Trabalhos sem luxo... Colocados no lixo
Moto taxista, agente ecológico, ambulante: profissões com dignidade além do que se imagina, mas que o emporcalhado sistema teima em rebaixar
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SUMÁRIO
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Nosso Brado Se tudo o tem um porquê, saiba o porquê de sermos como somos e pensarmos como pensamos.
Analfabetismo: Duas faces Reflexões sobre uma minoria que tem o que dizer, apesar da negação do direito ao saber formal.
Deficiência moral Situações cotidianas geram reflexão. Essa questiona o que é ser humano perante diferenças.
Fuja dos Padrões Somos obrigados a ter massa corpórea X, vestir Y, e pensar Z. Somos?
Filme do Mês Criança é criança em qualquer lugar do mundo. Infância assassinada é infância assassinada em qualquer lugar do mundo.
Diversidade Sexual Não se reprima, não se reprima, não se reprima.
E que tal mudar? Metal e Rap como você nunca tinha ouvisto antes.
Estética ou saúde? A cirurgia para redução de estômago posta em pauta.
Profissões, trabalhos e funções 10))
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Por que há tanta diferença de prestígio entre as profissões? O que seria de um patrão sem o seu funcionário ou de um advogado sem um simples estagiário, nossa matéria principal pretende mostrar profissões que não tem prestígio, nem respeito, mas que são tão úteis quando aquelas que ficam com o destaque social e financeiro.
Divisão desigual A distribuição de terra no Brasil é injusta por motivos históricos, essa matéria fala quais são eles e demos voz a um assentado que fala de sua trajetória até a conquista da terra.
A hora de fazer acontecer 12))
Garantir escola e saúde é obrigação do estado. Mas quando ele não cumpre sua função há duas opções: olhar as pessoas que sofrem as conseqüências ou ajudá-las.
Bertold Brecht
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”
PENSAMENTO DO MÊS
“
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.
Nosso Brado Se você procura uma leitura qualquer, sobre um conteúdo qualquer e que nada acrescentará em sua vida, o convido a fechar essa revista. Procure algo que não a Brado para ler. Os modelos robóticos de revistas que o brasileiro dispõe não proporcionam um ponto de vista peculiar sobre assuntos tão malhados pela sociedade. Não é difícil encontrar páginas e páginas desenhando em suas letras o preconceito musical, racial, sexual ou profissional. É com a perspectiva de um jornalismo de sangue novo que seis de todas as mentes pensantes do mundo (Cláudia Menon, Fábio Donegá, Juliana Sena, Laís Laíny, Mariana Leite e Mariana Lioto) resolveram fazer uma revista fora do convencional. Com abordagem nas ‘minorias’ brasileiras com a força que elas possuem e com o respeito que elas merecem. A Brado é como um grito de liberdade escrito e fotografado aos que são, de alguma forma, marginalizados pelos que se julgam, não se sabe porque, superiores. Uma revista utópica? Não, agora ela é realidade e que nosso brado sirva como um despertador que seja ouvido por quem ainda teima em virar a cara para o mundo real.
Edição Especial - Outubro 2007 Curso de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Cascavel - Univel Cascavel - Paraná Edição: Laís Laíny e Mariana Lioto Pautas: Cláudia Menon Reportagem: Cláudia Menon, Fábio Donegá, Juliana Sena, Laís Laíny, Mariana Leite e Mariana Lioto Diagramação e arte: Laís Laíny e Mariana Lioto Fotografias: Fábio Donegá Professor coordenador: Jeferson Popiu
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“Não sei em assinar o meu nome e “Não em sentimentos assinar o por isso. tenho sei muitos meu nomeera e tenho Quando nova muisó estudava quem tos sentimentos por família não podia pagar, e minha isso. podia.Quando Eu sempreera tive vontade de nova só estudava aprender, mas minhas vistas já quem podia pagar, não agüentam mais. Hoje a e‘piazada’ minha família tem escola de graça não podia. Eu Eu não e não aproveita. sempre tive ônibus e nem consigo pegar vontade de nenhum soziir para lugar anha. pren d e r, tem estudo, Quem m s onde quipodeachegar m i n h a s ser. Já quem não tem, vistas já lugar nenão chega nnhum”. ã o agüentam mais. Hoje a ‘piazada’ t e m escola de graça e não aproveita. Eu não consigo pegar ônibus e nem ir para lugar nenhum sozinha. Quem tem estudo, pode chegar onde quiser. Já quem não tem, não chega lugar nenhum”.
Maria Francisca Fostino 78 anos O Analfabeta *Laís Laíny
analfabeto
é aquele que não sabe nem o alfa e nem o beta. Essa é a definição para muitos Josés e Marias do Brasil, que por ironia do destino ou falta de interesse, não aprenderam a ler e escrever. É o caso de Maria Francisca Fostino, 78, viúva, pensionista, pele parda, mãe de três filhos, analfabeta. Um exemplo real de quem não
oportunidade nem dinheiro para freqüentar a escola teve
durante a infância e que, sem perspectiva, não acredita que a alfabetização, a essa altura da
E assim assim...
vida, faça alguma diferença. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Maria é moradora do bairro Interlagos, região Norte de Cascavel há 35 anos. Hoje, ela
sofre
as conseqüências de não saber ler e escrever. Maria nunca sai de casa sozinha. Não sabe pegar ônibus, não vai ao supermercado ou ao banco. Sua assinatura é uma marca carimbada das
impressoes
digitais do polegar direito. A experiência de Maria serve de exemplo para seus filhos e netos. Aconselhados por ela, os três filhos estudaram e repassam a “tradição” da importância da escola adiante. “Quem tem estudo vai onde quiser. Sai daqui e pode chegar a qualquer lugar. Já que não tem, não consegue chegar a lugar nenhum”.
a Unesco traça dois perfis para essas pessoas: o analfabeto absoluto e o funcional. O primeiro corresponde as pessoas que nao sabem assinar ou ler o próprio nome, logo, quando precisam assinar algum documento, carimbam as
digitais do dedo polegar. O segundo grupo é formado pelos cidadaos que têm até a 4ª série, classificadas com baixa escolaridade. De posse dos dados do Inep, a Brado traçou o perfil do analfabeto cascavelense. Cascavel possui analfabetos de todas as idades, sexos e
classes sociais.
