2 minute read

PARNAÍBA

Next Article
ALTOS

ALTOS

Advertisement

SABOR DE VALOR: tradição parnaibana, o consumo do caranguejo toc-toc sustenta cadeia produtiva que se estende pelos municípios do Delta no Piauí e Maranhão

ÀSQUINTASCOMEMOSCARANGUEJOAos 177 anos Parnaíba dispensa apresentações, mas não custa nada lembrar que o segundo município mais populoso do Piauí com 190 mil habitantes e é também a capital do Delta do rio que batiza a cidade. Além das praias conservadas, da renda de bilro do Morro da Mariana, da revoada dos guarás vermelhos e dos muitos pontos turísticos tombados como patrimônio histórico e cultural, a região da cidade de Parnaíba é grande produtora e abastecedora do mercado de caranguejo uçá – uma iguaria valorizada pelos turistas de todo o planeta.

O bicho é peludo, tem várias patas e rasteja, mas é ele que atrai turistas de todos os cantos do mundo para a cidade de Parnaíba. A espécie Ucides Cordatus, mais conhecido como caranguejo toc-toc, chega à mesa dos apreciadores de várias formas - ensopado no leite de coco, na deliciosa torta, pastéis, bolinhos, caldeiradas e a casquinha; no entanto, preferência da grande maioria é consumi-lo quebrando a carapaça com um martelinho, chupando a carne suculenta e de sabor peculiar acompanhada de vinagrete e farofa.

Feito em casa: Comer caranguejo na cidade de Parnaíba, óbvio, tornou-se tradição. Às quintas-feiras a famosa Beira Rio e boa parte da cadeia de restaurantes recebem a romaria dos amantes do artrópode. Mas há quem prefira cozinhar suas cordas em casa e compartilhar com os amigos. "Geralmente compramos eles vivos e preparamos na casa de um ou de outro, que é mais barato", diz Izabela Souza. Aprofessora de inglês, que também é cozinheira talentosa, defende a tradição tanto no preparo quanto no consumo. "Tem (caranguejo) de segunda à segunda, porém a quinta-feira é o tradicional dia do caranguejo aqui (em Parnaíba). Tem a torta que é super tradicional e deliciosa, mas eu prefiro comer quebrando com o martelinho toc- toc", afirma.

O coordenador e supervisor de eventos culturais Gabriel Araújo também prefere comer caranguejo em casa, mas, ao contrário da conterrânea, não é fã de comer caranguejo a marteladas que chama de “forma mais natural e rústica, mas isso (a tradição de comer caranguejo às quintas-feiras) contribui para o consumo”. E são pessoas como Izabela e Gabriel que ajudam a movimentar a economia local sustentada na cadeia de catadores de caranguejo que trabalham de dezembro à março nos mangues de Ilha Grande, Luís Correia e Cajueiro da Praia. Esses três municípios juntam-se a Araioses, no Maranhão, que abriga a maior comunidade de “caranguejeiros” da região do Delta. Acata do caranguejo é feita individualmente ou em família e atividade gera renda em torno de um salário e meio por mês para cada catador.

Festa: O caranguejo é tão famoso no litoral do Piauí que ganhou até um festival anual em Ilha Grande. Cerca de 400 catadores da cidade produzem entre 12 mil e 20 mil cordas do crustáceo por semana. O evento e multicultural, mas o foco é mesmo o bicho decápode que sai da panela para a mesas na forma de receitas tradicionais e até mesmo em um inusitado - e deliciosa – creme de caranguejo na moranga. Não, você não salivou sozinho...

This article is from: