Toth Ciência Educação v.1, n.1 2018

Page 1



TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO



ISSN 2595-1866

TOTH CIÊNCIA E EDUCAÇÃO

FUPAC



EXPEDIENTE CORPO EDITORIAL Editor: Rogério Vieira Primo Editores associados: Fernanda Aparecida Gomes Corrêa Maria Helena Campos Pereira Equipe técnica: Normalização - Mônica Machado Messeder Diagramação - Paulo Roberto Júnio Campos Pereira Criação gráfica - Iris T. das Virgens Moreira Criação gráfica - Warley Vasconcellos da Cunha Produção Artística: Pop Comunicação Corpo Editorial Científico: Alessandro Máximo Lima Alisson Cardoso de Oliveira Ana Paula Campos Fernandes Cínthia Mara de Oliveira Danielle de Oliveira Dantas Denis Gonçalves da Silva Edney Ferreira Moreira Fernanda Barbosa Lopes Jennifer Pimentel Soyer João Cláudio Passos da Silva Maurício Barcelos de Barros Cruz Pedro Avner Ferreira Quintino Rosely Conceição de Oliveira Simone de Magalhães Martins Gomes Autor Corporativo: Fundação Presidente Antônio Carlos Endereço eletrônico: https://issuu.com/tothcienciaeducacao Email: academicogv@unipac.br Rua Jair Rodrigues Coelho, 211 – Vila Bretas – Governador Valadares – MG Telefone: (33) 3212-6700 - CEP – 35.032-200 http://www.unipacgv.com.br

TOTH - Ciência e Educação – vol. 1 n.1 - 2018 Governador Valadares: Fundação Presidente Antônio Carlos - FUPAC Periodicidade: Semestral ISSN 2595-1866 1 Educação Física – Periódicos. 2. Esporte - Periódicos CDD 19. ed.: 796.4



SUMÁRIO BULLYING NA ESCOLA, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA .................................................................................................................................................. 13

André Luiz de Paula Caldas Jorge Gomes Junior Maria Helena Campos Pereira Alisson Cardoso de Oliveira O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO ............................................................................ 23

David Prates Souza Karley Cristina Silva Pinto Thaise Emanuelle Conrado dos Santos Maria Helena Campos Pereira Jennifer Pimentel Soyer Denis Gonçalves da Silva EXCLUSÃO DOS DEFICIENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II ............................................................................................................................................................ 40

Dayane Pereira Leandro Lalesca de Oliveira Gonçalves Thatiele Aparecida da Silva Maria Helena Campos Pereira Rosely Conceição de Oliveira Cínthia Mara de Oliveira A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SAÚDE DO EDUCANDO ........... 52

Diego Ferreira de Brito Elaine Rodrigues de Oliveira Filomena Maria dos Reis Rinaldo Soares Dolabela Tiago Carlos Flávio Maria Helena Campos Pereira Edney Ferreira Moreira A FALTA DE INTEGRAÇÃO DOS PAIS COM O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA ... 60

Iago Marques dos Santos Itamar Conrado Sampaio Júnior Leandro Pereira Rodrigues Maria Helena Campos Pereira João Cláudio Passos da Silva Simone de Magalhães Martins Gomes


CENÁRIO DO GÊNERO FEMININO NO FUTSAL DO ENSINO MÉDIO: PRECONCEITO OU DESINTERESSE? ........................................................................................................................ 71

Stefanny Avelar Rodrigues Maria Helena Campos Pereira Fernanda Barbosa Lopes EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E O DESINTERESSE DOS ALUNOS ................. 87

Janaína Rodrigues da Silva Wilker Vieira Carrijo Maria Helena Campos Pereira Pedro Avner Ferreira Quintino Alessandro Máximo Lima A IMPORTÂNCIA DO FUTEBOL NO AMBIENTE ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL ............................................................................................................................. 106

Ben Hur Alexsander de Araújo Maria Helena Campos Pereira Ana Paula Campos Fernandes Christiano Fernandes Pinto INCLUSÃO DE ALUNOS COM SURDEZ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O QUE DIZEM OS PROFESSORES ............................................................................................. 119

Gilmar Miranda Damasceno Rafael Pimentel Soyer Maria Helena Campos Pereira Mauricio Barcelos de Barros Cruz Danielle de Oliveira Dantas


EDITORIAL O lançamento de uma revista científica é sempre algo a ser saudado com entusiasmo, principalmente por ser mais uma contribuição ao trabalho intelectual dos que se dedicam à acumulação e difusão de conhecimento. Em sua essência, uma revista desta natureza é, sobretudo, um convite à exposição de resultados e pesquisas, para debate público, no sentido de realização da finalidade maior da academia que é disseminação do conhecimento bem como estimular a produção científica e o debate discente e docente. Toth – Ciências e Educação - Nome escolhido entre muitas sugestões, pois expressa o significado real da sua intenção: - promover cultura e educação no meio acadêmico, fomentando nos alunos a busca pelo saber. Toth deus da mitologia egípcia da escrita e da sabedoria. Os egípcios acreditavam que esse deus tinha criado os Hieróglifos. Toth era também conhecedor da matemática, astronomia, magia e representava todos os conhecimentos científicos. A ideia pode ter demorado em processo de amadurecimento, mais valeu muito tê-la e desenvolve-la. Ela nasce em consequência, refletida, debatida, como esforço intelectual coletivo dos docentes e discentes Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Com periodicidade semestral, é um espaço multidisciplinar e que a mesma seja reconhecida pela qualidade dos trabalhos a ela submetidos, o que esperamos garantir por meio do rigor científico resultante da somatória da qualidade de sua Equipe Editorial e de diretrizes para Autores fundamentadas no que é estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio de documentos elaborados por esta importante entidade na área da normatização e normalização de artigos científicos e tudo o que esteja a eles relacionados acadêmica e cientificamente. Finalmente, é com grande satisfação que estamos lançando a primeira edição da Revista de Ciência e Educação da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares, agradecendo aos autores que acreditaram na seriedade desta proposta, que hoje se concretiza com a expectativa de que seja apenas a primeira de muitas edições que irão ao mesmo tempo divulgar e contribuir para que o conhecimento científico produzido para que seja compartilhado com pesquisadores, professores, alunos e todos os que buscam conhecimento. Prof. Me. Rogério Vieira Primo Diretor Geral



BULLYING NA ESCOLA, ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS A PARTIR DA EDUCAÇÃO FÍSICA André Luiz de Paula Caldas* Jorge Gomes Junior* Maria Helena Campos Pereira** Alisson Cardoso de Oliveira** Resumo É notório o desrespeito e a intolerância entre alunos nas escolas, sendo um fenômeno do final do século XX e início do século XXI. O bullying é um problema crônico a ser extinto do convívio social já que influencia diretamente na socialização dos indivíduos. No ambiente escolar sempre se encontrou manifestações agressivas, porém atualmente, tal assunto passou a ser vivenciado com maior frequência. A violência a cada ato e sua visibilidade adquiriu notoriedade maior, levando as autoridades públicas a montarem políticas para combater as possíveis causas e implementar soluções. Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar as possíveis causas, soluções e consequências às vítimas e agressores, bem como a influência do bullying no futuro de cada um. Palavras chave: Desrespeito e intolerância, Bullying, Causas e soluções. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail:andrelzc06@hotmail.com . jorgegomes-gv@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Ensino de artes e História e cultura de Minas Gerais. Professor de Fundamentos de Sociologia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: nossila25.01@gmail.com.

Introdução É possível notar o crescimento de

desvantagens, mal-estar e sofrimentos dos mais diferentes tipos. (CALIMAM, 2006).

atos violentos ocorridos nas escolas, que

Em Algumas escolas brasileiras

podem representar grandes dificuldades no

existem poucos momentos de descontração

desenvolvimento dos alunos, influenciando

e livres de tensão. É possível verificar em

cada vez mais em um futuro com

alguns casos a falta de diálogo entre alunos

dificuldades cognitivas, motoras e até

e professores. Na ausência de diálogo,

mesmo de convívio social.

nota-se o distanciamento desse aluno,

Cada aluno é um ser que vem com

especialmente o mais vulnerável. Ou seja,

uma história de vida pessoal. O que

aquele indivíduo que é exposto diretamente

significa que muitos destes alunos são

ao preconceito e a intolerância, sendo

caracterizados por situações de fracasso,

privado da possibilidade de adequar-se ao

13 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


comportamento apresentado como normal

participação dos alunos nas aulas. Por

para todos

sofrerem

violências

como,

verbal,

O agravamento de tal situação é a

psicológica ou até mesmo física, muitos

maneira como as outras pessoas “entendem

alunos deixam de participar de um

e tratam” os indivíduos expostos ao risco

momento que deveria ser de união, como é

eminente reforçando as ocorrências de

a prática de esportes. Assim ocorre, muitas

violência grupal ou individual. Assim,

vezes, a falta de participação dos mesmos

quanto aos fundamentos do bullying na

nas aulas por medo ou vergonha dos

escola pode-se dizer que:

colegas que lhes ofendem com palavras e

O bullying “é um comportamento ligado à

atitudes.

agressão verbal, física ou psicológica que

Os reflexos do bullying acabam

pode ser efetuada tanto individual quanto

sendo a não inclusão de todos os alunos

grupalmente”.

um

nas atividades propostas. A prevenção e

relações

combate são de suma importância já que

interpessoais, em que os mais fortes

suas consequências futuras se manifestam

convertem os mais frágeis em objetos de

não só nas escolas, mas também nas ruas e

diversão e prazer através de “brincadeiras”

até mesmo dentro da própria casa. Então, o

que disfarçam o propósito de maltratar e

ponto a ser questionado é: qual seria a

intimidar.” (CONSTATINI, 2004)

intervenção correta do professor para evitar

Sendo assim, caracteriza-se como bullying

o bullying de maneira eficaz nas aulas de

o ato covarde onde não há a análise das

Educação Física?

“O

comportamento

bullying

próprio

das

é

Nossa pesquisa foi realizada com

possíveis consequências por parte daquele

propostas de intervenção do professor de

que o pratica. do

educação física para que se tenha apoio

bullying vão além de um simples momento

eficaz no combate ao bullying na escola.

constrangedor. Suas implicações podem

Assim,

levar a traumas mais severos onde se faz

professores

necessário a intervenção de profissionais

conhecimento de como abordar tal assunto

especializados

e consequentemente, obter resultados.

Destaca-se

que

os

efeitos

podemos para

contribuir que

se

com

os

tenham

Se o bullying é um tema que tem

Esse tema se justifica no âmbito pessoal,

sido abordado, com o objetivo de ser

com base nas experiências obtidas em

combatido.

como

escolas durante o momento de atuação

disciplina escolar, tem o dever de fazer um

como estagiários, bem como em matérias

amplo

disponíveis na mídia.

A

debate

educação para

física

proporcionar

a

14 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


o

pouco tempo, o que hoje reconhecemos

bullying é um problema que tem se

como bullying, era visto como fatos

enraizado na sociedade. A imprensa tem

isolados,

mostrado, através dos noticiários, um

normalmente

agravamento dos casos de. Portanto, se

tomavam devidas atitudes a respeito.

Como

citado

anteriormente,

“briguinhas família

Atualmente,

esse problema não for combatido poderá

o

de

criança”,

e

escola

e não

bullying

é

acarretar maiores transtornos que os já

reconhecido como problema crônico nas

vistos normalmente. É importante que a

escolas, e com consequências sérias, tanto

escola, a comunidade, os governos pensem

para vítimas, quanto para agressores.

nesse assunto para mostrar a grande

As formas de agressão entre alunos

importância desse problema social e o mal

são as mais diversas, como empurrões,

que se prolifera.

pontapés,

insultos,

espalhar

histórias

Deste modo, é importante que o

humilhantes, mentiras para desestabilizar a

bullying seja tratado problema a ser

vítima, passando assim por uma situação

combatido. Somente assim será possível

vexatória, inventar apelidos que ferem a

que a sociedade passe a enxergar o

dignidade, captar e difundir imagens,

próximo com respeito.

inclusive pela internet. Inclusive são os meios digitais como a internet que dão

Bullying, um problema crônico

maior visibilidade as agressões citadas.

A palavra “bullying” vem do

Essas ameaças são difundidas em sites e

adjetivo inglês “valentão”. Quem o pratica

grupos de alunos tomando proporções que

o faz para se sentir superior e adquiri

antes da popularização da internet não

respeito dos demais. Utilizam de atos

existia. Não é errado afirmar que o

desrespeitosos e desumanos, para elevarem

bullying

o próprio ego.

massificação ficou a cargo da era digital.

Segundo Thais Pacievitch, da Info Escola,

Muitas vezes existem diferenças na prática

Bullying é um ato caracterizado pela

do bullying. Entre os meninos, os ataques

violência física e/ou psicológica, de forma

mais comuns são as físicas. Ainda que não

intencional e continuada, de um indivíduo,

efetivada

ou grupo contra outro (s) individuo (s), ou

costumam ameaçar, fazer medo em suas

grupo(s), sem motivo claro.

vítimas.

sempre

a Já

existiu,

agressão, as

os

meninas

mas

a

agressores agressoras

No Brasil, a palavra “bullying” é

costumam espalhar rumores mentirosos, ou

relacionada a atos agressivos entre alunos

ameaçarem e espalharem segredos para

e/ou grupos de alunos nas escolas. Até

causar mal-estar. 15

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


As

ameaças

podem

vir

acompanhadas de extorsão, chantagem

minimize os efeitos negativos na vida dos envolvidos.

para obter dinheiro, sobretudo com alunos de 5ª e 6ª série.

Bullying escolar

Importante enfatizar que o bullying

Segundo

Amélia

Hamze,

o

todas

as

não é via de mão única. Ele atinge

termo bullying compreende

principalmente quem é agredido, mas,

formas

muitas vezes, os agressores também são

intencionais e repetitivas, que ocorrem sem

vitimas. Crianças e jovens que praticam o

motivo evidente e são tomadas por um ou

bullying têm histórico de algum tipo de

mais estudantes contra outro, causando

abuso. O que normalmente acontece, é que

traumas, e são executadas dentro de uma

as atenções dos responsáveis tais como

relação desigual de poder.

de

maneiras

agressivas,

pais e professores se voltem para o

De todo fato, o bullying é um

agressor, visto como um marginal em

problema que deve ser combatido em toda

potencial, sem atacar a raiz do problema.

e qualquer escola que enfrente essa

Assim, é necessário considerar o fato que o

problemática. Os que praticam o bullying

agressor deve também ser ouvido, sem

têm grande perspectiva de se tornarem

esquecer que a vítima foi o maior

adultos com comportamentos antissociais e

molestado nessa situação. Acredita-se que

violentos, podendo vir a adotar, inclusive,

o

atitudes delituosas ou delinquentes.

bullying

aprendizagem,

atrapalha

inclusive

observando

a que

Quando

não

intervenções

normalmente os agressores são as crianças

eficazes contra o bullying, o espaço escolar

com maior porcentagem de reprovação. De

torna-se totalmente corrompido, e dessa

acordo com (PACIEVITCH 2017) os casos

forma, a maioria das crianças são afetadas,

de agressão, que acontecem por um

e passam a experimentar sentimentos de

período maior, devem ser encaminhados

ansiedade e medo.

para atendimento psicológico.

Os alunos que sofrem bullying,

Portanto, ao entender o bullying na

dependendo

de

suas

características

escola como um problema crônico e de

individuais e dos meios em que vivem,

grande significância que é, exige que a

poderão

comunidade escolar e a sociedade como

sofridos na escola. E quando adultos

um todo, se mobilizem com planejamento

podem

e ações educativas que contribuam para a

tornando-se

realização de atividades de erradicação que

problemas de relacionamento. Em alguns

não

ultrapassar

apresentar

baixa

indivíduos

os

traumas

autoestima, com

sérios

16 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


casos é possível que adquiram também, um

interferem na formação do indivíduo e

comportamento hostil.

deixam sequelas, principalmente para as

Identificação e combate ao bullying na escola

vítimas. No caso de Lídia, ela diz que o

É difícil estudar a questão do bullying,

no

entanto,

para

que

se

identifique e possa combater este problema

bullying contribuiu para diminuir sua autoestima

com

que

tivesse

com as pessoas. Portanto, o bullying não pode ser encarado

"Na sala de aula, jogavam bolinha

fez

dificuldade em confiar e de se relacionar

na escola é importante conhecer alguns casos e ou depoimentos.

e

como

provocação

uma

natural

brincadeira

entre

ou

crianças

e

de papel na minha cabeça, não me

adolescentes e merece atenção para ser

deixavam participar de nenhum grupo, me

prevenido

imitavam, pois eu gaguejava quando

importante que se conheça esse fenômeno

criança. Era sempre um grupo de meninos

social, suas causas, consequências e quais

que fazia isso. A cena que me magoa até

são as medidas necessárias para diminuir a

hoje foi lembrar quando dois meninos

incidência desse tipo de comportamento.

acharam um pedaço de fio de cobre atrás

(LEMGRUBER,2017)

e

combatido.

Assim,

é

da escola e me bateram com ele". O

Essa pesquisa se utiliza do método

depoimento é de Lídia Eliane Canuto de

quantitativo. Sendo desenvolvido em sala

Souza, 30 anos, residente de Ribeirão

de aula e acompanhado pela professora

Pires, interior de São Paulo.

orientadora do projeto. A escolha do tema

O que aconteceu no passado com

pesquisado, se deve a sua relevância. Para

ela é uma realidade que permanece no cotidiano

de

diversas

crianças

e

adolescentes em escolas do mundo todo.

(Fonseca

2002),

diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem

Segundo a ONG "Learn Without

ser quantificados. Como as amostras

Fear" (Aprender Sem Medo), 350 milhões

geralmente são grandes e consideradas

de

vítimas

representativas da população, os resultados

de bullying anualmente em todo o mundo.

são tomados como se constituíssem um

O pediatra e um dos autores do livro "Diga

retrato real de toda a população alvo da

não para o Bullying", Aramis Lopes Neto,

pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra

aponta que atitudes violentas dentro da

na

escola geram muita preocupação, pois

positivismo, considera que a realidade só

crianças

e

jovens

são

objetividade.

Influenciada

pelo

pode ser compreendida com base na 17 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e

Resultados e discussão

neutros. Com

o

método

conseguimos

Gráfico 1: Alunos que já sofreram algum tipo de bullying.

quantitativo,

resultados

reais

e

considerados mais seguros pelo fato da abordagem feita aos alunos ter sido

20%

realizada com perguntas objetivas e de na

observação

dos

NÃO

50% 30%

fácil interpretação. Porém, é necessário a criticidade

SIM TALVEZ

dados

coletados, uma vez que quando se trata de seres humanos, nem sempre se consegue absorver

informações

passadas

Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro

No gráfico 1, referente a primeira

com

questão, é possível identificar que em

transparência A pesquisa foi realizada na Escola

porcentagem, o bullying vem sendo cada

Estadual Professor Darcy Ribeiro, com

vez

alunos do terceiro ano do Ensino Médio.

conhecimento e sabedoria se consiga o

As pesquisas impressas foram entregues

objetivo principal, que é o combate. Esse

em

fossem

gráfico aborda a questão, “você já sofreu

respondidas e devolvidas. Assim, os

algum tipo de Bullying?”, é possível

participantes responderam as seguintes

observar um alto número de alunos que

questões: Você já sofreu algum tipo de

relatam já terem sofrido bullying. Nota-se

sala

de

aula

para

que

mais

destacado

para

que

com

de

que 50% dos entrevistados afirmam que

bullying? Bullying é considerado forma de

sim o que representa um total de 15

preconceito? Pode-se dizer que o bullying

(quinze) alunos. Outros 30% disseram não

é

pelo

sofrer nenhum tipo de represália, que

agressor? Os pais precisam estar cientes do

implica em 9 (nove) alunos, e 20%

bullying sofrido por seus filhos? Neste

informaram

foco, todas as questões tinham a opção de

alguma situação, já sofreram qualquer

sim, não e talvez. A seguir foram

forma de bullying totalizando assim, 6

recolhidas no dia seguinte. E com os dados

(seis) alunos.

Bullying?

em

fruto

de

mãos,

computados.

presenciou

problemas

eles

foram

Dessa

cenas

vividos

analisados forma,

alcançados os seguintes resultados:

que

provavelmente,

em

e

foram

Gráfico 2. Alunos que já presenciaram cenas de bullying.

18 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico 3: O bullying é considerado uma forma de preconceito? 100% 50% 10% 0%

0% SIM

SIM

NÃO

NÃO TALVEZ

Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro 90%

Nesse item da pesquisa percebe-se

Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro

o quão importante é a presença de Nessa

profissionais capacitados e responsáveis

questão,

foi

possível

combater

constatar resultados importantes quando se

atitudes,

aborda o tema, uma vez que é necessário

possibilitando assim novos aprendizados,

saber a opinião tanto dos que sofrem como

amizades e liberdade por parte das vítimas.

dos que praticam o bullying. Sendo

No gráfico 2, que se refere a “Você já

possível o entendimento da situação e

presenciou cenas de bullying?” Todos os

como consequência há a proposta de

alunos relataram já ter presenciado cenas

soluções ou caso algo já esteja proposto,

de bullying de variados tipos.

que se coloque em prática.

para

que

incessantemente

se

possa tais

Através do gráfico 3, é possível observar que 90% dos entrevistados, ou seja, 27 (vinte e sete) alunos consideram o bullying como uma forma de preconceito, os 10% restantes sendo equivalente a 3 (três) alunos não souberam responder o questionamento com precisão.

19 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico 4: O praticante e as atitudes

isso,

considera-se

que

os

problemas

devido a problemas vividos por ele.

vividos pelos agressores são de grande valia nos atos praticados por eles.

SIM

Gráfico 5: A necessidade dos pais

TALVEZ

estarem cientes do bullying sofrido por

NÃO 0

50

seus filhos

100

Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro SIM TALVEZ

Observamos que essa foi uma questão de difícil interpretação por parte dos alunos. No momento em que cada um

Fonte: Escola Estadual Professor Darcy Ribeiro

expôs sua opinião, fez-se notório que a maioria vê que o agressor comete os atos de violência por prazer, ou sem motivos aparentes. Ao observar o gráfico nº 4, com base na questão: “É possível que o agressor possua comportamentos agressivos devido a problemas vividos por ele mesmo”? Nota-se

que

os

alunos

tiveram

dificuldades

na

questionados interpretação.

Sendo assim, aproximadamente 60% - 19 (dezenove) - alunos responderam que acham que o comportamento tomado pelos agressores não tem ligação com problemas vividos por eles mesmos. Cerca de 30% - 9 (nove)

-

disseram

que

talvez

tal

questionamento seja verdadeiro e apenas 2 (dois) alunos ou aproximadamente 10%, afirmaram que sim, o praticante e as atitudes

do

mesmo

são

devidos

a

problemas vividos anteriormente. Com

Pela pesquisa percebe-se o quão importante responsáveis,

a

presença para

dos que

pais

ou

tenham

conhecimento de como é o comportamento de seus filhos perante outros alunos, professores e demais funcionários da Escola. O gráfico 5 (cinco), retrata o quão necessário é os pais estarem cientes do bullying sofrido por seus filhos: 29 (vinte e nove) alunos afirmam que os pais da vítima precisam estar cientes dos atos sofridos por seus filhos, e apenas 1 (um) relatou que talvez os pais não devessem estarem presentes quanto aos possíveis casos. Considerações finais Ao retomar o problema central foi possível verificar que a barreira existente

20 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


entre pais e professores pode ser uma

maneiras de acabar com esse tipo de

grande influência para os casos de bullying

violência e assegurar que os alunos tenham

na escola. A falta de um diálogo entre

total liberdade para conversar com seus

ambos prejudica tanto aquele que está

pais e professores. Outras formas de

sofrendo o bullying quanto quem o pratica.

conscientização dos malefícios do bullying

A intervenção com esses alunos é

são a realização de palestras, reuniões com

de extrema importância, porém se ambas

as famílias e alunos, gincanas educativas,

as partes não tomarem nenhuma decisão, a

entre outras brincadeiras que proporcionem

tendência é um aumento dos casos de

a relação harmoniosa entre todos os

bullying na escola. Os reflexos desse

envolvidos. Vejamos que esses exemplos

problema não é só nos muros da escola,

são maneiras que podem ser adotadas pela

mas

própria escola, a fim de proporcionar aos

também

futuros

agressores

na

alunos e pais, as vivências, bem como o

sociedade. as

combate a essa problemática. Entende-se

da

que viver e conviver em harmonia, pode e

educação física, é importante enfatizar

deve colaborar significativamente para que

união entre pais e professores. Os trabalhos

se evite outros problemas sociais.

Portanto, estratégias

ao

considerar

pedagógicas

a

partir

de reflexão são necessários para combater o

bullying.

Assim,

devem-se

buscar

Abstract The disrespect and intolerance among students observed in schools, being in the XXI century narrated as bullying, is a chronic problem to be extinguished of the social conviviality since it directly influences the socialization of the individual.In the school environment there were always aggressive manifestations of the type, but currently, the word found and used for the denomination of these acts was bullying. From time to time this

subject has been experienced with greater frequency and each act witnessed has acquired greater notoriety and the possible causes and solutions have become easier to approach. Thus, the present work aims to analyze possible causes, solutions and consequences referring to victims and aggressors and how this influences the future of each one. Key word: Disrespect and intolerance, Bullying, Causes and solutions.

21 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Referências CALIMAN, G. Estudantes em situações de risco e prevenção. Ensaio: Aval Políticas Públicas em Educação, vol. 14, nº 52, Rio de Janeiro, Jul/Set 2006. 383 – 396 P. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010440362006000300007&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 10 nov. 2017. COSTANTINI, A. Bullying, como combatê-lo? Prevenir e enfrentar a violência entre jovens. Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/violencia-escolar-bullying-papelfamilia-escola.htm. Acesso em: 10 nov. 2017. FAGUNDES, Eulica. Violência escolar e bullying: O papel da família e da escola.Disponível em: http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/administracao/violenciaescolar-bullying-papel-familia-escola.htm. Acesso: 10 nov. 2017. FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Disponível em: <www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf>. Acesso em: 10, nov 2017. HAMZE, Amélia. Bullying escolar: Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol .com.br/trabalho-docente/bullying-escolar.htm>. Acesso em: 02 out. 2017. LEMGRUBER, Roberta. Saiba identificar e combater o bullying nas escolas. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/familia/galerias/12927-saibaidentificar-e-combater-obullying-nas-escolas>. Acesso em: 02 out. 2017. PACIEVITCH, Thais. Bullying na Escola: Um Problema Crônico. Disponível em:<https://escoladainteligencia.com.br/bullying-na-escola/>. Acesso em: 02 out. 2017.

22 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO David Prates Souza* Karley Cristina Silva Pinto* Thaise Emanuelle Conrado dos Santos* Maria Helena Campos Pereira** Jennifer Pimentel Soyer** Denis Gonçalves da Silva** Resumo Este artigo apresenta a ludicidade como uma estratégia eficaz no processo de ensinoaprendizagem, assim como a importância de se trabalhar o lúdico nas aulas de educação física. A questão principal do artigo é: Qual a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento psicomotor do aluno nas aulas de educação física no ensino fundamental? O objetivo deste trabalho é analisar a importância das atividades lúdicas para o desenvolvimento psicomotor do aluno nas aulas de educação física. O foco da pesquisa destinou-se a uma escola pública estadual, diretamente em contato com 100% dos professores de educação física desta escola. O trabalho tem como base teórica o autor (KISHIMOTO, 2002), (FRIEDMANN, 2003) e Bandeira (2001). Através de uma pesquisa qualitativa nas escolas, buscou-se chegar a uma conclusão onde se pode verificar como o lúdico é visto pelos professores, se eles inserem a ludicidade em suas aulas e se considera importante esta prática.

Palavras-chave: Lúdico e ensino. Desenvolvimento psicomotor. Estratégia de ensino na educação física. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: david_pratesgv@hotmail.com, karleycris@hotmail.com e ise_manu@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Educação Física Escolar. Professora de Natação, Hidroginástica e Ginástica de Academia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autora. E-mail: jennipsoyer@gmail.com **Especialista em Educação Física Escolar. Professor de Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, Cinesiologia e Cineantropometria da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: denisgsilva@hotmail.com

Introdução

tais atividades não são capazes de ser

O presente artigo aborda o lúdico como

realizada. (TAZINAZZO, 2012) Assim,

estratégia de ensino nas aulas de Educação

considera-se como problema científico:

Física. Alguns professores de Educação

Qual a importância das atividades lúdicas

Física não utilizam a criatividade para

nas aulas de educação física no ensino

trabalhar o lúdico nas aulas, considerando

fundamental? Além de o aluno aprender

que por não terem o espaço, os materiais,

brincando, se divertindo, é uma ótima

as condições necessárias dentro da escola,

forma de chamar a atenção, fazer com que 23

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


a criança queira participar e ajuda também

desenvolvimento

humano,

tais

como,

no seu desenvolvimento psicomotor, no

social, cognitivo, afetivo, dentre outros.

convívio social e etc. Para responder ao problema elabora-se o seguinte objetivo da

O que é ludicidade?

pesquisa: Identificar a importância das

O lúdico tem sua origem na palavra

atividades lúdicas para o desenvolvimento

latina "Ludus" que quer dizer "jogo”.

psicomotor

de

Considerando sua origem isolada, o termo

Educação Física. O campo de ação será o

lúdico seria direcionado apenas ao jogar,

ensino fundamental na “Escola Estadual

ao

Flores do Amanhecer”.

espontâneo. A evolução e progressão

do

aluno

nas

aulas

O estudo é importante, pois envolve o âmbito social, pessoal e educacional. No âmbito pessoal, justifica por perceber que as

crianças

estão

cada

vez

menos

interessadas nas aulas de educação física e o lúdico resgata esse interesse. No âmbito social, a ludicidade aproxima e melhora o convívio, sendo assim, os alunos aprendem a viver em sociedade, a respeitar e ajudar. E no âmbito educacional o lúdico tornouse uma ferramenta pedagógica capaz de promover

uma

aprendizagem

mais

dinâmica, interativa e eficaz, contribuindo para o aprender do aluno. Este trabalho se fundamenta nas concepções teóricas de (KISHIMOTO, 2002) que fala sobre O brincar e suas teorias.

(FRIEDMANN,

2003),

A

importância do brincar. E (BANDEIRA, 2001), com a abordagem sobre ludicidade e facilitação de aprendizagem. Portanto, a relevância do tema pode ser de grande valia em vários aspectos do

brincar,

ao

movimento

corporal

semântica do termo "lúdico", todavia, não cessou simplesmente nas suas origens e acompanhou

as

Psicomotricidade.

pesquisas “O

termo

de

“Ludus”

segundo (LUCKESI, 2000) tem sua origem no latim e significa “brincar”. Neste brincar estão incluídos as brincadeiras, os jogos e as atividades que proporcionam o divertimento, além da relativa conduta daquele que brinca, joga e que se diverte. O jogo é reconhecido como meio de fornecer à criança um ambiente agradável, enriquecido,

motivador, que

planejado possibilita

e a

aprendizagem de várias habilidades e desenvolvimento das capacidades físicas, trabalhando também o desempenho dentro e fora da sala de aula. Os desenvolvimentos pessoais que a ludicidade proporciona associados aos fatores sociais e culturais colaboram para uma boa saúde física e mental, facilitando o processo de socialização, comunicação, construção de conhecimento, além de um

24 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


desenvolvimento pleno e integral dos

propiciam

autonomia,

iniciativa,

indivíduos envolvidos no processo de

concentração e análise crítica para levantar

ensino-aprendizagem.

hipóteses acerca dos fatos, bem como nos ensinam a respeitar regras e vivenciar conflitos competitivos.

