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Novidades Nacionais
Década e meia de Tecnomacumba
A cantora maranhense Rita Benneditto celebra, com turnê especial, o sucesso de um projeto que une sons, cantos e crenças afro-brasileiros com MPB e música eletrônica. Em “Tecnomacumba – 15 Anos de Festa e Fé”, ela relembra o repertório que marcou as muitas apresentações realizadas em cidades como Brasília, Rio, São Luís e Porto Alegre, além de Dacar (Senegal), Cannes (França) e Budapeste (Hungria), com participações de Ney Matogrosso, Daniela Mercury, Beth Carvalho, Leci Brandão, Carlos Malta ou Sandra de Sá. “É um dos shows mais longevos da música brasileira”, comemora. Outro dos parceiros de Rita no Tecnomacumba, Caetano Veloso é só elogios a Rita e ao projeto: “Rita tem a emissão vocal lisa, sem vibratos, mais impressionante que ouvi em muito tempo. O disco é de um nível profissional impecável, (e o show) é rico, honesto e sugestivo.”
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A estreia da turnê será neste 10 de agosto, no Teatro Rival, no Rio.
Thiago Amud: imagens e sons
Alternativo, “clandestino radical”, como define o crítico de música do jornal americano “The New York Times” Jon Pareles, e elogiado por medalhões como Francis Hime e Guinga, o carioca Thiago Amud é constante na boa impressão que deixa a cada novo disco. No quarto, “O Cinema Que o Sol Não Apaga”, ele cozinha um caldeirão de estilos, de xote a bossa nova, de frevo a moda de viola. Como num prato, tantos temperos juntos poderiam se anular mutuamente, mas é aí que entra a mão boa de Amud para a mistura. Não é no mundo da gastronomia, porém, que ele navega, senão no do cinema. “A força poética do cinema me instiga desde os 17 anos, quando conheci Fellini, Bergman e Buñuel. Meu primeiro álbum, de 2010, já era meio cinematográfico. Este novo eu imaginei que se chamaria Cinema Russo, mas, quando fiz ‘A Mais Bela Cena’, percebi na letra o caráter nuclear da imagem que deu nome ao disco”, diz.
Fernanda Takai canta Tom Jobim
Sempre inquieta, Fernanda Takai mostra mais uma vez sua versatilidade estética num disco com “lados B” da obra do maestro maior da MPB. Nascida no interior do Amapá, criada em Belo Horizonte, filha de mãe brasileira e pai de ascendência japonesa, Fernanda é plural, experimentadora, tendo gravado de Reginaldo Rossi a Michael Jackson, de Padre Fabio de Mello a Andy Summers (The Police), além de um sem-número de canções autorais, adultas e infantis, e parcerias com seu marido, John Ulhoa, no grupo Patu Fu. Agora, ela emprega sua voz cristalina, afinadíssima, para dar vida às 13 canções de “O Tom da Takai”, compostas por Tom Jobim e seus parceiros. “Estrada do Sol” (escrita com Dolores Duran), “Bonita”, “Ai Quem Me Dera” e “Aula de Matemática” (com Marino Pinto) e “Só Saudade” (com Newton Mendonça) estão lá, com arranjos e produção de dois mestres da bossa nova, Roberto Menescal e Marcos Valle.
Luis Carlinhos e Marley
Em seus 30 anos de envolvimento com a música — a primeira banda surgiu aos 12, com o amigo Davi Moraes —, nada como um diálogo com as raízes. Luis Carlinhos festeja o sucesso do seu álbum “Luis Carlinhos canta Bob Marley”, em que aprofunda a relação com a obra do mestre jamaicano, cuja influência está presente em todos os momentos de sua obra. O violão do carioca Carlinhos costura, em clima acústico, as nove canções de Marley, sendo uma delas uma versão (“Three Little Birds” virou “Três Lindas Flores”, numa parceria com Cláudio Agá). Davi Moraes, Silvia Machete, Alexandre Carlos (Natiruts) e Nicolas Krassik, entre vários outros músicos, participam.
