Aquele episódio
O Mapa
da tua mota
Curtas
da tua viagem
Versão 1.1 | Distribuição gratuita
Manual Editorial para Autores-Viajantes
Raio-X
Manual editorial para autores-Viajantes
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Introdução
Bem-vindo
Sempre que precises de ajuda, a nossa redacção está disponível para te ajudar.
«Não há duas TREVL iguais, como também não há duas viagens idênticas.»
P
or isso cada história que ajudamos a contar merece um cuidado especial. Trabalhamos com os nossos autores-viajantes desde o início até ao final, naquele momento mágico em passamos as mãos nas folhas, como se cada letra nos levasse de volta à viagem. Investimos muito na qualidade: estamos sempre a melhorar e aproveitamos cada revista para ensinar aos nossos autores o que aprendemos. A primeira forma de ajudar a dar a importância que merece a tua história, as tuas aventuras de moto, é dando algumas orientações editoriais. Não são feitas para que sigas o caminho dos demais, mas para te apoiar a vencer a temível folha em branco. No final incluímos um artigo publicado na TREVL #5 com algumas dicas sobre como escrever um artigo de viagem. Estamos também aqui na partida desta nova etapa da tua viagem — a escrita de um artigo numa revista. José Bragança Pinheiro Director jbpinheiro@trevl.pt | twitter: @trevlmag
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Dá para perceber que temos um predileção por mapas, por isso lhes entregamos muito carinho e queremos que cada um seja único e agradável à vista. A nossa equipa artística produzirá um mapa, bastando enviar-nos a rota seguida. Pode ser em GPX (como gerado pelo GPS), Google Maps ou um rabisco num guardanapo do bar.
Decididamente, o mais importante das viagens não são os números, muito menos os km percorridos. Mas ajuda a dar contexto à história saber a distância percorrida em pontos chave ao longo do percurso.
Incluimos alguns apontamentos que nos sugerias ou que decorram naturalmente da história.
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Há viagens que, de tão grandes e ricas de histórias, não cabem num único número da TREVL. Por vezes optamos por segmentar a história em vários tomos.
Existem diferentes estruturas de artigo e o resultado final do teu pode ser um combinação de várias destas. As peças “Em viagem”, como esta abaixo ilustrada, são narrativas mais longas (acima de 3 páginas).
Podes sugerir o título que melhor acreditas servir a tua história. Ou podes pedir a nossa ajuda criativa.
A autoria e os direitos de autor são algo muito importante para nós. Todos os conteúdos escritos e imagens que nos dês para publicarmos são obrigatoriamente teus ou de alguém que te tenha dado autorização para usá-los.
Cada página pode ter entre 2 e 4 mil caracteres (com espaços) dependendo da combinação usada de elementos gráficos. As quantidades de caracteres para as difererentes peças são: 1. “Curtas”: 3 a 6 mil caracteres; 2. “Em viagem”: menos de 25 mil caracteres.
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A qualidade das imagens é importante para que o teu artigo ganha outra dimensão. Procura enviar-nos fotografias com 300 dpi e uma dimensão mínima de 420x300mm. Apenas assim poderão ser usadas em página dupla.
300dpi >420x300mm
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Sempre que possĂvel ajudanos a localizar onde sĂŁo as fotografias que usamos. Manual Editorial para Autores-Viajantes
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A qualidade das imagens é importante para que o teu artigo ganha outra dimensão. Procura enviar-nos fotografias com 300 dpi e uma dimensão mínima de 420x300mm. Apenas assim poderão ser usadas em página dupla.
300dpi >200x130mm
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300dpi >100x70mm
As “Curtas” são pequenos contos da tua viagem. Pretendem dar corpo a um momento especial, um episódio com uma força única para ti:
alguém que conheceste, como ultrapassaste um problema que tiveste... Podem ter entre 3 e 6 mil caracteres, mas não te deixes limitar por isso.
Por vezes há uma música que só podia ser a banda sonora para a nossa viagem, ou episódio. Sugere-nos conteúdos extra para dar mais profundidade à tua aventura: vídeos, músicas, sites.
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Podemos usar um mapa para localizar inĂşmeras coisas: os amigos que fizeste, os momentos mais intensos, as avarias, as dificuldades, os momentos mais inspiradores.
