Toth Ciência Educação v.6, n.6 2020

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ISSN 2595-1866

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FUPAC

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EXPEDIENTE

CORPO EDITORIAL Editor chefe: Prof. Me. Rogério Vieira Primo Supervisor Financeiro: Prof. Walther Anastácio Júnior Secretária Administrativa: Fernanda Aparecida Gomes Corrêa Normalização / Formatação: Mônica Machado Messeder Equipe Técnica: Revisão: Mônica Machado Messeder Diagramação: Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Criação gráfica: Warley Vasconcelos da Cunha Corpo Editorial Científico: Ana Paula Campos Fernandes Eliane Aparecida da Silva Duarte Jennifer Pimentel Soyer João Claudio Passos Luiz Patrício Neto Maria Helena Campos Pereira Marilene Ferreira de Oliveira Pedro Avner Ferreira Quintino Rogério Vieira Primo Rosely Conceição Oliveira Sandra Maria Perpétuo Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: E-mail: acadêmicogv@unipac.br Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Bairro Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212 6700 – CEP: 35.032-200

TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n. 6 - 2020 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Semestral ISSN 2595-1866 p. 182 1 Administração . 2 Pedagogia. 3 Educação Física. 4 Periódico. CDD 21. ed. Mônica Machado Messeder – Bibliotecária CRB 6 – 3149

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SUMÁRIO O ENSINO DO EMPREENDEDORISMO NUMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES) DA REGIÃO LESTE DE MINAS GERAIS ........................................ 10 Rogério Vieira Primo

AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES. .......................................................................................... 28 Rogério Vieira Primo

O PERFIL DE ESTABILIDADE DOS PRATICANTES DE CROSSFIT EM GOVERNADOR VALADARES-MG ................................................................................... 42 Luiz Patrício Neto Maurício Barcelos Ana Paula Campos Fernandes

PERCEPÇÃO DE PAIS E PROFESSORES DE CRIANÇAS AUTISTAS SOBRE A PRÁTICA DE NATAÇÃO: UMA POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO ................... 58 Jennifer Pimentel Soyer Ana Paula Campos Fernandes

O AFASTAMENTO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEMPORÂNEO NA ATUAÇÃO DO DESPORTO: ESTUDO DE CASO DOS EGRESSOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHAREL DE UMA IES DE GOVERNADOR VALADARES ........................................................................................... 80 Rosely Conceição de Oliveira Ana Paula Campos Fernandes

ANÁLISE DO ESQUEMA TÁTICO INICIAL E NOS MOMENTOS QUE CULMINAM NOS GOLS DAS SELEÇÕES DAS SEMIFINAIS DA COPA DO MUNDO DE 2018 DE FUTEBOL MASCULINO. ........................................................... 101 Pedro Avner Ferreira Quintino Ana Paula Campos Fernandes

PROGRAMA GINÁSTICA NA PRAÇA: AVALIAÇÃO DOS PRATICANTES DO BAIRRO SANTA RITA DA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES-MG ........ 117 Jennifer Pimentel Soyer João Claudio Passos da Silva Ana Paula Campos Fernandes

CAUSAS QUE LEVAM OS DISCENTES A COLAREM NA HORA DA PROVA ..... 134 Viviane Oliveira Celestino da Silva Sandra Maria Perpétuo Marilene Ferreira de Oliveira

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INFLUÊNCIA DA DESIGUALDADE SOCIAL NO DESEMPENHO DAS CRIANÇAS NOS PRIMEIROS ANOS DA TRAJETÓRIA ESCOLAR ............................................. 143 Sandra Maria Perpétuo Maria Helena Campos Pereira

RECURSOS NECESSÁRIOS PARA ALFABETIZAÇÃO PESSOAS COM CEGUEIRA ................................................................................................................................................ 156 Sandra Maria Perpétuo Eliane Aparecida Silva Duarte

RELAÇÕES ENTRE PAIS E FILHOS DE IMIGRANTES VALADARENSES .......... 169 Sandra Maria Perpétuo Rogério Vieira Primo

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Editorial A Revista Científica TOTH – Ciências e Educação – é um periódico, com publicação semestral, para divulgação de trabalhos científicos multidisciplinares. Por meio desse instrumento, busca-se discutir, promover e possibilitar o desenvolvimento de conhecimentos de diversas vertentes científicas de interesse dos profissionais que atuam nas áreas das ciências sociais aplicadas, gestão, empreendedorismo, contábeis, tecnológicas, educação e afins que convergem para os cursos ofertados pela Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Esse empreendimento visa corroborar com o desenvolvimento científico e tecnológico da região leste do estado de Minas Gerais e atender à demanda de pesquisadores que buscam socializar seus trabalhos. Para alcance dos objetivos propostos, os periódicos semestrais, publicam artigos científico-culturais de produções acadêmicas de docentes, discentes e pesquisadores da comunidade externa. Já estamos na sexta edição e as dificuldades e desafios vivenciados nesse percurso foram essenciais para reformulação das práticas e dos processos. Mediante à superação dos primeiros obstáculos, reconhecemos que este é apenas o começo de um longo caminho que requer muita organização e divulgação dos conhecimentos de forma clara, objetiva e informativa. Agradecemos aos graduandos, pesquisadores e consultores ad hoc, por enviarem seus e acreditarem na proposta da Revista TOTH – Ciências e Educação. Apesar de esforços em evitar falhas, elas certamente existirão. Dessa forma, vale ressaltar conteúdo apresentado nesta edição e em outras edições da Revista TOTH é de responsabilidade dos autores.

artigos nossos que o inteira

Nesse sentido, reiteramos o convite para novas publicações. Em breve, faremos nova chamada para divulgar conhecimentos das diversas áreas do conhecimento no próximo Editorial da Revista TOTH – Ciências e Educação, com publicações inéditas, inovadoras, com potencial de informar e fomentar a reflexão sobre o conhecimento. Contamos com a participação de todos vocês. Boa leitura! Prof. Me. Rogério Vieira Primo Diretor Geral

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O ENSINO DO EMPREENDEDORISMO NUMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (IES) DA REGIÃO LESTE DE MINAS GERAIS

Rogério Vieira Primo1

RESUMO Pautado na capacidade da educação em “esculpir” o comportamento das pessoas, o presente artigo objetiva identificar as diferentes formas de realização do ensino de empreendedorismo no âmbito acadêmico de uma IES localizada na micro região do Vale do Rio Doce, no leste de Minas Gerais. Para alcançar os objetivos propostos pela investigação, primeiramente foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre tema empreendedorismo, e posteriormente, uma pesquisa documental para levantamento de informações sobre as ações de empreendedorismo desenvolvidas na instituição, no biênio 2018 e 2019. Essa temática tornou-se alvo de instituições de ensino em todo o mundo, cada uma procurando focar as peculiaridades regionais onde estão inseridas, objetivando não apenas disseminar os conceitos de empreendedorismo, mas também capacitar os alunos para atuarem no mercado de trabalho, especialmente no ato do empreendedorismo, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país onde residem.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Instituição de Ensino Superior. Mercado de Trabalho.

1 Introdução O empreendedorismo tornou-se uma ferramenta alternativa para muitas pessoas diante da crise econômica vivida pelo país que chegou a contabilizar mais de 13 milhões de pessoas desempregadas no final de 2019. Nessa perspectiva, constata-se então que o empreendedorismo torna-se cada vez mais relevante no desenvolvimento de territórios e nações, visto que reflete ações empreendedoras de pessoas que buscam oportunidades e não cansam de realizar esforços para que o negócio dê certo, mesmo em um ambiente de incerteza. Muitas vezes, a oportunidade empreendedora pode acontecer pela via introdução de um produto tecnológico que já existe em um mercado e ___________________ 1

Mestre em Administração pela FEAD. Especialista em Educação Matemática, Gestão Financeira de Empresas, Gestão empresarial pela PUC Minas. Especialista Gestão Escolar pela UNIPAC. Especialista em andamento em Marketing e Gestão Estratégica de Comunicação e Informação. Professor de graduação e pós-graduação. E-mail: rogerioprimo@unipac.br

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serve para criar um novo mercado. Em outra situação pode ser a criação de um novo produto tecnológico para um mercado já existente. De qualquer forma, sempre algo novo estará em jogo. Isso leva o empreendedor a ter que analisar as oportunidades, o que se reflete em uma ação empreendedora. Esse dinamismo provoca uma maior aproximação das universidades com a sociedade e esse desafio não é recente e está diretamente relacionado às práticas assumidas pelas universidades em diversos lugares do país. A cada dia surge novas demandas como também crises sociais e econômicas como a provocada pelo Corona vírus que remodela os comportamentos e traz outras consequências. Ações como Programa “Instituição Amiga do Empreendedor” instituído pela Portaria Interministerial nº 5, de 28 de setembro de 2017 vem corroborar com a importância do papel assumido pelas universidades em desenvolver e implementar ações empreendedoras visam o desenvolvimento social e seu impacto sobre a economia explorando oportunidades baseadas em conhecimentos. O pressuposto é que as universidades se tornem mais empreendedoras com o intuito de melhorar sua competitividade sendo mais produtivas e criativas no estabelecimento da relação entre o ensino, pesquisa e extensão. O conhecimento produzido no seio das universidades pode proporcionar novas alternativas para a comunidade acadêmica, normalmente por meio de identificação de novas oportunidades empreendedoras, como também soluções para a sociedade regional. O objetivo desse artigo é identificar as diferentes formas de realização do ensino de empreendedorismo no âmbito acadêmico de uma IES. Por conseguinte, norteou-se pela questão: Como é trabalhada a disciplina de empreendedorismo numa IES do Leste de Minas Gerais? Esse estudo se justifica considerando um cenário marcado por mudanças bruscas e incertezas inquietantes e imprevisíveis tal como essa pandemia provocada pelo COVID 19, levam muitas pessoas a enfrentarem crise do desemprego e a emergência de novos modos de produção tem provocado alterações no modelo laboral, nomeadamente na adequação da prestação do trabalho às necessidades empresariais determinadas pela evolução dos ciclos económicos. Neste quadro, o imperativo da “flexibilização” foi-se impondo nas agendas sociais e econômicas, levando a uma crescente proliferação de diferentes modalidades de TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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trabalho não permanente e a prática empreendedora tem surgido como alternativa de uma parcela considerável da população. Segundo SEBRAE (2018) como a educação é a base de um processo continuado de desenvolvimento que irá gerar o consequente crescimento econômico de uma sociedade, parece consenso entre os especialistas à necessidade de atenção adequada ao tema empreendedorismo e aspectos a ele relacionados como informações sobre os princípios econômicos de mercado e, no que tange a aspectos comportamentais, encorajamento à criatividade, à autossuficiência e à iniciativa pessoal. Para discutir alguns dos elementos levantados após essa introdução, o presente trabalho apresenta uma revisão literária, em que se discorre, em geral, sobre as metamorfoses no mundo atual, das mudanças globalizada dos mercados e, em particular, a respeito do empreendedorismo no ensino superior e sua importância de propor iniciativas que visem possibilitar a formação empreendedora dos universitários. Em seguida, será detalhado o método empregado para a confecção do estudo, o que precede a análise dos dados e as considerações finais.

2 Metodologia A investigação desse trabalho foi desenvolvida com base em uma pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Lakatos (2017), a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição cientifica que realizam sobre determinado assunto ou fenômeno. Segundo Gil (2019), a pesquisa bibliográfica é realizada em várias fontes, como: livros, artigos, periódicos. Neste contexto se procura soluções para questões elaboradas anteriormente, utilizando-se de métodos científicos, bem como o material disponibilizado pela Internet. Explanando sobre os aspetos das pesquisas bibliográficas, Lakatos (2017), confirma ser esta pesquisa um estudo para conhecer as contribuições cientificas sobre determinado assunto e tem como objetivo recolher, selecionar, analisar e interpretar as contribuições teóricas já existentes sobre o verificado assunto. A vantagem da pesquisa bibliográfica reside no embasamento de permitir ao pesquisador um quantitativo-qualitativo aumento de TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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possibilidades nas análises. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio da internet, consultas em artigos científicos, periódicos, Resoluções; e-books e livros. A pesquisa documental, devido a suas características, pode ser confundida com a pesquisa bibliográfica. Gil (2019) destaca como principal diferença entre esses tipos de pesquisa a natureza das fontes de ambas as pesquisas. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de vários autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental baseia-se em materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. O desenvolvimento desta pesquisa procedeu por meio de uma pesquisa documental, que segundo Gil (2019), “é a pesquisa realizada com base na documentação direta (questionários, entrevistas, formulários, etc.) ou indireta (resultante da extração de produtos oriundos de publicações oficiais ou privadas encontradas nos arquivos) de uma ou várias fontes”. A etapa de análise dos documentos propõe-se a produzir ou reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os fenômenos. É condição necessária que os fatos devem ser mencionados, pois constituem os objetos da pesquisa, mas, por si mesmos, não explicam nada. O investigador deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar tendências e na medida do possível fazer a inferência. Lakatos (2017) diz que os documentos não existem isoladamente, mas precisam ser situados em uma estrutura teórica para que o seu conteúdo seja entendido. A análise qualitativa dos dados seu deu por meio da Análise de Conteúdo que, segundo Gil (2017) “é uma técnica para se estudar a comunicação de maneira objetiva e sistemática. Buscam-se inferências confiáveis de dados e informações com respeito a determinado contexto, a partir de discursos escritos ou orais de seu atores e/ou autores. Ainda, de acordo com esse autor, a aplicação dessa técnica geralmente acontece após, ou em conjunto com uma pesquisa documental. (GIL, 2017) Nesse estudo, a análise de conteúdo foi utilizada para analisar o PDI, os PPC’s, matrizes curriculares, relatórios e planos de ensino.

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3. Análise dos dados Para efeitos desta pesquisa utilizou-se dados primários e secundários relativos ao biênio de 2018 e 2019 que Gil (2019) define os documentos de primeira mão (primários) como os que não receberam qualquer tratamento analítico, como: documentos oficiais, Resoluções, Portarias expedidas pelo MEC. Os documentos de segunda mão (secundários) são os que, de alguma forma, já foram analisados, tais como: Relatórios de Atividades extensionistas (2018 e 2019); Plano de Desenvolvimento Institucional Triênio 2017-2019; Projetos Pedagógicos de cursos (PPC 2019); matrizes curriculares e Planos de ensinos das disciplinas de Empreendedorismo. A coleta de dados foi feita na própria instituição de ensino utilizando para análise os documentos apensados. As políticas públicas e os debates acadêmicos, em torno da avaliação na educação superior, têm-se concentrado em torno, principalmente, nas diferentes concepções de avaliação e de universidade que expressam. O PDI foi introduzido pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) como um dos principais eixos de referência. No art. 2º da Resolução CNE/CES 23, de 5 de novembro de 2002, Segenreich (2005) destaca a centralidade e a abrangência atribuída ao PDI como instrumento de planejamento e avaliação: O recredenciamento de universidades e centros universitários deverá ser centrado na avaliação do Plano de Desenvolvimento Institucional — PDI de cada instituição e nos critérios vigentes da avaliação institucional, promovendo-se equilíbrio entre critérios objetivos e subjetivos de avaliação de qualidade, de modo a contemplar agilidade no processo, progressividade nas metas fixadas e eficácia e eficiência nas análises construtivas dos desempenhos institucionais, ao longo de tempos determinados. (Resolução CNE/CES 23, de 5 de novembro de 2002).

No PDI da IES em estudo (Plano de Desenvolvimento Institucional 2020-2022), estabelece conceito de empreendedorismo como forma de incentivo e desenvolvimento do espírito empreendedor nos alunos. Quanto as Políticas de Ensino de Graduação que representam o conjunto de intenções que se configuram na forma de princípios e ações que norteiam e concretizam o processo de gestão e organização didático-pedagógica dos cursos de Graduação (PPC, 2020) carregam em escopo o incentivo ao empreendedorismo: TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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O empreendedorismo é entendido como uma atitude transformadora diante de oportunidades empresariais, culturais ou sociais. Como forma de incentivo e desenvolvimento do espírito empreendedor nos alunos, a Faculdade desenvolve ações ligadas ao empreendedorismo em todos os seus cursos. A atitude empreendedora é um importante componente e diferencial tanto para o profissional que pretende ter o seu próprio negócio, como para aquele que vai atuar como funcionário. (PPC, 2020)

Encontra-se também inserido nos PPCs (Pg. 51), que o curso visa à formação de cidadãos conscientes de suas responsabilidades, além de oferecer competências e habilidades intelectuais de formação do gestor: o empreendedorismo, a criatividade, o senso histórico, a abertura para novas tecnologias e lógicas de ver o mundo e, principalmente, a capacidade de articular pessoas para realização de objetivos predeterminados em um mundo em transição. Quanto à oferta da disciplina de Empreendedorismo, verificou-se nas matrizes curriculares que ela é ofertada em todos os cursos. Porém, os períodos de oferta dessa disciplina variam de acordo com cada semestre. No biênio 2018 e 2019, a disciplina de empreendedorismo foi ofertada conforme tabela 01. Tabela 01 – Oferta disciplina de Empreendedorismo Ano / semestre

Curso Administração Engenharia de Produção

2018 01 Educação Física Enfermagem 201802

Engenharia de Produção Administração

201901 Educação Física Administração 201902

Ciências Contábeis Educação Física

Fonte: Dados da Pesquisa

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3.1 Ações de fomento ao empreendedorismo desenvolvidas na IES É importante ressaltar que atualmente a instituição desenvolve o Projeto “Instituição Amiga do Empreendedor” que constitui uma iniciativa para facilitar o encontro entre as instituições de ensino superior públicas e/ou privadas e os empreendedores, de modo a estabelecer um ambiente de interlocução visando à promoção de atividades de orientação, capacitação e assistência gerencial à empreendedores e potenciais empreendedores, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento social e econômico do país. Trata-se de um projeto criado pelo Ministério da Educação em parcerias com outras entidades públicas. Vale enfatizar que entre as atividades desenvolvidas nesse projeto estão: a) curso vantagens e riscos do primeiro empreendimento, realizado em maio de 2018; b) Semana acadêmica Integrada entre todos os cursos da IEs; que aconteceu em maio de 2018; c) Hackathon - Desafio Unipac Sartups e d)Workshops e palestras. Observou-se nos PPCs dos cursos ações empreendedoras são estimuladas e mais recentes os cursos de bacharel em Biomedicina e Psicologia, que se encontram em processo de aprovação, também abordam o incentivo às ações empreendedoras em seus conteúdos curriculares, consolidando assim sete cursos com estreita ligação com a formação empreendedora. Ratifica-se que além desses cursos em processo de aprovação, a instituição oferta seis cursos de graduação: Administração, Ciências Contábeis, Educação Física (Licenciatura e Bacharel), Enfermagem e Pedagogia. Observou-se que o ensino do empreendedorismo é realizado especialmente, por meio da disciplina específica que integra a matriz curricular de todos os cursos supracitados, onde os alunos são instigados a desenvolver o espírito empreendedor e também se prepararem melhor antes de se lançar no mercado de trabalho ou mesmo antes de iniciar um negócio, conforme consta nos planos de ensino da disciplina, também a educação empreendedora é consolidada por meio da realização de Feiras, Workshops, Mesa redondas, palestras e outros, conforme Tabela 02.

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Tabela 02 – Ensino de Empreendedorismo 2019 02

Evento

Quantidade

Palestras

9

Workshops Minicursos

9

Feira empreendedorismo

1

Seminários

2

Oficinas

3

Mesa Redonda

2

Fonte: Dados da pesquisa

Dessas ações destaca-se a “Feira de Empreendedorismo” que teve como objetivo “Expor projetos de diversos setores da economia regional: Saúde e bem-estar, moda, gastronomia. Essa feira foi realizada no Pátio da instituição e a exposição do negócio para toda a comunidade acadêmica. Observou também que os temas abordados em grande parte das palestras de empreendedorismo estão relacionados à tecnologia como aconteceu no I Seminário de Inovação e empreendedorismo – Starweek, que teve como objetivo “Buscar formas de adaptação para atender a um mercado exigente e seletivo. Outra ação que merece destacar nessa empreitada do ensino de empreendedorismo foi o seminário “Empreendedorismo: Plano de Negócio. Trata-se da apresentação do trabalho final da disciplina de empreendedorismo do curso de Administração e Ciências Contábeis em 2019 02, cujo objetivo foi: Promover pensamento criativo e inovador dos discentes através de uma reflexão analítica sobre cenários, tendências e modelos de empresa, de forma deliberada e contínua, da concepção, planejamento, análise e implementação, levando o mesmo a reflexão sobre o empreendedorismo. (Relatório de Atividades, 2019)

Nos eventos realizados no semestre, foi interessante constatar que, mesmo não sendo diretamente tratado empreendedorismo, abordaram ainda que timidamente o tema e aconteceu com maior frequência no curso de Administração seguido pela Engenharia de Produção e Ciências Contábeis. Os demais cursos focaram seus eventos em conhecimentos específicos da área. Isso demonstra que o corpo docente tem extrapolado os limites da ementa de suas disciplinas e incluído o empreendedorismo no planejamento e na prática do ensino e/ou na dinâmica da sala de aula. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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No entanto, no primeiro semestre de 2019, pode constatar que foram realizadas menos ações relacionadas ao ensino do empreendedorismo, como mostra a Tabela 03. Tabela 03 – Ensino de Empreendedorismo 2019 01

Evento

Quantidade

Palestras

3

Workshops Minicursos

1

Feira empreendedorismo

1

Seminários

2

Fonte: Dados da pesquisa

Como se pode depreender mediante uma rápida observação das ações realizadas, o ensino do empreendedorismo é repleto de particularidades, constituindo, em si mesmo, uma tarefa consideravelmente complexa. No primeiro semestre de 2018, foram realizadas ações que contribuíram para o ensino do empreendedorismo. Destaca-se para o evento em parceria com o Sebrae MG “Instituição Amiga do Empreendedor”, cujo objetivo foi: Capacitar empreendedores iniciantes para os desafios enfrentados no mercado de trabalho, questões voltadas para a atualidade e suas principais características empreendedora. Estimular a busca do conhecimento e auto conhecimento e fortalecimento do espírito empreendedor. (Relatório de eventos, 2019)

A tabela 04 apresenta um resumo das ações relacionadas ao ensino do empreendedorismo realizadas no primeiro semestre de 2018. Tabela 04 – Ensino de Empreendedorismo 2018 01

Evento

Quantidade

Palestras

6

Workshops Minicursos

3

Feira empreendedorismo

1

Seminários

1

Fonte: Dados da pesquisa

No Plano de ensino da disciplina de Empreendedorismo, do curso de Administração consta em seu objetivo geral:

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“Desenvolver a capacidade empreendedora, dando ênfase ao perfil do empreendedor, apresentando técnicas de identificação e aproveitamento de oportunidades, na aquisição e gerenciamento de recursos necessários ao negócio, estimulando a criatividade e a aprendizagem pró-ativa. (Plano de ensino disciplina Empreendedorismo)

O Plano de ensino é composto por cinco unidades, sendo que a Unidade V é dedicada à construção de um Plano de Negócio. As demais unidades tratam-se da compreensão dos conceitos de empreendedorismo, como também das características comportamentais do individuo empreendedor.

Como estratégia de ensino, o Plano traz: As aulas são conduzidas de maneira a levar o aluno a atingir os objetivos definidos para a disciplina. Para isso, são utilizadas diversas técnicas de ensino-aprendizagem que se alternam em função do assunto tratado na aula. O professor deve ser visto como um orientador dos alunos e não como um expositor permanente da matéria, pois a transmissão pura e simples dos seus conteúdos traz resultados bem menores ao aprendizado do que a discussão destes. Portanto, é solicitado trabalho de pesquisa realizado fora da sala de aula, discussão em grupos. As atividades extraclasse serão trabalhadas da seguinte forma: A turma será dividida em grupos que elaborarão a abertura de uma empresa (pequeno porte) e/ou uma empresa que será reestruturada. Os projetos serão avaliados na 3ª etapa. (Plano de ensino)

Os elementos dos planos de ensino são os mesmos para todos os cursos. Porém, as estratégias de ensino utilizadas em cada um deles são específicas e definidas pelo professor da disciplina. Observou-se também que as indicações bibliográficas são iguais em todos os cursos, mas não impede que o docente trabalhe outras obras ou utilizem sites com leituras complementares, mantendo atualizados os conteúdos ministrados nas aulas. A disciplina de Empreendedorismo foi ofertada em 2018 01, nos cursos de Administração, Engenharia de Produção, Educação Física e Enfermagem (Tabela 01). Nos cursos de Administração e Enfermagem não foi identificada tarefa prática, sendo que as unidades de ensino foram trabalhadas através de aulas expositivas dialogadas, utilizando-se estudos de casos para exemplificar as ações empreendedoras discutindo seus conceitos. No curso de Engenharia de Produção, O professor, face a realidade vivenciada, agiu como agente orientador no raciocínio do estudante nos processos mentais de investigação científica e situações reais. O conteúdo foi ministrado de forma expositiva, com participação dos alunos nas discussões dos conteúdos. Utilizou-se quadro branco e datashow. Foram aplicadas TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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atividades em sala, atividades em grupo e atividades para serem feitas extraclasse. A avaliação do desempenho do aluno seguiu a metodologia adotada na instituição e uma das ferramentas utilizadas foi o método “Canvas” para avaliar modelos de Star ups. No curso de Educação Física, conforme registro no cronograma de aula (2018 01), observou-se que que a estratégia prática para o ensino do empreendedorismo foi à adoção de um “Plano de Negócio” composto por diversas etapas tais como: Análise de mercado; viabilidade mercadológica; plano de marketing; plano operacional; plano financeiro e plano de reestruturação (qualidade, inovações, parcerias, terceirizações e franquias). O Plano de negócio elaborado durante o desenvolvimento da disciplina e apresentado através de um seminário que se deu no final do semestre de 1 2018. Também foram utilizadas outras ferramentas de avaliação como estudo de casos, provas e atividades desenvolvidas em grupo. Essa disciplina foi ministrada com 55% através de aulas expositivas dialogas e 25% foram aulas dedicadas à avaliação e 15% para apresentação do Seminário, registrando ainda duas aulas sábados letivos contabilizadas pelo jogos internos de Educação física. No ano de 2019, a disciplina de empreendedorismo foi ofertada nos cursos de Administração, Ciências Contábeis e bacharel em Educação Física (Tabela 01). No curso de Administração e Ciências Contábeis as aulas foram conduzidas de maneira a levar o aluno a atingir os objetivos definidos para a disciplina. Para isso, foram utilizadas diversas técnicas de ensino-aprendizagem que se alternaram em função do assunto tratado na aula. O professor buscou ser visto como um orientador dos alunos e não como um expositor permanente da matéria, pois a transmissão pura e simples dos seus conteúdos traz resultados bem menores ao aprendizado do que a discussão destes. Portanto, foi solicitado trabalho de pesquisa realizado fora da sala de aula, discussão em grupos. Os trabalhos seguiram um roteiro padrão, com apresentação oral para uma Banca Examinadora, fato que valorizou os trabalhos e motivou ainda mais os alunos na culminância dos trabalhos. No curso de Educação Física, a estratégia de ensino foi dividir a turma em grupos que elaboraram a abertura de uma empresa (pequeno porte) e/ou uma empresa que será reestruturada. A atividade prática utilizada foi a elaboração de um plano de negócio, onde os discente desenvolveram um planejamento minucioso para avaliar estratégias, ameaças e oportunidades, pontos fortes e fracos, a viabilidade econômica e financeira do mesmo, entre outras informações pertinentes e sua culminância foi a apresentação desse Plano em Banners expostos em um hipermercado do munício de Governador Valadares. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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A sociedade busca por habilidades a serem desenvolvidas no âmbito das universidades dentre as quais destacam as ligadas ao empreendedorismo. E o ensino de forma racional e instrumental é um grande aliado já que tende a preparar novas competências aptas a solucionar problemas gerados no seio da sociedade. Vive-se uma crise após outra e cada uma delas marcam de sobremaneira, um cenário de incertezas inquietantes e como consequência, na grande maioria das vezes, pessoas tem de enfrentar a preocupante crise do desemprego, seja ela qualificada ou não. E nesse contexto, as instituições de ensino tem se mostrado como um importante fator de preparação profissional, pois além de complementar o conhecimento dos discentes, podem também contribuir para a sua atuação profissional seja como empregado ou como empresário, por exemplo.

4. Revisão literária

São diversos os conceitos utilizados para definir empreendedorismo e esse termo vem sendo discutido em diferentes áreas de pesquisa devido ao seu papel na economia e no desenvolvimento regional e, por conta de sua peculiaridade, que é tratar da criação de negócios por sujeitos empreendedores. Segundo Velho (2017), a palavra empreendedorismo é traduzida do inglês: entrepreneurship. Esta, por sua vez, tem origem no latim: imprehendere, que passa a ser utilizada na língua portuguesa a partir do século XX e tem sinônimo na palavra empreender. Um dos primeiros autores a utilizar o termo empreendedorismo foi o economista inglês Jean Baptiste Say, tido como pai de tal concepção em seu livro, Tratado de Economia Política (1983), que dizia que o empreendedor transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento. Schumpeter (1949) afirmou que o “fenômeno fundamental do desenvolvimento econômico”, o empreendedor, juntamente às novas combinações (inovações) e o crédito para financiá-las, formaria o tripé para este desenvolvimento econômico. Chamou o produto das novas combinações de “empreendimento” (enterprise), cujos responsáveis seriam os “empreendedores” (entrepreneurs). (SCHUMPETER, 1949)

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Segundo conceitua o Sebrae (2007), empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e da independência econômica e pessoal. Fato é que o empreendedorismo surge através da percepção do sujeito empreendedor das oportunidades de criação de novos produtos e serviços que sejam economicamente fortes e relevantes tanto para a ciência quanto para a sociedade. Dados do Sebrae mostram que os empregos e a geração de renda criados pela abertura de novas empresas indicam que o empreendedorismo move interesses de governos e sociedade que buscam alternativas para a promoção do crescimento econômico, e o consequente combate ao desemprego. Para Dolabela (2013) o empreendedor também possui papel importante no desenvolvimento da economia de um país. É ele quem produz novas ideias por meio de sua imaginação e criatividade, motivado pelo desejo de se realizar, de assumir responsabilidades e de conquistar sua independência. Em uma definição básica, o empreendedor é aquele que cria e inicia algo novo, que sai na frente dos outros, que enxerga oportunidades onde ninguém vê; é determinado e não tem medo de correr riscos. Affonso (2019) afirma que apesar de não existir uma definição única, algumas características ou traços empreendedores são sempre citados pelos pesquisadores como muito comuns aos empreendedores. Dornelas (2013) destaca algumas características mais comuns de um empreendedor: o otimismo e a visão de futuro; a capacidade de transformar crises em oportunidades e influenciar pessoas, no sentido de guiá-las em direção às suas ideias; a habilidade para inovar criando algo novo ou inovando o que já existe; a busca incessante por novos negócios e oportunidades; a preocupação em melhorar produtos e serviços; o interesse nas necessidades do mercado. Considerar tendências é fundamental para o empreendedor, pois permite a ele ter uma visão mais ampla sobre o futuro do mercado, servindo de base para entender o movimento e o comportamento dos consumidores, assim como identificar novas ideias, oportunidades de negócio e oportunidades de posicionamento. As rápidas transformações tem sido a marca desse novo milênio e, nesse cenário, o empreendedorismo se depara com oportunidades e desafios, que devem ser aproveitados e TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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superados, contribuindo para a sobrevivência e o crescimento de novos e antigos negócios. A próxima seção buscou-se destacar características desse novo cenário.

4.1 Mudança globalizada dos mercados O ritmo acelerado das mudanças não é algo novo. Porém, com a oscilação econômica marcada por diversas crises tem contribuído para alteração no comportamento social e organizacional. Presenciou-se um forte crescimento da renda no início do milênio. Grande parte dos consumidores pode beneficiar-se de novos produtos para satisfazer suas necessidades de variedades, seja, por exemplo, a fim de garantir o conforto doméstico, seja para o lazer dos mais variados, seja ainda para satisfazer o gosto por certo cosmopolitismo, com viagens e turismo nacional e internacional, multiplicando assim as oportunidades para milhares de pequenos fornecedores de produtos ou serviços (como produtos artesanais ou cozinha regional). Esse crescimento da renda permitiu também ao consumidor diferenciar-se melhor, o que explica a segmentação em muitos mercados que representam pequenos grupos e variadas modas. Essas necessidades diferentes se manifestam particularmente nos serviços, que têm um enorme potencial de variedade, pois podem, por definição, ajustar-se a todas as particularidades tanto de cidadãos como de empresas, ainda que se saiba que algumas inovações ou mudanças são mais ou menos artificiais e estão relacionadas a uma política de obsolescência controlada por algumas empresas. (JULIEN, 2018) Como efeito, no ambiente empresarial, tais cenários demandam constantemente novas habilidades adaptativas, implicando para as empresas agilidade, flexibilidade e velocidade, além de novas e continuas competências, inovadoras ou adaptativas, estratégicas e táticas, para manterem-se sustentáveis e atuantes no cenário. Fato é que não é possível prever onde, como e quando acontecerão as pressões e os novos desafios a serem enfrentados num cenário de incertezas, complexidades e riscos, como se desponta no início desse dessa década; afinal, este é o cerne do empreendedorismo, a certeza de mudanças, alto grau de incertezas e riscos. Pessoas e empresas tem se reinventado. Busca incessante pela sobrevivência fez surgir novos negócios ou novas formas de comercializar e nessa complexidade destaca-se as ações empreendedoras. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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E nesse contexto, a gestão empresarial demanda mudanças significativas a partir de novos modelos de gestão e liderança e conforme Bernadi (2015), a concretização da intenção de empreender surge por varias formas, iniciando uma empresa, com compra total ou parcial de uma empresa, nova ou existente, ou por franquias, cada uma com diferentes implicações do ponto de vista dos negócios e dos aspectos emocionais e riscos envolvidos. A velocidade das transformações econômicas e tecnológicas no ambiente social e no mundo dos negócios exige do empreendedor capacidades cada vez mais adaptativas para que consiga manter a competitividade de seu negócio. O sucesso ou o fracasso empresarial estão condicionados à habilidade deste profissional em superar as adversidades que caracterizam o contexto dos negócios. A diversidade de enfoques teóricos sobre o sucesso traz diferentes perspectivas sobre a sobrevivência das empresas diante da realidade concorrencial do meio empresarial. (DOLABELA, 2013)

Há, portanto, diversos fatores e complexidades envolvidas, racionais e emocionais, trazendo consigo armadilhas implícitas ou explicitas na decisão de empreender, as quais, se não forem conhecidas e realisticamente avaliadas e não havendo um autoconhecimento e preparação, causam imensos problemas, entre eles a escolha do ramo, a viabilidade da ideia, a vocação empreendedora, as motivações, as origens e motivos, os custos e benefícios emocionais. (BERNARDI, 2015) Entre as diversas formas de empreender pode-se dizer que a inovação, tecnologia e empreendedorismo são inerentes. Assim, é através de empreendedores que a inovação irá se concretizar e surgem novas tecnologias e o ambiente propício para essas combinações é a universidade. Importante destacar que os empreendedores tornam a economia do país mais dinâmica e competitiva, uma vez que geram novas oportunidades, inovações, mudanças, novos produtos ou serviços, assim como novos hábitos de consumo e a próxima seção tratará do desenvolvimento do empreendedorismo no ensino superior.

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4.2 O Empreendedorismo no ensino superior

Após o crescimento da economia observado no início do milênio, nota-se uma desaceleração no ritmo de geração de empregos formais no país e cada vez mais a atividade empreendedora é vista pelas universidades como uma opção de transformadora e formadora de profissionais que o mercado tem exigido, além de configurar uma alternativa ao emprego, seja ele público ou privado, como revela a pesquisa “Empreendedorismo nas universidades brasileiras” (Dolabela, 2013), que destaca que mais da metade dos universitários brasileiros já empreendem ou pensam em empreender. Dentro deste contexto, percebe-se a importância de propor iniciativas que visem possibilitar a formação empreendedora dos universitários, para que, desta forma, eles tenham melhores condições de entrar no mercado via atividade empreendedora, considerando o alto nível de competitividade apresentado na atualidade. Ainda que a educação não seja a única responsável pelas ações empreendedoras ela contribui para que o empreendedor descubra novas oportunidades. Ela não é decisiva na criação de um novo negócio para a exploração da oportunidade descoberta. Por outro lado, a educação fortalece a ação empreendedora, uma vez que faz com que os indivíduos acreditem em sua chance de se tornarem empreendedores. Ou seja, quanto mais os indivíduos acreditarem que sua educação torna a ação empreendedora mais viável, maior a chance de se tornarem empreendedores, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014). A importância da educação para o empreendedor se reflete não apenas no nível educacional obtido por ele, mas também no fato de que ela desempenha constantemente um grande papel, uma vez que auxilia os empreendedores a lidarem com os problemas que enfrentam, conforme apontam Hisrich, Peters e Shepherd (2014).

