Lupa 11

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EDIÇÃO 11 JUNHO DE 2018

Leia Unisinos Porto Alegre

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS CAMPUS PORTO ALEGRE

STUDIO1 ARQUITETURA

Prédio antigo refeito e salvo Com azulejos portugueses restaurados na fachada, a construção de 1866 abriga o Boteco Histórico, junto ao primeiro parklet do centro da capital, recentemente inaugurado Página 3

Promessa de projeto cultural

Insegurança aumenta e preocupa

Após o fechamento de uma série de salas de cinema da Rua da Praia, a Cinemateca Paulo Amorim, com programação voltada ao cinearte, ainda preserva esta cultura.

Edifício antigo onde funcionava o Cinema Imperial passará a ser Caixa Cultural. Mas a instituição enfrenta problemas para a finalização das obras, que já duram quase uma década.

Moradores do bairro Centro Histórico relatam medo e falta de segurança nos últimos anos. Até maio, foram registrados mais de R$ 26 milhões em prejuízos causados por assaltos.

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RONALDO FOTOGRAFIA

Cinema de calçada ainda vive


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COTIDIANO

LUPA - Porto Alegre - Junho de 2018

As vidas no coração da cidade

EDITORIAL

Rua da Praia, coração da cidade Conhecida como Rua da Praia, mas oficialmente chamada Rua dos Andradas, ela está no coração da capital, que pulsa com o caminhar intenso dos transeuntes, dos passantes, dos turistas, dos comerciantes. Símbolo de encontro com uma praça, botecos, uma igreja, um cinema e um jornal; a Rua da Praia simboliza Porto Alegre. Alunos da disciplina de Jornalismo Impresso e Notícia apresentam um pouco da sua vida. Seus locais de entretenimento, cultura, arquitetura e história. Abordam a vida dura dos seus trabalhadores. Examinam sua insegurança do, registrando o relato de seus habitantes. Contam um pouco da história do jornal Correio do Povo. Registram a luta da Cinemateca Paulo Amorim para preservar o cinema de calçada e assinalam a sobrevivência do prédio do antigo Cinema Imperial, cuja reforma demora quase dez anos. Também registram a revitalização bem-sucedida da Igreja Nossa Senhora das Dores e da construção com azulejos portugueses que abriga um bar, junto a um parklet, iniciativas que revigoram o centro da cidade. Gabryela Magueta Bruna Schlisting

EXPEDIENTE LUPA (Leia Unisinos Porto Alegre) é uma publicação experimental produzida por alunos do Curso de Jornalismo, sob orientação de professores e profissionais. REDAÇÃO – Orientação: professor Pedro Luiz S. Osório (posorio@unisinos.br). Textos e imagens: alunos das disciplinas de Jornalismo Impresso I e Jornalismo Impresso e Notícia. PROJETO GRÁFICO – Orientação: professor Everton Cardoso. Criação: alunos Liane Dias de Oliveira, Maria Júlia da Silva Pozzobon e Paulo Egídio Bernardi (turma 2017/2 da disciplina de Planejamento Gráfico). DIAGRAMAÇÃO – Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Diagramação: jornalista Marcelo Garcia e aluna Natalia Haubert. IMPRESSÃO – Gráfica UMA. Tiragem: 1.000 exemplares. Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. Av. Luiz Manoel Gonzaga, 744, Bairro Três Figueiras - Porto Alegre/ RS. Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos. br. Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: Pedro Gilberto Gomes. Pró-Reitor Acadêmico e de Relações Internacionais: Alsones Balestrin. Pró-reitor de Administração: Luiz Felipe Jostmeier Vallandro. Diretor da Unidade de Graduação: Gustavo Borba. Gerente dos Cursos de Graduação: Tiago Coelho. Coordenadora do Curso de Jornalismo: Débora Lapa Gadret.