Mas o predomínio é de
mulheres
negras
com mais de 60 anos, que vivem na área rural e recebem até um salário minimo por mês. 8,3% das mulheres cascavelenses são analfabetas, contra 5,6% de homens. Esse índice é reflexo do tradicionalismo familiar que era praticado antigamente, em que as mulheres não tinham o direito de freqüentar o banco escolar para aprender os afazeres domésticos. Como a dona Maria, do início da matéria. “Não estudo pois já estou muito muito 4
sentimento
velha, e minhas vistas já não agüentam mais. Mas tenho
por não ter estudo. Nunca tive dinheiro para estudar. Quando eu era nova, só
conseguia ir à escola. Hoje em dia, a ‘piazada’ tem escola
de graça e não aproveita.
rico
er apaixonado pelos livros e a escrita, sem ao menos ter incentivo
S
familiar ou concluído o Ensino Médio, é
privilégio
de uma a
minoria. Juvêncio de Souza Aguiar, aposentado de 71 anos, mostra que a
idade e as limitaçoes que o fizeram não concluir os estudos, não são empecilhos para continuar na busca pelo conhecimento. Admirador de escritores como Sidney Sheldon e Gabriel García Marques, Juvêncio tem atualmente na biblioteca de sua casa um acervo composto por mais de 5 mil livros. “ Todos foram comprados nas livrarias e nos sebos, por que o livro não têm idade, é sempre novo”, revela. Em um período, marcado pela forma rigorosa de repassar conhecimento aos alunos, é que Juvêncio vivenciou o período escolar. Motivos de problemas familiares e trabalho, foram o que conduziram o incessante leitor, a não concluir seus estudos. Mas o gosto pelos livros sempre o acompanhou, tanto que as preferências vão desde de os romances até os gêneros literários. Outra questão curiosa sobre a vida de Juvêncio, é que mesmo aposentado contribui significativamente com o município no qual vive. Pois os munícipes de Vera Cruz do Oeste, o procuram todos os dias solicitando ajuda. Seja para dar encaminhamento à aposentadoria , ou para auxiliar em trabalhos escolares e acadêmicos , e ainda lavra atas em reuniões de associações e entidades. Com um linguajar culto e contemplado por expressões que o só o conhecimento provindo dos livros pode oportunizar, ele afirma: “Um livro aberto é um cérebro que fala, um livro fechado é um amigo que espera, um livro esquecido é uma alma que perdoa, um livro destruído é um coração que chora”. Essa citação é do filósofo francês, Voltaire, por quem tenho grande apreço, por sua sabedoria e inteligência”, relata. Ao analisar o sistema educacional atual, Juvêncio, diz que o sistema está fraco, a educação está precária, sem conteúdo, com professores mal preparados, mal *Mariana Leite remunerados e a educação é deficiente. “ Falta atenção do governo, com essas condições de estudo, existe pouca esperança de um futuro promissor aos nosso jovens, mas ele tem que ir á busca, não pode esperar só pelo sistema e pelas escolas, mas sim têm que lutar para vencer na vida”.
Juvêncio de Souza Aguiar 71 anos Auto-didata “Um livro aberto é um cérebro que fala, um livro fechado é um amigo que espera, um livro esquecido é uma alma que perdoa, um livro destruído é um coração que chora”.
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T
arde de sábado, 12h30. A moça educada, com unhas e sobrancelhas bem cuidadas saía do salão de beleza. Uma verdadeira dama. Alta, cabelos longos, lisos, bem tratados com mechas louras, idênticas à que o cabelereiro das “estrelas” exibe nesses programas inteligentes de domingo a tarde - um luxo! Coisa de inteligente, não necessariamente coisa de gente. Mesmo dia e horário... Um rapaz, bem vestido com sua camisa pólo branca e calça social. Deve tomar o ônibus todos os dias e pagar com o vale transporte que os direitos trabalhistas lhe garantem. Ele dedica oito horas menos de sua vida ao trabalho, e vê centenas de verdadeiras damas e cavalheiros passarem todos os dias. Guardando bolsa, tirando bolsa, guardando bolsa, tirando bolsa. Esse espaço é dele, cujas regras ele não determina, mas devem ser cumpridas. Ninguém entra de bolsa, essa é a ordem dada do cume da pirâmide e que ecoa na base, ou, naquela sala. Esse rapaz, que já deve ser um homem feito tem uma diferença - assim como a minha de ter o cabelo enrolado, celulites e a de ter as orelhas grandes e o dedo do pé torto, ele possui Síndrome de Down. Noite de segunda-feira, 21h30. Em meio às outras damas e cavalheiros - que acreditavam num pseudoconhecimento pelo fato de carregarem em suas bolsas 25 quilos de livros, detonarem suas colunas, gastarem fortunas num ortopedista e não lerem nada - estava eu. Na minha labuta pelo pseudoconhecimento. E lá também estava ela... a loura graciosa. Devia estar há umas duas pessoas a minha frente, com sua bela pose de quem assistiu o Faustão no dia anterior. Ela segurava uma bolsa prata com argolas que eu nem tinha notado até perceber que algumas regras existem e devem ser cumpridas. Mesma noite e horário... As regras que
