TOTH - Ciência e Educação – vol. 3 n.3 – 2019 Página 19
TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
ISSN 2595-1866
TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
FUPAC
EXPEDIENTE
CORPO EDITORIAL Editor: Rogério Vieira Primo Secretária administrativa: Fernanda Aparecida Gomes Corrêa Normalização / Formatação: Mônica Machado Messeder Equipe técnica: Revisão: Mônica Machado Messeder Diagramação - Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Criação gráfica - Iris T. das Virgens Moreira Criação gráfica - Warley Vasconcellos da Cunha Corpo Editorial Científico: Rogério Vieira Primo Mirian Rodrigues Costa Ana Paula Campos Fernandes Sandra Maria Perpétuo Maria Helena Campos Pereira Wellesson Rodrigues Rosely Conceição de Oliveira Edmara Carvalho Novaes Luiz Patrício Neto Denis Gonçalves Silva Ana Karina Cabral Machado Pedro Avner Ferreira Quintino Maria de Fátima Martins Oliveira Leite
Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: E-mail: academicogv@unipac.br Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212-6700 - CEP – 35.032-200 http://www.unipacgv.com.br
TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n. 5 - 2020 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Semestral ISSN 2595-1866 p. 180 1 Administração . 2 Pedagogia. 3 Educação Física. 4 Periódico. CDD 21. ed. Mônica Machado Messeder – Bibliotecária CRB 6 – 3149
SUMÁRIO A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA PESQUISA : AS LIMITAÇÕES PARA ESTE EXERCÍCIO - UM NOVO OLHAR SOB A REALIDADE EDUCACIONAL ............... 11 Mirian Rodrigues Costa Rogério Vieira Primo A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS NÚCLEOS DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF), COM FOCO NA OBESIDADE. .................. 24 Jeane Carla Alves Rocha Alves Jessica Almeida Andrade Marcelo Ribeiro de Oliveira Renato Gonçalves Fernandes Luiz Patrício Neto Denis Gonçalves Silva Ana Paula Campos Fernandes GESTÃO ESCOLAR NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA: UMA ANÁLISE COM DIRETORES DE ESCOLA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES, MG .................................................................................................................................................. 44 Ana Carolina Ribeiro Chagas Ana Cristina dos Santos Danielle Amorim Lima Débora de Souza Silva Diniz Júlia Ribeiro Soares Sandra Maria Perpétuo Maria Helena Campos Pereira AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES. .......................................................................................... 64 Christiane de Cássia Magri Mariana Gessica Barroso Gomes Taciane de Freitas Silva Rogério Vieira Primo ATRIBUIÇÕES DA INSPEÇÃO ESCOLAR79UM ESTUDO COM PROFISSIONAIS DA ÁREA NO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES - MG. ....................... 79 Adna Helena Rodrigues Ana Maria Soares Hipólito Jéssica Loren Nunes Rocha Urailla Caroline da Silva Sandra Maria Perpétuo Maria Helena Campos Pereira
EFEITO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NO DECLINIO DA AUTONOMIA FUNCIONAL NA TERCEIRA IDADE ............................................................................... 89 Breno Santos de Moura Evandro Alves Soares Ivan Martins Alves Ana Karina C. Machado Wellesson Rodrigues Ana Paula Campos Fernandes A INFLUÊNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO RESULTADO DA EMPRESA............................................................................................................................. 102 Áquila Rodrigues de Jesus Coelho Rita Rodrigues Ferreira de Freitas Rosiane Soares Tomaz Vanderlúcia Martins Araújo Sandra Maria Perpétuo Edmara Carvalho Novaes A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................. 115 Alline Moreira de Andrade Izabella Moura Jullyana Fulgencio de Paula e Silva Raphaela Alves de Carvalho Sandra Maria Perpétuo A INACESSIBILIDADE PARA DEFICIENTES FÍSICOS PARAPLÉGICOS NAS ACADEMIAS DE MUSCULAÇÃO NA AREA CENTRAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG. .............................................................................................................. 127 André Luís Alves Vargas Márcio Ferreira Pimenta Yasmin de Oliveira Presce Cury Welesson Rodrigues Rosely Conceição de Oliveira Ana Paula Campos Fernandes
A PERCEPÇÃO DO IDOSO AOS BENEFÍCIOS ALCANÇADOS COM A SUA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS ............................................................................ 140 Dyego Muller Ferreira de Lima Leandro Plácido de Oliveira Magno Silvestre de Oliveira Silvana Cristina Pereira Welesson Rodrigues Ana Karina Cabral Machado Ana Paula Campos Fernandes PEDAGOGIA SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL DE GOVERNADOR VALADARES ....................................................................................................................... 152 Christiane Turíbio da Silva Gislaine Neves Araújo B. Gonçalves Gislaine Rodrigues do Amaral Tavares Layla Gomes de S. Batista Sandra Maria Perpétuo Maria de Fátima Martins Oliveira Leite A CAPOEIRA COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NO TREINAMENTO INDIVIDUALIZADO .......................................................................................................... 163 Ingrid Morhy Novais Tiago Duarte Moreira Rosely Conceição de Oliveira Pedro Avner Ferreira Quintino Ana Paula Campos Fernandes
EDITORIAL O lançamento de uma revista científica é sempre algo a ser saudado com entusiasmo, principalmente por ser mais uma contribuição ao trabalho intelectual dos que se dedicam à acumulação e difusão de conhecimento. Em sua essência, uma revista desta natureza é, sobretudo, um convite à exposição de resultados e pesquisas, para debate público, no sentido de realização da finalidade maior da academia que é disseminação do conhecimento bem como estimular a produção científica e o debate discente e docente. TOTH – Ciências e Educação - Nome escolhido entre muitas sugestões, pois expressa o significado real da sua intenção: - promover cultura e educação no meio acadêmico, fomentando nos alunos a busca pelo saber. TOTH deus da mitologia egípcia da escrita e da sabedoria. Os egípcios acreditavam que esse deus tinha criado os Hieróglifos. TOTH era também conhecedor da matemática, astronomia, magia e representava todos os conhecimentos científicos. A ideia pode ter demorado em processo de amadurecimento, mais valeu muito tê-la e desenvolve-la. Ela nasce em consequência, refletida, debatida, como esforço intelectual coletivo dos docentes e discentes da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Com periodicidade semestral, é um espaço multidisciplinar e que a mesma seja reconhecida pela qualidade dos trabalhos a ela submetidos, o que esperamos garantir por meio do rigor científico resultante da somatória da qualidade de sua Equipe Editorial e de diretrizes para Autores fundamentados no que é estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de documentos elaborados por esta importante entidade na área da normatização e normalização de artigos científicos e tudo o que esteja a eles relacionado acadêmica e cientificamente. Finalmente, é com grande satisfação que estamos lançando a primeira edição da Revista de Ciência e Educação da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares, agradecendo aos autores que acreditaram na seriedade desta proposta, que hoje se concretiza com a expectativa de que seja apenas a primeira de muitas edições que irão ao mesmo tempo divulgar e contribuir para que o conhecimento científico produzido para que sejam compartilhados com pesquisadores, professores, alunos e todos os que buscam conhecimento. Prof. Me. Rogério Vieira Primo Diretor Geral
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A EDUCAÇÃO ATRAVÉS DA PESQUISA: AS LIMITAÇÕES PARA ESTE EXERCÍCIO - UM NOVO OLHAR SOB A REALIDADE EDUCACIONAL
Mirian Rodrigues Costa * Rogério Vieira Primo **
RESUMO O artigo tem como objetivo identificar como os docentes desenvolvem e vivenciam o ensino associado à pesquisa durante o processo de formação de professores, quais as limitações e suas práticas. Atualmente, as pesquisas relacionadas a formação de professores apontam para uma imprescindibilidade de ressignificação da realidade pedagógica, que é tomada como produtora de diversos saberes inerentes à profissão. Dessa forma, o docente, em sua jornada, constrói e reconstrói seus saberes de acordo com as necessidades corriqueiras da sala de aula, segundo ainda, experiências profissionais, suas transcursões formativas e trajetória de vida. Este estudo foi concebido através de uma pesquisa de interpelação qualitativo e quantitativo, de caráter descritivo realizado a partir de questionário composto por questões objetivas e subjetivas, que foram elaboradas para investigar as limitações da prática da pesquisa na formação de docentes. No que se refere aos embasamentos teóricos, transcorreu pesquisas nas seguintes bases de dados: Scielo, Google acadêmico, livros, artigos científicos, periódicos e outros. O resultado desse estudo indica que o educar através da pesquisa possibilita ampliar a capacidade de alcançar a qualidade formal e a política na formação de professores. E é reconhecida pela elaboração de conhecimentos pertinentes, pela obtenção de habilidades profissionais e pelo aprender a aprender que tal abordagem oferta. Palavras-chave: Limitações Exercício Pesquisa Saberes 1 Introdução O conceito de pesquisa é algo intricado e a pesquisa científica salienta a produção criativa da informação e do saber de conhecimentos. Os pesquisadores apontam que no educar pela pesquisa os discentes passam a obter o papel de protagonistas e deixam o de coadjuvantes na sala de aula e em seu próprio aprendizado, pois transformam-se em indivíduos autônomos, aptos a ter domínio das próprias decisões, podem operar de maneira perspicaz e transformar o cenário em que vivem (GALIAZZI, MORAES, RAMOS 2003) .
_________________ * Enfermeira especialista em saúde do trabalhador, docente da Fupac e pós-graduanda em docência do ensino superior - E-mail: mirian.piano@hotmail.com** Professor de Graduação e Pós-graduação da FUPAC. Mestre em Administração. Especialista em Gestão Financeira de Empresas, Gestão Escolar, Gestão Empresarial e Educação Matemática. E-mail: rogerioprimo@unipac.br
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Assim sendo, pesquisar é uma forma conatural, biologicamente avançada, de aprender e compreender. E a tradição da exploração/pesquisa em sala de aula se dirige ao encontro dessa disposição congênita do ser humano de identificar a partir de suas predileções e de perguntas próprias pertencentes ao quotidiano, o enredo material, social e a sua sobrevivência. É exercício de compreender de forma independente e participativa. É ambiente de aprendizagem em que todos se comprometem no aprendizado do outro. Isto ocorre pela evolução da capacidade de produção própria, apontada pela habilidade em construir argumentos estabelecidos oralmente e pela particularidade das elaborações textuais (DEBUS, 2018). Este aprender a aprender não é apenas resultado da construção de uma nova categoria de ensino em sala de aula, como também proporciona à discente maior compreensão da aprendizagem. A pesquisa como método ou meio de formação de docentes, a cada dia ganha mais valor, pois se tem um grande desafio educativo neste âmbito em frequentes alterações: o de despertar nos alunos a postura investigativa frente ao conhecimento através da dúvida como estimulador da construção do conhecimento. Atualmente, as pesquisas relacionadas a formação de professores apontam para uma imprescindibilidade de ressignificação da realidade pedagógica, que é tomada como produtora de diversos saberes inerentes à profissão. Dessa forma, o docente, em sua jornada, constrói e reconstrói seus saberes de acordo com as necessidades corriqueiras da sala de aula, segundo ainda, experiências profissionais, suas transcursões formativas e trajetória de vida (NUNES, 2001). Hoje, o desafio da formação de professores dentro de outras concepções, se faz urgente e necessário, ao considerar as exigências postas pela realidade histórico-social do mundo atual. Vive-se num momento de crescentes incertezas e imprevisibilidade, em que o profissional, principalmente o professor, precisa ser criativo, autônomo, reflexivo e competente na sua dimensão mais integradora (ARAÚJO, FAVARÃO, 2004). Há de se questionar, como os professores desenvolvem e vivenciam o educar pela pesquisa e quais as principais limitações para execução da pesquisa durante o processo de formação de docentes. Na busca de entender melhor a relação do educar pela pesquisa e suas limitações, esse estudo se justifica devido à dimensão do tema na atuação desses profissionais na sociedade em que vivem (DEMO, 1997, 2003, 2010. HARRES, PAULA, 2015). A produção deste artigo teve como objetivo principal identificar como os docentes desenvolvem e vivenciam o ensino associado à pesquisa durante o processo de formação de professores, quais as limitações e suas práticas; e como objetivo especifica descrever a importância do educar pela pesquisa. Acredita-se que este estudo se torna necessário para TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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proporcionar o entendimento de que o educar pela pesquisa é ainda, incitar o aluno a curiosidade por algo desconhecido, estimulá-lo a buscar respostas, a ser proativo, a compreender e a iniciar a produzir ideias próprias. Nesse sentido, é também um desafio para o professor transformar seus meios didáticos, (re) edificar um projeto pedagógico, (re) compor seus próprios artigos científicos, (re) criar material didático e recuperar reiteradamente sua competência. Este estudo foi concebido através de uma pesquisa de interpelação qualitativo e quantitativo, de caráter descritivo. Quanto aos instrumentos de coleta de dados, foi realizado a partir do procedimento técnico de levantamento com questionário composto por questões objetivas e subjetivas, que foram elaboradas para investigar as limitações da prática da pesquisa na formação de docentes. No que se refere aos embasamentos teóricos, transcorreu pesquisas nas seguintes bases de dados: Scielo, Google acadêmico, livros, artigos científicos, periódicos e outros.
2. Desenvolvimento 2.1. Educar pela pesquisa A pesquisa encontra se inerente a necessidade que o ser humano possui de encontrar respostas, meios de resoluções para dúvidas existentes, asserções que os leva a executar inquirições que possam confirmar, indagar e obter novos saberes, ela estimula o desenvolvimento de novas técnicas, afim de recriar e percorrer a realidade múltipla (JUSTINO, 2011). A pesquisa denota-se como um instrumento impulsionador do trabalho do docente, e reflete na técnica de ensino e aprendizagem, está inserida nas práticas diárias do ambiente educacional. Promove interação entre docente e discente para conhecer e discernir vários recursos materiais na procura de novos saberes. É vista e defendida por especialistas como gênese da construção docente, viabiliza a conversão dos saberes voltados para a prática educacional (JUSTINO, 2011). Percebe se que o educar através da pesquisa, direciona o aprender a aprender, engendra que escrever torna se forma de pensar, isto é, pela atividade da escrita descobre-se um novo pensar, algo inovador. O método tradicional inverte-se. “Do pensar para escrever desenvolvese o escrever para pensar”. Durante muito tempo, a prática pedagógica docente foi alicerçada na transmissão de conhecimento através de uma orientação marcada pela autoridade e saber do professor. Nesse contexto, evidenciavam-se as verdades historicamente construídas, plausíveis apenas de serem memorizadas pelo aluno. O aluno passivo a estas informações conferia unilateralidade docente no meio pedagógico. Não existia espaço para abertura de dúvidas e indagação dessas verdades. Esses pressupostos indicam uma pedagogia tradicional ou como denomina Becker (2003), uma pedagogia diretiva. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Questionar é o princípio de qualquer recurso de aprendizagem. É através de uma falta, de uma incerteza, que ocorre a ação a procura do conhecimento. A indagação do discente é o ponto primordial para todos os métodos de aprendizagem da pesquisa. As dúvidas e inquirições devem advir de ideias prévias do aluno e de seu contexto e levá-lo a conjecturar outras possíveis respostas, outros pontos de entendimento acerca do fato que é centralizado suas indagações. É imprescindível, então, que esses novos conhecimentos sejam explanados através de reflexões severas e ordenado, a fim de respaldar o novo saber, de maneira coesa e racional para o indivíduo. Para essa argumentação, é fundamental a existência do diálogo entre colegas, com o docente, com o mundo que o veda a “realidade”, e com autoridades na área. A vista disso, através do processo de escrita, essas premissas passam a ser desenvolvidas e estabelecidas (HARRES, PAULA, 2015). A concepção de argumentos como a criação de nova síntese que vem implementando neste meio progressivo, ciente de que somente questionar é insuficiente, o que expressa, o aperfeiçoamento das verdades produzidas, das indagações construídas ao enfocar uma parte da realidade para o ensino. Esta etapa se estabelece na geração pela qual dando início da prática de ler e aprofundamento investigativo, o educando segue para experimentações e sistematizações dos saberes adquiridos (MORAES, LIMA 2002). E para ocasionar o processo investigativo/pesquisa, faz-se necessário, a busca de conteúdos para incentivar o discente e a partir disso, a encontrar geradores de pesquisa. Este método deve estimular a decisão conjunta, como docentes e discentes, a romper com a didatologia de ensinar somente com exposição do professor e aprender na “passividade aluno”, e dessa forma, instituir alterações no meio de ensino aprendizagem para desenvolver um trabalho coletivo, onde todos indivíduos são atores e cooperadores em um determinado projeto. O incentivo, nesse processo, é de extrema relevância para que assim os discentes realizem suas próprias interpretações. É fundamental elaborar oportunidades de aprendizagem que os levem a elucidar com autonomia, a reproduzir o conhecimento e ações do estudo, estimulando-os a elaborações próprias, deixando de ser objeto para sujeitos ativo do processo. A remodelação se dá a partir do que já se conhece, ou seja, do conhecimento histórico, pois a originalidade está na interpretação própria, na reelaboração pessoal, que implica em um processo enigmático e evolutivo (DEMO, 2010). Portanto, faz se necessário reconhecer as experiências culturais e sociais dos discentes, do mesmo modo que ofertar um ambiente preparado e organizado contendo materiais voltados as necessidades curriculares e propiciar um acesso facilitado aos educandos para progresso desta ideia de se educar através da pesquisa.
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2.2 Limitações do ensino com pesquisa no processo de formação de professores A dinâmica de valorização da pesquisa durante o processo de formação de professores teve início na década de 60 na Inglaterra, em currículos elaborados pelas escolas de inovação. No Brasil, essa formação transcorreu no final dos anos de 1980 e teve como princípio o estudo da didática (ROMANOWSKI, 2012). A pesquisa desempenha um papel político-social de suma importância durante o desenvolvimento de professores, em razão à inserção do discente no contexto da realidade investigada. Neste sentido, a universidade, enquanto agência formadora deve possibilitar meios de aprendizagem que possam associar teoria e prática através de uma organização curricular fomentadora do exercício da pesquisa em todas as etapas do processo de formação acadêmico-profissional para que assim, o aluno tenha bom desenvolvimento e adquira maior segurança e habilidade (GALIAZZI, MORAES, RAMOS 2003). Dessa forma, nas concepções teóricas investigadas constatou se uma precariedade na formação de docentes e discente, indicando em seus processos de desenvolvimento escolar/acadêmico um entrave para a dinâmica da pesquisa em sala de aula. E resgatam a escola básica como agência formadora, impassível a aplicação da pesquisa, o que pode reunir desconformidade significativas ao discente quando este se adentra em ambiente universitário e onde a pesquisa deve ser estimuladora da aprendizagem, pois percebem essa prática muito frequente nas disciplinas finais dos cursos superiores, porém quando desafiados a realizar este tipo de estudo, sentem-se despreparados, sem conhecimento e habilidades prévias para atuarem neste contexto (DEMO 1997, HARRES, PAULA 2015). Para Robinson, McMillan (2006), a pesquisa e a análise podem ser visualizadas como instrumento elementar para formação de professores aptos a perscrutar sua disciplina, os cenários políticos em que atuam e as situações sociais relacionadas a escolaridade. A educação pedagógica encontra se inserida em um vasto contexto com diversos indivíduos envoltos do processo do saber, além da temática, docente e discente. Para encorajar a correta aprendizagem, faz se necessário a formação completa do educando no âmbito político, econômico e social que interferem no processo educacional. A didatologia, o ensino e a aprendizagem são fenômenos que sobrevêm de acordo com o local pertencente ao indivíduo, há troca de saberes através de princípios, atributos, significados e valores retratados. A prática de ensinar está voltada para o professor, enquanto a aprendizagem destina se ao aluno, sendo possível relacionar a educação, o elo entre docente e discente; e o meio didático empregado (JUSTINO, 2011). Conforme Romanowski (2012) é considerável analisar o papel do docente na produção de conhecimentos técnicos científicos, pois ao examinar e identificar os problemas, há maiores probabilidades de apontar e sugerir novas direções, a fim de promover mudanças.
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A pesquisa é um importante fator que guia a formação docente e que oportuniza a evolução cientifica. Dessa forma, ao desenvolver uma pesquisa, o docente passa a obter novas reflexões do conteúdo estudado (JUSTINO, 2011). Para Mercado (1998) é imprescindível impulsionar a pesquisa e conduzi lá de encontro ao discente, e predispor se à vasta exploração de descoberta que ele ofertará para sua formação profissional/acadêmica. A precariedade de escrita e leitura se constituem em habilidades básicas que faltam para a arte de argumentar, de colocar-se frente a um fato, ou um fenômeno. Assim, questionase, como levar adiante uma formação acadêmica de qualidade, se o aluno não traz consigo as ferramentas necessárias? Ramos (2002, p.32), alerta que “{...} é necessário que as crianças e jovens sejam desafiados a apresentar e defender suas posições com o conteúdo lógico e a retórica possível, tendo à frente opiniões e posições de seu contexto próprio”. Desta forma entende-se que a formação para a pesquisa deve ser uma preocupação em todos os níveis de ensino, nos quais a partir das propostas pedagógicas, o aluno seja orientado a ler, discutir, analisar, propor, refletir e escrever com a própria mão. (DEMO, 1998). Assim, entende-se que este autor está se referindo a não estar preso a cópias de conteúdo, ou aos constantes ensinamentos bancários com apenas transmissão de conteúdo pelo professor, e ainda sem estar preso a outros ensinamentos que por ventura esteja condicionado a uma aprendizagem decorativa, e sim ao processo de pesquisa e construção de um conhecimento que o leve à leitura do todo, análise, e a síntese dos pontos fundamentais para atingir as propostas daquilo que é a finalidade do trabalho. A pesquisa é um método de investigação que engloba diversos mecanismos básicos para a realização e conclusão. É um agrupamento de técnicas que objetiva gerar e obter novos saberes no campo cientifico, afim de contribuir em diferentes áreas do conhecimento (JUSTINO, 2011). “No conjunto das descrições evidencia-se que educar pela pesquisa leva a aprender a aprender” (DEMO, 1997). É exercício de compreensão e prática de forma autônoma e participativa; é o caminho de aprender em que todos são envolvidos na aprendizagem alheia. Isto ocorre por meio do desenvolvimento da competência de elaboração própria, indicada pela habilidade em criar argumentos firmados oralmente e pela qualidade das produções textuais dos envolvidos. Este aprender a aprender não é apenas decorrente da construção de um novo modelo de ação em sala de aula, como também proporciona aos alunos mais compreensão quanto à incompletude total da aprendizagem. Neste modelo de disciplina, se aprende a permanecer na busca sobre um mesmo assunto. O assunto não vai estar pronto, finalizado. O aluno constantemente vai aprender algo novo, e isso se torna um processo permanente (DEBUS, 2018).
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Conforme Demo (2003, p. 2), “educar pela pesquisa tem como condição primária que o profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como princípio científico e educativo e a tenha como atitude cotidiana”. Ainda segundo o autor, a intenção não é de tornar o professor em um pesquisador profissional, especialmente na educação básica, uma vez que não a sustenta em si, mas como principal recurso educacional. Não se busca um indivíduo profissional da pesquisa, mas sim um profissional da educação através da pesquisa. Para que o projeto de educação através da pesquisa intercorra em ambientes escolares alega se que o professor deve ser, orientador do processo de discussões reconstrutivas pelo discente, o que requer do docente um novo olhar e uma conduta singularizada diante das questões de ensino e aprendizagem. Esse repensar acerca da educação, possivelmente, percorre o campo da formação profissional. De acordo com Demo (2003), o planejamento de educar pela pesquisa propõe o mínimo de quatro pressuposições primordiais: a) A certeza de que a didatologia pela pesquisa é a total característica da educação escolar e universitária; b) o reconhecimento de que as indagações reconstrutivas com propriedade formal e política é a essência do processo de pesquisa; c) a indispensabilidade de fazer da pesquisa, um hábito rotineiro tanto no professor quanto no aluno e d) o conceito de educação como um meio de formação da competência histórica humana. De acordo com a primeira pressuposição, apesar da educação ocorrer em vários cenários da vida quotidiana, é na escola que a pesquisa surge especificamente como meio educativo. Segundo ele, “a base da educação escolar é a pesquisa, não a aula, ou o ambiente de socialização, ou a ambiência física, ou o mero contato entre professor e aluno” (Demo 2003). Declara ainda que a escola alicerçada em apenas transcrever material didático, não se difere de nenhum outro espaço onde o discente aprende a reproduzir (DEMO, 2003). O “questionamento reconstrutivo com qualidade formal e política” é a segunda pressuposição para a educação por meio da pesquisa. Segundo ele, essa propriedade deve estar presente seja qual for o nível de ensino do pesquisador, uma vez que as indagações e a reorganização são atitudes relacionadas a esse elaborar e se adequam aos vários estágios. Conceitua “indagações” como relativo “à formação do sujeito competente, no sentido de ser capaz de, tomando consciência crítica, formular e executar” (Demo 2003). A terceira pressuposição demonstra que a pesquisa deveria ser uma prática didática habitual, “trata-se de ler a realidade de modo questionador e de construí-la como sujeito competente”, em uma ação que passe a instituir o sujeito. Ainda conforme ele, para que isso ocorra, é necessário que docente e discente se reconheçam como indivíduos competentes para o processo de pesquisa (Demo 2003). Enfim, o quarto pressuposto expõe o pensamento de que a educação é o “processo de formação da competência humana histórica”. Essa competência esclarece o autor, seria a propensão/habilidade de “saber fazer e, sobretudo, de refazer permanentemente nossa relação com a sociedade e a natureza”. A partir de indagações reconstrutivas existe a perspectiva do TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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aparecimento de um sujeito construtor da história baseando nas possibilidades que surgem voltadas para sua competência. Demo não indica receitas ou passo a passo para a execução da teoria do Educar pela Pesquisa porque, segundo ele, receitas prontas são inconsistentes com o conceito da competência. Ou seja, um docente habilidoso, estabelecido a partir da educação pela pesquisa coerente é capaz de desenvolver seus métodos de educação por meio da pesquisa que, por sua vez, permite a constituição de novos indivíduos competentes. Educar pela Pesquisa também, instigar o aluno a curiosidade por algo não visto ou vivenciado e, incentiva ló a buscar respostas, a ter atitude, a entender e a elaborar suas próprias ideias.
3 - Resultados e reflexões Após coleta de dados através de questionário com 12 (doze) docentes, foram constituídas análise de conteúdo. O presente estudo ao inquirir o ensino com pesquisa no processo de formação de professores dialogou com os teóricos que refletem sobre o tema e com as realidades investigadas - Instituição do Ensino Superior Privada. Já foi descrito que esta pesquisa tem como questões centrais: Como os professores geram e vivenciam o ensino associado à pesquisa durante o processo de formação de docentes; e quais as limitações para a execução da pesquisa durante o processo de formação de docentes? Diante disso, constatou se que a maior limitação concernente ao ato de aprofundar e desenvolver novos conhecimentos durante o desenvolvimento enquanto professor se correlaciona com o desinteresse por parte dos discentes – Conforme GRAF I, contudo, percebe se mediante aos resultados obtidos através das entrevistas, que tal atitude é de extrema relevância durante o processo de educar, como demonstra no GRAF II. Enquanto que no tocante aos princípios teóricos, os resultados foram quase congêneres, já que 34% acreditam estar relacionadas à ética e 33% a formação acadêmica – Vide GRAF III
Limitação do exercício da pesquisa em sala de aula - GRÁFICO I
Baixo recurso 21%
Absteu -se de responder 5%
Desinteresse pela parte dos discentes 48%
Falta de incentivo 26% Desinteresse pela parte dos discentes
Falta de incentivo
Baixo recurso
Absteu -se de responder
Fonte: Entrevista semiestruturada
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Os discentes desempenham um importante papel no processo de ensino aprendizagem, uma vez que são corresponsáveis por seu desenvolvimento pedagógico. Para os docentes entrevistados, a falta de interesse por parte dos alunos em buscar conhecimento técnico científico e criar trabalhos dessa categoria, torna se uma das maiores limitações, tendo em vista o encargo que é para produzir materiais e ofertar através de aulas expositivas e práticas em sala, além de que, se o discente não apresenta interesse/afinidade em desenvolver artigos, dissertação e /ou teses, não produzirá, exceto para fins de aprovação em graduações e pós-graduações lato sensu e stricto sensu. Importância do educar através da pesquisa - GRÁFICO II Abteu se de responder 8%
Extrema importância
Abteu se de responder
Extrema importância 92%
Fonte: Entrevista semiestruturada
De acordo com os docentes, apesar de muitos alunos apresentarem desinteresse pela pesquisa, isso não a torna desnecessária ou mesmo irrelevante, ao contrário, demonstra a precariedade durante o processo didatológico, uma vez que, permite entender que se, para os discentes a pesquisa não apresenta significância positiva, é por que ainda não pôde compreender a tamanha importância que é na vida acadêmica e profissional, seja qual for a área de atuação.
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Princípios teóricos – GRÁFICO III Interdisciplinalidade 11% [NOME DA CATEGORIA] [PORCENTAGEM] Absteu -se de responder 22%
Ëtica
Formação acadêmica 33% Formação acadêmica Absteu -se de responder
Interdisciplinalidade
Fonte: Entrevista semiestruturada
Em relação aos princípios teóricos, a ética ganhou maior espaço, conforme avaliação dos professores (34%), pois através dela, se dá o grande desenvolvimento acadêmico/profissional. No entanto, para outra grande parte dos entrevistados (33%), acreditam estar relacionado a formação acadêmica, ou seja, a instituição formadora, possui grande capacidade de intervenção, positiva ou negativa sobre a visão futura do aluno referente ao educar através da pesquisa. Demo (2010) menciona acerca da importância de o aluno exercer a autonomia, criando seu próprio texto, aprender a expressar-se diante da autoria, enfatiza também que o professor que sabe pensar, cuida de excitar a formação de um aluno que sabe raciocinar, sendo capaz de divergir do professor, desde que tenha argumentação, exigindo do professor atitude aberta ao diálogo. Hurd (1997) destaca que as pesquisas científicas têm hoje caráter social sendo capaz de envolver profissionais especialistas em várias disciplinas, e que a relação entre a ciência, as tecnologias e a sociedade se consolidam. Stephen Norris e Linda Philips (2003) argumentam, que ler e escrever são competências necessárias para alfabetização científica, uma vez que todos os conhecimentos considerados pelo corpo científico devem passar por avaliações e decisões que se dão, na maior parte, através da publicação de artigos e teses. Enfatizam que ter habilidade de leitura e escrita são requisitos essenciais, entretanto, insuficientes para alfabetização científica. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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4 Considerações finais O resultado desse estudo indica que o educar através da pesquisa possibilita ampliar a capacidade de alcançar a qualidade formal e a política na formação de professores. E é reconhecida pela elaboração de conhecimentos pertinentes, pela obtenção de habilidades profissionais e pelo aprender a aprender que tal abordagem oferta. No que tange a qualidade política que aflora por meio do educar pela pesquisa, apresenta-se em forma de autonomia gradativa, da capacidade crítica e da habilidade para transformar as realidades em que o futuro docente estará envolvido. Mediante ao analisado, as limitações durante o processo de formação de professores se dá principalmente pelo desinteresse por parte dos alunos e têm sido factualmente criticadas pela incapacidade de fornecer vínculo complementar entre teoria e prática. Defende-se a ideia de que o educar através da pesquisa é o modo e ambiente de formação que oportuniza vencer esta limitação, porque o educador e o educando, através desse exercício, podem desenvolver suas próprias teses pedagógicas. Cabe destacar ainda que prática da leitura é importantíssima para o desenvolvimento do pesquisador sendo discente e/ou docente, não bastando apenas ler, mas saber realizar tal ato. Ler bem é o ponto essencial para ampliar e desenvolver a capacidade de escrever. As atividades de pesquisas bibliográficas possibilitam o desenvolvimento de assuntos e também a reestruturação daquilo que já foi construído para elaboração de trabalhos científicos, é necessário ir as fontes, aos mais variados autores e livros. A leitura expande e integra conhecimentos, abre os horizontes do saber, enriquece o vocabulário, facilita a comunicação, disciplina a mente e aumenta a consciência; lendo constrói-se a própria ciência e habilita para a pesquisa do novo. Dessa forma, sugere se que a instituição enquanto formadora, oferte de forma obrigatória semestralmente trabalhos avaliativos em forma de pesquisa, para que dessa forma o aluno se familiarize e tome a pesquisa como algo rotineiro.
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EDUCATION THROUGH RESEARCH: THE LIMITATIONS FOR THIS EXERCISE - A NEW LOOK UNDER EDUCATION REALTY
ABSTRACT
The article aims to identify how teachers develop and experience the teaching associated with research during the process of teacher education, what are the limitations and their practices. Currently, research related to teacher education points to an indispensable resignification of the pedagogical reality, which is taken as a producer of various knowledge inherent to the profession. Thus, the teacher, in his journey, builds and reconstructs his knowledge according to the ordinary needs of the classroom, according to professional experiences, his formative transcursions and life trajectory. This study was designed through a descriptive qualitative and quantitative interpellation survey conducted from a questionnaire composed of objective and subjective questions, which were designed to investigate the limitations of research practice in teacher education. Regarding the theoretical foundations, researches were conducted in the following databases: Scielo, google academic, books, scientific articles, journals and others. The result of this study indicates that educating through research makes it possible to expand the ability to achieve formal quality and policy in teacher education. And it is recognized for building pertinent knowledge, gaining professional skills and learning to learn what such an approach offers. Keyword: The limitations of this exercise, search and different knowledge
REFERÊNCIAS
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A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NOS NÚCLEOS DE APOIO A SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF), COM FOCO NA OBESIDADE.
Jeane Carla Alves Rocha Alves*, Jessica Almeida Andrade*, Marcelo Ribeiro de Oliveira*, Renato Gonçalves Fernandes*, Luiz Patrício Neto**, Denis Gonçalves Silva***, Ana Paula Campos Fernandes*** RESUMO Atualmente a obesidade é considerada um problema de saúde pública. O presente artigo teve como objetivo geral avaliar a importância da atuação do Profissional de Educação Física com indivíduos obesos nos NASF’s. Trata-se de estudo observacional, descritivo, de corte transversal utilizou-se uma abordagem qualitativa e quantitativa, foi realizada revisão bibliográfica integrativa. O método de coleta de dados foi a aplicação de questionários através do formulário do Google Drive a dez profissionais que compõem as equipes da cidade. Dentre os resultados alcançados, destaca-se: 50% dos profissionais disseram atualizar seus conhecimentos através de sites de busca; 66,7% dos indivíduos considerados obesos procuram pelo serviço de saúde; 83,3% utilizam o IMC como método de avaliação; 83,3% interagem uma vez por semana com sua equipe; 100% considera importante a criação de grupo específico para indivíduos obesos. Segundo os profissionais entrevistados, as atividades que proporcionam melhores resultados são: hidroginástica, exercício aeróbico, treinamento funcional, caminhada orientada, combinação de exercícios aeróbicos e anaeróbicos. Por fim, a atuação do profissional de Educação Física é fundamental para diminuição dos níveis de obesidade da população. O estudo sugere a criação de grupos específicos para trabalhar a obesidade considerando que se trata de uma epidemia mundial, que atinge crianças, adolescentes e adultos. Além disso, tende a proporcionar maior diálogo entre os profissionais da equipe. Por fim, além dos benefícios para o indivíduo, pode haver também redução dos gastos públicos com intervenções cirúrgicas e esse recurso ser revertido para capacitação da própria equipe e melhoria nas condições de trabalho. Palavras-chave: Profissional de Educação Física. NASF. Equipe multiprofissional. Obesidade. 1 Introdução A obesidade vem sendo tratada como um problema de saúde pública considerando o aumento da população obesa no mundo (CAMARGO, 2017). *
Acadêmicos do curso de Educação Física Bacharel da FUPAC. E-mail: jeane.cr.alves@hotmail.com; jessicaalmeidacz@gmail.com; cellomk2@gmail.com; renatogf_tur@hotmail.com ** Professor orientador. Graduado em Enfermagem pela Universidade Vale do Rio Doce. Especialista em Gestão em Serviços de Saúde. Mestre em Gestão Integrada do Território. E-mail: luiz.patricio@saude.mg.gov.br *** Professor Co-orientadora. Graduado em Educação Física Licenciatura e Bacharelado. Especialização em Fisiologia do Exercício e Treinamento de Força. Especialização em Educação Física Escolar. Especializando em Docência no Ensino Superior. Especializando em Gestão do Cuidado em Saúde da Família UFMG. Docente das Disciplinas da FUPAC E-mail: denisgsilva@gmail.com *** Professora Co-orientadora. Discente da disciplina Projeto de Pesquisa em Educação Física. Graduação em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com.
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A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de adultos no mundo estarão com sobrepeso e mais de 700 milhões obesos. Projeções apontam aumento de 40% da população obesa nos EUA, 30% na Inglaterra, e 20% no Brasil (CONDE; BORGES, 2011). Segundo Camargo (2017), a obesidade é definida como acúmulo excessivo de gordura corporal que acarreta prejuízos à saúde do indivíduo; embora seja considerada como uma doença crônica e multifatorial tem sua origem pouco conhecida. Ainda segundo esta autora,
O aumento da epidemia da obesidade teve seu início por volta dos anos de 1970 e 1980, ocorrendo inicialmente nos países de alta renda. Desde então, este agravo passa a atingir, também, os países de média e baixa renda (CAMARGO, 2017, p. 11).
No Brasil, neste período, mudanças socioeconômicas trouxeram alterações nas condições de vida da população havendo uma inversão dos indicadores nutricionais caracterizada pela queda significativa da desnutrição em contrapartida ao aumento da obesidade. Devido à gravidade da doença e as altas prevalências registradas no mundo, vários estudiosos têm buscado compreender o fenômeno da obesidade e as suas consequências para saúde. O presente artigo tem como objetivo avaliar a importância da atuação do Profissional de Educação Física com indivíduos obesos nos NASF’s, identificando quais atividades proporcionam melhores resultados, além de prevenir a incidência de problemas de saúde na população obesa melhorando, assim, sua qualidade de vida. Sabe-se que obesidade atualmente é considerada um problema de saúde pública. A realização de um trabalho bem elaborado, orientado e realizado por profissionais capacitados pode ser um caminho para diminuição desse quadro epidemiológico. Além disso, pesquisas apontam que os gastos com cirurgias bariátricas no Brasil é significativo. Acredita-se que o trabalho realizado pelo profissional de Educação Física no âmbito da prevenção/promoção de saúde pode contribuir para redução dos gastos públicos com intervenções cirúrgicas e possibilitar investimento na atenção básica de saúde.