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5 Considerações finais Procurou-se apresentar nesse artigo as diferentes formas de realização do ensino de empreendedorismo por uma instituição de ensino superior do leste de Minas Gerais e também ações realizadas através da pesquisa e extensão que contribuem no processo de formação de egressos mais capacitados para o empreendedorismo. Os benefícios do empreendedorismo são diversos. Todos ganham, transformando ideias em ações efetivas e tornou-se evidente nos últimos tempos como estratégia para combater o desemprego, a desigualdade e impulsionando a economia, gerando riqueza. Esse é um grande desafio para as IES, desenvolver nos alunos um espírito empreendedor, de forma que o conhecimento adquirido em sala de aula e nas ações acadêmicas, lance à luz um perfil arrojado com características e um empreendedor viável. O empreendedorismo e a vivência dos empreendedores são temas atuais e trazem contribuições relevantes à educação, sociedade e economia visto que abrangem discussões acerca da centralidade do trabalho, das formas de precarização nas suas relações, do desemprego, do novo modelo de trabalhador sugerido nos discursos das novas competências. Esse estudo teve como objetivo identificar as diferentes formas de realização do ensino de empreendedorismo no âmbito acadêmico de uma IES, sendo esse contemplado ao identificar metodologias aplicadas e estratégias utilizadas para a disseminação desse conhecimento. Diante do exposto, alerta-se a respeito da necessidade da continuidade desse estudo e ações que procurem entender a vivência dos empreendedores, sob a perspectiva dos próprios sujeitos que se laçam no mundo do trabalho cada vez mais precarizado e imprevisível.

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REFERÊNCIAS

AFFONSO, Ligia Maria Fonseca; Ruwer, Léia Maria Giancarlo. Empreendedorismo. Porto Alegre: SAGAH, 2019.

Erlich

Giacomelli,

BERNARDI, Luiz Antônio. Empreendedorismo e armadilhas comportamentais. São Paulo: Atlas, 2015. BRASIL. Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, n. 72, 15 abr. 2004. Seção 1, p. 3-4. DOLABELA, F. A evolução do conceito empreendedorismo: da empresa para uma forma de ser. [s.l.]: [s.n.], 2013. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. SEBRAE. Empreendedorismo no Brasil: 2018 \ Coordenação de Simara Maria de Souza Silveira Greco; autores: Tales Andreassi... [et al] -- Curitiba: IBQP, 2018. 118p. Gil, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. Rio de Janeiro: Atlas, 2019. HISRICH, Robert D; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5.ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. INTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE. Cidades: Censo 2016. Disponível em . Acesso em 26 de maio de 2020. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Disponível em: .Acessado em maio de 2020. JULIEN, Pierre-André. Empreendedorismo regional e economia do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2018. LAKATOS, Eva Maria; Marconi, Marina de Andrade. Metodologia científica. Rio de Janeiro: Atlas, 2017. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Empreendedorismo. São Paulo: Atlas, 2014. TAJRA, Sanmya Feitosa. Empreendedorismo. São Paulo: Erica, 2014. VELHO, Adriana Galli; Giacomelli, Giancarlo. Empreendedorismo. Porto Alegre: SER SAGAH, 2017.

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AS INFLUÊNCIAS DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTES E LOGÍSTICA DE GOVERNADOR VALADARES.

Christiane de Cássia Magri1, Mariana Géssica Barroso Gomes1, Taciane de Freitas Silva1, Rogério Vieira Primo2.

RESUMO

Relacionamento interpessoal é a interação entre pessoas e envolve habilidades de comunicação e cooperação marcada pelo contexto no qual está inserido, sendo influenciada pelo ambiente em que se encontra e influenciando o mesmo. O presente estudo tem por objetivo identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, baseada em estudo de caso e pesquisa de campo com análise de dados de observação direta e aplicação de questionário. A coleta de informações foi realizada com auxílio de um roteiro de perguntas estruturado. A amostra constou de 07 funcionários que trabalharam no setor administrativo no primeiro semestre do ano de 2019. Na análise dos resultados, constatou-se que fatores pessoais e do ambiente como respeito, confiança, motivação, empatia e comunicação exercem influência direta nas relações interpessoais e estas, por sua vez, influenciam no ambiente de trabalho, impactando nos resultados da empresa. A pesquisa evidenciou que gerar um ambiente de confiança, de empatia e de colaboração mútua pode estimular interações e motivar o desenvolvimento profissional e pessoal. Para tanto, faz-se necessário oferecer apoio aos trabalhadores, fomentar o diálogo como instrumento de redução de conflitos e proporcionar um ambiente harmonioso. Tais ações tendem a melhorar as relações pessoais, de trabalho, aumentando por consequência a produtividade empresarial. Palavras-chave: Relações Interpessoais. Ambiente de Trabalho. Comunicação. 1 Introdução O desenvolvimento tecnológico vem ocorrendo de uma forma rápida, sendo difícil não acompanhar seus avanços e isso faz parte da evolução, do desenvolvimento. Entretanto,

___________________ 1 Pós-Graduados em Gestão Estratégica de pessoas pela Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC. E-mail: chrismagri1@hotmail.com; marianagessica_b@hotmail.com; tacianefreitas@live.com 2 Professor de Graduação e Pós graduação da Fupac. Mestre em Administração. Especialista em Gestão Financeira de Empresas, Gestão Escolar, Gestão Empresarial e Educação Matemática. E-mail: rogerioprimo@unipac.br

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a nova geração que se resume em “era digital” muito se esquece ou banaliza a importância de uma boa comunicação presencial e da interação diante da sociedade. Sendo assim, nos questionamos: As relações interpessoais influenciam no ambiente de trabalho? Atualmente, de acordo com Ventura (2016), com a evolução das organizações, o funcionário deixou de ser visto apenas como uma máquina de trabalho e passou a ser reconhecido pela empresa como um recurso produtivo para traçar e alcançar os objetivos propostos. Ainda segundo Ventura (2016), um ambiente agradável de trabalho pode contribuir para o crescimento da empresa e para o crescimento pessoal e profissional de cada um de seus membros e consequentemente, maior satisfação profissional. Portanto, o comportamento humano pode influenciar e ser influenciado pelo ambiente de trabalho, motivo este, que nos levou a desenvolver esta pesquisa. Para Marques (2018), o relacionamento interpessoal está presente em nossas vidas, no nosso cotidiano, sendo parte importante do desenvolvimento pessoal e profissional e é mais complexo quando relacionado ao ambiente organizacional, pois implica em um convívio com diferentes tipos de pessoas que cultuam diferentes hábitos, pois para desenvolver um ótimo relacionamento temos alguns degraus a serem subidos, tais como, autoconhecimento, empatia, autoestima, cordialidade, ética e principalmente a comunicação. Porém, nem todos os colaboradores estão dispostos a se autoavaliar, questionar a raiz do problema e se comprometer com as mudanças necessárias. Portanto, entende-se que o comportamento humano nas organizações tem um grande desafio. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo geral identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho, com a finalidade de agregar conhecimento à organização e consequentemente melhores resultados e maior satisfação para os colaboradores. De maneira específica busca descrever os tipos de relações humanas e interpessoais; evidenciar comportamentos individuais que influenciam coletivamente no ambiente de trabalho e sugerir ações para melhorar as relações interpessoais na empresa. Espera-se ainda, que a disseminação de tais informações possa auxiliar na construção de soluções necessárias ao bom relacionamento no ambiente de trabalho.

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Desta forma, para a realização deste trabalho, escolheu-se a Linha de Pesquisa Estudo de caso, sendo definido por Gil (2018), como aquela que é caracterizada pelo estudo profundo e exaustivo de eventos atuais dentro do seu contexto de realidade, de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado e sem que os comportamentos possam ser manipulados. Quanto à natureza da pesquisa foi aplicada através de observação das interações existentes em seu próprio ambiente de trabalho e exploração através de questionário aplicado aos colaboradores, analisando de forma mais palpável as questões a respeito do relacionamento interpessoal nesse ambiente. Corroborando Pradanov e Freitas (2013), que citam que a pesquisa aplicada envolve verdades e interesses locais para gerar conhecimentos com finalidades imediatas, ou seja, através de sua aplicação na prática, serem direcionados à solução de problemas específicos. Quanto à abordagem foi de caráter qualitativo a fim de expor os resultados das pesquisas. De acordo com Pradanov e Freitas (2013), na abordagem qualitativa, a fonte direta dos dados é o próprio ambiente da pesquisa onde o pesquisador mantém contato direto com o objeto de estudo em questão, mas sem qualquer manipulação intencional do mesmo, tendo como prioridade descrever os fatos e não numerar ou medir unidades. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva que de acordo com Pradanov e Freitas (2013), o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem interferir neles através do uso de técnicas específicas de coleta de dados como o questionário e observação sistemática. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas. E quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. A empresa abordada em questão é uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores, sendo o objeto de estudo na célula administrativa, que contém 07 (sete) funcionários. Este trabalho poderá contribuir para que os gestores da empresa observada compreendam a importância do relacionamento interpessoal, como fator primordial à harmonia do ambiente TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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de trabalho, ajudando-os a alinhar as estratégias organizacionais em prol do crescimento profissional e da promoção da auto avaliação.

2 As relações humanas As relações humanas podem ser classificadas em dois tipos segundo a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), quais sejam: a) Relações interpessoais: é o relacionamento entre pessoas, caracterizada através dos eventos ou acontecimentos que se verificam em casa, na escola, na empresa, na igreja, etc. b) Relações intrapessoais: é a comunicação que temos conosco mesmo. É uma reflexão dos seus atos e pensamentos.

2.2 Relação interpessoal É a competência para administrar os relacionamentos, envolvendo habilidades de comunicação, cooperação e interação. De acordo com Marques (2018), o relacionamento interpessoal é a forma de interação entre as pessoas no âmbito social e são orientadas por um conjunto de normas e condutas comportamentais marcados pelo contexto no qual está inserido. No ambiente de trabalho esse relacionamento interpessoal é fundamental, uma vez que a comunicação é indispensável para que as funções e os processos sejam realizados de forma coesa, resultando em melhor produtividade como contextualizado na citação de Marques (2018):

No contexto das organizações, o relacionamento interpessoal é de extrema importância. Um relacionamento interpessoal positivo contribui para um bom ambiente dentro da empresa, o que pode resultar em um aumento da produtividade. No trabalho, esse relacionamento saudável entre duas ou mais pessoas é alcançado quando as pessoas conhecem a si mesmas, quando são capazes de se colocar no lugar dos outros (demonstram empatia), quando expressam as suas opiniões de forma clara e direta sem ofender o outro (assertividade), são cordiais e têm um sentido de ética (MARQUES, 2018).

Sendo assim, implica em relacionar-se de forma que cada indivíduo empregue sua personalidade sem desrespeitar as demais, promovendo colaboração e harmonia no ambiente de trabalho, porém sabe-se que nem todos os colaboradores têm empatia e facilidade de se TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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posicionar de forma respeitosa, fazendo com que potenciais não sejam aplicados da melhor forma e impactando na produtividade da empresa. Tendo em vista a complexidade do tema, alguns autores relacionaram a necessidade de melhorar o relacionamento interpessoal, pontuando como devem ser desenvolvidas na prática. Um ponto inicial importante é começar a observar melhor as próprias atitudes e as dos colaboradores ao redor e tentar compreender o porquê e o contexto de alguns comportamentos, como reações de mau humor, tristeza, agressividade e isolamento. Desta forma: Perceber isso é muito importante, especialmente em ambiente de trabalho, pois quando o outro não está bem e nos trata de forma grosseira, geralmente o poder de levar isso para o pessoal e a achar que o problema dele é conosco. O mesmo acontece na visão dos outros em relação a nós. Saiba que na maioria das vezes não é pessoal e, que seu comportamento, na real, é o reflexo de uma insatisfação interna, passageira ou constante. (MARQUES, 2018).

Essas observações são parte fundamental nos processos produtivos e levam a melhorias na comunicação dos indivíduos. Neste sentido o autor Marques (2018), ressalta que:

A consequência disso é um ambiente em que as atividades são realizadas com muito mais fluidez, o que traz resultados positivos para todos. Além disso, quando observam que a comunicação é eficaz na empresa, ou seja, que o que cada um diz verdadeiramente importa e é levado em consideração, aumenta a sensação de pertencimento destes colaboradores, fazendo com que haja um aumento significativo de seu engajamento e motivação. (MARQUES, 2018).

Dessa forma, a comunicação é capaz de modificar o comportamento do indivíduo no ambiente de trabalho e influenciar nos relacionamentos interpessoais, tornando-se o elo que facilita as interações e a convivência e estimulando a motivação. Para tanto e conforme cita a Sociedade Brasileira de Coaching (2017), ações podem ser desenvolvidas junto aos funcionários a fim de trabalhar o autoconhecimento e promover mudanças efetivas. Além disso, para melhorar o relacionamento interpessoal na empresa é necessário trabalhar constantemente e da forma que encontrar mais assertiva certos comportamentos, como: a) A empatia: Permitir se colocar no lugar do outro, entender o porquê de seus costumes, gostos e comportamentos. b) O respeito e uma boa comunicação: Independente da situação, respeitar o posicionamento do outro, seus valores, crenças e individualidades, saber ouvir, garantindo também que seja respeitado, preservando seus direitos básicos. Para uma boa relação é fundamental que ambas as partes sejam ouvidas e que as diferenças se tornem complementares.

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c) A colaboração: Ser prestativo em seu ambiente de trabalho, a colaboração de todos é importante para o melhor funcionamento dos processos, estar disposto a ensinar e aprender. d) Estreitamento de laços: Aproveitar oportunidades para tomar um café ou almoçar com os colegas de serviço, conhecer mais o mundo do outro e permitir que ele conheça o seu, suas opiniões, gostos. Não significa invadir o mundo pessoal ou a privacidade do outro, apenas dar abertura para a comunicação.

Saber reconhecer e desenvolver tais comportamentos em seus colaboradores pode alcançar a melhoria das relações interpessoais e o bom funcionamento da empresa.

2.3 A importância de um bom relacionamento interpessoal De acordo com Omar (2011), além de um bom currículo profissional, as organizações buscam pessoas com habilidades interpessoais, pois essa capacidade de se relacionar e de lidar com outras pessoas é tão importante quanto as habilidades técnicas. Para executar um trabalho dentro de uma empresa é preciso dialogar, ter confiança, respeito e boa comunicação interpessoal (base de toda interação humana) entre seus integrantes. Esse bom relacionamento é reflexo de um bem-estar interno e pessoal que pode ser expresso em atitudes positivas e cooperativas, propiciando maior motivação e consequentemente maior produtividade. Quando as relações interpessoais enfraquecem em uma empresa, o clima organizacional torna-se negativo e desgastado, o profissional perde o foco e a produtividade, no ambiente de trabalho começam os desentendimentos, disputas internas e, com isso, empresa e profissional perdem. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE COACHING, 2017).

Contudo, para se chegar a um bom relacionamento interpessoal é importante primeiro ter a compreensão do comportamento individual com a consequente avaliação do nível de satisfação dos colaboradores e como esta reflete na produtividade da empresa. Segundo Robbins (2005), as atitudes de cada pessoa afetam o comportamento e que as organizações com funcionários mais satisfeitos tendem a ser mais eficazes. Segundo a psicologia, comportamento é um conjunto de reações do indivíduo ao ambiente que o cerca, de acordo com as circunstâncias em que está envolvido. Porém, Todorov (2017), ressalta:

A definição de comportamento como interação entre organismo e ambiente encontrada em publicações recentes é questionada. Interações entre comportamento e ambiente, objeto de estudo da psicologia, são um tipo dentre vários de interações entre alterações no organismo e alterações no ambiente, estudadas por diversas disciplinas. (TODOROV, 2017)

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Entende-se, portanto, que não é somente interação entre organismo e ambiente, mas que o comportamento é resultante de um processo evolutivo, assim como de seu convívio e interações familiares e sociais como um todo e composto por um conjunto de características ou atributos, bons ou ruins, incluindo valores morais. Então, se cada organização é composta por pessoas e cada pessoa traz para a organização sua individualidade comportamental composta por certa carga emocional (negativa e positiva) e influências (socioculturais, psicológicas e situacionais), pode-se entender que os comportamentos individuais dessas pessoas influenciam o ambiente que o cerca e pode ser influenciado pelo mesmo, gerando impacto em seu desempenho profissional e diretamente nos resultados dessa organização. Outro fator para um bom relacionamento interpessoal é a comunicação e para que esta exerça sua função é necessário que os funcionários tenham liberdade para colocá-la em prática e expor suas ideias. Segundo Chiavenato (2000, p. 142), “comunicação é a troca de informações entre indivíduos. Significa tornar comum uma mensagem ou informação”. Porem, nesse processo de troca ou transmissão de informação é preciso clareza e compreensão do conteúdo, pois se a mensagem não for compreendida pela outra pessoa, a comunicação não se torna efetiva. Chiavenato ainda cita que:

A pessoa trabalha melhor quando conhece os padrões do seu trabalho; a organização opera mais eficientemente quando a pessoa e seu chefe têm um entendimento comum das suas responsabilidades e padrões de desempenho que a empresa espera obter deles; cada pessoa pode ser auxiliada a dar a máxima contribuição à organização e a utilizar ao máximo as suas habilidades e capacidades (CHIAVENATO, 2003, p. 135).

A comunicação exerce uma função estratégica para o crescimento da empresa e um instrumento para a qualidade ou aperfeiçoamento da mesma. Sendo a comunicação adequada, clara e colocada no momento e lugar certo, propicia um relacionamento interpessoal capaz de gerar mudanças positivas significativas para a organização e seus colaboradores.

3 Metodologia

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, fundamentada em bibliografias de autores relacionados à área de gestão de pessoas, em busca de melhor conhecimento das relações interpessoais. Bem como, através da coleta de dados dos colaboradores da empresa a TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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respeito de suas experiências relacionadas ao relacionamento interpessoal em seu ambiente de trabalho. Segundo Minayo (2017), a investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões, se atentando para a complexidade da realidade social. Considerou-se adequado para esta pesquisa o estudo de caso que, segundo Gil (2007), tem como objetivo explorar situações da vida real e descrevê-las no contexto em que está sendo feita a investigação, partindo de análise documental secundária e permitindo uma análise mais detalhada do processo organizacional e dos fatores que podem levar a uma maior compreensão da causalidade dos fatos observados. Para Yin (2001), o estudo de caso é adequado quando se abordam eventos contemporâneos, em situações nas quais os comportamentos relevantes não podem ser manipulados, mas é possível fazerem-se observações diretas e entrevistas sistemáticas. Dentre as técnicas de pesquisa utilizada na coleta de dados foi observação direta extensiva através do questionário de perguntas abertas e os dados foram analisados de forma qualitativa, através da interpretação empírica dos questionários aplicados combinado às informações oriundas da revisão bibliográfica. As fontes consultadas corroboraram e valorizaram as evidências coletadas com os colaboradores que desempenharam um papel fundamental contribuindo de forma significativa para esta pesquisa. Quanto às técnicas de análise de dados foi análise de conteúdo com o objetivo de responder, da melhor forma possível, ao problema proposto no início deste trabalho. Para Vergara (2005), os dados coletados, devem ser tratados com a finalidade de justificar sua adequação aos propósitos da pesquisa. Quanto aos objetivos foi uma pesquisa descritiva e o universo deste estudo foi constituído por 07 funcionários da célula administrativa de uma empresa de transportes e logística onde trabalham 19 colaboradores no total, no primeiro semestre de 2019. A amostra foi ainda definida pelo critério de acessibilidade, que segundo Vergara (2009), seleciona elementos pela facilidade de acesso a eles, longe de qualquer procedimento estatístico.

4 Apresentação e análise dos resultados

Para o desenvolvimento deste trabalho foi utilizado o método de estudo de caso. Inicialmente, foi necessário definir o setor a ser objeto de estudo, sendo escolhida a célula administrativa pela facilidade de acesso e disponibilidade de tempo de seus colaboradores. Todos os integrantes do setor, num total de sete pessoas com idades entre 20 e TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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35 anos, participaram da pesquisa de forma voluntária. O período adotado foi entre os meses de maio e junho de 2019. O questionário foi desenvolvido pelas próprias integrantes desta pesquisa (2 das quais trabalham na empresa em questão), abordando em média 06 questões abertas e temas como relações interpessoais entre colegas de setor, fatores que influenciam nos relacionamentos entre as pessoas do setor, satisfação em relação ao trabalho e motivação para maior compreensão do contexto organizacional. O mesmo foi entregue ao colaborador para preencher de forma individual e usando de sinceridade com o critério de confiabilidade e confidencialidade. Na pesquisa qualitativa, a confiabilidade refere-se à garantia de que outro pesquisador poderá replicar um estudo e chegar a resultados semelhantes, para tanto se utiliza um protocolo de estudo de caso (YIN, 2015). A confidencialidade por sua vez, é a que pretende garantir o acesso de uma propriedade da informação unicamente às pessoas autorizadas e foi definida pela Organização Internacional de Normalização (ISO) na norma ISO/IEC 17799 como "garantir que a informação seja acessível apenas àqueles autorizados a ter acesso". Uma vez analisadas as respostas, foi possível, remetendo-se ao referencial teórico, responder os objetivos propostos nesse trabalho. Os colaboradores que participaram apresentam tempo de empresa superior a 1 ano, sendo 4 do gênero masculino e 3 do gênero feminino, escolaridade entre ensino médio incompleto a e ensino superior completo. Todos exercem função na célula administrativa, sendo 1 Encarregado Operacional, 2 Assistentes Operacionais, 1 Auxiliar Operacional, 1 Auxiliar de Expedição, 1 Auxiliar de Atendimento e 1 Assistente Administrativo. A primeira questão se referiu à compreensão de relações interpessoais. As respostas foram claras e todos concordaram que relação interpessoal consiste no relacionamento entre duas ou mais pessoas (7 respostas), sendo que duas respostas complementaram que esse relacionamento acontece num mesmo ambiente, podendo ser familiar, social, comunidade ou de trabalho e uma resposta ainda, que este convívio entre pessoas deve ser permeado por algum tipo de comunicação. A segunda questão se referiu à influência do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho. Todos concordaram (100% das respostas) que o relacionamento interpessoal influencia no ambiente de trabalho. As justificativas concordaram que um relacionamento TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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ruim entre colegas propicia um ambiente de trabalho negativo com impacto na produtividade e um ambiente agradável facilita a condução do trabalho, aumenta a produtividade, validam ideias, sentimentos, contribui para a valorização pessoal e a resolução de conflitos internos. Relatam ainda, que a convivência diária com empatia e boa comunicação gera respeito entre colegas que contribui para um ambiente mais agradável e produtivo. A terceira questão foi uma avaliação do relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho 5 pessoas compartilharam respostas de um relacionamento bom ou favorável, apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente de trabalho como algumas brincadeiras exageradas de colegas, dificuldade de lidar com as diferentes histórias de vida, valores individuais e pontos de vista. 1 pessoa respondeu como razoável devido aos conflitos de opinião e falta de comunicação que, por vezes, geram desconfortos. E, 1 pessoa classificou sua resposta como complicada devido a uma comunicação ineficiente e falta de paciência, mas ainda assim considera que o resultado final é satisfatório. Na quarta questão deveriam destacar o que mais incomoda e o que mais agrada no relacionamento com os colegas. Entre as questões que mais geram incômodo observadas pelos colaboradores estão: as brincadeiras de mau gosto, o não saber ouvir, a falta de empatia, as mudanças de humor, a falta de compreensão e de paciência. Entre as questões que mais agradam foram citadas: os laços de amizade proporcionados pelo ambiente de trabalho, a forma como a equipe administra o trabalho, a confiança, o respeito, o apoio brindado, o companheirismo e o diálogo. A quinta questão teve como intenção avaliar a percepção quanto a satisfação através da motivação dos colaboradores. Motivação também é um tema relacionado a relações interpessoais. Motivação é algo intrínseco, uma força interna que impulsiona a pessoa na direção de um objetivo. Para Vergara (2014), a motivação é algo individual, de dentro de cada um. “Ninguém motiva ninguém”. As outras pessoas podem estimular, incentivar ou provocar a motivação, mas somos nós que nos motivamos ou não. O que condiciona a motivação é a história de vida de cada pessoa e o grau de motivação determina como esta se relaciona com os demais. Portanto, dentro das organizações motivação e relacionamento interpessoal andam juntos e geram impacto na produtividade. Sendo assim, a pergunta (você sente que a empresa procura motivar seus funcionários quando uma meta é alcançada?), incluiu toda a organização e objetivou a percepção dos TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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colaboradores sobre a existência ou não de estímulos à motivação de toda a empresa. A intenção foi extrair dos participantes o grau de satisfação referente à empresa onde trabalham e se sentem que a mesma oferece a eles estímulos para sua motivação. As respostas foram unânimes, ou seja, 100% dos funcionários responderam que a empresa procura motivar seus colaboradores quando uma meta é alcançada e entre as justificativas citam a celebração das conquistas, reconhecimento que agrega valorização ao funcionário como detalhes que fazem a diferença e geram motivação para seguir alcançando os objetivos propostos. Entretanto, apesar de se sentirem motivados, sugerem que sentem falta de um estímulo de caráter financeiro como uma bonificação ou premiação pelo esforço e empenho nas “batalhas” empreendidas. A sexta questão foi sobre a convivência com os colegas, se pode melhorar e suas sugestões para que essa melhoria aconteça. Todos responderam que sim, a convivência entre colegas de trabalho pode melhorar. Dentre as sugestões para que essa melhoria aconteça foram citadas: a prática da empatia, da comunicação e da confiança (4 respostas), além de boa educação, crescimento profissional e pessoal, respeito às diferenças e apoio aos colegas. A análise dos questionários e a observação direta do ambiente de trabalho permitiu identificar os fatores que facilitam o relacionamento interpessoal na empresa em estudo, sendo eles: comunicação, empatia, motivação, respeito e confiança. Identificou-se ainda que a comunicação e a empatia são os elementos imprescindíveis nas relações interpessoais nesse ambiente de trabalho. Demonstrou também que a motivação influencia o comportamento do funcionário de forma significativa para que este apresente bons resultados. Por outro lado, permitiu também identificar certos comportamentos como brincadeiras, falta de paciência, de comunicação e de compreensão podem gerar insatisfação e alterar emoções, fatores que podem impactar de maneira negativa nas relações interpessoais podendo causar conflitos entre os colaboradores que dividem o mesmo ambiente de trabalho. Este estudo evidenciou ainda que os colaboradores da empresa são os principais responsáveis pelo desempenho dessa organização. Portanto, os comportamentos e atitudes tomadas por cada indivíduo influenciam diretamente no ambiente de trabalho e tornam as relações interpessoais harmoniosas ou conflituosas. Pode-se dizer, em relação à empresa de Transporte e Logística estudada e mais especificamente à célula administrativa de tal empresa, que seu ambiente de trabalho atualmente é harmonioso e de boa convivência, TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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“apesar de algumas intercorrências comuns a qualquer ambiente”, como citado por um colaborador em um dos questionários aplicados.

5 Considerações finais

O objetivo geral deste artigo foi identificar as influências das relações interpessoais no ambiente de trabalho de uma empresa de transportes e logística de Governador Valadares. As relações

humanas,

como

visto

neste

trabalho,

influenciam

no

desenvolvimento e desempenho das atividades laborais. São fonte de impulso positivo se bem manejadas e de conflitos se mal administradas. Também influenciam diretamente na motivação e consequentemente na satisfação, mas o contrário também é válido. Sendo assim, os resultados apontam que outro fator destacado foi o reconhecimento como forma de valorização e estímulo para alcançar os objetivos e as metas propostas. Este fator se bem administrado gera motivação e satisfação e ambos, como já foi mencionado, influenciam positivamente nas relações interpessoais. Quanto ao ambiente de trabalho, percebeu-se que um ambiente de confiança e firmado na educação entre seus semelhantes, está diretamente relacionado a melhores atitudes. Comportamento esse que influencia de forma significativa e positiva no momento de realizar as atividades que competem a cada um. As condições de trabalho influenciam na atitude do colaborador, mas as percepções que ele tem sobre esses fatores podem determinar seu comportamento, a forma como se relaciona com os demais e impactar no seu desempenho. Portanto, o significado que uma pessoa dá a uma situação determina sua atitude, podendo ser positiva e condicionar um clima de bem-estar e propício ao aumento da produtividade ou pode ser negativo e assim, o gerador de conflito dentro de seu ambiente de trabalho. Dessa forma, o relacionamento interpessoal é de relevância para o bom funcionamento das organizações e que a comunicação entre os colaboradores é fundamental para melhor realização das atividades, impactando diretamente na produção das empresas. Lembrando que as pessoas são sempre o elemento principal e necessário de uma organização e é preciso saber encontrar o equilíbrio entre os colaboradores buscarem conhecer e se engrandecer a respeito de suas relações e a organização por sua vez, estimular certas interações, gerar desenvolvimento profissional e principalmente estimular a motivação, fatores que levam à TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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satisfação e que se transformam no diferencial do mercado. Atentando-se sempre ao fato de que a melhoria do relacionamento interpessoal vem com o exercício diário da empatia e de demais habilidades descritas no presente trabalho e da parte da empresa, ações como cursos, seminários e palestras referentes às relações humanas, podem contribuir para que os funcionários desenvolvam a prática do autoconhecimento e melhoria contínua.

REFERÊNCIAS

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2009. VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014. YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. 2.ed Porto Alegre: Bookman. 2001. YIN, Robert K. Estudo de caso – planejamento e métodos. 5.ed. Porto Alegre: Bookman. 2015.

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O PERFIL DE ESTABILIDADE DOS PRATICANTES DE CROSSFIT EM GOVERNADOR VALADARES-MG

Gabriela Riso Fernandes1 Pienkovski Dolga Braga Júnior1 Webster Carvalho Silva Soalheiro1 Luiz Patrício Neto2 Ana Paula Campos Fernandes3

RESUMO O objetivo do presente estudo foi traçar o perfil de estabilidade dos praticantes de Crossfit da região de Governador Valadares-MG. Utilizou-se o protocolo Xmobility®, que avalia a estabilidade relacionada às exigências da modalidade. A pesquisa foi realizada com 116 participantes através de entrevista virtual pelo Google Forms e 54 que contribuíram realizando o teste de estabilidade, de ambos os sexos, praticantes de Crossfit por um período mínimo de dois meses sem interrupções. Ao analisar o resultado geral do estudo, pôde-se sugerir que os praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG são considerados, através da triagem funcional realizada, capazes de controlar os movimentos, obtendo no geral, um perfil de estabilidade competente. Sugere-se que análises referentes ao nível de mobilidade e desenvolvimento dos tecidos sejam realizadas para que se possa descrever o equilíbrio da funcionalidade dos praticantes. Além de sugerir aos profissionais da área, uma possível forma de preservar a funcionalidade dos praticantes ao mesmo tempo em que se permite evoluir a performance de maneira segura. Palavras-chave: Triagem funcional. Crossfit. Performance.

1 Introdução

O CrossFit é um dos métodos de treinamento de alta intensidade que mais cresce em números de praticantes, mesmo sendo uma modalidade recente (CROSSFIT®, 2019). Com base em informações do site oficial da Crossfit, as box´s (como são denominados os estabelecimentos afiliados) estão situadas em 142 países em sete continentes, com mais de 15.000 afiliados (CROSSFIT®, 2019).

______________________ 1

Bacharéis do Curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: gabrielarf803@gmail.com ; pdrumms18@gmail.com ; guisoalheiro89@gmail.com 2 Orientador. Prof. Titular do curso de Ed. Física Bacharel da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: luizneto@unipac.com.br 3 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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O método envolve movimentos funcionais variados, trabalhados em alta intensidade, utilizando os principais elementos da ginástica e do LPO (Levantamento de Peso), sempre conciliando com atividades cardiovasculares, visando o trabalho integral das aptidões físicas (TIBANA, 2017). O aumento da busca pelo corpo forte e bem condicionado em curto espaço de tempo, sugere o Crossfit como uma das opções mais atraentes devido ao trabalho de alta intensidade que gera um aumento do preparo físico, além do alto gasto calórico por sessões de treinamento (TIBANA, 2017). Porém, como observado por Gray Cook (2014), indivíduos estão em busca do aperfeiçoamento das aptidões físicas exigidas pelo treinamento de alto nível, sem antes corrigir as disfunções existentes, o que resulta em compensações prejudiciais aos padrões saudáveis de movimento, além de favorecer o risco de lesões e limitações funcionais. Segundo a FMS (Functional Movement Screen), os músculos estabilizadores são o que dão ao indivíduo vantagem mecânica para ser mais forte. Craig Liebenson (2017) também afirma que “a estabilização é o primeiro e fundamental critério para a prevenção das lesões e o correto funcionamento neuromuscular”. Além disso, em uma das suas principais obras, Michael Boyle afirma que “o corpo não permite o movimento se não consegue controlá-lo” (BOYLE, 2015, p.18). Sendo assim, a partir da definição de estabilidade, defendida por Craig Liebenson (2017), de que, esta é a habilidade do sistema neuromuscular de permitir a perfeita coativação sincronizada dos músculos sinergistas, antagonistas, agonistas, estabilizadores e neutralizadores, gerando o movimento de forma segura e eficiente. Estudos como os da FMS, voltaram-se à mensuração da estabilidade e outras propriedades funcionais, visando o aumento da performance e a prevenção de lesões. Gray Cook (2010) ressaltou a importância da correção das assimetrias, ao destacar que as mesmas estão em primeiro lugar na hierarquia de prioridades, e somente após corrigi-las que o indivíduo poderá evoluir para scores maiores. Com isso, foi analisado o perfil de estabilidade dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do teste de estabilidade padronizado pela empresa Xmobility®, oriundo dos estudos da FMS e dos autores Michael Boyle, Gray Cook e Craig Liebenson, voltados para a análise e correção das disfunções, visando a qualidade da execução, cujo foco está na crença de que, antes de se

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mover mais, se mover mais forte ou se mover mais rápido, deve-se aprimorar a base do movimento (COOK, 2014). O objetivo do artigo foi avaliar as condições físicas relativas a estabilidade nos praticantes de Crossfit, buscando traçar o perfil de estabilidade dos mesmos, além de verificar se eles possuem estabilidade suficiente para evoluir a performance sem riscos de lesões, e contribuir com um possível trabalho por parte dos profissionais de educação física, de desenvolvimento seguro da performance na modalidade do Crossfit.

2 Métodos

2.1 Tipo de Pesquisa

Para a pesquisa de campo, foi realizado um estudo descritivo do tipo transversal, cujo objetivo é descrever as características de determinadas populações ou fenômenos, utilizando técnicas padronizadas (GIL, 2008). O estudo foi realizado entre os meses de Agosto e Outubro de 2019. Todos os indivíduos foram esclarecidos quanto aos objetivos da pesquisa de forma presencial e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da coleta de dados.

2.2 Método de Instrumento de Coleta dos Dados

O estudo usou o protocolo Xmobility®, que avalia a estabilidade relacionada as exigências do Crossfit, para traçar o perfil de estabilidade entre os praticantes de Governador Valadares-MG. Sendo assim, foram realizadas apresentações sobre o estudo da pesquisa para os representantes das quatro Box´s de Crossfit da cidade, que aprovaram a aplicação do estudo e disponibilizaram seus respectivos ambientes para a realização dos testes.

2.3 Universo e Amostra

A pesquisa foi feita com praticantes adultos em faixa etária de 18 a 59 anos, de ambos os sexos, praticantes de Crossfit por um período mínimo de dois meses sem interrupções, sendo excluídos os praticantes que não concordaram com o Termo de Consentimento Livre e TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Esclarecido ou que possuíam alguma dor no momento da aplicação do teste. A coleta de dados foi realizada pelo pesquisador responsável; para caracterização da amostra foi feito um questionário online no Google Docs/Forms elaborado exclusivamente para os praticantes de Crossfit, com informações referentes a idade, tempo de prática da modalidade, histórico de atividade física praticada, condição física relacionada à dor em algumas articulações do corpo, grau de dificuldade na realização de movimentos específicos que exigem estabilidade (Over Head Squat, Front Lunge, Snath e Clean), além do conhecimento sobre a importância da estabilidade e o uso de acessórios para melhoria da mesma.

2.4 Tratamento dos Dados

A triagem de movimento funcional do teste de estabilidade foi orientada seguindo a escala numérica já desenvolvida por Gray Cook, 2010. Onde os scores possuíram orientações particulares em cada teste e os participantes que relataram dor ao realizar algum movimento requerido no teste, foram avaliados com zero, sendo a escala numérica:

0- Dor 1- Incapaz de realizar o movimento 2- Realiza com compensação (imperfeito) 3- Movimento realizado sem compensação (perfeito) Fonte: Cook G, Burton L, Kiesel K, Rose G, Bryant MF. Movement: Functional Movement Systems: Screening, Assessment, Corrective Strategies. Aptos, CA: On Target Publications; 2010.

