sempre a viajar
www.trevl.pt
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EUROPA窶「テ:RICA[2011-13]
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pssst@trevl.pt
Editor Geral Hugo Ramos
Director José Bragança Pinheiro jbpinheiro@trevl.pt
Assessoria editorial Vítor Sousa
Assinaturas e edições atrasadas: assinaturas@trevl.pt
Arte Edgar Antunes
Autores das viagens publicadas
Publicidade António Albuquerque antonio.albuquerque@fast-lane.pt Telefone: (+351) 939 551 559
André Ferreira, António Conde, Carlos Azevedo, Carolina Moura, Daniel Almeida, Élvio Andrade, Gary Inman, Filipe Elias, Francisco Sarmento, João Luís, José Bragança Pinheiro, Miguel Jordão, Nick Sanders, Paulo Pinto, Pedro Bispo, Rui Baltazar, Vasco Rodrigues, Vítor Sousa.
Assinaturas e edições atrasadas REV: Maria João Nobre assinaturas@fast-lane.pt
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Impressão e acabamento: Peecho.com
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“As Viagens da REV” são publicadas em 2 volumes. 2 ME Siga o QRCode acima LU para obter os seus exemplares. VO AMÉRICA•ÁSIA•OCEÂNIA
Proprietário e editor FAST LANE Media e Eventos, Lda. Administração, Redacção e Publicidade: Rua Vitor Hugo - 2D, 1000-294 Lisboa
Todos os direitos reservados de reprodução fotográfica ou escrita para todos os países.
[2011-13]
Todos os lucros na venda desta publicação revertem para a Organização “Riders For Health” (mais sobre esta ONG na pág. 7)
Capa: Daniel Almeida (Marrocos, Aıt Bouli)
A TREVL é a primeira e única revista portuguesa a tornar-se Media Partner da Ted Simon Foundation.
Uma viagem que começa numa ideia, num projecto que transforma o sonho de liberdade. José Bragança Pinheiro Director da “TREVL- de moto pelo mundo”
A
TREVL nasce da vontade de viajar que pulsa em toda a equipa da “REV - Motorcycle Culture”. Nas prateleiras de cada vez mais casas perfilam todas as REV; alinhadas, as lombadas evocam a bandeira de xadrez, símbolo que celebra o final vitorioso mas que aqui dá também a partida. Ao criar a TREVL, a Fast-Lane fez soar o disparo para que seja criada uma revista dedicada aos viajantes portugueses de moto. Mas para trás existe um passado de histórias contadas de uma forma diferente. Editar e publicar este livro onde
reunimos todas as viagens publicadas na REV é a forma que a equipa da TREVL encontrou para reconhecer a qualidade do trabalho desta revista inovadora e fresca, em jeito de agradecimento pela oportunidade. Associámo-nos à “Riders For Health” cedendo todos os lucros desta publicação, para que mais motos continuem a salvar vidas em África. Obrigado REV, por alimentar os sonhos de viagem. E aos autores da aventuras e viagens, continuem a seguir a estrada, com uma TREVL e uma REV por companheiras.
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Prefácio
A Viagem vitor sousa Jornalista
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iajar é o que mais gosto de fazer na vida. Não; viajar de moto é o que mais gosto de fazer na vida! Não sei quando começou. O facto de sempre ter existido uma moto em minha casa pode ter ajudado. Mas talvez tenha sido nas histórias fantásticas que lia na Banda Desenhada com que aprendi a ler ou nos livros da Enid Blyton que, não sendo de viagens, me transportaram para, e por, cenários magníficos. Mas o mais certo é ter sido naquelas duas viagens que fiz com o meu pai quando tinha 9 e 10 anos na sua velha scooter. Guardo memórias dessa “aventuras” que nunca se apagaram da minha memória nem, por certo, se apagarão alguma vez. Somos o que fazemos, o que sentimos e as experiências que vivemos. Estas determinaram o meu futuro. Guardo, especialmente, um momento, algures a caminho do Algarve. Ao cruzarmo-nos com um casal estrangeiro (só podia
ser, em 1975 ninguém viajava “assim”), na sua imponente BMW de motor boxer que seguia para norte, estenderam a mão e saudaram-nos… Eu, que já “dera umas voltas” de carro com os meus tios e primos (o meu pai não tinha carro), nunca tinha visto nada assim. Foi magia. Um tão simples gesto, portador de uma carga simbólica tão forte: a amizade que só a estrada proporciona e forja, a simpatia entre gente que se desconhece mas sabe que partilha a mesma paixão, a solidariedade como que a dizer ‘se for preciso estamos aqui’. Fiquei fã. Quanto comprei a minha primeira moto, esperei que o período lectivo terminasse e repliquei esta mesma viagem. Só para confirmar. Apesar de ir a 90 km/h, com pendura e carregado de tenda e tralha, adorei. Confirmei a sensação que me ficara e acrescentei algumas mais. A dada altura, viajar tornou-se um vício. Poupo-vos aos clichés do ‘vento na cara’ e do caminho
