Toth Ciência Educação v.7, n.7 2021

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TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO


ISSN 2595-1866

TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO

FUPAC


EXPEDIENTE

CORPO EDITORIAL

Editor chefe Rogério Vieira Primo Normalização / Formatação: Mônica Machado Messeder Equipe técnica: Revisão: Mônica Machado Messeder Diagramação - Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Criação gráfica - Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Corpo Editorial Científico: Aías Alves de Lana Alex Sandro Seccato Amilton Quintela Soares Júnior Ana Paula Campos Fernandes Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes João Claudio Passos da Silva Marcelo Medeiros Filho Miquéias Calebe Donde Rogério Vieira Primo Walther Anastácio Junior

Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: http://www.unipacgv.com.br E-mail: academicogv@unipac.br Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212-6700 - CEP – 35.032-200

TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Semestral ISSN 2595-1866 p. 169 1 Administração. 2 Ciências Contábeis. 3Educação. 4 Periódico. CDD 22. ed. Mônica Machado Messeder – Bibliotecária CRB 6 – 3149


SUMÁRIO A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O CONDOMÍNIO ABC............................09 Walther Anastácio Junior

AS TOMADAS DE DECISÕES QUE CAUSAM O ENDIVIDAMENTO DAS MICRO EMPRESAS (ME), E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (EPP) DO COMÉRCIO VAREJISTA ........................................................................................................................... 20 Miquéias Calebe Donde ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUA IMPORTÂNCIA PARA EVIDENCIAR A SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL .................................................................................................................................................. 39 Amilton Quintela Soares Júnio Miqueias Calebe Donde IMPACTOS FISCAIS E DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS NO PROCESSO DE MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO JURÍDICA DE EMPRESAS BASEADAS NO SIMPLES NACIONAL QUE MIGRAM DE ME PARA MEI .......................................... 56 Marcelo Medeiros Filho Amilton Quintela Soares Júnio POTENCIAIS BENEFÍCIOS, EM TERMOS DE PRODUTIVIDADE, DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS CONTÁBEIS EM NOVOS ESCRITÓRIOS............71 Aías Alves de Lana GESTÃO ORDINÁRIA NOS PEQUENOS NEGÓCIOS .................................................. 82 Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes MARKETING DIGITAL: A UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS EM UMA CORRETORA DE SEGUROS..............................................................................................94 Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes OS IMPACTOS NEGATIVOS CAUSADOS PELA AUSÊNCIA DO CAPITAL DE GIRO NA SAÚDE FINANCEIRA DA EMPRESA NA CIDADE DE SARDOÁ-MG .. 105 Walther Anastácio Junior


AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES ............................................................................................................................................................. 116

Rogério Vieira Primo EMPREENDEDORISMO NO TREINAMENTO FUNCIONAL NA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES ...................................................................................................... 131

Ana Paula Campos Fernandes Alex Sandro Seccato João Claudio Passos da Silva APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) PARA REDUÇÃO DO ESTRESSE OCUPACIONAL.........................................150 Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes


Editorial A TOTH – Ciência e Educação inicia sua sétima edição de publicações sob os efeitos devastadores causados pela Pandemia provocada pela COVID 19, uma doença que afeta principalmente o trato respiratório, é transmitida por meio de gotículas e tem como profilaxia o isolamento social para diminuir o seu contágio, desencadeou um período de incertezas e enormes desafios nos sistemas de saúde, econômicos e sociais e com alto índice de letalidade. O Brasil ultrapassou o triste número dos 310 mil mortos em mais de um ano depois de ter começado, a pandemia de COVID-19 ainda não dá sinais de que vai acabar em pouco tempo. Observa-se um controle precário, com vacinação lenta, queda da adesão às medidas preventivas e omissão de agentes públicos em implementar, estimular, controlar e fiscalizar o cumprimento de normas de distanciamento social. Além disso, para piorar a situação, novas variantes do novo Corona vírus vêm surgindo e se espalhando pelo país. Na Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares, ficamos em luto pelo falecimento do Presidente da Fupac, Professor Bonifácio Andrada e de uma colega querida, professora Maria de Fátima de Oliveira Leite, do curso de Pedagogia da Unidade de Governador Valadares, ambos vitimados pela doença. No trabalho editorial, as consequências da pandemia também foram sentidas, a suspensão do trabalho presencial exigiu a reorganização das atividades da TOTH – Ciência e Educação e uma diminuição na quantidade de artigos submetidos para publicação. Apesar do momento difícil, a TOTH – Ciência e Educação tem motivos para comemorar, isso porque enfrentamos todas as dificuldades e novos desafios, reaprendemos e aprendemos novos modelos e ainda assim não interrompemos os trabalhos. Nessa edição reforçamos nosso compromisso em estimular a participação na iniciação científica, contribuindo, dessa maneira, para a melhoria da formação acadêmica e estimular à criatividade e o desenvolvimento do pensamento crítico e da mentalidade científica.

Um forte abraço. Prof. Me. Rogério Vieira Primo

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A IMPORTÂNCIA DO ORÇAMENTO EMPRESARIAL COMO FERRAMENTA DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA O CONDOMÍNIO ABC Janete Pereira de Souza1, Leandro Reis de Paula, Letícia Pereira Assis1, Nicoly Viega Almeida1, Walther Anastácio Junior2

RESUMO O presente artigo, tem como objetivo analisar a importância do orçamento empresarial como ferramenta de planejamento estratégico para o Condomínio ABC. Assim, a metodologia aplicada foi um estudo de caso desenvolvido da seguinte forma: primeiro, foi realizada uma entrevista com o Gerente Controller do Condomínio ABC, para entender como é realizado o orçamento empresarial do empreendimento e; na sequência, foi feito uma análise dos dados e informações coletadas na entrevista com embasamento teórico. Após isso, foi verificado que o Condomínio possui a prática do orçamento empresarial desde a sua inauguração e isso tem facilitado o dia a dia, auxiliando nas tomadas de decisões e permitindo que a empresa não prejudique seu funcionamento operacional e rotineiro como um centro de compras, além de garantir sua solidez quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras assumidas com terceiros. Palavras-chave: Orçamento empresarial. Planejamento. Controle. Condomínios Comerciais 1 INTRODUÇÃO

Com um mercado tão competitivo, as empresas precisam estar atentas as mudanças e sempre à frente de seus concorrentes. Conhecer o seu negócio é fundamental para o sucesso da empresa e um meio que contribui para isto, é a realização de um orçamento, pois, conhecendo as receitas, os custos e as despesas da organização, é possível estabelecer metas claras, medir o seu crescimento e se planejar. O orçamento empresarial pode ser visto como um “guia” para as empresas, trazendo uma visão de futuro mais clara e objetiva, além do engajamento de toda a equipe, podendo também reduzir os seus custos e até mesmo aumentar o seu faturamento.

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Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC Governador Valadares– MG E-mail: jab_cruz22@hotmail.com;leandroreis.cec@hotmail.com;leticiapassis@hotmail.com; nicolyviega@gmail.com 2 MBA em Gestão Financeira Controladoria e Auditoria, Especialista em Administração Escolar, Orientação, Supervisão e Inspeção, Professor de Planejamento e Gestão Estratégica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares – waltheranastacio@hotmail.com

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Portanto, diante de uma ferramenta de extrema relevância para qualquer empreendimento, justifica-se a realização desta pesquisa, como forma de comprovar que a falta de um orçamento empresarial pode trazer impactos negativos, como uma empresa deixar de honrar seus compromissos assumidos com terceiros, além de ficar impedida de realizar determinadas aquisições de bens, serviços ou mercadorias por falta de planejamento. Este artigo tem como problema de pesquisa saber qual a importância do orçamento empresarial como ferramenta de planejamento estratégico para o Condomínio ABC. Para tanto, o objetivo é analisar como o orçamento empresarial atua como uma ferramenta essencial para a eficácia do planejamento estratégico da empresa. Tendo como objetivos específicos, conceituar condomínios comerciais, orçamento empresarial, planejamento e controle; verificar como é feito o planejamento orçamentário e se há flexibilidade para eventuais mudanças nos gastos ou investimentos; em caso de inadimplência, se há reflexos na execução do planejamento orçamentário; e analisar os resultados encontrados nas pesquisas bibliográficas e estudo de caso. Foi realizado de forma qualitativa, um estudo de caso com o responsável pelo orçamento do condomínio ABC, através de uma entrevista, obtendo uma análise exploratória/explicativa do dia a dia da empresa e de que forma é inserido a ferramenta de orçamento empresarial na concepção e execução do planejamento estratégico da empresa. 2 METODOLOGIA

A metodologia busca descrever todo o conjunto de métodos utilizados do início ao fim de uma pesquisa, indicando os procedimentos escolhidos para a coleta de dados. Com base no estudo da ferramenta gerencial analisada durante a pesquisa, foi utilizado como metodologia aplicada à pesquisa científica um estudo de caso, que visa conhecer uma entidade, um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa ou uma unidade social, considerando todos os seus aspectos e profundidade, buscando descrever o porquê determinada situação ocorre e suas características, sem intervenção do pesquisador (FONSECA, 2002, p. 33 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Para isso, o objeto de estudo escolhido foi o condomínio ABC, situado na cidade de Governador Valadares-MG. Assim, o desenvolvimento da pesquisa foi realizado com auxílio de um questionário semiestruturado com o Gerente Controller, como também a observação do ambiente empresarial. Além do estudo de caso, a fundamentação teórica foi baseada em pesquisa bibliográfica e documental através de sites, livros, documentos e relatórios contendo os principais autores que elaboraram trabalhos pertinentes ao assunto.

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Desta forma, a pesquisa científica teve uma abordagem de estudo qualitativa, afim de compreender os fenômenos em torno do problema apontado, utilizando como instrumento de pesquisa um roteiro de observação com uma análise exploratória/explicativa que visa levantar dados e explicar os fenômenos, onde foi verificado o dia-a-dia do responsável pelo orçamento da empresa. Podemos afirmar também que a pesquisa foi baseada no método histórico, pois verificou como o orçamento empresarial desde a sua iniciação, contribui para o a situação atual do condomínio em estudo. A pesquisa é de natureza aplicada, porque teve como objetivo a geração de conhecimento para a aplicação prática. Portanto, a pesquisa buscou analisar e descrever o controle orçamentário da empresa para se chegar a uma resposta a pergunta de pesquisa inicial.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Um condomínio é um local onde mais de um proprietário possui um bem simultaneamente, sendo assim, um condomínio comercial “[..] caracteriza-se pela utilização por escritórios, clínicas, consultórios, lojas, empresas e galpões”, [portanto, ele pode reunir um mix de negócios de vários segmentos em um único local] (TUDOCONDO, 2018). Segundo dicionário Aurélio, 1999: CONDOMÍNIO: Domínio exercido juntamente com out r em; copropriedade. Condomínio fechado: conjunto residencial composto de edifícios e/ ou casas, geralmente cercado, com acesso controlado, e cujos moradores dividem equipamentos comunitários. (AURÉLIO, 1999) De acordo com o texto supracitado, Condomínio vem a ser o domínio exercido por duas ou mais pessoas em relação a um bem comum. A doutrina mais aceita para definição de condomínio entende que o mesmo vem a ser uma comunidade de direito, de que são titulares várias pessoas, incidindo sobre o mesmo objeto. Tendo assim, que: em um condomínio existe uma propriedade comum, ou seja, de todos os condôminos e uma propriedade particular. Tendo como partes pertencentes à propriedade comum o solo em que se constrói o edifício, suas fundações, pilastras, teto, vestíbulos, pórtico, escadas, elevadores, assoalho, corredores, pátios, aquecimento central, ar condicionado central, depósito, morada do zelador, em suma, todos os efeitos e utilidades destinados ao uso comum (CASTELO NETO, 2008).

Assim, todos os proprietários podem dispor e usar livremente de todas as partes comuns, desde que respeitando sua destinação, de modo a não prejudicar a coletividade.

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Segundo o dicionário Michaelis, orçamento é a ação ou efeito de orçar. Cálculo dos gastos com a realização de qualquer obra ou empresa. Calculo prévio da receita e despesa. Diante disso, o orçamento empresarial é uma das ferramentas mais utilizadas para a gestão e tomada de decisões em empresas de diversos portes, setores e regiões do mundo, inclusive em condomínios comerciais. Ele funciona como um diferencial para a coordenação das receitas e despesas, gerando melhoria dos resultados. O orçamento empresarial é considerado um plano empresarial, feito com o objetivo de criar estratégias a serem seguidas pela equipe, incluindo a projeção de receitas e despesas para um período. Para isso, o orçamento pode ser considerado como um "mapa" que define o planejamento que permite controlar gastos ou aumentar o faturamento, por exemplo. Quanto ao período, um orçamento é feito por meio de um plano de curto prazo, como para cada mês ou para o ano das atividades do negócio (DICIONÁRIO FINANCEIRO, 2017-2019).

Segundo o Dicionário Financeiro (2017-2019), há dois tipos de orçamento empresarial: o operacional que se refere aos custos e despesas da operação e o financeiro que pode ser feito para o controle e planejamento das finanças da empresa. Ainda segundo ele, para construir um orçamento empresarial deve-se seguir os seguintes passos: 1. Fazer uma análise de todos os recursos disponíveis; 2. Definir qual o objetivo do orçamento; 3. Elaborar planilhas para controle das receitas e despesas; 4. Fazer o acompanhamento dos resultados.

Um orçamento é a expressão de um plano de ação futuro da administração para determinado período. Ele pode abranger aspectos financeiros e não financeiros desses planos e funciona como um projeto para a empresa seguir no período vindouro. Os orçamentos, além de serem parâmetros para avaliação dos planos, permitem a apuração do resultado por área de responsabilidade, desempenhando papel de controle por meio dos sistemas de custos e contabilidade. O orçamento está presente no ciclo administrativo. Ele pode ser definido, em termos amplos, como um enfoque sistemático e formal à execução das responsabilidades do planejamento, execução e controle. Contudo, assim como todos os processos, o orçamento empresarial também apresenta vantagens e desvantagens a serem observadas. Segundo Marques (2017), podemos apontar: • Vantagens – maior integração entre os colaboradores para atingir os objetivos, detalhamento das metas, previsão de problemas com antecedência e de soluções adequadas.

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Desvantagens – custos elevados para aplicação, exige grande empenho dos colaboradores, é suscetível a erros caso não sejam bem definidos os objetivos a serem alcançados.

Portanto, pode-se entender que o orçamento empresarial é uma ferramenta de planejamento e principalmente de controle de metas e objetivos financeiros, durante um período determinado de tempo. Por isso, O orçamento é uma ferramenta muito importante para o sucesso de qualquer organização [...]. Ele tem seu início nos objetivos que a organização almeja alcançar, passando pela análise dos pontos fortes e das limitações deste tipo de empresa, sempre buscando alocar da maneira mais eficiente os recursos para aproveitar as oportunidades identificadas no meio ambiente, trazendo um retorno satisfatório para os recursos empregados pela empresa [...]. Caberá ao administrador financeiro verificar as diferenças entre o orçado e o planejado, com o intuito de implementar as mudanças necessárias, quando o orçado ficar abaixo do real e a manutenção dos resultados, e de manter os resultados, quando estes forem superiores aos orçados (SCHAEPPI, 2016).

Para isso, é necessário que seja bem definida a previsão de todas as entradas e saídas futuras, facilitando o planejamento dos gastos para calcular quanto será preciso faturar para cobri-los. Muitos empresários assumem um financiamento com bancos sem fazer um orçamento empresarial adequado. Se hoje a capacidade de pagamento dele não cobre o que foi acordado lá atrás, isso acaba prejudicando o seu fluxo de caixa [...]. Com o planejamento, é possível fazer uma avaliação correta do estoque, o que impacta diretamente na formação do preço de venda dos produtos da empresa. Para quem compra mal, o estoque demora mais a ser vendido e, em vez do dinheiro estar no fluxo de caixa, está mobilizado no estoque [...]. Um planejamento bem feito permite que a empresa conheça a sua capacidade de giro de capital, o que a leva a programar melhor compras, reduzir prazos de recebimento das vendas e negociar melhor pagamentos de fornecedores, entre outras ações (NATAL, 2015).

O Controle Orçamentário apresenta vantagens que nenhuma outra técnica administrativa conseguiria, sequer, imitar. Ele cria condições e instrumentos para determinar e expressar, as expectativas, os objetivos e os planos da empresa, que por sua vez, são comunicados com absoluta clareza a todos os demais escalões administrativos, de forma a permitir que cada gerente compreenda e participe da realização dos resultados pretendidos. Cria também padrões de comparação que permitem a correta avaliação do desempenho de cada área da empresa.

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Portanto, o sucesso da empresa moderna depende de uma administração eficiente, feita com um planejamento baseado num complexo de previsões, planos, objetivos e procedimentos de controle chamado de Controle Orçamentário. Assim, para que um orçamento empresarial seja realmente eficaz e eficiente, é necessário que haja dois pontos essenciais que sempre andam juntos: planejamento e controle. Desta forma, eles [...] podem ser entendidos separadamente. Planejamento financeiro diz respeito às metas financeiras que você deseja atingir, enquanto o controle financeiro está preocupado com as políticas e procedimentos enquadrados por uma organização para gerenciar, documentar, avaliar e relatar transações financeiras de uma organização. Resumidamente, o planejamento financeiro se preocupa em como as coisas devem ser feitas e o controle financeiro faz o relato das finanças da empresa. Apesar dessa pequena diferenciação, o planejamento e controle financeiro muitas vezes é entendido como uma coisa só: a gestão financeira (LIMA, 2018).

De nada adianta realizar um bom planejamento, com todos os objetivos e metas que a empresa deseja alcançar, se depois de planejar os gestores não controlarem para que tudo seja devidamente executado. Portanto, diante dos conceitos abordados nesta fundamentação teórica, verificou-se as principais vantagens e desvantagens do orçamento empresarial, bem como sua importância e necessidade de se planejar e manter o controle contínuo dos objetivos e metas desenvolvidas. Foi realizado uma entrevista com o Gerente Controller do condomínio ABC que atua nesta função há 20 anos, afim de compreender a importância do orçamento empresarial como ferramenta de planejamento estratégico e como isto é colocado em prática no dia a dia do condomínio. Com o objetivo de honrar os compromissos assumidos com seus fornecedores referentes às despesas realizadas no decorrer do mês, à administração do empreendimento realiza a cobrança do Condomínio de forma antecipada, baseada na previsão de gastos elaborados através de um orçamento anual detalhado, com votação e acompanhamento mensal, definindo prioridades para o bom funcionamento do prédio. A elaboração do orçamento anual inicia-se com definição das premissas adotadas, ou seja, os critérios estabelecidos para elaboração desse orçamento, conforme modelo abaixo: •

Os valores deste Orçamento estão expressos em Reais (R$).

Servirão de base para a elaboração do Orçamento 2020 as despesas realizadas até o mês de novembro/2019, acrescidos das despesas previstas para o mês de dezembro/2019.

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Nos contratos de prestadores de serviços e mão de obra terceirizada foram considerados a aplicação dos reajustes previstos nas respectivas datas bases firmado em cada contrato.

Salários dos funcionários do condomínio: reajuste pelo IPCA projetado, conforme tabela de evolução dos índices no mês de junho/2020 data do acordo coletivo de trabalho.

Tarifas de água, Energia e Telefonia: 4% reajuste (Inflação projetada)

As despesas de Impostos e Taxas foram calculadas com base no realizado nos últimos 12 meses, levando em consideração as taxas obrigatórias pagas anualmente (polícia federal, taxa de incêndio, taxa de fiscalização e funcionamento).

Para elaboração do orçamento nos itens de insumos como: Material de limpeza,

Higiene, Escritório, Manutenção, Elétrico, Hidráulico, Segurança etc., foi feito um apontamento detalhado do consumo por item, quantidade e cotação de preço com os respectivos reajustes de inflação do período. Após a elaboração e aprovação do Orçamento anual, esses valores serão tomados como meta para todo o exercício corrente, assim, haverá uma reunião mensal para votação do orçamento, onde serão definidas as prioridades e aprovação do orçamento mensal que será faturado e cobrado dos condôminos. Em seguida, será feita uma apuração contábil mensal, com o objetivo de aferir o resultado entre o valor orçado versus realizado e trimestralmente será feito um ajuste dessa apuração contábil de um possível Déficit ou Superávit a ser cobrado ou devolvido respectivamente, no próximo faturamento após a apuração. Lembrando que entre os Condomínios Comerciais, principalmente nos Shopping Center, existe uma prática que é chamada de Retenção de Encargos Inadimplentes, que ocorre quando um locatário não paga seus encargos (condomínio), o Empreendedor (Proprietário) do empreendimento, deve honrar com essa despesa e depois recebe extrajudicial e em alguns casos judicialmente. O certo é que não existe inadimplência para quem faz a gestão da verba e isso facilita a administração do fluxo de caixa. O Condomínio ABC possui um software de gestão financeira e administrativa, onde é lançado todos os valores orçados aprovados por unidade de custos e conta contábil, o que facilita o acompanhamento diário da utilização dessa verba orçada, evitando assim surpresas no final do período, uma vez que o sistema sempre aponta algum possível estouro de verba, exigindo assim uma autorização de uma alçada superior para sua vinculação, conforme uma normatização pré-estabelecida.

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Além de contribuir para a promoção da eficiência e eficácia dos recursos arrecadados para administração do empreendimento, segundo o entrevistado, o orçamento empresarial também é essencial para quem paga por esses serviços, que são os condôminos, porque eles conseguem se programar para o pagamento desse encargo (condomínio). Assim, quando bem gerido, pode evitar surpresas e desembolsos desnecessários, otimizando seu custo de ocupação e consequentemente melhorando sua lucratividade apurada nas operações comerciais que funcionam nesse Centro Comercial. Para o Gerente Controller a maior dificuldade na hora de montar um orçamento é o descontrole que todas as empresas possuem sobre os serviços com preços administrados, ou seja, aqueles serviços que tem seus reajustes previstos pela administração pública através das agências reguladoras, como por exemplo: energia, água e telefonia. Apesar disso, para ele é inviável o funcionamento de qualquer empresa sem um planejamento de suas atividades e o envolvimento de todos os setores da empresa na preparação, elaboração, aprovação e acompanhamento do orçamento. Os resultados referentes a elaboração e análise do orçamento empresarial no Condomínio ABC, provocam algumas reflexões, a saber: a) o orçamento empresarial aliado ao planejamento estratégico; b) a condução na elaboração do orçamento empresarial; c) a coleta de informações para a confecção do orçamento; d) o engajamento dos demais setores; e e) as dificuldades no orçamento empresarial. Como foi citado ao decorrer desta pesquisa, o orçamento empresarial é uma excelente ferramenta que colabora para eficiência do planejamento estratégico de uma empresa e para o Condomínio ABC não é diferente, analisando o estudo de caso, é possível observar que o Condomínio tem seus objetivos, metas e valores bem definidos, como esperam que transcorram os negócios da empresa, proporcionando uma visão clara das ações que cada pessoa deve executar. O orçamento empresarial do Condomínio em estudo é realizado anualmente e aprovado em assembleia, com revisões mensais feitas pelo Gerente Controller, que analisa a demanda de todos os setores e realiza alguns ajustes pertinentes, o que proporciona uma maior flexibilidade, tornando o orçamento mais estratégico com a finalidade de atender as necessidades, sem que ultrapasse o orçamento anual já aprovado. Nas despesas quanto menos gastamos, sem prejudicar a empresa, melhor. As principais informações coletadas para a confecção do orçamento são baseadas no histórico de gastos do ano vigente, com isso, ao final de cada ano realizase as projeções para o ano seguinte e assim sucessivamente. Além disso, leva-se em consideração alguns indicadores econômicos, como por exemplo, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Todos os setores são envolvidos no processo, por acreditar que é com o engajamento de todos os colaboradores que é possível atingir as metas orçamentárias. O responsável de

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cada setor precisa estar atento as demandas para repassar ao Gerente Controller, para que as necessidades sejam levadas em consideração na hora de elaborar o orçamento. Após a confecção do orçamento, os colaboradores são informados sobre as metas previstas aprovadas em assembleia e engajados a atingirem um objetivo comum. Monitorar o orçamento depois de pronto é imprescindível para a realização do seu propósito, pois ajuda a identificar falhas antes que o problema se agrave. A maior dificuldade citada pelo entrevistado na hora de elaborar o orçamento, são os reajustes previstos pela administração pública, através das agências reguladoras. Nenhum empreendimento fica imune às oscilações do mercado, os indicadores macroeconômicos, por si só, já provocam alterações nas finanças das empresas, mesmo contra a vontade de seus donos. Por isso, a importância de estar sempre atento as mudanças e notícias do mercado para se adaptar a isto da maneira mais assertiva possível. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo comprovou a importância do orçamento empresarial como ferramenta de planejamento estratégico para o Condomínio ABC. Através das referências bibliografias mencionadas e o estudo de caso analisado observou-se que o orçamento empresarial auxilia nas tomadas de decisões e proporciona uma visão mais ampla do negócio. Portanto, o presente artigo é relevante para o meio acadêmico e para a prática comercial no segmento, afim de comprovar a eficiência e eficácia desta ferramenta. Todo empreendimento tem por objetivo o sucesso, e a busca por este almejado sucesso, não é algo fácil em tempos atuais, uma vez que há uma alta competitividade em praticamente todos os segmentos. Faz-se necessário então, a utilização de ferramentas administrativas e financeiras que venham nortear a empresa em seus processos decisórios. O planejamento orçamentário é uma ferramenta que está incorporada ao processo decisório dentro das organizações, sendo o ponto de partida para que se atinja o tão almejado sucesso financeiro. Os desafios de redução de custos, sem abrir mão da qualidade na prestação do serviço, aumentam a cada novo planejamento. E cada vez mais se faz necessária a participação e o envolvimento de todos os gerentes e suas respectivas equipes de trabalho, no esforço conjunto da busca pela eficiência e qualidade do trabalho, bem como do atingimento das metas orçamentárias. Assim sendo, conclui-se que o Condomínio ABC tem feito uma gestão orçamentária dentro dos padrões de exigência do mercado, cumprimento o seu propósito. Sugestões para novas pesquisas: Utilização do orçamento empresarial no desempenho organizacional; e A relevância do orçamento empresarial no crescimento de micro e pequenas empresas.

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ABSTRACT

This article aims to analyze the importance of the corporate budget as a strategic planning tool for Condomínio ABC. Thus, the applied methodology was a case study developed as follows: first, an interview was conducted with the Controller Manager of Condomínio ABC, to understand how the business budget of the enterprise is carried out and; subsequently, an analysis of the data and information collected in the interview with a theoretical basis was made. After that, it was verified that the Condominium has practiced the corporate budget since its inauguration and this has facilitated the day-to-day, assisting in decision making and allowing the company not to jeopardize its operational and routine functioning as a shopping center, in addition to guaranteeing its solidity regarding the fulfillment of its financial obligations assumed with third parties.

Keywords: Business budget. Planning. Control. Commercial Condominium

REFERÊNCIAS

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MARQUES, José Roberto. Conheça os principais tipos de orçamento empresarial, suas vantagens e desvantagens. [s.l.]. Portal IBC, 2018. Disponível em: <https://www.treasy.com.br/blog/dicas-para-melhorar-seu-orcamentoempresarial/>. Acesso em: 03 jun. 2019. NATAL, João Carlos. Entenda a importância do orçamento empresarial. [s.l.]. VIVO, 2015. Disponível em: <https://destinonegocio.com/br/financas/entenda-aimportancia-doorcamento-empresarial/>. Acesso em: 03 jun. 2019. ORÇAMENTO empresarial. [s.l.]. Dicionário Financeiro, 2017-2019. Disponível em: <https://www.dicionariofinanceiro.com/orcamento-empresarial/>. Acesso em: 03 jun. 2019. REIS, Fernando. Planejamento financeiro: qual a importância de planejar as finanças?. [s.l.], 2018. Disponível em: <https://blog.magnetis.com.br/planejamentofinanceiro-a-importanciade-planejar-as-financas/>. Acesso em: 21 mar. 2019. SCHAEPPI, João Paulo S. Orçamento empresarial - como elaborar o orçamento empresarial. [s.l.]. 2016. Disponível em:<https://www.catho.com.br/cursos/index.php?p=artigo&id_artigo=711&id_area=2 &acao=exibir>. Acesso em: 21 mar. 2019. TUDO sobre condomínio comercial. [s.l.]. TUDOCONDO, 2018. Disponível: <http://tudocondo.com.br/administracao-condominial/tudo-sobre-condominiocomercial/>. Acesso em: 03 jun. 2019.

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AS TOMADAS DE DECISÕES QUE CAUSAM O ENDIVIDAMENTO DAS MICRO EMPRESAS (ME), E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE (EPP) DO COMÉRCIO VAREJISTA.

Lucas Anselmo de Souza1 Rafael Cordeiro Chaves1 Thalles Henrique Rosa Lopes1 Victor Gonçalves de Lana1 Miquéias Calebe Donde2

RESUMO

No presente artigo foram apresentados os elementos primordiais usados no auxílio da tomada de decisão, com ênfase em alguns pontos considerados relevantes para endividamento das entidades. A metodologia utilizada foi a revisão literária de referências bibliográficas de livros, artigos, sites e leis. A dimensão dos assuntos sobre a tomada de decisão na microempresa e empresa de pequeno porte no comercio varejista é de grande abrangência, sendo assim destacamos algumas atitudes que podem levar a inadimplência nos métodos de controle que devem ser praticados, para que não haja uma tomada de decisão incorreta, sem uma base de dados, para uma melhor decisão organizacional. Por consequência no estudo dos autores vimos várias opiniões, entretanto todas defendiam a análise e controle dos dados financeiros e a importância destas informações na organização, pois através das mesmas o gestor da equipe consegue fundamentar a sua tomada de decisão em dados sólidos, criando planos de negócios e analisando fatos relevantes, possibilitando assim uma visão ampla do investimento e uma gestão de qualidade dos recursos da empresa ocasionando assim uma redução do risco operacional e financeiro do empreendimento, proporcionando desta forma maiores resultados econômicos.

Palavras-chave: Tomada de Decisão Endividamento Ferramentas Gerenciais Empresas de Pequeno Porte 1 INTRODUÇÃO O presente artigo científico tem por base especificar os principais elementos determinantes das tomadas de decisões que causam o endividamento das micro empresas de 1

Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPAC- Governador Valadares – MG. E-mail: lukas.itanhomi@gmail.com;faelchaves19@hotmail.com;thalles1208@gmail.com victorg.delana@outlook.com. 2 Bacharel em Ciências Contábeis pela UNIVALE. Especialista em Administração Financeira pela FGV. professor do curso de Ciências Contábeis da UNIPAC. E-mail: miqueiasdonde@unipac.br

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pequeno porte do comércio varejista. De acordo com um estudo da SERASA Experian, mais de 5,4 milhões de micro e pequenas empresas se encontravam em situação de inadimplência em maio de 2019, um aumento de cerca de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado” (SERASA EXPERIAN, 2019). De modo que, pode-se ver o grande impacto que afeta a tomada de decisão na gestão da empresa, porque, a tamanha complexidade no sistema tributário brasileiro que demanda uma enorme burocracia afetando a desempenho empresarial. Na economia brasileira “à alta carga tributária que atingiu o pico histórico de 35,07% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018 – o equivalente a R$ 2,39 trilhões” (ESTADÃO, 2019). Nisso tudo observamos que manter as contas das entidades equilibradas é um grande desafio para os empresários. Por isso entende-se que seja importante analisar as situações determinantes na tomada de decisões que causam o endividamento das micro empresas e empresas de pequeno porte do comércio varejista no Brasil. Isto pode ser analisado por meio de um estudo realizado pelo Sebrae Nacional no ano de 2013, onde o mesmo aponta e identifica a porcentagem das empresas que fecham as portas com menos de dois anos de existência, esse percentual pode chegar a 50% nos estabelecimentos com menos de quatro anos, um dos motivo é a falta de planejamento estratégico, prejudicial ao negócio impactando assim a tomada de decisão empresarial da organização.

2 METODOLOGIA

O procedimento metodológico adotado para realização deste trabalho foi à pesquisa bibliográfica de leis, livros e sites institucionais (SENAC, SERASA, IMPOSTÔMETRO E ENTRE OUTROS) investigação essa que pode ser classificada como um estudo de fontes sobre o tema. Fonseca (2002) apud Gerhardt e Silveira (2009), define a pesquisa bibliográfica como a pesquisa que é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e

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publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Os temas abordados neste artigo científico são: gestão de pessoas, plano de negócios, fluxo de caixa, administração financeira do estoque, análise de risco de crédito e financiamentos e indicadores financeiros. Esses temas foram abordados de forma quantitativa e qualitativa, através da conceituação do que são as tomadas de decisão nas microempresas e empresas de pequeno porte do comércio varejista com enfoque, no que pode provocar o seu endividamento e as definições do mercado com uma pequena síntese sobre a história do surgimento das pequenas empresas no Brasil que possuem uma alta carga tributária e um complexo sistema tributário nacional, que impacta diretamente a tomada de decisões destas organizações. Mediante ao impacto que é causado pela alta carga tributária e o complexo sistema tributário nacional, entende-se a importância de se analisar o perfil do empresário e suas principais ações de gestão e liderança, pois, quando o mesmo não faz o uso das informações financeiras no processo de tomada de decisões e utiliza-se apenas de seu conhecimento empírico, o mesmo gera desta forma a inadimplência das organizações, colocando o capital da empresa em risco através do comprometimento do lucro e fazendo que as entidades entrem em falência. Com base no exposto no parágrafo anterior sobre a análise do perfil do empresário os sistemas financeiros serão apresentados por sua vez em forma de ferramentas gerenciais, todavia, o assunto não será esgotado nesse artigo, em razão da complexidade do tema, visto que estes recursos auxiliam na gestão empresarial e no planejamento organizacional das entidades.

3 ANÁLISE DE DADOS

Neste trabalho serão apontadas as tomadas de decisões que causam o endividamento das empresas do comércio varejista das micro empresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP); com o objetivo de compreender, analisar e discutir as ferramentas usadas para TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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favorecer o crescimento das empresas. Visando assim demonstrar a importância dessas ferramentas. Para compreender o comportamento da tomada de decisões do gestor nas micro empresas e empresas de pequeno porte, primeiro vamos conceituar o que é ME e EPP e o, porque, foi necessária a criação deste modelo de empresa no Brasil. No Brasil há um grande número de leis, normas e regulamentos que dificultam a abertura dos pequenos negócios. Contudo, para desburocratização e estimulação da acessibilidade fez-se necessário, no ano de 1970, a criação das primeiras políticas voltadas ao pequeno negócio para fermentação da economia. Em 1996 o governo federal criou o regime tributário do simples nacional visando um tratamento diferenciado para as ME e EPP. Segundo a Lei Complementar número° 123 (BRASIL,2006), definindo o enquadramento da entidade por seu faturamento para microempresa é permitido o faturamento anual de até R$ 360.000,00. Já Empresas de Pequeno Porte podem faturar entre R$ 360.000,00 e R$ 4.800.000,00é bom reforçar que a ME e a EPP não precisa adotar o regime de tributação do simples nacional para se enquadrar como micro empresa ou empresa de pequeno porte.

O Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se micro empresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. (BRASIL, 2006)

Considerando que a tomada de decisão é responsável pelo crescimento ou falência de uma determinada empresa, conceitua-se o processo de tomar decisão como:

O processo de tomar decisão começa com uma situação de frustração, interesse, desafio, curiosidade ou irritação. Há um objetivo a ser atingido e apresenta-se um obstáculo, ou acontece uma condição que se deve corrigir, ou está ocorrendo um fato que exige algum tipo de ação, ou apresenta-se uma oportunidade que pode ser aproveitada. (Maximiano 2009, p.58)

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Na administração, a tomada de decisão é o processo cognitivo pelo qual se escolhe um plano de ação dentre vários outros (baseados em variados cenários, ambientes, análises e fatores) para uma situação-problema.

O estudo da tomada de decisão é, portanto, uma mescla de várias disciplinas do saber, como matemática, sociologia, psicologia, economia e ciência políticas. A filosofia reflete sobre o que uma decisão revela sobre nosso eu e nossos valores. A história descreve a decisão tomada por líderes em momentos críticos. Já o estudo do risco e do comportamento organizacional nasce de um desejo mais prático: ajudar o administrador a obter melhores resultados. E, embora uma boa decisão não garanta um bom resultado, tal pragmatismo em geral compensa. A crescente sofisticação da gestão de risco, a compreensão das variações do comportamento humano e o avanço tecnológico que respalda e simula processos cognitivos ajudam a melhorar em muitas situações a tomada de decisão. (LEIGH BUCHANAN E ANDREW O’CONNELL 2006 apud FERREIRA AURÉLIO FERNANDO 2010, p.01).

Entende-se que a velocidade com que os diversos fatos contábeis, atos administrativos e decisões gerenciais ocorrem dentro de uma empresa, mobilizam as inúmeras decisões ao longo do dia, desde as mais simples até as mais complexas. No entanto a verdade é que, independentemente, do grau de dificuldade de uma decisão, é ela que acarretará consigo consequências, positivas ou negativas. Observa-se que a grande relevância das tomadas de decisões nas entidades estão interligadas e possibilitam o constante crescimento da empresa mantendo a movimentação no nicho de atuação. Um dos passos na tomada de decisões sem apreensões é entender que elas nos trarão grandes ensinamentos, nos tornando cada vez mais experientes no processo.