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Os “Raio-X” são peças mais frias, menos emotivas. Falam de coisas, da tua moto, para ser mais preciso. De como ela se comportou, como a preparaste para a viagem, que problemas deu. O desenho da tua moto é também cortesia da nossa equipa, bastando dar-nos algumas imagens como inspiração.
Prepara uma pequena redacção sobre a tua moto e adaptamos os comentários ao formato.
Uma lista de alterações ou características especiais pode também ser utilizada. O objectivo principal é que este artigo seja uma ajuda para os futuros viajantes inspirados pela tua viagem.
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Sempre que precises separa a tua história com alguns subtítulos. Ajudate a ti a estruturar a peça e o leitor a ler.
Algumas frases da tua história vão-nos agarrar e vamos querer ler tudo para saber mais.
São muitas as fotografias com uma história por trás: como chegámos ali, quem são aquelas pessoas, onde estava, o que tinha acontecido. Se sentires que alguma merece contar essa história, envia-nos.
Vamos pedir-te que nos ajudes a encontrar uma legenda e localização para cada fotografia publicada.
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Para alguns episรณdios da viagem ajuda saber onde foi, marcando no mapa.
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Técnica. Este artigo transpõe as principais ideias transmitidas no workshop TREVL “Roadbook para escrever um artigo de viagem” no Touratech Travel Event de 2014, em Avis. Siga o QRCode para aceder à apresentação.
História deViagem como escrever a sua
“When you enter into an experience with the intention of writing about it, you tend to travel the world more creatively and observe it more thoughtfully.” @ Rolf Potts, “Marco Polo didn’t go there”
E
ste artigo serve para ajudar quem quer encontrar melhores formas de contar a sua história de viagem. Para nós na TREVL é importante que o saibamos fazer de forma cativante, empolgante e que incite o leitor a partir. Mas não termina aí: queremos contagiar e acordar o contador de histórias que há dentro de cada viajante de moto. A capacidade de conseguir contar uma boa história aprende-se como muitas outras técnicas. Mas não há receitas nem caminhos fáceis. Como na viagem, cada um terá de fazer o seu e perceber o que resulta consigo. O que reunimos neste artigo reflecte
o que connosco funciona, a vários níveis. As palavras acima do viajante e escritor Rolf Potts não nos atrevemos a traduzir. Mas acreditamos ter interiorizado bem a sua essência: quando sabemos de antemão que vamos escrever sobre uma experiência, isso encoraja-nos a ser mais atentos, curiosos e intensificar a vivência. Para que consigamos maximizar as probabilidades do artigo de viagem sair bem escrito, temos de começar o trabalho ainda antes de partir e repensar algumas das coisas que nos propomos a fazer durante a própria viagem e experiência. É fácil esquecermo-nos do nomes dos locais e pessoas que encontramos, dos pormenores. Dentro do capacete
enquanto viajamos são muitas as ideias fantásticas: ângulos frescos de abordar a história, sensações únicas que marcam aqueles momentos. Chegamos a imaginar como seria a frase e sorrimos por nos parecer perfeita. Mas se não tomarmos nota, palavras leva-as o vento. Ao regressar, a disciplina anterior permite-nos colher alguns frutos, mas o trabalho não termina aí. O que vos apresentamos são boas práticas que podem melhorar os resultados, e quanto melhores forem, melhor a TREVL é e a comunidade de viajantes de moto.
L e i a!
É importante ler escritores concei tuad e aprende-se mui os to a ler os mestres. Es ta selecção de livros é focada no ensino da escrita de viagen s.
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Começa por ser um livro de histórias de viagem. Até aqui tudo normal. Mas Rolf aproveita e vai partilhando connosco dicas e técnicas que utilizou, não só no processo de escrita como também na recolha durante a viagem.
Desta selecção, este é o mais focado em ensinar como escrever boas histórias de viagem para vários objectivos. Muito bem estruturado e com as ideias bem arrumadas, é um manual ideal para quem quer começar.
Este livro fala sobre como manter um diário de viagem e como esse esforço combina bem com a intensificação da experiência e a preparação de livros ou artigos de viagem.
