Gabryela Magueta
Tainara Mauê
gabryela magueta
A fotografia como um sonho realizado. Página 3
A relação entre os caddies e o Country Club. Página 7
O convívio dentro e fora da Kédi. Página 8
ENFOQUE VILA KÉDI
EDIÇÃO
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Amanda Bormida
PORTO ALEGRE / rs JUNHO/JULHO DE 2017
Onde o tempo ameaça Efeitos da instabilidade do clima geram preocupação, especialmente com a proximidade do inverno
2. CRÔNICA
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horas e 12 minutos de um sábado do final de maio. Um grupo de pessoas alvoraçadas e já um pouco molhadas pelas gotas insistentes da garoa que cai sobre a região chega aos portões da Vila Kédi, pela Avenida Nilo Peçanha. Não há portões. É uma rua marrom de barro, cheia de pedrinhas salpicadas de chuva, que serpenteia até a Avenida Frei Caneca. Mesmo sem portas, nessa rua não entram muitas pessoas. O grupo é formado por estudantes universitários, jovens cheios de sonhos e alguns preconceitos, que têm a valiosa oportunidade de descer do apartamento dos pais, pegar um carro de aluguel até a Unisinos Porto Alegre, e ter contato com uma realidade totalmente
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Vidas que persistem nova, ao menos para eles. Alguém já disse em algum lugar que toda generalização é burra, e é mesmo, mas os estereótipos estão aí justamente para ser desconstruídos. Por nós, e pelos moradores da Kédi. Se a curiosidade está em nossos olhos, nas lentes das câmeras afoitas e nas canetas indecisas que ora escrevem, ora rabiscam nos blocos úmidos, a curiosidade também aparece na desconfiança de quem não costuma ver tanto movimento, ainda mais no meio de uma manhã de chuva e 18°C nos termômetros. A dona de casa de blusa leve e decote acanhado relata
RECADO DA REDAÇÃO
Último Enfoque na Kédi? O semestre ainda está no meio, mas já fechamos o ciclo com o terceiro Enfoque deste ano, Enfoque de número 9. Alunos e professores da Unisinos Porto Alegre seguem acompanhando a vida dos moradores da Vila Kédi, suas conquistas e alegrias, mas principalmente suas dificuldades. Como abordam nesta edição os repórteres Renata Simmi e Arthur Marques, ao falar sobre os muitos transtornos que uma vila sem asfaltamento e saneamento básico enfrenta quando chove por tantos dias, como foi esse final de maio. Entretanto, nem só de percalços vive a Kédi e seus moradores. A repórter Lua Kliar conta o emocionante primeiro encontro entre um rapaz e seu sonho. Ainda é incerto o destino do próximo Enfoque, que pode continuar a acompanhar a Dona Ângela, a Tânia, a Larissa, a Veridiana, o Fabiano, o Seu Paulo e todos os outros residentes, mas também pode tomar outros rumos, e encontrar outras pessoas que precisem da ajuda dos meios de comunicação para levar suas reivindicações adiante. Contudo, uma coisa é certa, a cada visita que os alunos fazem à vila percebem que não foi só para sujar as galochas que o professor de olhar determinado e cabelos brancos os arrebanhou até lá. Foram ecoar as reclamações, relatar os aborrecimentos, levar a outros ouvidos e olhares as vozes daquelas pessoas que são tão parecidas com todas as outras, mas que, às vezes, parecem valer tão menos. Tina Borba Editora-chefe
à repórter os problemas que a chuva traz consigo, enquanto tenta se esconder do vento por detrás do marco da porta. Apesar dos problemas que cada um tem com os pingos insistentes, os jovens se espalham pela viela. Alguns entram nas casas acompanhando os moradores, como formigas operárias, ansiosas pela próxima tarefa; outros, mantém olhares perdidos de quem ainda não sabe bem o que faz ali. Latidos irrompem o silêncio contemplativo de quem tenta entender aonde está, porque está e o que deve fazer. O cão de cor caramelo claro, de focinho alon-
cama quentinha. Mas nem todas as camas permanecem secas, quem dirá quentinhas, quando as goteiras insistem em deixar a água entrar em casa. E ainda que as condições estejam longe das ideais, ainda que o cenário político e burocrático agrave ainda mais as desigualdades no Brasil, ainda que caia água dos céus há quase três dias nesse final de outono, mesmo assim as pessoas resistem, vivem, insistem. Quando o horário do almoço de aproxima, o cheirinho de carne frita na panela invade silencioso a rua enlameada,alertandoaquempassar por aquela janela mal fechada, que as pessoas não desistem, as pessoas não se entregam.
