Clarim
PORTO ALEGRE, SETEMBRO DE 2017 - EDIÇão no 4
QUE COMECEM OS JOGOS! Conversas sobre preparações para o desfile, confecção de camisetas e estratégias utilizadas em cada time agitaram andares do Colégio Farroupilha nas semanas que antecederam o evento TEXTO Ana Paula Pereira, Gabriella Casagrande Nathália Becker FOTO Divulgação / Colégio Farroupilha ARTE Freepik
T
odos os anos, ao final do mês de setembro, o Colégio Farroupilha para todas atividades a fim de celebrar uma tradição de 45 anos: os Jogos. As competições entre turmas de cada série acontecem em uma única semana, que tem abertura com o famoso desfile, e encerramento com a esperada entrega de medalhas no pódio. Neste ano, as modalidades que poderão ser vistas em quadra incluem handebol, futsal, basquete e vôlei, além de atividades como xadrez, damas e tênis de mesa. Quanto ao desfile, o tema selecionado pelos alunos da 3ª série do Ensino Médio, em conjunto com a coordenação, foi “diversidade musical”, representando estilos do mundo e incluindo músicas e danças tradicionais brasileiras, como forró e pagode. Todo ano, o desfile tem uma nova fonte de conhecimento a quem o assiste e, principalmente, aos estudantes, que precisam buscar informação sobre assuntos muitas vezes desconhecidos. É uma maneira de sair da“bolha”
a qual estamos habituados e aprender sobre outras culturas - e tudo isso no campão do colégio. O esporte deixou de ser visto apenas como uma possibilidade de acesso a uma vida saudável. Durante os Jogos, tornam-se claros os benefícios da competição sadia, a interação entre os alunos e suas turmas provoca a união em busca de um objetivo comum. Além disso, as demandas ligadas às mais diversas tarefas solicitadas pelo evento exigem organização e foco, o que trabalha a liderança dos estudantes. Mesmo para aqueles que não se interessam pelo esporte, a se-
mana dos Jogos é uma oportunidade de sair da intensa rotina de estudos. É o momento ideal para reinventar o cotidiano, abrindo-se às imprevisibilidades e especulações características de uma competição. “Apesar da minha turma normalmente perder os Jogos, é sempre um período legal de confraternização”, diz Helena Bischoff, aluna do terceiro ano. Toda edição dos Jogos, mesmo dando trabalho, torna-se uma experiência inesquecível. São as memórias desses tempos que associaremos à longa estrada percorrida no Farroupilha. n
Todos os anos, estudantes desfilam na abertura dos Jogos
RECADO DO Caros alunos, pais e outros leitores dO Clarim, o GEF tem o orgulho de apresentar a vocês a quarta edição do jornal. Para que fosse possível a realização deste trabalho que vocês têm em mãos agora, contamos com a ajuda do Clube dO Clarim, um grupo de oito estudantes que escreveram textos e contribuíram com boas ideias. Gostaríamos de usar este espaço para lhes agradecer pela determinação, foco e colaboração que deram ao nosso projeto. Nosso objetivo com esse clube sempre foi fazer com que O Clarim representasse os interesses dos alunos; é uma tarefa difícil, mas ficamos muito felizes com o resultado. Nessa edição também pretendemos enxergar pessoas e coisas que fazem parte do nosso cotidiano mais a fundo, tentando retratá-las de uma maneira diferente e desconhecida. Ao ler, esperamos que vocês possam ter este mesmo olhar e, assim como nós, abrir-se a novas ideias. Por fim, o GEF deseja a todos uma ótima leitura desse jornal que se tornou tão especial para nós. n