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2 Métodos
Trata-se de estudo observacional, descritivo, de coorte transversal utilizou-se uma abordagem qualitativa e quantitativa, a ferramenta de pesquisa utilizada foi a revisão bibliográfica integrativa que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática (SOUZA, SILVA, CARVALHO, 2010), dentro das temáticas: obesidade, atuação do profissional de Educação Física e equipe multidisciplinar do NASF’s (Núcleos de Apoio a Saúde da Família) de Governador Valadares/MG.
O NASF é formado por equipe multiprofissional que atua de forma integrada com as Equipes de Saúde da Família (ESF), as equipes de atenção básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde. Os NASF’s deverão desenvolver ações junto às Equipes de Saúde da Família de forma a apoiá-las em seu fazer cotidiano. Tais ações deverão ser planejadas e definidas em conjunto com as equipes e de acordo com as necessidades e realidade local. A Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008, (republicada em 04 de Março de 2008) define que o NASF.
Deve ser constituído por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem em parceria com os profissionais das Equipes Saúde da Família, compartilhando as práticas em saúde nos territórios sob-responsabilidade das ESF no qual o NASF está cadastrado (BRASIL, 2008).
Além da implantação do NASF em 2011, o Ministério da Saúde, pensando na melhora da qualidade de vida, e da atividade física, esta planejada pelo profissional de Educação Física em conjunto com as estratégias das equipes multidisciplinares, criou a Academia da Saúde (Portaria nº 719/2011), programa voltado para estimular a prática regular de exercício físico, visando mudança de hábitos e redução de estilo de vida sedentário. A Academia da Saúde tornou-se um espaço apropriado à promoção da saúde e à educação da população para orientação das práticas de atividade física.
Importante destacar que em 2011 é aprovada a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Em 2012, o Ministério da Saúde lançou um documento onde constam seus princípios e diretrizes, funções na rede de atenção a saúde, responsabilidades, infraestrutura e funcionamento, além das atribuições de cada membro da equipe e dos serviços que a compõem como o NASF. Ações de promoção à saúde também têm sido pensadas pelo Ministério da Saúde, conforme o documento “Política Nacional de Promoção a Saúde (BRASIL, 2006)” considerando as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que ocorreram no mundo desde o século XIX e que trouxeram mudanças também na saúde da população. Visando obter informações sobre a atuação dos profissionais de Educação Física que compõem as equipes dos NASF’s de Governador Valadares/MG, foi realizada pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo. O método de coleta de dados foi a aplicação de questionários através do formulário do Google Drive a dez profissionais que compõem as equipes da cidade. Dentre estes, seis profissionais responderam no prazo estabelecido. O questionário continha oito perguntas, abertas e fechadas, contemplando de maneira subjetiva a forma de trabalho de cada profissional. O prazo estipulado para respostas foi entre os dias 05 a 11 de novembro de 2018, até às 12h. O acesso aos profissionais ocorreu a partir de contato via Whatsapp. O link para acesso ao questionário foi compartilhado com todos via e-mail com as devidas orientações para preenchimento. A partir do método utilizado, foi possível realizar a análise dos dados conforme será descrito a seguir.
3 Resultados e discussão “(...) o viciado consegue esconder seu problema, o alcoólatra consegue esconder seu problema, o drogado consegue esconder seu problema, porém, o obeso não.” A frase acima foi dita por um dos participantes do programa Quilos Mortal, transmitido pelo canal Discovery Channel e demonstra que a obesidade está ligada a diversos fatores e é considerada, atualmente, problema de saúde pública. A pesquisa realizada com profissionais do NASF/GV identificou que a procura de indivíduos obesos pelos Serviços da atenção básica é moderada representando 66,7%.
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Gráfico 1: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
Fonte: Os autores (2018)
A obesidade tem caráter multifatorial, ou seja, envolvem fatores históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais, biológicos, nutricionais e culturais. Está fortemente associada às doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e constitui-se como fator de risco intermediário para o desenvolvimento de outras doenças como o diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, entre outras (CAMARGO, 2017).
As DCNT são doenças multifatoriais que se desenvolvem no decorrer da vida e caracterizam-se por longa duração. De acordo com Camargo (2017, p. 15) estima-se que no mundo foram responsáveis por 63% das mortes, de acordo com as estimativas da OMS em 2008. O Brasil, em 2013, foi responsável por 72,6% dos óbitos, sendo que as doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas e diabetes, nessa ordem, responderam por 58,1% dos óbitos por doenças crônicas. Corroborando com Camargo (2017):
Os quatro principais tipos de doenças não transmissíveis são doenças cardiovasculares (como ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais), câncer, doenças respiratórias crônicas (como doença pulmonar obstrutiva crônica e asma) e diabetes. (CARVALHO, 2017, p. 14).
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Destaca-se que na pesquisa realizada, os profissionais do NASF apontam como motivo de busca pelo serviço algumas DCNT como hipertensão e diabetes, demonstrando que os indivíduos compreendem ter um problema de saúde e acessam o serviço buscando resolvê-lo. A figura abaixo ilustra tal informação: Tabela 1: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
Fonte: Os autores (2018)
Ao abordar um paciente obeso, os profissionais dos NASF’s/GV relataram que realizam orientações para o tratamento da obesidade, conforme figura abaixo:
Tabela 2: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
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Fonte: Os autores (2018)
Dentre as mudanças de hábito, a prática regular de atividade física tem sido utilizada como estratégia importante para o enfrentamento de DCNT, incluindo a obesidade. Além disso, a pesquisa levanta a importância do trabalho multiprofissional ofertado no NASF. De acordo com os dados do Vigitel1, entre 12,0 e 38,2% da população adulta nas capitais brasileiras é inativa2. Partindo desse ponto, a meta do Ministério da Saúde é reduzir para 10% até 2025 a população insuficientemente ativa. Hallal et al (2012) apud Camargo (2017) analisaram dados sobre a prevalência de inatividade física em 122 países no ano de 2012, constataram que 31% da população mundial não atingiam as recomendações de atividade física para a saúde. Considerando apenas a população brasileira, estimou-se que 49,2% dos adultos não praticavam pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada a vigorosa, sendo essa prevalência de 47,2% entre homens e de 51,6% nas mulheres.
O Brasil passou por grandes mudanças nos últimos cinquenta anos devido a fatores externos relacionados ao mundo globalizado e condições socioculturais. Segundo Camargo 1
Sistema de vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. São definidos como fisicamente inativos todos os indivíduos que nos últimos três meses não praticaram qualquer atividade física, não realizaram esforços físicos relevantes no trabalho, não se deslocaram para o trabalho ou para a escola caminhando ou pedalando (mínimo de 10 minutos por trajeto) e não participaram da limpeza pesada de suas casas. 2
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(2017) a população brasileira tem sofrido intensas transformações nas suas condições de vida, saúde e nutrição levando a uma transição epidemiológica, demográfica e nutricional, havendo uma transição caracterizada pelo declínio da desnutrição e à ascensão vertiginosa da obesidade. Com base no exposto, entende-se que o processo de mudança nutricional tem como determinante as alterações nos padrões de alimentação e atividade física da população, estabelecendo relação com o cenário econômico, social, demográfico e de saúde vivenciado pela sociedade contemporânea.
Assim, observa-se que a população brasileira tem se tornado cada vez mais propensa à obesidade adotando alimentação inadequada, além da ausência de hábitos saudáveis incluindo a prática de atividade física.
Embora seja fácil reconhecer o indivíduo obeso, o diagnóstico preciso é importante para identificar e classificar os níveis de risco. O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido considerado um bom indicador para obesidade, ainda que apresente algumas limitações relacionadas a não distinção entre massa gorda e massa magra e não contemplação da distribuição da gordura corporal.
É considerado padrão chamar de sobrepeso o IMC de 25 a 29,9 kg/m² e obesidade o IMC maior ou igual a 30 kg/m². Dessa forma, denomina-se obesidade de grau I quando a faixa de IMC está entre 30 e 34,9 kg/ m², obesidade de grau II na faixa de IMC entre 35 e 39,9 kg/m², obesidade de grau III ou obesidade mórbida quando o IMC é acima de 40 kg/m² (CAMARGO, 2017).
Segundo Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, em entrevista ao portal G13, a cirurgia bariátrica é indicada para indivíduos com IMC de 35 kg/m² e doenças associadas ou IMC acima de 40 kg/m².
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Além da avaliação através do IMC, o excesso de peso corporal pode ser estimado por diferentes métodos ou técnicas: dobras cutâneas, bioimpedância, ultrassonografia, tomografia, ressonância magnética, relação cintura quadril e circunferência do abdome (CA). Atualmente, sabe-se que a maior concentração de gordura na região abdominal, caracterizada por obesidade central, está relacionada aos distúrbios metabólicos e riscos cardiovasculares. Medidas da CA são capazes de fornecer estimativas de gordura visceral centralizada que, por sua vez, estão relacionadas ao tecido adiposo visceral. Para mensurar a circunferência do abdome adota-se o ponto de corte de risco cardiovascular elevado ≥94cm, para os homens, e para as mulheres, ≥80cm. Para o risco cardiovascular muito elevado em mulheres a circunferência do abdome é de ≥88cm, e para os homens ≥102cm. Desta forma, devido à simplicidade de obtenção, baixo custo e de facilidade na mensuração, o IMC e a CA, têm sido amplamente utilizados e aceitos para estudos epidemiológicos. Dentre os métodos de avaliação utilizados pelos profissionais do NASF/GV, 83,3% deles utilizam somente o IMC como forma de mensurar a obesidade, enquanto 50% utilizam protocolos padrões de avaliação física4, 16,7% circunferência abdominal e 16,7% se baseiam somente na estética corporal para avaliar o indivíduo obeso. Gráfico 2: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares
Fonte: Os autores (2018)
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Alguns dos protocolos mais utilizados: Densidade Corporal, Mcardle, 1992; Protocolo de Guedes, 1994; Protocolo de Pollock e col., 1984.
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Estes dados demonstram que a utilização de apenas um método de avaliação, por exemplo, o IMC, não é suficiente para classificar o grau de obesidade do indivíduo.
Outro dado importante levantado na pesquisa diz respeito à atualização dos conhecimentos pelos profissionais em relação a temática obesidade, conforme apresentado no gráfico abaixo: Gráfico 3: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
Fonte: Os autores (2018)
De acordo com os dados, 50% dos profissionais relataram a utilização de sites de busca como o Google como fonte de pesquisa, 33,3% relataram recorrer a artigos científicos e 16,7% a livros. Este dado corrobora com os dados apontados no Gráfico 2 em que 83,3% fazem uso apenas do IMC como fonte de avaliação do indivíduo obeso, sendo que estudos científicos apontam a necessidade de combinação de métodos como circunferência abdominal e IMC, considerando baixo custo e eficácia.
As observações e relatos dos profissionais feitos informalmente sinalizam que o público atendido pelas equipes de NASF contempla, em sua maioria, indivíduos de classe social menos favorecidas, embora o Serviço tenha abrangência a todos os públicos. Segundo McLaren (2007) apud Camargo (2017), a obesidade atinge indivíduos de todos os perfis socioeconômicos, sendo mais intensa entre os grupos mais vulneráveis, como idosos e os de TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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baixo nível de escolaridade e renda. Ainda de acordo com este autor, os indicadores socioeconômicos mais estudados no que diz respeito à obesidade e consumo alimentar são: ocupação, educação e renda.
Estudos demonstram que a tendência no risco de obesidade varia também de acordo com o sexo, sendo que as taxas de prevalência de obesidade aumentaram mais entre as mulheres (227%), que nos homens (219%), principalmente entre os indivíduos mais pobres, de acordo com Monteiro et al (2007) apud Camargo (2017).
Cabe enfatizar que o aumento da obesidade tem ocorrido em todos os territórios sociais, observando um aumento entre as famílias menos favorecidas.
Importante destacar que a alimentação saudável ainda se apresenta como algo difícil para a população menos favorecida, seja por fatores sociais, econômicos, por falta de conhecimento ou desinteresse. Produtos frescos, grãos integrais, alimentos com baixo teor de gordura comumente apresentam preços mais elevados e por isso se tornam menos acessíveis para a maioria da população que acaba optando por consumir alimentos mais baratos, com alto teor de calorias, ricos em gordura, açúcar e sal.
Borges et al (2015) apud Camargo (2017) compararam os gastos com alimentação em diferentes níveis econômicos, e observaram que (...) os domicílios em pior situação de renda, necessitariam aumentar sua despesa real com alimentos em 58,1%, para atingirem as recomendações atuais de consumo. No entanto, o incremento necessário no gasto com a alimentação comprometeria a renda familiar em 145,8%, evidenciando assim que essas famílias estariam impossibilitadas de terem acesso a uma alimentação saudável em quantidade suficiente (BORGES et al, 2015, apud CAMARGO, 2017, p.18).
Assim, o consumo excessivo de alimentos ultra processados pode servir de explicação para o aumento dos casos de obesidade no mundo.
O estudo de Camargo (2017) traz informações importantes relacionadas ao ambiente obesogênico, caracterizado por circunstâncias ambientais que promovem o consumo de produtos de alta densidade energética, em decorrência, geralmente dos baixos preços dos alimentos, e da facilidade de acesso aos denominados fast-food. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Sendo assim, as características do ambiente no qual as pessoas vivem e são expostas diariamente como a condição socioeconômica, a disponibilidade e acesso a alimentos saudáveis, oportunidades para prática de atividade física, tanto no lazer, como para deslocamento a pé ou de bicicleta, têm sido apresentados como fatores condicionantes da epidemia da obesidade em diversos países (CAMARGO, 2017).
A alimentação nutritiva e a atividade física regular são comportamentos saudáveis para prevenção da obesidade (PAZ, 2017). No entanto, mudanças no comportamento alimentar e na atividade física representam processos ativos nos quais as pessoas têm que se esforçar para mudar os hábitos.
O comportamento alimentar envolve um conjunto de interações incluindo o apetite, os processos fisiológicos, metabólicos, psíquico e o sistema nervoso. Todos esses processos fazem da mudança de comportamento um processo difícil. Toda a complexidade envolvida no processo de adoção de um comportamento saudável, e dos altos percentuais de insucessos terapêuticos e de reincidências faz da obesidade uma doença de difícil controle.
Portanto, podemos observar que a obesidade deve ser considerada um fator de risco que se soma as inúmeras desvantagens de saúde já enfrentadas pelas classes menos favorecidas, incluindo deficiências nutricionais, doenças infecciosas, entre outras. Além disso, vale reforçar que a obesidade, além de ser uma doença por si só, aumenta substancialmente o risco para várias outras doenças.
Nesse sentido, para que as orientações dadas ao indivíduo obeso atendido pelos profissionais de Educação Física do NASF/GV (Tabela 2) sejam realizadas, é importante que a equipe multiprofissional também tenha conhecimento do caso para que se consiga atingir o objetivo que é a prevenção/promoção de saúde.
Conforme apresentado no Gráfico abaixo, 83,3% dos profissionais de Educação Física apontaram que a interação com demais profissionais que compõem a equipe acontece uma vez por semana e 16,7% pelo menos uma vez por mês, o que leva a refletir se este período é suficiente para discussão dos casos que necessitam de intervenção multiprofissional.
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Gráfico 4: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
Fonte: Os autores (2018)
Considerando o quadro de obesidade no Brasil e a possibilidade de atuação do profissional de Educação Física na orientação de atividade física, buscando melhorar a qualidade de vida e fazer com que os indivíduos saiam do quadro de inatividade, levantam-se questionamentos quanto à atuação do profissional de Educação Física como agente de mudanças deste cenário.
O profissional de Educação Física é o único profissional capacitado para orientar, avaliar e prescrever atividade física, seja no âmbito escolar, academias, clubes, centro esportivos. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Educação Física, de 18/02/2004, o curso de Licenciatura em Educação Física passou a formar profissionais para atuar na Educação Básica, ou seja, para atuarem com a prescrição e orientação da atividade física para a Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, podendo também atuar em pesquisas relacionadas ao ensino e suas interfaces com outras áreas de estudo. Já o Profissional de Educação Física formado em Bacharelado tem sua atuação de trabalho voltada para planejamento, orientação e avaliação de programas de atividades físicas e saúde para grupos de crianças, jovens, adultos e idosos em condições saudáveis ou integrantes de grupos especiais (com fatores de risco, pessoa com deficiência, gestantes e
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outros) em clubes, academias, centros comunitários, hotéis, associações recreativas, empresas de preparação física, esporte de alto rendimento e outros.
O trabalho do profissional de educação física, junto com a equipe de saúde da família visa através da pratica de atividade física, a melhorar a qualidade de vida por meio das atividades corporais humanas, contribuindo com a prevenção de doenças crônicas não infecciosas e em alguns casos pode levar a uma diminuição da utilização no consumo de fármacos no tratamento de populações com doenças crônicas já adquiridas.
Profissionais de Educação Física estão preparados para elaborar ações para aumentar o nível de atividade física no lazer, deslocamentos, trabalho e ambiente doméstico em diferentes grupos populacionais, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida da população e com as estratégias de promoção da saúde, prevenção e controle de DCNTs do SUS. Além disso, podem desenvolver rotinas de reabilitação baseadas na prática de exercícios e construir indicadores para alimentar sistemas de informações.
Quando incorporados ao planejamento, execução e avaliação de políticas de promoção da saúde, os profissionais de educação física podem contribuir ainda, para a redução das despesas dos setores saúde e previdenciário, diminuindo custos com medicamentos, internações e benefícios por afastamentos do trabalho provocados por doenças evitáveis ou controláveis através da prática regular de atividade física.
A sugestão da inserção do Profissional de Educação Física (PEF) no NASF é um grande avanço para os profissionais de educação física, pois significa um aumento no campo de trabalho e um real reconhecimento da atuação no campo da saúde.
O Ministério da Saúde em 2009 apresentou algumas diretrizes específicas ao Profissional de Educação Física, além das atribuições gerais à equipe do NASF. Tais diretrizes foram sumarizadas no Caderno de Atenção Básica nº 27: Diretrizes do NASF (BRASIL, 2010).
Embora estejam relacionadas ao conhecimento nuclear do Profissional de Educação Física, estas diretrizes não devem ser interpretadas como únicas e exclusivas desse TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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profissional. São resultado da interação com todos os outros profissionais que compõem a equipe. Dentre elas estão:
Fortalecer e promover o direito constitucional do lazer;
Desenvolver ações que promovam a inclusão social e que tenham a intergeracionalidade, a integralidade do sujeito, o cuidado integral e a abrangência dos ciclos da vida como princípios de organização e fomento das práticas corporais/atividade física;
Desenvolver junto à equipe ações intersetoriais pautadas nas demandas da comunidade;
Favorecer o trabalho interdisciplinar amplo e coletivo como expressão da apropriação conjunta dos instrumentos, espaços e aspectos estruturantes da produção da saúde e como estratégia de solução de problemas, reforçando os pressupostos do apoio matricial;
Favorecer no processo de trabalho em equipe a organização das práticas de saúde na APS (Atenção Primária a Saúde), na perspectiva da prevenção, promoção, tratamento e reabilitação.
Segundo o CONFEF (2010), a Educação Física encontra-se associada à qualidade de vida por meio da prevenção e manutenção da saúde e vem desempenhando esse papel com sucesso em instituições de ensino superior e hospitais universitários. O mesmo nos indica que o profissional de Educação Física pode intervir na saúde de três formas:
Primária, onde trabalha a fim de diminuir a incidência de uma doença na população reduzindo o surgimento de casos novos; secundária, buscando diminuir a prevalência de uma doença na população, reduzindo sua evolução e duração, neste caso exige diagnóstico precoce e tratamento imediato; e terciária, visando diminuir a prevalência das incapacidades crônicas na população reduzindo as deficiências funcionais consecutivas das já existentes e reintegrando o indivíduo na sociedade. (CONFEF, 2010, p. 21-22).
A partir da aplicação dos questionários aos profissionais de Educação Física dos NASF’s/GV foi possível identificar algumas atividades físicas que proporcionam melhor resultado para indivíduos obesos, sendo elas: hidroginástica, caminhada, exercícios aeróbicos,
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treinamento funcional, além do trabalho realizado em equipe multiprofissional, conforme tabela abaixo:
Tabela 3: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares/MG.
Fonte: Os autores (2018)
A utilização destas atividades pelos profissionais demonstra a importância do trabalho multiprofissional, com atividades bem orientadas e supervisionadas, além da busca por atualização profissional visando atender melhor ao público. Ao serem questionados sobre a importância de se trabalhar com um grupo específico, neste caso, indivíduos obesos, todos os profissionais responderam que sim, de acordo com o gráfico abaixo:
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Gráfico 5: Pergunta do questionário aplicado a profissionais de Educação Física dos NASF’s de Governador Valadares
Fonte: Os autores (2018)
Tal dado aponta a necessidade de criação de grupos específicos para se trabalhar a obesidade considerando que trata-se de uma epidemia mundial, que atinge crianças, adolescentes e adultos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que em 2025 cerca de 2,3 bilhões de adultos no mundo estarão com sobrepeso e mais de 700 milhões obesos. Nesse sentido, questiona-se a possibilidade de um adulto obeso chegar à terceira idade levando em conta o crescente número de pessoas acometidas pela obesidade no Brasil e no mundo. O grupo específico para obesos tende a proporcionar maior diálogo entre os profissionais da equipe levando em consideração a necessidade de cada indivíduo.
Segundo dados apresentados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), no Brasil, o número de cirurgias bariátricas realizadas entre os anos de 2012 e 2017 teve aumento de 46,7%. Pelo SUS, o aumento foi de 215% entre os anos de 2008 e 2017. O crescimento anual médio é de 13,5%.
De acordo com Caetano Marchesini, presidente da SBCBM, o Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias bariátricas realizadas e as mulheres representam 76% dos pacientes. Por fim, entende-se que além dos benefícios para o indivíduo, a redução dos gastos públicos com intervenções cirúrgicas, que atualmente custam por paciente R$ 6 mil reais5, pode ser revertida para capacitação da própria equipe e melhoria nas condições de trabalho.
Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/noticia/cirurgias-bariatricas-realizadas-pelo-sus-cresceram215-entre-2008-e-2017.ghtml. Acesso em: 03/12/2018. 5
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4 Considerações finais
A obesidade tem caráter multifatorial, ou seja, envolvem fatores históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais, biológicos, nutricionais e culturais. Atualmente é considerado um problema de saúde pública. Devido à gravidade da doença e as altas prevalências registradas no mundo, vários estudiosos têm buscado compreender o fenômeno da obesidade e as suas consequências para saúde.
O presente artigo teve como objetivo avaliar a importância da atuação do Profissional de Educação Física com indivíduos obesos nos NASF’s, identificando quais atividades proporcionam melhores resultados, além de prevenir a incidência de problemas de saúde na população obesa melhorando, assim, sua qualidade de vida.
Para tanto, foi realizada uma pesquisa de caráter quantitativo e qualitativo com 10 profissionais de Educação Física que compõem as equipes dos NASF’s de Governador Valadares/MG. O método de coleta de dados foi a aplicação de questionários através do formulário do Google Drive.
A partir dos resultados obtidos foi possível identificar que a atuação do profissional de Educação Física é fundamental em indivíduos obesos, pois sua atuação de trabalho é voltada para planejamento, orientação e avaliação de programas de atividades físicas e saúde para grupos de crianças, jovens, adultos e idosos em condições saudáveis ou integrantes de grupos especiais.
De acordo com os profissionais entrevistados, as atividades que proporcionam melhores resultados em indivíduos obesos são: hidroginástica, exercício aeróbico, treinamento funcional, caminhada orientada, combinação de exercícios aeróbicos e anaeróbicos.
Por fim, a partir dos dados obtidos nesta pesquisa sugere-se a criação de grupos específicos para se trabalhar a obesidade, salientando-se a importância do trabalho em equipe multiprofissional (psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, entre outros) possibilitando ao TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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indivíduo a melhora de sua qualidade de vida. Havendo trabalho bem desenvolvido na atenção primária, possivelmente os recursos economizados em intervenções cirúrgicas poderão ser revertidos para capacitação da própria equipe e melhoria nas condições de trabalho.
THE PERFORMANCE OF THE PHYSICAL EDUCATION PROFESSIONAL IN THE FAMILY HEALTH SUPPORT CENTERS, FOCUSING ON OBESITY
ABSTRACT Obesity is now considered a public health problem. The objective of this article was to evaluate the importance of the performance of the Physical Education Professional with obese individuals in NASF's. This was an observational, descriptive, cross-sectional study using a qualitative and quantitative approach, an integrative bibliographic review was performed. The method of data collection was the application of questionnaires through the form of Google Drive to ten professionals who make up the teams of the city. Among the results achieved, we highlight: 50% of professionals said to update their knowledge through search engines; 66.7% of the individuals considered obese seek the health service; 83.3% use BMI as the evaluation method; 83.3% interact once a week with their team; 100% consider it important to create specific group for obese individuals. According to the professionals interviewed, the activities that provide the best results are: water aerobics, aerobic exercise, functional training, guided walking, combination of aerobic and anaerobic exercises. Finally, the performance of the Physical Education professional is fundamental to reduce the levels of obesity of the population. The study suggests the creation of specific groups to work on obesity, considering that it is a worldwide epidemic that affects children, adolescents and adults. In addition, it tends to provide greater dialogue among team professionals. Finally, in addition to the benefits for the individual, there may also be a reduction of public expenditures with surgical interventions and this resource be reverted to the training of the staff and improvement in working conditions. Keywords: Physical Education Professional. NASF. Multiprofessional team. Obesity.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica Diretrizes do NASF: Núcleo de Apoio a Saúde da Família / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 152 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Caderno de Atenção Básica, n. 27). BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política nacional de promoção da saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006.60 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde). CAMARGO, Daniele Flaviane Mendes et al. A importância do ambiente obesogênico na população de alta vulnerabilidade social em Campinas/SP. 2017. CARVALHO, Januse Nogueira de. Epidemiologia da multimorbidade na população brasileira. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva PPGSCOL Doutora do Saúde Coletiva. 2017. CONSELHO Federal de Educação Física (CONFEF). O Profissional de Educação Física e a Saúde da Família. Revista E.F., n.27, março de 2008. Disponível em: <http://www. confef.org.br/extra/revistaef/show.asp?id=3717>. Acesso em: 17/12/2018. CONDE, Wolney Lisboa; BORGES, Camila. O risco de incidência e persistência da obesidade entre adultos brasileiros segundo seu estado nutricional ao final da adolescência. Revista brasileira de epidemiologia, v. 14, p. 71-79, 2011. DE SOUZA, Marcela Tavares; DA SILVA, Michelly Dias; DE CARVALHO, Rachel. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Einstein, v. 8, n. 1 Pt 1, p. 102-6, 2010. PAZ, Carolina Júnia Reis et al. A influência da nutrição adequada e da prática de atividades física na saúde dos adolescentes. Revista Portal: Saúde e Sociedade, v. 2, n. 1, p. 332-346, 2017. Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Número de cirurgias bariátricas no Brasil aumenta 46,7%. Publicada em 11 de jul. 2018. Disponível em: < https://www.sbcbm.org.br/numero-de-cirurgias-bariatricas-no-brasil-aumenta-467/>. Acesso em 03/12/2018. VIANNA, Cleverson Tabajara. Classificação das Pesquisas Científicas - Notas para os alunos.Florianópolis,2013,2p.Disponívelem:<https://pt.slideshare.net/cleversontabajara1/meto dologia-cientfica-tipos-de-pesquisa-ultimate>. Acesso em: 07/10/2018.
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GESTÃO ESCOLAR NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA: UMA ANÁLISE COM DIRETORES DE ESCOLA PÚBLICA DE GOVERNADOR VALADARES, MG.
Ana Carolina Ribeiro Chagas*, Ana Cristina dos Santos*, Danielle Amorim Lima*, Débora de Souza Silva Diniz*, Júlia Ribeiro Soares*6, Sandra Maria Perpétuo**. Maria Helena Campos Pereira*** RESUMO O presente trabalho resulta de uma pesquisa com estratégias de estudo de caso que buscou investigar de que forma o gestor escolar deve atuar numa concepção de gestão democrática. O objetivo central desta questão é identificar as posturas do gestor escolar e as possíveis ações praticadas pelo mesmo numa visão democrática. Para o alcance dos resultados foi realizado um trabalho investigativo nas instituições de ensino público de Governador Valadares. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio de entrevistas, onde 4(quatro) diretores (as) participantes da gestão escolar declararam suas experiências com o intuito de apoiar as escolas no exercício de sua autonomia democrática. Fundamentou-se o trabalho investigativo nas concepções teóricas de Libâneo (2011), Lück (2009), Guimarães (2017) Os resultados indicam que ao procurar responder as questões surgidas, acredita-se que neste sentido de propor uma atitude mais participativa e autônoma da escola, este trabalho possa adquirir maior relevância.
Palavras-chave: Gestor Escolar. Gestão Democrática. Postura do Gestor Escolar.
1 Introdução Ao refletir sobre o tema investigado, nota-se tamanha importância sobre a questão de que a função do gestor, que implicitamente, acompanha a ação educativa de modo coletivo para que sua política educacional contribua para fortalecimento da escola. Neste contexto, questiona-se, de que forma o gestor escolar deve atuar numa concepção de gestão democrática? Quais suas principais responsabilidades e anseios?
*Acadêmicos do 7º período do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG,2019.E-mail:anacarolinaribeirochagas@outlook.com.anacristinalfg@yahoo.com danielleamorim2008@hotmail.com debora.diniz2010@hotmail.com juliaaribeiros@outlook.com **Pedagoga. Mestra em Educação (UFOP. Professora das disciplinas Seminário de Pesquisa, Alfabetização e letramento e Coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos. Especialista em Gestão Educacional, Supervisão/Coordenação Pedagógica, Alfabetização, Educação Inclusiva e Especial..Email: sandraprocatelli@hotmail.com *** Co-orientadora. Maria Helena Campos Pereira
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Com base neste questionamento, definiu-se como objetivo da pesquisa realizada, identificar as posturas do gestor escolar e as possíveis ações praticadas pelo mesmo numa visão democrática.
Acredita-se que um gestor escolar, numa concepção de escola democrática, deve ser o articulador de todo o trabalho na escola, atuando de forma coletiva em todo processo político, na qual a comunidade escolar participe não apenas das execuções, mas também de todas as decisões acompanhando as ações da escola.
Embasando-se nisso, Lück (2009) cita que a gestão escolar compõe-se de uma das áreas de atuação profissional na educação com a proposta de se efetivar “o planejamento, a organização, a liderança, a orientação, a mediação, a coordenação, o monitoramento e a avaliação dos processos” os quais são importantes para se efetivar as tarefas educativas que norteiam o desenvolvimento da aprendizagem e formação dos alunos.
Segundo Libâneo (2011), a gestão é um processo pelo qual são movimentados meios para alcançar os alvos da organização, organizar significa arrumar de forma coordenada, dar uma estrutura, formular um ato e gerar as condições indispensáveis, tal organização significa, assim, a obrigação da instituição educativa dispor de formas alternativas para a realização de objetivos específicos.
Nessa mesma perspectiva, entende-se, com os fundamentos de Guimarães (2017), o qual analisa que trabalhar em conjunto oportuniza a socialização com as demais aprendizagens e os saberes adquiridos no trabalho coletivo como na formação continuada realizada no espaço escolar. A melhoria profissional que surge de ações realizadas em grupo, nesse aspecto é necessária a “parceria e o comprometimento”, os quais permitem que os profissionais da instituição educativa prossigam profissionalmente, com qualificação de sua ação docente, a partir das afinidades que se constituem na unidade escolar.
O presente trabalho resulta de uma revisão bibliográfica e de um estudo de caso, que buscou investigar sobre as estratégias que são utilizadas pela gestão escolar, nas instituições de ensino, tendo como propósito garantir e oferecer, contribuições provindas da experiência, visando intensificar o desenvolvimento das ações cooperativas eficazes e renovadoras. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Assim, a gestão participativa é compreendida como processo de “ação participativa grupal com pessoas politizadas que interagem em função das necessidades da escola, dos interesses e objetivos comuns”. (LÜCK, 2009)
Portanto, a perspectiva em vivenciá-lo é a de proporcionar maior envolvimento na ação educativa, considerada como responsabilidade de todos os membros, até mesmo a comunidade escolar.
2. Metodologia
No desenvolvimento de uma pesquisa é necessário um processo sistemático para a construção do conhecimento humano. Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que procura explicar um problema, a partir de referências teóricas publicadas.
A pesquisa é de abordagem qualitativa, pois aborda um método de investigação científica, do objeto estudado, que visa o caráter subjetivo, estudando as peculiaridades e experiências individuais, com o propósito de entender o comportamento de determinado grupo de gestores. (LÜDKE & ANDRE, 2013).
Segundo Gil (2008), como qualquer exploração, a pesquisa exploratória depende da instituição do explorador, neste caso, da instituição do pesquisador. Por ser um tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a forma de um estudo de caso.
Assim, este artigo deriva de uma pesquisa exploratória que induz o pesquisador a ter uma maior proximidade com o universo do objeto de estudo, permitindo escolher as técnicas mais adequadas que possam determinar as questões que necessitam maior atenção durante a fase investigativa.
Para a realização deste trabalho foi realizada, inicialmente, uma revisão bibliográfica com consulta a livros e periódicos para a obtenção de dados e informações sobre características, ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa. Realizou-se também uma investigação de campo com entrevistas contendo 9 (nove) perguntas para 4 TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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(quatro) gestores escolares, das instituições de escolas públicas em Governador Valadares – MG, por atender aos preceitos éticos da pesquisa foi preservada a identidade dos gestores entrevistados e das respectivas escolas, sendo usada a nomenclatura das flores para as escolas e nomes de plantas para os responsáveis da gestão, com o objetivo de verificar se os mesmos realizam um trabalho democrático no âmbito da gestão escolar.
É imprescindível que o gestor escolar, participe da construção real das instituições de ensino que sejam de fato democráticas, que propicie verdadeiramente o ensino aprendizagem aos alunos e que assegure aos mesmos, condições dignas em todos os aspectos efetivando seu desenvolvimento integral. Nessa perspectiva, evidenciou-se que os gestores escolares exercem um papel fundamental atribuído a cultura organizacional do âmbito escolar no que tange o exercício do ensino e aprendizagem dos alunos.
E quanto à cultura organizacional, Libâneo (2011 p. 28) também faz alusão a esta concepção. Segundo Lück (2013), o pressuposto de tal enfoque corresponderia ao reconhecimento de que a maior responsabilidade do diretor está diretamente ligada à ‘liderança, orientação e coordenação das atividades docentes”, o que é verídico. Entretanto, esse processo exige o domínio de aptidões muito mais difíceis do que as docentes, e atenção sobre situações do que as limitadas a sala de aula.
É relevante ressaltar que os gestores das instituições de ensino desempenham um papel importantíssimo que vai muito além da docência em sala de aula, aos mesmos pertencem inúmeras demandas relacionadas a inquisições, dentre elas financeiras, administrativas, familiares e organizacionais entres outras. Entretanto a eles é imposta a missão primordial da contribuição efetiva do desenvolvimento da aprendizagem por parte dos alunos.
Sendo assim, cabe a esses gestores a promoção de trabalhos pedagógicos, que entenda realmente as legislações em vigor, e a promoção de programas e projetos. Para que haja implicações positivas nas instituições escolares os gestores precisam ter uma formação bem estruturada, pois um gestor que não institui uma gestão democrática que não á contemple como fator fundamental da educação de qualidade estará enfraquecendo os laços sociais, culturais e familiares desse ambiente o tornando retrogrado nos moldes tradicionalistas do TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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passado. O gestor deve ser um formador de ideias, orientador, oportunizar reflexões e melhorias nos processos organizacionais.
Para Lück (2009), assim como a essência da gestão é fazer a instituição operar com eficiência, a eficácia da gestão depende, em grande parte, do exercício efetivo da liderança.
É fundamental que os gestores estejam a par das recentes inovações dentre elas as tecnológicas aos novos métodos que fiquem bem atentos aos cursos de formação continuada é muito importante que atualmente o gestor venha a atualizarem-se para entender os processos de mudanças do contexto educacional os novos enfoques de formação e liderança escolar. E para que de fato a escola cumpra seu papel social é de suma importância que a direção escolar transforme de administração para a construção real de gestão.
Como já dito antes para que ocorra a concretização de uma gestão democrática instituída por um gestor democrático é essencial a participação integral e ativa de todos os atores envolvidos nesse processo educacional.
Segundo Libâneo (2008, p. 318), a direção põe em ação as decisões tomadas coletivamente e coordena o trabalho escolar, de modo que ele seja desenvolvido da melhor forma possível.
Então, poderá ocorrer só através da participação ativa avanços no âmbito escolar e por meio do projeto político pedagógico aconteceram relações com a comunidade, família e escola de modo a buscar meios para a melhoria da qualidade da educação sucedendo assim, uma real gestão democrática permeada por um gestor justo.
Entende-se que o gestor exerce um papel fundamental de garantir que os alunos adquiram conhecimentos necessários para seu integral desenvolvimento de modo que a escola cumpra seu papel social. Nesse sentido, sua atuação deve ser clara ao planejamento organizacional na direção do contexto institucional.
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Dessa forma, de acordo com Libâneo (2008), a escola, ao cumprir sua função de mediadora, pode influir de forma significativa na formação da personalidade humana; por isso, os objetivos políticos e pedagógicos são imprescindíveis.
