Toth Ciência e educação V.10 n.10 2022

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TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO

TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO

ISSN 2595-1866
FUPAC

EXPEDIENTE

CORPO EDITORIAL

Editor-chefe: Prof. Me. Rogério Vieira Primo

Supervisor Financeiro: Prof. Walther Anastácio Júnior

Normalização / Formatação: Weliton de Oliveira Silveira - Bibliotecário CRB-6/3775

Corpo Editorial Científico:

Aias Alves de Lana

Alesxsandra Barcelos Dias Alyson Fidelis de Morais Amilton Quintela Soares Júnior Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes Fernando de Sousa Santana Giovanne Romania Carvalho Rodlon Andrade Valadares de Almeida Rogério Vieira Primo

Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: www.unipacgv.com.br E-mail: academicogv@unipac.br

Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Bairro Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212 6700 – CEP: 35.032-200

TOTH - Ciência e Educação – vol.10 n.10 - 2022 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Anual

ISSN 2595-1866 p. 179

1 Administração. 2 Ciências Contábeis. 3 Educação. 4 Empreendedorismo 5.Periódico.

CDD 22. ed.

Weliton de Oliveira Silveira - Bibliotecário CRB-6/3775

SUMÁRIO UMA BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A POSSÍVEL RELAÇÃO ESTRATÉGICA ENTRE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E GOVERNANÇA CORPORATIVA ............9 ESTUDO DAS METODOLOGIAS APLICADAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO ...............................................................................................24 A MULHER NEGRA NO MERCADO DE TRABALHO E SUAS DESVANTAGENS: UMA INTRODUÇÃO ............................................................................................................40 OS IMPACTOS DA CONTABILIDADE DIGITAL NA TOMADA DE DECISÃO PARA INVESTIMENTOS NA BOLSA DE VALORES DO BRASIL ..........................................55 O CENÁRIO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS NA REGIÃO ........................65 EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA FAMÍLIA BRASILEIRA .............................................79 SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO COMO MODELO DE GESTÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA LOJA E OFICINA MECÂNICA DE MOTOCICLETAS .............94

Caro Leitor:

A 10ª edição de 2022 é composta por sete artigos científicos. Em síntese, cinco artigos exploraram o contexto da gestão empresarial, abordando temos de tecnologias e contabilidade Outro artigo busca explorar o desevolvimento locorregianal e a influência da micro e pequena empresa na região do vale do rio doce e por último, apresentamos um artigo sobre metodolgias utilizadas nas aulas de educação física.

O primeiro caso trata de uma nova abordagem, sobre dois campos do mundo corporativo: Inteligência Emocional e Governança Corporativa. Traz à análise a existência da relação entre elas, bem como uma representação importante e estratégica. Temática tradicional e relevante que é a Governança Corporativa.

O Segundo artigo trata-se de uma pesquisa do perfil das aulas de Educação Física ministradas no Ensino Médio, identificando a metodologia de ensino aplicada, nas escolas da rede pública do munícipio de Governador Valadares.

Já no terceiro artigo, aborda-se a questão da mulher negra no mercado de trabalho. Considerando as diversas desvantagens enfrentadas pelas mulheres negras no mercado de trabalho, tais quais desigualdade de gênero, cor e raça, rendimentos menores e promoções, são objetivo do artigo evidenciá-las, mostrar os dados estatísticos, e sugerir possíveis melhorias no mercado de trabalho para as mulheres negras, através de uma revisão de literatura.

O quarto artigo explora a questão da contabilidade digital e seus impactos na tomada de decisão para investimentos na bolsa de valores do Brasil. A contabilidade do século XXI utilizase de avanços tecnológicos para ofertar maior agilidade, transparência e, claro, precisão nas informações. Essa modernidade, ou seja, na transformação para a contabilidade digital possibilitou a transferência de informações contábeis em tempo real. Como o governo brasileiro deu início a uma reforma no controle fiscal e contábil que alterou e irá modificar toda a rotina das empresas e de seus contadores, a contabilidade digital será fundamental para que as empresas não tenham problemas com o fisco, atendendo às legislações contábeis e fiscais com mais eficiência.

O quinto artigo tem como objetivo fornecer subsídios para a discussão sobre a participação das Micro e Pequenas Empresas no cenário da economia da região do Vale do Rio Doce. Analisa a participação desse negócio na economia locorregional e suas contribuições para o desenvolvimento da região.

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O Sexto artigo busca analisar a importância da educação financeira familiar, buscando a identificação dos impactos da educação financeira na melhoria das condições socioeconômicas dos indivíduos e grupos familiares, bem como considerando a importância social e econômica da Educação Financeira e finalizando o último artigo traz uma análise do Sistema Toyota de produção como modelo de gestão realizando um estudo de caso em uma loja e oficina mecânica de motocicletas.

Esperamos que vocês gostem e apreciem a leitura dessa nova Edição.

Um forte abraço!

Prof. Me. Rogério Vieira Primo

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UMA BREVE INTRODUÇÃO SOBRE A POSSÍVEL RELAÇÃO ESTRATÉGICA ENTRE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E GOVERNANÇA CORPORATIVA

RESUMO

Este trabalho disserta, em uma nova abordagem, sobre dois campos do mundo corporativo: Inteligência Emocional e Governança Corporativa. Traz à análise a existência da relação entre elas, bem como uma representação importante e estratégica daquela nesta. Por meio de uma estrutura de revisão bibliográfica em conteúdos físicos e digitais, foram destaques alguns autores clássicos no desenvolvimento da pesquisa, tais quais estão: Alexandre Assaf Neto (2018), representando uma base de comparação sobre o Mercado Financeiro e as possíveis falhas da Governança Corporativa; Rossetti e Andrade e Djalma Oliveira (2014), que por sua vez falam da Governança Corporativa, sua aplicação e importância; Peter Salovey e John Mayer (1990), Daniel Goleman(1995) e Hendrie D. Weisinger (1997), que abordam a Inteligência Emocional em seus diversos parâmetros. Tais revisões foram realizadas em comparação a artigos e pesquisas recentes feitas sobre a falta da relação anteriormente mencionada. Foi possível apresentar algumas divergências na aplicação da boa Governança, através dos riscos e falhas presentes em contextos atuais e fatores não controláveis sobre o comportamento humano aplicado aos líderes em uma corporação com Governança Corporativa, ainda, tornar lógico e propício o emprego real da Inteligência emocional de forma mais destacada nestes fatores. Para tal efeito permeou-se sites oficias e atuais do Instituto Brasileiro de Governança corporativa, os códigos de condutas de Governança, publicações do Banco Central do Brasil e outros artigos relacionados. Logo, este artigo contribuiu para a ciência, promovendo a possibilidade e o despertar para futuras pesquisas.

Palavras-chave: Inteligência Emocional. Governança Corporativa. Relação Estratégica. Gestão Organizacional. Mercado Financeiro.

1 INTRODUÇÃO

A Inteligência Emocional (IE) pode ser descrita como a habilidade comportamental que trata da capacidade humana de reconhecer e avaliar seus próprios sentimentos/emoções e as dos

1 Acadêmicos do curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. carlandresarodrigues@gmail.com; jessica.carolinefm@gmail.com; alves.luis61@hotmail.com; mariana.xixa@hotmail.com

2 Professor do curso de Administração e Ciências Contábeis da Faculdade o Presidente Antônio Carlos Governador Valadares – MG. E-mail: delana@unipac.br

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Carlandresa Rodrigues da Silva, Jéssica Caroline Fernandes Mesquita, Luís Gustavo Alves Silva, Mariana de Oliveira Viana1, Aías Alves de Lana2

outros, conseguindo assim equilibrá-los e até mesmo usá-los ao seu favor ao vivenciar diversas situações, principalmente as mais confusas e problemáticas, de maneira mais fácil e eficaz, sem perder o controle das mesmas.

Convém embasar este significado através do primeiro conceito dela, com surgimento no ano de 1990, desenvolvido pelos pesquisadores Peter Salovey e John Mayer que a definiram tal como “a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros”. Mas este tema e seus impactos só ganharam notoriedade em 1995 com a publicação do livro Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser, do psicólogo Daniel Goleman (1995), que traz um novo conceito: Inteligência Emocional é a capacidade de uma pessoa de gerenciar seus sentimentos, de modo que eles sejam expressos de maneira apropriada e eficaz. Essa gerência, mencionada por Goleman, é necessária em diversos ambientes, usada para desenvolvimento e competência humana, um deles é o organizacional. Consecutivamente, o estudo da IE quanto à liderança tem tornado mais claro que incorporá-la ao sistema organizacional, principalmente na gestão, é uma estratégia. Logo, convém debater sobre a associação dela à Governança Corporativa (GC), uma vez que este campo também se faz pertinente no contexto organizacional (vide tópico 3), mas é carente desse relacionamento.

A GC é conceituada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2022), como “o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.

Apesar destes dois temas, tanto a IE quanto a GC, serem foco de estudo e relevantes nas organizações, não houve a promoção, desenvolvimento ou evolução acadêmica a respeito do cruzamento entre eles até os dias atuais, consequentemente, também ausentou qualquer impacto que pode ser proveniente a esta alienação.

Além de explanar a IE e a GC, o artigo aponta falhas do sistema de GC, com uma perspectiva do Mercado Financeiro, com finalidade de versar sobre a existência de uma convergência entre esses dois temas, ainda demarcar que a presença, reconhecimento e aplicação do primeiro no segundo pode se resultar numa relação estratégica.

Para tal, utilizou-se o método de pesquisa de natureza exploratória, que de acordo com Gonçalves e Meirelles (2004. p. 58), “pode ser entendido como um processo investigativo que leva ao diagnóstico – descoberta do verdadeiro problema, ou do problema mais relevante que é

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a causa dos sintomas já presenciados”, embasando-se em fontes secundárias, desenvolvida através de uma revisão bibliográfica e estudo documental de autoria externa, extraindo conhecimento e informações a partir de publicações de alguns livros, teses e redes eletrônicas, todas acessíveis ao público.

Para uma melhor discussão e apropriação do tema e respostas da problemática abordada, utilizou-se para fundamentação teórica, instrumentos desenvolvidos por autores correlacionados ao assunto, ora sobre Inteligência emocional (representados pelos autores Daniel Goleman, Salovey e Mayer), ora sobre Governança Corporativa (representados pelas autoridades Djalma Oliveira, Rossetti e Andrade, IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), além de assuntos coerentes aos objetivos do trabalho e de caminho para seu desenvolvimento, como o caso do Mercado Financeiro (representado pelo Assaf Neto).

2 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

Hendrie D. Weisinger (1997, p. 14), define Inteligência Emocional como: o uso inteligente das emoções – isto é, fazer intencionalmente com que suas emoções trabalhem a seu favor, usando-as como uma ajuda para ditar seu comportamento e seu raciocínio, de maneira a aperfeiçoar seus resultados. Tornando, assim, propício e favorável o emprego da IE em todos os âmbitos da vida das pessoas, a fim de se manter a permanência, evolução e obtenção de êxito no espaço em que se encontram, tornando lógico que sua adoção servirá para propiciar e preservar relacionamentos, no profissional também, além de colaborar para um aumento de produtividade, sendo melhor e mais rápida a resolução de problemas e manutenção de um ambiente corporativo mais estável.

Os principais estudiosos sobre o assunto são os psicólogos e pesquisadores Peter Salovey, John D. Mayer e Daniel Goleman. Aqueles primeiros (1990) foram os pioneiros, e relatam que “inteligência emocional é a capacidade de raciocinar em cima de informações emocionais de maneira a se adaptar melhor aos eventos que acontecem em nossa vida”, fracionando-a 04 capacidades1: Percepção Emocional; Facilitação Emocional; Compreensão Emocional; Gerenciamento Emocional.

Para mais informações sobre as 4 capacidades da IE pelos autores, procure sobre elas nos livros dos autores: Peter Salovey, John D. Mayer. ²Para mais informações dos 5 domínios da Inteligência Emocional, pesquise sobre no livro “Inteligência emocional: a teoria revolucionaria que define o que é ser”, de Daniel Goleman.

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Após Salovey e Mayer, vários outros autores propuseram modelos teóricos sobre a IE, inclusive Daniel Goleman, este que não somente difundiu o conceito de Inteligência Emocional com o seu livro Inteligência Emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser, mas propôs 05 domínios da IE², diferente dos autores anteriores que a dividiram em percepções: Domínio das próprias emoções; Lidar com emoções; Motivar-se; Reconhecer emoções nos outros; Lidar com relacionamentos.

Os dois modelos citados acima, descrevem capacidades e reconhecimento de emoções próprias e alheias, para serem administradas com alguma finalidade e são vistas como competência que podem ser administradas dentro de uma realidade, trazendo adaptação ao meio.

3 GOVERNANÇA CORPORATIVA

A Governança Corporativa (GC), surgiu a partir de uma ação reflexiva em torno da ética e integridade, a qual versa sobre a discussão acerca das relações entre o mundo corporativo e a sociedade, entre as empresas de uma mesma cadeia de negócios e dentro das companhias, entre os acionistas, os conselhos e a direção executiva, não podendo esquecer de mencionar os contextos externos e não controláveis.

Para tornar mais claro esse entendimento, no livro “Governança Corporativa na Prática: Integrando Acionistas, Conselho de Administração e Diretoria na geração de resultados” (2015, p. 16), Djalma Oliveira trata a GC como o conjunto de práticas administrativas que otimiza o desempenho da empresa, com as partes interessadas envolvidas de maneira equitativa, promovendo uma melhoria na gestão. Ainda, acrescenta nos seus dizeres que isso se consolida sobre os usos e costumes e, principalmente, sobre as questões legais e formais.

Pode-se elencar essas práticas às tomadas de decisões dadas pelos representantes empresarias, ou seja, num contexto organizacional são eles a representarem a integridade da empresa, os comportamentos deles refletem e influem sobre os rumos estratégicos que se pode andar, bem elucidado pelo IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa -, no livro “Integridade empresarial” (2017).

Quando se analisa pelo lado histórico da Governança Corporativa, diversos casos e expressões contrariam às boas práticas trazidas por este sistema, principalmente escândalos empresariais e assuntos que abordam, justamente, sobre comportamento dos envolvidos (sócios, diretores, etc.) e ações na liderança exercida por eles. Este foi o caso da maior fraude

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corporativa da empresa de energia americana, Enron (Fracassos Corporativos associados a problemas de Governança Corporativa: O caso, SILVEIRA, Alexandre, 2008), que conseguiu esconder seus atos sobre condutas má administradas, com manipulação de interesses, enganando até mesmo órgãos atuantes, como o Securities and Exchange Comission (SEC), que, segundo o Blog Exame Invest (2013), é àquele equivalente à CVM brasileira, ou seja, tem um cunho fiscalizatório e de grande contribuição à Governança Corporativa.

Na primeira década do século 21, o tema governança corporativa tornou-se ainda mais relevante, a partir de escândalos corporativos envolvendo empresas norte-americanas como a Enron, a WorldCom e a Tyco, desencadeando discussões sobre a divulgação de demonstrações financeiras e o papel das empresas de auditoria. O congresso norteamericano, em resposta às fraudes ocorridas, aprovou a Lei Sarbanes-Oxley (SOx), com importantes definições sobre práticas de governança corporativa. (IBGC, 2022)

Entretanto, mesmo após a divulgação da Lei SOX e outras medidas que visam para garantir o bom e justo funcionamento das práticas e evitar fraudes, alguns casos recorrentes, que mais a frente serão tratados (vide tópico 4), ainda acontecem e apontam falhas no sistema de GC.

3.1 Falhas na Governança Corporativa e suas consequências: visão comparada ao mercado financeiro

Assaf Neto (2018) abordou no livro “Mercado financeiro” sobre o papel da Governança Corporativa em ser um sistema de valores com relações internas e externas regendo empresas, mas com forte preocupação dos governos sobre o relacionamento entre as partes envolvidas, reforçando o peso que a forma dela em ser controlada e dirigida trataria sua transparência e responsabilidade com a sociedade. No entanto, algumas áreas foram destaques nesta referência para representar falhas apresentadas mesmo diante à publicação de leis, códigos e normas próprias, incluindo o próprio caráter da SOX:

A Sarbanes-Oxley agrupa diversas medidas visando à criação e aperfeiçoamento dos controles internos, administrativos, de auditoria e de riscos das empresas. É objetivo principal da SOX, com esses procedimentos, inibir toda e qualquer prática lesiva aos interesses dos acionistas, como expô-los a riscos mais elevados (p.234)

3.2 Comitê de auditoria

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A auditoria é vista como um pilar, segundo este autor, para a Governança Corporativa, que além de controlar várias áreas “é responsável pela qualidade das informações econômicofinanceiras da sociedade refletidas nos demonstrativos contábeis” (p.234).

Ainda explica que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Instituto de Governança Corporativo (IBGC) destacam a importância do desenvolvimento desta ordem para às companhias brasileiras.

Em outra abordagem, no artigo sobre recomendações a este comitê, Cunha, Silva e Teixeira apresentam um estudo de campo sobre a ineficiência perante esta não obrigatoriedade geral e também sobre a forma da composição deste órgão. Nele, os problemas de controle interno são explicados a partir de dados comparativos à aplicação da auditoria em empresas brasileiras, levantando à hipótese de que a atividade dessa área se torna deficitária, facilitando “pluralidade de argumentos” e reforçando que o mínimo de membros para atuar neste comitê já é significativo para evitar essa hipótese: “Uma mínima pluralidade no comitê incentivaria comunicação e decisões de maior qualidade e segurança nos processos organizacionais”.

Assaf define a função básica do comitê de auditoria em “controlar e supervisionar a contabilidade, os procedimentos e a elaboração das demonstrações contábeis e a auditoria efetuada, tendo sempre o objetivo a transparência das informações e os atos da administração”, em seguida a esse trecho, em seu livro “Mercado Financeiro”, ele retrata que este comitê dá segurança aos acionistas em suas decisões e que estas são refletidas nas demonstrações contábeis (p. 234).

Analisando o contrário, os relatórios financeiros podem ser sintomas para testemunhar um bom/mau processo decisório ou de controle interno advindos dos representantes do Conselho (p. 325).

3.3 Dos riscos

A Lei SOX teve o intuito de recuperar a confiança dos investidores e garantir maiores e melhores resultados nas empresas, mediante boas práticas de Governança Corporativa e princípios éticos obrigatórios. Porém, algumas vertentes não se tratam apenas de controle interno, mas externo também: os riscos. Cabe uma gestão bem-sucedida para um melhor controle de riscos (Mercado financeiro, Assaf Neto, p. 232), pois “o risco é um fator natural da

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atividade de intermediação financeira, e ele deve sempre, estar associado ao retorno” (Mercado financeiro, Assaf Neto. 2018. p. 232).

. Entretanto, no artigo “Lei Sarbanes-Oxley e a influência na Governança Corporativa e gestão de risco”, apoiando-se em um estudo de caso dos desastres envolvendo a mineradora brasileira Vale S.A, as autoras explicam o surgimento dessa Lei mediante as necessidades de inibir ações de cunho fraudulento pelas corporações norte americanas e ADR’s (ações negociadas no mercado norte americano) e analisam que, complementando o dito anterior de Assaf, a gestão de risco também provém de responsabilidade e do relacionamento dos agentes, além das medidas tomadas por eles:

A adoção de boas práticas de Governança possibilita a melhoria do desempenho da empresa, na medida em que diminuem os riscos de fraudes ou alteração de resultados. Um bom relacionamento entre os órgãos e agentes que compõe a empresa constitui fator preponderante para a melhoria de suas práticas, já que essa melhoria depende do cumprimento de suas responsabilidades. (Ortega, Silva e Rossignoli, 2019)

Não só pressões administrativas ou as desconsiderações do risco operacional podem determinar riscos às instituições, mas “um comportamento diferente do mercado, provocado por alguma crise ou volatilidade nos preços” (Mercado Financeiro, Assaf Neto, p. 229).

As mudanças e revoluções dadas ao longo dos anos expõem as instituições a quaisquer tipos de riscos, e criam um ambiente de insegurança quanto aos novos instrumentos de proteção aos riscos (Mercado financeiro, Assaf Neto, p.232).

4 RELAÇÃO ENTRE INTELIGÊNCIA E GOVERNANÇA CORPORATIVA

Numa crítica feita pelo SW blog sobre o passado escândalo (vide tópico 3), no artigo “Inteligência emocional, e seu lado obscuro” (2021), foi retirada a seguinte citação: Uma pessoa que vê a expressão fugaz do medo diante de outra entende muito mais sobre as emoções e pensamentos dessa pessoa do que alguém que sent e falta de tal sinal (apud. Salovey, Mayer, & Caruso, 2002, p. 161), e nela remonta uma construção que o artigo faz, que é afastar a boa intenção no emprego da IE em ambientes corporativos e manipular situações de forma estratégica para o interesse próprio.

Além desse, também há outros estudos e inciativas, como é o caso da gestão de riscos dado nesse contexto do Mercado Financeiro no tópico anterior, que demostram a importância

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de aliar a Inteligência Emocional à Governança Corporativa, bem como em cenários propensos a conflitos, visto que os próprios riscos advindos desses cenários geram inseguranças a novos instrumentos, como o final do tópico anterior já evidenciara isso.

Frente ao cenário de riscos e as incoerências de algumas apresentações aplicáveis da Governança Corporativa, têm-se o papel do Compliance. Que serve, segundo Assaf (2018) para complementar àquela auditoria e cumprir os regulamentos internos e externos de responsabilidade da instituição (p. 232 – 233) e, segundo o Código das melhores práticas de GC (IBGC, p.91): O cumprimento de leis, regulamentos e normas externas e internas deve ser garantido por um processo de acompanhamento da conformidade (Compliance) de todas as atividades da organização. Aqui, o Compliance estabelece um exemplo dessa configuração quanto a garantia da prevenção de riscos financeiros.

Algumas situações recentes, que serão mencionadas abaixo, deixam evidente à falta de coesão com a proposta apresentada pelos princípios da Governança Corporativa, reforçando lideranças e iniciativas pouco efetivas ou redundantes frente aos cenários de crises e pressões externas ao controle normal de uma administração.

Foi postado pelo Ministério Público Federal, em 2015, a notícia do caso que assolou a região banhada pelo Rio Doce: o rompimento da Barragem de Mariana/MG no dia 5 de novembro deste mesmo ano, no qual prejudicou a sociedade de forma grave nas questões ambientais, econômicas e sociais. A barragem era de responsabilidade e propriedade da Samarco Mineradora S/A, que por sua vez apresenta o Sistema de Governança Corporativa.

Juliana Campos e Jacques Demajorovic, por meio do artigo “Responsabilidade Social e Corporativa: uma visão crítica a partir do estudo de caso da tragédia socioambiental da Samarco” (2020), argumentam sobre o caso ter se derivado por meio do interesse próprios para geração de riqueza sobressaindo à RSC (Responsabilidade Social Corporativa) e infringindo, assim, os princípios básicos da GC e tornando incoerente à conduta da empresa.

Em 2020, a equipe do IBGC publicou a seguinte notícia “Notícia da semana: caso Linx/Stone repercute na imprensa”. Nela estavam relatadas algumas atitudes e falas sobre oferta de venda da Stone e mencionam discussão calorosa entre fundadores e acionistas e que, segundo a Veja, houve uma omissão de uma proposta de negociação à uma empresa mais vantajosa na visão dos acionistas e que, no caso, houve uma conduta resultante de interesses pessoais e próprios no caso, nomeado no artigo da Veja, até como “Mensalão corporativo”. O site da Revista ainda ressalto “O caso se tornou um escândalo no mercado corporativo brasileiro e mostra que há um caminho longo a se trilhar para alcançar um alto grau de governança no país”.

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Relembrando a incoerência trazida anteriormente da SOX por Neto, em “inibir qualquer prática lesiva aos acionistas, como expô-los a riscos mais elevados”.

O IBGC, em 2021, lançou o “O Pensar Estratégico nas Organizações e o Papel de Seus Órgãos de Governança”, uma proposta de intervenção a cultura e ao pensamento estratégico das práticas de Governança Corporativa, em prol de agir de forma criativa e proativa dentro e perante os órgãos da Governança.

Em 2022, publicou “Como será a agenda da governança em 2022? ”, ou seja, a agenda de acordo com as tendências e desafios globais que seriam destacados nos Conselhos, levando em consideração às transformações dadas pela pandemia causada pelo Covid – 19. No artigo, é evidenciado a preocupação com temas: Clima, diversidade, força de trabalho, remuneração dos executivos, ações de classe dupla, tecnologia, direitos humanos e a questão de auditoria de longa data. No entanto, é notória a falta de interferências sobre atos ou efeitos trazidos das oscilações do mercado financeiro nesse momento pandêmico e de crise.