em direcção ao pôr do sol. Mas tenho que vos dizer que não há sensação como a de estar na estrada e enfrentar, ao nosso ritmo e à nossa vontade, o caminho, a meteorologia, os sítios e as pessoas. O ir para onde queremos, à hora que queremos, o dormir numa tenda debaixo da chuva intensa do País de Gales, ou num canto de uma estação de serviço, deitado na relva e enrolado no saco cama, numa auto-estrada francesa em pleno verão. O cheirar, o escutar e o ver, o inspirar e o expirar. O fazermo-nos entender e grangear amigos numa língua estrangeira, o deitarmo-nos sobre um mapa e desenhar uma estrada, uma tirada, uma aventura. O sorrir, o cantar e o meditar. A cada viagem ficamos mais ricos. No que é realmente importante: na cultura e na experiência. A viagem é uma metáfora da vida. Por isso me custa sempre tanto regressar. Estacionado “não existo”, estou apenas à espera de sair de novo.
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Um dia na vida de Mambwe Kaemba Aperta o capacete, calça as luvas e acelera a sua Yamaha vermelha deixando para trás o Ministério da Saúde. O dia começara com as rotineiras verificações da sua moto. Sim, a corrente está ajustada, tem gasolina e o nível do óleo está no ponto. A missão de hoje é vacinar recém-nascidos. Para o conseguir espera-a um caminho esburacado e tortuoso que nunca chegou a ser terminado. Todo o treino recebido permitirá fazê-lo em segurança e com facilidade viajando na sua pequena e ágil moto. Mambwe é uma funcionária de saúde na Southern Province da Zambia. À sua responsabilidade tem 6 mil pessoas dispersas numa área de 20km2. Aqui, o simples facto de ter ao seu dispor um meio de transporte, é algo pouco comum. A razão pela qual tem uma moto, e porque não se avaria e pode confiar nela, deve-se à “Riders For Health”.
Uma Causa
Riders for Health: motos que salvam vidas
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O que é a “Riders for Health” A “Riders for Health” é o parceiro oficial humanitário da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) e do MotoGP™ sendo suportado por motociclistas por todo o Mundo. Entregar colheitas médicas é apenas uma das formas através da qual a organização utiliza motos e ambulâncias de confiança para promover os cuidados de saúde em África. A co-fundadora e Directora da Riders for Health, Andrea Coleman, explica que “em África as doenças causam mortes facéis de evitar. Biliões de dólares são gastos em medicamentos para curar as doenças das quais sofrem, mas”, explica Andrea, “esses não conseguem chegar até aos doentes, assim como
a medicina preventiva ou profilática”. “Riders for Health” foi fundada por Randy Mamola, Andrea e Barry Coleman no final dos anos 80, angariando fundos nos paddocks dos grandes prémios de motociclismo que reverteriam para uma organização humanitária a trabalhar em África. Numa visita à Somália em 1988 aperceberam-se como esse dinheiro estaria a ser empregue. Depararam com um cenário onde as motos que deveriam assegurar a vacinação em locais remotos estavam paradas, avariadas. Haviam sido utilizadas apenas algumas centenas de kms, devido à falta de manutenção apropriada e de um sistema eficaz para abastecimento de peças e combustível. Sem esse meio de transporte, os colaboradores de saúde percorriam a pé as distâncias
entre as aldeias, sem chegarem às comunidades mais remotas e distantes. Para essas mulheres e crianças significava sobreviverem sem nenhum cuidado de saúde básico. No mundo actual era evidente para os cofundadores da RfH que isto seria inaceitável. Com o apoio da comunidade motociclista mundial criaram uma organização para mudar este cenário. Este trabalho começou com os ministérios e organizações de Saúde para promover a manutenção das motos e ambulâncias, criando uma rede de oficinas e técnicos com o treino apropriado. Os técnicos incluídos no programa são membros das comunidades locais e deslocam-se todos os meses onde estão as motos de assistência. O treino incide também sobre técnicas de condução segura,
manutenção diária das viaturas para que estas não falhem nas deslocações exigentes. Desde 1988 que a RfH contribui para que os técnicos de saúde consigam trabalhar em 7 países de África, com um total de 1.400 viaturas que servem cerca de 14 milhões de pessoas com cuidados de saúde básicos. Ter uma moto de confiança a funcionar em condições permite aos técnicos de saúde gastarem o dobro do tempo nas comunidades e chegar a 5x mais pessoas, antecipando assim a proliferação e agravamentos das doenças, actuando em tempo útil. Para saber mais sobre o trabalho da RfH ou sobre como contribuir, visite www.riders.org ou contacte através do email rfh@riders.org.