A importância do lúdico O lúdico tem despertado cada vez mais o interesse de pesquisadores ligados à educação. Muitas têm sido as obras que procuram refletir e justificar a necessidade do brincar dentro e fora da escola. Para

desenvolver

e

participar

ativamente do mundo em que vive, a criança precisa brincar, pois brincando a criança

desenvolve

seu

senso

de

companheirismo, sua auto expressão, sua autoestima,

sua

autoconfiança

e

autonomia. (FROEBEL, 2001) justificou o uso do brincar no processo educativo, tendo uma visão pedagógica do ato de brincar. Ele propôs uma educação voltada à sensibilidade, baseada na utilização dos jogos e materiais didáticos, que deveriam traduzir por si a crença em uma educação que atendesse a natureza humana. O brincar, pelo ato de brincar, desenvolve os aspectos físicos, morais e cognitivos, entre outros, mas o estudioso defende, também, a necessidade da orientação do adulto para que esse desenvolvimento ocorra. O ato de brincar e jogar torna o indivíduo capaz de pensar, imaginar, interpretar e criar, aspectos estes, que

Por meio das atividades lúdicas, o indivíduo

forma

conceitos,

seleciona

ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções e se socializa. Resgatando o gosto pelo conhecimento, por ocasionar momentos de afetividade entre o indivíduo e o aprender, tornando a aprendizagem formal mais prazerosa. As brincadeiras desencadeiam prazer, satisfação e interesse e precisam fazer parte do contexto escolar (FRIEDMMANN, 2003). A partir do momento que a escola valoriza as atividades lúdicas, auxilia na criação de um bom conceito de mundo, em que a afetividade é acolhida, a criatividade estimulada e os direitos dos indivíduos respeitados. O papel pedagógico da educação física no desenvolvimento infantil É

importante

ressaltar

que

a

disciplina Educação Física é uma prática pedagógica que possibilita às crianças à aquisição de conhecimentos através do lúdico, do brincar e do interagir. Assim, essa

disciplina

tem

como

objetivo

proporcionar aos alunos a “vivência”, a prática da cultura corporal de movimento: danças, esportes, lutas, jogos, brincadeiras, 25

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


ginásticas,

movimentos

circenses,

relacionando sempre com a cultura em que

favorecendo a aprendizagem na Educação Infantil, assim: [...] brincar é uma recreação, e

a criança está inserida. (TAZINAZZO,

quando o educador reconhece o jogo como

2012). As aulas de Educação Física são

atividade ou conteúdo que promove o

momentos em que os alunos se soltam se

desenvolvimento, permite a sensibilidade

expressão

porém,

de perceber sua própria prática e avaliar

possuem dificuldades de reconhecer que

suas próprias condutas, oferecendo melhor

também

qualidade de brincadeira às suas crianças

espontaneamente, é

uma

oportunidade

que

possibilita conhecimentos e informações,

(LIMA, 2007, p. 56).

caminhando juntamente com o prazer,

O professor deve utilizar métodos

satisfação, desenvoltura, além de ser um

que possibilitem maior participação, ser

ambiente aberto e prazeroso.

crítico, trabalhar as experiências trazidas

Quando o professor realiza um

pelos alunos no seu dia a dia, o que

trabalho pautado nas brincadeiras, as

contribui para o seu desenvolvimento,

crianças conseguem assimilar melhor os

propor ações estimulantes e incentivadoras,

movimentos, estabelecem vínculos dentre

como também ser o mediador no processo

as diversidades culturais e adquirem o

ação-reflexão, incentivar sua criatividade,

conhecimento específico e organizado

conforme está contido na Lei de Diretrizes

traçado pelo objetivo daquela aula. Assim,

e Bases da Educação Nacional (Lei

todas as aulas devem ser planejadas pelo

9394/96).

professor, detalhando claramente, quais os

Então, nas aulas de Educação Física

objetivos pretendem ser atingidos, sendo

o lúdico proporciona a evolução do aluno,

transmitido

além do desenvolvimento do cognitivo,

de

forma

prazerosa,

desafiadora, motivadora, permitindo aquele

motor,

espaço

valores

um

momento

de

ensino-

físico,

afetivo,

humanos

em

aquisição sua

dos

formação,

caminho didático, sendo utilizado para se

aprendizagem. O lúdico quando é bem aplicado

alcançar êxito no ambiente escolar. O

acaba se tornando um recurso pedagógico

professor

eficaz, que proporciona muitos benefícios

desenvolvimento com a aprendizagem do

e

o

aluno, no qual o conteúdo deve estar

desenvolvimento da criança. Hoje os

estruturado de forma com que ele aprenda

professores possuem uma variedade de

e coloque em prática no seu dia a dia

brincadeiras,

(FRIEDMANN, 2003).

resultados

satisfatórios

de

atividades

para

lúdicas

deve

relacionar

o

26 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


A ludicidade pode ser praticada por todas as faixas etárias objetivando sempre

os outros, o que lhe propicia dar significado a tudo que está ao seu redor. Segundo

o desenvolvimento humano. Deve ser parte

(LUCKESI

2005)

a

integrante da escola, principalmente na

principal característica da ludicidade é a

disciplina de Educação Física, destacando

plenitude da experiência, isto é, a vivência

seu valor como um elemento fundamental

lúdica de uma atividade exige uma entrega

no currículo pedagógico. Assim, se faz

total do ser humano, as brincadeiras serão

necessário o resgate, continuadamente, da

lúdicas, somente quando levarem a criança

ludicidade

à vivência plena e entrega total no

como

parte

da

prática

momento de sua efetivação. Desta forma,

pedagógica escolar. Também é importante ressaltar que o professor precisa relacionar a teoria com

nem toda brincadeira é lúdica, nem toda atividade lúdica é uma brincadeira.

a prática, não é só propor brincadeiras sem

De acordo com (KISHIMOTO

conhecimentos e sem objetivos, mas com

2002), a brincadeira sendo uma ação

qualidade, técnicas na proporção que

iniciada e mantida pela criança, possibilita

possam atingir os seus objetivos, “o

a busca de meios, pela exploração ainda

desenvolvimento

que

ensino-aprendizagem”,

desordenada,

e

exerce

papel

assim a brincadeira torna-se uma fonte de

fundamental na construção de saber fazer.

conhecimentos

lúdicos,

e

As brincadeiras são formas mais originais

independentes

da

criança

que a criança tem de se relacionar e de se

criativos

própria

apropriar do mundo. É brincando que ela

(FRIEDMANN, 2003). Deste modo quando o professor de

se relaciona com as pessoas e objetos ao

Educação Física trabalha o brincar como

seu redor, aprendendo o tempo todo com

um fator primordial aos seus objetivos, ele

as experiências que pode ter. Os

está automaticamente valorizando o lúdico tornando-o

parte

do

desenvolvimento

autores

KISHIMOTO,

2005)

(LUCKESI

E

ressaltam

a

infantil da criança, além de possibilitar a

importância do lúdico na vida de uma

socialização das crianças.

criança, por proporcionar a ela formas de se expressar e de se comunicar com o

O lúdico e o ensino A ludicidade é uma importante

mundo, constituindo-se em uma ferramenta muito potente no processo de aprendizado.

ferramenta para a formação do educando.

Esta característica de chamar a atenção e

É através do brincar que a criança se

fazer com que a criança queira participar,

relaciona com o meio em que vive e com 27 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


proporciona a ela um saber, o que permite

disciplina escolar, ocasionando em certa

a criança o aprender brincando.

resistência em ir à escola. O fato não esta

Para que as brincadeiras sejam

apenas no total desagrado pelo ambiente

consideradas lúdicas é necessário que

ou pela nova forma de vida e sim por não

atinjam

e/ou

encontrar motivação para suas atividades

necessidade da criança, despertando nela

preferidas. É através do lúdico que a

vontade de participar da mesma e contendo

criança encontra o equilíbrio entre o real e

uma série de elementos que as mantenham

o

inteiramente na experiência durante o

aprendizagem

período de sua realização.

significativa, possibilitando que as aulas

O

o

centro

de

lúdico

interesse

apresenta

valores

sejam

imaginário,

um

desenvolvendo

de

forma

sucesso

e

prazerosa resultando

a e na

específicos para todas as fases da vida.

satisfação de professores e alunos. Durante

Assim, na idade infantil e na adolescência

as atividades lúdicas, o professor passa a

a finalidade é essencialmente pedagógica.

criar situações para o desenvolvimento da

Segundo desenvolvimento

(PIAGET, da

1986),

criança

o

acontece

através do lúdico. Ela precisa brincar para

autonomia, com incremento de ações que favorecem

as

integrações,

sugerindo

trocas. (SANTOS, 2010)

crescer, precisa do jogo como forma de equilibrar com o mundo.

Psicomotricidade

É de suma importância a relação entre o lúdico e o processo de ensinoaprendizagem, pois a utilização do lúdico na escola é um recurso muito rico para a busca da valorização das relações, onde as atividades lúdicas possibilitam a aquisição de

valores

esquecidos,

o

desenvolvimento cultural e a assimilação de novos conhecimentos, desenvolvendo, assim, a sociabilidade e a criatividade. Na escola, a criança é submetida a permanecer durante muitas horas em cadeiras escolares não confortáveis e é impossibilitada de se mover livremente, pela

necessidade

de

se

submeter

à

Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,

afetivas

e

orgânicas.

É

sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado

para

uma

concepção

de

movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua

28 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


individualidade, sua linguagem e sua

através da linguagem verbal, também

socialização.

(SOCIEDADE

através de gestos, movimentos, olhares,

DE

forma de caminhar – sua linguagem

BRASILEIRA

corporal. A esta comunicação, a este estar-

PSICOMOTRICIDADE, 1999) A Educação Física Escolar, nos

no-mundo intenso dentro do limite da

dias atuais, leva a perceber as diversas

corporeidade-espaço próprio do sujeito,

possibilidades de garantir a formação

pode-se nominar psicomotricidade.

do

Embora, conforme admite o próprio

movimento humano. No entanto, a busca

autor, esta visão possa ir longe demais

por

na

enquanto generalização, os estudos sobre o

aprendizagem escolar tem se tornado uma

desenvolvimento humano parecem seguir

constante multidisciplinar, na qual a

esquemas, descrevendo o desenvolvimento

Educação Física e o conhecimento da

normal para que se possa compreender o

psicomotricidade nas aulas abrangem a

diferente. A psicomotricidade não foge a

relação

esta regra quando define os padrões

integral

dos

alunos

ferramentas

por

de

meio auxílio

desenvolvimento

motor

e

intelectual da criança. Ao compreender que

considerados

os estudos atuais ultrapassam os problemas

desenvolvimento

motores, pesquisam-se as ligações com as

(considerando

áreas psicomotoras: Coordenação Motora

neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia e

Fina e Global, Estruturação Espacial,

áreas afins), desenvolvendo pontos de

Orientação

Lateralidade,

referência escalonados a partir dos quais se

Estruturação Corporal e as relações com a

poderão construir todos os testes infantis e

aprendizagem no contexto escolar.

as

Temporal,

Segundo (BARRETO, 2000), o

normais

para

o

psicomotor descrições

escalas

de

desenvolvimento;

feitas

pela

quociente

e,

por

de

conseguinte,

desenvolvimento psicomotor é importante

avaliar e diagnosticar o atraso atual, assim

na

como o desenvolvimento futuro.

prevenção

aprendizagem.

de

problemas Portanto,

de

A

a

Educação

Física

a

psicomotricidade nas aulas de Educação

psicomotricidade

Física pode auxiliar na aprendizagem

interligadas em que o desenvolvimento dos

escolar, contribuindo para um fenômeno

aspectos motor, social, emocional dos

cultural

movimentos

que

consiste

de

ações

são

e

corporais

metodologias

é

vivenciado,

psicomotoras exercidas sobre o ser humano

através de atividades motoras. Pode-se

de maneira a favorecer comportamentos e

afirmar que a Educação Física possui um

transformações. O homem comunica-se

impacto positivo no pensamento, no 29

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


conhecimento

e

ação,

domínios

É exatamente nesse ponto que se

cognitivos, na vida do ser humano.

pretende contribuir: comprometendo-nos

Fazendo assim, com que o indivíduo vá

em

para uma vida ativa, saudável e produtiva,

pedagógicas da área; exemplos práticos de

criando uma integração segura e adequado

trabalhos em sala de aula; e apontar

desenvolvimento

elementos comuns entre a Educação Física

de

nos

corpo,

mente

e

espírito.

mostrar

alternativas

didático-

e outras disciplinas, na tentativa de

Portanto, a Educação Física, pelas

incentivar o trabalho interdisciplinar.

suas possibilidades de desenvolver a

Para

além

as

especificidade

da

ressalvas

domínios cognitivos e sociais, é de grande

Educação Física em relação às outras

importância

disciplinas – o corpo e o movimento

desenvolvimento

da

a

pontos,

dimensão psicomotora das pessoas, com os no

sobre

desses

aprendizagem escolar, por constituir-se

humano

num fator de equilíbrio na vida das

destaque, uma vez que esquecer essa

pessoas, expresso na interação entre o

especificidade significa desqualificar a

espírito e o corpo, a afetividade e a

própria disciplina.

energia,

o

indivíduo

e

o

grupo,

promovendo a totalidade do ser humano.

sempre

poderão

ganhar

Nesse sentido, o que se pretende nas Estratégias de ensino é incentivar o professor,

por

meio

de

alternativas

pedagógicas, a apresentar ao aluno o universo da cultura corporal, objeto da

Estratégias de ensino na Educação Física A

Educação

Educação Física

costumeiramente é apresentada como uma disciplina

cuja

estrutura

de

aula

é

previamente moldada, ou seja, dada a priori. A intenção de incluir a disciplina de Educação Física na seção “Estratégias de Ensino” é mostrar que as aulas de Educação Física não são sempre iguais, contextualizando e fundamentando cada plano de aula a ser trabalhado.

Física.

Acredita-se

que

ampliando esse universo para além dos tradicionais

esportes

coletivos,

principalmente o futebol, a disciplina pode mediar o contato do aluno com outras práticas corporais e até com princípios culturais distintos do seu, resultando em redução prática de preconceito contra o outro. O lúdico como estratégia de ensino nas aulas de educação física pode ser um grande aliado no processo de ensino e de aprendizagem dos alunos, principalmente

30 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


se tratando da educação infantil, que é uma

ludicidade, observando quais os benefícios

fase na qual as crianças movimentam-se

e as contribuições para o educando.

intensamente buscando desvendar o mundo que os cerca. Dentro deste contexto ele também

está

associado

a

jogos,

A importância do papel do professor durante as aulas de educação física

brincadeiras, interesse, prazer, ajuda a

O

professor

possui

papel

desenvolver a criatividade e proporciona

fundamental

bem-estar

ao

psicomotor tanto de crianças normais

profissional de educação física utilizar a

quanto de crianças com necessidades

ludicidade como meio para desenvolver

educativas. É ele que pode em muito

inúmeras capacidades em seus alunos para

contribuir através da estimulação em sala

que

de aula e do encaminhamento quando se

o

aos

educandos.

processo

aprendizagem

de

aconteça

Cabe

ensino

e

de

de

forma

desenvolvimento

fizer necessário.

espontânea, divertida e principalmente significativa. (TAZINAZZO, 2012).

no

Como mediador pode contribuir, em todos os níveis, na estimulação do

Segundo Bandeira (2001) é comum

desenvolvimento cognitivo, de aptidões e

encontrar práticas pedagógicas que deixam

habilidades, na formação de atitudes

o lúdico em segundo plano, e objetiva

através de uma relação afetiva saudável,

unicamente um ambiente de ordem, sendo

criando uma atmosfera de segurança e

que para isto impõem as crianças restrições

bem-estar

posturais,

aceitando-a do jeito que ela é.

mantendo-as,

por

exemplo,

para

a

criança

e,

ainda

sentadas e quietas por longos momentos, e

De acordo com (BORGES 2002,

qualquer movimento ou deslocamento é

p.112), quando o educador conhece a

visto como desordem ou indisciplina.

maneira como a criança desenvolve o seu

O mesmo autor destaca que os

pensamento, ele aceita, com facilidades, os

jogos e as brincadeiras demonstram a

‘erros

cultura corporal de cada grupo e que

compreende que o mais importante não é

entender o caráter lúdico que se manifesta

levar a criança a produzir uma resposta

nas crianças, pode ser um fator muito

certa, mas, sim, levá-la a refletir sobre as

importante para que o professor organize

próprias respostas, para que ela mesma

sua pratica de maneira significativa e

possa se autocorrigir.

abrangente. Diante disso, buscou demonstrar a importância do brincar e de se educar com

infantis’.

Sendo

Desta

assim,

se

maneira,

a

ele

educação

psicomotora é um processo, uma terapia 31

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


o

dele vínculos afetivos são estabelecidos,

comportamento, o professor deve atuar

transmitindo segurança e proporcionando

com a orientação específica do profissional

ajuda na forma como também interage,

habilitado, pois é preciso intervir de forma

sugere, propõe, estimula e escuta a criança.

programada,

que

visa

modificar

adequada, no momento oportuno, com técnicas apropriadas.

Sendo

assim,

o

professor

de

Educação Física deve estar consciente da

(BORGES, 2002, p.112) destaca,

sua função durante as aulas deve selecionar os exercícios de acordo com a idade ou

ainda, que: Para

que

o

educador

consiga

nível da criança.

realizar algo de positivo, de consistente, é

De acordo com (STAES, 1984),

preciso que ele tenha convicção de seu

evidentemente o educador deverá adaptar

trabalho, acredite no potencial que cada

os exercícios a cada criança, a cada grupo,

educando traz consigo, enxergue a riqueza

a cada classe: o nível teórico quase nunca

desse material humano, explorável, com

está perfeitamente adequado às crianças

capacidades ilimitadas, no geral, portanto,

com quem lidamos. Todavia, é prudente

seu trabalho de educador deve convergir

seguir as etapas de progressões propostas.

para atender, na totalidade, a todas essas exigências que a pessoa humana reclama no que diz respeito à sua formação, à sua educação.

O

isso,

observamos

que o

professor exerce uma função única dentro

da

Educação Física é o movimento, por ser o denominador comum de diversos campos humano se dá a partir da integração entre a motricidade, a emoção e o pensamento.

da escola. Ele é o elemento de ligação entre o contexto interno, a escola, o externo

a

sociedade,

conhecimento dinâmico e o aluno. Ao mesmo

instrumento

sensoriais. O desenvolvimento do ser

Com

contexto

principal

tempo,

conforme

destaca

(NEGRINE, 2002), por trabalhar com o corpo, o professor de educação física pode contar com a presença do toque corporal que exerce um papel fundamental uma vez que este é um forte aliado, pois a partir

A Educação Física é um processo educativo que, antes do saber cientifico e do

trabalho

produtivo,

tem

um

compromisso com a existencia humana. Não se trata, portanto, de dar prioridade à compreensão cognitiva do homem, nem de aprender trabalhar e produzir, mas de saber viver. O primeiro valor da exixtencia humana é a vida, viver a vida. (SANTIN, 1993, p.70)

32 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


No caso específico da educação

proporciona aos alunos? Você considera o

física, o profissional dessa área possui

lúdico

ferramentas

desenvolvimento da criança? Cite uma

estímulos

valiosas que

para

levem

desenvolvimento

de

provocar

recurso

eficaz

no

esse

característica principal da ludicidade. É

bastante

possível dizer que toda brincadeira é

a

forma

um

prazerosa: a brincadeira, o jogo e o esporte.

lúdica?

Enfim, a educação física pode

Neste

contexto,

os

professores

contribuir para o desenvolvimento da

entrevistados pediram para manter a

aprendizagem,

para

preservação de sua identidade, então foram

minimizar e até mesmo evitar a instalação

numerados em professor 1, professor 2 e

das dificuldades de aprendizagem, além de

professor 3.

como

também,

resgatar a autonomia e autoestima dos alunos.

O intuito da pesquisa foi identificar como

a

ludicidade

professores, Aspectos metodológicos da pesquisa A pesquisa de campo foi realizada a

Valadares – MG. A escola conta com três professores de educação física e 100% deles participaram de um questionário

A

seguir

conhecem

a

apresentam-se

os

resultados e discussão. Resultados e Discussões O que você entende como ludicidade? O professor1 respondeu que seu entendimento

Utilizou-se uma metodologia de

pelos

se o mesmo é inserido em suas aulas.

estruturado com questões abertas, e seu resultado apresentado logo abaixo.

eles

vista

importância de se trabalhar com o lúdico, e

“Escola Estadual Flores do Amanhecer”, no ensino fundamental, em Governador

se

é

atividades

é

procurar,

recreativas

através

de

e

prazerosas,

determinados

objetivos.

pesquisa qualitativa com análise, síntese e

trabalharem

interpretação das concepções teóricas a

Oprofessor2 disse que é desenvolver

respeito do assunto. E na investigação de

brincando através da atividade proposta

campo trabalhou-se com um questionário

pelo professor. E o professor 3 relata ser a

composto por seis questões abertas: O que

realização de atividades na qual a criança

você entende como ludicidade? Como você

aprende brincando e que dá prazer ao ser

considera que a ludicidade possa contribuir

executada. O

no âmbito social e educacional? Qual o papel

pedagógico

a

educação

física

termo

“Ludus”

segundo

(LUCKESI, 2000) tem sua origem no latim 33

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


e significa brincar. Neste brincar estão

Neste caso, os resultados destas

incluídos as brincadeiras, os jogos e os

entrevistas coincidem com esta concepção

divertimentos, e a relativa conduta daquele

deste autor, ao afirmarem que é importante

que brinca, joga e que se diverte.

a relação entre o lúdico e a contribuição

Dessa forma, entende-se que os professores entrevistados responderam de acordo com o autor, que brincando a criança aprende com mais facilidade, que a partir de jogos e/ou brincadeiras é que se passa a conhecer o próprio corpo, sua função e principalmente sua importância para o desenvolvimento corporal.

com o meio em que vive, pois, a utilização do lúdico é um recurso muito rico para a busca da valorização das relações sociais, educacionais e pessoais. Qual o papel pedagógico a educação física proporciona aos alunos? O professor1 considera que procura conhecer e propicia o desenvolvimento do

Como você considera que a ludicidade

aluno, ao trabalhar com atividades lúdicas,

possa contribuir no âmbito social e

bem como, o respeito ao limite de todos.

educacional?

Oprofessor2 entende que a educação física

O professor1 considera que o lúdico

trabalha

e

alunos se desenvolvam durante sua vida

educacional do educando, através do plano

escolar de forma integral e social. E o

de ação relacionado ao conteúdo proposto.

professor3 acredita que a educação física

O professor 2 enfatiza que contribui na

desperta a criatividade, quando os alunos

inclusão social e cultura corporal. E o

são envolvidos em aulas estimuladoras, e o

professor3 diz que através da ludicidade a

gosto pela prática esportiva, sendo que os

criança

convivência,

dois casos auxiliam no desenvolvimento

compreende o conceito de ganhar e perder,

motor, cognitivo e social dos mesmos, e

ao lidar com suas frustrações; esperar sua

aprimora suas habilidades corporais e

vez, respeitando o próximo, e ainda

intelectuais.

aprende

no

âmbito

sobre

social

através de seus conteúdos faz com que os

possibilita as relações de companheirismo e amizade. Segundo

Cabe ao profissional de educação física utilizar a ludicidade como meio para

o

desenvolvimento de inúmeras capacidades

acontece

em seus alunos, para que o processo de

através do lúdico. Ela precisa brincar para

ensino e de aprendizagem aconteça de

crescer, precisa do jogo como forma de se

forma

equilibrar com o mundo.

principalmente significativa.

desenvolvimento

(PIAGET, da

criança

1986),

espontânea,

divertida

e

34 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Nota-se

que

neste

processo

investigativo todas as respostas foram

Cite uma característica principal da ludicidade.

positivas de acordo com que o autor (LIMA, 2007) afirma: [...] brincar é uma recreação, e quando o educador reconhece o jogo como atividade ou conteúdo que promove o desenvolvimento, permite a sensibilidade de perceber sua própria prática e avalia suas próprias condutas, oferecendo

melhor

qualidade

de

brincadeira às suas crianças.

Ao

considerar

a

principal

característica da ludicidade, o professor 1 responde ser a inclusão social, professor 2 entende que o faz de conta busca objetivos específicos. E o professor 3considera que a principal atividade é atiçar a criatividade. Segundo

(LUCKESI,

2005)

a

principal característica da ludicidade é a plenitude da experiência, isto é, a vivência

Você considera o lúdico um recurso

lúdica de uma atividade exige uma entrega

eficaz no desenvolvimento da criança?

total do ser humano (...). Assim, ao analisar as respostas dos

Quanto a eficácia do lúdico no desenvolvimento da criança, o professor 1

professores

entrevistados

foi

possível

e professor 2 responderam apenas sim.

perceber que eles chegaram bem perto das

Porém o professor 3, além da afirmativa

concepções de Luckesi. Um professor

sim, justificou, que não é apenas uma

respondeu que uma principal característica

diversão ou um passatempo. A brincadeira

da ludicidade é a inclusão e de acordo com

é como um alimento para a criança ter uma

o autor é a entrega total do ser humano,

boa saúde física e mental.

então se um professor consegue planejar

De acordo com os autores citados

uma aula onde todos os seus alunos

neste artigo, a ludicidade é uma ferramenta

participem, ele consegue promover a

de suma importância no processo de

inclusão e seus alunos estão se entregando

aprendizagem do aluno e colabora em todo

a aquela atividade. Os outros professores

o seu desenvolvimento, seja ele mental,

entrevistados responderam que é “o faz de

social, psicomotor, dentre outros.

conta” buscando um objetivo específico e atiçar a criatividade dos alunos, onde mais

Então, as respostas dos professores estão de acordo com o que foi citado pelos autores, ou seja, eles reconhecem a importância ludicidade.

de

se

trabalhar

com

a

uma vez conta com a entrega desses alunos ao participar das aulas, ao querer aprender mais com aquela experiência de adquirir o conhecimento e se divertir ao mesmo tempo. 35

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Outro ponto importante é saber se toda atividade é lúdica, assim questiona.

qualidade de vida.

É possível dizer que toda brincadeira é lúdica? É difícil dizer que toda atividade é lúdica, por isso foi necessário questionar aos professores da área específica. Neste foco, o professor 1responde que não, pois toda brincadeira lúdica deve ter objetivo especifico. O professor 2também considera que não, depende da brincadeira tudo tem que ter respeito. E o professor 3afirma não, porque

tem

que

ter

um

corporais que se inserem aos biológicos e a

objetivo

pedagógico. Ainda segundo (LUCKESI, 2005) (...) as brincadeiras serão lúdicas, somente quando levarem a criança à vivência plena e entrega total no momento de sua efetivação. Assim, nem toda brincadeira é lúdica, nem toda atividade lúdica é uma brincadeira.

Considerações finais O presente trabalho possibilitou analisar e conhecer a importância da ludicidade nas aulas de educação física, a contribuição que o lúdico pode gerar ao desenvolvimento no âmbito escolar onde a criança aprende brincando, o social que possibilita ao aluno vivências em grupos, aprende a conviver com os outros, a respeitar seus espaços, seus limites, e no âmbito pessoal, pode contribuir para a autonomia da criança e confiança em realizar seus projetos, além de despertar sua criatividade. Uma criança que ao jogar e brincar deixa de ser um ouvinte passivo das explicações do professor e passa a ter participação

ativa

no

processo

de

construção do conhecimento. A

ludicidade,

além

de

uma

poderosa ferramenta pedagógica também que

contribui para fazer com que o aluno se

responderam também concordam que nem

interesse pelas aulas, pelo aprendizado,

toda brincadeira é lúdica, pois segundo

pois ele o faz de forma prazerosa, divertida

eles, tem que haver respeito entre os que

e as chances da criança absorver o

praticam a brincadeira onde todos os

conteúdo são muito maiores.

E

para

os

professores

alunos devem estar gostando da atividade,

A partir da pesquisa teórica e a

ou seja, com entrega plena. Dois dos

pesquisa de campo concluímos que a

professores entrevistados ressaltaram que

ludicidade é de grande valor na formação

deve haver um objetivo específico e

de uma pessoa, independente de sua idade.

pedagógico. Portanto, o processo educativo

Com os dados coletados na pesquisa de

deve se interligar aos processos lúdicos e

campo, observamos que os professores

36 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


reconhecem a importância da ludicidade e

algo tão importante para o seu crescimento

tentam inseri-la a cada aula preparada com

que é o brincar, jogar, se expressar, e

o intuito de alcançar o objetivo proposto.

divertir

Em uma conversa após o questionário os

necessárias principalmente nesta fase da

professores que participaram da entrevista

infância.

entre

outras

experiências

relataram que as condições como materiais

Assim, ao longo deste artigo,

e espaço nem sempre favorecem para a

ficou claro que o professor de Educação

aplicação das aulas, mas que isso não pode

Física é um dos elos importantes no

ser empecilho para que os alunos não

desenvolvimento do aluno através de aulas

tenham uma aula de qualidade, e é neste

lúdicas. A partir da sua prática efetiva, o

ponto que o professor deve se possível

aluno pode ser estimulado e passar a

junto

expressar

aos

alunos

desenvolver

a

seus

anseios,

pensamentos,

criatividade, adaptar o necessário para

ações, sentimentos, comunicando-se com

conseguir transmitir o conteúdo e inserir a

seu mundo interno e externo. Por

reciclagem neste processo que é uma contribuição a mais aos alunos.

fim,

acreditamos

que

o

professor exerce uma função única dentro

As crianças estão cada vez mais

da escola, é o elemento de ligação entre o

entrando em um mundo tecnológico e

contexto interno, a escola, e o contexto

virtual e as práticas como brincar na rua,

externo, a sociedade, o conhecimento do

sentir o pé no chão, correr, pular e etc. têm

aluno. Desta forma, a ludicidade deve ser

ficado cada vez menos comum na infância.

incluída no contexto escolar, no sentido de

Então, a ludicidade na escola, conduzida

ajudar a criança não apenas a resolver suas

pelas aulas de Educação Física, pode

dificuldades quanto à aprendizagem, mas,

proporcionar essa vivência aos alunos,

principalmente, ser ferramenta importante

resgatando essa experiência tão prazerosa.

na construção de conhecimentos que

Por conseguinte tem objetivo educacional,

favoreçam

o lúdico nas aulas de educação física

socialização para toda a vida.

seu

desenvolvimento

e

permite que a criança tenha o contato com Abstract This article presents playfulness as an effective strategy in the teaching-learning process, as well as the importance of working the playful in physical education classes. The main question of the article is:

What is the importance of the ludic activities for the psychomotor development of the student in the classes of physical education in primary education? The objective of this work is to analyze the importance of the ludic activities for the psychomotor development of the student in 37

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


the physical education classes. The focus of the research was for a state public school, directly in contact with 100% of the physical education teachers of this school. The work has as its theoretical basis the author (KISHIMOTO, 2002), (FRIEDMANN, 2003) and (BANDEIRA, 2001). Through a qualitative research in the schools, we tried to arrive at a

conclusion where one can verify how the playful one is seen by the teachers, if they insert the playfulness in their classes and considers this practice important. Key - words: Playful and teaching. Psychomotor development. Teaching strategy in physical education.

Referências BANDEIRA, M. C.R. Ludicidade: Facilitação de Aprendizagem no Jardim II. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciência Humanas e Educação da Universidade da Amazônia: Belém, 2001. BARRETO, Sidirley de Jesús. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2 ed. Blumenau: Livraria Acadêmica, 2000. BORGES, Célio José. Educação Física para o pré-escolar. 5. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. FROEBEL. Friedrich A. A educação do homem. Tradução de Maria Helena Câmara Bastos. Passo Fundo: UPF, 2001. FRIEDMMANN, Adriana. A importância do brincar. Jornal diário na escola: Santo André, 2003. KISHIMOTO, Tizuko Morchida.O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. LIMA, A. S.; BARBOSA. S. B. “Psicomotricidade na Educação Infantil – desenvolvendo capacidades”. São João do Meriti: Colégio Santa Maria, 2007. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2000. ._______. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 17 ed. São Paulo: Cortez, 2005. NEGRINE, Airton. O corpo na educação infantil. Caxias do Sul: EDUCS, 2002. PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins Fontes, 1986. SANTIN, Silvino. Educação Física outros caminhos. 2. ed. Porto Alegre: Ed.EST/ ESEF, 1993. SANTOS, Simone C. A Importância do Lúdico no Processo Ensino Aprendizagem. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Gestão Educacional) – Universidade Federal de Santa Maria, RS. Santa Maria, 2010. 38 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE. Disponível em: http://www.psicomotricidade.com.br/apsicomotricidade.htm. Acesso em: 25 de novembro de 2017 STAES, L. Psicomotricidade Educação e Reeducação. São Paulo: Manole, 1984. TAZINAZZO, Karina. O lúdico como estratégia de ensino nas aulas de educação física. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012.