Assim, essa particularidade das escolas procede do caráter e da intenção presente nas ações educativas. De acordo com a autora intencionalidade significa a resolução de executar uma tarefa específica, de dirigir o comportamento para aquilo que tem significado para os profissionais da educação.
Então, na concepção de Libâneo (2008), a escola necessita projetar novos objetivos que, por sua vez, orientam a atividade humana, contribuindo para rumos futuros, que podem estabelecer a direção da ação. Na escola leva a equipe escolar à buscar deliberada, consciente, planejada, de integração e unidade de objetivos e ações, além do consenso sobre normas e atitudes comuns.O caráter pedagógico da ação educativa consiste precisamente na formação de objetivos sociopolíticos e educativos e na criação de formas de viabilização organizativa e metodológica da educação, tais como a seleção e a organização de conteúdos e métodos, a organização do ensino, a organização do trabalho escolar, tendo em vista dar uma direção consciente e planejada ao processo educacional. O processo educativo, portanto, por sua natureza, inclui o conceito de direção. Sua adequada estruturação e seu ótimo funcionamento constituem fatores essenciais para atingir eficazmente os objetivos de formação. O trabalho escolar implica uma direção. (LIBÂNEO, 2008, p. 331)
Nesse sentido, o diretor é o principal agente na organização do contexto pedagógico da escola promovendo uma interação democrática. Portanto, compreende-se que na gestão compartilhada o diretor é o principal articulador dos segmentos que integram a comunidade escolar, por isso, a escola precisa encontrar seu desenvolvimento social para que se torne uma instituição de qualidade onde podem formar reais cidadãos, em um contexto de gestão democrática. De acordo com Lück (2009), a “escola democrática é aquela que os seus participantes estão coletivamente organizados e compromissados com a promoção de educação de qualidade para todos”.
Sendo assim, uma das maiores responsabilidades do gestor escolar é conduzir toda a instituição educativa a pensar e repensar as atitudes exercidas na escola, levando em conta TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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toda a participação conjunta que ela está oferecendo e quais os pontos chaves que devem ser reformulados para o exercício democrático da gestão escolar.
A democracia, por sua vez, está ligada a toda sociedade e grupos que exercem os diretos humanos, pois é ela que garante igualdade, participação e dever da comunidade que zela e assume seus direitos.
Com essa perspectiva, a participação se constitui em uma expressão de responsabilidade social inerente à expressão da democracia. Pode-se definir, portanto, a gestão democrática, como sendo o processo em que se criam condições e se estabelecem as orientações necessárias para que os membros de uma coletividade, não apenas tomem parte, de forma regular e contínua, de suas decisões mais importantes, mas assumam os compromissos necessários para a sua efetivação. Isso porque democracia pressupõe muito mais que tomar decisões (LÜCK, et al, 2009).
A participação permite juntar e alinhar toda sociedade e membros, proporcionar igualdade, e estabelecer relações com a finalidade de conseguir melhores resultados. Desta forma, ela consegue garantir atitudes e mudanças impulsionando todo o grupo a identificar e acreditar em propostas benéficas para toda instituição.
O Brasil é um país democrático, suas leis contemplam a democracia, como forma de representação, a constituição federal de 1988 é A Carta Magna do país e faz menção à democracia. Neste sentido, o preâmbulo que inicia a constituição tem por finalidade manifestar os principais objetivos, ao retratar os princípios constitucionais mais valiosos expressos em seu teor. Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em assembleia nacional constituinte para instituir um estado democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República Federativa do Brasil. (CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL, 1988).
Pode-se perceber então, que um dos princípios mais valiosos da constituição federativa do Brasil é um Estado Democrático de direito. Portanto, está regido claramente na lei a instituição da democracia, com isso as instituições escolares devem contemplar tal regime político, pois nele todos os cidadãos elegíveis participam igualmente e coletivamente expressando suas opiniões, sendo de suma importância que as escolas tenham uma gestão TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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democrática onde todos participem ativamente pois ela é de fundamental importância para um bom desenvolvimento escolar.
A constituição em seu artigo 206 aborda em seu inciso VI que a gestão democrática do ensino público, na forma da lei, mostra claramente que a instituição escolar deve exercer a democracia. (CFB, 1988)7. A lei 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo 14 e 15 evidencia a tamanha notoriedade da gestão democrática no âmbito educacional: Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II-participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 – Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
Com base nesta afirmativa, é importante ressaltar que uma escola democrática elabora de forma eficaz seu projeto político pedagógico de forma colaborativa com os demais funcionários da instituição criando assim um guia para que a comunidade, os gestores, alunos e pais consigam transformar a realidade atual. Sendo assim, é um dos principais contribuintes para que de fato ocorra uma gestão democrática no contexto escolar.
Nesse contexto, deve-se haver comprometimento e qualidade, com o objetivo de garantir para comunidade escolar uma gestão democrática, onde todos os membros como almoxarifado, professores, secretária, alunos, comunidade, direção, inspeção e outros participem e auxiliem esse processo que é de fato longo e contínuo, que precisa ser trabalhado em todos os momentos.
2.1 Posturas do gestor escolar Compartilhar as ações é tarefa importante para garantir o envolvimento de todos os agentes no cotidiano escolar. Desse modo, a gestão escolar é uma concepção ampla de gestão e participação na medida em que entende que as questões pedagógicas, financeiras, administrativas e de organização e conservação da unidade escolar devem envolver o maior 7
CFB – Constituição Federativa do Brasil, 1988.
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número de agentes possível. A ousadia coletiva, competência técnico-pedagógica e clareza quanto ao seu compromisso educacional são elementos que levam a escola à construção de sua autonomia. Partindo desse princípio, surge a figura do gestor escolar como peça fundamental para incentivar a participação de todos os envolvidos no processo educacional, numa gestão democrática. Enquanto o gestor deve coordenar o trabalho da equipe administrativa e pedagógica, bem como dos docentes, com objetivo de incentivar mudanças metodológicas e pedagógicas, para o bom funcionamento da escola.
O diretor escolar é o líder, mentor, coordenador e orientador principal da vida da escola e todo o seu trabalho educacional, não devendo sua responsabilidade ser diluída entre todos os colaboradores da gestão escolar, embora possa ser com eles compartilhada. Portanto, além do sentido abrangente, a gestão escolar constitui, em caráter delimitado, a responsabilidade principal do diretor escolar, sendo inerente ao seu trabalho a responsabilidade maior por essa gestão. (LÜCK, 2009, p. 23)
Neste sentido, entende-se que a função do gestor educacional e sua equipe é realizar uma liderança cultural, política e pedagógica com competência técnica, criatividade, ousadia, respeito as diferenças e opiniões, de forma a colocar o processo administrativo a serviço do pedagógico e vice-versa, facilitando e instigando a criação coletiva das decisões a serem tomadas e metas a serem alcançadas, além da construção coletiva do projeto político pedagógico.
Então, fica evidente que o gestor é peça fundamental no âmbito educacional, e lhe compete desempenhar com excelência o seu trabalho junto a toda equipe escolar. Para tanto, cabe-lhes assumir uma postura e um papel de mediador e de corresponsáveis para assim poder obter sucesso em sua gestão. De acordo com Lück (2009, p.23), “o diretor escolar é o líder, mentor, coordenador e orientador principal da vida da escola e todo o seu trabalho educacional”, assim, sua responsabilidade não deve ser dissolvida entre os participantes da gestão escolar, no entanto precisa ser compartilhada com todos. Então, a gestão escolar compõe a responsabilidade fundamental do diretor escolar, sendo intrínseca ao seu trabalho.
Assim sendo, é de responsabilidade do gestor escolar liderar, planejar, com a participação dos envolvidos no cenário escolar, organizando, dirigindo e controlando todo o TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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processo administrativo e pedagógico da escola, para assim poder desempenhar com êxito todas as responsabilidades que são inerentes ao seu cargo.
É válido destacar que em sua gestão, o grande desafio do Gestor é encontrar situações reforçadoras para seus desafios e de toda sua equipe. Para isto, ele deve conhecer sua equipe e livrar-se das situações aversivas, deve também conhecer profundamente a necessidade de cada um dos seus liderados, criando condições para que sua equipe perceba a importância de ter um olhar na mesma direção, a fim de alcançar metas e objetivos e superar os obstáculos.
E também de sua competência definir as estratégias reforçadas que serão utilizadas para que seus liderados sintam-se motivados no ambiente escolar, conhecer a realidade em que se insere o processo educativo e desenvolver formas de intervenção a partir da compreensão dos aspectos filosóficos, sociais, históricos, econômicos, políticos e culturais que a configuram e a condicionam.
Antes de ocupar um lugar privilegiado na escola, o gestor deve destacar-se na realização de um amplo trabalho educacional, envolvendo-se nas ações com os educadores, atendendo aos anseios da comunidade e os desejos dos alunos numa intensa rede de participação em que precisa, antes de tudo, de conhecimentos e habilidades.
Entende-se que o funcionamento da escola e, sobretudo, a qualidade da aprendizagem dos alunos dependem de boa direção e de formas democráticas e eficazes de gestão do trabalho escolar. É preciso estar claro que a direção e a administração da escola são meios para garantir os objetivos educacionais. Dessa forma, uma escola bem organizada administra com eficiência seus recursos materiais e financeiros, assim como o trabalho de seu pessoal, e emprega processos e procedimentos de gestão proporcionando as condições favoráveis às atividades de ensino e aprendizagem.
Em caráter abrangente, a gestão escolar engloba, de forma associada, o trabalho da direção escolar, da supervisão ou coordenação pedagógica, da orientação educacional e da secretaria da escola, considerados participantes da equipe gestora da escola. Segundo o princípio da gestão democrática, a realização do processo de gestão inclui também a participação ativa de todos os professores e da comunidade escolar como um todo, de modo a contribuírem para a efetivação da gestão democrática que garante qualidade para todos os alunos. (LUCK 2009, p.23)
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No entanto, destaca-se a importância do trabalho em equipe para que a atuação de todos os envolvidos aconteça com competência, havendo sempre o diálogo, o companheirismo e ética, construindo assim um ambiente favorável e agradável para todos.
3. Resultados e discussão O resultado das entrevistas trouxe a compreensão de que o gestor escolar é o norteador que conduz toda a instituição educativa, como objetivo de acreditar e buscar novos pensamentos, ações, participações e responsabilidades. Sendo assim, “trata- se de entender o papel do diretor como o de um líder cooperativo, o de alguém que consegue aglutinar às aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar articulada à adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão de um projeto comum.” (LIBÂNEO, 2011, p.332).
Ao desenvolver os questionamentos, foram feitas 9 (nove) perguntas para iniciação da pesquisa, que são apresentadas na tabela a seguir. Tabela 01 - Questões de pesquisa 1. Há quanto tempo você atua como gestor nesta escola? 2. Qual sua formação? 3. Porque escolheu este trabalho? 4. Quais são para você, as principais responsabilidades do gestor escolar? 5. Você classifica a sua atual gestão como democrática? 6. Quais aspectos positivos e negativos do trabalho do gestor? 7. Possui alguma instância colegiada em sua escola? Quais? E como atuam e com que frequência reúnem?) 8. De que forma foi feita a seleção das pessoas participantes? 9. O projeto político pedagógico visa à realidade da escola e da comunidade escolar. Como este projeto tem sido elaborado e executado? Fonte: Dados da pesquisa, 2019
A primeira entrevista foi realizada na Escola Rosa com a gestora Azaleia, que é licenciada em matemática, e atua a 5(cinco) anos como gestora, ela disse que escolheu a profissão por amor e realização de um sonho desde criança. E quanto ás responsabilidades como gestor escolar, ela considera ser a organização do ambiente escolar, zelo pelo cumprimento das normas e leis, trabalhar em conjunto com o corpo docente para que seja oferecida uma educação de qualidade.
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Foi questionado a respeito, da classificação da atual gestão, ela considerou que é democrática porque todas as decisões são tomadas em conjunto.
Esta sua posição está de acordo com os postulados de Libâneo (2008, p. 318), ao afirmar que a direção põe em ação as decisões tomadas coletivamente e coordena o trabalho escolar, de modo que ele seja desenvolvido da melhor forma possível.
Quanto aos aspectos do trabalho do gestor, ela considera positiva, a possibilidade em oferecer melhorias na educação e atendimento de qualidade a comunidade escolar. O negativo é a dificuldade em atender todas as demandas apresentadas, tais como, a falta de apoio dos pais junto à escola.
Neste contexto, há de se rever com os familiares a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) de 1996, ao enfatizar que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana (...) e nas movimentações culturais” (ART. 1º da Lei 9394/1996).
Ao questionar sobre possuir alguma instância colegiada na escola, como atuam e com que frequência reúnem, Azaleia responde que sim, existe o colegiado com reuniões mensais. E que a seleção dos participantes foi realizada através de assembleia com todos os funcionários e comunidade escolar. E no que diz respeito ao projeto político pedagógico que visa à realidade da escola e da comunidade escolar, foi questionado a respeito de como o projeto tem sido elaborado e executado. A resposta foi que é elaborado através de orientações da SEE, estudos com corpo docente e reuniões com alunos e pais, executado no dia-a-dia do planejamento das aulas e projetos desenvolvidos na escola.
Inicialmente, não houve receio da instituição em receber as pesquisadoras, sobre os pontos positivos e negativos da escola a gestora ilustrou uma possibilidade de oferecer melhorias no ensino e qualidade à comunidade escolar, em contrapartida relatou uma dificuldade em conseguir a adesão dos pais nas atividades da instituição.
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Neste contexto, A participação significa, a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários, tais como, pais e alunos, na gestão da escola. E de acordo com Libêneo, há dois sentidos de participação articulados entre si: a) “a de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão. (LIBANEO, 2011, p.329)
Com os fundamentos deste autor é possível entender que os processos democráticos na escola acontecem tanto na parte pedagógica e organizacional interna, quanto nos processos de tomadas de decisões coletivas.
A segunda entrevista foi realizada na Escola Girassol, com a gestora Samambaia, sendo graduada em Pedagogia desde 2013, e com pós-graduação em Gestão Educacional e Planejamento Escolar. Ela atua a 5(cinco) meses como diretora da instituição, realizando seu sonho de criança onde sempre se viu naquela profissão, fez magistério e desde então está na área da educação. Entre as responsabilidades do gestor, ela destaca as necessidades e desafios que é lidar com aluno, professor, comunidade, família, secretaria e toda entidade escolar. Questionada sobre a atual gestão, considera de total democracia os trabalhos realizados juntamente com todos os funcionários.
Com base nos argumentos desta gestora, percebe-se que ela está fundamentada nos princípios do Estado democrático, onde se enfatiza no Artigo 1º da CFB (1988),8 a ênfase na democracia, então, toda a escola deve-se envolver em participação total.
Quanto aos aspectos positivos ela destaca sua autonomia, e enfatiza com os pontos negativos a falta de voz ativa, quando era Pedagoga, porém, ainda nem tudo está sob seu controle, mas tem trabalhado com todos os membros da instituição para sua melhoria. Hoje ela se sente mais autônoma e delega autonomia aos seus colegas de trabalho.
No que se refere à autonomia, Guimarães (2017 p.78), com base no Artigo 15 da LDB enfatiza a importância deste princípio ao se referir à construção do projeto político pedagógico, e ressalta a questão da “liberdade e a responsabilidade de realizar sua própria proposta pedagógica, atendendo aos interesses da comunidade escolar”.
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CFB- Constituição Federativa do Brasil, 1988.
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Ao ser questionada se possui alguma instância colegiada na instituição, e de que maneira ocorre e com que frequência se reúnem, Samambaia responde que sim, sendo composto o colegiado escolar, por 12(doze) pessoas, divididas de maneira igual entre corpo técnico, alunos, pais e professores, tendo reuniões mensais obrigatórias. Entre os assuntos pautados, inclui-se toda parte financeira e gastos, podendo cada membro convocar assembleias se for necessário. A seleção dos participantes é organizada por meio de eleição com urnas, sendo votadas por todas as instâncias da escola e comunidade.
Ainda, no processo investigativo foi argumentada sobre a importância do projeto político pedagógico, em resposta, Samambaia pontuou que o PPP9 era engavetado e se atualizava quando necessário, hoje a realidade é outra, pois existe uma plataforma, onde todas as ações que são realizadas durante o ano letivo são registradas e a partir disso, se aperfeiçoa o projeto político pedagógico da escola, com ações que realmente condizem com a realidade contextual.
Portanto, ficou claro que apesar da pouca experiência no cargo, Samambaia transmite uma segurança em seu trabalho, proporcionado pela autonomia de sua administração e pelo desenvolvimento de uma gestão democrática.
Ao incrementar o processo investigativo, a Escola Violeta, gerida pelo Senhor Cravo, com formação em Matemática, ingressou nesta gestão em julho de 2019, por um processo eletivo, e disse que escolheu este trabalho por ter sido vice na gestão anterior. As principais responsabilidades para Cravo é gerir o ensino de uma forma geral, e no quesito pedagógico possibilitar ao aluno a aprendizagem e aprovação, e também propiciar atividades que contribuam para harmonia na escola entre alunos, pais, comunidade e servidores. Ressaltou ainda, a parte financeira atendendo as demandas da escola.
Questionado sobre a sua atual gestão, ele considera democrática, pois todas as decisões são tomadas a partir das reuniões realizadas com a equipe profissional da escola, grupo estudantil e direção, levando em conta que toda e qualquer decisão é primeiramente levada ao colegiado. Para a escolha dos membros da instituição colegiada foi feita eleições, a partir desse modo as reuniões acontecem ordinalmente uma vez ao mês e extraordinário quando se faz necessário.
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PPP - - Projeto Político Pedagógico
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Segundo Libaneo (2011, p.339), existem “regras e regulamentos impessoais definidos para a seleção de funcionários, carreira e remuneração quanto para o funcionamento da instituição”. Assim sendo, as instituições escolares devem ser mais maleáveis em suas ações, por meio de outras disposições organizacionais, entre os quais “a direção colegiada, a escolha de dirigentes por eleições, a gestão participativa, a gestão mediante conselho”, dentre outros. No que se refere aos principais aspectos positivos, Cravo destaca sobre melhor salário e boa participação da comunidade na escola. Em contrapartida apresentou pontos negativos preocupantes, como a falta de recursos do governo para as demandas, uso de drogas lícitas e ilícitas nas mediações da instituição, o que causa assedio aos alunos. Esta situação inquieta o gestor que propõe mudanças, mas não obtém o apoio necessário do poder público pela falta de recursos.
Nesse contexto, ao complementar o posicionamento do Senhor Cravo, acredita-se que além dos recursos financeiros que ele cita é necessário também uma politica governamental que atenda as necessidades e anseios da comunidade escolar.
Para finalização da entrevista com o Senhor Cravo, foi feita uma breve introdução sobre o projeto político pedagógico e sua importância, em resposta ele fala que o PPP vem sofrendo algumas mudanças para a adequação e é vivenciado por toda comunidade escolar. Sendo assim, iniciaram a 2(dois) anos atividades da sala de recursos para o Atendimento Educacional Especializado – AEE, então, de acordo com ele é necessário acrescentar no PPP as propostas pedagógicas deste atendimento.
Portanto, com tantos problemas enfrentados do dia-a-dia da escola, o Senhor Cravo, demonstra determinação em solucionar os desafios que demandam os processos de gestão democrática.
Ao desenvolver a investigação na instituição de Ensino Lírio, foi detectado que o gestor Avenca atua nesta área a 5(cinco) anos, com a formação de especialização, a qual ele não especifica, e escolheu este trabalho por acreditar na educação. Logo a diante, foi lhe perguntado quais as suas principais responsabilidades na atual gestão, Senhor Avenca, deu ênfase a conduzir a elaboração do Projeto Político Pedagógico, bem como facilitar a elaboração do currículo escolar, acompanhar e avaliar a aprendizagem dos alunos e reorientar a prática pedagógica. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Ao ser questionado sobre sua atual gestão, ele a classifica como democrática, pois se trata de uma meta a ser sempre aprimorada, que é um percurso, sendo para ele avaliada como um processo que a cada dia se avalia e se reorganiza.
Neste sentido, entende-se que a gestão democrática acontece a partir das ações e decisões que são enfatizadas por Libâneo (2011):
A participação, o diálogo, a discussão coletiva, a autonomia são práticas indispensáveis da gestão democrática, mas o exercício da democracia não significa ausência de responsabilidades. Uma vez tomadas as decisões coletivamente, participativamente, é preciso pô-las em prática. Para isso, a escola deve estar bem coordenada e administrada. (LIBÂNEO, 2011, p. 332)
Com os fundamentos deste autor é possível entender que a democracia na escola não significa desordem, nem muito menos, local em que todos resolvem fazer o que querem, no entanto, é um processo de construção coletiva, quer no aspecto pedagógico, administrativo ou financeiro. Nesse foco, gerir com democracia é dar oportunidade para que todos participem dos processos gestores.
Avenca destaca os pontos positivos pela boa gestão somados a infraestrutura de qualidade, um bom material pedagógico, organização das salas e produção dos alunos e sua convicção na educação como uma força transformadora na sociedade. Ele não destacou os pontos negativos, pois não considera justo apontá-los, afinal todos estão em aprendizagem, seja por fases ou níveis, sendo que o trabalho feito até agora é significativo e promove “mudanças nos discentes” 10, assim é o objetivo da proposta.
Ao incrementar a pesquisa, Senhor Avenca considera que as instâncias colegiadas são existentes e se fazem necessárias quando existe algum assunto urgente, para a seleção dos participantes foram feitas eleições com todos os membros da escola. Finalizou-se a entrevista com a introdução do projeto político pedagógico e se o mesmo tem sido elaborado e executado, Avenca acredita que o PPP é uma responsabilidade e através da realização dos objetivos da escola, e suas competências eles levam em consideração toda a realidade social, cultural e econômica.
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Resposta na íntegra.
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Com os aportes teóricos de Guimarães é possível entender que “toda organização pedagógica de um trabalho escolar requer planejamento. Assim, um PPP construído em parceria com a comunidade escolar torna-se fundamental para a organização pedagógica, junto com o plano de ação da escola e o plano de trabalho do docente”. (GUIMARÃES, 2017, p.89).
Dessa forma, concorda-se com Avenca, pois o PPP, uma construção democrática, deve ser construído por toda a comunidade escolar, levando-se em conta o contexto sociocultural e econômico.
Ao concluir a entrevista com o Senhor Avenca, foi possível perceber a sua postura ética ao demonstrar uma atitude neutra, no sentido de que gestão democrática estará sempre em constante construção.
De acordo com os entrevistados, apesar de algumas dificuldades, os componentes desta investigação, onde se focalizou a gestão democrática, acreditam que as mudanças são possíveis, mediante a participação de todo corpo docente, pais, alunos, funcionários da secretaria e almoxarifado, assim como, pedagógico e comunidade. Constata-se um compromisso dos gestores no enfrentamento das dificuldades já conhecidas no ambiente educacional, sem ocultar os desafios enfrentados pelos mesmos.
Observou-se ainda, em todos os gestores um compromisso com a responsabilidade pedagógica que sua função exerce, mas também suas decisões sempre poderão estar postas em parcerias para que se tenha uma administração democrática, justa e igualitária.
4. Considerações finais À medida que o ensino ganha importância na vida nacional à função do gestor da escola torna-se cada vez mais um papel de responsabilidade não só no domínio da transmissão dos conhecimentos, mas também nos campos administrativo, social e moral. Por essa razão, a gestão escolar assume uma seriedade crescente.
Logo, torna-se necessário um chamado de atenção não somente para o gestor, mas para as pessoas comprometidas na ação educadora, pois para qualquer tarefa expressiva, são necessárias condições mínimas para a sua realização. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Talvez este seja o maior desafio: a compreensão de todos os sujeitos envolvidos neste processo para as mudanças que se fazem necessárias dentro desta escola, ou seja, os pais, com suportes para a formação do ser humano; os alunos, sujeitos do processo de conhecimento para a formação de valores e procedimentos; o currículo, que deve estar em perfeita sintonia com a vida; o trabalho pedagógico, que além de ser coletivo, deve realizar reuniões periódicas de planejamento; a avaliação, cujo objetivo é destacar os avanços e as necessidades de correção no processo pedagógico de formação dos alunos; o tempo, para que haja um ajustamento à concepção da escola formadora de sujeitos ativos.
Desta forma, sempre que uma inovação atinge sua fase final, ela deve inserir-se no processo de funcionamento da escola e impregnar o espírito de todos os envolvidos. Quando uma nova prática é boa, torna-se necessário que dure. O tempo e os alunos mudam, nossos conhecimentos em matéria de pedagogia progridem e os professores devem enfrentar os novos desafios, para não se cristalizarem. Há que resolver constantemente novos problemas e adaptar-se ao meio.
Portanto, uma escola deve ser capaz de perceber as adaptações e as melhorias que são indispensáveis e realizáveis; ela deve ter a capacidade interna de mudar e progredir. A esta característica da escola, pode-se denominar de aptidão inovadora. E, dessa forma, a intervenção dos gestores em certos aspectos da inovação é essencial; e o desenvolvimento desta competência à mudança constitui um aspecto ainda mais importante de sua missão, pois a única coisa que merece realmente ser institucionalizada é a mudança permanente e a capacidade de gerir os processos de mutação, para que se tenha uma escola praticamente democrática.
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SCHOOL MANAGEMENT FROM A DEMOCRATIC PERSPECTIVE: AN ANALYSIS WITH PUBLIC SCHOOL DIRECTORS OF GOVERNADOR VALADARES, MG.
ABSTRACT The present work results from a research with case study strategies that sought to investigate how the school manager should act in a conception of democratic management. The main objective of this question is to identify the postures of the school manager and the possible actions taken by him in a democratic view. The ideal manager must assume the importance of professional interest and a willingness to know more, to raise their own hypotheses and questions. In order to achieve the results, an investigative work was carried out in the public education institutions of Governador Valadares. The field research was developed through interviews, where 5 (five) principals participating in school management stated their experiences in order to support schools in the exercise of their democratic autonomy.The investigative work was based on the theoretical conceptions of Libâneo (2011), Lück (2009), Guimarães (2017). The results indicate that when seeking to answer the questions that arise, it is believed that in this sense, proposing a more participative and autonomous attitude of school, this work may acquire greater relevance.
Keywords: School Manager. Democratic management. School Manager Postures. . REFERÊNCIAS
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GUIMARÃES, Joelma. O trabalho da escola em análise. São Leopoldo: UNISINOS, 2015.. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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GUIMARÃES, Joelma. Gestão educacional. Porto Alegre: SAGA, 2017. LIBÂNEO, José Carlos. Educação escolar: politicas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2011. LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA J F.; TOSCHI M. S.; Educação escolar: politicas, estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2008 p. 318. LÜCK, Heloiza. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2009. LÜCK, Heloísa. Vozes, 2008.
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uma
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AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES.
Christiane de Cássia Magri, Mariana Gessica Barroso Gomes, Taciane de Freitas Silva, RogérioVieira Primo.
RESUMO
Relacionamento interpessoal é a interação entre pessoas e envolve habilidades de comunicação e cooperação marcada pelo contexto no qual está inserido, sendo influenciada pelo ambiente em que se encontra e influenciando o mesmo. O presente estudo tem por objetivo identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, baseada em estudo de caso e pesquisa de campo com análise de dados de observação direta e aplicação de questionário. A coleta de informações foi realizada com auxílio de um roteiro de perguntas estruturado. A amostra constou de 07 funcionários que trabalharam no setor administrativo no primeiro semestre do ano de 2019. Na análise dos resultados, constatou-se que fatores pessoais e do ambiente como respeito, confiança, motivação, empatia e comunicação exercem influência direta nas relações interpessoais e estas, por sua vez, influenciam no ambiente de trabalho, impactando nos resultados da empresa. A pesquisa evidenciou que gerar um ambiente de confiança, de empatia e de colaboração mútua pode estimular interações e motivar o desenvolvimento profissional e pessoal. Para tanto, faz-se necessário oferecer apoio aos trabalhadores, fomentar o diálogo como instrumento de redução de conflitos e proporcionar um ambiente harmonioso. Tais ações tendem a melhorar as relações pessoais, de trabalho, aumentando por consequência a produtividade empresarial. Palavras-chave: Relações Interpessoais. Ambiente de Trabalho. Comunicação.
Acadêmica de Pós-Graduação em Gestão Estratégica de pessoas pela Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC. E-mail: chrismagri1@hotmail.com. Marianagessica_b@hotmail.com. tacianefreitas@live.com ** Professor de Graduação e Pós graduação da Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC. Mestre em Administração. Especialista em Gestão Financeira de Empresas, Gestão Escolar, Gestão Empresarial e Educação Matemática. E-mail: rogerioprimo@unipac.br
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1 Introdução
O desenvolvimento tecnológico vem ocorrendo de uma forma rápida, sendo difícil não acompanhar seus avanços e isso faz parte da evolução, do desenvolvimento. Entretanto, a nova geração que se resume em “era digital” muito se esquece ou banaliza a importância de uma boa comunicação presencial e da interação diante da sociedade. Sendo assim, nos questionamos: As relações interpessoais influenciam no ambiente de trabalho? Atualmente, de acordo com Ventura (2016), com a evolução das organizações, o funcionário deixou de ser visto apenas como uma máquina de trabalho e passou a ser reconhecido pela empresa como um recurso produtivo para traçar e alcançar os objetivos propostos. Ainda segundo Ventura (2016), um ambiente agradável de trabalho pode contribuir para o crescimento da empresa e para o crescimento pessoal e profissional de cada um de seus membros e consequentemente, maior satisfação profissional. Portanto, o comportamento humano pode influenciar e ser influenciado pelo ambiente de trabalho, motivo este, que nos levou a desenvolver esta pesquisa. Para Marques (2018), o relacionamento interpessoal está presente em nossas vidas, no nosso cotidiano, sendo parte importante do desenvolvimento pessoal e profissional e é mais complexo quando relacionado ao ambiente organizacional, pois implica em um convívio com diferentes tipos de pessoas que cultuam diferentes hábitos, pois para desenvolver um ótimo relacionamento temos alguns degraus a serem subidos, tais como, autoconhecimento, empatia, autoestima, cordialidade, ética e principalmente a comunicação. Porém, nem todos os colaboradores estão dispostos a se auto avaliar, questionar a raiz do problema e se comprometer com as mudanças necessárias. Portanto, entende-se que o comportamento humano nas organizações tem um grande desafio. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho, com a finalidade de agregar conhecimento à organização e consequentemente melhores resultados e maior satisfação para os colaboradores. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Espera-se ainda, que a disseminação de tais informações possa auxiliar na construção de soluções necessárias ao bom relacionamento no ambiente de trabalho. Desta forma, para a realização deste trabalho, escolheu-se a Linha de Pesquisa Estudo de caso, sendo definido por Gil (2018), como aquela que é caracterizada pelo estudo profundo e exaustivo de eventos atuais dentro do seu contexto de realidade, de um ou de poucos
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objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado e sem que os comportamentos possam ser manipulados. Quanto à natureza da pesquisa foi aplicada através de observação das interações existentes em seu próprio ambiente de trabalho e exploração através de questionário aplicado aos colaboradores, analisando de forma mais palpável as questões a respeito do relacionamento interpessoal nesse ambiente. Corroborando Pradanov e Freitas (2013), que citam que a pesquisa aplicada envolve verdades e interesses locais para gerar conhecimentos com finalidades imediatas, ou seja, através de sua aplicação na prática, serem direcionados à solução de problemas específicos. Quanto à abordagem foi de caráter qualitativo a fim de expor os resultados das pesquisas. De acordo com Pradanov e Freitas (2013), na abordagem qualitativa, a fonte direta dos dados é o próprio ambiente da pesquisa onde o pesquisador mantém contato direto com o objeto de estudo em questão, mas sem qualquer manipulação intencional do mesmo, tendo como prioridade descrever os fatos e não numerar ou medir unidades. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva que de acordo com Pradanov e Freitas (2013), o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles através do uso de técnicas específicas de coleta de dados como o questionário e observação sistemática. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas. E quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. A empresa abordada em questão é uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores, sendo o objeto de estudo na célula administrativa, que contém 07 (sete) funcionários. Este trabalho poderá contribuir para que os gestores da empresa observada compreendam a importância do relacionamento interpessoal, como fator primordial à harmonia do ambiente de trabalho, ajudando-os a alinhar as estratégias organizacionais em prol do crescimento profissional e da promoção da auto avaliação. 2 As relações humanas
As relações humanas podem ser classificadas em dois tipos segundo a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), quais sejam: Relações interpessoais: é o relacionamento entre pessoas, caracterizada através dos eventos ou acontecimentos que se verificam em casa, na escola, na empresa, na igreja, etc. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Relações intrapessoais: é a comunicação que temos conosco mesmo. É uma reflexão dos seus atos e pensamentos.
Relação interpessoal
É a competência para administrar os relacionamentos, envolvendo habilidades de comunicação, cooperação e interação. De acordo com Marques (2018), o relacionamento interpessoal é a forma de interação entre as pessoas no âmbito social e são orientadas por um conjunto de normas e condutas comportamentais marcados pelo contexto no qual está inserido. No ambiente de trabalho esse relacionamento interpessoal é fundamental, uma vez que a comunicação é indispensável para que as funções e os processos sejam realizados de forma coesa, resultando em melhor produtividade como contextualizado na citação de Marques (2018): No contexto das organizações, o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um relacionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da produtividade. No trabalho, esse relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas é alcançado quando as pessoas conhecem a si mesmas, quando são capazes de se colocar no lugar dos outros (demonstram empatia), quando expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro (assertividade), são cordiais e têm um sentido de ética (MARQUES, 2018).
Sendo assim, implica em relacionar-se de forma que cada indivíduo empregue sua personalidade sem desrespeitar as demais, promovendo colaboração e harmonia no ambiente de trabalho, porém sabe-se que nem todos os colaboradores têm empatia e facilidade de se posicionar de forma respeitosa, fazendo com que potenciais não sejam aplicados da melhor forma e impactando na produtividade da empresa. Tendo em vista a complexidade do tema, alguns autores relacionaram a necessidade de melhorar o relacionamento interpessoal, pontuando como devem ser desenvolvidas na prática. Um ponto inicial importante é começar a observar melhor as próprias atitudes e as dos colaboradores ao redor e tentar compreender o porquê e o contexto de alguns comportamentos, como reações de mau humor, tristeza, agressividade e isolamento. Desta forma: Perceber isso é muito importante, especialmente em ambiente de trabalho, pois quando o outro não está bem e nos trata de forma grosseira, geralmente o poder de levar isso para o pessoal e a achar que o problema dele é conosco. O mesmo acontece na visão dos outros em relação a nós. Saiba que na maioria das vezes não é pessoal e, que seu comportamento, na real, é o reflexo de uma insatisfação interna, passageira ou constante. (MARQUES, 2018).
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Essas observações são parte fundamental nos processos produtivos e levam a melhorias na comunicação dos indivíduos. Neste sentido o autor Marques (2018), ressalta que:
A consequência disso é um ambiente em que as atividades são realizadas com muito mais fluidez, o que traz resultados positivos para todos. Além disso, quando observam que a comunicação é eficaz na empresa, ou seja, que o que cada um diz verdadeiramente importa e é levado em consideração, aumenta a sensação de pertencimento destes colaboradores, fazendo com que haja um aumento significativo de seu engajamento e motivação. (MARQUES, 2018).
Dessa forma, a comunicação é capaz de modificar o comportamento do indivíduo no ambiente de trabalho e influenciar nos relacionamentos interpessoais, tornando-se o elo que facilita as interações e a convivência e estimulando a motivação. Para tanto e conforme cita a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), ações podem ser desenvolvidas junto aos funcionários a fim de trabalhar o autoconhecimento e promover mudanças efetivas. Além disso, para melhorar o relacionamento interpessoal na empresa é necessário trabalhar constantemente e da forma que encontrar mais assertiva certos comportamentos, como:
a) A empatia: Permitir se colocar no lugar do outro, entender o porquê de seus costumes, gostos e comportamentos. b) O respeito e uma boa comunicação: Independente da situação, respeitar o posicionamento do outro, seus valores, crenças e individualidades, saber ouvir, garantindo também que seja respeitado, preservando seus direitos básicos. Para uma boa relação é fundamental que ambas as partes sejam ouvidas e que as diferenças se tornem complementares. c) A colaboração: Ser prestativo em seu ambiente de trabalho, a colaboração de todos é importante para o melhor funcionamento dos processos, estar disposto a ensinar e aprender. d) Estreitamento de laços: Aproveitar oportunidades para tomar um café ou almoçar com os colegas de serviço, conhecer mais o mundo do outro e permitir que ele conheça o seu, suas opiniões, gostos. Não significa invadir o mundo pessoal ou a privacidade do outro, apenas dar abertura para a comunicação.
Saber reconhecer e desenvolver tais comportamentos em seus colaboradores pode alcançar a melhoria das relações interpessoais e o bom funcionamento da empresa.
A importância de um bom relacionamento interpessoal De acordo com Omar (2011), além de um bom currículo profissional, as organizações buscam pessoas com habilidades interpessoais, pois essa capacidade de se relacionar e de lidar com outras pessoas é tão importante quanto as habilidades técnicas. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Para executar um trabalho dentro de uma empresa é preciso dialogar, ter confiança, respeito e boa comunicação interpessoal (base de toda interação humana) entre seus integrantes. Esse bom relacionamento é reflexo de um bem-estar interno e pessoal que pode ser expresso em atitudes positivas e cooperativas, propiciando maior motivação e consequentemente maior produtividade. Quando as relações interpessoais enfraquecem em uma empresa, o clima organizacional torna-se negativo e desgastado, o profissional perde o foco e a produtividade, no ambiente de trabalho começam os desentendimentos, disputas internas e, com isso, empresa e profissional perdem. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2017).