A história e os relatos de uma trabalhadora da Praça da Alfândega

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o espaço da Rua dos Andradas, por onde a via atravessa a Praça da Alfândega, diversos comerciantes – ambulantes, artesãos, artistas plásticos, vendedores – exibem seus produtos e mercadorias. Mais que seu ofício, essas pessoas têm histórias, e sua presença no local molda a cidade e sombreia realidades da nossa sociedade. As histórias são tão variadas quanto os indivíduos. Cidadãos de Porto Alegre que procuram um sustento e o encontram no comércio, viajantes que têm a cidade como uma parada entre muitas, imigrantes que povoam a cidade com novas línguas, sotaques e seus trajetos. Em uma tarde de terça-feira, pude conversar com um uruguaio que, já avô, resolveu viajar pela América Latina junto com sua companheira - chegando em Porto Alegre, após sair de Montevidéu e passar por Pelotas - e vende pinturas e ilustrações para se sustentar. Também com um tradutor e livreiro autônomo que trabalhou como jornalista numa Argentina em tempos de ditadura. A conversa mais longa foi com a pioneira engraxate mulher da cidade que, contra preconceitos, venceu na vida, formou o filho advogado e pretende, um dia, ser deputada. Ela concordou em relatar com detalhes a trajetória que, intrínseca com a cidade e com a Praça da Alfândega como nenhuma outra, revela muito sobre o local. Mais que isso - revela as observações de uma verdadeira sentinela de seu posto, ao lado da esquina com a rua Caldas Júnior. Vera tem a voz calma e, ao mesmo tempo, animada. “A praça da Alfândega é o coração de Porto Alegre - que nem coração de mãe, cabe tudo. Tem prostituição, tem tráfico, tem trabalhador, tem desocupado, tem político, tudo tu encontra no centro da Praça da Alfândega.” Há doze anos Vera Regina Pereira herdou a cadeira do pai, na qual ele trabalhou por 54 anos. Vera aprendeu o ofício no “dia a dia, na prática”, vendo que o jeito como havia sido ensinada pouco valia. “Tu sabe, mulher gosta de inventar” ela diz, com um sorriso no rosto, contando como desenvolveu as próprias técnicas e aprimorou os conhecimentos que adquiriu em um “cursinho de couro”. Trabalhando duro, e gerenciando o próprio dinheiro, ela conseguiu a estabilidade que muitos brasileiros buscam.

O fluxo de pessoas é intenso na Rua dos Andradas e muitos sentam-se para descansar nos bancos da praça

“Dia que chove a gente não ganha, tem que ser que nem a formiguinha. Sabe da história da formiga e da cigarra? Pois é, a gente tem que juntar nos momentos bons pros momentos ruins.” Ao longo de tanto tempo na Praça da Alfândega, da mesma cadeira, Vera observa muito. O que para alguns pode ser novidade, para ela, faz parte do dia a dia. “O que passa despercebido aqui é a prostituição. Quem é frequentador da praça sabe o local e quem são elas [as prostitutas]. Pra quem não é, pode ser só uma pessoa sentada num banco, descansando. Mas não, ela tá se prostituindo. Tanto gurias novas quanto mulheres idosas. Homens, gurizada também”. “O que tu quer e o que tu não quer acreditar tu vê nessa esquina” Ao ser questionada sobre algum acontecimento curioso, Vera relata uma lembrança da qual acha graça: pessoas passando pela praça em uma certa época do ano, quando políticos costumam deixar rosas em homenagem a Getúlio Vargas. Ela conta seu choque ao ver as pessoas pegando rosas de um arranjo, contentes, cheirando-as e levando-as, ignorantes quanto ao morador de rua que havia urinado sobre elas algum tempo antes. “Elas pegavam e cheiravam: ‘ah, que cheirinho bom dessas rosas’, e levavam, e eu digo ‘mas como, se ele mijou em cima das rosas’”.

Durante esses doze anos de trabalho duro, a engraxate conta ter enfrentado preconceitos. “As pessoas têm aquela ideia de que engraxate é ‘maloqueiro.’ Elas têm dificuldade em conceber que uma engraxate seja bem sucedida.” “Eu posso ser bem sucedida sendo engraxate. Se eu for uma boa profissional, eu posso.” Não são poucos os relatos sobre a discriminação que a engraxate enfrenta. Seja de “bacanas” (como ela se refere aos engravatados da elite) ou trabalhadores comuns, o preconceito está em todo o lugar. Pelo posto de engraxate, por ser mulher, por ter sucesso, Vera já foi chamada para entrevistas diversas vezes - rádios, RBS, Globo. Por ser a pessoa que é, ela vê, não como observadora, mas como personagem principal, a face discriminatória da nossa cidade. “O gaúcho discrimina muito.” Vera, a engraxate, relatou que já foi cobrada por débitos alheios, levou o caso à justiça (por discriminação) e venceu. Também contou que a presença de seu filho na universidade foi, por vezes, menosprezada. Em suas viagens a São Paulo e ao Rio de Janeiro, diz não ter sido tratada dessa maneira. “Lá, eles só dizem ‘ô, gaúcha, entra na roda’. Aqui, tu entra numa rodinha de amigos e a primeira coisa que te perguntam é ‘o que tu faz? Qual tua profissão?’ Aqui te tratam de acordo com a tua roupa, pelo que tu veste”. Vera vê muito de seu posto na Rua dos Andradas, na Praça da Alfândega. Vê pessoas, vê problemas, vê vida e vê alegria. Texto e foto Lucas Braga F.


