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TERESINA

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PICOS

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Criada há 30 anos pela empresária Marlene Ferreira, a bomba faz parte da culinária afetiva teresinense

O CORAÇÃO DE TERESINA É UMA BOMBA Acapital do Piauí agrega praticamente todos os pratos da culinária nordestina com pouca ou quase nenhuma diferença nas receitas. Beirando o milhão de habitantes, uma parte considerável dos moradores de Teresina veio do interior ou de outros estados e trouxe consigo tradições culinárias.

Pratos do nordeste inteiro convivem harmonicamente nos lares, bares e restaurantes teresinenses. Das paçocas à panelada, da buchada ao sarapatel, do caranguejo ao carneiro assado, a Cidade Verde oferece um circuito de comidas típicas tão rico que, às vezes, fica difícil dizer qual prato representa a comida genuinamente teresinense.

Diz a lenda que nos anos 1980, a dona de uma lanchonete na cidade resolveu aproveitar sobras de massa de esfirra, queijo e presunto e criou a bomba, o salgado frito hoje detém o título de ser o lanche mais genuinamente teresinense. Tornou-se tão popular que pode-se dizer que é o salgado preferido nas lanchonetes e entre os estudantes por ser barato, delicioso e encher o bucho.

Comer bomba no lanche tornou-se um hábito na capital há pelo menos 30 anos, graças à Marjé Lanches, lanchonete no centro da cidade comandada por Marlene Ferreira, a Dona Mazé, criadora da receita: massa choux (cozida antes de fritar) e recheio de queijo, presunto, mortadela, carne do sol, calabresa e até chocolate.

Apesar de ser um prato tradicional da comida afetiva teresinense, a bomba teve sua origem questionada na internet. Tudo começou quando o advogado piauiense Lúcio Formiga Filho apresentou o salgado ao streamer vascaíno Casimiro, que tem cerca de 4,5 milhões de seguidores. "Tinha programado um lanche com meu irmão e resolvi interagir com o Casimiro. Aí veio um internauta de São Luís, dizer que a bomba era (uma receita) maranhense. Várias pessoas responderam ratificando que ele estava errado", contou o advogado. O comentário do internauta foi o suficiente para instalar uma treta colossal que mexeu com os brios da Cidade Verde – e dos demais conterrâneos também. Amídia local tratou de esclarecer a polêmica buscando fontes fidedignas para provar que a bomba é sim um salgado genuinamente piauiense.

Conhecedor do assunto, o gastrônomo Cairo Rocha, garante "a receita da bomba surgiu quando a Dona Marlene tinha um resto de massa de esfirra, queijo e presunto, na geladeira. Dalí ela criou um salgado genuinamente piauiense". Rocha, inclusive, ensina tem vídeos online em que ensina a fazer o salgado.

Quem já assistiu à aula online de patisserie de Cairo, revela nos comentários do vídeo sua paixão pelo salgado nascido em Teresina e atesta que a receita daqui é única. "Esse é o melhor salgado. Só quem é do Piauí sabe o quanto é gostosa. Moro em São Paulo e nunca encontrei. O que eles chamam de bomba aqui é um pão com recheio de doce de leite", garante um internauta. Outros piauienses residentes em Brasília, Belém, Recife, Maceió, Fortaleza, Goiânia e em outras cidades do mundo, relatam que não encontram nestas capitais a iguaria com as mesmas características originais.

Os depoimentos do gastrônomo e de testemunhas espalhadas por todo o Brasil e exterior ajudam o advogado Lúcio Filho a comprovar a maternidade da bomba teresinense. Munido da certeza sobre a origem de uma das comidas afetivas mais famosas do Piauí, Lúcio conclama os conterrâneos para uma cruzada em defesa da bomba: "Precisamos valorizar e divulgar aqui o que é nosso. Fazer com a bomba o que os mineiros fizeram com o Pão de Queijo deles".

Com 13 anos de experiência como chef e consultorias, Larissa Batista nasceu para cozinhar. Foi ela que fez aquela bomba gigante, com queijo, peperoni e presunto, que foi devorada pelo youtuber Corbucci.

O canal Corbucci Eats possui 2,69 milhoes de inscritos. O vídeo AMaior Bomba de Teresina, feito no Empório do Zeca, teve 671 mil visualizações.

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