TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
ISSN 2595-1866
TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
FUPAC
EXPEDIENTE CORPO EDITORIAL Editor: Rogério Vieira Primo Editores associados: Fernanda Aparecida Gomes Corrêa Maria Helena Campos Pereira Equipe técnica: Normalização - Mônica Machado Messeder Diagramação - Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Criação gráfica - Iris T. das Virgens Moreira Criação gráfica - Warley Vasconcellos da Cunha Produção Artística: Pop Comunicação Corpo Editorial Científico: Alessandro Máximo Lima Alisson Cardoso de Oliveira Ana Paula Campos Fernandes Cínthia Mara de Oliveira Danielle de Oliveira Dantas Denis Gonçalves da Silva Edney Ferreira Moreira Fernanda Barbosa Lopes Jennifer Pimentel Soyer João Cláudio Passos da Silva Maurício Barcelos de Barros Cruz Pedro Avner Ferreira Quintino Rosely Conceição de Oliveira Simone de Magalhães Martins Gomes Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: https://issuu.com/tothcienciaeducacao Email: academicogv@unipac.br Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212-6700 - CEP – 35.032-200 http://www.unipacgv.com.br
TOTH - Ciência e Educação – vol. 1 n.1 - 2018 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Semestral ISSN 2595-1866 1 Educação Física – Periódicos. 2. Esporte - Periódicos CDD 19. ed.: 796.4
SUMÁRIO BULLYING NA ESCOLA, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................................................................................................................. 13
André Luiz de Paula Caldas Jorge Gomes Junior Maria Helena Campos Pereira Alisson Cardoso de Oliveira O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO ............................................................................ 23
David Prates Souza Karley Cristina Silva Pinto Thaise Emanuelle Conrado dos Santos Maria Helena Campos Pereira Jennifer Pimentel Soyer Denis Gonçalves da Silva EXCLUSÃO DOS DEFICIENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II ............................................................................................................................................................ 40
Dayane Pereira Leandro Lalesca de Oliveira Gonçalves Thatiele Aparecida da Silva Maria Helena Campos Pereira Rosely Conceição de Oliveira Cínthia Mara de Oliveira A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SAÚDE DO EDUCANDO ........... 52
Diego Ferreira de Brito Elaine Rodrigues de Oliveira Filomena Maria dos Reis Rinaldo Soares Dolabela Tiago Carlos Flávio Maria Helena Campos Pereira Edney Ferreira Moreira A FALTA DE INTEGRAÇÃO DOS PAIS COM O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 60
Iago Marques dos Santos Itamar Conrado Sampaio Júnior Leandro Pereira Rodrigues Maria Helena Campos Pereira João Cláudio Passos da Silva Simone de Magalhães Martins Gomes
CENÁRIO DO GÊNERO FEMININO NO FUTSAL DO ENSINO MÉDIO: PRECONCEITO OU DESINTERESSE? ........................................................................................................................ 71
Stefanny Avelar Rodrigues Maria Helena Campos Pereira Fernanda Barbosa Lopes EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E O DESINTERESSE DOS ALUNOS ................. 87
Janaína Rodrigues da Silva Wilker Vieira Carrijo Maria Helena Campos Pereira Pedro Avner Ferreira Quintino Alessandro Máximo Lima A IMPORTÂNCIA DO FUTEBOL NO AMBIENTE ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................................................................. 106
Ben Hur Alexsander de Araújo Maria Helena Campos Pereira Ana Paula Campos Fernandes Christiano Fernandes Pinto INCLUSÃO DE ALUNOS COM SURDEZ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O QUE DIZEM OS PROFESSORES ............................................................................................. 119
Gilmar Miranda Damasceno Rafael Pimentel Soyer Maria Helena Campos Pereira Mauricio Barcelos de Barros Cruz Danielle de Oliveira Dantas
EDITORIAL O lançamento de uma revista científica é sempre algo a ser saudado com entusiasmo, principalmente por ser mais uma contribuição ao trabalho intelectual dos que se dedicam à acumulação e difusão de conhecimento. Em sua essência, uma revista desta natureza é, sobretudo, um convite à exposição de resultados e pesquisas, para debate público, no sentido de realização da finalidade maior da academia que é disseminação do conhecimento bem como estimular a produção científica e o debate discente e docente. Toth – Ciências e Educação - Nome escolhido entre muitas sugestões, pois expressa o significado real da sua intenção: - promover cultura e educação no meio acadêmico, fomentando nos alunos a busca pelo saber. Toth deus da mitologia egípcia da escrita e da sabedoria. Os egípcios acreditavam que esse deus tinha criado os Hieróglifos. Toth era também conhecedor da matemática, astronomia, magia e representava todos os conhecimentos científicos. A ideia pode ter demorado em processo de amadurecimento, mais valeu muito tê-la e desenvolve-la. Ela nasce em consequência, refletida, debatida, como esforço intelectual coletivo dos docentes e discentes Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Com periodicidade semestral, é um espaço multidisciplinar e que a mesma seja reconhecida pela qualidade dos trabalhos a ela submetidos, o que esperamos garantir por meio do rigor científico resultante da somatória da qualidade de sua Equipe Editorial e de diretrizes para Autores fundamentadas no que é estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de documentos elaborados por esta importante entidade na área da normatização e normalização de artigos científicos e tudo o que esteja a eles relacionados acadêmica e cientificamente. Finalmente, é com grande satisfação que estamos lançando a primeira edição da Revista de Ciência e Educação da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares, agradecendo aos autores que acreditaram na seriedade desta proposta, que hoje se concretiza com a expectativa de que seja apenas a primeira de muitas edições que irão ao mesmo tempo divulgar e contribuir para que o conhecimento científico produzido para que seja compartilhado com pesquisadores, professores, alunos e todos os que buscam conhecimento. Prof. Me. Rogério Vieira Primo Diretor Geral
BULLYING NA ESCOLA, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA André Luiz de Paula Caldas* Jorge Gomes Junior* Maria Helena Campos Pereira** Alisson Cardoso de Oliveira** Resumo É notório o desrespeito e a intolerância entre alunos nas escolas, sendo um fenômeno do final do século XX e início do século XXI. O bullying é um problema crônico a ser extinto do convívio social já que influencia diretamente na socialização dos indivíduos. No ambiente escolar sempre se encontrou manifestações agressivas, porém atualmente, tal assunto passou a ser vivenciado com maior frequência. A violência a cada ato e sua visibilidade adquiriu notoriedade maior, levando as autoridades públicas a montarem políticas para combater as possíveis causas e implementar soluções. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar as possíveis causas, soluções e consequências às vítimas e agressores, bem como a influência do bullying no futuro de cada um. Palavras chave: Desrespeito e intolerância, Bullying, Causas e soluções. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail:andrelzc06@hotmail.com . jorgegomes-gv@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Ensino de artes e História e cultura de Minas Gerais. Professor de Fundamentos de Sociologia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: nossila25.01@gmail.com.
Introdução É possível notar o crescimento de
desvantagens, mal-estar e sofrimentos dos mais diferentes tipos. (CALIMAM, 2006).
atos violentos ocorridos nas escolas, que
Em Algumas escolas brasileiras
podem representar grandes dificuldades no
existem poucos momentos de descontração
desenvolvimento dos alunos, influenciando
e livres de tensão. É possível verificar em
cada vez mais em um futuro com
alguns casos a falta de diálogo entre alunos
dificuldades cognitivas, motoras e até
e professores. Na ausência de diálogo,
mesmo de convívio social.
nota-se o distanciamento desse aluno,
Cada aluno é um ser que vem com
especialmente o mais vulnerável. Ou seja,
uma história de vida pessoal. O que
aquele indivíduo que é exposto diretamente
significa que muitos destes alunos são
ao preconceito e a intolerância, sendo
caracterizados por situações de fracasso,
privado da possibilidade de adequar-se ao
13 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
comportamento apresentado como normal
participação dos alunos nas aulas. Por
para todos
sofrerem
violências
como,
verbal,
O agravamento de tal situação é a
psicológica ou até mesmo física, muitos
maneira como as outras pessoas “entendem
alunos deixam de participar de um
e tratam” os indivíduos expostos ao risco
momento que deveria ser de união, como é
eminente reforçando as ocorrências de
a prática de esportes. Assim ocorre, muitas
violência grupal ou individual. Assim,
vezes, a falta de participação dos mesmos
quanto aos fundamentos do bullying na
nas aulas por medo ou vergonha dos
escola pode-se dizer que:
colegas que lhes ofendem com palavras e
O bullying “é um comportamento ligado à
atitudes.
agressão verbal, física ou psicológica que
Os reflexos do bullying acabam
pode ser efetuada tanto individual quanto
sendo a não inclusão de todos os alunos
grupalmente”.
um
nas atividades propostas. A prevenção e
relações
combate são de suma importância já que
interpessoais, em que os mais fortes
suas consequências futuras se manifestam
convertem os mais frágeis em objetos de
não só nas escolas, mas também nas ruas e
diversão e prazer através de “brincadeiras”
até mesmo dentro da própria casa. Então, o
que disfarçam o propósito de maltratar e
ponto a ser questionado é: qual seria a
intimidar.” (CONSTATINI, 2004)
intervenção correta do professor para evitar
Sendo assim, caracteriza-se como bullying
o bullying de maneira eficaz nas aulas de
o ato covarde onde não há a análise das
Educação Física?
“O
comportamento
bullying
próprio
das
é
Nossa pesquisa foi realizada com
possíveis consequências por parte daquele
propostas de intervenção do professor de
que o pratica. do
educação física para que se tenha apoio
bullying vão além de um simples momento
eficaz no combate ao bullying na escola.
constrangedor. Suas implicações podem
Assim,
levar a traumas mais severos onde se faz
professores
necessário a intervenção de profissionais
conhecimento de como abordar tal assunto
especializados
e consequentemente, obter resultados.
Destaca-se
que
os
efeitos
podemos para
contribuir que
se
com
os
tenham
Se o bullying é um tema que tem
Esse tema se justifica no âmbito pessoal,
sido abordado, com o objetivo de ser
com base nas experiências obtidas em
combatido.
como
escolas durante o momento de atuação
disciplina escolar, tem o dever de fazer um
como estagiários, bem como em matérias
amplo
disponíveis na mídia.
A
debate
educação para
física
proporcionar
a
14 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
o
pouco tempo, o que hoje reconhecemos
bullying é um problema que tem se
como bullying, era visto como fatos
enraizado na sociedade. A imprensa tem
isolados,
mostrado, através dos noticiários, um
normalmente
agravamento dos casos de. Portanto, se
tomavam devidas atitudes a respeito.
Como
citado
anteriormente,
“briguinhas família
Atualmente,
esse problema não for combatido poderá
o
de
criança”,
e
escola
e não
bullying
é
acarretar maiores transtornos que os já
reconhecido como problema crônico nas
vistos normalmente. É importante que a
escolas, e com consequências sérias, tanto
escola, a comunidade, os governos pensem
para vítimas, quanto para agressores.
nesse assunto para mostrar a grande
As formas de agressão entre alunos
importância desse problema social e o mal
são as mais diversas, como empurrões,
que se prolifera.
pontapés,
insultos,
espalhar
histórias
Deste modo, é importante que o
humilhantes, mentiras para desestabilizar a
bullying seja tratado problema a ser
vítima, passando assim por uma situação
combatido. Somente assim será possível
vexatória, inventar apelidos que ferem a
que a sociedade passe a enxergar o
dignidade, captar e difundir imagens,
próximo com respeito.
inclusive pela internet. Inclusive são os meios digitais como a internet que dão
Bullying, um problema crônico
maior visibilidade as agressões citadas.
A palavra “bullying” vem do
Essas ameaças são difundidas em sites e
adjetivo inglês “valentão”. Quem o pratica
grupos de alunos tomando proporções que
o faz para se sentir superior e adquiri
antes da popularização da internet não
respeito dos demais. Utilizam de atos
existia. Não é errado afirmar que o
desrespeitosos e desumanos, para elevarem
bullying
o próprio ego.
massificação ficou a cargo da era digital.
Segundo Thais Pacievitch, da Info Escola,
Muitas vezes existem diferenças na prática
Bullying é um ato caracterizado pela
do bullying. Entre os meninos, os ataques
violência física e/ou psicológica, de forma
mais comuns são as físicas. Ainda que não
intencional e continuada, de um indivíduo,
efetivada
ou grupo contra outro (s) individuo (s), ou
costumam ameaçar, fazer medo em suas
grupo(s), sem motivo claro.
vítimas.
sempre
a Já
existiu,
agressão, as
os
meninas
mas
a
agressores agressoras
No Brasil, a palavra “bullying” é
costumam espalhar rumores mentirosos, ou
relacionada a atos agressivos entre alunos
ameaçarem e espalharem segredos para
e/ou grupos de alunos nas escolas. Até
causar mal-estar. 15
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
As
ameaças
podem
vir
acompanhadas de extorsão, chantagem
minimize os efeitos negativos na vida dos envolvidos.
para obter dinheiro, sobretudo com alunos de 5ª e 6ª série.
Bullying escolar
Importante enfatizar que o bullying
Segundo
Amélia
Hamze,
o
todas
as
não é via de mão única. Ele atinge
termo bullying compreende
principalmente quem é agredido, mas,
formas
muitas vezes, os agressores também são
intencionais e repetitivas, que ocorrem sem
vitimas. Crianças e jovens que praticam o
motivo evidente e são tomadas por um ou
bullying têm histórico de algum tipo de
mais estudantes contra outro, causando
abuso. O que normalmente acontece, é que
traumas, e são executadas dentro de uma
as atenções dos responsáveis tais como
relação desigual de poder.
de
maneiras
agressivas,
pais e professores se voltem para o
De todo fato, o bullying é um
agressor, visto como um marginal em
problema que deve ser combatido em toda
potencial, sem atacar a raiz do problema.
e qualquer escola que enfrente essa
Assim, é necessário considerar o fato que o
problemática. Os que praticam o bullying
agressor deve também ser ouvido, sem
têm grande perspectiva de se tornarem
esquecer que a vítima foi o maior
adultos com comportamentos antissociais e
molestado nessa situação. Acredita-se que
violentos, podendo vir a adotar, inclusive,
o
atitudes delituosas ou delinquentes.
bullying
aprendizagem,
atrapalha
inclusive
observando
a que
Quando
não
há
intervenções
normalmente os agressores são as crianças
eficazes contra o bullying, o espaço escolar
com maior porcentagem de reprovação. De
torna-se totalmente corrompido, e dessa
acordo com (PACIEVITCH 2017) os casos
forma, a maioria das crianças são afetadas,
de agressão, que acontecem por um
e passam a experimentar sentimentos de
período maior, devem ser encaminhados
ansiedade e medo.
para atendimento psicológico.
Os alunos que sofrem bullying,
Portanto, ao entender o bullying na
dependendo
de
suas
características
escola como um problema crônico e de
individuais e dos meios em que vivem,
grande significância que é, exige que a
poderão
comunidade escolar e a sociedade como
sofridos na escola. E quando adultos
um todo, se mobilizem com planejamento
podem
e ações educativas que contribuam para a
tornando-se
realização de atividades de erradicação que
problemas de relacionamento. Em alguns
não
ultrapassar
apresentar
baixa
indivíduos
os
traumas
autoestima, com
sérios
16 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
casos é possível que adquiram também, um
interferem na formação do indivíduo e
comportamento hostil.
deixam sequelas, principalmente para as
Identificação e combate ao bullying na escola
vítimas. No caso de Lídia, ela diz que o
É difícil estudar a questão do bullying,
no
entanto,
para
que
se
identifique e possa combater este problema
bullying contribuiu para diminuir sua autoestima
com
que
tivesse
com as pessoas. Portanto, o bullying não pode ser encarado
"Na sala de aula, jogavam bolinha
fez
dificuldade em confiar e de se relacionar
na escola é importante conhecer alguns casos e ou depoimentos.
e
como
provocação
uma
natural
brincadeira
entre
ou
crianças
e
de papel na minha cabeça, não me
adolescentes e merece atenção para ser
deixavam participar de nenhum grupo, me
prevenido
imitavam, pois eu gaguejava quando
importante que se conheça esse fenômeno
criança. Era sempre um grupo de meninos
social, suas causas, consequências e quais
que fazia isso. A cena que me magoa até
são as medidas necessárias para diminuir a
hoje foi lembrar quando dois meninos
incidência desse tipo de comportamento.
acharam um pedaço de fio de cobre atrás
(LEMGRUBER,2017)
e
combatido.
Assim,
é
da escola e me bateram com ele". O
Essa pesquisa se utiliza do método
depoimento é de Lídia Eliane Canuto de
quantitativo. Sendo desenvolvido em sala
Souza, 30 anos, residente de Ribeirão
de aula e acompanhado pela professora
Pires, interior de São Paulo.
orientadora do projeto. A escolha do tema
O que aconteceu no passado com
pesquisado, se deve a sua relevância. Para
ela é uma realidade que permanece no cotidiano
de
diversas
crianças
e
adolescentes em escolas do mundo todo.
(Fonseca
2002),
diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem
Segundo a ONG "Learn Without
ser quantificados. Como as amostras
Fear" (Aprender Sem Medo), 350 milhões
geralmente são grandes e consideradas
de
vítimas
representativas da população, os resultados
de bullying anualmente em todo o mundo.
são tomados como se constituíssem um
O pediatra e um dos autores do livro "Diga
retrato real de toda a população alvo da
não para o Bullying", Aramis Lopes Neto,
pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra
aponta que atitudes violentas dentro da
na
escola geram muita preocupação, pois
positivismo, considera que a realidade só
crianças
e
jovens
são
objetividade.
Influenciada
pelo
pode ser compreendida com base na 17 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e
Resultados e discussão
neutros. Com
o
método
conseguimos
Gráfico 1: Alunos que já sofreram algum tipo de bullying.
quantitativo,
resultados
reais
e
considerados mais seguros pelo fato da abordagem feita aos alunos ter sido
20%
realizada com perguntas objetivas e de na
observação
dos
NÃO
50% 30%
fácil interpretação. Porém, é necessário a criticidade
SIM TALVEZ
dados
coletados, uma vez que quando se trata de seres humanos, nem sempre se consegue absorver
informações
passadas
Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro
No gráfico 1, referente a primeira
com
questão, é possível identificar que em
transparência A pesquisa foi realizada na Escola
porcentagem, o bullying vem sendo cada
Estadual Professor Darcy Ribeiro, com
vez
alunos do terceiro ano do Ensino Médio.
conhecimento e sabedoria se consiga o
As pesquisas impressas foram entregues
objetivo principal, que é o combate. Esse
em
fossem
gráfico aborda a questão, “você já sofreu
respondidas e devolvidas. Assim, os
algum tipo de Bullying?”, é possível
participantes responderam as seguintes
observar um alto número de alunos que
questões: Você já sofreu algum tipo de
relatam já terem sofrido bullying. Nota-se
sala
de
aula
para
que
mais
destacado
para
que
com
de
que 50% dos entrevistados afirmam que
bullying? Bullying é considerado forma de
sim o que representa um total de 15
preconceito? Pode-se dizer que o bullying
(quinze) alunos. Outros 30% disseram não
é
pelo
sofrer nenhum tipo de represália, que
agressor? Os pais precisam estar cientes do
implica em 9 (nove) alunos, e 20%
bullying sofrido por seus filhos? Neste
informaram
foco, todas as questões tinham a opção de
alguma situação, já sofreram qualquer
sim, não e talvez. A seguir foram
forma de bullying totalizando assim, 6
recolhidas no dia seguinte. E com os dados
(seis) alunos.
Já
Bullying?
em
fruto
de
mãos,
computados.
presenciou
problemas
eles
foram
Dessa
cenas
vividos
analisados forma,
alcançados os seguintes resultados:
que
provavelmente,
em
e
foram
Gráfico 2. Alunos que já presenciaram cenas de bullying.
18 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico 3: O bullying é considerado uma forma de preconceito? 100% 50% 10% 0%
0% SIM
SIM
NÃO
NÃO TALVEZ
Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro 90%
Nesse item da pesquisa percebe-se
Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro
o quão importante é a presença de Nessa
profissionais capacitados e responsáveis
questão,
foi
possível
combater
constatar resultados importantes quando se
atitudes,
aborda o tema, uma vez que é necessário
possibilitando assim novos aprendizados,
saber a opinião tanto dos que sofrem como
amizades e liberdade por parte das vítimas.
dos que praticam o bullying. Sendo
No gráfico 2, que se refere a “Você já
possível o entendimento da situação e
presenciou cenas de bullying?” Todos os
como consequência há a proposta de
alunos relataram já ter presenciado cenas
soluções ou caso algo já esteja proposto,
de bullying de variados tipos.
que se coloque em prática.
para
que
incessantemente
se
possa tais
Através do gráfico 3, é possível observar que 90% dos entrevistados, ou seja, 27 (vinte e sete) alunos consideram o bullying como uma forma de preconceito, os 10% restantes sendo equivalente a 3 (três) alunos não souberam responder o questionamento com precisão.
19 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico 4: O praticante e as atitudes
isso,
considera-se
que
os
problemas
devido a problemas vividos por ele.
vividos pelos agressores são de grande valia nos atos praticados por eles.
SIM
Gráfico 5: A necessidade dos pais
TALVEZ
estarem cientes do bullying sofrido por
NÃO 0
50
seus filhos
100
Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro SIM TALVEZ
Observamos que essa foi uma questão de difícil interpretação por parte dos alunos. No momento em que cada um
Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro
expôs sua opinião, fez-se notório que a maioria vê que o agressor comete os atos de violência por prazer, ou sem motivos aparentes. Ao observar o gráfico nº 4, com base na questão: “É possível que o agressor possua comportamentos agressivos devido a problemas vividos por ele mesmo”? Nota-se
que
os
alunos
tiveram
dificuldades
na
questionados interpretação.
Sendo assim, aproximadamente 60% - 19 (dezenove) - alunos responderam que acham que o comportamento tomado pelos agressores não tem ligação com problemas vividos por eles mesmos. Cerca de 30% - 9 (nove)
-
disseram
que
talvez
tal
questionamento seja verdadeiro e apenas 2 (dois) alunos ou aproximadamente 10%, afirmaram que sim, o praticante e as atitudes
do
mesmo
são
devidos
a
problemas vividos anteriormente. Com
Pela pesquisa percebe-se o quão importante responsáveis,
a
presença para
dos que
pais
ou
tenham
conhecimento de como é o comportamento de seus filhos perante outros alunos, professores e demais funcionários da Escola. O gráfico 5 (cinco), retrata o quão necessário é os pais estarem cientes do bullying sofrido por seus filhos: 29 (vinte e nove) alunos afirmam que os pais da vítima precisam estar cientes dos atos sofridos por seus filhos, e apenas 1 (um) relatou que talvez os pais não devessem estarem presentes quanto aos possíveis casos. Considerações finais Ao retomar o problema central foi possível verificar que a barreira existente
20 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
entre pais e professores pode ser uma
maneiras de acabar com esse tipo de
grande influência para os casos de bullying
violência e assegurar que os alunos tenham
na escola. A falta de um diálogo entre
total liberdade para conversar com seus
ambos prejudica tanto aquele que está
pais e professores. Outras formas de
sofrendo o bullying quanto quem o pratica.
conscientização dos malefícios do bullying
A intervenção com esses alunos é
são a realização de palestras, reuniões com
de extrema importância, porém se ambas
as famílias e alunos, gincanas educativas,
as partes não tomarem nenhuma decisão, a
entre outras brincadeiras que proporcionem
tendência é um aumento dos casos de
a relação harmoniosa entre todos os
bullying na escola. Os reflexos desse
envolvidos. Vejamos que esses exemplos
problema não é só nos muros da escola,
são maneiras que podem ser adotadas pela
mas
própria escola, a fim de proporcionar aos
também
futuros
agressores
na
alunos e pais, as vivências, bem como o
sociedade. as
combate a essa problemática. Entende-se
da
que viver e conviver em harmonia, pode e
educação física, é importante enfatizar
deve colaborar significativamente para que
união entre pais e professores. Os trabalhos
se evite outros problemas sociais.
Portanto, estratégias
ao
considerar
pedagógicas
a
partir
de reflexão são necessários para combater o
bullying.
Assim,
devem-se
buscar
Abstract The disrespect and intolerance among students observed in schools, being in the XXI century narrated as bullying, is a chronic problem to be extinguished of the social conviviality since it directly influences the socialization of the individual.In the school environment there were always aggressive manifestations of the type, but currently, the word found and used for the denomination of these acts was bullying. From time to time this
subject has been experienced with greater frequency and each act witnessed has acquired greater notoriety and the possible causes and solutions have become easier to approach. Thus, the present work aims to analyze possible causes, solutions and consequences referring to victims and aggressors and how this influences the future of each one. Key word: Disrespect and intolerance, Bullying, Causes and solutions.
21 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Referências CALIMAN, G. Estudantes em situações de risco e prevenção. Ensaio: Aval Políticas Públicas em Educação, vol. 14, nº 52, Rio de Janeiro, Jul/Set 2006. 383 – 396 P. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010440362006000300007&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 10 nov. 2017. COSTANTINI, A. Bullying, como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre jovens. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/violencia-escolar-bullying-papelfamilia-escola.htm. Acesso em: 10 nov. 2017. FAGUNDES, Eulica. Violência escolar e bullying: O papel da família e da escola.Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/violenciaescolar-bullying-papel-familia-escola.htm. Acesso: 10 nov. 2017. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Disponível em: <www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf>. Acesso em: 10, nov 2017. HAMZE, Amélia. Bullying escolar: Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol .com.br/trabalho-docente/bullying-escolar.htm>. Acesso em: 02 out. 2017. LEMGRUBER, Roberta. Saiba identificar e combater o bullying nas escolas. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/familia/galerias/12927-saibaidentificar-e-combater-obullying-nas-escolas>. Acesso em: 02 out. 2017. PACIEVITCH, Thais. Bullying na Escola: Um Problema Crônico. Disponível em:<https://escoladainteligencia.com.br/bullying-na-escola/>. Acesso em: 02 out. 2017.
22 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO David Prates Souza* Karley Cristina Silva Pinto* Thaise Emanuelle Conrado dos Santos* Maria Helena Campos Pereira** Jennifer Pimentel Soyer** Denis Gonçalves da Silva** Resumo Este artigo apresenta a ludicidade como uma estratégia eficaz no processo de ensinoaprendizagem, assim como a importância de se trabalhar o lúdico nas aulas de educação física. A questão principal do artigo é: Qual a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento psicomotor do aluno nas aulas de educação física no ensino fundamental? O objetivo deste trabalho é analisar a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento psicomotor do aluno nas aulas de educação física. O foco da pesquisa destinou-se a uma escola pública estadual, diretamente em contato com 100% dos professores de educação física desta escola. O trabalho tem como base teórica o autor (KISHIMOTO, 2002), (FRIEDMANN, 2003) e Bandeira (2001). Através de uma pesquisa qualitativa nas escolas, buscou-se chegar a uma conclusão onde se pode verificar como o lúdico é visto pelos professores, se eles inserem a ludicidade em suas aulas e se considera importante esta prática.
Palavras-chave: Lúdico e ensino. Desenvolvimento psicomotor. Estratégia de ensino na educação física. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: david_pratesgv@hotmail.com, karleycris@hotmail.com e ise_manu@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Educação Física Escolar. Professora de Natação, Hidroginástica e Ginástica de Academia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autora. E-mail: jennipsoyer@gmail.com **Especialista em Educação Física Escolar. Professor de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, Cinesiologia e Cineantropometria da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: denisgsilva@hotmail.com
Introdução
tais atividades não são capazes de ser
O presente artigo aborda o lúdico como
realizada. (TAZINAZZO, 2012) Assim,
estratégia de ensino nas aulas de Educação
considera-se como problema científico:
Física. Alguns professores de Educação
Qual a importância das atividades lúdicas
Física não utilizam a criatividade para
nas aulas de educação física no ensino
trabalhar o lúdico nas aulas, considerando
fundamental? Além de o aluno aprender
que por não terem o espaço, os materiais,
brincando, se divertindo, é uma ótima
as condições necessárias dentro da escola,
forma de chamar a atenção, fazer com que 23
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
a criança queira participar e ajuda também
desenvolvimento
humano,
tais
como,
no seu desenvolvimento psicomotor, no
social, cognitivo, afetivo, dentre outros.
convívio social e etc. Para responder ao problema elabora-se o seguinte objetivo da
O que é ludicidade?
pesquisa: Identificar a importância das
O lúdico tem sua origem na palavra
atividades lúdicas para o desenvolvimento
latina "Ludus" que quer dizer "jogo”.
psicomotor
de
Considerando sua origem isolada, o termo
Educação Física. O campo de ação será o
lúdico seria direcionado apenas ao jogar,
ensino fundamental na “Escola Estadual
ao
Flores do Amanhecer”.
espontâneo. A evolução e progressão
do
aluno
nas
aulas
O estudo é importante, pois envolve o âmbito social, pessoal e educacional. No âmbito pessoal, justifica por perceber que as
crianças
estão
cada
vez
menos
interessadas nas aulas de educação física e o lúdico resgata esse interesse. No âmbito social, a ludicidade aproxima e melhora o convívio, sendo assim, os alunos aprendem a viver em sociedade, a respeitar e ajudar. E no âmbito educacional o lúdico tornouse uma ferramenta pedagógica capaz de promover
uma
aprendizagem
mais
dinâmica, interativa e eficaz, contribuindo para o aprender do aluno. Este trabalho se fundamenta nas concepções teóricas de (KISHIMOTO, 2002) que fala sobre O brincar e suas teorias.
(FRIEDMANN,
2003),
A
importância do brincar. E (BANDEIRA, 2001), com a abordagem sobre ludicidade e facilitação de aprendizagem. Portanto, a relevância do tema pode ser de grande valia em vários aspectos do
brincar,
ao
movimento
corporal
semântica do termo "lúdico", todavia, não cessou simplesmente nas suas origens e acompanhou
as
Psicomotricidade.
pesquisas “O
termo
de
“Ludus”
segundo (LUCKESI, 2000) tem sua origem no latim e significa “brincar”. Neste brincar estão incluídos as brincadeiras, os jogos e as atividades que proporcionam o divertimento, além da relativa conduta daquele que brinca, joga e que se diverte. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, enriquecido,
motivador, que
planejado possibilita
e a
aprendizagem de várias habilidades e desenvolvimento das capacidades físicas, trabalhando também o desempenho dentro e fora da sala de aula. Os desenvolvimentos pessoais que a ludicidade proporciona associados aos fatores sociais e culturais colaboram para uma boa saúde física e mental, facilitando o processo de socialização, comunicação, construção de conhecimento, além de um
24 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
desenvolvimento pleno e integral dos
propiciam
autonomia,
iniciativa,
indivíduos envolvidos no processo de
concentração e análise crítica para levantar
ensino-aprendizagem.
hipóteses acerca dos fatos, bem como nos ensinam a respeitar regras e vivenciar conflitos competitivos.