RECADO DA UNISINOS Já é a quarta edição dO Clarim produzida pelo Farroupilha em parceria com a Unisinos. Desta vez, recebemos os alunos no novo prédio da Universidade. Além da elaboração das pautas – muitas delas rabiscadas nas paredes como parte do projeto da sala de aula do futuro –, os estudantes puderam visitar os espaços do novo campus. O andar da Biblioteca, com suas cabines para estudos e mesas de convivência, é um dos favoritos dos universitários. Nossos estúdios de rádio, de fotografia e de televisão são totalmente equipados para atender as atividades do Jornalismo e dos cursos da Escola da Indústria Criativa. A Unisinos está de portas abertas para a comunidade em Porto Alegre. Além do Teatro e do Espaço Unisinos, que vão oferecer serviços e uma programação cultural variada ao público, a Universidade está promovendo eventos para se aproximar ainda mais da cidade. No dia 21 de outubro, a Open Feira de Design contará com diversas atividades culturais e mais de 100 expositores de todo o Brasil. Esperamos vocês! n
sobreoclarim O jornal O Clarim é uma publicação dirigida aos alunos do Colégio Farroupilha, de Porto Alegre (RS). A produção é do Grêmio Estudantil Farroupilha (GEF), com o apoio do Curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre e do Unisinos Conecta. REDAÇÃO E FOTOGRAFIA – alunos do Colégio Farroupilha. SUPERVISÃO – Lisiane Saraiva e Fábio Parise. APOIO – Curso de Jornalismo da Unisinos Porto Alegre e Unisinos Conecta. Orientação pedagógica: Anelise Zanoni. Projeto gráfico: Vanessa Cardoso. Diagramação e finalização: Marcelo Garcia e Mariana Matté. Anúncio: Jorge Eduardo Tavares (direção de arte), Manuela Massochin (atendimento), Robert Thieme (supervisão técnica) e Vanessa Cardoso (orientação pedagógica). IMPRESSÃO – Grupo RBS. Tiragem: 1.000 exemplares.
UMA CASA QUE VO
PRECISA CONHE TEXTO E FOTOS | Ana Paula Pereira ARTE | Freepik
C
om a inédita elaboração do Projeto Lar, alunos e professores da 3ª série do EM do Colégio Farroupilha estão dando um grande passo em direção à sustentabilidade e solução ao déficit de moradia no Brasil. A ideia principal da iniciativa é fazer com que os estudantes “coloquem a mão na massa” na construção e mobília de uma casa sustentável capaz de abrigar uma família de baixa renda: três pessoas em um espaço de apenas 36 metros quadrados. A casa será construída no pátio da escola nos próximos meses. O Projeto Lar surgiu em uma reunião de professores com a direção, na qual buscavam encontrar uma proposta dinâmica e intervencionista que dependesse do envolvimento dos alunos em diversas áreas do conhecimento. Os estudantes contam com a ajuda da equipe de geografia para produzir a planta baixa e maquete da casa, da equipe de física para entender o funcionamento de uma planta elétrica e da equipe de química e biologia na fabricação de componentes não daninhos ao meio ambiente, como um jardim vertical ou um sistema de aquecimento de água por via solar. Por terem apoio interdisciplinar, a construção da residência não poderia ser mais fácil aos alunos. Para o professor de Geografia Saul Chervenski, sustentabilidade é o pensamento de que qualquer ação do ser humano deve levar em consideração a preservação da natureza. “Antes dos anos 70, o meio ambiente sempre estava em segundo plano nas decisões humanas. Hoje entendemos que antes de fazermos qualquer coisa devemos nos perguntar ‘e a natureza, como fica?’”. Portanto, além de contar com mecanismos de reaproveitamento de energia, a casa será mobiliada por móveis reutilizados e doados pelos alunos - nada deverá ser comprado por consciência da redução do desperdício. O plano original do Projeto Lar também constava na doação efetiva da casa e sua mobília a uma família de baixa renda em Porto Alegre. Porém, o Colégio Farroupilha ainda não conseguiu localizar uma família que fosse proprietária de um terreno para a alocação da casa. Isso ocorre já que a maior parte de desabrigados no Brasil vive em ocupações ou em locais sem título de propriedade. De qualquer forma, todos os móveis, o jardim vertical e os sistemas de aquecimento ainda podem ser transferidos a uma família que os necessite. “Esse tipo de projeto é exatamente o que a educação moderna está buscando”, diz Saul Chervenski. O projeto trabalha a matriz socioemocional do aluno, desenvolvendo uma ‘cultura maker’ na resolução de problemas sociais. Aprender a teoria de maneira prática é o futuro da educação e, nesse quesito, o Colégio Farroupilha está à frente. n
