Olhares

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OLHARES INFORMATIVO ESPECIAL DO CURSO DE SER VIÇO SOCIAL DA UNISINOS - DEZEMBRO/2016

Escuta sensível e olhar atento à sociedade


ENTENDENDO O SERVIÇO SOCIAL

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O Serviço Social no Brasil

Serviço Social está em ampla expansão e é uma profissão cada vez mais requisitada, seja no setor público ou no setor privado, no atendimento à população ou na formulação e execução de políticas públicas que possibilitam o acesso aos direitos. Assistentes sociais possuem uma formação crítica, capacitada para analisar e intervir nos problemas sociais. Com 120 mil profissionais em todo o território nacional, o Brasil é o segundo país do mundo com o maior número de assistentes sociais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. A profissão nasceu em Londres, em 1898, com a ascensão da sociedade burguesa. Nesse período, a bur-

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guesia necessitava de um profissional que cuidasse dos menos favorecidos na sociedade. Dessa forma, a classe dominante exerceu um certo controle sobre os mais pobres. Porém, nesta época ainda não existia uma metodologia ou teoria acerca da profissão. Em 1936, surgem as primeiras escolas de Serviço Social no Brasil. No entanto, assim como na Europa, a base para o surgimento do Serviço Social foi o assistencialismo e os interesses da burguesia, aliada às doutrinas da Igreja Católica. Após anos sem regulamentação, em 1953, o ensino de Serviço Social foi reconhecido e a profissão regulamentada em 1957. Acompanhando as transformações da sociedade brasileira, a profissão passou

por mais mudanças e necessitou de uma nova regulamentação em 1993. A lei 8662/93 trouxe um novo Código de Ética voltado para uma sociedade mais igualitária e digna, expressando o projeto profissional contemporâneo comprometido com a democracia e com o acesso universal aos direitos sociais, civis e políticos. No dia 15 de maio, a profissão completou 80 anos no Brasil. Ao decorrer desses anos houve um crescente aumento de universidades com o curso de graduação em Serviço Social, já que a demanda por profissionais da área tem sido alta devido, principalmente, à desigualdade de renda e a constante busca da população aos serviços básicos sociais. (Natália Pfitzer)

80 anos de história

Mercado de trabalho

O Serviço Social completa, em 2016, 80 anos de história no Brasil, lutando, desde seus primórdios, por uma sociedade mais igualitária, humana e justa. Para a Coordenadora da Comissão de Comunicação do CFESS – Conselho Federal de Serviço Social -, Daniela Neves, “[...] falar dos 80 anos do Serviço Social brasileiro significa destacar momentos e fatos dessa história, sem perder a dimensão processual e contraditória na construção da profissão na sociedade. Uma trajetória marcada por lutas sociais e profissionais enraizadas no solo do desenvolvimento histórico do nosso país”. Em alusão à essa comemoração, o Conselho Federal criou uma campanha que valoriza a construção histórica da profissão no Brasil, através de diversos materiais de divulgação: banners, cartazes, spots para rádio, outdoors, marcadores de páginas, entre outros. Esses e demais materiais encontram-se disponíveis para download no link http://www.cfess.org.br/visualizar/menu/local/dia-doa-assistente-social. Referenciando essa comemoração, a UNISINOS também preparou uma vasta programação, envolvendo painéis e palestras, além da semana acadêmica alusiva ao octogenário. A coordenadora do curso na instituição, Profª Drª Maria Aparecida Marques da Rocha, reforça que o objetivo das celebrações “é publicizar e envolver um número maior de assistentes sociais, estudantes e comunidade quanto ao significado da profissão no Brasil e de sua trajetória”. Ao longo desses 80 anos no Brasil, o Serviço Social e seus profissionais têm construído sua identidade por meio de lutas em prol dos mais variados setores da sociedade, visando, sempre, dar continuidade à promoção do bem-estar humano e o reconhecimento social da profissão. (Andréia Danielle Kunz)