Entenda o conceito de endividamento “o dicionário Houaiss da língua portuguesa define a palavra “endividamento” como “aumento das dívidas de uma pessoa, de uma empresa etc.”. Então, por aí já dá para entender que existe uma diferença entre dívida e endividamento. Sua empresa pode ter dívidas, mas não necessariamente estar endividada. Mas mesmo se endividada, existem níveis toleráveis para as instituições financeiras em uma análise de crédito. (NEXOOS, 2020).

Em finanças, por meio da análise das demonstrações contábeis, considera-se o endividamento como um indicador que expressa à saúde financeira da empresa, pois é através TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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dele que se é possível avaliar o quanto de obrigações no passivo, uma organização tem sobre seu patrimônio e ativo circulante. Sendo assim a tomada de decisões, age diretamente no endividamento da entidade desde o momento da sua concepção, até a tão sonhada maturidade e é este fator que irá definir o sucesso empresarial da temida falência, isso é claro através de uma estratégia bem utilizada usando as ferramentas de gestão fracionando assim o risco empresarial, para isso será contemplado o perfil do empreendedor e algumas estratégias que devem ser usadas pelos empresários para melhor tomada de decisão. Antes de falar do perfil do empresário de pequena empresa primeiramente deve-se falar o que ou quem é o pequeno empresário segundo a constituição.

Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos Arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, segundo os dados do SEBRAE cerca de 58% dos microempresários chegaram ao nível superior. Esse resultado indica que esse público tem uma escolaridade acima da média brasileira (17%) e acima do observado entre os MEI (31%). (BRASIL, 2002)

Uma das causas em relação ao endividamento é a falta de planejamento financeiro, empresários não se organizam, não buscam um embasamento em dados e estatísticas das empresas tendo assim uma percepção errada quanto ao fluxo de caixa, informações essas que interferem diretamente na tomada de decisões da empresa quanto ao valor que possui para pagamento de fornecedores, investimento em estoque, ampliação ou expansão do seu espaço físico, modernização de ativos fixos dentre outros. Um problema visto dentro das organizações é o valor elevado do estoque, onde o empresário não se ajusta aos padrões do mercado colocando peças em estoque que não possui muita saída ou circulação de mercado fazendo assim com que a mercadoria fique encalhada na prateleira, isso quer dizer dinheiro parado em estoque, dinheiro esse que poderia estar sendo utilizado em outras coisas que seriam melhor aproveitadas pela empresa e seus sócios. O perfil do empresário vai impactar diretamente, pois dependendo do empresário ele não vai saber diferenciar o caixa da empresa do seu pró-labore fazendo do caixa da empresa uma fonte de retirada infinita, com isso ao final de cada mês vai gerar um prejuízo TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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enorme para a empresa, pois o valor retirado pelos sócios vai refletir diretamente no fechamento das contas. Conforme pode observar-se no Princípio da Entidade que se encontra no Art.4° na Resolução CFC Nº 750 de 29 de dezembro de 1993.

Art. 4º. O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. (BRASIL, 1993)

As decisões tomadas pelo empresário na empresa vão refletir diretamente no caixa, portanto se essas decisões forem negativas para a empresa irá aumentar seu endividamento com os fornecedores e cooperadores, fazendo desta forma com que a empresa acabe gastando dinheiro com juros e acréscimos de valores que poderiam ser evitados caso houvesse uma melhor organização de contas a pagar e a receber, para isso o empresário ou administrador da empresa deve saber formar uma equipe de especialista e motivá-los a tomar as decisões com auxílio dos seus colaboradores utilizando as melhores ferramentas gerenciais disponíveis. Os empresários que têm mais sucesso, são aqueles que são líderes, professores e aprendizes e os mesmos cercam-se de pessoas capacitadas para os auxiliarem no processo decisório. Segundo Steve Jobs, coisas incríveis no mundo dos negócios nunca são feitas por uma única pessoa, e sim por uma equipe. Contudo observa-se que é impossível falar de equipe no mundo dos negócios sem falar nos recursos humanos (RH), que tem por objetivo alinhar a conduta dos colaboradores com as metas e passando a missão, visão e os valores da empresa para alcançar os resultados estratégicos. Para atender a essas expectativas, e a suas necessidades essenciais é necessário estimular para reter e manter o talento de cada um destes especialistas e conhecer as exigências básicas de trabalho, que foram apresentadas na teoria de Herzberg:

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Fatores higiênicos “atuam para evitar que o funcionário fique insatisfeito, porém, eles não são capazes de fazer com que ele se sinta completamente satisfeito. Os principais fatores são: salário, estilos de supervisão, ambiente e políticas empresariais, condições físicas do trabalho, oportunidades de crescimento, relacionamento com superiores e demais empregados, regulamentos internos, benefícios sociais. São fatores sob responsabilidade da empresa, por causa, portanto fora do controle das pessoas. E fatores motivacionais: “para Herzberg são os responsáveis pelo aumento de produtividade e satisfação”. Por fim e reforçando o entendimento, a teoria dos dois fatores prevê que aquilo que causa a insatisfação dos empregados relaciona-se com fatores ambientais ou físicos, não as funções desempenhadas. Em contraponto, o que leva à motivação do empregado está sim relacionado às suas atividades e seu cargo”. (SOBRE ADMINISTRAÇÃO, 2011)

Contudo, também não se pode conceber a teoria como verdade absoluta, é necessário sempre uma avaliação da realidade da empresa, do seu tamanho, de sua capacidade de operacionalizar fatores motivacionais e incrementar fatores higiênicos, desde que não se desvie da realidade financeira da entidade. Porém, o empresário deve investir nos colaboradores não os tratando somente como recurso que realiza as tarefas, mas, se preocupando em capacitá-los e valorizá-los atribuindo um propósito dentro do negócio, pois, eles estão diretamente ligados na execução das diversas atividades das empresas do comércio varejista, como venda dos produtos, controle financeiro, treinamento, recrutamento, marketing, entre outros, sendo assim a engrenagem principal da organização inovando e aprendendo com sua equipe. Por fim compreende-se que com a gestão estratégica correta a empresa terá maior equilíbrio financeiro, menor índice de endividamento, e melhor tomada de decisão, portanto é de extrema importância abordar alguns pontos que podem beneficiar o empreendedor no planejamento das tomadas de decisões da saúde organizacional. Contemporaneamente tem-se familiarizado no âmbito empresarial falar e executar o chamado plano de negócio, que é indispensável para o setor, pois configura no planejamento de estratégias que irão decidir o sucesso das empresas, uma vez que possibilita otimizar sua produção, diminuir e evitar erros no ambiente (DORNELAS, 2021) . O plano de negócios caracteriza-se como um instrumento extremamente relevante para os empresários e este deve passar por revisões esporádicas, uma vez que se trata de um documento que deve conter todos os procedimentos, internos e externos relevantes, como marketing, finanças, produção e recursos humanos, demonstrando objetivar e compreender TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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seu potencial e sua facilidade durante a implementação. Portanto, ele deve estar em constantes transformações indo de encontro às exigências do mercado. Geralmente, o proprietário da empresa necessita recorrer à ajuda de um profissional da contabilidade, a fim de que seja prestada uma consultoria para evitar possíveis erros no processo de planejamento (DORNELAS, 2021) . Sendo assim, o plano de negócios é considerado fundamental dentro das empresas, auxiliando de forma direta na maioria das organizações, sendo de suma importância para que se tenha um bom investimento no setor, para isso, torna-se indispensável que haja investimentos tecnológicos, profissionais capacitados, estrutura e ferramentas adequadas para atender aos recursos do setor. Nesse sentido, o profissional de contabilidade tem o papel de mostrar de forma objetiva qual sua função, valores e a cultura da organização, deve- se constituir um bom relacionamento interpessoal com todos os âmbitos da empresa, aceitar as opiniões e se capaz de compreender as necessidades dos funcionários, proporcionar uma educação permanente e continuada no setor, manter seus co-participantes sempre motivados, proporcionar avaliações de performance , políticas e as remunerações, descrição dos objetivos do plano (MOIA/FONSECA, 2005). Segundo Dornelas, 2001, o plano de negócios é quando a empresa almeja mostrar sua meta para investidores, bancos ou clientes, ou quando precisa de recursos financeiros, com isso o investidor analisa os riscos do investimento por meio de uma avaliação das estratégias. Entende-se que é devido ao planejamento que é possível compreender e determinar diretrizes para o negócio, gerenciar de forma eficaz a empresa e tomar as decisões corretas; ter controle do cotidiano da empresa e tomar ações corretivas quando necessário; obter financiamentos junto a bancos, governo, configurando ainda benefícios, como aumento da agilidade e melhora na produtividade. Por outro lado, as desvantagens que circundam o processo, esta no fato de que nem todas as empresas estão cientes da importância do plano de negócios, dessa forma, não o executam, outra, seria os potenciais riscos que são inerentes ao planejador, riscos estes imprevisíveis durante a execução do processo (DORNELAS, 2021). Ao analisar o quanto o plano de negócios pode impactar nas pequenas empresas do comercio varejista, foi possível constatar que o impacto geralmente é benéfico, pois o

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proprietário consegue compreender a necessidade do comércio, podendo assim, agir exatamente onde à necessidade de intervenção, para uma melhor produtividade da empresa. Além de todo benefício do método, o plano ainda pode e irá influenciar diretamente no endividamento da entidade, uma vez que para que a empresa possa alcançar maiores ganhos será preciso aumentar o endividamento, a fim de investir na infraestrutura física e abstrata da mesma, entretanto isto irá aumentar e potencializar os possíveis ricos financeiros (WILDAUER, 2011). Por tanto, de acordo com o que SCHUMPETER, a tomada de decisões no setor é de suma importância, pois tendem a corroborar para uma importante funcionalidade do sistema em uma empresa no que tange o seu planejamento e estruturação, evidenciando que o método tem contribuído significativamente para se manter um ambiente corporativo, e espera-se que a prática traga consigo transformações ainda mais positivas no cenário empresarial. Sendo assim, é notório o quão a globalização tem contribuído para influenciar o ser humano a adaptar-se ao mundo moderno, ao mundo tecnológico digital isso tem oferecido muitas vantagens, porém estabelece costumes mais ágeis e eficazes das empresas. Em particular, o setor contábil, que necessita estar atento aos processos de modificações constante, nesse sentido, faz-se necessário proporcionar artifícios inovadores (SCHUMPETER, 1988). O Fluxo de caixa financeiro possibilita a empresa a prever situações a exemplo de uma promoção mal elaborada, portanto entende-se que analisando somente o faturamento sem usar o parâmetro de controle o que poderia ser um grande lucro para empresa, pode acarretar um grande desfalque no fluxo de caixa, em outras palavras prejuízo. A importância de se usar o fluxo de caixa dar-se mediante ao fato de que desta forma o empresário terá um resguardo maior para investir no momento correto, como por exemplo, utilizando-se o fluxo de caixa quando realizada uma expansão ou compra de mais estoque, o empresário terá uma decisão mais precisa que impactará diretamente no desempenho da empresa, evitando uma inadimplência.

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É um demonstrativo financeiro que informa saldos iniciais de caixa e bancos, entradas e saídas de caixa, e saldos finais de caixa e bancos. Instrumento, normalmente elaborado em planilhas eletrônicas, como o Excel, que é fundamental para a gestão diária dos negócios. O fluxo de caixa possibilita o planejamento, gerenciamento e controle das entradas e saídas de caixa, aplicações dos saldos e captação de empréstimos e financiamentos. Normalmente trabalha com um horizonte de tempo anual ou semestral, aberto em meses, semanas e dias. Exemplo: a primeira semana deve ser aberta em dias, o primeiro mês em semanas, o ano deve ser aberto em meses. Para as MPEs o controle adequado do fluxo de caixa determinará a disciplina financeira, sobrevivência e expansão. Em suas fases iniciais elas dependem muito dos recursos financeiros do empreendedor ou de familiares para apresentar uma boa condição econômico-financeira. Nesta fase, é fundamental. É uma prática necessária, pois se não há bom planejamento e controle a empresa poderá enfrentar graves problemas de falta de condições de pagar suas contas. Como vimos, a adequada administração do fluxo de caixa é fundamental para a administração e continuidade da empresa. Essa afirmação é igualmente verdadeira para empresas de todos os portes, porém para uma MPE ela é questão da própria sobrevivência. (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.210).

Visando assim demonstrara função do fluxo de caixa Junior Lemes E Pisa Jackiu (2019, p.211), afirmam que: “os fluxos de caixa poderão confirmar sua importância como instrumento de decisão gerencial ao:”

1. Comparar os totais de entradas e saídas de caixa de determinado período. 2. Permitir visualização antecipada de falta ou sobra de dinheiro. 3. Identificar antecipadamente falta de capital de giro, permitindo negociação de taxas melhores do que aquelas obtidas em casos de urgência. 4. Planejar as aquisições da empresa de tal modo que primeiro se receba dos clientes e depois se pague aos fornecedores (situação ideal). 5. Autorizar ou não a concessão de prazos maiores de pagamento aos clientes. 6. Identificar problemas de formação de preço de venda, caso as entradas do período não cubram os pagamentos respectivos. 7. Identificar os melhores períodos para realizar as compras, em função dos prazos e capacidade de pagamento. 8. Possibilitar aquisições à vista com melhores preços ou aplicações financeiras dos excedentes. (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.211).

O fluxo de caixa é obtido através da análise das receitas menos as despesas atingindo desta forma um total, que permitirá projetar as previsões. Como elucida Junior Lemes e Pisa Jackiu:

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Entradas:• Vendas à vista: apesar de a ideia de que vendas à vista se referem àquelas pagas imediatamente após a aquisição do bem ou serviço, podem ser aceitos como à vista os valores recebidos no prazo de até 30 dias e sobre os quais não incidem juros, tais como: cartões de crédito. • Contas a receber: são títulos resultantes de vendas a prazo, representados pelas duplicatas a receber, cheques pré-datados e cartões de crédito. O pagamento dessas duplicatas depende da política de concessão de prazos aos clientes, exemplo 30, 45 ou 60 dias. Saídas:• Contas a pagar: são obrigações da empresa e referem-se às duplicatas e obrigações com fornecedores e terceiros em geral e ainda não pagas. Muitas MPEs adquirem reputação no mercado por pagarem suas contas em dia. • Tributos a pagar: são os impostos, taxas e contribuições de melhoria a pagar. • Adiantamentos de clientes: referem-se a adiantamentos recebidos dos clientes de bens ou serviços que ainda não foram entregues. • Amortização de financiamentos e empréstimos: corresponde ao pagamento mensal das parcelas (juros + principal) dos recursos captados junto a bancos. (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.212).

Entende-se que na gestão de caixa é indispensável que o prazo de recepção e distribuição seja inferior ao período de estocagem e de embolso das operações. No entanto as maiorias dos empresários de MPEs não se apropriam do uso deste instrumento, mesmo assim eles dispõem de um regime econômico-financeiro que lhes permite gerir seus investimentos de modo a evitar déficits de caixa. Contudo, apenas esta estratégia de gerenciamento não é considerável para conceber garantia e harmonia caso haja um inesperado afastamento do empresário. Um dos fatores mais importantes para uma harmoniosa gestão empresarial é o investimento em estoques, pois a magnitude de participação deste ativo está diretamente interligada ao desenvolvimento do ciclo operacional. Neto Assaf e Silva Tibúrcio definem este investimento como:

A gestão de estoque, em face da imprevisibilidade da procura por determinado estoque, torna-se mais complexa quando o número de produtos e sua diversidade aumentam. Nesta situação, lida-se com uma grande diferenciação na demanda dos produtos e no custo de sua falta. Significa dizer que a empresa pode considerar diferentes níveis de investimento em estoque de acordo com o nível de probabilidade de atender à demanda que se deseja. Deste modo, produtos considerados mais relevantes devem ter um nível de segurança mais rigoroso do que produtos ditos secundários. (NETO ASSAF e SILVA TIBÚRCIO 2012 p.215)

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Existem fórmulas matemáticas que procuram auxiliar o administrador, a calcular o quanto de estoque a empresa precisa, porém o empresário de uma ME ou EPP, com um sistema de gestão eficiente ele consegue prever, o tempo que ele consegue vender sua mercadoria, o tempo que ela fique em estoque seus prazos de venda com métodos mais simples e mais usuais citarei o Ciclo Operacional.

É difícil falar de capital de giro sem que falemos sobre Ciclo operacional da empresa. Ciclo operacional é tempo decorrido entre a aquisição de matérias-primas e insumos e o recebimento das vendas. Para exercer controle efetivo dos recursos que transitam pelo caixa da empresa é necessário conhecer como e quando isso ocorre. A identificação do ciclo operacional auxilia a administração do caixa e permite antecipar a necessidade de capital de giro, tornando mais eficiente a gestão das finanças. O ciclo operacional é composto pelos ciclos econômico e financeiro. Na representação gráfica destes ciclos é possível identificar os diversos prazos a que se submete a administração financeira, desde a compra da matéria-prima ou mercadoria até o recebimento das vendas, possibilitando a adequação dos mesmos em favor do caixa. (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.215).

Tendo em vista que o ciclo econômico refere-se ao tempo em que a mercadoria fica na empresa, desde o período de compra até o período de distribuição será analisado, portanto sua implicação e contribuição para a economia.

Representa o giro dos estoques, no caso 30 dias. Inicia-se com a compra da matériaprima, insumo ou mercadorias e encerra-se com a venda do produto ou da mercadoria. Esse ciclo mostra o quanto a empresa demora em renovar seus estoques. Sabemos que o estoque representa ônus financeiro e quanto menor seu nível e maior a rotação, melhor (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.216).

A análise do Ciclo financeiro é de suma importância para verificação do desempenho da empresa, pois ele consiste no tempo transcorrido entre pagamento e a compra de uma determinada mercadoria. Junior Lemes e Pisa Jackiu conceituam o ciclo financeiro como:

Este ciclo vai desde o pagamento a fornecedores até o recebimento das vendas, no caso 45 dias. Pela análise do ciclo financeiro verifica-se a capacidade de a empresa pagar suas contas. Ela demora 30 dias para girar seus estoques, mais 60 dias para receber suas contas, e terá 45 dias para pagar seus fornecedores, ficando com 45 a descoberto. No cálculo do ciclo operacional são utilizados os seguintes conceitos:

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• pmrc = prazo médio de recebimento dos clientes: é o tempo decorrido entre a aquisição de matéria-prima, insumos, ou mercadorias e a sua venda. • pmre = prazo médio de rotação do estoque. • pmpf = é o prazo médio de pagamento aos fornecedores. O ciclo financeiro (CF) é calculado conforme a fórmula a seguir: CF= pmrc+pmre-pmpf Exemplo Suponha que a Farmácia Boa Saúde apresente os seguintes prazos em suas operações: Prazo médio de recebimento dos clientes: 60 dias Prazo médio de giro dos estoques: 30 dias Prazo médio de pagamento aos fornecedores: 45 dias Qual seu ciclo financeiro? Seu ciclo financeiro é: CF = 60 + 30 – 45 = 45 dias A empresa deve ter reservas para suprir suas necessidades de capital de giro. Caso isso não ocorra, a solução será a tomada de empréstimos com a menor taxa de juros possível. Se o ciclo operacional não for ajustado, a busca constante por empréstimos poderá trazer dificuldades financeiras à MPE. Antes do advento dos cartões de crédito e, depois também dos de débito, supermercados, armazéns, panificadoras, açougues, farmácias, dentre outras que costumavam vender à vista e tinham suas compras financiadas pelos fornecedores, estavam com sua situação de ciclo financeiro bastante favorável. Com a crescente utilização dos cartões elas não mais recebem à vista suas vendas, pois os clientes pagam com cartões e agora demoram mais para receber. Com taxas mensais cobradas pelas administradoras uma situação que era favorável inverteu-se. A necessidade de capital de giro de uma empresa está intimamente ligada à duração do ciclo operacional em termos de dias e o volume de produtos/serviços fabricados e vendidos. O capital de giro faz referência aos recursos financeiros aplicados pela empresa durante a execução do ciclo operacional e que se prevê que sejam recuperados ao final desse ciclo. A necessidade de capital de giro de uma empresa está intimamente ligada à duração deste ciclo em termos de dias e o volume de produtos/serviços fabricados e vendidos. (JUNIOR LEMES E PISA JACKIU 2019, p.216).

De acordo com estudo, o risco eminente da análise de crédito e financiamento é estabelecido pelo acontecimento de quaisquer eventos contrário ao almejado com enfoque na possibilidade de ocorrer danos por inadimplência com relação a uma situação desejável, formada pelo repagamento total dos créditos por meio de uma parcela dos devedores, que TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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envolve, análise das decisões de investimento, análise das decisões de financiamento, análise dos resultados gerados e da qualidade das decisões de investimento e de financiamento, análise dos riscos de curto e de longo prazo e análise do histórico e do potencial de crescimento (SILVA, 1988). Ademais a denominação risco, deve ser clara e diferente de fatos incertos, mesmo que os dois termos traduzem possíveis eventos que possam acontecer no vindouro. Nesse sentido, o risco configura episódios recorrentes ou repetitivos, o que aceita a sua avaliação de acordo com uma distribuição de probabilidades e, em decorrência do grau de precisão. Enquanto a incerteza evidencia uma incidência ocasional que não envolve casos não recorrentes, impedindo analisar as probabilidades de sua ocorrência, para a tomada de decisões empresariais (SILVA, 1988). Por tanto, uma vez estabelecido um método de classificação de risco, as instituições financeiras administrarão seu processo hipotético com base em sua propensão a assumir riscos, que é estabelecida e formalmente determinada de forma comum em políticas de crédito e com barreiras. Especificamente, defina como a organização irá operar e com quais empresas ou departamentos trabalharam. Tendo em conta os parâmetros propostos no mercado financeiro, esta abordagem externa complementa esta visão interna da gestão do risco, devendo o resultado final constar do seu manual de análise de risco, confirmando assim a sua visão de risco aceitável (PINHEIRO, 1998). Ao controlar os riscos operacionais internos, e formalizar as políticas de crédito e procedimentos operacionais no manual e programar estruturas organizacionais que consideram o controle interno, a organização visa separar funções e eliminar ou reduzir os conflitos de interesse, nesse sentido à instituição será capaz de gerir os seus clientes e os seus negócios de crédito, possibilitando assim diagnosticar casos de possíveis risco. Por tanto, a gestão de riscos estima que os riscos do cliente / operacionais devem ser gerenciados de forma a reduzir (alocação, controle, compartilhamento ou financiamento), reduzir ou evitar completamente. Além disso, um dos objetivos da administração é buscar uma relação retorno / risco adequado, o que ocorre dentro do escopo de seu processo de precificação de negócios de crédito, o que configura grande benefício para a empresa (PINHEIRO, 1998).

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Ademais, o risco eminente da análise de crédito e financiamento pode impactar nas pequenas empresas do comercio varejista, de forma benéfica, pois o proprietário consegue compreender a necessidade do comércio, podendo assim, agir exatamente onde à necessidade de intervenção, para uma melhor produtividade da empresa evitando os riscos e as dívidas. Neste sentido, segundo FORTUNA,1999, a influência da tomada de decisões é extremamente importante, pois tendem a corroborar para uma importante funcionalidade do sistema em uma empresa no que tange o seu planejamento e estruturação, para conter equívocos no espaço. Em particular, o setor de análise de crédito e financiamento, que necessita estar atento aos processos de modificações constante, nesse sentido, faz -se necessário proporcionar artifícios inovadores, de qualidade e precisão (FORTUNA, 1999). Tendo em conta que quando um empresário inicia uma empresa, seu principal objetivo é a maior lucratividade e se manter como referência no mercado, estima-se que é necessário manter um controle estrito com relação às finanças e seus resultados, pois estes que impactarão diretamente nos resultados positivos ou negativos da empresa. Seguindo esse raciocínio os indicadores financeiros tornam-se ainda mais indispensáveis se tiver como objetivo realizar uma estrutura correspondente a realidade. Os indicadores financeiros servem para auxiliar o gestor da EPP a ter mais segurança ao avaliar os resultados a longo prazo, possibilitando desta forma que o mesmo compare os resultados obtidos com os dados fornecidos pelo mercado , levando-o a descobrir se a sua empresa está acima ou abaixo do mercado, ou seja, é através desses indicadores que pode-se analisar a expectativa de ganhos comparando seu desempenho com outras formas de ganho do mercado. Uma das principais vantagens dos indicadores financeiros dentro da empresa é o auxílio na tomada de decisões, ajustando desvios e realizando as correções necessárias para o bom funcionamento da empresa, ou até mesmo para aproveitar melhor oportunidades destacadas pelos índices evidenciados pelo mesmo, todavia a desvantagem é o fato de que é necessário investimento em qualificação da equipe e os gestores precisam sempre estar atualizados fazendo reciclagem e buscando mais conhecimento e experiência na área.

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Os indicadores mostram a situação financeira da empresa, desse modo dívidas que por algum motivo ficaram esquecidas por seus investidores acabam ficando mais expostas mostrando a sua real situação de endividamento. No caso das pequenas empresas os indicadores financeiros deixarão mais evidentes as fragilidades e limitações caso a situação da empresa não seja boa, essa informação ficará exposta, mas se for uma empresa que já possua uma certa estabilidade financeira com toda certeza ajudará ainda mais no seu crescimento e desenvolvimento no mercado que ela atende. Por fim afirma-se que a tomada de decisão é importante, pois a mesma permite classificar o equilíbrio das finanças, verificando possíveis necessidades de implantação de ações de melhoria para a empresa, por isso deve estar sempre atualizado e com profissionais competentes e qualificados na empresa visando sempre maior lucratividade e organização da empresas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a realização deste artigo, foi assumido o desafio de buscar o conhecimento de diversos autores especialistas no assunto, para demonstrar as principais atitudes que levam o empreendedor a uma tomada de decisão assertiva, para que não ocorra o endividamento das empresas, vimos que e necessário adotar ferramentas para apoiar o processo decisório. O endividamento das ME e EPP está em estado de crescimento, porque, a maioria dos empresários não fazem o plano de negócio, abrem as empresas com capital que juntou sem planejamento das atividades organizacionais e não se atentam às questões gerenciais financeiras, que seriam analisadas por um gestor ou administrador. Neste cenário a maioria dos empresários não leva em consideração o quanto é importante conhecer o mercado seus recursos e as ferramentas gerenciais para a saúde organizacional do seu projeto. Através deste artigo científico foi apresentado algumas citações de ferramentas usadas desde o início da fundação da empresa, até no ato mais simples da sua operação, contudo se o empresário tiver as informações fidedignas, terá uma base que ajudaria na diminuição do risco do empreendimento, e o gestor vai ter dados financeiros sobre o

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patrimônio, que fundamentará sua tomada de decisão no momento correto, e alcançará uma melhor taxa de acerto. Portanto, o estudo foi detectado que as variáveis existentes no processo organizacional das empresas ME e EPP, irão influenciar na tomada de decisão, contudo com auxílio dos índices e informações financeiras é possível minimizar os risco de operação do empreendimento porque os dados financeiros permitem o gestor e sua equipe uma visão ampla do negócio, a fundamentar em cenários e fatos relevantes da empresa.

ABSTRACT

In this article, the main elements used to aid decision making were presented, with emphasis on some points considered relevant for the indebtedness of the entities. The methodology used was the literary review of bibliographic references of books, articles, websites and laws. The dimension of the issues related to decision-making in micro and small businesses in the retail trade is of great scope, so we highlight some attitudes that can lead to default in the control methods that must be practiced, so that there is no decision-making. incorrect decision, without a database, for a better organizational decision. Consequently, in the study of the authors we saw several opinions, however, all of them defended the analysis and control of financial data and the importance of this information in the organization, because through them the team manager manages to base his decision making on solid data, creating plans business and analyzing relevant facts, thus allowing a broad view of the investment and a quality management of the company's resources, thus reducing the operational and financial risk of the enterprise, thus providing greater economic results. Keywords: Decision making. Indebtedness. Management Tools. Small Busines

REFERÊNCIAS

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E SUA IMPORTÂNCIA PARA EVIDENCIAR A SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DAS EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL Claudiane Rodrigues da Costa3 Junio Fabiano de Melo1 Marcos Antônio Ventura de Souza Thayssa Guthymara Silva Campos1 Thiago Henrique do Nascimento Mendonça1 Miqueias Calebe Donde2 Amilton Quintela Soares Júnio3 RESUMO

Este trabalho envolve uma pesquisa descritiva, com o intuito de apresentar a importância da análise das demonstrações contábeis, evidenciando a situação econômica e financeira das empresas optantes pelo simples nacional, sendo essas fundamentais e extremamente importantes para o fornecimento de informações sobre a posição patrimonial e financeira das organizações, pois favorece a confrontação de valores atuais com anteriores e a relação destes valores, promovendo um maior conhecimento da situação, sendo possível ter um auxílio para o processo de tomada de decisões, em que se obtenha um acompanhamento contínuo do desempenho da organização, propiciando um caminho para que a empresa alcance seus objetivos. A pesquisa tem por objetivo central analisar os impactos e a relevância das demonstrações contábeis, dando continuidade ao trabalho em quatro objetivos específicos, numa abordagem qualitativa e quantitativa, no sentido de conhecer detalhadamente a organização, identificando seus pontos negativos e positivos, detectando falhas e definindo planejamentos estratégicos para tomada de decisões mais assertivas. Palavras-chave: Análise financeira. Demonstrações contábeis. Tomada de decisões.

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa que busca apresentar a importância da análise das demonstrações contábeis para evidenciar a situação econômica e financeira das empresas optantes pelo regime simplificado de escrituração, denominado simples nacional. 1

Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares–MG.E-mail:claudianerodrigues06@hotmail.com;junior.defm@gmail.com; ventturamarcos@gmail.com; thayssacampos@live.com; thiagohenrique1911@gmail.com 2 Bacharel em Ciências Contábeis pela UNIVALE. Especialista em Administração Financeira pela FGV. professor do curso de Ciências Contábeis da UNIPAC. E-mail: miqueiasdonde@unipac.br 3 Bacharel em Administração pela Faculdade Maurício de Nassau. MBA Gestão Empresarial pela FGV e Mestre em Gestão Integrada do Território pela Univale. Professor da graduação e Pós-graduação da UNIPAC.. E-mail: amilton.soares@gmail.com

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As demonstrações contábeis constituem-se como peças fundamentais e de extrema importância, nas quais as empresas estão obrigadas, por lei, a elaborá-las, com o objetivo de fornecer informações detalhadas sobre a posição patrimonial e financeira das organizações. O simples nacional é um regime tributário simplificado, aplicado às micro e pequenas empresas, atribuído pela Lei 123/06, na qual a arrecadação dos tributos ocorre de forma unificada, em uma única guia de pagamento. Justifica-se a escolha deste tema em função da importância e da responsabilidade das informações econômicas e financeiras, que, ao serem transmitidas aos usuários, fornecem a atual condição de saúde das empresas, sendo assim, a NBC TG 26 (R5), item 9, de 24 de novembro de 2017, afirma que:

As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: (Redação alterada pela Resolução CFC n°. 1.376/11) (a) ativos; (b) passivos; (c) patrimônio líquido; (d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; (e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. (CFC, 2016)

Sem as demonstrações contábeis, é quase impossível que as organizações se mantenham no mercado, tanto pela obrigatoriedade, quanto pela importância de suas informações patrimoniais, de resultado, financeiros, dentre outros. No entanto, são baseadas nos bens que as empresas possuem e nas obrigações que elas têm com terceiros, além de apresentar as entradas e saídas de caixa, a análise das demonstrações pode ser subjetiva, dependendo de qual indicador a ser utilizado e qual o critério adotado para chegar-se ao resultado esperado ou especifico.

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Para desenvolver o tema, estabeleceu-se o seguinte problema de pesquisa: Qual a importância das demonstrações contábeis para evidenciar a situação econômico-financeira das empresas optantes pelo Simples Nacional? Para atender esse problema de pesquisa, foi necessário seguir o objetivo geral: Analisar os impactos e a relevância das demonstrações contábeis para evidenciar a situação econômico-financeira das empresas optantes pelo Simples Nacional. Logo, para alcançar o objetivo geral, dividiu-se o trabalho em quatro objetivos específicos, sendo eles: Apresentar a estrutura das demonstrações contábeis e financeiras; Discutir parâmetros que definem a situação econômica e financeira de uma organização; Analisar os principais fatores que contribuem para a não evidenciação das demonstrações contábeis e financeiras das organizações e Destacar a importância da utilização das demonstrações contábeis e financeiras para as empresas optantes pelo Simples Nacional. Esse trabalho trata-se de uma pesquisa descritiva, conforme expressa Vergara (1998 apud CANEPPELLE, 2012, p.19) “a pesquisa descritiva expõe as características de determinada população ou fenômeno, estabelece correlações entre variáveis e define sua natureza”. Contudo, visa relacionar a relevância das demonstrações contábeis para as empresas optantes pelo simples nacional. Para tanto, a pesquisa foi elaborada por fontes secundárias, com referencial teórico em artigos, sites especializados, livros, monografias, dentre outros, sendo os principais autores: José Carlos Marion, Eliseu Martins, Josedilton Alves Diniz, Gilberto Jose Miranda, Ailton Fernando Souza, Marcelo Cavalcanti Almeida, Adriano Leal Bruni, Dante C. Matarazzo e Laudio Camargo Fabretti. O tratamento dos resultados se dará a partir de uma abordagem qualitativa e quantitativa em que conceitos serão tratados e transformados em analises e conclusões, assim como números serão usados como suporte para o processo de análise e desenvolvimento do conteúdo. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Estrutura das demonstrações contábeis As demonstrações contábeis figuram pela legislação como o conjunto de relatórios e documentos organizados e gerenciados pela administração de uma empresa, cujo objetivo é

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atestar a sua situação econômica e financeira de uma organização. Através desses relatórios e demonstrativos, é possível identificar as contas contábeis onde estão sendo alocados os recursos econômicos e financeiros de uma organização. Independente do porte financeiro ou regime tributário, as demonstrações listadas a seguir fazem parte do conjunto de demonstrações que devem ser elaboradas e divulgadas pelas empresas. Diante de tais informações, apresenta-se a seguir, uma abordagem das demonstrações contábeis, como forma de exemplificação da discussão em análise. Quadro 1 - Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial Ativo Ativo Circulante

Passivo Passivo Circulante

Caixa e Equivalentes de Caixa

Fornecedores

Contas a receber

Impostos a pagar

Estoques

Empréstimos e Financiamentos Provisões Passivo Não Circulante

Ativo Não Circulante

Empréstimos e Financiamentos a Longo

Ativo Realizável a Longo Prazo

Prazo

Investimentos

Duplicatas Descontadas

Imobilizado

Provisões de Riscos Fiscais e Outros

Intangível

Passivos Contingentes Patrimônio Liquido Capital Social Reservas de Capital Reservas de Lucros Ações em Tesouraria Lucros/Prejuízos Acumulados

Fonte: (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2019). Adaptado pelos autores.

Para um melhor entendimento da estrutura do balanço patrimonial, vale-se descrever o que cada uma de suas contas representa. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Ativo é o conjunto de contas patrimoniais formado pelos bens e direitos da empresa. No ativo circulante, encontram-se as contas que representam os bens e direitos que podem ser transformados em dinheiro no curto prazo. Disponível (caixa e equivalentes de caixa). O disponível é composto pelas contas que possuem o maior grau de liquidez, ou seja, são os bens em poder da companhia que podem ser transformadas em dinheiro de forma mais rápida, são exemplos as contas caixa e bancos. Também faz parte do ativo circulante as contas a receber, que são os direitos que as empresas têm a receber de clientes referentes às suas vendas ou serviços prestados. Os estoques, como o próprio nome sugere, representa o saldo de mercadorias armazenada e disponível para negociação. Ativo não circulante - neste grupo de contas entram os bens e direitos que demandam certo tempo para serem transformados em dinheiro. Ativo realizável a longo prazo, encontram-se bens e direitos que irão se transformar em dinheiro num período superior a 12 meses ou ao término do exercício social. São classificados como investimentos as participações em outras sociedades e que não foram adquiridas com a e intenção de se desfazer/vender e que não sejam destinadas a manutenção das atividades normais da empresa. Por outro lado, o imobilizado compreende todos os direitos e ativos corpóreos, destinados ao funcionamento normal da entidade, a exemplo: máquinas, equipamentos, veículos, entre outros. No intangível estão classificados os bens incorpóreos destinados a manutenção da empresa, como exemplo marcas e patentes, direitos autorais e fundos de comércio (ágio de rentabilidade futura ou goodwill). Do lado do passivo ficam localizadas as contas que representam as obrigações e os recursos da entidade, e se subdividem em passivo circulante, passivo não circulante e patrimônio líquido. Passivo circulante, nesse grupo de contas estão as obrigações que devem ser liquidadas (pagas) no prazo de um ano. A conta fornecedores são as obrigações que a empresa possui a pagar aos seus fornecedores de mercadorias. Impostos a pagar, neste grupo de contas estão os impostos que a empresa tem a obrigação de pagar. Empréstimos e financiamentos são as obrigações a pagar referente aos créditos adquiridos pela empresa. As provisões são de prazos e/ou valores incertos, como exemplo: salários, décimo terceiro salário e férias. Passivo não circulante, neste grupo de contas estão as obrigações que serão liquidadas com prazo superior a um ano. Empréstimos e financiamentos a longo prazo, são as obrigações a pagar referentes a créditos adquiridos com prazo de liquidação superior a um ano. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Duplicatas descontadas são os títulos de créditos ou promessa de recebimento a partir de contratos assinados, usados pelas empresas como garantia para obter crédito bancário, exigíveis em prazo superior a um ano. Provisões para riscos fiscais e outros passivos contingentes, são as provisões feitas pela empresa, que se esperam, que caso se cumpram serão em um prazo superior a um ano, como exemplo: o processo de causas trabalhistas e processos tributários que ainda estão correndo em âmbito judicial. O patrimônio líquido representa o total de recursos próprios da entidade, bem como os valores que os sócios possuem investido na empresa. O capital social são os valores ou bens disponibilizados pelos sócios no momento de abertura da empresa, podendo ser composto por valores em dinheiro, automóveis e outros bens imobilizados. As reservas de capital são constituídas com valores recebidos pela empresa e que não transitam pelo resultado, por não se referirem à entrega de bens ou serviços pela empresa. As reservas de lucros são os valores oriundos do resultado do período obtido pela empresa e se subdividem em reserva legal, reserva estatutária, reserva de contingências. Reserva legal é constituída de 5% do lucro líquido, até que seu valor acumulado seja 20% do capital social. A reserva estatutária pode ser constituída para reservar parte do lucro líquido. Para que essa reserva seja constituída, é necessário que esteja previsto no estatuto da empresa. A reserva de contingências é criada com o objetivo de compensar, em momentos futuros, perdas de lucros que venham a decorrer. Dentro do patrimônio líquido, também se encontram as ações em tesouraria, que são os valores que correspondem a compra de ações da própria empresa, por isso são redutoras do patrimônio líquido. Já os lucros ou prejuízos acumulados, nesta conta estão os valores do resultado do período, seja ele lucro ou prejuízo. A demonstração do Resultado do Exercício é um demonstrativo contábil que visa evidenciar o resultado líquido do exercício, confrontando as receitas e despesas.

