2 minute read
DISTRIBUI\u00C7\u00C3O DE VALORES ARRECADADOS EM SHOWS COME\u00C7A A SENTIR OS EFEITOS DA CRISE
NÚMEROS DO ECAD SUGEREM QUE TOTAL DE EVENTOS TEM DIMINUÍDO. INTERVALO ENTRE REALIZAÇÃO DE ESPETÁCULOS E REPARTIÇÃO DO DINHEIRO AOS TITULARES TAMBÉM CAI
Por Andrea Menezes, de Brasília
Advertisement
Demorou um pouco, mas a grave crise econômica – que fez cair 43,6%, em média, o gasto com diversão nas cinco regiões brasileiras, segundo levantamento da consultoria Boa Vista SCPC – se reflete, por fim, na distribuição de shows. A partir de agosto, os valores repassados aos titulares experimentou notável queda em relação aos anos anteriores. O acumulado arrecadado com shows no país, de janeiro a setembro, ficou em R$ 76,8 milhões, contra R$ 84,5 milhões no mesmo período do ano passado, queda de mais de 9%. A arrecadação ficou mais comprometida a partir do início do segundo semestre, com quedas de 17,33% (julho), 36,29% (agosto) e espantosos 79,87% (setembro), quando comparados com os mesmos meses de 2015.
Se o tíquete médio – valor médio que o Ecad arrecada por cada show realizado no país – não tem discrepado tão claramente dos montantes registrados nos anos de 2014 e 2015, as quedas tão acentuadas na arrecadação total sugerem que o número de apresentações tem diminuído. Com isso, a “fila” de pagamento – ou seja, o tempo entre a realização do evento e a chegada do dinheiro às mãos do titular cuja música foi executada – se reduziu dramaticamente. Segundo números do Ecad, esse intervalo alcançava um limite máximo de 1.129 dias em janeiro de 2015. Em janeiro de 2016 havia caído para 246 dias. Em fevereiro e março, a tendência de queda nessa intervalo continuou, revertendo-se em abril e maio. Em junho e julho a fila voltou a diminuir consideravelmente. Isso significa que foi possível manter um nível razoável de repasses aos titulares enquanto havia um “colchão” representado por esse estoque de dinheiro não distribuído. Sem ele, a tendência é que o valor distribuído tenda a minguar. Vale lembrar que este intervalo mencionado muitas vezes é grande desta maneira por falta de informações sobre o show, como, por exemplo, uma falha no envio do roteiro pelo produtor do show.
O ano de 2016 parecia ter começado alheio à crise, com 6.136 shows fechados em janeiro, contra 3.863 no mesmo mês de 2014 e 2.992 na abertura de 2015. A partir de abril, o número de eventos confirmados este ano passou a ficar abaixo de pelo menos um dos dois anos anteriores, outro indício da desaceleração na realização desses eventos. Confira, nos gráficos abaixo, a evolução da arrecadação total com o segmento shows nos últimos três anos e a diminuição notável na “fila” para o repasse aos titulares, nos últimos dois, que faz antever um bolo total menor nos próximos meses.