De acordo com esses recortes, pode-se estabelecer que a intervenção trazida somente pelos princípios de Governança e toda proposta dela, exemplificado com viés do mercado financeiro, não tem sido suficientes para sanar problemas de corrupção, relacionamento, comunicação e responsabilidade social.

E ainda, como bem empregado em “Inteligência Emocional nas organizações” (2018), por Gonzaga e Rodrigues:

A redundância de controles leva a um excesso de sistemas e práticas de gestão que, além de ineficaz e custoso para as organizações, traz diversos efeitos colaterais indesejados. As pessoas acabam dedicando tempo e energia a executarem tarefas de controle, tais como elaboração de relatórios de status, participar de excessivas reuniões para monitoramento e prestação de contas e outras atividades que, para muitas delas, simplesmente não fazem sentido.

No livro Mercado Financeiro, Assaf (2018) justifica que situações como essa, de casos escandalosos, surgem a partir dos riscos citados no tópico anterior e por alguns elementos que são encontrados em relevância na Inteligência Emocional, que são: Comunicação; Recrutamento e seleção; Liderança e o processo decisório.

Para os autores, no livro “Governança Corporativa: Fundamentos, Desenvolvimento e Tendências” (Rossetti, José, P. e Adriana Andrade, 2014. p. 261 -263), é preciso que haja uma interação eficaz nos elementos do triângulo de poder (Shareholders, Conselho de Administração e Diretoria Executiva) e um alinhamento de propósitos, através de uma interação

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construtiva, além de que “Os bons relacionamentos deste triângulo, de que depende a boa governança, estabelecem-se por prestação de contas e por troca de expectativas e de informações”. Uma vez que essa troca coincide com os propósitos da IE, antes descritos nas capacidades e percepções do comportamento e ações humanas e emocionais (vide tópico 2), em que tratadas de forma harmônica tem a capacidade de melhorar as tomadas de decisões e outros elementos ligados ao meio empresarial, sendo de valia ressaltar como a Inteligência aborda de forma consciente esses elementos pertinentes nessa interação:

4.1 Comunicação

Para que a Governança aplique seus princípios, a comunicação é apontada como fator chave nos processos internos das corporações e apresentam impactos estratégicos, permite uma melhor fluidez entre as partes interessadas e minimiza a ocorrência de riscos, assim traz a plataforma de soluções tecnológicas, Inventti, no artigo “As 4 falhas mais comuns de governança corporativa e como evitá-las” (2018).

Gonzaga e Rodrigues (2018), falam sobre a formação de equipe e o que o modelo eficaz implica no bom desenvolvimento das pessoas dentro do contexto organizacional e ainda reforça ao longo do estudo modelo de competências sociais como parte da construção de inteligência emocional adotado, um deles por Nelson e Low (2011), autores da avaliação ESAP (Emotional Skills Assessment Process) que elenca a comunicação como fator constituinte da interpessoalidade e influência em outras composições organizacionais de equipe e de liderança e em situações de conflito:

Em situações de conflito ou stress emocional torna-se difícil a comunicação de forma eficaz, honesta e apropriada. Por isso, à semelhança com o modelo de Albrecht nas competências de autenticidade e clareza, Nelson e Low (2011) destacam como competência interpessoal a habilidade de assertividade. No conjunto de competências ligadas à perspectiva de liderança pessoal os autores trazem: conforto, empatia, tomada de decisão e liderança (influência).

4.2 Recrutamento e seleção

Assaf Neto, entende que os processos de gestão de riscos estão presentes nas atividades normais de uma empresa e seu gerenciamento envolve pessoas, sistemas e padrões de controle e que, especificamente, o risco operacional é determinado por falhas humanas, no sistema de

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informações, fraudes e alguns eventos externos. A atuação de pessoas é considerada por ele como crítica na gestão de uma instituição financeira, por exemplo, e representa, em muitos casos, a mais relevante variável no risco e o fato se explica por pressões administrativas, fixação de metas ousadas, etc. (Mercado financeiro, p. 227). Ainda reforça que essas fraudes podem se dar por causa de funcionários e pessoal mal capacitado ou deficiência na política de treinamento interno.

No processo de formação de equipes, Gonzaga e Rodrigues (2018, p 31-35) afirma que devem ser consideradas as pessoas e o desenvolvimento dos indivíduos que a compõe, mais ao longo do artigo, são mostradas etapas para o processo dessa formação, como alguns fatores são importantes nela e o impacto dela nos conflitos, inclusive fala sobre as visões de conflito com a seguinte noção tirada em uma delas:

O conflito é então entendido como uma falha de gestão nos processos de grupo, decorrente de falhas de comunicação, falta de transparência ou de confiança ou falta de habilidade dos líderes na condução das equipes ou ainda na administração de expectativas e aspirações de seus liderados ou dos públicos com os quais interage. (Robbins e Judge (2014, apud Gonzaga e Rodrigues, 2018. p. 31-35)

Entendendo que não somente a comunicação e a composição das pessoas podem apresentar impactos na condução de gestão, como também a liderança e falta de habilidade na condução de equipes, bem como relaciona isso a causa de conflito.

4.3 Liderança e o processo decisório

Em virtude ao exposto, pode-se lembrar que na formação dos órgãos de GC tem sempre a imagem do líder, pois é a partir dele que estão as decisões e a condução da corporação. Mas não se trata apenas dos riscos, quando Goleman (1995) traz que, entre aqueles 5 domínios, a capacidade de lidar com relacionamentos e, de forma geral, como conduzir comportamentos de forma benéfica para o contexto que o indivíduo está inserido. Logo, se o ambiente não está em consonância com o instituído, o emprego da I.E se torna uma decisão estratégica, pois é uma medida efetiva para gerenciamento de situações e comportamentos. Isso deveria levar o foco da GC também para o líder, o relacionamento e as decisões, tanto que no próprio conceito dela reforça a existência e a atuação desses fatores no sistema.

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No artigo “Auto percepção sobre inteligência emocional no ambiente organizacional, escrito por Luana Batista, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia - SP (2018) ”, traz de forma clara que não é somente sobre o impacto da Inteligência nos processos da organização, mas sobre o rendimento trazido pelo uso dela na liderança da corporação. No entanto, não é observado a ponderação da GC sob a ótica da Inteligência Emocional, mas sim pela gestão do risco financeiro, e mediante Ortega, Silva e Rossignoli (2019), em suas considerações finais do artigo antes mencionado, “embora o estudo e aplicação dos pilares da governança corporativa, como a gestão de riscos, por exemplo, tenham aumentado expressivamente, falhas e quebras de princípios ainda afetam as instituições ocasionando diversas adversidades, como é o caso da empresa Vale S.A”, casos esses que “servem como um aviso para que as organizações levem em consideração, com seriedade, os impactos sociais e ambientais em seus modelos de negócios e na tomada de decisões”, reforçando que medidas de cumprimento de Leis para solução de problemas relacionados a gestão de risco são suficientes para firmar o real significado da Governança Corporativa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho teve a finalidade de mostrar uma possível relação entre a Inteligência Emocional e Governança Corporativo. Por meio de uma análise desses dois campos de estudo, e também em comparação ao contexto em que está empregado os esforços da GC na gestão de riscos do mercado financeiro, foi possível levantar ocorrências negativas em algumas situações no sistema de Governança.

Foram evidenciados casos e assuntos, como por exemplo, desastres de desestabilização em massa, má conduta de acionistas e a falta do emprego de uma comunicação eficiente, que puderam demostrar que o emprego da Inteligência Emocional seria cabível e lógico na administração estratégica de eventos como esses. Podendo, assim, perceber que mesmo com o sistema bem estruturado como o da Governança Corporativa, ainda há brechas para falhas em algumas propostas dela e que isso pode se dar pela falta do reconhecimento da Inteligência Emocional, fazendo então essa relação ser possível e estratégica.

Ademais, é válido ressaltar que um dos propósitos para esta pesquisa é a contribuição e fomento à pesquisa científica nessa área, em virtude de sua falta, na esperança de que desperte o interesse e a produção científica desse assunto no âmbito acadêmico.

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ESTUDO DAS METODOLOGIAS APLICADAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo pesquisar o perfil das aulas de Educação Física ministradas no Ensino Médio, identificando a metodologia de ensino aplicada. Na cidade de Governador Valadares MG, foram entrevistados 19 professores da rede estadual de ensino. Utilizou-se como um instrumento de coleta de dados questionários semiestruturados. Os dados coletados foram tratados utilizando planilhas do Excel, sendo feito análise descritiva. A pesquisa mostrou algumas metodologias utilizadas nas aulas de Educação Física do ensino médio, da rede estadual de educação, no município de Governador Valadares, bem como os métodos utilizados pelos professores durante as aulas.

Palavras-chave: Educação Física, Ensino Médio, Metodologias.

1 INTRODUÇÃO

A educação física, se comparadas a outros componentes curriculares, desempenha um importante papel em relação ao desenvolvimento da psicomotricidade na vida da pessoa, desde o seu nascimento até a fase da terceira idade, conforme preconizado pelos PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), pela BNCC – Base Nacional Comum Curricular (2018) e CRMG – Currículo Referência de Minas Gerais (2018). Os trabalhos realizados no ensino médio da rede estadual de ensino de Minas Gerais possibilitam ter a oportunidade de desenvolver com os alunos melhor aproveitamento dos esportes por meio de atividades que oportunizam uma experiência corpórea relevante para sua educação.

Os alunos do ensino médio por possuírem suas capacidades físicas mais apuradas, nessa fase os professores buscam passar para os alunos novas experiências sobre os diversos tipos de

1 Acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares.

2 Professor de graduação na UNIPAC, na educação básica particular e Inspetor Escolar na SEE MG. Licenciado em Matemática (UNIVALE). Mestre em Administração (FEAD). Especialista em: Educação Matemática (FERLAGOS), Gestão Escolar (IMES), Inspeção Escolar (IMES), Gestão da Educação Municipal (UFV). E-mail: rodlonalmeida@unipac.br

3 Professor de graduação e Pós-graduação. Mestre em Administração. Especialista em Educação Matemática; Gestão Financeira de Empresas e Gestão empresarial pela PUC Minas. Especialista Gestão Escolar pela Unipac e Marketing e Gestão Estratégica de Comunicação e Informação pela Univale E-mail: rogerioprimo@unipac.br

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Bianca Felipe Silvestre, Nelson Júnior dos Santos, Sóstenes Campos de Oliveira Santos1, Rodlon Andrade Valadares de Almeida2, Rogério Vieira Primo3

esportes de uma maneira mais sistêmica e avançada. Para que isso aconteça, os alunos precisam estar mais dispostos a vivenciar essas novas experiências. Portanto, o aluno como centro dessas vivências e o professor como mediador do processo de ensino aprendizagem.

Tendo em vistas novas vivências e reflexões para os alunos do ensino médio, os professores, muitas vezes, buscam metodologias diversificadas de ensino com o intuito de melhor aproveitamento do ensino para com os alunos. E a necessidade de adquirir novos conhecimentos para a atuação faz com que esses profissionais buscam conhecimentos em formação continuada ou até mesmo durante a sua graduação para lecionar boas aulas com práticas e experiências para atender os alunos.

O adolescente durante a sua maturação corpórea, busca participar de esportes a seu gosto e, é nesse momento que o professor abre espaço e dá oportunidades para que os alunos possam apreciar essa modalidade esportiva que, às vezes, alguns deles demonstra interesse e acabam gostando do esporte, por se tratar de uma modalidade esportiva diferente do cotidiano como, por exemplo, o futebol e o jogo de queimada.

Analisando as metodologias utilizadas pelos profissionais de educação física, nota-se grande evolução em relação às aprendizagens dos alunos que visam o esporte como rendimento de alto nível e participam de atividades extras fora do ambiente escolar. Assim, para melhorar a técnica buscam conseguir vagas em clubes, por ser rede pública de ensino e muitas vezes esses alunos não têm incentivo financeiro da escola e a família assume a responsabilidade de arcar com essas despesas.

A partir dos argumentos apresentados evidenciou-se o seguinte problema de pesquisa: Quais as principais metodologias utilizadas pelos professores de Educação Física do ensino médio da rede estadual de ensino em Minas Gerais, na cidade de Governador Valadares?

Buscou-se analisar as metodologias mais utilizadas pelos professores do ensino médio, da rede pública estadual de ensino de Governador Valadares, tendo como amostra quatro escolas selecionadas de modo aleatório, onde esses métodos pudessem de alguma maneira influenciar na vida dos alunos. Mesmo que em algumas dessas escolas, as aulas de educação física tenham sido vistas como uma atividade realizada de maneira não sistemática. Nesse sentido, buscou-se promover uma discussão com a intenção de despertar no leitor olhares sobre a necessidade de buscar novas metodologias e práticas para aulas de educação física de mais qualidade.

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2 METODOLOGIA

As pesquisas podem ser classificadas de diferentes maneiras. Mas, para que esta classificação seja coerente, é necessário definir previamente o critério adotado. Com efeito, é possível estabelecer múltiplos sistemas de classificação e defini-las segundo a área de conhecimento, a finalidade, o nível de explicação e os métodos adotados (Gil, 2019, p. 24).

A pesquisa que resultou na construção desse artigo é de natureza básica pura. Pesquisas destinadas unicamente à ampliação do conhecimento, sem qualquer preocupação com seus possíveis benefícios que, segundo Gil (2019) esse tipo de pesquisa reúne estudos no propósito de preencher uma lacuna no conhecimento, além de ampliar o conhecimento da temática estudada, proporciona a busca de novos conhecimentos e a interdisciplinaridade das áreas do saber, a fim de verificar razões dos problemas práticos (GIL, 2019).

Quanto aos objetivos, esse estudo é caráter exploratório. Para Gil (2019), pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, de maneira que se torne explícito e possibilite a construção de hipóteses. Com a fundamental finalidade de aprimorar ideias ou descobrir intuições, com planejamento flexível, possibilita a consideração dos mais variados aspectos relacionados ao fato estudado, e na maioria dos casos, atribui-se o formato de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.

Trata-se de uma pesquisa de abordagem quali-quanti. Segundo Michel (2015) entendese como quali-quanti a pesquisa que se propõe a conhecer em maior profundidade uma situação, um problema, um comportamento, uma opinião não de uma pessoa, mas de um grupo de pessoas. Nela, o pesquisador interpreta, discute e correlaciona dados obtidos estatisticamente; seu maior interesse é conhecer em profundidade, criticar e avaliar um grupo de pessoas, uma amostra, gerando um perfil coletivo e qualitativo acerca da variável analisada. Ela contém a essência da pesquisa social e leva esse nome apenas para enfatizar sua dupla função.

O princípio da pesquisa quali-quanti, que utiliza o questionário com escalas de medidas, baseia-se na premissa de que a atitude geral manifestada pelo pesquisado reflete suas crenças sobre o objeto avaliado e a força com que mantém essas crenças e valores ligados ao objeto (MICHEL, 2015).

Ela se realiza, portanto, com a colaboração de ambos os tipos de pesquisa. Seu caráter quantitativo se expressa na medida em que seu interesse não é por um indivíduo, mas por um grupo de indivíduos, socialmente selecionados conforme as variáveis de interesse da pesquisa. Para tanto, define populações, escolhe amostras, aplica métodos quantitativos de coleta de

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dados e analisa os resultados obtidos numérica e estatisticamente. Seu caráter qualitativo se verifica no seu interesse em medir, conhecer, em profundidade e com maior robustez, opiniões e atitudes do grupo pesquisado, permitindo que seja traçado um perfil desse grupo, um padrão de comportamento, um sujeito coletivo (MICHEL, 2015).

Quanto aos procedimentos, realizou-se a revisão bibliográfica, utilizando fontes pertinentes sobre o tema a ser pesquisado. A revisão de literatura possui dois propósitos fundamentais: a construção de uma análise do problema de acordo com o contexto e a investigação das possibilidades evidenciadas na literatura consultada para a elaboração do referencial teórico da investigação (MARCONI; LAKATOS, 2021).

Para alcance dos resultados, foi realizada uma pesquisa de campo. Tratou-se da coleta de dados do ambiente natural, com o objetivo de observar, criticar a vida real, com base em teoria, para verificar como a teoria estudada se comporta na vida real. Confrontando a teoria na prática, permite responder ao problema e atingir os objetivos.

A pesquisa de campo, no ambiente natural, é particularmente importante na pesquisa social, apropriada para estudos de indivíduos, grupos, comunidades, organizações, sociedades, considerando que, para a pesquisa social, mais importante que encontrar soluções é explicar os fenômenos, entender realidades, criar significados sociais.

A coleta de dados desenvolveu-se por meio de questionário com oito questões objetivas e uma questão subjetiva permitindo assim que o respondente tivesse liberdade para expressar outras metodologias que tenha utilizado nas suas aulas, bem como o seu planejamento.

Foram aplicados 19 questionários para professores atuantes do ensino médio da rede estadual, localizadas no município de Governador Valadares, nos meses de março e abril de 2022.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

No ambiente escolar é de extrema importância que o professor esteja comprometido com prática pedagógica e na busca de novos saberes que possam contribuir com a aprendizagem dos alunos. Assim, é de grande valia o profissional de educação física buscar trabalhar diferentes metodologias para a elaboração de suas aulas.

Libâneo (1994), define que o conceito mais simples de método é o de caminho para atingir um objetivo, conjunto de ações, passos, condições extensas e procedimento para alcançar este objetivo.

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Oliveira (1985), descreve quatros métodos mais utilizados na Educação Física: método da demonstração; método de resolução de problemas; método global e método parcial.

Método da Demonstração: associado à imitação está na base da educação tradicional, implica a apresentação de modelos e exemplos a serem seguidos ou copiados pelos alunos de maneira involuntária. Este método pode ser muito bem aproveitado quando pretendemos realizar alguma atividade sob comandos, onde o objetivo é o aperfeiçoamento de movimentos sequenciais, onde todos possam realizar em conjunto e ao mesmo tempo.

A demonstração é um modo de transmissão da informação para se alcançar um objetivo, pode ser realizada por partes, desta maneira demonstrando as particularidades do movimento provocando um melhor resultado na ação, podendo a demonstração ser feita na integra, ou seja, a tarefa é demonstrada em uma única vez sem cortes para maiores explicações, ou de forma parcial onde a tarefa é demonstra em partes, por etapas e com interferência tanto do professor quanto do aluno.

Segundo Oliveira (1985), vários autores não recomendam a demonstração e a imitação no processo educativo. Entre eles Betti (2020), diz que, partindo do princípio de que não existem duas pessoas iguais físicas e mecanicamente, considera a imitação um método precário de aprendizagem. Mesmo com muitas críticas ao método de demonstração ele é muito utilizado na escola atual.

Método da Resolução de Problemas toma-se como princípio a livre participação do aluno a reflexão e o esforço intelectual para solucionar o problema proposto, por meio de perguntas dirigidas. Este método tem como objetivo melhorar a criatividade na resolução da situação problema e tem sua essência várias terminologias, porem se refere ao mesmo contexto, sendo a identificação da situação, distinção do problema, investigação, planejamento e execução (OLIVEIRA, 1985).

Este método é o oposto ao método da demonstração, pois desafia o aluno a pensar, refletir como vai fazer para responder as perguntas chaves por meio do movimento executado. Necessitando de criatividade e agilidade para mostrar resultados das experiências realizadas no processo de aprendizagem. Diante do problema para resolver o aluno busca a concentração e compreensão daquela ação que deve realizar.

Com estas perguntas-chave o aluno é estimulado a refletir sobre qual a melhor maneira de executar os movimentos para alcançar o objetivo proposto pelo professor. Nesse sentido, se faz pensar em relação às perguntas, por exemplo, quem consegue controlara bola com os pés, ou desafios os alunos a realizar estafetas passando pelos obstáculos sem esbarrar neles, assim

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por diante vão se construindo perguntas que possibilitem o esforço mental do aluno para solucionar da melhor maneira possível o problema exposto.

Método Global ou Analítico como o próprio nome diz este método parte da totalidade do movimento que é o básico para as partes mais simples que são secundarias. Como o próprio nome diz este método parte da totalidade do movimento que é o básico para as partes mais simples que são secundarias.

Conforme apontado por Oliveira (1985), o jogo seja talvez a atividade que melhor lustra a aplicação do método global, em programas de iniciação esportiva é muito utilizado, conhecido pelo senso comum como "jogar se aprende jogando". Os jogos esportivos são apresentados como um todo, logo é explicitado suas partes, movimentos, passes, técnicas com objetivo de aprimorar o todo que neste caso é o jogo em si.

Tomou-se como exemplo o jogo de futebol. Meninos e meninas, desde a primeira infância conhecem e jogam futebol e então praticam de forma global, ou seja, a partida é o todo e o professor como mediador do conhecimento a partir de todas as regras do futebol, que os alunos julgam conhecer. Sendo assim, posicionamento, nomenclaturas utilizadas, regras até atingir o objetivo que é aprimorar o conhecimento e as habilidades do futebol e nos movimentos que este esporte possui que implicam diretamente nos conhecimentos de Educação Física.

Método Parcial é ensinado para os alunos às porções menores do movimento para se chegar ao todo. A aprendizagem vai se concretizando do mais fácil para o mais complexo com a repetição de movimentos progressiva. Segundo Oliveira (1985), esse método é utilizado por aqueles que acreditam que o todo ao pode ser aprendido após o domínio de cada uma de suas partes isoladamente.

O método parcial se opõe ao método global por ser dada ao aluno a tarefa em partes, uma determinada atividade é dividida em partes e cada uma destas partes deve ser aprendida independente da outra, depois se somando ou juntando até se chegar ao todo. Em relação ao objetivo a ser alcançado podemos dizer que teríamos mais de um objetivo para a mesma tarefa, seria como se tivéssemos objetivos específicos para cada parte da tarefa e um único objetivo geral para reunir e completar o todo.

Este método também é muito utilizado em jogos esportivos, desta vez iniciando a aprendizagem em porções menores, em um jogo de vôlei, por exemplo, o professor apresenta cada técnica do esporte por vez.

Metodologia Aberta ou Concepções Abertas uma das principais características desta metodologia é a busca da autonomia do aluno sozinho ou em conjunto. O processo de

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construção das aulas de Educação Física é realizado em conjunto, em uma parceria entre aluno e professor. O professor deixa de ser o eixo central na construção do conhecimento para se tomar mediador das situações de aprendizagem.

Hildebrandt e Laging (2015) mencionam que, na concepção de uma aula aberta se faz necessário a participação dos alunos, momentos em que os mesmos possam questionar e opinar, a possibilidade da construção coletiva do conhecimento, que a partir de decisões tomadas em conjunto professor e alunos estimulam a criatividade e as relações incentivando a cooperação e socialização.

Na concepção aberta de ensino o aluno deixa de ser mero receptor de informações e passa a participar das decisões na elaboração dos objetivos e na seleção de conteúdo a serem trabalhados. Passa a ser visto como sujeito do ensino o ponto de partida o centro das reflexões didáticas.

Metodologias Criativas não é muito divulgada em escolas brasileiras, considerando poucos estudos sobre o assunto. Pois, para usar a criatividade necessitamos deixar de lado a comodidade em que nos encontramos sair da mesmice e ir além. Procurar novas maneiras de produzir conhecimento e principalmente estimular o aluno a realmente praticar a Educação Física entregar-se de corpo e alma na realização dos movimentos sem sentir vergonha do próprio corpo e o que pode fazer com ele.

Taffarel (2015) define que a criatividade faz parte do ser humano é algo intrínseco, cabe a cada um explorar e estimular a sua criatividade com vistas a resolução de problemas tanto dentro ou fora da escola. Sendo a criatividade um processo natural da pessoa, está é influenciada diretamente pelas suas motivações pessoais, capacidades e habilidades e pelo meio ambiente. No que tange a escola o professorar deverá ser motivador da criatividade do aluno oferecendolhes meios e recursos para despertar a criação de algo novo a construção ou a reformulação de movimentos, pois estamos falando sobre Educação Física.

Trindade (2015) apud Taffarel (2015) diz que um dos principais objetivos deste método é capacitar o aluno a ter autonomia e ser responsável pela sua vida futura, bem como seu agir esportivo.

Nesta metodologia não são aceitos modelos predeterminados, convencionais que moldam os alunos, requerendo que todos sejam iguais, o que se exige são alunos criativos e críticos que tragam para a escola novas formas de fazer Educação Física questionando regras, discutindo opiniões, inventando novos tipos de exercícios e atividades para alcançar resultados positivos que venham somar aos demais colegas.

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Segundo Libâneo (2004), o Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento que detalha objetivos, diretrizes e ações do processo educativo a ser desenvolvido na escola, expressando a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino e os propósitos e expectativas da comunidade escolar.

