Nesta edição l Feira do Livro celebra 70 edições l Serra Gaúcha vive festas natalinas l Escolas desalojadas por microexplosão em Camaquã l Obra sanitária no Rio Tramandaí l Corrida de rua busca representatividade
Alunos da Unisinos Porto
Alegre visitam
Parque Gráfico do Grupo RBS
Lupa
Direto de fábrica
Como funciona a impressão de um jornal / 8 e 9
Porto Alegre | Dezembro de 2024 | Edição 18
Com 35 anos, Maria corre perigo
Por Rafael Renkovski | EDITORIAL |
Maria, nome fictício de uma jovem adulta que preferiu não ser identificada, nasceu em Brasília, mas foi criada nos quatro cantos do país. Quase na década de 1990, recém-nascida, se viu como uma caçula entre as suas irmãs espalhadas mundo afora. Em sua terra natal, nunca foi inteiramente amada por seus pais, mas já viveu dias agradáveis na companhia deles. Quando crescida, passou por altos, baixos e baixíssimos momentos. Talvez fosse uma crise de meia-idade.
A verdade é que, dependendo da pessoa, a crise chega de formas diferentes. Maria me telefonou e pediu
Projeto educacional destaca trabalhos escolares na Feira
Com o objetivo de destacar trabalhos criativos de alunos de escolas públicas estaduais sobre uma obra clássica da literatura, a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul promoveu o projeto educacional “Minha Escola na Feira do Livro” durante a Feira do Livro de Porto Alegre. Neste ano, ocorreu a segunda edição do projeto e o tema escolhido foi “O Mágico de Oz”, do escritor americano Lyman Frank Baum. No ano passado, quando foi realizada a primeira edição, a temática escolhida foi a obra “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry. De acordo com a bibliotecária Júlia Peres, da Secretaria de Educação do Estado, nesta edição do projeto participaram 100 escolas. A Secretaria envia para as escolas
para que fosse revelado o seu verdadeiro nome. Não pode mais ser escondida. Democracia brasileira é o seu registro no cartório. Sombrios e reveladores são os dias em que vivemos. Os bastidores do poder podem assustar os estrangeiros, mas aos nativos do país do samba, do futebol e do carnaval, a casca está fortalecida. E isso é um perigo. Há quem suspeite que sigamos sendo o país destas três maravilhas culturais e passe a achar que somos a terra da canalhice, do golpismo e da corrupção.
Quando Sérgio Buarque de Holanda discorreu sobre o “jeitinho brasileiro”, atribuiu o sentido ao termo “cordialidade”, como um indivíduo emocional e que não gosta de formalidades. O
jeitinho segue existindo na sociedade brasileira, mas foi desvirtuado por alguns. Em uma democracia, o presidente que quer se reeleger, mas é derrotado nas urnas, aceita e torce para que o futuro seja mais próspero. Ao menos deveria ser assim.
Em 884 páginas de relatório da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe no Brasil no final de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro é citado em mais de 600 vezes. Basta dar um Ctrl+F e ver as capturas de tela no documento em qualquer computador. Maria, com seus 35 anos, na flor da idade, quase foi enterrada viva.
Na atual conjuntura, o ideal é que o Brasil seja visto como o país do samba, do futebol e do carnaval. Pode
participantes materiais para que os alunos das séries iniciais até o ensino médio possam ter ideias criativas para executar um projeto para ser exposto na Feira do Livro de Porto Alegre, na Praça da Alfândega. São trabalhos dos mais diversos, desde desenhos, marcadores de livros ilustrados, teatro e confecção de livros.
Algumas escolas aproveitaram para tratar do tema de diversidade e inclusão com a história, como foi o caso da Escola Estadual Arnaldo
Farias, de Bagé, que é uma escola de educação especial. Os estudantes fizeram como projeto um jogo específico para crianças com alguma necessidade especial. O principal objetivo do projeto educacional é promover a leitura. A cada dia na Feira, é feito um rodízio com a exposição dos trabalhos realizados nas escolas. Professores de diversas matérias ajudam os alunos a desenvolverem os trabalhos para serem expostos durante o evento.
(Leia Unisinos Porto Alegre) é uma publicação experimental produzida por alunos do curso de Jornalismo. REDAÇÃO – TexTos: alunos da disciplina de Notícia em Jornal, sob orientação da professora Taís Seibt; e de Jornalismo Opinativo, sob orientação do professor Ronaldo Henn. ARTE – ProjeTo gráfico: alunos da disciplina de Planejamento Gráfico (turma 2019/2) Carolina Pinto e Jéssica Montanha, sob orientação do professor Everton Cardoso. Diagramação: Marcelo Garcia (Agência Experimental de Comunicação - Agexcom). imPressão: Gráfica Uma.
ser o país de outras coisas, também. A lista é gigantesca. Do Oiapoque ao Chuí, o caminho é desafiador, mas cercado de cultura e beleza. Quem esteve, está ou estará no poder, já que a perspectiva não é tão positiva, pode até achar que a população é ingênua. Mas não é.
De Aldir Blanc e João Bosco, a canção “O Bêbado e a Equilibrista” trata, entre outros temas, sobre a morte de um jornalista durante a ditadura militar: Vladimir Herzog. “Chora, a nossa Pátria mãe gentil. Choram Marias e Clarices, no solo do Brasil”, trecho que menciona a esposa de Herzog, lá em 1975, segue atual. Marias e Clarices não devem chorar novamente. Desta vez, foi por pouco.
Oficinas homenageiam Sérgio Faraco
Patrono da 70ª Feira do Livro de Porto Alegre, o escritor Sérgio Faraco foi homenageado em diversas oficinas durante o evento, no Centro Histórico da capital gaúcha. A primeira atividade foi realizada no dia 2 de novembro, no Auditório Barbosa Lessa, que fica no Espaço Força e Luz. A anfitriã da oficina foi Lea Masina, amiga próxima de Faraco, juntamente com sua aluna Andrea Kahmann, pesquisadora sobre as obras do escritor. Masina contou como conheceu o patrono e como se tornou próxima do autor. O objetivo da aula foi destacar por que Faraco se tornou o patrono da edição 2024 do evento e como sua obra é necessária para a literatura gaúcha. Foi citado, além de sua história pessoal, como ela se manifesta através de sua escrita, do jeito que o escritor entra de cabeça nas histórias e desenvolve a empatia pelo personagem. Foram destacados contos do escritor que retratam o Rio Grande do Sul, criando personagens reais do campo, com a linguagem poetizada, mas ao mesmo tempo usando o linguajar “gauchesco”, o que torna suas histórias únicas.
Uma característica que Lea Masina frisa sobre Sergio Faraco é como sua forma de escrita nos lembra que ainda somos humanos, sem trazer um mocinho ou um vilão. “A função da arte é para lembrar o homem que ainda é humano”, concluiu a palestrante.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Campus Porto Alegre: Av. Dr. Nilo Peçanha, 1600 - Boa Vista, Porto Alegre (RS) - 91330 002. Telefone: (51) 3591 1122. e-mail: unisinos@unisinos.br. reiTor: Sergio Eduardo Mariucci. Vice-reiTor: Artur Eugênio Jacobus. Pró-reiTor acaDêmico e De relações inTernacionais: Guilherme Trez. Pró-reiTor De aDminisTração: Cristiano Richter. DireTora De graDuação: Paula Dal Bó Campagnolo. Decana Da escola Da inDúsTria criaTiVa: Laura Dalla Zen. coorDenaDor Do curso De jornalismo: Felipe Boff.
Por Sthefany Dornelles
Por Lívia Boaz
Estudantes da rede estadual se inspiraram em “O Mágico de Oz”
LÍVIA BOAZ
Evento literário na capital foi alento após enchente histórica
Livreiros ocuparam a Praça da Alfândega para a 70ª edição da feira com a esperança de recuperar prejuízos da inundação de maio em seus depósitos
Por Rafael Luz
A70ª Feira do Livro de Porto Alegre, realizada na Praça da Alfândega, tradicional ponto de encontro de livreiros nesta época do ano, já seria marcante por si só, afinal são setenta edições de um dos mais tradicionais eventos da cultura porto-alegrense e gaúcha. Contudo, com os danos causados pela enchente de maio às livrarias e editoras sediadas na capital, o evento tornou-se um símbolo da retomada do setor para os 72 lojistas e milhares de clientes que estiveram presentes nos 20 dias de feira, no Centro Histórico de Porto Alegre. O público não decepcionou e também não saiu decepcionado. Segundo dados da Câmara Rio-Grandense do Livro, foram vendidos 130 mil livros só nos 10 primeiros dias de Feira. Este número representa um aumento de 12% em relação ao mesmo período da edição passada. Até mesmo nos dias de chuva era possível observar lojistas trabalhando sem parar e clientes saindo dos estandes com várias sacolas cheias de livros.
Bom tempo no primeiro final de semana ajudou a atrair o público; nos 10 primeiros dias do evento, a média diária de vendas foi de 13 mil livros
Os períodos de maior movimento foram nos finais de semana, onde uma multidão tomava conta da praça por onde quer que se olhasse. “A manutenção da Feira já é uma vitória, pois teve uma época, principalmente durante a pandemia, onde havia uma indefinição se a Feira voltaria, mas voltou e
o importante é que permanece viva”, disse o advogado Mauirá Schneider, que levava uma pilha de livros do jurista Paulo Brossard, que completaria 100 anos em 2024. Mauirá, no entanto, reconhece que a Feira diminuiu de tamanho em relação a anos anteriores, mas ainda assim vê com esperança o futuro do evento.
Prejuízos da chuva
Um dos casos de comerciantes que perderam tudo com as chuvas de maio foi o do Sebo Só Ler, localizado na Rua
dos Andradas. A loja ficou completamente inundada e muito do acervo e mobiliário que havia na loja foi perdido. “Tivemos que reconstruir a loja do zero, ainda temos muita coisa para organizar”, disse Sabrina Nekel, gerente da livraria, que acabou não expondo nesta edição. Na zona norte da capital, o galpão onde era armazenado o estoque com mais de 900 mil livros da L&PM também foi inundado. A editora não divulgou valores, mas estima que até 10% de seu estoque foi comprometido. Na enchente, também foram atingidos os depósitos da Tag Livros, que era localizada no Instituto Caldeira, e da Artes e Ofícios, localizada no bairro Floresta.
Diante deste cenário e ainda tendo que enfrentar os desafios próprios do ramo, a Feira do Livro, que habitualmente já é um dos momentos mais aguardados do ano para os livreiros, tornou-se ainda mais importante em 2024. “Nós tivemos mais de 20 empresas do setor diretamente afetadas pela enchente, sendo que outra parte foi atingida por não poder trabalhar, então quase todos os expositores da Feira foram atingidos de alguma forma, indireta ou diretamente”, diz Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro. “A Feira do Livro de Porto Alegre marca essa retomada do setor livreiro”, complementa.
Setenta anos de história contados sob o olhar de quem viveu cada página
Por Rayssa Richesky
A Feira do Livro de Porto Alegre chegou aos seus 70 anos de história em 2024. O que era apenas um pequeno conjunto de bancas em 1954, hoje é considerada a mais antiga feira literária realizada no Brasil de forma ininterrupta, e a maior Feira do Livro a céu aberto da América Latina.
Jussara Nunes iniciou sua jornada na Feira do Livro com apenas 14 anos, com a banca Nunes Martins, em 1966. Ela acompanhou o evento adquirir espaço, relembrando que o início foi na rua Cassiano Nascimento, até conquistar mais áreas dentro da Praça da Alfândega, e chegar na Rua da Praia. A livreira diz já ter trabalhado e convivido com grandes nomes na Feira, sendo o mais marcante Mário Quintana. Porém, para ela, o mais significativo é o contato com os frequentadores. “Em 58 anos de
evento eu já atendi crianças pequenininhas que hoje vêm na minha banca com seus filhos e netos”, diz a livreira.
Retomada
Além de comemorar o septuagésimo aniversário, essa edição se tornou ainda mais significativa por simbolizar o retorno do setor livreiro, que foi duramente afetado pela enchente de maio. Junto com as bancas na Praça da Alfândega, houve atividades em prédios do Centro Histórico, como o Espaço Força e Luz, a Casa de Cultura Mario Quintana, o Clube do Comércio e a Biblioteca Pública do Estado.
Após sete décadas, Feira do Livro segue conectando leitores e livreiros
Com uma loja estreante na Feira, Bruno Rosa, coordenador da banca Leitura, acredita que o evento tenha
atraído um bom público porque, após o Rio Grande do Sul passar por momentos tão conturbados, os consumidores sentem que essa é uma oportunidade de mostrar apoio, mesmo que apenas levando um livro de saldo ou marcando presença. “É incrível que a Feira exista
há 70 anos e ainda tenha um engajamento tão grande”, diz o comerciante, que durante todos os seus quatro anos de graduação em História, foi um cliente fiel da Feira do Livro.
Área infantil
Há 27 anos, Léia Cassol participa da Feira do Livro em parceria com outras editoras, e desde 2006 está na praça com a banca da editora Cassol. No início da Feira, a área infantil era bem pequena, e ganhou mais destaque no momento em que foi para o Cais Mauá, em 2015, porém logo o Cais foi vendido. Para Léia, mesmo que o infanto-juvenil tenha perdido em espaço físico, foi bom que a Feira tenha voltado a ser um evento com uma unidade, com todas as bancas na mesma área.
Prevenção ao câncer de próstata ainda esbarra em preconceito
Restrição ao exame de toque retal impede diagnóstico precoce, estágio em que as chances de cura são mais altas, segundo especialista
Por Liz Fonseca
Novembro é o mês dedicado aos cuidados com a saúde masculina, em especial, a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata. A campanha mundial de conscientização sobre a doença chegou ao Brasil em 2011, através do Instituto Lado a Lado Pela Vida e inspirada em outras iniciativas, como o Outubro Rosa, que trata da prevenção ao câncer de mama.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são esperados 72 mil novos casos de câncer de próstata a cada ano para o triênio 2023-2025. Esta é a segunda principal causa de óbito por câncer na população masculina. O Ministério da Saúde destaca que, entre os fatores mais relevantes para a incidência do câncer de próstata, estão o histórico familiar, sobrepeso ou obesidade e idade acima dos 60 anos. Conforme o Instituto Lado a Lado Pela Vida, a chance de cura pode ser acima de 90% quando o diagnóstico é feito precocemente.
Chefe de urologia da Santa Casa de Porto Alegre e professor na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Ernani Rhoden observa que muitos homens demoram a receber o diagnóstico por não apresentarem sintomas e não fazerem o exame preventivo. “O câncer de próstata pode cursar de uma maneira completamente assintomática, eventualmente você pode ter um diagnóstico da doença já em um estágio bastante avançado”, explica. Pacientes com a doença em estágio mais severo podem apresentar alguns sintomas, como dificuldades ao urinar, alterações no jato de urina, necessidade de ir mais vezes ao banheiro ou sangue na urina.
Diagnóstico
O Ministério da Saúde e o Inca listam o exame de toque retal e o PSA como métodos para investigação da doença. PSA, ou Antígeno Prostático Específico, é um exame que mede proteínas produzidas pela próstata, e serve como parâmetro para investigar diversos quadros de saúde, incluindo o câncer. Rhoden reforça a importância do diagnóstico precoce: “No estágio inicial, a doença tem uma taxa de curabilidade altíssima, enquanto em estágio avançado as chances de cura se reduzem significativamente”.
O urologista avalia os motivos que
afastam os pacientes do exame preventivo. “Primeiro, o aspecto cultural, obviamente importante porque muitos homens ainda têm alguma restrição ao exame de toque retal, onde se avalia as características da próstata: a sua consistência, o tamanho, a presença ou não de alguma alteração que precisa ser melhor avaliada”, explica. Outro aspecto importante, segundo Rhoden, é o acesso aos serviços básicos de saúde.
O médico reforça que a cultura da prevenção faz toda a diferença. “O homem precisa fazer seus exames de rotina, não só urológicos. Se nós introduzirmos esse conceito para o público masculino,
vamos dar a eles a possibilidade de trazer suas queixas e suas dificuldades não só no cenário da saúde prostática, mas aspectos relacionados às mais diferentes áreas da saúde masculina”, conclui.
Vida ativa
Atualmente curado do câncer de próstata, MDA*, 79 anos, relata que fez o exame preventivo graças à insistência da esposa. “Eu não queria ir, até que minha mulher marcou e eu fui. Graças a Deus, fui”, afirma.
Pai de seis filhos adultos, com idades entre 27 e 52 anos, MDA conta que a família se preocupou com o diagnóstico.
“Enquanto você está no tratamento, vai sabendo de muita gente que não tem acesso. O meu pai, por exemplo: gastou quase tudo que tinha na época, não tinha previdência nenhuma”, lembra. “Ficou em Porto Alegre dois anos se tratando e depois voltou, morreu sofrendo. Mas, olha, eu não sou muito de acabrunhar. Não adianta, tem que encarar e pronto. Nunca me entreguei”.
O tratamento realizado por MDA no hospital São Lucas da PUCRS envolveu cirurgia e 43 sessões de radioterapia. “Fiz a cirurgia e virou o PSA, zerou”, conta. “Passaram três meses, e depois seis. Depois passou para quatro anos. Faz 10 anos agora, foi em 2014”.
Atualmente, MDA trabalha e viaja acompanhado da esposa. “A minha mulher trabalha com vendas também, e eu sou o motorista dela. Então, estou sempre andando. Ela diz que tem que sair comigo, porque senão ela não tem com quem brigar”, diverte-se. Além de trabalhar, ele viaja e frequenta bailes com a esposa: “Danço também. A mulher gosta muito. Eu não gosto muito, mas acompanho. Música gaúcha, sertaneja”. Aos homens que têm receio de buscar os consultórios médicos, MDA reforça o apelo: “Faça o exame preventivo o quanto antes, não tem esse negócio de machismo, né? Tem que fazer o exame”.
(*) Nome ocultado para preservar o sigilo médico
ITAMAR AGUIAR / PALÁCIO PIRATINI
VALDO LEÃO / SEMULSP
Palácio Piratini (acima) ganha cores da campanha, que também conta com ações para promover exames
Pedaladas para celebrar vitória contra o câncer de mama
Após vencer a doença, Maria Helena faz parte da organização de evento ciclístico que integra a programação do Outubro Rosa em Porto Alegre
Por Taiana Souza
Maria Helena Popien, de 56 anos, iniciou sua luta contra o câncer de mama em 2019, após perceber dores esporádicas no seio. Desacreditada que pudesse ser algo grave, ela levou cerca de oito meses para fazer os exames. Quando finalmente decidiu investigar, foi diagnosticada com um nódulo maligno. Sua primeira reação foi o medo. Em janeiro de 2020, Maria Helena passou por uma cirurgia de remoção do nódulo e, em meio à pandemia de Covid-19, enfrentou um longo tratamento com sessões de quimioterapia e radioterapia. Apesar das dificuldades, ela se manteve firme na luta, sempre confiante de que queria viver. No próximo ano, Maria Helena celebrará cinco anos de vitória sobre o câncer de mama. Embora tenha superado a doença, até outubro deste ano, ela mal conseguia falar sobre o assunto.
“É uma ferida que a gente carrega. É uma cicatriz física e emocional que fica. Acho que eu precisava do meu tempo, me fortalecer para depois poder ajudar outras pessoas”, conta.
Hoje, ela e o marido coordenam um clube de ciclismo e se envolvem ativamente na organização do Bike Day, como forma de apoio à causa. O evento, promovido pelo Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), faz parte da programação do Outubro Rosa em Porto Alegre desde 2022. Este ano, o Bike Day reuniu cerca de 400 ciclistas para um passeio na Orla do Guaíba com o objetivo de promover a saúde e prevenir o câncer de mama através da atividade física e hábitos saudáveis.
Faixa de vitoriosa
Antes da largada do passeio, Maria Helena foi surpreendida ao receber uma faixa de “vitoriosa”, que simboliza sua superação na luta contra a doença. A ideia de criar a faixa partiu dela mesma, como uma forma de afirmar a sua vitória pessoal, mas ela não esperava recebê-la daquela maneira. “Até este ano, eu realmente não queria falar sobre o que passei, mas pensei: eu tive câncer, sou uma vitoriosa, eu sobrevivi. Quero comunicar que a gente pode ficar bem”, diz, emocionada.
O evento também permitiu que participantes compartilhassem suas opiniões,
como a fisioterapeuta Patrícia Veiga, de 55 anos, que destacou a importância da união promovida por iniciativas como essa: “É muito legal porque junta a bicicleta que a gente ama e a questão do feminino. Temos que divulgar e participar. Não importa se o passeio é pequeno, o que importa é a união em torno da causa.”
Campanha internacional
O Outubro Rosa é uma campanha internacional voltada à conscientização sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, que atinge mais de 2 milhões de pessoas por ano no mundo. Criada nos Estados Unidos por volta da década de 1990, a campanha ganhou força no Brasil em 2008, quando monumentos e prédios foram iluminados de rosa em apoio à causa. Desde então, a mobilização cresce a cada ano.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é um dos mais comuns entre mulheres no Brasil, e a previsão é que o país registre cerca de 73 mil novos casos entre 2023 e 2025. Um estudo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica estima que aproximadamente 22 mil desses casos serão diagnosticados no Rio Grande do Sul até o final do ano que vem.
Sinais de alerta
Ainda segundo o Inca, diagnosticar o câncer de mama em seus estágios iniciais permite um tratamento menos
agressivo e garante maior qualidade de vida às pacientes. A mastologista Talita Cerutti, que atua há 15 anos na área, explica que os primeiros sinais de alerta incluem a presença de um nódulo indolor ou alterações na textura e densidade da mama. “A paciente pode notar também retrações na pele ou no mamilo e secreções espontâneas que sujam a roupa”, aponta. Embora o autoexame seja importante para o autoconhecimento da paciente, Cerutti destaca que ele não substitui exames periódicos de imagem, como a mamografia e a ecografia.
A prevenção envolve uma combinação de exames regulares e hábitos saudáveis. A médica explica que a
prática de exercícios físicos tem impacto comprovado na redução de riscos da doença e pode prevenir sua recorrência em pacientes que já enfrentaram o diagnóstico. Ela recomenda uma dieta rica em fibras, com preferência por alimentos orgânicos, e alerta sobre os riscos do consumo excessivo de álcool. Além disso, ressalta a importância de campanhas, como o Outubro Rosa, pois ampliam o acesso a exames e incentivam o diagnóstico precoce. “Essas iniciativas tocam a população e ajudam a salvar vidas ao permitir que o tratamento comece o mais cedo possível”, comenta. Maria Helena, que superou o tratamento, deixa um conselho: “Mulheres, façam seus exames de rotina. Infelizmente, temos que pensar que poderá, sim, acontecer com a gente”. Com seu relato, ela reforça que a prevenção é essencial, mas a força e a confiança são igualmente necessárias para enfrentar o câncer de mama e apoiar outras mulheres que passam pela mesma luta.
