabalho multidisciplinar. Diante disso, foram realizados projetos de reformulação dos laboratórios dos cursos de Design, Fotografia, Multimídia e de Imagem e Forma para unificarem operações em uma proposta, que, provisoriamente, tem o nome de Núcleo Experimental Criativo. Contando com três professores e seis bolsistas remunerados.


A importância dos eventos na agência é o comprometimento dos alunos em fazer as atividades acontecerem desde os cerimoniais, passando pela divulgação, cobertura e check list. Quem cria também auxilia a produzir. Quem produz também atende. Quem orça também faz check list, comenta o respondente. Acreditam que o papel de uma agência experimental seja o de entregar vivências para que, então, os alunos possam selecionar qual das áreas mais lhe interessam.

5.4 AGEX (ULBRA)

A AGEX, segundo a coordenadora da agência, Fatima Pointer, não possui um núcleo de eventos e trabalham de forma integrada. Atualmente, possuem

duas estagiárias de

Publicidade

e

Propaganda

que

ficam

responsáveis pela criação e produção de peças gráficas e eletrônicas, três estagiários de Jornalismo que escrevem matérias, alimentam a página e blog com informações e cobrem eventos e uma estagiária de fotografia que realiza a cobertura das atividades e disponibiliza suporte para as outras áreas. Em conjunto os estagiários, juntamente com os professores e coordenadores, desenvolvem trabalhos e projetos da AGEX e dos cursos de comunicação social da instituição de ensino.

5.5 AGEXCOM (UNISINOS)

Cristiane Herold (coordenadora do laboratório do curso de relações públicas) foi a respondente. A agência experimental não trabalha com eventos, somente com outras iniciativas de comunicação. A instituição possui sua própria coordenação de eventos profissional sem estágios, execuções e organizações de alunos.


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a exposição das experiências e relatos de cada Universidade, é evidente que há especificidades em cada instituição. Essas disparidades ocorrem tanto pelo número de alunos envolvidos quanto de professores. Aspectos conceituais também diferem, o que pode ser observado a partir da existência, ou não, de um núcleo específico de eventos. Ressaltamos, ancorados também na discussão teórica, que é fundamental um trabalho integrado entre os núcleos, contribuindo para soluções e atuações mais coesas. É oportuno que as próximas etapas da pesquisa incluam visitas às agências e conversas com monitores e estagiários, para aprender e compreender elementos da rotina. Este é o passo seguinte que esperamos realizar.

9 REFERÊNCIAS AECOM (Univates) – Disponível em: <www.facebook.com/aecom.univates>. Acessado em: 15 de outubro de 2016. AGECOM (Feevale) – Disponível em: <www.facebook.com/FeevaleAgecom>. Acessado em: 15 de outubro de 2016. AGEXCOM (Unisinos) – Disponível em: <www.facebook.com/Agexcom>. Acessado em: 15 de outubro de 2016. AGEX (ULBRA) – Disponível em: <www.facebook.com/agexonline>. Acessado em: 15 de outubro de 2016. EU SOU FAMECOS (PUCRS) – Disponível em: <www.facebook.com/EuSouFamecos>. Acessado em: 15 de outubro de 2016, às 15:35; GIÁCOMO, Cristina. Tudo acaba em festa: evento, líder de opinião, motivação e público. São Paulo: Summus, 2007. GRUNING, James E. FERRARI, Maria Aparecida; FRANÇA, Fábio. Relações Públicas: teoria, contexto e relacionamentos. São Caetano do Sul: Difusão, 2009.


HAMAM, Roosevelt. O evento integrando o mix da comunicação. In: KUNSCH, Margarida (Org). Obtendo resultados com Relações Públicas: como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício das organizações e da sociedade em geral. 2ª ed revista. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006. SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas: função política. São Paulo: Summus, 1995. YIN, Robert K. Estudo de Caso. Porto Alegre: Bookman, 2016.


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