gado, “abre” a janela e posta-se a “conversar” com todos. Próximo ao cão trovador, uma grande poça d’água reflete os dissabores de não se ter asfalto na rua nem encanamento no esgoto. Reflete também as muitas folhas das árvores imensas que ladeiam a viela, e que por vezes derrubam seus grandes galhos sobre as já precárias moradias, causando mais transtornos do que o Poder Público parece disposto a resolver. Asensaçãodefrionãoabandona o grupo um minuto sequer, a garoa também não. Nessa temperatura, a maioria das pessoas com quem se fala ainda parece preferir uma
ENTRE EM CONTATO
tina borba Giulia Godoy
DATAS DE CIRCULAÇÃO
(51) 3590 1122, ramal 3701
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6 de maio
luizfd@unisinos.br
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27 de maio
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10 de junho
Av. Luiz Manoel Gonzaga, 744 – Petrópolis – Porto Alegre – RS Cep: 90470 280 – A/C Coordenação do Curso de Jornalismo
QUEM FAZ O JORNAL O Enfoque Vila Kédi é um jornal experimental dirigido à comunidade da Vila Kédi, em Porto Alegre (RS). Com tiragem de mil exemplares, são publicadas três edições a cada semestre e distribuídas gratuitamente na região. A produção jornalística é realizada por alunos do Curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre.
CONTEÚDO Disciplina Jornalismo Cidadão Orientação Luiz Antônio Nikão Duarte (texto) e Flávio Dutra (fotografia) Edição geral (chefia) Tina Borba Edição de fotografia Arthur Marques Reportagem e edição: Arthur Marques, Liane Oliveira, Lua Kliar, Marina Lehmann, Renata Simmi e Tina Borba Fotografias: Alexsander Machado, Amanda Bormida, Carol Steques, Denilson Flores, Fernanda Romão, Fernando Eifler, Gabryela Magueta, Giulia Godoy, Luiz Silva, Jheine Sieben, Juliana Coin, Luiza Soares, Tainara Mauê e Thiago de Loreto ARTE Realização Agência Experimental de Comunicação (Agexcom) Projeto gráfico, diagramação e arte-finalização Marcelo Garcia Diagramação Mariana Matté
IMPRESSÃO Realização Grupo RBS Tiragem 1.000 exemplares
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Av. Luiz Manoel Gonzaga, 744 – Petrópolis – Porto Alegre – RS. Cep: 90470 280. Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos.br. Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Pró-reitor de Administração: João Zani. Diretor da Unidade de Graduação: Gustavo Borba. Gerente dos Cursos de Bacharelados e Tecnológicos: Paula Campagnolo. Coordenadora do Curso de Jornalismo: Debora Lapa Gadret.