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PATRIMÔNIO

LUPA - Porto Alegre - Junho de 2018

Vida nova à casa velha

I

Construção de 1866 é classificada como um dos cinco raros remanescentes arquitetônicos da Capital

naugurado no dia 21 de maio, na parte externa do Boteco Histórico, espaço público onde agora é parklet, antes era só uma vaga para estacionar. Extensão da calçada, destinada à convivência social. Tablado de madeira. Mesas e cadeiras. Estrutura simples, somada aos azulejos portugueses restaurados na fachada, dão vida nova à casa velha, de 1866. Localizado nos números 891/895 da rua da Praia, mais conhecida como rua dos Andradas, o restaurante funciona desde 2015 na via mais antiga da Capital, no bairro Centro Histórico. Famosa por suas construções históricas, tombadas ou inventariadas. Ciro Comiran, 63 anos, é o atual proprietário e locador do imóvel. Por mais de dez anos a casa ficou abandonada. Provavelmente de 1997 a 2014. Nesse período, já bastante deteriorada, a casa teve um princípio de incêndio. “Há anos atrás ela abrigou funções bastantes diversificadas. Começou a ser habitada, no século XIX, como casa de família. Depois virou lancheria, bilhar, fliperama, loja de antiquários, fábrica de bolsas. Não necessariamente nessa ordem. Algum destino tinha que ser dado à propriedade”, relatou Comiran. Em 2014, o proprietário alugou o espaço para o locatário Valmir Lando, 49 anos. Dono de outro restaurante também no bairro, Lando se propôs a preservar a edificação, trabalhar na restauração e dar um destino ao prédio. “Sem contar as paredes originais e a fachada inventariada que foi recentemente restaurada, tudo aqui ou era caído, ou virado em madeira. Reerguê-lo envolveu novos materiais”, contou Lando que, no embalo do restauro da fachada, teve a ideia de requerer à Prefeitura o pedido de instalação de parklet onde antes era a vaga de estacionamento, em frente. Embora o parklet esteja corretamente licenciado pela Prefeitura e, inclusive, inaugurado, ainda faltam detalhes. Em breve será colocada a faixa de piso tátil. Importante para a locomoção de deficientes visuais. “À noite o Centro normalmente é parado e sem muita atração para chamar mais público. Por isso, decidimos construir a estrutura.”, contou Valmir. Mesmo tendo a consciência de

Inventariado de Estruturação. Neste caso, é por que a edificação constitui elementos significativos ou representativos da história da arquitetura e urbanismo para preservação. Especificamente, os azulejos da fachada. Todo o prédio, em si, não é inventariado. Inventário, de acordo com a Lei Complementar Municipal n. 601/2008, é um instrumento administrativo de preservação. Tem como objetivo resguardar imóveis de valor histórico, arquitetônico, urbanístico, ambiental, simbólico e também de valor afetivo. Isso impede a retirada dos azulejos e a consequente descaracterização do bem. Com isso, um dos pontos cruciais do Inventário é proteger as características externas da propriedade. Bem Tombado, por sua vez, conforme a Lei Complementar Municipal n. 275/1992, preserva a construção integralmente. Seja a parte externa, seja a interna.

Primeiro parklet do Centro Histórico tem até adesivo simulando os azulejos da fachada

os parklets serem sempre públicos e não obrigarem o usuário a consumir no restaurante “Vai ser bom para o Boteco”, enfatizou o locatário. Conforme o art. 3º do Decreto n. 19.808/2017, o parklet, assim como tudo o que estiver instalado nele, será plenamente acessível de uso e destinação pública. No caso de Valmir, embora seja ele quem vai manter e cuidar do espaço, o Decreto proíbe utilização exclusiva. Pois a estrutura estaria morta. Ela tem justamente a função de criar uma área de convivência a partir da extensão do passeio público, nas vagas de estacionamento. Responsável pelo restauro dos azulejos ocorrido antes do projeto do

parklet, o Studio1 Arquitetura desenvolveu os dois trabalhos. No caso dos azulejos, eles fazem a casa ser classificada como um dos cinco raros remanescentes arquitetônicos de Porto Alegre. Só existem cinco casas com fachadas azulejadas na cidade. Fabricados na cidade do Porto, em Portugal, 30% dos azulejos são originais, foram restaurados e recolocados. Aqueles que não puderam ser restaurados foram produzidos de forma artesanal, por uma cerâmica no Rio de Janeiro. INVENTARIADO E TOMBADO Existe diferença entre bem Inventariado e bem Tombado. No caso do Boteco Histórico, a classificação ficou registrada em maio de 2017. Uma equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC) avaliou o prédio como Imóvel

ESPAÇO DEMOCRÁTICO Utilizado pela primeira vez no ano de 2005 em São Francisco, nos Estados Unidos, o nome parklet é um jogo de palavras. Criou-se a partir da transformação temporária de estacionamento na via pública, em miniparque, o Park(ing) Day. Do inglês, restou a brincadeira das palavras parking e park em parklet. O sufixo let designa para a palavra parklet exatamente a noção de miniparque. Por isso, o projeto de instalação de qualquer parklet deve ter no mínimo dois metros de largura por, no máximo, dez metros de comprimento. Dependendo da vaga de estacionamento. No Brasil, além de Porto Alegre, pelo menos dez localidades já têm a estrutura. Construir a plataforma ao nível do passeio público, na rua dos Andradas, não somente proporcionou novos ares à clássica rua porto-alegrense. Um espaço democrático e renovador também (re)surgiu. Vale lembrar, contudo, o Decreto n. 19.808/2017 disponível em: https:// goo.gl/3tS2WU. É perfeitamente possível a extensão do passeio público para a implantação de parklet, mas o requerente deverá observar uma série de procedimentos. Texto Bruna Schlisting Machado Fotos Studio1 Arquitetura