A importância do lúdico O lúdico tem despertado cada vez mais o interesse de pesquisadores ligados à educação. Muitas têm sido as obras que procuram refletir e justificar a necessidade do brincar dentro e fora da escola. Para
desenvolver
e
participar
ativamente do mundo em que vive, a criança precisa brincar, pois brincando a criança
desenvolve
seu
senso
de
companheirismo, sua auto expressão, sua autoestima,
sua
autoconfiança
e
autonomia. (FROEBEL, 2001) justificou o uso do brincar no processo educativo, tendo uma visão pedagógica do ato de brincar. Ele propôs uma educação voltada à sensibilidade, baseada na utilização dos jogos e materiais didáticos, que deveriam traduzir por si a crença em uma educação que atendesse a natureza humana. O brincar, pelo ato de brincar, desenvolve os aspectos físicos, morais e cognitivos, entre outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da orientação do adulto para que esse desenvolvimento ocorra. O ato de brincar e jogar torna o indivíduo capaz de pensar, imaginar, interpretar e criar, aspectos estes, que
Por meio das atividades lúdicas, o indivíduo
forma
conceitos,
seleciona
ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções e se socializa. Resgatando o gosto pelo conhecimento, por ocasionar momentos de afetividade entre o indivíduo e o aprender, tornando a aprendizagem formal mais prazerosa. As brincadeiras desencadeiam prazer, satisfação e interesse e precisam fazer parte do contexto escolar (FRIEDMMANN, 2003). A partir do momento que a escola valoriza as atividades lúdicas, auxilia na criação de um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada e os direitos dos indivíduos respeitados. O papel pedagógico da educação física no desenvolvimento infantil É
importante
ressaltar
que
a
disciplina Educação Física é uma prática pedagógica que possibilita às crianças à aquisição de conhecimentos através do lúdico, do brincar e do interagir. Assim, essa
disciplina
tem
como
objetivo
proporcionar aos alunos a “vivência”, a prática da cultura corporal de movimento: danças, esportes, lutas, jogos, brincadeiras, 25
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
ginásticas,
movimentos
circenses,
relacionando sempre com a cultura em que
favorecendo a aprendizagem na Educação Infantil, assim: [...] brincar é uma recreação, e
a criança está inserida. (TAZINAZZO,
quando o educador reconhece o jogo como
2012). As aulas de Educação Física são
atividade ou conteúdo que promove o
momentos em que os alunos se soltam se
desenvolvimento, permite a sensibilidade
expressão
porém,
de perceber sua própria prática e avaliar
possuem dificuldades de reconhecer que
suas próprias condutas, oferecendo melhor
também
qualidade de brincadeira às suas crianças
espontaneamente, é
uma
oportunidade
que
possibilita conhecimentos e informações,
(LIMA, 2007, p. 56).
caminhando juntamente com o prazer,
O professor deve utilizar métodos
satisfação, desenvoltura, além de ser um
que possibilitem maior participação, ser
ambiente aberto e prazeroso.
crítico, trabalhar as experiências trazidas
Quando o professor realiza um
pelos alunos no seu dia a dia, o que
trabalho pautado nas brincadeiras, as
contribui para o seu desenvolvimento,
crianças conseguem assimilar melhor os
propor ações estimulantes e incentivadoras,
movimentos, estabelecem vínculos dentre
como também ser o mediador no processo
as diversidades culturais e adquirem o
ação-reflexão, incentivar sua criatividade,
conhecimento específico e organizado
conforme está contido na Lei de Diretrizes
traçado pelo objetivo daquela aula. Assim,
e Bases da Educação Nacional (Lei
todas as aulas devem ser planejadas pelo
9394/96).
professor, detalhando claramente, quais os
Então, nas aulas de Educação Física
objetivos pretendem ser atingidos, sendo
o lúdico proporciona a evolução do aluno,
transmitido
além do desenvolvimento do cognitivo,
de
forma
prazerosa,
desafiadora, motivadora, permitindo aquele
motor,
espaço
valores
um
momento
de
ensino-
físico,
afetivo,
humanos
em
aquisição sua
dos
formação,
caminho didático, sendo utilizado para se
aprendizagem. O lúdico quando é bem aplicado
alcançar êxito no ambiente escolar. O
acaba se tornando um recurso pedagógico
professor
eficaz, que proporciona muitos benefícios
desenvolvimento com a aprendizagem do
e
o
aluno, no qual o conteúdo deve estar
desenvolvimento da criança. Hoje os
estruturado de forma com que ele aprenda
professores possuem uma variedade de
e coloque em prática no seu dia a dia
brincadeiras,
(FRIEDMANN, 2003).
resultados
satisfatórios
de
atividades
para
lúdicas
deve
relacionar
o
26 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
A ludicidade pode ser praticada por todas as faixas etárias objetivando sempre
os outros, o que lhe propicia dar significado a tudo que está ao seu redor. Segundo
o desenvolvimento humano. Deve ser parte
(LUCKESI
2005)
a
integrante da escola, principalmente na
principal característica da ludicidade é a
disciplina de Educação Física, destacando
plenitude da experiência, isto é, a vivência
seu valor como um elemento fundamental
lúdica de uma atividade exige uma entrega
no currículo pedagógico. Assim, se faz
total do ser humano, as brincadeiras serão
necessário o resgate, continuadamente, da
lúdicas, somente quando levarem a criança
ludicidade
à vivência plena e entrega total no
como
parte
da
prática
momento de sua efetivação. Desta forma,
pedagógica escolar. Também é importante ressaltar que o professor precisa relacionar a teoria com
nem toda brincadeira é lúdica, nem toda atividade lúdica é uma brincadeira.
a prática, não é só propor brincadeiras sem
De acordo com (KISHIMOTO
conhecimentos e sem objetivos, mas com
2002), a brincadeira sendo uma ação
qualidade, técnicas na proporção que
iniciada e mantida pela criança, possibilita
possam atingir os seus objetivos, “o
a busca de meios, pela exploração ainda
desenvolvimento
que
ensino-aprendizagem”,
desordenada,
e
exerce
papel
assim a brincadeira torna-se uma fonte de
fundamental na construção de saber fazer.
conhecimentos
lúdicos,
e
As brincadeiras são formas mais originais
independentes
da
criança
que a criança tem de se relacionar e de se
criativos
própria
apropriar do mundo. É brincando que ela
(FRIEDMANN, 2003). Deste modo quando o professor de
se relaciona com as pessoas e objetos ao
Educação Física trabalha o brincar como
seu redor, aprendendo o tempo todo com
um fator primordial aos seus objetivos, ele
as experiências que pode ter. Os
está automaticamente valorizando o lúdico tornando-o
parte
do
desenvolvimento
autores
KISHIMOTO,
2005)
(LUCKESI
E
ressaltam
a
infantil da criança, além de possibilitar a
importância do lúdico na vida de uma
socialização das crianças.
criança, por proporcionar a ela formas de se expressar e de se comunicar com o
O lúdico e o ensino A ludicidade é uma importante
mundo, constituindo-se em uma ferramenta muito potente no processo de aprendizado.
ferramenta para a formação do educando.
Esta característica de chamar a atenção e
É através do brincar que a criança se
fazer com que a criança queira participar,
relaciona com o meio em que vive e com 27 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
proporciona a ela um saber, o que permite
disciplina escolar, ocasionando em certa
a criança o aprender brincando.
resistência em ir à escola. O fato não esta
Para que as brincadeiras sejam
apenas no total desagrado pelo ambiente
consideradas lúdicas é necessário que
ou pela nova forma de vida e sim por não
atinjam
e/ou
encontrar motivação para suas atividades
necessidade da criança, despertando nela
preferidas. É através do lúdico que a
vontade de participar da mesma e contendo
criança encontra o equilíbrio entre o real e
uma série de elementos que as mantenham
o
inteiramente na experiência durante o
aprendizagem
período de sua realização.
significativa, possibilitando que as aulas
O
o
centro
de
lúdico
interesse
apresenta
valores
sejam
imaginário,
um
desenvolvendo
de
forma
sucesso
e
prazerosa resultando
a e na
específicos para todas as fases da vida.
satisfação de professores e alunos. Durante
Assim, na idade infantil e na adolescência
as atividades lúdicas, o professor passa a
a finalidade é essencialmente pedagógica.
criar situações para o desenvolvimento da
Segundo desenvolvimento
(PIAGET, da
1986),
criança
o
acontece
através do lúdico. Ela precisa brincar para
autonomia, com incremento de ações que favorecem
as
integrações,
sugerindo
trocas. (SANTOS, 2010)
crescer, precisa do jogo como forma de equilibrar com o mundo.
Psicomotricidade
É de suma importância a relação entre o lúdico e o processo de ensinoaprendizagem, pois a utilização do lúdico na escola é um recurso muito rico para a busca da valorização das relações, onde as atividades lúdicas possibilitam a aquisição de
valores
já
esquecidos,
o
desenvolvimento cultural e a assimilação de novos conhecimentos, desenvolvendo, assim, a sociabilidade e a criatividade. Na escola, a criança é submetida a permanecer durante muitas horas em cadeiras escolares não confortáveis e é impossibilitada de se mover livremente, pela
necessidade
de
se
submeter
à
Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas
e
orgânicas.
É
sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado
para
uma
concepção
de
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
28 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
individualidade, sua linguagem e sua
através da linguagem verbal, também
socialização.
(SOCIEDADE
através de gestos, movimentos, olhares,
DE
forma de caminhar – sua linguagem
BRASILEIRA
corporal. A esta comunicação, a este estar-
PSICOMOTRICIDADE, 1999) A Educação Física Escolar, nos
no-mundo intenso dentro do limite da
dias atuais, leva a perceber as diversas
corporeidade-espaço próprio do sujeito,
possibilidades de garantir a formação
pode-se nominar psicomotricidade.
do
Embora, conforme admite o próprio
movimento humano. No entanto, a busca
autor, esta visão possa ir longe demais
por
na
enquanto generalização, os estudos sobre o
aprendizagem escolar tem se tornado uma
desenvolvimento humano parecem seguir
constante multidisciplinar, na qual a
esquemas, descrevendo o desenvolvimento
Educação Física e o conhecimento da
normal para que se possa compreender o
psicomotricidade nas aulas abrangem a
diferente. A psicomotricidade não foge a
relação
esta regra quando define os padrões
integral
dos
alunos
ferramentas
por
de
meio auxílio
desenvolvimento
motor
e
intelectual da criança. Ao compreender que
considerados
os estudos atuais ultrapassam os problemas
desenvolvimento
motores, pesquisam-se as ligações com as
(considerando
áreas psicomotoras: Coordenação Motora
neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e
Fina e Global, Estruturação Espacial,
áreas afins), desenvolvendo pontos de
Orientação
Lateralidade,
referência escalonados a partir dos quais se
Estruturação Corporal e as relações com a
poderão construir todos os testes infantis e
aprendizagem no contexto escolar.
as
Temporal,
Segundo (BARRETO, 2000), o
normais
para
o
psicomotor descrições
escalas
de
desenvolvimento;
feitas
pela
quociente
e,
por
de
conseguinte,
desenvolvimento psicomotor é importante
avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim
na
como o desenvolvimento futuro.
prevenção
aprendizagem.
de
problemas Portanto,
de
A
a
Educação
Física
a
psicomotricidade nas aulas de Educação
psicomotricidade
Física pode auxiliar na aprendizagem
interligadas em que o desenvolvimento dos
escolar, contribuindo para um fenômeno
aspectos motor, social, emocional dos
cultural
movimentos
que
consiste
de
ações
são
e
corporais
metodologias
é
vivenciado,
psicomotoras exercidas sobre o ser humano
através de atividades motoras. Pode-se
de maneira a favorecer comportamentos e
afirmar que a Educação Física possui um
transformações. O homem comunica-se
impacto positivo no pensamento, no 29
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
conhecimento
e
ação,
domínios
É exatamente nesse ponto que se
cognitivos, na vida do ser humano.
pretende contribuir: comprometendo-nos
Fazendo assim, com que o indivíduo vá
em
para uma vida ativa, saudável e produtiva,
pedagógicas da área; exemplos práticos de
criando uma integração segura e adequado
trabalhos em sala de aula; e apontar
desenvolvimento
elementos comuns entre a Educação Física
de
nos
corpo,
mente
e
espírito.
mostrar
alternativas
didático-
e outras disciplinas, na tentativa de
Portanto, a Educação Física, pelas
incentivar o trabalho interdisciplinar.
suas possibilidades de desenvolver a
Para
além
as
especificidade
da
ressalvas
domínios cognitivos e sociais, é de grande
Educação Física em relação às outras
importância
disciplinas – o corpo e o movimento
desenvolvimento
da
a
pontos,
dimensão psicomotora das pessoas, com os no
sobre
desses
aprendizagem escolar, por constituir-se
humano
num fator de equilíbrio na vida das
destaque, uma vez que esquecer essa
pessoas, expresso na interação entre o
especificidade significa desqualificar a
espírito e o corpo, a afetividade e a
própria disciplina.
energia,
o
indivíduo
e
o
grupo,
promovendo a totalidade do ser humano.
–
sempre
poderão
ganhar
Nesse sentido, o que se pretende nas Estratégias de ensino é incentivar o professor,
por
meio
de
alternativas
pedagógicas, a apresentar ao aluno o universo da cultura corporal, objeto da
Estratégias de ensino na Educação Física A
Educação
Educação Física
costumeiramente é apresentada como uma disciplina
cuja
estrutura
de
aula
é
previamente moldada, ou seja, dada a priori. A intenção de incluir a disciplina de Educação Física na seção “Estratégias de Ensino” é mostrar que as aulas de Educação Física não são sempre iguais, contextualizando e fundamentando cada plano de aula a ser trabalhado.
Física.
Acredita-se
que
ampliando esse universo para além dos tradicionais
esportes
coletivos,
principalmente o futebol, a disciplina pode mediar o contato do aluno com outras práticas corporais e até com princípios culturais distintos do seu, resultando em redução prática de preconceito contra o outro. O lúdico como estratégia de ensino nas aulas de educação física pode ser um grande aliado no processo de ensino e de aprendizagem dos alunos, principalmente
30 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
se tratando da educação infantil, que é uma
ludicidade, observando quais os benefícios
fase na qual as crianças movimentam-se
e as contribuições para o educando.
intensamente buscando desvendar o mundo que os cerca. Dentro deste contexto ele também
está
associado
a
jogos,
A importância do papel do professor durante as aulas de educação física
brincadeiras, interesse, prazer, ajuda a
O
professor
possui
papel
desenvolver a criatividade e proporciona
fundamental
bem-estar
ao
psicomotor tanto de crianças normais
profissional de educação física utilizar a
quanto de crianças com necessidades
ludicidade como meio para desenvolver
educativas. É ele que pode em muito
inúmeras capacidades em seus alunos para
contribuir através da estimulação em sala
que
de aula e do encaminhamento quando se
o
aos
educandos.
processo
aprendizagem
de
aconteça
Cabe
ensino
e
de
de
forma
desenvolvimento
fizer necessário.
espontânea, divertida e principalmente significativa. (TAZINAZZO, 2012).
no
Como mediador pode contribuir, em todos os níveis, na estimulação do
Segundo Bandeira (2001) é comum
desenvolvimento cognitivo, de aptidões e
encontrar práticas pedagógicas que deixam
habilidades, na formação de atitudes
o lúdico em segundo plano, e objetiva
através de uma relação afetiva saudável,
unicamente um ambiente de ordem, sendo
criando uma atmosfera de segurança e
que para isto impõem as crianças restrições
bem-estar
posturais,
aceitando-a do jeito que ela é.
mantendo-as,
por
exemplo,
para
a
criança
e,
ainda
sentadas e quietas por longos momentos, e
De acordo com (BORGES 2002,
qualquer movimento ou deslocamento é
p.112), quando o educador conhece a
visto como desordem ou indisciplina.
maneira como a criança desenvolve o seu
O mesmo autor destaca que os
pensamento, ele aceita, com facilidades, os
jogos e as brincadeiras demonstram a
‘erros
cultura corporal de cada grupo e que
compreende que o mais importante não é
entender o caráter lúdico que se manifesta
levar a criança a produzir uma resposta
nas crianças, pode ser um fator muito
certa, mas, sim, levá-la a refletir sobre as
importante para que o professor organize
próprias respostas, para que ela mesma
sua pratica de maneira significativa e
possa se autocorrigir.
abrangente. Diante disso, buscou demonstrar a importância do brincar e de se educar com
infantis’.
Sendo
Desta
assim,
se
maneira,
a
ele
educação
psicomotora é um processo, uma terapia 31
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
o
dele vínculos afetivos são estabelecidos,
comportamento, o professor deve atuar
transmitindo segurança e proporcionando
com a orientação específica do profissional
ajuda na forma como também interage,
habilitado, pois é preciso intervir de forma
sugere, propõe, estimula e escuta a criança.
programada,
que
visa
modificar
adequada, no momento oportuno, com técnicas apropriadas.
Sendo
assim,
o
professor
de
Educação Física deve estar consciente da
(BORGES, 2002, p.112) destaca,
sua função durante as aulas deve selecionar os exercícios de acordo com a idade ou
ainda, que: Para
que
o
educador
consiga
nível da criança.
realizar algo de positivo, de consistente, é
De acordo com (STAES, 1984),
preciso que ele tenha convicção de seu
evidentemente o educador deverá adaptar
trabalho, acredite no potencial que cada
os exercícios a cada criança, a cada grupo,
educando traz consigo, enxergue a riqueza
a cada classe: o nível teórico quase nunca
desse material humano, explorável, com
está perfeitamente adequado às crianças
capacidades ilimitadas, no geral, portanto,
com quem lidamos. Todavia, é prudente
seu trabalho de educador deve convergir
seguir as etapas de progressões propostas.
para atender, na totalidade, a todas essas exigências que a pessoa humana reclama no que diz respeito à sua formação, à sua educação.
O
isso,
observamos
que o
professor exerce uma função única dentro
da
Educação Física é o movimento, por ser o denominador comum de diversos campos humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento.
da escola. Ele é o elemento de ligação entre o contexto interno, a escola, o externo
a
sociedade,
conhecimento dinâmico e o aluno. Ao mesmo
instrumento
sensoriais. O desenvolvimento do ser
Com
contexto
principal
tempo,
conforme
destaca
(NEGRINE, 2002), por trabalhar com o corpo, o professor de educação física pode contar com a presença do toque corporal que exerce um papel fundamental uma vez que este é um forte aliado, pois a partir
A Educação Física é um processo educativo que, antes do saber cientifico e do
trabalho
produtivo,
tem
um
compromisso com a existencia humana. Não se trata, portanto, de dar prioridade à compreensão cognitiva do homem, nem de aprender trabalhar e produzir, mas de saber viver. O primeiro valor da exixtencia humana é a vida, viver a vida. (SANTIN, 1993, p.70)
32 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
No caso específico da educação
proporciona aos alunos? Você considera o
física, o profissional dessa área possui
lúdico
ferramentas
desenvolvimento da criança? Cite uma
estímulos
valiosas que
para
levem
desenvolvimento
de
provocar
recurso
eficaz
no
esse
característica principal da ludicidade. É
bastante
possível dizer que toda brincadeira é
a
forma
um
prazerosa: a brincadeira, o jogo e o esporte.
lúdica?
Enfim, a educação física pode
Neste
contexto,
os
professores
contribuir para o desenvolvimento da
entrevistados pediram para manter a
aprendizagem,
para
preservação de sua identidade, então foram
minimizar e até mesmo evitar a instalação
numerados em professor 1, professor 2 e
das dificuldades de aprendizagem, além de
professor 3.
como
também,
resgatar a autonomia e autoestima dos alunos.
O intuito da pesquisa foi identificar como
a
ludicidade
professores, Aspectos metodológicos da pesquisa A pesquisa de campo foi realizada a
Valadares – MG. A escola conta com três professores de educação física e 100% deles participaram de um questionário
A
seguir
conhecem
a
apresentam-se
os
resultados e discussão. Resultados e Discussões O que você entende como ludicidade? O professor1 respondeu que seu entendimento
Utilizou-se uma metodologia de
pelos
se o mesmo é inserido em suas aulas.
estruturado com questões abertas, e seu resultado apresentado logo abaixo.
eles
vista
importância de se trabalhar com o lúdico, e
“Escola Estadual Flores do Amanhecer”, no ensino fundamental, em Governador
se
é
atividades
é
procurar,
recreativas
através
de
e
prazerosas,
determinados
objetivos.
pesquisa qualitativa com análise, síntese e
trabalharem
interpretação das concepções teóricas a
Oprofessor2 disse que é desenvolver
respeito do assunto. E na investigação de
brincando através da atividade proposta
campo trabalhou-se com um questionário
pelo professor. E o professor 3 relata ser a
composto por seis questões abertas: O que
realização de atividades na qual a criança
você entende como ludicidade? Como você
aprende brincando e que dá prazer ao ser
considera que a ludicidade possa contribuir
executada. O
no âmbito social e educacional? Qual o papel
pedagógico
a
educação
física
termo
“Ludus”
segundo
(LUCKESI, 2000) tem sua origem no latim 33
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
e significa brincar. Neste brincar estão
Neste caso, os resultados destas
incluídos as brincadeiras, os jogos e os
entrevistas coincidem com esta concepção
divertimentos, e a relativa conduta daquele
deste autor, ao afirmarem que é importante
que brinca, joga e que se diverte.
a relação entre o lúdico e a contribuição
Dessa forma, entende-se que os professores entrevistados responderam de acordo com o autor, que brincando a criança aprende com mais facilidade, que a partir de jogos e/ou brincadeiras é que se passa a conhecer o próprio corpo, sua função e principalmente sua importância para o desenvolvimento corporal.
com o meio em que vive, pois, a utilização do lúdico é um recurso muito rico para a busca da valorização das relações sociais, educacionais e pessoais. Qual o papel pedagógico a educação física proporciona aos alunos? O professor1 considera que procura conhecer e propicia o desenvolvimento do
Como você considera que a ludicidade
aluno, ao trabalhar com atividades lúdicas,
possa contribuir no âmbito social e
bem como, o respeito ao limite de todos.
educacional?
Oprofessor2 entende que a educação física
O professor1 considera que o lúdico
trabalha
e
alunos se desenvolvam durante sua vida
educacional do educando, através do plano
escolar de forma integral e social. E o
de ação relacionado ao conteúdo proposto.
professor3 acredita que a educação física
O professor 2 enfatiza que contribui na
desperta a criatividade, quando os alunos
inclusão social e cultura corporal. E o
são envolvidos em aulas estimuladoras, e o
professor3 diz que através da ludicidade a
gosto pela prática esportiva, sendo que os
criança
convivência,
dois casos auxiliam no desenvolvimento
compreende o conceito de ganhar e perder,
motor, cognitivo e social dos mesmos, e
ao lidar com suas frustrações; esperar sua
aprimora suas habilidades corporais e
vez, respeitando o próximo, e ainda
intelectuais.
aprende
no
âmbito
sobre
social
através de seus conteúdos faz com que os
possibilita as relações de companheirismo e amizade. Segundo
Cabe ao profissional de educação física utilizar a ludicidade como meio para
o
desenvolvimento de inúmeras capacidades
acontece
em seus alunos, para que o processo de
através do lúdico. Ela precisa brincar para
ensino e de aprendizagem aconteça de
crescer, precisa do jogo como forma de se
forma
equilibrar com o mundo.
principalmente significativa.
desenvolvimento
(PIAGET, da
criança
1986),
espontânea,
divertida
e
34 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Nota-se
que
neste
processo
investigativo todas as respostas foram
Cite uma característica principal da ludicidade.
positivas de acordo com que o autor (LIMA, 2007) afirma: [...] brincar é uma recreação, e quando o educador reconhece o jogo como atividade ou conteúdo que promove o desenvolvimento, permite a sensibilidade de perceber sua própria prática e avalia suas próprias condutas, oferecendo
melhor
qualidade
de
brincadeira às suas crianças.
Ao
considerar
a
principal
característica da ludicidade, o professor 1 responde ser a inclusão social, professor 2 entende que o faz de conta busca objetivos específicos. E o professor 3considera que a principal atividade é atiçar a criatividade. Segundo
(LUCKESI,
2005)
a
principal característica da ludicidade é a plenitude da experiência, isto é, a vivência
Você considera o lúdico um recurso
lúdica de uma atividade exige uma entrega
eficaz no desenvolvimento da criança?
total do ser humano (...). Assim, ao analisar as respostas dos
Quanto a eficácia do lúdico no desenvolvimento da criança, o professor 1
professores
entrevistados
foi
possível
e professor 2 responderam apenas sim.
perceber que eles chegaram bem perto das
Porém o professor 3, além da afirmativa
concepções de Luckesi. Um professor
sim, justificou, que não é apenas uma
respondeu que uma principal característica
diversão ou um passatempo. A brincadeira
da ludicidade é a inclusão e de acordo com
é como um alimento para a criança ter uma
o autor é a entrega total do ser humano,
boa saúde física e mental.
então se um professor consegue planejar
De acordo com os autores citados
uma aula onde todos os seus alunos
neste artigo, a ludicidade é uma ferramenta
participem, ele consegue promover a
de suma importância no processo de
inclusão e seus alunos estão se entregando
aprendizagem do aluno e colabora em todo
a aquela atividade. Os outros professores
o seu desenvolvimento, seja ele mental,
entrevistados responderam que é “o faz de
social, psicomotor, dentre outros.
conta” buscando um objetivo específico e atiçar a criatividade dos alunos, onde mais
Então, as respostas dos professores estão de acordo com o que foi citado pelos autores, ou seja, eles reconhecem a importância ludicidade.
de
se
trabalhar
com
a
uma vez conta com a entrega desses alunos ao participar das aulas, ao querer aprender mais com aquela experiência de adquirir o conhecimento e se divertir ao mesmo tempo. 35
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Outro ponto importante é saber se toda atividade é lúdica, assim questiona.
qualidade de vida.
É possível dizer que toda brincadeira é lúdica? É difícil dizer que toda atividade é lúdica, por isso foi necessário questionar aos professores da área específica. Neste foco, o professor 1responde que não, pois toda brincadeira lúdica deve ter objetivo especifico. O professor 2também considera que não, depende da brincadeira tudo tem que ter respeito. E o professor 3afirma não, porque
tem
que
ter
um
corporais que se inserem aos biológicos e a
objetivo
pedagógico. Ainda segundo (LUCKESI, 2005) (...) as brincadeiras serão lúdicas, somente quando levarem a criança à vivência plena e entrega total no momento de sua efetivação. Assim, nem toda brincadeira é lúdica, nem toda atividade lúdica é uma brincadeira.
Considerações finais O presente trabalho possibilitou analisar e conhecer a importância da ludicidade nas aulas de educação física, a contribuição que o lúdico pode gerar ao desenvolvimento no âmbito escolar onde a criança aprende brincando, o social que possibilita ao aluno vivências em grupos, aprende a conviver com os outros, a respeitar seus espaços, seus limites, e no âmbito pessoal, pode contribuir para a autonomia da criança e confiança em realizar seus projetos, além de despertar sua criatividade. Uma criança que ao jogar e brincar deixa de ser um ouvinte passivo das explicações do professor e passa a ter participação
ativa
no
processo
de
construção do conhecimento. A
ludicidade,
além
de
uma
poderosa ferramenta pedagógica também que
contribui para fazer com que o aluno se
responderam também concordam que nem
interesse pelas aulas, pelo aprendizado,
toda brincadeira é lúdica, pois segundo
pois ele o faz de forma prazerosa, divertida
eles, tem que haver respeito entre os que
e as chances da criança absorver o
praticam a brincadeira onde todos os
conteúdo são muito maiores.
E
para
os
professores
alunos devem estar gostando da atividade,
A partir da pesquisa teórica e a
ou seja, com entrega plena. Dois dos
pesquisa de campo concluímos que a
professores entrevistados ressaltaram que
ludicidade é de grande valor na formação
deve haver um objetivo específico e
de uma pessoa, independente de sua idade.
pedagógico. Portanto, o processo educativo
Com os dados coletados na pesquisa de
deve se interligar aos processos lúdicos e
campo, observamos que os professores
36 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
reconhecem a importância da ludicidade e
algo tão importante para o seu crescimento
tentam inseri-la a cada aula preparada com
que é o brincar, jogar, se expressar, e
o intuito de alcançar o objetivo proposto.
divertir
Em uma conversa após o questionário os
necessárias principalmente nesta fase da
professores que participaram da entrevista
infância.
entre
outras
experiências
relataram que as condições como materiais
Assim, ao longo deste artigo,
e espaço nem sempre favorecem para a
ficou claro que o professor de Educação
aplicação das aulas, mas que isso não pode
Física é um dos elos importantes no
ser empecilho para que os alunos não
desenvolvimento do aluno através de aulas
tenham uma aula de qualidade, e é neste
lúdicas. A partir da sua prática efetiva, o
ponto que o professor deve se possível
aluno pode ser estimulado e passar a
junto
expressar
aos
alunos
desenvolver
a
seus
anseios,
pensamentos,
criatividade, adaptar o necessário para
ações, sentimentos, comunicando-se com
conseguir transmitir o conteúdo e inserir a
seu mundo interno e externo. Por
reciclagem neste processo que é uma contribuição a mais aos alunos.
fim,
acreditamos
que
o
professor exerce uma função única dentro
As crianças estão cada vez mais
da escola, é o elemento de ligação entre o
entrando em um mundo tecnológico e
contexto interno, a escola, e o contexto
virtual e as práticas como brincar na rua,
externo, a sociedade, o conhecimento do
sentir o pé no chão, correr, pular e etc. têm
aluno. Desta forma, a ludicidade deve ser
ficado cada vez menos comum na infância.
incluída no contexto escolar, no sentido de
Então, a ludicidade na escola, conduzida
ajudar a criança não apenas a resolver suas
pelas aulas de Educação Física, pode
dificuldades quanto à aprendizagem, mas,
proporcionar essa vivência aos alunos,
principalmente, ser ferramenta importante
resgatando essa experiência tão prazerosa.
na construção de conhecimentos que
Por conseguinte tem objetivo educacional,
favoreçam
o lúdico nas aulas de educação física
socialização para toda a vida.
seu
desenvolvimento
e
permite que a criança tenha o contato com Abstract This article presents playfulness as an effective strategy in the teaching-learning process, as well as the importance of working the playful in physical education classes. The main question of the article is:
What is the importance of the ludic activities for the psychomotor development of the student in the classes of physical education in primary education? The objective of this work is to analyze the importance of the ludic activities for the psychomotor development of the student in 37
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
the physical education classes. The focus of the research was for a state public school, directly in contact with 100% of the physical education teachers of this school. The work has as its theoretical basis the author (KISHIMOTO, 2002), (FRIEDMANN, 2003) and (BANDEIRA, 2001). Through a qualitative research in the schools, we tried to arrive at a
conclusion where one can verify how the playful one is seen by the teachers, if they insert the playfulness in their classes and considers this practice important. Key - words: Playful and teaching. Psychomotor development. Teaching strategy in physical education.
Referências BANDEIRA, M. C.R. Ludicidade: Facilitação de Aprendizagem no Jardim II. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciência Humanas e Educação da Universidade da Amazônia: Belém, 2001. BARRETO, Sidirley de Jesús. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2 ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000. BORGES, Célio José. Educação Física para o pré-escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. FROEBEL. Friedrich A. A educação do homem. Tradução de Maria Helena Câmara Bastos. Passo Fundo: UPF, 2001. FRIEDMMANN, Adriana. A importância do brincar. Jornal diário na escola: Santo André, 2003. KISHIMOTO, Tizuko Morchida.O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. LIMA, A. S.; BARBOSA. S. B. “Psicomotricidade na Educação Infantil – desenvolvendo capacidades”. São João do Meriti: Colégio Santa Maria, 2007. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2000. ._______. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 17 ed. São Paulo: Cortez, 2005. NEGRINE, Airton. O corpo na educação infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2002. PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1986. SANTIN, Silvino. Educação Física outros caminhos. 2. ed. Porto Alegre: Ed.EST/ ESEF, 1993. SANTOS, Simone C. A Importância do Lúdico no Processo Ensino Aprendizagem. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Gestão Educacional) – Universidade Federal de Santa Maria, RS. Santa Maria, 2010. 38 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Disponível em: http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm. Acesso em: 25 de novembro de 2017 STAES, L. Psicomotricidade Educação e Reeducação. São Paulo: Manole, 1984. TAZINAZZO, Karina. O lúdico como estratégia de ensino nas aulas de educação física. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012.
