TST Rodrigo Hammer’s
The Sound Tribune
Mick Box Exclusivo!
O eterno guitar hero do Uriah Heep abre o jogo sobre influências, vida na estrada e os álbuns clássicos da banda
Número 001 - 01/01/2019 - 07/01/2019
Uma alma Rock ‘n’
Idos de 1972, na crista da ond Ken Hensley, Lee Kerslake, Mick B
Mick Box, guitarrista eternamente subestimado e o único integrante a atravessar todas as fases do Uriah He até hoje, falou à TST sobre a discografia da banda, entre outros temas
O
Texto original – Carmine Aymone Tradução/Adaptação – Rodrigo Hammer
s Mosqueteiros – assim denominados graças à espada conhecida como “mosquete” – foi uma companhia militar surgida em 1622 por vontade do Rei da França, Luís XIII, no romance Os Três Mosqueteiros (1844), escrito por Alexandre Dumas (pai) com a colaboração de Auguste Maquet. No princípio, eram três: Athos, Porthos e Aramis.
2
A eles, logo juntou-se o jovem D’Artagnan. Os Três Mosqueteiros do Hard Rock Britânico são considerados Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Se juntássemos a essa elite um quarto nome, não há dúvida de que seria o “Uriah Heep”. A banda, formada em Londres em 1969 graças à iniciativa do guitarrista Mick Box e do vocal (um dos mais talentosos da
História do Roc dos outros três serir tintas pro suas faixas, em nos, Moog, Mel Hoje, 49 anos d manter o grupo em 1947, na p prova não ter e
COM A PALAVRA...
MICK BOX
TST – Na obra do Uriah Heep é patente o elemento progressivo inserido num contexto de Hard Rock. Quais seriam as bandas Prog que inspirou vocês?
Roll
da com ‘Demons And Wizards’: Box, Gary Thain e David Byron
M.B. – Interessavanos tentar a fusão do Rock mais tradicional de alguns grupos britânicos, como Genesis, ELP, King Crimson, Jethro Tull e Yes, mas também do norte-americano Vanilla Fudge. Esse tipo de som resistiu ao teste do tempo. Também éramos
fascinados pelo experimentalismo e mergulhamos de cabeça no oceano do Prog, sobretudo nos dois primeiros álbuns. ‘Salisbury’ (1970) é um exemplo.
TST – Em Janeiro de 2017 faleceu John Wetton, que gravou com você dois discos (‘Return To Fantasy’, de 1975 e ‘High And Mighty’, de 1976). Alguma lembrança especial desse grande músico, mito do Rock Progressivo, baixista e vocal de bandas como Family, King
Crimson e Asia?
M.B. – Minha última lembrança de John é de quando ele me pediu para fazer um solo em New Star Rising, faixa do álbum solo dele, ‘Raised In Captiviy’. Voltarmos ao estúdio depois de tanto tempo, foi incrível. Nesse disco também estão Geoff Downes, Steve Hackett, Eddie Jobson, Tony Kaye, Alex Machacek e Steve Morse. John foi um grande artista e meu amigo. Sinto saudade.
eep, de 1967 (Hogwash/Spice)
k) David Byron, ao contrário grupos citados, chegou a inogressivas em muitas das mpregando orquestra, violillotron, cravo e vibrafone. depois do surgimento, para em evidência, Box nascido parte oriental de Londres, squecido as raízes.
Box em tournée, 2018: majestoso como líder de uma verdadeira lenda do Hard Rock britânico
3
O
Solos endiabrados e a contribuição vocal característica do Uriah Heep junto aos companheiros, tornaram Mick Box referência entre os gênios subestimados do Underground
TST – Covers e releituras de faixas antológicas do Uriah Heep são comuns por parte de bandas como Gamma Ray (Look At Yourself e Return To Fantasy), W.A.S.P. e Smashing Pumpkins (Easy Livin’), Blind Guardian (The Wizard), Mägo de Oz (Lady In Black em versão espanhola com o título “Dama Negra”) e o Tesla (Stealin’). Você tem consciência de ter deixado uma marca no mundo do Rock?
M.B. – Fico orgulhoso de sermos fonte de inspiração para músicos e bandas por todos esses anos. É uma sensação maravilhosa, que nos faz sentirmos vivos ao sabermos que seja em qualquer gênero, renascemos em outras interpretações. Músicas não pertencem apenas a quem as criam. Elas se tornam de todos: daqueles que as ouvem e também de quem as tocam.
cente da formação original. E seu amigo David John Garrick “Byron”, falecido em 1985, um dos grandes vocalistas do Rock, entretanto ainda pouco reconhecido e lembrado. Como você o conheceu?