39 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


EXCLUSÃO DOS DEFICIENTES NA EDUCAÇÃO FÍSICA DO ENSINO FUNDAMENTAL II Dayane Pereira Leandro* Lalesca de Oliveira Gonçalves* Thatiele Aparecida da Silva* Maria Helena Campos Pereira** Rosely Conceição de Oliveira** Cínthia Mara de Oliveira** Resumo O presente estudo objetivou identificar quais os fatores que contribuem para a exclusão de alunos deficientes nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental. Para tanto, investigou-se as seguintes instituições: a Escola Estadual Luiz de Camões de Tumiritinga (MG) e a Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG). Quanto à metodologia de pesquisa, trata-se de uma pesquisa qualitativa e quantitativa de caráter descritivo. Estudou-se uma amostra de 8 professores que ministram aulas de educação física no ensino fundamental II.Como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados e observações destas aulas. Fundamentou-se nas concepções apresentadas no artigo publicado em 2014 pela doutoranda do programa de pós-graduação em educação, Maria Luiza Salzani Fiorine, e do docente do departamento de educação especial, Eduardo José Manzini, que tratam das dificuldades, ações e conteúdos para prover a inclusão dos alunos com deficiência na aula de educação física. Palavras-chave: Exclusão; Aulas de Educação Física; Ensino Fundamental II; Deficiência; ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: dpl.16@hotmail.com, lallesca-oliveira@hotmail.com e thatygv13@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Gestão Pública e em Docência do Ensino Superior. Coordenadora do curso de Educação Física e Professora de Políticas Públicas de Esportes e Lazer, História da Educação Física e Esporte e Ética e Legislação Profissional da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: roselycof@gmail.com **Especialista em Reabilitação do membro superior. Professora de Políticas Públicas de Anatomia da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: cinthiamaraoliveira@hotmail.com

Introdução A educação inclusiva tem o objetivo de incluir alunos especiais no ambiente escolar, e dessa forma, trazer a todos a oportunidade de serem respeitados em

compreensão

as

diferenças.

É

importante salientar que apenas receber os alunos com deficiência na sala de aula não

significa

inclusão.

De

acordo

com

(BUENO, 1999), a educação inclusiva é aquela que oferece um ensino adequado às diferenças e às necessidades de cada aluno. É notável que os problemas vivenciados pelas pessoas com deficiências não se limita ao âmbito social, podendo ser em muitas vezes sequelas da “deficiência”

40 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


do

Sistema

Embora

Educacional

resguardados

pela

Brasileiro.

(JAMES;

legislação,

2011),

KELLMAN;

o

LIEBERMAN,

conhecimento

dos

fatores

como a Constituição Federal que garante

relacionados à exclusão nas aulas de

às pessoas com deficiência o direito à

educação

educação de qualidade no ensino regular

professor responder as necessidades de seu

em instituições públicas, o que se visualiza

aluno,

no atual cenário educacional é uma

dificuldades encontradas e nortearão às

extrema dificuldade do Poder Público em

ações adequadas ao se deparar com a

executar o que está indicado e previsto

problemática.

física sanando

poderá ou

permitir

diminuindo

ao as

Diante do problema apresentado,

legalmente. Neste contexto, o questionamento

tem como principais hipóteses a falta de

estabelecesse à disciplina Educação Física,

monitores, de professores capacitados em

nos porquês da “exclusão facultativa” aos

sua maneira de conceber a metodologia

alunos com deficiência promovidas por

junto aos alunos e o desconhecimento

diversos professores.

sobre as deficiências (formação acadêmica

O estudo e interesse pelo tema,

deficitária),

a

carência

de

materiais

propõe uma pesquisa que investigue os

adaptados e ausência de acessibilidade

porquês da problemática; a qual foi

estrutural.

pelas

Para atingir os objetivos, utilizou-

pesquisadoras no campo onde foi realizado

se da pesquisa qualitativa, a partir de uma

o Estágio Supervisionado II, no Ensino

pesquisa bibliográfica, onde foram feitas

Fundamental Anos Finais disciplina do 5º

análises, sínteses e interpretações das

período do Curso de Licenciatura em

concepções teóricas, e também da pesquisa

Educação Física da Faculdade Presidente

quantitativa, através da aplicação do

Antonio Carlos de Governador Valadares.

questionário aplicado aos professores, que

Acredita-se que a pesquisa contribuirá para

posteriormente foi tabulado e através de

uma reflexão/ação nas escolas onde o

procedimentos estatísticos, dispostos em

problema

gráficos.

visualizada

e

foi

questionada

evidenciado,

visto

que

soluções poderão ser traçadas depois que as

dificuldades

forem

A

teórico, se fundamenta em concepções

relevância do trabalho estará ainda em prol

apresentadas no artigo publicado em 2014

da futura atuação das pesquisadoras,

pela doutoranda do programa de pós-

contribuindo

graduação em educação, Maria Luiza

sobremodo

listadas.

No que tange ao referencial

no

exercício

profissional, uma vez que, conforme

Salzani

Fiorine,

e

do

docente

do 41

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


especial,

secundárias a uma deficiência e promover

Eduardo José Manzini, que tratam das

a integração social do indivíduo. Esses

dificuldades, ações e conteúdos para

benefícios são evidenciados tanto na esfera

prover

física,

departamento

a

de

educação

inclusão

dos

alunos

com

Dessa forma, a presente pesquisa como

objetivo

identificar

no

equilíbrio,

na

coordenação, na resistência; quanto na

deficiência na aula de Educação Física. tem

melhorando

quais

empecilhos comprometem a atuação do

psíquica,

melhorando

integração

social,

a

autoestima,

redução

da

agressividade.

professor de educação física na legítima

Entende-se nesse contexto, que a

inclusão dos alunos com deficiência em

educação física possibilita aos alunos a

suas aulas.

conviver com a diversidade, mostrando

Pessoas com Deficiência e aulas de Educação Física Escolar

que as superações das dificuldades são

Acredita-se que a educação física

condição física e motora dos alunos,

um

podendo superar suas limitações.

tem

papel

importantíssimo

no

plenamente possíveis, independente da

Segundo

desenvolvimento motor, intelectual, social

física

(PALMA é

uma

2008),

“a

área

do

e afetivo dos alunos, principalmente

educação

daqueles com deficiência.

conhecimento que trabalha diretamente

Os objetivos das aulas para os

com o corpo e suas significações em todos

deficientes em sua maioria são os mesmos,

os seus contextos de atuação”. Para

as regras, as normas, a organização e os

(JUNCKEN et al, 1987, p.17), “o esporte

procedimentos,

exerce

podendo

requerer

em

papel

fundamental

alguma atividade particular, adaptação para

desenvolvimento

que

baseado em métodos e normas que

os

alunos

concomitantemente

possam com

participar

seus

outros

somático,

no

funcional,

respeitem a individualidade de cada um, bem como suas capacidades e limitações.

colegas de turma. De acordo com (MELO 2002), a

A Educação Física deve propiciar o

prática de alguma atividade, seja ela física

desenvolvimento global de seus alunos,

e/ou esportiva por pessoas com deficiência

ajudar para que o mesmo consiga atingir a

pode

proporcionar,

benefícios

que

todos

os

adaptação e o equilíbrio que requer suas

conhecidos,

a

limitações e ou deficiência; identificar as

e

necessidades

dentre já

oportunidade de testar os

limites

potencialidades, prevenir as enfermidades

e

capacidades

de

cada

educando quanto às suas possibilidades de ação e adaptações para o movimento;

42 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


facilitar sua independência e autonomia,

Nessa riqueza de possibilidades e

bem como facilitar o processo de inclusão

vivências, é notória e comprovada a

e aceitação em seu grupo social, quando

dificuldade de inserção do aluno com

necessário (STRAPASSON, 2007, p 8).

deficiência no desenvolvimento das aulas. Dificuldade apresentada na maioria das

(KIRK, 2000), ao comentar sobre as

características

das

crianças

com

vezes

pela

adaptada,

falta

de

materiais

estrutura

física

adequados

e

deficiências físicas diz que essa categoria

principalmente o “despreparo” pedagógico

refere-se a uma variedade de condições

dos professores.

que afetam o bem estar da criança,

Essa lacuna pedagógica detona a

exigindo intervenção da Educação Especial

urgência de uma reflexão sobre como o

no

mobilidade,

cumprimento do Direito Social, previsto na

vitalidade física e autoimagem. Nessa

Constituição e Leis delegadas, do acesso

ampla categoria, estão incluídas as más

pleno

formações

deficiência está sendo mesmo ofertado.

que

diz

respeito

congênitas,

à

as

distrofias

musculares, a paralisia cerebral, quando não associadas a outras deficiências.

a

Educação

alunos

com

Por isso, essa pesquisa provoca a necessidade

Sendo assim, a educação física tem

aos

de

uma

revisão

de

planejamento, orientação e mobilidade

um papel de proporcionar integração, e tem

específicas

como

as

habilidades, como parte essencial do

possibilidades de participação ativa de

processo educacional de toda a criança

pessoas com deficiência proporcionando

deficiente.

propósito

potencializar

aos alunos a vivencia e inclusão nas aulas.

para

desenvolver

suas

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais a concepção de

Educação Física para deficientes no Ensino fundamental II

cultura corporal amplia a contribuição da

O trabalho de Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental é importante, pois possibilita aos alunos terem, desde cedo, a oportunidade de desenvolver habilidades corporais básicas a corporeidade, que desencadeiam fundamentação motora e cognitiva dentro da cultura corporal do movimento, em atividades como jogos, esportes, lutas, ginásticas e dança.

exercício da cidadania, na medida em que,

Educação Física escolar para o pleno tomando seus conteúdos e as capacidades que se propõe a desenvolver como produtos

socioculturais,

afirma

como

direito de todos o acesso a eles. Além disso, adota uma perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento

da

autonomia,

a 43

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


cooperação, a participação social e a

de

afirmação

possibilitando uma atitude de respeito,

de

valores

e

princípios

democráticos.

necessidades

educativas

especiais,

aceitação e solidariedade”. (CARDOSO &

De um modo específico, cabe à

BASTILHA, 2010).

Educação Física proporcionar aulas com o

Fundamentado

por

Junken

intuito de incluir os alunos e trabalhar o

“criando assim, um meio social onde o

desenvolvimento cognitivo.

deficiente mental possa atuar com os mesmos

direitos

e

oportunidades”,

Deficientes e o Papel do Professor nas Aulas

(OLIVEIRA, 2002) afirma que “É através

Dentre os principais objetivos do

para fazer as atividades, aumentando seu

professor de Educação Física em aulas que

campo de ação, consequentemente, fará

garantam a inclusão, está a promoção da

com que o aluno se sinta com mais

autoconfiança e mesmo a “aceitação” da

condições de participar das atividades da

diferença,

que

comunidade e da família

deficiente

desenvolver

permitirão

ao

aluno

habilidades

do professor que o aluno se sentirá seguro

e da

A exclusão dos alunos com deficiência nas aulas de educação física

conhecimentos

Ao contextualizarmos a exclusão

específicos, é também papel do professor

social como um fenômeno que vem sendo

transmitir, de forma consciente ou não,

debatido e combatido com intensidade

valores, normas, maneiras de pensar e

desde o fim do século XX, com o propósito

padrões de comportamento para conviver e

maior de se alcançar a inclusão de grupos

viver em sociedade.

que no decorrer da história viveram

talentos que compensem a sua deficiência física.

Isso

capacidade

significa de

Dessa

que,

ensinar

forma,

de

segregados e em posição social inferior aos

Educação Física deve estar preparado e

demais, identificou que a exclusão é um

motivado

processo

para

o

além

professor

desenvolver

conteúdos

histórico

presente

desde

o

estimulantes e criativos, adaptando-os aos

momento em que o homem passou a viver

diferentes

em grupo, isso ainda no período pré-

níveis

de

aprendizagem

e

limitações de seus alunos. “Com isso, as

histórico.

aulas de Educação física devem propiciar

Para (PLACE E HODGE, 2001) os

aos alunos através de atividades corporais

alunos

com

deficiência

se

sentem

uma atitude construtiva com os portadores

excluídos durante as aulas de Educação

44 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Física

devido

a

comportamentos

de

rejeição, ser encarados como alvo de curiosidade,

e ainda

física

(JAMES;

KELLMAN;

LIEBERMAN, 2011). Estudos

por sentirem-se

realizados

dentro

do

incomodados durante as interações sociais

contexto das aulas de Educação Física

com os colegas de classe.

Escolar indicam que o tipo de interação

No decorrer da pesquisa, as autoras

social estruturada com os colegas é o

acompanharam em estudo três alunas com

principal fator responsável pela inclusão do

deficiência física, descreve-se que as

aluno com deficiência. As relações sociais

interações com os colegas de classe sem

com caráter de suporte e aceitação social

deficiência aconteceu de forma reduzida,

são capazes de promover a inclusão, visto

devido principalmente à distância espacial

que permitem a construção de um senso de

existente entre as partes. Neste caso, as

pertencimento ao grupo (GOODWIN;

alunas

WATKINSON, 2000; HUTZLER et. al,

com

deficiência

encontravam

dificuldades para chegar ao local de aula. No

estudo

realizado

2002). Outros

por

fatores

indicados

exclusão era vivenciada pelos alunos com

inclusão, como a participação efetiva nas

deficiência

de

atividades propostas em aula e a chance de

isolamento social, quando se sentiam

se beneficiar com a prática de atividade

diferentes devido à deficiência, ou tinham

física (GOODWIN; WATKINSON, 2000).

experiências

Para

participação limitada nas atividades. A

se

importantes

são

(GOODWIN E WATKINSON 2000), a durante

como

também

sentir

para

incluído

a

é

exclusão também estava associada com o

fundamental a construção de relações

questionamento da sua capacidade de

sociais positivas, com características de

execução das atividades pelos colegas.

suporte

Este estudo foi realizado com alunos com

(HUTZLER et al, 2000, GOODWIN;

deficiência física entre 10 e 12 anos de

WATKINSON, 2000, PLACE; HODGE,

idade (GOODWIN; WATKINSON, 2000).

2001).

O

conhecimento

dos

às

A

fatores

necessidades

partir

dessas

deste

aluno

constatações,

relacionados à exclusão nas aulas de

verifica-se que as causas dos professores

Educação Física permitirá ao professor

não incluírem os alunos nas aulas podem

responder as necessidades de seu aluno,

estar relacionadas a diversos fatores. As

sanando ou diminuindo as dificuldades

relações estabelecidas, os métodos usados,

encontradas para a construção de um senso

os conteúdos abordados e até a estrutura

de pertencimento nas aulas de educação

direcionada à Educação Física podem 45

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


estimular ou afastar os alunos com

rotineiramente

ocorre

algum

deficiência.

desentendimento o envolvendo, devido ao seu comportamento explosivo, que sempre inclui brincadeiras de “mau gosto”.

Aspectos Metodológicos da Pesquisa A presente pesquisa partiu da

Esse cenário e comportamento

premissa de identificar quais práticas

tornam as aulas de Educação Física um

pedagógicas

se

momento de tensão e ao mesmo tempo de

fundamentam e aplicam durante suas aulas

aprendizagem para o aluno “especial”, que

para que o aluno se sinta incluído nas

a cada dia rompe barreiras superando seus

atividades,

limites na questão de conviver.

os

sem

professores

isolamento

ou

em

O professore de Educação Física

proposição de atividades individuais ao

afirma que acaba o protegendo na maioria

mesmo. deficientes

das brigas que surgem, devido ao seu grau

pesquisados foram 5(cinco), sendo 2 (dois)

de transtorno mental, e tenta explicar aos

alunos cadeirantes, em idade de 13 anos, e

colegas de sala que as atitudes de Jefferson

3 (três) com deficiência múltipla, 2 (dois)

devem ser ignoradas na maioria das vezes,

em idade correta (sem desvio padrão) para

por se tratar de um aluno “especial”, e que

série, e 1 (um) com idade mais avançada. É

não são intencionais.

O

total

de

alunos

Este convívio ajuda os outros

importante destacar que todos possuem em acompanhamento monitores educacionais

alunos

a

aprenderem

lidar

com

as

individuais integralmente em sua rotina

diferenças, respeitando-o, nos seus limites

escolar.

e dificuldades. Jefferson possui uma

Como o transtorno mental torna o

professora de apoio que o auxilia em sala

aluno às vezes agressivo, ou muito

de aula, e durante as aulas de Educação

explosivo, em depoimento uma monitora

Física, a monitora o auxilia sempre que a

que acompanha Jefferson, aluno com

atividade envolve jogos. Porém, mesmo

deficiência múltipla, afirmou ter que estar

com a “inclusão” garantida por Leis e

sempre atenta ao mesmo, evitando brigas

Resoluções, além do aparato profissional

ou algum acidente que o envolva.

designado, no horário das aulas de

Afirmou também os alunos que

Educação Física, os alunos com deficiência

estudam com Jefferson sabem do seu

física, na maioria das vezes ficam na sala

“problema”, e tentam ser compreensivas na

de informática,

medida

monitores em atividades que envolvam

do

possível,

visto

que

ou

então

com

seus

46 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Ao aplicar o questionário não foi

jogos como o quebra-cabeça, dama e xadrez.

verificada a história profissional dos

Metodologia

professores, a pesquisa coletada se deu

Para

o

desenvolvimento

deste

pelo questionário e pelo conhecimento

estudo, utilizou-se uma abordagem de

adquirido no estágio supervisionado

caráter qualitativo. Com base em seus

Resultados

objetivos, trata-se de um estudo descritivo,

Foram

aplicados

questionários

pois buscou identificar e descrever os

estruturados a 8 professores de educação

motivos que levam alguns professores de

física

Educação

públicas nos quais são, Escola Estadual

Física

pedagogicamente

se

em

instituições

Luiz de Camões Tumiritinga (MG) e a

deficiência, deixando-os excluídos das

Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de

aulas.

Coroaci (MG), seguem os resultados: abordagem

alunos

lecionam

com

A

aos

omitirem

que

foi

simples

e Gráfico 01: Você considera que suas aulas excluem esses alunos com deficiência?

objetiva, e como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados para 8 professores de Educação Física no ensino

fundamental

II,

sendo

esse

6

composto por 3 questões objetivas e 2

4

questões discursivas. Outro instrumento

2

5 3

0

utilizado foram as observações das aulas

Sim

de Educação Física e a experiência

Não 37,50%

62,50%

adquirida pelo estagio supervisionado II. Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

Os sujeitos participantes do estudo foram os professores pertencentes à Escola Estadual Luís de Camões, localizada em Tumiritinga (MG) e à Escola Estadual Sinhaninha

Gonçalves,

localizada

em

Coroaci (MG). A escolha desses sujeitos se deu pelas autoras da pesquisa residirem

O gráfico acima ilustra as respostas advindas da primeira questão, que veio a questionar se suas aulas excluem esses alunos com deficiência. Fica evidenciado que 37,50% dos professores dizem que suas aulas os excluem, até mesmo, pois suas aulas abrangem mais fundamentos, em contraposição 62,50% dizem que em suas aulas eles não são excluídos.

próximos a essas escolas, o que de certa forma facilitou o processo de coleta de dados.

Gráfico 02: Quando descobriu que em suas aulas teria alunos com algum tipo 47

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


de deficiência você buscou maneiras para incluí-lo?

aulas. Fica evidenciado que 75% optariam por não receber esses alunos e suas aulas, e 25%receberia sem problemas.

6

6

Gráfico 04: Qual o maior problema para incluir os alunos com deficiência nas aulas de Educação Física?

4 2 2 0 Sim

25%

1

Desinteresse da… Falta de materiais

Não 75%

7

0

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

2

12,50%

O gráfico acima ilustra as respostas advindas da segunda questão, que questiona se o professor ao descobrir que teria alunos com deficiência, se ele buscou maneiras para incluí-lo. Fica evidenciado que 25% dizem ter buscado métodos, 75% dizem que não buscou, pois, esses alunos possuem monitores.

4

6

8

87,50%

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico ilustra as respostas advindas da quarta questão, que questionou aos

professores

qual

seria

o

maior

problema para incluir os alunos nas aulas. Fica

evidenciado

que

87,50%

deles

responderam que o maior problema seria a Gráfico 03: Se tivesse a opção de receber ou não receber esses alunos com deficiência em suas aulas, qual seria sua opção?

justificativas predominantes foram: “Não há materiais adequados para incluí-lo nas aulas”.

6

Em

contraposição,

12,50%

disseram que o problema é a falta de

6 4

escassez de materiais adequados. As

interesse do aluno em se incluir com a

2

2

turma.

0 Sim

Discussão

Não 25%

Foram

75%

aplicados

questionários

estruturados a 8 professores que lecionam no ensino fundamental II, pertencentes a

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico ilustra as respostas

Escola Estadual Luiz de Camões de

advindas da terceira questão, que questiona

Tumiritinga (MG) e a Escola Estadual

se o professor optaria por receber ou não

Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),

receber esses alunos deficientes em suas 48 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


no intuito de questionar e identificar o

docente, reverem conceitos e métodos

porque dos alunos com deficiência não

utilizados, em busca de se minimizar a

serem incluídos nas aulas de educação

problemática e todos os fatores que

física pelos os professores. A partir dos

acercam essa questão, visto que, os

resultados supracitados, se estabelece uma

problemas evidenciados são possivelmente

discussão,

contornáveis

que

busca

evidenciar

os

aspectos obtidos através da relação dos resultados

e

as

concepções

teóricas

Considerações finais O

fundamentadas.

presente

estudo

buscou

A princípio nota-se que os materiais

identificar quais os fatores que contribuem

adequados, equipamentos para as aulas são

para o exclusão de alunos com deficiência,

realmente escassos, mas em contraposição,

para

levantaram pontos que esses alunos são

professores

excluídos

devido

públicas, Escola Estadual Luiz Camões de

professor

em

o

não

comodismo buscar

do

recursos

tanto

Tumiritinga

se de e

investigou 2

(duas)

a

Escola

8

(oito)

instituições Estadual

adaptados para que a aula seja inclusiva.

Sinhaninha Gonçalves de Coroaci, a fim de

Nesse sentido, é de suma importância o

contribuir no minimizar a problemática em

papel do professor em minimizar os fatores

questão e salientar a necessidade da

de que possam excluir os alunos com

qualificação dos professores nesse âmbito ,

deficiência das aulas de Educação Física.

para explicitarem da melhor forma o

Evidencia-se que se o professor

conceito da importância da Educação

buscar

métodos

adaptativos,

o

conhecimento e compreensão sobre a

Física para a incluir os alunos com deficiência.

deficiência, e a capacidade e possibilidades

A partir de uma análise dos dados

motoras desses alunos, o índice de

obtidos, percebe-se que são inúmeros os

exclusão seria menor. Outros fatores

fatores que levam aos professores a não

evidenciados

dos

buscar recursos para incluir esses alunos

professores

com deficiência, mas, constatou-se a

optariam por receber ou não alunos

predominância das atribuições a fatores

deficientes,

a

como a escassez de materiais adequados,

metodologia de suas aulas à essa demanda

propostas de atividades que não podem

social. Contudo, há a necessidade de um

executar,

posicionamento

de

desmotivação até mesmo dos colegas, uma

Educação Física para com a sua atuação

vez que o despreparo tanto educacional

resultados

através foram

da

se

os

procurando

dos

análise

adequar

profissionais

falta

de

interesse

e/ou

49 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


quanto a exclusão dentro da aula quanto

para atender o todo o público inclusive os

nos demais aspectos e ambientes sócios

alunos com deficiência, diante disse, nota-

interativos são resultantes da exclusão

se que os profissionais de Educação Física

sociocultural ao longo da história.

precisam buscar métodos e atividades que

A hipótese de pesquisa baseou-se

possam atender sua demanda. Em tempo,

na ideia do comodismo dos professores em

podemos dizer que a exclusão ocorre

buscar recursos adequados para que não

devido vários fatores, sendo eles: falta de

haja a exclusão do aluno e que o

materiais, má formação e qualificação dos

desinteresse de querer incluir com os

monitores e professores e o comodismo

colegas por “deficiência metodológica”

dos mesmos, onde não buscam métodos

que atenda a demanda. Monitores e

adaptados para incluir as pessoas com

professores aplicam apenas o básico e o

deficiência.

mais acessível á eles e podemos ressaltar

Ao levar em consideração todos os

também as falhas das políticas públicas

aspectos envolvidos nessa pesquisa, nota-

que não fiscalizam as escolas e oferecer

se que é possível reverter este quadro

pessoas

tornando a educação física mais prazerosa

capacitadas

para

atender

as

para os alunos deficientes e fazer com que

pessoas com deficiência. No que tange as propostas que

eles se interajam com seus colegas.

possam minimizar a problemática sanando

Portanto, acredita-se nas potencialidades

ou diminuindo as dificuldades encontradas,

dos professores de Educação Física em

sabe-se que os anseios e contextos de vida

buscar

dos alunos de Ensino Fundamental II são

enriqueçam suas aulas, eliminando as

diferentes, portanto, acredita-se que uma

chances de haver exclusão.

métodos

que

favoreçam

e

boa qualificação não é apenas suficiente Abstract The present field study aimed to identify which factors contribute to the exclusion of disabled students in Physical Education classes in Elementary School. The following institutions were investigated: the Luiz de Camões State School of Tumiritinga (MG) and the Sinhaninha Gonçalves de Coroaci State School (MG). As for the research methodology, it is a qualitative and descriptive research. It was studied a sample of 8 teachers who teach physical education classes in elementary

education II. As a research instrument, we used structured questionnaires and observations of these classes. It was based on the conceptions presented in the article published in 2014 by the doctorate of the graduate program in education, Maria Luiza Salzani Fiorine, and the teacher of the special education department, Eduardo José Manzini, who deal with the difficulties, actions and contents to provide the inclusion of students with disabilities in the physical education class.

50 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Keywords: Exclusion; Physical Education Classes; Elementary Education II; Deficiency; Referências BRACHT, V. Corporeidade, cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento? In: NÓBREGA, T. P. (Org.). Epistemologia, saberes e práticas da educação física. João Pessoa: Editora Universitária/UFPB, 2006. p. 97-105. GONZÁLEZ, Fernando Jaime; FRAGA, Alex Branco. Referencial Curricular de educação física. In: RIO GRANDE SO SUL. Secretaria de Estado da educação. Departamento Pedagógico (Org.). Referenciais Curriculares do Estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias: arte e educação física. Porto Alegre: SE/DP, 2009. v. 2, p. 112181. GOODWIN, Donna; WATKINSON, Jane. Educação Física Inclusiva em uma perspectiva dos estudantes com deficiência física. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 17, p. 300, 2002. GORGATTI, M. G; COSTA, R.F. Atividade Física Adaptada. Barueri: Manole, 2005. HUTZLER, Yesahayu et al. Perspectivas das crianças com deficiência na inclusão e empoderamento: fatores de apoio e limitantes. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 19, p. 300-317, 2002. JAMES; KELLMAN; LIEBERMAN, 2011, apud ALVES, Maria Luíza; DUARTE, Edison, 2011.A exclusão nas aulas de Educação Física: fatores associados com participação de alunos com deficiência. Campinas – SP. MAZZOTTA, M. J. S. Educação Especial no Brasil: História e Políticas Públicas. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2003. PLACE, Kimberly.; HODGE, Samuel. Inclusão dos estudantes com deficiência psíquicas na educação física geral: análises comportamentais. Atividade física adaptada trimestralmente, Illinois, v. 18, p. 389-404, 2001. STRAPASSON, C. A educação física na educação especial. Revista Digital, Buenos Aires, 2007.

51 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


A EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A SAÚDE DO EDUCANDO Diego Ferreira de Brito* Elaine Rodrigues de Oliveira* Filomena Maria dos Reis* Rinaldo Soares Dolabela* Tiago Carlos Flávio* Maria Helena Campos Pereira** Edney Ferreira Moreira** Resumo Este trabalho apresenta a importância da educação física escolar e sua contribuição para manter a saúde do educando, com base no crescente e recorrente aumento da obesidade infantil. O problema que se investiga é como a educação física pode contribuir para a saúde do educando. O objetivo é investigar a respeito da contribuição da educação física para a saúde do educando sedentário e obeso. Fez-se necessário para isso avaliar a cultura familiar no que diz respeito a hábitos saudáveis, alimentação e orientação por parte do profissional de educação física. Considera-se a necessidade da prática regular de atividade física para prevenção de doenças e ainda o incentivo aos alunos a participação das aulas de educação física que muito pode contribuir para saúde do educando. Para isso, utilizou-se como fundamento os artigos dos autores (DARIDO, 2003) e (ALVES, 2003). Neste contexto, verifica-se que professor de educação física tem o dever de intervir de forma direcionada e orientada a esta situação recorrente nas escolas, apresentar a atividade física como meio preventivo e incentivá-los a prática de exercícios físicos para evitar os males que os afeta. A instituição de ensino escolar por sua vez tem que fornecer condições de desenvolver com os alunos orientações a cerca do assunto “obesidade” com palestra e metodologia pedagógica que tentem diminuir este fator que se torna de risco para os alunos tanto no ensino fundamental, quanto no médio. Palavras chaves: Educação Física e a saúde; Instituição de ensino e a saúde do aluno; Obesidade infantil, uma realidade escolar. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: tico_brito@hotmail.com, elainerodriguesoliveira@live.com, filomenareis@hotmail.com, rinaldosoares23@yahoo.com.br e tiagocarlosedf@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Docência do Ensino Superior e em Tutoria em Educação a Distância. Professor de Bioquímica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG e Co- autor.

Introdução Muito se fala em saúde mundial,

ou manutenção da saúde da população.

mas como pensar nesse tema se ainda não

Observam-se a cada dia mais pessoas

tem uma cultura de prevenção da doença

sedentárias,

obesas,

com

problemas

cardiovasculares e doenças degenerativas, 52 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


pois os países industrializados, o excesso

poderá orientar o aluno e a família, e alertá-

de consumo de comidas rápidas, são

los quanto ao problema da obesidade infantil

fatores que aumentam o risco de doenças

sem a prática regular de atividade física.

do individuo.

Nota-se que o nível escolar, onde cabem os

As crianças oriundas de famílias

profissionais de Educação Física, intervir de

que já tem histórico de obesidade ou

uma forma sistemática na redução crescente

sobrepeso, provavelmente já nascem com

deste problema na escola.

este problema, que se torna pior no período

Esta pesquisa visa investigar a

escolar, pois estas ficam sedentárias e

partir de uma análise teórica, a respeito da

muitas vezes deixam de executara Educação

contribuição da Educação Física para a

Física por se sentirem cansadas e não

saúde do educando, com fundamentos de

conseguem realizar as atividades orientadas

artigos estudados dos autores (DARIDO,

pelo professor.

2003) e (ALVES, 2003).

Um dos importantes desafios da Educação Física Escolar é criar condições de

Então, orientação

os

médica,

hábitos

saudáveis,

uma

alimentação

autoconhecimento e desenvolvimento dos alunos

balanceada, seria uma conduta aplicada pela

nos domínios motores, cognitivos, afetivos e

família para evitar o problema infantil. Nesta

sociais, construindo assim uma vida ativa,

perspectiva,

a

Educação

saudável e produtiva, integrando de forma

Física propõe uma linha de planejamento

adequada e harmônica o corpo, mente e espírito

participativo

por meio das vivências diferenciadas de

estreitando as relações professor-aluno, com

atividade física na escola e fora dela (ALVES,

base na problematização, que valoriza a

2003).

para

ações

educativas,

responsabilidade do professor e do aluno Com base neste autor pode-se dizer

sobre a saúde do educando. De

que a atividade física é o primeiro passo

acordo

com

os

parâmetros

para evitar que ocorra algo pior, é conhecer

curriculares a educação física escolar pode

seu corpo como um todo, de forma a ensinar

contribuir para a formação das capacidades

o objetivo da Educação Física para propiciar

fisiológica, éticas, intelectual e sociológicas

uma vida saudável a cada cidadão.

dos alunos. Então, nota-se que conscientizar

Então, como a Educação Física pode contribuir para a saúde do educando sedentário e obeso? Esta pergunta cabe ao Profissional de Educação Física, pois,

os alunos dos anos finais do ensino fundamental

sobre

os

benefícios

da

educação física escolar no seu cotidiano é de fundamental

importância. 53

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Fundamentos para a saúde do educando Educação Física e a saúde osteoporose,das dislipidemias e diminui o

A educação física e a saúde têm

risco de afecções osteomusculares e de

uma relação muito grande na história. maiores

alguns tipos de câncer de colo e da mama,

informações a respeito das prevenções e

além de auxiliar no controle da ansiedade,

cuidados com a saúde que incluem maior

da

movimentação corporal há por parte das

obstrutiva crônica, da asma além de ajudar

pessoas uma significativa mudança de seus

na melhora do bem-estar e socialização do

hábitos de vida.

cidadão.