É de total importância que o professor conheça o PPP da escola, pois é por meio dele que o profissional define e articula suas atividades que serão aplicadas durante o ano e também como dividir melhor seus conteúdos, por bimestre, trimestre, semestre, por turma, pela disponibilidade de espaço físico ou outro, ele também conhecera melhor a realidade social, cultural e econômica em que está presente. O Projeto Político Pedagógico deve ser construído de acordo com as especificidades de cada escola e ser flexível para atender seus alunos.

De acordo com a pesquisa de campo realizada com 19 professores, apenas 5,26% respondeu que não conhece o PPP da escola onde trabalham e 94,74% responderam que conhecem.

Sim Não

Na abordagem sobre os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física, teve-se como opções o esporte coletivo, esporte individual, jogos brinquedos e brincadeiras, ginástica, dançam e lutas. Notou-se que a ginástica foi o conteúdo menos utilizado e os esportes coletivos (futebol, basquete, futsal, vôlei e handebol) foram o conteúdo que todos os professores selecionaram.

O conteúdo esporte é reconhecido como uma das atividades aplicadas nas aulas de educação física não somente pelos professores que priorizam esse conteúdo nas suas aulas, mas também pelos alunos. (ROSÁRIO; DARIDO, 2015)

Mesmo havendo a predominância de um conteúdo nas aulas, ainda há uma restrição na abordagem desses conteúdos, uma vez que a prática esportiva fica restrita a conteúdos práticos de somente alguns esportes, como futsal, voleibol e basquetebol (BETTI, 2020).

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Gráfico Fonte:

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) indicam uma série de diferentes conteúdos a serem abordados nas aulas de educação física no ensino médio. Entre eles estão não somente a prática dos esportes, mas a compreensão dos fatores relacionados à cultura corporal. Dessa maneira, é importante que o aluno tenha conhecimento de aspectos conceituais de atividade física e saúde com o objetivo de que ele tenha conhecimento dos fatores que envolvem a cultura corporal, assim propiciando a autonomia em práticas físicas e aquisição de hábitos de vida saudáveis.

Os PCN’s afirmam que é necessário abordar esse conteúdo de outra maneira, não restringindo a prática esportiva às práticas formais do esporte uma vez que os menos habilidosos têm menor participação, tendo em vista que o sucesso está baseado na vitória e na competição.

Conforme exposto na BNCC (2018), em princípio, todas as práticas corporais podem ser objeto do trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. Ainda assim, alguns critérios de progressão do conhecimento devem ser atendidos, tais como os elementos específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos conhecimentos.

Na BNCC (2018), as unidades temáticas de Brincadeiras e jogos, Danças e Lutas estão organizadas em objetos de conhecimento conforme a ocorrência social dessas práticas corporais, das esferas sociais mais familiares (localidade e região) às menos familiares (esferas nacional e mundial). Em Ginásticas, a organização dos objetos de conhecimento se dá com base na diversidade dessas práticas e nas suas características.

Em Esportes, a abordagem recai sobre a sua tipologia (modelo de classificação), enquanto Práticas corporais de aventura se estrutura nas vertentes urbana e na natureza.

Gráfico 02 – Critérios para seleção de conteúdos

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

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0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

O professor de educação física deve adotar certos critérios para selecionar conteúdo a serem aplicados nas suas aulas, seguindo orientações do Currículo Referência de Minas Gerais, documento elaborado a partir dos fundamentos educacionais expostos na Constituição Federal (CF/1988), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), no Plano Nacional de Educação (PNE/2014), na Base Nacional Comum Curricular (BNCC/2018) e a partir do reconhecimento e da valorização dos diferentes povos, culturas, territórios e tradições existentes no estado como competições, interesse dos alunos pelo conteúdo, PPP da escola, afinidade com o conteúdo ou trabalhar com a cultura corporal de movimento por meio de jogos, esporte, dança, ginástica e lutas, esses critérios deverão trabalhar a socialização e o desenvolvimento dos alunos e para isso alguns professores utilizam de festivais, realizações de eventos em datas comemorativas, campeonatos internos, considerando que tudo isso engloba metodologias inerentes à atividade do professor.

Segundo Maximiano (1992), uma organização é uma combinação de esforços individuais que tem por finalidade realizar propósitos coletivos.

Todo professor tem a maneira como gosta de organizar seus conteúdos, seja ela por bimestre, trimestre, semestre, por turma ou pela disponibilidade de espaço. Quando o professor já tem sua maneira de organização pré-estabelecida evita que ocorra grandes imprevistos. A organização e o planejamento são os melhores caminhos para realizar um cronograma de atividades criativo, que apresente novidades e seja atrativo para os alunos.

Gráfico 03 – Critérios para seleção de conteúdos

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

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0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
COMPETIÇÕESINTERESSE DOS ALUNOS PPPAFINIDADE COM O CONTEUDO CULTURA CORPORAL DO MOVIMENTO

Nota-se que 60% dos professores organizam suas atividades por bimestre o que segundo dados da pesquisa, em cada bimestre é trabalhado um tipo de modalidade esportiva, possibilitando assim que os alunos possam experimentar diversas modalidades esportivas durante o ano letivo.

Gráfico 04 – Organização dos conteúdos

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Na percepção dos professores entrevistados, os alunos tiveram boa aceitação nas aulas de educação física, considerando que 40% disseram ser muito boa e 35% disseram ser excelente.

Entende-se que a aceitação da disciplina em grande parte pelos alunos, é pela forma como os conteúdos são oferecidos e ministrados nas aulas de educação física.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

Gráfico 05 – Receptividade dos alunos nas aulas de educação física

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

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Existem várias maneiras de se obter o conhecimento de metodologias para a aplicação nas aulas de Educação Física. Todos os professores entrevistados responderam que adquiriram esse conhecimento durante a graduação, e alguns completaram com a prática (experiência profissional) e formação continuada.

Para Chimentão (2009), a formação continuada de professores tem sido entendida como um processo permanente de aperfeiçoamento dos saberes necessários à atividade profissional, realizado após a formação inicial, com o objetivo de assegurar um ensino de melhor qualidade dos educandos.

A profissionalização começa com a primeira graduação, a partir daí é necessário aprofundar os saberes que não foram alcançados com a formação inicial. Ressaltando que também se aprende com a prática, com seus pares, pois todos os seres humanos necessitam de capacitação para atenderem as exigências do mercado, seja na área da educação ou não, tudo é conhecimento.

Aprender é um processo de transformação relativamente permanente do comportamento humano, onde muitas vezes somos observados e avaliados constantemente sobre nossas ações e posteriormente sobre os resultados alcançados.

Importante ressaltar que 45% dos profissionais trabalham em cima das metodologias obtidas durante a graduação e 35% por experiência profissional e 25% através de formação continuada por cursos e pós-graduação.

Gráfico 06 – Obtenção de conhecimento das metodologias em sala de aula

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

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5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%
0%
DURANTE A GRADUAÇÃO PRATICA (EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL) FORMAÇÃO CONTINUADA OUTROS

Quando questionados sobre a função da avaliação, 80% dos entrevistados responderam que ela serve para acompanhamento do processo ensino-aprendizagem do aluno e fazer o acompanhamento desse processo ensino-aprendizagem. Cada pessoa aprende e assimila de maneiras diferentes. Alguns tendo mais facilidade em determinadas áreas do conhecimento do que outros.

Gráfico 07 – Função da avaliação

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Segundo Luckesi (2005), o papel da avaliação é diagnosticar a situação da aprendizagem, tendo em vista subsidiar a tomada de decisão para a melhoria da qualidade do desempenho do educando. Nesse contexto, a avaliação, segundo esse autor, é processual e dinâmica. Na medida em que busca meios pelos quais todos possam aprender o que é necessário para o próprio desenvolvimento, é inclusiva. Sendo inclusiva é, antes de tudo, um ato democrático.

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5%

0%

Gráfico 08 - Instrumentos utilizados para a avaliação

Fonte: Dados da pesquisa (2022)

Entre os instrumentos que os professores utilizam para realizar a avaliação dos alunos durante suas aulas estão as observações diárias que devem ser centradas na aprendizagem do aluno. As provas práticas e teóricas para acompanhar o nível de aprendizagem e desenvolvimento motor do aluno, a auto avaliação do profissional que também é muito importante para procurar sempre evoluir, a assiduidade do aluno e realização de trabalho também são ótimas formas de realizar as avaliações. Os professores entrevistados responderam não utilizar em apenas uma única forma de avaliação, pois teriam poucos elementos para julgar o desenvolvimento de um aluno como pode ser observado na Figura 08.

O professor precisa refletir ainda, o que será feito com os resultados, como serão analisados, como serão devolvidos, o que será realizado após os resultados, conforme o nível de aprendizagem dos alunos, bem como, definir qual a melhor forma de avaliar seus alunos, considerando o momento e a modalidade de avaliação.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho teve por objetivo identificar os diferentes tipos de metodologias utilizadas nas aulas de educação física do ensino médio da rede pública. Os instrumentos de coleta de dados foram questionários e observações não participativas das atividades realizadas pelos

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10% 15% 20% 25% 30%

docentes e para aprofundar mais sobre o tema buscou-se realizar leituras para a elaboração das considerações seguintes.

As aulas de educação física são de grande valia para o desenvolvimento do aluno, contudo a disciplina deve fazer parte do currículo escolar bem como qualquer outra devendo ser abordada com comprometimento e seriedade. Por si o aluno é visto como ser humano integral, o corpo está ligado com a mente e com o espírito, a aula de educação física vai além do movimentar o corpo.

A educação física no ensino médio contempla a última etapa das aulas práticas utilizadas pelos professores. As atividades elaboradas contribuem significativamente com o desenvolvimento das capacidades físicas dos alunos e devem corresponder com as expectativas destes por serem exigentes. A interação entre pr ofessores e alunos é um aspecto fundamental a serem levados em consideração. Assim como as metodologias utilizadas o planejamento das aulas tem como foco a construção de indivíduos ativos no meio social.

Foi possível concluir que pode haver aulas de Educação Física de qualidade em escolas públicas, desde que os professores se empenhem em buscar conhecimentos e novas metodologias para trabalhar com seus alunos. A formação continuada, é uma boa oportunidade para obter novos conhecimentos e amadurece-los; A internet pode ser uma grande alinhada para se manter atualizado, como também pode ser usada como ferramenta de pesquisa sobre novas metodologias, atividades, exercícios e jogos.

REFERÊNCIAS

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BNCC, Glossário Digital. Desenvolvido por Somos Educação /Kroton. Disponível em: http://glossario-digital-bncc-00-c8118adcf4fcd.webflow.io/ Acesso em: 18 out. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação Básica. Atualiza as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Resolução nº 3, de 21 de novembro de 2018. Relator: Ivan Cláudio Pereira Siqueira. Brasília – DF, 21/11/2018. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO – Publicado em: 22/11/2018, Edição: 224, Seção: 1, Página: 21.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Introdução. Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CONSED. Coletânea de Materiais – Frente Currículo e Novo Ensino Médio. Disponível em: www.consed.org.br. Acesso em 29 ago. 2022.

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CHIMENTÃO, Lilian Kemmer. O significado da formação continuada docente. Universidade de Londrina, 2009.

CRMG – Currículo Referência de Minas Gerais. SEE MG, dezembro 2018.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2019.

HILDEBRANDT, Reiner. LAGING, Ralf. Concepções abertas no ensino da educação física. Rio de janeiro: Ao livro técnico, 2015.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. Coleção magistério 2°grau formação do professor. São Paulo: Cortez, 1994.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: Estudos e Preposições. 22ª ed. São Paulo, Cortez, 2005.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2021.

MAXIMIANO, Antônio César. Introdução a administração. 3ª ed., São Paulo. Editora Atlas, 1992.

MICHEL, Maria Helena. Metodologia e pesquisa científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 2015.

OLIVEIRA, Vitor Marinho de. Educação Física Humanista. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1985.

ROSÁRIO, Luís Fernando. Rocha. DARIDO, Suraya Cristina. A sistematização dos conteúdos da educação física na escola: a perspectiva dos professores experientes. Motriz, Rio Claro, v. 11, n. 3, p. 167-178, set./dez. 2015.

TAFFAREL, Celi Nelza Zulke. Criatividade nas aulas de Educação Física. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 2015.

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A MULHER NEGRA NO MERCADO DE TRABALHO E SUAS DESVANTAGENS: UMA INTRODUÇÃO

RESUMO

Considerando as diversas desvantagens enfrentadas pelas mulheres negras no mercado de trabalho, tais quais desigualdade de gênero, cor e raça, rendimentos menores e promoções, são objetivo do artigo evidenciá-las, mostrar os dados estatísticos, e sugerir possíveis melhorias para as mulheres negras no mercado de trabalho, através de uma revisão de literatura. E para compreender a discriminação existente, é necessário entendermos a trajetória dessas mulheres antes de sua inserção no mercado de trabalho. Dando evidência as desigualdades que surgem antes mesmo do trabalho formal e com consequência reflete no acesso a educação, e oportunidades de trabalho. Os resultados obtidos mostram que apesar de algumas mulheres estarem alcançando seu espaço no mercado de trabalho formal, ocupando cargos de destaque, as mulheres negras ainda são minoria, comparando-as com as mulheres brancas, e essa diferença é ainda maior quando se compara aos homens brancos. Nota-se que as desvantagens ainda são um tanto quanto relevantes no cotidiano das mulheres negras, que tentam se inserir no mercado de trabalho, este artigo sugere algumas melhorias que podem ser implementadas dentro das organizações, com foco nesta classe.

Palavras-chave: Mercado de Trabalho. Mulher Negra. Desvantagens.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como foco principal evidenciar as desvantagens enfrentadas pelas mulheres negras no mercado de trabalho, visando demonstrar o quanto a busca por igualdade ainda se faz presente na vida de muitas mulheres. Elas estão à procura de igualdade de gênero, cor, raça, rendimentos e promoções. Essa é uma realidade que faz parte do Brasil e está presente em diferentes âmbitos. O mercado de trabalho é um dos exemplos, onde mulheres, principalmente negras, têm lutado por seus direitos e espaços, garantindo assim, um país mais justo.

1 Acadêmicso do curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares.

2 Professor de graduação e Pós‐graduação. Bacharel em economia; Mestre em economia. alysonmorais@unipac.br

3 Professora de graduação. Bacharel em economia. Mestre em economia. fenicialopes@gmail.com

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Gabriela Tayná da Silva, Rayssa Ferreira Santos, Sarah Jane Andrade Moura, Thais do Nascimento Perp1étuo, Alyson Fidelis de Morai2s, Fenícia Helena Coelho Oliveira Lope3s

O método de pesquisa utilizado foi pesquisa exploratória, em que foram usadas as técnicas de coleta de dados secundários, além de referências já publicadas relacionadas com o tema escolhido. De acordo com GIL (2007) é uma metodologia que costuma envolver entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; levantamento bibliográfico; análise de exemplos que estimulem a compreensão.

O artigo foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, os conceitos analisados foram: As desvantagens enfrentadas pelas mulheres negras no mercado de trabalho, tendo como principais desvantagens a desigualdade de gênero, cor e raça, rendimentos menores e promoções, para embasar nossa pesquisa utilizamos artigos relacionados ao tema.

No ano de 2022, várias mulheres já ocupam espaços onde no passado somente eram ocupados por homens, como nas áreas de gestão e política, atingindo grandes cargos, e liderando grandes organizações, isso depois de muitas lutas e movimentos contra opressões e discriminação da mulher, obtendo então seus direitos ampliados.

Apesar de determinados avanços, as mulheres negras ainda são tratadas com indiferença, são diversos privilégios que são instituídos para as mulheres brancas, divergente dos destinados às mulheres negras, isso são marcas de uma sociedade racista e sexista.

Tendo em vista o atual cenário (2022), no mercado de trabalho feminino negro, a motivação deste presente texto é de enfatizar que, por mais que o alcance das mulheres negras ao trabalho formal tenha alavancado, ainda há muitos obstáculos a serem vencidos por elas. A escolha do tema do artigo se justifica em demonstrar como ainda é de suma relevância discutir desigualdade de gênero, cor e raça, rendimentos menores e promoções, de maneira que se possa obter uma reflexão e conscientização sobre o assunto.

2 MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho vem se desenvolvendo com o passar do tempo, trazendo mudanças tecnológicas e diversas alterações de padrões econômicos. Nele se tem relação entre trabalhadores e organizações.

Para Carvalho o mercado de trabalho diz respeito às ofertas de trabalho ou emprego oferecidas pelas organizações, em determinada época ou lugar, e sofre instabilidade decorrente do número de empresas existentes em certa região e sua demanda, o que gera disponibilidade de vagas e, portanto, oportunidades de emprego. (2008, apud DEBORTOLI, 2017, p. 4)

O mercado de trabalho é muito importante para a trajetória de um indivíduo,

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possibilitando que o mesmo acesse determinadas funções formais e consiga assim ingressar nelas. Obtendo bons resultados, gerando forte efeito positivo na vida socioeconômica e contribuindo para a produção de novos conhecimentos na vida dos colaboradores.

O seu funcionamento é de extrema importância para a economia do país, seu bom desenvolvimento pode trazer muitos benefícios tanto para o colaborador quanto para a organização. “Este arranjo está inserido no sistema mais amplo da produção capitalista, cumprindo duas funções: aloca os trabalhadores de uma sociedade em diferentes espaços produtivos e assegura renda àqueles que participam desta relação.” Horn (2006, apud OLIVEIRA e PICCININI, 2011, p. 1520).

2.1 Mulher no mercado de trabalho

“O ingresso das mulheres no mercado de trabalho se deu de forma intensa pois a necessidade de complementação de renda familiar fez com que elas fossem introduzidas no trabalho remunerado de maneira forçada, sendo obrigadas a aceitarem desempenhar tarefas pesadas e mal remuneradas como afirma Amaral” (2013, apud VENÂNCIO, 2019, p. 26)

Essas mulheres recebiam valores bem inferiores aos homens mesmo exercendo as mesmas funções, essa desigualdade ainda está presente nos dias de hoje, em 2022. De acordo com MARTINS (2005), mulheres são marginalizadas e se submetem a trabalhos com valores bem inferiores prestando serviços em jornadas excessivas, apenas para conseguir um emprego e obter um salário. E, além do trabalho externo, ainda tem a responsabilidade com a casa, marido e filhos, trabalhando bem mais que os homens, pois as tarefas são diversas. Um estudo realizado por REVELO (2020) mostra que as empresas estavam começando a abrir portas para as mulheres no mercado de trabalho, mesmo que ainda fosse em valores bem inferiores aos homens e que essas mulheres se cobravam mais, eram mais críticas consigo mesmo, devido ao grande questionamento e dúvidas sobre suas habilidades e capacidades, e exigindo menos na pretensão salarial.

No século XXI, as mulheres ainda vêm buscando igualdade mostrando que têm capacidade de desenvolvimento como os homens, que precisam ser reconhecidas pela sociedade depois de tanta luta, sofrendo as mais diversas discriminações, preconceitos e desigualdade tanto de gênero quanto social.

Hoje as mulheres se infiltraram em todos os setores do mercado de trabalho e atingiram cargos de alta responsabilidade. No entanto, é importante ressaltar que a participação feminina no mercado de trabalho, desde o início até hoje, é conduzida,

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juntamente, por um elevado grau de discriminação. (MUNIZ; BACHA; PINTO, 2015, p. 83).

2.2 Mulher negra no mercado de trabalho

Muitas mulheres negras no Brasil iniciam o trabalho externo cedo, nem sempre tem oportunidade de estudar ou de ter um trabalho formal, por necessidades financeiras acabam inseridas em trabalhos informais e pouco valorizados. “Os principais fatores de discriminação salarial em termos de raça são decorrentes dos retornos de educação, experiência e profissão sem regulação, como o trabalho autônomo e sem carteira de trabalho assinada” Frio & Fonte (2018, apud FERREIRA, 2019, p. 3). Em uma matéria publicada pela CARTA CAPITAL, em 14 de dezembro de 2019, é mostrado a realidade de algumas mulheres, ressaltando que, segundo o IBGE, a pesquisa é uma “Análise das Condições de Vida da População Brasileira”, nela mostra que 63% das casas chefiadas por mulheres negras vivem abaixo da linha da pobreza, essas mulheres muitas vezes vêm de famílias muito humildes e acabam não terminando nem os estudos fundamentais.1

Em 2022, até então se tem reflexos deixados pela escravidão, muitas mulheres ainda trabalham de forma escrava. Algumas organizações já vêm criando políticas de inclusão para essas mulheres em bons cargos, oferecendo capacitação, ascensão, publicidade, engajamento em diversas áreas e trazendo ótimos resultados.

3 DESVANTAGENS ENFRENTADAS PELAS MULHERES NEGRAS NO MERCADO DE TRABALHO

Se tratando de mulher negra no mercado de trabalho, pode-se destacar as seguintes desvantagens: desigualdade de gênero, cor e raça, rendimentos menores e promoções. Primeiramente, para se conceituar desigualdade de gênero, é necessário iniciar pelo conceito de gênero:

Gênero, dentro da humanidade e nas relações sociais, é descrito como uma classificação de masculinidade e feminilidade. Ao contrário do senso comum, gênero não tem, necessariamente, a ver com sexo biológico. O gênero diz respeito à forma como as relações sociais enquadram em padrões o comportamento esperado de cada sexo (PORFÍRIO, 2022).

1 (FERREIRA, Cláudia Aparecida A.; NUNES, Simone C Mulheres Negras no Mercado de Trabalho: Interseccionalidade entre Gênero, Raça e Classe Social, In: XL III Encontro da ANPAD. EnANPAD. São Paulo/SP. 02 a 05 Out. 2019) disponível em: https://www.cartacapital.com.br/sociedade/no‐brasil‐63‐das‐casas‐chefiadas‐por‐mulheres‐negras‐estao‐abaixo‐da‐linha‐da‐pobreza/.

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Entende-se então, por desigualdade de gênero, quando há uma preferência de um gênero em relação a outro, de maneira que um fique em desvantagem. As vontades e direitos dos homens em geral foram priorizados, e colocados em local de destaque, se sobressaindo aos das mulheres.

Como demonstrado pelo IBGE (2018), as mulheres se dedicam em cuidar dos outros e dos afazeres domésticos. Esses dados se modificam dependendo da região. Na região nordeste a predominância das mulheres em trabalhos domésticos é bem maior em relação aos outros estados, enquanto na região sul os homens são mais participativos. A questão de gênero é construída na sociedade historicamente, assim como as várias territorialidades vivenciadas pelas mulheres.

Ao aceitarmos que a construção do gênero é histórica e se faz incessantemente, estamos entendendo que as relações entre homens e mulheres, os discursos e as representações dessas relações estão em constante mudança. Isso supõe que as identidades de gênero estão continuamente se transformando. Sendo assim, é indispensável admitir que até mesmo as teorias e as práticas feministas com suas críticas aos discursos sobre gênero e suas propostas de desconstrução estão desconstruindo (LOURO, 2014, p.39).

Nessa perspectiva, pode-se destacar que as mulheres têm conseguido avançar em espaços públicos e privados antes ocupados somente pelos homens. Observa-se que as desigualdades de gênero foram superadas a princípio em algumas áreas educacionais. Evidencia-se que as mulheres possuem mais acesso à educação que os homens, principalmente em cursos de graduação. No entanto, não conseguiram transpor estigmas e estereótipos cristalizados na sociedade. Elas, no mercado de trabalho, mesmo sendo mais qualificadas, precisa afirmar constantemente com suas atitudes que são tão competentes como o sexo masculino.

Nesse sentido, sabe-se que:

Na desigualdade por gênero e raça, não há novidade sobre o fato das mulheres negras ganharem menos que os homens em todos os estados brasileiros e em todos os níveis de escolaridade. Elas saem do mercado mais tarde, aposentam-se em menores proporções que os homens e há mais mulheres negras idosas que não recebem nem aposentadoria nem pensão. Isto reflete as condições em que estas mulheres estão no mercado brasileiro (PINTO, 2006, p. 4).

Ressalta-se que as mudanças nas estruturas da sociedade demonstram condições favoráveis que impulsionam e encorajam às mulheres a serem mais participativas em tomadas de decisões e até mesmo a ocuparem cargos de liderança. O mundo passa por transformações

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culturais, sociais, econômicas e políticas e as mulheres têm contribuído significativamente para a evolução de um novo olhar que a sociedade tem sobre elas.

De acordo com ALVES E CAVENAGHI (2018) as mulheres passam por um processo de empoderamento que possibilita a reconfiguração do gênero. Pode-se concluir que, existem mudanças que levam tempo para se tornarem perceptíveis. Falar em modificar a estrutura da sociedade é desconstruir paradigmas solidificados no tempo e no espaço e reconstruir novos conceitos.