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ARQUITETURA

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Igreja mais antiga de Porto Alegre é revitalizada Concluído no final de 2017, processo renovou a Igreja das Dores, primeiro prédio da capital tombado pelo Iphan

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e a Rua dos Andradas, carinhosamente conhecida como Rua da Praia, oferece diversas opções de cultura, lazer e diversão, também é local de muitas belezas arquitetônicas. A mais imponente fica um pouco depois do início da via: a Igreja Nossa Senhora das Dores. Primeiro prédio de Porto Alegre tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a igreja mais antiga da capital é um verdadeiro monumento, e guarda belas histórias em seus mais de 114 anos. Um dos cartões–postais da cidade, a casa religiosa teve a última restauração entregue em 2017, depois de onze meses de obras. Financiado por meio de leis de incentivo à cultura, os trabalhos custaram cerca de R$ 1,6 milhão e envolveram a restauração da capela-mor, do retábulo santíssimo e das imagens sacras e adequações ao Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI). De acordo com o arquiteto Lucas Volpato, responsável por coordenar o processo de revitalização, o projeto envolveu também o retrofit – tendência moderna que busca “colocar em forma” ou modernizar edifícios antigos. No procedimento, foram realizadas ainda a colocação de luzes de emergência e extintores de incêndio, a implementação de novo projeto luminotécnico, a revitalização do forro, imunização do telhado e a instalação de um subtelhado de lata para ampliar a resistência à chuva. “A Igreja das Dores faz parte da imagem e é um dos símbolos de Porto Alegre”, ressalta o arquiteto. “Ela acompanhou toda a evolução urbana e sempre esteve presente na paisagem da cidade. Quem chega pelo Guaíba ou de avião, sempre vê suas torres como uma presença importante no skyline”, completa Volpatto, referindo-se à visão da igreja no panorama urbano. E a modernização parece ter sido aprovada pelos frequentadores do espaço. Coordenadora da Catequese na Igreja, a aposentada Diles Ghem, que considera a Igreja das Dores sua segunda casa, avalia que o resultado foi positivo. “Ficamos muito felizes e impressionados com a beleza da igreja depois de restaurada. Nos dá ânimo para continuar com o trabalho”, ressalta Diles.

ESTILO NEOCLÁSSICO

Quem cuida cotidianamente da arquitetura do local é a museóloga Caroline Zuchetti. Ela lembra um fato curioso: a igreja demorou quase um século para ser construída. “A construção foi iniciada em 1807, com uma pequena capela, e foi concluída apenas em 1904”, A museóloga lembra que a construção não seguiu um projeto único, pois a obra teve participação de muitos mestres de obra. A fachada tem um estilo neoclássico, com torres góticas, diferente do restante da construção. “Ela apresenta alguns elementos do rococó, de florais, e tem influência germânica, principalmente pelas cores”, destaca Caroline.

Tão tradicional como a presença da Igreja das Dores, são as lendas que a envolvem que fazem parte do imaginário local. A mais famosa diz respeito à condenação injusta de um escravo que ajudou na obra, acusado de roubar materiais de construção. “O escravo, chamado Josino, foi condenado à forca pelo seu senhor, Domingos Lopes. No dia da morte, ele teria rogado uma praga, de que as torres da igreja não estariam em pé até que seu senhor estivesse vivo. De fato, a igreja só foi inaugurada bem depois da morte desse conhecido senhor de escravos”, relata Caroline Zuchetti. A museóloga e todas as pessoas envolvidas na rotina da igreja aguardam a

liberação de recursos, captados através da Lei Rouanet, para a construção de um museu de artes sacras na igreja – o primeiro desse estilo na capital gaúcha. Projetado para ocupar uma capela anexa à casa religiosa, o espaço vai abrigar mais de duas mil peças que, atualmente, se encontram guardadas, sem acesso para visitação. Segundo Caroline, o acervo histórico e documental torna a Igreja das Dores um “museu vivo”. A ideia é fazer da Igreja das Dores um ponto de referência e histórico e estimular o turismo em uma das mais belas igrejas do Rio Grande do Sul. Texto e foto Luiz Cesar da Silva


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CULTURA

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Arte cinematográfica na Andradas O hábito dos cinemas de calçada é preservado pela Cinemateca Paulo Amorim, na Rua da Praia