A

consciência

(ERLICHMAN

e

et

a

al,

depressão,

da

doença

pulmonar

2002)

Observa-se que a educação física

afirmam que a prática de atividade física

não só no seu conceito geral de movimento

regular diminui o risco de aterosclerose e

corporal, agrega-se um significado amplo

suas consequências, tais como, angina,

no que diz respeito a saúde, bem estar,

infarto do miocárdio, doença vascular

condições de vida e longevidade, isto de

cerebral, ajuda no controle da obesidade,

acordo com a regularidade da atividade

da hipertensão arterial, do diabetes, da

física executada durante a vida do cidadão.

Instituição de ensino e saúde do aluno A educação física nos últimos anos

níveis de ensino indicando que ela deverá

voltada à saúde tem sido um diferencial na

promover a sociabilização e a inserção de

vivência do cidadão, pois passou por várias

todos os alunos nas práticas corporais,

tendências

contribuindo para que se possa valorizar,

como

a

militar,

médica,

desportista, nas tendências da cientificidade,

apreciar

profissionalizante e a tendência educacional

proporcionados pela cultura corporal de

onde cada uma tem uma visão diferente de

movimento, percebendo e compreendendo a

como o profissional de educação física

influência do esporte na sociedade, dando

deveria atuar neste contexto social. Hoje a

subsídios teóricos e metodológicos para que

que prevalecem são a da saúde ligada a

os alunos possam usufruir o tempo livre de

medicina e a educacional a educação.

lazer, resgatando o prazer enquanto aspecto

(VERDERI,1998)

mostra

a

importância da educação física em todos os

e

desfrutar

dos

benefícios

fundamental para a saúde e melhoria da qualidade de vida, valorizando, por meio do

54 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


conhecimento sobre o corpo, a formação de

formação de alunos especialmente sob o viés

hábitos saudáveis, desenvolvendo conteúdos

de promoção de saúde na escola. Desta

para que os alunos do ensino médio possam

maneira, ela pode assumir grandes desafios

compreender e analisar criticamente valores

no

sociais como padrões de estética, relações

condições

entre os sexos e preconceitos onde todos

atividades que visam o desenvolvimento

tenham vontade em participar das atividades

humano (DARIDO, 2003).

mundo

contemporâneo, diferenciadas,

a

ao

criar

partir

de

A instituição de ensino tem um papel

escolares. Busca-se entender que a educação

fundamental na intervenção durante as aulas

física é uma ação pedagógica. A Educação

de educação física e o seu professor torna-se

Física tem se tornado uma sabedoria de

um

viver, uma exigência corporal, onde todo ser

conscientização dos alunos, em relação à

humano tem que conhecer seu corpo como

adoção de estilos saudáveis de vida, bem

todo, ao entender e reconhecer seus limites

como a iniciação de prevenção de futuras

até onde pode ir, isto é, uma tarefa

doenças que podem afetar a criança e o

educativa, que busca sempre o bem-estar do

adolescente.

profissional

indispensável

para

a

ser humano. A educação física tem quebrado paradigmas e contribuído para romper padrões

descompromissados

com

a

Obesidade infantil, uma realidade escolar. É cada vez mais presente nas escolas o sedentarismo em adolescentes e

passo para diminuir o sedentarismo nesta fase estudantil.

crianças, isto demonstra que a falta de

Estudos apontam que a inatividade

atividade física tem influência direta sobre

física tem influência direta sobre o

o

na

desenvolvimento da obesidade na infância

infância e adolescência, sendo necessária

e adolescência; assim, uma das alternativas

uma intervenção direta do profissional de

de tratamento é o aumento do nível de

educação física, que traz orientações aos

atividade física (EPSTEIN,1996).

desenvolvimento

da

obesidade

Com base nesta visão, a escola tem

alunos e repassadas à família, para um melhor

aproveitamento

das

aulas

de

um papel muito importante neste sentido,

educação física, que seria um primeiro

ela deve proporcionar um espaço para o 55

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


desenvolvimento

de

estratégias

importante surge como meio de incentivar

pedagógicas que promovam a atividade

os alunos a participarem das atividades

física e a educação para a saúde. A

físicas propostas pelo profissional de

Educação Física Escolar como ferramenta

educação física.

Metodologia Para este projeto ser realizado foram

cerca dos assuntos tratados neste trabalho

consultados artigos científicos que possuem

investigativo. Para isso, utilizou-se para

como descritores, a importância da educação

análise e síntese os fundamentos de artigos

física escolar no aspecto de saúde, programa

dos principais autores (DARIDO, 2003) e

nacional de atenção integral a saúde do

(ALVES, 2003), dentre outros.

homem, desafios da educação física escolar, publicados nos últimos anos.

Dessa forma foi possível investigar, a partir de uma análise teórica, a respeito da

Os artigos encontrados contribuíram

contribuição da Educação Física para a

para fundamentar este projeto e esclarecer a

saúde do educando e as causas da obesidade

nas escolas. Resultados Ao investigar os assuntos tratados neste projeto, pode-se perceber que ainda é muito grande o índice de alunos com obesidade

e

sedentarismo

nas

escolas

afeta. A instituição de ensino escolar por sua vez tem que fornecer condições de desenvolver com os alunos orientações a

investigadas. Neste

exercícios físicos para evitar este mal que os

que

cerca do assunto obesidade com palestras e

professor de educação física tem o dever de

metodologia pedagógicas adequadas que

intervir de forma direcionada e orientada a

tentem diminuir este fator que se torna de

esta

escolas,

risco para os alunos tanto no ensino

apresentar as atividades físicas como meio

fundamental, quanto no ensino médio.

situação

contexto,

verifica-se

recorrente

nas

preventivo e incentivá-los a prática de

56 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Discussão Segundo (ALVES, 2003), os desafios

e compreendendo a influência do esporte na

da educação física escolar é criar condições

sociedade,

para que os alunos se conheçam como um

metodológicos para que os alunos possam

todo nos domínios motores, cognitivos,

usufruir o tempo livre de lazer, resgatando o

afetivos e sociais, construindo uma forma

prazer enquanto aspecto fundamental para a

produtiva, integrando corpo a mente e o

saúde e melhoria da qualidade de vida,

espírito através das vivências de atividade

valorizando, por meio do conhecimento

física escolar.

sobre o corpo, a formação de hábitos

Para (PEREIRA et al, 2000), seria importante

identificar,

coletivamente,

dando

subsídios

teóricos

e

saudáveis, desenvolvendo conteúdos para que

possam

compreender

e

analisar

aspectos e condições sociais, ambientais,

criticamente valores sociais como padrões

históricas e culturais, assim como as

de estética, relações entre os sexos e

demandas do indivíduo e do grupo social em

preconceitos onde todos tenham vontade em

seus espaços de convivência, resgatando o

participar das atividades escolares. (DARIDO, 2004) verifica que a

poder próprio da comunidade no controle de

educação física tem sido levada a romper

sua saúde e de suas condições de vida. (ERLICHMAN et al, 2002) afirmam

padrões

descompromissados

com

a

que a prática de atividade física regular

formação de alunos especialmente sob o

diminui o risco de doenças degenerativas,

viés de promoção de saúde na escola.

ajuda

Desta maneira, a Educação Física deve

no

controle

da

obesidade,

da

hipertensão arterial, e de alguns tipos de

assumir

câncer (colo e de mama), além de auxiliar

contemporâneo,

no controle da ansiedade, da depressão, da

diferenciadas a partir de atividades que

doença pulmonar obstrutiva crônica, da

visam o desenvolvimento humano.

ao

no

criar

mundo

condições

verificou-se a importância da educação

estar e socialização do cidadão. 1998)

desafios

Após análise dos textos dos autores,

asma além de ajudar na melhora do bem(VERDERI,

grandes

mostra

a

física e a prática de atividade física regular

importância da educação física em todos os

como

meio

preventivo

de

doenças

níveis de ensino indicando que ela deverá

degenerativas e como meio inibidoras do

promover a sociabilização e a inserção de

sedentarismo em consequência a obesidade

todos os alunos nas práticas corporais, em

na fase infantil. Ressalta-se que a escola

todos os sentidos culturais, sociais, afetivos

tem um papel muito importante neste 57

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


contexto, pois intervenções pedagógicas

tem que se preocupar com a harmonia do

orientadas e desenvolvidas em conjunto

corpo com a mente com sua saúde e seu

com o profissional de educação física,

futuro, evitando intemperes, no percurso de

agregam valores de que a cada dia o aluno

sua vida adulta.

Considerações finais A obesidade na fase escolar tornou-

professor condições de aplicar atividades

se um fator de risco que tem prejudicado

voltadas para a melhoria da saúde do

muitos alunos do ensino fundamental e do

educando quando na prática das atividades

ensino médio.

físicas, nas aulas de educação física com a

Então, a educação física escolar,

finalidade de promover o bem estar e a

que traz uma matriz curricular de atividade

qualidade de vida, enquanto aluno da

física regular praticada na escola e

instituição e comunidade escolar. Educação,

incentivada pelo professor de educação

saúde e práticas de exercícios corporais não

física, para que este hábito seja agregado

podem se desvincular do processo de

não só na fase escolar, mas, no percurso de

aprendizagem, por isso, automaticamente

toda sua vida adulta.

devem estar interligados.

Portanto, a instituição escolar deve desenvolver metodologias pedagógicas com vistas a garantir, orientar e proporcionar ao Abstract This paper presents the importance of physical education and its contribution to maintaining the health of the student, based on the increasing and recurring increase in childhood obesity in public schools of Vale do Rio Doce. The problem that is being investigated is how physical education can contribute to the health of sedentary educating and obese? The aim is to investigate about the Physical Education contribution to the health of sedentary educating and obese. It was necessary for it to assess the family culture with regard to healthy habits, nutrition and guidance from the professional of Physical Education. the need for regular physical activity to prevent disease and still be considered encouraging

students to participate in physical education classes that can greatly contribute to the student's health. For this, we used as a basis the articles of the authors (DARIDO, 2003) and (ALVES, 2003). In this context, it appears that physical education teacher has a duty to intervene in a targeted and focused way to this recurrent situation in schools, introduce physical activity as a preventive means and encourage them to physical exercise to prevent this evil that affects. The institution of school education in turn have to provide conditions to develop with the students guidelines about the subject "obesity" with a lecture and teaching methodology that try to decrease this factor

58 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


becomes risk to students both in primary school and in medium.

Key words: physical education and health; educational institution and the health of the student; Childhood obesity, a school reality.

Referencias ALVES, J. G. B. Atividade física em crianças: promovendo a saúde do adulto. Revista Brasileira Saúde Materno Infantil, v. 3, p. 5 – 6, 2003. BARNI, M. J. Curso de Educação Física Escolar. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. BRASIL, Ministério de Educação e do Desporto. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos: Educação Física / Secretaria de Ensino Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998. DARIDO, S. C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. EPSTEIN, L. H.; PALUCH, R. A.; COLEMAN, K. J.; VITO, D.; ANDERSON, A. Determinants of physical activity in obese children assessed by accelerometer and selfreport. Medicine and Science in Sports in Exercise, v. 28, p. 1157-64, 1996. ERLICHMAN, J.; KERBEY, A. L.; JAMES, W. P. T. Physical Activity and its impact on health outcomes. Prevention of unhealthy weight gain and obesity by physical activity: ananalysis of the evidence. ObesityReviews, v.3, p. 273–287, 2002. REIS, Pedro Ferreira. Professor Ms. Pedro Ferreira Reis - ergoreis@allsat.com.br – 4599241969, Rua dos Expedicionários, 425 - Apto 07 - Santa Terezinha de Itaipu – PR. Professor da SEED – Paraná – Faculdade Cesufoz7 SCHNEIDER, E. J. Didática da Educação Física Escolar, Instituto Catarinense de PósGraduação. VERDERI, E. Dança na Escola. Rio de Janeiro: Sprint, 1999.

59 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


A FALTA DE INTEGRAÇÃO DOS PAIS COM O PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA Iago Marques dos Santos* Itamar Conrado Sampaio Júnior* Leandro Pereira Rodrigues* Maria Helena Campos Pereira* João Cláudio Passos da Silva** Simone de Magalhães Martins Gomes** Resumo O culto ao Corpo e a Educação pelo movimento físico sempre esteve relacionado ao ser humano desde a antiguidade. Os Gregos acreditavam que a Educação dos indivíduos através das práticas corporais e a preparação guerreira eram essenciais na formação de grandes defensores de sua nação. Com a evolução da civilização e da sociedade, tanto intelectualmente como tecnologicamente o ser humano chegou ao sedentarismo. Mesmo com a introdução da educação física na escola, a prática da atividade física foi caindo no esquecimento associado à falta de interesse dos alunos em participar da mesma. O que pode acarretar em diversos fatores que atrapalham o desenvolvimento e o bem estar físico mental e social. Dessa forma, o presente artigo questiona: Como a falta de integração entre professores e os pais ou responsáveis tem afetado os alunos nas aulas de educação física. Onde a finalidade é melhorar o fator agravante do desenvolvimento físico, mental e social o dos alunos através das práticas corporais e das aulas de Educação Física. Palavra-chave: Educação Física; pais ou responsáveis; desinteresse. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: Iagomarques7@outlook.com, itamarcsj@hotmail.com, leandro_rodriguess10@hotmail.com. **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Dança e Consciência Corporal e em Dança Educacional. Professor de Fundamentos da Ginástica, Ritmo e Movimento e Fundamentos da Dança da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. E-mail: joaoozgv@hotmail.com **Especialista em Gestão Empresarial. Professora de Empreendedorismo, Princípios do Marketing e Marketing Estratégico Empresarial da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. E-mail: joaoozgv@hotmail.com

Introdução Nas escolas, são as aulas de

papel nessa questão, através do corpo e das

educação física que os alunos possuem um

práticas corporais que os alunos adquirem

dos poucos momentos para trabalhar o

confiança, conhecem melhor a si mesmo e

corpo, no quesito coordenação motora,

as pessoas com que convivem no dia a dia.

agilidade, entre outros. Tendo um grande 60 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Segundo (PAES, 2001, p. 65), o

Para (BUSCAGLIA, 1997), a família deve

esporte escolar poderá permitir ao aluno o

assumir sua parte da responsabilidade, pois

exercício de sua cidadania, na qual o

é dentro dos limites desta unidade social

trabalho e o lazer são fundamentais para

que se aprende a ser único, a desenvolver a

uma boa qualidade de vida.

individualidade e identidade. Portanto, esse artigo descreve como

No entanto, (JUNIOR, 2000) nos mostra que muitos alunos demonstram

a

desinteresse pelas aulas de educação física,

responsáveis reflete no desinteresse do

preferindo realizar outras atividades ou

aluno pelas aulas de educação física. E,

mesmo ficarem ociosos durante as aulas.

analisa como o professor e a escolar pode

Esse

desenvolver essa integração, buscando

comportamento

demonstra

o

falta

de

o

interação

dos

interesse

do

pais

aluno

ou

desinteresse dos alunos pelo conteúdo e

aumentar

e

pela importância das aulas de educação

desenvolvendo sua formação para uma

física.

vida mais ativa, como (BRASIL, 1997b, Sendo assim, é essencial que a

p.24) acrescenta que a educação física

escola busque uma aproximação com os

escolar pode sistematizar situações de

pais ou responsáveis, objetivando que os

ensino e aprendizagem que garantam aos

mesmos

alunos o acesso a conhecimentos práticos e

percebam

a

importância

do

acompanhamento escolar de seus filhos.

conceituais.

Problema Como a falta de integração entre professores e pais ou responsáveis tem

afetado os alunos na aula de educação física?

Justificativa No contexto pessoal justifica-se ao

desempenho das aulas. E na questão

perceber que os alunos do nível médio não

educacional acredita-se que o diálogo ativo

demonstraram interesse em participar das

entre professores, pais e alunos poderá

aulas. No âmbito social justifica-se a

auxiliar

necessidade de diálogo entre os pais e

automaticamente ampliar o interesse dos

professores

educandos.

em

prol

de um

melhor

o

projeto

de

inclusão

e

Relevância 61 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


É de grande importância esse afeto

que nos dias de hoje a vivência dos alunos

entre pais e professores de educação física

no ensino médio é muito discutida. E

para a qualidade e eficiência do trabalho

muitos não conseguem participar das

com

possível

atividades que a ligação entre pais e

proporcionar um legado sobre as aulas de

professores pode ter melhor solução no

educação física na sociedade. Entende-se

aprendizado.

os

alunos

onde

é

Fundamentação teórica De

acordo

com

(GUISELINI

2004), o culto ao corpo/porte físico sempre

atividades físicas, deixando os hábitos saudáveis de lado.

esteve relacionado ao ser humano desde na

As consequências da epidemia de

antiguidade, uma vez que o mesmo era

sedentarismo para a saúde física incluem,

necessário garantir a sobrevivência, por

entre as doenças mais conhecidas, o

meio da caça, pesca, fuga de predadores

diabetes,

entre outros.

hipercolesterolemia, a obesidade, diversas

a

hipertensão,

a

ainda

formas de câncer, a osteoporose, calculose

acrescenta que, com o passar dos séculos

renal, biliar e até disfunção erétil. No

com

entanto, o impacto para saúde mental é

(GUISELINI o

avanço

desenvolvimento

e

2004) tecnológico,

o

mecanização

da

pelo

menos

igualmente

devastador,

agricultura e pecuária, o desenvolvimento

compreendendo:

de meios de transporte entre outros fatores,

estima, da auto-imagem, do bem-estar, da

mudaram o estilo de vida das pessoas que

sociabilidade; aumento de ansiedade, de

passaram a ser mais sedentárias, conseguir

estresse, de depressão, como também do

alimento está muito fácil. E tarefas que

risco para mal de Alzeihmer e de

antes

Parkinson, de acordo com estudos mais

eram

complicadas

agora

são

resolvidas com apenas um toque no botão. Entretanto,

essa

revolução

diminuição

da

auto-

recentes, e até prejuízo da cognição. (BOMFIM, 2009)

tecnológica trouxe outras maneiras de se

As aulas de educação física na

relacionar com o corpo. Com o fácil acesso

escola é um dos poucos momentos em que

ao

jogos

muitos dos alunos trabalham seus corpos

eletrônicos, da TV e do aparelho celulares,

em atividades físicas. Assim, conforme

as crianças e os adolescentes perderam o

(JUNIOR,

interesse em brincadeiras ao ar livre e nas

demonstram o desinteresse em participar

mundo

da

informática,

2000),

muitos

alunos

das aulas de educação física devido à falta 62 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


de prática da mesma, onde demonstram dificuldade

em

coordenação

agilidade entre outros.

motora,

A falta de interesse nas aulas de educação física para

em suas respectivas praticas pedagógica. E

descobrir a falta de interesse dos alunos

para eles, na educação física escolar, esta

nas aulas de educação física. Entre diversas

ação profissional se torna ainda mais

hipóteses observa-se a falta de estrutura

evidente: os professores executam os

física de diversas escolas. Com ginásios

mesmos exercícios, as mesmas atividades,

sucateados, falta de materiais e também um

indiferentes

planejamento

características dos alunos. (BARROS.

Muito

se

tem

escolar

estudado

de

modo

que

estimulem os alunos à prática de esportes. O

docente

dificuldades

em

encontra cumprir

das

necessidades

e

DARIDO, 2006).

inúmeras seu

oficio

conforme planeja isso gera a acomodação Falta de diálogo entre os pais e professores A família deve ser aliada da escola na busca de promoção não só da Educação

responsáveis maximize o interesse do aluno no ambiente educacional.

Física, mas também de todo o crescimento

A família deve assumir sua parte da

educacional de seus filhos. Sendo essencial

responsabilidade, pois é dentro dos limites

que a escola busque uma aproximação com

desta unidade social que se aprende a ser

os pais ou responsáveis, objetivando que os

único, a desenvolver a individualidade e

mesmos

identidade. (BUSCAGLIA, 1997).

percebam

a

importância

do

A família é um dos influenciadores

acompanhamento escolar de seus filhos em todas as fases da educação.

de primeiro grau no comportamento e

A família deve ser percebida como um

pensamento das crianças e adolescentes.

agente promotor do

desenvolvimento,

Nas famílias que possuem um ou mais

sobrevivência e socialização da criança. De

membros que praticam algum esporte a

modo que, o acompanhamento dos pais ou

tendência é que, esse influencie e desperte 63

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


o

interesse

nos

demais

membros

principalmente nas crianças. Portanto,

a

participação

nas aulas de educação física. Por isso, a escola deve trazer a família para perto,

e

tornando-a participativa incluindo na vida

acompanhamento da família pode ser uma

escolar do aluno objetivando a melhora no

aliada para aumentar o interesse dos alunos

desempenho do mesmo.

Inclusão social fator de desenvolvimento Através do convívio em sociedade

fecundação do óvulo, caracteriza-se a

que se desenvolve relações saudáveis e

formação de um novo ser. Em termos

criamos redes de relacionamentos. Essa

biológicos, é nesse momento que se

integração é importante para os alunos.

estabelece a primeira relação de um novo

Essas interações sociais iniciam após do

ser com aquela que, por um período de

nascimento com a nossa mãe e vamos

nove

desenvolvendo para o resto de nossas

(GUISELINI, 2004, p. 117).

meses,

será

sua

hospedeira.

A educação física possui um grande

vidas. O “processo de sociabilização” tem

papel, por meio da cooperação e trabalho

início nos primeiros momentos de vida,

em equipe os alunos adquirem confiança e

logo após o nascimento. Mas não se deve

desenvolve laços. Conhecendo melhor a si

esquecer que, desde o momento da

mesmo

e

as

outras

pessoas.

Formação dos educandos nas aulas de educação física o

De maneira geral, ou seja, em todos

professor de educação física deverá ter o

os ciclos da aprendizagem existem pontos

seu olhar voltado para a formação global

de interseção entre a educação física e as

do aluno, assim como estar preocupado

demais

com o processo de inclusão dele na escola.

exploradas incansavelmente. Compete aos

No

processo

educacional,

Agindo como um mediador no

disciplinas

professores

que

identificar

podem esses

ser

pontos,

processo de ensino aprendizagem do

adaptá-los com reforço de aprendizagem,

esporte e o aluno. Buscando discutir,

apresentando a aplicabilidade na prática

levantar e apontar os fatores que possam

dos conteúdos estudados em sala de aula.

afastar o aluno, objetivando desenvolver

(FARINATTI. FERREIRA, 2006, p 41).

uma aula mais acessível e receptiva.

Os

autores

citados

acima

acrescentam que, dentro da área dos 64 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


esportes podem ser aplicados diversos

fatores será o diferencial na formação do

métodos

aluno.

interdisciplinares,

regras,

superações e etc. conseguir trabalhar esses Metodologia O estudo realizado caracteriza-se por uma pesquisa de campo básica que

Escola Estadual Theolinda de Souza Carmo de Governador Valadares MG.

para (GIL 1994, p. 43), “[...] permite a

O instrumento utilizado foi a

obtenção de novos conhecimentos no

aplicação de um questionário com algumas

campo da realidade social”. Por meio de

perguntas para os alunos e os responsáveis.

uma metodologia de pesquisa descritiva.

Segundo (GIL, 1994) o questionário é uma

Visando retratar as características do

técnica de investigação com um número

objeto estudado, expondo com precisão os

determinado de questões apresentadas por

fatos ou fenômenos, para estabelecer a

escrito às pessoas com a finalidade de

natureza das relações entre as variáveis

conhecer opiniões, crenças, sentimentos,

delimitadas no tema.

interesses, situações vivenciadas e etc. abordagem

O questionário foi elaborado e

quantitativa em uma pesquisa de campo,

organizado com perguntas fechadas. Os

por meio de questionário estruturado e

dados coletados por meio de questionários

objetivo, objetivando levantar dados que

foram mensurados em forma de gráficos.

Utilizando

uma

correlacione o interesse dos pais ou responsáveis com o esporte e o interesse dos alunos nas aulas de educação física. Para a coleta de dados envolvemos 12 alunos e 12pais ou responsáveis, da Resultados A

pesquisa

foi

realizada

na

Estadual Theolinda de Souza Carmo de

alunos, e o questionário 2 direcionado os pais ou responsáveis do mesmo. É importante dizer que dos 30

Governador Valadares MG, no segundo semestre de 2017. Utilizando questionário

questionários

distribuídos,

para coleta de dados. Cada aluno recebeu

retornaram

preenchidos

um questionário com duas pesquisas, no

orientado.

apenas

12

conforme

qual o questionário 1 foi direcionado aos 65 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Sendo

assim,

o

questionário

realizado com o aluno teve o intuito de

educação

física

e

como

isso

pode

influenciar no seu interesse pela mesma.

observar como o aluno enxerga a aula de

Gráfico1: Questionamento aos alunos

Fonte: Dados de pesquisa, 2017

Através da pesquisa constataram-se resultados importantes como que 75%

participação das aulas de educação física pode ser revertida.

gostam das aulas de educação física e que

Um dos principais dados levantado

84% acham a disciplina importante. Esse é

foi sobre a metodologia usada pelo

um bom fator, pois caracteriza que mesmo

professor, 34% dos alunos não gosta da

com o pouco interesse na disciplina os

metodologia

alunos não têm aversão da mesma. Além

interessante o professor estudar e rever a

de que 100% dos alunos gostam do

metodologia para que aumente o interesse

professor da disciplina. Desse modo, a

dos alunos nas aulas de educação física.

atual.

Deste

modo,

é

falta de desinteresse dos alunos na

66 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico2: Questionamento aos pais

Fonte: Dados de pesquisa, 2017

Pela pesquisa percebe-se que 84%,

importante se comparamos a mesma com a

ou seja, a grande maioria dos pais ou

tabela 2 onde quase proporcionalmente são

responsáveis

os pais ou responsáveis que praticam

gostam

de

esportes.

acompanham

esportes.

algum esporte. E menos praticam alguma

E

Entretanto,

apenas

66%

que

92%

dos

pais

ou

atividade física frequentemente, apenas

responsáveis acham que a disciplina de

50%. Isso vai de frente com os dados da

educação física importante, mas apenas

tabela 1, 58% dos alunos não praticam

50% incentivam os filhos a praticarem

algum esporte fora da escola, esse dado é

esportes.

Discussão Os dados obtidos na pesquisa demonstram que os alunos gostam das

da falta de interesse de realizar as atividades nas aulas de educação física.

aulas de educação física, reconhecem a

Outros dados importantes obtidos

importância da mesma e possuem um bom

são os do questionário dos pais ou

relacionamento com o professor. Apesar

responsáveis, é que majoritariamente os

dos dados serem positivos, mais da metade

mesmos

dos alunos não pratica nenhuma atividade

esporte, acompanham

física fora do ambiente escolar. Fator esse

esporte e tem consciência da importância

que pode ser considerado um dos motivos

da educação física para seus filhos.

reconhecem

que

gostam

de

algum tipo de

67 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Entretanto, apenas a metade incentiva seus

pais e educadores devem ser honestos uns

filhos à prática de esportes.

com os outros e aprendam a se adaptar uns ou

aos

no

investimento sobre a criança. Todos estes

comportamento dos filhos. E, que apenas a

aspectos são relevantes quando visam o

metade deste incentiva seus filhos na

seu bem estar e o seu desenvolvimento.

prática esportiva, percebe-se que a falta de

(DESSEN; POLONIA, 2005 p. 309).

Sabendo responsáveis

que

os

pais

influenciam

outros

e

a

concentrar

o

seu

integração dos pais ou responsáveis com o faz-se

Portanto, ainda existe uma grande

perdurar o problema detectado, ou seja, a

dificuldade em relação ao despertar o

falta de interesse em participar das aulas de

interesse do aluno, por isso devem-se

educação física.

buscar as mudanças, mudanças estas que

professor

de

educação

física

Assim, o professor deve realizar

iniciam com a integração dos pais e ou

parceria com os pais ou responsáveis para

responsáveis com o professor de educação

o desenvolvimento do aluno.

física objetivando influenciar os alunos na

[...] o sucesso da parceria pais-

participação das aulas de educação física.

professores está interligado à compreensão

Assim observa-se a necessidade de

das diferentes questões que os envolvem

que os alunos e familiares compreendam a

na ação educativa, com respeito ao aluno e

importância de valorizar o hábito da

sua história escolar considerem que pais e

prática de atividades físicas como um

educadores têm uma relativa igualdade no

elemento indispensável a uma vida com

impacto sobre a criança, compreendam que

qualidade.

Considerações finais Nesse

trabalho

procuramos

A realização deste estudo foi muito

compreender a falta de interação dos pais

relevante para a formação acadêmica,

ou responsáveis e o quanto isso reflete no

tendo em vista que promoveu no processo

desinteresse do aluno pelas aulas de

de pesquisa a análise e a relação da teoria

educação física. E também analisar como o

com a prática. Esse tipo de construção é

professor e a escolar pode melhorar e

importante para que nós como futuros

buscar alternativas para que exista essa

profissionais

integração, buscando aumentar o interesse

conhecimentos acerca das questões que

do aluno e desenvolvendo sua formação

cercam

a

tenhamos educação

física

maiores escolar,

para uma vida mais ativa. 68 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


destacando a necessidade de permanente

esportes, fazendo que haja cobranças

pesquisa e discussão.

maiores para o professor que deve fazer o

Portanto, com a pesquisa conclui-se

papel

de

protagonista,

formador,

que os pais e os alunos reconhecem a

influenciador e incentivador de seus alunos

verdadeira importância da educação física

para que exista uma Educação Física como

na vida do aluno principalmente na fase

forma de Educação e apoio na formação e

inicial da educação. Entretanto, os pais ou

na vida dos alunos.

responsáveis incentivam pouco a prática de Abstract The Cult of the Body and Education by physical movement has always been related to being from ancient times. The Greeks believed that the education of individuals through of corporal practices and warrior preparation were essential in the formation of great defenders of their nation. With the evolution of civilization and society, both intellectually and technologically, the human being has reached the sedentary. Even with the introduction of physical education in school, the practice of physical activity fell in the forgetfulness associated with the

students' lack of interest in participating in it. What can entail several factors that hinder the development and physical, mental and and social. Thus, the present article asks: How does the lack of integration between teachers and parents or guardians has affected students in physical education classes. At where the purpose is to improve the aggravating factor of the physical, mental and social development of the students through Body Practices and Physical Education classes. Key words: Physical Education; parents or guardians; disinterest.

Referências BARROS, A.L.R.; DARIDO, S.C. Escola, educação física e esporte: possibilidade pedagógica.São Paulo, v.1, n.4. p. 101-114, 2006. BOMFIM, Liliane Gulin Paes. Incluindo pais e filhos na prática de atividades físicas e na melhoria da qualidade de vida. 2009. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Educação física /Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. BUSCAGLIA, Léo. Os deficientes e seus pais: um desafio ao aconselhamento. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997. 415 p.

69 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. Em busca de uma compreensão das relações entre família e escola: relações família-escola. Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 2, p. 303-312, 2005. FARINATTI, Paulo de Tarso Veras; FERREIRA, Marcos Santos. Saúde, promoção da saúde e educação física: conceitos, princípios e aplicações. Rio de Janeiro: UERJ, 2006. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. GUISELINI, Mauro. Aptidão física, saúde e bem-estar: fundamentos teóricos e exercícios práticos. São Paulo: Phorte, 2004. JUNIOR, J.M. O professor de educação física e a educação física escolar: como motivar o aluno? Maringá, v.11,n.1, 107-117, 2000. PAES, Roberto Rodrigues. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: ULBRA, 2001.