VOCÊ
ECER
Projeto Lar: construir uma casa sustentável nunca foi tão fácil para os alunos do terceiro ano do Colégio Farroupilha
DESTAQUES CAFÉ DO GEF
Na sexta-feira, 12 de maio, o GEF organizou o primeiro Café do GEF, um encontro entre alunos do 9º ano do Ensino Fundamental e alunos da 1ª e 3ª série do Ensino Médio para conversar um pouco sobre o tema “Sexualidade e Gênero”. O encontro teve a participação dos professores Felipe Karasek e Tatiana Vargas, que discutiram o tema e aproveitaram para tomar um cafezinho. n
O CLARIM
A edição de 2017 do jornal O Clarim contou com a participação de 16 alunos, que formaram o Clube do Clarim, criado com o objetivo de incentivar a escrita na escola e de promover divulgação sobre o mundo da comunicação. O grupo assistiu a uma aula de jornalismo na Unisinos sobre como fazer entrevistas e escrever notícias, e aproveitou o aprendizado na elaboração desta edição do jornal. n
SPINLET S.A./E
A Spinlet S.A./E, miniempresa de 2017/1, foi uma das mais premiadas da história do Colégio Farroupilha, tendo recebido os prêmios de Melhor Miniempresa, Melhor Relatório e Melhor Gestão de Recursos Humanos. Os 35 participantes, todos do 1° ano do Ensino Médio, produziram uma carteira mágica que pode ser presa ao celular com um elástico, e assim facilita o cotidiano dos clientes. n
OLIMPÍADA DE MATEMÁTICA
De 3 a 6 de agosto, nove alunos da 3ª série do EM participaram da Asia International Mathematical Olympiad (AIMO) em Kuala Lumpur, Malásia. O grupo conquistou cinco medalhas de bronze e duas de prata. “Uma cultura e uma prova diferente de tudo que estamos acostumados, com questões bem mais complexas do que as do ENEM e de outros vestibulares”, afirma Luiz Ernesto, um dos medalhistas. n
Acima, alunos analisam a planta baixa da casa. No Laboratório de Física, professor Bruscato auxilia estudantes na construção de circuitos elétricos
CAMPEONATO DE HANDEBOL Este ano, o time de handebol masculino sub-14 conquistou o Campeonato Estudantil do Rio Grande do Sul (CERGS), em disputa contra os campeões dos Jogos escolares do Rio Grande do Sul (Jergs). Com essa vitória, os meninos viajarão para Curitiba, e o Colégio Farroupilha representará o Rio Grande do Sul no Brasileiro. n TEXTOS | Isabela Pizzolatti, Gabriella Casagrande, Pedro Paiva e Elizabeth Plá — ARTE | Asierromero / Freepik
HUMANS OF
Gostou? Veja mais em www.facebook.com/HumansOfFarroupilha
FARROUPILHA
~
Acho que eu sempre fui meio sonhador. Tem uma passagem de um dentre tantos autores que gosto – Eduardo Galeano – que diz que a verdadeira questão da utopia não é a utopia em si, mas o processo. E que é o caminhar em busca da utopia que a torna mais bonita, visto que ela pode ser considerada inatingível, platônica. Eu uso a minha profissão como uma ferramenta para que as pessoas possam viver mais intensamente suas utopias, suas crenças. O que faço é ajudálas a seguir seus sonhos e a não desistir deles. Mesmo sabendo que a utopia é um sonho inalcançável, o que importa é o caminhar, porque nele encontramos coisas alcançáveis. E também saber que a tristeza e a solidão são importantes nesse percurso. É nesse caminho que achamos paixões tristes e paixões alegres, como diria Spinoza, sendo estes os bons encontros da vida. Tem aquela música do Legião Urbana, que acredito que nos descreve – nós e os nossos bons encontros. As pessoas que encontrei aqui no colégio, os alunos, funcionários e colegas - eis os bons encontros. O finalzinho dessa canção diz: E nossa história não estará pelo avesso Assim, sem final feliz Teremos coisas boas para contar E até lá, vamos viver Temos muito ainda por fazer Não olhe para trás Apenas começamos, O mundo começa agora Apenas começamos...” Fábio José Parise, psicólogo