39 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
EXCLUSÃO DOS DEFICIENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II Dayane Pereira Leandro* Lalesca de Oliveira Gonçalves* Thatiele Aparecida da Silva* Maria Helena Campos Pereira** Rosely Conceição de Oliveira** Cínthia Mara de Oliveira** Resumo O presente estudo objetivou identificar quais os fatores que contribuem para a exclusão de alunos deficientes nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental. Para tanto, investigou-se as seguintes instituições: a Escola Estadual Luiz de Camões de Tumiritinga (MG) e a Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG). Quanto à metodologia de pesquisa, trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa de caráter descritivo. Estudou-se uma amostra de 8 professores que ministram aulas de educação física no ensino fundamental II.Como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados e observações destas aulas. Fundamentou-se nas concepções apresentadas no artigo publicado em 2014 pela doutoranda do programa de pós-graduação em educação, Maria Luiza Salzani Fiorine, e do docente do departamento de educação especial, Eduardo José Manzini, que tratam das dificuldades, ações e conteúdos para prover a inclusão dos alunos com deficiência na aula de educação física. Palavras-chave: Exclusão; Aulas de Educação Física; Ensino Fundamental II; Deficiência; ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: dpl.16@hotmail.com, lallesca-oliveira@hotmail.com e thatygv13@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Gestão Pública e em Docência do Ensino Superior. Coordenadora do curso de Educação Física e Professora de Políticas Públicas de Esportes e Lazer, História da Educação Física e Esporte e Ética e Legislação Profissional da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: roselycof@gmail.com **Especialista em Reabilitação do membro superior. Professora de Políticas Públicas de Anatomia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: cinthiamaraoliveira@hotmail.com
Introdução A educação inclusiva tem o objetivo de incluir alunos especiais no ambiente escolar, e dessa forma, trazer a todos a oportunidade de serem respeitados em
compreensão
as
diferenças.
É
importante salientar que apenas receber os alunos com deficiência na sala de aula não
significa
inclusão.
De
acordo
com
(BUENO, 1999), a educação inclusiva é aquela que oferece um ensino adequado às diferenças e às necessidades de cada aluno. É notável que os problemas vivenciados pelas pessoas com deficiências não se limita ao âmbito social, podendo ser em muitas vezes sequelas da “deficiência”
40 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
do
Sistema
Embora
Educacional
resguardados
pela
Brasileiro.
(JAMES;
legislação,
2011),
KELLMAN;
o
LIEBERMAN,
conhecimento
dos
fatores
como a Constituição Federal que garante
relacionados à exclusão nas aulas de
às pessoas com deficiência o direito à
educação
educação de qualidade no ensino regular
professor responder as necessidades de seu
em instituições públicas, o que se visualiza
aluno,
no atual cenário educacional é uma
dificuldades encontradas e nortearão às
extrema dificuldade do Poder Público em
ações adequadas ao se deparar com a
executar o que está indicado e previsto
problemática.
física sanando
poderá ou
permitir
diminuindo
ao as
Diante do problema apresentado,
legalmente. Neste contexto, o questionamento
tem como principais hipóteses a falta de
estabelecesse à disciplina Educação Física,
monitores, de professores capacitados em
nos porquês da “exclusão facultativa” aos
sua maneira de conceber a metodologia
alunos com deficiência promovidas por
junto aos alunos e o desconhecimento
diversos professores.
sobre as deficiências (formação acadêmica
O estudo e interesse pelo tema,
deficitária),
a
carência
de
materiais
propõe uma pesquisa que investigue os
adaptados e ausência de acessibilidade
porquês da problemática; a qual foi
estrutural.
pelas
Para atingir os objetivos, utilizou-
pesquisadoras no campo onde foi realizado
se da pesquisa qualitativa, a partir de uma
o Estágio Supervisionado II, no Ensino
pesquisa bibliográfica, onde foram feitas
Fundamental Anos Finais disciplina do 5º
análises, sínteses e interpretações das
período do Curso de Licenciatura em
concepções teóricas, e também da pesquisa
Educação Física da Faculdade Presidente
quantitativa, através da aplicação do
Antonio Carlos de Governador Valadares.
questionário aplicado aos professores, que
Acredita-se que a pesquisa contribuirá para
posteriormente foi tabulado e através de
uma reflexão/ação nas escolas onde o
procedimentos estatísticos, dispostos em
problema
gráficos.
visualizada
e
foi
questionada
evidenciado,
visto
que
soluções poderão ser traçadas depois que as
dificuldades
forem
A
teórico, se fundamenta em concepções
relevância do trabalho estará ainda em prol
apresentadas no artigo publicado em 2014
da futura atuação das pesquisadoras,
pela doutoranda do programa de pós-
contribuindo
graduação em educação, Maria Luiza
sobremodo
listadas.
No que tange ao referencial
no
exercício
profissional, uma vez que, conforme
Salzani
Fiorine,
e
do
docente
do 41
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
especial,
secundárias a uma deficiência e promover
Eduardo José Manzini, que tratam das
a integração social do indivíduo. Esses
dificuldades, ações e conteúdos para
benefícios são evidenciados tanto na esfera
prover
física,
departamento
a
de
educação
inclusão
dos
alunos
com
Dessa forma, a presente pesquisa como
objetivo
identificar
no
equilíbrio,
na
coordenação, na resistência; quanto na
deficiência na aula de Educação Física. tem
melhorando
quais
empecilhos comprometem a atuação do
psíquica,
melhorando
integração
social,
a
autoestima,
redução
da
agressividade.
professor de educação física na legítima
Entende-se nesse contexto, que a
inclusão dos alunos com deficiência em
educação física possibilita aos alunos a
suas aulas.
conviver com a diversidade, mostrando
Pessoas com Deficiência e aulas de Educação Física Escolar
que as superações das dificuldades são
Acredita-se que a educação física
condição física e motora dos alunos,
um
podendo superar suas limitações.
tem
papel
importantíssimo
no
plenamente possíveis, independente da
Segundo
desenvolvimento motor, intelectual, social
física
(PALMA é
uma
2008),
“a
área
do
e afetivo dos alunos, principalmente
educação
daqueles com deficiência.
conhecimento que trabalha diretamente
Os objetivos das aulas para os
com o corpo e suas significações em todos
deficientes em sua maioria são os mesmos,
os seus contextos de atuação”. Para
as regras, as normas, a organização e os
(JUNCKEN et al, 1987, p.17), “o esporte
procedimentos,
exerce
podendo
requerer
em
papel
fundamental
alguma atividade particular, adaptação para
desenvolvimento
que
baseado em métodos e normas que
os
alunos
concomitantemente
possam com
participar
seus
outros
somático,
no
funcional,
respeitem a individualidade de cada um, bem como suas capacidades e limitações.
colegas de turma. De acordo com (MELO 2002), a
A Educação Física deve propiciar o
prática de alguma atividade, seja ela física
desenvolvimento global de seus alunos,
e/ou esportiva por pessoas com deficiência
ajudar para que o mesmo consiga atingir a
pode
proporcionar,
benefícios
que
todos
os
adaptação e o equilíbrio que requer suas
conhecidos,
a
limitações e ou deficiência; identificar as
e
necessidades
dentre já
oportunidade de testar os
limites
potencialidades, prevenir as enfermidades
e
capacidades
de
cada
educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento;
42 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
facilitar sua independência e autonomia,
Nessa riqueza de possibilidades e
bem como facilitar o processo de inclusão
vivências, é notória e comprovada a
e aceitação em seu grupo social, quando
dificuldade de inserção do aluno com
necessário (STRAPASSON, 2007, p 8).
deficiência no desenvolvimento das aulas. Dificuldade apresentada na maioria das
(KIRK, 2000), ao comentar sobre as
características
das
crianças
com
vezes
pela
adaptada,
falta
de
materiais
estrutura
física
adequados
e
deficiências físicas diz que essa categoria
principalmente o “despreparo” pedagógico
refere-se a uma variedade de condições
dos professores.
que afetam o bem estar da criança,
Essa lacuna pedagógica detona a
exigindo intervenção da Educação Especial
urgência de uma reflexão sobre como o
no
mobilidade,
cumprimento do Direito Social, previsto na
vitalidade física e autoimagem. Nessa
Constituição e Leis delegadas, do acesso
ampla categoria, estão incluídas as más
pleno
formações
deficiência está sendo mesmo ofertado.
que
diz
respeito
congênitas,
à
as
distrofias
musculares, a paralisia cerebral, quando não associadas a outras deficiências.
a
Educação
alunos
com
Por isso, essa pesquisa provoca a necessidade
Sendo assim, a educação física tem
aos
de
uma
revisão
de
planejamento, orientação e mobilidade
um papel de proporcionar integração, e tem
específicas
como
as
habilidades, como parte essencial do
possibilidades de participação ativa de
processo educacional de toda a criança
pessoas com deficiência proporcionando
deficiente.
propósito
potencializar
aos alunos a vivencia e inclusão nas aulas.
para
desenvolver
suas
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a concepção de
Educação Física para deficientes no Ensino fundamental II
cultura corporal amplia a contribuição da
O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais básicas a corporeidade, que desencadeiam fundamentação motora e cognitiva dentro da cultura corporal do movimento, em atividades como jogos, esportes, lutas, ginásticas e dança.
exercício da cidadania, na medida em que,
Educação Física escolar para o pleno tomando seus conteúdos e as capacidades que se propõe a desenvolver como produtos
socioculturais,
afirma
como
direito de todos o acesso a eles. Além disso, adota uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento
da
autonomia,
a 43
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
cooperação, a participação social e a
de
afirmação
possibilitando uma atitude de respeito,
de
valores
e
princípios
democráticos.
necessidades
educativas
especiais,
aceitação e solidariedade”. (CARDOSO &
De um modo específico, cabe à
BASTILHA, 2010).
Educação Física proporcionar aulas com o
Fundamentado
por
Junken
intuito de incluir os alunos e trabalhar o
“criando assim, um meio social onde o
desenvolvimento cognitivo.
deficiente mental possa atuar com os mesmos
direitos
e
oportunidades”,
Deficientes e o Papel do Professor nas Aulas
(OLIVEIRA, 2002) afirma que “É através
Dentre os principais objetivos do
para fazer as atividades, aumentando seu
professor de Educação Física em aulas que
campo de ação, consequentemente, fará
garantam a inclusão, está a promoção da
com que o aluno se sinta com mais
autoconfiança e mesmo a “aceitação” da
condições de participar das atividades da
diferença,
que
comunidade e da família
deficiente
desenvolver
permitirão
ao
aluno
habilidades
do professor que o aluno se sentirá seguro
e da
A exclusão dos alunos com deficiência nas aulas de educação física
conhecimentos
Ao contextualizarmos a exclusão
específicos, é também papel do professor
social como um fenômeno que vem sendo
transmitir, de forma consciente ou não,
debatido e combatido com intensidade
valores, normas, maneiras de pensar e
desde o fim do século XX, com o propósito
padrões de comportamento para conviver e
maior de se alcançar a inclusão de grupos
viver em sociedade.
que no decorrer da história viveram
talentos que compensem a sua deficiência física.
Isso
capacidade
significa de
Dessa
que,
ensinar
forma,
de
segregados e em posição social inferior aos
Educação Física deve estar preparado e
demais, identificou que a exclusão é um
motivado
processo
para
o
além
professor
desenvolver
conteúdos
histórico
presente
desde
o
estimulantes e criativos, adaptando-os aos
momento em que o homem passou a viver
diferentes
em grupo, isso ainda no período pré-
níveis
de
aprendizagem
e
limitações de seus alunos. “Com isso, as
histórico.
aulas de Educação física devem propiciar
Para (PLACE E HODGE, 2001) os
aos alunos através de atividades corporais
alunos
com
deficiência
se
sentem
uma atitude construtiva com os portadores
excluídos durante as aulas de Educação
44 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Física
devido
a
comportamentos
de
rejeição, ser encarados como alvo de curiosidade,
e ainda
física
(JAMES;
KELLMAN;
LIEBERMAN, 2011). Estudos
por sentirem-se
realizados
dentro
do
incomodados durante as interações sociais
contexto das aulas de Educação Física
com os colegas de classe.
Escolar indicam que o tipo de interação
No decorrer da pesquisa, as autoras
social estruturada com os colegas é o
acompanharam em estudo três alunas com
principal fator responsável pela inclusão do
deficiência física, descreve-se que as
aluno com deficiência. As relações sociais
interações com os colegas de classe sem
com caráter de suporte e aceitação social
deficiência aconteceu de forma reduzida,
são capazes de promover a inclusão, visto
devido principalmente à distância espacial
que permitem a construção de um senso de
existente entre as partes. Neste caso, as
pertencimento ao grupo (GOODWIN;
alunas
WATKINSON, 2000; HUTZLER et. al,
com
deficiência
encontravam
dificuldades para chegar ao local de aula. No
estudo
realizado
2002). Outros
por
fatores
indicados
exclusão era vivenciada pelos alunos com
inclusão, como a participação efetiva nas
deficiência
de
atividades propostas em aula e a chance de
isolamento social, quando se sentiam
se beneficiar com a prática de atividade
diferentes devido à deficiência, ou tinham
física (GOODWIN; WATKINSON, 2000).
experiências
Para
participação limitada nas atividades. A
se
importantes
são
(GOODWIN E WATKINSON 2000), a durante
como
também
sentir
para
incluído
a
é
exclusão também estava associada com o
fundamental a construção de relações
questionamento da sua capacidade de
sociais positivas, com características de
execução das atividades pelos colegas.
suporte
Este estudo foi realizado com alunos com
(HUTZLER et al, 2000, GOODWIN;
deficiência física entre 10 e 12 anos de
WATKINSON, 2000, PLACE; HODGE,
idade (GOODWIN; WATKINSON, 2000).
2001).
O
conhecimento
dos
às
A
fatores
necessidades
partir
dessas
deste
aluno
constatações,
relacionados à exclusão nas aulas de
verifica-se que as causas dos professores
Educação Física permitirá ao professor
não incluírem os alunos nas aulas podem
responder as necessidades de seu aluno,
estar relacionadas a diversos fatores. As
sanando ou diminuindo as dificuldades
relações estabelecidas, os métodos usados,
encontradas para a construção de um senso
os conteúdos abordados e até a estrutura
de pertencimento nas aulas de educação
direcionada à Educação Física podem 45
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
estimular ou afastar os alunos com
rotineiramente
ocorre
algum
deficiência.
desentendimento o envolvendo, devido ao seu comportamento explosivo, que sempre inclui brincadeiras de “mau gosto”.
Aspectos Metodológicos da Pesquisa A presente pesquisa partiu da
Esse cenário e comportamento
premissa de identificar quais práticas
tornam as aulas de Educação Física um
pedagógicas
se
momento de tensão e ao mesmo tempo de
fundamentam e aplicam durante suas aulas
aprendizagem para o aluno “especial”, que
para que o aluno se sinta incluído nas
a cada dia rompe barreiras superando seus
atividades,
limites na questão de conviver.
os
sem
professores
isolamento
ou
em
O professore de Educação Física
proposição de atividades individuais ao
afirma que acaba o protegendo na maioria
mesmo. deficientes
das brigas que surgem, devido ao seu grau
pesquisados foram 5(cinco), sendo 2 (dois)
de transtorno mental, e tenta explicar aos
alunos cadeirantes, em idade de 13 anos, e
colegas de sala que as atitudes de Jefferson
3 (três) com deficiência múltipla, 2 (dois)
devem ser ignoradas na maioria das vezes,
em idade correta (sem desvio padrão) para
por se tratar de um aluno “especial”, e que
série, e 1 (um) com idade mais avançada. É
não são intencionais.
O
total
de
alunos
Este convívio ajuda os outros
importante destacar que todos possuem em acompanhamento monitores educacionais
alunos
a
aprenderem
lidar
com
as
individuais integralmente em sua rotina
diferenças, respeitando-o, nos seus limites
escolar.
e dificuldades. Jefferson possui uma
Como o transtorno mental torna o
professora de apoio que o auxilia em sala
aluno às vezes agressivo, ou muito
de aula, e durante as aulas de Educação
explosivo, em depoimento uma monitora
Física, a monitora o auxilia sempre que a
que acompanha Jefferson, aluno com
atividade envolve jogos. Porém, mesmo
deficiência múltipla, afirmou ter que estar
com a “inclusão” garantida por Leis e
sempre atenta ao mesmo, evitando brigas
Resoluções, além do aparato profissional
ou algum acidente que o envolva.
designado, no horário das aulas de
Afirmou também os alunos que
Educação Física, os alunos com deficiência
estudam com Jefferson sabem do seu
física, na maioria das vezes ficam na sala
“problema”, e tentam ser compreensivas na
de informática,
medida
monitores em atividades que envolvam
do
possível,
visto
que
ou
então
com
seus
46 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Ao aplicar o questionário não foi
jogos como o quebra-cabeça, dama e xadrez.
verificada a história profissional dos
Metodologia
professores, a pesquisa coletada se deu
Para
o
desenvolvimento
deste
pelo questionário e pelo conhecimento
estudo, utilizou-se uma abordagem de
adquirido no estágio supervisionado
caráter qualitativo. Com base em seus
Resultados
objetivos, trata-se de um estudo descritivo,
Foram
aplicados
questionários
pois buscou identificar e descrever os
estruturados a 8 professores de educação
motivos que levam alguns professores de
física
Educação
públicas nos quais são, Escola Estadual
Física
pedagogicamente
se
em
instituições
Luiz de Camões Tumiritinga (MG) e a
deficiência, deixando-os excluídos das
Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de
aulas.
Coroaci (MG), seguem os resultados: abordagem
alunos
lecionam
com
A
aos
omitirem
que
foi
simples
e Gráfico 01: Você considera que suas aulas excluem esses alunos com deficiência?
objetiva, e como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados para 8 professores de Educação Física no ensino
fundamental
II,
sendo
esse
6
composto por 3 questões objetivas e 2
4
questões discursivas. Outro instrumento
2
5 3
0
utilizado foram as observações das aulas
Sim
de Educação Física e a experiência
Não 37,50%
62,50%
adquirida pelo estagio supervisionado II. Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
Os sujeitos participantes do estudo foram os professores pertencentes à Escola Estadual Luís de Camões, localizada em Tumiritinga (MG) e à Escola Estadual Sinhaninha
Gonçalves,
localizada
em
Coroaci (MG). A escolha desses sujeitos se deu pelas autoras da pesquisa residirem
O gráfico acima ilustra as respostas advindas da primeira questão, que veio a questionar se suas aulas excluem esses alunos com deficiência. Fica evidenciado que 37,50% dos professores dizem que suas aulas os excluem, até mesmo, pois suas aulas abrangem mais fundamentos, em contraposição 62,50% dizem que em suas aulas eles não são excluídos.
próximos a essas escolas, o que de certa forma facilitou o processo de coleta de dados.
Gráfico 02: Quando descobriu que em suas aulas teria alunos com algum tipo 47
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
de deficiência você buscou maneiras para incluí-lo?
aulas. Fica evidenciado que 75% optariam por não receber esses alunos e suas aulas, e 25%receberia sem problemas.
6
6
Gráfico 04: Qual o maior problema para incluir os alunos com deficiência nas aulas de Educação Física?
4 2 2 0 Sim
25%
1
Desinteresse da… Falta de materiais
Não 75%
7
0
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
2
12,50%
O gráfico acima ilustra as respostas advindas da segunda questão, que questiona se o professor ao descobrir que teria alunos com deficiência, se ele buscou maneiras para incluí-lo. Fica evidenciado que 25% dizem ter buscado métodos, 75% dizem que não buscou, pois, esses alunos possuem monitores.
4
6
8
87,50%
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico ilustra as respostas advindas da quarta questão, que questionou aos
professores
qual
seria
o
maior
problema para incluir os alunos nas aulas. Fica
evidenciado
que
87,50%
deles
responderam que o maior problema seria a Gráfico 03: Se tivesse a opção de receber ou não receber esses alunos com deficiência em suas aulas, qual seria sua opção?
justificativas predominantes foram: “Não há materiais adequados para incluí-lo nas aulas”.
6
Em
contraposição,
12,50%
disseram que o problema é a falta de
6 4
escassez de materiais adequados. As
interesse do aluno em se incluir com a
2
2
turma.
0 Sim
Discussão
Não 25%
Foram
75%
aplicados
questionários
estruturados a 8 professores que lecionam no ensino fundamental II, pertencentes a
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico ilustra as respostas
Escola Estadual Luiz de Camões de
advindas da terceira questão, que questiona
Tumiritinga (MG) e a Escola Estadual
se o professor optaria por receber ou não
Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),
receber esses alunos deficientes em suas 48 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
no intuito de questionar e identificar o
docente, reverem conceitos e métodos
porque dos alunos com deficiência não
utilizados, em busca de se minimizar a
serem incluídos nas aulas de educação
problemática e todos os fatores que
física pelos os professores. A partir dos
acercam essa questão, visto que, os
resultados supracitados, se estabelece uma
problemas evidenciados são possivelmente
discussão,
contornáveis
que
busca
evidenciar
os
aspectos obtidos através da relação dos resultados
e
as
concepções
teóricas
Considerações finais O
fundamentadas.
presente
estudo
buscou
A princípio nota-se que os materiais
identificar quais os fatores que contribuem
adequados, equipamentos para as aulas são
para o exclusão de alunos com deficiência,
realmente escassos, mas em contraposição,
para
levantaram pontos que esses alunos são
professores
excluídos
devido
públicas, Escola Estadual Luiz Camões de
professor
em
o
não
comodismo buscar
do
recursos
tanto
Tumiritinga
se de e
investigou 2
(duas)
a
Escola
8
(oito)
instituições Estadual
adaptados para que a aula seja inclusiva.
Sinhaninha Gonçalves de Coroaci, a fim de
Nesse sentido, é de suma importância o
contribuir no minimizar a problemática em
papel do professor em minimizar os fatores
questão e salientar a necessidade da
de que possam excluir os alunos com
qualificação dos professores nesse âmbito ,
deficiência das aulas de Educação Física.
para explicitarem da melhor forma o
Evidencia-se que se o professor
conceito da importância da Educação
buscar
métodos
adaptativos,
o
conhecimento e compreensão sobre a
Física para a incluir os alunos com deficiência.
deficiência, e a capacidade e possibilidades
A partir de uma análise dos dados
motoras desses alunos, o índice de
obtidos, percebe-se que são inúmeros os
exclusão seria menor. Outros fatores
fatores que levam aos professores a não
evidenciados
dos
buscar recursos para incluir esses alunos
professores
com deficiência, mas, constatou-se a
optariam por receber ou não alunos
predominância das atribuições a fatores
deficientes,
a
como a escassez de materiais adequados,
metodologia de suas aulas à essa demanda
propostas de atividades que não podem
social. Contudo, há a necessidade de um
executar,
posicionamento
de
desmotivação até mesmo dos colegas, uma
Educação Física para com a sua atuação
vez que o despreparo tanto educacional
resultados
através foram
da
se
os
procurando
dos
análise
adequar
profissionais
falta
de
interesse
e/ou
49 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
quanto a exclusão dentro da aula quanto
para atender o todo o público inclusive os
nos demais aspectos e ambientes sócios
alunos com deficiência, diante disse, nota-
interativos são resultantes da exclusão
se que os profissionais de Educação Física
sociocultural ao longo da história.
precisam buscar métodos e atividades que
A hipótese de pesquisa baseou-se
possam atender sua demanda. Em tempo,
na ideia do comodismo dos professores em
podemos dizer que a exclusão ocorre
buscar recursos adequados para que não
devido vários fatores, sendo eles: falta de
haja a exclusão do aluno e que o
materiais, má formação e qualificação dos
desinteresse de querer incluir com os
monitores e professores e o comodismo
colegas por “deficiência metodológica”
dos mesmos, onde não buscam métodos
que atenda a demanda. Monitores e
adaptados para incluir as pessoas com
professores aplicam apenas o básico e o
deficiência.
mais acessível á eles e podemos ressaltar
Ao levar em consideração todos os
também as falhas das políticas públicas
aspectos envolvidos nessa pesquisa, nota-
que não fiscalizam as escolas e oferecer
se que é possível reverter este quadro
pessoas
tornando a educação física mais prazerosa
capacitadas
para
atender
as
para os alunos deficientes e fazer com que
pessoas com deficiência. No que tange as propostas que
eles se interajam com seus colegas.
possam minimizar a problemática sanando
Portanto, acredita-se nas potencialidades
ou diminuindo as dificuldades encontradas,
dos professores de Educação Física em
sabe-se que os anseios e contextos de vida
buscar
dos alunos de Ensino Fundamental II são
enriqueçam suas aulas, eliminando as
diferentes, portanto, acredita-se que uma
chances de haver exclusão.
métodos
que
favoreçam
e
boa qualificação não é apenas suficiente Abstract The present field study aimed to identify which factors contribute to the exclusion of disabled students in Physical Education classes in Elementary School. The following institutions were investigated: the Luiz de Camões State School of Tumiritinga (MG) and the Sinhaninha Gonçalves de Coroaci State School (MG). As for the research methodology, it is a qualitative and descriptive research. It was studied a sample of 8 teachers who teach physical education classes in elementary
education II. As a research instrument, we used structured questionnaires and observations of these classes. It was based on the conceptions presented in the article published in 2014 by the doctorate of the graduate program in education, Maria Luiza Salzani Fiorine, and the teacher of the special education department, Eduardo José Manzini, who deal with the difficulties, actions and contents to provide the inclusion of students with disabilities in the physical education class.
50 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Keywords: Exclusion; Physical Education Classes; Elementary Education II; Deficiency; Referências BRACHT, V. Corporeidade, cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento? In: NÓBREGA, T. P. (Org.). Epistemologia, saberes e práticas da educação física. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006. p. 97-105. GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FRAGA, Alex Branco. Referencial Curricular de educação física. In: RIO GRANDE SO SUL. Secretaria de Estado da educação. Departamento Pedagógico (Org.). Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias: arte e educação física. Porto Alegre: SE/DP, 2009. v. 2, p. 112181. GOODWIN, Donna; WATKINSON, Jane. Educação Física Inclusiva em uma perspectiva dos estudantes com deficiência física. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 17, p. 300, 2002. GORGATTI, M. G; COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada. Barueri: Manole, 2005. HUTZLER, Yesahayu et al. Perspectivas das crianças com deficiência na inclusão e empoderamento: fatores de apoio e limitantes. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 19, p. 300-317, 2002. JAMES; KELLMAN; LIEBERMAN, 2011, apud ALVES, Maria Luíza; DUARTE, Edison, 2011.A exclusão nas aulas de Educação Física: fatores associados com participação de alunos com deficiência. Campinas – SP. MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003. PLACE, Kimberly.; HODGE, Samuel. Inclusão dos estudantes com deficiência psíquicas na educação física geral: análises comportamentais. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 18, p. 389-404, 2001. STRAPASSON, C. A educação física na educação especial. Revista Digital, Buenos Aires, 2007.
51 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SAÚDE DO EDUCANDO Diego Ferreira de Brito* Elaine Rodrigues de Oliveira* Filomena Maria dos Reis* Rinaldo Soares Dolabela* Tiago Carlos Flávio* Maria Helena Campos Pereira** Edney Ferreira Moreira** Resumo Este trabalho apresenta a importância da educação física escolar e sua contribuição para manter a saúde do educando, com base no crescente e recorrente aumento da obesidade infantil. O problema que se investiga é como a educação física pode contribuir para a saúde do educando. O objetivo é investigar a respeito da contribuição da educação física para a saúde do educando sedentário e obeso. Fez-se necessário para isso avaliar a cultura familiar no que diz respeito a hábitos saudáveis, alimentação e orientação por parte do profissional de educação física. Considera-se a necessidade da prática regular de atividade física para prevenção de doenças e ainda o incentivo aos alunos a participação das aulas de educação física que muito pode contribuir para saúde do educando. Para isso, utilizou-se como fundamento os artigos dos autores (DARIDO, 2003) e (ALVES, 2003). Neste contexto, verifica-se que professor de educação física tem o dever de intervir de forma direcionada e orientada a esta situação recorrente nas escolas, apresentar a atividade física como meio preventivo e incentivá-los a prática de exercícios físicos para evitar os males que os afeta. A instituição de ensino escolar por sua vez tem que fornecer condições de desenvolver com os alunos orientações a cerca do assunto “obesidade” com palestra e metodologia pedagógica que tentem diminuir este fator que se torna de risco para os alunos tanto no ensino fundamental, quanto no médio. Palavras chaves: Educação Física e a saúde; Instituição de ensino e a saúde do aluno; Obesidade infantil, uma realidade escolar. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: tico_brito@hotmail.com, elainerodriguesoliveira@live.com, filomenareis@hotmail.com, rinaldosoares23@yahoo.com.br e tiagocarlosedf@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Docência do Ensino Superior e em Tutoria em Educação a Distância. Professor de Bioquímica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG e Co- autor.
Introdução Muito se fala em saúde mundial,
ou manutenção da saúde da população.
mas como pensar nesse tema se ainda não
Observam-se a cada dia mais pessoas
tem uma cultura de prevenção da doença
sedentárias,
obesas,
com
problemas
cardiovasculares e doenças degenerativas, 52 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
pois os países industrializados, o excesso
poderá orientar o aluno e a família, e alertá-
de consumo de comidas rápidas, são
los quanto ao problema da obesidade infantil
fatores que aumentam o risco de doenças
sem a prática regular de atividade física.
do individuo.
Nota-se que o nível escolar, onde cabem os
As crianças oriundas de famílias
profissionais de Educação Física, intervir de
que já tem histórico de obesidade ou
uma forma sistemática na redução crescente
sobrepeso, provavelmente já nascem com
deste problema na escola.
este problema, que se torna pior no período
Esta pesquisa visa investigar a
escolar, pois estas ficam sedentárias e
partir de uma análise teórica, a respeito da
muitas vezes deixam de executara Educação
contribuição da Educação Física para a
Física por se sentirem cansadas e não
saúde do educando, com fundamentos de
conseguem realizar as atividades orientadas
artigos estudados dos autores (DARIDO,
pelo professor.
2003) e (ALVES, 2003).
Um dos importantes desafios da Educação Física Escolar é criar condições de
Então, orientação
os
médica,
hábitos
saudáveis,
uma
alimentação
autoconhecimento e desenvolvimento dos alunos
balanceada, seria uma conduta aplicada pela
nos domínios motores, cognitivos, afetivos e
família para evitar o problema infantil. Nesta
sociais, construindo assim uma vida ativa,
perspectiva,
a
Educação
saudável e produtiva, integrando de forma
Física propõe uma linha de planejamento
adequada e harmônica o corpo, mente e espírito
participativo
por meio das vivências diferenciadas de
estreitando as relações professor-aluno, com
atividade física na escola e fora dela (ALVES,
base na problematização, que valoriza a
2003).
para
ações
educativas,
responsabilidade do professor e do aluno Com base neste autor pode-se dizer
sobre a saúde do educando. De
que a atividade física é o primeiro passo
acordo
com
os
parâmetros
para evitar que ocorra algo pior, é conhecer
curriculares a educação física escolar pode
seu corpo como um todo, de forma a ensinar
contribuir para a formação das capacidades
o objetivo da Educação Física para propiciar
fisiológica, éticas, intelectual e sociológicas
uma vida saudável a cada cidadão.
dos alunos. Então, nota-se que conscientizar
Então, como a Educação Física pode contribuir para a saúde do educando sedentário e obeso? Esta pergunta cabe ao Profissional de Educação Física, pois,
os alunos dos anos finais do ensino fundamental
sobre
os
benefícios
da
educação física escolar no seu cotidiano é de fundamental
importância. 53
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Fundamentos para a saúde do educando Educação Física e a saúde osteoporose,das dislipidemias e diminui o
A educação física e a saúde têm
risco de afecções osteomusculares e de
uma relação muito grande na história. maiores
alguns tipos de câncer de colo e da mama,
informações a respeito das prevenções e
além de auxiliar no controle da ansiedade,
cuidados com a saúde que incluem maior
da
movimentação corporal há por parte das
obstrutiva crônica, da asma além de ajudar
pessoas uma significativa mudança de seus
na melhora do bem-estar e socialização do
hábitos de vida.
cidadão.