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ecoavam do cume dizem ao rapaz, que ninguém... ninguém poderia atravessar a catraca sem deixar a bolsa. São as regras, impostas porque o acervo já foi dissipado por uns e outros incapazes de respeitar as regras. Educada e civilizadamente, assim como a verdadeira dama parecia ser, o rapaz solicitou que ela deixasse sua bolsa no armário. Eram as regras. Como se ter aquela bolsa e o cabelo parecido com o de uma estrela de Hollywood fizesse dela uma deusa egípcia ela se comportou mais como uma porca raivosa dentro do chiqueiro do que como uma verdadeira dama. - Olhe a minha bolsa. Acha que eu roubei algum livro? – disse a porca raivosa. - Chame a polícia e mande nos revistar zombou um cavalheiro que a acompanhava, com sua cara maquiada com pó de arroz, erguendo os braços, como se o podre rapaz os tivesse feito de reféns. Mas a situação mostrou quem era o verdadeiro refém. Aproximaram-se da catraca, bravejaram alguns eufemismos os quais o rapaz poderia até ser incapaz demais para entender, ou humano demais para entender. Saíram pátio afora, rindo e se vangloriando pelo que praticaram. Coisa de inteligente, não coisa de gente. Enquanto eles riam, o rapaz se questionava. Deve ter passado a noite em claro e reclamado para sua mãe. Mas existe uma coisa que ele não sabia. Não é uma regra para inteligentes, é uma regra para humanos. E o preconceito do rapaz de que eles seriam “humanos” desvelou que nenhum daqueles dois o eram. Os poucos movimentos do casal doeram. Os pouco mais de cinco minutos de angústia daquele rapaz foram eternos. Suas poucas palavras foram sinceras. As atitudes de indiferença foram muitas e eu e todos os outros nos mascaramos em nossa própria face e não fizemos nada. *Laís Laíny
2298Fuja 25968dos 9padroes
Impossível falar de estereó-tipos, sem mencionar suas origens nos grupos sociais. Desde pequenos, somos incentivados a ser desse ou daquele jeito, a fazermos isso e, não aquilo, seguir modelos impostos por nossos pais, amigos, escola e meios de comunicação. E assim seguimos um molde, uma representação da realidade para a sociedade. A filosofia entende que estereótipos são preconceitos, assumindo a forma de julgamento precipitado, sem ter conhecimento sobre quem é julgado. Seguir ou não um modelo está ligado a nossa índole e personalidade, porque afinal, o meio age sobre nós. Assim não somos diretamente responsáveis por nossas escolhas, gostos e atitudes. Estereótipos nada mais são que lugares comuns, aos quais, de uma forma ou de outra estaremos condicionados a eles por meio de nossas escolhas. *Fábio Donegá Esses modelos estão presentes e influenciando, constantemente, mesmo aqueles que são contra os paradigmas pré-estabelecidos. O simples fato de ser contra já reflete uma influência recebida do meio. Isto nos leva a pensar se somos realmente responsáveis por nossas opções, e conseqüentemente a refletir se somos felizes com elas. Seguir modelos remete a falsa impressão de que seremos aceitos numa sociedade. E a chance de frustração é grande quando se descobre que não somos nós mesmos, e sim, 6 representações daquilo que gostaríamos de ser, ou de que gostariam que fôssemos. Pensando dessa forma percebemos o quão importante para essa sociedade são os modelos criados para serem seguidos, pois prezam a padronização e temem o que, e quem, é diferente, julgando assim sob a forma de lei, e punindo preconceituosamente quem não se encaixa nos padrões. Limitando em estereótipos o livre pensamento, o crescimento e o conhecimento, criando falsas necessidades e obsessões, impondo obrigações, regras e limites e contribuindo para a segregação social e a disputa entre irmãos.
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A estética da balança *Cláudia Menon
A obesidade mórbida é o acúmulo de gordura a mais que o organismo necessita. Quando a pessoa está acima do peso, é gorda, mais quando passa a ser excesso de gordura torna-se obesa. Os índices da doença têm aumentado, seja pelas facilidades de tecnologia, que procura facilitar a vida, com isso exige menor esforço físico. Ou pelo corre-corre diário, pois estamos com pressa, comemos rápido e mal. A falta de alimentação adequada é fator relevante para o aumento da obesidade. É mais prático comer um lanche (gordura) a uma refeição equilibrada (carboidratos). Sem contar a falta de exercício físico que se acostuma. Uma dieta equilibrada, exercícios físicos e tranqüilidade, são essenciais para uma vida saudável. A mudança de hábitos é essencial para quem quer estar longe da obesidade. A obesidade traz consigo mais danos a saúde, como dor nas costas, dificuldade de andar e respirar, sem contar que pode acarreta outras doenças, tais como: diabetes, pressão alta, varizes e até derrame. A cirurgia bariátrica, ou redução de estômago como é conhecida, é uma alternativa que tem
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sido procurada como solução. Apesar de ser de alta complexidade, com várias horas de duração, para os gordinhos que já tentaram de tudo, se submeter à cirurgia é a última tentativa. Kelly Cristina Tresca, conta que nunca gostou de ser gorda e estava com obesidade mórbida, os remédios para emagrecer já não paravam mais no estômago. Então decidiu fazer a cirurgia bariátrica. Pesava 104 quilos e agora com apenas 69 quilos, comenta como foi se submeter ao processo cirurgico, “fiquei três meses com sonda (gastrostômica), por onde me alimentava. Parava mais no hospital do que em casa”. Apesar da difícil recuperação, afirma que faria tudo de novo. Pois sua autoestima mudou muito, se sente mais satisfeita e os problemas resolvidos. “Antes era difícil, arrumar emprego, e comprar roupas. Hoje meu hobby é comprar roupas” afirma. Já para Cecília Menon, que se prepara para a operação. O que mais vai mudar é a sua auto-estima. “ Não tenho vontade de sair de casa, não posso nem comprar roupa, nada serve e quando serve fica feio”, ressalta.