O Assistente Social tem sido amplamente procurado para trabalhar em equipes com profissionais de diferentes setores. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), grande parte trabalha no setor público, em órgãos municipais, estaduais e federais, e, podendo ainda, atuar como autônomo ou integrar equipes multidisciplinares em empresas privadas, ONGs e associações. A área profissional abrange setores da educação, saúde, família, reabilitação, entre outros. Assim, habilitados a realizar atividades relacionadas a ações de responsabilidade social, tais como: • Analisar, elaborar e coordenar planos, programas e projetos para viabilizar os direitos da população; • Elaborar laudos, pareceres e estudos sociais; • Realizar avaliações, com base em documentos e estudos técnicos e em pesquisas no local. Para exercer a profissão, é necessário cursar a graduação em Serviço Social em faculdades reconhecidas pelo MEC e obter o registro no Conselho Regional de Serviço Social (CRESS). O CRESS tem como objetivo a orientação, fiscalização e, principalmente, defender o exercício da atividade de Assistente Social. A categoria não possui, ainda, um piso salarial nacional unificado. Existe um projeto de lei em tramitação, o PL 5278/2009, que pretende fixar o piso em R$ 3.720,00, para uma jornada de 30 horas semanais. O mercado de trabalho para a área de Serviço Social está em crescente valorização, devido a desigualdade de renda, ao crescimento de políticas de inclusão e de acesso da população aos serviços básicos para o cidadão. Segundo a CFESS, o Brasil tem 120 mil profissionais de serviço social registrados. É o segundo país do mundo com o maior número de assistentes sociais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. (Michele Ortiz)


SERVIÇO SOCIAL NA UNISINOS

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O curso na Unisinos

curso de Serviço Social na Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS possui mais de 30 anos de tradição e reconhecimento na sociedade. No período entre 2013 e 2015, conquistou cinco estrelas na avaliação Melhores Universidades, do Guia do Estudante Abril. Ainda em 2013, obteve nota 5 no Enade, nota 5 na avaliação do Curso CPC e foi considerado o melhor curso do país pelo INEP/MEC. Dividido em três eixos, direitos humanos, políticas sociais e gestão do social, o curso busca preparar os graduandos para atuar no campo da administração pública e privada. Os futuros profissionais são preparados para agir em diversos campos, como assistência,

previdência, saúde, habitação, atendimento e auxilio à crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, possibilitando um vasto conhecimento. Bastante reconhecido, o curso é filiado à Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS). Além das atividades curriculares, os alunos podem participar de projetos acadêmicos e desenvolver ações que auxiliam na preparação para a vida profissional. Um exemplo, é o Cidadania.com, um projeto desenvolvido pela diretoria de Ação Social da universidade, que visa sociabilizar informações relativas aos serviços sociais disponíveis no município de São Leopoldo.

(Micaela Magedanz)

Residência multiprofissional Além da graduação, alunos do Serviço Social podem especializar-se com a Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, que objetiva a aprendizagem e forma profissionais especializados em Saúde Mental, que tenham a sensibilidade para ações integradas entre todos os profissionais da área médica. A Residência é uma realização da Escola de Saúde da Unisinos e da Unidade Acadêmica de Educação Continuada (UAEC) da universidade, em parceria com a Secretaria de Saúde do município de São Leopoldo e a Secretaria de Saúde do município de Porto Alegre. Bianca Souza, graduada em Serviço Social, acredita que mesmo tendo vivenciado praticas durante a graduação, a residência lhe abriu possibilidades de atuação em áreas que desconhecia dentro de sua profissão; ela comenta que a atividade é diferente de fazer um estágio, pois na residência as teorias trabalhadas têm relação direta com a prática. Ela finaliza dizendo que adora “esse processo de estudo e reflexão da realidade que