Outra desvantagem enfrentada pelas mulheres negras que se deve destacar é relativa à cor e raça. De acordo com pesquisa no Dicionário Online de Português (DICIO, 2022), a palavra raça significa: “categorização que pretende classificar os seres humanos, pautando-se em caracteres físicos e hereditários. Grupo de indivíduos cujos caracteres biológicos são constantes e passam de uma geração para outra: raça branca, raça negra etc”.1

Conforme está informado no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE pesquisa a cor ou raça da população brasileira com base na autodeclaração. Ou seja, as pessoas são perguntadas sobre sua cor de acordo com as seguintes opções: branca, preta, parda, indígena ou amarela” (IBGE, 2022).2

De acordo com Leonardo Athias, pesquisador da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, este é um preceito de direitos humanos: “a identificação é da pessoa, é ela que sabe como se entende, porque é uma interação social, uma percepção de si mesma e do outro. Eu não vou classificar o outro, até porque muitas vezes isso foi feito para segregar, para perseguir’. (apud GOMES e MARLI, 2018, p. 17).

Por fim, rendimentos menores e promoções, que é outra grande desvantagem enfrentada pelas mulheres negras no mercado de trabalho. Segundo Ribeiro & Schlegel (2015, apud FERREIRA, 2019) “as mulheres, independentemente da cor, e de forma similar aos homens negros, recebem rendimentos menores, mesmo possuindo o mesmo diploma que os homens brancos”.

Diante a sociedade racista e sexista que se vive atualmente, a mulher negra sempre ocupou empregos informais. Segundo Sousa (2013), “a inserção das mulheres negras, como assalariadas no setor privado, é bem menor que as brancas, e a maior evidência encontra-se

1 DICIO, Dicionário Online de Português. Raça. Disponível em: https://www.dicio.com.br/raca

2 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cor ou raça: IBGE 2022 Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca‐o brasil/populacao/18319‐cor‐ou‐raca.html#:~:text= De%20acordo%20com%20dados%20da,1%25%20como%20amarelos%20ou%20ind%C3% ADgenas.

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em serviços domésticos”.

Ainda existem muitas brasileiras que sofrem com as mais diversas formas de violência, discriminação e salários desiguais. A grande parte da população feminina ainda tem a cara da pobreza, da miséria e da falta de acesso. Isso reflete uma relação de poder desigual entre homens e mulheres na sociedade. Relação esta que deixa marcas duráveis, difíceis de combater por estarem arraigadas na sociedade (PINTO, 2006, p. 2).

Para a mulher negra, viver constrangimentos e situações desagradáveis no ambiente de trabalho é algo comum, além de ser desafiador encontrar um trabalho digno, viver as situações presentes nele é ainda mais difícil. Segundo TRIPPIA e BARACAT:

Na forma desigual de acesso ao emprego, às posições de ocupação no mercado de trabalho, nas diferenças salariais e nas atividades desenvolvidas. Ademais, há grande dificuldade para mulheres negras concluírem os estudos, dificultando o acesso a melhores oportunidades de trabalho, e, assim, a uma condição financeira maior e melhor (TRIPPIA e BARACAT, 2014. p. 2).

Além das diversas barreiras para entrada da mulher no mercado de trabalho, ao analisar precisamos estar atentos a sua permanência e ascensão no mesmo. Muitas vezes essas mulheres se sentem culpadas, sofrem muitos preconceitos, gerando muitas inseguranças em mostrar suas habilidades, podendo ficar na zona de conforto.

4 DADOS DA MULHER NEGRA NO MERCADO DE TRABALHO

4.1 Desigualdade de gênero

As estatísticas sobre a desigualdade social da mulher negra referente ao seu gênero possuem altos índices de diferenças. Análises do IBGE revelam dados específicos sobre este estudo de casos, e neles mostram que desigualdade entre o gênero é bem relevante e, até os tempos atuais, essa situação tem sido vivenciada em várias regiões do Brasil.

Em 2019, 54,5% das mulheres com 15 anos ou mais faziam parte da força de trabalho do país, segundo levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os homens, foi de 73,7%. A força de trabalho é composta por todos aqueles empregados ou à procura de trabalho. Os dados constam da segunda edição do estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais para Mulheres Brasileiras. Traz todo tipo de informação sobre as condições de vida das mulheres no Brasil em 2019.

Segundo Anastasia Divinskayan, “no Brasil, as oportunidades de acesso a emprego de

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qualidade sempre foram diferentes para homens e mulheres, negros, negras, brancos e brancas”.

4.2 Cor e raça

Se tratando de cor e raça, no 1º trimestre de 2021, a população brasileira estimada foi de 212 milhões de habitantes, de acordo com os dados da PNAD Contínua do IBGE, com a seguinte subdivisão de cor ou etnia: população negra representou 54,5% do em geral, sendo 45,9%cor parda e 8,7% cor preta; a população branca declarada foi de 45,2%, sendo 44,4% cor branca e 0,7% cor amarela; a população indígena representou 0,3% do geral da população e pessoas sem declaração de cor, 0,03%. (IBGE. Elaboração: NPEGEN - Microdados dados PNAD contínua trimestral. 2021).

De acordo com uma análise realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), “verificou-se que a desigualdade entre negros e brancos se aprofundou durante a pandemia, segundo a pesquisa dos oito milhoes de pessoas que perderam o emprego entre o 1º e 2º semestre de 2020, 71% seriam homens e mulheres negras, o que seria aequivalente a 6,3 milhoes de pessoas”.1

Segundo DIEESE, para as mulheres negras, o emprego no setor público com carteira assinada aumentou quase 20,0%; o trabalho doméstico sem carteira assinada aumentou 16,8%; e as autônomas, 15,8%. Para os homens negros, houve aumento de assalariados não registrados do setor privado (23,4%) e autônomos (13,5%).

Segundo a Pesquisa Nacional por amostra de domicílios Contínua, as razões de renda entre as categorias de cor da pele ou etnia e gênero indicam que as diferenças de cor ou etnia são maiores do que as diferenças de gênero. Enquanto as mulheres ganhavam 78,7% do que os homens ganhavam, em 2018, as pessoas de cor ou preto ou pardo ganhavam apenas 57,5% do que as pessoas de cor ou branca ganhavam.

As diferenças de cor ou raça podem ser explicadas por fatores como segregação ocupacional, oportunidades educacionais reduzidas e salários mais baixos em ocupações semelhantes. As razões de renda combinadas por cor da pele ou por raça e gênero mostram comparações diferentes. Destaca-se a vantagem dos homens brancos sobre os demais grupos demográficos, com a maior diferença de renda em relação às mulheres pretas ou pardas, que

1 Para mais detalhes da desigualdade entre negros e brancos: Disponível em https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2020/boletimEspecial03.html.

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ganham menos da metade dos 44,4% renda dos homens brancos. (IBGE, 2018).

4.3 Rendimentos

“Em 2018, o rendimento médio mensal dos ocupados brancos (R$ 2.796,00) foi 73,9% superior ao dos pretos ou pardos (R$ 1.608,00). Essa diferença relativa corresponde a um padrão ano a ano. Desigualdade salarial favorável na população ocupada branca ocorre com intensidades variadas nas principais regiões, mas persiste nas unidades federativas de menor renda - Maranhão, Piauí e Ceará - e nas unidades federativas de maior renda - Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro''. (IBGE, Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios Contínuos, 2018).

Uma comparação entre os grupos mostra que a renda média das mulheres negras é de apenas 65,2% (R$1.659,52) da renda média do Brasil, ante 79,2% (R$2.016,59) dos homens negros e 111,1% (R$2.826,55) das mulheres brancas. Homens brancos 144,4% (R$3.673,91). Isso mostra que a renda média das mulheres negras é de apenas 45,2% de pessoas brancas. A situação torna-se ainda mais desigual quando se considera a condição familiar mais relevante, a de chefe de família.

De acordo com os dados da PNAD, não se pode afirmar com certeza que a pessoa considerada chefe do domicílio seja os que ganham mais, mas é concebível que uma grande proporção daqueles considerados chefes de família sejam aqueles encontrados nesse caso. Assim, a renda média de uma mulher negra chefe de família parece ser apenas 67,7% da renda média do Brasil ou 38,5% da renda de um homem branco.

Além disso, a ênfase nas mulheres negras, o único grupo social cuja renda dificilmente muda com o chefe da família. Isso indica uma vulnerabilidade desse grupo, especialmente diante da renda desse segmento de mulheres, que são mães com filhos pequenos e sem cônjuge. Lembre-se, no contexto da pandemia, não há creches, escolas e com formas alternativas de ajuda financeira, a vulnerabilidade dessas mulheres fica mais aparente. (FACAMP; IBGE; PNAD, 2021).

A taxa de desemprego apresentada indica uma intensificação da crise do mercado de trabalho no primeiro trimestre de 2021. O número de desempregados atingiu um recorde histórico no território brasileiro. A taxa de desemprego no Brasil foi de 12,2% no primeiro trimestre de 2020, atingindo 13,9% e 14,7% no quarto trimestre de 2020 no primeiro trimestre de 2021. Além disso, ao analisar os grupos, pode-se notar que essas proporções podem variar

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amplamente considerando.

Como de costume, as mulheres negras têm a maior taxa de desemprego (17,3% no primeiro trimestre de 2020, 19,2% no quarto trimestre de 2020 e 21,4% no primeiro trimestre de 2021), com todos os outros grupos mostrando é menor que a brasileira (14,0% para homens negros e mulheres brancas e 9,9% para homens brancos no primeiro trimestre de 2021. (FACAMP; IBGE; PNAD 2021).

5 SUGESTÃO DE MELHORIAS PARA AS MULHERES NEGRAS NO MERCADO DE TRABALHO

Neste trabalho foram apresentadas três desvantagens enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho. Entre elas está a desigualdade de gênero, que segundo uma estatística divulgada pelo IBGE em março de 2021 “se trata de um fator histórico, e com a pandemia só veio agravar a situação”.1

Um dos fatores de melhoria são as empresas começarem a abordar a paridade de gênero, de forma primordial com consciência da diversidade e inclusão. Em dezembro de 2021, foi aprovado no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB uma proposta de paridade de gênero dentro da entidade, com o intuito de manter as políticas institucionais, incentivando e fortalecendo a nomeação e indicação de outras mulheres em cargos de liderança.

De acordo com MELLO (2022), “o conselho alcançou pela primeira vez uma composição partidária representada por 81 mulheres, tratando-se de uma evolução histórica”.2

Esse cenário retrata que a desigualdade está presente em todos os âmbitos, e que promover ações semelhantes a essa é lidar com a diversidade, esta que está na promoção de paridade de gênero dentro da sociedade e principalmente dentro das organizações, através do diálogo aberto ressaltando a conscientização do tema, também no lançamento de campanhas com periodicidade sobre o assunto.

Tratar e verificar os processos de recrutamento da empresa, com objetivo de analisar

1 Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil ‐ 2ª edição. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/novo‐portal‐destaques/29945‐ibge‐divulgara‐em‐4‐de‐marco‐estatisticas‐de‐genero‐indicadores‐sociais‐das‐mulheres‐no‐brasil‐2‐edicao.html

2 Mello, Célia Cunha. Paridade de gênero nas instituições, a revolução do óbvio. Disponivel em: https://www.editorajc.com.br/paridade‐de‐genero‐nas‐instituicoes‐a‐revolucao‐do‐obvio/#:~:text=Com%20a%20aprova%C3%A7%C3%A3o%20da%20proposta,evento%2C%20entre%20 homens%20e%20mulheres%20%E2%80%93.

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as mediddas adotadas para os processos de seleção, observando se o recutamento esta sendo justo e sem diferenciação, a fim de reduzir a desigualdade entre gêneros para a geração do século XXI e geração futura.

A cor e a raça têm conceitos diferenciados, a raça envolve características físicas, culturais e a cor da pele. Tratando das melhorias neste cenário, onde a caracterização se trata de mulheres negras, deve-se apresentar simultaneamente as melhorias para essas desigualdades; cor e raça, onde as mulheres negras pertencem ao grupo desfavorável de ambas as desigualdades. Sendo assim, um fator de melhoria que já se encontra em vigor (2022), mas não se trata exclusivamente para mulheres negras de uma forma caracterizada, é o sistema de cota racial nas empresas.

A Comissão de Direitos Humanos - CDH “elaborou um projeto de emenda da lei 2067/21 em nível nacional, que determina que o governo exija que 30% das vagas de empresas contratadas por licitação pública seja destinada a pretos, pardos e indígenas.”1

Evidencialmente, as medidas até então apresentadas não são tão eficazes para essa raça, e principalmente para as mulheres negras, pois se trata de empresas isoladas, o que consequentemente não permite que as mulheres estejam inseridas em diferentes partes ou instituições. Uma melhoria neste cenário, seria a promoção de emendas constitucionais tratando exclusivamente das cotas raciais para as mulheres negras, levando em consideração a obrigatoriedade de que em todas as empresas de modo geral tenham sistemas de cotas proporcionais ao número de funcionários, e promovam medidas internas como a capacitação dessas mulheres, para impulsionar a educação, e oportunidades de crescimento dentro da instituição.

Outra desvantagem a ser destacada para que ocorra alavancagem dos rendimentos das mulheres negras, é a falta da equidade salarial e de cargos, que é uma questão que deve ser tratada com seriedade. Ao analisar esse cenário, é notório que, de acordo com as estatísticas apresentadas, que há baixos rendimentos em relação à cor ou gênero até o presente momento de 2022.

O desafio para as mulheres mais escolarizadas é participar de forma equitativa nas carreiras consideradas guetos ocupacionais masculinos, em que há salários mais altos, e alcançar posições de comando nos diferentes setores do mundo do trabalho (LIMA, 2001).

O fato da ascensão profissional da mulher negra deve ser aprofundada, principalmente

1 Projeto de Lei PL 2067/2021 Disponivel em: PL 2067/2021 — Portal da Câmara dos Deputados.

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evidenciar as possíveis melhoras nas diretrizes da empresa nos processos de seleção de pessoas, estudando essas mulheres de maneira abrangente através do envolvimento da área de recursos humanos das organizações, a fim de transformar as políticas da empresa, quanto às promoções, equidade de salários e cargos, fortalecendo os intergrupos, evitando-se assim, preconceito e discriminação.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos dados mencionados, sobre a situação das mulheres negras no mercado de trabalho, a análise que se que evidenciou através da revisão de literatura, é que a desigualdade ainda se faz presente em diferentes raças, cor e gênero, além de interferir nos rendimentos e promoções dentro das organizações. De acordo com os indicadores apresentados, pessoas de cor ou raça preta e parda ocupam postos de menor remuneração. Em relação ao grupo de mulheres negras esses indicadores são ainda menores.

As estatísticas apresentadas durante o artigo revelam o quanto ainda é predominante às diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho, seja pelo cargo, rendimentos financeiros e oportunidades de crescimento. Os indicadores da desigualdade de gênero retratam que as mulheres se dedicam aos afazeres domésticos, quase o dobro de tempo em relação aos homens.

Entretanto, os aspectos analisados retratam o quanto essas desvantagens mencionadas contribuem para as desigualdades existentes, dificultando a melhoria em suas carreiras, e a visibilidade no âmbito laboral. Estes resultados são principalmente influenciados por falta de medidas a serem implementadas dentro da sociedade e das organizações públicas e empresariais.

As melhorias sugeridas incorporam uma série de sugestões a serem implementadas pelas organizações políticas juntamente com as organizações empresariais, como objetivo de aprimorar algumas medidas já presentes mas que ainda não são totalmente voltadas para o público em questão, medidas essas como a paridade de gênero dentro das organizações, o programa de cota racial que é a equidade salarial.

Desta forma, se as medidas mencionadas neste presente artigo forem implementadas ao longo dos tempos, de forma objetiva e clara, as chances de garantir a todos os cidadãos, sem exceções os direitos fundamentais e iguais, contribui na eliminação dos preconceitos citados e na valorização da diversidade brasileira.

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OS IMPACTOS DA CONTABILIDADE DIGITAL NA TOMADA DE DECISÃO PARA INVESTIMENTOS NA BOLSA DE VALORES DO BRASIL

RESUMO

A contabilidade do século XXI utiliza-se de avanços tecnológicos para ofertar maior agilidade, transparência e, claro, precisão nas informações. Essa modernidade, ou seja, na transformação para a contabilidade digital possibilitou a transferência de informações contábeis em tempo real. Como o governo brasileiro deu início a uma reforma no controle fiscal e contábil que alterou e irá modificar a toda a rotina das empresas e de seus contadores, a contabilidade digital será fundamental para que as empresas não tenham problemas com o fisco, atendendo às legislações contábeis e fiscais com mais eficiência. Dessa forma, o presente trabalho procura, através da pesquisa de material de qualidade, demonstrar que a contabilidade digital é fundamental para o processo de tomada de decisões na bolsa de valores pelos investidores. Este trabalho tem como objetivo conceituar contabilidade digital; identificar as principais características do processo de tomada de decisões dos investidores; apresentar as principais características das bolsas de valores e também relacionar a contabilidade digital ao processo decisório dos investidores, especificamente, na bolsa de valores. Ao atender aos objetivos propostos, a contribuição será bastante significativa no que tange à relação entre contabilidade digital e investimento, tais como: oferta de um contabilidade mais ágil e organizada; diminuição das barreiras entre contador e empresa; acesso à informações de maneira mais rápida por parte do contador, o que é decisivo na tomada de decisões dos investidores (por exemplo, Bolsa de valores), dentre outras.

Palavras-chave: Contabilidade digital. Modernidade. Brasil. Bolsa de valores.

1 INTRODUÇÃO

A contabilidade digital é uma realidade que não pode ser desprezada em um contexto de avanços tecnológicos em todos os segmentos profissionais. O uso da tecnologia contribui de forma significativa para acelerar e aperfeiçoar os serviços contábeis, dando suporte nas tomadas

1 Acadêmicos do curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares.

2 Professora de graduação. Bacharel em Administração e Ciências Contábeis. Especialista em Auditoria de programas. Mestre em Ciências Contábeis. alexsandradias@unipac.br

3 Professor de graduação e Pós‐graduação. Bacharel em Administração. MBA em gestão empresarial e mestre em gestão integrada do território. amiltonquintela@unipac.br

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Caroline Tereza Batista Da Silva Alves, Carlos Alberto Ribeiro dos Santos, Eloilson Gustavo Domingos Silva, João Vianney Alves Filho1, Alexsandra Barcelos Dias2, Amilton Quintela Soares Júnior3

de decisão. Em relação à bolsa de valores, a contabilidade digital é um marco decisivo em um mercado que exige agilidade nas negociações de ações.

É imprescindível ressaltar que a história das bolsas de valores apresenta controvérsias, mas o fato é que ainda no século XV surgiram as primeiras bolsas com características diferentes das conhecidas hoje. A visão de um local para comercializar aconteceu em 1487, na cidade de Bugres, na Bélgica. Com o advento do trading algorítmico substituindo os famosos pregões do início do século XX, a velocidade com que as ações são negociadas, exigem cada vez mais das novas tecnologias.

A escrituração contábil, feita manualmente, começou a perder espaço a partir do surgimento das máquinas mecânicas produzidas nos estados Unidos (máquinas de datilografia e processadores automáticos, utilizadas para o preenchimento de fichas) principalmente em função das dificuldades que esses profissionais encontravam em registrar e manter atualizados o grande volume de informações necessárias. Tais máquinas, por sua vez, foram sendo substituídas pelos microcomputadores e sistemas informatizados, em face do baixo custo dos novos equipamentos. (Oliveira, 2003, p. 12)

Depreende-se daí que as máquinas foram potencializando cada vez mais a escrituração contábil, tornando os registros mais confiáveis. A internet, por sua vez, é uma aliada para os contadores, uma vez que novas perspectivas de trabalho surgiram com ela. O desafio é usar uma ferramenta tão poderosa para auxiliar os clientes e investidores nas bolsas de valores. Os sistemas informatizados tornaram o trabalho mais eficiente, inovando e dando maior poder de decisão para os que necessitam de interpretar os dados contábeis com rapidez e segurança.

Com isso, o presente trabalho tem como objetivo analisar os principais impactos da contabilidade digital na tomada de decisões para investimentos na bolsa de valores do Brasil.

E a partir de uma pesquisa descritiva por meio de uma revisão bibliográfica e leituras de artigos será feita uma abordagem a respeito do conceito de contabilidade digital, buscando também identificar as principais características do processo de tomada de decisões dos investidores bem como apresentando as principais características da bolsa de valores do Brasil e relacionar a contabilidade digital ao processo decisório dos investidores.

Assim, justifica-se demonstrar os impactos da contabilidade digital na tomada de decisão para investimentos na bolsa de valores do Brasil enfatizando o uso da tecnologia que podem gerar oportunidades de automatização de processos, ganho na produtividade; serviço de maior qualidade e de forma consultiva; aprimoramento dos serviços e ganho de tempo.

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Watts e Zimmerman (1986) apoiava a ideia de que o objetivo da teoria contábil é explicar e prever a prática contábil, buscando inserir essa abordagem positiva na pesquisa em contabilidade.

Isso demonstra a relevância da contabilidade que traz informações imprescindíveis à tomada de decisões, ou seja, um investidor ao pensar em investir em ações, por exemplo, sendo pessoa física ou jurídica, necessita saber se a empresa na qual pretende investir é lucrativa, se possui algum ativo, se realmente está ganhando algum dinheiro, etc. É imprescindível então demonstrar que os participantes do mercado de capitais usam informações contábeis divulgadas pelas empresas para decisões de investimento.

Atualmente, a teoria contábil constrói uma base que consegue ir além da própria contabilidade, mas interage com outras áreas do conhecimento, como a psicologia, sociologia e estatística, para poder explicar e prescrever melhores práticas profissionais e desenvolver o conhecimento científico contábil (MILLER; HOPPER; LAUGHLIN, 1991).

É relevante, então a divulgação de demonstrações contábeis confiáveis por parte de empresas para com os participantes do mercado de capitais, pois é uma condição necessária para a estabilidade e o desenvolvimento do mercado de capitais do país.

Partindo desse contexto o presente artigo tem como objetivo geral analisar os principais impactos da contabilidade digital na tomada de decisões para investimentos na bolsa de valores a fim de apresentar as vantagens do uso da tecnologia nesse mercado organizado. Tem como objetivos específicos conceituar contabilidade digital; identificar as principais características do processo de tomada de decisões dos investidores; apresentar as principais características da bolsa de valores e relacionar a contabilidade digital ao processo decisório dos investidores.

2 MATERIAL E MÉTODO

A metodologia apresenta uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, tendo como referência material de qualidade coletado em artigos, sites e referências bibliográficas que abordam o assunto. De acordo com Vergara (2006, p. 48), “a pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Assim, os dados coletados serão analisados com o objetivo de sanar o problema inicial levantado, garantindo uma fundamentação sólida acerca do tema.

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O propósito para o desenvolvimento do trabalho será uma abordagem explicativa promovendo o aprofundamento dos conhecimentos relativos ao tema, dando uma contribuição significativa ao meio acadêmico.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção busca-se explanar os resultados obtidos através de revisão bibliográfica, estendendo-se aos artigos científicos e literatura voltada ao tema. A análise será apresentada em subseções divididas da seguinte maneira: 3.1. Contabilidade Digital; 3.2 Objetivos da contabilidade digital; 3.3 Como funciona a contabilidade digital; 3.4 Contabilidade digital ao processo decisório dos investidores; 3.5 Principais características da bolsa de valores. 3.6 Impactos da contabilidade digital na tomada de decisão para investimentos na bolsa de valores do Brasil.

3.1 Contabilidade Digital

[...] a automação das empresas produz a integração dos diversos setores, de forma que a informação flua com maior rapidez para as áreas que necessitam utilizar esses dados, estimulando-as por meio dos resultados alcançados a adotarem a informatização na busca pelo aprimoramento deste processo. (Oliveira, 2003, p. 17)

Neste contexto, a Contabilidade digital pode ser definida como o uso da tecnologia a favor dos serviços contábeis, de modo que contribua para sua otimização e automação, em um cenário que exige cada vez mais, rapidez e agilidade.

Sá (2002, p. 50) afirma em relação à contabilidade digital que: tem sido uma tendência crescente nos últimos tempos, especialmente a partir da década de 30, mas a grande corrida para uniformizar as maneiras de escrituração e de publicar as contas em demonstrações ocorreu a partir dos anos 60 do século XX.

Isso demonstra que a contabilidade é sempre desafiada a aprimorar e desenvolver as técnicas utilizadas nos processos de geração de informações solicitadas por seus usuários

A contabilidade digital tem como base a utilização da internet e de softwares online que irão agregar para que os processos contábeis se tornem mais rápidos, dinâmicos e seguros.