Foram observadas simetrias e assimetrias, considerando na análise estatística como valor final, o menor valor, no caso dos testes unilaterais. Já na análise qualitativa, todas as assimetrias de membros foram consideradas, servindo de base para compreensão do perfil de estabilidade dos voluntários. O teste de estabilidade contou com seis movimentos básicos pertinentes à modalidade, onde se requer estabilidade funcional, ou seja, aquela que permite a realização e a manutenção adequada do movimento. Sendo estes: 1- Anjo na Parede: O avaliado deve estar em pé, com as costas contra a parede, pés levemente afastados a largura dos ombros e levemente distantes da parede; Mantendo o contato do quadril, coluna torácica e cabeça, o tempo todo na parede; apoiando os TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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cotovelos a altura dos ombros e tocando o punho, as pontas dos dedos e mantendo os cotovelos na parede sem perder o contato nos três pontos.

2- Agachamento com os braços acima da cabeça: Segurando um bastão acima da cabeça, o avaliado deverá manter os cotovelos a 90° para medir a pegada; em pé com os pés na largura dos ombros, com cotovelos completamente estendidos; iniciando o teste realizando um agachamento lentamente até que o quadril passe da linha dos joelhos. 3- Equilíbrio Unipodal: Em pé com os braços cruzados a frente do corpo e olhando para a frente; o avaliado não poderá invadir o espaço da perna de apoio com a perna suspensa, ele deverá manter cada perna suspensa por 30” com os olhos abertos e 30” com os olhos fechados; o tempo será registrado caso não chegue aos 30” ou balance procurando apoio. 4- Agachamento Unipodal: O avaliado irá realizar um agachamento unipodal sobre uma superfície de 20cm (uma anilha de 15kg sobreposta a uma de 20kg), ele deverá sair do degrau com a perna estendida sem carregar nenhum objeto e deve tocar suavemente o calcanhar no solo e retornar ao ponto de partida, em pé. 5- Ponte Unilateral: O avaliado deve deitar-se em supino com joelhos flexionados a 90°, empurrar o solo com o calcanhar para levantar o quadril enquanto a outra perna permanece estendida, realizar de três a cinco repetições de cada lado, mantendo a perna contralateral estendida e paralela. 6- Respiratório/PIA: Posicionar o avaliado em decúbito dorsal, ele deverá elevar as pernas, braços e cabeça e a cintura escapular, manter o joelhos levemente acima da linha perpendicular do quadril e pés apontando para o teto; o teste consiste em segurar na posição por 30”, realizar três repetições de dissociação para cada lado logo após e sem perder a PIA, se o avaliado não sustentar por 30” o teste para.

Foram coletados 116 questionários virtuais de caracterização da amostra, no entanto, apenas 54 pessoas se dispôs a realizar o teste, após mensurar estatisticamente o perfil de estabilidade dos avaliados no teste, foram descritas as características pertinentes e a relação com as respostas do questionário virtual.

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3 Resultados e discussão 3.1 Entrevistas

A caracterização da amostra foi constituída de 116 indivíduos, destes, 54 participaram do teste de estabilidade padronizado pela empresa Xmobility, voltado a modalidade do Crossfit, com base nos estudos de autores, como, Craig Liebenson, Gray Cook e Michael Boyle. Dos participantes virtuais, 48,3% são do gênero feminino enquanto 51,7% são masculino, destes, 87% relatam ter entre 19 e 39 anos, como ilustrado através das figuras 1 e 2, a seguir: Figura 1. Relação da faixa etária, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019) Figura 2. Relação de gênero, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

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Foi observado que, o tempo de prática do Crossfit é menor se comparado ao tempo de prática de outras modalidades, visto que a modalidade do Crossfit é recente (CROSSFIT, 2019), principalmente se relacionada a musculação, corrida e artes marciais, os quais são maioria dentre os esportes já praticados, conforme relatado pelos participantes através dos questionários virtuais. Como pode ser observado pelas Figuras 3 e 4:

Figura 3. Relação do tempo de prática de Crossfit, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

Figura 4. Relação do tempo de prática de outras modalidades, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

Com relação à coluna vertebral, 56,9% relataram não sentir nenhum tipo de dor e apenas 13,8% relatam sentir dor ao realizar algum movimento específico, disposto no gráfico na cor rosa, têm-se um único indivíduo que relatou sentir dor na região torácica da coluna, já a cor amarela representa dois indivíduos que relatam dor na região cervical (Figura 5). TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Figura 5. Incidência de dores na coluna, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador ValadaresMG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

O mesmo pôde ser visto com relação a incidência de dor na articulação do joelho, onde 73,3 % relataram não sentir dor no joelho há algum tempo ou nunca ter sentido; 7,8% relataram sentir constantemente, 6,9% ao executar agachamento profundo, 6% ao executar qualquer tipo de agachamento ou agachamentos unilaterais (Figura 6).

Figura 6. Incidência de dor no joelho, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

Atualmente, o conceito de core está cada vez mais relacionado às articulações do quadril e a escapulotorácica (BOYLE, MICHAEL 2015), sendo de extrema importância conhecer a situação destas articulações que promovem sustentação para traçar o perfil de TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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estabilidade dos indivíduos. Com relação ao ombro, os resultados seguiram os das articulações anteriores (figura 7). Figura 7. Incidência de dor no ombro, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

Seguindo a ideia da estabilização escapulotorácica para contribuição do controle de core (BOYLE, MICHAEL 2015), notou-se que o movimento de maior complexidade segundo os participantes, é o Over Head Squat (agachamento com os braços acima da cabeça) e o Snatch, ambos os movimentos requer estabilização escapulotorácica e controle de core (figura 8).

Figura 8. Relação dos movimentos mais difíceis de executar, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

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O conhecimento por parte dos praticantes acerca da importância da estabilidade pode ser observado a seguir:

Figura 9. Importância do desenvolvimento da estabilidade entre os praticantes de Crossfit, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

Ativar um músculo individualmente pode facilitar sua inclusão em um padrão de movimento (LIEBENSON, CRAIG 2017), assim, treinos acessórios podem complementar a melhora da performance e corrigir disfunções. Com isso, a proporção dos indivíduos que realizam treinos acessórios no Crossfit está relacionada pela figura 10. Figura 10. Proporção de praticantes que realizam treinos acessórios de estabilidade, segundo relato dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, através do questionário virtual Google Forms.

Fonte: Os autores (2019)

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3.2 Teste de estabilidade

O teste de estabilidade padronizado pela empresa Xmobility® voltados para a análise do perfil de indivíduos praticantes de Crossfit, com intuíto de encontrar e corrigir disfunções relacionadas a modalidade, foi realizado com um total de 54 indivíduos, que participaram das entrevistas via Google Forms. Estudos propõe que os exercícios trabalhados no Crossfit são a expressão máxima de funcionalidade relacionada a atividade física, gerando controle glenoumeral, propriocepção e músculos capazes de trabalhar com pesos superiores aos terapêuticos, aprimorando o controle dos movimentos de ombro e prevenindo lesões (MONTOLIU, DIDAC 2018). A tabela 1 pôde evidenciar a prevalência da saúde de ombro relatada pelos participantes durante as entrevistas.

Tabela 1- Relação da qualidade do movimento de Anjo na Parede, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG. PONTUAÇÃO ANJO NA PAREDE 0- Dor 1- Não se mantém na postura e/ou não toca as pontas dos dedos na parede 2- Consegue manter a postura na parede e toca as pontas dos dedos na parede 3- Mantém boa postura, toca punho e pontas dos dedos na parede Fonte: Os autores (2019)

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%

2

3,7

5

9,3

5

9,3

42

77,8

O agachamento com mãos acima da cabeça analisa um mecanismo de lesão comum da parte inferior das costas, a sobrecarga terminal da coluna lombar em flexão completa (LIEBENSON, CRAIG 2017). Além disso, esse movimento expõe a suposta fragilidade do treinamento moderno de tentar aumentar a amplitude ativa e estática de movimento, quanto este requer estabilidade (BOYLE, MICHAEL 2015). O agachamento com barra acima da cabeça interliga com a proporção dos indivíduos que relataram ter dificuldade para executar movimentos acima da cabeça como, Over Head Squat e Snatch. Como pôde-se analisar a partir do resultado representado a seguir (tabela 2):

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Tabela 2- Relação da qualidade do movimento de agachamento com braços acima da cabeça, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG. PONTUAÇÃO AGACHAMENTO COM BRAÇOS ACIMA DA CABEÇA 0- Dor 1- Não mantém posição acima da cabeça. Quadril não atinge a paralela. Realiza retroversão pélvica antes da paralela. Calcanhares deixam o piso 2- Consegue manter a postura acima da cabeça. Realiza retroversão pélvica depois da paralela. Hiperextensão cervical. Valgo de joelho. Hiperpronação do pé 3- Sem retroversão pélvica. Calcanhares no chão. Tesoura fechada. Cotovelos totalmente estendidos e bastão acima da cabeça Fonte: Os autores (2019)

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%

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11

20,4

31

57,4

12

22,2

A tabela 3 demonstrou o resultado do teste de equilíbrio unipodal, ao qual 88,9% obtiveram pontuação 2. Esse teste exige maior estabilidade dos abdutores do quadril, o resultado contou com a prevalência do tilt lateral (abdução de quadril), o sinal mais ilustrativo de movimento defeituoso segundo Craig Liebenson (2017).

Tabela 3- Relação da qualidade do movimento de agachamento com braços acima da cabeça, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG. PONTUAÇÃO EQUILÍBRIO UNIPODAL 0- Dor 1- Menos de 10’ AO/ Menos de 5” OF ao final sobre qualquer perna 2- Menos de 30” com OF sobre qualquer perna. Hiperpronação. Sinal de trendelenburg (tilt lateral) 3- Ultrapassa os 30” sobre qualquer perna sem compensações Fonte: Os autores (2019)

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%

-

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48

88,9

6

11,1

Segundo Craig Liebenson (2017), a postura em apoio monopodal requer o controle motor nos planos frontal e transversal com demandas proprioceptivas significativas sobre os pés e tornozelos. Os resultados destacam a disfunção de pronação, problemas de colapso do joelho em valgo e disfunção envolvendo estabilidade lateral da pélvis. Michael Boyle (2015), diz que os músculos que suportam o membro inferior no apoio unipodal são: quadrado lombar, glúteo médio e adutores, sendo assim, os resultados da tabela 4, supõem a necessidade do trabalho dos músculos citados por Boyle.

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Tabela 4- Relação da qualidade do movimento de agachamento unipodal, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG. PONTUAÇÃO AGACHAMENTO UNIPODAL 0- Dor 1- Não pode se agachar a 30° de flexão de joelho. Joelho valgo (medial ao hálux) 2- Retroversão pélvica. Hiperpronação. Sinal de Trendelenburg (tilt lateral) 3- Joelho para frente. Calcanhar no piso.

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%

-

-

27

50

13

24,1

14

25,9

Fonte: Os autores (2019)

O controle do plano transversal é crucial, principalmente com relação a estabilização antirrotação, já que atualmente os atletas são maiores, mais fortes e mais rápidos do que aqueles de décadas atrás, mas não possuem necessariamente a força motora suficiente para lidar com essa potência adicional (LIEBENSON, CRAIG 2017). Os resultados representados na tabela 5, demonstram que mais de 94% dos praticantes de Crossfit que realizaram o teste, possuem estabilidade de quadril, relacionando o trabalho de quadril com a proteção da coluna, comprovou-se o que vários autores já defendem, que, a dominância de quadril e a estabilidade do core pode prevenir dores na coluna, assim como Boyle (2015), propõe. Este resultado pode está diretamente ligado ao resultado da figura 5, das entrevistas, onde 56,9% diz não sentir dor na coluna.

Tabela 5- Relação da qualidade do movimento de ponte unilateral, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG. PONTUAÇÃO PONTE UNILATERAL

N° 54

%

0- Dor

-

-

1- Queda ou rotação pélvica

2

3,7

1

1,9

51

94,4

2- Não mantém extensão completa de quadril. Coxas não permanecem paralelas 3- Realiza ponte sem rotação ou queda do quadril. Extensão completa de quadril Fonte: Os autores (2019)

Segundo Liebenson (2017), a respiração coordenada está ligada diretamente com a função abdominal e estabilidade do core, juntamente com o assoalho pélvico e músculos intrínsecos espinais profundos, assim, ajudam a regular a pressão intra-abdominal (PIA). A partir disso, Liebenson relata a importância do teste de PIA para identificar e corrigir TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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disfunções. Ao analisar a tabela 6, notou-se que o resultado com relação ao referido teste foi satisfatório.

Tabela 6- Relação da qualidade do movimento respiratório/PIA, dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG PONTUAÇÃO RESPIRATÓRIO/PIA

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%

0- Incapaz

-

-

1- Se mantém na posição por menos de 30”

-

-

15

27,8

39

72,2

2- Sustenta a posição 30”, porém não consegue dissociar os movimentos 3- Ultrapassa os 30” e realiza as três repetições para cada lado com bom controle sem desabar Fonte: Os autores (2019)

Sendo assim, ao analisar o resultado geral do estudo, pôde-se sugerir dentre os participantes da amostra, que o perfil de estabilidade dos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG segue as exigências do teste aplicado, porém, o perfil funcional saudável conforme sugere a Xmobility® (2019), é composto pela harmonia entre estabilidade e mobilidade, porém, o presente estudo analisou apenas a estabilidade. Foram encontradas disfunções consideráveis apenas nos movimentos de equilíbrio monopodal e agachamento unipodal, visto que a proposta da modalidade inclui raros exercícios isolados (CROSSFIT, 2019), e segundo Janda (2007), a postura monopodal deveria ser fundamental para se avaliar indivíduos e posteriormente corrigi-los, protocolos funcionais como o que foi utilizado neste estudo, serviriam como um trabalho adequado da base do Crossfit. A instabilidade, dificulta o aumento da performance adequada, o que resulta em diversos movimentos errôneos e perigosos, sendo de extrema importância a supervisão profissional adequada e o trabalho de fortalecimento dos elos fracos, que não estão ligados diretamente a uma área, mas à padrões de movimento, que se observados e corrigidos, geram segurança e performance (COOK, p. 1, 2014). Portanto, os participantes da amostra foram informados individualmente sobre seus resultados e orientados sobre os possíveis trabalhos acessórios que caberiam dentro das disfunções encontradas.

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3 Considerações finais

O desenvolvimento do presente estudo possibilitou a avaliação da condição física relativa a estabilidade nos praticantes de Crossfit de Governador Valadares-MG, pôde-se concluir, de acordo com os seis testes padronizados pela Xmobility® que, os movimentos exigidos são realizados com pouca ou sem nenhuma compensação, colocando os indivíduos entre a pontuação 2 e 3 da triagem do movimento funcional. Assim, considera-se estes indivíduos como capazes de controlar os movimentos, obtendo no geral, um perfil de estabilidade competente. Com base nos estudos sobre triagem funcional, o nível de estabilidade dos participantes da amostra é considerado suficiente para que os mesmos possam progredir com segurança o trabalho da performance, além de diminuir os riscos de lesões referentes à instabilidade dos movimentos. Porém, sugere-se que análises referentes ao nível de mobilidade e desenvolvimento dos tecidos, sejam realizadas para que se possa descrever o equilíbrio da funcionalidade dos praticantes de Crossfit, visto que o equilíbrio entre às aptidões físicas é dada como a forma mais segura de se desenvolver em qualquer modalidade. O estudo contribuiu para a conscientização do movimento seguro e contra limitações, sendo a análise da estabilidade uma opção prática, segura e adaptada à realidade dos ambientes de Crossfit a qual possibilita avaliar e corrigir os praticantes através de movimentos funcionais, além de sugerir aos profissionais da área, uma possível forma de preservar a funcionalidade dos praticantes ao mesmo tempo em que se permitir evoluir a performance de maneira segura.

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PERCEPÇÃO DE PAIS E PROFESSORES DE CRIANÇAS AUTISTAS SOBRE A PRÁTICA DE NATAÇÃO: UMA POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO Larysa Talyta Pimentel Souza1 Milena Beatriz de Souza Barros1 Jennifer Pimentel Soyer2 Ana Paula Campos Fernandes3

RESUMO

O autismo pode ser definido como um transtorno neurológico, caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo. Enquanto isso, os exercícios físicos realizados na água estimulam a participação e a aquisição de novas experiências motoras, além de apresentarem melhoras na respiração, no desenvolvimento de limites, na lateralidade, socialização, entre outros. O intuito desse artigo é identificar as melhorias adquiridas no desenvolvimento de crianças autistas, através da natação. O método aqui utilizado foi um estudo de caso de caráter descritivo exploratório, que teve como objeto de estudo apresentar as percepções de pais e professores de alunos autistas sobre à pratica de natação como forma de auxílio para o tratamento, na cidade de Governador Valadares- MG.

Palavras-chave: Natação. Autismo. Benefícios. Percepção

1 Introdução Segundo Aguiar, Pereira e Bauman (2017, p.178) conforme citado Nascimento et al (2015) de acordo com o DSM-V, o autismo faz parte dos transtornos globais do desenvolvimento, denominados TEA (transtorno do espectro autista) que inclui o autismo, o transtorno desintegrativo da infância e as síndromes de Asperger e Rett. O autor também afirma que a identificação do TEA se dá desde a fase inicial da vida, representada por distúrbios na tríade: interação social, comunicação e reciprocidade social (com interesses peculiares e padrões de comportamento estereotipados). __________________ 1

Bacharéis do Curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: piments07@gmail.com ; milenabeatriz824@gmail.com 2 Orientadora. Prof. Titular do curso de Educação Física - Bacharelado da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: jennipsoyer@gmail.com 3 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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Ainda de acordo com Aguiar, Pereira e Bauman (2017) pessoas diagnosticadas com TEA, sofrem diversas dificuldades em atividades simples e diárias. Por isso se faz necessário compreender que o autismo é uma condição permanente que precisa de cuidados multidisciplinares, no intuito de aperfeiçoar a aquisição da linguagem, as habilidades de interação social e minimizar as atitudes que foram mal adaptadas. (NIKLOV, JONKER e SCAHILL, 2006 apud AGUIAR,PEREIRA E BAUMAN,2017) Aguiar, Pereira e Bauman (2017) conforme citado por Sanini e Bosa (2015) afirmam que, uma das principais características desses indivíduos é a predisposição para ao isolamento, visto que, quanto maior a disfunção cognitiva, menor sua comunicação e interação no meio social; maior a probabilidade de isolar-se. Diante dessa privação, Greguol (2010), explana que, esse público tende a possuir uma certa resistência ao tato corporal, além de apresentar um contato visual nulo ou disperso, mas ressalta a importância da pratica da atividade física como agente de intervenção positiva, no intuito de diminuir estes possíveis atrasos e criar oportunidades para o convívio social. Por meio da atividade física, os alunos podem vencer a ociosidade e a baixa capacidade de iniciativa, desenvolvendo assim uma interação social mais adequada, melhora da coordenação motora e da capacidade cognitiva emocional, além de desenvolver a consciência corporal e espaço-temporal (SANINI,BOSA, 2015 apud AGUIAR,PEREIRA E BAUMAN,2017) Pensando em uma atividade física atrativa e divertida, a natação transcende as barreiras impostas pela síndrome TEA, confortando o praticante pelo ambiente aquático sem causar impacto articular e corporal, assim como levando-o ao contato com o meio líquido. É um desporto completo, referente a saúde, capaz de modificar aspectos atitudinais, psicossociais e físicos, assim como auxiliar nos aspectos cognitivos e psicomotor (BORGES, 2014). Com isso, este estudo adquire relevância por apresentar um referencial teórico explicativo, seguido de gráficos comprovatórios relacionados a percepção das melhorias comportamentais de professores e pais, das crianças de 3 a 8 anos portadoras dessa síndrome, e praticantes da modalidade de natação. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo apresentar as percepções de pais e professores de alunos autistas sobre a pratica de natação como forma de auxílio para o tratamento. Perfazendo uma profunda consulta a referências bibliográficas e autores da área. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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2 Métodos O artigo em questão é de natureza descritiva exploratória, pois, segundo Thomas, Mattos e Rossetto (2002; 2004) ele apresenta como características principais a observação, a análise, a descrição, o registro e a correlação de fatos ou fenômenos, a partir dos quais, um problema pode ser resolvido e as práticas melhoradas. Pelo caráter específico do comportamento dos indivíduos estudados, e pelo tempo determinado para a realização do projeto, optou-se por um estudo de caso, pois esta é uma forma de pesquisa descritiva onde apenas um caso é pesquisado, com o intuito de estudá-lo com maior profundidade e alcançar uma maior compreensão sobre casos parecidos. (THOMAS; NELSON e STEPHEN ,2012) É uma pesquisa de caráter qualitativa, pois tem como objetivo compreender o significado da experiência para os participantes, tendo como foco a essência do fenômeno, numa descrição e compreensão subjetiva do seu significado (THOMAS; NELSON E STEPHEN, 2012). Os dados foram coletados a partir de pesquisas bibliográficas, e de questionários estruturados e criados pelos pesquisadores, aplicados aos professores de natação e responsáveis pelas crianças que possuem o TEA. Os questionários consistem em perguntas de como essas crianças eram antes e como se encontram agora que começaram a utilizar a natação como um auxílio no tratamento do autismo. Os dados obtidos dos questionários foram analisados, discutidos e condensados por meio de gráficos e apresentados para análise e compreensão dos resultados obtidos pelas crianças. A pesquisa foi realizada com 10 pais e respectivamente com os professores de natação de seus filhos, tendo como condição para responder o questionário, que o responsável tenha um filho(a) autista, com idade entre 3 a 8 anos. Ao todo, foram entrevistados 4 professores, e ambos eram profissionais de Educação Física. Os questionários foram aplicados em um Hospital Particular em questão, em uma escolinha de natação da cidade e também em uma aula particular de natação, ambas da cidade de Governador Valadares-MG.

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3 Resultados e discussão

3.1 Autismo

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatísticas dos Transtornos Mentais, o autismo pode ser definido como um transtorno neurológico, caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo. Segundo Silva e Souza (2018) o autismo teve seu termo utilizado e explicado pela primeira vez em 1908, por Eugene Bleuer, um psiquiatra suíço, que utilizou do termo “autismo” para descrever alguns sintomas relacionados à esquizofrenia. (MARQUES, 2010 apud SILVA E SOUZA, 2018) Alguns pesquisadores e mais especificamente Kwee (2006) explica que o termo foi empregado para se referir ao retraimento imaginário dos esquizofrênicos, que se refere a perda de contato com a realidade, fazendo assim, com que haja uma dificuldade ou impossibilidade de se comunicar, gerando então a confusão entre o autismo e os esquizofrênicos. Após 35 anos, em 1943, Leo Kanner, médico psiquiatra, utiliza o termo autismo, em seu artigo publicado nos Estados Unidos para caracterizar o caso de 11 crianças que possuíam a tendência ao retraimento, sendo essa, uma característica comum entre eles, e observada desde o primeiro ano de vida. Segundo ele, tais crianças tinham incapacidade de se relacionarem com pessoas e situações, pois não correspondiam às expectativas de um relacionamento dentro da “normalidade”. Ele ainda acrescenta no artigo, que a causa do autismo seria a indiferença da mãe, chamando-a de “mãe-geladeira”, considerando que essa indiferença seria a responsável pelo aparecimento dos problemas na criança (KANNER,1948 apud SILVA,GAIATO E REVELES,2012) No mesmo ano, Hans Asperger, um pediatra austríaco, utiliza do termo “psicopatia autista” em sua tese, para descrever o mesmo padrão de comportamento que foi observado por Kanner (KWEE, 2006). Em seu estudo, ele descreve um transtorno de personalidade que incluía baixa capacidade de fazer amizades, falta de empatia, foco em assunto de interesse especial, monólogo e dificuldade de coordenação motora (SILVA et al., 2012) Atualmente, a psicopatia autista é conhecida como a Síndrome de Asperger. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Os estudos de Hans sobre o autismo ficaram esquecidos pela maior parte da população médica, e só começou a ser estudado e utilizado em 1981, quando Lorna Wing, uma médica inglesa, mãe de uma autista, pegou o estudo publicado por ele em 1944 e traduziu para o inglês. Lorna foi a primeira a descrever a tríade autista (SILVA et al, 2012). No Manual Diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM–IV) o termo, atualmente utilizado, é Transtorno do Espectro Autista e, engloba: o transtorno do Autismo, a síndrome de Asperger, a síndrome de Rett, o transtorno desintegrativo da Infância, e o transtorno Global do Desenvolvimento sem Outra Especificação. Além disso, de acordo com as normas da Associação Americana de Psiquiatria, e também com o DSM- V, 2014, para que um indivíduo seja classificado como autista, é necessário que o mesmo apresente pelo menos 6 características dentro da “tríade autista” ou áreas afetadas, sendo essas a socialização, a comunicação e os comportamentos focalizados e repetitivos. O transtorno do espectro autista pode variar de gravidade da condição, do nível de desenvolvimento e, também, da idade cronológica, sendo subdividido em: clássico, de alto desempenho ou TGD sem outra especificação. (Manual Diagnostico e estatístico de transtornos mentais DSM-V, 2014)

3.2 Natação

A água é um elemento que está presente na vida do ser humano desde seu nascimento, e ele representa de 40 a 60% de seu peso corporal (McARDLE, KATCH E KATCH, 1990 apud SAAVEDRA,ESCALANTE,RODRIGUEZ,2003) De acordo com Senra (2007), não se sabe ao certo onde, quando e nem como o homem descobriu a natação e começou a praticá-la, porém, as amostras mais antigas datam de 9000 a.C., sendo encontradas em pinturas, murais e mosaicos. Do ponto de vista histórico, é possível afirmar que as origens da natação se confundem com a da própria humanidade. Vindo do latim natatĭo, a natação é a ação e ou efeito de nadar. Rodriguez (1997) afirma que a natação é o meio que permite ao homem se sustentar e avançar na água. Segundo Gerhard Lewin (1978) a natação constitui uma fonte de recreação, de alegria, de viver e de saúde para as pessoas de todas as idades.( GERHARD LEWIN, 1978 apud DAMASCENO, 2012) TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Os benefícios que a natação proporciona para quem a pratica, independente de qual seja sua idade, são variados. Em relação ao aspecto físico, as possibilidades de poder realizar movimentos sem causar grandes impactos nas articulações são maiores, além de realizar a manutenção dos tônus e estimular toda a musculatura corporal. Outros efeitos acontecem também diante do sistema respiratório e cardiovascular (SOARES, PAGANI, LIMA, 2014). Já em relação ao aspecto psicológico, a prática desta atividade, aumenta a autoestima, diminui o stress e proporciona ao praticante uma maior disposição para realizar as atividades diárias. No aspecto social, é possível perceber as possibilidades de relações interpessoais, tendo consequentemente, um aumento significativo do círculo de amizade no qual existe o interesse de compartilhar experiências e ideias. (SOARES, PAGANI, LIMA, 2014). A prática da natação diminui os sintomas de doenças cerebrais, aumenta a capacidade circulatória e respiratória da criança, desenvolve massa muscular, melhora a capacidade do raciocínio, além de ampliar os movimentos articulares e gerar uma flexibilidade maior nas articulações (SOARES, PAGANI, LIMA, 2014). Através do meio liquido, a criança aprende a se comunicar de maneira lúdica com as outras pessoas, possui uma melhora significativa no sono, no desenvolvimento da lateralidade e no aumento da flexibilidade e força. Por isso, atualmente a natação é referência como uma atividade completa. (SOARES, PAGANI, LIMA, 2014).

3.3 Natação e Autismo

A atividade física é capaz de fazer com que os acometidos com o autismo superem a ociosidade e aumentam a capacidade de iniciativa, além de favorecer um desenvolvimento que proporcione uma melhor interatividade, um aperfeiçoamento a coordenação motora e na capacidade cognitiva emocional, desenvolvendo no mesmo a consciência corporal e espaçotemporal (AGUIAR, PEREIRA E BAUMAN, 2017) De acordo com Souza (2004), a criança ao brincar com a água, encontra prazer buscando a variação de movimentos, por iniciativa própria, tornando possível a aquisição de noções corporais e interação com o meio em que vive. Pereira e Almeida (2017),

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complementam dizendo que a natação, como um exercício motor, é capaz de favorecer o avanço da criança autista, pois contribui para o desenvolvimento de habilidades variadas. Nessa perspectiva, Lépore (1999) afirma que a prática da natação auxilia na diminuição de espasmos e no relaxamento muscular, na manutenção ou no aumento da amplitude do movimento articular, no alívio da dor muscular e articular. Além disso, a natação favorece o fortalecimento e a resistência muscular localizada, melhora a elasticidade da pele, gera relaxamento dos órgãos de sustentação (coluna vertebral), auxilia na orientação espaço-temporal e na socialização.(LEPORÉ,1999 apud SANTOS,2014) Santos (2014) cita outros benefícios da natação para os autistas, como por exemplo, a melhora no humor e na motivação, além do descarregar as tensões psíquicas e suprir a necessidade de movimentos da criança com autismo. Correia (2014, p.34) diz que o movimento da criança no meio aquático permite com que ela adquira uma consciencialização maior de seu corpo e de si mesmo, através de atividades lúdicas que favoreçam as noções perceptivo-corporais, ou seja, que utilize diferentes posicionamentos de diferentes segmentos corporais em contato com a água (VELASCO,1994 apud CORREIA,2014) Assim, Correia (2014, p.34) também ressalta que outro importante benefício do trabalho dentro da água, é o fato da impulsão auxiliar no movimento, permitindo assim, que as crianças que tenham algum problema de coordenação, ou diminuição de amplitude do movimento, consiga realizar exercícios que não executam em terra, ou ate realizam, porém com uma maior dificuldade (ADAMS, 1985 apud CORREIA, 2014) Para Correia (2014, p.35) o meio aquático revela benefícios motores e cognitivos trabalhando também o lado social da criança. Ela facilita o contato corporal, o que é muito importante em indivíduos com problemas emocionais, de distanciamento ou distração, bem como a exploração da linguagem e a verbalização. Ela ajuda no desenvolvimento de limites, melhora as noções de lateralidade e coordenação, e permite à criança corrigir e adaptar os seus movimentos, permitido com que tenham tempo para reagir e perceber como se deve usar o corpo. (RODRIGUEZ,1997 apud CORREIA, 2014) A natação leva a uma maior socialização, pois ao contrário do que se parece, a natação não é uma atividade solitária e extremamente individualista. Correia (2014) conforme citado Lépore (2000) afirma que atividades aquáticas ou o aprender a nadar é também um processo TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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de aprendizagem de socialização. Por isso a necessidade do portador de deficiência aprender a galgar degrau a degrau, iniciando do relacionamento indivíduo-objeto para depois pessoapessoa e, por último, o indivíduo interagindo com o grupo. Segundo a OMS (2003), “a prática de brincadeiras, especificamente a natação, pode ser uma estratégia para desenvolvimento de habilidades motoras e sociais de autistas, especialmente por possibilitar a participação em contextos sociais diferentes do seu repertório diário”.

O indivíduo tende a possuir atividades solitárias, manipulativas e repetitivas,

entretanto, a prática de atividade física pode contribuir para seu desempenho motor e aptidão física, e redução do comportamento antissocial (LOURENÇO et al, 2015).

3.4 Resultados e Discussões

O Transtorno do Espectro Autista causa comprometimento da interação social, comunicação verbal e não verbal e comportamento restrito e repetitivo (DSM-V). Sendo assim, suas principais características são: dificuldade em se comunicar e relacionar, dificuldade em se socializar, comportamento repetitivo e restritivo, atraso no desenvolvimento motor e dificuldade em se concentrar. Como citado anteriormente, foi-se realizado: 

Um questionário, com 10 pais, referente a 10 crianças autistas, de faixa etária entre 3 a 8 anos de idade.

Um questionário com seus respectivos professores de natação, totalizando 4 professores, ambos profissionais de Educação Física.

As perguntas tinham como objetivo, identificar como cada criança era antes de iniciar o tratamento com a natação, e como ela se encontra agora, após estar realizando esse tratamento, tentando assim, esclarecer e mostrar a influência e os benefícios gerados a partir da mesma, no desenvolvimento de cada uma delas. Ao lado de cada gráfico, será possível observar uma legenda, com o intuito de diferenciar os questionários:

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As iniciais M1 até M10 fazem referência às respostas dadas pelo pai/mãe referente ao comportamento de seu filho (a).

As inicias P1 até P10 fazem referência às respostas dadas pelos professores, referentes aos seus alunos, sendo que o aluno 1 do questionário dos pais, continua sendo o aluno 1 do questionário dos professores.

3.4.1 Gráficos referentes aos resultados obtidos através do questionário realizado com os pais

Gráfico 1 - Como era o comportamento do seu filho em casa, antes de entrar nas aulas de natação?

10% 10%

Muito Agitado ( M6) Agitado (M2,M3,M4,M7,M10)

30% 50%

Tranquilo (M5,M8,M9) Quieto (M1)

Gráfico 2 - Como era o relacionamento do seu filho com vocês? Não se comunicava e nem e relacionava 20% 40%

40%

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Se comunicava pouco e se relacionava pouco. (M1, M3 )

Se comunicava normalmente e se relacionava normalmente. (M2, M4, M5, M6 )

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Gráfico 3 - Em relação as caracteristicas do autismo, quais ele apresentava com maior frequência? 3%

Movimentos Repetitivos (M1,M2,M3,M6)

10%

Dificuldades na mudança de rotina (M1,M2,M4,M7,M9,M10)

23%

15%

Dificuldades na comunicação (M1,M3,M5,M7,M8,M9,M10) Dificuldades na socialização (M1,M2,M3,M4,M5,M9,M10)

15%

17%

Problemas no desenvolvimento motor ( M1,M2,M3,M6,M7,M10) Problemas com concentração (M1,M2,M3,M4,M6,M7,M8,M10)

17%

Outros (M1)

Gráfico 4 - Há quanto tempo o seu filho foi diagnosticado com o TEA ? 10%

0-6 meses ( M9)

10%

1-2 anos (M3,M4,M5)

30% 3-4 anos (M1, M2,M7,M8,M10)

50% Acima de 4 anos (M6)

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Gráfico 5 - Há quanto tempo o seu filho realiza o acompanhamento do TEA ? 10%

10% 0-6 meses (M9)

30%

1-2 anos (M1, M3,M4,M5,M8) 50%

3-4 anos (M2,M7,M10) Acima de 4 anos (M6)

É possível observar, ao se comparar o gráfico 4 e 5, que o M1 e o M8 apesar de já terem seu diagnostico entre 3 a 4 anos, só começaram a realizar o tratamento do TEA, a aproximadamente 1 a 2 anos. No Brasil, o diagnóstico do autismo, na maioria das vezes, não é realizado antes dos 3 anos de idade, o que gera um certo atraso no desenvolvimento da criança. O recomendado é que o tratamento se inicie logo ao diagnostico, pois quanto mais cedo se inicia o tratamento, mais cedo é possível observar os resultados e as melhoras. Assim, segue os gráficos de percepção.

Gráfico 6 - Porque escolheu a natação como forma de auxílio para o tratamento do TEA ?

Indicação Medica (M1,M2,M3,M4,M5,M7,M9) 13%

Indicação por amigos (M2,M5,M8)

7% 47%

Gosta do esporte (M7,M10)

13%

20%

Ouviu relatos sobre melhoras atraves da natação (M8) Outros (M4,M6)

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Gráfico 7- Depois que ele começou a participar das aulas, quais diferenças foram possiveis perceber?

12%

Melhora na Comunicação (M1,M5,M8,M9)

16%

Melhora na Socialização (M1,M2,M4,M5,M6,M9)

15%

Menor resistência a mudança de rotinas (M1,M2,M4)

23%

Melhora no relacionamento com a familia (M1) Melhora no desenvolvimento motor (M1,M2,M5,M6)

15% 4%

15%

Melhora na Concentração (M2,M6,M8,M9) Todas as anteriores (M3,M7,M10)

Se compararmos as respostas do gráfico 7 com as que obtivemos no gráfico 3, podemos perceber que M1 se relacionava e comunicava pouco com os pais, e tinha como principais características, a dificuldade na comunicação e na socialização, problemas com concentração e no desenvolvimento motor, além da dificuldade em mudanças na rotina e padrão de movimentos repetitivos, tudo isso observado e relatado por seus pais, antes do início do tratamento. Porém, após o início do tratamento com a natação, ao se perguntar quais diferenças foi possível perceber, tivemos como resposta que as diferenças foram exatamente na comunicação e socialização, na melhora no relacionamento com a família, em relação a mudança de rotinas e no desenvolvimento motor, ou seja, tudo aquilo que havia sido detectado como dificuldade da criança no início do questionário.