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“Cabo da Roca John O’Groats”
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“Do Sonho à Paixão”
por Filipe Elias
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“10 dias em Marrocos”
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por José Bragança Pinheiro, Daniel Almeida
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“Costa a Costa” por Gary Inman, Nick Sanders
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“A Queimar Pneu e Gasolina”
por Carlos Azevedo
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“Bolívia 2012”
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AMÉRICA•ÁSIA•OCEÂNIA[2011-13]
por Élvio Andrade, Rui Baltazar
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ASVIAGENS DA “As Viagens da REV” são publicadas em 2 livros. EUROPA•ÁFRICA M LU VO
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Histórias incluídas no Volume 2: “América•Ásia•Oceânia”
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“A Rota do Incerto”
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por André Ferreira, Miguel Jordão, Paulo Pinto
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AMÉRICA•ÁSIA•OCEÂNIA[2011-13]
“A Bullet in India”
por Francisco Sarmento
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“The Great South Land” por Pedro Bispo
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A palavra África pode derivar do Grego aphrike que significa “O oposto de Frio e Terror”. É imediato associar Calor a África, mas está longe de ser uma terra livre do Terror. E isso faz os viajantes que atrai, sentirem-se aventureiros.
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“10 dias em Marrocos”
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por José Bragança Pinheiro, Daniel Almeida
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Histórias. Todos gostamos de ouvir contar histórias. De aventura, trágicas, ou simplesmente cómicas; com bichos que falam, e pessoas que nos marcam. E as viagens deviam ser sobre tudo isto...
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...menos a parte dos bichos que falam.
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Marrocos é um reino de fantasias, para onde corremos na esperança de encontrar aventura e exotismo. E estes 4 micro-contos são sobre isso mesmo: histórias de algum drama, espanto e entreajuda. Porque há uma linha comum a todas: a humanidade, onde as pessoas têm o poder de tornar imortais, momentos que seriam mundanos. Talvez por sentir que devo retribuir, escrevo para partilhar com mais pessoas.
In Lands of Wonder Todas as manhãs parecem iguais e os dias colam-se uns aos outros, indistintos. A rotina instala-se e nem o trajecto em cima da moto,
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entre casa e o trabalho, parece evitar uma vida esbatida. Percorro a rua e, nas montras de uma livraria, os olhos encontram um livro de auto-ajuda. “Tenho 31 anos e não gosto do que faço” é o título de um livro que podia ser um espelho. São muitas as oportunidades que passam e que nunca as agarro. Mas uma abracei com toda a força. Apareceu-me no meio da pilha de prendas de Natal de 2009 na forma de um insuspeito envelope, pouco maior que um postal, com o meu nome manuscrito na letra da minha mulher. Um grande X laranja denuncia a surpresa: um voucher de um curso de condução de moto fora-de-estrada.
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A noite de 4ªF tinha sido violenta. Estive a dormir até às 14h do dia seguinte; de repente, fartei-me e decidi: - “Vou-me embora!”