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Quadro 2 – Demonstração do Resultado do Exercício

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITA BRUTA ( - ) Deduções da Receita devoluções de vendas cancelamento de vendas descontos incondicionais concedidos abatimentos sobre vendas impostos sobre vendas = RECEITA LIQUIDA ( - ) Custo das Mercadorias Vendidas/ Custo dos Serviços Prestados = LUCRO BRUTO OU RESULTADO COM MERCADORIAS ( - ) Despesas vendas administrativas financeiras = RESULTADO OPERACIONAL LÌQUIDO ( - ) Provisão IR e CSLL = RESULTADO LIQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES ( - ) Participações debentures participações de empregados/administradores e partes beneficiarias = LUCRO OU PREJUÍZO LIQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte: (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2019). Adaptado pelos autores.

A receita bruta é o valor total das vendas de mercadorias ou serviços prestados. Fazem parte das deduções da receita bruta os abatimentos, devoluções de vendas, cancelamentos, descontos incondicionais concedidos e impostos, como: imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS), programa de integração social (PIS), contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS), subtraindo da receita bruta as deduções de vendas resulta-se na receita líquida. Da receita liquida diminui-se os custos de mercadorias/serviços vendidos, que são os gastos gerados na produção/prestação e TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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armazenamento, resultando no lucro bruto. Por outro lado, as despesas correspondem a todos os gastos despendidos no exercício da atividade, a seguir: despesas com vendas, despesas administrativas e financeiras. O resultado operacional líquido corresponde ao montante resultante do lucro bruto subtraindo as despesas. As provisões para imposto de renda (IR) e contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) equivale aos valores provisionados para recolhimento. Resultado líquido antes das participações refere-se ao resultado operacional, subtraindo as provisões. Participações

estatutárias

podem

ser debêntures,

participações

de empregados

e

administradores. Lucro ou prejuízo líquido do período corresponde ao valor líquido do exercício, seja lucro ou prejuízo. A demonstração do resultado abrangente tem como objetivo mostrar o que corresponde ao patrimônio da empresa e o que é capital dos sócios. A DRA serve para facilitar, permitindo que os investidores consigam diferenciar o patrimônio da empresa do capital dos sócios. Quadro 3 – Demonstração do resultado abrangente

Demonstração do Resultado Abrangente Lucro Líquido do Período Ajustes de Instrumentos Financeiros Disponíveis para Venda Tributos s/Ajustes Instrumentos Financeiros Equiv. Patr. s/Ganhos Abrangentes de Coligadas Ajustes de Conversão do Período Tributos s/Ajustes de Conversão do Período Resultado Abrangente Total Fonte: (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2019)

Lucro ou prejuízo líquido do período corresponde ao valor do resultado do exercício. Ajustes de instrumentos financeiros são reclassificações decorrentes dos efeitos das várias atividades e transações que se alteram com o tempo e que quando relevantes, devem ser apresentadas nos demonstrativos. Ajuste de conversão do período, afirma-se que são contabilizados na conta ajustes de conversão da moeda funcional para a moeda de apresentação, por meio de empréstimos ou TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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financiamentos em moeda estrangeira realizada pela empresa, que devem ser reconhecidos no PL e por fim somente transferido para o resultado após a baixa. Demonstração de fluxo de caixa é um tipo de relatório contábil obrigatório a todas as companhias de capital aberto, companhias fechadas, entre outros tipos de sociedades, conforme evidencia o CPC 26. A Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC) é peça fundamental para a análise das entradas e saídas de recursos financeiros e do cumprimento dos prazos de pagamentos das empresas, uma vez que suas receitas e despesas são contabilizadas no momento efetivo de entrada ou saída de dinheiro do caixa. Através desta demonstração, são diversos os aspectos que podem ser avaliados, dentre os quais pode-se citar a capacidade de geração de fluxos futuros de caixa da entidade, capacidade de cumprimento das obrigações e pagamento de dividendos. Os efeitos dessas transações podem ser observados dentro dos três grupos que compõem a DFC, como: atividades operacionais, que compreende todas as atividades geradoras de receitas e gastos de uma organização, atividades de investimento representam as atividades de compra ou venda de um ativo destinado a geração de receitas e fluxos de caixa futuros, as atividades de financiamento são atividades que resultam na modificação do valor do patrimônio líquido de uma organização. No entanto, a legislação define que a demonstração de fluxo de caixa pode ser elaborada de duas formas, pelo método direto e pelo método indireto, todavia, no Brasil, as empresas são incentivadas a utilizarem o método indireto, conforme expressa (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2019). Independente do modelo que seja elaborada, pelo método direto ou indireto, a demonstração de fluxo de caixa fornece informações importantes que permite aos gestores, administradores, empresários e investidores uma melhor compreensão da movimentação financeira ocorrida nestes grupos de contas, bem como as suas variações, contribuindo de maneira substancial para um processo decisório mais coerente.

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Quadro 4 – Demonstração de Fluxo de Caixa – Método Indireto

DEMONSTRAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA Atividades Operacionais Lucro líquido (+) Depreciação (-) Lucro na venda de imobilizado (=) Lucro ajustado Aumento em duplicatas a receber Aumento em PCLD Aumento em duplicatas descontadas Aumento em estoques Aumento em despesas pagas antecipadamente Aumento em fornecedores Redução em provisão para IR a pagar Redução em salários a pagar Caixa Líquido Consumido nas Atividades Operacionais Atividades de Investimento Recebimento pela venda de imobilizado Pagamento pela compra de imobilizado Caixa Líquido Consumido nas Atividades de Investimento Atividades de Financiamento Aumento de capital Empréstimos de curto prazo Distribuição de dividendos Caixa Líquido Consumido nas Atividades de Financiamento Aumento líquido nas Disponibilidades Saldo de Caixa + Equivalentes de Caixa Inicial Saldo de Caixa + Equivalentes de Caixa Final

Fonte: (MARTINS, MIRANDA e DINIZ, 2019). Adaptado pelos autores.

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2.2 Discutir parâmetros que definem a situação econômica e financeira de uma organização

De acordo com a Lei 6.404 de 1976 em seu art. 176, evidencia as demonstrações financeiras que as companhias devem seguir para apresentar a situação patrimonial e as mutações ocorridas no exercício, sendo elas: Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Fluxo de Caixa (DFC), e se for companhia aberta, a Demonstração do Valor Adicionado (DVA). As informações contidas nas demonstrações servirão de base para analisar a saúde financeira e econômica das organizações, utilizando-as, para cálculos importantes para a tomada de decisão, como índices de liquidez, endividamento, lucratividade e alavancagem, os quais refletem a correta situação econômico-financeira. O índice de liquidez evidencia a capacidade da empresa em honrar com seus compromissos, suas dívidas de curto e longo prazo e se divide em liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata e liquidez geral. Esses índices são importantes para saber quanto a empresa tem de ativo (bens + direitos) para quitar seus passivos (obrigações). Através do índice de endividamento é possível identificar quanto à empresa está sendo dependente de capital de terceiros ou capital próprio para financiar seu ativo. Podendo identificar também quanto a empresa possui em dívidas de curto e longo prazo em relação ao passivo total ou a participação do capital próprio (patrimônio líquido) em comparação ao passivo total, dentre outras comparações. “O tamanho da empresa é positivamente relacionado com endividamento, ou seja, maiores empresas tendem a ter maior endividamento” (TEIXEIRA, NOSSA e FUNCHAL, 2011). Uma boa análise de endividamento leva o administrador financeiro a tomar decisões corretas para sua empresa. Os índices de lucratividade são importantes indicadores que possibilitam perceber se a empresa está gerando lucros com suas atividades, ou seja, se os lucros obtidos estão em situação confortável pelas empresas, além de possibilitarem a comparação de diferentes tamanhos de organizações. Os índices de lucratividade listados são: margem de lucro bruta, margem de lucro líquida, margem de lucro operacional e margem EBITDA. Basicamente esses índices dispõe da capacidade de avaliar a porcentagem do lucro referente às receitas de vendas. Conforme expressa MATARAZZO (2008 apud SCARPIN, ALMEIDA e

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MACHADO, 2012, p.96) “a lucratividade indica a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa”. Outro índice importante que pode satisfazer essa condição é o retorno sobre o investimento (ROI), ele é um indicador de rentabilidade e tem como base medir o retorno sobre o investimento, sendo assim, ele é capaz de evidenciar os valores expressivos, por exemplo: sabe o retorno obtido para cada real investido. Dentre os diversos pontos de análise de lucratividade, é importante salientar que, diferentemente da análise de rentabilidade que se baseia no retorno sobre o investimento, o índice de lucratividade é calculado a partir da otimização dos custos e despesas para chegar a um bom resultado, ou seja, onde está absorvendo mais a receita? O que está comprometendo meu lucro? Outro importante indicador financeiro é o Grau de Alavancagem Operacional (GAO), financeiro (GAF). Em linhas gerais, a alavancagem é um processo utilizado pelas empresas que pretendem expandir seus negócios, buscando capitais de terceiros, como: empréstimos, financiamentos, dentre outros, para alavancar seus negócios. No momento de buscar esses recursos, os sócios, os gerentes ou administradores financeiros devem utilizar parâmetros concretos de que o negócio é viável e os fluxos de caixa que serão gerados pelo investimento serão satisfatórios. 2.3 Principais fatores de não evidenciação das demonstrações contábeis Pesquisa realizada pelo SEBRAE no ano de 2016 com empresas criadas nos anos de 2011 e 2012 evidenciam os principais motivos que levaram ao fechamento. Figura 1 – Gráfico de Sobrevivência das Empresas

Fonte: (SEBRAE, 2016)

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A princípio seja difícil entender o que uma pesquisa que aborda o fechamento de empresas está relacionada com o assunto tratado neste artigo. A pesquisa aponta que a ausência de conhecimento encontra-se na terceira posição dos fatores que mais contribuem para o fechamento das empresas em nosso país. A falta de conhecimento das legislações aliadas ao grau de importância, dado as demonstrações contábeis por parte dos empresários os levam, muitas vezes, a tomarem decisões que determinam o sucesso ou o fracasso do seu negócio. Por estarem compreendidas dentro de uma faixa de faturamento que contempla até R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), essas organizações começam na maioria das vezes em um ambiente familiar, sem um modelo de gestão bem definido, valendo-se da contabilidade apenas como um instrumento de comunicação entre empresa e o fisco, onde a empresa executa suas rotinas operacionais, ocasionando os fatos geradores dos tributos, e contabilidade na outra ponta é utilizada apenas para a geração de guias de recolhimento de tributos, folha de pagamento, etc.., extinguindo assim a função da contabilidade em fornecer informações úteis e tempestivas sobre a posição financeira, econômica e patrimonial da organização. As grandes empresas, por exemplo, sempre que procuram por crédito em bancos são exigidos a apresentar as demonstrações do último período para que seja analisado e assim a instituição financeira decidirá se liberará o crédito ou não, por ser rotina, a empresa compreende a importância do demonstrativo, já uma empresa do Simples Nacional, na mesma situação, não tem esse tipo de cobrança. Logo, o Simples Nacional é um sistema simplificado que busca facilitar, em todos os aspectos, a vida das empresas. As microempresas e empresas de pequeno porte que mantém suas documentações em dia, como duplicatas pagas, contas de energia e aluguel, entradas e saídas de notas fiscais, recolhimento de impostos, facilitam o trabalho dos contadores, uma vez que toda a documentação esteja correta e organizada, é possível realizar a escrituração de maneira correta e evitar a necessidade de realizar ajustes nos momentos de fazer os demonstrativos contábeis. Muitas das vezes a falta de organização com relação a essas papeladas dificultam todo esse processo de evidenciação. É compreensível entender que o empresário, em sua rotina corrida, não tem muito tempo para se dedicar a compreender sobre demonstrativos contábeis e é por isso que os profissionais da área da contabilidade são de suma importância. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Pense em uma empresa que começou nos três primeiros anos com uma média de faturamento em torno de R$ 100.000,00 reais por ano, se enquadrando como uma microempresa, tendo cinco funcionários, por exemplo, provavelmente não imagina como está o seu balanço patrimonial elaborado ao final do exercício e talvez nem saiba que a contabilidade tem à disposição de análise a DRE com o seu resultado do período. Se o empresário entendesse que esses demonstrativos são ferramentas importantíssimas a serem usadas na tomada de decisão com toda certeza iriam utilizá-las. Portanto, o que parece é que o problema em si não se trata de não evidenciar as demonstrações contábeis, mas sim, de não utilizá-las em benefício próprio.

2.4 Importância da utilização das demonstrações contábeis e financeiras para as empresas optantes pelo simples nacional

A faculdade concedida pela Constituição Federal e pelo art. 27, da Lei Complementar (LC) n° 123/2006, prevê que microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os registros e controles das operações realizadas (HOCHSPRUNG, BORGES, et al., 2009, p. 23). Mesmo que de maneira simplificada como afirmado anteriormente e não menos importante as demonstrações contábeis aplicadas às micro e pequenas empresas abrangem de um modo geral aos requisitos legais no que tange a aplicação dos princípios contábeis, prezando pela fidedignidade dos fatos, a transparência, objetivando uma clareza maior das informações e a compreensão por parte dos usuários interessados. Para Coelho (1998 apud ALBUQUERQUE, 2011, p.28) “as demonstrações contábeis são uma consequência da escrituração e, por isso, nela devem estar respaldadas. Em outras palavras, não há demonstração se não existir escrituração.” As demonstrações contábeis, quando elaboradas de maneira segura, sem fraudes ou livre de erros, reveste-se da capacidade de refletir a real situação financeira, econômica e patrimonial de uma organização, contribuindo para uma gestão mais eficiente do negócio, gerando um grau de confiança satisfatório da organização perante o mercado, colaborando para a tomada de decisões assertivas, permitindo um melhor acompanhamento e gerenciamento dos riscos por parte dos seus investidores, evidenciando possíveis pontos críticos, garantindo a continuidade da organização no mercado. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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O grau de relevância que as demonstrações contábeis possuem para as organizações está intrinsecamente ligado ao nível de gerenciamento e desenvolvimento que a mesma possui em relação ao seu negócio. Quanto maior a necessidade de crédito para alavancar o seu negócio, maior será a utilização das demonstrações contábeis por parte dos bancos, investidores, credores, fornecedores etc. e, portanto, as demonstrações contábeis deverão refletir o mais próximo possível da realidade vivenciada por aquela organização. Deste modo, para atender aos requisitos legais as micro e pequenas empresas são estimuladas tanto pela lei quanto pela sua própria necessidade de desenvolvimento a escriturarem suas informações contábeis de maneira adequada, contribuindo para a prosperidade do negócio e a sua continuidade no mercado.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na elaboração deste trabalho de conclusão, notou-se a importância da contribuição efetiva que a demonstração contábil possibilita para todos os usuários que se interessam por estas informações, principalmente para os empresários da empresa, além disso, foi perceptível notar que é quase impossível que as organizações se mantenham no mercado sem realizar as demonstrações contábeis, pois elas têm o objetivo de diagnosticar a real situação de uma organização no sentido de auxiliar o processo de tomada de decisão, avaliando, observando e prevendo o futuro de uma organização através das informações levantadas, proporcionando a identificação de pontos positivos e negativos, adquirindo o conhecimento necessário para planejamento de melhorias e mudanças para a empresa. Diante do estudo realizado, observou-se que conhecer todo o conjunto de demonstrações de uma empresa se torna essencial, uma vez que as informações contidas nessas demonstrações apresentadas servirão de base para analisar a situação financeira e econômica das organizações, podendo planejar, elaborar e realizar mudanças necessárias, tendo segurança e confiança para uma gestão eficiente, garantindo a permanência da organização no mercado. Portanto, é preciso que o empresário entenda que as demonstrações contábeis são importantes para sua empresa em todos os sentidos, em que deixam de ser apenas um conjunto de dados, passando a possuir valores de informação, proporcionando suporte para decisões posteriores que visem o bom funcionamento da empresa, contribuindo para o TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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enriquecimento de resultados, sendo o objetivo de qualquer empresa, seja ela de micro, pequena, média ou grande porte.

ABSTRACT

This work involves a descriptive research, in order to present the importance of the analysis of the financial statements, showing the economic and financial situation of the companies opting for the simple national, which are fundamental and extremely important for the provision of information on the equity and financial position. of organizations, as it favors the comparison of current values with previous ones and the relationship of these values, promoting a greater knowledge of the situation, making it possible to have assistance for the decision-making process, in which continuous monitoring of the organization's performance is obtained providing a way for the company to reach its objectives. The main objective of the research is to analyze the impacts and the relevance of the financial statements, continuing the work on four specific objectives, in a qualitative and quantitative approach, in order to know the organization in detail, identifying its negative and positive points, detecting flaws and defining strategic planning to make more assertive decisions.

Keywords: Financial analysis. Accounting statements. Decision-making.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, R. Repositório Universidade de Caxias do Sul. Um estudo aplicado sobre a violação do principio da entidade e a visão dos gestores sobre a informação contábil em micro e pequenas empresas do comércio da cidade de Caxias do Sul - RS, 2011.Disponivelem:<https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1475/TCC%20 Rosani%20Albuquerque.PDF?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 11 outubro 2020. BRASIL. Lei n°. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 1976. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404compilada.htm>. Acesso em: 19 outubro 2020. BRASIL. Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Diario Oficial da República Federativa

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do Brasil, 2006. Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 17 setembro 2020. CANEPPELE, G. B. Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul - Unijuí. Sistema de custos e análise de preços para uma indústria de confecções, 2012. Disponivel em:<https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/1027/TCC%2 0GUILHERME%20BUHL%20CANEPPELE.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 16 setembro 2020. CFC. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Apresentação das Demonstrações Contabéis.NBCTG(26)R5,2016.Disponivelem: <https://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG26(R5).pdf>. Acesso em: 17 setembro 2020. HOCHSPRUNG, R. et al. Revista Ambiente Contábil. Obrigatoriedade da escriturção contábil nas micro e pequenas empresas na concepção dos contabilistas da grande Florianópolis,2009.Disponivelem: <https://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/download/1318/1026/0>.Acesso em: 14 novembro 2020. MARTINS, E.; MIRANDA, G. J.; DINIZ, J. A. Análise Didática das Demonstrações Contábeis. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2019. SCARPIN, J. E.; ALMEIDA, D. M.; MACHADO, D. M. Revista Ambiente Contábil. Endividamento e lucratividade um estudo em empresas familiares e não familiares que compõe o índice ibrx-100 da bm&fbovespa,2012.Disponivelem: <http://repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/5729/2141-6024-1-PB.pdf?sequence=1>. Acesso em: 08 novembro 2020. SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas, 2016. Acesso em: https://revistapegn.globo.com/Dia-a-dia/noticia/2014/12/saiba-como-fazer-um-planejamentoestrategico-perfeito.html TEIXEIRA, E. A.; NOSSA, V.; FUNCHAL, B. Scielo Revista Contabilidade & Finanças. O índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e os impactos no endividamento e na percepção de risco, 2011. Disponivel em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S151970772011000100003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 10 outubro 2020

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IMPACTOS FISCAIS E DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS NO PROCESSO DE MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO JURÍDICA DE EMPRESAS BASEADAS NO SIMPLES NACIONAL QUE MIGRAM DE ME PARA MEI Bruno Serafim da Silva Alves1 Filipe Leon Magno1 Gustavo Matos Duarte1 Matheus Franco Maia1 Vinicius Maroni Silva Lima1 Marcelo Medeiros Filho2 Amilton Quintela3

RESUMO

Esta revisão bibliográfica apresenta uma análise do impacto tributário entre as personalidades jurídicas MEI e ME, assim como o abismo entre suas diferenças na questão de suas obrigações assessorias, apresentando, analisando e procurando esclarecer qual melhor regime em situação de crise econômica. Ao decorrer de toda análise será perceptível as vantagens e limitações de ambos as personalidades jurídicas, qual é o limite entre as duas, e a forma de transição, assim como os requisitos para o mesmo. Será apresentado o contexto econômico atual que levou os autores a busca de uma nova saída, para as empresas em momento econômico instável ou em declínio, conceituando as personalidades jurídicas e apresentando seus detalhes básicos com foco em tributação e obrigações acessórias. Enquanto o ME paga uma quantia mais elevada, que cresce conforme sua receita, levando-o a uma sobrecarga tributária, o MEI recolhe seus impostos através de uma única guia mensal com valor fixado anualmente. Entretanto o MEI é limitado a valor inferior de receita bruta, onde caso extrapole esse limite é obrigado a se desenquadrar. Depois de uma comparação, apontamentos serão necessários para objetivar todo o contexto já abordado esclarecendo assim qual melhor enquadramento pra sua empresa, tenham uma boa leitura e retirem para si o máximo de informação. Palavras-Chave: MEI. ME. Simples Nacional. Obrigações Acessórias 1 INTRODUÇÃO Falar de economia nunca é fácil, até mesmo para um especialista, todo o mercado mundial está interligado a diversos fatores que causam grande impacto e alteram a maneira com que a 1

Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: Brunoserafimbrum@gmail.com;filipelmagno@gmail.com;gustavogv07@hotmail.com; matheusmaiafi90@gmail.com; vinicius.maroni1@outlook.com 2 Bacharel em Ciências Contábeis pela UNIVALE. MBA Em Controladoria e Finanças pelo SENAC Minas. Professor do curso de Ciências Contábeis da UNIPC . E-mail: marcelo.medeiros@starkcontabilidade.com 3 Bacharel em Administração pela Faculdade Maurício de Nassau. MBA Gestão Empresarial pela FGV e Mestre em Gestão Integrada do Território pela Univale. Professor da graduação e Pós-graduação da UNIPAC. E-mail: amilton.soares@gmail.com

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economia se movimenta. Fatores políticos, territoriais, ou, como o último ocorrido, de saúde mundial, transformaram e moldaram a economia ao longo dos anos. As empresas que se encontram nesse mercado inconstante e cheio de eventos inesperados, precisam se adaptar a esses cenários em busca de crescimento financeiro e estabilidade, todavia, quando os mesmos não acontecem, lutam por sobrevivência. A variável econômica do momento é de origem sanitária: o Corona vírus e seus impactos. “O levantamento mostra que o novo corona vírus teve um impacto negativo em todos os setores econômicos, mas afetou especialmente o comércio (39,4%) e serviços (37%), principalmente no caso das pequenas empresas. 99,8% dos negócios que não voltarão a abrir as portas depois da crise da covid-19 são de pequeno porte.” (Oliveira, 2020)

O tema desta revisão de bibliográfica vem trazer uma alternativa para pequenas empresas e seus micros empreendedores individuais que buscam a permanência de suas atividades, através da elisão fiscal, diminuindo impostos e obrigações acessórias. O fato de encerrar as atividades de qualquer organização é devastador na maioria dos casos. “O número de empresas no País continuou caindo mesmo após o final da recessão econômica. Em 2017, existiam 4,458 milhões de empresas ativas no território nacional, segundo o Cadastro Central de Empresas (Cempre). Naquele ano, foram criadas 676 mil empresas, e 699 mil se tornaram inativas.” (LAZARINI, 2019)

Segundo Lazarini “21% das empresas quebram após seu primeiro ano de funcionamento. Os fatores que levaram a esses desfechos são diversos: falta de planejamento, economia volátil, fraudes dentre outros” (LAZARINI, 2019). Estes dados de encerramentos de empresas em conjunto com a situação econômica foram alavancadores para a realização deste artigo científico. Empresas do simples nacional têm vantagens na apuração de seus impostos e algumas formas jurídicas. Sendo duas que nesse artigo serão apresentadas, a ME (micro empresa) e MEI (micro empreendedor individual), suas vantagens e desvantagens, a transição de uma para outra (no caso de um upgrade) e no caso de regressão (downgrade), caso esse de regressão que será apurado as situações onde encaixa-se assim como a sua viabilidade. Neste artigo, não será apresentada uma solução rápida ou fácil de evitar o encerramento das atividades, a intenção é de que fique claro para os micro empresários ME e micro empreendedores individuais MEI, sua opção pela alteração da pessoa jurídica, apresentando os impactos acerca das diferenças resultantes do processo de mudança de uma constituição jurídica para outra.

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Com o auxílio das informações presentes neste material, será possível identificar uma alternativa mais adequada para a manutenção do funcionamento da empresa de acordo com sua situação atual do mercado em sua área de atuação, capacidade financeira e de atendimento, e outros fatores relevantes a continuidade da organização. A questão a ser abordada é: os principais impactos fiscais e de obrigações acessórias no processo de mudança da constituição jurídica de empresas baseadas no simples nacional que migram de ME para MEI. Esta pesquisa tem caráter descritivo e busca evidenciar e relacionar variáveis entre os impactos fiscais e as obrigações acessórias, entre as duas constituições jurídicas das empresas baseadas no simples nacional. Teremos fontes secundárias como referencial teórico para entendimento e análise iniciais sobre ME-microempresa, MEI-microempreendedor individual, um sobre simples nacional, microempreendedor individual e seus aspectos de transição, revista da receita federal estudos tributários e aduaneiros e por fim as leis Lei Complementar nº 123/2006 e Lei Complementar nº 128/2008. O artigo terá aspectos qualitativos, na ideia de demonstrar todas as atenuantes monetárias relacionadas a fisco no segmento de cada uma das constituições jurídicas das empresas analisadas, e qualificar as diferenças entre as duas em seus respectivos impactos fiscais e de obrigações acessórias, quantificar esses impactos para melhor demonstrar a necessidade da abordagem apresentada e avaliar esses valores até um apontamento de sua viabilidade. Para melhor entendimento haverá uma conceituação de ME e MEI, identificando os aspectos mais relevantes no processo de alteração da constituição jurídica, Analise sobre os principais tributos e obrigações acessórias referente às duas modalidades de registros de negócios e os impactos do processo de migração e por fim exemplificar o retrocesso e sua viabilidade.

2 CONCEITUAÇAO DE MEI, ME E SIMPLES NACIONAL Este tópico, composto por três itens, tem como finalidade conceituar, criar embasamento e a contextualização necessária à compreensão do objetivo e ideia central deste artigo. Para isso, de forma breve e clara serão explanados os conceitos de ME, MEI e Simples Nacional, bem como suas vantagens e desvantagens. MEI significa Microempreendedor Individual, ou seja, um profissional autônomo. Quando você se cadastra como um, você passa a ter CNPJ, ou seja, tem facilidades com a abertura de conta bancária, no pedido de empréstimos e na emissão de notas fiscais, além de ter obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.

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“O MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e das contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais, independentemente da receita bruta por ele auferida no mês, desde que se enquadre nos requisitos estabelecidos na LC 128/08.” (RIBEIRO, 2009)

O microempreendedor individual terá como despesas apenas o pagamento mensal do Simples Nacional; • • •

Comércio ou Indústria - R$53,25 Prestação de Serviços R$ 57,25 Comércio e Serviços juntos - R$ 58,25

O cálculo corresponde a 5% do limite mensal do salário-mínimo e mais R$ 1,00 (um real), a título de ICMS, caso seja contribuinte desse imposto e/ou R$ 5,00 (cinco reais), a título de ISS, caso seja contribuinte desse imposto. Benefícios e direitos de ser um MEI: 

Você tem direito a auxílio-maternidade;

Direito a afastamento remunerado por problemas de saúde;

Aposentadoria;

Sendo MEI, você é enquadrado no Simples Nacional e ficará isento dos

tributos federais (Imposto de Renda, PIS, COFINS, IPI e CSLL); 

Com CNPJ, pode abrir conta em banco e tem acesso a crédito com juros mais

baratos. Pode ter endereço fixo para facilitar a conquista de novos clientes; 

Conta com cobertura da Previdência Social para você e sua família.

Características: 

faturamento de até R$81.000 por ano (média de R$6.750 reais por mês),

apenas uma pessoa como dono (e esta pessoa não pode ser sócia ou

administradora em outras empresas), 

não ter empregados ou ter no máximo um empregado (recebendo até 1 salário-

mínimo por mês), 

trabalhar com uma das atividades permitidas pela lei

A lista de atividades permitidas se encontra no sitio eletrônico portal do empreendedor, agora poderemos falar um pouco sobre o Simples nacional os tributos que eles

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pagam e seu regime, assim os clientes terão ciência se sua atividade se encaixa no MEI a viabilidade do retrocesso e as mudanças nas obrigações tributarias e assessorias. Em casos onde a modalidade jurídica MEI – Micro empreendedor individual – for ou passar a ser insuficiente, por fatores como o aumento da receita bruta auferida, uma das alternativas pode ser a migração para ME – Microempresa – que por possuir teto de receita bruta mais elevado, acolhe grande parte dos microempreendedores que ultrapassam o teto de sua modalidade. Definido pela lei complementar 123 (BRASIL, 2006), considera-se Microempresa, o empresário que atenda aos dispostos do art. 966 da lei 10.406 e que aufira receita bruta igual ou inferior a 360 mil reais em seu ano-calendário, caso este teto seja superado a empresa deve migrar para a modalidade EPP – Empresa de pequeno porte – regulada pela mesma lei. Além disso, mas não tendo sido citado ou definido por lei, outra característica observada das ME’s é o emprego de mão de obra, que nos setores do comércio e da indústria por exemplo são, respectivamente, de até 9 e 19 colaboradores. Esta constituição jurídica domina no Brasil, o primeiro setor supracitado, representando grande parcela do PIB e da quantidade de empregados registrados no segmento. A lei, também conhecida como Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte foi criada com o objetivo, entre outros, de favorecer a classe empresarial e reduzir a informalidade. No ponto de vista tributário, o tratamento diferenciado às Microempresas, tem como principal vantagem a redução da burocracia comum às outras classes, estabelecido pelo regime de tributação Simples Nacional. Este regime unifica em um só documento de arrecadação, impostos e contribuições, de acordo com o art. 13: “Art. 13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: I - Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; II - Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, observado o disposto no inciso XII do § 1o deste artigo; III - Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL.” (BRASIL, 2006)

Como toda regra, as exceções que vedam o ingresso ao Simples Nacional, estão presentes no regulamento de forma bem clara e impedem a adesão do Simples Nacional às ME’s e EPP’s que entre outras situações, tenham sócio domiciliado no exterior; cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas.

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Apesar de não haver muitas desvantagens neste sistema, uma merece destaque: a impossibilidade de se aproveitar créditos de impostos (IPI, PIS, COFINS, ICMS), oriundos de operações de compra de insumos ou produtos para industrialização ou revenda. Regimentado pela Lei Complementar 123/06 e vigorado a partir de julho de 2007, o Simples Nacional veio, expressado redundantemente, simplificar a arrecadação dos tributos devidos a micro e pequenas empresas. “O SIMPLES surgiu a partir das determinações da Constituição Federal (CF), de 1988, que estabelece que seja dado às empresas de pequeno porte um tratamento diferenciado, visando a uma simplificação das obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou a sua eliminação ou redução” (BRASIL, 1988, apud DRIEMEYER e col, 2015) .

Para seguir esse raciocínio, entende-se que as formas tributáveis alternativas – consideremos lucro real, lucro presumido e lucro arbitrado – apuram cada imposto de forma individual, ou seja, a empresa deve atentar-se a gerar uma guia de arrecadação para cada um dos tributos, sendo eles IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, CPP, IPI, ICSM e ISS. A apuração pelo Simples é feita de forma unificada, onde ao final de cada mês a empresa contabiliza a receita bruta, multiplica-se pela respectiva alíquota e tem-se o valor unificado de apuração que é emitida na guia DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional). Este valor é pago até o dia 20 do mês subsequente, e cabe ao Tesouro Nacional fazer a partilha desse montante entre os 8 (oito) tributos citados acima, conforme o tipo de faturamento da empresa. Observemos abaixo as tabelas 1,2,3,4 e 5 deste regime:

Anexo I do Simples Nacional. Participantes: empresas de comércio (lojas em geral). Tabela 1 - Anexo I do Simples Nacional 2020 Receita Bruta Total em 12 meses Até R$ 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 720.000,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

Alíquota 4% 7,30% 9,50% 10,70% 14,30% 19%

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Quanto descontar do valor recolhido 0 R$ 5.940,00 R$ 13.860,00 R$ 22.500,00 R$ 87.300,00 R$ 378.000,00

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Já na primeira tabela podemos perceber quão pesada e a carga tributária de uma ME comparada a um MEI, enquanto o MEI paga um valor fixo mensal aproximado de R$ 50,00 o ME pode chegar a pagar 12 vezes esse valor com uma receita máxima para a 1 faixa. Anexo II do Simples Nacional. Participantes: fábricas/indústrias e empresas industriais. Tabela 2 - Anexo II do Simples Nacional 2020 Receita Bruta Total em 12 meses Até R$ 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 720.000,00

Alíquota 4,50% 7,80% 10%

Quanto descontar do valor recolhido 0 R$ 5.940,00 R$ 13.860,00

De 720.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

11,20% 14,70% 30%

R$ 22.500,00 R$ 85.500,00 R$ 720.000,00

Na tabela 2 embora os valores sejam muito próximos da tabela 1 eles representam um leve aumento que na primeira faixa pode levar à um valor máximo de R$ 675,00. Anexo III do Simples Nacional. Participantes: empresas que oferecem serviços de instalação, de reparos e de manutenção. Consideram-se neste anexo ainda agências de viagens, escritórios de contabilidade, academias, laboratórios, empresas de medicina e odontologia.

Tabela 3 - Anexo III do Simples Nacional 2020 Receita Bruta Total em 12 meses Até R$ 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 720.000,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

Alíquota 6% 11,20% 13,50% 16% 21% 33%

Quanto descontar do valor recolhido 0 R$ 9.360,00 R$ 17.640,00 R$ 35.640,00 R$ 125.640,00 R$ 648.000,00

Na tabela 3 a alíquota da 1 faixa e 50% maior que a da tabela 1 chegando a uma carga mensal de R$ 900,00 com receita máxima para essa faixa. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Anexo IV do Simples Nacional. Participantes: empresas que fornecem serviço de limpeza, vigilância, obras, construção de imóveis, serviços advocatícios.

Tabela 4 - Anexo IV do Simples Nacional 2020 Receita Bruta Total em 12 meses Até R$ 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 720.000,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

Alíquota 4,50% 9% 10,20% 14% 22% 33%

Quanto descontar do valor recolhido 0 R$ 8.100,00 R$ 12.420,00 R$ 39.780,00 R$ 183.780,00 R$ 828.000,00

Na tabela 4 apesar da primeira faixa se assemelhar a mesma da tabela 2 há um aumento nas faixas seguintes. Anexo V do Simples Nacional. Participantes: empresas que fornecem serviço de auditoria, jornalismo, tecnologia, publicidade, engenharia, entre outros.

Tabela 5 - Anexo V do Simples Nacional 2020 Receita Bruta Total em 12 meses Até R$ 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 720.000,00 De 720.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 3.600.000,00 De 3.600.000,01 a 4.800.000,00

Alíquota 15,50% 18% 19,50% 20,50% 23% 30,50%

Quanto descontar do valor recolhido 0 R$ 4.500,00 R$ 9.900,00 R$ 17.100,00 R$ 62.100,00 R$ 540.000,00

Na tabela 5 vemos a maior das cargas tributarias onde logo na primeira faixa o valor cobrado pode chegar à 2325 em um único mês.

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Pouco tempo após a instituição da 123/06, foi sancionada a Lei Complementar 128/08 que dispõe sobre o SIMEI, mantendo as mesmas características do tratado acima, mas incluindo os MEI´s (Microempreendedores individuais), cuja forma de arrecadação segue da seguinte forma: •

INSS: 5% do salário mínimo vigente; o ISS: R$ 5,00 para o município, quando sendo atividades de prestação de serviços e transportes municipais; e/ou o

ICMS: R$ 1,00 para o Estado, quando sendo atividades de

indústria, comércio e transportes de cargas interestaduais. Este valor se manterá fixo durante todo o ano, uma vez que o salário-mínimo não sofre alteração nesse período vigente, e, bem como o DAS para ME, o vencimento da guia é até todo dia 20 de cada mês.