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Gráfico 8 - Foi possivel observar melhoras após as aulas de natação ?

Sim

Não

Gráfico 9 - Se na pergunta anterior a resposta for sim, quais foram? Melhora na Coordenação (M1,M2,M5,M6) Melhora na Lateralidade (M6)

9%

12%

3%

13%

Melhora na Concentração (M2,M4,M6,M8) Melhora na Comunicação (M1,M4,M5,M6,M8,M9)

13%

3% 9%

Melhora na Socialização (M1,M2,M4,M5,M6,M9) Melhora em Relação a Mudança de Rotinas (M1,M2,M4)

19% 19%

Melhora no Realacionamento com a Família (M1) Melhora no Desenvolvimento Motor ( M1,M2,M5,M6) Todas as anteriores (M3,M7,M10)

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Gráfico 10- Pode afirmar que a natação trouxe beneficios para o desenvolvimento de seu filho (a)? 0%

Sim

Não

100%

Gráfico 11- Indicaria a natação como forma de auxílio ao tratamento para outros pais que possuam filhos com TEA ?

Sim

Não

100%

Através dos resultados obtidos pelos questionários aplicados aos pais, é possível observar melhoras em todas as crianças. É possível perceber também a confirmação dos pais em relação a melhora dos filhos após o início do tratamento, e a confirmação de que, de acordo com a percepção que tiveram, a natação trouxe sim benefícios para o desenvolvimento de se filho (a). TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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3.4.2 Gráficos referentes aos resultados obtidos através do questionário realizado com os professores.

Gráfico 12 - COMO O ALUNO ERA QUANDO CHEGOU NA PRIMEIRA AULA ?

10%

Muito Agitado (P1,P2,P4,P6) 40%

20%

Agitado (P3,P5,P7) Tranquilo (P8,P9)

30%

Quieto (P10)

Gráfico 13- QUAIS PRINCIPAIS DIFICULDADES VOCÊ REPAROU QUANDO ELE CHEGOU ?

14%

17%

21%

20%

7% 21%

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Dificuldade em se relacionar (P1,P2,P5,P9,P10) Dificuldade em se comunicar (P2,P3,P4,P8,P9,P10) Dificuldade com coordenação motora (P2,P3,P4,P6,P7,P10) Resistência na mudança dos exercícios (P2,P9) Problema em se concentrar (P1,P3,P4,P6,P7,P8) Se incomodava com barulhos (P1,P2,P9,P10)

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Gráfico 14- NO INICIO, COMO O ALUNO SE RELACIONAVA COM OS COLEGAS DE TURMA? Não se relacionava (P2,P9) 20%

20% 0%

Se relacionava apenas com a intervenção do professor Se relacionava pouco (P1,P3,P4,P5,P8,P10) Se relacionava bem (P6,P7,)

60%

Gráfico 15 - HOJE, COMO É O RELACIONAMENTO DO ALUNO COM OS COLEGAS DE TURMA ?

Ainda não se relaciona 20% Se relaciona com a ajuda do professor Se relaciona pouco (P3,P4) 80%

Se relaciona bem com os colegas (P1,P2,P5,P6,P7,P8,P9,P10)

Ao se analisar e comparar os gráficos 14 e 15 fica nítido a evolução de ambas as crianças, visto que no primeiro gráfico, apenas 20% das crianças se relacionava bem com os colegas de turma, 60% se relacionava pouco e 20% não se relacionava com os colegas. Porém ao compara-lo com o próximo gráfico, a % de alunos que se relaciona bem sobe de 60 para 80%, a porcentagem que se relacionava pouco cai de 60 para 20% e a porcentagem que não se relacionava, não existe mais, sendo que, os respectivos alunos que não se relacionavam, se fizermos a leitura da legenda do gráfico, se encontrarão agora no montante que se relaciona bem.

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Gráfico 16 - EM UM PRIMEIRO MOMENTO, COMO FOI A ACEITAÇÃO DO ALUNO COM VOCÊ, PROFESSOR?

20%

Houve Resistência no inicio, porém com aceitação ainda na primeira aula (P2) Houve aceitação, porém com resistência

10%

Houve aceitação desde o primeiro momento (P1,P4,P5,P6,P7,P8,P10) 70%

Foi preciso algumas aulas para que houvesse a aceitação (P3,P9)

Gráfico 17 - COMO FORAM AS ADAPTAÇÕES AS AULAS?

10%

20%

Fácil (P5,P8)

Razoável (P1,P3,P4,P6,P7,P9,P10) Difícil (P2) 70%

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Muito Difícil

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Gráfico 18 - QUANTO TEMPO DEMOROU PARA QUE VOCÊ PERCEBESSE AS PRIMEIRAS EVOLUÇÕES NO SEU ALUNO ?

11%

1-2 MESES (P3,P4,P7,P8,P9)

11% 3-4 MESES (P1,P10) 56%

22%

5-6 MESES (P2) 7- EM DIANTE (P6)

Gráfico 19 - QUAIS DIFERENÇAS VOCÊ PERCEBEU EM RELAÇÃO AO DESENVOLVIMENO DO ALUNO, SE COMPARADO A QUANDO ELE CHEGOU AQUI ? Melhora da Coordenação Motora (P1,P2,P3,P4,P5,P6,P7,P8,P9,P10)

16%

23%

Melhora na relação com colegas de turma (P1,P2,P3,P7,P9,P10) Melhora na comunicação (P1,P2,P3,P4,P5,P7,P8,P9,P10)

14% 14% 12% 21%

Melhora no seu relacionamento social P3,P5,P7,P9,P10) Melhora em relação a mudança de rotinas (P2,P3,P6,P7,P9,P10) Melhora na concentração (P3,P5,P6,P7,P8,P9,P10)

Nota-se ao observar o gráfico 19, que ambas as crianças tiveram melhoras em relação ao desenvolvimento, em ambos os quesitos, se comparadas com quando iniciaram o tratamento com a natação. Fica nítido o quanto a natação auxilia de maneira positiva no desenvolvimento dessas crianças, sendo um aporte de tratamento, inclusive na melhora em relação a coordenação motora e na comunicação.

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Gráfico 20 - VOCÊ PODE AFIRMAR QUE A NATAÇÃO TROUXE BENEFÍCIOS AO DESENVOLVIMENTO DESSA CRIANÇA ?

Sim

Não

100%

Gráfico 21 - VOCÊ COMO PROFESSOR, ACREDITA QUE A NATAÇÃO POSSA E DEVA SER UTILIZADA COMO FORMA DE AUXÍLIO NO TRATAMENTO DO TEA ? 0%

Sim

Não

100%

Gráfico 22 - QUAIS BENEFÍCIOS DA NATAÇÃO VOCÊ PODE CITAR NO AUXÍLIO DO TRATAMENTO DE PESSOAS COM TEA ?* Melhora na Coordenação

17%

Melhora no Tônus muscular

16%

Melhora da Socialização 17%

16% 17%

17%

Melhora na Capacidade cardiaca e respiratoria Melhora na Lateralidade Melhora na Concentração

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Através dos resultados obtidos pelos questionários aplicados aos professores, é possível observar que houve melhoras em todas as crianças. Se compararmos os resultados obtidos no questionário dos pais com aqueles obtidos no dos professores, veremos como a percepção de ambos em relação as melhoras são positivas e significativas. Crianças como o M1 que não se relacionava muito com os pais, e tinha problemas de comunicação, agora se relaciona melhor com a família e se comunica, crianças como o P2 e P9 que não se relacionavam com os colegas de turma, hoje em dia se relacionam bem, o fato de que ambas as crianças tiveram não apenas uma melhora no seu desenvolvimento motor, mais também no seu desenvolvimento social, entre outras melhoras.

4 Considerações finais

Através da pesquisa realizada e dos resultados aqui obtidos por meio dos questionários, é possível perceber que a natação se configura como um meio benéfico de auxílio para o tratamento do autismo. Ela não apenas traz benefícios para o seu desenvolvimento motor, como também para o seu desenvolvimento pessoal, social e para com a família. Do mesmo modo, que tais benefícios não atingem e melhoram somente a vida da criança autista, mais também de sua família e de todos aqueles envolvidos no processo de seu tratamento e no seu convívio dia a dia. Porém, esse trabalho considera suas limitações como fatores que ficam passivos de investigações experimentais para que tais argumentos observados possam serem confirmados de forma mais efetiva e contundentes. Orienta-se nesse sentido que mais investigações com finalidades experimentais com crianças autistas e a natação sejam feitas e correlacionadas com diversos fatores comportamentais. Nessa perspectiva, considera-se como um fator relevante o cumprimento do objetivo do mesmo, apresentando de forma intima e direta as percepções de pais e professores que por ventura, em um futuro próximo, poderá servir de uma alavanca para novas e inovadoras descobertas.

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REFERÊNCIAS

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SENRA, Clemilda Benfica do Nascimento. A estimulação psicomotora aquática e o desenvolvimento social da criança em idade escolar: eu quero, eu posso, eu escolho, eu coopero. 2007. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2007. Disponível em: https://bdtd.ucb.br:8443/jspui/bitstream/123456789/1076/1/Texto%20Completo.pdf Acesso em: 30 nov. 2019. SILVA, Flávia de Castro;SOUZA, Mayra Fernanda Silva de . Psicomotricidade: um caminho para intervenção com crianças autistas.. Pretextos-Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 5, p. 500-519, 2018. SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifacio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: entenda o autismo.1. ed. Rio de Janeiro: Editora Fontanar, p.75-95, 2012. SOARES, Debora Viera; PAGANI, Mario Mecenas; LIMA, Fernanda de Souza. Iniciação a natação para crianças. FAEMA- Revista Cientifica da Faculdade de Meio Ambiente, v.5, n.2, p. 98-114, 2014

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O AFASTAMENTO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEMPORÂNEO NA ATUAÇÃO DO DESPORTO: ESTUDO DE CASO DOS EGRESSOS DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA BACHAREL DE UMA IES DE GOVERNADOR VALADARES

Adriano Ferreira Dias1 Alber Guimarães Netto1 Deison Gonçalves Lage1 Rosely Conceição de Oliveira2 Ana Paula Campos Fernandes3 RESUMO Os Profissionais de Educação Física trabalham com sete intervenções, dentre elas o Treinamento Desportivo, onde o Desporto esta abrangido. Nesse caminho, o objetivo desse estudo é verificar quais são os motivos que contribuem para o atual desinteresse do Profissional de Educação Física Bacharelado quanto à atuação na área do Desporto. A pesquisa foi realizada com 32 profissionais egressos do Curso de Bacharel em Educação Física de uma instituição de ensino superior localizada no munícipio de Governador Valadares / MG. Foi aplicado um questionário online com 9 questões objetivas diretas, como subsídio aos objetivos propostos nesse estudo. Como resultado, as hipóteses dos autores foram confirmadas: de que a área fitness é mais valorizada e também a mais procurada atualmente pelo Profissional de Educação Física Concluiu-se que os profissionais formados pela IES possuem pouquíssimo interesse pela área do Desporto por aspectos de valorização social e financeiras com relação à área fitness. Palavras-chave: Desporto. Fitness. Profissional de Educação Física. Atuação profissional.

1 Introdução

O presente estudo ressalta a importância do Desporto como instrumento de promoção de saúde, de desenvolvimento cognitivo, motor e social de seus praticantes e consequentemente como área de trabalho para o Profissional de Educação Física Bacharelado. A esse respeito Tubino e Garrido (2006, p. 37) conceituam o esporte como:

__________________ 1

Bacharéis do Curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC GovernadorValadares– MG.E-mail:adriano122246@gmail.com;albernetto97@hotmail.com; deivinhogv@hotmail.com 2 Professora Orientadora. Prof. Titular do curso de Educação Física Bacharel da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: roselycof@gmail.com 3 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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“Fenômeno sócio -cultural, cuja prática é considerada direito de todos, e que tem no jogo o seu vínculo cultural e na competição o seu elemento essencial, o qual deve contribuir para a formação e aproximação dos seres humanos ao reforçar o desenvolvimento de valores como a moral, a ética, a solidariedade, a fraternidade e a cooperação, o que pode torná-lo um dos meios mais eficazes para a comunidade humana”. Portanto, Tubino e Garrido (2006) chamam a atenção para o desinteresse crescente dos Profissionais de Educação Física (PEF) de Governador Valadares quanto à atuação na área do Desporto, com ênfase aos egressos da IES. A partir deste contexto, percebeu-se a necessidade de investigar os motivos pelos quais o deporto tem sido uma área pouco escolhida. Assim, essa pesquisa apresenta como problema a seguinte pergunta: O Desporto é, na atualidade, uma área de desinteresse do Profissional de Educação Física por variáveis financeiras, valorização social ou de status? As hipóteses a seguir foram levantadas para supostamente saber qual seria o motivo do desinteresse do Profissional de Educação Física quanto à área de intervenção do Desporto. Quais sejam: A falta de investimento de locais para a atuação do Desporto em Governador Valadares-MG; a crescente quantidade de academias, Studios Fitness em Governador Valadares - MG; por ser uma área de maior facilidade de inserção e valorização social o Profissional de Educação Física bacharelado opta pela área fitness. Desta forma, justifica-se a relevância do estudo ao conscientizar Profissionais de Educação Física (Bacharelado) a explorarem a área do Desporto, especificamente na cidade de Governador Valadares; Assim, trazendo “luz” para que os PEF em geral enxerguem as oportunidades de atuação na área do Desporto. Os objetivos específicos da pesquisa são: Analisar a atual área de Profissionais de Educação Física, a partir do ponto de equilíbrio entre formação e atuação sobre os formados no curso de Educação Física Bacharelado da Instituição de ensino superior de Governador Valdares; Analisar o ponto de equilíbrio, e a margem de resultado dos serviços em estudo; Verificar motivos que contribuem para o desinteresse do Profissional de Educação Física Bacharelado quanto à área do Desporto. Para a pesquisa, os autores realizaram Revisão de Literatura para falar sobre a importância do Desporto, com base em livros de autores clássicos, como Manoel Gomes Tubino, Jorge Olímpio Bento, dentre outros. Além de atos administrativos normativos do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), artigos, dissertações e teses disponíveis na TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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internet, dos últimos 20 anos, que serviram como um suporte para melhor entendimento do assunto. Além disso, foi realizada a aplicação de um questionário com perguntas objetivas e diretas sobre a atuação profissional dos egressos da graduação em Educação Física (Bacharelado) nessa Instituição A finalidade da pesquisa é de levantar informações visando compreender o real motivo de desinteresse do Profissional de Educação Física pela a área do Desporto.

2 Métodos

Segundo Richardson (1985, p. 22) método pode ser definido como o “caminho ou maneira para se chegar a determinado fim ou objetivo.” Partindo do pressuposto, o caminho a ser seguido é de natureza básica por não apresentar finalidades imediatas e produzir conhecimentos que possam ser utilizados em outras pesquisas. É, também, uma pesquisa descritiva com objetivo de registrar e descrever fatos observados sem interferir neles. Envolve o uso de técnicas padrões de coleta de dados: questionário e observação sistemática. A abordagem seguida é Qualitativa e Quantitativa, pois foi utilizado um local e um público específico para coletar diretamente os dados, que posteriormente será interpretado com uso de técnicas de estatística, traduzindo a colheita de dados gerados pela pesquisa em números. Posteriormente, os dados quantitativos foram analisados para compreender os motivos pelos quais os egressos não optaram pelo Desporto. O procedimento escolhido é Estudo de Caso com egressos do curso de Educação Física Bacharelado da instituição. O universo e amostra foram compostos por 32 egressos formados nas turmas de 2018.02 e 2019.01. Assim, foram coletadas e analisadas as informações sobre esse público através de um questionário com perguntas objetivas diretas para chegar a uma possível resposta para a pergunta chave do presente estudo.

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3 Resultados e discussão

O referencial teórico foi estruturado em oito tópicos: O Desporto/Histórico do Desporto, O Desporto no Brasil, O Profissional de Educação Física; Intervenção do Profissional de Educação Física; Formação do Profissional de Educação Física; O Fitness no Brasil; Perfil Contemporâneo de Atuação do Profissional de Educação Física no Brasil; O Estudo de Caso dos Formados em Educação Física Bacharelado da IES localizado em Governador Valadares / MG.

3.1 O Desporto / Histórico do Desporto

O Desporto se define pela grande capacidade de gerar benefícios através da sua prática voluntária de atividades e exercícios físicos, com objetivos profissionais ou recreativos, podendo ser de caráter competitivo e não competitivo a fim de contribuir para a formação, desenvolvimento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e expectadores, conforme salienta Bento (2006, p.03):

O Desporto é um construto que se alicerça num entendimento plural e num conceito representativo, agregador, sintetizador e unificador de dimensões biológicas, físicas, motoras, lúdicas, corporais, técnicas e táticas, culturais, mentais, espirituais, psicológicas, sociais e afetivas. (BENTO, 2006, p.03)

Portanto, o Desporto apresenta benefícios diversos para os praticantes. Entretanto, a história do Desporto nem sempre considerou todas estas dimensões, conforme salienta Tubino (2010, p. 20) ‘‘A história do Desporto se resume em tempos e culturas distintas, e divide-se em 3 períodos: Esporte Antigo: da antiguidade até o princípio do século XIX. Esporte Moderno: de 1820 a 1980. Esporte Contemporâneo: de 1980 em diante. ’’ (TUBINO, 2010, p. 20)

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Na Antiguidade a prática esportiva não era considerada esporte propriamente dito, pois eram voltadas para sobrevivência e preparação para guerras. Com isso, eram consideradas práticas pré-esportivas. Segundo Tubino (2010, p. 22) os jogos gregos são considerados como as primeiras manifestações esportivas, eram “festas populares, religiosas, verdadeiras cerimônias panhelênicas, cujos participantes eram as cidades gregas”. No final do século XVIII, ocorreu a Revolução Industrial; uma grande evolução tecnológica, científica e econômica no país da Inglaterra. Acontecimento esse, que influenciou na forma de pensar o mundo. Com isso, o Esporte Moderno se desenvolveu paralelamente ao processo de industrialização, herdando dele a racionalização, sistematização e a orientação ao resultado. (OLIVEIRA, 2019, p.42) No princípio do século XIX deram início ao Esporte Moderno, através da iniciativa de Thomas Arnold de criar regras e competições, codificando e normatizando os jogos existentes naquela época. A prática de jogos com bola tinha necessidade de regras, afinal sem normas, essa atividade tornar-se-ia um verdadeiro massacre (OLIVEIRA, 2019, p.43)

3.1.1 O Desporto no Brasil

Os primeiros indícios de atividades esportivas no Brasil foram no ano de 1641, para comemorar a trégua entre holandeses e espanhóis, onde brasileiros, portugueses e holandeses competiam juntos. Foram realizados torneios equestres; competições guerreiras que tinham sentido mais de desafio pessoal de habilidades. Porém os principais feitos que viesse a mudar a visualização, popularidade e alavancar a modalidade no país vieram no final do século XIX e início do século XX, quando houve algumas manifestações esportivas. Ainda no século XIX, em 1846 aconteceu no Rio de Janeiro a primeira competição de regata de remo. A partir dessa competição, foram criados diversos Clubes de Regata que persistem até os dias atuais. “Em 1898, dois anos após a 1ª Olimpíada da Era Moderna, muitas modalidades esportivas começam a aparecer devido ao reinicio das competições olímpicas; no Brasil, realiza-se a primeira competição de âmbito nacional, O 1º Campeonato Brasileiro de Natação.” No mesmo ano, Charles Miller chegou ao Brasil trazendo duas bolas de um novo TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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esporte que começava se popularizar na Inglaterra. Surgiu então a prática do esporte mais popular, amplamente divulgado e praticado nas zonas urbanas e rurais, um verdadeiro fetiche nacional. A partir disso, criaram organizações esportivas, ligas, clubes e associações. (OLIVEIRA, 2019, p.48) Em 1941, fundaram o Conselho Nacional do Desporto, para orientar, fiscalizar e incentivar a prática esportiva no país. Em 1950, o Brasil sediou uma Copa do Mundo, e mesmo não se sagrando campeão mundial, uma onda de desenvolvimento esportivo aconteceu no país; reflexos dos bi-campeonatos mundiais de futebol (1958 e 1962), de basquetebol (1959 e 1963), o bi campeonato olímpico de Adhemar Ferreira da Silva (1952 e 1956) e as inúmeras vitórias de Maria Esther Bueno no Circuito Mundial de Tênis. E com o passar dos anos, essas conquistas foram refletidas positivamente através da criação de leis e benefícios destinados ao Desporto. Até a década de 50, a educação física foi influenciada pela área médica (higienismo), pelos militares ou acompanhou mudanças no próprio pensamento pedagógico. Nesse mesmo período histórico, eram importados modelos de práticas corporais, como os sistemas ginásticos alemães e suecos e o método francês. Os conteúdos de educação física eram repetições mecânicas de gestos e movimentos. Em 1988, quando foi implantada no Brasil a Constituição Federal (atual Carta Magna do País. A sétima constituição do Brasil, a sexta de sua república, e a última a consolidar a transição de um regime autoritário) foi possível conceber no Brasil um novo conceito de esporte. Assim, o esporte passou a ser um direito de todos, independente de suas condições. Inclusive, notou-se um grande aumento na prática das manifestações esportivas por idosos e portadores de deficiência física, inclusive com participações em eventos de alto rendimento. Atualmente o esporte é caracterizado como mercadoria da indústria cultural e passou a gerar interesses que ultrapassam as necessidades esportivas, através do aumento do capital nas transações das entidades envolvidas no meio esportivo. O incentivo financeiro proporcionou até mesmo mudança nas regras dos jogos, transmissões e horários que desfavorecem a prática esportiva, com intuito de valorizar o espetáculo para os espectadores.

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Entretanto, é possível notar conceitos positivos da prática esportiva na atualidade: “Contudo, apesar das influências sofridas e da utilização para outros fins, o esporte mantém sua configuração primária, o embate esportivo, seus princípios fundamentais: a busca pelo ideal da vitória e o intuito de ser o melhor. Estes fatores, apoiados na regulamentação esportiva, sustentam a legitimidade do esporte.” (OLIVEIRA, 2019, p.47) 3.2 O Profissional de Educação Física

O Estatuto do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF, através da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998, no artigo 9º estabelece sobre a função do PEF:

O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, sendo da sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da autoestima, da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo. (CONFEF, 2002)

Entretanto, é importante ressaltar que a formação do Profissional de Educação Física Bacharel possui regulamentação recente, por isso a identidade profissional está passando por transformações nos campos de atuação: “como técnicos, treinadores, gestores e empreendedores os bacharéis em Educação Física são profissionais que também ensinam, mas com outro enfoque na intervenção” (NUNES, VOTRE, SANTOS, 2012, p.283). Em janeiro de 1995, durante a realização do Congresso Internacional de Educação Física (FIEP), em Foz do Iguaçu, foi lançado na abertura do evento o “Movimento pela regulamentação do Profissional de Educação Física”.

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Neste mesmo ano, a proposta de regulamentação profissional foi feita com a elaboração do Projeto de Lei nº 330/95. Após essa proposta várias conferências e debates foram promovidos em Escolas de Educação Física. Contudo, foi nos Estados Unidos que houve uma reunião com diretores de várias instituições para debates e discussões de resultados. Assim, o Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física se fortaleceu perante a sociedade. A aprovação da Lei nº 330/95 ocorreu tardiamente em1º de setembro de 1998 pela Plenária e sansão presidencial, sendo substituída pela Lei nº 9696/98, conforme salientam Oliveira e Silva (2005) “A partir da regulamentação da profissão de Educação Física, através da lei nº 9.696 de 1998, ficaram estabelecidas todas as competências do graduado em Educação Física, que pode atuar de maneira ampla na área das atividades físicas’’ (OLIVEIRA;SILVA,2005, p.03).Os mesmos autores completam:

Todos podem praticar Educação Física, mas o que não pode ocorrer é confundir as diversas manifestações da área com a atividade profissional; não se pode confundir o atleta, o bailarino, o praticante de artes marciais com o profissional de Educação Física. Aqueles tendo as devidas habilidades podem exercê-las profissionalmente, mantendo inclusive vínculo empregatício, mas não se caracterizam como Profissionais de Educação Física. (OLIVEIRA; SILVA, 2005, p. 03).

Portanto, entende-se que algumas pessoas ainda atuam ilegalmente em diversas áreas que a Educação Física oferece, ludibriando a fiscalização feita pelo órgão responsável. Para exercer a função, o profissional precisa estar devidamente graduado e habilitado através do conselho que rege a profissão (CONFEF/CREF).

3.2.1 Intervenção Do Profissional De Educação Física

O Conselho Federal de Educação Física, por meio da Resolução 046/2002, dispõe sobre a intervenção profissional, o qual compete “Aplicar conhecimentos pedagógicos, técnicos e científicos, sobre a atividade física, com responsabilidade ética” (CONFEF, 2002). Assim, a Resolução regulamenta, ainda, sobre a intervenção do PEF: TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Indivíduos e/ou grupos-alvo com diferentes faixas etárias, com diferentes condições corporais, dependendo dessas condições corporais, necessidades de atendimentos especiais com desenvolvimento de forma individualizada e/ou com equipe multiprofissional, sendo assim, considerar e/ou solicitar avaliação de outros profissionais, prestação de assessoria e consultoria. O Profissional de Educação Física utiliza diagnóstico, define procedimentos, ministra, orienta, desenvolve, identifica, planeja, coordena, supervisiona, leciona assessora, organiza, dirige e avalia as atividades físicas, desportivas e similares, sendo especialista no conhecimento da atividade física/motricidade humana nas suas diversas manifestações e objetivos, de modo a atender às diferentes expressões do movimento humano presentes na sociedade, considerando o contexto social e histórico-cultural, as características regionais e os distintos interesses e necessidades, com competências e capacidades de identificar, planejar, programar, coordenar, supervisionar, assessorar, organizar, lecionar, desenvolver, dirigir, dinamizar, executar e avaliar serviços, programas, planos e projetos, bem como, realizar auditorias, consultorias, treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares, informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas das atividades físicas, do Desporto e afins. (CONFEF, 2002)

Em relação às especificidades, o Profissional de Educação Física possui em sua profissão sete intervenções, quais sejam: 1- Regência/Docência: “Lecionar nas escolas a disciplina Educação Física, na Educação Infantil, no Ensino Fundamental, Médio e Superior e nas atividades de natureza técnico-pedagógicas (Ensino, Pesquisa e Extensão)”. 2 - Treinamento Desportivo: “Trabalhar em treino de modalidades desportivas, na área formal e não formal”. 3 - Preparação Física: “Trabalhar diretamente com o aprimorar o funcionamento fisiológico orgânico, o condicionamento e o desempenho físico dos praticantes das diversas modalidades esportivas, acrobáticas e artísticas”. 4 - Avaliação Física: “Trabalhar com avaliação de condicionamento físico, os componentes funcionais e morfológicos e a execução técnica de movimentos, objetivando orientar, prevenir e reabilitar o condicionamento, o rendimento físico, técnico e artístico dos beneficiários”. 5 - Recreação em Atividade Física: “Trabalhar diretamente com atividades físicas de caráter lúdico e recreativo, objetivando promover, aperfeiçoar e restabelecer as perspectivas de lazer ativo e bem estar psicossocial e as relações sócio-culturais da população”. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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6 - Orientação de Atividades Físicas: “Trabalhar a orientação, avaliação e aplicação de métodos e técnicas motoras diversas, otimização, orientação de exercícios físicos, objetivando promoção, otimização, reabilitação do funcionamento fisiológico orgânico, condicionamento e o desempenho fisiocorporal, orientar para: o bem-estar e o estilo de vida ativo, o lazer, a sociabilização, a educação, a expressão e estética do movimento, a prevenção de doenças, a compensação de distúrbios funcionais, o restabelecimento de capacidades fisiocorporais, a auto-estima, a cidadania, a manutenção das boas condições de vida e da saúde da sociedade.” 7 - Gestão em Educação Física e Desporto: “Trabalhar com administração e/ou gerenciamento de instituições, entidades, órgãos e pessoas jurídicas cujas atividades fins sejam atividades físicas e/ou desportivas”.

3.2.2 Formação Do Profissional De Educação Física

Conforme visto anteriormente, a busca pela identificação junto à comunidade acadêmica, científica, intelectual e profissional sobre quais as intervenções e área de atuação específica do Profissional de Educação Física vem desde a criação da Lei nº 9696/98, do CONFEF. O profissional de Educação Física deve ser qualificado por uma Instituição de Ensino Superior (IES), através da modalidade bacharelado ou licenciatura de acordo com seus interesses de atuação. Especificamente a formação bacharelado proporciona ao profissional desenvolver hábitos físicos, prescrever atividades, orientar e acompanhar aqueles que se inserem no domínio da prática da atividade física ou desportiva (OLIVEIRA; SILVA, 2005). Portanto, para a atuação do PEF é necessário um curso superior, exigindo estudos nas áreas de orientação de jogos e atividades lúdicas corretamente, cuidando da postura correta dos participantes, do respeito às normas do jogo/atividade, de assegurar o interesse de todos e do aproveitamento físico por parte dos jogadores /participantes. Aspectos psicológicos, cinesiológicos, biomecânicos, fisiológicos, bioquímicos, genéticos, antropométricos e neuromotores das atividades físicas como também suas dimensões sociais e psicomotoras. (BENITES, NETO, 2005, s/p)

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3.3 O Fitness no Brasil

De acordo com Associação Brasileira de Academias (ACAD Brasil), o Brasil é o segundo maior mercado de academias no mundo, com um número superior a 33.000 unidades registradas, ficando atrás somente dos Estados Unidos. (IESPE, 2017) A Associação Brasileira de Franchising, afirma que a área fitness tem sido um ramo promissor para surgimento e crescimento de pequenas e médias empresas através de franquias. Hoje são mais de 6.000 relacionadas a um estilo de vida mais ativo e saudável e esse setor já corresponde a 8% do total no país, uma evolução de 5% em relação ao mesmo segmento no ano de 2013, que era de apenas 3%. (IESPE, 2017)

A esse respeito, Gonçalves (2006) apud Buchman (2015, p. 16) destaca: A indústria do setor de serviços voltados ao fitness é formada por uma múltipla gama de organizações, com variados tipos de atividades e serviços. Consequentemente, cada uma delas possui respectivos objetivos, conceitos e representações culturais adequados ao perfil dos seus consumidores e possíveis clientes. (Gonçalves, 2006, apud Buchman, 2015, p. 16)

No ano de 2015, o setor do fitness cresceu 8%, aumento justificado devido a ampla difusão sobre os benefícios que a prática de exercícios promove na saúde. Para garantir esse crescimento, as empresas se sofisticam diariamente, através de uma infraestrutura diversificada ou das diferentes metodologias de treinamento. Essa tendência começa a se consolidar com o aparecimento de academias e estúdios especializados em treinamento funcional, academia somente para Box de CrossFit, etc. Na última década, o mercado fitness no Brasil conheceu uma expansão acelerada, não somente com o objetivo de buscar o “corpo malhado perfeito”, mas principalmente pelo aumento da importância que os meios de comunicação deram sobre o quanto buscar uma forma de vida mais saudável é importante, em que a atividade física é um dos pilares para manter a saúde e tratar diversos males.

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3.3.1 Perfil Contemporâneo de Atuação do Profissional de Educação Física no Brasil

O Profissional de Educação Física formado na modalidade bacharelado atua no campo de trabalho não escolar, tais como, academias, iniciação e treinamento desportivo e atividades físicas fora do âmbito escolar, em clubes, áreas de lazer, dentre varias outras áreas. Em resumo, o Profissional de Educação Física é capaz de intervir acadêmica e profissionalmente nos campos da proteção, reabilitação, promoção, prevenção da saúde. O espaço de atuação para o bacharelado em educação física é grande em circunstâncias físicoesportivas fora da área escolar, conforme salienta Pereira (1988, p. 120):

É possível considerar o profissional de Educação Física como o principal responsável pela orientação técnica, tática e física de equipes desportivas, de praticantes do esporte em nível amador, dos assíduos freqüentadores de academia, dos alunos na Educação Física Escolares, e diversas outras práticas de atividades físicas ligadas ou não a algum esporte. (PEREIRA, 1988, p. 120)

A partir das leituras realizadas os autores percebem que o Profissional de Educação Física nos últimos anos encontra-se muito ligado a questões estéticos-corporais. Em salões de academias a procura também por esses profissionais é muito grande, pois somente eles podem intervir corretamente para que o cliente tenha seu objetivo alcançado. Sempre respeitando a individualidade corporal dos clientes informando métodos corretos para se ter saúde de forma prazerosa.

3.4 O Estudo de Caso dos Egressos de em Educação Física Bacharelado da IES de Governador Valadares

Esse estudo teve a participação de 32 egressos vinculados ao curso de Educação Física de uma instituição de ensino superior de Governador Valadares, sendo oito do gênero feminino e vinte e quatro do gênero masculino, os quais 18 formaram-se no ano de 2018 e 14 em 2019. Quanto à formação acadêmica, observaram-se as mais variadas áreas de intervenções, como saúde, desportiva, fitness, dentre outras. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Neste contexto, elaborou-se um questionário online e encaminhado aos egressos. As respostas apuradas serão demonstradas abaixo através de gráfico. Ao serem questionados: “Qual sua área de atuação profissional? ’’, doze egressos responderam Fitness, cinco responderam Desporto, cinco responderam Saúde e dez responderam outras áreas de atuação profissional (Gráfico 1):

Gráfico 1 – Área de atuação profissional

Fonte: Os autores (2019)

A segunda pergunta questionava sobre qual área de intervenção os motivaram a ingressar no curso de Educação Física Bacharel, doze responderam área de intervenção de Desporto, nove responderam área de intervenção fitness, nove informaram área de intervenção da Saúde e dois disseram outras áreas de intervenção (Gráfico 2):

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Gráfico 2 – Motivação para o ingresso no curso

Fonte: Os autores (2019)

A terceira questão indagava sobre o conhecimento que as disciplinas proporcionaram a eles, dentre as respostas possíveis vinte e sete egressos responderam que as disciplinas preparam igualmente para área do Desporto e do fitness, três responderam que a maior parte das disciplinas preparou para a área fitness, e apenas dois responderam que a maior parte das disciplinas preparou para a área do Desporto (Gráfico 3)

Gráfico 3 – Sobre as disciplinas do curso de Educação Física Bacharel

Fonte: Os autores (2019)

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A quarta pergunta questionava sobre a leitura em relação ao mercado de trabalho no decorrer do curso, vinte e três egressos responderam que sua leitura foi alterada, oito responderam que manteve sua leitura, e apenas um respondeu que não se aplicava a essa pergunta (Gráfico 4):

Gráfico 4 – Visão de mercado de trabalho.

Fonte: Os autores (2019)

Ao perguntar, na questão cinco, se algum deles se sentia valorizado profissionalmente na área em que está atuando, vinte e três egressos responderam NÃO, e apenas nove responderam que SIM (Gráfico5):

Gráfico 5 – Valorização financeira na área que atua.

Fonte: Os autores (2019)

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Ao perguntar, na sexta questão, ‘‘Em uma escala de 1 a 5,marque abaixo quanto o Desporto apresenta-se como possibilidade de sua Intervenção”, dez egressos afirmaram muita possibilidade em atuar no Desporto, oito responderam entre muita e pouca possibilidade, onze responderam pouca possibilidade em trabalhar com o Desporto e três responderam que nenhuma possibilidade de trabalhar com intervenção de Desporto (Gráfico 6): Gráfico 6 – Possibilidade do Desporto como intervenção profissional.

