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UNIÃO

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PIRIPIRI

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VAQUEIRO É PROFISSÃO: para além do dia comemorativo, há uma década os peões nordestinos fizeram lobby no senado vestidos a caráter para aprovação da lei

UNIÃO É O BERÇO DA CULTURA DO VAQUEIRO Localizada a 65km de Teresina o município de União tem referências fortes na literatura, nas artes plásticas e na gastronomia. Terra do poeta Benedito Martins Napoleão, do "Piauiense do Século" Walter Alencar, dos artistas plásticos Hostyano Machado e Osmir Pierot, dos músicos Renato Piau e da banda Validuaté. "Tenho muitas referências culturais fortes aqui. São memórias muito presentes como o Clube Apaxe, o Centro Cultural, o Colégio das Irmãs, o Balão, o Bloco dos Gatões... Na gastronomia, o famoso peixe arengue feito pelo Seu Antônio Félix, na beira do Rio Parnaíba. Os festejos são a cara da cidade", discorre a professora de educação física Myrian Lobão, nascida na cidade.

Já para a empresária Suzane Jales, filha da também escritora Mirian Jales, "tem uma parte dos Festejos de São Raimundo Nonato que se destaca muito: a procissão dos Vaqueiros que depois transformou-se no Dia Nacional dos Vaqueiros. Foi um movimento que nasceu em nosso município", revela.

O produtor cultural e funcionário público Brígido Neto acompanha o cenário unionense desde a infância. "Participei de muitas procissões. Sou encantado com toda a história que cerca o Dia dos Vaqueiros, conta o professor - que em 1987 trabalhou no Coral dos Vaqueiros regido pelo maestro Aurélio Melo. Brígido também coordenou um grupo de teatro formado por adolescentes egressos das escolas municipais, o Art Fato; a montagem mais famosa foi a peça "União, Cidade do Já Teve, Já Foi e Já Era".

Os vaqueiros começaram a fazer uma procissão durante o Festejo de São Raimundo Nonato, em 29 de agosto, de 1944. Esse foi início da saga para a criação da lei federal que instituiu o Dia Nacional do Vaqueiro.

Profissão reconhecida; Sob o número 11.797, a lei resulta do projeto do deputado federal Nazareno Fonteles e sancionada pelo então presidente Luís Inácio Lula de Silva em 29 de outubro de 2008. Devido à ela, os vaqueiros de todo o país passaram ter direitos assegurados e regulamentados.

Aideia de dedicar um dia para o peão nordestino homem partiu do Padre Luís Brasileiro e o de vaqueiro Marcelino Teófilo, pai do também vaqueiro Chico Teófilo.

Este último, diz a tradição, teria entrado nas dependências do Congresso Nacional em novembro de 1987, vestindo chapéu de couro e gibão para chamar a atenção para a situação dos vaqueiros no Piauí e do nordeste, relatam os historiadores Danilo Reis e José Santana Carneiro, no livro "Narrativas da História Política, Social e Religiosa do Município de União, da Origem à Atualidade".

Segundo os autores, antes de falecer em 2 de fevereiro de 2019, Chico Teófilo havia sido vereador por quatro mandatos em União. "Ele criou a Associação dos Vaqueiros de União nos anos 1980 e 1990; na época colaborou também para criação do Coral dos Vaqueiros”, e órgãos de utilidade pública e sindical.

Sobre o Coral dos Vaqueiros, Reis e Carneiro destacam a importância de criar um coral de vaqueiros porque "uma grande parte do mundo nunca viu o aboio do cantador, isto vai encantar o mundo, uma oportunidade ímpar para o Piauí, para o Brasil, para mostrar nossa cultura primeira, do tempo da colonização".

Há cerca de uma década, o senado brasileiro aprovou projeto de lei que reconhece oficialmente a profissão de vaqueiro. A sessão foi acompanhada por vários deles vestidos com chapéu e gibão durante todo o dia, pedindo a votação e aprovação da matéria que instituía a profissão árdua de campear o gado na caatinga.

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