“Marco Polo didn’t go there”, Rolf Potts
“Travel Writing, Lonely Planet’s guide to”, Don George
“Writing away”, Lavinia Spalding
Acrescenta uma perspectiva diferente ao que contamos e um ritmo que cativa o leitor. Considere apontar e usar mais tarde as partes marcantes dos diálogos. Por vezes resulta bem usar discursos na primeira pessoa de outros que não o autor.
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destino de viagem e quando cada vez temos menos tempo em cada local, estar no sítio certo à hora certa pode fazer a diferença. Mesmo para adeptos da serendipidade, que amaldiçoam as expectativas e imagens pré-feitas, importa conhecer o povo e a cultura que nos acolhe. Isso permite-nos compreender e estabelecer uma ligação muito mais genuína e sentida. Sugestões: ler um livro ou ver um filme passado no destino, falar com alguém de lá, cruzar informação de várias fontes, criar o seu próprio contexto.
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expectativas e preconceitos que preparou antes de partir e questione cada uma: Foi mesmo assim? Porque não (ou sim)?
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Regressado a casa o primeiro passo para a escrita é listar os momentos e episódios mais marcantes da
viagem. Dessa lista vai usar mais à frente apenas alguns. Reflectindo um pouco, escreva o que foi mais importante e porque razões. Desenterre aquela lista de
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MOmentos principais
e reflicta sobre quais são as suas: o que comem por lá, como vivem, o que temo mais e o que mais anseio e desejo. E escreva cada uma delas numa página do seu bloco de notas. Mais tarde vamos precisar dela.
Em tempos tive a sorte de ouvir um grande fotógrafo dar uma daquelas palestras motivacionais para grandes empresas. Steve Uzzell disse algo que ficou: tirar uma grande foto é pouco sobre talento e muito sobre preparação. Num
?
Não há forma de evitar termos ideias preconcebidas sobre o nosso destino, expostos a tanto estímulo e imersos em tanta informação hoje. Antes de partir, páre
Estudar
nd a s leve Pasaqui, EVL R por ma T u
n vai lhe ça? ue O q cabe
Ideias feitas
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“Como se chamam”, “Onde andámos”, “O que me marcou mais”. Guarde pequenas coisa que apanhe: rótulos, etiquetas, recibos, fósforos, caricas, flores, manchas de óleo...
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O bloco de notas será o seu melhor amigo e confidente durante a viagem, mas também aquele que mais tentará evitar. Escolha uma forma de tomar notas, escrevendo, gravando voz, fazendo bonecos. Não precisa de ser um Moleskine mas tem de funcionar e estar à mão para não haver desculpas “Ah e tal... não sei onde está”.
Defina qual o momento do dia que vai dedicar a escrever as notas desse dia. A memória é curta e um dia intenso de viagem facilmente
se perde no próximo. Seja disciplinado. Pode ser de manhã antes de todos acordarem ou quando já todos dormem a sesta. “Que cheiros, sons, sensações”, “Que obstáculos”, “Quem conhecemos”,
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digno de nota
pare e tome nota
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As personagens trazem uma vida e côr às histórias. Mas isso é um simples bónus, porque na verdade toda a viagem ganha com elas. Ao sair do grupo e procurar o contacto com quem nos rodeia, sejam estrangeiros ou locais, dá uma riqueza a toda a experiência.
Melhor ainda se, para saciarmos a curiosidade, tivermos de vencer a vergonha e perguntar a alguém.
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Personagem
Porque só se come borrego? O que diz aquele senhor do alto do minarete? Ser curioso revela mais sobre o que encontramos e deixa-nos mais atentos e compreensivos.
dos go os larurios c
Pergunte-se porque são as coisas assim. O que faz aquilo ali? Porque vão todos para ali? Porque não há cães na rua? Onde estão as mulheres? O que vestem as gentes?
ent am on aci vre Est li
Seja Curioso
Estrutura
No final a sua história terá uma estrutura parecida com esta, onde intercalará momentos fortes com transições entre episódios. Terá um princípio, um meio e um fim. Parece simples, mas na realidade não é.
o? Orgulhos
Algumas sugestões sobre o que deve procurar fazer para atingir uma riqueza e um ritmo que empolguem quem lê, sem perder de vista o que se pretende partilhar e a mensagem principal a passar.