Fonte: Os autores (2019)

A sétima questão indagava sobre o que o egresso avaliaria como impedimentos para atuar na área do Desporto, dezessete egressos responderam que as oportunidades os impediam de trabalhar nessa intervenção, quatro responderam não terem conhecimento específico dessa intervenção por isso não trabalharia com o Desporto, quatro afirmam que é por questões de aptidão esportiva, seis responderam que é por questões de remuneração e apenas um egresso respondeu que não trabalharia com o Desporto, pois essa intervenção não tinha o reconhecimento social devido (Gráfico7):

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Gráfico 7 – Motivo de impedimento na atuação no Desporto

Fonte: Os autores (2019)

Quanto à questão oito “Em sua opinião porque a área Fitness é a mais procurada para atuação do Profissional de Educação Física?”. Vinte egressos responderam que há mais locais para atuação, cinco responderam Status e Ascensão Social perante o meio em que vivem, três responderam que essa área de atuação é mais bem remunerada, e apenas quatro responderam que seria por outro motivo além dos citados (Gráfico 8): Gráfico 8 – Sobre a procura da área fitness

Fonte: Os autores (2019)

Ao solicitar, na nona questão, a opinião dos egressos sobre se o Profissional de Educação Física é mais valorizado financeiramente no Desporto, vinte e dois egressos TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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responderam que o profissional não é valorizado financeiramente e dez egressos responderam que o profissional é valorizado financeiramente na área do Desporto (Gráfico 9):

Gráfico 9 – Valorização na área do Desporto

Fonte: Os autores (2019)

Ao equiparar as respostas das perguntas feitas a esses egressos entre a área de atuação profissional, motivação para o ingresso no curso e sobre as disciplinas do curso de Educação Física Bacharel, as respostas são distantes uma vez que a maior parte afirmou ter como área de atuação profissional o fitness porém essa mesma maioria afirma que a área de intervenção que os motivaram a entrar no curso foi o Desporto. Quanto às disciplinas ofertadas pelo curso a maioria respondeu que o curso ofereceu a eles disciplinas que os preparavam igualmente tanto para área do Desporto quanto para área do Fitness. Quanto à visão de mercado de trabalho, a valorização financeira na área que atua e possibilidade do Desporto como intervenção profissional, grande parte dos egressos declararam que no decorrer do curso sua visão em relação ao mercado de trabalho foi alterada, porém a maioria respondeu que não se sente valorizado na área de intervenção que atua, e quanto à possibilidade de atuação no Desporto a maioria respondeu poucas possibilidades. Ao confrontar as respostas obtidas na sétima, oitava e nona questões a respeito do que poderia impedir a atuação profissional no Desporto em Governador Valadares, por que a TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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área de intervenção fitness ser a mais procurada para atuação do Profissional de Educação Física Bacharelado e a valorização na área do Desporto, a maioria declara poucas chances de trabalhar com Desporto, pois o que os impede é o baixo número de locais para atuação. Porém essa mesma maioria afirmou que a área de intervenção fitness é a mais procurada por ter mais oportunidades (número de locais para atuação) e essa maioria afirma que em questão de valorização financeira no Desporto, o Profissional não é valorizado na cidade de Governador Valadares.

3 Considerações finais Uma linha em branco com espaçamento 1,5 de intervalo entre o título e o texto Concluiu-se que este estudo buscou a compreensão do quão é importante explorar as variadas intervenções que o curso de Educação Física Bacharel oferece perante o meio em que a Profissional vive, destacando-se o Desporto. Com relação às hipóteses levantadas nessa pesquisa, todas elas foram confirmadas pelo estudo de caso. Foi verificado que os profissionais formados naquela instituição, possuem uma leitura do curso com relação à cidade de Governador Valadares bastante compreendida, pois os resultados obtidos nessa pesquisa mostram que a maioria dos egressos está atuando na área do fitness por terem mais locais para atuação, em comparação ao Desporto que possui limitadas áreas para o profissional atuar. Portanto, após as análises dos resultados, percebeu-se o desinteresse pelo Desporto entre os profissionais entrevistados na pesquisa. Este fato relaciona-se ao fato de, em Governador Valadares, a intervenção Desportiva ser desvalorizada tanto financeiramente quanto socialmente em comparação com o fitness. Em síntese não tendo posição favorável na sociedade.

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REFERÊNCIAS

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OLIVEIRA, Aurélio Luiz de; SILVA, Marcelo Pereira da. O profissional de educação física e a responsabilidade legal que o cerca: Fundamentos para uma discussão. IX Simpósio internacional processo civilizador: tecnologia e civilização, 2005. Disponívelem:<http://www.uel.br/grupoestudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/an ais9/artigos/comunicacao_oral/art4.pdf. Acesso em Acesso em: 24 nov. 2019 OLIVEIRA, Rosely Conceição. Introdução à Educação Física. 2º semestre de 2019. 80 p. Fundação Presidente Antônio Carlos – Fupac. Governador Valadares. Notas de aula PEREIRA, FLÁVIO M. Dialética da cultura física. São Paulo: Ícone, 1988. RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985. TUBINO, Manoel José Gomes. Estudos brasileiros sobre o esporte: ênfase no esporteeducação. 2010. TUBINO, M. J. G.; GARRIDO, F.; TUBINO, F. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. Rio de Janeiro: SENAC, 2006.

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ANÁLISE DO ESQUEMA TÁTICO INICIAL E NOS MOMENTOS QUE CULMINAM NOS GOLS DAS SELEÇÕES DAS SEMIFINAIS DA COPA DO MUNDO DE 2018 DE FUTEBOL MASCULINO.

Pedro Henrique Lopes Moreira1 Vinícius Moreira de Oliveira1 Yuri Siqueira de Luna Freire1 Pedro Avner Ferreira Quintino2 Ana Paula Campos Fernandes3 RESUMO

Com a evolução do futebol no decorrer dos anos, foi se conhecendo e entendendo mais sobre tudo que compõe o campo e o extracampo a fim de se tornar mais estruturado e forte o futebol. O objetivo nesse presente artigo é analisar os esquemas táticos utilizados pelas seleções semifinalistas da Copa do Mundo de 2018 no início da partida e nos momentos que culminam nos gols, buscando identificar quais esquemas foram mais importantes auxiliando as seleções a vitória, além dos esquemas mais utilizados podendo ser 4-4-2; 4-3-3; 4-2-3-1; 3-1-4-2, dentre outros, verificando se os mesmos foram determinantes para as vitorias das seleções. Foram utilizados vídeos e dados de forma descritiva e de natureza básica, optando pela metodologia qualitativa nos permitindo analisar e transcrever os dados sem interferir nos mesmos. Serão utilizados os jogos das semifinais da copa do Mundo de 2018 como amostras, França x Bélgica e Croácia x Inglaterra. Palavras-chave: Esquema tático. Análise Tática. Copa do Mundo. Formação. Futebol.

1 Introdução

O Futebol é um esporte onde há o confronto entre duas equipes cada qual compostas por 11 jogadores cada, dispersos dentro de um determinado espaço denominado campo de futebol. A organização destas equipes durante a partida envolve aspectos que vão além dos conceitos fisiológicos, estes já sabidos que são de extrema importância, porém, rodeia também outro universo tão importante quanto às capacidades físicas, cognitivas, psicológicas

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Bracharèis do Curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: pepelopes07gv@gmail.com, vinnymdo2016@gmail.com, siqueira.yurigv@gmail.com 2 Orientador. Prof. Titular do curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: pedroavner111111@hotmail.com 3 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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e comportamentais, esse mundo denomina-se tática, ou estratégia, que é implantada dentro do modo de jogo das equipes através de um conceito definido como esquema tático. A tática, de acordo com Greco (1992), envolve processos cognitivos e exige alto grau de concentração e capacidade de raciocínio rápido por parte dos atletas. Algumas variáveis implicam no entendimento desse conceito de relevante importância no futebol e nos esportes em geral. Como o sistema de jogo (esquema tático), que é a distribuição dos jogadores em campo para o início de uma partida, além de compreender a formação básica, que tem por objetivo preencher todos os espaços do campo de modo uniforme (FRISELLI, 1999; BANGSBO, 2003). A partir dessas considerações, observa-se que se deve definir o sistema básico da equipe, treinar toda a dinâmica do sistema e variações possíveis (EMÍLIO, 2004). A estratégia determina o posicionamento e a movimentação de cada atleta durante a partida, tanto associada à visão individual quanto coletiva (BANGSBO, 2003), enquanto a tática de jogo entende-se como a ação que determina a maneira de ataque e defesa, sendo dividida em tática individual ou tática coletiva, ocorrendo com a bola em movimento, ou seja, todos os movimentos realizados pelos jogadores durante a partida, que tem a função de surpreender ou frustrar as ações e tentativas do adversário (FRISELLI, 1999). Segundo Silva et al. (2002) Um dos principais aspectos que caracterizam o futebol é sua parte estratégica, que gira em torno de sistemas táticos e este segundo Mello (1999, p.80) representa a maneira de distribuição dos jogadores no campo. A evolução do futebol caracteriza-se por uma alta exigência física, técnica e psicológica, além do aspecto tático que vem se constituindo num fator decisivo para a obtenção do sucesso de uma equipe (FERNANDES, 1994). Com o passar do tempo e as evoluções naturais do modo de jogo bem como táticas, esquemas e maneiras de se comportar dentro do futebol dito contemporâneo, viu-se que era necessário entender como estes modos de jogo se encaixavam em uma partida e, os fatores que influenciavam a busca pelo sistema ideal a ser aplicado. (MELO 2000; EMÍLIO 2004). Segundo Greco (2006) o futebol solicita grande empenho na tomada de decisão por parte do jogador, onde, este deve avaliar situações, observá-las, processá-las, para que esse possa escolher uma solução tanto tática como técnica adequada para aquela determinada situação dentro do jogo, e o que determina o sucesso dentro do futebol assim como nos jogos táticos depende de maneira do nível de desenvolvimento da percepção e do intelecto do atleta, TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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pois conforme Bianco (2002), até mesmo o rendimento o esportivo é uma interação de vários aspectos, porém, em especial nos jogos coletivos acaba por ser mais observável que os jogadores devem ter capacidade de agir taticamente e de maneira correta frente a situações de jogo para que os mesmos escolham o gesto motor correto a ser executado. As capacidades táticas têm relação direta com as ações de jogo que se realizam em forma de cooperação (companheiros) e oposição (adversários). É na ação do jogo que se justifica a importância do comportamento tático do jogador para o rendimento esportivo, salientada num conjunto de métodos ou procedimentos de capacidades específicas para uma organização situacional. Por isso, no esporte todas as ações dos atletas estão condicionadas pelo parâmetro situacional, constituindo-se numa trilogia que abrange tempo-espaço-situação (GRECO, 1998) O estudo realizado a seguir tem como objetivo buscar o entendimento comportamental através de uma análise do esquema tático das seleções semifinalistas da copa do mundo de 2018 no momento inicial da partida e durante as jogadas que culminam na situação de jogo em que se faz o gol e qual o esquema tático mais utilizado, se foi um esquema mais defensivo ou ofensivo como: 4-3-3; 4-4-2; 4-2-3-1; 3-5-2, entre outros, de forma sucinta e explicativa feita por estudantes e amantes da área do futebol.

2 Métodos

A pesquisa realizada neste trabalho pode ser classificada como descritiva e de natureza básica, onde se analisam os dados e os descrevem, sendo que não foi possível interferir nos dados coletados. Isto porque a pesquisa apresenta a análise e resultados da mesma, com intuito de gerar um entendimento e identificação dos esquemas utilizados em uma das competições mais importantes para jogadores de futebol. Quanto à metodologia, o trabalho em mãos faz a opção pelo método qualitativo. Esta opção se justifica porque o método escolhido permite traduzir a análise dos esquemas utilizados. Enquanto procedimento, este trabalho foi realizado por meio de observação indireta, porque se utilizou vídeos de momentos já ocorridos.

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A pesquisa utiliza-se de procedimento documental com análise através de vídeos e materiais do campeonato, onde se utilizou de meios eletrônicos para a busca de gravações/vídeos e matérias dos momentos iniciais e das situações de jogo que culminam nos gols das semifinais da copa do mundo de 2018 de futebol masculino. Tais ferramentas permitiram analisar de forma sucinta todas as informações recolhidas, sendo transcritas em todo material da pesquisa. A presente pesquisa foi realizada com os esquemas táticos das 04 (quatro) seleções: França, Croácia, Bélgica e Inglaterra, presentes nos jogos das semifinais da copa do mundo de 2018 de futebol masculino.

3 Resultados e discussão

O futebol passou por grande evolução desde os primórdios, onde os jogadores se posicionavam de maneira desordeira e o único objetivo era recuperar, a qualquer custo a posse de bola e avançar em direção ao gol adversário de forma desenfreada. Naquele tempo o sistema utilizado era o 1-1-8, assim um zagueiro e um meio campista, teriam obrigações defensivas e o ataque seria realizado por 08 jogadores. (MELO, 1999; BARBIERI, BENITES, SOUZA NETO, 2009; LEAL, 2001; DRUBSCKY, 2003; MANTOVANI, FRISSELI, 1999; CRIVELLENTI, SOARES, 2005). Ao perceber que era mais interessante passar a bola ao invés de correr ou dar chutões, surgiram então as formações táticas, a primeira na Inglaterra, o famoso triângulo invertido 2-3-5, porém em 1925 a regra do impedimento foi alterada levando a uma evolução liderada pela seleção inglesa e seu comandante Hebert Chapman, recuando um jogador do meio de campo para a defesa criando então uma formação com 3 zagueiros, essa formação fez história e ficou conhecida como 3-2-5 ou “WM”. Foi então que a Hungria sob o raciocínio de Gustav Sebés reinventou e se livrou das limitações por ele entendidas do WM e criou o 4-2-4, entretanto não conseguiu sagrar-se campeã do mundo em 1954, mas foi campeã olímpica em 1952, registrando seu nome na história por ter amadurecido uma formação tática e tendo sucesso com a mesma. O Brasil na copa de 1958 sagrou-se campeão do mundo com o 4-2-4 húngaro e a sua maneira inovou ao recuar um meia, com a criação de um quarto zagueiro e avançando outro meia quase na mesma linha de atacantes, o famoso ponta de lança, que na época era Pelé.

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Mantendo a evolução da formação 4-2-4 até a copa do mundo de 1962 no Chile e sagrando-se campeão, o Brasil inovou ao apresentar o primeiro esboço de 4-3-3 onde Zagallo era o terceiro meio-campo e acabava por facilitar as jogadas de Pelé como atacante, porém foi em 1970 que o mundo conheceu o chamado 4-3-3 torto mantendo 4 defensores, 3 meias sendo Rivelino na esquerda e Jairzinho na ponta direita como atacante, Tostão como centroavante jogando um pouco mais atrás no posicionamento tradicional de um jogador de tal classificação, e Pelé ainda como um ponta de lança sagrando-se campeã do mundo novamente. Devido a estes e outros fatos, a seleção brasileira da Copa do Mundo de 1970 de futebol masculino é considerada um dos maiores times da história. A Holanda de Cruyff inovou ao demonstrar a todos o que no papel era um 4-3-3, mas que se transformava em 3-4-3 onde todos atacavam e defendiam, foi então apresentado ao mundo o chamado “futebol total”, levando a seleção holandesa a ser vice-campeã do mundo 2 vezes. A Argentina de Minotti foi campeã do mundo superando os holandeses em casa utilizando o mesmo 4-3-3 com o ponta esquerda Ortiz e o tradicional ponta de lança da formação sendo feito por Mario Kempes. Nos anos 80 foi então que surgiu um novo modelo de jogo, remetendo-se ao passado com o primeiro modelo de formação usado pela Inglaterra, a pirâmide ou 2-3-5, Carlos Bilardo, técnico da seleção de futebol Argentina, impressionou o mundo ao apresentar o 3-5-2 onde jogavam com 3 zagueiros liberando os jogadores das laterais, os quais por sua vez tinham menos ações defensivas e mais ações ofensivas, recuando somente quando fosse necessário, ou seja, em casos de extrema necessidade defensiva, surgindo então o famoso 5-32, invertendo a pirâmide inglesa. Em 1986 essa estrutura pensada por Bilardo deu totais condições para que Maradona pudesse ter mais liberdade nas movimentações e jogadas pretendidas, levando a Argentina ao título da Copa do Mundo de futebol e colocando a seleção na história deste desporto. Desde então novas mudanças foram sendo feitas, e o futebol evoluiu em todas as áreas que lhe cabem desde fisiológicas até a então falada tática. Seguindo o exemplo da campeã Inglaterra em 1966 com 4-4-2, a seleção Brasileira em 1994 venceu a seleção Italiana. Já nos tempos do futebol moderno a seleção Italiana foi campeã do mundo com o 4-4-2, desde então as formações continuaram evoluindo até os dias atuais com a Espanha em 2010 com o 4-2-31, a Alemanha em 2014 com o 4-1-4-1 e a França em 2018 com o 4-2-3-1 sagrando-se campeãs do mundo. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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3.1 Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2018

A Copa do Mundo de futebol masculino de 2018 da Rússia foi composta por 32 seleções (Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Colômbia, Coréia do Sul, Cota Rica, Croácia, Dinamarca, Egito, Espanha, França, Inglaterra, Irã, Islândia, Japão, Marrocos, México, Nigéria, Panamá, Peru, Polônia, Portugal, Rússia, Senegal, Sérvia, Suécia, Suíça, Tunísia, Uruguai) divididas em 8 grupos de 4 seleções cada (figura 1), sendo que todos jogam contra todos, dentro dos grupos e os dois primeiros de cada grupo se classificaram para as fases eliminatórias da Copa. Figura 1 – Grupos da Copa do Mundo de 2018

Fonte: globoesporte.com

A fase eliminatória da copa do mundo foi realizada após a fase de grupos, contendo 16 seleções classificadas, oriundas da primeira fase da competição (figura 2). De forma eliminatória as oitavas de finais, quartas de finais, semifinal e final são jogadas em jogo único, sendo que quem vencer avança a próxima fase e quem perder está eliminado da competição. Em caso de empate no tempo normal de jogo, a partida vai para a prorrogação com dois tempos de 15 minutos, permanecendo o empate a partida vai para a disputa de pênaltis determinando o vencedor da partida.

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Figura 2 - Chaveamento das fases finais da Copa do Mundo de 2018

Fonte: globoesporte.com

Com o avançar das fases eliminatórias, as equipes foram se consolidando e avançando dentro da competição até chegarem às semifinais, sendo definindo os duelos entre França x Bélgica e Croácia x Inglaterra. Para chegar nessa fase da competição a França eliminou Argentina nas oitavas de finais, em um grande jogo recheado de gols, no qual a equipe acabou vencendo por 4x3. Já nas quartas de finais eliminou o Uruguai vencendo por 2x0. Do outro lado do confronto a Bélgica eliminou o Japão, em outro grande jogo das oitavas de finais, vencendo a equipe asiática por 3x2. Nas quartas de finais venceu o Brasil por 2x1 em um grande jogo tático neutralizando a equipe brasileira e avançando às semifinais da Copa do Mundo. No outro lado do chaveamento a Croácia empatou com a Dinamarca por 1x1 no tempo normal e venceu nas disputas de pênaltis por 3x2. Nas quartas de finais eliminou a dona da casa, Rússia, com um empate em 1x1 no tempo normal as equipes foram para a prorrogação que também terminou empatada, sendo a partida decidida nos pênaltis com vitória croata por 4x3. Para chegar às semifinais da copa a Inglaterra bateu à Colômbia nos pênaltis, sendo que no tempo normal a partida terminou com empate em 1x1 e vitória inglesa por 4x3 nas disputas de pênaltis. Definidos os duelos das semifinais da copa do mundo as equipes se enfrentaram nos dias 10 e 11 de julho de 2018 para definir os finalistas do torneio mais importante de futebol do mundo.

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3.1.1 França x Bélgica

O jogo realizado no dia 10 de julho definiu o primeiro finalista da copa do mundo de 2018. Em um jogo bem estudado, a França venceu a Bélgica por 1x0. No início da partida a França foi a campo com formação 4-3-2-1 (Figura 3), com intuito de atacar as alas da Bélgica, já que a seleção veio a campo com uma formação que preenche bem o meio de campo e com o jogador Matuidi que faz uma função de grande movimentação quando ataca e quando defende, e ainda contava com jogadores fortes e altos no sistema defensivo. Também distribuída no 4-2-3-1 (Figura 4) a equipe belga conteve o ímpeto francês no primeiro tempo utilizando sua formação para segurar o forte meio de campo francês, e com a escalação de um meio de campo em maior quantidade de jogadores, contando com ajuda defensiva dos seus atacantes para fechar as laterais do campo juntamente com a escalação do jogador Fellaini para fazer a função de ligação entre ataque/defesa, além de ter um papel fundamental no sistema defensivo quando necessário. Ambas as equipes se neutralizaram, contendo os pontos fortes uns dos outros e procurando atacar as brechas que eram cedidas nos ataques. Desta forma observou-se um bom jogo tanto tecnicamente como taticamente, com as duas equipes alternando o ataque e a defesa, sendo que o gol da vitória francesa saiu somente de uma jogada de bola parada no começo do segundo tempo. Figura 3 – Formação Inicial da França

Fonte: globoesporte.com

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Figura 4 - Formação Inicial da Bélgica

Fonte: globoesporte.com

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O lance que gerou o escanteio para a França onde culminou no gol do jogador Umtiti para a França, partiu de um ataque onde a Bélgica se defendia com um esquema de 4-3-2 (o outro jogador estava na área de ataque) e a França atacava no esquema de 3-1-3 ou 4-3 (os outros jogadores estavam em seu campo de defesa), podendo ver abaixo na Imagem 1 o esquema utilizado por cada equipe durante o ataque francês.

Imagem 1 – Lance que culminou no escanteio para França

Fonte: fifa.tv

O gol saiu em uma cobrança de escanteio onde a equipe francesa teve a chance de colocar a bola na área. A equipe belga marcava por zona, ou seja, cada jogador belga preenchia uma parte da sua área, o que foi determinante para o gol francês. O jogador Griezmann cobra o escanteio bem fechado na primeira trave e Umtiti antecipa aos defensores belgas para resvalar e colocar a bola para dentro do gol (Imagem 2). Com a movimentação dos jogadores franceses na hora da cobrança a defesa belga se perde na marcação, surgindo uma parte aberta onde os atacantes franceses penetram para marcar o gol. Cada jogador francês sai para um lado diferente e o defensor não acompanha o jogador Umtiti que faz o gol de cabeça, dando a vitória à equipe francesa. A partir desse momento do jogo a França passa a administrar a vantagem até o final do jogo se garantindo como primeira finalista da Copa do Mundo de 2018.

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Imagem 2 – Gol da França – Umtiti

Fonte: fifa.tv

3.1.2 Croácia x Inglaterra

A segunda partida das semifinais da copa do Mundo de 2018 aconteceu no dia 11 de julho, sendo muito mais movimentada do que a primeira, onde foi classificada por comentaristas esportivos como um grande jogo, na qual a Croácia eliminou os ingleses chegando pela primeira vez em uma final de copa do Mundo. A Croácia veio a campo com o que tinha de melhor, com uma formação muito utilizada nessa copa, o 4-1-4-1 (figura 5), onde o seu meio de campo, considerado o ponto forte desta seleção, opta pela escalação de 3 (três) volantes que se revezam fazendo as funções de ligação entre ataque/defesa e a de contenção do sistema defensivo, buscando chegar a primeira final da sua história. A Inglaterra veio a campo com uma formação ousada, o 3-1-4-2 (Figura 6), preenchendo o meio de campo e com um sistema defensivo estabilizado e forte contando com 3 zagueiros e 1 volante na frente da defesa, além da escalação de 2 (dois) jogadores quem tem como posição fixa a lateral direita, sendo eles o jogador Trippier (que na ocasião foi escalado com ponta direita) e o jogador Walker (escalado como zagueiro direito), com a intenção de conter o forte ataque pela esquerda que a equipe Croata explora com o jogador Perisic. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Figura 5- Formação Inicial da Croácia

Fonte: globoesporte.com

Figura 6 - Formação Inicial da Inglaterra

Fonte: globoesporte.com

Como fora dito antes foi um jogo mais movimentado, logo no inicio do jogo a Inglaterra foi para o ataque com um esquema de 4-1 (outros jogadores na área de defesa) e a Croácia se defendia com um esquema de 4-3 (outros jogadores na área de ataque), conforme a imagem 3, e apesar da quantidade superior de jogadores Croatas, a Inglaterra conseguiu uma falta logo na entrada da área defendida pela seleção da Croácia, onde culminou no gol. Como em edições anteriores, novamente a bola parada sendo crucial nessa fase da copa do mundo, e a Inglaterra se aproveitou desta oportunidade e saiu na frente do placar com uma cobrança de falta perfeita, batida forte e alta no ângulo esquerdo do goleiro (Imagem 4). Imagem 3 – Lance culminou na falta para a Inglaterra

Fonte: fifa.tv

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Imagem 4 – Gol da Inglaterra, Trippier

Fonte: globoesporte.com

A Croácia se lançou ao ataque em busca do empate e conseguiu no segundo tempo. Eles partiram para o ataque com um esquema de 3-2-1-2 (outros jogadores na área defensiva) e a Inglaterra se defendia com o esquema 4-1-3-1 (outro jogador na área de ataque), conforme a imagem 5 abaixo. Após a inversão de jogo da Croácia se abre um buraco na ala esquerda de defesa do campo inglês o que faz com que o lateral croata possa avançar com liberdade, fazendo o cruzamento e pegando a defesa da Inglaterra toda em linha parada na jogada olhando a bola, e mesmo com a marcação do lado direito inglês com dois laterais direitos, o atacante belga Perisic acredita na jogada, antecipa o seu marcador e com a sola do pé faz o gol croata (Imagem 6), empatando o jogo e levando a partida para a prorrogação. Imagem 5 – Lance que culminou no primeiro gol da Croácia

Fonte: globoesporte.com

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Imagem 6 – Gol da Croácia, Perisic

Fonte: Globoesporte.com

Na prorrogação a Croácia consegue o seu segundo tento, gol que leva a equipe a classificação para a final da Copa do Mundo de 2018. O gol surgiu após um bate rebate na entrada da área inglesa. A seleção croata avança os seus jogadores em um esquema 1-1-2-2 (outros jogadores na área de defesa) e pressiona a saída de bola inglesa que se defendia no esquema 4-3-1-1 (outro jogador na área de ataque) conforme a imagem 7, e logo após a dividida em uma jogada aérea um jogador croata cabeceia a bola para dentro da área, e o atacante Mandzukic avança na bola e chuta cruzado de esquerda para fazer o gol da vitória (Imagem 8). Desatenta em toda a prorrogação a Inglaterra é eliminada e disputa o terceiro lugar da Copa do Mundo contra a Bélgica.

Imagem 7 – Lance que culminou no segundo gol da Croácia

Fonte: fifa.tv

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Imagem 8 – Gol Croácia, Mandzukic

Fonte: fifa.tv

4 Considerações finais

Conclui-se que as formações utilizadas pelas seleções nas semifinais da Copa do Mundo da Rússia variam de acordo com o plantel de jogadores que o técnico tem a sua disposição, sendo notória a preferência em utilizar jogadores que compõem uma grande área de atuação dentro do campo e que conseguem contribuir com diversas posições durante um jogo. As táticas das equipes passam por essa capacidade dos jogadores, além de se observar a equipe adversária e como as mesmas se comportam dentro das quatro linhas, a fim de neutralizar os pontos fortes e atacar os pontos fracos do time rival, levando a vitória da partida. Notou-se que 50% das seleções semifinalistas utilizavam o esquema 4-2-3-1, porém das classificadas uma utilizava o esquema 4-2-3-1 e outra 4-1-4-1, fato que foi determinante para a classificação dessas seleções a final da Copa do Mundo de Futebol Masculino de 2018, devido às situações ocorridas durante os jogos.

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REFERÊNCIAS

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RIVELLENTI, F. C.; SOARES, F. L. Organização e Evolução do Sistema Tático no Futebol. Batatais, Mon. Centro Universitário Claretiano, 2005. SILVA, M. J. C.; FIGUEIREDO, A.; BRAL, F.; MALINA, R. Variáveis correlatas da motivação para a prática desportiva em jovens futebolistas masculinos de 13 a 14 anos de idade. Treino Desportivo, v. 19, p. 32-38, 2002. YOUTUBE. A evolução dos esquemas táticos no futebol. Vídeo (6’49’’). Publicado por Nexo Jornal. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FZ4Sb82myi0 Acesso em 12 de Dezembro de 2019. YOUTUBE. Croatia v England - 2018 FIFA World Cup Russia™ - Match 62. Vídeo (2’11’’). Publicado por Fifatv. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gi_2GELMwfY&feature=onebox Acesso em 20 de Outubro de 2019. YOUTUBE. France v Belgium - 2018 FIFA World Cup Russia™ - Match 61. Vídeo (2’10’’). Publicado por Fifatv. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=gi_2GELMwfY&feature=onebox Acesso em 20 de Outubro de 2019.

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PROGRAMA GINÁSTICA NA PRAÇA: AVALIAÇÃO DOS PRATICANTES DO BAIRRO SANTA RITA DA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES-MG

Edmar Pacífico Martins de Andrade1 Jackeline Alves Ferreira Ventura1 Jerry Adriane Teotônio Junior1 Rennan Quintino Cruz1 Jennifer Pimentel Soyer2 João Claudio Passos da Silva3 Ana Paula Campos Fernandes4

RESUMO

O presente estudo visa abordar a avaliação dos praticantes do bairro Santa Rita da cidade de Governador Valadares-MG que participam do Programa Ginástica na Praça da Prefeitura Municipal de Governador Valadares. O objetivo geral é expor as vantagens adquiridas através desta modalidade, pela perspectiva dos alunos. Trata-se de uma pesquisa de campo, que foi aplicado um questionário de caráter qualitativo de natureza básica, descritiva, explorando uma abordagem quantitativa. Foram entrevistadas 16 pessoas e a partir das respostas obtidas, concluiu-se que o programa teve um impacto positivo mediante a saúde dos seus participantes. Os dados apresentam benefícios nos aspectos cognitivos, físicos e sociais, ressaltando uma melhoria na qualidade de vida.

Palavras chave: Ginástica na Praça. Perspectiva. Benefícios da Ginástica.

1 Introdução

O presente estudo aborda a temática ginástica coletiva na praça e implica a avaliação dos praticantes da modalidade no bairro Santa Rita da cidade de Governador Valadares-MG. Esta modalidade vem ganhando interesse da população, por transcender de forma gratuita e acessível, além de ser uma atividade ao ar livre que proporciona um ambiente agradável e prazeroso. Segundo os autores Souza, Fermino, Anez & Reis (2014) a possibilidade e abertura nos espaços públicos dos bairros, como parques, praças e bosques podem contribuir com a _____________________ 1

Bacharéis do Curso de Educação Física da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: rennanquintino@hotmail.com 2 Orientadora. Prof. Titular do curso de Educação Física - Bacharelado da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: jennipsoyer@gmail.com 3 Co orientador. Titular do curso de Educação Física - Bacharelado da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: joaoclaudiopassos@homail.com 4 Professora Co orientadora. Docente dos cursos de graduação e pós-graduação da UNIPAC-GV. Graduada em Letras. Mestra em Gestão Integrada do Território. E-mail: anafernandes@unipac.br

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praticabilidade dos exercícios físicos ao ar livre, levando em conta que os espaços abertos urbanos exercem um papel importante para a saúde dos beneficiários. Uma vez que toda ou qualquer prática de atividade física orientada ou direcionada seja de grande importância na vida de seus praticantes. Sabe-se que inúmeras contribuições são adquiridas em virtude dessas práticas ao ar livre, nesse sentido, considera-se que o lazer também se faz presente neste ambiente percutindo de forma fundamental na vida das pessoas tão quanto a atividade em si, pois segundo Viero & Barbosa Filho (2009) as praças são locais públicos e urbanos, servindo para encontros, lazer e atrai as pessoas para prática de atividade física. A associação do lazer com a ginástica torna-se a prática diversificada, lúdica, desafiadora e segura (POSSAMAI, 2018). Para Castellani Filho et al. (2009) esta modalidade tem a opção de utilizar ou não aparelhos e acessórios específicos, transformando a prática rica em experiências corporais e culturais, desde crianças até adultos. Empregando a carga do próprio corpo como resistência (CASTELLANI FILHO et al, 2009). Segundo Lima (2018) a ginástica coletiva é muito procurada para dar formas ao corpo e também para ajudar no emagrecimento, além de proporcionar melhoria na qualidade de vida e saúde. Ela não se apresenta como alguns exercícios realizados nas academias, mas de determinada maneira, é tudo o que faz o indivíduo se movimentar, exercitar, visando melhores condições de vida (LIMA, 2018). A partir desta afirmação pode-se ressaltar que a execução desta atividade oferece benefícios aos aspectos físicos, sociais e psicológicos. Estudos relatam que as barreiras e facilitadores para a prática de atividades físicas são diversos (SCOTT; JACKSON, 1996; FAHRENWALD; WALKER, 2003; REICHERT et al., 2007; apud SILVA, D.A.S.; PETROSKI, E.L.; REIS, R.S. 2009) podendo ser compreendido que a realização desta prática regular engloba um processo de comportamento preventivo e de manutenção da saúde (MOTA; RIBEIRO; CARVALHO, 2006). Em algumas ocasiões a prática da ginástica coletiva é impossibilitada por fatores intrínsecos como limitações músculo-articulares, tonteiras, falta de ar, doenças coronarianas, entre outros. Assim como fatores extrínsecos que dificultam a permanência frequente e assídua, tais como, disponibilidade de horário, acessibilidade, disposição física, condições financeiras (MOTA; RIBEIRO; CARVALHO, 2006). Diante destas perspectivas apresentadas, o referido estudo tem como objetivo relatar os benefícios da prática da ginástica para todos através da avaliação dos praticantes do TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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programa “Ginástica na Praça”, do Bairro Santa Rita, da cidade de Governador ValadaresMG, aferido por meio de um questionário e apresentado os resultados do antes e depois da vivência desta prática. O programa surgiu a partir de uma parceria entre o município e a Secretaria de Cultura Esporte e Lazer (SMCEL) está sendo executado desde agosto de 2018, o programa foi criado para desenvolver em praças públicas, atividades físicas abertas e gratuitas, através da ginástica coletiva que atendam às necessidades da população, sendo orientada por profissionais de educação física. A ginástica na praça é realizada duas vezes por semana e já está presente nos bairros: Altinópolis, Jardim Pérola, Santa Rita, São Raimundo, São Paulo, São Pedro, Lourdes e Ilha dos Araújos. (PREFEITURA MUNICIPAL GOVERNADOR VALADARES). Disponível em: http://www.valadares.mg.gov.br/detalhe-da-materia/info/prefeitura-promove-saude-comginastica-na-praca/85759. Acesso em: 13 dez. 2019.

2 Método A pesquisa foi realizada mediante, uma breve revisão de literatura contendo os principais autores; (MALTA, 1998 apud MARTINS; SOUZA e REZENDE 2011), (POSSMAI 2018), (LIMA 2018), a roda de conversa e reflexão e questionário de caráter qualitativo, sendo estes dados obtidos através de aplicação do mesmo com perguntas voltadas a compreender os benefícios a partir da avaliação dos praticantes do programa ginástica na praça e tabulação dos resultados e análise de conteúdo. Nesse contexto pode-se entender que:

A pesquisa qualitativa é um método sistemático de investigação e, em medida considerável, segue o método científico de solução de problemas, embora haja desvios em certas dimensões. Raramente são estabelecidas hipóteses no início do estudo. Em vez disso, utilizam-se questões mais gerais para guiar o estudo. A pesquisa qualitativa progride em um processo indutivo de desenvolvimento de hipóteses e teoria à medida que os dados são revelados. (Thomas, Nelson & Silverman, 2012 p.41).

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MÉTODO PARA CHEGAR NOS RESULTADOS

Tabela 1: Organograma referente ao método empregado para chegar nos resultados obtidos

REVISÃO DE LITERATURA - Foi realizado uma revisão de forma breve, porém investigando os principais autores da área em artigos, livros, teses e dissertações.

RODA DE CONVERSA- Foi realizado uma roda de conversa e reflexão, assinatura do TCLE e apresentado os principais pontos a serem indagados nos questionários, com objetivo de elucidar e explicar conceitos fundamentais. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS - Foi aplicado questionários para indagar questões referentes do estado antes de iniciar o programa e após a participação. questionário estruturado pelos autores e direcionados. TABULAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE DE CONTEÚDO - Os dados foram tabulados em gráficos e analisados por meio de porcentagem simples e discutindo com a literatura pertinente.

Fonte: Os autores (2019)

A roda de conversa foi o primeiro momento, onde foram explicitados para os participantes os fatores que seriam indagados nos questionários, como a definição das capacidades físicas e demonstração de um exercício próprio de cada capacidade realizado por eles nas aulas. Este bate papo teve o objetivo de elucidar e tornar mais real as respostas obtidas pelas perguntas. A entrevista contém questões fechadas sobre: idade, gênero, participação, disponibilidade, benefícios perceptíveis do antes e do como se encontram agora, por fim das vantagens advindas desta prática. A pesquisa de campo foi realizada com todos os praticantes do programa ginástica na praça localizado no bairro Santa Rita, Governador Valadares, em uma segunda-feira dia 25 a 30 de setembro de 2019. Para a amostra foram selecionados os alunos que estavam implantados no programa a 3 meses ou mais e o estudo foi constituído por 16 (dezesseis) pessoas que aceitaram participar, com idades entre 30 a 68 anos de idade. As informações coletadas foram expostas, discutidas, tabuladas e condensadas por meio de gráficos. Assim, pôde-se especificar quais as vantagens identificadas. Vale ressaltar que esse estudo foi dispensado de passar pelo comitê de ética e pesquisa como critério dessa instituição.