Ciclistas de várias cidades se reuniram em Porto Alegre para mais uma edição do Imama Bike Day. Ao lado, Rita Cunha (E) entrega faixa de “vitoriosa” para Maria Helena Popien (D)
IMAGENS: TAIANA SOUZA
Evento climático extremo gera transtornos em Camaquã
Episódio mais recente obrigou três escolas a suspenderem atividades
Por Vitória Ribeiro
Recentemente, vêm se tornando cada vez mais recorrente a incidência de eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul. Um relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicado em 2023, mostra a relação entre mudanças climáticas provocadas pelo homem e as chuvas intensas na região. O município de Camaquã, localizado a 125km de Porto Alegre, já enfrentou diversos desastres climáticos.
No ano passado, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu na região mais de 100mm em 48 horas. O grande volume de chuva foi registrado no dia 13 de setembro e gerou o rompimento de um açude às margens do km383 da BR-116. O rompimento causou a interdição da pista e arrastou veículos, incluindo uma viatura da PRF que estava no local. Após um ano desse episódio, Camaquã enfrenta novamente as consequências de um evento climático. Desta vez, no dia 25 de setembro de 2024, a cidade foi atingida por uma
| SEGURANÇA |
microexplosão. Evento caracterizado pela Metsul Metereologia como uma corrente de vento descendente violenta que se espalha de forma radial ao atingir a superfície. A microexplosão danificou casas, lavouras e comércios do município. Três escolas localizadas no bairro Viégas, próximo ao centro da cidade, tiveram as aulas transferidas de prédio.
As instituições EMEI Irmãs Bernardinas, EMEF João Goulart e EMEF Nadir Medeiros foram gravemente afetadas e precisaram interromper as aulas, que só foram retomadas no dia 2 de outubro, no prédio da Fundasul, universidade do município. Segundo um documento assinado pela coordenadora pedagógica Ariadne Arena G. Suris e a assessora pedagógica Stephanie Lindmann, cerca de 654 alunos foram afetados. A instituição mais impactada foi a EMEF João Belquior Marques Goulart, onde a cobertura da quadra poliesportiva desabou sobre o telhado da escola. No mesmo prédio, também funcionava a escola estadual João Paulo II.
Segundo a diretora da João Goulart, Rosane Beatriz Kohn, a adaptação dos alunos e professores ao novo local está ocorrendo de maneira tranquila e as atividades previstas para o ano letivo estão acontecendo normalmente. Porém, ela destaca que a maior dificuldade é em relação às
atingido abrigava escola estadual
Paulo II e escola municipal João
ambas com aulas transferidas
atividades de educação física e projetos esportivos que eram desenvolvidos na quadra de esportes. “Estamos utilizando outros espaços alternativos, como uma praça próxima ao local, ginásio de esportes municipal, e o espaço que se tem no entorno do prédio, para não haver prejuízos as aulas propostas pelos professores”,
VITÓRIA RIBEIRO
destacou Rosane. Atualmente, a escola conta com 283 alunos do primeiro ao nono ano do ensino fundamental.
Mudança na rotina
Ana Paula Colomby é mãe de dois alunos, Maria Eduarda, do sétimo ano, e Rafael, do primeiro ano. Ela conta que no início os filhos ficaram bastante preocupados pelo tamanho da destruição do prédio da escola e pela proximidade com a residência deles, mas agora ambos estão se adaptando bem no novo espaço. Em meio ao desastre que afetou a escola, Rafael, de apenas seis anos, se adapta à nova rotina com entusiasmo: “Ele amou a ideia de andar de ônibus. Para ele está sendo uma aventura”, conta Ana Paula.
A SMED está disponibilizando transporte para os alunos que precisarem se deslocar até a Fundasul, com saída e retorno em frente às escolas de origem. A residência de Ana Paula também foi atingida: “Eu tive perdas pequenas. Molhou dois cômodos da minha casa porque o vento ia arrancando os telhados de algumas casas e aquelas telhas voavam no telhado dos vizinhos”.
A previsão de retorno das aulas no prédio da EMEF João Belquior Marques Goulart é somente para o ano que vem. Enquanto isso, as aulas seguirão acontecendo na Fundasul.
Porto Alegre teve em média três furtos de fios e cabos por dia no ano passado
Por Nathalia dos Santos
O furto de fios e cabos afeta diretamente as comunidades, trazendo consequências como falta de iluminação em determinados pontos, interrupção de serviços como internet e telefonia, além dos perigos físicos relacionados aos cabos expostos nas calçadas. Esses são apenas alguns dos efeitos negativos dessa atividade criminosa, motivada pelo valor do cobre contido nos fios.
O cobre é um metal nobre e bom condutor de energia elétrica. Assim, os criminosos furtam a fiação para extrair esse material e revendê-lo. Para isso, queimam os fios e extraem o cobre. Somente em 2023, foram registradas 1.171 ocorrências de furtos de fios e cabos em Porto Alegre. Em 2024, até o mês de setembro, já haviam sido registradas 913 ocorrências, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul.
Enquanto dirigia pela Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, uma das principais vias da zona norte da capital, Mauro Pedroso presenciou o momento em que bandidos disfarçados de técnicos de uma empresa de internet e telefonia, foram algemados e levados pela Polícia Civil pelo furto de fios. “Achei estranha a situação, todo mundo que passava ficava olhando, não tinha entendido que eles não eram técnicos de verdade”, descreve. “Esses caras estão cada vez mais cara de pau”, opina. Alisson Vinícius, técnico da empresa de telefonia e internet Telecom, relata problemas que enfrenta no seu dia a dia em decorrência dos furtos: “Fui trabalhar num local uma vez, em Porto Alegre, onde a gente colocou os fios na
Interesse de criminosos é no valor do cobre
segunda-feira e, na quarta-feira, voltamos de novo no mesmo lugar, pois já tinham roubado”. O técnico sugere uma possível solução: “Na verdade, a saída seria os cabos serem subterrâneos”.
Operações especiais
As autoridades têm reforçado o policiamento e investido em operações
específicas para coibir essa prática, como a força-tarefa “Fios e Cabos”. Segundo informações fornecidas pela SSP via e-mail, essas ações têm caráter preventivo e repressivo: “Desde 2023, foram realizadas 38 edições da Operação Fios e Cabos em 29 municípios. Durante esse período, foram fiscalizadas 183 empresas, resultando em 49 prisões e na apreensão de 27.694 kg de fios, cabos e materiais”.
Ainda, para auxiliar na redução desses crimes e agilizar a resposta dos órgãos de segurança, a SSP reforça a importância de realizar denúncias por meio do Disque-Denúncia no telefone 181 ou no site oficial da secretaria: ssp.rs.gov.br
Prédio
João
Goulart,
Áreas envolvidas no Natal Luz estimam resultados positivos
As enchentes de maio deixaram prejuízos para o turismo da região, mas reabertura do Aeroporto Salgado Filho traz otimismo
Por Beatriz Carvalho
Em outubro, cerca de cinco meses após as enchentes que atingiram o estado, iniciou-se o 39º Natal Luz de Gramado, que precisou lidar com os prejuízos deixados pelas chuvas para o turismo. Um dos locais atingidos foi o Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre, principal ponto de chegada de turistas para a Serra, reaberto no dia 21 de outubro, três dias antes do início da programação natalina. Mesmo com a proximidade das datas, o retorno do Salgado Filho acabou por reaquecer o movimento turístico da região, e a expectativa é de que isso siga evoluindo. “A procura está crescente, principalmente depois da reabertura do aeroporto. A nossa venda, comparada com o mesmo período de Natal Luz do ano passado, está em aproximadamente 50%”, diz Adriane Brocker Boeira Guimarães, CEO do Grupo Brocker, empresa especializada em serviços turísticos na Serra Gaúcha. A Turistur, outra agência do ramo, também
| RETOMADA |
registrou esse aumento na demanda. “Os voos estão com preços bons também”, destaca Christian Klatter, gerente operacional e de atendimento ao cliente da Turistur. No período em que o aeroporto esteve fechado, os valores das passagens de avião (com pousos em Canoas, por exemplo) estavam mais altos que o normal, o que dificultou ainda mais a vinda de turistas que costumam se organizar meses antes para visitar a região.
Em setembro, quando já era previsto
o retorno do aeroporto de Porto Alegre para o mês seguinte, a Azul Viagens, operadora de Turismo da companhia aérea Azul, anunciou uma campanha de fomento ao turismo na serra gaúcha, com tarifas exclusivas e condições especiais para experiências e ingressos. Em material de divulgação da campanha publicado pela Azul Viagens, Giuliana Mesquita, gerente sênior de Produtos da Azul Viagens, mostrou otimismo com o Natal Luz. Segundo
ela, existe uma demanda reprimida de clientes que querem viajar pela região e o evento é uma ótima oportunidade por se tratar de uma festividade que sempre atrai muitos turistas.
Tradição natalina
O Natal Luz é o evento natalino mais popular e tradicional da Região das Hortênsias. Nesta edição, a principal novidade foi o retorno do Grande Desfile de Natal para a Avenida das Hortênsias, no centro de Gramado, depois de 10 anos. Durante o desfile, o público pode vislumbrar elementos típicos natalinos ganhando vida através dos carros alegóricos, dos figurinos e da trilha sonora, que constroem uma imersão no imaginário da magia do Natal. Além disso, atrações gratuitas como o palco da Rua Coberta, a Vila de Natal e o Tannenbaumfest tiveram o calendário reforçado.
“Estas e uma série de outras medidas visam mitigar os prejuízos que a cidade teve enquanto polo turístico, e buscam incrementar o movimento para os próximos meses de forma ascendente e progressiva, uma vez que o Natal Luz teve início no dia 24 de outubro de 2024 e acontecerá até o dia 19 de janeiro de 2025”, afirma Tatiana Ferreira da Silva, diretora de Eventos da Gramadotur.
Reabertura do Aeroporto Salgado Filho traz boas expectativas para o final de ano
Por Rafael Luz e Raquel Losekann
Depois de 171 dias fechado para recuperar os danos causados pela enchente de maio, o Aeroporto Salgado Filho voltou a receber pousos e decolagens no dia 16 de outubro, mas obras de recuperação da pista e subestações de energia só devem ser concluídas na metade de dezembro. Dez dias após a retomada dos voos, algumas funcionalidades ainda não estavam em pleno funcionamento, mas os passageiros já podiam contar com os principais serviços no saguão. De acordo com a Fraport, administradora do aeroporto, o sistema de ar-condicionado e o wi-fi de passageiros apresentaram intermitência nos primeiros dias da retomada. Entre os lojistas, a expectativa era pelo
aumento de consumidores, especialmente nas datas comemorativas do final do ano.
“Tivemos bastante paciência e resiliência em ficarmos aqui até a reabertura do aeroporto. A estimativa é que, em dezembro, os voos dobrem e a gente esteja com a pista completa, então acho que a gente vai ter
Passageiros voltaram a circular normalmente pelo saguão em outubro
boas vendas no mês de dezembro”, indica Shirlei Escobar, 41 anos, proprietária da loja Boutique do Sul, especializada em artigos típicos gaúchos, que está ao lado do espaço de check-in das companhias aéreas.
A praça de alimentação e as lojas do segundo andar, que foi menos atingido pela inundação, estavam em pleno funcionamento logo nos primeiros dias da retomada, com apenas algumas unidades ainda em manutenção. Natália Chaves, 24 anos, consultora de beleza e representante da gerência da Panvel Aeroporto, conta que, embora a água não tenha atingido a farmácia, está confiante com a reabertura.