Dentro desse conceito, o uso de inteligência artificial e a análise de dados fornecem aos contadores mais precisão na hora de executarem os seus serviços, diminuindo (ou mesmo eliminando totalmente) as chances de erro.

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Crepaldi (2010) observa que o que se espera de um contador é mais do que cuidar do patrimônio, ele tem que ser capaz de realizar as demais funções a ele agregadas. Em se tratando de tecnologia, esta veio como uma ferramenta de grande auxílio para a realização de atividades da área, que tende a cada vez mais facilitar a vida do contador e desconstituir a velha figura de guarda-livros.

Por isso, a era digital veio só acrescentar positivamente o trabalho do contador visto que por meio dela o trabalho será mais ágil, organizado e em menos tempo hábil.

3.2 Objetivos da contabilidade digital

De acordo com Geron et al (2011): O sistema público de escrituração digitial (Sped) constitui-se em uma revolução caracterizada pela transição da contabilidade em papel para a digital, gerando significativa redução nos custos, aumentando a celeridade do processo, auxiliando no combate à sonegação, além de possibilitar o cruzamento de informações entre contribuintes, entre outras vantagens.

Isso demonstra que a contabilidade digital tornou-se mais ágil e segura. Também possibilitou por meio dos procedimentos online satisfazer o cliente com soluçoes mais rápida, isto é, por meio da tecnologia nessa área modernizou e ao mesmo tempo fez com o profissional melhorasse sua experiência.

Segundo Hernandes (2018, p.83): O ritmo de adoção de novas ferramentas e melhorias de processos não são os mesmos entre uma empresa contábil e outra, e isso não é diferente em outros mercados. O problema é que se o seu ritmo for muito lento o seu negócio vai ficar muito atrasado em relação a empresas que estão ditando o ritmo dessa evolução.

Assim, a contabilidade digital também fornecerá subsídios suficientes para que se aja diminuição da barreira entre contador e empresa, agregação de mais valor à experiência do cliente contábil, otimização no tempo de entrega de serviços, aprimoramento da comunicação que passa a acontecer em tempo real entre empresa e escritório de contabilidade, redução das falhas na execução dos serviços contábeis, atendimento das legislações de maneira mais precisa e eficiente. Entretanto isso só ocorrerá se a empresa evoluir colocar em prática o que a teoria digital fornecerá.

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3.3 Como funciona a contabilidade digital

A contabilidade digital funciona com base na internet e em soluções tecnológicas que atendem a esse segmento. Por meio de sistemas específicos, tais como ERPs, que são softwares que promovem a integração de diferentes sistemas, os contadores têm acesso fácil e rápido a todas as informações que precisam dos seus clientes. Esses, por sua vez, também utilizam essas soluções para enviar aos profissionais todos os dados referentes à contabilidade do seu negócio. Com isso, ambos os lados têm acesso fácil aos mais diferentes dados, podendo consultar, exportar ou enviar documentos, e realizar diversos outros processos.

Segundo Oliveira (2003, p. 17): [...] a automação das empresas produz a integração dos diversos setores, de forma que a informação flua com maior rapidez para as áreas que necessitam utilizar esses dados, estimulando-as por meio dos resultados alcançados a adotarem a informatização na busca pelo aprimoramento deste processo.

Com a informatização a contabilidade passa a ter vantagens como: o aumento da produtividade, a melhoria da qualidade dos serviços, estímulo aos profissionais da área, maior facilidade e agilidade na leitura e interpretação de relatórios. Vale enfatizar também o cumprimento dos prazos estabelecidos pelos órgãos competentes, o acesso às informações de forma rápida, por meio do sistema de informações, o aumento da segurança das informações, e também da utilização de menor espaço no ambiente de trabalho.

3.4 Contabilidade digital ao processo decisório dos investidores

Marion (2011) afirma que a contabilidade é importante no processo de tomada de decisão porque coleta todos os dados econômicos e transforma-os em forma de relatórios ou de comunicados. Ainda segundo o autor, todas as decisões realizadas em uma empresa por seus gestores refletem nos ambientes internos e externos ligados à organização, pois, o processo decisório não restringe apenas aos limites da empresa, mas também está ligado aos investidores, aos fornecedores de bens e serviços a crédito, aos bancos, ao governo e etc.

Isso significa que é imprescindível a contribuição da contabilidade no processo decisório dos investidores, porém, tais dados coletados devem ser analisadas minuciosamente visto que a decisão final atingirá a todos os envolvidos, ou seja, dentro ou fora da empresa.

No olhar de Borilli et al. (2000, p. 13), “a tomada de decisão requer um estudo prévio, em que se procederá ao levantamento dos dados e informações que, numa atitude de inteligência, propicia a percepção da necessidade da decisão, ou ainda, da melhor oportunidade

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em que deverá ocorrer”. Reafirma então a importância da contabilidade na tomada de decisão e também a necessidade de um estudo prévio para o melhor momento que ocorra a decisão mais propícia aos investidores.

Conforme Deitos (2003), o sistema de informações contábeis, desde que projetado para atender a necessidade de informações gerenciais de seus usuários, pode conferir a qualquer empresa, independentemente do porte, uma maior segurança no processo de tomada de decisões.

Assim é relevante demonstrar que as informações contábeis são necessárias para a gestão de qualquer empreendimento empresarial, vistos que o investidor não possui, muitas vezes, conhecimentos contábeis suficientes e caberia ao contador por meio da contabilidade digital auxiliar de modo claro e objetivo os riscos e vantagens eminentes no processo de tomada de decisão, isto é, por meio dela a empresa encontrará alicerce para alcançar seus propósitos.

3.5 Principais características da bolsa de valores

No mercado financeiro há muitas maneiras para se movimentar capitais, dentre elas, a bolsa de valores. Segundo a Equipe editorial de Conceito de 28 de Junho de 2019 a bolsa de valores, em resumo, permite converter poupança em investimento (quando alguém compra valores) e permite que as empresas obtenham financiamento (oferecendo suas ações para que o público possa adquirir uma participação em seu capital). O Estado também pode ser financiado através da emissão de títulos.

É fundamental enfatizar que o processo de atuação das Bolsas de Valores na economia mundial não é nova e sempre buscaram estabelecer relações com pessoas e lugares, onde a compra ou venda de cotas de empresas podem promover queda ou elevação da bolsa de valores e interferir diretamente na economia de um ou vários países.

De acordo com TORREZANI (2018, p. 203): Entre as bolsas de valores do mundo, a de São Paulo ocupou a 11ª posição no ranking de 2013. O valor médio negociado nesse ano foi de aproximadamente 3,2 trilhões de dólares. Em 2017, após a fusão entre BM&Fbovespa com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip), foi criada a B3.

Fica evidente que a rapidez das relações comerciais e financeiras propiciadas pelo progresso da informática, principalmente, permite que grande soma de capitais possam ser negociados.

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E o próprio B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) atualiza as cotações em tempo real oferecendo a opção de acompanhar o mercado financeiro. Exemplo disso seria na concretização de compra de ação, onde ela fica guardada na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) conectada à B3. Sendo a plataforma home broker o meio de acesso à Bolsa de Valores que permite negociar ativos, como ações, de qualquer lugar do mundo. Quanto aos perfis dos investidores pode-se citar: o conservador, moderado e agressivo. O primeiro tem como objetivo o prazo longo e investe em ações de empresas sólidas, com bons princípios. Já o moderado, equilibra risco buscando retorno de médio em longo prazo, ou seja, só faz operações em curto prazo se as oportunidades forem realmente boas. O investidor agressivo obtém conhecimento do mercado e aceita correr mais riscos em busca de maiores rentabilidades, com retorno em curto prazo. (https://www.b3.com.br ).

Por isso, é preciso estar ciente de como funciona o mercado de ações e a Bolsa de Valores conhecendo seus fundamentos de funcionamento bem como os conceitos básicos que o investidor precisa saber.

3.6 Impactos da contabilidade digital na tomada de decisão para investimentos na bolsa de valores do Brasil

Devido as constantes mudanças no cenário econômico mundial, seja tecnólogico, político, social, etc. houve a necessidade de adaptação no que tange à gestão frente à nova realidade do mercado.

Conforme IUDÍCIBUS, MARTINS e GELBCKE (2006, p.48): A contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física, e de produtividade, com relação a entidade objeto de contabilização.

Dessa maneira, a contabilidade passa a ser vista como um instrumento gerencial com o objetivo de fornecer informações adequadas e em tempo hábil aos administradores, acionistas, investidores, dentre outros.

No que se refere a movimentação da Bolsa de Valores a contabilidade digital se torna parceira fundamental na evolução do processo, visto que ela necessita de informações eficazes e eficientes que após serem analisadas e validadas possam ser utilizadas no processo decisório de tomada de decisões.

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Para Schimitd (2002, p.81): Um sistema de informação define-se como um conjunto de procedimentos estruturados, planejados e organizados que, por sua vez executados, produzem informações para suporte ao processo de tomada de decisão.

Isso enfatiza que a Contabilidade deve processar os dados recebidos por meio do sistema de informação para melhor atender aos investidores, no caso, da Bolsa de Valores.

De acordo com a Resolução nº 2.690/2000, de 28/01/2000, do CMN: as Bolsas de Valores poderão ser constituídas como associações civis ou sociedades anônimas (anteriormente, pela Resolução 1.656/89, as bolsas de valores eram, exclusivamente, entidades sem fins lucrativos). As bolsas de valores têm por objeto social: manter local ou sistema adequado à realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado pela própria Bolsa, sociedades corretoras membros e pelas autoridades competentes; dotar, permanentemente, o referido local ou sistema de todos os meios necessários à pronta e eficiente realização e visibilidade das operações; estabelecer sistemas de negociação que propiciem continuidade de preços e liquidez ao mercado de títulos e valores mobiliários.

Partindo desse pressuposto, entra a utilidade da contabilidade digital para a Bolsa de Valores, isto é, através da automatização de processos e aplicação das novas tecnologias o profissional contábil fornecerá um atendimento diferenciado podendo oferecer uma prestação de serviço para os investidores à distância se m perder a qualidade. Dentre esses serviços podese citar a apuração de ganhos e perdas; compensação de prejuízo; cálculo de Imposto de Renda sobre operações normais ou Day Trade; elaboração de guias de recolhimento, dentre outros.

Segundo Souza & Clemente (2004, p. 19) “quanto maiores forem os ganhos futuros que podem ser obtidos de certo investimento, tanto mais atraente esse investimento parecerá para qualquer investidor”.

Entretanto, para que o investidor não corra risco ao investir na Bolsa de Valores é necessário que ele receba orientações humanas aliada a um contabilidade digital que fomentará seus anseios em relação tanto aos pontos positivos quanto negativos do seu investimento e tudo em tempo hábil.

Por isso, é visível a relevância da contabilidade digital na realização de investimentos na Bolsa de Valores, pois por meio dela o investidor terá chance de avaliar e analisar o momento correto de agir bem como o de esperar. Com isso, o investidor poderá investigar por meio da contabilidade digital quais os riscos e vantagens inerentes no mercado.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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De acordo com o presente artigo constatou-se por meio da definição e explanação das características e objetivos da contabilidade digital a sua relevância para os serviços contábeis no que tange à agilidade e prestação de serviço para os investidores.

Também, por meio deste trabalho se pôde conhecer a importância de um dos mercados de investimentos, a Bolsa de Valores, com seu histórico e características mundial e principalmente no Brasil.

E assim fazer a relação entre os investidores da Bolsa com a contabilidade digital, mostrando assim os benefícios do uso da tecnologia antes de se investir, durante e após.

Por isso, é fundamental associar o investimento na Bolsa de Valores ao uso das inovações tecnológicas. E a contabilidade digital passa a ser essencial para que os investidores saibam dos riscos e vantagens no momento que decidem investir.

REFERÊNCIAS

ANPEC. Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia. Disponível em: https://www.anpec.org.br/novosite/br/volume-14. Acessado em: 03 de mai. 2022.

B3. A Bolsa do Brasil. Disponível em: https://www.b3.com.br. Acessado em: 03 de mai. 2022.

Centro Paula Souza. Repositório. Contabilidade Digital: O desafio da nova era. Disponível em:http://ric.cps.sp.gov.br/bitstream/123456789/5954/1/Contabilidade%20Digital%20O%20d esafio%20da%20nova%20era.pdf. Acessado em: 04 de mai. 2022.

CONTABILIZEI. Contabilidade Digital: O que é? Vantagens e como funciona. Diponível em: https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/contabilidade-digital. Acessado em: 16 de nov. 2022.

CORREIO BRAZILIENSE. Artigo: a importância da contabilidade para o mercado de capitais. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/opiniao/2019/08/26/internas_opiniao,7791 59/artigo-importancia-da-contabilidade-para-o-mercado-de-capitais.shtml. Acessado em: 04 de mai. 2022.

UOL. Monografias, Brasil Escola. Os Avanços Da Contabilidade Digital. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/administracao-financas/os-avancos-dacontabilidade-digital.htm. Acessado em: 04 de mai. 2022.

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O CENÁRIO DAS MICROS E PEQUENAS EMPRESAS NA REGIÃO DO VALE DO RIO DOCE

Fernando de Sousa Santana1, Rodlon Andrade Valadares de Almeida2, Rogério Vieira Primo3

RESUMO

A presente investigação tem como objetivo fornecer subsídios para a discussão sobre a participação das Micro e Pequenas Empresas no cenário da economia da região do Vale do Rio doce, no leste mineiro no período de 2010 a 2020. O enfoque delineia-se em pesquisas, levantamentos e análises da participação das Micro e Pequenas Empresas na economia do munícipio de Governador Valadares, bem como comparação do Produto Interno Bruto, na organização e gestão empresarial.

Palavras-chave: Cenário, Empreendedorismo, Micro e Pequenas Empresas.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, na era digital, é preciso que o empreendedor busque métodos e formas de se sobressair, além do próprio desafio de se adaptar ao mercado. De acordo com Chiavenato (2020), essa era está em constante evolução e as organizações precisam acompanhar esse

1 Professor de graduação e pós-graduação. Bacharel em Ciências Contábeis (Faculdades Integradas de Caratinga), Administração (Faculdade de Ciências Gerenciais e Empreendedorismo), Pedagogia (Faculdade de Ciências Humanas de Vitória). Mestre em Administração (Universidade de Santo Amaro). Doutor em Ciências da Educação (UFRJ). fernandosantana@unipac.br

2 Professor de graduação na UNIPAC, na educação básica particular e Inspetor Escolar na SEE MG. Licenciado em Matemática (UNIVALE). Mestre em Administração (FEAD). Especialista em: Educação Matemática (FERLAGOS), Gestão Escolar (IMES), Inspeção Escolar (IMES), Gestão da Educação Municipal (UFV). E-mail: rodlonalmeida@unipac.br

3 Professor de graduação e Pós-graduação. Mestre em Administração. Especialista em Educação Matemática; Gestão Financeira de Empresas; Gestão empresarial pela PUC Minas. Especialista Gestão Escolar pela Unipac e Marketing e Gestão Estratégica de Comunicação e Informação E-mail: rogerioprimo@unipac.br

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movimento. Para isso, são indispensáveis as mudanças no mercado, que tem se tornado cada vez mais dinâmico e competitivo.

A partir de 2022, o Brasil enfrenta uma crise econômica bastante acentuada. Acreditase que podem ser reflexos do período pandêmico, e essa crise levou os pequenos empresários a inovar em seus negócios para enfrentar a acirrada competitividade no ambiente comercial.

As micro e pequenas empresas (MPE) sofrem fortes impactos provocados pelas novas exigências de mercado, apesar de representarem uma parcela significava na economia brasileira. Essas empresas dispõem de pouca capacidade para suportar danos decorrentes de inovações não efetivas, além de competência interna limitada para a realização de pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias (Silva e Dacorso, 2014)

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado uma grave crise econômica, o que levou os pequenos empresários a inovar em seus negócios para enfrentar a acirrada competitividade enfrentada, principalmente no período pandêmico. Esse trabalho de inovação deve ser requisitado, pelo pequeno e médio empresário, como uma forma de permanecer no seu negócio, promovendo seu crescimento e atuação na economia local.

Esse artigo tem como objetivo principal analisar o cenário das micros e pequenas empresas da região do Vale do Rio Doce, avaliando a importância dessas empresas na economia do município de Governador Valadares/MG.

Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, adotando-se uma abordagem qualitativa, no formato de estudos descritivos de natureza básica.

2 MÉTODOS

O presente trabalho partiu-se de um pressuposto teórico inicial, a qual foi realizada uma pesquisa bibliográfica apoiando-se em artigos científicos e livros. A pesquisa adotou uma abordagem do tipo qualitativa, no formato de um estudo descritivo, de natureza básica, uma vez que busca responder questões fundamentais sobre o ensino virtual.

Quanto aos objetivos, esse estudo é caráter exploratório. Para Gil (2019), pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, de maneira que se torne explícito e possibilite a construção de hipóteses. Com a fundamental finalidade de aprimorar ideias ou descobrir intuições, com planejamento flexível, possibilita a consideração dos mais variados aspectos relacionados ao fato estudado, e na maioria dos casos, atribui-se o formato de pesquisa bibliográfica ou de estudo de caso.

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Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa. Segundo Gil (2019), a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização.

Para Lakatos e Marconi (2017), a pesquisa qualitativa envolve uma perspectiva de interpretação do mundo, estuda temáticas em seus cenários naturais, tenta compreender fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem.

Quanto aos procedimentos, realizou-se a revisão bibliográfica, utilizando fontes pertinentes sobre o tema a ser pesquisado. A revisão de literatura possui dois propósitos fundamentais: a construção de uma análise do problema de acordo com o contexto e a investigação das possibilidades evidenciadas na literatura consultada para a elaboração do referencial teórico da investigação. (GIL, 2019).

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo Lemes e Pisa (2019), o surgimento das microempresas ocorreu no final dos anos de 1970, em virtude das políticas de desburocratização então adotadas e que tinham por objetivo estimular a criação de pequenos negócios. As definições de microempresa e empresa de pequeno porte (EPP) estão estabelecidas na Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabelece os critérios para adesão ao Simples Nacional. Assim, de acordo com a citada Lei, o enquadramento como microempresa ou EPP vai depender da receita bruta anual. Os critérios quantitativos são os mais usados em todos os setores da economia devido à facilidade de coleta dos dados, manipulação e parametrização dos mesmos. Todavia, existem outros órgãos brasileiros que possuem normas próprias para classificação (MARTINELLI,2020). A classificação quantitativa relativa ao tamanho, de acordo com critérios de cada órgão, está evidenciada na Tabela 1.

Tabela 1 – Classificação quantitativa de Micro e Pequena Empresa Classificação por receita bruta anual Órgão Microempresa

Pequena empresa

Estatuto geral da MPE Até R$360.000,00 Acima de R$360.000,00

BNDES

Até R$2,4 milhões (Carta circular no. 11/10)

Entre R$ 2,4 milhões e R$ 16 milhões (Carta Circular nº 11/10)

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ANVISA Até R$360 mil (LC 139/2011) Entre R$360 mil e R$4,8 milhões. (LC 139/2011)

ANVISA Até R$360 mil (LC 139/2011) Entre R$360 mil e R$4,8 milhões. (LC 139/2011)

ANVISA Até R$360 mil (LC 139/2011) Entre R$360 mil e R$4,8 milhões. (LC 139/2011)

Classificação por número de funcionários

Órgão Microempresa Pequena empresa Órgão Microempresa Pequena empresa Órgão Microempresa Pequena empresa SEBRAE (Comércio e serviços) De 0 a 9 funcionários De 10 a 49 funcionários SEBRAE (Indústria) De 0 a 19 funcionários De 20 a 99 funcionários RAIS De 0 a 19 funcionários De 20 a 99 funcionários

Classificação por faturamento anual e número de funcionários

Órgão Microempresa

MERCOSUL (Comércio e Serviços)

Até US$200 mil Até 5 funcionários

MERCOSUL (Indústria) Até US$400 mil Até 10 funcionários

Pequena empresa

Até US$1,5 milhões De 6 a 30 funcionários

Até US$3,5 milhões De 11 a 40 funcionários

Classificação por número de funcionários e valor exportado no período considerado Órgão Microempresa Pequena empresa Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Comércio e Serviços)

Até 5 funcionários

Até US$200 mil De 6 a 30 funcionários

Até US$1,5 milhões

Fonte: Adaptado de ANVISA (2019); BRASIL (LEI 139; 2011); BNDES (2010); Mercosul (1998); Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2015); SEBRAE (2022).

Segundo o Sebrae (2022), os pequenos negócios respondem por mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Juntas, as cerca de 9 milhões de micro e pequenas empresas no País representam 27% do PIB, um resultado que vem crescendo nos últimos anos. Segundo IBGE (2022), o PIB do Brasil para o ano de 2020 foi de R$ 7,4 trilhões. A economia do país registrou uma queda de 4,1% em 2020 comparativamente a 2019, sendo esse o seu pior resultado em um período de 25 anos, considerando o início da série histórica do IBGE.

Em 1985, o IBGE calculou em 21% a participação dos pequenos negócios no PIB brasileiro. Como não havia uma atualização desse indicador desde então, o Sebrae contratou a Fundação Getúlio Vargas para avaliar a evolução das micro e pequenas empresas na economia brasileira, com a mesma metodologia utilizada anteriormente. Em 2001, o percentual cresceu para 23,2% e, em 2011, atingiu 27%.

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Diversos fatores interferem na dinâmica econômica do país e contribuem diretamente para as flutuações no valor do PIB. Esses fatores podem estar atrelados tanto às conjunturas política e econômica externas quanto a questões inerentes ao Brasil. Um dos exemplos é a crise econômica desencadeada em 2008, que afetou diretamente o desempenho de diversas economias, inclusive a brasileira.

Em 2016, todos os setores da economia entraram em queda, e o resultado foi a retração do PIB. No ano anterior, 2015, apenas a agropecuária havia apresentado valores positivos. Após um breve período de recuperação, o PIB do Brasil sofreu novamente recuo entre 2019 e 2020. O motivo associado é a pandemia do coronavírus e os seus efeitos diretos sobre a vida cotidiana, o consumo das famílias, o funcionamento dos serviços e a produção industrial.

Segundo Sebrae (2022), considerando a propagação do vírus e as recomendações sanitárias feitas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), houve diminuição da circulação de pessoas por um período de tempo e paralisação de atividades econômicas de forma total ou parcial e esse fato teve como consequência uma expressiva retração no setor de serviços, que foi de 4,5% (IBGE, 2022). Houve queda também na parcela do PIB referente à indústria (3,5%), e somente o setor agropecuário experimentou crescimento, que foi de 2%. (IBGE, 2022)

Figura 01 – Evolução do PIB – 2000 a 2020

Fonte: IBGE, 2022.

É neste cenário que as MPEs e os MEIs buscaram seus espaços, ganhando uma atenção peculiar junto às políticas de incentivos e qualificações, aplicadas por todas as esferas governamentais na busca de alternativas para o desenvolvimento de novas atividades e

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negócios, à procura de formas de investimentos, alternâncias de produção, serviços e agronegócios, mais voltados para produção regional, proporcionando novas fontes de geração de renda, de empregos formais, contribuindo assim para a retomada do crescimento econômico do país (SEBRAE, 2022).

Tabela 2 – Representatividade das MPE’s no Brasil % Participação 27% Do PIB nacional 60% Da população economicamente ativa 52% Dos empregos formais no país 40% Da massa salarial dos brasileiros 30% Das compras governamentais - Governo federal 70% Das novas vagas de empregos geradas no mês 2% Das exportações

Fonte: Sebrae, 2022

Quanto ao porte e de acordo como Perfil dos Pequenos Negócios publicado pelo SEBRAE, estima-se que em de 2018, o Brasil contava com 12.952.845 pequenos negócios. Dentre os quais o grupo mais representativo é o dos microempreendedores individuais (MEI), com cerca de 7.678.661, o das microempresas (ME) possui 4.143.505 de membros e as pequenas empresas ou EPP 1.130.679.

Em valores absolutos, a produção gerada pelas micro e pequenas empresas quadruplicou em dez anos, saltando de R$ 144 bilhões em 2001 para R$ 599 bilhões em 2011, em valores da época.

Os valores foram apurados até 2011 para manter a mesma forma de cálculo considerando os dados do IBGE disponíveis sobre os pequenos negócios. A apuração foi feita com a soma das riquezas geradas por empresas de todos os portes nos setores de Comércio, Indústria, Serviços e Agroindústria – exceto o setor público e as intermediações financeiras, uma vez que não há micro e pequenas empresas nestes setores.