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3 Resultados e discussão

3.1 Histórico da Ginástica

A história da Ginástica se embasa no decorrer da evolução da Educação Física, fazendo parte da vida do homem pré-histórico enquanto atividade física, por meio utilitário (sobrevivência). Nesta época os indivíduos já tinham a percepção do potencial de suas capacidades físicas (Equilíbrio, resistência, força e agilidade) e utilizava dessas capacidades em prol de seus próprios benefícios (CARVALHO, 2009 apud MARTINS; SOUZA E REZENDE, 2011). Durante a antiguidade, a ginástica que era sinônimo de exercícios físicos, se alastrou de várias maneiras para cada região. Segundo Noronha (2007) na Grécia em Atenas o culto ao corpo era através da prática da ginástica salientando a beleza por meio dos movimentos corporais, já em Esparta tinha funcionalidade restritamente para a guerrilha. Na Grécia a prática era aplicada para equilíbrio entre aptidão física e intelecto, usufruindo de alguns aparelhos que até hoje são utilizados (MALTA, 1998 apud MARTINS; SOUZA e REZENDE 2011). No Egito existia diversas manifestações de movimento corporal, atestando o desenvolvimento das capacidades físicas abordadas através da força, flexibilidade, equilíbrio e resistência (MALTA, 1998 apud MARTINS; SOUZA e REZENDE 2011). Já em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal, a preparação militar, e, em segundo plano, a prática de Atividades Desportivas como as corridas de carros e os combates de gladiadores que estavam sempre ligados às questões bélicas. (MARTINS; SOUZA e REZENDE, 2011, p.5).

Segundo Gomide e Rolo (2014) na Idade Média, a ginástica perdeu sua importância devido à rejeição do culto ao físico e à beleza do homem. Reaparecendo na fase renascentista, onde a busca por compreensão científicas e culturais, faz-se reativar a valorização da prática de exercícios. Na Idade Contemporânea, a ginástica foi difundida e motivada por diferentes educadores pelo mundo, no qual a: Alemanha, Suécia e França, foram os influentes percursores (MALTA, 1998 apud MARTINS; SOUZA E REZENDE, 2011).

Vários adeptos e pensadores dessa modalidade foram responsáveis pelo seu desenvolvimento e sistematização. Entretanto, a Suécia, através de Per Henrik Ling (1778-1839), foi o centro mais importante da sistematização da ginástica no mundo. (MALTA, 1998).

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No século XVIII, a Ginástica aos poucos foi introduzida no Brasil para a preparação física dos soldados da Corte. No decorrer do século XIX o Método Alemão é implantado no país (MENEGHETTI, 2003). A inserção da Ginástica Alemã no Brasil deve-se ao grande número de imigrantes refugiados da guerra que se instalaram no país e que tinham como costume essa forma de manifestação corporal. Por volta de 1860 o método Alemão é conhecido como o método oficial do exército brasileiro e, Rui Barbosa, defensor da prática de atividades físicas nas escolas, realiza em 1882 uma reforma que teve como princípio, “a recomendação para que a Ginástica fosse obrigatória, para ambos os sexos, e que fosse ofertada nas Escolas Normais” (DARIDO; SANCHEZ NETO, 2004, p. 2). Até o ano de 1912, os Métodos Alemães mantem-se oficial na Escola Militar e nas escolas brasileiras quando então é trocado pelo Método Francês. Obrigatoriamente esse Método passa a ser inserido nas escolas brasileiras até por volta de 1960, quando o esporte começa a ser introduzido no âmbito escolar, reforçado pelas vitórias do Futebol em Mundiais (DARIDO; SANCHEZ NETO, 2004).

3.2 Ginástica para Todos: conceito e benefícios

O público do Programa Ginástica na Praça é em sua maioria composto por mulheres, apresentando antagonicamente a relatos históricos da ginástica no mundo, por sua prática ter iniciado com o público masculino (GAIO; CIONE, 2006). Mais tarde no Brasil, durante o Século XX houve o incentivo dessa prática para o público feminino, destacando o Instituto de Cultura Física (ICF) que: [...] foi um espaço educacional fundado em 1928 na cidade de Porto Alegre, destinado ao ensino de práticas corporais femininas. Leonor Dreher Bercht e Philomena Black-Eckert, mais conhecidas como Nenê Berchet e Mina Black foram as idealizadoras, diretoras e professoras do Instituto. De origem alemã, constituíram trajetórias significativas no cenário artístico e esportivo de Porto Alegre, as quais possibilitaram a fundação do Instituto e a inserção das mulheres no campo das práticas corporais. Ambas descendentes de imigrantes alemães viajavam com certa frequência à Alemanha, dedicando-se ao aprendizado da ginástica e da dança. (DANTAS, DIAS & MAZO, 2012, p.33-34).

O termo ginástica geral passou a ser conceituado como ginástica para todos. Podese entender que:

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[...] o conteúdo de Ginástica Para Todos (GPT), antes conhecida como Ginástica Geral (GG), que visa explorar o conteúdo de ginástica como uma possibilidade diversificada de movimentos corporais e, através dela, tornar-se independente para expressar-se e superar desafios, a partir de movimentos construídos pelos alunos com as experiências vivenciadas em aula. Portanto, a Educação Física como disciplina curricular e a ginástica como parte integrante da cultura corporal, é um conteúdo que pode contribuir no processo educativo do aluno. (BOELHOUWER, 2016, p.6).

Hoje em dia a ginástica não competitiva é frequentada tanto pelas mulheres quanto pelos homens com a finalidade de prevenção ou manutenção da saúde, qualidade de vida, assim como estética e lazer (POSSAMAI, 2018). Pode-se destacar em especial a ginástica aeróbica e ou de academia como uma das diversas e inúmeras modalidades pautadas neste contexto. Segundo Ramos (1999), a atividade física contribui para estimular a coordenação, orientação, melhorar o controle do peso corporal, aumentar a força muscular, a flexibilidade e a resistência cardiorrespiratória, manter níveis baixos de colesterol e triglicérides no plasma evitando o aparecimento de doenças crônicas. Outro ponto a se evidenciar é que a ginástica se apresenta de forma autônoma, livre, o que favorece de forma relevante o convívio entre os grupos, fazendo com que cada indivíduo ultrapasse as fronteiras do seu contexto e intensifique suas comunicações. As vivências no campo da ginástica geral têm como função a socialização, além da solidariedade e identificação social, sendo um elemento privilegiado de dimensão educativa. (OLIVEIRA & LOURDES, 2004). A ginástica tem estreita relação com o trabalho do profissional de Educação Física, este é o especialista habilitado a orientar, ensinar, coordenar atividades de ginásticas em suas variadas modalidades. Por isso, a Resolução do CONFEF (2010), pontua que:

O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - ginásticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compensatórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários. (CONFEF, 2010, p.5).

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A ginástica de modo geral tem como proposta uma concepção do bem-estar, da consciência da expressão estética do movimento, a busca pela qualidade de vida, bem como a prevenção de doenças, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda para concepção da autonomia, da cooperação e da solidariedade e integração das relações sociais (CONFEF, 2010). Neste sentido, os motivos para a pesquisa do tema pautam-se na relevância das vantagens promovidas pela prática da ginástica, pois conforme Silva, Silva e Tomasi (2010) as pessoas que estão constantemente praticando atividade física estão desenvolvendo melhor qualidade de vida quando comparados com pessoas sedentárias, sendo nítido a distinção nos aspectos de saúde, psicossociais e cognitivos.

3.3 Apresentação de resultados

Segundo Metatti (2014) as atividades repetitivas do cotidiano acarretam em diversificadas doenças, tendo a possibilidades de serem prevenidas pela prática da ginástica, o que pode trazer também ao incentivo da realização de exercícios físicos. Lima (2018) apresenta que a ginástica coletiva (Ginástica para todos - GPT) é muito procurada para dar formas ao corpo e também para ajudar emagrecer, além da possibilidade da melhoria da saúde. Ela não se apresenta como uns exercícios realizados nas academias, mas de determinada maneira, é tudo o que faz o indivíduo se movimentar, exercitar, visando melhores condições de vida. O “Programa Ginástica na Praça”, criado para oferecer atividades físicas com orientação de forma gratuita, tem como objetivo proporcionar um bem-estar físico e mental, interação social, agregada ao respeito a si próprio (limitações e prontidão) e aos colegas, tanto quanto a aquisição de novos laços de amizade. A pesquisa de campo foi realizada mediante questionário aplicado indagando questões antes do início da prática, e posteriormente, para 16 (dezesseis) praticantes do programa ginástica na praça no bairro Santa Rita Governador Valadares-MG. A seguir estará exposição dos resultados dos dados. Nesse contexto e importante o reconhecimento da relação existente entre as mulheres e atividade física. Sabendo-se que a mesma traz benefícios para todos, mas em especial para as

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mulheres surge como uma alternativa de lazer ou melhoramento da saúde. (MARTINS, VIANA, MATOS, 2017) A partir desse princípio, ao analisarmos o questionário pode-se identificar que de fato as mulheres estão a cada dia mais se preocupando com sua saúde e sua imagem corporal, sendo que 87,5% dos praticantes do programa são do gênero feminino, contra apenas 12,5% dos praticantes sendo homens.

Gráfico 1: Faixa etária dos participantes do programa ginástica na praça

Fonte: Os autores (2019)

Segundo a confederação Brasileira de ginástica (2006), a GPT tem por objetivo promover o lazer saudável, proporcionando bem-estar aos praticantes, favorecendo a performance coletiva, mas respeitando as individualidades. Não existe qualquer tipo de limitação para a sua prática, seja quanto às possibilidades de execução, gênero ou idade. (NARA REJANE, 2007). Após a análise do gráfico 1, pode-se perceber que a grande porcentagem de 37,5% dos participantes do programa são de 30 a 50 anos de idade. Sobretudo, a prática de atividade física regular proporciona uma melhor capacidade funcional prevenindo e tratando doenças crônicas, que venha surgir com o processo de envelhecimento, diminuindo a taxa de morbidade, morte precoce, preservando a qualidade de vida, aumentado a longevidade e possibilitando ótimas condições de saúde (OKUMA, 1998). TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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As analises iniciais apresentaram dados básicos de percepção geral dos indivíduos, o que levou ao processo de investigação no intuito de compreender se existiam fatores antes do início do programa que poderiam comprometer resultados. Antes de se aplicar os questionários, foram feitos dois momentos de “roda de Conversa”, de forma clara e na linguagem dos indivíduos. As informações versaram sobre como poderia ser percebido cada componente dos que seriam indagados no processo de vida diária (Força, coordenação motora e etc), para assim a resposta dos questionários serem mais fiéis e fidedignas.

Gráfico 2: Qual sua percepção em relação ao grau de dificuldade na execução de exercícios antes da prática do programa na ginástica na praça?

Fonte: Os autores (2019)

De acordo com o gráfico 3, observou-se que, com a prática da atividade física oferecida ao público, ressaltou-se algumas capacidades físicas relacionadas antes de adentrar no programa, como podemos ver que a velocidade e a flexibilidade foram os maiores índices de dificuldade na execução dos exercícios com, 81,25 % e 68,75% dos praticantes.

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Gráfico 3: Qual sua percepção em relação ao grau de dificuldade na execução de exercícios depois da prática do programa ginástica na praça?

Fonte: Os autores (2019)

Após a realização da análise do gráfico 4, verificou-se que, com a prática da atividade física oferecida, ressaltou-se algumas capacidades físicas relacionadas depois de iniciar no programa, como a resistência e velocidade com, 75% e 68,75% que foram os maiores índices de melhora dos participantes. Gráfico 4: Quais aspectos você percebeu melhora após estes três meses ou mais da prática ginástica na praça.

Fonte: Os autores (2019)

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Fonte: Os autores (2019)

De acordo com o gráfico 4, pode – se identificar alguns aspectos de melhora significativa nos praticantes da ginástica como a perda de peso, melhoria na autoestima, melhoria na força, e melhoria na disposição com 17,2% sendo os mesmos níveis de porcentagem idêntico. Nota – se também que a melhoria na concentração teve um índice bem positivo com 13,83 % já a diminuição do stress com 12,77 %, visualizamos ainda que a diminuição da pressão arterial ficou com o menor percentual de 5,32 %. Ainda referente ao gráfico citado acima com os praticantes do programa Ginástica na praça observa - se que a melhora da imagem, melhora na interação, a melhora no sistema cardiorrespiratório, e a melhora nas dores músculos - articulares estiveram com os números de porcentagem iguais com 16,49 %, ficando a melhora na percepção da insônia com 13,4%. Entende – se ainda que a diminuição das doenças crônicas ficou com 11,34 % e a melhoria nos níveis de colesterol ficou com o menor percentual chegando a 9,28%. Conforme Possamai (2018), nota-se que a prática da Ginástica é procurada como um atributo de prevenir, manter ou tratar da saúde, assim como adquirir o corpo tão almejado. A autora ainda afirma que em um planejamento diário do profissional é imprescindível que a sequência de exercícios ocorra em conformidade com o objetivo da aula, atendendo a cada tipo de pessoa presente, tendo o potencial de trabalhar as capacidades físicas isoladamente ou em conjunção. Mas para o público da terceira idade ou até mesmo adultos se faz necessários, TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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em alguns casos, a modificação da atividade de forma à adaptar-se aos alunos, devido sua predisposição e/ou condições crônicas. Possamai (2018) também evidencia através da execução desta modalidade a socialização, o autoconhecimento, a elevação da autoestima, o ser capaz de intermediar sua própria vida, a valorização do senso crítico e democrático. As pessoas que começam a praticar atividade física regulamente tem uma influência positiva nesses aspectos citados pelo autor Possamai (2018). A maioria das pessoas quando sai do sedentarismo inicia - se a prática de atividade física pensando apenas no corpo belo e estético, mas ganham vários benefícios como controle emocional, aumento da autoestima, diminuição da ansiedade e melhora no humor. A atividade física na modalidade da ginástica na praça tem muitos ganhos significantes dentro de uma rotina diária. Entende – se que o exercício físico é muito mais do que colocar o corpo em forma além dos benefícios para saúde contribui em um estilo de vida saudável e prazeroso. A definição de boa saúde, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), não fala apenas dos aspectos físicos, mas também do bem-estar mental e social." Portanto mediante aos estudos e resultados discutidos acima podemos concluir que a prática de atividade física da ginástica coletiva na praça do bairro santa Rita incluído no programa tem gerado muitos benefícios a saúde como também nos aspectos cognitivos, emocionais e sociáveis mudando os hábitos dos praticantes para uma influência positiva no dia – a – dia de cada um. É de suma importância destacar que as principais vantagens obtidas pelo programa ginástica na praça, estão diretamente ligadas com a aplicabilidade das capacidades e habilidades individuais. Dita estas como: coordenação, flexibilidade, força, velocidade, agilidade, equilíbrio e a resistência. Segundo Bregolato (2006) a coordenação é a capacidade física que permite realizar uma sequência de exercícios de forma coordenada. Flexibilidade é a capacidade física que permite executar movimentos com grande amplitude. Força é a capacidade física que permite deslocar um objeto, o corpo de um parceiro ou o próprio corpo através da contração dos músculos. Velocidade é a capacidade física que permite realizar movimentos no menor tempo possível ou reagir rapidamente a um sinal. Agilidade é a qualidade física que permite mudar a direção do corpo no menor tempo possível. Equilíbrio é a qualidade física conseguida por TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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uma combinação de ações musculares com o propósito de assumir e sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade. Resistência é a capacidade física que permite efetuar um esforço durante um tempo considerável, suportando a fadiga dele resultante e recuperando com alguma rapidez. Assim, estudos apontam que vários efeitos deletérios dos envelhecimentos aumentam os riscos e aproximam os indivíduos de doenças crônicas, conforme demonstrado na tabela 2:

Tabela 2:

Efeitos deletérios do envelhecimento

Fonte: Adaptado de Matsudo (2001)

Diversos são os achados na literatura que apontam os diferentes custos sociais decorrentes da adoção de um estilo de vida sedentário (LAMBERTUCCI, PUGGINA, PITHONCURI, 2006; PITANGA, 2002). Assim como afirma o Center for Disease Control and Prevention dos EUA (CDC, 2004), a inatividade física é responsável por em torno de dois milhões de mortes prematuras no mundo anualmente também acarreta uma elevação do custo econômico para o indivíduo, para a família e para a sociedade. Nessa perspectiva, pode-se apontar que o programa Ginástica na praça contribui de forma relevante, para além dos efeitos positivos observados nos resultados, de forma geral, contribui para uma adoção de hábitos saudáveis, contribuindo de forma coletiva para a remissão de hábitos sedentários, indo de encontro com a política de saúde e atividade física nacional e internacional.

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4 Considerações finais Após a realização da pesquisa do programa ginástica na praça, podemos dizer que é uma atividade corporal completa, pois contribui para o nosso desenvolvimento humano nos seus aspectos motor, cognitivo, social e afetivo. Identificamos uma melhora nas aptidões funcionais como: flexibilidade, equilíbrio, força e agilidade, que auxilia de base para a prática de outros esportes e atividades. A partir desta pesquisa foi possível perceber, como a promoção de saúde é adquirida com a prática de atividade física, através da modalidade ginástica coletiva, com a implantação do programa ginástica nas praças da cidade de Governador Valadares

– MG, como

ferramenta para a melhoria da saúde, do condicionamento físico, tudo visando melhora da qualidade de vida, para que a comunidade desta cidade se sentisse melhor, com mais saúde mental, física e social. A ginástica coletiva ofereceu melhor integração, socialização e conhecimento sobre a questões ligadas a promoção da saúde, bem-estar e qualidade de vida dos praticantes. Muitos participantes relataram que durante os três últimos meses ou mais de prática desse programa, já notaram uma mudança significativa em relação aos benefícios advindos do projeto, como podemos perceber com a análise dos gráficos feitos a partir de dados tabulados de uma pesquisa de campo.

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REFERÊNCIAS

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CAUSAS QUE LEVAM OS DISCENTES A COLAREM NA HORA DA PROVA

Cinthia Maria de Farias1 Lais Roberta Santana de Oliveira1 Luzia Pereira Ribeiro1 Natalia Martins de Santa Rita1 Sayonara Barbosa Pereira1 Viviane Oliveira Celestino da Silva1 Sandra Maria Perpétuo2 Marilene Ferreira de Oliveira3 RESUMO

Este artigo resulta de um estudo que buscou compreender quais as causas que levam os discentes a utilizarem a “cola” durante a prova. Teve-se como objetivo central investigar os principais motivos que levam a cometer este ato fraudulento. Para alcance dos resultados, realizou-se uma revisão bibliográfica, tendo como principais aportes teóricos os estudos e pesquisas realizadas por: Demo (2009), Piletti (2013), Werneck (2012) Morin (2015), e outras publicações que tratam do assunto abordado fazendo uma revisão de todos. Os resultados obtidos mostraram de forma clara que os alunos colam para obtenção de uma boa nota e consequentemente passar de ano. Assim, é possível fazer uma análise crítica sobre a visão da avaliação tanto para os docentes quanto para os discentes, que veem a avaliação apenas como meio de se ter bons resultados numéricos, o que é prejudicial para o processo de ensinoaprendizagem. Palavras-chaves: Cola. Discente. Avaliação. 1 Introdução

Este artigo foi elaborado a partir de inquietações sobre a seguinte questão: Em todas as etapas do seu período escolar quais as situações que levam o discente a usar a “cola”? A partir disto foi realizada uma pesquisa que pudesse levar ao entendimento dos reais motivos que leva o discente a cometer tal ato em sua trajetória escolar. Na pesquisa científica a metodologia de natureza básica tendo a finalidade de produzir conhecimento sobre o ato da “cola” descrevendo as causas através da interpretação dos fatos e das pesquisas bibliográficas, visando os reais motivos que levam os discentes a ___________________ 1

Licenciadas do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG. Email:fariacinthiaf@gmail.com;laisrobertasant@hotmail.com;luziapereiragv@outlook.com;natilourdina@gmail. Com; sayonarabarbosa18@gmail.com; vivianeocsilva@gmail.com 2 Orientador(a).Sandra Maria Perpetua do do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG..Email: sandraplocatelli@hotmail.com 3 Co-Orientador(a). Marilene Ferreira de Oliveira do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG..E-mail: marilenewkk@hotmail.com

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utilizarem tal recurso para benefício e até mesmo resultados satisfatórios que não provêm dos seus conhecimentos. A “cola” pode ser notada no âmbito escolar e podemos ver sua prática desde os anos inicias até a formação superior, as pessoas que com bom humor usam ditos populares como: “Quem cola, não sai da escola” ou “Quem não colou já reprovou”, porém existem muitos discentes que buscam inovar sua forma de aprendizagem para que não se faça o uso desta prática, o que fará dele um acadêmico que zela pelos conhecimentos de fato adquiridos através do efetivo estudo. Esta prática utilizada torna-se um meio de “burlar” as regras de forma ilícita e prejudicial à educação nessa visão a cola estaria determinantemente ligada a um desvio de conduta do discente, porém essa visão reduz o olhar social da questão, e a instituição como espaço social, portanto o ato de colar deve ser analisado em vários aspectos como: Social, psicológico e educacional. Em contrapartida, existem olhares que consideram o aspecto social da cola como o de Martins (2004) onde o autor defende a cola como um direito de aprendizagem compartilhada com os colegas e de não se submeter às políticas coercitivas de professores e da escola. Porém o que nos interessa abordar é a visão dos professores e dos alunos a respeito da temática. O ato da cola tornou-se uma prática de rotina desde os anos iniciais até o ensino superior e desse modo o objetivo de investigação são os principais motivos que levam os discentes a cometer este ato fraudulento. Vários são os motivos para a utilização desta prática na avaliação, pois os discentes são cobrados pelos pais a apresentar boas notas e a escola também exerce uma pressão psicológica ao classificar os alunos em bons e ruins na procura pelo status da educação de excelência.

2 Como a avaliação é vista no ambiente escolar

Quando existe um sistema de avaliação baseado somente no estimular para alcance de notas e “principalmente altas notas” que muitas desejam manter status de melhor instituição, o aluno pensa que o importante é passar com boas notas e não entende o real

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sentido de aprendizado e conhecimento das matérias e etapas alcançadas, o seu conhecimento fica limitado trazendo assim consequências para o futuro. “A avaliação no ambiente escolar torna-se de grande importância para o discente, indo muito além de somente uma ação classificatória, requer um aprendizado contínuo e certeiro tendo o ambiente e o educador trabalhando em conjunto”. (MORIN, 2015p.90)

Para a escola e professores a avaliação é um instrumento de grande significado, pois ela se utilizada corretamente pode ser valiosa para o ensino-aprendizagem dos alunos, fazendo com que o mesmo concretize seus conhecimentos. Alguns professores utilizam a avaliação classificatória ou somatória rotulando os alunos em bons e ruins, fazendo com que o aluno sinta a necessidade de estar sempre à frente dos outros, mesmo que para isso ele passe por cima das boas maneiras ensinadas em casa.

A avaliação escolar, sem dúvida, constitui um dos aspectos mais problemáticos e polêmicos do processo de ensino e aprendizagem não só pela sua, muitas vezes, equivocada compreensão, como também pelos efeitos não raras vezes deletérios sobre os alunos. Refletir sobre o assunto para possíveis correções de rumos nunca é demais. (PILETTI, 2013,p.12)

A avaliação deve ser vista num sentido mais amplo de conhecimento, ela deve diagnosticar por meio de diversas atividades aquilo que o aluno aprendeu ou não, servindo também para que o professor tenha uma análise do seu método de ensino, fazendo com que o aluno e professor façam uma reflexão do ensino e da aprendizagem. Segundo Piletti:

Na avaliação educacional, as situações são semelhantes aquela do observador sem instrumentos. Provas e trabalhos escolares não são instrumentos de medida no sentido canônico da expressão, mas simples meios auxiliares que subsidiam a avaliação pessoal que o professor faz da aprendizagem de seus alunos após um período de ensino (PILETTI, 2013,p.10)

Poucos professores avaliam seus alunos por meio de pesquisas, uma tarefa de casa, um questionário, uma leitura, geralmente é por meio de duas ou três avaliações escritas somente. Contudo, quando se avalia os alunos por meio de outras atividades, isso garante melhores resultados, afinal ele estará em um processo de construção e este não precisa ocorrer necessariamente e unicamente no ambiente escolar. A avaliação poderá ser feita também através das anotações feitas pelo professor em sala de aula, questionando o aluno de que forma chegou a um determinado resultadoda atividade ou até mesmo na hora da explicação, TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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fazendo perguntas para que os mesmos participem deixando o ensino-aprendizado mais prazeroso. 2.1 A utilização da “cola” no âmbito escolar

Dentro dos padrões utilizados nas instituições de ensino, a cola é caracterizada como uma fraude dentro do âmbito escolar, dando confiança ao discente que este ato irá suprir suas necessidades, mediante a avaliação que o mesmo está submetido. Faz-se de uma manobra para os alunos competirem quando há uma alta cobrança de obter boas notas, trata-se de uma cultura educacional que com toda certeza afirma-se que seja também uma cultura mundial.

A cola é uma defesa do aluno. Quem participar de tantos trabalhos prévios terá até vergonha de colar. Se isto acontecer, é uma coisa bastante comum, denota uma falsidade e distorção da sinceridade do aluno. (WERNECK, 2012,p.86)

Há inúmeras formas de trapacear em provas escritas, existem estratégias mais antigas, até as mais modernas, criadas ao longo do tempo com o avanço da tecnologia. A cola tradicional se caracteriza por anotações escritas em papel ou partes do corpo e que podem estar escondidas em lugares inusitados. Já a eletrônica é por meio de escuta no ouvido, e com a sofisticação dos telefones celulares, são usados para consulta à internet, mensagens e até fotografar o material de interesse. Existem também os famosos cochichos, aquela “conferida” rápida na prova do colega e até troca de provas, o momento propício é quando algum aluno distrai o professor, que estava atento olhando a turma. De acordo com Morin:

Os professores deveriam efetivar e ensinar também uma ética do diálogo, dialogo entre alunos que brigam entre si, diálogo entre professores e alunos. (MORIN,2015,p.84)

Esse diálogo proposto por Morin se fosse realmente utilizado na sala de aula, não haveria espaço para colas, ato que pode prejudicar a aprendizagem do aluno, fazendo com que busque alternativas para conseguir uma melhor nota e consequentemente passar de ano. O professor vendo que os alunos estão utilizando esse meio deve encontrar alternativas para que este ato não seja mais praticado em sala de aula, e a forma mais correta de se saber qual está

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sendo o problema é chamando os alunos para uma conversa franca, e se disponibilizar para ajuda individualmente quando possível. Muitos alunos se dispersam na hora da explicação, ou até mesmo não entendem, é a hora de o professor fazer com que os mesmos participem mais das aulas, fazendo perguntas referente ao assunto, abordagens mais lúdicas e de fácil entendimento. Os professores de ciências, por exemplo, podem levar seus alunos para a parte externa da escola e fazer um trabalho coletivo, propiciando assim um melhor entendimento, até mesmo avaliando seus alunos com alguma prática naquele momento, que estará tornando a aprendizagem mais prazerosa e ainda trazendo benefícios para o ambiente escolar e o aluno.

Quando o que se aprende tem uma utilidade prática, aprende-se mais depressa e, enquanto a aprendizagem for utilizada, não será esquecida. (PILETTI,2013,p.63)

Outro antídoto para a cola é a prova com consulta, o aluno se sentirá mais confiante ao fazer a avaliação, podendo o professor estimular a capacidade de argumentação e fazendo com que os objetivos propostos sejam alcançados. Outra forma também já usada é a prova em dupla, ela dá a liberdade ao aluno de discutir com o colega as questões fazendo com que o aprendizado de cada um seja somado ao do colega e assim, concretizado. 2.2 Justificativas que levam os discentes a utilizarem a “cola”

Diversos são os motivos que levam os discentes a utilizarem a cola na avaliação, nota-se na maioria das vezes, que o aluno sente vergonha de interromper a explicação do professor e falar que não entendeu o conteúdo explicado e isso faz com que sintam inseguros na hora de realizar o que é proposto e acabam utilizando a “cola” na realização da avaliação. Morin afirma que:

Explicar é considerar uma pessoa ou um grupo como um objeto e aplicar-lhes todos os meios objetivos de conhecimento. Por vezes, a explicação pode ser suficiente para a compreensão intelectual ou objetiva. Ela é sempre insuficiente para a compreensão humana. (MORIN, 2015,p.73)

Isto acontece quando a própria escola coloca o status de possuir notas altas e de melhor instituição acima da aprendizagem dos alunos, desse modo eles não buscam aprender o conteúdo, mas somente alcançar as notas e para isso utilizam da cola na maioria das vezes TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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muito bem pensada, com estratégias que burlam a prática executada naquele momento pelos professores, o que demonstra uma capacidade intelectual bastante apurada do aluno. Percebe-se que muitos alunos colam porque os pais cobram notas boas na escola, e se não alcançadas são punidos, seja de forma física, verbal ou colocados de castigo, entre outros, o que causa grande estresse e cobrança por parte do discente, muitas vezes até levando a traumas. No sistema de ensino também não é diferente já que o sistema é classificatório como bons ou ruins, e os que não alcançam boas notas ou altas são rotulados como dificuldades de aprendizagem. Se o discente possui essa habilidade para produzir a cola e colocar em prática sem ser visto, os professores necessitam explorar essa capacidade dentro da sala de aula.

Para ensinar, dizia Platão, precisa-se de Eros, ou seja, do amor. É a paixão do professor por sua mensagem, por sua missão, por seus alunos que assegura uma influência possivelmente salvadora, a de acessar uma vocação de matemático, de cientista, de escritor literário. (MORIN, 2015,p.93)

Os alunos, pais e a própria escola necessitam adotar uma postura diferente em relação a importância de alcançar boas e altas notas pois os discentes utilizam destes métodos por sentir medo de não conseguir, ficam nervosos esquecem tudo tendo o famoso branco. Piletti (2013) aborda a importância de uma aprendizagem eficiente em que o aluno aprende o conteúdo e não o esquece isso colabora para que o mesmo não necessite utilizar a cola, para isso podem ser utilizados alguns procedimentos e técnicas que quando aplicados aumentam a eficiência da aprendizagem que quando tem uma utilidade e enquanto for utilizada não será esquecida. Segundo Werneck (2012), o estudo errado é feito para passar de ano, para obter nota e logo se esquecer de tudo, é uma espécie de trabalho, faz prova esquece e neste processo, muitos utilizam a cola para alcançar as notas e o resultado final. O que constatamos é que a maioria dos alunos que frequentam a escola não aprende os conteúdos ministrados, os alunos são acusados de desmotivados e vivem criando problemas disciplinares, desse modo a escola se isenta da responsabilidade do ensino. Portanto Morin (2015)também reflete sobre os erros que os alunos cometem gerando certos obstáculos que estão ligados ao modo como os alunos agem e refletem diante dos meios disponíveis que, não sendo apropriados levando ao erro. Poderíamos citar ainda os

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erros provocados pela situação escolar ou pelo método utilizado, este pode ser inteiramente defasado em relação às necessidades e ao funcionamento mental do aluno. Desse modo a pesquisa leva conclusão de que a cola é caracterizada como ilícita, já que desautorizada por normas institucionais ou até por determinações estabelecidas pelo professor, utilizando de meios fraudulentos para obter vantagens nas notas no âmbito dos processos de avaliação sendo essa, talvez, a forma mais difundida de fraude. Pois muitos alunos possuem dificuldade ou problema de aprendizagem que não foram sanados pelos professores durante o processo de ensino e aprendizagem.

3 Considerações finais A “cola” na escola é a prática de furtar ideias e respostas alheias nas situações de avaliação. Trata-se de um fenômeno tão recorrente que gera a palavra de ordem dos corredores quem não cola não sai da escola. A recorrência do fenômeno sugere que a prática da cola seria ou um problema menor ou um problema insolúvel. Aqueles que a veem como problema menor defendem que muitas vezes a cola pode até estimular a criatividade dos alunos, tantos são os meios inventados para burlar a vigilância de professores e inspetores. Aqueles que a veem como problema insolúvel defendem que a essência do ser humano é ruim, logo, se faz necessário aumentar o controle para que os alunos, pelo menos, colem menos. De fato, trata-se de um problema. Mas, no entanto, esse problema não é nem menor nem insolúvel. Por que a cola não é um problema menor? Porque através da sua prática o futuro cidadão aprende a desonestidade intelectual, exatamente a matriz de todo tipo de corrupção que assola o país. Através da prática da cola o futuro cidadão aprende a subornar, a aceitar suborno e a avançar o sinal vermelho. Minimizar a importância da cola implica minimizar suas graves consequências para toda a sociedade. Por que a cola não é um problema insolúvel? Porque ela é fabricada pela própria escola, que dela precisa para estruturar e justificar seu complexo sistema de controle e poder. Na verdade, a cola é a sombra da própria escola. Se percebermos como isso acontece, podemos mudar as práticas escolares que instituem e promovem a cola. Na escola são tantas as disciplinas que o conhecimento fica todo esfacelado. Nenhum professor pode dar conta de toda a matéria que se ensina aos alunos em todas as disciplinas, TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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mas todos os professores exigem que seus alunos dão conta do que eles mesmos não conseguem. Tanta divisão provoca fragmentação do conhecimento e alienação dos professores. Os alunos não o vê mais no professor a figura do Mestre e não transferem o que aprendem de uma disciplina para a outra por exemplo, escrevem certo apenas na aula de português. Os professores não sabem o que os colegas ensinam, mas obrigam seus alunos a aprender sua matéria como se fosse a única.

REFERÊNCIAS

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INFLUÊNCIA DA DESIGUALDADE SOCIAL NO DESEMPENHO DAS CRIANÇAS NOS PRIMEIROS ANOS DA TRAJETÓRIA ESCOLAR

Deigicélia Ferreira L. da Silva1 Larissa Souza Santos1 Matheus Laurindo da Silva1 Raisse Rodrigues de Souza1 Samara Moreira Ferreira1 Samuel de Castro N. B. Siqueira1 Sandra Maria Perpétuo2 Maria Helena Campos Pereira3 RESUMO A pesquisa apresenta um estudo da desigualdade social em relação ao desempenho escolar, visto que quando pais economicamente desfavorecidos têm um capital cultural limitado, exigindo longas jornadas de trabalho para obter uma rentabilidade financeira um pouco maior no final do mês, esses não conseguem aprofundar em conhecimento com seus filhos. Essa realidade pode comprometer o apoio e acompanhamento dos pais na realização das atividades escolares dos filhos. Através desse estudo, observou-se que as crianças enquanto ao sofrerem alterações sociais alteram seu comportamento para com os professores e colegas de sala de aula, bem como acarreta em transformações no relacionamento com os pais. Dessa forma, essa pesquisa buscou responder sobre a questão em relação às dificuldades enfrentadas por esses profissionais e familiares e como a consequência desse processo associado à desigualdade econômica colabora para o desempenho do aluno no ambiente escolar, no seio familiar e em sociedade. Vale ressaltar que projetos interativos que possam desenvolver atividades que envolva toda a comunidade escolar, conhecidas como atividades extracurriculares, promove o enriquecimento do capital cultural e social de pais e alunos. Palavras-chave: Desigualdade social. Relação família escola. Desempenho escolar.

1 Introdução

O presente artigo resulta de um estudo que teve como finalidade pesquisar se há influência da desigualdade social no desempenho escolar das crianças nos primeiros anos de escolaridade. Este estudo se propôs discutir, a partir da perspectiva de diferentes sujeitos, as condições de vida das crianças, suas famílias, os principais fatores vulnerabilizantes e o reflexo das dificuldades sociais em seu bem estar, saúde mental e desempenho escolar. ________________________ 1 Licenciados (as) do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: deigiceliagv@hotmail.com; larissasantos.ls430@gmail.com; matheuslaurindo96@hotmail.com; raisse.rds@hotmail.com; samfrr244@gmail.com; samuelcnbs@gmail.com 2 Orientador. Sandra Maria Perpétuo do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: sandramariaperpetuo@gmail.com 3 Co-orientador. Maria Helena Campos Pereira do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com

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É possível dizer que a dificuldade financeira compromete o contexto familiar em vários quesitos, corroborando para que em alguns casos os pais necessitem se ausentar com maior frequência da vida dos filhos e, consequentemente, não podendo estar acompanhando de perto o desenvolvimento escolar dessas crianças. Frente a essa realidade, considerou-se importante responder à questão: A condição econômica interfere no desempenho escolar da criança? Percebe-se que a desigualdade social é caracterizada como um dos maiores problemas da sociedade e esses processos são intensificados de maneira cada vez mais gradativa, o que aumenta também os problemas, principalmente socioeconômicos, dos mais pobres. A pesquisa discorreu sobre a fundamental importância da presença dos pais, o desenvolvimento de seus filhos, tanto no âmbito escolar, quanto, no que diz respeito à sua formação como cidadão. Sabe-se que, para que isso aconteça, será necessário ter uma base familiar estruturada, dessa forma é de suma importância que a família tenha um papel atuante, consolidando o lado emocional, social e cognitivo da criança. Para a efetivação da pesquisa realizou-se um estudo em torno do referencial bibliográfico, no qual se caracteriza com ume estudo básico e qualitativo, uma vez que atribui conhecimento em torno da revisão apresentada. Os procedimentos usados foram: levantamento de dados e análise de quais estavam em concordância com o tema selecionado.