Título
O primeiro que se lê deve ser a última coisa a escrever — deve ser único e assentar que nem um luva a esta história e a mais nenhuma.
Princípio
Agarre o leitor à história, deixe-o pendurado, brinque com ele. Mas quando estiver a fechar a história, não se esqueça das promessas que lhe fez.
Momento Da lista de momentos e episódios da viagem escolha os mais sumarentos e desenvolva. Dê a cada um uma identidade e ritmo próprios, escolhendo quando usar diálogos, uma personagem ou uma descrição mais cuidada de algo.
Transição A transição é uma peça fundamental que dá ritmo à história e lhe permite passar de um episódio para outro. Pode ser uma viagem, uma descrição de uma paisagem, uma análise de expectativa, uma pergunta que se faça— algo que torne natural a ligação com o próximo momento. Retome a lista dos seus momentos e a estrutura que desenhou, agarrando no próximo momento. Repita tantas vezes quantos os episódios.
Fim
As últimas palavras que escolhemos para fechar a história são muito importantes. Elas têm de ressoar e de ficar na cabeça de quem lê. Devem concluir os pontos abertos durante o artigo e ligar com o início. Termine com chave de ouro e guarde alguns trunfos para o final.
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co a Partilhe connos agem vi de ia sua histór ir que nt se os -n ça fa e já devíamos partir amanhã.
“Do’s”
primeiras impressões
Metáforas
Data e local
As primeiras palavras vão determinar se ficará connosco até ao fim quem se dispôs a ler a nossa história. É nelas que irá perceber se vai rir, chorar. É onde o ângulo da história deve ser evidente. E tudo isto de forma curta, deixando indícios no ar que no miolo do artigo resolverá. Como nas primeiras impressões, só se tem uma chance de as fazer.
Uma boa comparação com algo que o leitor se relacione poupa descrições longas e nem sempre bem sucedidas. As metáforas têm essa força e simplicidade. Perguntar-nos «O que me faz lembrar isto?» ajuda a encontrar figuras por semelhança. «Se aquele sítio fosse uma pessoa, quem seria?» ou «Que situação me lembrou aquela».
Convém apontar sempre a data e local das notas que tomamos em viagem. A densidade e quantidade de apontamentos podem tornar-se enormes num piscar-de-olhos. Tenha a preocupação de acertar o relógio da sua máquina fotográfica e, à falta de apontamento, tire uma foto.
São as coisas complicadas de viver que dão as melhores histórias para contar. O problema é que é precisamente nessas alturas que as emoções estão ao rubro e não tomamos o tempo para apontar ou tirar uma foto. Uma escrita forte vive também de momentos fortes — não tenha receio deles, mas aceite-os como parte da viagem e experiência.
O meu ângulo
Perguntas
Ler em voz alta
Factos
Há mais formas de contar uma história do que há viajantes — encontre o seu ângulo. Pode ser através de diálogos imaginários com pessoas que encontra, banda desenhada, fotografia, drama, mistério, comédia. Escolha o território que lhe é natural e use-o. Optar por algo onde não se sente à vontade vai deixá-lo frustado e tentado a desistir.
Se a página em branco o assusta, talvez fazer-nos umas perguntas a nós mesmos ajude: «Que músicas se ouvia nas ruas», «O que dava nas televisões», «Que diziam as capas dos jornais», «Como me veriam os outros», «Se tivesse mais tempo...», «Sentia-me à vontade? E porquê», «Do que me arrependi», «Sinto-me diferente hoje» Surpreenda-se com as respostas.
Ao ouvirmos as nossas próprias palavras ditas em alta voz — mesmo sem ninguém para as ouvir — torna-se evidente o que não resulta. Por vezes, é uma cacofonia infeliz como «as carretas» ou «Alverca gare». Outras, a mensagem revela-se confusa, enrolada. A musicalidade da leitura é cruel e não perdoa o que não resulta. Por isso, faça um chá de cebola, pigarreie e dê voz à sua história.
Cabeça fria
Reúna alguns factos interessantes e específicos do destino. Podem ser desde estatísticas curiosas a momentos de História que tornam aquele lugar ou pessoas singulares. Chegando a casa, confirme tudo uma e outra vez, sempre que possível.