M.B. – Nos encontramos graças a um primo dele que era o baterista de uma das minhas primeiras bandas, o Stalkers. David tinha uma voz incrível, ainda hoje inspiração para muitos vocais. Penetrava na alma da canção e conseguia transmiti-la de um modo que a fazia estremecer. Ele tinha uma extensão vocal alucinante. Permanece entre os maiores vocais do Rock de todos os tempos. TST – Quais são os seus guitarristas favoritos e quais os que considera primordiais na História do Rock?
grande fã e com quem gostaria de tocar um dia. Em seguida, acrescento Joe Walsh, Jimmy Page, Eddie Van Halen, Paul Kossoff, David Gilmour, Neil Young... mas poderia continuar infinitamente. TST – E seus cinco álbuns preferidos de todos os tempos?
M.B. – Jeff Beck ‘Truth’, Neil Young ‘Harvest’, Roger Waters ‘Amused To Death’, Free ‘Fire And Water’ e Deep Purple ‘In Rock’. TST – Se pudesse formar a banda dos seus sonhos, quem incluiria?
M.B. – Jeff Beck na guitarra, Jon Lord no Hammond, John Bonham na bateria, Glenn Hughes no baixo e Paul Rodgers nos vocais. Sonhar M.B. – São tantos... Parto de não custa nada. TST – Você é o único remanes- Jeff Beck, de quem sou um
4
‘ ‘
N u J D ta te b s s s s c c g p F v M p c “u
Os p r i n c ip a i s á lb u n s , s eg u n d o BOX
‘VERY ‘EAVY VERY ‘UMBLE’ (1970)
Nosso primeiro álbum é um mix de Rock, Folk, Jazz e Blues. Comigo, David e Paul Newton, esavam Ken Hensley nos eclados e Nigel Olsson na bateria. Gypsy foi o grande sucesso do LP, tornandose uma das nossas faixassímbolo, nosso manifesto sonoro. O disco também contém o cover de uma canção pacifista contra a guerra, composta em 1963 por Fred Hellerman e Frank Minkoff, tocada no Away Come violão: Melinda. Queríamos nos provar eficazes e convincentes também no modo unplugged”.
‘LOOK AT YOURSELF’ (1971)
Era chegado o momento em que nos tornávamos uma banda inteiramente de Rock. Nosso som tornou-se mais potente e compacto. Também há exemplo de Progressivo em July Morning, onde rola progressão instrumental e um solo fantástico de Moog a cargo de Manfred Mann, sem esquecer a voz de David Byron, inimitável e única. July Morning é outra faixa muito amada pelos fãs: na Bulgária há um festival importante que se chama JM Festival em homenagem a ela.
‘DEMONS AND WIZARDS’ (1972)
A capa é do mestre Roger Dean (*artista britânico conhecido pela associação ao Yes e referência quase imediata quando o assunto é Rock Progressivo dos Anos 1970). Esse álbum, onde há a acústica The Wizard, tem capturado a imaginação do público em grande estilo, graças, também, a uma letra baseada em fantasia: catapultou a banda ao cenário internacional e Easy Livin’ ainda é programada pelas rádios. Um tremendo sucesso. Paradise e The Spell, por sua vez, têm uma veia bastante progressiva.
1970
foi um ano que teve, além da estreia do Black Sabbath, álbuns como ‘Abraxas’, de Santana, ‘III’, do Led Zeppelin, ‘Bitches Brew’, de Miles Davis, ‘In Rock’, do Deep Purple, ‘Live At Leeds’, do The Who, ‘John Barleycorn Must Die’, do Traffic, ‘Atom Heart Mother’, do Pink Floyd, ‘Fire And Water’, do Free e ‘In The Wake of Poseidon’, do King Crimson.
“Estávamos em magnífica companhia. Um ano de grande criatividade e energia no Rock, mas não apenas nele. A Indústria Fonográfica sustentava e
‘THE MAGICIAN’S BIRTHDAY’ (1972)
É uma extensão do disco anterior, com a capa entregue novamente a Roger Dean, que também voltou a contribuir com a gente em Sea of Light, de 1995 e Acoustically Driven, de 2001. A faixa The Magician’s Birthday é um de nossos exemplos na transição de Hard Rock para Progressivo, com um duelo entre guitarra e bateria no meio. Gravamos de uma só vez no estúdio. Novamente, resolvemos seguir a ideia de letras inspiradas em fantasia: uma coisa natural depois do sucesso de ‘Demons And Wizards’. Também há uma faixa extremamente bela ao piano: Rain.
nutria a criatividade dos novos artistas. A fórmula típica era um contrato de seis a sete discos, e assim a gravadora dava tempo para que crescêssemos, enquanto também crescia. Se investia em criatividade: hoje, isso não existe mais. Em primeiro lugar, o selo acreditava em nós, como na época em que pedimos uma orquestra para ‘Salisbury’ e eles nem se importaram com o custo. Hoje, pelo sistema atual, dependeria de reuniões e mais reuniões com empresário, administradores, colarinhos brancos, para verificar a conveniência e utilidade do investimento.”
5
TST The Sound Tribune
P - Rodrigo Hammer Curta e compartilhe