“Novembro, dezembro e janeiro são meses muito bons para nós, em função do verão e das datas comemorativas, temos muita expectativa”, comenta.
Reforço no turismo
Conforme a Secretaria Estadual do Turismo, o fechamento do aeroporto representou perdas para companhias aéreas, hotéis e serviços turísticos. Em comunicado via assessoria de imprensa, a Setur destacou que o foco é mitigar essas perdas por meio de ações de comunicação e suporte aos turistas afetados. Uma das ações é a Campanha Nacional do Turismo, lançada pelo Governo do Estado em setembro.
A campanha visa promover destinos turísticos gaúchos com anúncios em terminais aeroportuários de todo o Brasil, além de propagandas em rádio e televisão. O objetivo é passar a imagem de que o estado é um destino acolhedor e seguro, promovendo cidades e atrativos turísticos para incentivar visitantes a explorar o que o estado tem a oferecer.
Retorno do Grande Desfile de Natal para o centro de Gramado é um dos principais atrativos
Onde as notícias tomam forma
Alunos de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre conhecem o processo por trás da impressão de jornais em visita ao Parque Gráfico do Grupo RBS
Por Laura Driemeier
Em uma experiência educativa, alunos de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre tiveram a oportunidade de conhecer o Parque Gráfico do Grupo RBS, considerado o maior centro de impressão da América Latina. Situado na zona norte de Porto Alegre, o parque gráfico impressiona pela infraestrutura e organização. Toda a equipe trabalha em sincronia para garantir que os jornais sejam impressos e distribuídos com eficiência.
“Aqui trabalhamos com mecânicos, impressores e até uma equipe de logística para distribuir os jornais. Todos esses profissionais têm suas tarefas bem definidas e agem rapidamente, especialmente em caso
de falhas”, conta o coordenador de produção Laci Konzen, que recepcionou o grupo de alunos. Cada etapa é cronometrada e planejada com antecedência, como os estudantes puderam testemunhar ao longo da visita, organizada pela professora Taís Seibt, como atividade da disciplina de Notícia em Jornal. A oportunidade ofereceu aos estudantes uma visão direta e detalhada do sistema que permite a circulação diária de uma variedade de jornais. Sob a orientação de funcionários experientes, os visitantes puderam conhecer as etapas envolvidas na produção de impressos, desde a chegada das tintas e do papel até a distribuição dos exemplares.
Impressão
Durante a visita, os alunos foram guiados pelo setor de impressão, onde as enormes máquinas fazem o trabalho pesado de dar vida às páginas dos jornais. Essas impressoras podem produzir cerca de 35 mil exemplares do jornal Zero Hora por hora, atendendo à demanda não só do próprio jornal, mas também
de diversos outros títulos que são impressos. Jornais como Diário Gaúcho, Pioneiro, e publicações de outras cidades, como o Diário de Santa Maria e Hora do Sul, fazem parte do cronograma de impressão do parque gráfico. “Me chamou bastante atenção a quantidade de jornais que ainda são impressos. São 11 jornais por segundo, e isso é muito”, afirma Rafael Luz, estudante do segundo
semestre de Jornalismo
Os estudantes com a capacidade máquinas e com o parque. “Essas máquinas zadas devido ao calor e exigem uma equipe capacitada. Em caso nossos técnicos precisam imediatamente para a produção”, explica
Algumas máquinas ainda passam por reparos a danos causados pela enchente de maio
Jornalismo na Unisinos.
ficaram surpresos capacidade de produção das o ritmo intenso do máquinas são climaticalor que produzem, equipe técnica bem caso de problemas, precisam resolver para não interromper explica Konzen. Além
disso, as impressoras são configuradas para rodar títulos em diferentes formatos e paginação, ajustando-se conforme a demanda.
Distribuição
Depois da impressão, começa o processo de distribuição, que também segue uma logística coordenada. Os jornais são empilhados e organizados. Caminhões fazem o transporte para
IMAGENS: LAURA DRIEMEIER
diferentes centros de distribuição, que ficam espalhados pelo estado do Rio Grande do Sul e em regiões de Santa Catarina. Nesses centros, os jornais são redistribuídos em veículos menores para que cheguem aos pontos de venda, bancas de jornal e residências de assinantes. Os estudantes ouviram sobre a importância dos prazos rigorosos no envio dos arquivos digitais para
a impressão. Para cada título, há uma janela específica de impressão, e qualquer atraso na chegada dos arquivos pode comprometer a produção. “Os jornais devem estar prontos no caminhão à noite, de forma a chegar ao leitor nas primeiras horas da manhã”, explica Konzen, ressaltando a importância do cumprimento desses horários para que a notícia chegue aos assinantes e leitores avulsos.
Enchente
Saída de campo integrou atividades da turma de Notícia em Jornal (foto acima)
Na foto à esquerda, Rafael Luz (C) analisa detalhes de um jornal descartado por conta de um erro minucioso de impressão. Na imagem do meio, alunos Vitória Ribeiro (E) e Rafael Luz (D) são surpreendidos pela quantidade de papel utilizada nas impressões. À direita, Laci Konzen (E) mostra recipientes que armazenam as tintas
O parque gráfico já passou por momentos desafiadores, incluindo a maior enchente da história do Rio Grande do Sul, em maio deste ano. Mesmo com a planta construída a 1m20cm do solo, o maquinário foi afetado, exigindo imprimir os jornais do Grupo RBS na gráfica do Jornal NH temporariamente. Após uma intensa recuperação, a equipe conseguiu retomar as atividades, ajustando e improvisando até que tudo estivesse em pleno funcionamento. De acordo com Thaylor Maraschin, funcionário do estabelecimento, cerca de 90% dos títulos que eram impressos antes da enchente já retornaram às suas rotinas normais de produção. Para os estudantes da Unisinos, a visita foi uma verdadeira aula prática. Eles puderam entender como um jornal se materializa, desde o trabalho
das redações até o maquinário de impressão, além do transporte até os leitores. “Para a minha formação é muito importante saber o processo da produção do jornal, desde suas primeiras etapas até chegar ao consumidor. Nós que somos jornalistas só escrevemos e não imaginamos como chegará ao leitor. É muito curioso”, conta Taiana Souza, uma das alunas que participou da visita.
A experiência os aproximou do mundo real do jornalismo impresso, revelando a importância da precisão, do cumprimento de prazos e do trabalho em equipe. Com os desafios enfrentados diariamente para manter a operação, o parque gráfico provou ser um espaço essencial para a distribuição de informação e um lugar onde a notícia ganha forma para chegar a milhares de leitores, dia após dia.
Cobra Kai: uma sequência que ampliou um grande sucesso
Dando sequência ao universo eletrizante de Karate Kid, lançado quatro décadas atrás, ressurge o lendário dojo Cobra Kai, pelas mãos de ninguém mais ninguém menos que o ex-playboy Johnny Lawrence, brilhantemente “reinterpretado” por William Zabka. O fato de manter os atores originais que marcaram toda uma geração, ou talvez mais de uma, é sem dúvidas um grande trunfo da nova série, sucesso da gigante do streaming, Netflix. É válido lembrar que Cobra Kai era uma produção do Youtube Red, mas a Netflix comprou a trama ainda em seu nascedouro e desenvolveu desde então suas seis temporadas. Não é difícil de compreendermos que parte do estrondoso sucesso da obra são frutos da nostalgia e o saudosismo relacionados aos filmes clássicos em que Lawrence e o mocinho Daniel Larusso (Ralph Macchio) se enfrentavam e davam, literalmente, o sangue no karatê. Os retornos dos perturbados vilões
John Kreese (Martin Kove) e Terry Silver (Thomas Ian Griffith) também não deixam a desejar, adicionando bastante tensão à história e deixando no ar, em alguns momentos, a dúvida de quem é o maior vilão. O que fica evidente é que este posto nunca foi de Johnny Lawrence, que, mesmo tomando atitudes
Mania de Você: crise ou
“novo normal”?
Por Luís Leite
A novela das 9 da TV Globo, “Mania de Você”, vem se tornando um pesadelo para a direção da maior emissora do país. Considerada uma aposta da casa após o fracasso do remake de Renascer, a novela de João Emanuel Carneiro desce na audiência e sobe nas críticas. Registrando números inferiores à nova novela das 6 e à segunda reprise de Alma Gêmea, a Globo fez o possível para recuperar o interesse do público. Após reeditar capítulos, antecipar viradas e aumentar a equipe de roteiristas, nenhum efeito surgiu até então.
Parte da crítica acredita que o fracasso das 9 se deve pela interferência da direção da emissora na história, e uma expectativa exacerbada do público sobre o autor, João Emanuel Carneiro, que vive às sombras de seu eterno fenômeno “Avenida Brasil”, e o recente sucesso do Globoplay “Todas as Flores”.
Além da baixa audiência, a novela sofre com a pouca repercussão nas redes sociais. Se há uma década atras o termômetro de um folhetim eram as conversas no bar, na parada de ônibus e
no trabalho, hoje, vemos o engajamento de uma trama através dos comentários nas redes e dos memes na internet. O cenário atual é: poucos comentários e memes sobre a trama.
Com uma história acelerada, “Mania de Você” escancara uma crise de gestão na TV Globo, ou reflete apenas o novo normal da televisão? Podemos supor as duas coisas! Se no passado a novela das 9, principal produto da emissora, registrava 40 de audiência, atualmente, competindo com a imensidão de entretenimento do streaming, um produto de TV aberta conseguir 22 pontos, com liderança folgada no horário, não deveria ser considerado um fracasso, mas sim a nova realidade da televisão.
Apesar do novo contexto midiático e as novas formas de consumo, a TV Globo tem passado por mudanças drásticas em sua direção desde o ano passado, que refletem nos descasos com a teledramaturgia atual. A dança das cadeiras na direção também reflete a falta de planejamento e gestão da emissora. No fim das contas, independente da forma de consumo, o que o público quer é uma trama envolvente e com bons personagens para se acompanhar.
contestáveis, é uma vítima das circunstâncias. Pelos seus erros, ele até se redimiu; não tem como não torcer por Lawrence, que confere, ainda por cima, um tom de comédia à trama, até então inexistente.
A série tem muitas qualidades: ela consegue se conectar a novos públicos,
inclusive ampliando o sucesso da saga original. O formato, os novos cenários e personagens, a trilha sonora, tudo é um tanto quanto viciante. É daquelas séries para maratonarmos, perdemos a conta dos episódios e nos entristecemos quando a aba do “próximo episódio” já não se mostra mais discretamente lá no canto inferior direito da tela.
Obviamente, como qualquer produção, ela não é perfeita, conta com algumas repetitividades talvez, momentos em que a narrativa parece se perder no mesmismo de confrontos infundados entre o Cobra Kai e o Miyagi Do. Sim, pois fica bastante evidente que se não fosse para relançar também o queridinho dojo do senhor Miyagi, Larusso não teria aparecido por essas bandas. Os jovens aprendizes acabam por construir relações de amizade e rivalidade que vão permear as temporadas da série de forma não muito surpreendente, mas ainda assim cativante. Aguardemos agora o desfecho do grande torneio Sekai Taikai, na terceira e última parte desta que deve ser a temporada final de Cobra Kai, a chegar na Netflix em 2025.
Off Mode: Força e Versatilidade
Por Eduardo Pereira
“Off Mode”, é o mais recente álbum do rapper Fleezus. Trata-se de uma obra que possui uma forte identidade estética, situada na mistura entre o trap e o rap alternativo. O projeto se destaca por sua atmosfera introspectiva e ao mesmo tempo intensa, falando sobre as vivências do artista e os desafios que ele passa diariamente em sua vida como cantor.
