ESPERANTINA

“A escola é um lugar onde me sinto bem”, afirma Erinelda que revela sentir falta de dar expediente por conta da pandemia.

TIAERINELDA: 70 ANOS EDUCANDO ESPERANTINA Acidade a 180 km ao norte de Teresina tem uma personagem cuja fama e legado resistem ao tempo: a professora Erinelda Alves Ramos que aos 88 anos ainda dirige a escola que leva seu nome. Adocente está há sete décadas à frente de uma escola que hoje leva seu nome. Em 1953, a jovem esperantinense fundou a Escola de Educação Social Doutor Chagas Rodrigues, uma homenagem ao advogado e político parnaibano.

Erinelda deu os primeiros passos na docência ministrando aulas de reforço para quem quisesse aprender a ler e escrever. AEscolinha Tia Erinelda funcionava numa sala da casa do pai da professorinha, mas a estrutura pequena não impediu que o pequeno projeto de alfabetização já ganhasse o mundo e alcançasse muitos meninos e meninas, homens e mulheres de Esperantina.

Muitos dos alunos da “tia” se tornaram advogados, médicos, auditores fiscais e promotores de justiça... Gente como o superintendente da Caixa Ecônomica Federal de Teresina, Rycard José Ferraz Medeiros Furtado, o radialista Dídimo de Castro e o vice-prefeito de Esperantina, Sampaio Júnior foram alfabetizados na escolinha.

No discurso de inauguração da escola nos anos 1950, Erinelda foi enfática ao chamar de “missão” o amor e a dedicação ao trabalho de educar que parece não arrefeceram mesmo passados mais de seis décadas. Nessa jornada, a professora e educadora contou com um anjo da guarda: Maria José Pires, a Dona Badé, a colaboradora e fiel escudeira de Erinelda, já falecida.

Aposição de Badé é ocupada hoje pela irmã Maria Tereza que, junto com a família, compartilham e ajudam na gestão da escola. "Na minha idade já não consigo mais estar na sala de aula como gostaria. E a pandemia tirou de mim o que mais gostava de fazer que era ir cumprir expediente diariamente. Isso me deixou muito triste. Tive medo da escola fechar", revela Tia Erinelda deixando escapar que sua força e determinação vem mesmo é da sala de aula. Longe de ser uma diretora emérita e do alto de seus quase 90 anos de idade, Tia Erinelda ainda ajuda na gestão, é firme e rigorosa na hora de educar, detalhista e exige disciplina dos colaboradores e educandos. "Dizem que a minha presença na escola é sempre notada pelos nossos pais e alunos. Recebo muito carinho de todos eles. (Aescola) é um lugar que me sinto bem. Gosto de ver as crianças da educação infantil", reflete.

Sobre o futuro, Erinelda diz: "Eu gosto de viver e ainda quero viajar, de curtir meus sobrinhos-netos, vê-los se formarem. Meu maior desejo é que quando eu não mais existir, que os meus familiares continuem à frente da escola". Como o trabalho do homem e da mulher fala por si só, a grande mestra sempre será lembrada com carinho e respeito como retribuição ao trabalho hercúleo e minucioso tem que feito ao longo da história de alunos e pais. "Tia Erinelda é de Esperantina. Aprofessora Erinelda é do mundo porque na missão de educar, avançou no tempo, ultrapassou espaços, superou limites", declara a amiga Anatália Sampaio.