Figura 3 – Setores de atuação dos pequenos negócios

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Comércio

Serviços

Indústria

Construção civil

Agropecuária

7

0,9

13,3

36,6

42,2 051015202530354045

Fonte: Sebrae, 2022.

As micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio no Brasil, já que respondem por 53,4% do PIB deste setor (SEBRAE, 2022). No PIB da Indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios (SEBRAE, 2022).

Segundo Sebrae, 2022, os principais motivos para o bom desempenho dos pequenos negócios na economia brasileira são a melhoria do ambiente de negócios (em especial após a criação do Supersimples que reduziu os impostos e unificou oito tributos em um único boleto), o aumento da escolaridade da população e a ampliação do mercado consumidor, com o crescimento da classe média.

Observa-se que no Brasil as MPEs, incluindo os MEIs, desempenham um papel relevante na economia, considerando que são agentes econômicos muito flexíveis, proporcionam dinamismo no mercado e representam significativas vantagens socioeconômicas, atuam em todos os setores de atividades da economia e representam “fôlego” extra na economia nacional (SEBRAE, 2022).

Elas sustentam uma grande fatia das famílias brasileiras e são uma porta de entrada para os jovens no mercado de trabalho, para além de serem uma alternativa de renda para muitos brasileiros em dificuldades para recolocação no mercado de trabalho. No entanto, as MPEs, por estarem inseridas num cenário altamente competitivo, apresentam uma alta taxa de insucesso,

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fato atribuído a diversas causas, tais como a falta de planejamento e deficiência na gestão (SEBRAE, 2022).

No município de Governador Valadares não é diferente. No ano de 2020, foram contabilizadas 3.611 empresas que encerraram as atividades somente no setor de serviços (Sebrae, 2022). Já no comércio varejista, totalizou o fechamento de 2.480 empresas na cidade no de 2020. (Sebrae, 2022). A atenção sobre as MPEs está crescendo dia após dia e a maioria dos pequenos investidores está direcionando recursos para este setor porque reconhece a importância de seu papel na geração de empregos, gestão de negócios, distribuição de renda e geração de receitas, funções importantes para o desenvolvimento econômico do país e, sobretudo, da região do vale do rio doce.

As MPEs e os MEIs, frente às demais atividades desenvolvidas região, têm um menor potencial econômico, mas ao mesmo tempo, têm mais flexibilidade ao nível da sua estrutura, o que proporciona uma hierarquia bem menor e um baixo custo produtivo.

Apesar da flexibilidade e do peso econômico das micro e pequenas empresas, em sua maioria, elas têm ciclo de vida curto. Pesquisas apontam que a cada 100 MPEs criadas, apenas 73 sobrevivem aos dois primeiros anos de atividade e que essa taxa supera a de países modelos de empreendedorismo, como a Itália. (SEBRAE, 2022)

Fonte: Econodata, 2022.

A pesquisa do Sebrae (2011), aponta também para a falta de gestão adequada, sendo que 7% dessas empresas fecham por falta de lucro, 20% encerram o negócio por falta de capital e

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Figura 04 – Empresas Setor comércio varejista munícipio de Governador Valadares – Porte

quase 50% dos pequenos empresários do Brasil não sabem precisar se têm lucro ou prejuízo (SEBRAE, 2022).

No setor de serviços, as empresas localizadas no município de Governador Valadares totalizavam 16.001 em 2020 e até essa data também foram encerrados 3.611 negócios no setor.

A região do vale do rio doce tem características econômica principalmente na prestação de serviços que segundo IBGE (2018), corresponde a aproximadamente 83% do PIB da cidade, em segundo lugar na indústria com cerca de 15% e, finalmente, na atividade agropecuária que corresponde a aproximadamente 2% da economia municipal.

Apesar de inúmeros desafios que aumentam a taxa de mortalidade das MPEs, existem também inúmeras oportunidades no mercado para alavancar o negócio. Chiavenato (2022) destaca três dessas mas menciona que normalmente essas oportunidades não são desfrutadas por grandes empresas:

1. Pequenos nichos de mercado que envolvem um pequeno volume de negócios; 2. Atendimento às necessidades individualizadas e personalizadas dos clientes, isto é, produtos/serviços personalizados para cada cliente; 3. Surgimento de oportunidades passageiras de mercado que envolvem agilidade e prontidão para rápidas decisões e alterações em produtos/serviços (CHIAVENATO, 2022).

Nesse sentido, Matinelli (2020) relata que o porte das MPEs traz eficiência nas decisões tomadas, pois elas possuem agilidade e rapidez nas mudanças de mercado, trazendo novas experiências e oportunidades pela capacidade de se adaptarem a outras tendências mercadológicas, com vantagens sobre as grandes empresas, já que MPEs possuem estrutura enxuta, o que permite que as informações circulem com maior facilidade.

Figura 5 – Empresas abertas e fechadas de 1992 a 2021 – Governador Valadares/MG

Fonte: trial.econodata, 2022.

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A figura mostra que no setor de serviços do munícipio de Governador Valadares teve um pico de encerramentos de atividades durante o período pandêmico.

3.1 Desenvolvimento e arranjo local

Enquanto o processo de globalização econômica expressa-se na crescente competição transnacional, o de regionalização social compreende um crescente esforço das sociedades regionais para configurar e sustentar o seu projeto de desenvolvimento.

A região do vale do rio doce é mais conhecida midiaticamente no cenário nacional e internacional devido a ocorrências situadas em torno do processo emigratório. Os escândalos referentes à venda de passaportes adulterados, o grande número de “cônsuls” e “coiotes” que atuam na região e a permanência de Valadarenses no exterior de forma indocumentada pouco contribuem para o fortalecimento de uma imagem positiva da região.

Por um lado, o número de pessoas residentes em outros países, provoca uma circulação maior de moeda na região e, consequentemente, o crescimento dos pequenos negócios. No entanto, a globalização obriga os estabelecimentos a implantarem processos eficazes além da alta competitividade. O município tornou-se um polo comercial e de serviços das mais variadas espécies, fazendo com que os habitantes da Microrregião de Governador Valadares vejam a cidade como uma grande praça comercial para se fazer bons negócios. Enquanto centro ativo e mantenedor da região, Governador Valadares tem cerca de 5,5 mil estabelecimentos comerciais que equivalem Segundo Martinelli (2020), pode-se analisar o desenvolvimento local sob diferentes pontos de vista. Muitos podem vê-lo sob o prisma do desenvolvimento econômico, voltado para o aspecto competitivo. Muitas pessoas e governos, ao pensar em promover o desenvolvimento das regiões e das comunidades, voltam-se totalmente para o aspecto econômico, considerando apenas questões financeiras, tributárias e de geração de receitas. Porém a globalização, ao contrário daquilo que se poderia pensar à primeira vista, vem justamente reforçar a importância do desenvolvimento local, visto que cria a necessidade de formação de identidades e de diferenciação entre regiões e comunidades, para que possam enfrentar um mundo de extrema competitividade.

A necessidade de criação de um sistema local/regional competitivo, por meio da articulação dos atores responsáveis pela eficácia do ambiente relacional das empresas,

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determina um forte processo de concentração dos interesses sociais, denominada regionalização social (MARTINELLI, 2020).

O município de Governador Valadares possui 34.024 pequenas e medias empresas registradas (Econodata, 2022), e tem-se surgido novos modelos de organização produtiva e empresarial que segundo Casarotto Filho (2020) se caracteriza por possuir maiores graus de flexibilidade organizacional e capacidade de inovação. Para as empresas de pequeno e médio porte, abre-se agora um leque de possibilidades competitivas, muito maior que aquele que se verificava no modelo fordista, pois hoje não se requer, necessariamente, grandes investimentos em termos de capital, para se ter acesso aos setores mais dinâmicos da atividade econômica (o que acontecia no passado, em grande escala, em especial nos setores siderúrgico, metalmecânico, de química básica, de construção naval e outros).

Hoje, o capital estratégico é o conhecimento incorporado às atividades econômicas, e esse não depende tanto do tamanho da empresa, mas, principalmente, de uma “arquitetura” social e territorial que combine e congregue os atores sociais públicos e privados (Albuquerque, 2018).

Os processos de descentralização devem configurar um ambiente no qual as micros, pequenas e médias empresas possam acessar efetivamente os serviços de apoio às atividades produtivas e, com isso, impulsionar decisivamente o desenvolvimento econômico regional.

A descentralização política se converte, assim, em uma ferramenta determinante para o desenvolvimento econômico local, ao facilitar a criação de espaços de negociação estratégica com o setor privado empresarial e com os demais atores sociais regionais. Esse tipo de intervenção provavelmente constitui a melhor forma de atuar para as administrações públicas regionais no novo modelo de desenvolvimento “pós-fordista” e concretiza, na prática, a flexibilidade que se requer de tais entidades, ou seja, sua recriação como parte da reforma ou modernização do Estado. Isso está coerente com a visão de que o desenvolvimento econômico se constitui, de fato, numa tarefa coletiva da sociedade e, como tal, necessita do consenso de todos os atores sociais envolvidos no processo.

Como afirma Matinelli (2020), todo desenvolvimento é local, seja ele um distrito, uma localidade, um município, uma região, um país ou uma parte do mundo. A palavra local não é sinônimo de pequeno e não se refere necessariamente à diminuição ou redução. Assim, o conceito de local adquire uma conotação socioterritorial para o processo de desenvolvimento, quando esse processo é pensado, planejado, promovido ou induzido. No entanto, segundo

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Matinelli (2020), no Brasil em geral, quando se pensa em desenvolvimento local, faz-se referência a processos de desenvolvimento nos níveis municipal ou regional.

A tabela abaixo apresenta a quantidade de empresas de pequeno porte registrada e em atividade até o ano de 2020, no município de Governador Valadares. Observa-se que no setor de serviços se concentra a maior quantidade de negócios no município, seguido pelo comércio varejista e pelo setor de alimentos.

Quantidade Setor 16.001 Serviços 9.110 Comercio varejista 5.514 Alimentos 3.110 Manufatura 3.097 Construção 2.991 Indústria de transformação 2769 Restaurantes 1.512 Logística e transporte 1.077 Saúde 993 Educação 912 Imobiliário 863 Comercio atacadista 432 Cosméticos 387 Agricultura 287 Advocacia 276 Bancário 243 Arte e cultura 163 Produtos farmacêuticos 148 Esporte e recreação 125 Tecnologia 122 Contabilidade 113 Veículos 79 Hospedagem 514 Outros

Fonte: trial.econodata, 2022.

A crise atual provocada pela a pandemia COVID-19, além de ter sido um risco para a saúde pública, representou também uma ameaça nos ambientes de trabalho e bem-estar da população. Como qualquer pandemia, a COVID-19 inclui componentes biológicos e infecciosos, mas também componentes psicossociais e desafios sociais e econômicos. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2020), a pandemia afetou gravemente os mercados de trabalho, economias e empresas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

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No desenvolvimento desse trabalho, observa-se que as investigações demonstram a importância das Microempresas, Pequenas Empresas e os MEIs para qualquer economia. Essas empresas são as únicas capazes de levar bens e produzir serviços, em qualquer lugar, e a todos os cidadãos, do mais próximo ao mais longínquo, a fim de atender suas necessidades individuais e coletivas.

Vale a pena salientar que a importância das MPEs é observada, não somente nas grandes cidades, mas muito mais se pode dizer, sobre o impacto social e econômico nos médios e pequenos municípios, onde se instalaram setores do comércio, prestação de serviços, de pequenas indústrias, construção civil e agronegócio que são as principais fontes de renda para as economias locais.

Nesse sentido, pode-se concluir que as MPEs e os MEIs passaram a ter, nos dias de hoje, um lugar de destaque na economia municipal, com a participação significativa no setor de serviços, no comércio varejista, setor de alimentos, na construção civil e agronegócio e tem um papel preponderante na geração de renda e empregos formais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da Região do Vale do Rio Doce.

No entanto, baseando-se em pesquisas desenvolvidas junto a MPEs e MEIs verifica-se a necessidade de um suporte constante às mesmas, com estudos de suas estruturas administrativas, planejamento e controle (produtivo, comercial e financeiro), uma vez que carecem de uma estrutura de acompanhamento nas suas diversas facetas. A falta de conhecimento dos investidores e gestores se justifica pela necessidade de uma motivação empreendedora, planejamento, gestão, controle de finanças, responsabilidade socioambiental, princípio de governanças corporativas, entre outros.

REFERÊNCIAS

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GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. Rio de Janeiro: Atlas, 2019.

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LEMES JUNIOR, Antônio Barbosa; PISA, Beatriz Jackie. Administrando micro e pequenas empresas. São Paulo: GEN Atlas, 2019.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2021.

MARTINELLI, Dante Pinheiro; Joyal, André. Desenvolvimento local e o papel das pequenas e médias empresas. Barueri: Manole, 2020.

SEBRAE. Anuário do trabalho nos pequenos negócios: 2016. 9.ed / Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos [responsável pela elaboração da pesquisa, dos textos, tabelas, gráficos e mapas]. São Paulo-SP: DIEESE, 2018.

SEBRAE. Características das empresas pela forma Jurídica. Sebrae, 2019. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/caracteristica s-das-empresas-pela-formajuridica,813ae3ae7d316410VgnVCM1000003b74010aRCRD. Acesso em: 08 nov. 2022.

SEBRAE. Cinco dicas para as MPEs enfrentarem a crise do Coronavírus - Especialista do Sebrae, Enio Pinto, destaca a importância de buscar o equilíbrio entre despesas e receitas 2020. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ma/noticias/cincodicaspara-as-mpes-enfrentarem-a-crise-docoronavirus, m1d6fe4a64f0710VgnVCM1000004c00210aRCRD. Acesso em: 07 nov. 2022.

SEBRAE. Panorama Dos Pequenos Negócios. Sebrae, 2018. Disponivel em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/SP/Pesquisas/ Panorama_dos_Pequenos_Negocios_2018_AF.pdf. Acesso em: 08 nov. 2022.

SEBRAE (2017). O Empreendedorismo e o Mercado de Trabalho

Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/6f d4a23105470a8c7fdf65fbafd21f9a/$File/7738.pdf. Acesso em: 10 out. 2022.

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EDUCAÇÃO FINANCEIRA NA FAMÍLIA BRASILEIRA

Richardy Moreira Souza; Luiz Felipe Portes Silva; Marden Saymon Julio de Andrade; Vantuir Michael Alves de Lima; Vitor Gomes de Sousa1; Giovanne Romania Carvalho2

RESUMO

O presente trabalho teve como tema a Educação Financeira, buscando a identificação dos impactos da educação financeira na melhoria das condições socioeconômicas dos indivíduos e grupos familiares, bem como considerando a importância social e econômica da Educação Financeira. A metodologia utilizada na pesquisa foi a revisão bibliográfica em livros, artigos científicos e textos legais. O cenário brasileiro quanto à Educação Financeira é diferente do que ocorre nos Estados Unidos e no Reino Unido, se assemelhando à pouca efetividade apresentada em alguns países membros da OCDE. Maioria da população brasileira não realiza qualquer tipo de investimento e, entre o público investidor, predomina a caderneta de poupança. Observouse um crescimento no volume de investimentos no mercado de capitais, mas que não se mostra tão significativo se considerados os baixos percentuais de investimento e o desconhecimento de boa parte da população sobre o assunto. O Fórum Brasileiro de Educação Financeira, a Semana Nacional de Educação Financeira, as ações do Banco Central e algumas tímidas iniciativas dos Bancos são exemplos que ilustram a busca pela oferta de Educação Financeira no Brasil. Constatou-se que os possíveis impactos da educação financeira para as famílias brasileiras referem-se à prevenção para o caso da ocorrência de algum imprevisto, capacidade no controle das finanças, auxiliando na vida pessoal e contribuindo para o controle nesse sentido, com a finalidade de possibilitar a melhoria de qualidade de vida do indivíduo e de sua família.

Palavras-chave: Educação Financeira. Família Brasileira. Endividamento. Brasileiros. Planejamento Financeiro.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema a educação financeira na família brasileira, considerando sua importância social e principalmente a relevância para o desenvolvimento

1 Acadêmicos do curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares.

2 Professor de graduação. Bacharel em Administração. Especialista Docência do ensino superior. MBA Controladoria e Finanças. giovannecarvalho@unipac.br

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Jhonnathan

individual e familiar. Nesse contexto, a educação financeira envolve diversos aspectos e carece de uma análise que considere variáveis como as motivações para o endividamento, o desemprego e o consumismo, que se relacionam de modo direto às dificuldades financeiras.

Verifica-se, todavia, a necessidade de que as instituições públicas e privadas atuem no fomento à educação financeira, proporcionando à população em seus diferentes perfis o acesso ao conhecimento nesse campo, favorecendo suas decisões de compra e outras ações que envolvam aporte de recursos financeiros. Diante dessas considerações, pergunta-se: quais são os possíveis impactos da educação financeira para o ambiente familiar da população brasileira?

O objetivo geral do trabalho foi identificar os impactos da educação financeira para a melhoria das condições socioeconômicas dos indivíduos e grupos familiares. Os objetivos específicos foram discutir a importância social e econômica da Educação Financeira; caracterizar a Educação Financeira pessoal e familiar; e identificar ações de apoio à Educação Financeira.

O presente trabalho conta com a revisão de literatura, predominantemente nas bases Scielo e Google Acadêmico. As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram “Educação Financeira”, “Família Brasileira”, “Endividamento”, “Brasileiros”, e “Planejamento Financeiro”. Os termos foram submetidos à pesquisa em meio eletrônico, por meio dos operadores booleanos “and” e “or”, os trabalhos resultantes foram analisados e discutidos na pesquisa. Não foram utilizados estudos bibliométricos, trabalhos de graduação e resumos de trabalhos.

2 A EDUCAÇÃO FINANCEIRA

2.1 A importância da educação financeira para a sociedade e para a economia nacional

O desequilíbrio econômico-financeiro pessoal e familiar representado pela realidade de grande parte da população é resultado, entre outros pontos, do desconhecimento de componentes básicos intrínsecos à educação financeira, além da falta de informação a respeito e da importância do planejamento financeiro pessoal.

A educação financeira é um importante tema, mas ainda de pouca disseminação no âmbito da sociedade brasileira. A mesma se insere de forma indireta em todos os demais conteúdos inerentes às atividades produtivas que gerem receitas, sendo essencial ao

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desenvolvimento social. Segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2008) o planejamento financeiro serve para formalizar o método para atenção às metas financeiras das famílias e das empresas. Durante o planejamento os objetivos alcançados vão depender da maneira de como será seguida as etapas que foram traçadas.

Para Cruz et al. (2012) deve-se pensar que o planejamento busca a prevenção para o caso da ocorrência de algum imprevisto não enumerado no planejamento, e a margem pode ajudar no controle do problema. Esta ação proporciona às pessoas um controle sobre as finanças sucedendo assim o equilíbrio financeiro.

O planejamento financeiro é uma ferramenta que proporciona para todos uma capacidade no controle das finanças, auxiliando na vida pessoal. Para Gitman (2001), o mesmo é um aspecto essencial das operações nas empresas e famílias por mapear os caminhos para guiar, coordenar e controlar as ações das empresas e das famílias para atenção aos seus objetivos. Para o mesmo autor, o processo de planejamento financeiro se inicia com planos financeiros de longo prazo ou estratégicos, sendo que estes guiam a formulação de planos a curto prazo ou operacionais.

A educação financeira é uma ferramenta que ajuda no desenvolvimento e na qualidade das decisões financeiras onde estão exatamente ligadas aos níveis de inadimplência, endividamento e investimento. Porém, uma administração requer doutrina e modificações de costumes e condutas de comportamentos. Iniciando rapidamente o planejamento é bem melhor a percepção de resultados positivos (TOMMASI; LIMA, 2017).

O planejamento não é somente para quem tem muito dinheiro, sendo muito importante para quem pensa em adquirir. É planejar o uso dos recursos, estabelecendo prioridades e decidindo o que fazer para evitar gastos desnecessários. De acordo com Blanco (2014), quanto mais precocemente se entende a importância do planejamento financeiro, melhores decisões financeiras podem ser tomadas. Para o autor, muitos dos problemas financeiros se originam de hábitos e crenças equivocadas sobre o dinheiro, o trabalho, o consumo e o investimento. Logo, é preciso saber quanto se ganha e as necessidades que se tem, bem como estabelecer os objetivos a serem alcançados e ter um pouco de disciplina, sendo assim, fazendo um levantamento de quanto recebe, incluindo as outras rendas do salário como: os benefícios, o salário do cônjuge, a ajuda dos filhos, aluguel de imóveis (BLANCO, 2014).

Segundo Melo (2012), “o conhecimento perfeito das disponibilidades ou faltas de recursos permite o melhor gerenciamento, ou seja, buscar recursos ou fazer investimentos, adiar compromissos, antecipar projetos, montar um orçamento visando a solução de problemas”.

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Inclui-se também o planejamento de investimentos e antecipação aos problemas, buscando não ser prejudicado pelos imprevistos. Possibilita também a montagem de um planejamento visando atingir metas, considerando que o mercado financeiro se tornou mais dinâmico e complexo nas últimas décadas.

2.2 A educação financeira pessoal

Alguns dados são imprescindíveis para um real controle financeiro pessoal, como por exemplo, devem-se listar as despesas fixas e variáveis como: alimentação, luz, água, telefone, aluguel, carro, educação, impostos, saúde, internet e lazer, mesmo que sejam variáveis, pois mesmo assim é possível estabelecer limites, ajuda a economizar e reduzir o orçamento mensal e diminuir os gastos eventuais como, por exemplo, as férias e a revisão do carro já que podem ser planejados antecipadamente (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 2008).

Conforme Ross, Westerfield e Jaffe (2008), o planejamento financeiro estabelece o método para as metas financeiras de como devem ser atingidas. Esse deve possibilitar a criação de vários cenários de evolução futura, do pior desde o melhor, possibilitando visualizar e examinar muitas opções de investimento e financiamento; de alcançar viabilidade, pois os planos devem se encaixar no mesmo objetivo geral de maximização da riqueza; para evitar surpresas, já que o planejamento deve identificar o que pode ocorrer no futuro caso certos eventos aconteçam.

Verifica-se que pessoas desorganizadas e desatentas direcionam grande parte do seu dinheiro para pagar altos juros aos bancos, aos cartões de crédito e aos financiamentos, sem considerar a importância da atenção a estas transações

A norma que orienta o plano financeiro pessoal é simples, e trata-se de não se gastar mais do que se ganha. O planejamento financeiro inicia com a elaboração do orçamento e logo depois com a descrição de todas as receitas e despesas do período (HALFELD, 2011). A atenção aos aspectos relacionados à diferença entre receitas e despesas pode ser essencial para que se identifique o potencial para realizar investimentos, como a poupança.

Securato (2002) defende que é indispensável a realização do planejamento financeiro pessoal, observando que quando o indivíduo realiza os investimentos em ativos, pode identificar a maneira mais adequada para utilizar seus créditos, com o cuidado de não assumir

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riscos maiores que sua capacidade financeira e para que na ocorrência de crise, ele possa se manter atuante.

Diferentemente do que ocorre nas empresas, as decisões financeiras pessoais podem ser carregadas de emoções, crenças e vieses, tanto quando se tratam de consumo quanto de investimento. As finanças empresariais geralmente são mais racionais. Outra diferença reside na alavancagem, que faz com que uma boa gestão do capital obtido de terceiros seja útil para as organizações, o que geralmente não ocorre no tocante às finanças pessoais (MASSARO, 2015).

Observa-se que a principal dificuldade do indivíduo reside no planejamento de longo de prazo, principalmente depois da década de 1990, onde o predomínio das políticas neoliberais fez com que o Estado, com poucos recursos para promover o crescimento, ampliasse a oferta de crédito e com isso incentivou o consumo e a produção (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007). O excesso de consumo, portanto, é um dos elementos que contribui de modo efetivo para o desequilíbrio financeiro individual e familiar.

Destaca-se que as pesquisas a respeito da educação financeira se concentram principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, sendo direcionadas aos ensinos médio e universitário. Mesmo diante do envelhecimento da população adulta, vem sendo dada pouca atenção para que ocorra a capacitação desses grupos etários. Parte significativa da literatura volta-se às descrições estatísticas relacionadas aos dados demográficos, socioeconômicos e financeiros e sua correlação com as iniciativas de educação financeira (SAVOIA; SAITO; SANTANA, 2007).

Conforme Silva et al. (2017), a educação financeira, entre outros pontos, favorece para que o indivíduo possa ter melhores resultados em situações adversas, como nos cenários de crise ou desemprego. Os fatores que podem conduzir o indivíduo ao endividamento devem ser considerados para que se possa elaborar um plano de contingencia, semelhante ao que é realizado pelas organizações.