Contudo, para se chegar a um bom relacionamento interpessoal é importante primeiro ter a compreensão do comportamento individual com a consequente avaliação do nível de satisfação dos colaboradores e como esta reflete na produtividade da empresa. Segundo Robbins (2005), as atitudes de cada pessoa afetam o comportamento e que as organizações com funcionários mais satisfeitos tendem a ser mais eficazes. Segundo a psicologia, comportamento é um conjunto de reações do indivíduo ao ambiente que o cerca, de acordo com as circunstâncias em que está envolvido. Porém, Todorov (2017), ressalta:
A definição de comportamento como interação entre organismo e ambiente encontrada em publicações recentes é questionada. Interações entre comportamento e ambiente, objeto de estudo da psicologia, são um tipo dentre vários de interações entre alterações no organismo e alterações no ambiente, estudadas por diversas disciplinas. (TODOROV, 2017)
Entende-se, portanto, que não é somente interação entre organismo e ambiente, mas que o comportamento é resultante de um processo evolutivo, assim como de seu convívio e interações familiares e sociais como um todo e composto por um conjunto de características ou atributos, bons ou ruins, incluindo valores morais. Então, se cada organização é composta por pessoas e cada pessoa traz para a organização sua individualidade comportamental composta por certa carga emocional (negativa e positiva) e influências (socioculturais, psicológicas e situacionais), pode-se entender que os comportamentos individuais dessas pessoas influenciam o ambiente que o cerca e pode ser influenciado pelo mesmo, gerando impacto em seu desempenho profissional e diretamente nos resultados dessa organização.
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Outro fator para um bom relacionamento interpessoal é a comunicação e para que esta exerça sua função é necessário que os funcionários tenham liberdade para colocá-la em prática e expor suas ideias. Segundo Chiavenato (2000, p. 142), “comunicação é a troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação”. Porem, nesse processo de troca ou transmissão de informação é preciso clareza e compreensão do conteúdo, pois se a mensagem não for compreendida pela outra pessoa, a comunicação não se torna efetiva. Chiavenato ainda cita que:
A pessoa trabalha melhor quando conhece os padrões do seu trabalho; a organização opera mais eficientemente quando a pessoa e seu chefe têm um entendimento comum das suas responsabilidades e padrões de desempenho que a empresa espera obter deles; cada pessoa pode ser auxiliada a dar a máxima contribuição à organização e a utilizar ao máximo as suas habilidades e capacidades (CHIAVENATO, 2003, p. 135).
A comunicação exerce uma função estratégica para o crescimento da empresa e um instrumento para a qualidade ou aperfeiçoamento da mesma. Sendo a comunicação adequada, clara e colocada no momento e lugar certo, propicia um relacionamento interpessoal capaz de gerar mudanças positivas significativas para a organização e seus colaboradores.
3 Metodologia
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, fundamentada em bibliografias de autores relacionados à área de gestão de pessoas, em busca de melhor conhecimento das relações interpessoais. Bem como, através da coleta de dados dos colaboradores da empresa a respeito de suas experiências relacionadas ao relacionamento interpessoal em seu ambiente de trabalho. Segundo Minayo (2017), a investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, se atentando para a complexidade da realidade social. Considerou-se adequado para esta pesquisa o estudo de caso que, segundo Gil (2007), tem como objetivo explorar situações da vida real e descrevê-las no contexto em que está sendo feita a investigação, partindo de análise documental secundária e permitindo uma análise mais detalhada do processo organizacional e dos fatores que podem levar a uma maior compreensão da causalidade dos fatos observados. Para Yin (2001), o estudo de caso é adequado quando se abordam eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas é possível fazerem-se observações diretas e entrevistas sistemáticas. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas e os dados foram analisados de forma qualitativa, através da interpretação empírica dos questionários aplicados combinado às TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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informações oriundas da revisão bibliográfica. As fontes consultadas corroboraram e valorizaram as evidências coletadas com os colaboradores que desempenharam um papel fundamental contribuindo de forma significativa para esta pesquisa. Quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. Para Vergara (2005), os dados coletados, devem ser tratados com a finalidade de justificar sua adequação aos propósitos da pesquisa. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva e o universo deste estudo foi constituído por 07 funcionários da célula administrativa de uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores no total, no primeiro semestre de 2019. A amostra foi ainda definida pelo critério de acessibilidade, que segundo Vergara (2009), seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles, longe de qualquer procedimento estatístico.
4 Apresentação e análise dos resultados
Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o método de estudo de caso. Inicialmente, foi necessário definir o setor a ser objeto de estudo, sendo escolhida a célula administrativa pela facilidade de acesso e disponibilidade de tempo de seus colaboradores. Todos os integrantes do setor, num total de sete pessoas com idades entre 20 e 35 anos, participaram da pesquisa de forma voluntária. O período adotado foi entre os meses de maio e junho de 2019.
O questionário foi desenvolvido pelas próprias integrantes desta pesquisa (2 das quais trabalham na empresa em questão), abordando em média 06 questões abertas e temas como relações interpessoais entre colegas de setor, fatores que influenciam nos relacionamentos entre as pessoas do setor, satisfação em relação ao trabalho e motivação para maior compreensão do contexto organizacional. O mesmo foi entregue ao colaborador para preencher de forma individual e usando de sinceridade com o critério de confiabilidade e confidencialidade. Na pesquisa qualitativa, a confiabilidade refere-se à garantia de que outro pesquisador poderá replicar um estudo e chegar a resultados semelhantes, para tanto se utiliza um protocolo de estudo de caso (YIN, 2015). A confidencialidade por sua vez, é a que TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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pretende garantir o acesso de uma propriedade da informação unicamente às pessoas autorizadas e foi definida pela Organização Internacional de Normalização (ISO) na norma ISO/IEC 17799 como "garantir que a informação seja acessível apenas àqueles autorizados a ter acesso". Uma vez analisadas as respostas, foi possível, remetendo-se ao referencial teórico, responder os objetivos propostos nesse trabalho. Os colaboradores que participaram apresentam tempo de empresa superior a 1 ano, sendo 4 do gênero masculino e 3 do gênero feminino, escolaridade entre ensino médio incompleto a e ensino superior completo. Todos exercem função na célula administrativa, sendo 1 Encarregado Operacional, 2 Assistentes Operacionais, 1 Auxiliar Operacional, 1 Auxiliar de Expedição, 1 Auxiliar de Atendimento e 1 Assistente Administrativo. A primeira questão se referiu à compreensão de relações interpessoais. As respostas foram claras e todos concordaram que relação interpessoal consiste no relacionamento entre duas ou mais pessoas (7 respostas), sendo que duas respostas complementaram que esse relacionamento acontece num mesmo ambiente, podendo ser familiar, social, comunidade ou de trabalho e uma resposta ainda, que este convívio entre pessoas deve ser permeado por algum tipo de comunicação. A segunda questão se referiu à influência do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Todos concordaram (100% das respostas) que o relacionamento interpessoal influencia no ambiente de trabalho. As justificativas concordaram que um relacionamento ruim entre colegas propicia um ambiente de trabalho negativo com impacto na produtividade e um ambiente agradável facilita a condução do trabalho, aumenta a produtividade, validam ideias, sentimentos, contribui para a valorização pessoal e a resolução de conflitos internos. Relatam ainda, que a convivência diária com empatia e boa comunicação gera respeito entre colegas que contribui para um ambiente mais agradável e produtivo. A terceira questão foi uma avaliação do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. 5 pessoas compartilharam respostas de um relacionamento bom ou favorável, apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente de trabalho como algumas brincadeiras exageradas de colegas, dificuldade de lidar com as diferentes histórias de vida, valores individuais e pontos de vista. 1 pessoa respondeu como razoável devido aos conflitos de opinião e falta de comunicação que, por vezes, geram desconfortos. E, 1 pessoa classificou TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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sua resposta como complicada devido a uma comunicação ineficiente e falta de paciência, mas ainda assim considera que o resultado final é satisfatório. Na quarta questão deveriam destacar o que mais incomoda e o que mais agrada no relacionamento com os colegas. Entre as questões que mais geram incômodo observadas pelos colaboradores estão: as brincadeiras de mau gosto, o não saber ouvir, a falta de empatia, as mudanças de humor, a falta de compreensão e de paciência. Entre as questões que mais agradam foram citadas: os laços de amizade proporcionados pelo ambiente de trabalho, a forma como a equipe administra o trabalho, a confiança, o respeito, o apoio brindado, o companheirismo e o diálogo. A quinta questão teve como intenção avaliar a percepção quanto a satisfação através da motivação dos colaboradores. Motivação também é um tema relacionado a relações interpessoais. Motivação é algo intrínseco, uma força interna que impulsiona a pessoa na direção de um objetivo. Para Vergara (2014), a motivação é algo individual, de dentro de cada um. “Ninguém motiva ninguém”. As outras pessoas podem estimular, incentivar ou provocar a motivação, mas somos nós que nos motivamos ou não. O que condiciona a motivação é a história de vida de cada pessoa e o grau de motivação determina como esta se relaciona com os demais. Portanto, dentro das organizações motivação e relacionamento interpessoal andam juntos e geram impacto na produtividade. Sendo assim, a pergunta (você sente que a empresa procura motivar seus funcionários quando uma meta é alcançada?), incluiu toda a organização e objetivou a percepção dos colaboradores sobre a existência ou não de estímulos à motivação de toda a empresa. A intenção foi extrair dos participantes o grau de satisfação referente à empresa onde trabalham e se sentem que a mesma oferece a eles estímulos para sua motivação. As respostas foram unânimes, ou seja, 100% dos funcionários responderam que a empresa procura motivar seus colaboradores quando uma meta é alcançada e entre as justificativas citam a celebração das conquistas, reconhecimento que agrega valorização ao funcionário como detalhes que fazem a diferença e geram motivação para seguir alcançando os objetivos propostos. Entretanto, apesar de se sentirem motivados, sugerem que sentem falta de um estímulo de caráter financeiro como uma bonificação ou premiação pelo esforço e empenho nas “batalhas” empreendidas.
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A sexta questão foi sobre a convivência com os colegas, se pode melhorar e suas sugestões para que essa melhoria aconteça. Todos responderam que sim, a convivência entre colegas de trabalho pode melhorar. Dentre as sugestões para que essa melhoria aconteça foram citadas: a prática da empatia, da comunicação e da confiança (4 respostas), além de boa educação, crescimento profissional e pessoal, respeito às diferenças e apoio aos colegas. A análise dos questionários e a observação direta do ambiente de trabalho permitiu identificar os fatores que facilitam o relacionamento interpessoal na empresa em estudo, sendo eles: comunicação, empatia, motivação, respeito e confiança. Identificou-se ainda que a comunicação e a empatia são os elementos imprescindíveis nas relações interpessoais nesse ambiente de trabalho. Demonstrou também que a motivação influencia o comportamento do funcionário de forma significativa para que este apresente bons resultados. Por outro lado, permitiu também identificar certos comportamentos como brincadeiras, falta de paciência, de comunicação e de compreensão podem gerar insatisfação e alterar emoções, fatores que podem impactar de maneira negativa nas relações interpessoais podendo causar conflitos entre os colaboradores que dividem o mesmo ambiente de trabalho. Este estudo evidenciou ainda que os colaboradores da empresa são os principais responsáveis pelo desempenho dessa organização. Portanto, os comportamentos e atitudes tomadas por cada indivíduo influenciam diretamente no ambiente de trabalho e tornam as relações interpessoais harmoniosas ou conflituosas. Pode-se dizer, em relação à empresa de Transporte e Logística estudada e mais especificamente à célula administrativa de tal empresa, que seu ambiente de trabalho atualmente é harmonioso e de boa convivência, “apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente”, como citado por um colaborador em um dos questionários aplicados.
5 Considerações finais
O objetivo geral deste artigo foi identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho de uma empresa de transportes e logística de Governador Valadares. As relações
humanas,
como
visto
neste
trabalho,
influenciam
no
desenvolvimento e desempenho das atividades laborais. São fonte de impulso positivo se bem
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manejadas e de conflitos se mal administradas. Também influenciam diretamente na motivação e consequentemente na satisfação, mas o contrário também é válido. Sendo assim, os resultados apontam que outro fator destacado foi o reconhecimento como forma de valorização e estímulo para alcançar os objetivos e as metas propostas. Este fator se bem administrado gera motivação e satisfação e ambos, como já foi mencionado, influenciam positivamente nas relações interpessoais. Quanto ao ambiente de trabalho, percebeu-se que um ambiente de confiança e firmado na educação entre seus semelhantes, está diretamente relacionado a melhores atitudes. Comportamento esse que influencia de forma significativa e positiva no momento de realizar as atividades que competem a cada um. As condições de trabalho influenciam na atitude do colaborador, mas as percepções que ele tem sobre esses fatores podem determinar seu comportamento, a forma como se relaciona com os demais e impactar no seu desempenho. Portanto, o significado que uma pessoa dá a uma situação determina sua atitude, podendo ser positiva e condicionar um clima de bem-estar e propício ao aumento da produtividade ou pode ser negativo e assim, o gerador de conflito dentro de seu ambiente de trabalho. Dessa forma, o relacionamento interpessoal é de relevância para o bom funcionamento das organizações e que a comunicação entre os colaboradores é fundamental para melhor realização das atividades, impactando diretamente na produção das empresas. Lembrando que as pessoas são sempre o elemento principal e necessário de uma organização e é preciso saber encontrar o equilíbrio entre os colaboradores buscarem conhecer e se engrandecer a respeito de suas relações e a organização por sua vez, estimular certas interações, gerar desenvolvimento profissional e principalmente estimular a motivação, fatores que levam à satisfação e que se transformam no diferencial do mercado. Atentando-se sempre ao fato de que a melhoria do relacionamento interpessoal vem com o exercício diário da empatia e de demais habilidades descritas no presente trabalho e da parte da empresa, ações como cursos, seminários e palestras referentes às relações humanas, podem contribuir para que os funcionários desenvolvam a prática do autoconhecimento e melhoria contínua.
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THE INFLUENCES OF INTERPERSONAL RELATIONS IN THE WORKING ENVIRONMENT OF A TRANSPORT AND LOGISTICS COMPANY OF GOVERNADOR VALADARES.
ABSTRACT
Interpersonal relationship is the interaction between people and involves communication and cooperation skills marked by the context in which it is inserted, being influenced by the environment in which it finds itself and influencing it. The present study aims to identify the influences of interpersonal relationships in the work environment. Specifically, it seeks to describe the types of human and interpersonal relationships; evidence individual behaviors that collectively influence the work environment and suggest actions to improve interpersonal relationships in the company. It is a research with a qualitative approach, based on case study and field research with analysis of data from direct observation and questionnaire application. The collection of information was carried out with the help of a structured questionnaire. The sample consisted of 07 employees who worked in the administrative sector in the first half of 2019. In the analysis of the results, it was found that personal and environmental factors such as respect, trust, motivation, empathy and communication have a direct influence on interpersonal and social relationships. These, in turn, influence the work environment, impacting the company's results. The research showed that generating an environment of trust, empathy and mutual collaboration can stimulate interactions and motivate professional and personal development. To this end, it is necessary to offer support to workers, foster dialogue as an instrument for conflict reduction and provide a harmonious environment. Such actions tend to improve personal and work relationships, consequently increasing business productivity.
Keyword: Interpersonal Relations. Workplace. Communication.
REFERÊNCIAS
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ATRIBUIÇÕES DA INSPEÇÃO ESCOLAR UM ESTUDO COM PROFISSIONAIS DA ÁREA NO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES - MG.
Adna Helena Rodrigues*, Ana Maria Soares Hipólito*, Jéssica Loren Nunes Rocha*, Urailla Caroline da Silva*, Sandra Maria Perpétuo**, Maria Helena Campos Pereira** RESUMO
O presente artigo resulta de uma pesquisa que buscou compreender como são realizadas as ações do inspetor escolar na inspeção regular e especial. Para resposta à questão foi realizado um estudo de caso por meio de revisão biográfica e pesquisa de campo através de entrevistas semiestruturadas há um quantitativo de cinquenta por cento obtendo um somatório de quatro inspetores, de um dos sistemas de ensino da cidade de Governador Valadares. Utilizou-se como aportes teóricos, Escott (2005), Finoto (2010), Fonseca (2002), Gil (2008), Medina (2005),Paulo Freire (1996), Reis (2007), Tavares (2005), além de leis referentes à educação. Como resultados entendeu-se que inspeção regular acontece durante o dia-a-dia, o cumprimento de todas as burocracias e os cronogramas previsto em lei, por outro lado a inspeção especial são os serviços extraordinários e inerentes à rotina. Os inspetores entrevistados detalharam os serviços realizados por eles no que se refere a inspeção regular e especial, bem como sobre a participação da família na inspeção escolar e melhorias que consideram necessárias à área. Notou-se também que a importância dos serviços de inspeção regular e especial para a educação como um todo, concerne à manutenção das legalidades evitando assim o descumprimento das leis e normas, garantindo o padrão de qualidade educacional, a equidade e a justiça, atendendo toda comunidade escolar e comunidade externa de modo direto ou indireto. Palavras-chave: Inspeção escolar. Inspeção regular. Inspeção especial. 1. Introdução A inspeção tem sido objeto de discussão desde o período colonial, já na atualidade, acredita-se que as atribuições da inspeção regular e especial não são notórias por parte da *Acadêmicos do 7º período do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG, 2019 e-mail: adnahelenarodrigues@hotmail.com. anamhipolito@outlook.com jessicaloren-gv@hotmail.com urailacarol@gmail.com. **Pedagoga. Mestra em Educação (UFOP. Professora das disciplinas Seminário de Pesquisa, Alfabetização e letramento e Coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos. Especialista em Gestão Educacional, Supervisão/Coordenação Pedagógica, Alfabetização, Educação Inclusiva e Especial..Email: sandraprocatelli@hotmail.com *** Co-orientadora. Mestrado em Ciências da Educação pelo Instituto Superior Pedagójico Enrique Jose Varona, Cuba(2002) Contrato por módulos do Faculdades Integradas de Patos , Brasil. Professora do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com
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comunidade escolar, a partir desta afirmativa buscou-se compreender como é realizada a inspeção nessas duas situações. Em conformidade com o dito anteriormente Medina (2005), afirma que o inspetor deve encontrar meios legais, pertinentes e viáveis com o propósito de atingir seus objetivos, contribuir para a qualidade educacional e promover melhorias nas condições de trabalho de toda equipe escolar para que haja mais envolvimento e dedicação por parte desses profissionais. Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo inspetor escolar no tocante a inspeção regular e especial, está prevista em lei como sendo serviços que englobam os aspectos de organização, autorização, reconhecimento e renovação; bem como, as legalidades da escola e equipe escolares regularidades no acesso e permanência da vida escolar dos alunos a regularidade de toda documentação escolar com a inclusão da escrituração; orientação em relação as dificuldades, falhas e omissões; cumprimento das normas e leis federais, estaduais e municipais; adesão e determinação de diligências com intuito de solucionar conflitos ou corrigir irregularidades; suspensão de atividades escolares quando houver necessidade; resolução de situações eventuais, extraordinários ou especificas; recomendação de diligências ao órgão superior; e a transmissão das informações entre as escolas, órgãos regionais e centrais da secretaria de educação. Como declara Finoto (2010), o inspetor escolar é o responsável legal por fazer a intermediação entre escola e poder público, sendo uma instância averiguadora, direcionadora, auxiliadora e administrativa. Na realização desse estudo, teve como objetivo geral compreender quais são as atribuições realizadas na inspeção regular e especial,para alcançar os objetivos específicos os quais foram: compreender o papel do inspetor escolar, diferenciar a inspeção regular e especial, entender os processos das visitas regulares e especiais, analisar a importância das atribuições da inspeção regular e especial para o sucesso escolar. A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e pesquisa de campo, através da realização de entrevistas semiestruturadas a04 (quatro) inspetores, que representam 50% (cinquenta por cento) dos profissionais que integram um sistema de ensino de Governador Valadares. A relevância desse trabalho se revela na medida em que contribui e possibilita o entendimento sobre as especificidades da inspeção regular e especial, ao considerar que a partir dessa, outras poderão surgire com isso, ampliar o conhecimento sobre diversas áreas pedagógicas e possibilitar o crescimento do ensino escolar no Brasil, pois como anuncia Paulo Freire (1996, p.29), “não há pesquisa sem ensino e ensino sem pesquisa”. Para isso, a pesquisa seguiu a estrutura textual sugerida pela UNIPAC (Faculdade Presidente Antônio Carlos), iniciou pelo resumo, seguido de palavras-chave, introdução, métodos, resultados e discussão, considerações finais, abstract, keywords e referências.
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2. Métodos A pesquisa científica acontece através do surgimento de uma dúvida, a partir dai farse-á uma pergunta que por sua vez dará origem a pesquisa. Visto que, o ato de pesquisar tratase de sistemas racionais e organizados os quais possuem objetivos a serem alcançados, para tal necessita-se aplicar métodos investigativos até atingir a discussão dos resultados. Segundo Fonseca (2002), metodologia é a organização dos caminhos para realizar pesquisa e conceber ciências, em síntese são os conhecimentos, o percurso e recursos empregados para desempenhar estudos. Nesse sentido, a pesquisa desempenhada com o intuito de compreender as ações desenvolvidas pelo inspetor escolar na cidade de Governador Valadares-MG é de abordagem qualitativa. A fim de estabelecer análise da importância das atribuições da inspeção regular e especial para o sucesso escolar, realizou-se estudo de caso, por meio de revisão bibliográfica em consultas a artigos publicados no banco de dados da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),e resoluções em formatos de leis aplicáveis à área. Utilizou-se também pesquisa de campo a qual ocorreu em 02 (dois) dias consecutivos por meio de entrevistas semiestruturadas e gravações de áudios, além de buscas de informações para justificar a seleção do sistema analisado. Trata-se de uma pesquisa exploratória, pois as atribuições da inspeção regular e especial não são evidenciadas nas pesquisas e na consulta aos periódicos consultados foram encontrados apenas dados históricos que remetiam ao processo de democratização dos profissionais responsáveis por inspecionar as instituições. Nesta perspectiva, o intuito de uma pesquisa exploratória é habituar-se à temática parcamente notória, pouco pesquisada. Ao epílogo de uma pesquisa exploratória, o assunto será mais conhecido, tornando-se adequado à elaboração de hipóteses. Seja qual for o levantamento, este tipo de investigação decorre da percepção do pesquisador. Pelo fato de ser uma pesquisa muito intrínseca, por vezes apresenta-se em forma de estudo de caso (GIL, 2002). Há (02) dois órgãos do sistema de ensino responsáveis pela inspeção escolar na cidade de Governador Valadares nos quais, um possui o quantitativo de 30 (trinta) inspetores e o outro possui08 (oito) inspetores. Optou-se por um deles uma vez que este é o que mais atende ao público onde os pedagogos atuam na regência, a partir de então, decidiu-se aplicar as entrevistas semiestruturadas para um amostral de 50%(cinquenta por cento) totalizando 4 (quatro) inspetores entrevistados, da população de 08 (oito). Em conformidade com a ética que trata sobre o sigilo referente aos nomes dos entrevistados, foram dados nomes fictícios a eles em homenagem a autores da área da pedagogia O primeiro entrevistado recebeu o nome de Sant´Anna, seguindo essa ordem os próximos foram nomeados: Souza, Vasconcellos, Vicentini.
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3. Resultados e discussão 3.1 Serviços de inspeção regular e especial A inspeção escolar acontece em serviço de inspeção regular e especial, a partir desta afirmação é correto proferir o desfecho obtido nas entrevistas semiestruturadas e gravações de áudio. Ao adentrar no departamento de inspeção, a princípio, evidenciou-se a atenção e a disposição dos servidores em participar da pesquisa, os mesmos encontravam-se deveras atarefados, conforme a agenda de atendimento aos diretores escolares e às deliberações das folhas de pagamentos (AF). No primórdio, o somatório de inspetores foram 03 (três), seguido de mais 01 (um) no dia posterior. O entrevistado Sant´Anna atua como inspetor escolar há 06 (seis) anos, Souza há quase 06 (seis) anos, Vasconcellos há 06 (seis) anos e Vicentini há 10 (dez) anos, sendo que, este migrou para a direção retornando novamente à inspeção. De acordo com Finoto (2010), as incumbências do inspetor escolar são definidas como sendo investigadora, avaliadora, condutora, disciplinadora e estimuladora, ou seja, o mesmo deve possuir competências legais, ser explorador e atento, ter conhecimento e domínio sobre a escrita e a fala, possuir conduta pedagógica, ser moderado e inovador. Em conformidade com as incumbências, os 04 (quatro) inspetores ao serem questionados sobre como é feita a inspeção regular, disseram que são os serviços de rotina, toda parte burocrática, bem como, o cumprimento do cronograma e ao que está previsto na legislação. Os relatos apresentados por eles possibilitaram compreender que a inspeção regular é o ato de verificar as escolas, as secretarias das escolas, toda a escrituração, históricos escolares, fichas individuas, documentos dos alunos, dos professores e dos demais servidores. Também tem como função a conferência das folhas de pagamento mensalmente, ou seja, verificação da carga horária do servidor para que a partir de então, seja gerada a folha de pagamento. Este serviço também é responsável por renovar e autorizar o funcionamento das escolas da rede privada uma vez que, incumbe-se em inspecioná-las. O inspetor verifica toda parte administrativa das escolas, assim como, averígua os livros de registros e diários de classe, executa contagem de tempo para fins de aposentadoria, realiza orientações com propósitos disciplinares e orienta toda equipe escolar com base nas legislações. Nota-se que a inspeção regular do mesmo modo tem como atribuição organizar e encaminhar as documentações referentes aos editais de contratações, elaborar resoluções de designação, de quadro de pessoal, de calendários escolares, portarias e normativas, vale ressaltar que todos os trabalhos são executados em consonância às leis Federais, Estaduais e Municipais. É possível exemplificar circunstâncias da inspeção regular possíveis de corrigir rapidamente, quando há um erro na apuração de frequência, a correção é feita na hora, se for um documento da mesma forma, todavia tudo é relatado e protocolado. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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No tocante a inspeção especial, entende-se que são as ocorrências contingentes, extraordinárias ou inerentes (resolução n°457, art.7°, 2009, p. 2). Nesse sentido, obteve-se a confirmação em relação ao questionamento se já haviam realizado a inspeção especial, seguido de descrição dos fatos e atuação frente aos impasses. Sant´Anna relatou que houve uma denúncia anônima, a qual foi informada aos inspetores através da ouvidoria, que uma diretora maltratava os servidores, não autorizava as professoras a darem banho nas crianças, deixando-as por muito tempo com a mesma fralda, além de a alimentação não se adequar às necessidades nutricionais de cada faixa etária das turmas. Fundamentado em tal denúncia, formou-se um grupo de três inspetores para executar apuração dos fatos. Ao chegarem na instituição, reuniram em uma sala reservada, se apresentaram e ouviram o depoimento de vários servidores. Este testemunho, em primeiro momento é feito oralmente, depois de forma escrita e posteriormente assinado, sendo a favor ou contra. Após apuração, inferiu-se como sendo inverídica a delação apresentada. A partir disso foi elaborado relatório e após, entregue ao diretor de departamento que por sua vez enviou ao secretário de educação, o qual devolveu para a ouvidoria contendo todas as constatações. Caso fosse detectado e constatado tais irregularidades, como sendo verídicas, seria pedido para que encerrassem as atividades daquela instituição, uma vez que se tratava de denúncias muito graves. Outro caso semelhante a qual envolve situações com diretor escolar foi expresso, todavia, neste caso foram dois pedagogos analistas juntamente com um inspetor verificar os fatos, mais uma vez a denúncia era infundada. Os procedimentos adequados foram realizados nesta apuração. Entretanto, o entrevistado não detalhou o motivo de tal denúncia, assegurou apenas que infelizmente tais inverdades chegam até à ouvidoria e por essa razão é extremamente importante a averiguação. Foi relatado por Vasconcellos a prisão de um docente acusado de cometer violência contra as crianças. O encarceramento ocorreu após a conclusão da investigação que sucedeu por meio de indagações a todos os servidores e aos pais. Em uma nova inspeção especial, desta vez de conferência de diplomas foi identificado incongruências, mediante diligências aprofundadas. Neste caso, constatou-se que a assinatura da diretora no diploma era improcedente, em virtude de a mesma estar aposentada há mais de 15 (quinze) anos, assim como a assinatura do auxiliar de secretaria não proceder. Portanto, o diploma de fato era ilegítimo. Após apuração das provas, acionou-se então a Polícia Militar que apreendeu o responsável. Ainda em caráter especial ocorreu relatos de maus-tratos dentro decerta instituição, todos os procedimentos adequados foram desempenhados, constatou-se então que de fato acontecia esta situação, logo, a servidora foi destituída do cargo. Um dos entrevistados similarmente mencionou uma ocorrência de violência física contra uma criança portadora de deficiência, especificamente Síndrome de Down. Este caso foi presenciado por Vicentini, que por sua vez entrou em estado de choque, assim sendo, chamou o pedagogo que estava junto e o diretor da instituição, o entrevistado expôs também que não teve condições de acionar a TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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polícia e solicitar boletim de ocorrência. Entretanto, o ocorrido foi registrado e imediatamente o servidor foi exonerado. Nessa perspectiva, as ocorrências que envolva maus tratos ou qualquer tipo de violência devem ser rapidamente notificadas às autoridades competentes, qualquer postura contrária a esta, entra em desacordo com as legislações. Conforme descrito no Artigo.13 do Estatuto da Criança e do Adolescente Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais (BRASIL, 1990, P.25).
Caso os profissionais ou responsáveis pelo menor de idade não informar às autoridades sobre qualquer tipo de violência que o mesmo esteja sofrendo, estará sujeito a penalidades de acordo com Art.245, também do Estatuto da Criança e do Adolescente Multa de 03 (três) a 20 (vinte) salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência, se deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente (BRASIL, 1990, P.132). As medidas que costumam tomar em relação às problemáticas da inspeção regular dependerá da especificidade das situações, ou seja, do quão complexas e burocráticas são. No entanto, ordinariamente, os inspetores preenchem o termo de visita. Quando é identificado algo incorreto, ainda dentro da escola preenchem o documento relatando os impasses e o que precisa ser modificado. Logo após a visita retornam ao departamento e entregam o termo para o diretor, se for algo simples é determinado um tempo para regularização da situação, mas se for grave, a suspensão das atividades ocorre após tramitar o processo. Caso necessário, o diretor de departamento é responsável por encaminhar as informações a seus superiores para que tomem providências. O termo de visita é feito em 03 (três) vias, uma para a escola, uma para o departamento, se o inspetor não puder decidir sozinho, a terceira fica com quem responde pelo sistema de ensino. 3.2. A participação da família no processo de inspeção A participação da família no processo de inspeção acontece de modo indireto. Todavia, como discorre Tavares e Escott (2005), o inspetor escolar tem o dever de proporcionar à toda comunidade escolar e aos discentes um ambiente enriquecedor de conhecimentos, para que os discentes se tornem cidadãos empenhados nas mudanças sociais. Em consonância com o relato de Souza, essa participação ocorre quando os alunos acima de 14 (quatorze) anos, os pais, os responsáveis ou a comunidade em geral envolvem-se na elaboração do currículo, da matriz curricular, do calendário escolar e comparecem na TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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prestação de contas, além de participarem dos conselhos escolares. Apesar de ser correta tal participação, Vicentini acredita que muitas escolas possuem uma gestão ainda rígida, que dificulta o envolvimento da comunidade no processo escolar como um todo, desde as visitas rotineiras com propósito de conhecer e adentrar no que se refere ao desenvolvimento escolar dos filhos, até o processo de inspeção. A comunidade contribui também quando comparecem até o departamento como relata Vasconcellos, para informar alguma irregularidade seja na estrutura física do prédio, nas documentações, nas transferências de seus filhos ou em relação a equipe escolar. Santa´Anna não considera que a família participa do processo de inspeção e Souza afirma que essa participação não ocorre de forma direta, uma vez que, a lei sistematizadora do departamento não prevê tal envoltura. No entanto, pôde ser presenciado uma mãe, a qual não havia agendado atendimento, buscando informação e resolução de seu impasse porque seu filho foi transferido de escola no mês de novembro. Justamente faltando poucas semanas para o término do ano letivo, o aluno não estava de acordo com a transferência, assim como, sua mãe. Por não ter agendado atendimento, esperou na recepção por algumas horas, muito exaltada recorria incessantemente por respostas, os inspetores entraram em contato com o diretor escolar para entender o que havia acontecido, reprovando a atitude do diretor já que o mesmo não devia ter tomado esta decisão em pleno encerramento letivo. Ainda, no sentido da participação da família no processo de inspeção, Reis (2007), afirma que a educação é também responsabilidade da família, visto que a escola não poderá cumprir seu papel sozinha. A relação família-escola inicia no momento da escolha institucional, sendo de suma importância o elo entre a instituição, família e discentes. Deste modo, os inspetores solicitaram participação mais efetiva desta mãe e família na vida escolar do filho, não somente exigindo a realização de trabalhos e notas altas, como também requerendo melhorias nos conteúdos atitudinais, no entanto, até o momento da finalização das entrevistas os inspetores não haviam obtido respostas por parte da escola. 3.3 Melhorias necessárias no sistema de inspeção escolar Sabe-se que melhorias são necessárias a todas as áreas do processo educativo, pois apenas com uma visão inovadora é possível fazer progressos. Com isso, pode-se dizer que os inspetores também consideram interessante e necessárias algumas mudanças no departamento bem como na inspeção como um todo. A demanda dos serviços de inspeção escolar neste departamento é em verdade excessiva, como relata Santa´Anna e Souza, que há cerca de 48 (quarenta e oito) escolas a serem inspecionadas e poucos servidores para suprir as necessidades, acarretando assim, sobrecarga de atividades que por vezes não são resolvidas de maneira excepcional. Deste modo, os entrevistados acreditam que para aprimorar o atendimento é imprescindível aumentar o quadro de funcionários da inspeção, melhorar a infraestrutura do prédio de departamento, uma vez que são 08 (oito) inspetores dividindo uma única sala o que leva a TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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prejudicação da atenção em determinados trabalhos onde é primordial a concentração. A sugestão dada no que tange a infraestrutura, seriam divisórias para haver mais privacidade nos atendimentos, entretanto para ocorrer esta privacidade tais divisórias deveriam ser com isolamento acústico. Na atualidade, pode-se perceber que a função do inspetor os deixa em mais exposição tendo em vista o exercício direto com os servidores em geral, Vasconcellos nesse sentido, considera essencial assistência jurídica mais ativa, pois apesar de lidarem e terem conhecimentos das leis, as mesmas possuem suas lacunas. Por outro lado, Vicentini diz ser importante a compreensão da equipe escolar e da comunidade no que se refere ao cumprimento das leis e normas. A comunidade escolar não deve entender as decisões tomadas como uma afronta pessoal, sendo primordial agir de modo profissional sem quererem obter vantagens em determinadas burocracias. 4. Considerações finais Durante a realização da pesquisa foi possível compreenderas ações realizadas na inspeção regular e especial, uma vez que antes mesmo de iniciar a pesquisa de campo, de certa forma, o conhecimento se desenvolvia através das bibliografias. Ao ir a campo pôde-se notar detalhadamente os serviços desempenhados, na inspeção regular. Executam serviços rotineiros e atos de verificação das regularidades exigidas em leis de forma geral. Já na inspeção especial são todas as sindicâncias extra rotineiras desde encerramento de atividades escolares, recolhimento de arquivos que são todos os documentos da escola e também documentos como históricos escolares dos discentes, até apurações de denúncias. Desse modo, o serviço de inspeção escolar contribui para que as leis sejam cumpridas, isto é, a parte burocrática. Também contribui para a segurança dos alunos e equipe escolar, para a qualidade de ensino, para integridade física, mental e social dos alunos, como também de toda equipe escolar. Vale ressaltar as diferentes visões sobre os mesmos aspectos, dado que ao serem entrevistados os inspetores responderam de modo diverso com relação a melhorias necessárias à inspeção escolar, e sobre a interação familiar no processo de inspeção. Houve entrevistado que se mostrou disponível a participar da pesquisa, todavia, ao ser solicitado que descrevesse sobre algum caso de inspeção especial e como agiu frente ao problema foi possível notar que o mesmo se sentiu um tanto desconfortável em detalhá-lo. Em suma, conclui-se que para haver uma inspeção escolar satisfatória é importante que todos os envolvidos se comprometam a proceder de acordo com todas as legislações federais, estaduais e municipais, sem que haja o famoso “jeitinho brasileiro”, além de os inspetores serem criteriosos em suas averiguações e registros, com o objetivo de alcançar o crescimento da qualidade educacional, por meio de ações democráticas, colocando a verdade e o profissionalismo como parte essencial de sua atuação.
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Nesse sentido, far-se-á imprescindível novas pesquisas na área da inspeção escolar, pois as mesmas são escassas. Por ser uma área um tanto quanto complexa não há interesse acadêmico igualmente intenso, em aprofundar nos assuntos que tange.
SCHOOL INSPECTION ASSIGNMENTS A STUDY WITH PROFESSIONALS IN THE AREA IN THE MUNICIPALITY OF GOVERNADOR VALADARES - MG.
ABSTRACT
This article is the result of a research that sought to understand how the actions of the school inspector are performed in regular and special inspection. To answer the question, a case study was conducted through biographical review and field research through semi-structured interviews. Fifty percent obtained a sum of four inspectors from one of the education systems of the city of Governador Valadares. It was used as theoretical contributions, Escott (2005), Finoto (2010), Fonseca (2002), Gil (2008), Medina (2005), Paulo Freire (1996), Reis (2007), Tavares (2005), besides education laws. As a result, it was understood that regular inspection happens day by day, compliance with all bureaucracies and the schedules provided by law, on the other hand the special inspection are the extraordinary and inherent services to the routine. The inspectors interviewed detailed their services with regard to regular and special inspection, as well as family participation in school inspection and improvements they deemed necessary in the area. It was also noted that the importance of regular and special inspection services for education as a whole concerns the maintenance of legalities, thus avoiding non-compliance with laws and standards, guaranteeing the standard of educational quality, equity and justice, taking into account all school community and external community directly or indirectly. Keywords:School inspection. Regular inspection. Specialinspection.