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m 20 de maio de 1908, na Rua dos Andradas, nascia o Cine Recreio Ideal, a primeira sala de cinema de Porto Alegre, que consolidava uma atividade vista como aleatória pelos cidadãos da capital. Depois vieram o Cine Imperial, Guarani, Roxy e outros, que cederam seus espaços a bancos, mercados e até mesmo igrejas evangélicas. Hoje, a Cinemateca Paulo Amorim, localizada na Casa de Cultura Museu Mário Quintana é a única que mantém viva a arte dos cinemas de rua. Com um público fiel de jovens cinéfilos e pessoas maduras atraídas pelo cinema independente, a cinemateca conta com três salas: a Sala Paulo Amorim, em homenagem ao primeiro subsecretário de Cultura do Estado, que idealizou a cinemateca estadual, projeto que não vingou; Sala Norberto Lubisco, um dos mais atuantes fotógrafos do cinema gaúcho; e a Sala Eduardo Hirtz, cineasta que dirigiu o primeiro filme de ficção do estado, o curta “Ranchinho do Sertão”. Mônica Kanitz, jornalista, cuida da divulgação e programação da cinemateca que se volta ao cinema de arte. “Eu acho que hoje o cinema é uma experiência”, diz Mônica, sobre seu prazer de

No primeiro andar da Casa de Cultura Mario Quintana preserva-se o cinema de arte

ver um filme na tela do cinema. Em seu trabalho busca filmes independentes, com histórias que merecem atenção e sejam mais humanas, como é o caso do filme “A livraria” de Isabel Coixet e “Uma mulher fantástica” de Sebastián Lelio. Infelizmente, ela não sabe até quando o cinema de calçada vai durar. A Rua dos Andradas também chamada de Rua da Praia já teve uma grande lista de salas de cinema. Entre elas o Cine Imperial (1931), que está em processo de revitalização pela Caixa Cultural de Porto Alegre; Cine Guarani (1913), o atual Banco Safra; Cine Roxy (1938), que na década de 50 passou a se chamar Cine Ópera; Cine Cacique/ Scala (1957), atingido por um incêndio em 1996 e atualmente ocupado pelo mercado Zaffari Rua da Praia; e o Cine Central (1921), em que os homens só podiam entrar de terno e gravata. Cristiano Zanella, jornalista e autor do livro “The End: Cinemas de Calçada em Porto Alegre”, diz que o fechamento destes espaços se dá diante de

uma crise de criatividade. Do cinema mudo ao em cores, as salas de cinema de Porto Alegre eram um ambiente em transformação. Inicialmente funcionavam como cine teatros, ou seja, espaços culturais com função social, que realizavam saraus, bailes de carnaval, óperas, encontros políticos, shows, musicais entre outras atividades. Em seu livro, Zanella, retrata a última sessão cinema de calçada de Porto Alegre, que ocorreu no Cinema Imperial, em 2005, com o filme “Guerra dos Mundos” de Steven Spielberg. Muitos dos cinemas de calçada pertenciam ao mesmo dono, portanto, acabavam se fechando em sequência. Eduardo Hirtz, por exemplo, foi dono das salas Cinema Recreio-Ideal, Cinema Coliseu e o Cine-Theatro Apolo. A segurança, a especulação imobiliária, a chegada da TV, do videocassete e a relativamente recente expansão da oferta de audiovisuais sob demanda, apoiada na digitalização das telecomunicações eram causas dos fechamentos. Embora os cinemas de calçada já não tenham a mesma força, ainda há procura. “Não tem programa melhor do que ir ao cinema, às 18h, sair e ir direto para um restaurante e ainda comentar o filme

com seu companheiro”, diz Iara Brittes, amante do cinema de rua e frequentadora da Cinemateca Paulo Amorim. Para ela, uma sala escura, com silêncio e sem interrupções é essencial para se viver a história do filme. A programação da cinemateca lhe atrai, principalmente, por fugir do cinema comercial. Em 28 de dezembro de 1895, no centro de Paris, os irmãos Lumiére anunciavam sua grande invenção, o cinematógrafo, que marcava os primeiros passos do cinema. O Rio de Janeiro foi a primeira cidade brasileira a apreciar uma sessão de cinema. Até que em novembro de 1896, Porto Alegre, até então uma cidade provinciana, também apreciou a sétima arte em plena a Rua da Praia. Nesta mesma rua, hoje, resta apenas a Cinemateca Paulo Amorim, mantida pelo governo do estado. A maior dificuldade encontrada pela cinemateca é a falta de projetores digitais, que limitam a programação das salas. Porém, segundo Mônica Kanitz este problema pode ser resolvido entre os anos de 2018 e 2019. Até lá, a cinemateca segue com sessões de terça à domingo. Texto e foto Guilherme Machado


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CULTURA

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O gigante despertará outra vez?