A
consciência
(ERLICHMAN
e
et
a
al,
depressão,
da
doença
pulmonar
2002)
Observa-se que a educação física
afirmam que a prática de atividade física
não só no seu conceito geral de movimento
regular diminui o risco de aterosclerose e
corporal, agrega-se um significado amplo
suas consequências, tais como, angina,
no que diz respeito a saúde, bem estar,
infarto do miocárdio, doença vascular
condições de vida e longevidade, isto de
cerebral, ajuda no controle da obesidade,
acordo com a regularidade da atividade
da hipertensão arterial, do diabetes, da
física executada durante a vida do cidadão.
Instituição de ensino e saúde do aluno A educação física nos últimos anos
níveis de ensino indicando que ela deverá
voltada à saúde tem sido um diferencial na
promover a sociabilização e a inserção de
vivência do cidadão, pois passou por várias
todos os alunos nas práticas corporais,
tendências
contribuindo para que se possa valorizar,
como
a
militar,
médica,
desportista, nas tendências da cientificidade,
apreciar
profissionalizante e a tendência educacional
proporcionados pela cultura corporal de
onde cada uma tem uma visão diferente de
movimento, percebendo e compreendendo a
como o profissional de educação física
influência do esporte na sociedade, dando
deveria atuar neste contexto social. Hoje a
subsídios teóricos e metodológicos para que
que prevalecem são a da saúde ligada a
os alunos possam usufruir o tempo livre de
medicina e a educacional a educação.
lazer, resgatando o prazer enquanto aspecto
(VERDERI,1998)
mostra
a
importância da educação física em todos os
e
desfrutar
dos
benefícios
fundamental para a saúde e melhoria da qualidade de vida, valorizando, por meio do
54 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
conhecimento sobre o corpo, a formação de
formação de alunos especialmente sob o viés
hábitos saudáveis, desenvolvendo conteúdos
de promoção de saúde na escola. Desta
para que os alunos do ensino médio possam
maneira, ela pode assumir grandes desafios
compreender e analisar criticamente valores
no
sociais como padrões de estética, relações
condições
entre os sexos e preconceitos onde todos
atividades que visam o desenvolvimento
tenham vontade em participar das atividades
humano (DARIDO, 2003).
mundo
contemporâneo, diferenciadas,
a
ao
criar
partir
de
A instituição de ensino tem um papel
escolares. Busca-se entender que a educação
fundamental na intervenção durante as aulas
física é uma ação pedagógica. A Educação
de educação física e o seu professor torna-se
Física tem se tornado uma sabedoria de
um
viver, uma exigência corporal, onde todo ser
conscientização dos alunos, em relação à
humano tem que conhecer seu corpo como
adoção de estilos saudáveis de vida, bem
todo, ao entender e reconhecer seus limites
como a iniciação de prevenção de futuras
até onde pode ir, isto é, uma tarefa
doenças que podem afetar a criança e o
educativa, que busca sempre o bem-estar do
adolescente.
profissional
indispensável
para
a
ser humano. A educação física tem quebrado paradigmas e contribuído para romper padrões
descompromissados
com
a
Obesidade infantil, uma realidade escolar. É cada vez mais presente nas escolas o sedentarismo em adolescentes e
passo para diminuir o sedentarismo nesta fase estudantil.
crianças, isto demonstra que a falta de
Estudos apontam que a inatividade
atividade física tem influência direta sobre
física tem influência direta sobre o
o
na
desenvolvimento da obesidade na infância
infância e adolescência, sendo necessária
e adolescência; assim, uma das alternativas
uma intervenção direta do profissional de
de tratamento é o aumento do nível de
educação física, que traz orientações aos
atividade física (EPSTEIN,1996).
desenvolvimento
da
obesidade
Com base nesta visão, a escola tem
alunos e repassadas à família, para um melhor
aproveitamento
das
aulas
de
um papel muito importante neste sentido,
educação física, que seria um primeiro
ela deve proporcionar um espaço para o 55
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
desenvolvimento
de
estratégias
importante surge como meio de incentivar
pedagógicas que promovam a atividade
os alunos a participarem das atividades
física e a educação para a saúde. A
físicas propostas pelo profissional de
Educação Física Escolar como ferramenta
educação física.
Metodologia Para este projeto ser realizado foram
cerca dos assuntos tratados neste trabalho
consultados artigos científicos que possuem
investigativo. Para isso, utilizou-se para
como descritores, a importância da educação
análise e síntese os fundamentos de artigos
física escolar no aspecto de saúde, programa
dos principais autores (DARIDO, 2003) e
nacional de atenção integral a saúde do
(ALVES, 2003), dentre outros.
homem, desafios da educação física escolar, publicados nos últimos anos.
Dessa forma foi possível investigar, a partir de uma análise teórica, a respeito da
Os artigos encontrados contribuíram
contribuição da Educação Física para a
para fundamentar este projeto e esclarecer a
saúde do educando e as causas da obesidade
nas escolas. Resultados Ao investigar os assuntos tratados neste projeto, pode-se perceber que ainda é muito grande o índice de alunos com obesidade
e
sedentarismo
nas
escolas
afeta. A instituição de ensino escolar por sua vez tem que fornecer condições de desenvolver com os alunos orientações a
investigadas. Neste
exercícios físicos para evitar este mal que os
que
cerca do assunto obesidade com palestras e
professor de educação física tem o dever de
metodologia pedagógicas adequadas que
intervir de forma direcionada e orientada a
tentem diminuir este fator que se torna de
esta
escolas,
risco para os alunos tanto no ensino
apresentar as atividades físicas como meio
fundamental, quanto no ensino médio.
situação
contexto,
verifica-se
recorrente
nas
preventivo e incentivá-los a prática de
56 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Discussão Segundo (ALVES, 2003), os desafios
e compreendendo a influência do esporte na
da educação física escolar é criar condições
sociedade,
para que os alunos se conheçam como um
metodológicos para que os alunos possam
todo nos domínios motores, cognitivos,
usufruir o tempo livre de lazer, resgatando o
afetivos e sociais, construindo uma forma
prazer enquanto aspecto fundamental para a
produtiva, integrando corpo a mente e o
saúde e melhoria da qualidade de vida,
espírito através das vivências de atividade
valorizando, por meio do conhecimento
física escolar.
sobre o corpo, a formação de hábitos
Para (PEREIRA et al, 2000), seria importante
identificar,
coletivamente,
dando
subsídios
teóricos
e
saudáveis, desenvolvendo conteúdos para que
possam
compreender
e
analisar
aspectos e condições sociais, ambientais,
criticamente valores sociais como padrões
históricas e culturais, assim como as
de estética, relações entre os sexos e
demandas do indivíduo e do grupo social em
preconceitos onde todos tenham vontade em
seus espaços de convivência, resgatando o
participar das atividades escolares. (DARIDO, 2004) verifica que a
poder próprio da comunidade no controle de
educação física tem sido levada a romper
sua saúde e de suas condições de vida. (ERLICHMAN et al, 2002) afirmam
padrões
descompromissados
com
a
que a prática de atividade física regular
formação de alunos especialmente sob o
diminui o risco de doenças degenerativas,
viés de promoção de saúde na escola.
ajuda
Desta maneira, a Educação Física deve
no
controle
da
obesidade,
da
hipertensão arterial, e de alguns tipos de
assumir
câncer (colo e de mama), além de auxiliar
contemporâneo,
no controle da ansiedade, da depressão, da
diferenciadas a partir de atividades que
doença pulmonar obstrutiva crônica, da
visam o desenvolvimento humano.
ao
no
criar
mundo
condições
verificou-se a importância da educação
estar e socialização do cidadão. 1998)
desafios
Após análise dos textos dos autores,
asma além de ajudar na melhora do bem(VERDERI,
grandes
mostra
a
física e a prática de atividade física regular
importância da educação física em todos os
como
meio
preventivo
de
doenças
níveis de ensino indicando que ela deverá
degenerativas e como meio inibidoras do
promover a sociabilização e a inserção de
sedentarismo em consequência a obesidade
todos os alunos nas práticas corporais, em
na fase infantil. Ressalta-se que a escola
todos os sentidos culturais, sociais, afetivos
tem um papel muito importante neste 57
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
contexto, pois intervenções pedagógicas
tem que se preocupar com a harmonia do
orientadas e desenvolvidas em conjunto
corpo com a mente com sua saúde e seu
com o profissional de educação física,
futuro, evitando intemperes, no percurso de
agregam valores de que a cada dia o aluno
sua vida adulta.
Considerações finais A obesidade na fase escolar tornou-
professor condições de aplicar atividades
se um fator de risco que tem prejudicado
voltadas para a melhoria da saúde do
muitos alunos do ensino fundamental e do
educando quando na prática das atividades
ensino médio.
físicas, nas aulas de educação física com a
Então, a educação física escolar,
finalidade de promover o bem estar e a
que traz uma matriz curricular de atividade
qualidade de vida, enquanto aluno da
física regular praticada na escola e
instituição e comunidade escolar. Educação,
incentivada pelo professor de educação
saúde e práticas de exercícios corporais não
física, para que este hábito seja agregado
podem se desvincular do processo de
não só na fase escolar, mas, no percurso de
aprendizagem, por isso, automaticamente
toda sua vida adulta.
devem estar interligados.
Portanto, a instituição escolar deve desenvolver metodologias pedagógicas com vistas a garantir, orientar e proporcionar ao Abstract This paper presents the importance of physical education and its contribution to maintaining the health of the student, based on the increasing and recurring increase in childhood obesity in public schools of Vale do Rio Doce. The problem that is being investigated is how physical education can contribute to the health of sedentary educating and obese? The aim is to investigate about the Physical Education contribution to the health of sedentary educating and obese. It was necessary for it to assess the family culture with regard to healthy habits, nutrition and guidance from the professional of Physical Education. the need for regular physical activity to prevent disease and still be considered encouraging
students to participate in physical education classes that can greatly contribute to the student's health. For this, we used as a basis the articles of the authors (DARIDO, 2003) and (ALVES, 2003). In this context, it appears that physical education teacher has a duty to intervene in a targeted and focused way to this recurrent situation in schools, introduce physical activity as a preventive means and encourage them to physical exercise to prevent this evil that affects. The institution of school education in turn have to provide conditions to develop with the students guidelines about the subject "obesity" with a lecture and teaching methodology that try to decrease this factor
58 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
becomes risk to students both in primary school and in medium.
Key words: physical education and health; educational institution and the health of the student; Childhood obesity, a school reality.
Referencias ALVES, J. G. B. Atividade física em crianças: promovendo a saúde do adulto. Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, v. 3, p. 5 – 6, 2003. BARNI, M. J. Curso de Educação Física Escolar. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. BRASIL, Ministério de Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Educação Física / Secretaria de Ensino Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998. DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. EPSTEIN, L. H.; PALUCH, R. A.; COLEMAN, K. J.; VITO, D.; ANDERSON, A. Determinants of physical activity in obese children assessed by accelerometer and selfreport. Medicine and Science in Sports in Exercise, v. 28, p. 1157-64, 1996. ERLICHMAN, J.; KERBEY, A. L.; JAMES, W. P. T. Physical Activity and its impact on health outcomes. Prevention of unhealthy weight gain and obesity by physical activity: ananalysis of the evidence. ObesityReviews, v.3, p. 273–287, 2002. REIS, Pedro Ferreira. Professor Ms. Pedro Ferreira Reis - ergoreis@allsat.com.br – 4599241969, Rua dos Expedicionários, 425 - Apto 07 - Santa Terezinha de Itaipu – PR. Professor da SEED – Paraná – Faculdade Cesufoz7 SCHNEIDER, E. J. Didática da Educação Física Escolar, Instituto Catarinense de PósGraduação. VERDERI, E. Dança na Escola. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.
59 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
A FALTA DE INTEGRAÇÃO DOS PAIS COM O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Iago Marques dos Santos* Itamar Conrado Sampaio Júnior* Leandro Pereira Rodrigues* Maria Helena Campos Pereira* João Cláudio Passos da Silva** Simone de Magalhães Martins Gomes** Resumo O culto ao Corpo e a Educação pelo movimento físico sempre esteve relacionado ao ser humano desde a antiguidade. Os Gregos acreditavam que a Educação dos indivíduos através das práticas corporais e a preparação guerreira eram essenciais na formação de grandes defensores de sua nação. Com a evolução da civilização e da sociedade, tanto intelectualmente como tecnologicamente o ser humano chegou ao sedentarismo. Mesmo com a introdução da educação física na escola, a prática da atividade física foi caindo no esquecimento associado à falta de interesse dos alunos em participar da mesma. O que pode acarretar em diversos fatores que atrapalham o desenvolvimento e o bem estar físico mental e social. Dessa forma, o presente artigo questiona: Como a falta de integração entre professores e os pais ou responsáveis tem afetado os alunos nas aulas de educação física. Onde a finalidade é melhorar o fator agravante do desenvolvimento físico, mental e social o dos alunos através das práticas corporais e das aulas de Educação Física. Palavra-chave: Educação Física; pais ou responsáveis; desinteresse. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: Iagomarques7@outlook.com, itamarcsj@hotmail.com, leandro_rodriguess10@hotmail.com. **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Dança e Consciência Corporal e em Dança Educacional. Professor de Fundamentos da Ginástica, Ritmo e Movimento e Fundamentos da Dança da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. E-mail: joaoozgv@hotmail.com **Especialista em Gestão Empresarial. Professora de Empreendedorismo, Princípios do Marketing e Marketing Estratégico Empresarial da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. E-mail: joaoozgv@hotmail.com
Introdução Nas escolas, são as aulas de
papel nessa questão, através do corpo e das
educação física que os alunos possuem um
práticas corporais que os alunos adquirem
dos poucos momentos para trabalhar o
confiança, conhecem melhor a si mesmo e
corpo, no quesito coordenação motora,
as pessoas com que convivem no dia a dia.
agilidade, entre outros. Tendo um grande 60 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Segundo (PAES, 2001, p. 65), o
Para (BUSCAGLIA, 1997), a família deve
esporte escolar poderá permitir ao aluno o
assumir sua parte da responsabilidade, pois
exercício de sua cidadania, na qual o
é dentro dos limites desta unidade social
trabalho e o lazer são fundamentais para
que se aprende a ser único, a desenvolver a
uma boa qualidade de vida.
individualidade e identidade. Portanto, esse artigo descreve como
No entanto, (JUNIOR, 2000) nos mostra que muitos alunos demonstram
a
desinteresse pelas aulas de educação física,
responsáveis reflete no desinteresse do
preferindo realizar outras atividades ou
aluno pelas aulas de educação física. E,
mesmo ficarem ociosos durante as aulas.
analisa como o professor e a escolar pode
Esse
desenvolver essa integração, buscando
comportamento
demonstra
o
falta
de
o
interação
dos
interesse
do
pais
aluno
ou
desinteresse dos alunos pelo conteúdo e
aumentar
e
pela importância das aulas de educação
desenvolvendo sua formação para uma
física.
vida mais ativa, como (BRASIL, 1997b, Sendo assim, é essencial que a
p.24) acrescenta que a educação física
escola busque uma aproximação com os
escolar pode sistematizar situações de
pais ou responsáveis, objetivando que os
ensino e aprendizagem que garantam aos
mesmos
alunos o acesso a conhecimentos práticos e
percebam
a
importância
do
acompanhamento escolar de seus filhos.
conceituais.
Problema Como a falta de integração entre professores e pais ou responsáveis tem
afetado os alunos na aula de educação física?
Justificativa No contexto pessoal justifica-se ao
desempenho das aulas. E na questão
perceber que os alunos do nível médio não
educacional acredita-se que o diálogo ativo
demonstraram interesse em participar das
entre professores, pais e alunos poderá
aulas. No âmbito social justifica-se a
auxiliar
necessidade de diálogo entre os pais e
automaticamente ampliar o interesse dos
professores
educandos.
em
prol
de um
melhor
o
projeto
de
inclusão
e
Relevância 61 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
É de grande importância esse afeto
que nos dias de hoje a vivência dos alunos
entre pais e professores de educação física
no ensino médio é muito discutida. E
para a qualidade e eficiência do trabalho
muitos não conseguem participar das
com
possível
atividades que a ligação entre pais e
proporcionar um legado sobre as aulas de
professores pode ter melhor solução no
educação física na sociedade. Entende-se
aprendizado.
os
alunos
onde
é
Fundamentação teórica De
acordo
com
(GUISELINI
2004), o culto ao corpo/porte físico sempre
atividades físicas, deixando os hábitos saudáveis de lado.
esteve relacionado ao ser humano desde na
As consequências da epidemia de
antiguidade, uma vez que o mesmo era
sedentarismo para a saúde física incluem,
necessário garantir a sobrevivência, por
entre as doenças mais conhecidas, o
meio da caça, pesca, fuga de predadores
diabetes,
entre outros.
hipercolesterolemia, a obesidade, diversas
a
hipertensão,
a
ainda
formas de câncer, a osteoporose, calculose
acrescenta que, com o passar dos séculos
renal, biliar e até disfunção erétil. No
com
entanto, o impacto para saúde mental é
(GUISELINI o
avanço
desenvolvimento
e
2004) tecnológico,
o
mecanização
da
pelo
menos
igualmente
devastador,
agricultura e pecuária, o desenvolvimento
compreendendo:
de meios de transporte entre outros fatores,
estima, da auto-imagem, do bem-estar, da
mudaram o estilo de vida das pessoas que
sociabilidade; aumento de ansiedade, de
passaram a ser mais sedentárias, conseguir
estresse, de depressão, como também do
alimento está muito fácil. E tarefas que
risco para mal de Alzeihmer e de
antes
Parkinson, de acordo com estudos mais
eram
complicadas
agora
são
resolvidas com apenas um toque no botão. Entretanto,
essa
revolução
diminuição
da
auto-
recentes, e até prejuízo da cognição. (BOMFIM, 2009)
tecnológica trouxe outras maneiras de se
As aulas de educação física na
relacionar com o corpo. Com o fácil acesso
escola é um dos poucos momentos em que
ao
jogos
muitos dos alunos trabalham seus corpos
eletrônicos, da TV e do aparelho celulares,
em atividades físicas. Assim, conforme
as crianças e os adolescentes perderam o
(JUNIOR,
interesse em brincadeiras ao ar livre e nas
demonstram o desinteresse em participar
mundo
da
informática,
2000),
muitos
alunos
das aulas de educação física devido à falta 62 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
de prática da mesma, onde demonstram dificuldade
em
coordenação
agilidade entre outros.
motora,
A falta de interesse nas aulas de educação física para
em suas respectivas praticas pedagógica. E
descobrir a falta de interesse dos alunos
para eles, na educação física escolar, esta
nas aulas de educação física. Entre diversas
ação profissional se torna ainda mais
hipóteses observa-se a falta de estrutura
evidente: os professores executam os
física de diversas escolas. Com ginásios
mesmos exercícios, as mesmas atividades,
sucateados, falta de materiais e também um
indiferentes
planejamento
características dos alunos. (BARROS.
Muito
se
tem
escolar
estudado
de
modo
que
estimulem os alunos à prática de esportes. O
docente
dificuldades
em
encontra cumprir
das
necessidades
e
DARIDO, 2006).
inúmeras seu
oficio
conforme planeja isso gera a acomodação Falta de diálogo entre os pais e professores A família deve ser aliada da escola na busca de promoção não só da Educação
responsáveis maximize o interesse do aluno no ambiente educacional.
Física, mas também de todo o crescimento
A família deve assumir sua parte da
educacional de seus filhos. Sendo essencial
responsabilidade, pois é dentro dos limites
que a escola busque uma aproximação com
desta unidade social que se aprende a ser
os pais ou responsáveis, objetivando que os
único, a desenvolver a individualidade e
mesmos
identidade. (BUSCAGLIA, 1997).
percebam
a
importância
do
A família é um dos influenciadores
acompanhamento escolar de seus filhos em todas as fases da educação.
de primeiro grau no comportamento e
A família deve ser percebida como um
pensamento das crianças e adolescentes.
agente promotor do
desenvolvimento,
Nas famílias que possuem um ou mais
sobrevivência e socialização da criança. De
membros que praticam algum esporte a
modo que, o acompanhamento dos pais ou
tendência é que, esse influencie e desperte 63
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
o
interesse
nos
demais
membros
principalmente nas crianças. Portanto,
a
participação
nas aulas de educação física. Por isso, a escola deve trazer a família para perto,
e
tornando-a participativa incluindo na vida
acompanhamento da família pode ser uma
escolar do aluno objetivando a melhora no
aliada para aumentar o interesse dos alunos
desempenho do mesmo.
Inclusão social fator de desenvolvimento Através do convívio em sociedade
fecundação do óvulo, caracteriza-se a
que se desenvolve relações saudáveis e
formação de um novo ser. Em termos
criamos redes de relacionamentos. Essa
biológicos, é nesse momento que se
integração é importante para os alunos.
estabelece a primeira relação de um novo
Essas interações sociais iniciam após do
ser com aquela que, por um período de
nascimento com a nossa mãe e vamos
nove
desenvolvendo para o resto de nossas
(GUISELINI, 2004, p. 117).
meses,
será
sua
hospedeira.
A educação física possui um grande
vidas. O “processo de sociabilização” tem
papel, por meio da cooperação e trabalho
início nos primeiros momentos de vida,
em equipe os alunos adquirem confiança e
logo após o nascimento. Mas não se deve
desenvolve laços. Conhecendo melhor a si
esquecer que, desde o momento da
mesmo
e
as
outras
pessoas.
Formação dos educandos nas aulas de educação física o
De maneira geral, ou seja, em todos
professor de educação física deverá ter o
os ciclos da aprendizagem existem pontos
seu olhar voltado para a formação global
de interseção entre a educação física e as
do aluno, assim como estar preocupado
demais
com o processo de inclusão dele na escola.
exploradas incansavelmente. Compete aos
No
processo
educacional,
Agindo como um mediador no
disciplinas
professores
que
identificar
podem esses
ser
pontos,
processo de ensino aprendizagem do
adaptá-los com reforço de aprendizagem,
esporte e o aluno. Buscando discutir,
apresentando a aplicabilidade na prática
levantar e apontar os fatores que possam
dos conteúdos estudados em sala de aula.
afastar o aluno, objetivando desenvolver
(FARINATTI. FERREIRA, 2006, p 41).
uma aula mais acessível e receptiva.
Os
autores
citados
acima
acrescentam que, dentro da área dos 64 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
esportes podem ser aplicados diversos
fatores será o diferencial na formação do
métodos
aluno.
interdisciplinares,
regras,
superações e etc. conseguir trabalhar esses Metodologia O estudo realizado caracteriza-se por uma pesquisa de campo básica que
Escola Estadual Theolinda de Souza Carmo de Governador Valadares MG.
para (GIL 1994, p. 43), “[...] permite a
O instrumento utilizado foi a
obtenção de novos conhecimentos no
aplicação de um questionário com algumas
campo da realidade social”. Por meio de
perguntas para os alunos e os responsáveis.
uma metodologia de pesquisa descritiva.
Segundo (GIL, 1994) o questionário é uma
Visando retratar as características do
técnica de investigação com um número
objeto estudado, expondo com precisão os
determinado de questões apresentadas por
fatos ou fenômenos, para estabelecer a
escrito às pessoas com a finalidade de
natureza das relações entre as variáveis
conhecer opiniões, crenças, sentimentos,
delimitadas no tema.
interesses, situações vivenciadas e etc. abordagem
O questionário foi elaborado e
quantitativa em uma pesquisa de campo,
organizado com perguntas fechadas. Os
por meio de questionário estruturado e
dados coletados por meio de questionários
objetivo, objetivando levantar dados que
foram mensurados em forma de gráficos.
Utilizando
uma
correlacione o interesse dos pais ou responsáveis com o esporte e o interesse dos alunos nas aulas de educação física. Para a coleta de dados envolvemos 12 alunos e 12pais ou responsáveis, da Resultados A
pesquisa
foi
realizada
na
Estadual Theolinda de Souza Carmo de
alunos, e o questionário 2 direcionado os pais ou responsáveis do mesmo. É importante dizer que dos 30
Governador Valadares MG, no segundo semestre de 2017. Utilizando questionário
questionários
distribuídos,
para coleta de dados. Cada aluno recebeu
retornaram
preenchidos
um questionário com duas pesquisas, no
orientado.
apenas
12
conforme
qual o questionário 1 foi direcionado aos 65 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Sendo
assim,
o
questionário
realizado com o aluno teve o intuito de
educação
física
e
como
isso
pode
influenciar no seu interesse pela mesma.
observar como o aluno enxerga a aula de
Gráfico1: Questionamento aos alunos
Fonte: Dados de pesquisa, 2017
Através da pesquisa constataram-se resultados importantes como que 75%
participação das aulas de educação física pode ser revertida.
gostam das aulas de educação física e que
Um dos principais dados levantado
84% acham a disciplina importante. Esse é
foi sobre a metodologia usada pelo
um bom fator, pois caracteriza que mesmo
professor, 34% dos alunos não gosta da
com o pouco interesse na disciplina os
metodologia
alunos não têm aversão da mesma. Além
interessante o professor estudar e rever a
de que 100% dos alunos gostam do
metodologia para que aumente o interesse
professor da disciplina. Desse modo, a
dos alunos nas aulas de educação física.
atual.
Deste
modo,
é
falta de desinteresse dos alunos na
66 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico2: Questionamento aos pais
Fonte: Dados de pesquisa, 2017
Pela pesquisa percebe-se que 84%,
importante se comparamos a mesma com a
ou seja, a grande maioria dos pais ou
tabela 2 onde quase proporcionalmente são
responsáveis
os pais ou responsáveis que praticam
gostam
de
esportes.
acompanham
esportes.
algum esporte. E menos praticam alguma
E
Entretanto,
apenas
66%
que
92%
dos
pais
ou
atividade física frequentemente, apenas
responsáveis acham que a disciplina de
50%. Isso vai de frente com os dados da
educação física importante, mas apenas
tabela 1, 58% dos alunos não praticam
50% incentivam os filhos a praticarem
algum esporte fora da escola, esse dado é
esportes.
Discussão Os dados obtidos na pesquisa demonstram que os alunos gostam das
da falta de interesse de realizar as atividades nas aulas de educação física.
aulas de educação física, reconhecem a
Outros dados importantes obtidos
importância da mesma e possuem um bom
são os do questionário dos pais ou
relacionamento com o professor. Apesar
responsáveis, é que majoritariamente os
dos dados serem positivos, mais da metade
mesmos
dos alunos não pratica nenhuma atividade
esporte, acompanham
física fora do ambiente escolar. Fator esse
esporte e tem consciência da importância
que pode ser considerado um dos motivos
da educação física para seus filhos.
reconhecem
que
gostam
de
algum tipo de
67 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Entretanto, apenas a metade incentiva seus
pais e educadores devem ser honestos uns
filhos à prática de esportes.
com os outros e aprendam a se adaptar uns ou
aos
no
investimento sobre a criança. Todos estes
comportamento dos filhos. E, que apenas a
aspectos são relevantes quando visam o
metade deste incentiva seus filhos na
seu bem estar e o seu desenvolvimento.
prática esportiva, percebe-se que a falta de
(DESSEN; POLONIA, 2005 p. 309).
Sabendo responsáveis
que
os
pais
influenciam
outros
e
a
concentrar
o
seu
integração dos pais ou responsáveis com o faz-se
Portanto, ainda existe uma grande
perdurar o problema detectado, ou seja, a
dificuldade em relação ao despertar o
falta de interesse em participar das aulas de
interesse do aluno, por isso devem-se
educação física.
buscar as mudanças, mudanças estas que
professor
de
educação
física
Assim, o professor deve realizar
iniciam com a integração dos pais e ou
parceria com os pais ou responsáveis para
responsáveis com o professor de educação
o desenvolvimento do aluno.
física objetivando influenciar os alunos na
[...] o sucesso da parceria pais-
participação das aulas de educação física.
professores está interligado à compreensão
Assim observa-se a necessidade de
das diferentes questões que os envolvem
que os alunos e familiares compreendam a
na ação educativa, com respeito ao aluno e
importância de valorizar o hábito da
sua história escolar considerem que pais e
prática de atividades físicas como um
educadores têm uma relativa igualdade no
elemento indispensável a uma vida com
impacto sobre a criança, compreendam que
qualidade.
Considerações finais Nesse
trabalho
procuramos
A realização deste estudo foi muito
compreender a falta de interação dos pais
relevante para a formação acadêmica,
ou responsáveis e o quanto isso reflete no
tendo em vista que promoveu no processo
desinteresse do aluno pelas aulas de
de pesquisa a análise e a relação da teoria
educação física. E também analisar como o
com a prática. Esse tipo de construção é
professor e a escolar pode melhorar e
importante para que nós como futuros
buscar alternativas para que exista essa
profissionais
integração, buscando aumentar o interesse
conhecimentos acerca das questões que
do aluno e desenvolvendo sua formação
cercam
a
tenhamos educação
física
maiores escolar,
para uma vida mais ativa. 68 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
destacando a necessidade de permanente
esportes, fazendo que haja cobranças
pesquisa e discussão.
maiores para o professor que deve fazer o
Portanto, com a pesquisa conclui-se
papel
de
protagonista,
formador,
que os pais e os alunos reconhecem a
influenciador e incentivador de seus alunos
verdadeira importância da educação física
para que exista uma Educação Física como
na vida do aluno principalmente na fase
forma de Educação e apoio na formação e
inicial da educação. Entretanto, os pais ou
na vida dos alunos.
responsáveis incentivam pouco a prática de Abstract The Cult of the Body and Education by physical movement has always been related to being from ancient times. The Greeks believed that the education of individuals through of corporal practices and warrior preparation were essential in the formation of great defenders of their nation. With the evolution of civilization and society, both intellectually and technologically, the human being has reached the sedentary. Even with the introduction of physical education in school, the practice of physical activity fell in the forgetfulness associated with the
students' lack of interest in participating in it. What can entail several factors that hinder the development and physical, mental and and social. Thus, the present article asks: How does the lack of integration between teachers and parents or guardians has affected students in physical education classes. At where the purpose is to improve the aggravating factor of the physical, mental and social development of the students through Body Practices and Physical Education classes. Key words: Physical Education; parents or guardians; disinterest.
Referências BARROS, A.L.R.; DARIDO, S.C. Escola, educação física e esporte: possibilidade pedagógica.São Paulo, v.1, n.4. p. 101-114, 2006. BOMFIM, Liliane Gulin Paes. Incluindo pais e filhos na prática de atividades físicas e na melhoria da qualidade de vida. 2009. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. BUSCAGLIA, Léo. Os deficientes e seus pais: um desafio ao aconselhamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997. 415 p.
69 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. Em busca de uma compreensão das relações entre família e escola: relações família-escola. Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 2, p. 303-312, 2005. FARINATTI, Paulo de Tarso Veras; FERREIRA, Marcos Santos. Saúde, promoção da saúde e educação física: conceitos, princípios e aplicações. Rio de Janeiro: UERJ, 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. GUISELINI, Mauro. Aptidão física, saúde e bem-estar: fundamentos teóricos e exercícios práticos. São Paulo: Phorte, 2004. JUNIOR, J.M. O professor de educação física e a educação física escolar: como motivar o aluno? Maringá, v.11,n.1, 107-117, 2000. PAES, Roberto Rodrigues. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: ULBRA, 2001.