3 IMPACTOS FISCAIS E DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Nos próximos tópicos, serão apresentados alguns conteúdos importantes, sobre as personalidades jurídicas e sobre suas respectivas obrigações acessórias e tributos, sobre as transições de acesso e retrocesso entre MEI e ME. Antes de analisar o retrocesso referido acima, deve-se demonstrar como é o processo de acesso, ou seja, de MEI para ME. Empresas MEI gozam de vários benefícios e obrigações como apresentado anteriormente. Podem contratar um único funcionário recebendo salário mínimo ou o piso da categoria, podem faturar R$81.000,00 (oitenta e um mil reais) ao ano o que corresponde à um valor mensal de R$6.750,00 (seis mil, setecentos e cinquenta reais), gozam de benefícios previdenciários. “O desenquadramento por opção poderá ser realizado a qualquer tempo, proporcionando efeitos a partir de 1º de janeiro do ano-calendário subsequente. Quando a comunicação for feita no mês de janeiro, os efeitos do desenquadramento dar-se-ão nesse mesmo ano-calendário.” (SILVA, 2016).

Assim como direitos, também existem seus deveres, não ter outra empresa aberta, sem vínculo a qualquer outro negócio, nota fiscal obrigatória só em caso de venda ou serviços às pessoas jurídicas, em 2020 o E-Social, a declaração anual DASN-SIMEI (Declaração Anual Do Simples Nacional Para O Microempreendedor Individual) e controle de caixa para eventuais fiscalizações e controle de receita da empresa.

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O MEI é dispensado da obrigação de ter uma contabilidade ou contratar honorários contábeis caso não tenha funcionário. O foco são os tributos e as obrigações acessórias. Haja visto que não necessitam, por lei, de um contador, o MEI só é obrigado a DASN-SIMEI e o E-Social. Em relação aos tributos o MEI é isento de imposto de renda (IR); contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL); contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS); programa de integração social (PIS); imposto sobre produtos industrializados (IPI). Vale salientar que os MEI´s fazem parte do Simples Nacional. Os tributos obrigatórios contabilizam os seguintes valores: • R$ 50,90 — para comércios e quem recolhe ICMS; • R$ 54,90 — para atividades de serviços, ou seja, para quem recolhe ISS; • R$ 55,90 — para atividades de comércio e serviço, em que ocorre o recolhimento de ISS e ICMS; • R$ 49,90 — para quem não deve recolher ISS nem ICMS. “Apesar de todas as vantagens e benefícios oferecidos ao Microempreendedor Individual, em contrapartida há também algumas limitações e ressalvas, que, na maioria das vezes, impedem-no de ampliar de uma forma significativa as suas atividades e de crescer como empreendedor. Assim, é preciso que o microempreendedor individual comunique sua transição, observando o disposto na Lei do MEI.” (SILVA, 2016).

Então, para bem observar, a transição dará quando a empresa alcançar faturamento superior a R$81.000,00 ou querer contratar 2 funcionários ou mais. O próximo regime é MEMicroempresa, com faturamento até R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), valor mensal correspondente de R$30.000,00 (trinta mil reais). As obrigações acessórias da ME são um pouco mais complexas. Necessita-se de um contrato social perante a Junta Comercial, alvarás na prefeitura, obter vários registros e licenças com o corpo de bombeiros e demais órgãos, e contando com o auxílio obrigatório de um contador ou contabilidade. Grande parte das ME´s são adeptas ao Simples Nacional. Já apuramos nos tópicos anteriores os valores de tributos para cada atividade adotada por empresas. Tabela sobre a diferença entre a carga tributária entre uma ME e uma MEI. Quadros base retirado da revista da Receita Federal que compara os valores de carga tributária.

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Tabela 6 – SIMEI versus Simples Nacional ME em comércio SIMEI vs. Simples Nacional – Comércio. SIMEI

Simples ME

Faturamento – Ano

R$

81.000,00 Faturamento – Ano

Composição Taxa Fixa Total mensal Carga tributária Anual Relação Tributária Faturamento

R$ 81.000,00

Alíquota Simples :4% R$ 55,90

Carga R$ – 670,80 0,83%

R$ 3.240,00

Relação Carga Tributária – R$ Faturamento 3.240,00 4,00%

E no quadro abaixo também retirado da revista da Receita Federal, “Estudos Tributários e Aduaneiros”, v3, n1-2. Demonstra as obrigações obrigatórias. Tabela 7 – Comparação de obrigações MEI, ME e EPP Comparação de obrigações MEI vs. ME vs. EPP

Esfera

MEI

ME

Federal Escrituração Contábil para cálculo do lucro Dispensado a ser distribuído aos sócios (isento de IR) Declaração Anual Simplificada

Obrigado

Dispensado Obrigado

DCTF

Dispensado

Dispensado

DACON

Dispensado

Dispensado

DIRF

Dispensado Obrigado

Registro de Livro Diário Anual Escrituração Contábil Digital - ECD

ou

Manutenção de Sistema de Contabilidade

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Registro Dispensado Livro Impresso Recomendado Obrigatório

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Trabalhista E-social

Obrigado

Obrigado

Estadual GIA

Dispensado Obrigado

Livro de Inventário

Dispensado Obrigado

Livro Registro de Entrada

Dispensado Obrigado

Livro Registro de Sáida

Dispensado Obrigado

Municipal Livro Registro de Serviços Prestados

Dispensado Obrigado

Declarações Municipais

Dispensado Obrigado

Alvará de funcionamento

Obrigado

Obrigado

Então os impactos de acesso ficam evidentes, pois a carga tributária e as obrigações acessórias aumentam consideravelmente, mas como no enunciado desta revisão nosso foco é o retrocesso.

4 IMPACTOS DO RETROCESSO Abordado anteriormente a forma de acesso entre MEI e ME, o que causa e a forma de realiza-la. Como o embate é sobre o retrocesso como este se dará. Uma ME tributada no Simples Nacional, que esteja operando com dois funcionários ou mais e obter receita acima de R$81.000,00 terá obrigatoriamente que se enquadrar nos moldes e exigências do MEI, ou seja, apenas um funcionário e faturamento igual ou inferior a R$81.000,00. O empresário individual de uma empresa ME poderá solicitar no ano seguinte o enquadramento como MEI passando a ser tributado como SIMEI, desde que esteja de acordo com as exigências anteriores. Desobrigará de muitos papeis, registros e licenças, assim como também de alguns tributos. Necessariamente os impactos negativos diretos são a limitação de faturamento de inferiores R$81.000,00, podendo chegar a mais 20% desse mesmo valor como acréscimo sem alteração da forma jurídica, chegando a faturamento de R$97.200,00, a limitação de mão de obra contratada para apenas um funcionário. Em caso o MEI extrapole a receita anual, terá mais impactos negativos, será obrigado a pagar todos os impostos retroativos, terá que pagar todos os honorários de contabilidade retroativos. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Os impactos positivos são o valor menor de impostos pagos pela empresa, que no caso da MEI podem chegar à R$670,80 anuais com impostos o que representa 0,83% do faturamento, diferentemente da ME que com mesmo faturamento de R$81.000,00 chegam à R$3.240,00 em impostos representando 4% do faturamento. Os honorários em média são de R$250,00 reais mensais para contabilizar uma ME, o que na MEI sem funcionário não é necessário. Financeiramente temos um valor aproximado de R$5.569,20 de economia. As obrigações acessórias também são outro ponto positivo e são essas que geram impactos com os honorários contábeis. Outro valor também expressivo é o valor de encerramento das atividades de pode variar de R$1.500,00 à R$2.000,00 e que impacta muito em uma empresa sem receita. O que embasa nossa revisão bibliográfica é o esclarecimento que existe uma alternativa para o não encerramento das atividades, mas existe a necessidade desse possível retrocesso. No próximo parágrafo abordaremos melhor essa ideia. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No começo desta revisão observa-se que a economia é uma “caixinha de surpresa” e que pequenas empresas muitas das vezes sofrem grandes impactos. Salientando que 21% das empresas pequenas quebram em seu primeiro ano. Muitas vezes esse cenário acontece pela falta de planejamento ou falta de informações. Na contabilidade sabe-se que as informações são cruciais para tomada de decisões e o futuro da empresa. O que é apresentado é uma forma alternativa à dissolução das empresas pequenas, além da atuais de mercado que se originam basicamente de obtenção de capital de terceiros, aumentando ainda mais a dívida das empresas. Em um cenário caótico causado por uma pandemia global onde não sabemos ainda os totais impactos sobre a economia, por quanto tempo e a que passo a economia se recuperará. Diversas variáveis fazem a receita diminuir, assim como a atual, chegando aos requisitos de MEI. Então porque continuar na forma jurídica onde se paga mais tributos e tem maiores custos com obrigações acessórias. Esse passo para trás dará o tempo e recursos necessários a um novo planejamento, tendo vista que os tributos reduzirão, não haverá a necessidade de honorários contábeis. Em resumo é uma folga para uma análise do cenário, seja de queda de causa econômica ou ascensão não planejada e a formação de informações para recuperar a empresa. Um dos princípios da contabilidade é continuidade, o fato de um empreendimento iniciar suas atividades e finda-las por motivos esternos alheios a sua vontade é execrável. Uma empresa com poucos meses de funcionamento já consegue elucidar sua região sobre sua existência construindo com isso um “nome” a zelar, consegue também em pouco tempo uma TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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pequena cartela de clientes, que fiéis ou não, são importantes para a empresa. Uma empresa com CNPJ antigo, ou seja, com mais tempo de operação, tem vantagens de financiamento e empréstimos, capitais de terceiros que podem futuramente auxiliar na tomada do negócio. O fato da dissolução de uma empresa em muitas das vezes resulta no extermínio dos sonhos e realizações de um empreendedor. Demonstrar uma opção com o objetivo claro de evitar o pior desfecho para as empresas. Apresentamos essa forma de “recomeço” dando ao empresário a chance de retroceder para planejar e dar continuidade a seus negócios e em alguns casos, seus sonhos.

ABSTRACT

This bibliographic review presents an analysis of the tax impact between the legal personalities MEI and ME, as well as the abyss between their differences in the matter of their advisory obligations, presenting, analyzing and trying to clarify which regime is better in a situation of economic crisis. Throughout the analysis, the advantages and limitations of both legal entities will be noticeable, what is the limit between the two, and the form of transition, as well as the requirements for the same. The current economic context that led the authors to search for a new way out, for companies in an unstable or declining economic moment, will be presented, conceptualizing the legal personalities and presenting their basic details with a focus on taxation and ancillary obligations. While the ME pays a higher amount, which grows according to its income, leading to a tax burden, the MEI collects its taxes through a single monthly guide with an annual fixed amount. However, the MEI is limited to a lower amount of gross revenue, where if this limit is exceeded, it is bound to fall out. After a comparison, notes will be necessary to objectify the entire context already discussed, thus clarifying which best framework for your company, have a good reading and remove as much information as possible.

Keywords: MEI. ME. Simple national. Accessory obligations

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REFERÊNCIAS

Atividades Permitidas. Portal do Empreendedor Disponivel em: < http://www.portaldoempreendedor.gov.br/temas/quero-ser/formalize-se/atividadespermitidas> Acesso em 01 out. 2020 Brasil. Lei complementar n° 123 de 14 de dezembro de 2006 Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm> Acesso em 01 out. 2020 Brasil. Lei complementar n° 128 de 19 de dezembro de 2008 Disponivel em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp128.htm> Acesso em 01 out. 2020 DRIEMEYER Wilbert, Marcelo; Teles de Alcântara, Lucas; Luiz Marques Serrano, André. Impactos do simples na sociedade: uma análise da arrecadação e dos empregos gerados pelas microempresas, empresas de pequeno porte e pelos microempreendedores individuais. 42. Ed. Florianópolis: Revista Catarinense da Ciência Contábil, 2015 LAZARINI, Jader. IBGE: 21% das empresas quebram após o primeiro ano em atividade, disponível em: <https://www.sunoresearch.com.br /noticias/ibge-empresas-quebram-aposumano/> Acesso em 01 de out. de 2020 REDAÇÃO GRUPO STUDIO. Saiba mais sobre as tabelas do Simples Nacional 2020, disponível em: <https://blog.grupostudio.com.br/e-fiscal/saiba-mais-sobre-as-tabelasdosimples-nacional-2020/> Acesso em 01 de out. de 2020 OLIVEIRA, Joana. 716.000 empresas fecharam as portas desde o início da pandemia no Brasil, segundo o IBGE, disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2020-0719/716000empresas-fecharam-as-portas-desde-o-inicio-da-pandemia-no-brasil-segundo-oibge.html>. Acesso em 01 de out. de 2020 PESSOA, Leonardo Ribeiro. Simples Nacional - microempreendedor individual (MEI) disponível em: <http://www.fiscosoft.com.br/main_online_frame.php?home=federal&secao=2&secao=2&pa ge=index.php?PID=211120> Acesso em 15 de out. de 2020 SILVA, Patrícia de Souza Santana. et. al. Microempreendedor individual e seus aspectos de transição. Disponivel em:<http://revista.facfama.edu.br/index.php/ROS/article/view/239>. Acesso em 10 de out. de 2020

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POTENCIAIS BENEFÍCIOS, EM TERMOS DE PRODUTIVIDADE, DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS CONTÁBEIS EM NOVOS ESCRITÓRIOS

Anna Clara Moreira Freitas1 Jeemys Rivalary Caroline da Silva1 Juliana Pâmela Nogueira Ramos1 Kássia Ellen Basílio Matos1 Mariana Barbosa Quintão1 Aías Alves de Lana2

RESUMO

Contemporaneamente, o setor contábil tem sido alvo direto de transformações e progressos tecnológicos, bem como em outros âmbitos econômicos. Estudos comprovam que tais progressos possibilitam uma maior interação, porém exige maior capacidade teórica mediante ao contexto de inovação que implica na dinamização informacional, no que tange os meios de comunicação, e os métodos contábeis. Diante deste contexto surgiram inquietações quanto aos potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. Portanto este artigo teve como objetivo geral identificar os potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. Pelos objetivos específicos de conceituar métodos digitais em escritórios contábeis, de conceituar sistemas contábeis; de analisar o processo de mudança inerente à digitalização dos processos de trabalho em escritórios de contabilidade, além de analisar os potenciais benefícios e ganhos de produtividade do uso dos sistemas contábeis. O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica de abordagem exploratória e quantitativa. Realizou-se um levantamento por meio da técnica de investigação bibliográfica nas bases científicas do Google Acadêmico, SCIELO, livros e legislação. Os critérios estabelecidos para seleção foram: artigos completos, e manuais em português, publicados entre 1990 a 2018. Concluiu-se com os estudos realizados, que os objetivos do trabalho foram alcançados, demonstrando que a evolução da contabilidade por meio da era digital elucidou grandes melhorias dentro da realidade dos escritórios contábeis, como a agilidade dos processos que são trabalhados e os benefícios de sua produtividade em geral. Palavras-chave: Sistemas Contábeis. Escritórios. Benefício. Produtividade. 1. INTRODUÇÃO Contemporaneamente, o setor contábil tem sido alvo direto de transformações e progressos tecnológicos, bem como em outros âmbitos econômicos. _____________________________ 1

Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC Governador Valadares–MG.E-mail: clarinha122@hotmail.com; rivalaryjeemys@gmail.com; julianapamela98@outlook.com; kassiaellenmatos@gmail.com; marianabarbosa2016@hotmail.com 2 Bacharel Ciências Contábeis pela UNIVALE. MBA em Gestão Financeira, auditoria e Controladoria pela FGV. Professor dos cursos de Administração e Ciências Contábeis da UNIPAC.E-mail: delanagv@hotmail.com

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Estudos comprovam que tais progressos possibilitam uma maior interação, porém exige maior capacidade teórica mediante ao contexto de inovação que implica na dinamização informacional, no que tange os meios de comunicação, e os métodos contábeis. Autores como Tornatzky e Fleischer (1990), asseguram que os novos meios tecnológicos certamente não configuram um episódio particular, quão pouco números pequenos de eventos. Ademais as inovações tecnológicas caracterizam-se de maneira abrangente, onde há interação de milhares de pessoas, acontecimentos e grupos heterogêneos, além de envolver toda uma comunidade de modo geral. Nesse sentido são perceptíveis as constantes modificações ocorridas no cenário da contabilidade, não somente na esfera das leis, mas também no quesito teórico/prático do setor. Com o advento da globalização, tornou-se indissociável a necessidade de implantar novos métodos que pudessem otimizar os potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios, que nasce com o anseio de melhorias no panorama do mercado de trabalho atual, que almeja profissionais capazes, habilidosos e proativos, que estejam sempre atualizados e condizentes com o que se exige de um prestador de serviços contábil (Gil, 2017). Essa necessidade surge com o propósito de atender as exigências do mercado de trabalho, que tem priorizado cada vez mais manejo na tomada de decisões de maneiras acertadas. De acordo com Zanluca (2009), o profissional de contabilidade do século XXI, precisa possuir todas as características inovadoras, atuais possíveis e flexíveis, além de um domínio aplicado do conhecimento contabilista, só assim será indispensável seu trabalho. Segundo Lunelli (2016), as modificações no cenário contábil são excepcionalmente recentes, e não há por que analisar um histórico longevo para observar o quão a tecnologia se faz presente e trouxe consigo melhorias significativas, que auxiliam diretamente na produtividade no âmbito geral, principalmente dentro dos escritórios, possibilitando-o se desenvolver, de forma rápida e precisa. Diante deste contexto surgiram inquietações quanto aos potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. Portanto este artigo teve como objetivo geral identificar os potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. Pelos objetivos específicos de conceituar métodos digitais em escritórios contábeis, de conceituar sistemas contábeis; de analisar o processo de mudança inerente à digitalização dos processos de TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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trabalho em escritórios de contabilidade, além de analisar os potenciais benefícios e ganhos de produtividade do uso dos sistemas contábeis em novos escritórios. Partindo dessas indagações, foi discutido no grupo técnico da pesquisa sobre a necessidade de novos estudos que possibilitassem compreender e reconhecer a importância de tal implantação. Entendendo a importância de serem abordados os temas, por exemplo, de como são implantados os métodos de contabilidade, para que eles servem e quais suas vantagens e desvantagens no setor contábil. Com isso torna-se indispensável esta pesquisa, que se justifica como proposta investigativa diante do problema em questão, colaborando para o aporte na estratégia do aprendizado frente ao tema proposto.

2. OBJETIVO Identificar os potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. 1- Conceituar métodos digitais em escritórios contábeis. 2- Conceituar sistemas contábeis. 3- Analisar o processo de mudança inerente à digitalização dos processos de trabalho em escritórios de contabilidade. 4- Analisar os potenciais benefícios e ganhos de produtividade do uso dos sistemas contábeis em novos escritórios.

3. METODOLOGIA Para Silveira (2009 apud Minayo, 2001), entende-se por metodologia o sentido do pensamento e a prática executada na abordagem da realidade. Logo, a metodologia é o trajeto que o pesquisador faz na composição de um trabalho científico, empregando recursos e ferramentas próprias para abordar a realidade inserindo convicções teóricas. Deve apoderar-se de um instrumental claro, coerente, elaborado sendo capaz de conduzir as contrariedades teóricas para o desafio da prática, além de incluir a originalidade do pesquisador como instrumento a ser utilizado.

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Portanto, o presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica que é a base que sustenta uma pesquisa científica, de abordagem exploratória com levantamento bibliográfico cujos descritores utilizados foram: implantação de sistemas contábeis; escritórios; benefício de produtividade consiste em um estudo com abordagem quantitativa. Onde os principais procedimentos configuram na obtenção de dados que são coletados e analisados por meio de análise quantitativa em decorrência de variáveis. Desse modo, este tipo de estudo possibilita a identificação da pesquisa, sua relação, e sua forma estrutural. Além de permitir comparar e relacionar as variáveis em questão, o que pode explicar como e por que tais fenômenos observados ocorrem (Gil, 2017). Realizou-se uma investigação por meio da técnica de investigação bibliográfica nas bases cientifica do Google Acadêmico, SCIELO, livros e legislação. Teve como objetivo geral identificar os potenciais benefícios, em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. Pelos objetivos específicos de conceituar sistemas contábeis; de analisar o processo de mudança inerente à digitalização dos processos de trabalho em escritórios de contabilidade, além de analisar os potenciais benefícios e ganhos de produtividade do uso dos sistemas contábeis em novos escritórios. Os critérios estabelecidos para seleção foram: artigos completos, e manuais em português, publicados entre 1990 a 2018. No primeiro momento identificou-se grande disponibilidade de literatura e definiu-se as buscas, a partir de então foram analisados 19 artigos, sendo 8 descartados por não atenderem aos requisitos solicitados, e usados 11 assim como livros e legislações pertinentes ao tema. O tema foi compreendido e levantado à literatura nos sites de pesquisa. Foi realizado um cronograma semanal para a construção do artigo conforme a divisão das etapas da construção. Nesse sentido o artigo estruturouse pela introdução; objetivos; metodologia; referencial teórico, que compreende os temas do trabalho, que são os potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios; e a conclusão para a pesquisa. Por fim, realizou-se a análise descritiva da amostra bibliográfica culminando no artigo que deverá ser apresentado ao curso de Ciências Contábeis da Fundação Presidente Antônio Carlos Fupac Faculdade Presidente Antônio Carlos De Governador Valadares.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção são apresentados os conceitos e histórico de sistemas contábeis, o processo de mudança inerente à digitalização dos processos de trabalho em escritórios de contabilidade, além de evidenciar os principais potenciais benefícios em termos de produtividade, da implantação de sistemas contábeis em novos escritórios. A discussão sobre a classificação do sistema contábil começou com Hatfield, Em 1911 (posteriormente revisado em 1966) e Mueller em 1967. No entanto, a partir de 1970 este tema tem se tornado cada vez mais importante e objeto de pesquisa de alguns trabalhos, como da Costa et al. (1978), Frank (1979), Nair e Frank (1980), Goodrich (1982) e Nobes (1983). Dentre os autores acima mencionados, Nobes (1983) ganha notoriedade. Pois o autor faz uma análise crítica das pesquisas sobre como classificar sistemas contábeis. Propôs uma nova tentativa, usando métodos alternativos, inspirados na classificação biológica, este método leva mais fatores em consideração como a classificação de execução subjetiva. Nobes (1983) analisou as diferenças entre as práticas de contabilidade de empresas em países ocidentais desenvolvidos. A primeira publicação sobre contabilidade surgiu na Europa em 1228. O matemático Leonardo Pisano publicou a segunda edição do livro Líber Abaci (Livro Ábaco) e ali o apresentou dos hindus. Aprendeu algarismos arábicos e expressou zero no sistema (ANDRADE, 2009). A contabilidade é uma das ciências mais antigas, não porque se iniciou a partir de alguma lei tributária ou de direito empresarial, ela não é baseada em princípios filosóficos, ou em regras prescritas por terceiros, mas a mesma surgiu devido à necessidade de controle de ativos. Por anos as pessoas fizeram muitas tentativas de aplicar o método de controle, até aparecer novas grandes empresas, desde então a contabilidade passou a ser interesse dos grupos, como acionistas, financiadores, banqueiros, fornecedores, Instituições públicas, funcionários, toda a sociedade, por causa do bom desenvolvimento das empresas. Tornou-se um tema de grande relevância social. Neste sentido, o sistema de contabilidade nasceu com o objetivo de responder a dúvidas e atender às necessidades de seus utentes. De acordo com MIRANDA (2006) o sistema contábil consiste em chegar a um acordo com o meio em que TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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está inserido, pois com a história do país, valor e diferentes sistemas políticos novos e variados modelos de desenvolvimento Contabilidade Financeiros têm sido exigidos pelo mercado de trabalho. Entre todos os tipos de informação, pode-se dizer que o sistema contábil objetiva auxiliar os gestores financeiros, caracterizando um marco importante na história da civilização moderna pois contribuiu e continua contribuído para a melhoria e o controle hereditário da entidade, além de buscar novas alternativas para melhor atender os tomadores de decisões corporativas. Partindo desse pressuposto, o sistema de informação contábil torna-se responsável por cadastrar todas as informações e eventos executados pela empresa, organizados de acordo com a necessidade do evento Interessado nas informações apresentadas por meio dele. Para Padoveze (1997) Sistema de informação contábil ou sistema de informação de controle referese a: “o Sistema de Informação Contábil ou Sistema de Informação de Controladoria são os meios que o contador geral, o contador gerencial ou o Controller utilizarão para efetivar a contabilidade e a informação contábil dentro da organização, para que a contabilidade seja utilizada em toda a sua plenitude”(PADOVEZE, p.143, 1997)

Do ponto de vista do sistema, tudo isso deve ser realizado dentro da abordagem do sistema das empresas, incluindo tudo o que afeta os negócios da empresa e o contrário também se faz presente. Qual o impacto que a empresa tem sobre aqueles que têm contato direto ou indireto com ela. Por meio desse sistema, a organização tem metas a atingir, Padoveze (1997) descreve que com base em diferentes reivindicações por meio da fiscalização, pode-se compreender que os objetivos do sistema de informação contábil admitem fornecer informações monetárias e não monetárias utilizadas para a atividade, demonstrar as decisões sobre as operações, táticas e estratégias da empresa que também são direcionadas aos usuários. Além do mais constituem a parte básica do sistema de informação de gestão a empresa. Obviamente, a contabilidade se desenvolveu para entender seu uso real, consumo de produção e outras possibilidades. Com o surgimento do primeiro lote de órgãos

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administrativos privados, para serem responsáveis pelo que administram, eles precisam ser controlados e, sem o devido registro, não podem ser controlados (PROEL, 2011). No Brasil, até 2006, o trabalho contábil estava sujeito às regras estabelecidas pela Lei nº 6.404 / 76, mas a partir de 2007, após grandes mudanças na conjuntura econômica mundial, o Brasil passou a adotar as normas internacionais de contabilidade, as quais foram adotadas Lei 11.638 / 07, que ocasionou grandes mudanças na contabilidade do país. Ademais, em relação à contabilidade na era digital, pode-se dizer que com o avanço da tecnologia, os profissionais da contabilidade têm proporcionado cada vez mais formas de encontrar soluções e isso tem se tornado cada vez mais importante no cenário mundial ao longo dos anos. Melhorar cada vez mais a qualidade dos serviços prestados. Por meio da contabilidade digital, as autoridades fiscais podem obter informações contábeis de forma mais centralizada e ágil, reduzindo a fraude e a evasão fiscal. Dos avanços pode-se mencionar a nota fiscal eletrônica, a Escrituração Contábil Digital e a Escrituração Fiscal Digital como principais. No ano de 2005, a Receita Federal do Brasil convidou o CFC para participar do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do SPED, que é um para o desenvolvimento comercial e contábil que atende aos requisitos legais (CFC, 2011). Desde então, tem participado de assessoria técnica, principalmente assessoria técnica nos módulos de escrituração contábil digital, em especial assessoria informativa sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade. A contabilidade deve se adaptar a todos esses sistemas. Desde 2007, o setor contábil brasileiro passou por diversas mudanças: o papel foi deixado de lado e substituído pela era digital, em que tudo é administrado eletronicamente e os profissionais precisam se adaptar a essa realidade. Após estudos, foi averiguado que a tecnologia não é mais apenas um sistema de processo operacional, mas começa a ser considerada um recurso estratégico nos negócios. Os desafios contábeis são enormes, variando desde a necessidade de introduzir novas tecnologias até o entendimento de seu impacto no patrimônio. A aliança estratégica entre contabilidade e novas tecnologias da informação proporcionará às organizações condições mais seguras para a tomada de decisões (TOMELIN, NOVAES e BUCKER, 2011). Em comparação, a contabilidade que era feita há algum tempo, a que é utilizada e vigora hoje, é notório os seus ganhos, evidenciando assim, altos potencias benefícios para a

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área, desde os projetos, apresentados por um contador à aplicação e ferramentas e métodos disponíveis, a forma como ajudam as empresas a otimizar seus negócios durante o tempo gasto em atividades. (ARAÚJO et al., 2013)

Toda inovação que traga benefícios concretos para a sociedade é sempre bem-vinda. O avanço tecnológico tem se mostrado uma importante ferramenta para ajudar a sociedade em suas mais diversas áreas de atuação, inclusive na contabilidade. Hoje podemos contar com essa ferramenta poderosa, que se bem utilizada, só traz retornos para quem fizer uso dela. (Ferreira; Souza, 2018, p.13)

Com o advento da tecnologia, todos os trabalhadores ganharam vantagens significativas. Ademais, o contexto da contabilidade não é diferente, os profissionais dessa área no período contemporâneo são beneficiados por uma ferramenta muito útil que permite facilitar o desenvolvimento desses profissionais, mudando assim a forma atual de pensar a contabilidade estimulando a criticidade dos envolvidos, a tomada de decisão durante o manejo de uma situação. E como um método benéfico, vantajoso e eficaz, pode-se citar o uso de sistemas informatizados porque, possuir informações confidenciais e importantes, só devem ser repassadas aos sócios e contadores, já com a implantação do sistema, ambos os envolvidos ganharam benefícios significativos ao usar o sistema. Em termos de segurança e armazenamento de informações o que pode elucidar o rendimento de produtividade do uso dos sistemas contábeis em novos escritórios (ARAUJO et al., 2013). A característica da atual evolução do processo de inserção contábil é que as melhores ferramentas de trabalho devem ser utilizadas para auxiliar os profissionais da contabilidade na coleta, armazenamento, processamento e análise das informações, proporcionando a eles, maior agilidade e segurança. Portanto, o pessoal de contabilidade precisa usar tecnologia de contabilidade e software específico para ajudar o profissional todos os dias. Existem vários sistemas de informação contábil no mercado são eles: “Prosoft, Alterdata, Domain Systems, Mastermaq, Nasajan, Contmatic e Radar Empresarial” aptos para o processamento de relatórios econômicos e financeiros de organizações importantes. O que culmina no processo de tomada de decisão da empresa e ainda gera os documentos TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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necessários para o cumprimento dos requisitos de assistência de agências governamentais (GOMES e JESUS, 2017). Sendo assim, as vantagens do sistema de contabilidade em escritórios configuram um altíssimo ganho na produtividade, amplia número de atendimentos, e com o advento do desenvolvimento da tecnologia, mais benefícios são esperados a fim de promover o progresso da empresa e da empresa Contabilidade em si.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com os estudos realizados, e as literaturas levantadas, compreendeu-se que o presente trabalho alcançou resultados satisfatórios, permitindo sanar as dúvidas referentes ao tema proposto. A análise da pesquisa mostrou que os profissionais contábeis, apesar de enfrentar as enormes dificuldades, têm conseguido se adaptar de forma satisfatória a todas as mudanças ocorridas em toda a evolução do cenário contábil. Por fim, é necessário enfatizar as necessidades de aprimoramento contínuo desses profissionais, inclusive implantar uma educação permanente dentro do setor de trabalho, pois, considerando que muitas mudanças ainda não ocorreram e mais trabalhos serão necessários, levando sempre em consideração meios tecnológicos que são adequados para o perfil de mercado da empresa, além de considerar todo o processo político, estrutural, planejamento, organização e o processo evolutivo da mesma. Portanto, pode-se ressaltar que a contabilidade é uma ferramenta em constante evolução, e os profissionais da área precisam sempre buscar novos conhecimentos a fim de atender às necessidades do mercado que têm sido cada vez maiores.

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ABSTRACT

At the same time, the accounting sector has been the direct target of technological changes and progress, as well as in other economic spheres. Studies show that such progress allows for greater interaction, but it requires greater theoretical capacity due to the context of innovation that implies information dynamization, with regard to the means of communication, and accounting methods. In this context, concerns have arisen regarding the potential benefits in terms of productivity, from the implementation of accounting systems in new offices. Therefore, this article aimed to identify the potential benefits in terms of productivity, from the implementation of accounting systems in new offices. For the specific objectives of conceptualizing digital methods in accounting offices, of conceptualizing accounting systems; to analyze the change process inherent to the digitization of work processes in accounting offices, in addition to analyzing the potential benefits and productivity gains from the use of accounting systems. This article is a bibliographic review with an exploratory and quantitative approach. A survey was carried out using the technique of bibliographic investigation in the scientific bases of Google Scholar, SCIELO, books and legislation. The criteria established for selection were: complete articles, and manuals in Portuguese, published between 1990 and 2018. It was concluded with the studies carried out, that the objectives of the work were achieved, demonstrating that the evolution of accounting through the digital age has elucidated great improvements within the reality of the accounting offices, such as the agility of the processes that are worked on and the benefits of their productivity in general. Keywords: Accounting Systems. Offices. Benefit. Productivity

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REFERÊNCIAS

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GESTÃO ORDINÁRIA NOS PEQUENOS NEGÓCIOS Alaenito Junio Martins da Silva1, Amanda Letícia de Melo Martins1, Ana Kelly Paiva Cardoso1, Lesly Jhuly Gomes Correa1, Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes2 RESUMO

Este trabalho tem por objetivo demonstrar como um gestor ordinário faz a administração do pequeno negocio sem conhecimentos científicos, tentando desta forma assim compreender sua gestão, e suas habilidades, e como o mesmo administra sua empresa. Para atingir os objetivos foi realizada uma pesquisa com o gestor da empresa União Tecno Diesel que atua no setor de auto motores na cidade de Governador Valadares. A metodologia adotada foi um questionário semi estruturado através da análise de dados, mostrando suas atividades no cotidiano do gestor, apontando para o resultado que foi a habilidade de gestão que pode ser de uma forma natural, ou seja nata, podendo também ser aliada aos estudos, considerando que pode se adquirir tais características através de estudos científicos.

Palavras-chave: Gestão Ordinária. Habilidades. Administração. Organização.

1 INTRODUÇÃO

O interesse em pesquisar as práticas de gestão ordinária surgiu a partir da observação de que muitos empresários ordinários, dentro da formalidade, não possuem estudos para administrar o empreendimento, mas mesmo sem conhecimentos específicos conseguem se superar e planejar uma boa gestão. 1 Acadêmicos do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPAC- Governador Valadares – MG. E-mail: alaenito@hotmail.com; melomartins@gmail.com; anakellypc@outlook.com; leslyjhulygv@gmail.com 2 Mestre em MA Social Policy - University of York (2000) e bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1996) e É professora da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC-GV nos curso de Administração e Educação Física com as disciplinas: Empreendedorismo, Internacionalização de Empresas, Pesquisa em Administração e Tópicos Especiais II com ênfase em trabalho final de curso.

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Tendo acima citado, o presente trabalho abordará a gestão ordinária em uma micro empresa na cidade de Governador Valadares, realizada por um empresário que não detém formação técnica para administrar uma empresa. Como alguns que estão à frente de negócios familiares, e que recebem instruções que são passadas de geração em geração. Segundo Fayol (1980) não é o conhecimento técnico que leva a escolha, mas a capacidade de gestão. Ter conhecimento técnico não faz de alguém um bom profissional. Podendo a habilidade de gestão ser adquirida por meios de práticas e experiências próprias, agregando experiências, que são moldadas com o tempo para se adaptar no cotidiano da empresa. A gestão ordinária refere-se à gestão realizada “no cotidiano dos negócios ordinários, dos pequenos negócios, e é uma prática social e cultural formada por uma grande quantidade de referências, interesses pessoais e relacionais” (Carrieri, Perdigão & Aguiar, 2014, p. 700). Podendo ser definida por meio de três aspectos fundamentais: o controle da empresa, o poder que a família exerce na empresa e a inclusão dos membros da família no papel da gestão, conforme argumentam Casillas, Vásques e Diaz (2007) no que eles caracterizam como o triângulo do poder família, gestão e propriedade. Estes autores concordam que são através dessas dimensões que a dinâmica das empresas familiares é compreendida e sua cultura construída. Dante, Rodrigues e Cremonezi (2016) citam sobre o importante papel das empresas familiares no Brasil, que se destacam na economia representando, segundo dados de uma pesquisa realizada pelo SEBRAE (2017), 52% (cinquenta e dois por cento) das micro e pequenas empresas representando 40% do PIB nacional conforme um estudo apresentado no Encontro de Empresas Familiares. Este trabalho tem como objetivo geral identificar como ocorre a gestão ordinária nas práticas gerenciais de uma micro empresa, e seus objetivos especifico é conceituar a gestão ordinária, pesquisando com o gestor como ele faz sua gestão, através da análise da pesquisa, e mostrar a gestão ordinária nos dias atuais. Partindo da problemática que é entender como é a gestão ordinária realizada por gestores que não possui formação técnica. Este trabalho justifica que a gestão ordinária realizada por um homem que não possui habilidades técnicas é caracterizada por um elevado grau de dificuldade com a tomada de decisões e normalmente

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assume sua posição de dono ou de diretor da empresa, conduzindo a administração com excelência.

2 METODOLOGIA

Em relação à metodologia, o estudo de caso que foi realizada é de natureza aplicada, pois objetiva gerar conhecimentos para sua aplicação (Gil, 2008). Segundo a natureza dos dados, o trabalho é classificado como uma pesquisa juntamente com estudo de caso qualitativo, uma vez que não se utiliza de dados estatísticos para análise de um problema (Oliveira, 1999). Quanto aos propósitos trata-se de uma pesquisa exploratória gerando maior familiaridade e tornando o problema mais explícito e como procedimento para coleta de dados será utilizado a entrevista semi estruturada, método indicado para esse tipo de pesquisa (Gil, 2010). Como forma de análise dos dados será utilizada a análise de discurso que segundo Careginato e Multi (2006), enfatiza o sentido do texto a fim de produzir sentido e como instrumento facilitador da análise da pesquisa. A elaboração e aplicação do questionário seguiram os seguintes passos: elaboração das perguntas a partir do objetivo a ser alcançado com o trabalho, sendo oito perguntas; definição do modelo para ser utilizado, sendo o questionário aberto para o gestor; e logo após a aplicação e recebimento das respostas, uma análise das respostas. Para a análise de conteúdo, a pesquisa foi enviada ao gestor em forma de questionários, e respondida através de áudios por meio do aplicativo Whatsapp, o nome do gestor será preservado, a empresa que ele faz a administração é a União Tecno Diesel.