trabalho, e a residência me proporciona isso”. A residência dá ênfase a projetos como: Plano Crack, é Possível Vencer; Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher; Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres; Lei Maria da Penha e políticas de proteção a crianças e adolescente vítimas de exploração infantil, no contexto e cenário do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto de residência integrada em saúde mental da Unisinos está no seu segundo ano de existência e é um programa de formação de pósgraduação e especialização, tendo sido criada pela Lei Federal nº 11.129, de 30 de junho de 2005. Marla Kuhn, tutora e professora da especialização na Unisinos, finaliza concluindo que “o JULIANE CHAVES papel do Serviço Social dentro da equipe interdisciplinar, tem maior habilidade da constituição das redes, que realiza o enfrentamento das ações para identificar os outros fatores além da doença para a melhora do paciente”. (Juliana Chaves)

Andreia, Marciane, Marla, Bianca e Maíara

Ação social no campus As pessoas conhecem a Unisinos por suas graduações, pós-graduações e extensões, mas o que muitos não sabem é que ela atua também como cidadã no exercício e incentivo a programas e projetos sociais. Por meio de ações que beneficiam crianças, jovens, adultos e famílias em situações delicadas, os estudantes da universidade ganham espaço para desenvolver suas habilidades na prática por meio de trabalho voluntário ou de estágio curricular. Essas atividades se dão de forma integrada com outros cursos da instituição e com entidades parceiras, exercendo funções que auxiliam no desenvolvimento pessoal e profissional do acadêmico. Dentre as iniciativas desenvolvidas pela Unisinos, destaca-se o Prasjur (Programa de Ação Sociojurídica), o qual presta assistência jurídica gratuita à população de baixa renda. Desenvolvido pelo curso de Direito há mais de trinta anos, promove a integração com a Psicologia e com o Serviço Social. Outro programa, o Observa Sinos, reúne e sistematiza dados sobre as realidades da região do Vale dos Sinos e as disponibiliza para entidades e lideranças parceiras. Há, ainda, o Programa Esporte Integral (PEI), que objetiva o desenvolvimento de crianças e adolescentes entre 6 a 17 anos por meio do esporte. O serviço trabalha com uma metodologia interdisciplinar e abrange educação, saúde, esporte, pedagogia, psicologia, arte e cultura. A proposta do Projeto de Atenção Ampliada à Saúde, tem como foco o atendimento nas áreas de Enfermagem, Nutrição e Psicologia para a comunidade. Fornece alimentos aos municípios de Porto Alegre, Esteio, Sapucaia, São Leopoldo e Portão, pelo Projeto Técnico Cultural Banco de Alimentos e destina computadores usados a instituições e entidades, por meio do Projeto EuCidadão. Estes são apenas alguns exemplos de ações que fazem a diferença. Para mais informações sobre outros projetos ou para participar, o interessado pode acessar a página da Ação Social da Unisinos, no link: http://www.unisinos.br/extensao/acao-social/projetos.

(Dino Nunes)

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ATUAÇÃO PROFISSIONAL

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Um caso de amor com o Serviço Social

uando feita com amor, a escolha de uma profissão permite que cada indivíduo tenha a chance de se dedicar a tarefas que contribuam para um mundo melhor. Este foi o caso do assistente social, Nizar Amin Shihadeh, 35 anos, que, após participar de inúmeros trabalhos voluntários em Organizações da Sociedade Civil (OSC), optou pelo curso de Serviço Social. Antes de iniciar seus estudos, Nizar relatou que possuía uma visão incorreta sobre a área, pois relacionava o Serviço Social à caridade: “Conhecendo o histórico da profissão e entendendo-a como uma profissão que visa a garantia de direitos, não pela caridade e pelo favor, mas por direito garantido e assegurado, me encantei mais, já que a busca pela transformação na vida dos sujeitos não seria por algumas horas, como aconteciam nas