70 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
CENÁRIO DO GÊNERO FEMININO NO FUTSAL DO ENSINO MÉDIO: PRECONCEITO OU DESINTERESSE? Stefanny Avelar Rodrigues* Maria Helena Campos Pereira** Fernanda Barbosa Lopes** Resumo É visível nas aulas de Educação Física que, quando o conteúdo é o futsal, prevalece a maior participação dos meninos em detrimento das meninas. Nesse contexto, o problema que se questiona é: Quais são os fatores que contribuem para que o gênero feminino não participe ativamente nas aulas de educação física quando o conteúdo é futsal? A pesquisa destina-se a estudantes do gênero feminino do 3º ano do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino da cidade de Governador Valadares, Minas Gerais tem como objetivo identificar os fatores que influenciam diretamente a não participação feminina no futsal escolar. Este estudo com caráter qualitativo e quantitativo descritivo, utilizou-se como instrumentos um questionário com questões estruturadas para o público feminino, a observação das aulas e práticas do professor de educação física no que se relaciona a problemática em pauta. Desse modo, foi possível elencar pontos relevantes e levantar novos questionamentos, conforme concepções de Almeida, Couto e Santos (2009), no que se refere às relações de gênero na Educação Física escolar, referente à prática do futsal, ao provocar um desfavorecimento à prática feminina, contudo, sente-se a necessidade de maior aprofundamento no assunto. Palavras-chave: futsal Feminino, educação física escolar, ensino médio, gênero feminino, participação. ________________________ *Acadêmica em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Email: stefannyavelar@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Mestre em Biologia Animal. Professora de Fisiologia Humana da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG e Co- autora. E-mail: fblopes.pos@gmail.com
(FREIRE, 2003) sinaliza que a educação
Introdução É inegável que a educação física
física
precisa
de
mudanças
e
que,
escolar sempre esteve em um cenário
independentemente dos avanços teóricos já
rodeado
alcançados,
por
problemas:
desinteresse,
ainda
não
se
faz
evasão, baixa autoestima, metodologia
correspondente as propostas apresentadas
aplicada,
outros
na prática da disciplina. Ao analisar sob a
(CAVALIERI, 2012). Apesar de alguns
ótica atual, observa-se que tal afirmativa
tópicos terem evoluído significantemente
justifica o presente momento da educação
nos
física. Embora os avanços no conceito de
infraestrutura,
últimos
anos,
entre
muitas
são
as
problemáticas ainda encontradas na área.
aplicação
e
a
preocupação
com
a
democratização da disciplina, há grandes 71 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
dificuldades relacionadas à prática da
modalidade e sua prática pelo sexo
Educação
feminino.
Física
despreparo
na
escola,
profissional,
como: espaço
No que tange ao referencial teórico,
gênero,
a presente pesquisa se fundamenta em
evasão, não participação, falta de material,
periódicos científicos da Coleção Pesquisa
exclusão
atitudes
em Educação Física publicada no ano de
estereotipadas,
2009 e 2013, por Giliane Duarte de
desinteresse dos alunos, metodologia de
Almeida¹, Hergos Ritor Fróes Couto² e
ensino inadequada (ALMEIDAET AL.,
Gerson dos Santos Leite³, os quais
2008; CAVALIERI, 2012).
abordam os olhares sobre as relações de
inapropriado,
segregação
dos
menos
preconceituosas
de
hábeis,
e
Nesta direção, vê-se que outra problemática
encontrada
na
educação
gênero na prática do futsal na educação física
escolar,
sexismo,
estereótipos,
física escolar é a recorrente ausência
preconceitos e a prática pedagógica dos
feminina no futsal. Apesar do grande passo
professores de educação física, fatores
dado em 1981, ano em que foi revogado o
estes que compõe a listagem hipotética
decreto que proibia a participação das
anteriormente mencionada.
mulheres à prática de esportes como o futsal, ainda existem inúmeras barreiras a serem transpostas pelo futsal feminino, tornando-o um esporte onde o maior
Educação física, gênero feminino e o futsal Participação feminina: um breve relato Sabe-se que futsal é um dos
adversário não se encontra dentro das
esportes mais praticados no mundo e se
quadras. A relevância da pesquisa está em reconhecer as práticas e condutas presentes nas aulas de educação física que são inerentes aos educandos, ao professor e que desfavorece o futsal feminino, o que contribui para a evasão das alunas no esporte em questão. Sendo assim, será possível buscar formas de superá-las transpondo as fronteiras educacionais,
constitui como o esporte mais popular no Brasil. Esse jogo inventado pelo uruguaio Juan
Associação
Ceriani Cristã
em de
1933
na
Moços
de
Montevidéu tornou-se rapidamente amado pelos brasileiros. Em todos os cantos do país, pode-se verificar a prática do esporte em diferentes locais, como ruas, clubes, universidades e escolas. As
contribuindo para uma nova perspectiva e olhar da sociedade em relação a esta
Carlos
questões
estigmatizaram prática
o
masculina.
culturais futebol/futsal Esta
sempre como
concepção
72 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
de
mulheres não se permitirá a prática de
das
desportos incompatíveis com as condições
mulheres dessa modalidade por décadas.
de sua natureza, devendo, para este efeito,
No Brasil, as tentativas de incentivo ao
o Conselho Nacional de Desportos baixar
futsal feminino são assombradas por estes
as necessárias instruções às entidades
aspectos
desportivas do país.
compartilhada pessoas
por
diversos
resultou
no
culturais.
(2007),
vive-se
afastamento
Segundo
em
tipos
uma
Ventura
Posteriormente
sociedade
no
período
da
machista e moralista, na qual homens e
Ditadura militar, a deliberação n° 7/65 do
mulheres possuem distintos papéis sociais.
Conselho Nacional de Desportos, assinada
Essas diferenças acabam que por levar
pelo general Eloy de Menezes, tratava em
homens e mulheres a viverem em situações
seu parágrafo 2° vedava a prática de lutas
de desigualdade.
Assim, várias formas
de qualquer natureza, futebol, futebol de
foram utilizadas para reprimir a prática do
salão, futebol de praia, polo aquático, polo,
futebol por mulheres, como exemplo, a
rúgbi,
educação. Na metade do século XX, as
(CASTELLANI FILHO, 2008, p. 63).
aulas de Educação Física oportunizavam
Essas restrições afetaram grandemente a
práticas
e
modalidade para o gênero feminino, pois
meninos, caracterizados para eles como
ocasionou reflexos diretos na sua prática,
atividades
e
estacionou
o
autonomia, e para elas, a calistenia visando
contribuiu
para
benefícios nos aspectos reprodutivos.
evidenciados atualmente, como falta de
diferentes ligadas
para a
meninas
forma
física
Dentre outras dificuldades, podemse citar as proibições legais dirigidas às
halterofilismo
seu os
e
baseball”,
desenvolvimento problemas
e
ainda
investimento, pouca atenção da mídia e preconceitos.
mulheres que proibia a prática em algumas
Em janeiro de 1983 o Conselho
modalidades. Na década de 1940, o
Nacional de Desportos oficializou a prática
presidente do Brasil, Getúlio Vargas,
de futebol para mulheres. A partir de então
assinou um documento que restringia
começaram a surgir campeonatos e após
alguns
feminino,
três décadas observa-se uma significativa
sancionando o decreto lei Nº 3.199, de 14
evolução: o futebol passou a ser ofício e
de abril de 1945, que em seu artigo 54
houve aumento no interesse da mídia,
dizia:
ainda que de maneira tímida. Apesar de
[...] O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,
lenta, é possível verificar a expansão do
usando da atribuição que lhe confere o art.
futsal feminino em todo o território
180 da Constituição, DECRETA: Às
nacional. Atualmente há o departamento de
esportes
ao
sexo
73 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
futsal feminino na CBFS, a liga de futsal
separam e delimitam o que é considerado
feminino,
socialmente como inerente ao mundo
a
seleção
futsal/futebol
brasileira
feminino,
de
campeonato
brasileiro de clubes na categoria principal e Ao averiguar o trajeto histórico, vêque
A Educação Física contribui como elemento fundamental nessa formação
nas de base. se
feminino e ao mundo masculino.
muitos
são
os
fatores
que
através de esportes, como o futsal, desde que execute um trabalho com ênfase nas
desestimularam e ainda desmotivam a
dimensões
conceituais,
participação feminina no futsal, dentre
atitudinais
e
eles, proibições e preconceitos. Para
explicitados nos PCN’s.
(SILVA E AMÂNCIO, 2011), a integração
nos
procedimentais,
demais
elementos
Segundo (SOUZA, 2010), quando
gera
se desenvolve o futsal na escola, prevalece
conflitos culturais e de gênero, o que
à maior participação dos meninos em
resulta em diferentes condições de acesso,
detrimento das meninas. O professor, por
aceitação
sua vez, permanece retido a uma questão
feminina
no
cenário
e
esportivo
participação,
quando
comparadas aos homens. Sendo assim, a
histórica
inserção feminina no esporte em questão,
conformadas com este domínio masculino
seja de rendimento, lazer ou educacional,
na prática do esporte. Corroborando com
tem-se
processo
este pensamento, (VOSER E GIUSTI,
conturbado, marcado por obstáculos que
2002) afirmam que em muitas escolas é
vão além dos que já foram mencionados, o
ensinado e jogado o futsal dos clubes, onde
que prejudica a sua participação no futsal
predomina o caráter competitivo e de
em diferentes âmbitos.
rendimento. Com isso, pode-se verificar a
pautado
por
um
e
cultural,
e
as
meninas
segregação no esporte entre os alunos mais habilidosos e os menos hábeis, o que
Futsal feminino no âmbito educacional mais
Em relação ao ambiente escolar,
acarreta na exclusão do segundo grupo que
especificamente
em sua grande maioria é composto por
nas
aulas
de
Educação Física, é notável a maior
meninas.
participação dos meninos em detrimento
Dentro do âmbito educacional,
das meninas quando o conteúdo é o futsal.
(SANTOS, 2008) diz que o esporte em
(FURLAN, 2008) conclui que a escola,
questão deveria estimular discussões que
como instituição detentora das funções
levam a superar os estereótipos, conceitos
educacionais e de formação social, produz
pré-concebidos
e reproduz ações do âmbito social que
Entretanto, evidenciam-se práticas que
e
discriminantes.
74 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
consistem meramente em entregar uma
recreativo, onde não há preocupação
bola de futsal para meninos e uma bola de
alguma com o desenvolvimento integral e
vôlei para as meninas. Sendo assim,
maior abrangência de conteúdos. Esse
constata-se que não são dadas as mesmas
modelo de aula pautado na prática de um
oportunidades
a
único esporte pelos meninos, o futsal, com
praticarem o futsal no ambiente escolar e
reduzida participação do gênero feminino é
que diversos fatores colaboram para que as
evidenciado em grande parte do território
mesmas escolham não participar dessa
brasileiro.
para
as
meninas
modalidade.
Com objetivo de nortear o professor na execução do seu trabalho e assim
O Gênero feminino e o futsal na educação física do ensino médio O gênero é uma construção social estabelecida por uma determinada cultura em relação às diferenças entre homens e mulheres, (SOUSA E ALTMANN, 1999). Essas relações fundadas nas diferenças biológicas entre os sexos criam padrões de comportamentos e condutas que devem pertencer ao sexo feminino e ao sexo masculino. Então, a questão de gênero está vinculada à forma como se dispõem na sociedade os valores, práticas e atitudes acerca da sexualidade. Nas aulas de educação física no ensino médio, essas questões contribuem fortemente para a exclusão das meninas no futsal, pois estas são consideradas mais fracas, frágeis e menos habilidosas que outros colegas pelo simples fato de pertencerem ao gênero feminino.
colaborar para romper à habitual situação das aulas de educação física no ensino médio,
Parâmetros
Curriculares
Nacionais diz que os professores devem levar os alunos a serem capazes de “participar
de
estabelecendo
atividades relações
corporais,
equilibradas
e
construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais” (PCN’s, 1998). Para tal, o mesmo documento orienta que as aulas de Educação Física sejam mistas, a fim de dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observemse, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes,
a
não
discriminar
e
a
compreender as diferenças, de maneira a não reproduzir de forma estereotipada relações sociais autoritárias. Faria Jr. (1995) entende que a prática
Nessa série, é comum se deparar com aulas monótonas e de cunho estritamente
os
do futebol como desporto de equipe pode atuar como meio eficaz de ensinar aos 75
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
jovens a tolerância e aceitação das
quando o assunto é futsal, gênero feminino
diferenças individuais e, para isto, propõe
e educação física, essa concepção se
uma série de procedimentos didáticos para
constitui como uma utopia, posto que seja
os professores de educação física, com
nítido
objetivo que as meninas participem juntos
dificuldades e desvantagens vivenciadas
nas aulas quando o tema é a prática do
por este sexo. Portanto, é notável a
futsal. Um bom exemplo é a adaptação das
reduzida participação do gênero feminino
regras. Dessa forma, não somente integra,
na modalidade em questão.
e
corriqueiro
as
inúmeras
mas inclui o gênero feminino no futsal de caráter
misto,
diferentes
conferindo
contribuições
e
valor
às
Aspectos metodológicos da pesquisa
habilidades
independentemente do sexo, (COSTA E
O estudo foi realizado com alunas do 3º
SILVA, 2002).
ano do ensino médio de uma escola da rede
De acordo com as novas Diretrizes
pública estadual da cidade de Governador
Curriculares Nacionais para o Ensino
Valadares – MG. A escola em questão é a
Médio, aprovada em 04 de maio de 2011,
pioneira no bairro Santa Rita e foi fundada
pelo Conselho Nacional da Educação/
em 15 de fevereiro de 1964
MEC. Para que se conquiste a inclusão social,
a
educação
escolar
deve
fundamentar-se na ética e nos valores da liberdade,
justiça
solidariedade
e
social,
pluralidade,
sustentabilidade,
cuja
finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, compromissados com a transformação social. Nesta concepção, (DIAS, 2012) afirma ser
responsabilidade
da
escola
não
contribuir para o aumento da discriminação e de preconceitos contra as mulheres ou aqueles que não correspondem a um ideal de masculinidade dominante. Entretanto,
Metodologia A presente pesquisa partiu da premissa de identificar quais fatores que influenciam na não participação do gênero feminino no futsal escolar do ensino médio. Em busca de atingir os objetivos traçados,
utilizou-se
da
pesquisa
de
natureza pesquisa quantitativa descritiva, e também a qualitativa a partir da análise e síntese das concepções teóricas. Como instrumento de pesquisa, utilizou-se de um questionário misto estruturado com oito perguntas fechadas e uma aberta, e a observação participativa artificial, a qual consiste na integração real do pesquisador
76 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
com o grupo com a finalidade de obter
rotina era a mesma para todas as turmas da
informações. . Sob autorização da direção
escola, o que inclui as turmas do 3º ano. O
escolar, a população estudada constituiu-se
docente se limitava em levar os alunos para
de 30 alunas que cursam o 3º ano do
quadra, soltar uma bola para os meninos, e
ensino médio, as quais foram submetidas
se reservar em uma mesa do refeitório em
ao questionário.
de
companhia das meninas e realizar afazeres
observação e coleta de informações, no
pessoais. Depois, voltava com os alunos
período de uma semana, foi utilizada a
para
observação não sistemática, isenta de
frequentemente denominada como “rola
critérios científicos sobre a prática nas
bola”.
Na
etapa
sala
de
aula.
Tal
prática
é
aulas de educação física, e os questionários
Dessa forma, verificou-se a falta de
foram aplicados oito dias após o período de
incentivo do professor, a ausência de uma
observação. Durante a conversa do pedido
prática
de autorização, tomou-se o cuidado para
necessidades e interesses das alunas, como
não explicitar o conteúdo do questionário
também dos alunos, visto que estes
para qualquer pessoa que compõe o quadro
também não recebiam atenção do docente.
de funcionários das escolas, para não
pedagógica
Após
obter
que
os
atenda
dados
às
dos
correr o risco de estes direcionarem a
questionários, estes foram tabulados e
escolha
que
ordenados em gráficos. Posteriormente,
prejudicaria a pesquisa, pois poderia a
elaborou-se a síntese das informações
tornar tendenciosa.
coletadas, a partir da análise e discussões
das
participantes,
o
Posteriormente, os dados foram tabulados
e
analisados
através
da
das informações obtidas, por meio de uma leitura
reflexiva
dos
questionários
comparação percentual entre as respostas e
aplicados com base nos fundamentos
da interpretação destes resultados com base
teóricos.
na literatura.
Resultados e discussão No período de observação, o foco estava em analisar se as práticas do professor discriminavam ou enfatizavam a não participação feminina no futsal. Após uma semana de observação, notou-se que a 77 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico1. Relação das alunas com futsal.
Gráfico 2. A prática do futsal nas aulas atualmente.
Gosta
23%
17%
Às vezes
87%
Não gosta
3% Não
20%
Sim
40%
Quer conhecer mais
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
O gráfico acima demonstra que um total de 24 (vinte e quatro) alunas possui o interesse na modalidade. Diante disso, verifica-se que o futsal tem um destaque no gosto
feminino
e
descarta-se
a
possibilidade da ausência feminina nesse esporte devido elas não se identificarem ou não se interessarem pelo mesmo. Sendo assim, entende-se que a participação das meninas no futsal tem sido bloqueada por outros fatores, como reforça Souza Júnior e Darido (2002), que o principal empecilho para o atraso da participação das mulheres no futebol, é o preconceito que se instalou ao longo do último século. Outro motivo, apontado por Faria Júnior (1995) refere-se à falta de oportunidades nas escolas, em função de uma educação Física injusta, machista.
10%
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
O gráfico 2 coloca em evidência e confirma a problemática apresentada, visto que, atualmente,26 alunas não participam do futsal nas aulas de educação física. Para Silva e Amâncio (2011), a integração feminina
no
cenário
esportivo
gera
conflitos culturais e de gênero, o que resulta em diferentes condições de acesso, aceitação
e
participação,
quando
comparadas aos homens. Cabe salientar que uma das alunas ao informar que participa (1), junto com as outras alunas que participam às vezes (3),informaram nível de habilidade médio, ter vivenciado experiências prazerosas quanto à prática e/ou presenciar poucas condutas negativas. Isto pode ser um indicador de que o nível de habilidade futebolístico contribui para a sua aceitabilidade ou que a baixa vivência de atitudes preconceituosas, em conjunto com vivências prazerosas, são fatores que
78 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
colaboram para prosseguirem com a
incentivar e incluir o futsal para todos,
prática.
reproduz o futsal de caráter seletivo, de
Gráfico 3. Incentivo do Professor à participação.
acordo
com
o
que
é
considerado
socialmente, ou seja, prioriza os meninos por serem hábeis, fortes e resistentes.
100 % 0
10
Gráfico 4. Experiências positivas na prática do futsal. 20
Sim
30 Não
Conforme se observa no 3º gráfico, este exprime unanimidade, pois as 30 alunas confirmaram o que foi constatado no decorrer do período observatório. O docente se limitava ao levar os alunos para quadra, soltar uma bola para os meninos, se reservar em uma mesa junto com as realizando
outros
afazeres
pessoais e depois voltar para sala de aula. Tal prática denomina-se “rola bola”. Dessa forma, verifica-se que a falta de incentivo perpassa o caráter comunicativo entre professor-aluno e a prática pedagógica que parece não atender as necessidades e interesses
das
alunas.
Furlan
37% 33% 20% 10%
10
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
meninas
Sim
20
40
(2008)
conclui que a escola produz e reproduz ações que separam e delimitam o que é considerado socialmente como inerente ao mundo feminino e ao mundo masculino. Estas ações, muitas vezes, são produzidas pelo próprio professor, que ao invés de
Não Poucas Nunca joguei
0
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
O gráfico acima deixa claro que apenas
seis
alunas
(20%)
obtiveram
vivências 100% positivas ao praticar o futsal escolar. Onze alunas (37%) não tiverem
experiências
prazerosas,
dez
alunas (33%) informaram ter possuído poucas e três alunas (10%) mencionaram nunca
terem
jogado.
Perante
estas
informações, presume-seque tal fato foi concebido pelo mesmo motivo citado no gráfico anterior, visto que consiste em uma prática enraizada nas aulas de educação física neste país. Segundo Santos e Silva (2010), quando se desenvolve o futsal na escola, prevalece à maior participação dos meninos em detrimento das meninas. Diante disso, vê-se que a prática do futsal entre ambos os gêneros no ambiente escolar isenta de intervenção adequada, gera experiências negativas para o gênero 79
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
feminino, visto que, geralmente estas não
Dias
(2012)
confirma
ser
participam de maneira ativa no jogo; tocam
responsabilidade da escola não contribuir
poucas vezes na bola; são alvos de uso de
para o aumento da discriminação e de
força física, grosserias e etc. Colaborando
preconceitos contra as mulheres ou aqueles
com este pensamento, Voser e Giusti
que
(2002) afirmam que em muitas escolas é
socialmente
jogado o futsal onde predomina o caráter
perspectiva e de acordo com a realidade
competitivo e de rendimento. Com isso,
observada na escola, o futsal no contexto
conclui-se que este caráter esportivo em
educacional,
âmbito escolar gera desânimo, desinteresse
discussões
e não soma como vivência positiva para os
estereótipos, conceitos pré-concebidos e
menos hábeis.
discriminantes, acaba que por evidenciar
não
correspondem
a
um
determinado.
ao
invés
que
de
levam
a
ideal Nessa
estimular superar
os
práticas que consistem meramente em Gráfico 5. Condutas negativas.
entregar uma bola de futsal para meninos e que
reforçam
esses
comportamentos.
(SANTOS, 2008).
Gráfico 6. Comentários negativos presenciados ou recebidos pelas alunas.
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
10%
20%
30%
Conforme está explícito no gráfico 5,
apenas
dez
alunas
(17%)
delas,
afirmaram não ter recebido ou presenciado
parece homem Mulher não sabe jogar
20%
20%
MachoFêmea
Sapatão
alguma conduta negativa em relação às meninas
que
praticam
o
futsal.
É
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
importante destacar que, apesar de não ser Neste gráfico, pode-se observar
mais proibida a participação feminina nos esportes,
estas
ainda
sofrem
tais
com
mais
detalhes
recebidos
uma cultura machista, o que contribui
promulgadas em diferentes segmentos,
sobremaneira à resistência, negação e não
como
participação na prática esportiva.
importante destacar que vão além de
familiar
alunas
comentários
comportamentos advindos, sobretudo, de
o
pelas
os
e
em
falas
educacional.
É
80 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
julgamentos
sobre
a
inabilidade
ou O gráfico 7aponta que 28 alunas
aparência física. Algumas até mesmo recebem comentários que distorcem sua real sexualidade, como se pode observar no gráfico. No questionário, uma aluna até salientou que muitos já a chamaram de “sapatão”, mas que ela não é. A mesma é frequente na prática do futsal e citou que suas
habilidades
futebolísticas
são
medianas. Desse modo, verifica-se que a discriminação acontece independente se as meninas sabem ou não jogar, se é ou não mais fracas, etc. Nesta perspectiva, Darido (2002) assegura que a escola deveria ser um espaço de construção dos significados éticos
necessários,
para
promover
discussões sobre a dignidade, igualdade de direitos
e
recusa
de
formas
de
discriminação. É lamentável, conforme se apresentou no gráfico 3 e posteriormente no gráfico 8, no qual se verifica um sujeito que poderia ser a peça chave para promover transformações nessa realidade,
possuem baixa habilidade e que apenas duas (6%) se consideram medianas, dentre as quais, de acordo com a resposta dos seus questionários, ainda praticam o futsal nas aulas de educação física e mencionaram ter experiências
prazerosas
apesar
do
preconceito sofrido. Assim, conclui-se que estas praticam o futsal de maneira regular, o que as permitiu atingir o nível médio e o preconceito relatado por elas pode ter sido um fator determinante para que elas não investissem mais no esporte e, desse modo, não aprimorassem suas habilidades para um nível superior. Conforme Santos, Oliveira e Wichi (2013), o preconceito encontrado nos diversos segmentos da sociedade e a falta de apoio favorece a retração feminina quanto à prática e investimento pessoal na modalidade. Por consequência, não há aperfeiçoamento nas habilidades, sejam elas técnicas ou táticas.
e apenas coopera para agravar mais ainda a Gráfico
situação. Gráfico 7. Habilidade futebolística.
Intervenção
profissional.
O professor desenvolve o futsal com regras adaptadas ou misto?
94%
40 20
8.
0% 6%
Sim
100%
Não
0
Alto
Médio
0
Baixo
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
20
40
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017. 81
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Nos resultados do gráfico8, nota-se novamente o posicionamento do professor
Gráfico 9. Permissão masculina quanto à participação feminina.
como um agravante da problemática
Já pediu para jogar com os meninos?
pesquisada. O esporte, como fenômeno social, precisa ser questionado em suas
20
normas, suas condições de adaptação à
15
realidade social e cultural quando inserido
50% 33%
10
17%
5
em âmbito educacional. (SOUZA JÚNIOR
0 Sim, e eles permitiram
et. al, 1992).Faria Jr. (1995) ressalta que o futsal, por ser um esporte coletivo, se
Sim, e eles Nunca pedi não para jogar permitiram com eles
constitui como um meio de ensino eficiente para instruir aos alunos questões
Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.
relacionadas à tolerância e aceitação das
O gráfico 9 conclui que uma
diferenças individuais. Seaman (1982)
minoria,cinco meninas (17%) pediram para
relata que os objetivos estabelecidos para
jogar com os meninos e obteve retorno
as atividades esportivas devem considerar
positivo. Dessas cinco, duas afirmaram ter
e respeitar as limitações e potencialidades
habilidades futebolísticas medianas, o que
individuais do aluno, com adequação das
pode ter colaborado para eles permitirem.
atividades propostas a estes fatores. Para
Por outro lado, quinze meninas (?%)
tal,
de
afirmaram já terem pedido para jogar com os
faz-se
necessário
uma
série
procedimentos
didáticos
para
os
professores
educação
física,
com
de
meninos
e eles
não
permitiram.
Presume-se que a negação seja embasada
objetivo que as meninas participem juntos
por
nas aulas quando o tema é a prática do
preconceituosas,
ou
futsal. Um bom exemplo é a adaptação das
insegurança
meninos
regras e dessa forma, não somente integra,
superação por parte das meninas. Para
mas inclui o gênero feminino no futsal de
(ALTMANN,
caráter misto, conferindo valor e diferentes
jogam contra meninos, ao invés destes
contribuições (Costa e Silva, 2002). Souza
sentirem-se
(1994) enfatiza que o esporte adaptado se
ameaçados em sua masculinidade, por
torna uma alternativa lúdica e prazerosa, e,
medo de serem vencidos, pois as meninas
por
podem
conseguinte,
contribui
de
modo
atitudes
discriminatórias
dos
1999),
mesmo
as
quanto
por à
quando meninas
desafiados,
superar
e/ou
sentem-se
expectativas
e
significativo para a permanência dos alunos quanto à prática. 82 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
apresentarem-se com grande habilidade
tanto, faz-se necessário uma intervenção
para os esportes.
do professor de educação física em prol da inclusão feminina junto aos meninos uma vez que ao se tratar do tema futsal tem
Considerações finais buscou
deixado de fora as questões relacionadas
identificar os fatores que influenciam na
ao gênero e que dissemina o esporte para
não
todos. Desse modo, espera-se que os
O
presente
participação
trabalho feminina
no
futsal
escolar. Após a coleta e análise dos dados
professores
obtidos,
(reciclem
junto
com
os
registros
da
reflitam e
e
ressignifiquem
revisem
metodologias
teórica,
aplicadas) suas práticas educativas, visto
constatou-se que todos os pressupostos
que sua interação suscita impacto na
levantados
inteligência
observação
e
fundamentação
compõem
os
fatores
que
corporal
cinestésica
e
exercem influência na ausência do gênero
entendamos interesses das meninas, tratar
feminino quanto à prática do futsal. Dentre
o futsal como “esporte da escola”, com
os fatores preponderantes, encontram-se a
ênfase nas três dimensões e nos demais
inabilidade, vivências negativas no contato
elementos dos PCN’s, a fim da busca em
com o esporte, atitudes preconceituosas,
minimizar
discriminatórias e estereotipadas do gênero
possibilitar a igualdade entres ambos os
feminino, em companhia de uma má
gêneros
intervenção profissional.
sobremodo
Portanto, conclui-se que, apesar do
as e
práticas dessa para
excludentes
forma
e
contribuir
diminuir
esta
problemática.
espaço já conquistado, ainda há muitos obstáculos a serem superados pelo gênero feminino que podem ser transpostos a partir das aulas de educação física. Para
83 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Abstract It is visible in Physical Education classes that, when the content is futsal, the greater participation of the boys prevails to the detriment of the girls. In this context, the problem that is questioned is: What are the factors that contribute to the fact that the female gender does not actively participate in physical education classes when the content is futsal? The research is aimed at female students of the 3rd year of high school in a state school system in the city of Governador Valadares, Minas Gerais, and aims to identify the factors that directly influence female participation in school futsal. This qualitative and quantitative descriptive study used a questionnaire with questions structured for
the female audience, the observation of classes and practices of the physical education teacher in which the problematic in question is related. Thus, it was possible to list relevant points and raise new questions, according to Almeida, Couto and Santos (COUTO and SANTOS 2009) conceptions, regarding gender relations in School Physical Education, referring to the practice of futsal, by provoking a disadvantage to practice however, there is a need for further study. Key words: women’s soccer, school physical education, high school, feminine gender, participation.
Referências ALMEIDA, G. D.; COUTO, H. R.; SANTOS, G. L. Olhares sobre as relações de gênero na Prática do futsal na Educação Física Escolar. Disponível em: http://www.editorafontou ra.com.br/periodico/vol-8/Vol8n2-2009/Vol8n2-2009-pag-183a190/Vol8n2-2009-pag-183a19 0.html. Acesso em 10 de Set. 2017. ALMEIDA, B.S.V.; ALMEIDA, B.S.F.; DIAS, F.A.; ALBUQUERQUE, I.V.; LOPES, M.S. Dificuldades encontradas na educação física escolar que influenciam na nãoparticipação dos alunos: reflexões e sugestões. Rio de Janeiro, 2008. 15p. Dissertação (PósGraduação)-Universidade Gama Filho. ALTMANN (1999) apud CASTRO, Tatiele. et al. 2010, p.1.Rompendo fronteiras de gênero: Marias (e) homens na educação física. Dissertação de mestrado em educação. Belo Horizonte: UFMG, 1998.Buenos Aires, Argentina, 1999. CASTELLANI FILHO, 2008, p. 63 apud FURLAN, 2008, p.38.Educação Física no Brasil: a história que não se conta.Maringá, Paraná: Editora ou Faculdade aqui, 2008. CAVALIERI, Daniel. Educação Física no ensino médio. Poque o desinteresse dos alunos? Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd170/educacao-fisica-no-ensino-mediodesinteresse.htm. Acesso em 10 de Set. 2017. DARIDO (2002) apud RODRIGUES, Felippe; DEVIDE, Fabiano (2009, p.1).Futebol Feminino no Brasil: Do seu Início à Prática Pedagógica. Motriz, v. 8, n. 2, p. 43-49, 2002. DIAS, Mônica. Gênero e diversidade sexual na escola. Disponível em: http://www.uel.br/ve ristas/lenpes-pibid/pages/arquivos/2%20Edicao/MONICA%20-%20ORIENT%20%20ANGE LA.pdf. Acesso em 12 de Set. 2017.