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invisiveis
*Fábio Donegá
A realidade vivida por crianças em diferentes partes do mundo é o tema central do filme Crianças Invisíveis. Uma seqüência de sete curtas de aproximadamente 15 minutos cada, produzidos por autores renomados no mundo inteiro e que mostram a realidade de crianças do Brasil, BurkinaFaso, China, Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Sérvia-Montenegro. O filme traduz em imagens o universo da educação, desigualdade, negligência, exploração, fraqueza e contradições como riqueza e pobreza. O espectador vive a realidade dessas crianças “invisíveis” que estão ao seu redor todos os dias, seja do outro lado do vidro no sinal de trânsito ou porque preferimos não ver sua existência. Crianças Invisíveis chama a atenção de governos, da sociedade civil e de cada cidadão para as milhões de crianças, em todos os continentes, que são excluídas e invisíveis: crianças que trabalham; crianças afetadas pelo HIV/Aids; que vivem sem suas famílias; discriminadas por fatores raciais e étnicos; e os meninos-soldados na África. O filme
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leva a uma reflexão sobre o que temos feito pra mudar esse quadro e pelos cidadãos que costumamos de chamar ‘futuro do país’. Trancados em nossas casas, supostamente protegidos, por onde vemos o que acontece do lado de fora, nos limitamos a apenas olhar sem que nos percebam. Num quadro onde a revolta e a marginalidade seriam as únicas saídas, temos magnificamente explorada a infância das brincadeiras, dos medos e sonhos com a infância truculenta dos dias de hoje. A fase adulta chega cada vez mais cedo e é bem retratada no filme, com uma fabulosa mistura de quadros onde ora os personagens são crianças, ora são adultos. O filme está à disposição em quase todas as videolocadoras. 9
E que tal o Metal?
*Mariana Lioto
A velha mania de rejeitar o diferente (mesmo sem conhecê-lo) se aplica também à música: estilos importantes se desenvolveram mas, ao invés de serem vistos como uma das formas de expressão cultural, são vistas de modo estereotipado. E tais taxações são muitas vezes parciais e equivocadas. É o caso do Metal, no Brasil, os aficionados pelo estilo não são maioria, o que gera preconceito e discriminação. O metal é um subgênero do Rock, e se caracteriza por apresentar acordes rápidos na guitarra, vocal agudo e letras com temáticas mitológicas, místicas e de guerra. As bandas de Metal se diferenciam muito no seu estilo, o que ocasionou mais divisões do gênero de acordo com a predominância dos instrumentos e temas tratados. Desde o início da década de 80 um estilo de destaque é o Power Metal, que apresenta influência da música erudita. Em Cascavel, Paraná, conversamos com a banda Dragoons: roupas pretas, cabelos e barbas compridas, tatuagens expostas: características de uma cultura, não necessariamente “coisa do demônio”, mas é assim que eles afirmam serem tratados. Eles tocam juntos a mais de quatro anos, e contam com vocal feminino. “Em Cascavel a maioria das pessoas não conhece o Metal e não quer conhecer” afirma Luiz, guitarrista da banda, que divide seu tempo com o curso de agronomia, “por não termos espaço nos meios de comunicação as pessoas vem com idéias prontas que não são a verdade e preferem falar mal a conhecer”, declara. A não difusão do gênero tem caráter histórico no Brasil, durante a ditadura militar qualquer música que fugisse às temáticas dóceis e convencionais era barrada, o reflexo disso hoje é que bandas brasileiras como Viper, Angra, Shaaman, Sepultura, Krisium e Dr. Sin fazem mais sucesso no exterior do que no Brasil. Isso se explica pela cultura musical do brasileiro, “são raras as pessoas que sabem dizer teoricamente, qual a diferença da sonoridade entre o axé, o sertanejo e o rock que são
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gêneros extremamente distintos” critica Luiz, isso se deve à precariedade do ensino básico que não contempla o estudo das diversas formas de arte. Segundo Waldir, baterista da banda, “a maior dificuldade é encontrar onde tocar, a maioria dos eventos não traz retorno financeiro, tocamos porque gostamos”, organizar um evento do estilo é investimento de alto risco, já que o público é restrito, então dificilmente é pago algum cachê para a banda”. E como é ótimo nos surpreender, fica o site do grupo Dragoons onde são disponibilizadas três composições do grupo, o download é gratuito e vale a pena conferir a riqueza da sonoridade, aliás, a complexidade na composição dos arranjos é bem característico do grupo, o endereço é www.myspace.com/dragoonsmetal Ah, e uma dica dada por eles: Metal e música para escutar alto, só com o som no último se diferencia todos os instrumentos.
Rap:
Ao ter contato com diversos grupos de Rap, e não somente com os poucos que aparecem na mídia, é possível perceber o sentido das temáticas do rap, na grande maioria das vezes, não é de incentivo, e sim de debate – é a ilustração de uma realidade que é vivida pelos emissores e destinatários da mensagem. “As letras de rap não falam sobre o contexto social, mas também tentam mudálo. É preciso que as pessoas compreendam o hip hop como um movimento socio-cultural e educativo, que luta a favor das classes menos favorecidas”. Afirma o MC Robson, que se põe como militante na defesa do movimento. Ele denuncia que a “realidade em que vive o rap não é sutil. Diariamente apanhamos da polícia só porque andamos na rua com uma camiseta escrito hip hop ou por trançar o cabelo”. No Brasil até o sucesso que determinado gênero musical alcança parece ser controlado. O rap é um dos gêneros que não consegue atingir altos níveis de popularidade nos meios de comunicação de massa. Não é por falta de procura. O vendedor de CDs piratas, A. D. J. trabalha no Centro de Cascavel há cinco anos. Segundo ele, “junto com os discos dance os CDS de rap são os mais procurados, vendem muito”. Sua banca, no dia da conversa, tinha nove opções de disco do gênero. Esse é um indício de controle, já que o público que compra tais discos é o mesmo telespectador e ouvinte da grande mídia. Nas rádios a censura é visível. A reportagem da Brado tentou pedir uma música em uma rádio de Casável em um sábado de manhã. A resposta do atendente foi: “Não sou autorizado a tocar essa música nesse horário”. A atitude não pode ser justificada pela letra da música. Já que esta falava de união e sequer citava a violência. Nos resta questionar: a quem interessa impedir a divulgação do rap?