2.3 A educação financeira na família brasileira

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A educação financeira pode ser útil em todas as fases da vida. Para as crianças, a mesma pode auxiliar na compreensão do valor do dinheiro, na gestão dos orçamentos e na poupança. Para os estudantes e jovens, pode proporcionar competências importantes que permitam viver com autonomia e para os adultos, permite que planejem situações como a compra da casa própria, o sustento da família, o financiamento dos estudos dos filhos e a preparação para a aposentadoria (PINHEIRO, 2013).

De acordo com a Anbima - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, mais de 40% dos investidores busca informações sobre o investimento com o corretor ou com o gerente da instituição financeira, sendo que 17% se informa com consultorias de investimento. Mais da metade dos investidores ganha mais de dois salários mínimos e cerca de 45% possui curso superior e a maioria é casada, com dois filhos em média (ANBIMA, 2018).

Mais da metade dos investidores em produtos financeiros no Brasil se encontra na Região Sudeste (51%), sendo que 20% vive na Região Sul e o restante nas outras regiões. Do 32% da população que fizeram algum tipo de investimento, quase metade aplicou em produtos financeiros. Ainda que 77% da população tenha afirmado conhecer o mercado de ações, apenas 1% afirmou investir no produto (ANBIMA, 2018).

Especificamente quanto aos investidores no mercado de capitais, a pesquisa realizada pela Anbima (2018) indica que a maioria é composta por pessoas com ganho mensal acima de dez salários mínimos e idade em torno de 60 anos. A influência do perfil dos novos investidores, considerando os entrantes no mercado na última década até os dias atuais, pode ser considerada decisiva a partir da maior heterogeneidade tanto socioeconômica quanto em termos de objetivos, fazendo com que o mercado de capitais, ainda que distante da preferência dos investidores brasileiros, se torne gradativamente uma opção para uma maior parcela deste público.

Os dados trazidos pelo IBGE (2017/2018) indicam que cerca de 72% dos brasileiros gastam mais do que arrecadam, o que indica a falta de conhecimento no tocante à administração das finanças pessoais. Esta falta de preparo pode ter consequências desastrosas tanto para o indivíduo quanto para seu grupo familiar e para a sociedade. Entretanto, apesar da importância dessa abordagem, a educação financeira no país não é um conteúdo especificamente previsto

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no currículo escolar, mas por meio da multidisciplinaridade, onde são passadas orientações para administração financeira.

Os conceitos de consumo e consumismo, discutidos à luz da psicologia, conduzem à reflexão de que o fenômeno do consumismo indica uma relação de dominação com relação às pessoas, sendo indicado, conforme Struckel, Silva e Zandonadi (2017), pela necessidade que alguns indivíduos têm de dar simbologia à sua existência, considerando que o transtorno obsessivo compulsivo por compras e acumulações pode resultar em impactos significativos, ocasionar implicações psicológicas e comorbidades, além de perdas e outros prejuízos, levandoos ao isolamento social e familiar.

Diante dessa simbologia, observa-se, conforme Casadore e Hashimoto (2010), que a mesma se inclui no conjunto dos ideais ilusórios de consumo, de necessária revisão, já que envolvem a busca pela felicidade, mas fundamentada na aquisição e no consumo.

Essa ilusão é fomentada pela mídia, que possui grande influência e nos comportamentos consumistas, nos sentimentos, emoções e motivações relacionados ao consumo por parte de jovens adultos (SECCHI; VIEIRA; RAMOS, 2017).

Nesse aspecto pode-se considerar a abordagem da Psicologia do Consumidor, que avalia o comportamento humano com fundamento na correlação de variáveis cognitivas, afetivas e sociais, considerando que a tomada de decisões por parte do consumidor ocorre com base em suas crenças, derivadas de sua interação com o ambiente físico e social do qual faz parte. Observa-se, no entanto, a inexistência de uma teoria que possa de modo isolado explicar o processo de decisão, verificando que entre as teorias geralmente utilizadas, as mais abrangentes se referem ao comportamento predominantemente racional, opondo-se à lógica eminentemente racional defendida por uma minoria (TONETTO, 2009).

Segundo Lima e Breda (2018) ocorrem problemas familiares oriundos do consumo desmedido, considerando que esses indivíduos afirmam receber críticas oriundas desses hábitos de consumo, além do fato de se endividam para obter os produtos que desejam.

O viés patológico do consumismo é observado por Romani; Winck e Strey (2013), que afirmam a influência da conduta consumista na vida principalmente das mulheres, no que concorda Soares (2017), que afirma que entre os jovens e principalmente mulheres, o fator

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psicológico e social relacionado ao consumismo, como efeitos significativos no comportamento compulsivo de compra.

Desse modo, observa-se que o comportamento do consumidor é permeado por variáveis que carecem de interpretação em cada situação específica. Nesse contexto, o consumismo pode ser apresentado como elemento que direciona muitas vezes as ações relacionadas ao comportamento do consumidor.

Observa-se, como contraponto ao consumismo, iniciativas como a adotada pelo simplifiers, que representam um público que busca a redução do consumo e a adoção de hábitos mais simples. Eles creem que ter um alto nível de consumo, como frequentemente ocorre nas classes mais abastadas da atual sociedade ocidental, pode ter consequências deletérias, como estresse, tirando o foco do que é realmente importante.

2.4 As ações de apoio à educação financeira

As ações de incentivo à educação financeira passam pela prestação de informações a respeito do modo como pode se processar o conhecimento e acerca da dinâmica dos diferentes tipos de investimento. Levantamento feito pelo Banco Central mostra que cerca de 80% da população está endividada. Segundo Tommasi e Lima (2017), esse levantamento mostra que a preocupação do indivíduo pode interferir diretamente em sua vida profissional, ocasionando queda na produtividade em decorrência da situação preocupante do devedor. As empresas buscam auxiliá-los para que as dívidas não fiquem cada vez mais caras e afetem ainda mais a vida do funcionário. A educação financeira é uma estratégia eficaz na busca de melhorias para a sociedade e as empresas. Portanto, seu estudo é relevante para a linha de Finanças Corporativas.

Conforme Hermann (2011), os bancos públicos devem atuar como apoio nas políticas voltadas para o desenvolvimento econômico e social, onde, sem dúvida, se incluem as ações de educação financeira, não apenas para seus clientes para toda a sociedade. No entanto, as iniciativas, conforme demonstrado, não são efetivas, se limitando à condição de divulgarem produtos e serviços que, normalmente, atuarão em sentido inverso.

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Conforme Lima (2018), os riscos financeiros se referem às possíveis perdas nos mercados financeiros, sendo decorrentes das oscilações das variáveis financeiras, passíveis de modificarem o desempenho dos investimentos realizados e de afetarem principalmente o fluxo de caixa que se relaciona a estes investimentos. Os riscos financeiros são representados pelos riscos de mercado, de crédito, de liquidez, operacional e legal.

Conforme Bonaldi (2010), a partir da evolução experimentada pela economia brasileira nos anos 1990 e acentuadas nos anos 2000, foram criadas diversas iniciativas no sentido de se popularizar o investimento nas bolsas de valores. Apesar de os mesmos não terem atingido tal popularização, pode-se constatar que ocorreu uma maior participação dos pequenos investidores nesse mercado. Estas iniciativas partiam principalmente das maiores corretoras de valores, que ofertavam workshops e palestras para captarem e fidelizarem clientes.

As alterações se encontravam definidas a partir da entrada do Brasil no grupo dos países emergentes, indicada como a atenção ao nível de investimento exigida em nível internacional. Segundo a BM&F Bovespa (2018), 97,1% dos investidores na bolsa de valores no Brasil é formado por pessoas físicas, sendo que, conforme dados de julho de 2018, o país contava com 736.781 investidores no total, sendo 715.420 pessoas físicas.

Importante destacar que houve uma evolução significativa no número de mulheres investidoras entre 2002 e 2018, sendo que a participação passou de 17,63% para 22,63%. A participação atual do público feminino, no entanto, não é a maior da série histórica, já que o maior percentual de mulheres investidoras ocorreu em 2012, com 25,30% (BM&F BOVESPA, 2018). Nesse aspecto, importa considerar as iniciativas destinadas à popularização dos investimentos, que deve ocorrer simultaneamente às ações relacionadas à educação financeira. Verifica-se, inclusive, que estas práticas devem ser incentivadas pelas instituições financeiras. Sabe-se que os bancos não são obrigados por lei a oferecerem educação financeira aos seus clientes. No entanto, ao observar-se a missão do Banco do Brasil, compreendida como “[...] ser um banco de mercado, competitivo e rentável, atuando com espírito público em cada uma de suas ações junto à sociedade” (BANCO DO BRASIL, 2018), faz-se necessária a reflexão acerca do sentido do “espírito público”, já que as ações voltadas à educação financeira podem ser inseridas nessa temática.

A missão da Caixa Econômica Federal pode ser compreendida como “atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do País, como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado brasileiro” (CEF, 2018). Desse

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modo, evidencia-se a importância de que os bancos, principalmente as instituições públicas, invistam na educação financeira, que se relaciona ao desenvolvimento sustentável.

Os exemplos dos bancos brasileiros diferem, por exemplo, do que é encontrado em outros países, como os Estados Unidos. Segundo Savoia, Saito e Santana (2007), instituições financeiras como Bank of America, Citibank e Chase apresentam interesse pelo assunto. Em 2003, por exemplo, aproximadamente 98% dos bancos dos Estados Unidos promoveram o financiamento de projetos educação financeira e 72% realizaram o desenvolvimento de programas próprios com a finalidade de capacitação dos jovens, como forma de prevenir dificuldades financeiras.

O Banco Central do Brasil disponibiliza, por meio de seu site, um link voltado à educação financeira, com noções acerca de financiamento e sobre decisões de caráter financeiro. No mesmo são encontradas importantes lições e questionamentos a serem feitos pelas pessoas antes optarem pela realização de um gasto ou investimento (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018).

Importa, no entanto, compreender que em caráter histórico, a receita dos bancos tinha origem prioritariamente no spread, mas gradativamente esta tem tido grande aporte de recursos com base em tarifas e serviços, que são receitas não financeiras (LEITE, 1996). Essa mudança se reflete de modo direto nas ações de marketing destas organizações e de busca pela fidelização de clientes, o que inclui as instituições financeiras de modo geral. Desse modo, não se privilegia a educação financeira por esta, muitas vezes, proporcionar ao cliente a consciência e a racionalidade no investimento, o que nem sempre é do interesse dos bancos.

No entanto, especificamente no mercado de capitais, existe uma legislação específica que minimiza os efeitos desta questão. De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários, por meio da instrução CVM 539, é necessário que os agentes de investimento e as instituições financeiras se utilizem de uma metodologia para a identificação do perfil e verificação acerca da adequação entre os mesmos e os objetivos dos clientes.

Art. 1º As pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários não podem recomendar produtos, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do cliente. Art. 2º As pessoas referidas no art. 1º devem verificar se: I – o produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de investimento do cliente; II – a situação financeira do cliente é compatível com o produto, serviço ou operação; e III – o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacionados ao produto, serviço ou operação (BRASIL, 2013).

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Estas adequações entre o perfil do cliente se fazem necessárias no sentido de se proporcionar segurança ao investidor e denotam também a complexidade do mercado de capitais. A análise realizada pelas instituições denomina-se suitability e busca avaliar o nível de risco suportado pelo cliente em sua carteira de investimentos.

A complexidade da tarefa de se ofertar a educação financeira deriva da incipiência das metodologias passíveis de incorporar a heterogeneidade do público, indicando os investimentos mais adequados a cada perfil, mas apresenta potencialidades, como a exploração de elementos teóricos, como os aspectos relacionados às finanças comportamentais.

De acordo com Manhattan (2017), 49% da população brasileira realiza algum tipo de investimento, sendo o aumento da renda per capita nas últimas décadas fez com que aumentasse a possibilidade de realização de investimentos por parte das classes A, B e C. Os dados convergem com as informações da Anbima, que explica que menos da metade da população brasileira possui algum tipo de investimento e que entre esse público, 89% aplica na caderneta de poupança.

Seabra (2011) afirma que o sonho para qualquer pessoa é ter uma vida financeira equilibrada, na qual as contas estejam em dia e, no mínimo, com algum excedente para investir. A verdade é que a maioria das pessoas reflete desta forma, mas poucas agem antecipadamente para alcançar esta tranquilidade financeira. Algumas por ausência de tempo ou simples desinteresse em instruir a respeito do assunto e terminam de ignorar seu verdadeiro custo. Observa-se a importância de que as ações voltadas à educação financeira envolvam a observação a respeitos dos hábitos de consumo das diferentes faixas etárias. Verifica-se que na maioria dos países, as pessoas mais idosas e as mais jovens têm uma tendência a uma menor alfabetização financeira, No entanto, é possível constatar também que a maior alfabetização financeira, definida pelo conhecimento acerca da necessidade de racionalização das decisões financeiras, não é, de modo isolado, um elemento que pode ser decisivo para a educação financeira (SILVA et al., 2017).

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (Susep, 2014), o fundamento para o desenvolvimento do mercado de seguros e previdência no Brasil foi a estabilidade econômica, juntamente com o aperfeiçoamento da regulação e fiscalização da Susep, além das políticas governamentais voltadas a incentivar os produtos relacionados à captação de poupança e geração de renda para a realização de investimentos.

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das considerações trazidas no presente trabalho, pôde-se constatar a importância da Educação Financeira, bem como o fato de que no Brasil está ainda é abordada de modo incipiente. Observou-se que existem diversos aspectos que trazem impactos diretos às finanças pessoais, individuais e familiares, mas que o consumismo se evidencia como um dos fatores passíveis de trazer maior influência negativa.

Constatou-se que as iniciativas das instituições financeiras no Brasil são frágeis e pouco efetivas e que, mesmo nos bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, mostram-se superficiais. Essa realidade se contrapõe ao que é verificado nos Estados Unidos e no Reino Unido, mas se assemelha ao observado em outras nações, como República Tcheca, Polônia, Hungria, Eslováquia, Bulgária, Lituânia, Macedônia e Ucrânia, nas quais é possível verificar que é conferido pouco destaque à Educação Financeira.

Observou-se que a população brasileira, em sua maioria, não realiza qualquer tipo de investimento e, entre o público que o faz, a maior parte aplica na caderneta de poupança. Outra constatação importante reside no incentivo ao investimento no mercado de capitais que, no Brasil, mesmo tendo apresentado um crescimento, ainda é pouco explorado e pouco conhecido da grande maioria da população.

Práticas como o Fórum Brasileiro de Educação Financeira, o estudo e disseminação do conhecimento a respeito das finanças comportamentais, iniciativas como a Semana Nacional de Educação Financeira, entre outras, são essenciais para que se possa fomentar o interesse pelo conhecimento no âmbito da Educação Financeira, que se adequadamente aportado, pode contribuir efetivamente para a melhoria das condições socioeconômicas das famílias no Brasil.

A elaboração do planejamento deve levar em consideração o uso adequado dos recursos, com a criação de vários cenários de evolução futura e estabelecendo prioridades, decidindo o que fazer para evitar gastos desnecessários. Portanto, os possíveis impactos da educação financeira para o ambiente familiar da população brasileira são principalmente relacionados à prevenção para o caso da ocorrência de algum imprevisto além do orçamento, sendo que a margem pode ajudar no controle do problema. Importa, nesse sentido, considerar que a racionalidade nos gastos se opõe ao consumismo e favorece o desenvolvimento individual e do grupo familiar.

Desse modo, a Educação Financeira pode proporcionar uma capacidade no controle das finanças, auxiliando na vida pessoal e contribuindo para o controle nesse sentido, com a

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finalidade de possibilitar a melhoria de qualidade de vida do indivíduo e de sua família. Sugerese a realização de novos trabalhos a respeito do tema, considerando sua relevância social e acadêmica.

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SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO COMO MODELO DE GESTÃO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA LOJA E OFICINA MECÂNICA DE MOTOCICLETAS

RESUMO

A evolução do Sistema Toyota de Produção se tornou um assunto amplamente discutido no âmbito acadêmico. Atualmente suas metodologias e ferramentas vêm sendo aplicadas nos ramos de atividade da indústria, comércio e serviço, oferecendo o aprimoramento da qualidade nas organizações. Atento a essa realidade, o presente trabalho pretende analisar o Sistema Toyota de Produção como modelo de gestão, juntamente com um estudo de caso em uma loja e oficina mecânica de motocicletas. O objetivo é analisar os potenciais benefícios da implantação de conceitos e ferramentas do Sistema Toyota de produção na realidade organizacional da empresa Heloy Motos. Bem como, conceituar o sistema de gestão da qualidade, descrever o Sistema Toyota de Produção e algumas de suas ferramentas, avaliar a atual estrutura da empresa e observar os potenciais impactos da implantação do STP no objeto de estudo. Os métodos deste artigo são fundamentados em levantamento bibliográfico e o estudo de caso na empresa mencionada. Os embasamentos de análise da empresa são resultados de pesquisa aplicada aos colaboradores, expostos no apêndice deste trabalho. Em seguida, foi idealizada a projeção da aplicação de algumas ferramentas do Sistema Toyota, como um plano de ação a fim de gerar melhorias no estoque, comunicação, gestão das pessoas e eliminação de desperdícios. Os potenciais impactos da implantação dos conceitos do STP na empresa são a melhoria na gestão do estoque, na motivação e no engajamento da equipe em contribuir com o desenvolvimento sustentável da organização e melhor organização dos processos. A finalidade é demonstrar no decorrer deste estudo que o STP é uma proposta significativa para a manutenção de um ambiente saudável e crescimento do ser humano.

Palavras-chave: Qualidade Total; Melhoria Contínua; Sistema Toyota de Produção.

1 Aluno do 7º período do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: 191-002472@aluno.unipac.br

2

Aluno do 7º período do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: 191-003202@aluno.unipac.br

3

Aluna do 7º período do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: 191-002770@aluno.unipac.br

4

Aluno do 7º período do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: 191-001699@aluno.unipac.br

5

Aluna do 7º período do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: 191-003227@aluno.unipac.br

6 Orientador. Prof. Me. Titular do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: amiltonquintela@unipac.br

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Filipe Gonçalves Nogueira de Souza1, João David Gonçalves de Oliveira Coelho2, Lorrayne Mesquita Fernandes3, Raphael Tolomeu da Silva4, Sarah Iohana da Costa Nunes5, Amilton Quintela Soares Júnior6

1 INTRODUÇÃO

Em meados de 1947 a 1975, em um cenário pós Segunda Guerra Mundial, criou-se um novo modelo de gestão de produção chamado Sistema Toyota de Produção (STP). Foi desenvolvido a partir dos estudos realizados por Taiichi Ohno na Toyota Motor Company, com o intuito de corrigir as falhas do sistema de manufatura vigente na época, conhecido como Fordismo. Esse método propôs novos pilares de produção, com o intuito de reestabelecer o país e a indústria japonesa (OHNO, 1997), originando ferramentas que buscam o alcance da qualidade total, que se conceitua em um processo de gestão focado no planejamento, controle e garantia, interagindo entre si para a geração de melhoria contínua, encontrados também no sistema de gestão da qualidade (SGQ) (MARTINELLI, 2009).

Inerente ao sistema de gestão da qualidade, citado acima, o Sistema Toyota de Produção tem como princípio fundamental o alcance da melhoria contínua dos processos internos da organização, por meio do combate aos desperdícios e redução dos custos operacionais (SHINGO, 1996).

A produção do presente artigo se justifica pela constante busca das empresas em alcançar a qualidade total de seus produtos ou serviços, também nos impactos positivos que as estratégias Toyotistas tendem a gerar para a produtividade organizacional, assim como na grande procura ao assunto pela sociedade acadêmica da área administrativa e correlatas. Por isso, reveste-se de inteira importância o desenvolvimento do estudo, enfatizando o modelo Toyota de Produção e suas metodologias como modelo de gestão empresarial.

O objetivo geral dessa pesquisa é analisar os potenciais benefícios da implantação de conceitos e algumas ferramentas do Sistema Toyota de Produção na realidade organizacional da empresa Heloy Motos. Para isso, o caminho para atingir esse objetivo será conceituar o sistema de gestão da qualidade, descrever o Sistema Toyota de Produção e algumas de suas ferramentas, avaliar a atual estrutura da empresa, assim como observar os potenciais impactos da implantação do STP no objeto de estudo.

A organização que será o objeto de estudo deste artigo é uma loja e oficina mecânica que comercializa motocicletas novas e seminovas, peças e acessórios para motocicletas e motociclistas e manutenção em motocicletas, situada no município de Governador Valadares, MG.

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Almeja-se viabilizar a projeção de alguns métodos abordados pela filosofia Toyota, junto aos setores e processos da empresa, com isso, visando a melhoria contínua dos processos e pessoas, e a qualidade total nos serviços prestados. Além de contribuir para o avanço científico e também para a sociedade acadêmica brasileira.

2 MÉTODOS

O desenvolvimento deste artigo se deu a partir da realização de pesquisa exploratória, que visa a verificação de suposições e analisa exemplos que estimulam a compreensão. O referido método de pesquisa aborda levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado e a análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007). Com vista em perceber os potenciais benefícios da implantação de conceitos e ferramentas do Sistema Toyota de Produção na realidade organizacional da empresa Heloy Motos.

O levantamento dos dados foi apoiado em fontes primárias e secundárias, a partir de resultados qualitativos de revisões bibliográficas, artigos e revistas científicas e conceitos dos principais autores que abordam o tema, como Liker (2005), Ohno (1997) e Shingo (1996).

Para uma compreensão clara a respeito do tema proposto, as limitações da pesquisa serão alinhadas aos objetivos específicos da pesquisa: conceituar o sistema de gestão da qualidade; apresentar as principais características do STP; analisar a atual estrutura de processos da empresa Heloy Motos e observar os potenciais impactos da implantação do STP no objeto de estudo.

De maneira específica, foi realizada pesquisa bibliográfica para entendimento dos conceitos da qualidade e do STP, de maneira especial, algumas ferramentas do STP e sua relevância para a empresa. Seguindo tal ponto, foi realizado um estudo de caso através de um questionário qualitativo e semi-estruturado, a fim de identificar os principais problemas que interferem na estrutura de processos da empresa e delinear possíveis soluções a partir das metodologias do STP.

Em sequência, esse artigo fará o estudo da projeção de aplicação das ferramentas Toyotistas na empresa estudada: Heloy Motos, localizada em Governador Valadares, MG, na qual foram projetadas as ferramentas e realizada a observação.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A conceitualização do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ), é fundamental para a compreensão do STP. O Sistema Toyota está incluído no sistema de gestão da qualidade total (OHNO,1997). A produção com critérios de qualidade e excelência faz alusão ao período do artesanato e das produções encomendadas. Também existem documentos da revolução industrial, dos séculos XVIII e XIX, que relatam o aprimoramento dos processos de produção naquele importante período da história (MARTINELLI, 2009).

Porém, o sistema de gestão da qualidade, como é conhecido atualmente, foi desenvolvido por Armand Feigenbaum, com a redação do sistema de qualidade total. Esse sistema defende que todos os colaboradores, de maneira sistêmica, devem interagir na qualidade do produto, na sua concepção, produção e entrega. Também diz que todo o processo deve ser monitorado e acompanhado a partir do fim da produção, no pós-venda, em diálogo com o cliente, a fim de conhecer suas percepções sobre o produto adquirido (MARTINELLI, 2009).

3.1 Qualidade Total

Algumas normativas foram desenvolvidas para formalizar ainda mais a gestão da qualidade. O estamento burocrático age assim para que a qualidade total seja implementada em todos os processos pertinentes à sociedade. Em uma dessas regulações, na norma ISO 9000:2000, a qualidade é conceituada e documentada: em um processo de gestão que é o planejamento, controle e garantia, interagindo entre si para a geração de melhoria contínua (MARTINELLI, 2009).

O autor Garvin (2002), fez a conceituação da qualidade, utilizando o produto final como objeto de estudo, em seu livro: “Gerenciando a qualidade: a visão estratégica e competitiva”, como a junção dos preceitos. Estes são a demonstração prática do que é qualidade. Segundo Garvin (2002), os oito preceitos que sustentam a qualidade são o desempenho, características secundárias, confiabilidade, conformidade, durabilidade, capacidade de receber assistência técnica, estética e qualidade percebida.

3.2 Ferramentas do Sistema Toyota de Produção (STP)

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O STP é um sistema de gestão que incentiva o desenvolvimento à “habilidade humana até sua mais plena capacidade, a fim de realçar a criatividade e a operosidade para utilizar devidamente instalações e máquinas, e eliminar os desperdícios” (OHNO, 1997, p. 16).