Do ponto de vista formal e estético, Fleezus se mantém fiel ao estilo característico do trap, mas com nuances que o distanciam das produções mais comerciais do gênero. A sonoridade do álbum é marcada por beats pesados, com uma produção que se afasta do “mainstream”. O uso de samples distorcidos e não tão comuns, confere ao álbum uma estética diferente do que normalmente é visto no cenário, fazendo com que cada faixa transmita uma sensação de luta, persistência e imponência.
Em termos de conteúdo, “Off Mode” é um álbum de intensa carga emocional e reflexiva. Fleezus mergulha nas complexidades da saúde mental, das relações pessoais e da busca por identidade,
mas com uma abordagem que evita os clichês e propõe uma análise mais crua e honesta. As letras, muitas vezes fragmentadas e introspectivas, falam de dilemas existenciais, momentos de crise e o desejo de se desconectar do mundo, mas também revelam uma busca por compreensão e redenção. Há uma tensão constante entre o caos interno e a tentativa de encontrar um caminho ou um alívio, o que confere ao disco um tom de vulnerabilidade e sinceridade. Em resumo, “Off Mode” é um álbum complexo, que recompensa a escuta atenta e oferece uma visão honesta e muitas vezes dolorosa do mundo psicológico do artista. Ao desafiar normas tanto sonoras quanto temáticas, Fleezus reafirma sua posição como uma das figuras mais versáteis do rap contemporâneo, misturando poesia profunda com experimentação sonora e proporcionando uma experiência auditiva única e muito diferente dos demais projetos nos quais são lançados. Sua imersão no universo rap, e suas variações, confere ao texto muitas qualidades, sobretudo na consistência das avaliações tanto formais, quanto de conteúdo. Uma bela crítica. Com pequenos ajustes redacionais, ela fica perfeita.
Por Lucas Kominkiewicz da Graça
DIVULGAÇÃO NETFLIX
Retorno da Arena do Grêmio movimenta negócios locais
Pequenos empresários tentam recuperar prejuízos após estragos deixados pela enchente, que também forçou o fechamento do estádio por meses
Por Victoria Ensslin
Quase seis meses após as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul em maio, a Arena do Grêmio, localizada na zona norte de Porto Alegre, volta aos poucos a movimentar os negócios do entorno, que dependem dos jogos do time tricolor. No dia 26 de outubro, o Grêmio jogou pela primeira vez com a capacidade máxima da Arena novamente, contra o Atlético-MG, devolvendo esperança aos comerciantes, donos de estabelecimentos de alimentos e bebidas, e proprietários de estacionamentos que tiveram suas casas e locais de trabalho danificados pela inundação. Além de perderem bens materiais, essas pessoas também permaneceram semanas sem trabalhar, o que afetou profundamente suas vidas econômicas e muitos ganhos financeiros possíveis com o movimento gerado pelos jogos do Grêmio, que foram cancelados por
tempo indeterminado enquanto a Arena também passava por adequações para receber torcedores novamente.
Prejuízos acumulados
De acordo com Rafael Jamssen, proprietário de um estabelecimento localizado na frente da entrada Oeste da Arena do Grêmio, na disputa de 26 de outubro, primeiro jogo com abertura total, o movimento ainda não estava como antes. De acordo com Jamssen, a perda
em seu estabelecimento de trabalho foi praticamente total, somente conseguindo salvar um freezer e umas cadeiras de plástico. Além disso, o comerciante estava investindo em uma reforma para o seu estabelecimento quando a catástrofe ocorreu. Junto com a obra, as vendas e os artefatos estragados, ele estima ter perdido cerca de R$ 130 mil. Outro morador do bairro, Daniel Rosa da Silva, de 45 anos, também teve seu estebelecimento e sua residência
destruídos pela enchente. Proprietário do mercado Silva Variedades, ele estima ter perdido em vendas, produtos e objetos de seu estabelecimento aproximadamente R$ 70 mil. “Graças a Deus a Arena abriu novamente, pois muito movimento vem em decorrência dos jogos”, salientou o comerciante no dia da reabertura total. Apesar de a situação ter ocorrido há meses, ainda restam escombros do que sobrou e não foi possível recuperar na região. Elsa Amaraes, 74 anos, proprietária de uma casa onde aluga sua garagem para estacionamento em dias de jogos, afirma que também perdeu tudo, mas isso não afetou tanto em seu rendimento. De acordo com a moradora do bairro Humaitá, o aluguel de sua garagem garante aproximadamente R$ 120 por jogo. “Um dinheirinho que ajuda”, em suas palavras.
De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET), estima-se que 17% das empresas de Porto Alegre foram afetadas pela enchente, e a perda estimada é de R$ 1,5 bilhão por mês não trabalhado. Foram 2.227 estabelecimentos do ramo de alimentação, 1.473 estabelecimentos de cuidados e beleza, e 6.482 estabelecimentos de varejo em geral afetadas economicamente pelo desastre.
Terminal de ônibus de Porto Alegre ainda passa por reparos na infraestrutura
Por Laura Barbosa
Proximidade com festas de fim de ano e período de férias não é suficiente para aumentar expectativas de recuperação dos prejuízos da enchente de 2024 no comércio da rodoviária de Porto Alegre. As lojas reabriram oficialmente em agosto, depois de três meses completamente fechadas. No total, são 64 estabelecimentos que ocupam o espaço do Largo Vespasiano Júlio Veppo. A pintura da parte externa das lojas foi possível graças à iniciativa dos lojistas em organizar um financiamento coletivo. “Se perdeu tudo”, diz Alexandre Steffen, um dos comerciantes que saiu da sua loja na quinta-feira que antecedeu a inundação. Ele deixou suas mercadorias elevadas a um metro do chão e, mesmo assim, teve que reerguer a empresa, que atualmente passa pela terceira geração na sua família. O
comércio abriu em 1970, juntamente com o terminal rodoviário.
Muitos estabelecimentos tiveram de utilizar das próprias economias para reconstruir seu comércio. Outros, usaram o recurso da vaquinha virtual para arrecadar parte do dinheiro que foi aplicado em reformas internas, como foi o caso da Pastelaria e Lancheria Q Pastel.
A expectativa anual de viagens é alta para a época de festas que acontecem em dezembro, mas o movimento tem caído nos últimos anos mesmo nessa época, diante da demanda de aplicativos de carona, conforme Steffen.
Marcas da enchente
Nos guichês da rodoviária, cinco meses após a enchente, ainda era possível ver o piso exposto, sem revestimento, com aproximadamente 10 das 30 cabines em funcionamento. Os banheiros do segundo andar seguiam
com a passagem barrada, assim como o espaço à frente, que funcionava como sala de espera. A marca d’água continuava visível no corredor ao lado dos guarda-volumes.
Segundo o Portal da Transparência do Estado do Rio Grande do Sul, a rodoviária de Porto Alegre já contava com um investimento R$ 1,14 milhão estabelecidos pelo Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), antes mesmo da enchente. O mesmo portal mostra que, desde a enchente de 2024, repasses efetivados para Veppo & Cia LTDA totalizam um valor de pouco mais de R$ 27 mil. O investimento anunciado para a recuperação do terminal foi de R$ 14,7 milhões.
Piso próximo aos guichês de venda de passagens segue sem revestimento; das 30 cabines, 10 estão operando
Elsa Amaraes aluga garagem de sua casa para torcedores em dias de jogos como forma de obter renda extra
Rafael Jamssen (D) salvou apenas um freezer de seu estabelecimento quando a enchente atingiu o bairro Humaitá
Leilão de lojas renova atrativos em patrimônio histórico
Após atravessar três incêndios e duas enchentes, passando mais de 40 dias fechado em razão da inundação de maio deste ano, prédio histórico terá novos estabelecimentos
Por Ramiro Lemos
Dia 3 de dezembro ocorrerá o maior leilão da história do Mercado Público de Porto Alegre. Foi publicada em 10 de outubro a licitação para concessão onerosa de uso da maior loja do Mercado Público, um espaço de 388 m² que abrange o primeiro e o segundo andares, com uma área interna adicional de 34 m² destinada à instalação de mesas.
A utilização do local pode incluir atividades como restaurante, rotisseria, trattoria, bar, browneria, cafeteria, confeitaria, suqueria, casa de chá, sorveteria, hamburgueria, lanchonete, pastelaria, pizzaria, bar com fabricação própria de cerveja, bar, choperia e petiscaria.
Um diferencial deste edital, para o critério de avaliação, é que combina técnica e preço. Além do maior lance inicial, serão considerados o tempo de atuação no setor e a relevância cultural
Edital prioriza relevância cultural, experiência e tradição gastronômica para ceder espaço no segundo andar
e histórica, valorizando a experiência e a tradição gastronômica.
A outorga mensal será de R$ 26.595,74, não incluindo o valor do condomínio. O lance mínimo para vencer a licitação é de R$ 66.489,36. O
vencedor terá até seis meses para se instalar, com um período de carência de seis meses para iniciar o pagamento da outorga.
Vale lembrar que o Mercado Público ainda está em processo de recuperação
após 41 dias de fechamento e um prejuízo estimado de R$ 30 milhões. Os mercadeiros estão determinados a superar os tempos difíceis. João Gambrinus, dono do restaurante mais antigo em atividade no estado, vê os novos estabelecimentos com bons olhos: “Novos estabelecimentos sempre são bons para todos, aumenta o fluxo de visitantes e potencializa os negócios”.
Convite à visitação
Para o designer e visitante do Mercado Felipe Bechstedt, a abertura de novos espaços é um convite a todos os porto-alegrenses. “É bom aproveitar os dias quentes e passear por esse espaço tão importante da nossa história, ainda mais com essas novas lojas”, afirma Felipe. A regulamentação do uso e ocupação do Mercado Público, o mais antigo do Brasil, está em conformidade com o decreto nº 21.285, de 21 de dezembro de 2021. A Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (Smap) é responsável pela gestão e coordenação das atividades administrativas e operacionais, contando com o apoio da Associação do Comércio do Mercado Público (ASCOMEPC), que contribui para a preservação e o desenvolvimento desse espaço.
Revitalização de praça tem futuro incerto
Por Anelise Greiner | OTÁVIO ROCHA |
A revitalização da Praça Otávio Rocha, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, visa modernizar o espaço, melhorar a infraestrutura e torná-lo mais acessível e agradável para a comunidade local e turistas. A planta previa novos bancos, pracinha com novos itens, calçadas reformadas, iluminação melhorada, nova pintura e arborização, além da reabertura do café, fechado com paredes de tijolos desde 2019 para evitar vandalismo. Contudo, as obras foram interrompidas, sem previsão de retorno.
Para Alisson Cesar, gerente geral do Hotel Nacional Inn, que fica em frente à praça, a revitalização teria impacto positivo. “As pessoas passarão a utilizar o café, sairão para passear com os filhos, amigos e com os seus animais”, observa. “Contudo, é essencial que o espaço também seja seguro, o que exige enfrentar problemas como a presença de moradores de rua e o
uso de substâncias ilícitas presentes no local, que precisam ser tratados em programas de assistência social”.
Gerente comercial do mesmo hotel, Carlos Sanches complementa: “É fundamental ter segurança, boa iluminação e um mobiliário urbano que funcione, como calçadas modernas e limpas”.
Novo adotante
De acordo com vizinhos do local, o prefeito que havia sido escolhido para cuidar da praça abandonou o projeto da revitalização alegando que não teria suporte para manter o projeto, pois a praça estava sempre sendo depredada. Moradores e comerciantes que estavam ansiosos pela reforma ficaram decepcionados ao receberem a notícia da Prefeitura de Porto Alegre de que a revitalização seria interrompida e que estavam à procura de um novo prefeito para prosseguir com a revitalização.