84 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
FÁBIO Franzini (2005) apud FLORES, Daniel; SILVA, Mauro (2011, p.11). Futebol é "coisa para macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Rev. Bras. Hist. vol.25 n. 50 São Paulo July/Dec. 2005 FARIA JR. (1995) apud JUNIOR, Osmar.; D’ÁVILLA, Lívia. 2009, p.32. Futebol, questões de gênero e coeducação: algumas considerações didáticas sob enfoque multicultural. Revista de Campo: Futebol e Cultura Brasileira, 2, 17-39. FLORES, D. S;SILVA, M. A.A participação do gênero feminino no futsal/futebol escolar da cidade de Caxias do sul. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/docorpo/article/view/2310/1370. Acesso em 10 de Set. 2017. FURLAN, C. C.; SANTOS, P. L. Futebol Feminino e as Barreiras do Sexismo nas escolas.Motrivivência.Cidade: Editora ou Faculdade, ou nome da revista ou Congresso. Ano XX, Nº 30, P. 28-43. Junho de 2008. JUNIOR, O. M. S.; D’ÁVILLA, L. B. Futsal feminino e sexualidade.Cidade: Revista das Faculdades Integradas Claretianas, Nº 2. Janeiro/dezembro de 2009. MARCONI E LAKATOS (1999) apud MOORI, Roberto; MOYSÉS, Gerson. 2007, p.2.Técnicas de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.SANTOS, Heliany; SILVA, Mário. Um olhar sobre gênero e o futsal na escola em catalão. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/5.MarioSilva.pdf. Acesso em 10 de set. 2017. SEAMAN (1982) apudLÓPEZ,Ramon; MELO, adaptedphysicaleducation: a developmental MayfieldPublishingCompany.
Ana (2002, p.1).The approach. Palo Alto,
new CA,
SOUSA, E. S. de and ALTMANN, Helena. Boys and girls: genreissuesand its implicationoneducation. Cad. CEDES [online]. 1999, vol.19, n.48, pp.52-68. ISSN 01013262. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32621999000100004. DARIDO, S. C.; SOUZA JR, O. P. A prática do futebol feminino no Ensino Fundamental. Motriz, Rio Claro, v. 8, n. 1, p. 1-8, 2002. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n1/Moreira.pdf .Acesso em 10 de Set. 2017. SOUZA, L.S. Futebol feminino no país do futebol. Monografia apresentada no curso de Educação Física. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 2009. THOMAS, NELSON e SILVERMAN (2007) apud FLORES, Daniel; SILVA, Mauro (2011) p.4.Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. VENTURA, Thabata; HIROTA, Vinicius. Futebol e salto alto. Porquê não? Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Editora/REMEF/Remef_6.3/Artigo_17.pdf. Acesso em 10 de Set. 2017. VOSER e GIUSTI (2002) apud FLESCH, Douglas. 2011, p.1Futsal e a Escola: Uma Perspectiva Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002. 85 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
WICHI, R. B.; OLIVEIRA, A. F.; SANTOS, I. A. As formas de preconceito no futebol feminino. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd180/preconceito-no-futebol-femin ino.htm. Acesso em 10 de Set. 2017.
86 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E O DESINTERESSE DOS ALUNOS Janaína Rodrigues da Silva* Wilker Vieira Carrijo* Maria Helena Campos Pereira** Pedro Avner Ferreira Quintino** Alessandro Máximo Lima** Resumo São inúmeras as reflexões acerca da Educação Física no Ensino Médio. Nesse sentido, o presente estudo de campo objetivou identificar quais os fatores que contribuem para o desinteresse nas aulas de Educação Física no nível de ensino em epígrafe. Para tanto, investigou-se as seguintes instituições: A Escola Estadual Professor José Jório de São João do Manteninha (MG) e a Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG). Quanto à metodologia de pesquisa, trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa e de caráter descritivo. Em um universo de 417 alunos, estudou-se uma amostra de 50 alunos, equivalente a 12% da população. Como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados e observações destas aulas. Fundamentou-se nas concepções teóricas de (DARIDO, 2004), que trata sobre alunos não praticantes destas aulas e apresenta novos dados sobre as origens e razões da não prática de Educação Física; (BARBOSA, 2007), que considera o desinteresse dos alunos nas aulas decorrente em virtude do modo inapropriado como esse componente curricular é interpretado e (KOLYNIAK, 2006), que reforça o argumento de que os fatores que levam à não prática de Educação Física na escola estão associados a problemas específicos dessa disciplina. Palavras-chave: Aulas de Educação Física; Ensino Médio; Fatores de desinteresse; Papel do professor. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: janaina-0601@hotmail.com, wilkercarrijo@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Docência do Ensino Superior e em Gestão Educacional. Professor de Iniciação Desportiva Universal e Teoria e Prática dos Esportes Coletivos - Voleibol e Basquete da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. Email: pedroavner111111@hotmail.com **Mestre em Ciência da Reabilitação. Professor de Cineantropometria e Atividade Física e Saúde da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. Email: amlpersonalsaude@hotmail.com
Introdução Ao buscar uma reflexão mais esclarecida sobre as principais dificuldades presentes no contexto da Educação Física Escolar, notam-se inúmeros problemas, como a falta de estrutura e espaços
adequados para a aplicação das aulas, déficit
de
materiais
discriminação profissionais
e e
de
trabalho,
desvalorização a
marginalização
a dos da
disciplina. Este artigo provém de inquietações surgidas durante as experiências vividas 87
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
através
das
práticas
de
Estágio
desmotivação nas aulas de Educação
da
Física, a partir de aplicação de um
graduação. Durante esse tempo, pôde-se
questionário com questões estruturadas
perceber
se
para a proposta de intervenção; Investigar
interessavam ou sequer participavam das
o comportamento dos professores perante a
aulas principalmente no Ensino Médio. A
não participação de alguns alunos e propor
partir dessa situação, questiona-se como os
a intervenção do profissional desta área
alunos desse nível de ensino veem a
com base nos dados identificados na
Educação Física e por que alguns não se
pesquisa empírica.
interessam e, consequentemente, se negam
Justifica-se
Supervisionado que
no
transcorrer
alguns
alunos
não
plausivelmente,
a
escolha do tema em epígrafe, devido a
a praticá-la. Diante do exposto, trabalha-se com
experiências adquiridas nas práticas de
o seguinte problema de pesquisa: Quais os
estágios, onde se pode constatar que o
fatores que contribuem para o desinteresse
desinteresse nas aulas de Educação Física é
nas aulas de Educação Física?
uma realidade corriqueira enfrentada pelos
O campo de ação dessa pesquisa
profissionais, o que acarreta prejuízos a
destina-se às escolas da rede pública, com
nível educacional, dessa forma, busca-se
foco no Ensino Médio, especificamente a
uma proposta que possa contribuir com a
Escola Estadual Professor José Jório de
erradicação dos fatores que acarretam o
São João do Manteninha (MG) e a Escola
desinteresse
Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci
participação nas aulas, obtendo assim,
(MG).
reflexos diretos a nível social, alunos com Sendo assim, se estabelece como
e
a
consequente
não
um melhor nível educacional, participação
objetivo geral identificar os fatores que
ativa,
provocam o desinteresse nas aulas de
desenvolver-se de forma integral. Contudo,
Educação Física no Ensino Médio, com
justifica-se também, devido aos benefícios
propostas
tal,
que este estudo de campo traz ao âmbito
objetivos
educacional, especificamente às aulas de
específicos: Identificar qual a importância
Educação Física, com intervenção na
da Educação Física para os alunos do
prática para uma aula de qualidade e
Ensino Médio; Quantificar o número de
participação ativa dos alunos.
de
elaboraram-se
intervenção. os
seguintes
Para
a
exercer
sua
cidadania
e
alunos que não participam das aulas nas
A hipótese baseia-se na ideia que o
escolas selecionadas; Averiguar os fatores
desinteresse pelas aulas de Educação Física
que contribuem para o desinteresse e
acontece, principalmente, por uma falta de
88 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
oferta de variações de conteúdos, métodos
técnico próprio que seja referência para
e práticas, por parte do professor, que se
toda a categoria profissional.
tornem interessantes para a faixa etária em
Quanto à metodologia de pesquisa,
questão e atendam às necessidades desses
trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa
alunos,
os
e de caráter descritivo. Como instrumento
anseios e as particularidades dos mesmos.
de pesquisa foi utilizado questionários
Outra hipótese levantada é que alguns
estruturados e observações das aulas de
alunos
Educação Física.
levando
se
em
consideração
mostram
desmotivados,
desanimados e desinteressados pelas aulas,
Acredita-se que o tema pode ser
até mesmo quando os professores buscam
perceptível com alto nível de relevância,
desenvolver metodologias de aulas ditas
pois, retrata uma realidade enfrentada
inovadoras, buscando oferecer a vivência
diariamente
das
corporais
Educação física neste nível de ensino.
possíveis pela Educação Física. Essa
Contudo, a partir desta pesquisa buscam-se
realidade pode estar relacionada a questões
propostas de melhorias neste sentido.
diversas
manifestações
do grau de importância dado pelos alunos para com a disciplina de Educação Física no nível de ensino em epígrafe. Esse estudo fundamenta-se nas concepções teóricas de (DARIDO, 2004), que trata sobre alunos não praticantes das aulas de Educação Física e apresenta novos dados sobre as origens e razões da não prática de Educação Física; (BARBOSA, 2007), que considera o desinteresse dos alunos nas aulas de Educação Física decorrente inapropriado
em
virtude
como
esse
do
modo
componente
curricular é interpretado e (KOLYNIAK, 2006), que reforça o argumento de que os fatores que levam à não prática de Educação Física na escola estão associados a problemas específicos dessa disciplina, por exemplo, a ausência de um corpo
pelos
profissionais
de
Educação física no ensino médio e o desinteresse dos alunos A
Educação
componente
Física
curricular
é
de
um
extrema
importância para a formação humana dos sujeitos. No Brasil, documentos legais e estudiosos
do
tema
reforçam
essa
importância em diferentes abordagens. Desse modo, entende-se a Educação Física como
disciplina
tratamento
da
responsável cultura
corporal
pelo de
movimento, tematizada em formas de atividades
expressivas
como
esportes,
jogos, danças, ginásticas e lutas (SOARES, C. L.; et al., 1992). Os
Parâmetros
Curriculares
Nacionais (PCN’s) veem o Ensino Médio como o fim de uma etapa da educação 89
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
básica e que tem como objetivo a
epígrafe: “[...] no Ensino Médio, no qual,
construção psicológica, social e afetiva de
desconsiderando
as
futuros
psicossociais
que
cidadãos,
preparando-os
para
por
mudanças passam
os
adentrarem o mundo do trabalho. Explicam
adolescentes, a Educação Física preserva
que nessa fase, a Educação Física deve
um modelo pedagógico concebido para o
adquirir um novo status, ou seja, deve ser
Ensino Fundamental”.
revista e não ensinada da mesma forma que
(BARBOSA, 2007) considera que
era no Ensino Fundamental (PCN’s, 2000).
o desinteresse dos alunos nas aulas de
(MARQUES E KRUG, 2008) nos
Educação Física ocorre em virtude do
apresentam a legitimidade desse espaço
modo inapropriado como esse componente
que é a Educação Física. Nele, o indivíduo
curricular é interpretado. As aulas de
pode se relacionar com os demais e pode
Educação Física não deveriam atingir
reconhecer as limitações que os cercam. A
extremos,
Educação Física possui função educativa e
descontextualizada ou somente a chamada
socializante na formação, logo a falta de
teorização. A educação física seria uma
participação de alguns alunos não deve ser
área de conhecimento que possui uma
negligenciada pela comunidade escolar.
especificidade:
como
o
a
prática
movimento
humano
justificativas,
consciente. Nesse sentido, é preciso que
questiona-se a não participação de alguns
sua intervenção se realize com reflexões,
alunos nas aulas de Educação Física. Pode-
mas
se,
procedimentais.
Diante
dessas
primeiramente,
pensar
que
sem
perder No
suas que
características tange
essa
simplesmente o aluno não se identifica
realidade supracitada, cabe dizer que é um
com as práticas da cultura corporal de
acontecimento recorrente no que trata a
movimento do seu contexto. Essa pode ser
aplicação da Educação Física no Ensino
uma realidade! No entanto, quando se
Médio, onde, muitas vezes, depara-se com
aprofunda
a
a abordagem dos mesmos conteúdos e, às
muitas
vezes, dos mesmos métodos de aulas pelos
vezes, o desinteresse pela disciplina é
professores em diferentes níveis de ensino.
reforçado por situações historicamente
(BRASIL 2000) destaca que o professor
construídas e que, talvez, poderiam ser
deve ser o responsável pela elaboração de
contornadas.
um planejamento dinâmico, que atenda às
em
problemática,
estudos
verifica-se
sobre que,
2002)
necessidades e interesses dos alunos,
apresentam um fator que contribui para
aliando os conteúdos da cultura local às
(BETTI
E
ZULIANI,
uma reflexão acerca do assunto em 90 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
novas tendências da atividade física, sem
diferentes
adotar modismos.
Fundamental.
daqueles
do
Diante
disso,
Ensino todo
o
No que se refere a não participação
currículo escolar deve estar adaptado às
dos alunos nas aulas de Educação Física no
necessidades e interesses da faixa etária, a
Ensino Médio, (DARIDO et. al, 1999)
fim de promover a aprendizagem dos
trazem a informação de que 6% dos alunos
conteúdos e as mudanças de atitudes
do
são
pertinentes a esse público. Diante do
dispensados das aulas de Educação Física.
exposto, (BETTI; ZULIANI, 2002) citam
Conforme constatações advindas da prática
que a Educação Física no Ensino Médio
de estágio, a preguiça, o desinteresse e a
deve propiciar o atendimento desses novos
falta de habilidade são alguns dos motivos
interesses, e não reproduzir simplesmente
citados pelos alunos para justificarem a
o modelo anterior, ou seja, repetir, às vezes
não participação nas aulas de Educação
apenas
Física. Inclusive, (RODRIGUES et. al.
aprofundado, os conteúdos do programa de
2010) salientam que a não participação dos
Educação Física dos últimos quatro anos
alunos do Ensino Médio nas aulas de
do Ensino Fundamental. No Ensino Médio,
Educação Física curricular pode ser reflexo
a
dos fatores que se inter-relacionam, quais
características próprias e inovadoras, que
sejam, idade, horários, classe social,
considerem a nova fase cognitiva e afetivo-
gênero, estrutura da escola e educação
social atingida pelos adolescentes.
Ensino
Médio
requisitam
e
Educação
modo
Física
um
pouco
deve
mais
apresentar
Acredita-se que a Educação Física
familiar. A
de
partir
dessas
constatações,
no Ensino Médio não deve voltar-se
não
apenas para a prática, mas utilizar-se de
participação dos alunos das aulas de
conhecimentos teóricos sobre o movimento
Educação Física podem estar relacionadas
humano e o esporte ou de problemas de
a
relações
ordem social, política, emocional, psíquica
estabelecidas, os métodos usados, os
e física, criando situações problema que o
conteúdos abordados e até a estrutura
próprio aluno deverá resolver. A partir
direcionada à Educação Física podem
disso,
estimular ou afastar os alunos das aulas.
capacidade de criticar e discutir seus
A abordagem da educação física no
pontos de vista com autonomia. Diante
ensino médio
disso (CELANTE 2000) expõe que:
verifica-se
que
diversos
as
fatores.
causas
As
de
Sabe-se que os anseios e contextos de vida dos alunos de Ensino Médio são
os
alunos
desenvolveriam
a
[...] por meio da Educação Física que o aluno
do
Ensino
Médio
poderá 91
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
compreender, questionar e criticar os
comum observarmos que os professores
valores que são atribuídos ao corpo e ao
exaltam a prática do desporto, com o
movimento
poder
objetivo de aperfeiçoar a aptidão física e o
transformá-los. Em suma, cabe à Educação
rendimento. “A Educação Física acaba
Física o papel de introduzir e integrar o
assumindo um caráter de treinamento ou
aluno no universo da cultura corporal
adestramento do movimento corporal, onde
(CELANTE, 2000, p. 86).
a principal função é formar atleta capaz de
corporal,
Segundo
para
(BETTI,
1992),
a
realizar o gesto desportivo com máximo
Educação Física deve ir mais além do
rendimento”. (BARNI E SCHNEIDER
simples fazer, ou seja: não basta correr ao
2003, p. 6). Nesse sentido, vale ressaltar a
redor da quadra; é preciso saber por que se
importância de uma intervenção que
está correndo, como correr, quais os
envolva o maior número de práticas
benefícios advindos da corrida, qual
corporais
intensidade, frequência e duração são
consideração às necessidades e interesses
recomendáveis.
Orientações
da faixa etária em questão, apresentando
Curriculares para o Ensino Médio (2006)
características inovadoras, que considerem
atribuem o que se espera dos alunos do
a nova fase cognitiva evidenciada no
Ensino Médio. Para o documento, é
Ensino Médio.
necessário que os alunos do Ensino Médio
Educação Física: reflexões acerca do
[...] tenham a oportunidade de vivenciarem
papel do professor
As
possíveis,
levando
em
o maior número de práticas corporais
Os PCN’s (2000) alertam que o
possíveis. Ao realizarem a construção e
profissional de Educação Física durante
vivência
práticas,
sua formação acadêmica adquire inúmeros
estabelecem relações individuais e sociais,
e diversificados conhecimentos. Porém,
tendo como pano de fundo o corpo em
com o comodismo de seu trabalho, o
movimento. Assim, a ideia é de que esses
professor não utiliza o que aprendeu,
jovens adquiram maior autonomia na
esquecendo-se do seu potencial, não
vivência, criação, elaboração e organização
resgatando suas capacidades e habilidades,
dessas práticas corporais, assim como uma
ou seja, a aula se torna rotineira e mecânica
postura crítica quando esses estiverem no
perdendo a importância dentro do ambiente
papel
escolar.
de
coletiva
dessas
espectadores
das
mesmas
(MEC/SEB, 2006, p. 224). Quanto
à
prática
De
acordo
com
(MACHADO
pedagógica
1995), o professor, no desempenho de sua
inserida a este nível de ensino, é muito
função, pode moldar o caráter dos jovens e,
92 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
portanto,
deixar
marcas
de
grande
promovendo
discussões
sobre
as
significado nos alunos em formação. Ele é
manifestações dessas práticas corporais
responsável por muitos descobrimentos e
como reflexos da sociedade em que vive,
experiências que podem ser boas ou não.
pensando criticamente seus valores, o que
Como facilitador, deve ter conhecimentos
levará os alunos a compreenderem as
suficientes para trabalhar tanto aspectos
possibilidades
físicos e motores, como também os
transformar
componentes
(DARIDO, 1999, p.16).
sociais,
culturais
e
e ou
necessidades não
esses
de
valores
Com isso, acredita-se que é papel
psicológicos. da
dos professores contribuírem para que o
conhecimentos
conceito da importância da Educação
específicos, é também papel do professor
Física para a formação dos alunos seja algo
transmitir, de forma consciente ou não,
explícito e compreendido pelos mesmos.
valores, normas, maneiras de pensar e
Esse conceito deve ser construído a partir
padrões de comportamento para se viver
das possibilidades que a área oferece,
em sociedade. Fica claro que não se pode
numa relação dialógica entre professores e
transmitir todos esses aspectos descartando
alunos, enfatizando os objetivos e as
a interação professor-aluno (CUNHA,
contribuições das manifestações corporais,
1996).
com
Isso capacidade
significa de
que,
ensinar
além
isso,
fazer
com
que
este
No que tange a visão dos alunos
esclarecimento e conscientização por parte
para com a disciplina em epígrafe,
dos alunos reflitam beneficamente no
percebe-se
que,
os
alcance
apresentam
uma
visão
alunos restrita
ainda da
importância da Educação Física para sua
professor
dos na
objetivos
traçados
aplicação
de
pelo seu
planejamento.
formação. (DARIDO, 1999) comenta a
No que tange o papel do professor
relevância da Educação Física na formação
em minimizar os fatores de desinteresse
dos sujeitos. Para ela a Educação Física
dos alunos para com as aulas de Educação
como disciplina implica na promoção da
Física, salienta-se uma questão que merece
reflexão
uma atenção especial: a motivação. A
através
sistematizado,
há
do um
conhecimento corpo
de
motivação exercida por parte do professor
conhecimento, um conjunto de práticas
para com os alunos é de extrema
corporais e uma série de conceitos
importância para que os mesmos possam
desenvolvidos pela Educação Física que
vivenciar as atividades propostas. Segundo
devem ser assegurados. No Ensino Médio,
Piccolo (1995), [...] motivação significa o 93
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
exame das razões pelas quais se escolhe
SILVA,
fazer algo ou executar algumas tarefas com
características básicas desse professor.
maior empenho que outras, já que as
Três aspectos são comuns a todos os
frequentes imposições de atividades rígidas
estudos revisados: domínio do conteúdo e
e monótonas não despertam as energias
metodologia; envolvimento e apropriação
naturais que sustentam a aprendizagem
da realidade dos alunos e caráter reflexivo
espontânea, a curiosidade e o desejo de
do
aprender algo (PICCOLO, 1995, p. 13).
acredita-se que os professores de Educação
O
aluno
motiva-se
quando
o
conhecimento transmitido, pelo professor de Educação Física, tem algum significado para ele, ou seja, o conteúdo satisfaz algumas de suas necessidades e está em concordância com o objetivo que se pretende
alcançar.
Essa
motivação
dependerá de situações e contextos como os
conteúdos
selecionados,
as
metodologias de aulas, os materiais e espaços e até mesmo a próprio incentivo do professor. Diante do exposto, percebe-se que em
toda
a
formação
acadêmica
do
educador, ele aprende vários métodos de como
aplicar
uma
aula
motivadora,
inovadora, capaz de oferecer prazer em aprender,
de
como
formar
cidadãos
críticos, mas geralmente não coloca em prática
o
que
aprendeu.
Diversos
estudiosos buscaram definir o professor “bem-sucedido” (GUARNIERI, 1990 apud SILVA, 1992; KRAMER; ANDRÉ, 1986 apud SILVA, 1992; LELLIS, 1989 apud SILVA,
1992;
MELLO,
1982
apud
1992)
trabalho
apontam
docente.
algumas
Nesse
sentido,
Física devem se preocupar com tais aspectos, buscando sempre a melhor qualificação de seu trabalho. Contudo, (PEREIRA E MOREIRA 2005) destacam que os professores de Educação Física precisam mudar suas posturas com urgência perante as aulas e conscientizar os educandos, pois se essa situação perdurar, em breve não existirá mais motivo para a existência da Educação Física no Ensino Médio, visto que a ação pedagógica dos professores não vem suprindo
as
necessidades,
quer
do
educando quer da própria disciplina. Metodologia Para
o
desenvolvimento
deste
estudo, utilizou-se uma abordagem de caráter quantitativo e qualitativo, já que foi necessário quantificar o número de alunos participantes desta pesquisa, bem como elencar suas respostas provenientes da aplicação dos questionários com questões estruturadas. Com base em seus objetivos, trata-se de um estudo descritivo, pois se buscou identificar e descrever os motivos
94 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
que
levam
alguns
alunos
a
não
Sinhaninha
Gonçalves,
localizada
em
participarem das aulas de Educação Física
Coroaci (MG). A escolha desses sujeitos se
na escola e as atitudes dos professores
deu
perante essa recusa. Segundo (GIL 2008),
geográfica e, também, pelos autores da
quanto aos objetivos, a pesquisa descritiva
pesquisa morar próximos a essas escolas, o
busca descrever as características de
que de certa forma facilitou o processo de
determinadas populações ou fenômenos.
coleta de dados.
por
questões
de
proximidade
Uma de suas peculiaridades está na
É importante ressaltar que nesse
utilização de técnicas padronizadas de
estudo não se verificou a vida escolar
coleta de dados, tais como o questionário e
anterior
a observação sistemática.
profissional
do
aluno, dos
nem
a
professores
história e
como
Como instrumentos de pesquisa
também não foi possível acompanhar por
utilizou-se de questionários estruturados
um longo período as aulas de Educação
para os alunos, sendo esse composto por 5
Física. A coleta de dados ocorreu a partir
(cinco) questões objetivas e 3 (três)
daquilo que se conseguiu no campo de
questões discursivas. Outro instrumento
estudo com um tempo limitado que se
utilizado foi a observação das aulas de
dispunha para realizar a pesquisa.
Educação Física. Em paralelo, pôde-se obter um diálogo de caráter informal com
Resultados Foram
os professores das escolas selecionadas, no
aplicados
questionários
intuito de se aprofundar as constatações
estruturados a 50 (cinquenta) alunos do
relativas
em
Ensino Médio, pertencentes estritamente
epígrafe. Para isso, em um universo de 417
ao 3º ano das instituições públicas que
alunos, estudou-se uma amostra de 50, que
especifica, quais seja, Escola Estadual
ao
problema
científico
Professor José Jório de São João do
significa 12% da população. Os sujeitos participantes do estudo
Manteninha (MG) e a Escola Estadual
foram alunos do Ensino Médio com faixa
Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),
etária correspondente entre 15 e 17 anos,
seguem os resultados:
pertencentes à Escola Estadual Professor José Jório, localizada em São João do Manteninha (MG) e à Escola Estadual Gráfico 01: O gosto pelas aulas de Educação Física 95 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico em epígrafe ilustra as
ao aspecto de promoção de saúde; Pela
respostas advindas da primeira questão,
aprendizagem
proporcionada
por
essa
que questionou aos alunos se os mesmos
disciplina e o resultante alívio mental”. Em
gostam das aulas de Educação Física e por
contraposição, 18% disseram que não
qual motivo. Fica evidenciado que 76%
gostam das aulas em questão, enfatizam
deles responderam que gostam das aulas da
que são aulas desnecessárias e devido ao
disciplina, as justificativas predominantes
desânimo e a preguiça de vivenciarem as
foram: “Por ser uma aula divertida; Devido
atividades.
Gráfico 02: Nível de participação nas aulas de Educação Física. Qual seu nível de participação nas aulas de Educação Física? 16%
32%
52%
26
16 8
Nunca Participo Participo de Vez em quando Sempre Participo
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico acima ilustra as respostas
participarem
das
aulas,
um
número
advindas da segunda questão, que veio
preocupante, mas, em contraposição 52%
questionar aos alunos o seu nível de
responderam que sempre participam destas
participação nas aulas de Educação Física.
aulas, e 32% dizem participar de vez em
Fica evidenciado que 16% dizem nunca
quando. Espera-se que, iniciativas sejam
96 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
tomadas por parte dos professores e toda a
diante
do
exposto,
comunidade escolar para a reversão desse
respostas que atribuíram a fatores como a
quadro, e consequentemente o crescimento
preguiça, propostas de atividades que não
da participação efetiva dos alunos nas
gostam,
aulas de Educação Física.
desmotivação,
falta
de por
predominou-se
interesse não
gostarem
e/ou da
Na questão número 03 (três),
teorização implementada e a falta de
investigou-se: Qual o motivo te leva a não
variações das atividades aplicadas, como
participar das aulas de Educação Física?
fatores precursores a não participação dos
Neste contexto, ideia central desse estudo e
mesmos nestas aulas.
vem de encontro ao questionado, pois
Gráfico 04: A relação com o professor.
Sua relação com o professor (a) é boa? 72%
4%
24%
36 12 2
Sim
Não Parcialmente
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico acima ilustra as respostas
ambiente saudável, muito mais propício ao
advindas da quarta questão, que questionou
aprendizado. Fica evidenciado que 72%
a respeito da relação dos alunos com os
dos alunos dizem ter uma boa relação com
professores, essa é uma pergunta essencial
o professor, em contraposição 4% dizem
que educadores de todos os níveis de
não ter uma boa relação com o mesmo. A
aprendizado devem fazer. Afinal, ter uma
partir desses dados, salienta a relação
boa convivência com os alunos, ao invés
saudável empregada entre professores e
de alimentar relações conflituosas e de
alunos.
tensão, é uma ótima forma de garantir um
97 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico 05: Preocupação com quem não participa das aulas.
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico acima ilustra as respostas
equivale estritamente aos alunos da Escola
advindas da quinta questão, que observa se
Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci
o professor se preocupa com os alunos que
(MG),
não participam das aulas. Fica evidenciado
questionados na Escola Estadual Professor
que 42% dizem que o professor não se
José Jório em São João do Manteninha
importa
à
(MG) dizem de forma unânime que o
participação nas aulas, fato preocupante,
professor se preocupa com os alunos que
mas, vale ressaltar que este percentual
não participam das aulas.
com
os
alunos
omissos
visto
que,
todos
os
alunos
Gráfico 06: A importância da Educação Física para os alunos.
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
98 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
componente
O gráfico acima ilustra as respostas
curricular
de
extrema
advindas da sexta questão, que questiona
importância para a formação humana dos
se a disciplina de Educação Física é de fato
sujeitos.
importante
para
Fica
Curriculares Nacionais (PCN’s) veem o
evidenciado
que 64%
que a
Ensino Médio como o fim de uma etapa da
disciplina é de fato importante, mas, em
educação básica e que tem como objetivo a
contraposição 8% dizem que a disciplina
construção psicológica, social e afetiva de
não é importante, fato este que preocupa,
futuros
visto que, a Educação Física é um
adentrarem o mundo do trabalho.
os
alunos. dizem
Inclusive,
cidadãos,
os
Parâmetros
preparando-os
para
Gráfico 07: A prática da atividade física fora do âmbito escolar. Você pratica alguma atividade física fora do âmbito escolar?
34%
40%
26%
17 Sempre pratico
Pratico de vez em quando
20
Nunca Pratico
13
Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.
O gráfico acima ilustra as respostas
físicas, esse grupo se restringe em apenas
advindas da sétima questão, que questiona
praticar de forma esporádica e estritamente
se os alunos praticam alguma atividade
dentro do âmbito escolar.
fora do âmbito escolar. Fica evidenciado
A oitava questão trata de modo
que apenas 34% dizem praticar atividades
discursivo o que os alunos mudariam nas
físicas fora do contexto escolar, em
aulas de Educação Física para estimular
contraposição
sua
26%
dizem
nunca
participação.
sentido,
seguintes
respostas:
praticarem quaisquer atividades fora da
predominaram
escola, fato preocupante, visto que, apesar
“Extinguiria as aulas teóricas, solicitariam
da
a variação das aulas aplicadas e a
conscientização
dos
benefícios
adquiridos através da prática de atividades
separação
dos
as
Nesse
gêneros
durante
as 99
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
atividades”. Diante disso, levando em
obtendo-se
consideração as colocações supracitadas,
atribuições à fatores como a preguiça,
esperam-se iniciativas educacionais que
propostas de atividades que não gostam,
busquem
que
falta de interesse e/ou desmotivação, por
distanciam os alunos da prática efetiva nas
não gostarem da teorização implementada
aulas de Educação Física.
e a falta de variações das atividades
Discussão
aplicadas. Nesse sentido, é de suma
minimizar
os
fatores
a
predominância
das
questionários
importância o papel do professor em
estruturados a 50 (cinquenta) alunos do
minimizar os fatores de desinteresse dos
Ensino Médio, pertencentes estritamente
alunos para com as aulas de Educação
ao 3º ano das instituições públicas que
Física, salienta-se uma questão que merece
especifica, quais seja, Escola Estadual
uma atenção especial, a motivação. A
Professor José Jório de São João do
motivação exercida por parte do professor
Manteninha (MG) e a Escola Estadual
para com os alunos é de extrema
Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),
importância para que os mesmos possam
no intuito de identificar quais os fatores
vivenciar as atividades propostas. Segundo
que contribuem para o desinteresse nas
(PICCOLO, 1995),
Foram
aplicados
aulas de Educação Física neste nível de ensino em questão. A partir dos resultados supracitados, se estabelece uma discussão, que busca evidenciar os aspectos obtidos através da relação dos resultados e as concepções teóricas fundamentadas.