ENFOQUE VILA KÉDI | PORTO ALEGRE (RS) | JUNHO/JULHO DE 2017 |
ESPECIAL .3
Luz, foco, sonho e sentimento Gabryela Magueta
A Kédi fotografada pelo olhar de um morador
M Maurício descobre a magia da fotografia. Como cenário, o lugar onde vive desde que nasceu
aurício Torres não precisou de muitas instruções para compreender um pouco da complexidade da fotografia. Luz, foco e sentimento foram elementos suficientes para que, a convite do Enfoque, ele disparasse o obturador e tornasse palpável a sua visão sobre o seu ambiente, num sábado chuvoso de saída de campo dos alunos de Jornalismo Cidadão, da Unisinos, campus Porto Alegre. A leitura e a escrita lhe foram limitadas, na vida real, mas o seu sonho de “eternizar momentos”, como ele diz, ninguém pôde tirar. Maurício frequentou escola especial até os 18 anos,
Galeria de fotos de Maurício Torres
quando atingiu a idade máxima permitida pela instituição. Hoje, aos 21 anos, mora sozinho e ganha a vida limpando a Igreja Santa Edwiges, na entrada da Vila, e fazendo pequenas reformas e pinturas pela Kédi. O morador conta que desde pequeno a fotografia chama a sua atenção: “Eu sou apaixonado por foto desde que eu tinha cinco anos, sempre olhava nas revistas e nas ruas as fotos e pensava em como elas eram feitas. É tão bonito! ”, afirma. Com a câmera na mão, Maurício concentrou nas lentes muita determinação e sensibilidade. “Vou fotografar o que eu acho bonito, né? Mas, na real, tudo aqui tem beleza, é só saber olhar”, diz o então fotógrafo. Lua Kliar Gabryela Magueta
4. ESPECIAL
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Um lugar Gabryela Magueta Fernanda Romão
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ar de viver Thiago De Loreto
L
ar, por definição, é “habitação doméstica de alguém”, porém adentrar a Vila Kédi pela terceira vez nesse semestre nos faz perceber que a comunidade acolhe a todos. Mesmo numa manhã fria e chuvosa, os moradores são simpáticos e demonstram muita simplicidade na forma de viver. O que difere a Vila de uma simples habitação e talvez a aproxime da ideia de lar - são as pessoas, suas histórias; as cores e o calor que vêm de seus corações. Se sentir em casa na Kédi não é tarefa difícil, o difícil mesmo é sair de lá sem se sentir tocado pelas pessoas incríveis que encontramos. Amanda Bormida Luiza SoareS
CAROL STEQUES
6. COMUNIDADE
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Obstáculos úmidos e gelados Rigoroso no Sul, o inverno é sinônimo de dificuldades para os moradores
J
unto com a proximidade do inverno, os problemas característicos dessa estação do ano chegam também, principalmente para as pessoas que estão em condições de sub -habitação. Na Kédi, apesar de localizada em um bairro nobre, as dificuldades para enfrentar o frio constituem uma dura realidade. Em períodos de chuva, a água fica empoçada em vários pontos, por conta da falta de calçamento na única rua que atravessa o local, o que muitas
vezes impossibilita a circulação dos moradores. As várias árvores que compõem o perímetro largam muitas folhas, galhos e troncos, conforme a intensidade da água e dos ventos. Quem mora ali tem medo de que algum desses galhos caia sobre alguém ou residência. Por isso, lonas cobrindo os telhados das casas é praticamente um padrão, como recurso para evitar as goteiras. A cobertura de zinco é uma espécie de luxo. Muitas das moradias feitas de madeiras apresentam frestas entre uma tábua e outra, facilitando, assim, a entrada da água e das correntes de ar. As crianças e os moradores de terceira idade são os que mais sofrem com os efeitos
do inverno. Alguns idosos vivem acamados, e com as dificuldades de acesso que se intensificam com o barro, caso precisem de algum atendimento médico, são os próprios moradores que se mobilizam para retirá-los de lá. Para Tânia Rosângela de Jesus, os empecilhos aumentam muito em épocas chuvosas e frias. “Ambulância não entra aqui. Minha irmã era acamada e quando precisou de atendimento tiveram que trazer a maca aqui na minha casa e levá-la até a entrada da Vila. E o pessoal ajudando”, relembra. As crianças ficam impossibilitadas de ir para a escola ou creche, chegando a ficar mais de uma semana em