REFERÊNCIAS
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EFEITO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NO DECLINIO DA AUTONOMIA FUNCIONAL NA TERCEIRA IDADE Breno Santos de Moura*, Evandro Alves Soares*, Ivan Martins Alves*, Ana Karina C. Machado**, Wellesson Rodrigues***, Ana Paula Campos Fernandes****
RESUMO
A população idosa vem crescendo consideravelmente, o que se atribui a uma maior expectativa de vida, provavelmente relacionada com o avanço da tecnologia e a queda da taxa de natalidade através de imunização da população ao longo dos anos, gerando a necessidade de mudanças na estrutura social, para que estas pessoas tenham um processo de envelhecimento saudável, visando uma boa qualidade de vida. O declínio da capacidade funcional na terceira idade está associado ao envelhecimento que é um processo multifatorial, gradual e irreversível, que envolve alterações estruturais e funcionais inerentes ao ser humano. Diante deste contexto, o objetivo do trabalho é destacar os principais aspectos que justifiquem a relevância do treinamento funcional contra os declínios da capacidade funcional na terceira idade, sendo esta modalidade que mais se aproxima das atividades básicas da vida diária. A metodologia consiste em revisão bibliográfica qualitativa e descritiva, buscando através de pesquisa de campo evidenciar a modalidade como método eficiente em atenuar os efeitos do declínio da capacidade funcional na terceira idade. Os resultados encontrados através do questionário aplicado permitiram demonstrar que a modalidade proporcionou benefícios físicos, psíquicos e sociais aos idosos entrevistados, corroborando com os estudos realizados mediante a elaboração deste trabalho. Palavras-chave: Treinamento Funcional. Envelhecimento. Terceira Idade. Capacidade Funcional.
1 Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como idoso um limite de 65 anos ou mais de idade para os indivíduos de países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade para indivíduos de países em desenvolvimento, tais como Brasil, Peru, Colômbia, etc.
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Acadêmicos do curso de Educação Física bacharel da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail ** Professor orientador. Professora Ana Karina Cabral Machado da disciplina de Estagio Supervisionado II em Educação Física. Graduação em Licenciatura Plena. Pós-Graduada em Metodologia e Prescrição de Atividade Físicas para Terceira Idade. E-mail: akmachado@msn.com *** Professor coorientador. Professor da disciplina de Atletismo em Educação Física. Graduado em Licenciatura Plena. Pós-graduado em Docência Superior. E-mail: welesson.rodrigues@educação.mg.gov.br **** Professora coorientadora. Professora da disciplina Projeto de Pesquisa em Educação Física. Graduação em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com
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O processo de envelhecimento, segundo Farinatti (2002), ocorre desde o nascimento até a morte. Este processo induz perda de capacidade adaptativa, a doenças crônicas não transmissíveis, prejuízos na funcionalidade e na qualidade de vida. De acordo com ResendeNeto (2016), o avanço da tecnologia, aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de natalidade através de imunização da população são alguns dos fatores que contribuem para o aumento da população idosa no país, de forma que o mesmo deixe de ser um país de jovens e tende a se tornar um país de idosos. Em consequência desse fenômeno, a população brasileira teve um grande aumento nos últimos anos passando de 4,8 milhões de idosos em 2012, para os 30,2 milhões em 2017 segundo o IBGE (2018). Em virtude deste fenômeno, é necessário refletir sobre as possibilidades que surgirão com este quantitativo. O declínio da capacidade funcional na terceira idade está associado ao envelhecimento que é um processo multifatorial, gradual e irreversível, que envolve alterações estruturais e funcionais inerentes ao ser humano, ou seja, a incapacidade funcional está relacionada a não conseguir realizar ou ter grande dificuldade em executar atividades básicas do cotidiano sem auxílio de alguém. A limitação funcional ou incapacidade funcional caracteriza-se pela dificuldade no desempenho de alguns gestos e atividades diárias na vida dos idosos. Portanto, a ausência da Capacidade funcional (CF) refere-se á dificuldade de realizar tarefas do cotidiano de forma autônoma, tornando-os mais independentes e alcançando melhorias na qualidade de vida (FRANCHI et al., 2008; ROSA et al., 2003).
Assim, o aumento da expectativa de vida, a busca pela qualidade de vida na terceira idade, ou seja, a senescência se torna um fator importante a ser considerada.
O TF é um método sistematizado de exercícios multifuncionais com a premissa básica de melhoria do sistema psicobiológico. Este tipo de treinamento se baseia na aplicação de exercícios integrados, multiarticulares e multiplanares, combinados a movimentos de aceleração, redução e estabilização, que tem como objetivo principal aprimorar a qualidade de movimento, melhorar a força da região da região central do corpo (core) e a eficiência neuromuscular, além de se adaptar as necessidades específicas de cada indivíduo (Teixeira et al.,2014; Da Silva-Grigoleto et AL., 2014).
Nesse sentido, o treinamento funcional é uma ferramenta de trabalho essencial para o Profissional de Educação Física, pois os exercícios funcionais aproximam-se das “atividades básicas da vida diária”, denominadas como ABVD’s, sendo um dos instrumentos mais antigos TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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para medir a avaliação funcional dos idosos desenvolvido por Sidney Katz, e que ainda hoje é considerado um parâmetro de referência (DUARTE, ANDRADE e LEBRÃO, 2007).
Nesta perspectiva, a perda de força e equilíbrio ameniza além de influenciar diretamente na melhora da capacidade funcional e qualidade de vida geral do idoso, o treinamento funcional como prática regular é de suma importância no seu cotidiano, pois trabalha a capacidade funcional do indivíduo como a força, flexibilidade, equilíbrio, entre outros. Deste modo, o treinamento funcional apresenta-se como uma proposta de construir um indivíduo preparado para as atividades do seu dia a dia, prevenindo contra lesões, retardando o processo de envelhecimento e consequentemente doenças crônicas como a obesidade, hipertensão e diabetes. Proporcionando, assim, ao idoso uma possibilidade de adquirir capacidades funcionais perdidas durante o processo de envelhecimento (MATSUDO, 2004). De acordo com Dias (2011), o treinamento funcional é uma combinação de exercícios físicos que envolvem movimentos básicos e que ajudam a trabalhar a flexibilidade e o equilíbrio do corpo, melhorando a resistência física e a força muscular. São movimentos que estão presentes em nosso dia a dia como correr, saltar, agachar, levantar, caminhar, entre outros. Em resumo o problema analisado é: Quais efeitos do treinamento funcional no declínio da capacidade funcional para amenizar os sintomas patológicos característicos na terceira idade? Em virtude dos fatos mencionados, este artigo visa identificar os principais fatores que justificam a importância do treinamento funcional no declínio da capacidade funcional na terceira idade. Portanto, este projeto acadêmico trata-se de uma revisão bibliográfica com as seguintes temáticas: Treinamento Funcional, declínio da Capacidade Funcional na terceira idade, envelhecimento e o aumento número de idosos. Diante destas informações este estudo tem como objetivo apontar os efeitos do Treinamento Funcional na melhoria e manutenção da Capacidade Funcional dos idosos, analisados a partir de artigos científicos, sites relacionados de diferentes autores da área do treinamento.
2 Métodos
Este trabalho foi desenvolvido por meio de revisão bibliográfica que consiste em pesquisas na internet, de caráter documental, por meio de ferramentas de busca, a fim de TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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encontrar artigos, resumos científicos, sites que evidenciam o treinamento funcional como método eficiente de treino voltado ao público da terceira idade. Segundo Lakatos e Marconi (2008), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas, imprensa e escrita. A revisão bibliográfica também é denominada de Revisão de literatura ou referencial teórico, sendo parte obrigatória em trabalhos acadêmicos, que revela explicitamente o universo de contribuições científicas de autores sobre um tema específico (SANTOS; CANDELORO, 2006). Cervo e Bervian (2002, p. 48) defendem que a pesquisa bibliográfica deve ser o primeiro passo em toda investigação científica, além disso, tem como objetivo “explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos [...] busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema”. As palavras-chave utilizadas como busca da pesquisa bibliográfica em portais de periódicos científicos foram: conceito de treinamento funcional, exercícios físicos na terceira idade, importância treinamento funcional, benefícios do treinamento funcional na terceira idade, envelhecimento. Este estudo classifica-se, também, como qualitativo, sendo este um método de investigação científica que se foca no caráter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais. No mesmo sentido, Minayo (2001, p. 21-22) classifica a pesquisa qualitativa como um “universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. Ademais, há um caráter descritivo, cujo objetivo é o de criar proximidade e uma visão geral a respeito do efeito do treinamento funcional no declínio da capacidade funcional do idoso. Visto que esta revisão possibilita uma reflexão das pesquisas já concluídas e obter informações a partir de um tema de interesse. É, também, descritiva porque tem como objetivo a descrição dos fatores que justifiquem importância de treinamento funcional na terceira idade. A pesquisa descritiva objetiva conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modificá-la (CHURCHILL, 1987), para tal será empregado técnicas padrões de coleta de dados: questionário e observação, através de pesquisa de campo. A pesquisa de campo propriamente dita “não deve ser confundida com a simples coleta de dados, é algo mais que isso, pois exige contar com controles adequados e com objetivos preestabelecidos que descriminam suficientemente o que deve ser coletado” TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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(Trujillo, 1982, 229apud LAKATOS e MARCONI, 2008, 83). Desta forma, torna-se uma investigação empírica, realizada “in loco”, ou seja, é um tipo de pesquisa feita nos lugares da vida cotidiana, fora do laboratório ou da sala de entrevista (LAKATOS e MARCONI, 2008). Conforme Gil (2006, p. 128), a aplicação de questionário na pesquisa de campo é uma técnica de investigação, composta por questões apresentadas por escrito às pessoas, tem a intenção de identificar opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. Corroborando com o dito, Labes (1998) alerta sobre a importância de ter atenção na formulação das perguntas em questionários “especialmente no que diz respeito à escolha e a utilização das palavras, à clareza, à terminologia adequada, à linguagem de fácil compreensão, etc. Portanto, estas metodologias proporcionarão subsídios para responder aos objetivos propostos, que são evidenciar e justificar o treinamento funcional como um importante aliado contra as patologias que assolam o público da terceira idade.
3 Resultados e discussão
Qualidade de vida e bem-estar não estão relacionados somente com a prática de atividades físicas, mas sim a uma série de fatores, em virtude das variáveis que cercam o conceito de qualidade de vida e bem-estar. Por questão de tempo e delimitação do tema, reconhecemos esses fatores, mas vamos nos ater somente no fator do exercício físico, na área da educação física como uma das maneiras de proporcionar qualidade de vida e bem estar, deixando os outros fatores para pesquisas futuras.
Desta forma, Dawalibiet al (2013, p. 394) dizem que o conceito de qualidade de vida relaciona-se: À autoestima e ao bem-estar pessoal e abrange uma grande gama de aspectos, tais como: capacidade funcional, nível socioeconômico, estado emocional, interação social, atividade intelectual, autocuidado, suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos e religiosidade, estilo de vida, satisfação com o emprego e/ou com as atividades da vida diária e com o ambiente em que se vive. Assim, o conceito de qualidade de vida é subjetivo e dependente do nível sociocultural, da idade e das aspirações pessoais de cada indivíduo.
Em contrapartida, muitas vezes não há qualidade de vida durante o envelhecimento, pois a principal característica desta fase é o declínio, normalmente físico, que ocasiona TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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alterações sociais e psicológicas (MANTOVANI, 2007). Desta forma, SOUZA e SOUSA (2013, p. 2) definem o envelhecimento como:
Um processo dinâmico e progressivo, que gera alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas. De acordo com alguns gerontólogos, acredita-se que a perda de qualidade de vida dos idosos no Brasil é causada pelo estilo de vida sedentário, ocorrendo uma diminuição de variáveis importantes para a sua melhoria funcional, como: força, potência, flexibilidade e equilíbrio.
No mesmo sentido, Resende-Netoet al (2016, p. 168), defendem que o processo de envelhecimento é: Multifatorial, gradual e irreversível, que envolve alterações estruturais e funcionais inerentes a todos os seres vivos, induzindo perda de capacidade adaptativa, aumento da suscetibilidade à doenças crônicas não-transmissíveis, disfunções osteomusculares e metabólicas, prejuízos na funcionalidade e na qualidade de vida.
Portanto, o envelhecimento é “um fenômeno que atinge todos os seres humanos, independentemente. Sendo caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais”. (BRITO e LITVOC, 2004 apud FECHINE e TROMPIERI, 2015, p. 108)
De acordo com a World Health Organization - WHO (2005), oficialmente, o idoso é caracterizado quando atinge idade igual ou superior a 65 anos, resididos em países desenvolvidos e 60 anos ou mais em países em desenvolvimento. Por este motivo, a presente pesquisa considerará apenas os indivíduos acima de 60 anos para a realização de pesquisa de campo relacionado à prática do Treinamento Funcional.
Monteiro e Evangelista (2011) definem Treinamento Funcional (TF) como:
Um conjunto de exercícios praticados como preparo físico ou com o fim de apurar habilidades, cuja execução se procura atender à função e ao fim prático, ou seja, os exercícios do treinamento funcional apresentam propósitos específicos, geralmente reproduzindo ações motoras que serão utilizadas pelo praticante em seu cotidiano.
Os mesmos autores enfatizam ainda que o TF:
Surge como um novo conceito de treinamento especializado de força, que se utilizam do próprio corpo como instrumento de trabalho e até mesmo de outros recursos como, bolas suíças, elásticos, entre outros instrumentos que causam
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instabilidades e desequilíbrios, causando benefícios na propriocepção, força, flexibilidade, resistência muscular, coordenação motora, equilíbrio e condicionamento cardiovascular.
Esta perspectiva demonstra que a modalidade utiliza-se de movimentos integrados, multiplanares, que envolvem estabilização e produção de força. Desta forma, os exercícios são responsáveis em mobilizar vários segmentos simultaneamente, “podendo ser realizados em diferentes planos e que também envolvem em diferentes ações musculares (excêntrica, concêntrica e isométrica). Utilizados em ambientes que possuam bases de suportes irregulares, como: areia, pisos escorregadios, depressões no solo, step’s, mini cama elástica, etc.” (MONTEIRO; EVANGELISTA, 2011) Segundo Akuthota e Nadler (2004) a eficiência do treinamento funcional se deve a ênfase do treinamento na região do core, sendo que a grande função da estabilidade do core é manter uma base mais sólida para o movimento e transferir energia do centro do corpo para os membros distais. Está região do núcleo é composta por 29 músculos divididos em internos e externos, formando assim lombo-pélvico-quadril, suas principais funções são manter o alinhamento, favorecer a base de suporte do corpo, prevenir lesões e gerar força. Leal et al (2009) salientam que através deste treinamento há uma melhora na capacidade funcional do idoso, diminuindo a probabilidade de que haja lesões e aumentando a efetividade dos movimentos, pois “estimulam os receptores proprioceptivos presentes no corpo, os quais proporcionam melhora no desenvolvimento da consciência sinestésica e do controle corporal, e do equilíbrio estático e dinâmico”. Assim, quando este treinamento é aplicado adequadamente, torna-se capaz de “melhorar/resgatar a capacidade funcional do corpo, estimulando para que as adaptações sejam alcançadas de acordo com as exigências vividas pela pessoa”, além de possibilitar “uma preparação para execução de movimentos eficientes e assim prevenindo o risco de lesões, devido à melhoria na propriocepção adquirida” (SILVA; BORGES e LAZARONI, 2012, p. 2). Acredita-se que a “prática de atividades físicas, através de exercícios que possam recuperar ou manter a capacidade funcional, é fundamental para todo ser humano independente da fase de vida em que está vivendo” (CAMPOS; NETO, 2004apudSILVA; BORGES e LAZARONI, 2012, p. 2). Entretanto, a realização de exercícios físicos na terceira idade tem como benefícios proporcionar interação social, propiciar a mobilidade, autonomia além de “preservar ou TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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melhorar a sua autonomia, bem como minimizar ou retardar os efeitos da idade avançada, além de aumentar a qualidade de vida dos indivíduos, [...] elevar a expectativa ajustada à qualidade de vida destes indivíduos” (SHEPHARD, 2003, apud ARGENTO, 2010, p. 21). Diante disto é muito importante que os idosos tenham sessões de atividade física em sua rotina para melhorar sua saúde e a qualidade de vida. Tal importância se deve ao fato de que haja uma diminuição da incapacidade funcional, definida como: Dificuldade, devido a uma deficiência, para realizar atividades típicas e pessoalmente desejadas na sociedade como subir escadas, pegar objetos do chão, segurar um objeto, tomar banho, vestir-se, dentre outras necessárias no dia a dia do idoso para que não perca sua autoestima em sentir-se independente (EHLERT, 2011, p. 22).
O mesmo autor ressalta a importância da adequação ao uso dos termos capacidade e incapacidade funcional: “Embora o conceito de capacidade funcional seja bastante complexo abrangendo outros como os de incapacidade, deficiência, desvantagem, como também os de autonomia
e
independência,
na
prática
trabalha-se
com
o
conceito
de
capacidade/incapacidade” (EHLERT, 2011, p. 22). Portanto, “a diminuição da capacidade física do idoso nas atividades diárias refletese na incapacidade de desempenhar as atividades consideradas básicas ou complexas, limitando assim a capacidade funcional, devido a um declínio das funções dos sistemas corporais” (LEAL et al., 2009).
3.1 Resultados da pesquisa Conforme citado através do referencial teórico, a prática do treinamento funcional possibilita aos idosos melhorias na capacidade funcional, assim como atenuar os efeitos do processo de envelhecimento, retardando o declínio desta capacidade. Neste sentido, esse estudo buscou através de pesquisa de campo evidenciar o treinamento funcional na terceira idade como uma modalidade eficiente em atenuar os efeitos do declínio da capacidade funcional. Nossa pesquisa foi realizada na Gold fitness academia, onde foram entrevistados cinco praticantes de Treinamento Funcional, com faixa etária acima dos 60 anos, os quais relataram que após iniciarem a prática da modalidade apresentaram uma melhora na força, disposição, bem como, na resistência física e aeróbica.
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Este ganho proporcionou aos idosos uma maior autonomia para realizar as atividades básicas da vida diária (ABVDs), como levantar, caminhar, apanhar um objeto do chão, entre outras atividades necessárias no dia a dia. Diante destes benefícios adquiridos, os idosos reconhecem os benefícios e a importância da atividade física nessa fase da vida, conforme pode ser observado nas respostas do questionário. Na realização da pesquisa de campo foram entrevistados cinco idosos, sendo quatro do sexo feminino e um do masculino, pesando entre 75 a 100 quilos e com idade entre 60 a 67 anos. Em relação às patologias, os cinco relataram ser hipertensos, dentre eles dois além de hipertensos são diabéticos e fazem uso contínuo de medicamentos para controle das doenças. Nenhum dos entrevistados relatou algum tipo de vício. Quando questionados sobre como conheceram o treinamento funcional, três deles relataram ser por orientação médica, um através da publicidade e o outro por indicação de amigo. Identificamos que todos os idosos praticam o treinamento funcional há menos de um ano, com frequência de duas vezes por semana. O primeiro benefício apresentado por eles foi uma maior disposição, em segundo resistência e por último a melhoria da força muscular, ao qual estes benefícios proporcionaram aos praticantes uma maior facilidade em realizar atividades básicas da vida diária (deitar, sentar, levantar, transferir-se, subir escadas, etc.). Quando questionados sobre dificuldades em realizar exercícios específicos no início do treinamento, dois responderam dificuldade em realizar agachamento, dois polichinelos e um sobre o trote. Entretanto com a prática regular da modalidade, perceberam que atualmente não apresentam mais tais dificuldades. No final do questionário os entrevistados foram unânimes em avaliar bem o treinamento funcional, que recomendariam a modalidade a outras pessoas, devido a todos os benefícios físicos e psicológicos readquiridos com a prática da atividade, além de proporcionar ressocialização.
4 Considerações finais
Após a leitura de artigos científicos, sites especializados, realização e análise da pesquisa de campo para construção desse trabalho, foi possível reconhecer que a prática de atividade física deve estar presente não apenas em uma fase específica da vida do indivíduo, mas ao longo da vida. Desta forma, o indivíduo conseguirá uma postergação biológica de um TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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estado de juventude, retardando assim doenças que estão intimamente ligadas à inatividade física, além de manter por mais anos as capacidades físicas/funcionais, que também vão se deteriorando com o passar do tempo. Portanto, com a prática regular de atividade física o indivíduo conseguirá atingir sua senescência. Vale ressaltar que o treinamento funcional não é o antídoto para interromper o processo de envelhecimento, mas sim uma modalidade de treino que possibilita a diminuição da velocidade desse processo. Pois, como já foi relato no decorrer deste trabalho, o envelhecimento é um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados a fatores biológicos, psíquicos e sociais, tendo como uma de suas consequências a perda da capacidade funcional. Devido ao exposto, esta modalidade se torna de grande valia, pois a sua metodologia de treino tem uma grande semelhança com as atividades básicas de vida diária (levantar, caminhar, apanhar objeto no chão, etc.). Diante desta semelhança, acredita-se que a modalidade pode proporcionar uma autonomia e independência durante o processo de envelhecimento e, consequentemente, afastar os sintomas da depressão bem como promover a ressocialização, ou seja, não limitando o indivíduo senil apenas a um leito. Depois de exposto e discutido o efeito do treinamento funcional, ressalta-se que este estudo não pode ser considerado como conclusivo, fazendo-se necessário realizar mais estudos, buscando mais embasamento científico e um maior aprofundamento dos temas chaves para uma melhor compreensão.
EFFECT OF FUNCTIONAL TRAINING IN DECLINIOOF THE FUNCTIONAL CAPACITY IN THE THIRD AGE
ABSTRACT
The elderly population has grown considerably, which is attributed to a higher life expectancy, probably related to the advancement of technology and the fall in the birth rate through immunization of the population over the years, generating the need for changes in the social structure, so that these people have a healthy aging process, aiming for a good quality of life. Decreased functional capacity in the third age is associated with aging, which is a multifactorial process, gradual and irreversible, involving structural and functional changes inherent to the human being. In this context, the objective of the study is to highlight the main aspects that justify the relevance of functional training against functional capacity declines in the elderly, being this modality that most closely approximates the basic activities of daily TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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living. The methodology consists of qualitative and descriptive bibliographical review, searching through field research to show the modality as an efficient method to attenuate the effects of the decline of functional capacity in the third age. The results obtained through the applied questionnaire showed that the modality provided physical, psychic and social benefits to the interviewed elderly, corroborating with the studies carried out by this work. Keywords: Functional training. Aging. Third Age. Functional capacity.
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A INFLUÊNCIA DO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NO RESULTADO DA EMPRESA
Áquila Rodrigues de Jesus Coelho* Rita Rodrigues Ferreira de Freitas* Rosiane Soares Tomaz * Vanderlúcia Martins Araújo* Sandra Maria Perpétuo** Edmara Carvalho Novaes** RESUMO Este artigo resulta de um estudo que buscou investigar as estratégias utilizadas no sucesso do relacionamento interpessoal em uma empresa privada, sem fins lucrativos, de Governador Valadares. Inicialmente, para compreensão do fenômeno investigado, foi realizada uma revisão bibliográfica, tendo como aportes teóricos os estudos e pesquisas realizadas por: Samara e March (2005, p. 45), Chiavenato (1993, p. 500), Beck (2009, p. 13), Brondani (2010), Shitsuka (2018), Pereira (2018), Parreira (2018), Moreira (2018), Knapik (2004), Carvalho (2009), Germano e Gimenes (2010), Minicucci(2001, p. 30-31), SILVERSTEIN( 2013, p. 72), Carnegie (2015), Moscovici (1975, citado por Beck, 2009, p. 13), Chiavenato (2008, p. 323), McIntyre (2007, p. 296), Daniel Goleman, (2007, Vieira apud Goleman, 2016), Chiavenato (2010, P. 115), Burbridge (2012), Fraga (1993, p. 69). A seguir, Foi realizado um estudo de caso por meio de entrevista com coordenadores da referida empresa. Os resultados indicam como a compreensão das relações interpessoais pode influenciar no resultado de sucesso da empresa. Espera-se que a leitura desse material se configure como elemento norteador dos debates e contribua para compreender a necessidade de um bom relacionamento interpessoal para uma empresa de sucesso. Palavras-Chave: Relações interpessoais. Gestão de conflitos. Empresa.
1 Introdução
As relações entre as pessoas inseridas nas empresas vêm se tornando cada vez mais valorizada dentro das organizações, compreendendo sua importância no resultado favorável da instituição.
*Acadêmicos do 7º período do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares/MG, 2019 aquilarodrigues.26jc@gmail.com; euritamg01@gmail.com rosianetomaz28@gmail.com; vanderluciamartins7@gmail.com ** Co-autor, Orientador. Prof. Titular do curso de pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: Sandramariaperpetuo@gmail.com*Co-orientador. Prof. Titular do curso de pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG E-mail: edmaracn@hotmail.com
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O desenvolvimento de novas teorias administrativas e pessoais evoluiram para uma contribuição do ser humano como fator diferencial nas corporações, identificando que através de sua criatividade e iniciativa, sendo capaz de transformar o ambiente e tornar o resultado organizacional, mais produtivo. Partindo desse entendimento, este estudo busca responder a seguinte pergunta; Como a gestão das relações interpessoais de uma empresa pode influenciar no sucesso dela no mercado? Evidenciando assim a influência das relações interpessoais no resultado de uma empresa privada, situada na cidade de Governador Valadares, considerando o conhecimento dos gestores em relação a importância do resultado de seu trabalho, e a interação entre os colaboradores no ambiente corporativo. As empresas buscam constantemente o crescimento no mercado, e um dos fatores que são apontados é a necessidade de um estudo que identifique como as relações interpessoais colaboram para a melhoria da qualidade do trabalho e no sucesso de uma empresa. Através do estudo realizado, será possível observar a importância das relações interpessoais no ambiente de trabalho. O comportamento profissional e a relação entre equipe, pode contribuir para o crescimento ou fracasso de uma empresa. É necessário refletir a respeito da importância da comunicação e da compreensão na mediação de conflitos. A qualidade do trabalho só é possível com as boas relações interpessoais, e o resultado é uma melhor produtividade, um sentimento de satisfação e valorização, e o fortalecimento entre os integrantes. Segundo Chiavenato (2006), a relação interpessoal em uma organização pode ser entendida como um extenso grupo de papéis sociais que determinam o vínculo existente entre os indivíduos. Desse modo, considera que a compreensão do ser humano em relação ao outro e as situações sociais é um seguimento constante, compreendendo que cada indivíduo possui seus próprios valores, conhecimentos, atitudes e pensamentos, sendo isto decisivo para as ações e a relação entre as pessoas inseridas ao mesmo convívio social. O presente artigo foi realizado inicialmente com um estudo bibliográfico para fundamentar a temática abordada e uma pesquisa de campo, desenvolvida por meio de uma entrevista estruturada, possibilitando assim uma melhor compreensão a respeito dos fatores que interferem no relacionamento interpessoal e no trabalho em equipe, que influenciam diretamente nos resultados da organização.
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2 Metodologia A presente pesquisa é de abordagem qualitativa. A mesma tem a natureza aplicada, buscando evidenciar o caráter subjetivo do objeto analisado, estudando suas particularidades e experiências individuais, partindo-se de sua vida diária, suas emoções e seus sentimentos, atentando-se a seu contexto social. Trata-se de uma pesquisa exploratória. Nessa relação, conforme salienta Shitsuka, Pereira, Parreira e Moreira (2018), a concepção do método qualitativo engloba, necessariamente, a obtenção dos dados que contribuem para a ocorrência de fenômenos. A investigação foi realizada inicialmente, com uma pesquisa bibliográfica, fundamentada
em
estudos
de
autores que
investigam
as
relações
interpessoais
organizacionais. A seguir realizou-se uma pesquisa de campo através de uma entrevista estruturada, que possibilitou maior compreensão sobre a influência do relacionamento interpessoal e seus impactos para a organização. Foi realizada entrevista, com dois coordenadores de uma empresa privada, situada na cidade de Governador Valadares. Trata-se de uma iniciação a pesquisa e por isso, a necessidade da preservação do nome dos envolvidos, deste modo, adotou-se como critério de nomenclatura para os entrevistados Coordenador 1 e Coordenador 2. A instituição investigada tem vinte e seis anos de funcionamento, possui cerca de 150 unidades espalhadas pelo Brasil e a filial de Governador Valadares com apenas dezesseis anos, já se encontra em 13ª lugar no ranking entre as melhores em atendimentos oferecidos. A escolha da instituição investigada foi definida a partir dos dados publicados pela empresa, que não será divulgada na pesquisa, para manter seu anonimato e garantir os preceitos éticos da pesquisa. 3 Resultados e discussão Os dados coletados na pesquisa tiveram a finalidade de responder ao objeto de investigação, na perspectiva das pessoas que gerenciam e são geridas numa corporação e desejam alcançar objetivos em comum. Os dados coletados nas entrevistas revelaram o conhecimento dos gestores a respeito do planejamento estratégico, que inclui nela as ações para mediação de conflitos e gestão das relações interpessoais. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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A partir deste pressuposto fez-se a seguinte indagação; para os coordenadores da empresa é fundamental valorizar e manter um bom relacionamento entre os colaboradores? O Coordenador 1 respondeu que sim, pois um clima organizacional harmonioso aumenta a cooperação e o desejo de compartilhar ideias, fortalecendo as relações e aprazível o trabalho em equipe. Para Silverstein (2013, p. 72), os seres humanos alcançam os resultados com mais eficácia quando se unem para atingir o mesmo foco. Após análise referida, identificou-se que as discordâncias de ideias e as influências socioculturais são os principais fatores de embate dentro da empresa. A segunda pergunta questionou a opinião deles a respeito dessa indagação; os coordenadores explicaram que cada indivíduo apresenta comportamentos distintos, tem expectativas e pensamentos diferentes. Por isso, é imprescindível estimular os colaboradores a conhecer e respeitar os seus parceiros, valorizando suas qualidades e habilidades para transformar a diversidade em algo proveitoso. No entanto, há necessidade da utilização de estratégias para o gerenciamento de conflitos dentro das organizações, perguntou-se a eles qual estratégia é utilizada na empresa no gerenciamento dos conflitos? O coordenador 2 prontamente respondeu que:
É necessário ouvir e observar o comportamento das partes envolvidas, analisando e planejando um diagnóstico através de métodos para realização de intervenções de acordo com a origem e desenvolvimento do ocorrido (Coordenador2).
Este aspecto é congruente com a perspectiva de Burbridge (2012), que diz não existir um plano apropriado para a resolução de conflitos, pois é preciso compreender a situação antes de providenciar soluções. De acordo com Fraga (1993, p. 69), “ser capaz de constatar a existência do conflito é apenas parte do problema. Tem de saber também a que ponto o conflito é grave e ser capaz de o gerir devidamente.” A partir deste pensamento, indagou-se quanto a necessidade de percepção e da agilidade na resolução dos conflito. Os coordenadores foram concisos neste sentindo, ambos responderam que o gestor precisa está perceptivo e atento a todos os acontecimentos que o envolve, tendo a capacidade de prever e agir rapidamente, evitando que um pequeno problema se agrave. Porém, as intervenções iniciais devem ser desenvolvidas pelo responsável do setor, caso haja necessidade de atuar, o coordenador faz a mediação, conforme a análise de Chiavenato (2009), que menciona a necessidade da capacitação dos profissionais para auxiliarem dentro das organizações.
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Entende-se que os coordenadores enfatizam a relevância de investir em métodos sensatos e eficazes para o gerenciamento de conflitos, lhes foram questionado se a não administração destes conflitos podem trazer perdas para a organização? O Coordenador 1 alegou que a má administração destes, causa impactos negativos no desenvolvimento dos envolvidos, podendo desestabilizar ou reduzir a eficiência dos mesmos, pois existem conflitos capazes de desconstruir valores e causar danos irreversíveis a organização, por isso devem ser sanados em tempo hábil. Todavia, segundo o entendimento de McIntyre (2007, p. 296) e Burbridge (2012) os conflitos são necessários e funcionam como um motor que intensificam as mudanças. Compete ao gestor o desafio de como lidar com eles de modo benéfico. Quando questionados sobre a competência dos gestores no desafio de como lidar com ele de modo benéfico, o coordenador 2 alegou que dessa maneira, é fundamental que as empresas utilizem métodos e processos práticos que objetivam administrar situações conflituosas, auxiliando no engajamento dos colaboradores, na criatividade e na construção de novas idéias, bem como amenizar seu impacto negativo e tornar o embate em um alicerce para o crescimento da mesma. Referente à investigação, foi possível constatar que a gestão ideal de uma empresa deve basear-se na habilidade do líder e no planejamento da empresa. Porém, evidenciou-se a gestão democrática, pois os coordenadores relataram que incentivam a participação de todos nos processos, avaliando os argumentos nas tomadas de decisões da corporação, pois, acreditam que cada funcionário pode ter algo valioso para contribuir, confirmando o pensamento de Carnegie (2015) que diz que o colaborador se sente parte da organização quando participa das decisões. Na análise inicial dos dados, verificou-se que a gestão de conflitos e o relacionamento interpessoal foram fatores essenciais que levaram a organização ao êxito da empresa investigada. Então, questionou-se, qual o segredo para tal sucesso? A resposta de ambos os coordenadores foi que a empresa sempre se preocupou com a satisfação e o relacionamento entre os seus colaboradores, e acredita que o cuidado com o bem estar emocional da equipe faz com que todos fiquem motivados e com isto apresentem melhores resultados, garantindo o crescimento da mesma. Nesse sentido, Carnegie (2015, p. 27) afirma que quando as pessoas interagem de forma harmoniosa e utilizam as divergências de ideias para ampliação dos seus conhecimentos, consequentemente poderão ter a obtenção de excelentes conquistas. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Segundo Brondani (2010, p. 21), fica evidente que a parceria entre os membros da equipe facilita a realização das tarefas, e também a ideia que juntos podem transformar a realidade e melhorar em busca do sucesso. Deste modo, os resultados desta pesquisa apontaram que o relacionamento interpessoal atua como um facilitador nas relações e no envolvimento dos funcionários. Sendo assim quando há cooperação, integração, diálogo e colaboração, os resultados serão satisfatórios e a equipe se sentirá mais motivada e parte da empresa. O relacionamento interpessoal refere-se à habilidade de se relacionar com o outro de maneira satisfatória, adequando-se às necessidades de cada indivíduo e às exigências da situação, buscando compreender que cada ser humano tem a sua própria estrutura emocional e personalidade determinada. Desse modo, as ações e comportamentos dos seres humanos são reflexos do ambiente onde vivem. Como afirma Samara e Morch (2005, p. 45):
As influências socioculturais consistem de uma vasta gama de circunstâncias que incluem as variáveis sociais e as variáveis culturais do microambiente que nos envolve....A cultura pode ser definida como a acumulação de valores, crenças, costumes, conhecimento, conceitos, preferências e gostos passados de uma geração para outra dentro de uma sociedade.
As influências socioculturais estão ligadas a cultura, a classe social, à família e aos papéis desempenhados no contexto social, estas influenciam no comportamento e na personalidade das pessoas que impactam na capacidade cognitiva, nos padrões de comportamento e na gestão das emoções. Em virtude disso, cada indivíduo possui a sua própria percepção e interpretação do ambiente que o cerca, tornando a visão antagônica um dos principais geradores de conflitos. Para Carvalho (2009), a vida no trabalho é composta de um cenário no qual atitudes, emoções e sentimentos de enorme diversidade são manifestados, reproduzindo a forma particular de cada indivíduo de lidar com a realidade. Dessa maneira, a valorização do relacionamento interpessoal no ambiente corporativo, passou a ser uma exigência essencial para facilitar a convivência entre os funcionários e aumentar a efetividade nos negócios. De acordo com Germano e Gimenes (2010), as relações interpessoais são fundamentais para tornar o ambiente de trabalho harmonioso e prazeroso, promovendo a comunicação, qualidade e produtividade. O contexto atual reconstitui o grau de interdependência entre as pessoas e as empresas, novos riscos e incertezas para os TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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relacionamentos organizacionais, e por isso torna-se essencial estimular os funcionários para que compreendam a importância da interação, testificando a análise de Minicucci (2001, p. 30-31) relatando que a experiência tem comprovado que as pessoas podem aprender a aperfeiçoar sua habilidade em compreender os outros e a si próprias adquirindo competência e facilidade nas relações interpessoais. As relações interpessoais da equipe e a consciência profissional são tão ou mais importantes do que a qualificação individual para as tarefas. Se os membros se relacionam de maneira harmoniosa, com simpatia e afeto, as probabilidades de cooperação aumentam muito, a sinergia pode ser atingida e os resultados produtivos surgem de modo consistente (CARVALHO, 2009, p. 109).
Trabalhar com grupos é o meio que os gestores têm de fazer mais com menos (Silvertein, 2013, p. 72). Nessa lógica, a empresa deve planejar estratégias para conscientizar os colaboradores da importância da realização de tarefas em grupos, pois quando existe a compreensão, as divergências de ideias podem se tornar um fator crucial nas tomadas de decisões sensatas, no desenvolvimento e cumprimento de metas, que evidentemente favorece no crescimento e sucesso da mesma. As relações interpessoais no ambiente de trabalho são um dos fatores que podem influenciar no sucesso ou fracasso de uma empresa. Segundo Carnegie (2015), quando as pessoas são valorizadas e podem compartilhar suas ideias e conhecimentos nos planejamentos e decisões se sentem mais importantes para a corporação, obtendo dedicação e entusiasmo no desenvolvimento de sua função. 3.1 Gestão de conflitos empresariais O conflito faz parte da vivência dos seres humanos, enquanto seres sociais em constante interação com os outros, ele é parte integrante da vida em sociedade. A sua existência não deve ser tratada como prejudicial, pelo contrário, deve ser utilizada para promover o crescimento e desenvolvimento, uma vez que pode ser utilizada a fim de resolver conflitos pessoais e profissionais. A sua anulação ou inexistência não seriam de modo algum benéfico para os indivíduos ou para as organizações, pois a partir desses conflitos é possível desenvolver técnicas e métodos para transformar os prejuízos em recursos de auxílio e promoção das organizações.
