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BOB DYLAN, UMA NOVA-VELHA MANEIRA DE FAZER POESIA

PRÊMIO NOBEL DE LITERATURA CONCEDIDO AO COMPOSITOR SUSCITA DEBATE, LANÇA OUTROS 'CANDIDATOS' À LÁUREA E MOSTRA, SEGUNDO ANTONIO CICERO, UM REENCONTRO DAS LETRAS COM SUAS ORIGENS

Meio brincando, meio a sério, já surgem apostas em grandes nomes da música mundial para as próximas edições do Prêmio Nobel de Literatura depois da surpreendente escolha de Bob Dylan no mês passado. Pela primeira vez na história entregue a um compositor de letras e acordes cuja produção musical – 69 álbuns – é incomparável com a “literária” – dois livros, sendo um deles de memórias – , a láurea mais pop do planeta dá sinais de estar se abrindo a novas (novas?) expressões literárias.

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“Sabe-se que o primeiro grande poeta da tradição ocidental, Homero, cantava seus poemas para seu público. Assim também faziam os poetas líricos, que tocavam a lira enquanto cantavam. Ou seja, a grande poesia da Grécia Antiga era letra de canções. E essas letras são alguns dos maiores poemas da literatura. Por que, então, fingir que não há, também hoje, grandes poemas na forma de letras de canções?”, provocou o associado da UBC Antonio Cicero, ele próprio um grande letrista e poeta, em entrevista ao diário carioca “O Globo”. “Aqui no Brasil, basta mencionar canções de poetas como Noel Rosa, Dorival Caymmi, Caetano Veloso ou Chico Buarque”, continuou.

Como o prêmio concedido anualmente pela Real Academia Sueca só contempla pessoas vivas, poderiam os dois últimos estar no páreo para os próximos anos. Ou, como revelou o serviço em espanhol do conglomerado de mídia inglês BBC, depois de uma pesquisa com leitores e críticos, também o cubano Silvio Rodríguez ou o argentino Facundo Cabral. Possibilidade que irrita os muitos críticos que vieram a público desde o anúncio para atacar o prêmio dado ao compositor americano. Um personagem da cultura global que, praticamente desde que surgiu, se diz poeta e cujo sobrenome artístico (o real é Zimmerman) teria sido adotado em homenagem ao poeta americano Dylan Thomas. “Se Bob Dylan é um poeta, sou um jogador de basquete”, atacou o estadunidense Norman Mailer, certa vez. Assim como ele – que morreu em 2007, sem o Nobel – fazia, outros escritores, como o americano Philip Roth ou o japonês Haruki Murakami, eternos candidatos, esperam sua vez. Isso se Chico ou Rodríguez deixarem...

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