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Está visto Ligo para o meu contacto para obter o visto para a Mauritânia. -“Podes vir à hora que quiseres”. Òptimo, arrumei a mala numa hora, que é como quem diz, meti 10 pares de meias e de cuecas para dentro do saco, mais pasta dos dentes, a escova de cabelo e o desodorizante, o resto de shampoo… por acaso calculei mal a parte do shampoo e não levei que chegasse e eu que até trabalho numa loja onde vendo shampoos… Quatro e tal e estava a “dar gás” em direcção a Lisboa, vi o pôr-do- sol no Almada Forum, lembrei-me que talvez fosse melhor levar um litro de óleo (coisas de Boxer), levei um emprestado. Acabei a devolvê-lo no regresso: o calor não passou de 33° na Mauritânia. Por volta das 19h estava a caminho de Marrocos. Fui jantar ao Lebrinha em Serpa, deu-me o sono no Rosal de la Frontera e fiquei por lá,
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numa das várias pensões vazias nesta época do ano, 20€/hombre e, como já tinha jantado, fui ao “Bingo” mais à frente, beber uma cerveja. Fui dormir de seguida, levantei-me no outro dia às 6h30m e a história repetiuse igual durante duas semanas. Só não se repetiu o “Bingo”, quero lá saber disso, quero é andar de moto...
E lá apanhei o barco para Tanger. Logo depois de Tanger, ainda me lembrava bem duma tasca que tem um borrego delicioso e parei para comer. Desta vez não paguei 170 Dirhams paguei 40 ou 50. Ok, se calhar comi menos borrego... Nesta viagem, pela primeira vez, não levei o fogareiro e arrependi-me tantas vezes… Neste dia passei Tanger, Asilah, Larache, Kenitra até Rabat onde fiquei a segunda noite. Em Al Jadida encontrei vestígios
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Entre as muitas teorias, preferimos uma onde Europa significa Terra da Vista Ampla, do grego eurus. Faz-nos sentir que há muito para percorrer no velho continente, atraídos pelas estradas que parecem apenas acabar onde começa a próxima.
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Durante anos foi o principal eixo rodoviário. Acabou votada ao esquecimento. Hoje, fruto da crise, renasce. É a Nacional 1, a “mother road” de Portugal.
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Em 1982, quando comecei a sair frequentemente de Lisboa “atrás” das corridas de automóveis que me competiam cobrir para o semanário Motor, a A1, ou Auto-Estrada do norte, como se popularizaria, correspondia a uma pequena tirada entre Lisboa e o Carregado, a sul, e os Carvalhos e o Porto, a norte. Pelo meio, a principal artéria rodoviária do país assegurava as ligações entre as duas maiores cidades de Portugal: a Estrada Nacional 1.
Febre de asfalto e betão Desde essa época para cá, Portugal viveu uma febre de asfalto e betão, ao sabor dos subsídios europeus e dos interesses – nem, sempre claros, entre Estado e servidores do Estado – que levou, não só, à conclusão daquela principal via de portagem, como viu florescerem auto-estradas um pouco por toda a parte a ponto de, hoje em dia, duas vias deste tipo ligarem Lisboa e Porto. A conclusão da A1 teve um impacto na N1 que mudou profundamente a face da
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mesma, das povoações que atravessa(va) e, consequentemente, a vida das pessoas que nela – ou dela – viviam. Naquela época – os anos 80 – o país ainda vivia a um ritmo lento, acabado de sair dos revolucionários anos 70 e de uma longa letargia provocada pela extrema imobilidade e isolacionismo do antigo regime. E as estradas não ajudavam. Eram más, poucas, estreitas e complicadas. Era normal demorar cinco horas a ir da capital à invicta, sete até Vila Real de Trásos- Montes, nove a Bragança (“Quem me dera ter um avião para lá ir mais amiúde” – já cantavam, então, os Xutos). E a “culpa” era, em grande parte, de uma permanentemente congestionada N1, palco de acidentes dramáticos e sangrentos, onde a paciência enchia os nervos dos condutores, com longas tiradas a 40 km/h, muitas paragens e intermináveis caravanas de camiões para ultrapassar. A N1 era uma artéria fundamental na economia do país. O seu forte impacto como via de comunicação primeira do território
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A ideia surgira nem há 6 meses no Nordeste num fim de semana com os habituais “colegas de aventura”.
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Motos no contentor A nossa aventura começa com o embarque das motos dos Açores para Lisboa, em 11 de Junho. As três motas (uma FJR 1300 e duas Honda ST1300) viajam num contentor de 40 pés durante 5 dias. Recolhidas as motos no transitário em Lisboa, acordamos bem antes das 06:30 tamanho o entusiasmo. Junta-se a nós o casal Paz Ferreira e o Manuel Carreiro e a minha irmã Annie para iniciarmos mais esta aventura. O dia estava radioso e chegamos a Espanha por Vilar Formoso ainda de manhã com almoço em Salamanca. O tempo estava muito quente e, por alguns dias apenas, antecipámo-nos à onda de calor que assolaria a Península Ibérica.Segue-se Biarritz, percorridos 1.100 kms. Mas o dia seguinte seria ainda mais longo, até à Bélgica. Tours, Lille e depois Dunkerque ficam pelo caminho até entrarmos na Bélgica, num dia onde fizemos 8kms a mais que no 1º dia.