Com pausa no projeto de revitalização, prédio do Cinema Imperial encontra-se novamente abandonado

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proximadamente a 100 metros de grandes centros culturais de Porto Alegre, como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e o Santander Cultural, se encontra o imponente prédio do antigo Cinema Imperial. Construído no século passado, ele ainda se destaca ao lado das edificações em volta da Praça da Alfândega, na Rua dos Andradas. Funcionou como cinema desde sua abertura, em 1931, até 2004, quando teve suas portas fechadas. Desde 2008 há uma proposta de revitalização do local para transformá-lo em um Centro Cultural da Caixa Econômica. Porém dez anos se passaram e o prédio continua fechado. Com obras constantes do prédio, pedestres e frequentadores do entorno sentem-se incomodados com eventuais bloqueios de rua e barulhos, conforme relata Cássio Roberto, atendente de uma loja próxima ao prédio do Cinema Imperial. “O fato de a revitalização ser de responsabilidade da Caixa, que é uma empresa com recursos tão grandes, e mesmo assim contar com essa demora toda é desanimador”. O primeiro prazo para abertura do projeto, denominado Caixa Cultural, era em 2010. Diversas obras já foram feitas, mas a revitalização completa proposta para o prédio ainda não foi concluída. O descobrimento de uma rocha repousando abaixo do prédio tornou a reforma mais delicada e, consequentemente, mais demorada. A resolução de processos burocráticos, como a escolha de empresas especializadas para essa reforma também protagonizou para atrasos maiores. O ano de 2017 foi marcado por mais uma paralisação na obra, a última de muitas antes. A história do Cinema Imperial colabora para o grande projeto que a Caixa promete abrigar. Construído no início da década de 30, o Cinema Imperial possuía cerca de 1.600 lugares, e na época foi considerado o cinema mais luxuoso do Brasil. Com design dos arquitetos Egon Weindorfer e Agnello Nilo de Lucca, é um dos exemplares mais sofisticados da arquitetura Art Déco no Brasil, que é um estilo artístico de caráter decorativo. Até seu fechamento em 2004, o Cinema Imperial havia passado por duas obras, em 1960 e 1987, quando houve a inauguração de mais uma sala, que foi chamada de Cinema Guarani. O prédio combinava cinema com moradias, e foi tombado como patrimônio

histórico em 13 de maio de 2003. Com diversas Caixas Culturais espalhadas pelo país, a abertura da unidade de Porto Alegre foi anunciada em 2008. Porém unidades como Recife e Fortaleza, que foram anunciadas depois disso, já têm suas portas abertas desde 2012. O projeto previsto para Porto Alegre visava a restauração dos primeiros cinco pavimentos para uso da Caixa, com inclusão de salas multimídia, museu, ambiente para exposições, mostras de cinema, entre outros. A Prefeitura de Porto Alegre pretendia ocupar outros oito andares do prédio. FUTURO

Fotografia de 1931, na época da inauguração do cinema

No início dos anos 50, detalhe do prédio e do calçadão da Rua da Praia

Fachada atual da antiga sala, cuja recuperação está paralisada

Coordenadora de Comunicação da Secretaria Municipal de Cultura, Cátia Tedesco informou que a Secretaria Municipal de Cultura não tem uma data de mudança para o prédio, e que eles dependem da Caixa. “Não foi estabelecido prazo para isso, então estamos nas mãos deles”. A coordenadora ainda pontuou que tanto o prédio quanto o andamento da obra são de responsabilidade da Caixa Econômica Federal. Já Camila Pereira, em nome da Assessoria de Imprensa Regional da Caixa, questionada sobre o futuro do prédio do Cinema Imperial, respondeu com nota. Foi informado que o foco principal do complexo da Caixa Cultural em Porto Alegre é um cine/teatro com capacidade para 650 lugares. No projeto também estão previstas salas para exposições, oficinas, ensaio e mini auditório. A instituição informou que o projeto de implantação da Caixa Cultural Porto Alegre encontra-se em fase de revisão e atualização. A Caixa esclareceu que, em setembro de 2017, a obra foi paralisada por motivo de rescisão de contrato com a construtora responsável. Segundo informações, a licitação para um novo convênio será lançada ainda neste semestre. Aproximadamente um terço da obra foi concluída até o presente momento e ainda não há previsão de conclusão. Com destino incerto, o prédio do Cinema Imperial continua impressionando por sua figura majestosa e imponente. Não se sabe quando o gigante despertará novamente, mas um projeto grandioso lhe aguarda. Texto Amanda Bormida Fotos Ronaldo Fotografia


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SEGURANÇA

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Porto Alegre: quer ser assaltado? Assaltos diários no Centro Histórico preocupam e angustiam os moradores