[...] motivação significa o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou executar algumas tarefas com maior empenho que outras, já que as frequentes imposições
de
atividades
rígidas
e
monótonas não despertam as energias
A princípio fica nítido que, a grande maioria dos alunos responderam que gostam das aulas de Educação Física, e
naturais que sustentam a aprendizagem espontânea, a curiosidade e o desejo de aprender algo (PICCOLO, 1995, p. 13).
justificaram por ser uma aula divertida, devido aos aspectos de promoção de saúde,
O
aluno
motiva-se
quando
o
pela aprendizagem proporcionada por essa
conhecimento transmitido, pelo professor
disciplina e o
resultante alívio mental,
de Educação Física, tem algum significado
mas, em contraposição, levantaram fatores
para ele, ou seja, o conteúdo satisfaz
que de certo modo os afastam da
algumas de suas necessidades e está em
participação das aulas Educação Física,
concordância com o objetivo que se
100 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
pretende
alcançar.
motivação
desenvolvidos pela Educação Física que
dependerá de situações e contextos como
devem ser assegurados. No Ensino Médio,
os
promovendo
conteúdos
Essa
selecionados,
as
discussões
sobre
as
metodologias de aulas, os materiais e
manifestações dessas práticas corporais
espaços e até mesmo a próprio incentivo
como reflexos da sociedade em que vive,
do professor.
pensando criticamente seus valores, o que
Outro fator evidenciado através da
levará os alunos a compreenderem as
análise dos resultados foram alunos que
possibilidades
citaram a omissão quanto à participação
transformar
nas aulas de Educação Física devido a não
(DARIDO, 1999, p.16).
gostarem
do
aplicado,
corroborando
(BARBOSA,
método 2007)
de nesse
e ou
necessidades não
esses
de
valores
teorização sentido,
considera que
Com isso, acredita-se que é papel
o
dos professores contribuírem para que o
desinteresse dos alunos nas aulas de
conceito da importância da Educação
Educação Física ocorre em virtude do
Física para a formação dos alunos seja algo
modo inapropriado como esse componente
explícito e compreendido pelos mesmos,
curricular é interpretado. As aulas de
visto que, a partir das constatações
Educação Física não deveriam atingir
advindas desse estudo, fica nítido a visão
extremos,
restringida e limitada dos alunos para com
como
a
prática
descontextualizada ou somente a chamada
a disciplina em questão.
teorização. Em
Portanto, relação
da
análise
proveniente das constatações do presente
disciplina para os alunos questionados,
estudo, evidenciam-se inúmeros fatores,
nota-se
que
ressaltados pelos próprios alunos, que os
enxergam a disciplina de Educação Física
afastam da prática efetiva nas aulas de
sem importância para eles, nesse sentido,
Educação
Darido (1999) comenta a relevância da
relacionados
Educação Física na formação dos sujeitos.
intervenção do professor. Nesse sentido,
Para ela
(KOLYNIAK, 2006), reforça o argumento
8%
importância
partir
da
que,
à
a
responderam
Física, muitas
problemas vezes
estes, com
a
A Educação Física como disciplina
de que os fatores que levam a não prática
implica na promoção da reflexão através
de Educação Física na escola estão
do conhecimento sistematizado, há um
associados a problemas específicos dessa
corpo de conhecimento, um conjunto de
disciplina, por exemplo, a ausência de um
práticas corporais e uma série de conceitos
corpo técnico próprio que seja referência 101
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
para
toda
Contudo,
a
categoria
há
a
profissional.
necessidade
de
um
jogos, danças, ginásticas e lutas (SOARES, C. L.; et al., 1992).
dos
A partir de uma análise minuciosa
profissionais de Educação Física para com
dos dados obtidos, percebe-se que são
a sua atuação docente, reverem conceitos e
inúmeros os fatores elencados pelos alunos
métodos utilizados, em busca de se
para justificarem a não participação nas
minimizar a problemática e todos os
aulas de Educação Física no nível de
fatores que acercam essa questão, visto
ensino em questão, mas, constatou-se a
que,
predominância das atribuições à fatores
posicionamento
os
revolucionário
problemas
evidenciados
são
como a preguiça, propostas de atividades
possivelmente contornáveis.
que não gostam, falta de interesse e/ou desmotivação,
Consideraçoes finais
por
não
gostarem
da
buscou
teorização implementada e a falta de
identificar quais os fatores que contribuem
variações das atividades aplicadas. Diante
para o desinteresse nas aulas de Educação
disso,
Física no Ensino Médio, para tanto,
(BARBOSA 2007), que, considera que o
investigou-se
instituições
desinteresse dos alunos nas aulas de
públicas, quais sejam, Escola Estadual
Educação Física ocorre em virtude do
Professor José Jório (MG) e a Escola
modo inapropriado como esse componente
Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci
curricular é interpretado. As aulas de
(MG), a fim de, se alavancar propostas que
Educação Física não deveriam atingir
possam minimizar a problemática em
extremos,
questão, visto que, a Educação Física é um
descontextualizada ou somente a chamada
componente
teorização.
O
presente
02
estudo
(duas)
curricular
de
extrema
enfatiza-se
a
colocação
como
a
de
prática
importância para a formação humana dos
A hipótese de pesquisa baseou-se
sujeitos. No Brasil, documentos legais e
na ideia de que o desinteresse pelas aulas
estudiosos
de
do
tema
reforçam
essa
Educação
Física
acontece,
importância em diferentes abordagens,
principalmente, por uma falta de oferta
desse modo, entende-se a Educação Física
variações de conteúdo, métodos e práticas,
como
pelo
por parte do professor, que se tornem
de
interessantes para a faixa etária em questão
movimento, tematizada em formas de
e atendam às necessidades desses alunos,
atividades
levando em consideração os anseios e as
disciplina
tratamento
da
responsável cultura
expressivas
corporal como
esportes,
particularidades dos mesmos. Diante disso, 102 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
verifica-se ao final da pesquisa que a
deve ser o responsável pela elaboração de
hipótese estava parcialmente correta, visto
um planejamento dinâmico, que atenda às
que, diante da coleta e a análise dos dados,
necessidades e interesses dos alunos, em
pode se verificar que o problema do
interligação aos conteúdos da cultura local
desinteresse dos alunos de Ensino Médio
às novas tendências da atividade física,
pelas aulas de Educação Física é muito
sem adotar modismos.
mais complexo.
Sabe-se que os anseios e contextos
No que tange as propostas que
de vida dos alunos de Ensino Médio são
possam minimizar a problemática em
diferentes. Diante disso, todo o currículo
epígrafe, levando em consideração a visão
escolar
restrita dos alunos para com importância
necessidades e interesses da faixa etária, a
da Educação Física em sua formação,
fim de promover a aprendizagem dos
salienta a necessidade dos professores
conteúdos e as mudanças de atitudes
contribuírem para explicitarem da melhor
pertinentes
forma o conceito da importância da
Pereira e Moreira (2005) destacam que os
Educação Física para a formação dos
professores de Educação Física precisam
alunos. Esse conceito deve ser construído a
mudar suas posturas com urgência perante
partir das possibilidades que a área oferece,
as aulas e conscientizar os educandos, pois
numa relação dialógica entre professores e
se essa situação perdurar em breve não
alunos, com ênfase aos objetivos e as
existirá mais motivo para a existência da
contribuições das manifestações corporais,
Educação Física no Ensino Médio, visto
inclusive levando em consideração três
que a ação pedagógica dos professores não
aspectos norteadores que fomentam uma
tem suprido as necessidades, quer do
atuação de qualidade, quais sejam, domínio
educando, quer da própria disciplina.
do conteúdo e metodologia; envolvimento
deve
A
estar
adaptado
às
a esse público. Contudo,
partir
das
colocações
e apropriação da realidade dos alunos; e
supracitadas, ao levar em consideração
caráter reflexivo do trabalho docente.
todos
Ademais, promover a esse nível de ensino
pesquisa em questão, acredita-se que é
discussões sobre as manifestações dessas
possível reverter este quadro a partir do
práticas
momento
corporais
como
reflexos
da
os
aspectos
em
que
envolvidos
os
nessa
professores
sociedade em que vive, e contribuir com os
especificamente, no que tange o Ensino
alunos
pensar
Médio, compreendam e possa dar um
criticamente seus valores. Nesse sentido,
sentido diferente para a Educação Física, a
(BRASIL, 2000) destaca que o professor
introduzirem possibilidades para que os
para
que
possam
103 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
alunos
possam
experimentar
práticas
quanto
à
participação
nas
aulas
de
corporais variadas em toda sua amplitude
Educação Física, de modo a buscar
de
e
iniciativas inovadoras, ações conjuntas que
contextualizadas ao nível de ensino a que
visem atender as especificidades desse
se
nas
grupo em questão, a fim da minimização
potencialidades da Educação Física e
dos fatores que acometem a problemática
percebe-se a possibilidade de mudança da
apresentada.
conhecimento, refere.
Portanto,
com
prazer
acredita-se
realidade desses alunos que são omissos Abstract There are many reflections about Physical Education in High School. In this sense, the present field study aimed to identify which factors contribute to the lack of interest in Physical Education classes at the level of education in the epigraph. The following institutions were investigated: The State School Professor José Jório of São João do Manteninha (MG) and the State School SinhaninhaGonçalves of Coroaci (MG). As for the research methodology, it is a quantitative-qualitative and descriptive research. In a universe of 371 students, a sample of 50 students, equivalent to 13.5% of the population, was studied. As research instruments were used structured questionnaires and observations these classes. It was based on the theoretical conceptions of (DARIDO, 2004), which deals with students who do not practice these classes and presents new data about the origins and reasons for not practicing Physical Education; (BARBOSA, 2007), who considers students' disinterest in class due to the inappropriate way in which this curricular component is interpreted and (KOLYNIAK, 2006 ), which reinforces the argument that the factors that lead to the non-practice of Physical Education in school are associated with specific problems of this discipline. Keywords: Physical Education Classes; High school; Disinterested factors; Teacher role. Referências BARBOSA C. L. Educação física escolar: da alienação à libertação. Petrópolis: Vozes, 2007. BARNI, M.J; SCHNEIDER, E.J. A Educação Física no Ensino Médio: Relevante ou Irrelevante?. Instituto Catarinense de Pós-Graduação, ICPG. Ago./Dez. 2003. Disponível em:<http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-02.pdf> Acesso em: 20/10/2017. BETTI, M. Ensino de primeiro e segundo graus: educação física para quê? Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 13, n. 2, p. 282-287, jan. 1992. BETTI, M; ZULIANI, L.R. Educação Física Escolar: Uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte - Ano 1, Número 1. 2002 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Ensino Médio. Brasília, 2000. 104 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
CELANTE, A. R. Educação física e cultura corporal: uma experiência de intervenção pedagógica no Ensino Médio. 2000. 174 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2000. CUNHA. M. I. O bom professor e sua prática. 6. ed. Campinas: Papirus, 1996. DARIDO, S. C. A educação física na escola e o processo de formaçãodos não praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,São Paulo, v. 18, n. 1, p. 6180, jan.mar.2004. DARIDO, S.C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras: Topázio, 1999. DARIDO, S.C. [et. al]. Educação Física no Ensino Médio: Reflexões e Ações. Revista Motriz, v 5, n° 2. Dez, 1999 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KOLYNIAK, C. O. O objeto de estudo da educação física. Rio de Janeiro: Corpo Consciência, 2006. MACHADO, A. A. Interação: um problema educacional. In: DE LUCCA, E. Psicologia educacional na sala de aula. Jundiai: Litearte, 1995. MARQUES, M. N. KRUG, M. R. Educação física escolar: expectativas, importância e objetivos. Revista Digital Efdesportes.com. Buenos Aires. ano 13. n° 121. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd122/educacao-fisica-escolar-expectativas-importancia-eobjetivos.htm> Acesso em: 20/10/2017. MEC/SEB. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: linguagens, códigos e suas tecnologias, v. 1. Brasília, 239 p., 2006. PEREIRA, R. S.; MOREIRA, E. C. A participação dos alunos de Ensino Médio em aulas de Educação Física: algumas considerações. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.16, n.2, p.121-127, 2005. PICCOLO, Vilma L. Educação Física Escolar: ser... ou não ter? Campinas: Editora da UNICAMP, 1995. RODRIGUES, P. C. [et. al]. Evasão na aula de Educação Física do ensino médio noturno de uma escola municipal de Belo Horizonte. Revista Digital EFdesportes.com. Buenos Aires. Año 15 - Nº 145. Junho de 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd145/evasaona-aula-de-educacao-fisica-do-ensino-medio.htm> Acesso em: 20/10/2017. SILVA, M. O professor como sujeito do fazer docente: a prática pedagógica nas 5as séries, 1992. In:Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, USP, São Paulo, 1992. SOARES, C. L.; et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
105 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
A IMPORTÂNCIA DO FUTEBOL NO AMBIENTE ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Ben Hur Alexsander de Araújo* Maria Helena Campos Pereira** Ana Paula Campos Fernandes** Christiano Fernandes Pinto**
Resumo Percebe-se que existem diversos fatores que influenciam direta e indiretamente na prática do futebol nas aulas de Educação Física escolar para as crianças. Dentre elas, pode-se destacar a falta de estrutura física e humana da escola, escassez de materiais pedagógicos, fatores esses que influenciam o processo de ensino aprendizagem do futebol no ambiente escolar. Vale salientar que a infância é entendida como um período de grande importância para o desenvolvimento integral das crianças. Neste contexto, questiona-se: Como o futebol influencia no desenvolvimento social das crianças no ambiente escolar? A pesquisa destina-se aos docentes e discentes da Escola Doutor João de Souza Lima e Escola Municipal Professora Terezinha Sarmento de Oliveira. O estudo apresenta caráter qualitativo e quantitativo, e para atingir o objetivo utilizou-se um questionário fechado com questões estruturadas, direcionado aos discentes e docentes. Dessa maneira, foi possível realizar questionamento referente às concepções sobre futebol e sociedade. Palavras chave: Futebol. Ambiente escolar. Desenvolvimento social das crianças. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: ben.0261@outlook.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Mestre em Gestão Integrada. Professora de Leitura e Produção de Textos em Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autora. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com. **Especialista em Futsal. Professor de Teoria e Prática dos Esportes Coletivos I - Futsal / Futebol em Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: futsalgv@gmail.com.
Introdução Percebe-se que existem diversos fatores
que
influenciam
direta
e
indiretamente na prática do futebol nas
escola, escassez de materiais pedagógicos, fatores esses que influenciam no processo de ensino aprendizagem do futebol.
aulas de educação física escolar para as
A infância é entendida como um
crianças. Dentre elas, pode-se destacar a
período de grande importância para o
falta de estrutura física e humana da
desenvolvimento das crianças. Ela é o
106 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
campo de investigação, em que o processo
desenvolvimento da criança, como pode
de alterações complexas e interligadas,
ser visualizado no trecho a seguir de
relaciona-se aos aspectos de crescimento e
Rodrigo Vieira Azevedo Souza:
maturação dos aparelhos e sistemas do o
Pessoas que trabalham com futebol, pais, e
da
até alguns profissionais esquecem que o
maturação do sistema nervoso central, da
principal na atividade desenvolvida pela
biologia, do comportamento e do ambiente
criança (seja ela o futebol, dança, ou
no qual ele se relaciona, bem como o
qualquer outra atividade física e cognitiva),
desenvolvimento
é a formação do seu intelecto, da sua
organismo.
Desta
desenvolvimento
forma,
infantil
depende
emocional,
social,
motricidade
psicológico, afetivo e educacional.
e
da
sua
sociabilidade;
Uma das estratégias utilizadas para
buscando desenvolver em primeiro lugar,
melhor desenvolver essa fase é através dos
não um atleta, visto e tratado como algo
esportes, pois a atividade física organizada
lucrativo, mas sim um ser humano ético,
se
saudável
torna
importante
desenvolvimento
tanto
físico,
para
motor,
o
social
e
inserido
na
sociedade.
(SOUZA, 2004, p.7).
como psicológico das crianças. Baseado
Neste contexto, questiona-se: Como
em suas regras e condições, as crianças
o futebol influencia no desenvolvimento
conseguem compreender formas de se
social das crianças dos anos iniciais no
relacionarem com os outros, trocando
ambiente escolar? Para isso, elaborou-se
experiências, competindo e ajudando uns
como objetivo, analisar o futebol como
aos outros, aprendendo, assim, a conviver
fator de desenvolvimento social para a
em sociedade.
formação do educando nas aulas de
Um dos esportes que favorecem
educação física escolar. Este
essas relações é o futebol, com o qual as
trabalho
se
justifica
no
crianças aprendem a dominar habilidades
contexto pessoal, ao perceber o futebol
motoras
a
como elo de socialização entre os alunos,
desenvolver a capacidade de percepção, a
podendo contribuir satisfatoriamente no
tomada
a
seu aprendizado. No ambiente social se
percepção da dinâmica coletiva. Estes são
justifica por presenciar na sociedade, a
fatores
o
evolução futebolística da criança, que ao
aperfeiçoamento de um repertório motor
nascer já é inserida no universo do futebol.
adequado e ao sucesso desta prática
No contexto educacional, o tema torna-se
esportiva, além de contribuir para um bom
relevante
fundamentais de
decisões
com
bola,
adequadas
fundamentais
para
e
por
perceber
através
de 107
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
experiências de estágio supervisionado a
questionários direcionados aos docentes e
importância do futebol no processo de
discentes
ensino aprendizagem no ambiente escolar,
informações pertinentes ao futebol nas
sendo
séries iniciais do ensino fundamental.
uma
ferramenta
poderosa
de
para
levantamento
de
inclusão do educando nas aulas de
Sendo assim, se estabelece como
educação física escolar, quando bem
objetivo geral, analisar a importância do
inserido.
Futebol no processo de desenvolvimento
Entre os principais referenciais
social das crianças no ambiente escolar.
utilizados para o embasamento teórico da
Para
pesquisa, destacaram-se os estudos sobre
objetivos específicos: Identificar qual a
“Pedagogia do Futebol”, de João Batista
importância do futebol nas aulas de
Freire.
aspectos
educação física para as crianças dos anos
Escola
iniciais, bem como, analisar a importância
Quanto
metodológicos,
aos
optou-se
pela
tal,
elaboraram-se
prática
do
os
futebol
seguintes
Municipal Professora Terezinha Sarmento
da
para
o
de Oliveira e a Escola Municipal Doutor
desenvolvimento social das crianças no
João de Souza Lima, onde foram aplicados
ambiente
escolar.
Relação do Futebol Com a Cultura O futebol é um desporto praticado
escola, em casa ou em outros lugares e isso
em diversas partes do planeta, por milhares
faz parte do contexto cultural e das
de pessoas
relações sociais (FREIRE, 2006).
de idades
diferentes.
A
popularização do futebol adentra em todas as
faixas
significados
etárias
com
divergentes.
situações Os
e
O futebol se faz tão presente na cultura
da
sociedade
brasileira
que
pais
mundialmente o Brasil é conhecido como
participam de brincadeiras com os seus
sendo “o país do Futebol”, não apenas
filhos sem perceberem e as crianças
pelos títulos conquistados nas copas do
interagem e brincam entre si através da
mundo organizadas pela entidade máxima
troca de experiências e saberes que
da modalidade, a FIFA, mas também pelo
perpassa de geração em geração.
prestígio de estarem entre os principais e
O futebol na infância está inserido
os primeiros colocados nas mais variadas
na vida social e cultural do educando. As
competições internacionais, o que faz com
crianças aprendem a praticá-lo e acabam
que se tenha essa identidade criada.
familiarizando com o desporto, seja na 108 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
O futebol faz com que apareça uma
comprar camisas, bandeiras, sentir orgulho
necessidade do ser humano de presenciar,
e se identificar com um time ou um
no dia a dia, momentos que vão lhe
determinado jogador. Neste sentido, (RINALDI, 2000)
proporcionar prazer, paixão e distração, o que demonstra uma marca significativa da
associa futebol com a cultura ao dizer que: O futebol tem-se identificado com a
cultura particular da localidade. Vale salientar que o futebol incute
cultura brasileira, principalmente no que se
na sociedade diversos sentimentos e acaba
refere à subjetividade de suas relações, ao
fazendo
o
que acontece dentro de um campo de
cultura
futebol, como as transgressões das regras
Futebolística, proporcionando inúmeros
estabelecidas, da ordem e da desordem, da
sentimentos e emoções, seja alegria,
aproximação que o futebol faz dos
sofrimento,
torcedores com a realidade festiva do
com
que
desenvolvimento
choro,
de
se
tenha
uma
raiva.
Pessoas
de
diferentes localidades, classes sociais e
prazer e do
raças, ao assistirem jogos de futebol,
momentos
torcem juntos, sofrem e ficam felizes nos
Identificação do povo com o futebol só
ambientes
acontece porque ele consegue apresentar
familiares
ou
mesmo
de
lazer,
que representam
paixão
independente de conhecer ou não quem
essas
características,
está ao lado.
(RINALDI,2000, p. 168).
e
a
de
alegria.
identidade.
Desta forma, a cultura do futebol
Portanto, a cultura do futebol está
faz com que as pessoas abracem o primeiro
entrelaçada na sociedade brasileira, pois as
que estiver à sua frente quando o seu time
pessoas passam a se identificar e interagem
faz um gol, esquecendo as diferenças.
de forma natural frente a ela, vivenciando-
Além disso, motiva os torcedores a
a naturalmente.
Desenvolvimento social a partir do futebol Na compreensão da formação do
No que tange ao desenvolvimento social da criança, pressupõe-se que o
desenvolvimento
integral,
Futebol tenha a característica de propiciar
personalidade
a socialização com as demais crianças,
inteiramente relacionadas à formação e as
despertando a interação entre elas e
comunicações educativas, o que leva a um
ensinando a conviver e se relacionar com
aperfeiçoamento
outras pessoas, além de proporcionar o
consciência, fazendo com que se tenham
respeito às regras e viver em sociedade.
características como a solidariedade, a
da
social
criança,
primordial
e
estão
de
sua
109 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
honra, a honestidade, a responsabilidade, o
aprende a respeitar e a se colocar no lugar
saber trabalhar em equipe, o respeitar o
do outro nas situações que não estavam
espaço e a opinião do outro, entre outros.
previstas, além de aprender a trabalhar em equipe e a ter o companheirismo.
Em relação ao jogo de Futebol,
Outra característica fornecida pelo
(SOUZA et al, 2011) identifica características semelhantes adquiridas pelo
esporte, especificamente no Futebol, é a
brasileiro, ficando evidentes a seguir:
importância que o mesmo traz para a
(...) o brasileiro se identifica com as problemáticas oferecidas pelo jogo, às
convivência com os demais, como se pode ver a seguir:
adversidades, as alegrias, a superação, por
(...) “aprender a conviver” é, além
relacioná-las com as situações cotidianas
de viver juntos, competir e cooperar
de sua vida. E isto é perceptível pela forma
intrinsecamente (DELORS et al, 1996).
de expressar-se do brasileiro em certas
Por isso, toda convivência se baseia em
ocasiões típicas. Bem como um time que
regras de forma explícita ou implícita, e o
se vê com o placar adverso, o cidadão
educando, à medida que participa da
brasileiro busca “virar o jogo” quando se
construção coletiva das regras (adaptadas)
encontra numa situação desvantajosa, seja
está
ela financeira, seja na escola, em relação às
convivência interpessoal e social como,
notas. (SILVA, 2015, apud SOUZA et al.,
por
2011, p. 1).
negociar, argumentar e contra argumentar,
Além
disso,
o
Futebol
pode
desenvolvendo exemplo,
valores
criança
responsabilidade,
relação
às
mudanças
aprender
a
de
conversar,
saber ouvir, esperar a sua vez, viver
proporcionar o desenvolvimento social da em
competências
éticos
como
respeito,
cooperação
dentre
comportamentais, melhor relação com os
outros. Conviver fortalece o encontro
familiares,
consigo
melhoras
no
rendimento
escolar, na superação frente às dificuldades
mesmo
torna
Constata-se,
desenvolvimento
contribuição
o
outro.
Sendo assim, a prática do futebol se
identificadas na prática do desporto. a
com
(CASTANHEIRA, 2008, p. 120).
que possam surgir, devido às vivências também
e
fundamental
no
social
processo das
de
crianças.
significativa no processo de maturação da
Conforme demonstrado na literatura, após
criança,
determinado tempo de prática, o futebol
desenvolvendo
uma
melhor
tomada de decisão devido às condições
pode
proporcionar
uma
melhora
no
adversas surgidas ao longo da partida. As
comportamento e nas relações sociais das
relações interpessoais melhoram, pois se
crianças com as demais pessoas que fazem
110 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
parte do seu ciclo de convívio, além de
assim um pouco a timidez e melhorando a
apresentarem facilidade de se relacionar
sua relação interpessoal.
com pessoas que não conheciam, perdendo Ensino do futebol no ambiente escolar O futebol é um esporte coletivo
saber lidar com a derrota, tentando tirar
com regras universais, sendo praticado da
dela um ponto positivo e a ter a
mesma forma em todos os lugares do
compreensão que haverá aquele que irá
mundo. Tem-se enquadrado como um
vencer e aquele que irá perder.Cabe ao
ramo da atividade humana, podendo ser
professor e/ou treinador mediar e assegurar
definido como uma profissão, na medida
as duas realidades, como ficou evidente na
em que relações profissionais se definiram.
fala de Adilene de Assunção, a seguir:
Desta maneira, o futebol como atividade de
Neste estágio, a criança não dá
caráter científico, também compreende
muito valor à competição, pois tem uma
uma realidade teórica, tendo diversas
ideia não muito definida do que seja
disciplinas utilizadas como suporte, tais
ganhar ou perder. Geralmente ela não joga
como:
para vencer ou superar os outros, mas pelo
Matemática,
ciências,
física,
simples prazer da atividade. A violação das
biologia e etc. Ensinar o futebol de maneira
regras gera grandes discussões. Nesta fase
crianças
surge um forte sentimento de competição.
assimilem as novas habilidades motoras
O fato de perder torna-se quase intolerável
aumentando e melhorando o seu acervo
para algumas crianças, dando origem a
motor, podendo transferir o conhecimento
cenas de choro e até mesmo de agressão,
motor
práticas
aproveitando essa disposição natural da
esportivas, com isso são capazes de
criança para jogar pelo simples prazer de
adquirir novas experiências em outros
jogar. Além disso, deve selecionar jogos
grupos compartilhando suas experiências e
simples, com poucas regras. O educador
ideias, melhorando o seu desenvolvimento
deve procurar despertar o espírito de
moral e social (FREIRE, 2006).
cooperação e de trabalho conjunto no
adequada
faz
com
adquirido
em
que
as
outras
Outro aspecto interessante que pode
sentido de metas comuns. A criança
ser identificado no ensino do Futebol é o
precisa de ajuda para aprender a vencer
aprender a ganhar e a perder. Neste
sem ridicularizar e humilhar os derrotados
sentido, as crianças, através da prática,
e para saber perder esportivamente, sem se
incorporam essa realidade a qual deverão
sentir diminuída ou menosprezada. Quando 111
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
o educador manifesta uma atitude de
competição sadia na qual inspira o respeito
compreensão e aceitação, e quando o clima
e a consideração pelo adversário. O
da sala de aula é de cooperação e respeito
espírito de competição deve ter como
mútuo,
segura
tônica o desejo do jogador de superar a si
emocionalmente e tende a aceitar mais
próprio, empenhando-se para aperfeiçoar
facilmente o fato de ganhar ou perder
cada vez mais as habilidades e destrezas. A
como algo normal, decorrente do próprio
situação de jogo deve-se constituir um
jogo. (ASSUNÇÃO, 2012, p. 4).
estímulo desencadeador do esforço pessoal
a
criança
sente-se
Desta forma, o professor tem um
tendo em vista o auto aperfeiçoamento.
papel fundamental no ensino do domínio
Jogo supõe relação social, supõe interação.
dos sentimentos e emoções dos alunos.
Por isso, a participação em jogos contribui
Assim, pode-se dizer que jogar faz parte da
para a formação de atitudes sociais:
vida, pois perder ou ganhar é uma
respeito mútuo, solidariedade, cooperação,
constante no dia a dia de cada pessoa.
obediências
Conforme salienta (ASSUNÇÃO, 2012),o
responsabilidade,
clima da sala de aula deve ser de
grupal. (ASSUNÇÃO, 2012, p. 4).
cooperação e respeito mútuo, pois quando a criança sente-se segura no aspecto emocional, ela pode aceitar com mais facilidade as questões relacionadas ao jogo, ou seja, perder e ganhar estão implícitos nas rotinas de um jogo e seus jogadores: O papel do educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a
às
regras, iniciativa
senso pessoal
de e
Com base nestes argumentos de (ASSUNÇÃO,
2012),
o
educador
é
imprescindível em suas tarefas ao preparar a criança para enfrentar o adversário, mesmo que seja na prática de um futebol ou em outras situações do convívio social. Competir, de acordo com a autora, pode ser a necessidade de superação, bem como, o desenvolver de habilidades e destrezas
Pesquisa de campo Para corroborar com a revisão bibliográfica, foi realizada uma pesquisa
Sarmento de Oliveira da cidade Frei Inocêncio, Minas Gerais.
de campo com os docentes e discentes dos
Atualmente, as instituições atendem
anos iniciais (1° ao 3° ano) da Escola
o ensino infantil e ensino fundamental I e
Municipal Doutor João de Souza Lima e
contam com boa estrutura. Os bairros,
Escola Municipal Professora Terezinha
embora compostos em sua maioria por
112 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
famílias de baixa renda, apresentam boa
ação que se consegue visualizar melhor as
infraestrutura
assistência
atividades concretas, tornando-se ações
comunitária e religiosa, postos de saúde e
práticas que envolvem o corpo sendo
atenção política.
possível confirmar a ideia deste trabalho
viária,
Entende-se a importância desta
investigativo.
pesquisa de campo, pois é no campo de
Metodologia A presente pesquisa partiu do
ao 3° ano dos anos iniciais da educação
pressuposto de identificar a influência que
básica e 12 professores, totalizando 42
o futebol exerce no desenvolvimento social
participantes.
da criança no ambiente escolar. Em busca
Para a coleta de dados contamos
de atingir os objetivos traçados, utilizou-se
com a utilização dos seguintes materiais:
da pesquisa de natureza quantitativa e
Canetas
qualitativa. Como instrumento de pesquisa
entrevistado
utilizou-se de um questionário estruturado
deveria
com
e,
ocorresse qualquer tipo de influência de
posteriormente foi realizado análise dos
outras pessoas. Logo após, os dados foram
dados.
esquematizados e averiguados através da
cinco
perguntas
fechadas
O estudo foi realizado em duas
e
um
questionário
participante
responder
comparação
do
onde
da
sozinho,
percentual
o
pesquisa sem
que
entre
as
escolas da rede pública municipal de Frei
respostas
Inocêncio – MG. A população estudada é
resultados com base no referencial teórico
composta de 30 alunos que cursam do 1°
utilizado no projeto.
e
da
interpretação
destes
Resultados e discussões Conforme demonstrado na revisão
Inicialmente,
será
demonstrado,
bibliográfica, o futebol é um esporte capaz
através de três perguntas direcionadas a
de trazer benefícios diversos para as
professores.
crianças dos anos iniciais do ensino
apresentadas as respostas a duas perguntas
fundamental. Assim, buscou-se fazer uma
direcionadas às crianças estudantes das
pesquisa de campo com vistas a constatar
escolas em estudo.
Posteriormente,
serão
se os professores e alunos dos anos iniciais possuem esta percepção. 113 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico 1: Contribuição do futebol para o desenvolvimento social das crianças
Fonte: Pesquisa de campo, 2017.