casa. Bronquite e gripe são as principais doenças contraídas pelos pequenos no frio. Além disso, as condições climáticas prejudicam os negócios locais. A comerciante Veridiana Pacheco de Oliveira conta que as vendas no bar caem nesse período. “O movimento fica bem fraco. Nem os caminhões de entrega chegam aqui. A Nilo alaga. O pessoal do entorno não vem comprar”, relata. Muitos dos moradores que trabalham fora precisam ir de chinelos até um local em que passe alguma condução. Larissa Duarte, 16 anos, faz curso de inglês e de manicure, mas depende do clima para poder ir à aula. “Quando a chuva tá forte, não posso ir para
o curso. Agora dá para ir porque diminuiu”, observa. Para ajudar a comunidade a lidar com os percalços típicos da estação mais gelada do ano, a Igreja Mont’Serrat arrecada doações de roupas, cobertores e comidas para distribuir na Kédi. A aquisição de medicamentos também é penosa, pois os valores fogem do orçamento das famílias. “Antigamente a gente recebia mais coisas. Hoje em dia, quase não temos nada. A gente sempre precisa desse auxílio. Não temos condições de comprar tudo”, desabafa Tânia de Jesus. Renata Simmi Amanda Bormida Carol Steques Amanda Bormida
Amanda Bormida
O frio e a chuva prejudicam a rotina de quem vive em condições precárias de habitação
Carol Steques
Carol Steques
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COMUNIDADE .7
Com tempo instável, morador fica sem trabalho Caddie desde os 10 anos, César Farias fala das principais dificuldades da atividade
O
Porto Alegre CountryClub é uma fonte de renda para moradores da Vila Kédi, com a qual faz divisa. Alguns produzem lanches e almoços para vender aos funcionários do clube e outros trabalham como caddies –carregadores dos tacos e demais equipamentos usados no jogo de golfe. Contudo, em dias de chuva, não há disputas, o que prejudica os auxiliares, que são remunerados por tarefa, sem relação empregatícia. Cada partida dura em média quatro horas. Atualmente, são seis os moradores que fazem esse trabalho. Um deles é César Augusto Farias, de 34 anos. Ele começou a trabalhar como caddie aos 10 anos de idade. Segundo ele, dias sem jogos prejudicam as finanças da família.“Ficamos sem trabalho com as chuvas, mas isso não impossibilita eu fazer outras coisas. Como caddie no clube eu tenho minha renda, porém às vezes não entra dinheiro, principalmente quando o dia está assim”, revela. Outro problema relatado pelo jovem é que o Country Clube não
contrata os caddies, que têm de trabalhar como autônomos. César explica que o pagamento é feito diretamente pelos jogadores que frequentam o clube. “Não temos uma renda fixa, os jogadores nos
pagam no final de cada partida, em média são R$ 50,00”. Dos 22 caddies que trabalham no Country, nenhum é empregado do clube. Muitos vêm de outros lugares da Capital, gastam com
passagens e, por vezes, o dinheiro pago pelos jogadores não cobre suas despesas diárias. Por isso, os moradores da Vila auxiliam, dividindo o pouco que têm. “Às vezes, o pessoal fica o dia inteiro ali,
muitas vezes sem almoço, então a gente divide a comida com eles, pois estamos todos no mesmo sofrimento”, conta César. Alguns caddies chegaram a acionar o Porto Alegre Country Club na Justiça, pleiteando vínculo empregatício. Eles fizeram a reivindicação por entender que trabalham para o clube e nunca receberam nada da César Augusto entidade. De acordo Farias tem que com César, a renda trabalhar em outros lugares quando o tirada dali é o suficlube fica fechado ciente para manter devido ao mau tempo família, mas ele ressalta a importância que ser contratado pelo clube teria em sua vida. “Podíamos ter mais direitos e uma renda garantida. Eu ainda consigo me virar, mas há colegas que passam por mais dificuldades”, explica. Por meio de sua Assessoria de Comunicação, o Country informa não ter responsabilidade de contrato do trabalho dos caddies, uma vez que a função é exercida por eles, de forma autônoma e acertada com os próprios jogadores, e que os ajudantes têm liberdade para organizar suas escalas de trabalho de acordo com a demanda. Liane Oliveira Fernando Eifler