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Segundo Beck (2009, p. 13): As discordâncias e os conflitos existem desde o início da humanidade, pois fazem parte do processo de vida dos seres humanos, e são necessários para que haja desenvolvimento e evolução familiar, social, político e organizacional. Em todos estes grupos, cada pessoa é única, com histórias de vida diferentes e personalidades distintas.(…). Porém, com a convivência encontra-se em algum ponto discordância de ideias entre os membros do grupo.
Para Moscovici (1975, citado por Beck, 2009, p. 13), a convivência sempre será um fator estressante e de difícil entendimento, mas que deve ser observado de maneira diferente, pois, ideias, sentimentos, atitudes e pensamentos nem sempre irão se conciliar, uma vez que cada ser humano pensa, vive, e reage de maneiras divergentes. Por este motivo, os conflitos irão existir, mas devem ser utilizados a fim do crescimento profissional e pessoal. Para Chiavenato (1993, p. 500): Conflito significa a existência de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes que podem se chocar. Sempre que se fala em acordo, aprovação, coordenação, resolução, unidade, consentimento, consistência, harmonia, deve-se lembrar que essas palavras pressupõem a existência ou a iminência de seus opostos, como desacordo, desaprovação, dissensão, desentendimento, incongruência, discordância, inconsistência, oposição – o que significa conflito. O conflito é a condição geral do mundo animal.
Irrefutavelmente, a existência de conflitos pode causar consequências indesejáveis para o bom funcionamento de uma corporação, como prejuízos na comunicação, hostilidade e desgaste emocional, ocasionando a estagnação dos mesmos. Mediante esses fatos, existem empresas que avaliam os conflitos como algo negativo ou até mesmo constrangedor, pois, acreditam que essas situações ocorrem por negligência ou mesmo omissão em relação às boas práticas profissionais, demonstrando que a falta de controle sobre seus empregados indica que a empresa está falhando em seu planejamento e organização, confirmando o entendimento de Beck (2009, p. 15, citando Rahim, 2001): As organizações têm vergonha em admitir que o conflito exista dentro de suas instalações, acham que a existência de conflito representa uma falha da sua parte, uma relativa “perda de controle” sobre os seus empregados, sendo indicador que a organização não está a funcionar bem. Subsiste a ideia de que a existência de conflito numa equipe revela falta de solidariedade, de colaboração e que, portanto, é algo que não deveria existir. (BECK,2009, p. 15, citando RAHIM, 2001),
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Para Chiavenato (2008, p. 323), sendo o conflito um fato que ocorre com frequência nas organizações, torna-se necessário à sua gestão e a capacidade de analisar as vantagens e combater os efeitos danosos tendo como objetivo minimizá-los ou anulá-los. Nesse ponto de vista, torna-se primordial desenvolver recursos para transformar os conflitos em algo construtivo para a empresa, pois através de diferentes ideias a respeito de uma mesma questão, é possível estimular a criatividade, o encorajamento, a melhora na qualidade das decisões e até mesmo, a inovações que poderão levar a empresa ao êxito. Entretanto, é evidente que os conflitos interferem no funcionamento das corporações, o grande desafio então é desenvolver métodos para gerenciá-los, identificar se essas interferências trazem efeitos negativos ou positivos, incentivando as situações onde as divergências geram novas ideias e soluções diferenciadas, e amenizar aquelas onde as consequências serão restringidas aos custos e perdas, tanto na eficiência, quanto na qualidade de relacionamento entre as pessoas. 3.1.2 O papel do gestor O conflito é inevitável e natural do ser humano, e por este motivo está presente no ambiente empresarial, que é constituído por indivíduos, das mais diversas convicções e personalidades. Para McIntyre (2007, p. 296) a inexistência de conflitos deixa a corporação estática, e sem inovações, entretanto em excesso pode ocasionar a desestruturação da mesma. Desse modo, é fundamental ressaltar que o conflito dentro de uma empresa pode ser prejudicial, desenvolvendo graves problemas, ou benéfico, resultando em excelentes transformações. As consequências obtidas por esses fatores serão reflexos de como a situação foi analisada, se o conflito foi bem ou mal administrado. De acordo com McIntyre (2007, p. 296) em qualquer organização a existência de conflito com baixos níveis deixa a organização vulnerável à estagnação, à tomada de decisões empobrecidas, mesmo à falta de eficácia, enquanto que possuir conflito em demasia encaminha a organização diretamente ao caos.
Dentro das instituições, os gestores competentes e capacitados exercem um importante papel na resolução dos conflitos, sendo um dos responsáveis pelo desenvolvimento e futuro desta organização. Contudo, primeiramente é indubitável que o administrador possua ou busque a Inteligência Emocional para aprender a controlar suas emoções. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Pode-se compreender que para o pesquisador Daniel Goleman, (2007, Vieira apud Goleman, 2016): Inteligência Emocional é a combinação de dois pilares. O primeiro são as competências emocionais sociais: a capacidade de você se conectar com o próximo e com a sociedade. E o segundo são as competências emocionais pessoais: a capacidade de se conectar de forma harmônica e amorosa consigo mesmo (VIEIRA, 2016, p. 7).
Nesta perspectiva, convém relatar que o indivíduo que busca desenvolver a sua inteligência emocional é capaz de desenvolver o autoconhecimento, autonomia, e um ótimo relacionamento interpessoal, controla seus impulsos, pensa e reflete antes de tomar suas decisões. É resiliente e converte as dificuldades e frustrações em aprendizado, conduzindo suas emoções e habilidades para analisar e compreender os sentimentos e ações de seus colaboradores, valorizando a comunicação, a cooperação e o trabalho em equipe. Segundo Chiavenato (2010, p. 115), “o administrador deve saber comunicar, liderar, motivar e conduzir as pessoas. Precisa deixar de ser o gerente autocrático e impositivo para ganhar a aceitação das pessoas e seu comprometimento com a organização.” Esta competência de se autoconhecer emocionalmente torna esse profissional um ser humano sensato e capaz de planejar métodos para desenvolver um clima organizacional, que proporcione motivação e promova a valorização dos colaboradores no ambiente de trabalho. É preciso investir na desconstrução da competitividade, estipulando metas coletivas para que todos caminhem na mesma direção. Porém, é importante ressaltar que o trabalho em conjunto não será a solução, pois do mesmo modo haverá opiniões e pensamentos divergentes. Cabe ao gestor o desafio de liderar o conflito para potencializar a decorrência. É necessário preocupar-se com o bem-estar de todos, com o rendimento individual e da equipe, e fazer com que todos se engajem nas soluções dos conflitos, sabendo como agir, sendo coerente em sua maneira de resolver os problemas existentes e justo para que as decisões não favoreçam uns e desmereçam outros. O relacionamento interpessoal entre líder e os membros da equipe é um dos fatores mais relevantes na facilitação ou bloqueio de um clima de confiança, respeito e afeto, que possibilite relações de harmonia e cooperação (CARVALHO, 2009, p. 108). De acordo com Burbridge (2012), um gestor competente deve ser observador e atento para perceber os conflitos em tempo hábil para solucionar a situação. É fundamental analisar suas causas, origem, fundamentos, questionar e ouvir atentamente as partes envolvidas antes de tomar qualquer providência, pois não existem regras ou metodologias que TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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sirvam de solução para todos os conflitos. Mediante isso, deve haver análise crítica para desenvolver estratégias, e assim coordenar e equilibrar os interesses de ambas as partes. É fundamental que o gestor solucione os conflitos de maneira eficaz, conscientizando os seus colaboradores de que todos são essenciais para o crescimento da empresa, sendo possível construir uma relação harmoniosa independente das divergências de pensamentos. Auxiliar na gestão de conflitos e no contentamento dos funcionários será a melhor maneira de desenvolver e garantir a ampliação e a evolução da corporação. 4 Considerações finais O relacionamento interpessoal configura-se como um impacto positivo para sociedade atual, o acompanhamento das relações interpessoais nas organizações, vem se tornando cada vez mais comum. O olhar sobre o capital humano está sendo cada vez mais valorizado, visto que as pessoas são fundamentais no auxílio de melhor desempenho da empresa. Ao interagirem com o meio, os indivíduos adquirem comportamentos que se desenvolvem, onde são despertados sentimentos como empatia, respeito, os laços afetivos fortalecidos, gerando vínculos que os motivem a agirem de forma positiva. Através do estudo realizado, foi possível compreender a importância das relações interpessoais e sua influência nos resultados de uma corporação, as estratégias de gestão eficaz, que proporcionam resultados positivos e um ambiente harmonioso, criando nos colaboradores satisfação e motivação. A pesquisa realizada em determinada empresa, revelou informações que levaram ao entendimento quanto ao seu sucesso, observou-se a relevância do bom relacionamento interpessoal para esta corporação. Os gestores entrevistados foram bem coerentes ao responder
a
entrevista,
demonstrando
a
clareza
em
coordenar
sua
equipe
de
forma democrática, enfatizando a importância de manter um diálogo aberto e transparente. O grande sucesso desses gestores está em saber identificar quando há conflitos negativos e como resolvê-los, com o objetivo de preservar um ambiente saudável para todos. E para tal resultado não existem fórmulas prontas, o grande aliado do gestor é o ambiente cooperativo, que estimule a participação dos servidores, onde nesse ambiente, há liberdade para que todos possam expressar suas opiniões e emoções. Os resultados apontados nessa pesquisa evidenciam que o relacionamento humano, amplia o processo de transformação, desenvolvimento individual e coletivo. Deste modo, as atitudes positivas são essenciais para construir bons relacionamentos entre as pessoas de um meio social. Portanto, a constante busca por relações saudáveis dentro das organizações só
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será possível através da confiança, do respeito, comunicação e humildade, para que os objetivos organizacionais sejam alcançados e a equipe fortalecida. THE INFLUENCE OF INTERPERSONAL RELATIONSHIP ON THE RESULT OF THE COMPANY
ABSTRACT This article is the result of a study that sought to investigate the strategies used in the success of interpersonal relationships in a nonprofit private company of Governador Valadares. Initially, to understand the investigated phenomenon, a bibliographic review was performed, having as theoretical contributions the studies and research carried out by: Samara and March (2005, p. 45), Chiavenato (1993, p. 500), Beck (2009, p. 13), Brondani (2010), Shitsuka (2018), Pereira (2018), Parreira (2018), Moreira (2018), Knapik (2004), Carvalho (2009), Germano and Gimenes (2010), Minicucci (2001 , pp. 30-31), SILVERSTEIN (2013, p. 72), Carnegie (2015), Moscovici (1975, quoted by Beck, 2009, p. 13), Chiavenato (2008, p. 323), McIntyre (2007, 296), Daniel Goleman, (2007, Vieira apudGoleman, 2016), Chiavenato (2010, p. 115), Burbridge (2012), Fraga (1993, p. 69). Subsequently, a case study was conducted through interviews with coordinators of that company. The results indicate how understanding interpersonal relationships can influence the company's success outcome. It is expected that reading this material will be a guiding element of the debates and contribute to understanding the need for a good interpersonal relationship for a successful company. that reading this material will be a guiding element of the debates and contribute to understanding the need for a good interpersonal relationship for a successful company. Keywords: Interpersonal Relations. Conflict management. Company
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A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Alline Moreira de Andrade* Izabella Moura* Jullyana Fulgencio de Paula e Silva* Raphaela Alves de Carvalho* Sandra Maria Perpétuo**
RESUMO O tema “A música na Educação Infantil” tem sido discutido e pesquisado no meio acadêmico. Essas investigações aumentam cada vez mais à medida que crescem as inquietações sobre como os profissionais da educação utilizam a música como recurso didático na educação infantil. Esse artigo resulta de um estudo que teve como finalidade investigar e observar como a música pode contribuir com o desenvolvimento no processo ensino aprendizagem das crianças na educação infantil. Teve-se como objetivo central analisar através da literatura estudada e das observações realizadas, como a música é usada como recurso didático, e como é aplicado nas práticas pedagógicas. A metodologia utilizada para os estudos foi de caráter bibliográfico fundamentada em Bréscia (2003), Brito (2003), Carvalho (2008), Chiarelli (2005), Lima (2010), Scagnolato (2009) e Texeira (2013). Além da revisão bibliográfica, foram realizadas observações em uma instituição da rede pública, onde se buscou entender como a mesma utiliza a música como recurso didático na educação infantil. Os resultados da pesquisa revelam que a música é um instrumento muito importante e que ajuda no desenvolvimento de aspectos cognitivo, linguístico, psicomotor e sócio afetivo das crianças, além de proporcionar um trabalho de forma mais atrativo, dinâmico e inovador.
Palavras-chave: Música. Recurso didático. Educação infantil. 1 Introdução A música é uma manifestação cultural que está presente na vida humana em muitos momentos, desde a vida intrauterina, com sons produzidos pelo ventre materno, os sons e falas produzidas no ambiente em que vivemos. Experiências sonoro-musicais intrauterinas têm revelado que o feto não é um ouvinte passivo, mas desenvolve preferências e é capaz
*Acadêmicos do7º período do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG, 2019 sabrix25@hotmail.com izabellamoura9@gmail.com fulgencio.psj@gmail.com raphaela.carvalho@outlook.com.br **Pedagoga. Mestra em Educação UFOP. Professora das disciplinas Seminário de Pesquisa, Alfabetização e letramento e Coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos. Especialista em Gestão Educacional, Supervisão/Coordenação Pedagógica, Alfabetização, Educação Inclusiva e Especial. Email: sandramariaperpetuo@gmail.com
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de interagir com o ambiente (Birnholtz & Benacerraf, 1983; Shelter, 1997; Bruscia, 1999; Sá, 2003. Algumas dessas experiências são relatadas por Ilari (2006), numa análise da literatura experimental sobre o desenvolvimento cognitivo-musical no primeiro ano de vida, e provam que “os bebês são ouvintes competentes desde muito cedo” (p. 273). A música é uma forma de expressão com diversos fins, desperta sentimentos e emoções, acalenta, embala e relaxa. Ainda promove uma diversidade de movimentos como bater palmas, mexer os braços, as pernas, balançar a cabeça virar para o lado, virar para o outro, sentar, levantar, ficar parado, etc. Ela não apenas traduz movimentos que são expressos pelo meio ao nosso redor, mas também inspira movimentos aos seres humanos. Lembrando ainda que tal objeto se traduz como algo vivo e presente na vida de qualquer ser humano até mesmo daqueles que possuem algum problema auditivo, ao perceberem que os sujeitos movimentam a seu redor. A música aproxima as pessoas, é uma forma de expressão artística, que está presente em diversas classes sociais e em manifestações religiosas. E ainda ajuda no desenvolvimento e nas relações interpessoais entre as comunidades e as pessoas. [...] a música é entendida como experiência que: [...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E particularmente nos tempos atuais, deve ser vista como umas das mais importantes formas de comunicação. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim compreendida, analisada e transformadas criticamente. (NOGUEIRA, 2003, p.01).
Neste aspecto a música tem contribuição importante para o desenvolvimento das crianças, ela se faz presente em diversos momentos da vida. Segundo Sekelf (1997, p.17), a música é um poderoso agente de estimulação motora, sensorial, emocional e intelectual. Assim, deve ser considerada uma verdadeira “linguagem de expressão”, parte integrante da formação global da criança influenciando no desenvolvimento dos processos de aquisição do conhecimento, sensibilidade, sociabilidade e criatividade. De acordo com Jeandot (1990, p.14), ao nascer a criança entra em contato com o universo que a cerca e começa a produzir sons e ouvir sons produzidos pelos seres vivos e pelos objetos. A criança começa a se integrar ao meio e inserir através dos estímulos sonoros e outros. Sua relação com a música é imediata, seja através do acalanto da mãe e do canto de outras pessoas ou sons produzidos no espaço. Dessa maneira nas brincadeiras as crianças usam a música como forma de se expressarem e também como forma de estabelecer regras, de se alegrarem, como forma de diversão e aprendizagem. E a criança mesmo antes de ser alfabetizada utiliza a música como instrumento facilitador da
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aprendizagem e desenvolvimento, principalmente no início da aquisição dos conhecimentos escolares, pois, é um importante estimulo para formar no educando inicial uma base mais forte, pois percebemos que o desenvolvimento infantil não acontece por milagre, que cada um tem seu ritmo próprio e que muitos fatores contribuem para isso, entre estes fatores nota-se que o ambiente é de fundamental importância. Para Faria (2001, p. 24): A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos além de despertar neles o senso de criação e recreação... A música passa uma mensagem e revela a forma de vida mais nobre, a qual a humanidade almeja, ela demonstra emoção, não ocorrendo apenas no inconsciente, mas toma conta das pessoas, envolvendo as trazendo lucidez à consciência.
Essa etapa da educação básica tem uma função muito importante no desenvolvimento da criança, ela ajuda tanto na socialização quanto na transmissão de conhecimentos. Na Educação Infantil ela deve vir a colaborar como o desenvolvimento da criança, não sendo apenas uma prática descontextualizada, e sim um instrumento eficaz que contribui no trabalho do educador com as crianças, podendo proporcionar sensibilidade musical e outras potencialidades.
Para Ilari (2003) a música é um dos estímulos mais potente para os circuitos do cérebro. Ela ajuda no raciocínio lógico-matemático, contribui para a compreensão da linguagem e para o desenvolvimento da comunicação, para o aprimoramento de outras habilidades. Piaget explica que no desenvolvimento linguístico, a capacidade do conhecer como sendo a “capacidade do indivíduo de estabelecer relações, pois ao imitar o canto dos passarinhos a criança descobre seus próprios poderes e sua relação com o ambiente que vive”. (PIAGET, 1978, p.353). A linguagem musical tem sido uma das áreas do conhecimento mais importantes a serem trabalhadas na educação infantil, ao lado da linguagem escrita oral, dos movimentos, das áreas visuais. Para Piaget (1978) a música também influencia muito no campo da maturação social e individual da criança, isto é, do aprendizado das regras sociais. Quando uma criança brinca, por exemplo, ela tem oportunidade de vivenciar várias situações como: a escolha, a perda, as dúvidas e as decepções. Assim, é possível dizer que a música é um instrumento indispensável no processo de ensino aprendizagem na Educação Infantil e cabe a escola desenvolver um trabalho voltado TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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para esse aspecto. A partir dessa concepção, a pesquisa realizada buscou responder: qual a importância da música como recurso didático para a Educação Infantil? Os objetivos do estudo foram analisar em quais aspectos do desenvolvimento da criança a música pode ser positiva, como a música é introduzida na Educação Infantil e como ela pode se tornar um recurso didático fundamental para essa etapa da educação básica. A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste artigo foi uma pesquisa bibliográfica com consultas de livros, artigos, sites e uma pesquisa de campo onde foram realizadas observações das turmas de 1 a 4 anos de idade que se fez compreender qual a importância da música como recurso didático na Educação Infantil. 2 A música na educação infantil A música é uma forma de comunicação, expressão e uma linguagem sensível do ser humano. Uma forma de adentrar, de ser e estar no mundo. Ela tem uma grande potência comunicativa, tendo um valor educativo próprio, promover e ajudar no processo de construção do sujeito. As atividades de musicalização permitem que a criança conheça melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também permitem a comunicação com o outro (CHIARELLI; BARRETO, 2005). Os diferentes aspectos que a envolvem, além de promoverem comunicação social e integração, tornam a linguagem musical uma importante forma de expressão humana e, por isso, deve ser parte do contexto educacional, principalmente na educação infantil (UNESCO, 2005). Segundo Vygostsky (1998), para que o ensino da música chegue a ser um instrumento didático e contribua para o desenvolvimento integral do aluno é importante focar a atenção, pois é nessa etapa que a criança estabelece uma relação entre o conhecimento sensorial e o “concretamente construído”, desenvolvendo seus aspectos cognitivos e afetivos, além de contribuir para a formação da sua personalidade. A memória natural está muito próxima da percepção e surge como conseqüência da influência direta dos estímulos externos, sobre os seres humanos.
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A personalidade do indivíduo tem a música como fator importante e até mesmo determinante, ela ajuda e promove sua expressão social e cultural. Assim podemos entender como a música é um recurso facilitador no processo de ensino aprendizagem. Para Scagnolato (2006), a música não substitui o restante da educação, ela tem como função contribuir para
o ser humano em sua totalidade. A educação tem como meta
desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição de que é capaz. A música como estratégia de ensino ajuda a motricidade e a sensorialidade por meio do ritmo e do som, e por meio da melodia, ajuda na afetividade. Na perspectiva do autor a música é um complemento na educação, faz com que as crianças passem a entender os conhecimentos que recebem e como utilizá-los. A música é uma linguagem, cujo conhecimento se constrói e não um produto pronto e acabado. Então, a musicalização na escola é essencial. Traz alegria, descontração, entusiasmo, tudo o que se precisa para o trabalho escolar. (LIMA, 2010). De acordo com o autor, a música é uma grande aliada para a formação psicológica e cognitiva da criança, auxilia o educador nas suas práticas educacionais. Na educação infantil as crianças quando brincam ou interagem com o universo sonoro, acabam descobrindo mesmo que de maneira simples, formas diferentes de se fazer música. De acordo com Joly (2003): A criança, por meio da brincadeira, relaciona-se com o mundo, que descobre a cada dia e é dessa forma que faz música, brincando. De acordo com os documentos do Referencial Curricular para a Educação Infantil (RCNEI): a música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e a melodia. A música está presente em todas as culturas nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Os professores por meio das brincadeiras de explorar como: brincar com os objetos sonoros, que estão ao seu alcance, experimenta as possibilidades da sua voz e imitar o que ouve, a criança começa a categorizar e a dar significado aos sons, que antes estavam isolados, agrupando-os de forma que comecem a fazer sentido para ela.
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Quando o educador lança mão de usar a música como um recurso didático propicia integração de experiências, que passam pela prática e pela percepção, como por exemplo: aprender, ouvir e cantar uma canção, realizar jogos de mão ou brincadeiras de roda. Dessa maneira, por meio do desenvolvimento e da compreensão dessas atividades, as crianças atingem patamares cada vez mais sofisticados, visto que começam a dominar tais conteúdos o que permitem a elas uma transformação e uma recriação dos mesmos. Como recurso didático, pode-se realizar inúmeras atividades com a presença da música no cotidiano escolar. Nos documentos do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), o volume número 3 tem uma parte dedicada a esse conteúdo, dessa forma verifica a importância dada pelos mesmos ao assunto. O gesto e o movimento corporal estão ligados e conectados ao trabalho musical. Implica tanto em gesto como em movimento, porque o som, e também, gesto e movimento vibratório, e o corpo traduz em movimento os diferentes sons que percebe. Os movimentos de flexão, balanceio, torção, estiramento etc., e os de locomoção como andar, saltar, correr, saltitar, galopar etc., estabelecem relações diretas com os diferentes gestos sonoros. (BRASIL, 1998, p. 61). Assim sendo, o corpo torna-se um aliado no processo de ensino aprendizagem musical, proporcionando por meio dos diferentes movimentos oportunidades para o aprendizado. Por meio desse recurso didático pode- se desenvolver atividades que envolvam a percepção e interiorização do ritmo, intensidade, trabalhar com a forma musical e também desenvolver a expressividade das crianças na educação infantil. 2.1 Metodologia No presente artigo foi realizada uma investigação de campo de abordagem exploratória e qualitativa. A instituição de ensino escolhida para a realização da pesquisa foi uma creche referência em educação na cidade de Governador Valadares, localizada em um bairro com maior número populacional. São atendidas 520 crianças de 6 meses a 4 anos, divididas em 44 turmas, e a música como recurso se faz presente em vários momentos, seja na TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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chegada, no lanche, no almoço, para dormir, momentos de aconchego e até mesmo para ensinar coisas que podem ou não serem feitas, como por exemplo, atitudes comportamentais. Nos dias em que foram feitas as observações foi possível perceber os procedimentos e metodologias utilizadas pelas professoras com as crianças nos diferentes contextos e espaços educacionais da instituição. Na análise dos dados são destacadas aprendizagens musicais e sociais como: canto, apreciação musical, movimento, dança e brincadeiras, respeito, compreensão do outro, cumprimento de regras e aquisição de valores culturais.
2.2 Resultados e discussão Nas observações realizadas, constatou-se que a creche utiliza muitas estratégias para se trabalhar a música. São utilizados materiais não estruturados, que são objetos colocados à disposição das crianças para que elas inventem a sua própria brincadeira: palitos, botões, rolos de papel higiênico, rolha, barbante, entre outros. Dessa forma, tudo ganha um novo significado dependendo da interação da criança, para confecção de instrumentos musicais. Utilizam também a caixa musical que é uma caixa com personagens feitos em EVA, a professora ou até mesmo as crianças escolhem um personagem e cantam a música de acordo com o personagem escolhido. Durante as atividades, observou-se que as crianças mais novas, às vezes, balbuciavam os nomes dos personagens e faziam gestos e as maiores cantavam as músicas de modo mais compreensível. Em um dos momentos das observações e análises na instituição, aconteceram apresentações musicais de vários estilos. Teve um momento cívico com todas as turmas no pátio. O evento iniciou-se com as professoras fazendo uma oração com as crianças, cantaram músicas como a canção do dia de acordo com o planejamento, e após tocar o hino nacional, as turmas 29 e 30 apresentaram um teatro musical. Em um outro dia de observação nas turmas de 1 a 4, foi possível compreender o quanto a música se faz presente no cotidiano das atividades na creche. As crianças sentaram em rodas e cantaram diversas músicas dando bom dia, logo após apresentaram mais uma canção para sinalizar a hora do lanche. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Nas turmas de 3 anos, 23 e 24, as professoras fizeram com as crianças uma roda e cantaram juntas a música do cone, “Esse cone vai virar”, esse recurso didático desenvolve nas crianças a imaginação, criatividade, a oralidade, o raciocínio e a concentração. Nas turmas, 35 e 36 tiveram um ensaio de músicas natalinas para a apresentação que ocorrerá no final do ano no encerramento do projeto institucional. Na turma de 4 anos, a professora levou para a sala uma caixa de som e reproduziu a música chamada “Devagar e rápido”, observa-se que as crianças trabalharam a coordenação motora, a cognição e também o raciocínio. E ainda em relação a essa situação, vale mencionar que a partir do momento em que a criança entra em contato com a música, seus conhecimentos se tornam mais amplos e este contato vai envolver também o aumento de sua sensibilidade e fazê-la descobrir o mundo a sua volta de forma prazerosa. Seus relacionamentos sociais serão marcados através deste contato e sua cidadania será trabalhada através dos conceitos que inevitavelmente são passados através das letras das canções. Nas situações observadas foi possível perceber o quanto as professoras privilegiam em sua prática docente o trabalho com a música. Pena (1990, p. 80), considera que o professor deve sim ter conhecimento sobre a importância do trabalho envolvendo a música, mas só isso não basta: O mais importante é que o professor, consciente de seus objetivos e dos fundamentos de sua prática-onde a música deve ser encarada como uma produção e um meio educativo para a formação mais ampla do indivíduo assuma os riscos- a dificuldade e a insegurança- de construir o seu caminho do dia- a- dia, em constante reavaliação.
Na perspectiva do autor, o professor deve possuir a consciência dos objetivos e das práticas com a música e que ela deve ser vista como um meio educativo, considerada como formação do indivíduo. A música está presente também para ensinar atitudes comportamentais como respeito, atitudes éticas, sendo reconhecida por muitos pesquisadores como uma espécie de modalidade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio e interação com o meio. Tratando da educação infantil Maluf (2003) afirma que sobretudo, são TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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necessárias propostas de ensino que visem à socialização, afeto, estímulo e ampliação da linguagem, raciocínio, memória, e potencialidades individuais. 3 Considerações finais A realização desse trabalho com as crianças só foi possível graças à construção de uma relação de respeito, carinho e amizade. Essa proximidade com as turmas fez com que o trabalho fizesse mais sentido, como pesquisa e também como prática educativa. A partir da ida a campo, do levantamento e análise dos dados, assim como todo o processo de busca e estudo do referencial bibliográfico, foi possível chegar a algumas considerações: constatamos a importância da música como recurso didático na educação infantil e de como um ambiente adequado e momentos de descontração ajudam no desenvolvimento integral das crianças. Para Chiarelli (2005), a música é importante para o desenvolvimento da inteligência, a interação social da criança e a harmonia pessoal, facilitando a interação e a inclusão. Na perspectiva do autor a música é essencial e de grande importância como recurso didático, na educação, tanto, como atividades e como instrumento de uso na interdisciplinaridade na educação infantil, dando inclusive sugestão de atividades para isso. O estudo mostrou ainda que cada vez mais o profissional da educação tem que pesquisar, estudar e buscar técnicas inovadoras para assim renovar cada vez mais seu repertorio. É necessário valorizar os conhecimentos vivenciados pelas crianças. Espera-se que esse estudo promova um modo de repensar entre os educadores da educação infantil e também ofereça alguma contribuição sobre o processo da musicalização, dando incentivo às crianças a desenvolverem o gosto musical, ajudando a favorecer a autoestima e a socialização. Com esse trabalho se buscou observar e analisar as metodologias, os recursos utilizados e entender um pouco mais os pontos favoráveis que o ensino envolvendo a música pode proporcionar ás crianças na educação infantil, e ainda se observou como a música vem sendo trabalhada na educação infantil e com quais finalidades. Na instituição observada, ainda foi possível perceber como os professores reconhecem a importância do trabalho envolvendo a música, pois os mesmos demonstram
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isso, e caracterizam esse processo como indispensável e proveitoso para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Em suma o trabalho da música como recurso didático é um ponto de inúmeras reflexões, sendo que todos os profissionais envolvidos nesse processo deverão estar conscientes de que o mais importante é que as crianças consigam interagir, progredir, desenvolver-se numa dinâmica integradora, e que os profissionais da educação precisam ter conhecimento para trabalharem voltados para essa dinâmica envolvendo a música. Para concluir, o estudo proporcionou um valioso aprendizado sobre a importância da música como recurso didático na educação infantil. No entanto é preciso afirmar que apesar das informações encontradas, não se finalizaram os estudos, ainda é preciso investigar. Ainda se torna importante se aprofundar no tema abordado para que alcance maior dimensão.
MUSIC AS A TEACHING RESOURCE IN CHILDHOOD EDUCATION ABSTRACT
The theme “Music in Early Childhood Education” has been discussed and researched in academia. These investigations are growing more and more as concerns about how education professionals use music as a teaching resource in early childhood education. This article is the result of a study that aimed to investigate and observe how music can contribute to child development. The main objective was to analyze through the studied literature and the observations made, how music is used as a didactic resource, and how it is applied in early childhood education. The methodology used for the studies was bibliographic based on BRÉSCIA (2003), BRITO (2003), CARVALHO (2008), CHIARELLI (2005), LIMA (2010), SCAGNOLATO (2009) and TEXEIRA (2013). In addition to the literature review, observations were made in a public institution, where we sought to understand how it uses music as a didactic resource in early childhood education. The results of the research reveal that music is a very important instrument that helps in the development of cognitive, linguistic, psychomotor and affective aspects of children, besides providing a work that is more attractive, dynamic and innovative. Keywords: Music. Didactic resource. Child education.
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A INACESSIBILIDADEPARA DEFICIENTES FÍSICOS PARAPLÉGICOS NAS ACADEMIAS DE MUSCULAÇÃO NA AREA CENTRAL DE GOVERNADOR VALADARES/MG. André Luís Alves Vargas*, Márcio Ferreira Pimenta*, Yasmin de Oliveira Presce Cury*,Welesson Rodrigues**, Rosely Conceição de Oliveira***, Ana Paula Campos Fernandes***
RESUMO
O objetivo desse estudo foi identificar a acessibilidade de pessoas paraplégicas, que utilizam cadeiras de rodas, nas academias de musculação da área central de Governador Valadares/MG. Caracterizou-se numa pesquisa aplicada do tipo quantitativa, descritiva exploratória, com amostra populacional investigada10 (dez) Cadeirantes Paraplégicos em atendimento no Centro de Apoio ao Deficiente Físico Dr. Octavio Soares-CADEF para procedimentos de Fisioterapia. Foi aplicado um questionário de múltipla escolha, e os dados obtidos tabulados no Microsoft Office Excel, com os resultados encontrados os autores chegaram à conclusão que as academias da área pesquisada em Governador Valadares/MG não estão preparadas para atender pessoas com essa deficiência física, pois existem muitas barreiras arquitetônicas e equipamentos de musculação não adaptados, mesmo sendo considerável a procura por uma academia pelos deficientes, dado confirmado em 100% nas respostas dos entrevistados. A inclusão de pessoas com deficiência física nas academias proporcionará aos cadeirantes paraplégicos terem outra possibilidade de prática de atividade física, integração social, provocando melhoria da autoestima e índices de saúde. Palavras-chave: Deficiente paraplégico. Acessibilidade. Academia. Musculação. 1 Introdução De acordo com Oliveira (2006), ao rever a história da humanidade é possível perceber a presença da Atividade Física associada a uma movimentação corporal que produziu um *
Acadêmicos do Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares MG – UnipacGV - E-mail: andrealvesgv@hotmail.com; marciopimenta23@hotmail.com; nimsaycury@gmail.com ** Professor Orientador. Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física pelo Centro Universitário de Minas Gerais – UnilesteMG – Pós-Graduado em Docência para o Ensino Superior pelo IMES MERCOSUL. Docente do Curso de Educação Física da UnipacGV; E-mail: welesson.rodrigues@educacao.mg.gov.br *** Professora Coorientadora. Coordenadora e Docente nos Cursos de Bacharel e Licenciatura em Educação Física na Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Conselheira Regional de Educação Física/CREF6 desde 2006, também Membro do Conselho Municipal de Esportes de Governador Valadares e do Conselho de Dirigentes de Instituições Superiores de Educação Física de Minas Gerais - CONDIESEF/MG. ***Professora Coorientadora. Discente da Disciplina Projeto de Pesquisa em Educação Física. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com
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aprimoramento de habilidades motoras prontas para garantir a sobrevivência do homem sobre a terra, ao passo que essas habilidades também procuraram atender às necessidades e objetivos da Humanidade em cada período histórico, avançando a utilização utilitária e de sobrevivência para “finalidades de ordem guerreira, terapêutica, esportiva e educacional…”. Na História Antiga e Medieval a deficiência física era tratada como “algo maligno” ou “castigo dos Deuses”, na Roma antiga, se alguma criança nascesse com deficiência, à família tinha permissão de sacrificá-la, o mesmo acontecia na Grécia, mais precisamente em Esparta, sendo uma cultura de guerreiros, a criança que nascia deficiente era levada pelos pais para um Conselho e passava por uma análise criteriosa para perceber se havia algum tipo de deficiência, caso positivo, era jogada num precipício para morrer. Já em Atenas, sendo considerada uma cidade mais evoluída, a qual valorizava as artes, ciências, filosofia e não apenas o vigor de um corpo forte e sadio, Aristóteles, pregava que os tratamentos dos desiguais teriam que ser de maneira igual. No Egito a criança que nascia com deficiência era jogada no Rio Nilo (SILVA, 1987). A inserção social conceitua-se como sendo o método pelo qual a sociedade se ajusta para poder abranger, em seus sistemas sociais gerais, indivíduos com deficiência física e, ao mesmo tempo estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. (SASSAKI, 2006). É cada vez mais evidente os benefícios da atividade física regular para pessoas com deficiência, Incluem melhora na função cardiovascular, redução de fatores de risco em doenças arteriais coronarianas e diminuição da mortalidade e morbidade (DELISA et al., 2002). Nos últimos anos, no Brasil, o negócio de academia vem sendo direcionado conceitualmente por questões estéticas. Os fatores geográficos levam à adaptação de hábitos norte-americanos e europeus ao nosso clima tropical e à nossa cultura, mais ligada à exposição do corpo, mas não podemos ignorar o importante papel exercido pela mídia que, nos últimos anos, vem contribuindo para a construção de um paradigma de modelo corporal do jovem brasileiro, o corpo definido, a beleza do corpo e as modalidades esportivas vêm sendo constantemente relacionadas a produtos e serviços no intuito de fortalecer sua imagem e consequentemente imprimir maior credibilidade às marcas. O modelo corporal do atleta proporciona evidência, gerar status. Predominam a baixa porcentagem de gordura e a massa muscular leve ou moderadamente desenvolvida (hipertrofiada). Além disso, a sociedade atual TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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inclui um indivíduo fisicamente ativo no grupo das pessoas mais produtivas, pessoal e profissionalmente. (SABA, 2015). Para Saba (2001), as academias tornaram-se uma opção para a população urbana, que adere ao exercício físico com o objetivo de obter melhores níveis no seu bem estar geral. Dessa forma, corpos com deficiência podem aderir a esta prática com o mesmo objetivo. Desta forma a maioria da população com deficiência física inclusive os cadeirantes estão desprovidos do acesso aos espaços esportivos, de educação e lazer, pelo simples fato de não haver estrutura física adequada dos ambientes e a falta de interesses e qualificação por parte da maioria dos profissionais de educação (SILVA, 2006). Com o presente estudo pretende-se identificar e descrever as barreiras arquitetônicas de acesso aos deficientes usuários de cadeira de rodas e outras órteses nas academias de Governador Valadares, apontando possibilidades que deveriam ser assumidas diante do tal problema. Sassaki (1997) acredita que inserir as pessoas com deficiências na sociedade é dá-las o direito e oportunidades de acessibilidade a todos os lugares, serviços, ambientes naturais iguais aos demais que não tem deficiência, sem haver preconceito. Na maioria das vezes, nota-se a existência de preconceito frente ao pensamento de que as pessoas com deficiência estão impossibilitadas e não são capazes de realizar atividades, como por exemplo, o esporte (SILVA, 2006). Com o presente estudo pretende-se identificar e descrever as barreiras arquitetônicas de acesso aos deficientes usuários de cadeira de rodas e outras órteses nas academias de Governador Valadares, apontando possibilidades as soluções que deveriam ser assumidas diante do tal problema. 2 Metodologia O presente estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo aplicada do tipo quantitativa, descritiva e exploratória. Essas pesquisas geralmente caracterizam-se para diagnosticar situações, explorar alternativas ou descobrir novas idéias (ZIKMUND, 2000). Esses trabalhos são conduzidos durante o estágio inicial de um processo de pesquisa mais amplo, em que se procura esclarecer e definir a natureza de um problema e gerar mais informações que possam ser adquiridas para a realização de futuras pesquisas conclusivas. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Neste modelo de estudo, considera-se que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las (SILVA e MENEZES, 2001). Para amostra, buscou-se no CAAD (Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com deficiência) a relação de pessoas paraplégicas cadeirantes que residem no município de Governador Valadares- MG. Foram entrevistados 10 (dez) cadeirantes pacientes do CADEF – Centro de Apoio ao Deficiente Físico com instrumento elaborado e aplicado pelos próprios autores com base na pesquisa bibliográfica sobre o tema estudado, para investigar sobre a acessibilidade nas academias da região citada.