2 Influência da desigualdade social no desempenho das crianças nos primeiros anos da trajetória escolar

A escola é um dos primeiros espaços de socialização e construção do conhecimento. Espera-se que ela propicie um ambiente de convivência acolhedor, livre de violência e um saber interessante. Todavia, ainda hoje, falta a muitas delas uma educação que leve em consideração as diferenças entre seus componentes: a diversidade cultural, a condição social, as possibilidades de cada um e as visões de mundo (CAMPOS, 2003; FRIGOTTO, 1993). Nesta dissertação encontra-se a afirmação de autores, que mostram que a condição socioeconômica das famílias interfere em diversos aspectos, tanto no âmbito social, quanto, no educacional. Os aspectos que são observados com maior frequência dentro do convívio escolar e no desenvolvimento da criança é a ausência da participação das famílias, devido à ‘’escassez de tempo’’ ocasionado por longas jornadas de trabalho. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Para se apreender os modos específicos com que cada família concebe e atua face à educação escolar de seus filhos, há que se considerar uma diversidade quanto às condutas, valores e estratégias familiares, de acordo com sua realidade socioeconômica, mas também em face de suas condições internas de transmissão dos capitais cultural e escolar. (GLÓRIA, 2007, p. 23)

A desigualdade econômica, chamada imprecisamente de desigualdade social é perceptível no Brasil. Essa desigualdade pode ser observada diretamente no contexto escolar, em que as crianças apresentam traços de que pertencem a classes sociais diferentes. A educação, portanto, é conduzida de forma desigual, sendo que nas escolas públicas é comum se ver uma estrutura e qualidade de ensino baixa, fator que pode ser uma contribuição para que a criança esteja vulnerável a violência e criminalidade.

O conceito de território vulnerável, com base nos autores aqui referenciados, diz respeito aos lugares, geralmente mais distantes das regiões centrais das cidades, marcados pelas desigualdades sociais, com baixa cobertura de serviços e equipamentos públicos e privados, com maior concentração de famílias de baixa renda, com pouca escolaridade e fracos recursos culturais. (BATISTA; CARVALHO-SILVA, 2013; CENPEC, 2011 apud PERPÉTUO, 2019 p. 24)

Em torno dessa desigualdade, pode-se observar que em muitas vezes essa oferta de educação com a qualidade inferior, pode afetar diretamente no desenvolvimento da criança. Dessa maneira, a criança chegará à escola com várias questões a serem trabalhadas pelos profissionais da educação, o que poderá acarretar em um processo mais longo e em alguns casos com maior grau de resolução.

Mas, quando se leva em conta a realidade da grande maioria das famílias brasileiras, vê-se que são as famílias de baixa renda e de menor nível de instrução as que apresentam um maior número de filhos e que, portanto, apresentam a menor possibilidade de propiciar a eles uma escolaridade de média ou de longa duração. (GLÓRIA,2007, p. 256).

Observando a realidade das famílias brasileiras, acredita-se que existe uma grande porcentagem de chefes de famílias, seja o pai ou a própria mãe, no caso de mães solteiras, que não possuem um trabalho formal, necessitando buscar alternativas em outras atividades profissionais sem carteira assinada e em serviços autônomos. Esses casos mostram a relação de pessoas que não conseguiriam conciliar a vida profissional com a educacional, obrigandoos a trabalhar para a sustentação da família. Assim, os pais por estarem sempre envolvidos

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com trabalho não possuem o tempo adequado para o acompanhamento escolar de seus filhos, fator este que interfere no processo de aprendizagem da criança.

Os resultados do presente estudo apontam indicadores de comportamento paterno que influenciam o desempenho acadêmico dos filhos. De modo geral, quanto maior a frequência da comunicação entre pai e filho, dos cuidados com o filho e da participação do pai nas atividades escolares, culturais e de lazer do filho, maior o autoconceito e o desempenho acadêmico das crianças. (CIA; BARHAM; FONTAINE, 2012 p. 09).

Portanto, observa-se que o desempenho escolar das crianças é algo que está condicionado diretamente a relação familiar que o mesmo possui, sendo que quando há uma ligação mais próxima de pais e filhos, eles passavam a ter facilidade no desenvolvimento escolar. Segundo Ponce (2005), o sistema educacional constituiu-se, a partir do momento em que a sociedade se estruturou em classes sociais antagônicas, com o fim da chamada sociedade primitiva. Os interesses e as necessidades da classe social dominante passaram a delimitar o campo da educação na medida em que passou a servir para a dominação social de poucos sobre muitos. O referido autor, ao analisar a gênese da escola, entende que esta instituição surgiu, a partir do fato de que a dominação militar e política não surtiam mais os efeitos desejados em uma sociedade, que se tornava cada vez mais complexa e multifacetada. Sendo assim, a necessidade de se construir um aparato de dominação ideológica e intelectual encontrou, na escola e no sistema educacional em geral, seu ponto de apoio. A necessidade de se apropriar da atividade intelectual e das técnicas refinadas de produção passou a compor o rol da divisão social do trabalho e, neste sentido, a classe dominante passou a compreender a educação como elemento fundamental para a manutenção da desigualdade social, uma vez que os conhecimentos científicos e tecnológicos passaram a ser compreendidos como, cada vez mais necessários para o desenvolvimento do sistema produtivo (SOARES, 2004; TONET, 2005). A desigualdade de renda pode ser observada por alguns dados obtidos por Pochmann e Cols, (2004a), que revelam que as cinco mil famílias mais ricas do Brasil representam o equivalente a 0,001% das famílias brasileiras, ao mesmo tempo em que detêm 40% do produto interno bruto. Em contra partida, das 34 milhões de pessoas entre quinze e vinte e quatro anos de idade, 40% vivem em situação de extrema pobreza.

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um alto índice de evasão escolar no Brasil. Segundo esta instituição, considerando que a escolaridade básica é de nove anos, pessoas de doze a quatorze anos que vivem com uma renda familiar per capita acima de dois salários mínimos têm uma média de 6,4 anos de estudo, enquanto aquelas que vivem abaixo deste rendimento apresentam uma média inferior (3,4 anos de estudo). Isso se repete em todos os grupos de idade. O problema da evasão escolar atinge 12% dos jovens mais pobres, o que equivale a 700 mil adolescentes de idades entre 15 e 17 anos que abandonaram a sala de aula sem concluir o ensino médio, o percentual é oito vezes maior do que entre os adolescentes mais ricos.(IBGE, 2018). De acordo com o relatório “O Cenário da Exclusão Social no Brasil”, publicado pela UNICEF em 2017, a exclusão escolar afeta principalmente crianças e adolescentes vindos das camadas mais vulneráveis da população, já privados de outros direitos constitucionais. Do total fora da escola, 53% vivem em domicílios com renda per capita de até ½ salário mínimo. Esses jovens, que fazem parte de populações vulneráveis, não estão apenas fora da escola. Estão excluídos de todo um sistema de garantia de direitos. São sujeitos com menos acesso a direitos básicos, como registro civil, atendimento de saúde e vacinação. Estão mais expostos a formas extremas de violência, exploração e abuso sexual. (UNICEF, 2017) No Brasil, há atualmente cerca de 10 milhões de jovens entre 15 e 17 anos que, segundo a Constituição Brasileira, deveriam obrigatoriamente estar frequentando a escola. No entanto, 1,5 milhão de jovens sequer se matricula no início do ano letivo. Apenas 8,8 milhões de jovens matriculam-se e desse total, outros 0,7 milhão abandonam a escola antes do final do ano letivo. Como resultado dessa elevada evasão e abandono, apenas 6,1 milhões de jovens entre 15 e 17 anos (59% do total) concluem a educação média com no máximo um ano de atraso. Importante ressaltar que a distribuição desses jovens, espacial e entre grupos socioeconômicos, não é uniforme, e que quanto maior a vulnerabilidade familiar, maior a probabilidade de esses jovens evadirem ou abandonarem os estudos. Por exemplo, enquanto 59% dos jovens brasileiros concluem a educação média com no máximo um ano de atraso, entre jovens negros cuja mãe é analfabeta, vivendo em situação de extrema pobreza em áreas rurais da Região Nordeste, apenas 8% concluem a educação média com no máximo um ano de atraso. (IBGE, 2013). Assim, a necessidade de complementação da renda familiar é uma realidade que permeia o cotidiano das famílias mais pobres, o que interfere diretamente no rendimento TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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escolar dos alunos (GUZZO; LACERDA JÚNIOR; EUZÉBIOS FILHO, 2005; GUZZO; SANT´ANA; MARIOTE; WEBER, COSTA E CAMPOS, 2005). Esse quadro reflete uma situação generalizada de analfabetismo, o quê, em uma sociedade que exige determinados níveis de capacitação técnica e de estudo para a inserção no mercado de trabalho, acaba por servir à lógica dominante, pois mantém uma reserva de mercado e perpetua a divisão social do trabalho, que diferencia o trabalho manual e intelectual.

2.1 Desigualdade econômica no âmbito escolar

Além da escola, a condição econômica dos pais também é algo que influencia o desenvolvimento em torno da aprendizagem das crianças. A partir da observação do desempenho dos alunos, tomando por base os resultados da Prova Brasil, constataram que quanto maior os níveis de vulnerabilidade social do entorno do estabelecimento de ensino, mais limitada tende a ser a qualidade das oportunidades educacionais por ele oferecidas. A principal evidência de efeito território sobre as oportunidades educacionais encontrada por esses pesquisadores – notada por meio de procedimentos estatísticos – é que os alunos com baixos recursos culturais familiares que estudam em escolas de entorno mais vulnerável tendem a obter desempenho pior; em contrapartida, alunos com mesmos recursos culturais, quando estudam em contextos menos vulneráveis, obtêm desempenho melhor. A situação é equivalente para alunos com maiores recursos culturais: quando estudam em contextos mais vulneráveis, tendem a apresentar desempenhos piores. (RIBEIRO, 2017; VÓVIO, LEMOS, 2017 p. 06)

Com base nas concepções destes autores, não são todas as crianças que possuem o mesmo nível de ensino e aprendizado. É preciso que desde cedo, a criança tenha acesso a uma educação de qualidade, mas nem sempre isso acontece, não é somente a escola que é responsável por isso, os pais têm um papel importante nesse processo. Nesse sentido, a escola pública requer mudanças tanto, no currículo quanto, na avaliação com práticas que valorizem uma construção de conhecimento mais abrangente, considerando outros saberes e as múltiplas aprendizagens. Sobre o currículo, Paro (2007) reafirma a dimensão conteudista, em que a escola é vista como uma mera transmissora de conhecimentos e informações. Neste foco, educação e pobreza são temas muito discutidos nos órgãos governamentais e na sociedade civil. Por um lado, a educação como sendo fundamental para o futuro do país, por outro, a pobreza como uma barreira para essa educação. Desta maneira, as políticas sociais são criadas TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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no intuito de minimizar a pobreza, que no Brasil são mais de 50% da população acima dos 10 anos (IBGE, 2010). Todavia, a educação se dá em diferentes espaços e a escola é um dos quais crianças pobres, têm mais acesso, sendo esta a principal forma de educação. O fato é que a escola precisa encarar a pobreza como uma realidade e que o sistema educacional deve empenhar esforços no sentido de tornar a aprendizagem possível e adequada às reais necessidades dos alunos. No entanto, há que se considerar que a educação, como escreve Connell (1995, p.12), “não é uma panaceia para a pobreza”, porém pode contribuir na formação de cidadãos mais conscientes, capazes de enxergar possibilidades de transformação de suas realidades. Assim, observa-se que uma família que tenha uma renda baixa, naturalmente os pais irão trabalhar mais e passar menos tempo com seus filhos, a fim de tentar conseguir um aumento financeiro. Nas escolas, também foi possível conseguir ver isso. Uma escola que tenha melhores condições financeiras, pode-se conseguir ter acesso a mais recursos, tudo com o intuito de melhorar a educação de seus alunos. Isso proporcionará à instituição, maiores chances de atingir os objetivos propostos para a atuação no que diz respeito à educação de seus educandos. Apesar de a Lei de Diretrizes e Bases prever o repasse de uma considerável fração das verbas públicas para a Educação, esse investimento não tem sido facilmente percebido no cotidiano das instituições públicas. Nem mesmo a política de descentralização das verbas da Educação tem contribuído para comprometer o Estado em investimentos desta natureza. E à demagogia referente ao processo de descentralização das verbas públicas para a Educação está inscrita neste contexto. Para Luz (2000) e Rodriguez (2001), o centralismo político, na administração dos recursos financeiros do Estado, é coerente com a descentralização das verbas para os serviços básicos, como Saúde e Educação. Para os autores, a descentralização restringe-se a um processo formal, que não reflete a democratização da gestão destes serviços, e sim uma nova roupagem que se estabelece para a manutenção de uma política de concentração de recursos na mão dos poucos que administram a máquina pública. Neste contexto, a ausência da ação do poder público fica evidente nos dados de uma pesquisa, realizada por Euzébios Filho e Guzzo (2005), que teve como objetivo analisar a percepção de duas pessoas de segmentos sociais distintos, moradores da região Leste de Campinas, sobre a desigualdade social. Uma das participantes, proveniente de um segmento social privilegiado, é professora de uma das escolas em que o projeto "Risco à Proteção" atua. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Outra participante, moradora de uma vila popular de baixa renda, tem seus filhos estudando nas duas escolas públicas em que o mesmo projeto desenvolve trabalhos. Ao contrário da percepção da professora, que tem seus filhos estudando em universidades particulares, a outra participante refere-se à ação do poder público como algo distante de sua vida, especialmente quando esta analisa a estrutura das escolas públicas mencionadas. O discurso da participante de baixa renda evidencia a ação do poder público nas escolas dos filhos, quando se refere à falta de investimento, à falta de estrutura da escola, à falta de cursos disponibilizados e ausência de atividades para a comunidade (EUZÉBIOS FILHO E GUZZO, 2005). Esta dinâmica reflete o grau de precarização das escolas públicas, frequentadas pela maioria da população e, neste sentido, a desigualdade social encontra no sistema educacional brasileiro uma de suas bases de sustentação, o que nos obriga a rever o caráter atual das instituições de ensino, que atuam, passivamente, nesta situação e, muitas vezes, são, de fato, os agentes produtores desta dinâmica social. 2.2 Desempenho escolar das crianças em situação de vulnerabilidade social O desenvolvimento e a aprendizagem infantil devem ser analisados de forma geral, assim, segundo Vygotsky (1896 - 1934), a relação entre desenvolvimento humano e ambiente é de grande importância, sendo que criança e ambiente exercem influência direta. (Rapoport; Sarmento, 2009). Então, através dos estudos de Vygotsky, as crianças que se desenvolvem em ambientes que não apresentam condições favoráveis, que presenciam e sofrem práticas violentas em família, com pouco estímulo por parte dos pais, tendem a ter seu desenvolvimento prejudicado e a serem influenciadas pelas mediações negativas que o meio ao qual estão inseridas lhes submete. Segundo Cavalcanti (2005), em relação ao pensamento de Vygotsky, ele apresenta o comentário sobre as zonas de desenvolvimento real, que segundo o autor corresponde à capacidade já adquirida pela criança e à zona de desenvolvimento proximal equivale ao potencial a ser desenvolvido, que a criança poderá alcançar com o auxílio de um adulto. Daí a importância de adultos capazes e dispostos a estimular o potencial dessas crianças e delas estarem em um ambiente onde a aprendizagem seja favorecida. Dessa forma, em comunidades vulneráveis, são poucas as famílias que tem a possibilidade de dispor de materiais, jogos, livros ou mesmo de tempo e atenção para dedicar às crianças.

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As crianças apresentam a tendência de mostrar na escola um comportamento igual ao que vivenciam em seu cotidiano familiar, principalmente quando essas são de famílias que presenciam constantemente, uma situação de vulnerabilidade social. Segundo Sopelsa (2000, p.34) cita que “desde o nascimento até a morte, o homem sofre influências das pessoas, da sociedade, do mundo, e reage a estas influências de acordo com as raízes que lhe foram impressas, ao longo de sua existência, pelas suas vivências e sentimentos”. Em um estudo realizado por Ferreira e Marturano (2002, p.40), as crianças com problemas de comportamento sofrem mais agressão física por parte dos pais, seu relacionamento com os pais é descrito em um tom mais distante e se torna comum a presença de conflitos, e assim resultam em mais suspensões na escola. Dessa forma, prejudica todas as relações que as crianças têm com as pessoas. Tal pesquisa apresenta os fatores que auxiliam nas dificuldades encontradas nas escolas localizadas em bairros onde vivem famílias em condição de vulnerabilidade social. Ferreira e Marturano (2002, p.39) referem ainda que, no estudo realizado, “o grupo de crianças com problemas de comportamento tem seu ambiente de desenvolvimento mais prejudicado”, o que leva a crer que crianças que se desenvolvem em um ambiente estável não apresentam tanto problema quanto as que vivem em ambientes conturbados que apresentam alterações no comportamento e baixo rendimento escolar. Para Vygotsky se tratando da aprendizagem, está se inicia antes mesmo do ingresso da criança na escola, sendo que aprendizagem e desenvolvimento estariam interligados (RAPOPOR; SARMENTO, 2009). A vida escolar fica afetada pelas vivências que acompanham as crianças. A família é o primeiro vínculo social ao qual a criança está ligada, e é por meio dela que adquirimos a linguagem, os costumes e práticas sociais. Através da família que se desenvolvem os primeiros laços afetivos, indispensáveis para o desenvolvimento integral de uma criança. A falta de acesso associada à desvalorização da educação, à incompreensão dos pais quanto à sua importância, os problemas econômicos e culturais, as drogas e a criminalidade, entre outras tantas dificuldades, fazem da família muitas vezes um fator de risco para o desenvolvimento e, consequentemente, para o desempenho escolar da criança (FERREIRA; MARTURANO, 2002). Ainda segundo Ferreira e Marturano (2002, p,39), “crianças provenientes de famílias que vivem com dificuldades econômicas e habitam em comunidades vulneráveis, tendem a apresentar mais problemas de desempenho escolar e de comportamento”. Para Pereira; TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Santos; Williams (2009), muitos pais não reconhecerem na escola uma oportunidade de ascensão social, não incentivando seus filhos a dedicarem-se aos estudos, isso, devido ao fato de muitos dos pais ou responsáveis por essas crianças apresentarem baixa renda. Cabe à família propiciar uma base sólida, embasada no comprometimento com a educação da criança, mesmo com condições adversas em que se encontram grande parte das famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social. Entende-se que, na vida de uma criança a escola desempenha funções imprescindíveis. Segundo Bee (1997, p.284) “a mais óbvia influência que não a família sobre a criança entre os 6 e 12 anos é a escola que ela frequenta”. Este ambiente poderá significar para a criança um local de proteção, onde a criança se sentirá acolhida. Contribuirá para a aprendizagem, e serão proporcionadas vivências que farão parte do desenvolvimento. É no ambiente escolar, principalmente em comunidades vulneráveis, que a escola assume funções que vão além do ensino, onde se dá a socialização, lá também são construídos laços afetivos com colegas e professores que poderão ocupar papel importantíssimo na vida de uma criança, principalmente, se esta passou por adversidades. A carência afetiva e social das crianças obriga o corpo docente a oferecer mais do que a legislação delega à escola. De acordo com Sampaio (2004, p.38), “os laços de família estão cada vez mais frágeis. O que pode ser evidenciado pelo registro crescente de separações e divórcios.”, fator este que também afeta no desenvolvimento educacional, assim modelando a estruturação da personalidade da criança, e exercendo uma influência determinante na vida do ser humano, por ser uma instituição que educa e desenvolve hábitos e valores básicos. A escola tem como papel fundamental o trabalho destas funções para elaborar as dificuldades individuais, familiares e sociais, que lhe foram delegadas. Os transtornos de dificuldades de aprendizagem apresentam vários fatores que influenciam sua constituição como aspectos sociais, afetivos, e de ordem orgânica, podem ocorrer ao longo do ciclo de vida do indivíduo. As dificuldades de aprendizagem podem ser um fenômeno que afeta diretamente as crianças conforme Fonseca (1995). Ainda segundo este autor, o termo dificuldade de aprendizagem tem a seguinte definição: é um termo geral a que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala da leitura, da escrita e do raciocínio matemático.

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Com isso, identifica-se que a dificuldade de aprendizagem também se encontra em vários fatores como: fome, desmotivação, falta de estímulo, desestrutura familiar, problemas pessoais, que interferem na aprendizagem e prejudicam no desenvolvimento do aluno. 3 Considerações finais

Em virtude dos fatos mencionados, sabe-se que a condição econômica dos pais, acaba interferindo de forma direta e indireta na educação de seus filhos, e assim reflete no desenvolvimento escolar, sendo o fator de uma baixa aprendizagem que se apresenta em fatores como: notas baixas, no seu comportamento para com os professores e colegas de sala de aula, entre outros. No cotidiano do desenvolvimento do aluno na escola, as dificuldades em torno do aprender se fazem constantemente presentes e cabe à equipe educacional realizar a identificação para que seja formulada uma maneira de ajuda ao aluno. O que não pode ocorrer é que a dificuldade de aprendizagem deixe crianças sem alfabetização, sem o conhecimento, da cultura e da vida social, por falta de instrução. Dessa maneira é visível que a aprendizagem envolve vários fatores, inclusive a posição social e familiar do aluno. Portanto, a escola dentre esse cenário é a principal figura, sendo que deve voltar os olhares para a realidade do aluno fomentando uma mudança de ensino para cada educando, com práticas educativas que possibilitem uma reflexão acerca da própria condição e das possibilidades de transformação a partir de si próprio.

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RECURSOS NECESSÁRIOS PARA ALFABETIZAÇÃO DE PESSOAS COM CEGUEIRA

Ana Carolina Clementino Rocha1 Débora Oliveira Pinheiro1 Eduarda Teófilo Correia1 Kamilla de Almeida Ferreira1 Michelle Ramos Martins1 Sandra Maria Perpétuo2 Eliane Aparecida Silva Duarte3 RESUMO

Este artigo resulta de um estudo que teve como intuito responder o seguinte questionamento: Quais recursos são necessários para o processo de alfabetização de pessoas com cegueira? Para responder a questão partiu-se da hipótese de que pouco ainda se explora recursos diversificados que podem contribuir para a alfabetização das pessoas cegas, sendo que existem recursos que ainda são desconhecidos por muitos profissionais da educação e que podem fazer a diferença nesse processo de alfabetização. Dessa maneira o presente artigo teve como objetivo geral investigar os recursos que são necessários para a alfabetização de pessoas com cegueira e, de modo específico, a investigação realizada buscou identificar quais são as dificuldades que as pessoas cegas possuem em seu processo de alfabetização e quais recursos são utilizados, sendo eles tecnológicos ou não, para que a alfabetização dos cegos de fato aconteça. Para realização deste estudo foi utilizada como metodologia a revisão bibliográfica, com a consulta a artigos científicos, teses e dissertações que possibilitam compreender que para a alfabetização dos cegos de fato acontecer é necessário além da especialização dos profissionais de educação o auxílio de recursos pedagógicos, sendo eles tecnológicos ou não. Palavras-chave: Recursos didáticos. Alfabetização de cegos. 1 Introdução

O presente artigo resulta no estudo realizado por meio de uma revisão bibliográfica sobre os recursos necessários para a alfabetização de pessoas com cegueira. Os estudantes cegos, no ensino regular, participam da fase de alfabetização igual a todos os outros alunos da sala, entretanto, os alunos com cegueira necessitam do apoio dos profissionais do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e para isso a professora ____________________ 1

Licenciadas do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: carolrocha_gv@hotmail.com; debynha_sp@hotmail.com; eduarda.correiat@gmail.com ;

kamilla.eslbm@gmail.com; martinsmichelle045@gmail.com 2

Orientador. Prof. Titular do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: sandramariaperpetuo@gmail.com 3 Co-orientador. Prof. Titular do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: elianeasd@hotmail.com.

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regente e as professoras das salas de recurso precisam ter materiais adaptados para a realização deste trabalho. Essa pesquisa reconhece que a escola tem um papel fundamental no ensino e aprendizagem dos alunos com Deficiência, e no caso da deficiência visual isso não é diferente. Para tanto, é necessário que a equipe docente busque conhecimento em relação à deficiência e às especificidades da pessoa com deficiência visual, sendo cega ou com baixa visão. Sabe-se as dificuldades para encontrar todos os recursos necessários para realizar o trabalho com as pessoas cegas, entretanto, a atitude, a dedicação e os conhecimentos dos profissionais da educação quanto a esses recursos farão toda a diferença. Diante dessa situação, busca-se responder à seguinte indagação: Quais são os recursos necessários para o processo de alfabetização de pessoas com cegueira? Este questionamento vem da hipótese de que ainda se explora poucos recursos para que o aluno com cegueira tenha êxito no processo de alfabetização. Todavia, existem recursos pedagógicos adaptados e tecnologias assistivas para tal aluno que ainda são desconhecidos por grande parte dos educadores. Esses recursos desconhecidos podem possibilitar um avanço significativo no desempenho educacional de alunos cegos, tornando a aprendizagem significativa. Sendo assim, podem ser considerados instrumentos de ensino facilitador no processo de alfabetização de alunos com cegueira e, assim, estimular o interesse do discente com relação ao processo de alfabetização. O objetivo geral da pesquisa realizada foi identificar quais recursos são utilizados no processo de alfabetização de pessoas cegas. Para tanto, de modo específico, buscou-se conhecer as dificuldades encontradas pelos cegos no processo de alfabetização; identificar quais recursos que viabilizam a alfabetização para os cegos; identificar os recursos tecnológicos que poderão auxiliar no processo de alfabetização de pessoas com cegueira. Contudo, considera-se que o referido trabalho possui imensa relevância no meio educacional, por se tratar de diversos recursos relacionados às pessoas com cegueira na área educativa e por ser pouco explorado. Nesta perspectiva, muitos profissionais da área educacional não tem o domínio ou até desconhecem os recursos que auxiliam a aprendizagem das pessoas com cegueira. Dessa maneira, tal instrumento irá apresentar e assessorar os profissionais da educação em apoiar e estimular de forma efetiva as pessoas cegas em seu processo de alfabetização. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Assim, pode-se afirmar que essa pesquisa é de natureza básica, com objetivos descritivos, a fim de descrever e relacionar os recursos necessários para alfabetizar crianças com cegueira. Este estudo se preocupou em usar como procedimentos metodológicos a revisão de literatura que consiste na leitura de importantes doutrinas a respeito do tema, bem como em artigos científicos publicados, teses, dissertações e apostilas. Sendo assim, o artigo é de caráter qualitativo, visto que os resultados apresentados são através de conceitos e ideias a serem levantadas após a leitura e o estudo da pesquisa em si. Estes foram considerados os mais adequados para o conhecimento e compreensão do problema que está sendo pesquisado. Este trabalho está dividido em quatro partes, sendo elas: trajetória histórica que relatará o percurso do deficiente visual até os dias de hoje; o processo de alfabetização, onde será apresentado como acontece a alfabetização de crianças cegas; tecnologias utilizadas, abordando os recursos tecnológicos utilizados no processo de alfabetização do cego; especialização profissional, para demonstrar o importante papel que o educador tem no processo de alfabetização de uma pessoa com cegueira.

2 Recursos didáticos para alfabetização de cegos

A alfabetização de cegos é um fenômeno pouco estudado pelos profissionais da educação, dessa maneira surge a seguinte questão: quais são os recursos utilizados para a alfabetização de pessoas com cegueira? Para responder tal indagação, inicialmente será apresentada a trajetória histórica que as pessoas cegas percorreram em seu processo de educação. Em seguida, os recursos que podem ser utilizados para a alfabetização de cegos, sendo eles tecnológicos ou não. Por fim apresenta-se o quão importante é a especialização dos profissionais da educação para que de fato a alfabetização de cegos se concretize.

2.1. Trajetória Histórica: Educação para cegos

A visão da sociedade sobre as pessoas com deficiência até o século XVII era uma concepção diferente dos dias atuais. As pessoas com qualquer tipo de deficiência eram consideradas indesejáveis pela sociedade que as compreendia incapazes de desenvolver e

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conviver no meio de outras pessoas, ditas normais. Por isso, eram levados para asilos e manicômios, a fim de que fossem cuidados. Antes de pensar em um modelo social da deficiência é preciso enxergar os deficientes como indivíduos. Vale ressaltar que a deficiência, vai muito além de uma lesão patológica, refletindo para uma doença social, os indivíduos deficientes não tinham direito para lutar e serem inclusos na sociedade, como mostra Fernandes, Schlesener, Mosquera (2011, p. 133):

A trajetória do indivíduo com deficiência é marcada por preconceitos e lutas em favor do direito à cidadania, de acordo com cada cultura dentro das sociedades. A origem do termo “cultura” refere-se ao termo latino colere que significa “cultivar”, “habitar”. A maneira como se origina e evolui a cultura, irá definir o processo da educação de um povo. Isso significa que cultura e educação estão associadas. Devemos então lembrar que para muitos autores a pesquisa é produção de cultura; por isso, a sua importância para as transformações sociais.

Diante do exposto, vale ressaltar que o movimento feminista, assim como a luta dos deficientes contra preconceitos, em questão a inclusão dos cegos, foi de extrema importância para o caminhar de um mesmo objetivo, visto que ambos lutam pelo direito da igualdade social. Segundo Pinto (2010), ao longo da história ocidental sempre houve mulheres que se rebelaram contra sua condição, que lutaram por liberdade e, muitas vezes, pagaram com suas próprias vidas. A Inquisição da Igreja Católica foi implacável com qualquer mulher que desafiasse os princípios por ela pregados como dogmas insofismáveis. Mas, a chamada primeira onda do feminismo aconteceu a partir das últimas décadas do século XIX, quando as mulheres, primeiro na Inglaterra, organizaram-se para lutar por seus direitos, sendo que o primeiro deles que se popularizou foi o direito ao voto. O movimento feminista está presente até hoje no Brasil e em muitos países do mundo, a luta é constante, para que mulheres sejam respeitadas e valorizadas com o mesmo direito dos homens. As feministas, conhecendo e participando ativamente desse processo do modelo social do deficiente, questionaram alguns aspectos relevantes que é preciso atentar, pois a lesão existe e, às vezes, ela é grave, relevante, patológica, demanda cuidado e dependência, caracterizando ajuda sempre, ou seja, não são todos os deficientes que conseguirão serem autônomos e produtivos, por isso as feministas “revigoram a tese social da deficiência e ampliam novos conteúdos ao debate político e teórico, como por exemplo, a crítica à TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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igualdade pela independência, calçada na capacidade produtiva do indivíduo e o debate sobre o cuidado’’. (SILVA, 2018, p.35). A sociedade tem grande importância para esse assunto, já que é nesse contexto que as pessoas com deficiência estão inseridas. O contexto social e as políticas públicas interferem diretamente nas condições e modo de viver da sociedade em geral e, em específico, da pessoa com deficiência, podendo assim, a sociedade interagir com as pessoas e não com suas limitações. Os primeiros serviços de atendimentos às pessoas com deficiência começaram no século XVII na Europa, e desse século em diante, vários foram os avanços para pessoas cegas e de outras deficiências, não só na Europa, mas no mundo inteiro. No século XIX, surgiram as classes especiais nas escolas comuns e, no final do século XX, a consolidação das escolas especiais para atender alunos com deficiência. Nos anos 90, século XX, nasce a perspectiva Inclusiva, que tomou força e foi amplamente difundida e é hoje realizada nas escolas da rede de ensino regular no Brasil. Portanto, é importante ressaltar que muitas mudanças aconteceram até a década atual e foi a partir dessas modificações que as pessoas com deficiência, cada vez mais, passou a ter vez e voz diante das dificuldades encontradas para sua inclusão social; sabe-se que ainda há muito que fazer para que de fato essa inclusão aconteça, entretanto desde séculos passados a evolução dessa inclusão é notória.

2.2. O Processo de alfabetização dos cegos

Observa-se que muitas mudanças importantes aconteceram nas duas primeiras décadas do Século XXI como a formação de professores, aquisição de recursos especiais, materiais pedagógicos para apoio e suportes adaptados para os cegos, além da oferta dos cursos de Braille, principalmente para pais e profissionais da educação. O processo de alfabetização de cegos é um processo que vai muito além daquilo que realmente acontece nos dias de hoje. Segundo Karnal (2011), a linguagem em Braille utilizada pelas pessoas com cegueira é uma linguagem complexa para aprendizado e de longa duração, dessa maneira, o estudante cego, antes de se alfabetizar necessita adquirir outras habilidades, como o tato, a lateralidade, a coordenação motora fina e global, para então acontecer a aprendizagem do Braille em si. As crianças cegas antes de serem inseridas no processo da leitura e escrita, necessitam que o educador faça um trabalho voltado ao desenvolvimento das TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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habilidades sensoriais e da psicomotricidade. Rocha, Neto (2012) afirma que o corpo é a principal porta de entrada e saída para as experiências psicomotoras. Assim entende-se que a psicomotricidade enxerga o ser humano de uma maneira total, explorando questões relacionadas a habilidades sociais e cognitivas como um vasto campo a ser explorado. De acordo com Caixeta (2008, p.126, apud MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO- MEC Brasil, 2001, p.34), “o Sistema Braille consta do arranjo de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas de três pontos, configurando um retângulo de seis milímetros de altura por dois milímetros de largura. Os seis pontos formam o que se convencionou chamar “cela braile”. Os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo, coluna da esquerda, pontos 1-2-3; do alto para baixo, coluna da direita: pontos 4-5-6. As diferentes disposições dos seis pontos permitem a formação de 63 combinações ou símbolos Braille”. Uma criança que não possui nenhum tipo de deficiência visual recebe estímulos no processo de alfabetização, do ambiente em sua volta, com relação a cartazes, outdoors, etc. Entretanto, a criança cega não tem esse estímulo visual do ambiente, mas, seu potencial é o mesmo, e com uma orientação e estimulação correta, tanto da família como da escola é capaz de aprender da mesma forma e se desenvolver muito bem. Como aponta Azevedo (2011), deve-se trabalhar em um primeiro momento no Sistema Braille a leitura e depois a escrita, se atentando ao fato de que a escrita feita com o instrumento Reglete exige que a coordenação motora fina seja mais desenvolvida. Portanto, no processo de leitura, as crianças cegas vão ganhando habilidades no que se refere às destrezas das pontas dos dedos, assim, consequentemente, elas vão se aprimorando no processo de aprendizagem da escrita em Braille. As potencialidades das crianças cegas devem ser estimuladas durante o processo, devendo o estímulo ser feito de forma integral, é nesse momento que a criança cega entra em contato com o mundo real, da matéria, usando os diferentes símbolos e instrumentos para a mesma se descobrir e se redescobrir em seu ambiente. Deve-se utilizar de atividades que desenvolvam nas crianças habilidades básicas, tais como: peso, tamanho, espessura e a lateralidade. Azevedo (2011, p. 445), aponta que poderão ser aplicadas algumas atividades com alunos cegos, como:

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Tampar e destampar frascos (tampa de pressão); subir e descer zíper de calça, bolsas e vestidos; empilhar e desempilhar objetos; colar e descolar etiquetas, fitas adesivas; abrir e fechar diferentes tipos de portas e janelas; parafusar e desparafusar; alinhavar e desalinhavar, bordar e costurar; enfiar e desenfiar contas (elaborar objetos com contas); abotoar e desabotoar; fazer e desfazer nós grossos e laços; armar e desarmar quebra-cabeças (primeiramente, de forma simples e depois aumentar o grau de complexidade); pintar e modelar com as mãos; tocar instrumentos, como violão e piano.