O melhor mesmo? É fazer alguns cursos de escrita com quem sabe. Na TREVL somos alunos eternos, muitas das vezes na escola Escrever Escrever, com uma linha de cursos e professores excepcionais.
Desacordo Apaixone-se pela língua portuguesa e, como a TREVL, diga não ao acordo ortográfico.
Muito para lá do virtuosismo da escrita ou do talento, se evitarmos pequenos pormenores conseguimos uma maior clareza no que escrevemos e isso sente-se do lado de quem lê.
“Dont’s”
«Olha, mãe»
Somos nós que vivemos os episódios e aventuras que contamos ao escrever. Somos nós quem sentiu as emoções, angústias e felicidades. Mas, centrar-se apenas em si próprio, afasta o leitor. Encoraje o contacto com outros e procure estabelecer relação com os demais. Um exemplo é procurar perceber como nos vêem, o que pensarão, ou qual o seu ponto de vista. Evite que a sua história seja uma «selfie».
«Herros»
Escrever encerra uma responsabilidade pedagógica e cultural. Cometer erros de ortografia é um insulto para quem lê. Qualquer simples processador de texto hoje tem corrector ortográfico que vai ao ponto de detectar construções gramaticais incorrectas. Procure também diversificar as palavras e termos que usa, socorrendo-se de um bom diccionário de sinónimos.
Infindável
A capacidade de concentração já não é o que era. Procure ser económico e directo nos começos de capítulo ou artigo. Foque-se na mensagem principal e no objectivo primordial que quer cumprir. Tudo o resto chute para o lado. Um bom início é um início curto e directo ao assunto.
«Drama queen»
Dar demasiado drama ou esticar demais as emoções e sentimentos cria um afastamento de quem lê por parecer exagerado, forçado. Não quer dizer que evite demonstrar porque se sente de uma determinada forma naquele momento, apenas que não crie excesso de drama quando não o há.
Conversa a mais
Factos errados
«Clichés»
Águas passadas
Generalizar
Pintar quadros
O diálogo, sendo encorajado enquanto se viaja, deve ser usado com conta, peso e medida. De outra forma, torna-se uma novela e fica cansativo. Pontue descrições com algumas trocas parafraseando o que foi dito, especialmente quando a expressão foi engraçada e coloquial.
A opção de contar uma história no presente, como se a estivéssemos a viver naquele preciso momento é, não só válida, como uma arma poderosa. Mas exige que não misturemos passado, presente e futuro de forma confusa. Escolha um tempo verbal e mantenha-o.
Imagine que alguém lhe conta uma história e algures no meio detecta-lhe um erro. A partir desse momento, a credibilidade do autor cai aos trambolhões por aí abaixo e nem ouvimos o resto. Ou apenas ouvimos só para lhe descobrir a próxima asneira. Hoje não há desculpas para se citarem factos errados ao escrever — seja rigoroso e exigente consigo como seria com os demais.
Um viajante tem rápidos contactos com as realidades estranhas. O que testemunha é breve e não passa de uma observação isolada. Construir quadros de generalizações como «a comida é toda horrível», «os habitantes são todos antipáticos», ou «só vi casas lindas», revelam mais sobre o autor que não está atento e se precipita a julgar, do que sobre o destino. Seja curioso nos pormenores, mas não construa mundos sobre eles.
O problema de usar expressões comuns é que já perderam o significado. Estamos desensibilizados para o que querem realmente dizer e, na prática, acabam por não reflectir em nada o que se sente. «Paraíso na Terra», «Viagem de sonho», «Encher a alma» ou «Terra de contrastes». Procure usar palavras suas para dizer como se sente.
Para transportar quem lê para o local da acção sentimos a tentação de descrever o contexto, a envolvência. Devemos ser criteriosos nos pormenores que optamos por descrever — uma sala específica, uma paisagem, uma estrada, uma pessoa. Alongar-se e suceder uma descrição atrás da outra é difícil e apenas ao alcance dos mais talentosos escritores.
Adjectivos «Arranha-céus altíssimos», «grandes elefantes», «aldeias pequenas» são adjectivos desnecessários. Como o são também dizer que algo é «maravilhoso», «lindo» ou «fantástico». Em vez de adjectivar, revele porque sentiu isso e vai surpreender-se com os pormenores que se recorda.