3RESULTADO E DISCUSSÃO

Os resultados foram levantados por meio das respostas obtidas através do questionário aplicado, juntamente com o referencial bibliográfico.

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3.1 Gestão ordinária

Quando se fala em gestão empresarial logo vem à mente alguém que estudou e se qualificou para assumir ao cargo o qual ocupa e que durante o processo de qualificação adquiriu conhecimentos científicos e específicos para lidar com situações gerenciais de uma organização. Cunha e Gomes (1996) diz que na gestão ordinária o gestor não possui conhecimentos científicos para administrar, seus conhecimentos são moldados através do diaa-dia, usados para mostrar conhecimentos que são estimulados pelos aprendizados adquiridos no cotidiano, mostrando que varias pessoas desempenham técnicas administrativas que são facilmente encontradas nos pequenos negócios feitas por gestores, informal ou não, empresas familiares ou não, praticantes da gestão que pode ser chamada de “ordinária”. Certeau (1994). Para a execução do trabalho foi elaborado um questionário com o gestor, abordando o tema. De acordo com o tema trabalhado e atual cenário da empresa que atua no serviço de reparação de veículos auto motores, foi perguntado ao administrador da empresa sobre seu cotidiano como gestor ordinário. Ao ser questionado sobre se possuía formação especifica o gestor se limitou a dizer que não tinha estudo técnico para gerir. Lescura (2012) observa que as sequências dos negócios ordinários acontecem através de métodos tradicionais. Conhecimentos informais que contrariam a gestão de caráter formal mostrando possibilidades para gestões variáveis, de múltiplos conceitos sendo estabelecidas de diversos aspectos. O segundo questionamento foi para saber a opinião do gestor a respeito da formação técnica, se ele possuísse conhecimentos específicos teria contribuído de alguma forma na administração da empresa. Com uma resposta positiva, ele pontua que a formação especifica ampliaria os conhecimentos de gestão que somaria muitos positivos na empresa. Santos (2006), afirma que há conhecimentos que são obtidos através de diferentes formas e meios e que podem ser sim reconhecido e adotado, conhecimentos esses adquiridos no cotidiano, Conhecimentos que podem ser complementado com os conhecimentos científicos, somando saberes e gerando novos aprendizados, Santos (2008), ainda ressalta que deve valorizar os aprendizados que são adquiridos no cotidianos mas que isso não desvaloriza os saberes científicos. A competência, é uma característica subjacente de um ser humano que eventualmente é ligada a performance na realização de uma tarefa ou em alguma situação. Assim distingue TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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competência de aptidão e capacidade natural do indivíduo, podendo vir a ser aprimorada, de habilidades, expressão do atributo individual no desempenho e conhecimentos que o indivíduo necessita saber para a fim de que consiga executar uma função (Mirabile, 1997).

3.2Habilidade de gestão

Em análise das respostas do questionário e comportamento do empreendedor, a sua atuação na função gerencial se desenvolve na habilidade humana. Katz (1974) diz que a capacidade humana é essencial para que equipes se desenvolvam de modo eficaz. A habilidade humana é a capacidade de facilidade para trabalhar com pessoas, comunicar, entender seus comportamentos, motivações e liderar grupos de pessoas. Assim, ele completa que o conhecimento humano é insubstituível no comando da empresa. O empreendedor pode desenvolver sua maneira de gestão com técnicas conceitual, a capacidade de compreender a organização com um todo e os objetivos traçados pela empresa. (CHIAVENATO, 2000, p.3) O terceiro questionamento foi para saber do gestor se administrar seria uma habilidade nata, o gestor respondeu que a habilidade para administrar se aperfeiçoa no dia a dia, porém isso já é um dom que nasce com a pessoa, não é uma formação que vá fazer grandes diferenças na hora de administrar o negócio, a forma de dizer que alguém já nasce com talento para algo não vem de hoje, o costume de referir ao talento nato existe desde há muito tempo o que Andrade (2003) define a importância dos exemplos pré-formados, induzindo a entender a mente como um conjunto de sistema interligados fechado da qual a configuração está dada de saída, devendo ser apenas aperfeiçoada ao longo do crescimento humano. Em outro questionamento ao ser abordado se ele acredita que formação técnica e específica pode qualificar alguém para administrar, a resposta foi positiva, mas ressaltou que a formação pode acrescentar, mas a habilidade de gerir deve estar na pessoa. Contudo em relação à capacidade de administrar uma empresa foi questionado se qualquer pessoa pode se qualificar para gerir um negócio, o gestor disse que sim, mas enfatizou o que já havia ressaltado anteriormente que a pessoa também precisa ter certa vocação para ser um bom gestor para assim unir talento e estudo. Para Gagné (2004, 2005),

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ter um talento nato mostra capacidade natural e espontânea, talento insinua o domínio elevado de pelo menos uma determinada área da atividade humana. Sampson e Chason, (2008). Ressalta a importância que os estudantes, com determinadas características, façam escolhas profissionais que abranjam suas habilidades natas com a possibilidade de ter sucesso na vida académica e profissional, deixando aproveitar de todo potencial.

3.3

O gestor e sua administração

Ao ser questionado como era sua gestão dentro da empresa, a resposta obtida foi a seguinte, que sua administração acontece de forma natural e que não possui formação e que se seus conhecimentos foram adquiridos através do cotidiano com os clientes e seus colaboradores. Wood Jr. (2001) ressalta que alguns métodos de ensino antiquados ainda existem, mas também estão nascendo outras inovações, especialmente algumas que desprende o foco da aprendizagem teórica e centraliza na aprendizagem na pratica. O administrador ainda destacou que para ser um bom gestor é preciso entender que o rendimento vem ao longo prazo, e o que faz uma empresa crescer e ter uma visão futura da mesma. Em relação a isso Almeida (2001), diz que pode ser colocado como um dos principais pontos para a estabilização dos objetivos e metas traçados nas empresas ao todo, e é de suma importância para o funcionamento das empresas de pequeno porte, tendo o cuidado de estabelecer monitoramento constante de um plano estratégico. Dentro disto acrescenta – se a pergunta ao gestor se ele se considera um gestor tradicional ou inovador, e o porquê, o mesmo ressaltou-se que é inovador, pois acredita que a tecnologia ajuda muito, ressaltando que as mesmas ficam desfasadas rapidamente.

Boutad e Verón (2007): conceitua que métodos que denominamos por desfasagem é um período de tempo delimitados por praticas e tecnologias transformadas. Levando em consideração esses aspectos, gestor ainda enfatizou que é preciso pensar no futuro fazendo investimentos ao longo prazo, e o motivo das empresas irem à falência são porque não se renovam, tendo em vista que os métodos precisam de modernidade para acompanhar o resto do mundo ou ficará atrasado.

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3.4

A Gestão ordinária nos dias atuais

Nos dias atuais a gestão está associada à tecnologia e ao conhecimento cientifico, (Santiago Jr 2004) com isso leva se pensar que dando o devido valor a experiência adquirida ao longo do tempo através de conhecimentos ordinários, não tem mais uma grande relevância. Handy (1994) ressalta que: A inteligência é o novo tipo de ativo. Não se comporta como os outros tipos de ativos e nisso reside o paradoxo. Ao contrário dos outros bens, a inteligência não pode ser dada de presente e será sempre conservada, mesmo que compartilhada. Também não é possível sair a inteligência de outra pessoa, por mais que se seja dono da empresa na qual essa pessoa trabalha. Se a pessoa sair da empresa e for para outra, levará consigo seus conhecimentos. (HANDY, 1994) As mudanças da sociedade moderna esta exigindo novos e necessários conhecimentos para a sobrevivência em mercados de trabalho que estão ficando mais competitivos, requisitando a qualificação e competência educacional. (Paiva, 1997). Perguntamos ao nosso entrevistado se na gestão dele, mais acertou ou errou em sua administração, o mesmo afirma que errou, mas que foi através dos erros que conseguiu acertar. E que seus erros ajudaram a acertar no futuro, mas acredita que houve mais acertos, pois sem o número de erros fosse maior a empresa não estaria em produção até o momento, com base na experiência de (Kaplan e Rieser 1996) uma história de sucesso nem sempre começou bem sucedida. Com base nisso perguntamos ao gestor se ele pudesse melhorar algo em sua gestão o que seria, o mesmo enfatizou que com a ajuda da tecnologia e a prática diária você consegue chegar a seus objetivos e aos poucos construindo uma gestão cada dia melhor nos seus afazeres diários e com seus colaboradores. Conforme mostra a pesquisa as ações do gestor mesmo sem formação seu desempenho administrativo sejam assertivos partindo do princípio onde a empresa ainda continua no mercado. Os gestores ordinários nas organizações usam, transformam e dão outros significados às velhas ideias e criam suas próprias práticas gerenciais, criando uma espécie de reputação artesanal para a empresa, e a sua continuação administrativa sempre permitiu que permanecesse a mesma dedicação à qualidade que era característica do fundador da organização. (Donnelley, 1967).

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A gestão ordinária trás consigo técnicas desenvolvidas através delas formando um jeito único da empresa de atuar, tornando-se até mesmo uma referência de forma de atividade sendo assim a cultura da organização, segundo os autores (Bio, 1996; Catelli, 1997; Schein, 1992) os fundadores e principais lideres são os criadores da cultura da empresa, sendo eles os que definem o modo de gerir, colocando suas opiniões e padrões pessoais de como exercer atividades dentro da organização, característica essas que podem ser chamadas de tradição, o que vem a ser importante para uma empresa que atua nos dias de hoje, assim como Fischer (2002), pontua que as transformações são constantes em organizações, tecnologias inovadoras e novas ideias estão sendo implantadas, e gerir as novas mudança necessita de novos costumes dos gestores, repensando maneiras e colocando de escanteio conceitos tradicionais utilizados para administrar, já que os conceitos tradicionais têm aparentado ineficiência em espaços organizacionais, mostrando assim que a gestão ordinária está perdendo espaço dentro da organização. Fisher (2002) ainda pontua que o mundo todo está em uma grande formação tecnológica e isso tem afetado as formas de gestão, e as empresas precisam estar em alerta sobre as mudanças, e de uma visão estratégica da mesma. Mas Santiago Jr (2004) diz que o conhecimento deve ser reconhecido que sempre foi a principal fonte de crescimento, mas o grande diferencial dos dias atuais é rápido acesso a informação, que contribuiu para mudança assim possibilitando o rápido acesso a informação de qualidade. Ressaltando que as empresas precisam saber que o conhecimento é o mais importante, e indispensável, por ser o principal elemento de trabalho de todos. Podendo perceber que ele é inestimável do que outro recurso dentro da organização. Nos dias atuais com mais de 13 milhões de desempregados no Brasil, as pessoas que estão nesta situação recorrem ao seu próprio negocio com a esperança de vencer o desemprego, segundo dados do sebrae (2016) as empresas abertas nessas condições não sobrevivem por alguns fatores entre ele está: as condições do gestor antes de abrir um negocio, o planeamento dos mesmos, e a principal que é a capacitação em gestão empresarial e a gestão do negócio, uma vez que uma empresa aberta nessas condições não tem chances de permanecer no mercado

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo propôs se entender como o gestor faz a administração da sua empresa sem conhecimentos científicos através de um estudo de caso, mostrando que suas habilidades de gerir é de forma natural, e que seus conhecimentos de gestão foram adquiridos no cotidiano, revelando também que houve erros e acertos em sua forma de administrar Durante a pesquisa foi identificado que o mesmo acredita que gerir é uma habilidade nata, que pode ser aliada com estudos. Em nossos estudos sobre a gestão ordinária observou- se que o gestor ordinário faz sua gestão com base nos aprendizados adquiridos no cotidiano, ressaltando que a empresa precisa se renovar e acompanhar a modernidade dos dias atuais para não ficar para trás. De um modo geral constatou-se que existe a gestão que é feita por um gestor ordinário, e pode ser uma habilidade nata sem estudos científicos, podendo aliar os dois, ou pode ser adquirida se qualificando especificamente e aprimorando conhecimentos, possibilitando um maior entendimento no que se refere à gestão ordinária, contribuindo para verificar como os gestores ordinários fazem o aperfeiçoamento dos métodos e somando experiências para evoluir sua forma de gestão. Uma vez que as empresas nos dias atuais não sobrevivem sem um planeamento de negocio e que estudo na área de gestão ajuda na garantia de manter a empresa no mercado, será oferecido ao gestor da empresa que serviu de estudo de caso consultorias de gestão empresarial.

ABSTRACT This work aims to demonstrate how an ordinary manager manages the small business without scientific knowledge, thus trying to understand his management, and his skills, and how he manages his company. To achieve the objectives, a survey was conducted with the manager of the company União Tecno Diesel, which operates in the auto engine sector in the city of Governador Valadares. The methodology adopted was a semi-structured questionnaire through data analysis, showing its activities in the daily life of the manager, pointing to the result that it was the management skill that can be in a natural way, that is, cream, and can also be combined with studies , considering that such characteristics can be acquired through scientific studies. Keywords: Ordinary Management. Skills. Management. Organization.

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MARKETING DIGITAL: A UTILIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS EM UMA CORRETORA DE SEGUROS

Benedito Gurjão Pereira Rocha Gabriel de Abreu Ferreira Nunes1 Rafael Almeida Filgueiras1Sara Ferreira Magalhães1 Starley Gomes Guedes1 Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes2 RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo analisar e identificar os benefícios das ferramentas do marketing digital em uma corretora de seguros de pequeno porte. Para tal, utilizou-se inicialmente revisão bibliográfica a fim de qualificar a metodologia aplicada, qual seja uma pesquisa de campo. Para coleta e tratamento acadêmico dos dados, foram empregados seguintes instrumentos de pesquisa: análise documental e entrevistas semiestruturadas/questionários, aplicados para os sujeitos (sócio e o Gerente) de uma corretora de seguros de pequeno porte no Município de Governador Valadares/MG. O estudo teve como foco, as redes sociais enquanto ferramentas de marketing atuando como estratégia multifacetada capaz de alcançar a preeminência competitiva no que diz respeito à visibilidade, consolidação, fidelização da marca e prospecção de clientes. Os resultados da pesquisa indicam que as ferramentas do marketing digital corroboram com a premissa de que sua utilização é eficaz. Espera-se que tal estudo enseje na ampliação do debate em torno da temática e provoque novas indagações no campo acadêmico e comercial. Palavras-chave: Marketing Corretora de Seguros Marketing Digital

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho investigou o papel do marketing digital como estratégia para alcançar a preeminência competitiva no que diz respeito à visibilidade, consolidação, fidelização da marca e prospecção de clientes em uma corretora de seguros (ME) em Governador Valadares/MG. 1

Acadêmicos do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPAC- Governador Valadares – MG. E-mail: benekgp@hotmail.com; gabriel.nunesoficial@hotmail.com; felps500@hotmail.com; magalhaessara2012@hotmail.com; starleyguedes@hotmail.com 2 Mestre em MA Social Policy - University of York (2000) e bacharel em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (1996) e É professora da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC-GV nos curso de Administração e Educação Física Internacionalização de Empresas, Pesquisa em Administração e Tópicos Especiais II com ênfase em trabalho final de curso. E-mail: fenicialopes@ymail.com

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Logo, foram realizados levantamentos das ferramentas do marketing digital, utilizadas por uma corretora de seguros analisada pelo estudo. As corretoras de seguro intermedeiam a relação entre segurados e seguradoras, prestando assessoria para que tudo que esteja presente no contrato de seguro seja cumprido. Pode-se afirmar que as corretoras de seguro são as representantes oficiais dos clientes juntos às seguradoras. Além disso, corretoras de seguros qualificadas, possuem amplo conhecimento de termos e cláusulas específicas dos produtos e atendimento ao cliente que facilita o entendimento e a escolha do melhor seguro para cada caso (MINUTO SEGUROS, 2017).

Chan, Silva e Martins (2010) dizem que as corretoras de seguro são as representantes oficiais dos clientes juntos às seguradoras. Além disso, corretoras de seguros qualificadas, possuem amplo conhecimento de termos e cláusulas específicas dos produtos e atendimento ao cliente que facilita o entendimento e a escolha do melhor seguro para cada caso. Sobre isto, o blog TSS (2019) afirma que em 1916 foi sancionada a Lei n° 3.071, que promulgou o “Código Civil Brasileiro”, com um capítulo específico dedicado ao “contrato de seguro”. Os preceitos formulados pelo Código Civil e pelo Código Comercial passaram a compor, em conjunto, o que se chama Direito Privado do Seguro. Esses preceitos fixaram os princípios essenciais do contrato e disciplinaram os direitos e obrigações das partes, de modo a evitar e dirimir conflitos entre os interessados. Foram esses princípios fundamentais que garantiram o desenvolvimento da instituição do seguro. De acordo com os pressupostos legais apontados, infere-se que o corretor de seguros por possuir compromisso ético, função social e legal tipificados em legislação própria, da mesma forma, para atuar em um mercado tão competitivo deve se munir de habilidades e competências que lhe confiram o contato direto com o segurado, podendo oferecer um seguro que melhor irá lhe atender (CHAN; SILVA; MARTINS; 2010). Portanto, garante o cumprimento de todas as cláusulas caso necessário. Nesse caso, é importante dispor de uma assistência 24h para solucionar cada caso. Visto que o mercado de seguros estava em crescimento, pai e filho que já trabalhavam no ramo como inspetores da seguradora Sul América enxergaram a oportunidade de serem donos do próprio negócio no ano de 1994, abriram então a “Empresa” no ramo securitário, atuando no Município de Governador Valadares/MG.

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Atualmente a Empresa é uma empresa de pequeno porte do ramo securitário, atua com mais de 20 segmentos de seguros, 12 seguradoras e possuem mais de 30 anos de experiência na área de seguros. Segundo Galiza (2019), assessor de economia do Sincor-SP, o mercado de seguros teve um crescimento de 200% nos anos de 2006 a 2016, sendo que em 2019, segundo dados da Agência Brasil pesquisas mostram que a arrecadação total do mercado de seguros cresceu 4,9% nos primeiros quatro meses do ano. Tendo em vista esse mercado competitivo que a empresa está inserida e com a grande necessidade de diferencial para alcançar com eficácia novos clientes e atender as necessidades dos mesmos, o marketing digital se faz presente para atender essa demanda, pois de acordo com Torres (2009), no marketing digital pode ser usado tipos de segmentações para facilitar suas ações da seguinte forma: marketing de conteúdo, marketing viral, marketing de mídias sociais, e-mail marketing, pesquisa on-line, publicidade on-line e monitoramento. Quando você ouve falar de marketing digital, publicidade on-line, marketing web, publicidade na Internet ou quaisquer outras composições criativas que se possa fazer dessas palavras, estamos falando em utilizar efetivamente a Internet como uma ferramenta de marketing, envolvendo comunicação, publicidade, propaganda e todo arsenal de estratégias e conceitos já conhecidos na teoria no marketing. (TORRES, 2009, p.45)

A maneira então como o marketing utiliza para comunicar acerca de produtos e serviços, deve, portanto, estar atualizada e atingir seu público alvo. Os avanços tecnológicos têm mudado a maneira como as pessoas utilizam das ferramentas de marketing, principalmente no que tange a comunicação (REINA, 2009). Internet, redes sociais, digital influencer e tantos outros métodos têm levado os usuários a novas experiências e assim influenciando diretamente na decisão de compra dos mesmos. Peter (2006) diz quem, mais do que estar conectado, é fundamental para as organizações estar a par das possíveis ferramentas digitais e conhecer acerca das contribuições que o marketing digital pode proporcionar para as empresas que o utiliza de forma planejada.

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Visto que Torres (2009) afirma que:

Com o crescimento da internet, não é mais possível pensar em ações isoladas na internet. Seja qual for seu negócio, como toda a certeza uma parcela significativa de seus consumidores é representada por usuários frequentes da internet que acessam a rede mais do que qualquer outra mídia. Assim, incluir a internet como parte de seu planejamento de marketing, criando ações integradas que permitam utilizar melhor os recursos disponíveis, é fundamental. (TORRES, 2009, p.61)

Visto que o marketing digital é essencial dentro das empresas para torna-las competitivas, o trabalho tem como problema de pesquisa analisar, quais os impactos do uso das ferramentas do marketing digital para uma corretora de seguros (ME), no município de Governador Valadares? Para tanto o objeto a ser pesquisado trata-se dessa referida empresa que atua no Município de Governador Valadares/MG e que utiliza as mídias sociais como forma de se relacionar com os seus clientes. Neste sentido, esse trabalho se justifica por buscar analisar os impactos do uso das ferramentas do marketing digital para uma corretora de seguros que atua em mercado em crescimento, a fim de consolidar nossas propostas de investigação. Logo, o presente trabalho tem como objetivo, analisar os impactos do uso das ferramentas do marketing digital para uma corretora de seguros, no município de Governador Valadares MG. Com o intuito em tentar responder a problemática levantada, propõe-se como objetivos específicos: a) apresentar o conceito de marketing e marketing digital e sua evolução, b) realizar entrevistas semiestruturadas, aplicados para os sujeitos, sócio e gerente,

para

entender como a empresa se comporta perante o marketing digital, c) analisar dados coletados, d) sugerir melhorias para as supostas ferramentas já utilizadas, e implementação de novas ferramentas.

2 METODOLOGIA

A investigação aqui proposta utilizou privilegiadamente a abordagem de pesquisa qualitativa. Entende-se que a abordagem qualitativa “aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas” (MINAYO, 1994, p. 22).

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A pesquisa qualitativa se traduz por tudo aquilo que pode ser qualificável, ou seja, coleta opiniões e informações dando-lhes o tratamento científico para, posteriormente, chegar a uma conclusão (MINAYO, 1994). Considerando ser o objetivo geral analisar os impactos do uso das ferramentas do marketing digital para uma corretora de seguros, no município de Governador Valadares/MG. Como procedimento metodológico foi adotado um estudo de caso, compreendido como “[...] uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2001, p. 23). Os sujeitos da pesquisa foram um sócio e um gerente, sendo o campo da pesquisa, da mencionada empresa. A fim de identificar as percepções dos sujeitos desta pesquisa, a respeito do papel do marketing digital, onde Torres (2009) reforça que, considerando os avanços desta ferramenta no mercado atual, e em como esta poderá contribuir para otimização da prestação de serviços, captação, fidelização de clientes (respeito à visibilidade, consolidação, fidelização da marca e prospecção de clientes). Foram coletados os relatos dos sujeitos da pesquisa por meio de entrevistas semiestruturadas, possibilitando a liberdade do entrevistado (a) para falar de suas vivências. Por fim, foi proposto a utilização de análise documental e interpretação de dados acerca das descobertas deste estudo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A entrada no campo de pesquisa se deu no período de 20 de outubro de 2019 a 30 de outubro do mesmo ano. O campo de pesquisa foi uma corretora de seguros no Município de Governador Valadares/MG. O estudo no campo se deu como forma de dialogar com os sujeitos da pesquisa a fim de responder a seguinte problemática: quais os benefícios das ferramentas do marketing digital dessa empresa?

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Para Acevedo e Nohara (2004, p. 65) A discussão significa analisar os dados expostos no capítulo de resultados e relacionálos com as pesquisas anteriores apresentadas na revisão bibliográfica. [...] a discussão sempre remete ao problema, aos objetivos e hipóteses que foram apresentados na introdução.

Desta forma, o lócus desta pesquisa foi a corretora a que atua no Município de Governador Valadares/MG. Começou em 1994 quando pai e filho viram a oportunidade de serem donos do próprio negócio em um ramo em constante expansão, tendo em vista que já trabalhavam na área como inspetores da seguradora Sul América seguros. Atualmente atua com mais de 20 segmentos de seguros, 12 seguradoras e possuem mais de 30 anos de experiência na área de seguros. Iniciando o diálogo com os sujeitos da pesquisa pergunta-se ao gerente, quais os impactos do uso das ferramentas do marketing digital para a micro corretora de seguros (ME)? Para mim, o Marketing digital é uma ferramenta de venda. É uma ferramenta de alcance amplo, mais rápida e menos burocrática do que o marketing tradicional. Transpões as barreiras físicas por se tratar de uma ferramenta digital, é a ferramenta dos dias atuais.” (Informação verbal, Gerente)

Essa afirmação se confirma por meio de Limeira (2019):

Com a evolução da tecnologia da informação e da comunicação, especialmente a internet, o marketing evoluiu para o chamado marketing eletrônico, e - marketing ou marketing digital, conceito que expressa o conjunto de ações de marketing intermediadas por canais eletrônicos como a internet, em que o cliente controla a quantidade e o tipo da informação recebida. (LIMEIRA, 2000, p. 9).

Portanto, pode-se observar o conceito segundo Nogueira, que explica mais afundo, sobre o marketing digital,

O Marketing Digital como o próprio nome já diz, é o bom e velho marketing só que trabalhado por meio das ferramentas digitais. É o conjunto de ações estratégicas aplicadas nos meios digitais (internet e tecnologias móveis), para conquistar e fidelizar clientes, elevando a participação da empresa no mercado.” (NOGUEIRA 2014, PAG 126)

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O gerente destacou ainda o uso do Whatsapp como principal ferramenta digital da empresa, constatou também que utiliza o Facebook e que quer implementar um site para vincular as ferramentas já utilizadas: “Utilizamos Whatsapp, facebook, e estamos para implementar um site para a corretora, vinculando as demais ferramentas nele. ” (Informação verbal, Gerente) Logo, percebe-se que para uma atualização, é necessário ter um leque de benefícios para o consumidor, para melhor lhe atender. Isso irá proporcionar uma satisfação, e maior comodidade para o cliente. Tal afirmação se confirma segundo Kotler (2000) que reforça que os comerciantes espertos de hoje em dia não vendem produtos, eles vendem pacotes de benefícios. Não vendem somente o valor de compra, mas vendem o valor de uso. Visto que o Whatsapp é a ferramenta mais utilizada, o gerente afirma ainda: Bom, se tratando de novos clientes, eles são aproveitados pela questão de que, todo contato feito abre a oportunidade de ofertarmos algum tipo de produto, consequentemente fechamos algum negócio, com nossos clientes isso muda um pouco, fica mais na questão de fidelidade, pois ficamos mais ‘próximos’ tendo contato diretamente, isso também nos da abertura para oferecermos novos produtos, dá resultado.” (Informação verbal, Gerente)

No entanto, pela visão do gerente há sempre algo para ser melhorado tanto nas ferramentas como na forma de fazer negócios, buscando sempre se manter atualizado com o mercado. No entanto, pode-se confirmar através de Kotler e Keller (2006) que “À medida que o ritmo de mudança acelera, as empresas não podem mais confiar em suas antigas práticas de negócios para manter a prosperidade.” Como também, mostrando sua percepção do futuro da empresa em relação ao marketing digital: Em relação ao Whatsapp não vejo muita melhoria, pois depende de oferta. No facebook a melhoria seria aumentar o alcance das publicações e sempre abastecer a página com novas postagens. O site precisa estar sempre atualizado também, ter sempre informações novas e vincula-lo com o face, fazer um acesso direto em conjunto, onde o usuário que estiver no site consegue ser transferido para o face e vice e versa. (Informação verbal, Gestor)

De acordo com a fala do Gerente as redes sociais e sites, visam fortalecer a presença da empresa no universo online, se aproximar dos consumidores e alavancar as vendas.

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Na esteira dessas considerações, nos diz o gestor: Ela se tornara uma ferramenta indispensável, se nós não nos mantivermos sempre atualizados iremos perder mercado, o que vejo da ferramenta é que ela vai continuar cada vez mais presente e mais moderna, não tem como voltarmos ao passado, devemos aprender a usa-la cada vez melhor para que ela nos gere cada vez mais resultado (Informação verbal, Gestor)

Apesar do Gestor não mencionar uma forma qualificada de ampliação das ações voltadas para a implementação das ferramentas já utilizadas, bem como, de novas ferramentas, percebe-se que, investir em marketing digital está entre as principais ações que a gestão deve tomar para ampliar as oportunidades comerciais. O sócio foi entrevistado por telefone e sua fala foi transcrita por meio de digitação, pois o mesmo não se encontrava na cidade. Ele relata que o marketing digital é como o tradicional, só que feito por meio digital, dando exemplos de propagandas e divulgação de produtos via internet através de mídias digitais, mostrando ter pouco conhecimento na área, por ser formado no ramo de engenharia. Assim como relatou o gerente, o sócio tem a mesma visão a respeito das ferramentas utilizadas e que mais impactam diretamente a corretora:

Whatsapp, facebook, estamos também programando para implementarmos um site melhor para a corretora e vincular as nossas mídias nele. Facilidade de contato com os clientes, fácil divulgação dos tipos de seguros com qual trabalhamos, essa facilidade na comunicação ficamos mais próximos dos nossos clientes, ajudando na fidelização e venda dos produtos. (Informação verbal, Sócio)

Visando melhorias no meio digital da corretora, o sócio acredita que pode as ferramentas já utilizadas tem melhorias em relação ao uso, sendo eles: voltar a movimentar a página do facebook vinculando ao futuro site, trabalhar o site para virar uma espécie de portfólio dos produtos vendidos, onde o cliente entra e consiga ver com mais detalhes a ofertas. Também mostrando sua preocupação com o futuro da empresa no marketing digital, o sócio acredita que:

O Marketing digital vai estar cada vez mais presente no mercado, então devemos seguir essa tendência e utiliza-lo cada vez mais, trabalha-lo da melhor forma para que ele gere mais resultado” (Informação verbal, Sócio)

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No entanto, a revista Exame (2018) exibe uma recente pesquisa da IAB Brasil (Interactive Advertising Bureau) mostrando que o Marketing Digital cresceu 25,4% em 2017 se comparado com 2016, movimentando mais de 14,8 bilhões. Parte desse crescimento se deu, justamente, na busca por novas formas de divulgação. De acordo com a revista Veja (2019), em uma entrevista com Flavio Muniz, idealizador da agência espalhando, afirma que: “a internet sempre foi uma grande aposta para o futuro e como profissional de marketing isso parecia o certo a se fazer na época. O marketing digital também estava começando a dar frutos fora do Brasil e eu me atentei a isso rapidamente. A matéria afirma também que já existe estimativas sobre as tendências para as próximas décadas, mas que 2019 será um ano em que o mercado de marketing digital crescerá ainda mais no Brasil (VEJA, 2019). Logo, de acordo com os resultados da pesquisa, obteve-se dados confirmando a utilização de ferramentas do marketing digital, e em destaque se sobressaiu as redes sociais, que por sua vez, consegue atingir um número elevado de pessoas ao redor do mundo inteiro, e com uma velocidade de fração de minutos/segundos. Visto que a corretora de seguros já utiliza bem o Whatsapp, fica como sugestão para melhorar o seu Facebook e seu site, visando movimentá-los com diferentes conteúdos, mas sempre relacionado na sua atividade fim, bem como as novas ferramentas que a empresa poderá utilizar, como: Instagram, IGTV (se encontra inserida dentro do próprio Instagram), LinkedIn, Twitter, YouTube. Sabendo que a corretora de seguros possui capital para investir em marketing, optou-se por focar nas redes sociais como ferramenta principal do marketing digital, onde elas permitem desenvolver estratégias com baixo custo, atraindo muitos usuários que podem vir a virar consumidores para quem a utiliza como ferramenta estratégica, possibilitando a divulgação de mensagens para públicos selecionados e específicos. As redes sociais permitem divulgar e vender produtos, e construir uma comunicação mais direta com os consumidores, fazendo com que eles deem um feedback além de recomendarem seus produtos e serviços, reforça Faustino:

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As redes sociais são hoje utilizadas como principal meio de comunicação quando o objetivo é consumir conteúdo, encontrar informação ou simplesmente divertir-se. A sua presença e o seu posicionamento nas redes sociais deverá refletir aquilo que você pretende alcançar em sua via profissional, ou seja, se você tiver uma presença profissional, compartilhar conteúdos profissionais, escrever conteúdos interessantes que ajudem a sua audiência, etc., isso irá dar a você um posicionamento profissional nessa área de negócio.(FAUSTINO 2018)

Destarte, as descobertas deste estudo ainda estão em construção. Trata-se de um processo inacabado que propõe alcançar outras corretoras de seguros, bem como provocar novas indagações sobre a temática no meio acadêmico.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, traz a lume alguns conceitos e categorias que perpassam nossas argumentações como: Marketing, marketing digital, corretora de seguros, os rebatimentos do marketing digital na fidelização e prospecção de clientes em uma corretora de seguros (ME), atendimentos das necessidades de comunicação e processo de planejamento e execução da“[...] distribuição de ideias, bens e serviços com o intuito de criar trocas que atendam metas individuais e organizacionais”. (PETER, 2000, p. 626). Isso, por meio do Marketing com ênfase no marketing digital em que os gerentes e demais sujeitos inscritos na lógica organizacional da empresa estudada, onde possa vislumbrar novas estratégias de mercado e de diálogo com seus clientes em potencial, potencializando assim a capacidade produtora de sérvios e lucros. Como sustentação para as análises propostas neste trabalho análises, ancora-se privilegiadamente em Kotler (2000), Peter (2000), e dados documentais diversos. Compreende-se que o marketing digital oferece estratégias multifacetadas para alcançar e potencializar as relações de mercado entre clientes e empresas. Por conseguinte, o diálogo que se estabeleceu no campo de estudo, qual seja, a empresa estudada que atua no mercado de seguros no Município de Governador Valadares/MG, apontou que o gerente e sócio compreendem parcialmente os mecanismos de acesso ao marketing digital em suas variadas ferramentas. Os resultados da pesquisa indicam ainda que os gestores apresentam como prioridade a implementação de novas ferramentas do marketing digital por entenderem a

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importância destas para fidelização e prospecção de clientes em um mercado cada vez mais competitivo. Por conseguinte, conclui-se que estamos diante de um processo inacabado que requer mais provocações, tanto no meio acadêmico quanto no mercado (empresas). E é com esta sensação de inacabado que se conclui tal pesquisa e espera-se que o dispêndio das indagações e respostas provisórias aqui apresentadas ensejem em novas discussões acerca da temática.

ABSTRACT

This research aims to analyze and identify the benefits of digital marketing tools in a small insurance broker. To this end, a bibliographic review was initially used in order to qualify the applied methodology, which is a field research. For the collection and academic treatment of data, the following research instruments were used: document analysis and semi-structured interviews / questionnaires, applied to the subjects (partner and the Manager) of a small insurance broker in the Municipality of Governador Valadares / MG. The study focused on social networks as marketing tools acting as a multifaceted strategy capable of achieving competitive preeminence in terms of visibility, consolidation, brand loyalty and prospecting for customers. The survey results indicate that digital marketing tools corroborate the premise that their use is effective. It is hoped that such a study will increase the debate around the theme and provoke new questions in the academic and commercial fields. Keywords: Marketing, Digital Marketing, Insurance Broker. REFERÊNCIAS

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OS IMPACTOS NEGATIVOS CAUSADOS PELA AUSÊNCIA DO CAPITAL DE GIRO NA SAÚDE FINANCEIRA DA EMPRESA NA CIDADE DE SARDOÁ-MG

Andiara Enio de Oliveira1 Eliane Lourdes dos Santos1 Michele Patrícia Martins da Silva1 Samara Cristina Silva1 Walther Anastácio Junior2

RESUMO

Este artigo, tem como objetivo identificar os impactos negativos causados pela ausência do Capital de Giro na saúde financeira da empresa pesquisada, na cidade de Sardoá-MG. Para isso, a metodologia aplicada foi um estudo de caso desenvolvido em duas etapas: na primeira etapa, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa Brutus Store, para compreender como é a sua utilização/necessidade de Capital de Giro e; na segunda etapa, foi feito uma análise dos dados e informações coletados na entrevista, descrevendo os fenômenos identificados e explicando-os com embasamento teórico. Na análise dos dados e informações, mediante a falta do uso de capital de giro pela empresa, foi identificado que a ausência do capital de giro pode causar alguns impactos negativos à saúde financeira da empresa, tais como: a impossibilidade de conceder prazos maiores de recebimento aos clientes devido ao fato de não possuir uma reserva para suprir as necessidades financeiras da organização e, por consequência disso, um Ciclo Financeiro negativo, pois o prazo de pagamento de mercadorias é menor que o prazo de recebimento de vendas, podendo ocasionar um déficit financeiro. Portanto, a utilização do Capital de Giro de maneira eficaz possibilita excelentes resultados à empresa no que diz respeito à lucratividade e eficiência na gestão. Palavras-chave: Capital de Giro, ausência, benefícios, impactos negativos, saúde financeira. 1 INTRODUÇÃO

Toda organização é composta por recursos que são essenciais em seu funcionamento e na Gestão Financeira, um dos recursos extremamente dinâmico e que exige maior atenção por parte do gestor financeiro é o Capital de Giro. Assim, podemos considerá-lo como uma reserva financeira de alta rotatividade, ou seja, todo valor que é retirado para sustentar um custo ou despesa operacional, deve ser reposto posteriormente de maneira cíclica. Diante 1

Acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares-MG.E-mail:andiara_oliveira06@hotmail.com;eliane_wn@hotmail.com; michelepatricias@hotmail.com; samacristina98@gmail.com 2 MBA em Gestão Financeira Controladoria e Auditoria, Especialista em Administração Escolar, Orientação, Supervisão e Inspeção, Professor de Planejamento e Gestão Estratégica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares – waltheranastacio@hotmail.com

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disto, a pergunta problema refletida neste artigo científico é: quais os impactos negativos causados pela ausência do Capital de Giro na saúde financeira da empresa pesquisada, na cidade de Sardoá-MG? Pode-se justificar o estudo do problema de pesquisa apontado, pela necessidade de se saber utilizar o Capital de Giro com planejamento e controle para contribuir com a manutenção dos fluxos operacionais da empresa. Deste modo, a ausência ou mau uso deste recurso pode causar impactos negativos à saúde financeira da organização que poderão ser graves ou até mesmo irreparáveis. Por isso, é necessário identificar quais são estes impactos, para que o gestor financeiro da organização consiga gerir as finanças com eficácia. Portanto, o objetivo geral deste artigo é identificar os impactos negativos causados pela ausência do Capital de Giro na saúde financeira da empresa em questão, na cidade de Sardoá-MG e, está desmembrado em quatro objetivos específicos, que são: conceituar recursos financeiros e Capital de Giro; pesquisar a utilização e a necessidade de capital de giro da empresa, através da coleta de dados e informações; apresentar os benefícios do Capital de Giro como ferramenta de apoio gerencial e; propor estratégias de planejamento e controle do Capital de Giro, como auxílio na manutenção da saúde financeira da empresa. Por fim, a metodologia aplicada foi um estudo de caso desenvolvido em duas etapas: na primeira etapa, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa, para compreender como é sua a utilização/necessidade de Capital de Giro e; na segunda etapa, foi feito uma análise dos dados e informações coletados na entrevista, descrevendo os fenômenos identificados e explicando-os com embasamento teórico. 2 METODOLOGIA Segundo Rodrigues (2007), metodologia científica “é um conjunto de abordagens, técnicas e processos utilizados pela ciência para formular e resolver problemas de aquisição objetiva do conhecimento, de uma maneira sistemática”. Desse modo, a pesquisa científica realizada neste artigo pode ser classificada como: qualitativa, ou seja, buscou interpretar os fenômenos e atribuí-los significado; de natureza aplicada, porque ela visou a geração de conhecimento, com condições aplicáveis na prática e; quanto ao objetivo, pode ser classificada como explicativa e exploratória, pois, ela identificou os fatores que contribuíram para a ocorrência do problema de pesquisa e buscou explica-los com embasamento teórico. Também, no decorrer da pesquisa foi utilizado o método histórico, com foco na investigação das ações passadas da empresa que influenciaram no seu atual cenário e, para isso, foram utilizados os procedimentos de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

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Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe (FONSECA, 2002, p. 33 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009).