A voz ocultada *Mariana Lioto
Um estilo feito, essencialmente, pelas classes mais pobres e para as classes mais pobres. Talvez por isso marginalizado na sociedade. Quantas vezes você já ouviu o rap nacional tocar nas rádios? O argumento freqüentemente utilizado para a discriminação é que o gênero costuma fazer apologia às drogas ou à violência em suas letras, mas será que esse não é um discurso já aceito pelo censo comum? Afinal, os que fazem críticas conhecem no máximo os refrões. É isso que essa reportagem vai fazer, descrever o lado normalmente ocultado dessa cultura secundária que a mídia, mas essencial na periferia dos grandes centros. Alexandre Henrique Cardoso, 21 anos, morador da periferia de Cascavel desde os 12. Seu gosto pelo teve início quando percebeu que a maioria das letras dos outros gêneros não faziam sentido no contexto social que ele vivia. Para ele, ‘o tráfico e violência e a violência são temas do rap simplesmente porque fazem parte da vida dos que o compõe. Para entender esse estilo é preciso entender de onde ele vem, qual é a realidade de uma favela do Brasil, quais as dificuldades que seus habitantes passam”. Ele cita este trecho de uma das músicas para explicar: “Lá na favela não existe empresário para se espelhar” (Face da Morte).
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IGUAL... DIVER *Laís Laíny
Veado: Mamífero ruminante muito veloz e tímido. Bem diferente do significado de homossexual: PESSOA que se relaciona com indivíduos do mesmo sexo. Ainda assim o brasileiro usa o termo pejorativo para se referir aos seres humanos que se encontraram em uma nova forma de amar. “Gay é amor. Queremos trocar carinhos e beijar. Todo mundo pensa que é uma relação promiscua e não é bem assim”, as palavras de Windson Prado, coordenador social e cultural da ONG Grupo Expressões revela o simples desejo dos tão cidadãos, quanto eu e você, de se relacionar com quem bem entender. Ser chamado de bichinha veadinho ou de gayzinho é apenas uma das centenas de faces que o preconceito estampa contra as pessoas que se enquadram no que é chamado e GLBT - Gays, Lésbicas, Bissexuais e Travestis. “Ás vezes vamos na balada e temos vontade de sair chamando os heterossexuais de heterozinhos, pois sempre falam no diminutivo”, desabafa Cláudio José Piebe, coordenador organizacional. Enquanto Windson organizada uma pilha de camisinhas, Cláudio recortava a fita vermelha, símbolo mundial de combate a Aids. Sem vergonha do que são, os dois rapazes falavam de seus problemas com família, emprego e meio social e, para eles, a maior razão para a existência do preconceito é a falta de informação. Que atire a primeira pedra quem nunca relacionou todas as imperfeições mundanas com a homossexualidade. Por que será que com os machões de plantão ninguém faz essa relação?. “A sociedade trabalha com o estereótipo do homossexual marginalizado, e não é bem assim, sempre vai ter aquele que parte para um outro lado, mas não é só com os homossexuais. Estou me formando em jornalismo e o fato de ser homossexual fecha algumas portas”, conta Windson. Enquanto umas se fecham, outras se abrem, ao menos aos olhos do mundo capitalista. Foi-se o tempo em que um gay, ou lésbica, era tratado com indiferença pelos vendedores pois os comerciantes descobriram que os GLBTs são muito consumistas. Quem é que vai perder essa boquinha não é? “No comércio os gays são muito consumistas e por isso há espaço. Para empregos e atendimentos no geral está mais aberto. Já não somos tratados com diferença”, afirma Cláudio.
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...DADE Rsi...
FOTOS: SITE STOCK PHOTOS
Você, ser humano carregado pelo preconceito já parou para pensar no motivo da existência da Parada Gay e dos demais movimentos GLBT? Caso não saiba, a culpa é sua, pois eles querem o mesmo que você e são privados por assumirem que querem amar, da mesma forma que você ama sua esposa ou o seu marido. Você pode sair para um jantar com seu parceiro (a), beija-la, demonstrar que o (a) ama e acariciala em pública, sem maiores problemas. Os GLBT não. Por que? Com certeza você diria que seria uma pouca vergonha e exigiria que fossem convidados a se retirar. Quem foi que disse que você pode, e eles não? As pessoas que sofrem preconceito querem participar de todo tipo de atividades. freqüentar bares, festas. O homossexual é um cidadão como qualquer outro”, conscientiza Windson Prado. Em breve, se os ilustríssimos deputados aprovarem o Projeto de Lei 122, que define a homofobia como crime novos dias estarão por vir. A pena para quem discriminar um homossexual é de até cinco anos de prisão. A torcida pela aprovação é grande, e pela reprovação também, principalmente vinda de igrejas que pregam a igualdade entre os homens, e recriminam a diversidade. A descoberta da homossexualidade é desesperadora para pais, professores e mais ainda para quem se descobre como “fora dos padrões”. Em casa a menina ganha uma boneca e brinca de ser mamãe. O menino ganha uma bola para jogar com os amigos. Quando a boneca e os outros jogadores se transformam em atração para a menina e para o menino nota-se o despreparo de todos para lidar com a novidade. “Há a discussão do que é ser normal. Eu não entendia, por volta dos meus 14 anos, por que eu não era igual aos outros”, relata Cláudio. “A criança chega na fase das descobertas e se pergunta o que está acontecendo quando ela descobre que prefere ver as pernas dos meninos no jogo de futebol, ao invés de olhar o seio das meninas no jogo de vôlei”, diz Windson, baseado em experiência própria. Essa falta de jeito para tratar do assunto não deveria existir ao menos no ambiente escolar. Os educadores não pregam a diversidade em sala de aula e falam da sexualidade entre homens e mulheres, como seres que se completam. Mas a completude humana não é regra, e sempre a exceção é esquecida. “Os professores não são preparados para ter um aluno homossexual. Quando chamam algum aluno de bichinha ou de veadinho, o professor deixa quieto. Chamar um aluno de negro não pode, mas chamar de bichinha pode. É na escola que começa o machismo”, desabafa.