70 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


CENÁRIO DO GÊNERO FEMININO NO FUTSAL DO ENSINO MÉDIO: PRECONCEITO OU DESINTERESSE? Stefanny Avelar Rodrigues* Maria Helena Campos Pereira** Fernanda Barbosa Lopes** Resumo É visível nas aulas de Educação Física que, quando o conteúdo é o futsal, prevalece a maior participação dos meninos em detrimento das meninas. Nesse contexto, o problema que se questiona é: Quais são os fatores que contribuem para que o gênero feminino não participe ativamente nas aulas de educação física quando o conteúdo é futsal? A pesquisa destina-se a estudantes do gênero feminino do 3º ano do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino da cidade de Governador Valadares, Minas Gerais tem como objetivo identificar os fatores que influenciam diretamente a não participação feminina no futsal escolar. Este estudo com caráter qualitativo e quantitativo descritivo, utilizou-se como instrumentos um questionário com questões estruturadas para o público feminino, a observação das aulas e práticas do professor de educação física no que se relaciona a problemática em pauta. Desse modo, foi possível elencar pontos relevantes e levantar novos questionamentos, conforme concepções de Almeida, Couto e Santos (2009), no que se refere às relações de gênero na Educação Física escolar, referente à prática do futsal, ao provocar um desfavorecimento à prática feminina, contudo, sente-se a necessidade de maior aprofundamento no assunto. Palavras-chave: futsal Feminino, educação física escolar, ensino médio, gênero feminino, participação. ________________________ *Acadêmica em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. Email: stefannyavelar@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Mestre em Biologia Animal. Professora de Fisiologia Humana da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares/MG e Co- autora. E-mail: fblopes.pos@gmail.com

(FREIRE, 2003) sinaliza que a educação

Introdução É inegável que a educação física

física

precisa

de

mudanças

e

que,

escolar sempre esteve em um cenário

independentemente dos avanços teóricos já

rodeado

alcançados,

por

problemas:

desinteresse,

ainda

não

se

faz

evasão, baixa autoestima, metodologia

correspondente as propostas apresentadas

aplicada,

outros

na prática da disciplina. Ao analisar sob a

(CAVALIERI, 2012). Apesar de alguns

ótica atual, observa-se que tal afirmativa

tópicos terem evoluído significantemente

justifica o presente momento da educação

nos

física. Embora os avanços no conceito de

infraestrutura,

últimos

anos,

entre

muitas

são

as

problemáticas ainda encontradas na área.

aplicação

e

a

preocupação

com

a

democratização da disciplina, há grandes 71 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


dificuldades relacionadas à prática da

modalidade e sua prática pelo sexo

Educação

feminino.

Física

despreparo

na

escola,

profissional,

como: espaço

No que tange ao referencial teórico,

gênero,

a presente pesquisa se fundamenta em

evasão, não participação, falta de material,

periódicos científicos da Coleção Pesquisa

exclusão

atitudes

em Educação Física publicada no ano de

estereotipadas,

2009 e 2013, por Giliane Duarte de

desinteresse dos alunos, metodologia de

Almeida¹, Hergos Ritor Fróes Couto² e

ensino inadequada (ALMEIDAET AL.,

Gerson dos Santos Leite³, os quais

2008; CAVALIERI, 2012).

abordam os olhares sobre as relações de

inapropriado,

segregação

dos

menos

preconceituosas

de

hábeis,

e

Nesta direção, vê-se que outra problemática

encontrada

na

educação

gênero na prática do futsal na educação física

escolar,

sexismo,

estereótipos,

física escolar é a recorrente ausência

preconceitos e a prática pedagógica dos

feminina no futsal. Apesar do grande passo

professores de educação física, fatores

dado em 1981, ano em que foi revogado o

estes que compõe a listagem hipotética

decreto que proibia a participação das

anteriormente mencionada.

mulheres à prática de esportes como o futsal, ainda existem inúmeras barreiras a serem transpostas pelo futsal feminino, tornando-o um esporte onde o maior

Educação física, gênero feminino e o futsal Participação feminina: um breve relato Sabe-se que futsal é um dos

adversário não se encontra dentro das

esportes mais praticados no mundo e se

quadras. A relevância da pesquisa está em reconhecer as práticas e condutas presentes nas aulas de educação física que são inerentes aos educandos, ao professor e que desfavorece o futsal feminino, o que contribui para a evasão das alunas no esporte em questão. Sendo assim, será possível buscar formas de superá-las transpondo as fronteiras educacionais,

constitui como o esporte mais popular no Brasil. Esse jogo inventado pelo uruguaio Juan

Associação

Ceriani Cristã

em de

1933

na

Moços

de

Montevidéu tornou-se rapidamente amado pelos brasileiros. Em todos os cantos do país, pode-se verificar a prática do esporte em diferentes locais, como ruas, clubes, universidades e escolas. As

contribuindo para uma nova perspectiva e olhar da sociedade em relação a esta

Carlos

questões

estigmatizaram prática

o

masculina.

culturais futebol/futsal Esta

sempre como

concepção

72 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


de

mulheres não se permitirá a prática de

das

desportos incompatíveis com as condições

mulheres dessa modalidade por décadas.

de sua natureza, devendo, para este efeito,

No Brasil, as tentativas de incentivo ao

o Conselho Nacional de Desportos baixar

futsal feminino são assombradas por estes

as necessárias instruções às entidades

aspectos

desportivas do país.

compartilhada pessoas

por

diversos

resultou

no

culturais.

(2007),

vive-se

afastamento

Segundo

em

tipos

uma

Ventura

Posteriormente

sociedade

no

período

da

machista e moralista, na qual homens e

Ditadura militar, a deliberação n° 7/65 do

mulheres possuem distintos papéis sociais.

Conselho Nacional de Desportos, assinada

Essas diferenças acabam que por levar

pelo general Eloy de Menezes, tratava em

homens e mulheres a viverem em situações

seu parágrafo 2° vedava a prática de lutas

de desigualdade.

Assim, várias formas

de qualquer natureza, futebol, futebol de

foram utilizadas para reprimir a prática do

salão, futebol de praia, polo aquático, polo,

futebol por mulheres, como exemplo, a

rúgbi,

educação. Na metade do século XX, as

(CASTELLANI FILHO, 2008, p. 63).

aulas de Educação Física oportunizavam

Essas restrições afetaram grandemente a

práticas

e

modalidade para o gênero feminino, pois

meninos, caracterizados para eles como

ocasionou reflexos diretos na sua prática,

atividades

e

estacionou

o

autonomia, e para elas, a calistenia visando

contribuiu

para

benefícios nos aspectos reprodutivos.

evidenciados atualmente, como falta de

diferentes ligadas

para a

meninas

forma

física

Dentre outras dificuldades, podemse citar as proibições legais dirigidas às

halterofilismo

seu os

e

baseball”,

desenvolvimento problemas

e

ainda

investimento, pouca atenção da mídia e preconceitos.

mulheres que proibia a prática em algumas

Em janeiro de 1983 o Conselho

modalidades. Na década de 1940, o

Nacional de Desportos oficializou a prática

presidente do Brasil, Getúlio Vargas,

de futebol para mulheres. A partir de então

assinou um documento que restringia

começaram a surgir campeonatos e após

alguns

feminino,

três décadas observa-se uma significativa

sancionando o decreto lei Nº 3.199, de 14

evolução: o futebol passou a ser ofício e

de abril de 1945, que em seu artigo 54

houve aumento no interesse da mídia,

dizia:

ainda que de maneira tímida. Apesar de

[...] O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

lenta, é possível verificar a expansão do

usando da atribuição que lhe confere o art.

futsal feminino em todo o território

180 da Constituição, DECRETA: Às

nacional. Atualmente há o departamento de

esportes

ao

sexo

73 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


futsal feminino na CBFS, a liga de futsal

separam e delimitam o que é considerado

feminino,

socialmente como inerente ao mundo

a

seleção

futsal/futebol

brasileira

feminino,

de

campeonato

brasileiro de clubes na categoria principal e Ao averiguar o trajeto histórico, vêque

A Educação Física contribui como elemento fundamental nessa formação

nas de base. se

feminino e ao mundo masculino.

muitos

são

os

fatores

que

através de esportes, como o futsal, desde que execute um trabalho com ênfase nas

desestimularam e ainda desmotivam a

dimensões

conceituais,

participação feminina no futsal, dentre

atitudinais

e

eles, proibições e preconceitos. Para

explicitados nos PCN’s.

(SILVA E AMÂNCIO, 2011), a integração

nos

procedimentais,

demais

elementos

Segundo (SOUZA, 2010), quando

gera

se desenvolve o futsal na escola, prevalece

conflitos culturais e de gênero, o que

à maior participação dos meninos em

resulta em diferentes condições de acesso,

detrimento das meninas. O professor, por

aceitação

sua vez, permanece retido a uma questão

feminina

no

cenário

e

esportivo

participação,

quando

comparadas aos homens. Sendo assim, a

histórica

inserção feminina no esporte em questão,

conformadas com este domínio masculino

seja de rendimento, lazer ou educacional,

na prática do esporte. Corroborando com

tem-se

processo

este pensamento, (VOSER E GIUSTI,

conturbado, marcado por obstáculos que

2002) afirmam que em muitas escolas é

vão além dos que já foram mencionados, o

ensinado e jogado o futsal dos clubes, onde

que prejudica a sua participação no futsal

predomina o caráter competitivo e de

em diferentes âmbitos.

rendimento. Com isso, pode-se verificar a

pautado

por

um

e

cultural,

e

as

meninas

segregação no esporte entre os alunos mais habilidosos e os menos hábeis, o que

Futsal feminino no âmbito educacional mais

Em relação ao ambiente escolar,

acarreta na exclusão do segundo grupo que

especificamente

em sua grande maioria é composto por

nas

aulas

de

Educação Física, é notável a maior

meninas.

participação dos meninos em detrimento

Dentro do âmbito educacional,

das meninas quando o conteúdo é o futsal.

(SANTOS, 2008) diz que o esporte em

(FURLAN, 2008) conclui que a escola,

questão deveria estimular discussões que

como instituição detentora das funções

levam a superar os estereótipos, conceitos

educacionais e de formação social, produz

pré-concebidos

e reproduz ações do âmbito social que

Entretanto, evidenciam-se práticas que

e

discriminantes.

74 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


consistem meramente em entregar uma

recreativo, onde não há preocupação

bola de futsal para meninos e uma bola de

alguma com o desenvolvimento integral e

vôlei para as meninas. Sendo assim,

maior abrangência de conteúdos. Esse

constata-se que não são dadas as mesmas

modelo de aula pautado na prática de um

oportunidades

a

único esporte pelos meninos, o futsal, com

praticarem o futsal no ambiente escolar e

reduzida participação do gênero feminino é

que diversos fatores colaboram para que as

evidenciado em grande parte do território

mesmas escolham não participar dessa

brasileiro.

para

as

meninas

modalidade.

Com objetivo de nortear o professor na execução do seu trabalho e assim

O Gênero feminino e o futsal na educação física do ensino médio O gênero é uma construção social estabelecida por uma determinada cultura em relação às diferenças entre homens e mulheres, (SOUSA E ALTMANN, 1999). Essas relações fundadas nas diferenças biológicas entre os sexos criam padrões de comportamentos e condutas que devem pertencer ao sexo feminino e ao sexo masculino. Então, a questão de gênero está vinculada à forma como se dispõem na sociedade os valores, práticas e atitudes acerca da sexualidade. Nas aulas de educação física no ensino médio, essas questões contribuem fortemente para a exclusão das meninas no futsal, pois estas são consideradas mais fracas, frágeis e menos habilidosas que outros colegas pelo simples fato de pertencerem ao gênero feminino.

colaborar para romper à habitual situação das aulas de educação física no ensino médio,

Parâmetros

Curriculares

Nacionais diz que os professores devem levar os alunos a serem capazes de “participar

de

estabelecendo

atividades relações

corporais,

equilibradas

e

construtivas com os outros, reconhecendo e respeitando características físicas e de desempenho de si e dos outros, sem discriminar por características pessoais, físicas, sexuais ou sociais” (PCN’s, 1998). Para tal, o mesmo documento orienta que as aulas de Educação Física sejam mistas, a fim de dar oportunidade para que meninos e meninas convivam, observemse, descubram-se e possam aprender a ser tolerantes,

a

não

discriminar

e

a

compreender as diferenças, de maneira a não reproduzir de forma estereotipada relações sociais autoritárias. Faria Jr. (1995) entende que a prática

Nessa série, é comum se deparar com aulas monótonas e de cunho estritamente

os

do futebol como desporto de equipe pode atuar como meio eficaz de ensinar aos 75

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


jovens a tolerância e aceitação das

quando o assunto é futsal, gênero feminino

diferenças individuais e, para isto, propõe

e educação física, essa concepção se

uma série de procedimentos didáticos para

constitui como uma utopia, posto que seja

os professores de educação física, com

nítido

objetivo que as meninas participem juntos

dificuldades e desvantagens vivenciadas

nas aulas quando o tema é a prática do

por este sexo. Portanto, é notável a

futsal. Um bom exemplo é a adaptação das

reduzida participação do gênero feminino

regras. Dessa forma, não somente integra,

na modalidade em questão.

e

corriqueiro

as

inúmeras

mas inclui o gênero feminino no futsal de caráter

misto,

diferentes

conferindo

contribuições

e

valor

às

Aspectos metodológicos da pesquisa

habilidades

independentemente do sexo, (COSTA E

O estudo foi realizado com alunas do 3º

SILVA, 2002).

ano do ensino médio de uma escola da rede

De acordo com as novas Diretrizes

pública estadual da cidade de Governador

Curriculares Nacionais para o Ensino

Valadares – MG. A escola em questão é a

Médio, aprovada em 04 de maio de 2011,

pioneira no bairro Santa Rita e foi fundada

pelo Conselho Nacional da Educação/

em 15 de fevereiro de 1964

MEC. Para que se conquiste a inclusão social,

a

educação

escolar

deve

fundamentar-se na ética e nos valores da liberdade,

justiça

solidariedade

e

social,

pluralidade,

sustentabilidade,

cuja

finalidade é o pleno desenvolvimento de seus sujeitos, nas dimensões individual e social de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, compromissados com a transformação social. Nesta concepção, (DIAS, 2012) afirma ser

responsabilidade

da

escola

não

contribuir para o aumento da discriminação e de preconceitos contra as mulheres ou aqueles que não correspondem a um ideal de masculinidade dominante. Entretanto,

Metodologia A presente pesquisa partiu da premissa de identificar quais fatores que influenciam na não participação do gênero feminino no futsal escolar do ensino médio. Em busca de atingir os objetivos traçados,

utilizou-se

da

pesquisa

de

natureza pesquisa quantitativa descritiva, e também a qualitativa a partir da análise e síntese das concepções teóricas. Como instrumento de pesquisa, utilizou-se de um questionário misto estruturado com oito perguntas fechadas e uma aberta, e a observação participativa artificial, a qual consiste na integração real do pesquisador

76 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


com o grupo com a finalidade de obter

rotina era a mesma para todas as turmas da

informações. . Sob autorização da direção

escola, o que inclui as turmas do 3º ano. O

escolar, a população estudada constituiu-se

docente se limitava em levar os alunos para

de 30 alunas que cursam o 3º ano do

quadra, soltar uma bola para os meninos, e

ensino médio, as quais foram submetidas

se reservar em uma mesa do refeitório em

ao questionário.

de

companhia das meninas e realizar afazeres

observação e coleta de informações, no

pessoais. Depois, voltava com os alunos

período de uma semana, foi utilizada a

para

observação não sistemática, isenta de

frequentemente denominada como “rola

critérios científicos sobre a prática nas

bola”.

Na

etapa

sala

de

aula.

Tal

prática

é

aulas de educação física, e os questionários

Dessa forma, verificou-se a falta de

foram aplicados oito dias após o período de

incentivo do professor, a ausência de uma

observação. Durante a conversa do pedido

prática

de autorização, tomou-se o cuidado para

necessidades e interesses das alunas, como

não explicitar o conteúdo do questionário

também dos alunos, visto que estes

para qualquer pessoa que compõe o quadro

também não recebiam atenção do docente.

de funcionários das escolas, para não

pedagógica

Após

obter

que

os

atenda

dados

às

dos

correr o risco de estes direcionarem a

questionários, estes foram tabulados e

escolha

que

ordenados em gráficos. Posteriormente,

prejudicaria a pesquisa, pois poderia a

elaborou-se a síntese das informações

tornar tendenciosa.

coletadas, a partir da análise e discussões

das

participantes,

o

Posteriormente, os dados foram tabulados

e

analisados

através

da

das informações obtidas, por meio de uma leitura

reflexiva

dos

questionários

comparação percentual entre as respostas e

aplicados com base nos fundamentos

da interpretação destes resultados com base

teóricos.

na literatura.

Resultados e discussão No período de observação, o foco estava em analisar se as práticas do professor discriminavam ou enfatizavam a não participação feminina no futsal. Após uma semana de observação, notou-se que a 77 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico1. Relação das alunas com futsal.

Gráfico 2. A prática do futsal nas aulas atualmente.

Gosta

23%

17%

Às vezes

87%

Não gosta

3% Não

20%

Sim

40%

Quer conhecer mais

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

O gráfico acima demonstra que um total de 24 (vinte e quatro) alunas possui o interesse na modalidade. Diante disso, verifica-se que o futsal tem um destaque no gosto

feminino

e

descarta-se

a

possibilidade da ausência feminina nesse esporte devido elas não se identificarem ou não se interessarem pelo mesmo. Sendo assim, entende-se que a participação das meninas no futsal tem sido bloqueada por outros fatores, como reforça Souza Júnior e Darido (2002), que o principal empecilho para o atraso da participação das mulheres no futebol, é o preconceito que se instalou ao longo do último século. Outro motivo, apontado por Faria Júnior (1995) refere-se à falta de oportunidades nas escolas, em função de uma educação Física injusta, machista.

10%

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

O gráfico 2 coloca em evidência e confirma a problemática apresentada, visto que, atualmente,26 alunas não participam do futsal nas aulas de educação física. Para Silva e Amâncio (2011), a integração feminina

no

cenário

esportivo

gera

conflitos culturais e de gênero, o que resulta em diferentes condições de acesso, aceitação

e

participação,

quando

comparadas aos homens. Cabe salientar que uma das alunas ao informar que participa (1), junto com as outras alunas que participam às vezes (3),informaram nível de habilidade médio, ter vivenciado experiências prazerosas quanto à prática e/ou presenciar poucas condutas negativas. Isto pode ser um indicador de que o nível de habilidade futebolístico contribui para a sua aceitabilidade ou que a baixa vivência de atitudes preconceituosas, em conjunto com vivências prazerosas, são fatores que

78 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


colaboram para prosseguirem com a

incentivar e incluir o futsal para todos,

prática.

reproduz o futsal de caráter seletivo, de

Gráfico 3. Incentivo do Professor à participação.

acordo

com

o

que

é

considerado

socialmente, ou seja, prioriza os meninos por serem hábeis, fortes e resistentes.

100 % 0

10

Gráfico 4. Experiências positivas na prática do futsal. 20

Sim

30 Não

Conforme se observa no 3º gráfico, este exprime unanimidade, pois as 30 alunas confirmaram o que foi constatado no decorrer do período observatório. O docente se limitava ao levar os alunos para quadra, soltar uma bola para os meninos, se reservar em uma mesa junto com as realizando

outros

afazeres

pessoais e depois voltar para sala de aula. Tal prática denomina-se “rola bola”. Dessa forma, verifica-se que a falta de incentivo perpassa o caráter comunicativo entre professor-aluno e a prática pedagógica que parece não atender as necessidades e interesses

das

alunas.

Furlan

37% 33% 20% 10%

10

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

meninas

Sim

20

40

(2008)

conclui que a escola produz e reproduz ações que separam e delimitam o que é considerado socialmente como inerente ao mundo feminino e ao mundo masculino. Estas ações, muitas vezes, são produzidas pelo próprio professor, que ao invés de

Não Poucas Nunca joguei

0

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

O gráfico acima deixa claro que apenas

seis

alunas

(20%)

obtiveram

vivências 100% positivas ao praticar o futsal escolar. Onze alunas (37%) não tiverem

experiências

prazerosas,

dez

alunas (33%) informaram ter possuído poucas e três alunas (10%) mencionaram nunca

terem

jogado.

Perante

estas

informações, presume-seque tal fato foi concebido pelo mesmo motivo citado no gráfico anterior, visto que consiste em uma prática enraizada nas aulas de educação física neste país. Segundo Santos e Silva (2010), quando se desenvolve o futsal na escola, prevalece à maior participação dos meninos em detrimento das meninas. Diante disso, vê-se que a prática do futsal entre ambos os gêneros no ambiente escolar isenta de intervenção adequada, gera experiências negativas para o gênero 79

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


feminino, visto que, geralmente estas não

Dias

(2012)

confirma

ser

participam de maneira ativa no jogo; tocam

responsabilidade da escola não contribuir

poucas vezes na bola; são alvos de uso de

para o aumento da discriminação e de

força física, grosserias e etc. Colaborando

preconceitos contra as mulheres ou aqueles

com este pensamento, Voser e Giusti

que

(2002) afirmam que em muitas escolas é

socialmente

jogado o futsal onde predomina o caráter

perspectiva e de acordo com a realidade

competitivo e de rendimento. Com isso,

observada na escola, o futsal no contexto

conclui-se que este caráter esportivo em

educacional,

âmbito escolar gera desânimo, desinteresse

discussões

e não soma como vivência positiva para os

estereótipos, conceitos pré-concebidos e

menos hábeis.

discriminantes, acaba que por evidenciar

não

correspondem

a

um

determinado.

ao

invés

que

de

levam

a

ideal Nessa

estimular superar

os

práticas que consistem meramente em Gráfico 5. Condutas negativas.

entregar uma bola de futsal para meninos e que

reforçam

esses

comportamentos.

(SANTOS, 2008).

Gráfico 6. Comentários negativos presenciados ou recebidos pelas alunas.

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

10%

20%

30%

Conforme está explícito no gráfico 5,

apenas

dez

alunas

(17%)

delas,

afirmaram não ter recebido ou presenciado

parece homem Mulher não sabe jogar

20%

20%

MachoFêmea

Sapatão

alguma conduta negativa em relação às meninas

que

praticam

o

futsal.

É

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

importante destacar que, apesar de não ser Neste gráfico, pode-se observar

mais proibida a participação feminina nos esportes,

estas

ainda

sofrem

tais

com

mais

detalhes

recebidos

uma cultura machista, o que contribui

promulgadas em diferentes segmentos,

sobremaneira à resistência, negação e não

como

participação na prática esportiva.

importante destacar que vão além de

familiar

alunas

comentários

comportamentos advindos, sobretudo, de

o

pelas

os

e

em

falas

educacional.

É

80 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


julgamentos

sobre

a

inabilidade

ou O gráfico 7aponta que 28 alunas

aparência física. Algumas até mesmo recebem comentários que distorcem sua real sexualidade, como se pode observar no gráfico. No questionário, uma aluna até salientou que muitos já a chamaram de “sapatão”, mas que ela não é. A mesma é frequente na prática do futsal e citou que suas

habilidades

futebolísticas

são

medianas. Desse modo, verifica-se que a discriminação acontece independente se as meninas sabem ou não jogar, se é ou não mais fracas, etc. Nesta perspectiva, Darido (2002) assegura que a escola deveria ser um espaço de construção dos significados éticos

necessários,

para

promover

discussões sobre a dignidade, igualdade de direitos

e

recusa

de

formas

de

discriminação. É lamentável, conforme se apresentou no gráfico 3 e posteriormente no gráfico 8, no qual se verifica um sujeito que poderia ser a peça chave para promover transformações nessa realidade,

possuem baixa habilidade e que apenas duas (6%) se consideram medianas, dentre as quais, de acordo com a resposta dos seus questionários, ainda praticam o futsal nas aulas de educação física e mencionaram ter experiências

prazerosas

apesar

do

preconceito sofrido. Assim, conclui-se que estas praticam o futsal de maneira regular, o que as permitiu atingir o nível médio e o preconceito relatado por elas pode ter sido um fator determinante para que elas não investissem mais no esporte e, desse modo, não aprimorassem suas habilidades para um nível superior. Conforme Santos, Oliveira e Wichi (2013), o preconceito encontrado nos diversos segmentos da sociedade e a falta de apoio favorece a retração feminina quanto à prática e investimento pessoal na modalidade. Por consequência, não há aperfeiçoamento nas habilidades, sejam elas técnicas ou táticas.

e apenas coopera para agravar mais ainda a Gráfico

situação. Gráfico 7. Habilidade futebolística.

Intervenção

profissional.

O professor desenvolve o futsal com regras adaptadas ou misto?

94%

40 20

8.

0% 6%

Sim

100%

Não

0

Alto

Médio

0

Baixo

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

20

40

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017. 81

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Nos resultados do gráfico8, nota-se novamente o posicionamento do professor

Gráfico 9. Permissão masculina quanto à participação feminina.

como um agravante da problemática

Já pediu para jogar com os meninos?

pesquisada. O esporte, como fenômeno social, precisa ser questionado em suas

20

normas, suas condições de adaptação à

15

realidade social e cultural quando inserido

50% 33%

10

17%

5

em âmbito educacional. (SOUZA JÚNIOR

0 Sim, e eles permitiram

et. al, 1992).Faria Jr. (1995) ressalta que o futsal, por ser um esporte coletivo, se

Sim, e eles Nunca pedi não para jogar permitiram com eles

constitui como um meio de ensino eficiente para instruir aos alunos questões

Fonte: Questionário aplicado às alunas do 3º ano do Ensino médio, 2017.

relacionadas à tolerância e aceitação das

O gráfico 9 conclui que uma

diferenças individuais. Seaman (1982)

minoria,cinco meninas (17%) pediram para

relata que os objetivos estabelecidos para

jogar com os meninos e obteve retorno

as atividades esportivas devem considerar

positivo. Dessas cinco, duas afirmaram ter

e respeitar as limitações e potencialidades

habilidades futebolísticas medianas, o que

individuais do aluno, com adequação das

pode ter colaborado para eles permitirem.

atividades propostas a estes fatores. Para

Por outro lado, quinze meninas (?%)

tal,

de

afirmaram já terem pedido para jogar com os

faz-se

necessário

uma

série

procedimentos

didáticos

para

os

professores

educação

física,

com

de

meninos

e eles

não

permitiram.

Presume-se que a negação seja embasada

objetivo que as meninas participem juntos

por

nas aulas quando o tema é a prática do

preconceituosas,

ou

futsal. Um bom exemplo é a adaptação das

insegurança

meninos

regras e dessa forma, não somente integra,

superação por parte das meninas. Para

mas inclui o gênero feminino no futsal de

(ALTMANN,

caráter misto, conferindo valor e diferentes

jogam contra meninos, ao invés destes

contribuições (Costa e Silva, 2002). Souza

sentirem-se

(1994) enfatiza que o esporte adaptado se

ameaçados em sua masculinidade, por

torna uma alternativa lúdica e prazerosa, e,

medo de serem vencidos, pois as meninas

por

podem

conseguinte,

contribui

de

modo

atitudes

discriminatórias

dos

1999),

mesmo

as

quanto

por à

quando meninas

desafiados,

superar

e/ou

sentem-se

expectativas

e

significativo para a permanência dos alunos quanto à prática. 82 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


apresentarem-se com grande habilidade

tanto, faz-se necessário uma intervenção

para os esportes.

do professor de educação física em prol da inclusão feminina junto aos meninos uma vez que ao se tratar do tema futsal tem

Considerações finais buscou

deixado de fora as questões relacionadas

identificar os fatores que influenciam na

ao gênero e que dissemina o esporte para

não

todos. Desse modo, espera-se que os

O

presente

participação

trabalho feminina

no

futsal

escolar. Após a coleta e análise dos dados

professores

obtidos,

(reciclem

junto

com

os

registros

da

reflitam e

e

ressignifiquem

revisem

metodologias

teórica,

aplicadas) suas práticas educativas, visto

constatou-se que todos os pressupostos

que sua interação suscita impacto na

levantados

inteligência

observação

e

fundamentação

compõem

os

fatores

que

corporal

cinestésica

e

exercem influência na ausência do gênero

entendamos interesses das meninas, tratar

feminino quanto à prática do futsal. Dentre

o futsal como “esporte da escola”, com

os fatores preponderantes, encontram-se a

ênfase nas três dimensões e nos demais

inabilidade, vivências negativas no contato

elementos dos PCN’s, a fim da busca em

com o esporte, atitudes preconceituosas,

minimizar

discriminatórias e estereotipadas do gênero

possibilitar a igualdade entres ambos os

feminino, em companhia de uma má

gêneros

intervenção profissional.

sobremodo

Portanto, conclui-se que, apesar do

as e

práticas dessa para

excludentes

forma

e

contribuir

diminuir

esta

problemática.

espaço já conquistado, ainda há muitos obstáculos a serem superados pelo gênero feminino que podem ser transpostos a partir das aulas de educação física. Para

83 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Abstract It is visible in Physical Education classes that, when the content is futsal, the greater participation of the boys prevails to the detriment of the girls. In this context, the problem that is questioned is: What are the factors that contribute to the fact that the female gender does not actively participate in physical education classes when the content is futsal? The research is aimed at female students of the 3rd year of high school in a state school system in the city of Governador Valadares, Minas Gerais, and aims to identify the factors that directly influence female participation in school futsal. This qualitative and quantitative descriptive study used a questionnaire with questions structured for

the female audience, the observation of classes and practices of the physical education teacher in which the problematic in question is related. Thus, it was possible to list relevant points and raise new questions, according to Almeida, Couto and Santos (COUTO and SANTOS 2009) conceptions, regarding gender relations in School Physical Education, referring to the practice of futsal, by provoking a disadvantage to practice however, there is a need for further study. Key words: women’s soccer, school physical education, high school, feminine gender, participation.

Referências ALMEIDA, G. D.; COUTO, H. R.; SANTOS, G. L. Olhares sobre as relações de gênero na Prática do futsal na Educação Física Escolar. Disponível em: http://www.editorafontou ra.com.br/periodico/vol-8/Vol8n2-2009/Vol8n2-2009-pag-183a190/Vol8n2-2009-pag-183a19 0.html. Acesso em 10 de Set. 2017. ALMEIDA, B.S.V.; ALMEIDA, B.S.F.; DIAS, F.A.; ALBUQUERQUE, I.V.; LOPES, M.S. Dificuldades encontradas na educação física escolar que influenciam na nãoparticipação dos alunos: reflexões e sugestões. Rio de Janeiro, 2008. 15p. Dissertação (PósGraduação)-Universidade Gama Filho. ALTMANN (1999) apud CASTRO, Tatiele. et al. 2010, p.1.Rompendo fronteiras de gênero: Marias (e) homens na educação física. Dissertação de mestrado em educação. Belo Horizonte: UFMG, 1998.Buenos Aires, Argentina, 1999. CASTELLANI FILHO, 2008, p. 63 apud FURLAN, 2008, p.38.Educação Física no Brasil: a história que não se conta.Maringá, Paraná: Editora ou Faculdade aqui, 2008. CAVALIERI, Daniel. Educação Física no ensino médio. Poque o desinteresse dos alunos? Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd170/educacao-fisica-no-ensino-mediodesinteresse.htm. Acesso em 10 de Set. 2017. DARIDO (2002) apud RODRIGUES, Felippe; DEVIDE, Fabiano (2009, p.1).Futebol Feminino no Brasil: Do seu Início à Prática Pedagógica. Motriz, v. 8, n. 2, p. 43-49, 2002. DIAS, Mônica. Gênero e diversidade sexual na escola. Disponível em: http://www.uel.br/ve ristas/lenpes-pibid/pages/arquivos/2%20Edicao/MONICA%20-%20ORIENT%20%20ANGE LA.pdf. Acesso em 12 de Set. 2017.