A partir disso, a pesquisa foi desenvolvida em duas etapas. Na primeira etapa, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa da cidade de Sardoá-MG, para compreender como é sua a utilização/necessidade de Capital de Giro e quais os impactos da ausência dele na saúde financeira da empresa. Na segunda etapa, foi feito uma análise dos dados e informações coletados na entrevista, descrevendo os fenômenos identificados e explicando-os com embasamento teórico. Assim, partindo do pressuposto que as empresas não sobrevivem sem seus recursos financeiros, reforçando assim a relevância de se administrar bem o Capital de Giro, a análise dos resultados da pesquisa científica foi orientada dentro desta perspectiva (CHIAVENATO, 2014, p.1). 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Para existir e se estabelecer no mercado, toda organização necessita de capital, pois, o dinheiro é o que move a empresa desde o início de sua operação. Desta forma, seja na compra das máquinas e equipamentos, na contratação de pessoas, nos custos e despesas operacionais, pagamento de impostos, aquisição de matéria-prima entre outros, é impossível que uma empresa funcione sem recursos financeiros, possuindo um valor mínimo de capital inicial para o investimento e de Capital de Giro para as despesas do dia-a-dia (CHIAVENATO, 2014, p.1). Segundo Chiavenato (2014, p. 9), os recursos financeiros são “recursos monetários como capital, dinheiro em caixa ou em bancos, contas a receber, créditos, investimentos, etc.”. Estes recursos, portanto, correspondem a todas as movimentações financeiras da empresa e, assim, é de extrema relevância que haja um total planejamento e controle na alocação deles. O erro cometido por muitas empresas é desconsiderar a importância de garantir uma reserva financeira desde o início do negócio, por isso, a falta ou a má administração dos recursos financeiros, acabam acarretando prejuízos, danos à saúde financeira da empresa e até mesmo levando-a falência. Assim, para que os recursos financeiros sejam bem administrados, todos os setores e departamentos incluindo os não-financeiros, sejam nas grandes ou pequenas empresas, devem ter conhecimento básico relacionado às finanças, pois:

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[...] basicamente todas as decisões de negócios importantes têm implicações financeiras. Segundo Gitman (2010), todos os gestores de uma empresa, independentemente dos cargos que ocupem, interagem com o pessoal da área financeira por diversos motivos, como a contratação de pessoas, negociar orçamento de compras de materiais, disponibilidade de recursos para campanhas de marketing, avaliação de investimentos em máquinas e equipamentos etc. Em função disso, é importante que os funcionários das diversas áreas da empresa, como recursos humanos, marketing, produção e sistemas de informação entendam os conceitos básicos de finanças e o papel do administrador financeiro na organização (apud MATIAS, 2006, p. 2).

Um dos recursos financeiros que tem grande relevância no dia-a-dia das organizações é o Capital de Giro. Com isso, podemos defini-lo como tudo aquilo que pode ser transformado em disponíveis em um período de curto prazo. Assim,

O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades operacionais identificadas desde a aquisição de matérias-primas (ou mercadorias) até́ o recebimento pela venda do produto acabado (ASSAF NETO; SILVA, 1995, p.3).

Sendo assim, podemos dizer que o capital de giro é o montante necessário para suprir o ciclo operacional e financeiro da empresa, ou seja, os gastos e recebimentos rotineiros que irão movimentar o giro financeiro do caixa: compras de mercadorias, vendas, recebimentos e pagamentos. “O ciclo financeiro, se bem dimensionado e administrado, permitirá à empresa a geração de suficiente liquidez e lucratividade, necessárias à sua sobrevivência e prosperidade” (MATIAS, 2014, p.22). Por isso, uma empresa que trabalha com um Capital de Giro adequado e de acordo com as suas necessidades, consegue supri-las sem adversidade avaliando continuamente quais são os prazos de pagamentos, recebimentos e qual é a necessidade do seu estoque, para manter uma saúde financeira equilibrada e assertiva. Após o conteúdo abordado, foi realizada uma entrevista com o proprietário da empresa para pesquisar: como é feita a gestão financeira da empresa e identificar os impactos negativos da ausência do Capital de Giro. Segundo os dados obtidos na pesquisa, a empresa se encontra em fase de investimento, pois está há apenas três meses no mercado e, é gerida pelo próprio dono que, por sua vez, não possui conhecimento teórico sobre as ferramentas de gestão empresarial, tais como: o conceito de Capital de Giro, Ciclo Operacional, Ciclo Financeiro e suas respectivas vantagens. Sendo assim, devido ao fato do proprietário possuir pouco conhecimento em relação aos modelos de gestão, a empresa não possui nenhum tipo de planejamento formal. Desta TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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forma, as compras e vendas de mercadorias são anotadas em uma caderneta apenas com o valor total de produtos comprados e vendidos, ou seja, não possui um controle da quantidade unitária que entra e sai do estoque. Segundo o proprietário, o capital disponível é representado por meio de caixa e do volume de compras e, em média, 80% do faturamento está comprometido com as obrigações da empresa e as obrigações pessoais, pois, não é feita uma distinção entre pessoa física e jurídica e, o restante é reinvestido na loja. O giro financeiro é realizado com o faturamento das vendas mensais, que são executadas à vista, no dinheiro ou no cartão de crédito e débito. A empresa contratou um plano na máquina de cartão em que as vendas efetuadas no crédito são recebidas com no máximo dois dias. A compra de mercadorias é realizada duas vezes por mês e o pagamento ao fornecedor é efetuado no ato da compra que, por sua vez, dura em média de 10 a 15 dias no estoque. Então, entende-se que pelo fato do prazo de pagamento ser inferior ao prazo de recebimento, a empresa possui um Ciclo Financeiro negativo, pois, primeiro é feito um investimento em mercadorias para que depois se tenha um retorno financeiro. Além disso, embora não possua nenhuma conta em atraso, não possui uma reserva financeira para suprir as necessidades enquanto o dinheiro gasto no investimento não é reembolsado, ou seja, a empresa não possui capital de giro. Assim, o tempo médio do Ciclo Operacional é de no máximo 17 dias, desde a compra até o recebimento das vendas. O principal desafio na gestão do negócio enfrentado pelo proprietário é a dificuldade de planejamento de fluxo de caixa, pois a empresa não possui um sistema de software e nem uma reserva financeira. Contudo, no intuito de facilitar o controle e acompanhamento das atividades financeiras, o proprietário do negócio pretende desenvolver uma planilha no Excel para monitorar as entradas e saídas efetuadas. Diante da análise dos dados e informações colhidas no estudo de caso, mediante a ausência do uso de capital de giro pela empresa, foi possível identificar alguns impactos negativos que isto pode ocasionar a saúde financeira da empresa. Até o momento, a empresa estudada, têm conseguido se manter e cumprir com suas obrigações financeiras, apesar da ausência de capital de giro e por ser uma empresa em fase inicial, entretanto, isso pode implicar riscos em médio e longo prazo. Pôde-se observar, que o pouco conhecimento de gestão do proprietário justifica a ausência da utilização da reserva financeira, a falta de planejamento e controle financeiro, causando a junção das obrigações físicas e jurídicas, contribuindo para um colapso financeiro. Outro problema, é que a empresa não possui condições de oferecer para os clientes um prazo maior para recebimento das vendas, já que a recomposição de estoque depende do

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recebimento à vista das mercadorias e, também, não há um prazo para pagamento dos fornecedores. Foi identificado, também, que a empresa não possui controle sobre suas compras e vendas e não possui um Software para auxiliar nesta gestão, com controle feito a mão em uma caderneta sem dados específicos de cada produto, podendo causar prejuízos por não contabilizar adequadamente as compras, vendas e recebimentos. Assim, estes impactos podem acarretar danos à saúde financeira da empresa. Em contrapartida, pôde-se identificar também, pontos positivos na empresa, como o prazo médio de estocagem sendo de 10 a 15 dias, e o interesse do proprietário em implantar um sistema de controle e organização financeira. Benefícios do capital de giro como ferramenta de apoio gerencial

Podemos afirmar que, uma gestão adequada do Capital de Giro garante benefícios que podem auxiliar a empresa como ferramenta de apoio gerencial. Por isso, considera-se que a administração do Capital de Giro, possibilita para a organização o controle de todas as suas contas, proporcionando a análise intensiva da relação entre gastos e recebimentos de curto prazo. Desta forma, a empresa garante sua saúde financeira e competividade no mercado. De acordo com o Blog Osayk (2015-2018), o uso do capital de giro é importante e possibilita benefícios para a empresa, como: •

Condições de venda a prazo para os seus clientes: o capital de giro pode ser utilizado para financiar suas vendas, possibilitando um prazo maior e mais atrativo para os clientes;

Monitoramento dos gastos: com o capital de giro é possível manter os gastos controlados e as obrigações em dia, proporcionando um caixa sempre positivo;

Aproveitamento do melhor momento para comprar: se a empresa possui capital de giro, ela pode antecipar as compras caso haja um preço mais atrativo, ou até mesmo aumentar o estoque em períodos de maiores índices de vendas;

Gerencia melhor o lucro: o capital de giro mantém os ciclos financeiros da empresa, para que não prejudique o lucro;

Queda nas vendas: mesmo que haja queda nas vendas, o capital de giro pode ser utilizado para suprir todas as despesas.

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Diante dos benefícios supracitados, podemos afirmar que sem uma gestão adequada do capital de giro, a empresa fica suscetível a recorrer a capital de terceiros. Entretanto, aumentar o endividamento da sua empresa por causa da desorganização financeira é muito arriscado. Esse tipo de atitude deve ser feita com outras finalidades, como expansão e investimentos em novos projetos. Portanto, para realizar uma gestão eficiente, garantindo um cenário próspero para o crescimento da sua empresa é fundamental manter o controle rigoroso do seu capital de giro, prevenindo o déficit (CLEMENTE, 2018).

Estratégias de planejamento e controle do capital de giro, como auxílio na manutenção da saúde financeira

Para auxiliar na manutenção da saúde financeira da empresa, segundo o BLB Brasil (2018), é possível realizar um planejamento e controle do Capital de Giro de maneira eficaz seguindo algumas dicas estratégicas de gerenciamento, sendo elas: Registrar corretamente todos as entradas e saídas, pois, com um controle periódico do fluxo de caixa da empresa e anotando corretamente todas as entradas e saídas, é possível evitar alguns imprevistos e facilitar o acompanhamento financeiro da empresa; •

Negociar prazos maiores com os fornecedores, assegurando um bom relacionamento com eles; e

Elaborar um planejamento financeiro eficaz, listando todas as ações e necessidades da empresa para garantir que os recursos sejam gastos de forma coerente e auxilie na tomada de decisões.

Por isso, toda organização precisa conhecer bem os seus recursos financeiros e fazer uma boa administração do Capital de Giro, para que sua utilização beneficie o processo gerencial. Portanto, seguindo estes passos, é possível realizar uma gestão eficiente e estratégica, envolvendo planejamento e controle, mantendo organizada e saudável a vida financeira da empresa. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos considerar que este artigo se mostra de grande importância para os acadêmicos, pelo fato do estudo de caso realizado discutir sobre um tema de extrema relevância na área da administração, que é o Capital de Giro. Assim, foi demonstrado na prática como uma empresa pode sofrer impactos negativos, se for operada sem esta

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ferramenta financeira e, além disso, este artigo trouxe conceitos teóricos sobre o tema, que podem ser utilizados como objeto de estudo. Então, diante do contexto abordado, podemos afirmar que respondemos à problemática em questão, pois identificamos de acordo com os dados obtidos na entrevista ao proprietário da empresa, que a ausência do capital de giro pode causar alguns impactos negativos à saúde financeira da empresa, tais como: a impossibilidade de conceder prazos maiores de recebimento aos clientes devido ao fato de não possuir uma reserva para suprir as necessidades financeiras da organização e, por consequência disso, um Ciclo Financeiro negativo, pois o prazo de pagamento de mercadorias é menor que o prazo de recebimento de vendas, podendo ocasionar um déficit financeiro. Diante disso, atingimos também nossos objetivos, pois conseguimos identificar os impactos negativos causados pela ausência do Capital de Giro, apresentamos os conceitos de Recursos Financeiros e de Capital de Giro, pesquisamos a utilização e a necessidade de Capital de Giro através do estudo de casos e, a partir disso apresentamos alguns benefícios advindos do recurso financeiro em questão, além de propormos algumas sugestões de estratégias para que o proprietário da empresa possa analisar e, dentro de suas possibilidades de colocar em prática futuramente. Contudo, diante do que descrevemos ao longo deste artigo, podemos afirmar que o Capital de Giro é de suma importância para saúde financeira de uma empresa, seja ela de pequeno ou grande porte, pois é uma ferramenta que auxilia no controle de gastos e recebimentos de curto prazo, além de ser uma reserva capaz de suprir possíveis desgastes financeiros provenientes das atribuições cotidianas da organização. Portanto, a utilização do Capital de Giro de maneira eficaz possibilita excelentes resultados à empresa no que diz respeito à lucratividade e eficiência na gestão.

ABSTRACT This article aims to identify the negative impacts caused by the absence of Working Capital on the financial health of the researched company, in the city of Sardoá-MG. For this, the applied methodology was a case study developed in two stages: in the first stage, an interview was carried out with the owner of the company Brutus Store, to understand how is its use / need of Working Capital and; in the second stage, an analysis of the data and information collected in the interview was made, describing the identified phenomena and explaining them with theoretical basis. In the analysis of data and information, due to the lack of use of working capital by the company, it was identified that the absence of working capital can cause some negative impacts on the company's financial health, such as: the inability to grant longer payment terms to customers due to the fact that they do not have a reserve to meet the organization's financial needs and, as a consequence, a negative Financial Cycle, as the payment term for goods is shorter than the period for receiving sales, which may cause a

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financial deficit. . Therefore, the use of Working Capital in an effective way provides excellent results to the company with regard to profitability and management efficiency.

Keywords: Working capital, absence, benefits, negative impacts, financial health.

REFERÊNCIAS

9 DICAS de gerenciamento do capital de giro. [s.l.]. BLB Brasil Blog, 2018. Disponível em: <https://www.blbbrasil.com.br/blog/capital-de-giro/>. Acesso em: 15 abr. 2019. ASSAF NETO, Alexandre; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de giro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2012. CAPITAL de giro: sua importância em seu negócio. [s.l.]. Osayk, entre 2015 a 2018. Disponível em: <https://osayk.com.br/capital-de-giro-sua-importancia-em-seunegocio/>. Acesso em: 27 set. 2019. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014. CLEMENTE, Lucas. Conheça os impactos da falta de capital de giro para empresas!. [s.l.]. INEPAD Consulting, 2018. Disponível em: <https://blog.inepadconsulting.com.br/faltadecapital-de-giro/>. Acesso em: 15 abr. 2019. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila apud GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Rio Grande do Sul. 1 ed. dos Autores: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2019. GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Rio Grande do Sul. 1 ed. dos Autores: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2019. GITMAN, J. L. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010 apud MATIAS, Alberto Borges. Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do capital de giro, 2 ed., v.1. São Paulo: Atlas, 2014, p. 2. MATIAS, Alberto Borges. Finanças corporativas de curto prazo: a gestão do valor do capital de giro. v. 1. 2 ed., São Paulo: Atlas, 2014.

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Matias, Alberto Borges. Finanças corporativas de curto prazo. v.1. São Paulo: Atlas, 2014. RODRIGUES, William Costa. Metodologia científica. Paracambi, FAETEC/IST, 2007,p.2.Disponívelem:<http://www.hugoribeiro.com.br/bibliotecadigital/Rodrigues_metodol ogia_cientifica.pdf>. Acesso em: 01 set. 2019.

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AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES Christiane de Cássia Magri1 Mariana Gessica Barroso Gomes1 Taciane de Freitas Silva1 Rogério Vieira Primo2 RESUMO

Relacionamento interpessoal é a interação entre pessoas e envolve habilidades de comunicação e cooperação marcada pelo contexto no qual está inserido, sendo influenciada pelo ambiente em que se encontra e influenciando o mesmo. O presente estudo tem por objetivo identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, baseada em estudo de caso e pesquisa de campo com análise de dados de observação direta e aplicação de questionário. A coleta de informações foi realizada com auxílio de um roteiro de perguntas estruturado. A amostra constou de 07 funcionários que trabalharam no setor administrativo no primeiro semestre do ano de 2019. Na análise dos resultados, constatou-se que fatores pessoais e do ambiente como respeito, confiança, motivação, empatia e comunicação exercem influência direta nas relações interpessoais e estas, por sua vez, influenciam no ambiente de trabalho, impactando nos resultados da empresa. A pesquisa evidenciou que gerar um ambiente de confiança, de empatia e de colaboração mútua pode estimular interações e motivar o desenvolvimento profissional e pessoal. Para tanto, faz-se necessário oferecer apoio aos trabalhadores, fomentar o diálogo como instrumento de redução de conflitos e proporcionar um ambiente harmonioso. Tais ações tendem a melhorar as relações pessoais, de trabalho, aumentando por consequência a produtividade empresarial. Palavras-chave: Relações Interpessoais. Ambiente de Trabalho. Comunicação.

1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento tecnológico vem ocorrendo de uma forma rápida, sendo difícil não acompanhar seus avanços e isso faz parte da evolução, do desenvolvimento. Entretanto, a nova _____________________ 1

Acadêmicas de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de pessoas pela Universidade Presidente Antônio Carlos UNIPAC. E-mail: chrismagri1@hotmail.com; Marianagessica_b@hotmail.com;tacianefreitas@live.com 2 Professor de Graduação e Pós-graduação da Fupac. Mestre em Administração. Especialista em Gestão Financeira de Empresas, Gestão Escolar, Gestão Empresarial e Educação Matemática. E-mail: rogerioprimo@unipac.br

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geração que se resume em “era digital” muito se esquece ou banaliza a importância de uma boa comunicação presencial e da interação diante da sociedade. Sendo assim, nos questionamos: As relações interpessoais influenciam no ambiente de trabalho? Atualmente, de acordo com Ventura (2016), com a evolução das organizações, o funcionário deixou de ser visto apenas como uma máquina de trabalho e passou a ser reconhecido pela empresa como um recurso produtivo para traçar e alcançar os objetivos propostos. Ainda segundo Ventura (2016), um ambiente agradável de trabalho pode contribuir para o crescimento da empresa e para o crescimento pessoal e profissional de cada um de seus membros e consequentemente, maior satisfação profissional. Portanto, o comportamento humano pode influenciar e ser influenciado pelo ambiente de trabalho, motivo este, que nos levou a desenvolver esta pesquisa. Para Marques (2018), o relacionamento interpessoal está presente em nossas vidas, no nosso cotidiano, sendo parte importante do desenvolvimento pessoal e profissional e é mais complexo quando relacionado ao ambiente organizacional, pois implica em um convívio com diferentes tipos de pessoas que cultuam diferentes hábitos, pois para desenvolver um ótimo relacionamento temos alguns degraus a serem subidos, tais como, autoconhecimento, empatia, autoestima, cordialidade, ética e principalmente a comunicação. Porém, nem todos os colaboradores estão dispostos a se autoavaliar, questionar a raiz do problema e se comprometer com as mudanças necessárias. Portanto, entende-se que o comportamento humano nas organizações tem um grande desafio. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho, com a finalidade de agregar conhecimento à organização e consequentemente melhores resultados e maior satisfação para os colaboradores. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Espera-se ainda, que a disseminação de tais informações possa auxiliar na construção de soluções necessárias ao bom relacionamento no ambiente de trabalho. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Desta forma, para a realização deste trabalho, escolheu-se a Linha de Pesquisa Estudo de caso, sendo definido por Gil (2018), como aquela que é caracterizada pelo estudo profundo e exaustivo de eventos atuais dentro do seu contexto de realidade, de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado e sem que os comportamentos possam ser manipulados. Quanto à natureza da pesquisa foi aplicada através de observação das interações existentes em seu próprio ambiente de trabalho e exploração através de questionário aplicado aos colaboradores, analisando de forma mais palpável as questões a respeito do relacionamento interpessoal nesse ambiente. Corroborando Pradanov e Freitas (2013), que citam que a pesquisa aplicada envolve verdades e interesses locais para gerar conhecimentos com finalidades imediatas, ou seja, através de sua aplicação na prática, serem direcionados à solução de problemas específicos. Quanto à abordagem foi de caráter qualitativo a fim de expor os resultados das pesquisas. De acordo com Pradanov e Freitas (2013), na abordagem qualitativa, a fonte direta dos dados é o próprio ambiente da pesquisa onde o pesquisador mantém contato direto com o objeto de estudo em questão, mas sem qualquer manipulação intencional do mesmo, tendo como prioridade descrever os fatos e não numerar ou medir unidades. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva que de acordo com Pradanov e Freitas (2013), o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles através do uso de técnicas específicas de coleta de dados como o questionário e observação sistemática. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas. E quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. A empresa abordada em questão é uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores, sendo o objeto de estudo na célula administrativa, que contém 07 (sete) funcionários.

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Este trabalho poderá contribuir para que os gestores da empresa observada compreendam a importância do relacionamento interpessoal, como fator primordial à harmonia do ambiente de trabalho, ajudando-os a alinhar as estratégias organizacionais em prol do crescimento profissional e da promoção da auto avaliação.

2 AS RELAÇÕES HUMANAS

As relações humanas podem ser classificadas em dois tipos segundo a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), quais sejam: a) Relações interpessoais: é o relacionamento entre pessoas, caracterizada através dos eventos ou acontecimentos que se verificam em casa, na escola, na empresa, na igreja, etc. b) Relações intrapessoais: é a comunicação que temos conosco mesmo. É uma reflexão dos seus atos e pensamentos.

2.1 Relação interpessoal

É a competência para administrar os relacionamentos, envolvendo habilidades de comunicação, cooperação e interação. De acordo com Marques (2018), o relacionamento interpessoal é a forma de interação entre as pessoas no âmbito social e são orientadas por um conjunto de normas e condutas comportamentais marcados pelo contexto no qual está inserido. No ambiente de trabalho esse relacionamento interpessoal é fundamental, uma vez que a comunicação é indispensável para que as funções e os processos sejam realizados de forma coesa, resultando em melhor produtividade como contextualizado na citação de Marques (2018):

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No contexto das organizações, o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um relacionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da produtividade. No trabalho, esse relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas é alcançado quando as pessoas conhecem a si mesmas, quando são capazes de se colocar no lugar dos outros (demonstram empatia), quando expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro (assertividade), são cordiais e têm um sentido de ética (MARQUES, 2018).

Sendo assim, implica em relacionar-se de forma que cada indivíduo empregue sua personalidade sem desrespeitar as demais, promovendo colaboração e harmonia no ambiente de trabalho, porém sabe-se que nem todos os colaboradores têm empatia e facilidade de se posicionar de forma respeitosa, fazendo com que potenciais não sejam aplicados da melhor forma e impactando na produtividade da empresa.

Tendo em vista a complexidade do tema, alguns autores relacionaram a necessidade de melhorar o relacionamento interpessoal, pontuando como devem ser desenvolvidas na prática. Um ponto inicial importante é começar a observar melhor as próprias atitudes e as dos colaboradores ao redor e tentar compreender o porquê e o contexto de alguns comportamentos, como reações de mau humor, tristeza, agressividade e isolamento. Desta forma: Perceber isso é muito importante, especialmente em ambiente de trabalho, pois quando o outro não está bem e nos trata de forma grosseira, geralmente o poder de levar isso para o pessoal e a achar que o problema dele é conosco. O mesmo acontece na visão dos outros em relação a nós. Saiba que na maioria das vezes não é pessoal e, que seu comportamento, na real, é o reflexo de uma insatisfação interna, passageira ou constante. (MARQUES, 2018).

Essas observações são parte fundamental nos processos produtivos e levam a melhorias na comunicação dos indivíduos. Neste sentido o autor Marques (2018), ressalta que:

A consequência disso é um ambiente em que as atividades são realizadas com muito mais fluidez, o que traz resultados positivos para todos. Além disso, quando observam que a comunicação é eficaz na empresa, ou seja, que o que cada um diz verdadeiramente importa e é levado em consideração, aumenta a sensação de pertencimento destes colaboradores, fazendo com que haja um aumento significativo de seu engajamento e motivação. (MARQUES, 2018).

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Dessa forma, a comunicação é capaz de modificar o comportamento do indivíduo no ambiente de trabalho e influenciar nos relacionamentos interpessoais, tornando-se o elo que facilita as interações e a convivência e estimulando a motivação. Para tanto e conforme cita a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), ações podem ser desenvolvidas junto aos funcionários a fim de trabalhar o autoconhecimento e promover mudanças efetivas. Além disso, para melhorar o relacionamento interpessoal na empresa é necessário trabalhar constantemente e da forma que encontrar mais assertiva certos comportamentos, como:

a) A empatia: Permitir se colocar no lugar do outro, entender o porquê de seus costumes, gostos e comportamentos. b) O respeito e uma boa comunicação: Independente da situação, respeitar o posicionamento do outro, seus valores, crenças e individualidades, saber ouvir, garantindo também que seja respeitado, preservando seus direitos básicos. Para uma boa relação é fundamental que ambas as partes sejam ouvidas e que as diferenças se tornem complementares. c) A colaboração: Ser prestativo em seu ambiente de trabalho, a colaboração de todos é importante para o melhor funcionamento dos processos, estar disposto a ensinar e aprender. d) Estreitamento de laços: Aproveitar oportunidades para tomar um café ou almoçar com os colegas de serviço, conhecer mais o mundo do outro e permitir que ele conheça o seu, suas opiniões, gostos. Não significa invadir o mundo pessoal ou a privacidade do outro, apenas dar abertura para a comunicação.

Saber reconhecer e desenvolver tais comportamentos em seus colaboradores pode alcançar a melhoria das relações interpessoais e o bom funcionamento da empresa.

2.2 A importância de um bom relacionamento interpessoal

De acordo com Omar (2011), além de um bom currículo profissional, as organizações buscam pessoas com habilidades interpessoais, pois essa capacidade de se relacionar e de lidar com outras pessoas é tão importante quanto às habilidades técnicas. Para executar um trabalho dentro de uma empresa é preciso dialogar, ter confiança, respeito e boa comunicação interpessoal (base de toda interação humana) entre seus integrantes. Esse bom relacionamento é reflexo de um bem-estar interno e pessoal que pode ser expresso em atitudes positivas e cooperativas, propiciando maior motivação e consequentemente maior produtividade.

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Quando as relações interpessoais enfraquecem em uma empresa, o clima organizacional torna-se negativo e desgastado, o profissional perde o foco e a produtividade, no ambiente de trabalho começam os desentendimentos, disputas internas e, com isso, empresa e profissional perdem. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2017).

Contudo, para se chegar a um bom relacionamento interpessoal é importante primeiro ter a compreensão do comportamento individual com a consequente avaliação do nível de satisfação dos colaboradores e como esta reflete na produtividade da empresa. Segundo Robbins (2005), as atitudes de cada pessoa afetam o comportamento e que as organizações com funcionários mais satisfeitos tendem a ser mais eficazes. Segundo a psicologia, comportamento é um conjunto de reações do indivíduo ao ambiente que o cerca, de acordo com as circunstâncias em que está envolvido. Porém, Todorov (2017), ressalta:

A definição de comportamento como interação entre organismo e ambiente encontrada em publicações recentes é questionada. Interações entre comportamento e ambiente, objeto de estudo da psicologia, são um tipo dentre vários de interações entre alterações no organismo e alterações no ambiente, estudadas por diversas disciplinas. (TODOROV, 2017)

Entende-se, portanto, que não é somente interação entre organismo e ambiente, mas que o comportamento é resultante de um processo evolutivo, assim como de seu convívio e interações familiares e sociais como um todo e composto por um conjunto de características ou atributos, bons ou ruins, incluindo valores morais. Então, se cada organização é composta por pessoas e cada pessoa traz para a organização sua individualidade comportamental composta por certa carga emocional (negativa e positiva) e influências (socioculturais, psicológicas e situacionais), pode-se entender que os comportamentos individuais dessas pessoas influenciam o ambiente que o cerca e pode ser influenciado pelo mesmo, gerando impacto em seu desempenho profissional e diretamente nos resultados dessa organização. Outro fator para um bom relacionamento interpessoal é a comunicação e para que esta exerça sua função é necessário que os funcionários tenham liberdade para colocá-la em prática e expor suas ideias.

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Segundo Chiavenato (2000, p. 142), “comunicação é a troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação”. Porem, nesse processo de troca ou transmissão de informação é preciso clareza e compreensão do conteúdo, pois se a mensagem não for compreendida pela outra pessoa, a comunicação não se torna efetiva. Chiavenato ainda cita que:

A pessoa trabalha melhor quando conhece os padrões do seu trabalho; a organização opera mais eficientemente quando a pessoa e seu chefe têm um entendimento comum das suas responsabilidades e padrões de desempenho que a empresa espera obter deles; cada pessoa pode ser auxiliada a dar a máxima contribuição à organização e a utilizar ao máximo as suas habilidades e capacidades (CHIAVENATO, 2003, p. 135).

A comunicação exerce uma função estratégica para o crescimento da empresa e um instrumento para a qualidade ou aperfeiçoamento da mesma. Sendo a comunicação adequada, clara e colocada no momento e lugar certo, propicia um relacionamento interpessoal capaz de gerar mudanças positivas significativas para a organização e seus colaboradores.

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, fundamentada em bibliografias de autores relacionados à área de gestão de pessoas, em busca de melhor conhecimento das relações interpessoais. Bem como, através da coleta de dados dos colaboradores da empresa a respeito de suas experiências relacionadas ao relacionamento interpessoal em seu ambiente de trabalho. Segundo Minayo (2017), a investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, se atentando para a complexidade da realidade social. Considerou-se adequado para esta pesquisa o estudo de caso que, segundo Gil (2007), tem como objetivo explorar situações da vida real e descrevê-las no contexto em que está sendo feita a investigação, partindo de análise documental secundária e permitindo uma análise mais detalhada do processo organizacional e dos fatores que podem levar a uma maior compreensão da causalidade dos fatos observados. Para Yin (2001), o estudo de caso é adequado quando se abordam eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas é possível fazerem-se observações diretas e entrevistas sistemáticas. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas e os dados foram analisados de forma qualitativa, através da interpretação empírica dos questionários aplicados combinado às informações oriundas da revisão bibliográfica. As fontes consultadas corroboraram e TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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valorizaram as evidências coletadas com os colaboradores que desempenharam um papel fundamental contribuindo de forma significativa para esta pesquisa. Quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. Para Vergara (2005), os dados coletados, devem ser tratados com a finalidade de justificar sua adequação aos propósitos da pesquisa. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva e o universo deste estudo foi constituído por 07 funcionários da célula administrativa de uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores no total, no primeiro semestre de 2019. A amostra foi ainda definida pelo critério de acessibilidade, que segundo Vergara (2009), seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles, longe de qualquer procedimento estatístico.