Nas tarefas apresentadas anteriormente, também, pode-se trabalhar os conceitos de igual-diferente, grande-pequeno. Outras sugestões que ainda beneficiam o desenvolvimento da coordenação motora fina dos deficientes visuais são: rasgar pedaços de papel de diferentes texturas para construir painéis e caixas; destacar tiras de papel, previamente pontilhadas; cortar com tesoura própria, folhas de papel, tecido; dobrar pedaços de papel, roupas; virar páginas de caderno com as pontas dos dedos; recolher com as pontas dos dedos grãos, palitos, pregos sem ponta, folhas de papel e clipes. A alfabetização é um trabalho amplo, linguístico, que está ligada ao letramento e ao conhecimento de mundo, visto que para alguns cegos, muitas vezes, chegou tardiamente, pois muitas famílias deixam de oportunizar vivências importantes para estimulação das pessoas cegas por julgarem que são limitadas cognitivamente, sendo que, as pessoas com cegueira precisam ser estimuladas da maneira correta, com recursos que lhes permitam desenvolver suas habilidades. O material didático desenvolvido e adaptado no processo de ensino e aprendizagem de crianças cegas é um recurso de fundamental importância no oferecimento de condições adequadas e propícias à aprendizagem e que devem agir de forma simplificadora nesse processo, visto que, as crianças com cegueira podem apresentar atraso no desenvolvimento global. O deficiente visual encontra dificuldade na interação, na exploração e no domínio de seu meio físico, todavia, a falta dessas experiências pode prejudicar a compreensão das relações espaciais, temporais e aquisição de conceitos necessários ao processo de alfabetização.

2.3 Tecnologias Utilizadas

Na atualidade, identificam-se recursos tecnológicos que vieram para contribuir no processo de alfabetização para os cegos: “Os ledores digitais ou sintetizadores de voz

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simulam a comunicação entre humanos de acordo com diálogos naturais, mais conhecido como DOS VOX, impressoras braile, e-books e o braile eletrônico.” (KARNAL,2010, p. 5) Os recursos tecnológicos têm muito a contribuir de forma positiva, sendo o computador a ferramenta mais completa para o ensino de cegos. Sendo assim, ao decorrer dos tempos e com os avanços tecnológicos muitos outros recursos foram criados e são utilizados pelas pessoas cegas, podendo então considerar que esses recursos vêm substituindo o Braille, tal processo pode ser compreendido como desbrailização.

A prática do Braille (técnica da reglete e punção) é solitária e precária para a criança que necessita outros estímulos que não os visuais para aprender. Nesse sentido, os recursos tecnológicos e da informática têm muito a contribuir (KARNAL, 2010, p. 4).

Os recursos didáticos, além de tornarem a aprendizagem relevante e apreciável, devem também estimular o interesse em aprender, sendo eles adequados e adaptados à criança de acordo com suas necessidades especiais, dessa maneira valorizam sua forma de perceber e sentir o meio em que vivem. Os softwares educativos apresentam diversidades em sua apresentação, esse recurso, pode incluir uma gama de pessoas em seu público, sendo necessário destacar o público que possui deficiência visual, e para o cego há um software educacional, denominado AugaBeti, que tem como intuito apoiar o processo de alfabetização de crianças com essa deficiência, pois o software propõe uma variedade de atividades de leitura e escrita de letras e números, além de atividades que exploram estruturas aritméticas, algébricas e geométricas, tendo em vista a classificação em três tipos de deficiência visual: cegueira, baixa visão e visão reduzida. Os Softwares Educacionais para Crianças cegas oferecem novas possibilidades para que as pessoas com deficiência visual possam realizar atividades de escrita e leitura. Softwares leitores de telas, por exemplo, são programas que capturam informações apresentadas na tela do computador na forma de texto e as transformam em resposta falada utilizando um sintetizador de voz. O software educacional Auga Beti é um instrumento educacional que pode ser usado na aprendizagem como um importante apoio para a educação e inclusão, visto que no Brasil ainda é muito reduzido o acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação, e esse software educacional foi desenvolvido para servir de auxílio no processo de alfabetização de crianças que possuem cegueira. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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O Auga Beti, somado a outros materiais pedagógicos adaptados para este públicoalvo, podem melhorar as condições de aprendizagem e trazer novas possibilidades de apoio nesse processo, sendo necessário evidenciar que esse software traz não somente atividades de alfabetização, como também atividades que exploram estruturas aritméticas, algébricas e geométricas. Entretanto, sabe-se o quanto é importante os benefícios que o texto Braille pode levar para as pessoas cegas, o uso do Braille pode favorecer aprendizagens diretas sobre a estrutura do texto, pois apresenta estrutura semelhante à encontrada no texto escrito em tinta, pode favorecer aprendizagens das convenções ortográficas, gramática leitura direta do texto sem intermediação de nenhuma voz. Desse modo, compreende-se que o Braille é um recurso fundamental para alunos que possuem cegueira em seu processo de alfabetização, mesmo considerado complexo, é o sistema mais utilizado pelas pessoas com deficiência visual.

É notório que mesmo com os avanços tecnológicos a escrita em braile não poderia ser completamente esquecida pelos cegos, visto que, tal recurso é o que possibilita ao cego o contato direto com a escrita. (BATISTA, LOPES, PINTO, 2017, p.183).

Segundo Karnal (2010), embora o cego esteja limitado em sua condição, não há defasagem cognitiva, apenas a metodologia para o ensino de Braille está ultrapassada em relação às demandas sociais da atualidade.

2.4. Especialização Profissional: Um método necessário

Azevedo (2011) aponta uma reflexão sobre as dificuldades encontradas no âmbito educacional por parte do despreparo e falta de investimento aos profissionais de educação que deveriam estar aptos para a aprendizagem de alunos que possuem necessidades especiais. A formação inicial dos educadores é um período sistemático e de avaliações importantes no que tange às mudanças nesse sistema, e uma das razões que contribuem para essa etapa é o tempo e o propósito dos planos de estudos, outra razão também necessária é o conjunto de experiências práticas e teóricas que apresentem diversidades e que preparem os futuros docentes aos desafios da educação contemporânea, como é interpretada a Educação Inclusiva nos dias atuais. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Conforme destaca Silva (2009), o professor deverá se sentir competente em sua atuação, pois, ao contrário disso, o mesmo estará sujeito a expectativas negativas e menor nível de interação com seus alunos. Educadores capacitados terão competências para analisar e fazer as intervenções quando necessárias, assegurando que o desempenho da aprendizagem dos alunos com deficiência seja construído, de modo que seja observada a subjetividade de cada um dos alunos com cegueira. O educador, ao longo de sua trajetória profissional, percorre trajetos onde a aprendizagem revela uma influência significativa na qualidade de seu ensino; todavia muitos educadores apontam a educação formal dos professores como um fato que não os influenciou como um todo nesse processo, pois a reflexão, a cooperação e a inclusão nas práticas educativas em projetos de escolas e comunidades agregaram competências e atitudes do profissional em educação, sendo importantes no processo de construção dessas potencialidades. (RODRIGUES; LIMA-RODRIGUES, 2011) É de suma importância que, ao término da graduação, o futuro docente possa se sentir confortável com os seus conhecimentos obtidos ao decorrer do curso de formação de professores e que se tenha a afirmativa de que os centros de ensino superior estejam cumprindo com excelência o papel de formar profissionais capacitados a ensinar com comprometimento, em especial ao público com necessidades educacionais especiais, oferecendo um aprendizado adequado para que supra as necessidades educativas encontradas. Para Rodrigues e Lima-Rodrigues (2011), é necessário que na formação inicial dos educadores seus valores possam ser desafiados por novos conhecimentos e experiências de ensino e aprendizagem, haja vista que se isso não ocorre, os futuros educadores irão reproduzir valores tradicionalistas aos quais eles próprios foram apresentados. Segundo Silva (2009), o curso de formação de professores deverá oferecer o uso das tecnologias aos discentes, pois seu uso é incontestável nas propostas de Educação Inclusiva nas escolas, onde os futuros educadores irão atuar, pois grande parte de educandos com necessidades educacionais especiais usam a tecnologia para realizarem tarefas. Para que os profissionais da educação desempenhem seu papel com eficiência na mudança do âmbito escolar, os centros de formação de professores deverão reorganizar seus programas escolares redefinindo e pesquisando com maior profundidade os paradigmas educacionais, reformulando estratégias e conteúdos de formação, a fim de que prepare o educador para a diversidade que encontrará em seu espaço educativo, todavia a Educação TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Inclusiva terá seus critérios estabelecidos quando todos os envolvidos vivenciarem em conjunto atitudes coletivas. Desse modo, a alfabetização e letramento para alunos cegos requer que o educador atenciosamente prepare e ofereça os subsídios necessários para que esse estudante se desenvolva em suas potencialidades. As metodologias para que o educador trabalhe adequadamente em sala de aula com alunos cegos, são múltiplas. Porém, devido ao desconhecimento do profissional mediante as atividades que se podem proporcionar em sala de aula acabam por gerar desafios à aprendizagem da criança cega, que pode vir a ser comprometida em seu desenvolvimento escolar.

É de suma importância que o educador seja capacitado para compreender e saber agir em meio a essas situações que podem ocorrer em sala de aula, de modo que um bom ensino seja oferecido, e que a inclusão não seja predominante em discursos, mas nas práticas educativas diariamente desenvolvidas dentro da escola. Portanto, cabe às escolas e aos educadores criarem recursos alternativos para de fato incluir os alunos cegos em sua série regular de ensino, possibilitando a ele tanto a perfeição de entendimento e de escrita quanto ao posicionamento social e cultural do mundo.

3 Considerações finais

Os resultados obtidos nesta pesquisa contribuem para a ampliação do entendimento sobre os recursos didáticos para a alfabetização de cegos, por oferecer uma orientação para os professores em sua docência, possibilitando que esses recursos sejam usados em sala de aula para, assim, melhor atender às crianças cegas nessa etapa de alfabetização. Considera-se que os objetivos propostos para a realização da pesquisa, bem como a questão que norteou o trabalho foram contempladas. Todavia as possibilidades de entendimentos sobre os recursos didáticos não foram esgotadas, haja vista que amplos recursos junto às metodologias podem ser criados em um processo constante, atendendo as demandas das novas gerações. É possível concluir que o preparo dos profissionais para a tarefa de alfabetizar é imprescindível para que se obtenham bons resultados, pois os recursos didáticos para a alfabetização de cegos serão aproveitados com eficiência, se o professor estiver adaptado a TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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desenvolvê-lo com os seus alunos, pois assim ele estará oferecendo contributos para que o aluno desenvolva suas potencialidades. Compreende-se que é necessário o uso de materiais adaptados para os cegos, bem como recursos tecnológicos, dentro das escolas e das salas de apoio para crianças e adolescentes com cegueira, para que eles explorem seus outros sentidos e possam se desenvolver, tendo uma boa base para acompanhar o aprendizado e a alfabetização. É de suma importância a valorização dos profissionais da educação, principalmente os que são responsáveis por esses alunos com necessidades especiais, em questão, os cegos. Assim, esses profissionais terão oportunidades para investir em sua carreira profissional, com cursos, workshops, práticas, entre outros níveis de conhecimento preparando-se para enfrentar qualquer situação, fabricando materiais quando necessário. Conclui-se a relevância dos recursos didáticos, sendo eles tecnológicos ou não, para a eficácia na escolarização e, de fato, haja a inclusão dos alunos cegos no âmbito escolar, pois auxiliam, facilitam e incentivam no processo de ensino-aprendizagem, permitindo que os discentes cegos tenham maior qualidade educacional.

REFERÊNCIAS

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KARNAL, Adriana Riess. O uso do braile eletrônico para a alfabetização de cegos. Santa Catarina. 2010. Disponível em: https://www.academia.edu/1282201/O_USO_DO_BRAILE_ELETR%C3%94NICO_PARA_ A_ALFABETIZA%C3%87%C3%83O_DE_CEGOS . Acesso em: 13 Abr.2020. KARNAL, Adriana Riess. O processo de alfabetização de crianças cegas em Braile. 2011. Disponívelem:https://www.academia.edu/1282202/O_processo_de_alfabetiza%C3%A7%C3 %A3o_de_crian%C3%A7as_cegas_em_braile . Acesso em 20 Abr.2020. PINTO, Céli Regina Jardim. Feminismo, história e poder. Curitiba. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782010000200003&script=sci_arttext. Acesso em: 03 Maio. 2020. ROCHA, Juliana Carla. NETO, Nelson Zagato. Psicomotricidade: Estimulação das Habilidades Motoras, Cognitivas, e Sócio Afetivas. Centro Universitário Salesiano Auxilium. 2012. Disponível em: http://www.unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/54801.pdf. Acesso em: 01 Maio. 2020. RODRIGUES, David. LIMA-RODRIGUES, Luzia. Formação de professores e inclusão: como se reformam os reformadores? Curitiba. 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602011000300004&script=sci_arttext. Acesso em: 25 Abr. 2020. SILVA, Lidia Martins. Educação inclusiva e formação de professores. Cuiabá. 2009. Disponível em: https://docplayer.com.br/1137547-Educacao-inclusiva-e-formacao-deprofessores.html. Acesso em: 13 Abr.2020. SILVA, Katia Regina. Alfabetização e Letramento de crianças cegas em diferentes contextos. Belo Horizonte. 2018. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOSB24PN6/1/tese_katia_regina_da_silva_para_cd.pdf. Acesso em: 10 Maio. 2020.

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RELAÇÕES ENTRE PAIS E FILHOS DE IMIGRANTES VALADARENSES

Cleonice Aparecida da Silva Nascimento1 Diene Alves dos Reis1 Elisângela Paulina dos Reis1 Erick Amorim da Silva1 Ívina Reis Oliveira1 Sandra Maria Perpétuo2 Rogério Vieira Primo3 RESUMO

Este artigo resulta de um estudo que buscou compreender como se estabelecem as relações entre pais e filhos de imigrantes valadarenses. Para obter os resultados foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que possibilitou compreender o processo imigratório no município de Governador Valadares, o reflexo do mesmo dentro das famílias e como são estabelecidas as relações entre pais e filhos que permanecem no município. O estudo realizado indica que a cultura migratória disseminada na população favorece o fluxo imigratório intenso e reflete diretamente nas famílias e suas configurações. Constatou-se que o uso das novas tecnologias da informação e comunicação são as principais fontes para o estabelecimento dos laços entre filhos e pais que foram trabalhar em outros países. Palavras-chave: Relações entre pais e filhos. Imigração. Cultura migratória.

1 Introdução

Este artigo resulta de uma pesquisa exploratória que buscou compreender como se estabelecem as relações entre pais e filhos de imigrantes valadarenses. Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa de natureza básica. O estudo se constitui em uma pesquisa exploratória, porque, tem como finalidade obter mais informações sobre a temática abordada, qualitativa por utilizar como fonte direta para coleta de dados o ambiente natural para a interpretação de fenômenos e atribuição de significados e básica por não apresentar finalidades imediatas (VIANNA, 2013).

______________________ 1

Licenciadas do Curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: cleosilvanascimento5@gmail.com; dienealves.18@gmail.com; eelisangellareis12@gmail.com erickamorimferreira@gmail.com; ivina2812@hotmail.com 2 Orientador. Prof. Titular do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: Sandramariaperpetuo@gmail.com 3 Co-orientador. Prof. Titular do curso de Pedagogia da Fundação Presidente Antônio Carlos FUPAC Governador Valadares – MG. E-mail: rogerioprimo@unipac.br.

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Os dados expostos no decorrer do mesmo resultam de uma pesquisa bibliográfica em obras publicadas nos últimos dez anos, que permitiu conhecer o processo de imigração, identificar os dados desse processo quando voltado aos valadarenses e conhecer as formas como os pais se relacionam com os filhos durante o tempo que trabalham no exterior. À vista disso, as relações familiares são estabelecidas por meio de diferentes maneiras no decorrer da evolução do homem e da sociedade, visto que, as configurações familiares foram também modificadas com o passar do tempo. É comum existir famílias com diferentes composições; avós que cuidam dos netos, casais sem filhos, casais com filhos, filhos que vivem somente com um dos pais, ou até mesmo com tios, filhos de casais homossexuais entre tantas outras maneiras de se constituir uma família. No entanto, nota-se que mesmo com o passar do tempo há uma forte necessidade de convivência entre família, especialmente entre pais e filhos. E é nesta perspectiva que se faz necessário compreender: Como se estabelecem as relações dos filhos de valadarenses que vivem fora do Brasil? Pois, à medida em que se existe um distanciamento territorial dos imigrantes de seus filhos, como os mesmos fazem para estabelecerem relações uns com os outros? A família é o primeiro grupo social em que se estabelecem relações de convivência, confiança, amorosidade e também de conflitos. Lahire (2011) diz que a família é a primeira instância de socialização, mas, no entanto, não é um organismo coerente, harmonioso e homogêneo pelo fato de aqueles que se encontram inseridos nessa instância portam diferentes propriedades sociais, que geram tensões entre os mesmos. O autor ainda diz que, “a família, através da qual cada indivíduo aprende a descobrir o mundo social e a encontrar o seu lugar, é o primeiro espaço (primário) que tende a estabelecer objetivamente – sem o saber ou pretender – os limites do possível e do desejável” (LAHIRE, 2011, p.14). Ressalta-se assim, a importância das relações familiares no processo de formação da identidade dos sujeitos enquanto sujeitos sociais e sociáveis. O município de Governador Valadares é conhecido pelo seu intenso processo migratório, principalmente para os Estados Unidos. Um fluxo que se iniciou na década de 70 e teve seu auge nos anos oitenta e como consequência provocou alterações nas rotinas econômica e social do município e de suas famílias, devido ao grande volume de remessas e da consequente cultura migratória que ali se instalou. Souza e Fazito (2016) diz que uma parcela significativa da população deste município tem experiência migratória internacional ou contato direto em suas redes pessoais com migrantes internacionais. Assim, é comum que se tenha um amigo ou conhecido que estabelece moradia em outro país ou tem desejo de fazêTOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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lo por ver na imigração internacional uma maneira de buscar uma melhor qualidade de vida, deixam aqui, amigos, irmãos, pais e família. Existem muitas narrativas da população valadarense que relatam que os mesmos possuem algum familiar, amigo ou conhecido que vivia na cidade e hoje vive ou já viveu em outro país. Só que muito se perde ao deixar para traz seu país de origem e pessoas do convívio, uma das coisas que se abre mão é o contato físico, diálogo face a face e o amor e carinho criados pelos laços criados. Com a evolução das tecnologias de informação e comunicação, estabelecer contatos com aqueles que não se convive diariamente se tornou algo relativamente fácil para aqueles que se encontram imersos no mundo tecnológico, pois, não se pode negar o fato de que na era da tecnologia existem sujeitos que ainda não se adaptam às inovações. No entanto, se comunicar com aqueles que se encontram distantes se tornou fácil, prático momentâneo. Antes da evolução tecnológica, era comum se comunicar por meio de cartas, que quando enviadas ao imigrantes atravessavam continentes, levando um longo período para se chegar ao destino. Hoje é possível trocar mensagens simultâneas com pessoas que se encontram a quilômetros de distância uns dos outros, realizar chamadas telefônicas de um aparelho móvel e até mesmo fazer chamadas de vídeo instantâneas do próprio aparelho para poder ver aqueles aos quais se preza. Nessa perspectiva, parte-se da hipótese de que é por meio do uso da tecnologia, principalmente, através das redes sociais que os filhos de valadarenses estabelecem relações com os pais que vivem em outros países.

2 Conhecendo o processo de imigração

Imigração é o processo de movimento de entrada de indivíduos em países no qual não é de sua origem, com o intuito de trabalhar ou estabelecer residência permanente no mesmo tornando-se estrangeiro. Nas últimas décadas do século XX, o Brasil se tornou uma importante área de origem de migrantes internacionais (CAMPOS, 2015), o que o colaborou para que houvesse em diversos países do mundo imigrantes brasileiros de diferentes regiões do país. O Brasil passou então, a ser visto não mais somente por receber migrantes, mas como aquele que perdia parcela significativa de sua força de trabalho (SOUZA,2016), pois, ao mudar de cenário para

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aquele que imigra, o país começa a perder não somente moradores, mas também aqueles que fornecem força de trabalho. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, com base nas avaliações contidas nos relatórios consulares (RCNs, 2016), fornecidos anualmente pelos Consulados e Embaixadas brasileiras no exterior, o Brasil possuía 3.083.255 pessoas vivendo em outros países do mundo espalhados nos continentes europeu, africano, asiático, americano e Oceania. Sendo concentrados na África 25.387, América Central e Caribe 5.046, América do Norte 1.467.000, América do Sul 553.040, Ásia 191.967, Europa 750.983, Oceania 47.310 e Oriente Médio/ Ásia 47.522. Para Campos (2015) são informações sobre as condições de trabalho, remuneração, estilo de vida, moradia, clima e cultura, dentre outros aspectos, que interferem na propensão para migrar de seus membros. O citado autor afirma também que, atualmente, Governador Valadares é sinônimo de imigração. O fato se deve ao grande número de pessoas originarias do município que veem atualmente e viram no passado na imigração uma maneira de se buscar uma melhor qualidade de vida para si e para os seus. O município de Governador Valadares, atualmente, segundo o levantamento de dados fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui extensão territorial de 2.342,325 km² (2018), com população estimada de 279.885 pessoas (2019), e densidade demográfica de 112,58 hab/km² (2010), com 97,2% de escolarização de 6 a 14 anos (2010) com um índice de desenvolvimento humano de 0,727(2010). Para Souza e Fazito (2016), uma boa parcela da população valadarense tem contato direto ou experiência migratória. O que implica afirmar que um grande número de moradores da região conhece alguém que tenha imigrado e que muitas vezes estes conhecidos fazem parte de sua teia de relacionamento, o que influencia na constituição de uma cultura migratória estabelecida historicamente na microrregião, principalmente para os Estados Unidos e Europa. A cultura migratória se encontra disseminada a toda população até mesmo para aqueles que nunca experimentaram a migração (SOUZA, 2016), o que reforça a perspectiva de Souza; Fazito (2016, p.575) ao afirmarem que

A abordagem da Nova Economia da Migração desafia os pressupostos e conclusões da teoria econômica, colocando a visão fundamental de que as decisões de migrar não são feitas de forma isolada pelo indivíduo, mas sim por unidades mais amplas relacionadas às pessoas, basicamente famílias e domicílios.

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A partir da construção social da migração internacional, vê-se um cenário mais propício e atraente o deslocamento para outros países e não dentro do próprio território (SOUSA; FAZITO, 2016), pode-se dizer que

...a cultura da migração se forma nas comunidades vulneráveis socialmente, que reincidem aparentemente na única alternativa viável para a sobrevivência cotidiana que é o deslocamento espacial visando um ganho social individual e coletivo para além das fronteiras do conhecido, mas limitado mundo de origem. (SOUSA, 2016, p. 71).

Mesmo com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) relativamente alto, percebe-se que o município apresenta vulnerabilidades sociais, devido ao fato de que a vulnerabilidade se dá por diversos fatores sendo os mais marcantes os relacionados aos aspectos sociais e econômicos. A partir dos anos 2000, mesmo com as oscilações econômicas como, atentado às torres gêmeas no EUA e as mudanças econômicas positivas no Brasil, o cenário de migração internacional não se alterou (SOUZA, 2016), não somente para os Estados Unidos, mas para o mundo como um todo. O ataque às torres gêmeas foi um fato histórico marcante visto que fez com que diversos países repensassem a respeito daqueles que entram e saem do seu território criando, a partir daí barreiras ainda mais duras para a recepção de imigrantes. “Todavia, mesmo diante dessas oscilações entre origem e destino, foi percebido na região que o fluxo emigratório persistiu com relativa força na década de 2000” (SOUSA, 2016, p. 3). O que reafirma o fato de existir No município uma forte cultura migratória internacional, visto que mesmo com os avanços econômicos que tiveram impactos diretos na melhoria da qualidade de vida de sua população, ainda optava-se por migrar.

2.1 Imigração e famílias

Tradicionalmente, família é um agrupamento de pessoas ligadas umas às outras por laços sanguíneos. No entanto, tem-se uma visão muito mais ampla do termo, onde família relaciona-se a um grupo de pessoas grande ou pequeno, até mesmo formado por dois indivíduos, que são ligados uns aos outros por laços de afeto, quer seja por sujeitos com mesmo DNA ou não. Falar de imigração nos remete a questões familiares, uma vez que, ao se migrar para um país no qual não se é de origem, na grande maioria das vezes, membros são deixados para TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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trás e são os mesmo que despertam naqueles que migram o desejo de ir em busca de condições de vida melhores e novas oportunidades de conhecer o mundo, muitas vezes irregularmente, mesmo que para isso enfrente riscos, pois,

Se o emigrante irregular conseguiu entrar e se estabelecer no território do país de destino, se ele logrou um lugar no mercado de trabalho, o principal risco que ele corre nessa situação é o de ser deportado e, com isso, ter de arcar com o prejuízo financeiro relativo aos custos de viagem. Há também, para o emigrante que, à custa de muito trabalho, poupou e investiu suas economias em micro, pequenas ou médias empresas na terra natal, o risco de não ser bem sucedido nesse empreendimento (SOARES, 2016.p. 35).

A imigração contempla um fato marcante no qual tanto o pai quanto a mãe vão para o exterior, deixando no país natal os filhos (SOARES, 2016), assim, os filhos são deixados com avós, tios ou até mesmo com pessoas que não possuam nenhum laço parental, causando nos mesmos sentimento de perda e abandono daqueles no qual deveriam prover a família, o que,

Para os filhos, em especial para os mais novos, cujas redes pessoais são pequenas, rarefeitas e tênues, a emigração internacional da mãe ou do pai, figuras centrais na criação, amparo e educação de deles, representa perda de sustentáculos afetivos primordiais. (SOARES, 2016, p.40)

Segundo Soares (2016), tanto as crianças que permanecem no país de origem quanto àqueles que migraram sentem as pressões emocionais negativas provocadas pela imigração internacional. Portando o sofrimento e tanto sofrido por aquele que se foi como por aquele que ficou. “O processo migratório consiste em fator de risco por reunir sete elementos de perda: [...] da família e dos amigos, da língua, da cultura, da casa, da posição social, do contato com o grupo étnico e religioso.” (SOARES, 2016, p. 37) apud (PUSSETTI, 2010, p. 96). Muito se perde com o processo de migração, a família que é fragmentada e distanciada, a sua língua de origem que é forçadamente deixada como segunda língua quando o país para o qual se migrou se comunica utilizando outra, a cultura que por ser tão diversa dentro do próprio país de origem apresenta singularidade, que não se encontra em outro lugar do mundo, de sua casa que é deixada par que outra seja encontrada para se transformar em um novo lar, da posição social, que também varia e do contato com o grupo étnico e religioso que antes se estabelecia e que também fica para trás. TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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Os reflexos da presença e ausência na vida daqueles que fazem parte direta da migração e a espera pelo retorno, “não elimina a infelicidade que o emigrante carrega consigo e projeta sobre as pessoas que integram o círculo mais estreito de sua rede pessoal.” (SOARES, 2016.p. 37) Viver longe daqueles que se possui afeto se faz acompanhado de sofrimento mesmo que se espere ansiosamente o tão aguardado retorno ao seio de sua família.

2.2 Relações entre filhos e pais imigrantes

Desde os primórdios dos tempos os seres humanos possuem a necessidade de se comunicar uns com outros para que assim estabeleçam suas relações sociais, políticas e econômicas e quando houve a necessidade de se distanciar uns dos outros ainda se encontrava maneiras de se comunicarem, sinais de fumaça e pombos correios foram usados e até mesmo longas viagens feitas a pé ou em animais eram realizadas para que se pudesse satisfazer a necessidade de se comunicar. Com a evolução da sociedade e domínio da escrita pelo homem criou-se uma nova forma de se estabelecer laços comunicativos. As cartas romantizadas por muitos como maneira de expressar o amor a figura amada, foi um grande marco de evolução que possibilitou destruir fronteiras territoriais, mesmo que as mesmas demorassem meses para chegar ao destino. Mesmo que em uma sociedade pouco letrada a escrita de cartas foram amplamente difundidas nos séculos XIX e XX onde aqueles que não dominavam a arte da escrita encontravam quem pudesse escrever por ele (LISBOA,2013). Em tempos em que não havia outros meios os imigrantes usavam as cartas como maneira de se comunicar com aqueles que se estabeleciam em seu país de origem, naquele tempo. Fusco (2005) considera que “para que o processo migratório evolua, no entanto, é necessário que tais pioneiros mantenham e cultivem os laços sociais com a origem” e

As cartas foram os recursos comunicativos mobilizados para evidenciar, entre múltiplos aspectos, as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes em viver em outra sociedade, inclusive em outro continente, longe de seus familiares, amigos e demais grupos com quem mantinham relações de sociabilidade em seus locais de origem. (LISBOA, 2013, p.02)

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As cartas, muito deixada de lado no tempo atual, utilizadas muito pouco e quando usadas é por aqueles românticos de carteirinha, o que nos remete ao seu caráter pessoal, foi pioneira, unido lugares e pessoas foi,

Como um esforço de democratização da escritura, a evolução dessa produção comunicativa no seio da experiência migratória promoveu a inserção de muitas pessoas no âmbito da cultura escrita, em face da necessidade de ler propagandas direcionadas à captação de migrantes, tíquetes de embarque nos navios, anúncios de emprego, boletins informativos de comunidades nacionais e étnicas e, com frequência, de estabelecer contatos com amigos e familiares. (LISBOA, 2013, p.05)

A partir dos anos 2000, o Brasil embarcou na era da internet, mesmo que com inúmeros obstáculos, pois muitos não possuíam sequer telefone fixo, e aqueles que possuíam o acesso à internet a mesma era lenta e de custo elevado (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016). Hoje, com a evolução das tecnologias e mídias digitais em uma sociedade conectada, surgiram novas formas de ver e entender e conviver com o mundo (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016; HAHL; et. al 2013). Com a internet no auge, “entre todas as redes sociais criadas, a primeira a ganhar força foi o e-mail” (HAHL; et.al. 2013, p.02), uma maneira na época de se substituir a maneira de se comunicar através de cartas. “Por meio da Internet, os movimentos passam a ser ao mesmo tempo locais e globais” (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016, p.30), ou seja, com a inserção dos dispositivos tecnológicos a comunicação mesmo que a longa distância tornou-se simultânea. Houve maior interatividade e as relações humanas mesmo que a distância ganhou sincronia (LISBOA,2013). O uso dos telefones foi uma das primeiras ferramentas tecnológicas criada pelo homem que possibilitava a comunicação à longa distância com capacidade de comunicar ouvindo-se a voz daquele que se encontrava distante. Em um tempo em que a comunicação imediata era sequer imaginada por aqueles que migravam a noção de distância era ainda maior, impactando diretamente na vida do imigrante (LISBOA,2013). O uso do telefone fixo, ou mesmo os públicos vieram a se tornar uma ferramenta tecnológica muito bem aceita na sociedade por sua capacidade de estreitar laços imediatos, facilitando a comunicação, entre o imigrante e seus familiares. Mesmo que dentro do território nacional a dinâmica de telefonia não chegasse em todos os locais devido as diferenças econômicas e sociais, onde somente as pessoas mais abastadas possuíam condições de terem em suas residências um aparelho, o fluxo TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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comunicativo não era interrompido, pois, havia solidariedade entre os que podiam e os que não, sendo comum em locais que poucos possuíam telefone o mesmo fosse disponibilizado para que as demais pessoas da comunidade pudessem receber ligação dos que estavam em outro país. Atualmente, com a popularização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), as experiências sociais foram recriadas (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016). Corrêa e Velasquez (2016) citam que “...o uso das mídias digitais traz uma nova maneira de conexão entre os usuários da sociedade contemporânea.” O uso da internet é popularizado, emergido uma era marcada pelo uso das redes sociais onde,

[...] vem ajudando nos meios de comunicação nos laços interpessoais, visto por um meio de comunicação mais fácil para ter as relações entre a família e os amigos distantes, também aproxima pessoas pela a facilidade, a rápida comunicação (OLIVEIRA, 2016, p.26).

A interação, acesso e produção de informação e comunicação são algumas das possibilidades que as redes sociais possuem, já se tornou uma das maneiras de se fazer parte da sociedade em que se vive (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016).

Redes sociais são plataformas sociais virtuais compostas por pessoas conectadas por vários tipos de relações, que dividem valores, objetivos, interesses e ideologias comuns, possibilitando um relacionamento democrático e igualitário.” (HAHL; et.al. 2013, p.01)

As redes sociais aproximam as pessoas, através delas podemos adquiri muitas mais informações (OLIVEIRA, 2016 p13). Os sujeitos passaram a viver em um mundo virtual, com milhares de amigos e contatos com aqueles que se encontram longe, tornando s comunicação algo fácil, o que muitas vezes não o é na vida real (HAHL; et.al. 2013). Corrêa e Velasquez (2016) citam que “hoje em dia, o acesso às TDICs é feito de todo lugar e passou a fazer parte das atividades cotidianas de quem vive em grandes cidades.” O que vale salientar que não somente me grandes cidades, visto que no Brasil o acesso tem se tornado cada vez mais amplo. Hoje, “saímos de casa, saímos com a internet e não saímos da internet.” (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016, p.28) Leva-se a internet que também se configura em redes moveis, com acesso através do próprio celular, artigo que praticamente todos possuem o seu. Em TOTH - Ciência e Educação – vol. 6 n.6 - 2020

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basicamente todos os lugares que se vá hoje se encontram pessoas conectadas aos seus celulares (HAHL; et.al. 2013). É comum que os sujeitos privem aqueles de sua convivência diária do diálogo para que este seja estabelecido com aqueles que se encontram longe, pois, Hoje é possível conversar com quem vive do outro lado do mundo, através do batepapo online ou divulgar elementos da cultura midiática através de um público amplo e irrestrito. (HAHL; et.al. 2013, p.06)

Bauman (2004) apud Oliveira (2016) diz que “Neste mundo virtual em que se encontram a maioria das pessoas no momento atual, uma parte delas acabam se esquecendo de viverem e se relacionarem com as pessoas no mundo real” o que implica compreender que as TDCIs tanto podem aproximar que está longe como afastar que está perto. A conexão à internet, possibilitou a conexão entre os usuários da mesma, o que possibilitou a ampliação da rede de consumo e estudo, mas principalmente a de relacionamento (CORRÊA; VELASQUEZ, 2016). As redes sociais acabam assumindo assim um papel que busca sanar a carência de atenção dos sujeitos, por meio de fotos vídeos, escrita (HAHL; et.al. 2013). As pessoas tem se tornado cada vez mais dependentes de seus aparelhos celulares, estando em contato com o mesmos a todo o momento do dia, pois, ele é hoje, a ferramenta pela qual ele se comunica com o mundo a sua volta tem acesso às informações, produzem as mesma e principalmente estabelece contatos com aqueles que lhes são importantes. Entre as redes sociais mais acessadas atualmente encontra-se o WhatsApp, um aplicativo que permite a troca de mensagens, fotos, vídeos, músicas, ligações, dentre tantas outras funções, usado principalmente para manter laços entre familiares e amigos evitando o distanciamento dos mesmos mesmo que estejam distantes (OLIVEIRA, 2016). Facebook, Twiter, WhatsApp, Instagran, Snapchat, Messenger, Linkendln, Skype, entre outros, são algumas das redes socias que nos permite manter contato com aqueles que estão longe. É fato que as TDCIs não substituem o contato direto entre as pessoas, mas ela torna capaz que mesmo distantes possamos nos sentir mais próximos daqueles que amamos. Sob essa perspectiva, as TDCIs, são hoje a principal ferramenta de comunicação existente, o que a coloca assim como um dos meios mais utilizados e mais eficazes de se estabelecer relações com aqueles que migraram. No entanto, isso não quer dizer que as cartas, e-mails ou telefonemas não são mais uteis, a realidade é que os mesmos são menos práticos em uma era marcada pelo imediatismo alcançado pelo uso das novas redes sociais.

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3 Considerações finais

Por meio dos estudos realizados, evidenciou-se algumas formas de estabelecimento das relações entre pais e filhos de imigrantes valadarenses. Percebe-se que as ferramentas mais utilizadas se encontram relacionadas ao uso das tecnologias da informação e comunicação com o uso das redes sociais, como Facebook, Twiter, WhatsApp, Instagran, Snapchat, Messenger, Linkendln, Skype, entre outros, que permitem que a comunicação seja realizada quase que de maneira simultânea por meio de troca de mensagens de texto, fotos e vídeos. Em contrapartida o uso das tecnologias e redes sociais não conseguem suprir as relações diretas de convívio diário, é certo que possibilita que as relações não se percam com o distanciamento e o passar do tempo. No entanto, não substitui o poder tocar e sentir diretamente através do toque, do abraço e diálogo face a face. Fato este, que é evidenciado atualmente, em um momento que o mundo se encontra em isolamento social, na tentativa de combater o Covid 19, onde a tecnologia se tornou aliada para se comunicar até mesmo com aqueles que se encontram perto, mas que não extingue a necessidade que se tem de poder abraçar, beijar e festejar com aqueles que amamos. Querer estar perto daqueles que se ama é o que torna os sujeitos verdadeiramente e sentimentalmente humanos. Por outro lado, o uso das tecnologias estreita os laços com aqueles que estão longe e na mesma medida é capaz de distanciar aqueles que estão perto, porém, este é um assunto para novas investigações.

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