84 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


FÁBIO Franzini (2005) apud FLORES, Daniel; SILVA, Mauro (2011, p.11). Futebol é "coisa para macho"? Pequeno esboço para uma história das mulheres no país do futebol. Rev. Bras. Hist. vol.25 n. 50 São Paulo July/Dec. 2005 FARIA JR. (1995) apud JUNIOR, Osmar.; D’ÁVILLA, Lívia. 2009, p.32. Futebol, questões de gênero e coeducação: algumas considerações didáticas sob enfoque multicultural. Revista de Campo: Futebol e Cultura Brasileira, 2, 17-39. FLORES, D. S;SILVA, M. A.A participação do gênero feminino no futsal/futebol escolar da cidade de Caxias do sul. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/docorpo/article/view/2310/1370. Acesso em 10 de Set. 2017. FURLAN, C. C.; SANTOS, P. L. Futebol Feminino e as Barreiras do Sexismo nas escolas.Motrivivência.Cidade: Editora ou Faculdade, ou nome da revista ou Congresso. Ano XX, Nº 30, P. 28-43. Junho de 2008. JUNIOR, O. M. S.; D’ÁVILLA, L. B. Futsal feminino e sexualidade.Cidade: Revista das Faculdades Integradas Claretianas, Nº 2. Janeiro/dezembro de 2009. MARCONI E LAKATOS (1999) apud MOORI, Roberto; MOYSÉS, Gerson. 2007, p.2.Técnicas de pesquisa. 3. Ed. São Paulo: Atlas, 1999.SANTOS, Heliany; SILVA, Mário. Um olhar sobre gênero e o futsal na escola em catalão. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/5.MarioSilva.pdf. Acesso em 10 de set. 2017. SEAMAN (1982) apudLÓPEZ,Ramon; MELO, adaptedphysicaleducation: a developmental MayfieldPublishingCompany.

Ana (2002, p.1).The approach. Palo Alto,

new CA,

SOUSA, E. S. de and ALTMANN, Helena. Boys and girls: genreissuesand its implicationoneducation. Cad. CEDES [online]. 1999, vol.19, n.48, pp.52-68. ISSN 01013262. http://dx.doi.org/10.1590/S0101-32621999000100004. DARIDO, S. C.; SOUZA JR, O. P. A prática do futebol feminino no Ensino Fundamental. Motriz, Rio Claro, v. 8, n. 1, p. 1-8, 2002. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/08n1/Moreira.pdf .Acesso em 10 de Set. 2017. SOUZA, L.S. Futebol feminino no país do futebol. Monografia apresentada no curso de Educação Física. São Paulo: Universidade Estadual de Campinas, 2009. THOMAS, NELSON e SILVERMAN (2007) apud FLORES, Daniel; SILVA, Mauro (2011) p.4.Métodos de pesquisa em atividade física. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. VENTURA, Thabata; HIROTA, Vinicius. Futebol e salto alto. Porquê não? Disponível em: http://www.mackenzie.br/fileadmin/Editora/REMEF/Remef_6.3/Artigo_17.pdf. Acesso em 10 de Set. 2017. VOSER e GIUSTI (2002) apud FLESCH, Douglas. 2011, p.1Futsal e a Escola: Uma Perspectiva Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2002. 85 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


WICHI, R. B.; OLIVEIRA, A. F.; SANTOS, I. A. As formas de preconceito no futebol feminino. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd180/preconceito-no-futebol-femin ino.htm. Acesso em 10 de Set. 2017.

86 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E O DESINTERESSE DOS ALUNOS Janaína Rodrigues da Silva* Wilker Vieira Carrijo* Maria Helena Campos Pereira** Pedro Avner Ferreira Quintino** Alessandro Máximo Lima** Resumo São inúmeras as reflexões acerca da Educação Física no Ensino Médio. Nesse sentido, o presente estudo de campo objetivou identificar quais os fatores que contribuem para o desinteresse nas aulas de Educação Física no nível de ensino em epígrafe. Para tanto, investigou-se as seguintes instituições: A Escola Estadual Professor José Jório de São João do Manteninha (MG) e a Escola Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG). Quanto à metodologia de pesquisa, trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa e de caráter descritivo. Em um universo de 417 alunos, estudou-se uma amostra de 50 alunos, equivalente a 12% da população. Como instrumento de pesquisa utilizou-se de questionários estruturados e observações destas aulas. Fundamentou-se nas concepções teóricas de (DARIDO, 2004), que trata sobre alunos não praticantes destas aulas e apresenta novos dados sobre as origens e razões da não prática de Educação Física; (BARBOSA, 2007), que considera o desinteresse dos alunos nas aulas decorrente em virtude do modo inapropriado como esse componente curricular é interpretado e (KOLYNIAK, 2006), que reforça o argumento de que os fatores que levam à não prática de Educação Física na escola estão associados a problemas específicos dessa disciplina. Palavras-chave: Aulas de Educação Física; Ensino Médio; Fatores de desinteresse; Papel do professor. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: janaina-0601@hotmail.com, wilkercarrijo@hotmail.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Especialista em Docência do Ensino Superior e em Gestão Educacional. Professor de Iniciação Desportiva Universal e Teoria e Prática dos Esportes Coletivos - Voleibol e Basquete da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. Email: pedroavner111111@hotmail.com **Mestre em Ciência da Reabilitação. Professor de Cineantropometria e Atividade Física e Saúde da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autor. Email: amlpersonalsaude@hotmail.com

Introdução Ao buscar uma reflexão mais esclarecida sobre as principais dificuldades presentes no contexto da Educação Física Escolar, notam-se inúmeros problemas, como a falta de estrutura e espaços

adequados para a aplicação das aulas, déficit

de

materiais

discriminação profissionais

e e

de

trabalho,

desvalorização a

marginalização

a dos da

disciplina. Este artigo provém de inquietações surgidas durante as experiências vividas 87

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


através

das

práticas

de

Estágio

desmotivação nas aulas de Educação

da

Física, a partir de aplicação de um

graduação. Durante esse tempo, pôde-se

questionário com questões estruturadas

perceber

se

para a proposta de intervenção; Investigar

interessavam ou sequer participavam das

o comportamento dos professores perante a

aulas principalmente no Ensino Médio. A

não participação de alguns alunos e propor

partir dessa situação, questiona-se como os

a intervenção do profissional desta área

alunos desse nível de ensino veem a

com base nos dados identificados na

Educação Física e por que alguns não se

pesquisa empírica.

interessam e, consequentemente, se negam

Justifica-se

Supervisionado que

no

transcorrer

alguns

alunos

não

plausivelmente,

a

escolha do tema em epígrafe, devido a

a praticá-la. Diante do exposto, trabalha-se com

experiências adquiridas nas práticas de

o seguinte problema de pesquisa: Quais os

estágios, onde se pode constatar que o

fatores que contribuem para o desinteresse

desinteresse nas aulas de Educação Física é

nas aulas de Educação Física?

uma realidade corriqueira enfrentada pelos

O campo de ação dessa pesquisa

profissionais, o que acarreta prejuízos a

destina-se às escolas da rede pública, com

nível educacional, dessa forma, busca-se

foco no Ensino Médio, especificamente a

uma proposta que possa contribuir com a

Escola Estadual Professor José Jório de

erradicação dos fatores que acarretam o

São João do Manteninha (MG) e a Escola

desinteresse

Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci

participação nas aulas, obtendo assim,

(MG).

reflexos diretos a nível social, alunos com Sendo assim, se estabelece como

e

a

consequente

não

um melhor nível educacional, participação

objetivo geral identificar os fatores que

ativa,

provocam o desinteresse nas aulas de

desenvolver-se de forma integral. Contudo,

Educação Física no Ensino Médio, com

justifica-se também, devido aos benefícios

propostas

tal,

que este estudo de campo traz ao âmbito

objetivos

educacional, especificamente às aulas de

específicos: Identificar qual a importância

Educação Física, com intervenção na

da Educação Física para os alunos do

prática para uma aula de qualidade e

Ensino Médio; Quantificar o número de

participação ativa dos alunos.

de

elaboraram-se

intervenção. os

seguintes

Para

a

exercer

sua

cidadania

e

alunos que não participam das aulas nas

A hipótese baseia-se na ideia que o

escolas selecionadas; Averiguar os fatores

desinteresse pelas aulas de Educação Física

que contribuem para o desinteresse e

acontece, principalmente, por uma falta de

88 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


oferta de variações de conteúdos, métodos

técnico próprio que seja referência para

e práticas, por parte do professor, que se

toda a categoria profissional.

tornem interessantes para a faixa etária em

Quanto à metodologia de pesquisa,

questão e atendam às necessidades desses

trata-se de uma pesquisa quanti-qualitativa

alunos,

os

e de caráter descritivo. Como instrumento

anseios e as particularidades dos mesmos.

de pesquisa foi utilizado questionários

Outra hipótese levantada é que alguns

estruturados e observações das aulas de

alunos

Educação Física.

levando

se

em

consideração

mostram

desmotivados,

desanimados e desinteressados pelas aulas,

Acredita-se que o tema pode ser

até mesmo quando os professores buscam

perceptível com alto nível de relevância,

desenvolver metodologias de aulas ditas

pois, retrata uma realidade enfrentada

inovadoras, buscando oferecer a vivência

diariamente

das

corporais

Educação física neste nível de ensino.

possíveis pela Educação Física. Essa

Contudo, a partir desta pesquisa buscam-se

realidade pode estar relacionada a questões

propostas de melhorias neste sentido.

diversas

manifestações

do grau de importância dado pelos alunos para com a disciplina de Educação Física no nível de ensino em epígrafe. Esse estudo fundamenta-se nas concepções teóricas de (DARIDO, 2004), que trata sobre alunos não praticantes das aulas de Educação Física e apresenta novos dados sobre as origens e razões da não prática de Educação Física; (BARBOSA, 2007), que considera o desinteresse dos alunos nas aulas de Educação Física decorrente inapropriado

em

virtude

como

esse

do

modo

componente

curricular é interpretado e (KOLYNIAK, 2006), que reforça o argumento de que os fatores que levam à não prática de Educação Física na escola estão associados a problemas específicos dessa disciplina, por exemplo, a ausência de um corpo

pelos

profissionais

de

Educação física no ensino médio e o desinteresse dos alunos A

Educação

componente

Física

curricular

é

de

um

extrema

importância para a formação humana dos sujeitos. No Brasil, documentos legais e estudiosos

do

tema

reforçam

essa

importância em diferentes abordagens. Desse modo, entende-se a Educação Física como

disciplina

tratamento

da

responsável cultura

corporal

pelo de

movimento, tematizada em formas de atividades

expressivas

como

esportes,

jogos, danças, ginásticas e lutas (SOARES, C. L.; et al., 1992). Os

Parâmetros

Curriculares

Nacionais (PCN’s) veem o Ensino Médio como o fim de uma etapa da educação 89

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


básica e que tem como objetivo a

epígrafe: “[...] no Ensino Médio, no qual,

construção psicológica, social e afetiva de

desconsiderando

as

futuros

psicossociais

que

cidadãos,

preparando-os

para

por

mudanças passam

os

adentrarem o mundo do trabalho. Explicam

adolescentes, a Educação Física preserva

que nessa fase, a Educação Física deve

um modelo pedagógico concebido para o

adquirir um novo status, ou seja, deve ser

Ensino Fundamental”.

revista e não ensinada da mesma forma que

(BARBOSA, 2007) considera que

era no Ensino Fundamental (PCN’s, 2000).

o desinteresse dos alunos nas aulas de

(MARQUES E KRUG, 2008) nos

Educação Física ocorre em virtude do

apresentam a legitimidade desse espaço

modo inapropriado como esse componente

que é a Educação Física. Nele, o indivíduo

curricular é interpretado. As aulas de

pode se relacionar com os demais e pode

Educação Física não deveriam atingir

reconhecer as limitações que os cercam. A

extremos,

Educação Física possui função educativa e

descontextualizada ou somente a chamada

socializante na formação, logo a falta de

teorização. A educação física seria uma

participação de alguns alunos não deve ser

área de conhecimento que possui uma

negligenciada pela comunidade escolar.

especificidade:

como

o

a

prática

movimento

humano

justificativas,

consciente. Nesse sentido, é preciso que

questiona-se a não participação de alguns

sua intervenção se realize com reflexões,

alunos nas aulas de Educação Física. Pode-

mas

se,

procedimentais.

Diante

dessas

primeiramente,

pensar

que

sem

perder No

suas que

características tange

essa

simplesmente o aluno não se identifica

realidade supracitada, cabe dizer que é um

com as práticas da cultura corporal de

acontecimento recorrente no que trata a

movimento do seu contexto. Essa pode ser

aplicação da Educação Física no Ensino

uma realidade! No entanto, quando se

Médio, onde, muitas vezes, depara-se com

aprofunda

a

a abordagem dos mesmos conteúdos e, às

muitas

vezes, dos mesmos métodos de aulas pelos

vezes, o desinteresse pela disciplina é

professores em diferentes níveis de ensino.

reforçado por situações historicamente

(BRASIL 2000) destaca que o professor

construídas e que, talvez, poderiam ser

deve ser o responsável pela elaboração de

contornadas.

um planejamento dinâmico, que atenda às

em

problemática,

estudos

verifica-se

sobre que,

2002)

necessidades e interesses dos alunos,

apresentam um fator que contribui para

aliando os conteúdos da cultura local às

(BETTI

E

ZULIANI,

uma reflexão acerca do assunto em 90 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


novas tendências da atividade física, sem

diferentes

adotar modismos.

Fundamental.

daqueles

do

Diante

disso,

Ensino todo

o

No que se refere a não participação

currículo escolar deve estar adaptado às

dos alunos nas aulas de Educação Física no

necessidades e interesses da faixa etária, a

Ensino Médio, (DARIDO et. al, 1999)

fim de promover a aprendizagem dos

trazem a informação de que 6% dos alunos

conteúdos e as mudanças de atitudes

do

são

pertinentes a esse público. Diante do

dispensados das aulas de Educação Física.

exposto, (BETTI; ZULIANI, 2002) citam

Conforme constatações advindas da prática

que a Educação Física no Ensino Médio

de estágio, a preguiça, o desinteresse e a

deve propiciar o atendimento desses novos

falta de habilidade são alguns dos motivos

interesses, e não reproduzir simplesmente

citados pelos alunos para justificarem a

o modelo anterior, ou seja, repetir, às vezes

não participação nas aulas de Educação

apenas

Física. Inclusive, (RODRIGUES et. al.

aprofundado, os conteúdos do programa de

2010) salientam que a não participação dos

Educação Física dos últimos quatro anos

alunos do Ensino Médio nas aulas de

do Ensino Fundamental. No Ensino Médio,

Educação Física curricular pode ser reflexo

a

dos fatores que se inter-relacionam, quais

características próprias e inovadoras, que

sejam, idade, horários, classe social,

considerem a nova fase cognitiva e afetivo-

gênero, estrutura da escola e educação

social atingida pelos adolescentes.

Ensino

Médio

requisitam

e

Educação

modo

Física

um

pouco

deve

mais

apresentar

Acredita-se que a Educação Física

familiar. A

de

partir

dessas

constatações,

no Ensino Médio não deve voltar-se

não

apenas para a prática, mas utilizar-se de

participação dos alunos das aulas de

conhecimentos teóricos sobre o movimento

Educação Física podem estar relacionadas

humano e o esporte ou de problemas de

a

relações

ordem social, política, emocional, psíquica

estabelecidas, os métodos usados, os

e física, criando situações problema que o

conteúdos abordados e até a estrutura

próprio aluno deverá resolver. A partir

direcionada à Educação Física podem

disso,

estimular ou afastar os alunos das aulas.

capacidade de criticar e discutir seus

A abordagem da educação física no

pontos de vista com autonomia. Diante

ensino médio

disso (CELANTE 2000) expõe que:

verifica-se

que

diversos

as

fatores.

causas

As

de

Sabe-se que os anseios e contextos de vida dos alunos de Ensino Médio são

os

alunos

desenvolveriam

a

[...] por meio da Educação Física que o aluno

do

Ensino

Médio

poderá 91

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


compreender, questionar e criticar os

comum observarmos que os professores

valores que são atribuídos ao corpo e ao

exaltam a prática do desporto, com o

movimento

poder

objetivo de aperfeiçoar a aptidão física e o

transformá-los. Em suma, cabe à Educação

rendimento. “A Educação Física acaba

Física o papel de introduzir e integrar o

assumindo um caráter de treinamento ou

aluno no universo da cultura corporal

adestramento do movimento corporal, onde

(CELANTE, 2000, p. 86).

a principal função é formar atleta capaz de

corporal,

Segundo

para

(BETTI,

1992),

a

realizar o gesto desportivo com máximo

Educação Física deve ir mais além do

rendimento”. (BARNI E SCHNEIDER

simples fazer, ou seja: não basta correr ao

2003, p. 6). Nesse sentido, vale ressaltar a

redor da quadra; é preciso saber por que se

importância de uma intervenção que

está correndo, como correr, quais os

envolva o maior número de práticas

benefícios advindos da corrida, qual

corporais

intensidade, frequência e duração são

consideração às necessidades e interesses

recomendáveis.

Orientações

da faixa etária em questão, apresentando

Curriculares para o Ensino Médio (2006)

características inovadoras, que considerem

atribuem o que se espera dos alunos do

a nova fase cognitiva evidenciada no

Ensino Médio. Para o documento, é

Ensino Médio.

necessário que os alunos do Ensino Médio

Educação Física: reflexões acerca do

[...] tenham a oportunidade de vivenciarem

papel do professor

As

possíveis,

levando

em

o maior número de práticas corporais

Os PCN’s (2000) alertam que o

possíveis. Ao realizarem a construção e

profissional de Educação Física durante

vivência

práticas,

sua formação acadêmica adquire inúmeros

estabelecem relações individuais e sociais,

e diversificados conhecimentos. Porém,

tendo como pano de fundo o corpo em

com o comodismo de seu trabalho, o

movimento. Assim, a ideia é de que esses

professor não utiliza o que aprendeu,

jovens adquiram maior autonomia na

esquecendo-se do seu potencial, não

vivência, criação, elaboração e organização

resgatando suas capacidades e habilidades,

dessas práticas corporais, assim como uma

ou seja, a aula se torna rotineira e mecânica

postura crítica quando esses estiverem no

perdendo a importância dentro do ambiente

papel

escolar.

de

coletiva

dessas

espectadores

das

mesmas

(MEC/SEB, 2006, p. 224). Quanto

à

prática

De

acordo

com

(MACHADO

pedagógica

1995), o professor, no desempenho de sua

inserida a este nível de ensino, é muito

função, pode moldar o caráter dos jovens e,

92 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


portanto,

deixar

marcas

de

grande

promovendo

discussões

sobre

as

significado nos alunos em formação. Ele é

manifestações dessas práticas corporais

responsável por muitos descobrimentos e

como reflexos da sociedade em que vive,

experiências que podem ser boas ou não.

pensando criticamente seus valores, o que

Como facilitador, deve ter conhecimentos

levará os alunos a compreenderem as

suficientes para trabalhar tanto aspectos

possibilidades

físicos e motores, como também os

transformar

componentes

(DARIDO, 1999, p.16).

sociais,

culturais

e

e ou

necessidades não

esses

de

valores

Com isso, acredita-se que é papel

psicológicos. da

dos professores contribuírem para que o

conhecimentos

conceito da importância da Educação

específicos, é também papel do professor

Física para a formação dos alunos seja algo

transmitir, de forma consciente ou não,

explícito e compreendido pelos mesmos.

valores, normas, maneiras de pensar e

Esse conceito deve ser construído a partir

padrões de comportamento para se viver

das possibilidades que a área oferece,

em sociedade. Fica claro que não se pode

numa relação dialógica entre professores e

transmitir todos esses aspectos descartando

alunos, enfatizando os objetivos e as

a interação professor-aluno (CUNHA,

contribuições das manifestações corporais,

1996).

com

Isso capacidade

significa de

que,

ensinar

além

isso,

fazer

com

que

este

No que tange a visão dos alunos

esclarecimento e conscientização por parte

para com a disciplina em epígrafe,

dos alunos reflitam beneficamente no

percebe-se

que,

os

alcance

apresentam

uma

visão

alunos restrita

ainda da

importância da Educação Física para sua

professor

dos na

objetivos

traçados

aplicação

de

pelo seu

planejamento.

formação. (DARIDO, 1999) comenta a

No que tange o papel do professor

relevância da Educação Física na formação

em minimizar os fatores de desinteresse

dos sujeitos. Para ela a Educação Física

dos alunos para com as aulas de Educação

como disciplina implica na promoção da

Física, salienta-se uma questão que merece

reflexão

uma atenção especial: a motivação. A

através

sistematizado,

do um

conhecimento corpo

de

motivação exercida por parte do professor

conhecimento, um conjunto de práticas

para com os alunos é de extrema

corporais e uma série de conceitos

importância para que os mesmos possam

desenvolvidos pela Educação Física que

vivenciar as atividades propostas. Segundo

devem ser assegurados. No Ensino Médio,

Piccolo (1995), [...] motivação significa o 93

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


exame das razões pelas quais se escolhe

SILVA,

fazer algo ou executar algumas tarefas com

características básicas desse professor.

maior empenho que outras, já que as

Três aspectos são comuns a todos os

frequentes imposições de atividades rígidas

estudos revisados: domínio do conteúdo e

e monótonas não despertam as energias

metodologia; envolvimento e apropriação

naturais que sustentam a aprendizagem

da realidade dos alunos e caráter reflexivo

espontânea, a curiosidade e o desejo de

do

aprender algo (PICCOLO, 1995, p. 13).

acredita-se que os professores de Educação

O

aluno

motiva-se

quando

o

conhecimento transmitido, pelo professor de Educação Física, tem algum significado para ele, ou seja, o conteúdo satisfaz algumas de suas necessidades e está em concordância com o objetivo que se pretende

alcançar.

Essa

motivação

dependerá de situações e contextos como os

conteúdos

selecionados,

as

metodologias de aulas, os materiais e espaços e até mesmo a próprio incentivo do professor. Diante do exposto, percebe-se que em

toda

a

formação

acadêmica

do

educador, ele aprende vários métodos de como

aplicar

uma

aula

motivadora,

inovadora, capaz de oferecer prazer em aprender,

de

como

formar

cidadãos

críticos, mas geralmente não coloca em prática

o

que

aprendeu.

Diversos

estudiosos buscaram definir o professor “bem-sucedido” (GUARNIERI, 1990 apud SILVA, 1992; KRAMER; ANDRÉ, 1986 apud SILVA, 1992; LELLIS, 1989 apud SILVA,

1992;

MELLO,

1982

apud

1992)

trabalho

apontam

docente.

algumas

Nesse

sentido,

Física devem se preocupar com tais aspectos, buscando sempre a melhor qualificação de seu trabalho. Contudo, (PEREIRA E MOREIRA 2005) destacam que os professores de Educação Física precisam mudar suas posturas com urgência perante as aulas e conscientizar os educandos, pois se essa situação perdurar, em breve não existirá mais motivo para a existência da Educação Física no Ensino Médio, visto que a ação pedagógica dos professores não vem suprindo

as

necessidades,

quer

do

educando quer da própria disciplina. Metodologia Para

o

desenvolvimento

deste

estudo, utilizou-se uma abordagem de caráter quantitativo e qualitativo, já que foi necessário quantificar o número de alunos participantes desta pesquisa, bem como elencar suas respostas provenientes da aplicação dos questionários com questões estruturadas. Com base em seus objetivos, trata-se de um estudo descritivo, pois se buscou identificar e descrever os motivos

94 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


que

levam

alguns

alunos

a

não

Sinhaninha

Gonçalves,

localizada

em

participarem das aulas de Educação Física

Coroaci (MG). A escolha desses sujeitos se

na escola e as atitudes dos professores

deu

perante essa recusa. Segundo (GIL 2008),

geográfica e, também, pelos autores da

quanto aos objetivos, a pesquisa descritiva

pesquisa morar próximos a essas escolas, o

busca descrever as características de

que de certa forma facilitou o processo de

determinadas populações ou fenômenos.

coleta de dados.

por

questões

de

proximidade

Uma de suas peculiaridades está na

É importante ressaltar que nesse

utilização de técnicas padronizadas de

estudo não se verificou a vida escolar

coleta de dados, tais como o questionário e

anterior

a observação sistemática.

profissional

do

aluno, dos

nem

a

professores

história e

como

Como instrumentos de pesquisa

também não foi possível acompanhar por

utilizou-se de questionários estruturados

um longo período as aulas de Educação

para os alunos, sendo esse composto por 5

Física. A coleta de dados ocorreu a partir

(cinco) questões objetivas e 3 (três)

daquilo que se conseguiu no campo de

questões discursivas. Outro instrumento

estudo com um tempo limitado que se

utilizado foi a observação das aulas de

dispunha para realizar a pesquisa.

Educação Física. Em paralelo, pôde-se obter um diálogo de caráter informal com

Resultados Foram

os professores das escolas selecionadas, no

aplicados

questionários

intuito de se aprofundar as constatações

estruturados a 50 (cinquenta) alunos do

relativas

em

Ensino Médio, pertencentes estritamente

epígrafe. Para isso, em um universo de 417

ao 3º ano das instituições públicas que

alunos, estudou-se uma amostra de 50, que

especifica, quais seja, Escola Estadual

ao

problema

científico

Professor José Jório de São João do

significa 12% da população. Os sujeitos participantes do estudo

Manteninha (MG) e a Escola Estadual

foram alunos do Ensino Médio com faixa

Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),

etária correspondente entre 15 e 17 anos,

seguem os resultados:

pertencentes à Escola Estadual Professor José Jório, localizada em São João do Manteninha (MG) e à Escola Estadual Gráfico 01: O gosto pelas aulas de Educação Física 95 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico em epígrafe ilustra as

ao aspecto de promoção de saúde; Pela

respostas advindas da primeira questão,

aprendizagem

proporcionada

por

essa

que questionou aos alunos se os mesmos

disciplina e o resultante alívio mental”. Em

gostam das aulas de Educação Física e por

contraposição, 18% disseram que não

qual motivo. Fica evidenciado que 76%

gostam das aulas em questão, enfatizam

deles responderam que gostam das aulas da

que são aulas desnecessárias e devido ao

disciplina, as justificativas predominantes

desânimo e a preguiça de vivenciarem as

foram: “Por ser uma aula divertida; Devido

atividades.

Gráfico 02: Nível de participação nas aulas de Educação Física. Qual seu nível de participação nas aulas de Educação Física? 16%

32%

52%

26

16 8

Nunca Participo Participo de Vez em quando Sempre Participo

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico acima ilustra as respostas

participarem

das

aulas,

um

número

advindas da segunda questão, que veio

preocupante, mas, em contraposição 52%

questionar aos alunos o seu nível de

responderam que sempre participam destas

participação nas aulas de Educação Física.

aulas, e 32% dizem participar de vez em

Fica evidenciado que 16% dizem nunca

quando. Espera-se que, iniciativas sejam

96 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


tomadas por parte dos professores e toda a

diante

do

exposto,

comunidade escolar para a reversão desse

respostas que atribuíram a fatores como a

quadro, e consequentemente o crescimento

preguiça, propostas de atividades que não

da participação efetiva dos alunos nas

gostam,

aulas de Educação Física.

desmotivação,

falta

de por

predominou-se

interesse não

gostarem

e/ou da

Na questão número 03 (três),

teorização implementada e a falta de

investigou-se: Qual o motivo te leva a não

variações das atividades aplicadas, como

participar das aulas de Educação Física?

fatores precursores a não participação dos

Neste contexto, ideia central desse estudo e

mesmos nestas aulas.

vem de encontro ao questionado, pois

Gráfico 04: A relação com o professor.

Sua relação com o professor (a) é boa? 72%

4%

24%

36 12 2

Sim

Não Parcialmente

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico acima ilustra as respostas

ambiente saudável, muito mais propício ao

advindas da quarta questão, que questionou

aprendizado. Fica evidenciado que 72%

a respeito da relação dos alunos com os

dos alunos dizem ter uma boa relação com

professores, essa é uma pergunta essencial

o professor, em contraposição 4% dizem

que educadores de todos os níveis de

não ter uma boa relação com o mesmo. A

aprendizado devem fazer. Afinal, ter uma

partir desses dados, salienta a relação

boa convivência com os alunos, ao invés

saudável empregada entre professores e

de alimentar relações conflituosas e de

alunos.

tensão, é uma ótima forma de garantir um

97 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico 05: Preocupação com quem não participa das aulas.

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico acima ilustra as respostas

equivale estritamente aos alunos da Escola

advindas da quinta questão, que observa se

Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci

o professor se preocupa com os alunos que

(MG),

não participam das aulas. Fica evidenciado

questionados na Escola Estadual Professor

que 42% dizem que o professor não se

José Jório em São João do Manteninha

importa

à

(MG) dizem de forma unânime que o

participação nas aulas, fato preocupante,

professor se preocupa com os alunos que

mas, vale ressaltar que este percentual

não participam das aulas.

com

os

alunos

omissos

visto

que,

todos

os

alunos

Gráfico 06: A importância da Educação Física para os alunos.

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

98 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


componente

O gráfico acima ilustra as respostas

curricular

de

extrema

advindas da sexta questão, que questiona

importância para a formação humana dos

se a disciplina de Educação Física é de fato

sujeitos.

importante

para

Fica

Curriculares Nacionais (PCN’s) veem o

evidenciado

que 64%

que a

Ensino Médio como o fim de uma etapa da

disciplina é de fato importante, mas, em

educação básica e que tem como objetivo a

contraposição 8% dizem que a disciplina

construção psicológica, social e afetiva de

não é importante, fato este que preocupa,

futuros

visto que, a Educação Física é um

adentrarem o mundo do trabalho.

os

alunos. dizem

Inclusive,

cidadãos,

os

Parâmetros

preparando-os

para

Gráfico 07: A prática da atividade física fora do âmbito escolar. Você pratica alguma atividade física fora do âmbito escolar?

34%

40%

26%

17 Sempre pratico

Pratico de vez em quando

20

Nunca Pratico

13

Fonte: Dados da pesquisa empírica, 2017.

O gráfico acima ilustra as respostas

físicas, esse grupo se restringe em apenas

advindas da sétima questão, que questiona

praticar de forma esporádica e estritamente

se os alunos praticam alguma atividade

dentro do âmbito escolar.

fora do âmbito escolar. Fica evidenciado

A oitava questão trata de modo

que apenas 34% dizem praticar atividades

discursivo o que os alunos mudariam nas

físicas fora do contexto escolar, em

aulas de Educação Física para estimular

contraposição

sua

26%

dizem

nunca

participação.

sentido,

seguintes

respostas:

praticarem quaisquer atividades fora da

predominaram

escola, fato preocupante, visto que, apesar

“Extinguiria as aulas teóricas, solicitariam

da

a variação das aulas aplicadas e a

conscientização

dos

benefícios

adquiridos através da prática de atividades

separação

dos

as

Nesse

gêneros

durante

as 99

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


atividades”. Diante disso, levando em

obtendo-se

consideração as colocações supracitadas,

atribuições à fatores como a preguiça,

esperam-se iniciativas educacionais que

propostas de atividades que não gostam,

busquem

que

falta de interesse e/ou desmotivação, por

distanciam os alunos da prática efetiva nas

não gostarem da teorização implementada

aulas de Educação Física.

e a falta de variações das atividades

Discussão

aplicadas. Nesse sentido, é de suma

minimizar

os

fatores

a

predominância

das

questionários

importância o papel do professor em

estruturados a 50 (cinquenta) alunos do

minimizar os fatores de desinteresse dos

Ensino Médio, pertencentes estritamente

alunos para com as aulas de Educação

ao 3º ano das instituições públicas que

Física, salienta-se uma questão que merece

especifica, quais seja, Escola Estadual

uma atenção especial, a motivação. A

Professor José Jório de São João do

motivação exercida por parte do professor

Manteninha (MG) e a Escola Estadual

para com os alunos é de extrema

Sinhaninha Gonçalves de Coroaci (MG),

importância para que os mesmos possam

no intuito de identificar quais os fatores

vivenciar as atividades propostas. Segundo

que contribuem para o desinteresse nas

(PICCOLO, 1995),

Foram

aplicados

aulas de Educação Física neste nível de ensino em questão. A partir dos resultados supracitados, se estabelece uma discussão, que busca evidenciar os aspectos obtidos através da relação dos resultados e as concepções teóricas fundamentadas.