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Teste
Você é um vegetal? Os vegetais são seres que se apresentam sob as mais diversas espécies sobre a superfície mundial, eles porém têm várias características em comum, algumas das quais seguem descritas abaixo. Caso você tenha dúvidas se você é ou não um vegetal, leia com atenção os tópicos abaixo, comparando-as com suas raízes atuais.
( ) Os vegetais são quase olhando todo o reino tudo a mesma cor, tudo o mesmo ( ) Os vegetais contentes quícios de que encanto da por entre tros veconteno pouco morna que semanal ou não são contentes, pelo dizer de algum vegetal que
sempre homogêneos, poucos se destacam, tudo o mesmo estilo, naipe. são muitos com os resraio de sol tram pelo janela ou os ougetais, tes com de água recebem mensalmente, ou se menos nunca se ouviu reclamasse.
( ) Os vegetais quando dos ou queimados continuam nada de gritos, nem de
podados, pisados, cortana mesma homogeneidade, reclamações.
( ) Os vegetais são muito detestam novidades: nem raízes para outros solos.
sensíveis a mudanças, eles pensar em mexer suas
( ) Os vegetais não sabem outros reinos, que dão muito Mal sabem eles que quadrúpedes ou que humanos ficam vinda da madeira.
que valem muito para os lucro quando explorados. ficam fortes comendo vegetais confortáveis com a mobília
Se suas características se assemelham com uma ou mais das descritas acima, há grande possibilidade de você ser um vegetal ou se comportar como um. Fique atento. Olhar no espelho não funciona, os vegetais raramente se reconhecem. Estar atento para si mesmo, para o ecossistema que você está inserido e tentar se livrar das características vegetativas são ações indicadas pelos que já passaram por essa situação. Caso suas características em nada se parecem com as descritas acima junte-se ao grupo que luta contra a grande vegetatividade da população.
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Que Profiss
Táxi de125 cilindradas
Trocar o dia pela noite não é fácil: o descanso não é o mesmo, mas por dinheiro ele precisou se submeter. Começa a trabalhar às sete da noite, vendo o dia escurecer e só vai para casa às sete da manhã, quando o sol já brilha. O trabalho, além de tudo, é arriscado. Na moto 2002, 125 cilindradas, ele carrega quem o chama, sem ter como saber se o destino o leva a um assalto, se na garupa tem um traficante ou se um acidente o aguarda na esquina. Carteira assinada não tem. Seguro da moto não tem. Tem só que acelerar para a pizza chegar quente, poder voltar logo ao ponto e esperar mais uma vez a sua vez. Depois de alguns meses o serviço fica bom. Dá pra fazer 15 até 20 corridas por noite. As vezes, até algumas durante o dia para os clientes fixos que interrompem seu sono. “Dá pra ganhar uns milhão por mês, mas se perder a moto em acidente ou roubo, ta ferrado, é difícil se recuperar financeiramente”, relata um moto taxista, que não quis expor seu nome. O rapaz de colete amarelo sai apressado, o telefone acabou de tocar e era a vez dele e quem chamava era uma voz masculina. O sistema acusou um número de orelhão. É perigoso mas foda-se, Deus protege. O moto-táxi sai, acelerando em direção a zona norte, o colete amarelo que tanta gente, tanta vezes desprezou... num segundo, acelera, e desaparece na escuridão.
FOTOS: CLÁUDIA MENON E MARIANA LEITE/BRADO
*Mariana Lioto
Os Escraviários *Juliana Sena
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Estagiários são hoje, sinônimos de mão-de-obra barata para o mercado de trabalho e estão se tornando um incômodo para alguns profissionais recém formados. Há quem diga que estagiário de último período, ou último ano de faculdade, se equivale a um neo-formando, com a diferença que o custo para mantê-lo é bem menor. A lei n.º 6.496/77, autorizava estágios apenas para estudantes universitários ou técnicos profissionalizantes. Porém a medida provisória 2.164 de 2001 estendeu a prerrogativa de estágios também para estudantes de ensino médio regular. Teoricamente, estagiários são beneficiados pela lei que facilita a sua contratação, uma vez que não fazem parte da folha de pagamento e não são regidos pela CLT (Consolidação das Leis do trabalho). No poder público isso faz um enorme diferença. Por isso a legislação que favorece a contratação também tolhe um direito essencial do cidadão, de possuir vínculo empregatício com a empresa que trabalha, para gerar e incidir nos encargos sociais. Isto é, uma lei que burla outra lei. Brincam entre si os estagiários, que são “escraviários” fazendo uma menção à escravatura legalizada que é a função do estágio hoje no Brasil. A legislação vigente, além de não gerar vínculo, não prevê limite de carga horária, não oferece ao estagiário qualquer benefício como férias, 13º ou abono. Na prefeitura de Cascavel existem hoje, cerca de 590 estagiários contratados, das mais diversas áreas de atuação, porém, com toda certeza, a grande maioria fora de sua área profissional.
são é Essa? Lixo Sustentável
*Mariana Leite
Aos olhos de muitos as lixeiras são repugnantes, onde o contato se limita a depositar o que é considerado inútil. Para outros elas são a esperança de dias melhores. A pouca instrução escolar e a falta de oportunidades faz com que milhares de brasileiros encontrem no lixo, uma maneira de obter renda. O agente ambiental é a pessoa que em dias de sol, chuva, calor ou frio, revira lixeiras, suporta a sujeira e a incerteza de saber se no dia seguinte haverá demanda suficiente para exercer sua função. No município de Vera Cruz do Oeste, no Paraná, os agentes estão organizados em associação e recebendo respaldo do poder público e empresas. Rosângela Aparecida dos Anjos é agente ecológica associada a 10 meses, consegue um salário mensal que varia entre R$ 460 a 500. “Trabalhamos a semana toda, e ás vezes até no final de semana. Saímos nas ruas e depois voltamos ao barracão para separar e prensar o material. No final do mês o dinheiro é dividido pela quantidade de dias que cada um trabalhou”, relata a agente. O hábito de não separar o lixo reciclável é um problema que não precisa apenas de conscientização da população, mas sim de vontade de colaborar. Leva vantagem na corrida contra o tempo o agente que tem mais agilidade para manusear o material disponível. Mesmo com algumas dificuldades, Rosângela garante que gosta do que faz. “Me divirto com meu trabalho, pois não há rotina. Converso com pessoas novas e não fico em um mesmo lugar. Além disso, garanto mais lucro, se comparado com meu antigo trabalho de diarista e contribuo com o meio ambiente”. Mas ela não descarta a possibilidade de exercer outra profissão, a de trabalhar com crianças. “É um sonho que vou conquistar. Mesmo assim não abro mão de continuar na profissão que estou”, conta. Com os pés calejados de um dia inteiro de caminhada e com o cansaço físico estampado na face. O dia de amanhã, é sempre uma incógnita, mas o que se sabe é que este poderá ser gratificante, se houver colaboração e responsabilidade social da população.