Desistir à 1ª
Todo este processo da escrita é difícil. O importante é não «atirar com a toalha ao chão» e continuar a tentar, mudando o que não funcionou e encontrar o que gera resultados consigo. Cada um tem as suas horas do dia em que prefere escrever, outros sentir-se-ão mais à vontade a ditar para um gravador. Não encare a crítica como um sinal para desisitir, pois ela é vital para o sucesso.
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Obrigado
Durante quatro anos de existência, tivemos oportunidade de conhecer muitos viajantes de moto pelo mundo. Estes são os autores-viajantes publicados na TREVL.
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A Alicia Sornosa conta histórias do Japão. Japão 6
O André Braz e a Fátima Ropero viajam pela América do Sul. Peru 5 6
O TREVLer António Nogueira publicou connosco as suas aventuras de moto. Não é esquisito, usando a moto que encontra no destino à sua espera, pequena ou grande. Brasil, Amazónia 2 5 7 8
Os TREVLers Anabela e Jorge Valente dedicam a Portugal uma das suas últimas viagens, depois da estreia com o artigo da sua viagem pela América do Sul. Portugal, América (“DiariesOf”) 11 13
O António Rosado ligou Moura, Alentejo, a Baucau em Timor. Neste número conta-nos histórias da Turquia e Irão.. Moura-Baucau («Out off the Box») 14
O Arménio Teles deu-nos a conhecer uma região remota da Rússia — a Calmúquia. Rússia (Calmúquia) 4
O Artur Brito decidiu que a sua pequena PCX o levaria até às vítimas do terremoto no Nepal. Turquia, Irão, Índia, Nepal 11
O Bruno Andrez e a Joana Sarmento regressam da viagem «Zarpando p’las Américas», depois de largos meses de viagem. América do Sul 7
O Bruno Gaspar levou a sua pequena Macal50 a conhecer melhor Portugal por dentro. Portugal 3
O Carlos Azevedo é um dos poucos «overlanders» portugueses, sócio-fundador da empresa MotoXplorers. E, quando está de férias, viaja de moto. Quénia, Uganda, Congo, Ruanda, Tanzânia 9 10
O Carlos Cordeiro relembra-nos como era viajar há 20 anos atrás numa CB Four. Pirenéus 2
O Carlos J. Martins, sócio-fundador da MotoXplorers, andou em terras da Mauritânia. Mauritânia 1 2
Os 4 amigos, Diogo, Michael, Ricardo e Laurêncio, vivem o Sul de Marrocos com a intensidade da amizade. Marrocos 13
O Filipe Elias foi um dos viajantes à Islândia no número inaugural da TREVL. Portugal 1 13
Os dois amigos Gonçalo Franco e Arnaldo Guedes contam-nos a aventura «2NK» ligando os cabos Norte e da Roca. Escandinávia (“AsViagens.com”) 14
O Gonçalo Luz regressa sempre que pode ao Norte da Índia. índia 2 3 5 6
O Gonçalo Mata reedita o seu livro da viagem «Buena York», volvidos 10 anos, e relembra-nos porque permanece tão actual e viva esta aventura. Buenos Aires - N. Iorque («Buena York») 12
O «chef» de cozinha Gonçalo Mergulhão conduz a sua Yamaha XT600E no projecto «Palavras de Viajante». Rússia, Mongólia 8
Por onde a Gracinda Ramos viaja de moto, varia muito. A sua imagem de marca — uma Pan-European por companhia, um caderno de desenhos e o chapéu negro de aba. Rússia 3 8
O Hugo Jorge arrisca mais uma viagem WalkAbout pelo Inverno turco. Turquia 12
O Hugo Ramos estreia-se a viajar para lá do Círculo Polar Ártico aos comandos de uma Africa Twin. Cabo Norte, Escandinávia 13
O João «Go-Go-Gomes» partiu de Angola para voltar a Portugal de moto, mas escolheu o caminho mais longo. Luanda — Portugal 9
O TREVLer João Pedro Fernandes termina a viagem de moto nos países da Ásia Central, antes de partir para a China. Turquia, Geórgia, Arménia, Azerbeijão, Irão, Turquemenistão, Usbequistão, Tajiquistão, Quirguistão 3 7 8 9