Atual gestora da praça, Patrícia Acosta comenta que são muitos os problemas que levaram à paralisação.
Desde 2019, espaço convive com interrupções em obras, abandono e vandalismo
O atraso de três anos no início das operações e a saída do adotante inicial foram fatores significativos. A Câmara Municipal tomou medidas como a reconstrução de calçadas portuguesas de pedra, muitas vezes roubadas, e a sua substituição por brinquedos modernos e seguros. Porém, o prédio que abriga o café da praça ainda aguarda um novo adotante para reformas.
“Essa praça comporta uma passagem para 200 mil pessoas por dia com o Transurb ativo. Para que a revitalização traga benefícios reais, o local deve ser ocupado por um proprietário permanente para evitar que os prédios voltem a ser pontos de tráfico”, explica Acosta.
Conforme a Prefeitura de Porto Alegre, não há prazo definido para a retomada das obras. Uma das opções que está sendo considerada é abrir uma nova licitação para contratar uma empresa que finalize a revitalização. A falta de um cronograma definitivo deixa o futuro do projeto em aberto.
ALEX ROCHA / PMPA
Rede de esgoto poluente volta a ser construída em Tramandaí
Alvo de protestos da população local, estrutura que contará com mais de 9 quilômetros de tubulação teve obra temporariamente paralisada por uma liminar
Por Lucas Kras
No fim de agosto e início de setembro, as cidades de Tramandaí e Imbé, situadas no Litoral Norte gaúcho, viveram dias de protestos em frente à ponte que interliga as duas cidades. O objetivo dos manifestantes era chamar atenção para os impactos ambientais da obra realizada pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), na qual dejetos poluentes seriam liberados no Rio Tramandaí, segundo pesquisas feitas pelo Ceclimar, entidade ligada à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
As manifestações coincidem com a queda da liminar responsável pela paralisação temporária da construção da rede de esgoto sanitário, levando à retomada dos trabalhos em Capão da Canoa e Xangri-lá.
Diante da comoção popular e de uma ação movida pelo vereador tramandaiense Antonio Augusto Galaschi (PDT), o juiz substituto Paulo de Souza Avila havia suspendido a obra “até que sejam esclarecidos
| DOAÇÃO |
Risco ambiental e impacto em comunidades ribeirinhas é questionado por moradores
os pontos referentes à extensão dos danos ambientais”. Porém, no dia 16 de setembro, a liminar que interrompia a continuidade da obra foi derrubada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), alegando que a construção da ETE (estação de tratamento de esgoto) não apresenta irregularidades que justifiquem a paralisação e que não haviam componentes necessários para concessão da liminar. Por meio de nota, o Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) voltou a frisar que em nenhum momento os especialistas da instituição foram consultados para realização de estudos e que essa queda de liminar é
“entristecedora”, visto que não foram realizadas novas análises.
Ameaça ambiental
O professor Gabriel Fernandes, ativista nos protestos, considera a obra como uma das maiores injustiças socioambientais do Litoral Norte gaúcho. “Com esse emissário de efluentes, colocam sob ameaça o estuário do Rio Tramandaí, comunidades ribeirinhas, povos originários e possibilitam desequilíbrios socioeconômicos para os municípios de Imbé e Tramandaí diretamente”, destaca. “Tudo isso porque o projeto foi feito de maneira autoritária e antidemocrática”, avalia.
A Prefeitura Municipal de Tramandaí, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, manifestou-se de forma contrária à realização da obra. De acordo com o secretário Fernando Borges, as principais consequências da obra são perdas significativas em termos socioeconômicos, visto que a região se baseia muito na pesca e no turismo fluvial e marítimo. Com efluentes de Tramandaí e Imbé sendo lançados no mesmo rio, potencializa ainda mais o risco de colapso na qualidade das águas do sistema lagunar de Tramandaí, segundo o secretário.
Pesca
prejudicada
Pedro Cardoso, pescador assíduo há 16 anos na ponte Giuseppe Garibaldi, que fica na divisa entre as duas cidades, relata não estar muito ciente da situação, mas acompanhou a movimentação durante os protestos. Sabendo das possíveis consequências da realização da obra, ele diz: “É realmente algo péssimo, nós trabalhamos todos os dias aqui. Chegamos antes do amanhecer, às vezes. Tem muitas famílias que dependem desse sustento, principalmente agora no verão”.
De acordo com a Corsan, a obra segue com o mesmo projeto original, contando com mais de 9 quilômetros de tubulação, e não há perspectiva de mudança. A companhia garante que o esgoto será 100% tratado.
Bancos de sangue de Porto Alegre sofrem com falta de estoque para dezembro
Por Larissa Har
Já é tradição. No mês de dezembro, época de viagens e festas de fim de ano, a gestão dos estoques nos bancos de sangue da capital se torna mais desafiadora. Este ano há uma preocupação extra, já que o estado foi atingido pela maior tragédia ambiental de sua história, o que fez com que os estoques baixassem ainda mais. E não somente pela doação de sangue, como também de plaquetas.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, por exemplo, realizou uma força-tarefa no mês de novembro, em virtude dos feriados nos dias 2, 15 e 20. Em dezembro, buscam ainda incentivar a doação, já que existe uma queda de mais de 10% nos doadores. “A procura por doação nesse período costuma ser baixa, por esse motivo intensificamos as ações de conscientização da
Para doar, basta agendar um horário e seguir as instruções
população”, pontua a coordenadora do Banco de Sangue do Hospital de Clínicas, Patrícia Seltenreich.
A doação voluntária de sangue é o que garante o abastecimento dos hospitais para suporte de transfusões e atendimento de diversos pacientes
que dependem de tratamentos ou cirurgias. Em diversos locais é possível pré-agendar um horário para fazer a doação. No Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul é possível fazer o agendamento até mesmo pelo WhatsApp (51) 98405-4260.
Requisitos para doação de sangue
l Estar em boas condições de saúde;
l Apresentar documento oficial de identidade com foto;
l Ter idade entre 16 e 69 anos, sendo que os candidatos a doadores com menos de 18 anos deverão estar acompanhados pelos pais ou por responsável legal;
l Pesar no mínimo 50 kg com desconto de vestimentas;
l Ter dormido pelo menos 6 horas antes da doação;
l Não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação;
l Não fumar pelo menos duas horas antes da doação.
Governo descarta horário de verão em 2024, mas avalia 2025
Ministro de Minas e Energia anunciou que medida pode ser reavaliada no ano que vem, dependendo das condições energéticas
Por Bianca Moraes
Ogoverno federal anunciou no dia 16 de outubro que o horário de verão não seria retomado neste ano, mas pode considerar a medida a partir de 2025. Em coletiva de imprensa, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, justificou a decisão citando a melhora no cenário hídrico e a previsão de chuvas mais intensas, o que reduz a necessidade imediata de ações emergenciais para poupar energia elétrica. O anúncio aconteceu após meses de discussão sobre o impacto do horário de verão no consumo energético. Em setembro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou ao governo a volta da medida, que, ao adiantar os relógios em uma hora, aproveita melhor a geração de energia solar e diminui a necessidade de acionar termelétricas
– mais caras e poluentes. No entanto, segundo Silveira, o tempo curto para implementação ainda este ano inviabilizou a decisão para 2024, principalmente devido à necessidade de adaptação por setores como o de aviação.
Controvérsia
Apesar de muitos brasileiros verem o horário de verão como uma estratégia para reduzir o consumo de eletricidade e
prolongar o tempo de atividades diárias com luz natural, nem todos aprovam a ideia. Para a analista de marketing Natália Lino, por exemplo, a mudança representa um desafio de adaptação que acaba impactando seu bem-estar, pois a alteração no fuso horário a deixa mais cansada nos primeiros dias. Por outro lado, a estudante de administração Maria Ramires Leão vê no horário de verão uma oportunidade de
aproveitar o dia com mais atividades ao ar livre. Para ela, o prolongamento do tempo claro permite praticar esportes e outras atividades após o expediente com mais segurança.
Histórico
A suspensão do horário de verão ocorreu em 2019, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que questionou a eficácia da medida para a economia de energia em um contexto de mudança de hábitos de consumo e avanços tecnológicos. Desde então, estudos vêm sendo realizados para avaliar a real necessidade de retomada da prática, especialmente com a seca severa que o país enfrenta.
A possibilidade de retomada em 2025 poderá ganhar força com os impactos das condições climáticas e a necessidade de otimizar o consumo de energia no país. No entanto, como afirmou o ministro Silveira durante a coletiva de imprensa em Brasília, a medida só será implementada se realmente se mostrar indispensável, considerando os custos e benefícios de sua adoção.
| MODA | | APOSTAS ONLINE |
Superconsumo movimenta mercado de vestuário após períodos traumáticos
Por Pedro Curi
Desde 2022 o mercado da moda é um dos que mais cresce no Brasil. Segundo dados da Nuvemshop, o mercado da moda online faturou mais de R$ 885 milhões no período de janeiro até agosto de 2024, o que representa um aumento de 26% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nos últimos cinco anos, houve também um aumento de mais de 30% na procura de brechós. Ao fim de 2023, o Sebrae estimava que existiriam ao menos 118 mil brechós no país.
Esse aumento no consumo no mercado de roupas ainda não possui um nome científico, mas muitas vezes é chamado de superconsumismo. A pesquisadora e professora Paula Visoná explica que, a partir de 2022, existiu muito uma vontade de fugir de um trauma, o que levou ao aumento do consumo “pós pandemia”. Apesar de vivermos uma tendência de moda consciente,
esse aumento no consumo pode ser comparado a outros momentos na história, como destaca a professora: “É muito próximo com o que aconteceu na década de 20, onde países europeus passaram pelo trauma da Primeira Guerra e havia uma urgência por experimentar, viver uma urgência de vida”.
Para a pesquisadora, será possível notar uma situação similar no pós-enchente, no caso do Rio Grande do Sul. “O Dia das Mães foi afetado, junto com o trauma vivido, quem já conseguiu recuperar uma ‘normalidade’ irá possivelmente usar o Natal para compensar o trauma e a data perdida”, comenta.
Recuperação
A dona de brechó Bruna Stephanou avalia os danos da enchente como irreparáveis. “Para o meu setor datas como Natal não são tão importantes”, comenta sobre uma possível recuperação das enchentes. Segundo a empreendedora, no entanto, este ano é atípico, podendo resultar em uma mudança: “Nós sempre estamos na expectativa de datas, como Dia dos Pais ou das Mães, mas muitas pessoas valorizam diferente um presente de brechó, como se não fosse novo”.
O Natal de 2023 faturou cerca de R$ 70 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping, o que representou um aumento significativo em comparação a anos anteriores. Pesquisas apontam que mesmo com um aumento na inflação, a projeção de faturamento no Natal seja até 5% maior do que no ano anterior, estimativa que deve se manter no Rio Grande do Sul.
Psicólogo alerta sobre impacto de jogos na saúde mental
Por Agnês Noll
A propagação das apostas online, intensificada pelas redes sociais, onde influenciadores muitas vezes promovem as apostas, tornou-se uma preocupação para a saúde pública. Os efeitos do vício nas “bets” vão desde a deterioração das relações pessoais até problemas mais graves de saúde mental, como isolamento, agressividade e, em casos extremos, o risco de suicídio.