De Porta em Porta *Cláudia Menon
Perder o emprego é terrível, bate o desespero, o que fazer? Como sustentar a casa. As despesas? Isso que acontece com JoãoS, JoséS, MariaS, ClaraS, CarloS ... é uma realidade comum. E como resolver essa difícil situação? Bater de porta em porta, entregar currículo, fazer cadastro em agências de emprego. E se mesmo assim nada der certo? As contas vão chegar e o desespero aumenta. É dessa forma que alguns buscam soluções alternativas. Buscam a autonomia, sim os autônomos são minoria que, por não ter como comprovar renda, é discriminada em lojas, quando vão abrir crediário, ou simplesmente não andarem com terninhos, gravata, salto alto. Mas essas pessoas têm nome e dignidade, ao contrário de alguns engravatadinhos, que escondem sua verdadeira personalidade, por de trás de seus empregos, porém seus nomes estão inclusos no SCPC (Serviço de Proteção ao crédito). Se o nosso Brasil fosse menos implicante, teríamos mais dignidade. Cada um vivendo ou sobrevivendo da maneira que é mais conveniente.
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Trabalho voluntário Voluntário é tudo aquilo que é feito espontaneamente, partindo da própria vontade, sem obrigação de realizar um trabalho ou ação em prol de uma causa. E mais que isso, é dedicar seu tempo, talento e, muitas vezes, recursos financeiros, já que doar dinheiro para aquisição de equipamentos ou melhorias estruturais As mulheres da vida fácilde entidades é uma prática realizada por muitos brasileiros. Existem cuidados a serem tomados nesse tipo de doação como conhecer a causa e se possível, as entidades, realizar depósitos na conta corrente do beneficiário e procurar ver de que forma esse dinheiro é investido. É interessante visitar a instituição e conhecer o seu trabalho, pois assim um vínculo será criado e certamente relações muito maiores amadurecerão, como a de carinho, amor e afeto por exemplo. Todos podem ser voluntários, basta decidir ajudar de alguma forma de acordo com as aptidões de cada um. Pode ser uma hora por dia, mês ou ano, em atividades ocasionais ou rotineiras, o importante é assumir um comprometimento que se possa cumprir. Atividades simples podem fazer muita diferença, e você pode participar de um grupo ou agir por conta própria, basta procurar o centro de voluntários de sua cidade e inscrever-se. Muitas ações são desenvolvidas dessa forma, em que grupos levam alegria à hospitais e ajudam na recuperação de pacientes. “Nós nos fantasiamos de palhaços e visitamos instituições para menores abandonados” conta Aparecido Souza, o Tide, que é diretor de um grupo teatral. Há seis meses ele realiza essa atividade e a satisfação maior está na alegria das crianças ao receberem a visita, “o sorriso delas é nossa recompensa” continua o diretor. Inúmeras são as atividades que seu talento pode ser usado, como na transmissão da literatura, iniciação musical ou ensino de modalidades esportivas, como futebol e xadrez. Há espaço para todos, basta querer transmitir seu conhecimento.
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Empresas têm se organizado e colaboram a sua maneira: investindo em projetos culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. Geralmente a idéia parte de funcionários que já desenvolvem atividades voluntárias. Pessoas jurídicas podem destinar até 1% de seu imposto de renda devido para doações ao Fundo de Direito da Criança e do Adolescente. Os Fundos de Direitos são administrados por conselhos formados por representantes do poder publico e da sociedade civil organizada. Os recursos são destinados para o amparo à criança e ao adolescente. Os conselhos prestam conta das doações ao município ou ao estado, os quais controlam o recebimento e a utilização do fundo. Pessoas físicas podem destinar até 6% para os Fundos de Direito. Dia 5 de dezembro é comemorado em todo o mundo o Dia Internacional do Voluntariado, data estipulada em 1985 pela Assembléia Geral das Nações Unidas com o objetivo de divulgar o voluntariado mundialmente e incentivar a participação de novos voluntários em projetos sociais. A data. hoje, foca os holofotes do mundo para as metas do milênio estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) a serem atingidas até o ano de 2015. As oito metas do milênio são: Acabar com a fome e a miséria; Educação básica e de qualidade para todos; Igualdade entre sexos e valorização da mulher; Reduzir a mortalidade infantil; Melhorar a saúde das gestantes; Combater a Aids, malária e outras doenças; Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente e todos trabalhando pelo desenvolvimento. Todos somos responsáveis e podemos contribuir para um mundo melhor, e a maneira de como fazer isso cada um já sabe. Coloquemos idéias em prática e atitudes sejam tomadas, pois quem sabe faz a hora, não espera acontecer, já cantava o saudoso Geraldo Vandré.