O gráfico acima demonstra que um
fundamental
para
a
socialização
do
total de 12 professores acredita que o
educando. Esta pesquisa reforça a teoria de
futebol contribui significativamente no que
(FREIRE, 2006), ao demonstrar que o
diz respeito ao desenvolvimento social da
futebol na infância está inserido na vida
criança no ambiente escolar. Sendo assim,
social e cultural do educando.
nota-se que a prática do futebol é
Gráfico 2: Futebol trabalhado de forma cooperativa e competitiva simultaneamente
Fonte: Pesquisa de campo, 2017. 114 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Nota-se no gráfico2 que mais de 60%
dos
professores
entrevistados
em jogos contribui para a formação de atitudes
sociais:
respeito
mútuo,
disseram ser possível obter inclusão em
solidariedade, cooperação, obediências às
meio à competição. Esta resposta valida a
regras,
teoria de que o “Jogo supõe relação social,
iniciativa pessoal e grupal. (ASSUNÇÃO,
supõe interação. Por isso, a participação
2012, p. 4)
senso
de
responsabilidade,
Gráfico 3 - Valores sociais a partir do futebol
Fonte: Pesquisa de campo, 2017
O gráfico 3 demonstra que 67% dos
pesquisa
de
campo
demonstraram
a
professores entrevistados acreditam ser
importância da prática do futebol para
possível conquistar valores sociais através
crianças.
da prática do futebol, confirmando, mais
demonstrarão os resultados obtidos à
uma vez, o que foi defendido pelos autores
entrevista realizada com 30 crianças das
utilizados na pesquisa teórica.Portanto,
escolas selecionadas.
Os
próximos
gráficos
tanto a revisão da literatura, quanto a
115 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Gráfico 4: Futebol praticado fora da escola
Fonte: Pesquisa de campo, 2017
Nota-se no gráfico 4que 100% dos
praticar o futebol e acabam familiarizando
alunos entrevistados responderam já terem
com o desporto, seja na escola, em casa ou
praticado o futebol fora do ambiente
em outros lugares e isso faz parte do
escolar. Assim, ressalta-se o que (FREIRE,
contexto cultural e das relações sociais.”
2006), disse “as crianças aprendem a
Gráfico 5: Gosto pelo futebol
Fonte: Pesquisa de campo, 2017
Evidencia-se no gráfico acima que
automaticamente na cultura do aluno. Para
83% dos alunos entrevistados disseram
(FREIRE, 2006), o futebol na infância está
gostar de jogar futebol, reforçando o
inserido na vida social e cultural do
quanto
educando. As crianças aprendem a praticar
este
esporte
é
inserido
116 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
o futebol e acabam familiarizando com o
outros lugares e isso faz parte do contexto
desporto, seja na escola, em casa ou em
cultural e das relações sociais.
Considerações finais Ao final do desenvolvimento desse
disciplina, além de passarem ater mais
projeto evidencia-se que a prática do
companheirismo com os demais, aprender
Futebol
a administrar as vitórias e derrotas, além de
é
fundamental
para
o
desenvolvimento social das crianças dos
se comportarem melhor.
anos iniciais da educação básica no
O professor exerce um papel
ambiente escolar. Através da aplicação do
primordial neste processo, pois passa a ser
questionário, de acordo com as respostas
o mediador e estimulador de todos os
por parte dos docentes e discentes, ficou
processos que levam os educandos a
evidente a importância que a prática do
construírem
Futebol teve no desenvolvimento social
atitudes e habilidades permitindo o seu
das crianças.
crescimento
Notou-se a importante contribuição que o futebol teve nas relações com os
seus como
conceitos, pessoas
valores, e
como
cidadãos, desempenhando uma influência verdadeiramente significativa.
demais e com os próprios alunos, onde se tornaram mais sociáveis, passaram a respeitar melhor as regras, a terem mais Abstract It is noticed that there are several factors
the question is: How does soccer influence
that influence directly and indirectly in the
the social development of children in the
practice of soccer in the classes of Physical
school environment? The research is
Education school for the children. Among
intended for teachers and students of the
them, it can be highlighted the lack of
Doctor João de Souza Lima School and the
physical and human structure of the school,
Municipal School Professor Terezinha
lack of pedagogical materials, factors that
Sarmento de Oliveira. The study has a
influence the learning process of soccer in
qualitative and quantitative character, and
the school environment. It is worth noting
to reach the goal a closed questionnaire
that childhood is understood as a period of
was
great
directed to the students and teachers. In
importance
for
the
integral
used
with
structured
questions,
development of children. In this context, 117 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
this way, it was possible to question football and society.
Keywords: environment.Social children.
Football.School development of
Referências ASSUNÇÃO, Adilene de. Oficinas Pedagógicas: A importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras como recursos na Educação Especial. Natal, set. 2012. Disponível em: http://www.iesprn.com.br. Acesso em: 08/12/2017. CASTANHEIRA, M. A. V. Capital social, sustentabilidade e esporte: elementos para a construção de uma educação em valores a partir do esporte voleibol. 2008.250 f. Dissertação (Mestrado em Organizações e Desenvolvimento) - UNIFAE -Centro Universitário Franciscano. Curitiba. 2008. FREIRE, João Batista. Pedagogia do futebol. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2006. RINALDI, W. Futebol: Manifestação cultural e ideologização. Revista da Física, UEM, v. 11, n.1, p. 167-172, 2000. SILVA, Diego Ferreira da. A importância da prática do futebol no processo de desenvolvimento social das crianças. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5086/1/CT_COEFI_2015_1_12.pdf Acesso em 8 dez. 2017. SOUZA, Rodrigo Azevedo. A importância da Psicomotricidade para o desenvolvimento infantil através do futebol. 2004. 45 f. Monografia (Especialização em Psicomotricidade) – Departamento de Pós-Graduação, Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2004.
118 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
INCLUSÃO DE ALUNOS COM SURDEZ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O QUE DIZEM OS PROFESSORES Gilmar Miranda Damasceno* Rafael Pimentel Soyer* Maria Helena Campos Pereira** Mauricio Barcelos de Barros Cruz** Danielle de Oliveira Dantas**
Resumo A educação inclusiva é um processo social e cultural que vem crescendo em todo o mundo e alveja concepções e entendimentos sobre a educação e o papel da escola nos tempos de hoje. Este estudo objetivou analisar o ponto de vista dos profissionais de educação física nas escolas públicas e privadas de Governador Valadares, Minas Gerais em relação à inclusão dos alunos com surdez nas aulas educação física escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva e analítica, realizada em dez escolas públicas do município. Participaram da entrevista 30professoresda rede pública e privada. Os resultados apontam que uma das principais barreiras no processo de inclusão nas aulas de educação física, é a barreira da comunicação. Bem como, diversos autores apontam que a Língua Brasileira de sinais e a formação continuada de professores podem ser fatores que contribuem no processo de inclusão. Palavras chave: Inclusão; Surdos; Educação Física; Comunicação; Libras. ¹Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: gilmarmirandafisical@gmail.com, rafaelsoyer1@hotmail.com ²Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. ²Especialista em Educação Física Escolar. Professora de Ginástica de Academia, Natação, Hidroginástica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: jennipsoyer@gmail.com ² Especialista em Futsal. Professora de Introdução à Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail:
Introdução Nos últimos anos, percebe-se que
após a declaração de Salamanca de 1994
há um aumento significativo de ações,
(BRASIL,
1994).
O
pesquisas e discussões no sentido de
direcionamentos
compreender o processo de inclusão
teóricos,
escolar no ensino regular, em especial
filosóficas e até mesmo políticas no que
incluem
pedagógicos
foco
dos
assuntos concepções
119 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
tange a abordagem da inclusão no
Libras como meio legal de comunicação e
contexto
educacional
pelas
expressão, garantindo a inclusão da
diretrizes
apresentadas
declaração
disciplina de Líbras no currículo de
balizados na
formação de professores em todo Brasil.
(BRASIL, 1994). Com o avanço dessas concepções,
Nessa perspectiva compreende-se
surge a necessidade de professores, em
a importância das aulas de educação
especial ora abordado, de Educação física,
físicas inclusivas, incorporando alunos
serem requisitados a atender às diversas
com
necessidades
legalmente constituídos.
sociais,
dentre
elas
a
surdez, Baseado
inclusão de alunos Surdos no contexto das
garantindo nesse
entendimento,
aulas (SEABRA JÚNIOR; MANZINI,
(GREGUOL
2008).
deficiência auditiva permanente (Surdez) Com a implementação da política
não
2010)
direitos
interfere
adverte
que
diretamente
a no
Nacional de Necessidades Educativas
desenvolvimento global do indivíduo,
Especiais, na perspectiva da educação
embora, a perda da audição poderá
inclusiva (BRASIL,1994), o acesso ao
acarretar grandes perdas associadas caso o
ensino
indivíduo não receba estímulos nas aulas
e
formas
pedagógicas
que
garantem o aprendizado do aluno, se concretiza e conduzem os professores a
de Educação física. Para que este trabalho tenha maior
uma visão ampla e didática de ensinar
significado
para
concepções de (SACHR 1939, p.37), no
alunos
com
algum
tipo
de
teórico,
busca-se
as
que tange a criança surda, onde ele relata
deficiência, surgindo-se novos desafios. na
que ao presenciar o surgimento de uma
Educação e inclusão de alunos surdos no
escola de surdo a sociedade começou a
contexto
ver os surdos como pessoas comuns
Muitos
desses
escolar,
comunicação.
é
desafios a
Atualmente
barreira a
da
Língua
capazes de trabalhar igual aos não surdos.
brasileira de Sinais (LIBRAS) é a primeira
Como também, Chomsky (1991, p.
língua de alfabetização de um aluno surdo
16) com a fala de que a metodologia de
sendo o português a língua secundária.
ensino foi criada seguinte ao pressuposto
Nessa perspectivas, os professores
do oralismo, no entanto, no Brasil no
necessitam se capacitarem para atender
centro de reabilitação ligado a esta
alunos que demandem com surdez, nesse
metodologia usam a língua de sinal, para
sentido, a lei A Lei nº 10.436/02
que as aulas passam a ter sentidos e
reconhece a Língua Brasileira de Sinais –
significados para o aluno surdo. Nessa
120 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
perspectiva,
a
política
nacional
de
estudá-los, atualizando para novas formas
educação garante ao aluno surdo, o
e métodos de ensino para a inclusão de
acompanhamento de um intérprete que
alunos com surdez nas aulas de educação
fará a ligação didática entre o que o
física.
professor ensina e a forma traduzida para
Portanto, este tema foi escolhido com a finalidade de analisar o ponto de
o discente. E ainda, (BAKHTIN 1990, p. 38),
vista dos profissionais de educação física
ao relatar que todos os estudos em relação
nas escolas públicas e privadas de
aos surdos foram discutidos e pensados
Governador Valadares, Minas Gerais em
para chegar nos dias de hoje e por isto
relação a inclusão dos alunos com surdez
devem ser seguidos, mas nunca deixar de
nas aulas educação física escolar.
Alunos surdos no âmbito escolar A inclusão escolar, até
Nesse contexto, analisar sobre a
meados da década de 90 não era um
educação de surdos no Brasil requer
assunto muito recorrente em estudos e
transpor as propostas educacionais, pois
amplamente
os que são diferentes, no sentido de não
discutidos
no
ambiente
escolar, gerando diversas controversas e
estarem
atitudes
tema
socialmente, não são identificados como
inclusão se envereda em campos de
um fenômeno do meio sociocultural,
batalhas onde a defesa pela inclusão se
sendo limitados à sua diferença (VILELA-
sustenta em campos teóricos, mas pouco
RIBEIRO; BENITE; VILELA, 2013).
práticos
descontextualizadas.
no
chão
da
O
no
Nesse
escola
padrão
sentido
determinado
é
importante
compreender, que além de ser um direito
(CAVALCANTE, 2011). A educação inclusiva parte do
legal, é moral garantir uma educação
princípio de que a escola comum é o lugar
igualitária a alunos surdos, conferindo
(de direito) de todos. As pessoas devem se
todos os recursos possíveis no processo de
desenvolver e aprender juntas, sendo que
contribuição
cada uma delas devem ser atendidas pelas
bilíngue quando couber.
Política
Nacional
de
Educação
educação,
seja
ela
A inclusão de alunos surdos no
suas necessidades educacionais especiais. Na
da
contexto
escolar
é
contudo
uma
realidade
ainda
não
Especial na Perspectiva da Educação
contundente,
se
Inclusiva, isso fica muito claro também no
concretizaram meios eficientes para a
que diz respeito à surdez (BRASIL, 1994)
garantia dessa inclusão no meio escolar, 121
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
pois de acordo com (DORZIAT 2004),
observar que nas escolas inclusivas, o que
(APUD SILVA 2009) Considera que a
de acordo com a política nacional de
inclusão
educação são todas as escolas públicas,
social
objetivando
sua
de
pessoas
surdas,
participação
social
alguns
desses
critérios
não
são
efetiva, depende de uma organização das
inteiramente seguidos, tais como: tendem
escolas considerando três critérios: a
a não existir interação por meio da língua
interação por meio da língua de sinais, a
brasileira de sinais, pois professores e
valorização de conteúdos escolares e a
alunos ouvintes não são fluentes em
relação conteúdo-cultura surda (s/p)
LIBRAS, nesse sentido a aprendizagem é
Percebe-se que a inclusão escolar
prejudicada e a cultura surda não é
se configura como um dos meios para se
valorizada, prevalecendo nestas escolas à
alcançar
cultura das pessoas ouvintes.
a
inclusão
social.
Pode-se
Surdos na educação física escolar A inclusão dos alunos surdos à educação física é um ponto muito delicado
educação física seja mais divertida e prazerosa.
a ser tratado, pois começa a haver em
A disciplina Educação Física como
alguns momentos um conflito entre os
parte constituinte da grade curricular das
surdos e os não surdos, eis que surgem
escolas não poderia ausentar-se desse
algumas
processo
indagações,
até
onde
você
de
inclusão
educacional.
professor está incluindo um aluno surdo e
Destarte, em consenso com Rodrigues
até onde você como professor esta
(2003) reforça a ideia de que o professor
excluindo o aluno não surdo?É preciso
de
que o professor compreenda todos os
fundamental para que a inclusão se torne
processos de inclusão na perspectiva do
efetiva, por ser operacionalizado de
ensino global e integral de todos os
saberes e competências que auxiliam para
alunos, sem que haja exclusões ou
o desenvolvimento integral, saúde e
preferências
qualidade de vida dos alunos, além do
Mas,
independentemente
deste
Educação
Física
tem
papel
acesso destes à diversidade.
problema é possível que o professor crie
O professor de Educação
atividades que incluam a todos de maneira
Física, por meio de sua prática pedagógica
divertida,
envolvida
pedagógica
e
didática,
com
o
desenvolvimento
e
psicossocial, colabora eminentemente no
brincadeiras, fazendo com que a aula de
âmbito da educação inclusiva, utilizando-
utilizando
adaptações
para
jogos
122 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
se de novas propostas e abordagens
proporcionar aos alunos vivencias que
teórico-metodológicas, que fomentam a
propiciem a cooperação, a sociabilidade,
criatividade, a expressão corporal, a
bem como o seu desenvolvimento psico-
liberdade de movimentos, a ludicidade,
motor (ZUCCHETI, 2011).
enfim, executam atividades capazes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na escola O ensino de Língua Brasileira de
todos os seus aspectos a compreensão da
Sinais, é reconhecido como um importante
formação para a expressão e comunicação.
marco no desenvolvimento da construção
É um lugar rico de aprendizagem, de
identitária
diferenças
da
cultura
empoderamento
surda
cultural
e
no
(SILVEIRA,
conhecimento,
e
de
permutas
precisando,
de
portanto,
abranger a todos sem distinção, a fim de
s/d). Rego
(1994),
em
estudos
de
Vygotsky, mostra que o mesmo enfatiza
não promover fracassos, discriminações e exclusões (SANTOS, s/d)
que a linguagem é de extrema importância
Na educação das crianças surdas, a
no desenvolvimento da criança. Ele vê a
primeira língua deve ser a língua de sinais,
linguagem como imprescindível para o
pois possibilita a comunicação inicial na
desenvolvimento humano, pois traz em si
escola e a língua portuguesa escrita
todos os conceitos elaborados pela cultura
deveria ser ensinada aos surdos como
humana.
segunda língua (GODOI, 2013). Segundo
Através dos estudos de Vygotsky pode-se relações
perceber
a
sociais
(QUADROS
das
2006), dessa forma, a escola deveria
e linguísticas no
apresentar meios distintos voltadas às
importância
desenvolvimento da criança. A língua é
necessidades linguísticas dos
um
de
promovendo recursos que permitam a
desenvolvimento dos processos cognitivos
aquisição e o desenvolvimento da língua
do ser humano e, evidentemente do seu
de sinais como primeira língua.
dos
principais
instrumentos
surdos,
pensamento nesse sentido, compreender
O que se percebe é que o
que o ensino na escola perpassa o direito
tempo de aprendizagem das crianças
do aluno surdo de ser instruído em sua
surdas e o seu desempenho acadêmico e
primeira língua, ou seja em Libras.
profissional, não se trata de um fator
No contexto da escola é muito
limítrofe no processo de aprendizagem e
importante na formação dos sujeitos em
sim, de uma característica ocasionada 123
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
pelas implicações maximizadas pelos
de cidadãos garantir que não haja essa
bloqueios de comunicação devido à
perda quando se trata de alunos surdos no
aquisição tardia da língua de sinais
contexto escolar, garantindo de forma
(SIMPLICIO, 2009).
legal, por meio de intérpretes e métodos
Nesse contexto, é papel da escola
didáticos condizentes.
enquanto instituição pública e formadora
Metodologia pesquisa
Nesse sentido, a partir da análise
qualitativa, do tipo descritivo-exploratória
dos conteúdos manifestos, emergiram 6
e
(MINAYO;
pontos analisados: experiência de trabalho
DESLANDES E GOMES 2012). De
com o público surdo; possibilidades de
acordo com Gil (2008), “as pesquisas
inclusão dos alunos surdos sem a exclusão
descritivas possuem como objetivo a
dos alunos ouvintes; indagação se a
descrição das características de uma
inclusão da Língua de Sinais na educação
população,
uma
infantil facilitaria o trabalho de inclusão;
experiência”. Já a pesquisa exploratória
analise da dificuldade da inclusão de
“por ser um tipo de pesquisa muito
surdos
específica, quase sempre ela assume a
participação dos ouvintes nas atividades
forma de um estudo de caso” (GIL, 2008).
voltadas
Trata-se analítica
de
uma
conforme
fenômeno
ou
de
Foram realizadas em dez escolas
nas aos
aulas;
percepção
alunos
surdos
da e
o
apontamento das maiores dificuldades
privadas e públicas, cinco estaduais, duas
encontradas
municipais
e
Educação Física em se trabalhar com
município
de
três
particulares,
Governador
do
Valadares,
pelos
Profissionais
de
alunos surdos.
Minas Gerais, que recebem à população
Foi relatado pela maioria dos
de pessoas com surdez no contexto
professores que a comunicação com os
regular.
alunos com surdez era de fato o maior
Os
dados
foram
organizados,
tratados, e analisados à luz da técnica de
desafio da inclusão dos alunos nas aulas de educação física escolar. Segundo (FERRARI, TRUJILLO
análise de conteúdo, sendo selecionadas respostas
em
entrevistados,
comum em
entre
seguida
os houve
codificação das unidades de registro.
APUD
ZANELLA,
HERMES
2009)
LIANE “não
CARLY
obstante
a
finalidade prática da pesquisa, ela pode
124 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
contribuir teoricamente com novos fatos
prévio de questionamentos, tendo como
para o planejamento de novas pesquisas
propósito possibilitar aos pesquisadores a
ou mesmo para compreensão teórica de
coleta de todas as informações desejadas. O questionário foi respondido
certos setores do conhecimento”. Nas dez instituições de educação
pelos profissionais de educação física das
30
escolas visitadas. Cada entrevista teve
Física,
duração de aproximadamente 30 minutos
constituindo assim a população desse
e o período de realização da pesquisa foi
estudo.
entre setembro e dezembro de 2017.
básica,
foram
Profissionais
entrevistados
de
Educação
Participaram
da
pesquisa
Os dados oriundos das
30profissionais de educação física, e da
entrevistas foram organizados, tratados e
verificação de repetição dos dados nas
analisados a luz da Técnica de análise de
entrevistas, ou seja,
conteúdo,
foram
determinados,
a
partir
com base nas
uma por
temática (BARDIN,
categorial,
informações em que os resultados de
proposta
formatos mais coesos e consistentes
obedecendo aos seguintes passos: 1ª fase:
demonstraram informações repetitivas e
pré-análise;
redundantes (FONTANELLA; RICAS;
material e 3ª fase: tratamento dos dados,
TURATO, 2008).
inferência e interpretação.
2ª
fase:
2011),
exploração
e do
Para análise dos dados definiu-se
Inicialmente realizou-se a análise
pela entrevista semiestruturada, a partir
dos dados constituído das respostas dos 30
das indagações norteadoras relacionadas
entrevistados,
diretamente com o instrumento desse
selecionadas
estudo. Segundo (MANZINI, 2003) a
comum
entrevista semiestruturada é um meio
transformados os dados em porcentagens.
em as
entre
seguida,
respostas os
foram
dadas
em
profissionais
e
eficiente de averiguar dados junto aos entrevistados por meio de um roteiro Resultados e discussão O
campo
caracterizado questionário
de
pela
pesquisa
está
relação a inclusão de alunos surdos nas
aplicação
de
aulas de educação física em dez escolas
30
públicas
semiestruturado
a
profissionais, com seis perguntas em
e
privadas
de
Governador
Valadares.
125 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Tabela 1: Perguntas diretas semiestruturadas PERGUNTAS
SIM
Já trabalhou com alunos surdos?
NÃO
ASV*
43%
57%
-
É possível fazer a inclusão de alunos surdos nas aulas de educação física sem fazer 87%
3%
10%
-
7%
66%
-
a exclusão dos não surdos? A inclusão do ensino de libras desde a educação infantil facilitaria o 93% desenvolvimento das aulas? Tem dificuldade de incluir os alunos surdos nas aulas?
34%
* As vezes
Tabela 2 – Perguntas discursivas PERGUNTAS
RESPOSTAS
Quais eram as principais dificuldades encontradas para• seDificuldade de comunicação com os alunos surdos trabalhar com alunos surdos?
com cerca de 60% • Falta de capacitação para atuar com este público com 16%. • Falta de matérias adaptados e a falta de políticas públicas com 7% cada. • Não tenho dificuldade nenhuma em trabalhar com alunos surdos – 10%
• 50% apoio do interpretes quando possuem
Quais as estratégias utilizadas?
• 50% recursos pedagógicos e capacitação
Após análise dos dados percebe-se
língua dos surdos, sendo essencial para o
que a dificuldade de comunicação com os
seu crescimento em todas as áreas
alunos surdos, como uma das principais
(sociolinguística, educacional, cultural,
barreiras encontradas na inclusão dos
entre outras).
alunos surdos. A Língua de Sinais é a 126 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
Investigadores da área da surdez
DIZEU & CAPORALLI (2005), “as
(GÓES, 2002; LACERDA, ALBRES, &
escolas
DRAGO, 2013; LODI, 2013; SKLIAR,
pautado nas Libras e nas implicações dela
1997; SLOMSKI, 2010), cientes da
para a aprendizagem”. Essa língua traz
imprescindibilidade da Língua de Sinais,
impactos para o modo de constituição do
apontam os confrontos vivenciados pelos
surdo
surdos nos episódios de inclusão escolar,
referentes à cultura surda.
de
comunicação
e
de
e
diz
assegurar
respeito,
o
aos
trabalho
aspectos
A inclusão, a qualquer custo,
dados os fatores intrínsecos à forma peculiar
devem
negligencia
questões
fundamentais
referentes à cultura, linguagem, dinâmicas
compreensão do mundo. Eles advertem que a surdez traz
(entre outros aspectos) de comunidades
implicações inerentes à construção da sua
minoritárias
identidade, pois dos surdos não bilíngues.
processo
Nesse
LACERDA, 2000). Nesse sentido, as
sentido,
uma
das
maiores
dificuldades
diante
professores
uma
escola
pensada
e
enaltecidas
no
(GÓES
&
educacional
dificuldades impostas a esse alunado, de
pouco
apresentadas nos
pelos
questionários,
são
programada para os ouvintes, diz respeito
evidenciados por diversos estudos, quando
a
se apontam a língua da comunicação
sua
escolaridade.
Enfim,
como
aprender? Para (SANTANA E BERGAMO,
como fator principal para o ensino e inclusão nas aulas de forma geral.
2005), “a Língua de Sinais é o motivo que
O percurso entre a oficialização de
distingue o indivíduo surdo do ouvinte,
Libras, “como instrumento próprio de
aparecendo como parte central para o seu
linguagem e identidade de pessoas surdas,
crescimento”. Entretanto, essa mesma
e
língua se constitui, contraditoriamente,
formação de professores, estimulou fortes
como fator de discriminação do surdo na
debates sobre a possibilidade da criação
sociedade majoritária. Desse modo, “não
de cursos superiores voltados para esse
raras vezes, o surdo vivencia situações de
público”. (FRANCO, 2009) considera que
fracasso dentro da escola, resultante das
a
relações estabelecidas com a maioria
reconhecimento
ouvinte e dos embates desdobrados das
linguística e são fundamentais para a
questões linguísticas” (LACERDA, 2006).
discussão de Libras no cotidiano dos
Por isso, afirmam os pesquisadores
ambientes escolares. Confrontando com
(RIBEIRO (2013) e SILVA (2014) APUD
a
Lei
essas
implementação
e
o
Decreto
afirmações,
dessa
os
obrigatória
promovem
na
o
modalidade
resultados
da 127
Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
pesquisa, foram de encontro com os
para com as diversas deficiências, dentre
argumentos embasados pelos autores,
elas
quando consideram que além da barreira
convivência de professores alimenta a
da linguagem, a cultura bilíngue para
capacidade de uma formação continuada
alunos surdos, se caracterizam como um
com intuito de poder fornecer subsídio
fator limítrofe na inclusão nas aulas de
para o ensino de educação física para
educação
no
alunos surdos. É necessário compreender
componente que evidencia a linguagem
que a formação acadêmica devera suprir
corporal como expressão.
sua
física,
principalmente
a
ressaltada
necessidade
nesse
de
estudo.
formação
A
de
Porém a educação especial na
professores nos cursos de licenciatura,
perspectiva da educação inclusiva se
preparando e capacitando os professores
consolidou como um marco e avanço para
formados.
a aproximação de professores e alunos
Considerações finais Através
dos
resultados
desta
pesquisa evidenciou-se que a inclusão,
as demais que constituem a grade curricular do curso de formação. Deve-se
que tem sido um enredo discursivo em todo
o
mundo,
está
dando
passos
conhecimentos
considerar do
que
professor
os serão
limitados no contexto da escola regular,
ampliados mediante a sua atuação no dia-
porém existe a necessidade de fortalecer o
a-dia do espaço escolar, desta forma as
ambiente educacional para que atenda às
experiências vivenciadas neste contexto
necessidades dos seus educandos, de
social
maneira menos tímida.
pedagógicos necessários para uma prática
No entanto, há necessidade de que a
formação
superior
disponibilize
condições mínimas para que o professor
é
que
lhes
dará
subsídios
cada dia mais diferenciado e atento para os desafios encontrados no cotidiano da escola.
as
Para a inclusão de crianças surdas
possibilidades da inclusão dos surdos nas
no ensino regular desde a educação
suas aulas. Este conhecimento deve partir
infantil ao ensino superior há de se contar
não só por meio de disciplinas específicas,
com profissionais preparados para o
mas sendo abordada a temática em todas
trabalho teórico e prática docente, que
adquira
o
conhecimento
sobre
entendam a real importância do processo 128 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
comunicativo e inclusivo ao qual a
é respeitada sua Língua materna, como de
educação
dos
reconhecimento
surdos e
exige.
O
qualquer pessoa que não domine a língua
conhecimento
da
de outro país, mas podem expressar-se
Língua Brasileira de Sinais efetivam a
livremente
educação dos alunos surdos, uma vez que
direitos.
Abstract Inclusive education is a social and cultural process that is growing worldwide and targets conceptions and understandings about an education and the role of school in today's times. This study objective is the objective of the governing the executive activities in the particular schools and freedes of Governador Valadares, Minas Gerais in relation in the inclusion of students with deafness in the students education school physics. It is a qualitative research, of descriptive and analytical type, carried out in ten public schools of the
quando
respeitados
seus
municipality. The interview was attended by 30 teachers from the public and private network. The results point out that it is a barrier process in physical education classes, it is a barrier of communication. Teacher training and continuing teacher education can be a factor that favors the inclusion process. Keyword: Inclusion; Deaf people; PE; Communication; Pounds
Referências Alves TP, Sales ZN, Moreira RM, Duarte LC, Couto ES.Inclusão de alunos com surdez na educação física escolar. Cidade: Revista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p.192-204. BRASIL (1994). Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. CAVALCANTE, Eleny Brandão; SOARES, Liliane Viana; SANTOS, Patrícia Siqueira. Inclusão de surdos no ensino regular: entre o discurso oficial e a realidade do cotidiano escolar. Cidade:Universidade Federal do Oeste do Pará, UFOPA, ano. ESPOTE, R. & Cols. Inclusão de surdos: revisão integrativa da literatura científica. PsicoUSF, Bragança Paulista, v. 18, n. 1, p. 77-88, jan. /abril 2013. GODOI, P; SANTOS, M. F; SILVA, V. F. Língua Brasileira de Sinais no Contexto Bilingue. Tupã, 2013. 38 p. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização) – Faculdades FACCAT. GREGUOL, M. Natação Adaptada: Em busca do movimento com autonomia. 1. ed. Barueri: Manole, 2010. 129 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KRUG, Hugo Norberto.A inclusão de pessoas portadoras de necessidades educativas especiais na educação física escolar coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2002/01/a3.htm LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Campinas:Cad. Cedes, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago, 2006. MONTEIRO, Suelen S.; SANTANA, Jane A. S.; RINALDI, Renata P.; SCHLÜNZEN, Elisa T. M.Língua brasileira de sinais – libras na formação de professores: o que dizem as produções científicas. Presidente Prudente, São Paulo,Brasil: editora, ano. ROSSI, Renata Aparecida. A Libras como disciplina no ensino superior.Cidade:Revista de Educação. Vol 13, Nº 15, Ano, 2010. p. 71-85. SANTOS, Jusiany Pereira da Cunha; SILVEIRA, Ana Maria. A inclusão de alunos com surdez e as contribuições das salas de recursos municipais deJi-Paraná.Porto Velho, Rondônia:PPGE- UNIR, ano. SEABRA JÚNIOR, M. O.; MANZINI, E. J. Recursos e estratégias para o ensino do aluno com deficiência visual na atividade física adaptada. Marília: ABPEE, 2008. SANTOS E.M. Rompendo barreiras: uma trajetória de desafios na busca da práxis inclusiva. SILVEIRA, C. O ensino de libras para surdos – uma visão de professores surdos. s/d SILVA, Carine Mendes; SILVA, Daniele Nunes Henrique. Libras na educação de surdos: o que dizem os profissionais da escola? São Paulo: Psicologia Escolar e Educacional, Volume 20, Número 1, janeiro/Abril de 2016: 33-43. Silva, M.C. (2009). A inclusão do aluno surdo no ensino regular na perspectiva de professores de classes inclusivas. Faculdade Santa Helena: Recife. SIMPLICIO, V. A importância do ensino das libras? Língua brasileira de sinais nas escolas de ensino fundamental. 2009 UZAN, Alessandra J. S.; OLIVEIRA, Maria do R. T.; OSCAR, Ítalo; LEON, RIccardi. A importância da língua brasileira de sinais – (libras) como língua materna no contexto da escola do ensino fundamental. Cidade: Univap – Faculdade de Educação e Artes / Curso de Letras, Campus Aquárius, ano. VILELA-RIBEIRO, E. M.; BENEDITE, A. M. C; VILELA, E. B. Sala de aula e diversidade. Revista Educação Especial, v. 26, n. 45, p. 145-160, jan./abr. 2013
130 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018