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iver em Porto Alegre é viver sob medo constante. Há dez anos dizia-se que assaltos só aconteciam em ruas escuras, becos e à noite. Em Porto Alegre, a qualquer hora você poderá ser abordado, levar seu celular e talvez ainda ser baleado por ter demorado para entregar seus pertences. Em 2017 a cidade foi a terceira colocada no ranking de capitais que mais matam por cem mil habitantes, segundo o 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Sendo um dos bairros mais tradicionais da cidade, o Centro Histórico tem deixado a desejar para muitos moradores pela questão da insegurança. A imobiliária Urbanis realizou uma pesquisa sobre o nível de insegurança dos bairros de Porto Alegre, estando em terceiro lugar o Centro Histórico. Nele, as pessoas se sentem menos seguras para morar. A insegurança da capital cresceu de tal maneira brutal. Os números não param de crescer. O site www.ondefuiroubado. com.br apresenta dados e estatísticas de roubos em Porto Alegre, sendo atualizado todos os dias. Até maio, foram registrados no Centro Histórico 58,3% boletins de ocorrência, sendo 2.454 roubos e 792 furtos. Um dos itens mais procurados

Até maio, houve 2.454 roubos no bairro, segundo o site Onde Fui Roubado

pelos bandidos é o celular, só na região foram 3.550 celulares roubados. Porto Alegre sofreu prejuízos de mais de R$26 milhões de reais até maio deste ano, em assaltos. Essa realidade se reflete nos habitantes do bairro, que têm sofrido com a insegurança presente nas ruas e com o medo. Segundo a moradora Anna Luiza Barreto, de 21 anos, a Rua Demétrio Ribeiro é alvo de assaltos e sequestros relâmpago. “Estão aumentando bastante os assaltos no Centro Histórico, onde eu moro, principalmente de manhã cedo e de noite”, disse.

e todo dia, n o fim da aula, chego em casa e abro o celular, tem um colega dizendo ‘Bah galera, não passem por tal lugar. Um cara passou por mim, mostrou uma faca e levou meu celular, carteira...’”. Por se tratar de uma situação corriqueira, do dia a dia, Julia não acredita mais que os assaltos dependam horário: “É uma hora da tarde, Centro cheio, não existe mais essa de horário. Tem que estar sempre com alerta ligado, olhando para os lados”. E a estudante tem percebido a diferença quando visita a família em Santa Catarina: “Quando a gente vai para lá, eles ficam usando o celular na rua e tu fica pensando ‘Bah, guardem esse telefone. Querem ser assaltados? ‘. UM ASSALTO A CADA 15 MINUTOS

24 HORAS DE INSEGURANÇA

Para Julia Pompeo de Mattos, estudante de 18 anos, a situação piorou nos últimos dois ou três anos. “Não tem mais horário para assalto. Se o assaltante passou por ti e viu que tu podes ter alguma coisa, já era”, afirmou a jovem. Estudando numa das ruas mais movimentadas do bairro, na Rua Alberto Bins, Julia percebeu que todos os dias um de seus colegas é assaltado. “Temos um grupo de Whatsapp com mais de duzentas pessoas

Conforme o Instituto de Opinião Pública (IPO), contratado pelo Instituto Cidade Segura em outubro do ano passado, 77% dos habitantes deixam de sair à noite em Porto Alegre, devido ao alto nível de violência da cidade. E em 2016, a capital registrava um assalto a cada quinze minutos, uma média de 67 pessoas assaltadas nas ruas. Viver reclusa e desassossegada passou a fazer parte do dia a dia da população. Sendo moradora de umas mais

apreciadas ruas pela população de Porto Alegre, a Rua Duque de Caxias, local onde ocorre grande parte dos assaltos no Centro Histórico, Julia reflete o quão nós já ficamos reféns da insegurança: “Olha o termo que a gente já usa inconscientemente “Querem ser assaltados?” . A questão não é querer ser assaltado, é tu não poder usar teu celular na rua por estar com medo”, afirma a estudante. Ilana Marques vê muitas vantagens em morar no Centro Histórico. Segundo ela, todos os seus compromissos ficam a sua proximidade. “Adoro viver no Centro! Faço tudo a pé, como supermercado, trabalho, lazer e quando preciso de condução, também é muito tranquilo!”. Mas a insegurança das ruas faz com que a moradora crie hábitos para passear: “A insegurança é igual quando me locomovo pelo bairro Moinhos de Ventos, Menino Deus, Petrópolis...Não há! Minha rotina de segurança é sempre estar atenta, nunca uso o celular na rua e quando saio à noite, uso aplicativos de carona”, afirmou. Texto Luiza Soares Foto Divulgação/CEUE