atividades voluntárias que eu participava”, conta o profissional. Ao mencionar sobre como percebe o amor em sua profissão, Nizar exemplifica algumas situações éticas dos auxílios prestados - como não julgar, não ter uma opinião formada e precipitada, além de saber se colocar no lugar do outro - pois, em suas palavras, “mesmo que o sujeito tenha cometido a pior das ações, sem conhecer, sem entender, sem acompanhar, não se deve julgar, mas buscar a transformação da realidade social dos sujeitos”. Em busca deste bem-estar coletivo, os assistentes sociais, muitas vezes, se deparam com realidades complicadas. Nizar relata que para manter sua saúde mental, ele procura não trazer situações para sua vida pessoal e afirma que sua inspiração, vem deste fazer profissional no dia-a-dia e ao encontrar cidadãos que necessitem de amparo,

em suas visitas domiciliares. Como atual Residente em Saúde Coletiva em equipe Multiprofissional, o assistente social aconselha que os futuros profissionais trabalhem de forma ética, sem qualquer tipo de preconceito, seja relacionado a religião, política, orientação sexual e raça, além de respeitar a privacidade de todos. O profissional ainda destaca que o embasamento teórico da graduação não é suficiente, é preciso muita leitura e busca por qualificações para fundamentar a prática. “É importante sempre ter em mente que o objeto de trabalho do assistente social é a questão social e ela não se apresenta de cara para nós, por isso, é importante pôr em prática o processo de desvelamento através de uma ação investigativa, da escuta sensível e de um olhar crítico” – complementa o assistente social. (Amanda Hoffmeister)

Resgate de um dependente químico Quando se fala em reabilitação de dependentes químicos é comum o pensamento de que, muitas vezes, o trabalho é feito por psicólogos, psiquiatras e médicos em geral. Entretanto, o assistente social também tem um papel importante no resgate de pessoas dependentes. Em sua grande maioria, o trabalho do Serviço Social acontece dentro dos conhecidos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), em conjunto com os demais profissionais do centro, como enfermeiros, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, nutricionistas, entre outros profissionais especializados. Em conversa com a assistente social residente na Unisinos, Bianca

Souza, que trabalha com pacientes com transtorno mental e dependentes químicos, esclareceram-se algumas dúvidas sobre o andamento do processo de reabilitação. Ela conta que o paciente busca o apoio através de encaminhamentos de outros profissionais. O processo se inicia na confiança que o dependente deposita no tratamento e na motivação da mudança. Muitas vezes, os familiares não acreditam e não acompanham os mesmos. Questionada sobre casos com êxito, Bianca conta: “Quando se trabalha com dependência química, infelizmente as estatísticas sem êxito são maiores. No entanto, existem os casos que se consegue reverter com

a confiança e insistência. O paciente D. C. M, de 27 anos, foi meu paciente durante 1 ano e meio. Usuário de crack e outras drogas, conseguimos sua reabilitação com sucesso. Hoje, ele está trabalhando formalmente e cursando Engenharia Mecânica. Isso é muito recompensador, mesmo que muitas pessoas desistam, ou não consigam, poder fazer a diferença na vida de uma pessoa, para o bem dela, é muito gratificante”. A assistente social, de 23 anos, diz que, cursar Serviço Social é aprender mais sobre o comportamento do ser humano e entender a necessidade de cada um. Considera-se uma profissional feliz e ama o que faz. (Eduarda Couto)

OLHARES é uma publicação experimental produzida por alunos da Turma 2016/2 da disciplina de Redação em Relações Públicas IV do Curso de Relações Públicas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Coordenação do Curso: Erica Hiwatashi. REDAÇÃO – Orientação: Cíntia Carvalho. Textos: Amanda Hoffmeister, Andréia Danielle Kunz, Dino Nunes, Eduarda Couto, Juliane Chaves, Micaela Magedanz, Michele Ortiz e Natália Pfitzer. ARTE – Agência Experimental de Comunicação da Unisinos (Agexcom). Projeto gráfico e diagramação: Marcelo Garcia. Capa: arte de Marcelo Garcia sob foto de Ryan Aréstegui.


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