3 Resultados e discussão
3.1 A deficiência física
A legislação brasileira ratificou a Convenção Internacional e o protocolo facultativo promulgou a Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015 que em seu art. 2º: “Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.”
A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa e esta pessoa não porta sua deficiência. Ela tem uma deficiência. Tanto o verbo “portar” como o substantivo ou o adjetivo “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa. (...) Uma pessoa só porta algo que ela possa não portar, deliberada ou casualmente. (SASSAKI, 2003, p.4).
A convenção reconhece que a deficiência é um conceito em evolução e que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. De acordo com a Constituição Federal, no Artigo 5º, é clara ao afirmar que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” e também que “é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência” (artigo 23, inciso II). Na cidade de Governador Valadares, como forma de colaborar para que as garantias fundamentais sejam executas, foi criada, pela Lei Municipal 5.009/02, a Coordenadoria de TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (CAAD), vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social. Na sociedade atual a visão assistencialista do deficiente, pode ter contribuído para o preconceito ainda hoje empregado. Durante muito tempo essas pessoas foram discriminadas, menosprezadas e rotuladas como incapazes, sendo assim, nos dias atuais ainda é forte a marca de que essas pessoas são indivíduos que só necessitam de ajuda e, portanto, subestimados quanto aos seus potenciais (CÂNDIDO; SANTOS; MÁRIO, 2007). Dentre o “rol” das deficiências, os autores optaram aprofundar a abordagem pela paraplegia (paralisia da cintura para baixo comprometendo as funções das pernas) – cadeirantes. Para melhor compreensão faz-se necessário conceituar o que é paraplegia. De acordo com Educalingo, site de significados, o termo paraplegia, é resultante de uma lesão medular. Este tipo de lesão classifica-se como completa ou incompleta, dependendo do fato de existir ou não controle e sensibilidade abaixo de onde ocorreu a lesão medular. A paraplegia traduzse na perda de controle e sensibilidade dos membros inferiores, impossibilitando o andar e dificultando permanecer sentado. De acordo com a Universidade Federal do Ceará, a acessibilidade é, portanto, condição fundamental e imprescindível a todo e qualquer processo de inclusão social, e se apresenta em múltiplas dimensões, incluindo aquelas de natureza atitudinal, física, tecnológica, informacional, comunicacional, linguística e pedagógica, dentre outras. Portanto, a promoção da acessibilidade requer a identificação e eliminação dos diversos tipos de barreiras, que impedem os seres humanos de realizarem atividades e exercerem funções na sociedade em que vivem em condições similares aos demais indivíduos.
Uma sociedade inclusiva é aquela capaz de contemplar, sempre, todas as condições humanas, encontrando meios para que cada cidadão, do mais privilegiado ao mais comprometido, exerça o direito de contribuir com seu melhor talento para o bem comum (WERNECK, 2003).
Quintão (2005) afirma que certamente tem se conquistado avanços na direção de uma prática inclusiva em relação às pessoas com deficiência. Vêm acontecendo, na medida em que tem sido promovidos espaços para debate e troca de experiências no campo da educação, da saúde, da questão da acessibilidade aos espaços públicos e privados, uma conscientização sobre o assunto. Mas os 18 discursos que circulam tanto no interior das instituições quanto para além de seus portões denunciam as fraturas de seus ideais, cujas boas intenções ainda se fundamentam em muitas situações, na compaixão e na benfeitoria, herdeiras dos ideais filantrópico/iluministas. E continua “[...] todos possuem suas necessidades específicas, que são dignas de respeito, levando-se em conta nossas diferenças”. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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3.2 Atividade física com foco na musculação
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, que requer gasto de energia. A atividade física inclui o exercício, bem como outras atividades que envolvem o movimento corporal e são feitas como parte de jogar, trabalhar, transporte ativo, tarefas domésticas e atividades recreativas. De acordo o conselho federal de educação física, conforme dispõe o inciso VII, do art. 40, atividade física é todo movimento corporal voluntário humano, que resulta num gasto energético acima dos níveis de repouso, caracterizado pela atividade do cotidiano e pelos exercícios físicos. Trata-se de comportamento inerente ao ser humano com características biológicas e socioculturais. O mais importante na prática de atividade física é a sua constância para que os benefícios sejam efetivos. Por isso, deve-se incentivar e praticar regularmente atividade física as pessoas com deficiência (paraplegia), pois, a partir da atividade, eles redescobriram a vida de uma forma ampla e global, além de sentir-se parte da sociedade e ainda fazer bem para a saúde do corpo e da mente. Assim, movimentar - se é a palavra de ordem, sempre respeitando as limitações, características peculiares e objetivos de cada um. Ao praticar atividade física e frequentar o ambiente de academia, os cadeirantes tende a adquirir benefícios como: força muscular, coordenação motora, resistência física, melhora das condições organo funcional, desenvolvimento de habilidades motoras e funcionais para melhor realização das atividades de vida diária, entre outros. Além de melhora da autoestima, aumenta a integração social, estímulo à independência e autonomia, potencialidades e limitações, vivência de situações de sucesso e de frustração, motivação para atividades futuras, desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas, entre outros.
3.3 Inclusão de pessoas com deficiência física nas academias
Atualmente considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento a longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. Segundo Adams et al (1985), a inclusão de pessoas com deficiência física nas academias proporcionará aos cadeirantes paraplégicos que praticarem atividade física, integração social, melhora da autoestima e da saúde. Os exercícios resistidos e de musculação são um exemplo de uma atividade que pode ser adaptada ao praticante. Segundo Acevedo e Nohara (2007), o instrumento de coleta de dados é o formulário no qual constam as perguntas e as escalas que são apresentados aos pesquisados. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Com a pesquisa de campo foi possível obter dados pertinentes sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência (cadeirantes), nas academias da cidade. O primeiro contato foi realizado com a Sra. Dirce Pereira Albino, coordenadora do CAAD, através do e-mail, explicando sobre a natureza e o propósito desta pesquisa, a mesma concordou em fornecer as informações. Em resposta à solicitação, foi repassado que atualmente os números de cadastrados no órgão são de 4.485 deficientes entre ativos e inativos, sendo 2.641 usuários ativos, existentes 833 usuários intelectuais, sendo 118 com Paraplegia. As informações obtidas foram compiladas a partir da pesquisa de campo, sendo estas classificadas e analisadas de forma qualitativa, descritiva, cujos resultados serão apresentados a seguir. Neste sentido, foi perguntado aos entrevistados se eles têm conhecimento dos benefícios da musculação para pessoas na condição deles. O resultado deste questionamento podemos ver no gráfico 1.
Gráfico 1 – Percentual dos que tem conhecimento de que a musculação faz bem
Percentual dos que tem conhecimento de que a musculação faz bem 100% 90%
90,00%
80% 70% 60% 50% 40% 30% 20%
10,00%
10% 0% sim
não
Fonte: Elaborado pelos autores (2018)
De acordo com Shankar (2002), os objetivos do programa de exercícios para os paraplégicos devem focar o fortalecimento da musculatura, melhorar a capacidade cardiovascular e evitar a fadiga e a falta de condicionamento para que as atividades da vida diária possam ser executadas com maior eficiência. Existem evidencias que programas de TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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exercícios resistidos, estruturados corretamente podem promover muitos benefícios, desde físicos, psicológicos e sociais às pessoas com deficiência física, além de ótima aderência a pratica de exercícios físicos (MUTTI et al., 2010). A inclusão de pessoas com deficiência física nas academias proporcionará aos cadeirantes paraplégicos praticarem atividade física, integração social, melhora da autoestima e da saúde. Para Adams et al. (1985), os exercícios resistidos são exemplo de uma atividade que pode ser adaptada ao praticante usuário de cadeira de rodas, podendo os instrutores explorar bem este campo de trabalho. O Estatuto da Pessoa com Deficiência em seu artigo 42 prevê que a pessoa com deficiência tem direito ao esporte em igualdade de oportunidades com as demais pessoas. Em se tratando especificamente da cidade pesquisada, a Lei Ordinária n°6058/09 de Governador Valadares, em seu artigo 1° cria o passe livre para pessoas com deficiência e em seu artigo 4º garante que o deficiente terá direito a 120 passagens mensais. Assim, o transporte não é tido como um empecilho para esses indivíduos buscarem frequentar uma academia como mostrado no Gráfico 2.
Gráfico 2- Transporte como Empecilho 120% 100,00%
100% 80% 60%
Transporte Empecilho
40% 20% 0% Sim
Não
Fonte: Elaborado pelos autores (2018)
Segundo Chiesa (2010), há um aumento expressivo no país e no mundo de pessoas com deficiências físicas, adquiridas principalmente por meio dos traumas, que são provocados por acidentes automobilísticos, ferimentos à bala, arma branca ou acidentes no trabalho. É intrigante a participação pouco expressiva desta população, na prática da musculação. A última pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou 45,6 TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,91% da população brasileira. Com o grande número de pessoas com deficiência foi necessário dar condições a elas para que pudessem gozar do direito de ir e vir. Tal direito foi sendo introduzido em nossa legislação há séculos, e hoje se encontra no art.5° Inciso XV da nossa constituição federal, garantindo a todos esse direito (BRASIL, 1988). Para que esse direito seja exercido de fato se faz necessário que os locais estejam adequados para os deficientes Físicos, Segundo. A Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000 no Art. 2, traz o seguinte:
I - Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II - Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros. (BRASIL, 1988)
Pessoas com deficiência física poderiam se motivar a frequentar academias de musculação, mas, devido à necessidade da cadeira de rodas, geralmente encontram seu acesso limitado, provocando a desistência (MEURER; CASTRO, 2008). Isso pôde se confirmar no gráfico 3 que trata das barreiras arquitetônicas para acesso às academias. Gráfico 3 - Barreiras Arquitetônicas 100,00% 90,00% 80,00%
90,00% 80,00% 70,00%
70,00% 60,00%
Sim
50,00%
Não
40,00% 30,00% 20,00%
30,00% 20,00% 10,00%
10,00% 0,00% Rampa
Largura da Porta
Calçada
Fonte: Elaborado pelos autores (2018)
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Segundo a Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT norma brasileira NBR 9050 (ABNT, 2004), os acessos aos ambientes sejam eles públicos ou privados, quando houver escadas ou degraus, devem estar associados a uma rampa com as devidas adequações previstas nesta norma. Através do estudo, nota-se, que a academias de musculação, não estão preparadas para receber os deficientes físicos paraplégicos, pois esses locais não possuem uma adequação de espaço, além de não se sentirem bem assistidos.
4 Considerações finais
A partir deste estudo, pode-se asseverar que as pessoas portadoras de deficiência (cadeirantes) têm a consciência sobre importância frequentar uma academia e fazer musculação e que ao mesmo tempo sabem o quanto será benéfica para o corpo, mente e social a realização tal pratica. Em contrapartida, sabem o quão difícil é, pois as barreiras arquitetônicas que começam desde uma calçada até a falta de estrutura das academias os impedem de frequentarem academias. Faz-se necessário mudar o olhar para com os cadeirantes, pois é um público interessado em praticar atividade física. No entanto, há que se adequar a realidade dos cadeirantes, providenciando a acessibilidade nas academias, adaptando os espaços bem como os aparelhos, assim, as academias estariam aptas a recebêlos. Observa-se o grande interesse dos mesmos em frequentar academias, o impedimento encontrado não é o deslocamento, já que os mesmos possuem a gratuidade no transporte público. O principal empecilho para que os mesmos possam realizar as atividades são as barreiras arquitetônicas que começam desde uma calçada até a falta de estrutura das academias que os entrevistados procuraram. Entre as principais barreiras estão os degraus, e a largura das portas. Assim, concluem-se que as primeiras providências a serem tomadas são quanto à acessibilidade nas academias para os cadeirantes, minimizando os obstáculos, adaptando os espaços como entradas, vestiários, banheiros bem como os aparelhos de ginástica de maneira a atender esse público que cada vez mais vem mostrando interesse em praticar estas atividades estando assim, as academias aptas a recebê-los.
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THE INACESSIBILITY FOR PARAPLÉGIC PHYSICIAN DISABILITIES IN MUSCULATION ACADEMIES IN THE CENTRAL AREA OF GOVERNADOR VALADARES / MG.
ABSTRACT
The objective of this study was to identify the accessibility of paraplegic people, who use wheelchairs, in the bodybuilding academies of the central area of Governador Valadares / MG. A quantitative, descriptive, exploratory study was carried out with a population sample investigated 10 (ten) Paraplegic Chairmen in attendance at the Center for the Support of the Physically Disabled Dr. Octavio Soares-CADEF for Physical Therapy procedures. A multiple choice questionnaire was applied, and the data obtained tabulated in Microsoft Office Excel, with the results found the authors found that the academies in the research area in Governador Valadares / MG are not prepared to attend people with this physical disability, since there are many architectural barriers and unadapted bodybuilding equipment, even though the demand for an academy by the disabled is considerable, as confirmed by 100% of respondents' answers. The inclusion of people with physical disabilities in the academies will allow the paraplegic wheelchair users to have another possibility of practicing physical activity, social integration, provoking improvement of the self-esteem and health indexes. Keywords: paraplegic deficient, accessibility, bodybuilding academy.
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A PERCEPÇÃO DO IDOSO AOS BENEFÍCIOS ALCANÇADOS COM A SUA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS Dyego Muller Ferreira de Lima*, Leandro Plácido de Oliveira*, Magno Silvestre de Oliveira*, Silvana Cristina Pereira*, Welesson Rodrigues**, Ana Karina Cabral Machado***, Ana Paula Campos Fernandes***
RESUMO
A saúde sempre foi uma preocupação quase que universal e nunca se olha para o conceito de saúde sem olhar para o conceito da atividade física. Com isso é importante apontar os diversos benefícios que a atividade física proporciona aos idosos de acordo com sua percepção. Dentre as melhoras físicas podemos destacar o ganho de força, a resistência aeróbica, a melhora do equilíbrio, como fator determinante na diminuição da incidência de quedas, a melhora da concentração, a percepção e até memória; também os benefícios sociais estão relacionados a questão de sua permanência ativa em seus ambientes interpessoais. Assim, para analisar os benefícios alcançados pelos praticantes foi realizada uma pesquisa a partir de um estudo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa/qualitativa. O estudo apontou que a maioria dos praticantes concordam que a prática regular de atividade física proporciona uma melhora tanto física, quanto mental e social, e é de suma importância que seja praticada regularmente para que os benefícios sejam alcançados. Cabe ao profissional de educação física compreender para além dos resultados fisiológicos, levando em consideração, em primeiro lugar, o objetivo que o idoso busca com sua prática física. Isso será primordial para iniciar um bom programa de treinamento que trará resultados satisfatórios a todos os praticantes, ao passo que o profissional terá sucesso em suas aulas. Palavras-chave: Benefícios da Atividade Física. Envelhecimento saudável (senescência). Bem-estar. Idoso Ativo.
1 Introdução
Com o aumento da expectativa de vida dos brasileiros e, consequentemente o aumento dos idosos, as pessoas estão buscando cada vez mais uma melhor qualidade de vida. *
Acadêmicos do Curso de Bacharelado em Educação Física da Universidade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares MG – UnipacGV E-mail: dyego.muller@gmail.com, leogunsaxlgv@hotmail.com, magno_silvestre19@hotmail.com, silvanacristina1518@gmail.com ** Professor Orientador. Graduado em Licenciatura Plena em Educação Física pelo Centro Universitário de Minas Gerais – UnilesteMG – Pós-Graduado em Docência para o Ensino Superior pelo IMES MERCOSUL. Docente do Curso de Educação Física da UnipacGV; E-mail: welesson.rodrigues@educacao.mg.gov.br ***ProfessoraCoorientadora. Graduada em Licenciatura Plena em Educação Física pelo Centro Universitário de Minas Gerais– UnilesteMG. Pós-Graduada em Atividades Físicas para Terceira Idade pelo FMU. Docente do Curso de Educação Física da UNIPACGV. E-mail: akmachado@msn.com ***ProfessoraCoorientadora.Professora da Disciplina Projeto de Pesquisa em Educação Física. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com
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A partir do momento que se vive mais, se fica mais velho e com isso, as capacidades funcionais tendem a diminuir. Com isso, começam a aparecer dificuldades funcionais, mentais e físicas, principalmente para a execução das atividades da vida diária, levando o indivíduo a criar um sentimento de inutilidade e incapacidade até mesmo para afazeres mais simples. Estes fatores têm levado os idosos buscarem através da atividade física uma forma de envelhecer com bem-estar, uma vez que:
A saúde é um bem vital para todo e qualquer ser humano. De fato, não há dúvida de que, independente da classe social, formação, raça ou mesmo nacionalidade, a saúde é uma das prioridades de todos os seres humanos e, portanto, preocupação inerente a toda sociedade. Com efeito, os problemas relacionados a esta área têm sido objeto constante de estudo do homem, direcionando tanto para evitar o surgimento como a prevenir propagação de doenças, visando especialmente a promoção do bem-estar do indivíduo e de toda a coletividade. (MOTTA, et al, 2010)
O corpo humano passa por transformações diárias, e na terceira idade fica mais visível que a parte regenerativa tende a ser mais lenta. Embasado nisso, será elaborada uma pesquisa baseada na revisão de artigos científicos com o objetivo de mostrar que é possível chegar na terceira idade saudável. Sabe-se que todos irão envelhecer um dia, porém o quanto antes começar a cuidar do corpo, maiores são as chances de evitar uma série de doenças que são causadas com a chegada do envelhecimento. Entende-se também que, fatores como sedentarismo podem impedir o envelhecimento saudável (senescência). Se os idosos evitarem o sedentarismo e buscarem a prática de atividade física, doenças como reumatismos, osteoporose, AVC (acidente vascular cerebral) ou derrame podem ser evitados.
2 Métodos
A presente pesquisa foi realizada a partir de um estudo descritivo e exploratório, de abordagem quantitativa/qualitativa utilizando de procedimentos como revisão bibliográfica e pesquisa de campo. Neste sentido, foi realizada uma pesquisa qualitativa visando compreender os benefícios da atividade física para os idosos ativos, a partir da análise das respostas dadas ao questionário aplicado a eles e comparando com a literatura específica para tal, que foi realizada concomitantemente em periódicos publicados e eletrônicos” (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 37). A pesquisa quantitativa contou com uma entrevista TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Felizmente, os idosos têm buscado cada vez mais modificar esse conceito. Seja com a busca de novas formas de serem úteis, ou simplesmente se tornando mais ativos e, consequentemente, isso tem mostrado ótimos resultados. Um deles é o aumento da expectativa de vida desse público. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025, o número de idosos no Brasil será maior que o restante da população. Portanto, a cada 100 pessoas, haverá 65 acima de 60 anos, afirma Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entretanto, não significa que o índice de natalidade será menor, mostra que os idosos de hoje estão cuidando mais de sua saúde e chegarão mais ativos e provavelmente mais saudáveis. O envelhecer pode ser definido como a incapacidade do indivíduo, em manter o equilíbrio homeostático de seu corpo, sob condições de sobrecarga funcional, gerando deficiência de um ou mais sistemas, que podem evoluir para uma situação de incapacidade, com comprometimento da função. (JACOB FILHO,2006). Neste período observa-se maior prevalência de doenças crônicas, comorbidade e acidentes. Se tratando da fisiologia do idoso, observa-se que o corpo humano passa pela metamorfose da vida, Segundo FARINATTI (2008) as mudanças mais visíveis e profundas do envelhecimento dizem respeito a composição corporal total, há uma evidente diminuição da massa magra e um aumento paralelo do percentual de gordura, fenômeno esse chamado de SARCOPENIA. Essa alteração comum ao envelhecimento, traz decréscimos, que podem afetar a habilidade do indivíduo para responder a situações em que seja necessário recuperar o equilíbrio, pois diminuiu a capacidade de desenvolver torques rápidos nas articulações (REBELATTO; MORELLI,2004), além de trazer lentidão de respostas efetoras, diminuição da capacidade funcional, alterações de marcha, menor resistência a fadiga e perda de amplitude de movimento. Entretanto é possível chegar em uma fase avançada com qualidade de vida, percebendo-se que a prática de atividade física é um fator relevante. Contudo, a forma com que cada um chega à terceira idade, depende de como foram os hábitos durante essa progressão. Os idosos que praticam atividade física e estão buscando frequentemente melhorar sua saúde, sentem um grande diferencial em sua vida, seja no âmbito físico, psicológico ou social. Sendo que o convívio social é fundamental a autoestima do idoso e, consequentemente, sua saúde, pois quase sempre se exercitam em grupos e isso o torna mais sociável, criando novas amizades, melhorando o seu humor e relaxando, não só o corpo, mas também a mente.
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4 Exercício físico e envelhecimento
Muitos idosos chegam à terceira idade com suas capacidades físicas normais ou até mesmo acima do esperado, ao passo que muitos chegam em níveis baixos; este fato poderia ter sido evitado com a prática de exercícios em seu ciclo natural da vida. O corpo passa por diversas alterações, pois existem muitos fatores que irão influenciar neste processo. Quando mais jovens, as pessoas são providas de uma energia que é bem aproveitada em suas atividades da Vida Diária (AVDs). Já os idosos usam suas reservas fisiológicas para manter o organismo em equilíbrio. Muitas vezes as reservas são necessárias para suprir aumento das demandas de doenças agudas e a falência dos sistemas, pois os órgãos e tecidos têm uma ativação celular mais lenta. (DUARTE, ANDRADE E LEBRÃO, 2007) Para amenizar os efeitos fisiológicos oriundas do processo de envelhecimento e agregar benefícios aos idosos, deve-se aderir a uma prática regular de atividade física.
A prática regular de exercícios físicos promove uma melhora fisiológica (controle da glicose, melhor qualidade do sono, melhora da capacidade física relacionada à saúde); psicológica (relaxamento, redução dos níveis de ansiedade e estresse, melhora do estado de espírito, melhoras cognitivas) e social (indivíduos mais seguros, melhora a integração social e cultural, a integração com a comunidade, rede social e cultural ampliadas, entre outros); além da redução ou prevenção de algumas doenças como osteoporose e os desvios de postura. (NAHAS, 2001 apud ARGENTO, 2010, p. 19)
É sabido que a atividade física tem um papel fundamental na melhoria do funcionamento do corpo, mas no idoso, ela deve focar também a uma melhoria na saúde mental porque esses indivíduos sentem dificuldade até mesmo de realizar tarefas do dia a dia. Desta forma, há um sentimento de inutilidade, que pode levar o idoso a um nível ainda maior de frustração e agravar a sua fragilidade, intensificando seus problemas de saúde. É de fundamental importância que o idoso tome gosto pela atividade física e faça de forma prazerosa, conscientes de que fará bem a eles. No entanto, as atividades devem causar nos idosos, interesse e satisfação, pois assim irá evitar que eles abandonem a prática regular de atividades e como consequência tenham uma perda de todo benefício que os praticantes adquirem.
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5 Resultados e discussão
Assim, visando relacionar teoria à prática, a seguir serão apresentados os resultados da pesquisa de campo realizada com idosos praticantes de atividade física. A partir de um recorte metodológico, optou-se por entrevistar 30 pessoas com idade acima de 60 anos, através de questionário estruturado, visando compreender o que levou essas pessoas a iniciarem a prática de atividade, bem como os benefícios que a prática trouxe a cada um deles. A análise quantitativa propiciará conhecer uma parcela de idosos praticantes de atividade física em alguns pontos da cidade de Governador Valadares. Como questão inicial, foi perguntado se eles (entrevistados) gostavam de praticar atividade física. Os resultados, aparecem no gráfico 1:
Gráfico 1- Você gosta de Exercício Físico e Sente Satisfação em fazê-lo?
Discordo 3,33% Nem Concordo e Nem Discordo 3,33% Concordo 30% Concordo Totalmente 63,33%
Fonte: Os autores (2018)
Percebe-se que 93,33% dos idosos entrevistados disseram que gostam de praticar exercícios físicos, e consequentemente, sentem satisfação nesta prática. De acordo com Frontera (2001) apud Argento (2010, p.16) a fragilidade física no idoso tem por base a análise de fatores diretamente ligados ao processo de envelhecimento, o acúmulo de doenças crônicas e os fatores do estilo de vida. Esses fatores podem influenciar diferentemente de pessoa para pessoa, e em diferentes proporções. Segundo o autor, o acúmulo de doenças crônicas e o processo de envelhecimento, diminuem as reservas fisiológicas levando o idoso a desenvolver doenças crônicas, que contribuem para o declínio da sua fragilidade. Ele ainda afirma que a acentuação destas doenças pode ser proveniente de um estilo de vida sedentário que este TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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indivíduo levou ao longo dos anos ou que assumiu na velhice, o que pode levar a perdas drásticas de força e capacidade aeróbia. Neste contexto, é de suma importância salientar que os exercícios físicos podem combater diretamente todos os diversos males provenientes do processo de envelhecimento. Nahas (2001) apresenta em sua pesquisa que a prática regular de exercícios físicos promove uma melhora fisiológica no controle da glicose, melhor qualidade do sono e melhora da capacidade física relacionada à saúde.
Gráfico 2 - Atividade física te faz sentir-se alegre e bem emocionalmente?
Nem Concordo e Nem Discordo 6,66% Concordo 33,33% concordo Totalmente 60%
Fonte: Os autores (2018)
No mesmo sentido, o gráfico 2 apresenta que 60% dos idosos concordam totalmente que a prática de atividade física faz com que eles se sintam mais alegres e bem emocionalmente, apoiado por 33,33% que concordam que a prática de atividade física faz com que se sintam mais alegres e bem emocionalmente, totalizando 93,33% de concordância entre os idosos mostrando que a grande maioria dos praticantes obtêm estes benefícios. O resultado apresentado no Gráfico 2 pode ser comprovado pelo estudo de Benedetti et al., 2003.Os quais dizem que a prática de atividade física ajuda a melhorar o humor devido à liberação de endorfina, hormônio que causa sensação de bem-estar, pois relaxa o sistema musculoesquelético e cujo efeito sobre o cérebro é idêntico aos opiáceos (morfina e heroína). Por isso, atuam como analgésicos naturais melhoram a ansiedade e relaxam a mente e melhoram os sintomas da depressão. Segundo Ezuerra, Idoate e Barrero (2003),a prática de exercício físico “desenvolve, na pessoa, uma acentuada alteração no estado de espírito, provocando um bem-estar e melhor TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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capacidade de socialização”. A esse respeito, o Gráfico 3 aponta que 83,33% dos idosos entrevistados acreditam na eficácia da prática de atividade física como um fator que facilita a socialização com amigos. No mesmo sentido, autores como Freitas et al. (2007), Okuma (1998) e Suzuki (2005) também apontam as amizades e o senso de pertencimento a um grupo como fundamentais para motivar a participação de idosos em programas de atividade física. Para o idoso, a participação em grupos com pessoas da mesma geração através de vínculos de amizade é fundamental. Gráfico 3 - Facilita ter contato com os amigos?
Discordo Totalmente 3,33% Nem Concordo e Nem Discordo 13,33% Concordo 53,33% Concordo Totalmente 30%
Fonte: Os autores (2018)
Uma boa prescrição de atividade física deve conter exercícios de fortalecimento muscular, exercício aeróbico de pouco impacto, exercícios de coordenação e equilíbrio, buscando uma melhora do caminhar e do reflexo. Outro importante ganho com a atividade física regular é a diminuição nas quedas sofridas. Em vários estudos viu-se que há uma intensa correlação entre incidência de quedas e o baixo nível de atividade física. Com isso, pode-se entender que tais atividades são cruciais para a prevenção de quedas e o surgimento de fraturas, repercutindo emuma possível dependência física (JACOB FILHO, 2006). Um fato importante para o idoso é sua independência para tarefas do dia a dia e a atividade física pode ajudar neste quesito durante a velhice.
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Gráfico 4 - A atividade física ajuda nas tarefas do dia a dia?
Nem concordo e Nem Discordo 6,66% Concordo 43,33% Concordo Totalmente 50%
Fonte: Os autores (2018)
No gráfico 4 nota-se que é quase unanimidade entre os entrevistados que a prática de atividade física proporciona uma melhora na realização nas tarefas diárias (93%, sendo 50% concordam totalmente e 43% concordam). Este resultado corrobora com os dizeres de SHEPHARD (2003), a atividade física na velhice causa uma melhora na autonomia e ajuda a retardar os efeitos causados com a sua chegada, além de melhorar a qualidade de vida. E salienta que a prática de atividade física ajuda a aumentar a expectativa de vida dos idosos. A prática de exercícios físicos é uma das formas para amenizar os efeitos catabólicos da inatividade e a consequente Sarcopenia. (MARTINEZ;CAMELIER,2014). Assim, esses resultados comprovam que a atividade física na velhice causa uma melhora na autonomia e ajuda a retardar os efeitos causados com a sua chegada, além de melhorar a qualidade de vida e, consequentemente, ajuda aumentar a expectativa de vida dos idosos. Gráfico 5 - Eu tenho consciência que atividade física é necessária?
Concordo 23,33% Concordo Totalmente 76,67%
Fonte: Os autores (2018)
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O gráfico 5 demonstra que todos os idosos entrevistados têm consciência de que a prática de atividade física é necessária em suas vidas, pois 76,67% dos entrevistados concordam totalmente que a atividade física é necessária e 23,33% concordam que há a necessidade de praticar atividade física. De acordo com MOTTAet al (2010), a saúde é um bem vital para todo e qualquer ser humano. De fato, não há dúvida de que, independente da classe social, formação, raça ou mesmo nacionalidade, a saúde é uma das prioridades de todos os seres humanos e, portanto, preocupação inerente a toda sociedade.
4 Considerações finais
Considerando os benefícios atingidos pela prática regular de exercícios físicos na percepção do idoso, nota-se que eles têm a consciência dos efeitos de tal prática em sua saúde física e mental. Ter a consciência dos benefícios permite ao idoso um melhor entendimento do que irá beneficiar a melhoria de sua qualidade de vida, bem como uma redução significativa nas doenças crônicas e com isso, conseguirão atingir uma maior longevidade e um envelhecimento mais saudável (senescência), tanto no corpo quanto na mente. Conclui-se ainda, que no processo de envelhecimento o idoso se torna mais frágil, o que se faz essencial nesta fase a prática regular de atividade física para uma melhor qualidade de vida e a partir do momento em que ele percebe os benefícios, poderão mudar seu estilo de vida observando a melhora progressiva causada pelos exercícios. Com a pesquisa foi possível comprovar que os idosos tiveram a percepção de que houve uma melhora significativa tanto na parte física, quanto no âmbito social e mental. Pois através da prática regular de atividade física os mesmos observaram uma mudança significativa em seu estilo de vida. Além de proporcionar um envelhecimento mais saudável, cabe ao profissional de educação física compreender para além dos resultados fisiológicos, levando em consideração em primeiro lugar o objetivo que o idoso busque com sua prática física. Isso será primordial para iniciar um bom programa de treinamento que trará resultados satisfatórios a todos os praticantes, ao passo que o profissional terá sucesso em suas aulas.
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PERCEPTION OF THE ELDERLY TO BENEFITS ACHIEVED WITH HIS PRACTICE OF PHYSICAL EXERCISES
ABSTRACT
Health has always been an almost universal concern and one never looks at the concept of health without looking at the concept of physical activity. With this it is important to point out the various benefits that physical activity provides to the elderly according to their perception. Among the physical improvements we can highlight the strength gain, the aerobic resistance, the improvement of the balance, as a determinant factor in the decrease of the incidence of falls, the improvement of the concentration, the perception and even memory; also the social benefits are related to the question of their active permanence in their interpersonal environments. Thus, to analyze the benefits achieved by the practitioners, a research was carried out from a descriptive and exploratory study, with a quantitative / qualitative approach. The study pointed out that the majority of practitioners agree that regular physical activity provides an improvement both physically, mental and social, and it is of paramount importance that it be practiced regularly for the benefits to be attained. It is incumbent upon the physical education professional to understand beyond the physiological results, taking into account, first and foremost, the objective that the elder seeks with his physical practice. This will be paramount to start a good training program that will bring satisfactory results to all practitioners, while the professional will succeed in their classes. Keywords: Benefits of Physical Activity. Healthy aging (senescence). Welfare. Active Elderly. REFERÊNCIAS
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PEDAGOGIA SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL DE GOVERNADOR VALADARES Christiane Turíbio da Silva*, Gislaine Neves Araújo B. Gonçalves*, Gislaine Rodrigues do Amaral Tavares*, Layla Gomes de S. Batista*, Sandra Maria Perpétuo**, Maria de Fátima Martins Oliveira Leite***
RESUMO Pensar a educação formal em presídios, parece ser algo bastante improvável. Este estudo, de cunho bibliográfico, buscou evidenciar o caráter transformador da educação, na vida dos indivíduos privados de liberdade. Resulta de um estudo que buscou compreender, através de um aporte teórico, como ocorre a atuação do pedagogo/educador na educação prisional. Para tanto, inicialmente, discorre-se sobre os aspectos legais da educação prisional no Brasil, a seguir destaca-se a importância desse profissional nesse ambiente e, finalmente, apontam-se alguns limites e desafios, que por ele são enfrentados, principalmente, devido ao fato do estado, na maioria das vezes, negligenciar essa modalidade de educação. Os resultados da pesquisa indicam que a educação, no ambiente prisional tem andado a passos lentos e que são necessárias ações, que sejam consistentes para facilitar a qualidade do trabalho do Pedagogo/Professor na educação para pessoas privadas de liberdade. Palavras-Chave: Educação Prisional. Legislação. Pedagogo. Professor. Profissionalização. 1 Introdução A sociedade em seu dia a dia tem constatado que a violência no Brasil é crescente e por isso, as discussões a respeito das providências e medidas, que devem ser tomadas para enfrentar e melhorar o sentimento de segurança por parte da população, também tem crescido. Nesse sentido, muitos são os entendimentos sobre o assunto, mas o que mais se sobressai é a opinião de que se faz necessária mais repressão no combate ao crime, recrudescimento de penas e construção de presídios de segurança máxima. *
Acadêmicos do 7º período do Curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares–MG, e-mail: christiane.turibio@hotmail.com .gislaine.neves. araujo@hotmail.com. gislainerodrigues15@hotmail.com. laylagomes2@hotmail.com. ** Pedagoga. Mestra em Educação UFOP. Professora das disciplinas Seminário de Pesquisa, Alfabetização e letramento e Coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade Presidente Antônio Carlos. Especialista em Gestão Educacional, Supervisão/Coordenação Pedagógica, Alfabetização, Educação Inclusiva e Especial. Email: sandramariaperpetuo@gmail.com *** Graduada em Pedagogia com Especialização em Orientação Educacional e Supervisão Escolar. Pós-graduada em Psicologia Educacional. Professora da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC. E-mail: fatima.o.leite@hotmail.com
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Assim, o fator educação e ressocialização, apesar de estarem na lei, não tem sido encarado com a seriedade necessária, com isso, após o encarceramento, esses indivíduos, estarão de volta à sociedade e muitas vezes sem perspectivas. Então, o que fazer? Hoje, percebe-se que não há preocupação pela maior parte dos cidadãos com a ressocialização dos presos, motivo pelo qual propomos essa pesquisa, que busca demonstrar a possibilidade de mudança de comportamento do ser humano, que se encontra vulnerável quando fica privado de sua liberdade, através de um trabalho de qualidade e envolvimento por parte da educação, na pessoa dos professores, pedagogos e do comprometimento do governo. Dessa maneira, a pesquisa realizada teve como principal objetivo investigar a importância da educação para a formação acadêmica e profissional do condenado preso, no sistema prisional brasileiro. Aqui, o que se faz importante, é fazer a interlocução entre as diretrizes legais e a sua aplicação na vida dessas pessoas, dando visibilidade a uma série de direitos e deveres que os mesmos têm, visando possibilitar que, apesar do seu isolamento social e a retribuição ao mal por ele causado, ainda assim, ele terá a preservação de uma parcela mínima de sua dignidade e a manutenção de indispensáveis relações sociais, com o mundo extramuros através da educação, colaborando para transformá-los em pessoas capazes de viverem em harmonia com a sociedade e dando-lhes uma perspectiva de trabalho. Nesse aspecto, a educação inserida nos centros penitenciários é de suma importância não só para aqueles que estão submetidos à pena restritiva de liberdade, mas também para toda a sociedade, uma vez que, inserindo conhecimentos para as pessoas que tiveram um comportamento antissocial, reprovado por toda a sociedade, será mais eficaz a tentativa de se ressocializar, tais indivíduos, possibilitando melhor convivência quando em retorno à sociedade e permitindo maior chance para o mercado de trabalho. Nesse contexto, buscando fundamentar o presente trabalho, propõe-se uma pesquisa exploratória, que de acordo com Gil (2007), “este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses”. A grande maioria dessas pesquisas envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências com o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão. A fim de compreender atuação do pedagogo no sistema prisional, optou-se pelo estudo de caso, em que uma pedagoga do sistema prisional da cidade de Governador Valadares, relata sua vivência nesse ambiente. Buscou-se assim, fazer uma interlocução entre a prática vivenciada por ela e a teoria estudada. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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2 Método
A pesquisa científica, de abordagem qualitativa aplicada em investigação, busca compreender fenômenos subjetivos da realidade estudada. Os pesquisadores usam as abordagens qualitativas para explorar o comportamento, as perspectivas e as experiências das pessoas, que eles estudam. Segundo Minayo (2003), a metodologia de pesquisa qualitativa é o caminho do pensamento a ser seguido. Ocupa um lugar central na teoria e trata-se basicamente do conjunto de técnicas a serem adotadas para construir uma realidade. O presente artigo é caracterizado como uma pesquisa exploratória, com um pedagogo, que atua no sistema prisional, optando-se pelo estudo de caso. Para Rocha (2008), o Estudo de Caso enquanto método de investigação qualitativa tem sua aplicação quando o pesquisador busca uma compreensão extensiva e com mais objetividade e validade conceitual, do que propriamente estatística, acerca da visão de mundo de setores populares. Por se tratar de uma iniciação a pesquisa, compreende-se a necessidade de preservar o nome dos envolvidos. A fim de desenvolver do trabalho, realizou-se uma pesquisa de campo com uma pedagoga, buscando compreender a sua atuação, conhecer a estrutura pedagógica do Sistema Prisional de Governador Valadares, investigando os métodos utilizados para a ressocialização dos custodiados. Os dados foram construídos, por meio de um questionário, que foram analisados à luz da teoria que sustenta a investigação.