3.1 Apresentação e análise dos resultados

Inicialmente, foi necessário definir o setor a ser objeto de estudo, sendo escolhida a célula administrativa pela facilidade de acesso e disponibilidade de tempo de seus colaboradores. Todos os integrantes do setor, num total de sete pessoas com idades entre 20 e 35 anos, participaram da pesquisa de forma voluntária. O período adotado foi entre os meses de maio e junho de 2019. O questionário foi desenvolvido pelas próprias integrantes desta pesquisa (2 das quais trabalham na empresa em questão), abordando em média 06 questões abertas e temas como relações interpessoais entre colegas de setor, fatores que influenciam nos relacionamentos entre as pessoas do setor, satisfação em relação ao trabalho e motivação para maior compreensão do contexto organizacional. O mesmo foi entregue ao colaborador para preencher de forma individual e usando de sinceridade com o critério de confiabilidade e confidencialidade. Na pesquisa qualitativa, a confiabilidade refere-se à garantia de que outro pesquisador poderá replicar um estudo e chegar a resultados semelhantes, para tanto se utiliza um protocolo de estudo de caso (YIN, 2015). A confidencialidade por sua vez, é a que pretende garantir o acesso de uma propriedade da informação unicamente às pessoas TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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autorizadas e foi definida pela Organização Internacional de Normalização (ISO) na norma ISO/IEC 17799 como "garantir que a informação seja acessível apenas àqueles autorizados a ter acesso". Uma vez analisadas as respostas, foi possível, remetendo-se ao referencial teórico, responder os objetivos propostos nesse trabalho. Os colaboradores que participaram apresentam tempo de empresa superior a 1 ano, sendo 4 do gênero masculino e 3 do gênero feminino, escolaridade entre ensino médio incompleto a e ensino superior completo. Todos exercem função na célula administrativa, sendo 1 Encarregado Operacional, 2 Assistentes Operacionais, 1 Auxiliar Operacional, 1 Auxiliar de Expedição, 1 Auxiliar de Atendimento e 1 Assistente Administrativo. A primeira questão se referiu à compreensão de relações interpessoais. As respostas foram claras e todos concordaram que relação interpessoal consiste no relacionamento entre duas ou mais pessoas (7 respostas), sendo que duas respostas complementaram que esse relacionamento acontece num mesmo ambiente, podendo ser familiar, social, comunidade ou de trabalho e uma resposta ainda, que este convívio entre pessoas deve ser permeado por algum tipo de comunicação. A segunda questão se referiu à influência do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Todos concordaram (100% das respostas) que o relacionamento interpessoal influencia no ambiente de trabalho. As justificativas concordaram que um relacionamento ruim entre colegas propicia um ambiente de trabalho negativo com impacto na produtividade e um ambiente agradável facilita a condução do trabalho, aumenta a produtividade, validam ideias, sentimentos, contribui para a valorização pessoal e a resolução de conflitos internos. Relatam ainda, que a convivência diária com empatia e boa comunicação gera respeito entre colegas que contribui para um ambiente mais agradável e produtivo. A terceira questão foi uma avaliação do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. 5 pessoas compartilharam respostas de um relacionamento bom ou favorável, apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente de trabalho como algumas brincadeiras exageradas de colegas, dificuldade de lidar com as diferentes histórias de vida, valores individuais e pontos de vista. 1 pessoa respondeu como razoável devido aos conflitos

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de opinião e falta de comunicação que, por vezes, geram desconfortos. E, uma pessoa classificou sua resposta como complicada devido a uma comunicação ineficiente e falta de paciência, mas ainda assim considera que o resultado final é satisfatório. Na quarta questão deveriam destacar o que mais incomoda e o que mais agrada no relacionamento com os colegas. Entre as questões que mais geram incômodo observadas pelos colaboradores estão: as brincadeiras de mau gosto, o não saber ouvir, a falta de empatia, as mudanças de humor, a falta de compreensão e de paciência. Entre as questões que mais agradam foram citadas: os laços de amizade proporcionados pelo ambiente de trabalho, a forma como a equipe administra o trabalho, a confiança, o respeito, o apoio brindado, o companheirismo e o diálogo. A quinta questão teve como intenção avaliar a percepção quanto a satisfação através da motivação dos colaboradores. Motivação também é um tema relacionado a relações interpessoais. Motivação é algo intrínseco, uma força interna que impulsiona a pessoa na direção de um objetivo. Para Vergara (2014), a motivação é algo individual, de dentro de cada um. “Ninguém motiva ninguém”. As outras pessoas podem estimular, incentivar ou provocar a motivação, mas somos nós que nos motivamos ou não. O que condiciona a motivação é a história de vida de cada pessoa e o grau de motivação determina como esta se relaciona com os demais. Portanto, dentro das organizações motivação e relacionamento interpessoal andam juntos e geram impacto na produtividade. Sendo assim, a pergunta (você sente que a empresa procura motivar seus funcionários quando uma meta é alcançada?), incluiu toda a organização e objetivou a percepção dos colaboradores sobre a existência ou não de estímulos à motivação de toda a empresa. A intenção foi extrair dos participantes o grau de satisfação referente à empresa onde trabalham e se sentem que a mesma oferece a eles estímulos para sua motivação. As respostas foram unânimes, ou seja, 100% dos funcionários responderam que a empresa procura motivar seus colaboradores quando uma meta é alcançada e entre as justificativas citam a celebração das conquistas, reconhecimento que agrega valorização ao funcionário como detalhes que fazem a diferença e geram motivação para seguir alcançando os objetivos propostos. Entretanto, apesar de se sentirem motivados, sugerem que sentem falta de um estímulo de caráter financeiro como uma bonificação ou premiação pelo esforço e empenho nas “batalhas” empreendidas. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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A sexta questão foi sobre a convivência com os colegas, se pode melhorar e suas sugestões para que essa melhoria aconteça. Todos responderam que sim, a convivência entre colegas de trabalho pode melhorar. Dentre as sugestões para que essa melhoria aconteça foram citadas: a prática da empatia, da comunicação e da confiança (4 respostas), além de boa educação, crescimento profissional e pessoal, respeito às diferenças e apoio aos colegas. A análise dos questionários e a observação direta do ambiente de trabalho permitiu identificar os fatores que facilitam o relacionamento interpessoal na empresa em estudo, sendo eles: comunicação, empatia, motivação, respeito e confiança. Identificou-se ainda que a comunicação e a empatia são os elementos imprescindíveis nas relações interpessoais nesse ambiente de trabalho. Demonstrou também que a motivação influencia o comportamento do funcionário de forma significativa para que este apresente bons resultados. Por outro lado, permitiu também identificar certos comportamentos como brincadeiras, falta de paciência, de comunicação e de compreensão podem gerar insatisfação e alterar emoções, fatores que podem impactar de maneira negativa nas relações interpessoais podendo causar conflitos entre os colaboradores que dividem o mesmo ambiente de trabalho. Este estudo evidenciou ainda que os colaboradores da empresa são os principais responsáveis pelo desempenho dessa organização. Portanto, os comportamentos e atitudes tomadas por cada indivíduo influenciam diretamente no ambiente de trabalho e tornam as relações interpessoais harmoniosas ou conflituosas. Pode-se dizer em relação à empresa de Transporte e Logística estudada e mais especificamente à célula administrativa de tal empresa, que seu ambiente de trabalho atualmente é harmonioso e de boa convivência, “apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente”, como citado por um colaborador em um dos questionários aplicados.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste artigo foi identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho de uma empresa de transportes e logística de Governador Valadares. As relações

humanas,

como

visto

neste

trabalho,

influenciam

no

desenvolvimento e desempenho das atividades laborais. São fonte de impulso positivo se bem manejadas e de conflitos se mal administradas. Também influenciam diretamente na motivação e consequentemente na satisfação, mas o contrário também é válido. Sendo assim, os resultados apontam que outro fator destacado foi o reconhecimento como forma de valorização e estímulo para alcançar os objetivos e as metas propostas. Este fator se bem administrado gera motivação e satisfação e ambos como já foram mencionados, influenciam positivamente nas relações interpessoais. Quanto ao ambiente de trabalho, percebeu-se que um ambiente de confiança e firmado na educação entre seus semelhantes, está diretamente relacionado a melhores atitudes. Comportamento esse que influencia de forma significativa e positiva no momento de realizar as atividades que competem a cada um. As condições de trabalho influenciam na atitude do colaborador, mas as percepções que ele tem sobre esses fatores podem determinar seu comportamento, a forma como se relaciona com os demais e impactar no seu desempenho. Portanto, o significado que uma pessoa dá a uma situação determina sua atitude, podendo ser positiva e condicionar um clima de bem-estar e propício ao aumento da produtividade ou pode ser negativo e assim, o gerador de conflito dentro de seu ambiente de trabalho. Dessa forma, o relacionamento interpessoal é de relevância para o bom funcionamento das organizações e que a comunicação entre os colaboradores é fundamental para melhor realização das atividades, impactando diretamente na produção das empresas. Lembrando que as pessoas são sempre o elemento principal e necessário de uma organização e é preciso saber encontrar o equilíbrio entre os colaboradores buscarem conhecer e se engrandecer a respeito de suas relações e a organização por sua vez, estimular certas interações, gerar desenvolvimento profissional e principalmente estimular a motivação, fatores que levam à satisfação e que se transformam no diferencial do mercado. Atentando-se sempre ao fato de que a melhoria do relacionamento interpessoal vem com o exercício diário da empatia e de TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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demais habilidades descritas no presente trabalho e da parte da empresa, ações como cursos, seminários e palestras referentes às relações humanas, podem contribuir para que os funcionários desenvolvam a prática do autoconhecimento e melhoria contínua.

ABSTRACT Interpersonal relationship is the interaction between people and involves communication and cooperation skills marked by the context in which it is inserted, being influenced by the environment in which it finds itself and influencing it. The present study aims to identify the influences of interpersonal relationships in the work environment. Specifically, it seeks to describe the types of human and interpersonal relationships; evidence individual behaviors that collectively influence the work environment and suggest actions to improve interpersonal relationships in the company. It is a research with a qualitative approach, based on case study and field research with analysis of data from direct observation and questionnaire application. The collection of information was carried out with the help of a structured questionnaire. The sample consisted of 07 employees who worked in the administrative sector in the first half of 2019. In the analysis of the results, it was found that personal and environmental factors such as respect, trust, motivation, empathy and communication have a direct influence on interpersonal and social relationships. these, in turn, influence the work environment, impacting the company's results. The research showed that generating an environment of trust, empathy and mutual collaboration can stimulate interactions and motivate professional and personal development. To this end, it is necessary to offer support to workers, foster dialogue as an instrument for conflict reduction and provide a harmonious environment. Such actions tend to improve personal and work relationships, consequently increasing business productivity. Keywords: Interpersonal Relations. Desktop. Communication.

REFERÊNCIAS

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed. São Paulo: Campus, 2000. _______. Teoria Geral da Administração. 7. ed.,rev. e atual. Rio de Janeiro: Campus 2003. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. _______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2018. MARQUES, José Roberto (Brasil). O que é relacionamento interpessoal. 2018. Portal ibc. Disponível em: <http://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/treinamentorelacionamento-interpessoal/>. Acesso em: 13 jan. 2019. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: HUCITEC, 2017. OMAR, A. Liderazgo transformador y satisfacción laboral: el rol de la confianza en el supervisor. Liberabit, 2011. PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do Trabalho Científico: métodos e técnicas de pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: FEEVALE, 2013. ROBBINS, Stephen P. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. Sociedade Brasileira de Coaching (Brasil). Relacionamento Interpessoal: tudo que você precisa saber. 2017. Disponível em: <https://www.sbcoaching.com.br/blog/atinjaobjetivos/relacionamento-interpessoal/>. Acesso em: 20 jan. 2019. TODOROV, J. C. Sobre uma definição de comportamento. Perspectivas Em Análise Do Comportamento, 3(1), 32-37. 2017. VENTURA, Ricardo (Brasil). 7 dicas de relacionamento interpessoal para sua carreira. 2016. Ser Palestrante. Disponível em: <http://serpalestrante.com.br/dicas-relacionamentointerpessoal/>. Acesso em: 13 jan. 2019. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2009. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014. YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre: Bookman. 2001. _______. Estudo de caso – planejamento e métodos. (5Ed.). Porto Alegre: Bookman. 2015.

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EMPREENDEDORISMO NO TREINAMENTO FUNCIONAL NA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES Richardson Dias Gomes1, Riviane Pereira Faustino1, Tulio Jose Antonio1 Yuri Fernandes Alves1, Alex Sandro Seccato2 João Claudio Passos da Silva3 Ana Paula Campos Fernandes4 RESUMO

O treinamento funcional (TF) é uma modalidade que trabalha movimentos naturais que o corpo humano realiza durante o cotidiano, mas de forma intensa e metódica. Esse treinamento proporciona inúmeros benefícios a seus praticantes como: queima de gordura, ganho de massa magra e fortalecimento do core. O presente trabalho tem como objetivo expor as dificuldades enfrentadas pelos profissionais de Educação Física da cidade de Governador Valadares que decidiram empreender no TF. Foram utilizados dois questionários online, onde um foi encaminhado para proprietários de estúdios de TF da cidade onde foi possível identificar os principais problemas enfrentados durante o processo de empreendimento, e o outro para profissionais de Educação Física, afim de mensurar a popularidade da modalidade entre os profissionais da classe atuantes na cidade. Esse projeto trata-se de uma pesquisa de campo, é do tipo quali-quantitativa, onde utilizou-se métodos qualitativos e quantitativos para que chegasse aos resultados, afim de responder a problemática “Quais são as dificuldades de empreender na área de Treinamento Funcional na cidade de Governador Valadares?”. Os dados e relatos coletados serviram para que o projeto fosse melhor desenvolvido. A partir dessas informações e análise das mesmas conclui-se que entre os profissionais da cidade, o TF é uma modalidade com popularidade alta, e em relação aos proprietários dos estúdios identificamos várias dificuldades enfrentadas no processo de empreendimento, sendo as principais: investimento financeiro, setor administrativo, fidelização de clientes e falta de experiência. Palavras-chave: Educação Física. Empreendedorismo. Governador Valadares. Treinamento Funcional. 1 INTRODUÇÃO O treinamento funcional (TF) é uma modalidade que traz inúmeros benefícios para 1

Acadêmicos do Curso de Educação Física Bacharel da Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPACGovernadorValadares–MG.E-mail::richardsondgomes98@gmail.com;rivyrpf@gmail.com; yuri.fernandes93@hotmail.com; tulioantonio253@gmail.com 2 Orientador. Prof. Assistente do curso de Bacharelado de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: alexseccato@unipac.br 3 Coorientador. Prof. Assistente do curso de Bacharelado de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: joaoozgv@gmail.com 4 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e Pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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seus praticantes. Campos e Coraucci (2004, p. 30), ressaltam que “a essência do treinamento funcional está baseada na melhoria dos aspectos neurológicos, através de exercícios que desafiam os diversos componentes do sistema nervoso”. A pesquisa Worldwide Survey Of Fitness Trends For 2019 (Pesquisa mundial de tendências de fitness para 2019) realizada por Walter R. Thompson, aponta que essa modalidade é uma forte tendência entre os mais variados tipos de atividades físicas no mundo. Segundo Ribas (2016, p. 1) o “treinamento funcional se tornou um dos métodos mais utilizados de treinamento para a melhora da saúde, da estética e do desempenho esportivo, e ainda podendo ser utilizado para prática em um programa de prevenção e/ou tratamento de lesões”. Portanto, é uma boa oportunidade para profissionais de educação física atuarem na área, podendo empreender em seu próprio negócio. A investigação da pesquisa está relacionada a apresentar quais as dificuldades de empreender na área de TF na cidade de Governador Valadares. Como objetivo geral busca-se compreender as dificuldades de abrir um estúdio de TF na perspectiva dos empreendedores de Governador Valadares. Como desdobramentos, têm-se os seguintes objetivos específicos: (a) abordar e apresentar formas do empreendedorismo na Educação Física e Treinamento Funcional; (b) analisar dados coletados de empresas do ramo na cidade de Governador Valadares; (c) explicar e apresentar os relatos dos proprietários de estúdios; (d) mensurar a popularidade da modalidade diante dos profissionais da Educação Física da cidade.

2 MÉTODOS

Na pesquisa foram utilizadas as bases de dados do Google Acadêmico e o Scielo para selecionar os artigos científicos para embasamento. Buscamos por artigos, sites, revistas, publicações ou qualquer fonte de informações com os termos: “Educação Física e tendências”, “Empreendedorismo”, “Empreendedor”, “Empreendedorismo na Educação Física”, “Empreendedorismo no Treinamento Funcional“, “Treinamento Funcional”. O estudo do caso começou a ser desenvolvido por meio de uma entrevista com um proprietário de estúdio treinamento funcional (TF) da cidade de Governador Valadares. Assim, foi elaborado um questionário online no “Google Forms” (Questionário do Google) com perguntas chaves para desenvolvimento da pesquisa de campo. Posteriormente, o questionário foi encaminhado para 5 (cinco) proprietários de estúdios de TF, houve o retorno

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de 3 (três) questionários, após isso foi realizada entrevistas online somente com os voluntários que responderam o questionário. Além disso, outro tipo de questionário online foi desenvolvido e enviado para profissionais de Educação Física Bacharelados com objetivo de identificar o interesse em trabalhar e/ou empreender com o TF entre a classe de profissionais da cidade. Foram analisados e tabulados um total de 32 (trinta e dois) questionários, para assim chegar às considerações finais.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Empreendedorismo e Empreendedor

O conceito de empreendedorismo modificou-se com a evolução da sociedade, através de mudanças ocorridas na economia se tornando cada vez mais complexo desde a idade média, o indivíduo que estava ligado a projetos da época era considerado um empreendedor, nesta época o empreendedor era o clérigo que era a pessoa responsável pelas obras arquitetônicas daquela época, como castelos, prédios públicos, abadias e catedrais. Com o passar dos anos algumas características ligadas ao empreendedor foram surgindo, no séc. XVII surge o “empreendedor de risco”, o indivíduo firmava um contrato com o governo com um valor fixo onde os resultados de lucro ou prejuízo eram de responsabilidade do empreendedor.

A ligação do termo empreendedor ao risco desenvolveu-se a partir do século XVII, quando o empreendedor passou a ingressar em um acordo contratual de valor fixo com o governo para desempenhar um serviço ou para fornecer produtos predeterminados; assim, como a remuneração pelo trabalho já estava previamente acertada, o lucro ou prejuízo do negócio era do empreendedor. O escritor e economista do século XVII, Richard Cantillon, é considerado por muitos como um dos criadores do temo "Empreendedorismo". Cantillonfoi um dos primeiros a diferenciar o termo “empreendedor" - pessoa que assume riscos, - do termo "capitalista" - investidor (DORNELAS, 2017, p. 20).

O empreendedorismo pode ser compreendido como a arte de inovar com criatividade e motivação. Segundo Drucker (1987, p. 39) “A inovação é o instrumento específico do empreendedor". Baseia-se em realizar qualquer projeto pessoal ou organizacional, é um desafio contínuo às oportunidades e riscos. Para Barreto (1998, p. 190) “empreendedorismo é

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habilidade de criar e constituir algo a partir de muito pouco ou de quase nada”. É o desenvolver de uma organização em oposição a observá-la, analisá-la ou descrevê-la. Para Hisrich (1886, p. 96) “A palavra empreendedor origina-se da palavra entrepreneur que é francesa, literalmente traduzida, significa aquele que está entre ou intermediário”. Mas afinal, o que é ser empreendedor? Ser empreendedor é colocar em prática todos seus sonhos, planos e metas estabelecidas. O indivíduo que é empreendedor consegue enxergar nas dificuldades novas oportunidades para sua vida, promover soluções inovadoras também pode ser considerado um ato de uma pessoa empreendedora. Para Dornelas (2001, p. 37) “O empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados. ” Já para Dolabela (2008, p.23) “O empreendedor é alguém que sonha e busca transformar seu sonho em realidade”. O autor Chiavenato (2007, p. 8-9) identifica algumas características básicas que identificam um empreendedor:

Necessidade de realização: As pessoas apresentam diferenças individuais quanto à necessidade de realização. Existem aquelas com pouca necessidade de realização e que se contentam com o status que alcançaram. Contudo, as pessoas com alta necessidade de realização gostam de competir com certo padrão de excelência e preferem ser pessoalmente responsáveis por tarefas e objetivos que atribuíram a si próprias. (CHIAVENATO, 2007, p. 8). Disposição para assumir riscos: O empreendedor assume variados riscos ao iniciar seu próprio negócio: riscos financeiros decorrentes do investimento do próprio dinheiro e do abandono de empregos seguros e de carreiras definidas; riscos familiares ao envolver a família no negócio; riscos psicológicos pela possibilidade de fracassar em negócios arriscados. (Chiavenato, 2007, p. 9). Autoconfiança: Quem possui autoconfiança sente que pode enfrentar os desafios que existem ao seu redor e tem domínio sobre os problemas que enfrenta. As pesquisas mostram que os empreendedores de sucesso são pessoas independentes que enxergam os problemas inerentes a um novo negócio, mas acreditam em suas habilidades pessoais para superar tais problemas. (Chiavenato, 2007, p. 9).

Portanto, podemos compreender que um empreendedor é um sonhador, que estabelece metas e coloca seus sonhos como prioridade, fazendo isso se tornar real. Para ser um empreendedor bem-sucedido e ter sucesso no mercado onde está inserido o mesmo deve administrar, planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades relacionadas direta ou indiretamente com seu negócio.

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3.2 Empreendedorismo no Brasil

O ato de empreender no Brasil ganhou força devido a uma maior abertura financeira nos meados da década de 90.

Entretanto, os novos empreendedores não tinham

conhecimentos específicos na área de empreendedorismo, foi a partir desse surgimento de pequenos vários empreendedores que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) passou a dá suporte especializado para esses indivíduos.

O movimento do empreendedorismo no Brasil começou a tomar forma na década de 1990, quando entidades como SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas. Antes disso, praticamente não se falava em empreendedorismo e em criação de pequenas empresas. (DORNELAS, 2005, p. 26).

Atualmente o número de pessoas que empreendem no Brasil e no mundo crescem cada vez mais, tanto por oportunidades identificadas e por necessidades econômicas, exemplo disso é a crise econômica no Brasil. Cada vez mais se tem uma concorrência, por isso a necessidade de ter um planejamento forte e eficiente para se chegar ao sucesso e conseguir vencer no mercado em que se está inserido. No ano de 2019 o Brasil apresentou dados preocupantes em relação ao desemprego, em pesquisa feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a taxa de desemprego no país chegou em 11,8% no mês de setembro, chegando ao total de 12,5 milhões de pessoas desempregadas. A crise econômica e o desemprego são alguns fatores que aumentaram o ato de empreender no Brasil. Em 2018 a Global Entrepreneurship Monitor (GEM) com o apoio do SEBRAE, Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade (IBQP) e Universidade Federal do Paraná UFPR (UFPR), realizaram a pesquisa “Empreendedorismo no Brasil — Relatório executivo 2018”. Tal pesquisa mostrou que a taxa de empreendedorismo no Brasil atingiu 38% entre brasileiros de 18 - 64 anos, isso equivale a cerca de 51,972 milhões de brasileiros. Em 2019 foi realizada a mesma pesquisa no Brasil com o mesmo público, a taxa de empreendedorismo teve um leve aumento de 0,7%, equivalendo o total de 53,437 milhões de brasileiros empreendendo.

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3.3 Empreendedorismo na Educação Física

O ato de empreender no ramo da educação física pode ser analisado em diferentes formas. Existem profissionais que tem dificuldades para adentrar no mercado de trabalho, por tal dificuldade encontrada conseguem outras maneiras de ganhar dinheiro. Porém, existem profissionais que tem uma carreira solidificada, mas identificam vantagens em empreender e ser seu próprio chefe. A busca ativa de uma melhor qualidade de vida pela sociedade atual é uma possibilidade muito boa para os profissionais de Educação Física conseguirem novas oportunidades de trabalho. Outro fator que corrobora para o ato de empreender dentro da educação física é a variedade de áreas que o profissional pode atuar, a lei n° 9.696 que regulamenta a atuação do profissional de educação física rege no Art. 3°que:

Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto. (BRASIL, 1998).

Segundo dados da Associação Internacional de Fomento ao Universo de Saúde e Exercícios (IHRSA) o ramo de atividades físicas já representa uma parte bem significativa da economia mundial, a receita gerada por este ramo tem um crescimento anual de 8,7% em escala mundial. No Brasil essa realidade não é diferente, o ramo das atividades físicas está em uma crescente significativa. Em levantamento realizado em 2018 pela IHRSA há cerca de 34.500 (trinta e quatro mil e quinhentas) academias em solo brasileiro, esse número torna o Brasil à segunda nação com mais estabelecimentos deste tipo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Ou seja, o profissional de educação física que tem o desejo de empreender em algum ramo das atividades físicas, tem um mercado favorável para desenvolver seu projeto pessoal. Claro que não é um caminho fácil e simples, porém, diversas variáveis mostram que com esforço e dedicação é possível se destacar na área.

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3.4 Tendências no ramo da Educação Física

A palavra tendência está diretamente relacionada a mudanças que podem ocorrer em um determinado cenário da sociedade, como, por exemplo: no ramo de alimentação, ramo musical, no mundo dos esportes, no mundo da moda, ou até mesmo no pensamento e comportamento de pessoas. Para Kotler (2000, p. 158) “uma tendência é uma direção ou uma sequência de eventos que tem determinado impulso e direção”. O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM’s Health & Fitness Journal), há 14 anos vem realizando pesquisas de forma contínua através de questionários onlines com profissionais de educação física de todo o mundo, com o intuito de mostrar as principais tendências do ramo fitness em âmbito mundial. Algumas das principais tendências fitness do momento no mundo são: Tecnologia wearable: aparelhos tecnológicos que auxiliam as pessoas em seus treinos. Um exemplo disso são os relógios que registram todos os índices do corpo no momento da atividade física. Outra tendência é o HIIT, sigla para High-Intesity Interval Training (Treino Intervalado de Alta Intensidade) este tipo de treino intervalado é uma metodologia que dura cerca de 25 minutos, é de alta intensidade e não faz utilização de aparelhos. Os treinos em grupo são outra modalidade que gera motivação nos alunos, além de serem treinamentos com maior dinamismo. Algumas outras tendências são: Os programas para os idosos também estão em alta, com o aumento da expectativa de vida está fazendo as pessoas busquem cuidar mais da saúde, com os idosos não é diferente. O treinamento com personal trainer também é uma tendência, esse profissional é definido por Sanches (2006, p. 51) como um "profissional formado/graduado em Educação Física que ministra aulas personalizadas, formulando e executando programas de treinamento específicos para cada aluno", treinar com um personal qualificado pode fazer com que as metas e objetivos desejados possam ser alcançados de maneira segura e mais rápida. E o treinamento funcional é uma modalidade que proporciona uma melhora a resistência, postura, força e flexibilidade, algo que muitas pessoas visam atualmente.

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3.5 Treinamento Funcional

Atualmente, cada vez mais o treinamento funcional (TF) vem ganhando notoriedade dentro das academias e estúdios de atividades físicas, porém, essa metodologia não é recente. De acordo com Monteiro e Evangelista (2010, p. 2), “o treinamento funcional teve sua origem com os profissionais da área da fisioterapia e reabilitação, pois estes foram pioneiros na utilização de exercícios que imitavam as práticas dos pacientes em casa ou no trabalho durante a terapia”. O principal objetivo desse treinamento é fortalecer e transformar as capacidades físicas do indivíduo que o pratica, em sua prática são utilizados acessórios como: cones, halteres, elásticos, bolas, cordas. Sendo assim, o TF não é trabalhado apenas com um grupamento muscular especifico, e sim sobre a ampla totalidade do corpo humano.

O TF tem como

objetivo preparar corpo do indivíduo de maneira ampla e segura através da região central do corpo, região também conhecida como core. (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010). A prática dessa modalidade é complexa, pois, se utiliza seu sistema nervoso, cardiovascular, respiratório, entre outros sistemas do corpo humano. Segundo Campos e Coraucci (2004, p. 187) “o treinamento funcional desenvolve as habilidades de acordo com o grau de participação de cada uma delas no esporte ou atividade específica de acordo com a fase de treinamento”. Entre os principais benefícios que a prática do TF pode proporcionar estão:

Desenvolvimento da consciência sinestésica e controle corporal; Melhoria da postura; Melhoria do equilíbrio muscular; Diminuição da incidência de lesão; Melhora do desempenho atlético; Estabilidade articular, principalmente da coluna vertebral; Aumento da eficiência dos movimentos; Melhora do equilíbrio estático e dinâmico; Melhora da força, coordenação motora; Melhora da resistência central (cardiovascular) e periférica (muscular); Melhora da lateralidade corporal; Melhora da flexibilidade e propriocepção. (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010, p. 2-3).

A modalidade tem como característica trabalhar movimentos que estimulam o corpo humano para uma adaptação às atividades normais da vida diária, ou seja, a modalidade engloba movimentos físicos que realizamos de forma natural para realizar atividades básicas em nosso cotidiano.

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3.6 Empreendedorismo no Treinamento Funcional

O treinamento funcional (TF) é uma das modalidades que mais cresceram no Brasil nos últimos anos, com isso passou a ser mais uma fonte de investimento para o profissional de educação física.

Entre as modalidades que mais cresceram nos últimos anos, o treinamento funcional é o protagonista. O método se tornou uma das preferências do público e atualmente conta com espaços exclusivamente dedicados à sua prática. De acordo com uma matéria publicada pela revista Veja, o número de academias especializadas em treinamento funcional está seis vezes maior – se comparado com dois anos atrás – e os cursos de capacitação para profissionais de Educação Física já estão disponíveis em todo Brasil (CREF2/RS, 2017, p. 4).

Com uma maior busca da modalidade os profissionais da classe cada vez mais buscam se qualificar de forma teórica e prática para conseguirem obter bons resultados financeiros com o TF. E entre os principais motivos que levam ao empreendimento da modalidade estão: a) Local de realização: O TF é uma modalidade muito dinâmica, que pode ser praticada em locais fechados quanto em locais ao ar livre. Isso acaba sendo um fator facilitador para o profissional que ainda não possui um espaço fixo de atendimento. Lugares como praças, parques, e até mesmo a casa do cliente se tornam potencias locais de atendimento. b) Metodologia dinâmica: Muitas pessoas procuram algum tipo de atividade física que não tenha uma metodologia monótona, e isso faz com que o TF se torne uma atividade muito procurada por seu dinamismo em sua metodologia. Em reportagem publicada no site do Cref9/Pr o professor de pós-graduação em Treinamento Funcional Ivan Pinto Ribeiro ressalta que “o sucesso desse tipo de treino é a união de elementos da musculação e da ginástica, trazendo benefícios das duas modalidades. ” c) Custo dos aparelhos: O TF pode ser realizado como o próprio peso corporal e com acessórios de valor acessível, como, cones, escada de coordenação, halteres, fitas e etc. evidente, que como qualquer outra metodologia de TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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atividade física existem os aparelhos de valor financeiro maior, porém, é possível realizar sua prática com aparelhos de menor custo. Outro fator que alavanca o crescimento do treinamento funcional é o baixo custo operacional das aulas. As atividades podem ser realizadas em diversos ambientes e sem a necessidade de equipamentos caros como aparelhos de musculação e esteiras. Usando técnicas de exercícios calistênicos, que utilizam o peso do próprio corpo para as atividades, o profissional consegue extrair bons resultados. Além disso, é possível usar diversos pesos, faixas elásticas, cordas e obstáculos ajustáveis que também tem valor significantemente menor que o de aparelhos de academia. (CREF9/PR, 2019).

O art. 3º da Lei Federal 9.696/98 define as áreas de atuação dos profissionais de educação física, portanto somente uma pessoa com graduação em educação física e registrada junto ao conselho está apta para ministrar aulas da modalidade. Sendo assim, o mesmo deve buscar conhecimento necessário para aplicar os exercícios da maneira correta de acordo com a necessidade e objetivo de cada beneficiário que o procurar.

3.7 Empreendedorismo no Treinamento Funcional em Governador Valadares

Neste capítulo, serão apresentados os resultados das pesquisas realizadas através dos questionários encaminhados para os profissionais de educação física e proprietários de estúdios de treinamento funcional, ambos da cidade de Governador Valadares.

3.7.1 Treinamento Funcional entre os profissionais de educação física da cidade de Governador Valadares

O primeiro questionário teve o intuito de mensurar a popularidade do treinamento funcional diante dos profissionais de Educação Física atuantes em Governador Valadares e também mensurar quantos destes profissionais desejam empreender na área.

Neste

questionário conseguimos 32 (trinta e duas) respostas ao todo.

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GRÁFICO 2

GRÁFICO 1 TRABALHA OU JÁ TRABALHOU COM TREINAMENTO FUNCIONAL NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS?

FOI UMA FONTE RENTÁVEL? Não: 26,7%

Não: 34,4%

Sim: 65,6%

Sim: 73,3% Fonte: Os autores (2020)

Fonte: Os autores (2020) GRÁFICO 3 DESEJA EMPRENDER NO TF DE ALGUMA MANEIRA? Talvez: 31,3%

Sim: 40,6%

Não: 28,1% Fonte: Os autores (2020)

Os resultados apresentados demonstram que a modalidade entre os profissionais entrevistados é popular, pois, de 32 (trinta e dois) profissionais 21 (vinte e um) já trabalharam ou trabalham com o TF nos últimos dois anos. No quesito renda, 22 (vinte e dois) profissionais alegaram que foi uma fonte rentável. E quando perguntados se desejam empreender de alguma maneira no Treinamento Funcional, 9 (nove) profissionais não tem o desejo de empreender, 10 (dez) destes profissionais talvez busquem empreender na área, e já 13 (treze) profissionais tem o desejo de investir no ramo.

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3.7.2 Empreendedorismo no Treinamento Funcional entre os proprietários de estúdio

O segundo questionário teve o intuito de responder à pergunta problema do nosso trabalho: “Quais são as dificuldades de empreender na área de Treinamento Funcional na cidade de Governador Valadares?”. Neste questionário conseguimos 3 (três) respostas ao todo, nosso objetivo era chegar ao número de 5 (cinco) respostas. Salientamos que não iremos expor o nome real dos estúdios e de seus proprietários participantes da pesquisa de campo. O primeiro ato da pesquisa foi identificar qual foi o motivo que despertou o interesse nos proprietários em empreender nessa área. Treinamento Funcional 1 (TF1) “Fiz alguns cursos na área, logo após fui trabalhar com atendimento em casas, em seguida em uma grande academia. Com isso percebi uma demanda e procura muito grande pela modalidade, daí surgiu a ideia de abrir o espaço”. Treinamento Funcional 2 (TF2) “Através do curso do core 360”. Treinamento Funcional 3 (TF3) “Trabalhei em escola, academia. E também dava aulas domiciliares então foi surgindo alunas e resolvi montar na varanda da casa dos meus pais, veio dando certo um amor uma dedicação sem igual tenho prazer em levantar todos dos dias 04:40 da manhã e ir para o meu cantinho”.

Portanto, os relatos dos empreendedores demonstram que a procura pela modalidade é muito grande, ou seja, o treinamento funcional é uma tendência dentro do ramo da Educação Física. Estes relatos dialogam com os estudos de Walter R. Thompson (2018), que mostra o treinamento funcional como uma tendência entre as atividades físicas no mundo para o ano de 2020. Para identificar as principais dificuldades que os proprietários enfrentaram, foi criada uma série de perguntas específicas para expor quais os maiores desafios encontrados antes e durante o processo de empreendimento dos estúdios.

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TABELA 1

Quais foram as empreendimento?

dificuldades

enfrentadas

durante

o

processo

do

A - Questões financeiras? B - Você teve alguma orientação nesse processo? Foi uma orientação paga? Achou essa orientação eficiente? C - Fez alguma pesquisa de mercado para empreender? D - Entre as funções administrativas (Regularização junto ao conselho / Contratação de funcionários / Licenças municipais) do empreendimento, quais foram os maiores obstáculos encontrados? E - Buscativa e fidelização de clientes? Fonte: Os autores (2020)

As respostas dos empreendedores foram: TF 1: A- Tivemos dificuldades financeiras, não tínhamos investidor ou sócio. Foi com empréstimo, a cara e coragem. / B- Sim. Contabilidade, banco, amigos e empresários. Todos passaram boas dicas. / C- Sim. / D- Alguns processos são bem burocráticos. Mas a parte contábil dá mais trabalho. / E- Prioridade é fidelização do cliente com bom atendimento e boas experiências. Aceitamos que fidelizando os nossos, outros virão. Não precisa gastar muita energia na busca. TF 2: A- Pouca experiência em construção da estrutura física. / B- Sim. Arquiteta (estrutura física), materiais e equipamentos (instrutor do core 360). / C- Sim, através de contato com outros donos de estúdios do Brasil. / D- Não encontramos muitas dificuldades nestes itens. / E- Por ser novo nesse mercado, demorou um certo tempo para conseguirmos. TF 3: A – Sim, enfrentei inúmeras dificuldades neste sentido. / B- Não. / C- Não, mas fui a primeira do meu bairro. / D- Enfrentei dificuldade na regularização municipal. / E- Sim, para conseguir e fidelizar os clientes de início foi um pouco difícil.

Após as respostas coletadas através do questionário e entrevistas realizadas com os proprietários de estúdio da modalidade, foram identificadas as principais dificuldades encontradas durante o processo de empreendimento, que são:

a) Investimento financeiro: Todos os entrevistados relataram dificuldades financeiras durante o processo de implementação do estabelecimento. Entre alguns pontos citados foram, a compra de aparelhos específicos para o treinamento funcional, a escolha do local para ser investido, a adequação desse local para o melhor atendimento aos

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clientes. Em reportagem publicada no site Escolhas Financeiras Souza (2020), dá dicas de como lidar com as dificuldades financeiras no empreendedorismo, entre elas estão: identificar os problemas enfrentados da empresa, entender e administrar o capital de giro, estabelecer metas para o crescimento da empresa e consultoria apurada. b) Setor administrativo: Dois entre os entrevistados foram incisivos em relação a questões administrativas. Foram citados como dificuldades enfrentadas: regularização junto ao município e questões de contabilidade. Isso evidencia que os profissionais da área de Educação Física devem buscar aparo qualificado para ajudar nas questões administravas que evolvem todo o empreendimento. Para Fundação Instituto de Administração (FIA) (2018), “é imprescindível dominar conceitos e adotar as melhores práticas e ferramentas voltadas à sobrevivência, crescimento e expansão dos negócios”, isso ressalta a importância da procura de serviços qualificados para a melhor gestão do empreendimento. c) Fidelização de clientes: Para Moura (1997, p.57): “clientes são todos aqueles que adquirem e fazem uso dos produtos das empresas”. Os empreendedores relataram que no início de seus empreendimentos tiveram dificuldades para conseguir novos clientes e os fidelizarem. Relataram que por serem novos no mercado e por falta de experiência demoram um pouco para entender como funciona o mercado. Kotler e Keller (2012, p. 148-149), afirmam a que existem três atividades que ajudam no processo de fidelização de clientes, que são: a interação com os clientes, os programas de fidelidade e a criação de vínculos. Sendo assim é de suma importância que empreendedores fiquem atentos a esses pontos na relação com seus clientes. d) Falta de experiência: Dois dos empreendedores relataram que tiveram muita dificuldade no início de seus empreendimentos, pois não tinham experiência suficiente para administrar um centro de atividade física. Alguns pontos citados foram: não saber como precificar os serviços prestados, investir muito em matérias de pouca qualidade e preço alto, querer obter resultados significativos em pouco tempo. Segundo Fonseca (2017) em matéria publicada no site Exame expõe que “muitos empreendedores citaram a falta de experiência ou de conhecimento como um grande desafio na hora de começar a empreender”. Ou seja, é de extrema importância buscar conhecimento para minimizar os riscos e errar cada vez menos em seu empreendimento.

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Também foram solicitados que os proprietários relatassem dificuldades enfrentadas além das que foram citadas por nós no questionário que foi encaminhado para os mesmos. Os relatos foram os seguintes: TF 1: “No nosso caso, assim que inauguramos nosso estúdio veio a pandemia. Com isso a parte financeira ficou bem difícil. Fizemos um investimento grande e logo em seguida tivemos que fechar. Foi nosso maior desafio”. TF 2: “No início foi muito difícil pela fala de experiência que tínhamos, mas aos poucos fomos conseguindo entender como funcionava a dinâmica da coisa, além de muito esforço de força de vontade, fomos atrás de conhecimento com outros estúdios do Brasil”.

Isso deixa claro as dificuldades que um empreendedor pode enfrentar, evidenciando assim fala de Chiavenato (2007) que diz que um empreendedor deve ter disposição para assumir riscos decorrentes a seu investimento e autoconfiança para enfrentar os desafios que existem a seu redor. Quando perguntados sobre quais conselhos dariam para recém-formados e profissionais que já atuam que desejam empreender nesse ramo, os relatos foram os seguintes: TF 1: “Aproveitem o momento e vai sem medo. Com coragem e vontade para trabalhar vai dá muito certo. Sociedade já entendeu nossa importância. Só depende de nós fazermos a diferença, fazer bem feito”. TF 2: “Que pesquisem muito e conversem com donos de Studios. Penso que vale muito a pena o investimento”. TF 3: “ Vai sem medo! Tem mercado para todos nós! Primeiro ame o que faça, não é fácil, mas o amor pela profissão e maior ”.