[...] motivação significa o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou executar algumas tarefas com maior empenho que outras, já que as frequentes imposições

de

atividades

rígidas

e

monótonas não despertam as energias

A princípio fica nítido que, a grande maioria dos alunos responderam que gostam das aulas de Educação Física, e

naturais que sustentam a aprendizagem espontânea, a curiosidade e o desejo de aprender algo (PICCOLO, 1995, p. 13).

justificaram por ser uma aula divertida, devido aos aspectos de promoção de saúde,

O

aluno

motiva-se

quando

o

pela aprendizagem proporcionada por essa

conhecimento transmitido, pelo professor

disciplina e o

resultante alívio mental,

de Educação Física, tem algum significado

mas, em contraposição, levantaram fatores

para ele, ou seja, o conteúdo satisfaz

que de certo modo os afastam da

algumas de suas necessidades e está em

participação das aulas Educação Física,

concordância com o objetivo que se

100 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


pretende

alcançar.

motivação

desenvolvidos pela Educação Física que

dependerá de situações e contextos como

devem ser assegurados. No Ensino Médio,

os

promovendo

conteúdos

Essa

selecionados,

as

discussões

sobre

as

metodologias de aulas, os materiais e

manifestações dessas práticas corporais

espaços e até mesmo a próprio incentivo

como reflexos da sociedade em que vive,

do professor.

pensando criticamente seus valores, o que

Outro fator evidenciado através da

levará os alunos a compreenderem as

análise dos resultados foram alunos que

possibilidades

citaram a omissão quanto à participação

transformar

nas aulas de Educação Física devido a não

(DARIDO, 1999, p.16).

gostarem

do

aplicado,

corroborando

(BARBOSA,

método 2007)

de nesse

e ou

necessidades não

esses

de

valores

teorização sentido,

considera que

Com isso, acredita-se que é papel

o

dos professores contribuírem para que o

desinteresse dos alunos nas aulas de

conceito da importância da Educação

Educação Física ocorre em virtude do

Física para a formação dos alunos seja algo

modo inapropriado como esse componente

explícito e compreendido pelos mesmos,

curricular é interpretado. As aulas de

visto que, a partir das constatações

Educação Física não deveriam atingir

advindas desse estudo, fica nítido a visão

extremos,

restringida e limitada dos alunos para com

como

a

prática

descontextualizada ou somente a chamada

a disciplina em questão.

teorização. Em

Portanto, relação

da

análise

proveniente das constatações do presente

disciplina para os alunos questionados,

estudo, evidenciam-se inúmeros fatores,

nota-se

que

ressaltados pelos próprios alunos, que os

enxergam a disciplina de Educação Física

afastam da prática efetiva nas aulas de

sem importância para eles, nesse sentido,

Educação

Darido (1999) comenta a relevância da

relacionados

Educação Física na formação dos sujeitos.

intervenção do professor. Nesse sentido,

Para ela

(KOLYNIAK, 2006), reforça o argumento

8%

importância

partir

da

que,

à

a

responderam

Física, muitas

problemas vezes

estes, com

a

A Educação Física como disciplina

de que os fatores que levam a não prática

implica na promoção da reflexão através

de Educação Física na escola estão

do conhecimento sistematizado, há um

associados a problemas específicos dessa

corpo de conhecimento, um conjunto de

disciplina, por exemplo, a ausência de um

práticas corporais e uma série de conceitos

corpo técnico próprio que seja referência 101

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


para

toda

Contudo,

a

categoria

a

profissional.

necessidade

de

um

jogos, danças, ginásticas e lutas (SOARES, C. L.; et al., 1992).

dos

A partir de uma análise minuciosa

profissionais de Educação Física para com

dos dados obtidos, percebe-se que são

a sua atuação docente, reverem conceitos e

inúmeros os fatores elencados pelos alunos

métodos utilizados, em busca de se

para justificarem a não participação nas

minimizar a problemática e todos os

aulas de Educação Física no nível de

fatores que acercam essa questão, visto

ensino em questão, mas, constatou-se a

que,

predominância das atribuições à fatores

posicionamento

os

revolucionário

problemas

evidenciados

são

como a preguiça, propostas de atividades

possivelmente contornáveis.

que não gostam, falta de interesse e/ou desmotivação,

Consideraçoes finais

por

não

gostarem

da

buscou

teorização implementada e a falta de

identificar quais os fatores que contribuem

variações das atividades aplicadas. Diante

para o desinteresse nas aulas de Educação

disso,

Física no Ensino Médio, para tanto,

(BARBOSA 2007), que, considera que o

investigou-se

instituições

desinteresse dos alunos nas aulas de

públicas, quais sejam, Escola Estadual

Educação Física ocorre em virtude do

Professor José Jório (MG) e a Escola

modo inapropriado como esse componente

Estadual Sinhaninha Gonçalves de Coroaci

curricular é interpretado. As aulas de

(MG), a fim de, se alavancar propostas que

Educação Física não deveriam atingir

possam minimizar a problemática em

extremos,

questão, visto que, a Educação Física é um

descontextualizada ou somente a chamada

componente

teorização.

O

presente

02

estudo

(duas)

curricular

de

extrema

enfatiza-se

a

colocação

como

a

de

prática

importância para a formação humana dos

A hipótese de pesquisa baseou-se

sujeitos. No Brasil, documentos legais e

na ideia de que o desinteresse pelas aulas

estudiosos

de

do

tema

reforçam

essa

Educação

Física

acontece,

importância em diferentes abordagens,

principalmente, por uma falta de oferta

desse modo, entende-se a Educação Física

variações de conteúdo, métodos e práticas,

como

pelo

por parte do professor, que se tornem

de

interessantes para a faixa etária em questão

movimento, tematizada em formas de

e atendam às necessidades desses alunos,

atividades

levando em consideração os anseios e as

disciplina

tratamento

da

responsável cultura

expressivas

corporal como

esportes,

particularidades dos mesmos. Diante disso, 102 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


verifica-se ao final da pesquisa que a

deve ser o responsável pela elaboração de

hipótese estava parcialmente correta, visto

um planejamento dinâmico, que atenda às

que, diante da coleta e a análise dos dados,

necessidades e interesses dos alunos, em

pode se verificar que o problema do

interligação aos conteúdos da cultura local

desinteresse dos alunos de Ensino Médio

às novas tendências da atividade física,

pelas aulas de Educação Física é muito

sem adotar modismos.

mais complexo.

Sabe-se que os anseios e contextos

No que tange as propostas que

de vida dos alunos de Ensino Médio são

possam minimizar a problemática em

diferentes. Diante disso, todo o currículo

epígrafe, levando em consideração a visão

escolar

restrita dos alunos para com importância

necessidades e interesses da faixa etária, a

da Educação Física em sua formação,

fim de promover a aprendizagem dos

salienta a necessidade dos professores

conteúdos e as mudanças de atitudes

contribuírem para explicitarem da melhor

pertinentes

forma o conceito da importância da

Pereira e Moreira (2005) destacam que os

Educação Física para a formação dos

professores de Educação Física precisam

alunos. Esse conceito deve ser construído a

mudar suas posturas com urgência perante

partir das possibilidades que a área oferece,

as aulas e conscientizar os educandos, pois

numa relação dialógica entre professores e

se essa situação perdurar em breve não

alunos, com ênfase aos objetivos e as

existirá mais motivo para a existência da

contribuições das manifestações corporais,

Educação Física no Ensino Médio, visto

inclusive levando em consideração três

que a ação pedagógica dos professores não

aspectos norteadores que fomentam uma

tem suprido as necessidades, quer do

atuação de qualidade, quais sejam, domínio

educando, quer da própria disciplina.

do conteúdo e metodologia; envolvimento

deve

A

estar

adaptado

às

a esse público. Contudo,

partir

das

colocações

e apropriação da realidade dos alunos; e

supracitadas, ao levar em consideração

caráter reflexivo do trabalho docente.

todos

Ademais, promover a esse nível de ensino

pesquisa em questão, acredita-se que é

discussões sobre as manifestações dessas

possível reverter este quadro a partir do

práticas

momento

corporais

como

reflexos

da

os

aspectos

em

que

envolvidos

os

nessa

professores

sociedade em que vive, e contribuir com os

especificamente, no que tange o Ensino

alunos

pensar

Médio, compreendam e possa dar um

criticamente seus valores. Nesse sentido,

sentido diferente para a Educação Física, a

(BRASIL, 2000) destaca que o professor

introduzirem possibilidades para que os

para

que

possam

103 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


alunos

possam

experimentar

práticas

quanto

à

participação

nas

aulas

de

corporais variadas em toda sua amplitude

Educação Física, de modo a buscar

de

e

iniciativas inovadoras, ações conjuntas que

contextualizadas ao nível de ensino a que

visem atender as especificidades desse

se

nas

grupo em questão, a fim da minimização

potencialidades da Educação Física e

dos fatores que acometem a problemática

percebe-se a possibilidade de mudança da

apresentada.

conhecimento, refere.

Portanto,

com

prazer

acredita-se

realidade desses alunos que são omissos Abstract There are many reflections about Physical Education in High School. In this sense, the present field study aimed to identify which factors contribute to the lack of interest in Physical Education classes at the level of education in the epigraph. The following institutions were investigated: The State School Professor José Jório of São João do Manteninha (MG) and the State School SinhaninhaGonçalves of Coroaci (MG). As for the research methodology, it is a quantitative-qualitative and descriptive research. In a universe of 371 students, a sample of 50 students, equivalent to 13.5% of the population, was studied. As research instruments were used structured questionnaires and observations these classes. It was based on the theoretical conceptions of (DARIDO, 2004), which deals with students who do not practice these classes and presents new data about the origins and reasons for not practicing Physical Education; (BARBOSA, 2007), who considers students' disinterest in class due to the inappropriate way in which this curricular component is interpreted and (KOLYNIAK, 2006 ), which reinforces the argument that the factors that lead to the non-practice of Physical Education in school are associated with specific problems of this discipline. Keywords: Physical Education Classes; High school; Disinterested factors; Teacher role. Referências BARBOSA C. L. Educação física escolar: da alienação à libertação. Petrópolis: Vozes, 2007. BARNI, M.J; SCHNEIDER, E.J. A Educação Física no Ensino Médio: Relevante ou Irrelevante?. Instituto Catarinense de Pós-Graduação, ICPG. Ago./Dez. 2003. Disponível em:<http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev03-02.pdf> Acesso em: 20/10/2017. BETTI, M. Ensino de primeiro e segundo graus: educação física para quê? Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 13, n. 2, p. 282-287, jan. 1992. BETTI, M; ZULIANI, L.R. Educação Física Escolar: Uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte - Ano 1, Número 1. 2002 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Ensino Médio. Brasília, 2000. 104 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


CELANTE, A. R. Educação física e cultura corporal: uma experiência de intervenção pedagógica no Ensino Médio. 2000. 174 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2000. CUNHA. M. I. O bom professor e sua prática. 6. ed. Campinas: Papirus, 1996. DARIDO, S. C. A educação física na escola e o processo de formaçãodos não praticantes de atividade física. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,São Paulo, v. 18, n. 1, p. 6180, jan.mar.2004. DARIDO, S.C. Educação Física na escola: questões e reflexões. Araras: Topázio, 1999. DARIDO, S.C. [et. al]. Educação Física no Ensino Médio: Reflexões e Ações. Revista Motriz, v 5, n° 2. Dez, 1999 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KOLYNIAK, C. O. O objeto de estudo da educação física. Rio de Janeiro: Corpo Consciência, 2006. MACHADO, A. A. Interação: um problema educacional. In: DE LUCCA, E. Psicologia educacional na sala de aula. Jundiai: Litearte, 1995. MARQUES, M. N. KRUG, M. R. Educação física escolar: expectativas, importância e objetivos. Revista Digital Efdesportes.com. Buenos Aires. ano 13. n° 121. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd122/educacao-fisica-escolar-expectativas-importancia-eobjetivos.htm> Acesso em: 20/10/2017. MEC/SEB. Orientações Curriculares para o Ensino Médio: linguagens, códigos e suas tecnologias, v. 1. Brasília, 239 p., 2006. PEREIRA, R. S.; MOREIRA, E. C. A participação dos alunos de Ensino Médio em aulas de Educação Física: algumas considerações. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.16, n.2, p.121-127, 2005. PICCOLO, Vilma L. Educação Física Escolar: ser... ou não ter? Campinas: Editora da UNICAMP, 1995. RODRIGUES, P. C. [et. al]. Evasão na aula de Educação Física do ensino médio noturno de uma escola municipal de Belo Horizonte. Revista Digital EFdesportes.com. Buenos Aires. Año 15 - Nº 145. Junho de 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd145/evasaona-aula-de-educacao-fisica-do-ensino-medio.htm> Acesso em: 20/10/2017. SILVA, M. O professor como sujeito do fazer docente: a prática pedagógica nas 5as séries, 1992. In:Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, USP, São Paulo, 1992. SOARES, C. L.; et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

105 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


A IMPORTÂNCIA DO FUTEBOL NO AMBIENTE ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DE CRIANÇAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Ben Hur Alexsander de Araújo* Maria Helena Campos Pereira** Ana Paula Campos Fernandes** Christiano Fernandes Pinto**

Resumo Percebe-se que existem diversos fatores que influenciam direta e indiretamente na prática do futebol nas aulas de Educação Física escolar para as crianças. Dentre elas, pode-se destacar a falta de estrutura física e humana da escola, escassez de materiais pedagógicos, fatores esses que influenciam o processo de ensino aprendizagem do futebol no ambiente escolar. Vale salientar que a infância é entendida como um período de grande importância para o desenvolvimento integral das crianças. Neste contexto, questiona-se: Como o futebol influencia no desenvolvimento social das crianças no ambiente escolar? A pesquisa destina-se aos docentes e discentes da Escola Doutor João de Souza Lima e Escola Municipal Professora Terezinha Sarmento de Oliveira. O estudo apresenta caráter qualitativo e quantitativo, e para atingir o objetivo utilizou-se um questionário fechado com questões estruturadas, direcionado aos discentes e docentes. Dessa maneira, foi possível realizar questionamento referente às concepções sobre futebol e sociedade. Palavras chave: Futebol. Ambiente escolar. Desenvolvimento social das crianças. ________________________ *Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: ben.0261@outlook.com **Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. **Mestre em Gestão Integrada. Professora de Leitura e Produção de Textos em Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autora. E-mail: prof.anapaulagv@gmail.com. **Especialista em Futsal. Professor de Teoria e Prática dos Esportes Coletivos I - Futsal / Futebol em Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co-autor. E-mail: futsalgv@gmail.com.

Introdução Percebe-se que existem diversos fatores

que

influenciam

direta

e

indiretamente na prática do futebol nas

escola, escassez de materiais pedagógicos, fatores esses que influenciam no processo de ensino aprendizagem do futebol.

aulas de educação física escolar para as

A infância é entendida como um

crianças. Dentre elas, pode-se destacar a

período de grande importância para o

falta de estrutura física e humana da

desenvolvimento das crianças. Ela é o

106 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


campo de investigação, em que o processo

desenvolvimento da criança, como pode

de alterações complexas e interligadas,

ser visualizado no trecho a seguir de

relaciona-se aos aspectos de crescimento e

Rodrigo Vieira Azevedo Souza:

maturação dos aparelhos e sistemas do o

Pessoas que trabalham com futebol, pais, e

da

até alguns profissionais esquecem que o

maturação do sistema nervoso central, da

principal na atividade desenvolvida pela

biologia, do comportamento e do ambiente

criança (seja ela o futebol, dança, ou

no qual ele se relaciona, bem como o

qualquer outra atividade física e cognitiva),

desenvolvimento

é a formação do seu intelecto, da sua

organismo.

Desta

desenvolvimento

forma,

infantil

depende

emocional,

social,

motricidade

psicológico, afetivo e educacional.

e

da

sua

sociabilidade;

Uma das estratégias utilizadas para

buscando desenvolver em primeiro lugar,

melhor desenvolver essa fase é através dos

não um atleta, visto e tratado como algo

esportes, pois a atividade física organizada

lucrativo, mas sim um ser humano ético,

se

saudável

torna

importante

desenvolvimento

tanto

físico,

para

motor,

o

social

e

inserido

na

sociedade.

(SOUZA, 2004, p.7).

como psicológico das crianças. Baseado

Neste contexto, questiona-se: Como

em suas regras e condições, as crianças

o futebol influencia no desenvolvimento

conseguem compreender formas de se

social das crianças dos anos iniciais no

relacionarem com os outros, trocando

ambiente escolar? Para isso, elaborou-se

experiências, competindo e ajudando uns

como objetivo, analisar o futebol como

aos outros, aprendendo, assim, a conviver

fator de desenvolvimento social para a

em sociedade.

formação do educando nas aulas de

Um dos esportes que favorecem

educação física escolar. Este

essas relações é o futebol, com o qual as

trabalho

se

justifica

no

crianças aprendem a dominar habilidades

contexto pessoal, ao perceber o futebol

motoras

a

como elo de socialização entre os alunos,

desenvolver a capacidade de percepção, a

podendo contribuir satisfatoriamente no

tomada

a

seu aprendizado. No ambiente social se

percepção da dinâmica coletiva. Estes são

justifica por presenciar na sociedade, a

fatores

o

evolução futebolística da criança, que ao

aperfeiçoamento de um repertório motor

nascer já é inserida no universo do futebol.

adequado e ao sucesso desta prática

No contexto educacional, o tema torna-se

esportiva, além de contribuir para um bom

relevante

fundamentais de

decisões

com

bola,

adequadas

fundamentais

para

e

por

perceber

através

de 107

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


experiências de estágio supervisionado a

questionários direcionados aos docentes e

importância do futebol no processo de

discentes

ensino aprendizagem no ambiente escolar,

informações pertinentes ao futebol nas

sendo

séries iniciais do ensino fundamental.

uma

ferramenta

poderosa

de

para

levantamento

de

inclusão do educando nas aulas de

Sendo assim, se estabelece como

educação física escolar, quando bem

objetivo geral, analisar a importância do

inserido.

Futebol no processo de desenvolvimento

Entre os principais referenciais

social das crianças no ambiente escolar.

utilizados para o embasamento teórico da

Para

pesquisa, destacaram-se os estudos sobre

objetivos específicos: Identificar qual a

“Pedagogia do Futebol”, de João Batista

importância do futebol nas aulas de

Freire.

aspectos

educação física para as crianças dos anos

Escola

iniciais, bem como, analisar a importância

Quanto

metodológicos,

aos

optou-se

pela

tal,

elaboraram-se

prática

do

os

futebol

seguintes

Municipal Professora Terezinha Sarmento

da

para

o

de Oliveira e a Escola Municipal Doutor

desenvolvimento social das crianças no

João de Souza Lima, onde foram aplicados

ambiente

escolar.

Relação do Futebol Com a Cultura O futebol é um desporto praticado

escola, em casa ou em outros lugares e isso

em diversas partes do planeta, por milhares

faz parte do contexto cultural e das

de pessoas

relações sociais (FREIRE, 2006).

de idades

diferentes.

A

popularização do futebol adentra em todas as

faixas

significados

etárias

com

divergentes.

situações Os

e

O futebol se faz tão presente na cultura

da

sociedade

brasileira

que

pais

mundialmente o Brasil é conhecido como

participam de brincadeiras com os seus

sendo “o país do Futebol”, não apenas

filhos sem perceberem e as crianças

pelos títulos conquistados nas copas do

interagem e brincam entre si através da

mundo organizadas pela entidade máxima

troca de experiências e saberes que

da modalidade, a FIFA, mas também pelo

perpassa de geração em geração.

prestígio de estarem entre os principais e

O futebol na infância está inserido

os primeiros colocados nas mais variadas

na vida social e cultural do educando. As

competições internacionais, o que faz com

crianças aprendem a praticá-lo e acabam

que se tenha essa identidade criada.

familiarizando com o desporto, seja na 108 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


O futebol faz com que apareça uma

comprar camisas, bandeiras, sentir orgulho

necessidade do ser humano de presenciar,

e se identificar com um time ou um

no dia a dia, momentos que vão lhe

determinado jogador. Neste sentido, (RINALDI, 2000)

proporcionar prazer, paixão e distração, o que demonstra uma marca significativa da

associa futebol com a cultura ao dizer que: O futebol tem-se identificado com a

cultura particular da localidade. Vale salientar que o futebol incute

cultura brasileira, principalmente no que se

na sociedade diversos sentimentos e acaba

refere à subjetividade de suas relações, ao

fazendo

o

que acontece dentro de um campo de

cultura

futebol, como as transgressões das regras

Futebolística, proporcionando inúmeros

estabelecidas, da ordem e da desordem, da

sentimentos e emoções, seja alegria,

aproximação que o futebol faz dos

sofrimento,

torcedores com a realidade festiva do

com

que

desenvolvimento

choro,

de

se

tenha

uma

raiva.

Pessoas

de

diferentes localidades, classes sociais e

prazer e do

raças, ao assistirem jogos de futebol,

momentos

torcem juntos, sofrem e ficam felizes nos

Identificação do povo com o futebol só

ambientes

acontece porque ele consegue apresentar

familiares

ou

mesmo

de

lazer,

que representam

paixão

independente de conhecer ou não quem

essas

características,

está ao lado.

(RINALDI,2000, p. 168).

e

a

de

alegria.

identidade.

Desta forma, a cultura do futebol

Portanto, a cultura do futebol está

faz com que as pessoas abracem o primeiro

entrelaçada na sociedade brasileira, pois as

que estiver à sua frente quando o seu time

pessoas passam a se identificar e interagem

faz um gol, esquecendo as diferenças.

de forma natural frente a ela, vivenciando-

Além disso, motiva os torcedores a

a naturalmente.

Desenvolvimento social a partir do futebol Na compreensão da formação do

No que tange ao desenvolvimento social da criança, pressupõe-se que o

desenvolvimento

integral,

Futebol tenha a característica de propiciar

personalidade

a socialização com as demais crianças,

inteiramente relacionadas à formação e as

despertando a interação entre elas e

comunicações educativas, o que leva a um

ensinando a conviver e se relacionar com

aperfeiçoamento

outras pessoas, além de proporcionar o

consciência, fazendo com que se tenham

respeito às regras e viver em sociedade.

características como a solidariedade, a

da

social

criança,

primordial

e

estão

de

sua

109 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


honra, a honestidade, a responsabilidade, o

aprende a respeitar e a se colocar no lugar

saber trabalhar em equipe, o respeitar o

do outro nas situações que não estavam

espaço e a opinião do outro, entre outros.

previstas, além de aprender a trabalhar em equipe e a ter o companheirismo.

Em relação ao jogo de Futebol,

Outra característica fornecida pelo

(SOUZA et al, 2011) identifica características semelhantes adquiridas pelo

esporte, especificamente no Futebol, é a

brasileiro, ficando evidentes a seguir:

importância que o mesmo traz para a

(...) o brasileiro se identifica com as problemáticas oferecidas pelo jogo, às

convivência com os demais, como se pode ver a seguir:

adversidades, as alegrias, a superação, por

(...) “aprender a conviver” é, além

relacioná-las com as situações cotidianas

de viver juntos, competir e cooperar

de sua vida. E isto é perceptível pela forma

intrinsecamente (DELORS et al, 1996).

de expressar-se do brasileiro em certas

Por isso, toda convivência se baseia em

ocasiões típicas. Bem como um time que

regras de forma explícita ou implícita, e o

se vê com o placar adverso, o cidadão

educando, à medida que participa da

brasileiro busca “virar o jogo” quando se

construção coletiva das regras (adaptadas)

encontra numa situação desvantajosa, seja

está

ela financeira, seja na escola, em relação às

convivência interpessoal e social como,

notas. (SILVA, 2015, apud SOUZA et al.,

por

2011, p. 1).

negociar, argumentar e contra argumentar,

Além

disso,

o

Futebol

pode

desenvolvendo exemplo,

valores

criança

responsabilidade,

relação

às

mudanças

aprender

a

de

conversar,

saber ouvir, esperar a sua vez, viver

proporcionar o desenvolvimento social da em

competências

éticos

como

respeito,

cooperação

dentre

comportamentais, melhor relação com os

outros. Conviver fortalece o encontro

familiares,

consigo

melhoras

no

rendimento

escolar, na superação frente às dificuldades

mesmo

torna

Constata-se,

desenvolvimento

contribuição

o

outro.

Sendo assim, a prática do futebol se

identificadas na prática do desporto. a

com

(CASTANHEIRA, 2008, p. 120).

que possam surgir, devido às vivências também

e

fundamental

no

social

processo das

de

crianças.

significativa no processo de maturação da

Conforme demonstrado na literatura, após

criança,

determinado tempo de prática, o futebol

desenvolvendo

uma

melhor

tomada de decisão devido às condições

pode

proporcionar

uma

melhora

no

adversas surgidas ao longo da partida. As

comportamento e nas relações sociais das

relações interpessoais melhoram, pois se

crianças com as demais pessoas que fazem

110 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


parte do seu ciclo de convívio, além de

assim um pouco a timidez e melhorando a

apresentarem facilidade de se relacionar

sua relação interpessoal.

com pessoas que não conheciam, perdendo Ensino do futebol no ambiente escolar O futebol é um esporte coletivo

saber lidar com a derrota, tentando tirar

com regras universais, sendo praticado da

dela um ponto positivo e a ter a

mesma forma em todos os lugares do

compreensão que haverá aquele que irá

mundo. Tem-se enquadrado como um

vencer e aquele que irá perder.Cabe ao

ramo da atividade humana, podendo ser

professor e/ou treinador mediar e assegurar

definido como uma profissão, na medida

as duas realidades, como ficou evidente na

em que relações profissionais se definiram.

fala de Adilene de Assunção, a seguir:

Desta maneira, o futebol como atividade de

Neste estágio, a criança não dá

caráter científico, também compreende

muito valor à competição, pois tem uma

uma realidade teórica, tendo diversas

ideia não muito definida do que seja

disciplinas utilizadas como suporte, tais

ganhar ou perder. Geralmente ela não joga

como:

para vencer ou superar os outros, mas pelo

Matemática,

ciências,

física,

simples prazer da atividade. A violação das

biologia e etc. Ensinar o futebol de maneira

regras gera grandes discussões. Nesta fase

crianças

surge um forte sentimento de competição.

assimilem as novas habilidades motoras

O fato de perder torna-se quase intolerável

aumentando e melhorando o seu acervo

para algumas crianças, dando origem a

motor, podendo transferir o conhecimento

cenas de choro e até mesmo de agressão,

motor

práticas

aproveitando essa disposição natural da

esportivas, com isso são capazes de

criança para jogar pelo simples prazer de

adquirir novas experiências em outros

jogar. Além disso, deve selecionar jogos

grupos compartilhando suas experiências e

simples, com poucas regras. O educador

ideias, melhorando o seu desenvolvimento

deve procurar despertar o espírito de

moral e social (FREIRE, 2006).

cooperação e de trabalho conjunto no

adequada

faz

com

adquirido

em

que

as

outras

Outro aspecto interessante que pode

sentido de metas comuns. A criança

ser identificado no ensino do Futebol é o

precisa de ajuda para aprender a vencer

aprender a ganhar e a perder. Neste

sem ridicularizar e humilhar os derrotados

sentido, as crianças, através da prática,

e para saber perder esportivamente, sem se

incorporam essa realidade a qual deverão

sentir diminuída ou menosprezada. Quando 111

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


o educador manifesta uma atitude de

competição sadia na qual inspira o respeito

compreensão e aceitação, e quando o clima

e a consideração pelo adversário. O

da sala de aula é de cooperação e respeito

espírito de competição deve ter como

mútuo,

segura

tônica o desejo do jogador de superar a si

emocionalmente e tende a aceitar mais

próprio, empenhando-se para aperfeiçoar

facilmente o fato de ganhar ou perder

cada vez mais as habilidades e destrezas. A

como algo normal, decorrente do próprio

situação de jogo deve-se constituir um

jogo. (ASSUNÇÃO, 2012, p. 4).

estímulo desencadeador do esforço pessoal

a

criança

sente-se

Desta forma, o professor tem um

tendo em vista o auto aperfeiçoamento.

papel fundamental no ensino do domínio

Jogo supõe relação social, supõe interação.

dos sentimentos e emoções dos alunos.

Por isso, a participação em jogos contribui

Assim, pode-se dizer que jogar faz parte da

para a formação de atitudes sociais:

vida, pois perder ou ganhar é uma

respeito mútuo, solidariedade, cooperação,

constante no dia a dia de cada pessoa.

obediências

Conforme salienta (ASSUNÇÃO, 2012),o

responsabilidade,

clima da sala de aula deve ser de

grupal. (ASSUNÇÃO, 2012, p. 4).

cooperação e respeito mútuo, pois quando a criança sente-se segura no aspecto emocional, ela pode aceitar com mais facilidade as questões relacionadas ao jogo, ou seja, perder e ganhar estão implícitos nas rotinas de um jogo e seus jogadores: O papel do educador é fundamental no sentido de preparar a criança para a

às

regras, iniciativa

senso pessoal

de e

Com base nestes argumentos de (ASSUNÇÃO,

2012),

o

educador

é

imprescindível em suas tarefas ao preparar a criança para enfrentar o adversário, mesmo que seja na prática de um futebol ou em outras situações do convívio social. Competir, de acordo com a autora, pode ser a necessidade de superação, bem como, o desenvolver de habilidades e destrezas

Pesquisa de campo Para corroborar com a revisão bibliográfica, foi realizada uma pesquisa

Sarmento de Oliveira da cidade Frei Inocêncio, Minas Gerais.

de campo com os docentes e discentes dos

Atualmente, as instituições atendem

anos iniciais (1° ao 3° ano) da Escola

o ensino infantil e ensino fundamental I e

Municipal Doutor João de Souza Lima e

contam com boa estrutura. Os bairros,

Escola Municipal Professora Terezinha

embora compostos em sua maioria por

112 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


famílias de baixa renda, apresentam boa

ação que se consegue visualizar melhor as

infraestrutura

assistência

atividades concretas, tornando-se ações

comunitária e religiosa, postos de saúde e

práticas que envolvem o corpo sendo

atenção política.

possível confirmar a ideia deste trabalho

viária,

Entende-se a importância desta

investigativo.

pesquisa de campo, pois é no campo de

Metodologia A presente pesquisa partiu do

ao 3° ano dos anos iniciais da educação

pressuposto de identificar a influência que

básica e 12 professores, totalizando 42

o futebol exerce no desenvolvimento social

participantes.

da criança no ambiente escolar. Em busca

Para a coleta de dados contamos

de atingir os objetivos traçados, utilizou-se

com a utilização dos seguintes materiais:

da pesquisa de natureza quantitativa e

Canetas

qualitativa. Como instrumento de pesquisa

entrevistado

utilizou-se de um questionário estruturado

deveria

com

e,

ocorresse qualquer tipo de influência de

posteriormente foi realizado análise dos

outras pessoas. Logo após, os dados foram

dados.

esquematizados e averiguados através da

cinco

perguntas

fechadas

O estudo foi realizado em duas

e

um

questionário

participante

responder

comparação

do

onde

da

sozinho,

percentual

o

pesquisa sem

que

entre

as

escolas da rede pública municipal de Frei

respostas

Inocêncio – MG. A população estudada é

resultados com base no referencial teórico

composta de 30 alunos que cursam do 1°

utilizado no projeto.

e

da

interpretação

destes

Resultados e discussões Conforme demonstrado na revisão

Inicialmente,

será

demonstrado,

bibliográfica, o futebol é um esporte capaz

através de três perguntas direcionadas a

de trazer benefícios diversos para as

professores.

crianças dos anos iniciais do ensino

apresentadas as respostas a duas perguntas

fundamental. Assim, buscou-se fazer uma

direcionadas às crianças estudantes das

pesquisa de campo com vistas a constatar

escolas em estudo.

Posteriormente,

serão

se os professores e alunos dos anos iniciais possuem esta percepção. 113 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico 1: Contribuição do futebol para o desenvolvimento social das crianças

Fonte: Pesquisa de campo, 2017.