Depois da chuva, a parceria Depois de três dias de chuva intensa em Porto Alegre, como ocorrido ao final de maio, moradores da Vila Kédi voltaram a atuar em parceria, para recolher os galhos caídos e repor as telhas quebradas. “Depois desses dias de chuva, eu e mais algumas pessoas limpamos a vila, para que os galhos não fiquem no meio do caminho, assim como alguns fios de luz que caem. A Prefeitura nos ignora, nem adianta pedir ajuda”, conta Fabiano de Oliveira da Silva. Esse problema também é relatado por vários outros moradores, mas não é o único. As árvores que não são podadas fazem com que os galhos caiam sobre os telhados, criando goteiras; o saneamento inexistente é um problema que se agrava com tanta chuva, pelo acúmulo de resíduos no pátio
que faz divisa com a vila. Por ser um local com esgoto a céu aberto, as famílias da Kédi também tentam se proteger de algumas doenças que se espalham com o acúmulo de água
parada. Jaqueline Garcia, dentro do possível, cuida para que o acúmulo da água da chuva não venha a proliferar os mosquitos do Aedes aegypti. “Acordei agora há pouco, e já fui ver se a chuva
que caiu a madrugada toda não encheu os vasos”, diz ela. Para Angela Oliveira da Silva, outra grande preocupação é a falta de asfalto na vila. Essa ausência torna o solo um gran-
Ausência de asfalto deixa a rua alagada a cada enxurrada, para incômodo dos moradores
de lodo, e as pessoas não conseguem sair de casa sem sujar seus calçados. “Quando vejo que está chovendo e tenho que sair de casa levo um par de botas a mais, porque não quero passar o dia com os pés molhados”, explica a líder comunitária. Os problemas relatados pelos moradores da Vila Kédi são visíveis para quem ingressa no local e, também, para quem circula por seu entorno. As reivindicações dos moradores têm sido referidas diversas vezes pelo jornal Enfoque, desde 2015. Embora já tenha sido acionada diversas vezes, a Prefeitura de Porto Alegre ainda não solucionou nem um de seus pedidos, reclamam eles. Arthur Marques Denílson Flores
ENFOQUE VILA KÉDI
PORTO ALEGRE (RS)
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Em convívio com o entorno Com a palavra, os moradores e seus vizinhos Marina Lehmann Gabryela Magueta Luiza Soares
Moradores FOTOS LUIZA SOARES
Andreia Oliveira da Silva, 41 anos
Ângela da Silva, 63 anos
Moacir Ribeiro Borges, 58 anos
Luiz Henrique Oliveira, 59 anos
Leonardo de Oliveira, 14 anos
“Aqui pra nós, o lugar é ótimo. A questão é que é muito caro, mas a gente sobrevive, a gente trabalha”
“É ótimo, maravilhoso! Não temos queixa do entorno”
“Não tem problema nenhum. Quando cheguei não tinha nada, foi crescendo”
“Quando eu era guri, me lembro que não tinha nada em volta, nem Nilo Peçanha. No clube, só uma ruazinha. Hoje, muita gente quer nos tirar daqui. Imagina uma maloqueirada morando na Nilo, o grande problema é que aqui e em qualquer lugar tem gente boa e gente ruim”
“Pra mim é muito bom, minha escola é aqui perto e a única vila que não tem morte é a nossa, graças a deus”
Vizinhança FOTOS Gabryela Magueta
Pablo Machado, 27 anos
Andressa de Paula, 27 anos
Naura Souto, 58 anos
Ivanis Sivinski, 37 anos
“O preconceito vem mais da parte do cliente. E nós temos clientes que são da Vila também, às vezes compramos pão ali e de certa forma é uma segurança pra nós”
“Nós atendemos pessoas que moram na Vila, são trabalhadores. Trabalham em vários estabelecimentos aqui no entorno, então todos se conhecem”
“Nossos clientes se acostumaram, não há um preconceito. Eles não incomodam em nada”
“Não é um incômodo a Vila, é um lugar de trabalhadores e crianças. Elas correm por aqui tudo, mas respeitam”