Clara Gurjão: voz, piano e estúdio
Samba, jazz, bossa nova, baladas. Clara Gurjão transita mais que bem entre estilos e imprime o seu próprio, ajudando a renovar a MPB sofisticada que é sua e é também uma das caras mais conhecidas da música brasileira lá fora. O resultado é que vai construindo uma carreira sólida não só por aqui, mas também na Argentina e na Europa, onde já fez apresentações do seu álbum de estreia, “Ela”, de 2016, quase todo com canções autorais e também releituras de obras de Caetano Veloso ou do cubano Ernesto Duarte Brito. Em breve, Clara entra em estúdio para produzir o segundo. “Oficialmente, ainda não estamos divulgando. A ideia já existe, porém ainda sem data definida (para a gravação)”, conta a cantora, que viaja com o show “Voz & Piano”. “Nele, exploro a minha faceta intérprete, resgatando músicas menos conhecidas do cancioneiro brasileiro, de compositores como Sueli Costa ou Tunai, e mesclando-as a meu repertório autoral.”
Horas de Rômulo Fróes
Rômulo Fróes lança “O Disco das Horas”, apostando mais uma vez na parceria com o artista plástico e escritor Nuno Ramos, que assina as letras. Não havia mesmo por que mudar. Um dos nomes mais emblemáticos da (agora já nem tão) nova geração paulistana que surpreendeu a MPB, no princípio da década, Rômulo colhe os frutos de um trabalho persistente, coerente e consciente da própria importância. “Minha geração deu contribuições muito diversas. Nem o Brasil nem a canção brasileira são mais os mesmos”, afirmou ao “Jornal do Brasil”. Sucesso popular como compositor (com Alice Coutinho) de “A Mulher do Fim do Mundo”, de Elza Soares, e produtor do álbum, um dos melhores dos últimos anos, ele recorre agora ao universo do samba dos anos 1940 e 1950 — Jamelão, big bands, sopros de até oito naipes —, com resultado notável.
Maurício Pereira, som para as quatro estações
Elogiado pela crítica, o sétimo álbum solo do compositor, músicoe cantor paulistano Maurício Pereira, ex-Os Mulheres Negras,saiu em maio, com produção de Gustavo Ruiz. Em doze cançõesautorais, “Outono no Sudeste” traz uma linguagem MPB de citações jazzísticas, em canções de temáticas variadas e muitas parcerias: Morris Picciotto, Arthur de Faria, Skowa, Lu Horta, Daniel Szafran, Edson Natale, Daniel Galli, Felipe Trielli, Tonho Penhasco e Rhaissa Bittar. Entre os músicos que tocam, Amílcar Rodrigues (bombardino), Gabriel Basile (bateria), Henrique Alves (baixo), Pedro Montagnana (piano) e Tonho Penhasco (guitarra). Em 11 de agosto, Maurício apresentará o disco na capital federal, durante o Festival Coma.
LEIA MAIS! Veja a agenda completa de shows do artista! ubc.vc/MPagenda
3030, alquimistas do Hip Hop
Ao celebrar sua primeira década de carreira, o grupo de rap carioca 3030 lança seu quinto e mais elogiado álbum de estúdio. Especialistas na fusão de ritmos brasileiros ao tempero hip hop, eles dão um passo além nas misturas em “Alquimia”, tomando emprestados os tambores afro, as sonoridades da lambada, do samba e do jazz e desfilando uma constelação de participações especiais nas 13 canções, como MV Bill, Emicida, Rodrigo Cartier, os instrumentistas Alberto Continentino, Pretinho da Serrinha e Marlon Sette e o maestro Arthur Verocai. Sucesso nas plataformas de streaming (com dezenas de milhões de visualizações e audições de seus clipes e músicas), o 3030, instalado no Morro do Vidigal, é um dos nomes mais interessantes da já, por si, quentíssima cena rap brasileira.
Arnaldo samba-rock
Samba e rock se fundem no potente 19º disco de Arnaldo Antunes, “RSTUVXZ”, que, após o carioquíssimo “Já É”, produzido por Kassin em 2015, se desloca outra vez para a São Paulo de Arnaldo, do produtor e baterista Curumin e do guitarrista e parceiro de longa data Chico Salem. Juntos, e com o teclado de André Lima, eles dão vida às 13 faixas que Arnaldo divide com amigos como Marisa Monte, Pedro Baby, Pretinho da Serrinha, Carminho, Carlinhos Brown e Paulo Miklos. Doze das 13 canções são inéditas, incluindo o resgate de uma jamais gravada, “Se_Precavê”, parceria sua com Marcelo Fromer.