As mulheres da vida fácil Existem três tipos de mulheres. As que fazem
pra todos os paladares Um homem
sexo porque gostam ou amam o parceiro.
hospedado nos aconchegantes hotéis da
Outras que fazem porque desejam dar uma
cidade, olhando um catálogo rica e
volta no carro dele. E outras que fazem por
obscenamente ilustrado escolhe entre loira,
dinheiro. E esse é o meu caso.
morena, mulata ou ruiva, tem pra todos os
Os mais simpáticos me chamam mulher da
gostos.
vida, os outros de puta mesmo. O fato dessa
Não se choque, há várias formas de se
profissão, ou função, existir pode te
vender: algumas mulheres escolhem vender
incomodar e nesse momento você pode estar
metade da sua vida em horas de trabalho
se perguntando por que resolvi falar sobre
atrás de um balcão; outras resolvem vender
isso? Porque por trás dos cabelos tingidos,
a própria imagem nua em capas de revistas
roupas insinuantes e da maquiagem existe
pseudo-artísticas; outras preferem assinar
gente, e gente, por mais que não te agrade,
um contrato de casamento que as permitirá
tem direito de falar.
a cômoda posição de dedicar a sua vida a
Não, não sou nenhuma dessas que você vê na
mediocridade. Rejeitei todas essas opções,
Avenida Tancredo Neves, nem trabalho num
preferi vender meu corpo em troca de meia
bordel. Essa fase para mim já passou. Passou
porção de dignidade.
porque existe um serviço que você talvez
Margarete Teixeira Coelho. Esse é o nome
desconheça, como todo bom serviço oferece
que a sociedade me deu quando eu nasci.
um produto, e o produto no caso sou eu de
Mas não será possível encontrá-lo nos
calcinha fio-dental.
registros formais do INSS e FGTS. Para o
Por que o espanto? Não existe Disk Encanador, Flores e Disk Pizza? Sou um dos produtos oferecidos no Disk acompanhante. Uma família, no
trabalho meu nome é Lisa, trocar de nome foi idéia do meu agente, ele disse que ninguém
aconchego de seu lar resolve
contrataria uma
pedir uma pizza e pode
pessoa chamada
escolher, olhando no
Margarete. E a
folheto da pizzaria, entre
Lisa não existe
4 queijos, calabresa,
para a sociedade,
milho ou frango, tem
faz parte de um mundo paralelo, dos catálogos de hotéis.
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DIVULGA ÇÃO
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A
crítica a grupos que lutam por mais igualdade é bastante comum. Taxados comumente como um bando de arruaceiros e oportunistas. Mas esses mesmos que repudiam os grupos e propagam o preconceito dificilmente
param para pensar o porquê das atitudes tomadas pelos que usam da voz, e algumas vezes da força, para exigir mudanças. Ao pensarmos os movimentos que lutam pela reforma agrária no Brasil esse repúdio é ainda mais absurdo: quase metade do território cultivável está nas mãos de 1% dos fazendeiros, enquanto cerca de 3,1 milhões de produtores dividem 3% desse território. Esses números se devem a um processo que começou a muito tempo, e vem sendo reforçado: as capitanias hereditárias dividiram metade do Brasil em 15 pedaços de terras dando a poucos o direito de administra-los; a lei Vergueiro, de 1850, que garantiu a posse da terra aos que possuíssem o título, e não àqueles que ocupavam o espaço para subsistência: assim os mais espertos ou instruídos fizeram os títulos antes dos reais donos, e são, em sua grande maioria, os descendentes de tais espertos os grandes lati-
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fundiários do Brasil atual.
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Isso sem falar da grande sacanagem feita no momento da abolição da escravatura, que deixou os “libertados” sem qualquer direito; em países como os Estados Unidos, um escravo liberto tinha direito ao equivalente a 40 alqueires de terra. Nos trechos a seguir daremos espaço para a voz de João Marcos Cardoso Vasconcelos, filho de uma família assentada no Mato Grosso do Sul. Os trechos citados são de um relato escrito por ele, que foi menino vivendo na cidade, passou parte da infância num acampamento e hoje se torna homem no sítio conquistado. A área destinada fica a 60 quilômetros da cidade, 40 deles sem asfalto. No princípio não havia luz, nem água encanada, nem médico, nem escola. O fazendeiro devia impostos e a fazenda dada para pagamento foi suficiente para abrigar as 252 famílias, onde havia uma fazenda. Cada família em média ficou com 10 alqueires. *Mariana Lioto
“Minha conquista pela terra começou quando meu pai ficou sabendo que no Mato Grosso do Sul havia acampamento de sem terra, mas foi no dia 14 de dezembro de 1997 que meu pai se reuniu com amigos para formar um acampamento. Chamaram 126 famílias, foi no dia 11 de janeiro de 1998 que se reuniram”
A família de João Marcos vivia em Itaquiraí e era constituída por pai, mãe e mais quatro irmãos, o sustento vinha pelo pai que era caminhoneiro e por dois irmãos adolescentes que já trabalhavam, João Marcos tinha então 8 anos.
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“Os líderes foram para Santa Rosa no dia 21/1/1998, mas não deu certo, também foram para Campo Grande no salão das dependências da delegacia Federal de Agricultura do Mato Grosso do Sul e pediram ao coronel lonas e cadastros para 200 famílias, porque o nosso acampamento iria aumentar. No final desse ano havia 4 áreas para eles verem, e essas terras tinham que ter no mínimo 10 mil hectares para ter terra para todos. Chegamos até a querer trancar a BR para sermos atendidos. Passamos muita dificuldade na fazenda, graças a um apoio político no dia 3 de março de 1999, indicaram a fazenda Auxiliadora, fomos para lá e acampamos no corredor da fazenda. Ficamos lá até o dia 25 de setembro, éramos 252 famílias”.
Nossa conclusão, depois desse
“Nós plantamos 6 alqueires e meio de mandioca em 25 de julho de 2000, no começo deu boa, mas perto da colheita deu uma doença na rama e deu perca total em nossa roça”
relato é que seja o MST, MLST, MDA, Via Campesina, é no mínimo apressado taxar esses movimentos de arruaceiros e aproveitadores: são a parte mais fraca de um sistema, e uma parte que luta para mudar uma realidade.
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