3 Resultados e discussão
Após os estudos realizados sobre o papel do pedagogo no sistema prisional, constatou-se que, a educação é um direito garantido por lei para os custodiados. Duarte, 2013 p.17 diz que: A partir da Lei de Execução Penal (LEP), n° 7.210 de 11 de Julho de 1984, a educação no Sistema Penitenciário brasileiro tornou-se uma atividade obrigatória com vistas de reinserção social do sujeito privado de liberdade. Essa lei prevê em seus artigos a efetivação, com base legal, da escola nas instituições carcerárias, a formação educacional e profissional dos detentos e também a remissão de execução da pena por trabalho ou estudo, como mostra a seguir:
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A Lei nº 12.433 de 2011 (BRASIL, 1984 p. 59) assegura aos encarcerados: Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Art. 11. A assistência será: IV - educacional; Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição. § 4o Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensino básico e profissionalizante. (Incluído pela Lei nº 12.245, de 2010)
Na antiguidade as prisões eram vistas como um sistema punitivo aos detentos e tinha como objetivo separá-los dos demais da sociedade. Com o passar do tempo o sistema prisional deixou de ser um local restrito a punições e passou a ser visto como, um lugar capaz de ressocializar. Assim como assegura MESQUITA (2012):
Assim como no Egito, a Grécia, a Pérsia, a Babilônia, o ato de encarcerar, tinha como finalidade conter, manter sob custódia e tortura os que cometiam faltas, ou praticavam o que para a antiga civilização, fosse considerado delito ou crime.
A ressocialização é feita por meio da educação, que é um direito garantido pela Constituição Federal (1988) e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96 que no Art. 5º ainda explica que:
O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.
De acordo com a entrevista realizada com uma pedagoga do sistema prisional, de Governador Valadares foi possível perceber que mesmo sendo direito assegurado pela lei, a educação e a profissionalização não acontecem de fato nos presídios, pois o investimento do governo nessa área é praticamente inexistente, tanto em âmbito nacional quanto estadual. Algumas empresas, nos grandes centros, fazem parcerias com as penitenciarias, oportunizando assim, formação profissional para os egressos, mas não é o suficiente. Com isso, é possível afirmar que a parceria entre o sistema prisional e empresas do setor privado, são de fundamental importância para o retorno saudável do individuo à sociedade, pois quando o mesmo se qualifica, mais chances de trabalho acontecem.
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4 A atuação do pedagogo/professor dentro do sistema prisional
No sistema prisional, o pedagogo/professor atua na área não escolar denominada de pedagogia social, que abrange projetos sociais, igrejas, ONG’s, centros comunitários, hospitais, asilos e presídios. O ambiente pedagógico envolve toda a sociedade, isto porque contempla a educação formal, não-formal e informal. Logo, é possível observar práticas educativas em diferentes segmentos sociais. Entretanto, a concepção latente é a de educação restrita ao ambiente escolar, sendo essencial repensar a pedagogia, com o objetivo de destacar as diferentes atuações do pedagogo e as possibilidades educativas para além dos muros da escola. Cabe, portanto, compreender a Pedagogia como uma ciência que busca a práxis, a fim de intervir na realidade social, formando sujeitos críticos e conscientes de seus papéis (LIBÂNEO, 1999). A fim de corroborar com esse pensamento de Libâneo (1999), a pedagoga entrevistada diz que a atuação desse profissional é muito importante para o processo educativo dos privados de liberdade, pois é ele que planeja toda a ação pedagógica que será desenvolvida e pensa como se dará a efetivação dessa proposta. Entretanto, trabalhar nesse sistema é estar o tempo todo em situação de vulnerabilidade, pois como mostra Carvalho Filho 2002, p. 10 “as prisões brasileiras são insalubres, corrompidas, superlotadas, esquecidas. A maioria de seus habitantes não exerce o direito de defesa. Milhares de condenados cumprem pena em locais impróprios”. Preocupamse quem trabalha no sistema prisional, pois, além do ambiente insalubre, também há o esquecimento do poder público em relação a esse ambiente. Sendo assim, quem ali está, na maioria das vezes não goza da plena segurança, deixando margem a insegurança dos que ali trabalham ou no atual momento da vida, vivem.
Bittencourt (2012 p. 226) argumenta que: Os motins carcerários são os fatos que mais dramaticamente evidenciam as deficiências da pena privativa de liberdade. Para o professor, é o acontecimento que causa maior impacto e o que permite à sociedade tomar consciência, infelizmente, por pouco tempo, das condições desumanas em que a vida carcerária se desenvolve.
Muito além do fato da insegurança nos presídios para os que ali trabalham e vivem a importância do pedagogo/educador nesses sistemas é mostrar que a educação é um caminho plausível para reeducação daqueles que se envolveram em situações social e juridicamente
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não aceitas. Propõe-se, sobretudo para essas pessoas uma educação, através da humanização e preparação para o mercado de trabalho. Com
isso,
de
acordo
com
pedagoga
entrevistada,
a
metodologia
do
pedagogo/educador consiste em buscar diferentes métodos de ensino, que sejam significativos para os adultos. Isso quer dizer, fazer novas descobertas, oportunizando a tomada de consciência do estar no mundo, mesmo no lugar-espaço de tanta opressão, como se configura a realidade dos presídios. Pensando nisso, o pedagogo/educador tem que ser flexível para propor aos detentos possíveis caminhos para reintegração social, assim o preso tem a possibilidade de resgatar e aprender uma forma de se relacionar. Por esse motivo é que a proposta pedagógica vivenciada no presídio onde atua a pedagoga entrevistada, busca a reinserção social dos privados de liberdade através da formação para o trabalho, com o oferecimento de cursos profissionalizantes, como designer de sobrancelhas e artesanato para as mulheres e barbeiro para os homens. De acordo com a entrevistada, o processo de estadia, na prisão tende a modificar as pessoas que ali estão aprisionadas, prejudicando qualquer tipo de atitude, que o levaria ao processo de educação, pois ao invés de levar a liberdade para ambos e reeducá-los para a convivência com a sociedade, torna-os pessoas mais perigosas e deixa o índice de criminalidade mais alto. Com isso, a educação no sistema prisional deveria estar voltada para adultos, que têm como objetivo escolarização. Formá-los e qualificá-los no período em que estão encarcerados, com a finalidade de inseri-los no ambiente social. A ampla aprendizagem possibilita novos conhecimentos, que faz com que os custodiados se sintam cidadãos participativos e ainda de acordo com a entrevistada, “com novas possibilidades de trabalho e vida para os egressos.” O pedagogo/educador, dentro da prisão, enfrenta diversas dificuldades, como, respeitar a realidade de cada aluno, adequar a maneira de ensinar, bem como os projetos vivenciados, a fim de que essas propostas venham de encontro com as regras dos presídios e sua realidade, na maioria das vezes desumana, convivendo com a falta de recursos, desvalorização do trabalho, dificuldade na adequação de horários para atendimentos pedagógicos com os detentos, dentre tantas outras. O profissional da educação realiza um trabalho não só de interesse governamental, mas também de toda sociedade, possibilitando o retorno do detendo ao convívio social.
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De acordo com Julião (2007, p.47) A escola nos presídios tem uma enorme responsabilidade nos indivíduos autônomos, na ampliação do acesso a bens culturais em geral, no fortalecimento da autoestima desses sujeitos assim como na consciência de seus direitos e deveres.
O pedagogo/professor tem como uma de suas funções, o dever de discutir com os detentos questões sobre direitos que devem ser preservados e dos deveres, que precisam ser aplicados por um cidadão em uma sociedade a fim de respeitar as normas e as leis. A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 205 diz que:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL-CFB, 2005, p.123).
O sistema prisional precisa ampliar e melhorar o ambiente educacional para que haja de fato uma possível ressocialização dos detentos. Gomes (2010) traz algumas afirmações para a melhoria e a eficácia da reeducação dos presídios ressaltando:
(...) É preciso investir na reeducação e na estrutura do Sistema Prisional, a qual nunca se investiu com seriedade, não é usurpando os Direitos Humanos que atingirão os objetivos previstos nas sanções aplicadas aos mesmos. As prisões, porém, devem ser reformuladas com a criação de oficinas de trabalho, com o envolvimento da escola e terapias que envolvam o preso a repensar suas atitudes diante da sociedade e dele próprio. A pena deve ser usada para a ressocialização desse indivíduo e não para intimidá-lo. Além disso, temos consciência de que o poder dominante priva o homem da educação, saúde e moradia, contribuindo cada vez mais para as diferenças sociais e o aumento nos índices de criminalidade. (GOMES, 2010, p.3).
Usando como perspectiva as afirmações de Gomes (2010), é possível perceber que muito além do trabalho do professor/pedagogo com a educação prisional, faz-se necessária uma política pública eficiente, eficaz e de qualidade para essa realidade, principalmente, em se tratando do fato que se está lidando com vidas.
5 A educação prisional e a política pública
As políticas públicas preservam os direitos do cidadão e acima de tudo os sociais. Com isso, faz-se necessário que o sistema penitenciário, de fato promova o acesso aos custodiados para a atividade educacional. Usando para isso profissionais qualificados para exercer, cada qual, a sua função. Para que isso aconteça da melhor forma possível, as autoridades governamentais precisam disponibilizar recursos financeiros e materiais, a fim de TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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que, possa se garantir um trabalho de qualidade, tendo em vista que a educação é um direito de todos, inclusive dos custodiados. Assim, a atividade educacional não pode ser considerada como uma simples regalia concedida pela administração penitenciária, de forma extra e opcional. Ela deve ser considerada como um elemento principal em todo conceito, capaz de oferecer aos presos oportunidades para um melhor aproveitamento do tempo em que permanecem na prisão. A educação precisa oferecer a formação básica e também em alguns casos, profissional, a fim de que todas as pessoas que se encontram na prisão, independente do tempo, possam aprender habilidades tais como ler, escrever, fazer cálculos básicos que contribuirão para sobreviver no mundo exterior (COYLE, 2002).
Segundo Mirabete (2007, p.824): Qualquer pessoa não importando sua idade, nem tampouco seu status jurídico, tem o direito de receber educação, desde que careça qualitativa ou quantitativamente desta, devendo o Estado garantir e prover a educação aos presos e internados .
O estado promove práticas de fortalecimento, através de políticas públicas, incluindo o indivíduo, que se encontra em privação de liberdade, ao buscar evidências no seu cotidiano, contribuindo para que a educação tenha um processo embasado nos eixos fundamentais da alfabetização e profissionalização. De acordo com a entrevistada o pedagogo/professor exerce o papel de preparar os detentos para as atividades profissionais. Nesse sistema tem dominado educação formal ou escolar. Também se promove experiências educativas no decorrer do dia-a-dia dessas pessoas, buscando assim, favorecer um bom relacionamento entre os egressos. O indivíduo em situação de privação de liberdade traz como memória, vivências por vezes negativas, de situações pelas quais passou antes e durante sua carreira delinquencial. Muitas vezes, em suas expectativas de futuro estão o desejo de começar uma nova vida, na qual, possa trabalhar, voltar a estudar e construir uma família. Os estudos sobre a reincidência criminal apontam que suas expectativas acabam, na maioria das vezes, frustradas pelos rótulos, pelo despreparo em assumir atividades profissionais, por distorções de visão de mundo que fatalmente, adquirem na sociedade dos cativos (JULIÃO, 2009). O pedagogo/professor no sistema prisional tem uma função muito importante, que é a de promover situações de aprendizagens, construção ou reconstrução de conhecimentos. Ele TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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também pode se tornar agente de transformação, através da verificação das possíveis dificuldades dos alunos quanto a aprendizagem ou socialização, contribuindo assim, no processo de aquisição de conhecimentos e recolocação social do detento.
6 Considerações finais
Perpassando o referencial teórico ora construído e a pesquisa de campo realizada, é possível dizer que os pontos que mais contribuem para a vulnerabilidade do egresso são a educação, o emprego e a questão econômica. Com certeza, é que o trabalho e a educação são essenciais para se garantir a dignidade da pessoa. Por isso, é necessário frisar que o trabalho deve ser encarado no sistema prisional e pela sociedade como uma atividade, que vai contribuir para a inclusão do condenado, no meio social através de sua produtividade e para sua formação profissional e humana. Através da educação e do trabalho, é possível trabalhar com o sentenciado a sua capacidade de refletir sobre sua conduta e importância para a humanidade. Portanto, é possível perceber que o trabalho e a educação são fundamentais para apontar novos caminhos e perspectivas ao recuperando após sua saída do sistema prisional. Nesse contexto, o papel da educação nessa perspectiva é de reeducar os criminosos e ajudá-los a ter uma visão mais ampla de mundo, a buscar outras formas de inserção na sociedade. É através do ensino que os encarcerados têm a oportunidade de se humanizarem e se transformar. A Educação é transformadora quando se quer transformar. Quando se fala em ensino, se fala em relações de sujeito para sujeito, de sujeito com a vida, de formação básica e de formação tecnológica. Conclui-se que a privação da liberdade, única e exclusivamente não favorece a ressocialização. A educação no sistema prisional deve favorecer a reintegração do indivíduo na sociedade. Para tal, faz-se necessário desenvolver programas educacionais no sistema penitenciário que visem alfabetizar e construir a cidadania dos presos. A conscientização deve ser uma das práxis para a transformação do mundo dos presos, pois através da ação-reflexão é que formaremos novos cidadãos. Cabe ao poder público e a sociedade em geral se preocupar e se comprometerem com a educação.
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Também é fundamental que não seja esquecida a necessidade de investir em propostas políticas, que viabilizem o retorno do egresso à sociedade, visto que as atuais estão um tanto ultrapassadas.
SOCIAL PEDAGOGY IN THE PRISON SYSTEM VALADARES GOVERNOR
ABSTRACT
To think about education in prisons, there seems to be something that is quite unlikely. In this study, the related literature has sought to highlight the transformative nature of education in the lives of individuals deprived of their liberty. Results of a study that sought to understand, as is the role of the teacher/educator in the education of prison reform. To this end, initially, focuses on the legal aspects of correctional education in Brazil, in the following, we highlight the importance of these professionals in this environment, and, finally, we point out some limitations and challenges that he / she they are faced, especially due to the fact that the state is neglecting this. The results of the study indicate that the quality of education in the environment in the prison has to be walking at a slow pace, and that there is a need to be consistent, to facilitate the quality of the work of the Teacher/Educator in the education of persons deprived of their liberty.
Key Words: Correctional Education. Law. Practice of Teacher Professionalism.
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A CAPOEIRA COMO PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NO TREINAMENTO INDIVIDUALIZADO
Ingrid Morhy Novais*, Tiago Duarte Moreira*, Rosely Conceição de Oliveira**, Pedro Avner Ferreira Quintino***, Ana Paula Campos Fernandes***. RESUMO
A Capoeira surgiu no Brasil final do século XVI, tendo sua história associada estreitamente com a história dos negros trazidos pelos colonos portugueses nos navios negreiros. Incialmente manifestava-se como forma de dança ritualística, porém devido as péssimas condições de sobrevivência dadas aos escravos, traduziu-se como arma de defesa contra seus opressores, e por sua prática constante para o aprimoramento dos gestos e golpes, os autores a definem como o primeiro treinamento físico sistematizado do Brasil. O presente estudo tem por objetivo pesquisar, analisar e questionar a intervenção profissional no campo de ação do treinamento individualizado, identificando e legitimando a Capoeira como uma ferramenta profícua nessa ação. Foi aplicado um questionário a 18 Profissionais de Educação Física que atuam como Personal Trainers, no qual 99,9% dos entrevistados não utilizam a Capoeira como ferramenta de atuação profissional em sua periodização. Não obstante, 44% do universo total dos entrevistados afirmaram que poderão utilizar a Capoeira em sua prescrição, 39% do montante alegaram negativamente e 17% não opinaram. Dos 39% que reconheceram a não empregabilidade da Capoeira em seu treinamento, a totalidade justifica o motivo por não ter conhecimento técnico-prático da modalidade. Ante os resultados apurados, compreende-se num contexto geral, a predominância de escolha da Musculação à utilização no Treinamento Individualizado em detrimento da Capoeira e de tantos outros conteúdos possíveis, provocando a necessidade de um maior aprofundamento futuro quanto às causas dessa prevalência. Palavras-chave: Capoeira. Treinamento Individualizado. Personal Trainers. 1. Introdução A história da Capoeira está estreitamente associada à história dos negros no Brasil.
*
Acadêmicos do curso de Educação Física bacharel da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: ingridmorhy@gmail.com / tiagogv17@hotmail.com ** Professora Orientadora. Coordenadora e Docente nos Cursos de Bacharel e Licenciatura em Educação Física na Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Conselheira Regional de Educação Física/CREF6 desde 2006, também Membro do Conselho Municipal de Esportes de Governador Valadares e do Conselho de Dirigentes de Instituições Superiores de Educação Física de Minas Gerais - CONDIESEF/MG. *** Professor coorientador. Professor da disciplina de Basquetebol. Graduado em Educação Física Licenciatura. Especialista em Gestão Educacional e Docência para o Ensino Superior. E-mail: pedroavner111111@hotmail.com. *** Professora coorientadora. Professora da disciplina Projeto de Pesquisa em Educação Física. Graduação em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com
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Quando os colonizadores aqui chegaram, precisaram encontrar mão-de-obra barata para a extração das riquezas das terras. Os indígenas, rapidamente conquistados, se opuseram à escravidão e não aguentaram os maus-tratos a que foram submetidos. Os europeus precisaram, então, buscar nova mão-de-obra escrava, e para isso trouxeram negros da África. Areias (1983), em sua obra O que é Capoeira, averigue-se que os negros eram retirados de seu hábitat, dirigidos aos porões dos navios e carregados para os novos horizontes recém descobertos pelas grandes potências da época. De acordo com os pesquisadores Arnt e Banalume Neto (1995, p. 36), “os escravos eram vendidos por chefes de tribos inimigas ou, como em Angola, os próprios portugueses invadiam o interior sequestrando o que chamavam de ‘peças da Índia”. Petta (1996, p. 51), em seu artigo O jeito brasileiro de ir à luta, comenta: “estudiosos afirmam que por volta de 1550 é que os primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no Brasil, oriundos de diferentes tribos, trazendo seus costumes, suas culturas”. Já Oliveira (1989, p. 21), também conhecido por Mestre Bola Sete, em seu livro A Capoeira Angola na Bahia, afirma que “os primeiros escravos africanos a chegarem no Brasil e os que vieram em maior número foram os negros bantos, eram naturais de Angola”. Há debates e diferentes opiniões dos pesquisadores quanto às concepções etimológicas da palavra Capoeira e do próprio termo e seu emprego, as quais são vistas em documentos a partir do final do século XVI. A capoeira, enquanto prática corporal, começou a ser registrada na primeira década do século XIX no Rio de Janeiro, instituindo também seu praticante. Antes disso, é possível encontrar a universalização do vocábulo Capoeira para caracterizar tanto o praticante do jogo-luta como também malfeitores, ladrões e bandidos de toda ordem (ARAÚJO, 2005b). Rego (1968, p. 21), autor de Capoeira Angola: ensaio sócio-etnográfico, como significado da palavra Capoeira diz que: “atualmente são quase unânimes os tupinólogos em aceitarem o étimo caá, mato, floresta virgem, mais puêra, pretérito nominal que quer dizer o que foi e não existe mais”. Sobre a verdadeira origem da Capoeira, muitas são as divergências existentes entre os pesquisadores. Um dos motivos que contribuiu para dificultar o conhecimento sobre a origem da Capoeira é salientado por Mello (1996, p. 29), que afirmou: “Ruy Barbosa, quando ministro da Fazenda, com o argumento de apagar a história negra da escravidão, mandou incinerar uma vasta documentação relativa a esse período”.
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Para alguns autores, estudiosos do assunto, a Capoeira foi uma invenção do negro na África, onde existia como forma de dança ritualística. Mais tarde, com o processo do colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990). Na visão de PASTINHA (1988, p. 26): “Não há dúvida que a Capoeira veio para o Brasil com os escravos africanos”. No mesmo sentido, Marinho (1956) “não existem dúvidas de que a capoeira foi trazida para o Brasil pelos negros africanos bantos procedentes, principalmente, de Angola”.
Para outros pesquisadores, estudiosos da cultura afro-brasileira, africana e historiadores, a Capoeira surgiu no Brasil por um processo de aculturação em prol da liberdade humana da raça negra escravizada pelos dominantes da época do Brasil colonial (SANTOS, 1990, p. 19).
2. Métodos
A pesquisa utilizada foi de natureza descritiva e quanti-qualitativa, pois os dados coletados serão registrados e descritos, centrando-se na objetividade com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos elaborados pelos autores, reproduzindo resultados numéricos à abordagem, provocando compreender as motivações e desdobrar variáveis de novos estudos em significados análogos.
3. Histórico da capoeira no Brasil
A escravidão iniciou no Brasil por volta do século XVI. Os colonos portugueses iniciaram escravizando os índios, porém com a oposição dos religiosos e a baixa resistência dos índios aos trabalhos pesados, dificultaram esta prática. Os colonos partiram para suas colônias na África e trouxeram os negros para trabalharem nas extrações das riquezas do país. Os escravos que aqui chegaram executavam as tarefas mais duras, difíceis e perigosas, a maioria recebia péssimo tratamento. Dormiam na senzala, comiam alimentos insalubres e sem qualidade e recebiam castigos físicos. O translado dos africanos para o Brasil era feito em navios negreiros que apresentavam péssimas condições, muitos deles morriam e ao aportarem TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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em “Terras Brasilis”, eram privados de suas origens culturais, sem manifestações religiosas, festivas e guerreiras, acabavam praticando-as de forma escondida. Nesse contexto de “submundo cultural”, a Capoeira foi uma das manifestações trazidas pelos negros. Para alguns autores e estudiosos do assunto, a Capoeira foi uma criação dos negros na África, que originalmente se manifestava como forma de dança ritualística. Mais tarde, com o processo de colonização do Brasil e com a chegada dos negros escravos provenientes da África, aqui a Capoeira se desenvolveu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990). O berimbau, que servia para dar ritmo, também servia para anunciar a chegada de um feitor, ou seja, a hora de transformar a luta em dança.
3.1 Capacidades Físicas da Capoeira
Santos (1990, p. 19) ainda ressalta que, para garantir a sobrevivência da capoeira naquela época, os capoeiristas, quando estavam na presença dos senhores de engenho, praticavam-na em forma de brincadeira, quando, na verdade, estavam treinando. Bompa (1983), define o Treinamento como uma atividade desportiva de extensa duração, graduada de forma progressiva e sistemática a nível individual, cujo o objetivo é preparar as funções humanas, psicológicas e fisiológicas para poder superar as tarefas mais árduas. Com base nos relatos de Santos (1990) e Bompa (1983) os autores fundamentam a afirmação de que a Capoeira foi a primeira atividade sistematizada como treinamento físico praticada no Brasil. De acordo com Freitas (2005) a Capoeira é eclética, pois consegue agregar de forma divertida e cognitiva os domínios de aprendizagem do ser humano: psicossocial, psicomotor e cognitivo. Suas características são multidisciplinares, proporcionando o equilíbrio e respondendo à exigência interior de expor as próprias capacidades ante as exigências em confrontos reais de força, agilidade, velocidade, habilidade e destreza corporal. A habilidade motora grossa, que envolve em sua manifestação a mobilização de grandes grupos musculares produtores de força do tronco, braços e pernas está intimamente ligada à aula, pois os movimentos básicos executados são chutes, corridas, saltos, entre outros (CATENASSI et al., 2007). Desta forma, em se tratando de atividade física, a Capoeira é uma das melhores e mais completas, trabalhando habilidades por meio da educação pelo movimento e explorando muito a psicomotricidade. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Além disso, as habilidades motoras trabalhadas contribuem para o desenvolvimento das capacidades físicas (agilidade, impulsão, equilíbrio), o que é de fundamental importância para a vida do ser humano. Segundo Gallahue e Ozmun (2003), o domínio das diversas habilidades é uma condição básica para o desenvolvimento motor, uma vez que as experiências motoras fornecem informações sobre a percepção que o ser humano tem de si mesmo e do mundo em que está inserido. A Capoeira também ajuda a desenvolver atitudes e valores como o respeito, a disciplina, o autocontrole, a concentração, a cooperação e a solidariedade, contribuindo para a formação integral de quem a prática e se caracterizando como uma ótima atividade a ser aplicada na infância (HASSENPFLUG, 2004). Segundo Reis (2001, p. 74) apud Marinho (1980, p. 46): “A GINÁSTICA BRASILEIRA encontra as suas raízes nas traduções culturais do povo brasileiro, refletindo as suas tendências, a sua música, fazendo com que o ritmo de seus movimentos brote espontaneamente de seu interior, como forma de sua expressão corporal. É uma ginástica baseada essencialmente na destreza, na velocidade dos movimentos e não nos movimentos de força, porque o brasileiro traz na sua estrutura sômatopsíquica os elementos essenciais para ser ágil, flexível, imprevisível nos recursos de esquiva. A Capoeira constitui um repositório de exercícios de flexibilidade, equilíbrio e destreza, que servem de inspiração à GINÁSTICA BRASILEIRA. O ritmo de seus movimentos é o mesmo que se encontra nas nossas danças populares de norte ao sul do país. O requebro do samba, ou os passos de frevo são uma forma de expressão artística da capoeira, síntese de dança, jogo e luta. A GINÁSTICA BRASILEIRA encontra seus fundamentos históricos na história do próprio povo brasileiro”.
3.2 Treinamento individualizado A prática do treinamento individualizado teve um crescente aumento nos últimos anos. Várias pessoas buscam essa forma de treinamento afim de alcançarem os seus objetivos relacionados ao corpo. Atualmente percebemos uma demanda alta de pessoas realizando diversos tipos de treinamentos (musculação, corrida, caminhada, lutas, dança e etc.), com o acompanhamento de um Personal Trainer, um profissional Bacharel em Educação Física com qualificação em treinamento desportivo, fisiologia do exercício, anatomia e biomecânica, apto para a prescrição de treinamento físico individualizado (OLIVEIRA, 1999). Sendo assim, o Personal Trainer é um profissional que orienta e interfere através do planejamento e controle dos treinos visando alcançar as mudanças e os objetivos almejados de seus alunos, seja na manutenção ou melhora da qualidade de vida quanto na busca de padrões estéticos. TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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Decorrente do grande avanço na área da saúde, especificamente na Educação Física, observa-se um comportamento de determinados grupos de indivíduos em busca de uma melhoria da estética, da performance e do bem-estar físico e mental, entre outras; consequentemente o profissional de Educação Física progressivamente busca aperfeiçoa seus conhecimentos através de pesquisas e avaliações para melhorar a qualidade da prescrição dos treinos. Um dos motivos que levaria o aluno a solicitar os serviços de um Personal Trainer seria a segurança quanto à prescrição do exercício. Porém, geralmente, os indivíduos procuram o Treinamento Individualizado quando estão motivados em praticar uma atividade física com maior objetividade e eficiência, que atenda às expectativas do cliente e sua individualidade biológica, seja do ponto de vista da saúde, da performance desportiva ou da estética, pois, benefícios nestes aspectos, são, de certa forma desejo de clientes de treinamento personalizado (MELHER, 2000). O fator motivacional é também citado por alguns autores como de grande relevância na aderência e permanência dos clientes ao programa personalizado. Segundo Oliveira (1999), alguns alunos desistem do treinamento não supervisionado antes mesmo de desenvolverem a rotina de praticar algum tipo de exercício. O American College of Sports and Medicine (ACSM, 2000) relata que, se uma pessoa não confia que uma alteração nas atitudes irá resultar em benefícios, é improvável que essa mudança comportamental venha a ocorrer. Não se pode desconsiderar que diferentes razões, dependentes das convicções e da circunstância existencial de cada indivíduo pressupõem uma grande complexidade humana; complexidade esta decorrente de um essencial inter-relacionamento entre as perspectivas psíquicas/ fisiológicas/ cultural que envolve a vida existencial do ser humano (MERLEAUPONTY, 1999).
3.3 Movimentos Básicos da Capoeira
Como modelo de arte marcial, esporte, música e cultura popular, a Capoeira faz parte da constituição de uma nacionalidade brasileira. Oriundas de práticas de povos do sul da atual Angola, ela teria sido instituída em Quilombo dos Palmares, no final do século XVI. Hoje em dia, a capoeira é um produto de exportação da cultura tupiniquim para o resto do mundo. Além disso, propicia uma excelente forma física e bem-estar aos seus praticantes, já que as
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acrobacias estimulam a força e a flexibilidade, reduzem o estresse e a ansiedade e ainda ajudam a emagrecer. Segundo Castro (2008) a capoeira era estudada nos trabalhos, nas festas, nas disputas, e no cotidiano das pessoas. Ocorriam em lugares estratégicos, como terreiros e até mesmo nos quintais de suas próprias residências, pois não tinham um espaço apropriado e específico para que pudessem treinar e aperfeiçoar seus movimentos. De acordo com Dumoulié (2008) a capoeira é considerada uma paixão nacional brasileira perdendo apenas para o futebol, estendendo-se pelo mundo inteiro. A Capoeira é vista como a melhor expressão cultural podendo ser praticada por todas as idades, raças e sexo. Alguns movimentos primários desse patrimônio cultural imaterial do Brasil são: Ginga, Passagem Lateral, Troca Frontal, Bênção, Martelo, Ponteira frontal e Ponteira Lateral. Ginga é o passo básico, pois é dele que partem os outros movimentos da Capoeira. Trata-se de um gingado contínuo do corpo de um lado para o outro, preparado para atacar ou defender. Consiste em levar uma perna e o braço do mesmo lado alternadamente para frente e para trás. Começa com uma passada de perna para trás, levando o braço do mesmo lado para a frente do rosto, protegendo-se. Logo as pernas são igualadas e a outra vai para trás, levando o braço do mesmo lado para a frente do rosto e assim sucessivamente. A cabeça também balança para um lado e para o outro, acompanhando a perna e o braço. Passagem Lateral é um passo básico, em que se desloca lateralmente e alternadamente. É utilizada para se deslocar ou também como uma forma de esquiva lateral. Começa colocando as pernas paralelas, em seguida cruza-se os braços para fechar a guarda, fecham-se as pernas e abrem e a outra perna vai para a base, sendo a perna base sempre o inverso da perna que se está entrando, alternadamente. A troca frontal serve para se trocar de base sem precisar de gingar até a outra base. É muito eficiente no jogo principalmente para deixar a pessoa imprevisível, porque quando se ginga-se, sabe-se muito bem a perna que vai atrás. Na execução é realizada a troca de perna e braço. Nessa perspectiva apresenta-se nos quadros abaixo uma análise cinesiológica de alguns movimentos básicos da Capoeira:
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Tabela 1 - Articulação, classificação morfológica e funcional, eixo, plano, direção na fase excêntrica e concêntrica, movimento na fase excêntrica e concêntrica, ação muscular na fase excêntrica e concêntrica, todos analisados através de vídeo o golpe martelo de capoeira, Teresina, 2013.
Fonte: Batista e Brandão (2013)
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Tabela 2 - Articulação, classificação morfológica e funcional, eixo, plano, direção na fase excêntrica e concêntrica, movimento na fase excêntrica e concêntrica, ação muscular na fase excêntrica e concêntrica, todos analisados através de vídeo o golpe benção de capoeira, Teresina, 2013
Fonte: Batista e Brandão (2013)
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Tabela 3 - Articulação, classificação morfológica e funcional, eixo, plano, direção na fase excêntrica e concêntrica, movimento na fase excêntrica e concêntrica, ação muscular na fase excêntrica e concêntrica, todos analisados através de vídeo o golpe ponteira frontal de capoeira, Teresina, 2013
Fonte: Batista e Brandão (2013)
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Tabela 4 - Articulação, classificação morfológica e funcional, eixo, plano, direção na fase excêntrica e concêntrica, movimento na fase excêntrica e concêntrica, ação muscular na fase excêntrica e concêntrica, todos analisados através de vídeo o golpe ponteira lateral de capoeira, Teresina, 2013.
Fonte: Batista e Brandão (2013)
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4. Resultados e discussão
Para analisar o perfil dos Profissionais de Educação Física, seu conhecimento e suas intervenções acerca da aplicação da capoeira durante prescrição de sua periodização no Treinamento Individualizado, optamos por realizar um questionário com os Personal Trainers de Governador Valadares. Foram entrevistados 18 Profissionais de Educação Física. Dos entrevistados 83% eram homens e 17% mulheres, com faixa etária entre 25 a 40 anos. Gráfico 1 - Formação Profissional
Gráfico 2 - Vivenciaram Disciplina Lutas na Graduação
Formação Profissional
Vivenciaram disciplina Lutas na Graduação.
Licenciatura Bacharel Licenciatura/Bacharel
Sim
Não
Fonte: Os autores (2018)
Gráfico 1- Formação Profissional : 72% Licenciatura/ Bacharel, 17% Licenciatura e 11% Bacharel, a maioria dos entrevistados possuem dupla habilitação e atuam corretamente na profissão.
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Gráfico 2 – Vivenciaram a Disciplina Lutas na Graduação :83% SIM e 17% NÃO Gráfico 3. Capoeira como conteúdo na disciplina de Lutas. Gráfico 4. Vivenciaram a disciplina de Treinamento Individualizado
Capoeira como conteúdo na disciplina de Lutas
Sim
Vivenciaram a disciplina de Treinamento Individualizado
Não
Sim
Não
. Fonte: Os autores (2018)
Gráfico 3 – Capoeira como conteúdo na disciplina de Lutas (população de 83%): 66% SIM e 17% NÃO, sendo que 11% estudou o conteúdo durante a disciplina de dança e apenas 6% nunca tiveram capoeira como conteúdo da graduação. Gráfico 4 – Vivenciaram a disciplina de Treinamento Individualizado: 50% - SIM e 50% - NÃO. Dos 50% SIM: 45% afirmam que a Musculação foi o conteúdo predominante, 27% afirmam que também Atividades Aquáticas e da Natureza foram conteúdos, 17% Lutas e 6% ciclismo e outros.
Gráfico 5. Capoeira já foi ferramenta de Atuação Profissional? ferramenta de sua periodização?
Capoeira já foi ferramenta de Atuação Profissional?
Sim
Não
Não Opinaram
Gráfico 6. Utilizaria a capoeira como
Utilizaria a capoeira como ferramenta de sua periodização?
Sim
Não
Não Opinaram
Fonte: Os autores (2018)
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Gráfico 5 - Capoeira já foi ferramenta de sua Atuação Profissional: 28% SIM, 56% NÃO e 16% não opinaram. Gráfico 6 - Utilizaria a Capoeira como ferramenta de atuação em sua prescrição da periodização: 44% SIM, 39% NÃO e 17% não opinaram. Dos 39% que afirmaram NÃO, todos justificam o motivo por não ter conhecimento técnicoprático da modalidade.
5. Considerações finais
O estudo corroborou a Capoeira como o primeiro treinamento sistematizado do Brasil com base nas afirmações de autores, além de demonstrar os benefícios da mesma como prática desportiva. Os resultados permitiram concluir que, muitos Profissionais de Educação Física que atuam como Personal Trainers, limitam-se à sua prescrição e periodização, a métodos e intervenções voltadas a Musculação e ao treinamento Indoor, em detrimento da Capoeira e de tantas outras modalidades passíveis de utilização no âmbito do Treinamento Individualizado. Após a pesquisa realizada, em torno de quase 50% dos profissionais aquiesceram utilizar a Capoeira como proposta em sua intervenção, porém outros tantos justificam que não a utilizarão por falta de conhecimento teórico-prático da modalidade. Nesse cenário descerrado, faz-se necessário então novos estudos e pesquisas acerca, para aplicação da Capoeira e de tantas outras práticas como possibilidades de atuação no Treinamento Individualizado.
CAPOEIRA AS A PROPOSAL FOR INTERVENTION IN INDIVIDUALIZED TRAINING.
ABSTRACT
Capoeira appeared in Brazil at the end of the 16th century, its history closely associated with the history of the blacks brought by the Portuguese colonists on the slave ships. Initially it was manifested as a form of ritualistic dance, but due to the poor conditions of survival given to the slaves, it was translated as a weapon of defense against its oppressors, and by its constant practice for the improvement of the gestures and blows, the authors define it as the first systematized physical training in Brazil. This study aims to research, analyze and question professional intervention in the field of individualized training, identifying and TOTH - Ciência e Educação – vol. 5 n.5 - 2020
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legitimizing Capoeira as a useful tool in this action. A questionnaire was applied to 18 Physical Education Professionals who work as Personal Trainers, in which 99.9% of the interviewees do not use Capoeira as a professional tool in their periodization. Nevertheless, 44% of the total universe of respondents stated that they could use Capoeira in their prescription, 39% of the amount claimed negatively and 17% did not. Of the 39% who recognized Capoeira's non-employability in their training, the totality justifies the reason for not having technical-practical knowledge of the modality. Given the results, it is understood in a general context, the predominance of choice of Bodybuilding to the use in Individualized Training to the detriment of Capoeira and of many other possible contents, provoking the need for a greater future deepening as to the causes of this prevalence. Keywords: Capoeira. Individualized Training. Personal Trainers.
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