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Camarão a cavalo O “Boothotel La Peniche” numa das longas praias da costa belga ainda se pesca camarão a cavalo, uma prática única no mundo. Recebem-nos os donos Vera e Francis com duas FJR 1300 na garagem, e dois amigos motards belgas, o Luc e o Ronnie. Talvez pela afinidade motociclista, o jantar faz-se de 12(!) pratos belgas e um vinho branco. Tempo para festejar com o Manuel, onde nos ofereceram o bolo de aniversário decorado com uma estrada em chocolate, três motos e sinais “Lisboa”, “Boothotel La Peniche” e “Norway”. A Holanda chega a meio da manhã seguinte, com almoço na Alemanha num restaurante de estrada junto a Essen. A digestão é feita passando por Bremen, e Hamburgo para embarcar para a Noruega, em Hirtshals no norte da Dinamarca. Ao controlo de velocidade e fiscalização impiedosa, juntara-se a monotonia de um trajecto plano e em linha recta. O frio aumenta com a proximidade de Hirtshals, onde chegamos
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Tirar férias para andar atrás das melhores estradas à volta de uma montanha, pode parecer estranho para muita gente, mesmo para mim.
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Mas afinal, quantos não percorrem o mundo atrás das melhores ondas para surfar, quantos não fazem de tudo para subir às montanhas mais altas do planeta, para não falar de quem percorre quilómetros para ir comer a um três estrelas Michelin. Decidi então fazer uma viagem até paragens onde muitos dizem existir o mais belo conjunto de estradas da Europa - definição válida como outra qualquer, pois duvido que alguém já as tenha percorrido a todas para poder avalizar com propriedade. Tinha-me levantado cedo, há muito que vinha no enfadonho ritmo da “auto-bahn” e dos túneis austríacos. Estava com fome e a luz da reserva tinha-se acendido já há uns trinta quilómetros atrás, mas não queria
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parar, só queria sair daquele tormento de rectas intermináveis, auto-caravanas, autocarros de excursão e a atmosfera nauseabunda das passagens subterrâneas feitas a oitenta à hora. Parámos para abastecer as máquinas e o corpo, verificámos os níveis dos fluídos fundamentais e memorizámos o percurso mais uma vez. Era a última paragem antes de começarmos o que nos tinha levado ali, íamos por norte em direcção ao Passo dello Stelvio. Cá de baixo a vista era impressionante, tínhamos quarenta e oito ganchos para fazer em pouco mais de quinze quilómetros, até aos 2770 metros de altitude. O traçado era avassalador, marcado pela paisagem dos Alpes e por aquele percurso torcido e retorcido, tortuoso e viciante, capaz de vergar a mais capaz das mecânicas e de levar ao rubro o mais calmo dos condutores.
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Aqui encontramos a natureza no seu estado mais puro, cruzamo-la vezes sem conta sem nunca nos misturarmos, somos apenas espectadores.
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Um sonho só vale a pena quando o podemos realizar, e esta viagem foi isso mesmo, o realizar de um sonho. Um sonho que perseguia há muitos anos e que, devido à quantidade de dias necessários para o concretizar, estava cada vez mais longe. Sem dúvida que este formato de viagem proposto pela MotoXplorers, com as motos alugadas no local, nos poupou muitos dias de viagem e forças para desfrutar daquele que era o nosso verdadeiro objectivo, a Islândia.
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Na Islândia não há auto-estradas e mesmo as principais estradas têm bastantes quilómetros em cinza. O alcatrão, quando o há, é óptimo embora as estradas sejam um pouco estreitas, principalmente quando nos cruzamos com os imponentes “bigfoots” que aparecem com muita frequência. Quando as principais estradas de alcatrão passam a cinza, o piso é igualmente cuidado, dando
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para rolar sem problemas acima dos 120 kms/h. Já os trilhos têm pisos bem variados, terra, areia, pedra... sendo certo que têm sempre muitas passagens a vau. Provocadas pelo degelo dos glaciares, estas passagens por água tornam-se uma constante e se, ao início, havia algum cuidado e apreensão ao atravessá-las, com o passar dos quilómetros depressa passou a ser descontraído e mesmo divertido.