“Os principais sintomas incluem dificuldade em parar de jogar, perda de interesse em relacionamentos e tarefas diárias, além de pensamentos obsessivos sobre o jogo”, explica o professor e psicólogo Arthur Sena. “Trata-se de uma questão de saúde pública, pois vemos parte da população se endividando gravemente e, em algumas situações, usando recursos sociais como Bolsa Família para apostar”, comenta.
Segundo o Banco Central, apenas em agosto de 2024, cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em plataformas digitais de apostas. O estudo do BC foi solicitado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) em meio a discussões no Senado sobre impactos do mercado de apostas no Brasil.
O psicólogo Sena observa que a estrutura dos sistemas básicos de saúde também sofre: “Infelizmente, a estrutura atual é insuficiente. A demanda é imensa e multifatorial, e os recursos são limitados, com poucos servidores para atender todos os tipos de transtornos mentais e físicos”.
Dona de brechó, Bruna Stephanou considera prejuízo das enchentes irreparável
Um grande jogo e recuperação: como foi o ano da Dupla
Reta final de temporada para a dupla Grenal em 2024, os dois polos da Província de São Pedro se encontram em posições muito diferentes neste momento. Ao contrário das expectativas, o ano foi turbulento e não houve boas atuações da equipe gremista durante quase a temporada toda, salvo algumas partidas. O Internacional apresentou uma grande recuperação a partir do final de agosto e encostou nas cabeças do campeonato brasileiro, contudo, vale ressaltar que até agosto, o Colorado estava tendo uma temporada de poucos resultados. Contratações de peso chegaram em solo gaúcho logo no início do ano. Renato Portaluppi apostou no venezuelano Soteldo para vestir a mítica camisa “7’ que consagrou o treinador. O atacante é uma das poucas mentes lúcidas do Grêmio na temporada, mesmo sofrendo de lesões. Agora, o Tricolor estuda trazê-lo por definitivo, visto que o empréstimo de Soteldo termina no dia 31 de dezembro, e será necessário desembolsar cerca de US$5 milhões, cerca de R$28 milhões, na cotação atual. O Clube do Povo não mediu esforços para trazer do Frankfurt o antigo sonho gremista, Rafael Borré. Pela bagatela de R$33 milhões, o colombiano caiu nas graças do torcedor e colocou Enner Valencia no banco de reservas.
Com ótimas atuações, principalmente no segundo semestre, se tornou um dos principais nomes do esquadrão colorado e se mostrou um acerto da direção. Se eu tivesse que elencar a melhor partida do ano o Grêmio, acredito que em um consenso quase que geral, os gremistas sem dúvidas escolheriam a
Libertadores: Botafogo supera Atlético Mineiro
Por Giovani Baltezan
Em uma final disputada por dois clubes grandes, qualquer coisa pode acontecer. Nenhum resultado é esperado, mas sempre é válido analisar o retrospecto e o momento atual vivido pelos finalistas. Antes do apito inicial do árbitro, acreditava-se em um favoritismo do Botafogo devido ao ótimo momento do clube e de seu principal atacante, Luiz Henrique, que está vivendo o auge de sua carreira. Enquanto isso, do outro lado estava Atlético Mineiro, que entrou em campo com uma sequência de 10 jogos sem vitória. Apesar dessas estatísticas, bastou menos de 1 minuto de jogo para esse favoritismo trocar de lado, mas isso não foi suficiente. Um dos principais responsáveis pela linha defensiva do Botafogo, volante Gregore, foi expulso com 29 segundos de partida por ter acertado o rosto de Fausto Vera em uma disputa de bola. Isso fez com que o clube mineiro começasse a partida pressionando, fazendo as primeiras finalizações. Apesar disso, o Botafogo mostrou ser superior e abriu o placar com Luiz Henrique, aos 35 minutos.
Ainda no primeiro tempo, jogando muito bem, o clube carioca abriu 2x0 com um gol de pênalti, marcado pelo
lateral Alex Telles, aos 44 minutos. Essa superioridade, mesmo com um jogador a menos, reflete muito da inteligência do técnico Artur Jorge. Além do clube ser muito bem treinado, Artur apostou na ideia de não realizar substituições após a expulsão, evitando enfraquecer seu ataque.
No começo do segundo tempo, o atacante Eduardo Vargas descontou para o Galo e isso aumentou a esperança da torcida atleticana. O decorrer da segunda etapa foi marcado por uma pressão do clube mineiro em busca do empate. Próximo de acabar a partida, Vargas ficou cara a cara com o goleiro em duas oportunidades seguidas de marcar, mas acabou chutando para fora.
“Quem não faz, leva!”, expressão muito famosa no futebol brasileiro. O atacante Júnior Santos não perdoou e matou o jogo no último minuto dos acréscimos, fechando o placar de 3x1.
Essa vitória mostra a força da SAF do Botafogo, de John Textor, a qualidade do elenco e o ótimo trabalho realizado pelo treinador. Devido a todas essas questões, o clube “sobrou” na Libertadores, mostrou um desempenho acima da média nas decisões finais e, com isso, conquistou pela primeira vez A Glória Eterna.
vitória na Argentina, contra o Estudiantes de La Plata, por 1x0. O terceiro jogo da fase de grupos era decisivo para a permanência do Grêmio na Libertadores da América, e sem dúvidas foi a melhor e mais consistente atuação na temporada. Uma pena que foi apenas uma vez. Por outro lado, o jogo da temporada do Colorado foi o último confronto do ano contra o arquirrival, no Estádio Beira-Rio lotado. O Internacional dominou a partida em quase sua totalidade e venceu por 1x0 com gol de Borré, o que machucou ainda mais a alma dos gremistas. No quadro geral dos duelos, o Inter venceu os três Grenais do ano e mostrou uma supremacia em 2024.
Agora, as duas equipes buscam terminar de forma honrosa o ano de 2024. O Inter seguiu na caça aos líderes e chegou a criar, no imaginário do torcedor mais agnóstico, uma fé de título brasileiro, que não se confirmou. Os gremistas lutaram contra o rebaixamento, evitado com a vitória sobre o São Paulo e a combinação de outros resultados. Nesta altura, a classificação para a Sul-americana já é lucro.
O jogo que trouxe alívio aos gremistas
Por Lorenzo Mascia
Domingo, dia 1 de dezembro de 2024, ficará marcado na vida dos gremistas como o jogo do alívio. Na briga contra o rebaixamento, o time do Grêmio tinha a missão de ganhar o jogo contra o São Paulo, na antepenúltima rodada do Brasileirão. Além de precisar pontuar, tinha que torcer para o RB Bragantino tropeçar contra o Cruzeiro para, finalmente, se livrar do rebaixamento. Vem comigo que eu conto o desfecho deste dia.
Após um bom almoço, meu pai e eu partimos ao estádio por volta de 13h45 para evitar qualquer problema no trânsito, pois a previsão era de um grande público. Chegando no entorno, era notável a tensão dos torcedores presentes, pois o jogo era considerado como a chave para o não rebaixamento. Decidi que ia tomar um copo de cerveja com o meu pai, algo que raramente fazemos juntos, mas senti que aquele jogo ia ser memorável. Chegando dentro do estádio, escolhemos nossos assentos e bastava apenas o apito do árbitro para começar o jogo.
Com um bom início de jogo, o time
do Grêmio buscava o primeiro gol para acalmar um pouco o ânimo de todos os gremistas presentes. Após o atacante tricolor, Aravena, perder duas grandes chances, o meu sentimento era de que o gol estava cada vez mais próximo. Aos 36 minutos do primeiro tempo veio o tão esperado grito de gol, após Soteldo passar a bola para o lateral João Pedro e ele apenas ajeitar a bola para o meio campista Cristaldo balançar o barbante. 1x0. A frente no resultado, o Grêmio ainda ampliaria o placar aos 45 minutos com um gol contra do zagueiro são paulino. Na volta do intervalo, o time não volta na mesma intensidade e, aos 18 minutos do segundo tempo, o volante Luiz Gustavo acerta um belo chute e diminui o placar. 2x1. O Grêmio e a sua torcida viveram os 30 minutos mais longos dos últimos tempos, porque a vitória era crucial para a sua luta na tabela. Aos 50 minutos, ao ouvir o apito final do árbitro, o tão esperado alívio veio. Porém, como disse, ainda faltava o jogo do Bragantino. No fim, o time de Bragança empatou e, assim, o Grêmio está matematicamente fora da zona de rebaixamento. Tranquilidade aos gremistas!
Por Tobias Araújo
Porto Alegre é demais
Há algo estranho em ser “muito porto-alegrense”. Um comentário desses, vindo de amigos, me fez pensar por dias. Será que isso é algo bom? Ou apenas uma forma de tentar encaixar uma identidade em uma cidade que, na realidade, nunca se deixa ser completamente entendida? E será que a cidade também me entende? Percebi que, na verdade, Porto Alegre se tornou parte de mim, assim como eu faço parte dela, de um jeito invisível. A minha busca então, é entender o que realmente faz de Porto Alegre tão minha, e o que faz de mim, tão porto-alegrense.
Quando me peguei pensando na crônica que escreveria, percebi que essa cidade moldou meus gestos, meus olhares e, sem dúvidas, até meu jeito de falar. Fui me dando conta de que eu, na minha totalidade, sou um reflexo da cidade que habito. Logo, me dei conta de que minha tarefa não era contar sobre o que vejo, mas sobre o que lembro.
A nossa Porto Alegre, como muitas outras cidades, é feita de memórias. Memórias pessoais, mas também coletivas. Buscando inspiração para a crônica que agora você lê, li que cronistas e historiadores não apenas relatam acontecimentos, mas são intérpretes dessa memória. E Porto Alegre tem tantas! Os prédios, bairros, as praças e ruas que assistem ao vaivém de tantos que, como eu, buscam se reconhecer em
Olhares de dentro
para fora
Por Beatriz Schleiniger Mello
Era um dia de muita garoa, e me peguei pensando, distraída, se aqueles pequenos pingos de chuva poderiam acabar molhando a parte de dentro do meu apartamento. Era um pensamento bobo, mas logo me vi caminhando até a persiana bege, com o intuito de baixá-la. Estava vestindo um short preto e um top cinza, minha roupa comum. E ao encarar pela janela, notei que a cena do lado de fora também era bem comum.
Carros passavam apressados e alguns pedestres andavam na calçada à frente, com pressa ou desinteressados em qualquer coisa que não fosse o destino que seguiam. Mas, de repente, um deles me notou. Um homem barbudo, vestindo uma camisa social vermelha, andava com uma lentidão calculada, como se estivesse deliberadamente escolhendo o ritmo para olhar mais de perto, para olhar dentro da minha janela. Eu o encarei, curiosa, perguntando a mim mesma: “Por que ele está olhando assim? Eu o conheço?”
Foi então que, como se eu fosse uma espécie de confirmação do que ele esperava, ele assoviou, piscou o olho esquerdo e seguiu para a rua seguinte. E naquele momento, algo dentro de mim se quebrou.
Eu entendi. Era só mais um homem agindo como homens costumam agir. Algo tão banal e tão perturbador que me fez ficar estática, sem conseguir acreditar que aquilo estava acontecendo ali, na minha casa, sem aviso ou consentimento.
Com a raiva já dominando meu cérebro, eu fechei a janela, mais com a intenção de me proteger do olhar e não mais da chuva. Respirei fundo, tentando organizar todos os meus pensamentos. O ódio foi seguido por uma conclusão amarga: “Sou mulher.”
Mulheres passam por isso todos os dias. Calculam a roupa, a rota, o local, as circunstâncias, tudo para evitar esse tipo de desconforto, esse tipo de invasão disfarçada de olhar. E, como se o simples ato de vestir algo fosse uma provocação, logo depois daquele incidente, troquei de roupa. Não consegui ir à academia com as mesmas roupas. Algo que me impedia, me prendia no pensamento de que, lá fora, poderia haver mais olhares.