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IMPRENSA

Na rua da praia mora um jornal

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As modificações de um periódico que faz história em Porto Alegre

undado em 1895, o Correio do Povo é um dos maiores e mais tradicionais jornais da imprensa brasileira. Em 2018 o Correio do Povo completou 123 anos de história. Seu fundador, Caldas Júnior, com apenas 26 anos de idade, revolucionou a imprensa rio-grandense ao fundar um jornal que, segundo declarou no editorial de seu primeiro número. ‘’Será feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção.” Com Caldas Júnior no comando e seus dois amigos e colaboradores, Mário Totta e José Paulino de Azurenha, o trio deu início a um sonho antigo, tendo como fundamento uma nova concepção narrativa e investigativa: a informação. Sem ideologia político-partidária, colocando a informação como centro de tudo. O jornalista e colunista do Correio do Povo, Juremir Machado da Silva, lançou em 2015 o livro ‘’Correio do Povo — A primeira semana de um jornal centenário’’ sobre a visão histórica, social e cultural dos primeiros momentos do jornal e a trajetória de Caldas Júnior. Juremir conta como foi seu ingresso no Correio do Povo, a criação do livro e fala sobre o símbolo de comunicação que o jornal representa. ‘’Fui convidado pelo diretor de Redação do Correio do Povo, Telmo Flor. É um amigo da época da Famecos. Eu fui trabalhar na Zero Hora e ele na Caldas Júnior, a empresa proprietária na época. Passando um tempo, eu saí da Zero Hora e ele me convidou para escrever no jornal. Ele fez esta ponte para minha entrada no jornal do Correio do Povo, isso há 18 anos, em 2000.’’ TRABALHO DE ELABORAÇÃO

Ele conta como o livro foi elaborado: “Eu tenho muito interesse pelos temas que cruzam os conhecimentos de História e Jornalismo. Sou historiador e como eu sempre escrevi livros de história com o viés jornalístico chegou o momento dos 120 anos do jornal. As perguntas que fiz a mim mesmo eram: ‘Como foi a primeira semana do jornal? Como ele foi publicado e recebido, as aspirações e dificuldades, os concorrentes. Abordei a primeira semana de lançamento do jornal, o que me agradou. A primeira semana do

Juremir Machado, colunista do Correio do Povo, escreveu sobre os primeiros momentos do jornal

Correio do Povo em profundidade.’’ Descreve também o espírito primordial do jornal: ‘’O Correio do Povo mantém o espírito da sua primeira semana, um jornal pluralista, que não pertence a um partido. É um jornal que dá voz aos diferentes pontos de vista. Os diferentes proprietários ao longo dos anos assumem suas posturas, mas o espírito do jornal é o mesmo: cobrir os fatos, censurar, no sentido de criticar quando necessário e elogiar quando considera adequado. Mantém o espírito do jornal de fundação: informativo, crítico e comprometido com o seu público.’’ Sobre a mudança nas plataformas de consumo de informação, o uso das novas tecnologias: ‘’É um tema bastante controverso, porque o importante é o jornalismo. O suporte pode mudar, mudam com o tempo. O jornalismo existe na televisão, no rádio, no papel e cada vez mais no espaço virtual, isso traz diferenças, mas a essência continua a mesma. O papel irá resistir por um bom tempo,

porém não para sempre. Não dá para afirmar que o impresso irá desaparecer, porque outros meios não desapareceram. O Jornalismo vai continuar.’’ Um estudo feito pelo próprio Correio do Povo em 2015, comemorando seus 120 de história revela que o jornal é uma importante referência de conteúdo, abrangência de leitores e principalmente, de informação. Trazendo dados como, por exemplo, de 16 milhões de visualizações mensais no website do jornal; uma ampla presença no estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná; o 2º lugar em assinatura no Rio Grande do Sul e o 5º jornal no Brasil em números de assinantes. EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA

Na Universidade, o estudante do quinto semestre de Jornalismo na Unisinos de Porto Alegre, Juan Gomez conta como foi estagiar no Correio do Povo: ‘’Com 19 anos eu senti a necessidade de começar a estagiar na área. Comecei a ir atrás de oportunidades e surgiu a vaga no Correio do Povo, em 2015. Logo após a primeira entrevista, fui chamado para começar a estagiar no setor de Redação On-line.’’ E fi-

naliza: ‘’Sempre digo que meu crescimento no Correio do Povo foi imenso. Entrei sem ter muita noção de como escrever um texto jornalístico e a partir daí aprendi muito. Conheci pessoas fantásticas e a experiência foi muito válida. Depois de dois anos na empresa posso dizer que saí do Correio do Povo um profissional melhor.’’

BREVE LINHA DO TEMPO A primeira edição do Correio do Povo saiu com quatro páginas e 2 mil exemplares. Pouco mais de três anos depois, já eram 4,5 mil exemplares. O Correio passou a ostentar no cabeçalho os seguintes dizeres: O jornal de maior circulação e tiragem do Rio Grande do Sul. Em junho de 1984, o Correio deixou de circular, somente retornando em agosto de 1986, já sob o controle do empresário Renato Bastos Ribeiro. Em 1987, passou a ser um tabloide e experimentou novas inovações tecnológicas. Em 2007, o Correio do Povo passou a fazer parte do Grupo Record conglomerado de mídia controlado pelo empresário Edir Macedo, juntamente com outras empresas do grupo, a TV Guaíba e as rádios Guaíba AM e FM, bem como o Edifício Hudson, no centro de Porto Alegre, onde funciona a redação do jornal.

Texto e foto Gabryela Magueta


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