O estúdio de “TF 2” ressalta de forma clara a importância dos estudos no tema trabalhado, isso deixa claro a relevância da pesquisa para futuros empreendedores ou para profissionais de educação física que desejam saber mais sobre o empreendedorismo no treinamento funcional. Diante dos dados e respostas coletadas, foi possível identificar alguns motivos que dificultam o empreendedorismo no treinamento funcional na cidade de Governador Valadares. Ficou evidente que o quesito financeiro é o maior rival de quem sonha em investir nessa área, porém não é a única barreira encontrada, a falta de preparo e experiência no mercado são outros fatores que prejudicam esse desejo em empreender no ramo.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo está relacionado a fatores que buscam compreender e identificar quais foram as principais dificuldades enfrentadas pelos empreendedores durante todo o processo de abertura do empreendimento, além de mensurar a popularidade da modalidade entre a classe de profissionais da cidade. A realização do questionário, através dos proprietários de estúdios de TF e profissionais de Educação Física bacharelados, fez com que os dados coletados e relatados mostrassem os principais fatores desta problemática na cidade. Os principais fatores que dificultaram o processo de empreendimento foram: investimento financeiro, setor administrativo, fidelização de clientes e a logística. Portanto, as estratégias de enfrentamento dessas dificuldades e no desenvolvimento de formas de um trabalho harmônico, devem-se focar no quesito financeiro por ser o contrariador dos que sonham em investir nessa área, contudo, a falta de preparo e experiência no mercado de trabalho faz parte dos motivos que prejudicam esse desejo de empreender no ramo. Após as pesquisas realizadas ficou evidenciado de forma clara que o tema trabalhado é muito carente de estudos e informações, foi de extrema dificuldade encontrar material científico em relação ao empreendedorismo no treinamento funcional, portanto, estudos que forem realizados abordando essa temática irão servir como base para quem deseja saber mais sobre a área e para quem deseja empreender nesse ramo. Conclui-se que diante das pesquisas feitas foi identificado que muitos profissionais demonstraram interesse em trabalhar com o treinamento funcional, por isso é fundamental propagar conhecimentos a respeito desta modalidade e seus benefícios. Sendo assim, é de extrema importância que os profissionais tenham uma direção, uma orientação de pessoas experientes e capacitadas os quais estão solidificadas na área, assim contribuindo no controle e autonomia profissional, pois incentivos e reconhecimento fazem com que o profissional arrisque e tente uma nova oportunidade, que seja precursor, este será um empreendedor.

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ABSTRACT

Functional training (TF) is a modality that works with natural movements that the human body performs during daily life, but in an intense and methodical way. This training provides numerous benefits to its practitioners such as: burning fat, gaining lean mass and strengthening the core. This paper aims to expose the difficulties faced by Physical Education professionals in the city of Governador Valadares who decided to undertake in TF. Two online questionnaires were used, where one was sent to owners of TF studios in the city where it was possible to identify the main problems faced during the process of entrepreneurship, and the other to Physical Education professionals, in order to measure the popularity of the modality among the students. class professionals working in the city. This project is a field research, is of the quali-quantitative type, where qualitative and quantitative methods were used to arrive at the results, in order to answer the problem “What are the difficulties of undertaking in the area of Functional Training in city of Governador Valadares? ”. The collected data and reports served for the project to be better developed. From this information and analysis, it can be concluded that among professionals in the city, TF is a modality with high popularity, and in relation to the owners of the studios, we identified several difficulties faced in the entrepreneurial process, the main ones being: financial investment, administrative sector, customer loyalty and lack of experience.

Keywords: Physical Education. Entrepreneurship. Valadares Governor. Functional training. REFERÊNCIAS

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APLICAÇÃO DAS FERRAMENTAS DA QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO (QVT) PARA REDUÇÃO DO ESTRESSE OCUPACIONAL

Luma Alves Godinho1, Marcos Aurélio Ferreira Martins1, Matthaeus Filipe de Jesus Alves1, Stéfane Ferreira Brandão1, Fenícia Helena Coelho Oliveira Lopes2

RESUMO

A QVT se tornou um diferencial das empresas no mundo atual onde a prática e a aplicação de seus métodos e ferramentas proporcionam ambientes saudáveis e atuam diretamente no bemestar dos colaboradores. A pesquisa se justifica por apresentar as ferramentas da QVT que possibilitam reduzir o estresse no ambiente de trabalho e suas consequências, pois na atualidade ainda parece existir empresas que não se importam com as condições de trabalho oferecidas e isso pode implicar na redução da qualidade e da produtividade dos serviços prestados pelo colaborador. O objetivo central é identificar as ferramentas da QVT que podem reduzir o estresse ocupacional e apresentar os benefícios da sua utilização, além de conceituar estresse ocupacional e Qualidade de Vida no Trabalho, e também explanar os efeitos do estresse no ambiente laboral. O método utilizado para a obtenção dos resultados foi uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa de caráter exploratório e analítico, consultando artigos científicos e livros que discorram sobre o presente assunto. Após a pesquisa, concluiu-se que a implantação das ferramentas é relevante por reduzir o estresse e prevenir possíveis agentes estressores, para que o ambiente se torne favorável ao colaborador, possibilitando o desempenho de suas tarefas de forma eficiente e eficaz.

Palavras-chave: Qualidade de vida no trabalho. Estresse ocupacional. Bem-estar. Organização.

1 INTRODUÇÃO No contexto atual das organizações, marcado pela forte concorrência do mercado, tem-se discutido muito sobre a qualidade de vida dos trabalhadores no que se refere ao bemestar e satisfação geral como parte que potencializa a competitividade das empresas. Diante

1

Acadêmicos do Curso de Administração da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares – FUPAC-MG.E-mail:lumagodinho@hotmail.com;mafmartins93@gmail.com;mathaeusfilipe@hotmail.com; stefane_2015@outlookmail.com 2 Mestrado em MA Social Policy. Graduada em Ciências Econômicas. Professora e Orientadora de graduação e pós-graduação da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares – MG. E-mail: fenicialopes@ymail.com

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dessa realidade, existem métodos e ferramentas utilizados pelo setor de Recursos Humanos (RH) que proporcionam um ambiente de trabalho caracterizado pela satisfação psicológica, física e social. Um conceito que influencia diretamente no ambiente organizacional, é a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), que desenvolve o nível de satisfação e motivação do funcionário. Segundo Chiavenato (2014), essa ferramenta faz com que a relação entre empregado e organização aconteça de maneira respeitosa para alcançar níveis de produtividade e qualidade elevados. O gestor da QVT se preocupa constantemente em facilitar e satisfazer o bem-estar do trabalhador na execução de sua tarefa, aumentando seu desempenho. Por isso, as empresas que se empenham em criar um ambiente agradável para os colaboradores trabalharem com qualidade estão proporcionando consequentemente ao consumidor satisfação pelos produtos e serviços adquiridos. A QVT estabelece, também, um ambiente favorável através de técnicas capazes de amenizar vários problemas referentes à saúde e bem-estar do funcionário na organização. Dentre os problemas, destaca-se o estresse ocupacional que pode impactar de forma negativa a qualidade e a produtividade dos serviços prestados pelos colaboradores. A ocorrência do estresse ocupacional tem sido um grande entrave para as empresas, uma vez que compromete o desempenho dos colaboradores causando sérias consequências como ansiedade, depressão e problemas de relacionamentos interpessoais que interferem nos resultados da organização (KNAPIK, 2011). Portanto, a pesquisa buscou a resposta para o seguinte questionamento: quais ferramentas da qualidade de vida no trabalho podem reduzir o estresse ocupacional? Partindo dessa problemática, o método utilizado para a obtenção dos resultados foi uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa de caráter exploratório e analítico, consultando artigos científicos e livros com ênfase nas obras de autores como Idalberto Chiavenato (2014), Janete Knapik (2011) e Ana Cristina Limongi-França (2004; 2007). A pesquisa se justifica por apresentar as ferramentas da QVT que possibilitam reduzir o estresse no ambiente de trabalho e suas implicações. O estudo é relevante porque, na atualidade, ainda parece existir empresas que não se importam com as condições de trabalho TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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oferecidas. Isso pode implicar na redução da qualidade e da produtividade dos serviços prestados pelo colaborador. Além disso, as empresas que demonstram cuidados com o empregado, através de ações voltadas para a qualidade de vida no trabalho, fazem com que eles se sintam mais seguros e satisfeitos para realizarem suas tarefas. Desse modo, a pesquisa está organizada em seções que abordam os conceitos de qualidade de vida no trabalho e estresse ocupacional, expondo os impactos do estresse no ambiente laboral, além de identificar as principais ferramentas da QVT, bem como apresentar os benefícios da sua utilização para reduzir o estresse no trabalho. As ferramentas analisadas na pesquisa são gestão do clima organizacional, programas de recompensas, comunicação na organização, incentivo à prática de exercício físico e ergonomia. Para finalizar, foi apresentada a conclusão sobre o assunto, mostrando a relevância da aplicação das ferramentas para as organizações.

2 QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta dos Recursos Humanos que prioriza o bem-estar dos colaboradores, ligada diretamente às questões psicológicas, biológicas e sociais na organização. Ela serve para tornar as experiências vividas no ambiente organizacional agradáveis, fazendo com que os indivíduos desempenhem suas tarefas de forma mais eficiente e eficaz. A importância da QVT para as organizações é motivar seus colaboradores, incentivando o aumento da produtividade e qualidade dos produtos e serviços. Isso permite que as organizações se destaquem, garantindo a elas um diferencial competitivo (CHIAVENATO, 2014). A QVT tem sido uma preocupação para o homem desde o princípio de sua origem como trabalhador, pois ele sempre procurou facilitar ou trazer satisfação e bem- -estar para si ao realizar suas atividades. Torna-se evidente, portanto, que assuntos relacionados à redução do mal-estar e de excesso de esforços realizados pelo ser humano em suas atividades laborais o acompanham desde as primeiras civilizações e, devido a isso, teorias e métodos foram desenvolvidos para sanar, ou amenizar, esses problemas (RODRIGUES, 1994).

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Para Fernandes (1996), a QVT é um programa que enxerga a necessidade do trabalhador ao desenvolver suas atividades, visando facilitar e satisfazê-lo, com a premissa básica de que os colaboradores quanto mais estiverem satisfeitos e envolvidos com o próprio trabalho, mais produtivos serão. Já Chiavenato (2002), diz que a QVT tem o objetivo de comparar diferentes posições: de um lado, o interesse das organizações quanto ao efeito da QVT na produção e no resultado, de outro, a reclamação dos trabalhadores quanto ao bemestar e satisfação no desempenho de suas atividades. Segundo Limongi-França (1996 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002) a QVT se caracteriza pela busca de melhorias no âmbito empresarial através de ações que visam à inovação gerencial, tecnológica e estrutural. Dessa maneira, entendese que a QVT não se resume apenas a uma ferramenta, mas a um conjunto de métodos capazes de modificar positivamente o ambiente de trabalho, proporcionando aos trabalhadores condições favoráveis para a realização de suas tarefas. Bergeron (1982 apud LIMONGI-FRANÇA; ARELLANO, 2002) diz que a QVT é uma filosofia humanista que prioriza a satisfação para aumentar a produtividade do colaborador através de métodos participativos. Uma organização que incentiva a cooperação de seus trabalhadores nos processos de melhorias das condições físicas, psicológicas e sociais, tende a se sobressair no cenário competitivo, pois, dessa forma, ela promove o engajamento das pessoas envolvidas nas atividades organizacionais para atingirem o objetivo proposto. A Qualidade de Vida no Trabalho também é vista como um conceito variável, ou seja, que não possui uma forma padrão para implementação de seus métodos e ações. Sendo assim, a QVT deve ser integrada na organização observando cada circunstância existente, considerando a individualidade de cada colaborador ao mesmo tempo em que aplica ações de caráter coletivo dentro das organizações, visando o bem-estar geral (BITENCOURT et al., 2004). No mesmo sentido do conceito de Bitencourt et al. (2004), Fernandes e Gutierrez (1988) dizem que não há atribuição precisa para a definição de QVT, mas que, em resumo, pode-se dizer que a QVT está relacionada às técnicas que têm por objetivo à satisfação dos trabalhadores como forma de potencializar as empresas. Nessa perspectiva, a promoção da

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QVT visa à reformulação das condições negativas de trabalho, melhorando o ambiente organizacional e, portanto, a situação do colaborador. Em relação às organizações, essas condições negativas estão ligadas, por exemplo, a existência de conflitos oriundos de relações interpessoais, pressões por parte da gerência em relação aos seus subordinados e malefícios à saúde causados por agentes estressores no ambiente ocupacional. Tudo isso leva os indivíduos do contexto organizacional a ansiarem pelo bem-estar e satisfação em realizar as tarefas provenientes de seus cargos dentro da empresa (LIMONGI-FRANÇA, 2004). Conclui-se que a QVT é fundamentada em conceitos de qualidade, produtividade e estratégia empresarial como forma de agregar valor competitivo ao negócio. Seguindo esse entendimento, vale enfatizar, também, que ela é responsável por tornar evidente a relevância de se ter conhecimento das pessoas e suas necessidades dentro da organização. Assim, ocorre um ajuste das questões organizacionais e dos interesses humanos, aumentando a possibilidade de se viver bem dentro das empresas através da administração do bem-estar geral (LIMONGIFRANÇA, 2004).

3 ESTRESSE OCUPACIONAL

Etimologicamente, a palavra “estresse” vem do inglês stress, que significa “tensão”, “pressão” ou “insistência”. Na linguagem comum denota-seque o “estresse é o conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica, infecciosa, e outras, capazes de perturbar-lhe a homeostase; estricção” (DICIONÁRIO AURÉLIO, 2009. p. 837). Psicologicamente, Knapik (2011) afirma que o estresse é um estado normal do indivíduo, pois ele atua como uma resposta às pressões ou confrontos, que surgem do meio onde ele está inserido, para resistir e se defender dos malefícios que essas situações podem causar. Ela ainda certifica que o estresse, em pequenas doses, pode induzir o homem à capacidade criativa e incentivá-lo a buscar seus objetivos. Para a autora, no entanto, o problema está relacionado à frequência que este indivíduo está exposto aos agentes ou situações de estresse, não dando a possibilidade de o organismo restabelecer o estado de condições saudáveis.

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De acordo com Fidelis e Banov (2007) o indivíduo exposto à situações de incertezas, pressões e níveis de esforços elevados durante um longo período de tempo está propício a desenvolver o estresse como uma doença, sendo prejudicial ao seu estado físico, emocional e comportamental. Entretanto, sua ocorrência depende da individualidade de cada pessoa em relação a sua percepção das circunstâncias da vida. O estresse ocupacional, por sua vez, é uma ramificação do conceito de estresse referente ao ambiente de trabalho. O estudo dessa temática se mostra relevante por estar ligado ao possível descobrimento de doenças associadas a fatores físicos, psicológicos e sociais, ocasionadas por diversos agentes estressores que perturbam o colaborador e prejudicam seu desempenho no ambiente laboral. Para Chiavenato (2014), o estresse ocupacional é a soma de perturbações orgânicas e psíquicas provocadas por elementos conectados ao ambiente organizacional. No contexto empresarial, alguns fatores como o autoritarismo e arbitrariedade do chefe, desconfiança entre as pessoas envolvidas na organização, cobrança excessiva que levam à exaustão por parte da gerência,

péssimos

relacionamentos

interpessoais

são

responsáveis

por

impactar

negativamente o colaborador e provocar-lhe o estresse no trabalho (CHIAVENATO, 2014). Nesse sentido, o estresse ocupacional, ao qual a maioria das pessoas está submetida nas relações de trabalho, é responsável por gerar um desgaste físico e emocional que pode causar alguns transtornos como depressões, ansiedades e doenças psicossomáticas, além de afetar diretamente o desempenho do colaborador na organização. Chiavenato (2014, p. 405) confirma observando o seguinte:

O estresse no trabalho provoca sérias consequências tanto para o colaborador quanto para a organização. As consequências humanas do estresse incluem ansiedade, depressão, angustia e várias consequências físicas como distúrbios gástricos e cardiovasculares, dores de cabeça, nervosismos e acidentes. Em certos casos envolvem abuso de drogas, alienação e redução de relações interpessoais. Por outro lado, o estresse também afeta a organização, ao interferir negativamente na quantidade e na qualidade do trabalho, no aumento do absenteísmo, na rotatividade e na predisposição a queixas, reclamações, insatisfação e greves.

Sendo assim, as empresas que se importam em proporcionar um ambiente empresarial com condições favoráveis de trabalho estão propícias a se destacarem no mercado,

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potencializando seus resultados. Em contrapartida, aquelas que não dão a devida atenção aos cuidados do ambiente organizacional estão comprometendo a saúde tanto sua, quanto de seus colaboradores. Isso porque um colaborador em condições precárias de trabalho está exposto aos agentes estressores que podem trazer consequências, sendo elas doenças derivadas do estresse ocupacional, que reduzam sua capacidade produtiva. Dentre as doenças provocadas pelo estresse ocupacional, pode-se citar a Síndrome de Burnout que para Knapik (2011) é um esgotamento físico e mental, capaz de provocar quadros mais graves de saúde e instabilidade emocional. Ela está conectada ao ambiente de trabalho e ocorre com maior frequência nos trabalhadores mais dedicados, porque eles persistem em realizar suas atividades mesmo com as condições desfavoráveis oferecidas pelas empresas (FIORELLI, 2009). Por outro lado, o engajamento do colaborador ao trabalho, sua devoção e disposição, não são responsáveis por provocar-lhe estresse, mas sim as condições ruins de trabalho oferecidas pela organização e o relacionamento do empregado com ela. Percebe-se, então, que o agravamento do estresse na vida dos trabalhadores não é advindo da forma como eles se dedicam espontaneamente a trabalhar pela empresa, mas da forma como eles são tratados pela gestão (KNAPIK, 2011). O estresse ocupacional também está relacionado com a capacidade de adaptação do colaborador às condições externas ou internas, ou seja, dentro ou fora da organização. Conforme essa capacidade se mantém em equilíbrio com as imposições feitas pela organização, pode-se dizer que há bem-estar; porém se os níveis de exigências ultrapassam a capacidade de realização, o que ocorre são situações de conflito e insegurança, prejudicando o desempenho do colaborador (LIMONGIFRANÇA; ARELLANO, 2002). Além disso, estresse ocupacional, segundo Guimarães (2013), pode ser visto como um processo em que ocorrem exigências de vários tipos provenientes do trabalho envolvendo agentes estressores causadores de tensão. Benevides-Pereira (2013) acrescenta que um mesmo agente estressor pode ser inofensivo para uma pessoa e prejudicial para outra, levando em consideração as circunstâncias vividas por cada uma. Portanto, a capacidade tanto da organização em oferecer um ambiente agradável, quanto da pessoa em lidar com as condições impostas pela empresa, ameniza os efeitos danosos do estresse. TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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Com relação ao ambiente físico organizacional, as empresas precisam se preocupar com as condições oferecidas ao colaborador para que eles possam desempenhar suas atividades de forma mais eficiente. Fatores como iluminação precária do local, ruídos elevados, poluição, vibrações excessivas, temperatura extremas, muita umidade, poeira, entre outros, podem exigir dos indivíduos expostos a essas circunstâncias, ao longo do tempo, uma maior adaptação do organismo, ocasionando o estresse (CODO; SORATTO; VASQUESMENEZES, 2004). Ainda sobre a organização, vale ressaltar que podem existir atividades desempenhadas pelo colaborador que contribuem para o estresse no ambiente de trabalho. Codo, Soratto e Vasques-Menezes (2004, p. 284-285) fazem um paralelo entre diversos tipos de atividades e suas relações com o estresse: Quanto à organização de um trabalho, atividades monótonas, repetitivas e fragmentadas predispõem mais ao estresse se comparadas com outras mais variadas. Como conseqüência de trabalhos que têm a monotonia como característica, alterações nas taxas hormonais e até mesmo o aumento dos riscos de doenças cardíacas têm sido observados. Esses resultados contrastam com aqueles encontrados em grupos de trabalhadores com atividades mais flexíveis e variadas. Além dessas alterações fisiológicas, a tensão psicológica também aparece como conseqüência de trabalhos repetitivos e monótonos.

Portanto, observa-se que o estresse, em doses equilibradas, é essencial para a vida do indivíduo. Entretanto, níveis elevados de exposição do colaborador às situações geradoras de estresse no contexto organizacional podem causar doenças físicas e psíquicas, diminuindo o seu desempenho. Sendo assim, é de responsabilidade das empresas proporcionarem um ambiente em que essas situações não afetem de forma nociva a saúde do trabalhador. Para isso, as organizações contam com alguns métodos e ferramentas relacionadas à promoção da qualidade de vida no trabalho capazes de aliviar o estresse no ambiente organizacional, que serão abordadas no próximo tópico.

4 FERRAMENTAS DA QVT

A QVT é um conjunto de métodos e ferramentas capaz de proporcionar ao trabalhador um ambiente saudável e harmonioso para que ele possa ser mais produtivo. Existem algumas ferramentas que tornam possível o alcance desse ambiente e trazem um impacto direto na vida física, psicológica, e social do colaborador. Dessa forma, a escolha das TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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ferramentas baseou-se no critério de promover a redução dos efeitos negativos do estresse no ambiente laboral em termos físicos e psicossociais. Sendo assim, serão descritas a seguir as principais ferramentas da QVT que se deu a partir da consulta das obras dos seguintes autores: Knapik (2011), Fidelis e Banov (2007) Limongi-França (2004; 2007), Robbins (2004), Guiselini (2006), Gonçalves e Vilarta (2004), Marques (2005), Branco et al. (2015), Kobayashi et al. (2017), Moraes e Vilarta (2004) e Barbosa et al.(2017).

Gestão do Clima Organizacional

O Clima Organizacional pode ser definido como um ambiente perceptível pelas pessoas da organização que interfere em seus comportamentos, tornando-os favoráveis ou desfavoráveis, e influencia o desempenho e a satisfação dos indivíduos (KNAPIK, 2011). As organizações que se destacam no mercado competitivo são aquelas que procuram gerir o clima organizacional para torná-lo adequado ao funcionário, elevando sua produtividade e, de modo consequente, os resultados da empresa. Ao iniciar o processo de gestão do Clima Organizacional, as empresas costumam executar a chamada Pesquisa de Clima que se constitui em analisar os dados levantados para buscar alternativas que diminuam a insatisfação de seus colaboradores (FIDELIS; BANOV, 2007). Nesse sentido, a Pesquisa de Clima é relevante por diagnosticar o ambiente da empresa e permitir o levantamento de dados positivos e negativos referente ao clima organizacional. É fundamental estabelecer uma gestão de clima visando proporcionar condições adequadas de trabalho e um ambiente harmonioso, onde os relacionamentos interpessoais possam ser saudáveis e a ocorrência do estresse, causado pelas relações conflituosas na organização, seja amenizada. Outro aspecto relevante a ser mencionado está relacionado aos indicadores que as empresas utilizam para avaliar o Clima Organizacional, como o absenteísmo e a rotatividade de funcionários. Através da alteração desses indicadores, percebe-se que há alguns problemas dentro da organização (conflitos interpessoais, sobrecarga de trabalho, entre outros); e para que eles não prejudiquem o clima, e não desenvolvam agentes estressores, são realizadas entrevistas, aplicação de questionários e avaliação do desempenho como forma de identificar as possíveis causas para, posteriormente, combatê-las (FIDELIS; BANOV, 2007). TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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A execução dos métodos realizados para a promoção da QVT, portanto, está intimamente relacionada à análise do diagnóstico adquirido através da pesquisa de clima. Dessa forma, as organizações conseguem nortear as medidas mais adequadas que serão adotadas em benefício de seus colaboradores, objetivando a melhoria do desempenho coletivo.

Programas de recompensas

Ao analisar a antiga visão que as empresas tinham a respeito das pessoas na organização, percebe-se que o fator humano era apenas uma parte pouco relevante que compunha todo o sistema corporativo. Por outro lado, nos dias atuais, o colaborador tem sido considerado como um fator gerador de vantagem competitiva e também como principal mecanismo de produtividade. Com a finalidade de melhorar o desempenho dos funcionários e aumentar seus resultados, as empresas, portanto, têm se preocupado em buscar métodos para a valorização dos seus colaboradores (LIMONGI-FRANÇA, 2007). Nesse sentido, algumas formas de valorização estão ligadas aos sistemas de recompensas que, de acordo com Fidelis e Banov (2007), podem ser financeiras, tendo como exemplo os salários, bonificações, comissões, entre outros; e não financeiras, como elogios, admiração, reconhecimento, autonomia no trabalho e tudo que não é relacionado ao pagamento em dinheiro, mas que eleva a individualidade do colaborador. Além disso, Limongi-França (2007) acrescenta que a parte mais importante das recompensas é a remuneração que é dividida em fixa, como os salários pagos mensalmente, e variável, tendo como exemplo as participações em lucros e resultados. Ainda sobre a recompensa financeira, o salário é um fator de satisfação e insatisfação do colaborador na empresa, pois ele está ligado diretamente a suprir as suas necessidades básicas. Porém quando o salário não atende a essas necessidades, surgem situações que podem gerar estresse no indivíduo e, se exposto a um longo período de tempo, comprometer seu desempenho dentro da organização. No mesmo sentido, a ausência da recompensa não financeira dentro das empresas colabora para que surjam conflitos geradores de estresse entre as relações do empregado com o empregador, isso porque o indivíduo que não percebe seus

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esforços e suas boas realizações serem reconhecidos com frequência, não se sente valorizado pela organização e não vê motivos para desempenhar seu trabalho da melhor forma (FIDELIS; BANOV, 2007). Portanto, percebe-se que as formas de valorizar o empregado dentro da organização são de suma importância para que ele sinta bem-estar e motivação em desempenhar suas atividades com maior engajamento. Em contrapartida, as empresas que não se atentam para os programas de recompensa fazem com que seus colaboradores se sintam desvalorizados e expostos às situações de estresse, que são causadas pela falta de enriquecimento de sua individualidade e também por não atender suas necessidades básicas, impactando no clima corporativo.

Comunicação na organização

No interior das organizações, a comunicação é fundamental para o bom desempenho das pessoas em suas atividades. Ela tem como base o estabelecimento da troca de informação entre os indivíduos para a tomada de decisão, age no controle comportamental determinando as regras e políticas organizacionais, facilita a motivação dos colaboradores deixando claro o que deve ser feito e transmitindo o retorno sobre o desempenho, além de ser o meio pelo qual as pessoas demonstram sua satisfação e insatisfação, através das expressões emocionais (ROBBINS, 2004). O processo da comunicação, segundo Limongi-França (2007), é um fluxo no qual existe o emissor que transmite (codifica) uma mensagem através de um meio (canal), e o receptor que recebe e decifra (decodifica) essa mensagem, expondo o feedback (retorno). A comunicação é definida, portanto, como uma troca de informações entre os envolvidos, e o seu sucesso está associado à compreensão da mensagem transmitida. Em contrapartida, as empresas podem se deparar com algumas barreiras capazes de dificultar o processo eficaz da troca de informações. Para Robbins (2004), as principais barreiras são a filtragem, que está relacionada à manipulação da informação devido ao temor ou desejo de agradar o superior; a percepção seletiva, onde o receptor seleciona e interpreta a informação de acordo com suas motivações e necessidades; a sobrecarga de informações, que TOTH - Ciência e Educação – vol.7 n.7 - 2021

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ocorre quando uma gama de informações é despejada no indivíduo ultrapassando a sua capacidade de processamento; e a linguagem, que é influenciada por algumas variáveis como a idade, a educação e a formação cultural utilizadas para interpretar as palavras. Segundo Robbins (2004), as organizações que desejam superar essas barreiras utilizam algumas ações para realizarem uma boa comunicação. O autor cita, por exemplo, a utilização de múltiplos canais, como sendo uma forma de despertar os sentidos dos receptores da mensagem através de vários meios de comunicação, aumentando a clareza para a compreensão; a realização de um bom feedback (retorno), porque através dele pode haver melhora no entendimento da comunicação dos indivíduos envolvidos; e a simplificação da linguagem, construindo uma mensagem simples e clara por meio de uma escolha cuidadosa das palavras. As empresas, entretanto, que se deparam com as barreiras anteriormente citadas apresentam dificuldades na comunicação, podendo gerar entre os colaboradores alguns problemas como a ansiedade, falta de compreensão, desmotivação, bem como os conflitos interpessoais (LIMONGI-FRANÇA, 2007). Esses problemas são propulsores de situações geradoras de estresse no ambiente de trabalho, sendo algumas das principais fontes de desgaste do colaborador que contribuem para seu baixo desempenho. Portanto, as empresas que conseguem diminuir a influência das barreiras no processo de comunicação estão fazendo com que ela se torne mais clara e eficiente. Isso é benéfico tanto para a empresa, que ganha com a agilidade em seus processos organizacionais, quanto para o colaborador, que fica menos exposto às situações geradoras de estresse.

Incentivo à prática de exercício físico

No contexto atual, as empresas precisam estar atentas à manutenção da saúde tanto emocional quanto física do colaborador, pois o seu desempenho está associado ao bem-estar que pode ser proporcionado pelas interações sociais e acontecimentos de seu cotidiano. No entanto, as suas experiências de vida, principalmente na área profissional, são marcadas por situações causadoras de estresse, que pode levar ao surgimento de algumas doenças e conflitos sociais. Nesse sentido, como forma de administrar o estresse na vida do funcionário

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com a finalidade de evitar possíveis problemas que podem afetar o seu desempenho, é importante que as organizações busquem desenvolver programas que incentivem à prática de exercícios físicos. Sendo assim, os programas de incentivo ao esporte são essenciais para a administração do estresse a fim de que ele não atinja níveis nocivos à vida do indivíduo. De modo regular e moderado, o exercício físico traz benefícios à saúde, pois ele é efetivo, ou seja, ele produz efeitos reais no funcionamento do organismo, gerando bemestar; duradouro, por proporcionar uma continuidade na satisfação do indivíduo; e econômico, pois diminuirá os gastos referentes aos tratamentos médicos (GUISELINI, 2006). Por outro lado, Gonçalves e Vilarta (2004) afirmam que os programas de incentivo à prática de exercícios físicos contribuem para a melhoria das relações sociais e familiares, bem como a saúde do trabalhador. No mesmo sentido, Marques (2005) acrescenta que os programas promovidos pelas organizações não devem ter apenas a função de favorecer a estrutura corporal, mas também fortalecer os relacionamentos entre os colaboradores e seus superiores. Assim, os colaboradores ao praticarem exercícios físicos se sentem motivados e dispostos a cumprirem suas atividades, além de promover a aproximação da base operacional com a gerência, proporcionando harmonia nas relações. Ainda sobre o incentivo à prática de exercícios físicos, uma das mais utilizadas pelas empresas é a realização da ginástica laboral, como forma de promover saúde ocupacional, melhorando a forma física do colaborador, além de estabelecer harmonia entre as relações interpessoais na organização. A ginástica laboral é um conjunto de exercícios físicos que tem o objetivo de trabalhar a respiração e a musculatura, além de corrigir a postura e combater danos gerados por esforços repetitivos, sendo sempre supervisionada por um profissional da saúde (BRANCO et al., 2015). Conclui-se que a execução de atividades físicas nas organizações tem implicações diretas no desempenho do empregado. Por meio delas é possível ter um crescimento na produtividade devido à melhoria da saúde dos colaboradores, além de proporcionar aperfeiçoamento nas relações de trabalho, o que contribui para a redução de situações geradoras de estresse no ambiente laboral. Também ocorre a redução do absenteísmo devido

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ao fato de que os empregados dispõem de uma boa saúde adquirida através de atividades físicas realizadas de forma contínua dentro da organização (BRANCO et al., 2015).

Ergonomia

Os avanços tecnológicos causaram um grande impacto na realidade das empresas da atualidade. Através deles tornou-se possível estabelecer um aumento na produtividade das organizações devido ao fato de novas técnicas, métodos e ferramentas terem surgido. Em contrapartida, os indivíduos tornaram-se o foco de preocupação das empresas por estarem expostos aos efeitos que as interações com essas tecnologias podem causar. Em alguns casos, nota-se que esses efeitos impactam de forma negativa na saúde, segurança e satisfação do colaborador, prejudicando seu desempenho. Dessa forma, a ergonomia se ocupa em estabelecer adequação e adaptação do ambiente laboral ao trabalhador, como forma de minimizar os problemas decorrentes dessa relação (KOBAYASHI et al., 2017). Segundo Moraes e Vilarta (2004), “a palavra ergonomia deriva do grego érgon significa trabalho e nomos, leis, podendo ser entendida como as ‘leis que regem o trabalho’”. Os autores também acrescentam que “a ergonomia pode ser aplicada em projetos de instalação e equipamentos, reorganização de ambientes, estruturas organizacionais e processos” como também auxiliar no descobrimento de “possíveis causas de doenças ocupacionais”. Desse modo, a análise ergonômica está ligada ao descobrimento das causas que contribuem para a sobrecarga do trabalho, sendo ela um fator gerador de estresse ocupacional, e também para a ociosidade, pois ela pode ser um motivo desencadeador de estresse no indivíduo que nota o desequilíbrio de trabalho entre ele e seus colegas (MORAES; VILARTA, 2004). Ainda sobre a ergonomia, Barbosa et al. (2017, p. 171) acrescentam o seguinte sobre a abrangência dessa ferramenta e os problemas encontrados nas organizações:

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Atualmente a ergonomia abrange setores de serviço, indústria, agricultura, construção civil, e até a vida diária, em afazeres domésticos ou no lazer. Focando nos problemas encontrados na organização do trabalho como aumento da carga horária, horas extras excessivas, ritmo acelerado e déficit de trabalhadores; em fatores ambientais como mobiliários inadequados, iluminação insuficiente, clima e vibrações; e em possíveis sobrecargas de segmentos corporais em determinados movimentos, causadas por força excessivas para realizar tarefas, repetitividade de movimentos e posturas inadequadas no desenvolvimento das atividades.

Portanto, nota-se que a ergonomia é uma relevante ferramenta que inclui diversas áreas de atuação do ser humano, e tem como objetivo a adaptação dos campos de operação as suas condições, visando sempre o melhor aproveitamento do tempo, a otimização das tarefas e a satisfação do indivíduo. Dessa forma, é possível adquirir um resultado positivo em relação à redução do estresse no ambiente de trabalho e melhorar o desempenho dos colaboradores nas organizações. Em consequência disso, ocorre o aumento da produtividade dos empregados e a melhora na qualidade da prestação de seus serviços, proporcionando resultados positivos às empresas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo apresentou a QVT e suas ferramentas como forma de redução do estresse no trabalho, que é responsável por ocasionar alguns problemas aos colaboradores, prejudicando seu desempenho. No entanto, o fator humano, sendo um dos recursos mais valiosos das organizações, parece não ser foco principal de preocupação. Dessa forma, a pesquisa se justifica por apresentar a relevância da promoção da qualidade de vida dentro das empresas como forma de garantir um diferencial competitivo num cenário de forte concorrência. A QVT como metodologia de promoção do bem-estar e satisfação pessoal se preocupa com o ambiente psicossocial das empresas, estabelecendo uma relação harmoniosa entre as pessoas do meio laboral, tornando-o menos suscetível a situações de conflito. Ela também visa melhorar o ambiente físico das organizações, proporcionando soluções para os problemas que podem ser encontrados e que interferem na realização das tarefas pelos funcionários. Seguindo esse entendimento, vale destacar que a aplicação dos métodos da QVT também é responsável por limitar o surgimento de situações geradoras de estresse no ambiente de trabalho. Como foi descrito no desenvolvimento da pesquisa, o estresse é um estado normal do indivíduo atuando como uma resposta às circunstâncias ameaçadoras para defendê-lo. Contudo a saúde do colaborador é prejudicada quando ele é submetido com frequência à situações que geram estresse, sendo necessário um tempo para o organismo se recompor. Dessa forma, a problemática da pesquisa foi respondida, pois identificou-se as principais ferramentas que amenizam o estresse no trabalho. As ferramentas encontradas

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foram a 1) gestão do clima organizacional, que visa estabelecer um ambiente favorável para as interações sociais; 2) programas de recompensas, que atua como uma forma de valorizar e reconhecer o desempenho dos colaboradores; 3) comunicação na organização, que busca melhorar a troca de informações para os objetivos serem alcançados; 4) incentivo à prática de exercício físico, que propõe qualidade de vida e melhor interação entre os colaboradores; e 5) ergonomia, que utiliza métodos para a adaptação do ambiente ao trabalhador. Os objetivos propostos para a pesquisa também foram alcançados, pois apresentou-se teoricamente os conceitos de estresse ocupacional e QVT, analisando os efeitos do estresse na vida do colaborador no ambiente de trabalho e identificando as principais ferramentas da QVT para a redução do estresse, bem como a descrição dos benefícios de sua utilização. Portanto, as ferramentas identificadas pela pesquisa são capazes de atuar diretamente na redução do estresse ocupacional, visto que elas agem de forma benéfica nos fatores físicos, psicológicos e sociais do colaborador na organização. Dessa maneira, nota-se a relevância na utilização dos métodos e ferramentas da QVT pelas empresas, pois quanto mais elas se importarem em suprir as necessidades dos funcionários, mais aptos a desempenharem as suas tarefas eles estarão, uma vez que são a principal fonte de produtividade das organizações e impactam diretamente nos resultados da empresa.

ABSTRACT

QVT has become a differential for companies in the current world where the practice and application of its methods and tools provide healthy environments and act directly on the well-being of employees. The research is justified by presenting the QVT tools that make it possible to reduce stress in the work environment and its consequences, because at present there still seems to be companies that do not care about the working conditions offered and this may imply a reduction in quality and quality. productivity of services provided by the employee. The central objective is to identify the QWL tools that can reduce occupational stress and present the benefits of its use, in addition to conceptualizing occupational stress and Quality of Life at Work, and also explain the effects of stress on the work environment. The method used to obtain the results was a bibliographic search with a qualitative approach of exploratory and analytical character, consulting scientific articles and books that discuss the present subject. After the research, it was concluded that the implementation of the tools is relevant for reducing stress and preventing possible stressors, so that the environment becomes favorable to the employee, enabling the performance of their tasks efficiently and effectively. Keywords: Quality of life at work. Occupational stress. Welfare. Organization.

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