O gráfico acima demonstra que um

fundamental

para

a

socialização

do

total de 12 professores acredita que o

educando. Esta pesquisa reforça a teoria de

futebol contribui significativamente no que

(FREIRE, 2006), ao demonstrar que o

diz respeito ao desenvolvimento social da

futebol na infância está inserido na vida

criança no ambiente escolar. Sendo assim,

social e cultural do educando.

nota-se que a prática do futebol é

Gráfico 2: Futebol trabalhado de forma cooperativa e competitiva simultaneamente

Fonte: Pesquisa de campo, 2017. 114 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Nota-se no gráfico2 que mais de 60%

dos

professores

entrevistados

em jogos contribui para a formação de atitudes

sociais:

respeito

mútuo,

disseram ser possível obter inclusão em

solidariedade, cooperação, obediências às

meio à competição. Esta resposta valida a

regras,

teoria de que o “Jogo supõe relação social,

iniciativa pessoal e grupal. (ASSUNÇÃO,

supõe interação. Por isso, a participação

2012, p. 4)

senso

de

responsabilidade,

Gráfico 3 - Valores sociais a partir do futebol

Fonte: Pesquisa de campo, 2017

O gráfico 3 demonstra que 67% dos

pesquisa

de

campo

demonstraram

a

professores entrevistados acreditam ser

importância da prática do futebol para

possível conquistar valores sociais através

crianças.

da prática do futebol, confirmando, mais

demonstrarão os resultados obtidos à

uma vez, o que foi defendido pelos autores

entrevista realizada com 30 crianças das

utilizados na pesquisa teórica.Portanto,

escolas selecionadas.

Os

próximos

gráficos

tanto a revisão da literatura, quanto a

115 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Gráfico 4: Futebol praticado fora da escola

Fonte: Pesquisa de campo, 2017

Nota-se no gráfico 4que 100% dos

praticar o futebol e acabam familiarizando

alunos entrevistados responderam já terem

com o desporto, seja na escola, em casa ou

praticado o futebol fora do ambiente

em outros lugares e isso faz parte do

escolar. Assim, ressalta-se o que (FREIRE,

contexto cultural e das relações sociais.”

2006), disse “as crianças aprendem a

Gráfico 5: Gosto pelo futebol

Fonte: Pesquisa de campo, 2017

Evidencia-se no gráfico acima que

automaticamente na cultura do aluno. Para

83% dos alunos entrevistados disseram

(FREIRE, 2006), o futebol na infância está

gostar de jogar futebol, reforçando o

inserido na vida social e cultural do

quanto

educando. As crianças aprendem a praticar

este

esporte

é

inserido

116 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


o futebol e acabam familiarizando com o

outros lugares e isso faz parte do contexto

desporto, seja na escola, em casa ou em

cultural e das relações sociais.

Considerações finais Ao final do desenvolvimento desse

disciplina, além de passarem ater mais

projeto evidencia-se que a prática do

companheirismo com os demais, aprender

Futebol

a administrar as vitórias e derrotas, além de

é

fundamental

para

o

desenvolvimento social das crianças dos

se comportarem melhor.

anos iniciais da educação básica no

O professor exerce um papel

ambiente escolar. Através da aplicação do

primordial neste processo, pois passa a ser

questionário, de acordo com as respostas

o mediador e estimulador de todos os

por parte dos docentes e discentes, ficou

processos que levam os educandos a

evidente a importância que a prática do

construírem

Futebol teve no desenvolvimento social

atitudes e habilidades permitindo o seu

das crianças.

crescimento

Notou-se a importante contribuição que o futebol teve nas relações com os

seus como

conceitos, pessoas

valores, e

como

cidadãos, desempenhando uma influência verdadeiramente significativa.

demais e com os próprios alunos, onde se tornaram mais sociáveis, passaram a respeitar melhor as regras, a terem mais Abstract It is noticed that there are several factors

the question is: How does soccer influence

that influence directly and indirectly in the

the social development of children in the

practice of soccer in the classes of Physical

school environment? The research is

Education school for the children. Among

intended for teachers and students of the

them, it can be highlighted the lack of

Doctor João de Souza Lima School and the

physical and human structure of the school,

Municipal School Professor Terezinha

lack of pedagogical materials, factors that

Sarmento de Oliveira. The study has a

influence the learning process of soccer in

qualitative and quantitative character, and

the school environment. It is worth noting

to reach the goal a closed questionnaire

that childhood is understood as a period of

was

great

directed to the students and teachers. In

importance

for

the

integral

used

with

structured

questions,

development of children. In this context, 117 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


this way, it was possible to question football and society.

Keywords: environment.Social children.

Football.School development of

Referências ASSUNÇÃO, Adilene de. Oficinas Pedagógicas: A importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras como recursos na Educação Especial. Natal, set. 2012. Disponível em: http://www.iesprn.com.br. Acesso em: 08/12/2017. CASTANHEIRA, M. A. V. Capital social, sustentabilidade e esporte: elementos para a construção de uma educação em valores a partir do esporte voleibol. 2008.250 f. Dissertação (Mestrado em Organizações e Desenvolvimento) - UNIFAE -Centro Universitário Franciscano. Curitiba. 2008. FREIRE, João Batista. Pedagogia do futebol. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2006. RINALDI, W. Futebol: Manifestação cultural e ideologização. Revista da Física, UEM, v. 11, n.1, p. 167-172, 2000. SILVA, Diego Ferreira da. A importância da prática do futebol no processo de desenvolvimento social das crianças. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/5086/1/CT_COEFI_2015_1_12.pdf Acesso em 8 dez. 2017. SOUZA, Rodrigo Azevedo. A importância da Psicomotricidade para o desenvolvimento infantil através do futebol. 2004. 45 f. Monografia (Especialização em Psicomotricidade) – Departamento de Pós-Graduação, Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro, 2004.

118 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


INCLUSÃO DE ALUNOS COM SURDEZ NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O QUE DIZEM OS PROFESSORES Gilmar Miranda Damasceno* Rafael Pimentel Soyer* Maria Helena Campos Pereira** Mauricio Barcelos de Barros Cruz** Danielle de Oliveira Dantas**

Resumo A educação inclusiva é um processo social e cultural que vem crescendo em todo o mundo e alveja concepções e entendimentos sobre a educação e o papel da escola nos tempos de hoje. Este estudo objetivou analisar o ponto de vista dos profissionais de educação física nas escolas públicas e privadas de Governador Valadares, Minas Gerais em relação à inclusão dos alunos com surdez nas aulas educação física escolar. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva e analítica, realizada em dez escolas públicas do município. Participaram da entrevista 30professoresda rede pública e privada. Os resultados apontam que uma das principais barreiras no processo de inclusão nas aulas de educação física, é a barreira da comunicação. Bem como, diversos autores apontam que a Língua Brasileira de sinais e a formação continuada de professores podem ser fatores que contribuem no processo de inclusão. Palavras chave: Inclusão; Surdos; Educação Física; Comunicação; Libras. ¹Acadêmicos em Educação Física Licenciatura da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: gilmarmirandafisical@gmail.com, rafaelsoyer1@hotmail.com ²Doutora Honoris Causa em Ciências da Educação. Mestre em Ciências da Educação pelo ISPEJV – Havana. Cuba. Professora de projetos de pesquisa em Educação Física da Faculdade Antônio Carlos de Governador Valadares. E-mail: maria-helenacampos@hotmail.com. ²Especialista em Educação Física Escolar. Professora de Ginástica de Academia, Natação, Hidroginástica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail: jennipsoyer@gmail.com ² Especialista em Futsal. Professora de Introdução à Educação Física da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Governador Valadares e Co- autora. E-mail:

Introdução Nos últimos anos, percebe-se que

após a declaração de Salamanca de 1994

há um aumento significativo de ações,

(BRASIL,

1994).

O

pesquisas e discussões no sentido de

direcionamentos

compreender o processo de inclusão

teóricos,

escolar no ensino regular, em especial

filosóficas e até mesmo políticas no que

incluem

pedagógicos

foco

dos

assuntos concepções

119 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


tange a abordagem da inclusão no

Libras como meio legal de comunicação e

contexto

educacional

pelas

expressão, garantindo a inclusão da

diretrizes

apresentadas

declaração

disciplina de Líbras no currículo de

balizados na

formação de professores em todo Brasil.

(BRASIL, 1994). Com o avanço dessas concepções,

Nessa perspectiva compreende-se

surge a necessidade de professores, em

a importância das aulas de educação

especial ora abordado, de Educação física,

físicas inclusivas, incorporando alunos

serem requisitados a atender às diversas

com

necessidades

legalmente constituídos.

sociais,

dentre

elas

a

surdez, Baseado

inclusão de alunos Surdos no contexto das

garantindo nesse

entendimento,

aulas (SEABRA JÚNIOR; MANZINI,

(GREGUOL

2008).

deficiência auditiva permanente (Surdez) Com a implementação da política

não

2010)

direitos

interfere

adverte

que

diretamente

a no

Nacional de Necessidades Educativas

desenvolvimento global do indivíduo,

Especiais, na perspectiva da educação

embora, a perda da audição poderá

inclusiva (BRASIL,1994), o acesso ao

acarretar grandes perdas associadas caso o

ensino

indivíduo não receba estímulos nas aulas

e

formas

pedagógicas

que

garantem o aprendizado do aluno, se concretiza e conduzem os professores a

de Educação física. Para que este trabalho tenha maior

uma visão ampla e didática de ensinar

significado

para

concepções de (SACHR 1939, p.37), no

alunos

com

algum

tipo

de

teórico,

busca-se

as

que tange a criança surda, onde ele relata

deficiência, surgindo-se novos desafios. na

que ao presenciar o surgimento de uma

Educação e inclusão de alunos surdos no

escola de surdo a sociedade começou a

contexto

ver os surdos como pessoas comuns

Muitos

desses

escolar,

comunicação.

é

desafios a

Atualmente

barreira a

da

Língua

capazes de trabalhar igual aos não surdos.

brasileira de Sinais (LIBRAS) é a primeira

Como também, Chomsky (1991, p.

língua de alfabetização de um aluno surdo

16) com a fala de que a metodologia de

sendo o português a língua secundária.

ensino foi criada seguinte ao pressuposto

Nessa perspectivas, os professores

do oralismo, no entanto, no Brasil no

necessitam se capacitarem para atender

centro de reabilitação ligado a esta

alunos que demandem com surdez, nesse

metodologia usam a língua de sinal, para

sentido, a lei A Lei nº 10.436/02

que as aulas passam a ter sentidos e

reconhece a Língua Brasileira de Sinais –

significados para o aluno surdo. Nessa

120 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


perspectiva,

a

política

nacional

de

estudá-los, atualizando para novas formas

educação garante ao aluno surdo, o

e métodos de ensino para a inclusão de

acompanhamento de um intérprete que

alunos com surdez nas aulas de educação

fará a ligação didática entre o que o

física.

professor ensina e a forma traduzida para

Portanto, este tema foi escolhido com a finalidade de analisar o ponto de

o discente. E ainda, (BAKHTIN 1990, p. 38),

vista dos profissionais de educação física

ao relatar que todos os estudos em relação

nas escolas públicas e privadas de

aos surdos foram discutidos e pensados

Governador Valadares, Minas Gerais em

para chegar nos dias de hoje e por isto

relação a inclusão dos alunos com surdez

devem ser seguidos, mas nunca deixar de

nas aulas educação física escolar.

Alunos surdos no âmbito escolar A inclusão escolar, até

Nesse contexto, analisar sobre a

meados da década de 90 não era um

educação de surdos no Brasil requer

assunto muito recorrente em estudos e

transpor as propostas educacionais, pois

amplamente

os que são diferentes, no sentido de não

discutidos

no

ambiente

escolar, gerando diversas controversas e

estarem

atitudes

tema

socialmente, não são identificados como

inclusão se envereda em campos de

um fenômeno do meio sociocultural,

batalhas onde a defesa pela inclusão se

sendo limitados à sua diferença (VILELA-

sustenta em campos teóricos, mas pouco

RIBEIRO; BENITE; VILELA, 2013).

práticos

descontextualizadas.

no

chão

da

O

no

Nesse

escola

padrão

sentido

determinado

é

importante

compreender, que além de ser um direito

(CAVALCANTE, 2011). A educação inclusiva parte do

legal, é moral garantir uma educação

princípio de que a escola comum é o lugar

igualitária a alunos surdos, conferindo

(de direito) de todos. As pessoas devem se

todos os recursos possíveis no processo de

desenvolver e aprender juntas, sendo que

contribuição

cada uma delas devem ser atendidas pelas

bilíngue quando couber.

Política

Nacional

de

Educação

educação,

seja

ela

A inclusão de alunos surdos no

suas necessidades educacionais especiais. Na

da

contexto

escolar

é

contudo

uma

realidade

ainda

não

Especial na Perspectiva da Educação

contundente,

se

Inclusiva, isso fica muito claro também no

concretizaram meios eficientes para a

que diz respeito à surdez (BRASIL, 1994)

garantia dessa inclusão no meio escolar, 121

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


pois de acordo com (DORZIAT 2004),

observar que nas escolas inclusivas, o que

(APUD SILVA 2009) Considera que a

de acordo com a política nacional de

inclusão

educação são todas as escolas públicas,

social

objetivando

sua

de

pessoas

surdas,

participação

social

alguns

desses

critérios

não

são

efetiva, depende de uma organização das

inteiramente seguidos, tais como: tendem

escolas considerando três critérios: a

a não existir interação por meio da língua

interação por meio da língua de sinais, a

brasileira de sinais, pois professores e

valorização de conteúdos escolares e a

alunos ouvintes não são fluentes em

relação conteúdo-cultura surda (s/p)

LIBRAS, nesse sentido a aprendizagem é

Percebe-se que a inclusão escolar

prejudicada e a cultura surda não é

se configura como um dos meios para se

valorizada, prevalecendo nestas escolas à

alcançar

cultura das pessoas ouvintes.

a

inclusão

social.

Pode-se

Surdos na educação física escolar A inclusão dos alunos surdos à educação física é um ponto muito delicado

educação física seja mais divertida e prazerosa.

a ser tratado, pois começa a haver em

A disciplina Educação Física como

alguns momentos um conflito entre os

parte constituinte da grade curricular das

surdos e os não surdos, eis que surgem

escolas não poderia ausentar-se desse

algumas

processo

indagações,

até

onde

você

de

inclusão

educacional.

professor está incluindo um aluno surdo e

Destarte, em consenso com Rodrigues

até onde você como professor esta

(2003) reforça a ideia de que o professor

excluindo o aluno não surdo?É preciso

de

que o professor compreenda todos os

fundamental para que a inclusão se torne

processos de inclusão na perspectiva do

efetiva, por ser operacionalizado de

ensino global e integral de todos os

saberes e competências que auxiliam para

alunos, sem que haja exclusões ou

o desenvolvimento integral, saúde e

preferências

qualidade de vida dos alunos, além do

Mas,

independentemente

deste

Educação

Física

tem

papel

acesso destes à diversidade.

problema é possível que o professor crie

O professor de Educação

atividades que incluam a todos de maneira

Física, por meio de sua prática pedagógica

divertida,

envolvida

pedagógica

e

didática,

com

o

desenvolvimento

e

psicossocial, colabora eminentemente no

brincadeiras, fazendo com que a aula de

âmbito da educação inclusiva, utilizando-

utilizando

adaptações

para

jogos

122 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


se de novas propostas e abordagens

proporcionar aos alunos vivencias que

teórico-metodológicas, que fomentam a

propiciem a cooperação, a sociabilidade,

criatividade, a expressão corporal, a

bem como o seu desenvolvimento psico-

liberdade de movimentos, a ludicidade,

motor (ZUCCHETI, 2011).

enfim, executam atividades capazes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na escola O ensino de Língua Brasileira de

todos os seus aspectos a compreensão da

Sinais, é reconhecido como um importante

formação para a expressão e comunicação.

marco no desenvolvimento da construção

É um lugar rico de aprendizagem, de

identitária

diferenças

da

cultura

empoderamento

surda

cultural

e

no

(SILVEIRA,

conhecimento,

e

de

permutas

precisando,

de

portanto,

abranger a todos sem distinção, a fim de

s/d). Rego

(1994),

em

estudos

de

Vygotsky, mostra que o mesmo enfatiza

não promover fracassos, discriminações e exclusões (SANTOS, s/d)

que a linguagem é de extrema importância

Na educação das crianças surdas, a

no desenvolvimento da criança. Ele vê a

primeira língua deve ser a língua de sinais,

linguagem como imprescindível para o

pois possibilita a comunicação inicial na

desenvolvimento humano, pois traz em si

escola e a língua portuguesa escrita

todos os conceitos elaborados pela cultura

deveria ser ensinada aos surdos como

humana.

segunda língua (GODOI, 2013). Segundo

Através dos estudos de Vygotsky pode-se relações

perceber

a

sociais

(QUADROS

das

2006), dessa forma, a escola deveria

e linguísticas no

apresentar meios distintos voltadas às

importância

desenvolvimento da criança. A língua é

necessidades linguísticas dos

um

de

promovendo recursos que permitam a

desenvolvimento dos processos cognitivos

aquisição e o desenvolvimento da língua

do ser humano e, evidentemente do seu

de sinais como primeira língua.

dos

principais

instrumentos

surdos,

pensamento nesse sentido, compreender

O que se percebe é que o

que o ensino na escola perpassa o direito

tempo de aprendizagem das crianças

do aluno surdo de ser instruído em sua

surdas e o seu desempenho acadêmico e

primeira língua, ou seja em Libras.

profissional, não se trata de um fator

No contexto da escola é muito

limítrofe no processo de aprendizagem e

importante na formação dos sujeitos em

sim, de uma característica ocasionada 123

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


pelas implicações maximizadas pelos

de cidadãos garantir que não haja essa

bloqueios de comunicação devido à

perda quando se trata de alunos surdos no

aquisição tardia da língua de sinais

contexto escolar, garantindo de forma

(SIMPLICIO, 2009).

legal, por meio de intérpretes e métodos

Nesse contexto, é papel da escola

didáticos condizentes.

enquanto instituição pública e formadora

Metodologia pesquisa

Nesse sentido, a partir da análise

qualitativa, do tipo descritivo-exploratória

dos conteúdos manifestos, emergiram 6

e

(MINAYO;

pontos analisados: experiência de trabalho

DESLANDES E GOMES 2012). De

com o público surdo; possibilidades de

acordo com Gil (2008), “as pesquisas

inclusão dos alunos surdos sem a exclusão

descritivas possuem como objetivo a

dos alunos ouvintes; indagação se a

descrição das características de uma

inclusão da Língua de Sinais na educação

população,

uma

infantil facilitaria o trabalho de inclusão;

experiência”. Já a pesquisa exploratória

analise da dificuldade da inclusão de

“por ser um tipo de pesquisa muito

surdos

específica, quase sempre ela assume a

participação dos ouvintes nas atividades

forma de um estudo de caso” (GIL, 2008).

voltadas

Trata-se analítica

de

uma

conforme

fenômeno

ou

de

Foram realizadas em dez escolas

nas aos

aulas;

percepção

alunos

surdos

da e

o

apontamento das maiores dificuldades

privadas e públicas, cinco estaduais, duas

encontradas

municipais

e

Educação Física em se trabalhar com

município

de

três

particulares,

Governador

do

Valadares,

pelos

Profissionais

de

alunos surdos.

Minas Gerais, que recebem à população

Foi relatado pela maioria dos

de pessoas com surdez no contexto

professores que a comunicação com os

regular.

alunos com surdez era de fato o maior

Os

dados

foram

organizados,

tratados, e analisados à luz da técnica de

desafio da inclusão dos alunos nas aulas de educação física escolar. Segundo (FERRARI, TRUJILLO

análise de conteúdo, sendo selecionadas respostas

em

entrevistados,

comum em

entre

seguida

os houve

codificação das unidades de registro.

APUD

ZANELLA,

HERMES

2009)

LIANE “não

CARLY

obstante

a

finalidade prática da pesquisa, ela pode

124 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


contribuir teoricamente com novos fatos

prévio de questionamentos, tendo como

para o planejamento de novas pesquisas

propósito possibilitar aos pesquisadores a

ou mesmo para compreensão teórica de

coleta de todas as informações desejadas. O questionário foi respondido

certos setores do conhecimento”. Nas dez instituições de educação

pelos profissionais de educação física das

30

escolas visitadas. Cada entrevista teve

Física,

duração de aproximadamente 30 minutos

constituindo assim a população desse

e o período de realização da pesquisa foi

estudo.

entre setembro e dezembro de 2017.

básica,

foram

Profissionais

entrevistados

de

Educação

Participaram

da

pesquisa

Os dados oriundos das

30profissionais de educação física, e da

entrevistas foram organizados, tratados e

verificação de repetição dos dados nas

analisados a luz da Técnica de análise de

entrevistas, ou seja,

conteúdo,

foram

determinados,

a

partir

com base nas

uma por

temática (BARDIN,

categorial,

informações em que os resultados de

proposta

formatos mais coesos e consistentes

obedecendo aos seguintes passos: 1ª fase:

demonstraram informações repetitivas e

pré-análise;

redundantes (FONTANELLA; RICAS;

material e 3ª fase: tratamento dos dados,

TURATO, 2008).

inferência e interpretação.

fase:

2011),

exploração

e do

Para análise dos dados definiu-se

Inicialmente realizou-se a análise

pela entrevista semiestruturada, a partir

dos dados constituído das respostas dos 30

das indagações norteadoras relacionadas

entrevistados,

diretamente com o instrumento desse

selecionadas

estudo. Segundo (MANZINI, 2003) a

comum

entrevista semiestruturada é um meio

transformados os dados em porcentagens.

em as

entre

seguida,

respostas os

foram

dadas

em

profissionais

e

eficiente de averiguar dados junto aos entrevistados por meio de um roteiro Resultados e discussão O

campo

caracterizado questionário

de

pela

pesquisa

está

relação a inclusão de alunos surdos nas

aplicação

de

aulas de educação física em dez escolas

30

públicas

semiestruturado

a

profissionais, com seis perguntas em

e

privadas

de

Governador

Valadares.

125 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Tabela 1: Perguntas diretas semiestruturadas PERGUNTAS

SIM

Já trabalhou com alunos surdos?

NÃO

ASV*

43%

57%

-

É possível fazer a inclusão de alunos surdos nas aulas de educação física sem fazer 87%

3%

10%

-

7%

66%

-

a exclusão dos não surdos? A inclusão do ensino de libras desde a educação infantil facilitaria o 93% desenvolvimento das aulas? Tem dificuldade de incluir os alunos surdos nas aulas?

34%

* As vezes

Tabela 2 – Perguntas discursivas PERGUNTAS

RESPOSTAS

Quais eram as principais dificuldades encontradas para• seDificuldade de comunicação com os alunos surdos trabalhar com alunos surdos?

com cerca de 60% • Falta de capacitação para atuar com este público com 16%. • Falta de matérias adaptados e a falta de políticas públicas com 7% cada. • Não tenho dificuldade nenhuma em trabalhar com alunos surdos – 10%

• 50% apoio do interpretes quando possuem

Quais as estratégias utilizadas?

• 50% recursos pedagógicos e capacitação

Após análise dos dados percebe-se

língua dos surdos, sendo essencial para o

que a dificuldade de comunicação com os

seu crescimento em todas as áreas

alunos surdos, como uma das principais

(sociolinguística, educacional, cultural,

barreiras encontradas na inclusão dos

entre outras).

alunos surdos. A Língua de Sinais é a 126 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


Investigadores da área da surdez

DIZEU & CAPORALLI (2005), “as

(GÓES, 2002; LACERDA, ALBRES, &

escolas

DRAGO, 2013; LODI, 2013; SKLIAR,

pautado nas Libras e nas implicações dela

1997; SLOMSKI, 2010), cientes da

para a aprendizagem”. Essa língua traz

imprescindibilidade da Língua de Sinais,

impactos para o modo de constituição do

apontam os confrontos vivenciados pelos

surdo

surdos nos episódios de inclusão escolar,

referentes à cultura surda.

de

comunicação

e

de

e

diz

assegurar

respeito,

o

aos

trabalho

aspectos

A inclusão, a qualquer custo,

dados os fatores intrínsecos à forma peculiar

devem

negligencia

questões

fundamentais

referentes à cultura, linguagem, dinâmicas

compreensão do mundo. Eles advertem que a surdez traz

(entre outros aspectos) de comunidades

implicações inerentes à construção da sua

minoritárias

identidade, pois dos surdos não bilíngues.

processo

Nesse

LACERDA, 2000). Nesse sentido, as

sentido,

uma

das

maiores

dificuldades

diante

professores

uma

escola

pensada

e

enaltecidas

no

(GÓES

&

educacional

dificuldades impostas a esse alunado, de

pouco

apresentadas nos

pelos

questionários,

são

programada para os ouvintes, diz respeito

evidenciados por diversos estudos, quando

a

se apontam a língua da comunicação

sua

escolaridade.

Enfim,

como

aprender? Para (SANTANA E BERGAMO,

como fator principal para o ensino e inclusão nas aulas de forma geral.

2005), “a Língua de Sinais é o motivo que

O percurso entre a oficialização de

distingue o indivíduo surdo do ouvinte,

Libras, “como instrumento próprio de

aparecendo como parte central para o seu

linguagem e identidade de pessoas surdas,

crescimento”. Entretanto, essa mesma

e

língua se constitui, contraditoriamente,

formação de professores, estimulou fortes

como fator de discriminação do surdo na

debates sobre a possibilidade da criação

sociedade majoritária. Desse modo, “não

de cursos superiores voltados para esse

raras vezes, o surdo vivencia situações de

público”. (FRANCO, 2009) considera que

fracasso dentro da escola, resultante das

a

relações estabelecidas com a maioria

reconhecimento

ouvinte e dos embates desdobrados das

linguística e são fundamentais para a

questões linguísticas” (LACERDA, 2006).

discussão de Libras no cotidiano dos

Por isso, afirmam os pesquisadores

ambientes escolares. Confrontando com

(RIBEIRO (2013) e SILVA (2014) APUD

a

Lei

essas

implementação

e

o

Decreto

afirmações,

dessa

os

obrigatória

promovem

na

o

modalidade

resultados

da 127

Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


pesquisa, foram de encontro com os

para com as diversas deficiências, dentre

argumentos embasados pelos autores,

elas

quando consideram que além da barreira

convivência de professores alimenta a

da linguagem, a cultura bilíngue para

capacidade de uma formação continuada

alunos surdos, se caracterizam como um

com intuito de poder fornecer subsídio

fator limítrofe na inclusão nas aulas de

para o ensino de educação física para

educação

no

alunos surdos. É necessário compreender

componente que evidencia a linguagem

que a formação acadêmica devera suprir

corporal como expressão.

sua

física,

principalmente

a

ressaltada

necessidade

nesse

de

estudo.

formação

A

de

Porém a educação especial na

professores nos cursos de licenciatura,

perspectiva da educação inclusiva se

preparando e capacitando os professores

consolidou como um marco e avanço para

formados.

a aproximação de professores e alunos

Considerações finais Através

dos

resultados

desta

pesquisa evidenciou-se que a inclusão,

as demais que constituem a grade curricular do curso de formação. Deve-se

que tem sido um enredo discursivo em todo

o

mundo,

está

dando

passos

conhecimentos

considerar do

que

professor

os serão

limitados no contexto da escola regular,

ampliados mediante a sua atuação no dia-

porém existe a necessidade de fortalecer o

a-dia do espaço escolar, desta forma as

ambiente educacional para que atenda às

experiências vivenciadas neste contexto

necessidades dos seus educandos, de

social

maneira menos tímida.

pedagógicos necessários para uma prática

No entanto, há necessidade de que a

formação

superior

disponibilize

condições mínimas para que o professor

é

que

lhes

dará

subsídios

cada dia mais diferenciado e atento para os desafios encontrados no cotidiano da escola.

as

Para a inclusão de crianças surdas

possibilidades da inclusão dos surdos nas

no ensino regular desde a educação

suas aulas. Este conhecimento deve partir

infantil ao ensino superior há de se contar

não só por meio de disciplinas específicas,

com profissionais preparados para o

mas sendo abordada a temática em todas

trabalho teórico e prática docente, que

adquira

o

conhecimento

sobre

entendam a real importância do processo 128 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


comunicativo e inclusivo ao qual a

é respeitada sua Língua materna, como de

educação

dos

reconhecimento

surdos e

exige.

O

qualquer pessoa que não domine a língua

conhecimento

da

de outro país, mas podem expressar-se

Língua Brasileira de Sinais efetivam a

livremente

educação dos alunos surdos, uma vez que

direitos.

Abstract Inclusive education is a social and cultural process that is growing worldwide and targets conceptions and understandings about an education and the role of school in today's times. This study objective is the objective of the governing the executive activities in the particular schools and freedes of Governador Valadares, Minas Gerais in relation in the inclusion of students with deafness in the students education school physics. It is a qualitative research, of descriptive and analytical type, carried out in ten public schools of the

quando

respeitados

seus

municipality. The interview was attended by 30 teachers from the public and private network. The results point out that it is a barrier process in physical education classes, it is a barrier of communication. Teacher training and continuing teacher education can be a factor that favors the inclusion process. Keyword: Inclusion; Deaf people; PE; Communication; Pounds

Referências Alves TP, Sales ZN, Moreira RM, Duarte LC, Couto ES.Inclusão de alunos com surdez na educação física escolar. Cidade: Revista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p.192-204. BRASIL (1994). Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial. Brasília: MEC/SEESP, 1994. CAVALCANTE, Eleny Brandão; SOARES, Liliane Viana; SANTOS, Patrícia Siqueira. Inclusão de surdos no ensino regular: entre o discurso oficial e a realidade do cotidiano escolar. Cidade:Universidade Federal do Oeste do Pará, UFOPA, ano. ESPOTE, R. & Cols. Inclusão de surdos: revisão integrativa da literatura científica. PsicoUSF, Bragança Paulista, v. 18, n. 1, p. 77-88, jan. /abril 2013. GODOI, P; SANTOS, M. F; SILVA, V. F. Língua Brasileira de Sinais no Contexto Bilingue. Tupã, 2013. 38 p. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização) – Faculdades FACCAT. GREGUOL, M. Natação Adaptada: Em busca do movimento com autonomia. 1. ed. Barueri: Manole, 2010. 129 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018


GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. KRUG, Hugo Norberto.A inclusão de pessoas portadoras de necessidades educativas especiais na educação física escolar coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2002/01/a3.htm LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Campinas:Cad. Cedes, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago, 2006. MONTEIRO, Suelen S.; SANTANA, Jane A. S.; RINALDI, Renata P.; SCHLÜNZEN, Elisa T. M.Língua brasileira de sinais – libras na formação de professores: o que dizem as produções científicas. Presidente Prudente, São Paulo,Brasil: editora, ano. ROSSI, Renata Aparecida. A Libras como disciplina no ensino superior.Cidade:Revista de Educação. Vol 13, Nº 15, Ano, 2010. p. 71-85. SANTOS, Jusiany Pereira da Cunha; SILVEIRA, Ana Maria. A inclusão de alunos com surdez e as contribuições das salas de recursos municipais deJi-Paraná.Porto Velho, Rondônia:PPGE- UNIR, ano. SEABRA JÚNIOR, M. O.; MANZINI, E. J. Recursos e estratégias para o ensino do aluno com deficiência visual na atividade física adaptada. Marília: ABPEE, 2008. SANTOS E.M. Rompendo barreiras: uma trajetória de desafios na busca da práxis inclusiva. SILVEIRA, C. O ensino de libras para surdos – uma visão de professores surdos. s/d SILVA, Carine Mendes; SILVA, Daniele Nunes Henrique. Libras na educação de surdos: o que dizem os profissionais da escola? São Paulo: Psicologia Escolar e Educacional, Volume 20, Número 1, janeiro/Abril de 2016: 33-43. Silva, M.C. (2009). A inclusão do aluno surdo no ensino regular na perspectiva de professores de classes inclusivas. Faculdade Santa Helena: Recife. SIMPLICIO, V. A importância do ensino das libras? Língua brasileira de sinais nas escolas de ensino fundamental. 2009 UZAN, Alessandra J. S.; OLIVEIRA, Maria do R. T.; OSCAR, Ítalo; LEON, RIccardi. A importância da língua brasileira de sinais – (libras) como língua materna no contexto da escola do ensino fundamental. Cidade: Univap – Faculdade de Educação e Artes / Curso de Letras, Campus Aquárius, ano. VILELA-RIBEIRO, E. M.; BENEDITE, A. M. C; VILELA, E. B. Sala de aula e diversidade. Revista Educação Especial, v. 26, n. 45, p. 145-160, jan./abr. 2013

130 Toth Ciência e Educação, Governador Valadares, v.1, n.1, 2018



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.