Landmannalaugar O que impressiona logo neste pedaço de terra é a quantidade de lugares fantásticos que se vê em tão poucos quilómetros. No primeiro dia, que começou já perto da hora do almoço, pois tivemos de montar os gadgets nas motos e abastecer de mantimentos no supermercado, contornámos o bonito lago Þingvallavatn; logo ao lado, o famoso canyon Almannagjá que é onde melhor se pode ver
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Vasco Rodrigues
Quatro Vespas, quatro vespistas, da Maia a Gjovick, pelo prazer de viajar…. de Vespa e com a presença nos Vespa World Days 2011 no horizonte!
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Se as grandes turísticas marcam pontos no campo do conforto, autonomia, distâncias diárias percorridas, entre outros capítulos, quando se associam vontades é possível, divertido e enriquecedor ir longe um pouco todos os dias em pequenas mas muito simpáticas e resistentes scooters Vespa, algumas com dezenas de anos e milhares de quilómetros.
“Yes, we can!” Preparar esta viagem foi tanto entusiasmante quanto unificador, as diferenças de experiências, valias e dotes ficaram alinhados numa equipa de Vespas e vespistas. Elas tão diferentes quanto a imaginação nos permite: Uma Vespa 150 de 1964; outra feita a partir dos destroços de uma Vespa 160 Gs de 1963; a Vespa T5 de 1990, já contava com milhares de quilómetros nos cavalos vitaminados e a caloira da equipa; uma Vespa GTV 300, contava com
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três meses e pouco mais de mil quilómetros no momento da partida. Em estrada aberta os quilómetros começaram-se a somar: depois de alguns meses e muitas horas a sonhar e imaginar, era verdade, na estrada com a Noruega como destino e tudo o demais era bem-vindo! À saída de Portugal o sentimento é ambíguo, qual pássaro que sai do ninho desejoso de voar, as pequenas rodas levam-nos para fora de “casa” e reforça-se a agradável sensação de leve solidão. As horas de condução tornam-se momentos de reflexão por demais embelezadas e enriquecidas pela estrada, pela paisagem, pelo pára e arranca, pelas conversas e piadas... prazer viajar de Vespa!
Espanha Estradas abertas, quando se viaja com médias de 60 km/h as autovias não são o habitat preferido, em direcção a Burgos
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Cabo da Roca John O’Groats
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Vitor Sousa Manuel Portugal
De extremo a extremo, do ocidente limite ao topo da Escócia. “(Half) the long way up” aos comandos da Honda Crosstourer numa viagem entre o Atlântico e o Mar do Norte
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Entrámos no Bannockburn Inn para um almoço já tardio, procurando um ambiente fresco, por contraste com o dia anormalmente quente neste quase extremo nordeste da Escócia. Lá dentro, a clientela habitual sorve uns pints enquanto uma jovem nervosa debita em voz alta uma conversa imperceptível no telemóvel. É Domingo, no planalto fronteiro decorrem os jogos tradicionais escoceses onde matulões de barba ruiva, vestidos de “saias”, atiram pesados toros de madeira o mais longe que podem. O Mar do Norte, que tão bem se vê dali, parece um enorme lago onde o sol, a iniciar já a sua descida para o horizonte, espelha uma luz prateada. Entra um grupo cujo jogo de setas já acompanha os nossos hamburgueres. O mapa sempre à mão confirma o porquê desta expectativa que se apodera de nós; estamos a poucos
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quilómetros do destino final desta jornada: John O’Groats, simbólica ponta nordeste das ilhas britânicas, local de partida ou chegada de aventuras e desafios que forma, com Land’s End na extremidade oposta, no canto sudoeste da Grã-Bretanha, a linha recta mais extensa que se pode percorrer por estes lados. A nossa viagem tinha começado, porém, um pouco mais a oeste e bastante mais a sul. No Cabo da Roca, quase 4000 quilómetros atrás.
A ideia O plano surgiu de uma conversa com a própria Honda Portugal uns meses antes, logo após o lançamento da VFR 1200X Crosstourer. Porque não fazer algo especial com as novas maxitrail da marca, de modo a pôr à prova, na imprensa nacional, e “à
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