João Rebelo Martins descobriu as viagens pelo olhar da competição com Sabine, Auriol, Vatanen, Peterhansel e o inesquecível José Megre. Peru, Galiza, Portugal, Galiza 6 10 12
As histórias do João Nunes venceram o desafio lançado pela TREVL aos participantes no Big Trail Challenge 2016. Marrocos 10
O José Alves levou a sua Vespa a ver a terra natal. Toscânia, Itália 5 7
A TREVL também viaja com o José Bragança Pinheiro. Andalucia, Irlanda, Ruta de la Plata, Quirguistão, Tajiquistão, Alasca, Mongólia, Nepal, Sul de África 2 3 4 5 7 8 11
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O Jorge Serpa levou a sua R1200GS para as Américas. Américas do Norte e do Sul 5 6 7
O José Duarte prepara a sua expedição «Tea2Wine». Volta ao Mundo 7
A viajante Lea Rieck deixou-nos uma história passada no Nordeste da Índia, na remota região de Siquim. Siquim, Índia («Got2Go») 14
A Maria Pereira dos Santos viaja na Colômbia capturando instantes de uma forma especial. Colômbia 7
O Matej Rancigaj apaixonou-se por África e conta-nos histórias de perder a cabeça e leões. África 4
O Miguel Casimiro relembra que Portugal e Ceilão partilham histórias, na viagem «Para além da Taprobana». Sri Lanka 10
O Nuno Leotte relembra o mais importante da sua viagem pela América do Sul — as amizades. América do Sul 2
O Paddy Tyson, director da Overland Magazine, conta a sua viagem na América Central. Guatemala 2
O Paulo marques conta como foi a grande viagem «Vladivostok—Lisboa». Rússia, Ásia Central, Europa 11
O novo livro «Extremo Ocidental — Uma Viagem de Moto pela Costa Portuguesa, de Caminha a Monte Gordo» do jornalista Paulo Moura chegou às livrarias. Portugal Ocidental 10
O TREVLer Paulo Sadio tem aproveitado ao máximo a sua Africa Twin cruzando as Américas. Américas do Norte, Central e do Sul 4 8 12
O Pedro gonçalves Pinto contou-nos a viagem Adventure Sillage pela América do Sul. América do Sul 10 12
Terminada a missão pela AMI em GuinéBissau, o Pedro Monteiro e a Isabel Nobre regressam a Portugal de moto. Guiné-Bissau, Senegal, Gâmbia, Mauritânia, Marrocos («Coordenada X») 9
O Pedro Mota continua a viagem pelo mundo na sua Transalp. Albânia, Japão, Iraque («Mr. Mota Eastbound») 9 10
Viajamos com o Pedro Rama e a expedição «Menina da Lua» por terras africanas. Angola-Moçambique 4
O Pepe Brix e o Pedro Roque revelam a expedição Lisboa—Pequim. Lisboa-Pequim 7
O Riccardo Guerrini arriscou chegar a Dakar com o projecto «Dakar Challenge». Senegal 2
A Rita Romão partilha as aventuras no leste europeu, enquanto o Miguel procura levar a moto pelo caminho certo. Polónia, Bielorrússia, Estónia 6 9
O TREVLer Rui Correia chegou a Dili, em Timor-Leste, atravessando dois continentes. Lisboa — Dili 9
O Rui Daniel Silva confia numa pequena «scooter» para percorrer a ilha de Bali. Bali, Indonésia 12
O Rui Santos escreve-nos da antiga Jugoslávia e recria os tempos dos Bandoleros no deserto espanhol. Bardenas, Kosovo 2 5
O Tiago Braz viaja pela Turquia e Irão. Turquia, Irão 7
O TREVLer e fotógrafo viajante Tiago Figueiredo estreia a sua F800GS numa viagem pelas ilhas britânicas. Escócia 5 6
O Tiago Mendes demora-se pela Indochina, fazendo da moto a sua extensão da aventura asiática. Vietname, Camboja e Laos 13
O Tiago Sousa Lopes organizou uma viagem até uma das mais altas estradas do mundo, em Khardung La. Norte da Índia («NorthRoad») 14
O Zé Paulo Matias é um dos autores inaugurais da TREVL, viajando em motos de todos os tamanos. Argélia, Escócia 1
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