Como mulheres, vivemos com a sensação de que a qualquer momento podemos ser vistas de uma forma que não escolhemos. E, não importa o quanto tentemos fugir, evitar ou minimizar. Por mais que a gente feche a janela, ainda será amedrontador.
cada esquina.
Há, claro, as peculiaridades que fazem de Porto Alegre uma cidade tão ela.
A umidade que marca o ar nas manhãs frias de inverno, o comércio apelativo e barulhento do centro, todas as placas
DIEGO
GRANDI / ENVATO
da famosa detetive Aline que todos conhecem (mas ninguém sabe quem é), a mistura de jeitos de falar, e as cores dos pôr do sol sobre o Guaíba, que nunca são as mesmas, mas sempre têm algo de familiar. Esses pequenos detalhes são o que nos fazem sentir o peso e a leveza da cidade ao mesmo tempo. Porto Alegre, com suas contradições, é um retrato das nossas próprias identidades, de quem somos e de como nos vemos. No final das contas, a minha busca por entender o que faz de Porto Alegre tão minha e o que faz de mim, tão porto-alegrense, talvez esteja justamente na própria busca. Não há respostas definitivas, nem conclusões fáceis. Porto Alegre não pede para ser compreendida de uma vez por todas, mas, aos poucos, vai se desdobrando em camadas: nas suas praças, esquinas, e nas suas histórias (ainda) não contadas.
Ser porto-alegrense, portanto, é fazer parte de uma narrativa coletiva que se constrói a cada dia. É entender que, assim como a cidade se reinventa, nós também nos moldamos a ela e, ao mesmo tempo, somos moldados por ela. Não há um ponto final. E é justamente nesse movimento constante de troca, entre mim e a cidade, que encontro o que significa ser porto-alegrense.
O café da manhã tardio
Por Nicoly Reis
Ela acordou com o cheiro de café fresco no ar. Ao abrir os olhos, lá estava ele, na cozinha, preparando um café da manhã com direito a pão quentinho, suco natural e até flores em cima da mesa. Um gesto delicado, mas... por que agora? Quando a relação parecia prestes a se desfazer, ele parecia, de repente, disposto a fazer o que não fizera por anos.
Ela se levantou, forçando um sorriso, tentando acreditar que talvez ele estivesse finalmente entendendo. Mas, no fundo, sabia que não era assim. Ela sempre soube que ele tinha potencial. Que era capaz de gestos bonitos, de palavras doces, de cuidar dela. Mas esses gestos, quando chegaram, estavam atrasados.
Lembrou das conversas que teve com ele, das tantas vezes que se sentou ao seu lado, com paciência, tentando explicar que a relação estava se desgastando. “Eu sinto que estou sozinha, mesmo quando estou com você”, dizia ela, buscando fazê-lo perceber que as pequenas atitudes que ele tomava – ou, melhor, que ele não tomava – a estavam afastando cada vez mais. Ele, então,
prometia mudar, como sempre fazia, mas o tempo passava e as promessas eram esquecidas.
Agora, vendo-o na cozinha, com uma expressão de satisfação por ter feito algo bonito, uma sensação amarga tomou conta dela. Não era grata. Não se sentia tocada. Sentia-se triste. Triste porque ele só havia se dado conta do que faltava quando já não havia mais espaço para mudanças. Triste porque essas ações só tornavam mais nítido o que, até aquele momento, ela tentara ignorar: o amor dele por ela nunca foi tão grande quanto o amor dela por ele. Era uma tentativa tardia de resgatar o que se perdera. Mas, ao invés de reconquistar o coração dela, ele a fazia ver ainda mais claramente que ele sempre fora capaz, mas não quis.
Ela sentou-se à mesa, pegou o café, sentiu o gosto amargo e pensou: “Talvez eu devesse ser grata por ele finalmente tentar. Mas, na verdade, o que eu queria era que ele tivesse tentado antes.”
O amor dela já estava esgotado, e esse café da manhã não era suficiente para apagá-lo. Ele, com suas atitudes de agora, estava apenas ajudando-a a entender, de vez, que o fim tinha chegado.
Por Laura Santiago
Corre Preto reúne mil pessoas em treino na Orla do Guaíba
Evento contou com três modalidades e buscou incentivar a prática de atividades físicas para a população preta
Por Andiara Marques
OColetivo Corre Preto reuniu mais de mil pessoas na Orla do Guaíba, em Porto Alegre, para um treino coletivo no final do mês de outubro. O evento contou com três modalidades: corrida de 6 km, corrida de 3 km e caminhada de 3 km, todas abertas ao público. O objetivo do treino é incentivar a prática de atividades físicas e promover cuidados com a saúde entre a população preta.
O coletivo se reúne mensalmente na Orla, sendo esta a terceira edição do evento. “Quando eu participava de alguma corrida, me incomodava muito não ver pessoas pretas correndo. Um dia, li uma matéria dizendo que pessoas pretas tinham cerca de 50 a 60% mais chance de desenvolver diabetes e problemas cardíacos, então uni as duas coisas”, conta Vitor Hugo Silva, criador do coletivo, sobre como surgiu a ideia do grupo.
Silva relata que o primeiro treino contou com cerca de 300 pessoas, a segunda edição atraiu 500 participantes, e esta terceira ultrapassou a marca de mil pessoas, mostrando o crescimento do grupo, que já conta com o apoio de marcas como Água da Pedra, Odara, Orquídea e Olympikus.
Incentivo
Bruno Passos, que participava do treino pela segunda vez, disse
que conheceu o coletivo pelas redes sociais: “Eu costumava treinar corrida antes de entrar no coletivo e, durante meu treino, passei pelo grupo. Como o nome estava estampado na camiseta, resolvi procurar o perfil deles no Instagram e achei a proposta maravilhosa, porque eu pensava: ‘Poxa, quem dera tivesse um grupo de pessoas pretas que corressem e incentivassem o treino, ajudando na saúde física e mental’.”
Socialização
No seu primeiro treino, Passos participou sozinho e comentou que foi recebido calorosamente. “São diversas pessoas pretas no mesmo lugar, é como se fosse uma família inteira”, compartilha. Agora, com mais estrutura e maior número de pessoas, a expectativa é de que o coletivo continue crescendo.
Democrático e inclusivo, o evento conta com participantes de todas as
Participantes correm pelas ruas de Porto Alegre, promovendo saúde e representatividade
Porto Alegre sedia campeonato estadual de Vôlei de Praia sub-17
Por João Pedro Mendoza
idades – crianças, adolescentes, adultos e idosos – divididos entre as diferentes modalidades. Durante o treino e antes da largada, os organizadores reforçam com os participantes que o foco é a socialização, não a competição, incentivando todos a seguirem seu próprio ritmo, fazerem pausas ou trocarem para a caminhada, se necessário.
“Queremos fazer uma corrida onde todo mundo possa aproveitar, conhecer outras pessoas e criar uma grande marca de representatividade”, destaca Vitor Hugo Oliveira. “Que possamos ver mais pessoas pretas aproveitando o espaço público, correndo, fazendo atividade física e cuidando do seu corpo”, conclui.
O coletivo divulga suas atividades e próximas edições em seu perfil no Instagram @coletivocorrepreto para incentivar mais pessoas a participarem dos treinos.
Integrado às modalidades olímpicas do Grêmio Náutico União (GNU) de Porto Alegre em setembro, o vôlei de praia teve sua primeira competição oficial sediada no clube no dia 26 de outubro, no bairro Petrópolis. O campeonato estadual sub-17 teve participação de vários clubes esportivos de Porto Alegre, como Sogipa e o próprio GNU, e de outras cidades do Rio Grande do Sul, como Montenegro, Venâncio Aires e Santiago. Os vencedores e segundos colocados se classificaram para o Campeonato Brasileiro de Vôlei de Praia sub-17, que ocorre em Saquarema, no Rio de Janeiro, dos dias 8 a 12 de dezembro. As duplas classificadas no feminino foram as campeãs Antônia Trindade e Maria Fernanda Nascimento, da Associação Vôlei Venâncio (AVV), de Venâncio Aires, e Sofia Silva e Sarah Oliveira, que ficaram com o vice-campeonato. No masculino, a dupla Guilherme Bittencourt e Diego Dapievo, do município de Santiago, terminaram em primeiro, e Bernardo Silveira e Eduardo Pfaffenzeller, de Montenegro, ficaram na segunda posição.
Estrutura
Para o professor de educação física Flavio Alves, técnico das escolinhas esportivas do GNU, e também das equipes sub-15, sub-17 e sub-21 de vôlei de praia do clube, o campeonato foi uma oportunidade de mostrar a estrutura para treinamento e fomentar a nova modalidade. “Por ser uma modalidade olímpica que o clube ainda não possuía e fazer parte das competições do Comitê Brasileiro de Clubes, o projeto foi incentivado pela diretoria”, comenta o treinador, técnico nível 3 de quadra e de praia pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV).
Capital elege suas primeiras vereadoras travestis em 2024
Por Raquel Losekann
Porto Alegre elegeu as primeiras vereadoras travestis de sua história no pleito municipal de 2024. Natasha Ferreira (PT), 36 anos, e Atena Roveda (PSOL), 33 anos, representam a luta pelos direitos da população LGBTQIAP+ e também são vozes ativas por políticas públicas para toda a população da capital gaúcha. A população vem cobrando mais representatividade nos espaços políticos, seja de mulheres, pessoas pretas e pessoas LGBTQIA+. Nas eleições
de 2022, São Paulo elegeu a deputada federal travesti Erika Hilton (PSOL), que levou ao congresso pautas importantes para a proteção dos direitos da população trans e que vem se destacando pela sua postura combativa. No mês de novembro deste ano, a parlamentar propôs, por meio de Proposta de Emenda Constitucional (PEC), o fim da escala de trabalho 6x1. Ainda em 2022, Duda Salabert, do PDT, também mulher travesti, foi eleita deputada federal e, em 2024, foi candidata à prefeitura de Belo Horizonte.
Viviane Weschenfelder, pesquisadora na área da educação e da inclusão social, comenta que a eleição de parlamentares de grupos “minorizados” vai ao encontro de uma tendência global. “É um movimento mundial, e o Brasil não está de fora disso, com a questão da diversidade,” comenta Viviane.
Pautas sociais
A pesquisadora ressalta a importância do olhar destes grupos aos problemas enfrentados por toda a população: “São pessoas que têm uma bagagem
de muito preparo e que lutam pela equidade, porque sabem que um projeto de sustentabilidade ambiental, por exemplo, favorece os mais vulneráveis de alguma forma”.
Atena é defensora da cultura popular e propõe políticas públicas de investimento na arte e no lazer em Porto Alegre, defendendo políticas de enfrentamento à crise climática e de melhorias para o transporte público na capital. Natasha discute a problemática das vagas nas creches, e advoga propostas para o reflorestamento urbano. Tanto Atena, quanto Natasha se manifestaram nas
redes sociais após os resultados. “Fizemos história” foi a mensagem que mais marcou as postagens das vereadoras. Nesse sentido, Viviane reforça a importância destas pessoas não apenas para representar a população LGBTQIAP+, mas sim toda a sociedade. “Se, por um lado, a representatividade é fundamental, por outro ela não pode se esgotar ali. A política é um espaço muito importante de negociação e isso (a eleição de grupos minorizados) é, sem dúvida nenhuma, fundamental para todos nós”, conclui. squisadora.