O Sistema Toyota se vale de metodologias e ferramentas para sua implementação em uma organização: just in time, autonomação, nivelamento, kanban, 5s, kaizen, jidoka, heijunka, andon, lean manufacturing, poka yoke, entre outras (OHNO, 1997). Todavia, neste estudo de caso, serão conceituadas e utilizadas: just in time, kanban, 5 S, kaizen e lean manufacturing.

3.3 Just in Time (JIT)

Just in Time significa “na hora certa”, considerado um dos principais pilares do STP. Seu idealizador foi Kiichiro Toyoda, fundador da Toyota Motor Company (OHNO, 1997). A ideia básica do JIT é produzir e entregar o material certo, no momento e na quantidade necessária, com o objetivo de trabalhar com o mínimo de estoque possível, resultando em um tempo de espera curto, a fim de gerar economia de custos. O kanban é uma das ferramentas de apoio utilizadas no JIT para transmissão de informações sobre recolhimento ou recebimento da ordem de produção (OHNO, 1997).

Segundo Santos (2009) a organização em atividades de produção, manutenção e redução de desperdícios com estoque e tempo de execução das tarefas, tende a aumentar a eficiência nas empresas que utilizam o JIT. Para Ferreira (2004), através da implementação do Just in Time, a empresa pode gozar de diversas melhorias: menor custo de produção/manutenção, aumento da qualidade, ganho pela flexibilidade e aumento na velocidade de entrega.

3.4 Produção Puxada – Kanban

“Kanban” quer dizer cartão. É uma ferramenta amplamente utilizada para organização de estoques, que atua auxiliando a metodologia JIT. Surgiu através de observações realizadas por Taiichi Ohno, ao primeiro modelo de supermercado americano que surgiu no Japão, em meados da década de 1950 (OHNO, 1997).

O kanban é o meio utilizado para transmitir informações entre os processos organizacionais e para controlar a quantidade produzida necessária, integrando todos os setores produtivos. Para seu funcionamento, é necessário o apoio da tecnologia, sinalização, identificação e padronização de rotinas e processos (OHNO, 1997).

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Sua estrutura é constituída pela filosofia japonesa de puxar a produção através de cartões sinalizadores. Segundo Santos (2009), a produção puxada é aquela que determina a necessidade de produção ou manutenção de algum item. Para o autor, a produção é puxada pelo cliente, que determina a demanda; o kanban atua sinalizando quando o setor de produção solicita algum produto, reparo ou inspeção em determinado equipamento.

Quadro 1 – Funções e Regras para utilização do Kanban

Funções Regras

Fornecer informações sobre apanhar ou transportar;

O processo subsequente apanha o número de itens indicados pelo kanban no processo precedente;

Fornecer informações sobre a produção; O processo inicial produz itens na quantidade e sequência indicadas pelo kanban;

Impedir a superprodução e o transporte excessivo; Nenhum item é produzido ou transportado sem um kanban; Servir como uma ordem de fabricação afixada às mercadorias; Reduzir o número de kanbans aumenta sua sensibilidade aos problemas; Impedir produtos defeituosos pela identificação do processo que os produz; Produtos defeituosos não são enviados para o processo seguinte; Revelar problemas existentes e manter o controle de estoques. O resultado são mercadorias 100% livres de defeitos.

Fonte: Ohno (1997, p. 31)

Para Ohno (1997) e Shingo (1996), a característica fundamental do sistema kanban está na melhoria contínua dos sistemas de produção; a eliminação de desperdício também é facilitada pelo kanban. Sua utilização mostra o desperdício, permitindo propostas de melhorias. Na produção, o kanban é uma força para reduzir mão-de-obra e nos estoques a eliminar produtos defeituosos.

3.5 Lean Manufacturing e o Pensamento Enxuto

Lean Manufacturing, também conhecido por “Lean production'' ou simplesmente “Lean”, uma metodologia utilizada para minimizar o desperdício. A ideia básica é produzir apenas o necessário, no momento necessário na quantidade requerida e, ao mesmo tempo, maximizar a produção (OHNO,1997).

Esse procedimento teve início no mundo ocidental através de uma publicação da década de 1990, "A Máquina que Mudou o Mundo" de Womack, Jones e Roos (1992). Segundo Riani (2006), essa metodologia foi desenvolvida para analisar as cadeias de produção da Toyota.

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Alguns benefícios do Lean Manufacturing são tempo de entrega reduzido, redução de custos operacionais e melhor qualidade nos produtos.

A principal ênfase do Lean Manufacturing é a redução de custos e a produção eficiente. A metodologia do STP também foca na melhoria contínua e diz que a empresa constantemente deve buscar a perfeição nos processos gerenciais, considerando que a capacitação de colaboradores e a implementação de processos inteligentes devem ser constante e culturais a rotina da empresa (BALARDIM, 2019).

3.6 Kaizen e a Melhoria Contínua

Kaizen é uma palavra de origem japonesa, formada pela junção de duas palavras. Traduzindo para o português, “Kai” significa mudança e “zen” significa melhor, assim sendo, mudança para melhor. Foi difundido por Masaaki Imai, teórico organizacional e consultor de gestão, mundialmente conhecido por seu trabalho em gerenciamento de qualidade. Imai trabalhou durante anos em prol do Sistema Toyota de Produção junto à Taiichi Ohno (IMAI, 1988).

Para Imai (1994) a ideia central dessa metodologia se fundamenta em seu lema: “Hoje melhor que ontem, amanhã melhor que hoje”, empregado para difundir a essência da melhoria contínua nos processos da organização, por meio da colaboração do homem que nela trabalha. Bem como, o melhoramento da vida do homem no geral, seja social, familiar ou profissional, por meio de condutas conscientes.

Ghinato (2000) e Shingo (1996) corroboram com a teoria de Imai, dizendo que o Kaizen é um conjunto de pequenas melhorias minuciosas e contínuas que envolvem todos os níveis hierárquicos da organização. O kaizen, volta-se para a eliminação das perdas com a finalidade de maximizar a qualidade do produto/serviço dentro dos recursos disponíveis na realidade da empresa, ou seja, sem que haja aumento de custos.

O criador da teoria kaizen, Masaaki Imai, enumera dez princípios para a aplicação da filosofia: eliminação de desperdícios; melhorias contínuas; cooperação de todos os colaboradores no andamento da melhoria contínua; crescimento de produtividade; flexibilidade, podendo ser utilizada em qualquer local/empresa; comunicação transparente entre os colaboradores; focalizar as ações em setores com maiores necessidade; orientação para melhoria dos processos; melhoria das pessoas; treinamento e capacitação dos colaboradores.

(CHIAVENATTO, 1999; GOMES; SOUZA 2013; IMAI, 1994).

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3.7 5s

O Programa 5s é uma ferramenta que auxilia na implantação da qualidade total e melhoria contínua na organização. Incentiva a mudança cultural a partir da responsabilização e atitudes conscientes, sendo basicamente uma técnica gerencial que possibilita a melhoria nas rotinas organizacionais, tornando o ambiente mais limpo, promovendo a harmonização as relações pessoais, contribuindo para o adequado desempenho das atividades, diminuição dos custos e desperdícios e aumento da produtividade (CAMPOS, 2004; GODOY, 1999).

A ferramenta foi idealizada por Kaoru Ishikawa em 1950, e deriva das primeiras letras representadas por cinco palavras japonesas: seiri (senso de utilização); seiton (senso de organização), seiso (senso de limpeza), seiketsu (senso de saúde e higiene) e shitsuke (senso de autodisciplina). A ideia é mudar atitudes, pensamento e comportamento das pessoas. A expressão ‘senso’ indica desenvolver a capacidade de apreciar, entender e julgar. (SILVA, 1994).

Para Natali (1995) o senso de utilização identifica e elimina os objetos e informações desnecessárias que estão no local de trabalho. A ideia chave é a utilidade: organizar os itens, objetos, ferramentas e equipamentos de acordo com sua frequência de utilização. Os principais benefícios do seiri são a liberação de espaço, eliminação de ferramentas, armários, prateleiras e materiais em excesso, e diminuição do risco de acidentes.

Ainda de acordo com Natali (1995) o senso de organização (seiton) explica-se pela simplificação. Colenghi (2003) corrobora relacionando o senso a vantagens como economia de tempo, facilidade e agilidade para encontrar documentos, ferramentas e demais itens necessários para a atividade. O senso de organização é a fase em que se organizam os materiais visando facilitar o trabalho.

O senso de limpeza (seiso) aumenta a sensação de conforto e reduz os riscos de falhas no processo e em equipamentos. O seiso exige a implementação de tarefas de limpeza regular no ambiente de trabalho (BARBOSA et al., 2021). Segundo Natali (1995), nessa fase deve-se investigar as rotinas que geram sujeira a fim de modificá-las. Iluminação deficiente, mal cheiro, ruídos, pouca ventilação, poeira, e também os agentes que agridem o meio ambiente são tidos como sujeira. Cada colaborador é responsável pela manutenção da limpeza de sua área de trabalho.

O seiketsu (senso de saúde e higiene) auxilia no comprimento dos três primeiros sensos do programa 5S (seiri, seiton, seiso). Por meio desse senso é possível a manutenção dos melhores hábitos, equilíbrio físico e mental e melhoria do ambiente de trabalho (Natali, 1995).

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Barbosa et al. (2021) afirma que nessa fase, inicia-se a introdução da padronização de normas relacionadas a utilização, organização e limpeza, fazendo com que o colaborador compreenda a aplicação da metodologia, rumo à melhoria contínua das tarefas.

O último senso a ser desenvolvido é o da autodisciplina: Shitsuke. Silva (1994) afirma que é ter os empregados comprometidos com o cumprimento dos padrões éticos, morais e técnicos e com a melhoria contínua a nível sistêmico”. Natali (1995) complementou a afirmação de Silva (1994) dizendo que o é o compromisso pessoal com o cumprimento dos padrões, e consolidação do sistema 5s. Nesse sentido, as pessoas passam a fazer o que deve ser feito, da maneira como deve ser feito, mesmo que ninguém veja. Tornando o trabalho diário e relações humanas agradáveis, efetivando o cumprimento dos procedimentos operacionais com altos níveis de qualidade.

3.8 Empresa

A Heloy Moto é uma sociedade familiar fundada em 2010 em Governador Valadares/MG que atua na comercialização de peças e acessórios para motocicletas e equipamentos para motociclistas a varejo e atacado, prestação de serviços de manutenção em motocicletas, motonetas, triciclos, e quadriciclos multimarcas de todas as cilindradas e a venda de motocicletas novas e seminovas. A empresa tem como público-alvo o consumidor que utiliza a motocicleta como principal meio de transporte e também como ferramenta de trabalho (B2C e B2B), pessoas que exercem a prática do esporte sobre duas rodas, e que utilizam o veículo como hobby. Atualmente, a empresa conta com quatorze colaboradores, incluindo os sócios, distribuídos nos setores administrativo, estoque, oficina mecânica e vendas. Em razão da pandemia do covid-19, houve a necessidade de a empresa adaptar-se às vendas online e, atualmente, vende para todo Brasil, via e-commerce, através da plataforma do Mercado Livre.

3.9 Projeção do STP Aplicado

A partir do questionário realizado na empresa, observou-se que os principais problemas enfrentados em sua realidade organizacional, se referem ao controle e reposição de estoques, comunicação, organização e padronização na estrutura de processos e gestão das pessoas. De acordo com a visão dos colaboradores, tem-se a fragilidade no controle e reposição de estoques; a desorganização na estrutura de processos; falta de comunicação e a carência de

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gestão das pessoas, como as dificuldades mais prejudiciais à saúde da organização. Tornando claros os pontos que podem ser melhorados tendo o Sistema Toyota de Produção como modelo de gestão na empresa.

Na pesquisa feita, 71,4% dos colaboradores a pontam que não existe padrão ou controle na reposição de estoque, já 28,6% contradiz esses colaboradores, dizendo que existe um processo de reposição, por exemplo: quando chega no ponto de reposição é processado o pedido. A proposta para solucionar a fragilidade no controle e reposição de estoques, vem da implementação do kanban, que, de acordo com Moura (1989), torna-se uma alternativa de gestão de estoques, por ser um sistema de baixo custo, em contrapartida a metodologias mais sofisticadas. Além de proporcionar um sistema visual de gestão do estoque, a fim de auxiliar o controle de reposição.

Sendo assim, a reposição do estoque pode ser organizada em cartões, dispostos em cada produto no estoque, distribuídos pelas cores: verde, amarelo e vermelho. O verde simboliza o estoque necessário; o amarelo sinaliza que o produto está no ponto de reposição, fazendo-se necessário a solicitação de compra do produto; e, o vermelho, representa o estoque de segurança. Adaptada ao kanban, uma tabela descritiva, feita e armazenada no programa de criação de planilhas excel, constará os pontos de reposição de cada produto presente no estoque. Com base na informação descrita na tabela, o colaborador responsável poderá gerenciar o momento correto para fazer a alteração da cor do cartão, que estará disposto em cada produto armazenado em estoque, facilitando a visualização da real necessidade de reposição.

Após a troca do cartão verde para o amarelo (mostrando que o produto chegou no ponto de reposição) e, do amarelo para o vermelho, (mostrando que o produto chegou no estoque de segurança), as modificações deverão ser adicionadas a planilha, enfatizando as cores de sinalização, a fim de que o setor de compras acompanhe o processo de reposição de estoque, finalizando com a solicitação do produto na hora certa. Para que não falte produtos e diminua o excesso de capital em estoque.

Segundo Mariotti (2008), por meio da aplicação do kanban, espera-se que a Heloy Motos tenha uma administração mais eficiente de seu estoque. Com a adaptação da planilha eletrônica ao kanban, a empresa pode ter um ganho no controle da liquidez dos itens e a mensuração do momento correto a fazer reposições e solicitações de compra. Complementado com a argumentação de Shingo (1996), a efetivação do Just in Time, que é a produção e processos no tempo certo. O uso dos cartões visuais, podem favorecer a visualização e a compreensão rápida da situação de estocagem da empresa, e colaborar com a diminuição dos

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gastos com estoques excessivos e desperdícios de tempo na busca por produtos em estoque, e ainda melhorar a disposição da organização do estoque em geral.

Sobre a estrutura de processos, 64,3% dos colaboradores responderam que não existe um sistema padrão documentado de processos, que seja formalizado, explicando as funções e a execução das atividades para cada setor da empresa e que cada funcionário escolhe a maneira em que deve trabalhar; 21,4% alegaram que existe, porém, não é acompanhado pela liderança. Já, 7,1%, que equivalem a um funcionário, disse que existe um sistema onde os processos estão padronizados, e 7,1% disse que existe, porém, os mecânicos são insubordinados neste requisito. Ainda na visão de 78,6% dos colaboradores, a distribuição de tarefas na empresa é desorganizada e aleatória, deixando clara a necessidade de alinhamento da equipe e organização nos processos internos; 7,1% (um colaborador), disse que elas são pré-definidas e acompanhadas; 7,1% disse que são desorganizadas e aleatórias; 7,1% disse que são desiguais e excessivas.

A comunicação e organização dos processos na empresa é defeituosa, na resposta dos colaboradores. Para melhoria desse quesito, todos os agentes da organização precisam estar cientes das atividades e das necessidades da empresa. A comunicação deve ser saudável e efetiva entre a gerência e seus funcionários. Considerando isso, o kanban, ferramenta que auxilia a gestão visual e comunicação, propõe a solução deste problema com a implementação de um sistema formalizado e modernizado de informação (OHNO, 1997). Posto isso, com base na conceituação do kanban, adaptado a realidade da empresa, pretende-se a criação de fluxos de comunicação oficial, com o auxílio de um monitor (televisão ou projetor de imagem) e um alto-falante no ambiente da oficina.

O monitor exibirá as tarefas diárias, o planejamento de serviços para cada mecânico, e avisos/recados pertinentes a todos os funcionários, que, constantemente, terão acesso visual a essas informações. E, além de ser um canal de comunicação, será um alerta visual para resolução de demandas dos clientes. Os serviços e demandas que estão mais próximos do seu prazo final, como, por exemplo, um serviço de manutenção, com prazo de entrega ao fim do dia, serão reproduzidos com mais frequência neste monitor.

Através de um alto-falante, recados serão emitidos para os colaboradores. Havendo a necessidade de comunicar-se com um mecânico, por exemplo, que trabalha abaixo da recepção da loja, o sinal sonoro com o recado ao funcionário será emitido e ele, do lugar que se encontra, receberá a mensagem. Com isso, elimina-se a necessidade de interromper o serviço deste mecânico com a solicitação de presença dele.

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Assim sendo, com a implementação destas estratégias de comunicação, finalizando as implicações do kanban, Mariotti (2008) diz que sinalizadores visuais auxiliam na definição de estratégias e melhoria na comunicação. Logo, a comunicação e transmissão de informações na Heloy Motos, com o uso dos monitores e alto-falantes, podem ser otimizadas, provocando ganhos com a redução do movimento humano desnecessário, diminuindo os erros na produção/manutenção e aumentando a satisfação do cliente com entregas pontuais.

A liderança não realiza reuniões frequentes com o time ou reuniões individuais para o alinhamento de metas do dia, semana ou mês, desencadeando problemas na comunicação entre os setores e entre a gestão com a equipe. De acordo com 71,4% dos colaboradores, só existem reuniões quando existem erros, outros 14,3% acreditam que existem reuniões, mas são apenas conversas informais e, o restante afirmou que nunca/dificilmente existem reuniões.

Nas questões abertas, a maioria dos apontamentos estão ligados à falta de motivação da equipe. Segundo os funcionários, apenas incentivos financeiros não são suficientes para que a equipe se mantenha motivada. É necessário que a liderança leve em consideração as questões trazidas pelos funcionários, confirmando com a vivência, a necessidade de desenvolver as ideias de melhoria contínua trazidas no decorrer deste trabalho.

Visando solucionar os problemas nos processos, carência de gestão das pessoas e motivação da equipe, será abordada a metodologia kaizen. Segundo Masaaki Imai (1994), para que um programa kaizen seja planejado adequadamente, ele pode ser dividido em três segmentos; kaizen orientado para a administração, para o grupo e para a pessoa.

Na realidade da Heloy Motos, o kaizen orientado para a administração deve ser desenvolvido, no mínimo, uma vez por semana, para orientação da filosofia e princípios do lean manufacturing, com foco no planejamento a longo prazo, padronização dos processos, definição de estratégias para o alcance da melhoria contínua, desenvolvimento das pessoas, eliminação dos desperdícios através da transmissão do pensamento enxuto (LIKER, 2005) e demais princípios do kaizen abordados por Imai (1994) citados tópico kaizen deste artigo, para a partir disso, elaborar planos de ação fazendo o uso das ferramentas 5s e JIT estruturadas com as ideias e opiniões da equipe. Essas reuniões semanais com administração da empresa, será o ponto de partida para a busca por soluções dos problemas como a falta de organização dos processos e motivação da equipe.

A proposta do kaizen orientado para o grupo, pode ser aplicada uma vez por mês, para o alinhamento da equipe e divulgação das metas e objetivos definidos para aquele mês. Inicialmente devem ser definidos os responsáveis por cada setor da empresa, em geral

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colaboradores que tenham conhecimentos técnicos da área, e apresentem características de tendência para a mudança, facilidade para motivar os participantes, facilidade de comunicação e habilidade para resolver conflitos (BRIALES; FERRAZ, 2006). Para apoiar o kaizen em grupo, deve ser utilizada a ferramenta 5s, orientada para padronização dos processos e melhoramento da gestão da rotina, socialização das pessoas a um ambiente de economia, organização, limpeza, higiene e disciplina, promovendo assim, o aumento da produtividade (CAMPOS, 2004).

Outro método de aplicação do kaizen em grupo, pode ser dividido por setores. O responsável por cada setor, pode reunir-se quinzenalmente com a equipe do setor para realização de treinamentos técnicos da função realizada e acompanhamento/disseminação da ferramenta JIT, que segundo Santos (2009) e Ferreira (2004), tende a organizar as atividades de produção/manutenção e reduzir os desperdícios com insumos para produção e tempo de execução das tarefas, aumentando assim, a flexibilidade, economia e eficiência nos setores.

Por conseguinte, o kaizen orientado para a pessoa deverá acontecer sempre que necessário, para enfatizar a necessidade de colaboração do grupo para o sucesso do projeto, e diminuir a resistência de cada pessoa quanto às mudanças comportamentais. Segundo Godoy (2001) a resistência acontece naturalmente, por se tratarem de mudanças de hábitos e atitudes já enraizados nas pessoas pela experiência de suas vidas. Isso justifica a necessidade do líder da equipe que conheça os fatores que influenciam as resistências à mudança e que saiba como orientar e conscientizar as pessoas. Além de facilitar o acompanhamento das tarefas, melhorar a confiança e boa comunicação entre a administração e a equipe. Dessa forma, enfatizando a eficiência em executar os trabalhos, a qualidade e a segurança nas ações.

Outrossim, a aplicação do kaizen orientado nos processos da Heloy, de acordo com Schawaber e Sutherland (2020), a implementação dessas reuniões sistêmicas, para a administração, para o grupo e para pessoas, podem gerar resultados positivos nas estruturas da empresa, como engajamento dos funcionários às políticas da empresa, convergências de posições e comunicação organizacional transparente; pois, as reuniões para definições de metas e alinhamento da cultura organizacional, motiva os colaboradores, fortalece a filosofia lean e elimina a possibilidade de reuniões para correção de erros.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta deste estudo foi analisar os potenciais benefícios da implantação de conceitos e ferramentas do Sistema Toyota de produção na realidade organizacional da empresa Heloy Motos. Para isso, realizou-se o levantamento bibliográfico dos conceitos do sistema de gestão da qualidade, das principais características do STP, e algumas de suas ferramentas; também foi feita a avaliação da atual estrutura de processos da empresa e observação dos potenciais impactos da implantação do STP no objeto de estudo.

O levantamento bibliográfico realizado, possibilitou o embasamento acerca dos assuntos relacionados a gestão da qualidade e Sistema Toyota de Produção; e efetivar a indicação das ferramentas compostas pelo STP compatíveis com a realidade da empresa. Além de facilitar a definição das etapas a serem seguidas para a execução do artigo.

Para melhor entendimento da atual situação da empresa objeto de estudo, elaborou-se um questionário qualitativo semiestruturado, a fim de identificar os principais problemas enfrentados na organização, e obter as questões em que poderiam ser aplicados os métodos do STP, propondo-se a redução dos custos e prejuízos da empresa e associar as possíveis melhorias.

As viáveis melhorias serão efeito da implantação das metodologias e ferramentas: just in time, kanban, 5s, kaizen e lean manufacturing, conceituadas neste artigo. Esses ideais, se aplicados de modo correto, serão consolidados na cultura organizacional da empresa, convertendo em técnicas padronizadas, evitando assim, que os problemas abordados retornem. Posto isso, o objetivo geral proposto na introdução deste artigo foi alcançado, uma vez que os potenciais benefícios da implantação de conceitos e ferramentas do Sistema Toyota de produção na realidade organizacional da empresa Heloy Motos, foram analisados, bem como os objetivos específicos de conceituar o Sistema de gestão da qualidade, apresentar as principais características de STP, avaliar a atual estrutura de processos da empresa em questão e analisar potenciais impactos da implantação do STP no objeto de estudo, foram cumpridos.

Todavia, mesmo tendo sido evidenciada a possibilidade de aplicação das metodologias nas estruturas da empresa, seu sucesso na prática não pode ser assegurado. Uma vez que, a metodologia não foi aplicada de fato à vivência da empresa, para apuração de resultados concretos. Foi realizada apenas uma projeção de aplicação das ferramentas. Além disso, vale lembrar que, para efetivação das propostas, é essencial a real disposição da diretoria em modificar a cultura da empresa, e perseverança para enfrentar os obstáculos encontrados no

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caminho, como a natural resistência a mudanças por parte do pessoal, por se tratarem de mudanças de hábitos minuciosos enraizados a cada pessoa. Portanto, sugere-se para artigos futuros, verificar a aplicabilidade dos planos de ação baseados nas ferramentas do STP na prática, para a constatação na prática, de seus benefícios para a gestão das empresas.

O projeto de redirecionar os caminhos já traçados em uma organização não é tão simples quanto na teoria, do mesmo modo, não devemos ignorar que o cliente é o recurso mais valioso da empresa. Sendo assim, um colaborador técnico, consciente e criativo é fundamental para o alcance da satisfação do cliente, entregando a qualidade que o mercado competitivo atual exige para que a empresa se mantenha firmada em crescimento constante e consecutivo aumento dos lucros a partir da redução dos desperdícios.

REFERÊNCIAS

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