~
Eu nasci em uma vila de Porto Alegre – a Vila Santa Rosa. Lá, eu não morava em uma casa; eu morava em um barraco. Minha mãe disse que nós olhávamos as estrelas à noite. Um dia, ela saiu de casa para ir a uma venda e, quando voltou, eu estava cheio de barro até a metade das pernas. Naquele momento, ela tomou uma decisão: “isso eu não quero para os meus filhos”. A partir de então, saímos dali e iniciou-se uma trajetória de luta. Quando eu fiz o curso de fo r m a ç ã o de oficiais e ganhei as estrelas de oficial, eu me lembrei dessa frase da mãe que mudou tudo. Meus pais trabalhavam muito para comprar comida - eu cheguei a passar fome quando criança. E eu não falo nada disso para os meus alunos porque não tenho a intenção de sensibilizar ninguém; é apenas a minha trajetória de vida. Quando eu cresci, surgiu uma oportunidade de fazer faculdade enquanto eu trabalhava. Durante a universidade, eu tinha uma úni-
ca calça jeans. Mas essa calça rasgou - no meio das pernas. O rasgo aumentava cada vez mais, até que ficou complicado de eu participar das coisas na faculdade. Então minha mãe fez uma emenda. E eu fiquei com aquela calça remendada, o que não era desculpa; eu poderia dizer “não vou ficar juntando dinheiro para a faculdade, vou comprar uma roupa nova”. Porém, eu continuei com a minha calça remendada, e graças a Deus aquela situação ruim passou. Gosto de dizer para os meus alunos que a vida é cheia de desafios, os quais não devem ser removidos: eles nos fazem crescer. E também quero dizer para as pessoas: nunca desistam dos seus sonhos. Nunca. Sigam em frente. Não deem bola para o que os outros te façam ou falem - perdoem. Não façam trapaça, não mintam, sejam corretos. Admitam seus erros em público. Tenham garra e determinação todos os dias. Todos os dias o sol nasce.”
Trabalho no Colégio Farroupilha há 20 anos. A melhor parte de fazer o que faço é ver que hoje há pais que foram alunos. Então eu, que pude assistir o crescimento e formação deles no colégio, agora também tenho a oportunidade de acompanhar a trajetória de seus filhos. Tudo aquilo que eu fiz por eles agora eu faço pelos filhos deles, o que é muito reconhecido pelas famílias. Há alunos que eu acompanhei desde pequenos e agora já estão realizados nas suas profissões, como juízes e médicos, e é uma emoção muito grande saber que eu fiz parte da história de todos esses que passaram por aqui. Uma lembrança muito importante para mim é de quando eu estava no hospital com a minha mãe. Foi um momento extremamente difícil na minha vida. Lá, porém, encontrei um médico que era ex-aluno. Ele me reconheceu e me ajudou muito, e isso me marcou. Eu poderia ser qualquer coisa, mas nada seria tão gratificante quanto fazer o que faço hoje, pois é isso que me faz feliz. É gratificante perceber que aqui todos realmente somos educadores.”
Luís André Martins, professor de biologia
Barreto Fernandes, funcionário
~
#EXPEDIENTE QUEM FEZ O JORNAL E SEUS DISCOS PREFERIDOS... Ana Paula Pereira
Camila Loukili
Elizabeth Plá
Gabriella Casagrande
Isabela Pizzolatti
Manuella Sá
Nathália Becker
Pedro Paiva
Unpeeled Cage the Elephant
Divide Ed Sheeran
Cry Baby Melanie Martinez
Pretty. Odd. Panic! At the Disco
Hot Fuss The Killers
Inside In Inside Out The Kooks
Dua Lipa Dua Lipa
To Pimp A Butterfly Kendrick Lamar